Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Administração e Ciências Contábeis
Modelo de Gestão de Estoques em Poder de Terceiros em Montadora de Veículos
Carlos Neri Brandão
Rio de Janeiro 2003
Carlos Neri Brandão
Modelo de Gestão de Estoques em Poder de Terceiros em Montadora de Veículos
Dissertação apresentada ao Exame de Qualificação ao Mestrado em Contabilidade – Gestão de Negócios da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Contabilidade. Orientador: Professor Doutor Samuel Cogan
Rio de Janeiro 2003
Dedicatória Dedico esta obra a minha amada esposa Cintia, meus filhos Rafael e Nathália e minha mãe Dona Rosa. Aos meus alunos da PUC/Minas Contagem, meus professores, minha gerente na Gesco, Srta. Mara Rosana, grande colaboradora, e a todos que me incentivaram.
Agradecimentos Agradeço a oportunidade de realização deste curso à UFRJ e à PUC/Minas, principalmente principalmente ao Professor Paulo Sérgio, pioneiro e bravo lutador que não mediu esforços para a conquista deste curso inédito na Pontifícia Universidade Universidade Católica de Minas Gerais, e sua equipe. Especialmente, agradeço a minha amada esposa Cintia, pela compreensão dos dias e noites em que estive ausente por estar dedicado a esta nova etapa de estudos da minha vida, e a Deus, em quem confio e a quem rendo graças.
Pensamentos “O que conta não é o negócio que você consegue, mas sim o negócio que você consegue manter” Bruce Crowell. “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim.” Jesus Cristo
BRANDÃO, Carlos Néri. Gestão de Estoques em Poder de Terceiros em Montadora de Veículos , Rio de janeiro 2003. FACC – Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Contabilidade para gestão de negócios).
Resumo Este trabalho é resultado de pesquisa e da experiência cotidiana do autor em empresas envolvidas em processos de industrialização na parceria de terceiros. A parceria surgiu por necessidade de mercado, que, por exigir cada vez mais qualidade a custo menor, forçou as empresas – indústrias do ramo automotivo, neste caso específico – a se tornarem mais competitivas e a participarem de forma ativa no dinamismo dos negócios conseqüentes da globalização. Essas empresas foram forçadas a definir com precisão em quais atividades se concentrar e a terceirizar aquelas que, geridas adequadamente, podem apresentar melhor performance e eficiência na obtenção do produto final (veículo montado) se realizadas por Fornecedores Industrializadores devidamente qualificados. No ramo automotivo, o estudo dos processos que envolvem a industrialização por terceiros evidencia a necessidade de gestão das movimentações de estoques de matérias primas e/ou componentes consumidos. Essa necessidade se reflete em diversos aspectos da produção, buscados e retratados pelo autor nesta pesquisa. Uma das principais necessidades percebidas nos processos diários de industrialização das empresas automotivas, em especial da Montadora e de seus Fornecedores Industrializadores localizados na região metropolitana de Belo Horizonte, é o registro detalhado das operações de industrialização, principalmente nas movimentações dos estoques das matérias-primas e componentes envolvidos nos processos. A gestão dessas atividades será retratada em seu respectivo registro contábil, destacado nesta pesquisa. Os fluxos das documentações que envolvem as remessas de matérias-primas e/ou componentes entre as empresas do ramo são expostos detalhadamente, com o objetivo de demonstrar a necessidade do registro e do caminho correto dos documentos que suportam idoneamente os processos. Além disso, garantem a segurança financeira do negócio e reduzem o risco de contingências fiscais, freqüentes nas operações de remessa do material envolvido nos processos de industrialização. A organização e a definição dos setores envolvidos nos processos são pontos referenciais do trabalho. Os departamentos que participam desses processos, tanto da Montadora quanto dos Fornecedores Industrializadores, devem estar sempre alinhados, pois estabelecem decisões que afetam diretamente o resultado das operações. Um sistema integrado torna-se, além de facilitador no controle das atividades, instrumento indispensável na disponibilização de informações, em tempo hábil, para a contabilidade contabilidade financeira e para a contabilidade contabilidade de custos. Os resultados colhidos pela pesquisa suplantam as expectativas iniciais, havendo a aceitação e valorização das informações adquiridas pelos usuários na validação do sistema obtido dimensões muito além das esperadas.
BRANDÃO, Carlos Neri. Inventory management in hands of third parties at an automotive assembler , Rio de Janeiro, 2003. Tutor: Samuel Cogan, FACC – Faculty of Administration and Accouting Sciences, University of Rio de Janeiro. Dissertation (Master in Accouting for Business Management).
Abstract The present work is a result of its author's research and experience concerning the day-by-day of the companies involved in the industrialization processes in partnership with third parties. The partnership has arisen because of the market need that, as more and more quality at low cost has been demanded, the companies, in this case, the automotive industry, became more competitive and took an active part in the business dynamism originated from the globalization. Such companies have been forced to outline well which companies should be focused and outsource them which, with the right management, better obtain the best performance and efficiency towards their end product (assembled car), which, in this case, is vehicle assembly. In the automotive industry the study of the processes which comprise the industrialization concerning third parties enhance the need for the management of the inventory movings of raw materials and/or consumed components. Such need influences several actions, which the author has searched and described at the present research. r esearch. One of the main needs found in the daily industrialization processes of automotive industries, in special the Assembler and its Industrializers Suppliers located in Belo Horizonte's Metropolitan Region, is the detailed record of the operations of industrialization, mainly those ones concerned with inventory movings of raw materials and the components involved in the processes. The management of such processes will be described in the accounting records of those operations, which have been significantly focused in the present research. r esearch. The flow of documentation which involves the remittance of raw materials or components among the companies, have been particularly stated, aiming at showing the need of the record and the right path of the documents which support the processes competently. Besides that, they ensure the business financial security and reduce the risk of fiscal contigencies, which are frequent in operations of material remittance pertaining to the industrialization industrialization processes. The organization and definition of the setors involved in the process is another reference of the work. The departments which take part in those processes both the Assemblers and the Industrializers Suppliers, must be aligned, because they are the establishers of decisions that directly affect the results of the operation. The integrated system becames, besides being the facilitator of the activities control, an essential instrument for the availability of the information in time both to the Financial and Cost Accountings. The collected results from the work surpass the inicial expectations, in which the acceptance and validation of the information acquired by the users in the systemvalidation, has reached dimensions far beyond of what was first expected.
Sumário Dedicatória ............................................... ....................................................................... ................................................ .............................................. ........................... ..... II Agradecimentos Agradecimentos ........................................... .................................................................. .............................................. .............................................. ....................... III Pensamentos Pensamentos .............................................. ..................................................................... .............................................. .............................................. ...........................IV ....IV Resumo
............................................. .................................................................... .............................................. .............................................. ................................. .......... V
Abstract ...........................................................................................................................VI 1
Introdução...................... Introdução ............................................. .............................................. .............................................. ...................................... ............... 1
1.1 1.2
Exposição do tema ............................................................. .......................................................... 6 Problemas, justificativa e objetivos ................................................................... .......................... 9
1.3
Procedimentos metodológicos .................................................................... ............................... 12
2
Referencial Referencial teórico........................................ teórico................................................................ ............................................... ........................... .... 16
2.1 2.2
Os caminhos para a fundamentação do trabalho trabalho ....................................................... ............... 16 A influência do momento econômico na existência das atividades de industrialização com terceiros................. ................................................................ .................................................. 16 Contabilidade, ferramenta necessária necessária na Gestão de Estoques em em Poder de Terceiros............. 17 O papel da logística nos processos de industrialização por terceiros........................... terceiros........................... ............ 20 Programação e planejamento da produção.............. ................................................................. 22 Aspectos conceituais na gestão de estoques ............................................................... ............... 25
1.2.1 1.2.2 1.2.3 1.3.1 1.3.2
2.3 2.4 2.5 2.6
2.6.1 2.6.2 2.6.3 2.6.4
2.7
O problema ..................................................... ........................................................... .................. 9 Justificativa ............................................................ .............................................................. ...... 10 Objetivos.............................................................. Objetivos .............................................................. ................................................................ ...... 11
Unidade de observação .............................................................. ................................................ 14 Técnicas de coleta e tratamento dos dados................................................................................. 14
A valorização dos estoques como ferramenta de gestão ............................................................ 30 A questão dos ganhos ou perdas de estocagem realizada ou não realizada................................ 34 A importância do método de controle na Gestão de Estoques em Poder de Terceiros – Um exemplo de Kanban ......................................................... ........................................................ 35 A importância dos inventários físicos na Gestão Gestão dos Estoques em Poder de Terceiros............. 38
2.8
Aspectos fiscais nas operações de remessas para industrialização e retorno dos produtos acabados.............................. ................................................................ .................................... 40 Conclusão ................................................................ ............................................................ ...... 42
3
Objeto de estudo modelo modelo atual .............................................. ..................................................................... ......................... .. 43
3.1
Pesquisa de campo............................ ................................................................ ......................... 43
3.2
Análise das entrevistas feitas nas empresas........................................................... .................... 44
3.3
Gestão de materiais em poder de terceiros como objeto de estudo ........................................... 48
3.4
Conclusão ................................................................ ............................................................ ...... 57
4
Modelo proposto de Gestão de Estoques em Poder de Terceiros................ Terceiros................ 58
4.1
Desenvolvimento do modelo proposto – a importância da documentação nos processos de industrialização por terceiros .......................................................... ....................................... 59
3.1.1 3.1.2 3.2.1 3.2.2 3.3.1 3.3.2
Comentários sobre sobre o sistema utilizado pela Montadora............................................................. 43 Comentários sobre o sistema utilizado pelo Fornecedor Fornecedor Industrializador.................................. 44
Análises dos principais pontos das entrevista feita no Fornecedor Fornecedor Industrializador .................. 44 Análise das entrevistas entrevistas realizadas na Montadora Montadora ............................................................ ........... 47 Fluxo logístico de materiais envolvidos na industrialização por terceiros ................................. 49 Problemas verificados na metodologia atual........................... atual.............................................................................. ................................................... 53
4.1.1 4.1.2
Fluxo da documentação proposta da Montadora para o Industrializador................................... 60 Fluxo proposto da documentação do Fornecedor Industrializador para a Montadora ............... 61
4.2
Desenvolvimento do modelo proposto – sistema integrado integrado ....................................................... 67
4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.2.4 4.2.5 4.2.6
Premissas do sistema........................................................ .......................................................... 69 Especificação do sistema ......................................................... .................................................. 69 Lógica do sistema ............................................................ .......................................................... 71 Funcionamento do sistema sistema de controle de estoques em poder de terceiros na Montadora Montadora ........ 71 Funcionamento do sistema de controle de estoques de terceiros no Fornecedor Industrializador .............................................................................................................. ................................................... ........................................................... ................................... 74 Comparação entre os dois modelos............................................................................................ modelos.......................... .................................................................. 76
4.3
Conclusão ................................................................ ............................................................ ...... 77
5
Conclusão ........................................... .................................................................. .............................................. ....................................... ................ 79
6
Considerações Considerações finais ............................................ ................................................................... ............................................ ..................... 82
7
Referências Referências bibliográficas bibliográficas....................... ............................................... ................................................ ................................ ........ 84
Anexo 1: Exemplo de planilhas de conciliação de estoques de terceiros em poder do Fornecedor ............................................. .................................................................... .............................................. ..................................... .............. 2 Anexo 2: Questionários Questionários 1, 2 e 3 ............................................. ..................................................................... ............................................. ..................... 5 Anexo 3: Exemplo de sistema de gestão de estoques da montadora em poder de terceiros ............................................. .................................................................... .............................................. ........................................ ................. 21
Lista de figuras, quadro e tabelas Figura 1: Ficha de estoques – Martins Martins (1996:206). ............................................................................. 31 Figura 2 – Cartão de Produção (CP) – Modelo de cartão Kanban – M ARTINS (2001:308)............. 37 Figura 3 – Cartão de Movimentação – Modelo de cartão Kanban – M ARTINS (2001:308)............. 37 Figura 4 – Fluxo dos cartões de produção e cartões de movimentações – M ARTINS (2001: (2001:309 309). ). ...37 Figura 5 – Fluxo atual – envio e retorno matéria-prima direto com a Montadora para o Fornecedor Industrializador........................................................................................................51 Figura 6 – Fluxo atual do envio d ireto do Fornecedor de matéria-prima ao Fornecedor Industrializador. ........................................................................................................................... 52 Figura 7 – Modelo para decidir que tipo de componente componente terceirizar. terceirizar. ............................................... 59 Figura 8 – Tela de abertura do sistema na montadora.......................................................................22 Figura 9 – Movimentação para fechamento fechamento arquivo movimento da montadora. No rodapé......... rodapé. ........ 22 Figura 10 – Inter face – busca no Banco de Dados. ............................................................................ 23 Figura 11 – Criticas informais do Banco de Dados.............................................................................24 Figura 12 – Controle de movimentos movimentos de estoque no fornecedor........................................................ 24 Figura 13 – Confronto com arquivo fornecedor. fornecedor. ................................................................................ 26
Quadro 1– Manual de Planejamento e Controle da Produção – Prof. Dalvio Ferrari Tubino, Dr UFSC. ....................................................... ........................................................... ............................................. 23
Tabela 1 – Planil ha de conciliação – Fornecedor industrializador – itens para industrialização Toyota. ............................................................................................................................................. 2 Tabela 2 – Planilha de conciliação – Fornecedor Industrializador – itens da Honda Automóveis – quantidade física. ............................................................................................................................ 2 Tabela 3 – Planil ha de conciliação – Fornecedor Industrializador – itens Hond a Automóveis – itens recebidos. ................................................................................................................................ 3 Tabela 4 – Planil ha de conciliação – Fornecedor Industrializador – Itens Honda Automóveis – faturados.......................................................................................................................................... faturados. ......................................................................................................................................... 3 Tabela 5 – Planil ha de conciliação – Fornecedor Industrializador – itens Hond a Automóveis – retorno de não industrializado.......................................................................................................3 Tabela 6 – Planil ha de conciliação – Fornecedor Industrializador – resumo das movimentações de materiais em conta trabalho Nissan 01.01.03 A 31.01.03. ........................................................... 3 Tabela 7 – Plani lha de conciliação – Fornecedor Industrialização – inventário de i tens triangulados..................................................................................................................................... 4
Lista de Reduções Abreviaturas
Dr.⇨ Doutor Ex. ⇨ Exemplo F. ⇨Folhas S/A ⇨Sociedade Anônima MP ⇨Matéria Prima Siglas
BIMF ⇨ Base Informativa de Materiais e Fornecedores NPRC ⇨ Nuova Programazione de Rifornimento e Concerne UFRJ ⇨ Universidade Federal do Rio de Janeiro MRP ⇨ Material Requirements Planning
1 Introdução As economias mundial e brasileira são o cenário vivo dos efeitos da globalização, que dita as regras de enquadramentos às empresas sujeitas à velocidade e à agilidade das transformações nos processos produtivos. Segundo A KADER (1997:11), esta trajetória tem sido marcada por maior competitividade entre mercados interno e externo, principalmente no ramo r amo automobilístico. automobilístico. Neste novo cenário mundial é necessário às empresas o conhecimento de todos os custos que contraem, para avaliação e planejamento da organização que pretenda sobressair-se no mercado em que disputa. Para GOMES (1999:21), a necessidade de controle de gestão tem o seguinte enfoque: O interesse sobre controle de gestão tem aumentado bastante nos últimos anos, em decorrência principalmente das rápidas mudanças ocorridas no contexto social e organizacional, a partir de 1973, com a crise mundial do petróleo. Grande parte das empresas passou a desenvolver-se em um contexto social e organizacional caracterizado por grande instabilidade, muito complexo e bastante hostil que passou a exigir um constante aperfeiçoamento dos sistemas de controle com vistas a enfrentar uma concorrência acirrada, decorrente da globalização da economia.
Como o preço da mercadoria na economia é estabelecido pelo mercado, a margem de contribuição de produto ou lucro é dada pela seguinte fórmula L P C (L=lucro, =
−
P=preço, C=custo), ou seja, quanto menor for o custo, maior será o lucro. COGAN (1999:31) faz a seguinte consideração acerca de margem de contribuição e preço de venda: O conceito de margem de contribuição pode também se mostrar útil quando se tratar de simulações concernentes ao estabelecimento da quantidade produtiva e do preço de venda com a finalidade de se buscar a maior lucratividade empresarial para determinada situação.
A organização, sensibilizada pela importância dos custos no processo e resultado final, sabe que todos os esforços para a redução dos custos são necessários para melhorar o desempenho diante do paradoxo menor custo
versus
melhor qualidade
versus
maior
produtividade, presente nas empresas hoje.
1
Na busca pelo aumento da produtividade e dos lucros, várias áreas da organização foram estudadas e melhoradas pela utilização de literatura especializada, estudos científicos e aplicações práticas. Na divulgação da importância do lucro, H ENDRIKSEN E VAN BREDA 1999:208) são enfáticos: O conceito operacional de lucro concentra-se na mensuração da eficiência da empresa. O termo eficiência diz respeito à utilização eficaz dos recursos da empresa na realização de suas atividades e na geração de lucros. No sentido econômico mais amplo, diz respeito à combinação apropriada dos fatores de produção – recursos naturais, mão-de-obra, capital e administração. A avaliação é necessariamente subjetiva, mas, como ponto de partida, as comparações podem ser feitas com os resultados de períodos anteriores e com lucros de outras empresas ou setores.
Visto que as diferenças tecnológicas, as barreiras geográficas e as alfandegárias alfandegárias são praticamente as mesmas entre as empresas que disputam o mercado, os custos variáveis entre elas pouco diferem para a composição do preço final. Logo, a parcela dos custos/despesas indiretas relativa a produção, movimentação, armazenagem, estoques e da falta de matéria-prima e a parcela dos custos fixos tornaramse fatores determinantes para a criação de valor; quanto melhor gerenciados, melhores resultados proporcionarão para a empresa. Em relação à distribuição correta dos custos indiretos, M ARTINS (1996:53) afirma:“São custos indiretos com relação aos produtos, custos que realmente não oferecem condições de uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária”. COGAN (1999:19) faz a seguinte conclusão sobre as despesas indiretas no custeio tradicional: Assim, se uma despesa se aplica diretamente num produto é conhecida como direta (como por exemplo o material direto que compõe o produto e o gasto de mão-de-obra necessária para executar o referido produto). Em contraposição, as demais despesas são conhecidas como indiretas e se classificam em variáveis, se alterarem diretamente com o volume produzido.
A gestão ideal dos estoques é elemento essencial para a administração de hoje e do futuro. Para C ORREA (1999:45), nos anos 80, por exemplo, muitas empresas tiveram sérios problemas estratégicos por acreditarem que deveriam, a todo custo, baixar a zero seus 2
estoques, seduzidos pela errônea interpretação das mensagens subliminarmente transmitidas pela superioridade incontestável dos sistemas de gestão japoneses daquela época. A essência da gestão de estoques ideal relaciona-se com a otimização das estruturas administrativas assistentes entre o processo de produção e a necessidade de compras do material. Lead Time (tempo entre a programação e o recebimento de materiais) muito grande, estoques elevados, segurança da qualidade do material, variação da programação da produção (PDP) e qualidade no produto final, partindo dos reflexos da exigência cada vez maior do consumidor, são variáveis que devem garantir a produção e otimizar a composição dos custos no gerenciamento da Supply Chain (cadeia de suprimentos). Entre os pontos relevantes deste estudo está a escassez de literatura específica sobre o assunto, bem como a ansiedade do mercado automobilístico para utilizar em larga escala serviços de terceiros, com o menor custo possível. Conforme LENDNER (2000:3), recente pesquisa realizada em indústrias dos Estados Unidos revela que, em média, o valor gasto na compra de materiais corresponde a 55% dos custos totais de produção (W ATTS et al .,., 1995; MONCECZKA et al .,., 1998; LUDNER , LOURENSO, 2000). Nesta linha de entendimento deve-se considerar o maior poder de compra (volume) da Montadora, propiciando ganho na cadeia de formação de preços finais dos serviços, posteriormente posteriormente repassados para os produtos finais. A gestão de estoques compreende a necessidade inerente à formação e à alocação dos custos dos produtos nas linhas ou mesmo nos departamentos. Destaca-se a organização estrutural, desde as primeiras decisões para contratação de Fornecedor terceirizado até a eficiência promovida pela logística. BALLOU (1993:17), quanto à importância da logística como função essencial nas empresas, comenta: A logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos para as atividades de movimentação e armazenamento que visam facilitar o fluxo dos produtos. A logística é assunto vital (…) de movimentação de materiais, pois clarifica as compensações de custos freqüentemente encontrados no planejamento e operações de sistemas logísticos. A logística é um dos fatores importantes de competitividade.
3
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86
Anexos Apresentam-se, a seguir, exemplos práticos de sistema de planilhas e questionários da Montadora e do Fornecedor Industrializador. Industrializador.
1
Anexo 1:
Exemplo de planilhas de conciliação de estoques de terceiros em poder do Fornecedor
Tabela 1 – Planilha de conciliação – Fornecedor industrializador industrializador – itens para industrialização Toyota. Conciliação itens para Industrialização Toyota Periodo
01/01/03 a 28/02/03
INVENTÁRIO DO MÊS DE:
fev/03
Fornecedor: Fornecedor: Automot Automotiva iva Centauro Centauro Responsável: Assinatura: Tel.: Fax: e-mail: DESCRIÇÃO PART NUMBER TIPO DE ESPESSU LARGUR (TDB BLANK) AÇO RA (mm) A (mm) 1 YGSB106002 SPC270D 0 ,6 0 11 05 I nv nv en en tá tá riri o 3 11.. 12 12 ..22 0000 2 Total 2
YGSB107003
SPC270D
0 ,7 0
60 0
I nv nv en en tá tá riri o 3 11.. 12 12 ..22 0000 2 Total 3
YGSB108002
SPC270D
0 ,8 0
57 0
I nv nv en en tá tá riri o 3 11.. 12 12 ..22 0000 2 Total 4
YGSB108004
SPC440
0 ,8 0
1 59 0
I nv nv en en tá tá riri o 3 11.. 12 12 ..22 0000 2 Total 5
YGSB110003
SPC270D
1 ,0 0
77 5
I nv nv en en tá tá riri o 3 11.. 12 12 ..22 0000 2 Total 6
YGSB112007
SPC440
1 ,2 0 1 00 5 I nv nv en en tá tá riri o 3 11.. 12 12 ..22 0000 2
Total 7
YGSB214003 SCGA440-O
1, 40
29 5
TOTAL DE BLANKS RECEBIDOS EM CONSIGNAÇÃO
TOTAL DE PEÇAS FATURADAS (UTILIZANDO BLANKS TDB)
4839,00 1 5522 8 6367,00
5220,00
4520,00
5160,00 5220,00
Total 8
YGSB214004 SCGA440-O
1, 40 29 5 Inve Invent ntár ário io 31 31.1 .12. 2.20 2002 02
Total
1 , 00 0
0, 5 00 0 , 5 00
3 8877 6 8396,00 5180,00 5220,00
0, 5 00 0 , 5 00
1 3399 6 6456,00 5280,00 5280,00
0 ,5 0 0 0 , 5 00
1 7744 6 18215,00 0, 5 00 0 , 5 00
2 1100 0 6744,00
2580,00 2610,00
64312-12270 64313-12250 YGSB107003
1 1 3206,0 3206,000 ok
64211-12080 64212-12090 YGSB108002
2590,00 2610,00
1 1 1256,0 1256,000 ok
61343-12190 61344-12190 YGSB108004
2640,00 2640,00
1 1 12935, 12935,00 00 ok
2700,00 2670,00
64314-12120 64315-12110 YGSB110003
1 1 1374,0 1374,000 ok
53 70 , 0 0 5250,00
1 , 0 00
58123-12080 YGSB112007
5250,00
1 1232,0 1232,000 ok
52 50 , 0 0
4944,00
1, 0 00 1 , 0 00
1945,0 1945 ,000 6889,00 6113,00 1817 18 17,0 ,000 7930,00
1147,0 1147,000 ok
52 80 , 00 5400,00 5340,00
0,00 5280,00
61434-12040 61434-12050 YGSB214003
1 1 1609,0 1609,000 ok
52 80 , 0 0 5250,00
1, 00 0
SALDO CONTABIL
1
52 00 , 0 0
16469,00
4118,00 2 3366 4 6482,00
64111-12330 YGSB106002
51 90 , 0 0
5060,00
4644,00
5220,00 52 20 , 0 0
5280,00 Inve Invent ntár ário io 31 31.1 .12. 2.20 2002 02
INFORMAÇÃO REFERÊNCIA DA TOTAL DE ESTOQUE TOTAL PEÇA ACABADA BLANKS EMPREGADOS ESTOQUE ESTOQUE ESTOQUE EM PART NUMBER QUANTIDADE ou Demanda ALMOXARIFAD (PEÇA PROCESSO (TDB) POR VEÍCULO RETORNADOS O (BLANK) ACABADA) (PEÇA)
61433-12030 YGSB214004
5250,00
1 2680,0 2680,000 ok
52 50 , 0 0
OBSERVAÇÕES: 1 - Para que possamos fechar o inventário na mesma data, favor enviar este formulário preenchido impreterivelmente até o dia 28/02/2003, informando a posição oficial de estoque de blanks/peças até o final deste dia. 2 - O levantamento referente a quantidade de blanks recebidos e de peças faturadas devem ser feitos desde o início de produção (Maio/2002).
Tabela 2 – Planilha de conciliação – Fornecedor Industrializador – itens da Honda Automóveis – quantidade física. DIGITAR A DATA DA CONTAGEM DAS PEÇAS ( FÍSICO)
DATA CONTAGEM FÍSICA COD HONDA ONDA PEÇA EÇA
ALM ALMOXAR OXARIF IFAD ADO O PROCES OCESSO SO ACABAD BADO REFU EFUGO
TOTA TOTAL L 0 0 0 0 0
DIGITAR O CODIGO HONDA
DIGITAR A QTDD DE COMPONENTES ENCONTRADAS NO ALMOXARIFE
DIGITAR A QTDD DE COMPONENTES NOS PEÇAS ACABADAS
DIGITAR A QTDD DE COMPONENTES ENCONTRADAS NO PROCESSO
GERA O TOTAL DE PEÇAS COMPONENTES NA EMPRESA, NA DATA DO INVENTÁRIO
DIGITAR A QTDD DE COMPONENTES INUTILIZADAS NO PROCESSO/DEFEITOS
2