O Museu Darbot - Victor Giudice

O MUSEU DARBOT VICTOR GIUDICE

O MUSEU DARBOT Para Carlos Nougué  Eles dizem que eu pinto o nada.  Mas juro que pintar o nada é um poder concedido por Deus. (Jean-Baptiste Darbot)

Jean-Baptiste Darbot nasceu e !e"ebro !e #$%&' no sul !a (ran)a' nu *ilare+o !e !ois il ,abitantes' entre rles e *ignon. (il,o natural !e caponeses' /oi cria!o pelo  p0roco !o local' Pa!re (ran)ois Doinic Darbeau1. Na certi!2o !e nasciento' !ata!a !e 3 !e +ul,o !e #$%4' o sobrenoe aparecia o!i/ica!o para Darbot. 5as é certo 6ue o religioso 6uis !ar seu noe ao /il,o !e cria)2o. Dos sete aos 6uator"e anos' Jean-Baptiste estu!ou e rles' nua congrega)2o cat7lica 6ue abriga*a eninos 7r/2os.  partir !ali' nunca ais /re68entaria outra institui)2o !e ensino. 9egun!o ele' era *onta!e !o pai a!oti*o en*i0-lo a u sein0rio para 6ue se iniciasse na *i!a eclesi0stica. 5as o Pa!re Doinic orreu !urante o inc:n!io 6ue !estruiu sua par76uia. Nua pes6uisa reali"a!a e #;3%' /oi encontra!o nos ar6ui*os !e ua igre+a !e rles o registro !e u certo JeanBaptiste Darbeu1' nua caligra/ia 6uase ileg<*el. Tu!o in!ica ser o eso Jean-Baptiste Darbot' !iante !o 6ual o un!o artstria !e teci!os recéinaugura!a e Vila Isabel' in!o orar nu 6uarto aluga!o no bairro !e 92o Crist7*2o. Darbot esta*a co *inte e 6uatro anos. No /i !e tr:s anos' trocou !e eprego' passan!o a au1iliar !e laborat7rio nua /ar0cia !a Rua 92o Janu0rio. Nessa época' u!ou-se para u por2o na Rua Escobar' a poucos etros !o Capo !e 92o Crist7*2o e !a ?uinta !a Boa Vista. (oi +ustaente na ?uinta 6ue Darbot *iu renascer sua *oca)2o !e pintor. U !ia coprou ua tela' alguns tubos !e tinta' eia !>"ia !e pincéis e /oi para l0 no  prieiro !oingo !e /olga. Depois !e *0rias tentati*as' n2o conseguiu pintar ua >nica 0r*ore. 9ua *is2o se pren!ia a !etal,es !o céu' nos espa)os periti!os pela /ol,age. @ogo aban!onou os pincéis' coprou ua esp0tula e' aos poucos' /oi o!elan!o sua técnica !e/initi*a. ?uan!o apresentou os no*os trabal,os ao 5useu Nacional !e Belas rtes' E!un!o No*aes' u !os gran!es pintores !a época' l,e !isse 6ue sua pintura representa*a o na!a. Essa cr
 nele 6ue se obser*a a e1press2o alin,a*a!a pela triste"a e arca!a pelo isticiso cat7lico !esse g:nio' cu+a arte tentou representar a abstra)2o !i*ina. Tiran!o as atuali"a)es' esse /oi o resuo biogr0/ico ieogra/a!o no /ol,eto !a  prieira e1posi)2o Darbot' e #;3$' nua galeria !a Ti+uca e' tal coo est0' é o 6ue ilustra agora' e #;;' co *erses e ingl:s' ale2o' /ranc:s' italiano e espan,ol' o cat0logo !e cento e setenta p0ginas !a gran!e Retrospecti*a Darbot' inaugura!a ,0 u :s' no 5useu Guggen,ei' !e No*a For. 5eu noe aparece coo cura!or !a obra !e Jean-Baptiste.  retrospecti*a apresenta cento e *inte e no*e trabal,os e ais as 6uarenta e !uas telas' incluin!o o auto-retrato' 6ue /ora in,a cole)2o particular' e e1posi)2o  peranente no 5useu Darbot !o Rio !e Janeiro' !es!e sua /un!a)2o e #;$%. c,o 6ue n2o preciso !eclarar 6ue artisticaente e' sobretu!o' /inanceiraente sou u ,oe reali"a!o. 9e ,ou*esse u Pri1 Nobel !estina!o a !escobri!ores !e obras !e arte' eu certaente estaria entre os ais sérios can!i!atos. 5as gan,ei outros galar!es e6ui*alentes.  No s0ba!o 6ue antece!eu a inaugura)2o !a retrospecti*a' !esebar6uei Hs sete !a a!ruga!a no Jo,n enne!' toei u ban,o !e ban,eira e in,a sultio an!ar e !esceos a pé a /aosa rapa espirala!a' on!e se concentra ais !a eta!e !as e1posi)es !o Guggen,ei. (oi ua peregrina)2o eocionalA até on!e a *ista alcan)a*a s7 se *ia Darbots. Recon,e)o 6ue seria proble0tico estabelecer ua or!e para os trabal,os !e Jean-Baptiste.  ipress2o 6ue se te é !e 6ue os artistas atuais pro!u"e co a preocupa)2o !e !ei1ar be claras as /ases !e sua obra.  /inali!a!e seria /acilitar o trabal,o !os organi"a!ores' caso algu !ia se reali"asse ua retrospecti*a. ?ue sabeM E se tratan!o !e arte e !e século ' tu!o é poss<*el. c,ei  bastante oportuna a i!éia !e se instalare as telas aiores nos sales laterais. Na *er!a!e' trata-se !e tre"e teles !e u etro e oitenta por u e *inte' Hs *e"es' u e 6uarenta' n2o ais. li0s' coo eu conto na biogra/ia 6ue estou terinan!o para ua e!itora !e 92o Paulo' e socie!a!e co outra !e No*a For' o 6ue /altou a Darbot /oi espa)o /
9eu noe era ille oonnen ou ronnen' n2o e lebro be. Na época !ei total apro*a)2o Hs ten!:ncias 6ue tenta*a su+eitar a religiosi!a!e !e Darbot a ua intensi/ica)2o ascen!ente !os tons ais claros a partir !os ais escuros. o+e e !ia' !epois !e tantas tentati*as !e e1egese' até eu' 6ue sou o respons0*el pela tra+et7ria !e Darbot' n2o sei para 6ue la!o e *irar. O >nico tra)o cou a to!a a obra é a técnica !a esp0tula. De u o!o geral' Darbot eprega a tinta pura' coo sai !o tubo' se se  preocupar e !ilu<-la e !i/erentes 7leos. ?uase sepre percebe-se 6ue ele coe)ou o 6ua!ro pela parte in/erior. Os golpes !a esp0tula' obe!ientes a ipulsos eraente gestuais' insiste nua tonali!a!e inicial se nen,u sinal !e istura.  tnica eol!ura!a. /astei a prieira' lipei super/icialente a poeira co u trapo ais

epoeira!o !o 6ue a tela e a!irei a pintura.  luinosi!a!e insu/iciente n2o e  peritia ua *is2o n*i!a' o por2o se antin,a seco. ssi 6ue !escobri as /en!as in/eriores' coprei ciento e *e!ei tu!o.  certe"a !e 6ue a c,u*a n2o entraria ais consoli!ou in,a !ecis2o !e recuperar to!a a obra !e Jean-Baptiste Darbot. os !e"esseis anos' 6uan!o resol*i estu!ar Belas rtes' pensei 6ue eu pai e in,a 2e /icaria contra' as aconteceu +ustaente o contr0rio. Eu passa*a as tar!es copian!o gra*uras /rancesas 6ue eu pai copra*a para i. To!os ac,a*a 6ue eu tin,a +eito  para !esen,o. os !e"essete' entrei para a Escola Nacional !e Belas rtes. No segun!o ano' /i" u curso especiali"a!o e restaura)2o !e pintura a 7leo e coecei a aplicar eus con,ecientos nos Darbots. O !ia e 6ue apareci e casa co ua tela !e trinta por 6uarenta !ebai1o !o bra)o /oi u aconteciento. Trabal,ei 6uase !uas seanas e o resulta!o e pareceu esplen!oroso. 5eus pais trocara u ol,ar !e apro*a)2o' as eu senti 6ue o gesto se !e*ia ais ao orgul,o pelas ,abili!a!es !o /il,o >nico' !o 6ue pela re*ela)2o !a aestria !e Darbot. Para encurtar a ,ist7riaA n2o ,ou*e epatia. Tia Su"u' ao contr0rio' /icou t2o entusiasa!a 6ue acabou e pe!in!o para lipar u 6ua!rin,o  para ela' 6ue n2o /osse uito gran!e ou' pelo enos' 6ue n2o /osse uito aior !o 6ue a repro!u)2o !a 9anta Ceia' pen!ura!a be no centro !a pare!e principal !a sala !e +antar. Cinco !ias !epois' o 6ua!rin,o esta*a pronto' eol!ura!o e pen!ura!o. 5in,a 2e 6uan!o *iu' 6uis u tabé. E assi' !e 6ua!rin,o e 6ua!rin,o' /orou-se o no*o useu Darbot' !i*i!i!o e !ois en!ere)osA a se)2o 92o Janu0rio e a se)2o Escobar.

?uatro anos !epois' 6uan!o terinei o curso !e Belas rtes' +0 ,a*ia na se)2o 92o Janu0rio' entul,an!o eu 6uarto e o s7t2o' sessenta e cinco Darbots e per/eito esta!o !e recupera)2o. 97 n2o ,a*ia ol!uras. Eu ac,o 6ue a i!éia !o !ernissa"e +0 baila*a e in,a cabe)a. U !ia' /ui con*i!a!o para a inaugura)2o !e ua pe6uena galeria na Ti+uca' a u 6uarteir2o !a Pra)a 9aens Pea.  galeria na!a ais era !o 6ue u espa)o !e oitenta etros 6ua!ra!os na /rente !e ua *i!ra)aria' on!e se eol!ura*a /otogra/ias' gra*uras' posters e 6ua!ros a 7leo. O *i!raceiro era u portugu:s 6ue aten!ia pelo apeli!o !e Genin,o e 6ue na!a enten!ia !e pintura. Para a inaugura)2o !a galeria' 6ue ine1plica*elente se c,aa*a Glacial rte' Genin,o escol,eu o 6ue ,a*ia !e pior na sa/ra !os pintores !a *i"in,an)a. a*ia pretos *el,os /uan!o cac,ibos' ao la!o !e  patos ensang8enta!os e nus /eininos en*oltos e *éus pu!icos pro!u"i!os H custa !e aer7gra/os ru!ientares. ssi eso ou tal*e" !e*i!o a isso' Genin,o *en!eu seis 6ua!ros. Para ele' /oi ua noite eor0*el. No !ia seguinte' antes 6ue seu entusiaso es/riasse' procurei-o' apresentei-e coo especialista e restaura)2o !e telas a 7leo e /alei a respeito !e Darbot. E 6uin"e inutos' Genin,o se con*enceu !a necessi!a!e !e ir até 92o Crist7*2o' a /i !e e1ainar os 6ua!ros. No s0ba!o' Hs tr:s e eia' entre u ca/é e ua /atia !e bolo !e c,ocolate' Genin,o a+ustou coigo ua e1posi)2o !e 6uator"e pe)as !e Darbot' eol!ura!as por ele. Na segun!a-/eira' contratei ua cain,onete e le*ei as telas para a *i!ra)aria. Escol,eos as ol!uras' ao so !as risa!as estri!entes !e Genin,o' e arcaos a !ata !e/initi*a !o !ernissa"e para *inte e oito !ias !epois' ua se1ta-/eira' #$ !e +ul,o !e #;3$' !ata iportante na biogra/ia. (ora 6uatro seanas !e re*ela)es. Eu na!a sabia !a pro/iss2o !e marc#and . 5eus con,ecientos uni*ersit0rios n2o passa*a !e /r0geis in/ora)es sobre ,ist7ria !a  pintura' no)es !e perspecti*a' uso !as cores pri0rias na obten)2o !as secun!0rias' *olues' sobras' o!elos *i*os etc. Coo *en!er u 6ua!ro n2o /a"ia parte !o currnico problea. U e1 pro/essor con*ersou coigo sobre os e/eitos iraculosos !a !i*ulga)2o e +ornais' esta)es !e r0!io e !e tele*is2o e' para ostrar con,eciento' /alou e  press release. Ebar6uei no assuntoA escre*i releases' en*iei /otos a cores !e cinco Darbots' re!igi o resuo biogr0/ico !epois !e pes6uisas esta/antes' !escobri no por2o !a se)2o Escobar u cai1ote !entro !o 6ual' sob !ec:nios !e poeira' repousa*a o issal 6ue pertenceu a JeanBaptiste' ieogra/ei o pensaento sobre pintar o na!a +unto H biogra/ia e esperei os resulta!os. Dois !ias antes !o e*ento' o  $ornal do %rasil  !eu ua nota !e seis lin,as' & 'lobo' !e cinco' e eu tratei !e laber os bei)os por6ue enten!i 6ue daquele mato não  sa(a coel#o' coo !isse Tia Su"u' en6uanto prepara*a os salga!in,os para o !ernissa"e. 5eu pai colaborou co as bebi!as' in,a 2e co a propagan!a boca a boca e' coo  principal re/or)o' en*iaos !u"entos e no*enta e tr:s con*ites.  Na noite /atal' aparecera !e"eno*e pessoas' contan!o co !ois colegas !e trabal,o !e eu pai e co 6uatro aigas !e Tia Su"u' ou se+a' u /racasso ipublic0*el. O >nico sucesso coube a titia' 6ue recebeu !uas encoen!as !e salga!in,os. ?uanto a Darbot' ne pr7s ne contras. Os 6ua!ros e1postos era to!os !e pe6uenas !ienses e os  pre)os enores ain!aA nen,ua tela ultrapassa*a ce !7lares. No /inal !e tr:s !ias se *isitantes' sentios 6ue o pro+eto esta*a pul*eri"a!o. Genin,o n2o se !eu por satis/eito e 6uis cobrar as ol!uras. Irrita!o' propus assinar 6uatro proiss7rias' apesar !a !i/icul!a!e 6ue o pagaento representa*a para i' se eprego' receben!o ua ou outra encoen!a !e restaura)2o. 5as Genin,o aceitou e eu apren!i 6ue n2o é s7 a /é 6ue reo*e ontan,as.  necessi!a!e tabé. E casa' eu pai' in,a 2e e Tia Su"u tentara e consolar' rea/iran!o a escassa 6uali!a!e !a pintura !e Darbot e ol,an!o  para i coo se eu /osse *
6uase c,orei. 5as in,a con/ian)a peranecia inabal0*el. 9e eu ti*esse u issal' teria escrito na contracapaA Eles !i"e 6ue eu *en!o o na!a. 5as +uro 6ue *en!er o na!a é u  po!er conce!i!o pelo Denio. E era eso. (oi *en!en!o o na!a na noite !o !ernissa"e 6ue *i !espontar a prieira pro*a !o *alor !e Darbot. 9e as seis pessoas' 6ue ti*era o !escaraento !e coprar pretos *el,os' patos ensang8enta!os e nus aerogra/a!os' agora n2o copra*a na!a' 6ue saiu gan,an!o /oi Darbot. ?ue gasta e preto *el,o n2o arrisca e abstra)es luinosas. Deci!i!aente' in,a seara n2o era ali. 5as on!e seriaM Na Sona 9ulM  Na seana seguinte /i" u est0gio nas galerias !a Sona 9ulA Point lLE*:6ue' Bottesini' Papillons' Blue Can*as' Rouge*ert' FelloQ Bric Roa! e por /i a aior !e to!as' a Bogar!us' !irigi!a por ua austrnica 6ue /osse. Ela aceitou. Corri para casa' /i" ua inspe)2o no s7t2o e !escobri a obra 6ue inutos !epois se c,aaria Abstração 49. Nunca atinei co a causa !a nuera)2o. 97 sei 6ue o n>ero' co rela)2o H in,a e1ist:ncia' gan,ou o !o !a ubi68i!a!e. 9eria cansati*o !escre*er to!os os /atos on!e o 6uarenta e no*e aparece. O pior é 6ue ao copletar 6uarenta e oito anos' encas6uetei 6ue ia orrer co 6uarenta e no*e. E n2o ,ou*e santo 6ue e li*rasse !a i!éia. 97 /i6uei tran68ilo no !ia e 6ue atingi o cin68enten0rio. 5as tiran!o isso' o 6uarenta e no*e /oi u ensageiro !e /elici!a!e. Principalente a bstra)2o. Na6uela noite' apesar !a iluina)2o prec0ria !e !uas lpa!as !e ce *elas' recon,eci o bril,o !a tela. s prieiras lu"es !a an,2 e con*enceraA 5arianne Bogar!us entregaria os  pontos !iante !a  Abstração 49. E n2o !eu outra. lé !isso' eu ti*e o trabal,o !e encontrar ua !as ol!uras !e Genin,o 6ue /osse !o eso taan,o. 5arianne pousou a  Abstração nu ca*alete' +ogou a lu" !e u re/letor sobre a tela e !eu sete passos para tr0s. (oi u inuto !e tens2o' o 6ue e6ui*ale a u il:nio !e espera. Nua elegncia *ienense' ela apoiou o coto*elo na pala !a 2o es6uer!a' anten!o a !ireita ergui!a' nua a/eta)2o !e /uante in*etera!a 6ue necessita !a postura' n2o s7 para sustentar o cigarro Dunn,ill !e ponta !oura!a entre o in!ica!or e o é!io' as tabé para ostrar ao un!o 6ue 5arianne Bogar!us est0 entran!o e transe !iante !o /eneno estético. Passa!a a crise' pe!iu a u /uncion0rio 6ue retirasse a ol!ura. En6uanto o rapa" e1ecuta*a a or!e' ou*i !uas pala*ras aterra!orasA -- Est0 péssio. 9enti u cala/rioA -- O 6ua!roM O al<*io c,egou pela eta!eA -- Non' a ol!urra. E segui!a' 5arianne e o /uncion0rio !esaparecera por ua porta nos /un!os !a galeria. (icaos s7s' eu e in,a esperan)a. E !e" inutos os !ois reapareceraA a  Abstração 49 se encai1a*a agora nua ol!ura !igna !o @ou*re. O /uncion0rio recolocou o 6ua!ro no ca*alete e ligou o re/letor. 5arianne acen!eu outro Dunn,ill' arou a esa pose e se iobili"ou por ais u inuto. Depois' !eu ua longa traga!a' *irou-se para i e' co ua >nica /rase' concluiu a prieira parte !a biogra/ia !e Darbot e iniciou a segun!aA -- E to!o in,a *i!a' eu nunca *i ua lu" t2o /orte e t2o belo. Os erros !e concor!ncia e o sota6ue !e 5arianne Bogar!us tin,a o po!er !e sublin,ar a *er!a!e conti!a e suas pala*ras. Conclu
-- ?uanto 6uer por esse bstrra)on 6uarrenta no*eM Depois 6ue 5arianne Bogar!us !eu sua b:n)2o ao eu Darbot' e *i na obriga)2o !e abrir o +ogoA -- Eu ac,o 6ue a sen,ora n2o e enten!eu. Eu n2o estou 6ueren!o na!a por esse Darbot. O 6ue eu 6uero é uito ais. E /i" u !iscurso a respeito !e in,as inten)es !e re*elar ao un!o a obra !e u g:nio !escon,eci!o. Durante a au!i)2o !e eu pro+eto' !e in,a loucura eio pro/ética' 5arianne acen!eu outro Dunn,ill para 6ue a /ua)a !is/ar)asse u bril,o eio alucina!o nos ol,os a"uis. ?uan!o acabei' ela tornou a incorporar o espero tre"entos e oitenta e 6uatro seria assusta!or' alé !e incon*incente. U ecaniso e eu cérebro e aconsel,ou a contabili"ar a e1posi)2o !a Ti+uca' acrescentan!o a  Abstração 49A -- ?uin"e. 5arianne anotou eu en!ere)o e pe!iu 6ue eu n2o sa
cera' e ca!a re/letor' e ca!a toa!a. Nesse oento' a aestria !e 5arianne se ostrou irretoc0*el. 9epre co o Dunn,ill entre os !e!os' ela se colocou !e costas para ua !as ceras' lan)ou 2o !e to!o o sota6ue e sentenciouA -- Non' non' non. Esse re/letorres' non.  pinturra non resiste. Non se po!e /ilar na!a. Voc:s eston 6uerren!o estrragar tu!oM Depois' 6ue é 6ue pagaM Ua +ornalista' +0 ara!a !e icro/one' en/rentou a Bogar!usA -- E altia' a  Abstração 49' !e tr:s il e 6uatrocentos' nu total !e trinta e cinco il e no*ecentos !7lares. Tari Ben"aa! acaba*a !e o/erecer trinta il re!on!os pelas 6uin"e telas. pesar !a pali!e"' 5arianne se apro1iou !e i e sussurrou co o 01io !e /ire"aA -- Non /ica ner*oso. ?uan!o eu acabar !e contar o prroposta !o 0rrabe' e1e cabe)a prra l0 e prra c0' prra ele *er 6ue *oc: non concor!a. E re*elou a proposta. 9enti coo seria u pren>ncio !e para!a car!
o outro os Esta!os Uni!os.  base !o notici0rio nacional e internacional era a esaA Pintor /ranc:s !escoberto e sub>rbio carioca. OuA Ipressionista es6ueci!o renasce no Brasil. OuA bstra)es pré-o!ernas e galeria !e Ipanea etc. 5in,a prieira atitu!e ao receber os !e"oito il !7lares' 6ue 5arianne ,a*ia estabeleci!o coo in,a parte' /oi pagar orgul,osaente as proiss7rias !e Genin,o' e !7lares' para ele sentir o c,eiro !a insensate". contece 6ue !epois !e coprar gela!eira no*a para Tia Su"u' aparel,o con+uga!o !e TV e eletrola para in,a 2e e u VolsQagen para eu pai' ca< no *a"io e recon,eci in,a pr7pria insensate"A n2o contar a *er!a!e a 5arianne' a respeito !os tre"entos e oitenta e 6uatro Darbots. Co 6ue cara ela receberia a *er!a!e agoraM Dia seguinte' /ui nu anti6u0rio' coprei u cin"eiro !e  porcelana @ioges por tre"entos e oitenta !7lares' an!ei ebrul,ar para presente e /ui H Bogar!us co o sorriso ais inocente !o un!o. 5arianne /icou ais !eslubra!a co in,a *isita !o 6ue co o cin"eiro' ebora coe)asse a us0-lo no inuto seguinte. Depois' +ogou tr:s en*elopes e cia !e iA tr:s cartas !e galerias paulistas interessa!as e e1posi)es Darbot. ?uan!o acabei !e ler' ol,ei para ela. 5arianne ergueu a 2o !ireita co o Dunn,ill aarelan!o os !e!os e /ran"iu o nari"A -- 9err0 6ue *oc: n2o e arran+a ne u !arbot"in,o !este taanin,oM Peguei u cigarro' colo6uei-o entre os l0bios e toei corageA -- 5arianne Bogar!us' n7s teos tre"entos e sessenta e no*e Darbots. ?uantos *oc: 6uerM  re6uisi)2o !e 5arianne e e1igiu !ois eses !e trabal,o ininterrupto. Para instrias. @ogo !e sa*i!a' trata-se !e u artista singular Wre/ere-se a DarbotX na e!i!a e 6ue reali"a u /uturo 6ue n2o e1istiuA o /uturo !e seu copatriota Georges 9eurat' /aleci!o aos 4&

anos. 9eurat' e seus >ltios esbo)os a cra,on' in!ica o percurso /ascinante !a luinosi!a!e' 6ue seria con6uista!a anos !epois por este Jean-Baptiste Darbot. E coo conclus2o !o ensaioA 9eria esta a seente !a arte *isual !o século IM  e1eplo !a c,aa!a >sica eru!ita 6ue' tii!aente' *e reencontran!o o p>blico atra*és !e ,aronias ais ,uani"a!as' é poss<*el 6ue tabé a Pintura' por eio !as solu)es encantat7rias  preconi"a!as pela esp0tula !arbotiana' *en,a !e*ol*er a sa>!e a ua  "estalt   por !eais !oentia neste /inal !e il:nio' a*ilta!o por niilisos inconse68entes e inacaba!isos inacaba!os. O tero inacabadismo era ua re/er:ncia a u certo @a!islau !e 5onc,i6ue' pintor carioca !e algu talento' 6ue e1ps no Ibirapuera u painel !e !o"e etros !e copriento por !ois !e largura' pinta!o !e branco !e cabo a rabo. ssi coo Darbot' 5onc,i6ue tabé se *aleu unicaente !a esp0tula' tentan!o !ar Hs *olutas signi/ica!os e1trablica. N2o ten,o a enor !>*i!a !e 6ue a ostra na 5énilontant /oi o passaporte !e Jean-Baptiste Darbot para a iortali!a!e e' sobretu!o' para o nic,o ais ele*a!o 6ue u g:nio po!e ocupar. E Bru1elas' o sucesso se caracteri"ou pelo sil:ncio copenetra!o !o aprecia!or intelectual. Na inaugura)2o

notei a /ora)2o !e pe6uenos grupos' estaciona!os ,oras !iante !e u 6ua!ro' entre ta)as !e *in,o' cigarros se /iltro e con+ecturas a eia *o". Perto !os pre)os !a 5énilontant' a Piratini e a Bogar!us n2o passa*a !e /eiras li*res. ?uan!o *ia+ei para @on!res' e aten!iento ao con*ite !e outra galeria' in,a conta  banc0ria /ora aplia!a e tre"entos e sete il !7lares. De @on!res eso' /i" ua or!e !e pagaento !e ce il para 5arianne Bogar!us e !uas !e trinta il para eu  pai e Tia Su"u' eus asseclas.  Inglaterra /oi !ecepcionante. s *en!as ren!era cento e *inte il' 6uan!o uito.  cr*i!as se trans/orara e certe"a. Depois !e u sucesso absur!o' co *en!as acia !e u il,2o !e !7lares e co a assinatura !e !ois contratos para e!i)es !e *olues ilustra!os sobre a obra !e Jean-Baptiste' /ui con*i!a!o pela tele*is2o /rancesa para ua entre*ista. Durante a sess2o !e perguntas' u +ornalista e !esa/iou' garantin!o 6ue as  pes6uisas reali"a!as e rles n2o ostra*a nen,ua pro*a !a e1ist:ncia !e u Darbot' a n2o ser Darbeu1. Eu assegurei 6ue o Jean-Baptiste Darbeu1 registra!o e rles era o eso Jean-Baptiste Darbot 6ue *ia+ara para o Brasil -- e acrescentei -- *
 presa H caa' eu l,e !ei u Darbot !os ais luinosos' bati"a!o !e 5ariana' e sua ,oenage. Ela an!ou pen!urar o 6ua!ro e /rente ao leito e e segre!ouA -- Prra iluinar in,a orte. O!ete se tornou aiga !e to!os n7sA ua ai"a!e co o per/ue !a eterni!a!e. Depois !a orte !e 5arianne' O!ete /ec,ou a galeria por u :s e e acopan,ou H lean,a'  para ua série !e e1posi)es e palestras' e aburgo' (ran/urt' ano*er e Berli. E #;$&' eu /i6uei na galeria e ela /oi H \n!ia co Tia Su"u e in,a 2e' 6ue !epois !a orte !o ari!o' tornou-se nica' a pria De!é' 6ue acabou solteirona. U !os 6uartos !o apartaento é eu. Nunca e acostuei co ,otéis. (oi O!ete 6ue e !eu a i!éia !e criar ua /un!a)2o utili"an!o os recursos obti!os co a obra !e Darbot. (oi O!ete 6ue organi"ou os ar6ui*os !a (un!a)2o Darbot' cria!a e #;$3' co se!e e 9anta Tere"a. Os ar6ui*os ocupa ua sala e6uipa!a co tr:s coputa!ores. (oi O!ete 6ue conseguiu catalogar pelo enos no*enta por cento !o 6ue se !isse' !o 6ue se escre*eu' !o 6ue se /otogra/ou' !o 6ue se publicou' !o 6ue se /ilou sobre o tea Darbot. (oi O!ete 6ue classi/icou os ar6ui*os e ensaios' artigos' cr
6ue para 6ual6uer outro' 5ariana !a Venera)2o nunca e1istiu. O sucesso !e Darbot esta*a intiaente liga!o H austrsica.  outra /ora !e ri6ue"a. Tia Su"u e in,a 2e n2o !2o iportncia a in,as filosofias e est2o sepre e aconsel,an!o a casar. Isto ain!a *ai acontecer.  ua !as poucas op)es 6ue e resta. To!as as outras n2o passa !e repeti)es en/a!on,as' 6uase sepre representa!as por con*ites co tu!o pagoA  passagens !e prieira classe' ,otéis cinco estrelas e liusines na porta H in,a !isposi)2o. 5uito sabiaente' essas re/le1es n2o /a"e parte !a biogra/ia. Para i' 6ue +0 /ui pobre' é assusta!or !escobrir 6ue 6uanto ais se enri6uece ais se econoi"a. Di/icilente eu pago o prato 6ue coo. E pagar e !0 pra"er. (oi por isso 6ue na6uele s0ba!o' e No*a For' !espac,ei a liusine e /ui a pé até o @incoln Center. 9enti ua iensa alegria 6uan!o retirei a entra!a para o Parsi/al' 6ue eu ,a*ia pago por /a1' co eu cart2o !e cré!ito. Pagar o t01i' na porta !o Guggen,ei' /oi outra /ora !e /elici!a!e 6ue eu raraente e1periento. 5as u !os aiores pra"eres !e to!os esses anos !e pra"eres /oi entrar no 5et Hs 6uin"e  para as seis' toar u capuccino e *er' a poucos cent<etros' a abstra)2o !arbotiana 6ue eu ,a*ia con,eci!o !e an,2A @onie. gora' s7 os cabelos' as p0lpebras e os l0bios  peranecia *erel,os. U *esti!o !e *elu!o negro' arreata!o nua gola re!on!a' real)a!a por u /ino !ebru e se!a branca' /a"ia !e @onie a >nica especta!ora !igna !e assistir ao  Parsifal . pro1iei-e e /ui surpreen!i!o por ua troca !e alegriasA a satis/a)2o 6ue ela !eonstrou ao e *er no teatro e a satis/a)2o 6ue eu !eonstrei ao *:la so"in,a. @onie /e" tu!o para e coroar o rei !a noite. Para c>ulo !os c>ulos ela esta*a senta!a na /ila  e eu na (. Durante o espet0culo' co u siples girar !a cabe)a H es6uer!a eu conseguia atingi-la. To!as as *e"es e 6ue e1ecutei o gesto' seu ol,ar esta*a a postos' H espera !o eu. (oi ua noite rontica e to!os os senti!os e  principalente nos nossos. No prieiro inter*alo' tentaos +antar no restaurante !o Gran! Tier e n2o conseguios.  solu)2o rontica /oi coer u san!u
ssisti ao >ltio ato ipregna!o !essa i!éia. Nos inutos /inais' 6uan!o o +o*e Parsi/al !escobre o Graal e cain,a no palco lentaente' e1ibin!o-o aos Ca*aleiros !e 5ontsal*at' a >sica !e agner e reconstruiu' coo se eu até ali /osse u uni*erso e !ecoposi)2o. To!as as in,as sensa)es passa!as se or!enara' e obe!i:ncia H6uela sensa)2o presente' e /i"era !o eu espsica !e agner se lan)a*a nos !erra!eiros copassos' eu re*i o por2o !a Rua Escobar repleto !e telas epoeira!as' re*i eu pai' in,a 2e e Tia Su"u rin!o !e i' re*i a galeria !a Ti+uca' re*i a austr
-- E 6ual *ai ser a pr71iaM DLico copriiu os l0bios e os epurrou para bai1o +untaente co o 6uei1o.  seguir' e1alou o in!e/ect<*el Qell' 6ue n2o 6uer !i"er na!a e signi/ica tu!o' e e contou 6ue a ostra seguinte seria ua e1ce)2o !entro !os pa!res !o Guggen,ei. 0 tr:s ou 6uatro anos' tin,a apareci!o e No*a For u !os li*ros ais originais !os >ltios teposA ua enciclopé!ia !e coisas 6ue nunca e1istira.  pr71ia e1posi)2o apresentaria obras !e arte 6ue representasse essas coisas ine1istentes. Diante !e in,a incopreens2o' DLico passou a enuerar !i*ersos e1eplosA lcone' /il,a !e olo' sen,or !os *entos or' a ci!a!e al!ita as arpias Gren!el' o onstro !e u lago !inaar6u:s o retrato !e Dorian Gra o 5inotauro o Basilisco a T0*ola Re!on!a o !eus otan Trist2o e Isol!a o oe Ver!e' espltia lu" !a tar!e e re*elou a gran!e ara*il,aA o Darbot se ar' se porto e se barcos era ua obra-pria.  *er!a!e estética !e JeanBaptiste Darbot coe)ou co a6uela tesoura. Durante uito tepo eu e perguntei se a6uilo n2o passa*a !e ua /alsi/ica)2o criinosa. 5eu pai e in,a 2e ac,a*a 6ue si. Principalente !epois !a *en!a e1plosi*a a Tari Ben"aa!. 5in,a /or)a e sobretu!o in,a con/ian)a brota*a !e Tia Su"u. (oi ela 6ue e !eu nio para ir e /rente. Tia Su"u tin,a certe"a !e 6ue in,as tesoura!as era apenas corre)es

necess0rias. Ua *e"' ela e ostrou u artigo sobre contra/a)es !e pintura' no 6ual se !i"ia 6ue raras era as obras 6ue nunca /ora retoca!as !epois !e !e"' *inte anos. E coo sepre' ela sentencia*aA -- té a  Mona )isa  /oi retoca!a. ?uan!o *oc: recorta e parte !e bai1o !e ua !essas telas' *oc: s7 est0 !an!o u reto6ue"in,o' e pronto. Tal*e" eu >nico peca!o /osse a in*en)2o !o pensaento' escrito a l0pis na contracapa !o issal. 5as *oc:s !e*e recon,ecer 6ue /oi u to6ue !e g:nio. Nesse ponto' encerrei o !esaba/o co ua obser*a)2o absolutaente !ispens0*elA -- (oi assi 6ue' !e reto6ue e reto6ue' eu constru< a len!a !e Darbot. @onie continua*a a e encarar nu isto !e assobro e ternura. 5as P,ilip DLico repu1ou u !os cantos !a bocaA -- Nunca pensei 6ue *oc: /osse t2o espirituoso. 9e eu soubesse... E n2o /oi alé por6ue a porta !o bar se abriu bruscaente' !an!o passage a u /uncion0rio e alto grau !e e1cita)2oA -- O pessoal !a iprensa c,egou. DLico !eu u salto !a ca!eira e ol,ou o rel7gioA era seis e 6uarenta e cinco. +eitou o n7 !a gra*ata' passou a 2o pelos cabelos e se *irou para iA -- Vaos l0. 9e eles !ere tepo su/iciente pra *oc: /alar' conta essa ,ist7ria !e sua tia' coo é' esoM Su"uM E saiu Hs gargal,a!as. @onie e eu /oos atr0s !ele. O sagu2o esta*a intransit0*elA ceras' /las,es' rep7rteres' carrega!ores' pessoas al *esti!as' gar)ons co ban!e+as *a"ias' ul,eres co casacos !e pele' ,oens !e sobretu!o co golas !e arin,o' intelectuais !e cabe)a raspa!a e brincos !e platina'  "a,s !e to!as as ra)as e /ac)es' ru
 parecia ,ipnoti"a!o por tantos Darbots. Passou por i e n2o e !eu a 