PEÇA PEÇA TEAR TEARTR TRAL AL COMP COMPLE LETTA VI VIDA DAS S SECA SECAS S DE GRAC GRACIL ILIA IAN NO RAMO RAMOS S - ORIG ORIGIN INAL AL A história se passa no sertão, onde uma família, formada pela mãe (Sinhá Vitória), pelo pai (Fabiano), pelos filhos (Menino mais novo e menino mais velho) e pela cachorra Baleia, busca a vida vida numa numa fazend fazendaa perten pertencen cente te a um homem homem muito muito ambici ambicioso oso e maland malandro ro (Patr (Patrão) ão).. Após Após andarem léguas, comerem preás, beberem água salobra de rios secos, encontram morada em uma fazenda. Passam por diversas situações, sofrem e terminam indo embora da fazenda, por proble problemas mas com o patrã patrão. o. Durant Durantee a histór história, ia, vários vários perso personag nagens ens irão irão apare aparecer cer:: o Soldad Soldado o Amarelo, Sinhá Terta, Seu Inácio, entre outros. A obra foi produzida por Graciliano Ramos, autor brasileiro nascido no sertão de Alagoas. Essa é uma mera adaptação produzida para a realização de uma peça teatral. Como nem tudo na vida é um drama vamos mostrar o lado humorístico desta história. Há um tempo, em um lugar de Pernambuco uma família de retirantes buscava uma vida mais digna, Sinhá Vitória nunca a perdia a Fé em Deus e isso a ajudava. Fabiano, era um pai muito bruto e um marido carrasco, mais no fundo tinha um bom coração, o filho mais velho do casal era um menino super curioso, ele queria saber o porquê de tudo, e sempre acabava deixando Fabiano puto da vida. Já o filho mais novo era sonhador, tinha o pai como um herói, e agora conheça um pouco da história dessa família. FABIANO: vaqueiro FABIANO: vaqueiro rude e sem instrução, não tem a capacidade de se comunicar bem e lamenta viver como um bicho, sem ter frequentado a escola. Ora reconhece-se como um homem e sente orgulh orgulho o de viver viver perant perantee às adver adversid sidade adess do nordes nordeste te,, ora ora se recon reconhe hece ce como como um animal animal.. Sempre a procura de emprego, bebe muito e perde dinheiro no jogo. SINHÁ VITÓRIA: mulher de Fabiano. Mãe de 2 filhos, é batalhadora e inconformada com a misér miséria ia em que vivem. vivem. É espert espertaa e sabe sabe fazer fazer conta, conta, sempre sempre preven prevenind indo o o marido marido sobre sobre trapaceiros. Não é tão ignorante quanto Fabiano e é menos vulnerável que o mesmo. Possuí um sonho de Ter uma cama com estrado igual a de Tomás da Bolandeira. MENINO MAIS NOVO: o mais novo admira a figura do pai vaqueiro, integrado à terra em que vivem. MENINO MAIS VELHO: Já o mais velho não tem interesse nessa vida sofrida do sertão e quer descobrir o sentido das palavras, recorrendo mais à mãe. PATRÃO: fazendeiro desonesto que explorava seus empregados, contrata Fabiano para trabalhar. SOLDADO AMARELO: militar que convida Fabiano para jogar cartas e acaba prendendo o vaqu vaquei eiro ro.. A cor cor amar amarela ela signi signific ficaa raiv raiva, a, ódio ódio e deses desespe pero. ro. Pren Prende de Fabi Fabian ano o por por injustiça.
CADELA/BALEIA: cadela CADELA/BALEIA: cadela que é tratada como membro da família. Pensa, sonha e age como se fosse gente. Cadela da família, tratada como ser humano, os meninos transformaram-na numa irmã. Seu nome é uma compensação a sua magreza de vira-lata.
ROTEIRO DA PEÇA DE TEATRO A peça se inicia com a caminhada dos retirantes(final da Vila Olímpica de Jaguaribara). O cenário é típico da caatinga, sinhá Vitória com muito pano na cabeça, Fabiano triste, este tem as pernas tortas, com uma faca pendurada numa correia presa ao cinturão e a espingarda no ombro. O menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia vão atrás. Na metade do caminho... Menino mais velho (senta-se no chão, chorando): "Num" chorando): "Num" aguento mais caminhar. Fabiano (vermelho de raiva): Anda raiva): Anda logo condenado do diabo! (Fabiano pega a faca com a bainha e bate no menino mais velho, que esperneia e deita fechando os olhos.) Fabiano: Anda Fabiano: Anda excomungado, ou servirá de comida para os urubus! Sinhá Vitória(para no caminho): Anda caminho): Anda "home", faça "arguma" coisa, "tamo" perto! (Fabiano guarda a faca amarrano-a no cinturão, acocora-se e ajuda o menino mais velho a se levantar, pega a espingarda e a entrega a sinhá Vitória.)(Ausente do companheiro, a cachorra Baleia toma a frente do grupo. Baleia corre ofegante, a língua sai pra fora da boca, de vez em quando ela se detém e espera os retirantes.) (Câmaras filmando na frente e atrás dos personagens sem que veja as outras câmaras) Sinhá Vitória(caminhando ao lado de Fabiano): "Tava" aqui matutando e senti uma "farta" enorme do papagaio! Fabiano(caminhando ao lado de Sinhá Vitória): Deixa de bobagem "muié", ele não fazia nada, nem falar o coitado sabia! E o que tinha de ser feito, foi feito. "Nóis comemo" o papagaio e não temos que sentir "farta" dele. Era comer ele ou morrer de fome! (Câmaras filmando na frente e atrás dos personagens sem que veja as outras câmaras) (Os personagens continuam caminhando até o outro lado da vila olímpica, Fabiano e sua família no meio do mato). FABIANO(se senta no chão) – Eu Eu já não agüento mais essa miséria do cão.
SINHA VITORIA( se sentando ao lado de Fabiano) - Mais - Mais fazer o que neh meu veio, Deus que nos deu essa vida. FABIANO- Mais FABIANO- Mais muie isso não e vida de gente não. SINHA VITORIA- Ah! VITORIA- Ah! Eu ainda tenho Fe em Deus de que há de termos uma vida nova. FABIANO- Mais é a desgraca mesmo, para de sonhar muie, essa e a nossa realidade, isso e obra
do cão miúdo. SINHA VITORIA- Fabiano VITORIA- Fabiano não vou discutir com tu homem!!! FABIANO- E FABIANO- E ate melhor oce i calando essa boca parece um papagaio falando!!! FILHO MAIS VELHO(se sentando sentando com o corpo cansado) cansado) - Painho - Painho eu sou igual mainha tenho moi de sonhos, o senhor e muito carrancudo. FABIANO(fazendo gesto, pode ser um empurrão)- Oh empurrão)- Oh misera cala essa boca também se não eu vou ti da umas lapadas. FILHO MAIS VELHO- Mais é o cão mesmo, eu já não tenho uma boa vida, e painho ainda não deixa eu sonhar. Misera isso e uma miséria mesmo. SINHA VITORIA- Oh VITORIA- Oh meu fio fica assim não teu pai ta nervoso, mas nada nos impede de sonhar. FILHO MAIS NOVO- Sabe NOVO- Sabe mainha, eu me sinto triste so, porque eu não tenho nenhum amigo, para brincar, conversar conversar e me sentir feliz. SINHA VITORIA- Oh VITORIA- Oh meu filho temos que agradecer a Deus so pelo fato de nois ta tudo vivo. (Eles se levantam e começam a caminha novamente pelo mato, virando a Vila Olímpica até chegar a casa.) (A família e a cachorra chegam em uma fazenda, o curral está deserto, o chiqueiro arruinado e também deserto, a casa do fazendeiro está fechada, tudo anunciava abandono.) FABIANO - oh - oh uma fazenda aculá. FILHO MAIS VELHO- Hein VELHO- Hein painho será se tem alguma alma viva lá? Sinhá Vitória (Feliz e assustada ao mesmo tempo): Uma fazenda? "tamos sarvos"! SINHA VITORIA- Oh VITORIA- Oh de casa? Tem alguém ai?
FABIANO- Mar FABIANO- Mar larga de bobeira muié, num vê que não tem ninguém aqui. FILHO MAIS NOVO- Mas NOVO- Mas painho já to que não agüento de canseira. FILHO MAIS VELHO- Oh gente é uma miséria mesmo,tu acha que eu também não to cansado não,e Baleia coitada, ô a carinha dela? (Baleia faz uma cara de coitada e da um latido) Fabiano (procura sinal de vida na casa, bate e força a porta): Não porta): Não tem ninguém mermo, o "mió" que temos que fazer é ficar aqui. (Saem de cena e aparecem os meninos brincando com a cachorra, aparece Fabiano com um vidro na mão, ele pega dois gravetos e cruza-os formando uma cruz, e reza.) Fabiano: Amém! Fabiano: Amém! Se tiver morto aqui, ele não vai "vortar" a oração é forte! (Fabiano levanta-se e caminha em direção a sua casa. A cachorra Baleia na frente, o focinho arregaçado procurando algo.)Fabiano algo.)Fabiano (Pega (Pega o cigarro e enrola, dá um sorriso forçado): Fabiano, "ocê" é um "home"!(Fabiano "home"! (Fabiano para um instante e olha para os meninos que ficam sem entender.) Fabiano (Com medo da reação dos meninos): Não meninos): Não Fabiano, "cê" é um bicho! "Cê" não sabe lidar com as pessoas! (Fabiano sai de cena, os meninos entreolham-se e conversam espantados com a atitude do pai.) Menino mais velho: Sei velho: Sei não, acho que pai ficou maluco! Menino mais novo: Ele novo: Ele é "home" ou bicho? Menino mais velho: Sei velho: Sei não!(Fabiano reaparece, chamando os meninos em um tom autoritário, de quem exige respeito.) Fabiano: Vamos Fabiano: Vamos seus molengas! Menino mais velho: O que é molenga? Fabiano: (Com uma cara ruim franzi a testa.) "Cê tá" muito enxerido menino! Onde já se viu, querer saber das coisas. Tudo o que "ocês" tem que saber é montar a cavalo e amansar bois "brabos". Se um dia desses as coisas mudarem, se não tiver mais seca aqui no sertão... e tudo andar direitinho. Aí sim "ocês" podem perguntar!(Chegam junto de sinhá Vitória, que sentada prepara a comida.) Sinhá Vitória (Olha para o marido, interroga-o): Preocupado "home"?
Fabiano: Esses Fabiano: Esses capetas têm cada idéia... Sinhá Vitoria (assustada): De (assustada): De quem "cê tá" falando? Fabiano: Dos Fabiano: Dos meninos! ALGUNS DIAS DEPOIS... FILHO MAIS NOVO- Painho, NOVO- Painho, painho,chegou um homi jeitoso e ele ta proseando com mainha FABIANO- Tu FABIANO- Tu deixa de inventar historia moleque. FILHO MAIS VELHO- Mar é verdade painho, mode que nois ia mentir,ele ta com uma prosa dizendo que é dono da fazenda. FABIANO- To FABIANO- To dizendo, ar mode eu tinha falado pra mãe de oces, ela e aquela fé dela.Teimosa, eu disse Deus não lembra de nois não. - Sinhá entra na casa com o Patrão FABIANO- Mais FABIANO- Mais gente, quem é ocê? PATRÃOPATRÃO- Eu sou dono disso tudo! E conversando com sua mulher, tenho-lhe uma proposta. FILHO MAIS VELHO- Ihuul, VELHO- Ihuul, mais moço que proposta? FABIANO- Cala FABIANO- Cala sua boca minino, isso é prosa de gente grande! FILHO MAIS VELHO- Miséra, VELHO- Miséra, nem pode mais perguntar. perguntar. –Fabiano puxa a orelha do filhoPATRÃO- Eu PATRÃO- Eu quero que o senhor trabalhe pra mim, em troca te dou um lugar pra dormir e alguns trocados. SINHA VITORIA- É VITORIA- É mais homí aceita logo! FABIANO- Fazer FABIANO- Fazer o que aceito sim. NARRADOR: Durante alguns tempos, Fabiano trabalhou na Fazenda! Dias e noites sem dormir
direito, Sinhá Vitória, estava ficando meia desconfiada das verdadeiras intenções do patrão. Sinhá Vitória: Quando Vitória: Quando "cê" for na feira lembre-se de compra sal, farinha, feijão, rapadura, uma garrafa de querosene e um corte de chita vermelho.
Fabiano: Tudo Fabiano: Tudo bem "muié", já "tô" indo pra cidade! (Chegando á cidade Fabiano entra em um bar e bebe um pouco, logo em seguida entra o soldado amarelo e convida Fabiano para jogar, Fabiano aceita.) Soldado Amarelo (Com ar de autoridade): V amos amos jogar um trinta e um aê camarada? Fabiano: claro, sua autoridade!(Depois autoridade! (Depois da primeira rodada, Fabiano perde o que o irrita e faz
com que ele se levante e saia. Fabiano fica a alguns metros do lugar onde está o soldado amarelo. O soldado se levanta enfurecido e empurra Fabiano, que fica parado sem reação. O soldado pisa nos pés de Fabiano, este perde o controle e xinga a mãe dele, então o soldado dá voz de prisão e prende Fabiano.) Fabiano: Seu Fabiano: Seu filho"d'uma" égua! Soldado Amarelo (autoritário): O senhor está preso por desacato á autoridade! (Com a demora de Fabiano, sinhá Vitória fica preocupada. Sinhá Vitória começa a rezar e levanta-se ofegante.) Sinhá Vitória (com um ar preocupado): O que aconteceu com esse "home" que a essa hora, ainda não chegou? Menino mais velho: Vai velho: Vai ver ele se perdeu! Menino mais novo: "Ué" ! Pai conhece esses lugares " mió" que ninguém... (Aparece Fabiano torto e com um olhar severo, joga as coisas que tráz consigo no chão.) Sinhá Vitória (assustada): O (assustada): O que aconteceu "home"? Fabiano: Fui Fabiano: Fui preso, por xingar a mãe de um soldado! Sinhá vitória: Mas vitória: Mas como isso foi acontecer "home" de Deus? Fabiano: Não Fabiano: Não me amole "muié", vou esfriar a cabeça no "trabaio".(Fabiano sai de cena e aparece o menino mais velho que a uma cera distância de sua mãe, conversa com a cachorra Baleia.) Menino mais velho (para a cachorra): Queria saber o que é o inferno, mas "main" parece "braba"!(O "braba"!(O menino se aproxima da mãe e segura a ponta de seu vestido, enrolando-o no dedo.) Menino mais velho (senta-se perto da mãe): Ouvi mãe): Ouvi a senhora Terta dizendo inferno, o que é isso? Como é? Sinhá Vitória (puchando o menino para o seu colo): É um lugar onde tem espetos quentes, fogueiras e... (O e... (O menino a interrompe)
Menino Menino mais velho: A senhor senhoraa viu? viu?(Sinhá Vitória se zanga com a pergunta do menino e aplica-lhe um puchão de orelha). FABIANO- To FABIANO- To cansado muié, arruma arguma coisa pra móde eu comer! SINHÁ VITÓRIA- Meu VITÓRIA- Meu veio, você não acha pouco o que você ganha? FABIANO- Oh FABIANO- Oh minha veia, eu não sei quanto aquele cão do INFERNO me paga. FILHO MAIS VELHO- Painho, VELHO- Painho, aonde fica esse tar de inferno? FABIANO- Vê FABIANO- Vê se não me enche menino, vai caçar o que fazer vai! FILHO MAIS NOVO- Ô NOVO- Ô abestado o que ocê ta fazendo? FILHO MAIS VELHO- Painho VELHO- Painho mandou eu caçar o que fazer, fazer, uai to caçando! FILHO MAIS NOVO- Parece NOVO- Parece ser bom, deixa eu caçar com ocê? SINHÁ VITÓRIA- Vão VITÓRIA- Vão brincar lá fora abençoados! FABIANO- Então FABIANO- Então nois faz assim, ele vai pagar eu hoje, aí tu vem com eu! SINHÁ VITÓRIA- Vamos VITÓRIA- Vamos sim porque não? - Diálogo dos irmãos – FILHO MAIS NOVO- Sabe, NOVO- Sabe, quando eu crescer quero ser igual ao Painho. FILHO MAIS VELHO- Por VELHO- Por quê? FILHO MAIS NOVO- Uai NOVO- Uai porque ele é um herói! FILHO MAIS VELHO- Por VELHO- Por quê? FILHO MAIS NOVO- porque NOVO- porque ele é um homem forte! FILHO MAIS VELHO- Por VELHO- Por quê? FILHO MAIS NOVO- Porque NOVO- Porque se ocê me perguntar porque de novo, eu arranco seus dentes infeliz! FILHO MAIS VELHO- Por VELHO- Por quê? -rindoFILHO MAIS NOVO- oh NOVO- oh fí do cão, eu avisei!
FILHO MAIS VELHO- Peraí, VELHO- Peraí, só mais um por que. FILHO MAIS NOVO- fala NOVO- fala excomungado! "Cê" é a única que me entende Baleia. O inferno não deve ser um lugar ruim, é um nome bonito... (pausa) (examina a cachorra por um momento) Baleia "cê tá" doente? - a morte da Baleia FILHO MAIS NOVO- -gritandoNOVO- -gritando- PAINHO, a Baleia ta lá estirada no chão, ajuda ela Painho! FABIANO- Que FABIANO- Que diacho menino to indo ver o que tem Baleia! - Sinhá e Fabiano vão até a cadela FILHO MAIS VELHO- VELHO- - corre corre e abraça abraça sinhá- Mainha diz que a Baleia vai ficar curada! -chorando-chorandomóde que ela nem late mais! FABIANO- ô FABIANO- ô diacho essa cadela ta sofrendo, temos é que deixar ela ir descansar! SINHÁ VITÓRIA- Não VITÓRIA- Não tem outro jeito não marido? FILHO MAIS NOVO- o NOVO- o que vai acontecer com a baleia mainha? Fabiano (acendendo um cigarro): "Muié", cigarro): "Muié", o jeito vai ser matar Baleia, ela "tá" doente...e pode passar doença pra nós. Sinhá Vitória (pegando o cigarro do marido): "Tá" certo "home"! "Tá" certo"!(Fabiano certo"! (Fabiano pega a espingarda, sinhá Vitória chama os meninos que assustados já imaginam o que vai acontecer.) FABIANO- Tirando a espingarda e apontando para cadela- Vamos acabar com o sofrimento de
vez. Menino mais velho (com voz de choro): Porque choro): Porque ele vai matar a Baleia? Menino mais novo: Ela novo: Ela vai curar, curar, não é preciso matar ela! FILHO MAIS VELHO- Não, VELHO- Não, mode que o senhor quer matar ela? SINHÁ VITÓRIA- Pra VITÓRIA- Pra ela parar de sentir dor. FILHO MAIS NOVO- -chorandoNOVO- -chorando- A Baleia sempre foi boa pra nóis. Sinhá Vitória: O Vitória: O que tem que ser feito, vai ser feito.(Os meninos tentam sair, mas sinhá Vitória os
pucha e manda os meninos se sentarem e taparem os ouvidos.) Sinhá Vitória: Sentem-se Vitória: Sentem-se aí e tapem os ouvidos! (Enquanto isso, Fabiano continua a arrumar a espingarda, logo em seguida ele se prepara para atirar em Baleia que assustada se esconde. Fabiano chega perto e dispara um tiro em Baleia que morre. Fabiano chega perto da cachorra reza e a arrasta para fora dali. As crianças levantam-se com um ar abatido. Todos saem. Em outro lugar, o escritório do patrão, Fabiano entra com o chapéu na mão, senta-se em uma cadeira. E com o olhar baixo de quem teme encarar o outro.) Fabiano: O senhor "descurpa"eu por ter vindo aqui, mas é que a sua conta não "tá" dando certo
com a da minha "muié"! Patrão (Soltando uma bela gargalhada): São os juros, seu Fabiano! São simples, como os juros estão altíssimos, o senhor entende né? FABIANO- Mais FABIANO- Mais moço eu ralo o dia todo, e os trocados que eu ganho não dá pra nada. PATRÃO- A PATRÃO- A crise afetou todo mundo. FABIANO- Eu FABIANO- Eu não quero saber dessas crise não, eu vou é pegar minha famía e nóis vai é simbora, e tu pega essa tal dessa Crise, e Page a ela pá trabaiá na sua fazenda! PATRÃO- Me PATRÃO- Me respeite, você está na minha propriedade! FABIANO- Mais Mais é uma uma misé miséri riaa mesm mesmo, o, ô cão cão miúd miúdo, o, cão cão das das cost costas as oca, oca, seu seu taba tabacu cudo do,, excomungado, excomungado, fí duma égua, PATRÃO- Vai PATRÃO- Vai embora da minha fazendo, SOME! FABIANO- Nóis FABIANO- Nóis tamo indo cão, seu miserável, quero que tu morra e vá pro inferno! Patrão: Esse Patrão: Esse povo da roça tem cada idéia!(Fabiano idéia! (Fabiano levanta-se e sai, pouco tempo depois chega a sua casa.) Fabiano (triste e com a voz rouca): É "muié nóis nos livremos" da cachorra, mas não do cachoro
do patrão, que vive me roubando! Sinhá Vitória (cabisbaixa e com a voz triste): "Ô home já té" me acostumei com a nossa vida. "Trabaiar" "Trabaiar" só pra receber em troca o que comer! Fabiano (senta-se com uma voz de revolta): Mas "num tá" certo, "nóis trabaiar" feito condenado pra "num" ganhar quase nada e ainda ser roubado. "Tá" certo "muié"? "Tá" certo isso?
Sinhá Vitória (irritada): "Num (irritada): "Num tá" certo "home", mas o que "nóis" vai fazer Matar um desgraçado como ele? Pra quê? A troco de quê? "Nóis num" somos nada. "Cê" quer passar o resto de seus dias na prisão, é isso? Fabiano (com o olhar perdido): É "muié" se eu tivesse que matar, "num" seria o patrão, seria aquele soldado amarelo que pisou no meu pé e me fez passar uma noite na cadeia. Dia desses eu vi ele lá perto da lagoa seca, minha vontade era de matá-lo, sentir o sangue daquele desgraçado nas minhas mãos, mas o miserável só é "home" na cidade... Sinhá Vitória: Bobagem sua"home", a de querer se vingar deste soldado. "Cê" tem "trabaio" demais pra pensar em vinganças. Enquanto "cê tá" aí pensando em bobagens, os pássaros estão matando os bois. Fabiano (resmunga franzi a testa): Bobagem é o que "cê tá" falando, onde já se viu, pássaros matar bois! Sinhá Vitória Vitória (pensativa) (pensativa):: A seca seca "tá" "tá" cheg chegan ando do de novo novo "hom "home" e",, só "ocê "ocê"" que que aind aindaa "num"percebeu! Fabian Fabiano o (olhan (olhando do assusta assustado do para para sinhá sinhá Vitóri Vitória): a): "Nóis "Nóis"" temo temoss que que prep prepar arar ar desd desdee já os mantimentos para a viagem... Desgraça de vida onde já se viu...( A viu...( A família se arruma, pega as únicas coisas que lhes pertencem e partem calados, com medo de onde chegariam. Até que sinhá Vitória puxa conversa com Fabiano.) Sinhá Vitória: Quando Vitória: Quando é que "nóis vamo" ter uma vida digna"home"? Um lugar onde os meninos cresçam como gente e frequentem escola? FILHO MAIS novo- Painho, novo- Painho, até hoje tu não me falou onde fica esse tar de inferno,lá é quente? Menino mais velho: Diz velho: Diz pai, quando é que "nóis vai" deixar de ter essas VIDAS SECAS, diz pai... Fabiano: "Num Fabiano: "Num sei ! "Num" sei!
FIM!!!