COLECÇÃO•
ENSINO
DA
Cl~NCIA
E
DA
TECNOLOGIA
introdução à
dinâmica;.
introduçto ª 4lio.
di nâ m~~ltíti ca
C OLECÇÃO• ENSINO DA CIÊNC IA E IDA TECN O L OGIA
T
T U LOS
P U BLICADOS
4 Feixes Hert zianos, Carlos Salema.
5 Introdução à Gestão Ambiental: a avaliação do ciclo de vida de produtos, Paulo Cadete Ferrâ.o.
6 Elementos da Teoria da Elasticidade E duardo .Romano de Arantes e Oliveira.
7 Int rodução à Programação em mathematica, José Carmo, A mflcar Berna.das, Cristina Semadas . F. Miguel Dioní.sw. Carlos Caleira.
8 Reconhecimento de Padrões: métodos estatísticos e neuronais, J o-r:qe S oJuador Aforqnes.
9 Geoestatíst ica para as Ciências da Terra e do Ambiente A ndlca.1" Soares. T
T U LO S
A
P U B LICA R
Análise de Sistemas Lineares, Isabel R ibeiro.
Reactores Químicos, Francisco Lenw.5. José Ivladeim Lopes, F. Ramôa R ibeiro.
N U N O
M.
M.
IST PRESS Institut o Supierior T écnico Av. Rovisco Pais, n" 1 1049-{)01 Lisboa Portuga l
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EDITORA: IST Press DIRECTOR: Jorge
C. G. Calad o
COLECÇÃO: Ensino da Ciência e Tecnologia COORDENADOR E DITORIAL: Eduardo Borges Pires AUTOR: Nuno l'vI. M . Maia TfTULO: Introdução à Dinâ mica Analítica
ISBN: 972-8±69-14-4 DEPÓSIT O LEGAL:
156591/00
PRODUÇÃO: Manuela TI.f orais DESIGN: Golpe de Estado - Prod uções Criat ivas , Lda. IMPRESSÃO/ AOABAMENTOS: Multi pont o S. A . T IRAGEM: 1000 exemplares COPYRIGHT@ SETEMBRO DE 2000 , INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
ESTE LIVRO TEM O APOIO DE:
Fumb.ção para a Ciêllda. e a Tecnologia M!NlSTÉRlO DA Of."!"CTA ll DA 'TECN'OlOGlA
A minha mulher, Maria José
V
CONTEÚDO
PREFÁCIO
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1.1 1.2
1.3 1.4 2 2.1 2.2 2.2.1
2.2.2 2.2.:'l 2.2 A
,2.3 2.3.1 2.4 2.4.1
2.4.2 2.4.3 2.5
2.6 2.7 2.8 3
N OTA HISTÓRICA
Os Ant igos A Época de Galileu Newton e Alguns Contemporàneos Seus D' Alembert, Euler , Lagrange e Hamilton
3.3
:u.1 3.4 4 4. 1 4.1.1 4.1.2 4.2
1 3 ..J 5 9
CONCEITOS F UNDAMENTAIS
13
Introdução Princípios Fundamentais da Mecànica Vectorial P rincípio ela inércia de Galileu P rincípio do rnomenfom Princípio da acção e reacção Princípio da sobreposição Ttabalho Funções de est ado, P faffianos, difer enciais exactas e forças conservativa.s Trabalho e Energia Potencial Energia p otencial gravít ica Energia p otencial devida. a uma força gravitacional Energia potencial elástica Trabalho e Energia Cinética Princípio da Conservação da Energia. Graus ele Liberdade Problemas
15 15
15 16 16 16 17
22 23 25 26 27
30 33 ') t::
dt.)
PRlNC ÍPIO D OS TRABALHOS VIRTUAIS. PRJNCÍPIO DE D'ALEMBERT. PRINCÍPIO DE HAMILTON
3.1 3.2
ix
O P rincípio dos Tr abalhos Virtuais em Estática Princípio de D'Alembert. Extensão do Princípio elos T rabalhos Virt uais à Dinâmica Princípio de Hamilton Do princípio d os t rab alhos virtuais ao princípio de Hamilton Problemas
37 39
55
EQUAÇÕES DE LAG RANGE
59
Graus de Lib erdade, Constrangimentos e Coordenadas Generalizadas Ligações holónornas Ligações anolónomas Do P r incípio de Hamilton às Equações de Lagrange
61
63 67 68
4.2.1 -1.2.2 4.:3
de q,
5.5
6
75 9--1 10:3
Problemas
5 5.1 .5.2 5.:3 5.4 5.4.l
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de
109
DE HAMILTON
11 111 11:3 llf; 116 116 118
Hamiltoniana da Hamiltoniana
Problemas PRINCÍPIO DE HAMILTON E NA ANÁLISE DE SISTEMAS CONTÍNUOS
6.1
121 12:3
6.2
Dinâmico
6.:3 127 1:37
6.4 BIBLIOGRAFIA
141
ÍNDICE
143
viii
PREF
CIO
A larga maioria dos livros sobre mecânica tendem a ser abarcando uu.u"'·'"'º''U'-' vasta de como cinemática e dinâmica de partículas e corpos introdução às das a dinâmica anaHtica costuma constituir apenas um ou dois capítulos. Em muito menor sobre dinâmica analítica. Normalmente são bastante e por conseguinte mais apropriados a cursos de pos-.12;raauaç.ao. O presente livro é exclusivamente dedicado à dinâmica analítica e fundamentalmente ao aluno de licenciatura. Procurou-se que fosse relativamente curto, com vários exemplos de aplicação e com uma explicação tão clara e simples quanto possível, quer do de vista matemático, quer do ponto de vista da interpretação física. Não se pretende que este livro cubra especificamente disciplina. Poderá, isso sim, apoiar várias disciplinas de vários cursos em que esta matéria seja abordada. Ocorrem-me as cadeiras de Física de todos os cursos de licenciatura em Engenharia, Matemática, Física, Química, por exemplo; ou outras mais específicas em Engenharia Mecânica e Civil como as clássicas "Mecânicas Aplicadas", "Vibrações", etc. Sobre a forma como está estruturado, há um capítulo de introdução histórica, seguido de um capítulo em que os conceitos fundamentais são abordados de forma sucinta, em jeito de revisão. Os Capítulos 3 a 5 dizem respeito aos princípios dos trabalhos virtuais, de D'Alembert, de Hamilton e às equações de Lagrange e de Hamilton, em sistemas discretos; a sua interpretação e aplicação é explicada, e alguns exemplos são apresentados. Finalmente, no Capítulo 6 é focada a aplicação da dinâmica analítica a sistemas contínuos. Gostaria de agradecer aos meus colegas Professores Miranda Guedes, Melão Barros e Relógio Ribeiro as valiosas trocas de impressões e discussões sobre alguns dos assuntos versados. São igualmente devidos agradecimentos aos Professores Júlio Montalvão e Silva, Cabrita Neves, Dias de Deus, Resina Rodrigues e António Urguei.ra pela revisão crítica do manuscrito, tendo contribuído decisivamente para a melhoria do texto em variados aspectos.
1 Normalmente
seja já clássica!
designa-se por clássica a mecânica não relativista, embora-de facto-a relativadade
PREFÁCIO
Queria igualmente exprimir o meu apreço pelo empenho dos colaboradores da IST Press, nomeadamente da Dr.ª Manuela Morais e Paula Barruncho, e onde destaco o entusiástico apoio do Prof. Eduardo Borges Pires e o cuidado minucioso do Engº Paulo Abreu no tratamento das figuras e no arranjo do texto. Ao António Faria elogio o harmonioso design da capa. Finalmente, o maior agradecimento vai para a minha mulher, por todos os sacrifícios que suport ou e que incansavelmente me apoiou ao longo dest e projecto. Nuno M. M. Maia Setembro de 2000
X
NOTA HISTÓRICA
NOTA HISTÓRICA
1.1
OS ANT IGOS
A Mecânica é a disciplina mais antiga da Física. Desde a Antiguidade que os sábios se interrogavam sobre os movimentos, nomeadamente os dos corpos celestes, bem como sobre o equilíbrio de forças. Coube aos filósofos, como Aristóteles (384-322 a. C.) o desenvolvimento do pensamento relacionado com a movimentação dos corpos, quer quando lançados, quer em queda livre. Avançaram-se os conceitos de movimentos nat urais e violentos. Naturais os que t inham a ver com a procura (natural) do estado de repouso; violentos quando ligados a acções externas, como o lançamento de uma pedra ao ar, embora aí houvesse também uma parte natural, correspondente ao período de queda. Naturais eram, ainda, os movimentos dos planetas. Aristót eles compreendeu a composição de forças e aproximou-se mesmo da noção de força centrífuga, mas praticamente não eram estabelecidas quaisquer leis; as deduções eram baseadas no raciocínio filosófico, a maioria das quais dando origem a julgamentos errados, que no ent anto ninguém ousava questionar e que prevaleceram durante séculos como correct amente formulados. Fazia a distinção entre o mundo celeste (constituído pelos ast ros) e o mundo "infralunar", que é o nosso, abaixo da Lua. Esta estabelecia a fronteira ent re os dois mundos, e o facto de ter "fases" era a prova da sua nào total perfeição. No mundo celeste, as coisas eram "incorruptíveis", eternamente iguais a si próprias. Os movimentos eram perfeitos, circulares e uniformes; o mundo "infralunar" era constituído por coisas mutáveis, "sujeitas à corrupção", onde apenas exist ia uma ordem imperfeita, por vezes caótica. Aristóteles acreditava que um corpo em movimento rectilíneo parava-não por causa do atrito - mas porque a "força motriz" se ia esgotando. Pensava-se que para existir um movimento rectilíneo uniforme era preciso haver uma força a actuar constantemente o corpo. Se a força cessasse, aquele parava. Colocava-se então a questão: como é que um corpo que cai pode acelerar? E a resposta era: porque em cada instante ele recebe uma nova impulsão, fornecida pelo ar que se precepita atrás dele. Isto é, o ar em vez de travar o movimento, acelerava-o. Consequentemente, no vazio, os corpos cairiam com velocidade uniforme! Julgava-se que existia uma relação directa entre força e velocidade. Aristóteles afirmava que um corpo n vezes mais pesado do que out ro caía n vezes mais depressa. Havia muitos outros erros e lacunas; por exemplo, não existia a mínima noção de pressão atmosférica e quando a água subia num tubo por aspiraçào dizia-se que era por "horror ao vazio". Não existia ainda a ideia correcta de massa, muito menos da distinção entre massa e peso. Por incrível que possa parecer, a larga maioria destas ideias manteve-se até ao século XVI. Progressivamente, outros conhecimentos foram trazidos pelos antigos gregos, principalmente no campo da matemát ica e, em particular, da geometria. Nomes famosos dessa
3
A ÉPOCA DE G
I,ILEU
época são os de Tales a. 580-509 a. e Euclides 1 . Todos os desenvolvimentos da mecânica tiveram por base a geometria de Euclides (ou EucliFoi preciso esperar mais de dois mil anos para ver surgir novas geometrias, . As dos gregos com particular destaque para a de Riemann na mecânica manifestaram-se mais no desenvolvimento da estática e da hidrostática, que vieram a ter um avanço significativo com a. . Para além da alavanca e no de contribuições noutras áreas, mecânicos. Era a estática -,.-.. ~-~-· seu tempo concebeu cerca de Contudo, a cinemática e a dinâmica tinham ainda um longo caminho a percorrer.
1.2
A ÉPOCA DE GALILEU
As especulações dos Antigos, e dos Gregos em particular, à estática. Foi com Galileu (1564-1642) que as leis da dinâmica começaram a ser convenientemente formuladas, podendo-se afirmar que é ele o fundador da dinâmica. Para além da mecânica, as contribuições de Galileu para a ciência foram inúmeras e particularmente importantes na óptica e na astronomia. Graças aos aperfeiçoamentos que conseguiu na construção de telescópios (que atingiam ampliações de trinta vezes), foi-lhe possível descobrir novos corpos celestes, nomeadamente satélites de Júpiter. Teve enormes problemas com a Inquisição, por defender a teoria de Copérnico (1473-1543), o que na época era considerado uma heresia. É curioso referir que, aproximadamente na mesma altura, Kepler (1571-1630)-na Alemanha-apresentava as suas leis, confirmando a teoria de Copérnico. Foi no entanto na mecânica que Galileu ficou mais famoso, começando por contestar as seculares e praticamente sagradas conjecturas de Aristóteles. Diz-se que, ao observar os lustres da catedral de Pisa, Galileu terá verificado que quer os grandes quer os mais pequenos (com o mesmo comprimento de suspensão) oscilavam com igual per:íodo. Compreendendo que na fase descendente a oscilação correspondia a uma queda, apercebeu-se de que corpos mais pesados ou menos pesados deveriam cair igualmente depressa, ou seja, que o peso não teria influência na velocidade de queda. Chegava também a esta conclusão raciocinando da seguinte forma: imaginando um corpo dividido em pequenas partes, estas cairiam todas ao mesmo tempo; logo, um corpo grande deveria cair tão depressa corno um pequeno. Realizou algumas experiências para confirmar as suas conjecturas, nomeadamente quando deixou cair da torre de Pisa pesos distintos. Realizou ainda experiências de queda de corpos ao longo de planos indinados, a fim de retardar o tempo de queda e assim facilitar a sua medição. 1 Desconhecem-se
as datas correcta.s de nascimento e morte de Euclides. Sabe-se que terá nascido por volta do ano 300 a. C. 2 A geometria de Riemann foi a adoptada por Einstein (1879-1955) no desenvolvimento da teoria da relatividade generalizada.
4
NOTA HISTÓRICA
Uma das maiores ucu."v'º"' de Galileu foi a introdução do conceito de Concluiu que uma força "''·"·'"'º'"°' a um corpo lhe causa uma de ve10c:m.aa1e, embora não seja necessário haver força para manter um movimento linear uniforme. É a lei de inércia de Galileu. Como se referiu, na expe1ne1uc1a ou, no mínimo, também Galileu se baseou muitas vezes mais no racíoc.íni.o do que na experiência para º"'"'"''"cu os seus resultados fundamentais. Na dificilmente seria possível concretizar urna que verificasse o raciocínio teórico por detrás da lei da inércia. A sua lei resultou simplesmente do seu pensamento: suponha-se um corpo que é "'"''"ª''°'v sobre uma superfície horizontal com uma determinada velocidade inicial. Ao fim de um determinado tempo, o movimento necessariamente cessará, devido ao atrito entre o corpo e a superfície. Se imaginarmos que o atrito diminui (por exemplo, oleando a superfície), então o corpo deslizará durante mais tempo. No limite, se conseguíssemos atrito nulo, o corpo manter-se-ia indefinidamente em movimento, que seria uniforme. Nenhuma experiência poderia conduzir à conclusão de que um corpo quando não está sujeito a qualquer força mantém o movimento uniforme.
1.3
NEWTON E ALGUNS CONTEMPORÂNEOS SEUS
Galileu supunha que todo o movimento se podia estudar em qualquer referencial, mas Newton (1643-1727) 3 compreendeu que isso não era verdade em dinâmica, passando a admitir um referencial (dito de inércia ou inercial) onde a lei da inércia seria válida. Esse referencial teria que estar em repouso ou em movimento uniforme em relação a um espaço fixo. A existência de um tal referencial implica que, se supusermos dois referenciais em movimento uniforme, um em relação ao outro, se um deles for de inércia, o outro também o será. Consequentemente, se a lei da inércia for válida num, também o será no outro. Esta é a teoria da relatividade clássica, que nos livros é muitas vezes atribuída a Galileu por uma questão de homenagem ao homem que compreendeu a importância da aceleração e "abriu o caminho" a Newton. Na verdade, a teoria da relatividade clássica é muito mais (se não totalmente) de Newton. Era no entanto necessário encontrar um referencial absolutamente fixo, um espaço de referência absoluto. Newton propôs esse referencial, como ele dizia, às estrelas fixas distantes. Se aquele então existirá urna infinidade de referenciais de inércia. 3 Normalmente,
a data de nascimento de Newton é dad.;: como 1642, exactamente o ano da morte de Galileu. Na verdade, Newton nasce no ano seguinte (de acordo com a actualização das datas de ambos para o actual calendário Gregoriano, que entrou em vigor em Outubro de 1582, mas só foi adoptado em Inglaterra no século
5
NEWTON E ALGUNS CONTEMP ORÂNEOS SEUS
Se um referencial tiver aceleração, como por exemplo um referencial associado a um veículo que está a acelerar, ou ligado a um carrossel a rodar, a lei da inércia deixa de ser válida e há que "compensá-la" com outras forças, como as centrífugas e de Coriolis (1792- 1843), embora se possa reduzir a expressão à mesma forma força igual à massa vezes a aceleração, pois o que se faz é alterar a expressão da aceleração, incluindo mais termos. Um referencial absolutamente fixo como o proposto por Newton provavelmente não existirá, pelo que temos que procurar uma alternativa suficientemente satisfatória. Um referencial excelente será um colocado no Sol. Outro, embora menos bom, será um ligado à Terra. Não sendo perfeito, uma vez que roda e se desloca não uniformemente, é aceitável para a maioria das aplicações em mecânica, sem ser necessário ter-se em conta as forças centrífugas ou de Coriolis, já que o movimento da Terra é lento e as acelerações normalmente desprezáveis face à aceleração da gravidade. Há casos, porém, em que se nota alguma influência da rotação da Terra, como por exemplo nas forças de erosão nas margens dos rios, dado que as massas em jogo são enormes. Um caso intermédio entre os referenciais da Terra e do Sol é o proposto por Kõnig (1712- 1757) com centro na Terra e eixos apontados para t rês estrelas fixas distantes. O desenvolvimento da mecânica pôde contar com a importante contribuição de Huygens (1629- 1695), contemporâneo de Hooke (1635- 1722), Newton e Leibnitz (1646-1716), nomeadamente na aplicação do pêndulo na regularização do movimento dos relógios, até então muito imprecisos. O mérito do seu invento foi muito reconhecido, embora a sua "paternidade" tenha sido algo disputada. A aplicação da mola em espiral nos relógios é também da sua autoria, embora a ideia original da utilização de uma mola de aço para regular o movimento já pertencesse a Hooke. Huygens publicou muitas obras, em vários domínios, incluindo a astronomia (em particular sobre os anéis de Saturno), a teoria dos choques, a mecânica de fluidos, a ópt ica, a teoria da luz e as matemáticas puras, nomeadamente na área da geomet ria. Inventou a curva cicloidal, que Jean Bernoulli (1667- 1748) mais tarde mostrou ser a curva braquistócrona, isto é, a curva de menor tempo de descida entre dois pontos. Jean Bernoulli propusera este problema, que foi resolvido independentemente por Leibnitz, Newton, L'Hôpital (1661- 1704) e ainda pelo seu irmão Jacques Bernoulli (1654-1705). Os irmãos Bernoulli tiveram Leibnitz como mestre e mantinham o hábito de disputar entre si a resolução de problemas difíceis. Huygens formulou ainda a teoria da força centrífuga e inventou o pêndulo baseado naquela força, que em vez de oscilar num plano, oscilava ao longo de uma superfície cónica. Também Hooke reivindicava esta descoberta, que levou à conclusão de que a Terra não era perfeitamente esférica.
6
NOTA HIST
R
A
Neste é interessante fazer uma referência às designações que foram sendo atribuídas às várias "''"''"""'"" físicas da mecânica. Galileu chamava momento ao clara do peso, uma vez que para ele nào existia a e Descartes chamava-lhe quantidade de movimento. esta última designação. viva ao produto da massa quadrado da por vµvu,,'
to·rn Belanger propôs chamar viva a viva a , tendo ainda por impulsão o produto da força pelo tempo. Coriolis chamou trabalho ao produto da força pelo deslocamento. Para Huygens (e também Leibnitz) a verdadeira devia ser determinada em função do tendo sido o a medida da embora não usasse estas expressões. fazer a equivalência entre trabalho e 1
Enquanto GaHleu e Newton falam da força como entidade primordial, Huygens o trabalho, sendo a força o Hmite do trabalho em relação à variação do deslocamento. Newton utilizou quase exclusivamente os conceitos de força, massa e quantidade de movimento, enquanto Huygens usava o trabalho, a massa e a força viva. Newton, Huygens e Jean Bernoulli foram os primeiros a notar a distinção entre peso e massa, mas foi Newton quem definitivamente tornou claro o conceito de massa.
É curioso pensar como hoje todos estes conceitos e definições são claros para nós e no entanto levaram séculos até serem perfeitamente definidos. Para explicar a diferença entre peso e massa basta fazer notar que um mesmo corpo tem pesos diferentes na Terra e na Lua, devido à gravidade ser diferente, mas que para o pôr em movimento, empurrando-o para que adquira uma certa aceleração, é necessário aplicar a mesma força quer na Terra quer na Lua. Todos os físicos e matemáticos atrás referidos e tantos outros que será impossível citar nesta curta nota foram contribuindo nas mais diversas áreas para o avanço da mecânica, quer através da teoria quer das aplicações. No entanto, aqueles que marcaram de forma mais decisiva a mecânica clássica foram, sem dúvida, Arquimedes, Galileu, Newton, Huygens, D'Alembert (1717-1783), Euler (1707-1783), Lagrange (1736-1813) e Hamilton (1805-1865). Voltemos a Newton, para referir mais em particular as suas valiosas contribuições. Newton deteve a cátedra de Matemática em Cambridge, no Trinity durante 30 anos. a abandonou, foi eleito presidente da Society London. Os seus trabalhos mais importantes são nas matemáticas, astronomia e apesar dos seus estudos abrangerem áreas tão diversificadas como a química, a electricidade, a l'.''"JlU'l'.H:t, a meteorologia e o magnetismo.
NEWTON E AJ~GUNS CONTEMPORÂNEOS SEUS
A sua obra mais conhecida é o livro Naturalis ,,~~u.~~·~~ em que o seu nome começa a ser célebre, espectral da luz embora as suas ideias neste nos trabalhos sobre a domínio tenham sofrido considerável por brilhantes Huygens e Mariotte A de uma mas que degenerou em a universal. Na verdade, os estudos dos movimentos e a ideia da existência de forças de entre os corpos celestes remontam mesmo aos Antigos, como nuia'"'ª"'vi. e Pitágoras. Mais e se o peso de um corpo a este assunto era muito também se deverá continuar se manifesta junto à superfície da Terra e numa a manifestar, embora com intensidade até à Lua; esta, sem a atracção sendo a Terra por fazê-la terrestre, "fugiria" segundo a tangente à sua "cair" constantemente. As "primeiras versões" da lei da gravitação universal começaram a surgir, mas não apenas devidas a Newton. Outros contemporâneos seus disputaram com ele e entre si a originalidade da descoberta invenção, como se de urna lei satisfatória para a atracção universal. Foi o caso de Wren (1632-1723), Hooke Society London decidiu e Halley (1656-1742). Depois de alguma polémica, a (com a anuência de Newton) que cada um deles as teria desenvolvido separadamente. No entanto, Newton era muito rigoroso, como é evidente no seu livro .. Todos os conceitos, etc., são claramente definidos e é aí que é tais como quantidade de movimento, demonstrada de forma rigorosa que a de atracção entre dois corpos é directamente proporcional às suas massas e inversamente ao quadrado da distância. A lei da gravitação universal ficou definitivamente associada a Newton, que mostra, ainda, que a segunda e a terceira leis de Kepler são consequência da sua lei. Algumas das investigações mais importantes de Newton e que aparecem nos Mathematica dizem respeito a:
-
método de cálculo da órbita de um cometa;
-
movimento de três corpos sujeitos à lei da
-
atracção das montanhas sobre o pêndulo;
-
influência da Lua nas rnarés;
-
teoria da refracção da luz;
rn:n.r:1.nuM Matemáticos da Filosofia Natural . .\la época, chamava-se Filosofia Natural à Física e era comum escrever as obras científicas em latim, língua de muito ampla divulgação e conhecimento. A língua inglesa tinha pouca expressão. 5 Anaxágoras viveu no século V a. e.
N
TA HI
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R
CA.
-
determinação de uma fórmula para a velocidade do som no ar;
-
resistência sofrida por um corpo ao evoluir num tendo uma lei. Também Galileu já que a sua lei sobre a queda dos corpos só seria exacta no mas tanto ele como outros não formular uma lei.
No que nos diz mais directamente '°ºQ'"'°'t"' seu dizem respeito a:
-
enunciado preciso e
-
introdução do princípio da acção e reacção.
do
do
de
Com Newton, passou a haver um conhecimento muito mais exacto das relações entre movimentos e forças, isto é, da dinâmica. Na matemática, Newton ficou célebre pelo desenvolvimento do cálculo infinitesimal, provavelmente a maior invenção da matemática. É conhecida a disputa que manteve durante anos com Leibnitz, uma vez que ambos reclamavam a sua autoria. Na altura, a decisão foi favorável a Newton, mas ambos desenvolveram o assunto de forma independente. Na verdade, foi Leibnitz quem mais o desenvolveu. Curiosamente, já se encontram "vestígios" do cálculo infinitesimal com Arquimedes, Kepler, Fermat (1601-1665) e outros, ao tentarem estudar os limites de certas quantidades quando estas tendem para valores muito pequenos. Halley, a que já fizemos uma breve referência, foi um dos mais famosos contemporâneos de Newton, que chegou a astrónomo real de Greenwich. Publicou profusamente, com destaque para 78 artigos nas Philosophical Transactions the Royal Society London, a publicação científica mais importante da época, que teve início em 1665 e continua em publicação nos nossos dias. HaHey tornou-se particularmente famoso por ter calculado a órbita de 24 cometas. Como é sabido, existe um cometa com o seu nome.
L4
D'ALEMBERT, EULER, LAGRANGE E HAMILTON
D 'Alembert foi um dos dentistas mais proeminentes da França do século xvm, tendo mesmo chegado a ocupar o lugar de secretário da Academia Francesa. O seu trabalho mais importante foi o Traité de publicado em 1743, quando tinha apenas 26 anos. É nessa sua obra que ele trata o produto massa vezes aceleração como
9
D'AJ~EM
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MIJLT
N
uma força de inércia ( = e a passa a incluir no -a às outras aplicadas e de O somatório de todas essas forças, as "reais" ( apHcadas e de reacção) e as "fictícias" de inércia) dão a uma "força a zero para que um corpo efectiva" total que terá de ser Ao encarar as de inércia como -se afirmar que D'Alembert trata o Este conhecido por princípio dos trabalhos virtuais à dinâmica, das ligações, e suscitou os trabalhos futuros de Euler, e Hamilton, D 'Alembert, trabalhou na teoria de vide cordas, desenvolvendo a teoria das D'Alembert dedicou-se também a outros assuntos, uns puramente matemáticos, outros ainda nas áreas da hidrodinâmica e aerodinâmica, Aluno de Jean Bernoulli, Euler foi quem mais desenvolveu o cálculo variacional, embora os Bernoulli sejam muitas vezes considerados os seus inventores, devido ao famoso caso da curva braquistócrona, Euler foi o primeiro a propor um método geral para resolver problemas isoperimétricos, em que se procura uma função máxima ou mínima, No problema da curva braquistócrona procura-se a função em que o tempo de descida entre dois pontos seja mínimo; noutros casos pode procurar-se a distância mais curta entre dois pontos numa superfície ou a maior área envolvida por um certo perímetro, De entre várias trajectórias ou curvas possíveis, que diferem umas das outras mas que coincidem nas posições inicial e final, há urna que é a solução do problema, correspondendo à condição de estacionariedade de um funcional (função que define o problema, ela própria englobando todas as funções possíveis), Os problemas isoperimétricos propostos por vários físicos e matemáticos nos séculos xvn e xvm foram o motor do desenvolvimento do cálculo variacionaL Hoje em dia referimo-nos não a problemas isoperimétricos, mas sim a problemas de optimização, Euler foi o matemático mais "produtivo" de todos os tempos, contando-se mais de 800 livros e manuscritos, tanto em matemática pura como em obras escritas, entre aplicações a praticamente todos os domínios da Física, Trabalhou na Academia de Sampetersburgo de 1725 a 1741 e na Academia de Berlim de 1741 a 1766, tendo então regressado a Sampetersburgo onde ficou até à sua morte, Nesta última fase, já cego, ajudado pela sua fantástica memória, continuou a publicar, ditando as suas A importância da sua obra levava (17 49-1827) a referia-se a Euler como "o mestre de todos nós",
6 Filho
de Jean Bernoulli,
10
N
TA HIST
RICA
Lagrange foi professor de Matemática na Escola de Artilharia de Turim, aos 19 anos. De 1766 a 1786 viveu em Berlim e onde foi na École Normale Os seus trabalhos foram no cálculo de e na École analítica e aplicado à dinâiniciado por Euler, tendo-o desenvolvido de forma mica. Estudou também soluções de equações algébricas, teoria dos números e teoria das ª"''"''"º analíticas. A sua obra mais conhecida e mais completa é a magistral ~ .. ~~~~ em cem anos dos M athematica de Newton. A mecânica de Newton era puramente geométrica e os métodos a ela associados dizem-se sintéticos. os métodos se baseiam no cálculo, uma diz-se analítica (temos, por exemplo, a geometria analítica). Hoje em dia chama-se vectorial à mecânica newtoniana e analítica à mecânica lagrangiana. Lagrange foi o analista por excelência do século xvm. Na sua obra, a dinâmica é abordada exclusivamente através do cálculo, não contendo uma única figura, como ele ~v.r.~·r·~ faz questão de realçar, no seu prefácio. Como já foi referido, inspirou-se essencialmente nos trabalhos de Euler sobre cálculo variacional e no princípio de D'Alembert, que lhe foi fundamental. A dificuldade de aplicação do princípio de D'Alernbert reside no facto das coordenadas físicas escolhidas para definir o sistema não serem todas necessariamente independentes e, consequentemente, os deslocamentos virtuais a elas associados também o não serem. Ao desenvolver o conceito de coordenadas generalizadas, conseguiu uma formulação muito mais geral. Lagrange introduziu também factores multiplicadores (hoje ditos multiplicadores de Lagrange), que permitem calcular as forças de reacção num sistema ligado. Introduziu ainda a notação "ô" para designar a variação de uma quantidade, distinguindo-a da representação "d" que se refere a uma diferencial. Hamilton foi astrónomo real da Irlanda em 1827, com 21 anos, onde se manteve até à sua morte. Os seus trabalhos em Física são essencialmente na óptica e na dinâmica. Na matemática, ficou famoso pelo estudo dos quatemiões. Hamilton procurou deduzir aplicaria as equações da óptica e da dinâmica a partir de um princípio geral, ao o cálculo variacional, a fim de calcular a estacionariedade de uma acção. Na dinâmica, ____ •''"'' o princípio a que chega (princípio de Hamilton-ver Capítulo 4) é efectivamente geral e não apenas para uma classe de problemas. É baseado no cálculo da estacionariedade de um funcional em que intervêm a Lagrangiana do sistema e o trabalho das forças não-conservativas, podendo ser utilizado directamente para a obtenção das equações de equilíbrio dinâmico. De uma forma ainda mais geral, permite a dedução das equações de Lagrange. Naturalmente, os princípios equivalem-se entre si e, portanto, é possível deduzir o de Hamilton a partir do generalizado dos trabalhos virtuais de D'Alembert. São-lhe devidas ainda as equações que ficaram conhecidas como equações de Hamilton e que são formas canónicas das equações da dinâmica (ver Capítulo 5). Com essa formulação, conseguem-se 2N equações diferenciais de primeira ordem, em lugar das N equações diferenciais de segunda ordem de Lagrange. ,,,-----~"·-~·~'M•~-- ~,,
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D'
LE
BERT, EULER, L
R
NGE E HAMI
ON
da Dinâmica Analítica não se confinam à Mecânica Clássica. ao à Relatividade, à Mecânica Quântica, ,.,~ •.• ~,,u~·~ do correcto estabelecimento das energias correspondentes. Neste apenas a Mecânica Clássica é abordada. ~., .. ~~~~
12
CONCEITOS FUNDA
ENTAIS
CONCEITO
:;Ll
FUND
MENTAIS
INTRODUÇÃO
A mecânica clássica baseada nas leis de Newton é normalmente conhecida por mecânica intervenientes para o estabelecimento das vectorial, dado que as de estático e dinâmico são do tipo vectorial quantidade de Desta forma, torna-se necessário estabelecer relações cinemáticas e calcular forças de ligação entre os vários corpos que constituem os sistemas. A abordagem de uº'""'ª"·"'"' por outro lado, conduz à chamada mecânica analítica, com a de coordenadas au.,,o.c•uo e baseada nos conceitos de trabalho e Embora mais abstracta, torna-se mais apropriada para o estudo de sistemas mecânicos complexos, uma vez que estes são encarados sob um ponto de vista global, sem necessidade de os separar em vários componentes. Neste livro vamos apresentar uma introdução à dinâmica analítica, onde se mostram as suas vantagens no tratamento de sistemas com muitos graus de liberdade. É, porém, conveniente começar por rever alguns princípios, leis e teoremas fundamentais da mecânica vectorial.
2.2
PRINCÍPIOS VECTORIAL
FUNDAMENTAIS
DA
MECÂNICA
Os princípios fundamentais da mecânica vec'torial são: i) o princípio da inércia de Galileu, ii) o princípio do momentum, iii) o princípio da acção e reacção e iv) o princípio da sobreposição.
2.2.1
PRINCÍPIO DA INÉRCIA DE GALILEU
Este princípio diz que uma partícula, num referencial de inércia, não está a ser actuada por quaisquer forças exteriores, tende a conservar o seu estado de repouso ou de movimento uniforme rectilíneo. Matematicamente, F =O~ v = const., em que se chama a atenção para o facto da constante ser um vector, significando que se mantém não só o módulo, mas também a direcção e o sentido.
2.2.2
PRINCÍPIO DO
momentum
O princ1p10 do momentum, ou da quantidade de movimento (ou ainda, do momento linear), diz que uma força aplicada a uma partícula iguala a taxa de variação no tempo
15
TRABAL
O
isto é, F-~
- dt -
Para m '-'V'"'"'ª"""' a fórmula passa a ser
dv dt
F=m~=ma
que é uma lei de Newton.
2.2.3
normalmente conhecida por 2ª lei
PRINCÍPIO DA
Diz este princípio que, se uma partícula i exercer uma sobre outra partícula j, , a partícula j exercerá sobre a partícula i uma de reacção Fji igual e oposta1 segundo a linha de acção comum, isto é,
(2.3) 2.2.4
PRINCÍPIO DA SOBREPOSIÇÃO
Segundo este princípio, se existirem várias forças a actuar simultaneamente sobre uma partícula, esta mover-se-á corno se fosse actuada pela soma vectorial de todas essas forças: R=
2.3
(2.4)
TRABALHO
Se uma força F actuar sobre uma partícula, cuja posição no espaço é definida pelo vector :r, e se essa partícula tiver um deslocamento elementar d:r, diz-se que a força realizou trabalho, neste caso um trabalho elementar dW, tal que dW = F · d:r
(2.5)
em que · significa produto interno. dW é, em consequência, uma quantidade escalar e a barra significa que no caso geral se tratar de uma diferencial não-exacta. Cabe, em seguida, fazer-se um parêntesis e discutirem-se as noções de diferencial exacta, .~... ~,.,~, funções de estado e forças conservativas e não conservativas . 1 Note-se
que este princípio é válido tanto em repouso como em movimento.
CONCEIT
DE
S FUNDAMENTAIS
ESTADO,
DIFERENCIAIS
EXACTAS
E
FORÇAS
CONSERVATIVAS
Uma função de estado é uma função que permite definir o valor de urna determinada característica do em estado em que se vu~~'""' independentemente do tipo de que esse sistema sofra entre dois estados diferentes. A variação do valor dessa propriedade um gás que é final do sistema. Considere-se, por pressão para uma A variação de , qualquer que seja a forma como a compressão for conduzida. Se dP for uma v1u·rn,1;au elementar da pressão, a total de pressão entre os estados 1 e 2 será
Diz-se, nestas condições, que dP é uma diferencial exacta, e a propriedade pressão é, ela mesmo, uma função de estado. Suponha-se, em seguida, o caso de um cicHsta que pretende subir uma encosta, de uma cota y 1 para uma cota Y2. A cota genérica y é, uma vez mais, uma propriedade do sistema (considerando o ciclista como um sistema) e uma função de estado, dado que a variação Y2 - y1 não depende da forma como o ciclista evolui de 1 para 2.
Há, no entanto, em Física, necessidade de definir grandezas que, sendo funções de propriedades de um sistema, não são funções de estado. A grandeza trabalho será, em geral, uma dessas funções. No exemplo do ciclista, o trabalho que ele realiza ao subir de Y1 para y2 , embora mensurável, estará dependente do trajecto que ele escolher para efectuar a subida, da direcção e intensidade do vento que se fizer sentir, etc. Neste caso, o trabalho, embora função da propriedade y, não é uma função de estado. Se designarmos o trabalho elementar por dW, teremos: (2.7)
dW não é, pois, integrável e por isso se diz que não é uma diferencial exacta. Representa-se, então, tal como em por dW, Se a força F que actua uma partícula for dada por
F= o trabalho elementar dW definido em
+ será
+ 1 '7
(2.8)
TR
BALH
é da forma:
+
dU=
+···+
é sabido que, sendo U uma função das variáveis qi, q2 , ... , qn, a diferencial total dU é dada por
As expressões e (2.11) são semelhantes. Existe, uma diferença fundamental: na expressão os coeficientes das variações elementares das variáveis independentes são derivadas parciais, em isso pode não acontecer. Em consequência, dU tem uma primitiva imediata, que é a própria função U, enquanto- em geral não existirá nenhuma função cuja diferencial seja dU. dU é uma diferencial exacta, mas dU não o é. Portanto, o Pfa:ffiano (2.10) só será urna diferencial exacta, se
au
au
au
(2.12)
A1 = 8q1 , A2 = 8q2 , ... , An = 8qn
Em qualquer transformação finita entre os estados 1 e 2, a variação da propriedade U, t::.U, será independente do caminho percorrido e dada por
t::.U =
f
2 dU = U2 - Ui
(2.13)
Qualquer caminho que se escolha pode ser imaginado como decomposto em n subcaminhos (1, 2, ... i, ... n), em que no subcaminho i apenas varie qi, mantendo-se todas as outras variáveis constantes (noção de derivada parcial). Por exemplo (ver figura 2.1), seja U função apenas de duas variáveis, x e y, tal que U1 = U(x1, Y1) e U2 = U(x2, Y2). A evolução do sistema de A para D pode ser efectuada através de uma infinidade de caminhos. Consideremos dois desses possíveis caminhos: ABD e ACD. Segundo ABD, sejam ainda AB e BD dois subcaminhos. Ao longo de AB, y = const. = y 1 e ao longo de BD x = const. = x2. Então,
dy Segundo ACD, temos os dois subcaminhos AC e CD. Ao longo de AC, x e ao longo de CD y = const. = y2 . Logo,
+
18
dx
(2.14)
= const. = x 1
CONCEITOS FUNDAMENTA
y Y2
Y1 - - - -
X
1
FIGURA
Sendo dU uma diferencial exacta, os resultados de
e
serão iguais.
Seja, por dU = 5x 2 ydx + variação da grandeza U de A para D,
U
=
= f_dU = {_ (5x 2 ydx +
hBD
+
hB
2, Y1
= 3,
Y2
dx
+ 3xy 2
dx
+ 3xy2 dy)
=
4. A
+
=1x=2
dx
+ 1y=4
dy= 109
y=3
x=l
Seguindo o caminho AC e CD, temos:
U
= f_dU = f_ (5x 2 ydx + 3xy 2 dy) + {_ hcD hc ÍcD =
1=I (5x ydx + 3xy dy) + 2
3y2 dy
2
+
1::
2
20x 2 dx
(5x 2 ydx
+ 3xy 2 dy)
= 83.67
Como se pode observar, os resultados são diferentes, o que significa que dU = 5x 2 ydx + não é uma diferencial exacta. Por dU = + é uma diferencial exacta, cuja primitiva é U = 2.5x 2 y 2 + const. Sendo U apenas uma função de a três dimensões, dado tratar-se de uma
Temos também, que
au
au
dU= -dx+-dy 8x ây
19
(2.16)
H
BALHO
u
y
X
FIGURA 2.2
onde, obviamente, {)U j 8x é para y constante e 8U j 8y é para
X
constante.
Graficamente, dU pode ser visualizado tal corno de ilustra na figura 2.3.
dU
X
= dU' + dU"
(y = FIGURA
2.3
Seja agora: (2.17) Como é evidente, dU coincidirá com dU quando
Ax = 8U
8x
e
au 8y
Derivando estas expressões respectivamente em ordem a y e a x, obtém-se:
8Ax
8
a2 u
8y
8y
8y8x
8Ay ax
8 8x
8x8y
(2.18)
C
NCEITOS FUND
MENTAIS
,a derivada de U em a x e a y é e temos que a necessária e é que as derivadas cruzadas suficiente para que um Pfa:ffiano seja uma diferencial sejam
8Ay 8y
= 8x
A para n variáveis implicaria n - 1 "<=n,,t·,•.hn·t,',':l,,,v"'"' duas a duas. É também evidente que, sendo dU uma diferencial o ao longo de uma curva fechada (integral é nulo. e em 2.1:
U= {
dU =
dU =
=Ü
ÍA.BDCA
Voltemos à expressão
do trabalho elementar
Em consequência do anteriormente exposto, o trabalho elementar só será uma diferencial exacta se cada componente da força for a derivada parcial respectiva de uma dada função escalar, que designaremos por U 1 : 8U 1
Fy = 8y.
8U 1
8z
(2.24)
Nestas condições, a força F diz-se conservativa, verificando-se as seguintes relações:
DFx
8Fy
8y
8x
8Fy _ 8Fz 8z -
8y
8Fz 8Fx 8x - 8z ou
21
(2.25)
T
B
LHO E
NE
G
A
OTENCI
I,
Dado que o rotacional da força F é calculado por
rotF =V x F i
j
k
ôx
8y
{)z
a
a
{)
Fz 8x
j+
em que V é o operador diferencial nabla e x conclui que as equações
k externo, facilmente se
rotF =O
(2,28)
Portanto, uma força é conservativa se o seu rotacional for nulo, Também se diz neste caso que o campo vectorial de forças é irrotacionaL Nessas condições, o trabalho não dependerá da trajectória e, de (2,24), teremos:
8U 1 8U1 8U 1 dW= -dx+-dy+-dz 8x 8y 8z
2.4
(2,29)
TRABALHO E ENERGIA POTENCIAL
Considere-se a figura 2A, em que se pretende determinar o trabalho realizado por uma força conservativa quando uma partícula se desloca de A para B,
e FIGURA
2.4
Sendo a força conservativa, as suas componentes podem ser deduzidas a de um dado campo escalar, como em e podemos determinar o trabalho segundo qualquer trajectória entre A e B, por ao longo da curva que passa por C, Se se arbitrar que C representa a origem daquele campo escalar, denomina-se energia V"'""'"'"'"' em VA, ao trabalho realizado força quando a se desloca de A para
e
22
C
N
UNDAlVI
TAIS
(a F·dr=
Da mesma aC:
a
F·dr=
O trabalho realizado de A a B
WAB=
então,
=Wc-
F·dr=
donde: (2.33)
2.4.1
ENERGIA
POTENCIAL GRAVÍTICA
peso de um Um caso particular importante em mecânica é o do trabalho realizado corpo, que é uma força constante e conservativa, e da respectiva energia associada, que se denomina energia potencial gravítica. Considere-se a figura 2.5. y
Y2
Como dW
=
+
=0,
dW=
=-Pe
=Ü,
TRAB
LH
E ENERGIA
o trabalho realizado será
O
NCI
da
L
ao deslocar-se o corpo da
=-P
W=
será igual
a
-Pdy = -P(O-
Analogamente,
-Pdy = -P(O-
(2.37)
Portanto, das equações (2.35), (2.36) e (2.37), conclui-se que (2.38) Note-se que, se VA 2 > VA 1 , a energia potencial aumenta e o trabalho é negativo. Se o trabalho for positivo, a energia potencial diminui. Corno a quantidade envolvida é uma diferença de energias, pode escolher-se como referência para a energia potencial nula o nível que se quiser para a contagem da altura y. Na posição genérica
a energia potencial elementar dV será Pdy e, portanto,
dW=-dV
(2.39)
ou, desenvolvendo,
av
av
av
dW = --dx - -dy - -dz 8x 8y az Como dW
= Fxdx +
av
Fx = - - -
8x
F __ av {)y
y -
F __ av
âz
z -
24
(2.40)
C
NCEITOS FUNDAMENTAIS
ou ainda,
+
av
+
V
em que eF=-
2.4.2
ENERGIA POTENCIAL DEVIDA A UMA FORÇA GRAVITACIONAL
ser considerada constante, por veículo a mover-se no espaço, tem que se ter em conta a variação --~ ---·distâcia r ao centro da Terra. Da lei da gravitação universal, sabemos que dois corpos de massas m 1 e m 2 distanciados de r se atraem com iguais e opostas F e -F, segundo a linha que os une, sendo o seu módulo dado por:
em que G é a constante universal de gravitação. Segundo a figura 2.6, suponha-se que m 2 se move de A para A'. O trabalho elementar dW será
FIGURA
25
2.6
TRABALHO E ENERGIA P
O trabalho desde
a
TENC AL
será: 1
=
Como 1
e, r
2.4.3
ENERGIA POTENCIAL ElLÁSTICA
Seja um corpo ligado a um fixe por uma mola de k Em 2.7a, a mola não está distendida. Quando se desloca o corpo para a posição da figura que esta exerce sobre o corpo será oposta ao a mola distende-se do valor x 1 , e a deslocamento, ou seja, F 1 = -kx 1 . Em 2.7c será F2 = -kx2 e, numa posição intermédia, F=-kx. ~ !l!Alll!Ai
rh
01vmmvvr--JJA0 ' (b)
rDA
FIGURA
O trabalho elementar realizado de uma distância elementar dx é
2.1
força exercida
dW=Fdx
mola quando o corpo se desloca
C
e como F
NCEIT
FUNDAMENTAIS
= dW = -kxdx 1
l 2
kxdx = 2
=
Sendo a
x dada por
V=l 2
condui-se que, à semelhança de da potencial elástica.
o trabalho é também dado pela
e
Graficamente F em função de x, verifica-se que a área a tracejado corresponde ao valor da energia potencial elástica acumulada. F F=kx
"
Área= V= ~kx 2
o
x2
X
x1
FIGURA
X
2.8
No caso mais geral em que ambas as extremidades da mola têm movimento, representado por exemplo por x 1 e x 2 , a energia elástica acumulada fornecida) mola terá que ver com o deslocamento relativo x 2 - x 1 e será dada por l
V= -k(x2 2
2.5
TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA
Como vimos, o trabalho elementar realizado por uma força F é dado por
dW=F·dr
27
TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA
Pela segunda lei de Newton, F = partícula de massa m. Donde,
mr, sendo F dW
a resultante das forças que actuam numa
=mr ·dr
(2.50)
ou
dw = m r.. · -drdt = mr.. · r'dt
(2.51)
dt
Pode também escrever-se a seguinte relação: (2.52)
Então: dW
= ~m!!..(r. f )dt 2
dt
= ~md( r · r) = d ( ~mr ·
r)
(2.53)
= d ( ~mlfl 2 )
Como l / 2(mli·l 2 ) é a energia cinética2 da partícula, designada habitualmente por T, dW= dT
(2.54)
Se a partícula se mover da posição r1 para outra posição r2, sujeita à força F, o trabalho é dado por (2.55)
Este result ado corresponde ao princípio do trabalho e energia cinética: O trabalho realizado por uma força ao deslocar uma partícula de uma posição r 1 para outra r 2 é igual à correspondente variação de energia cinética. Note-se a particularidade interessante expressa na equação (2.54): no primeiro membro temos uma diferencial não-exacta e no segundo membro uma diferencial exacta, isto é, conseguimos calcular o trabalho realizado por uma força (mesmo não-conservativa) ao 2 Note-se
que, sem não for constante, se obtém uma expressão diferente para a energia cinética.
28
CONCEIT
S FUNDAMENTA S
a
energia cinética, que só Sendo T
= dT
= mr. · dºr = -8T · dºr = -fJTd.x + -8Td.y + -8Td.z
ar
a±
8fJ
az
traduz urna diferencial exacta em termos de velocidades e não de despelo que, mesmo no caso em que o trabalho não é uma função de estado e só se escrever corno dW = + + Fzdz, podemos calculá-lo a de uma função de estado, a energia cinética, dado a integração em ser em termos de velocidades e não de deslocamentos, isto é: Lvc.'"""'"uv0,
F·dr =
dT=
Este resultado tem uma implicação que não é, a óbvia: suponhamos (sem perda de generalidade) que uma partícula se desloca no plano horizontal (~V = O) entre dois pontos no espaço e que a força não é conservativa. O trabalho realizado pela força dependerá da trajectória percorrida entre os dois pontos. No entanto, se se impuser que para qualquer trajectória a velocidade de partida é a mesma e que a velocidade de chegada (diferente da de partida) é também a mesma, o trabalho realizado será o mesmo em qualquer das trajectórias! Analisemos esta questão estudando uma que se movimenta no plano xy, representando sua(s) trajectória(s) juntamente com o módulo da(s) velocidade(s) num gráfico a três dimensões, como se ilustra na figura 2.9. Seja W A o trabalho realizado por uma força não-conservativa ao deslocar uma partícula do ponto 1 para o ponto 2, segundo a trajectóri.a A. De acordo com (2.57),
1
;.2
F·dr=
dT=
(2.58)
r1
Considere-se agora o trabalho realizado entre os pontos 1 e 3 (trajectóri.a C). A posição é não conservativa, do ponto 3 é a mesma da do ponto 2, isto é, r2 ""r3, mas como a temos: F ·dr f.
Wc=
dT=
29
F·dr
PRINC PI
DA CON
ERVA
O D
ENE
GIA
y
X
FIGURA
uma vez que
r2
= :r3 mas
1#
2.9
1.
Contudo, se considerarmos que a evolução é entre os pontos 1 e 2 segundo uma trajectória B, temos:
dT = T2 -Ti=
F·dr=
(2.61)
Portanto, desde que se imponha que a diferença de velocidades entre a partida e a chegada é a mesma, o trabalho será o mesmo qualquer que seja a trajectória seguida, mesmo que a força seja não-conservativa.
2,6
PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA
Sendo a força que actua o corpo conservativa, vimos que ela ser obtida a partir de e nesse caso temos: urna função potencial, que é a energia
dW = F · dr a
= -dV
obtém-se:
dT=-dV
30
CONCE TOS
UNDA
EN
I
ou
+
=Ü
ou ainda:
T
+V
= E
sendo E a da
= const. do sistema. A
o
No entanto, em geral, temos forças conservativas e não-conservativas, isto é,
F · dr = F e · dr + F nc · dr ou
dT = -dV + F nc · dr ou ainda
d(T + V)
= dE = F nc · dr
(2.70)
e, finalmente, dividindo 3 ambos os membros por dt,
d dt
~(T+
Esta última expressão diz-nos que a taxa de variação do trabalho das forças não-conserda ou a dissipada (ou é igual à taxa de total do sistema.
A ser utilizada para determinar a po'8lc:ao de equilíbrio dinâmico de um sistema de um grau de liberdade, como se demonstra no seguinte. 3 Note-se
que não é o mesmo que derivar
em ordem ao tempo.
31
PR NCÍPI
EXEMPLO
DA
ONSERVAÇÃ
DA ENERGIA
2.6.1
Determinar a
de
dinâmico do sistema da
FIGURA
2.
usando a
2.10
A energia cinética é
T =
~m± 2
V=
~kx 2
2
e a energia potencial elástica é
2
pelo que:
!
(T + V) = mxx + kxx
(2. 72)
As forças não-conservativas são as devidas ao amortecedor e à força aplicada. Estando a massa a mover-se no sentido indicado, o amortecedor (viscoso) reage proporcionalmente à velocidade no sentido oposto, donde:
Fnc = -ex+ f(t) Substituindo (2.
e (2. 73) em (2. 71), obtém-se:
mxx + kxx =(-e±+ J(t))x donde:
mx+c±+ kx = que é a equação de dinâmico procurada. Para sistemas com mais graus de liberdade, este processo nií.o poderá ser aplicado. Nos capítulos seguintes veremos como proceder nesses casos.
32
C
2.7
NCEITOS FUNDAMENTA S
GRAUS DE LIBERDADE
Nos que se seguem, é frequente referirmo-nos a graus de liberdade de um que é desde introduzir esse conceito e definir para um dado sistema mecânico o número de graus de liberdade que este possui. O número de graus de Hberdade de um sistema é o número de movimentos independentes sendo esses movimentos representados através de coordenadas que aquele pode instante. que permitem definir a posição desse sistema em todo e Um corpo rígido, no espaço, terá 6 3 rotações e 3 translações. No terá 3 l rotação e 2 translações. Existem algumas regras básicas para a determinação do número de graus de liberdade, nomeadamente para mecanismos planos articulados, constituídos por sistemas de barras ligadas entre mas mesmo estas regras não são de aplicação completamente geral. É relativamente simples, para sistemas de corpos rígidos (ligados ou não entre si por elementos flexíveis), a determinação do número de graus de liberdade que os definem. Tornemos como exemplo o sistema constituído pelas duas barras, no plano do papel, representadas na figura 2.11. O conjunto das duas barras separadas (figura 2.lla) tem 6 g.d.l., cada uma se pode deslocar segundo a horizontal e vertical e, ainda, rodar (os movimentos são no plano). Quando ligadas através de uma articulação (figura 2.llb), como é que podemos ver quantos graus de liberdade passam a ter? Uma forma expedita consiste em fixar os vários movimentos um a um até à imobilização total. Fixando os três movimentos de uma das barras (figura 2.12), verificamos que a outra já só pode rodar. Fixando este último movimento, contamos 4 g.d.L Portanto, a articulação retirou dois graus de liberdade.
A
(b)
FIGURA
2.11
FIGURA
2.12
33
GR
S D
LIB
FIGURA
RD
DE
2.13
ainda, o sistema discreto representado na m 1 e m2, montadas sobre elementos de mola de Sendo permitido apenas o movimento vertical das duas massas, é neste exemplo evidente que apenas dois graus de liberdade são necessários para definir a posição do sistema em qualquer instante. dois pontos, um em cada massa, podem ser escolhidos. No caso de um sistema as propriedades de massa e rigidez encontram-se distribuídas e não concentradas em determinados Uma ou uma placa são exemplos de sistemas contínuos. Nesse caso, para se poder contabilizar exactamente a posição deformada de qualquer ponto ao longo da viga, torna-se necessário considerar um número infinito de graus de liberdade. No Capítulo 6 abordaremos o estabelecimento das equações de equilíbrio dinâmico em sistemas contínuos. Em casos mais complicados, como acontece nas estruturas reais, normalmente não é possível estudar os sistemas com um número infinito de graus de liberdade, e a escolha ou a atribuição de um número finito que represente o seu comportamento (denominada discretização) fica então sujeita ao critério de quem fizer o estudo do sistema, baseando-se normalmente na sua experiência, no tipo de movimentos mais importantes a estudar, no objectivo do estudo, etc. Esta questão, no entanto, está fora do âmbito deste livro.
34
CONCEIT
.8
S FUND
E
TAIS
PROBLEMAS
se as
2.1
=
~x 2 y 5 i
F=
+
a) F
+ +
2.3 Seja uma F= elementar efectuado por esta
Calcule a expressão do trabalho Verifique se a é conservativa.
2.4 Mostre que:
a) xdx
=d
d (±2 )
= 2±xdt
2.5 Num pêndulo simples (figura 2.14) mostre que a energia potencial pode ser dada quer por V= -mglcosO, quer por V= - cosO). Justifique.
m
FIGURA
2.6 Supondo que dV
= kxdx, determine:
a) a derivada de V em ordem a x; a derivada de V em ordem ao
2.14
PROBLEMAS
dinâmico para os sistemas ""'""''""nh>rl1-." pequenos da da
2º7 Deduza a 2ol5a e desfocamentosº
/1,
1·
~
m1
'I
§lm'
m2
~
(a) FIGURA
2.15
2º8 Deduza a equação de equitlíbrio dinâmico para o sistema representado na figura 2º16, usando a equação (2º71)º Suponha pequenos desfocamentosº
FIGURA
36
2.16
PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS. PRINCÍPIO DE D'AlE BERT. PRINCÍPIO DE HA ILTON
RINCÍ IN CÍP O
3.1
IO D
H.TU
E
NCÍPI
E
A
LTON
O PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS EM ES ICA
Por vezes é abordar o de ~.... ~ .• ,~ se dos conceitos de trabalho e escalares em vez de mais simples em que intervêm apenas o dos trabalhos virtuais à determinada estático e dinâmico de um sistema. Comecemos caso estático . .... ~ ..,,,~,,·~~ que cada soma da resultante das
1) Para que cada partícula esteja em resultante seja nula:
é condição necessária e suficiente que cada
=0 Podemos agora imaginar que a sofre uma vaJll
Uma
virtual da velocidade
= r + or
r originará o vector:
e= ir+ ar Derivando
em ordem ao
r*=r+~ dt
P RII\J C
de
e
o
S TRABAL
OS
RTUAIS EM ESTATICA
condui-se que
d dt
dt
Deve ainda acrescentar-se que os deslocamentos virtuais "-R'au.,,a'uu•>, embora arbitrários, têm que corresponder a reais de de todo o sistema no instante t, isto é, não devemos uua,;uuu gimentos. Por num sistema biela-manivela, só nnf1Pl'
Se fizermos o produto interno por
obtemos
=0 Esta equação não mais do que o trabalho elementar da resultante quando a particula se desloca de Corno Ôri é virtual, aquele resultado é um trabalho virtuaL Uma vez que (3.2) representa uma condição de equilíbrio, (3.7) será igualmente uma condição necessária de equilíbrio. Para um sistema constituído por N partículas, a condição de equíbrio poderá, pois, ser dada por N
8W= l:::Ri ·
=0
i=l
Atendendo a (3.1): N
N
i=l
i=l
(3.9)
8W=
Acontece, porém, que o trabalho realizado pelas forças de reacção fi é sempre nulo. No caso de serem forças de reacção interna, estas anulam-se duas a duas pelo prindpio da acção e reacção. No caso de apoios fixos, o trabalho é nulo, porque o deslocamento virtual é necessariamente igual a zero. No caso de apoios móveis, a reacção é sempre perpendicular ao deslocamento virtual possível, o que implica mais uma vez trabalho virtual nulo. Este resultado é particularmente importante e conveniente, já que não teremos mais do que entrar em linha de conta apenas com as apHcadas. A equação (3.9) reduz-se, pois, a N
=0 i=l
40
RIN
ÍPI
DOS TRABA
PRINCÍPIO DE D'
LEMBE
Esta equação
HOS V
RTU
S.
. PR NCÍPIO DE
AMILT
N
em estática:
o
É necessária e suficiente para que um sistema estático que o trabalho realizado por todas as forças ~vuv
oW = -óVe,
No caso de sistemas
óV=O nariedade da sua energia potencial. EXEMPLO
3.1.1
Neste exemplo determinar a posição de estático do sistema consmassa desprezável) a elas tituído por duas massas m unidas por uma barra rígida ligada através de articulações. Partindo da posição inicial correspondente a x 0 , y 0 e ao ângulo 80 e para a qual a mola de rigidez k não está actuada, o sistema vai deslocar-se até à posição de equilíbrio final estático, correspondente ao ângulo e (figura É esta posição final que se pretende determinar. y
y'
YO
X
FIGURA
3.1
Por forma a ter em conta o modo como o sistema se pode mover segundo x e y, é conveniente introduzir as coordenadas associadas ao movimento de cada massa, e y'. ;v111e11temEmt,e, temos X= Xo
+X
Y = Yo -y
41
1
1
NC
H.
desenvolvida é dada por:
S V
s
TU
sobre o sistema
mola e
T
A
o sentido indicado na
R= Admitindo deslocamentos virtuais ôx' e o que neste caso serem ~~~~'~º escrever o trabalho virtual realizado esse trabalho terá que ser nulo:
exteriores P e R. Para
(3.14)
=Ü
em que o sinal surge deslocamento. Substituindo
facto de o sentido da
ser contrário ao do
e como P = mg,
óW=
=Ü
Dado que o sistema tem apenas um grau de ôx 1 e estarão relacionados deriva da forma como o sistema se encontra Na vp1en,,,n,, Pnuu'<>n do sistema está uma forma que pode a de como se verá na ser traduzida Secção /JVo'5.:H.UH.IUO>Uv
x2
+
(3.16)
ou
f = Substituindo
_ g2 =o
+
(3.17)
em (3.17), obtém-se:
f =
+
- g2
+
=o
donde
= 2 (xo +
-2
=Ü
Portanto: y
()
X
Substituindo em
e tendo em conta que - k
X
(.e cos e - ecos
42
= f COS () e Xo = f COS tgB)
=Ü
vem
p
PR N
MILT
N
donde se () - cos
inicial
=
45°, da
Dado que este sistema é uma vez que não intervêm '"'""'"''"" ~~nnm''° alternativamente utilizar a 1
V= mgy+ 2
dissi-
=mg
obtém-se:
+ que mais não é que a
3.2
=Ü
15) a que havíamos chegado anteriormente,
PRINCÍPIO DE D'ALEMBERT. EXTENSÃO DO PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS Á DINÂMICA
vi'''"~'"C"'~
de D'Alembert, a priori, mais não é do que uma outra forma de olhar o da quantidade de movimento e, em a segunda lei de Newton, Em vez de se dizer F = ma, diz-se (incluindo forças aplicadas e de reacção): F+f-ma=O
(3,25)
Parecerá, à primeira vista, que, tratando-se de escrever a mesma coisa de uma forma à fórmula diferente, nada nos trará de útiL No entanto, o enunciado diz-nos qualquer coisa de novo, Se não, Se em cada instante, a cada uma das partículas de um sistema, além das forse as de inércia correspondentes, ças e de todas o sistema de forças estará em equilíbrio e, então, as da estática, Como se o simples facto de se escrever a lei de Newton de uma outra forma permite interpretar as de inércia como forças activas e reduzir, de certa o problema dinâmico ao estático, As vantagens desta interpretação estar: i) no estabelecimento das equações vectoriais de equilíbrio dinâmico, onde se incluem,
PRINCÍPIO DE D' DOS TRAB
I,EM LH
nos de corpo também no estabelecimento das dos trabalhos virtuais.
ERT. E S
TENSÃ
D
RTUA S À DINÂ
PRINC I
o
A
de inércia como vV,CH.UvV•~o ~~-·~,.,~·~
exteriores e dinâmico a de nada nos dos trabalhos virtuais ao caso dinâmico.
É o que iremos ver de seguida. Para que cada ficar:
de um sistema esteja em
Se fizermos o interno por termos de trabalhos virtuais:
obtemos a condição de
em
=Ü
Para as N partiículas de um sistema, a condição de equilíbrio será (dado que, como já se viu, o trabalho das forças de reacção é N
L
(3.28)
(Fi - miri) · óri =O
i=l
O princípio de D' Alembert permite, pois, a extensão imediata do princípio dos trabalhos virtuais (equação (3.10)) ao caso dinâmico:
óW
= óW forças + óWforças reais
EXEMPLO
=
O
(3.29)
de inércia
3.2.1
Neste exemplo, uma barra rígida de comprimento f, está apoiada numa mola de rigidez k e num amortecedor viscoso de constante c. Tem aplicada uma força f, variável no tempo (flgura 3.2). Supõe-se que o sistema se encontra já na sua posição de equilíbrio estático. Pretende-se determinar a equação de equilíbrio dinâmico que traduz o movimento em torno da posição de equilíbrio estático. A fim de se aplicar o princípio dos trabalhos virtuais (equação é necessário primeiramente determinar quais as forças externas (reais e de inércia) que actuam na barra. Dado que o sistema se encontra já na sua posição de equilíbrio estático, não se torna necessário ter em conta o peso próprio da barra (este apenas transforma () em e+ const.). Para se determinarem as aplicadas, vamos supor o sistema numa posição genérica (fi.gura
PRINCÍ IO DOS TRABALHO IRTU IS. RINCÍPIO DE D'ALEMBERT. PRINC PIO DE HAMILTON
y
b
c.g.
FIGURA
3.2
f!./2
b
FIGURA
3.3
Como já se sabe, as reacções no apoio não realizam trabalho, pelo que não serão contabilizadas. Das outras forças, temos i) as forças reais: f(t), (devida à mola) e Fc (devida ao amortecedor) e ii) a força de inércia (devida .à massa) e o momento Mi (devido à inércia de rotação). Os sentidos marcados para as forças e momento estão de acordo com o sentido marcado para a rotação (o momento e as forças, à excepção de reagem contrariamente ao sentido da rotação). As coordenadas x e y estão relacionadas através de: y
=X
y
~ x()
45
(}
P
INC PI DO
DE D'ALEMB
NS
O DO PRIN
PIO
e
AI~HOS
T
donde
= ka8
Fi=
virtual ó{} a
Vamos agora supor um deslocamento na 3.3
da
b
FIGURA
3.4
Para cada posição ao longo do eixo dos xx, o deslocamento virtual segundo y será = xô{}. O trabalho virtual das forças reais será
ôWforças
=
reais
em que os sinais têm que ver com os sentidos relativos entre o deslocamento virtual e a respectiva força. O trabalho virtual das forças de inércia será
óWforças
€
= -Fi-2ó() - Mió()
de inércia
Da aplicação do
dos trabalhos virtuais (equação
e
-F--
'2
Substituindo as expressões
em
+
resulta:
ó8
=o
obtém-se:
€
-m 2
46
2
e-
=Ü
p
TlJ
H N
INC
a
de
IO D
l\'1
N
dinâmico será
+
Este w·~ ~ dinâmica. Por outro lado, antevê-se causa ter muitos graus de ••• , , •.
de em ~·>,"'"~ no caso do sistema em que para cada um deles se tem que os
Uma alternativa e muito mais equações de Lagrange para a Lagrange ser deduzidas de um o vez relacionado com o princípio dos trabalhos virtuais em dinâmica. alternativa, bastante e geral, que falaremos nas princípio de Hamilton.
3.3
PRINCÍPIO DE HAMILTON
O princ1p10 de Hamilton é, o princ1p10 mais importante da Mecânica, embora não seja de todo mesmo evidente. Requer reflexão para que se possa o seu significado físico e mesmo o seu enunciado. Imaginemos uma partícula que é lançada 1 , com uma determinada velocidade inicial, da posição 1, no instante ti, atingindo a posição 2 no instante t 2 (ver figura 3. 5). Sabemos que a partícula seguirá uma única e bem determinada (a carregado). y
"'--~2(t,) Yl - - , 1 ( t 1 )
:
FIGURA
fim de facilitar a exposição, mas sem prejudicar a generalidade, supomos que todos os possíveis movimentos se desenrolam no plano vertical xy.
1A
47
PR
CÍPIO DE
:n
MILT
N
3.5 a
que serão descritos na qualquer uma das integral:
é, na mesma '"'"º'-'''"'v Em cada instante no
virtuais ser imaginada em cakulemos o
dt
l=
Concluir-se-á que, de todos os cálculos para as várias efectivamente descrita traço à mais pequeno para aquele integral.
aquele que corresponde é o que dá o resultado
O que o princípio de Hamilton diz é este resultado verdadeiramente extraordinário: a conclusão a que chegámos para o exemplo anterior é completamente geral, é sempre verdade. A trajectória verdadeira é aquela que minimiza o integral
A quantidade
integranda, T - V, chama-se a Lagrangiana e representa-se pela letra L. Generalizando para um sistema de partículas, o princípio de Hamílton pode ser enunciado da seguinte forma: De todo o conjunto de configurações admissíveis que um sistema pode assumir ao evoluir de uma configuração 1 no instante t 1 para uma configuração 2 no instante t2, aquela que satisfaz às condições de equilíbrio dinâmico em cada instante é a que torna estacionário (mínimo) o integral da Lagrangiana do sistema durante esse intervalo de tempo.
Matematicamente, a condição de equilíbrio dinâmico corresponde a
1 t2
(T - V)dt
=ô
L dt
=O
(3.33)
ti
em que ô representa a primeira variação de J. Não se trata de uma minimização clássica das várias funções associadas às várias trajectórias possíveis, expressas pelo integral J, à sua minimização corresponde também uma função, que é a trajectória de equilíbrio. I não é uma mas antes uma função de funções, que se designa por funcional. Estamos, pois, a cákulo da sua Este tipo de minimizar um funcional, o que passa cálculo insere-se num ramo autónomo da matemática, chamado cálculo de variações. Por este facto se diz que o prindpio de Hamilton é um '"'"'"'-·'ij-"'"
48
PRINC ÍP
PR N
I DE
DOS LH 'ALENIBERT.
S VIH.T IS. IN PIO D H
ILT
N
cinética que a integração no tempo dessa medida dinâmico. O de Hamilton ..,"'~'"ª-''"' dos trabalhos virtuais em ucu.iw~a, COJíl.tEimp!::tr o caso estático. nesse caso, T = O e não há que ter em conta a integração no que ôl =O se reduz simplesmente a ôV =O, corno antes vimos Convém aqui discutir um pouco mais a noção de virtual. Por é o significado de e no Para tornar este claro, considere-se apenas a evolução de y no tempo, como está ilustrado na figura em que se representa a "trajectória" 2 real de a traço grosso e uma "trajectória" virtual = + a fino. Enquanto representa a variação somente no instante t, representa a diferencial ao do intervalo de = y( t + e # elementar dt
y
dy
l
2
ôyJ
FIGURA
3.6
Em relação à velocidade, no instante t temos y(t) e em t + dt temos y(t + dt), enquanto no instante t. A variação elementar da velocidade na "trajectória" virtual temos que não terá nada a ver com dy, que será dada por em t será ôy(t) = i/' embora seja verdade que ô(dy/dt) = d/dt(ôy), como y(t + dt) - y(t). Portanto, ôy # se viu em (3.6). Como consequência, temos, por exemplo, que dT e ôT =
#
ôT. Se T =
dT=
Da mesma forma, dV # JV. Num sistema conservativo, como vimos na Secção dE = dT + dV = O, mas como ôE = ôT + dE # ôE e, ôE # O. 2 'Tuajectória
significando neste caso evolução no tempo.
49
M
NC PI
N
~"'L~,CL~
para um sistema conservativo expressa conduz a:
=Ü
Se ôE fosse o seria um absurdo!
o que
fJVU'-'.""'v" compreender Reflictamos um pouco mais no de •• "...... v·~··· mas suponhamos agora um pouco melhor o seu significado físico. Voltemos à figura que a gravítico . Representemos então num gráfico apenas as evoluções de x no tempo (figura 3.7). O intervalo de tempo do percurso é fixo, igual a t2 - ti, e o será a "trajectória" 3 e de que modo deve percurso, também, igual a x 2 -x 1 . variar a velocidade ao longo dessa "trajectória" por forma a que corresponda à menor acelerar muito no início e desacelerar energia gasta? Por exemplo, deverá a muito só no fim? X
x, --~2 XI
--Ir : -li'lGURA
Neste caso,
reduz-se a o!
= OI
:3. 7
óTdt =O. Corno T =
=
mxóxdt =o
significando aqui novamente evolução no tempo.
, oT = mxox e,
V R
N
Tendo em conta que J±
=
por .d x-
xóxdt
dt
coincidem em ti e
que todas as
Como óx é arbitrário, a única
de que
Neste caso, o princípio de Hamilton conduz à 1-1u:>1v1Je" 1 e 2. Nestas outra
que
=o
xóxdt
E se houver um campo seria T = +
=o
sempre nulo é que
x = O.
de velocidade segundo a o resultado é evidente. Qualquer
"""'fü'~º'
I.
Voltemos à 3.5. Nesse caso, a e a energia potencial V= mgy, donde:
cinética
ôT = mxôx +
óV= De
+
=Ü
Atendendo a
+ Como óx e
são
+ para que
x=O ii+g=O
=Ü
nulo terá que se verificar
PRIN
Í
IODE
donde se há uniformemente retardado:
y tem um movimento
X=
vt+
y=-
em que
e
1
+
+
são constantes a determinar a
Eliminando o tempo entre as expressões parábola.
das condições iniciais.
conclui-se que a trajectória real é uma
Como se em cada instante há um compromisso entre a energia cinética e a H-'"""'-"-"-""' de modo a que, ao fim do intervalo de em causa, a diferença entre as duas é mínima. Se a partícula for lançada com mui.ta velocidade inicial, atinge uma altura maior, mas também terá uma maior energia cinética inicialmente. Na posição máxima terá uma energia potencial máxima e uma energia cinética nula. No fim, terá novamente uma energia potencial menor e uma energia cinética maior, como é bem sabido. A energia total conserva-se (na trajectória real). O que acontece é que, para as mesmas condições iniciais, a trajectória só pode ser uma, tal que o equilíbrio exista em cada instante. Se a energia total se conserva em cada instante, é o princípio de Hamilton que traduz o equilíbrio ao longo de toda a trajectória, e o valor do integral I, para a trajectória real, é mínimo. É como se a partícula, em cada instante, tivesse que decidir qual seria a melhor trajectóri.a a seguir. É óbvio que não é assim que o processo se desenrola, antes a partícula "sente" em cada instante quais as forças a que está sujeita e segue o percurso que lhe permite manter-se em equfübrio. Neste sentido, é muito mais "físico" o equilíbrio de forças do que os prindpios energéticos. Estes são mais convenientes, mas não são, geralmente, tão intuitivos, situam-se antes num nível no que concerne ao entendimento mais imediato, embora ainda se consiga explorar o seu sigificado físico, como temos estado a tentar fazer.
3.3.1
Do
PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS AO PRINCÍPIO DE HAMILTON
Como atrás se referiu, o de Hamilton pode ser encarado como a integração no do princípio dos trabalhos virtuais em dinâmica. Apesar de ser um princípio que, por definição, não se é deduzir-se a sua expressão a do ,,.,, ..~.• ,,,,~ dos trabalhos virtuais. Vejamos como:
52
PRINCÍPIO PRINCÍ IO DI.<; D'A
IRT
E
NC
AIS.
PI
DE H
MILT
N
dinâmico é dada por N
=0 i=l
d
dt
=ri.
+ti.
=ri·
+ó
1 2
resulta que d
Multiplicando por
mi
1
-8
dt
2
e somando para todo o sistema,
N
I:
(3.46)
i=l
Relembrando que
= ""'1 .. N
ôW=
e
T
,L_, -m{ri ·ri i=l
2
e substituindo em (3.46), obtém-se: N
d m·i
i=l
+ôT=O
dt
(3.47)
ou N
óT+ôW = i=l
d m·• dt
um paralelo com o exemplo ilustrado na Tal como anteriormente suponhamos que o sistema evolui de uma configuração 1 no instante t 1 para uma configm:ª'_ção 2 no instante O deslocamento de cada partícula correspondente a uma posição intermédia na verdadeira (equivalente a cada na trajectória
53
HIN
a
l'v1 ILT
!)
grosso na
vector ri. O deslodita virtual No quer em t 1 quer isto é,
vector r; virtual coincide com a
=O
por dt e
N
em
entre t 1 e N
+
dt
2.:::
=
d mi dt
dt
i=l
Atendendo a ( ôT + ôW) dt
=O
Dado que, em ôW = ôW + ôW nc, em que ôW nc representa o trabalho virtual das forças não-conservativas e que ôW = mais geral do que em para o princípio de Hamilton:
(ô (T - V)+
dt
=o,
= 1, .. . N
=O,
i
=O,
i = 1, ... N
ou, fazendo intervir a Lagrangiana do
(ôL+
dt
=o,
(ti)=
de Hamilton Para sistemas reduz-se a , embora seja mais rigoroso incluir a de anulação dos deslocamentos virtuais nos extremos do intervalo no
óLdt =O,
)=
54
=O,
i = 1, ... N
(3.54)
PRIN
ÍPIO DO
PRINC PIO D
L
os
D'
IRTtJ
IN
se viu - a sistemas estabelecimento das -.,~·-··~··~ muito No o ~~'~··'~'~ de muito mais fácil aplicação.
S.
ÍPIO D
HA
ILTON
não se -como de Hamilton é bastante trabalhoso no u.uw.ucu.vv, como antes se viu mesmo em casos deduzir as de
Antes porém de vermos como é que as de Lagrange podem ser deduzidas a do de é importante introduzir o conceito de coordenada generalizada e de de constrangimento, voltando também a falar de graus de liberdade. É o que faremos no 4.
3.4
PROBLEMAS
3.1 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na usando o princípio dos trabalhos virtuais. A posição horizontal corresponde às molas não-distendidas.
e P,m
]<'IGURA
3.8
3.2 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura usando o princípio dos trabalhos virtuais. 3.3 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 2.15a, usando o princípio dos trabalhos virtuais. 3.4 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 2.15b, usando o princípio dos trabalhos virtuais. 3.5 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na usando o princípio dos trabalhos virtuais. As oscilações são de pequena e despreza-se a massa da barra vertical. 3.6 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema na usando o princípio dos trabalhos virtuais. As oscilações são de pequena
55
PROBJ'~
FIGURA
MA
3.9 y2(t)
Yl (t)
kt
o
m1,Jcc
1-=8
1
e~
%
l
R/2
l/2 FIGURA
,I
3.10
3.7 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 3.11, usando o princípio dos trabalhos virtuais. Despreze as massas e inércias das barras articuladas e assuma pequenos deslocamentos. O fio que liga as massas é inextensível, está sempre esticado e despreza-se o atrito nas ligações
FIGURA
3.11
3.8 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura usando o princípio de Hamilton.
56
PRINC PIO DOS TRABALH S VIRTU PRINCÍPIO DE D'ALEMBERT. P INC PI
FIGURA
3.9 usando
o~-•~,·<~•~
IS. DE H
MI
ON
3.12
de equilíbrio dinâmico do sistema aoreE;enttaClo na figura 2.14, de Hamilton.
3.10 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 2.15a, usando o princípio de Hamilton. 3.11 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 2.15b, usando o princípio de Hamilton.
3.12 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 2.16, usando o princípio de Hamilton.
3.13 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 3.8, usando o princípio de Hamilton. 3.14 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 3.9, usando o princípio de Hamilton. 3.15 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 3.10, usando o princípio de Hamilton. 3.16 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema ap1res1ent;aclo na figura 3.11, usando o princípio de Hamilton. 3.17 Determine as equações de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na ra 3.13, usando o ~w·m~·•~'~ de Hamilton. O sistema oscila no plano, tendo dois graus de Hberdade.
57
PR
B
M
FIGURA
S
3.13
na figu3.18 Determine as equações de ra 3.14, usando o ~v'~,,,~,A de Hamilton. Os momentos de inércia são relati.vos aos centros de massa das barras rígidas. Admita oscilações de pequena b
FIGURA
3.14
3.19 Determine as equações de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 3.15, usando o princípio de Hamilton. Admita oscilações de pequena amplitude.
FIGURA
58
3.15
E
UAÇÕES DE LAGRANGE
EQU
4.1
ÕES DE LAGR
NGE
GRAUS DE LIBERDADE, CONSTRANGIMENTOS E COORDENADAS GENERALIZADAS
J~i
na Secção 2.7 defini.mos o conceito de grau de liberdade e vimos um processo ª".""'"r1iJ-~ de determinar o número de graus de liberdade de um sistema, tomando desde logo em conta as Hgações existentes. De uma forma mais geral, podemos considerar que cada partícula de um sistema tem a possibilidade de se movimentar Hvremente no espaço segundo três direcções e que, se ao número total de movimentos possíveis de todas as partículas, subtrairmos o número de o resultado final será o número de movimentos independentes realmente possíveis para o sistema, ou o seu número 1 de graus de Hberdade . Nesse caso, o número de graus de liberdade será dado por
n=3N-m
(4.1)
em que N é o número de partículas e m o número de constrangimentos2 . Um corpo rígido, no espaço, terá 6 possibilidades de se movimentar independentemente, segundo as três direccções ortogonais e as correspondentes rotações. Nesse caso, o número de graus de liberdade para um sistema de corpos rígidos seria
n=6N-m Vejamos o seguinte exemplo (figura 4.1), em que temos três massas consideradas como partículas (portanto, sem inércia de rotação) a movimentarem-se no plano, ligadas ao fixe por elementos de mola. Como cada massa, no plano, tem duas possibilidades de movimento independente, o sistema terá-no total-2 x 3 = 6 graus de li.herdade. Suponhamos que restringimos o movimento de cada massa à vertical (figura 4.lb). Uma análise directa da figura 4.lb diz-nos imediatamente que o sistema tem 3 graus de liberdade; mas podemos chegar ao mesmo resultado pensando nas duas etapas anteriores, isto é, primeiro temos 6 graus, aos quais impomos 3 constrangimentos, e o resultado é 6 - 3 = 3. Chegamos obviamente ao mesmo resultado. Suponhamos ainda um terceiro caso (figura 4.lc), em que juntamos uma barra rígida, articulada a cada uma das massas. O sistema tem a possibilidade de se movimentar como um todo na vertical e ainda de rodar. Passou a ter apenas dois graus de liberdade, isto é, a barra de ligação impôs um constrangimento adicional. Na situação anterior, como havia três graus de liberdade, eram necessárias três coordenadas para definir a posição do sistema em cada instante, x 1, x 2 e x3. Agora, bastam duas coordenadas. 1 Entendendo-se
2 Um
naturalmente que os constrangimentos são independentes. constrangimento é descrito por uma equação ou por uma inequação.
61
GR
US
ERD D
DE, S
NSTRANGilVIENTOS LIZADAS
GE~.J
fil (a)
(b)
(e)
(d) FIGURA
1
Uma das anteriores coordenadas pode relacionar-se com as outras duas; por exemplo, se escolhermos x 1 e x2 para definir o sistema, facilmente se vê que
Esta é a equação de constrangimento imposta, correspondente à introdução da barra rígida. Podemos igualmente escolher x 1 e x 3 ou x 2 e x 3 , sendo a coordenada em falta relacionada com as outras duas, através da respectiva equação de constrangimento. Quer isto dizer que, uma vez determinado o número de graus de liberdade do sistema, quaisquer duas coordenadas independentes podem servir para definir a posição do sistema. Neste caso, inclusivamente, poderíamos escolher as coordenadas q1 e q2 (figura visto o sistema ter dois graus de liberdade. A este tipo de coordenadas, correspondente ao número de graus de liberdade do sistema, dá-se o nome de coordenadas porque podem significar quer deslocamentos quer rotações).
62
EQU
Ç
E
N
DE LA
E
No sistema na figura 4.2, em que uma barra está articulada em existe apenas um grau de bastando uma coordenada para definir a do sistema. ser a rotação qi, ou outra como q2 ou q3 . É a coordenada generalizada para este sistema.
FIGURA 4.2
4.1.1
HOLÓNOMAS
Voltemos ao exemplo da figura 4.1. Podemos estudar o equilíbrio dinâmico do sistema em função das coordenadas generalizadas q1 e q2 , mas pode ser mais vantajoso fazê-lo em função das coordenadas xi, x 2 e x 3 , introduzindo na altura apropriada a equação de constrangimento. Este procedimento pode sempre ser seguido desde que as equações de constrangimento ou de ligação sejam do tipo da equação (4.3). Generalizando, para um sistema de N partículas no espaço, teremos 3N coordenadas, e as m equações de constrangimento poderão ser escritas da forma seguinte:
Íi
, X2, · · · X3N) =
Ü
(xi,X2, ... X3N) =Ü
referido, a equação de constrangimento No caso do poder escrever-se como:
é do tipo (4.4), visto
que as equações de constrangimento se possam escrever na forma de diz-se que os constrangimentos ou as ligações são holónomas. Como nesta forma se podem explicitar as "coordenadas de , como se fez em é possível também escrever outras que não as de ligação) em função das as 3N - m coordenadas
G
AUS DE LIBERD DE, CONST NGIM E C ORDEN DAS GENERALIZ DA
NT
s
coordenadas generaHzadas q e vice-versa:
= 91
, q2, · · ·
Xm+2=g2
,q2, ...
Xm+l
e, invertendo o sistema de eq111a<;oes.
Reportando-nos ao exemplo das figuras 4.lc e 4.ld, relacionaríamos x 1 e x 2 com q1 e da seguinte forma: X1
= qi - asenq2
x2
= q1 + asenq2
q2
(4.8)
e também:
1
q1
= 2 (x1 + x2)
q2
= sen- 1 [ 21ª (x2 -
xi)]
Estando o sistema em movimento, tanto as coordenadas x como as q têm uma dependência implícita do tempo. O mesmo acontecerá com as equações de constrangimento. Nesse caso, as ligações holónomas serão explicitamente independentes do tempo, chamando-se-fües ligações esclerónomas. É o caso da ligação expressa pela equação (4.3). Esta equação, embora implicitamente dependente do tempo, porque o são x 1 e x2, é sempre verdadeira. qualquer que seja o instante considerado, pois é puramente geométrica. Pode, no entanto, acontecer que as ligações sejam explicitamente dependentes do tempo e, nesse caso, as ligações holónomas dizem-se reónomas. Atente-se na figura em que temos um pêndulo simples a oscilar no plano vertical, mas em que o de ligação O tem um movimento imposto x, segundo a horizontal, por exemplo sinusoidal, igual a Xsenwt.
64
EQUAÇÕES DE
}"'IGURA
AGR
NGE
4.3
que temos conveniência prática em considerar as coordenadas x 1 e x 2 para definir a posição do sistema. Temos, porém, uma equação de constrangimento que é '-'"'P'-"u"u.uu'"
(4.10)
Dado termos escolhido duas coordenadas e haver uma equação de constrangimento, o sistema tem apenas um grau de liberdade. Recorde-se que o movimento x é imposto e, portanto, conhecido. Em consequência, bastará uma coordenada para definir completamente a posição do sistema, x 1 ou x 2 , que será, neste caso, a coordenada generalizada. Igualmente poderíamos escolher o ângulo 8, tendo então que se relacionar x 1 com B: x 1 = /!,senB +X senwt
ou
x2
(4.11)
com B: X2
= /!, - /!, COS (}
(4.12)
Em resumo, as ligações holónomas podem ser esderónomas ou reónomas, consoante sejam expHci.tamente independentes ou dependentes do tempo, respectivamente. As Hgações reónomas serão do tipo:
Íl Í2
(x1, X2, ... X3N,
, X2,
· · · X3N,
t)
=Ü
t) =
Ü
(4.13)
Continuam, porém, a pertencer à categoria de holónomas, pois continua a ser sempre
65
G
US DE L BERDAD E C ORD NADA
, C NST GENER
ANGIMENTOS LIZADAS
nº"'"""'' escrever as coordenadas independentes em das q e vice-versa:
= 91 = 92
Xm+l Xm+2
das coordenadas
, q2, ... qn, t) , q2, ...
qn, t)
e q1
=
(xm+1,Xm+2, ...
X3N,t)
,Xm+2, ... X3N,t)
q2 =
Nas ligações holónomas e mais geralmente nas reónomas, numa transformação elemenas variações elementares das coordenadas estão relacionadas entre si através de expressões diferenciais, que são diferenciais exactas. Sendo cada ligação reónoma escrita como f;(x1, x2, ... x 3N, t) =O, teremos dfi
=
3N
L -8Ôfi dxk + -Ôfi8 t dt, Xk
k=l
i
= 1, 2, ...
,m
São, consequentemente, integráveis. É esta propriedade que nos permite escolher as n coordenadas independentes (generalizadas) q. Em relação à equação (4.10), seria
f = (x1
-
X senwt) 2 +
=2 (x1 - X senwt) dx1
- f,)2 + 2 (x2 -
f2
f) dx2
+ 2 (x 1 - X senwt) (-Xw coswt) dt
(4.17)
Qualquer propriedade do sistema, como a energia cinética, a energia potencial, a posição de cada partícula no espaço, etc., pode ser expressa em função das coordenadas generalizadas qi e do tempo. Em particular, para a posição de cada partícula-definida pelo seu vector posic:ao :ri - ter-se-á: (4.18)
Numa
será n
k=l
8ri
-8 dqk qk
+ -8
t
66
dt,
i
= 1,2, ...
,N
QU
No exemplo
Ç
ESDELAG
sendo ri definido por x 1 resulta nas
ANGE
"'c'"'"uu.v () para coordenada ge-
, e a
conduz a:
=
8x1d()
= fcosOdO + Xwcoswtdt ae + = ae d() = f sen () d() 4.1.2
ANOLÓNOMAS
exprimi-las através de isto é, não que relacionam as coordenadas das várias partículas que constituem o Apenas será é possível escrever expressões do das equações ou escrevê-las em relação a uma transformação elementar. Numa tal haverá m relações diferenciais entre as variações elementares das coordenadas das partículas do sistema, mas estas serão expressões pfaffianas que não corresponderão a diferenciais exactas como em (4.16). Serão do tipo 3N
dfi
= L:: 'Yik
+ai dt =O,
i = 1, 2, ... , m
k=l
onde os coeficientes 'Yil< e ai não podem ser escritos como derivadas parciais. Consequennão são integráveis e, portanto, não poderemos eliminar temente, as expressões as coordenadas de ligação usando as equações de constrangimento, como o fizemos no exemplo da figura 4.lc, com a equação (4.3). Em sistemas que tenham este tipo de ligações, vamos sempre precisar de mais coordenadas para o descrever do que apenas as associadas aos graus de liberdade. O exemplo dássico é o do disco de raio r que rola xy sem escorregar 4.4), sempre na vertical (para facilitar) e segundo no qualquer trajectória s, não prescrita a De acordo com a figura 4.4, se escolhermos as coordenadas x e y do ponto de contacto entre o disco e o plano e ainda o de rotação ljJ e o ângulo a entre a y e a tangente à trajectória no ponto de contacto, a condição de rolamento sem escorregamento implica que: ds
dx
=
= dssena = dscosa
DO PHINCÍP
O DE HAMILTON ÀS E
UAÇÕ
S DE LAGRAN
E
z
y
dy
~dx X
FIGURA
4.4
Substituindo (4.23) em (4.24), obtém-se:
dx = rsenadef>
= rcosad) e duas equações de constrangimento, o sistema tem dois graus de liberdade; em cada posição (x, y) o disco pode rolar segundo
4.2
DO PRINCÍPIO DE HAMILTON ÁS EQUAÇÕES DELAGRANGE
É interessante verificar que, podendo as equações de Lagrange ser deduzidas do de Hamilton, historicamente aquelas tenham precedido este último. Este facto confirma o que antes foi discutido a propósito dos significados físicos mais imediatos. No entanto, apesar do princípio ser posterior às equações, não lhe retira o seu grande na medida em que é muitíssimo elegante e permite de uma forma extremamente harmoniosa o contexto em que surgem as equações de Lagrange.
68
EQUAÇÕES
E LAGRANGE
Em vez caso a caso, irmos de Hamilton-em que será sempre necessário a certa altura,,.,,,.,,.,.,..,,,,,,,,. a uma integração por partes-será rível fazer um desenvolvimento a qualquer por forma a obterem-se das suas coordenadas geas suas equações de equilíbrio como veremos seguidamente. neralizadas. Tal desenvolvimento geral é Como vimos na Secção sendo as Hgações a posição de cada la no espaço - definida pelo seu vector posição ri - pode ser expressa em
, q2, ... , qn, t),
i
= 1, 2, ... , N
pelo que, numa transformação elementar, se terá
equação
obtém-se a derivada total em ordem ao
Dividindo ambos os membros por
i = 1,2, ... ,N
(4.26)
suas componentes segundo as três direcções, que
O vector posição ri é definido designamos por Xij:
(4.27) Temos, então, . Xij=
8xij . OXij a-:qk+Tt,
n k=l
i=l,2, ... ,N,
qk
Lembrando que a energia cinética é dada por
T=
N l
-
i=l
2
podemos escrever, em termos das componentes de ri,
1 N
T=-2
3
·2 xij
i=l
j=l
l
N
3
=2 i=lj=l
69
j=l,2,3
(4.28)
DO PRINCÍPIO DE H
M
LT
N
S
UAÇÕE
DE L.AGR
NGE
obtém-se para a energia cinética:
Esta expressão será discutida mais 4.2.L porque a cinética é, no caso geral, uma não só dos deslocamentos generalizados como também das velocidades generalizadas e, tarner1te, do tempo:
. o.'
t)
Em também, a energia potencial, que é função de ri, será generalizados e do
dos deslocamentos
Sabemos, ainda, que
(4.34) em que ôW nc representa o trabalho virtual das forças não-conservativas. Como se viu, N
ôWnc
=
(4.35) i=l
Recordamos uma vez mais que (cf. equação (4.19)) i
= 1,2, ... ,N
No entanto, de acordo com a explicação dada na Secção considerado independentemente do tempo, pelo que
o deslocamento virtual ôr é
n
ôri =
L -ôqk, k=l
Substituindo em N
8Wnc
= i=l
i
=
1, 2, ... , N
(4.36)
Ç
U
E
DE
NGE
ou n
k=I
em que
i=l
são Substituindo obtém-se:
do
+
dt
de Hamilton
=o,
=O,
, como L
Tendo em conta as expressões (4.32) e
=T
k
=
1, .. . n
- V, temos também que
Numa transformação elementar, teremos dL, que é uma diferencial exacta: dL
=
L n
(
8L
-dqk
ôL
)
ôL
+ 8qk dqk + atdt
k=l
No tal como anteriormente (ver siderada independentemente do tempo, não aparece:
(4.36)), urna variação virtual é conque o segundo termo do segundo membro
(4.43)
Substituindo em (4.40), vem
[~
+
n
Qkoq1,] dt = o,
k=l
=O, 3 Forças
generalizadas significa que podem ser forças ou momentos.
k
= 1, .. . n
DO PRINCÍ
IODE HAMILTON
é necessário integrar terá que ser por
o~~"'.~"''~~
S EQUA
E
D
LAGRANGE
termo do
dt
Devido à de os se anularem em t 1 e o primeiro termo do segundo membro é igual a zero. Substituindo em e rearranjando, vem: n k=I
[8L d -óqk - ~ 8qk
dt
dt
=o
ou
dt
=o
(4.47)
Como os deslocamentos são arbitrários e se referem a coordenadas generalizadas, que são independentes, a única garantia que temos de que (4.47) se anule é que cada coeficiente de seja nulo, donde:
d
8L
dt
8qk
k=l,2, ... ,n
(4.48)
São estas as famosas equações de Lagrange. Este é, na verdade, um resultado extraordinário, não só pela sua elegância corno pela extrema facilidade de aplicação. Note-se que basta conhecer-se a Lagrangiana do sistema, que é um escalar, e as forças externas aplicadas, para-de uma forma directa-se obterem as equações de equilíbrio dinâmico. Naturalmente, a expressão (4.48) indica que se obtêm n equações, dado que o sistema tem n graus de liberdade. A partir daqui vamos analisar outras variantes e generalizações destas equações. Se não existirem forças externas ª1-'"""""""'• o sistema encontrar-se-á em movimento Hvre e a equação simpHfica-se: d
dt
- oqk 8L -O - ,
k~= 1,2, ... ,n
Urna alternativa muito usual à forma (4.48) é a que se obtém explicitando a Substituindo L por T - V,
d dt
k= 1,2, ... ,n
EQU
ÕES DE LAGRANGE
~,, .. ~.~~.~
exterioNo caso
conservati.vas. Tal como estas últimas são dadas por , as ,,,,.,~ª'><"" do viscoso poderão ser dadas por , em que :F = ~ I:~=l I:~=l Por exemplo, no sistema massa-mola-amortecedor de um grau de liberdade, em que a constante do amortecedor é e e a coordenada q, :F será e a """,l.P~b'C't,,.ª força será Saliente-se que :F repredissipação de senta uma ,.,~"~··~·~ dissipada e não uma energia e u"''"'e,ua-m:; por Rayleigh. As equações
passam a ser:
ar av a:F -+ = + 8qk 8qk
d dt
k = 1,2, ... ,n
ou d
k
dt
= 1,2, ... ,n
Se não houver forças aplicadas ao sistema, o que significa dizer que o sistema se encontra em movimento = O, donde:
d ( dt
ar)
aq_k
ar
- -
av a:F + aqk + aq_k
=
k = 1,2, ... ,n
o,
Saliente-se que as equações de Lagrange são aplicáveis mesmo para potenciais de força que sejam explicitamente dependentes do tempo 4 , como aliás se admitiu em De n
av
dV=L
+-dt
at
k=l
mas
que, se V contiver explicitamente o tempo, a energia não se conserva. Nesse caso, a forçaainda que derivada de um potencial-não será conservativa.
4 Note-se
73
DO P
Os
INCÍPI
Vd"~uiv•~·u
à massa m 1 , EXEMPLO
AMILT
D
N À
E
U
S
E
GRANG
mais de existem deslocamentos ao em que existe um deslocamento através da mola
4.2.1
Pretende-se determinar as 4.5.
FIGURA
4.5
Uma vez que y é conhecido, o sistema tem apenas 2 graus de liberdade, que podemos tomar como x 1 e x 2 (neste caso, é conveniente fazer coincidir x 1 com q1 e x2 com q2)·
A energia cinética será
e a energia potencial será
Neste caso, a energia potencial é explicitamente dependente do tempo. Calculemos os (neste caso, serão duas): termos da equação
BT
d
=}-
dt
8q1
8T =O 8q1
há termos em
av
8q1
8:F 8q1
=o
há dissipação
74
E
O
Ç
RAN
DE L
E
porque o deslocamento y é indeas cojrresp,onae,ntE~s derivadas de são nulas. ~"n~r1~ há deslocamentos Pode então afirmar-se que as associadas às não-conservativas 1m,potHça10 de deslocamentos em determinados pontos são serem das coordenadas an.ú
Portanto, as duas equações de equilíbrio dinâmico são
+ ki (Q1 - Y sen wt) + k2 ( qi - k2 ( Ql - Q2) = o
Q2)
=O
ou {
m1Q1
+
+ k2) Q1 -
m2q2 - k2Ql
4.2.l
k2Q2
senwt
+ k2Q2 = O
ENERGIA CINÊTICA COMO FUNÇÃO DE
Recordando que T equação (4.27)):
=
q,
qE
t
= L~1 ~mi:1\. ri e que o vector posição
ri é definido por (veja-se a
chegámos anteriormente à conclusão de que a energia cinética era, no caso geral, uma função dos deslocamentos generalizados, das velocidades generalizadas e do (veja-
75
DO PRINCÍPIO
E HAMILTON ÁS E
U
ÇÕES DE L
GR
NGE
-se a l
T=
N
2
3
2
+
mi i=l j=l
Desenvolvendo esta expressão, obtemos
ax ..
~+
+2
8t
Verifica-se que a energia cinética é composta por três termos:
T(q, q, t) =To+ em que os índices representam o grau de
+ T2
q: (4.58)
(4.59)
(4.60)
To é a energia cinética de transporte, T 1 é a energia cinética mútua ou cruzada e T 2 é a energia cinética relativa. É evidente que a energia cinética de transporte, T0 , só existe - como o próprio nome indica - quando o sistema se move relativamente a um outro movimento (dito de transporte). Em consequência, sendo To também T 1 o será. Saliente-se, ainda, que a existência de T0 resulta da dependência explícita do tempo do vector posição ri e, portanto, da energia cinética. Essa dependência decorre do sistema ter ligações reónomas. Conclui-se, pois, que num sistema esclerónomo apenas existirá o termo da energia cinética relativa, T2 • A substituição das várias paredas da energia cinética nas equações de Lagrange permite-nos identificar a natureza dos diversos tipos de forças de inércia em jogo. Reportando-nos, por exemplo, às equações , os termos que têm a ver com as forças de inércia são os dois primeiros (com o sinal trocado), + 8T/ 8qk. Substituindo
76
EQUAÇÕES
E LA
RAN
, temos: d dt
a
------
(To +Ti + T2) +8 ----8qk
= O, obtemos:
Como
d dt Se definirmos
e tivermos em atenção a equação (4.59), vemos que X é uma função das coordenadas generalizadas e do tempo:
X=
t)
donde dX
ax
ax
= -8 dt + L -8 dqr t r=l Qr n
(4.65)
em que se alterou o índice k parar, uma vez que aquele já figurava em (4.63). Substituindo (4.63) em (4.65), obtém-se:
d ( 8T1 ) =
8iJ.k
!_ ( 8T1 ) dt + 8t
Oqk
n r=l
!!_ ( 8T1 ) 8qr
8iJ.k
Dividindo por dt:
a at
d
dt Se substituirmos em
obtemos:
a at Agrupemos, de seguida, as várias forças de inércia envolvidas em
77
(4.66)
O PRINCÍPI
E HAMII,T
N
S
QU
ES DE I,AGRANGE
e T1, mas em que
a ôt
+
As dem à
de inércia relativas têm que ver apenas com a parcela T2 , dado que correspon=O): que não tem movimento de
As
de inércia
têm que ver com as parcelas restantes:
Analisemos um pouco mais esta última expressão. escrever T1 na seguinte forma:
De (4.59) vemos que é possível
(4.72) ou, de preferência, (4.73)
Substituindo em (4. 71), obtém-se: (4.74) ou n
(4.75) r=l
Estas forças complementares são de natureza giroscópica que surgem devido à existência , é fácil constatar que 9kr = -grk· Em termos de ligações reónomas. Da equação matriciais, este resultado significa que a matriz dos coeficientes 9kr é uma matriz anti-simétrica, denominada giroscópica.
u
Saliente-se que estas conservativa. De
ÕES D
N
LA
E
ao contrário do que a se possa pensar, são de natureza e de acordo com a equação (2.71), num sistema conservativo a '-'"'''Hf>•"'uª é nula membro a Se calcularmos a obtemos: n
k=l
Acontece que este resultado é nulo, devido à anti-simetria de EXEMPLO
gkr·
4.2.2
Comecemos pelo caso ilustrado na em que se um sistema de dois amortecedores graus de liberdade, q1 e q2 , com massas m 1 e m 2 unidas por molas e c1 e c2 e actuadas por forças variáveis no tempo e Pretendem-se as equações de equilíbrio através da utilização das equações de Lagrange. Q1 (t)
m m1
Q2(t) m2
cz
C1
;;;;;
i---
i---
q1 (t)
q2(t)
FIGURA
4.6
Neste caso, a energia cinética é dada por
A energia potencial está associada à deformação das molas e será: (4.77)
Note-se que no segundo termo figura o deslocamento relativo da mola, dado ser este o que contribui para a sua energia elástica. Temos ainda os amortecedores, que dissipam uma potência dada de Rayleigh:
função dissipação
(4. 78)
Saliente-se que esta função tem uma "estrutura" análoga à da energia potencial elástica, com como se pode verificar comparando
79
DO PRINCÍPIO DE HAMILTON ÀS E
exteriores a,µ,IJ{A;,Uai'.>, teremos:
aT
d
dt
+
aT
d
~'vJt''"'~vUO
av av
+
dt
Ç
U
+
ES DE LAGRANGE
do
Tendo em conside-
a:F
a:F + 8q2 =
Calculemos os vários termos:
8T 8q1
d
:=:} -
=
dt
8T
-=O 8q1
av
donde
2.ª equação:
donde
-qi) = Em resumo, as equações de equilíbrio dinâmico são dadas por
+ -
80
rll - C2(fa = c29'1 + c2q2 = Q2
EQU
G
ÇÕES DE
ANGE
ou, na forma
+
} EXEMPLO
4.2.3
'-''-'1-''-'""ª,,.''"'"' o sistema ilustrado na figura 4. 7, que representa uma
em 4 molas iguais e sujeita a uma força numa das extremidades. A massa é m e os momentos de inércia referidos a e e
FIGURA
4.7
Trata-se de um sistema com 3 graus de liberdade, supondo que não são possíveis movimentos no plano horizontal. Podem escolher-se para coordenadas generalizadas z, ()e
A energia cinética é T
1
2
1
·2
1
·2
= -mi + -J e + -J
2
2
A fim de se escrever a energia potencial elástica, convém definir coordenadas auxiliares (de ligação), junto a cada uma das molas, zi, z 2 , z 3 e z 4 :
É necessário relacionar as coordenadas de ligação z1, z2, z3 e z, q2 e q3 :;;:;
=
=()
81
z4
com as coordenadas que tem sido usada,
D
PR NCÍPI
DF;;
AM
N
1\
E
lJ
i=l,2,3,
ES D
LAGR
NGE
cada um apenas com uma
o, o, o, o, Para se relacionar z1, z2, z3 e z4 com z, () e >, deslocado no sentido de z e rodado de () e
>
sen () ;::::; Admitam-se deslocamentos de pequena tal que se possa por exemplo, a extremidade de coordenada z 1 sobe z, desce aB devido à rotação segundo () e desce devido à rotação segundo efy. Raciocinando analogamente para as outras extremidades, obtêm-se as equações de constrangimento seguintes: tg() ~ ().
z1 z2 z3 Z4
= z - aB = z + aB - a
FIGURA
(4.80)
4.8
Estas equações são do tipo das equações isto é, representam ligações holónomas (em particular, esclerónomas). Substituindo-as na expressão da energia potencial, obtém-se:
V=
~k 2
1 2
= -4k
- aB -
+ (z + aB -
+ (z - aB + aefy) 2 + (z + aB +
(z 2 + a 2 (J2 +
Note-se que neste exemplo a atribuição das forças generalizadas não-conservativas associadas a cada grau de liberdade não é directa, uma vez que está aplicada numa
E
extremidade
UA
L
Para determinar as
ter-se-á que utilizar a 4
i=l
=0 =0 =0
= (0,0, e, de acordo com
e
resulta:
donde
Alternativamente, pode desde logo escrever-se que o trabalho virtual das -conservativas é dado por
não-
OWnc = e, tendo em conta (4.80),
ôWnc = O trabalho virtual escrito em termos das por
(ôz + aoB + ao
(4.83)
e coordenadas
oz+
a
obtêm-se as
(4.84)
e
tal como em
DO PRINCÍPIO DE H
LT
EQUAÇ
N
ESDEL
GRANGE
que neste caso se reduzem a d
dt
av
+-=
obtêm-se finalmente as equações de
k
= 1,2,3
do sistema: mz+4kz =
+ +
EXEMPLO
4.2.4
Considere-se o sistema da figura 4.9. A barra é e suposta sem massa e ao desta desliza (sem atrito) uma corrediça de massa m, ligada à articulação através de uma mola de rigidez k. O sistema tem, pois, 2 graus de liberdade, que podem ser expressos pelas coordenadas q1 e q2· Pretende-se determinar as equações de equilíbrio dinâmico, pelas equações de Lagrange.
:FIGURA
4.9
A energia cinética é dada por
em que o primeiro termo representa a energia cinética de translação, e o segundo termo, a energia cinética de rotação. A energia potencial será:
Note-se que neste exemplo existe uma dependência explícita da energia cinética em relação à coordenada q1 . As equações de Lagrange são d dt
- ar + av
= o,
i
=
1, 2
E
U
GE
ÕES DE LAG
Calculemos cada um dos termos:·
ar DiJ.1
d dt
==> -
=
=
8T 8q1
av
8q1
8T
=
- mgcosq2 d
==> dt
=
+
As equações de equilíbrio são, portanto: mq1 - mq1q~
+ kq1
- mgcosq2 =O
+ 2mq11]2 + mgsenq2
=O
(4.85) (4.86)
Note-se que o segundo termo de (4.86) é uma força de Coriolis, já que existe um movimento de translação (da massa m) em relação a um movimento de rotação (de transporte) da barra. É de salientar a forma como todas as componentes das forças de inércia surgem naturalmente a partir da energia cinética, sem ser necessário contabilizar todas as componentes das acelerações em jogo.
Cabe aqui resolver o problema pela mecânica vectorial, para que se possa compreender como neste exemplo a resolução se torna consideravelmente mais complicada. A fi.m de calcularmos as forças de inércia, é necessário calcular a aceleração absoluta da massa m, no referencial de inércia. Como m tem movimento relativamente à chamemos P ao ponto pertencente a m, e S ao mesmo ponto (coincidente com P na posição ilustrada na figura mas pertencente à barra.
Da mecânica vectorial, quando temos movimentos em referenciais não-inerciais (não-galilianos), sabemos que a aceleração absoluta de P, aP, será
em que as é a aceleração absoluta de ap;s é a de P em relação a Se ac é a aceleração de Coriolis. Convém, aqui, decompor as acelerações segundo as
85
DO
RINC
O
EH
MILTON
SE
U
ES DE I,AGRANGE
10
Como ac
X
a sua
ap, =as,+ ap;s, + ac apn =as,,+
O valor absoluto da aceleração as, é . Como a massa desliza segundo a direcção n, ap;s, = O. A velocidade relativa , donde o valor de ac é igual a Portanto, o valor da componente tangencial do ponto P é ap,
=
(4.87)
O valor absoluto da aceleração centrípeta as,, é -q~q 1 e o da aceleração relativa ap;s,, é ii1. Portanto,
(4.88)
(4.87) e (4.88) pela massa m e trocando os sinais, temos as forças de inércia respectivas:
Se a estas forças adicionarmos segundo a direcção normal a força da mola -kq1 e a componente do peso mg cos q2 e segundo a direcção "ª"'ft'.'=""'"'" a componente do peso -mg sen q2 , obtemos as equações e em que todas as intervêm, devido à existência de uma Hgação reónoma.
86
cinética
E
DAÇÕES
E
AG
ANGE
EXEMPLO 4.'.~L5
Considere-se o sistema na a um disco rotativo de inércia J e com velocidade através de molas e amortecedores.
em que uma massa m está constante de módulo
11= J FIGURA
l
Pretende-se conhecer as equações de equilíbrio dinâmico em vibração livre, isto é, sem forças externas aplicadas à massa m. Supõe-se, sim, que aquela é deslocada inicialmente para uma determinada posição não-coincidente com o centro do disco e largada de seguida, estando o disco em movimento. A massa m tem duas possibilidades de se movimentar, segundo x e y. Existe também o movimento global de rotação, mas de facto não conta como grau de liberdade, pois é conhecido à partida. O sistema tem, pois, dois graus de liberdade. O sistema de eixos xy é fixo e o sistema q1 q2 é móvel, solidário com o disco. Escolhendo como graus de liberdade as coordenadas generalizadas q1 e q2 , e imaginando a massa m deslocada ligeiramente da sua posição inicial segundo os sentidos positivos de q1 e q2 , não seráporventura-muito difícil chegarmos à conclusão de que a energia cinética do sistema é dada por
+ ~1n2
1
T=-m 2
2
(4.89)
No entanto, admitindo que este resultado não é evidente e que convém explicar como se chega de uma forma geral (mais ainda, para casos mais vv,,u~nn,ª""''v" vamos deduzir da energia cinética l
N
2
3
T= 2'
+
mi i=l j=l
87
D
PRINCÍP O DE HAMH"TON ÀS EQU AÇ
S DE LAGRANGE
= m, m2 =
e, como o vector de de t, então n = 2. Donde:
r, é
1
T=
2
da massa m,
2
3
2
vv'"""'v
+
mi
i=l j=l
É
relacionar os dois sistemas de eixos. É sabido que essa ,...,,,,u·,,..,, é feita através de um """'"',.111u- de pura, expresso por uma matriz caso 2 x tal que:
{
:~
cos (}
}= [
senB cos ()
- senB
donde:
Para a massa m e inércia
temos, respectivamente: X11 =X {
Substituindo (4.91), e como
X12
=Y
X13
=Ü
{
X21
=
X22
=Ü
X23
= ()
Ü
e= fU, os termos não nulos são dados por X12
= =
X23
= Ot
X11 {
qi qi
cos ru sen fU
Desenvolvendo (4.90), obtém-se:
T=~
2
88
-
sen Ot + q2 cos Ot q2
(4.92)
EQUAÇÕES DE LAGRANGE
De
temos:
= cosfU
=
senfU -
at
cosflt
-·- = senfU
-8 = cosfU q2
cosfU -
senüt
=0
=Ü
Substituindo em
-senflt
-=!J
8t
obtém-se o resultado expresso em 1
T=-m 2
Devido à configuração do sistema, convém expressar a potencial elástica ciada às molas) em relação ao referencial , que é solidário com o disco, mas faz um ângulo de 45° com o referencial q1 q2 . Assim, no referencial , temos simplesmente:
V=
1
1
2' (2k2)
+ "2
A relação entre os dois referenciais é
} = [ cos45º
{
-sen45º
sen45º cos45º
donde:
+ Em refação à função dissipação de Rayleigh, podemos utilizar de imediato o referencial q1 q2, uma vez que os amortecedores estão segundo esses eixos:
1
+-2 as equações
Sabidas T, V e d
dt d
dt
89
DO PRINCÍPIO D
AM
ON
SE
UA
S DE LAGRANGE
Calculemos os vários termos: ===} -
d
=m
dt
+
+
+
e, para a segunda
8T 8q2 ôT
1
(2
d dt
+
+
=m
)) ===} -
1
-=-m
2
Substituindo em
obtém-se:
+
- ki) q2 + 2c1 q1 = O
+
q2
+ 2c2iJ2 = O
Na forma matricial, temos:
[ ; ~ J { ~: } + [ 2 ~n -2;;n J { ~: } + [ -~n 2 + [
=
ki
ki
~ ki
] {
+
+
~~
}
+[ o
+
+
o ]{
o J { :: }
~~
}= {
~
}
(4.95 )
=0
em que e C são as matrizes de massa, e Ki é uma matriz de almente encontramos, G é a matriz gi:roscópica co1Tetmo1ndenl;e às forças centrifugas devidas ao movimento de e K 2 costumam agrupar-se numa única matriz de dinâmica. Do de vista da
90
EQU A
ÕF;s DE L
R
N
E
mas formalmente não tem uma natureza ea uma natureza conservativa.
-2mn o
+
J{
~~
}
]{
:~
}+[ o
+
+
o]{~~}={~}
=0
Se quiséssemos identiflcar as várias parcelas constituintes da energia cinética, e a mas uma simples análise podíamos utilizar as suas expressões (equações do desenvolvimento de (4.89) permite-nos imediatamente reconhecer aquelas obtém-se: Assim, desenvolvendo
T=~
+
+
2
donde
Estas expressões, bem como as da energia potencial e da potência dissipada podem ser escritas na forma matricial:
To=
1
2 { q1 =~{
2
V=
1
2 { q1 F=
q2 }
[ ~ ~]{:~} l[2~n
41
42
=
!2 {
41
}
[
q2
!2 { eh
42 }
-2m0
o
[~
+
k2 -
. } [ 2c1 q2 o
1
+2
]{
q1 } q2
=
1,TG q -q 2
~] {iJ.241
]{ o ]{42
- ki
+
1
+2
q1 q2
ili
91
} = -q 1,Tc·q
2
DO PRINCÍPI
DE HAMILTON ÁS E
UAÇÕES DE LAGRANGE
Podemos utilizar esta forma matricial nas tituir T por + + T2 em
:!:_(8(T0 +
dt
8q
Na
Comecemos por subs-
de
+T2))_8(To+T1+T2)+8V 8q 8q
é sempre nulo e, neste
4.2.4 este termo não era
~~,,u,1n~,
+
=O
também é nulo
) +-+-=0 av
:!:_ (â(T1 +T4))- 8(To + dt âq 8q
8q
Como To depende apenas de q, podemos juntá-lo a que designamos por potencial dinâmico:
:!:_ (8(T1 +T2 ) ) - _ dt âq âq
8q
definindo o escalar V* =V -
+ 8V* +_=O âq âq
(4.97)
calculemos cada um dos termos de (4.97):
Tendo em conta
Substituindo em (4.97), obtém-se: -lG.q+ M"" q- ( - 1
2
2
=0
+
ou, finalmente,
Mq+Gq+ com K*
exem-
Donde se obtém:
+
= K - 0 2 M. 92
=0
EQU
E L
ÇÕE
querer identificar os vários 4.2.1:
G
de
NGE
tal como
de inércia em
de inércia de
=
= Forças de inércia relativas:
F = -~dt (8T2) 8T2 8q + 8q R
=
-~ (~ (~c{Mq)) + ~ dt 8q 2 8q d
dt
=-Mq
Forças de inércia complementares:
8 +-. 8q
8 +8q
(1
-qTGT·) q
2
(l
-q·TG q )
2
DO PRINC PIO DE HAMLLTON ÀS EQU
4.2.2
ÇÕES
E L
GR
NG
MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
um sistema tem um certo número de co:ns1;ra,nJQ;m1er1tc•s, d.ig:'trrtos m, vimos que as ser substituídas iniciais em termos das variáveis que descrevem a do chegando directamente e sem dificuldades às de Lagrange apenas em das n coordenadas generalizadas. Isto acontece desde que os dependentes do ou No c:Hca1au ~•wn~·n.,_,,~ são anolónomos Neste caso, o método dos de Lagrange permite dar uma resposta ao SaHente-se que este processo é geral, quer se trate de ligações holónomas quer anolónomas. Para estas recordam-se as equações de constrangimento, que apenas podem ser escritas em relação a transformações elementares ( cf. equação 3N
=
I:
=0,
+
i=l,2, ... ,m
k=l
em que 'Yik = ,x2, ... X3N,t) e ai= ai mentas virtuais, temos:
,x2, ... X3N,t).
Em termos de desloca-
3N
=
I:
"fikÔXk
= Ü,
= 1, 2, ... , m
i
(4.98)
k=l
Supõe-se à partida o sistema completamente livre, sem quaisquer constrangimentos, com os seus-por exemplo-3N graus de liberdade e adiciona-se-lhe a energia necessária para que aquele se mova de acordo com os constrangimentos existentes. Tendo o sistema 3N graus de liberdade, as 3N coordenadas x confundem-se neste caso com as coordenadas generalizadas q, pelo que se pode escrever as equações (4.22) e como: 3N
=
I:
+ aidt =O,
i=l,2,. .. ,m
(4.99)
k=l
3N
=
I:
=Ü,
i
=
1,2, ... ,m
k=l
Suponhamos, sem de que as ligações não têm atrito. Se tiverem, as respectivas forças entram naturalmente no membro das equações de Lagrange, visto serem não-conservativas. Em consequência, quando se consideram deslocamentos as forças associadas aos constrangimentos não produzirão trabalho.
94
EQUAÇ
ESD
,_,,,,,,~;1wcucctu essas zern será nulo:
L
por
GRANGE
o trabalho virtual total que elas
3N
=Ü k=l
em que os deslocamentos virtuais Consideremos em seguida m factores (i = 1,2, ... ,
UH.UU,,,,.,v~
de
3N
= O,
i
= 1, 2, ... , m
k=l
Adicionando as m equações (4.102), obtém-se: m
3N
L:L:
=0
i=l k=l
Subtraindo
103) de (4.101), obtém-se: (4.104)
Note-se que os 3N valores óqk não são todos independentes, dado que estão relacionaafirmar-se de imediato que os dos pelas m equações (4.100). Não é, portanto, coeficientes de óqk, em (4.104), são to 'os nulos. Por outro lado, os m multiplicadores Ài foram considerados independentes ( ·bitrários). Imaginemos, sem perda de generalidade, que dos 3N valores oqk são os " primeiros que não são independentes. Então, poderá escrever-se: 3
+
(4.105) k=m
Como os m multiplicadores Ài são arbitrário. podemos escolhê-los de tal forma que cada parcela do primeiro somatório nula, isto m
= 1,2, ... i=l
95
,m
DO PRINCÍPIO DE H
LTON ÀS EQU
, os
ES DE LA
Ç
são
RANGE
que cada
se
m
k
= m + 1, m + 2, ...
, 3N
i=l
De
e
condui-se que afinal é verdade que m
k= 1,2, ... ,3N i=l
embora este resultado não fosse
de
a
Em condusão, verificamos que as forças generalizadas associadas aos constrangimentos ~.w ~···~~ ou podem ser dadas pelas equações e, portanto, ser indulÍdas· na expressão das equações de Lagrange (equação ..
...
k
= 1,2, ...
k
=
,n
(4.109)
ou
= Qk,
1, 2, ... , n
em que neste caso os n graus de liberdade serão todos os 3N iniciais. Note-se que temos n equações, mas n + m incógnitas, nomeadamente n incógnitas q e m incógnitas À. São, pois, necessárias mais m equações, que são as equações de ligação: n
"/ikdqk
+ aidt =O,
i = 1, 2, ... , m
k=l
que também se podem escrever alternativamente como: n
+ai= O,
i
= 1, 2, ... , m
k=l
No caso das ligações serem holónomas, os coeficientes "lik e equações de constrangimento, isto é, sendo estas do tipo
ai
são derivadas parciais das ,qn,t) =0,
,q2, ...
n
=
(4.113) k=l
96
E
com
"fik
=
UAÇÕ
SDELAGR
NGE
Nestas
de
passam a ser:
ar av a:;:: --+-+--
d
dt
k;
=
8qk
Neste caso, as generalizadas OC!Jl<.,WCL, este ser incluído na º'"'""""'"' aumentado, ou modificado, V':
= 1, 2, ...
,n
ser derivadas de um
m
=Vi=l
e as equações de Lagrange tomam o seguinte aspecto, formalmente idêntico ao das equações (4.52): k
= 1, 2, ...
,n
(4.116)
Os próximos exemplos permitem esclarecer a aplicação e a utilidade do método agora exposto, nomeadamente porque evidenciam que os multiplicadores de Lagrange significam fisicamente reacções nos apoios, pelo que este engenhoso processo é vantajoso não só quando o sistema tem ligações anolónomas, mas também quando se pretendem calcular simultaneamente as forças de reacção. EXEMPLO
4.2.6
Retomemos o exemplo 4.2.2 e resolvamo-lo pelo método dos multiplicadores de Lagrange. Vamos supor à partida que não existem as restrições de as duas massas se deslocarem segundo a horizontal, como mostra a figura 4.12.
FIGURA
4.12
graus de liberdade. Porém, O sistema é, pois, considerado à partida como tendo como existem dois constrangimentos, o sistema terá efectivamente dois graus de liberdade, q1 e q2 . Pelo método dos multiplicadores de Lagrange, teremos que adicionar ao
97
DO
RINC
O DE HAMILTON As
vWv•f''A~ associada aos co1Te/';po,naen1;e ao rei:1re1;;entacto neste caso bastante u'"'"V"·~u.
{
q3
Õ
QUA
DE 1:,AGRANGE
·an,g1111e1ritc1s para que este tenha ils de
= qo = const.
~
q4 = qo = const.
{ li = q3 = q4 -
o cu.mj_;u1·1,acm:m
qo = O qo =O
É fácil reconhecer que estes são holónomos em nomos). não seria necessário utilizar o método dos de Lagrange. No entanto, este sempre ser utilizado e vamos aµ;,,1..,ac-1v demonstrar a sua utilização. Recordemos a ..,...,,"""'""v 3N
+
=O,
i
=
1, 2, ... , m
k=l
Neste caso, como temos 4 graus de liberdade à temos efectivamente:
e as ligações são esclerónomas,
4
=o,
i
=
1, 2
k=l
Desenvolvendo, dfi
= /'11 dq1 + 1'12dq2 + ')'13dq3 + = /'21 dq1 + /'22dq2 + ')'23dq3 +
ou, na forma matricial,
{ em que, como
dfi /'11 dh } = [ /'21
/'12
/'13
/'14
/'22
/'23
/'24
dq1 dq2 dq3
]{
é uma diferencial exacta, /'ik = a f;/ aqk.
Concretizando: ~1=0
~2=0
~3=1
/'w=O
~1=0
')'~=0
~3=0
~4=1
A energia cinética será
98
}
EQUA
ÕESDELAGR
A
V=l
2
A
é
Calculemos os vários termos de 8T . d =m1q1 ==? 841 dt
ar
-8q1 =o
av
= k1q1
+
8:F âiJ1
obtém-se:
Substituindo em
m1ih + k1q1 + {
-k2 +m1g+ +m2g+
99
NGE
D
PRINCÍPIO DE HA
Tendo em conta
QUAÇ
ILTON
que
=O e ij4 =O,
11
ESDELAGRANGE
+
+
tiplici:tdo,res de das massas, e as equações no exemplo 4.2.4. Uma vez que as ligações são holónomas, em alternativa definir o oote11ci,aJ aumentado (equação e aplicar as equações 1 2
EXEMPLO
4.2. 'f
Suponha-se o sistema representado na figura 4.13, constituído por dois discos de massa m (considerada concentrada no que rolam sem escorregar no plano xy. As coordenadas x e y dão a posição do centro de massas e o ângulo a a orientação do eixo. Inicialmente, o centro de massas encontra-se na origem do referencial, com velocidade linear v 0 segundo x. Temos, ainda, as seguintes condições iniciais: a(O) =O e a(O) = w. Pede-se para determinar as equações de movimento e a trajectória do centro de massas. z
y
X
FIGURA
100
18
E
UAÇÕ
DE "L
NC;E
G
que o centro ao do dx
da
em cada s. Existem
= cosads = senads
donde: senadx - cosa
=O
xsen a - y cos a = que
O
..-·~v~·~ anolónoma existente. Em termos de coordenadas
a x, y e a. A total do sistema, colocada no centro de massas, e à inércia das massas em '"''""'º"'"' ao mesmo centro:
T=~
2
= m (±2 + A energia potencial é constante, uma vez que o centro de massas mantém a sua cota vertical. Como aquela se define a menos de uma constante, podemos tomá-la como nula. Comparando a equação de constrangimento (4.119) com 1'11 =sena /'l2
=-
/'13
=o
cosa
Temos ainda: 8T 8i: 8T
= 2mi:
8y 8T
ªª
obtém-se: 2mx - À sena= O +À sena= O
=Ü
101
vemos que
D
P
INCÍPI
Primitivando
DE HAMIJ~T
N À.
EQU
ÇÕES DE LA
R
NGE
obtém-se: ã
= const. =
+ c2
c 1 ===}a=
a =wt Ó=W
substituindo em
vem
e
x
..
= - À senüJt
..
À = --coswt
y
2m
2m
.
À
x = - - - coswt + c1
2mw
.
y
(4.124)
À 2mw
= - - - senwt + c2 obtém-se o
(x(O) = vo e
Aplicando as condições iniciais nas equações seguinte resultado:
Substituindo em (4.124), .
À
x = --(1- coswt) + vo 2mw .
y
= ---senwt 2mw
Falta considerar a equação de constrangimento. Substituindo
( _>._(1- cos 2mw
(4.125)
À
À
em
senwt + - - senwtcoswt =O
+
2mw
donde À=
vem:
E
Substituindo em
UA
ÕES
E
AG
NGE
obtém-se:
x = vocoswt y = vo senwt
Primitivando e tendo em conta que
=0,
Vo w Vo y = -(1 - coswt) w
x
= -senwt
Eliminando o tempo entre estas duas equações, obtemos a trajectória:
Como facilmente se reconhece, trata-se da equação de uma circunferência com centro em x =O e y = V0 /w e raio r = v0 /w. O multiplicador de Lagrange representa, neste caso, a força centrfpeta associada ao movimento.
4.3
PROBLEMAS
4.1 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 3.9, usando as equações de Lagrange.
4.2 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na usando as equações de Lagrange.
4.3 Determine a equação de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na usando as de Lagrange.
103
PR
BL
MAS
4.4 Determine as ra
na
4.5 Determine as equações ra usando as
na
4.6 Determine as equações de ra usando as v~~~vv•~v as oscilações são de pequena
m
FIGURA
4.14
4. 7 Determine as equações de dinâmico do sistema apresentado na figura 4.15, usando as equações de Lagrange. Despreze a massa da barra. Admita que as oscilações são de pequena amplitude.
:F'IGURA
4.15
4.8 Determine as equações de equilíbrio dinâmico do sistema na figura usando as equações de Lagrange. Admita que as oscilações são de pequena amplitude.
104
E
DAÇÕES
E
FIGURA
GRANGE
4.16
4.9 Determine as de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura usando as equações de Lagrange. Admita que as oscilações são de pequena amplitude.
FIGURA
4.17
4.10 Determine as equações de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 4.18, usando as equações de Lagrange. Admita que as oscilações são de pequena amplitude.
FIGURA
4.11 Determine as equações de equilíbrio dinâmico do sistema ra usando as de Lagrange. Admita que as u'"·ua.1.,u1~" amplitude e despreze a massa da barra.
105
PROBLEMAS
x1(t)1
1 x2(t)
m
I, i/3
R/3
i/3 FIGURA
.1
4.19
4.12 Determine as dinâmico do sistema apresentado na usando as Admita que as oscilações são de pequena ~ 1 "t"r"õ e despreze a massa da barra.
FIGURA
4.20
4.13 Determine as equações de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura 4.21, usando as equações de Lagrange e considerando que: a) o disco pode escorregar; o disco não c) Resolva a alínea
escorregar. pelos multiplicadores de Lagrange.
Admita que as oscilações são de pequena de equilíbrio dinâmico do sistema apresentado na figu4.14 Determine as ra usando as equações de Lagrange. Admita que as oscilações são de pequena amplitude e despreze a massa da barra.
106
EQUAÇÕE
DELAGRANGE
k
FIGURA
4.21
FIGURA
4.22
4.15 Determine a equação de equílíbrio dinâmico do sistema apresentado na figura é conhecido e usando as equações de Lagrange. O deslocamento imposto desprezam-se as massas das vigas-coluna.
x(t)
"
f---
k2
e
~
m _!<:i
_!<:i
2
2
!----<>
y(t)
FIGURA
107
4.23
l
PR
4.16 Determine as ra movimento da roda à velocidade
BLEMAS
n
dinâmico do sistema O deslocamento rpm é conhecido.
2m
FIGPR;\
4.24
108
E
UAÇÕES
DE
HA
llTON
E
5.1
UAÇ
ES DE H
MILTON
INTRODUÇÃO
As equações de Lagrange são diferenciais de haver conveniência em lidar com equações diferenciais de ordem. Isso acontece foram as forças que actuam um sistema são funções ~~"''"~ª"'~~·~ do obtidas experimentalmente e só se conhecem resultados em intervalos de tempo discre~~· .. ,-"~• "<.,""'"''"'v não-linear. Nessas circunstâncias, as diferenciais são resolvidas por integração numérica, usando técnicas especiais, como por exemplo os métodos de Runge-Kutta, Newmark, etc. O de cálculo e os problemas de integração numérica são reduzidos se as equações diferenciais forem apenas de primeira ordem. Através da da HamHtoniana do sistema, as N equações diferenciais de segunda ordem de Lagrange são transformadas em 2N equações de primeira ordem de Hamilton.
5.2
HAMILTONIANA DE UM SISTEMA
A Hamiltoniana de um sistema é definida como:
âL
n
H
a--iJk -L
= k=l
(5.1)
Qk
Definindo
8L Pk
=
8qk,
k=l,2, ... n
(5.2)
-L
(5.3)
obtém-se: n
H= k=l
Como a Lagrangiana é uma diferença de energias, as suas dimensões são também as de uma energia, pelo que Pk tem unidades de quantidade de movimento (ou momentum) e por isso se designa Pk por momentum generalizado (não aplicamos aqui o termo momento linear, uma vez que as velocidades generaHzadas podem ser angulares, o que poderia dar origem a alguma confusão). Lembrando que L exacta:
=
d'H=
q, t), podemos escrever a diferencial de
+
111
que é uma diferencial
HAMI
ONIAN A DE UM S!STE
o
eo
A
termos do somatório anterior cancelam-se
at Como dn é uma diferencial os coeficientes de e dt deverão ser derivadas em a Pk, qk e t. Portanto, pode escrever-se: de dn
=
+
+
isto é, 81{
k
IJL
= 1,2, ... n
k=l,2, ... n
8L 8t
81{
(5.9)
8t
Derivando (5.2) em relação ao tempo,
= d ( BL) , k = 1, 2, ... n
(5.10)
8qk
Não havendo forças exteriores aplicadas ao sistema, as equações (4.49) aplicam-se: :!:__ ( BL) -
dt
8qk
BL =O, âqk
k
= 1, 2, ... n
e, de (5.10), obtém-se:
8L 8qk'
Substituindo em
k
= 1, 2, .. . n
resulta: k
112
= 1, 2, ... n
(5.11)
EQUAÇ
5.3
ESDEH
II. T
N
EQUAÇÕES DE HAMILTON
efectuadas na
k=l,2, ... n
Se houver
são
8L
d
dt
k
=
= 1, 2, .. . n
e de (5.10) tem-se:
8L
=-+ ôqk
k=l,2, ... n
Nessas condições, as equações de Hamilton são: 81í { . Pk
=-
81í 8qk
k
= 1, 2, .. . n
(5.15)
+
Num caso mais geral em que forças de dissipação viscosa e m constrangimentos não-holónomos, vimos que as equações de Lagrange são (ver equação
k= 1,2, ... ,n ou k
=
1, 2, ... ,n
(5.16)
As equações de Hamilton serão, neste caso mais geral, dadas por:
{
k= 1,2, ... ,n
m
+:L
+
i=l
1 Também
designadas por equações canónicas de Hamilton.
113
(5.
EQU
EXEMPLO
ÇÕES
EH
l\IHI,TON
5.3.1
Um muito ~..•• ,_,._,~ serve para elucidar a ~,.,"~·~v~'~ das equações de Hamilton. Pretende-se calcular a resposta em estacionário do sistema de um grau de liberdade na lhe é ,,,.P'"'-'"''-'ª·
f(t)
FIGURA
= Feiwt
5.1
A Lagrnngiana é L
1 mq·2 - 1 kq 2 =2 2
e a função dissipação de Rayleigh é dada por ,.,...
l
·2
.r = 2cq
O momentum generalizado é (equação (5.2)):
8L
P- 8q -
=}
.
p
q= m
(5.18)
A Hamiltoniana é (equação (5.3)):
1í. = mq2 -
(5.19)
Substituindo (5.18), 1 1
2
1
1í. = --p + -kq 2m
Aplicando as equações (5.1
2
2
vem
. 81í. p q=-=8p
m
que é, naturalmente, o resultado encontrado em (5.18), e
p=
e m
+
--p+
114
Ç
EQU
S DE H
1
+
lVHI,TON
=Ü
+
e
diferenciais de
[~ ~ ]{! }
+[
Sendo f(t) =
{
Feiwt,
o
~
ordem em p e q. Na forma
o
-1/m ] { ; } = {
}
vem
}={
~
} eiwt
~
=} {
;
}
={
=} {
;
}
= iw {
} eiwt
~
}
eiwt =
iw { ; }
Substituindo em (5.20), obtém-se:
donde:
=}
+ (c/m+
J(t)
q=------
k -w 2 m +iwc
e, q=
F k-w 2 m
+ iwc e
iwt
Esta representa a """'""",." em estado estacionário do sistema em causa, como é bem conhecida.
115
OUTRAS PROPRI
5.4
D
ES
A HAMILTONI
NA
OUTRAS PROPRIEDADES DA HAMILTON!
NA
5.4.1
Outro
a considerar é a da HamHtoniana no do tempo,
8L ôt
8t Se dividirmos
por
Já vimos
temos:
dt No caso de um sistema conservativo e com ligações holónomas, as equações de Hamilton são dadas pelas equações pelo que, substitui.ndo estas em se chega à conclusão de que
ô'H ôt
dt
(5.23)
Se não houver dependência explldta do tempo, ô1i/8t e, portanto, a HamHtoniana conserva-se:
dt = O =? 1i = const. 5.4.2
HAMILTONIANA EXPLICITAMENTE EM TERMOS DE
TE V
Como vi.mos, no caso mais geral, a energia cinética é dada por (ver equação
(5.25) em que
t)
= T1 q, t) T2 = T2(q, q, t) e
1
E
UAÇ
ES DE HAM LTON
temos:
+
+
donde:
+
1í=
De
+
, obtém-se:
+
+
donde: (5.32)
e, de acordo com (4.60), n
2:::
(5.33)
k=l
Substituindo em (5.30), vem
Se não houver dependência caso 1í = const. Logo,
~""'"~'"~
1í
do tempo,
= T +V
= const.
=O e T
~
Como
nesse
=E
do a Hamiltoniana do sistema conserva-se e coincide com a energia total do sistema. No te-se que é o caso retratado no <:::Ae111µ1u 5.3.1 5.19).
117
PR
5.5
BLEMAS
PROBLEMAS
5.1 Deduza as equações de Hamilton para o ma
do
na 5.3 Deduza as
2.15.
de Hamilton para o sistema rer>rese11ta.ao na figura 2.15.
5.4 Deduza as equações de Hamilton para o sistema representado na figura que ponto de suspensão descreve um movimento circular representa um pêndulo com velocidade constante.
FIGURA
5.2
5.5 Deduza as equações de Hamilton para o sistema representado na figura 4.3. 5.6 Deduza as equações de Hamilton para o sistema representado na figura 5.3. Admita oscilações de pequena amplitude.
FIGURA
5.3
5.7 Deduza as equações de Hamilton para o sistema representado na
4.12.
5.8 Deduza as equações de Hamilton para o sistema representado na figura 5.4. Admita oscilações de pequena amplitude. 5.9 Deduza as equações de Hamilton para o sistema representado na
118
4.14.
EQU
ÇÕES DE
AMILTON
r-!
m1
ki
f
e
m2
~
FIGURA
5
5.10 Deduza as equações de Hamilton para o sistema representado na figura 4.15. 5.11 Deduza as equações de Hamilton para o sistema representado na
4.19.
5.12 Deduza as equações de Hamilton para o sistema representado na figura 4.20. 5.13 Deduza as equações de Hamilton para o sistema da figura 5.5, que representa um pêndulo esférico. A massa m, deslocando-se numa superfície esférica, tem dois graus de liberdade (uma "longitude" e uma "latitude"). z y X
FIGURA
119
5.5
PRINCÍPIO DE HA ILTON E EQUAÇÕES DE LAGRANGE NA ANÁLISE DE SISTEMAS CONTÍNUOS
R
6.1
NCÍPI DE HAMILTON E EQ AÇÕES DE L GH.ANGE NA N LISE DE SISTEMAS C NTÍNUOS
INTRODUÇÃO
Cabe neste descrever a dinâmico para sistemas contínuos, isto é, para sistemas em que as de massa, rigidez e amortecimento se distribuem de forma contínua. Na verdade, este é sempre o caso em a sua complexidade leva a que na maioria das situações atribuindo-lhes um número finito de graus de liberdade. se proceda à sua Ainda por vezes, há elementos estruturais que podem ser estudados como sistemas contínuos, com um número infinito de graus de liberdade. Juntamente àqueles "'",.,"'"'" sempre coexistir, elementos estruturais discretos. No presente capítulo deduzir-se-ão primeiramente as partir do princiípio de Hamilton e, posteriormente, a
tl.2
das
de equilíbrio dinâmico a de Lagrange.
FORMULAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO DINÂMICO USANDO O PRINCÍPIO DE HAMILTON
Não tendo sido feita qualquer restrição ao princípio de Hamilton em relação ao número de graus de liberdade, não há motivo para que aquele não possa ser aplicado a sistemas contínuos, desde que devidamente adaptado. Recorde-se o princípio de Hamilton generalizado para sistemas discretos (equação (3.53)):
(t2) = O,
i
= 1, ... N
Suponhamos que pretendemos estudar o equilíbrio dinâmico de uma víga em flexão (usando a teoria de Bernoulli-Euler, para não complicar a explicação), de área transversal A= A(x), segundo momento de área I = I(x), módulo de Young E e massa espedfica p, sujeita a uma carga transversal distribuída ao longo do seu comprimento e variável no tempo f = f(x, t), como mostra a figura 6.1. Neste caso, a expressão (3.53) passa a ser +ôWnc)dt=O,
ôw(x,
=Ôw
=Ü
para
Ü
:5
X
:5
f,
uma vez que o deslocamento transversal w é uma de x e de t. É definir a Lagrangiana e o trabalho das forças não-conservativas. Para uma viga Bernoulli-Euler,
123
FORMULAÇÃO DAS EQUAÇ ES DE EQU LÍBRI DIN U NDO O P INCÍ IODE HAMILTON
z w(x, t)
MICO
t) p
t)
w=
X
6.1
FIGURA
as energias cinética e potencial são, respectivamente:
T
(ª8~ ) e EI (ª2 ~ )2 âx 2
= 21 Jo(·
V=~
{ 2 }0
dx = dx
21 Joff. pAw2dx
= ~ { e Elw 112 dx
(6.3)
2 }0
A Lagrangiana será
e o trabalho da força exterior
f =
t) será (6.5)
As primeiras variações de (6.4) e (6.5) serão
ôL= ôWnc=
Substituindo (6.6) e
(pAwów - Eiw 11 ôw11 ) dx fówdx
em (6.1), obtém;se: ,
(pAwôw-
+
)
dxdt =O,
=0
124
paraO::::;x::;f
PRINCÍPIO DE HAMILT N
ANÁLIS
N E E
D
U
ÇÕES DE
ISTEMAS
A fim de se obter em todos os termos o deslocamento virtual os dois primeiros termos. Para o temos:
dxdt =
AGRANGE
ONTÍNUOS
é preciso
por
dtdx dx
Devido à condição
=
pAwôwdxdt = -
Ü
em
Ü ::::; X ::::;
f, resulta:
pAwôw dt dx = -
pAwôwdxdt
Para o segundo termo de (6.8), temos:
Elw"ôw"dxdt =
:x (E/w 11 )8w1dx} dt
Integrando novamente por partes o segundo termo de
t 0
Substituindo (6.10) e
(6.11)
obtém-se:
fe 8 2
+ Jo
}
Bx 2 (E!w")ôw dx dt
(6.12)
em (6.8),
pAwôw dx dt
a2 ( li) âx 2 Elw ow +
dt
dxdt =O, ów (x, ti)
125
= ów
=O
para O $ x ::::; f
(6.13)
F
RMUL
ÇÃ.
DAS EQU ÇÕES DE EQUILÍ RI USANDO O PR NCÍPIO DE AM LT
DIN N
MICO
ou
+
} dt
ów
=o,
= Ü para Ü $
=Ów
X
:5 f
Como os deslocamentos e as rotações virtuais-tanto no domínio como na fronteirasão arbitrários, a única de que a equação (6.14) seja nula é que cada um dos termos seja nulo, o que origina as seguintes eguações:
+ ::2 (Eiw Eiw 11 (0,
!
11
) -
f
=O
(6.15)
t) =O
(Eiw 11 (0,
ów(O, t) =O
Eiw 11 (C,t)ów 1(f,t) =O
(6.16)
a (Eiw"(f, t))ów(C, t) =O ax A equação (6.15) é a bem conhecida equação de equilíbrio dinâmico de vigas (Bernoulli-Euler), sem carregamento longitudinal. As equações (6.16) representam condições de fronteira. Neste caso, estão englobadas as condições de fronteira "clássicas", isto é, encastramento, extremidade livre e apoio simples. Cada uma das equações (6.16) permite duas hipóteses: ou um ou outro termo serem nulos. Por exemplo, para uma viga encastrada em x = O e livre em x = f, temos, em x = O, EI w 11 (O, t) # O (que é o momento de encastramento) e ów'(O, t) =O (rotação e, ainda, 8/8x(Eiw 11 (0, i O (esforço transverso) e ów(O, t) = O (deslocamento nulo). Em x = f, Elw"(f, t) = O (não há momento flector) e t) i O (rotação) e, 8/8x(Elw 11 (C, = O (não há esforço transverso) e t) f O (deslocamento). No caso de existirem outras condições de fronteira, tais corno molas de translação e/ou rotação e massas inércias, ter-se-ão que contabilizar as suas energias potencial e ainda, outras cinética, respectivamente, na expressão da Lagrangiana. Podem exteriores aplicadas, por exemplo que nesse caso teriam que ser contabilizadas no termo da energia das forças não-conservativas.
126
PRINCÍPI DE HA ILTON E EQUA ÕES DE L GR NA AN LISE DE IS TEM S CONTÍNUOS
6.3
NGE
FORMULAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO DINÂMICO USANDO AS EQUAÇÕES DE LAGRANGE
sistemas contínuos a ,~,·~~·~~ à ~puv·~~~~ evitando-se ter que se às a estudar. Vamos supor um caso mais geral, para vigas Bernoulli-Euler, do que o da secção '"ª""L'v' em que temos um sistema contínuo com cargas transversais e longitudinais e, nas duas fronteiras, molas e massas (figura Este caso mais deduzido em princípio para vigas, incluirá também cordas, barras 1 e bastando para isso ignorar a energia de flexão, ou seja, o termo de derivada de quarta ordem e adaptando as correspondentes variáveis e coordenadas. Não se deduzem os casos ainda mais gerais para vigas Timoshenko para não sobrecarregar a explicação, mas o processo é inteiramente análogo, desde que se adicionem as energias associadas à inércia de rotação e ao esforço de corte. z w(x, t)
f
= f(x, t)
mo w = w(x,t)
ko X
Definam-se primeiramente as energias cinética e potencial do sistema da figura 6.2:
T =
~mow(O,
V=
2kow(O,
1
Pw 12 dx
1 Utiliza-se
(6.18)
normalmente a expressão barra para designar um elemento estrutural que apenas está sujeito a esforços de tracção e compressão.
127
FORMUL
ÇÃO DAS EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO DINÂMICO USAND AS EQUAÇÕES DE L GRANGE
ou, de forma
T= To+
+
Tdx
+
+
fi dx
L=Lo+
+
Ldx
V= A
emqueT= cinética e energia
1
A
eV= 2Eiw 11
2
+
po~en1crn•L
A Lagrangiana é, portanto, (6.21)
em que
Lo=To-Vo Le =Te - Ve
L= T- V
(6.22)
(densidade da Lagrangiana).
FacHmente se verifica que
Lo= Lo (w(O, t), w(O, t))
(6.23)
Lc = Lf(w(f,t),w(e,t))
(6.24)
L = L(w,w 1 ,w11 )
(6.25)
A fim de se deduzirem as equações de Lagrange a partir do princípio de Hamilton, vamos ter de cakular ôL Tendo em consideração as expressões (6.21) e (6.23)-(6.25):
8Lo ôL = aw(O, t) ôw(O, t)
8Lo
8Le
;: ( 11
+ 8w(f, t) uw
Substituindo
.
8L1.
+ aw(O, t) ôw(O, t) + aw(f, t) ôw(f, t) ff-,
)
t
+
(ªt,. + al , , + 8w uw
8w 10 w
de Hamilton (equação
na expressão do
128
dx
e tendo em
PRINCÍPIO E HAMILTON E EQU ÇÕES DE GR.AN NA ANÁLISE DE SISTEMAS CONTÍNUO
atenção que o trabalho das
exteriores é
obtém-se:
dx+ ôw(x,
E
= ôw
dt = Ü
para
=o,
Ü~ X ~
f
Os termos de que não são em ôw terão que ser integrados por para se obter tudo em termos de ôw. Vejamos separadamente cada um dos termos que não têm ôw: 8Lo , . (O 8w(O, t) uw '
=
l
8Lo Jt 2 8w(O, t) ôw(O, t) t1
[t 2 8 ( 8L0 ) = - }t ôt 8w(O, t)
8 ( 8Lo ) 8t 8w(O, t)
t)dt
t)dt
1
De forma inteiramente análoga se conclui que
a ( 8w(f, 8Le ) t)
8t
ôw(i, t)dt
(6.29)
Analisemos os restantes termos:
(6.30}
[t. aL Jo ôw 1 Ôw 1 dxdt
al
--ôw11 dxdt
8w 11
= =
=
129
FORMU
.AÇÃO DAS E UAÇÕES DE EQUILÍBRIO DINÂMIC US NDO AS EQUAÇÕES DE LAGRANGE
Substituindo
em
, obtém-se:
ówdx
dt
=o
dt
~o
ou, reagrupando os termos,
[-! (;:) -! (:,) 8Lo
â (
8Le
8 (
l
+!
j ::,
8Lo
dx ów
)
+ 8w(O, t) ôw(O, t) - ât 8w(O, t) ôw(O, t)
+ 8w(C, t) ôw(C, t) - ât
+
8Le ) 8w(C, t) ôw(f, t)
[:!,s{1 [;;,ow'J:- [:x (~}{}
(6.34)
Tal como anteriormente, devido à arbitrariedade dos deslocamentos e velocidades virtuais, a expressão (6.34) implica que (6.35) no domínio O< x < C; para x =O:
8L0 a [ âw(O, t) - 8t
(
âLo ) ai 1 âw(O, t) - 8w 1 (O,t)
+
(
a
t)
8x
e
âw"
t)
I
(0,t)
130
=o
=o
PRIN
para
X=
ÍPIO HAMILT N EQUAÇ ES DE LAGR NA ANÁLISE DE S STEMAS CONTÍNUOS
N
E
f:
a at
al
) (t.J
+~ 1
8w 1
(l,t)
t)
=o
e
8w 11
t)
I
=o
(f,t)
corresponde à equação de equilí'brio dinâmico no domi'.ni.o e as equações às condições de fronteira. Em qualquer das equações ou existe um deslocamento rotação) imposto ou o coeficiente é nulo. Poder-se-iam, ainda, ter induído molas de torção e inércias na formulação, o que faria com que Lo e também funções de W 1 e de w1 , aparecendo mais termos nas equações Prescindiu-se desse caso, para não complicar demasiado a dedução. EXEMPLO
6.3.1
Determinar a equação de equilíbrio dinâmico e correspondentes condições de fronteira da viga ilustrada na figura de comprimento e, secção uniforme A, módulo de Young E, segundo momento de área I e massa especffi.ca p, sujeita a uma carga horizontal constante Pesem carga transversal f, em vibração transversal. z t)
me
A,EI,p
-~ p X
FIGURA
A energia cinética da
e,
é
a densidade de energia cinética é:
131
6.3
FORMULAÇÃO D.AS E UAÇÕES DE E UILÍBR O DINÂMIC USANDO AS EQUAÇÕES DE LAGRANGE
A
V=~
1
+-2
2
Portanto, a densidade da
As energias correspondentes aos elementos das fronteiras são:
To =0
V0 =0 Logo,
Lo= To - Vo =O,
1 mew(f,t) . 2 1 kew (f,t )2 - lfe = 2 - 2
Le =
Calculem-se os vários termos termos de (6.35):
. fJ =p A w°*at
at
= -Pw' :=:;.
at
= -EI "
w
(ªi.,) aw
.. =p A w
!.__ ( al) 8x
8w 1
= -Pw"
at ) °* 8xa22 ( 8w
= -EI
11
f =0 Substituindo em (6.35), obtém-se:
pAw + Elw 1 v - Pw 11 =O
132
w
iv
PR NCÍPIO DE IIA II,TON E E DAÇÕES DE LAGRANGE NA ANÁLISE DE SI TE AS C NTÍNUOS
Condições de fronteira: Em x = O, sabemos que t) #O, pelo que, de
oe
t) = O. Em x se terá que verificar:
t) e
+
f,
t) "f. O e
)L. )~ º
l(t,•)
e
at
=0 (f,t)
8Le Bw(f, t) = -kew(C, t)
8Le
.
8w(C, t) = mew(f, t)
8 (
=}
8t
8Lt )
8w(f, t)
..
= mew(C, t)
al 8w'
(f,t)
;;,
al 1 awn
~ -Elw" ~
(
! (;;,))l(t,t) ~
-Elul"(l, t)
= -Elw "( f., t )
(l!,t)
Portanto, (6.40) e (6.41) dão origem a: -m1.w(f, t) -
t) - Pw'(f., t) + Elw 111 (f, t) =O Eiw 11 (f, t) =O
Como Elw 11 (C, t) e t) são, respectivamente, o momento flector e o esforço transverso na extremidade direita da viga, significa que o momento tiector é nulo há momento aplicado na fronteira x = f) e o esforço transverso as forças de inércia, da mola e a componente da força axial:
t) = mgw(f., t)
+
133
t) + Pw 1 (f
FORMULAÇÃO D US N
EXEMPLO
S EQUAÇÕES DE E UII,ÍBRIO DINÂMICO O AS QUAÇÕES DE LAGRANGE
6.3.2
dinâmico de uma corda de comprimento C, massa a uma de sem carga transversal 6.4.
Determinar a por unidade de
]FIGURA
6.4
A energia cinética da corda é:
T= ~ {e 2 Ío e, portanto, a densidade de energia cinética é:
T A
1 ,2
= -pw 2
A energia potencial é:
V=~
2
donde a densidade de energia potencial é:
V= !Pw12 2
Portanto, a densidade da Lagrangi.ana é: A
A
A
L=T-V=
1
134
PRINC
I EH l'vfLLTON E E NA AN LISE DE ISTE
AÇÕES DE J, GRANGE AS CONT NUOS
=Ü
Vo =
1
2kw(O,
Logo,
Calculem-se os vários termos de (6.35):
al . a(ªL) .
aw
=pw=> 8t
at
,
8w
=pw
a ( 8w )
8w' = -Pw => âx
1
=
at fJw" =O
f =0 Substituindo em (6.35), obtém-se:
pw-Pw 11
=o
Condições de fronteira: Como a equação é apenas de segunda ordem em x, apenas são necessárias duas condições de fronteira em relação ao deslocamento (equações (6.36) e Como 8w(O, t) =/=O e 8w(.€, t) =/=O, os seus coefkientes terão que ser nulos:
8Le 8w(.€, t)
=Ü
135
FORMULAÇÃO DAS EQUAÇ ES DE EQ ILÍBRIO D NÂMICO USANDO AS EQU ÇÕE DE LAGR NGE
Calculemos cada um dos termos de
e
8Lo
t)
8w(O, t) ---=0
8w(O, t)
=
8w(l!, t)
8Le
-kw(l!, t)
=O
aw(l!, t)
= -Pw'(l!, t)
:;, 1 (R,t)
Portanto, (6.42) e
dão origem a -kw(O, t)
+
t)
=o
-kw(f, t) - Pw'(e, t) =O
donde a componente vertical da força P tem que equilibrar a força da mofa em cada extremidade: Pw'(O, t)
= kw(O, t)
Pw'(f,t) = -kw(C,t)
(6.44)
Note-se que, à partida, numa formulação vectorial do problema, poderia não ser evidente a troca de sinal verificada em (6.44).
136
PRINCÍPIO DE HAMILTON E EQUAÇÕES DE LAGRANGE NA NÁLI E DE SISTEMAS CONTÍNU S
llL4
PROBLEMAS
6.1 Determinar a de dinâmico e corrE:spon.d!ent<3S C
FIGURA
6.5
6.2 Resolva o problema anterior, usando as equações de Lagrange.
6.3 Determinar a equação de equfübrio dinâmico e correspondentes condições de fronteira de uma corda (figura 6.6) de comprimento C, massa por unidade de comprimento p, sujeita a uma força de tracção P, sem carga transversal, pelo de Hamilton. A extremidade esquerda é fixa e a direita é deslizante, mas sem atrito. z w(x, t)
FIGURA
6.6
6.4 Resolva o problema anterior, usando as equações de Lagrange. 6.5 Um determinado campo magnético provoca uma deformada estática longitudinal numa barra fixa-livre e homogénea de secção constante (figura 6.7). Admitindo a cessação instantânea do efeito do campo magnético, a barra vibrará longitudinalmente. Determine a equação de equilíbrio dinâmico e correspondentes condições de fronteira, pelo de Hamilton.
FIGURA
137
6.7
PR
BLEMAS
6.6 Resolva o 6. 7 Determinar a equação de equl.liíbrio dinâmico e correspondentes '-'V'·"""'u'º"' teira da ilustrada na de !!, secção uniforme de Young E, segundo momento de área I e massa específica p, Hamilton.
E,I,A,p
xj F'IGUHA
6.8
6.8 Resolva o problema anterior, usando as equações de Lagrange. 6.9 Determinar a equação de equilíbrio dinâmico e correspondentes condições de fronteira da viga encastrada-apoiada ilustrada na figura 6.9, de comprimento!!, secção uniforme A, módulo de Young E, segundo momento de área I e massa específica p. O apoio direito tem uma mola cuja constante de torção é kt e está sujeita a uma força transversal. Utilize o princípio de Hamilton. z w(x, t) J(x, t)
FIGURA
6.9
6.10 Resolva o problema anterior, usando as equações de Lagrange. 6.11 UtiHzando as equações de Lagrange, determinar a equação de equilíbrio dinâmico e correspondentes condições de fronteira da viga uniforme encastrada-livre ilustrada na figura 6.10. A viga está sujeita a uma transversal t) e roda com velocidade angular constante n.
138
PRINCÍPIO D HA LTON E EQUAÇ ES E LAGRANGE N ANÁLISE DE SISTEMAS CONTÍNUOS
Note que a induz uma força de devida à centrífuga que, numa secção à, distância x, tem a ver com a massa existente entre x e a extremidade da viga. z
t)
X
FIGURA
139
10
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aceleração absoluta, 85
86 85 >.HO:>L./'UJJ,);'Yi
4
8
""~""'"""·""'· 3, 4 Arquimedes, 4, 7, 9 Belanger, 7 Bernoulli, Daniel, 10 Bernoulli, Jacques, 6 Bernoulli, Jean, 6, 7, 10 cákulo variacional, 10, 11, 48 condições de fronteira, 131, 133, 135 constante universal de gravitação, 25 constrangimentos, 40, 42, 61 anolónornos, 94, 96 holónomos, 94, 96 coordenadas generalizadas, 11, 61, 62, 66 de ligação, 63 Copérnico, 4, 8 Coriolis, 6, 7 curva braquistócrona, 6, 10 D'Alembert, 7, 9, 10 densidade de energia cinética, 128, 131, 134 potencial, 132, 134 da Lagrangiana, 128, 132, 134 Descartes, 7 deslocamentos generalizados, 70 virtuais, 40, 42, 70 diferencial 71, 111 exacta, não-exacta, 16, 28
cinética, 75 cruzada, 76 mútua, 76 relativa, 76 de transporte, 76 potencial, 22-25, 30, 70 elástica, 26, 27, 32 gravítica, 24 total, 31 equações canónicas de Hamilton, 113 de constrangimento, 63, 65 de equilíbrio dinâmico, 32 de Hamilton, 11, 113 de Lagrange, 11, 47, 55, 68, 72, 123, 127, 128 equilíbrio dinâmico, 10, 31, 32, 47, 123, 127 esforço transverso, 126, 133 estacionariedade, 41 Euclides, 4 Euler, 7, 9-11 Fermat, 9 força aplicada, 39, 40 conservativa, 17, de CorioHs, 85 de dissipação viscosa, 113 externa, 44 generalizada não-conservativa, 71 do tipo viscoso, 73 gravitacional, 25
25, 31
ÍND CE
8 matriz 31, 32
de massa, 90 de rigidez, 90 mecânica 85 método dos multipHcadores de Lagran97 ge, momento ftector, 126, 133 linear, 15 momentum, 111 generalizado, 111 multiplicadores de Lagrange, 11, 94, 95, 100, 103
viva, 7 89,
de estado, 16, 17 potencial, 30 Galileu, 4, 5, 7, 9 graus de liberdade, 33, 61 HaHey, 8, 9 Hamilton, 7, 9-11 Hamiltoniana, 111, 114, 116 Hooke, 6, 8 Huygens, 6-8
Newton, 5-9, 11 número de graus de liberdade, 61 Pfaffiano, 16-18, 21 Pitágoras, 4, 8 potência dissipada, 31, 73 viva, 7 primeira variação, 48 princípio da acção e reacção, 15, 16 da conservação da energia, 30, 31 de D'Alembert, 10, 11, 44 generalizado dos trabalhos virtuais de D'Alembert, 11 de Hamilton, 11, 47, 48, 52, 68, 123, 128 generalizado, 54, 71, 123 de inércia de Galileu, 15 do momentum, 15 da quantidade de movimento, 43
impulsão, 7 Kõnig, 6 Kepler, 4, 8, 9 Lagrange, 7, 9-11 Lagrangiana, 48, 49, 54, 72, 111, 123, 124, 128 Laplace, 10 lei da gravitação universal, 8, 25 de inércia, 5, 6 de GalHeu, 5 Leibnitz, 6, 7, 9 L'Hôpl.tal, 6 ligações anolónomas, 67 esderónomas, 64, 65
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NDICE
da sobreposição, 15, 16 do trabalho e
referencial de 5, 15 não-inercia!, 85 Riemann, 4 segunda lei de Newton, 16, 43 sistema conservativo, 31, 41, 79 contínuo, 34, 123 esclerónomo, 76 Tales, 4 trabalho, 7, 16, 22, 27 elementar, 17, 25 das forças não-conservativas, 123 de restituição, 23 virtual, 40 das forças de inércia, 46 das forças não-conservativas, 70, 83 das forças reais, 46 trajectória virtual, 48, 49 variação, 39, 49 velocidades generalizadas, 70 viga BernouUi-Euler, 123, 127 Timoshenko, 127 Wren, 8
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