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O Fenômeno Religioso – Francisco Catão Anexo I
Curso de Ensino Religioso Escolar
Nota sobre o Estudo do Fenômeno Religioso
,a di-ersas abordagens )oss-eis do fenômeno religioso. A antro)ologia filos/fica o encara como )ro)riedade da nature0a 1umana$ decorrente de sua condi2ão e3istencial de)endente. A antro)ol antro)ologia ogia denominada denominada cultural cultural )arte da realidade realidade 1ist/rica 1ist/rica do 1omem$ constatando 4ue$ onde 1ou-e 1omem 15$ igualmente$ -estgios da celebra2ão do dom da -ida e da )resen2a de uma realidade transcendente$ em suas m6lti)las$ -ariadssimas e at7 contradit/rias contradit/rias manifesta28es.
O FENÔMENO RELIGIOSO
A sociologia da religião o estuda no conte3to das demais manifesta28es da -ida social$ e a )sicologia da religião$ a maneira como se articula com o desen-ol-imento da )ersonalidade. 9e um )onto de -ista mais )r/3imo de nossas )reocu)a28es imediatas$ 4ue são de ordem )edag/gica$ )odemos abordar o fenômeno religioso a )artir da necessidade 4ue tem o ser 1umano de se )osicionar em face do sentido da -ida$ 4ue 7 o es)ecfico da religião. I. A originalidade do fenômeno religioso
O ser 1umano 7 tal$ 4ue sua -ida não se resume ao a4ui e agora. A an5lise concreta do ser 1umano no mundo mostra 4ue$ ao agir 1umanamente$ ele tem sem)re uma )ers)ecti-a$ um ob:eti-o e um sentido. #odemos di0er 4ue$ inde)endente da consci;ncia 4ue ten1a )essoalmente$ o ser 1umano$ ao agir li-remente$ não )ode dei3ar de se )osicionar em face do sentido da -ida. Foi m7rito da antro)ologia cultural estabelecer$ com base nos estudos 1ist/ricos$ a uni-ersalidade do fenômeno religioso.
CATÃO. Francisco. “Nota sobre o estudo do fenômeno Religioso”. n! O Fenômeno Religioso. "ão #aulo$ %etras e %etras. &''($ ). '* – &+&.
9urante muito tem)o$ )orem$ )re-aleceram as tentati-as de inter)ret5
O Fenômeno Religioso – Francisco Catão autores$ como um recurso )ara :ustificar o )oder$ a domin5
>ale a )ena lembrar a4ui o belo li-ro de ?arcel @auc1et (Le désenchentement du monde. Une histoire politique de la religion. Paris, Gallimard, 1985) . A)esar das criticas recebidas$ )arece indubit5-el 4ue
@auc1et ten1a conseguido estabelecer uma abordagem sint7tica da 1ist/ria religiosa da 1umanidade$ e3tremamente rica e fecunda )ara a com)reensão do fenômeno religioso. Na origem$ o ser 1umano se entendia como fa0endo )arte de um con:unto dominado )or for2as 4ue o en-ol-iam com)letamente e condiciona-am todos os )assos de sua e3ist;ncia. ssa )erce)2ão de integra2ão$ mais do 4ue de de)end;ncia$ se tradu0ia na linguagem mtica$ 4ue at7 1o:e ser-e )ara e3)rimir realidades fundamentais )ara o 1omem$ coma )essoa e )ara a sociedade. Contudo$ a organi0a2ão da -ida terrena e a )rogressi-a distin2ão entre um al7m ou um l5 no alto$ distinto do agora e do a4ui embai3o$ le-a
9
Assim como a4ui embai3o a unidade do gru)o de)endia de um c1efe$ -erificaerifica
99
O Fenômeno Religioso – Francisco Catão O cristianismo abriu$ assim$ um no-o ca)itulo na 1ist/ria religiosa a 1umanidade. O ser 1umano se reali0a como ser 1umano e encontra um sentido )ara sua -ida$ na )r5tica da :usti2a e da solidariedade$ seguindo o camin1o indicado e aberto )or Desus. O ungido de 9eus 7 o Fil1o$ 4ue$ )or7m$ não -em como um monarca$ )ara submeter todas as coisas$ mas como um de n/s$ como ser-idor com)rometido com os )obres e os o)rimidos$ mostrando o camin1o da :usti2a e da fraternidade$ como a -ia 4ue condu0 ao reino e B sal-a2ão. O lato cristão relati-i0ou a religião. A institui2ão e as )r5ticas religiosas )assam a ter como in-ariante e )rinci)al crit7rio$ não tanto o recon1ecimento de 9eus$ inscrito na com)onente religiosa do ser 1umano$ mas o recon1ecimento do outro e a )r5tica$ na liberdade$ da -erdade$ da :usti2a e do amor$ em sociedade. "em cristianismo não 1a-eria gre:a nem$ muito menos$ )luralismo religioso. A religião se basearia sem)re num dado 4ue se im)oria ao 1omem$ nem 4ue fosse$ a)enas radicalmente$ como a )erten2a ao )o-o eleito. No cristianismo$ somos n/s 4ue construmos a gre:a$ 4ue estruturamos a religião a )artir de nossa fidelidade ao amor$ 4ue est5 na base da sociedade e 7 e3)ressão su)rema da liberdade. O -angel1o 7 )ala-ra de liberta2ão$ inclusi-e religiosa. Na e3)ressão de @auc1et$ o cristianismo da su)era2ão da religião. E -erdade 4ue$ ao se e3aminar a 1ist/ria do cristianismo$ )ercebe
!""
ma das grandes tarefas do R seria$ :ustamente$ detectar$ na religião de 1o:e$ o fermento cristão$ assim como$ tal-e0$ uma das mais im)ortantes tarefas dos cristãos se:a a de$ colocar
Uma abordagem evolutiva pessoal
A )edagogia moderna$ em )articular o construti-ismo$ estuda o crescimento )rogressi-o da crian2a$ 4ue -ai elaborando o seu )ensamento ao mesmo tem)o 4ue sua -isão do mundo. A )sicogen7tica tem$ e-identemente$ uma grande im)ortGncia )ara a educa2ão da religiosidade$ a)esar dos )roblemas teol/gicos 4ue le-antam as teorias de #iaget. Retomamos$ a4ui$ o li-ro :5 um )ouco antigo do dominicano Dean ?arie #o1ier H#sicologia da intelig;ncia e )sicologia da f7. O sistema de #iaget a)licado B f7. Trad. )ortuguesa de Francisco Catão$ "ão #aulo$ ,erder$ &'*&I. Jue a ontog;nese retome a filog;nese 7 um a3ioma de a)lica2ão geral em antro)ologia$ a 4ue$ desde Auguste Comte$ se tem recorrido )ara entender a e-olu2ão do ser 1umano no tem)o e no es)a2o$ bem como o crescimento e a e-olu2ão de cada indi-duo 1umano$ na sua singularidade. A acreditar$ )or7m$ no )ai do )ositi-ismo$ )oder
!"!
O Fenômeno Religioso – Francisco Catão O im)ortante 7 4ue a a2ão )raticada )ela crian2a$ desde o )rimeiro est5gio$ im)8e 5 sua re)resenta2ão do mundo$ categorias 4ue a le-am a com)reender o mundo$ B semel1an2a de sua )r/)ria a2ão. Não dis)ondo ainda da ca)acidade de elabora2ão &/gica$ trans)8e )ara a realidade seus )r/)rios es4uemas sensoriais motores e -; o uni-erso como de)endente de )rocessos )r7
acol1imento de uma e3)lica2ão do mundo e da -ida com base na autoridade$ mas !"$
sim)lesmente o)erat/ria$ em fun2ão de um ob:eti-o )ragm5tico$ 4ue recebe$ muitas -e0es$ o nome de sal-arKao. Nessa 1i)/tese$ a religiosidade constituiria uma esfera a )arte$ indis)ens5-el$ mas fec1ada sobre si mesma$ fruto de uma o)2ão )essoal ou do a:ustamento a um determinado uni-erso cultural$ sem afetar o modo de ser )ro)riamente adulto da -ida$ condu0ida segundo a ra0ão e a ci;ncia. No conte3to cultural da modernidade e da )/s
Juando se obser-a$ tanto a 1ist/ria religiosa da 1umanidade como o desen-ol-imento )sico7tico da )essoa$ -erifica
!"#
O Fenômeno Religioso – Francisco Catão bI Numa atitude sub:eti-a de acol1imento dessa rela2ão$ 4ue se -ai transformando$ aos )oucos$ no )olo de toda B ati-idade 1umana e 4ue da$ em ultima analise$ sentido a -ida e ao mundo$ 4ue se )ode denominar religiosidade sub:eti-a.
sses elementos são o 4ue c1amamos de focos da religiosidade$ )ois constituem os )ontos )ara o 4ual con-erge ou de 4ue )arte o agregado concreto e e3istencial$ 4ue e a religião$ em 4ue se cristali0a a religiosidade$ num determinado conte3to cultural$ numa 7)oca e dentro de uma tradi2ão )recisa.
%u0 desse es4uema sim)lificado ao m53imo$ de)ois da an5lise 1ist/rica e e-oluti-a 4ue esbo2amos$ o fenômeno religioso atual )assaria )ela media2ão ob:eti-a dos -alores de liberdade e :usti2a$ e -i-idos em sociedade$ na rela2ão de uns com os outros$ sub:eti-amente -i-idos )or cada um$ na liberdade e no amor.
m rela2ão as caractersticas formais$ os focos da religião são como 4ue seus as)ectos materiais$ no sentido em 4ue falamos da l/gica material$ distinta da formal.
A religiosidade do 1omem de 1o:e seria$ então$ essa ca)acidade de se dar conta de 4ue a -ida s/ -ale a )ena ser -i-ida numa relarKao com a nature0a e com o outro$ em 4ue se )rati4ue a -erdade$ a :usti2a e a solidariedade.
A grande dificuldade 4ue se encontra a4ui e a tend;ncia$ 4uase uni-ersalmente difundida$ de se )artir da religião )ara a -ida$ em lugar de se construir a religião He3)eri;ncia$ )r5tica$ moral e saber$ institucionali0adosI a )artir da -ida.
Alem disso$ essa rela2ão s/ e -erdadeiramente autentica e -i-ida$ 4uando brota da intimidade do su:eito$ na liberdade$ e se com)leta no amor c1eio de es)eran2a$ isto 7$ con-icto de 4ue a -ida$ assim entendida$ -ale a )ena ser -i-ida e tem$ finalmente$ um sentido.
Tal-e0 se:a esta a con-ersão fundamental do )rofessor de ensino religiosoK em lugar de )artir da religião )ara a -ida$ )artir da -ida )ara a religião.
II. s focos da religiosidade
Analise e!istencial da religi"o vivida
m geral$ se considera a religião como recebida da tradi2ão$ 4ue caracteri0a e determina as lin1as mestras da cultura em 4ue nascemos e 4ue de-emos assimilar$ tornar nossa$ )ara )oder -i-er e desabroc1ar como )essoas em sociedade.
O caracteri0a2ão do fenômeno religioso atual e um )onto de )artida 4ue )ermite saber do 4ue estamos falando$ isto e$ do com)ortamento das )essoas e gru)os 1umanos$ em face do 4ue constitui$ realmente$ a ra0ão )rofunda de sua e3ist;ncia.
Ccero :5 entendia$ assim$ o termo religião$ a)elando )ara a etimologia Hre< legereI$ )ois$ como di0$ a fun2ão dos anciãos$ dos s5bios e dos sacerdotes$ e -oltar sem)re aos costumes antigos$ mant;
Concretamente$ esse com)ortamento ins)ira maneiras de sentir He3)eri;nciasI$ )r5ticas simb/licas ou rituais$ maneiras de agir H7ticaI e de -er HsaberI$ comandadas )or determinados )rinc)ios$ 4ue estruturam a religião e3istencialmente -i-ida )elas )essoas na sociedade.
A tradi2ão religiosa bblica e$ em geral$ entendida na mesmo sentido$ de fidelidade A f7 dos )ais. o cristianismo 1ist/rico$ a)esar das -irtualidades de ru)tura contidas nas )ala-ras e na -ida de Desus$ não 4uebrou essa -isão tradicional da religião.
Não basta estudar as caractersticas ou os as)ectos$ )or assim di0er$ formais$ do fenômeno religioso$ )ara os 4uais )rocuramos c1amar aten2ão numa )ers)ecti-a 1ist/rico
Ora$ o 4ue caracteri0a o R e e3atamente o )rocesso in-erso. #arte
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!"%
O Fenômeno Religioso – Francisco Catão do fenômeno religioso e o estudo da -ida$ nos seus funda< mentos reais$ 4ue e )reciso descobrir e analisar.
Como formular esse dado religioso 4ue$ de fato$ esta na rai0 da com)reensão 4ue os 1omens tem$ atualmente$ da -ida e da sociedadeL
ssa descoberta e esta an5lise se fa0em$ e claro$ em continuidade com as religi8es 1ist/ricas$ isto e$ le-am em considera2ão as e3)ress8es culturais da religião do 1omem em todas as outras culturas e sociedades$ mas não dei3a de ser uma descoberta e uma an5lise da realidade de 1o:e$ do a4ui e agora$ do 1omem de 1o:e$ -i-endo sua -ida. 7 a -ida 4ue re-ela o seu fundamento$ isto 7$ 7 a -ida 4ue nos d5 a con1ecer a religião.
Acreditamos estar )r/3imos de uma )ro)osta satisfat/ria$ a)ontando )ara tr;s focos$ de 4ue deri-am e )ara o 4ual con-ergem todas as e3)ress8es dos -alores 4ue sustentam a -ida das )essoas e da sociedade em 4ue -i-emos.
Formar )rofessores de R e$ )rinci)almente$ formular uma )ro)osta concreta de an5lise da -ida$ 4ue sustente o trabal1o de encamin1amento dos educandos$ )ara a descoberta e assimila2ão l6cida e generosa de seus fundamentos. E o ob:eti-o de nossas refle38es! dotar os )rofessores de um instrumental analtico 4ue os )ermita$ com seguran2a e facilidade$ )artir da -ida )ara a educa2ão da religiosidade. E im)ortante 4ue o )rofessor de ensino religioso dis)on1a de todos os elementos )edag/gicos indis)ens5-eis a facilitar o a)rendi0ado do aluno$ de acordo com sua fai3a et5ria$ seu currculo oculto etc. ?as e tamb7m indis)ens5-el 4ue ele se:a ca)a0 de identificar os -alores dos educandos e a estrutura 4ue os sustenta$ )ara coloc5o0es$&''&I.#or outro lado$ fa0emos a)elo a dados fundamentais da e3)eri;ncia religiosa crista$ cu:a caracterstica central$ como se mostrar5 mais abai3o$ 7 a )erce)2ão de 4ue 9eus est5 )resente na -ida de todos os 1umanos$ atra-7s dos -alores 4ue$ a seus ol1os$ fundamentam a -ida e a sociedade$ isto 7$ atra-7s de sua religião. sto fa0 com 4ue o cristão considere a formula2ão da religião a )artir dos -alores 4ue sustentam a sociedade e a -ida das )essoas$ não s/ como um dado sociol/gico$ mas como um dado religioso$ a )artir do 4ual se 15 de fa0er a educa2ão da religiosidade.
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O )rimeiro foco e o )r/)rio ser 1umano! sua dignidade de )essoa$ seus direitos fundamentais inalien5-eis$ sua liberdade$ na busca de sua auto< reali0a2ão como )essoa em sociedade. O segundo foco 7 a4uilo 4ue esta )or tr5s da -ida 1umana$ 4ue a transcende e &1e confere$ de certo modo$ sentido. Finalmente$ mais generali0ada ainda do 4ue a )erce)2ão da transcend;ncia 7 a )reocu)a2ão com a )r/)ria auto
Juando nos referimos ao ser 1umano como o )rimeiro foco da religião$ nos dias de 1o:e$ -isamos sublin1ar 4ue no centro de todos os -alores$ :ustificando a -ida e fundando a sociedade$ est5 o ser 1umano$ na originalidade do seu ser )essoal e na 4ualidade de su:eito fundamental de direitos$ tendo como )rinci)al )rerrogati-a$ o e3erccio da liberdade. A grande re-olu2ão da modernidade colocou o ser 1umano no centro do mundo$ 4ue dei3a de ser cosmol/gico e teoc;ntrico$ )ara se tornar antro)oc;ntrico. Toda a cultura )assa a girar em torno da criatura es)iritual 4ue se mant7m na fonte do seu mundo$ no momento e3ato em 4ue a terra )erde o )ri-ilegio de estar no centro do sistema solar. A )assagem do teocentrismo )ara o antro)ocentrismo afetou radicalmente a -ida das )essoas e das sociedades$ 4ue acabaram sacudindo o :ugo insu)ort5-el dos es4uemas religiosos su)erados$ caindo na ilusão de um mun<
!"7
O Fenômeno Religioso – Francisco Catão do sem mist7rios$ )ara a ra0ão e )ara a ci;ncia$ adorada e cultuada com toda religiosidade. ?as a nega2ão de 9eus e a total confian2a colocada na ra0ão e na ci;ncia se mostraram ra)idamente inca)a0es de -ir ao encontro das as)ira28es e necessidades 1umanas. A -ida 1umana 7 fruto de o)28es )rofundas da sub:eti-idade$ embebida em afeti-idade$ mais do 4ue conclusão de )remissas racionais e frias$ mane:adas cientificamente. A ci;ncia não satisfa0$ não resol-e os )roblemas 1umanos -itais nem$ muito menos$ os )roblemas sociais e de con-i-;ncia$ como se )ode ter a demonstra2ão$ nos dias de 1o:e$ em 4ue$ alem dos riscos de destrui2ão atômica$ a 1umanidade )recisa )reser-ar a -ida e e-itar 4ue o )laneta se tome inabit5-el$ )ara )oder sobre-i-er. A modernidade entrou em crise. E o 4ue assinalamos usando a e3)ressão de )/s
!"
A perspectiva transcendente
m dos )ontos fundamentais$ a serem estabelecidos com clare0a$ e o fato de 4ue a transcend;ncia não e uma inter)reta2ão im)osta a realidade$ uma )osi2ão ideol/gica$ filos/fica ou religiosa$ mas um dado decorrente da an5lise e3istencial da -ida$ um as)ecto im)osto )ela )r/)ria realidade. #or mais longe 4ue se le-e a analise e3istencial da -ida$ ela não encontra um limite 4ue a fec1e ou a encerre. Fica sem)re em aberto )ara a )ossibilidade de algo mais$ algo maior$ algo mais )rofundo$ )ossibilidade 4ue e sinal de uma realidade de outra ordem$ transcendente. Assim$ a e3)eri;ncia do não
!"9
O Fenômeno Religioso – Francisco Catão 4ue nos esca)a. ssa transcend;ncia e3istente como Outro$ e o Transcendente a 4ue$ sub:eti-ando$ damos o nome de 9eus. No R se fala do ser 1umano$ sem)re$ toda-ia$ na )ers)ecti-a da transcend;ncia$ isto 7$ na )ers)ecti-a de sua rela2ão com o Transcendente$ 9eus. #or isso$ a an5lise e3istencial da -ida com)orta o 4ue c1amamos de religião$ cu:o a)rendi0ado e$ )recisamente$ ob:eti-o do R. A auto#reali$a%"o do ser humano no mundo
?as 4uem di0 religião$ di0$ concretamente$ sal-a2ão. 9esde a mais remota antiguidade$ obser-amos 4ue os 1umanos )rocuram$ na )ratica religiosa$ uma forma de a)lacar as for2as 4ue o en-ol-em$ obter o fa-or dos deuses e se li-rar dos males 4ue o assaltam$ em )articular$ da doen2a e da morte. Toda religião com)osta$ sem)re uni-ersalmente$ um )ro)/sito$ um ritual$ uma 7tica e uma -isão do mundo -oltadas )ara a liberta2ão do mal e a -it/ria da -ida sobre os inimigos$ a doen2as e da morte. Na religião bblica$ )or e3em)lo$ )re-alece como uma de suas lin1as de for2a a liberta2ão do )ecado e da o)ressão$ )elo cum)rimento do desgnio sal-ador de 9eus$ gra2as a missão do seu ungido$ 4ue 15 de sal-ar e libertar$ definiti-amente$ todos os -erdadeiros fil1os de Abraão e le-ar o seu )o-o a consuma2ão da -it/ria sobre todos os )o-os. Desus se manifesta como en-iado do #ai$ )ara sal-ar o 4ue esta-a )erdido e libertar os seus )ara uma -ida no-a$ de 4ue o reino 7 a e3)ressão maior. A a2ão de Desus no mundo 7$ )redominantemente$ uma a2ão sal-adora. le e3)ulsa os demônios$ cura as doen2as$ da es)eran2a aos o)rimidos e$ finalmente$ liberta os :ustos )ela )ratica da :usti2a e do amor$ 4ue o le-a a dar a sua -ida )ela sal-a2ão de muitos. A im)ortGncia da sal-a2ão$ na religião de Desus$ acabou marcando )rofundamente todas as religi8es$ mesmo fora da esfera de influencia cultural direta do cristianismo. Os estudiosos da religião consideram como um dado de )rimeira im)ortGncia a uni-ersalidade da )reocu)a2ão com a sal-a2ão$ 4ue acom)an1a 1o:e o fenômeno religioso.
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#ode
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O Fenômeno Religioso – Francisco Catão n1o )ela liberta2ão dos o)rimidos! ="en1or$ 4uando o alimentamos$ -estimos ou -isitamosL Juando o fa0eis$ mesmo sem o saber$ ao menor dentre os 1umanos$ res)ondera o Cris< to :ui0$ a mim o fa0eis.= No mundo seculari0ado e )luralista$ o camin1o do ensino religioso )assa )elo ser 1umano$ a )rocura do bem$ da -ida$ de sua )lena auto
III. As diversas religi&es e o di'logo religioso
O ensino religioso e a educa2ão da religiosidade$ 4ue se manifesta no fenômeno religioso$ caracteri0ado )ela )reocu)a2ão central com o ser 1umano em sociedade e na busca )essoal e coleti-a de sua auto
A 4uestão do )luralismo religioso não )ode ser tratada con-enientemente sem a distin2ão fundamental entre a religião -i-ida$ de fato$ )ela )essoa$ no gru)o 1umano em 4ue esta inserida$ em 4ue nasceu$ cresceu e -i-e$ numa determinada con:untura cultural e social$ e as di-ersas maneiras de entender a -ida$ suas inter)reta28es$ ou di-ersas religi8es$ 4ue com)8em o le4ue das manifesta28es religiosas numa determinada sociedade. A religião tende a ser unir$ na medida mesma em 4ue fa0 )arte da cultura e alimenta$ )reciosamente$ os -alores e as com)ortamentos tidos )or indiscut-eis numa determinada comunidade e 4ue constituem o fundamento da -ida )essoal e social do gru)o 1umano em 4uestão. As inter)reta28es$ )or7m$ tendem tamb7m )ara unidade$ 4uando a sociedade e fec1ada$ marcada )or uma cultura religiosa$ como a :udaica e a 5rabe. No caso$ )orem$ das saciedades$ como no Ocidente$ 4ue foram )erdendo aos )oucos essa referencia religiosa e
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O Fenômeno Religioso – Francisco Catão se seculari0ada$ surgiram e se foram di-ersificando in6meras outras inter)reta28es religiosas$ 4ue )areciam mel1or e3)rimir os -alores em 4ue se funda-a a no-a sociedade. ,o:e$ no-a sociedade )luralista$ 15 uma )rofunda distin2ão entre a religião$ o 4ue as )essoas dessa sociedade acreditam$ de fato$ e 4ue constitui o cimento da -ida social$ e as religi8es$ 4ue e3)rimem$ cada uma a seu modo$ uma -isão )arcial$ )lural$ desses mesmos -alores. #ara dar um 6nico e3em)lo$ todos acreditam na liberdade$ mas são in6meras as maneiras de entend;
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delidade B -erdade e B :usti2a 4ue constitui$ )ara todos os 1umanos$ o camin1o da sal-a2ão. Fala
m dos dados fundamentais da religião de Desus$ 4ue esta na rai0 da no-idade do -angel1o anunciado a todos$ e a uni-ersalidade da sal-a2ão$ de 4ue e e3)ressão a catolicidade da gre:a. Desus$ como #ala-ra de 9eus encamada$ sal-ou o mundo inteiro e todos os 1umanos. Onde 4uer 4ue cada )essoa$ mul1er ou 1omem$ em 4ual4uer tem)o e nas mais di-ersas culturas ou maneiras de ser$ -i-a segundo a :usti2a$ e sal-a )or Desus$ )or sua )r5tica aut;ntica de :usti2a. A -ia )ela 4ual mul1eres e 1omens do mundo inteiro tem acesso 1 sal-a2ão$ não e o con1ecimento de Desus nem o cum)rimento desta ou da4uela )r5tica religiosa$ senão a fidelidade ao 4ue d5 sentido a -ida$ no fundo do seu cora2ão$ e a )r5tica da :usti2a e da caridade )ara com o )r/3imo. Nesse sentido$ )ara o cristão$ o 4ue sal-a não e o cristianismo$ 4ue 1ist/rica e culturalmente e uma inter)reta2ão$ embora a ten1amos )or -erdadeira$ mas a religião$ isto e$ a fidelidade do 1omem e dos gru)os 1umanos aos -alores
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O Fenômeno Religioso – Francisco Catão indis)ens5-eis 1 sua subsist;ncia$ a fidelidade 1 religião )ro)riamente dita.
(ialogo e ensino religiosos
-angeli0ar$ )ara o cristão$ antes mesmo de ser anuncio de Desus Cristo$ 7 di5logo com os outros$ em -ista da fidelidade aos -alores 4ue nos sustentam a -ida e sem os 4uais nada teria sentido. #ara a)rofundar esse dado 7 )reciso ter )resente a doutrina do documento emanado da "anta "7$ sob o ttulo i*logo e $n-ncio H#etr/)olis$ >o0es$ &''. Cole2ão o cumentos Ponti#/cios$ n PI$ sta )osi2ão 7 original do cristianismo.
Juando se estuda o fenômeno religioso$ )ercebe
Todas as religi8es se a)resentam como camin1os )elos 4uais se c1ega B sal-a2ão. O cristianismo$ )elo menos na sua e3)ressão cat/lica$ em -irtude do )rinci)io da uni-ersalidade da sal-a2ão$ 4ue l1e 7 inerente$ não se a)resenta como um camin1o a ser seguido$ mas como a re-ela2ão do alcance da )ratica da -erdade e da :usti2a$ "al-a
ma das maiores dificuldades 4ue encontram os )rofessores de R e$ )recisamente$ a falta de unidade das in6meras maneiras de -er e de falar a res)eito da religião e do fenômeno religioso$ o 4ue torna muito difcil determinar a orienta2ão a seguir no trabal1o )edag/gico. Trata
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O Fenômeno Religioso – Francisco Catão -es de todas as e3)ress8es religiosas 4ue com)8em o nosso com)le3o cultural. A 1ist/ria contribui$ a seu modo$ )ara le-ar o aluno a com)reensão da relati-idade das institui28es$ das maneiras de -er e de )ensar$ da moralidade e at7 das maneiras de sentir$ inclusi-e religiosas$ 4ue -ariam atra-7s dos tem)os e das culturas e contribuem )ara a forma2ão da sociedade. A literatura a:uda o aluno na )rocura do sentido e na e3)ressão de tudo 4ue o ser 1umano es)era da -ida$ atra-7s de seus dese:os e de suas ansiedades$ no domnio )rec5rio das )ai38es e no intrincado dos relacionamentos sociais. sto sem falar das ci;ncias e da filosofia$ 4ue obrigarão o aluno a desen-ol-er seu sentido critico em rela2ão aos dados a 4ue se referem as tradi28es religiosas e a coer;ncia interna do discurso religioso$ na maneira como estrutura e desen-ol-e a sua -isão do mundo. ?as$ sobretudo$ o )rofessor desen-ol-er5 em si mesmo e no aluno um agu2ado senso crtico da relati-idade de todas as e3)ress8es religiosas$ marcando sem)re o seu limite e atendendo ao fato de 4ue$ tanto a realidade e3istencial do 1omem
O di5logo da a2ão ou das obras$ )ois$ em ambiente )luralista$ o ensino religioso ter5 como base a colabora2ão concreta entre os educandos$ inde)endentemente de sua denomina2ão religiosa. sto -ai desde o con1ecimento e integra2ão do )r/)rio cor)o$ at7 as ati-idades efeti-as de assist;ncia$ benefic;ncia e luta em )rol dos menos fa-orecidos$ o)rimidos e em)obrecidos. O di*logo do pensamento, ou teolgico . "omente de)ois de 1a-er e3)erimentado a sua unidade ns -ida e na a2ão$ os e educandos de diferentes religi8es estarão em condi28es de buscar os )ontos comuns 4ue )ermitam a constru2ão de uma -isão da -ida e do mundo$ dentro de uma unidade su)erior$ sem abandonar as ri4ue0as da di-ersidade. Finalmente$ o di5logo da e3)eri;ncia religiosa$ 4ue )ode ser considerado um ob:eti-o! na di-ersidade das inter)reta28es e das religi8es$ e3)erimentar a unidade es)iritual$ sendo todos e cada um fi7is as e3ig;ncias da -erdade e do amor. O ensino religioso se torna$ então$ o lugar de encontro e de di5logo )rofundo entre todos os 4ue )rocuram a -erdade e lutam )ela :usti2a. A)ro3imar o ensino religioso do dialogo inter
Como o di5logo religioso$ o R e um esfor2o )ara com)artil1ar a busca da -erdade e da :usti2a$ num gru)o 1eterog;neo$ como são as nossas classes de ensino religioso. ssa )artil1a$ )ara ser com)leta e efica0$ se fa0 em di-ersos n-eis ou formas$ a)resentadas com grande felicidade no documento i*logo e $n-ncio$ acima referido! O di*logo da 0ida $ 4ue est5 na base do R e consiste na aceita2ão dos educandos como são$ numa atitude de acol1imento e de )artil1a dos )roblemas e )reocu)a28es 1umanas 4ue nos são comuns.