O Palácio da Ventura - Análise "Sonho que sou": eis as primeiras palavras que lemos. Chama-nos a atenção de imediato o verbo "sonhar". O teto parte de uma realidade on!rica ideal. #ão $ verdade que o sonho $ uma "constante da vida" "%ue sempre que o homem sonha&O mundo pula e avança"' #ão $ verdade que muitas ve(es nos entre)amos ao sonho' O su*eito po$tico +, eu sonho/ sonha. O qu0' " Sonho que sou um re1orçada pela repetição da consoante s : cavaleiro andante". A sua convicção $ re1orçada se so soube ubere ress a classi classi2c 2caçã ação o das consoa consoante ntes s dirás dirás que a repet repetiçã ição o do 1onema 1onema sibilante s con1ere 1orça 3 a2rmação ele aparece em duas s!labas t4nicas se)uidas. 5asta alterares o verso para "6onho-me um cavaleiro andante" ou "7ul)o que sou um cavaleiro andante" para veres a di1erença de 1orça. O que $ um cavaleiro andante' 8m que $poca havia cavaleiros andantes' 9o*e não há ho*e há auto autom4 m4ve veis is avi avies es.. .... #a ;dad ;dade e <$di <$dia a eram eram 1req 1reque uent ntes es as aven aventu tura rass dess desses es cava ca vale leir iros os.. = pois pois a aven aventu tura ra sin4 sin4ni nimo mo de so sonh nho o que que deve devemo moss 2ar 2ar.. A caracteri(ação do cavaleiro como andante remete eatamente para um espaço a percorrer percorrer num determinado momento temporal. %ue espaço' Por dese desert rtos os,, por por sóis sóis,, por por noit noite e escu escura ra". Cham "Por Chamaa-no noss a aten atençã ção o a repet repetiçã ição o da consoa consoante nte p ou do 1onema 1onema bilabi bilabial al moment moment>ne >neo o p p que que pela pela implosão do ar e ru!do que provoca su)ere de imediato o som do trotar do cavalo: p p p. 6e o teto 1osse simbolista poder!amos mesmo tirar partido da con2)uração desta consoante para a su)estão da con2)uração 1!sica da pata do cavalo.
Dudo quanto dissemos aponta para elevado )rau de di2culdade. #ão admira que o cavaleiro vacile na primeira prova a que $ submetido: " Mas já desmaio, exausto e vacilante/ue!rada a espada já, rota a armadura""" " A eaustão leva 3 vacilação o adv$rbio de tempo "*á" indica o momento do desmaio. Derá sido )rande a luta' O cavaleiro tinha consi)o as suas armas com as quais *ul)ava poder conse)uir os seus intentos. Dodavia elas 1oram destru!das durante a luta. 8 aconteceu o desmaio a queda mas não a desist0ncia. %uantas ve(es não ca!mos' %uantas ve(es não nos levantamos' #ão $ a vida 1eita de sucessos e de insucessos' A pontuação reticente pode su)erir o que acabamos de di(er ou ainda um momento de recuperação de 1orças: mesmo desmaiado tem dentro de si a 1orça que o 1a( a)ir: o amor. = por isso que de 1orma quase inesperada o cavaleiro avista aquele palácio que procurava. 8ntão como um náu1ra)o que avista uma boia )anha 1orças. anha 1orças porque o avistou e )anha 1orças porque ele era realmente belo talve( mesmo muito mais belo do que pensara. Compreendes por que $ destacada a " sua pompa e a#rea $ormosura "' Antes era um " palácio encantado" a)ora mais perto $ ainda mais sedutor. #ão haverá a intenção de salientar a qualidade da Ventura do 6onho' A passa)em de estro1e $ estrat$)ica: su)ere o tempo necessário para o cavaleiro che)ar ao palácio. O poema $ uma unidade tem de haver continuidade não podem acontecer saltos. Ema ve( encontrado o palácio o que 1a( o cavaleiro' Fuas açes. Bepara na poeti(ação do si)ni2cante: " %om &randes &olpes !ato ' porta e !rado" constru!do o verso com monoss!labos e diss!labos a acentuação tem de su)erir os )olpes: GHGHGHGHGH& repara que nas s!labas seta e d$cima recaem os acentos dominantes +verso decass!labo heroico/ e as palavras que os cont0m são as que indicam as duas açes repara na repetição +aliteração/ dos 1onemas sublinhados a ne)ro e na repetição da vo)al aberta &a& a su)erir admiração e epectativa. Dudo se con*u)a para criar um e1eito quase onomatopaico do que acontece. O cavaleiro bate 3 porta e simultaneamente +simultaneidade indicada pela con*unção coordenativa e/ )rita. 8ste verso $ um eemplo acabado do trabalho sobre o si)ni2cante. A apresentação do cavaleiro $ tamb$m notável: " Eu sou o Va&a!undo, o (eserdado"""" #ovamente as maiIsculas a con1erir si)ni2cados transcendentes 3s palavras. %ue si)ni2cará Va)abundo' #ão o sentido a que nos habituámos a colar a essa palavra. Os alunos *á viram o uso do ad*etivo "va)o" em 5oca)e e em arrett com o si)ni2cado de andante que va)ueia. = esse o si)ni2cado neste conteto aumentado da transcend0ncia que lhe adv$m de estar maiusculado: será então aquele que procura al)o de essencial de vital. 8 Feserdado' Aquele que tem de conquistar a Ventura porque a 1elicidade não $ um rebuçado que cai do c$u: tem de ser merecida. 5elo tema para os nossos *ovens )anharem o ideal de saber viver tendo presentes as palavras de @ernando Pessoa: "Quem quer passar além do Bojador/Tem que passar além da dor." %ual o )rito do cavaleiro' " A!ri)vos, portas d*ouro, ante meus ais+ " Fa luta do sacri1!cio *á 1alámos tamb$m não admira que as portas se*am de ouro pois o palácio $ encantado e 1ul)urante a meta1ori(ação de todo o palácio $ um dado necessário para evidenciar a )rande(a da procura. A pontuação deia transparecer a aJição e a epectativa do cavale iro prestes a atin)ir o seu ob*etivo. A mudança de estro1e $ tamb$m estrat$)ica como *á o vimos anteriormente. As portas obedecem a tão ansioso pedido o ru!do que 1a(em $ su)erido pela repetição do 1onema vibrante r e denuncia que poucas ve(es se abrem essas portas. O cavaleiro pode ou não vencer esta terceira prova' 8ncontrará ou não a Ventura' Dudo parece indicar que sim.
de 1racasso ao lon)o do poema' 6e eram abundantes esses sinais não se esperava uma tão completa deceção. Em poema $ um percurso - a vida $ um percurso - inicia-se e por ve(es não se sabe onde vai che)ar. #ão $ esta uma das atraçes da poesia' Em *o)o de resultados imprevis!veis' 6e tudo 1osse conhecido de antemão onde a ma)ia o encanto da descoberta' O cavaleiro entrou no palácio encantado parecia ter alcançado o que procurava. ncia que vai do sonho 3 realidade' %uem não v0 neste poema o pr4prio Antero ut4pico revolucionário cheio de 1orça er)uendo a espada da Kiberdade do Amor e da 7ustiça mas incompreendido recusado' %uem não v0 neste poema a ale)oria de tantos *ovens sonhadores e incompreendidos' Derá sido então inItil esta procura' #ada $ inItil quando os ob*etivos por que se luta são aut0nticos. #unca se deve desistir. %uem sabe se da pr4ima ve( este cavaleiro não encontrará a sua Ventura? O que terá 1alhado' Per)untas que motivam outros tetos que poderiam ser escritos. @i(emos tamb$m uma caminhada de aná lise tetual. 8stamos convencidos de que um trabalho destes não deiará de ser estimulante pois $ um *o)o.
L. Atente na composição po$tica na sua )lobalidade. L.L. @aça a escansão do seu primeiro verso. L.M. Proceda 3 descrição da sua estrutura eterna +verso estro1e rima tipo de composição/. M. O poema inicia-se pela epressão Sonho que... M.L. @aça o levantamento de todas as 1ormas verbais do poema que dão continuidade 3 epressão. M.M. Proceda ao levantamento de todos os vocábulos que se incluem no campo leical de cavaleiro. M.N. Belacione as suas respostas 3s al!neas anteriores com a simbolo)ia que emer)e do poema. N. O poema de Antero %uental pode dar a(o a divises di1erentes mediante o crit$rio utili(ado para essa tare1a. N.L. Felimite a sua estrutura interna de acordo com: a procura de al)o&o encontro do que se procura&veri2cação da ess0ncia do procurado. . Ao lon)o do seu percurso o su*eito po$tico apresenta variaçes no seu estado de esp!rito. .L. Caracteri(e cada um deles +quatro/ recorrendo a dois ad*etivos para cada um. . O conector mas inicia dois dos versos do poema. .L. 8plique a relação que estabelece entre a primeira estro1e e a se)unda. .M. 8plicite a sua 1uncionalidade no se)undo verso da Iltima estro1e. Q. Atente no Iltimo verso do poema. Q.L. ;ndique a+s/ 2)ura+s/ de estilo nele presente+s/. Q.M. 8plique a sua epressividade no des1echo do poema. R. Beleia a)ora a composição po$tica na sua )lobalidade. R.L. Fetermine o seu assunto. R.M. Fetermine o seu tema. %.AVE (E ESPOS0AS
L.L. 6o&nho& que& sou& um& ca&va&lei&ro an&dan&te - o verso tem LS s!labas m$tricas.
L.M. O poema $ constitu!do por cator(e versos decassilábicos distribu!dos por quatro estro1es duas quadras e dois tercetos cu*o esquema rimático $ A5A5&A5A5&FFC&88Capresentando assim ao n!vel 1ormal as caracter!sticas de um soneto. M.L. As 1ormas verbais são as se)uintes: sou, buso, desmaio, a!iso, bao, enonro. M.M. #spada, paladino, armadura, pal$io . M.N. Dodos estes elementos remetem para a procura de um ideal por parte do su*eito po$tico. 8ste Iltimo simboli(ado pela 2)ura do cavaleiro andante aquele pelo palácio encantado com todas as conotaçes que su)ere - rique(a superioridade bele(a per1eição. N.L. LT parte - primeira quadra e dois primeiros versos da se)unda MT parte - terceiro verso da se)unda quadra NT parte - Iltimo terceto. .L. Primeiro está entusiasmado e iludido depois 2ca desanimado e cansado em se)uida volta a 2car animado e eu14rico por Iltimo 2ca dececionado e desiludido. .L. Oposição do seu estado de esp!rito - animado&desanimado. .M. Oposição entre a opul0ncia eterior do palácio e o seu va(io interior. Q.L. Poliss!ndeto e )radação. Q.M. 8n1ati(am o va(io do interior *usti2cando a desilusão sentida. R.L. O su*eito po$tico sonhando que $ um cavaleiro procura desesperadamente o palácio da ventura mas s4 quando estás prestes a desistir o encontra deslumbrante e se anima. 6ente por$m uma )rande desilusão quando veri2ca o va(io do seu interior. R.M. Procura da 1elicidade ideal.