) bíblico de A Vida Nova coloca em suas mãos um m renome internacional, best-selier consagrado em diversos países. O Manual bíblico Unger reúne um verdadeiro tesouro de informações sobre a Bíblia. Certamente será uma fonte de inspiração para os que estudam a Palavra de Deus em busca de conhecimento mais aprofundado. Organizado de forma bem prática, objetivando facilitar a compreensão do leitor, está repleto de ferramentas indispensáveis a um estudo sério das Escrituras como: Centenas de fotos, ilustrações, mapas, diagramas e tabelas que auxiliam no entendimento do texto. jɧjS Comentário completo de cada livro da Bíblia,
acompanhado do respectivo esboço e de informações históricas e arqueológicas importantes e esclarecedoras. Sistema de pesos e medidas da Bíblia. Artigos que fornecem ao leitor informações relevantes sobre a história, a geografia, a arqueologia bíblicas, fatores essenciais para a compreensão de certos aspectos específicos de cada livro bíblico. Dados atualizados sobre as recentes descobertas da arqueologia e da pesquisa teologica. A introdução traz um panorama geral sobre temas como o que é a Bíblia, sua inspiração, autoridade, propósito, tipologia, a Bíblia e a arqueologia, entre outros. As seções finais esclarecem importantes temas: Como a Bíblia chegou até nós, Panorama da história da igreja e Principais religiões do mundo.
O Manual bíblico Unger é, portanto, uma obra de referência simplesmente essencial para quem pretende estudar e compreender a Palavra de Deus. ISBN
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R irtV rÈ H tla | M a n u a l b í b l i c o
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Unger, Merrill Frederick, 1909Manual bíblico Unger / Merrill Frederick Unger; revisado por Gary N. Larson ; tradução Eduardo Pereira e Ferreira, Lucy Yamakami. — São Paulo: Vida Nova, 2006. Título original: The new Ungers BibSe handbook. ISBN 978-85-275-0364-8 1. Bíblia - Comentários 2. Bíblia - Crítica e interpretação 3. Bíblia - Teologia 6. Palavra de Deus I. Larson, Gary N„ 1954 II. Título. 06-4691
DD-220.77 índices para catálogo sistemático: 1. Bíblia : Análise dos livros : Comentários: Manuais 220.77
Merrill Frederick Unger R E V I S A D O POR
Gary N. Larson
TRADUÇÃO
Eduardo Pereira e Ferreira Lucy Yamakami
VIDA NOVA
Copyright © 1966, 1984 The Moody Bible Institute of Chicago. Título do original: The New Unger's Bible Handbook Traduzido da edição publicada pela Moody Press ( Chicago, EUA). Text C o p yrig h t: Revised and Updated Edition: ©1966, 1984 The Moody Bible Institute of Chicago. ISBN da edição em inglês: 0-8024-9049-2 1a. edição: 2006 Reimpressão: 2008 Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados por S ociedade R elig io sa E diçõ es V ida N o v a , Caixa Postal 21266, São Paulo, SP, 04602-970 www.vidanova.com.br Exceto quando indicado de outra forma, todas as citações bíblicas desta obra foram extraídas das seguintes fontes: Antigo Testamento: 2a. Edição Revista e Atualizada (a r a ), trad. João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), São Paulo, 1993. Novo Testamento: Novo Testamento Esperança, versão Almeida Século 21, trad. João Ferreira de Almeida, Edições Vida Nova, São Paulo, 2005. Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos, gravação, estocagem em banco de dados, etc.), a não ser em citações breves com indicação de fonte. Todos os gráficos, mapas, fotos e ilustrações, cuja reprodução também é proibida, foram cedidos pela Lion Hudson Publishing. Os infratores estarão sujeitos às penalidades da lei. ISBN 978-85-275-0364-8 Impresso no Brasil / Printed in Brazil
D ireção E ditorial
Aldo Menezes C o o r d en a ç ã o E ditorial
Marisa Lopes R evisão
Lena Aranha Noemi Lucília L. S. Ferreira R evisã o
de
P ro vas
Ubevaldo G. Sampaio C o o r d en a ç ã o
de
P ro d u ção
Sérgio Siqueira Moura D ia g r a m a ç ã o
OM Designers Gráficos (Osiris C. Rangel Rodrigues) C a pa
Julio Carvalho
Sumário APRESENTAÇÃO.................................... 7 PREFÁCIO DO REVISOR................ ' ..... 8 ABREVIATURAS.................................... 9 INTRODUÇÃO................................... 10 A Bíblia e a arqueologia..........................25
Naum....................... ........... ,.......... 334 Habacuque....................................... 336 Sofonias.................... ..................... 338 Ageu..................... ........ ................ 340 Zacarias........................................... 342 Malaquias....................................... . 353
.
ANTIGO TESTAMENTO PESOS E MEDIDAS BÍBLICOS.............356 Génesis............................................... 37 Êxodo.................................................. 75 PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO ..... 358 Levítico........................ ........................ 91 NOVO TESTAMENTO Números.......................................... 102 Os quatro evangelhos..................... 371 Deuteronômio................................... 117 . ............... ....... — .... 376 Mateus......> Josué............................................... 127 Marcos.... ............ ................... ........ 394 Juizes ............................................... 136 Lucas............................................... 412 Rute................................... r........... . 145 ioão................................................ 437 1Samuel.............. ............. ...................... ..... 148 2Samuel.............. ......... ................... 159 Atos .............................. ......... .........457 1Reis .... ..................... .......... ,.......... 168 2Reis ................... ............. ............. ............. ............. As epístolas ...179 de Paulo...................... 495 Romanos.......................................... 496 1Crónicas........................... ............... 191 ICoríntios........................................ 510 2Crônicas............ ............................... 195 2Coríntios......................................... 525 Esdras.............. .................................205 Gálatas ............................................ 535 Neemias ............................................. 209 Ester................................................. 212 Efésios.... .........................................545 Jó ......................................................216 Filipenses.......................................... 555 Salmos........................ ................... . 221 Colossenses...................................... 561 Provérbios...... .................... ........... ... 234 ITessalonicenses..................... .......... 568 Eclesiastes...... ................................... 238 2Tessaionicenses................................. 574 Cântico dos Cânticos............................ 241 1Timóteo........... .............. .......;........ 578 2Timóteo ..................... .................... 587 Os profetas................. ......................243 Tito................................................. 596 Isaías................................................. 245 Filemom...........................................601 Jeremias................................. ....... 272 Lamentações de Jeremias.................... 286 As epístolas judaico-cristãs.............. 605 Ezequiel.............................................288 Hebreus...........................................606 Daniel........................ .................................. 302 Tiago............. ....... ............ ..............632 Profetas menores...............................311 Oséias .............................................. 313 Joel......................... ,.... ......... ..... . 317 Amós................. — .............. ......... 320 Obadias............................. .... ...........325 Jonas.......... .......................... ..... . 327 Miquéias............ ...............................330
1Pedro............................. .......... ..... 641 2Pedro..................................... .......651 Uoão................................ ..............657 2João...... .... ................................... 667 3João...... ........................................669 Judas.......... ................. ................... 671 Apocalipse........................................674
[ 6 1 Sumário
COMO A BÍBLIA CHEGOU ATÉ NÓS.... 705
ESBOÇO DA HISTÓRIA DA IGREJA..... 720 O período da igreja primitiva............... 721 0 período da igreja medieval................. 727 O período da igreja contemporânea........731 AS PRINCIPAIS RELIGIÕES DO MUNDO....................................... 741 MAPAS Quadro das nações de acordo com Génesis 10...................... 50 Mesopotâmia....................................... 56 A estrada real...................................... 58 Canaã nos tempos de Abraão................. 62 Antigo Egito..........................................71 Egito ...................................................76 Rota do Êxodo...................................... 85 Rota dos espias.................................. 108 A invasão de Canaã ........................... 129 A batalha de Ai ................................. 132 O resgate de Gibeão.......................... 132 Canaã no tempo de Juizes................... 137 Gideão e os midianitas........................ 140 Jerusalém no tempo de Davi................ 163 Israel e as rotas comerciais antigas....... 192 O reino unido sob Salomão.................. 199 Os reinos de Israel e Judá ....................200 O retorno dos exilados........................ 206
Jerusalém no governo de Neemias....... 210 Império Persa em sua máxima extensão . 215 O Império Babilónico...........................278 As províncias da Assíria....................... 324 O Império de Alexandre...................... 358 O Império Romano............................. 374 Jerusalém na época de Cristo.............. 390 A Galiléia na época de Jesus................ 396 A Palestina na época de Cristo............ 413 Qumran: planta do assentamento........ 439 A expansão inicial do cristianismo..........462 A conversão de Paulo......................... 463 Primeira viagem missionária de Paulo.... 469 Icônio, Listra e Derbe.......................... 470 Segunda viagem missionária de Paulo... 474 A via Egnácia.....................................478 Terceira viagem missionária de Paulo.... 485 A viagem de Paulo a Roma.................. 489 Frigia............................................... 537 As sete igrejas do Apocalipse............... 680 A extensão da cristandade em 100 d.C....................................... 723 A extensão da cristandade em 300 d.C....................................... 725 A primeira cruzada............................ 728 A diáspora judaica............................. 739 Filiações religiosas predominantes da população mundial........................ 742
Apresentação Amante das Escrituras Sagradas desde criança, sempre tive consciência do tesouro extraordinário que é a Palavra de Deus e das bênçãos incríveis que recaem sobre todos os que estudam e acolhem, no coração e na vida, suas grandes verdades, capazes de transformar almas. Assim, cresceu um desejo intenso de incentivar outros a ler a Palavra de Deus e a participar dos vastos benefícios do estudo da Bíblia. Para cumprir esse propósito, tinha em mente, havia anos, a organização de um manual bíblico simples e conciso que pudesse interessar a todas as classes de pessoas — leigos e ministros, recém convertidos e cristãos maduros, não-cristãos e cristãos. O projeto exigiu uma pesquisa completa dos últimos dados científicos sobre a Bfblia, tais como geografia, cronologia, história, arqueologia e crítica bíblica. Embora esses dados sejam extremamente essenciais numa época de
grapdes avanços nos estudos técnicos e representem um aspecto importante do assunto, eles não significam a característica principal deste livro. O ponto centrai desta obra é a própria mensagem da Bíblia. Para responder a essa expectativa, é apresentado aqui um comentário completo dos 66 livros. Cada versículo é relacionado com o seu capitulo; cada capítulo, com o livro; cada livro com a Bíblia toda. Do hebraico e grego originais, uma interpretação cuidadosa é extraída e relacionada com a mensagem e o propósito gera! da revelação divina. Procura-se solucionar as dificuldades. O objetivo é colocar nas mãos de quem estuda a Bíbiia um instrumento de referência rápida pelo qual possa relacionar de pronto o capítulo e o versículo com seu contexto imediato, bem como com o contexto geral em que ocorrem, e abrir caminho para uma interpretação correta de qualquer passagem bíblica. Sou grato pelas inúmeras fontes a que pude recorrer
— comentários; jornais especializados; livros de história e geografia, dicionários e manuais bíblicos; guias turísticos de locais bíblicos, e estudos pessoais. Mas, acima de tudo, lutei para ser guiado pelo Espírito Santo na exposição da Palavra escrita e na exaltação de Cristo, a Palavra viva. Minha oração é que o
Manual bíblico Unger encha muitos corações de amor pelos preciosos oráculos de Deus, revelando que "São mais desejáveis que o ouro,sim, do que muito ouro puro, e mais doces do que o mel que goteja dos favos" (SL 19.10).
Merrill F. Unger
Prefácio do revisor Seca-se a relva, e cai a sua flor; mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre. Is 40.8 A verdade da Palavra imutável de Deus evidenciase cada vez mais, quando se tenta revisar a obra de estudiosos cristãos devotados que pertenceram a gerações anteriores. Apesar das mudanças nas opiniões teológicas, das novas luzes lançadas pela arqueologia e por outras ciências sobre o significado e a veracidade das Escrituras e sobre as percepções racionais humanas em questões interpretativas complexas, a verdade incomparável da Palavra de Deus ainda permanece de pé. Esta revisão tem por alvo destacar a verdade eterna da revelação de Deus, ao mesmo tempo que tenta atualizar e deixar mais acessíveis os dados culturais, históricos e teológicos que iluminam o texto. O trabalho de revisão é sempre difícil. E torna-se particularmente árduo quando se tenta revisar ou editar o trabalho de alguém tão bem conhecido e tão erudito como o falecido dr. Unger. Esta revisão é uma humilde tentativa de
alcançar quatro objetivos. Primeiro, o de anotar descobertas arqueológicas recentes e progressos na pesquisa histórica que melhorem nossa compreensão do texto bíblico, especialmente no Antigo Testamento, em que houve maior avanço. Segundo, o de incluir e criticar um leque mais amplo de posições interpretativas acerca de textos difíceis. Foi feito um esforço sincero de manter as peculiaridades teológicas do livro, apresentando, ao mesmo tempo, a vasta variedade de posições evangélicas conservadoras. Na maioria dos casos, as posições apresentadas são as do dr. Unger, sem que se permita a interferência das inclinações do revisor. Em terceiro lugar, a revisão adota como base a versão da Bíblia Sagrada traduzida em português por João Ferreira de Almeida, Revista
e Atualizada no Brasil (ARA), 2a edição para as citações e alusões do AT; para as do NT foi adotada a
Almeida Século 21, publicada por Edições Vida Nova, a menos que haja indicações em contrário. As
referências que recebem as anotações "(gr.)" ou "(hebr.)'' são traduções do próprio dr. Unger, embora tenham sido conferidas quanto à exatidão. Por fim, o estilo de linguagem da primeira edição foi atualizado, tornando-se mais acessível ao leitor. Embora possamos ter plena confiança na Palavra de Deus, devemos ser cautelosos ao avaliar o trabalho dos homens. Não se arroga nenhuma infalibilidade para este manual. Deus deve ser louvado por sua Palavra infalível, que serve de inspiração para esta obra. Sendo pecadores, precisamos assumir a responsabilidade por falhas nela cometidas. Acima de tudo, todos precisam depender do Espírito Santo, para receber a iluminação diante do texto da Palavra de Deus "para a salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16).
Sola Fidei, Sola Scriptura, Gary N. Larson
Abreviaturas a.C — antes de Cristo
4
ARA — Bíblia Sagrada, Edição Revista e Atualizada (a r a ), trad. João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), São Paulo, SP, 1993.
gr. — grego hebr. — hebraico
i.e. — id esf (isto é) KJV — versão do ret Tiago {Kíng James
ARC — Bíblia Sagrada, Edição Revista e Corrigida 1995 (a rc 9 5 ), trad. João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), São Paulo, SP, 1995.
Version) Lat. — latim LXX — Septuaginta
AT — Antigo Testamento NT — Novo Testamento c. — cerca de, aproximadamente cap. — capítulo(s)
NTLH — Bíblia Sagrada - Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), Barueri, SP, 2000.
cf. — conforme d.C. — depois de Cristo
NVI — Bíblia Sagrada - Nova Versão Internacional (NVI), International Bible Society, 1993, 2000.
DO — Bíblia Sagrada, Edição Revista e Corrigida ( d o ), trad. João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), São Paulo, SP, 1969.
TB — Bíblia Sagrada - Tradução Brasileira (TB), Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), Barueri, SP, 2001.
e.g.
v. — versiculo(s)
—
exempli gratia (por exemplo)
Introdução *
O
que
é
a Bíblia
A palavra "Bíblia" designa as Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos reconhe cidas e empregadas pelas igrejas cristãs. O judaísmo reconhece apenas as Escrituras do AT. Outras religiões, tais como o budismo, o hinduísmo, o zoroastrismo e o islamismo têm seus escritos sagrados. Mas só existe uma Bíblia — incomparável, singular em relação a todas as outras literaturas "sagradas", porque: (1) é a revelação de Deus; (2) é "inspirada por Deus" (2Tm 3.16), e inspirada num sentido diferente de todas as outras
literaturas; (3) revela os planos e os propósitos de Deus para as eras passadas e para a eternidade; (4) centrase no Deus encarnado em Jesus Cristo, o Salvador da humanidade (Hb 1.1-2). Significado do nome "Bíblia" A palavra "Bíblia" vem do termo grego bíblia ("li vros"), forma diminutiva de biblos ("livro"), denotando a parte interna da casca da cana do papiro (papel da antiguidade) da qual eram feitos os livros antigos (rolos). Daniel 9.2 refere-se aos escritos proféticos do AT como "os livros" (gr.
ta biblia).
Moita de papiro pintada sobre um papiro egípcio antigo.
0 prólogo de Eclesiástico (livro apócrifo de c.130 a.C.) chama os escritos do AT à parte da Lei e dos Profetas de "os outros livros". O autor de IMacabeus (outro livro apócrifo) os designa como "os livros santos" (12.9). Essa designação foi transmitida para a terminologia cristã (2Clemente 14.2) e por volta do séc.V passou a ser aplicada às Escrituras como um todo. Jerônimo (c.400 d.C.) chamou a Bíblia de
Bibliotheca Divina. Por volta do séc. XIII, "por um feliz solecismo, o plural neutro passou a ser entendi do como feminino singular, e 'os Livros' passou, de comum acordo, a "O Livro" (biblia, sing.), em cuja forma a palavra entrou nas línguas da Europa moderna" (Westcott, Bible in the Church, p.5). Essa evolução do termo "a
Introdução [ 11 1
Bíblia" da concepção plural para a singular tem se mostrado providencial, reforçando a unidade dos 39 livros do AT e dos 27 do NT. Nomes que a Bíblia atribui a si mesma 0 Senhor costumava referirse aos livros do AT como "as Escrituras" (Mt 21.42; Mc 14.49; Jo 5.39). Seus seguidores fizeram o mesmo (Lc 24.32; At 18.24; Rm 15.4). Paulo referiu-se a elas como "as Sagradas Letras" (2Tm 3.15), "nas santas Escrituras " (Rm 1.2), "as palavras de Deus" (Rm 3.2, ARC). Certa vez, Jesus se referiu a elas como "a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos" (Lc 24.44), fazendo eco à organização formal em hebraico. O AT é referido de forma mais breve como "a Lei e os Profetas" (cf. Mt 5.17; 11.13; At 13.15). Ainda mais sucinto, o termo "lei" compreende as outras divisões (Jo 10.34; 12.34; 15.25; 1Co 14.21). A Bíblia não apresenta um nome para o conjunto completo das Escrituras. As únicas Escrituras conhecidas na época eram as do AT e os livros mais antigos do NT. Nesta última categoria, Pedro refere-se às epístolas de Paulo como "Escrituras" (2Pe 3.16). Os termos "Antigo Testamento" e "Novo Testamento" Desde o fim do séc. 2S, os termos "Antigo Testamen to" e "Novo Testamento" têm sido empregados para diferenciar as Escrituras hebraicas das cristãs.
Uma página ricamente ornamentada dos Evangelhos de Lindisfarne, copiada em latim c.700.
A coleção formal de escritos cristãos feita na segunda metade do séc. 2o. foi chamada Novo Testamento. Essa coleção foi colocada junto aos livros canónicos hebreus, em condições de igualdade quanto à inspiração e autoridade. As Escrituras hebraicas foram então denominadas Antigo Testamento. Tertuliano, antigo pai latino (c.200), foi o primeiro a empregar o nome Novum Testamentum. A partir de então, o termo passou a ter uso corrente, cristalizandose o conceito de uma Bíblia cristã.
Aplicados às Escrituras, os termos Antigo Testamento e Novo Testamento têm o significado estrito de Antiga Aliança e Nova Aliança. A Aliança (hebr. berith; gr. diatheké) é uma continuação da designação do AT para a lei mosaica, o livro da aliança (2Rs 23.2). Nesse sentido, Paulo fala em ler a "antiga aliança" (2.Co 3.14). Assim também, o NT emprega diatheke não no sentido de testamento ou legado (exceto em Hb 9.1617), como no grego clássico, mas de aliança. A conotação mais antiga,
t 12 ] Introdução
porém, ficou muito fixada para ser mudada. É impor tante notar que, mesmo dentro do NT, muitos dos eventos registrados (e.g., a maior parte dos quatro Evangelhos) ocorreram sob a Antiga Aliança. É só depois da morte de Cristo, seguida do rasgamento do véu que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo (Mt 27.51), que termina a era da lei e, de fato, começa o novo testamento (aliança). As línguas da Bíblia O AT foi escrito quase totalmente em hebraico, um dialeto semítico da família do fenício e do ugarítico. Nele, os únicos trechos
escritos em aramaico, outra língua semítica da família do hebraico, foram Ed 4.8— 6.18; 7.12-16; Dn 2.4— 7.28 e Jr 10.11. O NT foi todo escrito em grego. A arqueologia demonstra que essa era a língua cotidiana (.koine) do mundo grecoromano da época. A ordem dos livros no Antigo Testamento hebraico Os livros canónicos numa Bíblia hebraica de hoje são 24, sendo divididos em três partes — a Lei (Torah), os Profetas (Nebhiim) e os Escritos (Ketubim), também denominadas "os Salmos" (Lc 24.44). Essa divisão é
Dois rabinos estudam a Lei mosaica escrita em típicos rolos de papiro.
antiga, sendo claramente implícita no prólogo do livro apócrifo de Eclesiástico (c.180 a.C.), conhecida por Fílon e mencionada pelo Senhor (Lc 24.22). A classificação, porém, sofreu algumas mudanças visíveis, com livros passando da segunda para a terceira divisão nos primeiros séculos cristãos. A forma que nos chegou do período massorético (c.600-900 d.C.) é a seguinte: 1. A Lei (Torah), 5 livros: Génesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio 2. Os Profetas (Nebhiim), 8 livros: Profetas Anteriores, 4 livros: Josué, Juizes, Samuel, Reis; Profetas Posteriores, 4 livros: Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze 3. Os Escritos, 11 livros: Livros Poéticos, 3 livros: Salmos, Provérbios, Jó; os Rolos (Megilloth), 5 livros: Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester; Livros ProféticoHistóricos, 3 livros: Daniel, Esdras— Neemias, Crónicas Josefo, expressando a opinião judaica corrente no séc. 1a d.C., reconhece 22 livros (5 da Lei, 13 dos Profetas, 4 dos Escritos), em vez dos 24 posteriores. Nos livros da Lei, é claro, ele incluía Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deute ronômio. Josefo incluía entre os 13 livros dos Profetas todas as Escrituras históricas e proféticas, contando como um livro cada um dos seguintes conjuntos: Juizes— Rute,
Introdução I 13 ]
Históricos 17 livros
Pentateuco Génesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Josué Juizes Rute 1Samuel 2Samuel 1Reis 2Reis
1Crónicas 2Crônicas Esdras Neemias Ester
Os 66 Livros da Bíblia Proféticos 17 livros
Poéticos 5 livros
Lamentações de Jeremias Ezequiel Daniel
Jó Salmos Provérbios Eclesiastes Cântico dos Cânticos
Oséias Joel Amós Obadias Jonas Miquéias
Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias
Históricos
Pentateuco
Poéticos
Proféticos
Observação sobre os 39 livros do Antigo Testamento. O conteúdo do AT é idêntico ao do hebraico. A única diferença está no arranjo do material. Nossos tradutores seguiram a ordem dos livros da tradução Septuaginta (grego), feita em c. 280-150 a.C. Os católicos romanos seguiram ainda mais a tradição Septuaginta, incluindo 11 livros apócrifos.
Biográficos
Biográficos 4 livros
Pedagógicos 21 livros
Mateus Marcos Lucas João
Histórico Atos
Romanos ICorlntios 2Coríntios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses ITessalonicenses 2Tessalonicenses 1Timóteo 2Timóteo
Tito Filemom Hebreus Tiago 1Pedro 2Pedro 1João 2João 3João Judas
Profético Apocalipse
Observação sobre os 27 livros do Novo Testamento. Por questões cronológicas, os evangelhos, embora compostos depois de muitas epístolas, foram colocados antes de Atos e das epístolas em coleções completas. Catalogando a vida terrena e o ministério do Senhor, eles precedem naturalmente Atos, que descreve a formação e a história da igreja primitiva. As 21 epístolas consistem em 13 de Paulo, uma anónima endereçada a judeus cristãos (Hebreus), outra também endereçada às doze tribos da diáspora (Tiago), duas de Pedro, três de João e uma de Judas. Tiago, 1— 2Pedro, 1, 2— 3João e Judas são chamadas epístolas católicas. Apocalipse, o ápice da profecia bíblica, completa os livros do NT.
[ 14 ] Introdução
1— 2Samuel, 1—2Reis, 1— 2Crônicas, Esdras— Neemias, Jeremias— Lamentações e os Doze Profetas Menores (total de 7 livros). Josefo também incluía Josué, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Jó e Ester entre os Profetas. Nos Escritos ele colocava Salmos, Provérbios, Cantares e Eclesiastes. Os 22 livros de Josefo eram, portanto, só os do cânon hebraico (sem incluir nenhum apócrifo). A divisão em 22 livros (número de letras do alfabeto hebraico) representa, ao que parece, uma divisão mais antiga que a rabínica, em 24 livros, que nos foi transmitida pelas Bíblias hebraicas modernas. Melito de Sardes (c.170 d.C.), Orígenes (c.250) e Jerônimo (c.400), seguindo autoridades judaicas, confirmam a divisão em 22 livros, registrada por Josefo, com alguma diferença de enumeração. Jerônimo também estava familiarizado com a divisão rabínica de 24 livros, obtida pela separação de Rute e Juizes e de Lamentações e Jeremias. A inspiração da Bíblia Por inspiração entende-se a influência de Deus sobre os autores humanos das Escrituras, de modo que as palavras e pensamentos por eles registrados nos autógrafos originais fossem
isentos de erros (cf. 2Tm 3.16; Jo 10.35; 2Pe 1.1921). Essa inspiração cobre apenas os escritos originais, embora um alto grau de precisão no texto transmiti do não seja apenas algo que se espera, caso Deus esteja dirigindo o processo, mas também um fato demonstrado pela crítica textual. A exclusão de quaisquer erros de cópia que possam ter se infiltrado no texto transmitido é uma atividade que pertence ao domínio da baixa crítica, sendo um esforço legítimo de estudiosos consagrados. A inspiração divina faz com que a Bíblia seja a Palavra de Deus, de forma sem igual, e não apenas um livro que contenha a Palavra de Deus, sendo essa a diferença que a distingue de outros livros sagrados ou seculares. É uma revelação inspirada do plano e dos propósitos redentores de Deus em Cristo por amor dos homens, e não uma revelação da ciência natural ou um livro de história secular. As supostas discrepâncias científicas devem-se ou a teorias científicas equivocadas ou a interpretações inadequadas das formas de pensamento da Bíblia.
Os supostos erros históricos podem ser causados por fatores como tradição textual falha, ou interpreta ção inexata de provas históricas ou arqueológicas, ou do próprio texto bíblico. A autoridade da Bíblia A autoridade reside na Palavra inspirada de Deus (a Bíblia), interpretada pelo Espírito de Deus, operada por meio de agentes humanos orientados pelo Espírito. O protestantismo ortodoxo difere do catolicismo por não defender nenhuma outra autoridade, exceto as Escrituras canónicas, como a voz do Espírito Santo. Durante a Idade Média, a Igreja de Roma concentrou em si mesma toda a autoridade por meio do episcopado, pressupondo que o magisterium detinha a chave da interpretação das Escrituras e das leis
Basílica de São Pedro, em Roma
Introdução I 15 ]
divinas. Esse movimento culminou no decreto da infalibilidade papal de 1870, que sustenta que "o romano pontífice, quando fala ex cathedra, é dotado daquela infalibilida de com que o divino Redentor quis que sua Igreja estivesse equipada, definindo uma doutrina concernente à fé e aos costumes". Correntes neo-ortodoxas e liberais do protestantismo negam a inerrância e a infalibilidade das Escrituras e, assim, sua autoridade final, substituindo-a por alguma autoridade interna, tal como sentimento, consciência, experiência, "Cristo falando por meio do Espírito Santo" etc. Cristo, o tema unificador da Bíblia Embora a Bíblia seja formada de 66 livros (39 no AT e 27 no NT), ainda é um livro. O tema unificador das Escrituras é Cristo. O AT faz a preparação para ele e o prediz, por tipos e por profecias. Os evangelhos o apresentam de modo redentor, em manifestação divina e humana. Atos retrata Cristo sendo procla mado e seu evangelho sendo propagado no mundo. As epístolas expõem sua obra redentora. Apoca lipse o revela como a consumação de todos os planos e propósitos de Deus. Da descendência da mulher (Gn 3.15), prometido no paraíso perdido, ao "Alfa e ômega" (Ap 22.13) concretizado na reconquista do paraíso, ele é "o primeiro e o último", "o princípio e o
fim" nos planos revelados de Deus para o homem.
Deus na trama e na urdidu ra das Escrituras.
O propósito da Bíblia A Bíblia foi dada para testemunhar de um Deus Criador e Sustentador do universo, por meio de Cristo, Redentor dos pecadores. Ela apresenta uma história contínua — a da redenção humana. Essa história é um desvendar progressivo da verdade central da Bíblia de que Deus, em seu conselho eterno, se encarnaria em Jesus Cristo para a redenção do homem perdido. O desvendamento dessa verdade central da redenção é feito por meio da história, profecias, tipos e símbolos. Essa revelação da redenção humana mediante Cristo orienta o homem no contexto maior dos planos de Deus para ele ao longo dos séculos, bem como o propósito divino para ele na eternidade.
Extensão. As Escrituras não são, em sua totalidade, igualmente tipológicas. Elas oferecem suas próprias indicações das passagens que permitem interpretação tipológica. Hebreus, no NT, testemunha da qualidade tipológica concentrada do Pentateuco e de Josué. Em ICoríntios 10.11, Paulo oferece uma base neotestamentária para a rica tipologia do Pentateuco: "Tudo isso lhes aconteceu como exemplo e foi escrito como advertência para nós, sobre quem os fins dos tempos já chegaram". [gr. tupikos, tipicamente ou como tipos] Os intérpretes modernos devem ter cautela para não ultrapassar o programa tipológico das próprias Escrituras.
Tipologia da Bíblia Definição. Tipo (gr. typos, "golpe ou marca deixada por um golpe; padrão ou impressão") é uma repre sentação dupla em ação, em que o literal representa, de modo intencional e planejado, o espiritual. O tipo é, portanto, a impressão divina da verdade espiritual sobre um elemento, pessoa ou objeto literal. Corretamente compreendida e avaliada, a tipologia oferece uma prova valiosa da inspiração divina. Na realidade, trata-se do programa redentor dos séculos, habilmente entretecido pelo próprio
Propósito. A tipologia, como inserção dos propósitos de Deus nas Escrituras, é um meio de fazer com que a Palavra de Deus seja relevan te para todos os séculos e situações. Uma vez que Jesus Cristo é o centro constante de todas as Escrituras, sua pessoa e obra são divina mente calcadas sobre ela em tipos, símbolos e profecias. Variedade de tipos. (1) Pessoas típicas, tais como Caim, um tipo do homem natural, destituído de qualquer senso adequado de pecado ou de expiação (Gn 4.3; 2Pe 2.1-22; Jd 11). Abel, em contraste, é um tipo do homem espiritual cujo sacrifício de sangue
[ 16 1 Introdução
(Gn 4.4; Hb 9.22) evidencia sua culpa pelo pecado e sua confiança num substi tuto. Assim também, muitos outros santos do AT são tipos de algum aspecto do Messias ou de alguma fase de redenção. (2) Eventos típicos incluem o dilUvio, o êxodo, a peregri nação no deserto, a providência do maná, a serpente de bronze, a conquista de Canaã. (3) Instituições típicas incluem o ritual levítico, em que existe uma concentração de tipologias. Por exemplo, todo o ritual levítico em que cordeiros ou outros animais eram sacrificados para expiar pecados (Lv 17.11) prefigurava o Cordeiro de Deus (Jo 1.29; Hb 9.28; 1Pe 1.19). A páscoa (Lv 23) retratava Cristo, nosso Redentor (1Co 5.6-8). (4) Ofícios típicos incluem profetas, sacerdotes e reis. Por exemplo, Moisés, como profeta, era um tipo de Cristo (Dt 18.15-18; Jo 6.14; 7.40). (5) Fatos
típicos incluem a experiên cia de Jonas com o grande peixe, um tipo profético do sepultamento e ressurreição do Senhor (Mt 12.39). Tipo como profecia. A tipologia tem sido considerada uma espécie de profecia. Isso é verdade, mas o conteúdo típico talvez não seja conhecido na época em que o tipo surge. Boa parte dos tipos do AT refere-se a fatos e verdades relacionados com um período que não foram revelados às testemunhas do AT (Mt 13.11-17). Podese afirmar que esse período, conhecido entre nós como a Era da Igreja, ainda que encoberta para os profetas do AT, foi projetada nas instituições, pessoas e objetos do AT mediante a autoria onisciente do Espírito Santo. Por esse motivo, os rituais, as instituições e as experiên cias do AT interessam aos santos do NT, tendo um valor instrutivo para eles. Esse fato, devidamente
compreendido e avaliado, é uma prova maravilhosa da autoria divina das Escritu ras, tornando-a prática e atemporal em suas instru ções e relações cotidianas.
Escrita antiga Escrita nos dias de Abraão. Nos dias de Abraão (c.2050 a.C.), a escrita já possuía uma história longa e ilustre. Selos cilíndricos foram inventados em c.3400 a.C. na cultura de Warka, em Uruk, Ereque, na Bíblia (Gn 10.10), atual Warka, no baixo Eufrates, na Babiló nia. A escrita logo se seguiu. No Templo Verme lho de Uruk, foram encon trados alguns tabletes de argila com inscrições da mais antiga escrita pictográfica rudimentar já encontra da (c.3300 a.C.), o ancestral direto da cuneiforme (escrita em forma de cunha) da antiga Suméria (planície aluvial meridional do vale do Tigre-Eufrates). Nos dias de Abraão, a escrita
A escrita na Antiguidade. Da esquerda para a direita; escrita cuneiforme em pedra; escrita em placas feitas de cera; escrita cuneiforme em argila; pictografia em papiro; escrita com tinta em papel.
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Introdução [ 17 I
cuneiforme suméria e, depois, a babilónica, tornaram-se bem conheci das e difundidas. Esse fato é atestado por descobertas em Kish, Larsa, Fará, Ur (a própria cidade de Abraão), Nipur, Eridu, Acade, Lagash. Escrita nos dias de Moisés. Nos dias de Moisés, 1526406 a.C. (cronologia antiga), a escrita alfabética havia se difundido, confor me atesta a literatura religiosa encontrada em Ras Shamra (antiga Ugarite). O dialeto ugarítico (c.1400 a.C.) é muito próximo do hebraico, de modo que Moisés pode ter escrito o Pentateuco em hebraico antigo. Outros paralelos com o hebraico antigo encontram-se nos docu mentos eblaítas encontra dos em Tell Mardikh, no norte da Síria. Esses datam de 900 a 2300 a.C.! Uma vez que Moisés foi educado no Egito, ele também podia ter escrito em hieróglifos egípcios. A Pedra de Roseta, descoberta em 1799 em Rashid (Roseta), na desembocadura mais ocidental do Nilo, foi a chave para a decifração da escrita sagrada antiga do Egito chamada hieroglífica. Uma vez que Moisés ganhou proeminência no Egito, ele também podia ter escrito o Pentateuco em cuneiforme acadiano. Esse fato é comprovado pela descoberta dos tabletes de Tell-el-Amarna, em 1886, em Amarna, Egito, a meio caminho entre Cairo e Luxor. Escritos em cuneifor me acadiano, a linguagem diplomática internacional
da época, os tabletes de Amarna pertencem a c.1380-1360 a.C., logo depois da morte de Moisés, quando Israel estava entrando na Palestina. A descoberta de uma grande biblioteca cuneifor me em Bogazkale (1906), no centro hitita, mostra que a escrita e a literatura babilónica estavam ampla mente difundidas em todo o mundo em c.1400 a.C. O Código de Hamurábi é datado de três séculos antes, c.1700 a.C.
Argumentos que confirmam autoria mosaica do Pentateuco 1. Moisés era bem qualifica do intelectualmente para fazê-lo (At 7.22), e não há motivos arqueológicos, históricos ou culturais que 0 possam ter impedido. Teria sido tão imprudente para não fazê-lo? Teria sido tão pouco sábio, para confiar o trabalho e o ensino de toda uma vida à tradição oral, especialmente quando era o fundador e pai da nação hebraica?
Autoria do Pentateuco A arqueologia demonstra plenamente que Moisés poderia ter escrito o Pentateuco tanto em hebraico antigo, como em cuneiforme acadiano ou hieróglifos egípcios, conforme desejasse. A opinião tradicional é de que Moisés o escreveu essenci almente como o temos hoje. Ele é, portanto, autêntico, histórico e fidedigno, digno do nome Santas Escrituras Inspiradas. A opinião da alta crítica é que Moisés não o escreveu. Trata-se de uma coletânea de tradições orais discordan tes e conflitantes, escritas séculos depois de Moisés. A tradição J (usando o nome YHWH) foi escrita em c.850 a.C.; a tradição E (usando o nome Elohim), em c.750 a.C.; a D (Deuteronômio), em c.621 a.C.; e a S, uma invenção sacerdotal, em c.500 a.C. Por essas pressuposições, não é autêntico, nem histórico nem fidedigno, é fabricado por homens, e não obra inspirada por Deus.
2. O Pentateuco afirma que Moisés o escreveu, pelo menos em parte (cf. Êx 17.14; 24.4; 34.27; Nm 33.2; Dt 31.19, 24-26). 3. O restante da Bíblia afirma que Moisés o fez (Js 1.7; 1Rs 2.3; Lc 24.44; 1Co 9.9). 4. O Senhor mesmo afirmou que Moisés escreveu acerca dele (Jo 5.46-47; cf. Gn 3.15; 49.10; Nm 24.17; Dt 18.15-18 etc.). 5. O fundamento de toda a verdade revelada e do plano redentor de Deus está no Pentateuco. Se esse fundamento não é fidedigno, toda a Bíblia não é fidedigna. 6. Teorias da alta crítica que dividem o Pentateuco são metodologicamente infundadas. Quer a divisão seja feita com base em nomes divinos, palavras raras, aramaísmos ou a "evolução" da religião, os estudos modernos têm provado que essas divisões não suportam um escrutínio minucioso.
[ 18 ] Introdução
Contexto Histórico do Antigo Testamento Evento Bíblico Data
Cena Contemporânea
Passado sem data Criação do universo.
Várias eras genealógicas. Idade da Pedra pré-histórica.
Provavelmente 10.0008000 a.C., ou antes da Criação do homem.
Primeiras lavouras e criações de gado. Infcio da vida urbana. Artes rudimentares.
Provavelmente antes de 5000 Dilúvio de Noé.
Evento Bíblico Data
Cena Contemporânea
2166 Nasce Abrão (Abraão) (cronologia da Bíblia hebraica).
Governo dos Gútis na Babilónia (2250-2120). Terceira dinastia de Ur sobe ao poder na terra natal de Abraão (21132006).-
2116 Abrão migra para Harã ("cidade de caravanas", proeminente em Tabletes Capadócios do séc. 19 a.C. e em textos maris do séc. 18).
Ur-Nammu, Dungi, BurSin, Gimi-Sin e Ibi-Sin governam em Ur. Pros pera o comércio por meio de caravanas de jumentos entre Ur, a maior capital comercial do mundo na época, é Harã, Damasco, Egito.
2091 Abrão entra em Canaã
Cume da região montanhosa central da Palestina, com densas; florestas e escassamente povoado.
>.-■% i 5000 Descendentes de Noé (Sem, Cão, Jafé) desenvolvem as primeiras nações.
Primeiras culturas na Mesopotâmia, Jarmo (6500-5000), Catai Huyuk (6000). Início da Era Calcolftica (pedracobre), primeiras cerâmicas. Cultura badariana e amratiana (Egito).
4800 Torre de Babel. Línguas mais antigas.
Primeiras grandes construções na Babilónia. Primeiros níveis de ocupação em Tepe Gaura, Níriive, Tell edJudeídeh etc.
4500-3000 Cidades-estado na Babilónia. Desenvolvimento de civilizações urbanas.
Cultura halafiana (4500), cultura ubaidíana (3600) em Tell El-Ubaid, perto de Ur. Warka (Ereque, Uruk, 3200) prospera, primeiros escritos, primeiros selos cilíndricos; cultura de iemdet Nasr (3000).
3000-2200 Descendentes de Noé desenvolvem artes civilizadas, mas caem no politeísmo. Perde-se o conhecimento do único Deus verdadeiro (Gn 11),
Surgimento de uma tradição degenerada da Criação e do dilúvio, preservada em literaturas sumerianas e babilónicas. União do Alto e do Baixo Egito (3100). Dinastias I e II (3100-2686). Antigo Império (26862181). Pirâmides. Dinastias primitivas (período sumeriano) na Babilónia. Prímeífa dinastia semítica na Babilónia fundada por Sargão (2371-2316),
2225 Nasce Terá.
Primeiro Periodo Intermediário (Era de Trevas) no Egito (2181-2040).
2080 Invasão da Transjordânia por uma coalizão de reis mesopotâmicos (Gn 14).
Os 'Apiru (caravaneiros montados em jumentas) desenvolvem próspero comércio no Crescente Fértil entre Ur, na Mesopotâmia, e o Egito, via Siria-Canaâ, Abraão, "o hebreu" (Gn 14.13), um deles.
2056 Destruição de Sodoma e Gomorra
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2066 2006-1859 Nascimento» Jacó de Isaqúe
Israel entra no Egito
Ur destruída pelos elamitas. Príncipes elamitas em Isin e Larsa na Baixa Babilónia e cidades-estado em outras partes da Babilónia.
Médio Império forte no Egito (XII Dinastia).
José vice-rei do Egito
Amenemês l-IV, Senusret l-lll (1991-1790).
Introdução [ 19 ]
Evento Bíblico Data
Cena Contemporânea
Evento Bíblico Data
Cena Contemporânea
1750 Escravidão no Egito (se os hicsos eram faraós que não conheciam José).
Primeira dinastia da Babilónia (1894-1595). Hamurábi (c.;792-1750). Mari, cidade-estado poderosa no Médio Eufrates. Hicsos (estrangeiros asiáticos) invadem e dominam o Egito (c. 1684-1567).
1229 Jabim de Hazor domina Israel.
Faraós egípcios (Amenmósis, Siptah etc.) fracos.
1209 Juizado de Débora. — 40 anos de paz.
Ramsés III (1198-1167) repele a invasão dos filisteus e de outros "povos do mar".
1575 Escravidão (se os faraós do Novo Império iniciaram a opressão).
XV-XVII Dinastias
XVIII Dinastia (15671314); Amósis, Tutmés I, II, rainha Hatshepsut (1570-1482). 1526 Nascimento de Moisés 1446 Êxodo do Egito (data mais remota; alguns defendem o êxodo em 1290) Israel no deserto. 1406 Queda de Jericó
Tutmés III (1504-1450).
Amenotep 11(1450-1425). Tutmés IV (1425-1412).
Amenotep 111(1412-1375) e Amenotep IV ou Aquenaton (1375-1359), Período das Cartas de Amarna. Declínio do controle egípcio sobre a Palestina.
m 1406-1382 Conquista de Canaã Governo de Josué e dos anciãos
Invasão de Habiru (hebreus?). Avanço dos hititas. Mundo grego. Queda de Creta (1400).
1375 Invasão de CusãRisataim.
Tutáncâfnon no Egito (1359-1350).
1367* Otniel resgata Israel — 40 anos de paz.
Haremhab (1350-1319).
1327 Eglom de Moabe oprime as tribos israelitas.
XIXDinastia no Egito. Seti I (1319-1299).
1309 Livramento de Eúde. — 80 anos de paz.
1169 Midianitas invadem Canaã. 1162 Juizado de Gideão. — 40 anos de paz.
Sucessores fracos de Ramsés III (Ramsés IV e V).
Abimeleque é rei em Siquém.
Aumento do poder dos filisteus no sudoeste da Palestina.
1096 Filisteus começam a assediar Israel. 1078 Juizado de Jefté. 1075 Façanha de Sansão. Eli como sacerdote, Hofni e Finéias em Siló.
Declínio dos poderes imperiais dos hititas, assírios e egipcios, possibilitando as conquistas do império de Davi (c. 1010-970) e Salomão (c.970-931).
1035 Filisteus derrotam Israel em Ebenézer. Arca capturada. 1050 Samuel como juiz e profeta. 1043 Saul e inldo da monarquia.
1010
Davi, rei de Judá,
Ramsés II (1299-1232) guerreia contra os hititas em Cadesh (1286) e conclui um tratado hitita. A esteia de Meneptá alude a Israel na Palestina (1224).
1003 Davi reina sobre Israel em Jerusalém. Salomão sucede Dam
970 Salomão
Divisão do reino 931
[ 20 1 Introdução
Evento Bíblico
Jud á Reis kA jl
Profetas
iRòboão• 931-13, m
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Acazias } 841
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Azarias;7g2-40|
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Introdução I 21 ]
Israel Reis m
jeroboáo 931-10
Evento Bíblico Profetas
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Cena Contemporânea Rezon toma o poder em Damasco. Ascensão do estado damasceno como adversário de Israel, Invasão de Faraó Sisaque (c.925).
Ascensão da Assfria. Assurbanipal II (833-859).
Conquista de Salmaneser (859-824).
Batalha de Carcar (853). Coalizão palestina-slria contra avanço assírio.
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[ 22 1 Introdução
Evento Bíblico
Ezéquiàs í7 1 6 -6 8 §
[yianassèí 697-4.3:
Amom 643-1;
JOsias 641-09.
Jeoaquim 609-59#
Zedequias | 597-86
Queda de Jerusalém 586
Profetas
Introdução [ 23 ]
Israel
Evento Bíblico
R eis
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W Pecafas 742-40
Cena Contemporânea
Salum 752 e «* _ * _ 752-42
Guerra siro-efraimita (734). Tiglate-Pileser III invade Israel (733-732). Assírios sitiam Samaria (724-722). Sargâo III toma Samaria (722). Senaqueribe invade Judá (701).
Nos eventos bíblicos, segue-se a cronologia da Biblia hebraica; nas cenas contemporâneas, seguese em geral The Cambridge Ancient History. Discrepâncias entre os anos atribuídos a um rei e os anos contados na Biblia são causadas por alguns fatores, como co-regências simultâneas contadas como reinado, pré-datação ou sistema de contagem não vinculado à ascensão, ou pósdatação ou sistema de contagem vinculado à ascensão no cômputo do reinado, corrupção nos números na transmissão etc. Ainda não existe uma cronologia absoluta. Muitas datas aqui empregadas são de Edwin R. Thiele, The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings (Chicago: University of Chicago Press. 1951), p.283.
Josias morto pelo Faraó Neco (608). Morte de Nabopolassar (605). Primeiro sitio de Jerusalém (605). Segunda invasão de Nabucodonosor (598-587). Sua terceira invasão (588586).
[ 24 1 Introdução
Judá
Evento Bíblico
Reis
Profetas
Cartas de Laquis (589). Nabucodonosor conquista o Egito. Evil-Merodaque (Amel-Marduk) (562-560). Libertação de Joaquim (561). Neriglissar (560556). Nabunaid (Nabonidus) (556-539). Belsazar (co-regente com Nabunaid). Ciro governou o Império Persa até a morte (530). Cambises, Cambises II.
Carreira de Daniel no exílio
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538 Edito de Ciro.
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Queda da Babilónia 539 537/6-520 Construção do templo adiada. Dario (522-486). 515 Templo completado por Zorobabel. Josué como sumo sacerdote. ■
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Cena Contemporânea
irfl : •< cerra de 50.000 voltam do exílio. construção da fundação do templo. Ministério de Ageu e Zacarias. Templo retomado.
Pedra de Behistun, chave para a escrita cuneiforme asslrio-babilônica.
| Gregos derrotam persas em Maratona (490). Xerxes I (Assuero) (486-465). Gregos derrotam persas em Salamina (480).
p N a | 481 .: Ester é rainha.
Artaxerxes (465-424). 458 Retorno de Esdras, Lei reavivada.
liR ri 445 Neemias reconstrói os muros.
432 Profecia de Malaquias.
Era de Péricles (Era de Ouro) na Grécia (460-429); Heródoto, "Pai da História" (485-425); Sócrates (470-399); Platão (428-348); Arístóteles (384-322). Nota: O contexto histórico do período intertestamentário encontra-se na seção intitulada "Período Intertestamentário".
A Bíblia e a arqueologia Referências bíblicas e ilustrações arqueológicas Criação Gn 1.1—2.15 Os Tabletes da Criação (Enuma elish) registram uma versão politeísta deturpada da criação em escrita cuneiforme sobre sete tabletes de argila. Foram encontrados na antiga Nínive, 1848-1876 d.C., na biblioteca de Assurbampal (669-626 a.C.), rei assírio, mas foram compostos antes, no reinado de Hamurábi (1728-1686 a.C.). Veja Gn. 1. O Jardim do Éden Gn 2.8-14 A arqueologia estabelece o vale do baixo EufratesTigre (o lugar do Éden) como o berço da civilização. O Hidequel (Idigla, Diglat, em babilónio) é o rio Tigre. F.Delitzsch localizou o Éden logo ao norte da Babilónia, perto de Eridu, antigamente no Golfo Pérsico. A Queda Gn 3.1-24 O mito de Adapa foi descoberto em quatro fragmentos cuneiformes, três na famosa biblioteca de Assurbanipal, em Nínive (séc.7° a.C.), e o quarto nos arquivos de Amenotep III e IV, em Amarna, Egito,
c.1375 a.C. O mito não é um paralelo com a história bíblica da queda, mas oferece uma ilustração sugestiva do fruto da árvore da vida (Gn 3.3, 22) e outros detalhes. Primeira Civilização Gn 4.1-26 A arqueologia mostra que a lavoura e a criação de gado (ocupações de Caim e de Abel) são o início da civilização humana. Artes, artesanato e música (Gn 4,16-24) e o surgimento da vida urbana são ilustrados em Tell Hassuna, Nínive, Tepe Gaura, Tell El-Ubaid, Tell Chagar Bazar e outros tells da Mesopotâmia (níveis mais baixos). Metalurgia Gn 4.22 0 cobre foi atestado bem cedo, 4500 a.C. Até c.3000 a.C., ele acabou de substituir as pedras em instrumentos e armas. Henri Frankfort prova uma adaga de ferro em Tell Asmar c.2700 a.C. De Ur saiu um machado de ferro. Longevidade antediluviana Gn 5.1-32 O Weld-Blundell Prism guarda uma lista de reis sumérios muito antiga. Ela contém oito governantes
antediluvianos que teriam reinado por um total de 241.200 anos sobre as cidades de Eridu, Badtibira, Larak, Sippar e Shuruppak, na baixa Mesopotâmia. O reinado mais curto seria de 18.600 anos, o mais longo, de 43.200. Ao que parece, esses números exagerados dão outro aspecto aos números bíblicos comparativamente modestos. O Dilúvio Gn 6.1— 9.29
Sua historicidade O extrato diluviano de 2,5m. encontrado por C. L. Woodlley, em Ur, e o encontrado por S. Langdon, em Kish, foram consequências de inundações locais do Tigre-Eufrates, não provas do dilúvio universal de Noé. As provas deste devem ser procuradas na geologia anterior a 4000 a.C. O Dilúvio
Sua realidade O Épico de Gilgamés (tanto o sumério como o babilónico) dão provas de que o evento de fato ocorreu. O relato mais antigo é o sumério, de Nipur, de data anterior a 2000 a.C. O babilónico é registrado no 11a livro do
[ 26 1 Introdução
Épico de Gilgamés. Os Tabletes do Dilúvio foram escavados em Nínive, por H. Passan (1835), da biblioteca de Assurbanipal (669-626 a.C.) e oferecem o paralelo extrabíblico mais contundente de qualquer evento bíblico, incluindo até as aves enviadas do navio pelo Noé babilónico (Ut-hapistim). O quadro das nações Gn 10.1-32 Os nomes e localizações desse maravilhoso quadro etnográfico têm sido muito iluminados e esclarecidos pela arqueologia científica moderna. Veja notas sobre Gn 10. A Torre de Babel Gn 11.1-9 Conhece-se agora a localização de mais de duas dúzias de torrestemplos antigos da Mesopotâmia, chamados zigurates e possíveis ilustrações da Torre de Babel. Essas torres eram montanhas artificiais gigantescas de tijolos secados ao sol. O mais antigo dos descobertos fica em Uruk (Ereque, na Bíblia, Gn 10.10), datando de 4000 a.C. Outras ruínas famosas de zigurates restam em Ur, Borsippa e Babilónia. Terra natal de Abraão Gn 11.27-31 As escavações de C. L. Woolley em 1922-34 tornaram Ur um dos lugares antigos mais conhecidos do sul da Babilónia. Sob a famosa Terceira Dinastia (c.2070-1960 a.C.), quando
Abraão deixou a cidade, ela estava no auge de seu esplendor como centro comercial e religioso dedicado ao deus-lua Nana. Foram descobertos os famosos zigurates, templo e recintos sagrados do deus-lua. A religião de Terá Gn 11.31-32 Terá, ao que parece, cultuava Nana, o Deus de Ur. A estada de Terá em Harã é singular, já que ali também Nana era cultuado (cf. Js 24.2). Abraão em Harã Gn 11.31; 12.5 Fontes cuneiformes confirmam a existência de Harã nos séc. 19 e 18 a.C. A cidade é mencionada em documentos assírios como Harranu ("caminho"), porque ficava na grande rota comercial L-O, entre Nínive, Damasco e Carquemis. Permanência dos patriarcas na Mesopotâmia Padã-Arã Gn 25.20; 26.6 Naor, terra de Rebeca (Gn 24.10), ocorre com frequência nos Tabletes Maris, descobertos em 1935 e datados do séc. 18 a.C. Também são atestadas como cidades da região: Tera, Pelegue (Paligu) e Reú (cf. Gn 11.10-30). Era patriarcal Gn 12.1— 50.26 Um tesouro relativamente recente de dados arqueológicos foi escavado
em 1975 por Pettinato e Matthiae, estudiosos italianos, em Ebla (Tell Mardikh) no norte da Síria. Documentos cuneiformes do lugar atestam uma língua protocananéia bem próxima do hebraico, datada de 2300 a.C. Foram encontrados paralelos próximos a nomes como Éber (Ebrum), Ismael (Ishmail) e Israel (Ishrail). Além disso, as descobertas atestam a situação cultural refletida nas narrativas patriarcais, contendo inclusive nomes de cidades como Hazor, Megido, Jerusalém, Laquis, Dar, Gaza e, talvez, até Sodoma e Gomorra. Permanência dos patriarcas em Canaã Gn 12.1— 50.26 A arqueologia tem comprovado a vida seminômade dos patriarcas, conforme descrita em Génesis, na Idade Média do Bronze (2100-1550 a.C.). Sabe-se, por escavações, da existência de Siquém, Betei, Dotã, Gerar e Jerusalém (Salém) nos dias de Abraão. Canaã, nome mais antigo da Palestina, parece derivado do hurrita, significando "pertencente à terra da púrpura vermelha", aplicado aos mercadores do corante púrpura obtido das conchas de múrex da costa fenícia. Abraão no Egito Gn 12.10-20 Essa visita ocorreu durante o Reino Médio sob a XII Dinastia (c.1898-1776 a.C.). A arqueologia vem ressuscitando o antigo Egito para os estudantes da Bíblia.
Introdução I 27 ]
Abraão e os reis mesopotâmicos Gn 14.1-24 A antiguidade e a historicidade desse capítulo são confirmadas por lugares antigos como Asterote e Carnaim, em Basã, bem como Hã (Gn 14.5). É bem possível que alguns dos lugares e, talvez, até os reis sejam mencionados nos documentos de Ebla. A rota através do que mais tarde seria designado por Estrada do Rei é perfeita de acordo com o conhecimento dessa região do leste de Gileade e Moabe, em que a cidade de Ader, do início da Idade Média do Bronze, foi descoberta em 1924. Sodoma e Gomorra Gn 19.1-32 Vale de Sidim (Gn 14.3). É conhecido como a área hoje coberta pelo extremo sul do mar Morto. Essa região era populosa em c.2065 a.C. A cidade de Bad ed-Dra, que pertence a essa época, desapareceu abruptamente naquele tempo, como demonstraram Kyle e Albright. Um terremoto e uma explosão de sal e enxofre natural transformaram a área numa região queimada de petróleo e asfalto. Costumes patriarcais Gn 15.1— 50.26 Os tabletes de Nuzi (192541), perto de Kirkuk, ilustram costumes patriarcais como adoção, casamento, direitos do primogénito, os terafins (ídolos do lar) e muitos outros detalhes de cor local.
As Cartas de Mari do Tell el Hariri, no Médio Eufrates, descobertas em 1933, também ilustram esse período, bem como o Código de Hamurábi, de 17(30 a.C., descoberto em 1901. Entrada de Israel no Egito Êx 1.1-6 Um excelente paralelo arqueológico é a escultura sobre uma tumba de c.1900 a.C., em Beni Hasan, mostrando a entrada de um grupo de semitas no Egito sob o "Xeque das montanhas, Ibshe". Indícios da estada de Israel no Egito Êx 1.7— 12.41 (1) Nomes pessoais egípcios em levitas (Moisés, Assir, Pasur, Merari, Hofni, Finéias e Putiel). (Cf. 1Sm 2.27). (2) Cor egípcia autêntica de acordo com dados de monumentos egípcios, tais como os títulos
"copeiro-chefe" e "padeirochefe" (Gn 40.2). O êxodo Êx 12.1— 14.31 Pela teoria da datação mais antiga, Tutmés III (1490-1445) era o opressor; Amenotep II (1445-1425 a.C.), o faraó do êxodo. A teoria da datação mais recente coloca os fatos sob Ramsés II, após 1280, ou sob Meneptá, cuja famosa esteia contém a primeira menção extrabíblica de Israel (c. 1224 a.C.). Queda de Jericó Js 6.1-27 A antiga cidade é ilustrada pelas escavações de Ernst Sellin, em 1907-09, de John Garstang, em 1930-36, e de Kathleen Kanyon, em 1950. Leis de Moisés Êx, Lv, Dt Ilustradas pelo Código de Hamurábi (c.1750 a.C.)
[ 28 1 Introdução
descoberto em Susã em 1901; pelas leis de LipitIshtar de Isin (c. 1875 a.C.) e as leis ainda mais antigas de Eshnunna. A conquista Js 1.1— 11.23 Iluminada por: (1) escavação em Jericó, Laquis, Debir e Hazor. (2) Ao que parece, as Cartas de Amarna, descobertas em 1886 no Egito, descrevem a invasão da Palestina pelos habiru (hebreus?). (3) A literatura religiosa de Ras Shamra (Ugarite), 1929-37, que ilumina a cultura,
religião e padrões morais dos cananeus. Período dos juizes Jz 1.1— 21.25 A ressurreição arqueológica das histórias egípcia, hitita, aramaíca, assíria, fenícia e hurrita oferecem agora o pano de fundo desse período. Assim também as escavações em Megido e Bete-Seã. Período de Samuel 1Sm 1.1— 8.22 Siló, como centro religioso é ilustrado pelos grandes santuários centrais pagãos
em Nipur, na Babilónia, em Nínive, na Assíria, em Harã (templo de Sin), em Qatna (templo de Belitekalli) e em Biblos (templo de Baaltis). Escavações em Siló mostram que a cidade caiu diante dos filisteus em c.1050, sendo destruída (cf. Jr 7.10-15). Reinado de Saul 1Sm 9.1— 31.13 O palácio-fortaleza de Saul em Gibeá (Tell el-FuI), a cerca de 7km. ao norte de Jerusalém, foi identificado por Edward Robinson, o pioneiro da exploração palestina (séc. 19) e escavado por W. F. Albright em 1922 e 1933, lançando muita luz sobre o esse reinado. O apelo de Saul ao ocultismo é abundantemente ilustrado por textos hititas, assírios e hurritas e pelas Cartas de Mari. Conquistas de Davi 2Sm 1.1— 24.25 A arqueologia mostrou que a cidade dos jebuseus tomada por Davi (2Sm 5.68) era a parte sudeste de Jerusalém, acima da fonte de Giom. Foram explorados as antigas muralhas dos jebuseus, o túnel de água e 0 poço, datando de 2000 a.C., como outras obras hídricas encontradas em Gezer e Megido. Reinado de Salomão 1Rs 3.1— 11.43 A arqueologia tem iluminado de modo brilhante o reinado de Salomão. (1) Escavações em Hazor, Megido e Gezer
Introdução [ 29 ] confirmam seu exército e carros (1 Rs 9.15-19; 10.26). (2) Escavações de Nelson Glueck em Asiongaber (cf. 1 Rs 7.46) descobriram as fundições de cobre de Salomão. (3) As alianças matrimoniais de Salomão (1 Rs 11.1-5, 33) são ilustradas pelos registros reais do Egito, Mitani etc. (4) Sua "esquadra de Társis" (esquadra de fundição ou de refino) é ilustrada por inscrições fenícias. (5) Seus cavalos e carros no transporte e no comércio com Hirão I de Tiro (c.969-936 a.C.) são ilustrados pela arqueologia. Os bezerros de Jeroboão 1 Rs 12.25-33 Essa era uma inovação religiosa prejudicial que, aparentemente, representava a Divindade invisível (Yahweh) entronada ou personificada em touros, não Yahweh como um deus-touro (cf. Êx 32.4-6). Deidades pagãs, como Baal, são retratadas em selos etc., em forma de um raio de luz no dorso de um touro. Invasão de Sisaque 1 Rs 14.25-28 O corpo de Sisaque (Sheshonk I, XXII Dinastia, c.945-925 a.C.), recoberto com uma máscara de ouro, foi encontrado em Tânis, em 1938-39. Sua inscrição em Karnak alista suas conquistas em Judá, na planície costeira de Megido, onde foi descoberta uma parte de sua esteia, e seu avanço rumo a Gileade.
E scavações em Hazor.
Ben-Hadade de Damasco 1Rs 15.18 Sua esteia descoberta no norte da Síria (1940) confirma a ordem dinástica de "Ben-Hadade, filho de Tabrimom, filho de Hezion, rei da Síria, e que habitava em Damasco".
(The buildings at Samaria, 1942) descobriram a cidade de Onri, Acabe, Jeroboão II e períodos posteriores. Onri e a Assíria 1Rs 16.23-27 A partir da época de Onri, Israel é mencionada em registros assírios como BitHumri ("casa de Onri"), e reis israelitas como marHumri ("filho", i.e., sucessor real de Onri).
Onri e Mesa 1Rs 16.21-27 2Rs 3.4-27 A famosa .esteia de Mesa de Moabe, levantada em Dibom em c.840 a.C., descoberta em 1868, menciona Onri, Acabe, Mesa, Quemoch (deus de Moabe) e muitos topónimos.
Acabe e a Assíria 1Rs 17.1— 22.39 "Acabe, rei de Israel" é mencionado pelo nome na inscrição monolítica de Salmaneser III (859-824).
Onri em Samaria Escavações de R. A. Reisner, C. S. Fisher, D. G. Lyon (1908-10) e J. W. Crowfoot, K. Kenyon e E. L. Sukenik
Jeú e a Assíria 2Rs 9.1— 10.36 Hazael de Damasco (2Rs 8.7-15) é mencionado num texto de Assur, e Jeú
[ 30 1 Introdução
(ou um emissário) é até retratado no Obelisco Negro de Salmaneser III (encontrado em 1846), curvando-se em tributo ao imperador assírio — "tributo de laua (Jeú), filho de Onri". Ben-Hadade II de Arã 2Rs 13.25 Mencionado na esteia de Zakir, rei de Hamate, encontrada em 1903 no norte da Síria, publicado em 1907 por H. Pognon. Jeroboão II 2Rs 14.23-29 Um selo de jaspe de "Shema, servo de Jeroboão" foi encontrado em Megido por Schumacher. Samaria, a capital de Jeroboão II é iluminada por escavações (veja "Onri", acima). Menaém 2Rs 15.19 O tributo de Menaém é mencionado nos anais de Pul (Tiglate-Pileser III, 745-727 a.C.). Queda de Damasco 2Rs 16.9 Descrita nos anais de Tiglate-Pileser, mas perdida. São também mencionados em registros assírios Azarias de Judá (2Rs 15.1-7), Rezim (Rasunna) de Arã, Acaz de Judá (2Rs 16.7-8), Peca e Oséias (2Rs 15.30). Queda de Samaria 2Rs 17.3-23 O sítio começou com Salmaneser V (726-722 a.C.) e foi completado por
Sargão II (722-205 a.C.) cf. Is 20.1. Em seus Anais de Corsabad, Sargão relata como deportou 27.290 samerinai (povo de Samaria). Ele faz o mesmo na "Inscrição de Apresentação" em Corsabad, sua capital.
Profecia de Isaías Is 1.1— 66.24 O Rolo de Isaías, descoberto com outros Rolos do mar Morto em Qumran (1947), é a profecia inteira, sendo 1.000 anos mais antigo que os outros textos conhecidos.
Ezequias e Senaqueribe 2Rs 18.13— 19.37; Is 36.1— 37.38 Nos anais de Senaqueribe (750-681) preservados no Taylor Prism no Museu Britânico, o monarca assírio relata seu cerco de Jerusalém (701 a.C.), em que afirma ter trancado Ezequias "como um pássaro engaiolado". A grande capital de Senaqueribe, Nínive, escavada por Austen Layard, guarda um palácio real (1849-51), além de muitos outros tesouros arqueológicos.
Época de Jeremias Jr 1.1— 52.34 As Cartas de Laquis, descobertas em 1935 e 1938 em Laquis (Tell ElHesy), ilustram a época de Jeremias e a invasão de Judá por Nabucodonosor (588-586 a.C.).
Túnel de Ezequias 2Rs 20.20 A Inscrição de Siloé, descoberta em 1880, foi cavada no canal, a cerca de 6m do final do aqueduto de Ezequias, para marcar a conclusão do túnel de 500m (c.700 a.C.). Idolatria de Manassés 2Rs 21.1-15 A literatura épica de Ras Shamra, em Ugarite, tem deitado muita luz sobre * Baal, Aserá e os cultos de fertilidade cananeus. A visita compulsória de Manassés a Nínive (cf. 2Cr 33.10-13) é mencionada em monumentos assírios.
Exílio de Joaquim 2Rs 25.27-30 Isso é confirmado por registros babilónicos que alistam Yaukin da terra de Yahud (Joaquim de Judá) como um dos receptores da ração real na Babilónia. Esse texto foi publicado em 1940. Profecia de Ezequiel Ez 1.1—48.35 A genuinidade dessa profecia é sustentada pela arqueologia em detalhes tais como a data do rei Joaquim. Asas de jarras de Tell Beit Mirsim e BeteSemes contêm a inscrição: "Eliaquim, mordomo de Yaukin". Nabucodonosor II Cf. Jr, Eze Dn 2.1— 4.37 Os esplendores de sua capital, Babilónia, são conhecidos pelas escavações de R. Koldewey, a partir de 1899 (cf. Dn 4.30). Foram descobertos
Introdução [ 31 ]
a Porta de Istar, o palácio, o zigurate, o templo de Marduk e os jardins suspensos. Tijolos estampados com o nome de Nabucodonosor atestam suas atividades no campo da construção. Exílio de Judá 2Rs 25.1-30; Ez, Dn, Ed Trezentos tabletes cuneiformes encontrados perto da Porta de Istar na Babilónia, datados de 595 a 570 a.C., incluem o nome de Joiada/Joaquim de Judá entre os príncipes cativos, além de muitos nomes judeus semelhantes aos do AT. Belsazar Dn 5.1-31 Belsazar é confirmado como o filho mais velho de Nabonidus e seu co-regente por registros babilónios contemporâneos. Belsazar reinou na Babilónia (Dn 5.1-31; 7.1; 8.1) de 553 a.C. até a queda da Babilónia (539 a.C.), conforme indica a Crónica de Nabunaid. Queda da Babilónia A Crónica de Nabunaid relata como Ciro e seu general, Gobryas, tomaram Babilónia (539 a.C.). Edito de Ciro Ez 1.2-3; 2Cr 36.22-23 O Cilindro de Ciro, descoberto por H. Rassan no séc. 19, diz que Ciro restaurou os povos e seus deuses, em harmonia com o espírito do decreto registrado na Bíblia.
O Obelisco Negro, monumento erigido por ordem de Salmaneser III. Jeú, filho de Onri, curva-se diante do imperador assírio.
O retorno Ez 1.1— 10.44 Líderes proeminentes, tais como Sesbazar (Ed 1.11) e Zorobabel (Ed 2.2) levam bons nomes babilónicos, ilustrados por descobertas naquela área. O "darico" (Ed 2.69) é a dracma grega, mostrando-se autêntico para a data. Esdras— Neemias Os Papiros de Elefantina (descobertos em 1903) datando de 500-400 a.C., escritos em aramaico por judeus na ilha de Elefantina, junto à Primeira Catarata do Nilo, são a principal fonte arqueológica para ilustrar detalhes e provar a genuinidade dos livros de Esdras e de Neemias. Ageu, Zacarias Ilustrados pela inscrição trilingue de Behistun (babilónio, elamita e persa) de Dario I, o Grande (522486 a.C.). (Zc 1.1,7.)
Xerxes e Ester O livro de Ester é ilustrado por inscrições de Persépolis, a capital persa. Xerxes (486465 a.C.) foi derrotado pelos gregos em Salamina e Platéia. Susã (Et 1.2) é onde os franceses encontraram o palácio de Xerxes (188090). O lançamento de sortes ("Pur", 3.7) é ilustrado pela arqueologia, bem como pela cultura local. Período Intertestamentário Ilustrado pelos Rolos do mar Morto: dois rolos de Isaías, Comentário de Habacuque, Manual de Disciplina da seita pré-cristã dos essênios, Guerra dos Filhos da Luz contra os Filhos das Trevas e fragmentos de quase todos os livros do AT, auxiliando a crítica textual. As escavações da Comunidade Essênia de Qumran (1953-56) preencheram lacunas históricas do período entre 150 a.C. e 70 d.C.
[ 32 1 Introdução
O Censo de Lucas Lc 2.1-5 Papiros dão a entender que Quirino governou a Síria por duas vezes, provavelmente um período curto antes de 4 a.C. e depois em 6-7 d.C. Os papiros também mostram que se fazia um censo romano a cada 14 anos, exigindo-se para isso que as pessoas voltassem à terra de seus ancestrais. Os dados disponíveis da arqueologia confirmam Lucas, invalidando a acusação liberal de que Lucas 2.1-5 seria uma miscelânea de erros. Pôncio Pilatos Mt 27.11-25 Moedas atestam a existência do procurador Pôncio Pilatos (6-36 d.C.), bem como de outros procuradores de Copônio a António Félix.
Sinagogas Mc 1.21; Lc 7.1,5 A mais famosa e bem preservada delas é a sinagoga de Cafarnaum (final do séc. 3a), provavelmente construída no lugar em que Jesus ministrou. Outras sinagogas foram descobertas em Corazim, Betsaida Julias e Bete-Alfa. Crucificação Mt 27.32-60 Há duas posições quanto ao local: (1) dentro da Igreja do Santo Sepulcro, que antes estaria fora dos muros (Hb 13.12-13); (2) no Calvário de Gordon, perto da Porta de Damasco, fora dos muros atuais, no lado norte. Sepultamento de Jesus Jo 19.41-42 Uma posição favorece o lugar da Igreja do Santo Sepulcro; a outra, o Túmulo do Jardim,
escavado pelo Gen. Christian' Gordon (1881), perto do Calvário de Gordon. Ressurreição A Inscrição de Nazaré é uma ordem imperial levada de Nazaré a Paris (1878) e está agora na Biblioteca Nacional. Trata da pena de morte para o crime de violação de túmulos. Quem a atribui a Tibério ou a Cláudio interpreta-a como prova da ressurreição de Cristo. Mas alguns a associam a imperadores posteriores, de modo que a prova não é decisiva. Jericó do NT Lc 10.30-37 Jericó do NT, escavada em 1950, era a elegante capital de inverno de Herodes, o Grande, e Arquelau. As ruínas incluem teatro, palácio, forte e hipódromo, como os de Jerash. Templo de Herodes Mt 24.2; Mc 13.2 Dois avisos do templo de Herodes, proibindo a entrada de não-judeus no pátio dos judeus, foram encontrados em 1871 e 1935, perto da Porta de S. Estêvão (veja At 21.28-31). As pedras trazem: "Nenhum estranho pode atravessar a barricada que cerca o templo e seu recinto. Qualquer um que for pego fazendo isso estará se condenando à pena de morte, que será inevitável".
Descobertas feitas por meio de escavações em Qumran trouxeram dados históricos inéditos sobre o período de 150 a.C.—70 d.C.
Belém Mt 2.1; Mc 2.4 Perto de Belém, a SE, estão as ruínas do Herodium, palácio
Introdução [ 33 ] e fortaleza de Herodes, o Grande; mais distante, em Massada, ficava a "Fortaleza da Montanha". Nazaré Mt 2.23; Lc 1.26 Local do Poço de Maria. A importante cidade de Séforis, a apenas 2 km ao N de Nazaré, foi murada e embelezada por Herodes Antipas. Jafa fica a apenas 1 km, ao SO. Outras cidades Tiberíades (Jo 6.23), Magdala, Cafarnaum, Corazim e Betsaida ficavam, todas, não longe do mar da Galiléia, tendo sido iluminadas pela arqueologia. Cesaréia de Filipe (Mc 8.27), perto do Hermon, e Decápolis (Mt 4.25; Mc 5.20),esta, uma confederação de dez cidades, são agora muito mais bem conhecidas. Samaria (Sebaste) Cf. At 8.5 Escavações têm feito reaparecer a cidade helenista de Roma, especialmente as fortificações de Herodes, o Grande, seu grandioso Templo de Augustus e o estádio. Cesaréia da Palestina At 10.1, 24 Em 1960, a expedição de Link fez uma exploração submarina do quebra-mar de Herodes, nessa brilhante cidade helenista construída por Herodes, o Grande. Escavações na cidade trouxeram à tona fórum, teatro, estádio, anfiteatro etc.
Antioquia no Orontes At 13.1; 14.26-28 Extensas escavações desde 1932 mostraram a beleza e o tamanho dessa terceira cidade do império e berço das*missões cristãs. Belos mosaicos, o Cálice de Antioquia, numerosas igrejas cristãs etc., junto com lugares importantes em Selêucia Pieria, porto de Antioquia (At 13.4), são o resultado dessas buscas.
Procônsul vs. Propretor At 13.7 Lucas provou estar correto ao chamar Sérgio Paulo de "procônsul", não "propretor". Foi encontrada uma inscrição: "sob Paulo, o procônsul", datada de 52-53 d.C. Antioquia da Pisídia At 13.14-52 A localização dessa cidade foi descoberta em 1833. William Ramsay escavou o
Antiga sinagoga do terceiro século, em Cafarnaum
[ 34 1 Introdução
santuário do deus Men (1910-13). Surgiram muitas inscrições. Escavações posteriores pela Universidade de Michigan descobriram a cidade romana. Outras cidades da Ásia Icônio, Listra e Derbe também foram identificadas, fornecendo inscrições e outros dados importantes. Filipos Atos 16.12-40 Escavado entre 1914 e 1938, o lugar revelou fórum, pórticos, templos públicos etc. da colónia romana. Tessalônica At 17.6, 8 A precisão do termo "politarcas" (no original, por "autoridades") empregada por Lucas é confirmada por cerca de 17 inscrições. A mais famosa, a da Porta de Vardar, está hoje no Museu Britânico
Atenas At 17.15-34 Desde 1930, escavações da Escola Americana de Estudos Clássicos, descobriram a antiga ágora. Corinto At 18.1-17 Amplas escavações desde 1896 ressuscitaram as ruínas da antiga cidade. Confirmou-se o proconsulado de Gálio. Éfeso At 19.1-41 A descoberta do Artemísio, em 31.12.1869, foi seguida pela escavação desse mais famoso templo da antiguidade, após o de Salomão. Escavações posteriores revelaram teatro, estádio, Odeon, colunata, fórum (ágora) etc. Cidades do vale do Lico Colossos foi identificada e explorada em 1835 e é um desafio para outras escavações. Laodicéia, hoje Eski-Hissar (cf. Cl 2.1; Ap 3.14), apresenta extensas
ruínas a serem escavadas. Hierápolis (Cl 4.13) também apresenta extensas ruínas greco-romanas. Pérgamo Ap 1.11; 2.12 Desde 1878, essa brilhante cidade romana helenista vem mostrando suas finas obras de arte. Escavações recentes foram feitas entre 1955 e 1958. Sardes Ap 3.1-2 Escavações revelam como finalmente o cristianismo suplantou a adoração de Ártemis. Últimas campanhas começaram em 1958. Roma At 28.16-31 A "Cidade Eterna" é um paraíso arqueológico. Escavações e pesquisas têm iluminado grandemente e esclarecido templos, fóruns, teatros, circos, palácios, inscrições, arcos etc. O NT como literatura Os papiros, óstracos e inscrições do período greco-romano mostram que o grego do NT era a língua comum do período (koiné) com alguns elementos literários, não uma língua "santa", especial. Texto do NT O NT é atestado por 240 mss. unciais, 2.533 minúsculos, 1.678 lecionários, 63 papiros e 25 óstracos. Particularmente significativos são os papiros de Chester Beatty, do séc. 3e d.C., editados por F. Kenyon (1933-37).
Antigo Testamento
Génesis 0 livro da criação Natureza do livro. Génesis, "o Livro dos Princípios", é a introdu ção indispensável para toda a Bíblia, o funda mento de toda a verdade revelada. O livro toma o nome do título que consta da
Septuaginta (gr.), deriva do do cabeçalho de suas dez partes he biblos geneseos (2.4; 5.1; 6.9; 10.1; 11.10; 11.27; 25.12; 25.19; 36.1; 37.2). O título do livro na Bíblia hebraica é beeresit ("No princípio").
Esboço 1—11 História Primeva da Humanidade 1—2 Criação 3 A queda 4—5 Da queda ao dilúvio 6—9 O dilúvio
V
10—11 Do dilúvio a Abraão
Génesis registra nove princípios: 1.
1.1-2.3
0 princípio da terra como habitação humana.
2.
2.4-25
0 princípio da raça humana.
3.
3.1-7
0 princípio do pecado humano.
4.
3.8-24
0 principio da revelação redentora.
5.
4.1-15
0 princípio da família humana.
6.
4.16-9.29
0 principio da civilização sem Deus.
7.
10.1-32
0 princípio das nações.
8.
11.1-9
0 princípio das línguas humanas.
9. 11.10—50.26 0 principioda raça hebraica (povoda aliança).
Génesis registra dez histórias familiares: 1.1-4.26
As gerações da posteridade celestial e da semente terrena.
2.
5.1—6.8
As gerações de Adão.
3.
6.9-9.29
As gerações de Noé.
4.
10.1— 11.9
As gerações dos filhos de Noé. As gerações de Sem.
1.
5.
11.10-26
6.
11.27—25.11 • As gerações de Terá.
7.
25.12-18
As gerações de Ismael.
8.
25.19-35.29
As gerações de Isaque.
9.
36.1-37.1
As gerações de Esaú.
10. 37.2-50.26
As gerações de Jacó.
12—50 História Patriarcal Çjg ..'
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[ 38 J Génesis
1. 0 princípio da terra como habitação humana D eus. Na p rim eira frase da revelação ocorre a declaração da existência de Deus, cu ja n atu reza e tern a é assu m id a e a s s e verada, sem nenhu m tipo de a rg u m en ta ção ou d efinição. A qui ele é apresen tad o como a Causa Prim eira infinita, o O rigina dor e C riador de todas as coisas. "N o princípio". Estudiosos evangélicos têm assum ido várias posições com respei to ao significado do relato da C riação em Gn 1 .1 —2.3. A s p alav ras de ab ertu ra de G é n e sis são em g e ra l e n te n d id a s co m o referência à criação original do universo. A lgun s estu d io so s p referem , porém , ver um princípio relativo, perm itindo que even tos como a queda de Satanás (cf. Ez 28.1314; Is 14.12) e as eras geológicas da terra precedam 1.1 ou 1.2 (a Teoria do Lapso). A questão de um princípio relativo (re criação) gira p rincip alm en te em torno de três considerações: 1. A expressão "n o prin cípio" é absoluta ou relativa? 2. A palavra "c r ia r" (hebr. barn') pode sig nificar "m o l d a r" ou "re c ria r"? 3. Q ual a relação g ra matical e cronológica entre Gn 1.1 e 1.2 (i.e., é possível incluir um lapso)? A m aioria dos estu d iosos do hebraico consideram a frase, "n o princípio", absolu ta. Deve-se, porém, notar que, de qualquer form a, a frase, "n o p rin cíp io ", de Jo 1.1 é anterior ao "no princípio" de G n 1.1. O termo hebraico barn' possui o signifi cado básico de "cria r", distinto da palavra yasar (moldar, form ar). Na m aioria das ve zes em que é em pregado no AT, b ara ’ sig nifica "cria r algo n o v o " ou "d a r e x istên cia" (cf. Is 41.20; 43.1; Ez 21.30; 28.13, 15). Por con seg u in te, a m aio ria d os ex e g eta s alega que bara' serve com o testem unho da Criação ex nihilo (a partir do nada) de Deus. A frase, " a terra era sem form a e fa zia" tem sido interpretad a, "e a terra tornou-se...", para retratar a visitação caótica do julgam ento divino sobre a terra orig i nal. O texto hebraico não sustenta um lap so em 1.2, que m o stra que as três frases são circunstanciais ou à oração principal de 1.1 ou à de 1.3. Se há um lapso, deve ser
anterior a 1.1, não posterior. Gn 1.1-2 pare ce form ar um a un id ad e e serve com o su m ário in trod u tório da ativid ad e criad ora que se seg u e. E m b o ra a teo ria do lapso p areça ca recer de fu n d am en to , tem seus m éritos com o explicação p otencial para a q u ed a de S a ta n á s e p a ra as d esco b e rta s da ciência m oderna que insinu am longas eras g eológ icas na p ré-h istó ria da terra. A criação e os seis dias de Génesis 1. Os seis d ias da C riação em Gn 1 podem re p resen tar (1) dias litera is de 24 h oras de criação, (2) dias literais de 24 horas de re velação da C riação, (3) eras geológicas ex tensas ou épocas p rep aratórias para ocu p a ç ã o p o s te r io r d o h o m e m , ou (4) um esb oço revelad o r para resu m ir a ativ id a de criadora de Deus, afirm ando que "p o r que nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra..." (Cl 1.16). 3-5. Prim eiro dia — luz. O relato dos pri m eiros atos criad ores de D eus contém a l gu m as a firm a çõ es im p o rta n tes. (1) D eus criou com sua palavra ("disse D eus"). O res tante das Escrituras ecoam o poder da pa lavra criadora de Deus, culm inando na Pa la v ra e n c a rn a d a (Jo .1 .1 ), que cu m p re a palavra de redenção de Deus . (2) A criação da luz antes do sol, da lua e das estrelas (os agentes de luz) lem bra-nos que a luz pro cede de D eu s e ap en as secu n d ariam en te de suas "lâm padas" criadas. (3) A luz tam bém prefigura a "luz de D eus" que veio ao mundo na pessoa de Cristo (Mt 4.16; Jo 1.39). (4) O estado de G n 1.3 será renovado na N ova Jeru salém : "A cid ad e não n ecessita n em do sol, n em da lu a , p ara que n ela brilhem ,pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâm pada " (Ap 21.23). 6-8. Segundo dia — firm am ento. O se gundo dia resu ltou na sep aração en tre a m istura de águas atm osféricas e as águas te r r e s tr e s . A s e p a ra ç ã o d as ág u a s bem p ode ter re su lta d o em vasta q u a n tid a d e d e á g u a s s u b te r r â n e a s e a tm o s fé ric a s (vapor), que perdurou até o cataclism o do dilúvio. 9-13. Terceiro dia — terra, mar, plantas. A pós a sep aração das águas atm osféricas no segundo dia, as águas terrestres foram separadas da terra para constituir a terra e
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form ar os m ares, po ssibilitan d o profusão de plantas e crescim ento de árvores. 14-19. Quarto dia — sol, lua e estrelas. Agora, Deus com pleta o universo form ado no primeiro dia. Esses corpos celestes (jun to com as grandes galáxias do espaço) re cebem agora a responsabilidade de forne cer luz e calor à terra. Q uanto à ordem da Criação que coloca a luz antes do sol e das estrelas, veja "P rim eiro d ia". 20-23. Quinto dia — criação de animais aquáticos e aves. Assim com o D eus criou o u n iv erso no p rim e iro dia e o p reen ch eu com corpos celestes no quarto, ele encheu as águas e a atm osfera (criadas no segun do dia) no quinto, form ando peixes e aves. 24.31. Sexto dia — criação de animais ter restres e do hom em . O hom em foi criado (não evoluído) e surge com o coroa e alvo de toda a a tiv id ad e criad o ra no que diz resp eito à terra com o h a b ita çã o esp ecia l do hom em . A expressão "F a ça m o s" (1.26) insinua o conselho e a atividade do D eus trino (cf. Jo 1.3; Cl 1.16), bem com o o plano e o propósito redentor divino preconcebi do para o hom em sobre a terra (Ef 1.4-6). O hom em recebeu d om ínio sobre a terra.
soa de Jeová, D eus é apresentado em um re la cio n a m en to rev ela d o r e red en tor e s pecial para o hom em . 8-14. O Jardim do Éden. Ele foi dado ao hom em antes da queda, 8-9. Sua localiza ção, 10-14, é na região do Tigre-Eu frates, e v id e n te m e n te no e x tre m o o rie n ta l do C rescente Fértil (os lim ites da civilização antig a, em form a de m eia lua, com uma ponta na Palestina-Síria e a outra no vale do baixo Tigre-Eufrates). Hidequel é o an tigo nom e do rio Tigre (Idigla, D iglat, em babilón io). Pisom e G iom eram provavel m ente canais m enores que ligavam o T i gre e o E u frates com o an tig os afluen tes. O acú m u lo de vastos d ep ósito s de sed i m entos tem m udado a costa do Golfo Pér sico, em purrando-a para dentro do mar. A. H. Sayce e outros localizaram o Éden perto de Eridu, antigamente no golfo Pérsi co (Higher Criticism and the Verdict o f the Monum ents). Friedrich D elitzsch (Wo Lag das Paradies?) o localizou logo ao N da Babiló nia, ond e o Tigre e o E ufrates se ap ro xi mam . M as a topografia m utante transfor ma qualquer identificação precisa em mera conjectura. E significativo, porém, que tan to a arqueologia como a Bíblia afirmem que a bacia oriental do Mediterrâneo e a região 2. 0 homem no Éden logo a seu L (Crescente Fértil de Breasted) 1-3. Descanso de Deus. No sétim o dia, é de fato o berço da civilização. 15-17. O h om em é provad o no Éden. D eus d escansou de sua obra criad ora de Criado inocente, posto num am biente per Gn 1. Esse descanso sabático divino tornoufeito, o hom em foi colocado diante de um se base do sábado mosaico (Ex 20.11) e um teste sim p les de obediên cia: abster-se de tipo do descanso do fiel na redenção divina com er do fruto da "árvore do conhecim en concretizada em Cristo. Aparece Elohim, o nom e genérico de D eus (1.1—2.3). to do bem e do m al". A pena pela desobe d iê n cia era a m o rte — m o rte e sp iritu a l 4-6. C lim a do Éden. Resum e-se a obra imediata (M t 8.22; Ef 2.1-5), m orte física fin al c ria d o ra de D eu s e d e s c re v e -se o clim a (Rm 5.12; IC o 15.21-22). "Todos os dias que antediluviano: "m ananciais subiam da ter ra ". Essa passagem pode indicar que an A d ão v iv e u fo ram n o v e c e n to s e trin ta tes do dilúvio a terra era regada por um anos; e morreu " (Gn 5.5), e desde então a m orte tem "re in a d o " sobre a fam ília hu vap or que su b ia das ág u as su b terrâ n ea s (cf. Gn 7.11-12). mana (Rm 5.14). 18-22. O homem ganha uma com panhei 7. Criação do hom em . A obra criadora de 1.27 é aqui detalhada. YHW H (Yahweh, ra. O Senhor declarou que um a raça asse x u a d a ou u n isse x u a d a não seria b oa, e tra d ic io n a lm e n te v o c a liz a d o Je o v á , im anunciou seu propósito de criar "u m auxí presso S e n h o r), o nom e red en tor da d ei lio idóneo para o hom em , para estar em dade, é ap resen tad o em v.4, 7, q uand o o hom em preenche a cena e assum e o con sua presen ça" (lit.), "farei um a ajudadora que lhe seja a d eq u ad a". A dão deu nom e tro le da terra recriad a para ele. N a p e s
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aos a n im a is e av e s, m as e s te s , e m b o ra com panheiros em certo sentido, não eram p arceiros, não estav am n o m esm o plano físico, mental, moral e espiritual que ele. 21-23. Criação da mulher, (cf. 1.27). O Se nhor Deus fez a m ulher a partir do hom em , e a ap re sen to u a e le . Só d essa fo rm a o homem poderia ter um a "au xiliad ora idó n ea". O hom em é hom em por cau sa d a quele espírito que o difere dos anim ais. Gn 2.21-23 e 2 .7 ap resen tam os d eta lh e s da criação do hom em , em distinção a 1.26-27, que ap resen ta a v erd ad e g eral de que o hom em foi criado, não evoluíd o, e que a mulher foi criada no hom em (is s â , porque foi tirada do is, hom em ). 24-25. Instituição do casam ento. A união de m arido e m ulher prefigura a união de C risto e sua igreja, a m u lher tornand o-se uma figura da igreja com o a noiva de C ris to (Ef 5.28-32; cf. Mt 19.5; IC o 6.16; Ef 5.31).
a soberba da vida — "e desejável para dar entendim ento " (cf. l j o 2.16). 6-7. A queda. A m u lh er foi enganada, m as A d ão p ecou c o n s c ie n te m e n te (lT m 2 .1 4 -1 5 ). A m b o s p e rd e ra m a in o c ê n c ia , conheceram o pecado e a vergonha, e ten taram en cob rir a cu lpa e a n u dez por a l gum tipo de esforço hu m ano (obras). 8-13. O Senhor Deus procura o hom em d ecaíd o. O d escanso sab ático da C riação de D eus foi quebrado pelo pecado, 8, e ele dá os prim eiros passos em sua n ov a obra de re d en çã o para re s g a ta r o h om em te m eroso, envergonh ado, alienad o e confu so. A d ão esco n d eu -se de D eus por causa de um a m u d a n ça o co rrid a n ele, não em D eus. A roupa que p ro v id en cio u p ara si parecia boa, até que D eus apareceu, pro vando que ela não tinha valor. De m odo sem elh a n te, os p eca d o res ten tam co b rirse com sua própria ju stiça. 14-15. A m aldição do pecado na serpen te. Instrum ento de Satanás, a serpente foi 3. A queda do homem am a ld iço a d a e tra n sfo rm a d a de um a n i 1. O tentador. Esse versículo apresenta mal que, provavelm ente, era ereto, belo e Satanás, identificado pelas Escrituras sub in te lig en te, para um a cob ra re p u g n a n te, sequentes (2Co 11.3, 14; Ap 12.9; 20.2), com rastejan te, 14. M as ju n to com a serpente, seu instrum ento, a serpente edênica. Em não apenas se insinu ava o profundo m is bora a serpente esteja presente aqui, m u i tério da redenção-expiação (tipificado pela tos intérpretes crêem que Satanás é ap re serpente de bronze de M oisés, Nm 21.5-9; sentado em Ez 28.12-19 e Is 14.12-14, onde Jo 3 .1 4 -1 5 ; 2C o 5 .2 1 ), fa z ia -se tam b ém a o rei de Tiro e a nação da Babilónia refle prim eira prom essa de um Redentor, 15. Foi tem a ascensão e queda de um ser angeli p red ito que ele sairia da raça hu m ana e cal, Lúcifer (Satanás). A serpente edênica viria de A bel, Sete, N oé (Gn 6.8-10), Sem (agente de Satanás) não era um a serp en (9.26-27), A braão (12.1-3). Isaque (17.19-21), te rastejante, que foi conseqiiência da m al Jacó (28.10-14), Judá (49.10), Davi (2Sm 7.5dição divina (Gn 3.14), mas, sem dúvida, a 17), culm inando em C risto (Mt 1.1). m ais bela e sagaz de to d a s as cria tu ra s 16. A m aldição e a m ulher. A condição anim ais de Deus. da m ulher no estado decaído é d elineada 2-5. Tentação da mulher. Satanás com e e caracterizada pela m ultiplicação dos so çou questionando a palavra de Deus: "Foi frim e n to s e d as d o re s na g ra v id e z e no assim que D eus d isse ..." q u and o co n tra parto, e pela lid erança do hom em , to rn a disse seu ensino: "C om certeza, não m or da necessária por causa da desordem pro rereis ". Por fim, ele substituiu por seu pró vocada pelo pecado (IC o 11.7-9; Ef 5.22-25; p rio e v a n g e lh o a im a n ê n c ia de D e u s: lT m 2.11-14). "co m o Elohim [...] sereis", 5. A queda da 17-19. A m aldição e o hom em . A terra m ulher envolve os ingredientes básicos da fo i a m a ld iço a d a p o r cau sa da q ueda do tentação: (1) a concupiscência da carne — hom em , pois ele não seria capaz de lidar "E ntão , vendo a m ulher que a árvore era com m u ito lazer em sua con d ição d eca í boa para dela co m er,"; (2) a concupiscên da, 17. A vida foi condicionada por um so cia dos olhos — "agradável aos olh os"; (3) frim ento inevitável, 17. O v.18 pode indi-
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Tabletes da Criação Tabletes da criação descobertos. Entre 1848 e 1876, foram encontrados os primeiros tabletes e fragmentos de tabletes do épico babilónico da criação, chamado Enuma elish. Escritos em caracteres cuneiformes, os sete cantos do épico foram inscritos em sete tabletes e recuperados da biblioteca do imperador assírio Assurbanipal (669626 a.C.) em sua capital, Nínive. Essa versão, embora tardia, retorna, quanto aos aspectos políticos, aos dias de Hamurábi, o Grande, (1792-1750 a.C.) e além dele aos dias dos sumérios, os primeiros habitantes da baixa Babilónia. Tablete 1. O tablete 1 apresenta a cena primitiva quando só existiam as matérias vivas do mundo incriado, personificadas em dois seres míticos. Esses dois seres — Apsu (masculi no), representando o oceano primevo de águas doces, e Tiamat (feminino), o oceano primevo de águas salgadas — , deram origem a uma prole de deuses tão indisciplinados, que Apsu, o pai, resolveu matá-los. Mas em vez disso, Ea, o pai de Marduk, o deus da cidade de Babilónia, mata Apsu, transformando assim Tiamat numa vingadora furiosa de seu marido assassinado.
Tabletes 2-7. Os tabletes 2 e 3
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Bíblia contêm semelhanças: (1) ambos mencionam o oceano primevo, embora se tenha demonstrado que o hebr. tehôm (as profunde zas) não é derivado da Tiamat mitológica (cf. TWOT, p. 2495-96). (2) Ambos contêm ordens semelhantes de eventos: luz, firmamento, terra seca, luminares, homem, e Deus ou os deuses da Babilónia em descanso. (3) Ambos têm preferência pelo número 7: 7 dias, 7 cantos. Mas essa semelhança é superficial, e as diferenças entre a versão babilónica rudimentar politeísta e o relato de Génesis são vastas. O relato babilónico é uma versão deturpada de uma tradição original, cuja verdade foi assegurada a Moisés pela inspiração e, assim, livre de suas incrustações politeístas.
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A ilustração mostra como eram feitos os sinais da escrita cuneiforme em placas de argila.
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Histórias da Criação O Mito de Adapa. Esse relato da Criação foi descoberto em quatro fragmentos cuneiformes, três na biblioteca de Assurbanipal, em Nínive, (séc. 7a a.C.) e o quarto, nos arquivos dos reis egípcios Amenotep III e IV, em Amarna (séc. 14 a.C.). Essa história lendária, embora não forme de fato um paralelo com a queda registrada em Gn 3, conforme às vezes se alega, contém, de fato, semelhanças marcantes, tais como "o alimento da vida", que corresponde ao fruto da árvore da vida (Gn 3.3,22). Os dois relatos concordam que a vida eterna poderia ser obtida ; pela ingestão de certo tipo de alimento ou fruto. Adão, porém, foi privado da imortalidade por causa do
desejo errado de ser igual a
Deus. Adapa já fora provido de sabedoria pelos deuses e não conseguiu tornar-se imortal, não por alguma desobediência ou pretensão, como Adão, mas por obediência a seu criador, Ea, que o enganou. Ambos os relatos lidam com o problema do sofrimento e da morte do homem, mas são opostos quanto à questão da verdadeira queda do estado de inocência, da qual o mito de Adapa não tem consciência nenhuma.
O Selo da Tentação retrata duas pessoas sentadas ao lado de uma árvore frutífera e por trás de uma delas a figura ereta de uma serpente. Mas é difícil que esse seja um retrato preciso da cena da tentação, já que
ambas as figuras estão totalmente vestidas, ao
contrário da afirmação explícita de Gn 2.25.
O Selo de Adão e Eva pertence ao nível do quarto milénio a.C. de Tepe Gaura, perto de Nínive, e agora no Museu da Universidade de Filadélfia. Essa pequena gravação em pedra encontrada em 1932 mostra um homem e uma mulher deprimidos seguidos por uma serpente, sugerindo para alguns a expulsão do Éden.
Tradições da queda ao redor do mundo são encontradas entre os chineses, hindus, gregos, persas e outros povos e, como histórias similares a respeito da Criação e da
Queda, recontam um evento histórico concreto, sendo deturpadas na j§ transmissão.
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car que era prescrita um a d ieta v eg eta ri ana. A ocu p ação sim p les do Éden (2.15) foi su b stitu íd a pelo trab alh o pesad o, 1819. A m orte física, 19, foi anu nciad a (Rm 5.12 -21), em bora o hom em já tiv esse d e m onstrad o sua m orte esp iritu al pela v er gonha e pelo m edo na presença cie Deus, 8-13 (cf. Ef 2.1-5; 4.18-19). 20-21. Unidade da raça e redenção tipifi cada. A dão deu o nom e de Eva à esposa ("v id a") "p orque ela foi a mãe de todo vi v en te ". A u n id ad e da raça h u m ana em Adão é aqui declarada. 22-24. Expulsão do Éden. Em consequên cia da d esobed iência, o hom em perdeu a inocência e passou a con h ecer o m al. Por meio desse conhecimento, a consciência foi despertada, e ele entrou num novo perío do em que D eus lida com ele não em ino cência, com o no jardim , m as sob a consci ência. Ele é resp onsáv el por fazer todo o bem conhecido e evitar todo o mal conhe cido, e, como pecador, chegar a Deus pelos meios de redenção por ele prescritos (o sis tem a sacrificial, em bora não ordenado ex plicitam en te aqui, parece estar agora em vigor, cf. Gn 4.3-5, 8.20, 12.7 etc.) Por conseguinte, o hom em foi expulso do Éden para que não com esse da árvore da vida, perpetuando sua m iséria. Os que rubins junto à porta do Éden defendiam a santidade de D eus contra a presunção do hom em p e ca d o r que, ap esa r do p ecad o, poderia estend er a m ão e com er tam bém da árvore da vida. M ais tarde, no taberná culo israelita, os querubins ficariam por so bre o sangue espargido no santo dos san to s, re tra ta n d o a m a n u te n çã o da ju stiça divina por m eio do sangue espargido que tipificava o sacrifício de C risto (Ex 25.1720; Rm 3.24-26).
4. 0 primeiro homicídio e a civilização 1-5. C aim e Abel e sua adoração. Caim ("a q u is iç ã o ") era tip o de hom em natu ral da terra. Sua religião era de obras, d esti tuída de fé salv ad ora, de noção de p eca do e de necessid ad e de exp iação (cf. " c a m inho de C aim " Jd 11). Eva estava errada
com re la çã o ao p rim eiro filh o , ao dizer: "A lcan cei do S en h or um filh o hom em ". E la ta lv e z p e n s a s s e q u e C a im s e r ia o cu m p rim e n to da p ro m e ssa de G n 3.15, m as ironicam ente, em vez de receber um salvad or, recebeu um assassino, ilu stran do a ig n o rân cia em que havia caído por ter confiado no conhecim ento de Satanás. Q u an d o Eva teve o seg u n d o filh o, deulhe o n om e de A b el (" v a id a d e "), talvez re c o n h e c e n d o a serie d a d e da m ald ição . C aim e A b el sã o p ro tó tip o s da d iv isã o entre ím pios e piedosos que se perpetua ria ao lon g o da h istória dos h om ens so bre a terra. Em bora m uito se afirm e acer ca da d ifere n ça en tre as d u as o ferta s, o m otivo principal pelo qual D eus rejeitou a oferta de Caim foi não ser ela uma ofer ta de fé (Hb 11.4). M esm o no período inici al d o p ro g ra m a re d e n to r de D eu s, d em o n stra -se que a v erd a d eira salv a ção é pela fé ("se m fé é im p o ssív el a g ra d a r a D eu s", Hb 11.6). 6-7. O argum ento do Senhor com Caim. A ssim com o D eus procurou A dão e Eva q u an d o eles pecaram , tam bém procurou Caim. Este, no entanto, sendo protótipo do homem decaído, recusou a oferta divina de recon ciliação, preferind o b u scar sua pró pria solução. As ações de Caim revelam o estad o do hom em irregenerad o, am o n to and o pecad o sob re pecado em sua reb e lião contra Deus. A rejeição produziu rivali d a d e, q u e p ro d u z iu ó d io e, p o r fim , hom icídio. Em Caim, o pecado atinge o ápi ce: e le co m eça a lie n a n d o -se de D eu s; a seguir, aliena-se dos outros homens, da na tureza e até de si mesmo. 16-24. A p rim eira civilização. Caim dei x o u o lu g a r da p re s e n ç a m a n ife s ta de D eus (Shekinah), acim a do oriente do Éden guardado pelos querubins (3.24); " saiu [...] da presen ça do S e n h o r", 16, habitan do na terra de N ode ("p ereg rin a çã o "). A partarse da p resen ça de D eu s sem p re im plica privar-se da direção divina. "C aim conhe ceu in tim a m en te sua m u lh e r...", um a de suas inúm eras irm ãs, já que então a pro le de A dão era num erosa. O filho de Caim, Enoque, construiu um a cidad e (a p rim ei ra civilização urbana). N os versículos se
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guintes retratam-se o desenvolvimento ma terial e o concom itante declínio espiritual. P or um lado, ob serv am o s o d e se n v o lv i m ento da m ú sica (21), m etalu rg ia (22) e poesia (23,24). Ao mesmo tempo, o pecado aum entou com a introdução da poligam ia em flagrante contradição com o padrão monogâmico de Deus estabelecido em Gn 2.24; e Lam eque se vangloria presunçosam ente de uma vingança, p rerro g a tiv a exclu siva de Deus (cf. Dt 32.35; Hb 10.30). 25-26. Sete e a descendência espiritual. O Senhor concedeu Sete e Enos ("m o rta l") para serem depositários da prom essa m es siânica. O nascimento deles fecha a primei ra parte de Génesis (1.1—4.26), e estabelece as linhas de batalha entre o mal ilustrado acima e o remanescente junto de Deus. Isso se reflete na observação: " foi nesse tempo que os h o m en s co m eçara m a in v o c a r o nome do Senhor" (26).
Revelações arqueológicas Primórdios da vida urbana. Escavações em Tell Hassuna, N ínive e Tepe Gaura, no norte da M esopotâmia, chegam à Era N eo lítica, 5000 a.C., ou antes, apresentando ins trumentos de pedra, belas cerâm icas e há beis restos arquitetônicos. Em c.4500 a.C., o cobre foi acrescentado à pedra. A Idade da Pedra-Cobre, 4500-3000 a.C., pertencem lo cais como Tell Halaf, Chagar Bazar e Tell Arpatia, no norte da Mesopotâmia. No sul da Mesopotâmia, a cultura de Tell Obeid, c.3600 a.C., está sob Ur, Ereque, Lagash e Eridu. Escavações nesse lugar elucidam a su ces são de culturas nessa época pré-histórica, e confirmam as descrições bíblicas. M inérios de ferro (cf. Gn 4.22) eram às vezes fundidos
na M esopotâm ia num a época bem rem ota (alguns entendem que usavam ferro m ete órico). Em Tell A sm ar (E shnunna), H enri Frankfort encontrou uma lâmina de ferro de c.2700 a.C. Um pequeno martelo de ferro foi reavido em Ur. Mas a fundição de ferro não seguiu escala industrial, senão após a Idade do Bronze, 3000-1200 a.C. A Idade do Ferro estendeu-se de 1200 a 300 a.C.
5. De Adão a Noé 1-32. A linhagem messiânica de Adão a Noé. Esta segunda divisão de Génesis é in troduzida pelas palavras: "Este é o livro das gerações de A dão". A segunda vez em que a frase aparece é em Mt 1.1, onde se apre senta a linhagem do novo Adão. A raça pie dosa é m arcada pela m orte física, em bora se viva m uito. O lam ento, "e m orreu", soa com o um sino fúnebre em todo o capítulo. Junto com essa triste ladainha, vem um re frão m ais agrad ável: "v iv e u ..." Em bora a m orte tenha reinado desde A dão até C ris to, D eus preservou o hom em o suficiente para que tivesse filhos e preservou a linha gem m e ssiâ n ica . Só E n oq u e e sc a p o u da morte, sendo trasladado, 24 (Hb 11.5), por que "an dou [...] com D eus". Antes da que da, Deus andava com o homem; após a que da, o homem passou a andar com Deus. A g ran d e era dos p atriarcas anted iluvianos deve-se p rovav elm ente à v italid a de física m aior e ao clim a an ted ilu v ian o, m ais saud ável.
Paralelo Arqueológico C ríticos costu m am tratar a lon g evid a de dos patriarcas antediluvianos com o len
A idade dos patriarcas
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Adão
930 anos
Jarede
962 anos
Sete
912 anos
Enoque
365 anos
Enos
905 anos
Metusalém
969 anos
Cainã
910 anos
Lameque
777 anos
Maalaleel
895 anos
Noé
950 anos
Génesis I 45 1
d as ou m ito s ó b v io s . D e a c o rd o com o W eld-Blundell Prism , oito reis antediluvianos dominaram as cidades de Eridu, Badtibira, Laraque, Sippar e Shuruppak, na bai xa M e s o p o tâ m ia ; o re in a d o d e s s e s re is totalizou 241.200 anos (sendo de 18.600 o mais curto, e de 43.200, o m ais longb deles). B erossus, um sacerdote b abiló n io (séc. 3 o a.C.), alista dez nom es ao todo (em vez de o ito) e exag era aind a m ais o p e río d o de seus reinados. O utras nações tam bém têm tradições de longevidade prim eva. Falharam as tentativas de relacionar os dez reis de Berossus com os dez patriarcas de A dão a Noé. Os nom es, porém , confor m e preservados na Lista de Reis Sum érios e B erossu s, rep resen tam , evid en tem en te, uma tradição corrompida dos fatos históri cos con form e p reserv ad a em Gn 5, além de fornecer indicações da longevidade hu mana muito m aior antes do dilúvio.
Luz cronológica É altam ente improvável que a estrutura genealógica de G n 5 tenha sido elaborada para calcular o número de anos (1656) entre a criação do homem e o dilúvio, estabelecen do 4004 a.C. como a data da criação do ho mem (Ussher), ou que possa ser usada para tal. Há algumas razões: (1) Os termos hebrai cos "g erar", "filho", "filha" são usados com grande amplitude e podem envolver descen dentes distantes e imediatos. (2) As dez ge rações de Adão a N oé e as dez de N oé a Abraão buscam , evidentem ente, brevidade e simetria, não um a relação ininterrupta de pais e filhos. (3) Abreviações por questões de sim etria são aspectos com uns nas genealo gias bíblicas (cf. Mt 1). (4) Na fórmula recor rente, "A viveu — anos e gerou a B. Depois que gerou a B, viveu A — anos; e teve filhos e filhas", B pode não ser filho literal de A. Nes se caso, a idade de A pode ser a que possuía quando nasceu o descendente de quem des cendeu B. Um intervalo indefinido pode ser intercalado entre A e B. (5) Sabe-se agora, cientificamente, que o hom em existia muito antes de 4000 a.C., como indicam tanto a pa leontologia como a arqueologia.
6—8. 0 dilúvio 6.1-7. A causa m oral do d ilúvio. Têm sid o ap resen tad as algum as op iniões com respeito a esta passagem m uito difícil: (1) casam en tos m istos dos filh os devotos de S e te com os filh o s ím p io s de C aim ; (2) ca s a m e n to s p o líg a m o s d o s a n tig o s g o vern an tes d in ástico s ("O s hom en s de re nom e "); (3) casam entos m istos entre " f i lhas dos hom en s" i.e., m ulheres de carne, com os ben ê Elohim , "filh o s de D eu s", i.e., an jos. D essas três op in iões p red o m in a n tes, a terceira deve ser preferida por cau sa da am plitud e da passagem (i.e., m oti vo do dilúvio cataclísm ico); da origem dos n ep h ilím (p r o v a v e lm e n te re la c io n a d o s com os g ig an tes que habitavam na terra, da S ep tu a g in ta , "g ig a n te s "); d o p a ra le lo com rela to s g reg os e ro m an os que m en c io n a m os titã s , c r ia tu r a s m ito ló g ic a s p a rte h u m a n a s e p a rte d iv in a s ; do uso constan te de benê Elohim , no AT, em lugar de anjos (cf. Jó 1.6; 2.1 etc.); e porque es critores do N T acrescentam seu testem u nho em 2Pe 2.4-5 e Jd 6.
Relato do dilúvio na placa XI da versão assíria do Épico de Gilgamés.
[ 46 1 Génesis
6.8-12. A graça do Senhor para com Noé. N oé encontrou graça diante de D eus por causa de sua fé no Redentor p rom etid o e na n ecessid ad e de um sacrifício e xp iató rio (Hb 11.7). Portanto, diz-se que ele era " ju s to " e "ín te g ro " (p o ssu ía in te g rid ad e espiritual, não im pecável). C om o Enoque, era um an te d ilu v ia n o de qu em se d iz ia "andava com D eus" (Gn 5.24; 6.9). A arca que N oé devia co n stru ir era um tip o de C risto, com o o que g u ard a seu povo do ju lg am en to (Hb 11.7), e sp ecifica m e n te o re m a n e s c e n te de Is ra e l q u e se v o lta r á para o Sen h or na G ra n d e T rib u la çã o (Is 2.10-,11; 26.20-21). 6.13-22. Instruções para a construção da arca. "Betum e", 14, vem de uma raiz sem e lhante à da palavra hebr. traduzida por "e x p iação" em o u tras p artes (Lv 17.11 etc.). Como tal, seu uso pode ter um significado típico com resp eito à exp iação de C risto, que m antém fora as águas do julgam ento. A arca possuía 300 côvados (137m) de com primento, 50 (23m) de largura e 30 (14m) de altura, com capacidade de 43.300 toneladas.
Revelações arqueológicas A história babilónica do dilúvio está pre servada no 11°. livro do fam oso Épico Assírio-Babilónico, de G ilgam és, escavad o em Kuyunjik (Nínive), em 1853. Ele descreve um barco cerca de cin co v ezes m a io r que a arca de Noé, com capacidade de cerca de
228.500t, e de estru tu ra cú bica. Tanto no relato babilónico com o no bíblico, o b etu me ou o piche aparece de maneira proem i nente com o m aterial para fech ar os vãos da nave. A m bos os relatos sustentam que a catástro fe foi p lan ejad a p o r D eu s. M as em co n traste m arcan te com o relato m onoteísta hebraico, o babilónico é politeísta e n ão p o ssu i u m a co n cep ção m o ral a d e quada da causa do dilúvio. Am bos os rela tos afirm am que o herói do d ilúvio (Noé, U t-h a p istim )fo i d iv in a m en te in stru íd o a c o n s tru ir u m a g ra n d e e m b a rca ç ã o p ara salvar a vida. De todos os paralelos extrab íblicos que nos chegaram da vasta litera tura cuneiform e do vale do Tigre-Eufrates da antiguidade, o mais impressionante con tinua sendo o relato babilónico do dilúvio. 7.1-9. Instruções com respeito ao dilú vio. Lv 11.1-31; D t 14.3-20. Sete p ares de anim ais lim pos (i.e., aceitáveis para sacri fíc io ) sã o d e s ta c a d o s p a ra s e r le v a d o s, além do m acho e da fêm ea de cada esp é cie, para futura m ultiplicação (Gn 6.19). Tais distinções são anteriores à lei m osaica, que estipula dez desses anim ais próprios para sacrifício . 7.10-24. C ausas físicas do dilú vio. As cau sas do d ilú v io de N oé in sinu am um a catástrofe m undial, não um sim ples d ilú v io lo ca l (cf. 2P e 3 .4 -6 ). D ão-se alg u m as e x p lica çõ e s q u an to à orig em da água do dilúvio. A m ais popular delas é a de W hitcom b e M orris, em The Genesis Flood. Eles
Dimensões dadas em Gn 6 mostram que a arca era uma embarcação muito grande. I-
Três compartimentos I Abertura
_______ Cobertura
Comprimento: 137 metros (300 côvados)
--- -
Génesis ( 47 ] supõem que o dilúvio com eçou com o va z a m e n to de v a sta q u a n tid a d e de ág u a s su b terrân eas (G n 7.11), com certeza p ro vocado por um terrem oto, im plicand o re b aix am en to do n ív el da terra e elev ação do fundo do mar. Isso é m encionad o pri m eiro. O s q u aren ta d ias de p re cip ita çã o violenta foram apenas a fonte secu nd ária da água e ocasion aram m u d an ças clim á tica s ra d ica is . A té e n tã o , a te rra o b v ia m en te era regad a por tais fo n tes su b te r râneas e por um a neblina ascendente (Gn 2.5-6), de m odo que talvez não h ou vesse co n d içõ e s a tm o s fé rica s p ara q u e se fo r m a s s e um a r c o -ír is (G n 9 .1 3 ) co m o n o m undo p ós-d ilu viano transform ad o.
Revelações arqueológicas Tanto o relato babilónico com o o bíbli co especificam a duração do dilúvio. O préb ab ilô n ico (su m ério ) esp ecifica sete d ias e sete noites, o babilónico, seis dias e noi tes. O relato bíblico indica um pouco mais de um ano (371 dias). A Bíblia também de fend e o caráte r catastró fico so b ren atu ral contra a teoria naturalista m oderna de uni form idade (2Pe 3.5,6). 8.1-6. As águas recuam . Um vento se cou a água, 1; os níveis da terra e do mar voltaram ao norm al, 2. C essou a cond en sação de vapor de água que circundava a terra antediluviana, 2 (cf. G n 1.6-8). A arca
I Porta da arca
tocou a terra seca num a das m ontanhas de A rarate, 4, não necessariam ente o atual m o n te A ra ra te (A g ri D a g h ), sen d o o nom e idêntico ao Urartu, assírio, significan do todo o território m ontanhoso da Armé nia (cf. 2Rs 19.37; Jr 51.27; Is 37.38), a O do m ar Cáspio e SE do mar Negro. 8.7-14. O envio das aves. Prim eiro en viou-se um corvo, 6-7; depois, por três ve zes, so lto u -se um a pom ba. O retorno da seg u n d a pom ba com um a folh a nova de oliveira mostrou que os vales em que cres ciam as o liv e ira s e stav am q u ase secos. 8.15-22. Noé deixa a arca e cultua. Noé oferece ofertas queim adas no altar por ele construíd o, 20; adora o A m ado que o ha via salvado junto com sua fam ília. Ao acei tar o ato de adoração e gratidão, o Senhor "sen tiu o arom a suave ", 21.
Revelações arqueológicas Na história babilónica do dilúvio, Ut-hapistim ofereceu sacrifício , derram ou uma libação e queim ou cana doce, cedro e mur ta, depois de deixar o barco, em parte por causa da ira dos deuses que haviam decre tado o com pleto exterm ínio da hum anida de e em parte para expressar sua gratidão ao deus Ea, por poupá-lo. A ntes de deixar o barco, com o Noé, Ut-hapistim, enviou aves — uma pomba, sete dias depois que o bar co pousou no monte Nisir, seguida por uma andorinha, e por fim um corvo.
O comprimento da arca ultrapassava uma extensão equivalente a 12 ônibus ou 24 carros enfileirados, e sua altura ultrapassava a de um
T Altura: 14 metros (30 côvado: Largura: 23 metros (50 côvado'
( 48 1 Génesis
9. Aliança de Deus com Noé 1-19. Elementos da aliança. (1) Prom es sa de que todos os seres vivos nunca se rão destruídos, 8.21. (2) Ordem da nature za confirm ada, 8.22. (3) N oé e seus filhos devem se m u ltip licar e d om in ar a terra, 9.1,7. (4) Perm itida dieta de carne, m as sem sangue, 3-4. (5) In stitu íd o o g ov erno hu mano (pena capital), 5-6. (6) Aparece o arcoíris como sinal da aliança, 8-19. As Escritu ras não dizem e sp ecificam en te se o arco já existia, ganhando a qualidade de sinal, ou se era um novo fenóm eno, ind icand o uma mudança clim ática após o dilúvio. 20-29. Profecia de Noé sobre a história moral e espiritual das nações. Noé desonra a si m esm o nu m m o m en to de d escu id o, dem onstrando que a salv ação do dilúvio não mudou afinal a natureza hum ana pe cadora, 20-21. Seu filho, Cam , m ostrando a tendência lasciva de seu caráter, deson rou verg o n h osam en te o pai, 22-23. N oé, pelo esp írito de profecia, pred isse a con sequência inevitável de sua tendência las civa na m ald ição que recaiu sob re o " f i lh o " de C am , C a n a ã , q u e re p re s e n ta o p ro g en ito r d a q u ele s p o v o s ca m ita s que mais tarde ocuparam a Palestina antes da conquista de Israel (G n 10.15-20). O propósito dessa profecia era indicar a origem dos cananeus e m ostrar a fonte de sua contam inação m oral (cf. Gn 10.1519; 19.5; Lv 18; 20; Dt 12.31). O fato de que a m ald ição de C an aã era fu n d a m e n ta l m ente religiosa e não racial é e v id e n cia do pelo contraste com as b ên ção s re lig i osas de Sem , 9.26, com o co n h ecim e n to de D eus e a salvação divina vindo m ed i an te a linhagem s e m ítica . A b ê n çã o de Jafé tam bém foi religiosa, 27. Ele h a b ita ria nas tendas de Sem .
Revelações arqueológicas O s can an eu s foram e scra v o s de um a das fo rm as m ais te rrív eis e d eg rad an tes de idolatria, que lhes incentivava a im orali dade. D escoberta em 1929-37, a literatura religiosa cananéia de R as Sham ra (antiga
U garite, no N da Síria) revela a adoração de deuses imorais, El e Baal, e das prostitu tas sagradas, Anate, A será e Astarte. Essa literatura com prova plenam ente os relatos do AT sob re a p rom iscu id ad e relig iosa e d eg rad ação m oral dos cananeus. O bjetos sag rad o s, e sta tu e ta s e litera tu ra ju n ta m se para m ostrar com o a religião cananéia era centrada no sexo, sendo excessivam en te com u ns sacrifício s hu m anos, adoração de serpentes, prostitutas sagradas e sacer dotes eunucos. Mal se podem im aginar as sórdidas profundezas da degradação soci al a que levaram os cultos cananeus.
10. Os filhos de Noé Filhos de Jafé A profecia panorâm ica da história m o ral e esp iritu al feita por N oé (cf. 9.24-27) form a uma introdução indispensável para o princípio que permeia o quadro etnográ fico de Gn 10, i.e., que nos tratos de Deus com os hom ens, o caráter m o ral de um a nação não pode ser com preendido, a m e nos que se conh eça sua origem . A nação de Israel, eleita por Deus para ser o canal de bênção redentora para o m undo, preci sava co n h ecer a fonte de onde su rgiram as várias nações à sua volta, para que pu desse saber com o agir em rela çã o a elas. W. F. A lbrigh t escreve a resp eito do qu a dro; "E le se apresenta absolutam ente ú n i co na litera tu ra an tig a, sem nenhu m p a ra le lo re m o to , m e sm o e n tre os g re g o s, onde en con tram os o que m ais se ap ro xi ma de um a d istribuição de povos em es trutura genealógica. Mas, entre os gregos, a estru tu ra é m itológ ica e os p o v os são, tod os, trib o s g reg as e eg éias [...] O q u a dro das nações continua sendo um d ocu m ento esp antosam ente exato" (in: Young's A nalytical C oncordance to the Bible, 22d ed., p. 30). Efttbora n u m erosos n om es já fo s sem co n h e cid o s p o r fo n tes g re g a s e ro m anas, a a rq u e o lo g ia m o d ern a dos ú lti mos 150 anos tem elucidado m uitos deles com su a s d esco b e rta s. 2-5. Os descendentes de Jafé. Estes for m aram as nações do N. Gôrner (G im irraya, em assírio), os cim erianos da antiguidade
Génesis I 49 1
(Ez 38.6), é m encionada nos anais dos im p e rad o re s a ssírio s E sarh a d d o n e A ssu rbanipal (séc. 7a a.C.). M agogue (Ez 38.2; 39.6) eram os citas (de acordo com Josefo), mas é provável que seja um term o abrangente para os bárbaros do N. M adai são os bem conhecidos m edos (2Rs 17.6; 18.11* Is 21.2) m encionad os nas inscrições assírias, javã, gregos jó n ico s de H om ero e, em p articu lar, os jónicos asiáticos, foi prim eiro m en cionado por Sargão II (722-705 a.C.) e, sub s e q u e n te m e n te , c o n h e c id o na h is tó r ia judaica (Ez 27.13; Is 66.19; J1 3.6; Zc 9.13; Dn 8.21; 10.20). Tubal e M eseque (Ez 27.13; 32.26; 38.2; 39.1; Is 66.19) são Tabali e M ushki dos re g istro s cu n eifo rm e s a ssírio s do tem p o de Tiglate-Pileser I (c.1100 a.C.) em diante. Tiras foi provavelm ente o ancestral de Tirsenoi, um povo pirata egeu. A squenaz são os citas (A shkuz, em assí rio). R ifate provavelm ente foi preservad a nas m o n tan h as de R ifate, d ista n te, ao N (Jo sefo ch am a-os p aflag ô n io s). E lisá é Q uitim ou C h ip re (Ez 27.7), a A lashiya dos T abletes de A m arna. T ársis era o centro fenício de fu nd ição de cobre em Tartesso, Espanha, ou na Sardenha (Ez 27.12). Quitim é Chipre, ligada à antiga ci dade costeira do S, C ition (hoje Larnaca). D odanim talvez fosse D ard ânia (d ard ânios) da Ásia M enor; tam bém cham ada Rodanim , em lC r 1.7 e nos texto grego e sam aritan o de G n 10.4, que indicam a ilha egéia de Rodes. Filhos de Cam 6-20. D escendentes de C am . Estes for m aram as n açõ es do S. O s m ais a n tig o s e d ific a d o re s de im p é rio s e sta v a m no S da B abilónia e, m ais tarde, no Egito. Cuxe está ligado a Kish, a antiga cidad e-estado na baixa Babilónia. A partir de Kish, onde os im peradores babilónios do terceiro m i lénio a.C . assu m iram o títu lo de reis do m undo (cf. N inrode, 8-12), os cu xitas m i g raram p ara a Á frica (K o sh ou N ú b ia). M izraim é o Egito, cuja civilização data de c.5000 a.C, e inclui o período pré-d inástico até 3100 a.C. e 30 d inastias de esp lên did os reis de 3100 a.C. a 322 a.C. Pute é C ire n a ica , no N da Á frica , O do E g ito ,
co m o se s a b e h o je p e la s in s c r iç õ e s de D a rio I, da P érsia (5 2 2 -4 8 6 a .C .). C anaã re p re s e n ta os p o v o s c a m ita s o rig in a is , e sta b e le c id o s na P alestin a, que p e rm iti ram a m a lg a m a ç ã o , to rn a n d o -se p re d o m in a n te m e n te sem itas. S ebá está a s s o c ia d o ao S da A rá b ia , sen d o m en cio n ad o nas in scriçõ es a ssíri as do séc. 8° a.C. H avilá foi an cestral de um povo, parte cu xita e p arte jo ctam ita (se m ita ), no ce n tro e S da A rábia (10.72 9 ). S abtá é S h a b w a t, a n tig a c a p ita l de H azarM avé (10.26), atual H adram aut. Raam â, Sabtecá, Snbá e D edã representam as tribos cu xitas da A rábia. 8-10. Poder im perial camita. Surgiu na história hum ana com Ninrode, fundador do rein o da B abilón ia, plausivelm ente exp li cado com o N in-M aradda ("Senhor de Marad ") sum ério (antigo babilónio não-sem ita), um a cidade a SO de Kish. A Lista de Reis Sum érios alista a dinastia de Kish com 23 reis em prim eiro lugar na enum eração d as d in a stia s m eso p o tâ m ica s que re in a ram após o d ilú v io . E n treta n to , para os h e b re u s, o n om e N in rod e su g ere "r e b e liã o " c o n tra D eu s, que re g istra ra m seu caráter de caçador, o oposto do ideal divi no de rei: pastor (2Sm 5.2; 7.7). O rein o de N in rod e é m en cio n ad o em sua origem na terra de Sinar (toda a pla nície aluvial do Tigre-Eufrates, os últim os 320km de seu curso rum o ao golfo P érsi co), com Babel, E reque, A cade e Calné, 10, to d o s re a v id o s p ela a rq u e o lo g ia . A cade (A gade) e Babel (Babilónia) ficam na p ar te N de Sinar, cham ada A cade; e na p ar te S, cham ada Sum er, ficava Ereque (an tig a U r u k ), a tu a l W a rk a , o n d e fo ra m d esco b e rto s os p rim eiros z ig u ra tes (torre s-tem p lo s) e selo s cilín d ricos. O nom e A cade foi dado ao d istrito no N da B abiló n ia p o r c a u sa de sua cid a d e p rin cip a l, A gad e, tra n sfo rm a d a por Sarg ão em ca pital do im pério (2371-2230 a.C.). Calné é ain d a o b scu ro , m as a cre d ita -se que seja um a fo rm a ab rev iad a de H u rsag k alam a (K alam a), cid ad e gêm ea de K ish. A ssíria (A ssu r), ca p ita l e cen tro do p o d er a s s í rio, lOOkm ao S de N ínive, agora cham a da Q alat Sh arq at, foi escav ad a (1903-14)
[ 50 I Génesis
e sua ocu pação rem onta ao in ício do te r ceiro m ilén io a.C. Nínive (atual Kuyunjik), a cerca de lOOkm ao N de A ssur, foi a capital p o sterior do Im pério Assírio. Ressuscitada pela arq u e ologia m oderna do túm ulo de seu esq u e c im e n to , era a n tig a m e n te co m o N o v a York, o centro de um com plexo de cidades que incluía: Calá, 30km ao S; Resém, entre Calá e N ínive propriam ente dita; e R eobote-lr (Rebit-Ninua), a O da capital. 13-14. Outras nações camitas descenden tes dos egípcios são Ludim (considerada por alguns Lubim, os líbios, um a tribo a O do D elta), os anam im itas, leabim itas, naftu im itas e casluimitas (todos obscuros). Os patrusimitas são habitantes de P tores, alto E gi to. C aftorim itas são h ab itan tes de K aptara ou Caftor (Creta). Os filisteu s são bem ilus trados pelos m onum entos. Eles invadiram o SE da Palestina em m assa no séc. 12 a.C., em bora p eq u en as co m u n id a d e s de filis teus possam ter e stad o em C an aã d esd e 2100 a.C. (cf. Gn 21.32-34; 26.1). 15-20. O utros descendentes de Canaã. Sidom (a m ais antiga cidade fenícia, 35km ao N de Tiro) representa os fenícios (sidom itas). O heteus (h ititas) eram um antigo povo im perial da Ásia M enor, com capital em H atusas (Boghazkoy), no rio H alys. Os jebu seu s estab eleceram -se em Jeb u s, an ti go nom e de Jeru salém (Js 15.63; Jz 19.1011; lC r 11.4) antes da con q u ista de D avi (2Sm 5.6-7). Amorreus ("d o oeste") era aplicad o pe los babilónios, no sentid o de estranho ou estrangeiro, aos habitan tes da Síria-P alestina. Os girgaseus e heveus eram tribos cananéias, que perm anecem o b scu ro s à ar queologia. Os arqueus estão representados em Tell Arka, 130km ao N de Sidom (Irkata, nas Cartas de Am arna). Os sineus (Siannu, em assírio) são mencionados por Tigla te-P ileser III com o cidade costeira. O s arvadeus são os h a b ita n tes de A rvad, 40km ao N de Arka (Arwada, nas Car tas de A m arna). O s zem areu s alud em ao povo de Sim ura (sim uros), lOkm ao N de Arvad. Os ham ateus representam os h ab i tantes de H am ate, nos O rontes, escavada entre 1932 e 39.
Társis? ♦
Quadro das Nações de acordo com Génesis 10 Descendentes de:
% Jafé (indo-europeus) ^ Cam (africanos) ■ Sem (semitas) O (atribuídos a ambos, Cam e Sem)
Semitas 21-31. D escendentes de Sem. Estes for m avam a^ nações centrais. A im portância e sp e c ia l da d esce n d ên cia de Sem na re d en ção é salien tad a pela in tro d u çã o d u pla a esta seção do quadro das nações que trata de sua genealogia e pela linguagem so len e em p reg ad a, 21-22. A s lín g u as d e les eram : sem ítico oriental ou o acad iano (babilón ico e assírio); n orte-sem ítico, ara-
Génesis I 51 ]
% Gomer % Asquenaz
Rifate?'"***^
%Tubal #Togarma
s£ # Meseqye^
Assur
% Madai
# Canaã
Patrusim # Mizrairn
# Raamá? Hazar-Mavé #
m aico e siríaco, n oroeste-sem ítico, ugarítico, fenício, hebraico, m oabita, sul-sem ítico, arábico, sabeano, m ineano e etíop e. Sem é d esig n ad o "a n c e stra l de todos os filhos de É b er", 21. H éber inclui todas as tribos árabes, 25-30, bem com o os israeli tas (11.16-26), ism aelitas, m idianitas (25.2) e edom itas. O nom e H éber ("o outro lado") denota ou (1) os que vieram do "ou tro lado do R io " (Eufrates), i.e., Harã (Js 24.2-3), ou
(2) os lig ad os a H abiru ('A piru), bem co nhecid o por reg istros arqueológicos. Elão é Susiana, Susã, a capital (Ne 1.1; Et 2.8), cujos níveis de escavação chegam a 4000 a.C. A ssur é a Assíria, fundada pelos cam itas (Gn 10.11), m as os sem itas dom i naram o país. A rfaxade fica provavelm en te a NE de Nínive. Lude (lídios) com afinida d es s e m ític a s fo i e s ta b e le c id a p o r um a d inastia de p ríncip es acad ian os de Assur
[ 52 1 Génesis
Objeto em baixo-relevo mostra a rainha e seus servos em um banquete na antiga Nínive. Hoje, há uma elevação no local do sítio arqueológico de Nínive, conhecida como Kuyunjik. A cidade, que foi a capital do império assírio, ficava cerca de 97 km ao norte de Assur. depois de 2000 a.C. A rã (aram eus) tom ouse um povo im p ortan te em H arã, na re gião do rio Khabur (Habor), da M esopotâ mia e, mais tarde, estabeleceu estados em Zobah, M aaca, G eshur, Beth-R eh ob e D a masco. Estes foram conquistados por Davi. Uz (aram eus do d eserto ao S de D a m a s co), Hul, Geter e M ás são tribos aram aicas do deserto. D escen den tes de A rfa x a d e foram S alá, H éber, P eleg u e e as tre z e trib o s á ra b es de Joctã (A rábia). D escen den tes de Jo c tã fo ra m as trib o s árabes. A lm odá e S elefe são in certo s. H azarM avé é a a tu a l H a d ra m a u t, no S da A rábia, a L de A den. Jerá, H adorão, Llzal, Dicla, Obal e Abimael são todos antigos, mas não identificados. Sabá é um povo do SO da Arábia, capital M ariaba (Saba), 320km ao N da atual Aden. Ofir, fam osa por seu ouro (Jó 22.24; SI 45.9; Is 13.12) e indústria e x trativ a de Salo m ão (lR s 9 .2 8 ), re ce b e localizações variadas na índia ou na costa africana. Havilá talvez seja diferente da de
10.7. Se não, os cam itas a possuíram antes dos sem itas filh os de Joctã.
11. De Babel a Abraão A Torre de Babel 1-4. A construção da torre. Os descen dentes de Noé falavam uma língua, 1. Eles v ia ja ra m p ara o L (ou m e lh o r, S E ), das m ontanhas do A rarate (U rartu, A rm énia; cf. Gn 8.4) ao lugar do jardim na planície aluvial m uito fértil da B abilónia (Shinar), entre o T ig re e o E ufrates, uns 320km fi nais dos rios, an tes de chegarem ao mar. Os ricos sed im en tos d esses d ois grand es rios form aram esse lugar ideal para o b er ço da civ ilização pós-d ilu viana e para os con stru to res de Babel; 2. A p ós um longo p eríod o de ocu p ação sed en tária no S da Babilónia, e durante a vida de Pelegue, fi lho de H éber (Gn 10.25), que ao que pare ce ocorreu bem antes de 4000 a.C., a raça hum ana havia se m ultiplicado o suficiente e d esenvo lv era artes e ofício s para cons-
Génesis [ 53 1
Torre de Babel A Torre de Babel é ilustrada pelas montanhas artificiais gigantescas de tijolos secados ao sol no sul da Babilónia, os zigurates (palavra assfrio-babilônica ziqquratu, significando "pináculo" ou "cume de montanha"). O mais antigo dos zigurates recuperados (das mais de duas dúzias hoje conhecidas) fica na antiga Uruk (Ereque,
Gn 10.10; atual Warka). Era uma grande pilha de argila reforçada exteriormente com tijolos e betume, como zigurates semelhantes em Borsippa, Ur e Babilónia. Construído em degraus, de três a sete andares de altura, eram multicoloridos. No último andar, localiza vam-se o santuário e a imagem do padroeiro da cidade. A torre de Gn 11
bem pode ter sido a primeira dessas tentativas de se construírem torres, símbolo da revolta e rebelião do homem contra Deus. O uso politeísta das torres posteriores, cópias da original, exemplifica uma apostasia completa, a idolatria característica dos sumérios e, mais tarde, dos babilónios semitas da planície do Sinar.
[ 54 1 Génesis
truir um a cidade e " com um a torre cujo topo toque no céu". Isso não é mera hipér bole, mas uma expressão de orgulho (" fa çamos para nós um nom e") e rebelião con tra D eus e sua ordem expressa: "en ch ei a terra" (G n 9.1). E vid en ciaram -se a g lória pessoal, em vez da glória de Deus, e a uni dade forjada por hom ens que substituiu a unidade perdida quando abandonaram o tem or de D eus. T ijo lo s (argila secad a ao sol) e argam assa (betum e) eram m ateriais fáceis no solo aluvial da planície, 3. 5-9. A confusão de línguas. Sem dúvida, a Babilónia era um a das cidades m ais po liglotas do m undo antigo, e é notável que ali se localize o início das línguas h u m a nas. A confusão de línguas foi um ju lg a mento divino contra o orgulho e a rebelião dos co n stru to res de B ab el e co n cretiz o u sua d issem in ação sob re a terra. M as foi um ato divino, e não se revela a m aneira precisa pela qual foi realizada. Gn 10, ex plicando a d iv ersid ad e de raças, é m uito posterior aos eventos de 11.1-9. Do dilúvio a Abrão 10-32. A genealogia de Sem a Abrão. Dez nom es são re g is tra d o s. A o q u e p a re ce , são s e le cio n a d o s, e a g e n e a lo g ia (co m o os dez nom es de Adão a Noé, em Gn 5) é sim étrica e te le s c o p ic a m e n te a b re v ia d a porque: (1) O período aparente de 427 anos cob erto (hebr.), S eptu agin ta 1307 an os, é muito breve de acordo com a história con tem porânea do E gito e da B a b iló n ia . (2) Não há provas de um dilúvio m undial em lu g ares e sca v a d o s a n te s de p e lo m en o s 4500 ou 5000 a.C., e colocar o d ilúvio em c.2348 a.C. é arqueologicam ente in su sten tável. (3) A sim etria e a a b re v ia ç ã o são c a ra cte rística s d as g e n e a lo g ia s b íb lic a s. (4) A aparente intenção da narrativa é tra çar a lin h a g e m m e s s iâ n ic a com n o m es re p re se n ta tiv o s.
12. 0 chamado de Abrão 1 . 0 chamado divino em Harã. Deus pri meiro chamou Abrão em U r (A t 7.2-3; Gn 11.31) e renovou o cham ado em H arã. Ele o confirmou em Siquém (12.7), de novo em
Betei (13.14-17) e duas vezes em H ebrom (15.5-18; 17.1-8), salientand o assim toda a im portância do cham ado. Até então, Deus lidara com toda a raça adâm ica, que ago ra se afu nd ava nu m a id o latria universal. D eus, então, seleciona um pequeno braço do grande rio por m eio do qual, por fim, purificará o próprio rio. H a rã , o n d e A b rã o p e re g rin o u a té a m orte de Terá, ainda existe no rio Balikh, a cerca de lO.OOOkm a NO de Ur e uns 600km a N E da Palestina. H arã era próspera nos dias de A brão, sendo conhecida pelas fre q u en tes re fe rê n cia s n a s fo n te s c u n e ifo r m es. Seu nom e, H arranu ("ca m in h o "), em fo n te s a ssíria s d esta ca m sua lo ca liz a çã o nas grand es artérias com erciais en tre N í nive, D am asco e Carquem is. Com o Ur, era um centro de culto ao deus-lua Sin (Nana, em sum ério). Por m eio de A brão e da criação da n a ção de Is ra e l, D eu s e sta b e le c e u p ara si (1) um a te stem u n h a do ú n ico D eu s v e r d adeiro em m eio ao p o liteísm o universal (D t 6 .4 ; Is 4 3 .1 0 -1 2 ); (2) um re cip ie n te e um guardião da revelação divina (Rm 3.12; D t 4.5-8); (3) um a testem unha da b ên ç ã o de s e r v ir ao D e u s v e r d a d e ir o (D t 3 3.26-29); (4) um povo por m eio do qual viria o M essias, o R edentor (Gn 3.15; 12.3; 49.10; 2Sm 7.16). 2-4. A aliança abraâm ica. A aliança, de pois confirm ada (G n 13.14-17; 15.1-7; 17.18), possuía sete partes: (1) A brão seria uma g ran d e n ação — um a d escen d ên cia n a tu ral "co m o o pó da terra"(G n 13.16), i.e., a n a çã o h e b ra ic a do AT e a n a çã o re s ta u rad a do rein o fu tu ro ; e u m a d esce n d ên cia esp iritu al in clu in d o todos os h om ens de fé, ju d eu s ou gentios (Rm 4.16-17; 9.7-8; G1 3.6-7). (2) A brão seria pessoalm ente aben çoado — " t e a b e n ç o a re i" m a te ria lm e n te (Gn 13.14-17; 24.34-35) e esp iritu alm en te (Gn 15.6; Jo 8.56). (3) O nom e de A brão seria e n g r a n d e c id o — " e n g r a n d e c e r e i o teu n om e". (4) A brão seria um a bênção em pessoa — "tu serás um a b enção" (G1 3.13-14). (5) Os que aben çoarem A brão serão aben çoad os — "a b e n ç o a re i os q u e te a b e n ç o a re m ". (6) Os que am aldiçoarem A brão serão am aldi çoados — "a m a ld iço a rei quem te am ald i
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ç o a r " . O a n ti-s e m itis m o sem p re p ro v o cou a ira de D eus, e continu ará a ser a s sim (Zc 14.1-3). (7) Todas as fam ílias da terra seriam abençoadas em A brão por meio de sua posteridade-. C risto (G1 3.16; Jo 8.56-58). 5-9. Abrão em Canaã. A esposa de Abrão, Sara, seu sobrin ho, Ló, e as pessoas (ser vos) que ele havia adquirido em Harã m i graram com ele para a terra de Canaã. Siquém foi sua prim eira parada em Ca naã. Essa cidad e antiga no centro de C a naã fica num vale agradável entre os m on tes Ebal e G erizim , lo ca liz a ç ã o da atu al N ablus. Aqui, A brão adorou, a un s 50km ao N de Jerusalém (Jebus durante o perío do da conquista e dos juizes). Betei, significando "casa [habitação] de D eus", foi o segundo lugar em que ele pa ro u . A cid a d e d e s fru ta v a de u m a v ista m agnífica da Palestina, sendo o ponto ide al p ara Ja có , m ais tard e , ter a v isã o da escada. O lugar, a m enos de 20km de Je rusalém , tem sido escavado, revelando sua história nos tem pos bíblicos. C an aã (do hu rrita, "p erten ce n te à te r ra da púrpura verm elh a"), pelo m enos no séc. 14 a.C ., to rn a-se d esig n ação g eo g rá fica do p aís em que os c a n a n e u s ou os c o m e r c ia n te s fe n íc io s q u e n e g o c ia v a m corante verm elho-p úrpu ra obtido de con c h a s de m ú re x n a c o s ta m e d ite r r â n e a . "P a le s tin a " é um term o g reg o p o ste rio r (he P alaistin e) derivado de filisteus (p e l i s t i) , q u e se e s ta b e le c e r a m ao lo n g o da costa SO (Filístia, J1 3.4). 10-20. A brão no Egito. Incidentalm ente, em associação com a fom e em C anaã e com a viagem de A brão para o Egito, o poderoso im pério ju n to ao N ilo surge su b itam en te na h istória b íb lica, m as tornase com um , daqui em diante. M onum entos fú n e b re s e g íp c io s m o stra m g ru p o s de m ercadores sem itas entrando no Egito em é p o c a s re m o ta s, ilu s tr a n d o a v is ita de Abrão. A brão, d eixando C anaã, teve d ifi culdades por causa da beleza de Sara. Era com um na antiguidade, os poderosos con fiscarem m u lheres bonitas. O subterfú gio de A brão, cham ando Sara de irm ã era em p a rte v e rd a d e . Ela e ra su a m e ia -ir m ã (20.12). A lém disso, relatos h u rritas co n
tem p o rân eos dão a en ten d er que era co m u m fo rm a liz a r o ca sa m e n to com um a a d o çã o , de m o d o que m a rid o e m u lher tam bém se tornassem irm ãos adotivos (cf. Jacó, Gn 29.14). Tenha ou não sido influen ciado por essas práticas, não se pode su b estim ar a seried ad e de sua m entira.
13. Abrão separa-se de Ló 1-4. Abrão e Ló voltam do Egito. Menci ona-se a riqueza de A brão (cf. 12.2) e seu retorno a Betei (veja nota sobre 12.8), per to de Ai (veja nota sobre Js 8). 5-13. Abrão separa-se de Ló. Abrão fez a escolha da fé e Ló fez a escolha da vista, re su lta n d o em p ro g resso e sp iritu a l para Abrão e declínio espiritual para Ló. 14-18. C onfirm ação da aliança abraâm ica. Veja notas sobre Gn 12.2-4. A posse de C a n a ã e a p o s te r id a d e n a tu ra l são d e sta ca d a s. A b rão m ig rou para M anre, p erto de H ebrom , e co n stru iu um altar, 18. H ebrom , com o cidade, ainda não exis tia n o s d ia s de A b rã o , s e n d o fu n d a d a "s e te an os antes de Zoã, no E g ito " (Nm 13.22), i.e., c.1700 a.C. A ntes, o lugar cha m av a-se M an re, e a m enção de H ebrom a q u i, b em co m o em 2 3 .1 9 , é um a nota e x p lic a tiv a (p ro lep se) p ara in d ica r a lo ca liz a ç ã o de M an re.
Revelações arqueológicas Na Idade M édia do Bronze (2000-1500 a.C .), a reg iã o m o n tan h o sa da P alestin a possuía densas florestas, com pouca terra arável. C isternas não eram m uito usadas. A ssim , só havia cidad es perto de fontes, de m o d o que h a v ia m u ito e sp a ç o p ara pastores sem inôm ades, com o Abrão e Ló. A arqueologia m ostra que Siquém , Betei, G erar, D otã, Jeru salém (Salém ) e Berseba existiam nos d ias de A braão, bem com o as Pentápolis do Jordão: Sodom a, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar (veja nota sobre Gn 19.1-38). A Palestin a ainda era pouco habitada, com cidades cananéias localiza das na planície costeira e Esdrelom , e no vale do Jordão e no mar Morto.
[ 56 1 Génesis
História mesopotâmica paralela a Génesis Período
Lugar escavado
Eventos
Primeiros vilarejos no norte da Mesopotâmia. Qalat Jarmo, 50km a L de Mosul, escavados em 1948 pela Univ. Chicago.
Instrumentos de pedra, casas simples, não há cerâmica.
Tell Hassuna, 40km ao S de Mosul. Escavado em 1943-44 pelo Museu do Iraque. Matarrah, 40km ao S de Kirkuk, escavada pela Univ. Chicago em 1948. Níveis inferiores de Nínive. Samarra junto ao Tigre, ao N de Bagdá.
Cerâmica rudimentar. Artefatos de sílex e obsidiana. Desenvolvimento de implementos agrícolas, domesticação de animais. Casas de argila. Não há uso de metais. Progresso na cerâmica. Cerâmica pintada. Apogeu artístico do período samarrano.
(Todas as datas a.C.)
Era Neolítica 6500-5000
Período Hassuna
Mesopotâmia
KUWAIT
V--
ARABIA SAUDITA 250
183
500 km
_I_____________ l
Terra fértil l 1 I Deserto Iraque Estado atual
Génesis [ 57 1 Era Calcolítica (Cobre-Pedra). a partir de 4500
Período de H alaf
Tell Halaf no rio Khabur, no norte da Mesopotâmia. Carquemis, 160km a O de Tell Halaf, Tell Chagar Bazar, 80km a L, e Tepe Gaura e Tell Arpatia, 180km a L. *Tell Abu Sahrain (Eridu) escavado em 1946-7 pelo Dpto. Iraquiano de Antiguidades.
Cerâmica halafiana notável. Veículos com rodas. Início do uso do cobre.
Começa a ocupação do sul da Babilónia. Cerâmica pintada com esmero. Primeiros templos pré-históricos. Habitações de argila vermelha.
Período de Tell el-Ubaid 4000
Tell el-Ubaid, no baixo Eufrates, escavado em 1923-4 por C. Leonard Woolley; corresponde ao nível inferior de Susã na região montanhosa iraniana.
Cerâmica característica pintada de verde pálido, jóias de lápislazúli, instrumentos e armas de pedra e cobre.
Uruk 3500
Ereque (Gn 10.10), atual Warka, a 56km do Tell Obeid, acima do vale do Eufrates, escavada por alemães.
Primeiras construções de, pedra, primeiro zigurate (torretemplo); cf. Torre de Babel (Gn 11.1-4). Introdução do selo cilíndrico e da escrita. Cálculos aritméticos.
Jem det Nasr 3000
Jemdet Nasr, no vale mesopotâmico, perto de onde seria mais tarde a Babilónia. Q. E. Mackay e S. Langdon, Report on Bxcavations at Jem det Nasr, Iraque, 1931. Encontrados Shuruppak (Fara), Eshnunna (Tell Asmar) e Kish.
Maior uso de metais. Introdução do bronze. Escrita em pictografias rudimentares. Esculturas de homens e animais. As cidades da baixa Mesopotâmia das tradições mais antigas acerca do dilúvio pertencem a esse período. Lista de Reis Sumérios.
Período Dinástico Prim itivo 2800-2371
Quatro dinastias em Kish. Duas dinastias em Ur. Três dinastias em Uruk. Dinastias em Awan, Hamazi, Adab, Mari, Akshan e Lagash.
Escrita píctográfica, templos, estátuas, artes e ciências desenvolvem uma idolatria elaborada entre os sumérios (pré-semitas na Babilónia).
Período A cadiano A ntigo 2 371-2180
Semitas ganham o controle. Sargão, em Agade (Acade), conquista Ur. Naram-Sin e seu filho Shar-kali-sharri dominam um grande império.
Gasour (depois Nuzi), cidade importante. Florescimento das artes. Esteia da vitória de Naram-Sin.
Terceira Dinastia de Ur 2113-2006
C. L. Woolley escava Ur, 1922-3.
Abraão nasce em 2161 a.C. Infância em Ur. Ur-Nammu é rei, Zigurate famoso em Ur.
Período de Isin-Larsa 2017-1763
Destruição de Ur.
Período dos patriarcas na Palestina.
[ 58 1 Génesis
14. Abrão, o guerreiro hebreu 1-12. Invasão dos reis m esopotâm icos. Q uatro reis m esopotâm icos lutaram con tra cinco reis do vale do Jordão, 2, e ven ceram , 3-12. 13-16. Vitória de Abrão, o hebreu. Abrão é a p rim e ira p e sso a n a B íb lia ch a m a d a "h eb re u ", 13. A ocorrência de H abiru nas Cartas de M ari (séc. 18 a.C .) e nos Textos C a p ad ó cio s m ais a n tig o s (séc. 19 a .C .), bem como em textos nuzianos, hititas, ugaríticos e de Am arna (séc. 15 e 14 a.C.), dão a entender que o term o não é um a desig n a çã o é tn ic a , m as s o c ia l, d e s c re v e n d o "p e re g rin o s" ou "o s que p assam de um lugar para ou tro ". Além disso, a raiz ver bal hebr. ‘br (provavelm ente ligada a "h e b re u ") sig n ifica " c r u z a r " , tam bém su g e rin d o que os h e b re u s e ra m os q u e "cruzaram ", i.e., os que cruzaram o rio (ou o Tigre-Eufrates ou, m ais tarde, o Jordão). 17-24. M elquisedeque e Abrão. M elquised equ e, "r e i de S a lé m " ("U ru -s h a lim ",
n as C artas de A m arna, m ais tard e, Je ru s a lé m ), sa iu ao e n co n tro de A b rão , que retornava de sua vitória contra os reis con fed erad os. M elqu ised eq u e, com o um reisa cerd o te, p re fig u ra v a C risto , que se le v a n ta ria com o "s a c e r d o te p a ra sem p re , seg u n d o a ord em de M e lq u is e d e q u e ", e assim cum prir os ofícios m essiânicos com b in a d o s de P ro fe ta , S a c e rd o te e R ei (SI 110.4; H b 7.1-28). A brão captou essa reve lação m essiânica de El Elyon (o D eus A l tíssim o), possuidor do céu e da terra (14.22), e pagou o dízim o a M elquisedeque em si nal de recon h ecim en to desse fato.
Revelações arqueológicas A arqueologia está atestando a alta an tiguid ade de G n 14, bem com o sua exatidão. Exem plos de topónim os arcaicos com e x p lic a ç õ e s de e sc r ib a s , que os to rn a m com p reen sív eis p ara um a g eração p o ste rior são: "B e lá (esta é Z o a r)", 2; "v a le de
M AR GRAN DE (MEDITERRÂNEO)
km Om (Heliôpolis) (Mênfàjíl
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Outras rotas comerciais Estrada real Caminho do mar (Via Maris)
Génesis [ 59 1
Sidim (que é o m ar Salgado)", 3; "En-M ispate (que é C ad es)", 7; "v ale de Savé, que é o vale do R ei", 17. As cidades de Hauran (Basã), Astarote e Carnaim eram todas ocupadas nesse perío do rem oto, com o tem dem onstrado o exa me de seus restos. A cidade de Cam foi en contrada por A. Jirku e W. F. Albright, sendo identificada com a m oderna Ham, rem on tando à Idade Média do Bronze (c.2000 a.C.). A rota de invasão dos reis, através do Hauran, L de Gileade e M oabe, para o SE da P alestin a, tem se m o strad o h isto rica m en te p ro v áv el pela d esco b erta de um a linha de restos da Prim eira Idade do Bron ze e da Idade M édia do Bronze, ao longo dessa rota em que foi descoberta, em 1924, a cidade de Ader, que rem onta à Prim eira Idade do Bronze. Mais tarde, essa rota, cha m ad a E strad a do R ei, to rn o u -se fam osa, m as não parece ter sido usada após 1200 a.C. O asfalto do mar Morto e os im portan tes depósitos de cobre e magnésio de Edom e M idiã devem ter sido o m otivo da inva são original (12 anos antes de Gn 14, cf. 14.4).
15. A aliança abraâmica confirmada 1. A prom essa divina. O Senhor garante segurança e proteção por Abrão ter confi ado nele. 2-3. A situação hum ana. Abrão não ti nha filh os. Seu servo E liézer era o único h erd eiro. A ad oção de um escravo com o herd eiro cond icional é atestada em reg is tros datados de c.1950 a.C., na Babilónia e em Sippar, e parece ter sido prática legal com um na M esopotâm ia. 4-5. A prom essa de um filho. Isso tam bém in clu ía a p ro m essa de um a d esce n d ên cia e sp iritu a l tão n u m ero sa com o as e s tre la s : "A ssim se rá [n u m e ro sa ] a sua d escen d ên cia [esp iritu a l]" (N V I). 5. Pela fé, A b rã o re ce b e u a p ro m e ss a de D eu s q u e , p o r fim , c e n tr a v a -s e n u m Is a q u e m aior (M essias) e resu ltaria em ju s tific a ção (Rm 4.3; G1 3.6). 7-21. A liança confirm ada. Deus honrou essa fé ju stificad ora. A aliança anunciada (12.1-4) e confirm ada (13.14-17; 15.1-7) foi aqui ra tifica d a (15.18-21). O p ro cesso de
confirm ação da aliança é ilustrado pela li tera tu ra da época.
16. Ismael e a fé insuficiente de Abrão 1-6. Tentação à descrença. O guerreiro da fé resolu to de Gn 15 recorre a m eios hum anos para ajudar Deus a cum prir sua prom essa. A d escrença se m anifestou na im p aciên cia de A brão e Sarai, 2-3. Sarai ilustra a aliança da graça, Hagar, a aliança da lei que "d á à luz filhos para a escravi d ão" (G1 4.24-25). 7-16. R esultados da descrença. O nasci m ento de Ismael marca a dúvida de Abrão e a in terferên cia na aliança proposta por D eus. H ag ar recebeu a prom essa de que seu filho seria pai de uma linhagem prolífi ca, 10, e que Ism ael seria selv ag em , incon trolável, guerreiro, 12. D esse filho da in cred u lid a d e, fu tu ras g eraçõ es h e rd a ri am um a d iv isão cheia de an im osid ad es, que ainda cau sa tensões internacionais.
17. A aliança reconfirmada 1-2. Aliança selada por revelação. Deus se revelou com o El Shaddai, o Deus todopod eroso, capaz de consu m ar a p ro m es sa d e s c o n c e rta n te de um R e d e n to r que viria para Abraão, Isaque (Gn 28.3-4), Jacó (35.11) e José (48.3; 49.22-26; cf. Êx 6.2-4). 3-8. Aliança selada por mudança de nome. O nom e Abrão ("p ai em in ente") foi troca do por A braão ("p a i de um a m u ltid ão"), com o sinal do que El Shaddai, em seu po der redentor, faria. O nom e de Sarai tam bém foi mudado para Sara ("princesa"), 15. 9-27. Aliança selada pela circuncisão. A cir cuncisão era um sinal ou marca da aliança, 9-10, um selo da justiça alcançada pela fé (Rm 4.9-12). Indicava o afastamento do mal (Dt 10.16; Jr 4.4), simbolizando a purificação da vida em sua própria fonte e, assim, sali entando a esperança messiânica (por meio de Isaque, 15-17, não de Ism ael, 18-27). O Isaque m aior que nasceria, ele mesmo, de m ulher seria o Redentor e o Cumpridor da aliança. Som ente ele poderia exem plificar todo o significado da circuncisão.
[ 60 1 Génesis
Ur nos dias de Abrão Escavações em Ur. Até 1854, o lugar em que se localizava Ur era desconhecido. Naquele ano, as escavações trouxeram à luz tabletes que afirmavam que Nabonidus da Babilónia (556-539 a.C.) havia restaurado o zigurate de Ur-Nammu. Escavações promovidas por H. R. Hall (1918) eC . L. Woolley (1922-34) fizeram de Ur um dos lugares mais conhecidos da Babilónia. O zigurate de Ur era uma massa sólida de tijolos, medindo 60m por 45m e 20m de altura, chamado "monte do céu" ou "montanha de Deus". No nível superior ficava o santuário de Nana, o deus-
lua, padroeiro da cidade. O zigurate ficava num temenos (área sagrada) a NO do distrito residencial, enquanto a cidade era margeada pelo Eufrates no lado O e circundada e bisseccionada por canais. Outros templos e construções sagrados dominavam o temenos de Nana e sua esposa, Nin-Gal. Ur era uma cidade-estado teocrática em que o deuslua era tanto rei como deus, e toda atividade comercial, social e religiosa da cidade girava em torno do culto. É bem provável que Tera fosse devoto do deus-lua (cf, Js 24.2). Abrão deixou a cidade quando esta estava no auge de sua prosperidade comercial.
Zigurate de Ur parcialmente restaurado.
Abrão no norte da M esopotâmia Indícios da peregrinação do patriarca. Apesar de descobertas notáveis em Ur, especialmente os túmulos reais (veja Woolley, Ur
excavations II: The royal cemetery, 1934), não há provas diretas de que Abrão ali residiu. Indícios, porém, da peregrinação patriarcal vieram à luz em torno de Harã (veja nota sobre Gn 12.1-2). Os Tabletes de Mari, séc. 18 a.C., descobertos em 1935, mencionam Naor (Til-Nahiri, "outeiro de Naor"), terra de Rebeca (Gn 24.10). Entre as cidades perto de Harã estão Serugue (Serugi, em assírio, Gn 11.20) e Til-Turakhi, "outeiro de Tera". Pelegue lembra mais tarde Paligu, no Eufrates. Pada-Arã (Gn 25.20) é paddana, em aramaico, "campo" ou "planície" de Arã. Reú (Gn 11.20) também corresponde a nomes de cidades posteriores no vale do médio Eufrates.
Génesis [ 61 l
18-19. Sodoma e Gomorra 18.1-16. O Senhor aparece em M anre. U m in te r c â m b io e x tr a o r d in á r io e n tre D eus e A b raão teve seu clím ax n as p ro m essas d iv in as de p o sterid ad e por m eio d e Is a q u e p a ra c u lm in a r n a re d e n ç ã o m essiânica. O Senhor, em form a hum ana (teo fan ia), ap are n te m e n te acom p an h ad o d e d o is a n jo s, ap a re ce u ao p a tria rca , o "a m ig o de D eu s" (Is 41.8, T g 2.23), para a sseg u rar a p ro m essa. O T od o-p od eroso (El Shaddai) dem onstraria que nada é por dem ais difícil para ele, 14. 17-33. In tercessão de A b raão p o r So dom a. O S en h o r rev ela os seg red o s aos seus. A braão foi, portanto, inform ad o do ju lg am en to dos p erv ersos, para que sua p o ste rid a d e so u b e s se q u e o fa to a e les o co rrid o era ju lg am en to d iv ino, não um acidente. A graça de D eus p rom etid a na a lia n ç a a o s q u e c r ê e m é c o n t r a s ta d a co m su a s e v e r id a d e p a ra co m os p e r v e rso s e im p e n ite n te s. N o tá v e l a o u s a d ia e h u m ild a d e co m b in a d a s n a in te r ce ssã o d o p a tria rca p e lo s p e ca d o re s de Sod om a, 23-33! 19.1-39. Pecado e destruição de Sodom a. A degeneração m edonha da cidade e sua queda servem com o um alerta para o povo escolhid o de Deus, especialm ente no caso do envolvim ento de Ló e sua fam ília (cf. Lc 17.32, 2Pe 2.6-9).
Revelações arqueológicas As cinco cidades da planície (fenda) do Jo rd ão (Sodom a, G om orra, A dm á, Z eboim, Zoar) localizavam -se no vale de Sidim (Gn 14.3), no extrem o S do mar Morto. Hoje recoberta de água, em c.2065 a.C., essa re gião era fértil e populosa. Em c.2056 a.C., o sal e o enxofre natural nessa área, que hoje é um a região crestada de petróleo e asfal to (Gn 14.10), foram m ilagrosam ente junta dos, ao que parece por um terremoto, fato com um nessa área. A explosão violenta lan çou o sal e o enxofre no ar quente, de modo que de fato choveu fogo e en xofre sobre toda a planície (Gn 19.24, 28).
A g ra n d e m assa de sal de Je b e l U sdum ("M o n tan h a de Sod om a"), uma ele vação de 8km de com prim en to no extre m o SO do m ar M orto, relem bra o episódio da e sp o s a de Ló s e n d o tra n s fo rm a d a num a coluna de sal. As cidades da planí cie d evem esta r sob as águas da parte S do m ar Salgado, que vai aum entando aos poucos. Su as ru ínas ainda eram visíveis, no séc. 1“ d.C.
20. Abraão em Gerar 1-18. M entira de Abraão. Abraão disse a A bim elequ e que Sara era sua irm ã, repe tindo a fraqueza de outro tempo (12.19-20) e dem onstrando que aquele que logo seria o receptor do cu m prim ento da prom essa de red en ção por m eio de Isaqu e era, ele próprio, um a pessoa caren te da graça de Deus, em vista de suas im perfeições.
21. Nascimento de Isaque 1-8. N ascim ento de Isaque. O nom e Isa que ("riso ") indica a alegria que o filho da p ro m e ssa tra ria n ão só aos pais id o so s, m as a todos os redim idos por meio do Isa que m aior, Cristo. 9-21. Expulsão de Ismael. Ismael caçoou de Isaque, talvez por reconhecer que suas esperanças de herdar a riqueza de Abraão hav iam se d esv a n ecid o . O texto faz um jo g o de p alavras com o nom e de Isaque, em pregando um a forma intensiva da m es m a raiz verb al para con o tar a zom baria de Isaqu e. P au lo afirm a que Ism ael p er seguiu Isaque (G1 4.29). A braão, sob direção d ivina, exp u lso u H agar e Ism ael (cf. um evento sem elhante envolvendo Hagar, m ãe de Ism ael, 16.5-16). 22-34. Aliança com Abimeleque. Esse in cidente m ostra com o A braão era influente e poderoso em razão das bênçãos de Deus.
22. 0 sacrifício de Isaque 1 -1 4 . A p ro v a su p rem a. E sse even to m arcou o ápice da exp eriên cia espiritual de A braão (cf. Hb 11.17-19). Esta, a maior crise na vida do patriarca, foi possibilitada
( 62 1 Génesis
Canaã nos tempos de Abraão
1,tyiajà|de Harã e \edifica altar em Siquém
4. Muda-se para Gerar dos filisteus (Gn 20.1)
6.Viaja para Moriá para sacrificar Isaque
3. Compra de Efrom, . , o heteu, a caverna de \ f t 0 : Macpela e faz o \ « 1 sepultamento de \ i \ w , .., . Sara (Gn 23.16-20)\ A \ \ BeJeULuz)
(Gn 22.1-19)
7.Volta para Berseba (Gn 22 19)
5. Em Berseba faz ,' aliança corrmtjinielegue^ rei filisteçnGn 21 .22) MOABE
O Socbjwã?
2. Desce para o Egito na época 7da fome (Gn 12.10)
EDOM
3. Volta do Egito para fixár-se em Manre (Gn 13.Tá)
NEGUEBE
50
100 km
_ t_ _
20
40
60 milhas
Gânesis [ 63 1
p o r trê s o u tra s q u e s e rv ira m de fu n d a m en to e p re p a ra çã o : (1) S u a re n ú n cia à p átria e aos fa m iliares (G n 12.1). (2) Sua sep aração de Ló, u m p o ssív el h erd eiro e com panheiro de fé (Gn 13.5-18; 2Pe 2.7-8). (3) Sua re je ição dos p lan o s e esp eran ças p e sso a is p ara Ism a e l (G n 1 7 .1 7 -1 8 ). S o m en te por e sse s co m p ro m isso s e sp iritu a is p r é v io s co m o b a s e , A b ra ã o e s ta v a p ro n to p ara a o rd e m : "T o m a a g o ra teu filh o ,o te u ú n ico filh o , Is a q u e , a q u em a m as...o ferece-o " (22.2). Todo o in cid ente e sta v a re p le to de s ig n ifica d o e sp iritu a l. A braão prefigura o Pai que "n ã o poupou nem o p ró p rio filh o ,m as,p e lo co n trá rio ,o en tre g o u p o r to d o s n ó s " (Rm 8 .3 2 ). Is a que retrata C risto, "o b e d ie n te até à m o r te " (Fp 2.5-8). O carneiro sim boliza o sa c r ifíc io e x p ia tó r io p o r m e io d e C r is to oferecid o com o oferta queim ada em n os so lugar (Hb 10.5-10). 15-24. R epetição da alian ça, de m odo d ram ático e solen e, em resp osta à fé e à obediência do patriarca provada com tan ta nitidez.
23. A morte de Sara 1-18. M orte e sep u ltam en to de Sara. A p ós a m o rte de Sara (de quem nasceu Isaque), seu túm ulo foi com prado dos hiti tas. D ocu m entos hititas ilu stram as n eg o ciações entre A braão e Efrom, o hitita. A o com prar a porção de terra junto com o tú m u lo , A b ra ã o to rn ou -se resp o n sáv el p e los serviços feudais ligados à terra. Abraão d e m o n s tra su a fé ao s e p u lta r a e sp o sa n u m a te rra em q u e era " e s tr a n g e ir o e p ereg rin o " (A RC).
24. Uma noiva para Isaque 1-67. O servo procura e consegue uma n oiva. A história do servo de A braão em b u sca de um a n o iv a p ara Isa q u e e le v a se co m o um te s te m u n h o e lo q u e n te da v id a de fé. O b v ia m en te, a fé de A b raão a fe to u seu la r, u m a v e z q u e seu serv o d e m o n stra g ra n d e fé ao e sc o lh e r R eb eca. A d isp o siçã o de R ebeca em seg u ir o serv o tam b ém re fle te fé n a v o n ta d e so
A caverna de Macpela, Hebrom. Acredita-se que Abraão, Isaque e Jacó foram aqui sepultados.
[ 64 ] Génesis
b eran a de D eu s. Sco field vê, n a n a rra ti va, um lindo tipo da busca de D eus pela "n oiv a de C risto " (a igreja), pela obra de interm ed iação do Espírito Santo.
'Rttfefaçiii árq«eoi6ficas A in teração entre o servo de A braão, Labão e Rebeca é ilu strad a em d ocu m en tos da época. O o ferecim en to de p resen tes, a re cu sa da co m id a e a e sc o lh a de R ebeca co rresp o n d em , to d o s, a p rá tica s corren tes na cultura m esop otâm ica.
25. A morte de Abraão.
m u nd o p ó s-d ilu v ia n o , as n o ta s g e n ea ló gicas em 25.2-4, 12-18 representam reg is tro s a u tê n tic o s d as trib o s d e s ce n d e n te s de A b raão.
26. Isaque em Gerar 1-5. Aliança abraâm ica confirm ada. 6-11. Experiência em Gerar. Ali Isaque falha com o seu pai (cf. 20.1-18). G erar fica va a SE de Gaza, na Filístia (Tell Jem m eh). 12-33. Isaque, o cavador de poços. O Se nhor lhe apareceu em Berseba ("p o ço do ju ra m e n to "). 34-35. As esposas de Esaú. Isso mostra m ais um a vez a carnalidade de quem des prezou a prim ogenitura.
1-6. Abraão casa-se com Q uetura. Com um re g istro d essa u n iã o e de seu s d e s 27-33. A história de Jacó ce n d en tes, term ina a h istó ria do g ran d e p atriarca. P rin cip a is p e río d o s da vida de Jacó . 7-11. M orte e sepultam ento de Abraão. (1) Em C a n a ã , a b ê n ç ã o ro u b a d a , cap. O relato da m orte de A braão oferece um 27; a luta e a v isã o em B etei, cap. 28; (2) epitáfio apropriado para o hom em de fé: serv id ã o em P ad ã-A rã, cap s. 29 — 31; (3) "A b ra ã o e x p iro u ,; m o rre n d o em b o a retorn o a C anaã, caps. 3 2 —33. A vida de velhice,idoso e com m uitos d ias..." Ja c ó fo i u m a p r e fig u r a ç ã o da h is tó r ia 12-18. Gerações de Ismael. Q uando Is de s e u s d e s c e n d e n te s (is r a e lita s ). E les rael fo r re sta u ra d o , Ism ael n ão será e s e s ta v a m na te r r a , d e p o is lo n g e d e la , quecido (cf. Is 60.7). m as d ep o is de um a re n o v a çã o e s p iritu 25.19—35.29. Gerações de Isaque. Com al (Gn 32 .3 0 ), v o lta rã o em cu m p rim en to o a n ú n cio : "E e sta s são as g e ra ç õ e s de à a lia n ç a a b ra â m ic a c o n firm a d a a Ja c ó Isa q u e ", com eça a oitava d iv isão de G é de m a n eira tão v iv a na v isão da escad a nesis, registrando a perpetuação da linha em B e te i (cap . 2 8 ), q u a n d o e sta v a p a r gem da qual viria o Prometido. tin d o da te rra . 25.19-34. Esaú e Jacó. A esterilidade de Rebeca foi curada por oração, 21-22, e ela 34. Diná vingada por Simeão e Levi deu à luz Esaú e Jacó, 23-28 (cf. Rm 9-1113). Esaú vendeu sua p rim o g en itu ra, 291-5. Ja có d is c ip lin a d o . E m b o ra Ja có 34, que implicava em (1) bênção paterna e ( " s u p la n t a d o r " ) tiv e s se seu n o m e tr o lugar de cabeça da fam ília; (2) honra de cad o p o r Is ra e l ("p rín c ip e com D e u s "), estar na linhagem prom etida da qual viria a tra n sfo rm a çã o do p a tria rca foi g ra d u o M essias (Sem, Abraão, Isaque): (3) exer al. Ele ain d a era um hom em de a rtim a cício do sacerdócio fam iliar. Esaú d espre n h as e en g an os. R e co n cilia d o com Esaú, zou carnalm ente todas essas bênçãos, por e le d is s e ao irm ã o q u e o s e g u ir ia a té am ar m ais os prazeres que a D eus. Seir, m as n ão o fez. Em lu g ar d isso , esta b e le c e u -s e em S u c o te (G n 3 3 .1 8 -2 0 ) , en tre os h eveu s, p assan d o p o r um a tris te e x p e riê n c ia . Revelações arqueológicas 6-31. Violação de Diná. Jacó colheu o que Assim como o quadro das nações (Gn 10) plantou. A falsidade do pai seria refletida retrata com precisão os grupos tribais do m uitas vezes na falsidade dos filhos.
Génesis t 65 1
Terra dos patriarcas Harã (veja Gn 11— 12) ficava a cerca de 650km ao NE de Canaã, no rio Balikh, 100km acima do ponto em que este se junta ao Eufrates. Era uma junção importante na rica rota de caravanas entre Nínive, Carquemis, Mesopotâmia, o Império Hitita e o Egito, via Palestina. A cidade desempenha um papel importante na história hebraica. Pada-Arã (paddana, em aramaico; "campo ou planície" de Arã; Gn 25.20; 28.2,6), era a região em que se situava Harã, e onde tanto Isaque como Jacó buscaram esposas (Rebeca e Raquel) entre os parentes que haviam se estabelecido em Arã Naharaim ("Arã dos dois rios").
Pastor apascenta as o v elh a s pòtífeVitrépalm eiras, riji re gião da M esopotâm ia^ atu al Ira q u á J
Naor, cidade natal de Rebeca (Gn 24.10), ocorre muitas vezes como Nakhur nos Tabletes de Mari, descobertos em 1935, pertencentes ao séc. 18 a.C. Arã Naharaim, Gn 24.10, é muitas vezes traduzido por Mesopotâmia. Denota o território a L do médio Eufrates, pelo menos até o rio Habor, se não além. O nome de fato é grego, significando "no meio dos rios" (i.e. o Eufrates e o Tigre) e reflete um território muito mais vasto que o termo hebraico Arã Naharaim, que simplesmente denotava a região dos rios Balikh e Habor que desaguavam no Eufrates, a 320km do curso do rio, a SE de Tifsa.
Costumes patriarcais As descobertas em Nuzi, SE de Nínive, perto da atual Kirkuk, em 1925-41 produziram alguns milhares de tabletes cuneiformes ilustrando costumes patriarcais como adoção(Gn 15.2,4), o relacionamento entre Jacó e Labão (Gn 29— 31), casamento (Gn 16.116; 30.3,9), direitos dos primogênitos(Gn 25.27-34) e os terafins ("ídolos do lar" Gn 31.34), cuja posse implicava liderança familiar. No caso de uma filha casada, eles garantiam ao marido direito à propriedade do pai dela. Uma vez que é evidente que Labão possuía seus próprios filhos quando Jacó partiu para Canaã, só os filhos de Labão teriam direito aos bens do pai. Por conseguinte, Raquel cometeu um delito sério ao roubar os terafins (Gn 31.19,30,35), no intuito de guardar para o marido o direito principal pelos bens de Labão.
[ 66 ] Génesis
35. Renovação da aliança em Betei 1-15. Jacó restaurado à com unhão em Be tei. A ordem divina, 1, foi obedecida com a destruição de todos os ídolos que os havi am contaminado, 2-4. Deus protegeu a jo r nada, 5-6, e m anifestou-se em Betei, 7-15. Betei ("casa de D eu s") fica 20km ao N de Je ru sa lé m e tem sid o s is te m a tic a m e n te escavada, tanto com o sítio cananeu quan to como proem inente cidade hebraica pos terior. Ao cham ar o lu g ar de B etei, Ja có (28.19; 35.15) refletiu a im pressão que ali lhe causou a visão da escad a. A gora, em sua profun da ren ov ação esp iritu a l, era o Deus do lugar, e não tanto o lugar em si, que o cativava, de m odo que Jacó cham ou o lugar de ad oração El-Betel ("o D eus da casa de D eu s"). 16-26. Os filhos de Jacó. Raquel morreu no p arto de B en jam in ("filh o da [m inha] mão direita"), 16-21. Rúben, o mais velho e herdeiro por direito de nascim ento, pecou, 22, e perdeu a bênção (49.3-4). O s outros filhos são m encionados, 23-26. Nomes bíblicos Os nom es bíblicos ajudam a ilum inar a narrativa de Jacó, uma vez que m uitos jo gos de p alavras são evidentes. Jacó (" e n g a n ad o r") roubou a p rim ogenitu ra do ir m ão, Esaú ("v e rm e lh o "), com um cozido v e rm e lh o . M ais tard e , ele m a n ip u lo u o nú m ero de cab ras e b o d es b ra n co s para enganar seu tio L abão ("b ra n co "). 27-29. Morte de Isaque.
36. Linhagem de Esaú 1-19. A terra de Esaú. Edom era o terri tório ao S do m ar M o rto, em d ireçâ o ao Golfo de Acaba. M ontanhas e planaltos nos d ois lad o s de A raba d avam -lh e cerca de 160m 2 em seus lim ites que variavam , p o rém , com a sorte do rein o. N a ép o ca do êxodo, o reino estend ia-se do córreg o de Zerede, ao S de Moabe, e do extrem o S do m ar M orto e contornava Ju d á na d ireção SO. O m onte Seir era um pico de l,5 k m em q ue os d e sce n d en tes de E saú in ic ia ra m seu reino. Sela (m ais tarde, a fortaleza ro-
Árvore genealógica patriarcal Terá
1
Naor
Harã
Abraão
I
Betuel
Iscá, Milea, Ló
Labão, Rebeca
de Hagar
i1 Lia, Raquel
§i Ismael
de Sara
Amom, Moabe
Isaque 1 1 de Rebeca
I
r
»CTÉH« 1 Esaú (Edom)
Jacó (Israel) 1 1 1 1 de Lia de Zilpa IS 1 Rúben, Simeão, Gade, Aser Levi, Judá, Issacar, Zebulom
1 de Bila iI Dã, Naftali
| de Raquel
s José, Benjamin
1 1 Efraim, Manassés
sada nabatéia de Petra) foi a prim eira ca pital do país, que extraiu grand e riqu eza da agricultura, indústria m etalúrgica, cria ção de gado e im postos recolhidos das ca ravanas que percorriam a Estrada do Rei que cru zava seu território. 20-43. H oreus. Hori ou horim era uma tribo que residia no m onte Seir, em Edom, 30, co n sid era d a tro g lo d ita (h a b ita n te de caverna) por m uitos. O utros estudiosos os identificam com os hurritas, povo não se m ita da M esopotâm ia, conhecido por fon tes cu n eifo rm es d esco b erta s n os ú ltim os 50 anos. Os hurritas foram vencidos pelos h eteu s no séc.X IV a.C. e os re m a n e scen tes d este s ú ltim o s ta m b ém fo ra m e s p a lhad os por todo Edom (cf. G n 2 6 .34-35), n u m a ép oca rem ota. Os heteus (hebr. hitti, heth), juntam ente com os e g íp c io s , m e s o p o tâ m ic o s e h e breu s, eram um dos povos m ais in flu e n tes dos tem pos iniciais do AT. Sua capital co m p re e n d ia as cid a d e s g é m e a s de B o-
Génesis 1 67 )
g azk ale e H attu sa, n ão longe de A ncara, c a p ita l da T u rq u ia m o d e rn a . E le s sã o m encionad os 47 vezes no AT.
37. Apresentação de José 1-11. O filho am ado de Jacó. X túnica co lo rid a ("rica m e n te o rn a m e n ta d a ") que José ganhou do pai era um a indicação de favor paternal e, ao que parece, da in ten ção de Ja c ó to rn á -lo h e rd e iro p rin c ip a l. R úben, o m ais velho, havia perdido o d i reito em razão do incesto (35.22; 49.3-4; lC r 5 .1 -2 ). S im eã o e L ev i, os s e g u in te s p ela ordem , foram excluídos por causa da vio lência em Siquém (34.25-30; 49.5-7). Judá, o quarto filho, seria o herdeiro seguinte. José, em bora d écim o prim eiro pela ordem , era o p rim e iro filh o de Ja có n a scid o de sua e sp o sa fa v o rita , R a q u e l (3 7 .3 ), e a ssim , ap arentem ente, era o rival de Ju d á. 12-27. O ódio dos irm ãos de José. Eles v en d eram Jo sé com o e scra v o . (C f. p arte de Judá, 26-27). Essa rivalidade entre Judá
e Jo sé seria perpetuada entre Judá e Efraim (filho de José). A divisão do reino, duran te o reinado de Roboão, viu Judá desligarse das dez tribos, sob a liderança de Efraim. 28-36. José vendido no Egito.
José o patriarca messiânico Por que um a seção tão longa de G éne sis (caps. 3 7 —48) é dedicada a José? (1) Ele foi o elo entre a família de Israel e a nação de Israel. Até os tem pos de José, os israe litas eram um a fam ília. Jo sé está associa do com a estada no Egito e o nascim ento da n ação. (2) Ele é o tipo de C risto m ais com pleto da Bíblia; não que fosse im pecá vel, m as seu s p e ca d o s n ã o são re g is tra dos. N um erosos paralelos entre sua vida e a de Je s u s p o d em ser a lista d o s, em bora não se afirme em lugar algum que ele seja tal tipo. (a) A m bos foram objetos especiais do amor de um pai (Gn 37.3; M t 3.17; Jo 3.35; 5.20). (b) A m bos foram od iados e rejeita
Miniatura de celeiro, em madeira, encontrada em tumba egípcia. Os grãos eram introduzidos através de orifícios no telhado, e retirados por meio de portinholas de correr.
t 68 1 Génesis
dos pelos irmãos (Gn 37.4; Jo 15.25). (c) Em a m b o s os caso s os irm ã o s co n sp ira ra m para matá-los (Gn 37.18; M t 26.3-4). (d) Na intenção e em figura, José foi levado à morte pelos irm ãos, enquanto C risto foi de fato m orto (Gn 37.24; M t 27.35-37). (e) A ssim com o José reconciliou-se com os irm ãos e d ep ois os exaltou , Je su s tam bém , no se gundo advento, será reconciliado com o Is rael conv ertid o (Gn 45 .1 -1 5 ; D t 30. 1-10; Os 2.14-18; Rm 11.1,15, 25,26).
38-41. Humilhação e exaltação de José no Egito Cap. 38. Parentético: vergonha de Judá. É surpreend ente que o E sp írito de D eus reconte esta sórdida história. M as a P ala vra de D eu s lid a re a listic a m e n te com o pecad o m esm o n o s re g is tr o s fa m ilia re s p re s e rv a d o s n a lin h a g e m da s u c e s s ã o m e ssiân ica. Cap. 39. José na prisão. O cam inho as cen d en te de D eu s m u ita s v ez es com eça descendo: hu m ilhação antes de exaltação. A "Fábula dos Dois Irm ãos", dos egípcios, já no reinado de Seti II (c.1300), guarda se m elhança com José e a esposa de Potifar. Caps. 4 0 —41. José no trono. Ele se casa com a filha do sacerdote de On, uma cida de do baixo Egito, a lOkm da atual Cairo. Os gregos a chamavam Heliópolis ("cidade do sol") uma vez que o deus sol era a deidade suprema do vale do Nilo. O culto ao sol em Heliópolis era característico do ritual egíp cio e o sacerdócio de O n, p od eroso e es treitam ente relacionado com o trono.
Revelações arqueológicas Existem am p lo s in d ício s de fom e no Egito. Pelo m enos dois oficiais egípcios alis tam entre seus feitos a distribuição de co m ida aos n e cessita d o s "em cad a ano de escasse z". U m a in scrição (c.100 a.C .) de fato descreve um a fom e de sete anos nos dias de Zoser, da Terceira D inastia (c.2700 a.C.). Os títulos de "co p eiro -ch efe" e "p adeiro-chefe" (40.2) eram os dos oficiais pa la cia n o s m e n c io n a d o s em d o c u m e n to s
e g íp c io s. T od a a h is tó ria de Jo sé re ú n e d eta lh e s lo ca is e a n tig o s co rreto s, assim com o, em geral, as narrativ as egípcias de G énesis e Êxodo. Q uando Potifar colocou José "p or m or dom o de sua casa" (39.4), o título em p re gado é a trad u ção direta de um a posição nas casas da nobreza egípcia. Faraó deu a José um ofício de título sem elhante na ad m in istra çã o do rein o (4 1.46), co rresp o n d en do p recisam en te ao ofício de vizir, o ad m inistrad or chefe do país, segundo em poder, após o próprio Faraó. O ofício egíp c io de s u p e rin te n d e n te d os c e re a is era fu n d am ental e, ao que parece, foi p reen chido por José, em acréscim o às suas fu n ções de prim eiro m inistro (vizir). Os p re sentes dados por Faraó a José por ocasião de su a p o sse esta v a m em p len o a co rd o com os costu m es egípcios.
42-45. José revelado aos irmãos Essa é um a das histórias m ais b elas e d ra m á tica s em toda a lite ra tu ra , re p leta d e a u t ê n t ic a s c o r e s e g íp c ia s . Q u a n d o Ju d á, que anos antes havia engen drad o a v e n d a d o irm ã o co m o e s c r a v o (3 7 .2 6 ), atinge agora o clím ax da pu lsação em oci on al da h istória, o ferecen d o -se com o re fém em lugar de Benjam in (44.18-34), José não se consegue con ter (45.1-15), e se re v ela aos irm ã o s.
46. Jacó e sua família migram para o Egito 1-4. A visão de Deus em Berseba. Nesta últim a aparição a Jacó, D eus lhe assegura que tirará os israelitas do Egito. 5-34. Chegada ao Egito. Os descenden tes de Ja có são e n u m era d o s (8 -2 6 ), bem com o os filh os de Jo sé nascidos no Egito, 27. Jacó fencontra-se com José, 28-30, e José os orienta quanto a Faraó (31-34).
47. Estabelecimento em Gósen 1-10. Jacó diante de Faraó. O poderoso m o n arca do N ilo recebe com b on d ad e o patriarca. Por sua vez, o idoso Jacó aben
Génesis I 69 )
çoa o poderoso potentado, um a ilustração de com o Israel aind a abençoa as nações. 11-31. Estabelecim ento de Israel em Gósen. G ósen era a seção NE do Egito, m ais p erto da P alestin a. Era ch am ad o " o m e lh o r da te r r a " e "a terra de R a m s é s", o que confere com o caráter da região, e x ce le n te p ara p astag em e ce rto s tip o s de p lan tações, m as n ão p articu la rm en te d e sejad a p elo s faraó s, p o rq u e era d ista n te dos can ais de irrig ação do N ilo. E ssa re gião é cham ad a G ósen ap en as na Bíblia. Era um vale de cerca de 56km de com pri m ento, centrad o no W adi Tum ilat, que se estendia do lago Tim sah ao Nilo.
Revelações arqueológicas E n o tá v e l q u e p o r e n q u a n to n ã o se tenham en co n trad o reg istro s e g íp cio s da e sta d a de Is ra e l em G ó se n . M as já que F a r a ó m u ita s v e z e s p e r m itia q u e ta is g ru p o s se e s t a b e le c e s s e m n o E g ito , o caso n ão s e ria in co m u m . A lém de um a p eça de e s c u ltu ra re tra ta n d o a e n tra d a da fam ília de Ibsh e no E g ito , em c.1900 a .C ., o u tra in s c riç ã o e g íp c ia in d ica que os o ficia is d as fro n te ira s p e rm itia m que p e sso a s da P a le s tin a e do S in a i e n tr a s sem n a q u e la p a rte do E g ito em tem p o s de fo m e . E sse d o cu m e n to (c .1 3 5 0 a .C .) fala que ce rto g ru p o "q u e n ã o sa b e n d o com o viver, veio im p loran d o um lar nos d o m ín io s de F a ra ó [...] co n fo rm e o c o s tum e d os pais de v o sso s pais (de Faraó) desd e o p rin cíp io ..."
48. Jacó adota Efraim e Manassés 1-14. A presentação dos filhos de José. Sen d o filh o s da e sp o sa g e n tia , A sen a te, Jacó adotou os dois filhos de José para lhes garan tir a bên ção da fam ília e ce rtifica rse de que p e rm a n e ce ria m fiéis ao D eus de Israel.
15-22. Bênção de Jacó e últim as palavras a José. Jacó agiu pela fé (Hb 11.21), de novo p referin d o o m ais novo (Efraim ) ao mais velh o (M a n a ssés).
49. Bênção profética de Jacó com respeito às 12 tribos 1-2. C ham ado de Jacó. Ele reuniu os 12 filhos para lhes profetizar o futuro tribal. 3-27. A profecia. Ela cobre de m aneira notável toda a história israelita: passado, presente e futuro. A profecia reflete o fu turo lugar de cada uma das tribos e pode retratar toda a atuação de D eus com Isra el, desde a conquista de Canaã até a res tauração no reino m ilenar de Cristo.
50. Morte de Jacó e José 1-13. M orte e sepultamento de Jacó. José lam enta, 1-3, e faz com que o pai seja em balsam ad o, 2, sendo esta a única referên cia direta da Bíblia a uma mumificação pro m o v id a p elo s h ebreu s. E sp ecia ria s eram colocadas em certas cavidades do corpo e o corp o so fria um tra tam en to com p lexo para evitar decom posição. Essa ciência al tam ente desenvolvida foi praticada por 30 séculos no antigo Egito. Os egípcios lamen taram 70 dias por Jacó, o período requerido para mumificação, embora se especifiquem 40 d ias para o em balsam am ento de Jacó. Acom panhado de uma grande com itiva li derada por José e oficiais egípcios, o corpo de Jacó foi levado a Canaã para ali ser se pultado, 4-13. O sepultamento foi na caver na de M acpela. 14-21. A volta para o Egito. Destaca-se o tratam ento m agnânim o d ispensado por Jo sé aos irm ãos. 22-26. M orte de José. Jacó tinha 147 anos (47.28) e José, 110, quando morreram. A fé d em o n stra d a p o r Jo sé re sid e no fato de ele ter feito os irm ãos ju rar que transpor tariam seus ossos para Canaã (cf. Êx 13.19; Js 24.32; cf. Gn 33.19; At 7.15-16; Hb 11.22).
[ 70 ) Génesis
Egito A história bíblica situa-se primeiro na Babilónia, o "berço da civilização" (Gn 1— 11). Foi somente quando o Egito já tinha alguns milhares de anos, nos tempos de Abraão (c.2050 a.C.), que sua história cruzou com a narrativa bíblica (Gn 12 em diante). O Egito foi fundado logo após o dilúvio, por Mizraim, filho de Cam. Os Tabletes de Amarna indicam que os cananeus o chamavam de Mizri (Mizraim é uma forma dual, preservando as divisões antigas, Alto Egito, acima de Mênfis, e Baixo Egito, o Delta). O período primitivo e o pré-dinástico estendem-se de c.5000 a 3100 a.C. Doze das trinta dinastias egípcias. No séc. 3a a.C., um sacerdote egípcio chamado Maneton dividiu a história egípcia em 30 dinastias: de Menes, que teria sido o primeiro rei do Egito unificado (c.3100 a.C.), à conquista de Alexandre Magno, 332 a.C. As Pirâmides. Abrão bem pode ter visto as pirâmides quando foi ao Egito, pois foram construídas no Antigo Império (da III para a VI dinastia, c.2700-2200 a.C.,). Sob Zoser (primeiro rei da III dinastia), o célebre Imhotep construiu a famosa "pirâmi de em degraus", em Sacará, com 58m de altura, precur sora das outras pirâmides.
A Grande Pirâmide de Quéops, da IV dinastia é a maior, consistindo em 2.300.000 blocos de calcário, com a base ocupando 53.000m2, altura original de 150m e cada bloco pesando cerca de 2,5t. Quéfren, sucessor de Quéops, erigiu a Segunda Pirâmide em Gizé,
quase tão impressionante quanto à Grande Pirâmide. Ela se eleva a 136m (altura atual), sendo hoje apenas ligeiramente menor que a Grande Pirâmide. A L da Segunda Pirâmide, fica a grande Esfinge. Ela possui corpo de leão e a cabeça do rei Quéfren com costumeira cabeleira e uma cobra (uraeus) — símbolo real — em torno de sua fronte, pronta para destruir os inimigos de faraó.
Estátua gigante do faraó Ramsés II, em Abu Simbel, sul do Egito.
Gânesis ( 71 I
Eziom-Geber,
Estrada
Mar Vermelho
Textos das pirâmides. As pirâmides atestam o alto grau de civilização do vale dó Nilo e o governo fortemente centralizado. Os monarcas da V e VI dinasti as erigiram algumas pirâmides menores em Sacará, contendo inscrições gravadas, conhecidas por Textos das Pirâmides,; que;, descrevem a esperança de uma vida feliz, após a morte, para o governante, na presença do deus soi. Isso fazia sentido, já que as pirâmides eram túmulos para imortalizar a glória dos reis que as construíam. Primeiro Período Interme diário. Na época de Abraão, a glória do Antigo Império havia passado e as grandes pirâmides eram monumen
s
tos mudos de seu poder. As dinastias VII a XI não tiveram governos centrais, poderosos, as dinastias VII e VIII governaram em Mênfis e as dinastias IX e X, em Heracleópolis, S de Cairo.
Egito: A terra e o povo Egito. O Egito era um país de 3 a 48km de largura,, situado ao longo do imponente Nilo, a SO da Palestina, sem nenhuma separação significativa como
A famosa pirâmide escalonada de Saquara.
[ 72 1 Génesis
montanhas ou rios, apenas o pequeno wadi El-Arish, "o ribeiro do Egito" (Nm 34.5; Js 15.4,47). O Egito era o Nilo. A estreita faixa de terra fértil aluvial depositada pelo rio era invadida por uma inundação anual, tornando-a o celeiro do mundo antigo. O comércio terrestre e marítimo intenso com a Síria e Palestina, bem com o restante do Crescente Fértil traziam um fluxo constante de riquezas para o Egito. O resultado era uma afluência fabulosa concentrada nas esplêndidas cortes em Tebas, Mênfis e Aquenaton (Tell el-Amarna).
I II III D in astia
IV
Cidades Celeiros. Essas cidades eram construídas para receber o excesso de cereais em anos de fartura. O trabalho forçado dos hebreus foi empregado para construir algumas delas, tais como Pitom (Tell Retabeh) e Ramsés (Tânis). Essas cidades também estocavam mercadorias nacionais e importadas, bem como equipamentos militares para campanhas na Síria e Palestina. Povo e língua. Os antigos egípcios eram camitas (Gn 10.6), mas migrações posteriores, predominante
V
VI
Protodinástica Antigo império c.3 100-2686 c.2686-2181 Menes c.3100 Pirâmides Egito unificado colossais. Textos de Pirâmides,
Governo forte, centralizado, no Nilo.
V II
VIII IX
mente semitas, deixaram marcas na língua e na cultura. A primeira escrita era pictográfica (hieróglifos), incluindo representações de objetos comuns e símbolos geométricos. Com os séculos isso aos poucos foi mudan do, dando lugar, no séc. 8a a.C., a uma escrita cursiva popular ou "demótica". Em 1799, foi descoberta a Pedra de Roseta, escrita em egípcio antigo (hieróglifo), demótico e grego, A decifra ção dessa pedra pelo francês François Champollion (1822) forneceu a chave para a língua e a base para a egiptologia moderna.
X
Período Intermediário C .2 181 -2040
Período de confusão e fragilidade.
XI
XII
Médio Império c 2 0 4 0 -1 7 8 6 Amenemésl-IV Senusert l-lll
E v e n to s e g íp c io s E v e n to s em G é n e sis Nascime Abrão 21
S u m ário da h is tó ria egípcia desde o dilúvio até os p a tria rc a s (l-X II d in a stia s)
Egito.
Génesis [ 73 1
Egito: sua história e primeiros contatos com Israel Período Antigo e PréDinástico, c.5000-3100 a.C. Culturas neolíticas e posteriores precederam a união do reino promovido por Menes. Maneton, sacerdote do séc. 3° a.C., escreveu uma história do Egito, dividindo o período histórico de c.2900-332 a.C. em 30 dinastias reais. Período Dinástico Primitivo, c.3100-2686 a.C. Menes reina em This, abaixo de Tebas. Túmulos de reis tinitas (I e II dinastias), perto de Abydos foram escavados por Flinders Petrie. Antigo Império, c.26862181 a.C. As dinastias III e IV foram o período das grande pirâmides, sem os textos das pirâmides. Zoser (III dinastia) construiu a pirâmide de degraus em Sacará. Quéops, fundador da IV dinastia, construiu a maior das pirâmides de Gizé (150m de altura, 230m de lado, 53.000m2, 2.300.000 blocos de calcário de 2,5t cada). Quéfren, sucessor de Quéops, construiu a Esfinge e a segunda maior pirâmide de Gizé. Os textos das pirâmides, tratando da vida futura dos reis mortos pertencem às dinastias V e VI. Primeiro Período Interm e diário, c.2181-1991 a.C. As dinastias VII-XI governaram em Mênfis e Heradeópolis, 23km ao S de Cairo. Esse foi um período de
Máscara funerária de Tutancâmon, descoberta quando seu túmulo foi aberto em 1922. relativa fragilidade. A visita de Abraão ao Egito foi nessa época.
Ibshe", lembrando a visita de Abraão ao Egito e a descida de Jacó ao país.
Médio Império, c.19911786 a.C. A XII dinastia foi dominada pelos tebanos em Mênfis e Faium. Foi contem porânea do período patriarcal na Palestina. É provável que José tenha sido primeiro ministro nessa época. Jacó esteve diante de um dos governantes mais poderosos dessa linhagem: Amenotep l-IV ou Senusret IIII. Uma inscrição no túmulo de Khnumhotep II, poderoso nobre de Senusret II, retrata a visita de 37 asiáticos sob o “ Xeque das montanhas,
Segundo Período Interme diário, c. 1786-1567. XIII-XVII dinastias. O poderoso Médio Império foi seguido por um período turbulento sob a XIII e XIV dinastias, seguidas por sua vez pelos hicsos, "gover nantes de terras estrangei ras". Esses príncipes estran geiros reinaram quase 150 anos, XV e XVI dinastias, em Avaris (Tânis) no Delta. Foram introduzidos o cavalo, a carruagem e um espírito de guerra. Alguns estudiosos colocam o governo de José nesse período.
[ 74 1 Génesis
Novo Império, c.1567-1150 a.C. XVII-XX dinastias. Esse foi o período em que o Egito dominou o L, o auge da glória faraónica. Foi a época da escravidão dos israelitas. Grandes faraós dessa época incluem Amenotep I (c. 15461525), Tutmés I (c. 15251512), Tutmés II (c.15121504), rainha Hatshepsut (c.1504-1482). Foi a época do nascimento e da juventu de de Moisés. Tutmés III (c.1490-1436) foi grande construtor, conquistador e escravizador dos israelitas. Amenotep II (c.1438-142 5) foi ao que parece o faraó do Êxodo. Houve um declínio sob Tutmés IV. Amenotep III reinou c. 1417-1379, chamado o período de Amarna, seguido de Ameno tep IV (Aquenaton), c.13791362. A capital ficava em Aquenaton (Tell el-Amarna). As Cartas de Amarna foram ali descobertas em 1886. O luxuoso túmulo de Tutancâmon foi escavado em 1922. O período de Amarna deve corresponder à época da peregrinação de Israel e conquista da Palestina.
Muitos estudiosos situam o Êxodo e a conquista sob a XIX dinastia: Ramsés I (c.1319), Seti (1318-1304), Ramsés II (c.1304-1237), Meneptá (c.1236-1222). Na famosa esteia deste último, Israel é mencionado pela primeira vez em registros egípcios: "o povo de Israel está desolado; não tem descendência". A XX dinastia (c.1200-1085) teve cerca de dez governantes de nome Ramsés. Ramsés m (c.1198-1167) foi o maior. A XX dinastia corresponde ao período de juizes em Israei. A XXI-XXX dinastias apresenta ram declínio.
Ruínas em Tebas Tebas (chamada Net pelos egípcios; A/ô, na bíblia e Thebai pelos gregos) foi a capital da poderosa XVIII dinastia, talvez construída com o trabalho escravo dos israelitas. Suas ruínas são imensamente impressionan tes junto ao Nilo, 560km a SE de Cairo, perto das atuais vilas de Luxor e Karnak. O magnífico templo de Amon, em Karnak, é uma maravilha
do mundo, sendo precedida de uma avenida de esfinges. Seu grande pátio mede 360m por 103m, cortado por uma linha dupla de colunas colossais. O grande vestíbulo ou hipostilo, que media 365m de comprimento e 106m de largura, era sustentado por 134 colunas em 16 alas, com a ala central de 24m de altura e 10m de circunferência. Brilhantemen te pintado e esculpido, é um exemplo deslumbrante da capacidade arquitetônica egípcia. Outro templo de Amon, localizado em Luxor, logo ao S de Karnak, foi erigido por Amenotep III e seus sucessores. Na margem O do Nilo, perto da moderna vila de Medinet Habu, fica o palácio de Amenotep III, os dois colossos de Mêmnon (20m de altura), o Ramesseum, um templo de Amon construído por Ramsés II, um templo de Tutmés II! e uma série de outras ruínas brilhantes. Amon (Amon-Rá) era o deus sol com um poderoso sacerdócio centrado em Tebas, contra o qual rebe lou-se Aquenaton quando construiu Amarna. Ramsés (Tell el-Dab'a) foi chamada Pi-Ra'amesé (a casa de Ramsés, c.13001100 a.C.). A referência a essa cidade, em Êx 1.11, deve ser entendida como uma modernização de um topónimo arcaico. Está no lugar de Zoã-Avarís, onde os oprimidos israelitas labutaram por séculos antes, na capital construída pelos hicsos (c.1720 a.C,).
Exodo 0 livro da redenção O livro em geral. Êxodo toma seu nome da Septuaginta grega, por intermédio da Vulgata latina, significando, em ambas as linguas, "partida", "ida" ou "saída" (cf. Êx 19.1; Hb 11.22). O título hebraico, se môt deriva das palavras iniciais do livro: "Estes são os nomes dos filhos de Israel..." O livro centra a atenção na grande experiência de livramento das mãos dos egípcios como um tipo de todas as redenções e para a constituição dos descendentes de Jacó como uma nação teocrática no monte Sinai. O Senhor, até aqui ligado aos = israelitas apenas por meio de sua aliança com Abraão,
Isaque e Jacó, agora os traz para junto de si como nação, por meio da redenção, e os coloca sob a aliança mosaica representada pelo tabernáculo, pelo sacerdócio e pela glória (Shekinah) de sua presença. Todo o livro é um tipo da pessoa e obra de Cristo, especialmente o tabernáculo, o sacerdócio e o ritual sacrificial, conforme indicam 1Coríntios 10 e Hebreus. A alta crítica do livro transforma-o (junto com Génesis) numa compilação tardia de tradições populares (javista, c.850 a.C.; eloísta, c.750 a.C.; e sacerdotal,
Esboço 1—12 Israel no Egito 1 Escravidão egípcia 2— 4 5— 11
Libertador
Embate com Faraó 12 A páscoa
13—18 Israel no deserto 13.1— 15.21
O êxodo e a perseguição
15.22— 17.16
Jornada até o Sinai
18 Visita de Jetro 19— 40
Israel no Sinai
19— 20
Outorga da lei
21— 23
Leis sociais e cerimoniais
24 Ratificação da aliança 25— 31
Instruções quanto ao
tabernáculo e ao sacerdócio
-
32 33— 34
Bezerro de ouro Renovação da aliança
35— 40 Levantamento do tabernáculo e instituição do sacerdócio
J
c.500 a.C.), combinadas com a tradição mosaica original. Assim, julga-se que o livro não seja mosaico quanto à autoria, nem fidedigno quanto à história, e que os milagres sejam tradicionais e não factuais. Os elementos do livro são alinhados de maneira tão estreita e harmónica com os dos outros livros do Pentateuco e da Bíblia como um todo, que a opinião da crítica parece contradizer linhas claras de indícios históricos e bíblicos que sustentam a unicidade de todo o Pentateuco. A impressionante tipologia e simbologia detalhada do livro, montada como um magnífico mosaico no grande plano divino de redenção, de Génesis a Apocalipse, clama fortemente contra as concepções naturalistas dos que querem partir o Pentateuco.
[ 76 ] ÊX0d0
Êxodo [ 77 1
1. Israel escravizado no Egito 1-14. C rescim ento de Israel. Jo sé m or reu e p a s s a ra m -s e a lg u n s s é c u lo s . U m "n ov o re i", do períod o hicso ou da pode rosa X V III d in a stia do E g ito , ch eg o u ao poder. Sua o p ressão do povo é p refa cia da por um relato da expansão dos israeli tas, 1-7. E sse retrato da exp a n sã o p re ce de a o p ressã o cru el, 8-1 4 . P elo tra b a lh o fo rça d o , F a ra ó co n s tru iu P ito m Tell erR etab eh ou Tell e l-M ask h u ta e R am essés P i-R a'am esé, no D elta. 15-22. Extinção planejada. A s parteiras isra elita s receberam ord en s de m atar to dos os re cém -n ascid o s m achos de Israel, mas desobedeceram a Faraó e foram aben çoadas pelo Senhor. A ssim , o rei ordenou que a p o p u lação lan çasse tod os os bebês m achos n o N ilo. A ten ta tiv a sa tâ n ica de destruir a sem ente prom etida e o povo ju deu pode ser traçada desde o hom icídio de Caim contra Abel até o tempo de Cristo (cf. 2Cr 21.4; 22.10; Et 3.13; Mt 2.16).
possuía dois nom es como alguns reis e sa cerdotes da fam ília de Sebá) era sum o sa cerd ote e líd er secular de seu clã. Contase aq u i a ro m â n tic a h is tó ria de com o M oisés conquistou a esposa, Zípora ("pás saro"). Gérson, seu filho, significa "estran geiro neste lu g a r". 24-25. Deus relembra a aliança. O funda m ento da obra redentora de D eus em fa v o r de Isra e l é sua a lia n ça com A braão (cf. 6.4-5; 19.5-6; 34.10).
2. Cresce Moisés, o libertador I-10. Nascimento do libertador. Os pais de M oisés, Anrâo e Joquebede (6.20), eram da tribo de Levi, mais tarde designada como linhagem sacerd o tal. Seu cesto foi tecido de papiro e calafetado com betume. Muitas vezes se propõe que a filha de Faraó aqui representada era Hatshepsut, que mais tar de tom ou-se Faraó ela própria. A Bíblia, en tretanto, é silente nesse ponto. O hebr. M osheh (M oisés) é um particípio ativo, "o que está sendo tirado", porque a filha de Faraó retirou a criança da água. M as essa é a in terpretação dada p elo escrito r sagrad o. E p ro váv el que o nom e v en h a do eg íp cio , M ose, significando "a criança". Cf. Am ósis ("filh o de Ah, o deus da lu z") e Tutm ósis (Tutmés, "filho de Thoth"). I I -2 3 . Fu ga p ara M id iã. A os 40 anos (At 7.23), M oisés juntou sua sorte à de seus patrícios (Hb 11.24,25), indignado, matou um feitor egípcio. M idiã, 16-22, para que M oi sés fugiu, era um a tribo árabe do NO, des cendente de Abraão por Quetura (Gn 25.14; cf. 37.28 e Jz 6.2ss). Reuel ou Jetro (ele
Busto de Ramsés II, faraó egípcio.
3-4. 0 chamado de Moisés 3.1-3. A sarça ardente. Com o em G éne sis, vem os a apresen tação dos propósitos d iv in o s nu m a teofan ia ("E o an jo do S E N H O R a p a re ce u -lh e em um a cham a de fogo num espinheiro", Êx 3.2). 4-1 2 . C h am ad o e co m issão . "M oisés! M o is é s !" é u m a re p e tiç ã o e n fá tic a (cf. Gn 22.11; 46.2). A presença divina exigia que se retirassem as sandálias, costum e ainda praticad o pelos m uçulm anos nas m esqui tas e pelos sam aritan o s no san tu ário em G erizim . N ão era um novo D eus que fala va, 6, mas o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. 13-14. A revelação do nome Jeová (Javé). "E u Sou O Q ue S o u ", o que é, que era e que
[ 78 1 Êxodo
Miniatura egípcia em madeira de um agricultor conduzindo um arado puxado por bois.
há de vir (Ap 1.4), o eterno, vivo, im utável, o nom e do S e n h o r que nos redim iu. "... an tes que Abraão existisse, Eu Sou" (Jo 8.58). E bem possível que o nom e divino, Jav é, venha do verbo hebr. hayâ (ser). A m aioria dos intérpretes o consid era um verbo ativo, i.e., "eu sou" ou "aquele que existe por s i". A lguns p referem con sid erá-lo cau sativo, i.e., "a causa da existên cia". 15-22. Orientações para o livramento. O deserto era o de Et-Tih, a larga planície árida que se estende do extremo NE do Egito ao S da Palestina. Pegar emprestados os bens dos egípcios e despojá-los não era má fé; estava de acordo com os costum es sociais orien tais. Os servos, além de um estipêndio, to m avam de seus senhores os objetos am bi cionados, cham ando-os "p rese n te s". 4.1-17. O bjeções de M oisés. M oisés já hav ia aleg ad o in cap acid ad e, 3 .1 1 ; fa lt a de mensagem , 3.13; agora alega fa lta de autori dade, 4.1; fa lta de eloquência, 4.10■,fa lta de in clinação, 4.13. D eus resp ond eu p ro m eten do sua presença, 3.12; a m anifestação de sua onipotência, 4.2-9; capacitação, 4.11-12; e ori entação e direção, 4.14-16.
4.18-31. Retorno de M oisés ao Egito. A e sp o s a de M o isé s, a p a re n te m e n te o b je tando contra a circuncisão do filho, havia im pedid o M oisés de execu tar o ritual tão lig ad o à alian ça ab raâm ica e à red en ção q u e s e ria a v o lta d e Is ra e l à P a le s tin a . C om o libertador, M oisés sofria o risco de ser cortado por causa do pecado. P ortan to, Zípora circuncidou o filho. O encontro de M oisés com Arão, 27-28, e a m anifesta ção d os sin ais p o r in term éd io d eles m ar cam o p rogresso do plano redentor.
5. Moisés perante Faraó 1-19. As consequências do primeiro encon tro. O Sen h or fez sete exig ên cias a Faraó (5.1; 7.16; 8.1; 8.20; 9.1; 9.13; 10.3). O rei cruel mente im pôs cargas maiores, requerendo o mesmo núm ero de tijolos e ainda forçando os israelitas a juntar sua própria palha. Tan to tijolos com palha com o tijolos de argila pura foram encontrados em Pitom e Tânis. 20-23. R eclam ação de Israel e oração de M o isé s. E m b o ra Isra e l p ro fe ss a s s e cre r q ue D eu s h a v ia e n v ia d o M o isé s e A rão
Êxodo I 79 1
(4 .3 1 ), q u a n d o F a ra ó lh e s a u m e n to u a o p ressão, cu lp aram M o isés que, por sua vez, culpou a Deus.
6. A resposta do Senhor à primeira oração de Moisés 1-13. A resp osta do Senhor. O Senhor lembrou M oisés de sua aliança com os pa triarcas sob o nom e El Shaddai ("E u sou o Deus Todo-Poderoso", Gn 17.1), mas reve lou o significado de seu nom e pessoal re dentor Jeová (Javé), 2-3, agora que eslava prestes a livrá-los da escravidão, de Faraó e da terra do Egito, m uitas vezes m encio nados com o tipos do pecado, de Satanás e do mundo. A im plicação não é que o nome Jav é era antes d esco n h ecid o em G énesis, on d e o co rre m u itas v ezes, m as sim p le s mente que seu significado ainda não se tor nara ev id en te, com o ficaria na red en ção do Egito (tipo da redenção em Cristo). 14-27. A genealogia. A graça divina cha m a o povo pelo nom e, tem conhecim ento íntim o de suas cargas e se preocupa com seu livram ento. A genealogia é obviam ente seletiv a e ab rev iad a. 28-30. Com issão renovada. A hum anida de de M o isés é aqui salien tad a, um a vez q u e o lib e r ta d o r tam b ém n e c e s s ita de c o n sta n te e n co ra ja m e n to .
7. Primeira das dez pragas 1-9. Moisés e Arão confirmados. "Deus para o F a ra ó " sig n ifica que as d ecla ra çõ es de Moisés teriam autoridade divina e que Arão era destacado como seu porta-voz (cf. 4.16). 10-13. Sinal da vara. A m ágica estava ligada de m odo inseparável com a religião egípcia, um a idolatria dem oníaca m ais que fla g ra n te . O s m ila g re s re a liz a d o s p e lo s m ag o s eram m a n ife s ta ç õ e s de so b re n a tu ralism o m aligno, sem elhante aos podereg d em oníacos que hoje operam no esp i ritism o e ocultism o. 14-25. P rim eira praga: sangue. O N ilo transform ou-se em sangue, um ju lgam en to co n tra o rio às v ezes d eifica d o com o H âp i, " o d o ad o r da v id a ", e em o u tras, com o O síris, o deus da fertilidade.
8. Segunda, terceira e quarta pragas 1-15. A segunda praga: rãs. Isso era uma intensificação de um fenóm eno natural fre qu en te. A pós a baixa do N ilo, em maio/ junho, vem a inundação em julho. Com o recuo das águas, d eixando nu m erosas la g o a s de ág u a s p a ra d a s, vêm as rãs em ag osto / setem b ro . Isso, tam b ém , era um ju lgam ento contra os inúm eros deuses do Egito, pois a rã era adorada com o um sím bolo de Hekt, uma forma da deusa Hathor. P rag as de rãs no E gito são m encionad as em e scrito res clássicos da antiguid ade. 16-32. Terceira e quarta pragas: piolhos e moscas. Mais uma vez houve milagres divi nos, m as b a sea d o s em o co rrên cia s n a tu rais. Os piolhos (íkinnim) eram, sem dúvida, m o sq u ito s-p ólvo ra, in setos eg íp cio s in fa mes por suas picadas. As m oscas, literal m en te en xam es, eram ou tros in seto s que infestavam o Egito. Esses julgam entos eram um golpe contra o prestígio de Isis, esposa de O síris, e co n tra H athor, m aior deusa egíp cia, representada pela vaca.
9. Quinta, sexta e sétima pragas 1-12. Quinta e sexta pragas: peste e úlce ras. Essas pragas d irigiam -se contra Ptah (Ápis), o deus de Mênfis, representado por um touro, bem com o outros deuses repre sen tad os pelo bod e, novilho, vaca etc. A sexta praga, d escrita com o "tu m o res que se rom perão em feridas pu rulentas" (pús tu la s) em h o m en s e a n im a is, d irig ia -s e c o n tra os id ó la tra s e os íd o lo s p o r eles adorados. A "sarn a do N ilo" é um a desig nação popular de um a doença de pele co m um na ch eia.e no recuo do Nilo. 13-35. A sétim a praga: chuva de pedras. Essa praga do céu deve ter im p ressiona do os egípcios, que viam uma deidade por trás de cada fenóm eno natu ral, m ostran d o -lh e s que Jeo v á é S en h or do céu e da terra. Chuvas de pedras são raras no Egi to. Esta ocorreu em jan eiro, conform e in dica o fato de o linho e a cevada estarem na espiga, 31-32. Cada uma das pragas foi sazonal, m as m iracu losa.
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10. Oitava e nona pragas 1-20. A oitava praga: gafanhotos. Esse foi um d oloroso castigo. In vasõ es de ga fanhotos são bem conhecidas na Síria-P alestina, m as são raras no Egito. O s g afa nhotos foram trazid os p elo ven to leste e carregad os dali pelo vento oeste. 21-29. A nona praga: trevas. Alguns en tendem que esse m ilagre foi causado pelo vento oeste que carreg o u os g afan h otos, levando os tem idos kham sin ou um a tem pestade de areia do deserto, criando uma escuridão que chegava a cegar a vista. A e scu rid ã o d essa in v a sã o era tã o sev era , que paralisou todas as atividad es cotid ianas por três dias. Esta praga deve ter sido p a r tic u la r m e n te s ig n ific a tiv a . O d eu s principal do panteão egípcio era Ra, o deus sol. A q u i, Je o v á d em o n stra ta m b ém ter poder sobre a luz do sol.
llustração de um gafanhoto. As pragas de gafanhotos eram muito comuns na Síria e Palestina, mas raras no Egito.
1-10. É anunciada a praga m áxim a e pre dita a sua eficácia, m as sua execução não é reg istrad a sen ão em 12.26-39. A p rag a ou era um ju lgam ento direto de D eus ou u m a p e ste b u b ô n ica s e m e lh a n te a um a ep id em ia que m atav a os m ais sau d áveis e m elh ores, com o se p ensava no O rien te a respeito dos p rim o génitos. Sua in ten si dade m iraculosa e a sobrevivência dos que estavam por trás das portas m arcad as de sangu e fazem com q ue e sse m ila g re c o roe devidam ente os outros nov e m ilagres.
sa d a . A o que p a re c e , as e rv a s a m a rg a s d e v ia m le m b ra r o s o fr im e n to d e le s no Egito, com o escrav os de Faraó. 14-28. A Festa dos Pães Asm os. O cor d eiro era m o rto ao pôr-d o-sol do décim o quarto dia, e logo em seguida todo ferm en to era afastado por sete dias. N as Escritu ras, o ferm ento é um a ilustração do peca do, "d a m aldade e da corrupção" (IC o 5.8). A e x p e riê n c ia de ser re d im id o (p á sco a ) deve ser seguida da separação do pecado e por um a vida santa. 29-51. Relato da décim a praga. A m orte do filho m ais velho de Faraó e seu herdei ro ao trono foi eficaz. O êxodo ocorreu de p ro n to , e n c e r ra n d o a b ru p ta m e n te u m a estad a de 430 an os, 40-42. A p áscoa to r n ou -se um a celeb ra çã o p erm an en te para com em orar a red en ção , 43-51.
12. A páscoa e o êxodo
13. Consagração do primogénito
1-13. Instituição da páscoa. Foram anun ciados o nascim ento da nação e um a m u dança no calendário, 1-2. A redenção m ar ca um a nova vid a e um novo com eço. O c o rd e iro p a sca l m o rto fa la v a de C risto m orto no Calvário. Assim com o os israeli ta s foram g u a rd a d o s da ira do a n jo da morte, o cristão é guardado da ira de D eus (IC o 5.7). O pão sem ferm en to (IC o 5.8) m ostrava a sep aração clara en tre os isra elitas e o Egito, bem com o sua saída apres-
1-16. O prim ogénito consagrado ao Se nhor. U m a vez que os prim ogénitos hav i am sid o liv ra d o s m ila g ro sa m e n te , o S e nhor ordênou que eles lhe fossem dados, 1-2. A santidade de vida e a redenção são inseparáveis. A quem o Senhor redime, ele os reclam a p ara si (IC o 6 .19-20). A base para a sa n tid a d e, tan to p o sicio n a i com o e x p erien cial, é a red en ção da escrav id ão (penalidade e poder do pecado). A salva ção tem em vista a vida santificada.
11. A décima praga: morte dos primogénitos
Êxodo [ 81 1
Praias do mar Vermelho.
Como um preparo para a dedicação dos prim ogénitos e parte da separação, M oisés destacou a im portância da Festa dos Pães Asm os (veja 12.15-20) como ordenança per p étu a, salien tan d o a sep aração san ta dos redimidos, 1-10, que deveria ser um "sinal" nas m ãos e um m em orial em suas frontes, 9,16 (cf. Dt 6.4-9). Os judeus baseiam-se nes sas passagens para a prática dos filactérios, usando caixinhas contendo trechos das Es crituras para cumprir ritualmente o que Deus desejava que fosse cum prido na vida. De clara-se form alm ente a exigência da reden ção dos primogénitos, 11-16. 17-22. Travessia do m ar Vermelho. Des de S u co te , D eu s m a n ife sto u seu p od er. Foram dadas a coluna de nuvem e a colu na de fogo, 21-22, sim bolizando a direção e a proteção divinas.
p e rseg u id o p e lo s carro s lev es de Faraó, dando ao Senhor uma oportunidade de ser glorificado na destruição dos perseguido res eg íp cio s. 13-31. Redenção pelo poder. O m ar Ver m elho é de fato um m ar de ju ncos (hebr. yam suph, a tradução "m ar verm elho" vem da S eptuaginta). A parentem ente, refere-se à região dos lagos Amargos, ao N do golfo de Suez. Esses lagos foram inundados por águas salgad as quando da construção do can al de Suez, m as são id en tificad o s em fontes egípcias antigas. O grande m ilagre no m ar de Juncos foi a mais espetacular e e x te n sa m a n ife sta çã o do p o d er de D eus no AT e o acontecim ento m ais m em orável na história nacional de Israel.
14. A travessia do mar Vermelho
1-19. Israel celebra o livram ento. Transb ord ante de lou v or com o resgate glorio so d a s m ã o s d o s e g íp c io s , Isra e l ca n ta extasiad o ao Senhor. A grand e vitória foi
1-12.0 dilema de Israel. Encurralado, per plexo e atordoado com o deserto, Israel era
15. 0 cântico dos redimidos
[ 82 ] Êxodo
celebrad a com o triu n fo do S en h or, 1-10; seu p o d er, san tid ad e e b en ig n id a d e são exaltad os, 11-13. D escreve-se o efeito atem o rizad or dessa grand e lib ertação sobre a Filístia, Edom , Moabe e Canaã, 14-16, ju n to com a prom essa de que o Redentor tam bém os levaria a C anaã, 17-18. 20-21. O coro das m ulheres, sob Miriã, ju ntou-se ao louvor. 22-27. Israel provado. A dura provação em M ara fo ra m as á g u a s a m a rg a s . Em co n traste, Elim co n ced e u u m a p au sa na provação, com as "d o ze fontes de água e setenta p alm eiras" (15.27).
16. Maná do céu 1-13. Redimidos provados pela fome. O deserto de Sim, 1, é a ampla planície de Markha, além do Elim, onde a desolação provo cava um problema genuíno de alimentação. Sim e Sinai podem ser derivados do nom e do deus-lua de Ur e Harã, ou da raiz semita que significa "brilhar". Na fertilidade do Gó sen, com duas colheitas por ano, nunca fal tava comida. Agora, o pão do céu e as codornizes seriam supridos providencialm ente. 14-22. M aná do céu. Q uando o povo per g u n to u em h e b r a ic o m an -h u ' (" Q u e é isto ? "), 13-15, M o isés exp licou que era o pão do céu. O m an á p re fig u ra C risto , a com ida do povo de D eus (cf. Jo 6.33-35). 23-30. Sábado e maná. O sábado, um tipo de bênção do reino de Israel (Hb 4.8-9), era desfrutad o por Israel em associação com a coleta do maná. Um gôm er (c.1,76 litros), era a décima parte de um efa que, por sua vez, era um décim o do ômer. 3 1 -3 6 .0 m aná mantido por m em orial na u m a de ouro (Hb 9.4) lem bra o m aná ver d ad eiro que com erem o s na p ró p ria p re sen ça de D eu s na g ló ria — o "m a n á e s co n d id o " (Ap 2.17), sob re o qual d isse o Senhor: "... quem com er este pão v iverá para sem pre " (Jo 6.58).
17. Refidim: água da rocha 1-4. Redim idos provados pela sede. Em R efidim (provavelm ente o W adi Feiran , a rota natural para o Sinai), os israelitas, im
pedidos pelos am alequitas de subir o vale ru m o às fontes n atu rais, sofreram sed e e se rebelaram con tra o S en h or e M oisés. 5-7. Á gua da rocha. Isso é um belo sím bolo de Cristo, o doador da vida (Jo 7.3739). A rocha ferida ilustra a m orte de Cris to q u e r e s u lto u n o d e r ra m a m e n to do Espírito por causa de um a redenção com p leta d a (A t 2 .1 -4 ). A q u i, H o reb e d en ota toda a península sinaítica. M assá ("p rov a") e M e rib á (" c o n te n d a " ) fo ra m os n o m es dados ao lugar em que Israel tentou o Se nhor e contend eu com ele. 8-16. C onflito com A m aleque. Essa tri bo beduína descendia de Esaú (Gn 36.12), sendo um inim igo im placável de Israel. Jeová-N issi ("Jeová-N issi"), 15, assegu ra vitória ao que crê.
Êxodo [ 83 1
18. Moisés e Jetro 1-12. V isita de Jetro . M o isés contou a Jetro com o o Senhor havia julgado o Egito em fa v o r de Is ra e l e com o fo ra o liv ra m ento, 8. Então todos louvaram e confra ternizaram , 12. Enquanto Israel se liberta va do E gito, Z ípora e seus filhos, G érson (" e s tr a n g e ir o " ) e E lié z e r (" D e u s é m eu au x ílio"), estavam fora de cena, 2-5. A go ra vo ltam a a p a re ce r q u an d o Isra el p re para-se para o encontro d ivino no m onte Sinai, talvez um prenúncio da volta de Is rael ao "m onte do tem plo do SEN H O R" na era do reino vindouro (Is 2.1-5). 13-27. G overn o dos re d im id o s. A qui D eus concede pela graça um a ad m inistra ção governam ental, assim com o pela g ra ça havia lhes concedido redenção (12.37— 1 3 .1 8 ); d ir e ç ã o (1 3 .1 9 - 2 2 ); liv ra m e n to (14.1 — 15.21); provisão tem porária (15.22— 17.7); e vitória na guerra (17.8-16).
19. 0 monte Sinai e a aliança da lei 1-2. Israel no Sinai. E bem provável que o Sinai estivesse localizado em Jebel M usa, na península do Sinai, m arcada pelo m os teiro de Sta. C atarin a. E n tretan to , alg u n s estu d io so s fav orecem Je b e l S erb a l, p erto do oásis de W adi Feiran. 3-8. A graça sem reservas é trocada pela lei. O Senhor lem bra claram ente aos isra e lita s q ue até esse m o m en to e le s foram o b je to da g raça irre s trita de D eu s, 4. O "s e " do v. 5 indica o m étodo legal da ação divina. A gora, instalava-se um novo siste m a. A lei n ão foi e sta b e le cid a com o um meio de vida, m as com o um m eio pelo qual I s r a e l p u d e s s e to r n a r -s e " p r o p r ie d a d e exclusiva" do Senhor, um "rein o de sacer d o tes" e um a "n a çã o sa n ta ", 5-6, distinta de to d as as o u tras n açõ es. E ssa p ro m es sa de sacerdócio é m ais tarde estendida à igreja, bem com o pela m ediação de C risto (IP e 2.9; Ap 1.6). Além disso, a lei não foi im posta antes de ser proposta por D eu s e aceita por Israel, 7-8. A aliança abraâm ica h a v ia m in is tra d o s a lv a ç ã o e se g u ra n ç a porque im punha apenas um a condição: fé. Isso, a aliança legal não poderia fazer.
9-25. Inicia-se o período da lei. Esse iní cio foi d ado p ela ap arição aterrad ora do Senhor no Sinai, 9-11; pela distância, 12-13; p e la n u v e m , p e lo fo g o , p ela am eaça de morte. A lei foi projetada para ensinar aos isra elita s a san tid ad e de D eus, o pecad o d eles e, p ela sua au sterid ad e e sev erid a de, ser "g u ia para nos conduzir a C risto" (G1 3.24), a quem ela indicava em detalhes, para que pu dessem ser salvos pela fé.
20. 0 Decálogo 1-11. A prim eira tábua, obrigações para com D eus. Elas guardavam a unidade e a e sp iritu a lid a d e de D eu s c o n tra a id o la tria, sua sa n tid a d e con tra a p ro fa n a çã o , e su a a d o ra ç ã o no sétim o d ia co n tra o s e c u la r is m o . 12-17. A segunda tábua, obrigações para com os hom ens. "H onra teu pai e tua m ãe" d estaca-se com o o prim eiro m andam ento acom panhad o de um a prom essa esp ecífi ca (20.12; Ef 6.2). "N ão m atarás", 13, decre
[ 84 ] Êxodo
ta a santidade da vida contra o hom icídio. "N ão adulterarás", 14, protege o casam en to e o lar. "N ão fu rta rá s", 15, m antém o direito à propriedade contra o roubo. "N ão dirás falso testem unho", 16, destaca a san tidade do caráter contra a falsidade. "N ão c o b iç a rá s", 17, p ro tege o co ra çã o contra os m aus d esejos. 18-21. Israel pede um mediador. Embo ra D eus tivesse cham ado Israel para que fosse um reino de sacerdotes (19.6), o povo tem e e p ed e que M o isé s seja m e d ia d o r em seu favor. 20.22—23.33. O Livro da Aliança. Assim cham ad a em 24.7, essa seção esb o ça em m aiores d etalh es as e stip u la ç õ e s da a li ança de D eus com Israel.
Revelações arqueológicas D escobertas de textos de tratad os fir m ad os n o O rie n te P ró x im o e sc la re c e m m uito a form a e a estrutura da aliança de Deus com Israel, conform e registrada em Êxodo, L ev ítico , D eu te ro n ô m io e Jo su é. M endenhall e Kline observaram sem elhan ças estruturais entre a aliança do Sinai e os tratados hititas de suserania. As correspon dências atentam a autenticid ad e da reve lação divina a M oisés no m onte Sinai.
21—24. As ordenanças sociais 21.1-36. D ireitos das pessoas. Foram da das leis para reg u lar a e scra v id ã o , 1-11; as violências contra o próxim o, 12-27; d a nos cau sad os por d escu id o ou n e g lig ê n cia, 28-36. 22.1-15. Direitos de propriedade. Foram dadas leis tratand o de fu rto, 1-6, e d eso nestidade, 7-15. 22.16—23.19. Exigências de integridade p esso al. F oram e sta b e le cid o s a con d u ta apropriada, 22.16-31, a ad m in istração da justiça com um, 23.19, e a observância dos períodos de festa, 10-19. 23.20-33. Promessa e prosperidade. Foi dada a certeza da p re sen ça d iv in a com Israel, 20-23, e predito um futuro abençoa do, se o p ovo p e rm a n e ce sse fie l ao S e
nhor, 24-33. Essas exigên cias do L ivro da A liança serviam de instrução social e reli g iosa p ara Israel. 24.18—31.18. M oisés no cume do monte. O s q u a re n ta d ia s e q u a re n ta n o ite s que M oisés perm aneceu nas m ontanhas foram significativos porque sua duração é sem e lh an te ao da p ereg rin a çã o de E lias até o m onte H orebe e ao da provação de Jesus (tam bém no d eserto). 24.1-17. A ceitação da aliança legal e ado ração. Salienta-se de novo que Israel acei ta voluntariam ente a lei (cf. 19.18). A alian ça é ratificad a.
Revelações arqueológicas F azem -se com p arações en tre a lei ca su ística da alian ça m o saica e os cód ig os m ais antigos, com o o Código de H am urá bi (c.1700 a.C .), o C ó d ig o de L ip it-Ish tar (c.1875 a.C.) e o Código de Ur-N am m u (2050 a .C .). E x is te m s e m e lh a n ç a s s u fic ie n te s para co n firm a r a a n tig iiid a d e da aliança m osaica — e d iferenças ainda m ais n o tá veis para atestar sua sin gu larid ad e com o rev ela çã o d ivina.
25. 0 tabernáculo: arca, mesa, candelabro 1-9. Os m ateriais foram supridos com as ofertas do povo, inclu ind o -se três m e tais, tecid os co lo rid o s, p eles de anim ais, azeite e pedras preciosas. Tudo por orien tação divina, 9. 10-22. A arca. Essa caixa de l l l c m de com prim ento, 66cm de largura e 66cm de altura, era feita de m ad eira de acácia co b erta de ou ro pu ro. C o n tin h a um a urna com m aná, os D ez M and am entos e, m ais tarde, a vara de Arão que floresceu. O pro piciatório era a tampa de ouro sobre a arca, ilu stran d o com o o trono d iv ino tran sform a-se de tro n o de ju lg a m en to em trono de graça pelo sangue exp iatório e sp a rg i do sobre ele. Os dois querubins rep resen tavam os guardiões da santidade do trono de D eus, acim a do qual ficava entronada a glória — Shekinah — da presença do Se-
Êxodo [ 85 ]
Caminho para a Cades-Barnéia
Lagos Amargos Heliópolis (Õn) Mênfis
Timna
J
Rota desviando de Edom e de Moabe (Nm 21)
Milagres dò maná e das cordonizes
im Deserto de Pai Deserto de Sim
i Milagrelda rochá cjue/ jorra âgto uV Rota tradicional do Êxodo Trilha
nhor. A arca era o cen tro do sim bolism o do ta b e rn á cu lo , D eu s a tu a n d o e x te rio r m ente em sua b u sca do hom em . 23-30. A mesa dos pães da proposição. Feita de m adeira de acácia, tinha 88cm de com primento, 44cm de largura e 66cm de altura, recoberta de ouro puro. Sobre ela eram co locad os os 12 pães da P resen ça, feitos de fina farinha, tro cad o s todos os sábad os e co m id o s ap e n as p e lo s sa c e rd o te s. E sses pães prenunciavam a Cristo, o Pão da Vida, aquele que alimenta o fiel como a um sacer dote (IP e 2.9; Ap 1.6; Jo 6.33-58). 31-40. O candelabro de ouro. Este era de ouro puro, com sete hastes; um tipo de C risto, nossa Luz, brilhand o na plenitu de do Espírito, enquanto a luz natural era ex clu íd a do ta b e rn á cu lo . A lg u n s a sso cia m esse candelabro com os candeeiros de Ap
w oX. Dofca ,, Hazeroten Refidim . jtmei a n u w j 0
|
(monte Sfiat) Moisés receMos0 , 10 Mandamentos J
1.12-16, em m eio aos quais brilhava o Fi lh o. A rep resen ta çã o no arco triu n fal de T ito pode nos fornecer um a noção correta de sua ap arên cia.
26. 0 tabernáculo: sua construção geral 1-6. Cortinas de linho. D ez ao todo, eram de linho branco com fios azuis, púrpura e v e rm e lh o s e n tre la ça d o s, fo rm a n d o fig u ras de querubins. 7-37. Cobertura, laterais, véu e painel ex terno do tabernáculo. O véu separava o San to Lugar e o Santo dos Santos, o santuário in tern o em que ficava a arca da aliança. Jo se fo re g istra que o véu tin h a lOcm de esp essu ra e que o d esenho b ord ad o pos suía significado m ístico. Para o que crê, o
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véu representa sep aração da p resen ça de Deus, um a separação que term inou quan do Cristo foi crucificado, ocasião em que o véu "s e rasgou em d ois de alto a b a ix o " (Mt 27.51). Embora no AT o sum o sacerdo te só pudesse ultrap assar o véu um a vez por ano, Cristo, com o nosso Sum o S acer dote (Hb 9.11-12) proveu acesso à presen ça de D eus a todos os que en tram "p e lo novo e vivo acesso que ele nos abriu atra vés do véu,isto é,o seu corpo" (Hb 10.20).
9-19. O átrio. As cortinas de linho fino em tom o do átrio indicam que é necessário retidão para o verdadeiro culto, já que elas im pediam que se entrasse por outro ponto, a não ser pela porta. A porta, 16 (cf. Jo 10.9), in d ica C risto . Ele é n osso acesso a D eus em virtude de sua obra de redenção. 20-21. O azeite para a luz. O azeite puro de oliva sim boliza o Espírito Santo (Jo 3.34; Hb 1.9). Em C risto , a lâm p ad a de azeite q u eim a co n sta n tem en te.
27. 0 tabernáculo: altar de bronze, átrio
28. 0 sacerdócio do tabernáculo
1-8. O altar de bronze. Esse era o gran de altar para os sacrifício s g erias de ani mais, 222cm de cada lado e 133cm de altu ra, localizava-se na entrad a, sig n ifican d o que o d erram am e n to de sa n g u e (e x p ia ção) é fundam ental para o hom em aproximar-se de Deus. É um tipo da cruz (morte) de Cristo, nosso holocausto, que se ofere ceu sem m ácula a D eus (Hb 9.14).
1-5. S acerd ócio em Arão e seus filhos. A rã o , o su m o sa c e rd o te (h eb r. "g ra n d e s a c e r d o te " ), tip ific a C r is to , q u e e x e rc e seu o fíc io se g u n d o os p a d rõ e s a rô n ic o s (Hb 9), m as que, por ser segu nd o a ordem de M elqu ised eq u e, é um sacerd ócio eter n o, im o rta l. A s v estes sa n ta s "p a ra g ló ria e o rn a m e n to ", 2, re p re sen ta m a g ló ria e a b eleza de C risto com o nosso Sum o S a c e r d o te .
1 Altar dos holocaustos 2 Bacia 3 Candelabro de sete braços 4 Arca da aliança 5 Santo dos Santos
O tabernáculo representação artística.
Êxodo [ 87 ]
6-14. A estola era um a vestim enta como um avental, usada sob o peitoral. Possuía alças nos om bros, um cinto bordado e era usado sobre um a túnica. N o alto de cada um a das o m b reira s havia um a ped ra de ônix e n g astad a com filig ra n a s de ou ro e grav ad a com os n om es de seis das doze trib o s de Israel. C risto lev a os seu s nos o m b ro s (força) em virtu d e de sua in te r cessão p re sen te com o sum o sa cerd o te. 15-29. O peitoral era luxuosamente orna mentado de pedras preciosas gravadas com os nom es das tribos de Israel. Isso ilustra C risto carreg an d o os nom es d os seu s no coração, na presença de Deus, com o Arão fazia quando entrava no Santo Lugar, 29. 30. Urim e Tum im. As "luzes e perfeições" tinham ligação estreita com o peito ral do juízo. Eles indicam o ministério orien tador do Espírito Santo, quer fossem pedras preciosas, quer sím bolos oraculares. 31-35. Sobrepeliz da estola sacerdotal. Os guizos na orla da sobrepeliz sim bolizam a aceitação d iv in a do sacrifício sacerd o tal. Enquanto as pessoas ouvissem o tilintar dos guizos, saberiam que o sum o sacerdote ain da estava vivo no Santo dos Santos e que D eus estava satisfeito com o sacrifício ex piatório por elas oferecido, 35. Em contras te, Cristo, o m elhor Sum o Sacerdote, vive sem pre para interceder por nós (Hb 7.25). 36-38. A m itra de ouro levava a inscri ção "S a n to ao S e n h o r " , um lem b re te da p u reza im acu lad a de m in istério sacerd o tal de Cristo (Hb 7.26). 39-43. Vestes dos sacerdotes em geral. As vestes ordinárias do sum o sacerdote e dos sacerd o tes em geral, sobre as quais eram colocadas as insígnias do sum o sacerdote, indicavam que a "d ignidade e hon ra" que caracterizava Arão (Cristo) tam bém carac terizava seus filhos (nesta era, os sacerdo tes crentes). As calças de linho para cobri rem a pele nua, 42, retratam a justiça de Cristo im putada ao que crê, o absolutam ente es sencial do acesso a Deus com o sacerdote.
29. Consagração dos sacerdotes 1-4 Purificação. Essa lavagem em água sim boliza a regeneração (Jo 3.5; Tt 3.5), da
qual Arão participou porque era pecador e necessitava dela. O Senhor, com o o Cor deiro de D eus imaculado (Hb 7.26-28), que não precisava dela, subm eteu-se ao batismo de João, no Jordão, para identificar-se com os pecadores e cum prir o padrão arônico (M t 3.13-17). 5-25. Vestidura e unção. Vestido com sua indum entária esplêndida, 5-6, e ungido, 7, ato s sim b ó lico s da un ção de C risto pelo Espírito Santo (Mt 3.16; At 10.38), somente Arão, note-se, foi ungido antes do derrama mento de sangue (cf. 21). A consagração dos sacerdotes exigia várias ofertas em que ha via derram am ento de sangue animal, 8-25. Isso separa Arão como um retrato contun dente de Cristo, que foi ungido com o Espíri to em virtude daquilo que era por si, em sua deidade e em sua hum anidade sem peca do, não em virtude da redenção, como acon tece com todos os que crentes. 26-46. Alimentos especiais para os sacer d otes. Isso era ap rop riad o para eles, 2627, que rep resen tavam o povo d iante de D eus, em sacrifício e adoração, 38-46.
30. 0 altar de incenso e os adoradores 1-10. O altar de incenso era de madeira de acácia recoberto de ouro, quadrado de 44cm de lado e 88 de altura. Provido de chifres e alças inseparáveis para transpor te, era colocado no Lugar Santo, em fren te ao véu. Sobre ele, Arão devia oferecer incenso duas vezes ao dia, 7-8. O incenso é um sím b o lo ad eq u ad o da o ração que, su b in d o com o um arom a agrad ável, e le v a-se de m odo aceitáv el ao céu (A p 5.8; 8.3). O alta r de in cen so é um retra to de C risto com o o intercessor daquele que crê (Jo 17.1-26; Hb 7.25), por m eio dele, sua ora ção e o louvor elevam -se a Deus (Hb 13.15). N enhum "outro incenso ", 9, i.e., de com posição im própria (cf. 30.34-38), podia ser usado. Cf. "fogo não permitido " de Lv 10.13, que se refere ao fogo aceso de algum a fo rm a d ife r e n te d a q u e la p re s c rita por Deus, tipificando qualquer entusiasm o re lig io so p ro vocad o por m eios m eram ente em ocionais, ou a substituição de Cristo por
[ 88 ] Êxodo
Conjunto de ferramentas de carpintaria descoberto em Tebas.
algum ob jeto ou p esso a, com o cen tro de devoção (IC o 1.11-13; Cl 2.8,16-19). 11-16. O dinheiro do resgate. O s que se a ch eg am com o v e rd a d e iro s a d o ra d o re s devem ser red im id os. Todos estão p erd i dos, todos estão na m esm a situ ação e to dos p re cisam da re d en ção re p re se n ta d a pelo pagam ento de m eio siclo de prata. 17.21. A bacia de bronze. Esse lavatório, colocado entre o altar e a porta, era usado p elo s sa ce rd o te s para lim p a r as m ão s e os pés, sim bolizando a lavagem em água pela Palavra (Hb 10.22; Ef 5.25-27; Jo 13.310; l j o 1.9). O s v e rd a d e iro s a d o ra d o re s tam bém precisam ser con tin u am en te p u rificad os das m anchas diárias. 23-33. A unção com óleo, sím bolo do E sp írito Santo. Só os rem id os, os d ia ria m ente purificados e os investidos pelo Es pírito podem adorar efetivam ente (Jo 4.23; Ef 2.18; 5.18-19) na beleza e na fragrância da santidade. 34-38. O incenso. O s ingredientes tam bém são dados, com o no caso do óleo de
unção. Som ente os redim idos, 11-16; puri ficad os, 7-21; e ungidos, 34-38, podem de fa to a d o ra r a D eu s em o ra çã o , lo u v o r e ação de g ra ça s g en u ín o s, 34-3 8 , sim b o li zad os pelo in censo que, por sua vez, de v eria ter co m p o siçã o e x clu siv a e ser re s e r v a d o s o m e n te p a ra a a d o r a ç ã o de D eus, 37. Im itá-lo era crim e pu nível com m o rte , m o stra n d o q ue a a d o ra ç ã o d eve ser verdadeiram ente espiritual (Jo 4.23-24).
31. Os trabalhadores e o sábado 1-11. O chamado dos trabalhadores. Bezalel ("na som bra de D eus") e Aoliabe ("ten da do Pai") foram cheios do Espírito de Deus, de habilidade e inteligência, conhecim ento e todo artifício, 2-3, para executar todos os tra b a lh o s a rte sa n a is n e cessá rio s. 12-17. R eafirm ação da lei do sábado. Cf. 16.23-29, a p rim eira in stitu ição do dia de d escanso a ser gu ard ad o p o r Israel, liga da à provisão do m aná. Logo d epois, isso seria reafirm ad o no q u arto m and am ento
Êxodo [ 89 ]
(2 0 .8 -1 1 ), a s s o c ia d o com o d e sc a n so de D eus na Criação (Gn 2.2). O sábado é, p o r tanto, um a institu ição jud aica ligada à ali a n ça le g a l ou m o sa ica , e sua tra n sg re s são é pu nível com m orte. O d om ingo não é um sábad o, m as o p rim eiro d ja da se m an a, p e rte n ce n d o à n ov a era da g raça que se segu iu à m o rte e re ssu rre içã o de C ris to . A g u a rd a le g a lis ta do sá b a d o é um a vo lta à era a n terio r ao ro m p im en to do véu (M t 27.51). 18. Moisés recebe as tábuas de pedra (cf. 32.16). E significativo que as tábuas foram escritas "pelo dedo de Deus" e não escava das por escribas hum anos. A ação extraor dinária testifica a importância da lei de Deus.
32. A aliança quebrada 1-14. O bezerro de ouro. A aliança legal, tão prontam ente aceita, foi aqui vergonho sam en te vio lad a, m o stran d o que as p es s o a s n ã o têm n e n h u m a c a p a c id a d e de cum pri-la por suas próprias forças. Pouco d ep ois de afirm ar que não fariam íd olos nem adorariam ou tros deuses, m oldaram um b eze rro que ou re p re sen ta v a um re torno à adoração do touro do Egito (Apis), ou a prática cananéia de fazer um escabe lo ou trono para D eus (Baal é m uitas ve zes re tra ta d o n os lom b os de um to u ro ). Som ente a intercessão de M oisés os livrou da destruição total, 11-14. 15-35. T ábuas quebradas. M oisés, o h o mem de D eus, encontrou um a cena terrí vel de ap o stasia e d ep rav ação ao d escer do m onte de D eus com a lei de D eus nas mãos. Toda a cena m ostra com o a lei, boa em si, é incapaz de tornar bom o hom em . O hom em d ep ravad o nunca é salvo pelo fato de guardar a lei, m as pela fé. A ju sti fica çã o pela fé é o cam in h o da salv a çã o em todas as eras. A lei foi um tu tor para revelar o pecad o do hom em e sua n eces sidade da graça e red enção d ivinas. M oi sés ch am o u os que estav a m do la d o do S e n h o r, e os le v ita s ju n ta r a m -s e a e le , m a ta n d o 3 .0 0 0 d os p io re s o fe n s o re s . A con fissão e in tercessão p o sterior de M o i sés, 30-35, rep resen ta um a cena extrem a m ente g ran d io sa da p reocu p ação do h o
m em com o b em do povo de D eu s, um d os q u a d ro s m ais su b lim es de to d as as E sc ritu ra s S a g ra d a s.
33*34. Restauração da lei 33.1-23. Nova visão de Moisés. A jornada rum o a Canaã foi retomada, 16, e a "tenda da revelação " (não o tabernáculo, que foi levantad o m ais tarde) foi arm ada fora do acam pam ento, 7-11. M oisés orou pedindo uma nova visão, 12-17, que lhe foi prometi da juntam ente com uma nova tarefa, 18-23. 34.1-4. Segundas tábuas da lei. Mais uma vez, a inscrição foi feita por Deus. As se g u n d a s tá b u a s tinham tanta a u to rid a d e q u an to as prim eiras. 5-17. A nova visão e com issão. Moisés viu o Sen h or passar, 5-9, e sua com issão foi renovada, 10-17. Aqui o patriarca viu a n atu reza esco nd id a de Jeová. 18-35. A s festas e o sábado reiterados. Essa é uma reiteração com respeito à Festa dos Pães Asm os, 18; da redenção dos pri m ogénitos, 19-20; do sábado, 21; da Festa das Sem anas e da C olheita etc., 22-27. A face de M oisés brilhou depois que ele des ceu da sessão de 40 dias com Deus, 28-35 (cf. 2Co 3.6-18).
35-39. 0 tabernáculo é levantado 35.1-3. O sábado. Esse princípio básico da a d o ra çã o de Israel foi m ais um a vez d eclarad o e salientad o (cf. 16.23-29; 20.811; 31.12-17; 34.21). 35.4—36.7. Ofertas e trabalhadores para o tabernáculo. O que foi ordenado em Êx 25.18 a respeito das doações para a construção do tabernáculo é aqui cumprido, com o povo dando com liberalidade. Bezalel e Aoliabe (cf. 31.1-11), os principais artesãos, foram novam ente destacados e seus talentos, da dos por D eus, m ais um a vez observados, 35.30-35. O povo deu com tanta liberalidade, que teve de ser limitado, 36.1-7. 3 6 .8 —39.43. Feitura do tabernáculo. Es ses c a p ítu lo s re g istra m o m a te ria l e os m óveis do tabernácu lo reunid os e a con fecção de acord o com as orien tações d a das nos caps. 2 5 —31, que são aqui repeti-
[ 90 1 Êxodo
dos. São dadas in stru çõ es quanto às co r tinas de lin h o , 36.8 -1 3 (cf. 2 6 .1 -6 ); co rti nas de pêlos de cabra, 36.1 4 -1 8 (cf. 26.7); cobertura de p eles de carn eiro , 36.19 (cf. 2 6.14); p lacas, 3 6 .20-23 (cf. 2 6 .1 5 ); b ases d e p r a ta , 3 6 .2 4 -3 0 (c f. 2 6 .1 9 ) ; b a r r a s , 3 6 .3 1 -3 3 (cf. 2 6 .2 6 ); c o b e rtu r a de o u ro , 3 6 .3 4 (cf. 2 6 .2 9 ); o v éu in te rn o e o véu externo, 36.35-38 (cf. 26.31,36). Ig u alm en te, a m o bília é de novo d etalh ad a: a arca, 37.1-5 (cf. 25.10 ); o p ro p icia tó rio , 37 .6 -9 (cf. 25.17); a m esa, 37.10-16 (cf. 25 .2 3 ); o cand elabro. 37.17-24 (cf. 25.31); o altar de incenso, 37.25-28 (cf. 30.1); o óleo de u n ção. 37.29 (cf. 30.23-38); o altar das o fer tas q u eim ad as, 3 8 .1 -7 (cf. 2 7 .1 ); a b acia, 38.8 (cf. 30.18); o átrio, 38.9-31 (cf. 27.9,16); as v e s te s de A rã o , o s u m o s a c e r d o te , 39.1-43 (cf. 31.10).
40. O tabernáculo levantado 1-19. Levantam ento de acordo com as o r ie n ta ç õ e s de D eu s, 1-15, em p e rfe ita obed iên cia, 16-19. 20-33. M obília. A arca foi introduzida, 20-21. O s m óveis foram colocad os, 22-26. As o fe rta s e os ritu a is p re s c rito s foram cum pridos, 27-33. 34-38. A ceitação divina. D eus abençoou, com su a p re s e n ç a , a M o isé s e ao p o vo quando a tenda foi cheia da glória de Deus. O e s p le n d o r e ra ta n to que M o is é s n ão conseguiu ministrar. U m a m ultidão de es cravos m iseráveis no Egito m arca o início de Êxodo. O livro term ina com um a nação em a n cip ad a, em com u n h ão com D eu s e em m archa, rum o a C anaã. E, de fato, "o livro da red en ção ".
Levítico 0 livro da expiação Natureza do livro. Génesis é o livro dos princípios; Êxodo, o livro da redenção; Levítico, o livro da expiação e da vida santa. Em Génesis, vemos o homem arruinado; em Êxodo, o homem redimido; em Levítico, o homem purificado, adorando e sen/indo. Levítico diz: “ acerte-se com Deus" (a mensagem das cinco ofertas, holocausto, ofertas de manjares, sacrifícios pacíficos, sacrifícios pelos pecados, sacrifícios pela transgressão, caps. 1—7). Levítico também diz: "mantenha-se acertado com Deus" (a mensagem das sete festas: Páscoa, Primícias, Pentecostes, Trombetas, ; Expiação, Tabernáculos, cap. 23). Levítico é o livro da santidade. (Essa idéia chave ocorre 87 vezes.) Deus diz ao redimido: "... sereis santos, porque eu sou santo" (11.44-45; 19.2; 20.7, 26), e o livro destaca a , necessidade de manter a santidade do corpo, tanto quanto a da alma. Os redimidos devem ser santos, porque seu Redentor é santo. A caminhada com Deus tem por base a santidade por meio do sacrifício e da separação. Como uma ilustração dos fiéis do NT, Levítico retrata a santidade que nasce, não dos rituais da lei, mas da fé em Cristo que cumpre a lei. N om e do livro . O nome
Levítico descreve o conteúdo do livro, como a lei dos
Estátua em bronze do touro sagrado Apis, encontrada em Mênfis.
sacerdotes, os filhos de Levi, e é adotado pela Septuaginta (Leueitikon) e pela Vulgata latina (Levitícus), caracterizando-o como um manual dos ritos da antiga aliança, principalmente associado ao que o NT trata por sacerdócio levítico = (Hb 7.11).
O sistem a sacrificial O rig e m d o s sa crifício s.
Embora a origem divina dos sacrifícios não seja declarada de modo explícito, o fato é implícito em toda a Bíblia. A maneira pela qual o homem pecador devia aproximar-se de Deus foi revelada a Adão ' e Eva imediatamente após a queda. O fato de Deus ter;
preparado vestimentas de pele para Adão e Eva pode insinuar sua revelação de que a culpa pelo pecado deve ser paga com o sangue de uma vítima inocente (Gn 3.21). Por conseguinte, o sacrifício revelado e ordenado por Deus é registrado no caso de Caim e Abel. Caim repudiou o recurso divino para achegar-se em adoração. Abel o aceitou e foi recebido na presença divina tendo por base os meios estipulados por Deus para se obter acesso a ele (Gn 4.1-7; Hb 11.4). Da mesma forma, Noé (Gn 8.20), Jacó (Gn 31.54), Jó (Jó 1.5; 42.8) e o povo de Deus sabiam, desde a véspera do êxodo, como se; achegar a Deus e colocavam isso em prática (Êx 10.25). ’
[ 92 1 Levítico
Quando Moisés tirou o povo do Egito, o sistema sacrificial que existia, pelo menos em parte, desde o princípio da raça foi expandido, recebeu novo significado em razão da redenção experimentada, sendo organizado, codificado e escrito por inspiração nos códigos sacrificiais de Êxodo e Levítico,
descobertos no lugar da antiga Ugarite no N da Síria (1929-37 e depois) têm sido muito importantes por mostrar as semelhanças e diferenças nos termos e nos rituais sacrificiais entre os sacrifícios israelitas e os cananeus, O te ste m u n h o da te o lo g ia .
As descobertas da arqueologia concordam com o raciocínio da teologia e com as insinuações das Escrituras de que os sacrifícios foram ordenados por Deus logo após a Queda. Isso confere com o caráter de Deus — infinitamente santo, ainda que misericordioso em seu amor redentor (Gn 3.15). Isso também confere com o caráter do homem — uma criatura decaída, totalmente incapaz de se aproximar de Deus por seus próprios méritos, ou de inventar uma maneira de aproximar-se dele por iniciativa própria.
O te ste m u n h o da a rq u e o lo g ia . A arqueologia e
a história demonstraram a universalidade do mesmo tipo de sacrifício em religiões humanas desde os tempos mais remotos. Os sacrifícios hebraicos apresentavam tanto semelhanças como diferenças em comparação aos rituais sacrificiais dos cananeus, babilónios, egípcios, gregos e árabes. Havia semelhanças suficientes para demonstrar a origem comum numa revelação dada por Deus à raça humana logo após a Queda. Essa fonte original foi corrompida e pervertida à medida que a humanidade caía no paganismo, refletindose nos sistemas sacrificiais predominantes na vizinhança politeísta de Israel. Enquanto os documentos dos antigos sumérios, babilónios, hititas, egípcios e amorreus descrevem sacrifícios semelhantes aos dos hebreus no AT, os tabletes religiosos de Ras Shamra,
Significado dos sacrifícios para o adorador veterotestamentário S ig n ific a d o básico. Embora
muitos elementos tenham sido introduzidos nos valores religiosos e espirituais dos sacrifícios, para o adorador hebreu eles eram fundamentalmente um meio de
v.
se aproximar de Deus. Isso se evidencia na conotação subjacente do termo hebraico mais amplo para "sacrifício" (qorban da raiz qrb, "achegarse ou aproximar-se"). Esse era o termo usado para indicar uma oferta sacrificial com ou sem sangue, vegetal ou animal, total ou parcialmente queimada (Lv 1.2-3, 10, 14; 2.1, 4; 3.1-2; 7.13; Nm 5.15; 7.17 etc; cf. Mc 7.11). O homem pecador e culpado precisava de algum meio de se aproximar do Deus infinitamente santo, com a certeza de ser aceito. Isso foi providenciado por Deus num sistema sacrificial presidido pelo sacerdócio levítico. O u tro s s ig n ific a d o s . Além da
idéia básica do sacrifício como um meio de se aproximar de Deus, o fiel do AT tinha em mente outros aspectos importantes da adoração ao apresentar os sacrifícios prescritos. Entre eles estavam: (1) Autoconsagraçâo a Deus, no holocausto (Lv 1; cf. Rm 12.1-2). Nessa oferta, prevalecia a idéia de um presente, porque nenhuma parte dela era devolvida ao adorador. Tudo era consumido como propriedade divina. (2) Generosidade no dar, na oferta de manjares (Lv 2). Essa oferta seguia de perto o holocausto e representava a doação da substância material
Levítico ( 93 1
no fruto do trabalho como resultado natural da dedicação da pessoa a Deus. (3) Ação de graças, louvor, amizade e comunhão do adorador porque Deus havia aceitado sua oferta de gratidão, devoção ou voto, na oferta pacffica (Lv 3), ou provido algum livramento pessoal ou nacional. (4) Expiação por substituição, na oferta pelo pecado (Lv 4), quando havia um pecado contra Deus, sem que se implicasse restituição. (5) Expiação e restituição, na oferta pela culpa (Lv 5), quando havia pecado e injúria implicando restituição. C la ssific a ç ã o do s sa crifício s.
É possível uma classificação em duas categorias: (1) sacrifícios empregados para chegar a Deus com o propósito de restaurar um relacionamento rompido — a oferta pelo pecado (Lv 4) e a oferta de restituição (Lv 5); (2) sacrifícios empregados para chegar a Deus com o propósito de manter comunhão — o holocausto (Lv 1), a oferta de manjares (Lv 2) e a oferta pacífica (Lv 3). Idéias p a gãs acerca do sacrifício. Entre as idéias
deturpadas do sacrifício que prevaleciam entre os vizinhos pagãos de Israel estão: (1) A idéia do alimento. Pensava-se que a comida era para
alimentar o deus que necessitava de alimento. (2) A idéia totemista. O adorador pensava que ele se alimentava do próprio deus nas ofertas em que o ofertante participa da refeição sagrada. (3) Noção de liberação de vida. Consideravase que a união entre o ofertante e seu deus era efetivada quando se tomava a vida do animal sacrificado. O sangue seria recebido por deus, e a carne, comida pelo ofertante. (4) A idéia mágica. O sacrifício era um rito mágico que atuava como um instrumento para forçar o deus a fazer o que se buscava. 0 sig n ifica d o tip o ló g ico dos sacrifícios. Para o que crê no
NT, o sistema sacrificial do AT é particularmente instrutivo por suas ilustrações da redenção neotestamentária. Muitas das prescrições levíticas são típicas, i.e., eram simbolicamente prenunciadoras, expressando uma necessidade que não conseguiam satisfazer, mas que seriam cumpridas pelo futuro Redentor prometido (Ef 5.2; 1 Co 10.11; Hb 9.14). Outras servem como princípios que podem ser aplicados à dispensação do NT, enquanto outras ainda ilustram facetas da interação de Deus com o homem e que são atemporais em sua aplicação. Essa é a
aplicação normal dos sacrifícios do AT para o que crê no NT, embora não fosse o significado básico ou prático para os santos do AT.
Esboço I — 16 O cam in h o para D eu s 1—7 Pelo sacrifício
8—9 Pela consagração sacerdotal 10 Pela rejeição da violação sacerdotal I I —15 Pela observância das leis de purificação 16 Pela expiação anual 17— 27 O cam in h o da co m u n h ã o com D eu s 17 —22 Pelo afastamento
do pecado 23 Pela observância das
festas religiosas 24 Pela obediência na
adoração e na verdadeira reverência 25 —26 Pela observância do ano sabático e do ano de jubileu 26 Pelo cuidado com as promessas e com as advertências de Deus 27 Pelo cumprimento dos votos e pelo pagamento dos dízimos.
[ 94 1 Levítico
1. O holocausto 1 -9 .0 novilho. O primeiro pronunciamen to de Deus diz respeito às ofertas de aroma agradável — o holocausto, a oferta de man jares e o sacrifício pacífico. Elas prefiguram Cristo em sua perfeição e com pleta d evo ção à vontade do Pai. As ofertas de aroma não-agradável — a oferta pelo pecado e a o fe rta p ela tra n sg re s s ã o — a p re se n ta m Cristo como quem leva todo o demérito do pecador. O h o lo cau sto re p re sen ta C risto oferecendo a si mesmo sem m ácula a Deus (Hb 9.11-14; 10.5-7). O novilho ou o boi apre sentam Cristo com o o Servo paciente, obe diente, "obed iente até à m orte" (Fp 2.5-8). Ao colocar a m ão sobre a cabeça do holo causto, o ofertante ilustra a identificação do fiel com sua oferta. O antítipo é a fé do cren te na identificação dele próprio com Cristo (Rm 4.5; 6.3-11) que morreu como oferta pelo seu pecado (2Co 5.21; IPe 2.24). 10-13. O carneiro ou cabrito. O carneiro (o v e lh a ) r e tra ta o S e n h o r em re n d iç ã o voluntária à m orte na cruz (Is 53.7; Jo 1.29). 14-17. A rola ou o pom bo falam da ino cência afligida (Is 38.14; 59.11; Hb 7.26) e estão re la cio n a d o s com a p o b rez a (5.7). Retratam aquele que se tornou pobre para que nós, por m eio de sua pobreza, pudés sem os nos tornar ricos (2Co 8.9).
2. A oferta de manjares 1-3. Significado geral. Nesta oferta sem sangue, C risto é p refig u rad o em sua h u manidade sem pecado, o Hom em perfeito. O elem en to da o ferta de m a n ja res era a flor de farinha, moída por igual, retratando a perfeição im pregnada em cada parte da humanidade de Cristo. O fogo talvez prefi gure o sofrimento hum ano de Cristo que o levou à morte. Arão e seus filhos participa vam dessa oferta, 3, sim bolizando o fato de que nos alimentamos de Cristo (Jo 6.51-54). 4-11. A oferta de m anjar assado. O pão asm o, p rim e iro assad o e d ep o is p artid o em p ed aço s p e q u e n o s, r e tra ta a ú ltim a ceia, em que C risto p a rtiu o pão asm o como um sím bolo de sua própria m orte no Calvário (cf. M t 26.26; M c 14.22; Lc 22.19).
12-16. A oferta das prim ícias. Juntam en te com os prim eiros frutos, o sal é m encio nado com a "aliança do teu D eu s". Com o tal, fala da com u nhão e da am izad e com D eu s. O sa l tam b ém serv e p ara p re s e r var, referin d o-se à m an u tenção da com u n h ã o em c o n tra s te co m o fe rm e n to do pecado (Nm 18.19; M c 9.49-50; Cl 4.6). A ofer ta das prim ícias evid entem en te liga a hu m a n id a d e sem p e ca d o de C risto com a ressurreição (cf. Lv 23.9-14; IC o 15.20-23).
3. Oferta pacífica 1-5. O ferta de gado. Essa oferta apre senta a obra de C risto na cruz no aspecto de obter paz em favor do pecador, com a p rop iciação de D eus e a recon ciliação do pecador. Aquele que fe z a paz (Cl 1.20), que evangelizou a paz (Ef 2.17) e é a nossa paz (Ef 2.14) é aqui tipificado com o aquele que p ro v ê essa "p a z com D e u s " p a g a n d o o terrível preço do fogo (sofrim entos e pro v açõ es). A paz com D eus (ju stifica çã o ) é, portanto, a base da paz de D eus expressa nas ações de graças e na com unhão. Isso faz da oferta pacífica, acim a de tudo, uma oferta de gratidão (Lv 7.11-12). 6-17. O ferta de gado m iúdo. Essa oferta n ão pode ser sep arad a do h o lo cau sto , já que era oferecida no altar sobre o holocaus to. A paz com D eus é inseparável da m or te de Cristo.
4 .1 —5.13. A oferta pelo pecado 4.1-2. O segu nd o p ro n u n ciam en to de D eus. O prim eiro p ronunciam ento (1.1-2) de dentro da glória que encheu o taberná cu lo com p leta d o o fereceu as o rien ta çõ es d ivinas para as ofertas de arom a ag rad á vel — o holocau sto, a oferta de m anjares e a oferta pacífica — apresentando o m odo p re scrito p o r D eu s para Isra el ch eg ar-se a D eus no santuário (caps. 1 —3). As duas ú ltim a s o fe rta s são a ssu n to do seg u n d o p ro n u n ciam en to — as o ferta s p elo p eca do e pela tran sg ressão — que trata m ais e sp e c ific a m e n te do p erd ã o d os p eca d o s de Israel e da re sta u ra çã o da com u n h ão com D eus.
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3-12. A oferta pelo pecado do sumo sa cerdote. A oferta pelo pecado retrata o Se n h o r com o o que lev a o p e ca d o de seu p o v o , " D a q u e le q u e n ã o tin h a p e c a d o D eu s fez um s a c rifíc io p e lo p e ca d o em nosso favor..." (2Co 5.21). Ela é expiatória e substitutiva (Lv 4.12, 29, 35) e sa*tisfaz as exig ên cias da lei por m eio da restitu ição substitutiva. Q uando o sum o sacerdote pe ca v a , e ra co m o se to d a a c o n g r e g a ç ã o h o u v e sse p ecad o. 13-21. A oferta pelo pecado. N ão im por tava quem era o israelita pecador, o peca do p o d ia ser e x p iad o pela oferta de um sacrifício esp ecífico. 22-26. A oferta pelo pecado de um prín cipe (governante). O s sacrifícios variavam de acordo com a pessoa que pecava, m as to d o s, in d e p e n d e n te m e n te de p o s iç ã o , eram pecad ores e careciam da oferta pelo p ecad o p re scrita. 27-35. A oferta pelo pecado de uma pes soa com u m . Ela tam bém p recisa v a p res tar contas a D eus. 5 .1 -1 3 . P o r o fe n s a s e s p e c íf ic a s . C f. Hb 13.10-13 para in form ações sobre o fer tas pelo pecado.
5.1 4 —6.7 A oferta pela transgressão 5.14-19. Transgressão contra Deus. Essa oferta re tra ta C risto e x p ia n d o os a sp e c tos n o civ o s do p ecad o, ou seja, a in jú ria com etida. Essa oferta sem pre era um car neiro sem defeito (15, 18; 6.6) 6.1-7. Transgressão contra os hom ens. Na injú ria com etid a tanto con tra D eu s com o contra os hom ens, a restitu ição precisav a ser feita com o a créscim o de um q u in to (20% ou dízim o dobrado). No caso de uma ofensa contra do Senhor, a quinta parte era dada ao sacerdote; no caso da ofensa con tra hom ens, à pessoa defraudada.
6.8—7.38. As leis das ofertas 6.8-13. A lei do holocausto (cf. cap. 1). Essa oferta contínua com o fogo que nu n ca se ap agav a re trata C risto o ferecen d o se co n tin u a m e n te na p re s e n ç a de D eu s
Altar com quatro "chifres".
em n o sso fa v o r, com o a q u e le em quem todos os fiéis têm garantia de plena acei tação. Sua p resen ça no santu ário celestial é incessante e infinitam ente eficaz. N ossa reação ao asp ecto do h olocau sto na obra red entora de C risto é um a rend ição total em d ev oção a D eu s. 14-23. Lei da oferta de manjares (cf. cap. 2). A parte dessa oferta com ida pelos sa cerd otes arôn icos (tipo dos crentes) m os tra o p rivilég io de se alim entar de Cristo (Jo 6.53). "...sem fermento e em lugar santo " , 16. E sse Pão celestial só pode ser d es fru tad o em sep aração (sem ferm ento) no lu g ar san to. Essa era um a oferta esp ecial de m anjar do sum o sacerdote (19-23). 24-30. Lei da oferta pelo pecado (cf. cap. 4). A oferta pelo pecad o d ev ia ser m orta no lugar em que era m orto o holocausto, m o stran d o a lig ação in d isso lú v el entre a exp iação su b stitu tiva e a perfeição im pe cável do Substituto. A santidade da oferta p e lo p e ca d o era cu id a d o sa m e n te o b ser v a d a . E ra ch a m a d a "c o is a s a n tís s im a ", m o stra n d o q u e a p e s a r de o S e n h o r ter sid o feito p ecad o (2Co 5.21) com o oferta pelo pecado, ele era em si im pecável.
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7.1-10. A lei da oferta pela transgressão (cf. cap. 5). A oferta pela transgressão tam bém era "san tíssim a", com o a oferta pelo pecado, e dependia do sangue derram ado. 11-38. A lei da oferta de com unhão (cf. cap. 3). Aqui, a terceira das ofertas de aro ma agrad ável é colocad a p o r ú ltim o nas leis das ofertas, talvez por rep resen tar o resultado final da obra expiatória de Cris to — paz com Deus para o crente justifica do — com p reem in ên cia da com u nh ão e da ação de graças. Todos os detalhes d es sa oferta bendita centram -se em C risto.
(Jo 13.2-11; T t 3.5; Hb 10.22). Veja Êx 29.1-4. S eg u n d o, eram vestidos (veja Êx 28.1-43). Terceiro, eram ungidos (veja Êx 29.5-25). D ois aspectos im portantes distinguem o sum o sacerdote com o um a prefiguração de C risto em co m p a ra çã o com os sa ce r dotes com uns que p refig u ravam os cren tes. P rim eiro, ele era un gid o antes de se rem m ortos os sacrifícios de consagração, em contraste com os sacerd otes, em cujo c a so a a p lic a ç ã o d o s a n g u e p r e c e d ia a u n ção. S en d o Im p e cá v e l, C risto n ão re queria preparação para receber o óleo da unção (Espírito Santo). Segundo, o óleo da un ção só era derram ado sobre o sum o sa cerd ote, tip ifica n d o a im en su rá v el p len i tude do Espírito em Cristo (Jo 3.34; Hb 1.9). 14-30. As ofertas de consagração. A ofer ta pelo pecado, 14-17; o holocausto, 18-21; o cordeiro da consagração, 22; a aplicação de sangue, 23-26; tudo salientava m inucio sam ente o fato de que a fu nção sacerd o tal d ep en d ia de um a red en ção com p leta da. O sangue santificava o corpo (orelha, polegar da m ão e do pé). 31-36. A festa sacrificial. O ato de com er os sacrifícios e o pão, visto com tanta fre quência no ritual levítico, ilu stra a n eces sidade de os crentes se alim entar de C ris to (Jo 6.50-55).
9. 0 ministério dos sacerdotes
Representação artística do sumo sacerdote.
8. A consagração do sacerdócio 1-13. A consagração. A base da santida de eram as ofertas dos caps. 1 —7. O resul tado era o sacerdócio dos caps. 8 —10, Arão prefigurando Cristo, e seus filhos, os indiví duos crentes desta era. O sacerdócio deles dependia da relação com Arão, assim como o sacerd ó cio do cren te b a se ia -se em sua relação com C risto. O s sacerd o tes p assa vam p o r três p ro cesso s. P rim e iro , eram la v ad o s, 6, s im b o liz a n d o a re g e n e ra ç ã o
1-22. Inauguração do ministério. A sem a na da ordenação m inisterial (cap. 8), sim bolizando a posição sacerdotal dos crentes desta era, foi seguida, no oitavo dia, de uma série de novas ofertas dos sacerd o tes em que talvez se retratasse o futuro sacerd ó cio de Israel convertido, com o um a nação de sum os sacerdotes. O oitavo dia talvez rep resentasse a era m ilenar em que C ris to, com o o Rei Sacerdote, surgirá em glória p ara o seu p ovo de Israel e eles de fato serão "rein o de sacerdotes e nação santa" (Êx 19.6; Zc 3.1-10; Is 61.6). A oferta pelo pe cado, o holocau sto e a oferta de m anjares d em on stram que essa restau ração futura do reino de Israel (At 1.6) será baseada na obra sacrificial expiatória de Cristo em seu prim eiro advento.
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23-24. A glória m anifestada. Arão aben çoou o povo, 22, e entrou no tabernáculo com M oisés, 23. D epois que ele e M oisés reap areceram (talv ez p refig u ra n d o o re torno de C risto de seu san tu ário celestial na d u p la fu n ç ã o de R e i e S a c e r d o te , Zc 6 .9 -1 5 ), a g ló ria do S e n h o r d ts c e u e consum iu o sacrifício.
10. 0 fogo não ordenado de Nadabe e Abiú 1-11. Sacrilégio disciplinado. Ao ofertar um "fogo não ordenado " ao Senhor, N ada be e Abiú agiram ou por ignorância ou por arrogância. O pecado, ao que parece, d e rivav a do fato de o in cen so ter com p osi ção im p róp ria, ou de n ão terem tirad o a brasa do altar de bronze (cf. 6.12-13), ou de não ser o m om ento prescrito para tal ofer ta (cf. Êx 30.7-8). Em todo caso, puseram fogo por v o n tad e p ró p ria, sem p ro cu rar o b e d e ce r às o rd e n s de D eu s a esse re s peito. O pecado deles era oficial, portanto, sério. A seriedade do pecado é salientada não apenas pela m orte repentina do cu l p ad o, m as pela ord em de não la m e n ta rem por eles, 6-7. A ordem su b seq u en te contra a em briaguez, 8-11, pode apontar o m otivo da falha de Nadabe e Abiú. 12-15. N ovas in stru çõ es foram d adas aos sa cerd o te s com re sp eito à form a de com er os sacrifício s. 16-20. Falha perdoada. Eleazar e Itamar deixaram de com er a oferta pelo pecado, mas aquilo se devia, evidentemente, ao jul gam ento que recaiu sobre os ou tros dois filhos de Arão, Nadabe e Abiú. Isso indica va que A rão e seus dois filh os vivos não estavam suficientem ente livres do pecado para m erecer com er a oferta pelo pecado.
11. Um povo santo — sua comida 1-23. Alimentos puros e impuros. Levíti co, como um manual de santidade, apresen ta agora a verdade de que a santidade é uma exigência para o povo de Deus (ca p s.ll —15). O m otivo é: "Sereis santos, porque eu sou santo" (IP e 1.16; cf. Lv 11.44-45). "... apresen teis o vosso corpo como sacrifício vivo, san
to e agradável a D eus..." (Rm 12.1). "Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo...?" (IC o 6.19). A distinção antediluviana entre animais limpos e imundos (Gn 7.2) incluída na lei mosaica baseava-se em parte na saúde física e em escrúpulos religiosos, sendo destinada a m arcar a se paração de Israel dos outros povos. Sob a d ispensação cristã, tais d istinções já cum priram seu significado simbólico, tendo sido revogadas, com o no caso da visão de Pe dro, quando o evangelho foi liberado para os gentios (At 10.9-15). 24 -4 7 . C o n ta m in a çã o p o r cad áv er. A m orte, ilu stra çã o d aquilo que existe uni cam ente no cam po natu ral e não tem es paço na exp eriên cia d aquele que serve a um D eus vivo (cf. Hb 9.14), contam inava pelo toque e exigia purificação.
12. Um povo santo — parto 1-8. Parto e im pureza. A im pureza as s o c ia d a ao p a rto pode s e rv ir com o um lem brete da d ep ravação inata, congénita da hum anidade (Gn 5.3; SI 51.5; Rm 5.18; Ef 2.3). A função prim ária das restrições pa re ce e sta r lig a d a à im p u reza das s e c re ções p u erp era is, já que a situ a çã o assem e lh a -se à da m en stru a çã o (cf. 12.2). A declaração de im pureza desem penha, por tan to, um a fu n ção relig io sa, sim bólica e h ig ié n ic a p ara Isra e l. A c irc u n c is ã o do m acho no oitavo dia (cf. Gn 17.9-14) tinha significad o higiénico e espiritual (Cl 2.1112). A virgem M aria cumpriu a lei e levou o sacrifício dos pobres (Lc 2.22-24).
13-14. Um povo santo — lepra 13.1-59. Lepra. Por lepra, refere-se não som ente à hanseníase (lepra de hoje), mas tam b ém a v á ria s d o e n ça s de p ele (e.g ., psoríase, v itilig o, escab iose etc.). A lguns até a relacion am com v árias d oenças ve néreas. A lepra (hebr. nagà, "g o lp e ") ilu s tra as consequências do pecado. O lepro so era excluído do acam pam ento, 45-46. O crente que deixa o pecado inato agir den tro de si está da m esm a form a desabilitado para a com unhão com Deus e seu povo.
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14.1-32. Sua purificação. Esse ritual pres supunha que a lepra fora curada. A cura em si, com o o perdão do pecado, só podia ser realizad a por D eus. O sacerd o te e x a m inava o lep roso fo ra do a cam p am en to e, se ficasse con v en cid o de que a vítim a estava cu rad a, re alizav a su a p u rifica çã o cerim onial pelo ritual das duas aves. A ave m o rta e a ave viva, solta d ep ois de m o lhad a de san gu e, re p re sen ta m o S e n h o r em d ois aspectos: "... foi en tregue à m or te por cau sa das n o ssas tra n sg ressõ e s e re ssu scitad o para a n ossa ju s tific a ç ã o " (Rm 4.25). Era o sangue que purificava do pecado o leproso. A ave viva em seu vôo a scen d e n te lev av a so b re as asa s o s a n gue, a m arca de uma obra redentora com pletada. A ssim , o C risto ressu rreto e a s c e n d id o c a r r e g o u as p ro v a s d e sua exp iação. O s o u tro s d eta lh es da ce rim ó nia, as ofertas, as ablu ções etc., falam to dos da seriedade do pecado e da eficácia da pessoa e da obra de Cristo para p urifi cá-lo por com pleto. 33-57. Lepra na casa. Isso se refere a vários fungos, m ofos ou bolores que p o dem afetar a argam assa úm ida d entro de casa. Ilustram com o o pecado pode conta minar um lar.
15. Um povo santo — contaminação pessoal 1-18. Im pureza m asculina. A natureza hum ana é d esesp erad am en te co n tam in a da e co n tam in ad o ra. E ste liv ro su sten ta um espelho fiel contra a hu m anidad e or gulhosa e não deixa à "carn e" nada de que se g lo ria r d ian te de um D eu s sa n to . As secreçõ es co rp o ra is m e n cio n a d a s, tan to voluntárias com o involuntárias, tanto nor m ais com o patológicas, evid enciam o p e cado p ro fu n d am en te arra ig a d o na n a tu reza h u m a n a e a m a ld iç ã o s o b re e le , revelando a necessidade de um a pu rifica ção contínua com água (a P alavra) tendo p o r b a se o s a n g u e d e r ra m a d o , 14 -1 5 (Jo 13.3-10; Ef 5.25-27; l jo 1.9). 19-33. Impureza fem inina. Cf. a m ulher hem orrágica (M t 9.20-22). A natureza h u m ana d ecaíd a é contam in ad a até em seu
funcionam ento involuntário e secreto. Um D eus santo exig e san tid ad e com b ase na red en ção de C risto.
16. l\lo Lugar Santo — expiação nacional 1-28. O ritual com o retrato da redenção objetiva do Senhor. O Yôm Kippurím, o Dia da Expiação, o jejum (At 27.9), no décim o dia do sétim o m ês (set./out.), m arcav a o ápice do acesso a Deus sob a antiga alian ça. Era o dia m ais solen e de todo o ano, quando o sum o sacerdote (um a figura de C risto) entrava no Santo dos Santos para fazer a exp iação anual pelos p ecad os da nação, 1-5 (cf. Êx 30.10; Hb 9.7-8; 10.19). A expiação pelo pecado cobria um ano ape nas, m as p refig u rava a rem oção d efin iti v a d o p e c a d o p e la m o rte de C r is to (Hb 9.12), ilustrada pelas várias ofertas, 610, e pelo sangue do bode sacrificado sen do levado ao Lugar Santo, 11-19. A oferta do sum o sacerdote por si m es mo, 6, não possui paralelo em Cristo, que não tinha pecado (Hb 7.26-27). Um signifi cado ilu strativo concentra-se no sum o sa c e rd o te e n o s d o is b o d e s s e le c io n a d o s pela con g reg ação para o ritu al. Tudo era fe ito p elo sum o s a c e rd o te , e n q u a n to os israelitas forneciam só os anim ais. ("[C ris to,] ... depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à d ireita ...", Hb 1.3.) O bode em que recaía a sorte para o S e nhor, 8-10,15-17, rep resen ta o asp ecto da m orte do Senhor que ju stifica a santidade divina expressa na lei (Rm 3.24-26). O bode v iv o , e n v ia d o co m o o b o d e e x p ia tó r io (hebr. "p a ra A z a z e l") ao d eserto , 20 -2 2 , representa aquele aspecto da obra de Cris to que expia n ossos pecad os na presen ça de D eus (Rm 8.33-34; Hb 9.26). Azazel pode sim plesm ente significar "escu sa" ou rem o ção cortipleta do pecad o do acam p am en to do povo de D eus. A entrad a do sum o sacerdote no Lugar Santo representa C ris to entrando no próprio céu (Hb 9.24) para apresentar os m éritos infinitos de seu san gue derram ado perante o trono divino de ju lg a m en to , que se tran sfo rm a e n tã o em trono de graça e de m isericórdia.
Levítico I 99 1
29-34. O ritual como retrato da resposta subjetiva do homem pela recepção da reden ção. A ordem "e vos humilhareis", 31, mais tarde passou a incluir o jejum (At 27.9). O d escanso solen e p refigu ra o d escan so da redenção e a n ação de Israel d esfrutand o um a expiação com pleta. C om o sâterd otes crentes da nova aliança, desfrutamos de um "v éu rasgad o" perm anentem ente e de um acesso im ed iato ao Santo dos Santos, que Israel nunca conheceu (Hb 4.14-16; 10.19-22).
17. Reverência para com o sangue 1-16. Q uanto aos anim ais m ortos e à in gestão de sangue. O sangue devia ser san tificado porqu e rep resen tav a a vida feita pelo D eus Criador. Era tam bém um m eio de exp iação , ap o n tan d o para ele com o o R ed en to r.
18. Práticas ilícitas proibidas 1-5. Exige-se uma vida santa. Cerca de 30 vezes nos caps.18—22, ocorrem as palavras solenes: "Eu sou o S e n h o r" e "Santos sereis,
porque eu, o S e n h o r, vosso Deus, sou san to". A santidade do Redentor é a motivação suprem a da santidade dos redimidos. 6-23. Ilicitudes especificadas. Vários rela c io n a m e n to s n ã o san to s, 6-1 8 , to rn am o crente inapto para a adoração. Essa lista de graus de consanguinidade vem sustentan do a lei com um, sendo em geral aceita. As práticas vis e abom ináveis dos cananeus e de outros idólatras são proscritas, 19-23. 24-30. A m eaça de julgam ento. O pano ra m a da h is tó ria m o stro u a a m e a ça de D eu s co n cretiz a d a em ju lg a m en to , tanto para os cananeus com o para os israelitas.
19—20. Outras prescrições quanto à santidade 19.1-37. Regras sociais. Inclui a honra a D eus e aos pais, 1-8; cuidado dos pobres, 9 -1 0 ; m a n d a m en to s con tra a fa lsid a d e e roubo, 11-12; opressão, 13-14; julgam ento inju sto, 15-16; orientação quanto ao am or ao próxim o; e várias outras regras, 19-37. 20.1-27. Pecados especiais. São conde nados outra vez o culto a M oloque e a fei
Pôr do sol no monte Sinai.
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tiçaria, 1-8; a blasfém ia contra os pais, 9; e os relacionam entos crim inosos e im orais, 10-21. São feitas exo rtações à ob ed iên cia e à santidade. O culto a M oloque. (de melek, rei) um deus abom inável adorado pe los am onitas, com sacrifício dos prim ogé n ito s, d em o n stra um cru el e re v o lta n te aspecto do antigo p aganism o sem ita.
21—22. Prescrições quanto à santidade do sacerdócio 21.1-16. Santidade dos sacerdotes. As leis anteriores diziam respeito à nação santa. E sta s le is e s p e c ia is r e g u la m e n ta v a m a santidade dos sacerd otes, garan tind o um m inistério irrep reen sív el. Um a vez que o sacerdócio ilustra os crentes d esta era, as várias ordens quanto à p u reza cerim o n i al, casam ento etc. m ostram a im portância de os cristã o s fica re m lo n g e do p ecad o (2Tm 3.16-17). A santidade do sum o sacer dote era esp ecialm en te ob serv ad a. 17-24. Desqualificativos físicos dos sacer dotes. Os portadores de deficiências, com o coxos, cegos e anões, estav am a fa sta d o s da fu nção sacerd otal, m as não da co n d i ção sacerd otal. Isso ilu stra que os d efei tos na vida do crente não anulam sua po sição "e m C ris to " n em su a re c e p çã o da graça ("C om erá o pão do seu Deus, tanto do san tíssim o com o do s a n to ", 22), m as lim itam sua utilidade no m inistério. 22.1-16. Pureza pessoal dos sacerdotes. Ele precisa controlar sua própria vida pes soal e a vida de sua fam ília com discrição. 17.33. Os sacrifícios sacerdotais devem ser sem d e fe ito e fis ic a m e n te p e rfe ito s . Sim bo lizam a p erfeição m o ral de C risto (Hb 9.14).
23. As festas solenes 1-3. O sábado sem anal. Essa não é um a d as fe s ta s a n u a is e n u m e ra d a s em 4 -4 4 , mas é a base de todo o ciclo festival e da religião de Israel, introd u zind o, portanto, as d escriçõ e s d essas te m p o ra d a s s a g ra das ou "festas fix as". 4-5. A Páscoa. (Hebr. pesah, "p assar ao largo".) Relembra a redenção de sob o Egi
to, quando o Sen hor passou ao largo das casas de Israel recobertas de sangue. Essa era a prim eira festa, base de todas as ou tras, assim com o todas as bênçãos e sp iri tuais repousam sobre a redenção do peca dor por m eio de C risto (IC o 5.7; IP e 1.19) "nosso Cordeiro pascal, [que] foi im olado". 6-8. Pão asmo. A redenção deve ser se guid a de um viver e de um and ar santo (IC o 5.7-8; 2Co 7.1; G1 5.7-9). A com unhão com C risto, o Pão sem ferm ento, resu lta rá no distanciam ento do m al (ferm ento ou lêv ed o ). 9-14. Prim ícias. Elas tipificam Cristo na re ssu rre içã o (as p rim íc ia s) e os que são salvos na manifestação de Cristo (IC o 15.23; lT s 4.13-18). 15-22. Pentecostes. Ocorria 50 dias após a Festa das Prim ícias, 15-16. A nova oferta de manjares, 16, prenuncia a igreja. Os dois p ã e s m o v id o s (p ã e s, n ã o um m o lh o de g rãos so lto s) "le v e d a d o s ", 17, antecipam aquele aspecto pelo qual os judeus (At 2) e os gentios (At 10) são unidos num a genuína unidade espiritual (IC o 12.13) pelo advento do Espírito no Pentecostes (At 1.1-4). 23-25. T rom betas. O som das tro m b e tas depois de reunida a igreja fornece um quad ro de Israel, que no fim dos tem pos será reunido após sua d ispersão por todo o m undo (Mt 24.31; Is 18.3,7; 27.12; 58.1-14; Ez 37.12-14). 26-32. Dia da Expiação. Essa ocasião so lene prefigura o pesar de arrependim ento de Isra el no m o m en to de sua con v ersão no seg u n d o a d v en to de C risto . E sse é o m esm o dia descrito em Lv 16 (cf. Zc 12.10— 13.1). O dia era e é o ápice do calendário judaico. Prenuncia o descanso do reino de Israel após sua reunião e conversão esp i ritual. C om em ora a redenção da saída do Egito, 43, e profetiza a restauração do rei no sob re Israel. »
24. Responsabilidades sacerdotais; blasfémia 1-4. Azeite para ilum inar o tabernáculo (cf. Êx 25.6). 5-9. Os pães (cf. Êx 25.23-30). O s sacer d o te s d e v ia m s e g u ir as o rd e n s d iv in a s
Levítico [ 101 I
dadas a M oisés a respeito desses elem en tos do culto prestado no tabernáculo. 10-23. B lasíêm ia com batida. Esta é uma seção narrativa rápida d escrevendo a exe cu ção de um hom em p arte d anita, parte egípcio (evidentem ente, um dentre o "m is to de g e n te " de Êx 12.38) p o r bflasfêm ia contra o nom e de Je o v á (Y ahw eh), nom e que significa "E le está presente" (trazendo redenção, com o em Êx 3.12-14). O ju d a ís m o tra d ic io n a l re c u s a -s e s u p e r s tic io s a m ente a p ro n u n ciar o san to n om e Jeov á (Yahweh), substituindo-o por Adonai, tom an do por b ase esta p assagem .
25. Ano sabático e ano do jubileu 1-7. O ano sabático. O sábado dos dias a m p lia v a -s e n o sá b a d o d o s a n o s. T od o sétim o ano devia ser um ano de descanso p ara a terra, 5. Isso re sta u ra ria o so lo e ajudaria os pobres, dando-lhes o que cres cesse em terras não lavradas, 6, ou, com o in s titu iç ã o h u m a n itá ria , p ro v e n d o -lh e s eco n o m icam en te, p elo ca n cela m en to das dívidas (cf. 35-38). Em prim eiro lugar, po rém , era um re co n h e cim e n to da so b e ra nia de D eu s so b re a te rra que lh e s fo ra dada, 2 (veja Lv 26.32-35). O fato de não a ceitarem a su p rem acia do S enhor re su l tou no ca tiv e iro n u m a terra e stra n h a . A institu ição retratav a o d escan so e a p ro s peridade do reino vindouro, 20-23. 8-55. O ano do jubileu. O ciclo de sete anos sabáticos era segu id o pelo q u in qu a g ésim o ano, 8, a n u n ciad o p ela tro m b eta do Dia da Expiação, 9. Isso retrata a entra da de Israel nas bênçãos do reino m essiâ nico, com o Senhor no m eio de seu povo.
M as significa m u ito m ais que as bênçãos prom etidas a Israel. Ele prenuncia as bên çãos de Rm 8.19-23 para toda a terra. In cluirá um grande derram am ento do Espí rito, o cum prim ento pleno da profecia de Joel (J1 2.28-32).
26. Condições para a terra ser abençoada 1-13. A bênção da obediência. Para re ceb er as b ên ção s de D eu s, o povo devia ser santo e m anter um a santa reverência diante dele, de acordo com a prim eira tá bua da lei dada no Sinai, 1-2 (Êx 20.3-11). (Cf. D t 2 8 —30 as condições da aliança pa lestin a.) 14-39. A maldição da desobediência. Cul m inava no cativeiro e na d ispersão entre as n a ç õ e s. E ssa p re d içã o e seu c u m p ri m ento na história judaica contêm uma pro va contundente da inspiração da Bíblia. 40-46. A restauração. A pesar da d eso b e d iê n cia às a lia n ça s m o sa ica e p a le sti na, a aliança abraâm ica incondicional per m a n ece e, pela g raça, um rem a n escen te será restau rad o à bênção do reino.
27. Apêndice: votos 1-25. Pessoas e coisas dedicadas. Os vo to s eram o b rig a çõ e s vo lu n tárias assu m i das diante de Deus, muitas vezes sob con dição de receber algum a bênção desejada, com o no voto de Jacó (Gn 28.20-22). 26-34. C oisas já pertencentes ao Senhor. Incluíam os prim ogénitos dos anim ais, 2627; outras coisas dedicadas, 28-29; e todas as dízim as da terra, 30-34.
IMúmeros Caminhada e serviço do povo de Deus Natureza do livro. Génesis é o livro dos princípios; Êxodo, o livro da redenção e Levítico, o livro da expiação e da adoração. Números, por sua vez, é o livro da provação. Números (lat. numeri, gr. arithmoi) recebe esse nome porque os israelitas foram contados duas vezes (cap. 1 e cap. 26), a primeira, no início da jornada e a segunda, ao final dos 38 anos de peregrinação pelo deserto. Números é um livro do deserto, cobrindo o período entre o segundo mês do segundo ano após o êxodo do Egito até o décimo mês
do quadragésimo ano. Mas, em grande parte, os anos de incredulidade e peregrinação são passados em silêncio. Autoria. Veja "Autoria do Pentateuco" na p.17 Significado espiritual. O NT faz repetidas alusões ou citações de Números (cf. Jo 3.14 eNm 21.9). Balaão (Nm 22— 24) é mencionado por Judas (11), Pedro (1 Pe 2.15-16) e João (Ap 2.14). Judas também se refere à rebelião de Coré (11; cf. Nm 16; 27.3). Seu
conteúdo espiritualmente ilustrativo recebe significado profundo (1 Co 10.1-11)e está ligado de forma inseparável com o restante do Pentateuco, em particular com Êxodo e Levítico.
Esboço I — 10 Partida do Sinai I I — 20 Peregrinação no deserto 21— 36 Jornada rumo à Terra
Números ( 103 1
1. A contagem do povo
3—4. Os levitas recebem seu ofício
1-46. A contagem . A ordem para a con tagem, 1-4, foi dada um m ês após o cons trução do tabernáculo (cf. Êx 40.17). Essa con tag em ap aren tem en te era d istin ta do censo do dinheiro da expiação (Êx 38.25-26), e m b o ra o n ú m e ro to ta l s e ja o m esm o (603.550; veja Nm 1.46). A contagem visava a fins m ilitares, 3, de acordo com a lin h a gem familiar. 47-54. Os levitas são excluídos e separa dos para o serviço do tabernáculo.
3.1-4. Os sacerd otes. Eles são m encio nados prim eiro, já que o culto a Deus (sa crifício e in tercessão) era centrad o neles, com o re p re sen ta n te s da nação. 3.5-39. Os levitas. A graça soberana foi exem plificada na escolha dessa tribo para o m inistério do tabernáculo santo (cf. Gn 34.25-31; 49.5-7). Levítico fornece um a des crição do trab alh o de A rão e seus filhos. Aqui, é especificado em linhas gerais o tra b a lh o dos lev itas, o cu id ad o para com o tab ern ácu lo em si e seu tran sp orte, 5-10. Levi ("ag reg ad o ") foi unido ao serviço sa grado ao Senhor em lugar dos prim ogéni tos, 11-13. Essa tribo é contada, 14-20; e as tarefas esp ecíficas de G érson, 21-26; Coate, 27 -3 2 e M erari, 33-37, são e sta b e le ci d as. N o v a m e n te se d esta ca a sa n tid a d e dos levitas com o substitutos dos prim ogé nitos, 40-51, sendo assim contados desde a infância, 22, e não a partir dos 20 anos, com o se fazia com as outras tribos. 4.1-20. Os coatitas. O s sacerdotes tipifi cam os cren tes em sua cond ição sacerdo tal. A ssim com o os levitas, recrutados dos 30 aos 50 anos, cuja responsabilid ad e era g u a rd a r e tra n sp o rta r os o b je to s s a g ra dos do Senhor através do deserto, eles re
2. Disposição das tribos 1-2. O co m an d o . O a cam p am en to do povo de D eus foi disposto e ordenado por D eus, com o tabernáculo no centro (m os trando que a adoração e o serviço a Deus devem estar no centro). N o NT, cada cren te tem seu lugar dem arcado no corpo (IC o 12), com C risto com o C abeça. 3-34. O acampamento ordenado. No lado leste ficavam Judá, Issacar e Zebulom , 3-9. N o lado sul, Rúben, Sim eão e Gade, 10-16. Deu-se a posição central aos levitas, 17. No lado oeste foram colocados Efraim, M anas sés e Benjam in, 18-24. N o lado norte fica vam Dã, Aser e Naftali, 25-34.
Representação artística da arca da aliança.
[ 104 1 Números
tratam os crentes guardando e m antend o os ob jetos p reciosos da "fé que um a vez por todas foi entregue aos san to s" (Jd 3), em suas p eregrin ações atrav és do d eser to deste mundo. 4.21-28. Os gersonitas. C ada levita re cebeu de Deus um a tarefa de acordo com a tribo de nascim ento e com a m aturidade em idade. A atuação no m inistério nas coi sa s sa n ta s e stá na b a se n ã o a p e n a s da regen eração esp iritu al, com o tam bém da m atu rid ad e cristã. N o cap. 3, G é rso n , o m ais velho, vem prim eiro. A qu i ele assu me lugar secu nd ário a C oate, m o stran d o que a graça divina designa um serviço e o detalha m inuciosam ente para o crente, de acordo com a vontade de Deus.
4.29-49. Os m eraritas. Todos os levitas ao se ocu par dos ob jetos sag rad os do ta b e rn á c u lo ilu stra m n o s s a o c u p a ç ã o em Cristo em com unhão com D eus e em san to serviço (cf. N m 8.10).
5. Distanciamento da imundície 1-4. Distanciamento dos im puros. Entre os im p u ros in clu íam -se os lep rosos (veja L v 13 — 14), os que so friam de secreçõ es (veja Lv 15) e os contam inados por contato com a m orte física. Essa condição incapaci ta a pessoa para o serviço ao Deus vivo (cf. Hb 9.14) e ilustra a necessidade de julgar o pecado e colocá-lo de lado, com o um a bar reira contra a com unhão e o serviço a ele.
D IS P O S IÇ Ã O D A S T R IB O S IMO A C A M P A M E N T O
Naftali
Aser
Dã
Benjamim
Judá
Manassés
Issacar
Tabernáculo t
Efraim
;L
Zebulom .
.
Rúben
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»
.
Simeáo
Gade
Números t 105 1
5-10. R estitu ição. Isso dizia respeito a e rro s co m etid o s no acam p am en to . P eca d os in con fessos não podem ser tolerad os no m eio do povo do Senhor. A graça de D eus que assegura perdão ilim itado seria trágica se não d isciplinasse o crente a re n egar "a im pied ad e e as paixões m u nd a n as" e a viver "n o presente século, sensa ta, justa e piedosam ente" (Tt 2.12). Haveria algo m ais calam ito so que os que p ro fe s sam ter sid o lev ad o s a D eu s terem um a consciência tênue da p ecam inosid ad e ex cessiva do pecad o ( l jo 1.7-9)? 11-31. D istanciam ento do adultério. Não se tratava do ju lgam en to por tortura, tão com um entre os povos antigos, que sobre viveu na Europa até a Idade M édia, um a vez que a lei m o saica c o n d e n a v a as s u p erstições pagãs populares da ép oca. Era um ritual sim ples em que o Senhor m an i festava seu poder, exp o n d o a ad ú ltera e pu n in d o esse pecad o grav e, para e x p u r gá-lo do m eio do povo de Deus.
6. Os nazireus 1-8. O voto. Isso era a dedicação de uma pessoa ao Senhor, 2. Im p licav a a b stin ê n cia do vinho, 3, símbolo dos prazeres natu rais da vida (SI 104,15), e até das uvas em qualquer forma, 4, representando os gozos terren o s que são in o fe n siv o s em si, mas não podem dar ao crente aquele prazer no Sen h o r p elo qual an seia o co ração . Esse aspecto é, portanto, o sím bolo externo de uma docilidade que encontra todo seu gozo no Senhor. O voto de n aziread o tam bém implicava cabelos longos, 5, a m arca exter na de que o separado se dispunha a identifica r-se com o p ro p ried a d e do Senhor. O voto tam bém im plicava rígida sep aração da impureza cerimonial provocada por conta to com c a d á v e re s, m esm o que de um ente qu erid o, 6-8. Sansão, Sam u el e João Batista colocam -se com o ilu strações m áxi mas do voto de nazireado. Sendo um voto voluntário, Sansão podia quebrá-lo, em bo ra o tenha feito com grandes perdas. 9-21. A purificação do nazireu contam i nado. Vários rituais sacrificiais foram pres critos, todos apontando para a obra reden
tora com pletada por Cristo. A contam ina ção de um santo consagrado só é anulada pela c o n fissã o e p elo p erd ã o ( l jo 1.7-9) b asead o na defesa eficaz de Cristo. 22-27. B ênção sacerdotal de um povo purificado e consagrado. Trata-se de uma bela invocação tripla da providência, gra ça e favor do Senhor.
7. As ofertas dos príncipes 1-88. Os príncipes e suas ofertas. Os che fes das tribos contribuíram com carros e bois para o transporte do tabernáculo. Embora as ofertas sejam identificadas por tribo, são reg istrad as em detalhes, não só porque a rep etição caracterizava as listas orientais antigas, mas porque o Senhor dispensa aten ção especial às ofertas de seu povo e por que, para ele, as ofertas são assunto de ca ráter pessoal. Só os gersonitas e m eraritas re ce b e ra m ca rro s e b o is de acord o com suas necessidades. Os coatitas foram d es tacad o s p ara ca rreg a r sob re os p róp rios om bros os utensílios especialm ente sagra dos e, portanto, n ão receberam nem bois nem carros. Os v.84-88 fornecem a soma das ofertas como 2.400 siclos de prata, 12 de ouro e 240 animais sacrificiais. 89. A voz de cima do propiciatório m ani festou o prazer do Senhor nas ofertas dos príncipes na consagração do altar, com o cum prim ento da promessa de Ex 25.22.
8. Consagração dos levitas 1-4. Lâm padas acendidas (cf. Ex 25.3140). O acendim ento do candelabro de sete lâm pad as no início da p ereg rin ação pelo d ese rto ch am av a aten ção para o fato de que o povo de D eus precisa ser ilum ina do p elo E sp írito S a n to (o ó le o n as sete lâm padas), 2, 4. 5-22. Purificação dos levitas. Primeiro eles deviam ser aspergidos com água, sim boli zando sua purificação do pecado (Ef 5.26; Jo 15.3; 17.17). Depois teriam raspados to dos os pêlos do corpo, sim bolizando que estavam d esp in d o o que dizia respeito à velha natureza. Depois deviam lavar suas vestes, significando que a água da Palavra
[ 106 I Números
estava purificando seus hábitos e modo de vida. Os sacrifícios, 8, mostram que a con sa g ra çã o e stá na b ase da e x p ia ç ã o p elo pecado. A im posição de mãos dos israeli tas sobre os levitas indica sua identificação com os lev itas, que os re p re sen ta v a m e serviam em seu lugar, 9-10, bem com o em lugar de seus primogénitos, 11-22. 23-26. Repetição das tarefas dos levitas. O período de serviço ia dos 25 aos 50 anos, que não contradiz Nm 4.3 que esp ecifica 30 a 50 anos. A p aren tem en te, os lev ita s passavam por 5 anos de aprend izad o an tes de receber toda a responsabilidade de cuidar do tabernáculo.
9. Orientação para os redimidos 1-14. A observância da Páscoa (veja Lv 23.4-5). A prim eira páscoa foi celebrada no Egito. Esta segunda observância, celeb ra da no deserto do Sinai durante sua jo rn a da para C an aã, m o stra com o a fe sta da red en ção , com seu san g u e e x p ia tó rio , é n e cessária p ara tod os os que cam inham para Deus. Uma garantia de graça é con cedida aos cerim onialm ente im puros e aos viajantes, 6-14. 15-23. Provisão de direção sobrenatural. A coluna de nuvem de dia e o pilar de fogo de noite foram conced id os para d irig ir o povo. No deserto deste m undo de pecado, em que não há trilhas, o povo de Deus pre cisa, dia e noite, da orientação do Espírito (SI 23.2-3).
10. As trombetas de prata; o acampamento se move 1-10. As trom betas de prata. Eram duas em núm ero e feitas de prata. Com o a nu vem e o p ilar fla m e ja n te que fo ram d a dos para o rie n tação v isív el, e la s d avam a co n h ece r de m od o a u d ív el a v o n ta d e de D eu s, 1-7. A rão e os s a c e r d o te s, e s tand o em co m u n h ão com D eu s, d ev iam tocar as tro m b etas e assim fa z e r c o n h e cida a vontade de D eus para o povo, 8. O ato de so p ra r as tro m b e ta s , c re n d o em sua cond ição de povo red im id o lh es g a ran tiria v itó ria, 9. Na paz, as tro m b etas
d e v ia m s e r to c a d a s em fe s ta s s o le n e s ; n o s s a c rifíc io s e x p ia tó rio s, no in íc io de cad a m ês, p ara e x p re s s a r fé na d ireçã o r e d e n to r a d o S e n h o r em fa v o r de seu povo redim ido, 10 (cf. Lv 23.24; Nm 29.1; SI 81.3; 89.15; Is 27.13). 11-36. Partida do Sinai. A nuvem se m o v eu , 1 1 -1 3 , e o a c a m p a m e n to a v a n ço u , com o estan d arte de Ju d á na van guard a, 14-17, seguido pelos de Rúben, 18-21, Efra im, 22-24, e Dã, 25-28. Com o foi bela e or ganizada a partida de acordo com as in s truções de Nm 1 — 10! Embora Deus tivesse prom etid o lid erar Israel pelo d eserto por m e io d as co lu n a s de n u v em e de fo g o , M oisés pediu a Hobabe, seu cunhado, que serv isse de gu ia. O p rin cíp io da d ireção divina não exclui agentes hum anos.
11. Fracasso em Taberá e Quibrote-Hataavá 1-3. M urm uração em Taberá. Essa pri m eira reclam ação reg istrad a do povo de Deus, tão bem organizado, suprid o e con duzido rum o a C anaã, é inexplicável, exce to p e la p e rv e rs id a d e d o c o r a ç ã o h u m ano. O castigo foi um fogo consum idor. P ortanto, o lugar foi d en om inad o Taberá (" q u e im a " ). 4-9. Rejeição do m aná. O "p op u lach o " sem d ú v id a era co n stitu íd o de e scra v o s n ã o -is ra e lita s lig a d o s a Isra e l que h a v i am escap ad o com eles do Egito, m as que n ad a co n h e c ia m da re d e n ç ã o de D eu s. Eles ilustram os que são in cap azes de se ap ro p riar de C risto com o o Pão da V id a ou de apreciá-lo com o tal (cf. Êx 16.14-22), os que co b içam coisas ag ra d á v eis à c a r ne e contrárias à P alavra em questões de cu lto e prática. 10-30. Q ueixa de M oisés e escolha de 70 anciãos. A situação era suficiente para m i nar a coragem de qualquer líder. Por con seguinte, D eus dirigiu a escolha de 70 au xiliares para M oisés na adm inistração civil (cf. Êx 18.17-23), e colocou neles uma por ção do E spírito que h ab itav a em M oisés, de m odo que Eldade e M edade profetizam no acam pam ento, 26-27. A hu m ild ade de M oisés é m ostrada em 28-30.
Números I 107 ]
Monumento em Jerusalém que reproduz uma antiga menorá, o candelabro de sete braços.
31-35. C odornizes e p raga. H ouve cod ornizes em abund ância a cerca de 90cm da terra, significando que era fácil apanhálas. A cobiça dos israelitas foi punida com um a grande praga, 33, recebend o o lugar o nom e de Q uibrote-H ataavá ("túm ulos de cob iça"), 34-35.
12. Crítica de Miriã e Arão contra Moisés I-10. O m otim de M iriã e Arão. A causa geral desse m otim foi a inveja provocada p ela p ro e m in ê n cia de M o isé s e a cau sa im ediata, o casam ento de M oisés com uma etíope. M iriã, a profetisa (Êx 15.20), era a líder. Ela foi punida com lepra, m ostrando a seriedade de seu pecado de falar contra um servo do Sen h or a quem o Senhor se revelou de m aneira singularm ente íntim a, 6-8, e que, além disso, era m uito manso, 3, um a ob serv ação n ecessá ria à n arrativ a e não in coeren te com a autoria m osaica. II-1 6 . O arrependim ento de Arão e a in tercessão de M oisés. M iriã foi restaurada à com unhão com o povo por m eio da inter cessão d os irm ãos.
13. Cades-Barnéia: o mau relato dos espias 1-25. Envio dos observadores. Os espias foram enviados por ordem divina para ex p lo ra r a Terra P rom etid a, 1-3. Isso era a aprovação de um pedido do próprio povo (Dt 1.19-25). D os doze nom es dados, 4-15, só Josué e Calebe aparecem em outra par te da Bíblia. N essa ocasião, M oisés mudou o nom e de O séias ("salvad or") para Josué, Jeh osh u a (" o S en h o r é S alv ad o r, L ib erta d o r"), 16. Prim eiro, os exploradores devi am ir ao N eguebe, o estepe ao S, e depois às m ontanhas na cordilheira central, 17, no fim de julho ou início de agosto, a época em que am ad u reciam as p rim eiras uvas, 20. Em Escol ("cach o "), procuraram um cacho grande de uvas, 23. A região do Hebrom é fam osa pelas uvas, encontrando-se ali ca chos de 6 a quase 10 kg, muitas vezes car regados em varas para evitar que as uvas fiqu em am assad as. 26-33. O relato da descrença. A terra era de fato tudo o que Deus dissera, 26-27. Mas note o "p o rém " da descrença, 28. Cidades com altos m u ros caracterizavam a antiga
[ 108 I Números
P a le stin a , co n fo rm e m o stra m as e sc a v a ções a rq u e o ló g ica s, 28, e era "te r r a que devora os seus m orad ores", por causa das guerras que ocorriam entre as cidad es na é p o ca , re d u z in d o -lh e s a p o p u la çã o , 32. Calebe foi veem ente em sua fé, 30, m as a descrença geral sufocou seu conselho, 31.
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14. Cades: a tragédia da descrença 1-10. A rebelião do povo. A incredulida de dos esp ias sem eou um a colheita te rrí vel de d esespero e rebelião aberta contra M oisés e o Senhor, 1-5. A exortação de Jo sué e Calebe enfureceu o povo a ponto de quererem m atá-lo s, 6-10.
11-25. Intercessão de M oisés. Q ue ora ção e lo q u e n te e a ltr u ís ta in te rc e d e n d o pela glória de D eus e por m isericórdia para com o p ovo re b e ld e , 13-19! D eu s ou v iu , poupou a nação e anunciou um reino final com o bênção, 21. São m encionadas as dez provas a que o Senhor foi subm etido pelo povo, 22 (cf. Êx 14.11-12; 15.23-24; 16.2; 16.20; 16.27; 17.1-3; 32.1-10; N m 11.1; 11.4; 14.2). A punição deles é insinuada em 23-25. 26-39. A sentença divina. Morte na pere grin ação p elo d eserto, um ano para cada dia que haviam espiado a terra — foi o cas tigo. Em bora o deserto, com suas experiên cias no m ar Verm elho, M ara, Elim e Sinai fossem parte da d iscip lin a essen cial para seu povo, possuindo correspond entes nas experiên cias dos crentes, a peregrin ação de Israel pelo deserto não fazia parte disso! O m ar Vermelho (de Juncos) fala da cruz separan do-nos do Egito, o m undo (G1 6.14). M ara fala da graça de D eus que transform a pro vações em bênçãos. Elim fala do poder de Deus para garantir descanso e refrigério à sua maneira. O Sinai revela a santidade in finita de Deus e nossa depravação (Rm 7.724). M as da falha em C ades até a entrada em Canaã, tudo serve de alerta (IC o 10.111; Hb 3 .1 — 4.16), não de modelo. 40-45. Novo pecado — presunção. O pe cad o de d esesp ero in créd u lo d em o n stra do na recusa em entrar na luta pela Terra P ro m e tid a p e lo p o d e r da p ro m e ss a de D eu s é a g o ra c o n tra p o s to p o r m a is um pecad o de con fian ça p resu n ço sa. E les se recusaram a crer na sev erid ad e do ju lg a m en to d iv in o , re so lv e n d o e n g a ja r-se no co n flito sem a aju d a de D eu s, b a se a d o s pu ram en te em seu s p ró p rio s p o d eres. A d errota im p ied osa foi inevitável.
Significado espiritual de Cades O povo teve fé para aplicar o sangue da redenção (Êx 12.28) e deixar o Egito (o m un do), mas carecia de fé para gozar da vitória sobre os inim igos e da posse vitoriosa da terra de que brotava leite e m el (Hb 3.1 — 4.16). Em outras palavras, o povo não con seguiu entrar na luta e na vitória espiritual.
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15. Várias leis
16. Rebelião de Corá
1-31. A resp eito das o fertas na terra. D uas com unicações divinas a respeito das o fe rta s, 1, 17, ao que p a re ce , sã o n o tá veis p o r ser d ad as exatam en te quand o o p o v o , in c ré d u lo , d ava as c o sta s à te rra da p ro m essa. Q u e reafirm a çã o re c o n fo r tante da fid elid ad e de D eus que por fim os lev aria à h era n ça, ap esar da d escre n ça e da infidelid ad e! Em bora grande por ção d o p o v o fo s s e m o rre r n o d e s e r to , D eus faria en trar um rem an escen te. Eles o fereceriam aq u eles sa crifício s já d escri tos em L evítico. 32-36. A violação do sábado. Esse era o caso do p ecad o de p resu n çã o m e n cio n a do em 30-31, dando um a am ostra da seve ridade da lei m osaica. 37-41. A s borlas azuis. N os cantos das v e ste s, serv iriam p ara lem b ra r Isra e l de que devia ser um povo santo, separado, e que d ev ia g u a rd a r os m a n d a m e n to s de D eus. O s ju d eu s h assíd icos ainda hoje se distinguem por suas borlas.
1-19. A reb elião . Essa rebelião m arca outro passo decorrente da incredulidade e apostasia (cf. Jd 3-11). O pecado de Corá foi a rejeição da autorid ade de M oisés com o porta-voz de D eus e flagrante introm issão no ofício sacerdotal, cuja honra ninguém pode assum ir por si mesmo, "senão quan do chamado por Deus, como aconteceu com A rão" (Hb 5.4). Corá e os 250 insurgentes que o seguiram tentaram criar uma ordem sacerdotal sem a sanção divina (Hb 5.10). 20-50. A p unição. A glória do Senhor apareceu, 19, lidando com a questão. Corá e os in su rg en tes, 27-33, foram en g olid os p o r um te rre m o to e d esce ra m v iv o s ao Sheol. O fogo do céu devorou os 250 ho m ens que ofereceram incenso, 35, mas os filhos de Corá não pereceram (cf. lC r 6.5467; 9.19-32; 26.1-20; 2Cr 23.3-4,19; 31.14-18). O s in c e n s á rio s de b ro n z e u sa d o s p elo s re b eld es foram tran sform ad os em cob er tura do altar de bronze, providenciand ose assim um m em orial com o alerta p er
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m anente, 36-40. A o in terro m p er a praga contra os murm uradores, 41-50, Arão m os tra co m o é n e c e s s á rio o s a c e r d ó c io d a q u e le q ue fez e x p ia ç ã o na p re se n ç a de D eus para preservar seu povo.
17. 0 florescimento da vara de Arão 1-6. A ordem divina. Essa ordem para q u e cad a ch e fe de trib o tro u x e s s e um a vara de am endoeira com o nom e da tribo inscrito, sendo que a vara de Levi levava o nom e de Arão com o seu representante, tinha a intenção de fo rnecer outra prova de que D eus havia escolhid o de m odo ir revo gável os L ev itas para m in istros e os aro n itas para sacerd o tes. 7-13. O sinal. Colocando-se "p ara fazer expiação" (16.46-48), entre os que estavam morrendo, Arão nos lem bra C risto em sua obra redentora. Todos os chefes de tribos apresentaram varas m ortas. O Senhor fez com que a vid a b ro ta s s e só na v ara de Arão, que se tornou um a figura de Cristo na re s s u rre iç ã o , re c o n h e c id o p o r D eu s com o Sum o Sacerd ote. Todos os g rand es fu nd adores de fé étnica m orreram e con tinuam m ortos. Só C risto foi ressu scitado dos m ortos e exaltad o para ser Sum o S a cerdote (Hb 4.14; 5.4-10). O sacerdócio de A rão , n e g a d o com ta n ta v e e m ê n c ia na reb elião de C orá, receb eu aqui a sanção divina perm anente, 10, silen cian d o os re beldes na hora que a vara de Arão foi co locada com o m em orial no tabernáculo (Hb 9.4). A rebelião de C orá assim contribuiu com dois objetos para o tabernáculo — as placas dos in cen sários para cob ertu ra do altar (16.38) e a vara florida de Arão.
18. A importância do sacerdócio levítico 1-7. Devia levar a iniquidade. Os sacer dotes levitas deviam executar cada ordem m e tic u lo s a m e n te e fa z e r e x p ia ç ã o p elo pecado relativ o ao tab ern ácu lo e seu sa cerdócio. Isso era indispensável para que não houvesse "o u tra vez ira contra os fi lhos de Israel", 5. A rebelião de C orá foi
m u ito p erv ersa p o rq u e se v o lto u co n tra aquilo que significava a própria segurança de Israel. E xceto p elo serv iço sacerd o tal, todo Israel teria sido destruído pela ira de Deus. Assim , Cristo, nosso Sum o Sacerdo te, vive etern am en te para in terced er por nós, para nos m anter salvos (Hb 7.25). 8-32. Devia ser devidam ente recom pen sad o. N em os sa cerd o te s nem os lev itas teriam h eran ça em Israel, evitan d o assim um a ca sta s a c e rd o ta l a b a sta d a com o as que existiam no Egito e em outras nações a n tig a s . O s s a c e r d o te s , p o ré m , d ev iam re ce b e r boa p arte d as o ferta s, tais com o o fe rta s de m a n ja re s, p e lo p e c a d o , p ela tran sg ressão , 8-11; ofertas das p rim ícias, 12-13; coisas consagradas, 14; e o dinheiro da redenção dos prim ogénitos, 15-19. Arão não herdaria terras porque o Senhor seria sua h era n ça , 20. O s lev ita s d eviam re ce ber um dízim o, 21-24, e dar proporcional m ente àquilo que recebiam , 25-32.
19. A ordenança da novilha vermelha I-1 0 . A o rd e n a n ça . E ssa o rd en a n ça é exclu siva de N úm eros e da p ereg rin ação pelo d eserto. Ela foi in stitu íd a por causa do grande contato com a m orte de tantos israelitas que pereceram duran te o p erío do de 40 anos no deserto (cf. IC o 10.8-9). A m istura de cinzas de anim ais na água para fins de purificação é um costum e religioso antigo bem conhecido fora da Bíblia, aqui investido de significado singular ao ser in troduzido na fé de Israel. II-22. O significado. A novilha vermelha é uma bela ilustração do sacrifício de C ris to com o a base da purificação do fiel que se contam inou com pecados em sua andança peregrina ( l jo 1.7; 2.2; cf. Jo 13.3-10). A es colha do anim al verm elho deve-se, talvez, a uma as*sociação dessa cor com o pecado (Is 1.18). Seu caráter im aculado, perfeito, 2, fala da ausência de pecado em C risto (cf. Hb 9.13-14). Devia ser um anim al que não tivesse lev ad o ju g o, 2, com o ju g o sendo usado para coagir o animal. Cristo foi total mente submisso à vontade do Pai (SI 40.7-8; Hb 10.5-9) e não p recisav a de coação . A
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novilha era m orta "fora do arraial", 3 (Hb 13.12). O sangue espargido sete vezes para a fre n te do tab ern ácu lo fala da exp iação com pleta, 4. A s cinzas da nov ilha eram o memorial de um sacrifício já aceito. A morte aqui tipifica os efeitos danosos do pecado, tom and o o santo de consciência riíaculada indigno de servir "ao Deus vivo" (Hb 9.14).
20. 0 pecado de Moisés; morte de Arão 1-13. O p ecado de M oisés. O capítu lo com eça com m o rte (de M iriã ) e term in a com m orte (de Arão) e, no meio, registra a falha de M oisés. O s longos anos de p ere g rin ação foram rech ead o s de fra ca sso s e m ortes (cf. Am 5.15-16; At 7.42-43; IC o 10.110). M as D eus nunca abandonou seu povo pecador (Dt 2.7; 29.5). A té M oisés foi con ta m in ad o p elo fra ca sso , ao ser p ro v a d o
em M eribá p elo povo m u rm u rad or, 2-6, m ais um a vez afligido pela sede como em Êx 17.1-7 (cf. Dt 32.51). O pecado de Moisés teve dois aspectos: (1) Desobediência presun çosa. E le d ev ia fa la r à ro ch a, m as bateu nela não um a vez, mas duas, 10-11. (2) Autoex altação, assu m in d o au torid ad e que não lhe era própria. Ele não devia ter dito: "... p o rv e n tu ra , fa rem o s sa ir água d esta ro cha p ara vós o u tro s?", colocan d o-se p re sunçosam en te em lugar de D eus, 10. 14-22. N egociações vãs com Edom. Os d esce n d en tes de Esaú, o irm ão de Israel (Ja có ), n eg aram passagem aos israelitas, a g rav an d o assim a cru eld ad e im pied osa em sua linhagem e nos laços raciais com os d esce n d en tes de Jacó. 23-29. M orte de Arão. Arão morreu no m onte Hor. Seu filho Eleazar o sucedeu. O m onte H or (Jebel Harun) fica uns 80km ao S do m ar Morto.
Réplica do tabernáculo, construída no deserto de Neguebe. A foto mostra as cortinas do tabernáculo e o altar para os holocaustos.
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21. A serpente de bronze 1-3. Vitória sobre os cananeus. O rei Arade, no N eguebe, o d istrito árid o ao S de B erse b a , e ste n d e n d o -se do S e SO além de C ad es, foi d erro tad o e su a s cid a d e s, cond enad as à d estru ição total. 4-9. A serp en te de b ro n ze. Irrom peu nova m urm uração, 4-5, sendo punida por serpentes abrasadoras, 6-7. A serpente de bronze que M oisés foi instruíd o a confec cionar e pendurar num a vara, para as pes soas p ica d a s o lh a re m , p re fig u ra C risto que "fez pecado por nós" (Jo 3.14-15; 2Co 5.21), lev an d o n o m a d e iro o ju lg a m en to de nosso pecado (Rm 8.3). A serpente (Gn 3 .1 4 ), com o in s tru m e n to de S a ta n á s na Q u ed a, to rn o u -se ilu s tra ç ã o d iv in a dos efeitos do pecado na natureza — de cria tura in d u b ita v elm e n te b ela e ereta para cobra rep u gn an te. A serp en te de b ron ze re tra ta o p e ca d o — ju lg a d o n a cru z de Cristo. O ato de olhar para a serpente de bronze para ser cu rad o d as p ica d a s das serpentes fala da fé na cruz de C risto para cura espiritual do veneno do pecado, 8-9. O fato de a serpente se ter tornado objeto
de culto idólatra dem onstra com o um ins tru m en to de g raça p o d e ser m al e m p re gado (cf. 2Re 18.4). O rei Ezequias a d es truiu em c.700 a.C. 1 0 -3 5 . P e re g rin a ç ã o ju b ilo s a p a ra a Transjordânia. A pós a cura, ouvem -se cân ticos de júbilo, 17. Há um a bela sequência espiritual: (1) redenção, 8-9 (Jo 3.14-15); (2) água, falando da concessão do Espírito, 16 (Jo 7.37-39); (3) alegria, 17-18 (Rm 14.17); (4) poder, 21-35, visto na vitória sobre Siló, rei dos am onitas e O gue, rei de Basã.
22. Balaão, o profeta mercenário 1-20. B alaque cham a B alaão. Balaque, re i de M o a b e , te m e n d o a p a ssa g e m de Is ra e l em seu c a m in h o ru m o a C a n a ã , m a n d a p ro c u ra r B a la ã o , o r ig in a lm e n te um a d iv in h o p a g ã o de P eto r, cid a d e da M esop o tâm ia (D t 23.4). B alaão foi so lici tad o a am ald içoar Israel com seu s p o d e res m ág icos d em on íacos qu and o os isra e lita s estav am a ca m p a d o s n a s cam p in as de M oabe (c.1405 a.C .). B alaão , "d e v o ra d o r", sem dúvida fora, com o Jetro (Ex 18) e R aabe (Js 2), atraíd o p elo Senhor, d evi
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do à fama do livram ento de Israel do jugo egípcio (Êx 15.14; Js 5.1), e decidira prati c a r seu s d o n s o r a c u la r e s em n o m e do D eus de Israel. 21-35. Balaão vai a Balaque. A vontade d eclarad a de D eus era con h ecid a de Ba laão, 12, m as ele não a segu iu . Isso o le vou a seguir sua própria inclinação egoís ta , p re fe rin d o a v o n ta d e p e rm is siv a de Deus, 20. O caso da jum enta falante é um exem plo da potência de Deus, e não deve ser explicada e desconsiderada com incre dulidade (cf. confirm ação do m ilagre, 2Pe 2.15-16). Aquele anim al m udo viu prim eiro o A njo do Senhor, fato que se harm oniza com o pressentim ento instintivo aguçado, su p erior ao hum ano, que os anim ais têm d iante de perigos im inentes. 36-41. Balaão com Balaque. Balaque é um tipo de profeta m ercenário, am bicioso p o r e x p lo ra r fin a n c e ira m e n te seu dom . Esse é o "caminho de B alaão" (2Pe 2.15). O "erro de Balaão" (Jd 11) é o engano do profe ta -a d iv in h o em a rg u m e n ta r que D eu s n e ce ssa ria m e n te p recisav a a m a ld iço a r a n ação de Israel por cau sa de seu s p e ca dos. A "doutrina de Balaão" (Ap 2.14) era o en sino de um vidente louco por dinheiro para que se abandonasse um a p ereg rin a ção separada por um a conform idade com o m undo (Nm 31.15-16; Tg 4.4).
13-30. A segunda parábola e consequên cia. A preparação sacrificial e a conversa com Balaque servem de introdução para o segundo oráculo, 18-24. A eleição imutável da nação de Israel e a fidelidade à Palavra de D eus são d estacad as, 18-19. A bênção decretada por D eus não podia ser revoga da por Balaão, 20, nem por todos os pode res sinistros do ocultismo pagão, 23. Os orá culos devem ser considerados literais para Israel e ilustrativos para os cristãos. A con dição de Israel em consequência da reden ção, 22, era segura e perfeita, 21, em bora seu estado real exigisse disciplina divina. Da m esm a form a, o crente está salvo e segu ro por m eio de Cristo levantado no Calvá rio (Jo 3.14), m as pode necessitar da disci p lin a do P ai (IC o 1 1 .3 0 -3 2 ; 2C o 1 .4 -9 ). D urante todo o tempo, porém , D eus este ve a fa v o r de Israel e contra Balaque e to dos os inimigos, 23, assim como "é por nós" (Rm 8.31). Por fim, quando o reino for res taurado a Israel e a nação for salva, o tes tem unho universal será: "Q u e coisas tem feito D eus!", 23 (cf. Rm 11.26-36). Porque um dia o M essias-R ei dirigirá a nação restau rada, Balaão diz: "n o m eio dele se ouvem aclam ações ao seu R ei", 21.
23. Duas primeiras parábolas proféticas de Balaão
1-14. A terceira parábola e consequência. A introdução para a terceira parábola, 2-9, é o relato de Balaão abandonando os agou ros e o Espírito de Deus vindo a ele em vi são, 4, para profetizar em lindas figuras a glória futura do reino de Israel, 5-7. "... o seu re i", afinal concretizad o no M essias, "s e levantará m ais do que A g a g u e", 7, o nom e tra d icio n a l dos reis de A m aleq u e (IS m 15.8), in im ig o in veterad o de Israel, evocando o Anticristo e todas as forças antisemíticas. O reino do Messias-Rei será exal tado e vitorioso com o um leão sobre sua p resa, 8-9. A alu são de B alaão à bênção sobre os que abençoarem Israel e à m aldi ção sobre os que o amaldiçoarem lembra a aliança abraâm ica (Gn 12.3), cujo cum pri m ento é certo. R elatam -se a reação irada de Balaque, 10, e a réplica de Balaão, 10-14.
1-12. Prim eira parábola e consequência. A p rese n ta -se p rim e iro a p re p a ra çã o s a crificial, 1-6, para a profecia em si, 7-10. B alaque não consegu iu am ald içoar Israel a q u em D eu s h a v ia a b e n ç o a d o , 8 -9 . O m o tiv o é que a con d ição de Isra e l com o povo redim ido era im utável. A posição de Israel era m o ralm en te rep re e n sív el, m as isso pedia um a ação disciplinar do Senhor c o n tra o p o v o , n ão seu ju lg a m e n to ou m aldição sobre ele (Rm 11.19). Com o con seq u ência da graça eletiv a de D eu s, eles era m u m a n ação esco lh id a , d ife re n te das outras nações, 9, destinada a uma bênção final inconfiscável, 10, um povo separado para um destino específico.
24. As duas últimas parábolas proféticas de Balaão
[ 114 I Números 15-25. A última parábola e consequência. Essa é a m ais notável das quatro p arábo la s, co n te n d o um a p ro fe c ia m e s s iâ n ic a m ag nífica: "... um a e strela p ro ced erá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têm poras de M o abe e d estru irá todos os filh o s de S e te " . E m b o ra os s ím b o lo s reais "e stre la " e "c e tro " prefigurem a d i nastia davídica, cujo im pério estend eu -se pela Terra P ro m etid a (G n 49 .1 0 ), eles só encontram seu cu m p rim en to m áxim o no Davi maior, no segund o advento, quando o rein o for re sta u ra d o a Isra e l (A t 1.6). Então os inim igos de Israel, M oabe, Edom, A m aleq u e, A ssu r, H é b e r e Q u itim , que re tra ta m as a tu a is p o tê n c ia s m u n d ia is gentias, serão ju lg ad o s (M t 25.31-46), an tes do estabelecim en to do reino de Israel.
25. Pecado de Israel com Baal-Peor 1-3. O pecado. Esse lam entável pecado de fornicação e idolatria foi consequência do ensino de Balaão (Nm 31.16; Ap 2.14; Tg 4.4). E m bora com o in stru m en to de S a ta nás Balaão não pudesse colocar D eus con tra Israel, podia afastar Israel do Senhor. B aal-Peor ("se n h o r da ab ertu ra "), cu ltu a do perto do m onte Pisga, 3 (cf. D t 4.3; SI 106.28; 2Sm 5.20), era um deus da lavoura e da fertilidade, responsável pela fecundi dade na fam ília, no rebanho e no cam po. Esse d eus era cu ltu ad o em lu g a res altos ou cum es de m ontanhas, com ritos licen ciosos e festas rituais. 4-9. A punição. Houve uma grande ma tança de 24.000 (os 23.000 de IC o 10.8 conta apenas as pessoas com uns que pereceram , excluindo os 1.000 líderes do povo que pa recem ter sido executados antes, 4). 10-18. Ação e prém io de Finéias. O zelo de Finéias salvou o povo de ou tro ju lg a mento, 11, e foi prem iado com um a alian ça de paz e de sa cerd ó cio etern o , 12-13. Ele nos lembra de Cristo em seu reto zelo flam ejante pela glória de Deus. Os m idian ita s d ev ia m se r e x te r m in a d o s , 1 6 -1 8 , m ostrando que arm ad ilhas que levem ao co m p ro m etim e n to e à a p o sta sia d ev em ser destruídas pelo povo de Deus.
26. 0 segundo censo 1-51. A ordem e sua execução. O novo censo foi feito depois da praga e dos acon tecim entos no deserto, sendo o total final, 51, um pouco m enor que o do censo ante rior (Nm 1.46 e Êx 38.25-26). 52-65. U m m étodo ju sto de d iv id ir a terra. A nova revisão das listas m ilitares fo r n e c e u n ú m e r o s p a r a u m a d iv is ã o m ais ju s ta da terra p o r m eio de so rtes. N o te o cu m p rim e n to d o ju lg a m e n to de D eus, 64-65; m as com p are Js 14.1 e 22.13, m o stra n d o q u e ta n to E le a z a r co m o F i n éias en traram em C an aã. E v id en tem en te, a s e n te n ç a de e x e c u ç ã o a p lic a v a -s e ap enas às tribos que h a v ia m sid o co n ta d as d u a s v e z e s a n te s . L e v i, n ã o te n d o sid o assim co n ta d o , n ã o te n d o e n v ia d o um o b serv a d o r com o os o u tro s p ara es piar C anaã (Nm 13.4-15), e ap aren tem en te n ã o te n d o c o n c o r r id o n a d e s c re n ç a o ca s io n a d a p e lo re la to a d v e rso , n ã o fi co u s u je ito a e sse ju lg a m e n to .
27. As filhas de Zelofeade; anúncio da morte de Moisés 1-11. U m a questão de herança. O caso d e um h o m em q u e m o rre u sem d e ix a r h e rd e iro s de sex o m a s c u lin o , só filh a s, o casion o u ou tro d esd o b ra m en to nas leis de herança hebraicas. As filhas teriam d i re ito à h e ra n ç a , m as d e v e ria m se ca sa r com pessoas da m esm a tribo (Nm 36.8). 12-23. D esignação do sucessor de M oi sés. Ao se anunciar a m orte de M oisés e os m o tiv o s d isso , 12-14, o g ran d e líd e r d e m on stra sua h u m ild a d e e altru ísm o su b m isso, pensando apenas nos interesses do povo de D eu s, 15-17. Jo su é foi esco lh id o por Deus, 18, e ordenado por M oisés. »
28-29. As ofertas para as estações festivas 2 8 .1 —29.11. A porção reservada para o Senhor. Ela devia ser tom ada das ofertas diárias, 28.1-8; das ofertas sem anais, 9-10; das ofertas m ensais, 11-15; da Páscoa, 1625; da Festa das Prim ícias, 26-31; da Festa
D ep o is de fica r q u are n ta an os p e re grin a n d o p elo deserto, o po vo d e Israel prep arava-se para entrar na terra prom etida.
das Trom betas, 29.1-6; e do D ia da Expia ção, 7-11. A chave é 28.2: "D a m inha ofer ta, do m eu m anjar para as m inhas ofertas q u e im a d a s , do aro m a a g ra d á v e l, te re is cuidado, p ara m as trazer a seu tem po de term inado". Cf. em Lv 23 o significado des se con ju n to de festas. 29.12-40. D estaque à Festa dos Taberná culos e suas ofertas. Cf. os 12 v ersícu los dedicados a essa festa em Lv 23.33-44 com os 28 v e rsícu lo s aqui. O s sete d ias dessa festa prenunciam a era do Reino de Israel e sua adoração, enqu anto o oitavo dia de d escan so solen e, 35, ap o n ta p ara o e sta do etern o.
30. Leis de regulamentação do voto 1-2. Votos do h om em . O hom em que mantém a palavra, que cum pre tudo o que pro m eteu , ilu stra a san tid ad e e a im p o r tância do voto no antigo Israel. 3-16. Votos da m ulher. Essas ordens d i zem respeito a vo tos ou p ro m essas feitas p o r m u lh eres, com e n v o lv im en to de h o m ens com o ch e fe s de fam ília , sen d o ex-
ceções à regra geral de que todos os que fazem votos devem cum pri-los. O voto de um a filha solteira que vivesse em casa, 35, podia ser anulado pelo pai e o de uma m u lh er casad a, p elo m arid o, m as apenas se a objeção fosse declarada na época em que o voto tivesse sido feito, 6-8. Se a m u lher não o cum prisse, o hom em precisava fazê-lo. A lei tam bém se aplicava às viú v as e às d iv o rcia d a s, 9-16. S o b re v o tos, veja Lv 27.
31. Guerra contra Midiã 1-12. A ordem divina. A vingança con tra M idiã foi o últim o ato oficial da lideran ça de M oisés. Isso foi decretado antes (Nm 2 5 .1 6 -1 8 ), m as p o ste rg a d o a té e sse m o m en to . A "g u e rra sa n ta " seria com and a da por Finéias. Devia dem onstrar como os servos fiéis de D eu s sem pre devem estar co n tra a a p o sta sia id ó la tra e os p ro fetas a p ó sta ta s com o B a la ã o , 8. A g u erra era p ara e x e c u ta r a v in g a n ça do S en h o r so bre M id iã, 3, com o D eus fará a todos os apóstatas e especialm ente aos últim os ini m igos de Israel (cf. Is 63.1-6; 2Ts 1.7-9).
[ 116 I Números
13-54. P urificação, esp ólios e ofertas. Deus deu vitória com pleta. Israel foi en ri quecido por desarraigar o perigo de apos tasia e ofereceu com gratid ão os esp ólios da conquista a Deus.
sua id o la tr ia d e v ia m s e r a rra n c a d o s . O motivo é dado no v.55 (cf. Js 23.13).
32. A porção de Rúben, Gade e Manassés
Veja 33.50-56. Os can aneu s devem ser exterminados. 1-29. Divisão da terra. São dados os li m ites da terra, 1-12, e os n om es dos h o m ens que a receberiam , 13-29.
1-24. O pedido deles e a discussão com Moisés. O pedido era egoísta, caracteriza do por conveniência m undana, 1-5. Além disso, o território escolhido ficava fora da Terra P ro m e tid a, de m o d o que e le s d e monstram incredulidade e desejo de fugir da guerra. A repreensão de M oisés, 6-15, a le rta -o s co n tra os fru to s da d esc re n ça em Cades, quando os espias foram envia dos. O com p rom isso de se ju n ta r aos ir mãos na luta em C anaã antes de se esta belecer, 16-19, foi aceita, 20-24. 25-42. O arranjo final. As tribos de Rú ben e G ade e m etad e da tribo de M an as sés, 33, ob tiveram as ricas p a sta g en s da Transjordânia, m as sua escolha com parase à decisão egoísta de Ló (Gn 13.5-11), e m a n ife sto u c o n s e q u ê n c ia s s e m e lh a n te s de in cred u lid ad e e co n fo rm id a d e com o mundo (2Rs 15.29; lC r 5.25-26).
33. Sumário da jornada desde o Egito 1-17. O prim eiro e o segundo estágios. Este capítu lo m ostra o in teresse de D eus por seu povo. O p rim eiro estág io foi do Egito ao Sinai, 1-15. O segundo foi do Sinai a Cades, 16-17. 18-49. O terceiro e o quarto estágios. O terceiro estágio foi de R itm a a C ad es, os 38 an os de p e r e g r in a ç ã o p e lo d e s e rto . O quarto estágio foi de C ad es às cam p i nas de M oabe, no quad ragésim o ano, 3749. A maioria dos 21 lugares m encionados continua não identificada no relato de via gem registrado por M oisés. 50-56. Ordens de exterm ínio dos cana neus. Os id ólatras e todo o resq u ício de
34. Orientações para a conquista e partilha de Canaã
35. Cidades dos levitas e cidades de refúgio 1-8. Cidades dos levitas. Eram 48 ao todo. Incluíam 6 cidades de refúgio, que são es pecificad as (cf. G n 49.5-7). As cidades fo ram sep a ra d a s p o rq u e os lev ita s n ão ti n h am d ir e ito a u m a h e ra n ç a trib a l (L v 25.32-34; Js 21; lC r 6.54-81). 9-34. C idades de refúgio. As 6 cidades de asilo são d escritas (D t 4.41-43; 19.1-13). E ssa s cid a d e s serv ia m para re s trin g ir a lei tribal de vingança de sangue, de m odo que um su p o sto assa ssin o p u d esse re ce b er ju lg a m en to , 12. F a z -se d istin çã o e n tre o hom icíd io acid ental e o intencional, 16-34. O h o m icíd io é um crim e te rrív e l po rqu e o san g u e polu i a terra (G n 4.1011) em que D eu s h a b ita . P o rta n to , só o sangue do hom icid a pode exp iar o crim e (D t 19.10-13). As cid ad es de refú g io fo r necem um a ilu stração do abrigo que C ris to dá ao pecador, liv ran d o-o do ju lg am en to (Êx 21.13; Dt 19.2-9; SI 46.1; 142.5; Rm 8.1; Fp 3.9).
36. Leis de herança das mulheres 1-4. O pedido da tribo de M anassés. O pedido era que as h eranças tribais con ce d id a s a m u lh e re s fo sse m c o n s e rv a d a s pela tribo (cf. N m 27). 5-12. Resposta de M oisés. M oisés apro vou o pedido. O v. 13 refere-se a todos os estatutos ou em endas publicados por M oi sés nas cam pinas de Moabe (caps. 2 7 —36).
Deuteronômio 0 livro da obediência N o m e do livro .
Deuteronômio é denominado "cinco quintos da lei" pelos judeus, uma vez que completa os cinco livros de Moisés. Isso é lógico tanto por seu lugar no cânon como pelo conteúdo de sua mensagem. Números traz a história de Israel até os eventos nas campinas de Moabe. Deuteronômio recapitula a lei para a nova geração que sala do deserto e aguardava a conquista de Canaã. O nome "Deuteronômio" ("segunda lei", a tradução grega exata de 17.18) deve ser traduzido: "Esta é a cópia [ou repetição] da lei". O livro, portanto, não contém uma segunda lei distinta da legislação sinaítica, mas uma simples reafirmação e explicação parcial das leis anteriores de Israel para a , yeraçáo que havia crescido,
N atureza do livro. É um livro que se distingue pela obediência. Cumprir os mandamentos era a ênfase do sermão de Moisés para o povo. Tudo dependia disso — a própria vida, a posse da Terra Prometida, a vitória sobre os inimigos, a prosperidade e a felicidade. A bênção é o prémio da obediência; a maldição, o resultado da desobediência. É um livro de lembrança e retrospecto. Volta-se para a redenção na salda do Egito e para a disciplina e punição no deserto, observando tanto a bondade como a severidade de Deus. É também um livro de esperança e expectativa, aguardando o futuro em Canaã e as predições proféticas sobre o futuro de Israel. Deuteronômio era apreciado pelo Senhor, como o livro da obediência que reflete sua própria obediência perfeita aifoPaLJ t sj^ifiçativo
no deserto. Assim, na
que tenha citado esse livro
M assorá (hébr. tradição) ê * denom inado Mishneh_ Torah,
para repelir a desobediência proposta peto tentador (M t
significando
"repetição .[ou'
cópia] da lei*, 17.18
4.1-17* tc 4.1-13; cf. D t8.3 ; 6.16; 6.13; 10.20).
A lta crítica do livro. Apesar
de se declarar enfaticamente a autoria mosaica do livro (Dt 31.9, 24-26) e de o Senhor confirmar sua autenticidade com citações importantes, a alta crftica rejeita as alegações mosaicas, relegando-o ao tempo de Josias, fazendo de sua publicação a base da grande reforma desse rei (2Rs 22—23). Essa idéia deve ser rejeitada, porque faz do livro uma fraude piedosa, desconsiderando evidências claras de existência anterior do livro por meio de pressuposições arbitrárias de que são adições posteriores.
Esboço 1—4 Primeiro discurso de Moisés — h istó rico 5—26 Segundo discurso — lega l
27— 30 Terceiro discurso* — p ro fé tico
31—34 Apêndices históricos
iV *
[118] Deuteronômio
1—4. Recapitulação histórica: sumário dos eventos no deserto 1.1-5. Introdução. Apresenta-se a sinop se da incredulidade de Israel, 2-3. Um a jo r nada de fé de onze dias foi trocada por 40 an os de p e re g rin a çã o de in cre d u lid a d e . M oisés expõe (hebr. be'er, "e x p lic a r " ou "e lu cid ar") a lei para a nova geração, em p rep aração para a en trad a na terra (cf. IC o 15.3; Hb 3.5). 1.6-46. Recapitulação da jornada do Sinai até C ades. A p resen ta-se um a re ca p itu la ção das p ereg rin açõ es p elo d eserto . Isso é vital para e scla re ce r à nova g era çã o o ju lgam ento m oral de D eus con tra a d es crença e o fracasso de Israel nesses even tos. São resu m id o s os co m an d o s de e n trar para to m ar p o sse da te rra , 6 -8, e a in stitu ição dos ju iz e s, 9-18, b em com o a falha do povo na hora de tom ar posse da terra e a con seq u en te v isitação do ju lg a mento divino sobre ele, 34-46. 2.1-15. Os 38 anos de peregrinação são só m encionados, d and o-se ênfase ao fato de que não se devem ofen d er os ed om itas e os m oabitas. 2.16-3.29. Novo período de fé e progres so. Israel m archou rum o à terra dos amorreus, 2.16-23. É dada a ordem para que se tome posse da terra, 24-25, resultand o na conquista de Seom, 26-37, e Ogue, 3.1-11, e na posse da Transjordânia, 12-20, com Jo sué assu m in d o seu lu g ar com o su cesso r de M oisés, 21-29. 4.1-40. M oisés faz séria exortação à obe diência. Esse discurso é o ponto alto do li vro (cf. 11.26-28). 4.41-43. D eclaração de transição. As ci dades de refúgio são separadas, 41-43 (cf. Nm 35, especialm ente v.14). Ao todo devi am ser 6. O b ed ien te, M oisés estab eleceu três delas, B ezer ("d e fe s a "), R am ote (" a l turas") e Golã ("alegria d eles"), na terra já conquistada. Veja o significad o ilustrativo delas em Nm 35. 4.44-49. Introdução ao segundo d iscur so de M oisés. O sum ário do prim eiro d is cu rso, 44 -4 5 , d e cla ra a a u to ria m o sa ica desse m aterial e d iv id e a lei em testem u nhos, d ecla ra n d o a v o n ta d e d o S e n h o r;
estatu tos, exp ressan d o as resp o n sab ilid ades m orais e esp iritu ais; ju ízos, indicando as m ed id as d estin a d a s a g a ra n tir ju stiça so cial. O te rritó rio co n q u ista d o , 48, fica d en tro da Jo rd â n ia de h oje, esten d en d ose desde o m eio do m ar M orto até o m o n te H erm on e do jd rd ã o ao d eserto. Tudo foi p rep arad o p ara a co n q u ista da Terra P rom etid a em si.
ieyelaçiei sfíjaiolófi.cas E stu d o s re cen tes de tra ta d o s do O ri ente Próxim o, feitos por M endenhall, Kline e o u tro s, m o stra m q ue a a lia n ç a de D eus com Israel (Êx 20; D t 1 —28; Js 24.126) contém sim ilarid ad es m arcan tes com os tra ta d o s c o n te m p o râ n e o s de su se ra nia dos sécs. a.C. A sim ila rid a d e na fo r m a d efen d e de m o d o c o n v in c e n te um a au toria rem ota (m o saica) de D eu te ro n ô mio, bem com o a unidade estrutural b ási ca do texto.
5. Reiteração dos Dez Mandamentos Introdução ao segundo discurso de M oi sés. Veja 4.44-49. 1.21. R ep etição do D ecálo g o . M oisés a g o ra r e c a p itu la os D e z M a n d a m e n to s (veja Êx 20.1-17). Eles eram básicos para a aliança m osaica dada a Israel e exp ressa vam as r e s p o n s a b ilid a d e s d o s h o m e n s para com D eus e para com os outros. Es tes, ju n to com os "ju íz o s " , que g o v ern a vam a vida social de Israel (Êx 2 1 .2 —24.11), e as "o rd e n a n ç a s", que reg u lam en tav am a vida religiosa (Êx 2 4 .1 2 —31.18), form am a "le i" (M t 5.17-18), ou a aliança m osaica. M oisés varia p ro p ositad am en te a fo rm u lação dqs m and am entos; e.g ., a red enção sobrenatural na saída do Egito é apresen tada com o o m otivo b ásico para se g u ar dar o sábado, em contraste com o descan so divino em Ex 20.11. 22-33. Destaque ao significado dos even tos no Sinai. M oisés, idoso, prestes a dei xar esta vida, incute solenem ente em seus ouvintes o significado profundo da conces
são da lei no Sinai. Ele relem bra o fogo, a nuvem e a escuridão, 22, e esp ecialm ente a voz de Deus, 23. O povo ficou profunda m ente tocado, 27-29, e indicou-se o papel de M oisés com o m ediador, 31.
6. Exposição do primeiro mandamento 1-3. Sumário e exortação à obediência. Essa seção diz respeito ao conteúdo do cap. 5. 4. O prim eiro mandam ento. Esse e o ver sículo m ais significativo para os judeus or todoxos, que o denom inam Shema por cau sa da prim eira palavra: "O u v e "."... o S e n h o r , nosso Deus, é o único S e n h o r " , o único, 'ehad, e xp ressan d o u n idade com posta, n ão yahid, significando unidade simples, não sustentan do, assim, a rejeição judaica e unitarista da Trindade. O significado é: "Aquele que exis te eternam ente é nosso Deus e ele é o único que existe etern am e n te ". 5-25. R esponsabilidades consequentes do p rim eiro m andam ento. Já que ele é o ú n ic o S e n h o r D e u s , Is r a e l d e v e a m a r, o b ed ecer e servir a ele acim a de tudo, 525 (cf. M t 22.37; Mc 12.29-30). A base disso
é a g ra tid ã o p e la re d en çã o na saíd a do Egito, 21-22, e a passagem segura para a Terra P rom etid a, 23. Da m esm a form a, o crente do N T deve am ar ao Senhor com o seu R edentor (IC o 6.20; l jo 4.19; 5.3). Os ju d eu s têm cu m prido literalm ente os v.69, e sc re v e n d o e ssa s p a la v ra s em p e rg a m inhos e atando-os na fronte e nas mãos. M ais tarde isso recebeu o nom e de filactérios (M t 23.5; cf. Dt 11.8; Josefo, A ntigui dades IV, 8, 13). M as o m an d am en to não p re te n d ia ser um a ex ig ên cia ritu a l m as um a rea lid a d e esp iritu al.
7. Posse da terra e separação do pecado 1-11. Ordenada a destruição da idolatria. O s cananeus deviam ser exterm inados, 14, porque sua im oralidade era infecciosa e a iniquid ade, com pleta (cf. Gn 15.16; IC o 10.14). Era um a questão de destruir ou ser d estruíd o, sep arar-se ou ser contam inado e a rru in a d o . A ssim , ta n to os id ó la tr a s com o a idolatria deveriam ser varridos, 511. Textos relig io so s u g arítico s d esco ber to s em 1 9 2 9 -3 7 em R as Sh a m ra (a n tig a
I 120 ] Deuteronômio
U garite) na costa N da Síria atestam p le n a m en te a d ep rav ação m o ral dos cu lto s cananeus em c.1400 a.C., apoiando os re gistros b íb licos e a ju stiça da sev erid ad e divina ao ordenar sua destruição. 12-26. Promessa de bênção. V itória, cres cim en to n u m érico e p ro sp e rid a d e g e ra l acom p an h ariam a sep a ra çã o p ied o sa da contam in ação id ó latra. O m esm o p rin c í pio faz bem para o povo de D eus em todas as ép ocas.
8—10. Exortações à obediência 8.1-20. Lem brar do passado e aguardar o futuro. Deus ordenou por m eio de M oi sés que o povo se lem brasse de seu cuida do bondoso nos últim os 40 anos. Eles devi am aguardar a provisão bondosa na Terra P rom etid a, 7-10, e to m a r m u ito cu id ad o para não se esq u ecer do Senhor, 11-20. 9 .1 —10.11. A dvertência em razão do fra casso anterior. A advertência, 9.1-6, levava em conta a in cred u lid ad e do p assad o, 7-
24. R ela ta -se a in te rcessã o de M oisés em fav or do povo, 25-29, e as con seq u ên cias d a d e s o b e d iê n c ia p a s s a d a , 1 0 .1 -1 1 , são a p re sen ta d a s à n o v a g e ra çã o . 1 0 .1 2 .2 2 . O a m o r do S en h o r p o r seu povo e a resp o n sab ilid ad e do povo. Seu am or é a p re sen ta d o , 12-15, b em com o a responsabilid ad e de o povo tem ê-lo e servi-lo, 16-22.
11—12. A bênção da obediência; a maldição da desobediência 11.1-21. A tarefa suprem a de Israel era am ar ao S en h o r e d em o n stra r esse am or gu ard an d o os m an d am entos. 22-32. A b ênção e a m aldição. A p ala vra ch av e, "o b e d iê n c ia ", em D e u te ro n ô m io é m a is e lu c id a d a . A s b ê n ç ã o s s e r i am p ro n u n cia d a s no m o n te G erizim e a m a ld iç ã o , s o b r e o m o n te E b a l, 2 9 (cf. 27.12-13; Js 8.33). 12.1-32. Condições para bênção na terra p ro m e tid a . O s fa lso s c u lto s d ev iam ser
Pé de acácia, perto de Timna, no deserto de Neguebe. A madeira dessa árvore foi muito utilizada na construção do tabernáculo e na confecção de seus utensílios.
Deuteronômio I 121 ]
ab an d o n ad os, 1-4; o cu lto verd ad eiro do Sen h or d evia ser g u ard ad o nu m sa n tu á rio ce n tra l a ser e sco lh id o p elo S en h o r, 5-14. D ão-se o u tras ad v e rtê n cia s contra abom inações id ó latras, 15-32. 4
13. Falsos profetas e sua sina. 1-5. Punição do falso profeta. A penali d ad e era a m o rte , p o rq u e os c h a rla tã e s cond u ziriam o povo à ap ostasia idólatra. Seus sin ais e m arav ilh as eram realizad os p or obra so b ren atu ral m alig n a, a fim de confundir e distorcer a fé. 6-11. Punição de parentes que incitam à idolatria. O laço da idolatria é tão terrível, que até o mais próxim o dos parentes con sid erad o cu lp ad o não deve ser poupado. D e v e -s e se m p re e x e r c e r d is c e rn im e n to q u an d o m estres re lig io so s aleg am p o d e res m iracu lo so s e sp eciais. 12-18. Punição de uma ddade apóstata. Caso se voltasse para a idolatria, a cidade deveria ser totalmente destruída e queimada.
14. Separação do povo de Deus 1-2. Base da separação. "F ilh os sois do vosso Deus; [...] povo santo ao S e n h o r , vosso D eus, [...] o S e n h o r v o s esco lheu [...] para lhe serdes seu próprio povo" (cf. Êx 19.5-7). Para eles, a "ad oção " conti nua (Rm 9.4). D eus cham ou Israel de pri m ogénito en tre as nações (O s 11.1), e a s sim possuem um a eleição nacional a que serão restaurados. O relacion am ento com D eu s d ev e ser a b ase da se p a ra ç ã o dos costu m es p ecam in o so s dos costu m es p a gãos, 1-2, esp ecialm ente dos de pesar en volvendo autom utilação ou corte de cabe lo em s in a l de a lia n ç a o u de o fe rta p ro p iciató ria em fav or dos m o rtos (cf. Jr 16.6; 41.5 com Lv 21.5 e lT s 4.13). 3-21. Separação e d istinções quanto à com ida. Seu cunho era principalm ente re ligioso, sem dúvida, em parte, higiénico, e a lg u m as e stav am a sso cia d a s a rito s p a gãos. Cozinhar o filhote no leite da própria m ãe era um costu m e p ag ão , com o leite s e n d o d e p o is la n ç a d o co m o um fe itiç o para garantir fertilid ade do solo.
S en h o r,
22-29. Separação e religião pura. As or d en s n e g a tiv a s são seg u id a s da e x ig ên cia positiva do dízim o. O dízim o dava ex pressão ao princípio de direito do Senhor sob re as p esso as e a terra que haveriam de possu ir (cf. Nm 18.21-32, que trata do uso dado pelos levitas às ofertas). A cada três anos, o dízim o do chefe de fam ília não ia para o s a n tu á rio e sa ce rd o te s e sta b e lecid o s. Era d ire c io n a d o para os lev itas que viviam em vilas rem otas (D t 18.6-8), para os p obres, estran g eiro s em pregad os p e lo s is r a e lita s , ó rfã o s e v iú v a s, 28 -2 9 , m o stra n d o que a ca rid a d e p ara com os hom ens está ligada ao am or e à lealdade para com Deus.
15—16. Ano sabático e festas principais 15.1-11. O ano sabático. O sétimo ano tra zia d escanso para a terra e rem issão dos d ébitos e das obrigações. R egistra-se aqui um a exposição am pliada de uma lei dada previam ente cf. Êx 23.10-11; Lv 25.2-7). A obediên cia a esse regulam ento hu m anitá rio resultaria em bênção nacional, 4-6. 12-18. Libertação de escravos judeus (cf. Êx 21.1-11). O am or m isericordioso de Deus devia p erm ear tod as as fases da vida de seu povo — cu id ad o pelos pobres, trata m en to d isp en sad o aos escrav o s etc. 19-23. Santificação do prim ogénito do reb an ho. Isso com plem enta a lei dos pri m ogénitos em Êx 13.1-6; Nm 18.15-19. O ato de com er o sacrifício im aculado no santu ário central prefigura o ato de o crente ali m entar-se do C ord eiro de D eus im acu la do na presença de Deus Pai. 16.1-17. Principais festas anuais. Essas festas eram P áscoa, 1-8; Festa das S em a nas, 9-12; e Festa dos Tabernáculos, 13-17 (cf. em Lv 2 o núm ero com pleto). M oisés destacou a Páscoa e os Tabernáculos como m arcas do início e da consum ação do tra to de D eus com a redenção de Israel para b ê n ç ã o do re in o . O fe rta s e sp e c ia is dos v a rõ e s são e sp e c ific a d a s p ara ser tra z i das nas três g rand es festas, 16-17. 18-22. Ju stiça garantida por provisões leg a is.
[ 122 1 Deuteronômio
17. Governo civil da terra 16.18—17.13. Escolha dos líderes. Os jui zes deviam adm inistrar a ju stiça civil. Os idólatras deviam ser condenados à m orte pelo testem unho de pelo m enos duas pes soas, que seriam as prim eiras a atirar pe dras (cf. Jo 8.7). Também se recorria aos sa cerdotes e aos levitas em casos difíceis, 8-13. 14-20. Previsão de um rei. O Espírito de D eus em M oisés previu a fu tura rejeição da teocracia e a escolha de um rei no tem po de Sam uel. Salom ão d esco n sid ero u a lei deuteronômica e assim facilitou a apos tasia, 16-17 (cf. 1 Rs 9 - 1 1 ) .
18. Profecia do grande profeta 1-8. Os levitas e a porção dos sacerdotes. R ev e la-se com o o p o v o d ev ia m in istra r aos que dependiam do Senhor e se identi ficavam de perto com eles. 9-14. Interdição da idolatria, adivinhação e ocultism o. R evela-se aqui que o dem onismo é a fonte e o poder da idolatria pagã (cf. IC o 10.19-20; lT m 4.1-2; l jo 4.1-6; Ap 16.13-16). 15-22. O grande profeta por vir. Essa é uma predição m aravilhosa sobre o Senhor como o Profeta (cf. Jo 1.21-45; 7.16; 8.28; 12.4950; At 3.22-23; 7.37), cheio im ensuravelmente do Espírito da verdade como o Verdadei ro P ro fe ta em c o n tra s te co m o s fa ls o s profetas sob inspiração dem oníaca ( ljo 4.2). A presenta-se o teste para d istinguir entre o falso profeta e o verdadeiro, 20-22.
19—20. Leis para a nação na Palestina 19-1-13. As cidades de refúgio. Veja co m entários em Nm 35.1-34; Dt 4.41-49. Prescrevia-se m isericórdia para com o hom ici da acid en tal, m as nen h u m a para com o hom icida intencional. 14-21. O u tras leis. E sp ecifica m -se as p u n içõ e s para quem rem o v er m a rc o s e quem com eter perjúrio. 20.1-20. Guerras futuras da nação. Uma vez que os israelitas eram o povo do Senhor, deviam ser destemidos, 1-4. Os temerosos e
os covardes não se qualificam para a bata lha, 5-9. Apresenta-se a lei do sítio, 10-20.
21. Várias leis e instruções 1-9. A expiação de um assassino desco nhecido. A culpa de sangue desse tipo pre cisav a ser exp iad a com a m o rte de um a novilha num vale deserto, com os anciãos e os levitas lavand o as m ãos sobre o ani m al m orto. Isso parece um a ilu stração da c u lp a de sa n g u e de Is ra e l, co lo ca n d o o M essias à m orte em seu p rim eiro ad ven to, juntam ente com a expiação dos israeli tas na base da m orte de C risto (a novilha m orta) concretizad a no segundo advento, quando virão a aceitá-lo. 10-21. Regulam entos fam iliares. Incluem as m u lh eres tom ad as na guerra com o es posas, 10-14, e o direito de prim ogenitura do filho da esposa desfavorecida, 15-17, a p o lig am ia é ponto p acífico. A p resen ta-se o caso do filho rebelde e obstinado, 18-21. 22-23. O sepultam ento dos crim inosos. O fato de que esse caso prefigura a m orte infam e na cruz sofrida pelo Senhor ao ser considerado crim inoso é evidenciado pela citação do v.23 em G1 3.13 (cf. Jo 19.31). Veja com o Jo su é cu m p re essa lei no s e p u lta m ento do rei de Ai em Js 8.29.
22. Exposição das leis da segunda tábua 1-8. Responsabilidades fraternais e huma nitárias. O am or pelo próxim o é dem ons trad o p e la g u ard a e co n se rv a çã o de sua propriedade, 1-4. A intenção principal da lei que proibia um sexo de usar as roupas de outro não era refrear a licenciosidade ou a prática idólatra, m as p reservar a santid a de da distinção divina dos sexos estabele cida na Criação. Desconsiderar o lugar dis tin to cfo m a c h o e da fê m e a co n fo rm e pretendido por Deus é abominação, i.e., um ato caracterizad o por insulto vergonh oso contra a ordem estabelecida por Deus. O u tra s leis de h u m a n id a d e e m is e ri córdia gov ern am os n inhos das aves, 6-7 (cf. Lv 22.28), e as d evidas precauções de seg u ran ça a serem to m ad as, 8.
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9-12. Leis destacando a separação. D is tinções com uns na vida cotidiana são apre sen tad as para salien tar a n ecessid ad e de separação do mal e de devoção ao Senhor (2Co 6 .1 1 -7 .1 ) . 13-30. Leis contra adultério, incesto e for nicação. São dadas para proteger o*lar e a fam ília.
23. A santidade da congregação do Senhor 1-8. Constituição da congregação do Se nhor. A con gregação (qah al), "a ssem b léia do S e n h o r " (YHW H), com o a igreja do N T (iek klesia), devia estar sep arad a de tu do e de todos que fossem im puros ou contam i nado (2Co 6.11—7.1), por ser assem bléia do Senhor. S ó os v erd ad eiram ente reg en era dos e, portanto, posicionalm ente lim pos (cf. Jo 13.10 e Jo 13.3-15) pertencem de fato a ela, e só os experiencialm ente lim pos pela p u rificação con tín u a da P alavra (E f 5.26) gozam de sua com unhão e privilégios. A a s s e m b lé ia de Isra e l no d e s e rto re tra ta essa verd ad e pela exclusão dos profanos, dos aleijados e os de nascim ento ilegítim o, 2 (Zc 9.6), os am onitas e os m oabitas, 3-6, prefigurando os que são inim igos da plena verdade divina e se opõem aos filhos espi rituais de Deus. 9-14. Lim peza do acam pam ento na guer ra. E sp ecialm en te n ecessá ria era a se p a ração do p ecad o e da co n ta m in a çã o em tem p o s de g u erra, ilu stra n d o a v erd ad e de que a conquista e a vitória espiritual (Ef 6.1 0-18) são p o ssív eis ap enas à p arte da cum plicidade com o mal, 14 (cf. Hb 12.1-4; IC o 6.19-20). 15-18. A lei do escravo fugitivo e da pros tituta. Q uanta bondade em perm itir que o pobre escrav o fu g itiv o en co n tra sse re fú gio na assem bléia do Senhor, 15, não de vendo ser oprim ido, 16! A prostituta (hebr. ged esâ, "p ro stitu ta re lig io sa ") e o hom os sexual (gndes, "p ro stitu to relig ioso") exer ciam um a função im pura no culto d egra d a d o c a n a n e u . T ais p e s so a s s e p a ra d a s p ara o p e ca d o se x u a l, assim co m o nos c u lto s de fe rtilid a d e p a g ã o s, p en sav am h o n rar seu d eu s com tal lice n cio sid a d e,
com o fa z ia m os ca n a n eu s; eram ab om i nação para o Senhor. As perversões sexu ais sob a fachad a religiosa são abom iná veis ao extrem o. 19-25. Outros regulam entos da congre gação do Senhor. A usura ou a cobrança de juros não devia ser praticada entre irmãos na congregação do Senhor; só entre estra nhos, 19-20. O s votos, 21-23, d eviam ser cum pridos pelo povo de Deus (cf. Lv 27.125; Nm 30.1-16; Mt 5.33-37). A lei sobre como com er uvas e arran car espigas, 24-25, de m onstrava que a terra era essencialm ente do Senhor, e que era como se ele cham as se os fam in to s para ser seu s convid ad os (cf. M t 12.1; Lc 6.1). Entretanto, o Senhor tam bém p rotegia bondosam ente os d irei tos do proprietário.
24. Divórcio e outras leis de misericórdia 1-4. Concessão mosaica do divórcio. Isso não era um m andam ento, com o concluíram erron eam en te os fariseu s que d ebateram com Je su s (M t 1 9 .7-8), m as ap en as um a con cessão . Ou seja, era algo que M oisés perm itiu por causa da dureza do coração dos israelitas. (Cf. com Mt 5.21-32; 19.3-12; Mc 10.1-12; Lc 16.18; IC o 7.10-15). 5-2 2 . O u tras reg ras. O recém -casad o e sta v a liv re da g u erra ou d os en ca rg o s por um ano, para dar felicidade à esposa, 5. Nada que fosse indispensável à própria existência, tal com o o moinho para prepa rar sua com id a d iária, devia ser tom ado com o penhor por alguma dívida, 6. O rap to, 7 (cf Êx 21.16), era punido com morte. As leis a respeito da lepra, 8-9, deviam ser o b s e rv a d a s com c u id a d o , bem co m o as que diziam respeito à tomada de uma ves te em p en h ad a, 10-13; do tratam en to dos servos, 14-15; da punição dos pecados, 16; da justiça, 17; e das respigas deixadas para os pobres, 18-22.
25. Várias leis, continuação 1-3. Punição corporal. Tal disciplina de via ser m inistrada, mas havia uma provi são m isericordiosa, lim itando-a a 40 açoi
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tes. A s in s tr u ç õ e s ra b ín ic a s tin h a m 39 com o o m áxim o, e Paulo foi punido cinco vezes dessa form a (2Co 11.24). 4. O boi. Assim como o boi, lem brando um escravo, devia ter perm issão para co m er enquanto pisava os grãos (cf. IC o 9.9; lT m 5.18), o servo trabalhador do Senhor é digno de sua rem uneração. 5-10. O casam en to do cu n h ad o . Esse c o stu m e de ca sa m e n to p o r le v ira to era p ré-m osaico (G n 3 8.8-11) e e n co n tra sua co n cretização no tem a do p a re n te rem idor em Rute. O ato de tirar o sapato, 9 (cf. Rt 4.7), surgiu do costum e de andar sobre o solo como declaração sim bólica do direi to sobre um a p o ssessão ad qu irid a. 11-16. O utras leis. M encionam -se pres crições contra golpes b aixos, 11-12, e pe sos d eso n esto s, 13-16. 17-19. Julgamento contra Amaleque. Veja comentários em Ex 17.8-16. Amaleque, o ini m igo do povo de D eus, p ereceria etern a mente (Nm 24.20). Q uando Israel possuísse a terra e os inim igos fossem derrotados, a m em ória de A m aleque seria apagada.
26. Ofertas das primícias e orações 1-11. O cesto das prim ícias. Pressupõese a posse da terra. E ssa lin d a cerim ónia p re v ê a a p re s e n ta ç ã o d a s p r im íc ia s ao Senhor no santu ário central (cf. Ex 23.1619), um sinal de louvor, ad oração e ação de graças ao Senhor por sua fid elid ad e e bênçãos. A bela confissão, "A ram eu pres tes a perecer foi meu p ai...", 5, faz referên cia à vida sem in ó m ad e de Ja c ó em co n traste com o esperad o estabelecim en to de Israel na terra. 12-19. Obediência e oração resultam em bênção.
27. Leis sobre pedras: bênçãos e maldições 1-16. D ram atização das responsabilidades de Israel na aliança. Esta cerimónia devia ser inaugurada nos montes Ebal e Gerizim, olhando de cim a a cidade de Siqu ém , no coração da terra. N o m on te E bal, seriam
Mulher moendo milho entre duas mós.
levantad as as ped ras m em oriais, p ro n u n ciando-se as m aldições da lei. Em Gerizim, não h a v eria p ed ras grav ad as com as leis nem pronunciam ento de maldições, apenas bênçãos. Gerizim fala da graça de Deus. Ebal fala da m aldição da lei (G1 3.10). M as sobre Ebal, além das pedras inscritas com a lei, havia também um altar ao Senhor para ofer tas queim adas e ofertas pacíficas para jú bi lo diante do Senhor, 5-7. Isso prefigura Cris to nos redimindo da maldição da lei.
28. Bênçãos e maldições profetizadas 1-14. A bênção prom etida. Esses benefí cios eram p ela o b e d iên cia ao S e n h o r na Terra P rom etid a. 15-6$. As maldições profetizadas. Aqui se esboça um vislum bre profético da história da trágica carreira de d escrença e pecado de Israel. O Espírito de profecia previa, por m eio de M oisés, sofrim entos, tribulações e d isp ersão m u nd ial da antiga nação eleita de Deus. R efletidos nessas profecias pano râm icas encontravam -se o cerco dos babi-
Deuteronômio I 125 ]
lônios e m ais tarde o cerco dos rom anos, 49-50. Previu-se o horror do cerco de Jeru salém pelos romanos, 54-57, e a atual diáspora m undial de Israel, 64-68.
29. A aliança palestina e a maldição 1-15. A introdução da aliança. Essa era a aliança "p alestin a" que regia a proprieda de israelita da Terra Prom etida, distinta da aliança m osaica dada no H orebe, 1. A re d en ção era a b ase da alian ça, 1-3, m as o povo se caracterizav a pela in sen sib ilid a de espiritual, 4 (cf. Is 6.9-10; M t 13.14-15; Jo 12.40; A t 7.51-52; 28.26-27), apesar do ex traord inário zelo do Senhor por eles, 5-8. Ele p o rtan to reiv in d icav a a leald ad e e o am or do povo, 9-15. 6-29. A reiteração da m aldição. N ova m ente faz-se um alerta sobre a apostasia, 16-21. Todas as n ações saberiam que es ses castig o s vieram po rqu e Israel violou sua aliança, 22-29.
30. A definição da aliança palestina 1-10. Os term os da aliança. Dt 28 e 29 introd u zem a aliança palestina (v. 29.1) e são parte integrante dela. Essa aliança, ao m esm o tem p o se m e lh a n te e d istin ta da aliança m osaica, e que rege a vida da n a ção na Palestina, é aqui definid a em sete d eclarações proféticas: (1) D ispersão de Is rael por desobediência e apostasia, 1 (descrita em Dt 28.63-68). (2) Futura conversão de Israel durante a dispersão, 2. (3) A segunda vinda de Cristo, 3 (cf. Am 9.9-14; A t 15.14-17). (4) Res tituição da terra, 5 (cf. Is 11.11-12; 35.1-2; Jr 23.3-8; Ez 37.21-25). (5) Futura conversão naci onal de Israel, 6 (cf. Os 2.14-16; Rm 11.26-27). (6) O ju lgam en to das nações, os op ressores de Israel, 7 (cf. Is 14.1-2; J1 3.1-8; M t 25.3146). (7) Prosperidade nacional da nação do m ilé nio, 9 (cf. Am 9.11-14). A aliança abraâm ica incond icional (Gn 15.1-18) garante a terra com b ase na sob erana graça d ivina. Essa aliança não deve ser confund ida com n e nhu m a das d uas alian ças con d icio n ais: a m o saica e a p alestin a.
11-20.0 trágico alerta final contra a viola ção da aliança. Essa é uma das afirmações m ais elo qu entes das Escrituras a expor a esco lh a en tre a ob ed iên cia e a d esobed i ência e as b ên ção s e m ald ições resu ltan tes que D eus p rom ete àq u eles que esco lherem o bem ou o mal.
31. Exortação final de Moisés e uma profecia solene 1-8 E xortação final de M oisés. Ele dá e n c o ra ja m e n to e fa z e x o r ta ç ã o te rn a e am orosa a "to d o o Israel", 1-6, e especifi cam ente ao novo líder, Josué, 7-8. 9-13. A lei escrita e entregue aos cuida dos dos sacerdotes. Estabeleceram -se ins tru çõ e s para a leitu ra da lei a cada sete anos, na Festa dos Tabernáculos. 14-23. A revelação profética do Senhor. Isra el iria com eter ap ostasia, 15-21. P or tanto Jo su é foi solenem ente encarreg ad o da liderança, 14, e Moisés recebeu um cân tico p rofético, 19-23, com o alerta e teste m unho contra o povo pecador. 24-30. M oisés instrui os levitas. A lei es c rita por M o isé s e e n tre g u e aos lev ita s d everia ser guardad a na arca.
32. 0 Cântico de Moisés 1-3. Apelo introdutório (cf. Is 1.2; Mq 1.2). E ssa m a g n ífica ode p ro fé tic a ab arca toda a história de Israel — passada, pre sen te e fu tu ra . E um p ín ca ro da p o esia p o é tic a , co m o os o r á c u lo s de B a la ã o (Nm 2 2 - 2 4 ; cf. com Rm 9 - 1 1 ) . 4-6. Integridade dos caminhos do Senhor v s.p erversidad e de Israel. O Senhor é "a R ocha", 4, um antigo epíteto de Deus, 15, 18, denotando estabilidade e confiabilidade. Ele é um Deus de verdade, justo e reto. Seu povo, 5-6, é perverso, deformado, lou co e ignorante. 7-14. O am or do Senhor por Israel. Deus colocou os lim ites das nações com Israel com o centro de interesse, 7-9. O nom e di vino "A ltíssim o" é o título milenário de di vindade, que ele assum irá quando o Filho r e c e b e r a s o b e r a n ia s o b re Is ra e l (cf. G n 14.19) e essa p ro fe cia e stiv e r p len a
[ 126 ] Deuteronômio
m ente realizada. O Senhor fundou Israel. Ele o rodeou, cuidou dele, fê-lo prosperar e o abençoou, 10-14. 15-18. A apostasia de Israel. Com o um anim al bem alim entado, Israel rebelou-se contra o seu senhor. "Jesu ru m " ("o reto") é um ep íteto ap licad o iro n icam en te a Is rael (33.5, 26). Israel deu cinco passos para trás: ab an d o n ou a D eu s, 15; escarn eceu da Rocha da sua salvação, o M essias; ser viu a d eu ses e s tra n g e iro s , 16; o fe re c e u sacrifícios a dem ónios, 17; esqueceu-se da Rocha, 18. O term o "d e m ó n io s" se refere aos deuses de C anaã, pois o dem onism o é a dinâm ica da idolatria (IC o 10.19-20). 19-33. Resultados da apostasia de Israel. N ov am en te a h istó ria é e scrita de a n te mão. Os sofrim entos do cativeiro b a b iló nio de 587 a.C. e dos infortúnios m undiais de 70 d.C. à segunda vinda estão re fleti dos aqui. 34-42. A disposição final do Senhor para com Israel. A súbita m u dan ça, 36, q u an do Israel se red uz à m ais extrem a p en ú ria e o S e n h o r su rg e p ara lib e rtá -lo da d estruição com pleta pelos seus inim igos, é um a profecia da G rand e T ribu lação (Jr 30.5-7; Ap 8 —17). O ju ízo, 40-42, é aquele que sobrevirá às n açõ es na segunda v in da do Senhor. 43. A consum ação final. As nações se alegrarão com Israel, lou v an d o-o , p ois o Senhor vingou os seus inim igos. Isso p re nuncia o plen o estab elecim en to do reino sobre Israel, quando a nação será a cab e ça, e não o rabo. O cântico de M oisés é um resum o da profecia bíblica. 44-47. O cântico de M oisés é ensinado a Israel. 48-52. Anúncio da m orte de Moisés.
33. A bênção de Moisés 1-5. A manifestação gloriosa do Senhor. Essa, a base de toda a b ên ção para Israel e para a terra, é urna imagem profética da segunda vinda. 6-25. As tribos são ab ençoadas. A bên ção p ro fé tica de M o isés prevê o b e n e fí cio q ue Is ra e l d e s fr u ta r á q u a n d o o S e n h o r se m a n ife s ta r g lo r io s a m e n te . A
bênção a Rúben, Ju d á e Levi, 6-11, revela a sa lv a çã o e a lib erta çã o que Isra el d es fru tará no segu nd o advento. A bênção de B en jam im e Jo sé , 12-17, re tra ta a p ro te ção e a prosp erid ad e de Israel na Era do R e in o . A b ê n ç ã o de Z eb u lo m e Is sa c a r, 18-19, fala da alegria e da ad oração e sp i ritual que Israel terá naq u ele dia. A b ên ção de G a d e, D ã, N a fta li e A ser, 20-25 , profetiza o crescim ento, o triunfo e a fo r ça de Isra el no rein o. 26-29. A futura alegria de Israel. Jesu rum (v. D t 32.15-18) é feliz na restauração do m ilénio por causa do seu D eus incom parável, 26, e eterno. Ele é a h abitação do seu povo, 27; seu Libertador, 28, e Salva dor, 29, e conquistou todos os inim igos de Is ra e l, q u e a g o ra é re a lm e n te Je s u ru m , " o r e to " , re s ta u r a d o e a b e n ç o a d o p e la graça d iv ina.
34. A morte de Moisés 1-7. M oisés m orre e é enterrado. O m on te Pisga (Nm 21.20; Dt 3.27) é um a projeção da cad eia ro ch osa de A b arim em M oabe (m oderna Jord ânia), que se estend e rum o à e x tre m id a d e n o rd e ste do m a r V erm e lho, oposta a Jericó. Pisga está intim am ente associado a um a elevação vizinha, o m on te N ebo, lig eira m en te a n o ro este do p ri m eiro. De Pisga e N ebo, M oisés divisou a Terra Prom etida. No vale próxim o a BetePeor, foi sepultado pelo próprio Senhor, 6. O corpo de M oisés aparentem ente tornouse objeto de um a d ispu ta entre Satanás e M iguel, o a rcan jo e p ro teto r do p ovo de Israel (Jd 9; Dn 12.1). Em bora M oisés não tenha e n tra d o na T erra P ro m etid a antes de morrer, ele é visto no m onte da Transfi guração ao lado de Jesus e Elias (M t 17.3; Lc 9.30-31), dentro da Terra Prom etida. 8. Israel gu ard a luto e ch ora d uran te trinta di&s. 9. Jo su é a ssu m e o co m an d o (cf. N m 27.18-23). 10-12. M oisés como profeta. O maior dos profetas de Israel (Nm 12.6-8; D t 18.15-22, O s 12.13) teve um a partid a com oven te e foi d istin g u id o com o o ún ico hom em se pultado pelo Senhor.
Josué 0 livro dos conflitos e da conquista Local e na tu re za do livro.
Josué é o primeiro livro da segunda parte do cânon hebraico, denominada Profetas — a Lei (Pentateuco) constitui a primeira parte, e os Escritos, a terceira. Entre os Profetas, Josué encabeça os Profetas Anteriores, geralmente chamados nas Bíblias inglesas de livros históricos. Esse livro recebe o nome do grande líder religioso e militar cujos heroísmos são narrados no texto. O nome Josué, ou Jehoshua, significa "o Senhor [YHWH] salva ou liberta". Os críticos geralmente o consideram uma obra compósita tardia, homogénea em composição literária com o Pentateuco, daí o termo "Hexateuco". A idéia de um Hexateuco, porém, não tem nenhuma corroboração tradicional ou histórica, e é construída sobre a premissa da descrença no miraculoso e no profético. A visão conservadora situa o livro em data recuada,
provavelmente no tempo de Josué ou pouco depois, de modo que a obra serve como registro histórico preciso. Sign ifica d o esp iritual do livro. Expectativa é a marca
de Deuteronômio, assim como
realização, a de Josué. A redenção na saída do Egito sob o comando de Moisés deu aos israelitas uma posição redimida. A redenção na
entrada da Terra Prometida sob o comando de Josué lhes deu uma vivência da redenção na vitória e na conquista da posse dos seus bens. Dois fatores, posição e vivência, são inseparáveis na salvação. Salvação é basicamente uma posição ou status, mas é também uma vivência das bênçãos envolvidas na posse dessa posição. Num sentido espiritual, Josué é o Efésios do AT. As "regiões celestiais" de Ef 1.3; 6.12 são representadas pela terra de Canaã, que é um retrato da
vivência da vitória e da conquista pertencentes àqueles que estão em posição redimida. Aqueles que foram redimidos na saída do Egito pelo sangue da Páscoa agora reclamavam a bênção dessa redenção pela posse da terra. Josué e a verdade do Novo Testam ento. Este manual traz
exemplos da verdade do NT encontrados em Josué, pois esse livro, juntamente com as narrativas redentoras do Pentateuco, forma um fio condutor na história da redenção. As referências do NT a esse fio apresentam sugestões interpretativas que não podem se limitar a características históricas mencionadas especificamente, mas precisam incluir logicamente todos os exemplos de verdade espiritual cuja realidade é encontrada no NT. Os cristãos são mais que estudantes de história antiga — são alunos dos princípios espirituais da vida. Portanto, a natureza exemplificativa de Josué tem lugar assegurado nesse estudo. Porém, tal estudo deve avançar cuidadosamente, para que o estudante extraia o texto e não atribua ao texto aplicações espirituais
Esboco 1— 12 Entrada em Canaã e
os conflitos 13—22 Divisão e colonização d i teu .1 23— 24 Palavras finais e morte de Josué
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[ 128 ] Josué
1. Josué assume o comando
retratada a im agem do Senhor atravessan do as profundas águas da m orte a fim de 1-9. Incum bência de Josué. O sucessor a b rir cam in h o para seu p ovo, q ue pode de M o isé s receb eu a o rd em de le v a r o então avançar vitoriosam ente e tom ar pos povo de D eu s à sua heran ça. R eceb eu a se dos bens celestiais que tem nele. Depois garantia da presença divina e do sucesso, de dar a redenção, ele leva todo o seu povo condicionados à obediência. Josu é (Jeová da m orte à vida e à glória da redenção pelo é Salvador) prefigura Cristo como o Autor "novo e vivo cam inho" (cf. v. 4; Hb 10.20). da nossa salvação (Hb 2.10-11), liderando 7-8. Josué com eça a ser engrandecido. o seu povo com o poder do seu Espírito. Q uando o povo do Senhor entra na vivên Josu é sucedeu a M oisés, que retrata C ris cia da su a p o siçã o em C risto , re tra ta d a to como o Servo obediente (Hb 3.5). p ela p assag em de Israel p elo Jo rd ã o , ele 10-18. Josué toma a frente. Ele fala ao com eça a exaltar e ob ed ecer ao Jo su é d i povo, 10-15, que responde, 16-18, prom e vino, o A utor da sua salvação. tendo obediência. Para a tom ada da terra, 9-13. Josué coordena a passagem. A men seria in d isp en sáv el a en erg ia da fé. Isso sagem de Josué ao povo lhes garante que levaria à guerra, com o o progresso ativo "o D eus vivo" com provaria a sua presença leva ao conflito espiritual no caso de cada entre eles pela expulsão dos cananeus, 10. crente (Ef 6.10-20). A arca da aliança é a do “Senhor de toda a terra", 11,13, um título que Zacarias dá ao tem p o em q ue Isra e l se e sta b e le c e rá no 2. Os espias e a fé de Raabe reino (Zc 4.14) depois que todos os seus ini 1. Os espias e Jericó . Josu é, que fora migos houverem sido julgados (Zc 6.5), e o ele m esm o esp ia, agiu sab iam en te m a n Messias, por direito de criação, redenção e dando os e sp ia s e stu d arem a e stra té g ia conquista, for Rei dos reis e Senhor dos se do inimigo. nhores. Isso foi usado com m uita proprie 2-14. A fé de Raabe. A prostituta é uma dade quando da entrada de Israel na sua ilu stração ad equad a do p oder que tem o terra, então dominada por inimigos temíveis evangelho da graça para salvar um peca e ímpios. O poderoso milagre da divisão das dor. “Pela fé , Raabe, a meretriz, não foi des águas foi operado pelo "D eus vivo", ou seja, truída com os d esobedientes, porque aco a Divindade em manifesta onipotência, e não lheu com paz os e sp ia s " (H b 11.31). Ela um a criação da religião naturalista. confirm ou com obras a sua fé salvad ora. 14-17. A passagem . O fato é plenam en "D e igual modo, não foi também justificada te resu ltan te de um m ilag re, m esm o que por obras a m eretriz R aabe, quando aco um te rre m o to te n h a re p re s a d o o rio a lheu os emissários e os fez partir por outro m ontante, na altura de Adã, localidade tre cam inho?" (Tg 2.25). Ela deu uma razão bem ze q u iló m etros ao norte de Sucote, perto fund am entad a para sua fé, 10-11, e orou do Jordão. N elson G lueck identificou a lo pela salvação dos seus entes queridos de calidade com Tell Damieh. G lueck tam bém Jericó, 13. Recebeu plenas garantias, 14. d e fe n d e q u e os d e z e n o v e q u iló m e tro s 15-24. O fio escarlate. Atado por Raabe en tre A dã e S artã são o ú n ico trech o do à janela, o fio pelo qual ela perm ite que os vale d o Jo rd ã o em que o re p re sa m e n to espias escapem torna-se um belo sím bolo d as á g u a s e a p a s s a g e m em le ito se c o da salv ação. poderiam ter ocorrido.
3. A passagem do Jordão
4. As pedras memoriais
1-6. A arca do Senhor lidera. A arca (Ex 25.1-22), um a das m ais abrangentes repre sentações de C risto, lid era o povo e abre cam inho p elo Jo rd ã o . A q u i é b ela m en te
1-18. Os dois m em oriais. Longe de ser resultad o de trad ições con flitan tes, com o d efend em os críticos, esses m o n u m en to s eram dois m em oriais distintos, cada qual
JoSUé [ 129 1
A Invasão de Canaã
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Local de conflito 25
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re p re se n ta n d o um a sp e c to da m o rte de Cristo. As doze pedras tiradas do Jordão e erigidas com o m onum ento em G ilgal, 1-8, 20, falam da red enção de Israel ao entrar na terra e num a esfera e vivência de vitó ria e conquista. As pedras deixadas no borbotoante Jordão para que fossem subm er sas pelas águas são record ações da m orte de Cristo sob julgam ento no lugar do cren te (SI 22.1-18; 42.7; 88.7; Jo 12.31-33). Essa foi a base da vitória e da conquista na terra. 19-24. O que significam essas pedras? O D eus onipotente dera a redenção e levara seu povo à sua herança. As pedras no Jo r d ão sig n ificam , morremos em C risto (Rm 6.1-10). A s p ed ras em G ilg al sig n ifica m : co n fiem o s en tão n essa m orte e d e sfru te mos a vida e a conquista da terra (Rm 6.11).
5. Israel em Gilgal 1. Os inimigos de Israel ficam aterroriza dos. Todos os reis dos cananeus nas regiões vizinhas, que tanto haviam aterrorizado o povo d escrente de Deus um a geração an tes, agora estavam apavorados com o avan ço de Israel sobre o território de Gilgal. Um povo redim ido e vitorioso sempre desenco raja o inimigo. 2-8. A circuncisão da nova geração. Esse sinal da aliança abraâmica (v. Gn 17; Ex 4.2426), que evidentem ente estivera suspenso tem p o rariam en te no d eserto até a m orte da geração descrente, agora era novam en te im portante, e os hom ens da nova gera ção foram circuncidados em Gibeate-H alarote ("o monte dos prepúcios"), 5, 7. Daí em
[ 130] Josué
diante eles ostentavam um sím bolo paten te que os identificava como propriedade do Senhor, e que colocava o Senhor em graci osa relação de aliança com eles. A circunci são representa a execução da sentença de morte sobre a carne, sendo a morte de Cris to um a circuncisão espiritual do seu povo (Cl 2.11). Mas o fato de os crentes estarem m ortos para o pecado pela circuncisão de C risto , assu m ind o assim um a p osição de m orte para o pecado, precisa ser realizado numa vivência de m orte para o pecado por m eio da fé apropriadora. A faca am olada precisa ser posta na carne e sua luxúria. 9-10. O opróbrio do Egito é removido. O "opróbrio do Egito" que Josué afirm ou ter removido (ou "rolado") em Gilgal (Gilgal sig nifica "rolante") quando circuncidou o povo, era o jugo que Faraó lhes impunha no Egito. No seu estado incircunciso, o povo vivia sem o sinal e o selo da aliança abraâmica e esta va na mesma condição em que vivia no Egi to, sem nenhu m a relação de aliança. D e pois da circuncisão, eles estavam prontos para celebrar a Páscoa, a festa com em ora tiva da libertação do Egito, 10 (v. comentári os sobre Êx 12.1-28; Lv 23.4-5). 11-12. O m aná e o fruto da terra. D epois da circuncisão e da celebração da Páscoa, os israelitas com eram "d o fruto da terra". A colheita de cevada estava então em cur so, e por isso o povo de D eus pôde com e çar a co lh e r os fru to s da red en çã o . E les se ap ro p riaram das b ên ção s da sua p o s se privilegiada. 13-15. A visão que teve Josué do prínci pe do exército do Senhor. O hom em com a esp ad a d e se m b ain h ad a d ia n te de Je ricó era o Senhor, o C risto p ré-en carn ad o em form a visível, que apareceu com o um guer reiro para apoiar Josu é e m ostrar-lhe que aquele que com and a os e x é rcito s do céu estava com batend o p o r Israel. O solo as sim se fez santo para Josu é, com o antes o fora para M oisés quando o m esm o Cristo pré-encarnado lhe apareceu (v. Êx 3.1-12).
6. A conquista de Jericó 1-19. Obediência às instruções divinas. A form idável cidade m urad a de Jericó, hoje
Sítio arqueológico da antiga Hazor, cidade tomada e incendiada por Josué.
reconhecida pela arqueologia como um dos m ais antigos locais de ocupação de todo o m undo, era um verdadeiro obstáculo para Israel na conquista da terra. E análogo es piritualm ente ao m undo que o crente pre cisa conq u istar se pretend e alcançar um a vida vitoriosa. A cidade deveria ser tom a da na fé e na obediência à Palavra de Deus, e não pela sabed oria hu m ana. O m ilagre do colapso dos m uros foi o m ilagre da fé (cf. Hb 11.30). "... esta é a vitória que vence o m undo: a nossa fé " ( l jo 5.4). Josu é não levou em conta as altas m u ralhas nem as im p o ssib ilid a d e s h u m a n a s, m as confiou exclusivam ente no poder de Deus. Em bo ra co m a n d a n te m ilita r, e le era a n te s de tudo um líder espiritual. Tam pouco se sen tiu ofendido pela orientação divina de ro dear a cidade um a vez por dia durante seis dias, e sete vezes no sétim o dia, tendo sete sacerd o tes to can d o sete tro m b etas, e d e pois, no sétim o dia, o povo gritand o. Do p o n to de v ista m ilitar, isso era rid ícu lo , para não dizer fantástico. M as andar pela fé e não pelo que vem os (2Co 5.7) nunca é sen sa to à m en te secular.
Josué I 131 ] 20-21. A queda da cidade. As ruínas das m aciças m u ralh as e da cidad e que Jo su é conquistou (c. 1400 a.C.) foram em grande parte destruídas pela erosão, pois Jericó foi construída com tijolos de barro. As escava ções de K athleen Kenyon a partir de 1952 revelam que a m aior parte do moilte rema nescente data do séc. VXI a.C., ou antes dis so. A Jericó de Josué foi, portanto, em gran de parte destruída. Aparentem ente não era uma cidade grande. Tão aglom erados vivi am seus habitantes que as casas, como a de Raabe, eram construídas sobre os muros. 22-25. Raabe é lem brada. O fio escarla te, sem dúvida alvo de zom baria, poupou Raabe e sua fam ília, enquanto toda a cida de era destinada à destruição (heb. herem), 17, 24. O term o herem se refere àquilo que irrevogav elm en te é cond en ad o à d estru i ção (cf. Dt 13.16) ou consagrado com pleta m ente ao Sen h or, não sen d o u sad o para fins secu lares. 26-27. M aldição sobre Jericó. C om o ilus tração do sistem a do m undo, a queda de Je ricó pode m u ito bem p re fig u ra r a sua d estruição ao final dos sécu los (Ap 6.1 — 19.16). Jericó foi posta sob proscrição, h e rem. Jam ais seria reconstruíd a, exceto sob pena de um a m aldição, 26 (cf. lR s 16.34).
7. 0 pecado de Acã 1-15. A derrota de Israel e sua razão. Aqui se enfatizam a un id ad e e a solid aried ad e do povo de Deus. O pecado de um envolve todos. Cf. o caso análogo de Ananias e Sa fira (At 5.1-11). O pecado de Acã foi a deso bediência à ordem de afastam ento das "co i sas condenadas", herem (Js 6.17-18), ou seja, de Jericó (do m undo), então pronta para a sentença do juízo, 1, 11 (cf. Tg 4.4; l jo 2.1517). O pecado da cum plicidade com o mal foi resp o n sáv el pela d erro ta do povo de D eus. Fazem -se n ecessário s a con fissão e o autojulgam ento instantâneos, 13-15. E im prescindível a severidade para um "p e c a do para m orte" (IC o 5.5; 11.20-32; l jo 5.16), pois o m om en to, o local e a natu reza do pecado tolerado difam am o Senhor e parti cularm ente am eaçam seu povo, 15 (cf. 8-9, 12). Josué aqui dem onstra seu típico cará
ter de C ap itão da nossa salv ação agindo com o advogado quando seu povo amarga a derrota, 5-9 (cf. l jo 2.1), 16-26. O pecado é julgado. Foi um crime e x trem a m en te g rav e e d em an d av a m o r te física (v. com entário sobre 1-15). "V i [...] cobicei-os e tom ei-os...", 21, é a história da ten ta çã o e queda.
8. Ai é tomada 1-17. A estratégia de Josué. D epois do autoju lgam ento e da confissão do pecado sem pre vem a garantia d ivina da vitória, 1. Então as orientações divinas podem ser cla ra m e n te d ad as, co m p re en d ia s e o b e d ecid as, 2. O estratagem a da em boscada foi orien tação divina, e não b rilhantism o de Jo su é, 3-8. Im p licitam en te obedecid o, e le tro u x e o resu ltad o d esejad o , 9-18. A e stratég ia do crente é sem pre estar sob a proteção do Senhor e fundado na força da sua posição em Deus (Ef 6.10-12). 18-27. A conquista de Ai. A ordem do Se n h o r de que Jo su é m an tiv esse sua lança estendida na direção da cidade até a com pleta destruição de todos os habitantes, 18, 26, dem onstra a presença do Senhor para a efetiv ação da vitória com pleta. A fé de Jo su é é assim enfatizad a. Cf. as m ãos er guidas de M oisés (Ex 17.11-13) na vitória sobre Amaleque. A vitória espiritual é sem pre pela fé na Palavra e no Espírito de Deus. 28-29. A destruição da cidade. "Josué pôs fogo a Ai e a reduziu, para sem pre, a um montão, a ruínas até ao dia de hoje", 28. Ai significa " a ru ín a" e foi identificada a etTell, lugar escavado entre 1933 e 1935. Não revela traços de ocupação entre 2200 e 1200 a.C., mas não há prova indubitável de que et-Tell seja m esm o Ai. A sugestão de L. H. V incent de que Ai era meramente um pos to avançado de Betei, e tão pequena (cf. Js 7.3), que não deixou ruínas identificáveis, é bem provável. É tam bém possível que os h ab itan tes de Betei tenham usado as ru í n a s (et-T ell) com o p o sto av an çad o para defender a cidade do ataque inevitável. 30-35. O altar de Ebal foi erigido na beia região de Siquém, bem no coração da terra, como celebração das vitórias de Jericó e Ai,
[ 132 ] Josué
e como ato de obediência à ordem de M oi sés (Dt 27.2-8). A lei copiada em pedras tal vez fossem os Dez M andam entos e outras leis, oii as bênçãos e maldições de Deutero nômio, ou ainda o resumo das leis do Penta teuco. O costum e de inscrever códigos le gais em pedra era bastante antigo, pois a prática era muito usada nos tempos suméri os e babilónios (cf. o Código de Hamurábi, c. 1700 a.C., com prólogo, 282 seções e epílogo).
A Bataiha de Ai 3. 0 exército de Josué avança contra a cidade e, em seguida, retira-se para atrair os soldados de Ai
1. Os israelitas tomara posição de emboscada para atacar Ai
4 .Os soldados de Ai perseguem o exército de Josué
5. A força de emboscada ataca a cidade e a incendeia
2.Outra força israelita impede uma possível intervenção a partir de Betei
6. Os homens de Josué voltam e atacam os soldados de Ai
7 A força de emboscada israelita ataca os soldados de Ai pelas costas
9. 0 logro dos gibeonitas 1-2. A con fed eração do inim igo. Todos os re is se u n ira m p a ra c o m b a te r Is ra e l — so b e ra n o s d as te rra s m o n ta n h o sa s, a região alta e acid entad a que ab ran g ia Je ru s a lé m e H e b ro m , d o s b a ix o s m o n te s que d esciam à p lanície, e de "to d a a cos ta do m ar G ran d e" (M editerrâneo) ou pla n ície M arítim a. 3-15. O estratagem a dos gibeonitas. Po rém , um grupo dos heveus, 7, grupo étnico pouco conhecido da Palestina, talvez uma subseção dos hurritas, povo bem conh eci do do antigo O riente M édio, preferiu a via d ip lom ática à guerra. Sua cap ital era G ib eã o (e j-Jib ), situ a d a o ito q u iló m e tro s a n o r o e s te de Je r u s a lé m na e stra d a p a ra Jo p e. F in g ira m -se am ig o s. A m en tira de que seus odres ficaram velhos e gastos na lon g a v ia g em , seu pão b o lo re n to e suas sa n d á lia s g a sta s, ilu d ira m to ta lm en te os isra elita s, que fizeram um tratad o com o inim igo. A razão foi os israelitas ter tom a do parte das p rovisões deles sem ped ir o co n se lh o do S en h or, 14, p e rm itin d o que vivessem sob um tratado de paz, 15. 16-27. A descoberta do erro. Os israelitas acab aram d esco b rin d o que os g ib eo n itas eram v iz in h o s e in im ig o s, esta n d o en tre aqueles que deveriam ter sido erradicados, 16-17. O resultad o foi a d esobediên cia de Israel ao Senhor, perm itindo que inim igos vivessem entre eles. Em bora os gibeonitas tenham receb id o ta re fa s serv is, tra n sfo r mando-se em rachadores de lenha e tiradores de água, perm an ecia o fato de serem inim igos. São análogos às forças espirituais que nos iludem — os "a rd is" ou estratage m as de Satanás, que m uitas vezes aparece com o "an jo de lu z" para nos enganar (2Co 11.14), em vez de nos atacar abertam ente.
10. A conquista do sul de Canaã 1-6. Adoni-Zedeque e sua aliança. O nome desse rei in im ig o, que sig n ifica "m eu se nh o r é ju s to " , ap arece lig a d o à p rim eira m enção de Jeru salém na B íblia. Ele foi o cabeça de um a coalizão p erversa, fo rm a da contra G ibeão e Israel.
Josué l 133 ] 7-15. A guerra e o milagre. De Gilgal, pri m eiro acam pam ento de Israel, local do au tojulgam ento e dos m em oriais ao poder de Deus, Israel avançou vitorioso contra a con federação sulista. Essa, a m ais notável ba talha da história de Israel, prefigura o vin douro Dia do Senhor (Hc 3.11). Efepois do relato da vitória, preserva-se um a citação poética da antiga coleção intitulada "L ivro dos Justos", 13 (cf. 2Sm 1.18). O incrível m i lagre, 12-14, que o Senhor operou para au xiliar Jo su é na v itória sobre a co n fed era ção su lista, pode ter sido o resu ltad o da refração da luz solar, produzindo intenso frio e granizo num clima norm alm ente quen te. O u tro s já su g eriram que a ex p ressã o "s e d e te v e " d ev eria ser tra d u z id a com o "im o b iliz o u -s e " ou "c e s s o u " , co n o ta n d o assim uma continuação da sem i-escuridão que favoreceria o ataq u e-su rp resa dos is raelitas. A chuva de pedras gerou escu ri dão e além disso neutralizou a eficácia dos carros de guerra cananeus (Js 17.18), e com isso o granizo provocou mais mortes do que o exército israelita. Seja qual for a explica ção, o longo dia de Josué exigiu a violação das leis norm ais da natureza. A im pressio nante singularidade do milagre é enfatiza da, 14, e portanto pode ser considerada ci entificam ente inexplicável. 16-43. Uma grande vitória e conquistas su bsequentes. Os cinco reis foram execu tad os, 22-27, e n o v as co n q u ista s tro u x e ram o dom ínio de todo o sul da Palestina. Israel então voltou a G ilgal (v. Js 5).
11—12. Novas conquistas em Canaã 11.1-15. Conquista do norte de Canaã. Jabim, rei de Hazor, formou um a confedera ção nortista. H azor (Tel el W aqqas, Qedah) era um lu gar estrategicam en te localizad o a sudoeste do lago Hula, perto das nascen tes do Jordão. Josué foi divinam ente orien tado a jarretar os cavalos e queim ar os car ros, 6, 9, para que pudesse confiar no Senhor e não n essas arm as de guerra. H azor foi q ueim ada, m as as cid ad es m en ores "q u e estav am so b re os o u te ir o s ", e ssa s Jo su é não destruiu, 13, pois, m ais tarde, podiam ser úteis aos israelitas.
1 1 .1 6 —12.24. Resum o da conquista. Um relato geral da conquista é dado em 11.1623. A s conquistas na Transjordânia são re p assad as, 12.1-6, e as con q u istas em C a naã, com um a lista dos reis v en cid o s, é a p resen tad a em 12.7-24.
13. Josué é instruído a repartir a terra 1-7. A m ensagem do Senhor a Josué. "... ainda m uitíssim a terra ficou para se pos s u ir", 1, é a triste história de Israel, e de m u ito s cren tes que não reclam am p len a m ente suas posses espirituais. A terra ain da a possuir é delineada, 2-7. No primeiro p lan o d o s in im ig o s a e n fre n ta r estavam os filisteus, não cananeus, representando aqueles que im pedem o povo de Deus de p o ssu ir a terra e assim de d esfru tar p le n am en te sua heran ça. 8-33. A herança de Rúben, Gade e da meia tribo de Manassés é reafirmada e confirmada.
14. 0 pedido e a herança de Calebe 1-5. R esum o da repartição da terra. Eleazar, Jo su é e os ch efes das tribo s d istri bu íram a h e ra n ça pela sorte (Nm 26.55; 33.54; 34.13). 6-15. O pedido de Calebe. O quinhão de Judá foi o prim eiro, e Calebe adiantou-se em G ilgal para apresentar seu testemunho da fidelidade do Senhor, 6-12, e para rece ber Hebrom, 13-15 (cf. Nm 13.6; 14.24, 30).
15 —16. Os quinhões de Judá e Efraim 15.1-63. O quinhão de Judá. A herança de Judá foi definida na sua fronteira meri dional, 1-4, nas fronteiras oriental e seten trional, 5-11, e na fronteira ocidental, 12. E n otáv el que C alebe tenha requ isitad o es p e c ific a m e n te a te rra c o n tro la d a p e lo s anaquitas, os m esm os gigantes que desen co ra ja ra m os esp iõ es a to m ar a terra no início do período do deserto! H ebrom era tam b ém ch a m a d a Q u iria te -S e fe r (" c id a de de [um] livro").
[ 134 1 Josué
16.1-10. O quinhão de Efraim. Os des cen d en te s de Jo sé re ce b e ra m u m a p arte excelente da terra, 1-4. Efraim ("duplam en te frutífero") recebeu seu território, 5-9, mas não tomou posse dele plenamente, pois não conseguiu expulsar os cananeus de Gezer, 10, um a cid ad e m u ito an tig a n os b a ix o s montes acima da planície Marítima, 29 qui lóm etros a noroeste de Jerusalém e 27 qui lóm etros a sudeste de Jope. Josué venceu o rei de Gezer (12.12), mas os cananeus de algum modo recuperaram o controle da sua cidade, com suas muralhas de mais de qua tro m etros de espessura. A cidade perm a neceu sob con trole can an eu até o tem p o de Salom ão (lR s 9.16).
17. 0 quinhão de Manassés 1-13. Os nom es e fronteiras. Os descen d entes do prim ogénito de Jo sé receberam te rras tan to na T ran sjo rd â n ia q u an to na Palestina, 1-6, e suas fronteiras foram de finidas, 7-13. 14-18. A reclam ação de M anassés e a res posta de Josué. A reclam ação revelou um d e s c o n te n ta m e n to e g o ís ta . A re s p o s ta c o ra jo s a de Jo su é , 15, d e m o n stro u fé e
Local onde ficava a cidade de Siló. As tribos de Israel permaneceram aqui, até a destruição da cidade pelos filisteus e a captura da arca da aliança.
prudência, e revelou sua confiança na pro m essa de D eu s (cf. Js 1.3). O p retexto de fra q u e z a de M a n a ssé s, 16, re v e lo u d e s crença diante da visão dos carros de ferro dos cananeus no vale de Esdrelom , ao in vés da fé no poder do Senhor. Esses reclam a d o re s fiz e ra m um n o tá v e l c o n tra s te com a fiel coragem de C alebe, m as Josu é os encorajou , 17-18.
18-19. 0 quinhão das outras tribos 18.1. O Tabernáculo é erguido em Siló. Siló tornou-se o ponto central (D t 12) das doze tribos até a destruição da cidade pe los filisteus (IS m 4.11; c. 1050 a.C.) e a cap tu ra da arca. 2-10. Sete tribos não tomam posse de suas te rra s. E v id e n te m e n te ca recen d o de fé e coragem , sete tribo s são e n co ra ja d a s por Josu é a explorar a terra e rep artir as suas p osses p ela sorte em Siló. 11-28. O quinhão de Benjam im . Essa era um a tribo pequena, m as influente, lo cali zad a em terren o m ontanhoso. 19.1-51. O quinhão das tribos restantes. D escrev em -se os q u in h ões de Sim eão, 19; de Zebulom , 10-16; de Issacar, 17-23; de Aser, 24-31; de N aftali, 32-39; de Dã, 40-48; e de Josué, 49-51.
20. As cidades de refúgio 1-6. R epetição dos term os. Esses term os estavam de acordo com a lei de Dt 19.1-13 (v. tb. N m 35.1-34). O "vingad or do sangue" (ou go'el), 3, 5, era o parente m ais próxim o do h o m em a ssa ssin a d o , so b re quem re c a ía a re s p o n s a b ilid a d e de v in g a r su a m orte (cf. Rt 3.9; em Pv 23.11 significa "resg atad or"). A porta da cidade, 4, era o local ond e o con selh o dos anciãos de reunia e ond e n o rm a lm en te se rea liz av a m os n e gócios. N ão era m eram en te um a entrad a no m uro da cidade, m as um edifício fecha do construído dentro do muro, com vários recin tos e v ário s pisos. C asos de h o m icí d io n ã o in te n c io n a l fic a v a m p ro te g id o s pela instituição de cidades de asilo. 7-9. As cidades são especificadas. O Pen tateu co enu m era som ente as três cidad es
JOSUé I 135 )
fora da terra. Aqui as três cidades dentro da terra são tam bém e sp ecifica d a s com o Q u ed es ("sa n tu á rio "), Siqu ém ("o m b ro ") e H ebrom ("co m u n h ão "), juntam ente com B ezer ("d e fe s a "), R am ote ("e le v a ç õ e s ") e G olã (" e le s r e g o z ija m "), e ssa s, situ a d a s fora da terra. Isso pode ilustrar m uito bem o papel do Senhor com o local de refú gio dos p ecad o res.
21. 0 quinhão dos levitas 1-42. O quinhão dos levitas. Por causa d as su a s fu n ç õ e s r e lig io s a s , a trib o de L evi n ão receb eu um te rritó rio com o as o u tra s trib o s. E m b o ra isso tam b ém v a lesse em certo sen tid o para tod as as tri bos, o S e n h o r era h eran ça p a rticu la r da tribo de Levi (cf. Nm 18.30; Dt 10.9; Js 13.14, 33; 14.3-4). O s co atitas, 9-26; os g erso n itas, 27-33; e os m eraritas, 34-40, foram dis trib u íd o s p o r to d o o te rritó r io is r a e lita para in cen tiv a r a p u reza do cu lto , co m b atend o a idolatria. 43-45. A fidelidade do Senhor foi reno vada. Ele lhes deu "tod a a terra", 43; "r e pouso" e vitória, 44. Nada do que prom e teu deixou de cum prir (Nm 23.19; lR s 8.56).
22. 0 retorno das tribos da Transjordânia 1-9. Josué m anda as tribos para casa. Jo sué elogia os rubenitas, os gaditas e a m eia tribo de M anassés pela sua fiel p articip a ção na conqu ista da Palestina, 1-4, e com a m á v e l e x o r ta ç ã o , 5 -6 , m a n d a -o s p a ra suas próprias terras a leste do Jordão (1.1218). A ssim eles p artiram com riq u ezas e despojos, 7-9. 10-29. O grande altar e a controvérsia. As tribos que partiram ergueram um altar na região do Jo rd ão, na fro n teira de C a naã, ou seja, na m argem ocidental do rio, pois Canaã é estritam ente falando o terri tório a oeste do Jord ão, 10-11. O povo se reuniu em Siló para fa z e r g u erra contra eles, 12, supond o um a flag ran te violação da lei do santuário central (Dt 12.13-14). O altar foi interpretad o com o um ato de re b e liã o co n tra Is ra e l e c o n tra o S e n h o r.
U m a d e le g a çã o e n ca b e ça d a por F in éias foi enviada para exam inar a questão, 1320, e x o rta n d o -o s e lem b ra n d o -lh es o re su ltad o do pecad o de Israel em Peor, 1718 (Nm 25.3-5), e o caso de Acã, 20 (Js 7.1). A explicação foi que o m onum ento não era de fato um altar, m as m eram ente um m e m orial, um "testem u n h o", 21-29. 30-32. A controvérsia se resolve. Era um testem unho de que as doze tribos, em bo ra separadas pelo Jordão, eram um só povo.
23. As advertências de despedida de Josué 1-13. Exortações de fidelidade ao Senhor. O grande líder espiritual e militar de Isra el, já em idade avançada, 1, reuniu todo o Israel, 2, para rep assar a b on d ad e e a fi d elid a d e do S en h o r, 3-5, e para e xo rta r ob ed iên cia à lei m osaica, 6-11. C aso não se m a n tiv e s s e m a fa s ta d o s de re la ç õ e s idólatras, a ruína lhes sobreviria, 12-13. 14-16. Apelo final. Fizeram-se alertas con tra as aflições que substituiriam as bênçãos em caso de desobediência e apostasia.
24. A aliança de Siquém; morte de Josué 1-15. Retrospecto histórico e a eloquente exortação de Josué. Todo o Israel ouviu em Siquém a retrospectiva dos atos do Senhor de A braão até a conquista, 1-13, como base da exortação a servir som ente ao Senhor, 14-15. Jo su é assin alou , ele m esm o, a sua esco lh a irrev o g á v el. 16-28. A aliança é aceita. Israel aceita o desafio de Josué, 16-18, e reafirm a sua le ald ad e ao Sen h or e à alian ça. A g eração que conq u istou a terra agora confirm ava a A liança em Siqu ém , en tre Ebal e G eri zim , no co ração de C an aã, en q u an to Jo su é d e fin ia as c o n d içõ e s do se rv iç o ao Senhor, 19-23, e erigia m em oriais, 25-28. 29-33. A morte de Josué. O grande líder m orreu e foi sepultado, 29-31. Os ossos de José, trazid os do Egito, foram enterrados em Siquém (cf. Gn 50.25; Êx 13.19; Hb 11.22). Tam bém se registra a m orte de Eleazar, o sacerd o te, 33.
Juizes A monotonia e a angústia do pecado O nome do livro. Juizes toma seu nome dos doze lideres militares e civis ungidos pelo Esptrito, homens que o Senhor inspirou para libertar a nação. Com o confederação livre (anfictionia) em torno do santuário central de Siló, a jovem nação não tinha governo central estável, e, abandonando o Senhor, tornou-se presa fácil para invasores inimigos. Os juizes primeiro libertavam o povo, depois o governavam. No seu papel de governantes, correspondiam aos shufetins, da Fenícia, e aos sufetes, de Cartago (heb. sopetim).
A natureza do livro. Juizes
Data. Indícios textuais e a
é um registro da idade das
tradição sugerem que Juizes tenha sido composto nos primeiros anos da monarquia. A era de Saul (c. 1025) é um
trevas de d eterioração e apostasia de Israel na terra. O povo abandonou o Senhor (2.13); o Senhor abandonou o povo (2.23). O versículochave é. "N aqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto", 17.6; 21.25. O registro do fracasso de Israel na terra abrange cerca de 350 anos — de Josué a Saul. É possível identificar sete apostasias, sete servidões e sete libertações. Juizes com eça na concessão e term ina em anarquia e confusão.
Juizes vs. Josué Josué
Juizes
Vitória
Derrota
Liberdade
Servidão
Fé
Descrença
Progresso
Declínio
Visão espiritual
Ênfase terrena
Fidelidade ao Senhor
Apostasia do Senhor
Alegria
Pesar
Força
Fraqueza
Senso de unidade
Decadência, anarquia
Pecado condenado
Pecado menosprezado
período possível. Samuel, com o membro da escola profética, pode muito bem ter sido o autor-compilador.
Esboço 1.1— 2.5 Introdução ao período dos juizes 1.1-36 Condições políticas (de Josué aos juizes) 2.1-5 Israel chora a derrota 2.6— 16.31 O período dos juizes 2.6— 3.6 Caráter religioso do período 3.7— 16.31 Lista dos juizes 1 7 .1 — 2 1 .2 5 O duplo a p ên d ice 1 7 .1 — 18,31 Idolatria de
Mrca; e dos om itas ' 19.1— 21-25 O crime de Gibeá e seu castigo
Juizes [137 ]
Canaã no tempo de Juizes: Quedes
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[ 138 ] Juizes
1. Israel não consegue expulsar os cananeus 1-4. A questão do desafio às tribos. Os is raelitas "consultaram o Sen h o r" tirando a sorte sagrada, 1. "Quem dentre nós, primei ro, subirá aos cananeus para pelejar contra eles?" O Senhor apontou Judá, 2, que apa rentemente não confiou plenam ente no Se nhor, mas buscou o apoio de Simeão, 3-4. 5-20. Vitória incompleta de Judá. Judá con seguiu algumas conquistas, inclusive AdoniBezeque (incerta), 5-7, e Jerusalém , que ou não foi de fato capturada, 8, ou mais tarde reconquistada pelos seus habitantes (cf. 1.21), pois só foi tomada completamente (i.e., per maneceu a fortaleza dos jebuseus) no tempo de Davi (2Sm 5.6-7). Entre as outras conquis tas estão o N eguebe e os contrafortes oci dentais, 9; Hebrom, 10; Debir, identificada a Q uirbete-Rabude, a sudoeste de H ebrom . Calebe, 20 (cf. Js 14.13-15), recebeu Hebrom, a cidade mais importante do sul da Palestina. 21. Vitória incompleta de Benjamim. jebuseus não foram desalojados da fortale za de Jerusalém, (cf. 1.8 com 2Sm 5.6-7). 22-36. Fracassos das outras tribos. A casa de José, 22-26, tomou Betei (Luz), dezenove quilómetros ao norte de Jerusalém, na estra da de Siquém (cf. Gn 12.8; 28.11-17). Manas sés não conseguiu expulsar os cananeus do vale de Esdrelom; eles tinham carros de fer ro. Israel desobedeceu, ao escravizar em vez de expulsar os cananeus, 28; fracasso de Efra im em Gezer, 29; fracasso de Zebulom , 30; Aser, 31-32; Naftali, 33; Dã, 34. José, 35-36, con seguiu controlar a terra, mas não expulsou os amorreus. A literatura religiosa ugarítica de Ras Shamra (Ugarite, 1929-37) revela a de pravação moral e o caráter degradante da religião cananéia. A não elim inação desse povo imoral foi o grande ato de desobediên cia de Israel, o que levou às apostasias e der rotas na era dos juizes (1400-1040 a.C.).
2.1— 3.4. Resultados do fracasso de Israel 1-5. O anjo de B oquim . O anjo era o próprio Sen h or que salv ara os isra elita s do Egito e os levara à terra, 1. Ele exigiu
o a fa s ta m e n to c o m p le to d o s c a n a n e u s, 2, m as a n ação d eso b e d e ce u . C o n seq iien tem en te, Isra e l sou be que o Sen h or n ão e x p u ls a ria seu s in im ig o s , m as e le s lh e seria m um e sp in h o no p e ito , e sua religião um laço de corrupção. Israel ch o rou, 4, m as não se arrepend eu , dando ao local o n om e B oq u im , i.e., "o s que ch o ra m ", 5, e assim p erd eu a p ro sp erid a d e e a b ên çã o . 6-15. A obediência anterior de Israel con trastada com a atual apostasia. A nação fora o b e d ien te ao S e n h o r sob o co m a n d o de Jo su é e os anciãos que lhe suced eram , 69. A gora a ap ostasia da nova g eração in citava a ira do Senhor, 10-15. Baal e A starote eram os d euses m asculino e fem inino d os c a n a n e u s, 11, 13, fa m o so s pela sua im oral libertin agem , com o se vê nos ép i cos u g a rítico s de R as Sham ra. 16-19. R esum o da h istória israelita no tem po dos juizes. O Senh or inspirou "ju i z e s", i.e., heróis m ilitares que em virtude Os d os seu s ê x ito s fo ra m e n c a rre g a d o s da ad m in istração do gov erno de m odo v ita lício, 16. M as assim que o líder ungido pelo E sp írito (carism ático) m orria, o povo re ca ía n a a p o s ta s ia e n o v a m e n te m e rg u lhava na serv id ã o p o lítica d ian te de um invasor, 17-19. 2 .2 0 —3.4. N ações poupadas para pôr Is rael à prova. As nações poupadas tinham um duplo propósito divino. (1) castigar Is rael pela d esobediência, 2.20-21; (2) testar e pôr à prova a fidelidade e instruí-los na arte da guerra, 2.22-3.4.
0 ciclo dos juizes Ju izes está organizado em torno da as censão e queda da sorte esp iritu al de Is ra e l. Is ra e l p ro s p e r a v a , re la x a v a a su a seg u ran ça, p ecav a, era co n d en a d o à d o m inação estra n g eira , v o lta v a -se a rre p e n d ido ao Senhor, o S enhor enviava um li bertador e vinha então um período de paz e p ro s p e rid a d e . E sse c ic lo re c o rr e n te é instru tiv o para os que crêem no NT, que p odem ser in d u z id o s a seg u ir o m esm o m od elo esp iritu al.
Juizes I 139 1
3.5—31. Magistraturas de Otniel, Eúde e Sangar 5-11. Prim eira apostasia, servidão e juiz (O tn iel). N arra-se a h istória da d ecad ên cia, 5-7. concessões, casam entos com id ó la tra s e fin a lm e n te a p ró p ria id o la tr ia , serv in d o ao s d eu ses e d eu sa s d os ca n a neus — baalins e aserás — e adorando as várias im agens d essas d ivindades. O cas tigo veio na form a da serv id ão de Israel a C u sã-R isataim , um reizete do norte da M esopotâm ia, por oito anos. O tniel (1.13; Js 15.18) de Ju d á foi inspirad o para lib er tar o povo do Senhor. 12-30. Segunda apostasia, servidão e juiz (Eúde). Eglom , rei de M oabe, o país a leste do m ar M o rto, foi o op ressor, 12-14. Ele tomou a "cid ad e das P alm eiras", i.e., Jeri có. U m h e ró i b e n ja m ita ch a m a d o E úd e m atou Eglom por m eio de um ard il. D e pois de Eúde ter libertado o povo do jugo de M oabe veio um período de oitenta anos de paz, 30. 31. Sangar matou 600 filisteus com uma aguilhada de bois.
4—5. Débora e seus atos de bravura 4.1-3. Terceira apostasia, servidão e juiz (D éb o ra). D ep ois da ap o sta sia , 1, veio a opressão de Jabim , rei de Hazor, um a das c id a d e s c a n a n é ia s m ais im p o r ta n te s da G a lilé ia , cu ja s e sc a v a ç õ e s c o n firm a ra m sua cap tu ra n essa época, 2-3. O s "ca rro s de ferro " colocavam os cananeus à frente dos hebreus, que então não tinham carros nem conheciam a arte da fundição do fer ro (Js 17.16; IS m 13.19-22). Esse Jabim pode ser um d escen d en te do Ja b im d erro tad o por Jo su é em Js 11.1, ou talvez um títu lo hereditário ad otado pelos governantes de H azor (cf. Faraó, Hirão). 4-24. D ébora e B araque e sua vitória. D ébora m andou Baraque reun ir um exér cito no mt. Tabor, 14, na G aliléia ao norte da planície de Esdrelom . O local da vitória de Baraque foi o rio Q uisom , um pequeno ribeiro que cortava o Esdrelom no sentido o e ste , ao n o rte do C a rm e lo . Z eb u lo m e
N aftali eram tribos da Galiléia. As m ulhe res m a n tiv era m -se em d estaq u e no re la to com a m orte de Sísera por Jael, que cra v o u -lh e um a e s ta c a da te n d a na fo n te enquanto ele dorm ia. Esse episódio retra ta a tosca m oralidade do período. 5.1-31. O cântico de Débora. Eis aqui uma inspirada versão poética do cap. 4. Entoa louvores ao Senhor de modo vívido, 1-5; des creve a condição do povo e sua libertação, 6-11; celebra a vitória e os vitoriosos, 12-22; e saúda a destruição do inimigo, 23-31.
6. Gideão e a opressão midianita 1-24. Quarta apostasia, servidão e juiz (G ideão). O s m idianitas, os am alequitas e ou tro s povos do leste, 3, eram invasores bed uín os. Esses povos do d eserto assola ram o território de Israel durante sete anos. O uso de cam elos lhes permitia viajar sem água por vário s dias, o que os nóm ades anteriores não podiam fazer som ente com jum entos. A aflição de Israel, 1-5, e o arre pend im ento, 6, geraram um a resposta fa vorável do Senhor por meio de um "profe ta " da trib o d e M a n a ssé s, m em b ro do pequeno clã de Abiezer, 11, 15. Gideão foi cham ado a ser o libertador enquanto m a lhava trigo no lagar, em vez de o local habi tual no cume de um morro, onde se escon dia dos saqueadores estrangeiros, 11-24. 25-40. Prim eiras proezas de Gideão. O Senhor mandou Gideão destruir o altar de Baal, a principal divindade cananéia, e de Aserá (poste-ídolo), representação de uma das p rin cip a is d eu sas de C an aã, 25. Um a lta r do S e n h o r deveria ser erg u id o em seu lugar, 25-26. G ideão obedeceu, 27-32. O s invasores m ontaram acam pam ento no vale de Jezreel, 33, i.e., na região oriental da grand e p lanície de Esdrelom . G ideão, carism aticam en te un gido (com o todos os ju izes), reuniu um exército, 34-35, e rece beu a garantia do sinal do velo de lã, 36-40.
7. A vitória dos 300 de Gideão 1-8. A redução do exército. Gideão ("aque le que d erru b a"), agora cham ado também Jerubaal ("que Baal com bata") por que der
[ 140 ] Juizes
Gideão e os Midianitas:
«áw n » Israelitas se reúnem mt.Midiarwfas se reúnem Midianitas ftjgem
rubou o altar de Baal, teve a fé aguçada e a coragem fortalecida pelo sinal do velo. R e duziu seu exército de 32 mil para dez mil, e finalmente para 300. A qualidade espiritual, e não o número, é o que importa para que Deus aja e seja glorificado, 2-3. O teste, 4-7, de lamber a água com o um cão em vez de beber do m odo natural, separou os vigilan tes e aten tos dos m ais d escu id a d o s, que estavam m ais preocupados com as conve niências e menos instigados pela fé a loca lizar o inimigo e avançar rumo à vitória. O Senhor esco lh eu os 300 que lam b eram a água, 7, para libertar Israel. 9-14. O sonho do m idianita. O pão de cevada, 13, rep resen tav a os lav rad o res e colonos israelitas, e a tenda que o pão de cevad a atingiu e d erru b o u , os in v aso res nóm ades m id ianitas e am alequ itas. 15-25. A vitória da fé. A trom beta foi o sinal do avanço contra o inim igo, o precur sor da vitória da fé.
8. A derrocada de Gideão 1-3. Inveja dos efraimitas. A vitória so bre M idiã e A m aleque logo gerou tensões internas. A resposta cortês de G ideão (cf. Fp 2.1-5) aos efraim itas invejosos e eg oís
tas ilustra a sua força de caráter. "O s rabis cos de Efraim ", i.e., a vitória dos efraimitas sobre os chefes m idianitas O rebe e Zeebe, eram "m elhores do que a vindim a de Abiez e r", 2, i.e., a derrota de toda a horda inva sora do vale de Jezreel. A resposta branda e humilde afasta o furor (Pv 15.1). 4-21. Vitória com pleta sobre o invasor. Teste e vitória m aiores segu iram -se à su p e ra çã o da d isp u ta in te rn a . O p o v o de Sucote e Penuel, 5-8, escarneceu de Gideão e n e g o u -lh e a u x ílio , d e m o n stra n d o que eram na verd ad e aliad os secretos de M i diã, sendo tratados com o tais por G ideão após seu retorno. 22-32. A queda de Gideão. Embora G i d eão tenha recu sa d o a o ferta da realeza h e re d itá ria , 22-23, acabou cain d o n ou tra cilada ao fazer um a estola sacerdotal (pro vavelm ente algum tipo de im agem ou m e m orial), 24-27, colocando-a na sua cidade, O fra. Isso se tornou um m al para Israel e para G id eão, um a vio lação da san tid ad e do sacerd ó cio . 33-35. A quinta apostasia. Depois da mor te de Gideão, Israel serviu a Baal-Berite (se nhor da aliança). Era um a corrupção da re lação de aliança de Jeov á com Israel.
9. Abimeleque e sua impiedade 1-5. O assassínio dos filhos de Gideão. A bim eleque ("m eu pai foi re i") reclam ava o que seu pai recu sara. Fru to que era de u n ião com um a can an éia, ele rev elo u os m ales da licenciosid ad e e da d eso bed iên cia à p alav ra de D eu s no a ssa ssin a to in discrim inado dos filhos de G ideão, exceto Jotão, o m ais novo, que fugiu. 6-57. Pretensões e fim de Abim eleque. A p a rá b o la que Jo tã o con tou , 7-21, no mt. Gerizim, a m ontanha ao sul de Siquém (Dt 11.29), m ostra incisivam ente a ordinária vi leza de Abimeleque (um desprezível "esp i nheiro"; 14). O reinado de três anos de A bi m eleque g erou um a contend a en tre ele e os hom ens de Siquém (26-49), coroada pela rebelião de Gaal (26-41), que foi sufocada. Abimeleque m orreu de forma vil, com o vi v era, sitia n d o T ebes, cerca de d ezen ov e quilóm etros a nordeste de Siquém (50-57).
Juizes I 141 J
10. Tola, Jair e a sexta apostasia 1-5. Tola e Jair. Não há nenhum registro de realizações de Tola, e pouca coisa sobre Jair ("ilu m inad or"). Esse últim o teve trinta filhos, chefes de trinta cidades, cham adas H av ote-Jair ("a s dez cidad es de ^ a ir"). O fato de cavalgarem trinta ju m en tin h os, 4, indica sua elevada posição social. 6-18. A sexta apostasia e servidão. Um desvio m uito grave, 6, provocou o castigo dos filisteus e dos am onitas, 7-9; depois o clam or aflito de Israel, 10, e o arrep en d i mento, 15-16, mas contínuo castigo, 17-18.
se d eixar d eter por ela) que proibia essa prática (Lv 20.2-3), especialmente diante da concordância da própria filha, 36. Além do m ais, o pesar extrem ado de Jefté, 35, e o fato de nada na narrativa m ostrar que tal conduta foi sancionada pelo Senhor corro bora a hipótese de que de fato houve um sacrifício. A filha de Jefté pediu algum tem po para "c h o ra r", 37, pois m orrer sem fi lhos era a m aior desgraça que uma mulher hebréia podia sofrer. Alguns sugerem que o cum prim ento do voto foi sua virgindade perpétu a, m as o texto parece indicar que ela morreu nas mãos do próprio pai.
11. Jefté liberta o povo dos amonitas
12. A guerra de Jefté contra Efraim
1-11. Jefté é rejeitado, m as depois chama do à liderança. Jefté era um hom em de gran de coragem, mas de origem impura, 1. Ex pulso pela família, foi para Tobe, distrito da Síria, ao norte de Gileade na Transjordânia. Ali se tornou um proscrito errante. Quando rebentou a guerra contra Am om, um povo da T ran sjord ân ia cen tral cuja capital era R abá-A m o m (a m o d ern a A m ã), Je fté foi cham ado de volta pelos anciãos de G ilea de e feito com andante. 1 2 -2 8 . A s n e g o c ia ç õ e s de Je f té com Amom. Ele revelou tato, sabedoria e habi lid a d e d ip lo m á tica , m as n ã o c o n se g u iu evitar a guerra. 29-40. O voto de Jefté e seu cumprim en to. N a vésp era da b atalh a, 29, Je fté (que significa "ele ab re") fez o seguinte voto. a p rim e ira p esso a que sa ís se da su a casa para recebê-lo no seu vitorioso retorno, 30, seria do Senhor, sendo oferecida "em ho locausto", 31 (heb. 'olah, "um a oferenda que so b e"; cf. Lv 1). Há controvérsias sobre se houve ou não sacrifício hum ano, pois a fi lha única e solteira de Jefté foi a prim eira pessoa a saudá-lo na volta do herói à sua casa em M ispa, 34-35. A queles que crêem que houve de fato sacrifício alegam . (1) os termos explícitos da narrativa, 31; (2) o pas sado metade pagão de Jefté, que, ao recor rer ao extrem o de prom eter um sacrifício hum ano (cf. 2Rs 3.27), seguiu um costume pagão sem ter ciência da lei mosaica (nem
1-7. O castigo dos briguentos efraim i tas. Essa tribo, situada a oeste do Jordão, ex ib e um e sp írito de d isp u ta s e c tá ria e in to le r a n te . O p o v o te v e u m a a titu d e ig u alm en te b elig eran te d iante de G ideão (Jz 8.1). M as em flagrante contraste com G ideão, Jefté exibiu um a atitu d e egoísta, org u lh osa e p resu n ço sa de sectarism o e p ro v in cia n ism o . ‘‘Eu e o m eu p o v o ", 2; "ch am eí-vos", 2; "V endo eu", 3; "arrisque/ a m inha vid a", 3. O resultado foi disputa e g u erra e n tre irm ãos, m o rte e am arg as e d u ra d o u ra s rix a s, tão c a ra c te rís tic a s de cren tes que perderam o senso da un id a de do C orpo de Cristo (IC o 12.13; Ef 4.16). Na grande disputa que se seguiu, quan do os e fra im ita s tentaram v o lta r ao seu próprio país cruzando os vaus do Jordão con trolad os pelos gileaditas, aqueles que pronunciavam sibboleth (trocando "sh " por " s " ) em vez de sh ih boleth (que sig n ifica "esp ig a de trig o ") eram facilm en te reco nhecid os e m ortos. Os efraim itas falavam um d ialeto lig eiram en te d iferen te do h e b ra ic o , e p o d ia m ser in sta n ta n e a m e n te identificados pela sua incapacidade de ar ticular o som do "sh ". 8-15. Os juizes Ibsã, Elom e Abdom. Es ses fo ram os ch a m a d o s ju iz e s m en o res (cf. 10.1-5), que talvez d esem p enh assem fu n çõ e s a d m in istra tiv a s e ju d icia is, m as e v id e n te m e n te ja m a is re a liz a ra m feito s m ilitares com o os outros juizes.
[ 142 ] Juizes
13. A dominação filistéia; nascimento de Sansão 1. A sétima apostasia. Israel ficou entre gue ao jugo dos filisteus durante quarenta anos. N ão hou ve clam or ao S en h or nem registro de arrependim ento. Essa foi a últi ma e, ob viam en te, a m ais g rav e a p o sta sia. Também a libertação foi som ente par cial e imperfeita, 5, com o o foi a carreira de Sansão. O s filisteu s eram profundam ente religiosos, celebrando suas vitórias na casa dos seus ídolos (ISm 5.21). Dagom ("trig o") era um d eu s da v egetação ad orad o ta m bém em U g a rite e e n tre os p rim itiv o s am orreu s. Eles tam bém ad orav am A starote (ISm 31.10), que correspondia à an ti ga deusa assíria da fertilidade, Istar, além de B a a l-Z e b u b e (" s e n h o r d as m o sc a s "), um a sarcá stica d isto rçã o de B a a l-Z eb u l, ("sen h o r da m orad a ce le ste ", 2R s 1.2). O filistism o, portanto, rep resen ta um a m is tura de religião com paganism o, sincretismo totalm ente inaceitável na adoração do D eus verd ad eiro. 2-23. Filistism o vs. nazireado. Quem de veria lib ertar, 7, Israel dos filisteu s? Um nazireu, ou "s e p a ra d o ". Ver os com en tá rios sobre o voto do nazireu e a p u rifica ção da contam inação em Nm 6.1-21. N ão só o libertador deveria se conservar num a sep a ra çã o n a z irita d esd e o n a sc im e n to , m as seu s p ais tam bém d ev eriam ser se p a ra d o s, 2-14, e co m o co n se q u ê n c ia da visão de Deus deveriam confiar no poder de Deus. O anjo do Senhor, 3-23, era o Cris to pré-encarnado, o m esm o que apareceu a M oisés na sarça (Ex 3.1-8) e a Josué nas cercanias de Jericó (Js 5.13-15). 24-25. Nascimento de Sansão. Sansão (heb. Shimshon, "pequeno sol") nasceu quando sua tribo, Dã, 2 (cf. "M aané-D ã", "acam pam en to de D ã") vivia no sudoeste, perto da Filístia. Mas tarde, a expansão dos filisteus for çou a tribo a migrar para o norte (Jz 18).
14. Primeiras proezas de Sansão 1-7. Sansão m ata o leão. Sansão deu o prim eiro passo no sentid o de com prom e ter o voto de nazireu, 1. D esceu à cidade
filistéia , on d e caiu em ten tação , 1-2, por causa do desejo por um a m u lher de Tim na. Porém o Senhor anulou o erro de San são para m ostrar seu poder, 4. Em virtude da condição de nazireu de Sansão, o Espí rito de D eu s d esceu sob re ele p o d e ro sa m en te, com o e le sem p re age n u m a p e s soa s a n ta s e p a ra d a p a ra D eu s. S a n s ã o despedaçou o leão só com as mãos, 6. Mas e m b o ra o n a z ire u de fa to e x p lo r a s s e e c o n q u is ta s s e S a ta n á s , p o r a ssim d iz e r, n u m a fre n te , v ira v a p re sa d os a rd is de Satanás na outra, por se deixar levar pela paixão à m ulher tim nita, 7-8. 8-9. M el no esqueleto do leão. Na sua v ia g em p a ra to m a r a m u lh e r com o sua esp osa, Sansão, o nazireu , d esv iou -se do cam inho para olhar a carcaça de um leão. A li e n co n tro u ab elh as e m el, e rasp o u o m el com as m ãos. Essa foi um a violação direta do voto do nazireu, que proibia contato com ca d á v eres. 10-20. Proezas ap esar das falhas. Essa prim eira arriscada aliança com os filisteus, em bora proporcionasse ocasião para a exi bição da força de Sansão, acabou em fra casso e frustração. Sua m ulher prom etida o irritou e enganou, e os filisteus o supera ram em sagacid ad e.
15. Sansão em conflito contra os filisteus 1-8. A vingança de Sansão. O casam en to, que Sansão cria ter selado, era do tipo antigo, no qual o m arido ia apenas periodi cam ente v isitar a esp osa, que contin u ava m orando na casa dos pais. O cabrito apa re n te m e n te era um p re sen te co stu m e iro em troca da intim idade sexual (Gn 38.17). As 300 raposas (chacais) com tochas am ar rad as às cau d as que foram soltas nas v i nhas e cam pos de cereais dos filisteus eram ap arentem ente pura vingança, não in sp i rada pelo E spírito de Deus. Os apuros de Sansão foram obra sua, com o sem pre o é a contam inação pelo filistism o. 9-13. Am arrado pelos seus. Seus própri os irm ãos israelitas, am edrontados, am ar raram Sansão para entregá-lo aos filisteus. Lei, 9, 14, significa "q u eixad a".
Juizes [ 143 ]
Rufnas do santuário em Dã. Na sua migração rumo ao norte, os danitas roubaram o santuário de Mica. 14-17. Bravura com uma queixada de ju mento. Em Ramate-Leí ("a colina da queixa da"), 17, Sansão matou mil filisteus. M as sa b iam ente livrou-se da queixada depois de concluir a proeza, para que ela não se tor nasse um a cilada com o a estola sacerdotal de Gideão (Jz 8.27). M uitas vezes o instru m ento da bên ção de D eus é louvad o, em vez do próprio Deus que usa o instrumento. 18-20. A oração de Sansão é atendida. A sed e de San são e o fato de o S e n h o r ter fend id o a cav id ad e de Lei para que b ro tasse água em En-H acoré ("A fonte daque le que c la m o u ") ilu stra m a p ro v isã o de D eus para seu servo, que nele confiou na n ecessid ad e. A ssim ele foi fo rtalecid o ao en fren tar a vingança dos ou tros filisteus.
16. Sansão e Dalila; a morte do herói 1-3. Sansão em Gaza. Três mulheres filistéias assom braram o nazireu Sansão, d re n an d o-lh e a força esp iritu al e fin alm en te provocando a sua ruína — a mulher timnita, 14.1-4, a prostituta de Gaza, 16.1-3, e Dalila, 16.4-20. Cada um a a seu m odo obscureceu o poder do nazireu, lançando sobre ele a som bra negra do pecado que o destruía.
Revelações arqueológicas A Pentápole filistéia. Durante o período dos juizes, os filisteus eram governados por um a con fed eração das suas cinco cidades m ais im portantes: Gaza, Ecrom, Asquelom, G ate e A sd od e. O gru po g ov ern an te era composto de cinco "senhores" (seranim) que detinham total autoridade militar e civil. 4-19. Sansão e D alila. Dalila, o instru m ento da queda de Sansão, é análoga ao m u n d o n o s seu s asp ecto s relig io so e de prazer am oroso — m undo que, com o essa m ulher ardilosa, tenta desviar o verdadei ro nazireu da sua separação para D eus, o poder secreto da vida do crente. M últiplas eram as astutas sutilezas de D alila, exem p lificad as aqui na capacid ade de p ersu a dir a vítim a a revelar-lhe o segredo da sua força, 4-17. O segredo era a condição de na zireu de Sansão, separado para Deus. E quan do os seus cabelos, sím bolo da separação nazirita, foram cortados, fugiu-lhe a força. 20-25. Consequências de Sansão ter vio lado o nazireado. (1) Ignorância da sua im p o tên cia esp iritu al. Ele não sabia que sua força lhe havia fugido, 20. (2) Foi feito prisio neiro dos filisteus. (3) Perdeu a visão. (4)
[ 144 l Juizes
Foi escravizado pelos filisteus, 21. (5) Tornou-se escândalo e meio de glorificação de um deus pagão, não mais do Senhor, 23-25. (6) T om ou-se alvo de zom barias dos filis teus, e palhaço religioso, 25. Sobre Dagom, ver com entários sobre Jz 13.1. 26-31. Morte de Sansão. Numa trágica iro nia, a história de Sansão termina com sua morte heróica, quando, atendendo sua últi ma oração, Deus lhe restituiu a força para que ele pudesse m atar m ais "n a sua morte do que os que matara na sua vida", 30.
Revelações arqueológicas O longo cabelo de Sansão e sua força associada é um tema com um na literatura antiga. O s p o d e ro so s g u e rreiro s a q u eu s eram cognominados "de longos cabelos" na Ilíada. A força de Febo, um dos deuses da Ilíada, está associada ao seu cabelo intoca do. Enquidu, na Epopéia de G ilgam és, da m esma form a tinha "cab elos longos com o um a m u lh e r". San são p erm a n ece ú n ico , porém, já que a Bíblia deixa claro que sua força vinha "do Espírito de Deus que dele se apossava", e não dos longos cabelos.
17—18. A idolatria de Mica e dos danitas 17.1-13. Mica e o levita. A história da migra ção dos danitas é precedida pela história de Mica e sua idolatria. Ao receber de volta o di nheiro que Mica lhe havia roubado, 2-3, sua mãe tomou duzentos siclos para fazer várias imagens sob o pretexto de devoção ao Senhor, 4. Mica também tinha um santuário idólatra, e fizera uma estola sacerdotal (uma imagem) e "ídolos do lar", e segundo o espírito daquela época sem lei nomeou um dos seus filhos sa cerdote, 5-6. Quando um sacerdote levita che gou de Belém de Judá, cerca de onze quilóme tros ao sul de Jerusalém, Mica o persuadiu a trabalhar como capelão do santuário. Esse acordo humano e ilícito, que revela a aposta sia espiritual da época, foi ignorantemente alar deado por Mica como razão de bênção divina. 18.1-31. A migração danita. Os danitas na sua m igração rumo ao norte (cf. Js 19.40-
47; Jz 1.34; 13.2), sob pressão dos filisteus, roubaram o santuário de M ica, levando in clusive o sacerdote levita, 16-20. Essa é ou tra p ro v a da a b o m in á v e l a p o sta sia e da con fu são p o lítica do p eríod o (cf. Js 17.6; 18.1; 19.1; 21.25). Além disso, o objetivo de todo o ap ênd ice de Ju iz es (caps. 17-21) é m o strar a profun da corrupção interna de Israel. O levita não se opôs a essa flagran te injustiça contra M ica, pois para ele tra zia v a n ta g e n s p e s so a is . As o b je çõ e s de M ica co n tra esse u ltra je fo ram feita s em nom e da religião. Seus esforços por recu p erar o que p erd eu d eram em nad a, 26. Os caps. 1 7 —18 m ostram a corrupção reli giosa de Israel. O s caps. 1 9 —21 m ostram o vácuo m oral e politico do período.
19—21. 0 crime de Gibeá e seu castigo 19.1-30. O ato de luxúria e violência. Esse capítu lo relata fielm ente as terrív eis con s eq u ên cia s do a fa sta m e n to de D eu s (cf. Rm 1.26-32; 2Tm 3.1-5). A dotando os cos tu m es can an eu s, Israel afu nd ou na fossa da v io lê n c ia e da im o ra lid a d e can an éia. Sem elh an te ab om in ação freq u en ta a a tu al apostasia m undial (Lc 17.28-30). O cri me dos b en ja m ita s de G ibeá m o stra que a cidade havia descido ao n ível de Sod o ma (G n 19.1-14). 20.1-48. A safra de guerra e m ortes. Os chefes israelitas se reuniram em M ispa, ci dade na fronteira norte de Benjamim, para decidir as m ed id as a tom ar, 1-7. R esolv e ram castigar os culpados com a morte, 1213. C om o os b e n ja m ita s se re cu sa ra m a entregar os crim inosos, eclodiu um a terrí vel guerra civil, com a m orte de m ilhares. Colheu-se um a trágica safra (cf. G1 6.7). A tribo culpada foi quase exterm inada. 21.1-25. O arrependimento em relação a Benjam iih Os habitantes de Jabes-G ileade foram esm a g a d o s e as v irg en s re m a n e s cen tes, d ad as com o esp osas aos so b re v i ven tes de B en jam im , 1-15. B en jam im foi re sta u ra d o com o trib o e o u tra s e sp o sa s foram p in çad as d en tre as d an çarin as do festival anual de Siló, 16-22. Juizes termina com a nota da ausência de lei da época, 25.
Rute A harmonia entre romance e redenção Posição no cânon. Essa bela história de amor e redenção está intimamente associada a Juizes. Os fatos acontecem durante o mesmo período, c. 14001050 a.C. (Rt 1.1). Portanto, Rute vem corretamente depois de Juizes. Seu lugar na Bíblia hebraica é na terceira divisão do cânon triplo, entre os cinco livros mais curtos chamados Megilloth ou Rolos (Cântico dos Cânticos,: Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester). Foi aparentemente transferido da segunda à terceira divisão por razões litúrgicas, pois a imagem do campo de colheita adaptava-se à festa da colheita.
Autor e data. O autor é desconhecido, mas como a genealogia é levada até Davi (4.17,22), parece que foi escrito por um autor inspirado durante o reinado de Davi (c. 1010 a.C.). Situá-lo mais tarde, especialmente depois do Exílio, é basear-se em critérios críticos discutíveis. Tipologia. A rica tipologia subjacente desse idílio faz de Rute mais que uma história pastoril de amor. É um elo importante no desenrolar do relato da redenção, apresentando emblematicamente o Senhor como o grande Resgatador em geral, mas particularmente como
esse aspecto do seu caráter glorioso afetará Israel, o povo da sua aliança, na sua futura restauração. Apresenta um elo importante na família messiânica, da qual o Senhor surgiu cerca de 1.100 anos mais tarde.
Esboço 1 Rute decide pela fé 2 Rute recolhe na graça 3 Rute em fraterna comunhão 4 Rute repoUsa no resgate
[ 146 ] Rute
1. Rute decide pela fé 1-5. Noemi e seus infortúnios. Esse livro é um a bela história que ensina lições m o rais. M as é mais que isso, pois trata da re denção. Com o rom ance de redenção, p re figura num sentid o abençoad o os m odos com o Deus provê à nação de Israel, e des se aspecto su rgirá sua m en sagem , assim identificando-se com o um estágio do amor re d e n to r de D eu s p e lo m u n d o . N o e m i ("agrad ável") retrata Israel, o povo eleito. Sua felicidade em Belém ("casa de p ã o "), casada com Elimeleque ("m eu deus é rei"), retrata a prosperid ad e de Israel na terra, casado com o Senhor, fiel a ele, e d esfru tando sua graça e bênçãos. Os pesares que se abateram sobre N oem i, com o consequ ência da fom e, representam o fracasso es piritual e o castigo que assolou a terra. A m igração forçada para M oabe, uma nação pagã, inicia a dispersão m undial de Israel. A m orte do m arido de N oem i num a terra estrangeira ilu stra a rejeição da n ação is raelita durante os séculos de sua ausência na terra, sua v iu v ez e sep a ra çã o do seu marido, o Senhor (cf. Is 50.1-3). A m orte de Malom ("doente") e Quiliom ("languescente ") no p aís estran geiro p ren u n cia as tri b u lações e calam id ad es que en v o lv eram Israel (N oem i) em m eio aos gentios, onde su a co n d iç ã o é d e s e s p e r a d o ra . R u te e Orfa, esposas m oabitas de M alom e Q uili om, ficaram viúvas. 6-18. Rute e sua decisão. O fato de N oe mi ter ouvido que "o S e n h o r se lem brara do seu povo, dando-lhe p ão ", 6, e seu pla no de v o lta r à te rra su g ere o tem p o em que o Israel d isperso se volta à sua casa, 7. Orfa, que ficou em M oabe, representa a m assa d escre n te da n ação que p re fe rirá perm anecer entre as nações no dia do re torno de Israel à sua terra. R ute, porém , p o n d o -se ao lad o de N o em i, b ela m e n te retrata a lim itada porção fiel da nação — esses que confiam na provisão de D eus e que, por fim , encontram o p oderoso Resgatad or, p e lo q u a l h e rd a rã o as b ên çã o s prometidas. Tanto O rfa quanto Rute repre sentam a nação d isp ersa e descrente. Em tal condição de re je ição n acio n al, caíram
na m esm a situação dos gentios — Loam m i ("N ão-M eu -P ov o ") (Os 1.9). A diferença é q u e O rfa p e rm a n e c e u n e s s a c o n d iç ã o , en q u a n to R u te d eu o p asso da fé que a lev ou não só a in corp o rar-se ao povo do Senhor, A m m i ("m eu povo"), m as de fato a to rn a r-se an ce stra l de C risto. 19-22. Noem i e Rute na terra. Voltando a Belém , N oem i ("a g ra d á v el", o que deve ter sid o n a fé) ch a m o u -se M ara ("a m a r g a ", o que seria na volta à terra d escren te). O tem po indicado é o "p rincíp io da sega da cevad a", 22, que significa o fim de uma era (M t 13.30, 39). Q uand o vier esse fim , d epois de a igreja ter sido glorificada, Is rael, com o N oem i, com os cren tes rem a n escentes ju n to s dela e representados por Rute, voltarão à terra (cf. Is 6.13; 10.21-22; M q 4.7; S f 3.7 etc.).
O campo de Boaz, nas redondezas de Belém
Rute [ 147 I
2. Rute recolhe na graça 1-17. R ute recolhe no cam po de Boaz. Boaz ("n ele há fo rça"), parente de N oem i, é a p re s e n ta d o co m o "s e n h o r de m u ito s b en s" 1. Ele tipifica o Senhor Jesus Cristo, o rico. C om o aq u ele "n o qual h á *fo rça ", B o az re tra ta o R e sg a ta d o r. O d e se jo de R ute de re co lh er as so b ras no cam p o de Boaz, a fim de en con trar graça aos olhos desse hom em , 2-3, representa o anseio dos re m a n e s c e n te s no fin a l d o s te m p o s de b u scar o Senhor, o R esgatador, e de v as cu lh ar as E scritu ra s para e n c o n trá -lo na graça. O fato de Boaz ter vindo de Belém , 4; o fato de ter notado e dem onstrado bon d ade para com R ute, 5-9; as p alavras b e nignas que dirige a ela, 11-12; e a provisão que lhe dá, 13-17, m ostram o interesse do R esg atad o r de Israel p elo s cren tes rem a n e s ce n te s da n ação . 18-23. Rute sabe sobre Boaz. Voltando a Noemi com o que recolheu no campo, Rute fica sabendo algo sobre Boaz. Ela só o co nhecia, porém , com o "p a ren te ch eg ad o e um dentre os nossos resg atad ores", e não com o o R esgatador, 20. Essa outra revela ção Rute só saberia pelo próprio Boaz. En tão Israel não saberá a h istó ria com p leta do B oaz d iv in o até que ele se rev ele em g raça e p o d er aos rem an e scen tes do seu povo na sua segunda vinda (cf. Zc 12.10-13; Is 60.1-22; Os 6.1-11; 14.4-9; Rm 11.26-36).
3. Rute em fraterna comunhão 1-13. Boaz garan te o resgate de Rute. N oem i instrui Rute acerca do costum e do resgate, 1-5, segundo as regras de Lv 25.2528 e do casam ento de um cunhado (Dt 25.512). Rute aceitou as orientações de Noemi, 5, e lhe ob ed eceu , 6. O o b je tiv o era " r e p ou so", 1. Tendo Boaz descoberto Rute, ela se deita aos pés dele, 1, 8, viven cian d o a verd ad e de que só se pode en co n tra r re pouso aos pés do R esg atad o r, tan to para o crente individualm ente (Lc 10.38-42) quan to p ara a n ação de Isra e l co n v e rtid a (Is 59.20; Rm 11.23-29) quando a nação experi m e n ta r a re d en çã o do R e sg a ta d o r e e n trar no rep o u so do rein o. O tra b a lh o de
Boaz alim pando cevada na eira, 2, quando Rute o procura para reclam ar sua bênção, prenu ncia o trabalh o do Boaz divino (Mt 3.12), quando, na segunda vinda, Ele sepa ra o seu povo enqu anto os crentes rem a n e sc e n te s, com o R u te, b u sca m lu g ar de repou so aos pés do Redentor. 14-18. R ute relata o que aco n teceu a N o em i e p ro cu ra o re sg a te p ro m etid o .
4. Rute repousa no resgate 1 -8 .0 parente mais próximo renuncia ao seu direito. À porta da cidade, 1 (Gn 23.10,18), o local hab itu al de transações com erciais, Boaz diz ao parente mais próxim o que ele não p o d e leg a lm en te resg atar a p ro p rie dade sem tam bém se casar com Rute. Isso o parente não podia fazer, provavelm ente p o rqu e já era casad o. C riar um filho em nom e de ou tro com p licaria a questão da herança dos bens. O resgatador não iden tificado poderia resgatar a terra, mas nada poderia fazer pela pobre estrangeira. O ato sim bólico de tirar o calçado, 8, não estava ligado ao regulam ento de D t 25.8-10, onde o ato servia para hum ilhar alguém que se recusasse a aceitar o levirato. Aqui o cal çado sim boliza o direito do proprietário de calcar o pé na terra (SI 60.8) e o ato de tirálo sim boliza a cessão dos direitos de posse a outrem . 9-17. Boaz efetiva o resgate e casa com Rute. Rute, a m oabita, com o consequência do ato de Boaz, 9-10, foi oficialmente aceita em Israel pelos representantes da cidade, e Deus sancionou o ato de resgate na ferti lidade de Rute, 13-17. O casam ento repre senta a consum ação do resgate da terra e do povo, quando os rem anescentes resga tados tom am posse das bênçãos do repou so do reino (cf. Is 4.1-6; 11.1-16; Zc 8.6-8). 18-22. G en ealogia m essiân ica. A lista a b rev ia d a vai de P erez, an te p a ssa d o da fam ília real de Ju d á (Gn 38.29), que tam b ém n a s ce u do le v ira to , até D av i. E sse aponta o verdadeiro rei teocrático, o M es sias (cf. lC r 2.5; 9.4; M t 1.3-6). Assim, numa h istó ria sim p les, e n trela ça -se o plano de D eus para o resgate do m undo e a restau ração do seu povo, Israel.
1 Samuel Dos juizes aos reis Natureza do livro. Considerados um só livro na Bíblia hebraica, 1 e 2Samuel trazem alguns dos téxtos históricos mais perfeitos de toda a literatura. Compostos principalmente como
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biografia histórica, essas Prenunciam também a narrativas diferem dos vinda do verdadeiro rei de documentos da mesma Israel (cf. Nm 24.17-19 e época (assírios, egípcios, 1Sm 2.10) e o estabeleci hititas) por não serem mento do reinado do meros eventos assinalados Messias (At 1.6). na linha cronológica. Os próprios eventos são Autoria e autenticidade. enfatizados, e as repercusEmbora Samuel não seja sões morais e espirituais apontado como autor, desses livros têm elevado talvez tenha sido co-autor valor ético e didático. Do ao lado de Natã e Gade (cf. ponto de vista profético, 1Cr 29.29). A controvérsia são também importantes da alta crítica de que 1 e porque narram a funda2Samuel são compostos de ção do reino de Israel com várias tradições discordantes Davi. Esses eventos não se sustenta diante da prenunciam a vinda do análise cuidadosa e da reino de Israel sob o exegese espiritualmente Tcomando desensata Davi. dos livros.
Esboco 1— 7 Magistratura de Samuel 1— 3 Infância e chamado de Samuel 4— 6 Captura e devolução da arca 7 Israel reclama um rei 8—31 Reinado de Saul 8— 15 Ascensão de Saul 16— 31 Ascensão de
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Monumento em Cafarnaum que retrata a arca da aliança.
1. Nascimento e infância de Samuel 1-18. A oração e o voto de Ana. Dão-se os ancestrais de Samuel, 1-2. A obra soberana de Deus é vista no nascim ento da criança. Para casos sem elhantes de nascim entos incom uns de filhos de m ulheres estéreis, cf. Sara (G n 17.16-19), R ebeca (Gn 25.21-26), Raquel (Gn 29.31; 30.22-24), a mãe de Sansão (Jz 13.2-5) e Isabel (Lc 1.5-17). A oração e a consagração de Ana foram respondidas. 19-28. N asce Sam uel e é consagrado a D eus. O nom e Sam uel ("p ed id o a D eu s") foi dado à criança, com o sím bolo da fideli d ad e do S e n h o r ao a te n d e r a o ra çã o de Ana. A criança foi desm am ada e apresen tad a a Eli, o sacerd ote, no san tu ário cen tral de Siló (Seilun), em Efraim , a leste da estrad a p rincip al de Siquém a Jeru salém .
2. A queda da família de Eli 1-11. A ode de Ana. E um inspirado cân tico de louvor ao Senhor, 1-3, que celebra seu poder e graça na libertação, 4-8, com um vislumbre profético do dia futuro do Se
nhor, precedend o o verdadeiro Rei de Is rael e o estabelecim ento do seu reino, 9-10. 12-36. A queda da família de Eli. A deca dência moral e a ausência de lei do período dos juizes estão retratadas na fraqueza dis ciplinar de Eli e na flagrante impiedade de seus filhos, Hofni e Finéias, 12-17. Enquanto amadurecia a condenação da família de Eli, a graça de Deus se manifestava no menino Sam uel, que m inistrava em Siló, 18-26, em meio à crescente frouxidão de Eli e da im o ralidade de seus filhos, 22-25. Deus enviou um profeta para anunciar a ruína dos sa cerd otes pecad ores, 26-36.
3. 0 chamado de Samuel 1-18. O cham ado. Por causa do pecado que g rassava em m eio ao povo de D eu s, "a palavra do S e n h o r era m ui rara; as vi sões não eram frequentes", 1. O cham ado de S am u el, 1-9, é seg u id o da m ensagem do Senhor, 10-18, m anifestada na graça di vina de suprir a necessidade de um instru m ento hu m ano pelo qual se tran sm itisse a p alavra de D eus.
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19 -2 1 .0 m inistério profético de Samuel. De Dã, na fronteira setentrional de Israel, até Berseba, na fronteira m eridional, todo o Israel soube que Deus escolhera um ins trum ento hu m ano de revelação.
4. Condenação da casa de Eli 1-22. A morte de Eli e seus filhos. Os filis teus (v. Jz 13) foram os agentes humanos do cumprimento da profetizada condenação de Eli e seus filhos (ISm 2.26-36). Israel confiou na arca (v. comentários sobre Ex 25.10-22) e não n aq u ele que a arca re p re sen ta v a . A substituição da realidade espiritual pelo ritualismo sem pre levava à dominação pelos "filiste u s", com trágicas consequências — (1) morte espiritual, aqui exemplificada pela morte física dos sacerdotes Eli, Hofni e Fi néias; (2) perda da presença espiritual do Senhor, a Shekinah, sendo Icabô ("ausência de glória" ou "lam ente-se a perda da gló ria") o resultado (cf. SI 78.60-61). Isso é indi cado pelo nome que a viúva de Finéias deu ao filho recém-nascido.
Revelações arqueológicas Siló ficava 14 quilóm etros ao norte de Betei. Essa espécie de ponto central da reli gião tribal (santuário) tem num erosos p a ralelos em antigas culturas extrabíblicas. Cf. A anfictionia délfica, na Grécia, a anfictionia etrusca, na Itália, o templo do deus da lua, Sin, em Harã, e o santuário de Béltis-ekalli, em Qatna, além dos templos de Nínive, As sur e Nipur. A destruição de Siló (c. 1050 a.C.) é confirm ad a p elas e scav a çõ es d in a m a r quesas no sítio. (Cf. Jr 7.12-15; 26.6-7).
5—6. A arca entre os filisteus e sua volta 5.1-5. A arca no templo de Dagom. Dagom (cf. heb. dagan, trigo) era venerado na Palestina com o deus da colheita. Seu culto é ate stad o ab u n d an te m e n te p elas ta b u inhas re lig io sa s en co n tra d a s em U g arite, no norte da Síria. M uitos locais foram batiz a d o s em h o m e n a g e m a e le (Js 1 5 .4 1 ).
Asdode era um a das principais cidades da pentápole filistéia, com posta tam bém por Gaza, G ate, Ecrom e Asquelom . A ceguei ra espiritual dos filisteus é vista na vene ração su p ersticio sa de D agom . 5 .6 —6.21. O senhor castiga os filisteus. T u m ores m alig n o s e um a p rag a de ratos (cf. 6.4, 11, 18) foram os castigos infligidos aos inim igos do Senhor e do seu povo. A praga talvez tenha sido a peste bubônica, freq u en tem en te tran sm itid a por ratos.
7. Samuel como juiz 1-8. A m ensagem de Sam uel. O juiz-profeta fez um cham ad o geral ao arrep en d i m ento genuíno pela idolatria cananéia. Os baalins eram im agens da grande d ivin d a de sem ítica da fertilidade da região n oro este, B aal ("se n h o r"), e os astarotes eram réplicas de Astarte, deusa do am or sexual e da fertilid ad e, 3-4. A libação com água (g eralm en te se fazia com vinho), 6, m o s tra a preciosidade da água para um povo que vive em região árida. 9-14. A vitória em Ebenézer. Sobre a im portância do holocausto im aculado que Sa m uel ofereceu , 9-10, ver co m en tário s so b re L v 1. O a r r e p e n d im e n to e a fé na red en çã o do S en h o r sem p re g eram um a m a n ife sta çã o do S e n h o r com o E b en éz er ("a pedra do auxílio"). 15-17. Resum o do m inistério de Samuel, o ju iz-profeta que circulava pelo país.
8. Israel reclama um rei 1-3. Fracasso do juizes. Sam uel com e teu o erro de nom ear seus filhos com o ju izes. Em bora possuíssem um a herança p i edosa, eram indignos, culpados de aceitar suborno e perverter a ju stiça. Essa gu ina da é tragicam ente irónica, pois Sam uel foi escolhido por Deus porque os filhos de Eli não segu iram as pegadas do pai. 4-22. A reivindicação de um rei. A velhi ce de Sam uel, a indignidade de seus filhos e o d esejo de ser com o as o u tra s n ações fo ram as razõ es ap resen ta d a s para a re clam ação de um rei, 5. O s m ales da m o n arquia foram salientad os por Sam uel, 7-
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18. D escren ça e o b stin ação foram a base da rejeição da teocracia, 19-22.
9—11. Saul é ungido 9 .1 —10.16. Unção de Saul. O fato de ter Saul saído em busca das ju m en tas p erd i das de seu pai, Quis, 1-10, possibilitou-lhe a o p o rtu n id ad e de e n co n tra r-se com S a muel, 11-25, e de vir a ser ungido rei pelo profeta, 10.1-16. 10.17-27. Bom começo de Saul. Samuel novam ente alertou o povo em M ispa a res peito do erro de rejeitar a teocracia, 17-19. Saul foi escolhido pela sorte, 20-22. Sua hu m ildade inicial, 21-22, sua aparência im po n en te e sua co n stitu ição física m ajesto sa faziam d ele um a escolh a p rom issora, 2324. Em bora o reinado de D eus tenha sido rejeito pelo povo, ele foi cuidadoso na es colha do rei. Sam u el estabeleceu o reino, 25, e Saul voltou a Gibeá, 26-27. 11.1-15. As vitórias iniciais de Saul. O insul to grosseiro de Naás ("serpente"), o amonita, 1-3, aos habitantes de Jabes, um a cidade de G ilead e, na Transjordânia, chegou aos ouvidos de Saul em Gibeá (o moderno Tell el-Ful, escavado por W. F. Albright), 4-5. Saul fora ungido pelo Espírito para libertar Israel ao modo dos primeiros juizes, 6. Ele convo cou Israel às arm as, 7, e con q u istou um a grande vitória sobre Am om e a aclam ação pública à realeza, 15. O reino foi assim reno vado em Gilgal, local sim bólico do autojul gam ento de Israel (v. com entários sobre Js 5.2-10). Esse evento também pode ter servi do com o cerim ónia de renovação da alian ça, com o fez Josué, em Js 24, e M oisés, em Dt. Saul fazia um bom começo.
12. Discurso de despedida de Samuel 1-15. Samuel proclama oficialmente o rei no. Samuel declarou sua integridade como profeta-juiz. Isso aconteceu em G ilgal, di an te da assem bléia de todo o Israel, 1-4. Ele afirmou que o Senhor e seu ungido (Saul) eram testem unhas de que ele (Sam uel) não dera ao povo motivo para aborrecer-se com o governo dos juizes, 5. Sugeria, assim, que
a culpa do desejo de monarquia recaía so bre o povo. O velho profeta-juiz assim re provava Israel pela sua ingratidão, 6-15, ao lembrar "os atos de justiça [do S e n h o r ]" , 7. Talvez se d evesse ler "S a n sã o " em lugar de "Sam uel", 11. Os motivos do povo para eleger um rei eram equivocados, 12. A mo narquia os exporia a m uitas tentações pe rigosas. S ó a obediência ao ideal teocrático poderia salvá-los das consequências, 13-15. 16-25. O sinal do Senhor para o pecado de Israel em pedir um rei. Trovões e chuva na colheita do trigo (final de junho e início de julho) eram raros, a ponto de ser tidos por m ilagre, especialm ente se vinham sem indicações prévias, mas som ente pela pa lavra do S en h or por m eio do profeta. O povo con sid ero u assim o acontecim ento, pediu a Sam uel que orasse por eles, e eles confessariam os m otivos errados ao recla m ar um rei.
13. Primeira grande falha de Saul I-10. A obstinação de Saul. No primeiro ano de Saul, 1, aconteceram os eventos dos caps. 9, 10 e 11. No segundo ano, sua habili dade para ser rei foi duramente testada por um a form idável invasão dos filisteus, 2-7. Será que ele confiaria em Deus e obedece ria à sua palavra transm itida por Samuel? Jônatas, o filho de Saul, 3, bastante diferen te do pai, confiou. Mas Saul exibiu flagrante d escrença e d esobediência ao introm eterse no ofício do sacerdote em Gilgal (justo Gilgal! Ver comentários sobre Js 5). Ele, um b en ja m ita , ofereceu os sa crifício s que só um sa cerd o te lev ita podia o fere ce r (Nm 16.1-3, 32-40). O ato era uma violação direta da lei de Deus, prova da descrença do seu coração e da sua inadequação para o pos to de rei do povo do Senhor. II-2 3 . A rejeição de Saul pelo Senhor é anunciada. A desculpa de Saul para Samuel, 11-12, revelou sua d escrença e d esobed i ência. A ssim , o profeta anunciou a inade q u a çã o de S au l e sua re je içã o com o rei, 13-14. A carreira subsequente do monarca indigno dem onstrou a futilidade de tentar d esem penhar a obra de Deus, sem a gra ça e as bênçãos divinas.
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Revelações arqueológicas O s filisteus detinham o m onopólio do ferro (ISm 13.19-22), o que lhes dava vanta gem m ilitar. A parentem ente, conseguiram junto aos heteus o segredo da fundição. Saul e Davi romperam esse monopólio com suas conquistas. O v. 21 deve ser lido. "E o preço era de um pim [dois terços de um siclo, apro xim adam ente 7,6 gram as] para as relhas e enxadas, e um terço de siclo para afiar ma chados e consertar aguilhadas". A idade do ferro se estendeu de 1200 a 300 a.C.
14. 0 heroísmo de Jônatas 1-23. A grande vitória de Jônatas. Jôna tas é um a das personagens m ais excelen tes da h istó ria sa g ra d a , fo rm a n d o fo rte co n traste com seu p ai, u m a im ag em de genuína fé v itoriosa, 6. O rei Saul estava cercado de um grupo num eroso, entre eles os parentes de Eli, m as m an ifestava d es crença. O S en h o r m ira cu lo sa m e n te o p e rou um terrem oto, sem ean d o con fu são e destruição entre os filisteus, 15-23.
Perto de Belém, pasto r ■" apascenta o reban ho . D avi tam bém cu id ava do re ban ho , qu ando Samuel fo i à casa de Jessé, para ungir o no vo rei.
24-45. A tola im petuosidade de Saul. Te m endo perder sua vantagem sobre os filis teus, Saul pronunciou um a m aldição con tra to d o a q u e le q u e co m e s s e a n te s do anoitecer. Foi ao m esm o tem po d esatento e precipitado ao d eixar de avisar Jônatas. Esse episódio m ostra com o ele era indigno de ser o rei do povo do Senhor. Saul ergueu um altar, m as seu pedido não foi atendido pelo Senhor, 35-37. A condenação de Jôna tas pelo próprio pai, 38-44, e a salvação dele p elo povo, 45, n ov am en te d em on stro u o caráter frágil e nada m ajestoso de Saul. 46-52.0 êxito de Saul e sua família. Assim mesmo, apesar da indignidade do rei, graci osamente e por amor ao seu povo, Deus lhe concedeu vitórias, 46-48. Registram -se a li nhagem e a família de Saul, em 49-52.
15. Segunda grande falha de Saul 1-8. Saul é incumbido de exterminar Ama leque. Sam uel apresentou a Saul a ordem específica do Senhor, 1, e a clara razão para o exterm ínio com pleto de Amaleque, 2-3. A obediência incompleta de Saul é ressaltada,
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4-8, tom ando-se novam ente evidente a sua obstinação. (Sobre A m aleque, ver com en tários a respeito de Ex 17.) Portanto, Saul foi desqualificado para liderar o povo de Deus. 9-31. Desobediência e rejeição de Saul. Ele poupou " o m e lh o r" e "o m elh or que ha v ia ", esquecend o-se de que nada dá carne é bom nem pode agradar a Deus (Rm 8.8), m a s p re c isa ser to ta lm e n te a n iq u ila d o , proscrito, d estruíd o em nom e da religião, i.e., exterm inad o pela ordem de D eus (Dt 20.16-18). Não é de adm irar que a palavra de rejeição do Senhor tenha sido novam en te (IS m 13.14) pronunciada, 10-11. Foi em vão a lacrim osa intercessão de Samuel pelo rei. A conduta de Saul, erigindo um monu m ento a si m esm o, 12, e as provas da sua leniência para com Am aleque sob pretexto de piedade, 13-15, com provaram sua culpa e clam aram a re je içã o d iv in a , a p esa r da sua defesa, 16-23. O arrependim ento super ficial de Saul, 24-25, só gerou um episódio d ram ático, 26-28, enfatizan d o a perda do reino no tocante à bênção de Deus. O orgu lho de Saul transparece irreprimível, 29-31. 32-33. D estruição de A gague. A m orte deve ser pronunciada sobre a carne e tudo o que a ela p erten ce para que a Palavra de D eus seja observada (Rm 8.13; Cl 3.5) e a vitória esp iritu al, alcançada. 34-35. Samuel se afasta de Saul. Samuel não voltou a visitar Saul em função oficial (cf. ISm 19.24 e 28.11). O rei rejeitado vol tou para seu rústico palácio em Gibeá (es cav ad o p o r W. F. A lb rig h t e situ a d o em cerca de 1015 a.C.).
16. Davi é ungido rei 1-13. A unção de Davi. A rejeição do rei querido do povo seguiu-se a escolha do rei querido de Deus, 1-2, cujo exílio e sofrimen tos são narrados nos caps. 16-31. Com o Jô natas, Davi era um homem de fé, de espírito m ajesto so , e com p letam en te su bm isso ao Senhor. Ele que seria o modelo do verdadei ro Rei de Belém de Judá ("louvor"), a tribo real (Gn 49.10). Samuel chamou Jessé e seus filhos para um a festividade sacrifical, 3-5, exam inou cada possibilidade, 6-10, e final mente escolheu Davi e o ungiu, 11-13. É ins
trutivo notar que, enquanto Samuel olhava a aparência exterior, Deus examinava o ínti m o, escolhendo adequadam ente. 14-23. O declínio de Saul. O Espírito de D eus afastou-se de Saul e um espírito m a ligno da parte do Senhor, 14, i.e., com a per m issão do Senhor, com eçou a atorm entálo. A soberania divina controla as forças do mal para os propósitos de Deus. Os crentes que te im o sa m en te rejeitam a P alavra de Deus sujeitam-se à influência demoníaca em maior ou menor grau (lTm 4.1; l jo 4.1-4; cf. M t 12.43-45). Saul recorreu à arte musical de Davi, à harpa, ou seja, à lira, 16-23, para mi tigar sua tribulação. Depois de cumprir sua m issão de suavizar os sofrim entos do m o narca, o jovem rei-pastor, não sendo mais necessário, voltou às ovelhas do seu pai. (Cf. 16.19-23 com 17.55-58, onde se supôs uma d iscrep ân cia. O atorm entad o Saul não se preocupou em d eterm inar com precisão a linhagem desse jovem músico até que este já estava prestes a se tom ar seu genro).
ÍMota científica O espirito maligno de Saul. A psiquiatria m oderna sugere que Saul talvez sofresse de um a grave doença m ental, com o a es quizofrenia, que assim explicaria seu com portamento errático. De modo nenhum isso reduziria a sua responsabilidade, pois a do ença de Saul veio com o resultad o de sua incredulidade ter sido condenada por Deus.
17. Davi e Golias 1-11.0 desafio de Golias. Os filisteus avan çavam , 1-3. A presenta-se G olias, de Gate, que lança um ímpio desafio ao povo do Se nhor e, conseqúentem ente, ao próprio Se nhor, 4-11. Ao desafiar e aterrorizar o povo de D eus por meio das doutrinas e práticas filistéias, esse gigante filisteu apresenta uma imagem de Satanás. Observe a predominân cia do número seis, 5-7, o número do homem sob influência satânica em oposição a Deus. Cf. também outro gigante (2Sm 21.20), a ima gem de Nabucodonosor (Dn 3.1) e o número do Anticristo, um triplo seis (Ap 13.18).
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12-30. Surge Davi. No sentido espiritual m ais profundo, Davi, cujo nom e significa " a m a d o " e tam b ém " l í d e r " (co m o d e m o n stram as p ro v as a rq u e o ló g ic a s das C a rta s de M a ri, d e s c o b e rta s em T el el ITariri no médio Eufrates, em 1933), apon ta para o Senhor Jesus. O fato de D avi ter sido enviado por seu pai, Jessé, 12-19; sua obediência, 20-27; o fato de ter sid o m al in terp retad o e in ju stam en te acu sad o p e los próprios irm ãos, 28-30, indicam aquele que o Pai enviou ao m undo e o tratamento que ele recebeu de seus irm ãos. 31-54. A vitória de Davi. Davi foi comba ter o gigante com a confiança da fé e a sa gacidade da sábia preparação (v. a seguir).
Revelações arqueológicas As fundas nas guerras do AT. Ao con trário da idéia infantil do estilingue, a fun da do p a sto r era um a arm a fo rm id á v el nos tem pos do AT. Jz 20.16 relata que os b e n ja m ita s c o n s e g u ia m a c e r ta r com a funda um alvo da espessura de um fio de ca b elo com a m ão e sq u e rd a ou d ire ita . Em Tell Beit M irsim e M egido desenterraram -se pedras de fundas de aproxim ad a m e n te d ez c e n tím e tr o s de d iâ m e tr o e peso de cerca de um quilo. P astores m o d ernos do O rien te M éd io já d em o n stra ram que a funda tem um alcance m áxim o de 183 m e tro s, e que as p e d ra s p o d em ser la n ça d a s a um a v e lo cid a d e de m ais de 160 quilóm etros por hora. 55-58. A pergunta de Saul. Veja com en tários sobre 16.14-23 quanto à alegada dis crep ân cia.
18—20. Davi foge de Saul 18.1-30. O am or de Jôn atas p o r D avi. Essa nobre amizade, 1-4, foi belam ente con trastada pelo negro pano de fundo da de m oníaca inveja de Saul, 5-16, e sua vil trai ção co n tra D av i, no to ca n te à su a filh a Merabe, 17-19, e sua outra filha, M ical, 2030. Esta última tornou-se esposa de Davi, apesar da cilada arm ada por Saul.
19 .1 -2 4 . S au l ten ta n o v am en te m atar Davi. Tão carente de princípios se tornara S au l que ten to u até fa z er Jô n a ta s m atar D avi, em vista do terno am or que existia entre os dois, 1-6 (cf. IS m 18.1). O rei insa no, ap esar da p ro m essa a Jô n a ta s, 6, foi dom inado pela sua fixação e tentou cravar Davi à parede com sua lança, 7-10. M ical, por meio de um ardil, 11-17, salvou a vida de Davi, e este, fugindo, foi ter com Samuel, 18-19. A graça de Deus estava com Saul, 2024, m as a desobediência foi sua ruína. 20.1-42. Jônatas protege Davi. Que bela h istó ria de am or d esin te re ssa d o ! O h e r d eiro ao trono, longe de sen tir ciúm e ou inveja de Davi, que de certo m odo era um rival na ocupação do trono, o am ava como a si m esm o (IS m 18.1). Ele m esm o era um herói, com o provou o seu corajoso triunfo sobre os filisteus (cap. 14). Ele tam bém ti nha elevado caráter, digno de um rei. Mas já havia aprendido a lição de que a vonta de de Deus vale mais, e D eus havia orde nado que D avi fosse rei. Tal atitude deve ser louvada com o adm irável m odéstia. A d ev oção de Jô n a ta s pelo seu rival é um a n a r r a tiv a e x tr a o r d in a r ia m e n te n o b re , um a das m ais belas da história.
21. Davi foge para Nobe e Gate 1-9. Davi em Nobe. Depois de deixar Jô natas, Davi fugiu para Nobe, não muito lon ge de Jerusalém, ao norte, onde Aimeleque, filho de Aitube (ISm 22.9), bisneto de Eli, era su m o Sacerd o te. F a m in to e d esarm a d o , Davi chegou no sábado e pediu comida. A fidelidade da Bíblia ao mostrar o lado sórdi do da p erson alid ad e de um a pessoa está ilustrada aqui na falta de fé de Davi e na sua m en tira, 2. Q ue co n tra ste em rela çã o ao Davi Maior (IP e 2.22)! Então Davi e seus ho mens com eram o pão consagrado, pão da proposição (cf. Mt 12.1-8; M c 2.23-28; Lc 6.15). Usando esse incidente da vida de Davi, o Senhor justificou a conduta dos seus discí pulos quando colheram e com eram espigas no sábado. Ele estava disposto a deixar de lado as ordenações legais judaicas para dar seu próprio e verdadeiro Pão da vida, de que trata o pão da proposição. (V. SI 34.)
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10-15. Davi em Gate. Novamente verifi ca-se um lapso na fé de Davi. Mais uma vez aparece seu lado sórdido, fingindo insani dade entre os inimigos do povo de Deus.
22. Davi em Adulão; a vingança de Saul 1-5. Davi arrebanha seguidores. O quar tel-general de D avi em A dulão, a sudoes te de B elém , to rn ou -se um a fo rta lez a , 4. Ele con fio u os pais à p ro teção do rei de Moabe. Leia SI 62 e 142. 6-23. A violência desesperada de Saul. Doegue, um estrangeiro inescru pu loso, agiu com o inform ante (v. 21.7). Saul cruelm ente chacinou toda a com unidade sacerdotal de N obe. Apenas A biatar escapou para infor m ar Davi, 11-19. D avi, portanto, sentiu-se na obrigação de proteger Abiatar, 20-23.
23. Davi liberta Queila 1-15. Davi liberta Queila. A biatar trou xera com ele um a estola sacerdotal (veste sa cerd o ta l que co n tin h a as so rtes sa g ra d as). U san d o-a, D avi receb eu a garan tia do auxílio divino para resgatar Queila, pou cos q u iló m etro s ao sul de A d u lão (IS m 22.1), das m ãos dos filisteus. Também com o uso da estola sacerd o tal, 6-12, D avi foi avisado para fugir de Queila, pois Saul pla nejava cercar a cidade e m atá-lo, 13-14. 16-29. D avi é caçado por Saul. Davi refu g iou-se em Zife, região rochosa e rem ota ao sul de Hebrom , 15, onde recebeu nobre visita de Jônatas, 16-17. Os dois firm aram um a aliança, 18. O s traiço eiro s zifeu s in form aram Saul da localização de Davi, 1924. Saul procurou Davi em M aom, um pou co ao sul de Zife, em H aquilá e Jesim om (Js 15.55) no Arabá, que aqui significa sim plesm en te "d e s e rto " ou "e r m o ", e n ão a depressão do Jordão-m ar M orto, 24-26. In vasões dos filisteus distraíram Saul, 26-27. D avi teve um m om en to de d escanso nos lu g ares seg u ro s de E n-G ed i, 29, na m a r gem ocidental do m ar Morto, a sudeste de H ebrom . O terreno rochoso com suas nu m e ro sa s ca v e rn a s p ro p o rcio n a v a e sc o n d erijos natu rais.
24. Davi poupa a vida de Saul 1-15. Davi poupa Saul no deserto de EnGedi. Depois do alívio da invasão filistéia, Saul retom ou nov am en te sua incansável p e rseg u içã o a D avi nas "p en h a s das ca b ra s m o n te se s", 2, uma d escrição vívida do d eserto que cerca En-G edi. N essa re gião, Saul entrou na caverna onde Davi e seus hom ens se escondiam . Davi recusouse a m atar "o ungido do S e n h o r ", 4-7, cortand o-lh e apenas a orla do m anto, 4. Ele agiu na fé, deixando que Deus cuidasse do seu in im ig o . A co n d u ta m a g n â n im a de D avi refletiu -se nas suas palavras a Saul, 8-15. "U m cão m orto", 14, era m enos que nada, pois um cão vivo era tido com des prezo n a q u eles tem pos. 16-22. A resposta de Saul a Davi. Saul ficou arrasado, m as no íntim o não estava arrependido, 16-19. Ele sabia que Davi fora escolh id o por D eus com o rei, 20, e supli cou que seu s d escen d en tes fossem p o u pados, 21-22.
25. Davi, IMabal e Abigail 1. O bituário de Sam uel. É breve, mas a b ra n g en te, e m o stra o g ran d e am or de todo o Israel por esse fiel hom em de Deus. 2-42. Davi recebe Abigail com o esposa. D avi fez um g esto p acífico para um rico c a le b ita , c u ja e s p o s a c h a m a v a -s e A b i g ail, 2-8. N abal ("b o b o ") to sq u iava o v e lhas no C a rm elo (Js 15.55), en tre Z ife e M aom , a su d e ste de H ebrom (não deve se r c o n fu n d id o com o m t. C a rm e lo , ao norte da p la n ície de Sarom , na costa do M e d ite r r â n e o ). In s e n s a ta m e n te , N a b a l rep eliu os h om en s de D avi, 9-11, e b a n cou o "b o b o ". A b ig ail agiu com sabed o ria, 1 4 -2 2 , e foi e n c o n tra r-s e com D avi, le v a n d o p ro v is õ e s p a ra e le e seu s h o m ens, im plorand o m isericórdia num d is cu rso n o ta v e lm e n te sag az, 23 -3 1 . N abal foi ferido por D eus e m orreu, 36-38. A bi gail to rn ou -se esp osa de D avi, 39-42. 43-44. Davi tam bém toma Ainoã por es posa. Ela era de Jezreel, o vale de Esdre lom . D á-se nota explicativa a respeito da relação entre M ical e Davi no v. 44.
[ 156]
1Samuel
En-Gedi, na costa oeste do mar Morto, à sudeste de Hebrom, onde Davi e seus homens se esconderam. No terreno rochoso há numerosas cavernas que podem ser usadas como esconderijos naturais.
26. Davi poupa Saul pela segunda vez 1-4. Os zifeus novamente trabalham con tra Davi (cf. 24.1-8). O s críticos consideram e sses a co n te cim e n to s co m o re la to s co n flitantes do m esm o fato. M as nu m erosos detalhes m ostram que são relatos v erd a d eiram en te co n fiá v e is de d o is a c o n te c i mentos distintos. Já tendo traído D avi uma vez, os zifeu s sabiam que a ú n ica form a de e sca p a r à ira de D av i seria a m o rte deste; portanto, continu am tentand o ob s tinadam ente en treg á-lo a Saul. 5-16. Pela segunda vez, Saul tem a vida poupada. Os p erson agen s desse in cid en te são co m p letam en te d ifere n te s dos de 24 .1-22. Su rg em A b n er, Jo a b e e A b isa i. E stes três e stav am d estin a d o s a d ese m
p en h a r um p ap el im p o rtan te n o rein ad o de D avi, reg istrad o em 2Sam u el. A im eleq ue, o h e te u , lo g ic a m e n te n ão d ev e ser c o n fu n d id o com o sa c e rd o te A im e le q u e (cap. 21). O s h e te u s q u e v iv iam n o p aís d esd e te m p o s re m o to s (G n 2 3 .7 ; Js 1.4) ad otaram n om es h eb reu s, com o U ria s, o heteu (2Sm 11.3). O s d etalhes da cena em que D avi poupa a vida de Saul, 7-12, são co m p leta m en te d ifere n te s d os de 24.4-5. D avi jocosam ente escarnece de A bner, 1316. Ainda hoje os beduínos gritam de lon gas d istâ n cia s d essa form a. 17-25. Encontro entre Davi e Saul. Davi n o v a m e n te d e s a fia S a u l a r e s p e ito d o e rro d e p ro c u ra r m a tá -lo “ co m o q u em persegue um a perdiz nos m o n tes", 17-20. A co n fissã o de Sau l, 21, e a b en ev o len te re s p o s ta de D a v i, 2 2 -2 4 , e stã o r e g is tr a das. A d eclaração de Saul a D avi, 25, era p r o fé tic a . " B e n d ito s e ja s tu , m eu filh o D avi; pois grand es cousas farás e, de fato, p r e v a le c e rá s ". A ssim tam b ém os in im i gos do D avi M aior, o Senhor Jesus, preci sam p ro fe ss a r su a in te g rid a d e e triu n fo (cf. M t 27.24; Fp 2.10).
27. Falha a fé de Davi 1-7. D escrença e desânim o. A queixa de D avi, 1, é com preensível no plano h u m a no e em v ista da longa e cru el p erseg u i ção que Saul m overa contra ele. O desâni m o da d escrença fez o ungido do Senhor procurar os inim igos do povo de Deus, vi v er en tre e les e esta b e le ce r-se n a m esm a cidade de G olias, o gigante que D avi m a tou pela fé. D avi recebeu a cidade de Ziclague, situad a em algum ponto da fro n teira entre Judá e a Filístia, 5-7. 8-12. Logro e m entira. A descrença ge rou outros frutos maus. Para cortejar a con fiança de Aquis, D avi m entiu sobre o objetivo da^ suas incursões m ilitares, 10.
28. Saul e a médium espírita 1-7. O desespero de Saul. O s filisteus in v ad iram , 1, o vale de Je z re el, e x tre m i d ade orien tal da p lan ície de M egid o (E s drelom ), e acam param em Suném , d efron
1Samuel 1157 l
te ao m t. G ilb o a , p e rto da fo rta le z a de B e te -S e ã , 4 -5 . S a m u e l h a v ia m o rrid o e, p o rtan to , a p alavra do S en h or já não v i n h a p o r m eio d ele, 3, nem p o r m eio de sonhos, nem por U rim , nem pelos p ro fe tas, 6. Era com o se o céu estiv esse fech a do ao m onarca rejeitad o e d eso beflien te. E n tão e le re co rre u , p o r a ssim d iz e r, ao inferno, 7. Para p iorar ainda m ais as coi sas, o p ró p rio m o n arca, em d ias m e lh o res, havia proscrito o ocultism o pagão, 9. 8-19. Saul recorre ao espiritism o. Saul procurou uma m édium , 7. Disfarçado, para não ser reconhecido com o rei, 8, ele pediu à m u lh er que in vocasse o esp írito de Sa m u el, para que ele p u d esse in te rro g á -lo sobre o que fazer acerca da p ressão filis téia. O espírito de Sam uel foi cham ado de volta, mas isso foi obra do próprio Deus, e não da m édium , o que é com provado pelo pavor gerado na mulher. N ão foi um caso de com unicação m ediúnica com o espírito de um morto; foi o próprio Deus quem cha mou de volta Sam uel em espírito para que p r o n u n c ia s s e a c o n d e n a ç ã o q u e b re v e cairia sobre Saul, 15-19. T rata-se, p o rta n to, do d esm ascaram ento d efinitivo do lo gro e da p erv ersid ad e da n ecrom an cia e de todo o ocultism o. 20-25. Saul volta a comer. Saul revigo rou-se e partiu para sua últim a batalha, no m t. G ilb o a. Ele serv e com o exe m p lo do c ren te que peca até a m o rte, i.e., m o rte física (cf. IC o 5.5; 11.30-32; l jo 5.16).
29. Davi abandona os filisteus 1-5. Consequências da falta de fé de Davi. V. cap. 27, que está aqui resumido. Davi não só se achou entre os inim igos do povo do Senhor, mas na deplorável situação de com bater o povo do Senhor. A descrença faz de qualquer crente um triste espetáculo. Tanto nesse caso, que Davi se tornou persona non grata para os chefes dos filisteus. Eles ainda se lem bravam dos antigos atos de bravura de um herói da fé, 5, e temiam traição. 6-11. Aquis despede Davi. Aquis demons trou seu grande respeito por Davi, 6, jurando pelo Deus de Davi e julgando-o inocente aos seus olhos "com o um anjo de Deus", 9. Mes
m o assim ele cedeu à vontade dos seus co legas, os príncipes dos filisteus, 7. A resposta de Davi, reafirm ando a sua disposição de ficar com os filisteu s e com bater contra o povo do Senhor, mostrou como a increduli dade pode lançar um crente no mais profun do abismo de incoerência e traição espiritu al. Só a g raça de D eus im pediu D avi de afundar ainda mais na ignomínia que a des crença sempre traz. Os filisteus rapidamen te marcharam contra os israelitas em Jezreel (cf. 1), a planície de Esdrelom (a forma gr. de Jezreel), partindo de Afeque (a moderna Ras el-Ain, na planície de Sarom), do mesmo ponto de ataque em que, anos antes, havi am tomado a arca da aliança (ISm 4.1).
30. Castigo e restauração de Davi 1-6. A devastação de Ziclague. Aquis dera Z iclague a Davi com o sua residência ( I S m 27.6). A cidade ficava cerca de 128 q u iló m etros ao sul de Afeque, numa extenuan te m archa de dois dias, 1. Q uando Davi e seus hom ens chegaram , no terceiro dia, a cidade saqueada era um sím bolo de que a m ão castigadora do Senhor havia descido pesadam ente sobre ele, 1-5. Davi foi duram ente pressionado, e o povo am argurado estava prestes a apedrejá-lo. M as o relap so recup erou-se pela disciplina e "se rea nim ou no S e n h o r , seu D eus", 6. 7-20. A derrota do inimigo. Davi consul tou a estola sacerdotal de Abiatar (que con tinha os oráculos sagrados) e recebeu o si nal verde para perseguir os am alequ itas, 8. Com 600 hom ens, ele cruzou o d esfila deiro de Besor, ao sul de Ziclague, 9. Q ua trocentos hom ens puderam avançar. Com o auxílio de um egípcio, 11-15, servo aban donado de um am alequita, que agiu como espião, os amalequitas (v. Ex 17) foram cha cinados e a fam ília e posses de Davi, recu peradas, com m uitos despojos, 16-20. 21-31. Os despojos são divididos equita tivam ente. Assim, a justiça e a sagacidade p o lític a de D av i se rev ela ra m e s p e c ia l m ente no envio de um presente aos anci ãos de Judá, 26-31. Todos os locais citados, 27-31, eram de Judá. Não é de admirar que Davi logo fosse feito rei de Judá (2Sm 2.6).
[ 158]
1Samuel
Monte sobre as ruínas da antiga Bete-Seã, fortaleza que guardava a entrada oriental do vale de Jezreel. Foi para lá que os filisteus levaram o corpo de Saul e o penduraram nos muros da fortaleza.
31. A morte de Saul 1-7. O suicídio de Saul. Israel foi arrasa do na batalha contra os filisteus no mt. G il boa, ao sul da região oriental da planície de Je z re e l (E sd relo m ), 1. O s filh o s m ais velhos de Saul, Jônatas, A binadabe e M alquisua, foram m ortos, 2, e Saul, ferido, 3. Ele insistiu junto ao seu escudeiro para que o m atasse, m as co m eteu su icíd io d ian te da recusa do hom em , 4-6. Essa cu lm inan te tragédia veio logo depois de sua visita à médium espírita de En-Dor, o últim o pas so de Saul rumo à ruína (28.1-25). Ele m or reu sem se arrep en d er, em reb elião co n tra Deus, com o vivera, o prim eiro suicídio reg istrad o na B íb lia. Cf. tam b ém A ito fel
(2Sm 17.23), Zinri (lR s 16.18) e Judas Iscariotes (Mt 27.5). 8-10. O cadáver de Saul é desonrado. Os filisteus, esm agadoram ente vitoriosos, de capitaram o cadáver de Saul, colocaram a su a a rm a d u ra n o te m p lo de A sta ro te e, ig n o m in io sa m en te, p en d u raram seu co r po e os cad áveres de seus filh os nos m u ros de B ete-Seã, a fo rtaleza que guardava a entrad a orien tal do vale de Jezreel. 11-13. O s hom ens de Jabes-G ileade re cuperam os corpos. Eles tiveram , então, a op ortu nid ad e de expressar sua gratidão a Saul pelo que ele lhes fizera (IS m 11). N ão so m en te recu p era ra m os corp os de Sau l e seus filhos, m as lhes deram sepultam en to honroso e o devido luto.
2Samuel Davi, rei de Judá e todo o Israel Tema d o liv ro .
Continuando a narrativa (v. introdução de 1Samuel), 2Samuel apresenta a história biográfica de Davi. Em 1Samuel, o fracasso do homem é enfatizado, como se vê nos casos de Eli e Saul. Em 2Samuel, a restauração da ordem segue a entronização do rei de Deus, com o estabelecimento de Jerusalém como o centro
político da nação (2Sm 5.6-12) e Sião (2Sm 5.7; 6.1-17) como o centro religioso. Depois disso, vem o estabelecimento da grande aliança davídica pelo Senhor (2Sm 7.8-17), a base de toda a verdade revelada relativa ao reino a ser estabelecido sobre Israel (At 1.6). Davi profeticamente entoou cânticos sobre esse reino (2Sm 23.1-7).
Esboço 1—4 Davi, rei de Judá 5— 10 Davi, rei de Israel 11— 20 Pecado e castigo de Davi 21— 24 Apêndice histórico
[ 160 ] 2Samuel
Corte transversal através da fonte de Giom, em Jerusalém
Entrada para o canal subterrâneo ^
Muralha dos jebuseus
Fonte de Giom
Passagem de Warren
Provável rota seguida pelos homens de Davi
1. 0 lamento de Davi por Saul e Jônatas
2. Davi é feito rei de Judá; a revolta de Abner
1-16.0 relato do amalequita sobre a mor te de Saul. Esse não está em contrad ição com o relato de ISm 31.1-6, como geralm en te alegam os críticos, m as lhe é suplem en tar. O amalequita, vendo o suicídio de Saul, ap arentem ente in v en tou su a h istória, es perando assim cair nas graças de D avi e obter recom pensa material. E irónico notar que, depois de Saul ter poupado os am ale quitas (15.7-9), um am alequita tenha dese jado tirar proveito de sua morte. Porém , o resp eito de D avi pelo un gid o de D eu s o impediu de honrar o ardil e, portanto, m an dou executar o am alequita. Sua fidelidade a Saul revelou sua m agnanim idade de ca ráter e nobreza de estadista. 17-27. O lam ento de D avi. Essa m agní fica e le g ia m o stra a p ro fu n d a co m o çã o de D avi. É excelen te p o esia lírica de um m ú sico v irtu o so (IS m 16.23) e p o eta ta lentoso (cf. os m u itos salm os d avíd ico s), que era um hom em de D eus e am igo leal mesmo diante do tratam ento que Saul lhe d isp e n sa ra (cf. o la m e n to de D a v i p o r Absalão, 2Sm 18.33).
1-7. Davi é ungido rei de Judá. O rei de D eus im ediatam ente exibiu fé e confiança no S en h or, 1-3. A re sp o sta fo i clara. Ele d e v e ria su b ir às c id a d e s de Ju d á , on d e seria feito rei. E videntem ente, Ju d á tinha um a vida política separada das outras tri bos. (Cf. 2Sm 3.10; 5.5; 19.8-15, 40-43; 20.1-3, p ara o u tra s in d ica çõ e s de sep a ra çã o ). O prim eiro ato real oficial de D avi, ao agra d ece r aos h o m en s de Ja b e s -G ile a d e por terem dado sep ultam ento a Saul, foi um a prévia da b rilh a n te d ip lom acia e sa g a ci dade política de Davi, 5-7. 8-11. A bner faz Isbosete rei. O com an dante do exército de Saul tentou perpetu ar a d inastia de Saul, 8-11. Isbosete ("h o m em de vergonha") tinha originalm ente o nom e ts b a a l ("hom em de B aal") (lC r 8.33; 9.39). A palavra hebraica para "v erg onha", bòsét, foi substituída pelo odioso nom e do d eu s can aneu da fertilid ad e (cf. Jeru b aal com Jerebosete, M eribe-B aal com M efibosete). M aanaim era a principal cidad e da Transjord ânia. O s filisteu s controlavam a m argem ocid en tal do rio Jo rd ã o . O s ser
SSamuel [ 161 ]
vos de Isbo sete, com an d ad o s por A bner, e os servos de Davi, com andados por Joab e, e n tra ra m em c o m b a te n o a çu d e de G ibeão (Js 9), um a im portante cidade cer ca de 8 quilóm etros a noroeste de Jeru sa lém , 12-17. A m orte de Asael, por Abner, p recip ito u um a rixa sangrenta en tre Joabe e A bner, 22-23. As forças de Davi saí ram vitorio sas, 29-32. Essa vitória in icial p ressagiav a nov os triun fos.
3. Abner passa para o lado de Davi e morre 1-11. Contenda com Isbosete. O resumo da guerra, 1, é seguido por um a descrição da família de Davi, 2-5, e pelo episódio do rom pim ento de Abner com a casa de Saul, 6-11. A acusação de Isbosete era grave, pois num harém uma concubina era proprieda de do rei e deveria ficar na família real. Pro curar conquistar tal concubina equivalia a crime de traição (2Sm 16.21-22; lR s 2.22). 12-30. A bner se alia a Davi. Suas negoci ações com Davi, 12, tiveram resposta afir mativa, com a condição de que M ical, filha de Saul e prim eira esposa de Davi, lhe fos se devolvida, 13 (cf. ISm 18.20-27). Isso ti nha p ro p ó sito p o lítico ao refo rça r a p re te n sã o de D a v i ao tro n o de S a u l com o g en ro do rei. A re ce p ção que D avi dá a Abner, 20-21, o m otivou a fazer campanha pela ascensão de Davi ao trono em todo o Isra e l. P o rém , A b n er acab o u m o rto p o r Jo a b e na rixa sa n g re n ta p ro v o ca d a p elo a ssa ssin a to de A sael, que fora co m etid o por Abner, 23-30. 31-39. O lam ento de Davi sobre Abner. O lam en to p ú b lico e a sábia con d u ta de D avi pressagiaram seu êxito com o rei.
4. A morte de Isbosete 1-7. O assassinato de Isbosete. A deses perança da casa de Saul gerad a p ela d e serção de A bner, 1, ocasionou ou tra d es lealdade. Baaná e Recabe, dois oficiais do e x é r c ito , a s s a s s in a r a m Is -b o s e te , 2 -7 . M efibosete, filh o de Jô n atas, é ap resen ta do de m odo um tan to ab ru p to, 4, talvez para m ostrar a triste situ ação da casa de
Saul. A benevolência que Davi exibiu mais tarde para com M efibosete cum priu a ali ança que firm ara com Jônatas (IS m 20.42). 8-12. Davi pune os assassinos. Ao levar a cabeça do rei assassinad o a D avi, esses v io le n to s crim in o so s te n ta ra m ju stifica r seu crim e com piedosa referên cia à v in gança que o S e n h o r teria ex e cu ta d o em favor de Davi, 8; mas Davi persistiu hon rando a casa de Saul, castigando qualquer um que a ferisse (cf. 2Sm 1.14-16; 3.28-39).
5. Davi faz-se rei de Israel; tomada de Sião 1-5. O rei de Deus conquista os seus. Foi um a ocasião m agnífica essa em que todo o Israel foi a H ebrom entregar o reino de Saul a Davi (cf. lC r 12.23-40). A nação uni da foi tom ada de um trem end o en tu sias mo depois da morte de Is-bosete. A vibra ção durante a coroação de Davi prenuncia o dia em que o Rei há tanto tempo rejeita do de Israel, o M essias, filho de D avi (Mt 1.1), voltará revestido de glória para ser o R e i-P a s to r de Isra e l. A g ra n d e festa de ce le b ra çã o m en cion ad a em lC r 12.39-40 dá um leve vislum bre da alegria de Israel quando seu verdadeiro Rei for entroniza do (cf. Is 25.6-9). 6-25. Davi conquista Sião e outras vitóri as. A cidade de Jerusalém fora tomada no tem po dos ju izes (Jz 1.8), mas não a forta leza dos jebuseus. Essa ficava na colina a su d e ste, m ais tard e ch am ad a cid ad e de D avi ou Sião. Sião está intim am ente liga da à coroação de Davi com o rei de todo o Israel. Sua tom ada foi p o liticam en te im portante porque extirpou o últim o vestígio de con trole cananeu na reg ião , e deu ao re in o um a c a p ita l n e u tra , situ a d a en tre Ju d á e Isra el, m as p erten cen te a am bos. H irão I, de Tiro (c. 969-936 a.C.), dem ons trou am izad e para com D avi, 11-12. Em re g istro s fe n ício s ele ap arece, ao m esm o tem p o , com o co n q u ista d o r e construtor. Esses elos de am izade continuaram duran te todo o rein ad o de S alom ão (lR s 9.1014). D escreve-se a expansão da fam ília de D avi em Jeru salém , 13-16, além das suas duas vitórias sobre os filisteus, 17-25.
[ 162 ] 2Samuel
Revelações arqueológicas A colina o rien tal onde estava situad a a fo rtaleza dos je b u se u s era p ra tica m en te in exp u gn áv el (2Sm 5.6). F icav a acim a da fonte de Giom . A lguns estud iosos ain da defendem que os hom ens de D avi pe netraram pelo canal que foi escavad o pe los jeb u seu s para lev ar água para dentro da cidad e (cf. 5.8). O s p rim eiro s p e sq u i sad ores do Fu n d o de E xp lo ra çã o da P a lestina, sob a d ireção de sir C h arles W arren, fiz era m im p o rta n te s d e s c o b e rta s a re sp e ito d esse s iste m a de a b a ste c im e n to de água dos je b u se u s. W. F. A lb rig h t, porém , sustenta que o m uro foi escalad o com u so de um g a n ch o , e q u e e sse é o sig n ificad o da p alav ra (com o rev ela m o aram aico e o árabe), e não aqueduto. Um a te rc e ira p o ss ib ilid a d e é que os h o m en s de D avi tenham b lo q u ead o o can al su b terrâneo, su b train d o assim à cid ad e s iti ada sua única fonte de água.
6. A arca é levada a Sião 1-11. O pecado de Uzá. D esde que os fi listeus tom aram a arca e destruíram Siló, a arca não tinha local perm anente (IS m 4-7). A incum bência de transportar (i.e., "tocar") a arca era exclusiva dos levitas (Nm 4.15; lC r 13.9). O pecado de Uzá foi um a infração desse reg u lam ento d ivino. A p aren te mente, Davi não consultou o Senhor, trans p o rta n d o a arca ao m od o filiste u , e não segundo a m aneira divinam ente prescrita. O bede-Edom , 10-11, era levita (lC r 26.1-5), e as bênçãos que sua casa recebia en cora jaram D avi a levar a arca até Jerusalém . 12-19. A arca é levada para a cidade de Davi. O transporte se fez da maneira prescrita pela lei mosaica (lC r 15.1-28), atraindo bênçãos. 20-23. A zom baria de M ical. M ical não é cham ad a de "e sp o sa do re i", m as de " f i lha de S a u l", e revelou o orgulho do pai, sobre o qual recaía a m aldição do Senhor. P or seu tu rn o, D avi m a n ifesto u sin gu lar hu m ild ade e m odéstia.
Igreja dos cruzados, no atua! vilarejo de Abu Ghosh. Acredita-se que nesse local ficava a antiga Quiriate-Jearim, onde a Arca permaneceu por algum tempo antes de ser levada para Jerusalém.
2Samuel I 163 ]
Jerusalém no tempo de Davi
d ele o tro n o d o seu pai, D avi, e tom ará lu g ar no seu p ró p rio tro n o, assim com o hoje está sentado ao lado do Pai, no trono do seu Pai (Ap 3.21). Esse trono será mile n á rio , fu n d in d o -se ao rein o p erp étu o do eterno estado (Ap 21.1-8). 18-19. Davi adorou, em santa hum ilda de e temor.
8. 0 reino de Davi é estabelecido
- Provável externãò d e lê c m S è m durante o remado de Salomão =r:
. Provávg) traçado d o m uro da cidade
1-14. As conquistas de Davi. A aliança real no cap. 7 é seguida pelo relato das grandes con q u istas de D avi, entre elas as vitórias sobre filisteus e moabitas, 1-2; sobre Hadadezer de Zobá, 3-8; sobre os edom itas, 1213; e tam bém a vitória diplom ática sobre Toí, de Hamate, 9-11. 15-18. O reinado de Davi. Seu reino de ju stiça e equ id ad e, 15, prefigura a gestão reta do M essias. Os filhos de Davi não fo ram sacerd otes, m as ad m inistrad ores (cf. 2Sm 20.26; lC r 18.17). O s cereteu s e feleteus eram m ercen ários estran g eiro s (2Sm 15.18; 20.7, 23; lR s 1.38, 44), provavelm ente cre te n ses e filisteu s.
N B ( difldl ter certeza quanto à p^rte norte da cidade de entâo
7. A aliança davídica 1-3 Davi deseja construir o tem plo. Essa digna am bição de construir uma casa para o Senhor propiciou a revelação, por m eio do profeta Natã, de que o Senhor construi ria um a casa para D avi. 4-17. A aliança davídica (cf. lC r 17.4-15). E ssa g ran d e alia n ça de re a le z a c e n tra li z a d a em C r is to c o n te m p la v a (1) u m a "ca sa ", 11, ou fam ília davídica da qual nas ceria o M essias (Mt 1.1, 16; Lc 3.23); (2) um rein o p erp étu o, 12, e um tro n o, 13. Essa aliança régia tinha som ente um a condição — castigo pela desobediência na linha real d avíd ica. A aliança, porém , n ão seria abro g a d a , 15, m as d u ra ria "p a ra s e m p re ", 16. Foi renovada a M aria pelo anjo G abriel (Lc 1.31-33; A t 2.29-32; 15.14-17). Em bora d esd e o ca tiv e iro b a b iló n io so m en te um rei da casa d av íd ica tenha sid o co ro a d o em Jeru salém , e esse, com esp inho s, será
9. A benevolência de Davi a Mefibosete 1-6. M efibosete é levado a Davi. Aleija do dos pés (cf. 2Sm 4.4), inválido e desam p arad o, carreg ad o até a p resen ça do rei, M efib o se te é um b elo exem p lo do p e ca dor que perde o valor e a esperan ça pela Q ued a, m as perm anece can d id ato à g ra ça de D eu s, 3. A o saber da bon d ade que lhe seria concedida, M efibosete confessou su a v e rg o n h a e n u lid a d e , ch a m a n d o -se "cã o m o rto" (cf. IS m 24.14), m enos ainda q ue um cão vivo , na época con sid erad o com m u ito desprezo. 7-13. A m isericórdia de Davi para com M efibosete. Davi, por causa de Jônatas (cf. IS m 18.1-4), deu ao pobre inválido assento à m esa do rei, com o um dos filhos do rei. De m odo sem elhante, o evangelho de Cris to nos levanta da nossa vergonha, fazend o -n o s filh o s e d a n d o -n o s um a herança (Rm 8.16-17).
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10—11. 0 grande pecado de Davi 10.1-19. Prelúdio do pecado. A guerra contra amonitas e siros foi precipitada pelo insulto de Hanum a Davi, 1-5, em oldurado pelo pano de fundo do pecado de Davi. O corte da barba, um sím bolo de honra m as culina, e a vergonhosa exposição forçada eram insultos abom ináveis. 11.1-27. O terrível pecado. Enquanto Joabe e o exército cercavam Rabá (a m oderna Amã), Davi com eteu ad u ltério com BateSeba, esposa de um dos oficiais do seu exér cito, Urias, o heteu, 1-5. Por causa disso, Davi mandou chamar Urias de volta, 6-13, e dian te do fracasso do subterfúgio para encobrir seu pecado, fez m orrer U rias, 14-25, e de pois tomou Bate-Seba por esposa, 26-27.
12. A confissão de Davi 1-13. Vem à tona a confissão. A repreen são do Senhor veio pela mensagem do pro feta Natã, 1-4, revelan do a h ip ocrisia e a culpa do rei, 5-6, e trazendo a denúncia: "Tu és o hom em ", 7-9. O anúncio do castigo para o servo desobediente do Senhor, 1012, provocou um a confissão com pleta, 13. 14-31. Começa o castigo, na morte do fi lho e no pesar de Davi, 14-23. O nascimento de Salomão, 24-25, e a tomada de Rabá, 2631, eram atos de m isericórdia com binados com medidas disciplinadoras. O pecado do servo do Senhor sem pre traz a disciplina divina (IC o 5.1-5; 11.30-32. Hb 12.3-11). A gra ça do Senhor poupou Davi da morte física (13; cf. l jo 5.16), mas não do severo castigo,
13—14. Amnom é assassinado por Absalão 13.1-22.0 pecado de Am nom contra Tamar. Como filho m ais velho de Davi (2Sm 3.2), Am nom era o prim eiro da linha su cessória. Tam ar era sua m eia irmã, e a lei m osaica (Lv 18.9) p ro ib ia q u alq u er re la ção en tre os d ois. Im p erara m , p o rém , a luxúria e a ilicitu d e, e A m nom violentou Tamar, irm ã de A bsalão. 23-29. Absalão mata Am nom e foge. In cesto e v iolência na sua fam ília fo ram o
início dos castigos de Davi pelo próprio pe cado duplo de adultério e assassinato. A b salão não só vingou o crim e com etido con tra sua irm ã, m as sem d úvid a sabia que, ao m e sm o te m p o , e sta v a e lim in a n d o o herdeiro direto ao trono, 23-26. Fugiu para G esur (ISm 27.8), a terra do seu avô m a terno (2Sm 3.3). Era um estad o sírio sob controle de Davi (2Sm 8.3-8; 10.6-19). 14.1-33. Volta de Absalão pela habilidade de Joab e. Joabe era poderoso e in telig en te, e g a ra n tiu a vo lta de A b sa lã o com o ardil da m u lher de Tecoa, logo ao sul de B elém , na terra natal de D avi e Jo abe, 120. A bsalão obteve perd ão parcial, 21-24, e depois voltou a contar plenam ente com o favor do rei, 25-33.
15. A revolta de Absalão 1-12. Absalão conspira. Via adulação e pela incapacidade de Davi de estabelecer um sis tema adequado, Absalão conquistou o cora ção dos israelitas, 1-6. Ele levou quatro anos (versões gr. e siríaca, e não os "q u a ren ta " anos do heb.) para planejar seu levante, 7. Provavelmente, escolheu Hebrom porque ali observou que havia ressen tim en to contra Davi pela perda de prestígio por conta da m udança da capital para Jerusalém, 8-12. 13-27. Davi foge de Jerusalém . Davi apa rentem ente decidiu que a prova da fid eli d ad e d a q u eles que se d iziam fié is a ele seria conseguid a dessa form a, e que seus espiões poderiam trabalhar m elhor assim. O rei deixou parte de seu harém , 16. Partiu acom panhad o de seus servos, os cereteus e feleteu s (v. com en tário sobre 2Sm 8.18) e 600 geteus, i.e., gateus, filisteus de Gate, 18. Fez-se a triste caminhada pelo Cedrom , 23, a extrem idade oriental da cidade. A arca do Sen h or foi en viad a de volta a Je ru sa lém , 24 -3 0 , b em com o H u sai, o a rq u ita , "am igo de D avi", 37, i.e., conselheiro real, um título oficial (lR s 4.5).
16. Davi fugitivo; Absalão em Jerusalém 1-14. D avi encontra Ziba e Sim ei. Estra n h a m e n te , D a v i a c r e d ito u n a a rd ilo s a
2Samuel [ 165 1
O local o nd e hoje fica a m esq uita D om o da Rocha, em Jerusalém , é provavelm ente o m esm o o nde ficava a eira de A raú na, com prada por D avi, o n d e m ais tarde seria co n stru id o o tem plo .
cán
m entira de Ziba sobre M efibosete, 1-4 (cf. 19.24-30), m as agiu com sabed oria e m o deração no caso da m ald ição de Sim ei, 514. E sse ú ltim o rep resentava um elem en to d e r e s s e n tim e n to em I s r a e l p e la usurpação da casa real, 8. Cf. 19.16-23 so b re o resu ltad o. 15-23. Absalão segue o ím pio conselho de Aitofel. A vergonhosa violação pública do harém do seu pai (propriedade real) foi o p asso fin al e irre v o g á v el n o d ese jo de assum ir o reino (cf. 15.16; lR s 2.17-25).
17. Aitofel e Husai 1-26. C onselho de A itofel vs. conselho de H usai. O conselho de A ito fel tinha por objetivo u n icam ente tirar a vida de D avi, 1-4, en q u an to H u sai d efend ia um ataque p re p a ra d o , p a ra g a n h a r tem p o , 5 -1 3 . O resu ltad o foi que o bom con selh o de A i to fe l, q u e m ira v a a m o rte de D a v i, fo i p o sto de lad o p e lo S e n h o r q u e, e m b o ra estiv esse castig an d o seu servo D avi, não p retend ia d estru í-lo, 14, m as sim a A b sa lão. D avi foi inform ad o da d ecisão, 15-22.
A ito fel su icid o u -se, 23. A b sa lã o m ontou acam p am en to em G ilead e, 24-26, e D avi cru zou o Jo rd ão. 27-29. O s am igos de D avi o auxiliam . So b i, irm ã o de H anu m , de R abá (A m ã), M aquir, de Lo-D ebar (cf. 9.4) e Barzilai, de nom e siro, que provavelm ente não era is raelita, cuidaram de Davi.
18. A morte de Absalão 1-8. A batalha no bosque de Efraim . As tro p a s d e A b s a lã o , r e c ru ta d a s às p re s sa s , n ã o fo ra m p á re o p a ra o v e te ra n o e x é rc ito de D avi. Este sa b ia m e n te m a n tev e-se afastad o da b a ta lh a (cf. 12.28-29; tam bém 21.17). 9-1 8 . A m o rte de A b sa lã o . R ela ta -se que A bsalão ficou preso no carvalho pela cabeça, e n ão pelo cabelo (cf. 14.26), 9. A tra d içã o de que o ca b elo de A b sa lã o fi cou p reso vem de Jo se fo (A ntig . 7.10.2). O m o n tã o d e p ed ra s in d ica a sep u ltu ra de um crim inoso, e não tem ligação com o a tu a l T ú m u lo de A b sa lã o , no vale de C ed rom , d atad o do fin al do p eríod o he-
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le n ís tic o . "F ilh o n e n h u m ", 18, d ev e ser a lu s ã o aos trê s filh o s s e u s (1 4 .2 7 ) que m o rre ra m . 19-33. O lam ento de D avi. U m a cena co m o v en te de am or p a te rn a l p elo filh o , e m b o ra e ste p ro v a v e lm e n te m e re c e s s e o fim que teve.
23-26. Lista dos oficiais de Davi. (Cf. lis ta se m e lh a n te em 8 .1 6 -1 8 ). S o b re os cere te u s e fe le te u s , v er c o m e n tá rio sob re 8.15-18.
19. Davi volta como rei
O s últim os quatro capítulos de 2 Samuel são um apêndice. 1-14. A fome e os gibeonitas. Os três anos de fom e são atribuídos à culpa de sangue da terra p elo a ssa ssin a to dos g ib eo n ita s perpetrado por Saul; os gibeonitas estavam sob proteção de uma aliança (Js 9.25-27) no nome do Senhor, que Saul violara. Davi per m itiu que os g ibeon itas executassem sete dos d escen d entes de Saul, com o re trib u i ção. D ep ois da exposição vergonhosa dos cadáveres no campo, Davi se comoveu pelo lamento de Rispa, 10-11, e decidiu enterrar no túm ulo dos seus ancestrais, 12-14, os os sos de Saul, Jônatas e de todos os descen dentes que foram m ortos. 15-22. M em órias das guerras filistéias. (Cf. IS m 17.4; lC r 20.5.)
1-15. Judá cham a Davi de volta com o rei. Joabe anim ou D avi, tiran d o-o da d e pressão, 1-8. O m ovim ento em todo o Is rael no sentido de cham ar Davi de volta, 9-10, foi seguido pelas bem -sucedidas pro p o sta s do re i p a ra q u e Ju d á to m a sse a iniciativa, 11-15. 16-40. Simei, M efibosete e Barzilai. Davi dem onstrou m isericórdia para com Sim ei, 16-23. A genuína alegria de M efibosete, 2430, pela volta de Davi era prova suficiente da traição de Z ib a. D avi a p a ren tem en te não ficou to talm en te conv encid o, ou ta l vez estivesse com medo de expulsar Ziba, pois dividiu com ele a herança de M efibo sete, 29. A despedida de Barzilai e Davi é tocante, 31-39. Q uim ã era sem dúvida fi lho de Barzilai (cf. lR s 2.7). 41-43. Irrompe novam ente o antagonis mo entre Judá e Israel. Essa profunda cisão assum iria relevo no rom pim ento final de pois da m orte de Salom ão (lR s 12.16-20).
20. Seba se rebela; Joabe mata Amasa 1-22. Joabe recupera sua posição. Seba, da d eslealíssim a tribo de Benjam im (16.5, 8), organizou um a revolta final. Israel to mou o partido dele (cf. 19.41-43). Am asa, suced end o a Jo abe no com an do do e x é r cito (19.13), provou da im placável inveja d esse. Sua in ca p a cid a d e de co n ter a re volta foi ou tro m o tiv o para que Jo a b e o a s s a ss in a s s e ( l R s 2 .3 1 -3 2 ). Jo a b e n o v a m ente d em o n stro u su a cru el p e r s is tê n cia caçando o rebelde e usand o a m ulher de A b e l-B e te -M a a c a p a ra e x e c u ta r a m o rte de S e b a . U m a c id a d e -m ã e , 19, abrange as vilas dependentes, ou "filh a s" (Nm 21.25; Js 15.45; Jz 11.26).
21. Fome e guerras contra os filisteus
22. 0 grande salmo profético de Davi 1-28. Louvor ao Senhor pela sua inter venção. Essa grande ode de libertação foi inserida aqui e tam bém com o o salm o 18 no Saltério. E profética e vai além dos so frim entos e triunfos de Davi, apontando o filho e Senhor de Davi, Jesus Cristo. A hora do louvor, 1-4, é segu id a pelos sofrim en tos de Davi com o fugitivo de Saul, 5-7, pres sagiando a rejeição de Cristo. A interven ção de D eus, 8-20, reflete a lib ertação do Senhor da m orte para um "lu g a r esp aço so", 20. A aprovação e a recom pensa divi nas, 21-28, vão m uito além do D avi terre no, d eixàndo en trev er o celeste. 29-51. Louvor ao Senhor pela exaltação diante dos inimigos. A condenação dos ini m igos, 29-43, e a exaltação acim a dos ad versários, 44-49, será realizada somente por aquele em cujas m ãos reside todo o ju ízo (Jo 5.22). No vindouro reino da glória, ele será "cabeça das nações", 44, e no cum pri
Davi deixou Jerusalém peio vale de Cedrom, por causa da revolta de Absalão.
m ento da aliança davídica (cap. 7), os v. 4451 se tornarão realidade.
23. As últimas palavras de Davi; seus valentes 1-7. Suas últim as palavras. Essa inspira da profecia, 1-2, celebra novam ente o tema da perpetuidade da casa (dinastia) de Davi, 5, a ser realizad a no reto govern o do Se nhor de D avi no reino, cum prindo a alian ça régia (v. cap. 7). O s v. 3 e 4 retratam a clara m anhã da Era do Reino. 8-39. R elação dos valentes de Davi. Cf. 2Sm 21.15-22 e lC r 11.11-47 para in teres san tes v arian tes das listas.
24. A falta de Davi no censo 1-17. O pecado e seu castigo. O Senhor p e rm itiu q ue S a tan á s a g ita sse o coração de D avi (lC r 21.1) pelo orgulho (lT m 3.6), 1-9. À confissão de Davi, 10-14, seguiu-se a praga, 15-17. 18-25. O altar e a expiação. As negocia ções de D avi pela eira são instrutivas quan do ele se recusa a aceitá-la, d izendo. "... não oferecerei ao S en h o r , meu Deus, holocaustos que não me custem nad a...", 24. A e ira de A ra ú n a, on d e A b ra ã o o fere ce ra Isaque e onde o tem plo seria erguido, era um local ap ro p riad o para a m isericórdia so b re Isra e l.
1Reis 0 reinado de Salomão e o reino dividido Nome e propósito. 1 e 2Reis são chamados, na versão grega, de terceiro e quarto livros de Reinos e, no hebraico e no latim, de terceiro e quarto livros de Reis. Originalmente um só livro, catalogam a história do reino indiviso da morte de Davi até os reinados de Salomão e Roboão, e do reino dividido até a queda de Israel, em 722 a.C., e o cativeiro de Judá, em 586 a.C.
Autor. O autor (ou autores) foi inspirado a escrever essas narrativas a partir de fontes disponíveis. O resultado, sob a orientação do Espírito Santo, é um relato historicamente confiável. Embora apenas conjectura, Jeremias talvez tenha escrito todos os capítulos de Reis, exceto o último.
Ruínas da cidade fo rtificad a de M egido, capital de um dos distrito s ad m in istrativos do rei Salom ão.
Esboço 1.1— 2.11 Morte de Davi 2.12-11-43 Reinado de Salomão 12.1— 16.34 O reino dividido 17.1—22.53 O ministério de Elias
1Reis I 169 ]
1—2. Morte de Davi 1.1-27. A donias tenta im por-se como rei. O p rem atu ro d eclínio físico de D avi, 1-2, devid o ao seu grande pecad o e aos casti gos, d eu a A d o n ias, seu filh o v iv o m ais velho, a chance de insistir na pretensão à p rim o g e n itu ra , 5-9. A b isa g u e, 3, era de Suném (ISm 28.4), perto do mt. Gilboa, na p lanície de Esdrelom . A tram a de N atã e Bate-Seba, 10-14, alcançou êxito, pois Davi proclam ou Salom ão rei, 15-27. 28-53. Salom ão é coroado. G iom , hoje Fonte de M aria (2C r 32.30), com o En-Rogel, a fonte de Jó, 9, era um lugar sagrado e apropriado para ocasiões desse tipo (2Sm 17.17). A unção de Salom ão, 28-40, incutiu m edo e subm issão em A donias, 41-53. 2.1-11. Instruções e m orte de Davi. Davi instruiu Salom ão a observar a lei de M oi sés (cf. Dt 4.40; 5.1; 1 1 .1 - 1 2 .3 2 ; 17.14-20). O rd en o u -se a e lim in a çã o de Jo a b e (2Sm 3.27; 20.10) e Sim ei (2Sm 16.5-14; 19.18-23). 12-46. Salom ão elim ina seus inim igos. B e n a ia fo i n o m e a d o líd e r d o e x é rc ito e Z adoqu e, sacerd o te em lu g ar de A biatar, 35; Sim ei foi executado.
3. Salomão ora pedindo sabedoria 1-3. Salomão casa com uma princesa egíp cia. Indubitavelm ente, era filha de um dos faraós da vigésim a segunda dinastia, pois S eso n q u e (Sisaq u e), fu n d a d o r da v ig é si m a segunda dinastia, fez tudo o que pôde p ara e n fra q u e ce r Salom ão. 4-28. Salomão ora por sabedoria. Seu rei no com eçou com sabedoria e term inou em d esatino. O s "a lto s " eram san tu ário s nos cum es de m orros. G ibeão (cf. Js 9) era um dos m ais fam osos d esses san tu ário s (2C r 1.2-6). A ad oração nesses lugares não era em si um mal (Gn 12.7; 22.2-4; 31.54; Jz 6.25), m as estava em conflito com as estipulações antecipatórias de D euteronôm io depois da fundação do templo em Moriá (Dt 12.11-14).
4. 0 governo de Salomão 1-34. Sua g estão. O s alto s o fic ia is de S alo m ão são re la cio n a d o s, 16. Su a nova
ad m inistração ignorou as antigas divisões tribais. O sistem a de tribu tação sustenta va o sofisticado estilo de vida do rei.
5—8. 0 templo de Salomão 5.1-18. Prep arativos da con stru ção. Hirão I, de T iro (c. 969-936 a.C .) carregava o títu lo de "re i dos sid ô n io s". H irão era um nom e real fen ício com um , conform e a testa m in s criçõ e s com o a do sarcófag o de A irão, de Biblos, a b íblica G ebal, d es co b erta em 1 923-24. 6 .1 —8.66. D escrição do tem plo. A cons tru çã o foi in ic ia d a , 6 .1 , n o m ês de zive (abril-m aio), por volta de 962 a.C. As es p e c if ic a ç õ e s , p r é -g r e g a s e a u t ê n t ic a s para o séc.x a.C ., exibem in flu ência fen í cia, com o m ostra um tem p lo de Tel Tain a t d e s c o b e rto em 1936. A lém d o te m p lo , S a lo m ã o c o n s tr u iu seu p a lá c io e com p lexos ad m inistrativos, 7.1-51. A fu n ção dos dois pilares, Jaquim e Boaz, 7.21, é in certa, m as W. F. A lb rig h t su g ere que eram im en so s su p o rtes de in cen so , com v a s ilh a s de ó le o no to p o , q u e serv ia m para ilu m in ar a fachad a do tem plo.
9. Segunda visão e esplendor de Salomão 1-9. Alerta a Salomão contra a apostasia. Salomão foi advertido numa segunda visão. 10-28. O esp len d or de S alom ão. D escre v e m -se sua d ip lo m a cia e casam en to s com e s tr a n g e ir a s para m a n te r re la ç õ e s p a cífica s com os vizin h os (3.1-3; 11.1-8). S u a s o b ra s em G e zer, H a z o r e M e g id o s ã o c o n h e c id a s , e s p e c ia lm e n t e n e s s a últim a, que foi o q u artel-general do q u in to d is tr ito a d m in is tr a tiv o de S a lo m ã o . Su a m a rin h a , 26 -2 8 , era um a e sq u a d ra re fin a ria , q ue tra z ia co b re re fin a d o das m in a s c o lo n ia is d o s fe n íc io s na S a rd e n h a e n a E sp a n h a — T á rs is in d ic a um p o rto de refin o de cobre. E scav ações da re fin a r ia de c o b re de T e ll e l-K h e le ife h (a n tig a E z io m -G e b e r ) r e v e la r a m um a re fin a ria de co b re de S a lo m ã o n o g o lfo de A cab a.
170 1 1Reis
1Reis 1171
Adoração no Templo de Salomão Assim como o tabernáculo, o templo era o símbolo da presença de Deus no meio de seu povo (Ex 25.21-22). Por ser a casa do SENHOR, os fiéis não podiam adentrar no Santo Lugar, exclusivamente reservado para os sacerdotes, e muito menos no Santo dos Santos, onde apenas o sumo sacerdote tinha permissão para entrar, uma vez por ano (Lv 16). As orações e os sacrifícios eram feitos no pátio do templo, onde salmos eram cantados pela congregação que assistia aos holocaustos, no altar de sacrifícios. Embora sejam escassas as evidências acerca da adoração no templo
durante o período da monarquia, provavelmente esta seguia o mesmo padrão estabelecido para a adoração no tabernáculo. Grandes festivais eram realizados anualmente, assim como rituais de sacrifícios diários e mensais, além da oferta de dízimos e primícias.
Todo ano havia um dia de jejum oficial - o dia da expiação - além de outras três grandes festas: a Páscoa (Festa dos Pães Asmos), o Pentecostes
Colunas de Jaquim e Boaz
Forro de vigas e tábuas de cedro
celebração, pois todo varão deveria peregrinar até o templo, com o intuito de participar de tais celebrações (Dt 16.16).
Santo Lugar
Arca da Aliança Santo dos Santos Braseiros
/
Salas destinadas a servir como depósito de ofertas e objetos
Mar de fundição
Degraus que levavam ao pórtico Altar do sacrifício
(Festa das Semanas) e a Festa dos Tabernáculos (ou Barracas). A palavra "peregrinação" parece aplicar-se a essas ocasiões festivas de
Pórtico
Dez pias de bronze (cinco à direita e cinco à esquerda do templo)
[ 172 I 1Reis
Revelações arqueológicas O s estáb u lo s de Salom ão. As p rim e i ras escavações em M egido d esenterraram ruínas do que parecia um grande com ple xo de e stá b u lo s p ara c a v a lo s e c a rro s , d atad o do períod o de Salo m ã o (cf. 9.19; 10.26). Estudos recentes im p u seram um a conclu são m ais cau telosa. A lg u n s d efen dem que o com p lexo d ata do tem p o de Acabe (cf. lR s 20; 22.39), enquanto outros sustentam que funcionava com o arm azém e não com o estábulo (cf. 9.19). Seja com o for, as escavações oferecem provas abun dantes da precisão histórica do AT.
10. Salomão e a rainha de Sabá 1-13. A visita da rainha. Sabá é prova velm ente o Sabá do su d oeste da A rábia, m oderno Iêm en , m e n cio n a d o em d o cu mentos cuneiform es dos sécs.V X III e XVII a.C. Embora as rainhas tivessem participa ção discreta na história posterior do sul da A rábia, g o v ern a ram g ra n d e s c o n fe d e ra ções tribais no norte da Arábia dos sécs. IX a VII a.C. A lguns identificam essa rainha com a colónia de Sabá, no norte da Arábia. 14-29. As rendas de Salom ão. M encio nam-se sua grande riqueza, 14-15, seus fa m osos paveses e escu d os, 16-17, seu tro no de marfim, 18-20, sua opulência em ouro e prata, 21-22, e seu com ércio de cavalos e carros, 27-29. O com ércio de cavalos e car ros era um a d as fo n te s da v asta riqu eza de Salom ão. Sua ren d a an u a l ch eg a v a a 666 talentos de ouro (lR s 10.14) — um ta lento de ouro equivalia a cerca de 34 qui los. Ele im portava cavalos da Cilicia e do Egito, agindo com o in te rm e d iá rio de ca valos e carros entre o E gito e a Ásia M e nor. A o m e sm o te m p o re fo rç a v a o seu exército e a sua frota de carros.
11. 0 malogro de Salomão 1-43. Pecado e castigo de Salom ão. Seu pecado foi a ap o stasia e a id o la tria por cau sa d o s seu s n u m e ro s o s c a s a m e n to s pagãos com vistas à segu ran ça carnal, 1-
13. Para castig á-lo , D eus lev an tou H ad ade, o edom ita, 14-22, Rezom , fundador do reino sírio de D am asco, 23-25, e Jeroboão, que m ais tard e se fez sob eran o do rein o do n orte, 26-40. M o rren d o S alom ão, seu filho Roboão lhe sucedeu, 41-43.
12. Roboão e a revolta. 1-24. A secessão das tribos do norte. O desatino de R oboão é quase inim aginável. M as o p ecad o faz to las suas v ítim as. Ja m ais se cu ro u a ferid a d essa d iv isã o do povo da aliança do Senhor. 25-33. Os planos ím pios de Jeroboão. Ele erig iu d ois san tu ário s ao Sen h or, um em Betei, na região sul do seu país, m enos de vinte q u iló m etros ao norte de Jeru salém , e o outro em Dã, no norte — am bos an ti gos cen tro s de cu lto . Seus d ois b ez e rro s de ou ro d ific ilm e n te seria m re p re s e n ta ções de Je o v á com o d eu s-to u ro (em b ora lem brem o b ezerro de ouro de A rão; ver co m en tá rio sob re Ex 3 2 .1 -1 4 ), m as com o nos vizinhos pagãos de Israel, a d iv in d a de era representada sobre o lom bo de um anim al ou sobre um trono sustentado por anim ais. O Senhor deveria ser im aginado com o invisivelm ente entronizado acima do anim al (cf. IS m 4.4; 2Rs 19.15). A proxim i dade de Baal com o touro tornava perigo so e ím pio esse plano puram ente político.
13—14. Os reinados de Jeroboão e Roboão 13.1-34. Deus envia um profeta para con denar o plano de Jeroboão. A notável pro fecia, 1-3, proferida por um profeta d esco nhecido, de que Josias queim aria os ossos dos sacerdotes sobre o falso altar de Je ro boão foi cum prida em 621 a.C. (2Rs 23.1617). S e rv iu co m o a m a rg a re p rim e n d a a Je ro b o ã o e sua fa m ília , e p ro v o co u seu subsequente castigo na carne, 4. O p ro fe ta resistiu à tentativa do rei de convencêlo a negociar a ordem de Deus, 5-10. M as o que o rei não conseguiu fazer — dissuadir o hom em de D eus de fazer a vontade divi na —, u m v elh o p ro feta de B etei c o n s e guiu, por m eio de m entiras e ardis, 11-22.
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A d esobed iência trouxe con d enação im e diata sobre o profeta, 24, e am argo rem or so àquele que foi usado para tentar o m en sageiro do Senhor, 29-32. A im penitência de Jerob oão selou seu d estino, 33-34. 14.1-20. O castigo de Jeroboão. A m ão disciplinadora do juízo de Deus desceu so bre o filho do rei, seu bem mais precioso. A d oença do m en in o lev ou a um esq u em a enganoso para arran car um a previsão do profeta Aias, 2-6. Aias ficou sabendo da tra ma e disse à m ulher de Jeroboão que a casa do rei seria totalm ente destruída por causa da ad ú ltera d eso b ed iên cia, e Israel seria m andado para o cativeiro, 7-16. O m enino m orreu com o o profeta previra, 17-18. 14.21-31. O reinado de Roboão em Judá. E sse filh o de S alo m ão fo i um n é scio ao p ro vocar a cisão das dez tribos. E exibiu m ais insensatez no seu rein ado de dezessete a n o s, fa z e n d o Is ra e l d e s p e n c a r da glória que havia desfrutado.
Revelações arqueológicas No quinto ano de Roboão, Sisaque (cf. 2C r 12.2-4) invadiu Judá e tam bém Israel. Prova a arqueologia que Sisaque é Sesonque I, do Egito (c. 945-924 a.C.), fundador da vigésim a segunda dinastia, cuja múmia com m áscara de ou ro foi d esco b erta em Tânis, em 1938-39. Sua triunfal inscrição em K arnak (Tebas) lista cid ad es tom adas em Judá e tam bém em Israel e Gileade. Parte da su a e s te ia fo i e sca v a d a em M e g id o , m o strand o que ele realm ente tom ou a ci dade, com o denota o relevo de Karnak. D inastias de Israel: nove dinastias com dezenove reis. Tem po total de rein ado de 201 anos, com m édia de pouco mais de dez an o s p ara cad a rei. T od os e sses re is fo ram m aus, sen d o A cabe e sua rainha, Jezabel, os piores. D in astia de Ju d á: v in te reis, m as s o m ente uma dinastia, a davídica, interrom pida apenas por Atalia, a usurpadora, que se in tro m eteu na lin h agem d avíd ica, via casam ento, d u ran te cinco anos. O tem po total de reinado chegou a 335 anos, com 16 anos em média para cada rei. Os bons reis
inclu em A sa, Jo sa fá , A m azias, U zias, Jo tão, E zequias e Josias.
15.1-24. Reinados de Abias e Asa 1-8. Abias (cf. 2Cr 13.1-12) teve um rei nado indigno de três anos. 9-24. R einado de Asa. Foi um bom rei (c. 911-870 a.C.), que subornou Ben-Hadade I, da Síria, para que atacasse Israel, liv ran d o Ju d á d as fo rtific a ç õ e s de B a a sa , em R am á, um a fortaleza fro n teiriça m eridio nal que am eaçava a segurança de Jeru sa lém . Asa elim in ou da terra a idolatria — colunas pagãs, im agens do sol, postes-ídolos e prostituição m asculina cultual.
Revelações arqueológicas "Ben-Hadade, filho de Tabrimom, filho de Heziom, rei da Síria [Damasco]", 18, é ates tado na inscrição da esteia de Ben-Hadade I, descoberta no norte da Síria em 1940 (cf. Bulletin o f the Am erican Schools 87, outu bro, 1942, p. 23-29, 90; abril, 1943, p. 32-34).
15.25—16.28. Reis de Israel. Baasa a Onri 15.25-31. R einado de Nadabe em Israel. Foi um reinado curto e ím pio de dois anos. 1 5 .3 2 —16.7. Baasa com bateu Asa e foi am ald içoad o por conta da sua idolatria e do seu p ecad o. Foi sep u lta d o em T irza, ca p ita l real de Israel an tes da fu nd ação de Sam aria por Onri. 8-14. Elá foi um beberrão. Reinou so m ente d ois anos. 15-20. Zinri foi queimado vivo na sua casa depois de um reinado de sete anos. Golpes de estado eram com uns nesses tempos ins táv eis de Israel. R eis em rápida sucessão lutavam pelo poder, com O nri finalm ente consolidando seu controle sobre o país. 21-28. Tibni e Onri. D epois da trágica m orte de Zinri, o povo ficou dividido, me tade seguindo Tibni, e outra metade, Onri. Com a m orte de Tibni, O nri reinou sobre toda a nação. Ele era diligente, capaz, enér gico e, no entanto, im piedoso, fundando a
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d in astia on rita (A cabe, A cazias e Jo rã o ). C onstruiu a nova capital, Sam aria, 24.
Revelações arqueológicas O reinado de Onri (c. 880-874 a.C.) intro duziu uma nova era de poder israelita. Ele foi um político astuto, firmando laços com a Fenícia para compensar o monopólio comer cial sírio. O resultado foi o casam en to do seu filho com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios (18.18). A Pedra moabita de Dibom revela que foi Onri quem conquistou o norte de Moabe. A impressionante capital de Onri, Sam aria, tam bém foi escav ad a. Os p e río dos 1 e 2 pertencem a Onri e Acabe. As fun dações do seu palácio e outros indícios ates tam que foi ele o fundador da cidade (cf. The Harvard Excavations at Sam aria 1908-10, 2 vols., 1924, e The Buildings at Samaria, 1942). A fama de Onri no m undo do seu tem po é com provada pela referên cia dos a s sírios a ele no O belisco N eg ro de S a lm a n e se r III, m ais de um s é c u lo d e p o is , vinculada ao rei Jeú de Israel, que é citado como "filho de [i.e., sucessor real de] O n ri", embora Jeú pertença a um a dinastia intei ramente distinta. Além disso, Israel é iden tificado com o Bit-H um ri ("ca sa de O n ri") em textos cu n eifo rm es assírio s.
16.29-34. Acabe, rei de Israel 29-34. A cabe era in telig en te e com p e tente com o soberano, em bora ím pio e idó latra. Reinou 22 anos em Sam aria, a nova capital da d in astia o n rita. Su p ero u seu s antecessores em im piedade e astúcia, eri gindo um altar a Baal, o grande deus sem í tico da fertilid ad e da reg ião n oroeste, no templo de Baal que ousou construir em Sa maria, 32. Também ergueu um poste-ídolo de m adeira, 33, que sim bolizava a deusa cananéia da fertilid ade, A será, conhecida das tab u inhas u g arítica s d esco b e rta s em Ras Shamra, no norte da Síria, entre 1929 e 1937. E ssa d eu sa c a n a n é ia , m e n cio n a d a cerca de quarenta vezes no AT, era um laço para os israelitas, pois seu culto era vicio samente depravado. A cabe casou com Je
zabel, princesa pagã e filha de Etbaal, "rei dos sid ôn ios", i.e., dos fenícios. Esse título re fle te a su p rem a cia a n te rio r de Sid o m , que seguiu a ascensão de Tiro em im p or tância com ercial e política no séc. XI a.C. (cf. lR s 5.1, 5). Sobre 34, cf. Js 6.26. Um rela to detalhado do reinado de Acabe aparece em 17.1—22.40, por causa da trem enda cri se religiosa que eclodiu em Israel.
Revelações arqueológicas O s te x to s u g a r ític o s de R as S h a m ra (U garite), d atad os do séc.X IV a.C ., m o s tram Baal como filho de El, o rei do panteão cananeu, deus da chuva e da tem pestade, cu ja voz rib o m b a v a na te m p e sta d e. Em U garite, a consorte de Baal era sua irmã, A n at, m as na Sam aria do sécu lo 9 o a.C ., A será a ssu m e e sse p o sto (1 8 .1 9 ). C o m o Anat, ela era a padroeira do sexo e da guer ra. C ulto à serpente, prostituição m ascu li na e fem inina, assassinato e sacrifício s de crian ças e todo vício con ceb ível estavam asso ciad o s à relig ião can an éia. O s sa c e r d otes e p ro fetas de Baal eram a ssassin os oficiais de criancinhas, e por isso m erece ram a m orte (18.40). A reconstrução de Jericó (16.34) é con firm a d a p elas e sca v a çõ e s a rq u e o ló g ica s. E scav ações recen tes ind icam que a c id a de já era ocupada desde a remota antigui dade. A p esar da con fu são na in te rp re ta çã o d o s in d íc io s d a s e s c a v a ç õ e s de G a rs ta n g s o b re a q u ed a da cid a d e p o r volta de 1400 a.C., a Bíblia perm anece con firm ada nesse ponto d iante da in ex istê n cia de n ív e is de o cu p a çã o do tem p o de Jo su é até os d ia s de A cab e, q u an d o p e qu enas ru ín as d esse sécu lo in d icam que H iel re c o n s tru iu o lo c a l. É in te re s s a n te notar que na reconstrução de Jericó, a pro fecia de )o su é foi literalm en te cu m prida, pois o filho caçula e o filho m ais velho de Hiel, o betelita, m orreram .
17. Elias diante de Acabe 1-7. A m ensagem de Elias a A cabe. Aca be, Jezabel e outros devotos criam que Baal,
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Local o nd e ficava a cidad e de Jericó. É total a ausência de sinais de ocu pação nesse local, desde Jo su é até Acabe. Foram e n co n tra d o s a lg u n s v e stígio s que rem ontam à era de A cabe, e que apontam paira a reconstrução da cidade p o r Hiel, fa to que parece con firm ar o que é dito na Biblia sob re a cidad e ter sido destruída, ap ós a vitó ria de Josué.
o deus fenício da tem pestade, controlava a chuva. Elias ("m eu Deus é o Senhor") anun ciou abruptam ente a Acabe que Jeová pro varia ser aq u ele que realm ente detém tal poder. Elias, da cidade de Tisbe, em Gileade, desapareceu, conduzido pelo Senhor a um pequeno ribeiro a leste do Jordão. 8-24. Elias e a viúva. D epois que o ria cho secou, Elias foi levado à viúva de Sarepta (assírio, Sareptu, 9, na costa fenícia, ao sul de Sidom e ao norte de Tiro), além da ju risd iç ã o de A cab e. A li, a q u e le que D eu s esco lh era para d estru ir o baalism o, cujo D eus tinha poder para fechar os céus por três anos e m eio, foi m iracu losam en te alim entad o p elos corvos e d ep ois pela viúva (cf. Tg 5.17). O filho da viúva foi tra zid o de volta à vida, 17-24. A d esinteres s a d a d e v o ç ã o a D eu s tra z b ê n ç ã o s d as m a is su b lim es.
18. Elias no Carmelo 1 -1 9 . A p e rg u n ta . A te rrív e l se c a de três an os e m e io e stav a p re ste s a te rm i n a r. Q u e m c o n tiv e r a a ch u v a e a g o r a
v o lta r ia a m a n d á -la à te rra ? " B a a l dos c é u s " ou o S e n h o r? O b a d ia s ("s e rv o do S e n h o r") revelou sua fé salvando os pro fe ta s de Je o v á ao s q u a is Je z a b e l r e s e r v a ra a m o rte , 3 -1 6 . E lia s se e n c o n tro u com A cabe e lhe propôs um a disputa no C a rm e lo , 1 7 -1 9 . O s b a a lin s eram os re p re s e n ta n te s lo c a is do g ra n d e d eu s do cé u , 19. A s e rá , c o n s o rte de B a a l, tin h a 4 0 0 p ro fe ta s, e B aal, 450, d em on stran d o o trem en d o av an ço do p ag an ism o canan eu no re in o de A cabe. 20-46. A disputa. A fé m ostrada por Eli as era im pressionante. Ele apostou tudo na resposta de Jeová pelo fogo e pela chuva, e am b os v ieram . Je z a b e l, a ím pia rainha fenícia, estava irredu tível e procurava so m ente m atar Elias. Este proferiu um a sutilíssim a sátira sobre a idolatria, 27. Era co m um ferir ritualisticamente o próprio corpo, 28 (Dt 14.1; Lv 19.28; Jr 16.6; Os 7.14). A dis puta com provou o poder de Jeová. Elias cor reu 27 quilóm etros até Jezreel, 46, capital secundária de A cabe (21.1), para anunciar a com pleta vitória do culto de Jeová sobre o baalism o (cf. Is 40.30-31).
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19. Elias no Horebe 1-14. Fuga e desespero de Elias. Aqui o hom em de D eus dem onstrou sua fa lib ili dade fugindo da ira de Jezabel até Berse ba, 208 q u iló m etros ao sul de Je z re el, já bem d entro do território de Ju d á e, p o r tanto, fora da ju risd ição de Je z a b e l, 1-3. Com auxílio divino, alcançou o m onte Ho rebe, 4-8, tam bém cham ad o S in ai, cerca de 320 quilóm etros para o sul, onde a lei fora revelada a M oisés. Ali D eus tam bém falou ao desnorteado profeta, 9-18 (cf. Êx 33.17-23), repreendend o-o por estar onde não deveria, 9, 13. Que contraste! Elias, o herói da fé no C arm elo, v ito rio so d iante do baalism o. Elias, o covarde da d escren ça no H orebe, preocupado só consigo, to talm ente d esen co rajad o , d esejan d o m o r rer (cf. Rm 11.2-4). 15-21. A m ensagem do Senhor. O Senhor não estava no terrem oto, nem n o ven to , nem no fogo, mas no "cicio tranquilo e su av e" da sua v o n tad e rev elad a, que so n dou o m alogro do profeta e o orientou a concluir seu m inistério.
20. As guerras de Acabe contra Damasco 1-34. O cerco de Sam aria. O ataque que a Síria já v in h a am eaçan d o h av ia m u ito tem po veio afinal cerca de cinco anos an tes do fim do reinado de A cabe. B en -H a dade cercou de repente Sam aria, com um a coalizão de reis. A brilhante estratégia de A cabe lhe deu a vitória n essa b atalh a, e m ais tarde noutra mais decisiva, em A fe que, 22-34, a leste do mar da G aliléia, na estrad a de B ete-S eã a D am asco. 35-43. O alerta do profeta era sobre a insensatez de Acabe ao libertar seu inim i go (com quem ele m ais tarde se aliou para com bater o avanço da A ssíria). A estraté gia do profeta de induzir Acabe a pronun ciar seu próprio ju lgam ento lem bra a en
trevista de N atã com Davi depois do seu pecad o com B ate-Seba (2Sm 12.1-15).
Revelações arqueológicas A in scrição m o n olítica de S alm an eser III (859-824 a.C.), hoje no Museu Britânico, registra o embate da Assíria com uma coa lizão sírio-palestina em Carcar, ao norte de H am ate, no vale do O rontes, em 853 a.C. "C ruzei o Eufrates; em Carcar destruí 1.200 carros, 1.200 cavaleiros e vinte mil hom ens de B en -H ad ad e, e m ais dois m il carros e dez mil hom ens de Acabe, o israelita..."
21. Acabe e a vinha de Nabote 1-16. Acabe m ata Nabote. N abote esta va religiosa e legalm ente certo ao conser var a propriedade dos seus ancestrais (cf. Lv 25.10-17, 23-24, 34). Acabe percebeu isso. Porém , sua ím pia cobiça o dominou. Jeza bel zom bou das reg ras relig io sas isra e li tas, 5-7, e co n ceb eu um p lan o d ia b ó lico p ara a s s a ss in a r N a b o te e to m a r su a v i nha, 8-14. A cabe foi lev a d o à ru ín a pela ím pia esposa, 15-16. 17-29. Elias pronuncia a condenação. Os cães lamberam o sangue de Acabe no local em que ele assassinara Nabote, 19 (cf. 22.38), e cães devoraram o cadáver de Jezabel ju n to da parede em Jezreel (2Rs 9.30-37). Jorão, filho de Acabe, também colheu as consequ ên cias dessa m aldição, sendo assassinad o por Jeú no mesmo lugar (2Rs 9.25-26).
22. A morte de Acabe 1-28. Acabe e Josafá sobem a Ram oteG ile a d e . M e n o sp re z a ra m a p ro fe c ia de M ic a ía s e d e ra m o u v id o s ao " e s p ír ito m en tiroso" do falso profeta, 23. 29-40.*A m orte de Acabe. 41-53. Josafá e Acazias. Cf. 2Cr 1 7 —20 e 2Rs 1.1-18.
1 Reis I 177 l
Cronologia dos dois Reinos
[ 178 l 1 Reis
Cronologia dos dois Reinos
cont.
Judá H g
Israel *30 SalumP®»
Jotão .
Zàcarias
750 32:
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752-42
........... Acar |
Pècaías 742-40
CwsfiB 732-22
735-16
k.A jt mm Ezequia: 716-687
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Queda de Samaria
Â
722
Manassés ;697-43
Esta cronologia é a de Edwin R. Thieie em The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings. W. F.
Albright, no Bulletin of the American Schools of Oriental Research n2 100, situa a divisão do reino em 1’ ue n i sistema ligeiramente diferente, , Ço-regêhtias sobrepostas explicam as aparentes discrepândas.
■ ,i
a Amom . 643-1' i
: Josias: 1641-091
Éjeoaca?. râ 609
609 598
m 598-97;
iedequías 597-86:
Queda de Jerusalém
586
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=
■ : I
2 Reis Do reino aos exílios « Comparação entre 1 e 2 Reis 1 Reis
2 Reis
Começa com o rei Davi
Termina com o rei de Babilónia
Começa com a glória de Salomão
Termina com a vergonha de Joaquim
Começa com as bênçãos da obediência
Termina com a maldição da desobediência
Começa com a construção do templo
Termina com o incêndio do templo
Detecta o avanço da apostasia
Descreve as consequências da apostasia
Como os reis fracassaram no governo do povo de Deus
Consequências desse fracasso
Surge o profeta Elias
Surge o profeta Eliseu
0 longo sofrimento do Senhor
0 Senhor pune o pecado
Ministérios dos profetas. Nesse período, Oséías e Âmós profetizaram em Israel. Joel, Miquéias, Isaías, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias e Jeremias profetizaram em Judá. Período abrangido. Por volta de meados do século 9a até aproximadamente meados do século 6a a.C
Esboço 1.1— 2.11 Final do ministério de Elias 2.12— 9.10 Ministério de Eliseu 9.11— 17.41 De Jeú à queda de Samaria em 722 a.C. 18.1— 25.30 Judá de 722 a.C. até o Exílic
[ 180 ] 2Reis
1. Elias e Acazias 1-16. Doença e morte de Acazias. Regen do o país ao lado do pai, um d ev oto de Baal, Acazias preferiu Baal ao Senhor. BaalZ eb u b e ("se n h o r das m o sc a s ") era um a m a n ife s ta ç ã o do g ra n d e B a a l c a n a n e u adorado na filistéia Ecrom . Era um a d is torção deliberada de B aal-Z ebul, ("sen h o r da m orad a ce le s te "), o e p íte to que m ais tarde seria associad o a S atan ás na teo lo gia ju d aica (M t 10.25; 12.24; M c 3.22; Lc 11.15-19). R egistram -se o aparecim ento de Elias, 3-8; a sina dos m ensageiros de A ca zias, 9-15; e a m ensagem cond enatória de Elias ao rei ad orad or de Baal, por ter ele consultado os sacerdotes pagãos dos filis teus e não o D eus de Israel, 16. 17-18. Ascensão de Jorão. Este, que foi o último rei da dinastia onrita, não deve ser confundido com Jeorão, filho de Josafá, rei de Judá (8.16-18, 25-27).
2. Eliseu e a transladação de Elias 1-11. A transladação de Elias. O profeta do fogo (lR s 18.38; 2Rs 1.10,12) foi elevado ao céu por um "carro de fogo, com cavalos de fogo", 11-12. Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5) e Elias (Mt 17.3-4) são os dois únicos homens que foram elev ad o s ao céu sem m orrer. Essa Gilgal, 1, ficava ao norte de Betei. A e x p re s s ã o "d is c íp u lo s d os p r o fe ta s ", 3,5,7,15, significa m em bros da ordem pro fética. "P ai" era um antigo título dado a um homem de Deus, 12. A "porção dobrada do teu espírito", 9, indica o papel de herdeiro espiritual. Em Dt 21.17 o prim ogénito rece bia um a porção dobrada da heran ça (i.e., se eram quatro filh os, a p ro p ried ad e era dividida em cinco partes e o prim ogénito recebia dois quintos). A porção dobrada não significa que Eliseu teve ou fez duas vezes m ais, em bora já se tenha o b serv a d o que as Escrituras registram aproxim ad am ente duas vezes mais m ilagres no m inistério de Eliseu. Esse pedido foi atendido quando o manto de Elias caiu sobre Eliseu, 12-15. 12-25. Porção dobrada sobre Eliseu. As águas do Jordão se dividiram , 14. A fonte de Jericó ficou pura, 22. O s rapazinhos idó
latras de Betei foram m ortos por ursas, 24, que D eus enviou para punir o escárnio do Deus de Eliseu, não de Eliseu. Hoje, Eliseu dá n o m e à m elh o r n a sce n te de Je ric ó , a Fonte de Eliseu.
3. Eliseu e Jorão 1-20. A revolta de M oabe. No reinado de Jorão (852-841 a.C.), M oabe rebelou-se e recusou-se a pagar tributo em cordeiros e lã, 1-8. A fam osa Pedra M oabita, tesouro do Louvre, descoberta em 1868, dá um re lato n otável da g u erra do ponto de vista do rei m o ab ita, M esa. O p lan o de Jo rã o exigia o auxílio de Ju d á e de seu vassalo Edom (lR s 22.48), pois a idéia era atacar M oabe pela retagu arda. Eliseu, que "d e i tav a ág u a so b re as m ã o s de E lia s " , 11, denotando que o servia com o criado, pro fetizou um suprim ento divino de água e a vitória da coalizão sobre M oabe, 10-20. 21-27. D errota de M oabe. O leito seco do riacho, 16, provavelm ente o ribeiro de Z ered e (D t 2.13), que sep arava Edom de M oabe, cheio de covas e refletin d o o sol n a sce n te e a p ed ra ca lcá ria v erm elh a de Edom (Gn 25.30), foi confundido com san gue. O fa to de M esa ter sa c rific a d o seu filho m ais velho a Q uem os sobre o m uro, e à vista de Israel, 26-27, en ch eu os ata cantes de tam anho horror que voltaram à sua terra sem tirar p roveito com p leto da sua vitória. Isso, novam ente, foi d escren ça da parte deles. O sacrifício hum ano era proibid o em Israel (Êx 22.29-30; 34.20; Dt 18.10), m as às vezes im piam ente se recor ria ao expediente (2Rs 16.3; 21.6).
Revelações arqueológicas A Pedra M oabita, erigida pelo rei M esa de M oabe em Dibom , ao norte de Arnom , por volta de 840 a.C., revela a prevalência de Quemos, o deus nacional de Moabe. "Eu sou Mesa, filho de Quemos [...] rei de Moabe, o dibonita [...] Onri, rei de Israel [...] oprimiu Moabe muitos anos porque Q uem os estava zangado com a sua terra. E seu filho lhe su cedeu, e ele disse. 'O primirei M oabe'..."
2 Reis [ 181 I
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M
Vista do local onde ficava a cidade de Samaria. No tempo de Eliseu, a cidade foi sitiada pelo rei da Síria.
4. Quatro milagres de Eliseu 1-7. Eliseu aum enta o óleo da viúva. A seção 4.1-8.6 rom pe a história sin cron iza da dos rein ados dos soberanos de Ju d á e Israel, e form a um interlúdio que trata do m inistério m ilagroso de Eliseu. Em Israel, p o d ia -se v e n d e r um filh o com o e scra v o para pagar um a dívida (Ex 21.7; D t 15.1218; Lv 25.9-34; cf. Jr 34.8-16; cf. o milagre de Elias em lR s 17.14-16). 8 -3 7 .0 filho da sunam ita é ressuscitado. A m u lh er v ivia em Sun ém , cerca de oito q u iló m etro s ao n orte de Jez reel. Ela não só concebeu um filho já idosa, segundo a palavra de D eus por m eio de Eliseu, 8-17, m as o m enino foi ressuscitado, 18-37. (Cf. o m ilagre análog o de Elias, lR s 17.17-24. Cf. tam bém Hb 11.35.) 3 8 -4 1 .0 cozinhado venenoso fica são. A farinha, jogad a no cozinhad o para anular as v e n e n o s a s ca b a ça s s ilv e s tre s (p ro v a ve lm en te co lo cín tid a s , um fo rte la x a n te que é venenoso em grandes quantidades), retrata o poder que tem D eus de elim inar
o m al. Por m eio da nossa fé, ele pode eli m inar o m al que existe em nós. 42-44. A m ultiplicação dos pães encon tra notáv el p aralelo no m in istério do S e nhor (M t 14.13-21; 15.32-38).
5. Eliseu e Naamã 1-19. A cura de Naamã. Naamã ("agradá v el") é um retrato do hom em natural, que desfruta do bom e do melhor, m as é obsti nado. "Porém [era] leproso", 1; a lepra ilus tra vividamente o pecado. O testemunho da israelita cativa foi eficaz, e N aam ã foi ter com o rei de Israel em busca da cura, levan do "d ez talentos de prata, seis mil sidos de ouro", 2-7. Naamã se revela um homem or gulhoso, ofendido pela rude instrução que recebe de Eliseu, de lavar-se sete vezes no b arren to Jo rd ão, 8-12. Sua aquiescência é análoga ao pecador orgulhoso que aceita o humilde caminho de salvação pela graça de D eus e é purificado do pecado, 13-14, e sal vo, 15-19. O desejo de Naamã de levar para
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casa "um a carga de terra de dois m ulos" de Israel, 17, deveu-se à sua idéia errónea de que um deus não poderia ser adorado fora da sua própria terra. Sua posição de oficial exigia que ele fingisse cultuar Rimom, o prin cipal deus da Síria, chamado também Hadade; mas Naamã foi realm ente curado e sal vo. (Cf. Lc 4.25-27). 20-27. Pecado e castigo de Geazi. A cobi ça rendeu a Geazi a lepra, da qual a graça h av ia sa lv a d o o g e n tio s írio . S a lv a ç ã o maior que a de Eliseu foi aceita pelos gen tios, enquanto aqueles tão intim am ente li gados ao S alv ad o r (Isra e l) en d u recera m os seus corações (Rm 11.1-25).
6—7. Eliseu e outros milagres 6.1-7. A cabeça de m achado que flutuou. E liseu re c u p e ro u a ca b e ç a de fe rro do m achad o.
Naamã parece ter ficado indignado com a mensagem de Eliseu, para que se lavasse sete vezes no lamacento rio Jordão.
6.8-23. O exército sírio foi cegado e cap turado pelas orações de Eliseu. D otã, cer ca de d ez e sseis q u iló m etro s ao n o rte de S a m a ria , fo i e sca v a d a p o r J. P. F re e , da Faculd ad e W heaton, Illinois. 6.24-7.20. A fuga do exército sírio que cercava Sam aria, segundo profecia de Eli seu, foi fruto da intervenção de Deus.
8. Eliseu e Hazael 1-6. Eliseu n ovam ente ajuda a sunam ita. A h is tó ria d essa m u lh er é reto m a d a , dando continu ação a 4.8-37. Eliseu p ro fe tizou a fom e, 1-2, e enviou a m u lher à Filístia (cf. Gn 26.1), aonde fora Isaque pelo m esm o m otivo. A influência de Eliseu ren deu à m u lher a restituição de sua p ro p rie dade em Sun ém . 7-15. Eliseu prevê a m orte de Ben-Hadade e a usurpação de Hazael. H azael foi divi n a m e n te e s c o lh id o p a ra c a s tig a r Is ra e l pelos seus pecados e, por isso, Eliseu cho rou, 11. Hazael tornou-se rei da Síria com o o previsto (cf. lR s 19.15-16; Os 13-16). 16-29. Os reinados de Jeorão e Acazias em Ju d á. A ta lia era esp osa de Jeo rã o . A "lâm p ad a" sim bolizava a perm anência da d in astia d av íd ica, 19 (cf. 2Sm 2 1 .1 7 ; lR s 11.36; 15.4). A Jeo rão (Jorao) suced eu seu filh o A cazias, cuja m ãe era A talia. Jeorão reinou de 852 a 841 a.C.; Acazias, em 841.
Revelações arqueológicas O re in a d o lo n g o e e n é rg ic o de B e n H adade I term inou em 842 a.C. P or volta de 841, H azael usurpou o trono. N um a laje de pavim ento de N im rud (Calá) encontrase o r e g is tr o d o a ta q u e de S a lm a n e s e r c o n tra H a z a e l (H a z a 'ilu ), de D a m a sc o . O utro texto de A ssur traz. "A dadidri aban donou sua terra. H azael, filh o de ninguém , tom ou o tro n o ".
9—10. 0 reinado de Jeú 9.1-37. Eliseu faz ungir Jeú. Jeú teve um longo reinado, c. 841-814 a.C. Ele foi un gi do (cf. lR s 19.15-16) com o g ro sseiro in s
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trum ento da cruenta tarefa de exterm inar a casa de Acabe e o baalism o. Esse últim o era tão indizível e viciosam ente cruel, que se fazia n ecessário um hom em com o Jeú, de p e rsistê n cia in can sáv el. Jo rão , A ca z i as e Jezabel foram liquidados. Zinri, 31, foi um assassino brutal (lR s 16.8-12). 10.1-36. C ontin ua a p urgação de Jeú . Com sagacid ad e e im pied ad e, Jeú varreu toda a casa de A cabe, os "seten ta filh os", 1, entre os quais sem dúvida havia netos, além dos ad orad ores de Baal, 11. Jonadabe, o re cab ita ("filh o de R e c a b e "), 15-17, un iu -se a Jeú no exterm ínio. O s recabitas eram um povo de vid a sim p les que con serv av a e stritam en te o e stilo de vid a do deserto, evitando a corrupção da vida ur bana (lC r 2.55; Jr 35).A o exterm inar os sa cerd otes e ad orad ores de Baal, 18-27, Jeú a p ro xim ou -se do zelo de E lias, m as com e ste c o n tra s ta v a em s u tile z a . C o m eça a cruel carreira de H azael, 32-33.
Revelações arqueológicas C om o H azael (v. cap. 8), Jeú era um u su rp ad or. O O b e lisco N eg ro de S a lm a n eser III, que L ayard en con trou no palá cio de N im rud, m ostra Jeú de fato se ajo e lh a n d o d ia n te d o im p e r a d o r a s s ír io . D epois do rei prostrad o vêm os israelitas c a rre g a n d o p re s e n te s . A in s c riç ã o traz. "T ributo de Iaua (Jeú), filho de Onri. Dele recebi p rata, ou ro, u m a v asilh a de ou ro, um grande copo de ouro, cálices de ouro, jarro s de ouro, chapas de chum bo para a cam a do rei e la n ça s".
1 1 . 0 reino de Atalia em Judá 1-16. U surpação e m orte de A talia. Iro n ica m en te, a te n ta tiv a de Je ú de e rra d i car a casa de A cab e em Isra e l re su lto u na ocupação tem porária do trono de Judá p o r alg u ém que n ão só era m em b ro da fam ília de A cabe, m as tam bém devota de B a a l, 18. Je o se b a , q u e salv o u Jo á s, filh o de A cazias, n ão era filh a de A talia; p o r tanto, som ente m eia irm ã de A cazias. Era e sp o s a d o su m o s a c e r d o te Jo a id a (2C r
Detalhes do Obelisco Negro de Salmaneser III, que Layard encontrou no palácio de Nimrud.
2 2 .1 1 ), e en sin o u ao jo v e m h e rd eiro do trono a Palavra do Senhor. Joaida liderou a revolta, coroand o Jo ás rei, 4-12, e orde nando a m orte de A talia, 13-16. O s "cário s " , 4, 19, ta lv e z u m a v a ria n te de cerete u s (c f. IS m 3 0 .1 4 ; 2 S m 8 .1 8 ), era m m e rc e n á rio s e s tra n g e iro s . 17-21. A renovação de Joaida. O povo com um , leal a Jeová, destruiu o templo de Baal, 17-18.
12. Joás rei de Judá 1-16. Reforma do tempo. Joás (c. 835-796 a.C .) teve um a controvérsia com os sacer dotes a respeito da reforma do templo, 4-8.
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O novo sistem a de coleta, 9-16, garantiu os fundos para os reparos, m as não para a reposição (cf. 2Cr 24.7). 17-21. D eclín io e m orte de Jo ás. Jo ás com p rou a paz de H az a e l sa q u e a n d o o templo, 17-21. Sobre o aprofundam ento do seu d eclínio esp iritu al e o assassin ato do filho de Joaida, ver 2Cr 24.17-22. Os própri os servos de Jo ás con sp iraram contra ele e o m ataram , 19-21.
13. Jeoacaz e Jeoás, reis de Israel 1-9. O reinado de Jeoacaz. Jeoacaz (c. 814798 a.C.), filho de Jeú, era fraco, e Israel foi humilhado por Hazael da Síria. Ele seguiu o culto ao touro em Dã e Betei. O poste-ídolo, 6, era um a im agem da deusa cananéia da fertilidade. 10-25. O reino de Jeoás. Jeoás, também cham ado Jo ás (c. 798-782 a.C .), guerreou com sucesso contra a Síria e Judá, e resta b eleceu Israel com o v erd a d eira p o tên cia para seu filho Jeroboão II (c. 793-753 a.C.). Relata-se a m orte de Eliseu, 20-21.
14. Amazias de Judá e Jeroboão II 1-22. Reinado de Am azias de Judá. Am a zias mandou executar os assassinos do seu pai, 5-6 (cf. Êx 20.5, Dt 5.9-10; 24.16); subju gou Edom, 7; e foi derrotado por Jeoás de Israel, 8-14. Reinou entre c. 796 — 767 a.C. 23-29. Jeroboão II de Israel reinou de c. 793 -. 753 a.C. e aum entou o poder de Isra el diante de D am asco, levando o reino do norte ao auge de sua força e p ro sp erid a de. A conqu ista da Síria, 28, foi p o ssív el por causa da relativa fraqu eza da Assíria.
Revelações arqueológicas E scav ações em S am aria con firm a ra m o esplendor da capital de Jerob oão II. Je roboão refortificou a cidade com um muro duplo. As ruínas desenterradas do palácio pertencem na sua m aioria ao períod o de Jeroboão II, e não ao de A cabe. O selo de ja sp e de "S h e m a , s e r v o de J e r o b o ã o " , com seu leão m agn ificam en te en talh ad o ,
m o stra a e fe rv e scên cia a rtístic a da é p o ca. O "p a lá cio de m arfim " de A cabe (as sim cham ado por causa da abundância de in c r u s ta ç õ e s de m a rfim u s a d a s n a su a decoração) foi im itado por m u itos dos ri cos da ép o ca, com o a testa m os a ch a d o s de m arfim em M egido e outros locais. (Cf. profecia de A m ós, 3.15; 5.11; lR s 22.39.)
15. Uzias e Jotão; Zacarias a Peca 1-7. Azarias (Uzias) de Judá, com o Jero boão II de Israel, teve um reinado longo e p rósp ero, c. 792-740 a.C. (v. 2C r 26.6-15). Q u and o o rei ficou lep roso por cau sa da sua in tro m issã o n o sa cerd ó cio , seu filh o Jo tão torn ou -se regen te, 5. Um a in scrição em pedra calcária do século 1 d.C. e n co n trada em Jerusalém traz o seguinte: "P ara aqui foram trazidos os ossos de U zias, rei de Ju d á ; que não seja a b e rto ". Jo tã o re i nou de c. 750 a c. 732 a.C. T ig late-P ileser III refere-se, nos seus A nais, a A zriyau de Yaudu (A zarias de Judá) em conexão com um a coalizão de reis ocidentais. 8-22. Zacarias, Salum e M enaém de Israel (cerca de 753-742 a.C .). Z acarias, filh o de Jeroboão II, reinou som ente seis m eses em Samaria (753/752 a.C.) e foi assassinado por Salum, encerrando assim a dinastia de Jeú, 8-12 (cf. 10.30). Salum, o usurpador, reinou so m e n te um m ês, e foi a ssa ssin a d o por M enaém, 13-22, que reinou de c. 752-742 a.C. A horrível prática de rasgar o ventre das grávidas (8.12; Os 13.16; Am 1.13) m ostra a bestialid ad e das antigas práticas de g u er ra e do caráter de M enaém .
Revelações arqueológicas Tiglate-Pileser III (745-727 a.C.), a quem M enaém pagou tributo, 19-20, era tam bém conhecido com o Pul (Pulu), nome pelo qual era popularm ente conhecido entre os isra elitas. Esse m esm o fato é m encionado nos Anais de Tiglate-Pileser. "Q u anto a M ena ém , o terror dele se apoderou. Com o um passarinho, fugiu só e a mim se submeteu. Ao seu p alácio o levei e [...] prata, vestes
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Monumento em baixo-relevo de Tiglate-Pileser III, rei da Assíria, na antiga Calá de lã tingida, vestes de linho [...J.recebi como seu tr ib u to " . M e n aé m de S a m a ria (M en ih u m m u de Sam erin a) é tam bém n o v a m ente m encionad o n os A n ais de T ig la tePileser com o "Rasunnu [Rezim] de A rã". 23-26. O reinado de Pecaías durou so m ente dois anos (742-740 a.C.). 27-31. R einado de Peca (c. 740-733 a.C.; c o -r e g e n te d e 7 5 2 -7 4 0 a .C .). O s " v in te a n o s" de 27 evid entem ente indicam a coreg ên cia. T ig la te -P ile se r, que con q u istou o norte da Galiléia, refere-se a Peca, rei de Isra el, nos seu s reg istros. 32-38. Reinado de Jotão. Rezim da Síria to rn o u -se um a am eaça.
16. 0 reinado de Acaz 1-4. Idolatrias de Acaz. Reinando de c. 735-716 a.C., A caz reviveu a idolatria cana néia, incluindo a horrível prática do sacrifí cio de crianças (v. 3.27; cf. Êx 34.20; Dt 18.10). Sobre a apostasia de Acaz, ver 2Cr 28. 5-8. Seu apelo à Assíria. A guerra siro-efraimita (2Cr 28.5-8) revelou a perfídia idólatra
de Acaz ao pedir auxílio à Assíria (2Cr 28.1621), apesar da prom essa da assistência de Deus (Is 7.1-17). O rei da Assíria, feliz por ser m a g n a n im a m en te com p en sad o pelo tolo Acaz por algo que já planejava fazer de qual quer modo, destruiu Damasco em 732 a.C. e devastou Israel (15.29). Tiglate-Pileser m en ciona esses eventos nos seus Anais. 9-20. Sua viagem a Dam asco, para pres tar h om enagem a T iglate-P ileser II, refor çou sua insen satez idólatra.
17. A queda do reino do norte 1-23. O reinado de Oséias. O último rei de Israel (732-722 a.C.), Oséias, foi domina do e pesadam ente taxado pela Assíria. Foi preso por conspiração com o Egito; sua ca pital, Sam aria, foi cercada e seus cidadãos, levados cativos em 722 a.C. O reino seten trional, de 200 anos, ruiu, como consequên cia de suas incuráveis apostasias, 7-23. 24-41. A A ssíria repovoa Israel. Os pró p rios reg istro s de Sargão confirm am o v. 24: "[A s cid a d es], re e rg u i-a s e as to rn ei m ais populosas do que antes. Assentei ali
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g ente das terras que c o n q u iste i." O p aís tornou-se conhecido com o Sam aria (e não Is r a e l), e sua p o p u la ç ã o m is c ig e n a d a , com o samaritanos, 29. Sua religião tornouse um sincretism o de cu ltos estrangeiros, 34-40. Cf. a atitude ju d aica que, originada aqui, persistia nos tem pos do N T (Ed 4.1-4; Lc 10.33; 17.16-18; Jo 4.9; 8.48).
18. Ezequias e a invasão de Senaqueribe 1-12. As reform as de Ezequias. Seu rei no de fato, excluindo a co-regência, abran geu c. 716-687 a.C. Os fato s listad os aqui devem sem dúvida ser situad os na co-re gência com Acaz, com o a queda de Sam a ria, 9-12. Ezequias d estruiu os postes-ídolos que s im b o liz a v a m A s e rá , a d eu sa can an éia da fe rtilid a d e , e a serp en te de bronze (Nm 21.6-9). Com o a religião de Baal tinha o sím b o lo da serp en te (N eu stã), a serpente de bronze tinha ligações pagãs e foi usada de m odo errado. 13-37. O ataq u e de S en aq u erib e. Ver Is 36. A língua da Síria era o aram aico, 26, que na P alestin a su p ero u am p lam en te o hebraico depois do Exílio.
19-20. Ezequias e Isaías 19-1-37. Ezequias consulta Isaías. Ver Is 37. Senaqu eribe foi fin alm en te assassin a do pelos filhos.
Revelações arqueológicas O Prisma de Taylor, do M useu Britâni co, d escreve o ataque de S en aqu erib e ao reino de Ezequias. "Q u an to a Ezequias, o judeu, que não se subm eteu ao m eu jugo, 46 das suas cid ad es fo rtem en te m u rad as [...].sitiei e tomei [...].Ele m esm o, com o pas sarinho na g aiola, co n fin e i-o em Je ru s a lém, sua cidade real [...].Q uanto a Ezequi as, o a te rra d o r e s p le n d o r d a m in h a m ajestade o esm agou [...]" E in teressante notar que Senaqu eribe n ão afirm a ter to m ado a cidad e, e extraiu do cerco a m e lhor história possível.
O Prisma de Taylor. A lguns defendem que a destruição do exército assírio, 2R s 19.35, foi p rovocad a por um a peste de ratos. H eródoto m en ci ona um ataque esm agador, em virtude do qual os assírios foram derrotados nas fron te ira s do E g ito , p o is os rato s ro eram as cordas dos arcos e o equipam ento de cou ro. Tiraca, 9, então general, mais tarde tor nou-se rei (690 a.C.). 20-1-21. A doença de Ezequias. Ver Is 38-39.
Revelações arqueológicas O açude e o aqueduto de Ezequias, 20 (cf. 2Cr 32.2-4,30), o canal escavado na ro cha da fonte de Giom até o reservatório de Siloé, com 542 m etros de com prim ento, é um dos projetos mais notáveis de abasteci mento de água do período bíblico, compará vel aos túneis de Megido e Gezer. Além dis so, Ezequias construiu um reservatório novo
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e m aior cham ado tanque de Siloé (Jo 9.711), idêntico ao açude de Hasselá (Ne 3.15). A inscrição de Siloé, descoberta em 1880, é um texto de seis linhas em hebraico clássi co, belam ente entalhado na parede do ca nal, a cerca de oito metros da boca do aque duto no tanque de Siloé. Narra a conclusão desse feito de engenharia, quando os ope rá rio s com cu n h as, m artelo s e p icaretas, cavando a partir de lados opostos, finalmen te se encontraram .
21. Reinados de Manassés e Amom 1-18. A orgia idólatra de M anassés. M a nassés (696-642 a.C.), filho de Ezequias, em b rutal contraste em relação a seu pai, fez o q u e p ô d e p ara p e rv e rte r a fé h e b ré ia por m eio de um a com pleta contam inação idólatra (cf. 2C r 33.1-20). O culto de Baal incluía danças selvagem ente libertinas em cu m es de m o rros a rb o rizad o s cham ad os "a lto s", 3. A consorte de Baal, Aserá, era a deusa da fertilidade. Entre as característi cas dessa ab o m in áv el ap o stasia estavam o culto à serpente, p rostitu ição m asculina e fem inina, ad oração de planetas, sa crifí cios h u m an o s e to d a sorte de ocu ltism o pagão d em oníaco.
Revelações arqueológicas M ontes de cinzas e esq u eletos de cri anças em cem itério s em torno de altares pagãos atestam o assassin ato de crianças em nome da religião. A arqueologia desen terrou tabuinhas com fórm ulas mágicas, ri tuais de e xo rcism o e p ro vas ab u n d an tes de ocu ltism o d em oníaco na antiguid ade. S o b re M a n a ssé s e re fe rê n c ia s a e le nas inscrições assírias, ver 2Cr 33. 19-26. O reinado de Am om. ím pio como seu pai, A m om foi assassinado.
22—23. 0 reinado de Josias 22.1-20. Reforma do templo e descoberta do livro da lei. O longo e santo reinado de
Josias estendeu-se de c. 640-608 a.C. Reco lheu-se metal não cunhado (dinheiro) para reparar o templo (cf. 2Rs 12.4-16). Isso em 621 a.C. O grande acontecim ento do reina do de Josias foi a descoberta do livro da lei, 8-10, que provocou um a grande reforma e in ten sa revivescência, 22.11-23.37. D iante dos indícios disponíveis, é coerente acredi tar que esse rolo fosse a "lei de M oisés", i.e., o Pentateuco, cujas cópias foram destruídas d u ran te o rein ad o id ó latra de M anassés. Essa recuperação do Pentateuco, colocado na pedra angular quando da construção do tem plo de Salom ão (c. 966 a.C.), deveu-se às p ro fu n d a s refo rm as e xecu ta d a s pelos operários. A crítica erudita vincula essa des coberta a Deuteronômio, que, segundo ale gam os estudiosos, fora escrito recentemen te com o "frau d e pied osa" pelos m em bros da escola profética. H oje há pouca susten tação textual ou histórica para essa pedra angular da Hipótese Documental.
Revelações arqueológicas Era com um nos tem pos antigos depo sitar docum entos nas fundações dos edifí cios. N abonido, rei babilónio do século 6o a .C ., a p reciav a m u ito e sca v a r as fu n d a ções de edifícios para recuperar docum en tos an tig os; fez escav ações no tem plo de Sam as, na Baixa M esopotâm ia. Sem dúvi da, a alvenaria do tem plo salom ônico es tava tão deteriorada, que a pedra angular teve de ser substituída, e os livros de M oi sés, que h a v ia m fica d o a lr d u r a n te três séculos e m eio, vieram à lu z .. 23.1-30. Reformas e morte de Josias. Os historiadores costumavam se perguntar por que Josias avançou contra Neco, 29, se Fa raó estava evidentemente subindo para ata car a Assíria. A Crónica Babilónia deu uma perspectiva com pletam ente distinta para a questão. M ostra que N eco saiu em auxílio dos assírios; portanto, o v. 29 deve ser tradu zido assim, "...subiu Faraó-Neco [...].on [não contra o] rei da Assíria, ao rio Eufrates". 23.31-37. Jeo acaz e Jeoaq u im . Am bos eram ím pios e foram d om inad os por Fa-
[ 188 l 2Reis
raó-N eco do Egito (609 a.C.). Jeoaquim rei nou de 609 a 598 a.C.
24. Joaquim e Zedequias 1-17. Queda de Jerusalém e a prim eira deportação. O controle egípcio de Judá so çobrou na batalha de Carquem is (605 a.C.), quando os neobabilônios (caldeus) d erro taram tanto assírios q u anto eg íp cios, 1-7. Joaquim assim rebelou-se contra N abu co donosor de Neobabilônia. Jeoaquim , o pai, m orrera em 598 a.C. e seu jovem filho Jo aquim assumiu o instável trono. Em 16 de março de 597 a.C., no sétim o ano de N abu cod on osor (Jr 52.28), Jo a q u im ren d eu -se ao m onarca babilónio, com o inform am as fontes cuneiform es, 10-17 (v. 25.27-30). 18-20. Zedequias sobe ao trono, reinan do de 597 a 586 a.C. Ele era tio de Joaquim , M atanias; m ais tarde, cham ado Zedequias por conta da sua servidão.
25. Destruição de Jerusalém e o exilio babilónio 1-21. A rebelião de Zedequias. Apesar do seu juram ento de lealdade (2Cr 36.13), Z e d e q u ia s co m e ço u a c o n s p ir a r com o Egito e outras nações. O resultado foi um terrív el cerco con tra Jeru sa lém , que caiu
em 586 a.C ., d ep ois de um a esca sse z te nebrosa. A cidade foi incend iad a e os h a bitantes, d ep ortad os ou chacinad os (cf. Jr 52 .2 9). O s u ten sílio s de v alo r do tem p lo foram levados para Babilónia, 13-17. Je re m ias dá m uitos outros detalhes, m as, sur preendentem ente, o profeta não é m encio nado em 2 Reis. 22-26. G edalias governador. Seu assas sinato gerou caos e ruína (cf. Jr 40-42). 27-30. Libertação de Joaquim . Depois de viver com o prisioneiro político durante 37 anos em B abilónia, Jo aq u im foi lib ertad o pelo su cessor de N abu cod on osor II, EvilM e ro d a q u e (A m e l-M ard u q u e , aca d ia n o , "hom em de M ardu qu e"), 562-560 a.C. Um v a so de S u sã co n firm a e sse rei e traz a inscrição. "P alácio de A m el-M arduque, rei de Babilónia, filho de N abucodon osor, rei de B abiló n ia". R egistros babilónios relaci onam "Y aukin rei da terra de Y ahud", i.e., Joaqu im de Judá, com o um dos que rece b iam rações reais. Ele ainda era co n sid e rad o rei de Ju d á, m esm o p elo s p ró p rio s babilónios. Asas de jarros de Tell B eit Mirsim e B ete-Sem es, e n co n trad a s em 192836, trazem estam pado. "Eliaquim , adm inis trador de Yaukin" (Joaquim ), evidenciando o fato de que o rei exilado era reconhecido co m o s o b e r a n o le g ítim o , ta m b é m p e lo povo de Judá.
2Reis [ 189 ]
Assíria Peca e Oséias. Tiglate-Pileser diz numa inscrição: Peca, seu rei, haviam eles derrubado. Coloquei Oséias no trono. Deste "recebi dez talentos de ouro e mil talentos de prata". Cf. 15.30; 17.3. Salmaneser V (726-722 a.C.) foi o imperador assírio que iniciou o cerco de Samaria (cf. 17.3), sendo filho e sucessor de Tiglate-Pileser III. Além das Escrituras ele é mencionado numa única inscrição que celebra a restauração do templo de Nabu em Borsippa, Babilónia: "...reparei seu estrago e fortaleci a estrutura". Ele encarcerpu Oséias por conspirar com Sô (Sibe), um reizete do leste do delta do
Nilo, 17.3-6. É digno de nota que nem 2Rs 18.9-11 nem 2Rs 17.3-6 afirme que o próprio Salmaneser tenha realmente tomado Samaria. "Ao cabo de três anos [a cidade] foi tomada [pelos assírios, i.e., no reinado de Sargão II]". Sargão II (722-705 a.C.) foi quem de fato tomou Samaria nos primeiros meses de 722 a.C., depois da morte de Salmaneser. "No início do meu governo, no primeiro ano do reinado [...] samerinai [o povo de Samaria] [...] 27.290 [...] que viviam ali, deportei...". Na "Inscrição Ostentatória" de Sargão em Khorsabad, onde foi desenterrado o palácio real de Sargão, por Paul Emil
Botta, em 1843, diz o imperador: "Sitiei e capturei Samaria, levando 27.290 pessoas que ali habitavam [...] fiz outros tomarem seus bens [dos habitantes deportados]. Nomeei altos funcionários meus como governantes deles e impus-lhes o tributo do antigo rei". Antes da moderna arqueologia, o nome de Sargão, na literatura então disponível, aparecia somente na Bíblia, e apenas uma vez (Is 20.1). Hoje os críticos que atacavam a Bíblia nesse ponto não apenas estão calados, mas são obrigados a tê-lo como um dos soberanos mais grandiosos e poderosos da antiguidade. Outra inscrição de Sargão diz. "Azuri, rei de Asdode, tramou não mais
Objeto em baixo-relevo mostra a rainha e seus servos em um banquete na antiga Nínive.
[ 190 ] 2Reis
pagar tributo. Irado, marchei contra Asdode [...] conquistei Asdode, Gate. Assentei ali gente das terras do leste. Recebi tributo da Filístia, de Judá, de Edom e de Moabe".
O povo assírio Assur e os primórdios da Assíria. Localizada a 96 quilómetros de Nínive, na margem ocidental do rio Tigre, esse local (atual Qalat Sharqat) foi o centro original do poder assírio (c. 3000 a.C.). Batizada em homenagem a Assur, o deus nacional da Assíria, a capital tornou-se mais tarde o centro do império assírio e deu seu nome ao "gigante dentre os semitas". A Assíria foi fundada por colonos de Babilónia e periodicamente dominava o vale do Tigre-Eufrates. Tiglate-Pileser I (c. 1115 a.C.) fez dela uma grande nação, mas veio o declínio durante a era de Davi e Salomão, 1010931 a.C., o que possibilitou o império israelita.
Judá, e Jeroboão II, de Israel, tivessem reinados longos e prósperos. Tiglate-Pileser III (745-727 a.C), "Pui", levou Israel ao exílio, 734 a.C. Salmaneser V (727-722 a.C.) cercou Samaria. Sargão II (722-705 a.C.) tomou Samaria em 722 a.C. Senaqueribe (705-681 a.C.) foi um grande conquistador, mas não conseguiu tomar Jerusalém. Esar-Hadom (681-669 a.C.) reconstruiu Babilónia e conquistou o Egito.
O poderoso império assírio (885-612 a.C.). Sua capital era Nínive. (V. Naum.) Assurbanipal II (885-860 a.C.). Sua formidável máquina de guerra estendeu o poder assírio até o Mediterrâneo. Salmaneser III (859-824 a.C.) foi o primeiro rei assírio a entrar em conflito com Israel. Acabe o combateu ao lado de Ben-Hadade, em Carcar (853 a.C.). Jeú lhe pagou tributo. Sansi-AdadeV (824-811 a.C.), Adade-NirariIII(810-783 a.C.) e vários outros imperadores fracos, até 747 a.C., permitiram que Uzias, de
Estátua de p ro p o rç õ e s g ig a n te s c a s , com corpo de anim al e cabeça hu m an a, da cidad e db Nínive;* m ie hoje integra o 'a ce rv o do M useu Britân ico , em Lo n d re s.
Assurbanipal (669-C.626 a.C.), Asnapar(Ed 4.10), foi o último grande imperador. O período 626-607 a.C. testemunhou a desintegração e queda desse cruel império. Os anais assírios mencionam contatos com nove reis hebreus: Onri, Acabe, Jeú, Menaém, Peca, Uzias, Acaz, Ezequias e Manassés. A crueldade assíria era proverbial e os hebreus sofreram terrivelmente nas mãos dos reis assírios.
1 Crónicas 0 reinado de Davi Nome e autor. O nome "Crónicas" vem da Vulgata — Liber Chronicorum ("livro de Crónicas"). O título hebraico é Dibrí Hayyammím ("eventos dos tempos"). O grego Paraleipomena significa
"coisas que sobraram", i.e., dos livros de Reis. O autor é desconhecido, mas talvez seja Esdras. A data é pós-exílica, e os livros aparecem no final da terceira parte do cânon hebraico, no local onde está Malaquias,
Comparação entre Reis e Crónicas. Os livros de Reis foram escritos antes do Cativeiro, e os de Crónicas, depois desse acontecimento (1Cr 6.15). Reis narra a história do ponto de vista profético; Crónicas, segundo uma abordagem sacerdotal, enfatizando o ritual do templo. A bênção e graça que Deus dispensa a Davi, como fundador do culto do templo, e aos seus sucessores no trono de Judá até o Exílio. Em Crónicas, os reis de Israel são ignorados, e mencionados só quando há necessidade, ao contrário de 1 e 2 Reis, que entrelaçam a história do reino dual.
Esboço 1.1— 9.44 As genealogias 10.1-14 O fim de Saul 11.1— 21.30 O reinado de Davi 22.1—29.30 Davi ■■define o ritual do templo
[192] 1Crónicas
1—9. As genealogias 1.1-54. De Adão aos edom itas. (Cf. Gn 5,10,11,25 sobre esses n om es.) As g en ea logias dos caps. 1 —9 são dadas para m os tra r q u e C r ó n ic a s tra ta d o v e r d a d e ir o P o v o E le ito , d e s c e n d e n te de A b ra ã o , e destinad o a ser a linhagem pela qual v i ria o M essias. 2.1—4.23. Genealogias de Judá. Judá apa rece primeiro porque é dessa tribo que vi ria o Messias (Gn 49.8-12). Traça-se a linha gem de Davi a Zedequias, 3.1-24, e dão-se genealogias adicionais de Judá em 4.1-23.
Israel e as ratas comerciais antigas
4.24—5.26. Simeão, Rúben, Gade e a meia tribo de M anassés. São relacionados os fi lhos de Sim eão, 4.24-43; os filh os de R ú ben, 5.1-10; os de Gade e os da m eia tribo de M anassés, 5.11-26. 6.1-81. Levi. M encionam -se a linhagem dos sum os sacerdotes, 1-15,49-53; as listas de levitas, 16-30; os principais m úsicos de Davi, 31-48; e os territórios loteados, 54-81. 7.1-40. Issacar, N aftali, m eia trib o de M anassés, Efraim e Aser. 8.1-40. Benjam im . M encionam -se os fi lhos de B enjam im , 1-28, e tam bém a casa de Saul, 29-40.
Nínive Çarquemis
bAlepçmJ Cavalos
Hamate Tadmor
o
Exportações de Israel: Grãos >aifiásp€f
Óleo de oliva Vinho
Cereais
Madeira Púrpura
Frutas
Amêndoas
^
Resinas aramaticas Mirra'x
Perfumes
■•'"Tecidos
Ouro tz o r/ G e tje r
Pedras 'Especiarias;
'Ouro • Marfim Sândalo ^ ,
\
Madeira delçi Fronteira do império de Salomão Rota por terra Rota marítima
1 Crónicas [ 1 9 3 ] 9.1-44. H abitantes de Jerusalém depois da v olta. O s reg istros g e n ea ló g ico s eram cuid ad osam ente g u ard ad os em Israel. Os d os caps. 1 — 9 estão cond en sad os.
10. Derrota e morte de Saul. 1-12. M orte e sepultam ento de Saul (cf. IS m 31). O cro n ista u sa a d erro ca d a de Sau l e seu s filh o s com o tra m p o lim para introduzir o verdadeiro rei do Senhor, Davi. 13-14. A razão do fracasso de Saul. Sua d e so b e d iê n cia e in fid e lid a d e ao S e n h o r são ressaltad as pelo fato de ter ele recor rido ao ocultism o (ISm 28).
11. Ascensão de Davi ao trono 1-9. O rei e sua capital. D avi foi ungido rei em H ebrom , 1-3 (cf. 2Sm 5.1-3). C o n quistou Jebus (Jz 1.21; 19.10-11) e fez dela sua capital, 4-9 (cf. 2Sm 5.6-12). 10-47. Lista dos valentes de Davi (cf. 2Sm 23.8-39). O bserve os nom es ad icionais.
te rep resen ta d o s com o leões alad o s com cabeças hum anas (Ez 41.18-19; Gn 3.24). Na Fenícia, o rei m uitas vezes aparecia senta do num trono sustentado por querubins. 9-14. O castig o . Só os lev itas podiam tocar a arca (cf. 2Sm 6.1-10). O erro de Uzá, em bora b em -in ten cion ad o, foi grave, pu nível com a m orte.
14. Progresso e êxito de Davi 1-7. Sua fam ília. M encionam -se a rela ção de D avi com H irão de Tiro, 1-2, e sua fam ília, 3-7 (cf. 2Sm 5.11-25). 8-17. Suas vitórias sobre os filisteus. O resum o do cronista é dado em 17.
15—16. Davi leva a arca para Jerusalém 15.1-29. O m odo correto de fazê-lo (cf. lC r 13 com Nm 4.5,15 e 2Sm 6.1-10).
12. Os guerreiros de Davi 1-22. Os guerreiros benjam itas em Zicla gue e outros. A rejeição e aceitação de Davi prefiguram o Senhor, de quem D avi é um protótipo. 23-40. A queles que foram coroá-lo rei. C om o não será m aio r a aleg ria e a festa quando o Senhor se fizer Rei de todas as n ações!
13. Davi leva a arca de Quiriate-Jearim 1-8. Um ato louvável feito de modo erra do. A arca, m en cion ad a 46 vezes em 1 e 2 C rô n ica s, d ev eria ser tra n sp o rta d a aos om bros dos levitas (Nm 4.5,15), e n ão no m odo filisteu, sobre um carro. Q uiriate-Jea rim é hoje cham ada Tell el-Azhar, cerca de onze quilóm etros a noroeste de Jerusalém . Sior do Egito, 5, era o braço oriental do delta do Nilo. A entrada de H am ate ficava bem no n orte da Síria. O s q u eru b in s, 6, eram g u a rd iãe s dos lu g a re s sa g ra d o s, com o a esfinge do Egito, e talvez fossem igualm en
Monumento assírio em alto-relevo, de Nimrud, retrata músicos daquela época tocando harpa, lira e instrumentos de sopro.
[1941 1Crónicas
16.1-43.0 culto de dedicação. Descrevemse os sacrifícios de Davi, 1-3; seu coro, 4-6; seu grande salm o de ação de graças, 7-36; e a definição do ritual e da música do taber náculo, 37-43. O fato de parte do ritual do tabernáculo ser executado em Gibeão indi ca a confusão dos tempos anteriores à cen tralização do culto em Jerusalém , 39.
17. A aliança davídica 1 -6 .0 desejo de Davi de construir o tem plo (cf. 2Sm 7.1-3). 7-15. A A lian ça D avíd ica. Som ente em Cristo, filho e Senhor de D avi (SI 110.1), é que essa g ran d e a lia n ça será cu m p rid a, quando o Sen h or v o ltar no seu seg u n d o advento. Então "D eu s, o Senhor, lhe dará o trono de D av i, seu p a i" (L c 1 .3 2 ; v er 2Sm 7.4-17). 16-27. Louvor e oração de Davi (cf. 2Sm 7.18-29).
18—20. As guerras de Davi 18.1-17. Pleno estabelecim ento do seu reino (cf. 2Sm 8.1-18). 19.1-19. Derrota dos am onitas e dos alia dos siros (cf. 2Sm 10.1-19). 20.1-8. O utros êxitos m ilitares. D avi e Joabe tom am Rabá, 1-3 (cf. 2Sm 12.26-31) e derrotam os filisteus, 4-8 (cf. 2Sm 21.15-22).
21. Pecado de Davi no censo 1-7. O protesto de Joab e (cf. 2Sm 24.19). O orgulho de D avi foi ap arentem ente a cau sa. 2 1 .8 —22.1. A peste e a com pra de um local para o santuário. O cronista destaca
D avi n a s su as a tiv id a d e s e c le s iá s tic a s e ritu alísticas, conform e o prop ósito de 1 e 2 C rô n ica s.
22—27. Davi define o ritual do templo 22.1-19. Preparação e ordens a Salom ão. Davi escolheu o local do templo, 1; reuniu o m aterial para a construção, 2-5; m andou Salom ão erguê-lo, 6-16; e ordenou que to dos os p rín cip es de Isra el aju d assem S a lom ão na tarefa, 17-19. 2 3 .1 -2 4 .3 1 . Preparação dos levitas e sa cerd otes. O s sacerdotes são d iv id id os em 24 turnos, 24.1-19; ver a d ivisão de A bias (Lc 1.5). 25.1-31. Preparação dos cantores e m úsi cos. R elacionam -se os filhos de A safe, Jedutum e H em ã, 1-7. São d iv id id os em 24 gru p os, com o os sacerd otes. 2 6 .1 -2 7 .3 4 . Preparação dos outros ofi ciais do tem plo. O rganizam -se os p o rte i ros, guardas dos tesouros e outros fu n cio n á rio s , 2 6 .1 -3 2 , in c lu in d o -s e o f ic ia is en ca rre g a d o s de q u estõ es m ilita re s e c i vis, 27.1-34.
28—29. Últimos atos e morte de Davi 28.1-21. Discurso de Davi à assembléia e a Salom ão. D ep ois do d iscu rso, 1-10, D avi entregou as plantas do tem plo a Salom ão, 11-19, com um conselho de incentivo, 20-21. 29.1-30. Ú ltim as p alav ras e m o rte de Davi. Ele repassou seus planos e prepara tivos para a construção do tem plo, 1-19, e in v e s tiu S a lo m ã o re i, 2 0 -2 5 . N a rra -se a m orte de Davi, 26-30.
Objetivo de 2 Crónicas.
Salomão é apresentado como o personagem mais importante depois de Davi com relação ao templò e seu culto, caps. 1—9. A maior parte do livro, caps. 10—36, trata do período da monarquia dual, mas se concentra no favor dispensado por Deus à casa davídica. O reino do
norte é abordado o mais sucintamente possível. Considerava-se que esse reino não representava o verdadeiro Israel, e por isso não tinha importância. A apostasia de Judá em relação à lei deuteronômica é apresentada como razão do desastre que assolou o país.
Esboço 1.1— 9.31 0 reinado
aeSalorrião 10.1-19 A divisão
do reino 11.1— 36.14 A história
de Judá até o exílio 36.15-23 Cativeiro e epílogo
[ 196 1 2Crônicas
1. Início do reinado de Salomão 1-13. Sua visão em G ibeão (cf. lR s 3.515). Gibeonel el-Jib, cerca de dez quilóm e tros a n oro este de Jeru salé m , foi o lugar em que se erg u eu o ta b e rn á cu lo d ep o is que Saul d estru iu N obe. Lá p erm an eceu até Salom ão concluir a construção do tem plo (lR s 3.4; lC r 16.39). G ibeão foi escava da em 1956; d e s e n te rra ra m -s e m u ro s e p a rtes do siste m a de a b a s te c im e n to de água da cidade. 14-17. R esum o do esp len d or e da riqu e za de Salom ão (v. lR s 10.26-29; 2C r 9.2528). Salom ão im portou cavalos "d o Egito e da C ilicia; e com ercian tes do rei os re cebiam da C ilicia por certo p re ço ", 16. A Cilicia, na Á sia M enor, era fam osa pelos seu s co rcé is.
2—4. Salomão constrói o templo 2.1-18. Preparativos para a construção (cf. lR s 5.1-6,11). O rei de Tiro é aqui cham ado Hurão em vez de Hirão. O "L íb a n o ", 8, 16, era fam oso na an tig u id ad e p elos cedros. "H irã o -A b i", 13, era o a rte sã o H irã o de Tiro, que não deve ser confund ido com o
rei de m esm o nome. A m adeira do Líbano seria tran sp ortad a em jan g ad as pelo m ar até Jope, 16, antigo porto m arítim o da Pa lestina, cerca de 48 quilóm etros a n oroes te de Jeru salém . E strangeiros eram recru tad os p ara o trab alh o fo rçad o, 17-18 (cf. lR s 5.13-18; 9.22). 3.1-17. D etalhes da con stru ção. O mt. M o riá, 1, só ap arece aqui e em G n 22.2. O rnã (A raúna) é tam bém m encionado em 2Sm 24.16. Cúbitos do "p rim itivo pad rão", 3, eram m aio re s, de cerca de 53,1 c e n tí m etros. "O u ro de P a rv a im ", 6, é obscuro (cf. lR s 9.28). A localização de O fir (8.18) tam bém é in certa , p ro v av elm en te no sul da A rábia. O s q u erubins, 10-13, eram le ões alados com cabeça hum ana. Jaq u im e Boaz, 15-17, talvez fossem en orm es fo g a réus com vasos de óleo, para ilu m in a r a fachada *do tem plo (v. lR s 7.15-22). 4.1-22. A m obília do tem plo (cf. lR s 7.2351). O altar de bronze, 1, aparece em lR s 8.64 e 2R s 16.14. O m ar era u m a enorm e bacia construída sobre doze bois, com ca pacidade de dois m il batos (um bato equ i vale a 22,71 litros), e servia para lavagens rituais, 2-6 (cf. lR s 7.23-26).
2Crônicas [ 197 ]
5—7. Salomão dedica o templo 5.1-14. Introdução da arca (cf. lR s 8.111). O cronista acrescenta o relato dos sa cerd otes e cantores, 11-13. 6.1-42. A oração dedicatória de Salomão é tomada de lR s 8.12-52. D epois dp discur so, 4-11, vem a oração, 12-42. 7.1-22. A presença do Senhor consagra o tem plo.
8. A prosperidade de Salomão 1-11. Suas atividades com o construtor. Sua cam p an ha, 3, só é m en cio n a d a aqui. Tadm or, 4, é Palm ira, a m etrópole do de serto sírio (cf. lR s 9.18). 12-18. Suas atividades religiosas. Emprega-se a exp ressão "d ia n te do p ó rtic o ", 12 (cf. lR s 9.25), porque som ente os sacerdotes podiam entrar. Sobre 17-18, ver com entári os a respeito de lR s 9.26-28. A fundição de
cobre de Salom ão foi escavada em EziomGeber (Tell el Khalifa).
9. A rainha de Sabá e a morte de Salomão 1-12. A visita da rainha é repetição de lR s 10.1-13 (v. com entários ali). O cronista re la c io n a as c a ra c te rís tic a s p o sitiv a s de Salom ão, com o fez com Davi. 13-18. R iqueza e esplendor de Salomão. Extraído de lR s 10.14-29. 29-31. A morte de Salomão. Cf. 1 Rs 11.41 43, om itind o d etalhes desfavoráveis.
10. Secessão das dez tribos 1-15. A insensatez de Roboão. Esse ca pítulo segue de perto lR s 12.1-19. 16-19. A triste consequência. A liderança d e R o b o ã o fo i re je ita d a p e la s trib o s do
Diagrama do sistema municipal de água de Gibeom
1 Manancial 2 Aqueduto 3 Cisterna 4 Porta 5 Túnel de 93 degraus
[ 198 ] 2Crônicas
norte de Israel. O reino foi divid ido. Ele reinou sobre Judá (c. 931-913 a.C.).
11—12. 0 reinado de Roboão 11.1-23. Início do reinado de R oboão. R oboão foi proibido de lu tar contra Je ro boão I, 1-4. Ele fortificou bastante seu rei no, 5-12, e protegeu os sacerd o tes e lev i tas, 13-17. Cita-se sua família, 18-23. Ele foi obediente ao Senhor durante três anos. 12.1-16. Pecado e castigo de Roboão. A degeneração e a ap o stasia p ro vocaram a invasão de Sisaque (v. lR s 14.21-31). Sisa que era Sesonque I (c. 945-924 a.C .), cuja invasão da P alestin a-Síria naquela época é bem conhecida dos arq u eó lo g o s. O a r rependimento evitou a destruição com ple ta, 5-12. D escrev em -se os atos e a m orte de Roboão, 13-16.
13—16. Abias e Asa 13.1-22. R einado de A b ias (c. 913-911 a.C.).O cronista m ostra que o verd ad eiro culto ao Senhor se fazia no tem plo de Je rusalém , 1-12. N arra-se a g ran d e v itó ria de A bias sobre Jeroboão, 13-22. 1 4 .1 -1 6 .1 4 . O reinado de Asa (cf. 911-870 a.C.). Relatam-se suas reformas, 14.2-8, bem como sua grande vitória sobre Zerá, o etío pe. A oração de Asa, 11, respirava o frescor da fé e resultou em triunfo, 12-15. O vitorio so Asa foi alertado pelo profeta A zarias, 15.1-7, e com o consequência op erou um a reforma religiosa, 8-19. Aserá era uma im a gem da deusa cananéia da fertilidade, 16. A guerra de Asa contra Baasa, sua apostasia e morte são narradas em 16.1-14. O v. 9 é famoso e frequentem ente citado. A d oen ça dos pés de Asa, 12, era grave. Seu enter ro foi elaborado, 14.
1 8 .1 - 1 9 .1 1 . Seu erro. A aliança de Jo sa fá com A cab e (lR s 2 2 .1 -4 0 ) c o n stitu iu g ra v e co n c e ssã o e in se n sa te z , m e re c e n do a sev era rep rim en d a do p ro fe ta Je ú , filho de H anani, 19.1-3. A repreensão sur tiu efeito e Josafá restaurou a justiça legal e a ordem sacerdotal em Ju d á, 19.4-11. 20.1-37. Josafá escapa de uma invasão. A invasão dos m oabitas e am onitas, 1-2, foi repelida, 14-25, em resposta à oração de Jo safá, 3-13. Juntou-se grande recom pensa e Josafá retornou triunfante, 26-34. Sua com prom etedora aventura com ercial com A ca zias (lR s 22.47-49) term inou em desastre. E ziom -G eber é a m oderna Tell el Khalifa, onde se descobriu um a fundição de cobre pertencente a Salom ão.
21—22. Jeorão, Acazias, Atalia 21.1-20. O ím pio reinado de Jeorão. O filho m ais velho de Josafá assassinou seus irm ãos e praticou o mal, 1-7. Edom e Libna (Tell el Safi, cerca de 35 quilóm etros a su d oeste de Je ru sa lé m ) reb elaram -se, 8-10. Je o rã o e sta b e le ce u alto s, 11. Sua c o n d e nação foi p ro nu nciad a por um a carta es crita por Elias, 12-15, sem dúvida entregue por Eliseu. Seu fim foi desastroso, 16-20. 2 2 .1 -9 . O ím p io re in a d o de A ca z ia s (cf.2Rs 8.24-29). Ele foi assassinado por Jeú. 22.10-12. A usurpação de Atalia (cf. 2Rs 11.1-3). Je o sa b ea te o cu lto u Jo ás, filh o de A ca z ia s.
23—24. Reforma e apostasia de Joás
23.1-11. Joás se torna rei, c. 835-796 a.C. (cf. 2Rs 11.4-12). 23.12-15. Atalia é executada, c. 841-835 a.C. (cf. 2Rs 11.13-16). 23.16-21. O avim ento de Joiada (cf. 2Rs 11.17-20). 17—20. A reforma de Josafá 24.1-Í7. Reinado de Joás. Dá-se um resu 17.1-19. A piedade e prosperidade do iní mo do seu rein ad o, 1-2. M en cion am -se a reforma do templo, 4-14; a morte de Joiada, cio do seu re in a d o . O "liv r o da L ei do 15-16; e a apostasia do rei e dos príncipes, 17S e n h o r " , 9, que Josafá pregou em Jud á era 19, que acaba com o apedrejamento do filho a lei de M oisés, que os críticos alegam ter de Joiada, Zacarias, 20-22, e a invasão dos sisido um a com posição tardia, dos tem pos ros de Damasco, 23-24. Diante do assassinato de Josias (v. com entário sobre 2Rs 22.8-13; de Joás, seu filho Amazias lhe sucedeu, 25-27. Dt 17.18-20).
2Crônicas 1199 1
[ 200 1 2Crônicas
2Crônicas I 201 ]
25—26. Amazias e Uzias 25.1-28. Reinado de Am azias, c. 796-767 a.C. (cf. 2Rs 14.1-2). Sua cam panha contra Edom, 5-13, e sua idolatria, 14, incitou contra ele a ira divina, 15-16. Seu erro ao contratar soldad os de Israel, 7, levou a um a guerra desastrosa contra Joás, do reino setentrio nal, 17-25, rendendo-lhe uma m orte violen ta, 26-28 (2Rs 14.8-20). 26.1-23. R einado de U zias. O reinado de U zias (tam bém cham ado A zarias) foi lon go e próspero (c. 791-740 a.C.). Ele se intro m eteu no ofício do sacerd o te ao oferecer in cen so e foi a co m e tid o de lep ra (v. co m entário sobre 2R s 15.1-7).
27—28. Jotão e Acaz 27.1-9. R einado de Jotão. Rei bom e prós pero, 1-2, ele construiu "so b re o M uro de O fe l", 3, u m a fo rta lez a na parte orien tal da cidade. Tam bém su b ju g ou A m om . Jo tão reinou de c. 750 a c. 732. 28.1-27. A grande im piedade de Acaz. Ele reinou de c. 735 a c. 716 a.C. Sua idolatria, 1-4, trouxe o castigo pelas m ãos de Rezim, rei da Síria, e Peca, rei de Israel, 5-8 (2Rs 16.5-6). O profeta O d ed e reprovou os in vasores israelitas, 9-15. R elatam -se as tratativas de Acaz com Tiglate-Pileser, 16-21, e seus ou tros atos de im pied ad e, 22-27.
29—32. A reforma de Ezequias 2 9 .1 -3 0 .2 7 . R einado de Ezequias, c. 716687 a.C. (cf. 2Rs 1 8 .1 - 2 0 .1 ; Is 3 6 - 3 9 ) . Ele realizo u um a grand e re v iv escên cia , 29 .1 19, restaurando o culto do tem plo, 20-36, e celebran d o a P áscoa, 30.1-27. 31.1-21. O utras reform as. Extirpou a ido latria e restabeleceu o ritual do tem plo. 32.1-23. A invasão de Senaqueribe. (Vco m en tá rio s sob re 2R s 18.13 — 1 9 .3 7 e Is 36.1-22.) 32.24-33. D oença e recuperação de Eze quias; em baixada de Babilónia. (V. com en tário sobre Is 3 8 —39.)
33. A idolatria de Manassés e Amom 1-10. A ím pia orgia de M anassés. (V. co m entários sobre 2R s 21.2*9.)
11-13. Seu cativeiro e restauração. O ca tiv e iro b a b iló n io de M an assés é h is to ri ca m en te p o ssív el, p o is seu nom e ap are ce em a n a is a s s ír io s c o m o v a s s a lo de Esar-H adom , 681-668 a.C., e A ssurbanipal, 669-626 a.C. 14-20. Suas reform as e m orte. M anas sés reinou de c. 697 a c. 643 a.C. 21-25. G overno de A m om (c. 643-641 a.C.). Ele foi ímpio com o o pai.
34—35. A grande reforma de Josias 34.1-7. P rim eiras reform as. Jo sias rei nou de 640 a 609 a.C. com o um dos m elho res reis de Ju d á. C om bateu os cu lto s ca naneus a Baal. 3 4 .8 —35.19. Grande avivam ento. Foi a consequência da d escoberta da lei m osai ca perdida no reinado de terror de M anas sés. (V. com entários sobre 2Rs 2 2 .1 —23.30.) 35.20-27. A morte de Josias. (V. com en tários sobre 2Rs 23.28-30.)
36.1-14. De Jeoacaz a Zedequias: o fim I-3. Jeoacaz é deposto (cf. 2Rs 23.31-33; 609 a.C.) 4-8. Reinado de Jeoaquim (cf. 2Rs 23.34— 24.6; 609-598 a.C.). 9-10. Reinado de Joaquim (cf. 2Rs 24.816; 598-597 a.C.). II -1 4 . Zedequias (cf. 2Rs 2 4 .1 7 —25.7). Ele reinou de 597 a 586 a.C., até a queda de Je ru s a lé m .
36.15-23. 0 Cativeiro e o decreto de Ciro 15-21. Q ueda de Jeru salém e o exílio (587-539 a.C .). O cro n ista relem b ra a g ra ça e a p aciên cia do S en h or e m enciona a ra z ã o do E x ílio . Essa é a ú n ica re fe rê n cia ao p ro fe ta Je re m ia s em R e is e C ró n ic a s (v. 2 1 ). C f. s u a s p r o fe c ia s em Jr 25 .1 1 -1 2 ; 29.10. 22-23. O decreto de Ciro (538 a.C.) Ver Ed 1.1-4, cum prim ento de Jr 29.10 sob ori entação divina (Is 4 4 .2 8 —45.3).
[ 202 1 2Crônicas
O Império Caldeu Período babilónio antigo (1830-1550 a.C.). Babilónia data dos tempos préhistóricos, mas só se tornou capital de um grande império nesse período. Hamurábi (1728-1686 a.C.), da primeira dinastia babilónia, elevou-a ao auge do poder. Babilónia e Assíria lutaram até a supremacia assíria (885-626 a.C.). O império caldeu (605539 a.C.). Esse império neobabilónio foi contemporâneo do cativeiro de Judá. Nabopolassar (625-605 a.C.;, governador de Babilónia, lançou fora o jugo assírio e destruiu Nínive, 612 a.C. Foi o pai de Nabucodonosor II. Nabucodonosor II (605562 a.C.). Deportou Judá uma primeira vez (Dn 1.2) em 605 a.C., novamente em 597 a.C. e uma terceira vez em 586 a.C., quando destruiu Jerusalém. Cercou Tiro (585-573 a.C.) e também invadiu e arrasou Moabe, Amom, Edom e o Líbano. Invadiu o Egito em 572 e 568 a.C., e morreu em 562 a.C.; foi um dos governantes mais autocráticos e esplêndidos do mundo antigo; sua capital, Babilónia (v. comentários sobre Jr 50), imortalizou-se pela sua grandiosidade (cf. Dn 4.30).
Evil-Merodaque, AmelMarduque ("homem de Marduque") (562-560 a.C.), filho de Nabucodonosor, foi morto pelo seu cunhado, Nergal-Sarezer. Neriglissar, Nergal-Sarezer (560-556 a.C.) reinou somente quatro anos. Seu filho, Labachi-Marduque, foi assassinado depois de reinar alguns meses apenas. Nabonido (556-539 a.C.) foi um dos nobres que usurpou o trono. Era também chamado Nabunaide ("o deus Nabu [Nebu] é louvado"). Seu filho mais velho, Belsazar, Bel-shar-usur ("Bei proteja o rei"), era co-regente quando Babilónia caiu diante dos persas (Dn 5) em outubro de 539 a.C.
A cidade de Babilónia Escavações. Os esplendores da Babilónia de Nabucodonosor (Dn 4.30) sào hoje bem conhecidos. De 1899 a 1914, os alemães desenterraram ruínas de grandes edifícios, descritos pelas próprias inscrições do rei. O portaf de Istar inseria-se numa maciça muralha dupla de fortificação, decorada com dragões taurinos incrustados em tijolos coloridos esmaltados. Do portal de Istar partia a
grande avenida Processional. Um edifício de destaque era o zigurate real ou torre-templo, que tinha oito patamares. O templo de Marduque ficava próximo. Os famosos jardins suspensos ficavam em terraços e eram uma das sete maravilhas do mundo. Nabucodonosor era um ávido construtor, e Babilónia, uma capital deslumbrante (Is 14.4). Inscrições. A maior parte dos tijolos encontrados traz o selo de Nabucodonosor. "Nabucodonosor, rei de Babilónia...". Uma das inscrições lembra sua vanglória em Dn 4.30: "Reforcei as fortificações de Esagila [templo de Marduque] e Babilónia, e estabeleci para sempre o nome do meu reinado". Queda da cidade. Isaías (13.17-22) e Jeremias (51.37-43) profetizaram a queda de Babilónia. Inscrições do persa Ciro e os registros reais de Babilónia descrevem a queda da cidade em 539 a.C Extensão. Diz Heródoto que o muro de Babilónia tinha 96 quilómetros de comprimento, 24 quilómetros de cada lado, 91 metros de altura e 24 metros de espessura. Era protegido por fossos ou canais, e suas 250 torres
V / ' O . " ; . ;
2Crônicas I 203 1
Castelo do Norte Portal de Istar Jardins suspensos?
Torre do templo
CIDADE NOVA
eram defendidas por soldados. A cidade tinha cem portões de bronze, e era cortada pelo Eufrates. Ruínas. Embora Heródoto tenha talvez exagerado um pouco, as escavações confirmaram em grande parte os quase fabulosos relatos antigos acerca da
Templo de Marduque
cidade. Os montes atuais encontram-se na sua maioria a leste do rio, e consistem em Kasr, a ruína central, e Amran, o monte meridional que contém as ruínas de Esagila, o grande templo de Marduque, divindade protetora da cidade. O monte Amran contém as ruínas da grande
torre de Babilónia. Babil era a fortaleza que guardava a entrada setentrional da cidade, e fica a quase dezenove quilómetros de Kasr. Essas ruínas tão espalhadas confirmam a enormidade da antiga metrópole do mundo (v. Jr 50— 51).
Esdras A volta de Babilónia Cronologia da volta
Esboço
605-536 a.C.
Período total de cativeiro
605, 597
Deportação dos principais cidadãos de Judá
586 a.C.
incluindo Daniel e Ezequiel
538 a.C.
Edito de Ciro permitindo o retorno
536 a.C.
Retorno de 49.897 judeus de Babilónia a Jerusalém
536 a.C.
Altar é reconstruído; oferece-se sacrifício no sétimo mês
535 a.C.
Começa a reconstrução do templo; obras interrompidas
535-520 a.C.
Conflito económico e político
520 a.C.
Ministério de Ageu
520-515 a.C.
Ministério de Zacarias
515 a.C.
Conclusão do templo
458 a.C.
Volta de Esdras
445 a.C.
Neemias reconstrói os muros
O templo é reconstruído
Buda (na índia)
551-478 a.C.
Confúcio (na China)
549 a.C.
Ciro unifica a Pérsia e a Média
546 a.C.
Ciro conquista a Lídia
539 a.C.
Ciro conquista Babilónia
530 a.C
Morte de Ciro
539-331 a.C.
4 Império persa
530-522 a.C.
Reinado de Cambises
522-486 a.C.
Darioí
490 a.C.
Derrota de Dario em Maratona
486-465 a.C.
Xerxes l(Assuero)
485-425 a.C.
Heródoto
480 a.C.
Derrota dos persas em Termópilas e Salamina
470-399 a.C.
Sócrates
460-429 a.C.
Idade de ouro de Pérides
428-322 a.C.
Platão e Aristóteles
■
1
7— 10 Volta com Esdras Sua reforma
‘fciâ
Acontecimentos mundiais no período da volta 557-447 a.C.
1— 6 Volta com Zorobabel
•
Obra retratando a reconstrução das muralhas de Jerusalém, na época de Esdras e Neemias.
I 206 1 Esdras
O Cilindro de Ciro narra como ele conquistou a Babilónia sem guerrear e libertou os cativos, devolvendo-os às suas terras de origem.
1. 0 edito de Ciro 1-4. A proclam ação. O prim eiro ano de Ciro em Babilónia, 1, foi 539 a.C. As profe cias de Isaías (Is 4 4 .2 8 —45.3 ) e Je re m ia s (Jr 29.10) foram d iv in am en te cu m p rid as em Ciro, por m eio do decreto do m onarca persa, 2-4. A arq u eologia m o strou que a concessão de Ciro aos exilados judeus não foi um ato isolado de bondade, m as políti ca rotineira de um soberano hum anitário. Seu cilindro encontrado por H. Rassam no século 19 m ostra que ele aboliu as depor tações d esu m an as p ra tica d a s p elo s co n quistadores assírios e babilónios, restabe lecendo povos exilados e suas divindades na sua terra natal. 5-11. Presentes. Entre eles estavam os vasos sagrados apossados por N abu cod o nosor (2Rs 25.13-16). M itredate, 8, era o te soureiro do templo e Sesbazar, o nom e ba bilónio de um oficial judeu da corte persa.
2. A volta dos exilados 1-65. Registro dos que voltaram . Relacionam -se as pessoas em geral, 1-35; os sa cerd otes, 36-39; os lev itas, 40-54; os d es cen d en tes dos servos de Salom ão, 55-60; ou tros sacerd otes, 61-63. O n ú m ero total foi 49.897 (v. 64-65). Aparentem ente houve
Esdras [ 207 ] o u tro s, e to d a s as trib o s de Is ra e l e s ta vam rep resen tad as (cf. Lc 22.30; A t 26.7; Tg 1.1; Ed 2.70; 6.17; 8.35). N oções das "d ez trib o s p e rd id a s" e n co n tra m -se d isp ersa s aqui, com o tam bém em outros trechos da história pós-exílica dos ju d eu s. 66-70. A propriedade e as doações da queles que voltaram . A dracm a (darico) era um a m oed a p ersa e q u iv a le n te a a p ro x i m ad am en te 8,50 d ólares.
construção do templo, 7. Sesbazar (Ed 5.1416) era governador. 8-13. Os alicerces do templo foram lança dos no segundo mês (maio) de 535 a.C. Zorobabel, 2, neto do rei Jeoaquim (lC r 3.17-19), mais tarde nomeado governador por Ciro, e Jesua (Josué), os sum os sacerdotes (Ag 1.1; Zc 3.1), lideraram o empreendimento. Esfuziante alegria, e lágrim as também, 12-13 (cf. Ag 2.3), acompanharam a cerimónia.
3. Início da construção do templo
4. Interrupção das obras do templo
1-7. Edifica-se o altar. N o sétim o m ês, tisri (set.-o u t.), e rig iu -se o altar do h o lo causto, o p rim eiro passo da recon stru ção do tem p lo e do re sta b e lecim e n to da n a ção. C e leb ro u -se a F esta dos T a b ern á cu lo s, 4 -6 , e re u n ira m -s e m a te ria is p ara a
1-5. Inim igos tentam obstruir a edifica ção do templo. Eram samaritanos, povo re sultan te do assentam en to de estrangeiros da Assíria (676 a.C.) no território do antigo reino do norte, determ inado por Esar-Ha-
0 retorno dos exilados ■Assur Zorobabel lidera .etorno da maioria dos exila [s (c. 538 a.C .)
Esdras e Neemias obtêm permissão de Artaxerxes I para voltar a Jerusalém (445 a.C.)
amei profetiza o fim do lério babilónico durante o bahqyete de Belsazar (539 a.C.) Babilôní
Ester, rainha judia de Xerxes I (Assuero), salva a comunidade judaica
_ o S u sa
p ^ o N ip u r __-— '—
V_
Ezequiel vive entre os exilados judeus em Tel-Abibe junto ao rio Quebar
3 0 0 km
[ 208 1 Esdras
dom (681-668 a.C.), 2, e pelo "grande e afa mado O snapar", i.e., Assurbanipal (669-626 a.C.), 10. A oferta de auxílio era cilada, pois implicava uma comprometedora união com semi-idólatras, 3 (cf. 2Rs 17.32). 6-24.'ReIato da contínua oposição (pa rentético). Apesar das tentativas de conci lia ç ã o d essa se çã o com os re in a d o s de Cam bises (530-522) e Dario (522-486), e dos críticos que sugerem que a seção está des locada, esse relato da oposição tardia nos reinados de A ssuero (X erxes I, 486-465) e A rtaxerxes (465-424) ex e rce um a fu n çã o importante. Enfatiza as constantes d ificu l dades que aflig iram a co m u n id a d e pósexílica. Assim com o Reum e Sinsai conse g u iriam in te rro m p e r a e d ific a ç ã o d o s muros durante o reinado de A rtaxerxes (c. 486 a.C .), Tatenai e Setar-B o zen ai c o n se guiram atrasar a construção do tem plo até o segundo ano de Dario (520 a.C.).
Revelações arqueológicas Os anais de Esar-H adom num cilindro de cuneiform es, hoje no M useu Britânico, relatam a deportação dos israelitas e o as sentam ento dos colonos no seu lugar.
5—6. Retomada e conclusão das obras do templo 5.1-17. O m inistério de Ageu e Zacarias. Dario (522-486 a.C.) subiu ao trono da Pér sia, e diante da sua benevolência e do m i nistério profético de A geu e Z acarias (Ag 1.1-4; 2.1-4; Zc 4.9; 6.15) a obra foi retom a da. Tabuinhas de cuneiform es m encionam Tatenai, 3, g o v e rn a d o r da p ro v ín c ia do T ran seu frates. 6.1-22. A con clu são do tem plo. D ario encontrou o decreto de Ciro na sua capital
de v e rã o em A cm etá (E c b á ta n a ), 1-5, e ord enou a co n clu sã o do tem p lo, 6-13. A casa foi term inada, 14-15; dedicada, 16-18; e em segu id a celebraram -se a P áscoa e a Festa dos Pães A sm os, 19-22. R epare "re i da A ssíria", 22. O sobera no era d e sig n a d o a ssim p ro v a v e lm e n te p o rq u e, na ép o ca, a P érsia co n tro la v a a antiga A ssíria.
7—8. A chegada de Esdras 7.1-28. Esdras foi a Jerusalém no reina do de A rtaxerxes I (465-424 a.C.) para en sinar a lei de Deus, 6, 10. O decreto real foi baix ad o p o r cau sa de E sdras, 11-26, que deu graças a D eus, 27-28. 8.1-36. A m issão de Esdras. Os com pa n h eiros de Esdras são nom ead os, 1-14. O rio Aava não foi identificado, 21, m as pro v av elm en te é um trib u tá rio do E ufrates. C asifia tam bém é local d esconh ecid o, 17. O tesouro foi confiad o a doze sacerdotes, 24-30, e lev ad o aos d ep ó sito s do tem p lo ("c â m a ra s "), 29.
9—10. A reforma de Esdras 9 .1 -1 5 . P e rd a da se p a ra çã o . O s ca sa m en to s com e stra n g e ira s se m i-id ó la tra s provocaram a grande aflição de Esdras, 14. R eg istra m -se su a in te rcessã o e c o n fis são, 5-15. 10.1-44. A separação é retom ada. O povo se a rre p e n d e u e d esp e d iu su as e sp o sa s estran g eiras, 1-17. São reg istrad o s os n o m es daqueles que haviam casado com es trangeiras, 18-44. Q uisleu (casleu) é o nono m ês (n o v .-d e z .), 9, q u a n d o sã o co m u n s c h u v a s fo r te s . T é b e te é o d é c im o m ês (d e z .-ja n .), q u an d o com eço u o tra b a lh o , que foi concluído em nisã (o prim eiro mês, m ar.-abr.).
Neemias A reconstrução dos muros de Jerusalém N om e e p rop ó sito do livro. Neemias deve seu nome ao principal personagem e autor
da Assíria e da Caldéia. Durante os dois séculos do benévolo controle persa,
tradicional (1.1). Narram-se a reconstrução de Jerusalém com o cidade fortificada, o estabelecim ento da autoridade civil sob o comando de Neemias, e seu governo. Mais governam ental e secular do que o livro de
Judá foi uma minúscula província da quinta satrapia. Sua fortaleza fronteiriça setentrional, Laquis, bem conhecida em virtude das investigações arqueológicas, era controlada do palácio do adm inistrador persa.
Esdras, o de Neemias é também escrito do ponto de vista sacerdotal. Esdras— Neemias, até 1448 um só livro denom inado Esdras, demonstra a fidelidade de Deus na restauração do seu povo exilado. A obra divina se manifesta por meio de grandes monarcas pagãos — Ciro, Dario e Artaxerxes — e pelos próprios líderes judeus ungidos — Ageu, Zacarias, Zorobabel, Jesua, Esdras e
Beístum, na estrada de Babilónia a Ecbátana, que forneceu a chave dos cuneiformes babilônioacadianos, assim como a Pedra de Roseta, do Egito, revelou-se a chave dos hieróglifos egípcios. O templo de Jerusalém foi concluído em 520-515 a.C. (Ed 6.15).
X e rx e s I (486-465 a.C.) era C iro (539-530 a.C .) unificou
Assuero, o marido de Ester. Mordecai era um dos seus
a M édia e a Pérsia (549 a.C.), conquistou a Lídia (546 a.C.) e Babilónia (539 a.C.), que era, então, governada por Nabonido e o príncipe
primeiros-ministros. Assuero guerreou contra a Grécia.
A rta x e rx e s I Lo n g ím a n o (465-424 a.C .) favoreceu
herdeiro Belsazar. Seu decreto (Ed 1.1-4; 2Cr 36.2223) permitiu a volta dos judeus à Palestina.
Jerusalém. Esdras voltou em 458 a.C.; Neemias tornou-se governador (Ed 7:1, 8; Ne 2.1) em abril/maio de 445 a.C. Os famosos Papiros de Elefantina, da colónia militar
C a m b ise s (530-522 a.C .) conquistou o Egito.
ira catarata do
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dé soberanos globais, que pçrmttirarp gúç os judeus ; voltassem e reconstruíssem |§ seu tempíó e s a í cidade. Repatriando os exilados,' a Pérsia aboliu a política cruel
provocou a .guerra civil.
2,19) e Joanã (Ne 3.1;
12 231.
?
Dario 1, o Grande (522-486 í-a.C.) sufocou a insurreição .niciada no reinado Sfrrêrdis e salvou p império,
-.
Depois de X erxe s
II (424 a.C.)
Dario II {423-404 a.C:), Artaxerxes a.C.), Artaxerxes IIII (404-358 (404-358 a.C.), Artaxerxes a.C.), Artaxerxes III III (358-338 (358-338 a.C.), Arses (338-336 a.C;) e Dario III vieram
(336-332 a.C.).
Esboco 1— 7 Neemias restaura os muros 8— 13 As reformas de Esdras e Neemias
[ 210 l Neemias
1—2. O chamado de Neemias
4—5. Oposição à obra
1.1-11. A preocupação de N eem ias com Jerusalém . Em quisleu (nov.-dez.), no vigé sim o ano de A rtaxerxes (445-444 a.C .; cf. 2.1), N eem ias ("o Senhor co n so la ") soube do triste estado de Jeru salém , 1-3. Os ho m ens de Ju d á, 2, v isita v a m a ca p ita l de inverno persa, Susã, em Elão (Et 1.2. 5; Dn 8.2). O grande pesar e a oração de N eem i as aparecem em 4-11 (cf. Dt 30.1-5). "E ste hom em ", 11, era A rtaxerxes. O copeiro era um m ordom o da corte que provava o v i nho etc. do rei para ver se não estava en venenado. Era um ofício de elevad a p osi ção (Heródoto 3.34). 2.1-20. A m issão de Neem ias. O rei en viou N eem ias para recon stru ir Jeru salém , 1-8. Sam b alate, m en cio n ad o n o s P ap iros de Elefantina, o governador de Sam aria, e T obias, um o ficia l a m o n ita a serv iço da Pérsia, planejaram a resistência, 9-10. N e emias inspecionou os m uros de Jerusalém à noite, 11-16, e ordenou im ediata recons trução, 17-18. G esém , um árabe, 19, uniuse à oposição. Não judeus não tinham par te, nem p ro p rie d a d e , n em d ire ito , n em autoridade, nem m em orial, i.e., lem b ran ça, na com unidade ju d aica, 20.
4.1-9. O posição por escárnio e ira. O es cárnio, 1-3, foi respond ido com oração, 46. A ira, 7-8, fo i ig u a lm en te contid a com sucesso, por nova intercessão ju n to a Deus e m ais vigílias, 9. 4.10-23. Oposição por desencorajamento. O espírito derrotista, 10-13, foi compensado pela fé, 14, 20, e pelo trabalho árduo, 15-23. 5.1-19. O posição p o r egoísm o. A ganân cia (D t 23.20) e a cobiça dentro da própria com unidade, 1-5, foi sanad a pela restitu i ção, 6-13, reforçada pelo exem plo pessoal de d e s p r e n d im e n to d a d o p o r N e e m ia s d u ra n te su a g e stã o de d o ze an o s com o governador , 14-19.
3. Os portões e muros de Jerusalém são reerguidos 1-2. Construtores da porta das ovelhas. E lia sib e (1 2 .2 2 ; 1 3 .4 ) era n e to de Je s u a (12.10), que trab alh o u com Z o ro b a b el, e avô do sumo sacerdote Jônatas (12.11). Era pela Porta das O velhas que os anim ais do sacrifício eram levados ao altar. 3-32. Os con stru tores das o u tras p o r tas são m encionad os ju n ta m e n te com os c o n stru to re s dos m u ro s in te rm é d io s . A ]esan a, 6-12, era talvez a P orta da E squ i na (Jr 31.38). A Porta do M on tu ro, 14, era aquela pela qual se retirava o lixo da ci dade. A Porta O riental, 29-32, (cf. Ez 43.12), era aquela pela qual saíra a g lória da S hekinah, e pela qual ela h a v eria de v o l tar. A P orta da G uarda (heb. m ipqàd, "lu g a r d e sig n a d o "), 31, talv e z se re fira à p orta do ju lg am en to .
6. A conclusão dos muros 1-14. Oposição por astúcia. Sobre Samba late, Tobias e Gesém , ver com entário sobre N e 2.1-20. Esses ardilosos adversários satâ nicos tentaram atrair Neem ias até Ono, per to de Lida, cerca de dez quilóm etros a su-
Neemias [ 211 1
deste de Jope, 2. Frustrados, novamente ten taram intimidá-lo ameaçando denunciá-lo ao rei, m e n cio n a n d o " p r o fe ta s " , p o is e sses eram m uitas vezes instigadores de rebelião (Jr 28.1-4). O mercenário Semaías, 10-14, ex perimentou seu ardil (cf. Zc 13.2-6). 15-19. O muro é concluído. Isso* se con sum ou no vigésim o q u into dia de elu l, o sexto m ês (a g o .-set.), a p e sa r de to d a e s pécie concebível de ím pia oposição.
7. Registro da volta de Zorobabel 1-4. Providências p ara a proteção da ci d a d e . A fin a l Je ru s a lé m era n o v a m e n te uma cidade fortificada. N eem ias fixou leis para sua seg u ran ça. 5-73. O censo da prim eira volta (v. Ed 2.1-70). Registra-se a genealogia, 5-65; dãose os núm eros totais, 66-69; e d escrevem se as d oações para a obra, 70-73.
10. A renovação da aliança 9 .3 8 —10.28. O com prom isso de susten tar a casa de Deus. Aqueles que assinaram a aliança são citados, 9.38 — 10.28. A tradi ção ta lm ú d ica faz d e sse s sig n a tá rio s "a G ran d e S in a g o g a ". 29-39. As obrigações da aliança. Entre elas estava o d ever de não se casar com gentios, 28-30; de guardar o sábado, 31; de sustentar o ritual do tem plo, 32-36; de pa gar o d ízim o e o salário dos sacerd o tes, 37-39 (v. Lv 27.30; Nm 18.25-32). As "câm a ra s ", 39, faziam parte do tem p lo (cf. Ne 13.12; Ed 8.29; 10.6).
11—12. A dedicação dos muros
1-8. A lei é lida diante da Porta das Águas. O prim eiro dia do sétim o m ês, tisri (set.out.), era dia de convocação. A Porta das Á guas tornou-se local de purificação pelo re v ig o ra n te p o d e r da P a la v ra de D eu s. A qui a lei de M oisés escrita em hebraico foi traduzida para o aram aico com um , 7-8. 9-12. Consequência da palavra. Revivescên cia e celebração da Festa dos Tabernáculos, 13-18 (cf. Lv 23.33-44), foram os resultados.
11.1-36. Os operários fiéis. M encionam se a q u e le s q ue m o ra v a m em Je ru sa lé m , então lugar de perigo e morte, 1, 2. Regis tram -se os ju d a íta s, b en jam itas, sa cerd o tes, fu ncionários do tem plo, levitas, servi dores do tem plo etc., 11.3-24. Registram -se ta m b é m a q u e le s q u e m o ra v a m fo ra de Jeru salém , 11,25-36. 12.1-26. Outros fiéis. N om eiam -se sacer dotes e levitas da prim eira volta, 1-9; des cendentes de Jesua, o sum o sacerdote, 10, 11; cabeças de fam ílias sacerdotais, 12-21; e de fam ílias de levitas, 22-26. 12.27-43. Dedicação dos muros. 12.44-47. P rovisões p ara o pessoal do tem plo.
9. Avivamento espiritual
13. Males corrigidos
1-5. A confissão pública. Ler e ouvir a P alavra, nela crend o e a ela obedecendo, sem pre traz avivam ento espiritual com hu m ilhação, autojulgam ento, confissão e ver d a d e ira ad o ração . 6-38. G rande confissão e oração. A ora ção de E sdras é um a das m ais longas re g istrad as na B íblia, 6-37. Sob re a aliança que se fez, 38, v. cap. 10.
1-9. Im pôs-se a separação dos elem en tos m istos, 1-3, e das alianças ím pias, 4-9. E liasib e era o sum o sacerd o te de 3.1, 20; 12.22; Ed 10.6, que estava ligado a Sambalate por casam en to, 28. 10-29. Neem ias corrige outros males. 30-31. Seu testem u n h o acerca da sua obra caracterizou -se pela m odéstia e pela p ie d a d e .
8. Leitura pública da lei
Ester A divina providência em ação na história Natureza e autoria do livro. Ester é o último dos cinco rolos (Megillôt) da terceira seção da Bíblia hebraica, chamada Ketúbím ou "Escritos” . O livro descreve a origem da festa de Purim ("sortes"). Essa solenidade era celebrada no décimo quarto ou décimo quinto dia de adar (fev.-mar.). Assim, Ester é o rolo (pergaminho) de Purim. Seu autor é desconhecido. Possíveis autores são Esdras, Mordecai, Joiaquim ou homens da Grande Sinagoga.
Historicidade. Apesar da habitual alegação dos críticos de que a narrativa é ficção lendária, a historicidade desse livro é sustentada (1) por estar arraigado na história e situado especificamente (1.1, 15; 2.1, 10, 20) no reinado de Assuero, i.e., Xerxes I (486-465 a.C.); (2) pela familiaridade do autor com a vida persa — o projeto arquitetônico do palácio e do pátio (1.5, 2.11, 21; 7.8), a etiqueta da corte (4.11; 8.11-17), as intrigas do palácio (2.2123; 7.9), os costumes dos
banquetes (1.6-8. 5.5); (3) pelos indícios exteriores de escavações em Susã etc., e textos cuneiformes que se referem a certo Marduka (cf. Mordecai), oficial de Susã no reinado de Xerxes.
Esboço Vasti é deposta
1
2 Ester torna-se rainha 3 A trama de Hamã
4— 7 A coragem de Ester 8 Execução da vingança 9 Celebração de Purim 10 Epílogo
Relévo do rosto de Dario, rei da Pérsia, que governava a partir de Persépolis, capital do império.
Ester I 213 I
1. Vasti é deposta 1-9. O b an q u ete de A ssu ero . A ssu ero e r a p r o v a v e lm e n te X e r x e s I (4 8 6 -4 6 5 a.C .), em bora a S ep tu ag in ta o id entifiqu e co m o A r ta x e rx e s II. O te r c e ir o a n o do seu rein ad o foi 486 a.C ., 3. Ele com bateu os g regos em Salam ina e Term óp ilas, em 4 8 0 a.C . Seu im p é rio , 1, se e ste n d ia da ín d ia (vale do Ind o) à E tió p ia (m od ern a N úbia) e abrangia vin te satrap ias (cf. H is tórias III, 89, de H eród oto), que eram d i v id id as em n u m ero sas p ro v ín cia s. E scri to r e s g r e g o s d e s c r e v e m fa b u lo s o s b a n q u e t e s p e r s a s , e e s c a v a ç õ e s em S u sã , 5, c a p ita l de E lã o , d e s e n te rra ra m um pátio desse tipo. D iz H eród oto que a rain h a de X erxes era A m estris (H istórias V II, 6 1 ). V asti a p a r e n te m e n te era um a d as c o n c u b in a s re a is. 1-22. A deposição de Vasti. Seu nom e era e lam ita.
Revelações arqueológicas Shu sh an (Susã), 2, era a capital de in verno da Pérsia; Ecbátana, a residência de v e rã o . S u sã re v e la ru ín a s d a ta d a s de c. 4000 a.C a 1200 d.C. R uínas escavadas re velam vestígios de um palácio iniciado por D ario, o G rande, e am pliado por reis pos te rio res. O p alácio tin h a três p átio s com inúm eros recintos decorados com guerrei ros, touros e grifos alados. O fam oso C ó digo de H am urabi foi en con trad o nas es c a v a ç õ e s d e s s e s ítio (1 9 0 1 ). E n tre os achados de Susã estão inscrições de A rta xerxes II (404-358 a.C.).
o fício era ap are n te m e n te o de um g u ar da eunuco, pois estava intim am ente liga do ao harém , 11, 19, 21 (cf. 6.10). Ester foi esco lh id a rainha no m ês de tébete (dez.ja n .) do sétim o ano (478 a.C .) de X erxes, 16. A conspiração dos eunucos, 21-23, que guardavam a porta dos aposentos do rei, 2 1 , fo i d o tip o q u e a c a b o u v itim a n d o X erxes em 465 a.C.
3. A trama de Hamã 1-6. Prom oção de Ham ã. Ele foi elevado a grão-vizir. Todos os funcionários subor d in a d o s d ev eria m o b e d e ce r-lh e. A re fe rência a "H am ã, filho de H am edata, agag ita", 1, pode ser alusão à região de Agazi, vizinha à M édia, ou sugere que Hamã era descend ente de A gague, o rei am alequita que Saul poupou (cf. ISm 15.7-9). Seja como for, a fé de M ordecai o im pedia de pros trar-se d iante de q u alqu er um que não o D eus verdadeiro. Hamã ficou furioso. 7-15. A trama de Hamã para exterm inar os judeus. O ato de lançar as sortes (pur, palavra acadiana), 7, tinha o intuito de de term inar um a época favorável para o pogrom . H am ã ofereceu dez m il talentos ao re i p a ra s u b o r n á -lo , c o n v e n c e n d o -o a m assacrar os judeus. O sinete do anel real, 10, 12, conferia autoridade à ordem de ex term ínio (cf. 8.2, 8; Gn 41.42), em bora o rei tenha recusado o suborno. O edito de ex term ínio, 12, foi divulgado pelos correios, 13, i.e., o renom ado serviço postal de velo z e s c a v a lo s q u e C iro e s ta b e le c e r a em todo o im p ério persa. As ad ições a p ó cri fas de Ester dão o texto do edito.
2. Ester torna-se rainha
4—5. A intercessão de Ester junto ao rei
1-4. A procura da sucessora de Vasti. En tre o rebaixam ento de Vasti e o casam ento de X erxes com Ester (478 a.C.), o m onarca esteve ausente, ocupado com sua d errota da cam panha contra os estad o s gregos. 5-23. M ord ecai e Ester. M o rd ecai era pai adotivo de Ester (adotou-a quando ela era aind a crian ça), e tam bém seu prim o, 7. Ele, com o Sau l, era b e n ja m ita , 5. Seu
4.1-17. Ester decide apelar ao rei. O luto de M o rd eca i em pano de saco o d eixou ritu alm en te im puro, pois entre os persas era sin al de luto pelos m ortos, 1-3. Ester foi inform ada do edito, e ofereceu-se para apelar ao rei, 4-17. 5.1-14. O rei recebeu Ester e sinalizou q ue iria a te n d er seu p ed id o , 1-8. H am ã d eterm inou-se a liquid ar M ordecai, 9-14.
[ 214 1 Ester
6—7. Mordecai é honrado; Hamã, enforcado
çao para b aixar um d ecreto que perm itia aos ju d eu s se defender.
6.1-14. M ordecai é honrado pelo rei. O rei, insone, mandou ler o "liv ro dos feitos m e m o r á v e is ", 1, em q u e se r e la ta q u e M ordecai revelou um a tram a contra a vida do rei, 1-3. Hamã foi forçado a honrar M or decai, 4-11. 7.1-10. Hamã é enforcado. Ele foi acusado de impiedade por Ester, diante do rei, e incri minado por uma circunstância imprevista.
9. Origem da Festa de Purim
8. 0 edito de libertação 1-2. A exaltação de M ordecai. Era hábito confiscar os ben s d o s crim in o so s co n d e nados (H eródoto III, 29). O anel conced i do a M ordecai significou sua elevação ao cargo de p rim eiro-m in istro, an tes ocu p a do por Hamã. 3-17. A revogação do edito. A habilida de que tinha Ester de conduzir o monarca era invejáv el. M o rd ecai ob tev e au to riz a -
f-U -a
__I Palácio de Shaur
Rio Karun
1-16. V ingança contra os inim igos dos judeus, inclusive os filh os de Hamã. 17-32. Instituição de Purim. A festa foi ce lebrada no décimo quarto ou décimo quinto dia de adar, o d écim o segund o m ês (fev.mar.). Em épocas posteriores lia-se Ester nos dias do festiv al, en q u an to a cong reg ação interrom pia com gritos de maldição contra Hamã e louvor a Ester e Mordecai.
10. Epílogo: a grandeza de Mordecai D escrevem -se a con tínua grand eza de X erxes e o poder de M ordecai. O s nom es tan to de M o rd ecai (M ard u k a) q u an to de E ster (Istar; heb. H ad assah , "m u rta ") são b a b iló n io s. Era co stu m e dar nom es n a ti vos a estrangeiros (cf. Dn 1.7).
Ester [ 215 I
Jó Por que sofrem os justos? Jó e sua o rdem no cânon.
Esse grandioso poema dramático encabeça os chamados livros poéticos do AT, precedendo Salmos, Provérbios, Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos. Na Bíblia hebraica, está inserido na terceira seção do cânon, o ketúbím ou Escritos, em terceiro lugar — Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos (Cantares de Salomão) e Eclesiastes. Faz parte também dos livros de Sabedoria do AT, que apresentam as filosofias simples e pias da mente hebréia sobre o viver prático e devoto. Jó e a po e sia hebraica.
A poesia hebraica, diferentemente do verso ocidental, não possui métrica nem rima. Sua estrutura básica é o paralelismo, ou arranjo de idéias e não de palavras. Os tipos comuns de paralelismo são: (1) paralelismo sinónimo, em que o segundo verso ou estíquio reitera o primeiro, gerando um dístico ou parelha (cf. Jó 3.11, 12; 4.17; SI 2.4); (2) paralelismo antitético, no qual o segundo verso apresenta uma idéia contrastante para enfatizar o primeiro (Jó 42.5; SI 34.10); (3) paralelismo sintético, em que o segundo verso e seguintes acrescentam um fluxo progressivo de idéias para desenvolver o primeiro (Jó 4.19-21; SI 1.3). Ocorrem outras variantes dessas
formas básicas de ritmo de idéias. Além do paralelismo, a poesia hebraica possui ritmo, ou compassos pulsantes. (1) 3+3 é épico ou didático, como em Jó e Provérbios; (2) lírico é 2+2, como em Cantares; (3) nênia ou qinah é 3+2, como em Lamentações de Jeremias. A poesia hebraica é também altamente simbólica, rica em linguagem figurada, símiles, metáforas, metonímias, sinédoques, hipérboles, personificações e aliterações. Jó com o literatura. Esse
poema é amplamente reconhecido, mesmo em círculos seculares, como um dos mais magníficos poemas dramáticos da literatura. A sublimidade do tema, a majestade das idéias, a grandeza do alcance literário não encontram páreo em nenhuma peça da literatura mundial.
Desesperado, Jó é conduzido a um beco sem saída. Deus o estaria tratando injustamente. Porém, ele luta com a confiança de que no final será vingado. Nesse ponto surge Elíú e declara a verdade de que as aflições são muitas vezes um meio de purificar o justo — provações ou castigos de um pai amoroso, mas jamais ira vingativa de um Deus implacável, caps. 32—-37. Depois de Deus lhe falar do meio de um redemoinho, caps, 38—41, Jó é humildemente levado a detestar-se diante da sublime majestade de Deus, 42.1-6. Sua auto-renúncia e aperfeiçoamento espiritual valeram-lhe a restauração e a bênção, 42.7-17.
Esboço 1 .1 — 2 .1 3 Prólogo:
o teste de Jó O tem a d o livro. Trata de
um assunto profundo e intrigante: Por que sofrem os justos? Como seu sofrimento pode estar em consonância com um Deus santo e amoroso? Os três amigos de Jó dão essencialmente a mesma resposta, caps, 3— 31. O sofrimento, acusam eles, é resultado do pecado.
3.1— 31.40 Falso consolo dos seus três amigos 32.1— 37.24 Discursos de Eliú 38.1— 42.6 Sermões de Deus 42.7-17 Epílogo: restauração de Jó.
JÓ [ 217 ]
1—2. Prólogo: o teste de Jó 1.1-5. Provação e integridade de Jó. A ter ra de Uz era provavelm ente Edom (cf. Gn 36.28; Lm 4.21). Jó era in ocen te, m as não sem pecado, nem perfeito, 1. Foi um a per sonagem histórica (Ez 14.14, 20; Tg 5.11). A data é desconhecida. O nom e "Jó " Çiyyôb) o c o rre e x tr a b ib lic a m e n te n o s T e x to s de Execração de Berlim com o o nom e de um príncipe da terra de D am asco do século 19 a.C., e m ais tarde, por volta de 1400 a.C., como um príncipe de Pela (moderna Fahil). 1.6-12. A acusação de Satanás. Os benê ha' llo h im (heb.) eram an jos. S a ta n á s ("o A d v ersário ") era L ú cifer, "filh o da a lv a " (Is 14.12-14; Ez 28.11-19), o tentador, de Gn 3. A q u i e le a p a re ce , com o m u ita s v ezes nas E scrituras, na cond ição de "acu sad o r de nossos irm ãos" (Ap 12.10). 1.13 — 2.13. A aflição de Jó . Sobreveio s e v e ra p ro v a çã o . A s p o ss e s e a fa m ília foram varridas, 1.13-22. A saúde lhe foi ti rad a, 2.7, 8. Sua esp osa se vo lto u contra ele, 9, 10. Seus três am igos vieram conso lá-lo, 11-13. O s sabeus (1.15) eram n óm a d es á ra b es. O s ca ld e u s (1 .1 7 ) eram a ra m eus sem íticos que finalm en te invadiram a M esop o tâm ia.
3—14. 0 primeira ciclo de discursos Cap. 3. Prim eiro discurso de Jó. Ele am al diçoou o dia do seu nascim ento, 1-9, e pas sou a desejar a morte, 10-26. Na controvér sia subsequente, Jó falou nove vezes, Elifaz, três, Bildade, três, Eliú, um a, Deus, uma. Caps. 4 —5. Prim eiro discurso de Elifaz. Ele repreendeu Jó, 4.1-6, insistindo em que os justos não são destruídos, 7-11. Sua ter rível visão, 12-21, o qualificava para a exor ta ç ã o , p e n s a v a e le , 5 .1 -1 6 . O h o m em a quem Deus corrige é feliz, 17-27. Caps. 6 —7. A reposta de Jó. Ele justificou seu desespero pela intensidade da sua afli ção, 6.1-7, pedindo a aniquilação, 8-13, e ao m esm o tempo censurando seus amigos, 1430. A m iséria da vida, 7.1-7, implicava duas p e rg u n tas: por que D eu s me trata d essa m aneira? Por que ele não perdoa?, 8-21.
Cap. 8. O prim eiro discurso de Bildade. Ele seguiu basicam ente a mesma lógica dos ou tro s con so lad ores de Jó: D eus o punia pelos seu s pecad os, 1-7. B ild ade apela às tradições do passado, 8-10, ou seja, os ím pios não podem prosperar de fato e a von tade de Deus não rejeita os justos, 11-22. Caps. 9 —10. Jó responde a Bildade. Já que D eus é tão suprem am en te poderoso, 9 .1 -1 0 , com o p o d eria Jó co n h ecê-lo ?, 1124. Jó confessou a sua fraqueza e ansiava por um á rb itro "q u e ponha a m ão sobre n ó s a m b o s " , 2 5 -3 5 . R e cla m o u a m a rg a m ente, 10.1-17, desejando a m orte, 18-22. Cap. 11. Prim eiro discurso de Zofar. A verborragia de Jó foi censurada, 1-6, e elogi adas a grandeza e a onipotência de Deus, 712, com exortação a que Jó se arrependesse para ser restaurado e abençoado, 13-20. Caps. 1 2 —14. A resposta de Jó a Zofar. Irritado, ele exibiu am argo sarcasm o, 12.16, d iscorrend o sobre o poder de D eus, 725. D en u n cian d o seus "a m ig o s", 13.1-13, apelou a Deus, 14-28, discorrendo sobre a brevidade e as tribulações da vida, 14.1-6, aliviad as apenas por um a tênue esp eran ça de im ortalidade, 7-22.
15—21. Segundo ciclo de discursos Cap. 15. Segundo discurso de Elifaz. A con trovérsia se tom a m ais acalorada. Elifaz su pôs a culpa de Jó, acusando Jó de se autocondenar, 1-6, por sua presunção e orgulho, 7-16, e descreveu os ímpios e seu fim, 17-35. Caps. 1 6 —17. A resposta de Jó a Elifaz. Jó rotulou seu s "a m ig o s" de "co n so la d o res m o le s to s ", 2. "P o rv e n tu ra , n ã o terão fim essas palavras de v e n to ?", 3. "... se a v o s sa a lm a e s tiv e s s e em lu g a r d a m i n h a...", 4-5. D eus o afligiu, 6-22. Tribulação a p ó s tr ib u la ç ã o o e sm a g a ra m , 1 7 .1 -1 2 . O nd e esta ria sua esp eran ça?, 13-16. Cap. 1 8 .0 segundo discurso de Bildade. Ele cen su ro u Jó asp eram en te, 1-4, e ten tou assu stá-lo d escrevend o o d estino dos iníquos, 5-21. Cap. 19. A resposta de Jó a Bildade. Impe nitente e gravem ente perturbado pelas pa lavras de Bildade, 1-6, Jó se deixou confun
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dir, culpando a Deus, 7-12, caindo num dolo roso lam ento da sua deplorável condição, 13-24. Mas havia uma réstia de fé e luz! O Espírito de Deus o iluminou e o içou dos abis mos do desespero, 25-27, para que proferis se um a das afirm ações m ais sup erlativas de fé de todo o AT: "E u sei que o meu Reden tor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, [...] e não outros". O Goel, Resgatador (Rt 3.12, 13; 4.4-6; Is 59.20) é o Senhor Jesu s C risto, ressu scitad o , na sua segunda vinda, vitorioso sobre a m orte e a sepultura. Que belo testemunho da abenço ada esperança na vinda do Senhor, na res surreição do corpo e na glorificação dos san tos! (lTs 4.13-18; IC o 15.52; SI 17.15). Cap. 20. O segundo discurso de Zofar. Sua precipitada réplica, 1-3, baseou-se em p rovérbios e na trad ição, e ele equ iv ocadamente equiparou Jó aos ím pios, preven do-lhe o m esm o fim destes, 4-29.
Os servos de Jó lhe trouxeram notícias terríveis: suas ju m en tas fo ram ro ub adas, su as o velh a s co n sum id as pe lo fo g õ , e seus cam elo s levad o s p e lo s caldeus.
Cap. 21. A resposta de Jó. Ele exibiu fé no auxílio de D eus e m ostrou que os ím pi os m uitas vezes prosperam nessa vida, 126, rotulando as conclusões dos seus am i gos de puras falsidades, 27-34.
22—31. Terceiro ciclo de discursos Cap. 22. O terceiro discurso de Elifaz. E lifaz de Tem ã (aparentem ente a sud oes te de Sela, em Edom, na altura de Tawilan) concluiu que Jó era um grande pecador, 15, acusando-o de ganância e crueldade, 611, e de falsam ente discorrer sobre a onisciência de Deus e a iniquidade do homem, 12-20, insistindo em que Jó se reconcilias se com D eus, 21-30. Caps. 2 3 —24. A resposta de Jó. Ele tate ava à procura de Deus, provando que não era d esa fia d o ra m e n te ím p io, 2 3 .1 -9 , e n quanto o scilav a en tre a fé e a d escrença, 10-17. H avia D eus falhado?, 24.1-12. Jó deu
JÓ [ 219 ]
novo testem u n h o da freq u en te p ro sp eri dade dos iníquos, 13-25. Cap. 25. O terceiro discurso de Bildade. Embora seus argum entos já fossem exaus tivos, e le ap resen to u u m a v ig o ro sa d es crição do que é D eu s, 1-3, e do que é o hom em , 4-6. * Cap. 26. A resp osta de Jó. Sarcastica m ente, ele refutou os arg u m en tos de B il d ad e, 1-4, e s a g a z m e n te e com g ra n d e s e n tim e n to d e s c re v e u a g ra n d e z a de Deus, 5-14. Caps. 2 7 —31. As palavras finais de Jó de auto justificação. Ele confirm ou a sua retidão, 27.1-6, contrastand o-se com os ím pi os, 7-23. D escrev eu os teso u ro s da terra, 28.1-6, e a riqueza su p erior da sabedoria, 7-22, que é conh ecid a de D eu s, 23-38. Jó re p a s s o u su a s b ê n çã o s e h o n ra s p a s s a das, 29.1-10, e os bons atos que praticou , 11-25, contrastando sua vergonhosa hum i lhação do presente, 30.1-19, com o silêncio de D eus, 20-31. Term inou confiantem ente su sten tan d o sua d ecência e retidão, 31.112; sua filantropia, 13-23; e sua integridade e hospitalidade, 24-34. D esafiou D eus e os h o m e n s a re fu ta r su a a firm a ç ã o , 3 5 -4 0 . Concluiu dizendo, em resum o: "Sou inocen te!" Q u and o v o lto u a falar, d ecla ro u em essência: "Por isso, me abom ino..." (42.6). A razão da m udança está registrada no res tante do livro.
32—37. Os discursos de Eliú Caps. 32—3 3 .0 primeiro discurso de Eliú. D eu s in stru i o h o m em p ela aflição . E liú ("m eu D eus é e le ") é apresentad o, 32.1-6. Ele era buzita, e vivia perto de Edom, pois Buz (Gn 22.21) era irm ão de Uz (Jó 1.1) e arameu (Gn 11.26-32). Buz em Jr 25.23 era o nom e de uma localidade de Edom. Eliú era um verdadeiro m oderador, em certo senti do a re sp o sta ao d esejo de Jó de ter um árbitro. Os discursos de Eliú, assim, servi ram para preparar o cam inho para a inter posição do próprio Deus, caps. 3 8 —41. Cap. 34. O segundo discurso de Eliú. A ju s tiç a de D eu s era e x ig ên cia d ian te das insinuações de Jó, 1-30. Jó ainda não apren dera o propósito do sofrim ento, 31-37.
Cap. 35. O terceiro discurso de Eliú. As v a n ta g e n s da p ied a d e fo ra m e x p o s ta s com o refu ta çã o ao erró n eo ra cio cín io de Jó, 1-8, m ostrando que Deus realm ente ob serva se um homem é justo ou iníquo, 9-16. Caps. 36 —3 7 .0 quarto discurso de Eliú. Deus tem um propósito ao afligir os piedo sos, 36.1-7. Ele age assim para livrar o ho m em do o rg u lh o e m o stra r sua g raça e am or disciplinadores, 8-18. Jó deveria ob se rv a r isso , 19 -2 1 , e re co n h e ce r o p o d er de D eu s e sua p resen ça n a n atu reza, 2233; na trovoada, 37.1-5; e na neve e n a chu va, 6-16. As observações finais de Eliú en fa tiz a m a p e c a m in o s a fr a g ilid a d e do hom em diante de Deus, 17-24, aplainando o cam inho para a fala do Todo-poderoso.
38.1—42.6. Os discursos de Deus a Jó 3 8 .1 —40.5. P rim eiro d iscu rso de Deus a Jó . A C ria çã o p ro cla m a a o n ip o tên cia
[ 220 1 JÓ de D eus. O Senhor falou "d o m eio de um red em o in h o", 38.1, cenário freq u en te das teo fan ias (N a 1.3; Z c 9.14; SI 18.7-15; Ez 1.4; H c 3). D eus é C riad o r do m ar, 8-11; do tem po, 12-15; ele é Sen hor do abism o, da luz, das trevas, da neve, do g ra n iz o , do raio, das co n ste la çõ e s, das n u v e n s e da névoa, 16-38; D eus é o C riad or e Prote to r d os a n im a is, 3 8 .3 9 — 3 9 .3 0 . Jó fez uma con fissão, 40.1-5. 40.6—42.6. O segundo discurso de D eus a Jó . C ontrastam -se o poder de D eus e a fragilid ad e do h om em . Jó foi s ile n cia d o como hom em que havia disputado e acha do falta em Deus, m as não com o pecador. Assim a controvérsia divina foi renovada. "Acaso [...] m e condenarás, para te ju stifi cares?", 40.6-8, pergunta o Senhor no seu apelo a Jó, 9-14. "B e h e m o th ", 15-24, a p a rentem ente é um p lu ral in ten siv o do h e braico behem á ("b e s ta ") e se refere p rova velmente ao hipopótamo (egípcio p-ehe-mou) ou ao búfalo. Im agens desse enorm e anfíbio foram en con trad as em am u letos de tem -
pios palestinos. "L ev iatã", 41.1-11, é o cro codilo, m as é geralm ente interpretad o em o u tro s trechos com o referên cia ao m ítico m onstro do caos (SI 74.14; 104.26; Is 27.1). D escrev e-se o lev ia tã , 12-24, e sua n o tá vel força, 25-34. A resposta de Jó a D eus resolve o proble ma do sofrim ento, 42.1-6. D eus perm ite a aflição para que o h om em se ap erfeiçoe, e assim possa ver a Deus, 5, em toda a sua grand eza e esp len d o r, e ver-se a si m es mo na sua vileza e pecado, possibilitando que o hom em se arrep end a do seu o rg u lho "n o pó e na cinza''.
42.7-17. Deus repreende os amigos de Jó e o restaura 7-9. D eus ju stifica Jó d iante dos seus am igos. A graça de D eus perdoou o peca do de Jó, e Jó orou pelos am igos d esenca m inhad os. 10-17. Jó recupera sua prosperidade. Seu fim foi a paz.
Salmos Hinário e livro de orações do povo de Deus N atureza e núm ero. O título hebraico do Saltério é "Livro dos Louvores" (seper Tehilfím). Caracterizam os Salmos o louvor, a adoração, a confissão e uma profusão de orações. O Saltério era o hinário do povo judeu e é o manual de oração e louvor da igreja cristã. Martinho Lutero chamou o Saltério de "a Bíblia em miniatura". A palavra "Salm os", de Psalmoi( da Septuaginta), significa "cânticos" acompanhados de instrumentos de cordas. Na
Bíblia hebraica, Salmos encabeça a terceira divisão, chamada ketúbím ou Escritos (cf. Lc 24.44). A Bíblia hebraica contém 150 salmos.
Salm os e a poesia hebraica. Sobre a natureza da poesia hebraica, ver introdução a Jó.
Tem as dos salm os. 1. Os conflitos e triunfos espirituais dos santos sob a lei antiga constituem o tema básico, mas eles refletem os
conflitos do povo de Deus em todas as épocas. 2. Grandes temas proféticos percorrem o livro, como provam as citações do NT. São eles: (a) as importantes previsões a respeito do Messias (cf. Lc 24.44), incluindo sua primeira vinda e humilhação; sua morte, ressurreição e exaltação; e sua segunda vinda em glória e triunfo, SI 2, 8, 16, 22, 45, 69, 72, 89, 110, 118, 132. (b) Pesares, provações e sofrimentos de uma parcela piedosa de Israel no futuro tempo de tribulação nacional, terminando em libertação, restauração e glória, SI 52, 58, 59, 69, 109, 140. (c) Futuras glórias da redenção de Israel, da ten-a e de toda a Criação, SI. 72, 110. Observação: Nos comentários necessariamente breves que se seguem, enfatizam-se os temas proféticos mais difíceis, pois os significados devocionais são mais óbvios ao leitor e assim exigem menos comentários.
Classificação
pessoa e a obra do futuro Messias.
Cinco livros: Livro 1, SI 1— 41; Livro 2, SI 42— 72; Livro 3, SI 73— 89; Livro 4, SI 90— 106; Livro 5, SI 107— 150.
Salm os reais: 2, 18, 20, 21, 45, 72, 89, 101, 110, 144. Prevêem Cristo como Rei. Salm os alfabéticos: 9, 10, 25, 34, 37, 111, 112, 119, 145. Lançam mão de algum arranjo baseado no alfabeto hebraico.
Salm os penitenciais: 6, 25, 32, 38, 39, 40, 51, 102, 130. Estes salmos respiram profunda contrição pelo pecado cometido. Salm os m essiânicos: 2, 8, 16, 22, 45, 69, 72, 89, 110, 118, 132. Profetizam a
Salm os im precatórios: 52, 58, 59, 109, 140. Todos esses imploram a vingança de Deus contra perseguidores iníquos.
Salm os de A lelu ia: 111—
A uto ria indicada pelos títulos Davi: 73 (Livro 1, 37; Livro 2, 18; Livro 3, 1; Livro 4, 2; Livro 5, 15). Asafe: 12 (SI 50, 73— 83). Filhos de Coré: 12 (SI 42— 49, 84, 85, 87, 88). Salomão: 2 (SI 72, 127). Moisés: 1 (SI 90). Etã: 1 (SI 89).
113, 115— 117, 146— 150. Esses salmos empregam o termo Aleluia, que significa "Louvado seja Jã (Jeová)".
Salm os eloístas: 42— 83. Empregam o nome Eloim para Deus. Outros usam o nome Jeová. Salm os de Rom agem : 120— 134. Eram recitados ou cantados quando os peregrinos subiam a Jerusalém para celebrar as festividades.
Uma antiga lira, ou "kinnor", da região de Megido.
[ 222 1 Salmos
1. Homem piedoso vs. homem ímpio O homem piedoso é feliz, 1-3, porque é s ep a ra d o do p ecad o, 1; c o n c e n tra d o na Bíblia, 2; e próspero, 3. O ím pio, 4-6, ao con trário, é distinto do piedoso, 4, e fadado à condenação, 5-6. Um salm o sapiencial que introduz todo o Saltério.
2. Reinado e reino do Messias E sse salm o p rev ê a atu al re je iç ã o de Cristo, 1-3 (cf. At 4.25-28), que continua por toda esta era e cu lm ina na abism al apos tasia da Grande Tribulação. Profetizam -se a atitude do M essias de desprezo dos seus inim igos e seu trono futuro, 4-6. O futuro Senhor e n carn ad o e re ssu scita d o (cf. At 13.33-34) confirma sua filiação na segunda vinda e assum e o reino, 7-9. Ele exorta os reis e alerta os rebeldes em vista do esta belecim ento do seu reino, 10-12.
3—7. Provações dos piedosos Salmo 3. Tranquila confiança em Deus. Em tempos de profunda angústia, quando A bsalão se reb elo u co n tra ele, 1-2, D avi teve em D eus sua glória, seu escudo (protetor) e encorajador, 2-3; D eus foi A quele que atendeu suas orações, 4; e que lhe deu paz e libertação, 5-8. Salmo 4. Orar à noite sustenta a fé e re sulta no a la rg a m e n to do c o ra çã o , 1; na garantia do auxílio divino, 2-3; na fé, 4-5; na aprovação divina, 6; na alegria, 7; na paz e na segurança, 8. Salmo 5. Orar de m anhã dá coragem , 13. e o senso da b o n d ad e e da ju s tiç a de Deus, 4-6; garante a orientação divina, 7-8; sua proteção e o castigo dos inim igos, 910; e sua bênção sobre os ju stos, 11-12. Salmo 6. C lam or profundo do an gusti ado. S e v e ra m e n te c a stig a d o , 1-3; a m e a çado de morte, 4-5; e ferido de aflição, 67, o salm ista expressa fé na libertação de Deus, 8-10. Salmo 7. C lam or por p roteção contra inimigos cruéis, 1-2. P rotesta-se inocência, 3-5, e pede-se a pu nição dos m alfeito res, 6-16. Eleva-se louvor ao Senhor, 17.
8. A soberania do Filho do homem (messiânico) Com o Filho do hom em , Cristo aparece h u m ilh a d o , p o u co a b a ix o dos a n jo s (M t 21.16; IC o 15.27; ITb 2.6-9), para provar a m orte por todos os hom ens, e é agora co roado com glória e honra, 1-5. Ao hom em (sendo o prim eiro A d ão um a im agem do segu n d o hom em ou do ú ltim o A dão) foi d ado o d om ín io so b re a C riação , que se perdeu pelo pecado, e que será restau ra do som en te pelo seg u n d o A d ão (C risto), 6-9. Essa realização do R ed en to r-C riad or redundará para a glória de Deus, 1,9.
9—15. 0 piedoso e o perverso Salmo 9. O piedoso louva o altíssim o, 12, por seu rein o, b ên ção s e g ló rias, 3-12, com um a oração pela in terv en çã o do S e nhor nos ju ízo s que preced erão o esta b e lecim ento do reino, 13-20. Salmo 10. Continua a súplica do piedoso pela intervenção divina, 1-2, dirigida con tra o perverso, 3-18. Salmo 11. Os recursos da fé são para o dia da tribulação ("angústia para Jacó ", cf. Jr 30.5-7), quando serão "d estruíd os os fun d a m e n to s " n a q u e la h o r a te n e b ro s a da apostasia universal, 1-3. M as o Senhor ju l gará os pecad ores e recom p ensará os ju s tos, 4-7. Salmo 12. A arrogância dos pecadores, 1-3, é d escrita . M as D eu s está p re ste s a julgá-los, 4-6, pois sua iniquidade se apro xima do auge, 8. Salmo 13. A fé do piedoso, 1-4, resulta em vitória, 5-6. Salm o 14. D escrev em -se a ap ostasia e a corru p ção hum anas, 1-3, esp ecialm ente o p erío d o que p reced erá a segu nd a v in da de C risto , q u an d o Isra e l so frerá v io len ta p e rs e g u iç ã o , 4 -6 . O ra -se p e lo a d v e n to d o M e s s ia s , q u e tr a r á s a lv a ç ã o para Israel e ju b ila n te resta u ra çã o , 7 (cf. Rm 11.26-27; SI 53). Salmo 15. O caráter do piedoso. Tal san to tem com unhão com D eus em adoração, 1, e sua vid a é c o e re n te com o q u e ele p ro fessa, 2-5.
Salmos ( 223 1
16—24. Perspectivas proféticas de Cristo E sse s n o v e sa lm o s re tr a ta m o c a r á ter do p ied o so m as en co n tra m seu cu m prim ento definitivo em C risto, com eçando em Salm os 16 com o Sen h o r na sua ob e d iên cia na te rra, cu lm in a n d o n a sua se g u n d a v in d a , q u a n d o se m a n ife s ta r á com o "o Rei da G lória" (SI 24). Salm o 16. C risto, ob ediente, é ressu sci tado. Ele é o O bediente, 1-3, cujo cam inho foi de co m p le ta d e v o çã o a D eu s, 4 -8 , o que o lev ou à m orte e ressu rreiçã o , 9-11 (cf. A t 13.35). Salmo 17. Cristo, o Intercessor (cf. Jo 17). Ele se identifica ju stam ente com o reto In tercessor, 1-5. Sua oração por si próprio, 612, e pela libertação, 13-15, encontrará cum primento só no Davi Maior, o Senhor de Davi. Salmo 18. O poder de Deus preservou Cristo. Davi, com o profeta (A t 2.30), prediz aqui a m orte de C risto, 1-6, e o poder e a glória m anifesta de D eus em nom e de Cris to, 7-18. Ele fala não só de ressu scitá-lo , m as de glorificá-lo, 19-27, subjugando seus in im ig o s, 2 8 -4 2 , e fa z e n d o d ele "c a b e ç a das n a çõ e s", 45-50. Salmo 19. Cristo na criação e revelação. Ele aparece p rim eiro na C riação, 1-6; d e pois na revelação (sua P alav ra escrita), 711. Segue-se a resposta d o hom em , 12-14. Salm o 20. C risto e sua Salvação. A ora ção p ela v itó ria do rei te rre n o , 1-2, p re fig u r a a v itó r ia m a io r d a s a lv a ç ã o de C risto , sen d o que to d o o h o lo ca u sto , 3, tip ific a a m o rte de C risto . A ce le b ra çã o da g lo rio s a s a lv a ç ã o , 4 -8 , a tin g e o c l í m a x nu m cla m o r d o p ie d o s o no tem p o da trib u la çã o , 9. Salmo 21. Prevê-se a glória m ajestosa de C risto, 1-7, e celebra-se sua vitória sobre seus inim igos, 8-12. Então o Israel redim i do cantará o hino de 13. Salm o 22. Os sofrim entos e a glória vin doura de Cristo. O s sofrim entos, 1-21, são um retrato vív id o da cru cificação (cf. M t 27.27-50), e são seguidos pela glória, 22-31. Salmo 23. Cristo, o Grande Pastor. O Bom Pastor de SI 22, que dá sua vida pelas ove lh as (Jo 10.11), ap arece em SI 23 com o o
Grande Pastor ressurgido dos m ortos "pelo sangue da eterna aliança" (Hb 13.20), cui d ando das ovelhas, d and o-lhes tran qu ili dade, 1-3, e consolo, 4-6. Salmo 24. Cristo, o Pastor-Chefe. O Bom Pastor de SI 22 e G rande Pastor de SI 23 é agora revelado com o o Pastor-Oie/e, o "Rei da G lória", surgindo para honrar e recom pensar suas ovelhas (IP e 5.4). Q uem habi tará com ele no advento do seu reino, 1-6? Q ue recep ção aprop riad a terá ele na sua vinda, 7-10?
Um pastor do Oriente.
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25—39. Exercício espiritual do piedoso Salmo 25. Pedido de libertação. Eis aqui um acróstico (cf. SI 9 — 10) no qual usa-se um a disposição das letras do alfabeto he braico para alcançar unidade poética. Salmo 26. Apresenta-se uma oração pela justificação diante de um a acusação injus ta, 1-3, com p ro te sto s de in o cê n cia , 4-7, dram atizados por um a cerim ónia litú rgica, 6 (cf. Dt 21.6-8; SI 51.7). Profere-se um a oração por auxílio, 8-12. Salmo 27. Oração por orientação espiri tual em relação a D eus, 1-3; em relação à vida, 4-6; em relação a si m esm o, 7-14. Salmo 28. O ração por libertação. A ora ção, 1-5, é s e g u id a p e la ação de g ra ça s por ter sido atendida, 6-9. Salmo 29. A tem pestade do juízo. Lou va-se ao Senhor, 1-2, pois o Dia do Senhor virá com o uma grande tem pestade, 3-9, a fim de lim par o ar para a Era M essiânica quando o Senhor será Rei, 10-11. Salmo 30. Louvor pela cura. Relata-se a recuperação, 1-3, e oferece-se louvor, 4-12. Salmo 31. Vitória sobre os inim igos. A oração do santo é pela libertação, 1-18, e a resposta aponta a vitória, 19-24. Jesu s c i tou o v. 5 quando expirou na cruz (Lc 23.46). Salmo 32. A bênção de ser justificado. E sse é o p rim e iro d o s tre z e sa lm o s de "m a sk il", i.e., salm os de instru ção esp iri tual. O ju stificad or, 1-5, é tam bém escon d erijo, 6-7; G uia e P reserv ad o r, 8-10, em quem o santo deve alegrar-se, 11. Salmo 33. Louva-se o Senhor com o Cri ador, 1-9; com o Governador, 10-17; e como P rotetor e L ibertad or dos ju stos, 18-22. Salmo 3 4 .0 redimido de Deus canta ple no lou vor pela lib ertação, 1-10; pela in s trução, 11-14; pela redenção, 15-22. O v. 20 foi cumprido em Jo 19:36. Salmo 35. Clam or por auxílio na aflição. Esse é um salm o im p re ca tó rio com o 52, 58, 59, 69, 109 e 137. Eles devem ser com p re e n d id o s com o o ra çõ e s d os p ied o so s num dia de terrível apostasia e violência. O Espírito de D eus ora por eles pela d es truição dos iníquos, cujo cálice está cheio e cuja condenação é executada no D ia do
Sen h or. Ver aqui co n flito com o e n s in a m ento de am or e perdão de Jesu s é inter p r e ta r e r r o n e a m e n te a s a n tid a d e de D e u s, q u e e x ig e c o n d e n a ç ã o q u a n d o a g ra ça é re je ita d a . E tam b ém im p o rta n te lem b ra r que e sse s sa lm o s re fletem a c u rad am ente atitu d es hu m an as que podem n ão ser p len a m en te c o m p re e n d id a s (cf. Jó , E c le sia ste s). Salm o 36. C ontraste entre o ím pio e o Senhor. O que o ím pio é e faz, 1-4, é con trastado com aquilo que o Senhor é e faz, 5-9. O Senhor deve ser alvo de petições e confiança, 10-12. Salmo 37. O contraste entre o justo e o ím pio (cf. SI 1). O ím p io será certam ente castigado. O ju sto que foi m altratado não deve desanim ar. Salm o 38. O santo sofredor e o pecado. Q uando o santo sofredor, 1-8, busca o Se nhor, 9-15, resultam a confissão do pecado e a oração, 16-22. Salmo 39. A fragilidade hum ana. O va zio da vida, 1-6, deve conduzir ao autojul gam ento e à oração, 7-13.
40—41. As experiências de Davi prenunciam as de Cristo Salmo 40. A obediência de Cristo (cf. Hb 10.5-7). Sua vida de obediência, 1-12, é pre fa cia d a p elo câ n tic o d e re s su rre iç ã o do R e d e n to r, 1-3. A e x p r e s s ã o " a b r is te os m eus o u v id o s", 6, su g ere total o b e d iên cia, referindo-se ou ao ato de furar a ore lha de um servo (Ex 21.6) ou à receptivida de e o b e d iê n c ia à P a la v ra de D eu s (Is 50.4-5). O fruto da obra do Redentor é es boçado, 13-17, quando Ele ora com o aque le que carrega o pecad o do seu povo. Salmo 41. A traição do M essias. A expe riên cia de D avi, 9, p ren u n cia a de C risto (Jo 13.18-19). O v. 13 será o clam or do Isra el redifriido com o resu ltad o da red en ção do M essias.
42—49. Da tribulação às bênçãos do reino Esses salm os abrem o Livro 2 do Salté rio, que com eça com a op ressão dos p ie
Salmos t 225 1
Monumento assírio retrata músicos que viviam no cativeiro.
dosos rem anescentes hebreu s dos últim os dias, e term ina com SI 72, o grande Salmo do Reino do Saltério. O prim eiro grupo (4249) apresenta aspectos d esse cenário con turbado e a libertação final. Salm o 42. Esperar em D eus na aflição, 1-6, é d escrita com a tónica da fé e o con so lo da e sp era n ça , 7-11. E um salm o de "m a sk il" (instru ção) p ara os rem an escen tes pied osos do terrível tem po da tribu la ção (Dn 12.1). Salm o 43. C lam or a D eus con tra os in i m igos, ou seja, os fra u d u len to s, 2, e sua n a ção in íq u a . SI 43 é co n tin u a ç ã o de SI 4 2 (cf. a S e p tu a g in ta , q u e faz d eles um só s a lm o ). Salmo 44. Clam or mais intenso por auxí lio. O salm ista suplica a D eus que ordene a lib erta çã o , 1-8. U m p e río d o de g ran d e perigo para a nação afeta o lam ento, 9-21, possivelm ente prefigurando a G rande Tri bulação (cf. Ap 4.1 — 19.16). Essa angústia dem anda auxílio, 22-26.
Salmo 45. A resposta: o advento glorio so do Rei M essias. Sua m ajestade e poder, 1-5. Predizem -se seu dom ínio e glória, 6-8, e aqueles que partilharão do seu reino, 1719 (cf. Hb 1.8-9 e Is 11.1-2). Salmo 46. A libertação da tribulação e suas con sequ ên cias. Esse grande período de perturbações, 1-3, é seguido pela vinda do M essias em poder e glória, 4-7, e pelo e sta b e le cim en to do rein o, 8-11. " S e lá " é algum tipo de instrução litúrgica, cujo sig nificado é hoje incerto. Salmo 47. O Rei Messias no seu reino é visto em meio aos seus redimidos, 1-5, o alvo de louvor do povo que ele resgatou, 6-9. Salm o 48. As nações são julgadas. O rei no se estabelece. Jerusalém é tida com o a capital da terra na Era do Reino, 1-3 (cf. Is 2.1-5). A s nações são julgadas, 4-7, e o rei no se firma, 8-14 (cf. M q 4.1-10; Zc 14.9-21). Salmo 49. Transitoriedade do ímpio e sua riqu eza. Faz-se um contraste com a sorte do ju sto que confia no Senhor.
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50—51. 0 Deus justo e seu povo penitente Salmo 50. Deus exige santidade. Deus vem a Israel na sua ju stiça revelada e exi ge justiça do seu povo, 1-6; não m ero ritualism o, 7-15, mas realidade espiritual, 1622, que por sua vez resultará na revelação da salvação de Deus, 23. Salmo 51. O pecador em profunda peni tência. Esse é um dos maiores salmos peni tenciais. O grande pecado de D avi (adulté rio e assassinato) é con fessad o d iante de Deus e perdoado. O pecador, 1-2, torna-se penitente, 3-11, e recebe o perdão, 12-17, tor nando-se então intercessor de Sião, 18-19.
52—55. 0 tempo de tribulação de Israel E sse s q u a tro s a lm o s sã o o d e s de "m ask il" (instru ção), que esp elh am a ex periência de a fliçã o do p ró p rio sa lm ista (Davi). Também podem ser proféticos, pre vendo as tribulações de Israel nos últim os dias, sob o jugo do falso m essias (Zc 11.1517; 2Ts 2.7-12). Salmo 52. O tirano ím pio e sua destrui ção. O caráter do ím pio (Doegue, o edom ita), 1-7, co n trastad o v iv id a m e n te com o caráter do piedoso salm ista, 8-9, fornece a base histórica para a d escrição de um ti rano arro gan te que so frerá a retrib u içã o de Deus (ISm 21.7; 22.9, 18, 22). Salmo 53. Um a era de apostasia. Predizem-se o último dia de negação de Deus, 1; impiedade, depravação, 2-3, e perseguição do povo de Deus, 4. Vem então a condena ção sobre os apóstatas, 5. O piedoso rem a nescente ora pelo advento do Messias e pela restauração de Israel, 6. SI 53 é quase idên tico a SI 14, mas usa Eloim em vez de Jeová. Salmo 54. Petições dos piedosos. A trai ção de Davi pelos zifeus (IS m 23.19-27) é o pano de fundo histórico desse salm o e ofe rece um p aralelo p ro fético às orações, 13, dos santos judeus anteriores ao ad ven to do M essias, 4-7. Salm o 55. No tu rb ilhão da grande a fli ção. A vil d eserção de A ito fel, até então co n fiáv el co n s e lh e iro de D av i, que p a s
sa p ara o lad o do tra id o r A b sa lã o (2Sm 15.12 — 17.23), é o fato h istó rico que p ro v o co u a p ro fu n d a a n g ú stia do sa lm ista , 3, e su a a n s ie d a d e p o r e s c a p a r d a tr a m a, 4-8. Je ru sa lé m se to rn ara um a cid a de de v iolên cia e d ispu ta, 9-11, por causa da traição de A ito fel, 12-15. A con fiança de D avi no au xílio divino, 16-19, foi p ro fe rid a en q u an to ele ain d a sofria esse clá s sico caso de traição , 20 -21 . In d icam -se o consolo para o ju sto e a cond enação para o ím pio, 22-23 (cf. 2Sm 17.23).
56—60. Provações dos santos antes da bênção Salmo 56. Louvor pela antevisão da li bertação. Davi viu-se cercado por dois ini migos, seu próprio povo e os filisteus, quan d o v iv ia e n tre e s t e s em G a te (IS m 2 7 .1 —28.22). Sua confiança e consolo, 1-9, g eraram g arantia de lib ertação, 10 — 13. Salmo 57. Libertação na angústia. Davi cla ma a Deus, 1-5, em meio a inimigos e perigos quando se livra de Saul num a caverna em Adulão (ISm 22.1; 24.3). Quando sua atenção se afastou das circunstâncias presentes, seu coração se concentrou no D eus de m iseri córdia e verdade, e veio o triunfo, 6-11. Salmo 58. C ondenação para os ímpios. Eles p recisam sofrer castig o, 1-5. D escreve-se a execução do castigo, 6-11. Salmo 59. O ódio dos ím pios pelos jus tos. Essa cruel an im osid ad e se reflete no lam en to de D avi q u and o Sau l tentou arm ar-lhe cilada na sua casa (IS m 19.10.17). F oi então que o salm ista exp erim en tou o ó d io d os p e ca d o re s que to d o s os sa n to s de D eu s p erio d ica m en te conh ecem . Salmo 60. Um lamento nacional. Um re vés temporário de Davi na guerra contra os siros e edom itas (2Sm 8.3-14) ocasionou o lam ento, 1-5, a ser ecoad o pelos rem anes centes israelitas no final dos tempos, 6-12.
61—68. Dos sofrimentos ã bênção do reino E ssa série, p e la s e x p e riê n c ia s do s a l m ista, reflete não só o clam or sentido dos santos sofred ores em geral, m as dos p ie
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Salmo 65. A restauração da terra no mi lénio. Tornam -se realid ade as bênçãos es pirituais, 1-5, bem com o as tem porais e os b en efício s m ateriais, 6-13. Salm os 6 5 —68 descrevem os "tem p o s da restau ração de to d a s as co isa s, de q u e D eu s fa lo u por b o c a d o s seu s s a n to s p r o fe ta s d e s d e a antiguidade" (At 3.21). Salm o 66. Adoração e louvor no reino. R e la ta m -s e as p o d e ro sa s lib e rta ç õ e s de Deus, 1-7, resultando na adoração por parte de Israel, 8-20. Salmo 67. Reino pleno de alegria e bên ç ã o s . A s n a ç õ e s c o n h ece m e lo u v a m a D eu s, 1-4, g eran d o um a era de p ro sp eri dade mundial, 5-6. Salm o 68. C onsum ação da redenção. A a le g ria de Isra e l n o re in o é o re su lta d o das p o d e ro sa s lib e rta ç õ e s do Sen h o r, 120. O v. 18 é citado em Ef 4.7-16 a respeito do m in isté rio de C risto na ascen são . Is rael é n o v a m en te reu n id o, e seu s in im i gos dos ú ltim o s d ias são d estru íd os, 2123. C elebra-se a bênção plena e un iversal do reino, 24-35.
d osos de Israel no p erío d o de tribu lação que preced erá a Era do Reino. Salm o 61. O ração p elo rei. O lam ento pessoal de Davi, 1-5, talvez com posto du rante d istante exp ed ição ou n o tem po da re b e liã o de A b salão , e x p re ssa o sen tid o clam or dos p ied oso s da n ação qde ansei am pelo advento do M essias, que virá es tab elecer o rein o. A p etição p elo rei, 6-8, vai além do rei D avi e alcança o R ei-M essias, com o in terp reta corretam en te o Targum , antigo com entário judaico. Salmo 62. Os santos aguardam confian tes a libertação. A espera de D avi na fé, 1-4, tem su a expectativa som en te em D eus, 58, e não na vaidade do hom em , 9-12. Salmo 63. A sede dos santos por Deus. O a rd e n te d e se jo de D a v i p e la co m u n h ã o com D eus, ap esar das suas p ro vações no d e s e rto , 1-8, p re fig u ra o se n tim e n to de todo verdadeiro santo em tribulação, 9-11. Salmo 6 4 .0 destino dos ím pios. Sua ou sada im piedade, 1-6, será julgada, 7-9, e os re m a n e scen tes p ied o so s se a leg ra rã o no Senhor, 10.
G ru p ó de jo v e n s iu d e y s p e re g rin o s cam in h a para a M uralha Ç cid e ítta l, a últim a parte rem anescen te do tem plo, em Jeru salém . Eles ento am salm os ou cân tico s de ro m agem , assim'1ciQ£n.o fa zia m seu s a n te p a ssa d o s m u ito s sécu To Satrás.
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69—72. Cristo rejeitado e exaltado Salm o 69. Os sofrim en tos do M essias rejeitad o. Ele é od iad o sem m otiv o, 1-6; sofre censura, 7-12; e ora , 13-21. D escre ve-se o castigo dos seu s inim ig os, 22-28. D ep o is vêm sua e x a lta ç ã o e g ló ria , 2 9 36. S o b re 14-20, cf. as e x p e r iê n c ia s de C risto no G etsêm an i (M l 2 6 .3 6 -4 5 ). O v. 21 está ligado à cruz (M t 27.48; M c 15.36; Lc 23.36; Jo 19.28-29). A t 1.20 lem bra o v. 25. Esse salm o n o tá v e l ilu stra o p ro fu n do e stilo p ro fé tic o que c a ra c te riz a S a l mos (cf. Lc 24.44). Salmo 70. A oração de Israel por liberta ção lembra e rep ete Sl 40.13-17, a oração de Davi em m om ento de grande aflição. Salmo 71. Cântico de esperança de Israel. O salmista declara sua fé, 1-18, provocando revivescência e vitória espirituais, 19-24. Salmo 72. O grande salm o do reino. O rei é em possado, 1-4. D escrevem -se a ex tensão do reino, 5-11, e suas bênçãos, 1220. Tod as as o ra çõ e s de D avi, 20, te rã o cumprimento no reino (cf. 2Sm 23.1-4).
73—83. Salmos de Asafe a respeito do santuário O Livro 3 do Saltério, Salm os 73 — 89, aborda a santidade do santuário do Senhor. Essa seção já foi co m p a ra d a a L ev ítico . Onze salmos são de Asafe, líder do coro de Davi (lC r 6.39) e com positor (2Cr 29.30). Salmo 73. O problem a da prosperidade dos ímpios. A desconcertante pergunta é a m esm a Jó: Por que os ím pios prosperam , 1-9, e os justos sofrem , 10-14? A justiça de Deus e a santidade do santuário fornecem uma resposta ao salm ista, 15-28. Salmo 74. Profanação do santuário pelo inimigo. A visão do inim igo no santuário, 1-9, vai além do pano de fundo histórico do salm o, a destruição babilónia de 586 a.C., ou a profanação de A ntíoco Epífanes. Será cum prida no A nticristo do final dos tem pos (M t 24.15). O ra-se por intervenção d i vina, 10-23. Salmo 75. Intervenção divina em favor do santuário. O Messias, o reto Juiz, 1-7, execu ta seu juízo na sua segunda vinda, 8-10.
Salmo 76. Estabelece-se o governo divino. O Senhor reina em Sião, 1-3, como consequ ência da condenação dos ímpios, 4-12. Salmo 77. O santo atribulado, 1-10, en co n tra co n so lo na lem b ra n ça de lib e rta ções p assad as, 11-20. Salm o 78. Deus se faz presente na histó ria de Israel, 1-55, apesar da contínua pro v o ca çã o do seu p o v o, 56-64. A g raça se revela a Davi, 65-72. Salmo 79. Oração pela condenação dos inim igos de Jerusalém . Esse lamento indica algum a grande calam idade nacional, como a invasão de Sisaq u e, a queda da cidad e diante dos babilónios ou de A ntíoco Epífa nes. Mas o significado profético encontra rá cu m p rim en to d e fin itiv o na Jeru sa lém d om in ad a pelo falso m essias, q u and o as cru eld ad es de A n tíoco E pífanes serão re petidas (cf. Ap 11.3-12). Salmo 80. Clamor pela restauração da na ção de Israel. O Senhor, o Pastor de Israel (Gn 49.24), é invocado, 1-2, para restaurar, 3, 7, a nação castigada e dispersa, 4-6. Usando o sím ile da videira (cf. Is 5.1-7), o salm ista d escreve a red enção da n ação na partida do Egito, 8-13, que se torna a base do apelo pela restauração final antes do reino, 14-16, pelo Messias, “o filho do homem que forta leceste para ti", 17, que sairá em busca das suas ovelhas dispersas, 18-19, para restau rá-las, 19. (Cf. 3, 7, 19 com Ez 34.11-31). Salmo 81. A reunião de Israel. O troar das trom betas prefigura a reunião de Israel no final dos tempos, 1-5, a resposta à oração de Sl 80.3, 7, 19. A restauração se expõe contra o pano de fundo da libertação do ju g o do Egito, 6-10, e a subsequente desobediência e consequente castigo da nação, 11-16. Salmo 8 2 .0 juízo que precederá o reino. D eus assum e seu lu g ar com o Ju iz su p re m o e reto, la , para ju lg ar as nações e m i n istra r a ju stiça, em con traste com ju iz es iníquos, *1b-7. Seu direito de ju lgar está no fato de que todas as nações lhe pertence rão quando ele tom ar posse do reino, 8. Salmo 83. A derrota dos inim igos de Is rael. Os inim igos da nação nos dias do au tor, 1-8, prefiguram a coalizão final e sua com p leta d errota, 9-1 8 (cf. Is 10.28-34; J1 2.1-11; D n 11.36-42; Z c 12.2).
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84—89. A oração resulta na glória do reino Salmo 84. A vitalidade espiritual do reino. A adoração revigorada, 1-4; a fé, 5-8; e o ser viço, 9-12, são realizados pela manifestação do Senhor na pessoa do Ungido de Deus, 9, sol (cf. Sl 80.3, 7, 9) e escudo de Israel, 11. Salmo 85. A prom essa de bênção no rei no. E n tre os b e n e fíc io s , 1-3, a lca n ça d o s pela o ra çã o , 4-9, e stã o a ju s tiç a e a paz m ilenária, 10-13. Salmo 86. A oração, 1-9, e o louvor, 1017, encontram plena realização na Era do Reino, com o dem onstra 9 (cf. Is 2.1-5). Salmo 87. Sião alcança glória no reino. Sião (Jeru salém ) é honrada, 1-6, acim a de todas as cid ad es e celeb rad a com o fonte de bênçãos, 7. Salmo 88. O profundo clam or do aflito, 1-7, aparentem ente sem resposta, 8-18, re trata as ten eb ro sas ex p e riên cia s dos p ie d osos em Israel. Salmo 89. A fidelidade de Deus, 1-18, se manifesta no cumprimento da aliança daví dica, 19-37 (cf. 2Sm 7.9-14, 27), que pode se referir somente a Emanuel (Is 7.13-15; 9.6-7; Mq 5.2). A súplica do remanescentes piedo sos (cf. Is 1.9; Rm 11.5) pede a cessação do castigo infligido à casa de Davi, 38-52.
90—93. Das perambulações do pecado ao descanso da redenção O Livro 4 do Saltério, Salm os 90-106, é com parado por alguns a N úm eros, o livro da p eram b u lação pelo d eserto (cf. Sl 90). C o n tém n u m e ro s o s sa lm o s que d e s c re vem o p e río d o em que as p e rip é cia s do povo de D eus no deserto chegam ao final, com glória para Israel e as nações. Salmo 90. A penosa condição do homem caíd o. M o isés m ed ita sobre a frag ilid ad e hum ana e a m orte provocad as pelo peca do, 1-10. Ele ora pela intervenção de Deus em nom e do hom em pecador, 11-17. Salmo 9 1 .0 homem redim ido em com u nhão com Deus. Sua confiança em Deus, 12, enquanto cam inha por entre os hom ens "sob a som bra do A ltíssim o", "à sombra do
O nipotente", gera segurança, 3-8, triunfo e exaltação, 9-16. Satanás percebeu que esse salm o se aplicava a Jesus, 11-12 (cf. Mt 4.6). Salmo 92. Cântico de louvor pelo descan so definitivo (Cântico do Sábado), como con sequência da "o b ra" redentora de Deus, 4; sua conquista dos inim igos de seu povo, 59; e o favor que dispensa a este povo seu, 10-15. A aplicação do salm o é eterna. Seu cum prim ento, porém , é milenar. Salmo 9 3 .0 reino milenar do Senhor (cf. Ap 11.15-18). O Senhor inicia o seu reinado sob re a terra em santidade, 5.
94—100. 0 juízo e as glórias da era vindoura Salm o 94. O juízo dos ím pios. Ora-se pedindo a vingança divina contra os ím pi os, 1-13. O s ju stos são consolad os, 14-23, en qu an to seus in im igos e os inim igos de D eus sofrem a d estruição. Salmo 95. Adoração e júbilo diante da perspectiva do advento do Rei-Salvador de Israel. Seu direito de reinar deriva de a ter ra, 1-5, e o hom em ser p ro p ried a d e sua com o resultado da Criação e da redenção, 6-7a. A q u eles que e stã o p restes a en trar no rep o u so no rein o d evem se p recav er contra a desobediência dos que perderam o resto de Canaã, 7b-\ 1 (cf. Hb 3.7-11). Salm o 96. A segunda vinda. O Senhor é suprem o, 1-6. A C riação celebra, 7-13. O "cântico novo" é baseado na conclusão da red en çã o e seu s efetiv o s b en e fício s para o hom em e a terra (cf. Sl 98.1-3). Salm o 97. O Rei reina, 1-5. Indicam -se os resultados do seu reinado, 6-12. Salm o 98. O novo cântico de triunfo. T od a a C ria ç ã o é ch a m a d a a c e le b ra r o estabelecim en to do reinado do Sen hor na terra com um novo cântico, 1-9. Salm o 99. O reinado terreno do Senhor. E le é o so b era n o da te rra , 1-3. "... ele é san to" é o refrão, 5, 9. Seu reino será justo, 4-5; seus atos, fiéis, 6-9. Salmo 100. Louvor do reino de Israel. O cham ado para ad orar é feito com base na d ivind ad e do Rei e na red enção operada p o r ele para os seus, 2, e no fato da sua bon d ade e m isericordiosa aliança, 5.
[ 230 I Salmos
101—106. 0 rei justo é humilhado e glorificado
107—108. As libertações de Israel e seu louvor a Deus
Salmo 101.0 Rei justo e seu reinado. Davi fala com o um profeta sobre o verd ad eiro caráter do Rei, 1-3, e seu justo reinado, 4-8. Salmo 102. Cristo Rei na sua rejeição. A referência aos v. 25-27 em Hb 1.10-12 de m onstra que essa ode prediz a aflição e a angústia do H om em -D eus. Salmo 103. O louvor do reino de Israel é elevado pelas b ênçãos da plena salvação, 1-7; pelo caráter m isericord ioso de D eus, 8-18; e por Ele estabelecer o reino, 19-22 Salmo 104. Louvor da criação ao Cria dor, o Cristo-M essias, 1-9 (cf. 4 com H b 1.7), po is sua C ria çã o ag e m a n ife s ta n d o su a bondade e grandeza, 10-35. Salmo 105. R etrospecto histórico. Cele bram-se os prodígios do êxodo do Egito. Salmo 106. R etrospecto histórico. Lembram -se a bondade e a paciência de D eus nas p eram b u lações pelo d eserto.
O Livro 5 do Saltério, Salmos 107-150, é com p a ra d o por alg u n s a D eu tero n ô m io . Expõe as relaçõ es d iv in as com Israel que resultam na libertação tanto do povo Isra el quanto de toda a criação. O livro termina com um Coro de Aleluia pela redenção. Salmo 107. As misericórdias de Deus para com Israel. R ep assam -se a reunião e res tauração final do povo de Deus, 1-9 (cf. Dt 30.1-10); sua libertação do jugo, 10-16, ape sar da insensatez, 17-22, e inquietude, 2332. R e g is tra -se seu lo u v o r a D eu s p e la s lib ertações, 33-43. Salmo 108. Israel louva a Deus, 1-4, pela sua herança, 5-9, por meio do Senhor, 10-13.
Pôr• do sol nó . Y & Z sm i: : ( „ mar da Galiléia. Do nascer ao pôr do sol, lou vado seja o nome do Senhor!
109—113. Cristo é rejeitado, exaltado e surge na glória vindoura Salmo 109. Prediz-se a rejeição de Cris to. Davi, com o profeta, vê o Cristo despre zado e rejeitado, 1-5, Seus acusadores e a condenação desses, 6-20 (cf. 8 e A t 1.20). A voz do R ejeitad o ecoa em 21-25, e fundese à voz dos ú ltim o s rem a n e scen tes, 2 631, identificados com ele. Salm o 110. C risto com o S acerdote-R ei. C risto, filho e Sen h or (su a d ivind ad e) de D a v i é e x a lta d o em r e s s u r r e iç ã o e a s censão, 1 (cf. Jo 20.17; A t 7.56), e aguarda até que seu s in im ig o s sejam d om inad os. D escre v e -se su a seg u n d a v in d a , 2-3, na qual rea liz a rá esse feito, rein an d o com o S a c e r d o te -R e i c o n fo rm e seu e te r n o s a cerd ócio, 4 (Hb 5.6; 6.20; 7.21). P rofetizam se seus ju íz o s e vitórias an teriores à g ló ria do seu rein o, 5 -7 (cf. J1 3.9-17; Z c 14.1-4; Ap 19.11-21). Salmo* 111. Aleluia! O Sacerdote-Rei é entronizado (cf. Sl 110). Prim eiro dos sal m os de aleluia ("lo u vad o seja o Sen h or"). Sua obra redentora é louvada (Lc 1.68). Salmo 112. Aleluia! Os justos são recom pensados pelo Sacerdote-Rei entronizado. Salmo 113. Aleluia! Louvado seja o Senhor pelo que ele é, 1-6, e pelo que ele faz, 7-9.
Salmos ( 231 I
114—117. Libertações passadas e louvor futuro Salmo 114. R em em ora-se a libertação do jugo egípcio. A libertação futura está im plí cita na expectativa (cf. Jr 16.14-15). Salm o 115. O Deus de Israel. Contrastase quem ele é, 1-3, com o que são os íd o los, 4-8. Im plícito está que se pode confiar no Exaltado, 9-18. Salmo 116. Israel louva a Deus pela li bertação da m orte, 19. Esse salm o trata das te n e b ro sa s e x p e riê n cia s de so frim e n to e m artírio sem par, 15. O s piedosos que es capam agrad ecem a D eus, 10-19. Salmo 117. Louvor universal no reino. D epois do louvor, 1, vem o m otivo dele, 2.
118—119. 0 Messias e a Palavra de Deus são exaltados Salmo 118.0 Messias é exaltado como Pe dra Angular. Esse grandioso salmo de aleluia foi cantado ju ntam ente com Salm os 1 1 4 — 117; 136, pelo Senhor e seus discípulos, na celebração da Páscoa, na noite em que ele foi traído (Mt 26.30; Mc 14.26). Ele aplicou os v. 22-23 a si m esm o (Mt 21.42). O salm o olha além da rejeição da P ed ra (C risto), enxer gando a sua exaltação definitiva no reino. Salmo 119. A palavra de Deus é exaltada. E m b o ra a p lic á v e l a to d a s as g e ra ç õ e s , esse m ag n ífico a cró stico alfa b é tico (cada u m a d as 22 le tra s d o a lfa b e to h e b ra ic o o co rre oito vezes n a s 22 seçõ es) será fi n alm ente cu m p rid o q u an d o Israel, sob a n ov a aliança, tiver a lei escrita "n o co ra ção " (Jr 31.31-33).
120—134. Os salmos de romagem A p a re n te m e n te , e s s e s sa lm o s era m cantados quando os peregrinos subiam até Jeru salém para as festiv id ad es sagrad as. Salmo 120. O sofrim ento dos piedosos. A oração de D avi p ela libertação d os in i m ig o s e p e rse g u id o re s re sp ira o m esm o espírito do clam or dos piedosos aflitos de to d as as ép ocas. Salmo 121. O zelad or e preservador de Israel. Ele jam ais decepciona os seus, 1-8.
Salmo 122. Oração pela paz de Jerusa lém . Esse é um cântico que louva Sião como m eta dos peregrin os. U m grupo de pere g rin o s ch eg a para um a festiv id ad e e ad m ira a cidade, 1-5, orand o por sua paz e prosperid ad e, 6-9. Salmo 123. C lam or por m isericórdia em m eio à aflição. A hum ilde dependência de Deus, 1-2, e um a súplica por misericórdia, 3-4, em face do desprezo dos orgulhosos e dos profanos. Salmo 124. Resposta à oração por m ise ricó rd ia . E ste salm o é a re sp o sta ao cla m or de Sl 123. Salmo 125. A recom pensa dos justos e o castigo dos ím pios. A expressão de fé sóli da, 1-3, e a oração por auxílio, 4-5, serão cu m pridas nas fu tu ras b ên ção s de Israel. Salmo 126. Cântico dos cativos que volta ram . A a leg ria das g raças p assad as, 1-3, inspira a oração pela restauração final, 4-6. Salmo 127. Louvado seja Deus, de quem derivam todas as bênçãos. A fé em Deus é essencial para toda prosperidade verdadei ra, 1-2. A dádiva de muitos filhos hom ens é um a bênção para um pai oriental, 3-5.
I 232 1 Salmos
Salmo 128. As bênçãos oriundas de Sião s erã o p le n a m e n te re a liz a d a s q u a n d o o Senhor reinar. Salm o 129. O Senhor, p reservad or de Israel, protegeu seu povo no passado, 1-4. O ra-se para que os inim igos de Israel não triunfem sobre ele, 5-8. Salmo 130. O Senhor, fiel redentor de Israel. A experiência pessoal de um cren te, 1-6, é modelo para a nação, 7-8. Salmo 131. O Senhor, esperança de Isra el. A experiência do salmista de serena sub missão, 1-2, é um exemplo para a nação, 3. Salmo 132. O M essias, filho de D avi, é e n tro n iz a d o . O in te re s s e de D avi p e la casa de Deus, 1-10, é recom p ensad o com a alian ça d av íd ica, 11-12. Ela será cu m prid a p elo M e ssia s-R e i na sua seg u n d a vinda, 13-18. Salmo 133. As bênçãos da harm onia fra terna. Tal fraternid ad e é boa e agradável, 1, como a unção de Arão, 2, e com o o orva lho refrescante sobre o mt. H erm om , 3. É a atm osfera em que D eus dispensa a bên ção espiritual.
Salmo 134. Adoração abençoada. Os sa cerdotes são cham ados a render louvor ao Senhor, 1, e a abençoar a congregação, 2-3.
135—136. Israel restaurado em glorificadora adoração Salmo 135. A nação purificada adora (cf. Êx 19.4-5; Zc 3.7). O cham ado é para ado rar, 1-4, e v en erar aq u ele que co n tro la a natureza, 5-7; que redim iu a nação e a es tabeleceu na Palestina, 8-18; que está aci ma de todos os deuses e é, portanto, dig no de toda adoração, 19-21. Salm o 136. A nação redim ida louva a m isericórd ia de D eus. Sua m isericórdia é revelad a na C riação, 1-9; na red en ção de Israel, 10-15; nas p eram b u lações pelo de serto, 16; e na conqu ista de C anaã, 17-22. A seguir vem um resum o da m isericórdia de D eu s, 23-26. E ste salm o é ch am ad o o "G rande H allel" (cf. Sl 114-118) na liturgia da Páscoa judaica, e pode ter sido cantado por Cristo e seus discípulos depois da U lti ma Ceia (Mt 26.30; M c 14.26).
Salmos I 233 1
137—139. As experiências do povo de Deus à luz do seu Deus Salmo 137. A experiência do exílio olha além do C ativ eiro B abiló n io , enxerg an d o a restauração definitiva do final dos tem pos, q u an d o os ad v e rsário s de Israel se rão castigados, 8-9 (cf. Is 13.16; 47.6). Salmo 138. O louvor ao Senhor, 1-3, cul m ina na plena bên ção do rein o, 4-6, m as traz bênçãos im ed iatas ao devoto, 78. Salmo 1 3 9 .0 Redentor-Criador de Israel é onisciente, 1-6; on ip resen te, 7-12; digno de todo o louvor, 13-18; justo e santo para castigar o pecado e os pecadores, 19-24.
140—143. Provações e tribulações do povo de Deus Salm os 140—143. O ração por libertação dos in im ig o s. E sses sa lm o s re fletem os vários sofrim entos de D avi. Ele clam a por ju stificação na sua angústia, e ora pela li b erta çã o e pela re sta u ra çã o da p ro sp eri dade espiritual.
144—145. As experiências de Davi espelham o futuro de Israel Salmo 144. Oração pela m anifestação do p od er do Senhor. D eus é louvado, 1-2, e seu auxílio é invocado diante da fraqueza do hom em , 3-4. Que o Senhor venha liber
tar dos inim igos, 5-8. O "novo cântico" de red en ção de Israel, 9-11, será entoado na bênção do reino, 12-15 (cf. Sl 96.1; Ap 5.9; 14.3; 15.3). Salmo 145. A glória do M essias-Rei e seu re in o . Esse é um a cró stico a lfa b é tico de lou v or pessoal, 1-3; das obras m aravilh o sas do Senhor, 4-7; do seu amor, 8-9; e do seu zelo providencial para com suas cria turas, 14-21.
146—150. 0 grande aleluia final Cada um d esses cinco salm os com eça e term in a com A lelu ia, "L o u v a d o seja o S e n h o r" . Salmo 146. Aleluia! O Deus de Jacó, 1-2. Essa é a designação daquele que ama o pe cador desam parado com com paixão reden tora, 3-4; e que é, no entanto, o poderoso Criador, fiel, justo, providente, 5-7; o glorio so Salvador e Protetor, 8-9, e Rei eterno, 10. Salmo 147. Aleluia! Pelo seu poder e zelo providencial, 1-11, especialm ente para com Israel, 12-20. Salmo 148. Aleluia! Que todas as criatu ras louvem ao Senhor no céu, 1-6, e na ter ra, 7-14. Salmo 149. Aleluia! Cantem o novo cân tico de redenção. O Israel redim ido lidera o Coro de Aleluia, 1-3, pois o Senhor lhe deu a vitória, ju stificand o os seus, 4-9. Salmo 150. Aleluia! Crescendo apoteóti co de louvor universal. O propósito último da Criação é o louvor do Criador. Só Deus é digno. Aleluia!
Provérbios Compêndio de instrução moral e espiritual N atureza do livro . Dentre
A u d iên cia. O filho do autor
muito antiga, remontando na
os livros do AT, Provérbios é o mais típico da antiga literatura sapiencial do Oriente Próximo. É uma biblioteca de instrução moral e espiritual para os jovens, com o intuito de garantir uma vida piedosa e feliz e a recompensa na vida futura.
(1.8; 2.1) é presumivelmente Roboão, mas os preceitos são para todos os jovens (4.1), e num sentido mais amplo para todos os homens (8.1-5).
forma escrita a cerca de 2700 a.C. no Egito.
0 provérbio (heb. masal, possivelmente relacionado à raiz idêntica mst, que significa "reinar, go vernar".
especial semelhança com os provérbios de um autor egípcio cham ado Am enem ope (datados entre 1000 e 600 a.C.), mostrando a predominância desse tipo de literatura sapiencial fora da Bíblia. A literatura proverbial é
Tem o significado básico de "ser parecido, representar") é um curto preceito que
regula
ou rege a conduta e a vida, muitas vezes assumindo a forma de símile ou parábola. Muitos provérbios são parábolas condensadas. A uto ria. Muitos dos provérbios provêm de Salomão (1.1; 10.1; 25.1; cf. 1 Rs 4.32; 2Cr 1.10; Ec 12.9); alguns de Agur (30.1) e Lemuel (31.1), que são pessoas desconhecidas.
Os provérb ios e a literatura do O riente Próxim o. A seção 22.17— 24.34 guarda
Esboço 1.1—9.18 Livro 1. Provérbios de Salomão 10.1— 22.16 Livro 2. Várias máximas de Salomão 22.17— 24.34. Livro 3. As palavras dos sábios 25.1— 29.27. Livro 4. Provérbios copiados pelos escribas de Ezequias 30.1— 33. As palavras de Agur 31.1— 9. O conselho da rainha-mãe ao seu filho 31.10-31. A esposa virtuosa
Provérbios t 235 1
1. Propósito de Provérbios
4. A primazia da sabedoria
1-7. Prom over o saber e o viver piedoso. O v. 7 dá o tem a de todo o livro. A reveren d a diante de D eus é o prelúdio essencial a toda sabed oria e ao viver bem -sucedid o. 8-19. A disciplina doméstica é uina salva guarda moral contra um a vida de crimes. 20-33. A sabedoria é personificada como profetiza e professora. Ela m ostra a insen sa te z d a q u ele s que re je ita m a in stru çã o m oral e a disciplina.
1-19. Tanto no m estre com o no aluno. O m estre aprendeu a sabedoria com os pais, 1-9, e o aluno é adm oestado igualm ente a receber o saber e tirar p ro v eito dele, 1019, com o prind pal aquisição da vida. 20-27. A prática da sabedoria gera vida, saúde e integrid ad e.
2—3. Frutos da busca da sabedoria.
5.1-14. Enfatizam -se os lim ites contra os pecados sexuais, desaconselhando-se a in fidelidade conjugal, 15-23. 6.1-35. L im ites contra vários pecados. M e n c io n a m -se a d ív id a , fa v o re c e n d o a segurança (ser fiador de em préstim os), 15; a preguiça, 6-11; o m exerico irresponsá vel, 12-15; a im piedade em geral, 16-19; e o adultério, 20-35. 7.1-27. Lim ites contra a m u lh er prom ís cu a. A sa b e d o ria é p e rso n ific a d a , 4 (cf. 1.20-33).
2.1-22. A promessa de sabedoria. A busca do saber traz o conhecimento de Deus, 5; gera salvaguardas morais, 6-15; liberta da mulher promíscua, 16-19; e dá prosperidade, 20-22. 3.1-35. Os preceitos sapiendais resultam em bem -estar físico e espiritual, 1.10. Até a ad versidade se to m a a disciplina de um pai amoroso, 11-12, e inculca um verdadeiro sen so de valores, 13-18, com preensão da Cria ção de Deus, 19-20, e justiça prática, 21-35.
5—7. A sabedoria gera limites morais
Mulheres trabalham no campo, nas redondezas da antiga cidade de Samaria. O livro de Provérbios incentiva o trabalho.
[ 236 i Provérbios
8. Notável revelação da identidade da sabedoria 1.21. A sabedoria personificada. Seu cha m ado, 1-5, é seguido pelo anúncio do seu valor, 6-11; sua autoridade, 12-16; suas re com pen sas, 17-21. 22-31. A revelação da id en tid ad e da sa b edoria personificada. A sabedoria com o p esso a se rev ela com o o C ris to p ré -e n carnado (em bora alguns estu d io sos o te n h am n eg ad o ). A qui a s a b e d o ria se r e v ela co e tân e a e c o e x is te n te com D eu s. "O S e n h o r me possuía [e não criou] no in í cio de sua obra, antes de suas obras m ais a n tig a s", 22. E sse in ício , com o Jo ã o 1.1: "N o princípio era o V erb o ...", é um in ício a b so lu ta m e n te in te m p o ra l. E ssa p a s s a gem m agnífica antecip a IC o 1.30; Jo 1.13; Hb 1.1-3. 32-36. Apelo renovado. Notavelmente ver dadeiro é dizer que é "feliz" aquele que en contra a Deus, 32, 34, pois ele encontra vida em Cristo, a verdadeira sabedoria de Deus.
9. Contraste entre sabedoria e insensatez 1.12. O convite da sabedoria. A sabedo ria personificada (que se revela Cristo) faz um convite (Mt 11.28-29; cf. Lc 14.15-24). 13-18. A sedução da insensatez. A insen satez é tam bém person ificad a com o um a m u lher lou ca, e aq u eles que a p referem ao Senhor cortejam a m orte e o inferno.
10.1—22.16. Contraste entre o piedoso e o ímpio, e outras máximas
14.1-35. O contraste entre o sábio e o in sensato, o rico e o pobre. 15.1-33. O cam inho m elhor da sabedoria e do servir a Deus. 16.1-33. O cam inho m elhor de viver ser vindo ao Senhor. 1 7 .1 -1 8 .2 4 . Várias m áxim as que regem a boa conduta. 1 9 .1 - 2 2 .1 6 . V ários provérbios que re gem a conduta pessoal.
22.17—24.34. As palavras do sábio E sta seçã o , L iv ro 3, re v e la a fin id a d e com a Sab ed oria de A m enem o p e (v. a ci ma). Trata-se das in stru ções do professor ao seu aluno ("filh o "), que está sendo edu cado para um posto de responsabilid ad e. 22 -1 7 .2 1 . In tro d u çã o . A S a b ed o ria de A m en em o p e, texto eg íp cio , tem tam bém trin ta s e ç õ e s , d as q u a is d ez e n c o n tra m p aralelos aqui. 23.1-35. V árias exo rtaçõ es. Tratam de com o se p o rta r com o con v id ad o, 1-8; do falar, 9; da rem oção de um m arco, 10-11; da disciplina dos pais, 12-14, etc. 24.1-34. Acrescentam-se várias exortações. Elas tratam da inveja, 1-2; da sabedoria etc.
25—29. Provérbios copiados pelos escribas de Ezequias C onstitu em o L iv ro 4 e consistem em provérbios isolad os que regem a conduta m oral. Foram coligidos no tem po de E ze quias (716-687 a.C.). 25.1-28. Im põe-se a sábia conduta diante de um rei, 1-7; n a corte, 8-10; no falar, 1118; no lidar com inim igos, 19-22 etc. 26.1-28. Outros pecados. Destacados são o insensato, 1-12; o preguiçoso, 13-16; o intro metido, o intrigante, 17-20, 22-23; o contencio so, 21; o que odeia, 24-26; e o mentiroso, 28. 2 7 .1 - 2 9 .2 7 . D iversas outras m áxim as. Abrangem diferentes aspectos da conduta.
1 0 .1 -1 1 .3 1 .0 contraste na vida e na con duta se faz em matéria de trabalho, diligên cia, ambição, discurso, verdade, estabilida de, h on estid ad e, in teg rid ad e, fid elid a d e, orientação, afabilidade, bondade etc. 12.1-28. Faz-se o contraste em relação a 30. As palavras de Agur v árias co n d içõ es, em p en sam en to, p a la 1-10. O poder, a verdade e a centralidade vras, nas relaçõ es d om ésticas etc. de Deus tanto espantavam Agur (persona 13.1-25. O contraste em relação à vanta gem desconhecido) de M assá (cf. Gn 25.14) gem e à desvantagem .
Provérbios [ 237 ]
que ele se hu m ilha e adm ite sua ignorân cia, 1-3. (Cf. Jó 42.1-6 com o consequência do poder de D eus revelado a Jó, caps. 4041). Esse Deus deve ocupar lugar de desta que na vida de A gur diante dos perigos da riqueza e seu orgulho, ou da pobreza, 7-9, e seu d esesp ero, 10. 11-17. D enunciam -se velhacos e extorsion ários pelas suas co n trap artes na n a tu reza, de coisas "q u e nunca se fartam " — a sanguessuga, 15; a sepultura, o ventre es téril, a terra ressequida, e o fogo, 16. 18-20. Denúnda da adultera sem-vergonha, por meio de quatro prodígios da natureza: o vôo da águia, o serpentear da cobra, o sin grar do navio e o caminho do hom em com uma donzela (cf. 2.16-20; 5.1-23; 23.27 etc.). 21-23. Denúnda do arrogante, do insensato. 24-33. Denúncia do indolente, do bagun ceiro, do covarde, pela d iligente form iga, pelas hu m ild es arganazes, pelos ord eiros g a fa n h o to s e p e lo s frá g e is la g a rto s (g ecos); p elo d estem id o leão, p elo e m p e rti gado galo, pelo bode e pelo rei. Faz-se um alerta contra as d isputas, 32-33. Provérbios num éricos. A literatura poé tica hebraica m u itas vezes traz a fórm ula x, x+1 (e.g. para três [...] para quatro). Essa estru tu ra paralela sig n ifica to talid ad e ou com pletitude (cf. Jó 33.14; Am 1.3—2.16).
31.1-9. 0 conselho da rainha-mãe ao seu filho
p erm an ece in id en tificáv el, e M assá pode ser um topónim o (cf. G n 25.14), ou simples m ente "rei Lemuel — um oráculo". 2-9. O alerta m aternal, em forma nega tiva, pretende afastar a luxúria, 3, e a bebi da forte, 4-7; e, em form a positiva, aconse lha o reger ju sto e im parcial, 8-9.
31.10-31. As virtudes da esposa ideal E ste ex ce le n te p o em a -a cró stico (cada v erso com eça com um a letra do alfabeto h ebraico) é u m a fina pérola da literatu ra sapiencial. Pode ser parte do conselho da rainha-m ãe ao seu filho, 31.1-9, ou um poe m a sep a ra d o . 10-28. O caráter da esposa ideal. Ela é inestim ável, 10; confiável, 11; diligente, 1219; caridosa e desprendia, 20-22; uma bên ção para o marido, 23; possui tino para os n eg ó cio s, 24; é forte, h on rad a, 25; sábia, p ro v id e n te , 26 -2 7 ; e re sp eita d a e am ada pelos seus filhos, 28. 29-31. A apreciação do autor sobre ela. Ela é superior, 29. Deduzem -se dois provérbios apensos sobre a mulher virtuosa, 30-31. O valor da mulher. Contrariando os crí tico s que aleg am ter a B íb lia um a visão pejorativa das m ulheres, essa d escrição é altam ente exaltad ora, pois concebe a m u lh er d esem p en h an d o m u ito s p ap éis eco nóm icos na fam ília.
1. As palavras de Lemuel são um a lição dupla ensinada a ele por sua mãe. Seu nome
Segundo Provérbios 31, a mulher virtuosa é aquela de valor inestimável, digna de confiança, trabalhadeira, caridosa, altruísta, forte, digna, sábia, previdente, respeitada e amada por seus filhos.
Eclesiastes 0 pensar e o viver fútil do homem natural Lu g a r no cânon. Na Bíblia hebraica, o livro consta da terceira divisão, ao lado dos
Megillôt (Cântico dos Cânticos, Rute, Lam entações de Jeremias, Ester), usados em festividades especiais. Eclesiastes era lido na Festa dos Tabernáculos, no outono. Na ordem inglesa, consta da literatura sapiencial, depois de Provérbios. Como seu significado é freq u en tem en te mal compreendido, seu lugar legítimo no cânon é, às vezes, alvo de controvérsia.
D ificuldade do livro. Eclesiastes é talvez o livro mais desconcertante e desnorteante da Bíblia para o leitor mediano. Razões: (1) seu ar de impotente desespero, retratando o vazio e a decepção da vida. (2) A falta de um tom de louvor ou paz, em contraste com outros livros
sapienciais das Escrituras. (3) A aparente sanção de condutas reprovadas no restante das
sete vezes). (2) Deve-se entender que o propósito do livro é demonstrar ao homem
Escrituras.
natural o completo vazio daquilo que há "debaixo do sol", separado daquilo que está acima do sol, i.e., a revelação e a salvação de Deus.
N atureza e propósito do livro. As dificuldades podem ser resolvidas somente por uma visão correta da natureza e do propósito do livro. (1) Deve primeiramente ser entendido como o livro do homem natural — seus raciocínios e ações afastados do Espírito de Deus e da revelação divina (cf. 1Co 2.14). Esse é o significado da característica expressão "debaixo do sol", que ocorre 29 vezes. É por isso que não se usa o nome da aliança — "Senhor" (Jeová) — , mas apenas Eloim, como Criador. Portanto, na maior parte dâs suas meditações, o autor se limita à revelação natural (a luz que a natureza concede) e à razão humana (cf. a expressão "disse comigo", que ocorre
Esboço 1.1-3. O tema. O supremo vazio da vida sem Deus 1.4— 3.22 Demonstração do tema 4.1— 12.8. Desenvolvimento do tema 12.9-14. Tira-se uma conclusão
Cemitério no Monte das Oliveiras, em Jerusalém. O propósito de Eclesiastes é demonstrar ao homem natural o completo vazio
1.1-3. 0 tema do livro Veja "N a tu re z a e p ro p ósito do liv ro ", acim a. "V aid ad e de vaid ad es" é um a ex p re ssão h e b ra ica que sig n ifica a "v a id a d e" ou "v azio " ("so p ro ") suprem o ou con s u m a d o . " P r e g a d o r " (h e b . q o h e le t ; gr. E clesiastes) sugere aquele que d iscu rsa ou ensina um a assem bléia (heb. qahal). O fe m inino significa um posto ou título. P rega dor (pseudónim o?) sugere Salom ão, 1, 12.
1.4—3.22. 0 tema do vazio da vida é demonstrado 1.4-11. Pela transitoriedade das coisas. P assam as g erações, a n atu reza con tin u a no m esm o passo, m as nada surge de novo. 1.12-18. Pela futilidade do em preendi m ento hum ano. 2.1-26. Pelo vazio do prazer, da riqueza e do trabalho. O único bem do hom em é o proveito presente, argumenta o hom em na tural, com o concluiriam mais tarde, pela ra zão natural, os filósofos gregos. 3.1-22. Pela certeza da morte. A m ortali dade tira do hom em os frutos do seu tra b alh o (cf. 2.12-26). O hom em é im potente
p a ra c o m p re e n d e r ou a lte r a r o m o d elo p red eterm in ad o da sua vida, 1-15. A caso seu fim não é com o o dos anim ais, 16-22?
Nota teológica No estudo deste livro é preciso d istin guir cuidadosam ente entre o que é verda de revelada e o que é m eram ente o regis tro inspirado dos raciocínios independentes do hom em . Ensinam entos erróneos, com o a an iq u ilação, 3.16-22, e o sono da alm a, 9.5,10, não podem ser tidos com o preceitos da P alav ra de D eus, pois são registrados pela inspiração com o m eros pensam entos do hom em natural.
4.1—12.8. Desenvolvimento do tema do vazio da vida 4.1-16. Em vista das desigualdades da v id a. O bserva-se o d esatino de d esperd i çar a v id a em in v e ja e m esq u in h ez, 1-6, sen d o a riq u e z a d o a v a ren to um pobre su b s titu to d a co m p a n h ia h u m an a, 7-12. M esm o a fam a e o p o d er rég io s são efé m eros, 13-16.
[ 240 1 Eclesiastes
acim a da sua natural cegueira. Ele precisa 5.1-7; 8-20. Em vista da insinceridade re de Deus com o Salvador. Expõem -se sím bo ligiosa e da riqueza. los da velhice, 2-6: "m o ed o res" (dentes?), 6.1-12. Em vista do fim do hom em . Tan to a v id a com o a m orte são in ce rta s. O 3; "olhos nas janelas" (olhos?), 3; em "com o hom em natu ral sem a ilu m in ação d iv in a flo re s c e a a m e n d o e ir a ", 5, as flo re s são b ra n ca s, su g erin d o as cãs p ratea d a s dos se vê perplexo diante de am bos. 7.1-29. Em vista do pecado do hom em . idosos; "o gafanhoto te for um peso", 5, lem O hom em "d eb aixo do so l", a m ente n a bra o passo rígido dos velhos. tural não ilum inada pelo Espírito de Deus, não vê vantagem em ser ju sto, 13-21, e é 12.9-14. Conclusão — piedade indiferente em relação às coisas esp iritu prática em vista do juízo ais e ao significad o da existên cia terren a "T em e [resp eita] a D eu s e g u ard a os e seu fim. 8.1 — 9.18. Em v ista das in certezas da seus m an d am en to s." Esse é todo o dever vida. A mente natural se atola na obscuri do hom em redim ido. M as o P reg ad or não dade. V ag am en te se d o b ra à sa b e d o ria , diz com o o hom em se redim e. 8.1; e ao rei porque ele é absoluto, 2-4. Mas a vida m esma é um m istério e nada abso luto se pode saber sobre o futuro, 5-9, nem sobre nada da vid a em geral. A m orte é um enigm a, 9.1-16, para o hom em esp iri tualm ente não renovado. 10.1-20. Em vista das desordens da vida. Só a revelação divina pode dar sim etria e significado à vida. O hom em "d ebaixo do sol" dá aqui m ais p ro vas da sua falta de ilum inação espiritual. 11.1-10. Em vista da juventude. R egis tram -se vários provérbios, 1-7. O hom em natural precisa de um nascim en to so b re natural que lhe permita discernir significa do espiritual na vida e na m orte. Eclesias tes d e m o n stra isso . O liv ro e sp e lh a o coração do hom em im p en iten te e aponta sua necessidade de salvação em Cristo. O significado da m ocidade, 9-10, é vago para o Pregador nos seus raciocínios naturais. 12.1-8. Em vista da velhice. O Pregador se prontifica a testem unhar Deus com o cri ad or, e aco n se lh a a le m b ra n ça do D eu s "Nada há melhor para o homem do que Criador na juventude. Mas o hom em natu comer, beber e fazer que a sua alma goze o ral precisa mais do que o conhecim ento de bem do seu trabalho" (Eclesiastes 2.24). D eus com o Criador se pretend e se erguer »
Cântico dos Cânticos A santidade do amor conjugal O livro e seu autor. O autor
Os personagens. Interpretações
provavelmente é Salomão, como afirma 1.1 e sustentam os matizes locais e as evidências internas. Porém, esse versículo pode ser trazido assim: "Cântico dos cânticos, sobre ou acerca de Salom ão" (cf. 1.4; 3.7-11; 8.11). "Cântico dos cânticos" é uma expressão idiomática hebraica para o cântico "suprem o" ou "mais sublime" dos 1005 cânticos do monarca (cf. 1Rs 4.32). A data é c.965 a.C. É o primeiro dos cinco rolos da terceira parte do cânon hebraico, e era entoado na Páscoa, na primavera. É uma magnífica pérola literária, considerada eminentemente inocente entre os orientais. É pena que tamanha obra-dearte seja às vezes pervertida.
distintas do Cântico dos Cânticos têm lhe atribuído dois ou três atores principais. Tradicionalmente, o poema é encenado com dois personagens: a virgem sulamita e o amado (Salomão). Outros preferem ver três personagens: a virgem, o amado (um pastor amado, a quem a virgem é prometida) e Salomão, que tenta sem sucesso conquistar a virgem, roubando-a do seu amado. Aqueles que defendem a segunda hipótese costumam negar a autoria de Salomão; assim este estudo segue a visão tradicional.
O propósito. Os críticos discutem se o livro é um poema homogéneo ou simplesmente uma coleção de versos de amor para celebrar um casamento oriental. Acreditamos que é um poema homogéneo, e que são estes seus propósitos:
1. Num sentido mais geral, louvar o casamento e as alegrias do amor conjugai A pabviochove é "am ado " (32 vezes), e o tema é o amor do noivo peia noiva. 2 AI6 i
^>rmite ser interpretado como alegoria,
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-■J . O n C ~
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por Israel (Os 2 19-20) e o amor de Cristo pela igreja (2Co 11.2; Ef 5.25-33 Ap S9 7-9)
O pano de fu n d o da narrativa. A exposição do cenário apresentada por H. A. Ironside é significativa. O rei Salomão tinha um vinhedo na região montanhosa de Efraim, cerca de oitenta quilómetros ao norte de Jerusalém, 8.11. Ele a entregou a uns guardas, 8.11: uma mãe, dois filhos, 1.6, e duas filhas — a sulamita, 6.13, e uma irmã menor, 8.8. A sulamita era a "Cinderela" da família, 1.5, naturalmente bela mas que não chamava a atençro Seus irmãos eram provavelmente meio irmãos, 1.6. Eles lhe impunham duro trabalho na vinha, de modo , ; c U h l » r . i. oportunidades de cuidar da sua .aparência; 1.6. Èía podava as i r a ilhas para as raposinhas, 2 15. Também apascentava os rebanhos, 1.8. Passando tanto
tempo ao ar livre, ficou queimada de sol, 1.5. Certo dia, um formoso estranho apareceu no vinhedo. Era Salomão disfarçado. Ele demonstrou interesse por ela, que ficou constrangida por causa da sua aparência, 1 6. Ela pensou que o homem era pastor e perguntou sobre seus rebanhos, 1.7. Ele deu uma resposta evasiva, 1.8, mas também lhe disse palavras de amor, 1.8-10, e prometeu ricos presentes no futuro, 1.11. Ele conquistou seu coração e foi embora com a promessa de que um dia voltaria. Ela sonhava com ele à noite, e às vezes pensava que o amado estava próximo, 3.1. Finalmente ele voltou em todo o seu esplendor real para fazer dela sua noiva, 3.6-7. Isso prefigura Cristo, que veio primeiro como Pastor e conquistou sua Noiva. Mais tarde voltará como Rei, e então será consumado o casamento do Cordeiro.
Esboço 1.1—3.5
A noiva medita
no palácio do noivo
3.6—5.1
A noiva aceita o convite do noivo
5.2—6,3
A noiva sonha que se separou do noivo
6.4—8.14 Noiva e noivo expressam ardente amor um pelo outro
[ 242 1 Cântico dos Cânticos
1—3.5 Meditações da noiva no palácio do noivo 1.1-17. Ela medita no seu prim eiro am or por Salomão. Sobre o título, 1.1, ver intro d u çã o . O C â n tico co m eça com a n o iv a lem brando os seus prim eiros anseios mais intensos pelo amado, 2-3, e com o, pela pri m eira vez, lhe declarou o am or, 4. Ela ex plica sua beleza m oren a às m u lh eres do palácio: era pele queim ada de sol devido ao trabalho duro na vinha dos irm ãos an tes da visita de Salom ão, 5-6, qu and o os dois se apaixonaram (v. pano de fundo da narrativa, na introd u ção). Ela se entreg a às lem b ranças do seu am ad o (S alom ão ), quando ele apareceu pela prim eira vez na vinha disfarçado de pastor, 7. O v. 8 é apa rentem ente a resposta das com p an h eiras da noiva. Ela vividam ente lem bra os arre batados louvores do rei à sua beleza, 9-11; os elogios que ela fez ao seu am ado, 1214; a garantia que ele lhe deu da ad m ira ção da sua b eleza, 15; e sua p ró p ria re s posta ao am or dele, 16-17. 2.1—3.5. As meditações da noiva no desa brochar do rom ance. Ela lembra o fato de Salom ão ter com parado eles dois a adorá veis flores, 2.1-2, e sua in ten sa satisfação junto ao amado, 3-6. O refrão, 7 (cf. 3.5; 8.4), que a noiva dirige às "filhas de Jerusalém ", i.e., m ulheres do harém do rei em Jeru sa lém, diz que Salom ão e a donzela não de vem ser perturbados "até que este o quei ra ", i.e., até a p len a sa tisfa çã o do am or. Continuando a folhear as páginas do livro das lem b ran ças, ela record a em êxtase a visita que Salomão lhe fez e o convite para ser ela sua noiva, indo com ele para Jeru salém, 8-17. O primeiro sonho da noiva, 3.14 (cf. 5.2-8), é lembrado: ela se vê separada do amado em Jerusalém . Depois de encon trá-lo, ela sonha que o levou para sua hu m ilde morada no norte.
3.6—5.1. A noiva aceita o convite do noivo 3.6-11. Salom ão leva sua noiva a Jeru sa lém. O sonho da virgem , 1-4, está intim a m ente lig ad o ao cap. 2, bem com o a 3.5
(cf. 2.7). S alom ão sai p ara e n co n tra r sua noiva e a leva da sua casa rural para Je ru salém , 6-11. 4.1-15. O noivo elogia a noiva. Aqui se e n fa tiz a a b e le z a do am o r co n ju g a l. Do m esm o m o d o , o S e n h o r p ro cla m a rá seu deleite com sua noiva no dia da sua vinda. 4 .1 6 —5.1. A ntecipação das alegrias do am or conjugal, significando as bênçãos dos red im id os do Senhor em m anifesta união e glória com ele ( l jo 3.3; Ap 19.5-7; 20.6).
5.2—6.3. A noiva sonha que se separou do noivo, mas o encontra 5.2-8. O segundo sonho da noiva (cf. 3.14). O noivo bate na porta, mas ele já não está lá fora qu an d o ela abre. E la p e ra m bula pela cidade à procura dele. A experi ência é evidentem ente um sonho (v. 6.2). 5 .9 —6.3. Ao elogiá-lo para os outros, ela o declara seu. Seu sonho m ostra o quanto ela o am a e qu an ta saud ad e sente.
6.4—8.14. A noiva e o noivo expressam seu ardente amor um pelo outro 6.4-10. Ele louva sua graciosidade. A ad m iração que e le e x p ressa p ela b elez a da noiva lem bra seu ard ente lou v or em 4.115. T irza, 4, era um a cid ad e do norte de Israel, que foi a capital do reino setentrio nal até O n ri fundar Sam aria. 6.11-13. A experiência da noiva no jardim das n o g u eiras. Essa e xp eriên cia foi um a e x a lta çã o em o tiv a , e está lig a d a à razão de a cham arem "s u la m ita ", 13, i.e., " v ir gem de S u n ém ", uma pequena cidade do norte da Palestina (o n m uitas vezes é tro cado pelo l nas línguas sem íticas). O utros su g erem * q u e " s u la m ita " se d e v e ria ler S h elo m ith , fo rm a fe m in in a d e S a lo m ã o (heb. Selomo), daí "S alom isa" (i.e., "rainha ou princesa de Salom ão"). 7.1 — 8.14. L o u v o r e d ev o ção m ú tu os. A m bos exp ressam seu lo u v o r e d ev oção um pelo outro, 7 .1 —8.4, assev erand o seu am or insaciável, 8.5-14.
Os Profetas A s m e n sa ge n s do s profetas. Tiveram propósitos primordialmente morais e espirituais. Os profetas de Israel foram austeros reformadores, divinamente inspirados para afastar a nação do pecado e da idolatria nos seus períodos de decadência. Estrondaram
alertas sobre juízos iminentes nos séculos que precederam a queda de Israel em 722 a.C. e a queda de Judá em 586 a.C.
ministraram esperança e consolo aos exilados. Ageu e Zacarias encorajaram os débeis
Suas densas mensagens de
remanescentes que voltaram. M alaquias emitiu uma nota
aflição, porém, eram frequentem ente veículo de profecias messiânicas de longo alcance. Daniel e Ezequiel
sombria de alerta e arrependim ento, iluminada por brilhantes lampejos messiânicos.
Os profetas e sua mensagem De Isaías a Malaquias Período: c.800-400 a.C. Em Israel antes da queda do reino setentrional
Em Ju d á durante seus anos de d ecadên cia.
Em Jud á nos seus últimos anos, 634-606 a.C.
Entre os exilados em Babilónia, 606-538 a.C.
Na com unidade restaurada, 538400 a.C.
em 722 a.C.
Am ós
Joel*
Je re m ia s
D a n ie l
Ageu
Se o povo persiste no pecado, sobrevêm o castigo divino.
0 Dia do Senhor e o juízo das nações.
Ju lg am en to e glória vindoura de Jeru salém .
Os tempos dos gentios e o reino de Israel.
N aum
E z e q u ie l
Prevista a restauração do templo e do reino.
Condenação de Nínive e da Assíria.
Futura restauração de Israel e da terra.
O s é ia s 0 amor de Deus por Israel.
Jo n a s Arrepende-te, Nínive! A preocupação de Deus com os gentios.
O b a d ia s * C o nd enação de Edom .
Isa ía s A vinda do Salvador e Rei de Israel.
M iq u é ia s
H abacuq ue 0 reino e o povo do Senhor triunfarão.
0 Rei e o reino
S o fo n ia s
de Belém.
Os remanescentes serão resgatados à bênção.
*Com o esses profetas não situam com precisão seus ministérios no tempo, variam as opiniões a respeito das datas.
Z a c a ria s Messias como Renovo e Sacerdote-Rei.
M a la q u ia s Juízo final e alerta à nação
[ 244 1 Os Profetas
F
iÉ f f
leis contemporâneos de Israel, Síria e Assíria
SKH k BenHadade .111 c.806-770?
JeíoboSò II 793-53.
E um sucessor (?)
t i A p r S S Ni
Assíria fraca.
11SBIHS! Zacarias 753-52
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MM
Salum 752'
tóehãárn
P.2-42
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Rasunnu nos monumentos, aliou-se a Peca
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Peca 752-32
JL Assíria fraca.
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Rezim c.740-32
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Queda de Samaria IC C
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13
Síria
Israel
Assíria
Oséias 732-22
m H fl Srgão.ii
Salmaneser V íp.7-22
m -Q É Tomou Samaria em 722, quando 27.290 cidadãos principais foram levados ao cativeiro. Foi o fim do reino setentrional de Israel.
Grande estadista, conquistador e construtor de aquedutos, invadiu Judá em 701 a.C. Menciona Ezequias em seus anais inscritos em cuneiformes sobre um prisma de argila, hoje no Museu Britânico (há também uma cópia no Instituto Oriental da Universidade de Chicago). (Cf. Is 36-37; 2Rs 18-19.)
(2Rs 17.3; 18.9) Conquistou a costa fenícia, recebeu tributo de Oséias e sitiou Samaria quando Oséias aliou-se a Sô (2Rs 17.4), soberano egípcio desconhecido. »
« M i Pílesér;Jj
im m
Peca ias 742-40
contra Acaz (Is 7.1-12) na guerra siro-efraimita (735-2).
ÉÉI
Pul, de 2Rs 15.19, a quem Acaz apelou por auxílio contra Rezim e Peca, e que invadiu e deportou Israel (733). Em 732 tomou Damasco e matou Rezim, impondo tributo a todo o norte da Palestina e à Síria.
Isaías A profecia do futuro Salvador e Rei de Israel A utor. Isaías ("Je o vá é salvação") é o grande profeta messiânico e príncipe dos profetas do AT. Não tem rival em esplendor de dicção, brilhantismo de símiles, versatilidade e beleza de estilo, profundidade e ; amplidão de visão profética. Era filho de Arrioz (1,1), e tido tradicionalm ente com o de ascendência real — irmão do rei Amazias, neto do rei Joás. As datas tradicionais do seu ministério são c.750-680 a.C.
U n id a d e do livro . Desde os tem pos de J. C. Doeueriein (1775), é habitualm ente negada a Isaías a autoria dos caps. 40— 66. Os críticos: atribuíram essa seção a um
desconhecido "DeuteroIsaías" do período 550-539 a.C., e outros imaginaram ainda um terceiro autor (Trito-lsaías) para os caps. 55— 66, situando-o por volta de 450 a.C. São três os principais argum entos apresentados contra a unidade do livro: (a) o estilo literário, (b) as idéias teológicas e (c) o tema e d assunto são supostam ente diferentes nas duas (ou três) seções do livro. Afirma-se que tais diferenças só podem ser explicadas pela distinção dos autores. Contudo, um estudo cuidadoso revela que as semelhanças de estilo entro as seções são mais signifiçatiyas do que as
supostas diferenças, e até essas diferenças são explicadas pela mudança da situação de Isaías nos anos posteriores. A semelhança mais notável é o uso do título "S an to de Israel", que ocorre doze vezes em 1— 39, quatorze vezes em 40— 66 e somente seis outras vezes no restante da Bíblia. Quanto às supostas diferenças teológicas, as doutrinas seminais dos caps. 40— 66 podem ser remontadas à
Impossível encontrar contradições teológicas entre as seções. seção anterior.
As
modificadas condições políticas no reinado do ímpio Manassés, nos anos ; posteriores, expiicam as
Esboço 1— 35 Profecias do ponto de vista do tempo de Isaías 1.1—6.13 Vol. I. Livro de censura e promessa 7,1— 12.6 Vol. II. Livro de Emanuel 13.1— 23.18 Vol. III. Oráculo de Deus: julgamento das nações 24.1— 27.13 Vol. IV. Livro de juízo e promessa 28.1—35.10 Vol. V .liv ro das aflições que precederSo as,glórias da restauração
'-Á 36— 39 Interlúdio histórico
intd de vista do exílio ro de consolo lentorá
do Senhor ■staoração naçion; derrocada da idolatr prof,ecia,xÍQ Messias-Retjentor la perspectiva da futura glória
Cavernas em Qunram, onde foram encontrados os manuscritos do mar Morto, em 1947.
1 246 1 Isaías
Parale lo s en tre Isaías 1— 39 e Isaías 40— 66
Reis de Judá co n te m p o râ n e o s d e Isaías —-------------------------------- ----- —
____________________ U zia s 792-740 a.C .* 1 2 ____ _________66.24_____
Bom 2Rs 15.1-5; ______________________________________________ 2Cr 26.1-23
1 l516___________ 53.4-5_____
Jo tã o 750-732 a.C .*
5.27________
_____________________________________________________ 2Cr 27.1-9
40.30
Bom
2Rs 15.32-38
6.1_____________ 52.13
A c a z 735-716 a.C .*
6.11-12
62.4
____________________________________________________ 2Cr 28.1-27
11.11
53.2
E ze q u ia s 716-687 a.C.
11.6-9
65.25
________________________________ _______________2Cr 29.1— 32.33
11-12 __________ 49.22 12.6
M an assés 697-643 a.C *
fm p io
2Rs 16.1-20
Bom
2Rs 18.1— 20.21
ím p io
2Rs 21.1-18
54.1
2Cr 33.1-20
‘ Reinados sobrepostos indicam co-regências,
novas ênfases que aparecem. O argumento de que o tema e o assunto dos capítulos posteriores exigem outro autor é mais grave. Os caps. 1— 39 são contem porâneos, enquanto os caps. 40— 66 são posteriores ao tem po de Isaías. Os críticos alegam que é racionalmente impossível sustentar que, algum dia, os profetas tenham se projetado (via revelação divina) até um ponto de vista futuro ideal. Como nesses capítulos posteriores Isaías vê acontecim entos visivelm ente relacionados ao Cativeiro Babilónio e à volta, que mais tarde foram historicam ente cumpridos, esse material deve ter sido acrescentado depois por um "Segundo Isaías", contem porâneo da volta do Cativeiro. Todavia, a profecia
futurista desempenha um papel importante tanto na primeira seção como na segunda. Além disso, a época decadente de Manassés dem andava uma série de profecias que revelariam a futura glória de Israel enquanto minguava.a luz do seu testem unho. Não há nada de estranho nos temas dos caps. 40— 66 quando comparados com os caps 1— 39.
O caráte r m e ssiân ico do livro. De todos os livros proféticos do AT, Isaías é o mais messiânico; ainda mais do que Zacarias. Só Salmos contém núm ero maior de previsões messiânicas. Cada glória do Senhor e cada aspecto da sua vida na terra estâo expostos nessa grande profecia evangélica: Sua condição de Criador, sua divindade, eternidade, preexistência, onipotência, onipresença, onisciência e incom parabilidade (40.12-18; 51.13); sua encarnação (9.6; 7.14; cf. M t 1.23); sua humildade e mocidade em Nazaré (7.15; 9.1-2; 11.1; 53.2); seu surgimento como Servo do Senhor, ungido como tal (11.2) e escolhido e louvado com o tal (42.1); sua maneira suave (42:2); seu ministério terno e benévolo (42.3; M t 12.18-20); sua obediência
e ministério atual com o sumo sacerdote (53.12); sua futura glória (53.12; 52.13; cf. Fp 2.9-11). Depois do cap. 53, o Messias não é mais mencionado como Servo do Senhor, e o texto passa a se concentrar mais na sua futura glória (59.20; 63.1-6; 66.15-19).
O s rolos de Isaías entre os M an uscrito s d o M ar M orto. Os dois rolos de Isaías da caverna 1 de Qumran, na descoberta original de 1947, são os achados mais famosos dentre os Manuscritos do M ar M orto. O primeiro rolo (Rolo do Mosteiro de São Marcos, 1 Qlsa) contém o texto hebraico com pleto de Isaías. O segundo (Rolo da Universidade Hebraica, 1Qlsb) contém cerca de um terço do texto. O primeiro rólo de Isaías data do século 2a a.C. Consiste em dezessete folhas, de 7,3
(50.5); sua mensagem (61.12); seus milagres (35.5-6); seus
metros de com prim ento e 25,9 centímetros de altura. É
sofrimentos (50.6); seus
incrivelmente similar ao texto padrão (massorético) hebraico,
sofrimentos como via para sua exaltação (52.13-15); sua * rejeição pela nação judia (53.1-3), sua h u m ilh a ç ã o ..espancado, ferido, m achucado (53.4-6); sua morte vicária (53.8) e sepultamento (53.9); sua ressurreição (53.10); sua ascensão (52,13); sua descendência espiritual '33 10)
do qual os manuscritos existentes mais antigos datam cie quase um milénio mais tarde. Esse rolo constitui uma das grandes descobertas de manuscritos de todos os tempos, e autentica a elevada precisão da tradição textual hebraica.
■
Isaías I 247 ]
Vol. I. Livro de censura e promessa, 1.1—6.13
2. Jerusalém e o Dia do Senhor (segundo discurso)
1-5. Jerusalém , com o centro da terra, na era do reino. O assunto da profecia é Judá e Jerusalém , 1; o tem po indicado é a futurid ad e dos d ias de Israel, referin d o -se à 1. P refácio de Isaías. O profeta dá seu sua bên ção d efin itiv a na segu nd a vinda do M essias. Essa visão se refere ao tem n o m e; a n a tu re z a da p ro fe c ia (" v is ã o " , po em que Israel se converte e volta a se im p lic a n d o r e v e la ç ã o s o b r e n a tu r a l); o e sta b e le c e r na P a le stin a . Vê a e x a lta çã o tem po, c .750-680 a.C ., e o assunto, relati de Jeru salém com o cen tro relig ioso, 2-3, vo a Ju d á e Je r u s a lé m , p o is Is a ía s era com o esta b e le cim en to do local do tem p ro feta do rein o m erid ion al. plo m ilenário. Isso resulta na afluência es 2-6. A acusação do Senhor. A acusação p ontânea das nações, 2, para a adoração assum e a form a de um a cena de tribunal, e a instrução, 3, pois nesse dia Jerusalém na qual todo o universo, 2, é convocado a será o local de onde manam a lei e a Pala testemunhar a dupla acusação de vil ingra vra de Deus, 3. A exaltação de Jerusalém tidão, 2-3, e rebelde apostasia, 4, ilustrada com o cen tro g o v ern a m en ta l se realizará pela figura de um corpo doente, 5-6. p elo M essias com o R ei-Ju iz sob eran o. O 7-9. O castigo do Senhor. Por cau sa da resultado será a paz universal, na qual os p u n ição d iv ina, o rein o en fren to u a ru í a rm a m e n to s b é lic o s s e rã o c o n v e rtid o s na, 7. A s ce rca n ia s de Je ru sa lé m fo ram em in s tru m e n to s de paz e a ciên cia da to m ad as e a b a n d o n a d a s, 8. S o b re v iv e n g uerra, abandonada, 4. C onvertid o e res tes fié is eram a ú n ica e sp era n ça con tra ta u ra d o , Isra el e n c o ra ja seu p o vo a a n a a n iq u ilação com p leta, 9. dar na luz do Senhor, 5. 10-15. O S en h or rejeita su p erficid id a6-22. O Dia do Senhor. Esse é o tempo de re lig io s a . E le s re je ita ra m o S e n h o r, em que o Senhor ju lgará visivelm en te os 10. E le r e je ito u seu c u lto v a z io , 1 1 -1 5 , pecadores na terra (Ap 4.1 — 19.16), prepa co m o alg o sem p ro p ó s ito e n a u se a n te , ratório para o rein o segund o o esboçado in íq u o , o d io s o e d e s p r o v id o de p o d e r em 1-5. É aqui descrito com o o período em esp iritu a l, 15. que o Senhor irá "se levantar para espan 1 6 -2 0 .0 chamado do Senhor ao arrepen tar a terra", 19, 21, revelando sua gloriosa dim ento e à reform a é anunciado num a in m ajestad e no ju ízo dos pecadores. tim ação a que todos se purifiquem , 16-17, e d epois debatam com Deus, 18-20, a fim de d escobrir a equidade da sua form a de 3. 0 pecado de Judá e o Dia do perdoar, 18-19, e castigar, 20. Senhor (segundo discurso) 21-23. O S en h or os d esafia a co n tra s 2 .1 —4.6. O segundo discurso de Isaías, tar o p assad o com o p resen te de Je ru s a do qual esse capítulo é uma parte, mostra lém . O que fo ra a cid ad e, 21: fiel, plena com o o castigo pelo pecad o da nação no d e ju s tiç a , m o rad a da re tid ã o . O que a futuro Dia do Senhor pode por si só purifi cid ad e se to rn ara, 21-23: m eretriz in fiel, car e ap arelh ar a n ação para sua m issão re p le ta de a s s a ss in o s sem c a s tig o e ju no reino (2.1-4; 4.1-6). Todas as classes da iz e s d e s o n e s to s (e x e m p lific a d o s p e lo s socied ad e de Jud á serão castigadas pelos sím iles do d in h eiro v ilip en d iad o e do v i seu s p e ca d o s — os g o v ern a n te s, os h o nho d ilu íd o). m ens trab alh ad o res e outros, 1-15, assim 24-31. O Senhor prom ete a restauração com o as m ulheres m undanas, vãs e ím pi de Jerusalém . Em bora se veja um a prévia as, 3 .1 6 —4.1. Os pecados do dia do profeta do cum prim ento na volta do exílio, a força exigem os ju ízos do Dia do Senhor antes da profecia indica que o cum prim ento com da vinda da bênção sobre a nação. pleto é ainda futuro.
1. Os argumentos do Senhor contra Judá (primeiro disourso)
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Grandes temas proféticos de Isaías que ainda não se cumpriram O Dia do Senhor Isaías usa cerca de 45 vezes o termo "naquele dia" para descrever esse período de juízo apocalíptico: 2.10-22; 4.1; 13.9-13; 24.1-23; 32.1-20; 63.1-6 Bênção sobre Israel restaurado 2.1-5; 4.2-6; 9.7; 11.4-16; 12.1-6; 14.13; 25.1-12; 32.15-20; 35.1-10; 52.1-12; 59.20-21; 60.1-12; 61.3-62.12; 65.17— 66.24 Restauração de Israel à Palestina 11.10-12; 14.1-2; 27.12-13; 35.10; 43.5-6; 49.10-12; 66.20 Restauração da própria Palestina 30.23-26; 35.1-10; 49.19; 60.13; 61.4; 62.4-5; 65.21-25
Jerusalém como capital da terra 1.26; 2.3; 4.2-6; 12.6; 24.23; 26.1; 40.2; 52.1-12; 60.1-22; 62.1-7 Bênção sobre os remanescentes 12.1-6; 25.1-12; 26.1-19; 33.24; 35.10; 43.25; 44.22; 46.13; 54.6-10; 61.6; 62.12; 66.8 Bênção sobre as nações 2.1-4; 11.3-4, 9-10; 25.6-9; 60.1-12 Bênção sobre toda a Criação Isaías teve um efémero lampejo além da Era do Reino, vislumbrando o novo céu e a nova terra do estado eterno (65.17; 66.22). Mas, como João em Apocalipse (Ap 21-22), teve uma visão mista das condições milenárias e eternas (cf. 11.6-8 com 65.25; 66.22)
4. A glória que aguarda os remanescentes remidos (segundo discurso)
5. Ao povo de Deus é revelado seu pecado e a consequência (terceiro discurso)
1. Os rem anescentes sobrevivem ao juí zo do Dia do Senhor. Só um hom em dentre sete so b rev iv erá, de m od o que sete m u lheres (cf. 3.16-26) cortejarão cada hom em . 2. Os restantes aceitam o M essias, reno vo do Senhor. Com pare com Jr 23.5; 33.15; Zc 3.8; 6.12. A idéia m essiânica é desenvol vida ainda m ais em Is 11.1-3, onde "d o tron co de Jessé sairá um reben to , e das suas raízes, um ren ov o". 3-4. Os rem anescentes são purificados e convertidos, e por isso cham ados "san tos". Isso se cu m pre p elo s d izim ad ores ju íz o s do Dia do Senhor, 4, quando o Senhor puri fica nacionalm ente Israel (cf. Rm 11.16-27). 5-6. Os restantes são abrigados e protegi dos, por uma coluna de nuvem de dia e um a coluna de fogo à noite, lem brando a experi ência de Israel no deserto (Ex 13.21.22), e por um dossel sobre "tod a a glória". Essa será a glória manifesta do M essias em meio ao seu povo. Esse capítulo conclui o segun do sermão de Isaías, iniciado em 2.1.
1-7. Por um a parábola. A nação de Isra el é representada pelo sím ile da vinha do Senhor, 7. O terno zelo do Senhor por Is rael é revelad o pela localização favorável da vinha "n um ou teiro fe rtilíssim o " (P a lestina), 1; pelo intenso cultivo, pela esco lha das m elhores vides e pela construção de um a torre, 2. Ele esperava, log icam en te, um a bela colheita, 2; mas a colheita de uvas bravas e a reclam ação do p rop rietá rio, 3-4, e a am eaça de condenação da sua vinha, 5-6, exigiam a rem oção da proteção (cerca) e do m uro (derrubado pelos inim i gos) e o tem porário abandono da vinha. 8-23. Pela enumeração dos seus pecados. C obiça e g anância seriam pu nid as com a fom e, 8-10; turbas e bebedeiras, 11-12, 22, com as penúrias do cativeiro, 13-17. Deus ain da revela a presunção deles no pecado, 1819; sua mórbida complacência e injustiça, 23. 24-30. Pela am eaça do cativ eiro , com d eso la çã o g eral, 24-25, e in v asão e stra n geira, 26-30.
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6. Chamado e comissão de Isaías (quarto discurso) I-4. O profeta vê a Deus, i.e., "a glória de Je su s" (Jo 12.41), por volta de 70 a.C., no ano da m orte de Uzias, 1. Pode ter sido um a v isão in ic ia l que o lan ça ria ha sua ca rreira p ro fé tica , ou que o co n firm a ria num a carreira já em and am ento. Foi, em todo caso, da glória de Cristo — o Senhor sobre seu trono, com o coro de querubins. 5. O p rofeta vê a si m esm o. Ele assim abom ina a si m esm o e reconhece seu p e cado. É sem pre essa a ordem divina num cham ado ao serviço — um a visão de Deus, segu id a da visão de si mesm o. 6 -7 .0 profeta é purificado, sendo o fogo o sím bolo da purificação. 8-10. O profeta recebe a incum bência. O D eus Trinitário (repare o plural "n ó s ") o consu lta sobre a incum bência e o profeta a aceita, 8, depois de D eus expor a com is são, 9-10. Isso envolve um juízo endurece dor e cegante sobre a nação (Mt 13.14-15; Jo 12.39-41; A t 28.25-27). II-1 3 . Ao profeta é revelado o resultado da com issão. Por quanto tempo continuará essa d eterio ra çã o e sp iritu a l? A té o co m pleto apagam ento do testem unho de Isra el ao D eus verd ad eiro e único? N ão, é a re sp o sta d iv in a. A p en as até a co m p le ta d e v a s ta ç ã o da te rra e a d e p o rta ç ã o de to d o s os seu s h ab itan tes para B ab iló n ia. D epois os rem anescentes voltariam à Pales tina. M esm o essa d écim a parte seria a in da red u zid a, m as um a santa p osterid ad e s o b re v iv e ria , so b re a q u al re p o u sa ria a definitiva esperança de Israel e na qual as alian ças e p rom essas se cu m pririam .
Vol. II. Livro do Emanuel, 7.11— 12.6 7. 0 grande sinal messiânico a respeito do Emanuel (primeiro discurso) 1-2. Circunstâncias históricas que invo cam o sinal. Por volta de 735 a.C., Acaz en frentou a coalizão de Rezim , rei da Síria (c. 740-732 a.C.), e Peca (c. 740-732 a.C.), rei de
Isra e l. E les av a n çara m con tra Jeru salém para castigar Acaz por esse não ter se ali ad o a ele s a fim de im p ed ir o crescen te poder da Assíria que, no reinado de Tiglate -P ile se r III (7 4 5 -7 2 7 a.C .), p ressio n ava in c a n s a v e lm e n te as fro n te ir a s ru m o ao M editerrâneo, 1. Acaz e seu povo estavam tem erosos e m uito pressionados, 2. O d i lem a? O nde en contrar auxílio: na própria A ssíria ou em Deus? 3-9. Uma m ensagem de encorajam ento. O p ro feta foi en v ia d o ao m o n arca in fiel com seu filh o S h ear-Jash u b ("U m -R esto V o lv e rá ") para te n ta r co n v e n cer A caz a confiar em D eus e não na A ssíria, pois o S e n h o r já h a v ia d e cre ta d o a d estru içã o d e sse s ím p io s a lia d o s e a fru stra çã o do seu plano de colocar um fantoche em Je ru sa lém . Por algum tem po o sta tu s quo p revaleceria tanto em D am asco (Síria), 8, quanto em Israel, 9, e Judá não seria con q u ista d o . O cu m p rim e n to veio daí a 65 an os, d u ran te o rein ad o de E sar-H ad om (6 8 1 -6 6 8 ), q u an d o os e stra n g e iro s foram assen tad o s e tom aram posse tanto da S í ria quanto de Israel, a fim de que se dis sesse para sem p re que E fraim fora d es truído para jam ais voltar a ser um povo, 8. 10-13. O sinal de Deus para confirmar a mensagem do profeta. O sinal ou milagre era ilimitado e irrestrito, 11, mas Acaz com zom beteira piedade aludiu a Dt 6.16 para enco brir sua descrença, já revelada pela retira da dos tesouros do templo para subornar o rei da A ssíria. A ssim o profeta reprovou Acaz como membro da casa de Davi, 13. 14-16. O grande sinal m essiânico. Essa passagem apresenta um dos m aiores pro b lem as de interp retação de todo o AT. O NT claram ente testifica que o cum prim en to d efin itivo do sinal está no nascim en to virg inal de C risto (M t 1.22-33). Com essa co n c lu sã o q u ase to d o s os co m en tad o res concord am . A d iv ergência surge, porém , acerca da possibilid ade de que o sinal te nha um significad o adicional, respeitante à época m esm a de Isaías. Duas principais esco la s de p en sam en to dom inam o p en sam en to e v a n g élico atual. Uma sugere que o contexto de Is 7 exi ge um m ilagre bem m ais significativo do
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que o nascim ento oportuno de um a crian ça (7.11), e observa aind a que o sin al se esten d ia além de A caz, a toda a casa de D avi (" v o s " , plural) O nom e da criança, "E m a n u e l" ("D e u s c o n o s c o "), re fe re -s e em inentem ente a Cristo. O utros sugerem que o sinal talvez se refira a um a criança nascida no tempo de Isaías, e tam bém ao cum prim ento definitivo em Cristo. O te r m o usado p ara virgem ('alma) aparece em Gn 24.43; Ex 2.8; SI 68.25; Pv 30.19; Ct 1.3; 6 .8, re fe rin d o -s e g e n e r ic a m e n te a um a mulher solteira e casta. Isaías pode m uito bem ter se referido à profetiza de 8.3, com quem casou depois da profecia (Is 8.1-12, cf. Herbert Wolf, JBL, 1972). O filho de Isa ías, M a h e r-S h a la l-H a s h -B a z , fu n c io n o u como cronóm etro m iraculoso da prim eira invasão assíria de Arâ e Israel, que o co r reu em 732 a.C., três anos som ente depois da profecia (7.15-16; 8.4). É notável que tan to Peca quanto Rezim tenham sido m ortos três anos depois da profecia. 17-25. Am eaça de castigo contra Acaz. E xp õe-se a sev erid ad e do ca stig o , 17. O instrum ento do castigo seria o rei da Assí ria, em quem se d ep o sita v a a co n fia n ça em vez de no Senhor, e ele portanto asso laria a terra, 17-25.
8.1—9.7. A libertação presente como precursora da libertação futura (segundo discurso) 8.1-4. A p refigu ração da q ueda de D a m asco e Sam aria. Três crianças são m en cion ad as em co n ex ã o com a in v a sã o sírio-israelita de Ju d á (1) S h ear-Jashu b, 7.3 ("U m -R esto -V o lv erá"), (2) M a h er-S h a la lH ash-Baz, 8.1-4 ("R áp id o -D e sp o jo -P re sa S e g u r a " ), a m b o s filh o s de Is a ía s ; e (3) E m an u el ("D e u s c o n o s c o "), filh o e S e nhor de D avi (7.13-14). E ssas três c ria n ças re tra ta m a ê n fa se na p re g a çã o d iá ria de Isaías: (1) "U m -R esto-V olv erá" (cf. Is 10.21,22), in icia lm en te de B a b iló n ia e finalm ente da D iáspora m u nd ial do final dos tem pos (1.9; 4.1-4; 6.13 etc.). (2) "R á p id o -D e sp o jo -P re s a -S e g u ra " se re fe re à libertação presente de R ezim e Peca. D a
m a s c o foi c o n q u is ta d a em 7 3 2 a .C ., e R ezim foi m o rto. O re in o do n o rte teve de ced er su as p ro v ín cia s seten trio n a is à A s s íria (2 R s 1 5 .2 9 ), e n ã o m u ito s an o s d ep ois a p ró p ria cap ital caiu (722 a.C .). (3) A C riança nascida da virgem é a g ló ria fu tura da nação. 8.5-8. A escolha da descrença e suas con seq u ên cias. O povo segu iu Acaz e e sc o lheu a A ssíria em vez da orientação e do au x ílio de D eu s, que eram sim b olizad o s p e la s á g u a s ca lm a s do ta n q u e de S ilo é (Siloé, de Jo 9.7, 11; Lc 13.4). D escrente e d ep en d e n te da sa b ed o ria secu la r na re je iç ã o d e s s a s á g u a s p lá c id a s , a n a ç ã o d eso bed ien te d everia ser inund ad a pelas e n c h e n te s do E u fra te s, s im b o liz a n d o os exércitos invasores assírios. Porém o fato de a P a lestin a ser cham ad a "tu a terra, ó E m a n u el", 8, deu a g aran tia de que por ca u sa do E m a n u el, n a sc id o da v irg e m , Israel não seria aniquilado por essa terrí vel e n c h e n te . 8.9-15. O desafio da graça de D eus. O Senhor desafiou os inim igos de Judá a fa zer o m áxim o possível para destruir a na ção, 9-10. Eles seriam esm agados contra a rocha do juízo divino. A razão — sua graça se m a n ife sta ria em E m an u el, 10, ao seu verdadeiro povo eleito em Judá. O Senhor encorajou e instruiu Isaías e seus fiéis se g u id o res a n ão se am ed ro n ta rem d ian te da a cu sa çã o p o p u la r de co n sp ira çã o ou traição, 12, suscitada contra eles por con ta da sua oposição à aliança com a Assíria contra a coalizão do norte. Ele prom eteu tom ar-se um santuário para eles, mas um a pedra de tropeço (IP e 2.7-8) e um laço para rem over de Israel todos os infiéis e rebel d es, co m o A ca z , que re je ita m E m a n u el (Cristo), 14-15. 8.16-20. O desafio a confiar som ente na graça de D eus. O testem unho da grand e a rd ó sia que traz e scrito o nom e M ah erShalal-H ash-Baz, 1, seria selado, para que seu c u m p rim e n to p u d esse ser o b je tiv a m ente verificado pelo Senhor da história, 16. O s r e s ta n te s cre n te s se firm a rã o na segura Palavra de Deus, aguardando con fia n te s seu cu m p rim en to . O p ro feta fiel d ecla ro u seu p ró p rio firm e testem u n h o ,
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18-19, e alerto u que aq u eles que alegam inspiração ou autoridade contrária à Pala vra de D eus na religião d em oníaca serão desprovidos de luz espiritual, 19-20. O es piritism o e ou tras seitas são condenados. 8.21-22. A opção de não confiar em Deus traria a indescritível angústia e aflição da in v asão e d ep o rtação assíria. 9.1-2. A profecia de Emanuel como a gran de luz. Previu-se que ele providencialm ente surgiria na G aliléia escu ra e d esp reza da, 1. Era o m esm o território de Zebulom e N aftali, que foi o prim eiro a ser assolado p e lo s cru é is e x é rc ito s de T ig la te -P ile se r (732 a.C.). Aqui brilhou a radiante luz do M e ssias, que arm o u seu q u a rte l-g e n era l na Galiléia (Mt 4.13-17). 9.3-5. A p rofecia de Em anuel com o o grande libertador. Ele iria m ultiplicar a na ção e a m p lia r seu jú b ilo , 3. L ib erta ria a n ação de to d o s os seu s o p resso res e ad v e rsá rio s, de m o d o so b re n a tu ra l (cf. Z c 12.1-8; 14.1-15), m as num terrível conflito final, 5. Essa profecia se aplica ao d esen volvim ento da nação depois do C ativeiro B abiló n io e suas v itó rias n os tem pos dos m acabeu s; m as terá cu m p rim ento d efin i tivo no A rm agedom e na restau ração do reino sobre Israel (A t 1 —6). 9.6-7. Profecia de Emanuel com o o gran de S e n h o r. P re v ê e m -s e a h u m a n id a d e ("u m m enino nos n a sceu ") e a divindade ("D e u s F o rte") de Em anuel. Seu govern o se d escrev e p ró sp ero, pacífico, d avíd ico , ju s to , e te rn o e seg u ro , 6-7. D ão-se seu s títu los m essiânicos: (1) M aravilhoso Conse lheiro, dando conselhos que podem por si só sa lv a r o h om em do p eca d o ; (2) D eus F orte, D iv in d a d e no ca rá te r e sp e c ia l de um vencedor na batalha; (3) Pai da E terni dade, tanto com o p o ssu id o r da e te rn id a d e q u a n to co m o a u to r da v id a e te r n a (heb. "p ai de e tern id ad e"); (4) P ríncipe da P az, o s o b e r a n o q u e c ria rá um m u n d o sem guerra no reino vindouro. A aliança d a v íd ica (2Sm 7 .8-17) será cu m p rid a na Era do Reino, que por sua vez se fundirá ao estad o eterno pela autorid ade do zelo do Senhor; pois ele cum prirá essas prodi g io s a s p ro m e ss a s d e d e fin itiv a b ê n çã o para Israel e o m undo.
9.8—10.4. A orgulhosa Samaria é condenada (terceiro discurso) 9.8-10. O orgulho e a presu nção de Is rael seriam pu nid os pela invasão dos sí rios e filisteu s, 11-12; sua in corrig ibilid ad e m e sm o d ia n te d o c a s tig o , 13, se ria p u nid a p ela ira d estru id o ra e im pied osa do Senhor, 14-19, pela guerra civil e pela fom e, 20-21. A m ão do Senhor "co n tin u a ain d a esten d id a " em irad o castigo, e não s e r á re c o lh id a p o r c a u sa da re c u s a da re fo rm a (cf. o s o m b rio re frã o em 9 .1 2 , 17, 21; 10.4; cf. 5.25). O cativeiro era im i nente p ara a im p ied osa classe gov ern an te de S a m a ria , que cru elm e n te e x p lo ra v a seu s sú d ito s, 10.1-4.
Ruínas em Samaria. Isaías profetizou que o cativeiro era iminente para a impiedosa classe governante de Samaria, que cruelmente explorava seus súditos.
10.5-34. Os assírios invadem a terra de Emanuel (quarto discurso) 5-19. A Assíria, instrumento de Deus para julgar seu povo, será depois julgada também. A Assíria era o instrum ento divino para cas tigar o povo de D eus, 5-6. A p esar do seu presunçoso orgulho, 7-14, ela seria irrecu p eravelm ente d estruíd a pelo Senhor, que a usou com o seu açoite, 15-19. 20-23. A volta dos remanescentes fiéis. O tempo: "naquele dia", o Dia do Senhor (2.1022), depois que os últimos inimigos de Israel tiverem sido destruídos. Em bora isso tenha tido cumprimento histórico, a destruição dos assírios antevê um a invasão sem elhante da Palestina pelo "rei do N orte" (Dn 11.40) no final dos tem pos (Is 14.24-25; 30.31-33; Mq 5.4-7; D n 8.23-26; 11.40-45). O s restantes, com o Isaías e seu s seg u id o res, rejeitarão esse falso soberano e "se estribarão n o Se n h o r , o Santo de Israel", 20. 24-34. Portanto a A ssíria não deve ser tem ida por aqueles que confiam no Senhor, 24-27, m esm o diante do seu terrível avan ço sobre a terra de Em anuel, 28-32, pois o Senhor dará fim súbito à A ssíria, 33-34.
11. 0 Rei Emanuel e seu reino (quarto discurso) 1. Emanuel, descendente do rei Davi. Ele é aqui prefigurado como "reben to" do poda do "tronco de Jessé", revelando sua obscu ridade e hum ildade, sendo a casa de Davi pobre e desconhecida no tem po da nativi dade de Cristo. Ele é tam bém sim bolizado como "renovo" (neser; cf. M t 2.23: "E foi habi tar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado N azareno"). 2. Investidura do Rei Em anuel. O Espíri to Santo na sua sétupla plenitude im ensu rável (Jo 3.34) repousará sobre ele (Jo 1.3234; cf. "o s sete E spíritos", o Espírito único em toda a sua plenitude, Ap 1.4; 4-5). A in vestidura geral é "o Espírito do S e n h o r ", que é a necessária qualificação para o ju s to g o v ern o . O re su lta d o é que E m an u el encontra deleite no tem or do S e n h o r , 3. 3-5. O justo governo do Rei Emanuel. Ele não arbitrará pela m era aparência ex terior, 3 (cf. IS m 16.7), mas julgará equita tiv am en te e g ov ernará v ig oro sam en te, 4, rein ando com "v a ra de fe rro " (SI 2.9; Ap 2.27; 12.5; 19.15). Ele ju stificará a lei santa
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de D eus com o o últim o Adão contra o or gulho e a rebeldia da hum anidad e d om i nada por Satanás, que contam in ará a ter ra até que ele destrua a estrutura satânica do m undo na sua vinda e reino. Ele será cingido de justiça e fidelidade, 5. 6 -9 .0 reino pacífico do Rei Emandel. Não se achará agressão no reino santo de Ema nuel. Tão com pleta será a m udança, que m esm o os an im ais serão a fetad os, p a rti lhando da gloriosa libertação da vaidade e do mal trazidos pela Queda (Rm 8.19-22). Fi nalm ente serão restabelecidas, pelo menos parcialm ente, as condições do Éden — os an im ais p red ad o res e as serp en tes v e n e nosas não mais atacarão uns aos outros ou o homem. A razão é que todos os homens, de todo lugar, conhecerão a D eus e serão totalm ente devotados à sua vontade, 9. 10. O Rei Em anuel trará os gentios para o reino. Com o estand arte e insígnia m ili ta r, o M e s s ia s su rg irá e " r e c o r r e r ã o as nações" a ele (Ap 5.5; 22.16). 11-16. O Rei Emanuel reunirá os judeus q u a n d o o re in o se e sta b e le c e r, 11. Essa será a segunda (final) reunião dos restan tes depois de um a dispersão m undial, 1112, consum ada pelo poder divino. A antiga an im osid ad e entre Ju d á e E fraim (reinos m erid ional e seten trio n al) será abolid a, e serão garantidos a segurança e o dom ínio sobre quaisquer adversários, 13-14. Todos os obstáculos à reunião final de Israel se rão rem ovidos — aqui sim bolizados pelas grand es barreiras geográficas. O braço de m ar egípcio é a barreira que eles transpu sera m m ira cu lo s a m e n te q u a n d o sa íra m do Egito. O rio é o Eufrates (8.7).
12. 0 canto de redenção dos rema nescentes (quarto discurso) 1 -3 .0 canto de redenção do crente. É um coro triunfal de louvor ao Emanuel Reden tor, porque a ira divina foi afastada e so beja o consolo, 1; porque D eus é a salv a ção do cantor, 2; e porque ele é sua força e cântico, 3. O cântico será entoado "n aqu e le d ia", i.e., o dia da reunião dentre as na ções e da libertação final de Israel do Egi to do m undo, repetindo o cântico de M oisés
e Israel depois da libertação do m ar Ver m elho (Êx 15.1-21). 4-6. O canto unificado de redenção dos re sta n te s. E ssa se çã o p assa do sin g u la r para o plural (" v ó s " ), pois cada um dos rem idos se une ao coro de todo os rem i d os de Isra e l p re ste s a e n tra r n o rein o. C om o canto contínuo e am plificado de lou vor a Deus, contém uma exortação à ora ção e ao testem unho, 4; ao alegre cantar, 5; e à san ta e x u lta ç ã o e a le g ria , 6. Q ue b ela ode e x p ressa n d o o ilim ita d o jú b ilo d o s re d im id o s de E m anu el q u a n d o e le v o lta r para reger S ião e re in a r suprem o sob re toda a terra!
l/o/. III. Oráculos de Deus sobre o juízo das nações, 13.1—23.18 13. Sentença contra a Babilónia 1-16. A confusão das nações que antece derá a destruição. Babel ("co n fu são ") apa rece aqui sim bolicam en te para retratar a d eso rd em p o lítica e g o v ern a m e n ta l que caracteriza a terra durante os tem pos dos g e n tio s (L c 2 1 .2 4 ). Isso co n tra sta com a o rd em d iv in a (Is 11), com Israel na sua própria terra, o cen tro da bênção e sp iri tual e do divino governo do m undo (Is 2.15). Q u a lq u e r c o isa d ife re n te da b ên çã o sobre as n ações asso ciad as com Israel é, p o liticam en te, B abel ("co n fu s ã o "). O ju í zo de B a b iló n ia aq u i se re fe re tan to ao d om ínio persa (539 a.C.) quanto, em ter m o s d e fin itiv o s , ao ju íz o fin al de D eus sobre a estru tu ra m undial, da qual B abi ló n ia é m o d elo (Ap 17.5). O s v. 12-16 se co n c en tra m n o s ju íz o s a p o ca líp tico s do D ia do Sen h or (A p 6 -16), que resu ltarão na destruição das B abilónias religiosa (Ap 17) e política (Ap 18). 17-22. Profecia da destruição de Babiló nia no tem po de Isaías. Aqui entra em foco a B abilónia de N abucodonosor II (605-562 a.C.), que se tornou senhora do m undo e que caiu d ian te do persa C iro (539 a.C.). Essa Babilónia dos judeus cativos é o m o delo da Babilónia política que prevalecerá até que ela seja destruída na segunda vin da de Cristo.
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14. A queda de Babilónia e a restauração de Israel 1-3. A profecia da restauração de Israel prevê a queda de Babilónia. A exaltação de Is ra e l ao lu g a r que D eu s lh e re s e r v o u com o testem u n h o para as n a çõ e s, e seu d escan so das afliçõ es m u n d iais, n ã o p o dem se realizar enquanto a Babilónia polí tica não for destruída. 4-11. O cântico de triunfo de Israel so bre o últim o rei de Babilónia. N ão se trata sim p lesm ente do rein ad o de N a b u co d o n o so r II n em de B e ls a z a r, m as d o líd e r político do restaurado im pério rom ano do final dos tem pos (A p 13.1-18), " o hom em da iniq u id ad e, o filh o da p e rd içã o " (2Ts 2.3-4), o "ch ifre p eq u en o " (Dn 7.8, 24-27; 11.36-45). Ele é visto no Sheol (cf. Ap 19.20, onde é lan çad o à G een a). 12-17. Satanás é tratado como inspirador do último rei de Babilónia. Satanás, organi zador e cab eça d os sistem a s de gov ern o do m undo, está tão intim am ente ligado a esse soberano d errad eiro e e x trem a m en te diabólico (2Ts 2.9), que a ocasião da que
da do rei de Babilónia fornece a im agem da queda original de Satanás e da entrada do pecad o no un iverso. A revelação tam bém serve para m ostrar o papel de Satanás no g o v ern o h u m a n o , e sp ecia lm en te p o rq u e Israel fica afastado do centro da ordem di vina a partir do seu cativeiro. 18-27. A futura destruição do satânico sistem a m undial. Essa passagem extrapo la a destruição da Babilónia literal, 18-24, e da A ssíria daquele tem po, 25, englobando "to d a a te rra ", 26, com o p rep aração para a ordem d iv ina no reino que é garantid a pelo im utável propósito de Deus, 27. 28-32. O ráculo sobre a Filístia. A Filístia seria esm ag ad a pelo ju g o a ssírio de Sarg ão e S e n a q u erib e, m as o S en h o r p ro te geria seu povo.
15—16. Sentença contra Moabe M o abe seria im p ied o sa m en te d eso la do (15.1 — 16.9). Sua arrogância e orgulho seriam h u m ilh ad os pela terrív el d ev asta ção da Assíria, 16.10-14. Prenunciam -se os acontecim entos do Dia do Senhor (cf. 16.5).
Animal mitológico pintado sobre azulejos do portal de Istar, da antiga Babilónia. Isaías profetizou a queda da Babilónia.
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17. Sentença contra Damasco e Samaria D am asco e E fraim (o rein o s e te n trio nal) seriam d eso lad o s, 1-3, m as no final S a m a ria g e ra ria um re s to de v e rd a d e i ro s c re n te s q u e r e je ita ria m a icfo la tria , 3-8. O ca s tig o , p o rém , d ev e p re c e d e r a b ên ção , 9-11, com as h o rrív e is a tro c id a d es da im in e n te in v a s ã o a s s íria que se pred iz, 12-14. O v. 14 pode tratar da o ca sião em que o anjo do Senhor m atou 185 mil assírio s (37.16).
18. Sentença contra Etiópia O s p ro feta diz aos em b a ix a d o res e tí op es que as aves de rap ina se a lim e n ta riam d o s s e u s c a d á v e re s p u tre fa to s no cam p o de b a ta lh a , 1-6. P orém , "s e rá le vad o um p resen te ao S e n h o r dos E xérci tos [...] ao lugar do nom e do S e n h o r dos E x é rcito s, ao m o n te S iã o " p elo s e tío p e s no dia do m ilénio, 7.
19—20. Sentença contra o Egito G u erra civil, seca e peste a sso larão o Egito com o consequência da invasão assí ria, 19.1-10. A sabedoria e o orgulho do Egi to se tom arão insensatez, 11-15. O Egito fi cará aterrorizad o diante da terra de Judá, por causa do propósito de D eus por inter m édio dele contra o Egito, 16-18, e o Egito será convertido e libertado para participar ao lado de Israel da graça de Deus, 19-25. Porém eram im inentes sobre o Egito a co n q u ista e o cativ e iro assírio (E sar-H adom ), 20.1-6. Isaías andou nu e d escalço, 1-2, com o sinal de que o rei da A ssíria de p o rta ria ca tiv o s e g íp c io s e e tío p e s , 3-6, dem onstrando a um forte partido de Jeru salém, que buscava auxílio do Egito, com o era in s e n s a ta essa e sp era n ça .
21. Sentença contra Babilónia, Edom e Arábia 1-10. O juízo do deserto do mar. O "d e serto do m a r" era B abilónia (cf. 9). A M é d ia é m en cio n ad a com o in stru m en to do
ju íz o , 2. Esse a con tecim en to estava cerca de dois sécu los no futuro, m as o profeta e n x e rg o u o a v a n ç o d os c o n q u ista d o re s persas. Essa é a p recisão da palavra pro fética, a história pré-escrita. 11-12. O juízo de Edom . O heb. em pre ga D um á ("s ilê n c io "), que e v id en tem en te é um a n a g ra m a (tr a n s p o s iç ã o de le tras) de Edom . E ssa terra ao sul do m ar M o rto, rica em m inérios, é tam bém ch a m ad a Seir (Gn 32.3; Nm 2 4 .1 8 ; Jz 5.4), a te rra d os a n c e s tra is de E saú, riv a is das tribos de Jacó. A riqueza de Edom foi re velad a p elo p esa d o tribu to que pagou a E sar-H ad om . O cob re e o fe rro e n riq u e ceram Edom , além das taxas cobradas ao lo n g o da a n tig a estra d a real que segu ia rum o a E ziom -G eber. O clam or do gu ar da e sua re s p o s ta o c u lta d e v e ria m ser ouvidos, 11-12. 13-17. O juízo da A rábia. As tribos do n oroeste, na costa do m ar V erm elho (Gn 2 5 .3 ; Ez 2 7.2 0 ; 3 8 .1 3 ), os d ed a n ita s, que d e s p a c h a v a m b e n s à T iro fe n íc ia (E z 27.15), e os quedaritas, a leste da P alesti n a e da S íria , fa m o so s p e lo s seu s re b a nh o s (Is 60.7) e suas tend as negras, seri am e x p u ls o s p e lo s c o n q u is ta d o r e s a ssírio s e cald eu s.
22. Sentença contra Jerusalém A cidade jubilante, m undialm ente afa mada, 1-4, invadida por exércitos, 5-7, de veria sofrer o sítio e a calam idade, 8-14. E cham ada "v a le da V isão", 1, 5, pois Deus se revelou sobre o m onte de Sião, que era cercado por vales com colinas m ais eleva das além . O bserva-se o d escuidado hedo n ism o d o seu s h a b ita n tes, 13, d ian te da in v a sã o a ssíria . Seb n a , o a d m in istra d o r, 15-19, o rg u lh oso u su rp ad or m aterialista, seria expu lso do cargo e substituíd o pelo fiel Eliaquim , 20-25. Eliaquim, funcionando como modelo de Cristo, receberia "a chave da casa de D avi", 22 (Ap 3.7). Mas no final é de Cristo o direito de reinar, 20, com o o Santo e Verdadeiro. "Fincá-lo-ei com o estaca em lugar firme, e ele será com o um tron o de honra para a casa de seu pai", 23-24 (cf. Zc 10.4).
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23. Sentença contra Tiro Tiro é m odelo da pompa e do orgulho da e stru tu ra sa tâ n ica do m u n d o (cf. Ez 2 8 .1 2 -1 5 ) n os seu s a sp e cto s c o m e rc ia is. Tiro era um opulento centro com ercial na costa fen ícia, que tod os os co n q u ista d o res v alo riz a v a m . O e sto n te a n te e s p le n dor, a orgulhosa independ ên cia e a sabe doria secular tinham por detrás inspiração satânica. N abu cod on osor, d ep o is de um sítio de doze anos, foi em b o ra sem co n segu ir tom ar a cid a d e -ilh a , m as que foi con q u istad a p o r A le x an d re em 332 a.C . (cf. Zc 9.2-4). Isaías previu a queda desse centro com ercial do m undo, 1-7. D eus de cretara tal cala m id ad e p o r ca u sa do o r gulho, 8-12. O s seten ta an os d u ra n te os
O Tesouro, templo mais importante de Petra, cidade do antigo reino de Edom, atual Jordânia. Essa terra ao sul do mar Morto, rica em minérios, é também chamada Seir. Isaías profetizou sua queda.
q u ais T iro seria esq u ecid a , 17, ta lv ez se re fira m ao te m p o e n tre a c o n q u is ta de N abucodon osor em 571 a.C. e a queda de B abilón ia, tem po em que Tiro recon q u is tou certo grau de destaque.
Vol. IV. Livro de juízo e promessa, 24.1—27.13 Esses capítulos formam uma profecia contínua sobre o tema do juízo no Dia do Senhor, seguido de bênçãos. Às vezes, são chamados Apocalipse de Isaías.
24. 0 Dia do Senhor e a bênção do milénio 1-13. Os juízos do Dia do Senhor. O Se nhor julgará a terra e os habitantes da terra, 1. Todas as classes da sociedade que rejeita ram a Cristo serão atingidas no final dos tem pos, 2. D escrevem -se as desolações apoca lípticas, 3-13, e a razão delas, 5. Esse é o período descrito em 2Ts 1.7-10; Mt 24-25; Ap 4 .1 -1 9 .1 6 ; Is 2.6-22; Sf 1.1-18; Zc 1 2 .1 -1 4 .1 5 . 14-16. Interlúdio: a preservação e o cân tico dos restantes. O canto com eça "naquele d ia" e é ouvido por causa da m aravilhosa lib ertação d iv ina pela G ran d e T ribu lação (Ap 7.1-8; 14.1-5). 17-22. O juízo do Dia do Senhor conti nua. Ele se concentrará na terra e nos ím pios h a b ita n tes da terra, e sobre Satanás e seus dem ónios, 21. Este inspira e m ove os ím pios (Ef 6.10-12; Ap 9.1-12, 20-21; 12.710), e e sp ecia lm en te os "r e is do m u nd o in teiro " (Ap 16.13-16) para a fase final da iniquid ade erguida contra Deus, que aca ba esm agada em A rm agedom . O cu m pri m e n to : S a ta n á s e seu s d e m ó n io s serã o con fin ad o s ao abism o sem fu nd o, 22 (cf. Ap 20.1-3), e a Besta e o Falso Profeta se rão la n ça d o s v iv o s na G een a (A p 19.20; 2 0 .1 0 ).*Os ím p ios h ab itan tes da terra se rão varridos pelos juízos do selo, da trom beta e da taça (Ap 6.1 — 19.16), ou destruí dos no advento do M essias (Ap 19.11-19). 23. O reino m ilenar de Cristo. Tão glori oso será que o sol e a lua se confundirão quando o M essias "reinar no m onte Sião" em Je ru sa lé m .
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25. 0 louvor de Israel pela bênção do reino 1-5. A nação libertada louva ao Senhor. Israel louva ao seu Sen h or p elas lib erta ções m iracu losas, 1; p elo castig o que ele inflige aos seus inim igos, 2-3; e peld auxílio que ele dá aos pobres e n ecessitad os, 4-5 (cf. Is 12.1-6). 6-8. Bênçãos para todas as nações descri ta s . P ro m e te -s e u m b a n q u e te de c o isa s gordurosas "n este m o n te", i.e., Sião (cf. Is 2.1-5); a cegu eira esp iritu al será elim in a da, 7. A m orte será engolid a pela vitória (Os 13.14; IC o 15.54; Ap 20.14; 21.4). O Se n h o r re tira rá a ce n su ra d o seu p o v o de toda a terra, 8. O etern o estad o fu nd e-se com o cenário do milénio. 9. A recom pensa de Israel pela espera. P rom etem -se a salv ação e a p articip ação no júbilo do Senhor. 10-12. Os inim igos de Israel são julga dos, inclusive M oabe.
26. 0 cântico milenar de Judá
1-6. Louvor pela fidelidade e pelas miseri córdias do Senhor. Jeru salém é celebrada como cidade salva, abrindo seus portões aos justos, 1-2. Enfatizam-se a bênção do Senhor àqueles que nele confiam , 34, e a hum ilha ção que ele inflige aos orgulhosos, 5-6. 7-11. A espera durante a noite. 12-18. G arantias de paz e libertação. Is ra e l, restau rad o e con v ertid o , d esfru tan d o d as b ê n ç ã o s da te rra , e x p r e s s a sua a d o ra çã o ao S e n h o r em a leg re lo u v o r e te stem u n h o . 19. Garantia da ressurreição do corpo aos justos santos do AT. "O s vossos mortos [...] viverão e ressuscitarão." Embora a restau ração de Isra e l com o n ação seja sim b oli zad a pelo sím ile da ressu rreição (Ez 37.111), com o em D n 12 .1 -2 , e sta p assag em ev id e n te m e n te tem em m ira a re ssu rre i ção física, pois a prim eira ressurreição en volve a participação no reino (Ap 20.4-6).
Parreiras prontas para a colheita. Os profetas do Antigo Testamento sempre usavam a metáfora da vinha como referência ao povo de Deus.
[ 258 I Isaías
20-21. Vislumbre da indignação divina no Dia do Senhor. Os restan tes são ch a m a dos a se ocultar. O v. 21 resu m e v ivid amente os juízos de Ap 6 .1 —19.21.
27. Castigo dos inimigos de Israel e triunfo do reino. 1. Destruição dos inim igos de Israel. Es ses são sim bolizados pelo leviatã (SI 74.14), o monstro do mar e o dragão, sem dúvida com im p licação de fo rças sa tâ n ica s por trás deles com o no caso do rei de Babiló nia (14.1-14) e Tiro (Ez 28.12-14). (Cf. o Lotã da literatura ugarítica, Ap 11.7; 12.3; 13.1). 2-9. O zelo do Senhor pelos seus, mesmo em face do castigo, é indicado pelo símile da vinha (cf. Is 5.1-7); Israel passa, então, a pros perar, 6, depois do fim dos castigos, 8-9. 10-11. Os inim igos de Israel são destruí dos — total e finalmente. 12-13. A volta dos rem anescentes. Essa últim a palavra d esse V olum e de Ju íz o e P rom essa fala da reu n ião fin al de Israel ao troar da trom beta (cf. M t 24.31) e a fu tura adoração em Jeru salém (cf. 2.1-5). O ribeiro do Egito (Gn 15.18; Ez 47.19) é o Wadi el-A rish, que separa o sudoeste da P ales tina do Egito.
Vol. V. Livro das aflições que precederão as glórias da restauração, 28.1 —35.10 28. Condenação de Efraim 1-13. O juízo das dez tribos. Anotam-se seu orgulho e bebedeiras, 1, 3, 7-8. Prevêse o temível castigo da invasão assíria, 2-4. O testem unho da Palavra de D eus é apre sentado a esses pecad ores, 9-12, m as eles rejeitam seu alerta, selan d o seu d estin o, 13. No entanto, um resto será preservado para confessar o Sen h or com o "co ro a de glória" e "form oso diadem a" no reino, 5. 14-29. Destino de Efraim, alerta para Judá. Os debochados governantes de Jeru salém fizeram "a lia n ça com a m o rte " e com o "além " (provavelmente um a aliança com o Egito) para escapar à invasão assíria, 14-15,
m as a re fe rê n c ia m e ssiâ n ica à "p e d ra já provada" (Dn 2.34; IP e 2.8) projeta a profe cia ao final dos tempos e a aliança prenun cia o tempo em que a nação apóstata entra rá em acordo com o Anticristo (Dn 9.27). Mas todos os que confiarem na falsa aliança e não na libertação de Deus pela Pedra (Mes sias) serão varridos pelo juízo, 17-29.
29. Condenação de Ariel (Jerusalém) I-4. O último cerco de Jerusalém. Apesar do seu caráter sagrado como Ariel ("o leão de D eu s"), associado a Davi, 1, m odelo do grande Libertador de Jerusalém ("o Leão da tribo de Judá", Ap 5.5), o próprio Senhor por interm édio dos seus instrum entos de açoite (os inim igos de Israel no fim dos tem pos) acam pará contra ela. Ele a cercará, 2-3, até que a cidade seja reduzida a cinzas, 4-5 (cf. Zc 12.1-14; 15; M q 4.11; 5.4-15; Dn 11.40-45). 5-10. O Senhor, então, cuidará dos in i m igos de Israel. Q uando os instrum entos da sua ira castig ad o ra tiverem conclu íd o o seu d esíg nio a resp eito do seu povo, o S en h or se v o ltará contra eles e d estru irá " a m u ltid ã o de to d a s as n a çõ es [...] que p eleja rem co n tra o m on te S iã o ", 7-8, ceg a n d o -o s e in e b ria n d o -o s p a ra su a d e s truição, 9-10 (cf. Zc 14.3, 12-15). II-1 2 . Essa profecia é para o final dos tem pos. D eve fica r selada porqu e nem o ce rco de S e n a q u e rib e , n em o c e rc o dos rom anos, a cum pre totalm ente. Seu cu m prim ento ainda repousa no futuro. 13-16. A condição do povo é de ceguei ra religiosa e vazio form alism o (cf. M t 15.89; M c 7 .6-7). P ro n u n cia -se a co n d en ação daqueles que pensam que seus atos sujos estão ocu ltos ao Senhor, 15-16. 17-24. Bênção para um resto rem ido. Os "m an so s terão reg ozijo " e "o s pobres en tre os h o m en s se a leg ra rã o no S a n to de Israel", 17-19. Os ím pios serão expurgados, 20, e a casa de Jacó, abençoada, 22-24.
30—31. Alerta contra a aliança com o Egito 30.1-14. A im piedade do partido pró-Egito. E les acalentavam um a causa in sen sa
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ta, 1-7, resistindo à palavra de D eus, 8-11, e a consequência de seguir o conselho dos estran g eiro s seria a calam id ad e, 12-14. 30.15-33. C onselho para confiar no Se n h or. P ro m e te m -se b ê n çã o s que p re s s a giam a libertação e a alegria do reino àque les que crêem em D eus; m as aqifeles que se reb elam te rão a co n d en a çã o , p re n ú n cio dos ju ízos do D ia do Senhor. 31.1-9. N ovam ente se enfatiza a desgra ça de confiar no Egito. Repete-se a conde n ação da alian ça com o Egito, 1-3. O S e n h o r p ro m ete re sg a ta r Jeru sa lé m , 4-9. O povo de Israel é exortado a voltar-se a ele com fé, àq u ele de quem tan to se a fa s ta ram, 6-7, pois os assírios do final dos tem-
Detalhe do terrível massacre gravado na menorá, o candelabro de sete braços que se encontra na frente do Knesset (Parlamento israelense), em Jerusalém. Isaías profetizou a batalha do Armagedom, uma terrível carnificina resultante da vingança do Senhor contra os exércitos do satânico sistema mundial.
pos, 8, serão arrasad os sobrenaturalm en te, 9, pelo Rei m essiânico de Israel.
32. 0 Rei-Messias e seu reino 1-8. A libertação definitiva de Israel pelo Rei-Messias. Esse capítulo faz parte do dis curso iniciado em 31.1. A libertação pela gra ciosa intervenção de Deus, 31.1—32.20, virá no final por m eio do Rei-M essias de Israel, 32.1-8 (não por confiar no Egito, 31.1-9). O Rei (Jesu s C risto ) é v isto com o "e sc o n d e rijo contra o vento [...] refúgio contra a tempes tade", 1-2, e seu reino terreno é descrito, 3-8. 9-14. No intervalo, enumeram-se os pe cados e sofrim entos de Israel. Os pecados das m ulheres despreocupadas (cf. Is 3 .1 6 — 4.1, 4) são m encionad os com destaque. O estado espiritual das m ulheres é um baró m etro sen sív el do estad o m oral de q u al quer nação. 15-20. Esperança no futuro — o derra m am ento do espírito e suas consequências. A aflição e a condenação de Israel não são p erm an en tes — "a té que se d erram e so bre nós o Espírito lá do alto", 15, cum prin do J1 2.28-32. A s consequências do derra m am ento do E spírito são bênçãos sobre a terra, 15; p re d o m in â n cia d a ju s tiç a e da retidão, 16; paz e segurança, 17-20.
33. Castigo dos assírios, triunfo de Cristo 1-12. Declara-se a destruição dos assírios. E ng anad ores traiçoeiros com o Sen aqu eri be d evem ser d iv inam en te d estru íd os, 1, com o fruto do favor que D eus dispensa ao seu povo, aten d en d o -lh e as orações, 2-6. D escrevem -se os horrores da crueldade e da perfídia dos assírios na invasão da ter ra, 7-9. O Senhor anuncia a destruição da Assíria, 10-12. 13-16. A aflição dos não religiosos em face da am eaça assíria. Seu apavorado tre m or é resu ltad o do seu pecad o e da sua d e s c re n ç a . 17-24. A salvação pela visão do Rei-M es sias na sua form osura. Essa visão do futuro L ib e rta d o r d issip a rá o terro r d a am eaça assíria e de um invasor estrangeiro, 17-19.
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A ssim , Jeru salém será vista com o cidad e seg u ra, p len a da m ajestad e e da lib e rta ção do Senhor, 20-22, e os restantes dividi rão os despojos, 23-24.
34. Armagedom e a destruição do poder mundial dos gentios 1-7. A batalha de A rm agedom . Todas as n a ç õ e s se re u n irã o p ara a b a ta lh a , 1-3. Terrível carnificina resulta da vingança do Senhor contra os exércitos do satânico sis tema mundial, centralizado em Edom, 4-6 (cf. Ap 19.11-21; Is 63.1-6). 8-15. Desolação após o desastre. A indig nação do Senhor é então revelada a todas as nações e seus exércitos inspirados pelo dem ónio, que pretendem d estruir Israel e tomar posse da terra (cf. Ap 16.13-16). 16-17. A garantia divina de que Israel possuirá e habitará a terra. A prom essa de D eus a Israel será cu m prida, garantind olhe a terra e fazendo-o nela habitar perpe tuam ente, 16-17.
35. A glória do reino 1-2. A restauração da terra e a m anifes tação do Senhor. Isaías 34 é um dos capítu los mais som brios da Bíblia. O capítulo 35 é um d os m ais ra d ia n te s e a le g re s. E o grande clímax do Volume das A flições que P re c e d e rã o as G ló ria s da R e s ta u ra ç ã o , iniciado em 28.1. A Palestina, física e clim aticam ente m odificada para receber seu Redentor e os rem idos da segunda vinda, é p oeticam ente p erson ificad a. C om esfuziante alegria, o deserto, A rabá, o Líbano, o Carm elo e Sarom vêem "a glória do S e n h o r , o esplendor do nosso D eus". 3-7. R etrospectiva das tribulações que precederão as bênçãos. D á-se a ordem de encorajar os fracos e tem erosos, 3-4, para conduzi-los através das trevas que p rece dem a alvorada. Eles devem ser encoraja dos porque o R ei-M essias está a cam inho para castig ar os in im ig os de Israel; para re co m p en sar e lib e rta r os seu s, 4; para op erar m ilag res n o s co rp o s e n as alm as dos homens, 5-6; e para fazer prodígios na natureza, 6-7.
8-10. Volta dos rem anescentes rem idos a Sião. A volta será por um cam inho desig nado, estrada principal, bom cam inho, ca m in h o s a n to , ca m in h o c la r a m e n te d e m arcado, 8, e seguro, 9. O s re s g a ta d o s v o lta rã o a le g re m e n te a S ião, com etern a exu ltação e co n ten ta mento, finalm ente alcançando alegria, com tristeza e su sp iros (atorm en tan d o-os lon g a m e n te ),10.
Vol. VI. Parêntese histórico, 36.1—39.8 36—37. Derrota do exército assírio O s capítu los 36-39 form am um p arên tese histórico ligando a prim eira parte do livro (caps. 1 —35), que consiste em profe cia s de ju íz o s e b ê n ç ã o s o r ig in á ria s do período assírio, à segunda parte, com pos ta de p ro fe cia s de con so lo que em anam do período babilónio. O nom e de Ezequias é m e n c io n a d o c e rc a de 35 v e z e s n e s sa seção, que é, às vezes, in titu lad a Volum e de E zequias. Essa seção é q uase id ên tica ao texto de lR s 18.13 —20.19. É p ro váv el que Isa ía s te n h a e sc rito o m a te ria l, que foi m ais tard e in co rp o rad o à h istó ria da corte de Judá e, por último, a Reis. 36.1-22. Os assírios desafiam abertam en te ao S enh or. O a rro g a n te co n q u ista d o r assírio, Sen aqu erib e, em 701 a.C ., enviou seu co m a n d a n te -e m -c h e fe de L a q u is (a fortaleza de Judá que vigiava a estrada do Egito) para exigir a rendição incondicional de Judá. O com andante se encontrou com a delegação de Ezequias, 1-3, e na presen ça dela insultou Ju d á por ter confiad o no Egito, 4-6, e no D eus de Ezequias, 7-10. Ele p rosseguiu com seus escárn ios blasfem os diante de todo o povo de Jerusalém , 11-22. 37.1-38. A resposta do Senhor ao desa fio. E zequias consu ltou o Senhor sobre a questão no tem plo, 1, e enviou um a dele g a çã o a Is a ía s p e d in d o co n se lh o e o r a ções, 2-5. Ele recebeu do profeta a prim ei ra garantia de libertação, 6-7. Entrem entes, o com andante foi se encontrar com Sena q u eribe, que sitiav a L ibna (ou tra cid ad e fo rtifica d a de Ju d á, ao n o rte de L aqu is). Ao ou vir que o p rín cip e T iraca (Taharka
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nas listas de reis do Egito, que m ais tarde se tom ou o terceiro rei da vigésim a quinta d in astia e g íp cia ) se p rep arav a para a ta car, 8, Senaqueribe despachou outra am e aça intim idadora a Ezequias, 9-13. O rei a e sten d e u d ian te do S en h o r no tem p lo e orou, 14-20. O Sen h or deu n o v a 'g a ra n tia por interm éd io de Isaías. O m onarca que d esafiava a D eus seria esm agado, 21-35.
38—39. Doença e pecado de Ezequias 38.1-22. E zequias é curado de grave do e n ça . Is a ía s a n u n cio u que a d o e n ça de E zeq u ias seria fatal, 1. A oração do m o narca, 2-3, foi atend id a e D eu s a cre scen tou quinze anos à sua vida, confirm and o sua p ro m essa pelo " s in a l" , 4-8 (e x p licá vel som ente por um m ilagre). Está reg is trado o salm o de ação de graças e louvor de E zeq u ias, 9-20. M e n cio n a -se o re m é dio usado na cura, 21. 39.1-8. O insensato orgulho de Ezequias. M erod aq u e-B alad ã (M ard u q u e-A p il-Id d ina), fingindo congratular Ezequias pela sua recuperação, tentou por meio de um a em baixada e pródigos presentes atrair os ju d eus a um a aliança contra a A ssíria, 1. A e g o ísta in sen satez de E zeq u ias ao exib ir toda a sua riqueza e poder, 2, valeu-lhe uma sev era re p re e n sã o de Isa ía s e um a lerta sobre o Cativeiro Babilónio, 37. O rei, peni tente, aceitou a sentença de Deus, 8.
Nota histórica M ero d aq u e-B alad ã foi duas vezes so berano de Babilónia (722-710 e 703-701 a.C.). Ele iniciou a política de fortalecim ento da C ald éia e preparou o cam inho para a a s censão de N abopolassar e N abucodonosor II, e para o subsequente cativeiro de Judá.
Vol. VII. Livro de consolo, 40.1—66.24 40. Consolo do Israel libertado 1-11. O cham ado e as circunstâncias do consolo prom etido. Faz-se um cham ado ao
c o n so lo de Isra e l, 1, p o rq u e se p revê o fim do seu sofrim ento, agora que sua de so b ed iên cia está p len am en te castigada e seu pecado, perdoado, 2. V ê-se o precur sor do p rom etid o con so lo (João Batista e sua m ensagem ), 3-8, preparan do o cam i nho para o M essias, único C onsolador ver dadeiro de Israel (M t 3.3; Lc 3.4-6; Jo 1.23). A o c a s iã o d o c o n s o lo é a re v e la ç ã o de D eus em Cristo, 9-11, com o Deus pessoal, L ibertad or e Rei, 10, R ecom pensad or, 10, e P astor, 11. 12-26. O caráter do Consolador. Seu po d er con so lad or é ilim itado, 12. Sua sabe doria é insondável, 13-14. Seu ser é incom p a rá v e l, 1 5 -1 7 . Seu c u lto p re c is a ser espiritual, 18-26. Por isso a idolatria é com pleta in sensatez e iniquid ad e censurável, 18-20, à luz da infinita grandeza da Divin dade, 21-26, que é con firm ad a pela C ria ção de Deus, 21-22, 25-26, e declarada pe las suas obras entre os hom ens, 23-24. 27-31. A receita do consolo no presente. O profeta reprova a inquietação deles, 27, e lhes dá a receita do consolo, 28-31, repas sando o caráter de Deus, 28-29, e lem bran do a fidelidade do Senhor, 29-31, especial m ente no auxílio aos desam parados, 29, e na fiel atenção às suas orações, 30-31.
41. Os argumentos do Senhor contra a idolatria 1-7. A cusação dos idólatras. O tribunal divino é reunido e seu desafio, apresenta do, 1. Sua acu sação contra os id ólatras é provada pelo fato de ter ele levantado Ciro, fundador do im pério persa e libertador dos judeus do jugo de Babilónia, 2-4. Expõe-se a insensatez dos idólatras, 5-7. (Sobre Ciro, cf. 41.25-26; 44.24-28; 45 .1 -6 ,1 3 ; 46.11; 48.14.) 8-20. O povo de Deus é encorajado. A base desse encorajam ento, 8-9, é o fato de serem eles servos de D eus, seu povo elei to, descendência de Abraão, 8, e objeto de libertações anteriores, 9. Por isso, são alvo de especial encorajamento, 10-20. Deus pro m ete a sua presença e proteção, 10; a liber tação do jugo dos inimigos, 11-14; a vitória sobre os ad versários, 15-16; e as bênçãos m ateriais sobre a terra, 17-20.
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21-24. Os próprios ídolos são tam bém desafiados a apresentar provas do seu co nhecim ento do passado e do futuro, 21-23, e do seu poder para fazer qualqu er coisa — boa ou m á, 23. Sem p o d er fa z e r nem u m a c o is a nem o u tra , são c o n d e n a d o s com o nulidades, e seus adoradores, com o abom inação, 24. 25-29.0 próprio Senhor apresenta a pro va da sua divindade exclusiva. Só ele tem o irresistível poder de precipitar a ascensão de Ciro, um a infalível capacidade de p re ver o fato com um século e m eio de ante cedência. Ele portanto p ro n u n cia o v e re d icto sob re íd o lo s e id ó la tra s. E le s são vaid ade; suas o b ras, n u lid a d e s; su as re presentações, ven to e con fu são, 29.
No detalhe do alto-relevo, Senaqueribe, rei assírio famoso por suas campanhas militares contra Judá, assiste a uma parada militar. Em 701 a.C., esse arrogante monarca enviou um comandante a Laquis, para exigir a rendição incondicional de Judá.
42. 0 Servo-Messias do Senhor 1-4. Deus (o Pai) apresenta o Servo em relação a si m esm o com o seu Servo, seu eleito e seu deleite, 1. Ele cita as qualifica ções da sua obra, e sp ecifica a sua Tarefa e d escreve o caráter do Servo, 2-4. Esse é o prim eiro "C ân tico do Servo", 1-6 (v. 49.16; 50.4-11; 5 2 .1 3 -5 3 .1 2 ). 5-9. A profecia do ministério do Servo. A d e sc riçã o d a q u ele que in cu m b e o Serv o do m inistério o revela com o D eus (o Pai), C riad or do u n iv erso, Su sten tad o r do h o m em sob re a terra, 5. Suas g a ra n tia s ao Servo assegu ram o sucesso, 6. A p ró p ria descrição do m inistério do Servo o revela co m o M e d ia d o r da a lia n ça da g ra ça , 6. Com o Luz para os gentios, 6-7; e com o L i b ertad o r dos p risio n eiro s, 7. A ssegu ra-se a ratificação da com issão, 8-9, pela d ivin dade e autoridade do O utorgador, 8, e pela integridade da sua palavra, 9. 10-12. Louvor e adoração a D eus pelo futuro Servo. Essa bênção exige um "c â n tico n o v o " de todos os povos, até os con fins da terra. 13-17. Previsão da vingança do Servo. Ele triu n fa rá com o g u e rreiro sob re seu s inim igos, 13. Porá fim ao seu silêncio dian te dos insultos dos inim igos, 14-15. Tratará seu s a m ig o s com m is e ric ó rd ia , 16; m as derrotará com pletam ente os idólatras, 17. 18-25. D enúncia e reprovação de Israel, o servo infiel. O Senhor cham a seu povo, 18, e fielm en te avalia sua triste condição, 19-20. P rotegend o seu caráter e sua pala vra, 20, n e cessa ria m e n te d eve ca stig a r o pecado e a infidelidade do seu povo como a um servo, 22. Porém , m isericordiosam en te, ele lhes proporciona alívio, aconselhan d o-os a reco n h ecer sua p resen ça na afli ção, 23-24, e confessando a provocação no castigo que recebem de D eus, 25. »
43.1—44.5 Garantia para a nação restaurada 43.1-7. P rom essa de con solo para o re m an e sce n te s. A b ase da p ro m essa é d u pla: (1) o Sen hor é o C riad or e (2) Ele é o R ed en to r da n ação ainda a ser re sta u ra
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da. A p rom essa de estar ao lad o de Isra el na água e no fogo lem bra a e x p e riên c ia do d e s e rto , q u an d o o S e n h o r os le vou pelo m ar e os guiou com um a coluna de fogo (cf. IC o 10.1-2). A fu tu ra eficácia da p ro m essa é a sseg u ra d a p e lo fa to de q u e e le e s t a r á p e s s o a lm e n t e 'a o la d o d eles, 5, e os resg atará do seu cativ eiro, 5-6. Assim ele cu m prirá seu prop ósito de ch am ar a n ação à e x istên cia , m o d elá -la , a p e rfe iç o á -la p ara que p o ssa g lo rific a rse n e la , e ser g lo rific a d o p o r e la , 7 (cf. Rm 11.29). 43.8-13. O propósito de Deus na nação. Era ser testem u n h a às n ações p ag ãs ce gas pela idolatria, 8-9, do D eus único e ver dadeiro e de seu Servo, 10-13. 43.14-21. O poder soberano de Deus será dem onstrado pela destruição dos caldeus e pela restauração dos seus prisioneiros. Isso trará glória a Deus. 43.22-28. Os castigos da nação são re su ltad o da sua in gratid ão . Isso se m an i festa na falta de oração, 22; na in d iferen ça re lig io s a , 2 3; e no p e c a d o , 2 4 , tu d o d ian te da p ro n ta d isp o sição de D eu s de perdoar, 25, e de p leitear e arrazo ar com eles, 26-28. 44.1-5. A graça salvadora de Deus se m a nifestará na conversão da nação-serva. Como servo e nação eleita de Deus, 1, Israel (sim b olicam en te cham ad o Jesu ru m , "r e to " , 2 — ver Dt 32.15; 33.5-6) tem do Senhor a pro m essa de, d ep ois de con v ertid a, receb er seu Espírito Santo (Is 32.15; J1 2.28-32).
44.6-28. Israel como testemunha do Deus único e verdadeiro 6-8. Deus declara sua exclusiva divinda de. Com o Senhor, Rei de Israel, R edentor de Israel, S e n h o r dos Exércitos, 6, ele d e clara ser a única D ivindade, o Incom pará vel, o O nisciente, a Rocha, 7-8. 9-20. Sátira da com pleta insensatez da idolatria. Ela obscurece a mente e cega os olhos à verdade espiritual. 21-23. Israel, a nação de Deus, deve ser testem u nh a contra a idolatria. Esse é seu papel de servo, 21, sendo remido, para que D eus possa ser glorificado na nação, 23.
24-28. O Senhor decreta a restauração do seu povo por interm édio de Ciro. Ele cha ma Ciro de "m eu p asto r", aquele que "cu m prirá tudo o que me ap raz", 28 (cf. 41.2-4; 44.24-28; 46.11; 48.14).
45. Ciro como modelo do Messias Ver 44.24-28 acima. 1-6. O Senhor promete a Ciro domínio ir resistível, como modelo do Messias. O Senhor o chama "seu ungido", único caso em que esse título descritivo se aplica a um gentio. Isso, ju n tam en te com a d esignação "m eu pastor" (Is 44.28), igualmente um título mes siânico, destaca Ciro com o exceção extra ordinária, um m odelo gentio do M essias. A m bos são restauradores de Jerusalém (Is 44.28; Zc 14.1-11). Ambos são conquistado res irresistív eis dos ad versários de Israel (Is 45.1; Ap 19.19-21; Sl 2.9). Ambos são usa dos para glorificar o nome do Deus único e verdadeiro (Is 45.6; IC o 15-28). 7-25. A soberania do Senhor é confirmada diante das críticas dos homens. Seu domínio é confirmado por aquilo que ele faz, 7-12; pelo fato de levantar C iro com o seu servo, 13; pela profecia de que os gentios devem ser convertidos assim como Israel, 14-19; e pelo seu convite aberto para que os "lim ites da terra" creiam e sejam salvos, 20-25.
46—47. A libertação do jugo babilónio e suas lições 46.1-13. A im potência dos ídolos em con traste com a onipotência do Senhor. Bei (Mar duque, Jr 50.2, o deus padroeiro de Babiló n ia ) e N eb o (u m a in flu e n te d iv in d a d e babilónia, padroeira da cultura e do saber) serã o um fard o para os a n im a is que os levarão ao hum ilhante cativeiro, 1-2. Deus, ao contrário, sustenta e carrega seu povo, do n ascim en to à velhice, criand o-os e red im in d o-os, 3-4. Ele é, além do m ais, in com parável, 5, absolu tam ente distinto de um ídolo fabricado e sem vida, que preci sa ser carregado pelo fiel, ao invés de ele, o fiel, ser carregado pelo seu Deus, 6-7. E mudo, ao contrário do Deus onisciente que con h ece o fu tu ro, 8-10, e d em onstra seu
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desígnio ao levantar Ciro, 11, e cham ar os hom ens a aceitar a sua libertação, 12-13. 47.1-7. O castigo extrapola aquilo que Deus decreta punível na escravidão em Ba b iló n ia. A orgu lhosa cidad e d os cald eu s será assolada pela vergonha e escravidão, pois usou de excessiva crueldade para com o povo de Deus. 8-15. Condenam-se a cultura im piedosa, a filosofia e a religião deste m undo. O pra zer carnal e a excessiva con fian ça de Ba bilónia, 8-9; seu orgulho, sabed oria e co nhecim ento, 10-11; e sua religião ocultista e demoníaca, 12-13, serão sua ruína, 14-15. Sua condenação sim boliza a destruição do sistema m undial satânico na vinda do Rei e do reino de Israel.
48. 0 Senhor cuida do desobediente Israel 1-8.0 Senhor apresenta a prova da profe cia cumprida. Judeus idólatras e hipócritas, 1-2, são confrontados com a verdade da pro fecia cumprida como m anifestação do onis-
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Tell Laquis, lu ga r de um a das cidad es m ais .fortificadas de Judá, qu e fo i co n q u istad a por Senaqueribe, g o ve rn a n te assírio.
ciente poder de Deus contra qualquer defe sa que possam fazer do seu ídolo. 9-11. Deus confirm a sua glória pelo cas tigo de Israel. Pelo seu nom e, de um lado, ele contem sua ira evitando que seu povo Is ra e l s e ja co m p le ta m e n te d e s tru íd o , 9; porém , de outro lado, ele precisa purificálo s na fo rn a lh a da a fliç ã o p ara q u e seu nom e p erm aneça im aculad o e sua glória, p reserv ad a, 10-11. 12-16. Ele inspirará um libertador gentio para resgatar seu povo de Babilónia. Com o o Eterno, o C riad or, 12-13, ele reúne seu povo errante para antecipar-lhe que levan tará um am ado (Ciro) que fará sua vonta de contra Babilónia, 14-16. 17-19. Ele lam enta a tragédia da desobe diência do seu povo. O propósito do casti go é ensinar-lhes "o que é ú til" e dirigi-los "p e lo cam in h o em que [eles d evem ] a n d a r", 17. Tivessem eles obedecido, nu m e ro sa s b ên çã o s lh es teriam sid o d erra m a das, 18-19. 20-22. Eles devem anunciar a divina liber tação do jugo babilónio. Sua bondade deve
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ser testem u n h ad a tanto na lib ertação do jugo babilónio, 20, quanto na sua graciosa intervenção quando da libertação do jugo egípcio. Eles devem lem b rar sem pre que "P ara os perversos [...] não há p az", 22. f
49. 0 Servo-Messias e sua missão 1-4. A com ovente exclam ação do Servo. D ra m a tica m e n te , o S e n h o r co n v o co u os gentios, an u n cian d o -lh es que seu ch am a do é d iv in o , 1. D e p o is d e s c re v e u su a s qualificações para o m inistério (dotado de u m a p o d e ro s a m e n s a g e m e p ro te g id o pela m ajestad e d iv in a), 2, e in d ico u sua confirm ação divina, 3. No entanto, do pon to de v ista p u ram en te hu m ano (p o is ele se to rn o u h o m em !) o S e rv o -M e s sia s la m enta o ap aren te fraca sso in icial da sua ta re fa , m a s ra p id a m e n te v en ce a te n ta ção ao d esânim o com a convicção de que e le fez a v o n tad e de D eu s, e sp era n d o a recom p ensa d ivina, 4. 5-13. A garantia do Senhor para o suces so irrestrito do seu Servo. O caráter e o propósito do Senhor, 5, assim com o o m i n istério do Servo in icialm en te só para os ju d eu s, 5-6, e d ep ois aos gentios, garante a e x te n sã o m u n d ial da sua b ên çã o . Isso d epois dos seus sofrim entos e rejeição, 7. N ão só é d ele um ab en ço ad o m in istério de red enção, 8-9, m as seu s rem id o s d es frutam de plenas bênçãos, 10-13. 14-26. O Senhor encoraja o desanimado Israel. Ele não esqueceu seu povo, que está gravado nas palmas das suas mãos 14-18. O Senhor o restaurará e abençoará na sua ter ra, 19-23, castigando seus inimigos, 24-26.
50. 0 Israel desobediente i/s. o Servo obediente 1-3. O povo desobediente é apresenta do. E les sã o d ra m a tica m e n te d esa fia d o s pelo próprio Senhor a prová-lo infiel com o m arid o e com o pai, 1. Sob re ele s p esa a responsabilidade do seu cativeiro e do d i v ó rcio d o S e n h o r, e são d e c id id a m e n te condenados por conta da sua incredulida de, d eso b ed iên cia e d esresp eito pelo p o der do Senhor, 2-3.
4-9. O obediente Servo-Salvador é pro fetizad o . P rev ê-se a vinda do Servo. Ele virá com o e ru d ito e d ócil, ob ed ien te no sofrim ento, na rejeição e na morte, 4-6 (cf. Fp 2.6-8). O Servo vencerá com o corajoso cam peão, confiando em Deus, fazendo sua vontad e, ou sadam ente segu ro do êxito, e d esafiand o toda oposição, 7-9. 10-11. Sua prom essa de salvação e amea ça de juízo. O cam inho da salvação passa pela fé e pela obed iên cia, 10. O cam inho da d estru ição passa pela incred u lid ad e e pela d esobed iên cia, 11.
51. Encorajamento para os fiéis 1-3. Os fiéis recebem a promessa do fu turo de Sião. Deus os descreve na sua con d u ta p resen te, 1; lem b ra -lh es sua queda p assad a, 2; e os consola com a prom essa da futura libertação de Sião, 3. 4-8. Os fiéis recebem a garantia do cum primento da promessa a Sião. A promessa será cumprida pela gestão pessoal do Mes sias, 4-5, e pela salvação perpétu a, 6, es tando explícita na prom essa a profecia da destruição dos seus perseguidores, 7-8. 9-16. O fiel pedido da dem onstração da prom essa pela libertação. A oração é apre sentad a, 9, e reforçada pela narração dos p ro d íg io s da lib erta çã o p assad a do ju g o do E gito, 9-11. É resp ond id a, 12-16, com re s p e ito aos te m e ro so s, 12; aos cativ o s, 14-15; e aos fiéis, 16. 17-20. É retratada a triste condição de Jerusalém . Ela está num em briagado estu por, 17; destituída de auxiliadores, 18; dizi m ada pela desolação, 19-20. 21-23. Predição da futura redenção de Jerusalém . O Senhor lhe garante que é seu Deus e rapidam ente encerrará sua aflição, 2 2 . F a rá s e u s p e r s e g u id o r e s b e b e r do m esm o cálice que ela teve de beber, 23.
52. Jerusalém exaltada à glória O so m b rio pano de fu n d o d essa b ri lhante cena está em 51.17-23. 1-2. Apelo a Jerusalém que se prepare para a glória. Ela deve se erguer da hum i lh a çã o dos seu s ca tiv e iro s, co lo ca r suas
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v estes de su m o sacerd o te (cf. Zc 3 .1 -8 ), a p a rta r-s e d a co rru p çã o e a s s u m ir sua posição régia, 2. 3-6. O Senhor apresenta os argum entos em favor da libertação do seu povo. Seus o p resso res nad a p ag aram p ela p ro p rie d a d e de D eu s, nem re c o n h e c e ra m seu poder, e por isso não têm d ireito ao seu povo, nem devem receber paga nenhum a, 3. Seu povo já foi libertado do m esm o m odo antes, 4. Além do m ais, seus captores de preciaram a glória de D eus pela ex ce ssi va crueldade aplicada ao seu povo, 5, de m odo que a glória de D eus será exaltada pela em ancipação d esse povo, 6. 7-10. Louvor do profeta e do povo di ante da libertação de Sião. O m ensageiro d essa e m a n cip a çã o é b a sta n te h o n ra d o , 7. S u a m e n sa g e m é te o c r á t ic a : "O teu D eus rein a!" (cf. Zc 6.8-14, com C risto, o S a ce rd o te -R e i, e n tro n iz a d o ). O s re c e b e dores da m ensagem estão ansiosos, exu l tantes e e sp ecia lm en te ilu m in a d o s, 8. A cid ad e d eso lad a d ev e a g o ra se a le g ra r, 9. O Senhor é glorificado, e anunciada sua salvação m undial, 10. 11-12. A im portância da repatriação de m anda rap id ez e com p leta sep aração de Babilónia, 11, com um a volta ordeira na fé do Senhor, 12. 13-15. Síntese da preem inência do Ser vo. Ele é exaltad o porque o Senhor D eus consid era o Servo d iv in am en te in cu m b i do e q u alificad o, 13. R e la ta -se o alcan ce da sua exaltação , dos ab ism o s da h u m i lhação à posição de "m u i sublim e" (Ef 1.2023; Fp 2.6-9). O s precursores da exaltação foram sua abism al degradação e sofrim en tos, 14. Ele deixa pasm as m uitas nações e im põe silêncio aos reis com o con seq u ên cia da sua exaltação, 15.
53. Profecia do Servo-Messias como aquele que carrega os pecados. 52.13-15. Introdução: síntese da preem i nência do Servo. (V. acima.) 1 -3 .0 Servo é desprezado. Primeiro apresen ta-se a in crív el d escren ça d os ju d eu s com respeito à sua pessoa, 1 (cf. Jo 1.11).
Eles o desprezaram por conta do seu surgi m ento silencioso e d esp ercebid o entre os hom ens, sua pobreza e obscuridade, e sua falta de pom pa e apelo secular, 2; mas prin cipalm ente por causa da própria cegueira e pecado deles, 3. 4-6. Resume-se a paixão do Servo. Embo ra ele tenha m orrido para a toda a hum ani dade, essa é um a confissão penitenciai da fu tu ra n ação con trita, que p erceberá que ele carregou vicariam ente os pecados dela (e do mundo), e verá sua vergonha e erró nea im agem , seu s vergões e feridas. 7-10. A especificação da perseverança do Servo. Ele sofreu calado, 7, inju stam ente, pelo nosso bem e em nosso lugar, vicaria m en te, 8, ig n o m in io sa m e n te , 9, e d ian te do desagrado do céu, 10. 10-12. Realiza-se a recom pensa do Ser vo. Ele ganha um a gloriosa d escend ência espiritual ("v erá a sua p osterid ad e"), des fru ta de u m a re s su rre iç ã o e sp lê n d id a e v ito rio sa ("p ro lo n g a r á os seu s d ia s "), e cu m pre plenam en te a vontad e d ivina ("a v o n ta d e do S e n h o r p ro sp era rá n a s su as m ão s"), 10. E recom pensado com abundan te g ra tifica çã o , 11; ju s tific a a m u itos, 11; obtém incontestável vitória e dom ínio uni v ersal, 12; e recebe um eficaz m in istério de sum o sacerd ote, 12.
54. A radiante alegria do Israel restaurado 1-10. A s bênçãos da nação convertida. D ep ois da cruz de C risto, vem o cân tico d os re m id o s. Q u a n d o Isra e l o lh a r p ara aquele que transpassou (53.1-8), que enor m e alegria, fertilid ad e esp iritu al e exp an são não serão as suas! — 1-3. A nação que enquanto vivia no pecado e na infidelida de foi afastada com o esposa do Senhor é a g o ra r e s ta u r a d a , 4 -6 . S u a r e s ta u r a ç ã o será permanente, e a aliança divina de paz não se apartará dela, 7-10. 11-17. A radiante beleza da nação restau rada. Ela é com parada a um a bela cidade, 1 1 -1 2 . S eu s c id a d ã o s re c e b e rã o e n s in a m ento espiritual; ela se tornará esp iritu al m ente prósp era, 13-14; e será vito rio sa e segura, 15-17.
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O profeta Isaías disse: "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do endireitai no ermo vereda a nosso Deus" (Is 40.3).
55. Convite à evangelização mundial
Senhor;
com p leta d isp arid ad e en tre o pen sam en to divino e hum ano, 8-9, m as pelo próprio 1. F az-se o con vite. É u n iv ersal, para D eus, 9-10, e isso em razão do seguro cum todos; restrin gid o som ente pelo sen so de prim ento da sua palavra, 10-11. O convite n e ce s s id a d e : "to d o s v ó s, os q u e te n d e s é aceito, 12-13, resultando na regeneração se d e ". E les acharão vinho que reanim a e de Isra e l, 12, e na re v iv e scê n c ia da sua leite que n u tre (IP e 2.2) suas alm as. To terra, 13, sendo a Criação libertada do jugo dos são convidados: "vind e, com prai e co da corrupção (Rm 8.19-23). m ei". Eles recebem a garantia de um a co m u n ic a ç ã o g r a tu it a e lib e r a l, p o is a 56.1-8. Os gentios são incluídos salv ação o ferecid a é in estim áv el, e já foi na bênção do reino com prad a pelo p róp rio sangue de C risto 1-2. O Israel dos últim os tem pos é exor (Is 53.1-8; IP e 1.19). tado a perm anecer com o pia testem unha. 2-4. O convite é reforçado. O apelo é re E le d ev e p re s e rv a r a ju s tiç a , cu m p rir a forçado pela ponderação do mal que a pes retidão, ob servar o sábad o e abster-se do soa faz a si m esma ao rejeitar o convite, 2, mal. Razão: a salvação do Senhor está pres e pelo benefício advindo da aceitação, 2-4. tes a ser revelad a, 1-2. 5-7. O convite é am pliado e definido. E 3-8. Prom ete-se a bênção aos não israeli am pliado pelo cham ado dos gentios, 5 (At tas. O estran g eiro e o eun u co que ob ser 15.14-15; Rm 1.16), e das nações desconhe var o sábado do Senhor e unir-se ao povo cidas, 5. É d efin id o com o um cham ad o a da aliança de Deus, 3-5, partilhará dos be "b u scar o S e n h o r", 6; ao arrepend im ento nefícios do cu lto m ilen ário n o tem plo de e à fé, 7; e à obtenção do perdão, 7. Jeru salém , 2.1-5, cham ad o "C asa de O ra 8 -1 3 .0 convite é autorizado e aceito. Não ção para todos os p o v o s", 6-8. é a u to riza d o p elo hom em , p o r cau sa da
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56.9—57.21. Condenação dos ímpios de Israel 56.9-12. Os pecados do ímpios governan tes de Israel são denunciados. Denunciam se os p ecad o s d os p ro fe ta s de Is ra e l — sua cegueira espiritual, sua cobiça, glutonia e falso otimismo. 57.1-13. Os pecados do populacho ímpio de Israel são d enu n ciad os. Eles não dão atenção à m orte do ju sto , 1-2. E ntregam se à id o latria, 3-10, m as n ão en co n tra m favor, 11-13. 57.14-21. M isericórdia para os peniten tes, mas juízo para os ím pios. Os contritos e humildes são castigados e reanim ados, 1420, mas os ím pios não têm paz, 21.
58. Falso culto vs. culto verdadeiro 1-5. Culto hipócrita e os pecados de Is rael. Depois da incum bência do profeta, 1,
vem um a d escrição dos pecados d en unci ad o s. A ssim com o a p rim e ira v in d a do Senhor foi anunciada por um a m ensagem de arrependim ento de João Batista (M t 3.111), a segu nd a vind a será precedid a d es se cham ado (M l 4.56). 6-7. D efin ição do culto v erd ad eiro. A p en itên cia resu ltará no verd ad eiro jejum e hum ilh ação. 8-14. As prom essas para o rem anescente penitentes. Aqui se expõem todas as gran des bênçãos futuras dos restantes conver tidos de Israel. É o ponto central de toda a seção final do livro.
59. A vinda do Redentor a Sião 1-8. Incredulidade e pecado de Israel nos últim os dias. A terrível relação das depra vações da nação (cf. Rm 3.10-18) m ostra o que a apartou de Deus. 9-15. A confissão de Israel no fim dos te m p o s . E le s c o n fe s s a m su a e s c u rid ã o
Pintura mostra cena da paixão de Cristo em que ele sofre escárnio e maus tratos. Em sua profecia, Isaías apresentou a imagem do servo sofredor, que sofreria calado, injustamente, em nosso lugar.
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espiritual, 9; sua desolação e morte, 10; sua necessid ad e de salvação, 11; seu pecado, 12; e sua im piedade, 13-15. 16-19. A misericordiosa intervenção do Se nhor. Ele pessoalm ente intervém em nom e do seu povo, 16, julgando e castigando os ímpios, 17-18. Seu Espírito ergue ufri estan d arte contra a enchente de iniquid ade da Tribulação quando esta alcançar o auge, 19. 20-21. A segunda vinda do Redentor. C risto su rge em p esso a para a salv a çã o daqueles que se afastarem do pecado (Rm 11.26-27).
60. A glória de Jerusalém na era do reino 1-2. Israel é iluminado na era do reino. O Messias, a Luz, brilha sobre Jerusalém; Jeru salém brilha sobre a terra, 1. Observe a ínti ma relação com os caps. 58 e 59. Primeiro o cham ado ao arrependim ento; depois a re velação do pecado de Jacó; a confissão de Israel; e a resposta do Senhor pela sua vinda para castigar seus inim igos e surgir com o Redentor em Sião. Depois vem a gloriosa luz do cap. 60. E o dia glorioso precedido pela noite de corrupção e apostasia universais, 2. 3-14. Israel é ampliado na era do reino. O s g en tios são atraíd os à Luz, 4. Trazem sua riqueza, e acontece a conversão m un dial, 5-9. R icas nações pastoris e com erci ais c o m p e tirã o u m as com as o u tra s na construção de Jerusalém , 10, e no enrique cim ento de Sião, 11. Os rebeldes serão ex tirpados, 12; o templo será reconstruído (cf. 56.7) e embelezado, 13; e os inim igos e injuriadores hum ildem ente se subm eterão, 14. 15-22. Israel é exaltado na era do reino. Sua h u m ilh ação dá lugar à exaltação, 15; sua fraq u eza, à força, 16; sua p o breza, à riq u eza, 17; sua trib u lação , à salv a çã o e segu rança, 18; sua escu rid ão, à luz p ere ne, 19-20; seu pecado, à ju stiça, 21; e sua insignificância, à im portância, 22.
61. 0 ministério do Messias para Israel e o mundo 1-2. D etalha-se o m inistério do M essias na sua prim eira vinda. Q uanto ao caráter
esp iritu al, seu m inistério foi ungido pelo Espírito Santo de Deus, 1 (cf. 42.1). Quanto ao caráter específico, a prim eira vinda foi um m inistério de pregação do evangelho, 1, de cura espiritual, e de distribuição de graça aos crentes (cf. Lc 4.18-20, onde Je sus pára nesse ponto). 2 -3 .0 ministério do Messias na segunda vinda. Ele anuncia o "d ia da vingança do no sso D e u s ", 2, e con so lo para todos os que choram , esp ecialm en te em Sião, 3. 4-9. R esultados do m inistério do M essi as na sua segunda vinda. Lugares arrasa d os serão recon stru íd os, 4. Israel, recen te m e n te e s c r a v iz a d o , será s e r v id o , 5; re c e n te m e n te h u m ilh a d o , será e x a lta d o com o nação sacerdotal, rica e honrada, 6. R ecen te m e n te a flig id o , será en riq u ecid o e c o n s o la d o , 7; re c e n te m e n te d isp e rso , será divinam ente reunido e guiado, 8; re c e n te m e n te ce n su ra d o , será plen am en te ju stificad o diante das nações, 9. 10-11. Descreve-se o júbilo do ministério do M essias. Ele exulta por Deus tê-lo reco berto de "vestes de salvação", 10, por aqui lo que D eus fará diante das nações.
62. Jerusalém é exaltada na terra 1. O interesse divino por Sião. O próprio Sen h or é quem fala, e decide que não se calará nem d escansará até que Jerusalém seja exaltada na terra, até que sua ju stifi c a ç ã o s u rja co m o c la rã o , su a sa lv a ç ã o com o tocha ardente. O próprio Senhor está ávido por ver abençoada a cidade m ilená ria, por vê-la fonte de bênçãos, 1. 2-5. Os resultados do interesse divino por Sião. Sião será honrada e adm irada pelas n a ç õ e s , 2. S e rá c h a m a d a por um novo nom e — um nom e real dado por Deus. Não m ais será D esa m p a ra d a nem D eso lad a, m as H ephzibah ("M in h a -D e lícia ") e Beulah ("D esp osad a"), 3-4. O nom e será dado porque o d eleite do Senhor estará nela, e com ela estará casad o, com o exem plifica o sím ile de 5. 6-12. A expressão concreta do interesse divino por Sião. Isso se revela nas ações do Sen hor ("so b re os teus m uros, ó Jeru salém , pus g u a rd a s"), 6; na exortação do
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profeta à intercessão pela cidad e, 6-7; no juram ento do Senhor de que protegerá Je ru salém , im p ed in d o-a de ser nov am en te tom ada pelos inim igos, 8-9; no cham ado à volta de Babilónia, 10; na libertação e na b ên ção do fin al dos tem p o s, 11. Isso se expressa num nom e quádruplo do povo e da cidade do Senhor: "P ov o S a n to ", "R e m idos-D o-Senhor", "P rocu rad a", "C id ad eN ão-D eserta", 12.
63.1 >6. 0 Messias-Vingador e o dia da vingança 1-2. O M essias-Vingador é interrogado, 1-2. "O ano da g raça do S e n h o r" te rm i n ou , e te r r ív e l ju íz o v a rre a te r r a (A p 19.11-21). Fazem -se duas p erg u n tas re tó ricas: "Q u em é este que vem de E d o m ?" e "P o r q u e e stá v e rm e lh o o tra je , e as tu as v e s te s ? ". 1-6. A resp osta do M essias-V ingador. V enced or, re sp o n d e a fig u ra (C risto na sua segunda vinda gloriosa): "S o u eu que fa lo em ju s tiç a , p o d e ro so p a ra s a lv a r " . Ele sobe por E dom até o vale de Jo sa fá (JI 3), para a gran d e m ata n ça de A rm a gedom . O vívido verm elho das suas ro u pas (Ap 14.18-19) é explicado com o resu l tado do esp ezinhar do lagar da ira contra seus inim igos, os quais supera u n icam en te pelo seu poder e zelo, cu m prind o p le n am en te a p ro fe cia, 3-4. A p esa r do fra c a s s o d o se u p o v o , 5, e le a r r a s a co m p letam en te os seu s in im ig o s, 6.
63.7—64.12. A grande oração de intercessão do remanescente 63.7-19. O rem anescente lem bra as li b e rtaçõ es p assad as. Isa ía s, com o re p re sen tan te dos restan te s p ied o so s, p ro fere uma das m ais sublim es orações da Bíblia, a ser fe ita p e lo s r e s ta n te s p ie d o s o s na Tribulação que precederá o reino. Expõese o am or leal do Senhor, 7-9. M encionase a libertação do ju go do Egito, 10-14. A oração pede o au xílio do S en h or na a fli ção, 15-19. 64.1-4. Os restantes suplicam ao Senhor que confirm e seu poder sobre as nações. Na
so m b ria n o ite da T rib u lação , q u an d o os in im ig o s de Is ra e l fe ch a m o ce rc o , 1-2, ro g a-se a in terv en ção divina. 64.5-7. A contrita confissão dos crentes restan tes. Eles confiam em que o Senh or sairá ao seu encontro, 5, diante da confis são dos seu s pecad os, 6-7. 64.8-12. O apelo por perdão e restaura ção. A com ovente súplica é de um povo cas tigado e subm etido, 8-9, revendo seus cas tigos, 10-11, e intercedendo por auxílio, 12.
65. A resposta do Senhor — a misericórdia que ele reserva aos remanescentes I-7 . Os pecados do Israel apóstata dos últim os dias. A severa repreensão do Se n h o r vem em fu n ção da reb eld ia d ian te d a g ra tu ita o p o rtu n id a d e , 1, e da a b u n d ante revelação d ivina, 2, que eles tro ca ram pela id o la tria , 3-4, e pela h ip o crisia, 5. O alerta do castigo diz respeito ao dia da vingança, 6-7. 8-10. Escolha e bênção do rem anescente fie l. D eu s n ão d estru irá o resta n te, p o is nele há bênção, 8. Ele o restaurará, e tam bém a terra, para que nela habite, 9-10. II-1 2 . O juízo do Israel apóstata dos últi mos dias. Idolatria, cobiça, rebeldia e deso bed iência rendem a m orte aos apóstatas. 13-16. Bênçãos dos restantes vs. m aldi ções do Israel apóstata. O estado dos ser vos de D eus está em agudo contraste com o d aqu eles que o rejeitam . 17-25. A s glórias e bênçãos reservadas para os escolhidos de Deus. O profeta vis lum bra o eterno estado im aculado, 17. No rein o ele vê Jeru sa lém aben çoad a, 18-19; a lo n g ev id a d e restau rad a, 20; o p re v a le cer da segu rança e da felicidad e, 21-33; a o ração aten d id a, 24; e a m ald ição re tira da, 25 (cf* 11.6-9).
66. Síntese; retrospectiva de toda a profecia. 1 -4 .0 culto ím pio do Israel apóstata dos últim os tem pos. Esse capítulo final reafir m a os principais tem as proféticos do livro.
Isaías I 271 ]
Vista noturna da Porta de Damasco, a porta principal da Jerusalém antiga. A m a s s a a p ó s ta ta da r e s ta u r a d a n a ç ã o ju d aica (Israel) ergue um tem plo em Jeru salém e, descrente, retom a seu culto anti go. É c u lto de d e scre n ça e a b o m in a ç ã o para o Senhor, 1-4 (cf. 2Ts 2.4; Dn 9.27; Mt 24.15; Ap 11.1-2). O verd ad eiro d ev oto é contrastad o com o apóstata, 2-4. 5. Os restantes são perseguidos e enco ra ja d o s. O s re s ta n te s trem em d ia n te da Palavra de D eus e são odiados e escarne cid o s p e lo s irm ão s a p ó sta ta s, q ue serã o h u m ilh a d o s, 5. Z o m b e te iro s, p ro v o ca m : "M ostre o S e n h o r a sua glória". 6. A vinda do Senhor. Subitam ente, ele desce ao tem plo (M l 3.1). Surge castigan do os inim igos. 7-9. O renascim ento nacional de Israel. N um só dia nascem um povo e um a terra! U m a nação se regenera num instante (Rm 11.26-27). 10-14. Glória e exaltação de Jerusalém no m ilénio. A cidade é com parada a um a mãe que am am enta seus filhos, 10-11. Seu rei
no, p ro sp erid ad e e riq u eza são an u n cia dos aos seus filhos, 12-14 (cf. 60.1-7). 15-17.0 Messias-Vingador e o dia da vin g an ça. O S en h or d escerá com fogo para, furioso, espalhar sua ira (cf. 61.2; 63.34) con tra seus inim igos dentre as nações, 15-16, e contra a m assa apóstata de Israel, 17. 18-21. Os gentios entram no reino. To das as n ações e línguas são trazidas para ver a glória de D eus, 18. Os reunidos de v em e v a n g e liz a r e tra z e r o u tro s, 19. O s ju d eu s tam bém serão trazidos, 20-21. 22. A perenidade de Israel e o estado eter no. A verd ad e do estad o eterno é usada com o sím ile do fato da existên cia p erp é tua de Israel. 23. Bênçãos para os justos. Toda a hu m an id ad e ad orará ao Senhor. 2 4 .0 destino dos ímpios. A perdição eter na é o seu salário — "o seu verm e nunca m orrerá, nem o seu fogo se ap ag ará" (cf. o a lerta do S e n h o r a resp eito da G eena, M c 9.44-48; Ap 20.14-15).
Jeremias A agonia de uma nação decadente O mundo de Jeremias. Isaías viveu e profetizou durante o período assírio. Jeremias ministrou quando a Assíria cambaleava à beira da ruína, e Babilónia e o Egito lutavam para dominar o mundo conhecido. Ele alertou sobre a vitória de Babilónia, mas Judá não se arrependeu dos seus pecados nem aceitou seus avisos. Como consequência, Judá foi destruído, mas o profeta anunciou que um dia seria restaurado, e pelo Messias, mundialmente abençoado. Babilónia, porém, seria destruída para jamais se reerguer. Disposição do livro. As mensagens datadas mostram que o livro não foi disposto em ordem cronológica. Por exemplo, as mensagens do reinado de Josias se encontram em 1.2 e 3.6, enquanto as do reinado de Jeoaquim estão em 22.18; 25.1; 26.1; 35.1; 36.1; 45.1. As do reinado de Zedequias, em 21.1, 8; 27.2-3, 12; 28.1; 29.3; 32.1; 34.2; 37.1-2; 38.5; 39.1; 49.34; 51.59. Duas foram escritas mais tarde no Egito, 43.7-8; 44.1. A maioria das mensagens foi obviamente
transmitida durante os reinados de Jeoaquim e Zedequias. A ausência de ordem cronológica é evidentemente deliberada. Provavelmente a ordem deve ser encontrada na disposição do assunto por contraste, e não por data de composição. Mensagem de Jeremias. Sua mensagem era basicamente de severo alerta contra o inevitável juízo do Cativeiro Babilónio (25.1-14), se o povo não se arrependesse da idolatria e do pecado. A melancolia ameaçadora de uma mensagem iconoclasta (1.10) foi ressaltada, porém, por brilhantes lampejos messiânicos (23.5-8; 30.411; 31.31-34; 33.15-18). A restauração definitiva de Israel se realizaria depois de um período de incomparável sofrimento (30.3-10), pela manifestação do justo Renovo de Davi, o Senhor (23.6; 33.15).
Alto-relevo mostra um arqueiro assírio.
Esboço 1—45 Profecias contra Judá e Jerusalém 1— 20 Nos reinados de Josias e Jeoaquim 21— 39 Durante vários períodos até a queda de Jerusalém 40— 45 Depois da queda de Jerusalém 46— 51 Profecias contra as nações 52 Apêndice histórico
Jeremias [ 273 ]
am en d oeira (heb. saqed) é o prim eiro in d ício da prim avera, e foi um sinal de que D e u s e sta v a v ela n d o , m a d ru g a n d o (heb. saq ed ) p ara fo rta le c e r sua p alavra, 12. A panela ao fo g o atiçad o p elo vento do nor te re p re sen ta o ju íz o de D eu s q u eim an do do n o rte sobre Ju d á, pelo seu pecado e id o la tr ia . A P a la v ra de D eu s é eficaz (IP e 4.17; Hb 4.12).
2.1—3.5. Primeiro sermão — o pecado da nação
Detalhe do alto-relevo retrata um ataque do exército assírio. O povo de Israel foi subjuga do por duas grandes potências do mundo antigo: a Assíria e o Egito.
1. Introdução; o chamado de Jeremias 1-3. C a b e ça lh o . Je re m ia s (" o S e n h o r e x a lt a " ) e ra d e s c e n d e n te d o s a c e r d o te A biatar, que foi banido por Salom ão para Anatote (Ras Karrubeh), cerca de três qui ló m e tr o s a n o r d e s te de Je r u s a lé m , em B e n ja m im . O m in isté rio de Je re m ia s, 2, e s te n d e u -s e do d é cim o te rc e iro an o de Jo sias (627 a.C .) ao d écim o p rim eiro ano de Z ed equ ias (586 a.C.). 4-19. O ch am ad o de Jerem ias. A graça con sag rad o ra de D eu s, 5, e a hu m ild ad e do p ro fe ta, 6, re su lta ra m na p re cisa in c u m b ê n c ia d e p r e g a r u m a m e n s a g e m im p o p u la r: "p a r a a rra n c a re s e d e r r ib a res, para d estru íres e a rru in a res"; e tam bém um m in istério p o sitivo: "p a ra e d ifi cares e p ara p la n ta re s", 7-10. O en contro de Je r e m ia s co m D eu s e su a c o m is s ã o foram su ste n tad o s por três v isões, 11. A
2.1-19. Um Senhor fiel vs. um povo infi el. D ep ois da lem b ra n ça da bon d ad e de D eu s, 1-3, vem a d en ú n cia da ap o stasia da nação, 4-13. O povo havia com etido dois m ales: abandonou o Senhor, o "m an an ci al de águas v iv as" (cf. Jo 4.10-15; 7.38), e pela id o latria bebia as águas polu ídas do fundo de um a cistern a rota e contam in a da, feita pelas m ãos do hom em , 13. Com o con seq u ên cia, Israel p erd eu sua lib erd a de e tom ou-se escravo da Assíria ("leõ es") e do E gito ("M ê n fis", capital do norte do Egito), 14-19. 2.20-37. A cusação e protesto do Senhor. Israel se to m ara um boi teim oso, 20; uma vide brava, 2 1 ; um a m eretriz depravada, 22-25; um ladrão difam ado, 26; um idólatra insensato, 27-28; um povo irrefletido e in grato, 29-32; um transgressor despud ora do, 33; um a nação cega, 34-37. 3.1-5. As consequências da infidelidade de Israel. Seu endurecim ento tom ou inevi tável o castigo.
3.6—6.30. Segundo sermão — a devastação vem do norte 3.6-25. A apostasia de Judá é m aior do que a de Israel. O castigo do reino do norte no cativeiro, e sua derrad eira destruição, não chegaram a im pressionar de fato Judá, 6-11. A n ação era um a m eretriz, im pura por participar da idólatra religião cananéia, d iv o rcia d a do Sen h o r. C astig o p arecid o com o q u e a sso la ra Isra e l (2R s 17.1-18) a m e a ç a v a Ju d á ; m a s o a rre p e n d im e n to sincero, 10-14, seria recom pensado com a b ên ção , 15-25.
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4.1-31. O adversário do norte. Jerem ias e stá falan d o ap aren tem en te da im in en te invasão babilónia. Em bora B abilónia ficas se a leste de Jeru salé m , o d ese rto in te r m édio forçava o exército invasor a acom p a n h a r o rio E u fra te s a té C a r q u e m is , atacan d o a P alestin a p elo n o rte. A lg u n s acred itam que Je re m ia s aq u i se re fe re à invasão cita da Assíria (653-630 a.C.) ou da Capadócia (c.595 a.C.). Isso, porém , é im provável, pois não há m enção de envolvi m ento palestino.
5.1-31. Juízo e iminente catástrofe. O pro feta chorão de A n atote lam en tava os p e c a d o s de Je ru sa lé m , que a to rm e n ta v a m sua sen sibilid ad e m oral. 6.1-30. O contínuo alerta. Grande des truição viria sobre Jerusalém , 1-26. O pro feta incentivava os habitantes a fugir para o d eserto de Tecoa (terra de A m ós), cerca de d ezenov e q u iló m etros ao sul de Je ru salém , 1-2. Jerem ias surgia com o o exam i nador ou avaliador do Senhor, para pôr à prova seu povo, 27-30 (cf. Jó 23.10).
Reis de Judá no tempo de Jeremias IVlanassés 697-43 Jeremias nasce no reinado desse ímpio tirano.
m Amom 643-41 Judá é ameaçado
de condenação.
| josias : | 641-09 | Este rei piedoso começou suas reformas em 627. O chamado de Jeremias foi em 626. A descoberta do livro da lei, acompanhada da grande reforma de Josias, em 621 (2Rs 22—23). A invasão cita em 620 (Jr 4); crescente poder de Neobabilônia (Nabopolassar), 625-05; queda de Nínive, 612; Harã, 609. Josias é morto em Megido, em 609, por Faraó-Neco.
Jeoacaz ; 609 Reinou três meses — deportado para o Egito,
Jeoaquim 609-598 ! ímpio idólatra. Ascensão de Nabucodonosor If, 605-562.
Joaquim 598-97 Reinou três meses deportado para Babilónia.
Zedequias 597-86 j Zedequias visitou Babilónia em 593. Cartas : de Laquis, 589. ; Jerusalém é saqueada em 586. Fim temporário da dinastia davídica.
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7—10. Terceiro sermão — ameaça de exílio Essa mensagem no templo, como os dois serm ões precedentes, foi um a severa cen sura, alertan d o e exo rtan d o, m as se con centrava nas condições religiosas de Judá. 7.1-34. R eprovação da religião ap ósta ta. Será que os vazios ritu alistas de Je ru salém fariam da casa de D eu s um "co v il de saltead ores", 1-11? A destruição de Siló (29 q u iló m e tro s ao n o rte de Je ru sa lé m , arrasad a por vo lta de 1050 a.C .) d ev eria ter sido um a lição, 12-14 (cf. Jr 26.6; ISm 4.10; Sl 78.60). A ira do Senhor queim ava d iante da idolatria, 15-19, e da apostasia, 20-34, de Jeru salém . A "R ainha dos C éu s", 18, era u m a antig a d ivind ad e sem ítica, a b a b iló n ia Istar (V ên us) (cf. 4 4 .1 7 -1 9 , 25). "T o fe te ", 32, era um alto no vale de H inom , a su d o e ste de Je ru sa lé m , on d e, na era de Is a ía s e Je re m ia s, as p e s so a s s a crificav am crian ças a M o lo qu e, d iv in d a de de Am om . 8.1-22. Novos alertas sobre o juízo. To das as classes do povo de D eu s estavam co rro m p id as, in clu in d o p ro feta s e sa c e r d otes, 10; os p ecad o res eram d esca ra d a m ente im pud entes, 12. 9.1-26. Jerem ias se lamenta por causa dos pecadores. O profeta se dilacerava entre a piedade dos pecadores e a repulsa do pe cado, 1, que não tinha perdão, 2-26. 10.1-25. O Senhor e a idolatria. R essal tam -se a insensatez do culto aos ídolos, 116, e o juízo que virá por conta disso, 17-22. Faz-se um a oração, 23-25.
11—13. Quarto sermão — a aliança violada; sinal do cinto de linho 1 1 .1 -1 2 .1 7 . A aliança é violada. As re p r e e n s õ e s , a le r ta s e e x o r ta ç õ e s d e s s e serm ão se b a se a v a m na v io la çã o da a li an ça p a le s tin a (D t 2 8 .1 —3 0 .9 ). Je re m ia s defen d eu a alian ça, 11.1-8. A reform a de Jo sia s fora esq u ecid a, 9-17, e os p ró p rios conterrâneos do profeta, em A natote, pla nejavam m atá-lo, 11.18-23. Essa tram a des leal aliada à prosperidade dos ím pios per
turbava o profeta, 12.1-6, e o Senhor pro nunciou por m eio dele um lamento sobre Judá, 12.7-17. 13.1-27. A parábola do cinto de linho. Esse sinal parabólico foi operado pelo profeta, 1-11. A veste de puro linho branco usada sobre a pele sim bolizava a pureza original da n a çã o em co m u n h ã o com o Sen h or. Retirada e exposta à um idade e ao solo do E u frates, 4, 6, 7, d em on stro u a ru ína da n ação afastad a de D eu s e o p red ito cati veiro além do E ufrates, em Babilónia. Os ja rro s de vin ho, 12-14, cheios até a boca, sim bolizavam a em briaguez do povo e sua ruína d ebaixo do ju ízo divino. D epois do alerta contra o orgulho, 15-17, veio a nênia para o rei (Joaquim ) e a rainha-m ãe, am bos deportados cativos para Babilónia (597 a .C .), 1 8 -1 9 . P ro n u n c ia ra m -s e a m e a ça s contra Jeru salém , 20-27.
14—17. Quinto sermão — a seca; sinal do profeta solteiro 14.1-22. A seca e a con den ação da na ção . D escrev em -se essa te rrív e l c a la m i d ad e, 1-6; as v a z ia s o rações ritu a lística s da nação, 7-9; e sua rejeição pelo Senhor, 10-12. O s falso s p ro fetas, 13, que não ti n h a m c re d e n c ia is d iv in a s , eram c u lp a d o s, 1 4 -1 6 . Je r e m ia s la m e n ta v a a so rte da nação, 17-22. 15.1-21. A resposta do Senhor a Jerem i as. A in tercessão foi rejeitada e o destino da nação, selado, 1-9. Ao pesar do profeta seg u iu -se a resposta do Senhor, 10-21. 16.1-21. A im inente catástrofe, o salário do pecado. O inexorável cum prim ento da palavra de D eus é revelado pelo fato de o S en h o r n eg ar casam en to ao p ro feta, 1-4, e até a celebração de funerais e festivid a des, 5-9, tudo com o sinal de im inentes pro vações por causa das apostasias de Judá, 10-13. Depois do ju ízo viriam bênçãos defi nitivas, 14-21. 17.1-27. O terrível pecado de Judá. Sua descrição, 1-4, com a maldição e a bênção, foi declarada ao povo, 5-11. Jerem ias ado rou e o ro u , 12 -1 8 . F e z -se a lerta sob re a p rofanação do sábado, sinal da deslealda de do povo para com o Senhor, 19-27.
Santuário pagão cananeu, em Megido. Lugares desse tipo foram denunciados por Jeremias em suas profecias.
18—20. Sexto sermão — sinal da casa do oleiro 18.1-23. A visita do p rofeta ao oleiro. Esse e p is ó d io p ro p o rc io n o u u m a liç ã o sobre com o D eu s m o d ela so b era n a m e n te seu povo (Rm 9.20-24). D eus agiu com so b eran ia em re la çã o a e le s; o m au d e sígnio p o d eria ser su b stitu íd o p elo bom desígnio se seu povo se arrep en d esse, 111. M as o S e n h o r co n s ta to u su a p é tre a im penitência, 12-17, que foi dem onstrada pelas ím pias tram as do povo contra Je re mias, 18; e lam entada pela oração im precatória do profeta, 19-23. 19.1-15. A botija de barro quebrada foi outro sinal de que o Senhor esm ag aria o povo idólatra. Tofete (v. 7.31) era o centro do cruel culto a M oloque. A Porta do O lei ro (mais tarde, Porta do M onturo, Ne 2.13) levava a H inom , o local do culto a M olo que, onde se sacrificav am crianças. 20.1-18. C astigo p úblico de Jerem ias. Pasur, principal guarda do tem plo, aprisi onou Je re m ias p e la m en sag em da b o tija quebrada, 1-6. A nunciou-se o ju ízo de Pa
sur, 6, e seu n om e m u d o u -se p ara "T e r ro r", 3, cf. (6.25; 25.8-11; SI 31.13). A dura p rovação de Jerem ias gerou m om entânea perplexidade e queixa, m as a fé do profe ta triunfou sobre sua incredulidade, 7-18.
21—24. Oráculos a respeito dos reis 21.1-14. M ensagem de Jerem ias a Zede quias. O in terrog atório de Z ed equ ias, 1-2 (597-586 a.C .), tratava de N abu cod onosor (acadiano Nabu-kuddurriusnr, "N abu prote ja m eu m a rco ", 605-562 a.C .). E sse Pasur n ã o era o m e sm o de 2 0 .1 . O s a c e rd o te Sofon ias foi m ais tarde execu tad o em Rib la (5 2 .2 4 -2 7 ). A re sp o sta de Je re m ia s a Zedequias, 3-7; ao povo, 8-10; e à corte, 1214, foi realista e deve ter tocado na ferida dos seu s ou v in tes p ecad ores. 22.1-30. M ensagem de Jerem ias sobre outros reis de Judá. Foi um oráculo introdu tório para alertar a corte d avíd ica, 1-9, e con so lar Salum (Jeo acaz), que rein ou so m ente três m eses e foi d ep ortad o para o Egito (608 a.C.), 11-12. Apresenta-se um orá culo a respeito de Jeoaquim (608-597 a.C.),
Jeremias [ 277 1
13-19, ím pio idólatra e adversário de Jere m ias (cf. 2R s 2 3 .2 4 —24.27). Pronuncia-se a condenação de Joaquim , 20-30, que foi de portado para Babilónia. (No hebraico ele é cham ado Conias, aqui e em 37.1; Jeconias, em 24.1; 27.20; cf. 2Rs 24.8-16; 25.27-30.) 23.1-40. Grande profecia m essiânica. Os falsos p asto res (governantes indignos) de Ju d á , 1-2, co m p õ em o so m b rio p a n o de fundo para a radiante profecia da reunião e restau ração do reino, 3-4, sob o com an do do M essias, o "R enovo ju sto ", 5, e "Se n h o r , Ju stiça N o ssa ", 6. Isso se cu m prirá n o fin al d os tem p o s e ab arca rá o êxo d o final e a elim inação do jugo m undial, rumo ao rein o , 7-8, sob o g ov ern o do M essias (Rm 11.25-27). D epois do lam pejo m essiâ nico, vieram o lam en to de Jerem ias, 9-14, e a condenação dos falsos profetas, 15-32. S ob re os p ecad o res recalcitra n tes d a q u e le tem po lançou-se a vergonha, 33-40. 24.1-10. V isão dos dois cestos de figos d irig id a contra Z ed equ ias. O s fig os b ons sim bolizavam o m elhor do povo d ep orta do para Babilónia ju nto com Joaqu im (597 a .C .). O s fig o s ru in s re p re s e n ta v a m os a p ó statas que p erm an eceram em Je ru sa lém para ap o iar o iníqu o Z ed equ ias, que pretendia resistir a Babilónia com o auxílio do Egito (2Rs 24.10-20).
25. Previsão dos setenta anos de cativeiro 1-11. Declaração do exílio. No quarto ano de Jeoaquim (604 a.C.), com a suprem acia de B a b iló n ia a sseg u ra d a p e la v itó ria de N abucodonosor sobre o Egito, em Carquem is, Jerem ias repassou seu m in istério de 23 anos até então, 1-7. D epois anunciou os setenta anos de cativeiro, 8-11 (cf. Lv 26.3335; 2C r 36.21; D n 9.2). 12-38. Ju ízo das nações e o Dia do Se nhor. B ab iló n ia e seu rei seriam ca stig a dos, 12-14, assim com o "to d a s as n a çõ es", 15-29 (cf. Is 51.17; Ap 14.10). Isso introd u z irá o D ia do Senhor e a ira do Senhor, 3038. T ra ta -se do fu tu ro p e río d o de ju íz o so b re o Isra e l ap ó sta ta e as n a çõ e s, c u l m in a n d o na g lo rio sa seg u n d a v in d a de Cristo (M t 24.30; Ap 4-19).
26. Jeremias enfrenta ameaça de morte 1-11. Ele prevê a destruição do templo. Seria destruído com o Siló (cf. 7.12,14 com IS m 4.1 0 -1 1 ). Todas as classes rejeitaram a verd ad e e persegu iram o profeta. 12-14. A libertação de Jeremias. Descre ve m -se su a c o ra jo sa d efesa e lib erta çã o , 12-19, com referência ao m inistério sim ilar de M iquéias, 18-19 (cf. Mq 1.1) e ao martírio de U rias no reinado de Jeoaquim , 20-24.
27—28. 0 sinal dos canzis 27.1-22. O jugo divinamente imposto de Babilónia. Jerem ias pôs sobre si um canzil (canga) de bois para simbolizar que Babiló nia colocaria jugo ao pescoço de Jerusalém e Judá. Essa verdade era odiosa para o povo. 28.1-17. O posição dos falsos profetas. H anan ias, um d os falsos profetas, d esca rad am ente quebrou a canga de Jerem ias, 10. Foi castigado com a m orte.
Oleiro trabalhando na roda.
[ 278 1 Jeremias
29. Jeremias consola os exilados 1-23. Sua carta é enviada a Babilónia. Ele incentivava o povo a respeitar a lei, a cultivar a paz e a multiplicar-se, 1-9, esperando o dia da restauração depois dos setenta anos, 10 (cf. 25.11; 27.7). O Senhor tinha bons planos para eles, 10-14. Eles tinham futuro e espe rança, 11, mas precisavam expulsar os falsos profetas do meio deles, a saber, Acabe e Ze dequias, 21, cujo destino estava selado, 22-23. 24-32. Ataque de Semaías e segunda carta de Jeremias. Outro profeta declarando men tiras e semeando a rebelião contra o Senhor enviou uma cáustica carta ao novo supervi sor do templo, Sofonias, atacando Jeremias. Sofonias m ostrou a carta a Jerem ias, que então enviou outra carta aos exilados, con denando Sem aías e profetizando que nem esse falso profeta nem seu s d escend entes veriam o dia da volta do exílio (cf. 20.6).
30—31. Restauração e promessas messiânicas 30.1-17. Tempo de angústia para Jacó. Os som brios alertas de Jeremias sobre o juízo foram aliviados pela profecia de um futuro glorioso
para a nação, caps. 3 0 —31. M as essa grande reunião e restauração do final dos tempos, 30.13, será precedida pela Grande Tribulação, 4-11, o auge dos duradouros sofrimentos da nação, aqui chamada "tempo de angústia para Jacó", pois se concentrará no Israel do final dos tem pos, 7 (cf. Mt 24; Mc 13; Ap 7). A volta de Cristo, 9 (cf. Ap 19.11-16), estabelecerá o reino depois que os pecadores forem expurgados, 12-17. 30.18-24. A restauração de Israel à glória do reino. Será restaurado com o o povo do Senhor, 22. 31.1-26. A nação volta para casa e é salva. A nação restaurada, 1-6, entoará cânticos de redenção, 7-14, e a tribulação preceden te (com o em 30.1-17, 23-24) gerará g en u í no arrep en d im en to , p rep aran d o a n ação para a bênção, 15-20, e o consolo, 21-26. 31.27-40. A nova aliança e a nação eterna. E ssa re sta u ra çã o à b ên çã o do S e n h o r se baseia na nova aliança, 31-34. A antiga alian ça era a aliança da lei, fundamentada na ob servância legal. A nova aliança (Hb 8.8-12) será in te ira m en te b asead a na g raça e no sangue do Cristo sacrificado, que represen tará a fundação da futura regeneração inte rior de Israel e sua restauração ao favor de D eus. A restau ração de Israel às bênçãos
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da nova aliança lhe garantirá a condição de nação eterna, 35-36 (cf. Rm 11.1-26).
32. A fé de Jeremias na restauração 1-25. O sinal da fé do profeta. Ele com prou terras em Anatote, no início de 586 a.C., antes da queda de Jerusalém. Hananel, pri mo de Jerem ias, estava ansioso por vender sua terra ao profeta para evitar a perda da herança da fam ília (Lv 25.25-28). G uardar docum entos, escritos em papiro, em vasos de barro é prática conhecida de Elefantina, no Egito, 14. A fé de Jeremias na hora da sua prisão, 3, foi expressa em oração, 16-25. Baruque, 12, era o fiel secretário de Jerem ias. 26-44. A resposta do Senhor. Anunciouse o destino da cidade condenada, 28-35, e declarou-se a futura reunião final, da qual a re sta u ra çã o ap ó s o ju g o b a b iló n io era um prenúncio, 36-44.
33. A grande profecia do reino davídico 1-5. A im inente derrota de Jerusalém . Fez-se um cham ad o à oração, 1-3, depois do início do cerco a Jeru salém . Essa im a
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gem de im in e n te c a tá s tro fe fo rn e ce u o so m b rio p an o de fu n d o sob re o qual se projetou a futura glória da nação. 6-14. Bênção e glória futuras. A purifica ção deverá se realizar após a volta, 6-8 (cf. Ez 36.25; Zc 13.1; Hb 9.13-14; Rm 11.25-27). Ecoa o júbilo da salvação, 9-11, e descrevemse a paz e a prosperidade do reino, 12-14. 15-26.0 rei davídico e seu reino. "Naque les d ias" é o tem po da segunda vinda de Cristo, quando ele, o "R enovo ju sto ", virá para assentar-se no trono de seu pai Davi (Lc 1.31-33; cf. 2Sm 7.8-16). Então o Senhor, com poder redentor, se m anifestará diante de Israel com o " S e n h o r , Justiça N ossa (de Israel)", 16 (cf. 33.6-8). O culto no templo (v. Ez 40-44) será restaurado, 18. D edarou-se a inviolabilidade da aliança davídica, 20-22, assim como a fidelidade de Deus para cum prir todas as alianças e prom essas feitas a Israel, 23-26 (cf. Rm 9.4-5; 11-29).
34. Alerta de Jeremias a Zedequias 1-7. O alerta. Im inente já o cerco da ci d ade (jan. 588 a.C .), Jerem ias alertou Ze-
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dequias da derrota. Laquis, a cidade forti ficada 37 quilóm etros a sudoeste de Je ru salém , e A zeca, 18 q u iló m etro s ao n orte de Laquis, são bem conhecidas pelas C ar tas de Laquis.
Revelações arqueológicas Os cacos de ce râm ica com in scriçõ es descobertos em Laquis (Tel ed-Duweir), em 1935, pertencem a esse m esm o período. A carta n.° IV diz: "A guardam os os sinais de fogo de L aqu is [...] pois já não vem os os sinais de A zeca". O s nom es, lugares e cir cu n stân cias d essas 21 ta b u in h a s e scrita s em heb. lem bram b astan te os tem p o s de Jeremias, pouco antes da queda de Laquis, Azeca e Jerusalém , 589-586 a.C. 8-22. A traição de Zedequias. Zedequias anunciou a lib ertação de to d o s os e scra vos h eb re u s em cu m p rim e n to à le g is la ção sabática de Êx 21.2. Sua intenção, p o rém , era " c o m p r a r " o fa v o r de D eu s e conseguir m ais guerreiros. Q uand o o cer co foi finalm ente levantado, a guinada de
Zedequias revelou suas verdadeiras inten ções. Je re m ia s co n d e n o u v e e m e n te m e n te essa vil conduta, 12-22, e declarou casti go s e m e lh a n te ao d e stin o da v ítim a na cerim ónia de aliança, 18 (cf. Gn 15.9-17).
35. A lealdade dos recabitas 1-11. A ordem a respeito deles. Ordem re lig io sa q ue p reg av a a sim p licid a d e e a pureza da vida dos beduínos, os recabitas tiveram com o fundador Jonadabe, filho de Recabe, durante o reinado de Jeú (841-814 a.C .) E les aju d aram a e rra d ica r o b a a lismo de Israel. E vitavam a vida da cidad e com suas in flu ên cias corru p toras, e v iv i am de m o d o s im p le s em te n d a s , co m o p asto res, sem b eb er vinh o (cf. os sim ila res nazireus, N m 6.1-21). 12-19. A lição para os judeus. Os recabi ta s se re cu sa v a m a b e b e r v in h o e era m obedientes ao seu ancestral Recabe, 6, en quanto os jud eus eram totalm ente desobe d ien tes ao m an d am en to do Senhor. E sse exem plo vívido proporcionou o contraste e a oportunidade do anúncio da condenação dos ju d eu s e das b ênçãos aos recabitas.
Alto-relevo retrata a luta dos assírios para conquistar uma cidade. Como Jeremias havia profetizado, Jerusalém foi conquistada e destruída.
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36. Oposição de Jeoaquim à Palavra de Deus 1-20. A leitu ra do rolo. A escritu ra do rolo foi ordenad a no quarto ano de Je o a quim (604 a.C .), 1-4. O propósito era m os trar ao p o vo o m al que viria sob re eles, para que se afastassem do pecad o. A le i tura do rolo, 5-10, foi im posta a B aruque por Je re m ia s. A o ca siã o foi o je ju m d e term in ad o pelo rei em fu n ção do avanço de N a b u c o d o n o s o r c o n tr a A s q u e lo m (nov. 604 a.C.). 21-26. Jeoaquim corta e queim a o rolo. O m esm o esp írito satânico m ove os críti cos incrédu los e os op ositores da Palavra de D eus em todas as épocas. 27-32. Indestrutibilidade da Palavra de D eus. A P alav ra segue, m as p ronu ncia a co n d en ação aos que a rejeitam e tentam d estru í-la.
37—38. As experiências de Jeremias durante o cerco 3 7.1-10. A resp osta de Jerem ias ao p e dido de Z ed eq u ias. Na prim av era de 587 a.C ., um e x é rcito de F araó -H o fra (A p rié s) s u r g iu p a ra liv r a r Je r u s a lé m , e os cald eu s se retiraram , 5. Jerem ia s resp o n deu à d e le g a çã o de Z ed e q u ia s, a le rta n do q u e os ca ld e u s lo g o v o lta ria m p ara in cen d iar a cidad e, 6-10. 3 7.11—38.13. Prisão de Jerem ias. Ele foi acusado de deserção quando tentou ir até A natote "p ara receber o quinhão de uma herança que tinha no meio do povo" (cf. Jr 32.8), e foi preso no calabouço, 37.1-13, acu sado de traição e de afrouxar ["en fra q u e c e r", KJV] "a s m ãos dos hom ens de guer ra que restam n esta cidade e as m ãos de todo o p o v o", 4. Essa expressão idiom áti ca ocorre na Carta VI de Laquis: "E is que as p a la v ra s dos p rín cip e s n ão são boas, m as e n fra q u e ce m n o ssa s m ã o s" (v. R e velações arq u eológ icas, cap. 34). 38.14-28. Apelo final de Jerem ias a Zede quias. O sábio conselho do profeta de render-se a N abucodonosor, dado havia tan to tem po, foi re je ita d o m ais u m a v ez, e agora d efin itiv am en te.
39. A queda de Jerusalém I-1 0 . Incêndio da cidade e destino de Zedequias. (V. tb. 2Rs 25; Jr 52; 2Cr 36.) Foi con firm ad a a Palavra de D eus por inter m édio de Jerem ias. A cidade foi destruída, os filhos de Zedequias foram mortos, seus olhos vazados, e ele deportado cativo para Babilónia. R abe-Saris e Rabe-M ague eram títulos de oficiais babilónios (cf. 3, 13). I I -1 8 .0 tratamento dispensado pelo rei a Jerem ias. Ele pôde escolh er entre ir para B abilónia ou ficar na Palestina. Preferiu a segunda alternativa, 11-14, e associou-se a Gedalias, o governador. Seu oráculo a Ebede-M eleque, 15-18, e sua libertação (conti n u ação de 38 .1 3 ), são ap resen tad os aqui para m ostrar a verdade de que os fiéis são recom pensados quando sobrevêm o juízo.
40—41. Assassinato de Gedalias 40.1-8. Jeremias prefere associar-se a Ge dalias. O governador nom eado pelos babi lónios tinha quartel-general em M ispa (Tell en-Nasbeh ou Nebi Samwil), onze quilóme tros ao norte de Jeru salém . Em 1935, um selo com a inscrição "P ertencen te a G eda lias, que gov ern a a c a sa " foi en contrad o em m eio às cinzas deixadas pelos incêndi os de N abucodonosor em Laquis. 40.9-16. Trama contra Gedalias. Seu sábio governo prosperava, 9-12, mas Ismael, mem bro da família real, foi enviado por Baalis de Amom para assassinar Gedalias, 13-16. 41.1-18. O crim e é perpetrado. Ismael, acompanhado de dez homens, matou Geda lias, 1-3, e um grupo penitente a caminho de Jerusalém foi tam bém chacinado em mas sa, 4-10. Ismael fugiu para Amom, 11-18.
42—43. A fuga dos remanescentes para o Egito 42.1-22. Jeremias, o intercessor. Os rema nescentes, em absoluta perplexidade, roga ram a Jeremias que orasse por eles, 1-6, mas quando dez dias depois respondeu o Senhor que eles perm an ecessem na terra, acab a ram rejeitando a palavra de Deus e decidi ram descer ao Egito assim mesmo, 7-22.
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43.1-7. Rebeldia contra Jerem ias e via gem ao E gito. O povo arrasto u Jerem ia s ao Egito e se assentou em Tafnes, 7, a for taleza fronteiriça egípcia, tam bém cham a da Baal-Zefom (gr. D aphne, m oderna Tell D efneh). 43.8-13. Jerem ias prediz que N abucodo nosor conquistaria o Egito. Isso se realizou em 568 a.C., quando N abucodonosor, "m eu servo" (25.9; 27.6; cf. 43.10), invadiu o Egito combatendo Am asis (Ahm osis II) (cf. 46.1320). O v. 13 menciona H eliópolis (cham ada Om em Gn 41.45), "cid ad e do sol", o centro do culto do deus-sol, Rá. O s fam osos obe liscos en contrad os ali eram m onu m entos egípcios característicos, colunas de g rani to lig e ira m en te a fila d a s, e n cim a d a s por uma p equ ena p irâm id e que sim b o lizav a uma seta ou um raio de luz solar.
44. Súplica final de Jeremias no Egito 1-19. Sua argum entação com os judeus no Egito. A mensagem de Jerem ias era para
"todos os jud eus", 1, de Mênfis (a capital do n orte do Egito, 22 q u iló m etros ao sul do C airo), de M igdol (Tell el-H er, a leste de Tafnes, ver 43.7), e do "Egito Superior", i.e., o sul do Egito, onde sem dúvida já havia um a colónia de judeus em Elefantina (hoje bem conhecida em função de papiros em aram aico do século 5o a.C.). D epois da sú p lica do profeta, 1-10, veio a p ro fecia do castigo, 11-14. A diáspora de Patros repre sentou insolente desafio a Jerem ias, 15-16, e o povo declarou resolutam ente que con tinuaria adorando a "R ainha dos C éu s", 1719 (a Istar assíria, A starte cananéia, A fro dite gr., V ênus rom .), um culto corrupto. E n tre as o feren d as h a v ia b o lo s que ap a rentem ente tinham a form a da deusa. 20-30. R esposta e sinal do Senhor. Pro n u n cio u -se a con d en ação d esses in so le n tes idólatras, 20-28. O sinal dado para con firm a r a p a la v ra de D eu s p o r m e io de Jerem ias foi Faraó-H ofra (A priés, 588-569 a .C .; cf. 3 7 .5 ), q u e se ria e n tre g u e "n a s m ãos de seu s in im ig o s" e m orto. E le foi assassinad o por A hm osis II (A m asis, 569-
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526 a.C.), ex-alto funcionário da corte, fun dador da vigésim a sétim a dinastia (Líbia).
45. É lembrada a mensagem de Jeremias a Baruque 1-3. Reclam ação inicial de Baraqtie. Isso foi em 604 a.C., quando Jerem ias transm i tiu sua m ensagem , no quarto ano de Jeoa quim, 1. Baruque, secretário e com panhei ro de Jerem ias, foi avisado no início do seu m inistério das d ificuldades que teria pela frente (cf. 1.10; 36.1-4). 4-5. A prom essa consoladora do Senhor. Agora que Baruque concluía seu m in isté rio ao lado de Jerem ias e suas m em órias, lem brou-se da prom essa que D eus lhe fi zera de p reservação física em m eio a to das as suas provações (cf. 39.15-18).
46. Profecia contra o Egito Essa seção de profecias contra nações estrangeiras, caps. 46-51, se com para a Is 13-23 e Ez 25-32. 1-12. Previsão com respeito a Faraó-Neco. Neco II do Egito, em junho de 604 a.C., foi derrotado em Carquem is na grande curva do Eufrates, 96 quilómetros a oeste de Harã (cf. Gn 11.31). O vitorioso N abucodonosor, príncipe herdeiro caldeu, perseguiu seus ini m igos derrotados até o Egito, 2-6. O Egito, representado pelo rio Nilo, 7-8, estava pron to para arrasar com o enchente o país do norte. Foi hum ilhado. Pute é a Som ália, e Lídia fica na Ásia Menor. 13-26. N abucodonosor invade o Egito. Em 607 a.C., N abucodonosor disputou uma b atalh a d ecisiv a na fro n teira eg íp cia, se gundo a Crónica Babilónia, mas em 568 a.C. essa p ro fecia se cu m p riu (v. co m en tá rio s o b re 4 3 .8 -1 3 ). T e b as, 25, e ra a g ra n d e m etróp ole do E gito Superior, e A m om , a grande divindade solar adorada ali. 27-28. Promessa de futura bênção a Isra el. O povo de Deus teria consolo no futuro.
47. Profecia contra os filisteus 1-4. O avanço de Nabucodonosor. Essa previsão está provavelm ente ligada à des
tru ição de A sq u elom , 5,7. A paren tem en te, T iro e Sidom , 4, se haviam aliado aos filisteus (cf. 27.3). 5-7. Consequências da invasão de Nabu codonosor. Os filisteus (pelistis) eram indoeuropeus de Caftor (Creta) (cf. Amós 9.7), sen d o que a principal horda se assentou no sudoeste da Palestina, "a terra dos pelestes", no século 12 a.C.
48. Profecia contra Moabe 1-19. A derrota de Moabe. Descreve-se o avanço do inimigo, provavelmente Nabuco donosor. Q uem os era a divindade nacional, 7. Embora protegida por causa da sua dis tância das principais rotas de com ércio e invasões, M oabe não escaparia, 11-17. 20-47. Razão da derrota. Moabe colhe ria aquilo que plantou, 20-28, e seria casti gado pelo seu orgulho, 29-42. D ep ois da te rrív el d ev a staçã o , M oabe seria re sta u rado, 43-47.
49. Profecia contra várias nações 1-6. Contra Am om. Amom era a nação "irm ã " de M oabe, ao norte (Gn 19.30-38). Milcom (M oloque), 1, era o deus nacional (lR s 11.5, 33). Rabá, atual Amã no reino da Jord ânia, era a capital, 2-3. 7-22. Contra Edom. Cf. Ob 1-9 sobre ou tra profecia de castigo a Edom pelas cruel dades infligidas e pela invasão da fronteira de Ju d á d ev id o à exp a n sã o tribal árabe. Temã, 7, é a moderna Tawilan, cerca de cin co quilóm etros a leste de Sela (Petra), a ci dade escavada na rocha. Bozra, 13, é uma cidade fortificada do norte de Edom. 23-27. Contra Dam asco. Arpade, no nor te da Síria, cerca de 37 quilóm etros ao nor te de Alepo, é com um ente mencionada nas Escrituras ao lado de H am ate, fam osa cid ad e -e sta d o às m arg en s do rio O rontes, ao n orte de D am asco. O p o d erio d essas cidades-estado foi derrubado pela Assíria, e reduzido ainda m ais por Babilónia. 28-33. C ontra Q uedar e Hazor. Hazor (hoje Tell el Q edah, oito quilóm etros a su doeste do lago H ula, dom inando a antiga ro ta c o m e rc ia l via M a ris) é a in d a local
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50. Profecia contra Babilónia
Fragmento de tábua encontrada na Babilónia. As inscrições relatam a conquista de Níneve pela Babilónia.
d e s c o n h e c id o no d e s e r to d a A rá b ia , a leste da P a le s tin a , q u e N a b u c o d o n o s o r saqueou em 598 a.C . Q u e d a r (G n 25.13) era um a tribo árabe de b ed u ín o s do d e serto, d esce n d en tes de Ism a e l. N a b u c o donosor lid erou um a cam p an ha b em -su cedida contra esse povo do d eserto (9.26; 25.23-24). 34-39. C o n tra E lão . E lã o , a le s te do país m esopotâm ico de B ab iló n ia, com sua ca p ital em Su sã, foi d e v a s ta d o p o r N a bucod onosor no inverno de 596 a.C. Z e dequias subiu ao trono em m arço de 597 a .C ., com a d e p o s iç ã o d e Jo a q u im . O "arco de E lão " se refere à h ab ilid ad e dos arq u eiros e la m ita s, 35.
1-3. D errota para a Pérsia. D ois tem as se entrelaçam : a queda da Babilónia h istó rica d aq u ele tem p o e a queda da fu tu ra Babilónia (Ap 17-18). Os deuses de B abiló nia ficaram p erp lex o s d ian te da p ro fecia da queda de Babilónia — Bei (Baal) e M erodaque, as duas divindades principais. O d esastre veio do "N o rte ", um a referên cia ao p ersa C iro , que con q u istou B a b iló n ia em outubro de 539 a.C. (cf. Dn 7.4-5). 4-7. A volta dos exilados. Essa previsão incluía, m as extrapolava, a volta de B abi lónia em 536 a.C., abarcan d o a d efin itiva reu n ião que p reced erá o reino. 8-16. R etom ad a do tem a da q ueda de Babilónia. A vasta e antiga cidade de B abi lónia, às m argens de um braço do E u fra tes, perto da m oderna cidad e de H illa, a sud oeste de B agdá, foi escav ad a por ale m ã e s lid e r a d o s p o r R o b e r t K o ld e w e y (1899-1914) e m ais tarde por H einrich Lenzen. S eu s esp lê n d id o s p a lá cio s e ja rd in s suspensos, a torre-tem plo, o portal de Is tar, os m uros e fortificações — tudo é hoje b em co n h ecid o . A a rq u e o lo g ia co n firm a plenam ente o esplendor da cidade. (V. co m en tários sobre 2R s 25.) 17-20. A restauração de Israel. Babilónia, com o a A ssíria em ép o ca a n te rio r, seria d estruída. Israel será regen erad o e reu n i do no últim o dia. 2 1 -3 2 . Ju íz o d iv in o so b re B ab iló n ia . M e ra th a im ("d u p la m e n te r e b e ld e "), 21, é u m jo g o de p a la v ra s com m at m a rra ti ("te rra de la g o a s"), ep íteto do sul de B a b iló n ia . " P e c o d e " (" c a s t ig o " ), 21, é tro cad ilho com P uqudu, tribo do leste de B a b ilón ia (Ez 23.23). 33-34. Repete-se a libertação de Israel. Seu "R e d e n to r" seria forte para salvá-lo. 35-46. R epete-se a derrocada de B abiló nia. Nerfhuma nação pode desafiar a D eus im p u n em en te.
51. Continuação da profecia contra Babilónia 1-5. Juízo divino sobre Babilónia. B abi lón ia seria m o íd a e d isp ersa com o trig o,
um símile comum de debulha que indica juízo (Is 21.10). Era culpada de pecado con tra o "Santo de Israel", 5. 6-10. Discurso ao remanescente. O povo de Deus recebeu ordens de fugir de Babi lónia. (Cf. a queda da Babilónia eclesiásti ca, Ap 17, e a destruição da Babilónia co mercial, Ap 18.) Babilónia era um "copo de ouro", 7 (Ap 17.4). Todo o capítulo é um prenúncio da destruição do sistema mun dial satânico no final dos tempos, que pre cederá o advento do reino do Messias. 11-19. Ataque dos medos. A Média fica va a n o rd e ste de B a b iló n ia . "M u ita s águas", 13, se refere ao Eufrates e à rede de can ais no sul de B ab iló n ia (cf. Ap 17.1,15). A idolatria é satirizada, 16-19, di ante do Deus verdadeiro de Israel, 15-16. 20-33. A completa ruína de Babilónia. Como "martelo", 20-23, Babilónia foi o ins trumento de Deus na punição do seu povo desobediente. Mas Babilónia cairia como a Assíria, 24-26. Assim como Babilónia con quistara as nações, 27-33, as nações iriam atacá-la. Ararate, 27, é a Arménia, antiga Urartu, ao norte do lago Van. Mini abarca va os mannaeans, ao sul do lago Urmia. Asquenaz incluía os citas.
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34-40. A libertação de Israel é novamen te repassada. 41-64. Continuação da queda de Babiló nia. Sheshach, 41-43, era Babilónia, que seria inundada pelos invasores.
52. Queda e cativeiro de Judá; libertação de Joaquim 1-30. A queda da cidade. Esse capítulo fi nal é um apêndice histórico, em grande par te repetição de 2Rs 24.18—25.30 (cf. também Jr 39.1-10; 40.7—43.7). Descrevem-se o rei nado de Zedequias, 1-3, e sua rebeldia, 4-11. O cerco durou mais de dezoito meses. Ribla, 9, ficava no vale central a nordeste de Biblos. Jerusalém foi incendiada, 12-16, em agosto de 586 a.C. Nebuzaradã era general de Nabucodonosor. O saque tomado ao tem plo é descrito, 17-23, e também a morte de alguns sacerdotes do templo em Ribla, 2427. Enumeram-se três deportações, 28-30, aparentemente ligadas ao exílio de Joaquim em 597 a.C. (2Rs 24.12-16); à supressão da revolta de Zedequias em 586 a.C.; e ao cas tigo do assassinato de Gedalias (40.7—41.18). 31-34. A libertação de Joaquim. Ver 2Rs 25.27-30.
Lamentações *
Lamento pela desolação de Jerusalém Lugar no cânon. Na Bíblia seguindo a tradição da Septuaginta, Lam entações de Jeremias vem depois de Jeremias. Na Bíblia hebraica, encontra-se na terceira divisão, Ketubim ou Hagiógrafos, entre os rolos (.Megillôt) — Cântico dos Cânticos, Rute, Lam entações de Jeremias, Eclesiastes e Ester. Com o os outros, era
com as seguintes palavras: " E aconteceu que, depois que Israel foi levado cativo e
Mensagem. "O Senhor se aflige quando seu povo
Jerusalém , arrasada, Jerem ias ficou chorando e se lastimando com esta lam entação, e disse...". A Vulgata segue essa tradição bem antiga.
quando seu povo sofre" — esse é o tema do livro. É por causa da sua amorosa bondade que os seus não são "consum idos" (3.22). "... suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada m anhã. Grande é a tua fidelidade"
Forma literária. Dos cinco poemas, os quatro primeiros
lido em ocasiões especiais, nesse caso durante o jejum de 9 de ab (ago.), para lembrar a destruição de Jerusalém e o incêndio do templo em 586 a.C.
são acrósticos alfabéticos. Os poemas (caps.) 1, 2 e 4 têm 22 versículos cada um, todos com eçando com uma das 22 letras do alfabeto heb. O poema (cap.) 3 tem três versículos para cada
Autor. É praticam ente certo
letra, totalizando 66. O poema (cap.) 5 tem 22 versículos, mas não segue a ordem alfabética. Prevalece a métrica da nênia ( qinah), 3+2, com um vívjdo ritmo
que o autor tenha sido Jerem ias. A Septuaginta com eça declarando esse fato
trino desv.inecanrio' ru iu ritmCj bíriário.. ■'\ l ' .
B
morre (Êx 3.7), ele sofre
(3.22-23). A tradição retrata o padecente profeta se lam entando numa gruta além do muro setentrional de Jerusalém, à sombra do outeiro cham ado Gólgota, onde o padecente Salvador morreu. Seja com o for, o Espírito de Cristo no profeta fez dele, num sentido real, um prenúncio do Senhor (Jr 13.17), pois o Mestre tam bém se lamentou sobre a cidade desencaminh&da .(Mt 23.36 38) , I
. U fV
Esboco 1 A Jerusalém desolada clama por piedade 2 O castigo do Senhor,e suas .consequências 3 O lamento sentido;de um povo castigado 4 Os horrores do cerco e queda da cidade
Lamentações I 287 1
1. A Jerusalém desolada clama por piedade 1-11. D escreve-se a desolação da cidade. A voz da cidade, personificada com o uma viúva, fala só duas vezes nessa seção, 9b, 116. Todos os outros versículos descrevem a tristeza da cidade arruinada. Q uando ela fala, en toa um a oração. 12-22. A cidade personificada lastima sua destruição. Toda essa passagem , exceto 17, é um lam ento em prim eira pessoa. Jeru sa lém d eclara sua d esgraça, 11-13; professa sua p en itên cia e o ju sto castig o p ela sua iniquidade, 14-16; confirma a justiça de Deus ao castigá-la, 18-20; e, num a oração, clama por vingança contra seus inim igos, 21-22.
2. 0 castigo do Senhor e suas consequências 1-8. O Senhor castiga a cidade. O in for túnio de Jeru salém não foi m á sorte nem m ero acid ente. "O S e n h o r" ap arece m ais de sete vezes n essa seção com o au tor da d e stru içã o . 9-17. As consequências do castigo do Se nhor. A cid ad e está d esolad a e as trevas esp iritu a is en cob rem seu s p ro fetas e seu povo, 9-10. O profeta Jerem ias chora e la m enta essas calam idades, 11-14. O s inim i gos de Jeru salém escarnecem dela, 15-16. M as a p alav ra e o alerta de D eus foram cum pridos, 17. 18-19. A exortação do profeta ao verda deiro arrependim ento. 20-22. A oração do profeta, identificando-se ele com o povo castigado.
3. 0 lamento sentido de um povo castigado 1-24. Salmo de fé pessoal em Deus. Esse c a p ítu lo é um a c ró stic o em trê s p a rte s , com três versículos para cada uma das 22 letras do alfabeto h ebraico. O profeta Je rem ias se identifica com o povo castigado
e, angustiado e aflito, abre seu coração ao S e n h o r na fé. S eu s lam en to s lem bram o episód io em que Jó verte seu esp írito di ante do Senhor: v. 1 (Jó 9.34); 2 (Jó 19.8); 3 (Jó 7.18); 4 (Jó 7.5); 5 (Jó 19.6, 12); 6 (Jó 23.16-17); 7, 9 (Jó 19.8); 8 (Jó 30.20); 10-11 (Jó 16.9); 12-13 (Jó 16.12-13); 14 (Jó 30.9); 15 (Jó 9.18); 16-18 (Jó 19.10; 30.19). 25-51. Jerem ias demanda arrependimen to e subm issão a Deus. O profeta sabiam en te a c o n s e lh a a s u b m issã o e a c o n fissã o penitenciai diante do justo ju ízo de Deus. 52-66. O ração por vingança contra o ini m ig o . Je re m ia s lem b ra a b ên çã o fiel do Senhor em tem pos passados, e roga o cas tigo dos d estru id o res de Jerusalém .
4. Os horrores do cerco e a queda da cidade. 1-20. D escreve-se a catástrofe de Jerusa lém . O ouro e as pedras do tem po foram profanados, 1. Os filhos de Sião (sionitas), que valem mais do que o ouro, eram ago ra avaliados com o barro com um , 2. Terrí vel fom e assolou a cid ad e, 3-9, a co m p a nhada de tenebroso canibalism o, 10. A ira d ivina se d erram ou, 11-12, em sangrenta carn ificin a e profanação, 13-15; cativeiro, 16; m orte, 17-19; e violên cia contra o rei (Z edequias; 2Rs 25.4-6). 2 1 -2 2 . P re v is ã o de c a tá s tro fe so b re Edom . Edom tam bém seria castigado (cf. Ob 8 - 1 4 ) .
5. Lamento e pedido de restauração 1-18. Lam ento pela penúria de Judá sob o dom ínio de Babilónia. O povo sofria na angú stia e na necessidad e, 1-14. A d inas tia davídica já não reinava, o tem plo esta va destruído, 15-18. 19-22. Intercessão por misericórdia divi na. Esses versículos lembram SI 74.12; 79.58; 80.1-7, e captam a súplica dos rem anes centes fiéis pelo estabelecim ento do reino.
Ezequiel 0 papel da disciplina de Deus O profeta. Ezequiel ( Yehezqe'1, "D eus
mostrar a natureza preventiva e corretiva dos
fortalece") era filho de um sacerdote zadoqueu. Foi
castigos de Deus, para que seu povo soubesse que "eu
deportado para Babilónia em 597 a.C. com o rei Joaquim. A esposa do profeta morreu no primeiro dia do cerco a Jerusalém, em 588 a.C. (24.1, 15-18). O profeta morava em Tel-Abibe, cidade
sou o S e n h o r " (expressão que ocorre mais de trinta vezes no livro, de 6.7 a 39.28). Para isso, Ezequiel dem onstrava que o povo do Senhor é que era culpado, e não o Senhor (18.25). Deus castigaria as nações que se alegravam
às margens do Quebar, canal conhecido de fontes babilónias que fluía da ramificação do Eufrates acima de Babilónia rumo a Nipur, voltando ao Eufrates perto de Ereque.
diante da queda de Israel (caps. 25— 32), e no final restauraria Israel à bênção do reino.
Ezeq u ie l e a revelação. As visões de Ezequiel
Data. Ezequiel iniciou seu ministério profético no quinto ano do exilio de Joaquim (1.1-2), i.e., 593 a.C., continuando até pelo menos abril de 571 a.C. (29.17), data do seu último discurso registrado.
P ro p ó sito . Enquanto Jerem ias profetizava a destruição de Jerusalém na Palestina, Ezequiel, seu contem porâneo mais jovem, anunciava em Babilónia o mesmò destino da cidade apóstata (caps. 1— 24). D iferentem ente de Jerem ias, porém, Ezequiel, que ministrava primordialmente aos exilados, tinha um forte tom de consolo nas suas mensagens. Ele mostrava aos seus companheiros sofredores que o Senhor teve motivos para mandar seu povo para o cativeiro (cf. 18.25, 29; 33.17, 20). Seu ministério concentrou-se em
guardam notável sem elhança com o livro do Apocalipse (cf. Ez 1 com A p 4— 5; Ez 3.3 com Ap 10.9-10; Ez 9 com Ap 7; Ez 10 com Ap 8.1-5). O profeta Daniel já era famoso em Babilónia quando Ezequiel profetizou (Ez 14.14, 20; 28.3).
Esboço 1— 3 O chamado do profeta 4— 24 Profecias contra Jerusalém 25— 32 Profecias contras as nações 33—48 Profecias sobre a restauração final de Israel
Escultura reproduz as letras da palavra "am or" em hebraico. O profeta Ezequiel mostrou que o Senhor no final restauraria Israel à bênção do reino.
Ezequiel I 289 1
1. Ezequiel e sua visão da glória de Deus
2—3. A missão quíntupla de Ezequiel
1-3. Introdução. O "trigésim o a n o", 1, p ro v av elm en te se re fe re aos trin ta anos do próprio Ezequiel. Sobre Tel-Abibe (ba bilónio til abubi, "m onte da encherfte", as sen tam ento ju d eu perto de N ipur no ca n a l Q u e b a r ), v e r 3 .1 5 e in tro d u ç ã o . O quinto ano do exílio de Joaquim seria 593 a.C., quinto dia, quarto mês, 31 de julho. "E steve sobre ele a m ão do S e n h o r " indi ca o c o n ta to de D e u s com E z e q u ie l, 3 (3.14,22; 8.1; 33.22; 37.1; 40.1). 4-28. A visão da glória de D eus. Essa re v e la ç ã o da g ló ria de D eu s, S h ek in a h , p re p a ro u E z e q u ie l p a ra seu g ra n d io s o m in istério , com o n o caso de M o isés (Êx 3.1-10), Isaías (Is 6.1-10), D aniel (Dn 10.514) e Jo ã o (A p 1 .1 2 -1 9 ). M a n ife s ta ç õ e s te o fâ n ica s no ven to (lR s 19.11), em n u vens (Êx 19.16) e no fogo (lR s 19.11-12) e ra m c o m u n s . A v is ã o é m e n c io n a d a rep etid am ente no livro (10.1-22; 11.22-25; 4 3 .1 -7). V eio "d o N o rte ", 4, não p o rq u e E z eq u ie l tom ou de em p ré stim o u m a fi gura literária da m itologia can anéia (ugarítica), segu nd o a qual os d eu ses viviam no n o rte , m as p o rq u e e sta v a p re s te s a d e s a b a r s o b re Ju d á u m a te m p e s tu o s a nuvem de ira d ivina vinda do norte (B a b iló n ia ). E m b ora B a b iló n ia fic a sse bem a le s te de Je r u s a lé m , o d e s e rto in t e r m é d io fo rç a v a os v ia ja n te s a a c o m p a n h ar os rios do C rescen te F értil. A ssim , o s e x é r c ito s in v a s o r e s d o le s te a ta c a vam do n o rte . O S a n to de Is ra e l re v e lo u -se em sua g ló ria p ro n to p a ra fa z e r d escer o ju íz o sob re seu povo ap ó stata. O s "s e re s v iv e n te s ", 5, eram q u e ru b in s (Ap 4.7), g u ard iões da santidad e do tro no de D eus (Êx 25.10-22; lR s 6.23-28; cf. G n 3 .2 2 -2 4 ). E ram criatu ra s alad as, d is tin ta s d os s e ra fin s (Is 6 .2 ). A m b o s são seres reais do rein o celestial, e n ão m e ras cria çõ e s a rtís tic a s . A s q u a tro ro d as sim b o liz a m a m o b ilid a d e em to d a s as d ir e ç õ e s . O S e n h o r e n tro n iz a d o a cim a das su as c ria tu ra s, 2 6 -2 8 , lem b ra o S e n h o r e n tro n iz a d o acim a dos q u e ru b in s na arca (Êx 37.9; IS m 4.4).
2.1-20. Sua com issão como profeta. Fos se qual fosse a recep tiv id ad e ao m inisté rio de Ezequiel, a "casa rebelde", designa ção do Judá apóstata no exílio (Jr 2.29; 3.13), "h ã o de saber q ue estev e no m eio deles um profeta", 2.5. A expressão não m essiâ nica "Filh o do hom em " (2.1) aparece mais de 90 vezes em Ezequiel. Isso indica não só a finita lim itação e necessidade do h o m em diante da visão da infinita glória de D eu s, m as tam bém sinaliza que, em bora cativo, Israel era um a prova de que a na ção eleita esq u ecera seu distinto m in isté rio às nações (Ez 5.5-8; Rm 9.4-5), m as o Sen h or não a esqu ecera. Isso lhe lem bra ria que ela não passa de um a pequena fração de toda a h u m a n id a d e , fra ç ã o pela qual ele é solícito. 3.1-9. C om o d en u n ciad o r d estem ido. Ezequiel d everia se alim entar da Palavra de D eus e d igeri-la, ato sim bolizado pela in g estão de um rolo de papiro contend o os juízos divinos, 1-3 (cf. Zc 5.1-4; Ap 10.811). O fato de o rolo trazer texto nos dois lados, prática incom um , talvez indique a p re o c u p a ç ã o de D eu s de que E z e q u ie l nada acrescente a ele. A Palavra de Deus era su fic ie n te . A P a la v ra era "d o c e " (SI 19.10) quando acatada, mas am arga quan do, m adura para o juízo, era transm itida a p ecad ores im p en iten tes, 4-9. 3.10-15. C om o p orta-voz de Deus aos exilados. Sobre Tel-Abibe e Quebar, ver 1.1. 3.16-21. C om o atalaia. O atalaia (heb. sopheh) é "a q u e le que fica em guarda ou v ig ia n d o ", 17 (Is 21.6; M q 7.4), não só aten to ao in im ig o , m as na e x p e c ta tiv a e e s p e ra n ç o so do c u m p rim e n to da p ro m e s sa de D eu s. A d o u trin a de E zeq u iel da re s p o n s a b ilid a d e p e sso a l (cf. 18.1 -3 2 ) é aqui ap licad a a esse m in istério p rofético (33.7-16). 3.22-27. Um arauto fiel. O "v a le " era a p lana região de alu viões da bacia do Tigre-E ufrates (Gn 11.2; Ez 37.1). O silêncio re tra íd o do p ro feta era um sin al de que ele precisava calar-se quando Deus o que ria calado.
C e n a do m o v im e n ta d o co m é rcio na Porta de Dam asco, em Jeru salém . E ze q u ie l p ro fe tizo u contra Israel e as nações vizin has.
Ezequiel [ 291 ]
4—5. Profecias simbólicas do cerco de Jerusalém 4.1-3. O s in a l do tijo lo . Jeru salém foi d elin ead a nu m tijo lo de b arro m acio, se cado ao sol, tão com um no sul de B abiló nia. A "a ssa d eira de fe rro " era evid en te m en te um a frig id e ira , m o stra n d o que o Sen h or com b ateria a cidad e, e n ão a d e fe n d eria (cf. Jr 2 1 .5 ). O s ca tiv o s e sp e ra vam um a volta rápid a a Jerusalém , m as o p ro fe ta p re v ê o te rrív e l cerco e a queda de Je ru sa lé m . 4.4-8. O sinal da posição do profeta. Seu desconforto durante 390 dias sobre o lado esquerdo e m ais 40 dias sobre o lado direi to (total de 430 dias, sim bolizando um ano p a ra cad a d ia) le m b ra v a a s e rv id ã o no Egito (Êx 12.40—41). Cativeiro sem elhante en goliria tanto Israel quanto Judá. O cati veiro do reino do norte seria m ais longo. 4.9-17. O sinal da fome. Fome e caniba lism o assolariam a Jerusalém sitiada. M is tura de grãos, 9, su gere escassez. Esterco seco de vaca ainda hoje é com bustível co mum no Oriente, mas o excrem ento hum a no era im puro (Dt 23.12-14). A falta de água, 16, aum entaria o terror. En-Rogel, no sul, e G iom , no vale de C edrom , não fo rn eceri am água e as cistern as ficariam secas. 5.1-17. O sinal da cabeça e da barba ras padas. O corte dos cabelos e da barba com um a esp ada, 1, representava a vergon ho sa d erro ta m ilita r de Jeru sa lém . A razão d essa d e s g ra ç a fo ra o a b ism a l fra c a ss o de Israel na sua p rivilegiad a posição "n o m eio das n ações", com o luz e testem unha do D eus único e verdadeiro, 5-6. A s cala m id a d e s d e s c rita s aq u i lhe s o b re v iria m pela sua falta de fé, 7-17.
6. 0 juízo sobre os montes de Israel 1-7. Condenação da idolatria dos altos. F ig u rad am ente, "o s m ontes de Is ra e l", 2, representavam os altos, usados com o san tuários pagãos ao ar livre, enquanto a es pada, 3, representava sua destruição, ju n-ta m en te com os oficiantes do culto e seus devotos. Os ídolos, 5, eram parte do equi-
Idolo alado, cultuado pelos assírios, que criam em seu poder de proteção. É provável que os seres viventes alados da visão de Ezequiel fossem criaturas semelhantes a essa.
pam ento do culto, sendo im agens de Baal e deusas da fertilid ade com o A nat e Ase rá, divindades corruptas hoje tão bem co n h ecid as pela m itolog ia ugarítica. Cf. Lv 26.27-33, que é aqui repetido por Ezequiel. 8-14. O rem anescente sobrevivente. O re sto (Rm 11.5) so b re v iv e ria e sab eria o p rop ósito d esses terríveis castigos, 10, 14 (cf. Is 6.10-13).
7. 0 fim iminente 1-9. A condenação da cidade. O dia do ju ízo de Jerusalém prenunciava o vindou ro e grand ioso D ia do Senhor, quando se d erram ará a ira a n tes da restau ração de Israel (Sl 2.5; Ap 6-19; cf. J 1 1.15; Ml 4.1; ver Am 5.18-20; Is 2.11-17). 10-27. O horror na cidade. Retratam-se a confusão e a brutalidade na cidade caída.
[ 292 ) Ezequiel
8—9. A visão do pecado de Jerusalém 8.1-18. Visão da idolatria. A data, 1, era 17 de setem bro de 592 a.C. Sobre a "m ão do S e n h o r D eu s", ver 1.1-3. A nova visão de Deus, 2-4, form ava um pano de fundo apropriado para o ju ízo dos falsos deuses. A "entrad a da porta do pátio de d en tro, que olha para o n o r te ", 3, era o terceiro portão que, do com plexo do palácio, saía rum o ao norte para a área do tem plo. A "im agem dos ciúm es, que provoca o ciú me de D eus" era talvez a de Astarte. Apa rentem ente, há referên cia à a d oração do egípcio Osíris, que era tido com o propicia dor de vida feliz após a m orte, 7-13. Tam uz, 14-15, era o d eus su m ério-acad iano da vegetação, cuja descida ao m undo sub terrâneo assin alav a o d esfa le cim en to s a zonal da vida. Sugere-se o culto de Tamuz (Adónis) ou Rá, o deus-sol egípcio, 16-18. 9.1-11. Visão do castigo da idolatria. Um clamor divino anunciava a destruição, 1-2. Sobre o "n o rte", ver com entário de 1.4; era a d ireção de on d e vinham os in v a so res. Sobre a m arca ou selo, 4-5, ver Ap 7.3; 9.4; 13.16-17; 20.4; sobre o resto piedoso, cf. Is 1.9; Rm 11.5. O escriba do Senhor vestido de linho, rep re sen tan d o a p u reza ritu al, indubitavelm ente sim bolizava a D iv in d a de. Cf. Nabu, o deus da sabedoria entre os d eu ses b abiló n io s.
10—11. 0 Senhor abandona o templo 10.1-22. A nova visão da glória de Deus, (cf. Ez 1, 11, 43). A glória m anifesta do Deus de Israel foi o pano de fundo para o ju lga m ento da idolatria de Israel e da horrível profanação do templo. O personagem ves tido de linho, 9.2-4; 10.2-4, que tom ava as b rasas acesas d en tre os q u e ru b in s (1.13) e as esp alhava sobre a cid ad e id ólatra, à luz de Ap 5.1; 8.3-5, era ap arentem ente o C rislo p ré-en carn ad o, o A n jo da P rese n ça, que apareceu a A b raão , Isaqu e, Jacó , M oisés, Josu é, G ideão e D aniel (D n 10.56). O ju ízo está nas m ãos dele (Jo 5.22), a "glória do S e n h o r " (cf. Êx 16.10; Nm 10.34)
é a santidade e o poder revelados de Deus (Lv 9.23; N m 20.6). 11.1-25. Icabode, a glória parte. Dá-se um vislu m bre dos ím pios líderes políticos, 113. S eg u e um a m en sag em de m is e ric ó r dia, 14.21, p red içõ es ainda a serem cum p rid as para Israel. E n tre essas, um resto poupado, 14-16, e a prom essa de repatria ção e conversão espiritual, 17-21. D epois a glória, Shekinah, abandona a cidade ím pia, 22-25. A partida foi gradual (cf. 9.3; 10.4), para fora do tem plo e, da cidade, rumo ao m onte das O liveiras, 23. (Cf. lR s 8.5-11; Ed 3.12; e sua volta ao tem plo m ilenário, Ez 4 3 .2 -5 .) F oi do m o n te das O liv e ira s que Cristo ascendeu (A t 1.10-12) e ao qual ele v oltará glorioso (Zc 14.4).
12. 0 exílio retratado simbolicamente 1-20. Sinais dados por intermédio de Eze q u iel. So b re a "c a s a re b e ld e ", 2, ver co m entário sobre 2.5 e sobre Is 6.10-13. Eze q u ie l d e v e r ia d e c r e ta r o d e s tin o d os exilados, 1-7. Zedequias era o príncipe, 10, m encionado em 17.20, que foi levado para Ribla e cujos olhos foram vazados (Jr 39.110; 52.10-11; 2R s 25.1-7). 21-28. M ensagem do juízo im inente. A d e s c re n ç a n o s v e r d a d e ir o s p ro fe ta s de D eu s foi a cau sa do ju íz o . A p alavra de D eus por in term éd io d o seu p ro feta não poderia ser ignorada (O s 12.10).
13—14. Condenação dos falsos profetas 13.1-23. D enúncia divina dos falsos pro fetas. E les falavam de fa lsid a d es e e sta vam c o n ta m in a d o s p e la a d iv in h a ç ã o pagã, 1-9. A qu eles que p ro clam am "P a z , quando não há paz" são tão inúteis quanto caiar uma parede de tijolos de barro para protegê-la da tem pestade, 10-16. Tam bém se d e n u n cia ra m p ro fe tiz a s (fe itic e ira s e m édiuns espíritas, IS m 28.7-25), 17-23. 14.1-23. Perversão dos anciãos idólatras. Eles revelaram a extensão da sua p erver são ao ousar interrogar o Senhor, 1-11, tor nando o ju ízo im prescindível, 12-23.
Ezequiel I 293 1
15. A alegoria do vinho 1-5. A alegoria. O ram o da videira não é bom para com er. Serve som ente para pro d u zir fru to . M esm o com o co m b u stív el é praticam ente inútil. 6-8. O significado. A videira representa va Israel (Jerusalém ; cf. SI 80.8-12; ls 5.1-7; Os 10.1). Jerusalém , videira improdutiva, já não servia para nada a não ser para o fogo. E a prim eira de três parábolas (outras, nos caps. 16 e 17) que mostram a vã esperança de libertação para a cidade pecam inosa.
16. A alegoria da esposa infiel 1-52. A idolatria de Israel é descrita figu radamente por uma órfã, 1-7; uma moça, 814; uma depravada, 15-34; e um a prostitu ta, 35-52. Criança abandonada, dissociada da aliança de Deus, Israel teve origem pagã, 3. Os cananeus eram os habitantes de idio ma sem ítico da Palestina antes da chegada de Isra e l. O s h e te u s eram um povo não sem ítico bem conhecido (Js 3.10; 2Sm 11.3), q ue e sta b e le ce u um im p o rta n te im p ério engloband o o norte da Palestina e a Ásia Menor. Frágil criança, Israel seria abando nado à m orte, com o acontecia m u itas ve zes às m en in in h as no p aganism o antigo. Moça, prom etida por aliança e casada com o Senhor, 8-14, alcançou status régio, m as caiu na p ro stitu ição (p rostitu ição cultual, além de in fid elid ad e e p erversão g e n éri cas), 15.34. Tornou-se m eretriz im pudente, 35-52, e deveria ser apedrejada (Dt 22.21,24). Era pior que "S o d o m a ", sua "irm ã , a m e n o r", e Sam aria (Jr 3.6-11). 53-63. Prom essa de m isericordiosa res ta u ra ç ã o . M esm o d ia n te d esse h o rrív e l cen ário, o S en h or prom eteu fu tu ras b ên çãos na aliança palestina (Dt 30.1-10) e na nova aliança (Jr 31.31-34; Hb 8.8-12).
17. A alegoria das águias e do cedro 1-21. A alegoria das águias. A "grande águia", 3-6, era Nabucodonosor (Jr 48.22). A "p onta dum ced ro", 3, era a casa de Davi (Jr 22.5, 6, 23). A "p onta mais a lta", 4, era
Joaquim ; a "cidade de mercadores" era Ba bilónia; a "m uda da terra", 5, Zedequias. A "o u tra grande á g u ia ", 7, era Psam ético II (594-588 a.C.), que arrebanhou Zedequias e outras potências ocidentais numa coalizão contra Babilónia (Jr 27). O "vento oriental", 10, era N abucodonosor, diante do qual Ze dequias, 13-21, estava fadado a cair (Jr 52). 22-24. A alegoria do cedro. Novamente entra em foco a esperança de Israel para o futuro. O Senhor tomará a "ponta" (Messias) de "u m cedro" (casa davídica) e o "renovo mais tenro", para plantá-lo "sobre um monte alto e sublim e" (mt. Sião, Mq 4.1, cf. Is 11.1; 53.2; Jr 23.5-6; Zc 3.8). A "árvore alta" abati da e a "árvore verde" seca, 24, simbolizam o poder m undial pagão. A árvore "b aix a" exaltad a e a "s e c a " reverd ecid a retratam a restau ração do reino de Israel (A t 1.6), quando o Filho de Davi voltará. O poder m undial pagão será arrasado e Israel, res taurado à glória governam ental e espiritu al sob a liderança do Messias.
18. Julgamento divino e responsabilidade individual 1-13. Falsa acusação contra Deus e a res posta divina. Os pecadores, em meio às suas provações, tendem a culpar a D eus e seus a n te p a ssa d o s p elas su a s trib u la çõ e s. Os exilados de Babilónia e os pecadores de Je rusalém faziam isso, 1-2. O Senhor censu rou essa transferência de culpa, 3-4, e por interm édio de Ezequiel enfatizou a justiça de Deus e a responsabilidade individual pe los atos ímpios. O modo de vida, 5-9, foi en fatizado (não as condições da vida eterna, m as a prova da confirmação da justiça para escap ar à m orte física no im inente juízo). Expuseram-se as condições da morte, 10-13. 14-32. A doutrina de responsabilidade individual de Ezequiel. Com er nos altos, 6, 15, se refere a p articip ar de refeições sa gradas em altos pagãos (6.1-14). O bem ou o m al de um a geração é transferível à se g u in te, 19-20. N egar essa verd ad e é não com preend er a ju stiça de Deus, 25-29. Is rael precisa se arrepender diante da ju sti ça de Deus. Era a única forma de escapar ao terrível juízo, 30-32.
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19. Lamento pelos príncipes de Israel 1-9. Lamentação pelos príncipes. Os prín cipes eram Jeoacaz, o prim eiro filh ote, 34, que foi levado ao Egito (Jr 22.10-12; 2Rs 23.30-34). O segundo filhote, 5-9, era Jo a quim, que foi deportado para Babilónia (Jr 22.24-30; 2Rs 24.8-16). A "le o a ", 2, era Judá. Esse sím bolo é encontrado nos selos isra elitas (cf. Gn 49.9; lR s 10.18-20). 10-14. Lamento pela terra. A videira re trata Judá (Is 5.1-7; Jr 2.21). Os "galhos for te s ", 11, rep resen tam Z ed e q u ia s (1 7.13), que foi arrasado pelo "ven to oriental", 12, N abucodonosor, e transplantado, 13, para Babilónia (Jr 52.1-11).
20. Lembrança da misericórdia divina para com Israel 1-8. Os pecados de Israel no Egito. D ata da de 14 de agosto de 591 a.C., essa m en sagem foi p ro vocad a p elo in terro g a tó rio dos anciãos do Exílio, 1-4 (14.1-11). A idola tria da nação no Egito, 5-8, é descrita (cf. Sl 106). D ão -se, p o rém , as m ise ric o rd io sa s rev elaçõ es de D eu s. 9-26. Os pecados de Israel no deserto. E revista a m arav ilh o sa re d en çã o o p erad a por causa do nom e de Deus, 9, 10, 14, com a introdução do sábado, 11-13, e a revela ção da graça, 14-26. 27-49. Os pecados de Israel na terra. Esbo çam-se o juízo e um a futura restauração.
21. Juízo pela espada 1-17. O Senhor desem bainha sua espa da. A espada era um sím bolo com um de juízo divino (14.21; Is 34.5; Jr 14.12; Ap 6.8). E vista afiada, in d ican d o que o ju ízo era iminente, 8-17 (cf. Jr 50.35-37). Bater no pei to, 12, era indicação de luto (Jr 31.19). 18-32. A espada de N abucodonosor. Sua espada seria de fato o instrum ento do ju í zo de Deus, 18-19. Seu ocultism o, 21, o le varia a Jeru salém e à m atan ça. A a d iv i nhação era a contraparte pagã da profecia. A b e lo m a n cia , o la n ça m e n to de fle c h a s com nom es de inim igos, e a hepatoscopia,
exam e do fígado de anim ais para proferir augúrios, eram técn icas altam en te d esen volvidas em Babilónia. O s ídolos do lar (te rafins) eram pequ enas d iv in d ad es oraculares. A esp ad a tran sp assaria Z ed equ ias, 25-27, e cairia sobre Am om , 28-32 (cf. 20).
22. Acusação de Jerusalém 1-16. V iolência e abom inação de Jerusa lém . A ntes da descida da espada do juízo, a horrível corrupção de Jeru salém foi ex posta. E n tre suas in iq u id a d e s estavam a idolatria, a violência, a fraude, a injustiça, a injúria e a prom iscuidade sexual (cf. 6.214; 14.3-5; 18.6).
Ilustração de um soldado da infantaria do exército babilónico.
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17-31. A purificadora fornalha da ira de Deus refinou todas as classes da corrupta socied ad e ju d aica. Ind icam -se o p ro p ósi to da fundição, 17-22, e da escória, 23-31.
23. Oolá e Oolibá 1-4. A alegoria. Oolá é Samaria (o reino seten trio n al) e sua irm ã O olibá é Je ru sa lém (rep resentand o por m etoním ia o rei no do sul). P rotesta-se contra as relações ím p ias, p o lítica e re lig io sa m en te, d essas duas irm ãs com as nações vizinhas. Há um jogo de palavra nos nom es: "O o lá ", "aq u e la que possui um a tend a" (santuário), i.e., Sam aria, e "O o lib á", "m inha tenda (taber náculo) está n e la" (Jeru salém ). O jo g o de p alav ras su gere que, em bora Sam aria ti vesse um local de culto, o verdadeiro santu ário ficava em Jeru salém . Esse fato era a ponderação crucial na acentuação da enor m idade do pecad o de Jeru salém . 5-49. O significado. Oolá, 5-10, política e esp iritu alm ente contam in ou-se com a A s síria via alian ças e sin cretism o relig ioso. O olibá, 11-21, pecou do m esm o m odo. Seu pecado político e religioso tinha de ser cas tigado, 22-35. P rev iu -se o ju íz o das duas irm ãs lascivas, 36-49.
24. A parábola e o fim 1-14. A alegoria da panela sim bolizava a im in en te d e stru içã o de Je ru sa lé m . Na p anela (Jeru sa lé m ), tu d o seria cozid o, e os in v a s o r e s e m p ilh a v a m c o m b u s tív e l (e q u ip a m e n to s do cerco ) em to rn o d ela (cf. Jr 1.13-19). D epois do com p leto co z i m en to , a p a n e la seria e sv a z ia d a ap ó s o cerco , e os o sso s, in cin e ra d o s (a cid ad e s a q u e a d a ). O s d e p ó s ito s in c r u s ta d o s e im p u re z a s, 6, 11, se referem ao p eca d o da cid ad e e à sua d eg en eração, 12-13. A data, 1, do início do cerco é d ada: jan eiro de 588 a.C. (cf. 2R s 25.1). 15-27. M orte da esposa de Ezequiel. Ele não deveria lam en tar a perda da m ulher, que m orreu no prim eiro dia do sítio de Je rusalém . Assim com o a m orte dissolveu a u n ião en tre o profeta e sua am ada e sp o sa, tam bém o relacion am en to entre o Se
nhor e Jerusalém seria dissolvido para que viesse a destruição. Isso foi uma lição prá tica para os exilados, 19-24. No dia em que chegasse a notícia da d estruição de Jeru salém , a língua de Ezequiel se soltaria para um a nova m ensagem , 25-27.
25. Profecias contras diversas nações Ezequiel 25-32 corresponde a Isaías 1323 e a Je re m ia s 46-51. Essas nações seri am ju lg a d a s a n te s da re sta u ra çã o de Is rael (36.5-7). 1-14. Profecias contra Am om , M oabe e Edom . As nações desse capítu lo eram vi z in h a s im ed ia ta s de Ju d á. O s am o n itas, 17, e os m o a b ita s, 8-11, estav am ra c ia l m e n te lig a d o s a Is ra e l (G n 1 9 .3 7 -3 8 ) e era m in im ig o s c o n s ta n te s (cf. Is 15.1 — 16.14; Jr 4 8 .1 —49.6). Edom, 12-14, também co n h ece ria a vingança de D eu s (Jr 49.722; cf. Dt 23.7; Am 1.11). 15-17. Profecias contra a Filístia (cf. Jr 47). O s q u eretitas, 16 (cretenses), viviam na Filístia.
26. Profecia da destruição de Tiro 1-6. O an ún cio do ju ízo. N abu cod ono sor cercou Tiro durante 13 anos (585-572 a.c), 1. Sua co n d en ação veio em virtu d e da re cu sa em a ju d a r seu a lia d o Je ru s a lém (Jr 27.3) e do seu orgulho com o prin cip al centro com ercial m arítim o da F en í cia (cf. 28.2-10). 7-21. A execução do juízo. Tiro era for m ada por uma cidade costeira e uma cida de insular, bem próxim a à costa. N abuco d on o so r con qu istou a cidad e continental em 572 a.C ., m as não conseguiu tom ar a cidade insular. Alexandre M agno com ple tou o cu m prim ento da profecia (26.4), to m and o a ilha em 332 a.C. d ep ois de um cerco de seis m eses, durante o qual cons tru iu um a ponte a p artir dos escom bros da destruída cidade continental. O lam en to viria dos vizin h os com erciais de Tiro, "o s p rín c ip e s do m a r " , 15-18. A cid ad e afu nd aria no abism o (Sheol), o reino dos m ortos, 19-21 (cf. Is 14.15; Zc 9.3-4).
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27. Lamento por Tiro 1-24. Tiro sim bolizado por um navio. O im p ério com ercial de T iro é a p ro p ria d a m ente descrito com o uma grand e em bar cação m ercante, 3, "p erfeita em form osu ra ". O navio foi construíd o com ciprestes de Senir, i.e., mt. Hermom (Dt 3.9). Líbano ("a branca [como n eve]") é o maciço m on tanhoso com posto de d uas cad eias p a ra lelas, Líbano e Antilíbano, fam oso na anti guidade pelos seus cedros, 5. Os carvalhos de B asâ, 6, eram as fam o sa s flo re s ta s a leste do m ar da G aliléia. Elisá (C hip re) e Gebal (Biblos), ao lado de Arvade (um cen tro comercial insular costeiro com o Tiro) e Sidom , 32 q u iló m etro s ao n o rte de T iro, eram o foco do centro com ercial de Tiro. A seção em p ro sa, 10 -2 5 , d escre v e m u ito s nomes elucidados pela Tábua das N ações (v. com entários sobre G n 10). 25-36. D estru ição do navio. O "v en to oriental", 26, é N abu cod on osor (cf. 19.12; Jr 18.17).
28. Lamento pelo rei de Tiro I-10. O rei de T iro. O "p rín cip e" ou so berano da cid ad e n aq u ela ép oca, Itob aal II, p e rso n ificav a a arro g â n cia e o o rg u lho da cidad e, clam an d o ser divino, 2, e "m ais sábio que D a n iel", 3. N ão se trata aqui do D aniel das tab u inhas u g aríticas, o juiz do órfão e da viúva desam parados, como sustentam os críticos, m as o D aniel h istórico co n tem p o rân e o , en tã o g ra n d e m ente afam ad o na c o r te de N a b u c o d o nosor (cf. 14.12-23). II-19. O poder espiritual por detrás do rei de Tiro. Essa vasta revelação panorâ mica, como Is 14.12, foi além do soberano humano, alcançando o poder espiritual que o animava no reino do governo tem poral. Satanás e os d em ónios têm um papel no tável nessa esfera, com o m ostram Dn 10.13 e Ef 6.12, "o s d om in ad ores deste m undo tenebroso". Com o inspirad or, anim ador e in v isív el d in âm ica p o r d etrá s d o p o d er ímpio e orgulhoso dos regim es g o v ern a mentais do mundo, Satanás é retratado no seu estado caído, e essa passagem aliada
a Is 14.12-14 rev ela a e n trad a do pecad o num universo im aculado e a queda de Sa tanás. A v isão, p o rém , n ão é de S atan ás na sua própria pessoa, m as das suas lig a çõ e s com a a d m in is tra ç ã o g o v e rn a m e n tal do presente sistem a m undial m aligno. O orgulho, a pom pa e a arrogância da di vindade, pertencentes som ente a Deus, re tratam o rei de Tiro e o rei de Babilónia (Is 14.12-14) com o exem plos do A nticristo vin douro, o últim o soberano do satânico regi m e m u n d ial a d esa fia r a D eus, an tes da d estru ição e da segu n d a vinda de C risto (A p 18.1 — 19.16). Para com entário sobre a glória original de Satanás antes da queda, ver nota sobre Jd 8-10. 20-26. Juízo de Sidom . Cerca de 32 qui lóm etro s ao n orte de T iro, Sidom (a m o derna Saida, na R ep ú b lica do L íbano, 32 quilóm etros ao sul de Beirute), era talvez a m ais antig a d as cid ad es costeiras sid ônias (fen ícias). D ep ois de 1200 a.C ., T iro a lc a n ç o u s o b e r a n ia . Je r e m ia s ta m b é m previu a subju gação de Sidom por N abu codonosor (Jr 27.3, 6), que ocorreu quando Tiro foi derrotada. O culto sidônio a Baal serviu com o "espinho [...] abrolho que cau se d o r" para Israel, p o is levou a n ação a m uitas apostasias (cf. lR s 16.31-33; 18.1740). Isra el re ce b e a p ro m e ssa de re s ta u ração, 25-26 (cf. 11.17; 20.41; 34.13; 37.21; Is 11.12), a ser cum prida depois que seus ini m igos tiverem sido ju lgad os.
29—32. 0 juízo do Egito O Egito seria red u zid o a um reino de seg u n d a cla sse . E sse ju íz o foi cu m p rid o d epois da invasão de N abu cod onosor em 572 a.C. e 568 a.C. 29.1-16. C ontra Faraó-H ofra. Essa pro fecia data de 586 a.C., m eio ano antes da queda de Jeru sa lé m . O av an ço de H ofra co n tra N a*bucodonosor em 5 8 8 a.C . não s a lv a ra Je ru s a lé m . O E g ito é re tra ta d o com o um grande m onstro (o crocodilo), 3 (Is 27.1). "D esde M igdol até Sevene", 10, é um a exp ressão que in d ica a exten são se tentrional (M igdol, a sudoeste de Pelusium , 30.15) e os lim ites m eridionais (Sevene, na prim eira catarata do N ilo).
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29.17-21. C onquista do Egito. Esse é o últim o oráculo datado de Ezequiel, de abril de 571 a.C. Com o o cerco que N abucodo nosor im pôs a Tiro provou -se um fracas so econ ó m ico , a con q u ista d o E g ito p ro p o r c io n o u a c o m p e n s a ç ã o , p a ra q u e N ab u co d o n o so r p u d esse pagar %eu ex é r cito. O "p o d e r", 21, é d avídico e, sem d ú vid a, m essiân ico . 30.1-26. Condenação do Egito. Isso pre figura o Dia do Senhor num sentido escatológico (Is 2.12; Jr 30.5-7), o tem po do juízo d as n a çõ e s, a n te rio r à b ên çã o do rein o . O s su cessos de N abu cod on osor no Egito fornecem o pano de fundo. 31.1-18. O lam ento por Faraó com o ce dro data de 586 a.C., pouco antes da queda de Je ru sa lé m . 32.1-32. O lam ento por Faraó como leão d ata de m arço de 585 a.C . O o rg u lh o so soberano egíp cio se consid erav a um leão re a l, m as n ã o p a s s a v a de u m m o n s tro m arinho pego num a rede. O lam ento pelo Egito, datado de abril de 586 a.C., retrata a n ação no S h eol com ou tro s g o v ern o s do m aligno sistem a m undial, 17-32.
33. A responsabilidade de Ezequiel como atalaia O s c a p ítu lo s 33 — 39 n arram eventos que p re ce d e rã o a re stitu iç ã o do reino a Israel (cf. At 1.6), e os caps. 4 0 —48 descre vem a re sta u ra çã o . 1-20. O atalaia e sua responsabilidade. A in c u m b ê n c ia d o p ro fe ta a b ra n g ia a g ir com o "a ta la ia " (v. com en tário sobre 3.1621). Aqui Ezequiel aplica seu ensinam en to sobre a ju stiça divina e a responsabili dade individual, desenvolvido no cap. 18, ao seu próprio m inistério (v. com entários sob re o cap. 18). N essa d iscu ssão da res ponsabilidad e individual, 10-20, o profeta en fatiza aquilo que já havia ensinad o em 14.12-23; 18.1-32. 21-33. Notícias da queda de Jerusalém . O forçado silêncio de Ezequiel (3.24-27) foi suspenso pela notícia da queda de Jeru sa lém. A m ensagem que recebeu é dada, 2329, e declara-se a garantia do cum prim en to d a p a la v ra d o S e n h o r p e lo p ro fe ta , independ en tem ente de qual seja a reação do povo, 30-33.
Um p a sto r co n d u z o reban ho pelo deserto. O p rofeta E zeq u ie l acuso u os pasto re s de Israel de haverem ab u sad o de sua posição.
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34. 0 pastor falso e o verdadeiro 1-19. Acusação dos pastores (soberanos) infiéis. A lei da responsabilidade individual (3.16-21; caps. 18 e 33) é aplicada aos líde res das nações, m etafo ricam en te ch a m a d os "p a s to r e s ", q ue eram re s p o n s á v e is por abusar do rebanho de D eus (Jr 23.1317) e d ispersá-lo (Jr 10.21; 23.1-4). O S e nhor é o Bom Pastor (Is 40.11; Jr 31.10), que reunirá o rebanho, 11-16, e ju lg a rá entre as ovelhas (o resto salvo dos israelitas) e os carneiros e b od es (n açõ es que a b u sa ram de Israel, 17-19; cf. M t 25.31-46; J1 3.1116). Esse é o ju ízo das nações que p rece derá a restituição do reino a Israel. 20-31. Restauração de Israel pelo Messias, o verdadeiro pastor. Essa profecia ex tra pola Zorobabel, o líder civil de Judá na volta de B abilónia em 536 a.C ., e se re fe re ao M essias, filho e Senhor de Davi, sendo ti picamente usado o nom e de D avi (Jr 23.56; Os 3.5; Is 9.6-7; 55.3-4). A "aliança de paz", 25 (cf. Jr 31.31-34; Hb 13.20), é a nova alian ça. As " b e s ta s -fe r a s " sã o as n a ç õ e s, e s pecialm ente B abiló n ia, que m altrato u Is rael. As "chuvas de bênçãos", 26, são para Israel na sua restauração (At 3.19-20), sen do dada um a descrição do reino nos v. 2627 (cf. Is 11.6-9; Rm 8.19-22).
1-7. Futuro juízo dos inim igos de Israel. O s "M o n te s de Is ra e l" fo rm a m a cad eia m o n ta n h o sa ce n tra l e rep resen ta m todo o Israel (D t 3.25; cf. 1, 4). O ju ízo das n a ções in im ig a s (M t 2 5 .3 1 -4 6 ) p recisa p re ced er a re sta u ra çã o de Israel (J1 3 .1 1 -1 6 ; Ap 16.12-16). 8-38. Promessa de volta à terra. Por de zoito vezes nessa seção, o Sen h or afirm a soberan am ente a esp eran ça e a g lória fu tu ras de Israel. A terra será restau rad a à sua fertilidade anterior, 11. Profanada pela idolatria e pelos santuários pagãos nos al tos, com cu ltos de fertilid ad e e sacrifício hu m an o, 14, "tu [a terra] n ão d ev o ra rá s m ais os hom ens" (cf. Dt 12.1-3, 29-31). Os pecad os e castigos passados de Israel são relem brad os, 16-21, segu id os pela grande prom essa de fu tura restau ração e g ra cio sas bênçãos, 22-38. A reunião, 22-24, extra pola a pequena volta do cativeiro de Babi lónia. Depois vem a regeneração espiritual, 25-29. A asp ersão com água p u ra, 25, se refere à água m isturada com as cinzas de uma novilha vermelha (Nm 19; Hb 9.13-14; 10.22; cf. Zc 12.10; 13.1). A nova aliança é aqui esb oçad a, im p on d o as coisas novas ("p urificarei [...] espírito novo [...] coração de ca rn e ") com o p ré-req u isito para a en trada no reino (cf. Jo 3.1-12).
35. 0 juízo de Edom
37. Visão dos ossos secos
I-10. O mau desígnio de Edom . O mt. Seir, 3, 3, 15, fica no planalto orien tal de Arabá, no qual estava Sela (Petra), a capi tal edom ita (cf. 25.12-14; Is 34; Jr 49.7-22). R efletem -se aqui a invasão por Edom do sul de Judá e o ódio gerado. Com Israel e Judá no exílio, Edom pretendia tomar pos se dos seus territórios, 10 (cf. O badias). II-15. A ruína de Edom . O capítulo 35 está inserido aqui com o pano de fundo dos caps. 36-37, ab o rd an d o a re sta u ra çã o de Israel à sua terra.
1-14. A lcance da visão. A interpretação m ais sa tisfa tó ria d essa p assag em a trata com o exp o sição do restabelecim en to n acio nal e espiritual do povo eleito de Deus, Israel, na bên ção do reino. O m étod o da restau ração será pelo poder divino, 3; pela Palavra di vina, 4 -6 (cf. M t 24.32-35; M c 13.27-31; Jr 16.14-15); e pela vida divina, 7-10. O propó sito d essa v isã o é cu m p rir a p alav ra de D eu s, 14; re a n im a r a e sp era n ça p erd id a de Israel, í l,2 2 ; assentar Israel na sua pró pria terra, 12-13; e dem onstrar o status de n a çã o e le ita de Isra el, 12-13. O s "o s so s " são os exilad os; o vale, sua d isp ersão; as sepulturas, a m orte da vida nacional. 15-28. A extensão da restauração de Is rael. A barca toda a casa de Israel (as doze tribo s), com p reen d en d o a u n ião de Ju d á
36. Restauração à terra Ezequiel 36-48 ainda não foi cum prido e prevê a futura restauração da terra e do povo de Israel.
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e Israel num a nação única, 15-17. A s con s e q u ê n c ia s d e s s a r e s ta u r a ç ã o s e r ã o : po sse e tern a da terra, 25; rei etern o , 2425; aliança de paz eterna, 26; e santuário etern o, 26-27.
38—39. Destruição dos últimos inimigos de Israel 38.1-6. A grande confederação setentri onal do últim o dia. Gogue é o líder da coa liz ã o , 2; M a g o g u e , sua te rra . E le é tido co m o o "p r ín c ip e " de M e seq u e (a ssírio "M u sh k u "), ao sul de G ôm er (assírio "G im irrai"), ou dos cimérios do centro da Ásia M enor (Gn 10.2-3). Alguns fazem de Gogue o "príncipe de R ôs", e identificam esta com a Rússia; m as essa identificação é excessi vam ente tênue, em bora a região genérica fosse aquela hoje ocupada pela Rússia ("as partes rem otas do norte", r s v ) e pela Tur quia. Tubal, 3 (assírio "Tabali"), fica a oeste de Togarma (Tilgarimmu), perto do rio Halis, a sudeste de Gômer. Aliados a essa gran de potência setentrional estão a Pérsia (Irã), Cuxe (provavelm ente ligado à antiga Quis, na M esopotâm ia) e Pute (L íbia?). (Cf. co m entários sobre Gn 10.6.) 38.7-23. Ataque contra Israel. O tempo é "n o fim dos a n o s", 8, q uand o Israel será restaurado e o Senhor retom ará seu rela cio n am en to com a nação. O Sen h or p e s soalm ente assum e e dá a vitória, 14-23. 39.1-24. D errota de Gogue. Sua derrota com pleta, 1-10, é seguida pelo enterro coletivo do seu exército, 11-20, m a n ifesta n do a glória de Deus, 21-24. 39.25-29. V isão do Israel restaurado e convertido.
40. A descrição do templo O s cap ítu lo s 4 0 —48 com põem a n o tá vel visão que teve Ezequiel do Israel res tau rad o na terra durante a Era do Reino. Ele vê o tem plo do m ilénio, caps. 4 0 —42; o culto do m ilénio, caps. 4 3 —46; e a terra do m ilénio, caps. 4 7 —49. 1-4. Introdução. A data, 1, era 28 de abril de 573 a.C., no vigésim o quinto ano de exí lio do profeta. Ezequiel foi so b ren a tu ra l
m ente transportad o na visão até Israel, 2, e profetizou de um ponto de vista ideal no futuro, "so bre um m onte m uito alto" (Mq 4.1; Is 2.2-3). 5-49. A visão do tem plo. O que era esse tem plo? Há várias interpretações: (1) uma réplica um tanto idealizada do tem plo de Salom ão, destruído em 586 a.C., que seria construíd o na volta de Babilónia; (2) uma d escrição do reino de Deus na sua forma final; (3) a igreja cristã na sua glória e bên ção terrenas; (4) m as a interpretação que parece se encaixar no contexto de Ezequi el e no testem u n h o de o u tras p assag en s das Escrituras é esta: o templo de Ezequiel é um fu tu ro san tu ário real a ser construído na Palestina durante a vindoura Era do Reino. A cana de m edir, 5, tinha cerca de 3,15 m etros (tendo o pequeno côvado cerca de 44,45 centím etros e o grande côvado, cer ca de 51,82 centím etros). A porta do orien te, ou processional, 6, pode ser com para da às p o rtas salo m ôn icas (escavad as em G e z er, H azo r e M eg id o ). D e screv e-se o átrio exterior, 17-27; depois o átrio interior, 28-37; e as m esas das oferen d as e as câ m aras do átrio in tern o, 38-47. Tam bém é descrito o pórtico, 48-49 (cf. lR s 7.15-22).
41. Os detalhes do templo 1-14. O edifício em si será a morada da p re sen ça v isív el do S en h o r no rein o. O Lugar Santo, 1-2, e o Santíssim o, 3-4, são d escrito s. N ão há m enção à arca, ao a s sento da m isericórdia, ao sum o sacerdote ou às tábuas da lei. Todos esses são supe rados pela glória divina m anifesta. As câ m aras em tom o do edifício, 5-11, são pro vav elm ente para o pessoal do tem plo. 15-26. D etalhes do interior. Revestido de m adeira, o tem plo era decorado com que rubins de dois rostos (cf. 1.6-12) e palm ei ras, sím bolos da vitória. A face de um leão (régia m ajestad e) e de um hom em olhan do para um a p alm eira d escrev e o papel rég io do g lo rific a d o F ilh o do hom em , o Leão da tribo de Judá, regendo em m ajes toso esplendor no trono de Davi. As por ta s do s a n tu á rio tam b ém são d eco rad as com m otivos de palm eiras e querubins.
[ 300 1 Ezequiel
J 42—43. O propósito do templo de Ezequiel 42.1-20. Demonstrar a santidade de Deus. Esse é o tem a que p e rm e ia to d o o liv ro (v. introdução), especialm ente no propósi to e nos d etalhes do tem plo do reino (cf. 43.10). A santidade do Senhor é ainda mais enfatizada pelo princípio da separação. D es de o princípio se introduz o m uro que se para os átrios e o tem plo de tudo o que é corruptor (40.5). As celas, 42.1-14, são cha m adas sa n ta s e têm s e m e lh a n te fu n çã o sep arad ora. D e screv e-se a firm e se p a ra ção de todo o com plexo m urado, 15-20. 43.1-17. Proporcionar morada para a gló ria divina. Ezequiel vê o retorno da glória, que fixa residência no santo dos santos do templo durante a Era do Reino, com o vira a sua partid a an tes da q u ed a da cid ad e em 586 a.C. (cf. 9.3; 10.4; 11.23-24). O S e nhor promete habitar “no m eio dos filhos de Israel para sem p re", 7.
43.7. Proporcionar um centro para o go verno divino. "E ste é o lugar do m eu tro n o " (cf. Is 2.2-3; M q 4.2). D urante toda a v isã o en fa tiz a -se a g e stã o teo crá tica . 43.18-27. Perpetuar a lem brança do sa crifício. Esse sacrifício, logicam ente, não é feito com o o b jetiv o de a lcan çar a sa lv a ção, m as ce le b ra um a re d en çã o já re a li zad a e su sten ta d a n a p re sen ça da g lória rev elad a de D eu s.
44—46. 0 culto na Era do Reino 44.1-31. Com relação aos sacerdotes e ao prín cip e. D escreve-se a p o rta oriental ex terior, para o p rín cip e, 1-3, e e xp õ e-se a im p o siçã o re la tiv a aos e stra n g e iro s e às tribo s reb eld es, 4-14. D ão-se d etalh es re lativos ao sacerdócio (filhos de Zadoque), 15-27, com um a afirm ação da herança dos sa cerd o tes, 28-31. 45.1-25. Porções dos outros grupos. Espe cificam -se as porções dos sacerdotes, dos
levitas, de toda a casa de Israel e do Príncipe, 1-8. Discute-se o Príncipe, 9-17, assim como as festas (Páscoa e Tabernáculos), 18-25. 46.1-18. O culto do príncipe. Definem -se seu culto pessoal, 1-8, e outras instituições cu ltu ais, 9-15. M en cio n am -se os filh o s e servos do Príncipe, 16-18. • 46.19-24. D escrição final de partes do tem plo.
47—48. A terra do milénio 47.1-12. O rio do santuário (cf. Zc 14.8-9; Ap 22.1). Esse rio é tão real quanto a visão do tem plo, da terra e do povo de Israel. D eve ser necessariam ente um rio de v e r d ade, assim com o a abençoada cura que traz. C o n stitu i parte das m u danças to p o gráficas da Palestina quando as alianças e p ro m e ssas fe ita s a Isra e l forem cu m p ri das, com o apagam ento da m aldição. 47.13-23. As fronteiras da terra. A fron te ir a s e te n tr io n a l é tra ç a d a p e lo "m a r G ra n d e " (M e d ite rrâ n e o ), o c a m in h o de H etlom (H eitala), a leste de Trípoli (L íba no), 15, e H am ate (atual N ahr el-'A si), às
Ezequiel I 301 ]
m argens do O rontes, ao norte de D am as co . A s fr o n te ir a s g e n é r ic a s d ev em ser c o m p a ra d a s à p ro m e ssa feita a A braão em G n 15.18-21 e às in stru çõ es dadas a Jo su é em Js 13.1 — 19.51. 48.1-29. A repartição da terra. O nome Lebo-H am ate (Ham ate) (cf. Nm 34.8) é usa do em relação aos lim ites ideais da Terra P rom etid a. O rein o de Salom ão se esten dia "d esde a entrada de Hamate até ao rio do Egito [Wadi el-'A rish]" (lR s 8.65; cf. 2Rs 14.25; Am 6.14). "L eb o -H am ate" é prova velm ente o nom e de um a cidade (m oder na Lebw eh) às m argens do O rontes, abai xo de Ribla. Depois da repartição genérica p or tribos, 1-9, vem a parte dos sacerd o tes e levitas, 10-20, e a do Príncipe, 21-29. 4 8 .3 0 -3 5 . Jeru salém na Era do R eino (cf. Ap 21.10-27). Ezequiel vê a cidade com o ela e xistirá na era vind ou ra, en qu an to o ap ó stolo Jo ão, em A pocalipse, vê o e sta do eterno, que virá depois da era final do tem po. Com o o reino será eterno, o reino tem poral se funde ao eterno. O nom e do re in o de Je ru sa lé m é Y H W H -sàm m â, "O S e n h o r Está A li", 35.
Daniel Profecias dos tempos dos gentios O profeta Daniel. Daniel é cham ado profeta pelo Senhor (M t 24.15), e suas
guerras selêucidoptolem aicas e da carreira de Antíoco Epífanes (cap. 11),
previsões são de imensa
descartados com o profecias
importância, constituindo introdução indispensável à profecia do NT. Daniel tinha ascendência real (1.3), circunstância notavelm ente prevista por Isaías (Is 39.7; cf.
genuínas pelos críticos racionalistas; e (2) as supostas imprecisões históricas do livro. A primeira objeção se baseia na negação da revelação divina, e a segunda, em
2Rs 20.18). Ele foi contem porâneo de Jerem ias,
argum entos baseados no silêncio, em pressuposições plausíveis, mas erradas, em dados insuficientes ou interpretações insustentáveis. Muitas das supostas dificuldades foram esclarecidas por avanços nos setores arqueológico e histórico, mas o livro parece destinado a ser cam po de
companheiro de exílio de Ezequiel (Ez 14.20), e de Jesua e Zorobabel, da restauração. Sua longa carreira se estendeu de Nabucodonosor (605 a.C.) a Ciro (530 a.C.).
A u te n ticid a d e do livro. Desde os dias de Porfírio, filósofo neoplatônico do século 3a d.C., até hoje, temse negado a autenticidade de Daniel. Muitos o
A m e n sa ge m d o livro.
consideraram falsificação piedosa da era dos macabeus (167 a.C.). Há duas razões principais para a negação da autoria de Daniel: (1) os retratos minuciosamente precisos das
com preensão das grandes revelações escatológicas desse livro, todo o plano profético da Palavra de Deus perm anece selado. O grande Discurso das Oliveiras (M t 24— 25;
batalha entre a fé e a descrença. O livro é a chave de toda a profecia bíblica. Sem a
M c 13; Lc 21), bem como 2Tessalonicenses 2 e Apocalipse, só podem ser entendidos pela com preensão das profecias de Daniel. Os grandes temas da profecia do NT, a manifestação do Anticristo (o hom em do pecado), a Grande Tribulação, a segunda vinda do Messias, os tempos dos gentios e as ressurreições e juízos — tudo isso é abordado em Daniel.
Esboço 1— 6 A carreira profética de Daniel em Babilónia, do reinado de Nabucodonosor até Ciro 7— 12 As grandes visões no tempo de Belsazar, Dario e Ciro
Daniel I 303 I
1. Daniel: o homem e seu caráter 1 -2 .0 início do exílio de Judá. O terceiro ano de Jeoaquim foi 605 a.C., mas Jerem i as faz do quarto ano de Jeoaquim o prim ei ro ano de N abucodonosor (Jr 25.1). Eviden te m e n te , e le e s ta v a u s a n d o o S istem a p alestino, sem consid erar o ano da ascen sã o com o o p rim e iro , com o no siste m a babilónio, que D aniel aparentem ente usa va. E ssa p reco ce co n q u ista de Jeru salém p elo " r e i" N abu cod on osor (D an iel usa o term o "r e i" p ro lep ticam en te, pois N abu codonosor só ascendeu ao trono m ais tar d e), em b o ra n ão a u ten tica d a por p ro vas ex tra b íb lica s cab ais, aind a assim p erm a n ece a b so lu tam en te in atacá v el por q u a l quer p rova negativa. Essa data, 605 a.C., assinala o início dos tem p o s dos g en tios (Lc 21.24), o períod o profético em que Jerusalém fica sob dom í nio gentio. Diante de 2Rs 24.1-4 e 2Cr 36.6, fica claro que Judá foi desse m om ento em d ia n te s u b s e rv ie n te ao d o m ín io g e n tio . D esde então, m esm o no apogeu do poder dos m acab eu s, os ju d eu s têm vivid o a s sim , e assim p erm an ecerão até a seg u n da vinda. O deus de N abucodonosor, 2, era M arduque (Bei, o líder do panteão babiló nio). Sinar é Babilónia (Gn 10.10; Zc 5.11). 3-21. A grande decisão m oral de Daniel. N e ssa d e p o r ta ç ã o , N a b u c o d o n o s o r (às vezes g rafad o N abu ch ad rezzar; acad iano Nabukudurri-usur, "N abu proteja minha fron te ir a " ) lev o u so m e n te os m a is n o b re s e prom issores. D aniel era de linhagem real, a lta m e n te ta le n to s o e m u ito p ro m isso r. Sua fé m oral e coragem esp iritu a l foram com p rov ad as na sua d ecisão de ap artarse piam ente da corrupção de Babilónia. O nom e D aniel ("D eu s ju lga") ocorre ao lado de Noé e Jó (Ez 14.14, 20; 28.3). A alta crítica liga as referências de Ezequiel a D aniel ao lendário ju iz da viúva e do órfão dos tex tos re lig io s o s de R as S h am ra (U g a rite ), ch a m ad o D an ei. M as D an iel tev e m u ito tem po para firm ar a sua fam a v e rd a d ei ram ente grande em Babilónia até o tempo de Ezequiel, que só com eçou seu m inisté rio treze ou q u atorze anos d ep ois da d e portação de D aniel. Sobre os com p an h ei
ros de D aniel, ver tam bém com entário de 2.46-49. Sobre o nom e babilónio de Daniel, "B e lte s s a z a r", ver 10.1.
A língua de Daniel Daniel é singular porque contém seções escritas em hebraico, e outras, em aramaico. O a ra m a ic o , id io m a se m ític o sem e lhante ao hebraico, era a língua franca dos im p ério s a ssírio , n eob ab ilô n io e persa, e d u ran te esse p eríod o to rn ou -se a língua com um dos judeus. Nada mais natural que D n 2 .4 — 7.24, seção rela tiv a aos gentios, apareça em aram aico, em bora não se sai ba se D aniel escreveu a seção em aram ai co ou se o texto foi m ais tarde traduzido.
2. A visão da estátua de Nabucodonosor 1-28. O sonho esquecido. O sonho veio ao rei no seu "seg u n d o a n o ", trecho em que comumente se vê conflito com 1. 5, 6, 17, 20. A solução é provavelmente que os três anos de treinamento não foram anos inteiros, mas partes de três anos, e que o primeiro ano de treinamento foi o ano da ascensão do rei, o segundo ano, seu primeiro ano, e o terceiro ano de treinam ento, o "segund o ano", no qual surgiu o sonho. Os caldeus eram uma casta de sábios, associados a outros numa categoria de ad ivinhos e ocultistas, 2-5. O problema é que o rei alegava ter esquecido o sonho. Se pudesse ser lem brado, então seria possível consultar listas de sonhos e presságios, com o atestam as tabuinhas divinatórias de cuneiformes que chegaram até nós, 6-9. Mas lembrar um sonho esquecido era tarefa além da capacidade hum ana ou demoníaca, 10-16. Daniel e seus amigos ora ram e receberam auxílio do "D eus do céu", 17-23, e Daniel apareceu diante do rei, 24-28. 29-45. Revelação e interpretação do so nho. Com o auxílio divino que veio em res p o sta às o ra çõ e s, o son h o esq u ecid o de N a b u co d o n o so r foi revelad o por D aniel, 31-35, e in terp retad o para o rei, 36-45. A g ran d e está tu a , seg u n d o a in terp retação de Daniel, sim boliza todo o período conhe-
[ 304 ] Daniel
Escultura em calcário do rei Dario sentado em seu trono, no palácio de Persépolis, c. do século 5o. a.C. eido na profecia com o os tem pos dos gen tios (Lc 21.24; ver com entário sobre 1.1). E a longa era em que Jeru salém perm anece p o litic a m e n te s u b s e r v ie n te às n a ç õ e s , entre as quais o povo eleito não será con tado (Nm 23.9). Com eçou com o cativeiro inicial de Judá em Babilónia, em 605 a.C., e se estenderá até a segunda vinda do M es sias, a Pedra Fustigadora, 34-35, que des truirá catastroficam ente o sistem a m undi al gentio. Então, e só então, a Pedra (C risto) se to rn ará m o n ta n h a (o re in o do m ilé n io , Is 2.2, pois a m ontanha sim boliza o reino, Ap 13.1; 17.9-11) e tom ará "tod a a terra", 35. E o "rein o que não será jam ais d estru ído; [...] m as e le m esm o s u b sistirá p ara sem pre", 44; pois após seu fim tem poral (Ap 20.4-5), ele se fundirá ao reino eterno do estado eterno (IC o 15.24-28). O s q u atro m etais sim b o liz a m q u a tro impérios — Babilónia, M éd ia-Pérsia, G ré cia M acedônica e R om a, 37-40. O quarto reino (Roma), 40-44 (cf. 7.7), é visto panoram icam ente, na sua antig a glória im p e
rial, d ividido nos im périos oriental e oci dental de 364 d.C. (as duas pernas). M ui to s crêem que essas d u as d iv isõ e s v iv e rã o u m a re n o v a çã o p o lítica n o s ú ltim o s tem p o s, n u m a co n fed e ra çã o de dez re i nos ditatoriais (ferro) e dem ocráticos (bar ro), 43. Então a Pedra sobrenatural atingi rá e d estru irá o p od er do m undo gentio, restituindo o reino a Israel (A t 1.6). 46-49. A promoção de Daniel (cf. Ez 14.14, 20; 28.3). Sadraque é talvez Shudur-Aku ("o r dem de A k u ", deus da lua dos sum érios) ou sim plesm ente um a corrupção de M ard u q u e . M e s a q u e é ta lv e z o a c a d ia n o M ishaaku ("Q u em é o que é A ku "). AbedeN ego vem de A bednebo, Abdi-N abu ("servo de N a b u ", deus da sabedoria). Era costu m eiro d a í nom es babilónios a indivíd u os de povos subjugados que trabalhavam na ad m in istração civil.
3. A fornalha de fogo 1-7. A im agem de ouro. O orgulho de N abu cod on osor m anifestado nesse ato de
Daniel ( 305 1
idolatria e deificaçâo do hom em define o espírito que prevalece nos tempos dos gen tios (v. com entários sobre 1.1-2; 2.36-45). A im agem tinha sessenta côvados (27,5 m e tros) de altura e seis côvados (2,75 metros) de largura, quem sabe com forma humana ou na form a mais habitual de obelisco. O "ca m p o de D u ra" (a ca d ia n o dúru, "m u ro ", "circu ito ") é talvez Tulul Dura, pou cos q u iló m e tro s ao su l de B a b iló n ia . A m úsica, 5-6, era para inspirar as em oções religiosas e incentivar o culto idólatra. 8-25. Os três fiéis e sua libertação. Sadraque, M esaque e Abede-N ego foram salvos pela fornalha da tribulação. A quarta pes soa que andava ilesa na fornalha ardente "sem elhante a um filho dos deuses", 25, era ev id en tem en te o C risto pré-en carn ad o, e não m eram en te um anjo com o pen sou o rei, 28. Diante da tribulação, os fiéis do Se nhor são tranquilizados com a garantia da sua presença e libertação. 26-30. Confissão e decreto do rei. Embora o rei talvez jam ais tenha adorado pessoal m ente Jeová, gradualm ente percebe o p o der soberano de Deus (cf. 2.47; 3.28; 4.34-35).
4. A insanidade de Nabucodonosor 1-3. A saudação do rei. Ele com preen deu plen am en te a u n iv ersalid ad e do seu governo, 1 (cf. 3.29). 4-27. A visão da árvore e sua interpreta ção. N abucodonosor vê um a grande árvo re, 4-18, sím b olo do seu org u lh o e autoexaltação im perial (cf. 3.1-25; Ez 17.22-24; 31.3-9; Mt 13.31-32). Daniel, cujo nom e ba b iló n io era B eltessazar (aca d ia n o balu su usur, "q u e ele [Bei] proteja sua vid a"), in terp reta a verd ad eira visão, 19-27.
Revelações arqueológicas N abu cod on osor foi grande construtor. Para o com entário sobre sua vanglória re g istra d a em 30, v er n otas so b re 2R s 25, n a s q u a is se m e n cio n a m as e sc a v a ç õ e s da sua capital, Babilónia; ver tam bém no tas sob re Jr 50 — 51. A s in scriçõ es do rei lem bram bastante Dn 4.30.
28-37. O cum prim ento da visão. Em cas tigo pelo seu orgulho, o rei foi acometido de um a perturbação mental temporária (lica n tro p ia ), na qual a vítim a se im agina transform ad a em anim al selvagem . Beroso, sacerdote babilónio do século 3a a.C. , o b serv a que N a b u co d o n o so r, d ep ois de rein ar 43 anos, "foi subitam ente invadido pela doença" (Contra Apionem 1.20), obvi am ente se referindo a algum a enferm ida de incom um . Eusébio, em seu Praeparatio Evangélica (9.41) cita Abideno que, com res peito aos últim os dias de Nabucodonosor, diz que "estava possuído por algum deus [d em ó n io ]" que, d ep ois de p ro ferir uma profecia a respeito da vinda do conquista d or persa, "im ed iatam en te d esapareceu". O s crítico s d esco n sid eram essas alu sões e sustentam que a loucura de N abucod o nosor é elem ento fictício de Daniel. Mas o silêncio da história não é por si só prova suficiente para rejeitar a historicidade des se capítulo. Os "sete tem pos", 16, são pro vavelm ente "sete anos". Um texto dos Ma n u sc rito s d o M a r M o rto id e n tific a essa m esm a en ferm id ad e m en tal em N abonido. Por que então seria impossível no caso de N abu cod on osor? O rei foi restaurado, 34, e hum ilhou-se e louvou o "A ltíssim o", 34, confessando-o por Rei do céu, 37.
5. 0 banquete de Belsazar 1-9. A celebração licenciosa e blasfema de Belsazar. O d eclínio moral da nação é evid ente. O s u ten sílio s santos do tem plo de Jeru sa lém foram p ro fan ad os pela be bedeira, pelo deboche e idolatria. A iniqui dade de B abilónia, com o a dos am orreus (Gn 15.16), era com pleta, atraind o a con den ação. Belsazar (acadiano bel-shar-usur, "B ei proteja o rei"), com o o revelou a mo derna arqueologia, era filho do rei Nabonid o, sen d o co -reg e n te ao lado d este. O sin g u la r na lite ra tu ra cu n eifo rm e é que B elsazar é reco n h ecid o com o co-regente. D ois docum entos legais datados dos anos 12 e 13 de N abonido registram juramentos feitos pela vida do rei e de Bel-shar-usur, o príncipe herdeiro. N abonido (N abunaide, acadiano Nabu-na'id, "N abu é inspirador")
[ 30B ) Daniel
foi o últim o rei de Babilónia, 556-539 a.C. No R elato em V erso persa afirm a-se que no seu terceiro ano, N abonido con fio u o re in o ao seu filh o B elsaza r, p a ssa n d o a residir em Tema (na Arábia). A m isteriosa e sc ritu ra na p ared e, 5-9, tra n sfo rm o u o banqu ete num pesadelo de terror. 10-28. O esquecido Daniel e sua mensa gem condenatória. N esse ponto a rainhamãe (provavelmente a idosa viúva de N a bucodonosor) se lem brou de D an iel, que d esem p en h ara p ap el tão im p o rta n te no reinado do seu marido, 10-16. Daniel, o san to idoso, foi cham ado. Belsazar confessou que em Daniel habitava "o espírito dos deu ses" ou a "sa n ta d iv in d ad e". Sabed or da iminente condenação, Daniel recusa a hon ra vazia de ser "o terceiro" no reino, 16, 29. Por que terceiro? Porque B elsazar era coregente, sendo ele m esm o o segundo. D aniel foi m ais do que in té rp re te da escritu ra. Foi o m e n sa g eiro do ju íz o de Deus, da catástrofe que atingiria Belsazar e o im pério caldeu. A escritu ra, "M E N E , MENE, TEQ U EL e PA R SIM ", 25, significa literalm ente: m ene — "co n tad o, co n ta d o ", i.e., "to talm en te co n ta d o ", onde a rep eti ção e n fatiza a id éia; tequ el — "p e s a d o "; Parsim — "e dividido". Peres, particípio pas sado de "d ivid id o", é um jogo de palavras com Parus ("P érsia") ou perasin ("p ersas"). A importância do enigm a é que o im pério ca ld e u e sta v a co m p le ta m e n te c o n ta d o , pesado e divid ido en tre os m ed os e p e r sas. Sobre o sím ile de p esar na b alan ça, ver Jó 31.6; SI 62.9; Pv 16.2. 29-31. Recom pensa de Daniel e morte de Belsazar. Os críticos atacam a h istoricid a de da n arrativ a com b ase na ind iferença de Belsazar, que recom pensou Daniel im e diatam ente. M as o rei estava m eram ente cumprindo a sua palavra e dem onstrando que acreditava na profecia de Daniel. Além d isso, n ão h av ia ra z ã o , n a q u e la a ltu ra , para que D aniel recusasse as honras, pois já havia provado o seu desapego. Os críti cos tam bém contrapõem que a queda de B abilónia e a m orte de B elsa z a r não são autênticas. M as nad a há n a s fo n te s g re gas — H e ró d o to , X e n o fo n te , B e ro so — nem nos registros cu neiform es — a C ró
nica de N abonido ou o Cilindro de Ciro — que su g ira que isso n ã o e stá de aco rd o com a afirm ação do assassinato de B elsa zar. Sobre o problem a do m edo Dario, ver 6.1, 9, 25; 9.1.
6. Daniel na cova dos leões 1-28. Dario, o m edo e Daniel. Daniel era já idoso, certam ente com bem m ais de 80 an os. O p ró p rio D ario já e sta v a na casa d o s 60. S u s te n ta -s e q u e D a rio d ev e ser id e n tific a d o com G u b aru , que d om in ou Babilónia im ed iatam ente após a m orte de Belsazar, e que nom eou sátrapas e p resi dentes, incluindo Daniel, para assisti-lo no g ov ern o do e xten so te rritó rio . P ro v a v e l m ente, ele rein ou cerca de d ois anos, até Ciro se ver livre para conquistar (6.28; 9.1; 11.1). N ão é de adm irar que a Bíblia regis tre outro nom e para o g ov ern an te in teri no Gubaru (ou Ciaxares, o sogro m edo de C iro, se o arg u m en to de Jo se fo está co r reto). Era costum e ter um nom e babilónio além do nom e n a tu ral (cf. D aniel e seus três com panheiros ju d eu s, 1.6-7). A longa carreira diplom ática de D aniel e sua profecia da vitória m ed o-persa sem dúvida foram m otivos que levaram D ario a dar-lhe posto im portante no governo. A fé e a coragem de D aniel, 10-15, foram o prelúdio para um prodigioso milagre, acen tuado pela luta apoteótica contra a id o la tria pagã. Esse sinal de que o Senhor dos cativos hebreu s era realm ente D eus ex e r ceu forte in flu ên cia sobre D ario, com o se vê n o seu d ecreto , 2 5 -2 8 , e sem d ú v id a tam bém ajuda a exp licar o favor de Ciro, que a lg u n s an os d ep o is d ecreto u a p e r m issão da volta dos ju d eu s a Jeru salém .
7. Daniel tem a visão dos quatro animais 1-8. A visão dos quatro anim ais. A data era ev id en tem en te 553 a.C ., qu and o B el sazar iniciou sua co -reg ên cia ao lad o do pai, 1. Os q u atro ven to s que ag itavam o "m ar G rande" (as nações, Ap 17.15) repre sen ta m os p o d e re s c e le s tia is (d e m o n ía cos) m alignos (Dn 10.13; Ef 6.12), que de
Daniel I 307 I
sem p en h aram um papel de d estaq u e no governo do hom em caído. O s quatro an i m ais delineiam os m esm os quatro im péri os m undiais do sím ile de 2.37-45, com uma d ifere n ça : o co lo sso re p re sen ta o b rilh o exterior ofuscante dos governos do m u n do nos seu s asp ectos p olítico, económ ico e social, enqu anto o cap. 7 revela seu in trín se co ca rá te r eg o ísta e an im alesco. Esses quatro im périos, com o no cap. 2, são B ab iló n ia , a M ed o -P érsia (e não um isolad o rein o m edo, com o propõem m ili tan tes da alta crítica), G récia e R om a. O leão prefigura B abilónia; o urso, a M edoP érsia ; o leo p a rd o , a G récia ; e o irre c o n h e c ív e l a n im a l de fe rro r e tra ta R om a ad m iravelm ente. O s dez chifres da férrea R om a são dez reis, 7-8 (cf. 24), e c o rre s p o n d e m ao s d ez a rte lh o s de 2 .4 0 -4 4 . O pequeno chifre, 8, prefigurado por A n tío co Epífanes (8.23-25), é o A nticristo dos úl tim os tem pos, o "h om em da in iq u id a d e" de 2Ts 2.3-8, o "re i" de Dn 11.36-45, a "b e s ta" de Ap 13.4-10, o últim o e terrível sobe ra n o d o s te m p o s d o s g e n tio s , q u e será d e stru íd o p elo M e ssias na su a seg u n d a vinda (Ap 1 9 —20). 9-14. A visão da segunda vinda do M es sias. Essa é a contraparte do AT para Ap 19.11-16. O "Ancião de d ias", 9, 13, é Deus. "U m com o o Filho do H om em ", 13, é o Cris to in v e stid o do rein o e v o lta n d o à terra com o Rei dos reis e Senhor dos sen hores (A p 19.16). Ele porá fim aos tem p o s dos g e n tio s e ao d o m ín io g en tio do m u nd o, e sta b elecen d o seu reto g ov erno sobre Is rael e as n a çõ es. A p rese n ta -se a in v e sti dura do M essias no reino, no céu, 13-14. Isso acon tecerá antes da sua v ind a re tra tada em 9-12, e é idêntico a A p 5.6-10. D a niel d escreve o ju ízo das nações e o esta b e le c im e n to do re in o , 10, 2 6 -2 7 (cf. M t 25.31-46; Ap 20.16). A visão da destruição do pequeno chifre, 11 (cf. 8) é cum prida na segunda vinda (Ap 19.20; 20.10). 15-28. A interpretação da visão. "O s san tos do A ltíssim o" que "receberão o reino", 18, 22, 25, 27 são os judeus rem anescentes salvos que passarão pela G rande Tribu la ção e herdarão o reino e as alianças e pro m e ssas fe ita s a Is ra e l em re la ç ã o a ele.
O bserve que o reino será eterno, 18. Os as pectos mediatário e temporal dele, i.e., o rei nado de mil anos de Cristo (Ap 20.4, 7), se fu nd irão ao estado eterno quando Cristo, depois do seu reinado na terra, "entregar o reino ao Deus e Pai [...] para que Deus seja tudo em todos" (IC o 15.24-28). É importan te que a designação de Deus como o Altís simo, possuidor do céu e da terra (Gn 14.1822), seja usada quando o M essias vier para confirm ar esse título no seu reinado, 27. E essencial p erceber que o "q u arto anim al", 23, e a confederação de dez reinos que dele cre sce, 24, não são a G récia m aced ôn ica nem A ntíoco Epífanes, 25-26, com o com um en te afirm am os crítico s, m as a Rom a rediviva do último dia, pois todo o contexto envolve a segunda vinda do M essias e seu su b seq u en te rein ado.
8. 0 carneiro, o bode e o pequeno chifre 1-14. A visão. Situad a dois anos m ais tarde em relação à visão dos anim ais (7.1), o p e río d o d ev e ser 551 a.C ., e o lu g ar, Sushan (Susã), que se tornou a capital de inverno dos reis persas. O rio Ulai é o Eulaeus dos autores clássicos, 2, 16, um ca nal a rtificia l (acad iano U-la-a) que corria perto de Susã, de norte a nordeste, ligan do os rios Kerkha e Abdizful. O imperador assírio A ssu rbanipal alega ter averm elha do suas águas com o sangue dos inim igos quando invadiu a província de Elão, a les te de Babilónia. O carneiro, 3-4, com dois chifres (Média e Pérsia) é o im pério m edo-persa, 539-331 a.C. O bode é a Grécia macedônica nas suas co n q u istas-relâm p ag o sob o com ando de A lexan d re M agno, o "c h ifre n o tá v e l" do bode, 5. A conquista do im pério persa por A lexand re está profeticam ente sim boliza da, 6-7, nas batalhas decisivas de Granico (334 a.C.), Isso (333 a.C.) e Gaugamela (331 a.C .). Sua m orte prem atura em Babilónia (323 a.C.) e a divisão do im pério mundial entre seus quatro generais são prenuncia das, 8. Isso gerou os três grandes impérios helenísticos por volta de 275 a.C.: Macedônia, Egito (Ptolom eus) e Síria (selêucidas).
[ 308 1 Daniel
A carreira de A n tíoco E p ífan es (175163 a.C .) é p ro fe ticam en te d elin ea d a , 914. Em 167 a.C., ele conqu istou a P alesti n a, p ro fa n o u o s a n tu á rio e o d ed ico u a Zeus O lím pico. Em 164 a.C. o tem plo foi purificado. Esse é o período das "d u a s m il e tre z e n ta s ta rd e s e m a n h ã s " , 14. E sse "ch ifre pequeno", 9, não deve ser confun d ido com o outro p equ en o ch ifre de Dn 7.8, 24-26, que é o A nticristo do final dos tempos, em bora A ntíoco Epífanes o tenha prenunciado, 24-25. A m bos são sem elhan tes na sua idolatria e p rofanação do tem plo (cf. 2Ts 2.3-4; Ap 13.1-18), m as são d is tin to s co m o p ro v a o c o n te x to e co m o atesta tam bém A p o calip se . 15-27. A interpretação da visão. A inter pretação do anjo Gabriel m ostra claram en te que a visão de A n tíoco E pífanes é um prenúncio da futura tribu lação, cham ada de "tem po do fim ", 17, "tem p o da ira ", 19, "quando os prevaricad ores acabarem , [le vantando-se] um rei de feroz catad u ra e especialista em in trig a s", 23.
9. A profecia das setenta semanas 1-19. A oração de D aniel. A data da pro fecia, resultado da profunda oração peni ten ciai de D an iel, é "o p rim e iro ano de D ario" (538 a.C.), "filh o de A ssu ero ". D a niel foi in sp ira d o a in te rc e d e r p ela re s tauração do seu povo ao ler as p ro fecias de Je r e m ia s s o b re o s s e te n ta a n o s (Jr 25.11-12; 29.10). 20-27. A resposta — a profecia das seten ta semanas. A profecia de Jerem ias do cati veiro babilónio de setenta anos é tom ada com o base de um a n ov a revelação p an o râmica de toda a história do povo de D ani el, os ju d eu s, da recon stru ção dos m uros de Jeru salém até o d efin itiv o e sta b e le ci m ento do reino terreno do M essias. Em prega-se o sím ile das setenta sem a nas. As sem anas (heb. sabu a, gr. H eptads, "setes") são anos em grupos de sete. O total são setenta grupos de sete, ou 490 anos. É uma resposta historicam ente com pleta à ora ção de Daniel (1-19), quando o castigo na cional de Israel estará term inad o; a visão p ro fé tica , selad a (fe c h a d a ) p o r e s ta r já
Dario, o rei persa. cu m prida (cf. A t 3.21); e a ju stiça etern a, trazid a a Israel q uand o a n ação aceitar o M essias na sua segunda vinda, 24. O total de setenta sem anas ("s e te s ") é p rim eiro d iv id id o em sete sem an as ou 49 anos, 25. N o início desse tem po sai a "o r d em para re sta u ra r e p ara e d ifica r Je r u salém " no decreto de A rtaxerxes I para o r e e r g u im e n to d o s m u ro s de Je r u s a lé m (N isã, m ar.-abr., 445 a.C ., N e 2). D urante esse período (445-396 a.C), "a s praças e as c irc u n v a la ç õ e s se re e d ific a rã o , m a s em tem p o s a n g u stio so s". A d iv isão seg u in te são 62 sem an as ou 434 anos, 26. A pós esse períod o (m ais as p rim e ira s sete sem a n a s, cf. v. 25) "s e r á m orto o U ngido" (396 a.C. a mar.-abr. de 30 d.C.). O períod o de 62 sem anas term inou e Cristo foi m orto e nada tinha, i.e., nada que fos9e seu de d ireito, rein o nenhum . Depois das 62 sem anas profetiza-se um período não medido, tempo de rejeição da na ção de Israel, durante o qual "o povo de um príncipe que há de v ir [a Besta, soberano mundial do final dos tempos dos gentios, cf. 7.8; Ap 19.20] destruirá a cidade e o santuá rio", 26b. Os romanos, comandados por Tito,
Daniel I 309 I
destruíram Jerusalém em 70 d.C.; a cidade foi arrasada pelos gentios (Lc 21.24), os ju deus foram dispersos e a era se caracteriza por guerras e desolações. A última semana dos sete anos constitui o clímax da história judaica anterior ao esta belecim ento do reino messiânico, 77. O pe ríodo é dividido em duas metades (cada qual com três anos e m eio). D urante a prim eira metade, o "príncipe" (soberano mundial, "p e queno chifre" de 7.8, 24-25) fará aliança com os judeus, que serão restaurados na Pales tina com a retomada do culto no templo. No meio da semana, a aliança é rompida, e cessa o culto para os judeus (2Ts 2.3-4), com eçan do o tempo da Grande Tribulação. A vinda do Cristo, o M essias, consuma esse período de desolação, trazendo eterna justiça a Israel, 24, e juízo para "o assolador", o soberano e seus exércitos (Ap 19.20).
10. 0 papel dos poderes demoníacos nos governos 1-14. A visão. Esse capítulo é o prólogo da visão do cap. 11, enquanto o cap. 12 é o epílogo. O "terce iro ano de C iro " foi 535 a .C . " B e lt e s s a z a r " , n o m e b a b iló n io de D aniel, era ap aren tem en te form a a b rev i ada do acad iano B el-balasu-usur ("q u e Bei [i.e., Baal] proteja sua vid a"). O v. 1 deveria ser traduzido assim: "... e a coisa [rev elad a] era v erd ad eira [v erd a de], e era um conflito [que envolvia batalha ou guerra espiritual]". A batalha implicava um a contend a esp iritu al com os pod eres dem oníacos que agiam no governo do sis tem a m u n d ial, 13. A s três sem a n a s que D aniel passou orando e jeju and o, 2-3, de safiaram essas "fo rça s esp iritu ais do mal, nas regiões celestes" (cf. Ef 6.12), i.e., espí ritos m alignos ligados à adm inistração go vernam ental que agiam por m eio de Ciro, 13. O "p rín cip e do reino da P érsia" era o esp írito m aligno do governo agindo em e por m eio de Ciro (não o próprio Ciro), para atrapalhá-lo no seu bom intento de repatri ar os judeus. Miguel, 12-13, arcanjo e patro no do povo de Daniel, os judeus, 12.1, veio para auxiliar Daniel no conflito precipitado pela ferv orosa oração.
15-21. O significado da visão. Os gover n o s m u n d ia is d o s te m p o s dos g en tios (Lc 21.24) são op erad os por espíritos ma lig n o s ou d em ónios invisíveis do sistema m undial satânico. Esses tentaram obstruir a oração de D aniel pelo povo de Deus, cuja d efin itiv a restau ração no reino será pre cedida pelo final dos tem pos dos gentios e a p r is ã o de S a ta n á s e s e u s d em ó n io s (Ap 20.13), possibilitando assim o governo perfeito do M essias na Era do Reino.
11. Os reis do norte e do sul 1-35. A s guerras dos Ptolom eus e dos selêucidas. Essa prodigiosa pré-escritura da história pelo Espírito de profecia por inter m édio de Daniel, do século 6“ a.C., parece im possível aos críticos racionalistas e é a principal razão para a rejeição da legitim i dade de Daniel. A história confirm ou m i n u cio sam en te a v eracid ad e dessas profe c ia s c u m p rid a s p e lo s re is p e rs a s , 2; A lexa n d re M agno, 3-4; os P tolom eu s do Egito, 5; o "rei do S u l" e os selêucidas da Síria, o "rei do N orte", 6-35. Mesmo os ro m anos, 30, em "n a v io s de Q u itim " (C hi pre), m encionad os na descrição de A ntío co IV (E p ífan es), 21-45, e a "ab om inação d esolad ora", 31, que ele perpetrou ao pro fan ar o tem plo de Jeru salém , cum priram exa ta m en te essas p ro fecias (cf. com entá rios sobre 8.1-14). 36-45. O final dos tem pos e o homem da iniquidade. Entre 35 e 36 decorre um perío do não m edido de tempo, do cum prim en to h istó rico d essas p ro fecias em A ntíoco E p ífan es e os v ito rio so s m acab eu s até o ainda futuro cum prim ento de 36-45, cum prindo 10.14. O obstinado rei desses versí culos é o Anticristo dos últimos dias, o ho m em da iniquidade de 2Ts 2.3-4, o iníquo de Ap 13.1-10, prenunciado por Antíoco Epí fa n e s. " [E le ] se rá p ró s p e r o , até que se cum pra a in d ig n a çã o ", 36 (12.1), i.e., até que a ira de D eus se d erram e (M t 24.21; Ap 6 — 19). R e v e la -se seu caráter iníquo, de d e sa fio a D eu s, 36 -3 9 . E sboça-se sua atividade no fim dos tem pos, precedendo o seu juízo, 40-45 (cf. Ap 19.20; 20.10), que é descrita em 2Ts 2.3-10. O ataque do último
[ 310 l Daniel
dia lançado pelos reis do N orte e do Sul não o destruirá. Só o juízo direto de Deus contra ele, operado pela volta vitoriosa de Cristo, é que selará seu destino. Enquanto reinar, será invencível.
12. A grande tribulação e a libertação de Israel 1. O grande período de tribulações do final dos tem pos. "N e sse te m p o " (d u as vezes no v. 1) é o tem po do final, a última m etade da sep tu agésim a sem ana de D a niel (v. com entários sobre 9.27), o terrível período de "angústia para Jacó " (Jr 30.5-7) que precederá a volta de Cristo. Esse p e ríodo é delineado em Ap 12.7-17, culm inan do nos terríveis juízos das taças de Ap 15 — 16, e na d e stru içã o do sa tâ n ico sistem a mundial religioso e político (Ap 1 7 —18). O apogeu vem com o surgim ento do M essi as (Ap 19.11-16). Esse tem p o do "fim " é mencionado em Dn 8.17-19; 9.26; 11.35, 40; 12.4, 6, 9. "Teu povo", 1, é o povo de Daniel, os judeus. "Aquele que for achado inscrito no liv ro" representa os libertos da m orte física (Is 4 .2-3) e re g en era d o s p ara d e s frutar da bênção do reino. Sobre o m inis tério de M iguel em nom e de Israel no final dos tem pos, cf. Ap 12.7-12 e Dn 10.21 (li bertando o resto de Israel da ira de Sata nás, que foi lançado à terra). 2-3. A ressurreição de Israel. A atribuição dessa ressurreição a Israel e a exclusão da idéia de um a ressu rreição geral dos m or
tos são dem onstrad as pelo seguinte: (1) o contexto, que trata do povo de D aniel, os judeus, 1. (2) O term o "m u ito s", e não to dos. (3) A expressão p artitiv a "d o s q u e", "dentre os quais", ligada aos que "dorm em " (o sono da m orte física) "n o pó da terra", te rm o fig u r a tiv o p ara a se p u ltu ra (cf. Jó 20.11; Gn 3.19). (4) O verbo "ressuscitar", d en otand o a ressu rreição física (Is 26.19) do sono da m orte (2Rs 4.31; Jr 51.39, 57; Jó 14.12). (5) A expressão "p ara a vida e ter n a ", m o stran d o que é ressu rreiçã o física para a vida eterna. (6) O fato de que o pró prio D an iel (com tod os os salvos do AT) participará dela, 12.13. (7) O cum prim ento de d eclaraçõ es do Senhor, com o M t 8.11; 19.28. (9) A Expressão "u ns para a vida eter na, e ou tros para vergonha e h orror eter no" não significa que os justos e ím pios res s u s c ita rã o (cf. id é ia s e m e lh a n te em Jo 5.28-29). A prim eira categoria engloba to dos os israelitas salvos ressu scitad o s n a quele tem po, enqu anto a segunda abarca aq u eles que ficarem p ara a segu nd a re s surreição (Ap 20.11-15). (9) O v. 3 se refere a recom pensas dos santos ressurretos do AT. 4-13. A consum ação final. O caráter do p e río d o in te rm é d io , e s p e c ia lm e n te sua parte final, 4, 9, foi revelado a Daniel pelo Senhor, 5-8. M as a profecia ficaria selada (não com p reen d id a) até o fin al dos tem pos, 4. Os v. 11-12 dão o tem po da dedica ção da im agem do A nticristo (9.27) no tem plo de Jeru salém (2Ts 2.3-4), e a d uração do grande período de ira.
Os profetas menores I 311 ]
Os Profetas Menores Os ditos Profetas Menores, em número de doze, distinguem-se dos Profetas Maiores — Isatas, Jeremias, Ezequiel e Daniel. No cânon hebraico, estão agrupados como um só livro intitulado Os Doze, e, com os três primeiros profetas maiores, somam quatro livros.
conhecidos como Profetas Posteriores. Os Profetas Anteriores são também quatro — Josué, Juizes, Samuel e Reis. A Bíblia hebraica então tem oito profetas na sua segunda seção, chamada Profetas (1NebVlrr). Daniel foi colocado na terceira seção,
entre os Escritos (Ketúbím). Desde o tempo de Agosti nho (final do século 42), a igreja latina emprega o termo Profetas Menores por causa da sua brevidade (e não por falta de impor tância), em comparação com os Profetas Maiores.
Os Profetas Menores e sua mensagem Oséias
Miquéias
Zacarias
O Senhor ama Israel apesar do seu pecado.
O Messias nascido em Belém será o Libertador da humanidade.
O Senhor se lembrará do seu povo Israel.
755-15
740-690
520-15; caps. 9— 14 após 500
Joel
O juízo precede a futura renovação espiritual de Israel
Naum
Malaquias
Virá o juízo sobre a iníqua Nínive.
835-796*
630-12
Que os ímpios sejam alertados sobre a certeza do juízo.
Amós
Habacuque
Deus é justo e precisa julgar o pecado.
A justificação pela fé é o expediente que Deus utiliza para a salvação.
433-400
765-50
625 ou antes Obadias
Seguro castigo deve se abater sobre o orgulho impiedoso. 848*
Sofonias
O Dia do Senhor deve preceder a bênção do reino. 625-10
Jonas
A graça divina tem alcance universal. 780-50
Ageu
O templo e os interesses do Senhor merecem total prioridade. 520
*0 texto não data precisamente esses profetas. Por isso há diferenças de opinião a respeito do período dos seus ministérios.
[ 312 I Os profetas menores
Reis contemporâneos Israel
Judá
Profeta
lllí Azarias* 792-40
Jeroboão II* 793-53
Illilli
g y y i fpfcjp!
S ijf
hm> Ê k .í r JL
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Zacarias
753-52
H
á
Salum
Menaém 752-42
Anarquia e guerra civil Oséias 1.4
Oséiás 732-22
M
Peca 752-32
i
A '
A
i. Jotão*
Pecaías 742-40
750-32
Acaz* 735-16
Ezequias 716-687
722 ‘ Incluindo as coregências.
Samaria
Começa Oséias
Oséias 0 amor de Deus por seu povo pecador O profeta e seu tempo. Oséias começou seu ministério perto do final da era próspera e moralmente decadente de Jeroboão II, de Israel (782753 a.C.), e, após a queda de Samaria (722 a.C.), continuou pelos reinados atribulados de Jotão, Acaz e Ezequias (1.1). Seu ministério foi muito próximo do de Amós. Este vociferou suas profecias amargas como um sulista ao Israel próspero e dissoluto, enquanto Oséias falou com a comoyida paixão de um ,
filho da terra. Jonas foi missionário estrangeiro do reino setentrional, enquanto Oséias era missionário em sua própria terra. Dotado da contrição e paixão de Jeremias, Oséias tinha uma sensibilidade que fez dele o apóstolo do amor do AT. Embora o tema do juízo da apostasia permeie o livro, está entrelaçado com o fio dourado da misericórdia e do amor. E a denúncia que faz Oséias do pecado, anunciando o iminente juízo, não lembra as ferozes acusações de
Uma eira, local próprio para debulhar, trilhar, secar e limpar cereais, em Israel. 0 profeta,Oséias ensmava que Israel colheria aquilo que plantou.
Amós, mas é uma elegia pesarosa e solene, que respira o profundo amor do Senhor por seu povo pecador.
Esboço 1— 3 A rejeição de Israel como esposa infiel; sua futura aceitação e restauração 4— 14 Mensagens de juízo mescladas a súplicas de amor e misericórdia
[ 314 l Oséias
1. O casamento do profeta ilustra o pecado de Israel
será que ela virou m eretriz d epois do ca sam ento, ou (3) será o incid ente som ente u m a a le g o ria ? C o m o Is ra e l, a a d ú lte ra 1. Introdução. O séias significa "sa lv a esp osa do Senhor, nem sem pre foi casta, ção" ou "lib e rtação ". A convicção fu nd a é p o ssív e l a seg u n d a a ltern a tiv a . M as o m ental da profecia h ebraica está e x p res texto a p a ren tem en te su sten ta a p rim eira sa aqui na inspiração divina de um agente opção, que n ão denigre, com o alegam al hu m ano, com a co n se q u e n te au to rid a d e guns, a santidad e de um D eus soberano. da m ensagem . 2-9. Oséias recebe ordens divinas de ca 2. 0 sofrimento de Israel por sua sar com uma m eretriz. O séias tom ou a pros prostituição tituta Gômer e ela lhe deu filhos. Ele lhes deu nom es, 2-9, histórica e p rofeticam en 1-13. Apelo e alerta. O discurso é dirigi te significativos. Jezreel, o filho, significa do aos restantes, 1, que são incentiv ad os "O Senhor sem eia", 3-5, e lembrava o san a questionar o Israel descrente (sua mãe), gue de Je z re e l d erra m a d o p o r Je ú (lR s 2, repudiado pelo Senhor com o esposa por 19.15-17; 2Rs 10.1-14) e o im inente castigo conta da sua in fid elid ad e. O p róp rio S e da dinastia de Jeú, que desde então reina n h o r d ra m a tica m e n te am eaça su a e sp o va e da qual era m em bro Jeroboão II. Je sa infiel com graves castigos, 3-13. zreel tam bém ap o n tava a fu tu ra re s ta u 14-23. Israel será restaurado. O vale de ra çã o de Is ra e l, 2 .2 1 -2 3 . A n u n c ia -s e o A cor ("trib u la çã o "; Js 7.26; Is 65.10) fica a n a scim en to de um a filh a , L o -R u h a m a h sud oeste de Jericó (m oderna el-B u qe'ah). ("D esfav orecid a"). A m enininha seria um Israel, rep u d iad o, será restau rad o . A n a lem b rete v iv o de q u e, p o r cau sa da sua ção que im oralm ente tom ou Baal por m a p rostitu ição, Israel já não seria fa v o re ci rido e afu nd ou nos p ecam inosos ritos de do. O nom e do terceiro filho (outro m eni fertilidade dos cananeus, 6-7, retornará ao no), Lo-Am m i ("N ão-M eu-Povo"), fez dele Senhor (Ishi, "M eu m arid o") e já não cha um a lem brança viva do porqu ê de o S e m ará Baal pela d etestáv el d esignação Banhor já não favorecer seu povo. Com o Is ali ("M e u B a a l", Senhor), 16. Esses versí rael aband onara a lei de D eus, a relação culos apresentam um futuro glorioso para de aliança estava rompida. "M eu -P ovo" se Israel. (Sobre o v. 23, cf. Rm 9.25-26.) refere a Israel, com o nação eleita de Deus no AT, enquanto "N ão-M eu -P ovo" faz re 3. A futura restauração de Israel fe rê n cia ao a fa s ta m e n to te m p o rá rio do povo eleito (cf. Rm 11.1-5). O período "L o1-3. O passado de Israel é simbolizado. Am m i" de Israel term inaria com a conver O séias comprou sua esposa infiel de volta, são da nação e sua reunião a Judá. disciplinou-a, com o o Senhor fazia com Is 10-11. Futura restauração de Israel. Cf. Rm rael, e afirm ou seu am or im orredouro por 9.23-26 sobre o com entário divino a respei ela. O trecho "C om o o S e n h o r ama os filhos to da soberania de D eus e do restabeleci de Israel, em bora eles olhem para ou tros mento de Israel. O v. 11 ainda não foi cum deuses", 1, expressa o tema central da pro prido. "Grande será o dia de Jezreel" alude fecia de O séias — o am or im orredouro de à matança de A rm agedom , um prelúdio à D eus pelo povo da sua aliança. "B olos de destruição dos inim igos de Israel n o final p a ssa s’' eram u sa d o s em c u lto s p a g ã o s dos tempos, e à restauração, 11. fe stiv o s (Is 16.7; Jr 7.18). E m bora O séias tenha com prad o sua esposa de volta (su gerindo o resgate pago por C risto no C al vário), ela não viveria com ele com o espo Problema morai sa, m as deveria ficar com o viúva chorosa, (1) S e rá q u e o S e n h o r o rd e n o u q ue d isciplinando-se, até que ele um dia a to Oséias casasse com um a m eretriz, ou (2) m asse para si, depois da sua purificação.
Oséias I 315 I 4. D escreve-se o presente de Israel. D u rante esse período de disciplinam ento num virtual estado de viuvez, Israel ficaria pri v ad o das su as in stitu içõ es c e rim o n ia is e civis, com o d esd e então acontece. 5. Indica-se o futuro de Israel. Isso ♦ ainda não se cum priu e acontecerá nos últim os dias de Israel, antes da restauração do rei no (A t 1.6), quando a esposa ad últera for purificada (Zc 12.10; 13.1) e restaurada.
4. 0 apego de Efraim à idolatria 1-11. O s frutos da id olatria. O elenco geral de pecados, 1-5, é am pliado pela obs tinada ignorância do povo do Senhor, 6-11. 12-19. D escrição da idolatria de Efraim. Q ue d u ra a firm a çã o da in s e n s a te z e da im piedade dos cultos cananeus! Bete-Á ven ("c a sa da im p ied ad e ou v a id a d e "), 15, é ap aren tem en te nom e p ejo rativ o de B etei (5.8; cf. 10.8), centro da corrupção idólatra c a n a n é ia (c f. 1 0 .5 , " b e z e r r o d e B e te A v en "). "E fr a im ", 17, tornou -se d esig n a ção de Israel d epois da guerra siro-efraimita (734-732 a.C.), quando o reino do norte p erd eu seus territórios p eriférico s p ara a A ssíria, fican d o red uzido ao n ú cleo cen tral. A patética atenção de Efraim aos ído los, 17, gerou inevitável condenação, 19, o v e n to e n v o lv e u o p o v o com se u p o d e r para dispersá-lo no exílio.
5—6. Mensagem de censura e futura misericórdia 5.1-14. Retira-se o favor do Senhor. Os líd eres israelitas (sacerd otes e g o v ern an tes), 1, vinham sendo laço para o povo, atra indo o juízo. O Tabor parece ter abrigado um santu ário pagão nos seus altos, assim com o M ispa, ao norte de Jeru salém (IS m 7.5). Efraim (v. com entário sobre 4.12-19) era tão apegado à idolatria (4.17), que foi inca paz de voltar ao Senhor. "Filhos bastardos", 7, eram descendência infiel ao Senhor. 5 .15—6.3. Volta e bênção futuras. O Se n h o r se a fa sto u de Israel. C o m e ço u sua tem porária aflição, que continuará até que e le v o lte no seu seg u n d o a d v en to , 5.15. E xp ressa-se o clam or sentid o dos crentes
restantes dos últim os dias, 6.1-3 (cf. Is 1.9; Rm 11.5), anu nciand o-se em 5.15 seu cla m o r im e d ia ta m e n te a n te rio r à v o lta de Cristo. O s "d ois d ias", 2, prefiguram o lon go períod o de aflições de Israel (5.15). O "terceiro d ia ", 2, é seu dia de ressurreição (re g e n e ra çã o ) e sp iritu a l e co n se q u e n te s bênçãos esp iritu ais (J1 2.28-29). 6.4-11. A resposta do Senhor. Ele lam en tou o destino de Efraim e Judá, 4-6, denun ciando seu pecado, 7-11, que provocou suas ca la m id a d e s.
7—13. A acusação do Senhor contra Israel 7.1-16. Sua depravação moral. A horrí vel colheita da sua idolatria, 1-7, por mistu ra r-se ao co rru p to p ag an ism o das n a ções vizinhas, 8-16, é denunciada. 8 .1 —9.9. C ondenação da sua apostasia. D epois do anúncio do juízo, 8.1-7, pela sua
[ 316 1 Oséias
a p o sta sia , 8-14, vêm os a lerta s co n tra o espírito de excessiva autoconfiança, 9.1-9. 9.10 — 11.11. R etro sp e ctiv a d os p e ca dos e afliçõ es da n ação . N a rra -se com o Israel retribu iu o am or de D eu s, 9.10-17, a train d o te rrív el cu lpa sob re si, 10.1-11. M in is t r a m -s e e x o r t a ç õ e s e c e n s u r a s , 1 0.12-15. E x p lic ita -se a m is e ric ó rd ia de D eu s, 11.1-11. 11.12 —13.13. A cusação contra Efraim . Ele é acareado com sua contam inação cor rupta e idólatra, 11.12— 12.2. L em bram -se m isericórdias do p assad o, 12.3-6, com p a radas com a atual penúria de Israel, 7-14. Sua an tig a g ran d eza é co n tra sta d a com sua vergonha e m orte espiritual, contam i nada pelo culto im puro de Baal, 13.1-6. O Senhor se viu obrigado a se voltar contra ele com o um leopardo, 7, com o um leão, 7, e como um a ursa privada dos filhotes, 8. A ruína de Israel está no fato de levantar-se contra o Sen h or, que é seu auxílio, 9-11. Será que seu s reis p o d eriam sa lv á -lo da d estru ição que h av ia atra íd o sobre si ao voltar-se con tra o Sen h or? O s reis de Is rael não pod eriam salv á-lo da d estruição
do Senhor. D eus institu ía os reis e os de punha diante do juízo. 13.14-16. A futura ressurreição de Israel. Trata-se de um a gloriosa prom essa de res surreição física (IC o 15.55) para os israeli tas salvos, antes da era do reino (Dn 12.2). A re ssu rre içã o física d os fié is é um fato im utável de certeza divina.
14. A restauração de Israel no reino 1-3. Chaniado à volta. O Espírito de Deus, por intermédio do profeta, clama ao apósta ta Efraim que volte ao Senhor, com fé e ar rependimento. "N ovilhos" é usado no senti do de sacrifício oferecido em ação de graças. 4-8. A resposta misericordiosa do Senhor. O am o r s o b e ra n o se e x p re s s a em d u as prom essas, 4-5. Na glória do reino, Israel, o "lírio " e a "o liv eira" (cf. Rm 11.16-24), flo rescerá. A oliveira é um sím bolo de Israel na sua bênção espiritual. 9. D eclaração final. Os espiritualm ente sá b io s co m p re en d e rã o essas co isa s, m as n ão os p ecad o res.
Joel 0 grande Dia c|o Senhor Autor e data. Joel significa "o Senhor (Yahweh) é Deus". Cita-se o nome do seu pai, mas meramente para distingui-lo de outros de mesmo nome. Ele relega até o tempo em que profetizou à adivinhação. Embora os críticos modernos o situem em data tardia (após o Exílio), os estudiosos conservadores o têm como talvez o mais antigo dos profetas menores, tendo vivido durante o reinado de Joás (c.800 a.C.).
Esboço A praga dos gafanhotos — o Dia do Senhor
1 .1 -2 0
Eventos do Dia do Senhor
2 .1 -3 2
O juízo das nações
3 .1 -1 6
A bênção do reino
3 .1 7 -2 1
Rabino judeu segura um
shofar (instrumento de sopro feito de chifre de carneiro). Segundo Joel, o soar da trombeta sinalizaria o perigo de forças invasoras.
[ 318 l Joel
1. A praga dos gafanhotos — o Dia do Senhor
é futuro, com o o do cap. 3. O exército inva sor será p re p a ra çã o para o A rm ag ed o m (Ap 16.13-16). O troar da trombeta (sopar, um 1.7. A desolação da terra. O profeta é apre chifre entalhado) sinalizava o perigo de for sentado, 1. Descreve-se uma inaudita praga ças invasoras (Os 8.1; Jr 4.5; 6.1). "M eu santo de g afanh otos, que seria in esq u ecível no m onte" (Sl 2.6) é Moriá, o monte do templo. futuro, 3. A praga foi absolutamente destru D escrevem -se o Dia do Senhor e a terrível tiva. Dão-se quatro nom es aos gafanhotos, d estru ição provocad a p elo exército, 2-10, retratando sua destruição dizim adora. "O funcionando a praga dos gafanhotos (exér que deixou o gafanhoto cortador, com eu-o o cito) com o pano de fundo dessas im agens. gafanhoto migrador; o que deixou o m igra11. Surge o exército do Senhor. Implícita dor, com eu-o o gafanhoto devorador; o que está a segunda vinda de Cristo; é o perío deixou o devorador, com eu-o o gafanhoto do da luta titânica do Arm agedom (3.9-13; destruidor", 4. O s ébrios da nação são cha A p 16.14). Os santos e anjos constituirão o mados a lamentar a calamidade, 5. Os gafa "e x é rc ito " do Senhor. nhotos sugerem algo ainda m ais terrível e 12-17. O rem anescente penitente. O Se compõem a im agem profética de uma ca nhor conv id a os restantes da terra ao g e tástrofe maior. Prefiguram um exército in nuíno arrependim ento, 12-13, e a receber a vasor, 6-7 (cf. 2.25) e a consequente desola bênção do Senhor, 14. Todas as classes, 15ção da terra. A vide (Sl 80.8, 14; O s 10.1; 17, estão incluídas. Ninguém é dispensado, Is 5.1-7) e a figueira sim bolizam Israel no nem m esm o o recém -casado (cf. Dt 24.5). seu privilégio espiritual de nação eleita (Os 18-27. A resposta do Senhor aos judeus 9.10; M t 24.32-33; Lc 13.67; Rm 11.17-24). penitentes da terra. Ao invés de a abrasa 8-13. Cham ado a lam entar a praga. To dora ira do Senhor se abater sobre eles, o das as p essoas, 8-10, esp ecialm en te o la ard en te ciú m e do Sen h or é que se in fla vrador e os vinhateiros, 11-12, os sacerdo m ará por eles, e sua m isericórd ia se lhes tes e todos os líderes espirituais da nação, re v e la rá , 18. E le p ro m e te p ro s p e rid a d e 13, são cham ad os a prantear. tem poral, 19; libertação m ilitar, 20; alegria 14. Chamado à auto-humilhação e ao arree contentam ento, 21-23; a volta da chuva e pendim ento. O jejum e a oração precisam ab u nd antes colh eitas, 24-26; e a restau ra dar sinais de genuíno arrependim ento. ção da com u n h ão , 27. O s estu d io so s d e 15-20. A praga como símbolo profético ram tra d u çõ e s d istin ta s para o v. 23: "a do Dia do Senhor. Assim com o o Espírito de ch u v a p re c o c e p a ra a su a ju s tif ic a ç ã o " profecia freq u en tem en te usa algum a c ir [n a s b ] ou "o m estre da ju stiça " [ n iv ], em cu nstância local com o o casião para um a p re sta n d o -lh e co n o ta çã o m essiân ica. profecia de grande alcance (cf. Is 7.1-14, no 28-32. A promessa do derram amento do caso da predição do nascim ento virginal), Espírito. Keil interpreta o derramamento do também a praga dos gafanhotos se tran s Espírito com o um a consequência secund á forma em símbolo do futuro Dia do Senhor ria e tardia do dom de "um mestre da justi (Is 2.12-22; 4.1-6; Ez 30.3; Ap 19.11-21). Nesse ça" (cf. 23). "D epois", 28 (At 2.16), refere-se período apocalíptico (Ap 6 — 19) o Senhor aos dias de exaltação e bên ção de Israel, m anifestará o seu p od er derrotan d o seus no início da era do reino (Is 2.2-4; M q 4.17). inimigos ativa e publicamente, a fim de fun O termo^ "d erram ar" significa um a copiosa dar seu reinado m ilenário sobre Israel. E o a b u n d â n cia de co m u n ica ç ã o d iv in a (cf. período vividamente descrito em Sl 2. Is 32.15; Ez 39.29). A forma como Pedro apli cou essa profecia em P entecostes (At 2.152. Eventos do Dia do Senhor 21) ilu stra aquilo que o E sp írito de D eus 1-10. O exército invasor do norte. Joel 2 pode fazer. Seu cu m p rim en to d errad eiro nos conduz imediatamente ao final dos tem aguarda o início da Era do Reino. O derra pos dos gentios, e ao desenrolar histórico mam ento no reino deverá ser universal, 28do Dia do Senhor, 1. O cumprimento ainda 29, e estará ligado ao estágio apoteótico do
Joel [ 319 ] "D ia do Senhor", 30-31, com sinais prévios anunciando a deposição dos ím pios diante da fundação do reino de Cristo na terra, 32.
que o cenário do juízo era o vale de Cedrom e a larga depressão m ontanhosa no sul da cidade além de Hinom . Cedrom é hoje co nhecido como vale de Josafá, assim chama do desde Eusébio, m as evidentemente com 3. 0 juízo das nações base nas passagens de Jo el e Zacarias. 1. A restauração de Israel no fim'dos tem O ju ízo virá "p o r causa do meu povo e pos. "Naqueles dias e naquele tempo" deno da m inha herança, Israel", 2. O pecado das ta aquela fase do Dia do Senhor que testemu n ações tem sido os m au s-tratos dispensa nhará a restauração de Israel (Is 11.10-12; dos aos judeus (cf. SI 79.1-13; 83.1-18; Is 29.1Jr 23.5-8; Ez 37.21-28; At 15.15-17). Essa passa 8; 3 4 .1 -3 ; Jr 2 5 .1 3 -1 7 ; Z c 1.1 4 -1 5 ; 12.2-3; gem introduz o tema fundam ental do juízo M t 25.31-46). J1 3.2-3 indica o crime das na das nações, 2-8, pois esse evento é pré-requições, com especial condenação para os fe sito necessário ao restabelecim ento de Isra nícios e filisteus, 4-8. Os sabeus, 8, eram mer el. As nações que perseguiram Israel preci cadores do sudoeste da Arábia. Esse juízo sam ser ju lg a d a s an tes que a Isra el se in icial das nações prefigura A rm agedom , garantam a segurança e a bênção (cf. M t 25.319-14 (Ap 16.13-16; 19.11-21), e 15-16 é análogo 46; Rm 11.25-27; Zc 6.1-8; Ap 16.14). a 2.30-32. Os v. 9-16 resumem 2.9-32. 2-16. As nações são julgadas. O próprio Se 17-21. As plenas bênçãos do reino. Final nhor é quem fala, 2-8. Ele anuncia o que fará m ente o d escren te Israel recebe o M essi aos inimigos de Israel quando restaurar seu as, o verdadeiro fundam ento da sua santi povo (repare "m eu povo", 3. M endona-se o dade, 17 (cf. Zc 14.20-21). local do juízo: o "vale de Josafá", 2, 12. Esse "M eu santo m o n te" é M oriá, o m onte geralm ente é tido como nom e sim bólico, e do tem plo (cf. SI 2.6; D n 11.45; Ob 16; Zc não geográfico, com o se infere da etim olo 8.3). A prosperidade da Palestina no reino, gia: "Yahweh julgará" e do v. 14, onde o mes 18, é um tema profético com um que todos mo lugar é cham ado "vale da D ecisão", no os profetas visitaram (cf. Is 35.1-3). Os te sentido de um a sentença ou veredicto judi m as correlatos da destruição dos inim igos cial (baixado contra as nações ímpias ali jul d e Israel, do E gito e de Edom , 19 (cf. Zc gadas). Porém , tanto Joel quando Zacarias 14.18-19), e a restau ração de Ju d á, 20.21, (cf. Z c 14.4) evid entem ente consideravam são tam bém d om in an tes.
Menciona-se o local do juízo: o "vale de Josafá". Esse geralmente é tido como um nome simbólico, e não geográfico. Porém, tanto Joel quando Zacarias consideravam que o cenário do juízo era o vale de Cedrom e a larga depressão montanhosa ao sul da cidade, além de Hinom. Cedrom é hoje também conhecido como vale de Josafá, assim chamado desde o tempo de Eusébio.
Amós 0 juízo iminente Os tempos de Amós. O ministério de Amós se desenrolou na parte final do reinado do próspero e idólatra Jeroboão II (c.793753 a.C.), quando em Judá reinava Azarias (Uzias) (c.792-740 a.C.). Portanto, o tempo de Amós seria aproximadamente 765750 a.C. Foi uma época de prosperidade económica e padrão de vida luxuoso, de corrupção moral e irrefreada idolatria. Amós dirigiu sua ardente oratória contra esses pecados.
O profeta. Amós ("fardo") era um simples pastor e colhedor de sicômoros (7.14) de Tecoa, cidade da região montanhosa cerca de dezesseis quilómetros ao sul de Jerusalém. Foi chamado a ser profeta para toda a casa de Jacó (3.1,13), mas especialmente para o reino do norte (7.14-15). Enfrentou a oposição do sumo sacerdote Amazias, que denunciou o destemido pregador a Jeroboão II. Amós sem dúvida restringiu suas profecias à escrita logo após voltar a Tecoa.
Esboço 1.1— 2.16 Juízo de Israel, Judá e nações vizinhas 3.1— 9.10 O Senhor acusa toda a casa de Jacó 3.1— 6.14 Quatro sermões condenatórios 7.1— 9.10 Cinco predições simbólicas de castigo 9.11-15 Bênção do reino para o Israel restaurado
Amós [ 391 l
1.1—2.3. Juízo das nações vizinhas 1.1-2. Cabeçalho. O terremoto é mencio nado novamente em Zc 14.5. O Senhor "ru girá" como um leão em ira crescente contra o pecado cada vez maior. O Carm elo ("jar dim ou pom ar"), proeminente elevâção que avança sobre o M editerrâneo, era fam oso por suas férteis culturas na antiguidade. 1.3 —2.3. Juízo das seis nações, juízo de Damasco, 3-5. Damasco era a capital de uma poderosa cidade-estado síria que m olesta va Israel (c.900-780 a.C.), especialm ente no reinado de Ben-H adade I (c.880-842) e Hazael (c .8 4 2 -8 0 6 ). "P o r trê s tra n sg ressõ e s [...]..e por quatro", 3, 9, 11, 13; 2.1; 2.4, 6, sig nifica a m ultiplicação do pecado, ou peca do excessivo. A sequência num érica x, x+1 é um artifício com um na poesia hebraica (cf. Pv 3.18, 21, 29; Jó 33.14), e aqui designa plen itu de ou com pletitud e. Foi H azael, o usu rpad or, 3-4, quem trilhou G ilead e, na Transjordânia, "co m trilhos de ferro " (2Rs 10.32-33; 13.7). O "ferrolho de D am asco", 5, era a tranca dos seus portões (Jr 51.30). Os "ca ste lo s de B en -H ad ad e", 4, eram os de Ben-H adade II, filho de H azael (2Rs 13.3). Biqueate-Á ven, 5, é ou o vale de Om (Ez 30.17) ou B aalbequ e, não m uito longe de D am asco. B ete-E d en (B it-id in i nas tab u inhas assírias) ficava às m argens do rio Eu frates, cham ado Éden (Ez 27.23).
Revelações arqueológicas Sobre H azael, ver com entários de 2Rs 8. Q uir fica na M esopotâm ia e é o lugar de onde m igraram os siros (9.7), e para o qual foram d eportados (2Rs 16.9). Juízo da Filístia, 6.8. Gaza, Asdode, A sq u elo m e E crom foram ju lg a d a s p o rq u e v e n d ia m e scra v o s isr a e lita s p a ra Edom (2Cr 21.16-17; J1 3.4-8). juízo de Tiro, 9-10. Cf. J1 3.4-8 sobre sua desum ana crueldade contra Israel. "A lian ça de irm ãos" se refere à aliança que D avi e Salom ão firm aram com Tiro (cf. lR s 9.13). juízo de Edom, 11-12. Embora intim am en te ligado a Israel ("seu irm ão"), 11, era im
piedoso no ódio e na crueldade (cf. Ml 1.2; Ob 1-21). Temã é sem dúvida Taw ilan, a su d e ste de Sela (P e tra ), e Bozra fica no centro-norte de Edom. Ju ízo de Amom, 13-15 (cf. Sf 2.8-11). Os am onitas, ao norte de M oabe, com capital em R abá (m od ern a A m ã), d evastaram a vizinha Gileade. Juízo de M oabe, 2.1-3. Tão mortal era seu ódio, que profanaram os restos do rei edomita com a crem ação (cf. 2Rs 3.26-27).
Disposição dos oráculos A disposição do texto dramatiza o anún cio do iminente juízo de Israel. Geografica m ente, os ju íz o s cercam Israel num laço cada vez m ais apertad o, que concentra a ira de Deus sobre seu povo pecador. A or dem tam bém em p resta ên fase por av an çar de relações étnicas d istantes (Arã, cf. Gn 25.20; Dt 26.5) até o irmão de Israel, Judá.
2.4-16. Juízo de Judá e Israel 4-5. Ju ízo de Judá. Judá e Israel eram tão culpados quanto as nações que os cer cavam , e seriam punidos. 6.16. Juízo de Israel. O juízo de Israel foi ex p resso na m esm a form a literária e era m ais detalhado porque a nação gozava de luz m ais plena e era m ais privilegiada.
3. Privilégio e culpa maiores de Israel 1-11. Por causa do seu privilégio maior. Is rael era uma nação eleita: fora salva do jugo do Egito e sobre ela pesava a responsabili dade da aliança (Êx 19.4-6; Dt 6.7; Lc 12.48). Seu fracasso, portanto, seria ju lgad o com severidade, 1-2. Israel deveria firmar o pro pósito de cam inhar com o Senhor, 3, ouvir seus alertas de juízo por meio dos seus pro fetas e da im in ente calam id ad e, 4-8, pois com o nação eleita do Senhor fora péssimo exemplo para seus vizinhos pagãos, 9-11. 12-15. A totalidade do juízo divino. Isso é vividam ente expresso, 12. A calam idade se co n c en tra ria so b re os a ltares p ag an i-
[ 322 1 Amós
zad os de B etei, 14, e a corru p ta riq u eza dos p ró sp ero s p e cad o re s do re in a d o de Jeroboão II, As "casas de m arfim ", 15 (cf. lR s 22.39), eram assim cham adas em v ir tude de ser prodigam ente decoradas com in c ru s ta çõ e s de m arfim . A s e sc a v a çõ e s arq u eológ icas d ese n te rrara m n u m erosos fragm en tos d essas in cru sta çõ e s n a a n ti ga Sam aria — os "m arfin s sam aritan o s".
4. Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus 1-3. Denúncia das ricas mulheres de Sama ria. Essas mulheres gananciosas e vãs (cf. Is 3.16-26) eram chamadas "vacas de B asã", 1 (cf. SI 22.12). Era censura por fazerem elas exigências desnecessárias aos m aridos, re clamando os luxos da vida. Basã era um a região fértil a leste do mar da Galiléia, famo sa pelo seu gado lustroso e gordo. 4-5. O abom inável ritualism o de Israel. Eles amavam o vazio cerim onialism o idó latra em nome da religião. Betei era o san tuário real idólatra e Gilgal, outro santuá rio corrupto. 6-13. Israel precisa enfrentar o juízo de Deus. Por não responder ao amor punitivo de Deus, 6-11, Israel precisa agora preparar-se para en fre n tar a ju s tiç a e a ira de Deus, 12, e perceber quão grande é ele no seu poder, sabedoria e ju stiça, 13.
5. Buscai ao Senhor e uivei 1-3. Lamento pela nação caída e abando nada. Ela, que um dia fora virgem, reserva da para o Senhor, agora caíra nas prostitui ções e abom inações, incapaz de ajudar-se, e fadada ao em pobrecim ento devido à in vasão inimiga e à morte. 4-17. Buscai ao Senhor. A única forma de Israel ser poupado da m orte nacional era buscar ao Senhor, e não os ídolos de Betei, Gilgal e Berseba. A idolatria era uma abomi nação crim inosa em vista de quem era o Senhor, 8-9, e sua prática gerava todo tipo de imoralidade, 10-13. Portanto, eles deveri am abandoná-la e buscar ao Senhor, 14-17. 18-20. Atentai para o Dia do Senhor. Eram iníquos a ponto de pensar com piedade so
bre o dia da vindicação contra seus inim i gos. Isso os faria m ergulhar em melancolia. 21-27. A ira do Senhor pela religiosidade vazia do povo. Para evitar a catástrofe, é pre ciso que o juízo corra "com o as águas; e a justiça, como ribeiro perene", 24 — a essên cia da mensagem de Amós. Sicute e Quium, 26, eram deuses assírios (At 7.42-43), desig nações de Saturno, aqui cham ados "vossa im agem [...] vosso deus-estrela".
6. Calamidade sobre os arrogantes 1-7. Alerta aos pecadores autocomplacentes. Alerta aos arrogantes de Sião (o m on te do templo de Jerusalém , i.e., Judá) e do m o n te de S a m a ria (o m o n te de S e m e r, sobre o qual construiu-se Sam aria, i.e., por m eto n ím ia , o rein o do n o rte ), d ian te do destino de Calné, no norte da Síria, e Ham ate, às m argens do O rontes, na Síria (a seg u n d a é h oje b em co n h ecid a p elas es c a v a ç õ e s d in a m a rq u e s a s ali r e a liz a d a s por H. Ingholt). A corrupta dissolução, 4-5, e a despreocupação espiritual, 6, dos ricos p ro fan os de Sam aria log o resu ltariam no ca tiv eiro a ssírio , com o a co n tecera a C a l né e H am ate. "C am as de m arfim " (cf. co m entário sobre 3.12-15) expressam a pros p erid ad e de Israel. 8-14. O castigo é in evitável. A solene certeza era enfatizada pelo voto do Senhor jurado por si m esm o, 8 (cf. G n 22.16-17). O orgulho e a injustiça não poderiam passar im punes. A entrada de Hamate, 14 (cf. lR s 8.65; 2R s 14.28) assinalava a fro n teira se tentrional ideal de Israel, enqu anto o "r i b eiro de A ra b á", provavelm ente o ribeiro Z erede (Wadi el-H esa, que desem boca na extrem idade sudeste do m ar M orto), m ar cava seu lim ite m ais m eridional.
7. A praga dos gafanhotos, a seca e o prumo A m ós apresentou cinco predições sim bólicas de castigo, 7 .1 —9.10. 1-3. A praga dos gafanhotos. Profetizouse o ju íz o im in en te : o S e n h o r "fo rm a v a g a fa n h o to s ao su rg ir o re b e n to da erv a se rô d ia ; e era a e rv a s e rô d ia d ep o is de
Amós [ 323 ]
findas as ceifas do rei", 1. Tão terrível foi que o Senhor se apiedou (cf. J1 1-2). 4-6. A seca. Esse é evidentem ente o sig nificado do ju ízo pelo "fo g o " (cf. J 1 1.19). A súplica de Am ós por m isericórdia também in terro m p eu essa praga. 7-9. O fio de prum o. O Senhoí, porém declarou sua irrevogável sentença de des truição, depois de ter medido seu povo com um fio de prum o (2Rs 21.13-15), encontrand o-o tão irrem ed iavelm en te tom ad o pelo pecado que já não era passível de correção. 10-17. Amós e Amazias. A corajosa profe cia de Am ós contra a casa de Jeroboão, da dinastia de Jeú, 9, levou o sacerdote oficial do santuário real de Betei a denunciar Amós ao rei. Esse fraco conformista religioso acon selhou então Am ós a fugir para Judá. A res posta de Am ós mostrou sua magnífica esta tu ra e s p iritu a l n a q u e la d e c a d e n te era sin cretista, 16-17. H avia pelo m en os um a alma valente para resistir à vaga de iniqui dade e côm odo conform ismo.
9.1-10. 0 Senhor junto ao altar I - 6 .0 Senhor junto ao altar. Em pé "junto a" (e não "sobre") o altar, o Senhor pronun ciou o juízo. Apropriadamente, simbolizan do a misericórdia por causa do juízo execu tado sobre um sacrifício interposto, o altar, profanado pela idolatria e desprezado, tor nou-se lugar de execução do juízo (Jo 12.31). Essa foi a razão da incansável perseguição desses pecadores pela justiça de Deus, 2-4. Sendo o Senhor o Deus poderoso que é, 5-6, deve necessariam ente castigar aqueles que rejeitam sua m isericórdia. 7-10. O Senhor e o Israel pecador. O Se nhor destruiria todo reino pecador, e Isra el não seria exceção. Sua nação escolhida n ã o tin h a p riv ilé g io e sp e c ia l na e sfe ra m o ral. O p ro feta m o d ero u sua pregação sobre a eleição de Israel (3.2) com a dou trina do u n iv ersalism o (caps. 1 —2). Caftor, 7, era Creta. Q uir ficava em algum lu gar da M esopotâm ia (Is 22.6).
8. 0 cesto de frutos
9.11-15. Futura bênção no reino
1-3. O cesto de frutos m aduros. O cesto de fru tos p erecív eis da terra sim bolizava a im inência do fim de Israel. 4-14. O motivo do fim. O terrível pecado de Israel atraiu grave acusação. As festivi dades e o sábado irritavam os em presários in íqu os, pois esses dias provocavam um a calmaria nos seus negócios desonestos, 4-5, e abrandavam a opressão dos pobres, 6 (cf. Is 1.13-17; Lv 19.35-36; Dt 25.13-16). O juízo detalhado pela "glória de Jacó", 7, abarcava luto, 8-10, e fome da palavra do Senhor, 1114. A idolatria e o orgulho extinguiram a luz que D eus dispensou pela sua palavra. D ã e B erseb a eram san tu á rio s pagãos nos lim ites m ais setentrional e m eridional da terra, 14. As divindades padroeiras des ses ce n tro s id ó la tr a s seria m im p o te n te s para a ju d a r na im in e n te ca la m id a d e . O "íd olo [ashinmh] de Sam aria", 14, é traduzi do com o "A shim ah de S a m a ria " na RSV, rep resen tan d o u m a d elib erad a d isto rçã o hebraica do nom e de A será, a d eusa-m ãe c a n a n é ia , p a ra c o n fo rm a r-s e à p a la v ra hebraica para "c u lp a " ('asham ).
II-1 5 . Volta e reino do M essias. O taber náculo de D avi é a dinastia davídica que o Senhor fará ressu rgir na Pessoa do C risto
Ruínas de um templo pagão em Dá.
[ 324 I Amós
plano divino para o futuro; ou seja, n a era atual D eus está cham ando u m povo pelo seu nom e. D epois disso, o Senhor voltará p ara re sta b e lece r a d in astia d av íd ica em Cristo, 11-12; e a prosperidade do milénio, 13, resultará num Israel restaurado, 14-15.
que voltará revestido de glória na sua se gunda vinda, para estabelecer o rein o so bre Israel (A t 1.6). Tiago cita essa grande p ro fe c ia no p rim e iro c o n c ílio da ig re ja (At 15.15-17). O Espírito Santo, naquela im p o rta n te o ca sião , u so u -a p a ra re v e la r o
A s províncias da A s síria
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Obadias A justiça retributiva de Deus Natureza do livro. Tratase da menor profecia e do livro mais curto do at . Seu autor é Obadias, cujo nome significa "servo do Senhor". A profecia ocupa-se totalmente da condenação de Edom por sua traição contra Judá, com a profecia da sua completa destruição e da salvação de Judá no Dia do Senhor. Data. Embora muitos críticos neguem a unidade da profecia, situando-a no período caldeu após a queda de Jerusalém em 586 a.C., ou mais tarde, o melhor é aderir à autenticidade do livro, situando-o no reinado de Jorão (c.853-841 a.C.). Naquela época, filisteus e árabes invadiram Judá e saquearam Jerusalém (2Cr 21.16-17; Jl 3.3-6; Am 1.6). Os edomitas também eram inimigos viscerais de Judá naquele período (2Rs 8.20-22; 2Cr 21.8-10). Assim, contemplam-se no contexto histórico as condições para que Obadias tenha escrito essa profecia.
Obadias e Amós. Amós (c.760 a.C) exibe familiaridade com Obadias (cf. 4 com Am 9.2; v. 9, 10, 18 com Am 1.11-12; v. 4 com Am 1.6, 9; v. 19 com Am 9.12; v. 20 com Am 9.14). Jeremias aparentemente também usou essa profecia (cf. Jr 49.7-22 com Ob 1-6). Isso dá mais sustentação para situar a profecia em data recuada.
Esboço 1-9 Prediz-se a destruição de Edom 10-14 A causa da queda de Edom 15-21 O Dia do Senhor
Ilustração de um sacerdote filisteu.
[ 326 1 Obadias
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Sela, capital de Edom (m ais tarde. a fo rtale za rosada de Petra). O b a d ia s p ro fe tizo u a de stru ição de Edom .
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figSSSáf!? 1-9. Prediz-se a destruição de Edom 1-4. Edom é desalojado da sua fortaleza na m o n ta n h a . O b a d ia s ( " s e r v o d o S e n h o r") é d esco n h ecid o, n ão id en tificáv el com nenhu m d os cerca de doze h om ens do A T q u e c a r r e g a m o m e sm o n o m e. Edom (" r e g iã o v e r m e lh a ") era a n a çã o v iz in h a a s u d e s te de Is r a e l, ao su l de M oabe e do m ar M orto. Seu território rico em cobre e ferro se estendia, ao sul, até o golfo de A caba. Toda a sua fro n teira era pontilhada por um a série de fortalezas. A região norte de Edom se erguia de 1.500 a 1.600 m etros acim a do n ív el do m ar, sen do Temã (Taw ilan) sua p rin cip al fo rta le za. O orgulho de Edom , 3, seria esm ag a do. A s e x p re s s õ e s "fe n d a s d as ro c h a s " (Sela, gr. Petra), 3, e "n in h o entre as estre la s", 4, aju sta -se a d m irav elm en te b em à região e seu povo. 5-9. E saqueado e desolado completamen te. Esaú, 6 (Gn 25.30; 36.1), foi o progenitor dos edom itas. Com o ele era irm ão gêm eo de Jacó , h av ia e stre ito p a re n te sco e n tre os e d o m ita s e os is r a e lita s (cf. "ir m ã o Ja có ", 10). O tesouro de Esaú era a en or me riqueza das minas de ferro e cobre, e o com ércio das caravanas, 6. Edom era fa moso pelos seus sábios (Jr 49.7).
10-14. A causa da queda de Edom "P or causa da violência feita a teu irmão Jacó", 10, descreve o fato de Edom ter deixa do de ajudar seu irmão aflito. Edom tomouse tão culpado quanto aqueles que atacaram Jerusalém , 12; de fato, tom ou parte no ata que, 13-14 (cf. Nm 20.14-21; Sl 137.7; Ez 35.5).
15-21. 0 Dia do Senhor No v. 15, o profeta vincula o futuro ao p assad o nu m a p ro fecia que ainda não se cumpriu, "o Dia do Senhor está prestes a vir sob re to d as as n a ç õ e s ". Todas as n ações serão julgadas quanto ao tratamento dispen sado a Israel, como o foi Edom (cf. Mt 25.3146; Ap 16.13-16; com Jl. 3.1-14). Descrevemse a libertação e salvação de Jacó, 17-20 (cf. Jl 2.32). O N eguebe, 19, é a região sem idesértica ao sul de Ju d á. Os h ab itan tes dos contrafortes de Judá (heb. "[região] baixa" de "Shephelah") herdarão a planície filistéia, 19. Gileade ficava na Transjordânia. "H aia", 20 (RSV), referindo-se aos "cativos do exér cito", ficava na M esopotâm ia (cf. 2Rs 17.6). S efa ra d e, 20, é d esco n h ecid a; talvez seja Sardes, na Ásia Menor. Sarepta era um a ci dade fenícia entre Sidom e Tiro. Os "salva dores" israelitas na Era do Reino adm inis trarão Edom. O próprio Senhor no poder do Reino dominará sobre todos (Sl 22.28; 103.19).
Jonas A missão de Israel junto às nações A pessoa de Jonas. Jonas ("pombo") era filho de Amitai, que veio de GateHefer (Khirbet ez-Zurra'), cerca de cinco quilómetros a nordeste de Nazaré. Pouco ao norte desse lugar está o túmulo tradicional de Jonas, numa vila chamada Meshhed. O ministério de Jonas transcorreu pouco antes do de Amós, no reinado de Jeroboão II (782-753 a.C.) è previu vitória sobre os siros e a maior extensão do território israelita (2Rs 14.25).
O livro. O livro é mais que história biográfica. É típica história profética, escrita por um profeta e dotada de motivo profético. Como tal, prefigura Cristo como o Enviado, morrendo, sendo sepultado e, após a ressurreição, ministrando salvação aos gentios (Mt 12.39-41, Lc 11.29-32).
Esboço 1— 2 Comissão e desobediência de Jonas 3—4 Renovação da comissão de Jonas e seu resultado
Ilustração contemporânea de uma embarcação fenfcia.
! 328 1 Jonas
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As águas turbulentas do mar Mediterrâneo, que banham a cidade de Aco. O povo de Israel temia o mar, pois acreditava que era habitado por monstros marinhos.
Revelações arqueológicas A crítica académica há muito nega a his toricidade de Jonas, preferindo interpretar o livro com o m itologia, alegoria ou m idraxe. R ecentes d esco b ertas acrescen ta ra m cre dibilidade à historicidade do livro. As esca vações revelaram que a "grande" Níràve era um distrito de 48 a 96 quilómetros de exten são, concordando bem com o texto de Jonas. Os detalhes do relato também estão de acor do com a situação histórica de Nínive naque la época (v. comentário sobre 3.5-10).
1. Chamado e desobediência de Jonas 1-3. Chamado divino e tentativa de fuga. N ín iv e é a p ro p ria d a m e n te ch a m a d a de "g rand e cid ad e". N aquela época era a ca pital do im pério assírio no seu apogeu, e até sua queda em 612 a.C. foi a m aior cida de do seu tem po. Suas ru ín as escav ad as
sã o m a rc a d a s p rin c ip a lm e n te p o r d o is gran d es m ontes, Q u y u n jiq e N ebi Yunus (Profeta Jonas), circundados por m uros de q u ase tre z e q u iló m etro s de c irc u n fe rê n cia, estendendo-se da m argem oriental do Tigre até o outro lado do rio, na m oderna Mossul. A iniquidade de N ínive é am plifi cada por Naum (Na 3). A planejada fuga de Jonas para Társis, 3, em aberta rebeldia contra o Senhor, 3-4, re p re se n ta o p o n to m a is d ista n te q ue o d e s o b e d ie n te p ro fe ta p o d e ria a lca n ça r. Era p ro v a v elm e n te T a rte ssu s, no su l da Espanha, perto de G ibraltar, um posto co m ercial freq u en ta d o por fro tas de T ársis ou de refin o que op erav am no refin o de cobre. Jo p e (m od ern a Ja ffa ) era o an tig o porto m arítim o da Palestina, 54 q u iló m e tros a noroeste de Jerusalém , então o ú n i co porto entre o mt. Carm elo e o Egito. 4-7. A tempestade no mar. O Senhor vio lentam en te "la n ço u sobre o m ar um forte vento", 4, para corrigir o profeta recalcitran te. Os marinheiros gentios (heb. "m arujos"), 5, eram experientes e repreenderam Jonas, que roncava no porão, insensível ao perigo, 6. A desobediência à palavra de Deus sem pre traz torpor espiritual e frequentem ente resulta em censura dos pagãos. 8-17. Testem unho e sina de Jonas. Iden tific a n d o -s e , e le c o n fe s s o u seu p e ca d o , m as m esm o isso já valeu com o te stem u nho aos m a rin h eiro s p ag ão s. Eles p e rce beram o abism o entre a fé e a conduta de Jo n a s . A b o n a n ç a e v id e n te m e n te fo i o m eio de conversão deles. Cinco "g ran d es" ocorrem no livro: a grande recusa, 3; o grande peixe, 17; a grande cidade, 2; o grande des g o sto , 4 .1 ; e o g ra n d e D eu s, 4 .2 b . Jo n a s, porém , não foi um "g ran d e p rofeta".
2. Oração e libertação de Jonas 1.9. âua oração de ação de graças. Nota v elm en te essa o ração n ão é u m a sú p lica desesperada, m as grato louvor por ter ele escapado à m orte física. O severo castigo, que o lev o u à b eira da m o rte fís ic a (cf. IC o 5.5; 11.31-32; l jo 5.16-17; Hb 12.4-11), re sultou em renovada vida espiritual. O lou v or de Jo n as lem bra Salm os. (Cf. 2.2 com
Jonas I 329 1
SI 120.1; 2.3 com SI 42.7; 2.4 com SI 31.22; 2.7 com SI 143.4; 2.8 com SI 31.6; 2.9 com SI 3.8). 10. Sua libertação. Depois de aprender a lição, ele foi libertado para fazer a von tad e de D eu s. O rum o de d eso b ed iên cia q ue Jo n a s to m o u p ro v o u -s e o c a m in h o m ais d ifícil entre os dois p o n tos en v o lv i dos na vontade de Deus.
3. A renovação da comissão de Jonas 1-4. A obediência de Jonas. O v. 3 seria traduzido assim: "O ra, Nínive era uma cida de extrem am ente grande, de uma extensão que exigia três d ias de v ia g em ". Ou seja, eram necessários três dias para percorrer todo o com plexo de subúrbios que com pu nham a grande m etrópole (cf. com entários sobre 1.2 e Gn 10.11-12). A cidade há muito soterrada e esquecida tem surpreendido os arqueólogos na sua ressurreição do pó, ini ciada em 1843. Era um complexo de cidades como a moderna Nova York, incluindo Calá, ao sul, Resém, entre Calá e N ínive propria m en te d ita, e R eobo te-Ir (R ebit-N inu a), a oeste da capital. Entre os outros subúrbios,
Jope (atual Jaffa), antigo porto da Palestina, fica a 75 km a noroeste de Jerusalém. Naquela época, era o único porto que havia entre Monte Carmelo e o Egito.
relacionam -se Tarbisu e Dur-sharrukin. Es ses últim os lhe aum entam o tamanho, mas ainda não estavam de pé quando Jonas pre gou aos habitantes de Nínive. 5-10. Nínive se arrepende. No reinado de Adade-N írari III (810-782 a.C.), verificou-se tendência ao m onoteísm o no culto do deus Nabu (Nebo). Foi nos anos finais desse rei nado ou no início do de Assur-Dan III (772755 a.C.) que Jonas chegou a Nínive. Impos sível saber se o eclipse total de 763 a.C., tido como augúrio divino, ou as pragas de 765 a 759 a.C., registradas na história assíria, pre pararam os habitantes de N ínive para seu arrependim ento. Panos de saco, 5, pêlo cru de bode vestido sobre o corpo nu, eram tra je de luto. Nínive foi poupada, 10 (cf. Am 1-2).
4. A reação de Jonas ao avivamento 1-5. Jonas se zanga. O im perador pagão da A ssíria (3.7-9) dá m elhor exem plo do que o profeta egoísta e tacanho. 6-11. O profeta é repreendido. É preciso m o strar-lh e que D eu s am a todas as suas criaturas, não só os pecad ores de N ínive, m as até os anim ais.
Miquéias Justiça pessoal e social Miquéias, o poeta, e Isaías. A profecia de Miquéias é um exemplo belo e comovente da clássica poesia hebraica. Como seu contemporâneo Isaías, Miquéias era dotado de grande verve literária. Se Isaías era um poeta da corte, Miquéias era um homem rústico, procedente de uma vila obscura. Isaías era estadista; Miquéias, evangelizador e reformador social. Isaías era uma voz dirigida aos reis; Miquéias, arauto de Deus junto às pessoas comuns. Isaías abordava questões políticas; Miquéias tratou quase exclusivamente da religião pessoal e da moralidade social.
Esboço 1—3 Profecia genérica de juízo 4— 5 O futuro Reino messiânico 6— 7 Controvérsia do Senhor com seu povo e misericórdia final
Cena do movimentado mercado de Belém. O livro de Miquéias leva o leitor de volta à Belém, a Davi e ao Messias.
Grandes ênfases de Miquéias. (1) Volta a Belém (5.2), volta a Davi, volta ao Messias, filho e Senhor de Davi. (2) Volta à justiça ética (6.8), à prática da justiça, da bondade, da
compaixão, da misericórdia e da humildade. (3) Volta ao futuro Príncipe da Paz (4.3), o homem que será sua "paz" (5.5), a única esperança de paz permanente do mundo.
Miquéias [ 331 ]
I . Juízo de Samaria e Judá
2—3. Juízo das várias classes
In trod u ção. 1. O nom e M iquéias ap a r e n te m e n te é fo rm a a b re v ia d a de M ikayahu, “Q uem é com o o S en h or?" (cf. 7.18; Jr 26.18). Ele era natural de M oresete, um a pequena vila identificada a Tell ej-Judeideh, cerca de 26 quilóm etros a sudoes te de Jeru salém , perto de G ate, no norte da Filístia (cf. 14, onde é cham ada M oresete-G ate). M iq u éias foi con tem p orâneo de Isaías (v. Is 1.1) e profetizou n os d ias de Jotão (750-732 a.C.), Acaz (735-716 a.C.) e Ezequias (716-687 a.C.). 2-7. Ju ízo de Sam aria. A cidade de Sa m aria foi fu n d ad a por O nri (lR s 16-24), por volta de 857 a.C. Tão próspera se tor n ou essa n o v a cid ad e que log o e m p re s tou seu nom e a todo o reino do norte, do qual era a cap ital. E ssa esp lên d id a cid a de, cujo fu lgor tem sido revelad o pela ar q u e o lo g ia , to rn o u -s e um m o n te d e e s com b ro s, e suas p ed ras ro la ra m en co sta ab aixo do m onte de Sem er, sob re o qual fora erguid a. Isso aconteceu em 722 a.C., quando Sargão, da A ssíria, tom ou a cid a de. Nos seus anais de K horsabad, Sargão (722-705 a.C.) diz: "N o início do meu g o verno, no prim eiro ano do reinado [...] sam erin ai [o p ovo de Sam aria] [...] 27.290 [...] que viviam ali, d ep ortei...". 8-16. Lam entação por Sam aria e Judá. C om o sin al da im in en te in v a sã o a ssíria, M iquéias andou nu, prevend o o ju ízo da invasão inim iga até as próprias portas de Jeru salém , 89. Em 701 a.C., o exército de S en aqu eribe tom ou todas as cidad es m u radas da Palestina e sitiou a própria Jeru salém . O profeta M iquéias previu vividam ente os terro res da futura invasão com u m a s é r ie de v ig o ro s o s jo g o s de p a la v ra s, 1 0 -1 4 . M o ffa t tra d u z liv re m e n te : "D erram ai lágrim as por Lflgnmópolis [Bo quim ], rastejai no pó por Posópolis [BeteL e a fra ]", 10. S eg u e nua e stra d a afo ra , ó F orm osóp o lis" ( S a fir , " f o r m o s o " ) . M ov im en tóp olis [Z aanã], não ou ses se m over", I I . "A rreia teu corcel e parte, ó Eqiiinópo lis [L aq u is]...", 13. "O s reis de Israel sem p re se vêem em b a ra ça d o s d ia n te de Em baraçápo\is [A czib e]."
2.1-11. Os ímpios líderes de Samaria e Je rusalém. Eles tramavam a iniquidade à noite e a realizavam de dia, 1-5. Videntes e profe tas pregavam m entiras, 6-11. Os pecados sociais e morais da nação clamavam juízo. 2.12-13. M isericórdia para o rem anescen te. O Senhor reuniria os seus. 3.1-12. Denúncia contra várias classes. M en cion am -se os op ressores dos pobres, 1-4. Sua terrível ganância é vigorosam en te retratada pelas figuras dos anim ais sel vagen s retalhand o suas vítim as, e de um a ço u g u e iro co rta n d o a carne para cozêla. O s p ro fe ta s e v id e n te s m e rce n á rio s, que m ascateav am seu ofício solen e para ag rad ar aos p ecad ores, seriam afastad os de D eu s, v erd a d eira fo nte da revelação, 5 -7. M iq u éias, ao in vés, estava ch eio do E sp írito e era fiel na transm issão da sua m en sa g em , 8. O s sa c e rd o te s m e rc e n á ri os foram tam bém repreendidos, e o ju ízo se co n cen tro u em Jeru sa lé m , 9-12, cu m prido na queda da cidade em 586 a.C.
4. 0 estabelecimento do reino do Messias 1-5. O caráter do reino. Os caps. 4 —5 apresentam o glorioso futuro de Israel e a re sta u ra çã o do rein o d avíd ico . O s v. 1-3 são re p e tid o s p o r Isa ía s (2.2-4). Os dois p ro fe ta s re ce b e ra m essa m en sag em via inspiração divina, pois eram contem porâ neos. O m onte é Sião, 1, e a casa é o tem plo do m ilénio (Ez 40-42). Prevê-se que Je ru s a lé m será e x a lta d a no re in o , com o cen tro relig ioso e p o lítico da terra, 2. Os p ovos são as nações, que "a flu irã o " para Je ru sa lé m com o um rio, 1. A p resen tam se o caráter do reino davídico restaurado, 3-4, sua justiça e paz, 3, e sua segurança, 4. O v. 5 deve ser lido assim: "Pois os povos andam [i.e. estão hoje andando] cada qual no nom e do seu deus, mas nós andaremos no nom e do Senhor nosso Deus [i.e., livres da idolatria] p erpetu am ente". O versículo proclam a que Israel será livre da idolatria no reino, mas não diz, nem sequer sugere, que as n ações n ão serão livres tam bém .
I 332 1 Miquéias
Ruínas em Samaria. Numa inscrição encontrada no palácio de Sargão (7 2 2 -7 0 5 a.C.), rei da Assíria e Babilónia, ele diz: "No primeiro ano do meu reinado (...) mandei para o exílio 2 7 .2 9 0 habitantes de Samaria". 6-13. E stab elecim ento do reino. Israel será reunido no reino, 6-8 (Is 11.11-16), in terp o n d o -se o C a tiv eiro B a b iló n io , 9-10, para exem p lificar a reunião final. R elatase com o o rein o será estabelecid o d epois do ataq u e, no fin a l d os tem pos, d as n a ções contra Jerusalém , 11-13, desem bocan do na b atalh a de A rm aged om . Esboça-se a vitória de Jerusalém , 11-13, que é retra tada debulhando os feixes (as nações h os tis) reunidos contra ela. O "Senhor de toda a terra" é um ep íteto de Cristo na era do reino, quando ele voltará com o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16) para to mar posse da terra, que é sua por direito de criação e re d en çã o (cf. G n 14.19, 22; Js 3.11, 13; Zc 4.14; 6.5; Ap 11.4).
n o fin a l d os tem p o s está em p ersp ectiv a em l a (cf. J1 1), vinculado ao contexto pre cedente. O ju iz espancad o é abordado em re tro sp ectiv a em 1 b (cf. M t 26.67; 27.30), a p re sen ta n d o no M e ssia s re je ita d o a ra zão da long a h istória de afliçõ es de Isra el, cu lm inand o no evento profetizad o em la . B ater no rosto era sím b olo de insu lto (lR s 22.24; Jó 16.10). 2. Prim eira vinda e rejeição do M essias. O v. 2 diz quem é o "ju iz espancado" de 1. Ele é o M essias n ascid o em Belém , p ree x iste n te e e tern o (cf. Is 9 .6 -7 ). A fa m ília d avíd ica é sig n ificativ am en te dada com o efratita (R t 1.2; IS m 17.12), ou seja, h a b i tan te d a E fra ta , su b ú rb io de B elém , que m ais tarde incorporou-se à cidade. N ão só a d u p la d esig n a çã o vin cu la o M e ssia s à linhagem davídica, m as tanto Belém ("casa 5. Primeira e segunda vindas de p ã o ") com o E fra ta ("p ro d u tiv id a d e ") do Messias lem bram a fertilid ade da região. 1. Perspectiva e retrospectiva. O futuro 3. Intervalo entre os adventos. O v. 2 é cerco de Jeru salém pelo invasor do norte parentético, estando o "portanto" de 3 liga-
do à re je içã o do so b era n o de Isra e l, 1 b. "P ortanto, o S e n h o r os entregará [Israel]" se refere às aflições de Israel por conta de ter rejeitado o Messias. "A que está em do re s" não faz referência ao n ascim en to do M essias de Israel, m as à d ificu ld ad e que terá a nação no fim dos tem pos para dar à luz um resto fiel, aqui chamado "o restante de seus irm ãos", com o em M t 25.31-46. 4-6. A segunda vinda. O Rejeitado ago ra to rn ou -se P astor de Israel, m antend ose firm e e ap ascentand o na "fo rça do Se n h o r " , 4, p o is Ele é o S en h o r. P o rta n to "e le s " (os rem an escen tes salv os) h a b ita rão segu ros en qu an to ele am plia seu rei no sobre a terra rem ida. "E ste será a nos sa paz", 5 (cf. Is 9.6-7; Zc 9.10), ele, que fez a paz pelo sangue derram ado na cruz, e é nossa paz (E f 2.14-15) tan to q u an to a de Israel (Is 9.7). A re fe rê n cia aq u i é à paz que ele com prou e agora dá ao seu povo re sta u ra d o , Isra e l, a paz a lca n ça d a pela v itó ria sobre o in vasor do norte no final dos tem pos, 6, a A ssíria dos últim os dias da "terra de N inrode" (Assíria, Gn 10.9-11). 7-15. O restante abençoado e o reino. A função dupla do restante é assim explicada:
Miquéias [ 333 1 (1) testem unho e bênção espiritual, 7, e (2) vingador dos males e destruidor dos inimi gos, 8-9. As armas de guerra serão elimina das, 10-11; e todos os cultos dem oníacos e idólatras, como os postes-ídolos (objetos de culto pagão que representam Aserá, deusa da fertilidade), serão destruídos, 12-15.
6—7. Controvérsia final e misericórdia 6 .1 —7.6. Ingratidão e pecado do povo. A controvérsia do Senhor foi com seu povo, 6 .1 -8 , p o is e le s h av iam e sq u e c id o su as m ise ricó rd ia s do passad o e a p rática da piedade para com todos. O Senhor p reci sava julgá-los, 6.9-16. M iquéias denuncia o pecado de Israel, 7.1-6. 7.7-20. Confissão, pedido e ação de gra ças. Isso lembra a voz do restante no final dos tem pos por interm édio do profeta que se id e n tifico u com Israel (cf. Dn 9.3-19). A qu eles de Israel que, com o ele, guarda vam a fé, tinham confiança inextinguível na fid elid ad e do Senhor para restaurar a n ação no final, cu m p rind o todas as suas p ro m e ss a s .
IMaum A santidade de Deus vingada no juízo O tema de Naum. 0 profeta tem um tema único: o juízo contra Nínive, a capital do poderoso império Assírio (v. comentários sobre Jn 3.14), e, portanto, contra a Assíria, o "gigante dentre os semitas". Sua tirânica crueldade açoitou o mundo antigo intermitentemente de 850 a.C. até sua queda em 612
a.C. Naum exerceu seu ministério entre a conquista de Nô-Amom (Tebas), no Egito (3.8), em 661 a.C. e a queda de Nínive, em 612 a.C. O livro é um clássico da poesia hebraica, absolutamente refinado e vívido nas suas descrições. As tentativas dos críticos de negar parte do poema a Naum não foram muito bem-sucedidas.
Esboço 1 Salmo da majestade de Deus
2— 3 Profecia da queda de Nínive
Carro de guerra usado pelos assírios.
Naum [ 335 ]
1. A majestosa santidade de Deus 1. C abeçalho. Naum ("co n so la d o r" ou "co n fo rtad o r") era natural de Elcos (lugar d esconhecid o). Sua profecia de ju ízo con tra a ím pia N ínive e a alusão à m isericór dia de D eus para com os seus fazem dele um "co n s o la d o r" para aqueles que p rati cam o bem . "Sen ten ça" é aqui um a profe cia plena de pesado juízo. 2-11. O caráter de D eus no ju ízo. Por um lado D eus é cium ento, estando a fon te da sua p aixão n o am or p elo seu povo, 2. Por outro lado, contudo, ele é tam bém in fin ita m en te san to e p re cisa m a n ife sta r sua v in g an ça co n tra aq u eles que m a ltra tam seu povo. Precisa punir os ím pios, 3. R e v e la -se a m a n ife sta çã o do seu ca rá ter n o ju íz o , 4 -6 . O S e n h o r é ta m b é m bom p a ra a q u e le s q u e n e le co n fia m , 7, m a s duro no trato com os inim igos, 8. Q ue n e nhum dos seus im agine levianam ente que e le d e ix a rá de c a s tig a r c o m p le ta m e n te seu s in im ig o s, 9. A sseg u ra -se o ju íz o da A ssíria, 10, donde veio um conselheiro vil (cf. 2R s 18.13-37), 11. 12-15. A nuncia-se a queda da A ssíria. O S e n h o r (p elo p ro fe ta) an u n cio u a fu tu ra derrocada da Assíria, 12, 14, e a libertação de Israel, 12b, 13. A ju bilosa p roclam ação por parte de Israel da boa nova da queda de N ín iv e é um a p re fig u ra çã o da queda dos inim igos de Israel nos últim os dias, e do aleg re an ú n cio da lib erta çã o final de
Cena posterior à batalha retratada no relevo assírio. Em 612 a.C., a cidade de Níneve é tomada pelos inimigos, acabando assim com a hegemonia dos assírios.
Israel para a bênção e o culto no reino, 15 (cf. Is 52.7; Rm 10.15).
2. Cerco e destruição de IMínive 1-12. A tom ada de N ínive é profetizada e descrita. Em versos soberbos, Naum re trata vivid am ente o cerco da cidade. A s sur, a antiga capital do im p ério, caiu em 6 1 4 a.C . d ia n te dos a ta q u e s co n ju g a d o s dos m edos do norte e dos caldeus do sul de Babilónia. Em 612 a.C. ruiu N ínive, en cerrando o dom ínio assírio. Alguns estudi osos acreditam que o v. 7 se refere à deu sa p ad roeira de N ínive, Istar. 13. A razão da destruição de Nínive. O Sen h or era contra ela.
3. Nínive, exemplo do juízo de Deus 1-17. Seus pecados precipitaram a queda. N arram -se sua violência, 1-3, suas fraudes e trapaças contra as outras nações, 4-7. O exem p lo de N ô-A m om (Tebas), a grande cidade egípcia, foi um alerta quando caiu em 661 a.C., 8-10. As fortificações e os ar m am entos de N ínive seriam inúteis, 11-13, seus esforços por evitar a catástrofe d ari am em nada, 14-17. Estava condenada. 18-19. Lamento pelo rei da Assíria. O dis cu rso é d ir ig id o a e le d ra m a tica m e n te . D eclara-se sua d estru ição, 18, e expõe-se a alegria que isso trará, 19. (V. com entário sobre Jn 3.1-3).
Habacuque 0 justo viverá pela sua fé O profeta e sua mensagem. Praticamente nada se sabe sobre o profeta Habacuque. Podese inferir, contudo, que ele viveu no período da ascensão do império neobabilônio (c.625 a.C.), pois já surgia no horizonte a invasão caldéia de Judá (1.5-6), e era crescente a iniquidade dos judeus. O tema de Habacuque se concentra na questão teológica de como a paciência de Deus diante do mal pode coexistir com sua santidade. A resposta que o profeta recebeu vale para todas as épocas. Um Deus soberano tem a incontestável prerrogativa
de cuidar dos iníquos a seu modo, e na hora que ele julgar acertada. "Mas o justo viverá pela sua fé" (2.4). Beleza literária. Habacuque, como Naum e Isaías, se expressa em versos sublimes, ilustrando a era clássica da profecia hebraica. A magnífica ode lírica do cap. 3 contém uma das descrições mais soberbas da teofania relativa à vinda do Senhor jamais revelada pelo Espírito Santo, que aguarda cumprimento no Dia do Senhor (cf. 2Ts 1.7-10).
Esboço 1 Anuncia-se o juízo de Judá pelos caldeus 2 Prediz-se o juízo definitivo dos caldeus 3 A visão do profeta do rei vindouro
Habacuque diz que se colocará sobre a torre de vigia e esperará, para ver como Deus responderá às suas perplexidades.
Habacuque [ 337 1
1. 0 juízo de Judá pelos caldeus 1-4. Problem a: por que o Senhor não jul gara o pecado de Judá? Habacuque ("abra ç o ") encontra o Senhor e lev anta a q u es tão do ju s to g o v ern o d iv in o do m undo. Com o pode um Deus santo tolerar, o peca do do seu próprio povo, Judá, 1-4? 5-11. A solução divina. Os caldeus julgari am Judá. Segundo At 13.37-41, o v. 5 antecipa a obra redentora de Cristo. Os caldeus, ou neobabilônios, governaram o antigo Oriente Próximo de 612 a 539 a.C., ministrando tiranicamente a justiça ao seu próprio modo, e ado rando o seu próprio poder (cf. 11, "cujo poder é o seu deus"). Os caldeus eram agressivos nómades semítico-arameus que gradualmen te se assentaram no sul de Babilónia (Caldéia, do acadiano Kaldu). Nabopolassar (625605 a.C.) foi o fundador do império caldeu, herd ado pelo seu filho N abucodon osor II (605-562 a.C.). O v. 10 retrata com precisão a prática militar dos caldeus de amontoar ter ra para tom ar fortalezas. 12-17. Problem a: por que os ím pios cal deus foram usados para castigar Judá? Como poderia o Senhor em pregar um povo m ais ím pio do que o seu próprio povo pecador com o vara de açoite? A questão do cará ter santo de D eus é discutida à luz do seu silên cio sob re esse assunto, 12-13. R e tra ta-se a cruel selvageria dos caldeus. Com o um pescad or com caniço e rede, os b a b i lón ios sentaram ao lado de um lago que D eus havia provido de abundante estoque de peixes hum anos, 14-15. Pescando peixe ap ó s p eix e, e co m en d o à sa c ie d a d e , ele la n ço u o e x ce s s o n o b a rra n c o para que m o rresse, 17. Por q u anto tem po esse u l tra ja n te d e s p e rd íc io de v id a s h u m a n a s co n tin u aria, p erm an ecen d o im p u n e essa brutalidade diante da justiça divina, 17?
2. A solução do Senhor — o juízo dos caldeus 1-5. Um remanescente fiel será preservado. O profeta toma posição para observar e se acomoda sobre a "fortaleza", esperando para ver como Deus responderá às suas perplexidades, 1. A resposta do Senhor "Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a pos
sa ler até quem passa correndo", i.e., como m ensageiro da visão (cf. Zc 2.4-5). Aqueles que não têm a alma reta, 4, cairão, "m as o justo viverá pela sua fé" (o remanescente fiel). 6-19. Os próprios caldeus serão castigados. Os cinco ais dessa acusação caem sobre a nação que saqueia as "nações", 6-8; que lu cra com a violência, 9-11; que "edifica a cida de com san g u e", 12-14; que desonra seus vizinhos, 15-17; e confia em ídolos, 18-19. Dig no de nota é o fato de que em meio a esses ais, o profeta vislumbra a futura Era do Rei no, 14, quando todos esses males serão er radicados (cf. Is 11.9, que situa o cumprimen to dessa profecia na época em que o justo Renovo de Davi [Cristo] estabelecer o rei no). A transfiguração em Lc 9.26-29 foi uma prévia desse feliz acontecimento. A "glória do S e n h o r " , 14, será o Cristo revelado no seu régio esplendor (Mt 24.30; 25.31). 20. Reina o soberano Senhor. Esse trecho faz parte da resposta do Senhor ao profeta. O Senhor não abandonou seu templo santo (cf. Sf 1.7; Zc 2.13), nem sua habitação deixou de ser santa. A presença de Deus exige que todo o globo se cale diante dele, pois seu poder e justiça soberanos agem em toda a terra.
3. Visão da uinda e do reino do Senhor 1-2. A oração do profeta. O profeta m os tra -se g ra to p ela re v e la ç ã o da obra de D eus e exibe tem or diante dela. Na expec tativa da consum ação definitiva do Dia do Senhor, ele suplica m isericórdia em meio à ira. "S h ig ion oth ", 1, é desconhecido. 3-15. A vinda do Senhor como juiz e guer reiro (cf. Dt 33.2; Sl 18.8-19; 68.8; 77.17-20; Is 63.1-6; Ap 6.1 — 19.16). Parã ficava a sudeste de Edom, e o mt. Parã é um pico proeminen te em meio às elevações do deserto do Si nai, 3. Temã fica no centro-sul de Edom, per to de Sela (Petra), 3. Cusã, 7, fica em Midiã, ao sul de Edom e a leste do Golfo de Acaba. "Selá" é uma pausa para interlúdio musical. 16-19. O efeito da teofania sobre o profe ta. Sua reação e tranquila confiança refle tem a atitude dos futuros restantes piedo sos d uran te a G rand e Tribulação, 16. Ele professa profunda fé em Deus, apesar dos sofrim entos exteriores a suportar, 17-19.
Sofonias Um alerta do juízo Data. Sofonias, contemporâneo de Jeremias, exerceu seu ministério durante o reinado de Josias (641-609 a.C.). Sem dúvida, foi fundamental para a renovação de Josias (2Rs 22-23; 2Cr 34-35), mas o movimento espiritual revelou-se superficial diante do iminente cativeiro (cf. Jr 2.11-13). Sofonias tinha acesso à corte real e exercia certa influência sobre as políticas do rei Josias.
Esboço 1.1-18 Vindoura condenação de Judá 2.1— 3.8 Juízo contras as nações vizinhas 3.9-20 Israel na bênção do reino
A Porta de Jaffa, em Jerusalém. Sofonias anuncia o juízo de Deus sobre Jerusalém, por sua desobediência e rebeldia.
Sofonias I 339 1
1. A condenação de Judá e o Dia do Senhor 1-3. Juízo de toda a terra. Sofonias ("o Senhor esconde ou protege") foi talvez b is n eto de Ezequias. Esses versícu lo s sin a li zam o ju ízo m undial do Dia do Senhor (cf. 1.17; 2.11, 14, 15). 4-13. Juízo de Judá e Jerusalém . O Se nhor destruirá o iníquo sincretism o religi oso de Judá. M ilcom , 5, era a principal di vindade am onita. Os assírios adoravam o "e x ército do céu ". 14-18. O Dia do Senhor. A im inente in vasão dos caldeus sob o com ando de N a bucod on osor é tratada com o prefiguração do apocalíptico Dia do Senhor, no qual cul minam os juízos de toda a terra (cf. Is 2.1022; Jl 1 - 2 ; Ap 19.11-21).
2.1—3.8. 0 juízo das nações 2.1-3. O chamado ao arrependimento. A "nação [sem] p u d or", i.e., o Israel apóstata, 1, é chamado ao arrependimento (cf. Jr 3.13). Essa seção é um chamado aos judeus rema nescentes do final dos tempos, precedendo o julgam ento das nações. "E scond er-vos" é jogo de palavras com o nome Sofonias (v. 1.1) e constitui prom essa ao rem anescente fiel. 4-7. Juízo dos filisteus. N om eiam -se as principais cidad es da Filístia, sud oeste da Palestina (cf. Jl 3.4-8). Os quereítas, 5, eram e v id e n te m e n te c re te n se s que v iv ia m na Filístia (ISm 30.14; 2Sm 8.18; Ez 25.16). "C a
naã" (significando o com ércio da tinta verm e lh o -p ú rp u ra e x tra íd a das conchas do m olusco "p ú rp u ra " do litoral palestino) é o nom e antigo da Palestina. O term o pos terior Palestina é um a corruptela grega do nom e da terra dos filisteus (gr. Palaistine). 8-10. Ju ízo de M oabe e A m om . Serão destruídos porque zom bavam do povo do S en h or e g ab avam -se d iante de D eu s (Is 15-16; 25.10-12; Jr 48.1 - 4 9 . 6 ; Ez 25.8-11; Am 1 .1 3 - 2 .3 ) . 11-15. Juízo das outras nações. Os cuxi tas (etío p es) serão m ortos, e os o rg u lh o so s a s s ír io s , e sp e z in h a d o s . P re d iz -s e a queda de N ínive (cf. Na 3; ver com entário sobre Nínive em Jn 3.1-3). 3.1-8. Juízo de Jerusalém . Fazem -se qua tro a cu saçõ es contra a cidade: d eso b ed i ência, resistência à correção, incred u lid a de e im piedade. O Senhor indica o castigo anunciado, 6-8.
3.9-20. Israel na bênção do reino 9-13. Salvação e libertação no reino. A dádiva de um a fala pura remove a m aldi ção de Babel (Gn 11.1-9) e prenuncia o gran de d erram am ento do Espírito (Jl 2.28-32), do qual P en teco stes (A t 2.1-11) foram as p rim ícias. O resto rem id o é vivid am ente descrito, 12-13 (cf. Ez 34.13-16; Zc 8.3, 16). 14-20. Louvor no reino. A fama de Isra el e o lo u v o r que a n ação elev a a D eus cu m p rem a p ro m e ssa da a lia n ça a b ra â m ica (Gn 12.1-3).
Ageu Chamado para a conclusão da construção do templo Pano de fundo histórico. 0 decreto de Ciro (538 a.C.) permitiu que os judeus voltassem para casa e reconstruíssem seu templo em Jerusalém (Ed 1.1-4). Os monumentos são provas inequívocas desse nobre espírito de Ciro. Os restantes lançaram as fundações (Ed 3.1-3, 8-10), mas de c.535
a 520 a.C. não conseguiram completar o edifício. Pelos ministérios conjuntos de Ageu e Zacarias (520 a.C.), o templo foi concluído (520515 a.C.). As circunstâncias da construção do templo suscitaram predições messiânicas dos dois profetas, especialmente Zacarias.
Esboço 1.1-15 Chamado à reconstrução do templo 2.1-19 Profecia do templo do milénio 2.20-23 Profecia da destruição do poder mundial dos gentios
Ageu I 341 ]
1. Chamado à reconstrução do templo 1-6. C ham ado a fazer face à pecam inosa negligência. A data era agosto-setem bro de 520 a.C., segundo ano de Dario I, o Grande (522-486 a.C .), m onarca que é cón h ecid o p ela fam osa In scrição de B eístu m . A geu sig n ifica "fe s tiv o ". Z oro bab el su ced era a S e sb a z a r co m o g o v e rn a d o r sob s u se ra nia persa (Ed 1.8-11). Jesu a ("o S enh or é sa lv a çã o ") era o sum o sacerd o te (Ed 2.2; 3.1-13). O s governantes e o povo em geral foram acaread os com seu fracasso, 1-6. 7-11. Declaração do juízo do Senhor. Pres sã o e c o n ó m ic a , se ca e d e s e m p re g o (cf. Zc 8.9-13) estavam diretam ente ligad os à negligência na construção do templo, 9. 12-15. A resp o sta do p ovo. Os g ov er n a n te s se a d ia n ta ra m , e d ep o is re s p o n deu o povo alegrem ente, 12. Ageu lhes deu p a la v ra de e n co ra ja m e n to v in d a do S e nhor, 13, e o povo retom ou a constru ção no vigésim o quarto dia do m esm o m ês em que Ageu iniciou seu m inistério, 15 (cf. 1).
2.1-19. Profecia do templo do milénio 1-9. A profecia do templo. Esse segundo oráculo profético foi anunciado em selem bro-outubro de 520 a.C. O desprezo hum a no pelo m odesto projeto do segundo tem p lo g e ro u p e ssim ism o e d e sâ n im o , 1-3. A geu g arantiu -lh es a presença d ivina e o sucesso da em presa, 4-5 (cf. Ex 29.45-46; Is 43.1-7). O tem plo da restauração, em cons trução na época, serviu com o pano de fun do para a profecia do templo do reino, 7-9. O abalo de todas as nações alude à Tribula ção do fim dos tempos, 7 (cf. Hb 12.26; Dn 12.1; Ap 16.18-20). A tradução da expressão "c o is a s p recio sas de tod as as n a ç õ e s", 7, geralm ente segue a Septuaginta: "V irão as
coisas desejáveis (hãm údôt) de todas as na ç õ e s ", i.e., seu s p re cio so s tesouros trazi dos para em belezar o tem plo do milénio. M as o texto heb. m assorético dá "d esejo" (hem dat) no fem inino singular, com verbo no plural. Assim o texto pode ser traduzido com o "virá o Desejado de todas as nações", dando tom m essiânico à passagem . 10-19. Promessa de bênção no presente. Esse é o terceiro discurso de Ageu, datado de n o v e m b ro -d ez e m b ro de 520 a.C . Por meio de uma comparação com o ritual, 1014, o profeta demonstrou que o templo arru inado e esquecido era um insulto a Deus, e havia tornado impuros o culto e as ofertas. Em bora um a coisa santa não santifique as outras, aquilo que é impuro corrompe con tagiosamente tudo o que toca. Assim acon tecia com o povo. Purificar-se atrairia a gra ça do Senlior e seria solução para os graves problem as económ icos da nação, 15-19.
2.20-23. Destruição do poder mundial dos gentios. 20-22. O abalo das nações. Esse é o quar to e ú ltim o trech o de serm ão, d atado de novem bro-dezem bro de 520 a.C., e perm a n ece p ro fé tico , ain d a sem cu m prim ento. O abalo do céu e da terra, 21, e a destrui ção dos reinos das nações, aludem à futu ra Tribulação, com o o faz 2.7-9. Esse abalo d estru irá o tro n o dos reinos, para que o reino do M essias possa se estabelecer. Ele é a "p ed ra" (Dn 2.44-45) que golpeia e destrói a im agem . 23. O governante prometido. Zorobabel, filh o de D avi (Salatiel era da posteridade de Davi, M t 1.12; Lc 3.27), tipifica Cristo, o filho de Davi. Naquele dia, Cristo receberá o trono d avídico e será com o um anel de selar — um a m arca de honra, sím bolo da régia autorid ade que os soberanos con fe rem aos seus agentes ad m inistrativos.
Zacarias Israel, a nação de que Deus se lembra Natureza da profecia. Esse livro é único entre os profetas menores pela ênfase messiânica e pela revelação de eventos ligados ao primeiro e segundo adventos de Cristo. É tido como o escrito mais messiânico e verdadeiramente apocalíptico e escatológico de todo o AT.
Previsões messiânicas importantes. Entre elas estão o Servo do Senhor, o Renovo (3.8); o Homem, o Renovo (6.12); o ReiSacerdote (6.13); o Verdadeiro Pastor (11.4-11); o Verdadeiro Pastor vs. o falso pastor — o Anticristo (11.15-17; 13.7); a traição do Bom Pastor (11.12-13); sua crucificação (12.10); seus padecimentos (13.7); sua gloriosa segunda vinda (14.4).
Esboço Primeira parte 1.1-6 Introdução 1.7— 6.8 Oito visões noturnas 6.9-15 Coroação do sumo sacerdote 7.1— 8.23 Questão dos jejuns Segunda parte Oráculo 1: 9.1— 11.17 Primeira vinda e rejeição do Messias
Um pastor conduz seu rebanho pelo vale do Jordão. Zacarias profetizou que
Oráculo 2: 12.1— 14.21 Segunda vinda e aceitação
Zacarias [ 343 1
1.1-17. Visão do homem entre as murteiras
1.18-21. Visão dos quatro chifres e quatro ferreiros
1. P refácio . O tem po era ou tu bro-n o1.18-21. Israel triunfa sobre seus adver vem bro de 520 a.C., segundo ano de Dario sários. O profeta prim eiro vê quatro chi I, o Grande (522-486 a.C.). Zacarias signifi fres, 18-19. E sses rep resen tam as nações ca "aq u ele de quem se lem bra o S en h o r" h o stis, i.e., as q u a tro g ran d es p o tên cias e, apropriadam ente, o livro é um testem u m u n d ia is d o s te m p o s d o s g e n tio s (cf. nh o d esse fato ao p ro feta e seu povo (o Dn 2.37-45; 7.2-8, 17-28), a saber, B abiló povo de D eus). Ele era filho do sacerdote nia, M edo-Pérsia, Grécia e Roma (esta re Ido (Ed 5.1; 6.14; Ne 12.16). viverá no final dos tem pos, Dn 2.42-44; 7.72 -6 .0 chamado ao arrependimento. Essa 8, 20; Ap 13.1). é a nota e sp iritu a l fu n d a m e n ta l, to cad a O S e n h o r e n tã o m o stra ao p ro fe ta para que o resto de m enos de 50 m il pu q u a tro fe r r e ir o s , 2 0 -2 1 . E sse s a rte s ã o s desse se preparar espiritualm ente para as sim bolizam os rein os que o Senhor usou grand es visões dadas a eles pelo profeta. p a ra d e r ro ta r os p e rs e g u id o re s do seu Zacarias anuncia a ira divina, 2, e também povo Israel. Três deles (M edo-Pérsia, G ré a graça divina, 3, citando um alerta da his cia e R om a) eram chifres, que se transfor tória dos hebreus, 4-6. Os "p rim eiros pro maram em ferreiros. O quarto ferreiro é o fe ta s " haviam con tin u am en te en fa tiz a d o rein o esta b e le cid o pela volta do Rei dos o arrependim ento (Is 1.16-20; 30.15; 55.6-9; reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16), que Jr 3.12; J1 2.12-13; O s 7.10). Z acarias estava d estrói a co n fed era çã o de dez rein os do im buído do conhecim ento desses profetas final dos tem pos (Dn 2.44). Tanto B abiló e de su as m en sag en s. nia (Jr 25.9; 27.6; 43.10) quanto a Pérsia 7.17. O hom em entre as m u rteiras. Essa(Is 4 4 .2 8 —45.1), além da potência grecov isã o s ig n ific a e sp e ra n ç a p ara o Is ra e l m aced ô n ica (Z c 9.3 4 ), eram co n tro la d a s d isp e rso e e sp ez in h a d o . A d ata d essa e pelo A ltíssim o regen do no reino dos h o d as o u tra s sete v isõ e s, to d a s re c e b id a s m ens. Ele as usou p rim eiro com o chifre na m esm a n o ite , é 24 de c h é b a te (fev.) para castigar seu povo, e mais tarde como de 519 a.C . O hom em do cav alo v erm e ferreiro para destruir o chifre, quando seu lho é o Senhor em form a teofân ica, 8 (cf. propósito divino já fora realizado. 13 ), s e n d o q u e a c o r v e rm e lh a lem b ra aquele que trou xe a red en ção na sua p ri 2. Visão do cordel m eira v in d a e que vo ltará para ju lg a r e fa z e r a g u e r r a n a su a s e g u n d a v in d a 1-3. O cordel de medir. Essa visão apre (A p 19.11). A patrulha de vig ias são ag en sen ta Jeru salém na g lória do m ilén io. O tes a n g é lico s que co n stata m a co n d içã o cord el é p ro vav elm en te a m esm a Pessoa da terra, 11-12 (cf. Ag 2.2 1 -2 2 ). As m u r divina do hom em do cavalo verm elho da te ira s sim b o liz a m Isra e l com o p o v o da prim eira visão. Suas atividad es de m ed i a lia n ça e o b je to d as a lia n ç a s e p ro m e s d or sugerem o crescim en to e a prosp eri sas de restau ração de D eu s. O s ig n ific a d ade de Jeru sa lém , não só naquela é p o do da visão, 9-12, é que não está em foco ca, m as, de m od o d efin itiv o , na Era do a tr ib u la ç ã o m u n d ia l q u e p re c e d e r á a Reino, com o dem onstra 4-13. r e s ta u r a ç ã o de Is ra e l (cf. A g 2 .2 1 -2 2 ); 4-13. Prom essas decorrentes da visão. m as " p a la v r a s b o a s, p a la v ra s c o n s o la Jeru salém recebe a prom essa de próspe d o ra s ", 13, são an u n ciad as por in te rm é ra expansão, 4; glória e proteção divinas, d io do p ro fe ta , a sse v e ra n d o ao p o v o o 5; restau ração , 6-7; e vingança contra os g ra n d e am o r que D eus tem por e le, 14; inim igos, 8-9, num a terra preparada para sua grand e indignação d iante das nações plenas bênçãos, 10-13, quando a Palestina p e rs e g u id o ra s , 15; e a fu tu ra r e s ta u r a será cham ada "Terra San ta". O v. 13 é um ção d efin itiv a no reino, 16-17. grande resum o de Ap 6-19.
[ 344 1 Zacarias
0 período pós-exílico Ageu, Zacarias e Malaquias
Palestina
Império Persa
538 Edito de Ciro 536 Volta dos judeus
549 Ciro/o Grande, unifica a Pérsia e a Média
536-34 Ergue-se o altar Pobreza económica e espiritual
539 Ptífícipe herdeiro Belsfèar governa Babilónia
520 Ageu Zacarias 535-15 Templo é reconstruído 480 Ministério posterior de Zacarias (Zc 9-14) 458 Volta de Esdras
Grécia
546 Cortquista da Lídia
5^0-22 Cambises
/525 Conquista do Egito 522-486 Dario I 490 Derrotado pelos gregos em Maratona 486-65 Xerxes I (Assuero), marido de Ester
490 Dominação grega Derrota persas comandados por Dario I 485-25 Heródoto, o Pai da História
445 Neemias reconstrói muros
480 Derrotado pelos gregos em Termópilas e Salamina
480 Derrota persas comandados por Xerxes I
435 Malaquias
465-24 Artaxerxes I
470-399 Sócrates
424-23 Xerxes II 423-04 Dario II
460-29 Idade de Ouro de Péricles
404-358 Artaxerxes II
428-348 Platão
358-38 Artaxerxes III
384-22 Aristóteles
338-36 Arses
336-23 Ascensão de Alexandre
336-31 Dario llí
Data (a.C.)
336-23 Reino conquistado por Alexandre
Zacarias I 345 ]
3. Visão da purificação de Josué Essa visão revela a restau ração de Is rael com o n ação do sum o sacerdócio. 1-3. Israel corrupto e condenado é re tratado sob a representativa figura de Jo sué, o sum o sacerdote. C om o tal* a nação é acu sad a com o um crim in oso, 1-2, pois tentou m inistrar diante do anjo do Senhor (o p ró p rio Se n h o r), e p o rq u e su a co n d i ção p ecad o ra ab riu esp aço p ara o D iabo (cf. E f 4 .2 7 ) que lhe re sistia . A s "v e s te s s u ja s " (c o b e rta s de e x c re m e n to ) r e p r e se n ta m su a h ip o c r is ia , r e c u s a n d o -s e a subm eter-se à ju stiça de D eus (cf. Rm 10.14 ). S a ta n á s , p o rém , é re p re e n d id o p e lo a n jo (o S e n h o r) com b a se n a s o b e r a n a graça d iv in a que esco lh eu Israel, 2, a p e sar do seu pecado, 3. 4-5. Israel é p erdoado e restau rad o . Retr a ta -s e a q u i a c o n v e rs ã o da n a ç ã o n a segu nd a vinda do M essias. P rim eiro vem o asp ecto n eg ativ o da salv ação, 4, o p er d ão do pecad o (cf. Rm 3.2 5 ; Ef 1.7). D e p o is a p o sitiva concessão da ju stiça d iv i n a e o re s ta b e le c im e n to à p le n a fu n çã o d e s u m o s a c e r d o te , 4 -5 (c f. Ex 1 9 .5 -7 ; Rm 1.16-17; 3.22, 26; Zc 1 2 .1 0 - 1 3 .1 ) . Êx 28 m o stra co m o o su m o s a c e rd o te se v e s tia q u an d o m in istrav a. 6-7. R enova-se a aliança do sacerdócio com Josué. 8-10. Previsão do Israel restaurado sob a figura do M essias, o Renovo. Josué e seus colegas eram "h om en s de p ressá g io ", i.e., h o m en s que p esso alm en te p ressag iav am eventos futuros de Israel, 8. "M eu servo, o R enovo" retrata Cristo nos aspectos reden tores da sua prim eira vinda, 8 (cf. Is 53.1-10; Fp 2.6-8), a base da purificação e restaura ção de Israel na sua segunda vinda. A "p e d ra " o n iscien te, ped ra p reciosa lapid ad a, retrata o M essias na sua gloriosa segunda vinda, quando Israel será convertido, 12.10. A visão term ina na plena bênção do reino, 10 (cf. M q 4.4 com lR s 4.24-25).
4. Visão do candelabro de ouro E ssa visão re tra ta Isra e l com o luz do m undo no tempo do Rei-Sacerdote Messias.
O profeta recebe a visão de um candelabro todo de ouro que simboliza Cristo, nossa Luz.
1 -5 .0 simbolismo da visão. O profeta pre parado, 1, recebe a visão, 2-3. O candelabro todo de ouro (Êx 25.31-40) simboliza Cristo nossa Luz (Jo 8.12; M t 5.14). Ele se manifes ta na sua divindade (ouro puro), na plenitu de do p od er do E sp írito sétuplo (Hb 1.9; Ap 1.4), prefig u rad o pelas sete lâm padas (plenitude de testem unho). Israel era a úni ca nação escolhida por Deus para testem u nhar o Deus verdadeiro e único. O candela bro de sete braços no meio dele, portanto, sim boliza a realização da vocação divina de Israel, como testem unha e prova da sal v ação de D eu s em C risto para as nações pagãs d escrentes que a cercam . Assim Is rael é prefigurado em plena comunhão com Deus, com o era o plano divino, e com o de fato será na restauração do milénio. 6-10. O propósito da visão. A indaga ção d o p ro fe ta , 4 -5 , g e ra a re sp o sta do anjo a respeito do propósito, 6-10. O tem plo seria concluído pelo poder divino, 6, e to d o o b stá cu lo se ria rem o v id o . Z o ro b a bel é quem realizaria isso, 7, 9. A palavra de D eu s seria cu m p rid a, 9; os críticos se calariam , 10; os h u m ild es se aleg rariam ; e D eu s seria exaltad o, 10.
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11-14. O p rofeta é agraciado com uma exp licação com p leta. A s d uas p erg u n tas do p rofeta, 11-12, geram a resp osta d efi n itiv a do an jo, 13-14. As d u as o liv e ira s re tra ta m os postos civ il (rég io ) e sa c e r d otal. O s d ois ram o s de o liv e ira re p re sentam os hom ens que en tã o ocu p avam esses postos: Z orobabel e Jo su é. O s d ois tubos de ouro sim bolizam esses dois p o s tos unificados em C risto com o R ei-Sacerdote. O ou ro (óleo) é a p erfeita ação do Espírito Santo por m eio do R ei-S a cerd o te, com o p o rta d o r da lu z p a ra a n a çã o restau rad a. O "S e n h o r de toda a te rra " (Js 3.11,13; Mq 4.13; Z c 6.5; Ap 11.3-4) é a d esignação do rein o do M essia s quand o ele voltar com o Rei dos reis e Sen h or dos sen h ores (A p 19 .1 6 ). Ele d e stru irá seu s inim igos e assum irá a posse e o controle a b so lu to s da te rra , h oje já d ele em p o tência por d ireito de criação e red en ção (E f 1.13-14). À re g e n e ra ç ã o , ca p . 3, s e gue-se o testem u n h o , cap. 4.
5. Visões do rolo voante e do barril medidor 1-4. O rolo voante. A sexta visão, 1-2, retrata um rolo ou pergam inho voante de nove m etros de com prim ento e 4,5 de lar gura, ilustrando o governo férreo do reino. O significado da visão, 3-4, é que o rolo sim boliza a maldição de D eus contra os peca dores. O rolo abrange as duas tábuas da lei e só pode am aldiçoar (Dt 2 7 —28; G1 3.1014). O vôo denota a extensão m undial da maldição, 3, e os súditos m encionados re presentam todos os pecadores, 3. A im po sição da maldição retrata o férreo governo do Messias na sua segunda vinda e subse quente reinado (SI 2.9; Ap 2.27; 12.5; 19.15). 5.11. O barril medidor. Essa sétim a vi são retrata a elim inação da iniquidade co m e rcial e e c le s iá s tic a d a te rra . O e fa (heb.), 6, é uma medida hebraica de capa cidade para secos (23,6 litros) e sim boliza o comércio, os negócios iníquos e o ganho excessivo. Exprim e a B abilónia com ercial (Ap 18). O efa (co m ércio ; cf. Tg 5 .1-3) é associado a um talento (o u tro sím ile co m ercial) de chum bo (m etal pesado), 7. A
m u lh er que ap arece tra n q u ila m en te sen tada no barril, 7, é a personificação da in i q uidade (cf. M t 13.33; Ap 2.20; 17.3-7). A m u lher sim boliza a Babilónia eclesiástica (os aspectos religiosos do sistem a m und i al satânico), i.e., a relig ião estabelecid a e n u trid a p elo in íq u o co m ercia lism o (cf. a m eretriz de Ap 17, que a retrata num es tado m ais desenvolvido de iniquidade). A razão de a m ulher de repente desejar sair d o e fa é sua v o n ta d e de e sca p a r ao seu destino, 10-11, mas sua cum plicidade com o ím pio com ercialism o (o peso de chum bo) a aprisiona e seu pecado se torna sua ru ína (cf. Pv 5.22). Sinar, 11, é B abilónia (Gn 10.10; 11.1-9; D n 1.2).
6.1-8. Visão dos quatro carros E ssa v isã o a p re sen ta o ju íz o das n a ções, preparatório ao reinado do M essias. E x e c u ta m -s e a g o ra as d e s c o b e r ta s d o s vigias na prim eira visão. 1-3. A p resen tação da visão. O s "d o is m o n te s" (das O liv eiras e S ião) são m o n tes "d e b ro n z e " (i.e ., m o n te s dos q u ais parte o ju ízo d ivino), pois o bron ze é ca racterístico do ju ízo divino m anifesto. (Cf. o altar de bronze, Êx 27.2; Jo 12.31-33; Jo 3.14 com N m 21.9.) Os quairo carros são re tra ta d o s com seu s cav alo s, 2-3. O s ca valos vertnelhos retratam a guerra e o der ram am en to de sangue (Ap 6.4); os ca v a los pretos, a fom e e a escassez (Ap 6.5-6); os brancos, vitória e conquista (Ap 6.2); os baios (cav alos "m a lh a d o s" e "fo r te s ") re tratam a m orte (Ap 6.8). 4-8. Explicação da visão. A atenção se concentra nos carros puxados por cavalos, e não nos cavalos. A chave in terpretativa é d ad a em 5. E sses ca rro s re p re sen ta m os "q u atro esp íritos" (m inistros angélicos, e n ã o " v e n to s " ; cf. D n 7 .1 0 ; lR s 2 2 .1 9 ; SI 103.20-21; 104.4; Hb 1.7; Lc 1.19), que são os agentes celestes executores do juízo con tra as n ações. Os cavalos retratam os ju í zos; os carros, os executores angélicos des ses juízos (como em Ap 8.2, 7-8, 10, 12; 9.1, 13; 11.15; 15.1; 16.1-3) que vão desalojar os ím pios p osseiros da terra, para que tom e posse "o Senhor de toda a terra", 5 (v. co
Zacarias [ 347 ]
m entários sobre Z c 4.14). A m ensagem se encerra com um a nota de esp erança para o próprio tem po do profeta, 8. A palavra "esp írito " (KJV) tem o significado especial de ira (NAS, cf. Jz 8.3; Is 33.11; Ec 10.4).
6.9-15. A coroação do sumo sacerdote Term inaram as oito visões. Agora vem um evento realm ente histórico — a coroa ção de Josué —, para o qual as oito visões são preparatórias. Esse acontecim ento sim bólico foi o resumo e o dím ax dessas visões. 9-11. O evento histórico e o sim bolism o p ro fético . A ch eg ad a dos rep resen tan tes de B abilónia com doações para o tem plo constituiu um evento de im portância sim b ó lic a e p ro fé tic a . Z a c a ria s, p re p a ra d o pelas visões, foi instruído a receber com o doação para o templo o ouro e a prata tra zidos pelos exilados — H eldai ("o m undo [do Senhor]"), Tobias ("o Senhor é b om "), Jed aías ("o Sen h or co n h ece") — que v o l taram à casa de Josias ("o Senhor apóia"). Em 14, Jo sias é apelid ado "H e m " ("b e n e
vo lência"), talvez por causa da sua hospi talid ad e. Z acarias foi encarreg ad o de fa zer um a "co ro a " (no singular, leitura pre ferida a "coroas", no plural). A importância sin g u la r de todo esse ep isó d io foi que a co ro a seria colocad a n a cabeça do sum o sacerdote, Josué, e não de Zorobabel, ape sa r da ríg id a sep a ra çã o en tre os postos sacerdotal e régio em Israel (cf. 2Cr 26.1621). A razão era que todas as oito visões n otu m as sugeriam que o reino seria resti tuído a Israel no reinado de um Rei-Sacerdote M essias (Hb 7.1-3; Sl 110.4). 12-13, 15. Im portân cia m essiânica do sim bolism o profético. O M essias, Renovo (v. co m en tá rio s sobre 3.8), su rgirá com o a n títip o de Jo su é , 12a (cf. Jo 19.5; cf. Is 53.2; Jr 33.15; Sl 2.6). Esse é o M essias na su a h u m a n id a d e . O M e s s ia s -R e n o v o construirá o tem plo do m ilénio, 12-13 (Ez 40-42; cf. Is 2.2-4; M q 4.1-2). Ele m esm o (e n e n h u m o u tro ) se r e v e s tir á da g ló ria (hod), term o u sad o q uase exclu siv a m e n te para o esplendor divino (Sl 8.1; Is 45.3; Sl 148.13; H c 3.3; Ap 19.16). Ele será um R ei-Sacerdote, o Filho do H om em , o "ú lti
O m onte das O liveiras visto das m uralhas de Jerusalém . Este m onte e o M onte Sião "eram de b ron ze" - m ontes dos qu ais p rovin ha o ju ízo de Deus.
[ 348 1 Zacarias
mo A d ã o ", o segu n d o H om em (IC o 1545-47), com reconquistad o d om ínio sobre a te rra, d o m ín io p e rd id o p elo p rim e iro Adão. O M essias com binará num a só Pes soa os d ois carg o s, em p e rfe ita h a rm o nia, 13, unindo judeus e gentios, 15, ju stifi ca n d o a p a la v ra de D eu s e e x ig in d o a m ais p erfeita ob ed iên cia, 15. 14. Provisão para um m em orial perm a nente. A coroa, como sim bolism o profético, deve ser guardada com o um m em orial.
7. A questão dos jejuns 1-3. Levanta-se a questão. A data é quisleu (dez.) de 518 a.C.. (cf. 1.1). A cidade de Betei, d ezenove q u iló m etro s ao n orte de Jerusalém , enviou um a d elegação a Je ru salém para "suplicarem o favor do S e n h o r " , 2, e pergun tar sobre a observação de d e term inados jejuns (cf. Lv 23.27; J1 1.13-14). A pergunta traía um a atitud e de ritu alismo em vez de realid ad e esp iritu al. O je jum do quinto m ês lam en tava a d e stru i ção de Jeru salém (2Rs 25.8-9; Jr 25.13; cf. Zc 8-19); o do sétim o mês assinalava o as sassinato de Gedalias (Jr 41.1-2); o do quar to m ês (tam uz) lem brava o arro m b am en to dos m u ros de Je ru sa lé m (2R s 2 5 .3 ; Jr 39.2-4); o do décim o m ês (tébete) m arcava o início do cerco (2Rs 25.1). 4-7. Expõe-se o m otivo egoísta. O profe ta repreendeu o ritu alism o inú til, 4-6 (cf. Is 1.10-15), e dem andou obediência à pala vra do Senhor, 7, dita pelos "p rofetas que nos p re c e d e ra m ", Is a ía s e Je re m ia s em especial, mas tam bém Joel, A m ós, O séias e M iquéias. 8-14. Proclam a-se o cham ado ao arrepen dimento. A ordem divina era pôr em práti ca a palavra do Senhor, 8-10, e atentar no exem p lo da re cu sa da n açã o p ré -e x ílic a de o b e d e ce r a e ssa p a la v ra , 1 1 -1 2 , com trágicas con seq u ên cias, 13-14.
8, Quando os jejuns se tornam jubilosas festas 1-8. Restauração parcial do presente como precursora de uma restauração final e plena de Israel. Essa plena restauração é garanti
da pela palavra de Deus e pelo divino amor que e sco lh eu Isra el, 1-2; d ec la ra -se v e e m entem ente a verdade desse segundo fator. O s resu lta d o s d essa fu tu ra re sta u ra ção serão: (1) a volta do Senhor, 3 (cf. 1.16; Os 5.15; 6.3; M t 23.39); (2) a permanente presença divina, 3 (cf. Ez 11.22-25; 43.2-5); (3) a exalta ção de Jerusalém, 3 (cf. Is 1.26; 60.14; 62.12); (4) o desenvolvim ento de Jerusalém em tamanho e segurança, 4-5; (5) a m anifestação do poder de D eus, 6. Em 7-8, repete-se a p rom essa da reunião e da restauração futuras, 1-6. 9-17. Encorajam ento em m eio às dificul dades da restauração parcial do presente. Além dos pontos de encorajam ento, 9, lis tam -se as razões do desânim o, 10, dão-se d etalh es que propiciam esp eran ça, 11-15, e esp ecifica-se o uso prático que se deve fazer dela, 16-17. 18-23. Previsão da plena restauração do m ilénio. O s jeju n s um dia d arão lugar às festas, 18-19. As nações do reino buscarão a v id a m e n te o S e n h o r, 2 0 -2 2 . O s ju d e u s d esfru ta rã o de esp ecia l fa v o r d iv ino , 23. A sserção tão en fática do resta b e lecim e n to da nação da aliança do Senhor resum e e cu lm ina eficazm en te o in ten to das oito v isões n o tu rn a s (1.7 —6.8) e da coroação sim bólica do sum o sacerdote (6.9-15), dan do tam b ém re sp o sta sa tisfa tó ria à q u e s tão dos jejuns, dos caps. 7 —8.
9.1—10.1. Governante mundial humano i/s. príncipe da paz divino 9.1-8. A súbita ascensão de A lexandre M agno. O oráculo é aqui lançado com o ad m oestação ou am eaça. A terra de H adraque, 1, é a região de H atarika m encionada nos anais assírios. E um país aram e u con tra o qual a A ssíria guerreou no século 8Q a.C. A cidade e região hoje bem atestadas ficavam no in te rio r da F en ícia , além das m o n tan h as do A n tilíb an o , na vizin h an ça de H am ate, à m arg em do O ron tes, e D a m asco, cerca de 160 q u iló m etro s ao sul. Tiro (a líder) e Sidom , 32 q u ilóm etros ao norte, no lito ral, m ais ou m enos na m es m a la titu d e de D am asco, eram as d esta cad as cidad es fenícias tom ad as no to rv e
Zacarias [ 349 ]
Um pastor vigia seu rebanho, perto de Belém. 0 capitulo 11 de Zacarias fala de dois pastores. linho de conquistas de Alexandre (333 a.C.), 2-3. O cerco e a conq u ista de T iro foram v iv id am en te p rev isto s, 3-4, e d ra m a tica m ente cum pridos na conquista de A lexan dre da cidade insular (situada num a ilha), depois de um cerco de oito m eses. A pro fecia contra as fortalezas filistéias, 5-7, do sud oeste da P alestina indica a cam panha vitoriosa do conquistador no Egito. Da Pentá p o le , só G ate é o m itid a. O d estin o de G a z a e s tá p le n a m e n te r e g is tr a d o n o s an ais de A lexan d re, d ep ois de um cerco de cinco m eses. Com o Tiro, ela ousou re sistir por cau sa da sua fo rça, m as sofreu violenta destruição. O versículo é uma pro fe c ia , m a ra v ilh o s a m e n te c u m p rid a , de que Je ru sa lé m escap aria à d estru içã o de Alexandre, 8a (cf. Josefo Antig. X I.8.3). Ao m esm o tem po aponta para a com pleta li b ertação fu tu ra p elo M essias, n a sua se gunda vinda, 8b. 9.9. A prim eira vinda do hum ilde rei e salvad or de Israel. A o alegre anú ncio da sua vinda, 9a, segue-se um b elo relato do seu caráter e cond ição, 9b. Ele será ju sto, revelando-se com o salvador; e "h u m ild e", característica revelad a pelo fato de m o n
tar um anim al h u m ild e, que rei nenhum d aqu ela época ja m a is m ontaria. 9 .1 0 —10.1. A segunda vinda do glorioso rei de Israel. Ele estabelece a paz, 9.10. O sofred or Israel é encorajado diante da fu tura esperança da nação, 11-12. O conflito m acab eu con tra o p ag an ism o im pied oso (175-130 a.C.) foi um a ilustração do confli to final de Israel, 13-15; prevêem -se a li bertação e a bênção da nação no final dos tem pos, 9 .1 6 —10.1.
10.2-12. 0 divino libertador e príncipe da paz 2-4. Segunda vinda e cura do engano da nação. Registram -se os tipos de engano de Israel, 2, 5. O trágico resultado desse enga no é o fato de o povo ter se desencaminha do com o ovelhas, ficando gravemente afli to, 2. Os opressores da nação serão, porém, castigados, e garante-se a restauração e a vitória finais de Israel sobre seus inimigos, 3. A cura do engano da nação, 4, está na vinda do M essias com o (1) Pedra Angular (Is 28.15-16); (2) Estaca da Tenda (Is 22.1525); e (3) Arco de Guerra (cf. Sl 45.5; Ap 19.11).
[ 350 1 Zacarias
5-12. A segunda vinda e o triunfo da na ção sobre seus adversários. O Senhor pro mete sua presença ao lado do seu povo, o re sto , 5, e g aran te seu fo rta le c im e n to e repatriação, 6-7. Ele reunirá Israel na sua própria terra, 10, pondo fim à sua presen te dispersão m undial, 8-9; rem overá todo obstáculo, 11, e realizará a com pleta reno vação de Israel, 12.
11. A rejeição do bom pastor por parte de Israel 1-3. Iminente devastação da terra. Essa destruição, devida à profetizada rejeição do Messias na sua prim eira vinda, com eça na região do Líbano, ao norte, 1-2, e se alastra para Basã, na Transjordânia, fam osa pelos seus e sp lê n d id o s b o sq u e s de c a rv a lh o (Is 2.13). A devastação prossegue do planal to de Basã à planície, penetrando no baixo vale do Jordão, 3, cujo orgulho é uma exube rante v egetação de tam argas, salg u eiro s, pastos e juncos; abrigo pred ileto de leões na antiguidade (2Rs 17.25; Jr 49.19; 50.44). 4-14. Profecia da rejeição do bom pastor. Isso se faz pela incum bência do profeta de operar um verdadeiro ato profético sim bó lico d iante d os seu s co n tem p o râ n e o s, 4. Retrataria a ruína das "ovelh as destinadas para a m atança" — o im piedoso tratam en to que lhe dedicaram representa o futuro tratamento que o próprio M essias recebe ria, 4-6. As duas varas — "G raça" e "U nião" — sim bolizam os derrad eiros esforços do Senhor para reconquistar o Israel ap ó sta ta que rejeitou a Cristo, 7-8. A quebra des sas varas sim b o liza a cessa çã o do tra ta mento benevolente e paciente que o Senhor dedicava à nação, e a perda da fraternida de e da unidade internas após a traição e rejeição do Senhor, 9-10. Essa predição re velou m aravilhosam ente o dep lorável es tado de dissensão e ódio internos que ca racterizaram os judeus da crucificação até a queda de Jerusalém , em 70 d.C. "T rinta moedas de prata", 12, era o preço de um escravo com um (cf. Êx 21.32; M t 27.3-10). Cum prindo essa profecia e outra correla ta, de Jerem ias (Jr 18.1-4; 19.1-3), o chefe dos sacerdotes com prou o cam po do O lei
ro com o dinheiro que Judas receberia pela traição de Cristo. 15-17. Previsão da aceitação do mau pas tor. A in cu m b ên cia que Z acarias recebeu de realizar um segundo ato sim bólico, 15, p ren u ncia a aceitação p o r parte de Israel do A nticristo, cujo caráter é descrito, 16, e cujo destino é indicado, 17. A rejeição do bom pastor está ligada à prim eira vinda, assim com o a aceitação do mau pastor com a segunda vinda (Jo 5.43; Ap 19.20; 20.10).
12. Libertação e conversão nacional de Israel 1-9. Futuro cerco de Jerusalém . Autentica -se o seg u n d o o rá cu lo p ro fé tico (caps. 12 — 14), 1. A s n a çõ es atacam Jeru sa lé m , 2 -3 , e são co n fu n d id a s, 4. Isso a co n tece "naqu ele d ia", i.e., o D ia do Senhor, deno tando aquele futuro período em que o Se nhor m an ifestará, aberta e p u blicam en te, o seu p o d e r na lib e rta çã o de Isra e l dos seu s in im ig o s, e sta b e le ce n d o -o na paz e na p ro sp erid ad e. A fé que Ju d á d ep osita no Senhor, 5, e sua resposta a essa fé, 6-7, resulta em triunfo, 8, e na condenação dos seus inim igos, 9. 10-14. A visão do M essias crucificado e suas consequências. O surgim ento do Transpassad o (cf. A p 19.13) gerará um grande derram am ento do Espírito, 10 (cf. Jl 2.2832; Ez 39.29), e um a m aciça conversão na cional, 11-14, que varrerá com pletam en te a idolatria e o pecado, 13.1-5. A citação de Pedro em A t 2.16-21 foi um a ilustração da efusão do Espírito que aqui é cum prida.
13. Purificação nacional de Israel 1-6. P rofecia da purificação nacional de Israel. A profecia foi cum prida na fonte de p u rificação , 1, ab erta no C alvário para o pecado e a im pureza (cf. Rm 10.3). A pro fecia da p u rifica çã o n a cio n a l de Isra el é ilu stra d a na ex te rm in a çã o d a id o la tria e da c o n c o m ita n te fa lsa p ro fe c ia , 2 -5 (cf. D t 18.20-22; Jr 14.14-15). Em 6, rev ela-se aq u ele que p u rifica da id o latria (C risto), retom and o o tran sp assad o de 12.10 após o p arên tese de 12.11 — 13.5.
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Zacarias ( 351 ] 0 monte das Oliveiras, visto de Jerusalém. A tradição cristã afirma que, quando Cristo voltar, seus pés tocarão primeiramente o monte das Oliveiras, no ponto exato onde ele ascendeu aos céus.
[ 352 1 Zacarias 7. Provisão para a conversão nacional de Israel. Esse é o M essias, que foi apresenta do com dramática subitaneidade, em 6. Ele é agora descrito pelo Senhor (o Pai) na sua morte, 7a, e divindade, 7b, "o homem que é o meu com p anheiro", i.e., "o hom em que é Meu igual, ser hum ano intim am ente ligado ou unido a M im ". Surge aqui a pessoa humana-divina do Senhor no AT — a divinda de unida à humanidade numa pessoa única. 7-9. Prelúdio à conversão nacional de Is rael. As ov elh as serão d isp ersas, e os fi éis, alertados da persegu ição e da m orte, 7, com a p ro fe tizad a G ran d e T rib u lação resultando na libertação de um resto, 8-9. 9. A apropriação das provisões para a pu rificação. O remanescente invoca o Senhor, é libertado e dá testem unho da salvação, 9.
14. A gloriosa segunda vinda do Messias 1-3. O último cerco inim igo contra Jeru sa lé m . O te m p o é o D ia d o S e n h o r, 1 (v. co m en tá rio so b re 1 2 .1 -9 ). O in im ig o
aparentem ente sai triunfante, 2, e há am e aça de im in en te d e s tru içã o da cid a d e e d os rem an e scen tes. M as o S en h o r in te r vém e liberta, 3. 4-7. Vinda pessoal do M essias. O lugar é o m onte das O liveiras; o resultado, um gi gantesco terrem oto, que opera m u danças to p og ráficas, 4. O propósito é lib ertar seu povo e destruir os inim igos de Israel, 5. O meio são seus santos, 5 (At 3.21; lT s 3.13; Jd 14; l jo 3.2), até anjos e h om en s g lo rifica dos. O tempo é a segunda vinda, 6-7. 8-21. Estabelece-se o reino messiânico so bre Israel. A bênção tem poral e espiritual do reino, 8, e a soberania absoluta do Rei, 9, c o n c e n tra m -s e em Je ru sa lé m co m o a capital da terra no m ilénio, 10-11. D escrev e -s e re tro a tiv a m e n te a d e s tru iç ã o d os in im ig o s de Israel, 12-15 (cf. Ez 38 — 39). P rev êem -se o culto e o governo do m ilé nio, com Jeru salém com o capital religiosa e política da terra, 16-19. A profecia se en cerra com a d escrição da santidade de Is rael com o nação im buída do sum o sacer dócio (cf. caps. 3 —4), 20-21.
Malaquias 0 amor de Deus pelo seu povo pecador Nome do profeta e data. O nome do livro é muitas vezes considerado um título, "meu mensageiro" (cf. 3.1), e não um nome de pessoa. É mais provável, porém, que Malaquias seja o nome do profeta, levando em conta que todos os outros livros do AT são intitulados assim. Malaquias é posterior a Ageu e Zacarias. O templo já fora concluído havia muito tempo, e o sacerdócio e o culto vinham funcionando por Ovários anos. A questão é: por quanto tempo? Evidentemente algum tempo depois da correção dos abusos da época
operada por Esdras e Neemias, pois o declínio novamente se instalara. Uma data entre 433 e 425 a.C. talvez não esteja muito distante. A mensagem de Malaquias. A última voz profética do AT soa através dos anos que a separam da vinda do precursor, João Batista, e do Rei na sua primeira vinda. Mas a ênfase profética de Malaquias é o Dia do Senhor, com o juízo dos ímpios e a libertação de um resto justo. Esses temas vastos ligam Malaquias à grande corrente da profecia hebraica. Sua mensagem
imediata trata dos pecados dos sacerdotes e do povo do seu tempo. Esses pecados formam o pano de fundo das suas profecias de juízo que certamente virão no futuro.
Esboço 1.1-5 Preâmbulo: o amor do Senhor por Israel 1.6— 2.9 Oráculo contra os sacerdotes 2.10— 4.3 Oráculos contra os judeus leigos 4.4-6 Alerta final
[ 354 ] Malaquias
1.1-5. 0 amor do Senhor por Israel 1-2. D eclaração desse amor. A m ensa gem a Israel, antiga nação eleita de Deus, é "E u vos tenho am ad o", 2 (cf. D t 10.15; 33.3; Os 2.18-20; Am 3.2). O registro desse am or está inscrito em cada página do AT. O im pudente questionam ento desse amor, 2, m ostra sua apostasia e ingratidão dian te da libertação do Egito, da restau ração após Babilónia e dos m uitos outros sinais de zelo divino. 3-5. Contraste em relação a Esaú (edom itas). Os d escen d en tes de E saú, irm ão gêm eo de Jacó , hav iam p len am en te m e recido o ódio divino, enqu anto a p osteri dade de Jacó, por outro lado, não havia ple nam ente m erecido o am or divino. Era um amor gratuito num caso, mas não um ódio im erecid o no ou tro , p ois n ão se d iz em G é n e sis, em que se d e s cre v e a c a rre ira de Esaú: "A Esaú eu od iei". Só em M alaqui as é que se faz tal declaração, e só depois de revelad o p len am en te o ca rá te r ím p io de Edom (cf. Rm 9.13). M aquete do altar do tem plo,
1.6—2.16. Oráculo contra os sacerdotes e o povo 1.6-14. A im penitência dos sacerdotes. O S en h or, com o pai e m e stre , e sp e ra v a , e com razão, honra e obediência, 6. N o en tanto os sacerd o tes o d esp rezav am e n e gavam seu p e c a d o , 6, d e s c a ra d a m e n te o fere ce n d o a lim e n to im u n d o e a n im a is cegos ou coxos, 7-8, que eram inaceitáveis para o sacrifício (Lv 22.17-25; Dt 15.21); se insulto ao hom em , que dirá a Deus, 9! Eram preguiçosos e m ercenários, 10-13. O v. 11 ainda será plenam ente cum prido, com o já o teria sido se Israel fora fiel ao seu D eus nos tempos do AT. A conduta dos sacerdo tes era to ta lm en te re p re e n sív e l à lu z de quem é o Senhor e de sua reputação entre as nações, 14. 2.1-9. A im penitência será castigada. Se eles não se arrep en d essem , 1, su as b ê n çãos seriam a m a ld iço a d a s , 2 (D t 2 7 .2 6 ; 28.15). A maldição é pronunciada, 3. O cha m ado ao a rre p e n d im e n to , 1, p re te n d ia
p r o te g e r a a lia n ç a com L e v i, 4 -5 (cf. N m 25.12-13) e restaurar o histórico cará ter levítico do sacerdócio, com fid elid ad e de discurso, retidão de conduta e utilidade de serviço, 6-7. O arrepend im ento preser varia o verdadeiro ideal levítico de conhe cim en to e au to rid ad e, e d en u n ciaria sua vergonhosa cond u ta de então, 8-9. 2.10-16. Prim eiro oráculo contra o povo envolvido na traição contra os hom ens, 10, e co n tra D eu s, 11. E les serão castig ad o s, 12. A s co n seq u ên cias d essa traição eram vistas np divórcio, na infidelidade e na vio lência, 13-16.
2.17—4.6. Profecia do advento do Messias 2.17. C ircunstância da profecia. É o se gundo oráculo contra o povo, 2 .1 7 —3.6. A circunstância da profecia foi a censura do
profeta à insincera confissão religiosa e à d e s c re n ç a d o p o v o , e s p e c ia lm e n te su a descrença no ju ízo divino, 2.17. 3.1-6. A profecia em si. "M eu m ensagei ro" é um a previsão do precursor do M es sias, João Batista (cf. Mt 11.10). "O Senhor, a quem vós buscais", "o Anjo da A liança", é o M essias visto p articu larm en te na sua segunda vind a, trazend o o ju ízo , 2-5, em resposta à pergunta de 2.17. (Cf. M t 3.1012; Is 4.4; Ml 4.1; Ap 6.17.) 3.7-12. O pecado de roubar a D eus. Esse é o terceiro oráculo contra o povo, censuran d o-o sev eram en te por re te r o d ízim o do S en h or (cf. Ne 13.10, 12; Lv 27.30-32; Nm 18.21, 24). 3.13—4 .3 .0 pecado de criticar o Senhor. Esse é o quarto oráculo contra o povo. A acusação: eles haviam dito que não com pensa servir a Deus; a impiedade é o cami nho da prosperidade, 3.14-15. A resposta a
essa calúnia é a predição do profeta do res to pied oso e sua recom pensa, 16-18, e do ju ízo que virá no Dia do Senhor, 4.1. Isso culminará na segunda vinda de Cristo, 4.23, quando os ím pios serão castigados. 4.4-6. A lerta final. O s sacerdotes e lei g os ím p io s d ev em se lem b ra r da lei de M oisés, 4, e esperar os vindouros juízos do grand ioso e terrível Dia do Sen hor com o castigo dos p ecad ores, 5. P rom ete-se que Elias (cf. Mt 17.11; Ap 11.3-6) surgirá antes d aq u ele dia para ch am ar um resto ju sto den tre a m assa apóstata. A ssim M alaqui as, ao reprovar os sacerdotes e o povo do seu tempo por conta dos seus pecados, tem uma m ensagem tam bém para nós, no nos so tem po, em que igualm ente prevalece o pecad o. S eu s lam p ejos m essiânicos (3.16; 4.2) nos preparam para a revelação do NT e con centram n ossa atenção naquele que é a única esperança do mundo.
[ 356 1 Pesos e Medidas Bíblicos
Pesos e medidas bíblicos
Dedo
(quatro dedos)
3 larguras da mão =
palmo
côvado
côvado de Ezequiel
estádio
Medidas de comprimento a t Dedo L a rg u ra d a m ão = quatro dedos P a lm o = 3 larquras da mão C ô v a d o = 2 palmos C ô v a d o de = 7 larguras da mão E ze qu ie l
Medidas de capacidade a t Cabo Ô m e r = 1 4/5 cabo Seá = 3 1/3 ômeres E fa = 3 seás Lete q u e = 5 efas C o ro /ô m e r = 2 leteques
Medidas de capacidade a t S e x tá rio xesfes (lat. sextarius) Lo gue H im = 3 cabos = Bato = 6 hins = C o ro = 10 batos =
Medidas de comprimento iut 1,83 7,39 22,20 44,43 51,74
cm cm cm cm cm
cerca de 45,72 cm
cerca de 183,90 cm cerca de 185 m
Medidas de capacidade NT
(Para secos) 1,275 I 2,296 I 7,655 I 22,966 I 114,95 I 229,91 1
M e d id a choinex A lq u e ir e m odios lat. m odius M e d id a saton heb. seah C o ro koros heb. kor
0,64 1 0,38 i 3,83 1 22,97 1 1
cerca de 1487 m cerca de 960 m
(Para secos) 1,08 I 8,45 I 13,40 1 229,76
1
»
Medidas de capacidade NT
(Para líquidos)
229,86
C ô v a d o pechus B ra ç a orguia E s tá d io stadion M ilh a milion Jo rn a d a de um sáb a d o
B a to (heb. bath) M e tre ta (Jo 2.6)
(Para líquidos) 22,97 1* 38,99 1
* No NT só aparece em Lc 16.6, onde bato é traduzido como
medida (a r c ), cado (a r a ) e barris (n t i h ).
Pesos e Medidas Bíblicos [ 357 ]
2 becas
talento
Pesos
AT
G era B e ca = 10 geras S ic lo = 2 becas M in a = 50 sidos T a le n to = 60 minas
Pesos
q q q q
0,57 5,71 11,42 626,61 34,27 kg
NT
S ic lo (prata) = 4 denârios romanos (4 dracmas gregas)_______________________________________ S ic lo (ouro) = 15 sidos de prata______________________ M ina (prata) = 50 sidos de prata______________________ M in a (ouro) = 50 sid as de ouro T a le n to (ouro) = 3000 sidos
lib r a (Jo 12,3; 19.39) = libra romana (37 3,20 q)
Ò e n á rio (prata) = remuneração por um dia de trabalho_______________________________________________ D ra c m a (prata) = denário_________________________ _
talento de ouro
i = 3000 sidos de ouro
Período Intertestamentário Os quatrocentos anos de silêncio De Malaquias (c.400 a.C.), a última voz profética do a t , ao advento de Jesus, houve suspensão da revelação divina que se desenvolveu na produção das Escrituras canónicas. 0 resultado foi a conclusão e delimitação do cânon hebraico. Segundo Josefo, historiador judeu da segunda metade do século i d.C., isso aconteceu no reinado de Artaxerxes i Longímano, 465-424 a.C. Importância do período intertestamentário. Dentre
muitos outros acontecimentos importantes desse período de
quatrocentos anos, houve a tradução do a t para a língua grega. A versão foi produzida entre c.280 e c.150 a.C., e chamou-se Septuaginta ( l x x ). Libertou as grandes verdades das Escrituras do a t da influência restrita da língua e do povo hebreu, oferecendo-as ao mundo greco-romano no idioma comum da época.
apêndice deste manual), são chamados apócrifos. Esses livros apócrifosjamais foram incluídos no cânon hebraico do a t . Foram incluídos na Septuaginta e na Vulgata latina, sendo inseridos entre o a t e o n t . A Igreja Católica Romana aceita onze dos quatorze livros, ditos deuterocanônicos, declarados componentes legítimos das Escrituras pelo Concílio de Trento, em 1546 d.C. Os protestantes negam o status canónico desses livros com base em evidências internas e externas. Jamais foram reconhecidos como parte das
Os Apócrifos
Quatorze livros que se originaram no período entre o a t e o n t , depois da conclusão do cânon do a t (ver "Como a Bíblia chegou até nós" no
0 império de Alexandre MACEDÒNIA
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Período Intertestamentário [ 359 ) Escrituras pelos judeus, nem por Jesus, nem pela comunidade apostólica, nem por nenhum dos pais da igreja, que examinaram as evidências com objetividade. Os livros apócrifos são listados e descritos abaixo. 1Esdras. Esse livro abrange essencialmente o mesmo material histórico encontrado nos canónicos Esdras, Neemias e 2Crônicas. Todavia, contém uma adição (3.1 —5.6) que não tem paralelo na Bíblia hebraica. Essa porção consiste principalmente em um relato lendário de uma competição entre três pajens judeus da corte de Dario, a fim de apurar o significado da verdadeira sabedoria. Zorobabel venceu e reclamou como prémio a permissão da volta dos judeus e da reconstrução de Jerusalém. O livro é situado em c. 100 a.C. 2Esdras. Trata-se de uma obra
apocalíptica de autoria compósita que foi concluída em c.100 d.C. Os capítulos 1— 2 são um acréscimo antijudaico ao judaico Apocalipse de Esdras, capítulos 3— 14. Esses são compostos pelo (1) Apocalipse de Salatiel, capítulos 3— 10, que trata do problema do mal e de sua solução na vida futura; (2) a visão da águia, capítulos 11— 12, que trata do Império Romano e da vinda do Messias; (3) a visão do homem (Messias) que surge do mar, capítulo 13; e uma lenda que narra como Esdras reescreveu os livros sagrados, capítulo 14. Os últimos dois capítulos, 15— 16, contêm ecos textuais do n t e foram escritos posteriormente, provavelmente já em 270 d.C.
Tobias. Essa história, datada
de c.150 a.C., é uma ficção religiosa. Trata-se de um romance didático sobre um judeu piedoso da época da dispersão assíria, chamado Tobit, que fica cego acidentalmente ao dar sepultamento decente ao conterrâneo morto no tempo do domínio dos reis assírios. Angustiado, Tobit ora por auxílio divino e envia seu filho Tobias para recuperar uma grande soma de dinheiro que ele deixara com um parente chamado Gabael. O anjo Rafael, disfarçado como parente de confiança, acompanha Tobias, não só em resposta à oração do cego Tobit, mas também para ajudar Sara, filha de Raguel e Edna, em Ecbátana. Seus sete maridos foram sucessivamente mortos na noite de núpcias pelo ciumento demónio Asmodeu. Acampado às margens do Tigre, Tobias pesca um peixe. Seguindo orientação de Rafael, ele queima o coração e o fígado do peixe, exorciza o demónio e casa-se com Sara. Rafael, entrementes, vai ter com Raguel, pega o dinheiro e volta para levar Tobias e sua mulher de volta a Tobit e sua esposa Ana, em Nínive. A grande aflição dos pais diante da longa ausência de Tobias dá lugar à alegria quando saúdam o filho amado e sua esposa. Sua pobreza é aliviada pelo dinheiro, e a cegueira de Tobit é curada quando Tobias, instruído por Rafael, coloca o fel do peixe nos olhos do pai idoso. O anjo Rafael revela sua identidade e some. Judite. Eis outra narrativa
ficcional, com valor didático,
datada do século na.C. Judite é uma bela e devota viúva judia de Betúlia (pseudónimo de Siquém), que pela sua coragem salva a cidade do exército invasor de Nabucodonosor comandado por Holofernes (ignorado pela literatura babilónia da época). Quando os anciãos da cidade decidem render-se, caso não recebam auxílio dentro de cinco dias, a nobre Judite deixa a cidade e vai até o acampamento de Holofernes, iludindo-o pela sua beleza e promessas, até voltar para Betúlia com a cabeça do general em uma bolsa. Diante disso, os defensores da cidade atacam de surpresa, e o vasto exército de Holofernes é arrasado e destruído na confusão que se instala. O sumo sacerdote, Joaquim, e os anciãos de Jerusalém vão a Betúlia homenagear a heroína, Judite. Acréscim os de Ester.
Algumas passagens compostas em grego foram enxertadas no livro canónico de Ester na versão da Septuaginta, a fim de mostrar a mão de Deus na narrativa pela inserção da palavra "Deus" no texto. Os acréscimos são: (1) o sonho de Mordecai e o relato do episódio em que ele frustra uma conspiração contra o rei — um capítulo de dezessete versículos que precede o capítulo 1 do livro canónico hebraico. (2) Uma carta real ordenando a destruição de todos os judeus do reino, depois de 3.13 do texto hebraico. (3) As orações de Mordecai e de Ester, depois do capítulo 4 do hebraico. (4) A dramática audiência de Ester com Assuero, com acréscimo
[ 360 1 Período Intertestamentário
neto traduziu o original hebraico para o grego em 132 a.C., como afirma o Prólogo. O nome tradicional latino, Ecdesiasticus, o designa como o "livro da igreja" por excelência entre os apócrifos, atestando o alto caráter moral e espiritual de seus aforismos ou "sábios dizeres" e sua disseminada popularidade junto aos primeiros cristãos.
Um escriba judeu.
1 Macabeus. Obra histórica e literária de alta qualidade, 1 Macabeus é um relato das lutas dos macabeus desde a revolta de Modin (167 a.C.) até o assassinato de Simão Macabeu (134 a.C.). Cataloga o empolgante levante patriótico dos filhos de Matatias de Modin — Judas, Jônatas, João, Eleazar e Simão — contra Antíoco Epífanes e seus sucessores imediatos.
de quatorze versículos ao capítulo 5. (5) Uma carta real que narra a morte de Hamã, louva os judeus e concede permissão para que se defendam, depois de 8.12 do texto hebraico. (6) A interpretação do sonho de Mordecai e uma palavra final sobre o significado da festa de Purim. Isso vem depois do último capítulo do texto hebraico de Ester. Sabedoria de Salomão. Esse é um dos livros apócrifos mais atraentes e interessantes, datado de cerca de 50 a.C. A primeira seção, 1.1— 6 . 8 , já foi chamada de "livro de escatología" e expõe a verdade da imortalidade, contrastando os destinos do justo e do ímpio. A segunda
seção, 6.9— 11.1, é um panegírico da sabedoria, eloquente e belo, colocado nos lábios de Salomão. A terceira seção, 11.2— 19.22, é inferior às duas primeiras. Apresenta um retrospecto histórico de Israel no Egito e no deserto, interrompido por uma discussão da origem e dos males da idolatria, capítulos 13— 15. O livro é considerado compósito e anónimo. Eclesiástico. Esse livro de » cinquenta e um capítulos pertence à Hokmah, ou literatura sapiencial, dos hebreus. É o único livro da literatura apócrifa cujo autor é conhecido: Jesus, filho de Sirac de Jerusalém (50.27). A data é cerca de 175 a.C. Seu
2Macabeus. Essa obra abrange em parte o mesmo período de 1Macabeus (175160 a.C.), mas lhe é inferior em termos de valor histórico, sendo até certo ponto um mítico panegírico da revolta dos judeus contra o paganismo grego. Afirma ser um relato condensado de uma obra de um tal Jasão de Cirene, de quem nada se conhece. Baruque. O texto alega ter sido escrito na Babilónia por Baruque, secretário de Jeremias. A primeira metade (1.1—3.8) é escrita em prosa, e a segunda (3.9— 5.9), em poesia, lembrando Isaías, Jeremias, Daniel e outros profetas. Contém orações e confissões dos judeus no exílio, com promessas de restauração.
Período Intertestamentário I 361 ]
Cântico dos trés jovens. Essa adição apócrifa ao Daniel canónico foi inserida depois da história da fornalha de fogo (Dn 3.23). Contém uma eloquente oração de Azarias, um relato de libertação miraculosa e um salmo de louvor no qual os três tomam parte. História de Susana. Outra adição apócrifa ao Daniel canónico, narra como Susana, casta matrona babilónia, foi absolvida das alardeadas acusações de adultério pela sabedoria do jovem Daniel. Surge antes do capítulo 1 da versão grega e como o capítulo 13 da Vulgata latina. Bei e o Dragão. Essas lendas tinham como meta
ridicularizara idolatria. Constituem a terceira adição apócrifa de Daniel. Afirmavase que a estátua do ídolo Bei era uma divindade viva, pois supostamente, todas as noites, devorava grandes quantidades de alimento colocadas ao lado dele. Espalhando cinzas no chão do templo, Daniel prova ao rei que os sacerdotes do deus eram os verdadeiros consumidores das oferendas. Assim o rei destrói Bei e seus sacerdotes. A outra lenda trata de um dragão adorado na Babilónia. Daniel, convocado a prestar-lhe homenagem, alimenta-o com uma mistura de pez, pêlos e gordura, fazendo-o explodir. O populacho ensandecido exige que o rei lance Daniel na cova dos leões, onde é alimentado
Tanque da época de Salomão, próximo a Jerusalém
no sexto dia pelo profeta Habacuque, angelicamente transportado pelos cabelos até Babilónia quando levava alimento e bebida para os ceifeiros da Judéia. No sétimo dia o rei resgata Daniel e atira seus delatores aos leões famintos. A oração de Manassés. Trata-se de uma suposta oração penitenciai de Manassés, o ímpio rei de Judá, quando esse é levado cativo para Babilónia pelos assírios. Foi inserida após 2Crônicas 33.19 e data provavelmente do século i a.C.
As pseudepígrafes Além dos apócrifos, há escritos chamados pseudepígrafes
[ 362 1 Período Intertestamentário
("falsos escritos"). São composições religiosas escritas sob falsa alegação de autoria durante o período de 200 a.C. a 200 d.C., atribuídas a personagens notáveis do a t , como Adão, Enoque, Noé, Moisés, Sofonias, Baruque, etc. Diferentemente dos Apócrifos (onze dos quatorze são aceitos como canónicos pela igreja Católica), a literatura pseudepigráfica jamais foi considerada canónica. São livros em sua maioria apocalípticos, didáticos e lendários. Abaixo segue a descrição dos livros mais importantes. Assunção de Moisés. Tratase de supostas profecias que o grande legislador, Moisés, contou e confiou a Josué pouco antes de sua morte. O livro foi escrito por um fariseu por volta de 15 d.C., como protesto contra a crescente secularização do partido farisaico de seu tempo. Ascensão de Isaías. Essa obra consiste em três partes — o martírio de Isaías, a visão de Isaías e o testamento de Ezequias. O testamento de Ezequias (2.13—4.18), que por muito tempo esteve perdido, lança luzes interessantes sobre a condição espiritual da igreja cristã no final do período apostólico. A visão de Isaías (6.1 —9.40) traz valiosas informações a respeito das crenças do século i na Trindade, na encarnação, na ressurreição e no céu. O Martírio de Isaías é fragmentário (1.1,2, 6-13; 2.18,10; 3.12; 5.1-14). Relata a morte de Isaías (serrado em pedaços) nas mãos do iníquo Manassés.
Livro de Enoque. Obra fragmentária, escrita nos dois primeiros séculos a.C., que consiste em revelações supostamente dadas a Noé e a Enoque a respeito do advento de Cristo e do juízo vindouro. Seus autores são ignorados. Livro dos Jubileus. Escrito por um fariseu entre 153 e 105 a.C., o livro divide a história do mundo em ciclos de cinquenta anos (jubileus) (Lv 25.8-12). O autor fariseu dessa obra (153-105 a. C.) tem por meta salvar o judaísmo dos efeitos desmoralizantes do helenismo. Para isso, exalta a lei e apresenta os patriarcas hebreus como homens impecáveis. Oráculos sibilinos. Esses oráculos surgiram na era dos macabeus. Tratam da queda de impérios e do advento da era messiânica e inspiram-se nos dizeres proféticos das sibilas gregas. A sibila de Cumas, a original, é mencionada pela primeira vez por Heráclito de Efeso (500 a.C.).
inclua material composto ainda no século na.C.
Os Targuns Os Targuns são versões livres das Escrituras hebraicas para o aramaico depois que esta, no período pós-exílico, tornou-se a língua franca da Palestina. Eram primeiro orais — depois da leitura das Escrituras hebraicas, dava-se a tradução aramaica (cf. Ed 8.4-8). Os Targuns escritos mais antigos, como o de Onkelos sobre o Pentateuco, e o de Jônatas sobre os Profetas, datam dos tempos cristãos.
O Talmude Trata-se de um conjunto de leis hebraicas civis e canónicas baseadas na Torá de Moisés. É a condensação do pensamento dos rabinos do período de c.300 a.C. a 500 d.C. O Talmude ("ensinamento") consiste na Michna, ou lei oral tradicional deduzida da própria lei escrita de Moisés, e na Guemara, comentário sobre essas tradições legais. O idioma aramaico é usado na Guemara. Intimamente ligado ao Talmude está o Midrash, os primeiros sermões em hebraico e aramaico proferidos nas sinagogas, expondo as Escrituras hebraicas do a t . O Midrash floresceu entre 100 a.C. e 300 d.C.
Salmos de Salomão. Consistem em dezoito salmos compostos em meados do século i a.C. Aparentemente redigidos por um fariseu anónimo, falam sobre a vinda do Messias.
Interpretação judaica do Midrash
Testamentos dos doze patriarcas. Esses doze testamentos supostamente registram os últimos discursos dos doze filhos de Jacó, inspirados por Génesis 49. Em sua forma final, o livro data talvez já de 250 d.C., embora
O Midrash muitas vezes envolvia um procedimento interpretativo um tanto quanto livre, que dava mais importância à corrente aplicação prática do texto que à sua relevância contextuai. Os críticos, com frequência, censuram os autores do nt
Período Intertestamentário [ 363 ]
Ruínas de uma comunidade de essênios, em Qumran. Ao fundo, vista dos rochedos, onde os manuscritos do mar Morto foram encontrados em cavernas. (especialmente Mateus e o autor de Hebreus) por lançarem mão de técnicas de midrash no uso das Escrituras do a t . Os métodos interpretativos dos autores do nt são bastante coerentes, porém, por terem sido inspirados particularmente pelo Espírito Santo.
A sinagoga É evidente que a origem da sinagoga (do gr. synagoge, "reunião" ou "assembléia") remonta às casas de Babilónia (cf. Ez8.1; 20.1-3). A "sinagoga doméstica", como as igrejas dos primeiros cristãos que se reuniam nas casas, foi gradualmente evoluindo depois do exílio até transformar-se em assembléias formais para a instrução, o culto público e a oração. Substituíram o culto do
templo, que já não era possível para os judeus que viviam dispersos, bem longe da Palestina. Toda cidade que abrigasse um número considerável de judeus no mundo greco-romano de 300 a.C. a 300 d.C. tinha sua sinagoga para o culto e a transmissão da lei e dos profetas (cf. Lc 4.16-30). Eram os repositórios das Escrituras hebraicas e estavam entre os primeiros lugares em que se proclamou o evangelho cristão (At 13.5,14; 14.1). Como a dispersão foi ampla, a sinagoga era uma instituição comum no mundo romano.
O Sinédrio O Sinédrio era um órgão aristocrático detentor de poderes judiciais, sem dúvida remontando em princípio ao tempo do rei Josafá (cf. 2Cr
19.5-11). Evoluiu até firmar-se como a suprema corte dos judeus no tempo de Jesus e funcionou nas esferas civil e religiosa até a queda de Jerusalém (70 d.C.). Na tradição popular, menciona-se certo conselho da época de Esdras-Neemias (450-400 a.C.), conhecido como Grande Sinagoga, e crê-se que ele, por volta de 250 a.C., deu lugar ao Sinédrio (forma aramaica do gr. synedrion, "reunião sentada" ou "assembléia") de setenta membros, presidido pelos sumos sacerdotes.
Os fariseus Durante o período dos macabeus, no reinado de João Hircano (134-104 a.C.), surgiram partidos conflitantes no judaísmo— fariseus, saduceus e essênios. Os
[ 364 ] Período Intertestamentário
fariseus foram aparentemente os sucessores dos hassidim ("pios"), que permaneceram fiéis à lei depois da proscrição do judaísmo perpetrada por Antíoco Epífanes em 168 a.C. Eram separatistas rigidamente legalistas, com princípios de oração, arrependimento e doações caridosas. De um início admirável na fornalha do sofrimento da era dos Macabeus, eles gradualmente degeneraram no ritualismo vazio e sem princípios dos dias de Jesus.
Os saduceus Provavelmente, zadoqueus, partidários de Zadoque, sacerdote de Salomão (1 Rs 2.35), os saduceus eram em sua maioria sacerdotes aristocráticos e de tendência secular que obedeciam à letra da lei, mas negavam a ressurreição e o castigo futuro. Receberam de braços abertos a cultura helenística e buscavam benefícios temporais por meio de estratégia ou hábil diplomacia. Sua profunda cisão em relação aos fariseus
H IS T Ó R IC O S O s q u a tro e v a n g e lh o s
Retratos da pessoa e da obra de Cristo M ate u s
Lu c a s
Cristo como rei
Cristo como homem
M arco s
Jo ã o
Cristo como servo
Cristo como Deus
Os escribas e essênios Os escribas eram copistas das Sagradas Escrituras, grandes conhecedores da lei mosaica — daí serem também chamados doutores da lei. Durante o período interbíblico, tornaram-se influentes e, no tempo de Jesus, aparecem em destaque.
Uma rápida visão do Novo Testamento 27 livros
Epístolas gerais
A to s d o s A p ó s to lo s
História do nascimento e dos primórdios da igreja
E p ísto la s de Paulo D O U T R IN Á R IO S P R O F É T IC O A p o c a lip s e
Revelação de Jesus Cristo Antevisão de: Igreja, 2.1—3.22
continuou até o tempo de Jesus e, alguns anos antes, suas diferenças fizeram ruir o reino hasmoneano.
Tribulação, 4.1—19.10 Segunda vinda, 19.11-21 Milénio, 20.1-10 Estado eterno, 20.11—22.21
Período Intertestamentário [ 365 ]
Os essênios formavam mais uma seita monástica que um partido religioso-político como os fariseus e os saduceus. Até a descoberta, em 1947, dos manuscritos do mar Morto, Filo, Josefo e Plínio eram as únicas fontes de informação sobre essa ordem monástica comunal. Hoje, graças às escavações de seu quartel-general em Qumran, na costa noroeste do mar Morto, conhecemos um grupo semelhante, se não idêntico. A recuperação de seu livro de regras e organização tem corroborado fontes antigas e ampliado nosso conhecimento acerca do judaísmo sectário do período entre c.200 a.C. e 70 d.C.
Preparação para o Novo Testamento grego O período interbíblico testemunhou a transformação dos vários dialetos gregos em uma língua franca do mundo helenístico, via as conquistas de Alexandre Magno. Esse
idioma universal afetou profundamente os judeus da diáspora e resultou na tradução do a t para o grego (a Septuaginta). Essa tradução tornou-se um importante fatôr na formação do n t , e, com este, formou a Bíblia do cristianismo primitivo. Além disso, a cultura e o conhecimento gregos, a lei e as estradas romanas, o monoteísmo judaico e as sinagogas (tendo essas se espalhado como consequência da diáspora judaica), e as esperanças apocalípticas e messiânicas dos judeus prepararam o mundo para a vinda de Cristo e do cristianismo. A providência divina pode ser identificada em qualquer ponto desse longo intervalo entre os Testamentos. O objetivo era a encarnação e o nascimento do tão esperado Messias e Salvador do mundo, profetizado com tanta frequência no a t . Era para esse acontecimento que apontavam todos os séculos precedentes da história do mundo, especialmente da história dos judeus (Gl 4.4).
Introdução ao Novo Testamento constitui a preparação para Cristo e contém profecias da sua divina pessoa e obra redentora. O nt é o relato da realização dessas profecias no surgimento do Redentor e nas disposições do seu glorioso evangelho. Nos evangelhos, Cristo é manifestado ao mundo, e seu evangelho, ministrado na morte, ressurreição e ascensão do Redentor. Em Atos, C risto é proclamado, e seu evangelho, propagado pelo mundo. Nas epístolas, o evangelho é explicado em seu significado doutrinário e prático. No Apocalipse, todos os desígnios redentores de Deus, no Redentor e por intermédio dele, são consumados para o tempo e a eternidade. O nt é, assim, o pináculo e o cumprimento das verdades proféticas e redentoras contidas no a t , sendo o a t a fundação do edifício completo da verdade revelada que se encontra no n t . O at
[ 366 ] Período Intertestamentário
Eventos do período intertestamentário História judaica
Cenário contemporâneo
424-331 Malaquias, último profeta do at . Palestina, minúscula província (satrapia) regida por governador persa (sátrapa). A Palestina se reduz aos limites da quinta satrapia persa, com capital em Damasco ou Samaria.
Xerxes n (424-23) Dario n (423-404) Artaxerxes ii (404-358) Artaxerxes m (358-38) Arses (338-36) Dario m (336-31)
359-32 Judeus desfrutam de relativa paz e prosperidade no tempo dos dominadores persas. 338-23 Judeus se dividem entre a fidelidade aos dominadores persas e a ameaça das conquistas de Alexandre. Alexandre invade a Síria e toma a Palestina, Tiro (332) e Gaza. Os judeus se submetem a Alexandre e são bem-tratados. Alexandre conquista o Egito (332).
Império persa
Império macedônico Filipe (359-36) controla os estados gregos. Vitória em Queronéia (338). Esfacela-se o poder das cidades-estados gregas.
Alexandre Magno (336-23) conquista o império persa em três batalhas decisivas: Granico (334), Isso (333) e Gaugamela (331); alcança a índia (327); morre em Babilónia (323).
Fundação de Alexandria. 323-277 Disseminação da língua, da cultura e da filosofia gregas pelas conquistas de Alexandre.
Generais de Alexancjre lutam pelo poder.
Alexandre, o Grande, conquistou o império persa
Todas as datas a.C.
Período Intertestamentário I 367 1
História judaica
Cenário contemporâneo
P ale stin a no te m p o do s P to lo m eu s (3 2 3 -1 9 8 )
Impérios ptolemaico e selêucida
Pto lo m eu i favorece os judeus e assenta muitos em Alexandria, tidad^ que ele elevou económica e culturalmente.
Ptolomeu i (3 2 3 -2 8 2 ) P to lo m e u ii
(2 8 4 -4 6 )
P to lo m eu ii favorece os judeus.,
Começa a tradução do At para o grego (Septuaginta). Carta de Aristéias. Continua a helenização dos judeus alexandrinos. Judeus palestinos seguem rigidamente tradicionais. Túmulos pintados de Maressa. P alestin a no te m p o do s se lê u cid a s (1 9 8 -6 5 ) 198 A n tío co m, o Grande, expulsa os egípcios da Palestina e a anexa ao império selêucida.
S e le u c o i (312-280) A n tio c o i (2 8 0 -6 2 )
P to lo m e u iv (2 2 2 -2 0 5 )
A n tío c o i i (2 6 1 -4 6 ) Se le u c o ii (2 4 6 -2 6 ) Se le u c o m (2 2 6 -2 3 )
P to lo m e u v (2 0 4 -1 8 0 )
A n tío c o mi (2 2 3 -1 8 7 )
Linhagem ptolemaica continua durante a dominação romana até
S e le u c o ív (1 8 7 -7 5 )
P to lo m e u ui
(2 4 6 -2 2 )
A n tío c o iv E p ífa n e s (1 7 5 -6 3 )
Redação do livro de Eclesiástico (c.180). Conclusão da Septuaginta (c.150). 167-65
Helenização forçada dos judeus. A n tío c o iv saqueia Jerusalém, profana
0 templo, oferece sacrifícios a Zeus Olímpico no altar do holocausto. Revolta dos macabeus liderada pelo idoso sacerdote Matatias e seus cinco filhos. 1 66 -3 4 P alestin a no te m p o do s h a sm o n e a n o s (166-63) Ju d a s (166-60) derrota os exércitos
sírios, purifica e rededica o templo (166-65). Jô n a ta s (160-43) dá grandes passos,
diplomática e militarmente, rumo à independência judaica. Sim ão (143-35) inaugura o período da
independência judaica (143-63). Expulsa a guarnição síria de Jerusalém, conquista Gezer e Jope. Livros de 1Macabeus, Tobias; e Judite.
Quandoo Egito é incorporado ao Império Romano como província (30). A n tío c o v (1 6 3 -6 2 ) D e m é trio i (1 6 2 -5 0 )
Luta entre Demétrio n e Alexandre Balas; pelo trono. A le x a n d re Balas (1 5 0 -4 5 ) D e m é trio n (1 4 5 -3 9 )
reconhece Simão como sumo sacerdote e garante aos judeus independência praticamente total (143)
[ 368 1 Período Intertestamentário
História judaica
Cenário contemporâneo
134 -1 0 4 Jo ão H ircano (135-104), filho de
A n tío c o *- (139 2 9) ■ d< 3 iudé toma JoM w lfpr (• ir >D>X' Pt ,ado ín c jt o r-ias .u i M urli’ 12 • assir il 3 p tica ie te o rim d dc > i- o ss lê icida Paie ti i s
Simão, inicia uma carreira de conquistas na Transjordânia, em Samaria (destrói o templo rival de Gerizim) e em Edom, governando um pequeno império, da Baixa Galiléia ao Neguebe e do Mediterrâneo à Nabatéia. Surgimento de dois grandes partidos do judaísmo — fariseus e saduceus — , além dos essênios, conhecidos via Filo, Josefo, Plínio e manuscritos do mar M orto,
104-69 A ristó b u lo i (104-3), filho de João Flircano, toma o poder, mas morre logo depois.
A le x a n d re Ja n e u (103-76), conquistador impiedoso, sela o destino da dinastia hasmoneana ao se indispor com os fariseus.
A le x a n d ra (76-67), esposa de Alexandre Janeu. Idade de ouro do farisaísmo. Data provável do livro da Sabedoria de Salom ão, Oráculos Sibilinos, livro de Enoque, livro dos Jubileus e 2Macabeus.
A ristó b u lo ii (67-3). Aristóbulo n é deposto e levado a Roma para honrar o triunfo de Pompeu.
63-41 Pom peu coloca a Palestina sob jugo romano e organiza a liga da Decápolis, na Transjordânia, para com pensar o poder da Judéia, reduzida à sua antiga pequenez.
O fraco e ininfluente reino da Síria perdura até o mom ento em que Pompeu conquista a região e faz dela província romana (64).
Q u irb e te Q u m ran , quartel-general dos essênios, na costa noroeste do mar Morto, é fundada em c.110 e prospera até cerca de 37. Muitos dos manuscritos do mar M orto datam desse período e depois (c.100 a.C. a 70 d.C.).
Hircano, filh o mais velho de Alexandra, é sumo sacerdote. Depois da morte dela, Antípatro, governador da Iduméia, convence Hircano a fugir para Petra e arrebanha o apoio do soberano nabateu Aretas para conquistar o trono da Judéia para si, suplantando seu irmão Aristóbulo. Na luta subsequente, Roma é chamada e domina a região, pondo fim è monarquia hasmoneana. Conspiração de Catilina, carreira de Cícero, morte de Catilina (62).
P om p eu, C é sar e C ra sso formam o Primeiro Triunvirato (60). Guerras Gálicas de César (58-1). Guerra civil (César versus Pompeu) termina com o assassinato de César (44).
40-4 Palestina no te m p o do s ro m an o s (63 a.C .-135 d.C.). Antípatro, o idumeu, governa a Palestina sob concessão romana (5543). Flerodes e Fasael, filhos de
(43). Batalhas de Filipos (42) e Áctio (31) fazem de O taviano (Augusto) soberano único.
Antípatro, são tetrarcas (41).
", - i
A n tígo n o , filho de Aristóbulo, é sumo sacerdote e rei com auxílio dos partos (40-37).
A u g u s to im p e rad o r.
Herodes o Grande é rei da Judéia por outorga do Senado romano (37-4). Nascimento de João Batista e Jesus (e.6 ou 5).
Segundo Triunvirato: A n tó n io , O ta v ia n o e Lé p id o
»
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(27 a.C .-14 d.C.) Ressurgimento de Quirbete Qumran, quartel-general essênio perto do mar Morto, que floresceu durante os ministérios de João Batista, Jesus e ’Paulo.
Novo Testamento
Os quatro evangelhos O que são os evangelhos Os quatro evangelhos não são nem histórias da vida de Cristo nem biografias. Antes, são retratos da pessoa e da obra do Messias prometido, rei de Israel e Salvador do Mundo. Como retratos, apresentam quatro poses diferentes de uma única personalidade. Mateus, por meio do Espírito Santo, apresenta Cristo como rei; Marcos, como servo; Lucas, como homem; e João, como Deus. Embora cada um dos autores dos evangelhos se concentre em um papel específico em seu retrato do Messias, todos eles reconhecem cada uma das outras facetas da personalidade e do ministério do Messias, e a elas aludem. Assim, os quatro autores apresentam uma só Pessoa, o homemDeus, servo do Senhor, rei de Israel e redentor da humanidade.
(Dt 18.15-19), ele foi o profeta por excelência, em virtude da singularidade da sua pessoa — não falou meramente para Deus como os outros profetas que o precederam, mas Deus falou por meio dele, seu Filho (Hb 1.1,2). Em contraste com o profeta do at , uma voz para Deus, o Filho, sendo Deus, era a voz mesma Deus. Como sacerdote, Cristo, quando morreu na cruz para salvar os pecadores, tornou-se tanto o sacrifício quanto o sacrificador (Hb 9.14) e, por meio de sua ressurreição, vive eternamente para interceder por eles (Hb 7.25). Como rei de Israel, foi rejeitado em sua primeira vinda, mas reinará sobre Israel na segunda vinda, cumprindo a aliança davídica (2Sm 7.8-16; Lc 1.30-33; At 2.29-36; 15.14-17).
O propósito dos evangelhos Os evangelhos, em seu retrato quádruplo da pessoa de Cristo como rei, servo, homem e Deus, concentram-se no ministério tríplice do Messias, como profeta, sacerdote e rei. Como profeta, cumprindo a grande predição de Moisés
O significado da palavra "evangelho" Aplicado aos quatro retratos de Cristo, utiliza-se o termo "evangelho" (cf. Mc 1.1) no sentido da boa nova da salvação anunciada pela morte, sepultamento e ressurreição de Jesus (cf. 1Co 15.1-3). Os evangelhos, estritamente falando, não são uma
exposição do Evangelho, embora ocorram comentários expositivos ocasionais, como em João. Eles são relatos da provisão do evangelho para os pecadores necessitados na pessoa e na obra de Cristo. Se quisermos a consequência histórica do evangelho divinamente prescrito, precisamos buscála em Atos. Se quisermos uma exposição doutrinária do evangelho, precisamos buscá-la nas epístolas, especialmente nas treze cartas de Paulo. O que trazem os evangelhos Os quatro evangelhos, ao descrever a preexistência eterna, o nascimento humano, a morte, a ressurreição e a ascensão de Jesus, o Cristo, além de sua vida e ensinamentos, apresentam uma personalidade viva, dinâmica e única — Deus feito homem para realizar a redenção humana do pecado. Esses quatro retratos o apresentam como Senhor e Salvador, sem relatar tudo o que fez na ordem exata em que o fez. Apresentam-nos ele, e não sua vida como um todo. Os evangelhos, como relatos, são
[ 372 1 Os quatro evangelhos
Comparação entre os quatro evangelhos Mateus
Marcos
Lucas
João
0 profetizado
0 obediente
0 perfeito
0 divino
Rei
Servo
Homem
Filho
Semelhante ao leão
Semelhante ao boi
Semelhante ao homem
Semelhante à águia
Profético
Prático
Histórico
Espiritual
Aos judeus
Aos romanos
Aos gregos
À igreja
0 rei davídico
0 servo do Senhor
0 Filho do homem
A Palavra de Deus
0 Renovo justo de Davi
Meu Servo, o Renovo
0 homem chamado Renovo
0 Renovo do S e n h o r
Jr 23,5,6
Zc3.8
Zc 6.12
Is 4.2
Servo
Filho do homem
Filho de Deus
PESSOAL
OFICIAL Rei Sinóticos
Complementar
Visível, público, galileu, terreno
Oculto, privado, judeu, celeste
deliberadamente incompletos, mas maravilhosamente completos e extremamente fundamentais como
revelação divina do Filho de Deus nosso Salvador! Também são pedra de tropeço da descrença. A chave d a co rreta in te rp re ta çã o dos ev a n g e lh os
É necessário perceber que o período descrito coroa a era do a i , além de preparar e predizer a nova era, mas não é a nova era. A nova era da igreja só começa depois da ascensão de Cristo e do consequente advento do Espírito em Pentecostes (At 2). O p a n o d e fu n d o ju d a ico do s e v a n g e lh o s
O tecido dos evangelhos é composto de símbolos, alusões e citações do at (cf. Mt
1.1; Lc 24.27,44,45). Nosso Senhor, "nascido debaixo da lei" (Gl 4.4), ministrou primeiramente aos judeus da era da Lei (Mt 10.5,6; 15.2325) e era "servo da circuncisão, por causa da fidelidade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos patriarcas" (Rm 15.8). Como rei e Messias, ele foi anunciado por João Batista, ofereceu o reino a Israel e foi rejeitado por eles (Mt 1— 12). Como profeta, previu a nova era (Mt 13) e sua segunda vinda (Mt 24— 25). Como sacerdote, morreu e ressuscitou, cumprindo a Lei e introduzindo a graça (Jo 1.17). Até o evento da cruz, os * evangelhos são uma extensão da dispensação do a t , vista em sua forte cor judaica, que só terminou quando o véu do templo foi rasgado sobrenaturalmente na morte de Cristo (Mt 27.51).
O s e v a n g e lh o s e a h u m a n id a d e
Os quatro evangelhos são dirigidos às várias classes da sociedade do século i d.C. — Mateus aos judeus, Marcos aos romanos, Lucas aos gregos e João aos que não eram nem judeus nem gentios (cf. 1Co 10.32), mas crentes no Senhor Jesus Cristo.
Os quatro evangelhos e o Antigo Testamento Citações do a t
Alusões ao at
M ate u s 53
76
M arcos 36
27
Lu ca s 25
42 .
João 20
105
Os quatro evangelhos I 373 1
Pano de fundo político dos tempos do Novo Testamento Imperadores ro m a n o s
P ro cu ra d o re s da Ju d é ia e da P alestina
Governantes h e ro d ia n o s Herodes o Grande
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37-4 a.C.
Rei dos judeus, grande construtor, helenizante.
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Judéia 6-41 d.C.
N ascim ento de Jesus, infância em Nazaré. M inistério público, m orte e ressurreição de Jesus
Q ueda e destruição de Jerusalém e do Estado judaico. D ispersão dos ju d e u s.
GERMANIA
OCEANO ATLÂNTICO BÉLGIC
MAR CÁSPIO
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1 O império romano (14 d.C.)
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O império em sua maior extensão (116 d.C.)
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Estrada romana
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Mateus 0 evangelho do filho de Davi Autor. Embora esse evangelho seja anónimo, Mateus ou Levi, o publicano, judeu da Galiléia que se tornou um dos discípulos de Jesus, já desde época bem remota, foi identificado como o autor. A crítica moderna desaprova a autoria de Mateus e a data tradicional, geralmente propondo um cristão desconhecido como autor, em data posterior a 66 d.C. Sustenta-se que o autor anónimo usou uma coleção de dizeres compilada por Mateus, à qual se refere Pápias
Esboço 1— 12 O rei se manifesta e seu reino é rejeitado O rei rejeitado, seu ensinamento e ministério
1 3 — 25
26— 27 Paixão e morte
do rei 28 Ressurreição e
comissão do rei
Imagem de Mateus, autor de um dos evangelhos, esculpida nas paredes da Igreja da Anunciação em Nazaré.
(c.140 d.C.), e assim o nome de Mateus veio a identificar esse evangelho. Essa posição, porém, carece de provas. Parece melhor sustentar a autoria tradicional de Mateus, datando o livro por volta de meados do século i. Tema e objetivo. Mateus é um evangelho judaico, arraigado na profecia do at relativa à vinda do rei Messias e seu reino. Descreve a linhagem davídica, o nascimento e a infância real. Apresentado pelo seu arauto, o rei se revela em seu ministério
público. Sua rejeição como rei é acompanhada pela morte como filho de Abraão e pela ressurreição como o Filho de Deus. Esse é um evangelho judaico, e a chave da interpretação de Mateus está na compreensão do plano de Deus para Israel e seu Messias. Isso abarca a grande profecia axial do futuro reino terreno de Israel comandado pelo Messias. Foi rejeitado na primeira vinda, mas será estabelecido (At 1.6) na segunda, O tema de Mateus é o do rei-Salvador e seu reino.
Mateus 1 377 1
1. Genealogia e nascimento do rei 1-17. A ascendência real. Afirm a-se pri m eiram ente que o rei é "filh o de D avi", da linhagem régia, legítim o herd eiro do tro no de Davi, 1; depois "filh o de A braão", a sem ente por quem toda a terra seVá aben çoada. A ordem é im portante porque, para os judeus (e esse evangelho é dirigido aos ju d eu s), o S e n h o r d ev eria se a p re sen ta r p rim e ira m en te com o rei, e d ep o is com o Salvad or (cf. Jo 1.11-12). A genealogia, 217, é seletiva, tendo três divisões de qua to rze g e ra çõ e s cad a, em que se d esig n a exp licitam en te som ente D avi com o rei, 6 (cf. 2Sm 7.8-16). A g en ealog ia de M ateus revela o direito legal de Jesus ao trono da víd ico pela linhag em de S alom ão e José, sendo este o suposto pai de Jesus (Lc 3.23; 4.22). Se Jesu s fosse filho de M aria, e ela não fo sse leg a lm e n te esp osa de Jo sé , fi lho de Salom ão, a afirm ação da sua reale za teria sid o re je itad a im ed ia ta m en te. A g e n e a lo g ia de L u c a s a p re s e n ta Je s u s com o F ilh o do hom em , d esc e n d e n te de Davi por M aria, mas pela casa de Natã (e não Salom ão). Com o filho virginal de M a ria, ele, porém , não tinha d ireito legal ao trono. Era m ister d escend er de José. 18-25. O nascimento virginal. A genealo gia, 1-17, prova que Jesus nasceu com d i reito legal a ser rei dos judeus, pois era fi lho de Davi, filho de A braão. O relato de sua concepção pelo Espírito Santo no ven tre de um a virgem, 18-25, o revela também com o Filho de Deus, o Verbo Eterno, que estava com Deus e era Deus (Jo 1.1,2), tor nando-se homem (Lc 1.26-35; 2.1-7; Jo 1.14), cumprindo Isaías 1.14 (cf. M t 1.22,23). O hom em -D eus só podia ser "Jesu s" (form a gr. do heb. "Jehoshua", o Senhor-Salvador). Os versículos 18-25 indicam que Jesus foi con cebido pelo Espírito Santo, e por isso tinha um a n atu reza hu m ana p ecad ora un id a à d iv in d ad e. A ssim , Je su s pôde salv ar seu povo dos pecados deles, 21.
2. A infância do rei 1-12. A visita dos m agos. Essa visita de gentios d evotos para ad orar o rei recém -
n a sc id o se en qu ad ra p erfeitam en te n es se evangelho do rei e, portanto, só é regis trad a aqui. O correu talvez m eses após o nascim ento, quando a sagrada família ain da resid ia em Belém . O s m agos com pu nham um a classe erudita da Pérsia, ou li g a d a à r e lig iã o z o r o a s tr ia n a , com o s a c e r d o te s , ou à p rá tic a da a s tro lo g ia . Herodes, o Grande, idum eu capaz e cruel, governou a Judéia na condição de rei por outorga do senado rom ano de 37 a 4 a.C. Naquela época, era um tirano idoso e com balido, n otoriam ente cium ento e inescrupuloso, flagrante contraste perante o ver d ad eiro "rei dos ju d eu s", 2. O vislum bre que se dá aqui do ímpio vilão, insanam ente insegu ro, concorda perfeitam en te com o que se sabe dele via história e arqueolo gia. Ele, que chegou a assassin ar alguns dos próprios fam iliares, surge como assas sino das crian cin h as inocentes de Belém , e com o pretenso hom icida do M essias. Os gentios (cf. Lc 2.32) levaram ouro, sugerin do a divindade do Rei; e mirra, usada para em balsam ar os mortos, indicando sua m is são de morrer.
 estrela de Belém Várias explicações já foram dadas para o su rg im e n to da e strela , cada qual com suas dificuldades. Sugestões até plausíveis de que a estrela era um a supern ova, ou um com eta que surgiu oportunam ente, ou ainda um a tripla conjunção de Saturno e Jú p ite r o co rrid a em 6 a .C ., não d ev em eclipsar o fato de que a estrela funcionou com o sinal sobrenatural do nascim ento do Rei dos reis e Salvador da hum anidade. 13-23. A fuga para o Egito. Os poderes dem oníacos que agiam por interm édio de H erodes, e m ais tarde por interm édio dos líderes de sua própria nação, resistiam ao rei. Satanás concentrou seu ataque contra os planos de Deus no Cristo enviado à ter ra. O E g ito, local da g ran d e escravatu ra de Israel, to rn ara-se agora refú gio do li b ertad o r de Israel e red en tor do m undo, na form a de um indefeso bebê.
[ 378 ] Mateus
3. 0 arauto do rei e seu batismo 1-12. O arauto do rei. João Batista, pro fetizado no at , 3 (cf. Is 40.3-5; M l 3.1), surge agora com o precursor do rei. O nascim ento e a m issão de Jo ão são d escrito s p o r L u cas (Lc 1.5-80). Sua m ensagem , "A rrependei-vos, porque o reino do céu chegou ", 2, era um anú ncio do rein o m essiân ico que os profetas do a t previram que se estabe leceria na terra, em que o rei seria o filho e Senhor de D avi. Estava p róxim o d esd e o início do anúncio de João, aqui, até a rejei ção do rei (M t 12.1-45; cf. com entários so bre M t 4.17) e o anúncio de um a nova fra ternidade (Mt 12.46-50). É o "reino do céu" porque é a gestão dos céus sobre a terra (Mt 6.10), sendo um term o derivado de D a niel (cf. Dn 2.34.35, 44; 7.23-27). O batism o de João não foi um batism o cristão (cf. A t 19.1-7), mas um ato exterior que significava o arrepend im ento do can didato e a identificação com a m ensagem
de João, 11. Em 11 e 12, os dois adventos se fundem . C om o resultado do prim eiro ad vento e da conclusão da redenção de C ris to, ele b a tiz a v a com o E sp írito Santo, no sen tid o de que P en teco stes (a o co rrên cia inicial do batism o, A t 2.1-4) foi consequên cia da obra expiatória de Cristo. O batism o com fogo (juízo) aguarda a segunda vinda. 13-17. O batismo do rei. Por que o imacu lado deveria insistir em um a cerimónia que significava a confissão dos pecados e o ar rep en d im en to , 13,14? A re sp o sta é: para "cum prir toda a justiça", 15, isto é, as justas exigências da lei m osaica. Com o Jesu s es tava ali para ser consagrado a seu m inisté rio público de rei, profeta e sacerdote, cuja essência deveria se concentrar em sua obra sa cerd o ta l de re d en çã o , o que se e n fo ca aqui é sua sep aração para sua obra com o Sacerdote. A lei levítica exigia que todos os sacerdotes fossem consagrados quando ti vessem "cerca de trinta anos" (Lc 3.23; cf. N m 4 .3 ) p e la ág u a e d ep o is p ela u n ção
O palácio de Herodes, na Cidadela de Jerusalém. Acredita-se que foi nesse palácio que os magos do Oriente estiveram em busca do recém-nascido rei dos judeus.
Mateus I 379 ]
(Êx 29.47; Lv 8.6-36). Arão foi banhado na água, por ser p ecad or e p recisar d isso, e assim estabeleceu o m odelo do batism o de Cristo, que, embora não fosse pecador nem precisasse disso, assim m esm o identificouse com os pecad ores e cum priu o m odelo de Arão. D epois do batism o de Jesus (ba nho), 14,15, veio sua unção, quando os céus se abriram, e o Espírito Santo desceu sobre ele, 16, e a voz do Pai selou seu ministério tríplice, 17. Foi a unção sacerdotal (cf. Êx 29.57, em que a unção vinha após o banho) da quele que foi assim divinam ente consagra do para a obra de redenção (At 4.27; 10.38) e tam bém para a obra de rei e profeta.
reino, cuja única condição era o arrependi m ento. O fato de a nação não ter se arre pendido, m esm o diante da presença do rei verd ad eiro, e a conseq u ente rejeição tan to do rei com o do reino, fazia parte do pla no divino para provar a inveterada pecam in osid ad e da n ação e a necessid ad e da m orte expiatória do rei com o pré-requisito d o fu tu ro e s ta b e le c im e n to do rein o . R egistra-se o cham ado dos discípulos Pe dro e André, 18-20 (cf. M c 1.16-20; Lc 5.211), e de Tiago e João, 2 1 —22. Sobre Decápolis, 25, ver com entário sobre M arcos 7.
4. A tentação do rei
5.1-16.0 caráter dos cidadãos do reino. Os capítulos 5 —7 trazem o sermão do monte, proferido pelo rei na ocasião em que anun cia o "reino do céu". As bem-aventuranças, 1-12, revelam o caráter daqueles que h er darão o rein o. A qu eles que realm ente se arrependerem tornar-se-ão tam bém "o sal da terra", 13, e "a luz do mundo", 14-16. 5.17-48. O rei e a lei m osaica. O rei cum priu a lei, confirm ando e enfatizando seu sig n ificad o esp iritu al m ais profundo. Ao fa z ê -lo , co n d e n o u to d o hom em natu ral, esp iritu alm en te não renovado, e mostrou que o rein o do céu será e sta b elecid o so m en te p o r um rei q u e n e c e ssa ria m e n te ta m b é m será o S a lv a d o r d a q u e le s que serão seu s cid ad ãos. Só naquele m om en to d e sfru ta rã o da ju stiç a , do am or e da perfeição aqui descritas pelo rei. Esse dia se realizará p len am en te em sua segunda vinda, quando virá o reino e sua vontade será feita na terra com o no céu (M t 6.10). 6.1-18. Os herdeiros do reino e a oração. O s herdeiros do reino devem ser m ovidos pela verd ad eira retidão interior, e devem tê-la e praticá-la. Essa retidão os leva à co m u n hão com D eu s, seu Pai (u sado doze vezes nesse capítulo). Tal com unhão e con seq u en te retid ão antecipam a cruz, onde se to rn ou p o ssív e l tê-la. O Pai N osso — m uitas vezes, m ais acertadam ente, cham a do de "O ração do discípulo" — é uma obraprim a intem poral que serve como m odelo de toda oração, contendo todos os elem en tos essenciais de um a oração eficaz.
1-11. A tentação pelo diabo. Essa tenta ção do "últim o Adão" (IC o 15.45) no deser to formou um flagrante contraste diante da do prim eiro A dão no paraíso. O prim eiro A dão, sen hor da prim eira criação, agindo em d eso b ed iên cia a D eus, caiu e perd eu tudo. Mas o últim o Adão, com o servo sub m isso ao Pai, agiu con fian d o p len am ente no Pai, resistiu à tripla tentação do diabo e, assim, reconquistou tudo. Desse modo, ele p ro v o u seu v a lo r e ca p a cid a d e , com o o im aculad o, para red im ir os pecad ores na cond ição de Sacerd ote; com o o V erd ad ei ro, rejeitando as m entiras de Satanás, para declarar a verdade na condição de Profeta; e, ao re je ita r a falsa realeza de S a ta n á s, para ser o verdadeiro Rei dos reis e sobe rano da terra rem ida. O hom em de obedi ência venceu Satanás pela Palavra de Deus em Deuteronômio, o livro da obediência (cf. Dt 8.3; 6.16; 10.20). 12-25.0 rei inicia seu ministério público. Je su s m orava em C afarn au m , 12,13 (Tell Hum), populoso e m ovim entado porto pes queiro na costa n oroeste do m ar da G aliléia. O início de seu m inistério cum priu Isa ías 9.1,2. A m ensagem do rei (com o a do seu precu rsor) era: "A rrepend ei-vos, p o r que o reino do céu chegou ", 17 (cf. com en tários sobre M t 3.2). Essa expressão "c h e g ou ", ou "p ró x im o ", significava que o rei estava, naquele m om ento, presen te e que se fazia a Israel um a au tên tica oferta do
5—7. 0 rei proclama o reino
[ 380 1 Mateus
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V,,
Trecho tran q u ilo do rio Jo rd ão , 'j - i v ao sul do m ar da G aliléia. ' A tradição afirm a que esse pode ter sido o local do batism o de Jesus. V
6.19-34. Os herdeiros do reino e o m un do. Explica-se aqui com o é que aqueles que possuem o v erd ad eiro m o tiv o da ju stiça, que vivem na esfera da presen ça do Pai, devem agir com resp eito à riqu eza e aos cuidados do mundo. 7.1-14. Os herdeiros do reino e o juízo crítico. O juízo dos m otivos é aqui proibido (cf. IC o 4.5; 5.12.13). Sobre o versículo 6, cf. 2Pedro 2.22, em que "c ã o " e "p o rca " sim bolizam os externalistas irregenerad os. A oração é a cura da tendência ao julgam en to, 7-11, e a 'regra de ouro', 12, resum e os motivos hum anos corretos. As duas estra das, 13,14, lem bram Salm os 1. 7.15-29. Os herdeiros do reino são aler tados contra os falsos profetas. São os fru tos dos fa lso s p ro fe ta s que os re v e la m , 15-20, e não sua co n fissã o v a z ia , 2 1 -2 3 , exem p lificad a por aq u e le s que ed ificam sobre a rocha e sobre a areia, 24-29.
8—9. A manifestação do rei 8.1-17. O poder do rei sobre a doença. Os sinais m iracu loso s provaram a Isra el
que o reino estava próxim o. Curou-se um lep roso, 1-4; e tam bém o servo do centurião, 5-13; a sogra de Pedro, 14,15; e muitos o u tro s, 16,17. M ateu s d isp õ e e sses m ila gres em um a ordem tem ática, e não cro nológica (cf. M c e Lc), para enfatizar o ca ráter ju d aico de seu evangelho. 8.18-34. O poder do rei sobre a natureza e sobre os dem ónios revelou-o Senhor da criação e dom inador do m undo dem onía co. (Cf. com en tário sobre o m ar da G ali léia em M c 6.) 9.1-38. O poder do rei para perdoar o pe cado e outros sinais. A cura desse paralítico dem onstrou o poder do rei para perdoar o pecado, 1-8. O cham ado de M ateus, 9, e o fato de o rei com er ao lado de publicanos, 10-13, d em » on straram sua m issão de cham ar os p ecad o res ao arrep en d im en to . O "pano novo" e "recipiente de couro novo", 16,17, prefiguram a aperfeiçoada justiça da graça em contraste com a veste e os odres velhos das ordenações legais (cf. M c 2.21,22; Lc 5.36-39). Infelizmente, a proclam ação do reino era rejeitada, 27-34, apesar de os m i lagres que a acom panhavam , 35-38.
Mateus [ 381 ]
10. Os embaixadores do rei 1-15. Os D oze e sua com issão. O rei en viou seus doze discípulos, dotados de po d eres m iracu loso s, para p ro clam ar o re i n o so m e n te a o s is r a e lit a s , 1 -6 . S u a m en sagem era id ên tica à de Jo ão, o p re cursor do rei, 7 (cf. M t 3.2 e com entário), e à do próprio rei (M t 4.17 e com entário). Sua c o m issã o era co n firm a r o e v a n g e lh o do reino por m eio de poderes m iraculosos. 16-42. Retom ada da com issão. O objetivo de 16-23 extrapola o m inistério do reino dos d oze e p ro fetiza a pregação dos res tantes ju d eu s nos tenebrosos dias de per segu ição da grand e tribu lação que p rece derá a segunda vinda, quando o evangelho do reino será n ov am en te p ro clam ad o . O versículo 23 será, naquele m om ento, cu m prid o. O s v ersícu lo s 24-42 dão e n co ra ja m ento aos verd ad eiros d iscípu los do rei.
11. A rejeição da mensagem do reino 1-19. João Batista é rejeitado. O ministé rio do reino de Jesus suscitou perguntas ao precu rsor, 1-6- A prisão de João pode ter p ro vocad o essas d ú v id as, m as as provas prodigiosas dos m ilagres de Jesus tinham por m eta m itig ar seus tem ores. O louvor que o rei fez de João foi gracioso e eloquen te, 7-19. Aquele que é o menor no reino do céu, 11, quando este se estabelecer na ter ra, terá posição m ais elevada (e não gran deza m oral) que João, que não entrou no reino, mas m eram ente anunciou aquilo que foi, naquela época, rejeitado. O versículo 12 e n fa tiz a a v io lê n cia que os o p o sito re s e pecadores im pingiram ao reino. 20-24. O rei é rejeitado. O reino do céu, anu nciad o por João, pregad o e au ten tica do pelo Rei e sus em baixadores por m eio de sinais m iracu losos, foi m oralm ente re jeitado, de m odo que o rei anunciou o ju í zo. C orazim (K erazeh) ficava apenas três q u iló m etros ao norte de C afarnau m (Tell H um ), na região da costa noroeste do mar da Galiléia, onde há m uitas ruínas, inclusi ve um a sinagoga conhecida há dois sécu lo s. B e tsa id a era a re g iã o p e s q u e ira de
C afarnaum — o nom e significa "casas de p e s c a ". E v id en tem en te, esp raiav a-se pe las duas m argens do Jord ão no ponto em que o rio desem boca no lago. Cafarnaum era a p ró sp era e populosa m etrópole da região do litoral noroeste da Galiléia. 25-30. A nova mensagem do rei. Isso re p resentou uma crise no m inistério do rei. Ele afastou-se da nação im penitente que o r e je ita v a e o fe re c e u d e sc a n so e serv iço àqueles da nação que se arrependessem e que tivessem consciência da necessidade.
12. A consumação da rejeição do rei 1-21. O rei rejeitado. Os acontecim en tos d esse cap ítu lo con cen tram -se na ple na rejeição do reino e assinalam o grande divisor de águas no evangelho de Mateus. O rein o já não seria pregad o a Israel. A re je iç ã o d os m e n sa g eiro s do rein o re v e lou-se na acu sação dos fariseu s com re s peito à violação do sábado, 1-8. Nosso Se n h o r, com o rei re je ita d o , h a b ilm e n te se referiu àq u ilo que D avi fez quando tam bém ele se viu rejeitado (ISm 21.6). Decla rou-se Senhor do sábado e curou o homem da m ão a tro fiad a n esse dia, 9-14. Tom a dos de ódio dem oníaco, os líderes plane javam m atá-lo, 14. O rei rejeitado de Isra el indicou a futura guinada em direção aos gentios, 15-21 (cf. M t 10.5,6; Is 42.1-4). Tal guinada aguardaria a rejeição oficial m a nifestada em sua crucifixão (M t 2 6 —27) e na rejeição final do Cristo ressurrecto (Lc 24.46,47; A t 9.15; 13.46; 28.25-28). 22-45. O rei e o pecado im perdoável. A cura do endem oninhado, 22,23, precipitou a blasfém ia dos fariseus, 24, que com ete ram o pecad o im perd oável de atribu ir as p oderosas obras do rei encarnad o ao po der satânico (dem oníaco), e não ao Espíri to Santo, 25-32. A nunciando uma vez mais o juízo, 33-42 (cf. 11.20-24), o rei proferiu a p ro fe cia p a n o râ m ica da n a çã o de Israel sob a figura de um endem oninhado, 43-45. A quela g eração, em seu externalism o fa risaico, era com o um endem oninhado em seu estado não dem oníaco — vazio, varri do e em ordem. A entrada dos sete demô-
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nios piores previa o con trole d em oníaco da nação nos últim os dias, quand o cairá sob o fa s c ín io do a n tic r is to (D n 9 .2 7 ; Ap 9.1-12; cf. 2Ts 2.8-10; Jo 5.43). 46-50. A nova relação do rei. Rejeitados o rei e sua m ensagem , o rei recusa-se até mesmo a ver os seus, sim bolizando o fato de que sua relação com a n a çã o , à qual viera com o rei p ro m etid o , e sta v a ag ora rom pid a. E sboçam -se n o v a m en sag em e relação (cap. 13).
13. 0 rei rejeitado fala do reino interino 1-2. O rei ensina à beira-mar. O rei com e çou a en sin ar em p aráb olas. E ssas p a rá b o las, re g istra d a s in te g ra lm en te ap en as em M ateus, retratam os m istérios do reino do céu. Este já não era o reino tão clara m ente p ro m etid o a Israel p elo s p ro feta s do a t , que conform e anunciado pelo p re cursor estava próximo, bem com o pelo pró prio rei e seus arautos (caps. 3 —12), o qual fora por fim rejeitado (caps. 11 — 12). Era o reino do céu em sua forma de mistério, re velando as condições esp iritu ais que p re valecerão na terra da rejeição do rei e seu reino por Israel até a futura aceitação. Es ses m istério s n ão foram rev elad o s no a t (cf. Mt 13.11,34,35), ao contrário d aquele rein o que acab ara de ser re je ita d o pela nação, e que era bem conh ecido da plena revelação do a t (e.g. Is 9, 11, 35; M q 4, etc.). 3-52. As sete parábolas (mistérios) do rei no. C h am am -se "m is té rio s " po rqu e co n têm a verdade não revelada anteriorm en te. As sete parábolas tratam da era atual, em q u e se a b a n d o n a Is r a e l, a v in h a (Is 5.1-7). A primeira parábola revela que nos so Senhor planta a sem ente da Palavra no campo (o mundo), 3-23. A segunda parábola, a boa sem ente e o joio, 24-30, interpretada em 36-43, m ostra a atividade e os ardis de Satanás durante esta era, em que ele de g en era o trigo, os v e rd a d eiro s filh o s do reino, por m eio de falsos profetas (M t 7.2123). A terceira parábola, a sem ente de m os tarda, 31,32, sim boliza o rápido crescim en to do reino em sua form a de m istério. A quarta parábola, o ferm ento esco n d id o em
Herodes Antipas mandou matar João Batista, após ter sido denunciado por manter um relacionamento ilícito com a cunhada. Seu pai, Herodes, o Grande, mandou construir esse palácio de inverno, em Jericó. três m ed id as de farin h a, 35, alerta sobre a c o n ta m in a çã o da v e rd a d e da P a la v ra pelo erro do ferm en to dos falso s e n sin a m entos desta era (cf. M t 16.11.12; M c 8.15; IC o 5.6; G1 5.9). A qu inta parábola retrata nosso Sen h or, que deu tudo o que tinha para possu ir o tesouro (Israel) escond id o n o c a m p o , 4 4 (c f. Is 5 3 .4 -1 0 ; SI 2 2 .1 ; 2C o 8.9). Ele restau rará esse tesou ro por m eio da sua m orte expiatória. A sexta p a rábola m ostra nosso Sen h or com o com er c ia n te , q u e e n c o n tr o u "u m a p é ro la de grande v a lo r" (a igreja, Ef 5.25-27) e ven d eu tu d o n o C a lv á r io p a ra c o m p rá -la , 45,46. A sétim a p arábola exibe a rede que apanha peixes bons e ruins, 47-52, que per m a n e c e rã o ju n to s d u ra n te e sta era até que sejam sep a ra d o s na con su m ação . 53-58. Novas provas da rejeição do rei, quando ele volta a N azaré.
14. 0 martírio do arauto do rei 1-14. O m artírio de Jo ão . H erodes A n tip a s, te tra rc a da G a lilé ia (L c 3 .1 ) e da Peréia (4 a.C .-39 d .C .), filho de H erod es, o G ra n d e , com su a e sp o s a s a m a rita n a , M altace, não era, p o rtan to , ju d eu . Ele se afa sto u de seu s s ú d ito s ju d eu s p elo c a s a m e n to in c e s tu o s o co m su a s o b rin h a H ero d ias, e x -m u lh e r de seu m eio irm ão H e ro d e s F ilip e . E ssa im p ied a d e foi d e n u n cia d a p o r Jo ã o B a tista e re su lto u na d e c a p ita ç ã o d e ste .
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15-36. O m inistério de m isericórdia de Jesu s. Ele alim en to u os cin co m il, 15-24 (M c 6.30-44; Lc 9.10-17; Jo 6.1-14) e acalmou o m ar bravio, 22-36 (M c 6.45-56).
15. Continuação do ministério do rei rejeitado 1-20. O rei denuncia os escribas e fari seus. Eles acusavam Jesu s de violar tradi ções criad as p elo hom em , 1,2. Je su s re s p o n d e u co n d e n a n d o o p e ca d o d ele s de preferir as tradições à Palavra de Deus, 36. E xp ô s ain d a a h ip o crisia e co rru p çã o deles citando Isaías 29.13 e denunciou seu ím pio externalism o, 7-20. 21-28. Ele ministra a uma mulher gentia. Depois de ter sido rejeitado pelos seus, Cris to indicara um ministério ampliado aos gen tios (Mt 12.18; cf. Is 42.1-4). Agora começava um cum prim ento prévio. Com o o filho de Davi rejeitado, ministrou a uma não-israelita na Fenícia, aqui chamada de "a região de Tiro e de Sidom " em virtude de seus dois portos principais. O s "cach orrin h os" eram os gentios, fora da esfera do privilégio espi ritual denotado pelo "pão dos filhos". Quan
Em Cesaréia de Filipe, norte da Palestina, aos pés do monte Hermom, Pedro confessou que Jesus era o Messias.
do a m u lh er can an éia o cham ou de "S e nhor", assumindo, por assim dizer, uma po sição de humilde fé entre os cachorrinhos, viu atendido seu pedido. Esse episódio prefigu rava a salvação dos gentios nesta era. 29-39. Ele m inistra às m ultidões. A cura das m u ltid ões, 29-31, representou as bên çãos do D eu s de Israel a todos os que o buscavam com fé. A alim entação dos qua tro m il m ostrou nov am ente a com paixão do rei pelas m ultidões, 32-39 (cf. Mc 8.19).
16. 0 rei rejeitado profetiza sua morte 1-12. O ferm ento dos fariseus e dos sa duceus. N ovam ente se expõe a im piedade dos líd eres ju d eu s, 1-4, quando eles ten tam Jesus, pedindo um sinal depois de te rem já d e s a c re d ita d o e re je ita d o to d a s suas obras m iraculosas. O sinal do profe ta Jo n a s re fe re n te a sua re ssu rre içã o , 4, foi o único que ele lhes deu (cf. M t 12.39-41; Lc 1 1 .2 9 -3 2 ). Isso serv iu p ara a g ra v a r a culpa deles. Jesus, a seguir, interpretou o sím bolo do ferm ento com o a m á doutrina, 6-12 (cf. M t 13.33; IC o 5.6). O ferm ento dos
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fariseus era o externalism o h ip ócrita, e o dos sa d u ce u s, a d escre n ça ra c io n a lis ta . A m bos rejeitavam o rei e seu reino. 13-19. A confissão de Pedro. Sobre Cesaréia de Filipe, 13, ver com entário sobre M arcos 8.27. A co n fissão de P ed ro a b a r cou a plena divindade de Jesus, "C risto, o Filho do D eus viv o ", 16. Essa revelação a Pedro, como a qualquer um, não vem por sabed oria nem cap acid ad e h u m an a, m as por interm édio de Deus Pai, 17. Além dis so, e ssa v e rd a d e so b re a d iv in d a d e de Cristo ("o Filho do D eus v iv o ", e não "o filho de D avi") seria o fundam ento da igre ja, 18, e n ão Pedro. "Tu és Pedro (p etros, pedra), e sobre esta pedra (p etra, grand e laje rochosa) edificarei a m inha igreja" (cf. IP e 2.4-6, em que o apóstolo d eixa claro que ele jam ais deveria ser considerado "a ped ra"). As "ch aves do reino do céu ", 19, devem ser entend id as no sentid o de M a teus 13 (ver com entário sobre M t 13.1,2). Pedro usou essas chaves para abrir a opor tunidade do Evangelho a Israel em Pente costes (At 2.38-42), aos sam aritanos, ra ci a lm e n te m e s tiç o s (A t 8 .1 4 -1 7 ), e aos gentios de Cesaréia (At 10.34-44). Foi esse o limite do uso que Pedro fez delas. 20-28. Cristo prevê sua morte, ressurrei ção e volta. O rei proibiu seus discípulos de esp alh ar que "e le era o C risto ", 20, pois vinham pregando Cristo com o o rei do rei no da aliança, o prom etido a Israel. A igre ja, por outro lado, precisava ser edificada so b re a p ro c la m a ç ã o de C ris to com o o Senhor cru cificad o, ressu scitad o e a scen dido (E f 1.20-23). Em bora o testem u n h o a n te rio r e stiv e s s e já e n c e rra d o , a n o v a m ensagem ainda não estava pronta, pois o sangue da nova aliança não fora d erra mado. Portanto, nosso Senhor, nesse divi sor de águas de im ensa im portância, p re d isse su a m o rte , r e s s u r r e iç ã o , 2 1 , e segunda vinda, 28. Não é de adm irar que Pedro e os outros discípulos, que vinham pregando e esp eran do o rei que viria em seu rein o , n ão ten h am c o m p re e n d id o a súbita previsão dos sofrim entos e da m or te de Cristo, 22,23. Assim, eles tinham de ser in stru íd os sobre os rig ores do v erd a deiro discipulado, 24-26, e sobre as recom
pensas da segunda vinda, quando o rei e seu reino seriam aceitos por Israel, 27,28. A lg u n s d e le s p re s e n c ia ra m e sse fu tu ro reino, exibid o em um a d em onstração au diovisual no capítulo 17. «
17. 0 rei rejeitado e sua glória vindoura 1-21. A transfiguração. Ver também co m en tários sob re L u cas 9.18-62. Em 16.28, que pertence a esse capítulo, Cristo anun ciara sua gloriosa segunda vinda (cf. 16.27) para e sta b elecer o rein o rejeitad o tão re centem ente (M t 3 — 12). Ele previu que al gu n s que estav am com e le n a q u ele m o m e n to (P e d ro , T ia g o e Jo ã o , 1) n ão m orreriam sem ver "verem o Filho do h o m em vin d o em seu rein o " (16.28). Essa previsão foi cum prida um a semana depois, na transfiguração de Cristo, um retrato em m in ia tu ra d esse g lo rio so a co n tecim e n to futuro (2Pe 1.16-21). Todos os detalhes es s e n c ia is do q u a d ro e stã o p re s e n te s : (1) Cristo com o Filho do hom em , não na h u m ilh ação da sua hu m anidad e im aculada, mas revestido de glória; (2) M oisés glorifi cad o, re p re sen ta n d o os rem id o s que e n traram no reino pela morte; (3) Elias, igual m ente g lorificad o , m as rep resen tan d o os rem idos que entraram no reino pelo arre batam ento (lT s 4.14-17; IC o 15.50-53); (4) Pedro, T iago e João, não g lorificad o s, re p re sen ta m , n essa v isã o , o re m a n e scen te dos ju d eu s no final dos tem pos, aq u eles que entrarão no reino em corpos não glo rific a d o s; (5) a m u ltid ã o n e cessita d a no sop é da m o n ta n h a , 14-21, retrata as n a çõ e s que serã o co n d u z id a s à b ê n ç ã o do reino d epois da restitu ição deste a Israel (A t 1.6; Is 11.10-12), m anifestando a liber ta çã o do ju g o de Sa ta n á s e dos p o d eres dem oníacos (Ap 20.1-3). 22,23. Jesus reafirm a a aproxim ação de sua morte (cf. M t 16.21; M c 9.30-32; Lc 9.4345). Ela era necessária por ser pré-requisito de sua segu nd a v ind a e do rein o. Ver tam bém com entários sobre M arcos 9.1-13. 24-27. O dinheiro do tributo. Esse m ila gre do dinheiro do tributo, retirado da boca do p eixe na m o v im en tad a costa do lago
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em C afarnaum , dem onstra a hum ildade e a su jeição do Sen h or onip oten te e o n isci en te do u n iv e rso , q ue tão re ce n tem en te revelara sua glória e seu rein o vindouro. O tributo em questão era eclesiástico, para o sustento do tem plo (Êx 30.13; 2Cr 24.6,9). N osso Senhor estava, na verd ad e, d iz en do: "E s s e im p o sto é p ara o su ste n to da casa do m eu P ai. C om o F ilh o dele, esse im posto, p o rtan to , não pode ser cobrad o de mim . Estou d esobrigad o".
18. Instruções do rei rejeitado sobre o perdão 1-14. O caráter dos cidadãos do reino. O s d is c íp u lo s e sta v a m in te re s s a d o s em o cu p ar carg o s no rein o, 1. Je su s, porém , enfatizou a im portância de to m ar-se cida d ão do rein o pela conv ersão, 2,3, e pela h u m ild ad e, com o a das crian ças, 4,5. Je sus, a seg u ir, d iscu tiu as o fen sa s (ato s e atitu d es que preju d icam os outros, ou os faze m p e ca r), 6 -1 0 . E ssa s o fe n sa s p re c i sam ser tratad as com serie d a d e , co n fo r m e denota o uso hiperbólico do sím ile da autom u tilação, que logicam ente não deve ser interpretad o com ousada literalid ad e. O s cid ad ãos do rein o têm an jos da g u ar da, 10, e são objeto do m inistério pastoral e redentor do Filho do hom em , 11-14. 15-20. D isciplina e oração no reino. N es sa p assagem , é o asp ecto de m istério do re in o q ue e stá em fo co (v er co m en tá rio sobre M t 13.1,2). Com o essa form a do rei no é em larga m ed id a, em bo ra n ão com pletam ente, coincidente com a igreja, esta é aqui antecipada com o em M ateu s 16.18. O conceito com pleto da igreja só vem por interm édio de Paulo (cf. Ef 3.1-10). A disciplina na igreja deve seguir cer to p ad rão, de m odo que o m em bro o fen dido saiba com o reagir. Esse é o p roced i m ento do am or e da p aciên cia, b an had o n a o ra çã o . 21-35. O perdão no reino. Setenta vezes sete é q u atro cen tos e n ov enta, sugerind o q u e o v e rd a d e iro p e rd ã o vai a lém d as co n tag en s ou das lim itaçõ es. A parábola d o re in o (cf. as sete de M t 13) e n sin a a im portância do perdão (cf. Ef 4.32).
Mosaico retrata antigo barco de pesca, no mar da Galiléia. Essa peça foi encontrada em um sítio arqueológico em Cafarnaum, local em que Pedro, seguindo instruções dadas por Jesus, miraculosamente encontrou um estáter (moeda de prata) na boca de um peixe (Mt 17.27).
19. Instruções do rei rejeitado sobre o divórcio. 1-15. Sobre o divórcio. Jesus deixou a G a liléia para dar in ício a seu m in istério na Peréia, 1,2 (caps. 1 9 —20). Um a pergun ta dos fariseus deu oportunidade para que ele e n sin a sse so b re o d iv ó rc io , 3 -1 2 (cf. Mt 5.31,32; M c 10.2-12; Lc 16.18; e a discus são de Paulo em IC o 7). A m onogam ia é o parâm etro de Deus, 4-6, m as a lei m osai ca fa z ia d e te rm in a d a s co n cessõ e s à fra gilidade hum ana, 7,8 (Dt 24.1-4). Cristo p a rece adm itir o divórcio som ente diante da fo rn icação , 9, m as tam bém leva em con sid era çã o a fraq u eza dos hom ens, 10-12. Ele p en sava nas cria n cin h a s, os m aiores preju d icad os em um divórcio, 13-15.
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16-26. O jovem rico. R eligioso e ético, m as apartado da salvação, carente de re alid ad e e sp iritu a l, esse jo v em re p re se n ta a situ ação de m u ito s cristã o s. A cham que é n e cessá rio fa z e r alg o (o b ra s) para ser salvos, em vez de crer na boa nova de q u e C risto já fez e sse a lg o p o r e le s. O Sen h or não p ro m eteu vid a e tern a ao jo vem p e las o b ra s, m as m a n d o u -o fa z e r algo que provaria sua falta de fé red ento ra e a falsid ad e da a leg açã o de que o b servava a lei (M c 10.17-30; Lc 18.18-30). 27-30. As recom pensas da regeneração. Essa re g en eração (re cria çã o ) re fe re -se à regeneração da terra no reino m ed iatário davídico que fora oferecido e rejeitado (Mt 3 — 12), m as que seria re sta u ra d o na se gunda vinda (Mt 25.31).
20. Instruções do rei rejeitado: os trabalhadores 1-16. A parábola dos trabalhadores. Essa parábola ilu stra a verd ad e que Jesu s de clarou em 19.30 e repetiu em 20.16, corri gindo o egocentrism o e o esp írito barganhista de Pedro (19.27). Deus não avalia o trabalho do hom em da m esm a form a que hom em o faz. Alguns que se sobressaem e, a p a re n te m e n te , a lcan çam su c e s s o no trabalh o cristão que con sid eram os g ra n dem ente valorizado por Deus, surgirão no pé da lista dos servos fiéis do Senhor, en quanto servos hum ildes e m odestos, pou co reco n h ecid o s p elos h om ens, a p a re c e rão no alto. A lém do m ais, d evem os nos interessar pelo serviço em si do Senhor, e não pela recom pensa; na qualidade, e não na extensão de nosso serviço. 17-28. Jesus novamente prevê sua m or te e ressurreição. Essa é a quarta predição desses acontecim entos (Mt 12.38-42; 16.2128; 17.22,23). D iante da profecia do so fri m ento e da m orte de Jesus, 17-19, sobres sai o egoísm o do pedido da mãe de Tiago e João. Ela queria d estaque para seu s fi lhos no reino p ro m etid o, in terp reta n d o e rrad am en te sua n atu reza. 29-34. A cura de dois cegos. Esses cha maram Jesus de "F ilh o de D av i", 30,31, e foram curados perto de Jericó (Tulul Abú
el-‘Alâyicj, às m argens do uádi Qelt, a vinte e sete quilóm etros de Jeru salém ). Eles re co n h eceram a au to rid a d e m essiâ n ica de Jesu s e, talvez, prenu nciem a futura con versão do rem an escen te dos ju d eu s, que aceitarão o M essias em sua segunda v in da. (Cf. M c 10.46-52; ver ali com entário so b re Je ricó .)
21. 0 rei rejeitado entra em Jerusalém 1-11. A entrada real em Jerusalém. Ele foi a Jerusalém com o rei para cum prir a pro fecia proferida por Zacarias (Zc 9.9). Embo ra aclam ado superficialm ente pelas turbas em polgadas, ainda era o rei rejeitado, pois os representantes oficiais da nação não o receberam na oferta final e oficial que Je sus lhes fez de si mesmo. Além disso, m es mo as multidões que o saudavam gritando: "H osana" (SI 118.26) e agitando ramos res ponderam em termos de rejeição à pergun ta sobre quem ele era de fato, 11. Em vez d o p ro m e tid o re i-M e s s ia s , Je s u s -Je o v á , D e u s-S a lv a d o r, re sp o n d e ra m : "E s te é o profeta Jesus, de N azaré da G aliléia". Mas como o rei e o reino (Mt 3 —12) haviam sido rejeitados na região da Galiléia, era neces sário que Jerusalém , a cidade real, tivesse a oportunidade de aceitá-lo. 12-32. Segunda purificação do tem plo e a figueira am aldiçoada. A primeira purifica ção do tem plo foi no início de seu m inisté rio (Jo 2.13-17); essa foi no final, 12,13. Lá, e le d e m o n s tro u seu z e lo p e la ca sa de D eu s; a q u i, e le a g ia com p re rro g a tiv a s régias e m inistrava m iracu losam en te aos n e c e s s ita d o s em so lo p u rifica d o , 14 (cf. Is 56.7; Jr 7.11; Lc 14.21). A figueira am aldi çoada, 18-22, representa Israel (J1 1.7), sim b o liz a d o a q u i a r e je iç ã o n a c io n a l. L u cas 13.6-9 con trasta com M ateu s 24.32,33, pois a profecia sim bólica indica que Israel n ov am en te florescerá (reto m and o a co n dição de nação eleita, Rm 11.1-26). O question am en to da au torid ad e de Jesus pelos líd e re s da n a çã o , 2 3 -2 7 (cf. M c 1 1.27-33; Lc 20.1-8), bem com o a parábola dos dois filhos, 28-32, reforça ainda m ais seu ódio e rejeição do rei.
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Cid ade velh a de Jerusalém vista das encostas do m o nte das O liveiras.
33-46. A parábola do proprietário de ter ras. O proprietário de terras (Deus) plantou um a vinha (Israel, Is 5.1-7). Os servos eram os profetas, que foram maltratados. Por fim Deus enviou seu Filho (o M essias) e eles o a s sa ssin a ra m , 37 -3 9 . P ro fe tiz a ra m -se os acontecim entos da guerra judaico-rom ana, de 67 a 70 d.C., 40,41. Jesus habilm ente ci tou as profecias que a ele se referiam como a Pedra rejeitada (Sl 118.22,23) e m ostrou que o reino de Deus, no sentido m ais am plo de luz e de salv ação e sp iritu a l, seria retirado da nação de Israel e dado aos gen tios (Rm 9.30-33; 11.1-24). No versículo 44, nosso Senhor referiu-se a si m esm o, no ju ízo, com o a Pedra esm agadora da destrui ção (Dn 2.34).
22—23. 0 rei rejeitado confronta os líderes 22.1-14. A parábola das bodas. Essa pa ráb ola e x p lica q ue o rei e o rein o foram oferecidos à nação, 1,2, m as recusados, 3. Os versículos 4-6 representam a nova ofer ta e a n o v a re je içã o , e a a firm a çã o tu do está p rep arad o" sugere a m orte de Cristo e os b e n e fício s red en to re s que ela trará.
Depois da morte expiatória de Cristo, a na ção teve a chance de se arrepender (At 1— 8), m as re cu so u -se a fa z ê -lo . P rev ê-se a ampla oferta mundial aos gentios, 8-10, de pois da descrição dos acontecimentos de 6770 d.C., 6,7. A veste nupcial, 11-14, é a justiça de Cristo. Muitos são convidados para a sal vação, mas relativam en te poucos aceitam o convite, 14 (cf. Rm 8.30). 22.15-46. A nação novam ente m ostra sua rejeição . O s h erod ianos eram ju d eu s nos rito s r e lig io s o s e x te r io r e s , m as o fe n sa am arg a a to d a a n ação em sua d ev oção ao h e le n ism o , re sig n a d o e co n fo rm a d o aos cam inhos do m undo, tão avidam ente abraçado pelos H erodes, 15-22. N o ódio a Je s u s , u n ia m -se aos sa d u ce u s, 2 2 -3 3 , os racion alistas religiosos e aos fariseus, 3440, os vazios e xtern alistas. Jesu s con fu n diu os cegos fariseus fazendo-lhes pergun tas sobre Salm os 110.1, que faz referência a sua pessoa hum ana-divina, 41-46. Os três p artid os, rep resen tan d o todo Israel, fica ram c a la d o s e im p e n ite n te s . N enhu m a o u tra m en sa g em lh es foi reserv a d a , se não a do juízo iminente. 23.1-39. Juízo e lamento sobre Jerusalém. Os estrondosos "a is " da justa ira do rejei
( 3 8 8 ) Mateus
tado Filho de Davi m isturaram -se às lágri m as e n q u a n to e le a n u n cia v a b ê n ç ã o s e e sp era n ça p ara os re m a n e s c e n te s p e n i tentes que o saud arão na seg u nd a vinda com as m e ssiân icas b o a s-v in d a s de S a l mos 118.26: "B end ito o que vem em nom e do S e n h o r " .
24—25. 0 sermão do rei rejeitado no monte das Oliveiras 24.1-3. A profecia da destruição do tem plo. O rei rejeitado, na condição de profe ta, previu, nesse serm ão, os acon tecim en tos d aqu ele tem p o ainda fu tu ro em que ele reatará relações com Israel (cf. 23.39), pouco antes de sua volta gloriosa à terra. O m agnífico edifício, 1,2, que precipitou seu grande serm ão p rofético foi o tem plo de H erod es. Era tão e sp le n d id a m e n te b elo que até os ro m an o s, p o r re s p e ito à sua magnificência, pretendiam poupá-lo quan do a cidad e caiu em 70 d .C . Foi da bela vista das altu ras do m onte das O liv eiras que o profeta por excelência previu o fim do templo e do Estado judeu que ocorreria em 70 d.C. Os discípulos fizeram três per guntas, 3. "D ize-n o s quando essas coisas acontecerão (a d estruição da cidade e do tem plo)." A resposta se encon tra em L u cas 21.20-24. "E que sinal hav erá da tua vinda e do fim do m undo". A resposta está em M ateus 24.4-34. 24.4-26. Eventos da tribulação. Essas pro fecias dizem respeito ao Israel do período da tribulação, pouco antes da volta do reiM essias para fu n d a r seu re in o te rre n o , em bora o fim da presente era se caracteri zará pelas cond ições gerais m encion ad as em 24.4-8. A com paração de 4-8 com A po ca lip se 6 e v id e n cia que e sse s v e rsíc u lo s fazem re fe rê n c ia e s p e c ífic a à p rim e ira m etade do período da tribulação, quando Israel habitará em relativa segu rança por causa da aliança firm ada com o "p ríncip e que há de v ir", o anticristo (Dn 9.26). Os versículos 9-26 descrevem os acon tecimentos da última metade da tribulação, depois que o líder mundial (o anticristo) ti ver rompido sua aliança com Israel, im pon do o culto idólatra de si m esm o (Dn 9.27b;
2Ts 2.4; Ap 13.15-18). Esse período será ca racterizad o por grand e persegu ição, 9,10, 17ss. (Ap 12.12-17) e pela "abom inação as soladora" no lugar santo, 15 (Dn 9.27) — o Israel descrente será iludido por falsos pro fetas, 11,12 (Ap 13.11-18), mas o Israel cren te dará testem unho da boa nova cJo reino do M essias, 14. A vinda do M essias encer rará esses acon tecim en tos, 27. 24.27-30. A segunda vinda do M essias. A cro n olog ia dos ev en to s é esclarecid a por um a descrição da segunda vinda. Vem im e diatam ente depois da tribulação, 29, prece dida por um sinal especial, 30. A vinda será súbita, 27, e evidente para todos, 30. 24-31. A reunião de Israel. O aconteci m en to p o ste rio r à seg u n d a vind a será a reunião nacional do Israel eleito por inter m édio de m inistérios angélicos esp eciais. 24.32-36. A certeza da vinda do M essias. A parábola da figueira ilustra a certeza da segu nd a vin d a, p ois o cu m p rim en to dos sinais que serão dados na Tribulação anun ciará a vind a do M essias tão seg u ram en te q u a n to a re n o v a çã o d os ram o s da fi g ueira anu ncia a aproxim ação do verão. 24.37-51. Exortações à vigília. O s três sí miles enfatizam a im previsibilidade da vin da do Senhor, m ostrand o que as pessoas envolvidas estavam ocupadas com os cui dados triviais da vida, sem pensar na vol ta do M essias. Portanto, exorta-se o Israel d evoto a se prep arar para esse dia. 25.1-30. O juízo de Israel. "E ntão" ( a r c ) , 1, prepara para o acontecim ento seguinte à reunião de Israel — seu juízo, im ed iata mente antes da fundação do reino do M es sias. Ilustra-se esse juízo nas parábolas das dez virgens, 1-13, e dos talentos, 14-30. As dez virgens representam Israel no final da tribulação. As cinco prudentes sim bolizam o re m a n e s c e n te fie l; as cin co n é s c ia s , o seg m en to d escren te que só da boca para fora aguarda a vinda do Messias, 1-5. Elas ficarão sem azeite (símbolo do Espírito San to) e serão apartadas do reino m essiânico que está prestes a se estabelecer, 6-10. Na parábola dos talentos, 14-30, o ho m em que viaja para um p aís d istante re p resen ta C risto d u ran te sua ausência da terra. Ele confiou bens aos servos. Os que
Mateus [ 389 1
receberam cinco e dois talen tos são cren tes que participam "d a alegria do teu se n h o r" (bênção do reino), 21,23. O servo que receb eu um ta len to é e x clu íd o do rein o ("n a s tre v a s") e, no ju ízo , exp u lso ju n ta m ente com os im piedosos, 24-30. 25.31-46. O juízo das nações. 0 *re i rejei ta d o , p ara c o n c lu ir seu g ra n d e serm ã o profético, apresenta um retrato daquele a quem Israel a g u ard ara em sua p rim eira vinda, o M essias sentado no trono davídi co de glória, 31. O tem po é d eterm inad o pelo contexto, a saber, sua vinda gloriosa. A circunstância é o juízo das nações, 32,33, com postas por ovelhas e cabritos. As ove lh as são aq u eles que recebem o e v a n g e lho do reino (Mt 24.14) e tratam com bene v o lê n c ia "m e u s irm ã o s , a in d a q u e d os m ais pequeninos," o rem anescente fiel dos ju d eu s, 34-40. O s cab rito s são os ím p ios que rejeitam o Evangelho e persegu em o rem anescente dos ju d eu s, 41-46, m ostran do assim seu elo com Satanás, 41, a besta e o falso profeta (Ap 13.1-18). Aqueles que assim se alinharem contra os cento e qua renta e quatro mil pregadores do reino vin douro (Ap 7.1-8; 14.1-5) partilharão do des tino de Satanás, 41 (Ap 20.10).
26. Traição e prisão do rei rejeitado 1-16. A unção preparatória para a morte. O rei profetiza sua m orte pela últim a vez, 1,2 (cf. M t 1 2 .3 8 -4 2 ; 1 6 .2 1 -2 8 ; 1 7 .2 2 ,2 3 ; 20.18,19). Essa profecia constitui um prelú dio à iníqua deliberação dos principais sa cerdotes e escribas de matá-lo, 3-5, e a sua unção por Maria de Betânia, 6-13 (cf. Mc 14.39; Jo 12.1-8). Só ela parece ter com preendi do o significado da morte de Jesus. Mateus, ao registrar o evangelho do Rei, narra que M aria ungiu a cabeça de Jesus, com o S a muel ungira a cabeça de D avi (ISm 16.13), en q u an to Jo ão , que registra o evan g elh o do Filho de Deus, menciona somente a un ção dos pés de Jesus, a única abordagem viável do Infinito pelo finito. Essa cena, ple na de devoção, revela o caráter vil de Ju das (Jo 12.4,5) e é uma introdução à venda do Senhor, 14-19 (cf. Mc 14.10,11; Lc 22.3-6).
O valor que ele recebeu foram trinta moe das de prata, preço de um escravo comum (cf. Zc 11.12,13; Êx 21.32). 17-35. A Páscoa e a ceia do Senhor. A Pás coa, que celebrav a a lib ertação de Israel do ju go do Egito pelo sangue do cordeiro sacrificado (Êx 12), seria cumprida na mor te de Cristo, o verdadeiro Cordeiro Pascal. Na última Páscoa, 17-25, o rei, portanto, in trodu ziu a nova celebração, a ceia do Se nhor, com novo significado, 26-30: "Fazei isto em m em ória de mim " (IC o 11.24,25; grifo do autor). A linha divisória entre o a t e o n t não é a página em branco entre Mala q u ias e M ateu s, m as o sangu e de Jesu s, "san g u e da [nova] aliança derram ado em fa v o r de m u ito s[a q u e le s que o aceitam ] p ara perd ão dos pecad os", 28. O rei pro meteu que não beberia o vinho da ceia no vam ente com seus d iscípu los enquanto o reino não estivesse estabelecido na segun da vind a. D epois Jesu s previu a negação de Pedro e sua ressurreição, 31-35. 36-56. A agonia de Cristo no Getsêmani. A qu i, não hou ve m edo da m orte, m as o contato de sua alm a im aculada com o pe cado de todo o mundo, com o seu portador e agente exp iatório vicário pela m orte na cruz (Is 53.10; 2C o 5.21). Esse era o cálice que Jesus, em oração, pediu que fosse afas tado dele, 39, m as som ente se essa fosse a vontade do Pai. Sua angústia era infinita, pois sua alma, infinitam ente santa, enfren tava a p ro v ação de fazer-se pecado e de saber que o Pai lhe ocultaria a face (Sl 22.1; M t 27.46). A traição e a prisão de Jesus seguiram -se à grande luta espiritual no ja r dim , m as a vitória foi alcan çad a ali, e o C alvário foi o resultado espontâneo. 57-68. O rei diante de Caifás e do Siné drio. No julgam ento, o rei rejeitado afirmouse Filho de Deus, 64 (cf. Dn 7.13,14). Por isso foi acu sad o de blasfém ia (Jo 10.31-36). A conduta dos líd eres na suprem a corte da nação dem onstrou sua insensatez de vio lar várias das suas próprias leis para con denar Cristo (cf. mishnah, Sinédrio 4.1; 5.24). 69-75. A n egação de Pedro revelou a d e b ilid a d e até d a q u ele que co n h ecia o Senhor, m as não consegu iu ver sua pró pria fraqueza.
[ 390 I Mateus
Jerusalém na época de Cristo
jericó
Jardim do Getsêmani
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Túnel de Ezequias Tanque \ / de Salomão
r Tanque de Siloé
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I ' 1i Área da cidade na época de Jesus = Muro da cidade atual 250
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500 m
Mateus [ 391 l
27. Julgamento e morte do rei rejeitado 1-32. Jesus perante Pilatos. O Sinédrio entregou Jesu s a P ôncio P ilatos, p ro cu ra d or ro m an o da Ju d éia (2 6-36 d.C.)/ pois Rom a era a autoridade últim a. O q u a rte lgeneral de P ilatos ficava na litorânea C e saréia, m as ele viera a Jeru salém para as festivid ad es ju d aicas em virtu d e do risco de revoltas. Seu pretório, ou palácio, apa ren tem en te fazia parte da torre A ntônia, perto da atual via D olorosa. Entrem entes, Judas arrepend era-se de seu ato vil, e, to m and o as trin ta m oed as de prata (cf. Zc 1 1 .12,13; Jr 18.1-14; 19.1-3 ), a tiro u -a s no tem plo, sain d o para co m eter su icíd io , 310. A fraqueza de Pilatos e sua fútil tenta tiva de exim ir-se da resp on sab ilid ad e da cru cifica çã o de Je su s foram p a té tica s. A e sco lh a de B a ir a b á s , n o tó rio crim in o so , 15-23, acentuou ainda m ais a covard ia de P ila to s , a lé m d o a to de la v a r as m ã o s com o sinal de inocência, 24. O açoitam ento, 26, e ra m c ru é is c h ib a ta d a s co m um ch ico te de tira s de co u ro com p eça s de m etal e n g a sta d a s n ele. G e ra lm en te p re cedia a pena capital. E videntem ente, P ila tos esp erav a que e sse sev ero ca stig o s a tis fiz e s s e a m u ltid ã o , q u e, d e p o is, n ã o insistiria na crucificação. A ridicularização do rei, 27-31, rev ela as a ltu ra s de ím pia in iq u id a d e e in s e n s ib ilid a d e m o ra l que aquela época brutal alcançara. Sim ão, for çad o a ca rre g a r a cru z de Je su s, 32, era provavelm ente judeu, pois m u itos ju d eu s viviam em C iren e, cap ita l do d istrito de C irenaica, no norte da Á frica. 33-44. A crucificação do rei. "G ólg ota", em a ra m a ico , é " c a v e ir a " (la t. C alv aria, "C a lv á r io "; gr. kran ion , L c 2 3 .3 3 ). D esd e 1842, qu and o O tto T h en iu s, de D resd en, localizou o Calvário em uma colina rocho sa d u zen to s e vin te e o ito m etro s a n o r d este da p o rta de D am a sco , e, p o p u la r m ente, identifica-se esse sítio com o o local da cru cificação. Fel era um a erva am arga e venenosa, oferecid a a Je su s com o a n a l g ésico, m as recu sad a. A cru cifica çã o era p ra tica d a p elos fe n ício s e p e rsa s e, d e s ses lu g ares, foi lev ad a a R om a, ond e só
podia ser im posta a escravos e não-rom an os. N a P a le s tin a , e ssa fo rm a de m orte v erg o n h o sa e len ta m en te tortu ran te ser via com o lem brete público da servidão dos ju d eu s a Rom a, e in flig ia-se em casos de roubo, tumulto e sedição. Os soldados que tiraram a sorte cu m priram Salm os 22.18. A acu sação com p leta, com b ase nas n ar r a tiv a s e v a n g é lic a s c o m b in a d a s , era: "E ste é (M t e Lc) Jesus (Mt e Jo) N azareno (Jo), o rei dos Ju d eu s (to d os)". A cim a da cabeça de cada vítima de crucificação, inscre v ia -se seu crim e. N o caso de Jesu s, a u tiliz a ç ã o de rei, era um e scá rn io . Seus cegos algozes não se deram conta de que ele era de fa to Jesus, o rei dos Judeus. Até seu s in su ltos eram m ais verd ad eiros que p e n sa v a m e le s. "E le sa lv o u os o u tro s e não consegue salvar a si m esm o", 42 (grifo do autor). Se ele pretendia ser o Salvador do mundo, não poderia ter salvo a si m es mo. (Ver com entários sobre "A sem ana da Paixão" e "As provações de Jesu s", Lc 23.) 45-50. A m orte do rei. As três horas de trevas foram um fenóm eno sobrenatural, quando o Pai ocultou sua face ao Filho por este ter se to rn ad o pecad o por nós, b ra dando, 46, as lastim osas palavras de Sal m os 22.1. A lenta agonia da tortura física e ra o m e n o r d o s s o fr im e n to s de n o sso S en h o r em sua con d ição de p o rtad or do pecado, pois o Pai ocultou-lhe a face quan do sua alm a im aculada sentiu o fardo es m agad or do pecad o do m undo. O rei, de bom g rad o, "e n treg o u o e sp írito ", 50 (cf. Jo 10.18). Sua morte, com o ato de sua von tade, foi diferente da m orte física de qual quer ou tro hom em . 51-56. O fim do período da lei. O rasgam ento sobrenatu ral do véu (Josefo relata que o véu tinha espessura de dez centím e tros) que separava o lugar santo, no qual os sacerd o tes podiam entrar, do san tíssi m o, no q u a l so m e n te o su m o sacerd o te podia en trar um a vez por ano, no dia da expiação (Ex 26.31; Lv 16.1-34), cujo signifi cado era que um "novo e vivo acesso" fora aberto para todos os crentes até a presen ça de Deus pela morte de Cristo (cf. Hb 9.18; 10.19-22). Uma nova era alvorecia, na qual sacrifícios cruentos, o tem plo e o sacerdó
! 392 1 Mateus cio esp ecial arâm ico já não se faziam n e cessários. A ressu rreição m en cion ad a em 52,53 aconteceu após a ressurreição de Cris to (cf. Lv 23.10-12), pois ele é as prim ícias (IC o 15.20). O centurião rom ano reconhe ceu o rei crucificado como "Filho de D eus", 54 (cf. Mc 15.39-41; Lc 23.47-49). 57-66. O sepultam ento do rei. Ele foi se pultado com ternura e amor em um túmulo novo, oferecido por um hom em rico (Is 53.9). José era de A rim atéia, cerca de d ezesseis quilóm etros a sudeste de A ntip átrid e. As p recau çõ es que seu s in im ig o s tom aram para proteger o túmulo, selando-o e desta cando sold ad os para a g u ard a, 62-66, só resultaram na divina destruição dos planos dos ím pios, fornecendo um a prova irrefu tável da ressurreição do rei.
28. A ressurreição do rei rejeitado 1-10. A ressurreição. O sábado term ina va às 18 horas, e as m u lheres, p o u co an tes do raiar do dia de domingo, a prim eira Páscoa (cf. Jo 20.1), foram ao túm ulo para ungir o corp o de Jesu s. A ssim , d em o n s
traram m uito am or, m as pouca fé em sua ressurreição (Mc 16.1,11), sendo as últim as à cruz, e as prim eiras a chegar ao túmulo. O poder e a m ajestad e de D eus se m an i festaram no terrem oto, no anjo que rem o veu a pedra e no pavor dos guardas, 2-4. A p ed ra, im p o rtan te é n otar, foi reftiovid a depois que o rei fora ressuscitado, para que os discípulos pudessem olhar para dentro, e não p ara que o Senhor da glória pudesse sair. Ele já havia ressuscitado em um corpo glorioso (cf. Fp 3.20,21), que não m ais esta va sujeito a leis natu rais. O s esp avorid os guardas rom anos não estavam tendo uma a lu c in a ç ã o q u a n d o " t r e m e r a m " d ia n te d essa m a n ife sta çã o do p o d er de D eu s e "ficaram com o m ortos diante d ele". O anjo anunciou a m ensagem jubilosa da Páscoa: "E le não está aqui, m as ressuscitou, com o havia falad o", e depois nova prova da re alidade do ocorrido — "V in d e, vede o lu gar onde ele estava", 6. M orto por afirm ar ser o re i d os ju d e u s, a g o ra re s su s c ita ra porqu e era Rei dos reis e Sen h or dos se nhores (A t 2.20-36). Rejeitado por Israel em sua p rim eira vin d a, será aceito com o rei
A tumba do jardim, onde Jesus teria sido enterrado, fica na parte externa da cidade velha de Jerusalém. O local nos dá uma clara idéia de como eram as sepulturas lavradas nas rochas.
Mateus I 393 ]
Comparação entre Mateus e Marcos Mateus
Marcos
Jesus como rei
Jesus como servo
Para os judeus
Para os gentios
Jesus como o profetizado rei operador de milagres
Jesus, o servo operador de milagres
Arraigado na profecia do
M uito menos referências às profecias do a t
at
A chave são os desígnios de Deus para Israel
A chave são os desígnios de Deus para o mundo
Divindade do rei pelo nascimento, profecia cumprida, obras
Divindade do servo pelas obras prodigiosas
Registro de eventos relativos ao rei — genealogia, nascimento em Belém, visita dos magos, infância em Nazaré
Tudo isso é omitido, por não ser apropriado ao retrato de servo
Sermão do monte, proferido como rei, dá os princípios do reino
Omitido
Inclusão de muitas parábolas que pertencem ao evangelho do rei, mas que não são apropriadas ao evangelho do servo
Omite muitas parábolas — cinco das de M t 13; numerosas outras, especialmente as de M t 25
Apresenta a rejeição do rei dos judeus, a forma de mistério do reino, desde sua rejeição até a segunda vinda para restituir o reino a Israel
Apresenta o servo do Senhor na vida, morte e ressurreição, trazendo salvação à humanidade
no segundo advento (Zc 12.10—13.1; Is 9.17; 11.1-16; 52.13—53.12). D epois da m ensa gem a n g é lica , o rei re s su s c ita d o a p a re ceu aos d iscíp u lo s, 8-10. S ob re a ordem dos a co n te cim e n to s, v er M arco s 16. Ver co m en tário sob re Jo ão 20 em "A au ten ti cação da re s su rre içã o ". 11-15. O falso relato dos judeus. O der rad eiro ato que coroou a re je içã o e tra i ção de C risto pelos líderes de Israel reve lou sua terrível im piedade. Tinham provas cab ais da ressu rreição , 11, m as a re je ita ram, 12, subornando os soldados para que m e n tisse m s o b re to d o o o c o rrid o . M as D eus, soberano, usou a tram a com o m ais um a prova da ressu rreição . Se os so ld a d o s ro m a n o s de fa to a d o rm e c e ra m , 13,
eram passíveis da pena de morte. E, ador m e c id o s, seu te ste m u n h o a re s p e ito do suposto roubo não teria valor nenhum . 16-20. A grande com issão. O rei ressurre cto d eu aos on ze d isc íp u lo s a g ran d e com issão, exp ressa em term o s ap licáv eis à form a atual do reino (cf. com entário so bre M t 13.1,2). Sua autoridade, que se es ten d e a to d o re in o , su ste n ta v a a co m is são, que exig ia o recru ta m en to de todos os h om ens sob sua lid eran ça ("fa z e i d is cíp u lo s"), id en tifican d o-o s consigo e com seus seg u id o res no rito do batism o e en sin an d o -lh es as verd ad es da Palavra, 1820. O evangelho term ina com a prom essa da co n tín u a p resen ça do S enhor ao lado dos seus, 2 0 b.
Marcos 0 evangelho do Servo do Senhor O autor. A igreja primitiva atribuiu o segundo evangelho a Jo ão Marcos, o filho de certa Maria de Jerusalém (A t 12.12). Ele
que esse forte Filho de Deus é servo do homem, Salvador e resgatador (M c 10.45).
acom panhou Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária (A t 13.5), mas,
igreja primitiva declaram que M arcos escreveu seu evangelho em Roma, quando
por alguma razão, separouse deles em Perge (At 13.13). Mais tarde, com o Paulo se recusou a aceitar M arcos na segunda viagem, Paulo e Barnabé se separaram .
era discípulo de Pedro. Portanto, deve ser datado entre 64 e 68 d.C. A crítica o considera o mais antigo dos
Marcos, assim, seguiu com Barnabé. Mais tarde, Paulo e
material que os três evangelhos sinóticos (M t, M c e Lc) têm em comum. M as não se deve concluir
M arcos se reconciliaram (Cl 4.10,11). Marcos, o autor desse evangelho, é mencionado por Papias por volta de 135 d.C., por Justino Mártir, por volta de 150 d.C. e, ainda, por Clem ente de
Lo cal e data. Autores da
evangelhos. Calcula-se que contenha cerca de 9 3 % do
necessariamente que os outros evangelhos sinóticos dependam de Marcos. O Espírito de Deus inspirou cada
Alexandria e Ireneu, um pouco mais tarde. Marcos, da mesma form a que Lucas, não foi apóstolo como M ateus e João.
Im agem de M arcos, au tor de um do s e va n g e lh o s, e scu lp id a nas p ared es da Igre ja da A n u n ciação em
N atu reza e p ro p ó sito do e va n g e lh o de M arcos. Esse
Nazaré.
é o mais curto dos quatro evangelhos. Tem uma narrativa de m ovim ento e ação dinâmicos. Expressões com o "im ed ia ta m en te", "lo g o " são usadas mais de quarenta vezes, por exemplo, na kin g ja m e s v e r s io n . Apresenta Jesus agindo, mais que falando. Dirige-se não aos judeus, com o Mateus, mas ao mundo romano, ; dando:um retrato de Jesus : corno o poderoso Filho de ; Deus, cuja Palavra é Lei nos reinos natural e sobrenatural. O paradoxo é
auto r ind ep end entem en te, de form a que o evangelho de M ateus pode, de fato, ser anterior (c.50 d.C.) a Marcos, bem com o o de Lucas (c.58 a.C.). Ver "O s evangelhos sinóticos", na introdução a Lucas.
Esboço 1.1-13 A vinda do servo 1.14— 13.37 A obra do servo 14.1— 15.47 A morte do servo 16.1-20 A ressurreição do servo
Marcos I 395 ]
1.1-13. A vinda do servo 1. A identidade do servo. Ele é "Jesu s (ver com en tário sob re M t 1.18-25) C risto [M essias, o Ungido], o Filho de D eu s", i.e., a d iv in d a d e e n ca rn a d a . P rim e ira m e n te , enfatiza-se a divindade do servo. E sse é o "e v a n g elh o ", as boas novas. N ão fora ele Filho de Deus, não poderia ter sido o ser vo p erfeitam ente obediente, nem o triu n fante operador de prodígios e Salvador do m u nd o; a filia çã o e a co n d içã o de servo estão in tim am en te ligad as. 2-8. A vinda prom etida e anunciada do s e rv o . M a la q u ia s p r e v iu su a v in d a , 2 (M l 3.1), bem com o Isa ía s, 3 (Is 4 0 .3 ); e tam bém Jo ã o B atista, seu p re cu rso r (ver co m e n tá rio s so b re M t 3 .1 -1 2 ), an u n cio u sua vin d a. O m in isté rio de Jo ã o , é bom lem b rar, fo i d irig id o a Isra e l. Seu b a tismo, com o p ro fe ta de Isra e l, n ã o era um b a tism o cristã o (cf. A t 19 .1 -6 ). E ra para p re p a ra r Isra e l para o rein o o fere cid o e p a ra a re c e p ç ã o d o d iv in o re i. M a rco s m en cio n a co n c isa m e n te o m in isté rio de João, m eram ente para introd u zir o servo. M arcos, d iferen tem en te de M ateu s 3.11 e Lucas 3.16,17, m enciona som en te o b a tis mo do Espírito Santo, 8, realizado na pri m eira vind a (cf. A t 1.5 com 2.4 e 11.16), m as om ite o b atism o "co m fo g o ", ligad o ao juízo da segunda vinda. A razão é que C risto , com o serv o h u m ild e, n ão e x e c u tou o julgam ento, com o o fará quando vier com o rei (M t) e Filho do hom em (Lc). (Ver com entários sobre M t 3.11; cf. L c 3.16,17.) 9-11. O batism o do servo. (Ver com entá rios sobre M t 3.13-17 e Lc 3.21,22.) O im acu lado, na condição de servo-Salvador, sub m eteu -se ao b atism o dos p ecad ores para id en tificar-se com eles e com suas n eces sidades. A essên cia de seu m in istério era buscar e salvar os perd id os (M c 10.45). O b a tism o fo i sua in icia çã o n essa ob ra sa cerd otal red en tora. 12,13. A tentação do servo. Essa era uma necessidad e divina, pois sua hum anidad e tinha de ser testad a em sua con d ição de servo, 12 (cf. M t 4.1-11; Lc 4.1-13). Aqui, dian te de Satanás (do heb. sâtân, "ad versário"), ele saiu-se vitorioso do conflito, provando-
se digno de "d ar a sua vida em resgate por m u ito s". O "d e serto ", 12, e as "fera s", 13, testemunhas de uma criação maculada pelo pecad o, revelaram a au to-hu m ilhação do Criador que veio para vencer a criatura caida, Satanás, e triunfar em m eio às condi ções provocad as pela Q ueda.
1.14-15. 0 ministério na Galiléia 14,15. A mensagem do servo. Mateus re lata que João (ver comentário sobre Mt 3.2) e Jesus (ver com entário sobre M t 4.17) pre g a ra m a m esm a m e n sa g em , q u e fa la v a de arrep en d im en to e da proxim idad e do rein o do céu. M arcos, in clin a n d o -se aos gentios, usa um term o m ais amplo e abran gente: "reino de D eu s", 15, que seria mais apropriado. A d istinção m ais sim ples tal vez seja que o reino de D eus é universal, incluindo o povo de Deus de todas as eras (Lc 13.28,29; Hb 12.22,23), em contraste com o reino do céu, davídico, m ediatário e m es siânico, tendo com o meta o estabelecim en to do reino de D eus na terra. 16-20. O servo recruta auxiliares. Jesus, ele m esm o serv o h u m ild e, cham ou m o d esto s p e sca d o re s, 16-20, para fa z er d e le s " p e s c a d o r e s de h o m e n s " , 17. D o s doze, pelos m enos q u atro — Sim ão, A n dré, Tiago e João — eram pescadores (cf. M t 4.18-22; Lc 5.1-11). Esses, antes, h av i am crido (Jo 1.35-42) e, agora, eram ch a m ad os ao co m p ro m etim e n to da vida ao serviço, (cf. com en tário sobre "O m ar da G aliléia" em M c 6.) 21-28. O servo expulsa d em ón ios em Cafarnaum . O m inistério do servo era di n âm ico, e não ritu alista, 21,22. Ele, incom ensuravelm ente pleno do Espírito Santo (cf. Jo 3.34), d esafiava os esp íritos im u n dos, 23, i.e., dem ónios (cf. Lc 4.33; Mc 5.1-20 e com en tário sobre d em onism o). 29-45. O utros m inistérios do servo. En tre esses m in istério s in clu íra m -se a cura da sogra de P ed ro, 29-31 (cf. Mt 8.14,15; Lc 4.38,39); a cura de m u itos, a expulsão de d em ó n io s, 3 2 -3 4 (cf. c o m e n tá rio s o bre M c 5 .1 -2 0 ); a vida de oração do ser vo, 35; sua viagem pela G aliléia, 36-39; e a cura de um leproso, 40-45.
I 396 1 Marcos
? A transfiguração (Mt 17.1-13)
A gameia na epoca de Jesus
Monte Hermom T I R O Encontro com a mulher siro-fenícia (Mc 7.24-30)
Pedro conl Jesus é o P (Mt 16.13-
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Jesus é rejeitado em sua própria cidade (Lc 4.28-30) ^ 7% //
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filóteria
o Gadara QNaim Ressurreição do filho da viúva (Lc 7THM7)
Cura do surdo-mudo (Mc 7.31-37)
\ Citópolis
2. Continuação do ministério em Cafarnaum 1-12. Cura do paralítico. O servo voltou a seu quartel-general em Cafarnaum . A cura do paralítico foi prova de sua divindade, pois só ele pode perdoar os pecados, 5. O s es cribas — copistas e intérpretes das Escritu ras (escribas) — perceberam isso, m a s se recu saram a crer em su a d iv in d a d e que se m anifestara por m eio dos p ro d ig iosos m ilagres operados, 6,7. Seus m ilag res fo ram selecio n ad o s para p ro v ar isso , 8-11. O hum ilde servo era o Salvad or do m u n
do, 10, que curava a doença física e m en tal, pois podia tratar do grande problem a su b ja ce n te do p erd ã o d o p ecad o, 12 (cf. M t 9.1-8; Lc 5.18-26). 13-22. O cham ado de M ateus. Sendo co brador de impostos para Roma (publicano), Levi era desprezado e tido com o pecador comum, 14. O am or de Jesus pelos pecado res, seu santo d esejo de salvá-los, 15, e a m aravilhosa hu m ild ade que d em onstrava ao m is tu r a r-s e com e le s re v e la v a m seu caráter de verd ad eiro servo, 16,17, e pro v o cavam a ira dos e scrib a s e fa riseu s. A q u e stã o le g a lis ta do je ju m m o stro u que
Marcos [ 397 ]
Cafarnaum Esse movimentado porto pesqueiro na costa noroeste do mar da Galiléia, quatro quilómetros a sudoeste do ponto onde o Jordão desemboca no lago, é identificado ao moderno Tell Hum, onde se vêem extensas ruínas (cf. Mt 11.23). Era também um posto de coleta de impostos (Mt 9.9; 17.2427), recolhendo tributos das caravanas vindas de Damasco rumo à costa do Mediterrâneo e ao Egito.
Ali ficava o quartel-general de iesus. As escavações em Tell Hum revelaram uma das mais belas sinagogas de pedra branca calcária da Palestina, restaurada pelos francíscanos. Decorada com motivos de centauros, leões, águias, palmeiras e videiras, é datada do século ii ou m d.C. Provavelmente, foi construída sobre o local em que se encontrava a sinagoga onde Jesus pregava.
Relevos da antiga Cafarnaum.
Ruínas de sinagoga do terceiro século em Carfarnaum.
[ 398 1 Marcos Cristo era o "noivo", 18-20 (Jo 3.29), aquele que trazia a graça de D eu s. E n q u a n to o noivo, portador da graça, estava com eles, não havia m otivo para luto nem jeju m . A graça superaria a lei. A ocasião pedia ale gria. A parábola, 21,22, elucida ainda mais a mudança que se aproxim ava da dispensação legal do a t . A roupa velha e a vasilha de couro velha (judaísm o legalista) não podi am se m isturar ao pano novo e ao vinh o novos (o evangelho da graça, Jo 1.17, a ser introd u zid o por C risto). (Ver com en tário sobre Mt 9.16,17; cf. Lc 5.36-39.)
23 -2 8 . O serv o e o sá b a d o . In tim a m en te lig a d o à v in d o u ra m u d a n ça d as d isp e n sa ç õ e s está o e p is ó d io que rev ela o s e rv o co m o "S e n h o r a té m e sm o d o s á b a d o ", 28. C om o C ria d o r, ele d escan sou no sétim o d ia. C om o sin al de su a a lia n ça com seu p ovo Isra el, o sábadcf se to r n a ra im p o rta n te p a ra e le s g ra ç a s a sua r e le v â n c ia e s p ir itu a l. E le , co m o s e r v o re d e n to r, p o r m eio de su a m o rte e re s su rreiçã o , su p la n ta ria o dia sag rad o com o d ia d o Sen h or. (V er co m e n tá rio sob re M t 12.1-8.)
Reprodução artística da casa de um lavrador
1 Estábulo 2 Cómodos usados pela família 3 Manjedoura
4 Telhado feito de galhos de árvores e argila compactada 5 Rolo usado para compactar a argila do telhado
Mancos [ 399 1
3. O servo continua a revelar sua divindade 1-12. A cura do hom em da m ão resse q uida. C om esse m ilag re na sin ago g a, o servo provou o que dissera sobre o sába do em 2.27,28. O legalism o vazio e a com pleta h ip ocrisia dos ju d eu s, 1-4, p rovoca ram sua ju sta ira, 5. E les se recu saram a crer, e a d ureza do coração d eles foi que irrito u o Senhor. O s fa rise u s (leg a lista s) u n ira m -se aos h e ro d ia n o s (co n fo rm ista s helenizantes) na rejeição e no ódio ao ser vo, 6, que foi p regar àqueles que q u ises sem receber seu gracioso m inistério, 8-12. 13-19. A escolha dos doze (cf. M t 10.1-4; Lc 6.12-16; At 1.13). Pedro. O nom e Pedro significa "p ed ra " (g r.). C e fa s é a ra m a ic o . E le e ra ca sa d o (M t 8.14; M c 1.30; Lc 4.38). Em bora tenha v in d o de B etsa id a (Jo 1.44 ), m o ra v a em Cafarnaum e era pescad o r e sócio de T i ago e Jo ã o . E ra u m a e stra n h a co m b in a ção de cov ard ia e coragem , im p u lsiv id a de e intrepid ez. Sua relação com o servo, porém , ap e rfe iço o u -lh e o ca rá ter, fa z e n do d ele um n otável cristão. T iago. Irm ão de João, am bos ap elid a dos Boanerges ("filh o s do trovão"). Eles e seu pai, Z ebed eu , tocavam um a so cied a de pesqu eira com os irm ãos Sim ão Pedro e A ndré. T iag o foi m artirizad o no tem po de H erodes (At 12.2). João. Ver introd u ção ao evangelh o de Jo ã o . André. Um dos prim eiros conversos do servo, que levou seu irm ão Pedro a Cristo (Jo 1.40-42). Filipe, como Pedro e André, era de Bet saida, cidade à beira do lago a nordeste de Cafarnaum. Filipe levou Natanael a Cristo. B a rto lo m e u . P o u co se co n h ece d ele. A lguns o identificam com o N atanael. M ateu s. Ver in trod u ção ao evangelho de M ateus. Tomé ("g êm eo ") revelou zelo (Jo 11.16), m as tam bém um esp írito cético com re s peito à ressurreição de Cristo (Jo 20.24,25). Isso, p o rém , d issip o u -se co m p le ta m e n te d ia n te da p ro v a fo rn e cid a p elo c o n ta to com o C risto vivente.
Tiago, filho de Alfeu. Alguns identifi cam T iag o (heb. "Ja c ó ") com o Tiago do prim eiro concílio da igreja (At 15), autor do livro de Tiago (cf. A t 21.18), em bora se creia m ais co m u m en te que T iag o, o irm ão de Jesus, fosse o líder da igreja de Jerusalém e e sc rito r m e n cio n a d o em A tos. Ele era cham ado "Tiago, o m en or" (Mc 15.40; a r c ) , ev id en tem en te por ter estatu ra m ais b a i xa que o outro Tiago filho de Zebedeu. T a d e u . T ra ta -s e d a fo rm a g re g a de T h e u d a s , se n d o L eb e u seu so b re n o m e . P rov av elm en te, esse nom e é um apelid o do Ju d a s m en cio n a d o em L u cas e A tos, escolh id o para evitar confusão com Judas Is c a rio te s . Sim ão, o Z elote, fora m em bro de uma fa cçã o e xtrem am en te n a cio n a lista do ju daísm o. M ateus, o publicano, representa va o extrem o op osto. E in teressa n te que Je su s ten h a e sco lh id o h om en s de p a ssa do tão diverso. Ju d as Iscariotes. Ju d as é a form a g re ga de Judá. Era a ovelha negra dos doze. A v aren to, g a n a n cio so e a m b icio so , p re feriu n eg ar o Senhor quando fracassou a e sp era n ça de carg o s e recom p en sa ré g i as (M t 26.14,47; 27.5; A t 1.18). 20-30. O pecado im perdoável. Veja no tas sobre M ateu s 12.24-37. 31-35. A nova relação do servo. Ver co m en tário sobre M ateu s 12.46-50.
4. 0 ensinamento do servo à beira do mar 1-29. A parábola do semeador. M arcos d esen v o lv e som en te duas das sete p ará bolas expostas em M ateus 13, e as liga ao presente reino de Deus, 11, 30, e não, como M ateus, ao reino do céu. Isso porque M ar cos ap resen ta o ev an g elh o do servo, não o do rei, e a servidão de Cristo está ligada ao co n tex to m ais am plo do reino ab ran gente de Deus, e não ao reino mais nacio nal dos céus, que envolve o propósito divi no últim o de Israel. Essa p arábola diz resp eito à recepção d a d a à P a la v ra de D e u s (s e m e n te ) no m u nd o. Tal v erd a d e foi ap resen tad a em um a parábola para que os crentes pudes
[ 400 ] Marcos
Provável local da casa de Pedro, em Cafarnaum, que mais tarde abrigou uma das primeiras igrejas cristãs, e onde hoje se encontra uma capela franciscana.
sem ser instruíd os sem revelar o co n teú do da instrução àqueles que são e sp iritu alm en te cegos, caren tes de co m p reen sã o e sp iritu al, 11,12. N essa paráb ola, co n sta ta -se cla ra m e n te o v ív id o co n tra s te e n tre a m era c o n fissã o e a p o sse g e n u ín a da Palavra. N ão só o evangelho d eve ser ap rop riad o, m as tam bém p recisa b rilh a r em testem unho, 21-25, e crescer p ara fru tificar, 26-29. 30-34. A parábola da sem ente de m os tarda. Aqui o servo descreve o rápido cres cimento do presente reino de Deus, pois a se m e n te de m o s ta rd a é e x tr e m a m e n te pequena, m as, quand o sem ead a, cresce e vira um a árvore de três m etros e m eio de altura. A referência às aves pode su g erir que, com o crescim en to do rein o, co isa s indignas do reino de D eus tentem alojarse lá (cf. Dn 4.20-22). 35-41. O servo e a tem pestade. A tem p estad e é um a co n clu são a d eq u ad a d es se capítulo que antecipa a era atual. O ser vo estava com seu s servos no b arco. Seu d estin o era tam b ém o d ele s, e su a p r e sen ça, a se g u ra n ça d e le s. A re p re e n sã o aos ven to s m o strou seu p o d er e lib e rta
ção, disponíveis para os seus. (Cf. M t 8.2327; L c 8.2 2 -2 5 .) Ver co m en tário sob re "O m ar da G aliléia" em M arcos 6.
5.1-20. 0 poder do servo sobre Satanás A hum anidade im aculada do servo de sa fia v a os d em ó n io s. C h a m a -se o lu g a r onde o en d em o n in h ad o foi cu rado, 1, de "te rra d os g a d a re n o s" em M ateu s (8.28). L u cas (8.26) m en ciona a "te rra dos geras e n o s", e as au to rid ad es textu ais an tig as d ivergem , cham an do os h ab itan tes da re gião de "g erasen os", "g ad arenos" ou "gerg e se n o s". A lg u n s situ am G erg esa (atu al K u rsi, localid ad e m in ú scu la) na m argem oriental do m ar da G aliléia, pouco abaixo do uádi es-Sem ak, ond e colin as íngrem es encontram o lago. Todavia, G adara (Umm Q eis), o ito q u iló m etro s a su d este da ex tre m id a d e m e rid io n a l do lago, p o d e ser id e n tific a d a . E ssa im p o rta n te cid a d e da D ecáp olis pode m u ito bem ter esten d id o seus assentam entos até a m argem do lago n aq u ele p eríod o. Ver com en tário sobre a D ecáp olis em M arcos 7.
Marcos í 401 J
Demonismo Os demónios são espíritos malignos ou imundos (cf. Mc 1.23 com Mc 1.32-34; Ap 16.13-16), e anjos caídos, servos de Satanás (Mt 12.26,27; 25.41). Há somente um diabo, mas miríades de demónios que servem ao diabo e tornam seu poder praticamente universal. O endemoninhado (Mc 5.120) é uma pessoa cuja personalidade foi invadida por um ou mais demónios, que podem falar e agir por meio de sua vítima humana, corrompendo a mente e o corpo dela. Várias dessas vítimas de Satanás foram libertadas pelo servo (ver "Expulsão de demónios" abaixo). O poder ilimitado de Deus que agia por meio da humanidade imaculada do servo desafiava o mundo sobrenatural do mal, o que explica a eclosão de demonismo durante seu ministério terreno. A realidade e a personalidade dos demónios são atestadas em todas as eras da história desde a Queda, como no caso de Saul com a médium espírita de En-Dor (1Sm 28.7-20), no caso da antiga idolatria da qual o demonismo era a força dinâmica (SI 106.36,37; 1Co 10.20), na antiga divinação e magia, na antiga necromancia e no moderno espiritismo.
Expulsão de demónios Casos específicos Mc 1.21-28; Lc 4.31-37. Endemoninhado na sinagoga de Cafarnaum. M t 9.32-34. Endemoninhado mudo. M t 15.21-28; Mc 7.24-30. Filha da mulher siro-fenícia. M t 8.28-34; Mc 5.1-20; Lc 8.26-39. Endemoninhados gadarenos. M t 12.22; Lc 11.14. Endemoninhado cego e mudo. M t 17.14-21; Mc 9.14-29; Lc 9.37-43. Criança epilética.
Os demónios podem degenerar a mente e o corpo (Mt 12.22; 17.15-18, Lc 13.16). Conhecem a divindade e a soberania de Cristo no mundo espiritual (Mt 8.31,32; Mc 1.24; At 19.15; Tg 2.19) e têm consciência de sua predestinada sina (Mt 8.31,32; Lc 8.31). Têm um papel importante no governo do sistema satânico mundial (Dn 10.13; Ef 6.12), na promoção das seitas e da falsa doutrina (1Tm 4.1-3) e na oposição ao plano de Deus e ao povo de Deus (Ef 6.12; 1Jo 4.1-6). A oração é o recurso do crente contra Satanás e os demónios (Ef 6.10-20). Ver também comentários sobre "Demonismo" em Lucas 11.14-28.
[ 402 ] Marcos
Milagres Métodos e propósito dos milagres do servo Jesus não operava milagres somente em virtude da sua divindade, mas na pessoa de sua imaculada humanidade unida à divindade. Era o Espírito Santo agindo com poder ilimitado por meio da incorrupta natureza humana de Jesus que operava esses prodigiosos sinais pela palavra falada, ocasionalmente combinada a agentes físicos, como o barro ou a saliva. O propósito dos milagres do servo era autenticar o rei (Mt), o servo (Mc), o homem (Lc) e Deus (Jo) como o Criador-Redentor, o Deus feito homem, o Verbo eterno feito carne, o rei de Israel e Salvador do mundo. Os milagres de Jesus eram provas exteriores de sua condição divina e messiânica (cf. Jo 15.24). Eles também eram expressão de seu amor pela raça humana e sinal de sua identificação com os homens, operados em favor da redenção do sofrimento, do pecado e da morte. A maioria dos milagres de Jesus não foi registrada (cf. Mt4.24; Lc4.40; Mc6.53-56; Lc 6.17-19; Mt15.30,31 ;Jo 21.25). Os efetivamente registrados, como no evangelho de João (cf. Jo 20.30,31), foram rigidamente selecionados para um propósito específico — inspirar fé em Jesus como o "Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome".
Milagres de cura física Um leproso Um paralítico Febre (sogra de Pedro) Cura do filho de um oficial do rei Enfermidade física Mão atrofiada Surdez e mudez Cegueira em Betsaida Em Jerusalém Bartimeu Dez leprosos Orelha decepada de Malco Hemorragia Hidropisia
Mt 8.2-4; Mc 1.40-45; Lc 5.12-15 Mt 9.2-8; Mc 2.3-12; Lc 5.18-26 Mt 8.14-17; Mc 1.29-31 Jo 4.46-53 Jo 5.1-9 Mt 12.9-13; Mc 3.1-6; Lc 6.6-11 Mc 7.31-37 Mc 8.22-25; Jo 9 Mc 10.46-52 Lc 17.11-19 Lc 22.47-51 Mt 9.20-22; Mc 5.25-34; Lc 8.43-48 Lc 14.2-4
Milagres de ressurreição Filha de Jairo Filho da viúva Lázaro de Betânia
Mt 9.18-26; Mc 5.35-43; Lc 8.41-56 Lc 7.11-15 Jo 11.1-44
Milagres operados na natureza Transformação de água em Vinho em Caná Dissipação de uma tempestade Pesca sobrenatural Multiplicação de alimentos:
Alimentação dos cinco mil Alimentação dos quatro mil Andar sobre a água Dinheiro tirado de um peixe Figueira que secou
Jo 2.1-11 Mt 8.23-27; Mc 4.35-41; Lc 8.22-25 Lc 5.1-11; Jo 21.6 Mt 14.15-21; Mc 6.34-44; Lc 9.11-17; Jo 6.1-14; Mt 15.32-39; Mc 8.1-9 Mt 14.22-33; Mc 6.45-52; Jo 6.19 Mt 17.24-27 Mt 21.18-22; Mc 11.12-14
Marcos [ 403 1
5.21-43. 0 poder do servo sobre a doença e a morte O servo é o im aculad o Filho de Deus, Senhor do m undo espiritual, 1-20, tendo já d em on strad o sua au to rid ad e sob re S a ta n á s e os d e m ó n io s; a g o ra d e m o n stra v a esse poder sobre aquilo que o pecado h a via introduzido na raça hum ana — a doen ça e a m orte.
6—7. A rejeição do servo 6.1-6. Em sua terra. A qui se expressa a d escrença em sua p esso a e obra. O povo o via realm ente com o filho de José, com o carpinteiro, 3, e com o m ero hom em peca dor com irm ãos e irm ãs (cf. Lc 4.16-30). 6.7-13. Ele envia os Doze. (Cf. M t 10.542; Lc 9.1-6.) 6.14-29. D escrição do m artírio de João Batista. (Ver com entário sobre M t 14.1-14; Lc 9.7-9.) H erodes A ntipas, filho de H ero d es, o G ran d e, g o v ern av a a G a lilé ia e a P eréia com o tetrarca (4 a .C .-3 9 d.C .). Foi p o r ca u sa de seu ca sa m e n to in c e s tu o s o com a sobrinha H erodias, ex-m ulher de seu m eio irm ão Filipe, que ele m andou assas sin ar Jo ão B atista. 6.30-44. O m ilagre da alim entação dos cinco mil. Ver com entário sobre "M ilagres" em M arco s 5. 6.45-52. O m ilagre de cam inhar sobre a água (cf. M t 14.22-32; Jo 6.15-21). O servo é o poderoso Filho de Deus. 6.53-56. Curas em G enesaré. G enesaré é a fértil planície da curva noroeste do m ar da Galiléia, onde a borda do paredão m on tanhosa se aplaina. Em bora rejeitado pela gente da sua própria terra, e por outros, o se rv o , m is e ric o r d io s a m e n te , c o n tin u o u sua m issão de buscar e salvar os perdidos (cf. M t 14.34-36). 7.1-23. O ritualism o vazio dos fariseus. O s fa rise u s, p re o cu p a d o s com as m era s form as exteriores do tradicionalism o, m as p riv a d o s de fé e de re a lid a d e e sp iritu a l (2Tm 3.5), ficaram cegos por causa de sua re je içã o e o p o sição ao serv o , o F ilh o de D eus. C u m priram Isaías 29.13 (ver 6,7; cf. com entários sobre M t 15.1-20).
7-24-30.0 servo e a mulher siro-fenícia. Ver com entário sobre M ateus 15.21-28. O servo não podia ocultar-se, 24, pois estava aqui ma n ife sta n d o seu m in istério de serviço (cf. M c 10-45). Isso prenuncia a extensão do evan gelho aos gentios após a rejeição do rei e do reino por Israel. Repare que Marcos não men ciona que a mulher chamou Jesus de filho de D avi, fato apropriadam ente registrado no evangelho do rei (Mt 15.22). Ver nota sobre "D em onism o", Marcos 5.1-20, e sobre "M ila g res", M arcos 5. Tiro ficava no litoral, qua renta quilómetros ao norte de Ptolemaida e trinta e dois quilómetros ao sul de Sidom. 7 .3 1 -3 7 . A cu ra do su rd o e gag o (cf. M t 15.29-31). Ver com entário sobre "M ila g re s " em M a rco s 5, e so b re "O m ar da G a liléia " em M arcos 6.
A Decápoiis A D ecápoiis (dez cidades) ficava na re gião a sudeste do m ar da Galiléia. Era uma confed eração de cidades h elenísticas (ori-
Escavações nrras raivas de 'OtópOlis-^;■* (Bete-Séã), uma das dez ctdades«que b integravam a região de Decápoiis, à sudeste do mar da Galiléia.
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O mar da Galiléia Nos dias de Jesus, essa bela extensão de água doce, de vinte um quilómetros de comprimento e doze de largura, era pontilhada de cidades populosas, como Cafarnaum (ver comentário sobre Mc 1.2128), Betsaida, Corazim, Magdala e Tiberíades. O lago situa-se em uma depressão, duzentos e treze metros abaixo do nível do mar, e o clima semitropical é bastante saudável. Era, com
frequência, sujeito a tempestades repentinas e violentas, em virtude da colisão do ar frio dos montes nevados do Líbano com o ar mais aquecido acima do lago. É muito piscoso, sendo a pesca uma atividade importante (cf. Mt 4.18-22; Mc 1.16-20). O clima ensolarado, aliado às terapêuticas fontes sulfurosas perto de Tiberíades, fez dela uma meca dos enfermos, solo fértil para o ministério de cura de Jesus (Mc 1.32-34). Corazim
0 Ministério de Cristo na Galiléia Sennabris Libertação de dois endemoninhados e afogamento dos porcos gadarenos (Mt 8.28-34)
Magada
Genesaré
Cidade de Maria Madalena Fariseus e saduceus provaín Jesus (M t
Sermão do monte (M t 5—7)
Cafarnaum
Cura do criado do centurião (M t 8.5-13) Cura do paralítico (M t 9.1-8) O chamado de Mateus (Mt 9.9-13) Ressurreição da filha de Jairo (Mt 9.18-26) Comissionamento dos doze apóstolos (M t 10)
Betsaida-Júlias Multiplicação dos pães (M t 14.13-21)
Tiberíades
? Gergesa Libertação de dois endemoninhados e afogamento dos porcos gadarenos (M t 8.28-31)
Gadara
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g inalm ente dez). Todas elas — exceto C itópolis (Beisan), pouco a oeste do Jordão, n a e n tra d a de E sd re lo m — fic a v a m na Transjordânia, ao sul da G aulanítide do tetrarca Filipe, a oriente da m etade setentri onal da Peréia de H erodes Antipas e a oci d e n te e ao n o r te d o e sp a lh a cfo re in o nabateu de A retas. P línio, historiad or ro m ano da época, relaciona as segu in tes ci d ad es com o co m p o n e n te s da D ecáp o iis: D am asco, F ilad élfia (A m ã), R afana, C itópolis, Gadara, Hipos, Pela, Gerasa, Diom e Canata. (cf. M t 4.25; M c 5.20; 7.31.)
C esaréia em hom enagem ao soberano da época, C ésar Tibério. Assim foi distingui da da cidade de C esaréia, construída por Herodes, o G rande, no litoral da Palestina. É relevante o fato de Jesus trazer à tona a questão de sua divindade justam ente nes se centro sagrado do paganism o, próximo da gru ta do P aneion n os contrafo rtes do m onte Hermom (ver com entários sobre Mt 16.13-16; Lc 9.18-20). Nas proxim idades er g uia-se um belíssim o tem plo de m árm ore c o n s tru íd o p o r H e ro d e s, o G ra n d e, em hom enagem a C ésar A ugusto.
8. 0 Servo prediz sua morte
9. A vindoura glória do servo
1-9. O m ilagre da alim entação dos qua tro m il (cf. M t 15.32-39). V er com en tário sobre "M ila g re s" em M arcos 5. 10-21. A ímpia descrença dos fariseus. Cf. co m en tá rio s so b re M ateu s 16 .1 -1 2 , re p a rando ali "fe rm e n to ". "D a lm a n u ta ", 10, é lo cal in certo . Je su s, d ep ois de a lim e n ta r os quatro m il em algum ponto da região nordeste do lago, foi de barco até M agadã (M t 15.39), n as "r e g iõ e s de D a lm a n u ta " (M c 8.10), localidade provavelm ente iden tificável a K hirbet M ejdel, cinco q u ilóm e tros a nord este de T iberíad es, situada en tre esta e C afarnau m . 22-26. A cura do cego em Betsaida. Essa n ã o era a cid ad e p o u co a leste do lo ca l onde o rio Jordão deságua no m ar da G a liléia, am pliada pelo tetrarca Filipe, que a cham ou Betsaida Júlias, m as a cidade bem p ró xim a a C afarn au m , p o u co a o este de ond e o Jo rd ão d esem boca no lago. Essas d uas B etsaid as podem ser com p arad as a K ansas City (K ansas) e K ansas City (M issouri). (Ver M c 1.16,17; Jo 1.44; 12.21.) 27-38. A confissão de fé de Pedro. Ver com en tário s sobre M ateu s 16.21-28.
1-13. A transfiguração. Em certo senti do, isso foi um a co n firm a çã o da co n fis são de Pedro, em que declara que Cristo é o Filho do D eus vivo. Foi um a dem ons tração da plena divindade do servo a três d os d iscíp u lo s m a is p e rsp ica z es, p re p a rando-os para o choque da m orte do ser vo, que já se aproxim ava. Em outro senti do, a tra n sfig u ra çã o foi um testem u n h o ce le stia l e um a prova ap o teó tica de que aquele Jesus era o C risto — M essias, Ser vo e S alv ad o r para quem apontavam to das as p ro fe c ia s do a t , e em quem elas fo ra m c u m p rid a s . A lém d is s o , fo i um exem plo visual da poderosa vinda do rei no de D eus aos g entios (cf. com entários sobre M t 17.1-21). 14-29. O jovem possesso. Ver com entá rios sobre "D e m o n ism o " em M arcos 5.120 e "M ila g re s " em M arcos 5.2 1 -4 3 . Ver tam bém com entários sobre M ateu s 17.1419; Lucas 9.37-43. 30-41. O servo prediz n ovam ente sua m o rte . C f. c o m e n tá rio s s o b re M a teu s 1 6 .2 1 -2 8 . E sse a ssu n to foi rev ela d o gradualm ente aos discípulos depois que o rei e seu rein o fo ram re jeita d o s, em bora tenha sido sugerido a Nicodem os no início do m inistério de Cristo (Jo 3.14; cf. Mt 16.21; 17.9; 17.22,23; 20.17-19). Os discípulos dis putavam entre si sobre quem seria o m ai or, 33-37, e essa contenda egoísta revelou com o tinham um a com preensão lim itada da im in e n te m o rte do S e n h o r e de seu significado, 38-41.
Cesaréia de Filipe C esaréia de F ilipe (C aesarea Philip pi) foi reconstruída e am pliada por esse filho de H erodes, o G rande. Seu nom e fora Pânias, em hom enagem ao deus da n a tu re za, Pã, ad o rad o ali, m as m u d o u -se para
[ 406 ] Marcos
Jericó Jericó, nos tempos de Jesus, era o local onde ficava o palácio de inverno de Herodes. Ele e seu filho Arquelau a embelezaram caprichosamente com magníficos edifícios helenísticos — palácio, teatro, fortaleza e hipódromo. As antigas ruínas, escavadas a partir de 1950 na atual Tulul Abu el-
'Alayiq, fica um quilómetro e meio a oeste da cidade moderna. A arquitetura e a planta da cidade lembram outras cidades do mundo greco-romano da época.
Jericó herodiana era uma esplêndida cidade a vinte e sete quilómetros de * Jerusalém, trezentos metros abaixo do nível do mar, no vale do Jordão, com um excelente clima no inverno.
Vista da diagonal do palácio hasmoneu, em Jericó.
Vista do palácio de inverno de Herodes, o Grande, em Tulu Abu el-'Alayiq.
Marcos [ 407 ]
0 monte Tabor, com seu contorno inconfundível, destaca-se da planície à sua volta. Muitos acreditam que esse monte foi o local da transfiguração. 4 2 -5 0 .0 servo alerta sobre o inferno. Tra ta-se da geen a, o etern o in fern o , o "la g o de fogo" (Ap 20.14,15), a "segunda m orte" (Ap 21.8; cf. Jo 8.24), ou seja, a eterna sepa ração de D eu s. geena era o local do vale de H inom , a sudoeste de Jeru salém , onde se ofereciam sacrifícios hum anos nos tem pos do a t (2Cr 33.6; Jr 7.31). M ais tarde, tor nou -se d epósito de lixo, onde o verm e ja m ais m orria, e o fogo jam ais se extinguia — im agem vívida do destino eterno daque les que rejeitam a C risto, geena contrasta com o H ades (Lc 16.23), o estado interm e diário dos ím pios m ortos antes do juízo.
10. 0 ministério do servo na Peréia 1-16. A questão do d ivórcio. A Peréia, 1, era o te r r itó r io da o u tra m a rg e m do Jo rd ã o na a ltu ra de S a m a ria , q u e se e s tend ia ao sul da D ecáp olis, a leste do m ar da G aliléia, até o m ar M o rto. Era g o v er nada por H erod es A ntip as (ver com en tá
rio sob re M c 6 .14-29). Je su s p reg ava um m o d elo m o n o g â m ico n a q u e stã o do d i v ó rcio , 6-8 (cf. G n 1.2 7), en sin a n d o que D eus une o hom em e a m u lher pelo casa m ento, 9, e que o d ivórcio leviano é ad ul tério, 10-12. A bên ção de Jesu s às crianci n h a s, 1 3 -1 6 , e stá in tim a m e n te lig a d a a e ss e c o n te x to . E la s sã o as v e rd a d e ira s vítim as da chaga do divórcio e do ad ulté rio (M t 19.13-15; Lc 18.15-17). 17 -3 1 . O jo v em rico . Ver co m en tário sobre M ateus 19.16-26 (cf. Lc 18.18-30). 32-34. O servo novam ente pred iz sua m orte (cf. M t 20.17-19; M c 9.30-37). 35-45. A ambição egoísta de Tiago e João. O d esejo d eles de serem serv id o s é con trastad o com a intenção de servir do ser vo, 45. E sse v e rsícu lo é fu n d am en tal na a p resen tação que M arcos faz do Filho de D eu s com o servo. 46-52. Bartim eu recebe de volta a visão (cf. M t 20.29-34; Lc 18.35-43). Esse milagre o co rre u p e rto de Je ric ó . V er co m en tário sobre "M ila g re s", M arcos 5.21-34.
[ 408 i Marcos
11. A entrada do servo em Jerusalém 1-11. A apresentação com o rei. Isso acon teceu para cumprir Zacarias 9.9 (cf. com en tários sobre M t 21.1-11). Foi um a m anifes tação popular, mas superficial. O rei e seu reino, na verdade, já hav iam sido rejeita d os (cf. co m en tá rio s s o b re M t 3 .2 ; 4 .1 7 ; 13.12). A inconstância do pecam inoso co ração hum ano se revela aqui. Poucos dias m ais tard e m u ito s da m e sm a m u ltid ã o e sc a rn e c e ria m d ele , p ro v a n d o q u e n ão estavam p ro n tos para re ce b e r o rei nem os princípios do seu reino. 12-14. A figueira estéril. Ver com entári os sobre M ateus 21.18-22. Q uando a figuei ra da Palestina conserva as folhas d u ran te o in v e rn o , g e r a lm e n te tra z fig o s tam bém . A im agem retrata a esterilid ad e espiritual da nação que breve cru cificaria o rei — o m esm o rei que, naquele m om en to, saud avam tão loq u azm ente.
Essa é uma das portas de entrada para a cidade velha, em Jerusalém.
15-21. A purificação do tem plo é outra prova da apostasia da nação (ver com en tário sob re M t 21.1 2 -1 6 ). A fig u eira seca sim boliza a falên cia espiritual. 22-33. A fé em co n traste com a ím pia d e scre n ça . A o ra çã o fe ita com fé, 2 2 -2 6 (cf. T g 5 .1 5 ), re v e la v a a g u d o c o n tra s te d ian te da d escren ça d os e scrib a s e a n c i ã o s q u e q u e stio n a v a m a a u to rid a d e de Jesu s, 27-33 — m ais um a p ro v a da re je i ção do se rv o -re i.
12. A pregação do servo em Jerusalém 1-12. Parábola que resume a história espi ritual de Israel. Israel, a vinha (Is 5.1-7), só gerou uvas bravas. M encionam -se os pro fetas do a t e João Batista, 2-5, além de Je sus, 6-8, e a d estru içã o de Je ru sa lé m (70 d.C.), 9,10 (cf. SI 118.22; IP e 2.8). O versículo 10 cita Salm os 118.22,23. (cf. com en tário s sobre Mt 21.33-46; Lc 20.9-18.) 13-17. A questão do tributo. O s fariseus e h e ro d ia n o s u n ira m -se a fim de a rm ar um a cilada para o servo. Jesus, com sabe d oria o n iscien te, d eclaro u o p rin cíp io da s ep a ra çã o en tre ig reja e E stad o , e assim silencio u os d ois g ru p os (ver com en tário sobre M t 22.15-22; cf. Lc 20.19-26). 18-27. O servo silencia os saduceus. Os m aterialistas ricos e racion alistas não cri am na ressu rreição do corpo. A pergun ta ard ilosa d eles parecia fav orecer a p o lig a m ia no céu. Je su s resolveu a q u estã o de uma só estocada: no céu não há casam en to, m as a re ssu rre içã o é real, pois assim se p ronu nciam as E scritu ras — e citou o P en ta teu co , em que os sa d u ceu s a firm a vam crer (cf. Êx 3.6). 28-34. Os g ran d es m an d am en to s (cf. Dt 6.4,5; Lv 19.18). D eus deve ser o prim ei ro em nossa afeição, segu id o pelo p ró x i m o (ver M t 22.34-40; Lc 10.25-37). 3 5 -4 0 .0 servo questiona os fariseus. Ele, ao cita r S a lm o s 110.1, m o stro u que e sse salm o fora escrito por D avi e era in sp ira do e m essiânico, e que ele, Jesus, era tan to filho (hom em ) quanto Senhor (Deus) de Davi. Ele os silenciou e, ao m esm o tem po, expôs incredu lid ade deles.
Marcos [ 409 ]
41-44. A oferta da viúva. "U m quadran te" ( a r a ) equivalia a cerca de um oitavo de centavo de dólar. Essa viúva ofertou -se a si m esm a (Lc 21.1-4; 2Co 8.5).
13. 0 sermão do servo no ponte das Oliveiras 1-4. P revisão a resp eito do tem plo. No m o n te d as O liv e ir a s , com v is ta p a ra o re s p la n d e ce n te e d ifíc io de H ero d e s, J e sus p rev iu a d estru içã o d esse tem p lo. E re le v a n te o b serv a r que T ito , do e s tra té gico cum e do m onte das O liveiras, tenha d isp o sto su as in v e n cív e is leg iõ e s para o cerco da cidad e, o que resu ltaria na com p le ta d e s tru iç ã o do te m p lo , cu m p rin d o as p a la v ra s o n iscie n te s de Je s u s (cf. M t 2 4 - 2 5 ; Lc 21). 5-23. Os acontecim entos da tribulação (ver com entários sobre M t. 24.4-26). 24-26. A segunda vinda do Filho do ho mem (ver com entário sobre M t 24.27-30). 27. A reunião de Israel (ver com entário sobre M t 24.31). 28-33. A certeza da vinda de Cristo (ver com entário sobre M t 24.32-36 e nota abai xo: "O tem po da segunda vind a"). 34-37. Exortações à vigilância (ver comen tário sobre M t 24.37-51).
14. Acontecimentos que conduziram à morte do servo 1-2. A tram a. Sob re a P áscoa cf. Ê xo do 12.1-28. Essa festa de redenção e a dos pães sem ferm ento que vinha depois dela tratam ca racteristicam en te dele, que, na-
Até hoje o jardim do Getsêmani continua sendo um local de paz, repleto de flores e antigas oliveiras. quele m om ento, era traído para ser morto (Mt 26.2-5; Lc 22.1,2). 3-9. O servo é ungido para a morte. Ver comentários sobre Mateus 26.6-13; João 12.18. A "m ulher" era Maria de Betânia, 3. Só ela com preendeu a plena importância da apro ximação da morte vicária de Jesus, e somen te aqueles que se sentam aos pés dele, como ela fez (Lc 10.39), igualmente compreendem. 10,11. Os planos de Judas para trair Je sus (M t 26.14-16; Lc 22.3-6). 12-25. A últim a Páscoa e a ceia do Se nhor. A festa Pascal de red enção foi pre parada, 12-16 (cf. Êx 12.8), e celebrada, 1721. D e p o is, o s e rv o in s titu iu a ceia do Senhor, celebração que lem bra sua m orte e segunda vinda (IC o 11.23-26), superan do e cum prindo a sim bologia do cordeiro sacrificad o da P áscoa. 26-31. Prediz-se a negação de Pedro (cf. Mt 26.31-35; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38). 32-42. A agonia no Getsêmani. Ver co m en tários sobre M ateu s 26.36-56.
0 tempo da segunda vinda Será que o Filho sabia o tempo de sua segunda vinda? "Quanto ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão somente o Pai" (Mt 24.36; Mc 13.32). Em Marcos, o Senhor
assume uma atitude de completa humilhação como servo, e o servo é apropriadamente apresentado como aquele que não conhece os negócios do senhor (Jo 15.15). Depois que Jesus,
na morte, desfez-se de sua condição de servo, sendo ressuscitado para a glória, então ele, o Filho glorificado, tudo sabia, recebendo essa revelação (Ap 1.1).
[ 410 ] Marcos
Getsêmani A cim a da atu al estrad a de Jeru sa lém para Betânia, quatro locais tradicionais dis putam a posição de cenário da agonia de Jesu s, todos eles cob ertos de an tig as o li v e ira s. N en h u m d e le s é s e g u ra m e n te o correto. Em algum ponto do monte das O li veiras, Jesus agonizava em oração. Supõese que G etsêm ani (gat sem an im ) sig n ifica "p ren sa de aze ite s", m as Jerôn im o o v in cula ao termo hebraico gay' semanim, "vale de azeites" ou "vale fértil", conjectura que pode estar correta por su g erir que ficava em um vale em que havia muitas oliveiras. 43-52. Traição de Judas e prisão de Jesus. À vil traição de Judas, 43-46, (cf. Mt 26.4756), segu iu -se o acesso de cólera e a d e m o nstração de coragem de P ed ro, 47-52. Não se sabe quem era o jovem que seguiu Jesus, 51,52. 53-65. Jesus perante o Sinédrio (cf. Mt 26.5768; Jo 18.12-24). 66-72. A negação de Pedro (cf. M t 26.6975; Lc 22.56-62; Jo 18.16-27).
15. Morte e sepulta mento do servo 1-15. Jesus perante Pilatos. Pôncio Pilatos era o procurador rom ano da Judéia (2636 d.C.). O s p ro cu rad o res eram g o v ern a d ores da ord em e q u e stre (se m e lh a n te à cav alaria m ed iev al), su je ito s ao im p e ra dor. Podiam requisitar auxílio do legado da S íria, se n e cessá rio . M o ra v am em C e sa réia, m as ach av am p ru d e n te p a ssa r em Jeru salém as festas m ais im p ortantes dos judeus. O governo dos procurad ores provou-se infeliz. O s hom ens de negócio ro m anos eram incapazes de com preend er o volátil povo oriental e sua religião cerim o n ial. Em co n se q u ê n cia d isso , re co rria m , com freq u ên cia, à cru eld ad e, com o fazia P ilatos, quando se exau ria a paciência. O
silên cio de Je su s p eran te P ilatos, 5, cu m priu Isaías 53.7. Sobre B arrabás, 7-15, ver M a te u s 2 7 .1 5 -2 3 . V er c o m e n tá rio s o b re "O s ju lg am en tos de Je su s", Lucas 23. 16-23. O rei dos judeus é ridicularizado. O p retó rio de P ilatos, 16, pode p ro v a v el m ente ser id en tificad o ao p alácio de H e rodes, no lad o oeste do m u ro da cidad e, ornado com as belas torres H ípico, Fasael e M ariana. Todavia, a tradição tardia liga o pretório à fortaleza A ntônia, na esquina noroeste da área do tem plo. Essa estru tu ra foi recon stru íd a por H erod es, o G ra n de, sobre um a estrutura anterior dos mac a b e u s , e b a tiz a d a em h o m e n a g e m a M arco A n tónio. Sob re o G ólg ota, 22, ver com en tários em M ateu s 27.33-44. 24.41. A cru cificação. Ver com entários sobre M ateu s 27.33-56. 4 2 -4 7 . O se p u lta m e n to . V er M a teu s 27.57-61.
16. A ressurreição do servo 1-8. A ressurreição. Ver com entários so bre M ateu s 28.1-10. Repare com o é b e n e volente o relato do anjo sobre a ressu rrei ção de Jesus, 6,7, com referência a Pedro, aquele que negou Jesus, e que certam ente pensava que seria repudiado — "M as ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro " (grifo do autor), 7. Ver com entário sobre "A autenti cação da re ssu rre içã o ", Jo ão 20. 9-20. As aparições pós-ressurreição. Essa s e çã o n ã o se e n c o n tra n o s m a n u s c rito s S in a ític o e V a tica n o . O u tro s tra z em s o m en te p a rte d ela. E bem p o ssív el q u e o original de M arcos tenha sido transcrito e transform ado em tradição textual antes de o evangelista concluí-lo. M ais tarde, ele o con clu iu , d and o origem a o u tro te x to (o co m p le to , com os v e rs íc u lo s 9 -2 0 ). E sse texto p o sterio r é m en cion ad o por Ireneu (c.170 d'.C.) e encontra-se nos m anuscritos A lexandrino e de Cam bridge.
Marcos [ 411 ]
Ordem dos eventos da crucificação
Ordem dos eventos da ressurreição
Aparições pós*ressurreição
Chegada ao Gólgota (Calvário), Mt 27.33; Mc 15.22; Lc 23.33; Jo 19.17
M aria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé sa*em em direção ao túmulo, Lc 23.55— 24.1
A Maria Madalena, Jo 2014-18; Mc 16.9
Oferta de vinho com fel, Mt 27.34
Encontram a pedra fora do lugar, Lc 24.2-9
Crucificação, Mt 27.35
Maria Madalena conta aos discípulos, Jo 20.1,2
Brado: "Pai, perdoalhes...", Lc 23.34 Divisão das vestes de Cristo, Mt 27.35 Jesus é ridicularizado, Mt 27.39-44; Mc 15.29 Os ladrões o insultam, mas um deles crê, Mt 27.44 Segundo brado: "Em verdade te digo que hoje estarás com igo...", Lc 23.43 Terceiro brado: "Mulher, aí está o seu filho", Jo 19.26,27 As trevas, Mt 27.45; Mc 15.33 O quarto brado: "Deus meu, Deus meu...", Mt 27.46,47; Mc 15.34-36 Quinto brado: "Estou com sede", Jo 19.28= Sexto brado: "Está consumado", Io 19.30 Sétim o brado: "Pai, nas tuas m ios...", 1-: 23 46 Jesus entreç espirito M Mc 15.37
o seu ‘ 0
Maria, mãe de Tiago, aproxima-se e vê o anjo, Mt 28.1,2 Ela volta para se encontrar com as outras mulheres, que vêm com os aromas Nesse meio tempo, chegam Pedro e João; eles olham lá dentro e vão embora, Jo 20.3-10 Maria Madalena volta chorando e vê dois anjos, depois Jesus, Jo 20.11 -18 O Cristo ressuscitado manda que ela avise os discípulos, Jo 20.17,18 Entrementes, Maria (mãe de Tiago) volta com as mulheres, Lc 24.1-4 Elas voltam e vêem os dois anjos, Lc 24.5; Mc 16.5 Ouvem também a mensagem do anjo, Mt 28.6-8 £
Às mulheres que voltam do túmulo, Mt 28.8-10 A Pedro, mais tarde no mesmo dia, Lc 24.34; 1Co 15.5 Aos discípulos a caminho de Emaús, à tarde, Lc 24.13-31 Aos apóstolos (exceto Tomé), Lc 24.36-45; Jo 20.19-24 Aos apóstolos, uma semana mais tarde (com a presença de Tomé), Jo 20.24-29 Na Galiléia, aos sete, à beira do lago de Tiberíades, Jo 21.1-23 Na Galiléia, sobre um monte, aos apóstolos e mais 500 crentes, 1Co 15.6 A Tiago, em Jerusalém e Betânia novamente, 1Co 15.7 No monte das Oliveiras, na ascensão, At 1.3-12 A Paulo, perto de Damasco, At 9.3-6; ICo 15.8 A Estêvão, perto de Jerusalém, At 7.55 A Paulo, no templo, At 22.17-21; 23-11 A João, em Patmos, Ap 1 10-19
Lucas 0 evangelho do Filho do Homem O autor. A autoria é de Lucas, o "médico amado" (cf. Cl 4.14; Fm 24; 2Tm 4.11). Ele e Marcos eram companheiros de trabalho de Paulo, como o demonstram as passagens na segunda pessoa do plural de Atos 16.10,11; 20.5ss.; 21.1ss. A autoria de Lucas é comprovada pela comparação de Lucas 1.1-4 com Atos 1.1-3 e pela tradição. Lucas escreveu seu evangelho, muito provavelmente, quando estava em Cesaréia, durante a prisão de Paulo (At 27.1), por volta de 58 d.C., e antes da composição de Atos, por volta de 63 d.C. Os evangelhos sinóticos.
Mateus, Marcos e Lucas são os três evangelhos sinóticos. Sinótico significa "ver o todo em um só relance". Esses três evangelhos, diferentemente de João, apresentam um relato
comum e narram substancialmente os mesmos incidentes da vida de nosso Senhor, logicamente com algumas omissões, adições e diferenças. A explicação do 'problema sinótico' ainda drena a energia dos críticos académicos. Muitas hipóteses já foram imaginadas, várias das quais negam a autêntica natureza histórica da narrativa, os milagres, etc. A posição que mais respeita os fatos e honra o Cristo dos sinóticos é esta: o Espírito Santo apresenta, sem contradição, por intermédio de três autores humanos diferentes, um único reiMessias, servo-Salvador, homem-Deus. Cada qual o apresenta sob um aspecto
diferente e com um objetivo diferente, mas a apresentação tríplice referese à única e mesma pessoa humana-divina. Tão multíplice é a glória da pessoa de Cristo, e tão amplas as ramificações de sua conclusa redenção, que um só relato evangélico não poderia retratar seu esplendor. Enxergar esses relatos como meras produções humanas, mecanicamente reunidas a partir de tradições prévias, é trair todo senso real de seu significado e de seu propósito espirituais. O suposto 'problema sinótico' que resulta de tal concepção é, ao mesmo tempo, irresoluto e irresolúvel.
Fatos característicos do evangelho de Lucas Lucas comparado a Mateus e Marcos Lucas 0 evangelho humano
Mateus
Marcos
0 evangelho régio
0 evangelho do servo
A humanidade perfeita de Cristo
A divina realeza de Cristo
A divina condição servil de Cristo
Fundamentoda condição de Salvador e da intercessão presente Hb 5.1,2
Fundamento de sua oferta de si mesmo a Israel e de seu reino vindouro At 1.6
Fundamento do fato de ele ter oferecido sua vida em resgate de muitos Mc 10.45
4.14— 9-50 Ministério na Galiléia
Perfeições morais e ternas simpatias do homem perfeito
Poder real e humilde graça do rei-Salvador de ferael
Poder miraculoso do servo enviado por Deus a serviço do homem
9.51— 21.38 Viagem a Jerusalém e ministério
NossoSenhor emoração
Nosso Senhor em régia manifestação
Nosso Senhor em serviço inspirado pelo Espírito
Aos judeus
Aos romanos
Esboço 1.1—4.13 Nascimento, infância, início do ministério
22.1—23.56 Rejeição e morte 24.1— 53 Ressurreição e ascensão
cf. Lc 3.21; 5.16; 6.12,13; 9.18,
enfatizando sua dependência como homem Aos gregos
Lucas I 413 I
1. Os nascimentos de João e de Jesus são anunciados 1-4. In tro d u ção. Em g rego cu lto, esse prólogo mostra com o a inspiração divina é espontânea e adaptável ao instnujiento hu mano. "Teófilo" ("o que ama a D eus") indi ca que esse evangelho, assim com o o livro de Atos (1.1), tem Lucas como autor. Ele era o padrinho literário de Lucas, sem dúvida um rom ano ou grego de posição elevada, com o indica seu título, "excelentíssim o".
5-25. O n ascim en to de João Batista é a n u n ciad o . R om p e-se o silên cio de qua tro sécu los, de M ala q u ia s a M ateus. Z a c a r ia s ( " a q u e l e d e q u e m o S e n h o r se le m b ra "), o sacerd o te oficia n te, recebeu m e n s a g e m de D eu s p o r in te rm é d io de G a b rie l, o a rca n jo . E sse m esm o anjo co m u n ic a r a a D a n ie l a v is ã o d as seten ta sem a n a s (D n 9.21). Jo ã o n asceria de um casal estéril e m inistraria segundo o espí rito e o poder de Elias (lR s 21.20; 2Rs 1.8; cf. M l 4.5,6).
A palestina na época de Cristo A
V
V
monte Hérmom
Cesaréia :
í :§ ■ *
Ptolemaida
\
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GALILÉIA
BATANÉIA
/M AR ÚA
\GÁLtlfc&
■Tiberíades;
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Rafana
13B p
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Diom V
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\ TRACÔNITES\
Canata
AURANITES
Gerasa (Jerash) / SAMARIA/ (Siquém) , Alexandi
/ Io
Antipátride
i
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j Faselis o
\ PERÉIA
Filadélfia (Rabá Amom)
JUDÉIA Arquelau ç
Jam
.ivias
Azoto
sbus (^lesbom)
Hircânia
Ascalom
Herodium Marisa
Hebrom
IDUMÉIA Masadau
MaChaerus
@ Capital ------ Fronteira do reino de Herodes, o Grande Territórios dados a: Filipe Herodes Antipas Arquelau Província da Síria >.p, Cidade pertencente a Decápolis B Fortaleza de Herodes, o Grande —- Via principal
[ 414 1 Lucas
Incidentes e eventos exclusivos de Lucas 1.5-25
7.36-50
16.1-18
Visão de Zacarias e concepção
M ulher unge Jesus na casa de
Parábola do adm inistrador
de Isabel
Simão
desonesto
26.38
8.1-3
16.19-31
Saudação a Maria
Mulheres que assistiam Jesus
O rico e o mendigo Lázaro
39-56
9.51-56
17.1-10
Visita de Maria a Isabel
Episódio de Tiago e Jo ão
Instruções aos discípulos
1.57-80
10.1-12
17.12-19
Nascimento de João Batista e
Envio dos setenta
Cura de dez leprosos
hino de louvor de Zacarias
10.17-24
17.20-37
2.1-3
Sua volta e relato
Perguntas acerca do reino de Deus
Decreto do censo de César
10.25-37
Augusto
Parábola do bom samaritano
18.1-8
2.4-7
10.38-42
Parábola da viúva persistente
Nascimento de Cristo em
Cristo na casa de Maria e Marta
18.9-14
Belém
11.5-8
Parábola do fariseu e do
2 .8-20
Parábola do amigo à meia-noite
publicano
Detalhes da história do
11.37-54
19.2-10
nascim ento
Cristo recebido por um fariseu
Conversão e cham ado de
2.21
12.1-53
Z aq u eu
Circuncisão do menino Jesus
Serm ão para grande multidão
19.11-27
2.22-24
13.1-5
Parábola das minas
Apresentação de Cristo no
Assassínio dos galileus
19.41-44
tem plo
ordenado por Pilatos
Cristo chora por Jerusalém
2.25-38
13.6-9
22.31-32
História de Simeão e Ana
Parábola da figueira estéril
Alerta a Pedro
2.39,40
13.10-17
22.35-38
Anos silenciosos em Nazaré
M ulher enferm a por dezoito
Conselho quanto à compra da
2.41-52
anos
espada
Jesus na Páscoa e entre os
13.22-30
22.43
rabinos
Problema quanto ao núm ero
Aparição de um anjo no
3.1,2
dos que serão salvos
G etsêm an i
Datação do início do ministério
13.31-33
22.44
público de João
Resposta aos fariseus a
Jesus sua sangue
3.10-15
respeito de Herodes Antipas
23.6-12
Êxito de João
14.1-6
Pilatos envia Cristo a Herodes
3.23-38
Homem hidrópico
23.27-31
Genealogia humana de Cristo
14.7-14
Mensagem de Cristo às mulheres
via Maria
Parábola do convidado
de Jerusalém
4.15-30
14.15-24
23.39-43
Rejeição de Cristo em Nazaré
Parábola do grande banquete
Ladrão penitente
5.1-10
14.25-35
24.13-35
Detalhes do chamado de
Dificuldades do discipulado
Aparição do Cristo ressuscitado
Pedro, Tiago e João
15.3-7
aos discípulos de Emaús
6.17-49
Parábola da ovelha perdida
24.37-49
Discurso de Cristo na planície
15.8-10
Detalhes de sua aparição aos onze
7.11-17
Parábola da moeda perdida
24.50-53
Ressurreição do filho da viúva
15.11-32
Ascensão de Cristo e bênção
de Naim
Parábola do filho pródigo
aos discípulos
Lucas [ 415 I
26-45. O nascim ento de Jesus tam bém é anunciado. Gabriel visitou M aria em N aza ré, 2 6 ,2 7 , a n u n c ia n d o o a c o n te c im e n to m ais glorioso da h istó ria hu m ana, 28-33. O s versícu lo s 32 e 33 ainda não se cu m p rira m e s e r ã o r e a liz a d o s na s e g u n d a vinda (cf. Dn 7.27; G n 12.2,3; Is 9*67). Aqui está a "v irg e m " da profecia (Is 7.14). Aqui está a P esso a h u m a n a -d iv in a p ro fe tiz a da p o r Isa ía s: "u m m en in o nos n a s c e u " (hu m ano) e "u m filh o se nos d eu " (d ivi no) (Is 9.6; Jo 3.16; 2C o 9.15). M aria, n a tu ra lm e n te , p e rg u n to u com o isso p o d e ria ser, 34. "O E sp írito S an to virá sob re ti", 35, o que sign ifica que a n atu reza h u m a n a de C ris to (a b s o lu ta m e n te s a n ta ) se ria p ro d u zid a n o v en tre de u m a virg em por um ato gerativo do E spírito de Deus (cf. M t 1.18-20). "E o poder do A ltíssim o te co b rirá com a sua so m b ra ", 35, o que sign ifica que o eterno Filho de D eus un iu se à n a tu re z a hu m an a g era d a m ira cu lo s a m e n te n o v e n tr e d e u m a v irg e m . O r e s u lta d o , o 'e n te s a n to ', e ra s in g u la r m ente in cla ssificá v e l — d iv in d ad e e h u m an id ad e estav am u n id as p ara a red en ç ã o da ra ça c a íd a . P o rta n to , seu n o m e s e r ia " J e s u s " , S e n h o r -S a lv a d o r (cf. c o m e n tá rio sob re M t 1.18-25). 46-56. Ode de louvor de M aria. A vir gem, plena das Escrituras do at e do Espí rito de Deus, irrom pe em louvor, lem bran do o cântico de Ana (ISm 2.1-10; cf. SI 34.2,3; 103.17; 111.9). 57.80. N ascim ento de João e júbilo pro fético de Zacarias. A língua de Zacarias sol tou-se, 57-64, com o se fará a Israel quan do ele vir e crer. Sua profecia, 67-79, com o o m a g n ificat de M aria, e sta v a e m b e b id a das p rom essas do a t , que ele via que se riam cu m p rid as na p esso a e na ob ra do rei vindouro.
2.1-20. 0 nascimento de Jesus 1-3. O censo de Q uirino. Papiros egíp cios que falam de censos periódicos a cada q u ato rze an os su g erem que esse de L u cas fazia p arte de u m re cen sea m en to de todo o im pério. A lém disso, há indícios que su g e re m tam b ém que Q u irin o fo i d u as
vezes governador da Síria, a primeira por volta de 8 a.C., quando se fez o primeiro censo. O registro de toda a família é tam bém a te sta d o p e lo s p a p iro s e, por isso, há cad a vez m a is in d íc io s, em face das crescen tes in form ações arqueológicas, de que Lucas é preciso nessa passagem , fre q u e n te m e n te q u e s tio n a d a p o r d iv erso s críticos do n t . 4-20. Nascimento em Belém. A providên cia divina agiu por m eio de César Augus to, e o d ecreto im p erial do recenseam en to possibilitou que M aria e José, morando em N azaré da Galiléia, cum prissem a pro fecia de M iquéias relativ a ao nascim en to do M essias em Belém (M q 5.2).
Há séculos acredita-se que esta estrela,
localizada no chão de uma gruta sob a igreja da Natividade, em Belém, marca o local do nascimento de Jesus.
[ 416 1 Lucas
Belém Essa cidade antiga e pitoresca, onze quilómetros ao sul de Jerusalém, chamada Belém-Efrata em Miquéias 5.2, era a terra original da família davídica, chamada efratéia (Rt 1.2; 1Sm 17.12), pois eles eram habitantes de Efrata, primitivo subúrbio da cidade. As lembranças remontam a Boaz e Rute, ancestrais de Cristo. Rute colheu nos férteis campos de Belém ("casa do pão").
Debaixo da antiga Igreja da Natividade, construída originalmente no século iv por Helena, mãe de Constantino, a tradição localiza a sala da manjedoura, que a mesma tradição também vincula à casa ancestral de Davi, Boaz e Rute. Pouco a leste da cidade está o campo dos Pastores, onde os anjos cantaram o jubiloso advento do "Salvador, [...] Cristo, o Senhor", 11.
Igreja da Natividade, em Belém. A cidade de Belém, construída nas encostas de um monte, fica ao sul de Jerusalém
Lucas I 417 I
L u cas, re tra ta n d o o h om em p e rfe ito , om ite a visita dos m agos e a fuga para o Egito, que M ateus, ao d escrever o rei, in
Vendedores de hortaliças e legumes, no mercado de Belém.
clui (Mt 2.1-21).
A data do nascimento A data trad icional de 25 de dezem bro com o dia do nascim ento de Cristo foi fixa da no século iv. Foi o dia estabelecido pela igreja ocidental. A igreja oriental o celebra em 6 de ja n eiro . N a verd ad e, n ão se co nhece a data exata. Aparentem ente, o nas cim en to n ão oco rreu no in verno, p o is os p a sto re s da P a le stin a, g era lm en te, só fi cam ao ar livre com seus rebanhos da pri m av era ao ou tono.
2.21-38. A infância de Jesus 21-24. C ircuncisão e apresentação. Es ses rito s eram p re scrito s p ela lei m o sa i ca (Lv 12.3; Êx 13.12,16; Nm 8.17). D em on s tram que o hom em p erfeito , "n a scid o de m u lh e r", n asceu "n ascid o d ebaixo da lei, 5 p ara re sg a ta r os que e stav am d eb a ix o da lei" (G 14.4,5). A circuncisão d aquele que era "s e rv o da circu n cisã o , p o r ca u sa da fid e lid a d e de D e u s , p a ra c o n fir m a r as prom essas feitas aos patriarcas" (Rm 15.8) o obrigava " a cum prir toda a lei" (G1 5.3), que só ele poderia cumprir. Cum prindo-a, ele nos redim iu da sua m aldição, "tornando-se m aldição em nosso fav or" (G1 3.13). S o b re o n o m e " J e s u s " , v e r M a teu s 1 .2 1 ; L u cas 1.31. O tip o de o feren d a de a p re sentação indica a pobreza de M aria e José (cf. Lv 12.8). 25-38. A s profecias de Sim eão e Ana. Es ses d ois san to s id o so s p erten ciam ao re m anescente fiel que cria na Palavra e aguar dava a p rim eira v ind a de C risto. Sim eão reconheceu o menino com o o que fora pro fetizado, com o "salv ação " de Deus e "lu z para revelação aos g entios" (prim eira vin da) e "glória do teu povo Israel" (segunda vinda), 32 (Is 42.6,7). A notável profecia de Sim eão, 34,35, cu m p riu -se em Jo ã o 19-25 (cf. IC o 11.19; l jo 2.9). Ana, 36-38, é um belo
retrato da devoção. Ela chegou exatam ente no m om ento glorioso, 38, e pôde ver o m enino, sendo recom p ensad a pela fé n a quele que poderia dar a redenção.
A correção do calendário N o sécu lo vi d .C ., qu an d o o calen d á rio cristã o , que ca lcu la v a o tem po antes e d ep ois do n a scim en to de C risto , subs titu iu o a n tig o c a le n d á rio ro m a n o , que m a rc a v a o te m p o a p a rtir d a fu n d a çã o de R om a (753 a.C .), o m on ge D ionísio, o P eq u e n o , co m eteu u m e rro de p elo m e nos q u a tro an os. E sse erro só foi d etec tad o m u ito d ep o is, qu and o o calend ário c r is t ã o já e s t a v a e s t a b e le c id o n o u so popular. D io n ísio fixou 748 ou 749 a.C., e n ã o 7 5 3 , co m o a d a ta da fu n d a ç ã o de R o m a . A s s im , o n a s c im e n to de C r is to deve ter oco rrid o em 5 ou 4 a.C.
1418 ] Lucas
Cronologia desse período 6-5 a.C. Nascimento de João é anunciado a Zacarias 6 meses mais tarde Nascimento de Jesus é anunciado a Maria Maria visita Isabel 3 meses depois Maria volta a Nazaré José recebe uma mensagem Nasce João
Lc 1.5-25
Lc 1.26-38 Lc 1.39-56
3.1-20. 0 ministério de Joâo Lc 1.56 Mt 1.18-24 Lc 1.57-80
5 a.C. Nasce Jesus
Mt 1.25; Lc 2.1-7
8 dias mais tarde Jesus é circuncidado
Lc 2.21
33 dias depois Jesus é apresentado no templo 4 a.C. Magos visitam o rei Fuga para o Egito Chacina dos menininhos de Belém 3-2 a.C. Volta a Nazaré
so Sen h or acerca de sua d iv ind ad e . Sua mãe declarara: "eu pai e eu estávamos afli tos, à sua procura", 48. Ele corrigiu a mãe, declarando que Deus era seu Pai: "N ão sa biam que eu devia esta r na casa de meu Pai?", 49, e que sua m issão divina tinha toda a prim azia. Ele os acom panhou de volta a N azaré e, com o o obediente, subm eteu-se a seus pais.
Lc 2.22-38
Mt 2.1-12 Mt 2.13-15 Mt 2.16-18 Lc 2.39 Mt 2.19-23
2.39-52. A infância de Jesus 39,40. Sinopse dos anos de infância. Pouco se conta sobre a infância de Jesus, em con traste com as lendas fantásticas dos evan gelhos apócrifos. Certam ente, a grande fa mília conheceu a pobreza e o sacrifício, e Jesus conheceu a fadiga da lida comum, sem dúvida no ofício de carpinteiro. 41-52. A visita a Jerusalém aos 12 anos. O episódio é exclusivo da narrativa de Lucas. Jesus certam ente participou regularm ente das três grandes festas judaicas — Páscoa, Pentecostes e festa das cabanas — a partir dos doze anos. Esse incidente é axial, pois representa o prim eiro testem unho de nos
1-14. M inistério de João. Em uma pas sagem notável pela sua precisão e abrangência, 1,2, Lucas d estaca o início do m i n is té r io de Jo ã o . T ib é r io (1 4 -3 7 d .C .) sucedeu a César A ugusto (27 a.C.-14 d.C.). O décim o quinto ano de Tibério foi c.29 d.C. P ôn cio P ila to s era p ro cu ra d o r da Ju d éia (26-36 d .C .). H erod es A n tip a s (4 a .C .-39 d.C.), que m atou João B atista, era tetrarca da G aliléia e da Peréia. H erodes Filipe (4 a.C .-34 d.C.) era tetrarca da Ituréia e Tracon ites. L isâ n ia s g o v ern av a A b ilen e, ca pital A bila, às m arg en s do rio B arad a, a n oroeste de D am asco. Jo sé C aifás, n om e ado sum o sacerd o te pelo p ro cu rad o r Valério G rato (15-26 d.C .), era a autorid ade de fato, enquanto Anás era o sum o sacer dote ex-officio, em bora bastante influente. Lucas dá o relato m ais com pleto do m inis tério de João, m as cf. M ateus 3.1-12; M ar cos 1.1-8; João 1.6-8,15-36. A rude pregação de arre p e n d im en to de Jo ã o (v er co m en tário sobre M t 3.2; 4.14) preparou o cam i nho para o m in istério de Jesu s. Todavia, a m en sag em de Jo ã o n ã o era o e v a n g e lho cristão (cf. 14 com A t 16.30,31), nem o batism o de João era o batism o cristão (cf. A t 19.4,5). M as João, na verdade, p rep a ro u o c a m in h o p ara iss o ao a n u n c ia r o M e s s ia s -S a lv a d o r e su a sa lv a çã o . 15-20.f João dá testemunho de Cristo. O batismo do Espírito Santo (At 1.5; 2.4; 11.1416; IC o 12.13; Rm 6.3,4; G1 3.26,27; Ef 4.5) está ligado à morte, ressurreição e ascensão de Cristo em sua primeira vinda, 16,17. O batis mo com "fo g o ", 16, está ligado ao juízo da segunda vinda (ver comentário sobre M t 3.11; Mc 1.8). Sobre Herodes Antipas e a prisão de João, ver com entário em M ateus 14.1-11.
Lucas [ 419 I
Nazaré Nazaré era uma localidade pequena e pouco conhecida (cf. j o 1.46) até ser , imortalizada no n t como a terra da infância de Jesus. A arqueologia mostrou que a cidade não era muito antiga. Não há indícios de cacos de cerâm ica anteriores à Idade do Ferro n (600 a.C.). Não passava de uma pequena vila de lavradores e artesãos, com o o carpinteiro José. M esm o afastada das principais rotas comerciais de Damasco
solidão que propiciava fizeram dela um local ideal para a criação de Jesus. Situada em uma altitude de trezentos e cinquenta metros, do alto da vila se descortinava uma magnífica vista dos cumes nevados do I ie rm o r á o norte,; do vizinho Tabor a leste, da extensa planície de Esdrelom ao sul, e do monte Carmelo e do azul M editerrâneo a oeste. Em Nazaré, Jesus recebeu a educação normal de um
e dos principais
menino judeu, o n casa e na sinagoga (Lc 4.16). A atual Nazaré é uma cidade pequena, com cerca de vinte e dois mil habitantes, sendo o local da sinagoga tradicionalmente assinalado pela Igreja dos Gregos Unidos, embora os gregos ortodoxos localizem o
acontecim entos da época. A beleza de sua paisagem e a
sítio no lugar onde se erguia a igreja dos Quarenta Mártires.
ao Egito, ficava em uma ram ificação da estrada de Séforis, ao norte. Em bora não fosse um agitado centro com ercial, não estava de modo nenhum isolada das movimentadas cidades galiléias
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Interior da Sinagoga, em Nazaré.
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A cidade de Nazaré vista de cima de um monte.
[ 420 1 Lucas
3.21*38. Batismo e genealogia de Jesus 21,22. O batismo de Jesus. Ver com entá rios sobre M ateus 3.13-17 e M arcos 1.9-11. L u cas acrescen ta o d etalh e de que Jesu s orava quando foi batizad o, e que os céus se ab riram , 21. O e v a n g e lh o do hom em p e rfe ito de L u ca s m u ita s v e z e s re tra ta Jesus orando, com o exp ressão da d ep en dência hum ana de D eus. 23-38. A genealogia humana de Jesus. Em Lucas, tem os a g en ealo g ia de M aria, em co n tra ste com a de M a teu s, em q ue se a p resen ta a g e n ea lo g ia de Jo sé (v er c o m entário sobre M t 1.1-17). A g en ealo g ia de Mateus rem onta a Davi e a Abraão (re velando o direito legal de Cristo ao trono de Davi, e v in cu lan d o-o à aliança ab raâ mica). Ao dar a linhagem de M aria, Lucas apresenta a g en ealo g ia de san gu e de Je sus, "q u e, h u m anam ente, n asceu da d es c e n d ê n cia de D a v i" (Rm 1 .3 ). Em M a teus 1.16, José é cham ad o filho de Jacó, e em Lucas, "filh o de E li" (Lc 3.23), com o que Lucas q u er d iz e r gen ro de Eli, que, como José, era de descend ência davídica. Sobre esse costum e, cf. IS a m u el 24.16.
As orações de Jesus em Lucas Lc 3.21
Em seu batismo
Lc 5.16
No deserto
Lc 6.12-13
Antes de chamar os doze
Lc 9.18
Em Cesaréia de Filipe
Lc 9.28-29
Antes da transfiguração
Lc 11.1-4
Ao instruir sobre a oração
Lc 22.31-32
Por Pedro
Lc 22.41
No Getsêmani
Lc 23.24
Na cruz
Lc 24.30
Em Emaús
4.1-13. A tentação de Jesus 1-12. A tentação. Lucas apresenta a or dem da tentação conform e ela afetou a na tureza humana de Cristo, o corpo, a alma e
o esp írito do hom em perfeito. A prim eira tentação, 2-4, dizia respeito ao corpo; a se gunda, à alma, 5-8; a terceira, ao espírito, 912. Todo o hom em foi posto à prova. Cf. c o m e n tá rio s so b re M a te u s 4 .1 -1 1 ; M a r cos 1.12,13. A ordem de M ateus é diferente. 13. O Diabo é repelido. O acusador, po rém , a fa s to u -s e a p e n a s te m p o ra ria m e n te. A te n ta çã o satâ n ica n esta vid a não é contínu a, m as, incansável.
4.14-44. Jesus inicia seu ministério na galiléia 14,15. C om eça o m inistério galileu. Esse m inistério, 4.14 —9.50, abreviado por Lucas, re ce b e m ais a te n ç ã o em M a teu s e M a r cos (cf. Jo 1.43 - 2 . 2 5 ; 4.1-54). 16-30. Rejeição em Nazaré. Jesus lê Isaí as 61.1,2 som ente até term inar a predição de sua primeira vinda e a extensão do evan gelho da graça aos gentios, 17-20. Sua pre gação de que a graça divina não está res trita a Is ra e l, m as a lc a n ç a rá os g e n tio s como no caso de Naamã e da viúva de Sarepta, enfureceu o povo, 25-27 (cf. lR s 17.9; 18.1; 2Rs 5.1,14). 31-37. A cura do en d em o n in h ad o (cf. Mc 1.21-28). Ver com entário sobre "D em onism o" em M arcos 5.1-20, sobre "M ilagres" em M a rco s 5 .2 1 -4 3 , s o b re "C a fa r n a u m " em M arcos 1.21-28, e sobre "S a ta n á s" em Lucas 4.1-13. 3 8 -4 4 . A cu ra da so g ra de P ed ro (cf. M t 8 .1 4 -1 7 ; M c 1.2 9 -3 8 ). Ver co m en tá rio so b re "D e m o n is m o " em M a rc o s 5 .1 -2 0 . Sobre o reino de Deus, 43, ver com entário so b re M a rc o s 4 .1 -2 9 . Je s u s p re g a v a n as "sin ag og as da Jud éia [G aliléia]", 44.
Ãs sirsagogas da Galiléia Escavações em Cafarnaum (ver com en tário em Mc 1.21-28) revelaram as ruínas de uma das mais belas sinagogas de pedra cal cária branca da Palestina. Os franciscanos restauraram sua estrutura. Segundo o cos tume, o prédio da sinagoga ficava voltado para Jeru salém . De form ato retangu lar, o interior tinha vinte e um metros por quinze.
Lucas [ 421 1
Tinha um a galeria para as m ulheres e colunatas em três lados. Outras sinagogas fo ram d esen terrad as em C orazim , Betsaid a Júlias, Kefr, Bi rim, Meiron e Bete Alfa na pla nície de Esdrelom. Todas datam do século M. A de Bete Alfa é famosa pelos mosaicos. Ver tam bém com entário sobre "A sinagoga" na seção "P e río d o In tertesta m en tá rio ".
Satanás Gn 3.1-14 Ele se disfarçou na serpente do Éden Gn 3.15 É a semente da serpente Is 14.12 Era Lúcifer, filho da alva ántes da. queda Ez 28.14 Era querubim da guarda ungido 1Cr 21.1 Incitou Davi ao mal Jó 1,7—2.10 Acusou e afligiu Jó Zc 3.1-9 Opõe-se ao Israel descrente prefigurado pelo sacerdote Josué M t 4.3 É o tentador M t 12.24; At 10.38 É o príncipe dos demónios ITm 4.1-6 Instiga a falsa doutrina M t 4.4; Lc 4.10.11 Corion pí i ^'al i>ra ie Deus M t 12.22-29 Age n? po sessão demoníaca Zc 3.1 L Satanás, o adversá >a Lc 4.13 É o Diabo, o caluniador
5. Milagres e pregação na Galiléia 1-11. O cham ado de Pedro, Tiago e João (cf. M c 1.16-20). Sobre o lago de Genesaré, 1, ver com entário em Lucas 8.1-3. A pesca m ilagrosa dem onstra sua soberania como o últim o A dão sobre a criação animal, so beran ia perd id a pelo prim eiro Adão. Re-
Jo 13.2,27 Fez Judas trair a Gristo At 5 3 e Ananias mentir 2Co 4.4 Cega espiritualmente as pessoas 1Pe 5.8 Busca prejudicar os crentes
Ap 20.1-3 Será agrilhoado durante o milénio M t 13.39 É o "inimigo" M t 13.38 o "Maligno" Ef 6.10-20 É expulso pela oração inspirada pelo Espírito
Ef 6.11-12 Encabeça uma hierarquia celeste maligna
1Pe 5.8-9
Ef 2.2 Atua nos impenitentes
Obstrui a vontade de Deus nos crentes
Jo 8.44
Ap 12.9
É derrotado pela fé 1Ts 2.18
que são seus "filhos"
É o sedutor
2Ts 2.9
Ap 12.9; 20.2
Opera milagres diabólicos
É o dragão, a antiga serpente
Jo 8.44 Foi rotulado de "mentiroso" e "pai da mentira" por Jesus Jo 8.44 É homicida Jo 12.31; 14.30 é
o príncipe deste mundo
Lc 13.16 Cega as pessoas física e espiritualmente M t 25.41 É um anjo caído M t 13.38-39
Semeia o joio M t 13.19 •e arrebata a Palavra
Lc 10.18 Caiu de um elevado estado imaculado Lc 22.31 Enxerga Simão Fedro como alvo Ap 2.9 Tem uma sinagoga de legalistas que negam a graça de Deus em Cristo Jo 3.8-10 Seus filhos são os impenitentes M t 25.41; Ap 20.10 Seu destino último é o lago de fogo .
[ 422 1 Lucas
vela-se a con d ição de p ecad or de Pedro. C f. o u tra p e sca m ila g r o s a em Jo ã o 2 1 , oco rrid a após a ressu rreição. 12-26. A cura do leproso e do paralítico. V er M a rco s 1 .4 0 -4 5 ; M a te u s 9 .2 -8 ; M a r co s 2 .1 -1 2 . V er co m en tá rio so b re " M ila g res", em M arcos 5.21-43. 27-29. O chamado de Levi (M ateus). Ver c o m e n tá rio s s o b re M a te u s 9 .9 ; M a r cos 2.13,14. 30-39. Resposta aos escribas e fariseus. V er co m e n tá rio s s o b re M a te u s 9 .1 0 -1 7 ; M arcos 2.16-22. So b re as p aráb o las sobre o remendo de pano novo e sobre o recipi ente de couro , 36-39, ver com entários em M ateus 9.16,17; M arcos 2.21,22.
6. A escolha dos Doze; as bem-aventuranças 1-11. A questão do sábado. Ver comentá rios sobre M arcos 12.1-8; M arcos 2.23-28. A cura da mão atrofiada (cf. M t 12.9-14; Mc 3.16) mostrou nosso Senhor transcendendo o mero externalism o religioso. O ritualism o encontra m alicioso d eleite na letra da lei,
mas ignora o espírito, 6-11. Sobre a sinago ga, 6, ver com entário sobre Lucas 4.44. 12-19. A escolha dos D oze. O H om em perfeito passou toda a noite orando a Deus, 12, a n tes d essa tarefa ex trem a m en te im p o r ta n te . V er c o m e n tá r io s s o b re M a teus 10.2-4, e e sp ecia lm en te M arco s 3.1319. S o b re seu m ira c u lo s o m in isté rio de cu ra e e xp u lsã o de d em ó n io s, 17-19, ver com entários sobre "D em on ism o " em M ar cos 5.1-20 e "M ilag res" em M arcos 5.21-43. 20-49. As bem -aventuranças. M uitas das m á x im a s e c o a d a s a q u i e stã o no serm ão do m onte (M t 5 —7) e são apresentadas por M ateu s com o a proclam ação do rei a res p eito d os p rin cíp io s m o ra is e e sp iritu a is que p rev aleceriam em seu rein o (ver co m e n tá rio s de M t 5 — 7). V er c o m e n tá rio sobre o reino de D eus em M arcos 4.1-29.
7.1-35. Milagres de misericórdia 1-10. A cura do servo do centurião. Ver c o m e n tá rio s so b re M a teu s 8 .5 -1 3 . S o b re "C a fa r n a u m " , v e r c o m e n tá rio em M a r cos 1.21-28.
Barcos de pesca atracavam em Genesaré, onde os pescadores Pedro, Tiago e João foram chamados por Jesus.
Lucas [ 423 1
0 centurião romano O c e n tu r iã o ro m a n o , c o r re s p o n d e n te a p ro x im a d a m e n te a u m c a p itã o , c o m an d av a cerca de cem h om en s (" c e n tú r i a " ) , q u e re p r e s e n ta v a m um» s e s s e n ta a v o s da le g iã o ro m a n a , c o m p o s ta p o r seis m il hom ens. E m bora o centurião fre q u e n te m e n te tre in a s s e e in s p e c io n a s s e os h o m e n s so b seu co m a n d o , seu s d e v e re s co r re s p o n d ia m m u ita s v e z e s aos de um oficial subaltern o. O cen turião era a e sp in h a d o rsal do e x é rc ito ro m a n o , e d ele se ex ig ia um líd e r co m p eten te, c o ra jo s o e se n sa to .
11-18. A ressu rreição do filho da viúva de N aim . Esse episódio é exclusivo de L u cas. N aim , ainda ch am ad a assim , é um a p equ ena cidad e galiléia situad a oito q ui lóm etro s a su -su este de N azaré, na a res ta do Je b e l ed D ah i (P equ en o H erm om ), trê s q u iló m e tro s a o é s -s u d o e s te de E nD or. Su a ele v a çã o (q u in h e n to s e q u in ze m e tro s) dá ao v ila r e jo u m a e sp lê n d id a vista da planície de Esdrelom ao sul e su d o e ste e do m o n te T ab o r a n o r o e ste . É um am ontoado de ruínas que contém an tig o s sep u lcro s. 19-35. Jesus dá testem unho de João. O padecim ento de João no cárcere pôs à pro va sua fé, 19,20, m as o hom em p e rfe ito a fo r ta le c e u com u m a m a ra v ilh o s a d e m o nstração de m ilagres de cura e de ex pu lsão de d em ónios (ver com entários so bre Mc 5), seguida por um caloroso louvor a João, 24-29, e pela denúncia da irra cio nalid ad e da descrença, 30-35.
quete orien tal foi na casa de um fariseu. O s con v id ad os ficavam reclinados, facili tando que a m u lher lavasse os pés de Je sus com suas lágrim as e os ungisse. A pa r á b o la , 4 1 -5 0 , e ra u m a c e n s u ra em resposta à crítica da dem onstração de pe nitên cia da m ulher.
8. Libertações e instruções 1-3. M ulheres que assistiam Cristo. Essa p a s s a g e m é e x c lu s iv a do e v a n g e lh o de L u cas. A s m u lh e re s eram esp ecialm en te a fetu o sa s e d ev o tas àq u ele que as havia lib e rta d o . M a ria M a d a len a era de M agd ala (K h irb et M ejd el), cinco quilóm etros a n o ro e ste de T ib e ría d es e situad a entre esta e C afarn au m , na extrem id ad e m eri dional da planície de G enesaré. O m ar da G a lilé ia era, às v e z e s, ch am ad o lago de G en esaré (Lc 5.1). 4-15. A parábola do semeador. Ver co m e n tá rio s s o b re M a te u s 1 3 .1 -2 3 ; M a r cos 4.1-20. 16-18. A parábola da candeia (cf. Mt 5.15,16; Mc 4.21-23; Lc 11.33). 19-21.0 novo relacionamento (cf. Mt 12.4650; M c 3.31-35). 22-25. Jesu s acalm a a tem pestade (cf. M t 8.23-27; M c 4.36-41). 2 6 -3 9 .0 endem oninhado de Gadara. Ver co m en tá rio s sob re M ateu s 8.28-34, e n o tas sobre "D em on ism o " em M arcos 5.1-20 e "M ila g re s" em M arcos 5.21-43. 40-56. Cura de uma m ulher e ressurrei ção da filha de Jairo. Ver com entários so bre M ateus 9.18-26; M arcos 5.21-43.
9.1-17. 0 envio dos doze 7.36-50. Unção de Jesus 36-50. Jesus é ungido por uma p ecado ra. E ssa m u lh e r n ão era nem M a ria de B etânia (Jo 12.1-8) nem M aria M ad alena. Era um a m u lher im pudente, 37, um a pros titu ta que, p ro v av elm en te, co n v ertera -se pelo m inistério de João ou de Jesus, e que deu provas públicas de sua conversão por m eio da g ra tid ã o p e la sa lv a çã o . O b a n
1-9. O m inistério dos doze. (cf. M t 10.142; M c 6 .7 -1 3 ). E les receb eram "p o d er e a u to rid a d e s o b re to d o s os d em ó n io s e pod er p ara cu rar d o e n ça s", 1. H á um só D iabo, m as m uitos dem ónios (ver com en tário sobre "D em o n ism o " em Mc 5.1-20 e "M ila g re s" em M c 5.21-43). Sobre o tetrarca H erod es, 7-9, assassin o de João B a tis ta, v er co m e n tá rio em M ateu s 14.1-11 e M arcos 6.14-29 (cf. tam bém Lc 3.1,2).
A s sinagogas da Galiléia Escavações em Cafarnaum revelaram as ruínas de uma das sinagogas mais notáveis da Palestina, construída em calcário. A estrutura foi restaurada por padres franciscanos. Segundo o costume, o prédio da sinagoga era voltado em direção a Jerusalém. Tinha formato retangular e área interna de 315 metros quadrados aproximadamente. Havia também uma galeria específica para as mulheres e colunas em três lados. Outras sinagogas também foram encontradas em Corazim, Betsaida e outros locais. Todas datam do segundo século d.C.
Reprodução da sinagoga Galiléia, construída provavelmente no terceiro século d.C., sobre as fundações da sinagoga em que Jesus ensinou. Observe a speçífica para as mulheres, e a madeira onde eram guardadas duas placas de pedra am que estavam escritos os dez mandamentos.
Púlpito
[ 426 1 Lucas
Ruínas de uma antiga sinagoga em Tiberíades. A cidade, banhada pelo mar da Galiléia, embora tenha sido um importante centro da economia pesqueira, na época do Novo Testamento, não é citada nos Evangelhos, provavelmente por ser um reduto helenista e, portanto, considerada impura pelo povo de Israel.
10-17. Alim entação dos cinco mil. Esse m ilagre é relatado por todos os evangelis tas (ver M t 14.13-21; Mc 6.30-44; Jo 6.1-14). Betsaida, 10 ("casa ou lugar de pesca"), era a terra natal de Filipe, de Pedro e de André (Mc 6.45; Jo 1.44; 12.21). O n t apresenta o mar da G aliléia rodead o de prósp eras ci dades no tem po de Jesus, entre elas Cafar naum, Corazim, M agdala, Betsaida e Tibe ríades. Sobre Betsaida, ver Mateus 11.20-24.
9.18-62. Previsão da morte e da glória vindoura 18-26. A confissão de Pedro. Ver com en tários de M ateus 16.13-20; M arcos 8.27-30. A confissão de Pedro da divindade do ho mem p erfeito , 20, não resolveu seu p ro blem a esp iritu al. Jesus, portan to, ensinou sobre o discipulado, 23, e a lei do sacrifício e da doação de si mesm o, 24,25, diante de sua rejeição e m orte im inentes, 22, 31, 44.
27-36. A transfiguração. Na transfigura ção, os três discípulos espiritualmente mais perspicazes — Pedro, João e Tiago, 28, — receberam uma lição audiovisual sobre a lei de p erd er para ganhar a si m esm o, 24. A glória da resplandecente divindade de Cris to, 29, e a aparição de Moisés e de Elias re vestidos de glória, 30, além da conversa so bre sua "p a rtid a " ou m orte em Jerusalém , 31, pretendiam mostrar aos discípulos que o ú n ico cam in h o, tanto para n o sso S en h or quanto para os outros discípulos, rumo à gló ria era a entrega de si mesmo à vontade de Deus e aos outros. Pedro e os outros discí pulos qileriam a glória sem o sofrim ento e viviam pensando em salvar-se, não em perder-se. D aí a sugestão egoísta das três ten das, 33, e a nuvem e o m edo, 34, aliviado somente por: "Este é o meu filho, o meu elei to; a ele ouvi", 35. 37-50. D em onstração da futilidade de querer salvar-se. O s d iscípu los eg ocêntri
Lucas [ 427 ]
cos e im p otentes, 37-43, são con trastad os com o Cristo poderoso e desprendido, que n o v am en te a n u n cia su a m o rte, 4 4 ,4 5 . A con seq u ên cia do eg o ísm o dos d iscíp u lo s foi o con flito en tre s cren tes, 46-48, entre grupos, 49,50, e entre raças, 51-56. A única solução era abandonar o ego, 24/ abando no que se m anifesta na d ed icação sincera ao reino de Deus, 57-62. 51-62. Viagem a Jerusalém. Depois de Je sus ter deixado finalm ente a Galiléia, 51, a parte final de seu m inistério desenvolveuse na Peréia, território governado pelo tetrarca H erodes, a leste do Jordão, e na Judéia, regida pelo procurador romano Pôncio Pilatos, 9.51 — 19.27. Lucas detalha minucio sam ente esse m inistério, a respeito do qual M ateu s relata som en te alg u n s in cid en tes (Mt 19—20), M arcos escreve apenas um ca pítulo (Mc 10), e João, cinco (Jo 7-11).
10. 0 envio dos setenta e dois; o bom samaritano 1 -2 4 .0 envio dos setenta e dois. O envio dos seten ta e d ois veio d ep ois de C risto ter enviado os doze, cerca de nove m eses antes. Sua m eta era co m p letar as p ro cla m ações do rei e do reino, para que os que d escressem , 13-24, n ão p u d essem a leg ar que não sabiam , (cf. M t 10.1-42; 11.20-24.) A afirm ação de nosso Senhor — "E u vi Sata nás cair do céu com o um ra io ", 18 — era um a p ro fe cia (cf. A p 12 .8 ,9 ). S a ta n á s só será atirado dos céus na segunda vinda e na fundação do reino (Ap 20.1-3), o grande aco n tecim e n to do qual os seten ta e d ois eram arau to s e p re cu rso res. 25-29. A pergunta do intérprete da Lei. A in d ag ação : "E quem é o m eu p ró x im o ?", serv iu com o in tro d u çã o para a paráb ola seguinte (cf. M t 22.34-40; M c 12.28-34). 30-37. O bom sam aritano. Essa sublime parábola, exclusiva do evangelho de Lucas, reflete sobre a nossa resp onsab ilid ad e de cuidar dos outros, sejam am igos ou estra n h o s. Em um sen tid o e sp iritu a l, esp elh a tam bém o m inistério redentor de Cristo, o retrato perfeito do bom sam aritano. O po bre viajan te, presa de ladrões, representa a hu m anidad e m anch ad a p elo pecado. O
fato de o sacerdote e o levita terem se re cusado a ajudá-lo ilustra que a lei e as or denações não conseguem salvar o homem de sua triste condição. Com extrem o amor e soberba graça e bondade, o hom em per feito desceu até a m orada do hom em infe liz e "encheu-se de com paixão", pondo-lhe curativos nas feridas e nelas vertendo óleo (tipificando o Espírito Santo) e vinho (o san gue purificador). A hospedaria, 34, simboli za a igreja, e os d ois denários, as recom pensas para aqueles que m inistrarem pela salvação dos hom ens. A vinda novam ente p ro m e tid a , com m a io r re co m p en sa , 35, aponta para a segunda vinda. 38-42. M aria v ersu s Marta. Esse é outro episódio exclusivo de Lucas, que mostra a p rim azia do cu lto esp iritu al sobre a ação caridosa. A ação — para que não degenere em m ero negócio carnal corrom pido pelas fru stra çõ es e ten sões, exem p lificad as em Marta — precisa estar arraigada no verda deiro culto espiritual de Cristo, exem plifi cado por Maria, 39. Betânia fica na encosta oriental do m onte das Oliveiras, a cerca de dois quilóm etros e m eio de Jerusalém .
11.1-13. Jesus expõe a doutrina da oração
1. Jesu s orando. Esse evangelho, m ui tas v e z e s, re tra ta o hom em p e rfe ito d e p e n d e n te de D eu s p e la o ra çã o . V er co m entário sobre Lucas 3.21,22, "As orações de Je su s em L u ca s". 2-4. Jesus ensina sobre a oração. Essa é mais propriamente a oração dos discípulos que a oração do Senhor, pois ele era im aculado e jam ais poderia dizer: "Perdoa-nos os nossos p e c a d o s ". Ver co m e n tá rio s sob re M a teus 6.9-13. A oração fundamenta-se na rela ção Pai-filho, e serve com o parâm etro para todos os que fazem parte da família de Deus. 5-13. A parábola do amigo importuno, outra exclusividade de Lucas, ensina a per sistência no pedido. A oração arraigada na paternidade de D eus, 11-13, revela fé nes sa relação. O v ersícu lo 13 cum priu-se em P entecostes. P edir o E spírito Santo, agora que essa dádiva já foi concedida, é com o pedir a um amigo algo que ele já lhe deu.
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11.14-54. Expulsão do demónio e alertas 14-28. Jesus ensina sobre o demonismo. O fato de ter ele expulsado um dem ónio, 14, provoca a blasfem a acu sação de que "e le expulsa os demónios por meio de Belzebu, o chefe dos d em ónios", 15. Belzebu é outro n om e de Satan ás. Ver co m e n tá rio sob re "Demonismo" em Marcos 5.1-20, "M ilagres" em Marcos 5.21-43 e "Satanás" em Lucas 4.113. Satanás é rei, 17,18, e governa o reino dos malignos espíritos caídos, 17-19. O reino de Deus, i.e., o governo de D eus sobre a hum anidade, vem à pessoa quando S a ta nás e os demónios são expulsos por aquele (Jesus, o Cristo) que é mais forte que ele, 20. Isso veio em resposta à oração confiante, 11.1-13. O exemplo do endemoninhado, 2426, é aplicado à nação de Israel por Mateus (ver comentários sobre Mt 12.43-45). Lucas, porém, aplicou o ensinamento à hum anida de em geral, demonstrando a inutilidade da reform a de si m esm o para a salv ação. A purificação exterior sem a verdadeira rege neração convida Satanás a voltar com sete espíritos ainda mais malignos. 29-32. O sinal de Jonas (cf. M t 12.39-42; Mc 8.11). A "rainha do Su l", 31, era a rainha de Sabá (lR s 10.1-13). 33-38. A luz do corpo (cf. M t 5.15,16; M c 4.21,22; Lc 8.16). 3 9 -4 4 . A d e n ú n cia d os fa ris e u s (cf. M t 2 3 .1 3 -3 5 ). 45-54. A denúncia dos advogados. "In térprete da lei" (nom ikos, "d a lei") denota aquele que era especialista na lei de M oi sés e na lei trad icional ju d aica (M t 22.35; Lc 7.30; 10.25; 11.45,46, 52; 14.3). "D esd e o sangue de A bel" (cf Gn 4.8) "até ao de Z a carias" (2Cr 24.20,21), 51, segu e a ordem hebraica dos livros, na qual G énesis abre as Escrituras, e 2Crônicas é o último livro.
12. Parábolas e alertas 1-12. Alerta contra a falsa doutrina. Fer mento (Êx 12.8, 15-20; M t 13.33; IC o 5.7,8) re p re sen ta o e n s in a m e n to co rru p to . Os e n sin a m en to s dos ritu a lis ta s v a z io s, os fariseus, não passavam de im postura e de
hipocrisia, 1-3 (ver M t 16.1-12). O Senhor en coraja os seus, 4-14. A quele que tem o poder de lançar no inferno (geena) é Sata n ás, que lev a ao p eca d o e à re je iç ã o de C risto, 5. C in co p assarin h os por d ois a s ses, sem q ue nen hu m d eles seja "e s q u e cido" por Deus, 6, mostra o zelo do Senhor até pela m enor de suas criaturas. Sobre a blasfém ia contra o Espírito Santo, 10, ver com en tário em M ateus 12.31,32. 13-34. Alerta contra a ganância. Um pe dido de certo hom em d en tre a m ultid ão, 13-15, precipitou a parábola do rico insen sato, 16-21, um alerta geral contra o peca do cardeal da ganância, 22-34 (cf. M t 6.2533; Cl 3.5). Sobre a frase "B uscai [...] o seu r e in o " , 3 1 ,3 2 , v e r c o m e n tá rio em M a teus 3.2; 4.17; 13.1,2. 35-48. A vigília pela segunda vinda. Ver com entários sobre o serm ão do m onte das O liveiras, M ateu s 2 4 .3 7 —25.30. 49-59. Cristo com o divisor dos hom ens. O "b a tism o " de C risto, 50, era sua m orte v ic á r ia p e lo s p e c a d o re s (M t 2 0 .1 8 ,2 2 ; M c 10.38,39). Ele faz as pessoas esco lh er e n tre o b em e o m al, a lu z e as tre v a s. Portanto é um divisor.
13.1-21. Ensinamentos e libertações 1-5. Ensinamento sobre o arrependimen to e o julgamento. Outra passagem exclusi va de Lucas. Pôncio Pilatos (26-36 d.C.) mui tas v ez es p erd ia sua friez a ro m an a e tratava duramente os difíceis judeus. Eis aqui um exemplo que Jesus usou para reforçar a necessidade do arrependimento (Mt 3.2). Ele tam bém se referiu à queda da torre de Si loé, na qual m orreram dezoito pessoas. 6-9. A figueira estéril. Cf. Isaías 5.1-7 e comentários sobre Mateus 21.18-20. A nação de Israel era a figueira. Com o a nação não dem onstfou arrependim ento, a árvore se ria cortada (cf. Mt 24.32-34 e comentários). 10-17. A cura de uma mulher. Sobre as sinagogas, 10, 14, ver "As sinagogas da Gali léia" em Lucas 4.44. Esse episódio é exclusi vo do evangelho de Lucas. A passagem diz que Satanás se apossara dessa judia, cha m ada "filh a de A b raão " (ver com en tário
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sobre "Satanás" em Lc 4.1-13). O epíteto in dica que essa mulher tinha a fé de Abraão. 18-21. Parábolas do grão de m ostarda e do ferm en to. Ver co m en tário s sobre M a teus 13.31-33; M arcos 4.30-32.
13.22-35. Ensinamentos a ' caminho de Jerusalém 22-30. Quantos serão salvos? Isso também é exclusivo de Lucas. O Salvador deu um a resposta prática à indagação, 24, para evi tar a presunção, 25-30. Ele ensina-nos a "fir m ar vosso cham ado e eleição" (2Pe 1.10). 31-33. Jesus avisa sobre H erodes Antipas. Ele estava na P eréia, rein o de A n tipas. Jesu s cham ou o ardiloso e iníquo as s a s s in o de Jo ã o B a tis ta d e a q u e la " r a p o s a ". A e x p re ssã o "h o je e a m a n h ã " descreve o m inistério de cura e libertação de Cristo. O "terceiro d ia" refere-se à res surreição, quando ele seria glorificado (Jo 17.4,5; 19.30; Hb 2.10; 5.8,9). Sobre H erodes A ntipas, ver com entários em M ateus 14.114; M arcos 6.14-29; Lucas 9.7-9. 34,35. O lam ento de Jesu s sobre Je ru salém . O terno am or do hom em perfeito, o ú ltim o A dão, ilu m in a a passagem . (Cf. M t 23.37-39; Lc 19.41-44.)
14. 0 preço do discipulado 1-6. A cura no sábado. O Senhor Jesus respondeu ao ritu alism o hipócrita dos fa rise u s e à v a z ia o b s e rv â n c ia do sá b a d o com um a cura m ilagrosa (ver com en tário sobre m ilagres em M c 5.21-43). 7-15. A parábola do convidado am bicio so. Ela ensina a sabed oria da h u m ildade, 11, e é exclusiva do evangelho de Lucas. A frase "a tua retribu ição será na ressu rrei ção d os ju s to s " , 12-14, su g e re d u as re s surreições, um a à vida (Ap 20.6) e outra à m orte (Ap 20.11-15). 16-24. A p aráb ola da gran d e ceia (cf. M t 22.1-14). Os hipócritas (crentes judeus), e s p e c ia lm e n te o s fa r is e u s , in v e n ta v a m d esculpas para d eixar de ir à grand e ceia de salv ação p ro p orcion ad a por D eu s, 1820. Tudo e stav a "p re p a ra d o ", 17, a g u a r dando apenas a conclusão da obra na cruz. As p essoas das "ru a s e b eco s da cid ad e"
Essa inscrição, encontrada em Cesaréia, confirma que Pilatos foi de fato governador do império romano, no tempo de Jesus.
e dos "cam in h o s e a ta lh o s", 21-23, repre sen tam os gentios que serão convidados, deixando de fora o Israel hipócrita, 24. 25-35. As condições do discipulado. Tão primordial era o amor do discípulo para Cris to que seu afeto pelas pessoas m ais próxi mas, e até por si m esm o, deveria ser, com parativamente, com o o ódio, 26. Esse amor devotado desarraigaria a multidão superfi cial, 25, e prepararia os fiéis para a inevitá vel perseguição, as dificuldades e a cruz, 27. Q ue se calcule a despesa! Isso é exem plifi cado pela parábola do homem que quer cons truir uma torre, 28,29, do rei que se prepara para a guerra, 31-33, e do sal insípido, 34,35.
15. Parábolas: a ovelha perdida, a dracma perdida, o filho pródigo 1,2. M otivo das parábolas. O Senhor res p o n d eu à h ip ó crita recla m a çã o dos fa ri seus, 2, ecoando o texto lapid ar do evan gelho de Lucas: "P orqu e o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdi d o " (19.10). A d isp o sição dos cobradores d e im p osto s (ou p u b lican o s) e dos p eca d ores de ouvi-lo, 1, confirm ou sua missão e p ro voco u as m u rm u rações. 3-7. A o v elh a p e rd id a . A s noventa e n o v e o v elh a s re p re se n ta v a m os crítico s fariseu s; a ov elha perd id a, os publicanos e os pecadores que o Filho do homem veio salvar. A parábola rep reend e severam en
I 430 I Lucas te a vazia religiosid ad e e a orgulh osa h i pocrisia dos fariseus. 8-10. A dracm a perdida. N ovam ente, a peça de prata perdida representava os publicanos e os pecadores. O júbilo da mulher é semelhante ao júbilo dos anjos de Deus no céu pelo pecador que se arrepende, 10, mais um a vez essa rep resen ta um a sev era re preensão contra os críticos fariseus. 11-32. O filho pródigo. O pródigo repre sen ta os p u b lica n o s, 11 -2 2 ; o filh o m ais velho, 25-32, os fariseus. A hipocrisia e a arrogância dele eram evidentes. Ele jam ais fizera nada de errado e considerava-se su perior ao pobre p ecad or erran te que v o l tara para casa. Era óbvia a censura à críti ca d os fa r is e u s c o n tra Je s u s co m o Salvad or e am igo d os p ecad ores.
16. 0 administrador infiel; o homem rico e Lázaro 1-18. A parábola do administrador infiel. Nessa metáfora, Jesus elogia a prudente an tevisão do adm inistrador, e não sua deso nestidade. A parábola não só abre espaço
Moedas romanas. A de cima retrata o governador Antoninus Felix (59 d.C.); e a de baixo, o governador Pôncio Pilatos (30 d.C.).
para a pregação do uso correto do dinheiro, m as p rop orciona um m eio de repreender seu uso errado e egoísta por parte dos cobi çosos fariseus, que ainda sustentavam crer na vid a fu tu ra . Se assim fo sse, que e les dem onstrassem sua fé na vida vindoura e que usassem o d in h eiro para co n q u ista r am ig o s q ue e sta ria m às p o rtas dos céus para recebê-los, 9. O uso correto do dinhei ro n essa vida d em onstra a auten ticid ad e de n ossa salv ação, e isso será reco m p en sado na vida futura. A zom baria dos fari seus em relação ao ensinam ento de Jesus sobre o dinheiro, 14-17, provou que sua fé era vazia e sua crença no céu, um a im pos tura vã. Sua cobiça confirmava isso. A alar d eada ven eração da lei era tam bém um a farsa, pois deixavam de lado o claro ensi nam ento da lei sobre o divórcio, 18, permitindo-o com base em trivialidades. 19-31. O homem rico e Lázaro. Essa pa rá b o la (ou, co m o su g erem a lg u n s, e sse exemplo histórico) também tinha como alvo os fariseus hipócritas, descrentes e zom ba dores. Eles se vangloriavam de sua suposta observância da lei (cf. 15-17) e consid era vam sua riqueza, que acum ulavam ganan ciosam ente, com o provas disso. Jesus pro vou a falácia do raciocínio deles. A grande fortuna do rico era, ao contrário, não prova da graça divina, pois ele foi para o inferno (Hades, Sheol, morada intermediária dos es píritos hum anos entre a m orte e a ressur reição). Lázaro, o m endigo m iserável, foi, no entanto, para "junto de Abraão", 22, i.e., o paraíso, para onde foram as almas de to dos os justos do a t . Ele não teve chance de fazer am igos para si usando as "riq u ezas da inju stiça" para que esses o recebessem n os "tabern ácu los etern os" (cf. 9). No en tanto lá estava ele! E entre ele e o rico havia um ab ism o in tran sp o n ív el, sep aran d o os perdidos dos salvos. Que isso sirva de lição aos gan anciosos fariseus!
Céu e inferno Jesus ergueu o véu da vida futura, reve lando a morada das almas dos mortos, salvos e perdidos, entre a morte e a ressurreição.
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Hades (gr., heb. " Sheol” ) é o lugar para o qual iam todos os m ortos nos tem pos do a t , tem pos de "M o isés e os P rofetas", 29. O s ju s to s , p o ré m , iam p a ra " ju n t o de A b ra ã o ", 22, m as ficavam sep arad os dos ím pios do a t por um "grande abism o", 26. O ladrão fiel (Lc 23.43) estaria’ naquele m esm o dia com C risto no paraíso, e as cir cu n stân cias, d iante de E fésios 4.8-10, p a recem in d ic a r que d esd e a a scen sã o de Cristo, o paraíso, ou estar "junto de Abraão", transferiu-se para o "terceiro céu" (2Co 12.14), a imediata presença de Deus (IC o 15.53; lT s 4.13-18; 2Co 5.2,8; Fp 1.23). M as os p e rd id o s , do p e río d o do a t com o do n t , ainda vão para o H ades, ou in fe rn o in te rm e d iá rio , so fren d o , de fo r ma consciente, torm ento (Lc 16.24). No ju ízo dos pecad ores (Ap 20.11-15), os m o rto s ím p io s serão re s su s c ita d o s e lan çad o s no in fe rn o etern o, ju n to com a m orte e o H ades (Ap 20.14). Essa é a "s e g u n d a m o r te " ou e te r n a s e p a ra ç ã o de Deus (Ap 20.14), o estado final dos iníquos.
17. 0 perdão; profecia da segunda vinda I-10. Instrução sobre o perdão e o serviço. A queles que fazem os outros tropeçar, es pecialm ente os jovens, sofrerão severo cas tigo, 1,2. Se somos regidos pela fé, é preciso praticar o perdão e a bondade (cf. Ef 4.32). O serviço deve ser espontâneo e natural àque le que confessa a soberania de Cristo, 7-10. II-1 9 . A cura de dez leprosos. Esse epi sódio se encontra som ente em Lucas. To dos os dez lep rosos foram cu rad os m ila grosam ente. Em bora todos os dez tenham exibido fé e obediência, só um voltou em um a atitude de gratidão. O sam aritano foi o único que adorou aquele que o curou, e não a cura. Essa postura espiritual correta resultou em cura física e espiritual, 19. 20-37. Quando virá o reino de Deus. A pergunta dos fariseus, 20, provocou a se guinte resposta de nosso Senhor: o reino de Deus não viria acom panhado de uma exibi ção exterior, m as já estava no m eio deles, 21 — i.e., na pessoa do rei que os fariseus rejeitaram . C risto, a seguir, dirigiu-se aos
discípulos e deu novas instruções a respeito da manifestação externa da vinda do reino, no tem po em que o rei será aceito, 22-37. Naquele momento, sua vinda será evidente para todos, 24. Contudo, sua missão, primei ro, incluía o sofrim ento e a rejeição, 25. O juízo precederia imediatamente a volta visí vel do rei, 26-37. Os versículos 34 e 35 se referem à reunião instantân ea dos ímpios para o juízo do final dos tempos. O versícu lo 37 descreve a terrível carnificina do Armagedom (Ap 16.14; 19.17).
18. Parábolas e instruções 1-8. A parábola da viúva persistente. Essa paráb ola ocorre n o con tex to da segunda vinda de C risto (17.20-37). O versícu lo 8 questiona: "C ontu d o, quando vier o Filho do hom em , achará fé na terra?". Nos som brios dias apóstatas da tribulação, a fé só será en con trad a no rem an escen te fiel do p ovo de D eus. E sses, os eleitos, sofrerão grande persegu ição e clam arão continu a m ente a ele, pedindo libertação. Ele, por tanto, vin gará o rem a n escen te, ca stig a n do seus p erseg u id ores na segunda vinda. 9-14. A parábola do fariseu e do publicano. Essa p arábola, com o a anterior, é ex clusiva do ev a n g elh o de Lucas. Seu alvo era o orgulho e a vazia hipocrisia ritualista dos fariseus, 9. O fariseu era extrem am en te egoísta. Na curta oração, quatro verbos na prim eira pessoa se referem a ele m es m o, e não a Deus, 11,12. O publicano era hum ild em ente contrito. A frase "O Deus, tem m isericórd ia de m im , um p ecad or!", 13, tinha em mente o propiciatório (Ex 25.1722; Hb 9.5), e significa "age com igo da mes ma form a que o Senhor o faz quando olha o p rop iciatório salp icad o de san g u e". Em Cristo, D eus é propício e m isericordioso. 15-17. Jesus abençoa as criancinhas (ver M t 19.13-15; M c 10.13-16). 18-30. O jo v em rico (cf. M t 19.16-30; M c 10.17-30). 31-34. Jesu s pred iz m ais uma vez sua m orte (cf. M t 20.17-19; M c 10.32-34). 35-43. A cura do cego perto de Jericó (cf. M t 20 .2 9 -3 4 ; ver co m en tário sobre Jericó em M c 10.46-52).
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19.1*27. Zaqueu; a parábola das minas I-10. A conversão de Zaqueu. C om o rico cobrador de im postos, Zaqueu era despre zad o pelos com p atriotas ju d eu s, 1,2. Ele procurava ver Jesu s, 3,4, m as Je su s e sta va ainda m ais ansioso para vê-lo, 5,6. As ruas de Jericó nos tem pos do n t eram la d ead as de sicô m o ro s, e os a rq u e ó lo g o s, de fato, identificaram no sítio pedaços de madeira de sicôm oro. A restituição de Z a queu, 8,9, provou a realidade de sua expe riência esp iritu al e ilu stra ad m iravelm en te o fato de que "o Filho do hom em veio buscar e salv ar o que se havia p e rd id o ", 10, a frase lapidar do evangelho de Lucas. II-2 7 . A parábola das minas. Essa pará bola foi proferida para corrigir a falsa no ção de que o re in o de D eu s a p a re c e ria im ed iatam ente, 11. Sob re o term o "re in o de D eus" em M arcos e Lucas, v er com en tá rio em M a rco s 4 .1 -2 9 . N e sse c o n te x to e sp ecífico , L u cas u sa o term o "r e in o de D eu s"; porém , sob re o sen so re strito em
que M ateu s em prega a d esignação "rein o do c é u ", ver com en tário s em M ateu s 3.2; 4.17; 13.1,2. O reino, aqui rejeitado, é adia do (Lc 17.21; At 1.6-8), m as virá no tem po dev id o com m an ifestação visível (ver co m entários sobre Lc 17.20-37). Portanto, na parábola o Sen h or Jesu s é o "h om em no b re ", 12, que vai a um a terra d istan te (o céu) p ara receber um reino para si, a ser e sta b e le c id o em sua seg u n d a v in d a . O s dez serv o s rep resen tam os m esm os g ru pos que as dez virgens de M ateus 25.1-13. O versículo 27 descreve a ira do C ordeiro e a chacina dos seus inim igos no "g rand e dia do Deus Todo-Poderoso" (Ap 16.14). A seg u n d a vind a re su lta rá na reco m p en sa dos ju stos e no castigo dos ím pios.
19.28-48. Entrada triunfal; segunda purificação do templo 28-40. A entrada triunfal. Ver comentári os so b re M ateu s 21 .1 -1 8 ; M arcos 11.1-10; João 12.12-19. Lucas dá um detalhe interes sante: "tod a a m ultidão de discípulos, ale
Maquete do templo de Herodes mostra os mercadores e cambistas ao lado da escadaria principal. Jesus os expulsou, dizendo-lhes: "Está escrito: A minha casa será casa de oração. Mas vós a transformastes em covil de salteadpfes" (Lc 19.46).
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grando-se muito, com eçou a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que havia visto", 37. Lucas tam bém relata seu brado: "Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!", 38. Paz no céu virá quando Satanás de lá for expulso (Ap 12.7-12) e encarcerado no abiãmo sem fundo (Ap 20.1-3). Paz na terra, o angélico anúncio do nascimento de Cristo (Lc 2.14), se realizará som ente na segunda vinda. 41-44. O Homem perfeito chora por Jeru salém. Ver com entários sobre M ateus 23.3739. Q u an ta tern u ra e b en ev o lên cia nosso Senhor dem onstrou! Seu coração transbor dava de compaixão (Lc 13.34,35) ao profeti zar a destruição da cidade, 43,44 (cf. Lc 21.2024). Isso se cumpriu em 70 d.C. 45-48. A segunda purificação do templo. Ver co m en tário s sob re M ateu s 2 1.12-16; M a r cos 11.15-18. Contraste com a primeira purifi cação no início do ministério de Cristo (Jo 2.1317). A "c a s a de o r a ç ã o ", 46 (cf. Is 56 .7 ), tornou-se "covil de salteadores" (Jr 7.11).
20. Conflito com os líderes dos judeus 1-8. A autoridade de Jesus é questionada. V er co m e n tá rio s so b re M a teu s 2 1 .2 3 -2 7 ; M arcos 11.27-33. Jesus denunciou a vã hipo crisia e a descrença dos líderes judeus com a p erg u n ta referen te ao b atism o de João, 14. A incapacidade de respondê-la revelou o d ilem a em que o p ecad o d eles os hav ia metido — ou admitir que eles haviam se re cusado a obedecer ao m ensageiro de Deus ou expor-se ao repúdio público. 9-18. A p arábola dos agricultores maus. Ver e x p o siçã o d ela em M a teu s 2 1 .3 3 -4 6 . C risto era a p ed ra que fora rejeita d a , 17 (SI 118.22,23). N a segu nd a vinda, ele será "p e d ra de re m a te " (Zc 4.7 ). A q u ele que "c a ir sob re esta p e d ra " com fé será feito em ped aços, em co n triçã o e perd ão, m as "aq u e le sobre quem ela cair [com o ju ízo] ficará reduzido a p ó ", 18, clara referência à ped ra esm agad ora que d estruirá as p o tên cias m u n d iais p ag ãs an tes do e sta b e lecim ento do reino (Dn 2.34,35). 19-26. A questão do tributo. Ver M ateus 22.15-22; M arcos 12.13-17.
27-38. Os saduceus são silenciados.Ver M ateus 22.23-33; M arcos 12.18-27. 39-47. Os escribas são interrogados. Ver M ateus 22.41-46; M arcos 12.35-37.
21. 0 sermão do monte das Oliveiras. 1-4. A oferta da viúva (cf. Mc 12.41-44). 5-38. O serm ão do m onte das Oliveiras, o serm ão p rofético. C ontraste o relato de L u ca s com o de M a teu s (cap s. 24 e 25). Enquanto M ateus dá inform ações detalha d as so b re o fin a l da e ra im ed ia ta m e n te anterior à segunda vinda de Cristo, Lucas dá um a visão geral d esse período, 5-19 e 25-36, m as in tercala a p ro fecia da queda de Jeru salém (70 d .C .), 20-23, e a d isper são m undial dos judeus durante o período in term éd io , cham ad o 'tem p o s dos g en ti o s ', 24. D u ran te e sse p eríod o, Jeru salém ficará sob dom ínio gentio e só será plena m ente libertada na volta do Senhor, 25-28, quando esta era, iniciad a com o cativeiro de Judá no tem po de N abucodonosor (606 a.C.), term inará. A "fig u eira ", 29, é Israel. "T o d as as á rv o re s" são as o u tras nações que tam bém v iv erão um a renov ação an tes da vinda do Senh or — nações sujeitas ao redivivo im pério rom ano. "V erão", 30, é a form a m ediatária (m ilenarista) do rei no de D eus liderado pelo M essias, 30, em sua san ta vind a. "E sta g e ra ç ã o ", 32, são os in d e stru tív e is e in a ssim ilá v eis ju d eu s q u e s e r ã o p re s e r v a d o s p a ra c u m p rir a palavra profética de D eus, 33. Ver com en tários sobre M ateu s 2 4 —25; Lucas 13.
22.1—23.26 Acontecimentos anteriores à crucificação 22.1,2. A tram a p ara m atar Jesu s (cf. M c 14.1-21). 3-6. A traição de Judas (cf. Mt 26.2,14,15; M c 14.10,11). 7-13. A p rep aração para a Páscoa (cf. M t 26.17-19; M c 14.12-16). 14-18. A ú ltim a P á sco a (cf. M t 26.20; M c 14.17; Jo 13). 19-20. A ceia do Senhor (cf. M t 26.26-29; M c 14.22-25).
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21-23. O anúncio da traição (cf. M t 26.2125; Mc 14.18-21; Jo 13.18-30). 24-30. O lugar dos apóstolos no reino vindouro (cf. M t 19.28; Ap 3.21). Cf. com en tários sobre M ateus 3.2; 4.17; 13.1,2. 31-34. Jesus prediz a negação de Pedro (cf. Mt 26.33-35; Mc 14.29-31). 35-38. Alerta sobre os conflitos vindouros. 39-46. Jesus no monte das O liveiras. Ver com entários sobre M ateu s 2 6.36-46; M ar cos 14.32-42. 47-53. A traição (cf. M t 26.47-56; M c 14.4350; Jo 18.3-11). 54-65. A prisão (cf. Mt 26.69-75; Mc 14.53-72). 66-71. Perante o Sinédrio (cf. Mt 26.59-68). 23.1-26. Perante Pilatos e H erodes (cf. Mt 27.1-15; Mc 15.1-5; Jo 18.28-40).
23.27-56. Crucificação e sepultamento 27-38. A crucificação. Ver com entários sob re M ateu s 2 7 .3 3 -3 8 ; M a rco s 1 5 .2 2 -2 8 ; João 19.17-19. A cruz de Cristo não só ju l gou o m u nd o (Jo 12 .3 1 ), m as rev elo u o que é o m undo. O povo em geral apenas olhava indiferente, 35, en qu an to os an ci ãos zo m b av am , 35; os cru éis e s c a r n e c i am , 36; o p ecad o r co n d en ad o orav a, 42; os d e s c r e n te s m a te r ia lis ta s tir a v a m a sorte (M c 15.24); o centurião crente glori ficava a Deus, 47; e os d iscíp u los p erm a neciam a fastad o s, 49. 39-45. O ladrão penitente. Eis aqui o caso de um arrependim ento genuíno no leito de m o rte. S o b re " p a r a ís o " , 4 3 , v e r L u cas 16.29-31 e com entários. A h istó ria do ladrão penitente é exclusiva de Lucas (cf. M t 27.44; M c 15.32). 46-49. Jesus entrega seu espírito, reali zando voluntariam ente um ato de v o n ta de soberana, d iferenciand o assim a m o r te do h o m em -D eu s de to d o s os o u tro s ca so s de m o rte fís ic a , 46 (M c 1 5 .3 7 ; Jo 19.30). "N inguém a tira de mim, m as eu a dou esp on tan eam en te" (Jo 10.18). 50-56. O sepultamento de Jesus. Ver co m en tário s sob re M ateu s 2 7 .5 7 -6 1 ; M a r cos 15.42-47; João 19.38-42. José era membro do conselho, 50, i.e., o Sinédrio, corte oficial ju d aica com p osta de seten ta sa cerd o te s,
escribas e anciãos, presidida pelo sum o sa cerdote. "Esperava o reino de Deus", 51, in dica sua expectativa m essiânica, segundo as grandes promessas do at (ver comentári os sobre Mt 3.2; 4.17; 13.1,2). O sábado, 54, começava ao pôr-do-sol. Lucas, dirigindo-se a leitores não-judeus, explica a urgência do sepultam ento segundo o costume judaico.
24. Ressurreição e ascensão 1-12. A ressurreição (cf. M t 28.1-6). So b re a "O rd e m d os e v en to s da re ssu rre i ç ã o " v e r n o ta em M a rc o s 1 6 .1 -8 ; cf. Jo ã o 2 0 .1 -1 7 . Ver co m en tá rio em Jo ão 20 sob re "A au ten ticação da re ssu rre içã o ". 13-35. M inistério pós-ressurreição aos discípulos de Em aús. Em aús ficava a ses senta estádios (um estádio equivale a cen to e seten ta e sete m e tro s), ou cerca de doze quilóm etros de Jerusalém . A vila, pro v a v e lm e n te , p o d e s e r id e n tific a d a a Am was, que fica m ais ou m enos a mesma d istân cia esp ecifica d a por L u cas a oeste de Jeru sa lé m . Seu v ín cu lo com a Em aús do n t é bem antigo, anterior às Cruzadas. Só L u cas relata in teg ra lm en te e sse terno e solidário m inistério do C risto ressuscita do. "M o isé s", 27, refere-se ao Pentateuco, tão pleno de profecia e sim bologia m essi ân icas; e "to d o s os p ro fe ta s", 27, c o rres ponde à segunda parte das Escrituras h e braicas: a lei, os profetas, as Escrituras. A te rc e ira d iv is ã o era ta m b é m c h a m a d a "Salm o s", 44, pois a seção era iniciada pelo com pêndio d evocional de Israel. 36-43. Aparição aos onze depois da ressur reição. O Cristo ressurrecto provou que não era um mero espírito, m as que possuía um corpo glorificado de carne e osso, 39. A prova está no fato de que eles o tocaram e conver saram com ele; além disso, ele comeu dian te dos discípulos, 43. Tudo isso se enquadra bem no evangelho da humanidade de Cris to. O n t ensina claram en te a ressu rreição física de Cristo. Ver comentário em João 20, "A autenticação da ressu rreição". Sobre as "Aparições pós-ressurreição" de Cristo, ver com entário em M arcos 16.9-20. 44-49. A com issão m undial. O Filho do h om em g lo rifica d o exp lico u que as pro-
Lucas [ 435 ]
A semana da Paixão em abril de 30 d.C. Sábado:
• Ceia em Betânia D om ingo:
• Discípulos arrumam um jumentinho • Entrada triunfal em Jerusalém • Jesus na cidade e no templo • Descanso em Betânia S eg u n d a -fe ira :
• Figueira é amaldiçoada • Segunda purificação do templo T e rç a -fe ira
• Último dia no templo • A autoridade de Cristo é desafiada • Parábola dos dois filhos • Parábola dos agricultores maus • Parábola da pedra rejeitada • Parábola das bodas • A questão do tributo a César • A questão da ressurreição • O maior dos mandamentos • Filho e Senhor de Davi • Denúncia dos escribas e fariseus • Lamento por Jerusalém • A oferta da viúva pobre • Os gregos querem ver Jesus • O sermão do monte das Oliveiras (o sermão profético) P a ráb o las:
• A figueira • Sobre o dever de vigiar • O pai de família
• Dos dez servos e das dez minas • A í dez virgens • Os talentos • As ovelhas e os cabritos • Judas negocia a traição de Jesus Quarta-feira • Dia tranquilo em Betânia Quinta-feira • Preparação para a Páscoa • A refeição pascal e a ceia do Senhor • Jesus lava os pés dos discípulos • Judas é apontado como traidor • Os apóstolos são alertados sobre a deserção • O grande discurso do cenáculo (Jo 13— 17) • A grande oração intercessora (Jo 17) • A agonia no Getsêmani (ver comentário sobre Mt 26.36-56) • Traição e prisão • Pedro e a cura da orelha de Malco Sexta-feira: • Primeiro julgamento judeu: perante Anãs • Segundo julgamento judeu: perante Caifás • Terceiro julgamento judeu: perante o Sinédrio • Jesus declara-se o Messias • Jesus é escarnecido; negação e remorso de Pedro • Primeiro julgamento romano: perante Pilatos
• Segundo julgamento romano: perante Herodes • Terceiro julgamento romano: perante Pilatos novamente • Pilatos entrega Jesus aos judeus • Pilatos novamente tenta resgatar Jesus • Suicídio de Judas • O caminho da cruz Na cruz Prim e ira s trê s horas: 9 -1 2h
Três dizeres: • "Pai, perdoa-lhes..." • "Hoje estarás comigo no paraíso." • "Mulher, aí está o teu filho." S e g u n d a s trê s horas: 1 2 - 1 5h
Quatro dizeres: • "Deus meu, Deus meu..." • "Estou com sede." • "Está consumado!" • "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito." Fe n ó m en os so b re n a tu ra is q u e a co m p a n h a ra m a m o rte d e Jesus:
• Trevas, terremoto, rasgamento do véu do templo • Sepultamento do corpo no túmulo de José Sábado
• Corpo no túmulo; espírito no Sheol D o m in g o
• Ressurreição (ver "Ordem dos eventos" em Mc 16)
[ 436 ] Lucas
Os julgamentos de Jesus Julgamento Julgamentos religiosos
Julgamentos civis
Bíblia
Juiz
Decisão
Primeiro
Jo 18.12-14
Anás
Segundo
Mt 26.57-68
Caifás
Terceiro
Mt 27.1-2
Sinédrio
Sinal verde para liquidar Jesus Sentença de morte, acusação de blasfémia Sentença de morte é legalizada
Jo 18.28-38 Lc 23.6-12 Jo 18.39—19.6
Pilatos Herodes Pilatos
JUDEUS
ROMANOS
Quarto Quinto Sexto
m essas e p ro fe cia s das E sc ritu ra s a re s peito dele tinham de ser cum pridas, 44. Ele ilu m in ou as m en tes d os d iscíp u lo s para que pu dessem com p reen d er isso , 45, e o sig n ificad o de sua m orte e re ssu rre içã o , 46. A meta em vista era que "se pregaria o arrependim ento para perdão dos pecados a todas as nações", 47 (grifo do autor). A s sim a narrativa de Lucas term ina com sua nota de proclam ação universal — a salva ção oferecida a todo o mundo.
Inocente Inocente Inocente, mas Jesus é entregue aos judeus
50-53. A ascensão. "A promessa de meu P a i", 49 (o Espírito Santo) seria cum prida (At 2.1-4). Enquanto não fossem revestidos de poder do alto, eles não deveriam sair da cidade (Jerusalém), nem tentar cumprir sua tarefa sobre-hum ana com m eios m eram en te hu m anos. A ascen são foi o d errad eiro ápice, 50-52 (ver Mc 16.19,20; At 1.9-11). Betânia, 50, era um a pequena vila cerca de dois quilómetros e meio a leste de Jerusalém, na encosta oriental do m onte das O liveiras.
Essa enorme pedra, lavrada em formato circular, foi usada para lacrar a "Tumba dos Herodes", descoberta em uma área que fica fora dos muros de Jerusalém. A tumba em que Jesus foi sepultado também foi lacrada com uma pedra semelhante.
João 0 evangelho do Filho de Deus 4
O autor. Desde o tempo dos
pais da igreja, atribui-se o quarto evangelho a João, o discípulo amado. Teófilo de Antioquia (c.180), ireneu (c.200), Clemente de Alexandria (c.220), Tertuliano (c.220) e Origenes (c.250) concordavam quanto à autoria joanina. Até Porfírio e Juliano, o Apóstata, dois inimigos declarados do cristianismo em seu primórdio, aparentemente não questionavam a autoria joanina. Eles, certamente, fariam isso, caso tivessem fundamento para negar a autenticidade do evangelho que tão notavelmente enfatiza a absoluta divindade de Cristo. João, o amado. João e seu
irmão Tiago eram pescadores galileus e membros de uma família próspera, pois seu pai Zebedeu tinha servos (Mc 1.20). João e seu irmão eram veementes e impetuosos. Ganharam o epíteto "filhos do trovão" (Mc 3.17). João participava do círculo mais íntimo de Jesus (Mc 5.37; Lc 8.51; Mt 17.1). O autor no evangelho.
(1) Na última ceia, João conchegou-se a Jesus (Jo 13.23). (2) Na cruz permaneceu fiel, e Jesus lhe confiou a tarefa de cuidar de sua mãe (Jo 19.26,27). (3) Diante do túmulo, foi o primeiro a crer na ressurreição de Jesus (Jo 20.1-10). (4) Na praia da Galiléia, foi o primeiro a reconhecer o Senhor (Jo 21.1-7).
Data do evangelho. A data do evangelho de João é posterior à dos evangelhos sinóticos, mas não posterior a 85 ou 90 d.C., conforme demonstram as seguintes razões: (1) complementa os sinóticos e omite muito do que eles registram, bem como registra muito do que eles omitem; é completo quando eles são breves e vive-versa; (2) mostra uma maturidade da consciência cristã, improvável no período primitivo da igreja; (3) não faz referência à queda de Jerusalém em 70 d.C., nem como fato futuro nem como passado; por isso foi certamente escrito vários anos depois do evento; (4) a arqueologia sustenta essa
sensata datação, como mostram as descobertas relatadas na página seguinte.
Esboço 1.1-51 Introdução 2.1— 12.50 Ministério público do Filho de Deus 13.1— 17.26 Ministério aos discípulos do Filho de Deus 18.1— 20.31 Morte e ressurreição do Filho de Deus 21.1-25 Epílogo
1 Im agem de Jo ão , autor
“djftíifraos” ej/angelhos, eicu lp id a__
[ 438 ] João
Os manuscritos do mar Morto Descobertos a partir de 1947, esses documentos revelaram que o n t tem pano de fundo judaico, com menos influência grega que hebraica. Também forneceram pistas para a datação dos evangelhos sinóticos, situando Marcos entre 60-65 d.C., e João, em data não posterior a 90 d.C. A recuperação da literatura essênia de Qumran, o sítio da costa noroeste do mar Morto onde os primeiros e mais fenomenais manuscritos foram descobertos em 1947, demonstra que o evangelho de João reflete o genuíno pano de fundo judaico de João Batista e de Jesus, e não o pano de fundo gnóstico do final do século n d.C. Isso é atestado pelos notáveis paralelos dos símiles conceituais do quarto evangelho encontrados na literatura essênia de Qumran. Esses achados arqueológicos desacreditaram a crítica racíonalista, que havia retirado o evangelho de João da data tradicional da era apostólica (entre 90 e 130 d.C.), tratando-o assim como texto essencialmente apócrifo. A literatura gnóstica de Nag Hammadi. Em 1945, treze códices contendo quarenta e nove documentos gnósticos
foram encontrados no Alto Egito, na antiga ShenesetChenoboskion, nas vizinhanças de Nag Hammadi, cinquenta e um quilómetros ao norte de Luxor. Datado do século m d.C. e escrito em copta, esse material, que rivaliza com os manuscritos do mar Morto em importância, prova que o gnosticismo foi muito posterior ao evangelho de João, e que os gnósticos extraíram boa parte de seus conceitos desse evangelho — bem o contrário do que se supunha, ou seja, de que o quarto evangelho era um tratado gnóstico posterior. Propósito do quarto evangelho. O propósito é revelado em João 20.30,31: expor o caráter messiânico e a divindade de Jesus, apresentando como provas irrefutáveis seus sinais miraculosos, a fim de incutir fé nos corações dos homens para que eles pudessem
receber a vida eterna. Para alcançar essa meta, o autor fez cuidadosa seleção e meticulosa omissão. Isso para que os judeus se convencessem de que o Jesus histórico é o "Cristo", e para que os gentios pudessem aceitar esse mesmo Jesus como "Filho de Deus", Salvador da humanidade. Esse é o "Evangelho da Crença". Material peculiar a João Certa de 92% do conteúdo do quarto evangelho é exclusivo de João, e não se encontra nos três evangelhos sinóticos. Em comparação, Mateus tem 42% de conteúdo exclusivo, Lucas, 59%; e Marcos, somente 7%. Os milagres no evangelho de João. Só oito dos trinta e cinco milagres de Cristo registrados nos evangelhos são mencionados por João. Seis desses são exclusivos do quarto evangelho.
João [ 439 ]
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30km
Planta do assentamento
Fotos menores: Superior: A cisterna e a torre de vigia da comunidade de Qumran. Inferior: Neste prédio do Museu Israel, de formato semelhante ao dos jarros onde os manuscritos foram encontrados, estão guardados os manuscritos do mar Morto.
OESTE
LESTE
Planície costeira Terras baixas (Sefelá)
MAR MEDITERRÂNEO
Nfeí
0
8
16
24 km
1.... I..' , I_____I
Colinas da Judéia
Deserto da Judéia Vale do Jordão Jerusalém
[ 440 1 JoãQ
1.1-18. Prólogo: o Verbo — quem era ele e o que se tornou 1-13. O Verbo — quem era ele. Esses v e rsícu lo s d eclaram oito g ra n d es v e rd a des relativas a nosso Senhor Jesu s Cristo. (1) Ele era e é o Eterno, que sem pre existiu antes do tempo e da matéria: "N o princípio era o Verbo" (grifo do autor). (2) Ele era e é uma pessoa distinta de Deus Pai: "O Verbo [o Cristo pré-encam ado] estava com D eus" (Pai) (grifo do autor). (3) Ele era e é Deus: "O Verbo era D eus", 1 (grifo do autor). (4) Ele coexistia com Deus (Pai) desde a eter nidade, 2. (5) Ele foi o Criador do universo, 3. (6) Ele é a fonte de toda a vida e luz (tan to física quanto espiritual), 4,5,9 (não con fu nd ir com Jo ão B atista, 6-8, m eram en te uma testem unha do C risto com o "v e rd a deira luz", 9. (7) Ele é o Deus que se revela a um universo caído, e sua auto-revelação é irresistivelm ente vitoriosa, 5. (8) Ele en trou no m undo dos hom ens, e eles o igno raram , 10. Seu povo, Israel, o rejeitou, 11. M as aq u eles que o receb eram têm a g a rantia da regeneração espiritual, 12,13. 14-18. O Verbo — o que ele se tom ou. "O Verbo [o Eterno Deus Criador] se fez carne [homem]", 14. O mistério dos séculos! Deus se fez homem, o homem-Deus. A divindade uniu-se à humanidade em uma Pessoa glo riosa e habitou em um tabernáculo de carne entre nós, 14. Aqueles que viram o homemDeus viram "a sua glória, como a glória do unigénito do Pai", 14, conforme testemunhou João Batista, 15 (cf. 6-8). Eles, na verdade, viram a Deus, invisível, no "unigénito" que revelou a Deus, 18, e introduziu um a nova era de graça e de verdade, 17.
1.19-51. 0 testemunho de João e dos primeiros discípulos de Jesus 19-28. Testemunho de João Batista. As autorid ades religiosas ju d aicas de Jeru sa lém indagaram: "Quem és tu ?", 19, 22. João negou que era o Cristo, ou Elias (2Rs 2.11), cuja volta era esperada antes de Cristo, ou "o profeta", i.e., o M essias profetizado em D euteronôm io 18.15 (cf. Jo 6.14; 7.40). João
d ecla ro u q ue era sim p le sm e n te " a v o z " (Is 40 .3 ) que p ro feticam en te anu n ciav a a vinda do M essias, 23. As autoridades judai cas queriam saber por que Jo ão batizava ou realizava um rito oficial sem status ofici al, 24. Sua resposta foi que a cerim ónia da água que ele oficiava não era um fim em si m esm a, m as a in tro d u ç ã o e p re p a ra çã o para um a realização esp iritu al de im p or tância bem maior a ser executada por aque le cujo cam inho ele preparava, e cujas cor reias das san d álias ele não era d ig no de d esatar (função de escravos).
0 batismo de arrependimento de Joào O batismo de João era um sinal de arre pendim ento que preparava a vinda do rei no de D eus, que seria iniciad o por Jesus. Ficava a meio caminho entre o batism o dos prosélitos, um rito iniciatório ju d aico, e o batism o da igreja, um rito de identificação com a com unidade cristã. 29-34. O batism o de Jesus. Jesus era o C o rd e iro s a c r ific a l de D eu s, 29 (Ê x 12; Is 53.7; IP e 1.19) que estava acim a de João, porque existia antes de João, 30 (cf. 1-18). O co n h ecim en to de Jo ã o acerca do ca rá ter m e ssiâ n ico de Je su s foi d iv in a m en te autenticad o no batism o de Jesu s pelo Es p írito em form a de pom ba que d esceu e perm an eceu sob re ele, 31-33, co n firm an do-o com o aquele "q u e batiza com o Espí rito Santo", 33, o filho de Deus, o M essias, 34 (cf. 49; 11.27). João, evidentem ente, re con h eceu Je su s com o o C o rd eiro s a c rifi cal que m o rre ria , 29, re s su s c ita ria e a s c e n d e ria a o s c é u s p a ra d a r o d om do E sp írito S an to em P en teco stes (A t 2.1-5). E sse dom con teria o m in istério de b a tis mo do Espírito (At 1.5; 2.4; 11.14-16). Com o o m inistério de batism o se tornou possível pela m orte red entora de C risto, ele, o re dentor, é cham ado de "o que batiza com o Espírito Santo". Depois do advento do Espí rito em Pentecostes, o próprio Espírito pas sou a ser o ag en te do b atism o esp iritu al (IC o 12.13).
João [ 441 ]
35-51. Testemunho dos prim eiros discí pulos de Jesus. O testem unho que deu João do caráter m essiânico de Jesus, 35-37, re sultou na conversão de André, 38-40. O tes tem unho de A ndré, por sua vez, conquis tou Sim ão, cujo nom e Jesu s m u dou para Cefas ("pedra" em aramaico; gr. petros, "Pe dro"), 42. Filipe foi chamado, 43. Ele era de B etsaid a, às m argen s do m ar da G aliléia, perto de C afarnaum , 44. D eu testem unho do M essias, conquistando N atanael, 45-51, de Caná, perto de Nazaré (21.2).
2. A transformação de água em vinho; a purificação do templo 1 -1 2 .0 prim eiro m ilagre. "E sse sinal [...] foi o prim eiro que Jesu s fez ", 11, ilustra a natureza básica da nova vida que Cristo veio trazer (cf. 20.30,31). Essa bên ção de vida e te r n a r e c e b id a p e la fé se vê n a ág u a tra n sfo rm a d a em v in h o em C an á, p erto de N azaré, na G aliléia. "S in a is" são obras prodigiosas ou m ilagres que sim bolizam ver dades espirituais. O prim eiro sinal m ostrou que aq u ele que con ced e a vida é o C ria d o r o n ip o te n te do c a p ítu lo 1, c a p a z de transform ar água em vinho. O vinho sim boliza a alegria que ele veio trazer (1.17) e que gera vida. Só o Criador pode ser nos so recriador espiritual. Só ele pode conce d er os ju b ilo s o s d e le ite s d a v id a e tern a prefigurados pelo vinho (cf. Is 55.1; Ef 5.1820). Serv iu com o u m a e x ib içã o da glória da sua pessoa, 11. 13-25. A purificação do tem plo. Essa foi a prim eira purificação do tem plo no prin cípio do m inistério de C risto, e não a se gunda, no final, m en cion ad a p elo s ev an g e lis ta s d os s in ó tic o s (v er c o m e n tá rio s sobre M t 21.12-17; M c 11.15-18; Lc 19.45-48). Esse ato de Jesu s m an ifestou sua a u to ri dade com o Filho de D eus e cu m priu Sal m os 69.9 ("zelo da tua casa [ de m eu P ai]", 16. Os jud eus intuíram isso e pediram um "sin a l", 18, e Jesus deu o sinal da sua m or te e ressurreição, 19, que foi com preend i do de m odo to talm en te errón eo por seus inim igos (cf. M t 26.61), e só com preendido p o r seu s am ig os d ep o is da re ssu rre içã o (M t 26.61; 27.40; cf. Jo 10.18).
3. Nicodemos e o novo nascimento 1-21. Serm ão sobre a regeneração. De Jo ão 2.23 até 17.26, o Filho de D eus dá a vida eterna e descreve o que ela é e o que ela faz. "M u itos, que viram os sinais que ele fazia creram no seu nom e", 23. Na con versa com N icod em os, rígido m oralista e m em bro do S in éd rio , 1, Je su s m ostrou a n e c e s s id a d e da re g e n e ra ç ã o . "N e c e s s á rio vos é nascer de n o v o ", 7, e a necessi d ade de sua m orte para realizar o funda m ento dessa tran sform ação esp iritu al: "É n ecessário que o F ilh o do hom em seja le v a n ta d o ", 14 (g rifo do au to r). Je su s, de m an eira extrem a m en te solen e ("E m ver dade, em verdade te d ig o ", 3,5), declarou que ninguém pode "v e r", 3, ou adentrar, o re in o de D eu s a m e n o s q u e n a sça "d e nov o" (símile do Verbo purificador, Ef 5.26; Tg 1.18; IP e 1.23) e do Espírito (o Espírito S a n to , ag en te da re g en era çã o ), 5. Tratase de um a concessão sobrenatural de vida eterna com base na m orte de Cristo, sim bolizad a pela serp en te de M oisés no de serto, 14 (ver com entários sobre N m 21.520; 2Co 5.21). O tem a do evangelho de João é claram ente revelad o no versículo 16. 22-36. Testemunho de João Batista. "Enom, perto de Salim ", 23, é provavelmente Umm el-Amdan, a sudeste de Sicar. Aqui os discí pu los de Jesu s b atizav am sob orientação dele (cf. 22; 4.2). João referia-se a si mesmo meramente como "am igo do noivo [Cristo], que está presente e o ouve", 29. Os versícu los 31-36 revelam a aguda visão de João so bre a pessoa e a obra do M essias, e sobre sua h u m an id ad e im acu lad a, a p len itu d e imensurável do Espírito, 34.
4. A samaritana e a vida eterna 1-45. Jesus e os sam aritanos. Os hostis fa rise u s, 1-3, e v id e n te m e n te fo rça ra m a partida de Jesus para a Galiléia e a conse quente passagem por Sam aria, que ficava e n tre a G a liléia e a Ju d éia . Sam aria era p o v oad a por h a b ita n te s m estiço s, rem a n escentes das tribo s setentrionais que fo ram levados cativos quando da queda de Israel em 722 a.C. A dotavam o Pentateu-
[ 442 1 Joao
Milagres do quarto evangelho Aplicação 2.1-11 Transformação da água em vinho
Natureza da vida eterna
4.46-54 Cura do filho do oficial do rei
Condição da vida eterna — a fé
5.1-9 Cura de um paralítico em Betesda
Poder para viver a vida
6.1-14 Alimentação dos cinco mil (também em Mt 14.13-21; Mc 6.32-44; Lc 9.10-17) 6.15-21 Caminhada sobre o mar (também em Mt 14.22-36; Mc 6.45-56)
Alimento para a vida
Orientação para a vida
9.1-41 Restituição da visão
Luz para a vida
11.1-44 Ressurreição de Lázaro
Vitória da vida sobre a morte
21.1-14 Pesca milagrosa
Plena comunhão da vida
co e ad orav am o S en h o r. M is c ig e n a d o s racial e religiosam ente, eram abom inad os pelos judeus, 9. O testem unho de Jesus à m ulher da fonte de Sicar, no co ração da planície de Siquém , aos pés do m onte Ebal, revelou sua com passiva preocu p ação pe los perdidos, transcendendo todos os pre conceitos sociais e religiosos. O incid ente p recip itou seu seg u n d o g ran d e serm ão, sobre a água da vida, 4-26, depois do pri m eiro serm ão, sob re a re g en era çã o (3.121). O testem unho da m ulher teve um efeito n o tá v e l s o b re os s a m a rita n o s , 2 7 -3 9 , e abriu cam inho para o m in istério de d ois dias de Jesus entre eles, 40-45. 46-54. O segundo sin al. A cura do filho do oficial do rei, em Cafarnaum , ilustra a
Os sermões do evangelho de João Doze sermões são exclusivos desse evangelho 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
3.1-21 Sobre a regeneração espiritual 4.4-26 Sobre a vida eterna 5.19-47 Sobre a fonte da vida eterna eseu testemunho 6.26-59 Sobre o verdadeiro pão da vida 7.14-29 Sobre a fonte da verdade 8.12-20 Sobre a luz do mundo 8.21-30 Sobre o verdadeiro objeto da fé 8.31-59 Sobre a liberdade espiritual 10.1-21 Sobre o bom pastor 10.22-38 Sobre a unidade da Trindade 12.20-36 Sobre o Redentor do mundo Sermão do cenáculo: 13.31— 14.31 Sobre a iminência da separação 15.1-27 Sobre a união com Cristo 16.1-33 Sobre o Espírito Santo e o futuro Esses sermões se enquadram em duas categorias: 1. A instrução pública de Cristo, capítulos 1— 12, apresentando-se ao mundo como a realidade última; e 2 . O ensinamento privado de Cristo, capítulos 13— 16, revelando-se aos seus como a
suficiência eterna.
fé com o con d ição para o re ce b im en to da vida eterna. Sobre Cafarnaum , ver com en tário em M arcos 1.21-28.
5. A cura do paralítico 1 -9 .0 terceiro sinal do evangelho de João — a cura do paralítico em Betesda. Esse si nal ilustra o poder divino concedido para que o hom em viva a nova vida (ver intro dução ao evangelho de João). Esse paralí tico dá um retrato vívido do com pleto de sam p aro do hom em com o p ecad or, e do p o d e r de C rislo de sa lv á -lo e co n c ed e rlhe v iv er a nova vida. B etesd a ("ca sa da g ra ça ") era um tanque retangu lar ab aste cido por um a fo n te, com cin co pó rtico s.
João [ 443 ]
E sse, p ro v a v e lm e n te , é o ta n q u e d e s c o berto em 1888 perto da igreja de Santa Ana na zo n a B ez e th a de Je ru sa lé m , p e rto da torre A ntônia e da porta das O velhas. Há um p ó rtico de cin co a rco s com a fre sc o s d esb otad os sobre a cura de C risto. 10-18. A oposição dos judeus. D vão ritu alism o dos ju d eu s cond enou a cura no sábado e tam bém o fato de o hom em car reg ar seu leito n esse dia, 10,11, o que os lev o u a e x tra v a s a r su a ira c o n tra Je s u s , 16. Cristo afirm ava um a relação única com a d iv in d ad e, "M e u P a i", 17, e os ju d eu s com p reend iam claram en te que Je su s a le gava ser Deus, 18 (cf. Jo 10.30, 33; Fp 2.6). 19-47. O serm ão sobre a fonte da vida eterna. Em resposta à oposição dos judeus, Cristo expôs sua unid ad e com a pessoa e a obra do Pai, 19-23. Só essa passagem já é suficiente para d esancar as tolas noções de que Jesu s jam ais afirm ou ser D eus, ou as d ispu tas cu ltu ais de que o Filho não é exatam ente D eus, o D eus verdadeiro. Ele, portanto, é um com o Pai, o D eus encarna do e , a fo nte da vid a eterna. O v e rsícu lo 24 relata com o se recebe a vid a eterna; o s v e rs ícu lo s 2 5 ,2 6 m o stra m o e fe ito da
v id a e tern a sob re a m o rte física e a re s su rreição. O versícu lo 28 ensina a verda de da ressu rre içã o física . A contecerá, de fato, a ressu rreição d os ju stos (IC o 15.22; lT s 4.13-18), bem com o um a ressurreição separada dos ím pios (Ap 20.4-6, 11-14). C risto apresentou quatro testem unhos de si m esm o com o fo n te da vid a eterna, 33-47: (1) João Batista, 33-35; (2) Seus sinais ou obras prodigiosos, 36; (3) o Pai, 37,38 (cf. M t 3.17); e (4) as Sagradas Escrituras, 39-47 (cf. Lc 24.27, 44-46). Sobre os outros sermões, ver introdução ao evangelho de João.
6. A alimentação dos cinco mil; sermão sobre o pão da vida 1-21. A alim en tação dos cinco mil. Ver com en tário sobre "M ila g re s" na in trod u ção ao evangelho de Jo ão (cf. M t 14.13-21; M c 6.32-44; Lc 9.10-17). Esse ato fornece o c e n á rio , ap ó s o e p is ó d io da cam in h ad a s o b re as á g u a s , 15-21 (cf. M t 1 4 .2 3 -3 6 ; M c 6.45-56), do próxim o grande sermão. 22-59. O sermão sobre o pão da vida. Ver com entário sobre "Serm ões" na introdução ao ev an g elh o de Jo ã o . A qu ele que podia
A cidade de Tiberfades, vista da costa sudoeste do mar da Galiléia, também chamado mar de Tiberfades.
[ 444 1 João
caminhar sobre o m ar era de fato o pão de Deus, que desceu dos céus e deu vida ao mundo, 33. Cristo, clara e inequivocam en te, anunciou-se como divindade, aquele que nutre e sustenta a vida eterna que ele mes m o dá. Os judeus descrentes não consegui am com preend er nem sua d iv ind ad e, 42, nem como os crentes podiam se alim entar dele espiritualmente, 52-58. Sobre o "m aná", 31, 58, ver com entários de Êxodo 16.14-22. Cristo cumpriu o modelo daquele que dá e sustenta a vida (cf. também Ex 16.35). Sobre a sinagoga de Cafarnaum, 59, ver com entá rio em Marcos 1.21-28. 60-71.0 discipulado é posto à prova: con fissão de P edro. D ian te da d eserçã o em larga escala, P ed ro falou p elos d oze d e cla ra n d o su a c o n fia n ç a em Je s u s . Jo ã o sugere que Ju d as, porém , jam ais foi ver d adeiram ente um discípulo.
Tiberiades e o mar de Tiberíades João se refere ao m ar da G aliléia (6.1; cf. 21.1) como mar de Tiberíades, e a cidade é mencionada em João 6.23. A cidade, fun dada por Herodes Antipas, foi batizada em hom enagem ao im perador T ibério d aqu e la época (14-37 d.C.). Foi construída antes de 25 d.C. e situava-se na costa ocidental do mar da Galiléia, a cerca de dez quilóme tros da extrem id ad e in ferio r do lago, de onde sai o rio Jordão. Herodes mudou sua corte de Séforis (norte da Galiléia) para lá. A lassa atm osfera rom ana helen ística das termas não favorecia o m inistério de n os so Senhor, ministério já difamado pelos ju deus. Logo, a cidade tornou-se tão im por tante que durante algum tempo deu nome ao lago. Depois da queda de Jerusalém (70 d.C.), Tiberíades tom ou-se metrópole judai ca e centro de ensino rabínico.
7. A profecia do advento do Espírito 1-13. Jesus adia a ida a Jerusalém . Ele per m aneceu na G aliléia porque os ju d eu s da Judéia buscavam m atá-lo, 1. Seus irm ãos, d escren tes, zom baram dele, 2-5, acon selhand o-o de m odo egoísta e m u n d an o a
alardear e a explorar suas obras em bene fício pessoal. Ele repreendeu esse espírito de egoísta independ ên cia de ação e m o s trou a diferença entre eles e ele quanto à vontade de Deus, 6-9. Mas ele, quando che gou o tempo segundo a vontade do Pai, foi à Festa dos Tabernáculos, 10-13. Essa seção do evan g elh o , 7.1 — 11.53, introd u z o período de conflito sobre sua pessoa — a descrença de seus irm ãos, 3-9, a perplexi dade do povo, 10-13. 14-36. Jesus na festa. A Festa dos Taber nácu los ou das C abanas (Lv 23.33-44, ver com entários) era o festival da colheita em m em ória da redenção de Israel e profetiza va o descanso e as bênçãos do reino às na ções por m eio de Israel. O con flito sobre quem era Je su s con tin u av a en q u an to ele ensinava no templo. Ele propôs um parado xo que, ao m esm o tempo, atestava sua au toridade, 14, e subordinação, 16, resultando em con trov érsia, 21-24. A reação confusa das pessoas aparecem em 20, 25-32, 35,36. D á-se o q u in to serm ão de Jesu s, sob re a fonte da verdade, 14-29 (ver "Serm ões" na introdução ao evangelho de João). 37-39. A profecia relativa ao Espírito San to. O último dia de Tabernáculos (Lv 23.36) era o m ais solene e ap oteótico de todo o ciclo de festas. Era o oitavo dia — de des canso e de santa reunião. D urante os sete dias que sim bolizavam suas andanças pelo deserto, tirava-se água do tanque de Siloé para derram á-la, celebrando, assim , o su prim en to de água que Israel teve no d e serto. O oitavo dia sig nificava o d esfrute das fontes da própria terra, e água nenhu ma se derram ava. Esse era o aspecto m e m orial. O p ro fético ap ontava para a reu nião de Israel depois de sua atual dispersão mundial e o cum prim ento da ode do reino de Isaías 12.1-6, quando a nação ju b ilo sa mente tirará "água das fontes da salvação" (Is 12.3; tf. J1 2.28-32; Zc 14.8). Jesus levan tou-se e ofereceu a realidade espiritual do reino aos crentes, 39, m as o cum prim ento nacional para Israel de tudo aquilo que sig nificava aquele ritual festivo ainda aguar da sua segunda vinda. O versículo 39 mos tra que a profecia foi realizada no advento do Espírito em Pentecostes (At 2.1-4). A ex
João I 445 ]
Antigo poço na Terra Santa. No grande dia da festa dos Tabernáculos, Jesus disse: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva" (Jo 7.37-38). pressão idiom ática de 39 é: "O Espírito ain da não havia sido d ad o " (gr.). D ep ois de Pentecostes, quando Jesus fora glorificado pela ressu rreição e ascen são, era possível dizer: "h á Espírito Santo" (cf. At 19.2, onde ocorre a m esm a exp ressão idiom ática, ex plicada com o m enção ao advento do Espí rito na introdução de uma nova era). 40-53. A confusão do povo. Focaliza-se aq u i o co n flito a ce rca de C risto em sua in ten sid ad e.
8. A mulher adúltera; sermão sobre a luz do mundo 7.53—8.11. A m ulher surpreendida em adultério. M uitos críticos textuais om item esse in cid en te com base em m an u scrito s mais antigos. A a r a , 2a edição, separa o rela to com colchetes, assim como a a 21, enquan to a b j o separa com linhas de espaçamento. O utros ainda consid eram que o trecho foi om itido em certos m anuscritos de propósi to, pois a graça no trato com a m ulher era intragável aos legalistas posteriores. Q uer apareça nos textos m ais antigos quer não, o
relato é certam ente autêntico e instrutivo, pois en fatiza a terna com paixão de nosso Senhor pela pecadora. 12 -2 0 , 21-30. S erm õ es sob re a luz do m undo e sobre a fé. Esses são respectiva m ente o sexto e o sétim o sermões de Cris to no evangelho. A descrença que o rejei ta re s u lta na e te rn a sep a ra çã o de D eu s, 21-25. Sua identid ade é o teste definitivo, 2 5 -2 9 . M u ito s creram n ele, o verd ad eiro objeto da fé, 30. 31-59. O sermão sobre a liberdade espiri tual. Esse é o oitavo serm ão do evangelho de Jo ã o . A fé em C risto m a n ife sta d a na observância de sua Palavra, 31,32, é a por ta da liberdade espiritual, e não o ritualism o ou a ascendência hum ana, 33. Aquele que está escravizado pelo pecado, 34, não está livre. Só o Filho pode libertar o peca dor, 36. Os judeus que se vangloriavam da ascendência abraâm ica eram filhos do Di abo, 44. Jesus declarou sua eternidade, 58. Ele era o: "Eu Sou" (Êx 3.14; Is 43.13), que existia antes de A braão. Os judeus prova ram sua escravidão ao pecado pela reação diante do Libertador d o pecado.
( 446 1 João
9. A cura do cego 1-34. O cego recebe de volta a visão. Esse é o sexto sinal miraculoso do evangelho, ilus trando a luz e a iluminação para a nova vida que se encontra em Cristo, 5. N ão foram o lodo e a saliva que realizaram a cura, mas essas coisas sim bolizaram o que fez o po der criativo de Cristo, o Redentor-Criador, 6. O banho no tanque de Siloé, 7, sugere que o sinal tinha o p ro p ósito de reg en eração espiritual, 36-38 (cf. Ef 5.26). Quando o juda ísmo expulsou o homem curado, 27-34, lançou-o nos braços de um Senhor amoroso. 35-41. Jesus se revela ao hom em . Esse sinal, com o os outros sinais e serm ões em João, antecipam a p osição do v erd ad eiro cristianism o fora da esfera do ju d aísm o e daquilo que rejeitou a Cristo (Hb 13.13).
10. Sermão sobre o bom pastor 1-21. O sermão. Esse nono sermão origi nou-se do milagre da cura do cego, que foi expulso do judaísm o. As verdadeiras ove lhas de Cristo, é claro, seriam expulsas do aprisco do judaísm o. O cego que recu p e rou a visão foi, portanto, expulso e tom ouse um a das ov elh as de Jesu s. N osso S e nhor, assim , deu instruções em form a de parábolas sobre a nova ordem das ovelhas de Deus. Israel, com o o v erd ad eiro povo eleito, o da aliança do Senhor no a t , eram suas ovelhas, e ele, pastor d elas (SI 23.1; 95.7; 100.3; Ez 34.1-31; Zc 11.7-9; 13.7). Na parábola, 1-6, o judaísm o era o aprisco, 1. Cristo, o verdadeiro pastor, entrou no apris co pela porta (a profetizada linhagem mes siân ica), 2. O p o rteiro (o E sp írito Santo) abriu o ap risco para ele, e su a s ov elh as responderam (como o cego do cap. 9), e ele as conduziu para fora, 3, da apostasia e da descrença em que o jud aísm o d egenerara ao rejeitá-lo, o verdadeiro Pastor, 4,5. As lições que se tiram da parábola, 7-21, são: (1) Cristo agora se torna a porta das ovelhas — uma nova ordem, 7. (2) Todos os outros supostos salvadores (os líderes do ju d aísm o ap óstata) são lad rões, 8. (3) Só ele salva, sustenta e dá a vida, 9,10. (4) Ele é o bom pastor que m orre p elas ov elhas
(Israel), 11-15. O bom pastor tem outras ove lhas (gentios) que serão levados, junto com os judeus, para um só aprisco (a igreja) com um só Pastor (Cristo), 16 (cf. IC o 12.13; Ef 4.46). (6) Isso será realizado pela morte singu lar e voluntária do bom pastor pelas ove lhas, 17,18. A descrença, 19-21, nada trazia, exceto confusão e ímpia blasfém ia. 22-39. O serm ão sobre a unidade da di vin d ade. O décim o serm ão do evangelho de João foi proferido na Festa da D ed ica ção, 22, celebrada no vigésim o quinto dia de quisleu (nov.-dez.). C om em orava a re co n stru çã o do tem p lo de Je ru sa lé m por Judas M acabeu, em 165 a.C. No oitavo dia da festa, os ju d eu s exigiram um a d eclara ção de nosso Senhor: se ele era ou não o Cristo. Sua resposta, 25-38, asseverou: (1) as ovelhas de Cristo, que não eram os des crentes ju d eu s, conhecem sua divindade e m e ssia d o , 2 5 -2 7 . (2) S u a s o v elh a s e stã o salvas, segu ras e tran qu ilas, 28,29. (3) Je sus afirm ou sua unidade de essência com o Pai — daí sua inequívoca divindade, 30 (cf. 14.9; 20.28,29), e os judeus assim o en tenderam, 31. (4) Ele defendia sua divinda de com base em suas obras e nas Escritu ras, 32-39. Se Israel cham ava seu s ju iz es de "e lo im " ("d e u se s"), 34,35, pois eles re presen tavam a D eus (SI 82.6), por que se escan d alizariam d iante do v erd ad eiro Fi lho de D eus que o Pai enviara, 36? 40-41. Jesus no lugar onde João batizava. M u ito s a c re d ita ra m em Je s u s g ra ça s ao testem unho de João Batista a respeito dele.
11. A ressurreição de Lázaro 1-44. O poder do Filho sobre a morte. Esse é o sétim o sinal m iraculoso do evan g e lh o de Jo ã o , a u te n tic a n d o o F ilh o de D e u s c o m o a q u e le q u e d á a v id a (cf. 20.30,31). Foi o últim o e o m aior dos m ila g re s p ú b lic o s de Je s u s re g is tr a d o s p o r João, provando sua alegação de ser a res surreição e a vida. O episódio é sustenta do pela abundância extrem am ente convin cen te de d eta lh e s. B etân ia ficav a p ouco além do m onte das O liveiras, a m enos de três q u iló m etro s de Jeru sa lém . Je su s d e cla ro u que a d oen ça de L á z a ro n ã o era
João [ 447 1
"p a ra m o rte ", i.e ., não re s u lta ria só em m orte, m as na "glória de Deus, para que o F ilh o de D eu s seja g lo rifica d o por m eio d e la ", 4, em razão da ressu rreição. Jesu s esperou a m orte e o sepultam ento de Láza ro, e só depois que ele já estava h^via qua tro dias no túm ulo é que C risto operou o milagre grandioso e incontestável. As gran d iosas d eclaraçõ es dos versícu los 25 e 26 s e r ã o c u m p rid a s em lT e s s a lo n ic e n ses 4.13-18; IC o rín tio s 15.22,23. 45-47. O resultado desse sinal prodigio so. M uitos judeus amigos de M aria creram, 45. O utros foram relatar o sin al aos fa ri seus, 46, que im ed iatam en te conv ocaram o Sinédrio, 47, e tram aram a m orte de Je sus, 48-57. A profecia de Caifás de que um hom em d ev eria m orrer pela n ação antes que toda a nação perecesse, 49-52, foi im pressionante, especialm ente 52: "p ara reu nir com o um só povo os filhos de D eus que estão d isp ersos", i.e., os gentios (SI 22.27; Jo 10.16; Rm 1.16; Ef 2.14-17). A cidade de Efraim , 54, era um a vila rem ota e isolada ao n orte de Jeru salém .
Esta igreja em Betânia, nos arredores de Jerusalém, comemora a ressurreição de Lázaro.
12. Ceia em Betânia; aclamação em Jerusalém 1-11. M aria unge Jesus. Ver comentári os sobre M ateus 26.6-13; M arcos 14.3-9; cf. Lucas 7.37,38. M arta, com o de hábito, ser via. M aria, com o sem pre, adorava. Outras p e sso a s v iera m s e n ta r-se aos p és de Je su s b u sca n d o s a tisfa z e r su as n e c e ssid a des. M aria veio dar-lhe o que lhe era devi do. Ela o ungiu para sua m orte iminente, 7, q u e e la p o s s iv e lm e n te já v is lu m b ra v a com o consequência de um a devota com u nhão. A perfídia de Judas se destacava em som brio contraste, 4-6, bem com o a im pi ed ad e dos p rin cip a is sacerd o tes, 10, que tram av am a m o rte de L ázaro por causa de seu venenoso ódio a Jesus, 11. 12-19. A entrada triunfal. Ver comentá rios sobre M ateu s 21.4-9; M arcos 11.7-10; Lucas 19.35-38. O povo, 13, bradava S a l m os 118.25,26, pois ficara im pressionad o d ian te da ressu rreiçã o de L ázaro, 17-19. Z acarias 9.9 foi cum prido, 15. João acres centa os d etalh es da razão da m anifesta
[ 448 1 Joao
João e Isaías Assunto
Isaías
0 pastor e as ovelhas
40.11
10.1-21
Água para os sedentos
41.18; 44.3; 48.21; 49.10; 55.1
4.13,14; 6.35; 7.37
Comida para os famintos
49.10
6.35
Orientação
42.16; 48.17
14.6
0 divino Consolador
51.12
14.16
0 dom do Espírito
59.21
14.26; 15.26; 16.13
Salvação de todo o mundo
43.19; 45.22; 49.12; 56.7,8; 60.3
4.21-24; 10.16
Libertação do medo
41.10; 51.7
14.1
João
Visão para os cegos
35.5; 42.7
9.39
Liberdade para os cativos
61.1
8.36
Ensinamento divino
50.4,5
14.10; 17.6-8
ção p ú blica no D om in g o de R am os — a em polgação em virtude do prodigioso si nal operado em Betânia. 20-36. O sermão do redentor do mundo. Esse é o décim o primeiro serm ão do evan gelho de João. O motivo foi que "alguns gre gos", 20, queriam ver Jesus, 21,22, sugerin do a dissem inação do evangelho a todo o mundo, como resultado da morte de Cristo, 23,24, autenticada pela voz do céu, 28 (cf. Mt 3.17). No versículo 31, alude-se ao ju ízo de Jesus Cristo como portador dos pecados do mundo, resultando na expulsão de Satanás, o "príncipe" deste mundo (o sistema satâni co mundial). Os pecados dos crentes seri am julgados na pessoa do Cristo levantado no Calvário, 32. O resultado seria a justifica ção do crente, aqui ab arcand o a exten são do evangelho ao mundo pagão. 37-50. As palavras finais de Jesus. R epa re a sa liê n cia da p ro fe cia de Is a ía s n a s citações de 38 (Is 53.1) e 40,41 (Is 6.10).
13. Jesus lava os pés dos discípulos 1-20. O significado do ato do Senhor. O fato de o Senhor ter lavado os pés dos dis cípulos ilustra a contínua necessidade que o crente tem de purificar-se depois do ba
nho d efin itivo da regen eração. "Q u em já se b a n h o u p re cisa la v a r a p e n a s o s pés, p ois no m ais está todo lim po. V ós estais lim pos, mas nem todos", 10 (Judas não se reg en erara). O sím ile é o de um a pessoa que volta do banho público para casa. Seus pés estariam sujos. A ssim , o crente é pu rificado para sem pre no banho da regene ração (Hb 10.1-12), m as precisa con fessar os p ecad os da cam in h a d a d iá ria em um m undo p ecad or (Ef 5.25-27; l jo 1.9). Um san to im puro, 8, n ão pode en trar em co m u nhão com C risto; é por isso que Jesus lavou os pés de Pedro. A ordem , 14, exige o exe rcício de um e sp írito de p erd ão de um santo em relação ao outro (Ef 4.32). 21-35. A profecia da traição de Judas (ver M t 26.20-25; M c 14.17-21; Lc 22.21,22). Judas jam ais se regenerou, 10 (cf. Jo 6.70,71; 13.27). Tanto se su b m eteu à am b ição sa tâ n ica e tanto se d f ixou dominar pelo poder maligno que é chamado de diabo (Jo 6.70). O fato de Jesus tê-lo escolhido foi um exemplo do do m ínio divino do mal para o bem . O nom e Judas (forma gr. de Judá) tom ou-se popular após o tempo de Judas Macabeu (166 a.C.). 36-38. A profecia da negação de Pedro (cf. M t 26.33-35; M c 14.29-31; Lc 22.33,34). P e d ro , im p e tu o s o e b e m -in te n c io n a d o ,
João [ 449 ]
teve de aprender pelo m odo m ais difícil a avaliar sua fraq u eza. Seu exem plo é bem hum ano e, portanto, bastante útil.
14. 0 segundo advento e a vinda do Espírito 1-6. A volta de Cristo para os seus. A pas sagem faz p a rte d o serm ã o d o ce n á cu lo (caps. 14 — 16), ab arcand o a in strução p ri vada de C risto aos seus, que ele deixaria em breve. A volta que ele d eclara aqui é sua vinda para os seus (lT s 4.13-17; IJo 3.13), e não a volta g loriosa com os seus (Mt 2 4 .29,30). F oram as p rim e ira s in stru çõ es de Jesu s acerca da esp eran ça celestial do crente (cf. Fp 3.20,21). 7-15. C risto exp õe sua d ivin d ade. Ele declarou sua união com o Pai, 7-11. Com p are o d écim o serm ão do e v a n g e lh o de João, sobre a unidade da divindade, 10.2238. A li, nosso Senhor anu nciara a m esm a verdade: "E u e o Pai som os u m " (m esm a e s s ê n c ia ou s u b s tâ n c ia , e n ã o P e s s o a ), 10.30. A quele que viu o Filho visível viu o Pai in v isív el (cf. 1.18). A s ob ras m aiores, 12, são possíveis porque nosso Senhor, na carn e, e sta v a c o n fin a d o a um lu g a r por vez. A gora, com o derram am ento do Espí rito (A t 2), "tu d o o que Jesu s com eçou a fazer e a en sin ar" (A t 1.1) podem ser con tin u a d a s em to d o m u n d o p o r seu s fié is segu id ores. Além disso, a nova prom essa e privilégio na oração, 13-15, torna possí vel a prom essa do versículo 12. 16-26. A prom essa do Espírito. O Paracleto ('aq u ele que é cham ad o a a u x ilia r') era o Espírito Santo, d enom inado de "o u tro C o n s o la d o r ", 16, p o is co n tin u a ria o m in istério de C risto p o r seu s d iscíp u lo s d ep ois da m orte, ressu rreição e ascen são do Senhor. C ham ad o de "E sp írito da ver d ad e", 17, por causa de seu m inistério de re v e la çã o da v e rd a d e , d iz C ris to que o E sp írito Santo h ab ita "con vosco" (com os discípulos), m as havia a prom essa de que, no futuro (Pentecostes, A t 2), estaria neles (cf. Rm 8.9; IC o 6.19). O advento do Espíri to co m p e n sa ria a p a rtid a de C risto , 18. "N a q u e le d ia " (P e n te co ste s), os d iscíp u lo s s e r ia m c a p a z e s de c o m p re e n d e r a
união de C risto com o Pai, porque seriam batizados pelo Espírito em vital união com Cristo, 20. "E u , em v ó s" era a profetizada h ab itação do E sp írito neles, 20. "V ós [...] em m im " era o predito batism o do Espíri to. O v ersícu lo 26 su g ere o m inistério de ensino do Espírito prom etido. 2 7 -3 1 .0 legado da paz. Cf. Filipenses 4.7.
15. União com Cristo e frutificação 1-17. Perm anência em Cristo e frutifica ção. A relação do crente com Cristo é aqui prefigurada com o união (posição) e perm a nência (experiência). A união seria realiza da p e la m o rte , re s s u rre iç ã o e a scen sã o de Cristo, e pelo advento do Espírito (At 2) para batizar o crente em C risto (Rm 6.3,4) e em seu corpo, a igreja (IC o 12.13). O Es p írito veio em P en teco stes para execu tar isso (At 1.5 com At 11.14-16). A experiência da permanência, 4,5,7 (Rm 6.11), é o resulta do de conh ecer e p erceber que a posição de união é realidade (Rm 6.1-10). O resul tado é "fru to ", 2,4; "m ais fruto", 2; "m uito fru to ", 5,8. Jesus, com o "videira verdadei ra ", 1, era o verd ad eiro Israel, cum prindo a vocação na qual a nação de Israel havia falhad o (Is 5.1-7; Jr 2.21; Ez 19.10-14). Os ram os são o novo povo de Deus, a igreja, que nasce da união com Cristo pelo batis mo do Espírito. O s fru tos brotam da per m an ên cia, ou da p ercep ção dessa união, com fé, 5, e se m anifesta em oração, 7, e am o rosa ob ed iên cia, 9,10; resu ltand o em gozo, 11, am or pelos outros crentes, 12-14, e um a nova intim idade, com o amigos, não m eram en te serv os, 15-17. 18-27. O crente e o m undo. O m undo odiará e perseguirá o discípulo que verda d eira m e n te p e rm a n e ce r em C risto e der fruto. Aqui a referência é ao m aligno sis tem a m undial satânico, organizado segun do os p rin c íp io s de g a n â n cia , am b ição , ob stin ação e p razer de Satanás (Mt 4.8,9; Jo 12.31; 14.30; Ef 2.2; 6.12; IJo 2.15-17). Sa tan ás é quem lid era a org anização desse siste m a ; os p rin cíp io s satân icos o em basam . R epresen ta m o rtal oposição a Cristo e a to d o s os q u e e stã o u n id o s a ele em posição e em prática.
450 1 João
JflãO I 451 ]
0 templo de Herodes Local das trombetas
Pátio dos gentios
Pórtico Real
Provável ponte que ligava o vale » de Cedrom ao monte das Oliveiras % -
Portões de Hulda
Pátio dos sacerdotes Porta Oriental
Pátio dos gentios
Pórtico de Salomão
Fortaleza de Antonia
Tanque
[ 452 1 João
16. A obra do Espírito prometido 1-6. Os discípulos são avisados do sofri m e n to . E sse s v e rs íc u lo s se v in c u la m a 15.18-25. A pouco tempo de abandonar os discípulos, o Senhor não deixou de avisálos dos perigos. 7-11. A obra tríplice do Espírito vindou ro . Je s u s a n u n cio u c la ra m e n te q u e su a m o rte e a sc e n sã o e ra m p r é -r e q u is ito s necessários para o advento do Espírito em Pentecostes, 7. Ele esboçou a obra do Es p írito prom etid o ju n to aos im p en iten tes, 8-11: con v en cen d o os p e ca d o re s (1) "d o pecado", 8, "p orque não crêem " nele, 9, o pecado con d en ató rio de re je ita r a C risto como Salvador; (2) "d a ju stiça", 10, porque a volta do Filho ao Pai era a prova da dispensação de um a ju stiça perfeita aos p e cadores pela fé em Cristo, sem a qual não há aceitação p eran te um D eu s san to ; (3) "do ju ízo", 11, porque a rejeição de Cristo e da justiça que ele conquistou traz, para o p e ca d o r, a co n s e q u ê n cia de p a rtilh a r o destino de Satanás (M t 25.41, 46). 12-15. O m inistério de ensino do Espíri to. E sse ab arca a a u ten tica çã o de C risto antes da com posição das Escrituras do n t , 12,13, incluindo "as coisas que hão de v ir", profecias ad icionais, com o 2Tessalonicenses 2 e o A pocalipse. Cristo prom eteu que o Espírito que viria em P entecostes guia ria a toda a verdade, i.e., conduziria no ca m inho de toda a verdade, a plena revela ção do n t . Ele é o divino M estre desta era. 16-33. Jesus prediz sua morte, ressurrei ção e segunda vinda. Indicou-se uma nova ordem na o ra çã o , "e m n o m e de Je s u s " , 26. Isso en v o lv e um nov o acesso ao Pai com base na obra consum ada de C risto e na posição de dignidade e de poder do cren te em união com Cristo, o Filho amado.
17. A grande oração intercessória de Cristo 1-26. A s sete p etições. (1) Q ue o Filho fosse g lorificad o, 1. Isso im plicava a nossa salvação. Ele glorificou o Pai em sua vida e obra consum ada, fato antecipado no v er sículo 4. N isso resid e nossa salvação. Ele
tinha o poder de dar vid a eterna a quan tos o Pai lhe havia dado, 2. N osso Senhor d efine a salvação, 3. (2) A restau ração as sua g ló ria p ré -e n ca rn a d a em u n ião com o P ai, 5. Isso en v o lv ia sua p esso a g lo rio sa. S om ente ele p od eria ser S alv ad o r eficaz. (3) A segu rança dos seus diante do m u n do, 11, e do "M a lig n o ", 15. Isso im plicava a segu ran ça do pecad or salvo (4) A sa n tifica ção dos cren tes, 17. Isso g aran tia a com u nhão dos crentes com Deus e sua utilidade nes ta v id a . (5 ) A u n id a d e e s p ir it u a l d o s crentes, 11, 20,21. Isso im plicava o advento do E sp ír ito em P e n te c o s te s (A t 1 .5 ; 2 .4 ; 11.14-16) para batizar todos os crentes em u n iã o v ita l com C risto (R m 6.3 ,4 ) e uns com os outros nele (IC o 12.13). (6) Q ue o m undo cresse, 21. Isso im plicava o reconhe cim ento da unidade da igreja em sua união com Cristo e com todos os crentes nascidos de n o v o , 20. (7) Q u e os cre n te s estiv esse m com ele n o céu para que vissem e p a rti lhassem sua glória, 24. Isso im plicava a se gu ran ça e a garan tida de eterna felicid a d e de todos os que são seus.
18. 0 Filho de Deus perante seus inimigos 1-11. A prisão no Getsêmani. Ver com en tá r io s s o b re M a te u s 2 6 .3 6 -5 6 ; M a r cos 14.32-50; cf. Lucas 22.39-53. No relato de João não há m enção à agonia e ao suor de sang u e. E sses e lem en to s p erten cem à d escrição da sua hu m anid ad e. N o en tan to, evangelho da divindade de C risto des creve aquilo que os sinóticos om item — o m om entâneo lam pejo de sua divindade, o grande "S o u e u ", 5,6 (cf. Êx 3.13,14), p ros trando os hom ens que vinham para pren d ê-lo. P od er nenhu m podia tocá-lo antes que ch eg asse a sua horal 12-27. O julgam ento diante de Anás e Caifás (vêr M t 26.57-68; M c 14.53-65; Lc 22.6671). A n ás foi d ep osto do cargo de sum o sacerd o te p elos ro m an os (15 d .C .) e C a i fás, seu genro, o sucedeu, m as A nás ain da exercia grande influência, 12,13. D uran te o ju lg a m e n to , Je s u s fo i le v a d o da resid ên cia de A nás ao p alácio de C aifás, 24. E ste p re d is s e ra q u e Je s u s m o rre ria
João [ 453 1
O sepultamento de Jesus O costume mortuário judaico
Não há referência a uma prática judaica de embalsamamento. Antes, o cadáver era lavado (At 9.37) e enfaixado com tiras de linho (othonia, "panos de linho", 40; 20.5-7; Lc 24.12) semelhantes a bandagens. Hipócrates e Aristófanes empregam palavra equivalente a "bandagens". Espessas camadas de conservantes aromáticos eram inseridas nas dobras das tiras (Mt 27.59; Lc 23.53; cf. Jo 11.44). Como a noite se aproximava, e aquele sábado altamente festivo começava às 18h, José e Nicodemos escolheram um túmulo em um jardim próximo, pertencente ao primeiro. Sepultamentos em túmulos eram comuns. A antiga tradição do início do século iv situa o túmulo de Jesus sob a cúpula da Igreja do Santo Sepulcro. As escavações arqueológicas, apesar de provarem que o local ficava, fora dos muros da cidade na: época, não conseguiram confirmar o sítio com o o
Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. túmulo de Jesus. Encontraramse urnas funerárias datadas dessa época — caixas de pedra que guardavam os ossos dos mortos quando os túmulos eram esvaziados para novos sepultamentos — em grande número de escavações de Jerusalém, e acharam-se nomes comuns como Jesus, Judas, Ananias, Lázaro e até Jeshua (Jesus) filho de José. Esses nomes estão gravados nas urnas em hebraico, aramaico ou grego. O Calvário de Gordon e o túmulo do jardim Outro local conhecido como tumba do jardim, perto tíò ' Calvário de Gordon, rivaliza com a Igreja do Santo Sepulcro
como lugar do sepultamento de Jesus. Situado fora do atual muro norte, essa câmara escavada na rocha, originalmente selada com uma grande pedra rolante, foi autenticada como túmulo judeu do período romano. Todavia, não há provas epigrâficas ou arqueológicas que a comprovem como túmulo de Jesus. Perdeu-se a exata localização desses locais santos, provavelmente por intervenção da divina providência, pois Deus conhece a inveterada superstição do coração humano, que tende a atribuir glória a luga quando a glória
( 454 1 Joao
pela nação (11.49-52). Sobre a negação de Pedro, ver 15-18, 25-27; cf. M ateu s 26.6975; M arcos 14.66-72; Lucas 22.54-62. 28-40. O julgam ento perante Pilatos (cf. M t 27.1-14; M c 15.1-5; Lc 23.17,13,16). Ver com entários sobre "A sem ana da P aixão" e " O s ju lg a m e n t o s de J e s u s " em L u cas 23. Jesu s d isse a P ilato s q ue seu re i no (SI 45.3,6; Is 9.6,7; Zc 9.9) não era deste m undo, i.e., deste sistem a m undial satâni co baseado em princípios de orgulho, lu xúria e guerra, 36. Se seu rein o fosse a s sim , e n tã o seu s s e r v o s lu ta ria m . Je s u s enfatizava a v erd ad eira n a tu rez a do seu reino, em gritante con traste com R om a e outros governos do m undo.
19. 0 Filho de Deus é condenado, crucificado e sepultado 1-15. Pilatos apresenta Jesus à turba. O açoite era um a atro z cru eld a d e rom ana, frequentem ente fatal, 1. As palavra de P i latos — "Aqui está o hom em !", 5, — lem bram a profecia de Z acarias: "E is aqui o hom em cujo nom e é R en ovo " (Zc 6.12), e as palavras de João Batista: "E ste é o C or deiro de D eus que tira o pecado do m un d o" (Jo 1.29). Q uanta vergonha e zom ba ria n ão fo ram a tira d a s a e le q u e era o h om em -D eu s, e sp e cia lm e n te a co ro a de espinhos, o em blem a da m ald ição supor tada por ele que um d ia v o lta ria do seu reino para suportar a m aldição do pecado (Ap 19.2). O versícu lo 7 revela a plena e cega descrença dos judeus: "... pois d ecla rou-se Filho de D eu s" (cf. Lv 24.16). O ver sículo 15 — "N ão tem os rei, a não ser Cé s a r !" — re v e lo u a c o m p le ta e te r r ív e l apostasia da nação. O "P a v im e n to " (G abatá em aram aico ), 13, era um b e lo piso decorado, em um a área de dois m il e qui n h en to s m etro s de lad o, p ro je ta d a para ser lugar de desfile da pom pa m ilitar ro mana e vestíbulo do tribunal do procura dor. Ficava perto da antiga torre Antônia, a p a re n te m e n te p arte da seçã o n o ro e ste da área do tem plo, hoje localizada d ebai xo da Igreja das D am as de Sião. 16-30. A crucificação. Ver com entários em "A sem ana da Paixão" em Lucas 23 e
em "O rd em dos even tos da cru cificação " em M arcos 15. N o alto da cruz, com o era costum e na execução de crim inosos, a acu sação vinh a escrita em hebraico (aram ai co), latim e grego, as três línguas com uns da Palestina. Pilatos aparentem ente escre veu a acusação de m odo diferente nas três línguas. Evidentem ente, M ateus e João tra zem o título hebraico, M arcos dá o latino e Lucas, o grego, 19,20. O manto sem costura (tú n ica), 23, retrato da p erfeita ju stiça de C risto, não foi rasgado, m as sorteado, 24, em cu m p rim e n to a S a lm o s 2 2 .1 8 . O ato a m o ro so de c o n fia r su a m ãe ao am ad o a p ó sto lo Jo ã o , 2 5 -2 7 , é e x c lu s iv o d esse evan g elh o e b elam ente terno. 31-37. O cu m prim ento das E scrituras. "A quele sábado era esp ecial" pois era par ticu larm en te santo, um a vez que caía na Páscoa (Êx 12.16). A "p rep a ra çã o ", 31, 42, era o dia anterior ao sábado. Venceu-se o ritu a lis m o ju d a ic o sem s e n tid o , 31 (cf. D l 21.23), para cumprir a profecia: "N enhum dos seus ossos será quebrado", 36 (SI 34.20; cf. Êx 12.46; N m 9.12). "O lharão para aquele a quem traspassaram ", 37 (Zc 12.10), não se cumpriu naquele m om ento, m as o será na segunda vinda (Ap 1.7). Quebrar as pernas do criminoso acelerava a morte terrível, um suplício que às vezes dem orava dias. 38-42. O sepultam ento de Jesus no jar dim. N icodem os, 39, certam ente se tornou crente a u tên tico e é retratad o aqui dessa m an eira (cf. Jo 3.1,2; 7.50-52). O sep u lta m ento de Je su s p elo s am ig os rico s m o s tra a realid ade da m orte de Cristo.
0 sangue e a água A m o rte de Je su s ce rta m en te foi s in g u lar, e m u ito s su p õ em que foi cau sad a por um a ru ptu ra no coração, i.e., coração "partido^'. O sofrim ento e a pressão de sua hu m anidad e im aculad a ao tornar-se ofer ta pelo pecado foi dem ais para seu corpo fís ic o , que n ã o su p o rto u , p ro v o ca n d o o rom pim en to do coração — o sangue acu m u lou -se no p ericárd io, d iv id in d o -se em m assa aq u osa e em um a esp écie de coá gulo sanguíneo, 34.
João I 455 ]
A autenticidade da ressurreição O túmulo aberto, Jo 20.1-2 , A recuperação da mortalha, Jo 20.3-8 A revelação do Senhor ressurreto 1.
A Maria Madalena, Jo 20.11-18; Mc 16.9
2.
Às mulheres que voltaram do túmulo, Mt 28.8-10
Pilatos manda lacrar e vigiar o túmulo, Mt 27.62-66 Um anjo remove a pedra, Mt 28.1-3 O pavor dos guardas romanos, Mt 28 4 A mensagem do anjo às mulheres, Mt 28.5-6 O relato dos guardas aos principais sacerdotes, Mt 28.11 Os principais sacerdotes subornam os guardas romanos, Mt 28.12-13 Os guardas romanos espalham a mentira de que o corpo de Cristo foi roubado, MT 28.15
3.
A Pedro, mais tarde no mesmo dia, Lc 24.34; 1Co 15.5
4.
Aos discípulos de Emaús, Lc 24.13-33
A certeza da morte de Cristo, Jo 19.34-42
5.
Aos apóstolos — sem a presença de Tomé, Lc 24.36-43; Jo 20.19-24
A certeza do seu sepultamento, Mc 15.42-47
6.
Aos apóstolos — com a presença de Tomé, Jo 20.26-29
7.
Aos sete à beira do mar de Tiberíades, Jo 21.1-23
8.
A uma multidão de crentes em um monte da Galiléia, 1Co 15.6
A certeza de que seu corpo não foi roubado: 1. Se seus inimigos o tivessem roubado (Mt 28.4-15), certamente revelariam o fato. 2. Se seus amigos o tivessem roubado, não contariam uma mentira, nem se disporiam a morrer por ela.
9.
A Tiago, 1Co 15.7
10. Aos onze, Mt 28.16-20; Mc 16.1420; Lc 24.33-53; At 1.3-12 11. Na ascensão, At 1.3-12 12. A Pauío, At 9.3-6; 1Co 15.8 13. A Estêvão, At 7.55
Alucinação? Será que o cético Tomé poderia ter uma alucinação, ou quinhentas pessoas imaginarem uma só coisa ao mesmo tempo? Embuste? Nesse caso, como explicar a prodigiosa mudança em todos os discípulos, da mais profunda depressão à alegria radiante, da covardia à coragem, da timidez ao ousado testemunho?
14. A Paulo no templo, At 22.17-21; 23.11
O milagre da fé cristã, a regeneração pessoal
15. A João em Patmos, Ap 1.10-19
A conversão de Saulo em Tarso
20. A ressurreição 1-29. Prova da ressu rreição. Esse acon tecim ento estupendo, o fato consum ado da fé cristã, a ped ra de rem ate do evangelho da d ivind ad e de C risto, é aqui au ten tica
do: (1) pelo túmulo aberto, 1,2. Quem o des cob riu assim foi M aria, 1, que m ais que d ep ressa v o lto u a Jeru salém para relatar o fato a Sim ão Pedro e aos outros discípu los, 2. C onclusão: "T iraram do sepulcro o S e n h o r" , 2. R azã o : a en o rm e ped ra que
I 456 ] João
selava o túmulo escavado na rocha foi en contrada de lado. (2) Pela mortalha, 3-8. Os discípulos Pedro e João correram até o tú m ulo e viram os lençóis de linho, 6,7. João viu e creu, 8. Convencidos, os discípulos deixa ram o túmulo, 9,10. (3) Pelo fato de o Senhor terse revelado a Maria Madalena, 11-18. A m e lancolia e o desespero de M aria M adalena se transform aram diante da revelação do Salvador ressurrecto. Jesus apareceu tam bém aos d esan im ad o s d iscíp u lo s, 19,20, Tomé estava ausente, 24,25; d ep ois, um a semana m ais tarde, apareceu aos d iscípu los crentes e radiantes, nessa ocasião, Tomé estava presente, 26-29. A dúvida de Tomé apaga a in certeza de todo cé tico sin cero desde a época. 30,31.0 propósito do evangelho de João. Ver "P ro p ó sito do quarto ev a n g elh o " na introdução do livro. Os m ilagres relatados foram m eticulosam ente selecionados, com o objetivo prático de: (1) confirm ar C risto como o M essias, o H om em -D eus; (2) apresentá-lo com o Salvador e D oador da vida; (3) fazer com que os hom ens creiam nele (4) para que possam receber a vida eterna. Esse p ro p ósito exp lica o caráter fra g mentário e ao mesmo tempo a unidade es sencial do livro, seus símiles, seu sim bolis m o e c a ra c te rís tic a s , com o tam b em seu retrato singular do Messias, o Filho de Deus.
21. Epílogo: instrução sobre o serviço espiritual 1,2. Aparição pós-ressurreição. O Cristo ressu rrecto dirige nosso serviço para ele, 1,2. Isso só pode acon tecer quand o o Se nhor ressu rre cto se re v e la aos seu s. S o bre o m ar de Tiberíad es, 1, ver com en tá rio em João 6.1.
3-25. Pedro é instruído sobre o serviço es piritual. A declaração: "Vou pescar", de Pe dro revela vestígios da antiga vida de servi ço voltado a si mesmo, até que ele atendeu à ordem de Cristo de lançar a rede. Os discí pulos, seguindo a liderança humana egoísta nada pescaram naquela noite, 3. O su rgi m ento de Jesus, 4,5, revelou que o esforço deles era infrutífero (cf. com entários sobre Jo 15.1-17). O serviço dirigido por Cristo dá frutos, 6-11; e revela a inadequação e a ver gonha do ego, 7, e a plena suficiência do Se nhor ressurrecto, 12-14 (cf. Lc 22.35; Fp 4.19). O am or p elo S en h or ressu scita d o que se m anifesta na prim azia da vontade dele na vida, 15-17, é o único motivo aceitável para o serviço espiritual (2Co 5.14; Ap 2.4,5). Pe dro foi testado em relação à questão da qua lidade do seu amor por Cristo. "C uida dos meus cordeiros" é um trabalho pastoral que exige com o pré-requisito o amor pelo Bom Pastor das ovelhas. E interessante notar que C risto testou Pedro três vezes em relação ao am or desse discípulo, correspondendo às três vezes em que P ed ro o n egou . Os ex e g e ta s tam b ém re p a ra ra m que Jo ã o m uda de agape (am or divino) para phileo (am or fraternal) na sequência do diálogo, sugerindo que Pedro agora reconhecia que era incapaz de amar com agape sem auxílio divino. E bem possível, porém, que João use esses term os com o sinónim os. Após instruir Pedro acerca de suas resp o n sa b ilíd a d e s com o líd e r do re b a n h o , Cristo falou do seu m artírio. Pedro teria a o p o rtu n id a d e de cu m p rir aq u ilo de que a n te s se v a n g lo ria ra : su a d isp o siç ã o de m orrer por Cristo (13.37). M as antes disso, Pedro alcançaria grande m aturidade esp i ritual, 18,19. Jesus depois falou do destino de João com o m inistro do evangelho.
Atos 0 evangelho aos confins da terra O autor. O autor de Atos é o
mesmo do evangelho segundo Lucas. Isso é indicado por Lucas 1.3-4 e Atos 1.1. O "primeiro livro" dirigido a Teófilo (At 1.1; Lc 1.3) é o terceiro evangelho. As evidências internas, particularmente as passagens de Atos na primeira pessoa do plural (16.10-17; 20.5—21.18; 27.1—28.16), confirmam a autoria de Lucas. Lucas era médico (Cl 4.14), e supostamente gentio, pois não está relacionado entre os "da circuncisão", em Colossenses, sendo mencionado vários versículos depois (cf. Cl 4,11). Como gentio, escreveu para os gentios por intermédio de um patrono gentio, Teófilo, narrando a extensão do privilégio do evangelho aos gentios. Data. Esse livro foi escrito
aparentemente por volta de 63 d. C., pois termina com o período de dois anos que Paulo ficou preso em Roma (28.30). Como Lucas dedica muito espaço ao relato do julgamento de Paulo e ao da apelação a César é pouco provável que o livro tenha sido escrito posteriormente, pois o autor não menciona o resultado desse julgamento. Meta e conteúdo. O livro de Atos, chamado Atos dos Apóstolos desde cerca de meados do século n d. C., abarca o período entre os quatro evangelhos e as epístolas posteriores. Por tratar da história das origens cristãs, é a sequência natural
dos evangelhos, e ao mesmo tempo a introdução indispensável às obras e epístolas paulinas. 1. O livro mostra o progresso do cristianismo
de Jerusalém a toda a Judéia, a Samaria e aos confins da terra (1.8). Essa comissão do Senhor ressurreçto já fora apresentada por Lucas em seu evangelho (Lc 24.46-49). Aqui é novamente descrita e relacionada com sua realização, resultado do advento do Espírito. 2. O livro dá continuidade aos atos do Senhor ressurreçto por meio do Espírito Santo. No primeiro
relato (o evangelho de Lucas), Lucas diz que tratou de "tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar" (At 1.1). Em Atos, ele descreve o que Jesus continuou a fazer e a ensinar por intermédio do seu corpo (a igreja), fundada em Pentecostes (At 2), e inspirada pelo Espírito Santo. Essa atividade do Cristo
ressuscitado que do céu opera, por intermédio do Espírito Santo, na terra sugere o nome "Atos do Cristo Ressurreçto" ou "Atos do Espírito Santo", em vez de simplesmente "Atos dos Apóstolos", que eram apenas os agentes humanos. Essa verdade do Cristo glorioso que age na terra por meio do crente inspirado pelo Espírito Santo, cujo foco é a realização histórica em Atos, é o assunto da revelação doutrinária das epístolas paulinas. Além dos instrumentos humanos de Atos, há a ação de dois entes sobrenaturais: Cristo no céu e o Espírito Santo na terra. Além desses, há Satanás que age em toda parte para impedir e frustrar a obra de Deus.
Esboço 1— 7 De Jerusalém a toda a Judéia 8
A Samaria
9— 12 Aos gentios 13— 28 Aos confins da terra
[ 458 ] AtOS
1. Os quarenta dias 1-8. Ensinam ento pós-ressurreição. So bre a introdução de Lucas, 1,2, ver com en tários acima sobre o autor e a data de Atos. N os v e rsícu lo s 3-8, L u cas a p re sen ta um resum o do m inistério do Senhor nos q u a renta dias após a ressurreição, período em que instruiu os seus a respeito do reino de D eus, 3. Esse ensinam ento se con centrou na "prom essa do P ai", i.e., o dom e o ad vento do Espírito, 4, a se realizar em Pen te c o s te s (A t 2). P o r iss o , n o s s o S e n h o r mencionou o m inistério singular do Espíri to p ro m e tid o que c a ra c te riz a ria a nova era, 5, a obra de batism o do Espírito, pela qual a igreja, corpo de Cristo na terra, logo seria fundada (IC o 12.13; Rm 6.3,4; ver co m entários sobre At 2). João Batista previu esse batism o do Espírito (M t 3.11). A razão de Jesu s om itir o b atism o com fogo, que João tam bém previu, é que isso acontece ria com o juízo da segunda vinda (Mt 3.12). Era um a d ú v id a n a tu ra l para o ju d eu a questão da restau ração do rein o a Israel, 6 (cf. v. 3), pois evidentem ente a instrução sobre a nova era não falara nessa v erd a de (cf. co m en tá rio s sob re M t 3 .1 1 ; 4 .1 7 ; 13.1,2). N osso Sen h o r, lon g e de n e g a r a re s titu iç ã o do re in o a Isra e l, re ite ro u o en sin a m en to de q ue o tem p o era ain d a futuro e só D eus o sabia (M t 24.36, 42-44; lT s 5.1; cf. M t 25.13; M c 13.32). 9-11. Ascensão e prom essa de volta. A ascen são de C risto , 9, fo i a p ed ra de re mate da sua m orte e ressurreição, com o o foi a p re d içã o da seg u n d a v in d a , 10,11. C ad a um d e sse s e v e n to s fo rm a um elo in q u eb ran táv el em um a cad eia co n tín u a de acontecim entos. A "n u v e m " que o re cebeu, 9, era ev id en tem en te a nu vem da glória da Shechin á, tantas v ezes vista no a t , e que será novam ente vista quando ele voltar (Mt 26.64; Ap 1.7). 12-14. Os dez dias de espera pelo Espíri to. Os discípulos aguardavam e oravam , e o Espírito Santo veio no tem po p ro fetiza do para cum prir o tipo e o plano divinos. 15-26. A escolha de M atias. Não se deve considerar um erro essa escolh a que con sidera Paulo com o o legítim o d écim o se
gundo apóstolo. O s doze tinham um m i nistério de testem unho a toda a nação ju d aica. Só q u an d o Israel rejeito u d e fin iti v a m e n te o te s te m u n h o , c o n fo rm e o dem onstrou o m artírio de Estêvão (A t 7), é que P aulo foi esco lh id o com o o ap óstolo dos g e n tio s p o r d ire ta re v e la ç ã o d iv in a (IC o 15.5-8).
2. 0 advento do Espírito — nascimento da igreja 1 -1 3 .0 advento do Espírito. Eis aqui um capítulo fundam ental do início da nova era, testem unhad a pelo vento, 2, pelo fogo, 3, e p elas lín g u a s so b re n a tu ra is, 4 (ver co m en tários sob re A t 11). P en teco stes a ssi nalou: (1) o advento do Espírito (Jo 16.7,8, 13). (2) A doação e o recebim ento do dom do Espírito Santo (Jo 14.16; A t 2.38,39). (3) O a b u n d a n te d e r ra m a m e n to do d om (A t 10.45). O advento e a d oação do dom exigido para a realização de todos os seus m in istério s p ara esta era, in clu siv e (a) a re g en era çã o do c re n te ; (b) o b atism o do c re n te n a ig r e ja , o c o rp o de C ris to (cf. A t 1.5; 11.16; IC o 12.13), e em Cristo, o ca beça da igreja (Rm 6.3,4); (c) a inspiração d o cren te (Jo 14 .1 7 ); (d) o sela m e n to do crente (Ef 4.30); (e) a concessão do privilé gio do plenificar do crente (At 2.4; Ef 5.18). (4) Assim Pentecostes sinalizou o início da igreja, pois assinalou a prim eira o co rrên cia h istó rica do b atism o do E sp írito, por cu ja ação , e só p o r ela, a ig reja p ô d e se form ar (At 5.13,14; IC o 12.13). (5) Estendeu o ev an g elh o aos ju d eu s ou p ro sélito s do ju d aísm o (A t 2.5). (6) In d icou a p rim eira vez em que Pedro usou as chaves do rei no do céu (A t 2.14; cf. co m en tário sobre M t 16.19). (7) Forneceu o exem plo de der ram am en to esp iritu al (A t 2.16) p ro fetiza do a Israel quando a nação for restaurada à bênção do reino na era vindoura (J1 2.2832). (8) A ssinalou a proclam ação m undial do ev a n g elh o da g raça a to d as as raças, p re fig u ra d a p elas lín g u a s so b re n a tu ra is (At 2.4-11), cum prindo o program a de evan g e liz a ç ã o d a n o v a era co m a n d a d a p e lo Senhor ressu rrecto (1.8). Ver com entários sobre A tos 8; 10; 11.1-18; 19.1-7.
AtOS I 459 1
Quadro cronológico de Atos Todas as datas são aproximadas
Paulò em Antioquia Martírio de Tiago; prisão de Pedro Primeira viagem missionária Concílio de Jerusalém Segunda viagem missionária Terceira viagem missionária Prisão de Paulo em Jerusalém Cativeiro de Paulo em Cesaréia Viagem e chegada de Paulo a Roma 14-47. Os resultados do advento do Espíri to. O recebimento do dom do Espírito como depósito da igreja recém -fundada teve am plas consequências. A lim entou a dinâm ica do grande serm ão de Pedro, declarando o messiado e a soberania de Cristo, 14-36. Três m il se co n v erteram e re ceb era m as b ê n çãos do dom do Espírito, 37-41. Isso trouxe poder e unidade à com unidade de crentes recém -form ada, 42-46, além de sustentação para o crescim ento e a am pliação dela, 47.
3—4. 0 primeiro milagre e suas consequências 3.1-11. A cura de um coxo. O m ilagre foi m ais um te ste m u n h o à in c ré d u la n a çã o ju d aica da identidade m essiânica e do se n horio d aquele que eles haviam cru cifica do, com o já o fora o serm ão de Pedro (2.1436). Testificou o fato de que o crucificado ressuscitara e ascendera à glória, e de que
30 d.C. 30 d.C.
2.42— 6.7 4.1-31
30 d.C. 31 d.C.
5.17-42
32 d.C. 35-36 d.C. 36 d.C. 37 d.C. 38 d.C.
i 00
Datas
1.9-11 2.1-41
oo
.
Igreja primitiva Primeira perseguição Segunda perseguição Terceira perseguição; martírio de Estêvão Ministério de Filipe em Samaria e junto aos etíopes Conversão de Paulo Paulo em Damasco, em Jerusalém e em Tarso Pedro em Cesaréia Fundação da igreja dos gentios em Antioquia
Atos
Eventos Ascensão Pentecostes
8.5-40 9.1-21 9.22-30 10.1— 11.18 11.19-24 11.25-26 12.1-19 13.1— 14.28 15.1-29 15,36— 18.22 18.23— 21.19 21.20— 23.22 23.23— 26.32 27.1— 28.31
41 d.C. 41 d.C. 43 d.C. 44 d.C. 45-47 d.C. 50 d.C. 51-54 d.C. 54-58 d.C. 58 d.C. 58-60 d.C. 60-61 d.C.
su a o n ip o tê n c ia fo ra re v e la d a p elo seu nom e, 12-16, na cura instantânea do coxo. 3.12-26. O segundo serm ão de Pedro. S u as p alav ras se d irigiam à nação de Is rael. A nação foi convocada ao arrependi m ento, 19, do crim e de m atar o A utor da vida, 15. O arrep end im ento resu ltaria na lib erta çã o n acion al, d escrita com o "te m p os de re frig é rio ", 20 (cf. J1 2.28-32), e a restau ração de "to d a s as coisas, sobre as quais D eus falou pela boca dos seus san tos p rofetas desde o p rin cíp io ", 21, i.e., a resta u ra çã o do rein o a Israel, m en cio n a da em Atos 1.6 e grande tem a da profecia do a t . A resposta oficial da nação foi a com pleta im penitência (cap. 4), de m odo que o v in d o u ro S a lv a d o r de Isra el p erm an eça "n o céu" até o final da era atual, 21. A con seq u ência de não darem ouvidos ao p ro feta Jesus Cristo (Dt 18.15-18) foi sua total d estru ição, 22,23, consu m ad a na d izim a ção da nação pelos rom anos em 70 d. C.
[ 460 1 AtOS
4.1-37. A consequência. A nação rejei tou a m ensagem do milagre e do apelo de Pedro, prendeu os apóstolos, 1-4, e proibiu a p re g a çã o em nom e de Je s u s , 13-22. O sermão de Pedro, no Sinédrio, 5-12, foi des tem ido e teve seu ponto m áxim o na cita ção, 11, de Salm os 118.22 e no cham ado à salvação, que foi rejeitado. O ponto culm i nante da vida espiritual da igreja de Jeru salém aparece nos versícu lo s 23-27.
5. Disciplina e perseguição 1-11.0 pecado de Ananias e Safira. Como Sansão e Saul, A n an ias e S afira pecaram para "a d estru ição da ca rn e " (IC o 5.1-5; IJo 5.16; cf. IC o 5.1-5; 11.30). Foi um a rendi ção direta a Satanás no sentido de m entir ao Espírito Santo, 3, e ten tar aq u ele que agia com tam anha plenitu de de poder ao dar testem u n h o d o p o d e r de um C risto crucificado e ressu rreçto à nação ju d aica, 9. Pedro sobressaiu no castigo aplicado (cf. Mt 16.19; 18.18).
Degraus do Templo de Augustus, em Samaria, um dos locais alcançados pelo evangelho graças à perseguição em Jerusalém.
12-42. Prodigioso testemunho à nação ju daica. O local era relevante — o pórtico de Salom ão no tem plo, 12. A lardearam os re sultados a toda a nação, e eles eram m ira culosos, tanto que até a som bra de Pedro o p era v a cu ras, 12-16. A s o b ras de Je su s co n tin u a v a m p e lo E sp írito que ag ia nos apóstolos (1.1) com o outro testem unho aos ju d eu s. E sses m ila g res p ro d ig io so s eram d irig id o s a Isra el para d ar à n a çã o um a ú ltim a ch an ce de a rrep en d im en to . Esses m ilag res, ao in ício da era cristã, serviam para autenticar o evangelho do Cristo cru cificad o e ressu rreçto a Israel e, m ais tar de, d irig iram -se aos p rim eiro s con v ersos gen tios antes da com posição das E scritu ras do n t . D epois de alcançados esses pro pósitos, a revelação escrita, que seria o objeto da fé, superou os m ilagres e os dons,. A re je içã o dos ju d eu s tra n sp a rece n a se gunda perseguição, 17-42. Gamaliel era um rabino fam oso, 34-39. Teudas, 36, é m enci onado por Josefo (Ant. xx.5.1). Judas, 37, se revoltou em 6 d. C.
Atos l 461 l
6. Os primeiros diáconos 1-7. A escolha dos sete. Os "helenistas", 1, eram judeus que adotavam a língua e os costum es gregos. Os hebreus se aferravam às práticas aram aicas e jud aicas. "... sirva mos às m esas", 2, implicava deveres finan ceiros e tem p o rais. C o n sa g ra r-se "à o ra ção e ao ministério da palavra", 4, é sem pre a principal responsabilidade do pastor, pres bítero ou bispo. O ofício do diácono era im p ed ir que essa v o cação fo sse d etu rp ad a pelas outras funções necessárias a um m i nistro de Cristo. M enciona-se o crescim en to da igreja de Jeru salém , 7. A im posição de m ãos, 6, revela a sim ples identificação dos apóstolos e da assem bléia com os diá conos escolhidos em sua obra (cf. Lv 3.2). 8-15. M inistério e prisão de Estêvão. Os líderes da nação rejeitaram o testem unho de Estêvão, m esm o estando pleno do Espí rito e atestado por m ilagres. Isso d eterm i nou a rejeição definitiva dos judeus ao tes temunho do Deus Trino — o D eus Pai do a t , o Deus Filho dos evangelhos e agora o Deus Espírito no poderoso apelo feito por inter médio de Estêvão. O s libertinos ( k j v ), mais corretam ente "lib erto s", 9, eram os judeus q ue fo ram e scra v o s ro m an o s, p o ste rio r m ente lib ertad o s. A p aren tem en te, a re fe rência é à sinagoga de Jerusalém , frequen tad a p o r ju d e u s da d is p e rs ã o de v á ria s terras — Cirene no norte da África, a oeste do Egito; A lexand rina, no Egito; Cilicia, a noroeste da Síria; e a Ásia proconsular.
7. 0 martírio de Estêvão 1-53. O serm ão de Estêvão. Ele foi o ins tru m en to e sco lh id o p ara dar o te ste m u nho final do Senhor à nação. Ele, o acusa do, to rn ou -se acusador. E le, ju lg a d o pela nação, tornou -se o ju iz da nação. Sua d e fesa m encionou a história de A braão, via Isaque e Jacó, 2-8; a história de José, 9-16; a rejeição e a libertação de M oisés, 17-38, e a apostasia de Israel, 39-50. A seguir, vi eram su a a c u sa çã o co n tra os ju iz e s e a sen ten ça para a nação, 51-53. 54-60. O martírio de Estêvão. O primeiro m ártir foi notavelm ente sem elhante ao seu
Senhor. Estava cheio do Espírito e operou "feitos extraordinários e grandes sinais en tre o p ovo", 6.8. Com o Cristo, foi acusado de pregar contra M oisés, a lei e o templo, 6 .1 3 ,1 4 , e e x e c u ta d o com o b la sfe m a d o r, 7.56-58. Com o Cristo, foi acusado perante o S in é d rio e e n fre n to u fa ls o s a cu sa d o res, 6.1 1 -1 3 . D eu testem u n h o da v erd ad e da co n fissã o de n o sso S en hor de que ele se sentaria à direita de Deus, 7.55,56, por meio da visão que teve a respeito disso. Com o Jesus, orou pelo perdão de seus inimigos e para que o Senhor recebesse seu espírito, 7.59,60. O prim eiro m ártir foi m iraculosa mente transform ado pelo Espírito na sem e lhança de C risto (2Co 3.18). R egistram -se três m anifestações do Cristo glorificado: a Estêvão (A t 7.55,56); a Paulo (At 9.3-6; cf. 7.58 com 8.1) e a João (Ap 1.10, 12-16).
8. Os samaritanos são admitidos no privilégio do evangelho 1-17. O ministério de Filipe em Samaria. A ocasião foi a perseguição, 1-3, resultante da exp an são do evan g elh o a regiões não judaicas (At 1.8). O m inistério de Filipe, em S a m a ria , 4 -1 3 , p re p a ro u os sa m a rita n o s para a adm issão no privilégio do evange lho e no dom do Espírito Santo, 14-25. E es pecialm ente significativo o fato de que Pe d ro foi a S a m a ria o ra r p e lo s d iscíp u lo s cren tes e im por as m ãos sobre eles para q u e re c e b e ss e m o E s p írito S a n to , 15. O caso e n v o lv e a a p resen ta çã o do e v a n g e lho a outro povo (como aos judeus em Pen tecostes) e a dispensação inicial do Espírito sobre eles. D aí a necessidade da presença de Pedro. Só a ele foram dadas as "chaves do reino do céu" (Mt 16.19). Assim como ele revelou o evangelho aos judeus (At 2.14) e aos gentios (10.34), no m esm o sentido es tendeu o p rivilég io do evan gelho aos sa m aritanos que eram racial e religiosam en te mestiços e funcionaram como ponte para os gentios. O episódio não foi uma segunda exp eriên cia após a salvação, m as marcou a vinda inicial do Espírito Santo aos samari tanos com o grupo étnico. A ntes da vinda do Espírito aos judeus em Pentecostes, aos sam aritanos (At 8) e aos gentios em Cesa-
[ 462 J AtOS
A expansão inicial d? cristianismo 7. Pedro visita a casa de Cornélio (At 10.9-16)
Cesaréia .4. Filipe prega desde Azoto até Cesaréia
SAMARIA
(At 8.40)
Sebaste (Samaria)
4$ .1. Filipe prega em Samaria
(At 8.5)
^Antipátride
2.Batismo de o mágico; pregam nas de Samaria (At
6. Pedro ressuscita Dorcas (At 9.36-43)
Jamma
■Pedro cura Enéias (At 9.32-35)
Azoto OAscalom
JUDÉIA
Jerusalém 3.Conversão do eunuco etíope com Filipe
(At 8.26-39) Viagens de Pedro O eunuco volta para a Etiópia
ré ia (A t 10), n e n h u m a a lm a re g e n e ra d a desfrutou da grande salvação hoje vivida por todo cristão, que inclui o batism o pelo Espírito em Cristo (Rm 6.34), o fato de ser mos nele selados (Ef 4.30), de serm os san tuários do Espirito Santo (IC o 6.19-20), e de vivermos na sua plenitude (Ef 5.18).
Viagens de Filipe Viagem de volta do eunuco etíope
18-24. Simão, o mágico. A lição de Simão, o mágico, é instrutiva para pessoas de qual q u e r é p o ca que p re te n d a m n e g o c ia r os dons esp iritu ais de D eus na esperança de ganho pessoal. A quele que "n ã o é correto diante de D eu s" não tem "p arte nem res ponsabilidade" nos dons de Deus, 21.
AtOS [ 463 1
A conversão de Paulo Tarso
.
iv
^ > 3 . Os apóstote mandam
'
Paulo para Tarso, para
segurança, dele
(At 9.30) @ Antioc)u'a
^Seléucia
2. Ananias batiza / Paulo (At 9.10-19)
W P4/
1. Paulo tem uma visão de Cristo na estrada de Damasco (At 9.1-9) 50
5'Jerusâ1|m
J _______ |_______ 'Mar MjSrto
100 km
[ 464 ] AtOS
2 6 -4 0 . O eu n u co e tío p e . "C a n d a c e " , 27,28, era o títu lo das rainhas da N úbia, país da bacia do N ilo, da prim eira catara ta até a vizin h an ça de C artu m . De a co r do com a lei m osaica, os eunucos, hom ens ca stra d o s, sofriam g ra v es re s triç õ e s r e ligiosas (D t 23.1; cf. Lv 22.23-25). A con v ersão do eu n u co ilu stra a e x te n sã o do p riv ilégio do ev an gelh o , além dos racial e re lig io sa m e n te v in cu la d o s aos ju d e u s e sua religião (com o os sam aritanos), aos que tinham sim p lesm en te v ín cu lo re lig i oso (com o o e u n u co ). E le era a p a re n te m ente um não-ju d eu p ro sélito que a b ra çara o ju d a ísm o . A g ra ça o fe re c id a em C risto ag o ra e x tr a p o la v a to d a s as b a r reiras ra c ia is e re s triç õ e s le g a is, g a ra n tin d o p le n a s a lv a ç ã o a o s h o m e n s q u e , m esm o de p o siçã o n o b re , fo ra m e x c lu í dos da co n g reg a çã o do povo do S en h o r pela lei de M oisés.
9. A conversão do apóstolo dos gentios 1-19. A con v ersão de Saulo. A tos 1-8 ap re sen ta a d isse m in a çã o do e v a n g e lh o de Je ru sa lé m a "to d a a Ju d é ia e S a m a ria" (1.8). O restante de A tos trata da pre p a ra ç ã o d o g ra n d e e v a n g e liz a d o r d o s g en tio s, cap ítu lo 9; da a p re sen ta çã o o fi cia l d o e v a n g e lh o ao s g e n tio s , c a p ítu los 1 0 — 11; e da exten são do testem u nho do evan g elh o aos "co n fin s da te rra ", ca p ítu lo s 12 — 28. De m an eira sig n ifica tiv a , relata a conversão de Saulo de Tarso im e d iatam en te após a co n su m a çã o da e x te n são oficial do evangelho aos ju d eu s e sa m a rita n o s , e p o u c o a n te s d o r e la t o da ap resen tação do ev an g elh o da g raça aos gentios. Saulo viu o C risto ressu rre cto e ascen did o, 1-8, fato fu n d am en tal em seu apostolad o; ficou cheio do E sp írito, 17, e foi b atizad o para m o strar sua id e n tifica ção com C risto e seu povo, 18,19. 20-25. Damasco e o início do m inistério de Paulo. A pregação destem ida de Saulo in stig o u a p erseg u ição m o v id a p elo s ju deus, 20-24. Ele foi descido da m uralha em um cesto, 25. D am asco era um a cidade li vre, m em bro da D ecáp oiis de cidad es in
d e p e n d e n te s, m as na é p o ca ta lv e z e s ti v esse sob d o m ín io n a b a te u , p o is o " g o vern ad or d a cidade, sob a au torid ad e do rei A retas, vigiava a cidade dos dam ascen os" (2Co 11.32). O etnarca de A retas iv (9 a. C .-40 d. C.) p ro v av elm en te ag u ard av a fora da cidade para cap tu rar Saulo assim que su rgisse. 26-31. A volta de Saulo a Tarso. Sua vol ta foi p reced id a por um a visita a Je ru sa lém , 26-29. Ó d io e p e rseg u içã o in ten so s, 29, exigiram a vo lta de Saulo a sua terra n atal, Tarso, via C esaréia, cap ital e p rin cip al porto m arítim o da Ju d éia. Tarso fi ca v a na C ilicia , no su d este da Á sia M e nor, d efro n te a S elêu cia , p o rto m arítim o de A n tio q u ia, no g olfo de Isso. Era um a cid a d e in d e p e n d e n te im p o rta n te e c e n tro co m ercial. 32-43. Pedro se prepara para a evangeli zação dos gentios. Pedro curou o paralítico Enéias, em Lida (atual Lod, dezoito quiló m etros a sudeste de Jope), 32-35. Em Jope, ele re ssu scito u D orcas, ou Tabita, e h o s p e d o u -se na casa do cu rtid o r Sim ão, 3643. A lei ju d aica proscrev ia os curtidores, pois consid erava esse ofício im puro. Jope era um a cidade predom inantem ente ju d ai ca, centro farisaico altam ente ad equad o à revelação de Pedro dos puros e dos im pu ros, p ré-req u isito in d isp en sá v el para seu m inistério ju n to aos gentios, 9-43 — 10.33.
Anfiteatro romano, em Cesaréia. Pedro esteve nessa importante cidade portuária, onde pregou o evangelho a Cornélio, o centurião romano.
AtOS [ 465 ]
Cesaréia Essa esplêndida capital do governo romano, na Judéia, foi construída (25-13 a.C.) por Herodes, o Grande. Ele dedicou a cidade a César Augusto, em 12 a. C., mudando o nome, em homenagem ao imperador, de Torre de Estratão para Cesaréia. Cesaréia, transformada em um excelente porto marítimo, tinha acesso imediato a todas as partes do mundo romano. Construiu-se o enorme molhe de sessenta e um metros de largura sobre trinta e sete metros de água, do qual até hoje se vêem as ruínas. Em 1960, a baía foi explorada pela Expedição Link, abrindo novo capítulo na arqueologia subaquática ou aqueologia. Uma moeda
Restauração do aqueduto- romano, responsável pelo abastecimento de água da cidade de Cesaréia; na época-do Novo Testamento.
que retrata dois navios entrando em uma baía traz as letras KA, talvez abreviatura de Cesaréia. Entre os belos edifícios greco-romanos estão um fórum, um estádio e um anfiteatro. Este foi descoberto por arqueólogos israelenses por meio de fotografias aéreas. Tinha noventa e um metros por sessenta e um, maior do que o Coliseu de Roma. Foi palco de sangrentos combates de gladiadores quando Flerodes inaugurou a cidade, em 10 a. C. Ali, em plena Palestina, prevaleciam a cultura e os costumes greco-romanos. Lucas fez bem em destacar Cesaréia em seu relato da extensão do evangelho.
Moeda romana mostra um navio que transportava grãos, semelhante à embarcação em que Paulo viajou para Roma.
Coiuriase outras ruínas q u ° restaram do porto romano de Cesaréia.
[ 466 1 AtOS
10. Os gentios são admitidos nos privilégios do evangelho 1-33. C om élio e Pedro. O caso de Corn é lio , com o re p re s e n ta n te d os g e n tio s , 1-8, assinalou a d isp en sa çã o do E sp írito S an to aos g en tios. C o rn élio , em bo ra d e voto e piedoso, não d esfrutav a da sa lv a ção com um da nova era iniciada em P en tecostes (At 11.14). A visão transform adora de Pedro, 9-16, revelou a verdade de que os gentios — impuros e durante tanto tem po excluídos da religião com o "c a c h o rri nhos" (Mt 15.24-27), fato sim bolizado pe
los vários anim ais ritualm ente im puros — re c e b e ria m o "m e s m o d o m " q u e D eu s dera aos ju d eu s em Pentecostes (At 11.17; ver com entários em At 2 e 8). 34-48. Pedro usa as chaves pela última vez. E o últim o registro do uso das chaves do reino do céu (M t 16.19) por Pedro. Foi ele quem pregou o serm ão, 34-44 (cf. At 2.14; 8.14), que estend eu o evangelho e o dom do Espírito Santo aos gentios, estabelecen do a norm a para a era. D iante dos aconteci m en tos dos v e rsícu lo s 44 -4 8 , ju d eu s, sa m aritanos e gentios já haviam recebido o dom do Espírito Santo. R esid ente no cor-
Falar em línguas Há dois aspectos na manifestação das línguas: primeiro, o sinal das línguas em Atos 2,10,19 (e provavelmente no cap. 8); segundo, o dom de línguas na igreja apostólica primitiva. O dom relativo ao segundo aspecto evidentemente não era permanente (1Co 13.9-13) nem dado a todo crente. Exigia o dom concomitante da interpretação (1Co 12.10; 14.1-40). Esse dom acompanhado da interpretação pretendia instruir a igreja antes da composição final das Escrituras do n t . Em relação ao primeiro aspecto, as línguas foram o meio pelo qual o Espírito Santo testemunhou a Israel no dia de Pentecostes (2.4-13). Eram um sinal da verdade de que Jesus
era o Messias e uma indicação da nova era do Espírito. Os judeus foram novamente desafiados pelo fato de os samaritanos receberem o Espírito Santo (At 8.14-17), e, embora isso não seja mencionado especificamente, talvez tenham obtido a prova de que os desprezados samaritanos receberam, de fato, o mesmo dom dos judeus, pelo fato de sua capacidade sobrenatural de falar em línguas (cf. 11.17). É esse o uso das línguas na extensão do dom do Espírito Santo aos gentios (At 10.44-47). Nada poderia ter sido mais , convincente a Pedro e seus colegas judeus, que estavam céticos e descrentes, do que o fato de Cornélio e os outros gentios falarem em línguas
sobrenaturais do mesmo modo que os judeus em Pentecostes. Os discípulos de João Batista que receberam o Espírito Santo e falaram em línguas que jamais haviam aprendido (At 19.6-10) funcionaram como testemunho semelhante para a vigorosa comunidade judaica de Éfeso. O fato de os discípulos de João Batista, que os judeus geralmente aceitavam como profeta de Deus, serem abençoados pelo Espírito Santo depois de batizados em nome do Messias rejeitado, foi de profunda importância. "Mas alguns deles [os judeus] se endureceram e se mostraram descrentes", conforme Isaías (Is 28.11,12) previra (1Co 14.22; cf. comentários sobre 1Co 14).
AtOS [ 467 1
po de C risto, a igreja, o E sp írito torna-se a b ê n çã o de todo aq u ele q u e tiv e r fé em C risto com o Salvad or.
11.1-18. Pedro defende seu ministério aos gentios 1-3. Pedro é convocado a exp licar seu m inistério aos gentios. O fato de os gentios receberem o Espírito Santo e serem adm i tidos no privilégio do evangelho exigia ex p licação . O s ju d a iz a n te s (que e x ig ia m a circuncisão), 2, grupo com posto de d ev o tos ju d eu s co n serv ad o res, su rgiram logo que os gentios foram salvos (15.1-5; 21.20). 4-18. A explicação de Pedro. Ele relatou suas experiências em Jope e Cesaréia, 4-14 (cf. 10.1-33). Sua interpretação aos colegas de Jerusalém , 15-18, incluiu os seguinte fa tos: (1) concedeu-se a salvação a C ornélio e sua família, com o prim eiros representan tes dos gentios, 14. (2) O Espírito Santo des ceu sobre os gentios com o sobre os judeus em P entecostes, 15, referindo-se ao prodi gioso plenificar (2.4) que caracterizou a infu são inicial do Espírito em P entecostes e a extensão do dom aos sam aritanos (8.16) e aos gentios (10.44). Confira o termo "derra m arei", 2.17; 10.45. (3) Inicialm ente, Pedro vinculou o batism o do Espírito, 16, a Pente co ste s, com o m o stra a co m p a ra çã o com Atos 1.5, e também aos eventos de Atos 10. Isso dem onstrava que a igreja com eçou em Pentecostes, pois foi fundada por esse ba tism o esp iritu al, com o m ostram lC o rín tios 12.13; Rom anos 6.3,4; Gálatas 3.26,27. (4) Pedro declarou que o dom do Espírito con cedido aos gentios era "o m esm o", i.e., idên tico ao dom originalm ente dado a Israel em A tos 2. Inclu íam -se as línguas so b ren a tu rais (2.4; 10.46; 19.6).
11.19-30. A igreja de Antioquia 19-26. Os discípulos são cham ados cris tãos. O evangelho com eçou a ser pregado aos não ju d eu s em A ntioquia, às m argens do O rontes, na Síria, 19,20. G rande núm e ro de gentios se converteu, 21, após a ex tensão do p riv ilégio do ev an g elh o a eles (ver com entários sobre A t 10,11). Barnabé
(4.36) era de C hipre e m uitos cipriotas re sidiam em A ntioquia, 20. Ele levou Saulo de Tarso, 25,26 (ver com entário sobre 9.2631). O s cren tes fo ram ch am ad os cristãos pela prim eira vez em Antioquia, 26. O ter mo christiani ("p artid ário s de C risto") era provavelm ente um nom e oficial dado aos discípulos de Jesus pelos altos funcionári os rom anos de A ntioquia. (Cf. Pompeiani, Sullani, Herodiani, M t 22.16, e outros nomes de partidos.) Ver com entário sobre A ntio quia no capítulo 13. 27-30. Socorro a Jeru salém . P rov avel mente, em 46 d. C. ocorreu a fome nos dias de C láu d io (41-54 d. C.). P rofetas, com o Á gabo, d otad os do dom sobrenatu ral de profecia eram com uns na igreja prim itiva antes da conclusão do cânon, além de pes soas ag raciad as com dons com o o de fa lar em línguas, entre outros.
12. Perseguição movida por Herodes; sua morte 1-19. Prisão e libertação de Pedro. Tiago, filh o de Z ebed eu , foi m artirizad o. Pedro foi p re so . Seu p e rse g u id o r era H ero d es Agripa I, neto de H erodes, o G rande e de M ariana, descendente dos macabeus. Agri pa foi em possado rei da Judéia e de Sam a ria pelo im p erad or C alígula, e governou, de 41 a 44 d. C., p ra tica m e n te o m esm o território do seu avô, H erodes, o Grande. Veja sobre o "an jo do S enhor", 7, cf. G éne sis 48.16; M ateu s 18.10. 20-25. A morte de Herodes, em Cesaréia. S o b re C e sa ré ia v er c o m e n tá rio em A tos 10.34-48. H erodes evidentem ente es tava em C esaréia para participar do festi val quadrienal em honra ao im perador ro mano que aconteceu na primavera de 44 d. C. Josefo (Ant. xix.8.2) relata com o esse rei foi acom etido de um a enferm idade mortal depois de ser saudado com o ser divino.
13.1-12. Primeira viagem — Chipre 1-3. Antioquia, berço das missões estran geiras. A ntioquia, às m argens do Orontes, na Síria, era a terceira maior cidade do im pério romano nos tempos de Paulo. A gran
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de igreja dos gentios na ddade fora não só abençoada com m estres talentosos, 1, mas com a livre ação do Espírito Santo, 2,3, que d ali la n ço u o fu n d a m e n ta l te s te m u n h o evangélico ao O cidente. Selêucia, 4, era o porto m arítim o de Antioquia, situada oito quilóm etros acim a da foz do O rontes, no Mediterrâneo. Dois molhes gigantescos que se p rojetam no m ar são tá cita s te ste m u nhas da importante baía que ligava o porto à cidade continente adentro. 4-12. A viagem a Chipre. Data: prim a vera de 45 d. C. Destino: Salam ina, duzen tos e oito quilóm etros a sudoeste de A nti oquia, na costa leste de C h ip re, te rce ira maior ilha do M editerrâneo. Tinha duzen tos e trinta e sete quilóm etros de com pri m ento e de vinte e quatro a trinta e dois quilóm etros de largura. Possuía um a lon ga história cultural pagã, incluindo o licen cioso cu lto de A fro d ite . S a la m in a era a m aior cidade da ilha, com grande popula ção judia, 5. Pafos, 6, atual Baffo, perto da m oderna K tim a, ficava na região ocid en tal da ilha. Era um centro de culto, capital da província senatorial de Chipre, residên cia do procônsu l (p retor) e m eca do co r rupto culto de A frodite. Elim as (do árabe alimun, "sáb io ", "eru d ito ", ou do aram aico "p od eroso") era um ocultista m ovido pelo dem ónio, não era pagão, mas, judeu, 8. Em Soli, cidade na costa noroeste de C hipre, encontrou-se um a in scrição grega datada de 52-53 d. C. que diz: "N o governo do pro cônsul Paulo". Sem dúvida se refere a Sér gio Paulo, fam oso converso de Paulo.
Antioquia às margens de Orontes e a arqueologia Fundada em 300 a. C. por Seleuco i Nicator, três séculos de história cultural pre pararam a grande cidade para seu fam oso papel nas m issões cristãs. Dafne, subúrbio de Antioquia, era fam osa pela depravação e o prazer, parque de diversões da cidade p e rv e rtid a. A sem en te do e v a n g e lh o da graça encontrou ali o solo necessário, pois a depravação de Dafne era notória m esm o para a indiferente Roma.
O sítio atual de A n takiyeh revelou em n u m ero sa s esca v a çõ e s, a p a rtir de 1932, lind os pisos em m osaico, além de ed ifíci os, m uros e outras ruínas que perm itiram e sb o ç a r a h istó ria da cid a d e . A le g o u -se que o fam oso cálice de A n tioqu ia, encon trad o em 1910, co n tin h a as fig u ras m ais an tig as de C risto e d os d oze ap ó sto lo s e pertencia ao final do século i. O cálice in terno era supostam ente a taça original de com unhão de Cristo. O s estud iosos g eral m en te o situ a m e n tre os sé c u lo s n e vi, com o produto da arte cristã prim itiva. Entre as igrejas fam osas escavad as em A n tio q u ia e stã o o e d ifíc io o cto g o n a l de C o n s ta n tin o e o u tro em fo rm a de cru z, am bos do final do século iv, o que m ostra que o c ristia n ism o d eix o u sua m arca na arquitetura de Antioquia. A divindade pa droeira da cidade era Tique, cuja lem bran ça se p re s e r v a n a b e lís s im a ré p lic a de m árm ore do V aticano.
13.13*52 Primeira viagem — Perge e Antioquia da Pisídia 13. De Pafos a Perge. Cruzando os du zentos e oitenta e nove quilómetros de mar a partir de Pafos, Paulo e Barnabé aporta ram em Perge, principal cidade da Panfília, na Á sia M enor. E sse local, h oje cham ad o
AtOS l 469 1
Primeira viagem missionária de Paulo (46-48 d.C.) Ahtioquia e Pisidia : :: V*'
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3 Paulo e SátnabrsêG cenfytjpplos çonffíkíaes após ícurá'd^-tínT 3 paralítico (At 14,8-13)
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2. Elimas, o mágico, fica cego (At 13.6-12)
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1. Paulo e Barnabé navegam para Chipre (A t’13:4)
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M urtana, é notável pela com pletitude e in teireza de suas antigas ruínas. A rtem is, a deusa da natureza, era adorada ali, com o m ostram as m oedas de Perge. N essa cida de Jo ão M arcos decid iu abandonar a via gem, 13 (cf. 15.38; 2Tm 4.11). 14-52. De Perge a A ntioquia da Pisidia e Icônio. A viagem de cento e sessenta qui lóm etros até A ntioquia da Pisidia era por um terreno acid en tad o e infestad o de la drões. Sir W illiam R am say encontrou nes sa região v árias inscrições que provavam isso (cf. 2C o 11.26). M as ao lev ar o evan gelho a A ntioquia da Pisidia, Paulo e Bar nabé plantaram o testem unho em um cen tro a x ia l de c o m u n ic a ç ã o em p le n o coração da Á sia M enor, p elo qual corria um a artéria com ercial de leste a oeste. A
A n tio q u ia da P isid ia lig a v a -se a oeste a A p am éia, C olossos, L aod icéia, M agnésia, Éfeso e o m undo grego do Egeu. A leste, dava acesso a L istra, D erbe e, via Portas Cilicianas, a Tarso, Isso e Antioquia da Sí ria, às m argens do O rontes. N os versiculos 16-41, re la ta -se em d eta lh e a grand e m en sag em de P au lo sob re a ju stifica ç ã o pela fé. A rejeição dos ju d eu s sobressaía.
14. Primeira viagem — Icônio, Derbe, Listra 1-5. Icônio. Expulsos de Antioquia por ju d e u s d e sc re n te s e m a licio so s, P au lo e B a rn a b é tom aram a estrad a real rum o a L istra, m as d esviaram para visitar Icônio (atual Konia), na Frigia, 13.5-1. A arqueolo
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gia m ostrou, com base em inscrições, que a cidade era habitad a pred om in an tem en te por frígios, sendo adm inistrada por gálatas. Q uando Paulo chegou lá, era um a das cidades im portantes da região sul da pro víncia rom ana da G alácia. A tra ía m u itos judeus, sendo centro de um a próspera in dústria de tecelagem , para a qual o linho do planalto e as ovelhas e cabritos do Tauro serviam com o m atéria-prim a. A cidade era tam bém cortada por um a rota com er cial que a ligava a Efeso, a oeste, e ao m un do m esopotâm ico, a leste. 6-19. O trabalho em Listra. Expulsos de Icônio por judeus incrédulos, os m issioná rios chegaram a Listra e D erbe, duas ou tras cidades da província rom ana da G alá cia. Em 1885, identificou-se o sítio de Listra por um altar rom ano com inscrição, ainda de pé, que trazia o nom e da cidade em la tim — Lustra, com a nota de que fora coló nia rom ana no tem po de A ugusto. Com o n ão era im p o rtan te em te rm o s c o m e rc i ais, abrigava poucos ju d eu s na época de Paulo. V ê-se a natureza inculta e supersti ciosa dos habitantes da Licaônia, que não eram gregos nem rom anos, em seu culto aborígine, que aqui transparece sob tênue disfarce. Barnabé foi tido como Zeus (Júpi ter) e Paulo, com o Herm es (M ercúrio), 12.
Essa id e n tifica çã o lem bra M o isés e A rão na corte de F araó , ond e o S en h or co n sti tuiu M oisés "com o Deus sobre Faraó", sen do A rão seu p ro feta (Êx 7.1). D o m esm o m o d o , P a u lo -H e rm e s e ra c o n s id e ra d o m en sag eiro de B arnab é (Z eu s), p o is este era m ais velho. U m a in scriçã o de L istra, en con trad a em 1909, relacion a v ário s sa cerd otes de Z eu s. O u tra se refere a H er m es e a Zeus. O brutal aped rejam ento de Paulo pelos habitantes da terra os diferen cia da educada sociedade grega e rom ana da colónia. (Cf. 2Co 11.25; 2Tm 3.11.) 20-28. Trabalho em Derbe e volta a Anti oquia da Síria. Derbe foi a última cidade em território distintam ente rom ano na estrada que atravessava o sul da G alácia rum o ao leste. Portanto, com o declara Estrabão, era um posto alfandegário. Paulo a visitou por causa de sua p osição estratég ica n a gran de rota m ilitar e com ercial que corria de leste a oeste. M arcos rom anos pontilhavam a estrad a.*A lém de D erbe, a leste, estava Com agena, governada por um vassalo ro mano, m as independente. Ali prevalecia o culto de M itra, e Paulo evitava as regiões onde os reis protegiam determ inados cul tos e podiam agir drasticamente. A viagem de volta a Antioquia, às m argens do O ron tes, 23-28, foi pelo m esm o cam inho que os
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Antioquia da Pisídia A cidade era uma das dezesseis fundadas por Seleuco Nicator (312-280 a.C.), assim como Antioquia da Síria, às margens do Orontes. Hoje é comumente chamada de Antioquia da Pisídia porque, no final do século md. C., tornou-se capital de uma província recém-criada denominada Psídia. Na época de Paulo, fazia parte da província romana da Galácia, distrito da Frigia. As inscrições sugerem ocupação frigia. Roma conquistou a cidade quando a Galácia se tornou província romana, em 25 a. C. Foi Augusto quem percebeu sua estratégica localização militar, fazendo dela uma de suas principais colónias militares, e oficialmente denominando-a Colonia Caesarea Antiochia. A rodovia militar, dita estrada real, a ligava à colónia militar irmã de Listra, cento e noventa e três quilómetros a sudeste.
Antioquia tinha grande número de militares romanos, numerosos gregos e muitos judeus e prosélitos judeus (13.16, 26, 43). Entre os membros da classe militar governante (coloni) estavam as mulheres piedosas de alta posição e os "principais da cidade" (13.50). Antioquia da Pisídia e a arqueologia O sítio foi descoberto, em 1833, na margem direita do rio Anthios, nas encostas de uma montanha chamada Sultan Dagh, perto da cidade turca de Yalovach. Ainda são visíveis as ruínas de um antigo aqueduto romano. Moedas exibem o deus do rio, Anthios. Sir William Ramsay, entre 1910 e 1913, escavou o santuário de Men, principal divindade da cidade. O enorme altar, de vinte metros por um e meio, era envolto por uma área sagrada de setenta e três por quarenta e um metros, cercada por um muro de um metro e meio. Men era representado pela cabeça de um touro com
chifres, e tinha como consorte Ártemis (Diana), forma helenizada de Cibele. Aqui celebravam-se os ritos frígios de mistérios (cf. Cl 2.18). Uma inscrição significativa encontrada em Antioquia diz: "Para Lúcio Sérgio Paulo, o jovem", importante oficial de Antioquia, que talvez fosse filho do procônsul de Chipre (13.7). Escavações posteriores desenterraram uma cidade de Augusto e outros edifícios da era de Tibério. Restaurou-se um friso magnífico que exibe as vitórias de Augusto por terra e mar, adornadas com Tritões, Posêidon, golfinhos e outros símbolos marinhos. Representações de Men, simbolizado por cabeças de touro coroadas de folhas e frutos, ornavam a praça de Augusto e fornecem muitos exemplos excelentes de arte grecoromana. Descobriram-se dutos de terracota do sistema de abastecimento de água de Antioquia. Esses distribuíam as águas trazidas pelo aqueduto.
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m issionários haviam cruzado e, assim , vi sitaram e confirm aram as igrejas fundadas. Pregaram em P erge, 25 (ver com en tário s em At 13.13), e zarparam rumo à Síria pelo porto de Atália, fundada por A talo n Filadelfo (159-138 a.C.).
15.1-35. 0 concílio de Jerusalém 1-12. O concílio e seu tema. A questão era se os gentios podiam ser salvos sem a circuncisão e o legalism o do sistem a m o saico, 1-5. Que eles o podiam, e de fato ha viam sido salvos, já se dem onstrara na pri m eira v iag em m is sio n á r ia , c o n fo rm e o relato de Paulo à igreja de Antioquia. A aber tura da porta da fé aos gentios (14.27) foi um anúncio de que o evangelho, indepen dente da circuncisão e do legalism o m osai co, fo ra d iv in a m e n te a u te n tic a d o com o meio de salvação das nações. Foi um a de claração sum ária de que o cristianism o era um a religião internacional, com pletam en te distinta do legalism o e do estreito isola m en to da fé h e b ra ica , e ste n d e n d o -se às regiões mais longíquas da terra (1.8). A igre ja de Antioquia mandaria uma delegação à
igreja-m ãe de Jerusalém , 2-4, e assim tam bém testem unharia a luta do cristianism o com o judaísm o (cf. G1 2.1-10). Pedro perce beu a futilidade de insistir em que os genti os tinham de se tornar ju d eu s para alcan ça r a s a lv a ç ã o , 7 -1 1 . C o m p re e n d e u a irracionalid ad e dos ju d aizan tes que d ese ja v a m a b rir a p o rta aos g e n tio s só pela m e ta d e, a d m itin d o a p e n a s a q u e le s q ue, além da fé no M e ssia s, se su b m etessem aos ritos ju d aicos, especialm ente a circun cisão. P aulo e Barnabé contribu íram com seu testem unho, 12. 13-35. O concílio e a decisão. A disputa do prim eiro con cílio da igreja foi resolvi da com su ce sso na fo rm a d o e v a n g e lh o da graça g ratu ita que Paulo vira au ten ti cad o tão n o ta v e lm en te . T iag o resu m iu a decisão: "P o r isso, penso que não se deve p e r tu r b a r o s q u e d e n tr e o s g e n tio s se co n v ertem a D e u s ", 19. D eles só se e x i gia que abandonassem a idolatria e a for n ica çã o , a b sten d o -se de a n im a is su fo ca d os e do san g u e, 20-21. E ssa d ecisão foi com u n icad a por um a d eleg a çã o do c o n cílio de Jeru salém a A ntioquia e ao m u n do gentio, 22-35.
Em sua segunda viagem, Paulo e Silas partiram para a Ásia Menor, dessa vez por terra via monte Amanus, as portas sírias, adentrando a Cilicia e a Galácia pelas portas cilicianas (moderna Gulek Bogaz), mil e noventa metros acima do nível do mar, atravessando o maciço de Tauro.
AtOS l 473 ]
Importância do primeiro concílio da Igreja A im ensa im portância do prim eiro con cílio da ig reja co n siste, p rim eiro , em ter salvo o evangelho da m istura ju d aica, fir m ando assim o cristianism o em seu cam i nho com o m ovim ento esp iritu al universal q ue tra n sce n d ia to d as as b a rre ira s s o c i ais, raciais e relig io sas, o ferecen d o re g e neração espiritual a todos os que cressem ; e, seg u n d o , na re v e la çã o d o s b en é v o lo s propósitos de D eus para a p resen te era e para a era que há de vir, 14-18. O propósi to da era atual é tirar dentre os gentios um povo para o nom e de Deus, 14, os cham a dos, a igreja, o corpo de C risto . "D e p o is disso, voltarei", 16; ou seja, a segunda vin da de Cristo. Q uand o o nú m ero dos ch a m ad o s e stiv e r co m p le to , C risto v o lta rá . N essa época, Israel será restau rad o : " R e constru irei a tenda de D avi, que está caí da; [...] e tornarei a levantá-la", 16 (cf. 1.6; 3.2 com n otas). O reino será estabelecid o — o m undo, convertido, 17, e o plano de D eus para as idades, cum prido, 18.
15.36—16.11. Segunda viagem — Ásia Menor e o chamado à Europa 15.36-41. Paulo e Barnabé se separam . Essa viagem épica, que lev aria o ev an g e lh o à E u ro p a, co m eço u com a g u d a d is s e n sã o . P a u lo e B a rn a b é se s e p a ra ra m p o r cau sa de Jo ã o M arcos (A t 12.12, 25; 13.13; 2Tm 4.11). B arn ab é n a v eg o u , com M arco s, ru m o a sua terra n a ta l, C h ip re. Paulo e Silas partiram para a Ásia M enor, d essa vez p o r terra via m o n te A m an u s, as p o rtas sírias, ad en tran d o a C ilicia e a G alácia p e las p o rtas cilic ia n a s (m od ern a G u lek B ogaz), m il e n ov en ta m etro s aci ma do nível do m ar, atrav essan d o o m a ciço de Tauro. 16.1-5. Paulo encontra Tim óteo ao visi tar novam ente D erbe e Listra (ver com en tários sobre o capítu lo 14). Esse nom e é a form a abreviada de Timotheus ('o que hon ra a D eu s'). T im óteo tornou -se o "v e rd a
deiro filh o" (lT m 1.2-18; 2Tm 1.2) e "nosso irm ão e m inistro de D eus" (lT s 3.2). Apa rentem ente convertido na prim eira viagem de Paulo, Tim óteo foi escolhido secretário e aju d ante de P aulo na segunda viagem . O fato de Paulo ter circuncidado Timóteo, 3, foi um a questão de inteligência e terno interesse pela salvação de seus irm ãos ju deus, e não um a concessão. 6-11. O cham ado à Europa. A cuidadosa orientação do Espírito Santo, 6,7, indica a trem enda im portância espiritual da ida do evangelho ao O cidente, à Europa. A Ásia, 6, era a província da Ásia proconsular. Mísia e B itínia ficavam no norte da Ásia. O E sp írito S an to os levou a Trôade, p assa gem m arítim a para a Europa, 8, em que P aulo recebeu a visão m aced ônica (européia), 9. O bed ecer à orientação do Espíri to sem p re lev a a um testem u n h o eficaz. Lucas, o m éd ico am ad o e autor de Atos, uniu-se ao grupo de Paulo, 10-17 (cf. 20.5— 21.18; 2 7 .1 —28.16). Paulo zarpou de Trôa de, antigo porto m arítim o no Egeu, colonia rom ana e cidade livre a partir dos tempos de A u g u sto , atu al E sk ista n b u l, ond e se d esen terraram e x ten sa s ru ín as do p erío do rom ano. O navio de Paulo aportou na Sam otrácia, ilha do Egeu, m ais ou menos a m eio cam inho da viagem de duzentos e o iten ta q u iló m etro s en tre T rôade e N eápolis, 11 (m oderna Kaválla), no continente europeu. N eápolis era o porto de Filipos e ponto final da grande via Egnácia, que cru zava Filipos e a M acedônia até D irráqueo (D urazzo), defronte a Brundísio na Itália. D o outro lado do Adriático, a via Ápia le vava a Rom a.
16.12-40. Segunda viagem — Filipos 12-15. Prim eiro converso europeu. Esse converso não foi um hom em , com o na vi são, mas um a com erciante hábil e bem de vida, 14. Ela vendia púrpura e era natural de T iatira, no extrem o sul da M ísia, coló nia dos m aced ôn ios e p rósp ero m ercado para a púrpura. A casa de Lídia tornou-se a p rim e ira ca sa p a r tic u la r a s e r u sa d a com o local de e n co n tro dos cristã o s na Europa. D urante dois séculos as casas dos
[ 474 ] AtOS
Segunda viagem missionária de Paulo (49-52 d.C.)
5. O tumulto depois de Paulo pregar na sinagoga
(At 17.1-9)
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4. Lídia é batizat Paulo e Silas sãò presos
(At 16.13-40)
Filipos Tessalônica Beréia CM Apolônia Anflpolis -
missão «aJW a&M hia ■ 'At I6 6-.'OT
Pérdarrte
^ A ntioquia
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COnntoç tencréia
. Paulo parte
Antioquia® ^ ,5 .4 0 )
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7. Paulo trabalha com Áqúila e Priscila
2.Timóteo une-se a Paulo e Silas
6. Paulo debate com filósofos no Areópago
^ A t 16.3)
Mb17J6-34)
CHIPRE O ^ a la m in a
(At 18.1-4)
CRETA m e d i t e r k à
Região habitada por judeus
n B ° CesaréiaQ
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cristã o s rico s se rv iria m co m o lo c a is de reunião cristã. A p aren tem en te não havia sin ago g as em F ilip o s, p o is eram p o u co s os judeus ali. As assem bléias aos sábados aconteciam às m arg en s do rio G a n g ites, em que ju d eu s ou p ro sélito s se reu niam em um "lu g a r de o ra çã o ", 13. A m aioria dos presentes eram m ulheres. O prim eiro efeito do evangelho na Europa foi um feliz prenúncio da em an cip ação das m u lh eres que o cristianism o traria — em flagrante contraste com o paganism o e m esm o com o judaísm o. 16-24. Confronto com o dem onism o em Filipos. O avanço do evan gelho na estra té g ic a E u ro p a c e r ta m e n te p r o v o c a r ia , m ais cedo ou m ais tarde, a oposição satâ n ica , 16 -1 9 . C om o p o d e ria o e v a n g e lh o a van çar co n tra as fo rtalez a s do p a g a n is m o sem ser d esa fia d o p elo d em o n ism o , m otor desse m esm o paganism o (D t 32.17;
Jerusalém @
SI 9 6 .5 ; IC o 1 0 .2 0 ,2 1 )? A jo v e m era um a m édium esp írita com poderes oraculares, 16, e não uma farsa. O verdadeiro inim igo n ã o era a m oça, m as o e sp írito m a lig n o que a controlava e lhe dava poderes divin atórios. P or isso, P aulo falou ao "e s p íri to " (d em ó n io ), 18, e n ão à m oça, e x p u l sando o dem ónio divinatório (gr. "espírito de P íton ") que a controlava. Na m itologia grega, Píton era um dragão lend ário que, de a co rd o com a cre n ça , g u a rd a v a D elfos, o m ais fam oso santu ário oracular pa gão da ^ntiguidade. "E sp írito p ítico " torn o u -s e te rm o g e n é r ic o p a ra a s u p o s ta fonte de inspiração dos adivinhos. O orá culo délfico era originalm ente um a jovem da área rural vizinha, e cria-se que o deus e n trav a em seu corp o e falav a por in te r m éd io d ela. A s E scritu ra s reco n h e ce m a realid ad e d isso na d ou trin a do d em on is m o (lT m 4.1-6; l jo 4.1-4).
AtOS I 475 1
25-40. Perseguição em Filipos. O letárgi co paganism o acordou quando os prom o tores da m édium esp írita viram seu lucro sum ir. O elem en to rom an o p red om in ava em Filipos, com o seria de esperar em uma colónia rom ana, 12. O term o p raetor (gr.), 20, é corretam en te em p reg ad o por Lucas com o títu lo de co rtesia p ara o p rin cip a l magistrado de um a colónia romana. Era um posto de grande dignidade (abaixo do côn su l) e u sad o re sp eito sa m en te em vez do termo mais usual, duúnviro. Os lictores (tra d uzido com o "o ficiais de ju stiça "), 35, 38, eram rom anos e carregavam os fasces ou m olho de varas com um a m achadinha. Os lictores, com essas varas, açoitaram im pi edosam ente Paulo e Silas. D ois lictores au xiliavam cada pretor, protegend o-o e exe cutando suas ordens. A violação dos direitos da cidadania rom ana de Paulo, 37, era cau sa real para o medo do pretor, 38. A lex Porcia (248 a. C.) protegia o cidadão rom ano de açoite por qualquer m otivo. C ondenar um cidadão rom ano sem julgam ento e sem lhe dar direito a defesa tam bém era contrário à lei rom ana. M as Paulo usava sua cidada nia não para b en efício pessoal, m as para proclam ar o evangelho.
Filipos e a arqueologia O sítio atual cham ado Felibedjik foi es ca v a d o p e la E co le F ra n ç a is e d 'A th è n e s en tre 1914 e 1938. D esen terraram -se ru í n as em sua m aioria p o sterio re s a Paulo, até salas de b anho, um teatro, o fórum e esp ecia lm en te o arco co lo n ial a oeste da cid ad e. P rov av elm en te, é o arco m en cio n a d o em A to s 1 6 .1 3 , "s a ím o s da cid ad e para a beira do rio ", p elo qual passava a via Egnácia ao deixar a cidade.
17.1-14 Segunda viagem — Tessalônica, Beréia 1-9. Paulo em Tessalônica. Tessalônica ficava cento e doze quilóm etros a sudoes te de Filipos, na via Egnácia, passando por A nfípolis e A polônia. Sob dom ínio rom a n o , T e ssa lô n ica (m o d ern a S a lô n ica , com população de m ais de duzentos m il habi tantes) era um grand e pólo do golfo Termaico, centro de com ércio por terra e mar. A traía os judeus, e Paulo teve oportunida de de pregar o evangelho na sinagoga, 14. O s governantes da cidade eram politarca s, term o m a c e d ô n ic o c o n firm a d o por
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Atenas e a arqueologia O mercado ou Ágora (praça), 17, era o centro da cultura de Atenas. Sua escavação, empreendida, a partir de 1930, pela Escola Americana de Estudos Clássicos, é um dos melhores exemplos de estudo arqueológico do mundo. Entre os edifícios famosos (alguns posteriores
Odeon de Pérides, Atenas.
ao tempo de Paulo) estão o Odeom, ou Salão de Música, o pórtico de Átalo, o pórtico de Zeus, o templo de Apoio Patroos, o Bouletério ou Assembléia do Conselho Ateniense dos Quinhentos, o Tholos, o templo de Ares (Marte), o Fórum Romano e o Horológío, ou relógio público.
No alto dos cento e cinquenta e seis metros da Acrópole estão as ruínas do esplêndido templo de Atena, deusa padroeira de Atenas, chamado Partenon. Há também os Propileus e os celebrados templos Erecteu e o santuário de Atena Nike. A estátua de bronze de Atena, forjada com os despojos de Maratona, dominava a Acrópole. Abaixo da Acrópole ficava o salão de concerto, o Odeom de Péricles, o teatro de Dionísio e, a sudeste, rumo ao rio llisso, o imenso templo de Zeus Olímpio, com cento e oito metros por quarenta e um, e vinte e sete metros de altura, um dos maiores templos da antiguidade.
AtOS [ 477
I_____ Escala em metros
A te n a s
Areopago Acrópole Templo do I I rio t jç O l i m n n
Muros extensos
Seis cariátides sustentavam o entablamento do pórtico do lado sul do Erectêion, na Acrópole de Atenas
[ 478 1 AtOS
O Éfeso
SICÍLIA ••••••••
A via Egnácia 0
250
500 km
in scriçõ es. A in scriçã o da p o rta V ardar, e sp e c ia lm e n te , c o n firm a a p re c is ã o de Lucas. Tessalônica era um a cid ad e liv re, com um dem os ou "a sse m b lé ia p o p u la r" liderada por cinco ou seis politarcas, 5-9. Jasom , 6, am igo de P au lo, era a p a re n te m ente um ju d eu cujo nom e sem ítico , Je sus, era com plem entado por um nom e gre go m ais ou m enos com parável. O uso de nom es duplos entre os judeus da diáspora era comum nesse período (cf. Saulo e Pau lo, Eliaquim e Alcim o, Jesus e Justo, Cl 4.11). O s esfo rço s de P au lo e S ila s re su lta ra m em uma igreja forte na cidade. O s incitad ores da tu rb a, 5, u sa d o s p e lo s ju d eu s, eram com uns na ágora ou fórum das cida des greco-rom anas. Ficavam perto do rostro, a p lau d in d o ou v aian d o co n fo rm e a vontade d aqu eles que os pagavam . C íce ro apropriadam ente os cham ou de subrostrani ("aqueles que ficavam sob o rostro"). 10-14. Paulo em Beréia. Cerca de três dias de viagem pela via E gnácia levaram Paulo a Beréia, "cid ade afastada de tudo", de acordo com C ícero. Ficava a oeste do golfo Term aico, cerca de cinqu enta e seis quilómetros continente adentro. A experi ência de Paulo ali foi um refrigério em com paração com o tratam en to que os ju d eu s lhe davam em ou tros locais. Eram "m a is
n o b res" e investigavam as Escrituras m e n ta lid a d e a b erta para v er "s e as sas eram , de fato, assim ", 11. M uitos ram , até alguns gen tios im portantes,
com c o i cre 12.
17.15*34. Segunda viagem — Atenas 15-18. Paulo e a idolatria ateniense. En quanto Paulo esperava Silas e Tim óteo em A ten a s, "s e n tia g ran d e in d ig n a çã o , v e n d o a c id a d e c h e ia de íd o lo s " , 16. P ara o ap óstolo, o esp len d o r a rtístico e as so fistica çõ es cu ltu ra is da cid ad e eram g ra v e m e n te m a c u la d a s p e la s u p e r s tiç ã o e pela ignorância esp iritu al. C om o a com u nidad e ju d aica do local era evid en tem en te p e q u e n a , P a u lo d is s e rta v a na A g o ra (praça ou m ercado), 17. Lucas retrata com precisão a m ultidão da praça, em palavras q ue co n co rd a m com a u to re s p a g ã o s, de Demósterçes e Tucídides a Pausânias: "to d os os a te n ie n s e s , com o tam b ém os e s tra n g eiro s que ali resid ia m , n ão tinham outro interesse a não ser contar e ouvir a últim a novid ad e", 21. Os epicureus, 18, se guiam Epicuro (342-271 a. C.), consid era vam inútil a b u sca da verd ad e pura pela ra z ã o , e n tre g a n d o -s e ao p ra z e r do p re sen te. O s e stó ic o s, 18, seg u ia m Z en ã o e
AtOS I 479 ]
Crisipo (século m a.C.), abraçando um a fi lo s o fia de s e v e ra a u to -re p re s s ã o b a s e a da na a u to -su ficiên cia hu m an a. P aulo ti n h a a r e s p o s ta p a ra a m b o s n a o b ra red entora de C risto. Eles o cham aram ta garela (sperm ologos), ou seja, alguém que fala m uito sem nad a im portante a dizer. 19-34. O sermão de Paulo no Areópago. Essa corte se reunia em uma colina de cen to e quinze m etros de altura, o A reópago, m o n te de A res (M arte), d eu s da g u erra, pouco a noroeste da A crópole. N o tem po de P aulo tal assem b leia d eliberav a sobre q u estões ligad as à relig ião, à cu ltu ra e à e d u cação . A valiavam a co m p etên cia dos p alestran tes de fora e, portan to, ou viram Paulo como prom otor de um a nova religião. O serm ã o de P a u lo à c o rte , re u n id a no monte de Marte, no pórtico de Zeus Eleutério ou no templo de Apoio Patroos, foi uma obra-prim a de sensível ad aptação à m en talid ad e grega. C itou um dos poetas gre gos, A rato, estóico do sécu lo m a. C., 28, argum entando prim eiram ente com base na razão hum ana, 22-29. Q uando passou à re
Do Grande Teatro, em Éfeso, é possível ver a via Arcadiana, pavimentada com mármore, que levava ao porto, na época de Paulo.
velação, p reg an d o o arrep en d im en to e a fé em um Cristo ressuscitado, 30-32, os in telectu ais so fisticad o s tom aram a afirm a ção com o piada, 32 (cf. IC o 1.18). N ão se notou grande avanço espiritual, 33,34.
18.1-22 Segunda viagem — Corinto 1-11. A fundação da igreja. Ver lC oríntios 1-4 sobre o próprio relato de Paulo. Seu m in is té rio n e s sa m e tró p o le d is s o lu ta e próspera com eçou sob provação espiritual e financeira. Não houve notícia de Silas ou T im óteo em relação à continuação do tra balho na M acedônia, e foi m ínimo o enco rajamento em Atenas. E Corinto? O fato de Paulo ter encontrado Aqúila e Priscila, com os quais se hospedou e se em pregou como tecelão de tendas, foi providencial, 2,3. O decreto de Cláudio, por volta de 49 d. C., fez que Áqiiila deixasse Rom a e se estabe lece sse em C o rin to . A p ró sp era C o rin to a tra ía n u m e ro s o s ju d e u s . D e s co b riu -s e um a pedra com a inscrição "Sinagoga dos h e b re u s" aos pés dos P rop ileu s. C om o o
[ 480 ] AtOS
A Corinto dos dias de Paulo Corinto ficava a apenas dois quilómetros e meio do estreito istmo que ligava a Grécia central ao Peloponeso. Era um forte centro comercial, com dois portos — Cencréia, a leste, e Lequeu, a oeste. Os navios cargueiros eram transportados por terra através do estratégico estreito de seis quilómetros e meio. A operação poupava os marinheiros do
perigoso trecho de trezentos e vinte quilómetros contornando o cabo Maléia, pelo sul. O canal de Corinto só foi construído em 1881-93, embora Nero tenha tentado tal empresa em 66 d. C. O materialismo e a luxúria eram dois vícios que assolavam a cidade. A viva atividade comercial nutria o primeiro; o arraigado culto de Afrodite, o segundo.
A deusa do amor (luxúria) tinha seu templo sobre o Acrocorinto, e era servida por mais de mil prostitutas religiosas. Formas voluptuosas e viciosas do culto da deusa faziam de Corinto um notório centro de imoralidade (cf. as cartas aos Coríntios, especialmente 1Co 5.1 -5). Termos como "corintianizar", "doença coríntia", etc., lembravam a decadência moral da cidade.
Colunas dóricas do Templo de Apoio, que ficam ao lado do Fórum, na antiga Corinto.
AtOS [ 481 1
m inistério de Paulo aos ju d eu s foi rejeita do, ele se voltou aos gentios. A conversão de Justo e Crispo, 7,8, foi um sinal de vitó ria. A visão en corajad o ra que P aulo rece beu do Senhor garantiu o sucesso do tra balho na cidade, 9-11. 12-17. Paulo perante Gálio. Gálio era pro cônsul, 12, no verão de 51 d. C. Sabe-se isso hoje por conta de uma importante inscrição e n co n trad a em D elfo s, na fo rm a de um a carta enviada pelo im perador Cláudio, fa zendo referência a Gálio como "Lúcio Gálio, m eu amigo, e procônsul da Acaia [...]". A data da carta é 52 d. C., e Gálio deve ter chegado antes, em 51 d. C., para assumir esse posto, pois já estava no cargo havia tempo bastan te para dar ao im perador inform ações im portantes sobre o povo de Delfos. A chega da de Paulo em Corinto foi ainda anterior a esse fato, em 50 d. C. A acusação dos judeus contra Paulo, 13, foi tratada com desprezo por Gálio, 12-17. Ele fazia parte de um a corte romana e não ligava para disputas sobre as m inúcias da prática judaica. Sua decisão foi um ato de prudência que salvou Paulo da ira do fanatismo judaico. 18-22. Fim da segu nd a viagem . P aulo deixou Corinto pelo porto de Cencréia, no Egeu (c. outono de 51 d. C.), rum o à Síria. A portou em Efeso e foi até C esaréia e Je rusalém , voltando depois a A ntioquia.
18.23—19.7. Início da terceira viagem — os discípulos de João 18.23. Início da terceira viagem . Paulo vi sitou sua igreja em Antioquia, relatando os resultad os da segunda viagem , com o já o fizera na primeira (14.26-28), dando uma li ção perm anente de m étodo m issionário, 23. 18.24-28. Apoio em Éfeso. Apoio era na tural de Alexandria, no Egito, 24, e em bora versado nas E scrituras m essiân icas do a t , 24, só con h ecia o b atism o p rep a ra tó rio e introd u tório de João, 25 (M t 3.11; M c 1.8; L c 3.16) e não sabia nada sobre o batism o do E spírito Santo que ocorrera em P ente costes (At 1.5; 2.1ss.). Aquila e Priscila, cui dadosam ente versad os no evangelh o pela íntim a relação com Paulo (18.2,3), lhe expu seram m ais acuradam ente os cam inhos de
Ruínas do Templo de Diana, ou Ártemis, em Éfeso. Deus, 26, i.e., transm itiram -lhe ensinam en tos precisos a respeito do dom do Espírito Santo, especialm ente com o o crente é ago ra batizado em Cristo e seu corpo, a igreja, no m om ento em que crê em Cristo. 19.1-7. Os discípulos de Apoio se tomam cristãos. Quando Paulo chegou a Efeso, en controu alguns discípulos de Apoio, 1. Esses discípulos, por conta do conhecimento limi tado de Apoio, nada sabiam sobre a dispensação do Espírito Santo (ver com entário so bre Jo 7.39), nem sobre os m inistérios que ele realiza em cada crente. O problema não era que os discípulos efésios não cressem. O problema era em que criam, i.e., a mensa gem introdutória de João sobre a vinda do Espírito Santo e, naquela época, já supera da. C om o co n se q u ê n cia da lim ita çã o da m ensagem de João, os discípulos não sabi am sequer "q u e existe o Espírito Santo", 2 (cf. a m esm a e x p re ssã o id io m á tica em Jo 7.39). Agora, já depois do advento do Espí rito, Paulo proclamava Jesus Cristo como re-
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A cidade de Éfeso Éfeso, no tempo de Paulo, era a metrópole da Ásia proconsular, e ao lado de Alexandria do Egito e Antioquia da Síria era uma das três cidades mais importantes do Oriente. Suas ruínas, situadas na foz do rio Cayster, a cinco quilómetros do mar Egeu, foram cuidadosamente exploradas e escavadas. A baía dragada dava à cidade acesso ao mar, e a fácil ligação com o interior da Ásia pela malha de estradas
Rua pavimentada em mármore, na cidade de Éfeso, ladeada poi colunas e construções também feitas de mármore.
trouxe prosperidade comercial também por terra. Estima-se que a população da época era de duzentos e cinquenta mil habitantes. Éfeso e o culto de Ártemis O culto de Ártemis era a maior fonte de prestígio de Éfeso. O templo de Ártemis era chamado Artemísio. Esse grande edifício, com cento e quatro metros de comprimento e quarenta e nove metros de largura, era decorado com cem colunas
de mais de dezessete metros de altura. Ricamente ornamentado com tesouros artísticos, o templo era também banco, asilo de fugitivos e centro de um culto elaborado. A descoberta do templo, que ficou séculos enterrado, foi um marco na pesquisa arqueológica. As escavações e explorações começaram em 2 de maio de 1863, mas só em 31 de dezembro de 1869, a uma profundidade de seis
AtOS 1 483 1
metros, é que o pavimento de mármore branco do templo veio à luz. Nos cinco anos seguintes, escavaramse os fabulosos achados que hoje adornam a Galeria Efésia, do Museu Britânico, incluindo obras de arte magníficas como a luta de Hércules contra a rainha das amazonas, além de centenas de inscrições rituais ligadas ao culto. Escavações posteriores (1904-5) desenterraram o tesouro dos ricos depósitos da deusa encontrados sob o pedestal que sustentava a imagem. Éfeso e outras descobertas arqueológicas A contínua escavação arqueológica revelou a longa e matizada história da cidade, desde sua fundação por volta de 1044 a. C. O grande teatro do tempo de Paulo, em que a turba se revoltou, ficava na
encosta côncava do monte Pion e acomodava cerca de 24.500 espectadores. As ruínas atuais representam uma reconstrução posterior à época de Paulo. A'principal rua de Éfeso, chamada "Arcadiana", pavimentada de mármore e ornada de monumentos, tinha magníficas colunatas e era pontilhada de lojas, liganoo-se à baía pela bela porta da baía. A ágora grega (praça e mercado) ficava ao sul; e a sudoeste do teatro. O grande fórum romano ficava ao norte da Arcadiana. A porta Magnésia ficava na região sudeste da cidade, e a noroeste dela erguia-se o odeom, ou teatro lírico. A sudoeste do Artemísio ficava a Caverna dos Sete Adormecidos. Várias igrejas cristãs, de um período posterior, atestam a eficácia com que o cristianismo tomou a
Vista do palco do Grande Teatro de Éfeso.
cidade. Entre essas estão a igreja de São João, erguida por Justiniano, e a igreja da Virgem Maria.
O batistério da Igreja da Virgem Maria, em Éfeso.
Conta-se que no reinado de um imperador romano que perseguia os cristãos, sete jovens de Éfeso, fiéis ao cristianismo, deixaram a cidade e foram esconder-se nesta caverna de uma montanha das proximidades. Eles caíram no sono, e permaneceram em estado de sonolência por algumas gerações.' Quando a muralha que selava a caverna estava sendo demolida, os jovens acordaram
I 484 ] AtOS
denção consum ada, 4,5. O resultado da fé no evangelho foi que "o Espírito Santo veio sobre eles", 6, o que significa que tiveram acesso à salvação do n t . Falar em línguas, 6, era um sinal para todos de Éfeso de que es ses judeus foram admitidos no privilégio do evangelho. (Cf. com entários sobre 11.1-18.)
19.8-41. Terceira viagem — Éfeso 8-22.0 prodigioso ministério de Paulo em Éfeso. Paulo primeiro ministrou na sinago ga, 8, depois na escola de Tirano, 9, que aparentemente era um retórico grego. Pro vavelm ente ocupado no tear do am an h e cer até por volta de onze da manhã, Paulo alugava a sala de palestras pelo resto do dia. A escola ("sala de palestras") grega, 9, era um local de estudo e instrução intelec tu al e a lca n ço u seu u so m ais e x c e le n te quando Paulo a usou para ensinar Cristo, a sabedoria de Deus, 10. O m inistério m ira culoso de Paulo, inspirado pelo Espírito, dis seminou a verdade por toda a província ro m ana da Á sia p ro co n su lar, 10. Tam bém conflitou com o dem onism o que inspirava a idolatria na cidade e com o judaísm o con tam inad o p elo p ag an ism o que h a v ia em Éfeso. O resultado foi a denúncia do exor cismo judaico, 13-17, e o domínio dem onía co do judaísm o apóstata (M t 12.43-45) que rejeitara o M essias assim com o o testem u nho de Estêvão. Também o conflito com o paganism o d em on íaco resu ltou na vasta destruição da literatura ocultista, pela qual Éfeso era famosa, 19. Esses rolos eram Ephesia grammata, expressão fam iliar no mundo greco-rom ano usada para se referir a es critos m ágicos em g eral. E ssas fó rm u las m ágicas estavam associad as aos orácu los dos adivinhos dos tem plos e se tornaram uma indústria na cidade. Cinquenta mil dra cm as de prata ou denários (cerca de nove mil e duzentos dólares de ouro) era um a grande som a para aquela época, 19. 23-41. Confronto com o culto de Diana. A vida relig iosa de Éfeso con cen trava-se no culto da deusa da fertilidade, Á rtem is ou D iana, M agna M ater (a G rand e M ãe), adorada em um tem plo que era um a das sete m arav ilh as do m undo an tigo. O s u
cesso de P au lo em É feso fo i tão g ran d e que o cu lto de Á rtem is e seu m a jesto so tem plo foram gravem ente afetados, 25-27. D em étrio, aparentem ente líder da liga ou união dos ourives, fabricava m iniaturas do tem p lo e da deusa. O s b ad ern eiro s in va d ira m o te a tro , fa m o so em v irtu d e d as d e s c o b e rta s a rq u e o ló g ic a s e re fe rê n c ia s em inscrições. O brado da turba — "G ran de é a Á rtem is d os e fé s io s !" , 28 — tem co rro b o ra çã o a rq u eo ló g ica . E n contraram m uitas im agen s e ou tros objetos de Á rte m is e há referên cias a eles em inscrições. S ab e-se por fon tes extrabíb licas que o "escrivão" da cidade (gram m ateus) era uma importante autoridade administrativa, 35-41. Ele rascunhava decretos que depois eram su b m etid o s à assem b léia p o p u la r e agia com o p re sid e n te de re u n iõ e s p o p u la res, muitas vezes realizadas no teatro. A autori dade dessa voz conseguiu dominar a turba. Q uand o o escrivão da cidade cham ou Éfeso de "guardiã do tem plo" (neokoros) de Á rtem is, 35, usava um a exp ressão la rg a m ente atestada para pessoas e cidades que funcionavam com o guardiãs do tem plo de um deus. C ham ava-se a m ultidão do tea tro de "a s s e m b lé ia " (ecclesia), 32,39. Esse term o tam bém tinha uso popular e apare ce com frequência em inscrições de Éfeso.
20. Terceira viagem — Macedônia e Mileto 1-6. U ltim a visita à G récia. D epois de d eix ar É feso, P aulo voltou à M aced ôn ia, v isitan d o n ov am ente as ig rejas fu n d adas ali, 1,2. D epois foi para a G récia, onde fi cou três m eses. A paren tem ente, escreveu a e p ísto la aos ro m a n o s em C o rin to . Ele p la n e ja v a c e le b r a r a P á sco a em Je r u s a lém . A d e s c o b e rta de u m a c o n s p ira ç ã o p ara m a tá -lo , p ro v a v e lm e n te q u a n d o o nav io estava já p restes a zarp ar de C encréia , p o rto o rie n ta l de C o rin to , 3, fê-lo m u d a r de p la n o s e v o lta r à M a ced ô n ia , ce le b ra n d o a P ásco a e os P ães sem F e r m ento em Filipos. D epois zarpou de N eápolis para Trôade (16.11,12), voltando pela m esm a rota que usara para entrar na Eu ropa na segu nd a viagem .
AtOS [ 485 1
Terceira viagem missionária 2.Tumuho durante a de Paulo (53-57 d.C.) permanência dç- dois anos d^Paulò M t 19.1-411
1. Paulo visita novamente
Beréia
-MAR fGFK
algumas comunidades
de cristãos (At 18.23)
Çfrôatfe QHASSÔS S L H jg f e n é
4. Paulo volta pela vez de navegárpara Antioquia (At 20Jt~
5■
LICAÔNIA <> Itònio o Listra ç>i S í D /^ Derbe0
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Corinto para a Macedônia (At 20.1-2)
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5. Paulo volta a Jerusalém para a festa de Pentecostes (At 20.16)
CHIPRE
•Tiro 'Ãolemalda
l l l i Região habitada por judeus 0
; 253
Cesaréiij
500 kn
Jerusalénn
Alexandria ffs
7-16. De Trôade a M ileto. Em Trôade, Paulo teve a grande visão que ordenou que evangelizasse a Europa (16.8-10). Ali ocor reu o incidente de Eutico que caiu de uma ja n ela ao ad orm ecer, e os cristãos ap are cem celebran d o a ceia do S enh or no p ri m eiro dia da sem ana, 7 (cf. 2.4 2 ). P au lo, por m otivo de exercício físico, relaxam en to e com unhão esp iritu al, decid iu ir a pé de Trôade para A ssôs, em geral u m a ca m inhada que leva de seis a oito horas, pro v a v e lm e n te p e la e s tra d a que a tra v e ssa um v a le ru m o ao n o rte . A ssô s era um a bela cidade sobre uma alta colina, com uma baía adm irável protegida pela ilha de Lesb os — um a das paisagens m ais im p ressi on an tes da Á sia proconsu lar. R evelou ri cos teso u ro s arq u e o ló g ico s e n u m ero sas ru ín a s a r q u ite tô n ic a s , e s p e c ia lm e n te o tem plo dórico de Atena. M itilene, 14, a pa rada seg u in te, era a cid ad e m ais im p o r tante de L esbos, lo calizad a no litoral ori e n ta l d a ilh a . A c a m in h o de M ile to (a
m oderna Palatia), Paulo passou por Quios e Samos, 15, pitorescas ilhas do m ar Egeu. M ileto, 17, era um porto im portante na foz do rio M eandro, rivalizando em im portân cia com Éfeso, na foz do Cayster. No gran de teatro pagão da cid ad e lê-se em um a inscrição: "L ocal dos judeus, que tam bém são tem entes a D eu s", o que dem onstra a secu larização dos ju d eu s da cidade. 17-38. Adeus aos anciãos de Éfeso em M ileto. O comovente discurso de Paulo aos anciãos e, por m eio deles, à igreja efésia, foi o terceiro discurso seu relatado por Lu cas. O prim eiro foi dirigido aos ju deu s na sinagoga de Antioquia da Pisidia (13.16-41). O segundo foi dirigido aos gentios em Ate nas (17.22-31). O terceiro foi dirigido à igreja (20.18-35). Foi um primoroso testemunho de um verdadeiro servo de Cristo, totalmente obediente ao seu M estre, e um tocante aler ta contra a falsa doutrina e os falsos m es tres. O versículo 35 é uma citação de Jesus não encontrada nos evangelhos.
[ 486 ] AtOS
21. Final da terceira viagem — rumo a Jerusalém 1-14. De Mileto a Cesaréia. Cós e Rodes, 21, são ilhas no extrem o sul do m ar Egeu, a nordeste da ilha de Creta. Rodes era tanto o nom e da ilha quanto da sua capital, na extremidade nordeste, em que Paulo adm i rou uma das sete m aravilhas do m undo — o colosso de H élio, o d eus-sol, que se er guia trinta e dois metros acima da bela baía da cidade. Estrabão, o geógrafo grego, lou vou a baía, as ruas e os m uros de Rodes. Pátara era o porto m arítim o da L id a, perto da foz do rio X anto, 1,2, m eca dos navios mercantes, centro do culto de Apoio e hoje fértil sítio de ruínas arqueológicas. Um arco de triunfo diz: "Pátara, a m etrópole da n a ção lid a". Sobre Chipre, 3, ver com entários em 13.4-12. Em Tiro, 4-6, os crentes avisa ram P au lo so b re p ro b le m a s im in e n te s . Essa antiga cidade-estado era independen te até 65 a. C., quando foi anexada a Roma. P to lem aid a é a m o d e rn a A cre, p e rto de Haifa, a Aco do a t ( J z 1.31). Em Cesaréia, capital da província da Judéia e de regiões contíguas, Paulo h osp ed ou -se na casa de
Escadaria do antigo teatro de Mileto.
Filipe, o evangelista, um dos sete diáconos (6.1-7; 8.5-12). Ágabo (11.28) imitou os profe tas do a t , executando um ato simbólico, 1012 (cf. Is 20.2-6). Cesaréia era uma m agnífi ca cid ad e h e le n ística (ver ca p ítu lo 10). A b ela b aía ch a m a v a -se p o rto de H erod es, em hom enagem ao co n stru to r da cidade, H erodes, o Grande. 15-40. Paulo em Jeru salém . O sucesso do apóstolo entre os gentios foi relatado a Tiago e aos anciãos, 17-20. M as veio a cri se. P aulo co n fo rm o u -se ao ju d a ísm o , 2326, para d im inuir as suspeitas dos crentes ju d eu s zelosos da lei. O resultad o foi de sastroso. Foi p reso e en carcerad o. A pro fecia de Á gabo se cum priu. M as em tudo isso, o apóstolo exibiu seu trem endo am or e p reo cu p a çã o p o r seu s co m p atrio tas ju d eu s, p ro van d o que aq u ilo que d eclarou em R o m a n o s 9 .1 -5 n ã o fo ra m p a la v ra s vãs, e scrita s p o r m ero e feito retórico.
A prisão de Paulo e a arqueologia Se fosse verd ad eira a acusação de que Paulo levara gentios ao templo, i.e., ao átrio de Israel nos recintos internos, em que só se adm itiam hom ens ju d eu s que não eram sacerdotes nem levitas, então o ato consti tuiria crim e grave, passível de morte. N es se caso, até as autorid ades rom anas eram tão sen síveis aos escrú p u lo s ju d aico s que perm itiam a pena de m orte, m esm o quan do o infrator era cidadão romano. O s avisos em grego nas portas dos átri os internos diziam : "N en h u m estran geiro pode u ltrap assar a barreira e o m uro que cerca o templo. Aquele que for pego [violan do esta norma] será o único responsável pela consequente [pena de] m orte". Uma dessas pedras do templo de H erodes foi recupera da em um cemitério, em 1871. Outra surgiu perto da*porta de Santo Estêvão, em 1935.
22. A defesa de Paulo diante da turba 1-21. Paulo dá seu testem unho. Ele se d irig iu à m u ltid ão em h eb raico (a ra m a i co), 21.40, para m ostrar aos judeus que sua
AtOS l 487 1
língua não lhe era estranha e para atrair a aten ção d eles. G am aliel (5.34-37) era um rab in o fam oso, n eto de H ilel, fa riseu , 3. Sobre Tarso, 3, ver com entário em 9.26-31. Sobre D am asco, 5, ver 9.20-25. 22-30. Paulo apela para sua cidadania ro m ana. O interrogatório sob açoite,«24, não tinha por ob jetiv o castig ar, m as arran car provas. O cidadão rom ano não condenado era protegido dessa prática cruel (cf. comen tários sobre 16.37,38). No reinado de Cláudio (41-54 d. C.), a cidadania romana era muitas vezes comprada por um alto valor, 28.
23. A defesa de Paulo perante o Sinédrio I-10. Perante o Sinédrio. O com andante levou Paulo à suprem a corte dos judeus não para atorm entá-lo, mas para arrancar pro vas, 22.30. A nanias, 2, foi sum o sacerdote nos reinados de Cláudio (41-54 d. C.) e de Nero (54-68 d. C.). Ananias foi assassinado em 66 d. C. R e fe r ia m -s e co m o “ P a red e b ra n q u e a d a ", 3, um a m etáfo ra ad equad a para o hipócrita sum o sacerdote que v io lou a lei judaica ao m and ar açoitar Paulo m esm o antes que se provasse sua culpa. A m e tá fo ra su g e ria um a p a re d e ra c h a d a , cujo estad o p recário fora d isfarçad o com um a g en ero sa cam ad a de cal. P or cau sa dessa conduta indigna Paulo não reconhe ceu o sum o sacerdote, 4,5 (cf. sua citação de Êx 22.28). M esm o m u ito p ressio n ad o , Paulo lançou m ão de espirituosidade e hu mor, 6-10. Os saduceus eram críticos racion alistas que negavam a ressu rreição. II -2 2 . C onsp iração p ara m atar Paulo. P a u lo , m e sm o em fa c e da c ila d a p a ra m atá-lo, 12-22, foi sustentado em suas pro vações por um a visão do Senhor, 11. 23-35. Paulo é enviado a Cesaréia. Sobre C esaréia, ver notas dos capítulos 10; 21.18. A terceira hora era entre as nove e dez ho ras da noite. A numerosa guarda para Pau lo, 23, mostra a gravidade do tumulto arm a do contra ele e a conspiração para matá-lo. O governador Félix, 24, foi nom eado procu rador da Judéia por Cláudio (52 d. C.). Ele era cruel e tinha poucos princípios morais. A carta de Cláudio Lísias, 26-30, carrega a
m arca epistolar do período. O pretório de H erodes, 35, era o suntuoso palácio cons truído por Herodes, o Grande, para adornar sua cidade helenística de Cesaréia. Os ro manos tomaram o palácio e o usaram como quartel-general dos procuradores romanos da Palestina.
24. Paulo perante Félix 1-23. Perante Félix pela prim eira vez. De novo, o sum o sacerd o te A nanias aparece aqui de m odo negativo, contratando o ad vogado rom ano Tértu lo, que fez a acusa ção contra Paulo diante de Félix, 2-9. A "sei ta dos nazarenos", 5, refere-se aos cristãos, os seg u id o res de Jesu s de N azaré, m as o term o não volta a surgir na literatura cristã prim itiva. Em Atos 24.10-21 relata-se a de fesa de Paulo perante Félix. O "C am inho", 14,22, i.e., o verdadeiro caminho do Senhor (Jo 14.6), foi um a das prim eiras d esig n a ções do cristianism o (cf. 9.2). 24-27. Perante Félix pela segunda vez. D rusila, esposa de Félix, era irm ã de He ro d es A grip a n e de B eren ice (2 5 .1 3 ). O com portam ento de Félix foi sem elhante ao de H erodes Antipas (Mc 6.20). Tácito disse a respeito dele; "E xercia poder de rei com m entalid ad e de escra v o " (A nais xn.54). O tratam ento dado por Félix ao caso de Pau lo com prova essa an álise do seu caráter. Ele d eliberad am en te sacrificou o dever e a ju stiça em nom e das eg oístas am bições p esso ais. Por causa dele, P aulo d efinhou na prisão durante dois anos, 27.
25—26. Paulo perante Festo e Agripa 25.1-12. Perante Festo. Pórcio Festo foi p rocu rad or entre 60-62 d. C. Ele exibiu a m esm a fraqu eza con cessória, 9, de Félix. P au lo que sabia a trag éd ia de ser en tre gue a um a corte ju d aica, preferiu o tribu nal de César, 9,10. Ele apelou à justiça ro m a n a n a p e s so a do p ro c u ra d o r. F e sto d ecidiu que o p róp rio im perad or deveria ser in fo rm ad o da q u estão. A visível fra queza do governo do procurador se reve la em sua conduta no caso de Paulo.
1 488 ] AtOS
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Ruínas de Pátara, porto marítimo da Lícia visitado por Paulo em sua terceira viagem missionária. Ali ele embarcou em um navio que se dirigia a Tiro. 25.13—26.32. Paulo perante Agripa. Agri pa, 13, era Herodes Agripa n (50-93 d. C.). Ele e sua irmã Berenice eram filhos de Herodes Agripa r (cf. cap. 12). Festo, em uma tentati va de esclarecer o caso, requisitou o auxílio de Agripa. A audiência no belo salão do pre tório foi um evento emocionante, 23-27. De pois de ouvir novam ente o testem unho do apóstolo, 26.4-23, a conclusão de Festo foi que Paulo era desequilibrado, mas inofensi vo, 24. Festo e Agripa concordaram que Pau lo não era culpado de crim e m erecedor de morte, nem mesmo de prisão, 30,31.
27. A viagem de Paulo a Roma — de Cesaréia a Malta 1-6. De Cesaréia a M irra. O caso de Pau lo estava agora fora da alçada do p ro cu ra d o r da Ju d é ia . C o m o p r is io n e ir o de R om a, ele preferiu ap elar ao im p erad or, em R om a. N essa época, Itália queria d i zer toda a p en ín su la italian a, dos A lpes, no norte, ao salto da bota, no sul, sendo a cid ad e im p e ria l às m arg e n s do T ib re a
m etrópole do governo. O centurião com an dava cerca de cem homens, a unidade bási ca do exército rom ano. O regim ento im pe rial era um dos cinco localizad os na capital da província ou perto dela. O termo é ates tado na história secular. Sem dúvida, Cesa réia foi o porto de partida. Sidom, 3, ficava na costa fenícia, menos de cento e doze qui lóm etros ao n orte. Esse antigo centro co mercial fenício abrigava um a igreja cristã e alguns amigos de Paulo, que Júlio permitiu que visitasse. Chipre, 4, trazia um a torrente de lembranças da primeira viagem (13.4-13). A "proteção" de Chipre, 4, ficava no norte e no leste da ilha, pois predom inava o vento oeste. M irra, 5, na C ilicia (m oderna D em bre), ostenta imponentes ruínas hoje e era a porta mârítima do Mediterrâneo oriental nos tempos cristãos prim itivos. Ali o centurião encontrou um cargu eiro de grãos alexan drino que seguia para a Itália e colocou Lu cas (indicado pelo uso da prim eira pessoa do plural) e o grupo de Paulo a bordo. 7-12. D e M irra a C reta. V entos adver sos to m aram a viagem de duzentos e oito
AtOS [ 489 1
q u iló m etro s até C n id o (e x celen te p o rto) difícil e longa. A época do Jeju m (5 de outu bro), 9, sinalizava que já prevalecia o tem po ruim e perigoso que era esperado após 14 de setem b ro . F e n ice , 12, é p ro v a v e l m ente Lutro, um porto cinquenta e quatro q u iló m etro s a oeste do cab o M a ta ia , em Creta; m as Phineka, pouco a oeste de L u tro, no outro lado da península de M uros, é p rovav elm ente o local esp ecífico. 13-44. A tempestade. Esse relato é um clás sico de vívida precisão e esmero. O tempes tuoso tufão nordeste que sacudiu o navio, 14, tinha um nome meio grego, meio latino: Euroacjuilão —- de euros ("vento leste") e do latim aquilo ("ven to n orte"), i.e., um vento és-nordeste. Cauda, 16 (m oderna G haudo, Gozzo), é um a ilha a cerca de trinta e sete quilóm etros a sudeste, a sotavento. "S irte", 17, é referência às areias movediças defron te à costa africana, a oeste de Cirene. Paulo
exibiu fé e força moral na terrível provação, 21-26, e Deus o fortaleceu por intermédio de um anjo. A distância de Cauda a Malta é de setecentos e setenta e dois quilómetros, e a velocidade média da embarcação era de dois quilóm etros e m eio por hora. Por volta da m eia-noite do décim o quarto dia, o navio estava a menos de cinco quilómetros da baía de São Paulo, em Malta. O mar Adriático, 27, era a porção central do Mediterrâneo, limi tado pela Itália, ao norte, a Sicília, a oeste, a costa de Cirene, na África, ao sul, e Creta, a leste. O golfo de Ádria era a m enor exten são m arítim a entre a Itália e a Grécia.
28.1-16. De Malta a Roma 1-10. Paulo em Malta. Malta fica ao sul da Sicília, no médio Mediterrâneo. Às vezes, era cham ada de "M e lita ", palavra fenícia que significa "fuga": a ilha foi muito usada como
A viagem de Paulo a Roma (61-62 d.C.)
S.Paulb prega durante prisão domiciliar, enquanto aguarda ser julgado por César.
Româ
Puteoli
Mi R EGEU
SIClilA
Á íé ila s
iiracusí Bons’ Portos
■MALTA
%Fêriixti.4í 4.Naufrágio em Malta após tempestade no mar (At 28) 250.-
Cnido
A n tio q u ia
«z1,
RODES lalm ona
CAUDA 3, Ventos fortes dificultam a navegação (At 27)
SM km
:
■. . . -----1
CHIPRE 2. Julgado por Félix e por Festo; Paulo apela a César (At 24, 25) ■
[___j Regíãõ habitada por judeus
Ântipàtríde
Jerusalém*
M AR MEDITERRÂNEO
Alexandria a
Sidom
/
1: Paulo é preso (At 21.33)
[ 490 ] AtOS
porto de fuga pelos prim eiros m arinheiros fenícios. O s nativos receberam bem as en sopadas vítimas do naufrágio. Públio, 7,8, era o subordinado im ediato do p ro p retor em M alta, pois M alta estava su b ord in ad a ao propretor da Sicília, que ficava a apenas no venta e seis quilómetros dali. O incidente de Paulo com a víbora foi providencial. A cura do pai de Públio e de outros deu ao apóstolo a oportunidade de demonstrar gratidão pela benevolência de Públio, 7-9. A febre m alte sa, provocada por um organism o existente no leite de cabra, é doença notória na ilha. 11-13. De Malta a Putéoli. Outro navio de Alexandria, sem dúvida também graneleiro, fora forçado a invem ar em Malta, provavel mente no porto de Valetta. Por volta de 5 de março, com o inicio da temporada de nave gação, Paulo navegou para a Sicília, 11. Dióscuros (Castor e Pólux) eram adorados pelos marinheiros. Filhos lendários de Zeus, eram patronos dos marujos aflitos. As duas estre las principais da constelação de Gém eos, à qual os m arujos são ligados, são C astor e Pólux que se são vistas durante uma tespestade é prenúncio de boa sorte. Siracusa, 12, foi descrita por Cícero com o "a m aior das cidades gregas e a mais bela de todas as ci dades" (In Verrein iv, 52). Régio, 13, ficava na ponta da bota da Itália (moderna Reggio di Calabria), do outro lado do estreito de Messina, a cerca de dez quilóm etros de Messina no lado sidliano. Putéoli, 13, é a moderna Pozzuoli, perto de Neápolis (Nápoles). No tem
po de Paulo, Putéoli era a porta de Roma para os grandes navios graneleiros até Ostia ser dragada, pouco mais tarde, tom ando-se en tão porto de Roma e suplantando Putéoli. 14-16. De P utéoli e R om a. O prim eiro A ugusteu (tem plo de culto ao im perador) foi erguido em Putéoli. Pouco resta da velha cidade portuária, exceto ruínas do m olhe, em que Paulo pisou pela prim eira vez em solo italiano, e do anfiteatro, em que Nero se apresentava como ator. A praça de Ápio, 15, ficava a sessenta e nove quilómetros de Rom a. A li um grupo de cristãos rom anos deu as b o a s-v in d a s o ficiais a P aulo. Três Vendas, 15, ficava a cinquenta e três quiló m etros de Roma. A m bas ficavam na fam o sa via A p ia, pela qual P aulo viajara para Cápua, a um a distância de duzentos e onze quilóm etros de Roma. Alguns m em bros da delegação estavam tão ansiosos por encon trar o ap óstolo que cam inharam m ais dezesseis quilóm etros até a praça de Ápio.
28.17-31. Paulo em Roma 17-22. Paulo entra em contato com os ju deus. Sem dúvida, ele entrou pela porta Capena. Finalm ente estava na capital do mun do. Embora prisioneiro, acreditava em uma porta aberta para todas as partes do impé-
Paulo viajou para Roma em um navio semelhante a este.
AtOS t 491 l
rio (cf. Rm 15.23-28). O apóstolo dem ons trou seu grande am or pelos com patriotas judeus. A pesar do terrível tratam ento dis pensado a ele em m uitas partes do Oriente e esp ecialm ente em Jeru salém , P aulo exi biu to d a sua p re o cu p a çã o com ele s, em Rom a (Rm 9.1-5). Esses ju d eu s dásejavam ouvir as opiniões dele. 23-31. A definitiva rejeição do evangelho pelos ju d eu s. Em Atos, essa é a últim a de m onstração do princípio 'p rim eiro aos ju d eu s'. O fato de P au lo e sta r "p re so com esta co rren te", 20, era um a prova do seu amor por Israel; mas ali, em Roma, aconte ceu a crise final. A rejeição da m ensagem daquele que era tamanho m odelo de graça
A vida de Paulo Início Nasce em Tarso (At 22.3),;c,10 d. C. É educado no judaísmo (At 22.3), 20-30 d. C. Vê a norte de Estêvão (At 7.58), c. 35 d. C. Persegue os cristãos (At 9,1,2), 35-36 d. C. onvofte ii rio cie Damasco {A> 9 3 18), !7 d Estada na Arábia (Gl 1.17), 37-39 d. C. ' k i > die>n (At 9 26-29) 39 d C Volta a Tarso (At 9.30), 39 d. C. É levado à Antioquia (At 11.25,26), 43 d. C
Primeira viagem Cruzada em Chipre (At 13.4-12), 45 d. C. Perge (At 13.13) Antioquia da Pisídia (At 13.14-50), 46 d. C. Icônio (At 13.51— 14.5) Listra (At 14.6-19) Derbe (At 14.20) Volta a Listra. Icónio, Antioquia da Pisiaia At 14 2 I 24), 4 ' d C Pcryt AtáM tAt 14 25) 47 d C . e ijuia la Siri At 14 26 JS) 47-50 n C Concílio de Jerusalém (At 15) 50 d C
Segunda viagem \tiioquia to teira uu indo d ^ma e a C.liua (At 15.4!), 50 d. C. Derbe e Listra (At 16.1-5)
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Trôade, Samotrácía, Neápolis, Filipe ; (
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Tessalônica (At 17.1-9)
e que m a n ifesta v a tan to am or por Israel só poderia resultar em condenação. E que luz e sab ed o ria foram revelad as quando Paulo divulgou o "reino de D eus", 23, a nova ordem da era, que dizia respeito especial m ente aos gentios! Ele fez um a exposição de M oisés e dos profetas, 23. A incredulida de das pessoas obrigou Paulo a citar Isaí as 6.9,10, anunciando a extensão do evan gelho aos gentios (cf. 13.46; 18.6). Esse apelo final aos judeus na capital do mundo cons titu iu um a cena cheia de significado. Era um sinal de que a nova era estava plen a m ente estabelecida, e o propósito de Deus para ela, o de revelar-se aos gentios, ple nam ente iniciado (cf. 15.14,15).
Beréia (At 17.10-14) Atenas (At 17.15-34) Corinto (At 18.1-17) 7 e 2Tessalonicenses Éfeso, Cesaréia, Jerusalém (At 18.18-22) Volta a Antioquia (At 18.22), 53 ou 54 d. C.
Terceira viagem Galácia e Frigia (At 18.23), 54 d. C. Éfeso (At 19.1-41), 54-57 d. C.
1 e 2Coríntios, Romanos, Gálatas Macedônia e Acaia (At 20.1-5), 57 d. C. Trôade (At 2.0.6-12), 58 d. C Mileto (At 20.13-38) Viagem a Jerusalém (At 21.1-17), 58 d. C. Prisão em Jerusalém (At 21.27-36), 58 d. C.
Cativeiro e morte Cativeiro em Cesaréia (At 23.23— 26.32),
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Viagem a Roma (At 27), 60 d. C. ( hegada a Roma (At 28 16), 61 d. C. Primeira prisão, 61-63 d. C. Li t ias J jin a -
Filemom, Colossenses, Efésios, Fiiipenses Libe>i3C3u 64-67 d C (?)
1 Timóteo, Tito Espanha (?), Creta (Tt 1.5) Asia (21 m 4.13) Macedônia (1Tm 1 3) Grécia QTm 4.20) Segunda prisão (?), 67 d. Ç;
2Timóteo Martírio, 68 d. C. As datas são aproximadas
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A Roma do tempo de Paulo Tamanho da cidade. Nos dias de Paulo, Roma era a maior cidade do mundo. Uma inscrição descoberta, em 1941, no porto marítimo de Roma, Ostia, diz que, em 14 d. C., a população da capital era de quatro milhões e cem mil habitantes. Embora esse número seja três vezes maior que a estimativa usual, pelo menos dá uma idéia do grande tamanho da metrópole do Tíbre. A maior parte dessa grande população morava em grandes edifícios de apartamentos de vários andares, chamados insulae. Os ricos moravam em domi, cujos cómodos davam para um pátio interno. Palácios e templos. O Fórum era um labirinto de lindos templos e altares. O monte Palatino era ornado com os
palácios dos imperadores, especialmente a casa da esposa de Augusto, Lívia, com seus soberbos murais, e o fabuloso palácio de Nero que se estendia até o sopé do Esquilino, sendo uma das maravilhas do império. Os templos de Apoio e de Cibele também adornavam o Palatino. Inúmeros templos enfeitavam a cidade, como os de Júpiter, Augusto, Saturno e do Divino Júlio. Avenidas e montes. A cidade, construída sobre sete montes, era famosa pelas ruas e avenidas panorâmicas que se entrelaçavam por entre os montes e ao longo do Tibre. Os montes mais famosos eram o Palatino, o Esquilino, o Célio, o Aventino e o Capitolino. Célebres estradas e avenidas, muitas vezes de quatro metros
Rufnas das salas de banho, que ficavam nas termas do Fórum de Roma. e meio a seis metros ou mais de largura, partiam do coração da cidade. Entre elas estão: a via Ápia, a via Flamínia, a via Naomentana, a via Salária e a via Pinciana, a via Ostensis, a via Latina, a via Labicana e a via Tiburtina. Teatros e locais de lazer. A Roma do tempo de Paulo era amante dos prazeres. De acordo com Juvenal, "pão e circo" eram o interesse do povo. Os feriados chegavam a cento e cinquenta e nove por ano, sendo noventa e três deles preenchidos com espetáculos públicos bancados pelo governo. Entre os circos famosos estavam o imenso Circo Máximo, ampliado para acomodar cerca de duzentas mil pessoas no tempo de Nero. Outros famosos eram o Circo de Calígula, o Circo Flamínio e o chamado Circo de Nero.
AtOS [ 493 1
Pompeu (55 a. C.), que acomodava dez mil espectadores, o. teatro de Balbo (13 a. C.), para oito mil pessoas, e,o teatro de Marcelo (11 a. C.), para quatorze mil. Anfiteatros como o Coliseu,, salvo o do Campo de Marte ’ !!
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degenerou rapidamente, e orgias sangrentas tornaramse comuns a-partir do reinado de Nero.
tornaram-se conhecidas como os Jardins de Nero. Suntuosos balneários públicos (termas) também eram comuns. Muitos desses, com impressionantes ruínas, datam do tempo de Paulo, como as Termas de Tito, as Termas de Trajano e as Termas de Diocleciano.
Jardins e parques públicos. Numerosas árèas de lazer espathavarrbse pela cidade. No distrito do Vaticano, as «, ^ J
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[ 494 ] AtOS
As Epístolas de Paulo O caráter distintivo das epístolas de Paulo As epístolas paulinas apresentam a vocação, a esperança e o destino da igreja de Jesus Cristo. Nos quatro evangelhos, a pessoa e a obra de Cristo são apresentadas historicamente, terminando na morte, ressurreição e ascensão de nosso Senhor. Em Atos, como resultado desses acontecimentos históricos, relata-se a fundação e o crescimento da igreja. As epístolas paulinas expõem a revelação doutrinária e a importância teológica de todos esses eventos. A Paulo, revelou-se o propósito de Deus (Ef 3.9), até aquele momento oculto, para esta era que vive entre a ascensão de Cristo e sua volta.
Esse propósito envolve, principalmente entre os gentios, o chamado, em nome de Deus, de um povo que é o corpo e a noiva de Cristo (cf. At 15.14,15). Em Mateus 16.18, nosso Senhor prenunciou esse propósito divino em relação à igreja. Contudo, o como, o porquê e o quando dessa nova entidade espiritual, além de sua posição, de suas relações, de seus deveres e de seu destino, permaneciam totalmente ocultos. A Paulo se deu a clara
revelação dessas questões. A Paulo também revelou-se o significado doutrinário da cruz e da salvação pela fé apenas por meio da graça (Ef 2.8-10). Por intermédio dele o evangelho da graça de Deus foi plenamente exposto nas excelentes doutrinas da justificação, da santificação e da glorificação (Rm 1— 8), conforme o modo como elas afetam cada crente, até os judeus (Rm 9— 11), e também acordo com sua relação com a lei de Moisés (Gl 1— 6).
Romanos A revelação do evangelho de Deus Importância. Romanos é a maior e a mais influente de todas as epístolas de Paulo, a primeira grande obra de teologia cristã. Essa exposição doutrinária do significado da cruz de Cristo vem exercendo tremenda influência sobre o pensamento do Ocidente desde os tempos de Agostinho. Foi o baluarte da Reforma, a grande correção dos erros do catolicismo medieval e a proteção contra as seitas modernas. O evangelho de Deus, divinamente revelado em Romanos, é o antídoto para a babel dos falsos evangelhos de hoje e de qualquer tempo. Essa epístola, considerada um documento profundíssimo, porém simplicíssimo, dirige-se à humanidade pecadora como ela é. Destaca como a humanidade perdida e desamparada pode encontrar libertação em Cristo, e o que essa libertação inclui. Tudo se concentra na cruz de Cristo. Ela apresenta a redenção de Cristo como a única esperança da humanidade. Mas que esperança gloriosa e empolgante!
Escultura em mármore de uma armadura romana.
Local e motivo. A epístola foi aparentemente escrita em Corinto, depois que Paulo já terminara de recolher contribuições para a igreja de Jerusalém entre as igrejas gentias da Grécia e da Ásia Menor (Rm 15.25-27; cf. ICo 16.3-5). Ele estava aguardando para levar as contribuições a Jerusalém, pretendendo depois visitar a Espanha (Rm 15.28) e, no caminho, visitar também a igreja de Roma. Escreveu sua obra-prima doutrinária dirigida aos membros da igreja da cidade imperial para anunciar sua intenção de visitá-los e recrutar suas orações e participação na evangelização do Ocidente. A epistola foi composta por volta de 57 d. C., perto do final da terceira viagem missionária.
Esboço 1—8 Doutrina 1.1-17 Introdução 1.18—3.20 O pecado do homem 3.21— 5.21 Justificação do pecador 6.1—8.39 Santificação do crente 9— 11 Dispensação (o caso de Israel) 9.1-33 O antigo desígnio de Deus para Israel O atual desígnio de Deus para Israel
10 . 1-21
11.1-36 O futuro desígnio de Deus para Israel 12—16 Prática (deveres e privilégios do crente) 12.1—13.14 O serviço cristão 14.1—15.3 Serviço cristão e coisas questionáveis 15.4-13 Serviço cristão e a glória mundial de Deus 15.14—16.27 Serviço cristão e comunhão
Romanos I 497 1
1.1-17 Tema — o evangelho da salvação 1-6. Paulo e seu evangelho. O autor da epístola apresenta-se com o "servo " em sua relação pessoal com Jesus Cristo, "a p ó sto lo" em sua relação oficial com ele/e "sep a rado para o evangelho de D eu s" em rela ção à m e n sa g em a e le c o n fia d a , 1. O "e v a n g e lh o ", ou a boa nova, que ele ex põe, 1-6, tem origem divina, "o evangelho de D eu s", 1; foi prometido nas Escrituras pro féticas do at , 2; tem com o centro a encarna ção de Jesus Cristo, o Filho, 3; foi autentica do em sua ressurreição, 4; e aprovado pelo Filho para a proclam ação mundial, 5,6. 7-17. Paulo e seus leitores. A saudação de graça e paz é feita aos seus leitores de Roma, 7. Inclui: ação de graças por eles, 8; p e tiç ã o r e la tiv a à p la n e ja d a v ia g e m a R om a, 10; d esejo de m in istrar a eles, 1115, e co n v ic ç ã o de q u e o e v a n g e lh o de C risto ap resen tad o a eles é d ig no de o r gulho m esm o na Rom a im perial, 16, pois é de fato in stru m en to de salv ação e de re velação da justiça divina fundam entada na fé (cf. H c 2.4). Sobre a Rom a dos tem pos de P au lo, ver com en tário em A tos 28 .1 7 31. N a ap resen tação do tem a, 16,17, su r gem as g ra n d e s p a la v ra s d a e p ís to la — " e v a n g e lh o " , "p o d e r de D e u s ", " s a lv a ção ", "c rê " (fé), "rev ela " (revelação), "ju s tiça", "v iv erá ". A com preensão que Paulo tinha da glória do evangelho foi o fu nd a m ento de seu en tu siasm o por ele. "... de fé em fé ", 17, significa que a fé é a ún ica con d ição de salv ação.
1.18—2.16. A revelação do pecado do homem — os gentios 1.18-32. A revelação da ira de Deus con tra o pecado do hom em . Essa ira divina é u m a re v e la ç ã o de D eu s. N ã o se b a se ia nos raciocínios im perfeitos do hom em ca ído em relação a sua suposta bondade. A acu sação de D eus co n tra a raça caíd a se b aseia em d ois pontos: o cu lp á v el a b a n dono da glória de D eus por parte do h o m em , 1 8 -2 3 ; e seu p ro g re ss iv o d e c lín io m oral, 24-32. Por isso, o hom em sofre a ira
de D eu s, 18, i.e., a n e cessá ria expressão do d esg o sto d iv in o con tra o pecado h u m ano em função da infinita santidade de Deus. A razão: (1) o hom em mudou a gló ria divina em idolatria, 19-23; como conse quência, D eus o entregou à im undícia, 24; (2) o hom em m udou "a verdade de Deus p e la m e n tir a " , 2 5 ; co m o c o n s e q u ê n c ia D eu s o en tre g o u a g ro sseiras im o ra lid a d es, 26,27; (3) o hom em d esprezou o co n h ecim en to de D eus, 28; com o con seq u ência, D eus o entregou à vil m entalidade e à cond u ta pervertid a, 29-32. Que horrí vel retrato da d ep ravação hum ana! 2.1-16. A revelação do pecado dos gentios. Im e d ia ta m e n te , os g e n tio s co m eça m a aleg ar in ocên cia d iante da d ivina acu sa ção do seu pecad o, b u scand o d isfarçá-lo com a aleg ação de m oralid ade. Essa a le gação é refu tad a, pois o hom em que não está salvo não tem de fato uma m oralida de sólida. Ele faz as coisas que condena, 1. A sentença divina, 16, ao contrário do juízo do hom em , b aseia-se na verdade, 2-5; re tribu i conform e os atos, 6-10; é im parcial em relação aos indivíduos, 11-15; e está de acordo com o evangelho, 16.
2.17—3.20. A revelação do pecado do homem — os judeus 2.17—3.8. A revelação do pecado dos ju deus. Imediatamente, os judeus, que seguem a lei de M oisés, também começam a alegar in o cên cia, tentand o d isfarçar seu pecado com a alegação de religião, vangloriandose de seus privilégios espirituais, 17-20. No entanto, a vida não restaurada anula esse tipo de alegação, 21-29, rendendo-lhe ape nas m ais condenação, 21,22, pois sua con d uta p erm ite que os g en tios destratem o nome de Deus, 23,24. Vítimas do mero ritualismo, 25,26, eles anulam qualquer alegação de posição religiosa superior, 27-29. A presentam -se várias objeções dos ju deus, 3.1-8. Acaso o judeu não tem benefício nem vantagem, 1? A resposta é: "Muita, em todos os sen tid os", principalm ente porque "a s palavras de D eus foram confiadas aos ju d eu s", 2. Não foram criados como meros d ep ositários da Bíblia, m as Deus lhes fez
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promessas específicas que ainda serão cum pri das (cf. caps. 9 — 11). M as será que a d es crença dos judeus não anula a fidelidade de Deus, 3? De modo nenhum; essas prom es sas ainda serão cumpridas (cf. 11.29). Há um futuro para Israel com base nas alianças e nas promessas feitas à nação no a t (cap. 11). A descrença de alguns não fará que Deus descum pra suas prom essas à nação, 4 (cf. SI 51.4). Assim, levanta-se outra objeção ju daica, 5: "Mas, se a nossa injustiça demons tra a justiça de Deus, que diremos? Por aca so Deus é injusto por aplicar a sua ira?" Paulo m esm o responde: "D e m odo nenhum ; do contrário, como Deus julgará o m undo?", 6. Pois o mundo também é injusto, e o pecado revela o amor de Deus por ele. Tal raciocí nio falso excluiria o reto juízo de Deus em relação a judeus ou gentios. 3.9-20. A universalidade do pecado. R e sum e-se a condenação do hom em debaixo do pecado. P rova-se a acu sação de Deus, 9. Todos, judeus e gentios, estão "d ebaixo do pecado''. Dem onstra-se que o pecado é universal, 10-12, e total, 13-18, e envolve as palavras do homem, 13,14; seus atos, 15-17, e sua visão, 18. O veredicto final, 19,20, é a rem oção de toda a op osição , 19; hom em nenhum está justificado, e todo o mundo é culpado diante de Deus, 20.
ciona, 24; no sangue ou morte de Cristo, que a obtém, 25-27; e na fé , incutida no homem pelo Espírito, que dela se apropria, 28. Esse fundam ento que é suficiente para a justifi cação do pecador, 26, elimina qualquer base para a vanglória humana, 27. 29-31. Resposta às objeções contra a justi ficação. A justificação é um remédio univer sal contra o pecado. P or interm édio dela, Deus justifica a todos, judeus e gentios, 29,30. A justificação honra a lei, 31. No capítulo 4, vê-se como ela confirma as Escrituras do a t .
3.21-32. A definição da justificação
4. Exemplos de justificação
21-23. Justificação implica a revelação da justiça de Deus. A justiça que a infinita san tidade de Deus exige está afastada da lei, 21; vem pela graça, em bora seja testem u nhada pela lei e pelos profetas, i.e., as Es crituras do a t . De G énesis a M alaquias, a graça de Cristo é p refigurada por sím bo los, sacrifícios, prom essas e profecias. Essa justiça não só está fora da lei de M oisés, 21, m as está d isp o n ív e l a to d o s, 22, e é im prescindível para todos, 23. 24-28. Justificação envolve a aplicação da justiça de Deus. Justificação é o ato divino que declara justo o pecador, de modo que a ju stiça divina seja judicialm ente creditada na sua conta. Essa transação divina aconte ce com base na graça ou imerecido favor de Deus Pai revelado em Cristo, que a propor-
1-5. A relação de Deus com Abraão. De fen d en d o a ju stifica çã o com base nas Es crituras do a t , o apóstolo m ostra que ela era um p rin cíp io já b em esta b e le cid o na re la ç ã o de D eu s com os h o m en s d esd e A braão — e, portanto, não era um a nova idéia que o apóstolo inventara. Além disso, já estava em vigor antes da lei de M oisés, e, portanto, não dependia da observância dessas leis. Assim foi Abraão justificado, 3 (cf. Gn 15.6), e a justiça foi creditada a ele (cf. Fm 18) com base na graça, 4,5. 6-8. O caso de Davi (parentético). Davi não só era destitu ído de obras de ju stiça, m as so b re ca rre g a d o com os p eca d o s de a d u lté rio e a ssa ssin a to . M esm o d eb a ix o dessa terrível situação, ele pôde pedir per dão por estar justificado pela fé (SI 32.1,2).
Placa de um prostíbulo da antiga Éfeso. Em Romanos, Paulo nos mostra que o pecado é algo universal, que engloba nossos atos e palavras.
Detalhe do Arco de Tito, em Roma, mostra soldados romanos carregando a menorá, após a destruição do templo de Herodes. Os relevos do Arco perpetuaram o saque dos objetos do templo e sua remoção para Roma, a mando de Tito, o general romano que destruiu o Templo Sagrado.
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9-25. Retom ada do caso de A braão. Ele foi justificado pela fé, e não por ritos religi osos, 9-12, antes de ser circuncidado, 9,10. Sua circu n cisão su b seq u en te som en te s i nalizou a aceitação de Deus, da qual ele já d esfru ta v a , 11,12, para que p u d esse ser "o pai de todos os que crêem ", 11. A braão foi ju stifica d o pela fé, e não pela o b se r vância da lei, 13-25. A prom essa dada a ele veio bem antes da entrega da lei, 13. Isso foi necessário em razão da intenção e efei to da lei, 14,15. Além disso, a lei foi entre gue somente a uma nação, m as a prom es sa da fé por m eio de Abraão estendia-se a todos, 16-21 (cf. Gn 17.5). Por m eio de Isaque, o filho da fé, veio C risto, o Ju stificador. Ele foi entregue por causa das nossas tran sg ressões, e ressu scito u "p a ra n ossa ju stificação ", 25. Sua ressu rreição, a scen são e atual intercessão à d ireita de D eus (cf. Hb 9.24) são a p rova de que n o sso s pecados estão cancelados. Com o sua obra foi integralm ente aceita pelo Pai, nele so mos plen am en te absolvid os.
sa a aquilo para que fom os salvos — um a v id a de sa n tid a d e e p o d er p o r m eio da m an ifestação da sua vid a de ressu rreição em nós (8.11). A "reconciliação", 11, é diri gida ao hom em , e rem ove nossa in im iza de em relação a Deus. E isso o que neces sitam o s e receb em o s na ju stifica çã o .
5.12-21. Resumo da justificação O s graciosos resultados da ju stificação a lcançam um ápice n esse agu d o co n tra s te entre aquilo que o pecador era na con denação, de um lado, e aq u ilo que ele se torna n a ju stifica çã o , de ou tro lado. Isso p repara o cam inho para a su p erior q u es tão da san tificação. A nova liderança. Estar em A dão liga a p esso a à raça caíd a no pecad o. E star em Cristo é a nova posição no segundo Adão, o cabeça de um a nova criação. Essa nova posição é a base da vida santa exposta no ca p ítu lo 6. E um a resp o sta e fica z à ob jeção de que a ju stifica çã o pela graça con duz a um a vida de lassidão.
5.1-11. As consequências da justificação
6.1-11. Santificação — o método
1-5. N ossas posses atuais. "Justificados pela fé, temos paz com D eus", i.e., reconci liação ou estado de harm onia com D eus, 1. Temos "acesso pela fé a esta g ra ça ", 2. Tam bém "n o s g lo riam o s na esp eran ça da glória de D eus", 2, pois essa esperança se baseia naquilo que Deus fez por nós, e não naquilo que possam os fazer ou d eixar de fazer por ele. Essa certeza de nosso d esti no em C risto dá firm eza esp iritu al no so frimento, 3; pois percebem os que a tribu lação por Cristo jam ais será inútil na vida futura, nem deixará de ser recom pensada nos seus efeitos benéficos nesta vida, 3-5. 6-11. Nossa segurança futura. A ju stifi cação dá a co n v icçã o da se g u ra n ç a . D á garantia de salvação, con trastan d o o que éram os antes de ser ju stifica d o s, 6, 8, 10, com aquilo que som os depois de ju stifica dos, 9-11. O ápice é a repetição de "m u ito mais [...] serem os salvos", 9,10. "Salvos da ira [de D eu s]", 9, expressa que fom os sal vos de. "Salvos pela sua vid a", 10, expres
1-10. S an tificação com o p o sição pela u n iã o co m C risto . A o b je çã o lev a n ta d a con tra o m étod o d iv in o de salv ar os h o m en s p o r m eio da ju s tific a ç ã o p ela g ra ça, 1, é resp on d id a, 2-11. O bjeçõ es sem e lhantes são refutadas em 6.15; 7.7; 7.13. A p rim e ira o b je ç ã o é: a s a lv a ç ã o so m e n te p ela g raça en co ra ja ria os h om en s a co n tin u a r v iv e n d o em p ecad o, tira n d o p ro veito da graça g ratu ita e in exau rív el, as sim c o m o u m filh o p r ó d ig o s u p õ e a g enerosid ad e do pai. A resposta dada no versículo 2 im plica o princípio de ser afas tad o do p e ca d o p ela " m o r te " . P elo seu n a s c im e n to , C risto id e n tific o u -s e a n ós para que* pudéssem os nos id entificar com e le p e la sua m o rte . Is s o se re a liz a pela nossa u n ião com C risto pelo b atism o do Espírito, 3,4 (cf. IC o 12.13), que nos coloca n o corp o (IC o 12.27) que tem o p ró p rio C ris to p o r c a b e ça . E ssa é a p o siç ã o do crente ju stificad o, i.e., a posição que D eus lhe atribu i conform e seu s d esíg nios.
Romanos [ 501 1
Esse batism o do E spírito, divinam ente m inistrado, do qual o batism o com água é um sím bolo exterior, faz de nós um com Cristo em um corpo que passou pela m or te, sep ultam ento e ressu rreição para uma n o v a v id a, 4. A ssim já n ão e sta m o s em A d ã o , m as em C r is to . "U nido% a e le " ("p lan tad o s ju n tam en te com e le ", a r c ), 5, sig n ifica que cre scem o s ju n to , com o um en xerto , para que a vid a e a n atu reza se fundam em um a só. A "velha natu reza", 6, é aq u ilo que éram os em A dão. O "co rp o su jeito ao p e ca d o ", que se to rn o u im p o tente, pode ser visto ou com o o corpo hu m an o e s c r a v iz a d o p e lo p e ca d o em seu estado não ju stificad o em A dão, ou com o a n a tu reza do pecad o que age por in te r m édio do corpo. Seja com o for, o versícu lo 7 declara que "quem está m orto foi ju s tificado do pecad o". Com o essa é a posição ju stificad a do crente, 2-10, ele é libertado da dom inação do pecado e pode viver um a vida santa no poder da ressurreição, 8. Ele é unid o ao C risto ressu rreçto , que alcan çou um a v itó ria p ara ele sob re o pecad o na carne, 10 (cf. 8.3). 11. A experiência da santificação pelo co nhecim ento e pela fé. A conversão de nos sa p o siç ã o , i.e ., d a q u ilo que so m o s aos olhos de Deus, em posse, i.e., naquilo que d esfru tam os em nossa exp eriên cia, a con tece com b a se em d o is fa to re s: p re c is a m o s s a b e r a q u ilo q u e s o m o s em n o ssa posição em Cristo, 2-10; e precisam os agir
com fé n a q u ilo que sa b em o s. D evem os c o n s ta n te m e n te n o s " c o n s id e r a r " fiéis (tem p o p resen te), um a palavra de fé b a seada no conhecim ento, 11. Confiando na d u p la v erd a d e de que e sta m o s "m o rto s p ara o p e c a d o " e "v iv o s p ara D eus, em C risto Je su s", nossa posição torna-se uma e x p e riên cia real. O s cre n te s ju stifica d o s estão im u ta v e lm e n te "m o rto s para o pe ca d o " e "v iv o s para D eu s, em C risto Je s u s " em sua p o siçã o . Isso só se rea liz a em sua experiência quando, m om entanea m ente, confiam em sua posição na fé. Isso requer subm issão, 13, à vontade de Deus.
6.12—7.6. A santificação pela graça e o legalismo 6.12-23. A santificação pela graça afasta o problem a do legalism o. O evangelho da g raça que P aulo expõe não abre co n c es são para o pecado, 12-14. "P o is o pecado n ão terá d om ínio sobre vós, pois não e s tais debaixo da lei [o princípio legal], mas d ebaixo da graça [o princípio da graça]", 14. D iz a lei: "F a ça e v iv a ". D iz a graça: "V iv a e fa ç a " , c o n fe rin d o a a b en ço a d a capacitação para que possam vir as ações e os frutos. O m au u so da d e c la ra ç ã o d iv in a de que o crente não está debaixo de um prin cípio legalista, 15, é respondido pela ver d ad e de que n ão só a sa n tifica ç ã o p e la g ra ça n ão dá lice n ça p ara p e ca r, 14,15,
Contraste entre condenação e justificação Condenação
Justificação
Fonte
Com base em uma pessoa o primeiro Adão
Com base em uma pessoa: o segundo Adão
Extensão
A todos: os muitos
A todos (pela fé): os muitos
Causa
Desobediência Transgressão
Obediência graça
Mvii itcza
Juízo merecido
Dom gratuito imerecido
Medida
Abundante
Ainda mais abundante
Resultado
Pecado Morte
Justiça Vida
[ 502 ) Romanos
m as de fa t o liberta do pecad o, 16-23. C o n trastam -se a servid ão da qual a graça li berta e a lib erd ad e que ela conced e: com respeito aos mestres, 16-20, e com respeito aos resu ltad os, 21-23. C o n tra sta m -se os d ois m estres — o pecado p erson ificad o , 16, e D eus em Cristo. A servidão leva à m orte, m as a lib erd a d e dá a v id a. O s h o m en s são ou escravos do pecad o ou servos da ju stiça. Os resultados são ou a m orte, 21, sem frutos, ou a "sa n tifica çã o " e a "v id a eterna", 22. O "salário do p ecad o", a m or te, é contrastado com o "d om gratuito de D eu s", a vida eterna, 23. 7.1-6. A santificação pela graça liberta do princípio do legalism o. N o capítulo 6, o pe cado é retratado com o um m estre a quem o p ecad or p e rte n ce co m o e sc ra v o . E sse vínculo é d issolvido pela m orte do escra vo. Em 7.1-6, introduz-se o sím ile do elo do c a s a m e n to p ara m o s tr a r a r e la ç ã o do crente com o princípio legal. A san tifica ção pela graça lib erta d o p rin cíp io legal pela morte do crente, 4a, e pelo casam ento do crente, 4b. O exem plo da lei do casam ento sim plesm ente salienta que a m orte só dis solve a obrigação legal. O víncu lo do ca samento é para toda a vida. Só a m orte do marido ou da m ulher o anula. M as nesse caso, quem m orre? A lei? C risto? O cren te? E m b o ra C r is to te n h a m o rrid o , sua m orte n ão está em q u e s tã o aq u i, sa lv o por resultar na m orte do crente na união com ele. P ortan to, o cren te "m o rre u ", fi cando assim livre do p rin cíp io legal pela assim ilação no corpo de C risto, 4. M as a libertação do crente do leg a lis mo pela m orte é só m etad e d o sím ile de Paulo. O crente agora é livre para pertencer a outro, 4, ou seja, a Cristo, o novo hom em , ressuscitado. M as se m orrem os, com o po demos casar? A questão é que nossa união (na ressu rreição) é com o Sen h or ressu r recto que obteve pela m o rte e re ssu rre i ção um a noiva sem elhante a ele (Ef 5.2532). Que belo ápice da revelação cristã! O casam ento com o C risto ressu rrecto! P ar tilhar de seus triunfos passados, sua vida presente, sua glória futura! O Pai tomou a mão do seu Filho e a m ão de sua criatura, unindo-os para toda a eternidade.
Largam ente m al com preend ida e ap li c a d a , a s a n tific a ç ã o (s e p a r a ç ã o p a ra a a d oração e o serviço de D eu s), conform e n o s e n s in a m as E s c ritu ra s , a p a re c e em três aspectos: passad o, p resen te e futuro. O quad ro ab aixo esclarece a qu estão.
7.7-25. A falsa santificação — sua derrota 7-14a. A santificação pela graça e pela lei. Surge outra objeção (cf 6.1, 15; 7.13). Se a lei leva ao pecado, 5, não será ela pecaminosa, 7? Paulo, com veemência, descarta esse erro e mostra o bom propósito da lei ao revelar o pecado do homem, 8,9. A lei não é culpada, 12. Culpado é o pecado. O fato de a lei não poder santificar não a tom a pecaminosa, 911. Portanto, a lei revela o pecado do peca dor, 7-13, e condena a natureza carnal, 14. 14b-24. A falsa santificação pelo esforço próprio do legalism o. Q uer seja o legalis m o a lei de M o isés para os ju d e u s ou a genérica lei moral dos não judeus, a santi ficação jam ais pode se realizar pelo esfor ço e g o ísta do leg a lism o . A lc a n ç a -se um novo parâm etro de conduta. N ão um p a râm etro exterior (a lei) ao qual conform arse, m as u m a p e sso a in te rio r a a g ra d a r. N ão a ocu p ação eg oísta, m as a ocu pação com C risto. N ão aq u ilo que sou em mim m esm o, m as aquilo que sou nele. Não eu, mas Cristo. Essa é a luta do ego para viver a vid a cristã . N esses onze v e rsícu lo s, os p ro n om es "e u " (ex p lícito ou su b en ten d i do), "m im ", "m e " e "m e u " ap arecem 32 vezes. O "e u " que tenta ju stifica r-se a si m esm o é a ra z ã o da d e s a s tro s a d erro ta aqui esboçada. E a história do "e u " do novo hom em tentan d o viver a vid a cristã, m as derrotado pelo "e u " do hom em velho. Retrata-se a luta da nova n atu reza contra a velha. A derrota é a do esforço próprio do legalismcf, ou falsa santificação. 25. A verdadeira santificação. A vitória vem som ente "p o r Jesus C risto, nosso Se n h o r". N ão pela supressão da velha natu reza (legalism o inútil); nem pela errad ica ção (pura im ag in ação), pois se isso fosse verdade, o hom em não poderia pecar nem se q u isesse, pois a n ov a n a tu re z a jam ais
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peca (IJo 3.9). A resposta é a libertação que Cristo realizou, exposta em Rom anos 6 (ver com entários). A derrota vem pela incapa cidad e de perceber e agir segu nd o nossa graciosa p osição em C risto, tran sform an do-a, pela fé, em experiência real. *
8.1-25. A verdadeira santificação — sua vitória 1-4. A nova lei. A vitória vem por co n h e ce r e ag ir seg u n d o n ossa p o siçã o de g raça em C risto , e x p e rim e n ta n d o assim o poder do Senhor. Isso im plica um a vida triunfante no Espírito. Em R om anos 8, não se fa z e m o b je ç õ e s , n ã o s u r g e d e r ro ta . F u n d am en tal a toda v itó ria é a g aran tia de que "já não há con d en ação" em nossa nov a p o sição em C risto , 1. "P o r ta n to " é cu m u lativ o da v erd ad e a p resen ta d a nos capítulos 1 — 7. A expressão da a r c — "q u e não andam segu nd o a carne, m as seg u n do o E sp írito" — obscurece a radiante ver
d ad e do v e rsícu lo 1, e é interpolação do versículo 4, ao qual pertence. A nova "lei do Espírito da v id a", 2, é o Espírito Santo agindo na esfera da nova posição do cren te em C risto com o princípio superior, con tra p o n d o e su p eran d o a in fe rio r "le i do p e c a d o e d a m o r te " , g e ra n d o ju s tiç a e vida. O que a lei de M oisés, ou qualquer p rin cíp io leg al, foi incap az de fazer por cau sa do pecad o hum ano, D eu s realizou por m eio da en carn ação do seu Filho, 3. Ele, p o r in te rm é d io de su a hu m anid ad e im a c u la d a , c o n d e n o u o p e c a d o com o m estre crim in oso e garantiu uma sen ten ça ju d ic ia l con tra ele. A ssim , D eus pode ju s ta m e n te e m p re e n d e r o cu m p rim en to das ju sta s ex ig ên cia s da lei em nós pela graciosa ação do E spírito Santo, 4. 5-25. A nova v itória. O Espírito Santo assum e o conflito com o pecado, 5-13. Os com baten tes são a "c a rn e " pecam inosa e o "E sp írito". O Espírito suplanta o "eu " do capítu lo 7, e o resultado é vitória, em vez
Santificação O ensinamento da Bíblia sobre a santificação Largamente mal compreendida e aplicada, a santificação (separação para a adoração e o serviço de Deus), conforme nos ensinam as Escrituras, aparece em três aspectos: passado, presente e futuro. O quadro abaixo esclarece a questão. Aspecto passado da santificação
Aspecto presente da santificação
Aspecto futuro da santificação
Posição (1 Co 1.2, 30). Todos os crentes foram assim santificados como santos, tanto o mais jovem como o mais velho, tanto o mais materialista como o mais espiritualizado.
Experiência. Depende do conhecimento de nossa posição em Cristo, e da fé nessa mesma posição (Rm 6.1-11), transformando posição em experiência.
Final. Quando virmos o Senhor e nos tornarmos como ele — livres do pecado, da doença e da morte (1Co 4; 15.54; 1Jo 3.2).
Estático, inalterável, inseparável da justificação, e resultado unicamente de nossa união com Cristo.
Progressivo, mutável, depende da submissão à vontade de Deus (Rm 6.13) e da conformidade à Palavra de Deus (Rm 12.2).
Eterno. Resultará em nosso estado final na eternidade (Fp 3.21).
Como Deus nos vê em Cristo (1 Co 1.2, 30, com Fp 1.1, etc.).
Como somos na nossa conduta (2Ts 2.13).
Como seremos na glória (Rm 8.29; 1Co 15.49).
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de derrota. Há provas abundantes de que a verd ad eira santificação vem pela graça por interm édio da fé (6.1-11) que coloca o poder do E spírito em vitoriosa ação con tra a "c a r n e " p ecam in o sa, i.e., o pecad o que age por m eio do co rp o h u m a n o . A nova vitória traz tam bém um a nova p er cepção da filiação, 14-17. N ão só o crente torna-se filho por n ascim en to , m as filh o por adoção (cf. Gl 4.5), com posição m adu ra e com plenos direitos legais; com orien tação, 14; plena co m u n h ã o fa m ilia r, 15; garantia, 16; herança e resistên cia d iante do sofrim ento, 17, em face da glória v in doura, 18-25. A própria criação será liber tada, 20-22. Os "filhos de D eu s", 19, serão revelados com o Filho de Deus, Jesus Cris to. Nossa "ad oção ", 23, é nossa futura res surreição física, da qual nossa atual ad o ção esp iritu al é p ro m essa e p ersp ectiv a, 15. "Salv o s na e sp e ra n ça ", 24,25, é o a s pecto futuro de nossa salv ação, pois nós que e sta m o s em C risto o lh a m o s p ara a glória vindoura, 14-23. A fé gera essa es p eran ça. Sem fé n ão há tal e sp e ra n ç a .
8.26-39. A verdadeira santificação — seu poder e garantia 26-27. A verdadeira santificação — seu poder na oração . A gir em nossa p osição em Cristo traz o poder do Espírito no reino de nossa vida de oração, perm itindo que su p e re m o s n o s s a s n o tá v e is fra q u e z a s nesse asp ecto, p o ssib ilita n d o a in te rc e s são do Espírito em nós em nom e dos san tos, segundo a vontade de Deus, 26,27. 28-34. A verdadeira santificação — sua garan tia. N esses v e rsícu lo s, o Pai provê para nós. Sua providência inclui "tod as as coisas", 28, cf. 32. A verdadeira san tifica ção dá garantia em m eio às providências da vida dos infalíveis p rop ósitos d ivinos para nosso bem . M as a lente m ágica que nos p erm ite ver to d a s as co isa s a g in d o em conjunto para o nosso bem é o amor. Seu am or por nós em C risto, que nos dá "to d a s as c o is a s ", d esp e rta n o sso am o r por ele, p e rm itin d o -n o s co n fia r n ele em m eio às p ro vações. A base dessa g a ra n tia é seu sublim e propósito em relação a
nós, que abarca toda a eternidade. Ele nos co n h eceu de a n tem ão , 29
9.1-13. 0 antigo propósito de Deus. em Israel — o status da nação R om an os 9 — 11 é p a ren tético . No d e s e n v o lv im e n to do e v a n g e lh o da g ra ça , que d izer dos ju d eu s? O evangelho com o "p o d er de D eu s para a salv a çã o de todo aquele que crê" já fora anunciado no tema do apóstolo (1.16) com o sendo "primeiro do
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ju d e u ". Q ue d izer da rejeição do M essias na cruz pelos judeus, com o também de sua rejeição do program a "p rim eiro do judeu" (A t 13.46)? Será que as alianças e prom es sas que D eus fez ao seu antigo povo não p assam de p alav ras v ãs? Será que D eus faltou com eles, porque eles faltaram com ele? C om o e les se en caix a m no g lo rio so plano de salvação de D eus (caps. 1 —8)? 1-5. A posição da nação de Israel. Expri m em -se o profundo am or de Paulo e sua intensa angústia por Israel, 1-3. Suas pala vras evocam , notavelm ente, a intercessão de M oisés (Ex 32.1-34) e lem bram o lam en to de n o sso S en h o r p ela reb e ld e Je ru s a lém (M t 23.37-39). O m esm o Espírito que in sp iro u o coração de M oisés e de nosso S enhor por Israel tam bém insp irou o co ração de Paulo. P au lo p ro sse g u e com um a a firm a çã o que distingue Israel de qualquer outra n a ção, 4,5. M encionam -se oito privilégios: (1) a adoção ou filiação (Êx 4.22; Dt 14.1); (2) a g ló ria — no m o n te S in a i e em m e io ao p o v o n o lu g a r s a n tís s im o (E x 4 0 .3 4 ,3 5 ; SI 147 .2 0 ); (3) as a lia n ça s — a a braâm ica (Gn 12.1-3; 13.14-17, etc.), a m osaica (Êx 2 0 — 31), a palestina (D t 2 9 —30), a davídica (2Sm 7), a e nova (Jr 31.31-33); (4) a lei do Sinai; (5) o culto do tabernáculo; (6) as prom es sas, o reino m essiânico, etc.; (7) os pais — p a tr ia rc a s a q u em D eu s se re v e lo u ; (8) C risto — nascido de Israel com o seu reiSalvad or ungido, e entregue com o R eden tor do m undo. 6-13. A escolha espiritual de Israel. Deus não aband onou Israel d iante de su a d es c re n ç a , 6. E sse p o v o é d is tin tiv a m e n te d ele. E ssa v e rd a d e é e x p o sta co m o b ase d a a b s o lu ta s o b e r a n ia de D e u s s o b r e a q u e le s q ue são tão p e cu lia rm e n te seu s esco lh id os. O rem an escen te esp iritu al da n ação , 6,7, são a q u e le s q ue re ce b e rã o a p ro m e ssa , 8, d esce n d en tes de um a p o s te rid a d e g e ra d a s o b re n a tu ra lm e n te por interm édio de Isaque, 9. Além disso, d es sa lin h a g e m , D eu s faz um a esco lh a s o b eran a, esco lh en d o Jacó , o m ais nov o, e rejeitan d o Esaú, o p rim o g én ito, 10-13. A c o n clu são ? Isra e l é d ele. E le é so b era n o d iante de seu povo.
9.14-33.0 antigo propósito de Deus em Israel — sua soberania 14. A presenta-se uma objeção. A retidão (ju stiça) de D eus é desafiad a. Será que a d escrença dos judeus coloca D eus na po sição de não ser capaz de m anter sua pa lavra e acordo? 15-29. A refutação da objeção — a justa soberania de Deus. Como Israel é distinta m ente dele, 6-13, será que Deus não pode ag ir com o d eseja com os s e u s? Será que ele não é liv re p ara m o strar sua m iseri córdia, 15,16, ou seu poder e sua ira, 17,18, co n fo rm e ex ija a sua d iv in a sa b e d o ria ? Dele é o barro. O oleiro divino pode fazer dele o que achar m elhor, 21-24. A lém do m ais, o oleiro já proclam ou seu propósito por in term éd io dos profetas, 25-29, para m ostrar que os gentios se tornariam povo de Deus, 25,26 (Os 2.23; 1.10; cf. IP e 2.10). Ao m esm o tempo, os judeus foram alerta dos com an teced ên cia sob re o p erigo de tornar-se com o Sodom a e Gom orra, 27-29 (cf. Is 10.22,23 com Is 1.9). 30-33. A rejeição da justiça de Deus por Israel. Em sua infinita sabedoria e amor, o oleiro escolheu a cruz como molde de seus d esígnios red entores. O s gentios, pela fé, a c e ita r a m e ss e m o ld e e a lc a n ç a ra m "a ju stiça [...] que vem da fé ", 30. Israel, ao contrário, tropeçou na descrença, buscan do a ju s tiç a leg a lista p elas obras, 31-33. Rejeitando o princípio da fé declarado até em suas p róprias Escrituras (H c 2.4), tro peçaram na pedra de tropeço (cf. IP e 2.8), sen d o exp u lso s da sua terra e tornand ose sau d o so s erra n tes pelo m u nd o d esd e aquela ép oca.
10. 0 atual propósito de Deus para Israel 1-5. A atual condição de Israel. Como pes soas, eles precisam de salvação, 1, o fardo do coração de Paulo (cf. 9.1-3). São zelosos, mas ignorantes da justiça de Deus, 2,3 (cf. 3 .2 1 —5.11). O cupam -se buscando sua pró pria justiça pela lei e contornaram a justiça de Deus, 3. Pois "C risto é fim da lei para justificação de todo aquele que crê", 4.
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6-21. Salvação atual para judeus e gentios. Isso não requ er esforço, 6,7, com o trazer Cristo do alto ou de baixo. A justiça da fé, ju d icia lm e n te con ced id a a to d o s os que co n fia m em C ris to , tem su a c h a v e n a s p a la v ra s 'c r e r ', 'c o n f e s s a r ', 'in v o c a r o nom e do S e n h o r', 9 -1 3 . Isso re s u lta em salv ação e está d isp o n ív el para ju d eu s e gentios igualm ente, sem nenhu m a d istin ção, 12. Esse plano divino para levar a ju s tiça de Deus a todos, 14,15, envolve o en vio de homens para pregar, 15. As pessoas d evem ou v ir e crer, 14. C ren d o , d ev em invocar, e invocando, serão salvos, 13. Esse m étodo de propagação do evangelho tor na indesculpável a d escrença do hom em , 16-21. A fé n asce d o o u v ir a P a la v ra de D eus, 17, no caso de "to d a a te rra " (os gentios), 18 (cf. SI 19.4). Israel, por conta de suas E scrituras, deveria ter recon h eci do a extensão d essa m en sag em aos g e n tios (Dt 32.21; Is 65.1; cf. 42.6,7). Enquanto os gentios encontraram a D eus, 20, os ju d eus re je ita ra m a ju s tiç a de D eu s p e la desobediência, 21 (cf. Is 65.2).
11. 0 futuro propósito de Deus para Israel I-10. O afastam en to da n ação de Israel não é d efin itivo. A fid elid ad e de D eus é garantida em um a restau ra çã o fu tu ra da nação. O atu al a fa sta m en to de Israel de sua c o n d iç ã o de n a ç ã o e le ita é a p e n a s tem porário, 1, pois: (1) o p ró p rio P au lo, com o ju d eu , foi salv o n esta era, 1; (2) o S enhor con h ecia de an tem ã o a d e s c re n ça de Israel, 2; (3) D eu s sem pre teve um rem an escen te de c re n te s fiéis, co m o no tem po de E lias, 2-4; (4) n esta era atu al, D eu s tem um re m a n e s c e n te s a lv o , " s e gundo a eleição da g ra ça ", 5. Esse rem a n e sce n te é co m p o sto de c re n te s ju d e u s q u e se u n iram aos g e n tio s no c o rp o , a igreja, alcançand o a graça, 6-10, e n q u a n to o re s ta n te de Is ra e l e stá ce g o e e m p e d e r n id o na d e s c r e n ç a (c f. Is 2 9 .1 0 ; SI 6 9 .2 2 ). P o rta n to , a a tu a l c e g u e ira de Isra el é só p arcial. II-2 4 . A atual rejeição da nação de Israel tem um propósito divino. (1) Trouxe salva
ção aos gentios, 11, e p o r isso é b en éfica ao m u nd o. (2) A fu tu ra re sta u ra çã o dos ju d e u s ta m b é m tra r á in d iz ív e l b ê n ç ã o m u n d ial, côm od a m esm a fo rm a que sua atual rejeição tam bém a trouxe, 11-15. (3) A salvação dos gentios despertará a inve ja de Israel, 11. (4) Sua rejeição serve com o a lerta aos g e n tio s, 16-26. A "m a s s a " e a "ra iz " (Nm 15.19,20; Jr 11.16,17) sim bolizam os patriarcas por m eio de quem Israel foi consagrado. A boa oliveira prefigura Isra el em relação de aliança com D eus por in term édio de A braão (G n 12.1-3), a raiz. A árvore é sem pre verde, assim com o a ali ança é im utável. Os ram os quebrad os re p re se n ta m a d e sc re n ç a da n a çã o . O e n x e rto da o liv e ir a b ra v a re p r e s e n ta a introd ução dos gentios no privilégio esp i ritual. A m enos que os gentios cuidem bem do seu p riv ilég io, serão q u ebrad o s com o o Isra el in créd u lo . D eus irá en x e rta r n o v a m e n te a v e r d a d e ir a o liv e ir a , Is r a e l, quando a descrença der lugar à fé. 25-36. A certeza da restauração da na ção. Isso é assegurado p or revelação especi al, 25. " M is té r io " é u m a v e rd a d e a n te s o cu lta , m as ag ora re v e la d a . Essa v e rd a de é a da cegueira parcial de Israel nesta era , q u e d ev e d u ra r a té que c h e g u e "a p len itu d e dos g e n tio s ", 25. Isso sig n ifica a consum ação do d esígn io divino de ch a m ar um povo d entre os gentios nesta era (A t 15.14). A restauração da nação é o tema da p rofecia. O rein o d eve ser re stitu íd o a Israel, 26 (A t 1.6; 15.1 5 -1 7 ). Tod os os ju d eu s v iv o s na ép o ca da seg u n d a v in d a serão salvos quando C risto, o Libertador, s a ir d e S iã o , 2 6 , c o m o Is a ía s p re v iu (Is 59.20,21). A nova alian ça com o Israel con v ertid o , 27, foi p ro fetizad a por Isaías (2 7 .9 ) e Je re m ia s ( 3 1 .3 1 -3 7 ; cf. H b 8 .8 ; 10.16). A re sta u ra çã o da n ação a co n tece segundo o plan o divino, 28, e o princípio divi no, 29. E m b ora Isra e l e steja te m p o ra ria m ente h ostil ao evangelh o, a escolha dos ju d e u s co m o n a çã o é irre v o g á v e l. D eu s não m udou de idéia com relação às alian ças e às p ro m e ssa s fe ita s a e ssa n a çã o . A r e s ta u r a ç ã o d o p o v o c o n s titu ir á um cu m prim en to do prop ósito de D eus, 30-32, e contribuirá para a glória de Deus, 33-36.
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12. A prática do serviço cristão Os cinco últim os capítulos constituem a parte prática da epístola. Agora a doutrina da salvação deve ser expressa na experiên cia. O serviço deve ser expresso no agir se gundo o Cristo que vive internamente. 1,2. O serviço cristão e o ego. O ego deve ser sacrificad o. O corpo deve ser ofereci do a Deus Pai. Isso é um privilégio. "E x o r to -v o s" exp ressa exo rtação e resp o n sa b i lid ad e. "P o r ta n to " é ló g ico por cau sa da salvação de D eus, capítu los 1 — 11, e "p e las com paixões de D eu s" na red enção. O sacrifício é "v iv o ", im plicando nossa vida. E "s a n to " e "a g ra d á v e l" po rqu e é p u rifi cado pelo sangue de Cristo. Os resultados n ã o se co n fo rm a rã o ao m u n d o , n em se aju starão ao m olde do m undo, 2, m as se rão a ren ov ação da m ente para que p o s sam os conhecer e confirm ar a vontade de D eus, a ú n ica esfera válida de serviço es piritual que glorifica a Deus. 3-8. O serviço cristão e os dons. O exer cício dos dons espirituais no serviço exige hu m ild ade e avaliação correta de si m es mo, 3. Em relação à igreja, o corpo de C ris to, d evem os nos lem brar que som os m u i to s m e m b ro s, com d ife re n te s d e v e re s e fu n çõ e s, 4,5. E sse n o sso serv iço v a ria d o d ev e ser cu m p rid o com o dom de n o sso Senhor, 6-8. 9-16. O serviço cristão e os outros cren tes. O am or d eve ser v e rd a d eiro . O m al d ev e ser od iad o . É p re ciso a p e g a r-se ao que é bom , 9. O am or é novam ente elogia do, 10. Os cristãos não devem ser "d escu i d ad o s" no zelo, m as devem ser "fe rv o ro sos n o esp írito ", 11, ao servir ao Senhor. 17-21.0 serviço cristão e os incrédulos. De pois de exortações genéricas à conduta b e névola em relação aos cristãos, vêm súpli cas e sp e c ia is p e la to le râ n c ia am o rosa diante da provocação dos descrentes. Com pete a Deus m inistrar a ira, 19. A responsa bilidade do hom em é servir com amor, 20.
13. 0 serviço cristão e o governo 1-7. O cristão e o Estado. Essa im portan te re la çã o e xig e su b m issã o às a u to rid a
des g o v ern an tes, 1. A razão? O governo hum ano representa a autoridade de Deus, 1-7. R esistir a ele é resistir a D eus, 1,2, e in co rrer em ju ízo . As au torid ad es gover n a m e n ta is são a g e n te s de D eu s para o bem , 3,4. Do cristão exige-se boa cidada nia, 5-7, para evitar o desgosto de D eus e para viver com a consciência tranquila. 8-14. O cristão e a boa cidadania. A lei de am or de Deus é um a força potente para a vida de submissão à lei, 8-10. Cristaliza nos so dever para com os outros cidadãos, 9,10, e cu m pre a lei de Deus, 10 (Lv 19.18; cf. Ex 20.13-17). A urgência dos tempos é um chamado à boa cidadania, 11-13. E tempo de despertar, 11,12, tempo de viver sobriamen te, 13. "N ossa salvação está agora mais perto do que no início, quando cremos", 11, signifi ca que estamos mais próximos do pleno fruto da salvação na glorificação. A essência da boa cidadania é esboçada, 14, im plicando usar C risto com o vestes, e descartando as concupiscências com o vestes imundas.
14.1—15.3. 0 serviço cristão e as coisas questionáveis 14.1-13.0 princípio da liberdade pessoal. Esse problem a envolve o cristão e as prá ticas duvidosas, 1,2. O crente firm e tem o d e v e r de r e c e b e r b em o c re n te fra c o , "m as não para debater op iniões", 1, como com er, ou não, d eterm in ad o s alim entos, 2. Em questões de conduta em relação às quais os cristãos diferem , 2-6, deve vigo rar o princípio da liberdade pessoal, 3-13a. Isso proíbe desprezar ou ju lg ar um irm ão m a is fra c o , p o rq u e (1) D eu s o re ce b e u com o cren te, 3; (2) ele é serv o de ou tro (Cristo, o M estre), não nosso, 4; (3) há ad m issíveis diferenças de escrúpulos, 5,6; (4) resp o n d em o s à so b era n ia de C risto , d e b aixo de quem vivem os, 7-9; (5) serem os ju lgad os pelo ju ízo de C risto, 10-12; (6) o ju ízo hum ano, porém , não deve lim itar a liberdade de nosso irm ão em Cristo, 13a. 14.13ÍJ-21. O princípio do bem -estar do p ró xim o . E ssa co n sid eração p roíbe co lo car pedra de tropeço no cam inho do próxi mo, 13b-15, ainda que algo pareça bom em si m esm o, 16-20. O b em -esta r do crente
1 508 1 Romanos m a is fra c o d ev e ser e stim a d o a c im a de n o sso s d esejo s, 21. 14.22-23. O princípio da glória de Deus. Deus Pai deve ser glorificado em um a vida de fé, 22. Devemos viver perante D eus pela fé, 22a, liv re do e sp írito de co n d en ação , 22b,23 (cf. IC o 10.31). 15.1-3. Súplica para que se observem es ses princípios. O crente forte deve tolerar as falhas do irm ão m ais fraco, sa crifica n do o seu prazer, 1 b (o princípio da liberda de pessoal). Além disso, o crente forte deve agradar ao seu próxim o para o seu bem e ed ificação, 2 (p rin cíp io d o b em -esta r do próximo). Ele também deve im itar o exem plo de Cristo para a glória de Deus, 3b (prin cípio da glória de Deus).
15.4-13. 0 serviço cristão e a glória mundial de Deus 4-7. A esperança da glória m undial de Deus. Do com eço ao fim, as Escrituras ins piram esperança, 4, in stru in d o-n os q u an to aos divinos propósitos red entores para
o hom em e para a terra. Os relacionam en tos hum anos dos rem idos de Deus devem glorificar ao Pai, 5-7, favorecendo seu lou vor e honra. A harm onia entre o povo de D eus tem com o p ro p ósito um a voz u n ís sona de louvor a Deus. 8-13. O m undo é a últim a fronteira do evangelho. O plano de D eus engloba a ex ten sã o do e v a n g elh o a todo o g lo b o , no qual ju d eu s e gentios glorifiquem a Deus. P a ra e ss e p ro p ó s ito , Je s u s m in istro u a um a nação, 8, para que no final, no reino fu tu ro , to d a s as n a ç õ e s p o ssa m u n ir-se para glorificar a Deus Pai, 9-12. Cristo, como "servo da circuncisão, por causa da fid eli dade de D eu s", 8, tinha com o desígnio últi m o n ão só ch a m a r um p o vo para o seu nom e nesta era, m as confirm ar (e não abro g a r) s u a s p ro m e s s a s a o s p a tr ia r c a s . E ssa s p ro m e ssa s g a ra n tem a co n v e rsã o m u n d ial dos g en tio s q u an d o o rein o for r e s titu íd o a Is r a e l. Seu c u m p rim e n to agu ard a a segu nd a vin d a. A s prom essas foram tirad as de Salm os (18.49; 117.1), de M oisés (Dt 32.43) e dos profetas (Is 11.10).
Romanos [ 509 1
Elas m ostram que o objetivo de D eus sem p re foi que as n a çõ es da te rra o g lo rifi quem em um a adoração m undial. O após to lo anexa à citação das p ro m essa s um a b ên ção de esp eran ça, 13.
SilaçÕes do Antigo Testamento Paulo cita m uitas passagens do A ntigo Testam ento para sustentar sua argum enta ção em Rom anos. Com o vários ou tros au to res do N T, e le tira su a s c ita ç õ e s da septuaginta (grega), e não do texto hebraico do AT que serve de base para muitas tradu ções. A lém disso, os autores do NT, sob a inspiração do Espírito Santo, não se sen ti am obrigados a citar as passagens sem pre literalm ente, m uitas vezes preferindo para frasear e com entar o texto, segundo era ne cessário para o seu contexto.
15.14—16.27. 0 serviço cristão e a comunhão cristã 1 5 .1 4 -3 3 . P a u lo saiid a os s a n to s de R om a. (Sobre a cid ad e de R om a, ver co m en tário em A t 28.17-31.) O ap ó stolo ex p r e s s a c o n f ia n ç a n o se u c r e s c im e n to e sp iritu a l, 14. Para não ser m al co m p re e n d id o , e le a firm a su a d e v o ç ã o ao seu m in istério p o r C risto , 15-21. Sua fo n te é D e u s, 1 5 -1 7 . S u a a u te n tic a ç ã o vem via
sin a is m ila g ro so s, 18,19a. Seu alcance é am plo, 19b. Seu alvo é ser pioneiro para C risto , 20 ,2 1 . Q u e bela co n fissã o de fiel m in isté rio ! P a u lo tam b ém e x p re ssa seu fo rte d e se jo de v is ita r a ig re ja rom ana, 22-29, e m en cio n a as circu n stâ n cia s que a tra s a m e s s a v is ita . E le p e d e o a p o io d eles em orações, 30-32, encerrand o com um a b ên ção de paz, 33. 16.1-27. Saudações e exortações finais. Ele m enciona m uitos santos pelo nom e — troféus do ev an g elh o de D eus, 1-16 (cf.1.1). Suas sau d ações são plenas da graça e do am or da com unhão cristã. Ele alerta con tra aqueles que fom entam a divisão e dis sem inam falsos ensinam entos, 17-20. A s severa que esses serão derrotados, 20a, e e x p re ssa um a b ên çã o de triu n fo 20b. O apóstolo inclui seus colegas na saudação, 21-23. Sua b ên ção final term ina em uma explosão de louvor a Deus, 25-27.
As mulheres nas saudações de Paulo O s c r ític o s m o d e rn o s m u ita s v e z e s censuram P au lo p elas su as a titu d es m a chistas em relação às m u lheres da igreja. É n otáv el que, p elo m enos, nov e m u lh e res seja m m e n cio n a d a s p o r P au lo en tre os que m uito fizeram por ele e m uito ser viram ao Senhor.
Perda e recuperação da glória de Deus O paraíso é perdido
Na Bíblia como um todo
No livro de Romanos
Ruína Gn 1— 3
A glória de Deus é retirada, 1.18— 3.8; todo o mundo sob o jugo do pecado, 3.9-20
O plano divino de salvação Redenção Gn 4 — Ap 20
Evangelho de Deus, 1.1 - justificação, 3,21— 5.21; santificação, 6.1— 8.28; glorificação, 8.29-39
O paraíso é recuperado
Recupera-se a glória de Deus, 15.9-12; 16.27
Restauração Ap 21— 22
1 Coríntios Vida cristã espiritual cristã mundana Data e propósito. Essa epístola foi escrita em Éfeso, provavelmente em 55 d.C. Foi composta para afastar recém-convertidos do paganismo mais vil e grosseiro, com seus vícios e pecados, tão largamente praticado em Corinto. Ver comentário sobre a cidade em Atos 18.1-17. Não era fácil para esses conversos romper com seu passado de degradação. A mundanidade e imaturidade espiritual deles exigiam paciente instrução da parte do apóstolo. Como centro de comércio e riqueza, e também de cobiça e
versus vida
incontida luxúria, Corinto, com sua vã sabedoria secular, era um desafio ao cristianismo. Se a igreja pudesse se firmar ali, onde o Oriente e o Ocidente se encontravam, na encruzilhada do mundo greco-romano, então sua influência poderia ser ampla. Além disso, a grande população judaica da cidade proporcionou uma audiência inicial a Paulo, que seguia sua política de "salvação [...] primeiro do judeu" (Rm 1.16).
Esboço 1-3 Unidade da igreja versus divisões 4-11 Ordem da igreja versus desordem 12-16 Dons e doutrinas da igreja versus seu abuso
Avenida pavimentada com mármore, na antiga Éfeso, onde foi escrita a primeira epístola de Paulo aos coríntios, provavelmente em 55 d.C, com o intuito de afastar os recém-convertidos dos vícios
1Coríntios l 511 ]
1. Cristo, a base da unidade 1-9. A preem inência de Cristo. Nesse pri m eiros versículos, os refletores se concen tram em Cristo. Ele é a base da unidade da igreja e da posição individual do crente, i.e., a esfera em que D eu s vê o c re n te e com ele se relacion a. C risto deve ser o centro preem inente em qualquer igreja, para cor rigir seus abusos. Essa é a lição da epístola. A correção das faltas na assem bléia preci sa com eçar, conform e afirm a Paulo, com o fato de Cristo: (1) sua autoridade — "ap ós tolo de Jesu s C risto ", 1; (2) seu poder de nos dar um a nova posição — "santificados em C r is to ", "c h a m a d o s p a ra serem sa n tos", 2a; (3) seu ministério com vistas à cri ação da u n id ad e e sp iritu a l em m eio aos crentes de toda parte, 2b; (4) sua dispensação de graça e paz, 3; (5) sua concessão de plena suficiência ao crente, 4,5; (6) sua po sição de ob jeto do testem unho, 6, e esp e rança, 7, do crente; sua ação com o confirm ad or do d estin o do cren te, 8; e (8) sua posição como centro da com unhão do cren te, 9. Portanto, a posição do crente em Cris to, 1-9, é a b ase do ap elo à co rreção das práticas errón eas dos coríntios. 10-17. A presença das facções. O s erros e abusos da igreja de C orinto ocorriam por que os cristãos de lá se com portavam como hom ens irregenerados, com o crentes m un danos, e não espirituais. O resultado era a desunião, provocando um apelo à unidade, 10, contra o mal do sectarismo, 11, causado pela perversão da liberd ad e cristã, 12,13. Os leg ítim o s go sto s e av ersõ es d os m es tres e líderes eram pervertidos, dando ori gem a partidos e círculos fechados. O corretivo é Cristo. Acaso ele está dividido, 13? Ver co m en tá rio s sob re 1.1-9. Q u e C risto seja o centro! Assim d esaparecerá o esp í rito faccioso! Para esse fim , Paulo enfatiza a prioridade de pregar Cristo, 14-17. O de ver prim ordial de Paulo era evangelizar, e não ritualizar. Ele não desprezava o b atis mo, mas exaltava Cristo. Só em Cristo apa rece de fato a verdadeira unidade da igre ja. O cupar-se dele, e não dos ritos, é a única cura segura das divisões existentes no cor po de Cristo, a igreja.
18-31. O corretivo da cruz. Só na cruz se pode evitar o pecado da divisão acerca de homens, em vez da união em tom o de uma m ensagem . Só a cruz pode nos salvar das filosofias do hom em e nos lev ar à verda d eira sabed oria de D eus. A p reg ação da cruz é "in se n sa te z " para os perdidos, 18, m as "p od er de D eus" para os salvos. A fu tilid a d e d a filo s o fia s e c u la r, 1 9 ,2 0 (cf. Is 29.14), é con trastad a com o triun fo da pregação da cruz, 21-25. A fé na mensagem da cruz lib erta a sabed oria e o poder de Deus, para que a hum anidade não se van glorie perante Deus, 26-29. Deus é a fonte de toda a nossa vida em Cristo Jesus. Deus fez d ele n ossa sabed oria, nossa san tifica ção e red en ção , 30. A quele que se gloria
Escultura em mármore de um atleta grego. Os Jogos Istmicos, realizados a cada dois anos no istmo de Corinto, eram constituídos por competições atléticas e torneios de música e poesia.
1512] 1Coríntios deve, portanto, gloriar-se no Senhor Jesus, 31 (cf. Jr 9.23,24), i.e., em sua p osição em Cristo, e não no que ele é em si m esm o.
2. 0 Espírito Santo, agente da unidade 1-13. O Espírito revela a verd ad eira sa bed oria. Essa sabedoria, a pedra de toque da unidade cristã, não deve ser obscureci da pela retó rica flo re ad a n em m o d ela d a pela filosofia hum ana para fazê-la palatável aos irregenerad os, 1. C o n cen tra-se na p esso a e na m o rte de Je s u s C r is to , 2; é gerada na fraq u eza h u m ana, 3; é m a rca da pelo testem unho eficaz do Espírito San to, 4; e concentra fé no poder de D eus, 5. Essa sabed oria é, evid en tem en te, a sa b e doria de Deus, 6,7, "m istério da sabedoria de D eu s, que e ste v e o c u lto " e re v e la d a som ente p elo E sp írito S an to , 7. Está em agu d o c o n tra s te com a sa b e d o ria d este m undo e tam bém com a sabedoria dos lí d eres in te le ctu a is d esta era, 6. S o m en te pelo cren te m ad u ro a co m p re en d e , 6. A
Ruínas do templo de Apoio, na antiga Corinto.
prova de que os líderes deste m undo são ig n o ra n te s d e s s a s a b e d o ria é o fa to de terem c ru c ific a d o o S e n h o r da g ló ria , a verdadeira sabedoria de Deus, 8. Essa sa b ed o ria é a b so lu ta m e n te d ep en d e n te da re v e la ç ã o e da ilu m in a ç ã o d o E s p írito . "M a s , co m o e stá e sc r ito : A s c o is a s que o lh os não viram , nem o u v id o s ou viram , nem p en etra ra m o co ração h u m an o, são as q u e D eu s p re p a ro u p a ra os q u e o am am ", 9 (cf. Is 64.4); "D eus, porém , revelou-as a nós pelo seu E spírito", 10. Portan to, fora do m inistério de instrução do Espí rito (cf. Jo 16.13-15), a verdadeira sabedoria é d esconhecid a e não pode ser jam ais co nhecida, 11-13. Essas verdades são expres sas " n ã o com p a la v r a s e n s in a d a s p e la sabed oria hum ana, m as com palavras en sinadas pelo Espírito San to ", 13. 14-16. O hom em não regenerado é total m ente ignorante da verdadeira sabed oria. O "h om em n atu ral", i.e., o descrente, que não possui o Espírito (Jd 19), não recebe a v e rd a d eira sa b e d o ria , p o is para e le não p assa de in sen sa tez , n em a com p reen d e,
1 Coríntios t 513 l pois ela só é d iscernida ou com preendida com base no m inistério de ensino do Espí rito Santo, 14. Por outro lado, o pneum atikos (o crente m aduro controlado pelo Espírito Santo) discerne ou com preend e "to d a s as c o is a s ", i.e., a v erd ad eira sabed oria, em bora ele seja ju lg a d o som en te p o r D eus. N inguém pode instruir a Deus, m as o cren te p o d e ser e n sin ad o p o r D eu s, p o is ele p o ssu i " a m ente do S e n h o r". A u n id ad e reside nele, 16.
3.1-8a. 0 cristão espiritual 1 -3 a. O esp iritu al versus o m undano. C om param -se os crentes m undano e esp i ritual, 1,2. (1) Os crentes "carnais" ou m un danos vivem debaixo do poder da natureza adâm ica ou antiga, agindo por interm édio do corpo hum ano. Os crentes "espirituais" vivem debaixo do poder da natureza nova ou cristã, tendo seu corpo controlado pelo Espírito Santo. (2) Os crentes m undanos são "c ria n ç a s em C ris to ", 1, i.e., n a scid o s de novo, m as im aturos, não tendo ainda evo lu íd o na vid a cristã, quand o já d everiam estar maduros. O cristão espiritual é m adu ro. (3) O primeiro só pode tomar leite, o en sinam ento sim ples. O outro pode tom ar o alim ento sólido da plena instrução doutri nária, com aplicação prática. 3b-8a. As consequências da m undanidade. C iúm es, contend as e gru pos que cau sam cisã o su rg ira m co m o co n s e q u ê n c ia de a n d a r "s e g u n d o p a d rõ e s p u ra m e n te h u m an o s", 3, i.e., com o hom ens irregenerados em vez de cristãos m aduros. Seguir líd eres hu m anos, 4, era um a violação direta do p rincíp io da un id ad e do povo do S e n h o r, 5 -8 . O s se rv o s c ris tã o s , m esm o te n d o ta re fa s d ife re n te s a e x e cu ta r, são um só — têm um só Senhor, um a só meta, um só objetivo, 8. Só a m aturidade esp iri tual realiza a unidade cristã.
3.8^23. 0 juízo das obras do crente 8 b ,9 .0 serviço cristão será julgado. Esse ju lg am ento d eterm inará a recom p ensa do crente, 8b, ou a perda da recom pensa, 15.
Réplica romana de escultura grega da cabeça de Apoio. O principal templo da cidade de Corinto era dedicado a Apoio, o deus do sol. Esse ju lg am ento não envolve, em nenhum sentido, a questão do pecado, da condena ção ou da vida eterna (Rm 8.1; Jo 5.24). Tra ta som ente de obras, não da salvação. En v o lv e as q u e s tõ e s dos cre n te s secu la r e espiritual, mas só do crente e da qualidade de sua vida e de seu serviço após a salva ção (cf. 2Co 5.10; Rm 14.8-10). Julga a fide lidade ou infidelidade do crente como ser vo, d aí "cooperadores de D eus, e dele sois lavou ra e e d ifíc io ", 9. T rab alh am os para Deus, m as tam bém com ele em dignidade. M a is que isso , e le tra b a lh a em n ós, por m eio de nós e sobre nós para sua glória, 9. 10-15. O juízo do crente pelo serviço. A base é o evangelho da salvação do pecado por meio de Cristo. Cristo é o fundamento, 10. Construir sobre ele com o fundamento é um a m etá fo ra do serv iço cristão , que só vale para os crentes que nasceram de novo, 11. Há dois tipos de serviço. Um é ilustrado p elo ouro, a p rata e as ped ras preciosas, construíd o pelo crente espiritual, e indes trutível diante do fogo do juízo, 12. O outro é representado pela madeira, o feno, a pa lha, construído pelo cristão mundano. Esse
[514] 1Coríntios
é d e s tru tív e l e não p e rm a n e ce rá d ia n te daquele cujos olhos são com o labareda de fogo (Ap 1.14). A questão do servo verda deiram ente nascido de novo será ou a re compensa para o crente espiritual, 14, ou a perda da recom pensa para o crente m u n d ano, 15. T od av ia, o co o p e ra d o r carn al mesmo assim será salvo, pois não está em questão a condenação ou a vida eterna. No entanto, ele será salvo como pelo fogo, sen do todas as suas ob ras co n su m id as pelo fogo, como quando a um hom em só resta sua própria vida. 16-23. Solene alerta aos crentes m unda nos. O corpo de todo crente é um tem plo sagrado no qual habita o E sp írito Santo, 16. Se um cren te m u n d an o p ro fa n a r e s c a n d a lo sa m e n te (cf. 5 .1 -5 ) e ss e re c in to santo, Deus o d estru irá pela m orte física , 17 (cf. IC o 5.5; 11.29,30; l jo 5.16). Pauio não só alerta para os pecados carn ais do co r po, mas tam bém para os pecados intelec tuais, 19-23. (Cf. v. 19 com Jó 5.13; v. 20 com SI 94.11.) O s cristãos não devem se deixar en red ar pela sabed oria secu lar, nem d e vem se g lo riar nos h om en s, m as n o h o mem Cristo Jesus, em quem o crente tudo possui, 21-23 (cf. Rm 8.16,17).
4. A igreja e seus líderes 1-8.0 pecado de julgar os servos de Deus. Os líderes da igreja devem ser altam ente estim ados com o m inistros de C risto e ad m inistradores das verdades reveladas por Deus, 1. Seu supremo dever é serem fiéis a Deus nesse cargo, 2. Eles devem ser ju lga dos a esse respeito som ente por ele, e não por um ser humano qualquer, 3,4. Portanto o juízo deve ficar suspenso até a vinda do Senhor e o exame divino das obras do cren te, 5 (cf. 3.11-15). Os coríntios precisam dei xar de ju lg ar secu larm en te os líd eres da sua igreja, 6,7, juízo esse precipitado pelo orgulho mundano, que o apóstolo repreen de com aguda ironia, 8. 9-21. A santa dedicação dos apóstolos. O sacrifício e os sofrim entos apostólicos são usados para lançar vergonha sobre os crí ticos carnais e autoconfiantes da igreja de Corinto, 9-13. Paulo escreve com agudez,
mas com amor, 14, apelando ao fato de têlos gerado no evangelho, 15, ao seu exem plo de vida de sacrifício, 16, e à sua preo cupação para com eles, explícita no envio de Tim óteo, 17. No entanto, alerta severa m ente os im penitentes, 18-21.
5. 0 problema do crente imoral 1-5. A carnalidade cega a pessoa à pre sença da grosseira im oralidade. Relatou-se nessa igreja um caso de vil incesto, escan d a lo so até na p e ca m in o sa C o rin to , 1. O a p ó sto lo o rie n ta os sa n to s p e rtu rb a d o s, com pletam ente alheios à ação d isciplinar, 2, sob re sua resp o n sa b ilid a d e, 3-5. O ir m ão in c e s tu o s o d e v e ria s e r e n tre g u e a Satanás "p ara a d estruição da carne [cor p o ]" (m orte física, cf. IC o 11.30; l jo 5.16), a fim de que seu "esp írito" seja "sa lv o ", i.e., e le p o ssa ser d is c ip lin a d o co m o c re n te possuidor de vida eterna, 5. <1-13. O princípio do fermento do pecado. k j term ento, sím bolo do pecado nas Escri tu ras, esp a lh a -se por toda a m assa, 6. O pecado negligenciado, ou não julgado, igual m en te se e sp a lh a P recisa , p o rta n to , ser purgado, 7. A razão? Cristo, o Cordeiro pas cal, que tira o pecado do mundo (Êx 12.1-13; Jo 1-29), foi oferecido, e por ele o crente é salvo. O resultado é a Festa dos Pães sem F erm ento, que o sacrifício pascal in au g u rou (Êx 12.12-22). Isso simboliza a vida cris tã que d ev e ser vivid a em sep a ra çã o do p ecad o, 8. P o rta n to , o irm ã o in cestu o so deve ser exco m u n g ad o , 9, 11. T od avia, a separação pessoal precisa se dar segundo este princípio: 'n o m undo, m as não d ele', 10,11. É preciso que se exerça a disciplina na igreja, m as o ju ízo daqu eles que estão fora da igreja pertence a Deus, 12,13.
6.1-8. A perturbação do processo lega? 1-8. Cristão processando cristão. O fato de um cristão ir à justiça contra outro cris tão em cortes pagãs, perante juizes pagãos, 1, é um a vio lação da v erd ad e cristã. Os "san tos" julgarão o m undo (a humanidade im penitente), 2, e até m esm o os anjos caí
1Coríntios I 515 I
dos, 3 (cf. 2Pe 2.4; Jd 6). Como essa dignida de judiciária é resultado da união do crente com Cristo, o juiz, será que não há santos sábios que ajam com o juizes em casos que envolvam cristão com cristão, 4,5? Os car nais coríntios m anifestaram claram ente sua m undanidade ao ir à justiça uns contra os outros, prejudicando uns aos outros, 7,8.
6.9-20. A cilada da fornicação 9-20. O cristão tentado pela fornicação. Esse problem a era grave nessa igreja, por que ela fora salva recentem ente da corrup ta atm osfera m oral de Corinto. Com o cen tro com ercial, a cidade unia o O riente e o O cid e n te em um a v e rd a d e ira clo a ca de imundície. O apóstolo alerta que os crentes que n ão se a p a rta rem d esse p a g a n ism o corru p to, 9,10, "n ã o h erd arão o rein o de D eu s", i.e., sofrerão a perda da recom pen sa (cf. 3.11-15), atraindo até a m orte física p rem atu ra com o pena para o pecad o es candaloso. A fornicação destoa totalm ente do cristão, pois: (1) ele foi santificado e justi ficad o d esse e de ou tros pecad os em sua posição (como Deus o vê em Cristo) e deve realizar essa posição em sua experiência (agin do c o n fo rm e m e n te em re la ç ã o aos h o mens), 11, pela graça, 12. (2) O corpo do cren te é para uso do Senhor, 13, e quando é usado assim o crente pode reclam ar que o Senhor cuide do seu corpo. (3) O corpo é santo e será ressuscitado, 14. (4) O corpo está unido a Cristo, 15-17, e não a uma prostituta. (5) A fornicação é um pecado contra a santidade do corpo do crente, 18. (6) O corpo do crente é um "tem p lo " (m os, "m orad a de D eu s"), especificam ente o lugar santíssim o ou san tuário interior onde a glória da Shechiná se m anifestava no tabernáculo ou no tem plo, 19. (7) O corpo do crente é propriedade de Deus, 19. (8) Existe para a glória de Deus, 20. (9) O casamento instituído por Deus é o an tídoto contra a fornicação, 7.1-3.
7.1-24. Regulamentos do casamento cristão 1-9. O propósito do casam ento cristão. O estado de celibatário é bom ; m as o ca
sam ento cristão existe para evitar a forni ca çã o e e s ta b e le c e r um a re la çã o m onog âm ica m u tu am en te g ra tifica n te, 2,3, na q ual os d ois p arceiros expressem as ple nas funções corporais em um a união físi ca norm al e gratifican te. P rivar qualquer um d o s p a rc e iro s da re la ç ã o sex u a l só pode ser por acordo mútuo, para o propó sito de um período especial de oração, 5a, d ep o is do qual se deve n ov am en te d es frutar da união sexual norm al a fim de evi tar a te n ta çã o sa tâ n ica a alg u m a vazão sex u al ile g ítim a , por cau sa do red u zid o autocon trole, 5b. Trata-se de uma conces são à fraqueza humana, e não de um m an d a m en to d iv in o , 6. O celib a to é m elh or para alguns, 7,8, m as o casam ento é insti tuído por D eus e tem por m eta satisfazer as n e c e s s id a d e s fís ic a s e p s ic o ló g ic a s constituídas pelo Criador, 7, 9. 10-24. Regulamentos que regem o casa m ento cristão. O casam ento dos crentes é para a vida toda, 10,11. A esposa cristã não deve abandonar seu marido. Se o fizer, não p o d erá ca sa r n o v a m en te. Ig u a lm e n te , o m arido cristão não deve deixar sua esp o sa. E preciso abandonar as lassas concep ções p a g ã s de ca sa m en to . E sses re g u la mentos que são dados pelo apóstolo, longe de não ser inspirados, estão associados à instrução de nosso Senhor, 12 (cf. Mt 5.31,32; 19.59) e têm por meta resolver novas situa ções gerad as pela extensão do evangelho aos g en tio s. O p rin cíp io g eral é que, na m edida do possível, d eve-se em preender todos os esforços para m anter o status quo n o m o m en to de to rn a r-se cre n te , 12-24. A plicado à união conjugal, significa que o parceiro salvo deve fazer todo o possível para m anter a união e conquistar o parcei ro impenitente para o Senhor. Os filhos são privilegiados por viver em um ambiente de educação cristã, m esm o quando um só dos pais é salvo, 14.
7.25-40. Casamento versus celibato 25-31. O princípio geral. A regra geral é que os celibatários ou solteiros estão bem assim , esp ecialm en te em tem pos em que os cren tes e stã o su jeito s a p ressões eco-
[516] 1Coríntios
nôm icas e sociais, 25,26. Em tais m om en tos, devem perm anecer no estado em que estavam quando salvos, 27,28. O celibatá rio, porém , tem certas vantagens. Ele está livre de cuidados económ icos, 26, e é pou pado das "d ificu ld ad es da vid a te rre n a ", i.e., da inevitável responsabilidade da saú de e do bem -estar da fam ília, 28. Está em situação m elhor para perceber a b rev id a de da vida diante da eternidade, 29-31. 32-40. Contraste entre o casado e o celi batário. O crente celibatário, de q u alqu er sexo, tem m ais lib erd ad e para lo u v a r ao Senhor, 32-34, e para servi-lo sem d istrações, 35. A constituição física e psicológica pode forçar o crente a casar, 36. P or outro lado, aqueles que puderem devem perm a necer so lte iro s, 37,38. O ca sa m e n to vale até a sep aração da m orte, 39,40. O novo casamento é lim itado aos viúvos, e, se isso o c o rre r, so m e n te e n tre cre n te s . M esm o em ta is c a s o s , p e rm a n e c e r s o lte ir o é a m elhor opção.
8. Liberdade cristã 1-3. A lei do am or como solução. Paulo enfrenta o problem a de um cristão com er alim ento oferecido aos ídolos, que en vo l ve o princípio da liberd ad e do crente em questões am orais. Em tais questões, é co m um saber o assu nto, m as m u ita s vezes falta am or, 1. O saber pode ser incom ple-
Painel grego retrata objetos de culto religioso. Nas cerimónias religiosas gregas, os homens usavam véus, ao passo que as mulheres não. Paulo ensinava os fiéis a praticarem justamente o oposto.
to e su p e rficia l, lev an d o ao org u lh o. Ele n ã o p o d e re s o lv e r p ro b le m a s co m o os e n v o lv id o s n as lim ita ç õ e s da lib e rd a d e cristã. O am or, porém , resolve de fato es se s p ro b le m a s , 3, e D eu s é p le n a m e n te consciente do princípio que rege os seus. 4-13. A lei do conhecim ento é inadequa da. Para a m aioria dos crentes, o conheci m ento da nulidade de um ídolo e da exis tência de um ú n ico D eu s v erd a d eiro era um fato tão ób vio da revelação , 4-6, que não se ofend iam por com er um alim ento que fora dedicado a um a divindade pagã, com o fre q u en tem en te a co n tecia em um a cidade pagã com o Corinto. O utros crentes m ais fra c o s n ão tin ham tal co n v icção da nulidade dos ídolos e ficavam ofendidos, 7. O am or precisa d om inar o conh ecim ento para que o irmão mais fraco não se ofenda, 8-13. Cristo, por amor, morreu por ele, 11, e o am or de C risto d eve reg er nosso co ra ção, 12, com o regia o do apóstolo, 13.
9. A igreja e seus obreiros 1-15. Os líderes da igreja devem ser hon rados e sustentados. Paulo teve de defen der seu posto com o apóstolo perante pes soas carnais e críticas de Corinto. Isso nem deveria ter ocorrido. A final, os líd eres da igreja, ordenad os por D eus, não só d eve riam ser honrados com o tais, m as também su sten tad os fin an ceiram en te, 7-18. C om o ilu strações d isso, o ap óstolo usa os casos do so ld a d o , do la v ra d o r e do p a s to r, 7, além da lei de M oisés, 8,9 (cf. Dt 25.4). M es mo o boi não é am ordaçado quando pisa o trigo, para que possa com er sua cota com o re co m p en sa p elo tra b a lh o . O s tra b a lh o s de lavrar e de pisar o trigo esperam um a reco m p en sa, 10; assim tam bém d ev e ser no rein o e sp iritu a l, 11. P au lo to lera esse privilégio por um propósito definido, 12,15, m as u sa b u tro e x e m p lo , o tem p lo e seu sacerdócio levítico, 13, para provar a tese de que os "q u e anunciam o evangelho que vivam do evan g elh o ", 14. 16-27. Os verdadeiros líderes da igreja devem ser recom pensados. Eles estão sob com issão e restrição d ivinas, 16; e, se tra b a lh a re m com d isp o siç ã o , serã o re co m
1Coríntios I 517 1
pensados nesta vida, 18, e na vida futura, 19 -2 7. Isso e x o rta ao tra b a lh o re a liz a d o com o g e n u ín o "e s c ra v o de to d o s ", para co n q u istar m ais para C risto, 19. Trata-se de um a d ed icad a ad a p ta b ilid a d e, 20-23, para o elevado propósito de salvar alguns, i.e., ser o m eio hum ano pelo qual o Espíri to d iv in o op era a re g en era çã o , 2 2 ,2 3 . A recom p ensa no santu ário (bem a) do ju ízo de C risto co ro ará esse d ed icad o serviço, 24-27 (cf. IC o 3.11-15; 2C o 5.10). Paulo usa o sím ile atlético dos afam ados jogos ístm icos, 25, realizados perto de Corinto. A cor rida, 24, 26, e o pugilism o, 26, são selecionados. A utocontrole e rígida disciplina, 25, são im p rescin d íveis para con q u istar um a coroa de vitória corru p tív el. O versícu lo 27, "ap lico socos no m eu corpo e o torno m eu escravo, para que, d epois de pregar aos o u tro s, eu m esm o n ã o v en h a a ser rep ro v ad o", diz respeito à recom p ensa, e não à salvação.
10.1-15. A herança da igreja 1-5. A tipologia do a t e suas lições. A re denção do ju g o do Egito, a peram bulação p elo d ese rto e a en trad a na te rra fo ram tipos ou prenúncios de verd ad es esp iritu ais aplicáveis aos santos do n t , 6, 11. M oi sés prefigura Cristo, 2, enquanto a passa g em de Is r a e l p e la n u v e m e p e lo m ar s im b o liz a ra m o b a tism o do E sp írito em Cristo (Rm 6.3,4). O s "p a is" prefiguram os santos do n t , e o pão que com iam e a água q ue b eb iam no d ese rto su g erem C risto , 3,4 (Êx 13.21; 14.22; SI 105.39; Êx 17.6). 6-15. O alerta. A pesar da graça de Deus, Israel caiu na idolatria, 5, 7, 8 (cf. Êx 32.6; Nm 25.1, 9); tentou o Senhor, 9 (cf. Êx 17.2, 7; Nm 21.6); m urm urou, 10 (Nm 14.2); e foi destruído, 9,10 (cf. N m 25.1-9). O versículo 8 diz que vinte e três mil caíram "n u m só d ia" (cf. N m 25.9, que dá vinte e quatro mil, con tan d o-se os m il líd eres isra elita s cuja e x e c u ç ã o e stá re g is tr a d a em N m 2 5 .4 ). Logo d ep ois vem o alerta contra a o rg u lhosa auto-suficiência, 12, juntam ente com o incentivo a confiar em Deus, e a ordem de fugir da idolatria, 13,14. O versículo 15 faz um apelo ao sábio proceder.
10.16-33. A ceia do Senhor 16-22. A comunhão à mesa do Senhor exi ge separação. A comunhão, simbolizando a m orte de Cristo e a fraternidade do corpo de Cristo, 16, retrata nossa unidade como crentes em união com Cristo, 17. O apósto lo usa o exemplo do sacerdócio israelita que com unga diante do altar, com endo o sacri fício, com o um caso de separação e com u nhão, 18. Portanto, os crentes precisam se separar da idolatria, não porque o ídolo seja algo, 19, mas porque a idolatria é inspirada pelo demónio, 20, e representa a comunhão com poderes dem oníacos, 21. Por trás do ídolo sem vida está o demónio, 21, do qual a ceia do Senhor, em tudo o que ela repre senta, exige rígida separação. Envolver-se com íd olos é insensatez, pois o Senhor é, de form a justa, zeloso de seu culto exclusi vo, e on ip oten te para lidar com os trans g resso res, 22. 23-33. A lei do am or e a liberdade cristã. O crente não vive segundo um princípio leg alista, m as segu nd o a lei do am or de sapegado, 23,24. O cristão não deve dispu tar sobre com er, ou não, o que foi ofereci do aos ídolos, pois reconhece que a terra é do Senhor por criação e redenção, 25,26 (cf. SI 24.1). Se, porém , a circunstância im plicar insulto a um crente m ais fraco, ele deve se ab ster (cf. Rm 14.1-23). O crente deve sem pre agir para a glória de D eus, 31, não dando motivo para tropeço, 32, em um esp írito de am or desapegado, 33.
11.1-16. A igreja e as mulheres 1-10. A liderança do hom em . O versícu lo l , que incen tiv a os cren tes corín tio s a ser im ita d o res do a p ó sto lo , p erte n ce ao capítulo precedente. Ao incentivar a lide rança do hom em , 3 (cf. Gn 3.16), Paulo apre senta o véu da m u lher com o sím bolo de sua subordinação ao hom em , assim como o hom em , por seu turno, está subordina do a Cristo, 4-6. O apóstolo usa o a t para m o strar que o hom em é feito à im agem de Deus, e para a glória dele (Gn 1.27), e que, ao orar ou pregar, ele não deve ter a cab eça cob erta, com o sím b olo da ordem
(5181 1Coríntios
divina dos sexos, 7. O hom em foi criad o primeiro. A mulher foi feita do hom em , 8. D aí a lid e ra n ça do h om em . P o rta n to , a m u lh e r cristã d eve tra z e r o sím b o lo da autoridade de seu m arido na cabeça, "p or causa dos anjos", 10, i.e., por causa da or dem divina que prevalece en tre os anjos eleitos, e não caídos (cf. SI 103.20), que ob servam o desenrolar da vid a hum ana. 11-16. A ordem segundo a graça. "N o Senhor", homem e m ulher são um , e m u tu am ente d ep en d en tes, 11,12. D ev em -se respeitar a ordem e a propried ad e, 13-15, mas não em um sentido legalista, 16. A li b erd ad e da g raça ja m a is d ev e ser c o m p ro m etid a, m as os c re n te s d ev em e sta r dispostos a subm eter-se àquilo que é cor reto, m esm o que não seja com pulsório.
11.17-34. Censura da desordem durante a ceia do Senhor 17-22. A denúncia da desordem . A santa ordenação da ceia do Sen h or foi m acu la da pela irregularidade, 17; pelas disputas, 18; pelas facções contrárias, 19; e pela glu tonaria, 20-22. 23-34. A co rreção da d eso rd em . In d i ca-se a sagrad a in stitu ição da ceia, 23-25 (v e r c o m e n tá r io s s o b r e M t 2 6 .2 6 -2 9 ; Lc 22.17-20). E sp ecifica-se sua im p o rtâ n cia d o u trin á ria . Ela d e cla ra a m o rte do Senhor (passado) até que ele v o lte (fu tu ro). Olha para trás, para a salv a çã o p ro porcionada pela red enção, e p ara frente, para a salvação realizad a na g lorificação, 26. D efine-se sua violação, 27, com o p ar ticip ar d ela "d e m a n e ira in d ig n a ". Isso significa uma atitude de pecado inconfesso, e o tran sgressor é "cu lp a d o de pecar contra o corp o e o san g u e do S e n h o r " , violando a própria essên cia do sig n ifica do da m orte de Cristo, que liberta o cren te do pecad o, 27. E n e ce s s á rio o exam e de con sciên cia, 28, para e v ita r a co n d e nação e o consequente castigo, im p lica n do fraqueza física, doença e até a m orte, 30. E sse ju íz o p e sso a l, com su a c o n s e quente confissão, não só evita a ação d is cip lin ar do Sen h or con tra o sa n to p e ca d o r, m as s e r v e ao c la ro p r o p ó s ito de
p o u p á -lo com o filh o da co n d en a çã o (in ferno etern o), o quinhão de todo incréd u lo, 32. Q ue o cren te, p o rtan to , evite pro fan ar a m esa do Sen h or, 33,34.
12.1-11. 0 crente e os dons espirituais 1 -3. A q u ele que co n ced e os d o n s. O a p ó sto lo ag ora e xp õ e in s tru ç ã o im p re s cin dível a respeito das ações e das m ani fe sta çõ e s do E sp írito por in te rm é d io do c ren te. O s cristã o s de C o rin to eram im p ressio n an tem en te ignorantes em relação a esse assunto. Entre eles, abundavam os ab u so s, p o is tinham sid o re sg a ta d o s h a via pouco tem po do paganism o e da ido la tr ia in s p ir a d a p e lo d e m ó n io , 2 (cf. 1 0 .2 0 ,2 1 ). E les, q u e v iv ia m co n tro la d o s p e lo s e s p írito s d em o n ía co s, p recisa v a m agora con h ecer as ações do E sp írito S a n to, ch a m a d o tam b ém E s p írito de D eu s, para en fatizar a im portância de sua obra n o cren te pela m an ifestação dos dons, 3. Q ue eles tam bém se prevenissem das fal s ific a ç õ e s d e m o n ía c a s. 4-11. A enum eração dos dons. Os dons são numerosos e diversos, mas é um só Espí rito que d istrib u i esses d ons e n eles age por interm édio de cada crente, 4. Há num e rosas e d istintas ad m inistrações ou m ani fe s ta ç õ e s d e s s e s d o n s p o r m e io de h o mens, m as um só Senhor, 5 (cf. Ef 4.4-6). O Espírito dá os dons aos hom ens para o ser viço. Cristo dá os hom ens talentosos à igre ja (cf. Ef 4.8-12). Deus Pai controla as num e ro sa s e d iv e rsa s re a liz a ç õ e s e o b ra s, 6. Assim o Deus Trino opera em cada crente, a quem a m anifestação do Espírito é dada para proveito e edificação, 7. E n u m era m -se a lg u n s d as m a n ife s ta ções do E sp írito , 8-11. E m bora sob co n trole sob eran o do E sp írito, 11, esses dons são p rin cip a l e m ais e sp e c ific a m e n te os d ons ou sin ais m iracu losos, com os qu ais a ig reja p rim itiv a foi a g raciad a an tes de a p len a re v e la çã o e sc rita do n t e sta r d is p onível para g u iar os cren tes. Entre eles, re la cio n a m -se: (1) don s in telectu ais — sa b ed o ria, con h ecim en to, 8, e fé, 9, p rin ci p alm en te para in stru ir a igreja antes que
1 Coríntios [ 519 l
Juízos mencionados nas Escrituras Juízo
Natureza
De Jesus Cristo Jo 12.31
Carregava os pecados, Cristo é levantado na 2Co 5.21; Hb 9.26-28; cruz, o mundo é 1Pe 2.24; 3.18 julgado; Satanás é derrotado, Jo 12.31
Morte de Cristo; justificação e segurança dos crentes Jo 5.24; Rm 5.9; 8.1; 2Co 5.21; Gl 3.13
Das obras dos crentes, 2Co 5.10
Qualidade da vida do crente como servo, ICo 3.11-15; Mt 12.36 (de modo nenhum pelos pecados, Hb 10.17)
Na vinda do Senhor, 1Co 4.1-5; 9.24-27; Rm 14.10; Gl 6.7; Cl 3.24,25; 2Tm 4.8
Recompensa pelo serviço fiel; perda da recompensa pela infidelidade, 1Co3.8, 14,15; Ap 22.12
Do crente por ele mesmo, 1Co 11. 31,32; 2Sm 7. 14,15
A condenação do crente por si mesmo por permitir sua vida de pecado e vício, 2Sm 12.13,14
0 crente julga a si Havendo negligência, como filho para vem o castigo do Pai, evitar o castigo do seu mas nunca a Pai celeste, Hb 12.7 condenação, 1Co 11.32; 5.5
Das nações, Mt 25. 31-46; Jl 3.11-16
Teste é o tratamento dado aos "irmãos" de Cristo, i.e., o remanes cente judeu do final dos tempos
Na volta gloriosa de As pessoas das nações Cristo para estabelecer entrarão no reino ou o reino sobre Israel, dele serão excluídas. At 1.6
De Israel, Ez 20.33-44
0 alvo serão os israelitas vivos, reunidos da diáspora mundial, no fim dos tempos
Semelhante, na esfera dos israelitas, ao juízo da nação com respeito aos gentios
Dos anjos caídos, Jd 6; 2Pe 2.4; 1Co 6.3
Alvo serão os anjos que se rebelaram ao lado de Satanás, Ap 12.3,4
Evidentemente, depois Satanás e os anjos do milénio, no final maus serão relegados da história ao lago de fogo, a geena, o inferno eterno, Ap 20.10
Dos que não foram salvos, Ap 20.11-15
Só os ímpios mortos. Talvez Satanás e os anjos caídos sejam finalmente julgados também nesse momento
A medida do juízo são de acordo com as obras, que determinarão o nível de punição dos perdidos
Ocasião
Resultado
Entrada ou não na terra para as bênçãos do reino, SI 50.1-7; Ml 3.2-5; 4.1,2
Segunda morte, ou lago de fogo — não a aniquilação, Ap 19.20; 20.10, 14,15
1 520 1 1 Coríntios ela tiv e sse em m ãos a re v e la çã o e sc rita autorizad a, com pleta e d efin itiv a ; (2) dons m litiv o s — cura, 9; m ilagres, com o sinal p ara os ju d e u s e a u te n tic a ç ã o p a ra os gentios, e profecia, p rin cip alm en te com o re c e p ç ã o e d e c la ra ç ã o s o b r e n a tu r a l de verd ad es que ainda não haviam sido d a das em form a escrita plena e d efin itiv a , 10; (3) dons em ocionais — "d om de d isce r nir os esp íritos", 10 (cf. l jo 4 .1-4), dados para d eterm in ar se um a su p o sta v e rd a de era do E sp írito San to de D eu s ou de Satanás (lT m 4.1-4); falar em lín g u as so b re n a tu ra is (s e ja m lín g u a s c o n h e c id a s ou afirm ações m ísticas), com o sin al para os ju d eu s (cf. At 2.4; 10.46; 19.6 e com en tá r io s ); e " in t e r p r e t a ç ã o de l í n g u a s " , tra n sm itin d o o co n te ú d o de u m a m e n sagem s o b re n a tu r a l n o id io m a com u m das p e s so a s .
12.12-31. A igreja e os dons do espírito 12-27. A igreja com o o corpo de Cristo. A unidade da igreja é apresentada pela m e táfora de um corpo hu m ano, 12a. Um só corpo, m as m uitos m em b ros d esse corpo único é o sím ile usado para retratar C ris to, 12b. Não é o C risto m eram en te com o p esso a, m as tam b ém seu p o v o u n id o a ele (Rm 6 .3 ,4 ) p elo b a tism o do E sp írito Santo, 13. Assim com o o corpo hum ano é uma unidade com m uitos m em bros, 14 — o pé, a mão, a orelha, 15,16 —, tam bém o é a igreja, o corpo de C risto , 27. Uma só igreja, um só corpo, muitos m em bros, m ui tas fu n çõ es, m as to d as e la s p a rte v ita is de um só corpo. 28-31. A igreja e os dons. A ssim com o o apóstolo relacionou o cristão aos dons, 111, agora ele relaciona a igreja, o corpo, o agregado dos cren tes, a esses d ons. E m b o ra a lg u n s d os d o n s p e rm a n e n te s s e jam novam ente m en cion ad os, a lista e n fatiza uma vez m ais os d on s d o s sin a is tem porários, com o os ap ó sto lo s, os p ro fetas, os m ilagres, os dons de cu ra, a d i versid ad e de língu as, 28. R ep are e sp eci a lm e n te q u e n em to d o s têm o m e sm o dom , 29,30, nem se deve esp erar isso.
13. A igreja e os dons permanentes 1-8a. O am or deve necessariam ente con trolar a aplicação de todos os dons espiritu ais. Isso vale tanto p ara os d ons d os s i n a is q u a n to p ara os d on s p e rm a n e n te s, não m ilag ro so s, da ig reja. O s "m elh o res d o n s", 12.31, são os p erm an en tes, n e ces sário s, e d ifica n te s. E sses d evem ser s in ce ra m en te b u sca d o s. O "ca m in h o m u ito su p erior" é o cam inho do "a m o r", que aos c o rín tio s m u n d a n o s e e m o cio n a is havia passado totalm ente d espercebid o, em seu infantil d esejo de alcançar os dons exibicion istas, para u sá-los com fins egoístas. N essa passagem clá ssica , l-8 a , o am or é a p resen tad o com o con d ição essen cia l do uso de todos os dons, com o as línguas, 1, a p ro fe cia , o co n h ecim e n to e a fé, 2 (cf. 12.8-11). A té a carid osa d oação de esm o las e o m artírio são inúteis sem am or, 3. O am or é p erson ificad o , e suas excelências, d etalh ad as em 4 -8 a. Sb-13. A perm anência do amor. Contrasta-se o am or com os dons que seriam su p e ra d o s e e n cerra d o s, 8. E les cessa ria m porque viria um período de conhecim ento e de profecia perfeitos ou com pletos, 9. A revelação parcial por m eio do conhecim en to inspirador direto, a profecia, e das línguas, daria, desse modo, lugar àquilo que é per feito (gr. "a coisa com pleta e final"), 10, um e v en to que m u ito s a sso ciaram à co n c lu são das E scritu ras do n t . P au lo ilu stra o períod o da infância da igreja, q uand o ti nha de d ep en d er de um a re v e la çã o g ra dual por m eio de dons especiais, usando o sím ile de um a criança que fica adulta, 11, e de um a pessoa que se enxerga in d istin ta m ente em um espelho de metal, que refle te apenas um a im agem borrada, 12. Toda via, fé, esp eran ça e, esp ecialm en te, am or sem pre seriam necessários, 13, ao contrá rio dos d ons passageiros.
14. Abuso dos dons 1-11. A superioridade da profecia sobre as línguas. "Segui o am o r" (gr.), 1, e "e de sejai intensam ente os dons esp iritu ais" — esp ecialm en te a p ro fecia, i.e., exp ressões verb ais in sp irad as de verd ad e ainda não
1Coríntios [ 521 ]
A Tumba do Jardim, em Jerusalém, apontada por alguns como a tumba de Jesus. Paulo apresenta a ressurreição de Cristo como elemento central do evangelho da salvação que ele pregava aos coríntios. re g istra d a s por escrito . Isso é su p erio r a falar em línguas, pois é m ais com preensível aos hom ens, 2, 6, do que os d ifíceis sons ou vozes, 10,11; e é edificante para a igreja, 3 (cf. 12; Rm 14.19; Ef 4.29). 12-40. A correção do abuso das línguas. O c o rretiv o d a situ a çã o e x iste n te n a ig reja prim itiva, onde havia liberdade e necessi dade do ministério de todos os dons m enci o n ad o s em IC o rín tio s 12.8 -1 1 , a b arca as seguintes im portantes regras. (1) O crente d ev eria d esejar os su p erio res d ons e d ifi cantes, como o de profetizar, e deveria buscá -lo s com ab u n d ân cia para a ed ificação da igreja, 12, 23-26. (2) O crente deveria orar pelo dom da in terp retação caso tivesse o dom das línguas, 13-18. (3) A igreja deveria u sar as lín g u as som en te com g ran d e co medim ento, 19, e, m esm o assim, apenas se houvesse um intérprete presente, 27,28. (4) A im aturidade infantil que se m anifestava no abuso desse dom deveria ser superada, 20. (5) Era predso ter em mente o principal propósito do dom, 21,22 (cf. Is 28.11,12) —
ser um sin a l p a ra os ju d e u s d e sc re n te s (At 2.6-13; 10.45,46; 11.15-18). (6) A profecia, e sp ecia lm en te em seu ca rá ter de veículo da revelação antes da conclusão da objetiva Palavra escrita, deveria ter primazia, mas era p reciso tam bém usar ordenad am ente esse dom, 29-33. (7) Em reuniões públicas, as m ulheres deveriam ficar caladas, 34,35, não só em questão de línguas, mas na de claração da revelação divina (i.e., profecia). (8) As línguas e os dons dos sinais deveri am aparentem ente cessar depois que a ne cessidade inicial deles na igreja apostólica fosse atendida, 19, 21,22. (9) Essas injunções d ev eriam ser reco n h ecid as com o d iv in a m ente corretivas, 36,37. (10) A decência e a ordem deveriam prevalecer, 40.
15. A doutrina da ressurreição 15.1-19. Verdade e im portância da res surreição de Cristo 1-11. A verdade da ressurreição de Cris to. A doutrina da ressurreição do corpo era
[ 522 1 1 Coríntios
esp ecia lm en te negada pelo in te le ctu a lis mo pagão de Corinto. Paulo, ao contrário, ap resen ta a ressu rreição de C risto com o p o n to ce n tral do ev an g elh o da sa lv a çã o que ele proclam ava e que os corín tio s re cebiam , 1-4a. Era cum prim ento das Escri turas, 4 b (cf. e.g., SI 16.10), e au ten ticad a por Cefas (nome aram aico de Ped ro); pe los doze, 5; por mais de quinhentos irmãos, 6; por Tiago; por todos os apóstolos, 7; e pelo próprio Paulo. Paulo se considerava, quanto ao seu nascim ento espiritual, como "um nascido fora do tempo certo", ou por que ele, p re m a tu ra m e n te , p re n u n c io u o renascim ento esp iritu al da nação de Isra el ou porqu e se co n sid era v a in d ig n o de ser p erfilad o lad o a lad o com os o u tro s apóstolos, que ouviram em pessoa o ensi nam ento de Cristo. 12-19. A ressurreição de Cristo é o fun dam ento da nossa. A lguns cren tes corín tios estavam contam inados pela pred om i n a n te n e g a ç ã o p ag ã d a r e s s u r r e iç ã o corp órea, 12. O ap ó sto lo a rg u m en ta em prol da im portância da d ou trina, en fre n ta n d o as a lte r n a tiv a s a b e r ta s p e la su a negação. São elas: (1) C risto não teria res suscitado, 13; (2) a pregação de Paulo se ria inútil, 12, 14; (3) a fé dos coríntios seria vã, 14, 17; (4) o ap ó stolo seria um a falsa testem unha, 15,16; (5) os coríntios não es tariam salvos, 17; (6) aqueles que m o rre ram em C risto teriam p erecid o, 18; (7) a esperança se lim itaria a esta vid a, 19; (8) os cristão s seriam os m ais in fe liz e s dos homens, 19. Tão ridículas são as alternati vas que Paulo usa esses argum entos com o base da declaração da doutrina nos versí culos seguintes.
15.20-23. A ressurreição de Cristo e a nossa 20-23. A ressu rreição de C risto garan te a nossa. Paulo a d eclara com o fato, 20fl, o q ue g a ra n te a n o ssa r e s s u r r e iç ã o , 2 0 b. C risto é "p rim e iro e n tre os q u e fa le c e ra m ". Na Festa das P rim ícia s (L v 23 .1 0 14), a p rim eira esp ig a de trig o m a d u ro era o fe re c id a ao S e n h o r no d ia d e p o is do sábado (o dia da ressu rreição de C ris
to), co m o p e n h o r da co lh e ita de to d a a safra ("o s que lhe [a C risto] p erten cem "), 23 (lT s 4.13-18). 21-23. A ressurreição de Cristo com o di vino rem édio p ara a Q ueda. "P orqu e, as sim com o a m o rte v eio p o r um hom em [A d ã o ], ta m b ém p o r um h o m em [D eu s en carn ad o] veio a ressu rreiçã o d os m o r to s " , 21. T o d o s em A d ã o , i.e ., to d o s os m em b ros da raça hu m ana, m orrem (fisi cam ente). Todos em C risto, toda a h u m a nidade redim ida, gozará um a ressurreição vitoriosa. Os santos do a t , o s santos do n t e os m ártires da tribulação desfrutarão dos b e n e fíc io s da re ssu rre iç ã o de C risto (cf. Dn 12.2; Ap 7.9-13), m as serão ressu scita dos nos vários passos da prim eira ressu r reição, "C ada um, porém , na sua vez". Mas Paulo aqui pensa em especial nos crentes c ristã o s, e, p o rta n to , lim ita o co m p le x o pan oram a da re ssu rre içã o àq u ilo que os a fe ta , a sa b er, a v in d a de C risto p a ra a igreja (IC o 15.53,54; lT s 4.13-18).
15.24-28. Ressurreição e consu mação final 24-26. A anulação final da morte. O "fim ", 24, não é o com eço do reinado terreno de C risto em sua segu nd a vind a, m as o fim desse reinado. E o térm ino do tem po e de suas eras ordenad as, e o alvorecer do es tad o e tern o , e tem por m eta a re s ta u ra ção da autorid ade d ivina em toda a cria ção, 24,25, com a abolição da m orte, 26. A d estruição da m orte é o ú ltim o resultad o do reinado m ediatário de Cristo, e o apo geu de sua vitória inicial sobre a m orte em sua p ró p ria ressu rreição. 27-28. O estado eterno. Isso im plica a re cu p e ra çã o do p a ra ís o (A p 22) que foi perd id o em G én esis 1 —3. Satanás, os p o d eres d em on íacos e os h om ens irreg en erados, ftem com o o pecado e a m orte, se rão e lim in a d o s . D eu s " tu d o em to d o s" (ab solu tam en te suprem o) se realizará em um un iverso sem pecado nem m orte, g lo rificando o Deus único e Trino, sendo todo o m al co n fin a d o e lim ita d o a um só lu g a r (Ap 20.14,15), de onde jam ais sairá para per turbar novam ente o universo im aculado.
1 Coríntios t 523 l
15.29-34. A ressurreição de Cristo e os novos incentivos 29. O incentivo de ser batizado por causa dos mortos. Se a ressurreição de Cristo não é fato, e a nossa, conseqiientem ente, não é um a esperança viva, 12-19, e n tã o ’qual é o propósito do rito do batism o cristão? Que devem fazer os crentes que, por m eio des sa cerimónia introdutória, assumiram publi cam ente seu lugar nos postos vagos pelos crentes que m orreram , 29? Se não há res surreição, e de fato nenhum Salvador divi n am en te a u ten tica d o n em e v a n g e lh o da salvação, não seria m elhor que eles aban donassem um rito que retrata sua identifi cação com esse Salvad or e essa salvação? 3 0 -3 4 .0 incentivo de viver perigosam en te. "E nós, por que nos expom os também a perigos a toda h o ra?" Se o cristianism o é um a religião privada de ressu rreição e de esp eran ça, por que a rriscar a vid a, com o fazia o apóstolo, na luta contra um a oposi ção violenta e anim alesca, conform e a en frentada em Éfeso (At 19.23-41)? Se a vida é o fim de tudo, por que não ren u n ciar ao sacrifício cristão para alcançar todo o des fru te eg o ísta p o ssív e l n esta vid a? M as o ap ó stolo co n h ece a realid a d e do e v a n g e lho da ressurreição e m orre "tod os os dias", 31, i.e., exp õ e-se con stan tem en te à m orte física por Cristo (Rm 8.36,37). A lém disso, aparta-se do mal, 33 (cf. Pv 13.20; Ef 4.29) e incita-se à justiça, 34.
15.35-58. A ressurreição e a vitória sobre a morte 35-49. A natureza do corpo ressurrecto. A p resen ta-se a q u estão de "c o m o " a res s u rre iç ã o se p ro c e s s a , 35. O p ro c e s s o é descrito com o m orte, 36. A m orte é o pre lúd io da vid a. N a natu reza, nad a vive se não m orrer (cf. o exem plo de Jesu s em Jo 12.24). O fru to d esse p ro cesso de ressu r reição é um novo tipo de corpo, adequado a um novo tipo de vida. Em pregam -se três m e tá fo ra s da n a tu re z a para d em o n stra r a sen sa tez da n o v a re ssu rre iç ã o do c o r po: as plantas, 37,38; a carne, 39; os corpos celestiais, 40,41. O corpo da ressu rreição,
Alto-relevo em Éfeso mostra a figura de um gladiador. Paulo menciona haver lutado com "feras" em Éfeso (1Cor 15.32). ig u a lm e n te , se rá s e m e lh a n te ao c o rp o natural e, ao m esm o tempo, diferente dele, 42, mas será um corpo espiritual, 42-44, li vre d as c a ra c te rístic a s da co rru p ção , da d eso n ra e da fraq u eza do corpo natural. Terá origem em C risto, o cabeça da nova criação, o Senhor do céu, 45-49, e espelha rá sua im agem celeste. 50-58. A m udança que gera o corpo da ressurreição. A necessidade de m udança é in d ic a d a p e la cria çã o de n o sso s co rp o s para o m undo natural e sua corrupta natu reza caída, 50. Expõe-se o m istério da res su rreiçã o , 51, um seg red o d iv in o que se revela àquele que participa da vid a e ter na. Todos os crentes serão transform ados, m as nem tod os "ire m o s fa le c e r " (pois a m orte não passa de um cochilo para o re m ido), 51. A m udança ocorrerá em um áti mo, na "ú ltim a trom beta" (cf. lT s 4.13-18), que não tem ligação com o últim o dos sete ju íz o s d as tro m b eta s soad as pelos an jos (Ap 11.15-19). E sse ressoar de trom beta é u m a tro m b e ta de b ê n ç ã o s tro a d a p o r D eu s. A im p e ra tiv a n e cessid a d e da res-
[ 524 1 1 Coríntios surreição, 53, funciona com o prelú d io do triunfo do evento, 54-57, produzindo gran de incentivo à santa fid elid ad e e rea liz a ção na vida cristã.
16.1-4. A doutrina da provisão 1,2a. Os princípios envolvidos. O m oti vo da in stru ção dada aqui é um a oferta para os cren tes pobres e p e rseg u id o s da Judéia, 1. Dar a Deus im plica: (1) O princí pio da regularidade. D eve ser feito periodi camente. "N o prim eiro dia da sem ana", 2. (2) O princípio da responsabilidade individual. "Cada um de vós separe o que puder, de a co rd o com o seu g a n h o ." C a d a c re n te deve ser um provedor. O doador é tão im portante quanto a dádiva. (3) O princípio da proporcionalidade. "D e acordo com o seu ganho." A base é doar de acordo com suas posses. A d oação p eriód ica, in d iv id u a l e proporcional não é o m ero dízim o legalis ta, e m b o ra c e rta m e n te p re s s u p o n h a , como parâm etro mínim o, a doação de um décimo. E, antes, uma doação graciosa de tudo, com base no am or pelo Salvador.
2b-4. Razão e aplicação, "para que não se façam coletas quando eu ch eg ar", 2b. A d oação cristã não acon tece com b ase em a p e lo s e m o c io n a is n em sob p re s s ã o de um a crise financeira. D eve ser um m inis tério espiritual baseado nos princípios das escrituras. A aplicação, 3,4, im plica o m oti vo m ais elevad o para a d oação e a ad m i n istração inteligente da dádiva.
16.5-24 A exemplificação do serviço fraterno 5-14. Interesse fraterno. Esse interesse é exem plificad o pela m enção de três v isi tas: a própria visita de Paulo, 5-9; a de T i móteo, 10,11; e a de Apoio, 12. E enfatizado por um apelo à varonilidade e à m aturida de da parte dos coríntios em seu serviço, 13,14. O verd ad eiro crescim en to se m an i festará nesse tipo de serviço (cf. 13-18). 15-24. Serviço e saudação final. Os ver sículos 15-18 dão um belo exem plo de ser v iço fratern a l, assim com o as sau d açõ es fin ais, 19-24 — um a das ig rejas, 19,20, e outra do apóstolo, 21-24.
2Coríntios A glória do ministério cristão Autor e autenticidade. Há
O caráter da epístola. É a
fortes indícios de que Paulo é o autor e de que a carta é
mais pessoal e a menos doutrinária das epístolas
autêntica. Policarpo, Ireneu, Teófilo de Antioquia, Clem ente de Alexandria, Tertuliano, Cipriano, M arcião e o Cânon M uratoriano — todos confirm am a autoria paulina. Os íntimos detalhes da vida e do ministério de Paulo contidos nessa epístola estão além do alcance do falsificador. Nas pinceladas
paulinas, com exceção de Filemom. Desnuda a vida e o ministério do grande apóstolo. Por sua intensidade em otiva, expressão de idiossincrasias do autor e individualidade de estilo,
biográficas, são fartos os vínculos com 1Coríntios, Gálatas, Romanos e Atos. O texto está saturado dos
por críticos, apresenta uma grande defesa de sua vida e ministério nos capítulos 1— 7. Os capítulos 8 e 9 tratam da
característicos conceitos paulinos. A epístola foi, provavelm ente, escrita pouco depois de 1Coríntios, em 56 d.C., na M acedônia (cf. 2.13; 7.5-7; 8.1; 9.2-4).
coleta para os crentes em pobrecidos de Jerusalém , com instruções sobre a doação correta. Os capítulos
destaca-se com o uma das principais cartas de Paulo.
Conteúdo. Paulo, atacado
10 a 13 dão sequência à defesa do apostolado e da autoridade de Paulo diante dos falsos mestres legalistas. Embora o apóstolo se veja forçado pelo ataque inimigo a desnudar sua vida e ministério, a ocasião proporciona instrução e inspiração das mais elevadas para todo ministro de Cristo.
Esboço 1.1— 2.13 Testemunho introdutório e pessoal 2.14— 7.16 A glória do ministério cristão 8.1—9.15 A glória do ministério da doação 10.1— 13.14 A defesa da glória do ministério cristão
Ruínas das colunas do templo de Apoio, o deus do sol, na antiga Corinto.
[ 526 1 2Coríntios
1.1-11. 0 consolo divino e seu propósito 1-7, A abundância do consolo de Deus em tem pos de tribulação. D epois da sauda ção usual, 1,2 (cf. Rm 1.1-7; IC o 1.1-3), o apóstolo louva a Deus como (1) "n osso Pai, e do Senhor Jesus C risto", (2) portanto "Pai das m isericórdias", pois toda graça divina flui pelo Filho, e (3) "D eus de toda a conso lação", pois o consolo segue a graça. C on solo (gr. paraklesis, "vocação ao lado d e") é um auxílio divino que desce até nós para nos ajudar no desespero ou na aflição (cf. Jo 14.16,26; 15.26; 16.7; l jo 2.1). O propósito do consolo de Deus é que nós tam bém nos coloq u em o s ao lad o de um a p e sso a n e cessitada, para aju d á-la na força da co n solação e do conforto divinos que recebe m os, 4. Q u a n d o e s ta m o s a fo g a d o s em desespero e em sofrim entos, o consolo de D eus se m u ltip lica, com o tam b ém nossa utilidade no consolo dos outros, 5-7. 8-11. Ação de graças pela recente liberta ção. A angustiante experiência de Paulo na Ásia proconsular, em Efeso (cf. A t 19.23 — 20.1), é destacada com o exem plo da tribu lação por que passou o servo de D eus, 8. Sua severidade quase o levou à m orte, 9, mas veio consolo abundante por m eio da oração conjunta, 11.
1.12—2.13. Testemunho de sinceridade 1.12-24. A razão da alegria de Paulo. Sua "co n sciên cia" era clara a resp eito da m a neira simples e sincera de sua vida e, espe cialm ente, de sua conduta em relação aos crentes de Corinto, 12-14. O "dia do Senhor Jesu s", 14, é o tem po da bênção e recom pensa para os san tos na vinda de C risto para os seus (cf. IC o 1.8; 5.5; Fp 1.6,10; 2.16). O segundo "b e n efício " (gr. chariri), 15, única ocorrência desse term o nas E scritu ras, refere-se a um benefício espiritual adi cional que seria acrescentado aos corín ti os, como resultado de outra visita de Paulo, 16-24. O selo do Espírito, 22, é a garantia da segurança do cren te (Ef 1.13; 4 .3 0 ); o Espírito Santo é o selo. Selo significa pro
priedade (Jr 32.11,12; 2Tm 2.19), segu ran ça (Et 8.8; Dn 6.17; Ef 4.30) e transação con sum ada (Jr 32.9,10; Jo 17.4; 19.30). 2.1-13.0 desejo de Paulo de visitá-los com alegria. Para evitar uma visita triste, 1,2, ele lhes escreve para corrigi-los, 3-13. O caso do irmão incestuoso, 6-8 (cf. IC o 5.1-5), re queria mais orientação do apóstolo, e ele a dá. A m enção por parte do ap ó stolo das artim a n h a s ou e stra ta g e m a s de S atan ás, 11 (cf. 2Co 11.3; Ef 6.10-12), mostra a im por tân cia crucial do conhecim ento da dem onologia bíblica por parte do crente.
2.14-17. A glória do ministério — seu triunfo 14. A triunfal m archa cristã. O sím ile é o de um a m archa triunfal através da cidade de Roma para honrar um conquistador ro mano. A honraria pública era votada pelo senado. O desfile incluía vitoriosos e der rotados. Os conquistadores, com o com an dante à frente, vinham seguidos pelos con quistados, con d u zid os em cad eias para a m orte ou para o cativeiro. O perfu m e do in cen so su b ia de n u m e ro so s in cen sá rio s levados pelos cativos e das ervas aro m á ticas espalhadas pelo cam inho. O odor do p erfu m e da v itó ria en ch ia o ar. E essa a ilustração da contínua m archa vitoriosa do m in istro -g u erreiro cristão. 15-17. A poderosa influência do cristão. Cada verd ad eiro m inistro de C risto é um tu ríb u lo de doce in cen so exalan d o a fra grância de Cristo sobre um m undo corrup to e m alcheiroso — não só com o antecipa ção do fu tu ro , m as co m o re a lid a d e p re sen te. Essa in flu ê n cia do an ú n cio do ev an g elh o tem um efeito duplo. A qu eles "s a lv o s ", i.e., que aceitaram C risto e cam i nham nele, ela é o "bom aroma de C risto", dando vida, e vida em abundância (Jo 10.10). À q u eles q u e "p e r e c e m ", q ue re je ita ra m C risto e co n tin u a m a re je itá -lo , to rn a -se "ch eiro de m o rte", trazendo m orte eterna e confirm ando na morte aquele que o rejei ta. Tão vital é a verdadeira vocação do mi nistro, envolvendo questões tão trem endas para a eternidade, que a pergunta é: quem está à altura dessa tarefa, 16? A resposta:
2Coríntios [ 527 ] só aqueles que D eus cham a e prepara. Só aqueles que não são "m ercen ário s da pa lavra de D eu s", 17, m as a anunciam com absolu ta sin cerid ad e, na p resen ça onisciente de Deus.
3.1-6a. A glória do ministério — sua autenticação
petência (cf. 2.16) vinha "d e " (ek) Deus. Ti nha sua origem em Deus. D eus o "capaci tou " para ser suficiente com o ministro, 6a.
3.66-11. A glória do ministério — sua mensagem de graça
6 b -ll. A m ensagem era espiritual e vivi ficante. Com o o evangelho da graça é ins 1. Ele não é autenticado pelo auto-elo- p irad o pelo E sp írito Santo, ele contrasta gio. O ap óstolo achava pouco in telig en te com a lei de M oisés, o código gravado em e d e s n e ce ss á rio ju s tific a r -s e ou e lo g ia rpedra. O poder do m inistro da nova alian se p o r c a rta s de re co m e n d a ç ã o . A ob ra ça n ão re sid e na letra da lei — a antiga p essoal por C risto deve ser um a cred en aliança, que condena pelo pecado e serve cial óbvia, e nossa m elhor recom endação. som ente para m anifestar nossa m orte —, 2,3. E autenticado pelo testemunho e pela m as no Espírito de Deus que nos concede obra de Paulo. O s conversos coríntios de v id a e te rn a . A a n tig a a lia n ça le g a l que Paulo eram suas credenciais, 2, bem com o m ata é assim "o m inistério da m o rte", 7, as cred enciais de C risto, 3. Eles eram sua m inistério da "co n d enação", 9, pois m era " c a r ta " , e scrita no co ra çã o do a p ó sto lo , m en te ap o n ta nosso pecado. A nova a li que todos podiam ver, 2. Eram tam bém a ança da graça "d á v id a", 6, com o "m in is "c a rta " de C risto, escrita não com caneta tério do Espírito", 8, e como "m inistério que e tinta, m as pela obra sobrenatural do Es traz a ju s tiç a ", pois tam bém proporciona p írito nos corações hu m anos, 3. a rem oção do nosso pecado, 9. Um é gra 4-6. É autenticado por Deus. A qualifica v ad o em p e d ra s, 7; o ou tro , no co ração ção de Paulo era divina. Seu ministério era hum ano. Um é glorioso, 7; o outro, muito atestado por Cristo, 4, rem ontando à expe m ais glorioso, 8-11. riência da estrada de D am asco. Tornou-se possível pela habilitação divina, 5. Sua comDetalhe do Arco de Tito, em Roma, mostra a vitória triunfal do exército romano. Em 2Coríntios 2.14, Paulo dá graças a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo.
3.12-18. A glória do ministério — seu poder transformador
12-17. Deve demonstrar grande coragem, ilum inação e liberdade. A glória do ministé rio cristão produz tam anha esperança que se exige uma franqueza destemida na hora de proclam ar sua mensagem, 12. Os minis tros da nova aliança não devem ser com o M oisés, que cobriu o rosto depois de rece ber a lei no Sinai (Êx 34.28-35). A glória que resplan decia em seu rosto era um a glória e v a n escen te e tem p o rária, que re p re sen tava a lei, e que passaria, 13. Em seu lugar viria o evangelho da graça, para refletir o rosto de C risto com glória perm anente. O ju d a ísm o tem sob re si um véu (SI 69.22; Is 6.9,10; Rm 11.7-12), que foi removido em C risto , 14,15. Q u an d o Isra el se v o ltar ao Senh or, porém , o véu lhe será tirado, 16 (Zc 1 2 .1 0 -1 3 .1 ; Rm 11.26,27). Entrementes, o crente que dá a Jesus Cristo seu lugar de d ireito se encontra no reino da liberdade.
[ 528 1 2Coríntios
Em vez dos regulam entos da lei exterior, ele encontra a dinâm ica da lei interior, 17, "a lei do Espírito da vida" (Rm 8.2). 18. Opera m aravilhosa transform ação. Três passos se processam : (1) a con tem pla ção —espelharem os "a glória do S en h o r", apresentando uma im agem nítida da gló ria do Senhor com o ro sto d esv elad o ou descoberto (ao contrário de M oisés); (2) a transformação — "som os transform ados de glória em glória, na mesma im agem "; (3) a m udança — isso vem "d o E sp írito do S e n h o r", sendo essa m udança obra de D eus em nós, e não obra ou esforço nosso.
som os p erseg u id o s, m as não d esam p ara dos; abatidos, mas não destruíd os", 8,9. O cre n te v iv ê n cia o so frim e n to e a m o rte, com o fez seu Senhor, para que a vida de C risto seja revelada e vista nele, 10,11. 12-18. Tem um segredo interior de nature za espiritual. Esse segredo abrange a crucifi cação de si mesmo, 12; uma fé intensa, 13; radiante esperança, 14; esquecim ento de si mesmo, 15; força espiritual, 16; opinião cor reta, 17; e um sábio objetivo de vida, 18.
4.1-7. A glória do ministério — sua sinceridade
1-8. A convicção acerca da ressurreição do corpo. O cristão tem a firme garantia, 1, 6, de um a vid a fu tura. Seu corp o rem id o é ch a m a d o de "c a sa te rre stre d este ta b e r n ácu lo ". A m orte é a derrubada do taber nácu lo, 1. O corpo da ressu rreição não é feito por mãos hum anas. Im ortal, é descri to com o "ca sa eterna no cé u ", 1. O firm e d esejo do crente pelo corpo da re ssu rrei ção, 2-4, é atend id o na obra redentora de D eus por ele em C risto , e sp ecia lm en te o Espírito de Deus que habita o corpo do cren te com o pagam ento antecipado e garantia da g lorificação do corpo, 5. Essa verdade do evangelho da redenção confere grande c o n fia n ç a , 6 -8. Q u e r p re se n te n o co rp o (vida), quer ausente do corpo (m orte), te m os bom ân im o e so m o s c o ra jo sa m e n te alegres por causa de nossa gloriosa esp e rança. A fé, e não a visão, torna-se nosso m odo de vida, 7. Sabem os que aquilo que não vem os é m uitas vezes m ais im portan te e duradouro que o que vemos (cf. 4.17,18). A ausência do corpo (m orte) significa para o crente um m eio de estar ao lado do Se nhor (no céu). E poderia haver m aior incen tivo à coragem ? 9-13. R esultados da convicção acerca da ressurreição corpórea. (1) Faz-nos trabalhar d u ro , i.e ., e m p re e n d e r c o n s ta n te m e n te todos os esforços para agradar ao Senhor, 9. (2) F a z -n o s co n ta r com o fa to de que to d o s os c re n te s e n fre n ta rã o um ju lg a m ento de sua vida e de suas obras desde que foram salv os. E sse será o bem a (san tuário do juízo) de Cristo. Então será anun
1,2. Renuncia a todo o pecado e engano. Tal m inistério é fundado em um a exp eri ência pessoal da m isericórdia de D eus em C risto. Isso se torna p o d eroso in cen tiv o para o serviço d esapegad o de an u n ciar a m ensagem aos ou tros, 1, N eg ativ am ente, rejeita toda sem elh an ça de vid a falsa; e, positivam ente, recom enda-se por m eio de um verdadeiro testem unho vivid o diante de Deus e dos hom ens, 2. 3-7. Anuncia Jesus Cristo. Ele precisa ser proclam ado e revelad o, p ois n osso ev a n gelho, a m enos que se torne v isível, p er manece velado aos perdidos, 3. Satanás, o deus da era atu al (cf. Jo 12.31), cegou as mentes dos descrentes à luz do evangelho. E, p o rtan to , e sse n cia l, para q u e essa ce gueira seja penetrada, que Cristo seja pro clamado, e não nós. Ele é a divina fonte de luz, 5 (cf. Jo 8.12). Nós somos a fonte hum a na, 6 (cf. M t 5.14). A luz precisa brilhar de Deus através de nós. O "tesou ro" do Espí rito in terio r está em "v a so s de b a rro " (o corpo do crente), para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós, 7.
4.8-18. A glória do ministério — seus sofrimentos 8-11. Sofre, mas é espiritualm ente bene ficiad o. "S o fre m o s p ressõ es de to d o s os lados, m as n ão e sta m o s a rra sa d o s; fic a m os p e rp le x o s, m as n ão d e s e s p e r a d o s ;
5.1-13. A glória do ministério — sua intrepidez diante da morte
ciada a recom pensa ou a perda da recom pensa (cf. IC o 3.12-15; 4.5; 9.27), 10. (3) Em face do ju ízo de nossas obras perante Cris to, suplicam os aos crentes que sejam fiéis ao Senhor em sua vida e em seu testem u nho, 11. "T em er" o Senhor é o teçio r reve ren te e a d eferên cia que a e le d ev em os. (4) Gera um serviço altruísta e dedicado a D eu s e aos hom ens, 12,13.
5.14-21. A glória do ministério — seus motivos e dignidade 14-17. O m otivo glorioso. É o "a m o r" (cf. IC o 13.1-8), tanto o am or de Cristo por nós quanto nosso am or por Cristo. Essa pode rosa dinâm ica nos constrange e im pele. O am or é o constante im pulso do verdadeiro ministro de Cristo. Ele conclui que por cau sa da m orte de um (i.e., Cristo), todos (os crentes) morreram nele, em virtude da união espiritual com ele (IC o 12.12,13; Rm 6.3,4), e assim e stã o na p o siçã o de " m o r to s ", ou seja, é assim que D eus os vê. P ortanto, o am or d ev e ser o m o tiv o e o m o to r, pois co n h ece m o s un s aos o u tro s com o m e m bros de C risto em união esp iritu al, e não segundo a carne, 16. Estar em Cristo envol ve um a n ov a cria çã o , com o u m a ord em com pletam ente nova, 17. 18-21. A m aravilhosa dignidade. Nós fo m os reco n ciliad o s com D eus, 18. R eceb e m os o m inistério da reconciliação, 18,19. A reconciliação é o efeito da m orte de Cristo sobre o hom em com o p ecad or alienad o e afastado de D eus pela Q ueda. Em respos ta à fé do pecad or crente em Cristo, o po der divino opera nele um a com pleta trans form ação para D eus — da inim izade e da aversão à con fian ça am orosa. Som os em baixad o res de C risto, 20,21. Ser em baixa d or sign ifica rep resen tar o seu país (céu) e o seu governo (o Senhor) com prestígio, sabed oria, m atu rid ad e e d ignid ade.
6.1-10. A glória do ministério — seu caráter 1-3. D eve ser im aculado. (1) Porque en volv e coo p eração, tanto com D eu s q u an to com os o u tro s co o p e ra d o re s cristã o s,
Coleção de antigos jarros de vinho e vasos de barro. Em 2Coríntios 4.7, Paulo diz que guardamos um tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. la . (2) P o rq u e im p lica a p ro clam ação da g ratu ita graça de D eus, lb ,2 (cf. Is 49.8), que pode ser m uito facilm ente mal utiliza da pela licenciosidade — a graça de Deus recebida "em vão " — sem utilidade em ter m os de san tid ad e prática. (3) Porque há um a urgência na evangelização cristã, que não d eve ja m a is ser anu lad a p ela in co n sistência do evangelizador, 2. (4) Porque o m inistério é particularm ente sujeito à crí tica e à censura de hom ens pecam inosos, b em com o dos cren tes carnais, 3. Pedras de tropeço se erguem facilm ente pela con duta errad a. 4-10. D eve ser recom endado. Negativa m ente, o m inistério não dá m otivo de es cândalo, 1-3. Positivam ente, deve ser alta m e n te re c o m e n d a d o , 4-10, p e la fo rm a m ais sublim e de serviço devoto e altruísta a D eus e ao hom em . O apóstolo menciona nove provações do ministro, nas quais ele deve
[ 530 1 2Coríntios
honrar a Deus: nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tum ultos, nos trabalhos, nas vig ílias, nos jejuns, 4,5. D epois indica nove fa to res pelos quais deve se caracterizar o m inistro de Cristo: pureza, saber, longanim idade, bondade, o Espírito Santo, am or não fingido, palavra da verdade, poder de Deus, arm as da ju s tiça, 6,7. Por fim, ele m enciona nove parado xos, 8-10, que ocorrem na vid a do verd a deiro m inistro que honra a Deus nas nove provações e nas nove cara cterística s cita das acima. Esses paradoxos são: "p or hon ra e por desonra, por difam ação e por boa reputação; com o se fôssem os m entirosos, sendo, porém v e rd a d eiro s; co m o d e sc o nh ecid o s, porém bem co n h e cid o s; com o quem está m orrend o, m as de fato v iv en do; castigados, porém não m ortos; en tris tecidos, m as sem pre alegres; p obres, m as en riqu ecend o a m u itos; nada ten d o, m as possuindo tu d o ". O recom end ad o m in is tério sem escândalo é de m ilagres e para doxos. Dá ao D eus do m ilagre e do para doxo uma oportunidade de agir.
ção à elim inação de toda im pureza, 7, d i ante da prom essa da bênção dos versícu los p re ce d e n te s.
2-11. A am orosa preocupação de Paulo pelos crentes de Corinto. Ele os encoraja a abrir o coração para ele, 2, afirm ando seu in teresse no b em -estar deles, 3-7. M en ci ona a d ureza com que os tratou em uma carta anterior, 8, mas se alegra ao ver que produziu piedoso pesar, 9, que resulta em a rrep en d im en to e salv a çã o , ao co n trário do pesar do mundo, que só gera morte, 10. O apóstolo está feliz porque os crentes co ríntios realm ente estavam pesarosos e pe nitentes, 11. 12-16. Paulo deseja que eles tenham cer teza do seu amor. O apóstolo pede que os co rín tio s recon h eçam que e le se p re o cu pou com eles, 12. A boa acolhida a Tito ga rantiu ao ap óstolo que sua con fian ça n e les não fora em vão, 13-16.
6.11—7.1. A glória do ministério — sua pureza
8.1-15. Exemplo e exortação à doação
6.11-13. A pureza é a base do afeto entre os cren tes. Paulo roga o pleno afeto dos coríntios. Ele derram ou sobre eles seu sin cero amor. E pede retrib u içã o sem elh a n te. Mas essa m an ifestação de am o r en tre cren tes d ep en d e de seu a fa sta m e n to do pecado e de alianças com descrentes. Para alcançar a unidade cristã e am ar uns aos outros, o povo de D eus precisa se separar daquilo que contam ina. 6.14 —7.1. Apelo à pureza. Ju g o desigual e qualquer coisa que une um crente a um d escrente para um p ro p ósito com um , 14 (cf. Dt 7.2,3; 22.10). Mina a fraternidade e a com unhão, 14, a concórdia e o acordo en tre os cristão s, 15,16. A sep a ra çã o n ão é do contato com o mal do m undo, m as da cum plicidade com ele e da con form id ad e a ele (Jo 17.15; Gl 6.1). O resultado da se paração do mal é a plena m anifestação da p atern id ad e de D eu s, com d esim p ed id a adoração e com unhão, 17,18; daí a exorta
1-8. A doação cristã e o exem plo dos cris tãos da M acedônia. Paulo usa o exem plo das g e n ero sa s ig re ja s m a ce d ô n ica s para dem onstrar a graça de dar, 1. Sua doação foi m iracu losa pela abund ante lib eralid a de m esm o d ia n te da p ro fu n d a p o b rez a , 2-4. A razão era básica — eles, prim eiram en te, e n treg a ra m a si m esm os ao S en h o r, 5. Toda a carid ad e e d oação cristã deve co m e ç a r p o r o n d e c o m e ç a ra m os c re n te s m aced ôn icos. Foi por esse p o n to que os crentes coríntios foram exortados a com e çar, 6-8. A entrega ao Senhor deve vir pri meiro. Se D eus tem a nós, ele tem tudo o que som os, in clu siv e n ossas carteiras. 9-15. A doação cristã e o exemplo de Cris to. O apóstolo expõe: (1) a graça da doação, i.e., a d isp o sição gerada no coração pelo Espírito Santo, 9 (cf. v. 7). (2) O exem plo de doação de C risto: "send o rico, tornou-se po bre por vossa causa, p a ra .q u e fôsseis en riquecidos por sua p o breza", 9b. (3) C om
7.2-16. A glória do ministério — seu reflexo na vida de Paulo
2Coríntios l 531 ] prom isso na doação, 10,11. Os coríntios havi am assum ido um ano antes o com prom is so de aju d ar na oferta aos em p ob recid os san tos de Jeru salém . A lgo havia im p ed i do. Q ue eles agora m antivessem seu com prom isso. (4) Dar de bom grado, \2. Esse é um requisito fundam ental. A doação espi ritu al é d oação de boa vo n tad e, basead a no que tem os, não no que não tem os. (5) Igualdade na doação, 13-15 (cf. Êx 16.18). Um não deve ter alívio à custa da sobrecarga do outro. Deve haver disposição para par tilhar a abund ância com os necessitad os.
8.16—9.5. Instrução sobre a sábia administração de recursos 8.16-24. O dinheiro do Senhor deve ser adm inistrado de m odo im pecável. O s recur sos devem ser adm inistrados por hom ens co m p ro v ad am en te ín teg ro s, 16-18. E sses hom ens devem g u ard ar d ocu m en tos que possam ser verificad o s por ou tras p esso as, 19. A adm inistração dos recursos deve ser pro fission al a fim de ev ita r q u alqu er censura ou suspeita, 20, segu nd o os prin c íp io s da e strita h o n e s tid a d e d ia n te do S en h o r e d os h om en s, 21. O ca rá te r dos h o m en s e sc o lh id o s p ara a d m in is tra r as o ferta s, 22-24, d eve ser p rova su ficien te da integrid ad e da ad m inistração. 9.1-5. Os coríntios são encorajados a ofe recer seu quinhão. Paulo, com m uito tato, os elogia, 1,2, m as envia d elegados a C o rin to para g aran tir que eles estejam p re parados, 3,4, com sua oferta à m ão, 5.
9.6-15. Princípios da doação espiritual 6. O p rin cíp io da colh eita. O apóstolo já su geriu o p rin cíp io da p ro n tid ão , 1-5. A g o ra e le a cre sce n ta o p rin c íp io da se m eadura e da ceifa. Um a sem eadura fa r ta g e ra rá fa rta c o lh e ita . C o lh e -s e m a is do que se planta. 7. O princípio da doação segundo o liv re-arb ítrio . N ão d eve h av er co n stra n g i m ento, nem pressão, nem m étod o s d in a m icam en te ard iloso s. A d oação d eve ser um a q u estão de d ecisão p essoal. A p enas
a gratidão alegre e espontânea a Deus por aquilo que ele fez por nós em Cristo pode p ro d u z ir alguém que doe com "alegria" (co n te n te ). E sse é o tip o de d oação que agrada a Deus, pois seu m otivo é o amor. 8-10. O princípio da graça. A doação es p iritu al abre os tesou ros in ex au rív eis de Deus. A graça que ele pode derram ar abun d a n te m e n te sob re nós é sua b ên çã o em nossas vidas, que nos perm ite, em sua su fic iê n c ia , m in istra r aos n e c e ssita d o s em sua deficiência, 8,9 (cf. SI 112.9). Ele nos dá para que possam os dar aos outros. E uma trem end a prom essa, abrind o nov os hori zontes de desafio para cada crente, 10. 11-15. O princípio da ação de graças. Ob servar a lei da doação espiritual e do rece b im en to esp iritu al engendra um a atitude de gratidão perante Deus, 11. Não só o que receb e é a b en ço a d o , m as tam bém o que dá, 12 (cf. At 20.35). O que recebe está em posição privilegiada para glorificar a Deus, 13, e para ser levado à oração, 14. A ação de g raças, em últim a in stân cia, rem onta ao suprem o dom d ivino da salvação por Cristo, 15, a base de toda a graça espiritu al. Esse dom é tão m aravilhoso que se diz que é a "extraordinária graça de D eus", " seu dom inexprim ível", 14,15.
10. A defesa da glória do ministério — a recomendação do Senhor 1-6. O m inistro é recom endado por sua atitude. Ele deve se caracterizar pela "m an sid ão e b on d ad e de C risto ", 1, m as tam bém pela piedosa ousadia, 1,2, e por uma disciplinada vida de oração, 3,4 (cf. Ef 6.1020), altam ente p rofícu a em term os de re sultados espirituais, 5. Esse poder da ora ção supera os racio cín io s h u m an os e faz todo pensam ento subm isso a Cristo. Tam b ém c o n fe re re s is tê n c ia e sp iritu a l para punir a desobediência, 6. 7-11. O m inistro é recom endado por sua a u to rid a d e . A a u to rid a d e não é o c io s a m ente p resu n ço sa nem d ep end e da apa rência exterior, 7-10, m as vem do Senhor e é g en u in am en te real, 11. Existe para o p ro p ó sito da "e d ific a ç ã o ", e não para a "d e s tru iç ã o ", 8.
[ 532 ] 2Coríntios
Inscrição encontrada em Corinto, que teria sido originariamente gravada em letras de bronze, cita o nome de um magistrado da cidade, Erasto. Paulo também faz menção a uma autoridade de nome idêntico. 12-18. O m inistro é recom endado pelo Senhor. O elogio a si m esm o e tam bém a co m p aração com os o u tro s sã o a to s in sensatos e devem ser evitad os, 12. Com o Paulo, nosso m in istério d eve ser rev isto não à luz de nossos p ró p rios p arâm etros individuais, m as segundo a norm a de C ris to, 13,14, não reclam and o créd ito para os esforço s d os o u tro s, 15,16, m as g lo ria n do-se no S en h o r, 17. E p re ciso re c o n h e cer que aquele que o Sen h or ap ro va está aprovado, e n ão aq u ele que se re co m e n da a si m esm o, 18.
11.1-15. A defesa da glória do ministério pela sinceridade comprovada no serviço 1-6. O s m o tivo s sin cero s do serv iço . Como Paulo, o verdadeiro servo de Cristo é m uitas vezes criticad o falsam ente, e er roneam ente acusado. A sin cerid ad e, um a das grandes virtudes da vida, é aqui m en cionada pelo apóstolo com o qualidade que silencia seus críticos e mostra que sua vida foi correta. Ele era sin cero em seu zeloso amor pelo bem -estar esp iritu al d os corín tios, e d esejav a que fossem c a sto s e p u ros em Cristo, 2, revelando "sim plicid ad e" e "p ureza que há em C risto ", 3, q u a lid a des que d ev eriam p e rm a n e ce r im a c u la das pelos falsos m estres, 4. C o n tra esses, Paulo opõe sua em inência e con h ecim en to de ap ó stolo , 5, e tam b ém a p ro v a de sua fé em C risto exibid a p elas o b ras por Cristo e pelos coríntios, 6.
7-11. As recom pensas do serviço since ro. O serviço sin cero rebaixa o ego e age com d esa p eg o , 7-9. P erm ite que o serv o do Senhor se glorie no Senh or e seja in o fe n siv o em seu serv iço p elo s o u tro s, 10. Prova a realid ad e do am or do serv o por aqueles a quem ele m inistra, 11. 12-15. As falsificações de serviço sincero. O apóstolo se determ ina a persistir em um ministério imaculado, eliminando assim qual quer motivo de crítica dos falsos servos que avidamente buscam alguma causa para atacá-lo, 12. Ele descreve esses ministros insin ceros, rotulando-os verdadeiramente de "fal sos a p ó sto lo s, o b re iro s d e s o n e s to s ", 13, obedientes ao poder enganador e transfor m ador de Satanás, 14, cujo fim será confor me às obras m ás deles, 15.
11.16-33. A defesa da glória do ministério pela sinceridade confirmada via sofrimento 16-23«. Paulo responde a seus críticos. O apóstolo recorre a um a m odalidade le g ítim a de iro n ia e sá tira para resp o n d er com veem ência a seus críticos e provar a eles sua absoluta sinceridade. Eles se van g lo ria v a m . E le ta m b é m se g lo ria ria em prol do a rg u m en to , 16, em b o ra in se n sa tam en te, 17. E les se g lo riav am na carne. Ele tam bém se gloriaria em prol do argu m e n to , 18, a c re s c e n ta n d o u m a n o ta de agud a iro n ia para e n v erg o n h a r os co rín tios, im p ed in d o que se d eix a ssem ilu d ir p o r m in istro s fa lso s e in sin ce ro s, 19-21.
2Coríntios [ 533 1 E les se v a n g lo ria v a m do que fo ra m um dia, 22. O rgulhavam -se de ser hebreu s por a s c e n d ê n c ia , n a c io n a lid a d e e r e lig iã o . M as e le p o d ia a leg a r o m e sm o , e m ais! E le s se o r g u lh a v a m d a q u ilo q u e e ra m e n tão, 23. O rg u lh av am -se de ser "se rv o s de C ris to ". Ele p o d ia aleg a r o rltesm o, e m ais! C om o? C itan d o seu s sofrim en to s e p ro v açõ es por C risto . 23b-33. Paulo cita seus sofrim entos para p rovar sua sinceridade. N esses versículos, ele resu m e todo seu m in istério e se g lo ria n o s seu s so frim e n to s p o r C risto , ao contrário dos falsos apóstolos que se glo ria m em si m e sm o s e em s u a s r e a liz a ções p esso ais. A ad v ersid a d e é o v e rd a d eiro te s te da s in c e rid a d e em q u e stõ e s esp iritu ais. As m u ltid ões tom am o cam i n h o fá c il; só os s in ce ro s se g lo ria m em seu s so frim en to s por C risto . A tos 13 — 28 é um com entário sobre os sofrim entos de Paulo, aqui citados para respond er a seus crítico s carn ais.
12.1-10. A defesa da glória do ministério pela experiência da relação com Deus 1-6. A experiência da glória de Deus. Ex periência é quesito importante em qualquer trab alh o ou em p reg o. A ssim tam bém na recom end ação do servo do Senhor. Paulo usa sua sublime experiência da glória divi na revelada a ele, 1, para defender seu mi nistério contra falsos obreiros. Paulo relata um a das suas m u itas visões e revelações. O "hom em em Cristo" era o próprio após to lo , 2,3. Ele fo i a rreb a ta d o ao "te rce iro c é u ", a m orada de D eus, 2, ou paraíso, 4 (ver com entários sobre Lc 16.19-31). Paulo não sabia dizer se estava "n o corp o", i.e., ainda vivo na carne, ou m om entaneam en te morto, com alma e espírito livres tempo rariam en te do corpo físico. Isso pode ter acontecid o quando ele foi im piedosam en te lapidado em Listra e arrastado para fora da cidade com o morto (At 14.19,20). Além
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das experiências da glória de Deus, há as experiên cias de provação e castigo. 7-10. A experiência da provação divina. O "e s p in h o " de Paulo (gr. skolop s, "a lg o pontud o", com o uma estaca para em palação ou um espinho aguçado para espetar) era uma verdadeira dor ou vivência de so frimento com o propósito definido de conservá-lo hu m ild e, 7. N o caso d os servos de Deus, o sofrim ento jam ais é vão. Põe à prova para fortalecer, ou castiga para cor rigir, depois de agir com o im pedim ento do pecado. Nesse caso foi um anjo ou m en sageiro (nggelos) de Satan ás — talvez a l guma fraqueza ou d eficiên cia física pro vocada pelo poder satânico ou dem oníaco, mas com a perm issão de Deus. O que foi de fato é pura co n je ctu ra , p o is n ão está especificado. Veio pela vontade de Deus e não era re m o v ív e l p o r o ra çã o n em pela fé, 8. O propósito era ensinar-lhe que: (1) a graça de D eu s é p le n a m e n te s u fic ie n te para o servo sob provação; (2) a força di vina só é p len a m en te p e rce b id a na fra queza hum ana; (3) os servos de D eus d e vem se g loriar na fraqueza hum ana para que o poder de D eus possa d escer sobre eles; (4) quando eles são fracos em si m es mos, são fortes em Cristo, 9,10.
12.11-21. A defesa da glória do ministério pela experiência do serviço eficaz 11,12. O ministério para Cristo deve eficaz para Cristo. Ou favorecemos ou obs truím os a causa de Cristo. O fato de sim plesmente nos alardearmos como ministros, 11, não é prova de que produzimos as obras verdadeiras de um ministro. Paulo autenti cou seu ap ostolad o pelas obras g en u ín as de um verdadeiro apóstolo, inclusive m ila gres e dons miraculosos, 12 (cf. IC o 12.8-11). 13-19. O serviço eficaz é excelen te no auxílio aos outros. Não busca nem vanta gem nem bem para si, 13, m as o bem dos outros, com o um pai busca o b em -estar e
a seg u ran ça dos seu s filh o s, 14. De bom g ra d o se g a sta e se d e ix a g a s ta r p e lo s outros, independ en tem ente de retribuição em am or, 15,16. A ge com sin cerid ade p e rante Deus em Cristo para a edificação do povo de Deus, 17-19. 20-21. O serviço eficaz alerta contra o pe cado. Não disfarça o pecado nos santos, mas exige uma clara ruptura com a iniquidade.
13.1-10. A defesa da glória do ministério — recomendado pela honestidade I-6 . A h onestidade para corrigir as fa lhas. O verd ad eiro m inistro não é cov ar de. D isp õ e-se a e n fren tar a b atalh a. N ão recua diante do pecado, 12. E preciso que te s te m u n h a s a p re sen tem p ro v a s co n tra um santo pecador (cf. Dt 19.15). O ap ósto lo deu p ro v a s de que C risto fa la v a por ele e do poder de D eus que nele agia, 3,4. Ele apelou ao exam e de consciência in d i vidual (IC o 11.28; IJo 3.20). Não se trata de m órbid a in tro sp ecçã o , m as de sa u d á vel escru tín io e análise da condição esp i ritual da pessoa. E po ssível que o crente fr a c a s s e no teste na p ista que se e sten d e diante dele, 5,6 (IC o 9.27), enfrentand o a perd a da reco m p en sa ou p o ssív e l m orte física (IC o 3.14.15; 5.5; IJo 5.16). 7-10. Honestidade para exigir honestida de. Ele era honesto e exigia ver honestida de naqueles a quem m inistrava, 7. Alertou ser que é im possível com bater com sucesso a verdade, 8. Seu deleite era a força e a m a turidade do povo de Deus, 9, e ele não faria con cessões para alcançar essa m eta, 10.
13.11-14. Bênção e despedida II -1 3 . A exortação. O apóstolo concla m a ao a p e rfe iço a m e n to , ao co n so lo m ú tuo, à união, à vida em harm onia e a des frutarem do am or e da paz de Deus. 14. A b ê n çã o . In v o ca -se a b ên ção do D eus Trino para os coríntios.
Gálatas liberdade em Cristo Conservando nossa « Data e motivo. Escrita pelo apóstolo Paulo em 58 d.C. (alguns argumentam que Gálatas foi escrita muito antes, sendo a primeira das epístolas paulinas), a carta foi precipitada por uma grave defecção entre os conversos de Paulo na província romana da Galácia, convertidos na primeira (At 13.4— 14.28), na segunda (At 16.6) e na terceira (At 18.23) viagens missionárias. Dividem-se as opiniões em relação aos destinatários da carta. Os primeiros.estudos sugeriam que era dirigida ao norte da Galácia, mas, seguindo Willíam Ramsay, a maioria acredita que a carta foi enviada às igrejas do sul da Galácia, de Listra, Derbe, Icônio e Antioquia da Pisídia. O apóstolo é chamado a defender o evangelho da graça gratuita que ele proclamara aos gentios (At 14.27). Os mestres do judaísmo haviam interferido, adulterando o evangelho de Pjuli ro>i ' ni i « ue obras humanas e alguma forma de legalismo.
Esboço 1.1—2.14 Pessoal Revelação do evangelho
2.15—4.31 Doutrinário Justificação
5.1—6.18 Prático Santificação
O propósito. A situação obrigava Paulo a defender a legitimidade do seu apostolado; a divina autoridade do evangelho que ele pregava; a validade da doutrina da justificação somente pela fé, apartada de qualquer combinação de obras ou observância legal; e a eficácia prática dos princípios de os cristãos viverem com base na
liberdade em Cristo, e, pela fé, apropriarem-se de seus recursos nele.
Contrastes apresentados na epístola. O apóstolo apresenta o evangelho em uma série de contrastes, coisas que não devem ser misturadas por ser incongruentes. A cruz de Cristo gera os contrastes.
Contrastes em Gálatas Capítulos 1—2 Pessoal Perdido em Adão
Salvo em Cristo
Todos morrem fisicamente em Adão
Todos vivem espiritualmente em Cristo
Outro (falso) evangelho
O legítimo evangelho
Raciocínio do homem
Revelação de Deus
Capítulos 3—4 Doutrinário Lei
Graça
Obras
Fé
A maldição da morte
A bênção da vida
Condenação pelas obras
Justificação pela fé
Servos sob jugo (derrota)
Filhos em liberdade (vitória)
A antiga aliança (simbolizada por Agar)
A nova aliança (simbolizada por Sara)
Capítulos 5—6 Prático Viver na carne
Andar no Espírito
Obras da carne
Fruto do Espírito
Perder a graça
Permanecer firme na graça
Mundo ou ego como objeto de glória
A cruz como único objeto de glória
[ 536 1 Gálatas
1.1*9. Saudação e tema 1-5. A saudação. O apóstolo com bina sua saudação com a de seus colegas n o m inis tério evangélico, 1,2. Ele enfatiza a origem divina de seu apostolado, porque seus ini migos da Galácia atacavam tanto sua pes soa quanto o evangelho que ele pregava. A saudação, 3-5, enfatiza a auto-entrega re dentora de Jesus Cristo (Gl 2.20; IC o 15.3; IP e 2.24), que propicia a libertação "d este m undo m a u ". N essa ex p ressã o P au lo se refere a esta idad e ou era em que o m al tem perm issão para agir, e em que S a ta nás, os d em ónios e os h om ens m au s p o dem atuar com am pla liberdade. De tudo isso, Cristo nos resgatou e libertou. 6 -9 .0 evangelho — verdadeiro e falso. O apóstolo diz-se pasm o ou perplexo diante do fato de seu s co n v erso s g á la ta s terem passado tão rapidam ente do evangelho da graça gratuita "p ara outro [(heteros)] evan gelho, que de fato não é o u tro " (allos, da m esm a e sp écie; m as h etero d o x o , não da m esm a cla sse ou ca te g o ria ). E um falso evangelho e, p o rtan to , n ão é e v a n g elh o , mas apenas um a perversão dele, 7. A qui, de modo definitivo, Paulo finaliza e fixa o verdadeiro evangelho da graça redentora, livrando-o de qualquer m istura, legalism o ou obras humanas, 8,9. O solene "m ald ito"
Uma das principais razões de Paulo ter escrito a epistola aos gálatas foi o ensino dos mestres judaizantes. Eles adulteravam o evangelho pregado por Paulo, dizendo que o cristão, além da fé em Cristo, tinha de ser circuncidado e observar a lei para ser salvo.
não exp ressa tacan h ez ou re ssen tim en to p esso al, m as en fatiza a trem en d a im p or tância de sa lv ag u ard ar o evan g elh o , que envolve questões de d estino eterno.
1 .1 0 —2.14. 0 verdadeiro evangelho de Paulo — revelação divina 1.10-24. C om provado pelas experiências e pelo m inistério anterior de Paulo. Os gála tas tiveram a plena d em onstração de que o a p ó sto lo n ão b u sca v a a g ra d a r aos h o m en s, 10. Ele e steia a d ecla ra çã o da o ri gem divina de seu evangelho da graça com seu c a rá te r, que fo ra p len a m en te m a n i festad o aos g álatas, 11,12. P au lo d eclara que ele m esm o fora um dia um im portan te p rotag onista do ju d aísm o, que seu ad v e rsá rio s leg a lista s tentav am m escla r ao evangelho da graça, 13,14, m as que o h a via deixado por algo melhor. Ele recebera divinam ente a revelação da graça, e a pro clam ara bem an tes de con h ecer q u alqu er um dos outros apóstolos, 15-24. 2.1-14. C om provado pelas experiências e pelo m inistério posterior de Paulo. Nada se a c r e s c e n to u à re v e la ç ã o d iv in a do evangelho da graça de Paulo pelos contato s su b se q u e n te s com os a p ó sto lo s, 1-6. Sua a u to rid a d e e m en sag em a p o stó lica s foram p len am en te recon h ecid as por eles, 7 -1 0 . C a so se a p e la s s e à a u to rid a d e de Pedro, seu m odo de atu ar en tre os cren tes gentios, e sua in cap acid ad e de alegar tal autorid ade quando repreendid o, eram provas suficientes de que a m ensagem de P a u lo era c o m p le ta m e n te in d e p e n d e n te dos hom ens, 11-14.
2.15-21. A justificação e a lei judaica 15-18. Os judeus (e não apenas os gentios) precisam ser justificados pela fé. Paulo aqui prova aos g álatas que, fossem quais fo s sem as fa lsa s a leg a çõ es dos p e rv e rso res leg alistas, ele e P ed ro estavam em pleno acordo com respeito à doutrina. Paulo cita as palavras que disse a Pedro, 15,16, na opor
Gálatas [ 537 ]
tunidade em que censurou a prática incoe rente do apóstolo em Antioquia, 11-14, para enfatizar a verdade de seu pleno acordo de que a justificação pela graça por meio da fé e stá in te iram en te ap artad a da o b serv â n cia da lei mosaica, 16. Nos versículos 17-20, é possível p arafrasear assim a d eclaração de Paulo: "M as se nós judeus (cf. Rm 3.1923), ao confiar em Cristo para a plena justi ficação, som os, portanto, colocados na po s içã o de p e c a d o re s p e rd id o s co m o os gentios, será acaso C risto que nos faz pe cadores? C laro que não! A ntes, é por nos colocarm os novam ente debaixo da lei, de pois de justificados graciosamente por Cris to, que construím os novam ente aquilo que já havíam os destruído, fazend o-nos trans gressores contra o evangelh o da g raça". 19-21. A justificação pela fé nos aparta do legalism o. M orrer para a lei, 19, signifi ca estar com p letam ente fora da esfera da lei de M oisés ou de qualquer princípio le galista. Isso se alcança pela lei que já exe cu to u su a se n te n ça c o n d e n a tó ria so b re aquele que confia em C risto, 19. A ssim , a lei já não atinge o cristão. O resultad o de m o rrer "p a ra a le i" é a p o ssib ilid a d e de
"v iv er para D eu s" (cf. Rm 7.4), por causa de um a nova posição em Cristo, posição de co -cru cifica çã o e co-ressu rreição, por m eio da qual o Cristo que habita em nós vive a sua vida no crente, 20. O princípio é a fé (Rm 6.11) na nova posição do crente no Filho de Deus. Se creio que sou o que sou em união com Cristo, desfruto da realida de prática dessa nova posição, 20. Essa é a vida em C risto. M esclar as obras da lei com essa g raça a d eg en era, i.e., a afasta ou a anula. Para um pecador caído, a justi ça atribuída a D eus só pode vir pela morte de Cristo. Senão sua morte foi inútil, 21.
3.1-5. A justificação e o Espírito Santo 1-3. O dom do Espírito vem pela fé. Os g á la ta s, ao d esv ia r-se da g raça ru m o ao legalism o, foram insensatos ou irracionais, d eixan d o -se en feitiça r ou ilu d ir pelo seu e n c a n to . Isso , e sp e c ia lm e n te , p o rq u e a m orte plenam ente suficiente de Cristo lhes fora exposta de m odo com pleto e claro, 1. Paulo, contrastando vários princípios com pletam en te antitéticos — lei versus graça,
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obras versus fé, carne versus Espírito —, faz d iv ersas p e rg u n ta s ax iais. S e g u n d o que p rin c íp io "r e c e b e s te s o E s p ír ito ? " . (C f. At 2.38,39; 8.14,15; 10.45, e ver com entários sob re essas p assagen s.) A resp o sta foi o fato de que o Espírito, desde P entecostes, era d ado pu ram ente com b ase na fé em um Redentor cru cificad o e ressu rreçto. 4,5. O cristão vive pela fé. Eles com eça ram a vida cristã na fé, confiando no Espí rito. Será que, portanto, ficariam m aduros ou perfeitos nela pela carne, 3? Será que todo o seu sofrim ento por Cristo era vão, 4? Acaso o dinâm ico m inistério pela fé do apóstolo deveria ser ignorado e tido com o mero legalism o e ativ id ad e hu m ana? Ou será que o Espírito de Deus m inistrava ao apóstolo e pelo apóstolo a eles?
3.6-9 A justificação e a aliança abraâmica 6-9. A aliança abraâm ica baseia-se na fé. Abraão acreditou em Deus, 6 (cf. G n 15.6), e por isso foi justificado, com o o são todos aqueles que, com o ele, crêem em Deus, 7. As Escrituras prenu nciaram a ju stificação dos gentios pela fé e proclam aram o evan gelho nas prom essas da aliança a b raâm i ca, 8 (cf. Gn 12.3). Isso se realizou na ju sti ficação dos cren tes gentios, 9.
3.10-18. Justificação e bênção 10-13. A red en ção da m a ld içã o . Q ue "m a ld ição " é essa, 10 (cf. D t 2 7 .2 6 )? É o resultado da exig ên cia legal de o b e d iên cia dos h o m en s q u e são p e c a d o re s por natureza, 10 (cf. Tg 2.10). V io lar um dos seus m and am entos é ser cu lp ad o de v io lar toda a lei. O p ro p ósito d a lei n ão era justificar, 11 (cf. H c 2.4), nem ser cam inho de salvação. A lei p reten d ia d em o n stra r a d esesp erad ora p ecam in o sid a d e do h o mem, 12 (cf. Rm 3.20; 7.13), para que p u desse, desse m odo, ser salv o por C risto , 13. A m aldição da lei caiu sobre nosso S e nhor, 13. P ela sua m o rte no m a d e iro (a cru z), o Im a cu la d o to rn o u -s e p o rta d o r d os p e c a d o s , o fe r e n d a p e lo s p e c a d o s
(2Co 5.21; lP e 2 .2 4 ; cf. Is 53.4, 11; SI 22.1). Ele to m o u so b re si a m a ld iç ã o que era n o ssa p o r c a u sa da v io la çã o da lei, e a su p o rto u em sua p esso a im acu lad a, res g a ta n d o -n o s e lib e rta n d o -n o s a ssim da m ald ição e da co n d en ação da lei. 14-18. O recebim ento da graça. A bên ção da ju stifica çã o abarca: (1) A benção de Abraão, 14-16, o benefício advindo da fé, 8 (cf. Rm 4.2-5). A braão é o grande m odelo da fé, o "p a i" de todos os que crêem (Rm 4.13-25). Ele honrou a Deus pela fé que dá crédito a D eus e à palavra de D eu s. Ele a cre d ito u n a p ro m essa do n ascim en to de Isaqu e e em um a p o steri dade fisicam ente im possível, que foi o elo en tre a fé e a sem ente prom etid a, C risto. A bênção da salvação de que A braão des frutou esten d eu -se aos g en tios por in te r m éd io de C risto . Essa sa lv a çã o , d escrita em relação ao Espírito Santo (cf. Lc 24.49; A t 2 .3 8 ,3 9 , v er co m en tá rio s), é ch am ad a "a p ro m essa do E s p írito ", 14. A razão é que a salvação trazida por C risto im plica um a d isp en sação m ais am pla e plena do Espírito (cf. Jo 7.37-39; Lc 24.49; A t 1.5-8; 2.1 4) do que ja m a is fo ra p o ssív e l a n te s de P e n te c o s te s . (2) A prom essa pela fé , 14. A "p rom essa" é im p o rta n te (cf. sua reco rrên cia, 14, 16, 17, 18, 21, 22, 29). N em a lei nem a obser vância da lei ofereciam nenhum a prom es sa real, pois o hom em caído não podia cum p rir su a s in ju n ç õ e s . M as a g ra ça e a fé tra z e m p ro m e ss a s o b re p ro m e ss a . A braão e sua sem en te (C risto ) é o ún ico canal pelo qual passam as prom essas, 16. (3) A bênção da herança segundo a aliança, 17,18. H erança não é coisa que se trabalhe para ganhar. E algo que se ganha in teira m en te p o r d ire ito de n a s c im e n to ou de adoção. A prom essa a A braão, co n firm a da a Jacó quando ele desceu ao Egito, foi feita q u a tfo ce n to s e trinta anos an tes da lei do Sinai (cf. Êx 12.40,41). A lei, portanto, não can cela a p ro m essa. G raça e fé p re ced em a lei e as o b ras e as su p eram em C risto p ara cu m prir as p ro m essas abraâmicas. A bênção da aliança, portanto, vem integralm en te pela fé . A salv ação vem pela fé, e mais nada.
Ruínas de uma sinagoga em Sardes, na Ásia Menor.
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3.19-29. A justificação e o propósito da lei 19a. A pergunta. Se a ju stificação vem pela fé e mais nada, 14-18, porém de modo nenhum pelas obras da lei, qual é, portan to, o propósito da lei? 19ÍJ-29. A resposta. (1) Ela foi "acrescen tada" (i.e., colocada ou inserida ou lado da graça) “por causa das tran sg ressões", i.e., para o propósito divino de claramente revelar o pecado como transgressão ou culpa (Rm 5.13). Também para m ostrar a absoluta pecam inosidad e da antiga natu reza do h o mem, pois a lei não podia impedir o homem de pecar, mas, de fato, o fazia pecar mais. Sua inserção, após a graça da aliança, se ria estritamente temporária, "até que viesse o descendente [a sem ente, Cristo] a quem a promessa havia sido feita". A prom essa canalizada por ele seria assim realizad a. (2) Foi adicionada para m ostrar que todos, judeus e gentios, estão presos ao pecado, 22 (cf. Rm 3.19-23). (3) Aprisionou os homens pecadores até que a fé surgisse com o ú n i co meio de salvação, 23. (4) Em term os de dispensação, marcou um período de infância e adestram ento dos judeus. Era um supervisor que o treinava, com o a um a crian ça, com re g u la m e n to s infantis sobre o que fazer e o que não fa zer, até que ele ch e g a sse à m a tu rid a d e espiritual em Cristo, 24,25, em que a res p onsab ilid ad e do am or resp on d e e sp o n taneam ente aos benefícios conferidos pela graça. (5) Serviu assim com o introdução à era atual de m aturidade esp iritu al, 25-29, na qual (a) veio "a fé [o princípio da salva ção pela fé: fé e mais nad a]", i.e., pela lei de Moisés provou-se que a fé é o único m eio de salvação para os pecadores, 23, 25; (b) todos os cre n te s têm o statu s a d u lto de "filhos de D eus" na fé, e não de prisionei ros na lei, 26; (c) todos os cren tes foram b atizad o s p elo E sp írito S a n to em u n iã o espiritual com Cristo, 27 (cf. Rm 6.3,4); (d) e assim "d e C risto vos r e v e s tis te s ", 27. A união esp iritu al com C risto sig n ifica que todas as d istinções hu m anas foram a fa s tadas, 28, e que o crente herda por C risto as prom essas da fé feitas a A braão, 29.
4.1-7. A justificação e a filiação 1-3. Filhos na fé versus servos na lei. O apóstolo, com o sím ile de um m enino her deiro, ilustra a diferença entre a era m osai ca (legal) e a era do evangelho (graça), esta inau g u rad a pela m orte e ressu rreiçã o de Cristo. Embora o menino seja herdeiro, en quanto for menor não difere de um escravo dentro da fam ília, apesar de estar destina do a herdar tudo. Ele permanece sob a disci plina de adestramento infantil (o "gu ia", 3.24) até que o pai o faça herdeiro. A comparação é com os ju d eu s ("n ó s "), que na lei eram crianças e servos — e não filhos — e escra vos dos elementos legalistas do mundo — e não livres na graça de Cristo. 4-7. Filiação pela libertação da lei. A en carnação de Cristo veio na "plenitud e dos tem pos", i.e., quando a lei havia já cum pri do plenam ente a sua tarefa de guia de nos levar a C risto, 4. Assim , D eus enviou seu filho para nos libertar da lei, para que pu déssem os assum ir a posição de filhos p le nam ente adultos na nova era da graça. A posição de filhos plenam ente adultos (huiothesia, Rm 8.15; Ef 1.5) sig n ifica a plena lib e rta ç ã o do sta tu s de serv o -cria n ça da era legal, com o Espírito selando o relacio nam ento filial, 6,7.
4.8-18. A justificação e a liberdade 8-14. Perdendo nossa liberdade em Cris to. A ntes de con h ecer a D eu s, os gálatas estavam e scrav izad o s sob o ju g o das d i vindades do paganism o, 8. Tendo sido li bertados pelo conhecim ento do D eus úni co e verdadeiro revelado em C risto (cf. Jo 8.32, 36), com o se d eix ariam n ov am en te vitim ar por um a religião em que teriam de fa z e r algo para ganhar o favor da d ivinda de, 9? E sp ecificam -se essas reg ras re lig i osas b á siia s, 10, sím bolos do ju g o religio so, insígnia das religiões pagãs e das falsas seitas (cf. Cl 2.14-17). A recaída no legalis m o b á sico p reo cu p av a o ap ó sto lo , 11. A consequente m udança na conduta contras tava agud am ente com a jubilosa recepção o rig in a lm e n te o fe re c id a p e lo s g á la ta s a Paulo e a sua m ensagem de graça, 12-14.
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15-18. Perdendo a bênção da liberdade. Q ue bên ção é a lib erd ad e, esp ecialm en te a em ancip ação esp iritu al! E com o é fa cil m ente perdida! Com quanto zelo não deve ser gu ard ad a! O s g álatas an tes d esfru ta vam dessa bênção e se m ostravam dispos tos a fazer qualquer sacrifício pára provar dela, 15. Será que a perda dessa liberdade resultaria na rejeição do apóstolo e da ver dade libertad ora que ele proclam ava, 16? Os legalistas ostentavam seu afeto; porém , não para o bom propósito de libertar, mas para escravizar. De fato, estavam determ i nados a afastar ou separar suas vítim as da v e rd ad e lib e rta d o ra da g raça de C risto , para que e sse s in g én u o s lh es p u d essem dem onstrar obediente afeto, 17. M as o afe to o b e d ie n te d ev e ser d e m o n s tra d o em algo bom (a libertadora graça de Cristo), e não em algo ruim (o escravizador leg alis m o dos falsos m estres), 18.
4.19-31. Nova aliança versus antiga aliança 19-26. A alegoria. A alegoria, 22-27, é ex posta com o ilustração para os crentes con fusos, mas justificados, 19-21, que tentavam m isturar dois sistem as m utuam ente exclu sivos — lei e graça. Pela quinta vez nessa carta, discute-se se o crente está sob o jugo da lei (cf. 2.19-21; 3.1-3; 3.25,26; 4.4-6; 4.9-31).
A alegoria apresenta Sara e seu filho versus Agar e seu filho, 22-24 (cf. Gn 21.9-21). As d u a s m ã e s re p re se n ta m d uas alian ças: Sara, a nova aliança; A gar, a antiga alian ça; um a graciosa, outra mosaica e legal (Jo 1.17). Seus filhos, Isaque e Ism ael, são os filhos dessas alianças, com sua posição es piritual estabelecida diante de Deus. 27-31. O significado da alegoria. ( 1 ) 0 crente rem ido da lei é livre em Cristo, na g raça. (2) Sara (a nova alian ça da graça) gera excelente prole esp iritu al, provocan do intensa alegria, 27, ao contrário de Agar (a antiga aliança), agora infrutífera e, espi ritualm ente, estéril (cf. Is 54.1). (3) Como posteridade de Sara, os crentes são "filhos da p ro m e ssa ", 28. A nova aliança é um a aliança de prom essa — prom essa de gra ça divina, de vida etem a, do Espírito Santo, de filiação, de liberdade, etc. (4) Os descen dentes de Sara são perseguidos pelos des cen d en tes de A gar. Há am arga antipatia entre os filhos do Espírito e os filhos da car ne, entre os cren tes esp iritu ais, livres em C risto, e os crentes m u nd anos, escraviza dos pelo legalismo, 29. Um sofre persegui ção, o outro a evita (cf. 2Tm 3.12). (5) O cren te deve realizar essa libertação do jugo da lei, 30,31. Portanto, passando a epístola da doutrina ao dever, estabelece-se que o privi légio e a obrigação do crente não estão li gados à lei mosaica, nem de fato a nenhum
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divina nasceram na liberdade is filhos, com posição
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princípio legalista, mas à realização de sua liberdade na vida em Cristo pelo poder do Espírito.
5.1-9. 0 perigo de perder a graça 1-3. Perdendo a graça. O apóstolo ago ra deixa para trás a d iscu ssão doutrinária, 2 .1 5—4.31, passando a tratar das questões p rá tica s da e x p e riê n c ia da s a n tific a ç ã o , capítulos 5 —6. Tendo provado a verdade de que o crente não está d eb aix o da lei, m as d eb aix o da g ra ça (cf. c o m e n tá rio s sobre 4.19-26), o a p ó sto lo a lerta sob re o perigo de se d eixar enredar ou aprisionar um a vez m ais no "ju g o de e sc r a v id ã o ". Essa expressão de Paulo significa ritos ou cerim ónias legais do ju d aísm o , e sp e c ia l mente a circuncisão, 2-6. D ado com o sinal da aliança abraâmica (Gn 17.9-14; R m 4.11), e parte da aliança mosaica (Lv 12.3), a re alidade de tudo o que rep resen ta v a esse sinal de separação na carne foi cu m prida em C risto (Cl 2.8-10). Os leg alistas d ecla ravam que a circu ncisão era n ecessária à salvação além da fé em C risto (A t 15.1).
4-9. Os tristes resultados da perda da gra ça. (1) Isso significava abandonar o princípio de que para a salvação basta a fé. Eles ha viam decaído "da graça", 4 (cf. 4.9). (2) Signi ficava enredar-se novamente no jugo da es crav id ão e (3) an u lar a p len a eficá cia da expiação de Cristo, 4. (4) Significava perder de vista a posição de unidade espiritual com Cristo, 6, e (5) a im portância de certa coisa — "a fé que atua pelo am or", 6. (6) Significa va p erd er a corrid a, 7; (7) d eso bed ecer à verdade, 7; (8) dar ouvidos a falsos mestres em vez do Espírito; e (9) aceitar o perigoso "ferm ento" da falsa doutrina (legalismo) que podia corrom per todo o evangelho da ver dade, 9 (cf. Mt 16.6, 12; IC o 5.6-8).
5.10-15. 0 chamada à liberdade da graça 10-13a. O chamado. O apóstolo expres sa a certeza de que os gálatas darão ou vi dos ao seu alerta, e de que os falsos m es tres re c e b e ria m o tra ta m e n to m e re cid o , 10-12. Ele m ostra com o os leg alistas e v i tam a perseguição diante do "escândalo da
0 gado pasta no antigo estádio de Perge, na Galácia, cujos arcos outrora abrigavam mercadores. “-------
Gálatas [ 543 !
cruz", 11 (IC o 1.23; 2Tm 3.11,12), insistindo na circuncisão e na observância da lei. 13b-15. O alerta contra a licenciosidade. O cham ad o é à "lib e rd a d e ". M as a lib er dade conquistada por C risto não deve ser usad a com o ocasião de p razeres carnais, ou com o m anto para o pecado, m as como am or m anifestad o em serviço, 13. A lei é assim cum prida em am or (Lv 19.18). Mas a falta de am or faz com que um m orda e d ev ore o ou tro (Tg 3.13-16) e causa d es truição m útua, 15 (Is 9.18-21).
5.16-18. A santificação e o Espírito Santo 16a. A condição hum ana. "A ndai pelo E spírito." Isso envolve não esforço carnal, in ju n çõ es leg alistas ou ob ras da lei, m as simples adaptação ao Espírito. A ordem está no im perativo afirmativo e im plica um a con tínua confiança no Espírito, i.e., fé na ação do Espírito. "Andai pelo Espírito", i.e., por m eio do (poder do) Espírito, indica o agente divino e a dinâm ica da vitória na graça. A santificação vem assim pela fé, e não pelas o b ras; pelo E sp írito de D eu s, e não p ela m oralidade ou pelo esforço pessoal. 16£>-18. A atuação divina. "[C om o auxí lio do E spírito Santo] nunca satisfareis os desejos da carn e", i.e., o corpo controlado pela n atu reza an tig a, não ren ov ad a, que sem pre coexiste com a n ov a n atu reza no crente, 16b, 17. Q uando crem os, D eus toma a iniciativa. E Deus quem faz a obra de san tificação, e não nós. A incessante luta entre a antiga e a nova natureza, 17, e o fútil es fo rço in d iv id u al da carne versu s a eficaz ação interior do Espírito, dem onstram que só aqueles que são "guiados pelo Espírito" alcançam vitória com p leta, 18. Só eles se vêem livres do jugo do esforço pessoal que busca agradar a D eus pelas obras da lei.
5.19-26. As obras da carne versus o fruto do Espírito 19-21. A relação das obras da carne. Es sas são resu ltad o da d escren ça — d eixar de andar no Espírito, o que im plica fé. R e
sultam da m an ifestação (i.e., da clara re velação) da atividade da natureza antiga, não renovada, que desnuda sua natureza corrom pida no veículo do corpo humano. Todos esses pecad os podem se manifestar em um crente, a m enos que ele ande con tinuam ente pelo Espírito. A natureza anti ga nele é tão vil quanto a natureza antiga no irregenerad o. Se ele com ete ou pratica tais p ecad os carnais, por não andar pelo E sp írito, pode esp erar pesado castigo de D e u s em su a v id a (I C o 5 .5 ; 1 1 .3 0 -3 2 ; Hb 12.5-11), além da perda de recom pen sas e h on ras na vida futura (IC o 3.11-15; ver com entários sobre IC o 6.9-12). 22-26. A especificação do fruto do Espíri to. "F ru to " é contrastado com "obras". Um pela fé, o outro pelo esforço hum ano; um pelo Espírito, o outro pela carne. Um é san to, o outro, corrupto. Um se origina da na tureza renovada, o outro é produzido pela natureza antiga. Um é singular, "fru to", um todo unido; o outro é plural, "o bras", dis sonante confusão. Um é contrário à lei, pois é crim inoso; contra o outro não há lei, por que é virtuoso, 23. O fundam ento da pro dução do fruto é o reconhecim ento defini tivo, por parte do crente, do fato de seu status de m orto para a carne em Cristo, e su a p r e s s u p o s iç ã o d e sse sta tu s , 24 (cf. Rm 6.11), perm itindo que o Espírito produ za o fruto. "Se vivem os pelo Espírito (agen te), andem os também sob a direção do Es p írito " (gr.), 25. Isso nos lib erará para a p rodu ção do "fru to " pelo Espírito, e não para a produção das "o b ras" da carne, 26.
6.1-18. Santificação em ação 1-6. R elação com os outros cristãos. O crente esp iritu al, i.e., aquele em quem se produz o fruto do Espírito (5.22,23), e é san tificado na prática pelo Espírito, é guiado em sua conduta em direção ao crente des viad o, a quem d eve re n o v a r com h u m il dade, con sid eran d o sua própria vulnera bilid ad e à tentação e ao pecado longe do m inistério do Espírito. O crente sobrecarre gado, 2-5, deve ser ajudado, 2, com toda a hum ildade, 3, e fidelidade, 4, diante da per cepção de que todos têm um fardo a car-
[ 544 1 Gálatas
Arquibancada do antigo teatro de Perge, na Galácia. regar, 5. A "le i de C r is to ", 2, é a lei do amor ao próxim o (Lc 6.27-38). U m irm ão que instrui deve ser su sten ta d o fin a n ce i ram ente por aquele que se b en eficia d es se m inistério, 6. 7-9. Sem eando para o Espírito. A nova vida em C risto é retratad a pela m etáfo ra da lavoura ou agricultura. O cren te pode ser fa cilm e n te e n g a n a d o . E le n ã o d ev e esq u ecer que a in ex o ráv el lei da sem ea dura e da co lh eita se aplica a e le, cren te e sp iritu a l ou ca rn a l, co m o ta m b ém aos impenitentes, 7,8 (cf. Tg 1.16; IC o 3.10-13). O crente espiritual, p ortanto, não d eve se
cansar na obra da fé, 9 (IC o 15.58; 2Ts 3.13). Ele colherá no tem po da safra (Tg 5.7,8) se não d esa n im a r nem p e rd er a esp era n ça , i.e., se não d esfalecer nem se e x a u rir e s piritualm ente, 9 (Hb 12.3,5). 10-13. M anifestando a espiritualidade. A e sp iritu a lid a d e se d em o n stra fa z en d o -se o b em a to d o s, e sp e c ia lm e n te aos c re n tes, 10 (cf. 6.1 -6 ; cf. Rm 12.13; l j o 3.7), e dando-se um exem plo de espírito de amor e de sa crifício , 11-13. Isso o ap ó sto lo fez na questão da fidelidade ao evangelho da graça contra a contam inação legalista (in s is tê n c ia n a c irc u n c is ã o co m o re q u is ito para a salv ação ). O v e rsícu lo 11 m en cio na que o ap ó sto lo e screv eu essa ep ísto la (ou p elo m en os a seção fin al) em "g r a n des letras", talvez porque estivesse já com a vista fraca (cf. Gl 4.13-15). Ele m esm o a escreveu, em vez de ditá-la, com o sinal de seu am or e sacrifício pelos gálatas. 1 4 -1 8 .0 fundam ento da verdadeira espi ritualidade. O fundam ento é a cruz, 14 (cf. IC o 1.18). A razão é que ela aparta o m un do do crente, alçando-o ao status de morto para o pecado em C risto (Gl 1.4; 2.20), e o crente do m undo, i.e., do sistem a satânico m u n d ial que é o p rin cip al a d v ersário da v e rd a d e ira e sp iritu a lid a d e , 14,15. N essa "n o v a cria çã o ", C risto é tudo. M érito h u m ano e esforço p essoal legalista são in ú teis ou irrelevantes. O "Israel de D eus", 16, são os ju d eu s salvos que crêem que a sal vação vem pela graça, por m eio da fé, to talmente apartada das obras da lei (Rm 4.12; 9.6-8; Ef 2.8-10). Era por essa verdade que o apóstolo sofria, provando sua absoluta sin ceridade na proclam ação da m ensagem da graça. A s m arcas, ou cicatrizes, p elo co r po, sím bolos de seu sofrim ento pelo evan g elh o da g raça, são a p rova. Ele en cerra com uma bênção, 18.
Efésios Abençoados no reino celestial de Cristo Data e autor. Essa magnífica epístola foi evidentemente endereçada à igreja de Éfeso (cf. At 19), mas escrita também como carta circular às igrejas vizinhas. A omissão da expressão "em Éfeso" (1.1) em dois dos manuscritos mais antigos sugere que os primeiros copistas evitaram situar a carta, pois seria lida também em outras igrejas da região vizinha. Paulo passou três anos na metrópole efésia (ver comentários sobre At 19.8-41). Ele escreveu essa carta, a primeira das chamadas epístolas do cárcere, na prisão em Roma por volta de 61 ou 62 d.C., enviando-a à Ásia junto com Colossenses e Filemom. Palavras significativas em Efésios Em ocorre cerca de noventa vezes, Enfatiza a verdade da união do crente com Cristo na morte, ressurreição, ascensão e posição atual. A verdade da posição do crente "em Cristo" permeia todo o pensamento da epístola. Graça mostra que essa epístola é uma exposição do "evangelho da graça de Deus" (cf. At 20.24).
Espiritual (ou Espírito) define tanto a esfera da verdade abordada na epístola quanto a esfera da vida em que caminham os crentes. Corpo é uma metáfora que descreve nossa posição de união com Cristo. Vida refere-se ao nosso comportamento dentro do corpo de Cristo, como agimos em união com ele, o cabeça. Esse termo é o eixo do apelo prático da epístola. Regiões celestiais expõe a elevada esfera da posição do crente em Cristo, e a região de sua caminhada e batalha. Mistério não denota algo inescrutável, mas uma verdade oculta que é guardada em segredo até o tempo apropriado para sua revelação segundo o plano divino. O grande teatro de Éfeso, visto de uma entrada lateral.
Esboço 1—3 Nossa posição em Cristo (O que somos diante de Deus)
1.1-23 O crente como filho de Deus
2.1-18 O crente como membro do corpo de Cristo
2.19—3.21 O crente como edifício de Deus 4—6 Nossa prática em Cristo (Como devemos agir perante os homens)
4.1—6.9 Uma caminhada digna 6.10-24 Um contínuo conflito
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1.1-6. Escolhidos em Cristo pelo Pai 1-6. Abençoados, escolhidos e adotados em C risto pelo Pai. D epois da saud ação, 1,2, o apóstolo apresenta o papel de Deus Pai em nossa salvação, 3-6. Ele (1) abençoa-nos com todas as bênçãos esp iritu ais nas "regiões celestiais", 3, i.e., no reino da posição e da experiência do crente, resul tado de sua união com C risto p elo b a tis mo do Espírito (Rm 6.3,4; IC o 12.13); (2) escolheu-nos para si (eleição) antes da fun dação do mundo (terra) "p ara serm os [...] dele" (o Filho); (3) escolheu-nos para a gló ria doravante, "p ara serm os santos e irre preensíveis diante d ele ", 4b; (4) p red esti nou-nos em am or à filiaçã o p o r ad oção, 5a, ou "filhos adotivos" (cf. l jo 3.2), segun do sua vontade e gosto soberanos, 5b; (5) assegurou-nos o seu deleite atual e fu tu ro, sendo a m eta de seu am or co n cen tra da nele m esm o, aquele que escolh e, 6.
 escolha divina Esse é o ato soberano de Deus na graça, pelo qual, desde a eternidade, alguns são escolhidos dentre a raça hum ana para ele (Jo 15.19; Ef 1.4). A escolha pertence somen te ao povo de Deus, não aos perdidos. Os homens não são eleitos para a perdição. Cris to é o eleito de Deus por excelência (Is 42.17). Deus Pai nos escolheu nele desde a eter nidade. Todos os eleitos são selecion ados para uma vida santa de separação dedica da àquele que escolhe (Jo 17.16; Ef 1.5). A escolha pode ser coletiva, com o no caso da nação de Israel (Is 45.4) ou da igreja (Ef 1.4), ou individual (IP e 1.2), baseando-se em de creto divino ou presciência.
Predestinação Pred estin ação é o exercício da v o n ta de divina pelo qual aquilo que foi determ i nado por Deus desde a eternidade é reali zado por ele no tem po. E nossa g aran tia de que aquilo que ele predeterm inou para nós não será anulado.
Predestinação e livre-arbítrio A p re d e s tin a ç ã o e n v o lv e s o m e n te o povo de Deus. Q uanto à raça hum ana, todo hom em não só pode a ceita r C risto com o Salv ad or, m as é en co ra ja d o e conv id ad o a fazê-lo. O fundam ento desse convite é a obra do Filho encarnado, que possibilitou a salvação da raça humana (Hb 2.9; Jo 3.16). O liv re -a rb ítr io d iz re s p e ito ao h om em apartado de Cristo. D epois que ele aceita o evangelho e passa a viver "em C risto ", seu ponto de vista se altera, pois Deus, de sua parte, mostra a ele por que o crente é a ceito. A p red estin a çã o d ivina e o liv rearbítrio hum ano são hum anam ente incon ciliáveis, m as com o duas linh as paralelas que se encontram no infinito, têm sua so lução em Deus. Só quando o pecador exer ce a fé p e s so a l em C ris to e a d e n tra os portais da salvação é que descobre, ilum i nados na parte de dentro do vão da porta, os dizeres: E scolhid o "n ele antes da fu n dação do m u nd o" (Ef 1.4, a r c ).
1.7-12. Redimidos pelo filho 7. R esgatad os pelo sangue de C risto. N ossa redenção foi planejada pelo Pai, 3-6, e proporcionada pelo Filho. O papel de Cris to em n o ssa s a lv a çã o é e x p lic a d o , 7-12. "R e d e n çã o " é libertação por m eio de um p agam ento, nesse caso o sangue de C ris to (Lv 17.11; M t 20.28). O resultado é o "p er dão dos pecados", 7 (cf. Hb 9.22), pois seu sangue, sendo o do hom em -D eus, era infi nitam ente eficaz (Jo 1.29) e alcançou uma red enção consu m ad a (Jo 19.30). 8-10. Ilum inados pela sua graça. A sabe d oria e o con h ecim en to de D eu s se co n centram em Cristo, 7b-8 (M t 11.27; Jo 1.18; 14.8,9; IC o 1.30). Sua redenção nos resga tou da igrtorância da escravidão do peca do, levando-nos à intim idade do relaciona mento de um filho (Jo 15.15). O propósito é que, na última das eras ordenadas do tem po, C risto v en h a p a ra "fa z e r c o n v e rg ir [nele] todas as c o isa s", 10, ab rind o assim cam inho para o estado eterno (IC o 15.2428, ver com entários).
Efésios ( 547 1
0 panorama da salvação
• A obra do Deus Trino Pai
Filho
Espírito Santo
Resgatou-nos com seu sangue
Convenceu-nos a crer no evangelho
Revela o propósito e a vontade do Pai
Sela-nos como propriedade de Deus
Reclamar-nos-á como posse definitiva
Herdar-nos-á como os seus
Passado Escolheu-nos no Filho
Presente Adota-nos como filhos
Futuro Âceitar-nos-á plenamente em Cristo
11,12. Agraciados com um a herança em seu propósito. O versículo 11 afirm a: "nele, digo, no qual fom os tam bém feitos heran ça " ( a r a ). Q ue verd ad e m aravilhosa! (Cf. Rm 8.17; IC o 3.21,23.) A frase, porém , tal vez signifique que nós fom os feitos heran ça, em que o sign ificad o é a sua h eran ça em n ó s, e n ão a n o ssa h e ra n ç a n e le . O p ropósito é que sejam os "p a ra lou v or da sua glória", 12. Ele será glorificado em nós, assim com o nós nele.
1.13,14. Selados pelo Espírito 13a. O Espírito inspira a fé na salvação. O Pai planejou a nossa salvação, 3-6; o Filho a proporcionou, 7-12; e o Espírito Santo a põe em prática, convencendo-nos a nos apropri armos dela (cf. Jo 16.13-15). Profere-se "p a lavra da verdade, o evangelho da vossa sal vação", pois resulta na libertação pela fé. 13b,14. O Espírito sela o crente. O pró prio E spírito que habita o crente é o selo. Isso im plica: (1) Propriedade — que perten cem os a D eus (IC o 6.19,20). Com respeito a isso, o Selador é cham ado "Santo Espíri to da p ro m e ssa ", p ois ele é o p en h or ou d ep ósito (pagam ento parcial que g arante a conclusão do negócio), ou a plena posse daquilo que foi resgatado (cf. 2Tm 2.19). (2) S egu ran ça, g a ra n tin d o seg u ro tra n sp o rte até o céu (E f 4 .3 0 ) e a sseg u ra n d o p len a
red en ção na g lorificação. (3) Uma transa ção consum ada (Jr 32.9,10; Jo 17.4; 19.30).
1.15-23. Oração para que o crente perceba sua posição em Cristo 15.16. O interesse do apóstolo se expres sa em oração. A fé e o am or do povo de Deus fez com que o apóstolo orasse e des se g ra ça s. 17-23. A oração do apóstolo. Ele pede (1) o conhecimento do povo de Deus acerca de sua posição e posses em Cristo, e acer ca da posição de C risto em relação a eles e da h erança de C risto neles, 17,18; e (2) que o poder dessa posição se m anifeste em suas vidas p ela fé, 19-23 (cf. Rm 6.11). O fundam ento desse poder é a ressurreição, a a scen sã o e a e x a lta çã o de C risto bem "a c im a " de todo prin cipad o, angélico ou d em oníaco, 20-22, e a liderança de Cristo na igreja, 23, seu corpo, com posto por to dos os b a tiz a d o s em u n ião vital com ele (IC o 12.13), o cabeça (Rm 6.3,4).
2.1-7. 0 crente como membro do corpo de Crista 1.22,23. A definição do corpo. Ver acima. 2.1-7. A criação do corpo. Todo os que participam do corpo são regenerados, 1-5. Estavam m ortos no pecado, 1; eram deso
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bed ien tes a D eu s, 2,3«; e m ereciam a ira, 3b. Isso é o que eles eram, 1-3 — totalm ente perd id o s, ap artad o s, d esam p a ra d o s, sob co n tro le d em on íaco e d esco n te n ta m e n to d ivino. O que Deus fe z em C risto , 4 -7 (cf. Rm 3.21—5.21), resume-se no seu prodigio so remédio em Cristo. Isso abrange a m ise ricórdia de Deus, 4 (cf. SI 103.8-18), seu amor, 4, e sua graça, 5. M isericórd ia é am or de D eus em ação, resu ltan d o em g raça, seu im erecid o fav o r p ara com os p e c a d o re s perdidos e im potentes, alvos do seu amor. Os resultados da ação da graça são triplos — passados, p resen tes e fu tu ros, 5-7. (1) Passados — fom os ressuscitados com Cristo, 5,6a. No plano de Deus isso ocorreu quan do C risto foi ressuscitado. Em virtu d e de nossa união com ele pelo badsm o do Espí rito (Rm 6.3,4), fomos ressuscitados com ele. A ssim todos os que p articip am do corpo não só estão regenerados, 1-5, m as tam bém batizados pelo Espírito em união com Cristo, 6. E isso o que significa ser salvo, 5 (cf. 8). (2) Presentes — estam os agora sentados nos lu gares celestiais em união com Cristo, 6b. Isso
é v e rd a d e p o rq u e fo m o s b a tiz a d o s p elo Espírito no corpo de Cristo (em união com ele, o cabeça do corpo (Rm 6.3,4). Por isso p artilh am os da m orte, do sep u ltam ento e do status ressu rrecto do corpo. (3) Futuros — D eus exibe ao universo a insondável ri queza de su a g ra cio sa b o n d a d e p ara co nosco por meio de Cristo, 7. O triunfo divino sobre o pecad o pela graça será exibid o a cada criatura — caída ou não. A glória divi na será assim d em onstrad a.
2.8-10. 0 caminho da salvação no corpo 8,9. Salvos pela graça. Essa é a indubitá vel conclu são resultante dos v ersícu los 17. A ênfase está (1) no método divino de sal vação — "p ela graça"; (2) em sua garantida certeza — vo cê foi sa lv o (fato p a ssa d o e certeza presen te) e está sen do salvo (uma operação presente contínua e segura), não havendo aqui incerteza ou falta de garan tia; (3) em seu meio hum ano — "p or meio da fé "; (4) no seu fu n d am en to não m eritório —
A Biblioteca de Celso, em Éfeso, passou por uma restauração magnifica.
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"isto não vem de vós", "n ão vem de obras"; (5) em seu caráter gratuito, imerecido — o “dom de D eus"; (6) em seu propósito de glorificação de Deus — "para que ninguém se orgulhe". 10. Salvos para servir. Salvos independen tem ente de obras, m as para as boas obras. Daí estas verdades: (1) ser salvos*, "criados em C risto Jesu s", tem com o fim entrar no p lano de D eus para a vida rem ida, "p ara boas obras". (2) Esse plano foi divinamente p redeterm inado para nós, não sendo proje to a lea tó rio : "p re v ia m e n te p re p a ra d a s por D eus para que andássem os n ela s".
2.11-18. 0 corpo unificado pelo sangue de Cristo 11,12. O que éramos em nós m esm os. A salvação, pertencente ao indivíduo, 1-10, é agora vista coletivam ente. Agora entra em foco a raça, dividida em duas — judeus e gentios. O sacrifício de C risto extrapola a satisfação da necessidade individual e ago ra satisfaz tam bém a necessidade da soci edad e, rem ov en d o todos os o b stácu lo s à unidade do novo corpo pela elim inação de to d a s as d istin çõ e s de ra ça , cla sse e até mesmo sexo (cf. Gl 3.28). A penúria moral e espiritual do indivíduo, descrita em 2.1-3, é agora aplicada à sociedade, e som os tidos, tanto em termos de dispensação quanto de coletividade, com o incom pletos, e tam bém (1) "g en tio s por n atu rez a ", 11 a, e p erten c e n te s à v a sta m assa da h u m a n id a d e alheia à salvação (cf. Rm 1.18-32); (2) alhei os ao privilégio espiritual dos judeus pela aliança abraâm ica selada pela circuncisão, 11 b; (3) sem C risto , sem e sp era n ça , sem Deus; (4) apartados das alianças e das pro m essas feitas a Israel, 12. 13-18. O que som os em Cristo. Em agu do co n traste com o que éram os: (1) hoje e sta m o s u n id o s a e le, n ã o m ais s e p a ra d os d e le . (2) F o m o s a p ro x im a d o s p ela obra consum ada de Cristo, em vez de per m anecer ap artad o s com o g entios alh eios à salv ação . Ele d erru b ou "p a re d e de se p aração, em seu corp o d esfez a in im iz a d e", referindo-se ao átrio externo do tem plo para os gen tio s, que era m e xclu íd o s do átrio interno no qual som ente os judeus
podiam entrar. (3) Deus nos aceitou plena m ente por Cristo, independentem ente das o rd e n a çõ e s leg ais, 15a. (4) Fom os tran s form ados em um a nova com unidade, seu povo, a igreja, o corpo de Cristo, aqui cha m ado "um novo hom em ", 15b (cf. Ef 1.22,23; IC o 12.12,13; Cl 3.10,11; Hb 12.23). (5) Ele ab oliu a antiga in im izad e entre jud eus e g entios, sendo "n ossa p az", 14,15a, e pre gando "p a z ", 17, reconciliando ambos com Deus. (6) Am bos agora têm acesso a Deus por um só Espírito, 18 (cf. 4.4-6)
2.19-22. 0 crente como edifício de Deus 2.19-22. A descrição do edifício. Os cren tes são tam bém parte de um único "ed ifí cio ". Isso envolve o D eus Trino. E na "fa m ília" de D eus Pai que nasce o crente, 19. O "e d ifíc io " ao qual o crente é coletiv a m ente in corp o rad o é do Senhor, o Filho, 21. A m orada ou h ab itação que ele esco lheu hab itar é do Espírito, 22. O "ed ifício" do Senhor, 20,21, tem seu fundam ento nos " a p ó s to lo s e [...] p r o fe ta s " tan to do a t com o do n t , na verdade, referente ao fun d a m e n to , c o n fia d a a e ss e s h o m en s (cf. IC o 3 .1 0 ,1 1 ). O p ró p rio Je su s C risto é a pedra angular (SI 118.22). Toda a profecia e a m ensagem ap o stó lica se concentram nele, que dá coesão ao edifício. O edifício é com p osto de p ed ras vivas — ju d eu s e g e n tio s n a scid o s de novo, u n ificad os em C risto . A c o n c lu sã o do e d ifíc io será na vinda do Senhor. Ele (e não qualquer ca tedral nem edifício terreno) é o verdadei ro ed ifício de D eus nesta era.
3.1-12. A revelação da formação do edifício 1-6. O mistério e seu significado. Ele foi revelado ao apóstolo Paulo, à época prisio neiro, 1, 3. Envolve a "d isp ensação" (eco nom ia) da graça de Deus, 2, e é chamado "m istério de C risto", 4, "oculto em Deus", 9. O propósito divino é que judeus e gentios formem uma nova entidade chamada igre ja, o corpo de Cristo, formado pelo batismo do Espírito Santo (cf. IC o 12.12,13). O misté
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rio estava latente na tipologia e profecia do at , mas não revelado, e foi predito por Cris to (Mt 16.18). Seu significado foi divinam en te revelado a Paulo, que expõe o m istério da igreja em suas epístolas. 7-12. O mistério do ministério de Paulo. P au lo e sta v a e sp e c ia lm e n te c a p a c ita d o para ser ministro do mistério, 7,8. O m isté rio envolve as insondáveis riquezas de Cris to, 8, incluindo sua pessoa, sua obra, sua in te rcessão , sua n ov a v in d a , seu e tern o reino, sua h eran ça em nós. O p ro p ó sito desse ministério, 9-12, é revelar "a dispensação do m istério" (de que gentios e judeus se haviam unificad o pela fé em C risto ) a toda a terra e a todas as regiões celestiais.
3.13-21. Oração por conhecimento e poder 13-19. A petição. A oração é dirigida ao Pai, 14,15, buscando a tríplice plenitude do Deus Trino, 16-19. Paulo pede que o Espíri to de D eus fortaleça os efésios no hom em interior, 16; que pela h ab ita çã o de C risto no coração deles pela fé, 17a, e pelo arraigam ento e e n raizam en to d eles n o am or, 176, e les co n h eçam seu p len o a m o r, s e gundo sua posição na graça, 18,19a; e que eles sejam "p reen ch id o s até a p len itu d e " de Deus Pai, 19b. Essa tríplice plenitude de D eus é o estad o do cre n te em C risto . O apóstolo ora por um a com preensão dessa posição na experiência, com a conseq u en te realização do poder no dia-a-dia. 20-21. A bênção. A realização prática da posição do crente em C risto é p o ssibilita da pelo nosso Deus onipotente. Ele quer e pode realizar isso diante de n o sso conh e cim en to da v erd ad e e de n ossa fé nessa m esm a v erd ad e, 20. E sse D eu s e S a lv a dor é digno de toda a glória, 21.
4.1-6. Uma vida digna de Cristo 1-3. A descrição da vida. Viver de acordo com a posição em Cristo é o gracioso privi légio do crente, a resposta de seu am or ao amor de Deus, exibido em seu resgate com a m aravilhosa salvação esb oçad a n os ca pítulos 1 —3. Por isso a linguagem do livro é
de súplica ou rogo, não de ordem legalista. As virtudes da humildade, da mansidão, da longanim idade e do am or tolerante, 2, são essenciais na m anutenção da unidade prá tica do corpo de Cristo. Só o Espírito pode realizar essa unidade prática — daí ser ela "a unidade do Espírito", 3. 4-6. O fundam ento da vida digna. A dou trina sã, 4-6, sem pre fundam enta a condu ta correta, 1-3. A traição da doutrina impos sib ilita um a vid a d ig n a. O p ré -re q u isito doutrinário dessa cam inhada é o reconhe cimento de: (1) "um só corpo" com posto de todos os que nasceram de novo; (2) "u m só E sp írito" — o Espírito Santo de D eus; (3) "u m a só esperança do vosso cham ad o", o d iv ino cham ad o à san tid ad e; (4) "u m só S en h or", Jesus Cristo, o cabeça do corpo e centro de nossa unidade; (5) "u m a só fé", esse con ju n to de verd ad es "e n treg u e aos santos de um a vez por todas" (Jd 3) e con centrad o na m orte e ressu rreição de C ris to (IC o 15.3,4); (6) "u m só batism o", o do Espírito (IC o 12.13), que forma "u m só cor p o " em u n ião com C risto , o cab eça (Rm 6.3,4), a entidad e da un id ad e; (7) "u m só D eus e Pai de todos [os crentes], que é so bre todos [todas as in telig ên cias criadas], por todos [seus planos] e está em to d o s". Eis aqui o ecum enism o das Escrituras.
4.7-16. 0 ministério e a vida digna 7-11. Os dons de Cristo para uma vida digna. Todo indivíduo do corpo recebe gra ça ou capacitação espiritual e bênção para viver condignam ente ao elevado cham ado e à posição em Cristo. Isso é possível por que "a graça foi conced id a a cada um de nós conform e a medida do dom de Cristo", 7, i.e., o excelente dom do Espírito dado na ascensão (Jo 14.16,17; At 2.38,39). Esse dom do Espírito foi resultado d ireto da vitória gloriosa de Cristo, 8-10, sobre todos os seus ad versários e os nossos tam bém , sem exceçã o , 9,10. Sua a scen sã o , p ro v a da re s su rreiçã o , a ssin a lo u seu com p leto triu n fo: pela sua conquista red entora, ele ap risio nou os poderes do mal que antes nos con serv av am ca tiv o s (cf. SI 6 8 .1 8 ). Tam bém resultou na concessão de "dons aos homens", 8.
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Ruínas de algumas casas de comércio e residências, que ficavam às margens de importante avenida pavimentada com mármore, na antiga Éfeso. O d om p o r e x c e lê n c ia , 7, é o E s p írito (Lc 24.49), m as outros dons que possibili tam um a vida digna tam bém estão incluí dos, e sp ecialm en te h om en s d otad os, 11. Todos eles perm anecem , exceto os após tolos, que foram temporários. Cf. IC o 12.828, onde se enfocam os dons ou capacitações esp iritu ais (não os hom ens). 12-16. O propósito dos dons. Em geral, os dons (inclusive os hom ens dotados) são concedidos com vistas "a o aperfeiçoam en to " dos santos para a obra do m inistério em nom e do Senhor e da edificação do cor po de Cristo, 12, além da geração de m atu ridade, 13, especialmente em questões dou trinárias, 14, m anifestada pelo amor, 15,16. Com o consequência, Cristo torna-se o cen tro da unidade e o propósito do chamado.
4.17-29 0 novo homem e a vida digna 17-22. Despe-se do velho homem. O "v e lho hom em ", 22, é o hom em irregenerado, con trolad o pela sua n atu reza corru p ta e
caída (Rm 6.6). O s versículos 17-22 descre vem sua conduta, caracterizada por (1) um modo pagão ou gentio de vida; (2) a futilida de do pensamento, 17; (3) uma mentalidade obscurecida e alheada de Deus, 18a; (4) ig norância e cegueira espiritual, 18b; (5) insen sibilidade moral e corrupção ética, 19. Na vi são de D eus, o velho hom em no crente foi crucificado e está morto. Como roupa velha, gasta e esfarrapada, o velho hom em foi des cartado pelo conhecimento de Cristo, tendo sido ensinado por ele, 20,21. "V erdade que e stá em Je s u s " , i.e ., v e rd a d e re fe re n te a nossa posição de união com ele como Salva dor do pecado, o que form a a base da liber tação da corrupção da velha natureza, 21,22. 23-29. R ev este-se do n ovo h om em . O "n ovo hom em ", 24, é o hom em regenerado e d otad o de um a n ov a n atu reza, na qual Cristo se form a (Cl 1.27). Na visão de Deus, o crente vestiu o novo hom em como roupa lim pa. O novo hom em é caracterizado por um a mentalidade renovada, 23, em contras te com a cega ignorância do velho homem, 18; e é divinam ente criado à semelhança de
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Deus, em verdadeira justiça e santidade. A nova posição é o fundamento da libertação da falsid ad e, 25; da ira pecam in osa e do rancor, 26,27; do roubo e da preguiça, 28; da fala impura, 29. A libertação vem pela afir mação de nossa posição em Cristo pela fé, fazendo disso uma realidade prática.
Rm 1.18). C a so ven h am a c a ra c te riz a r o cren te c o n fesso , se v e rd a d e ira m e n te re generado, então ele perde o direito a qual quer recom pensa ou herança no reino de D eus, 5 (ver com entários sobre IC o 3.1216; 6.9-12); caso a p essoa não tenh a sido a in d a sa lv a , m e ra m e n te se en g a n a com um a vã confissão. 8-17. Imitando a Deus como filhos da luz. 4.30-32. 0 Espírito Santo C om o D eus é luz ( l jo 1.5), a sem elhança e a vida digna fam iliar requer que im item os nosso Pai em 30. O Espírito Santo se entristece diante uma vida digna com o "filhos da lu z", 8 (cf. lT s 5.5). Isso significa (1) and ar "n a lu z" de uma vida ím pia. Ele é o m otor de uma ( l jo 1.7); (2) exibir o fruto do Espírito, 9 (cf. vida digna. Pare de en tristecê-lo, de cauGl 5.22,23); confirm ar o que é agradável ao sar-lhe dor ou pesar! Por quê? (1) Porque S enhor, 10; (4) ap artar-se das ob ras e sté ele é o Espírito santo. A im piedade o aflige. reis das trevas; (5) reprovar tais obras, 11(2) Ele é o "E sp írito Santo de D eus", um a 13; (6) estar esp iritu alm ente alerta, 14 (cf. pessoa divina. (3) Ele nos selou, ou estam pou, com o propriedade de Deus, e a hon Is 60.1,2); (7) viver sábia e exem p larm en te, 15; (8) aproveitar cada oportunidade de ra de Deus é envergonhada pelo nosso pe fazer o bem, 16 (Cl 4.5); e (9) perceber cla ca d o . (4) E le n o s s e lo u "p a r a o d ia da ram ente a vontade de Deus, 17 (Rm 12.2). red enção" (plena glorificação). N ossa se gurança não deve ser posta em risco pela licenciosid ad e. 5.18-20. Estar cheio do Espírito e 31 -3 2 .0 Espírito Santo realiza um a vida a vida digna. santa. Ele nos possibilita afastar o pecado —a amargura, a cólera, a ira, a gritaria, as 18. O verdadeiro e o falso elixir da vida. Paulo alerta contra inebriantes que provo b la sfém ias e to d a a m a lícia , 31. Ele nos quem um a em p o lg ação m o m en tânea n a po ssibilita ser b en ig n os, m ise rico rd io sa tural e que levem , n m frequência, ao ex m ente ternos e com passivos, pois nos faz c e s s o , 18a, c o is a q u e c o n tra s ta com o a g u d a m e n te c o n s c ie n te s de q u e fo m o s verdadeiro estim ulante de Deus, o Espíri perdoados pela graça, 32 (Cl 2.13). to Santo. A ordem é estar continu am ente cheio dele (com pletam ente subm isso à sua 5.1-17. Os imitadores de Deus presença e dom ínio), em vez do vinho. e a vida santa 19-20. Os resultados de estar cheio i 't 1-7. Im itando a D eus com o filh os do E sp írito . E sses re su lta d o s geram o bem am or. C om o "D e u s é a m o r" ( l j o 4 .8 ), a mais excelente e im plicam uma vida transsem elhança fam iliar requer que im item os b ord an te de ju b ilo so cân tico e lou v or ao nosso Pai em um co m p o rta m en to d ig n o Senhor, além de um espírito grato, conse como filhos do amor, 1,2. O am or de Deus quência do claro reconhecim ento de todas se rev ela m ais c la ra m e n te na o fe rta de as b ên çã o d iv in a s que receb em o s na re Cristo, de arom a suave, 2 (Lv 1.9, 13). A denção de Cristo, 20 (cf. SI 34.1; Fp 4.6). » impureza sexual, a cobiça, 3; a im undície, a conversa à-toa ou p alav ras ásp era s, 4, 5.21-33. Marido e mulher são im p ró p ria s para os filh o s d o am o r, e uma vida digna porque m agoam os outros. N egam assim a própria essên cia do am or a D eu s e ao 21. O princípio geral. Devemos nos sub próxim o (Lv 19.18). Esses p ecad os ca ra c m eter uns aos outros "no temor de Cristo". terizam aqueles que não foram salvos, 5Eis aqui um amplo princípio orientador que 7, sobre quem se abate a ira de Deus, 6 (cf. e n g lo b a to d a s as re la ç õ e s te rre n a s dos
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crentes com o m arido e mulher, 22,23; pais e filhos, 6.1-4; e servos e senhores, 6.59. 22-24. O dever das esposas. As esposas c r is tã s d e v e m s e r s u b m is s a s a o s s e u s m arid os, "co m o ao S e n h o r", 2 2 b, porque o m arid o é o cab eça da m u lh er, 23a (cf. Cl 1.18). O sím ile usado é a relaçao entre Cristo e a igreja. C risto é o cabeça da ig re ja, 23a. Ele é seu Salvador, 2 3 b, pois a res gatou com seu próprio sangue, 25. A m u lh e r c r is tã d e v e s e r s u b m is s a ao seu m arid o cristão "em tu d o ". A nota d om i n a n te é o am or — um a su b m issã o am o rosa, não um a ob ed iên cia m ecânica, pois o b e d e c e r é u m a p a la v ra re s e rv a d a aos filhos, 6.1, e servos, 6.5. 25-33. O dever dos m aridos. Eles devem a m a r s u a s m u lh e re s , 2 5 , co m o C r is to am ou a igreja e m orreu para santificá-la e glorificá-la, 25-27, porque o m arido se une à m ulher com o uma só carne, e é um a só ca rn e com ela, assim com o a ig reja está unida a C risto em um só corpo ligad o ao cabeça, 28-31 (cf. Gn 2.24). Eva, tirada do lad o de A d ão, era realm en te carne e o s sos d ele. M as tam b ém m u lh e r d ele, em um relacionam ento que fez dos "d ois uma só carne" (Mt 19.5,6), ela sim boliza a igreja com o noiva de Cristo. Isso é um m istério, 32, glorioso segred o revelado por D eus e exposto no n t . A união entre m arido e m u lh er cristãos deve ser perm anente, íntim a e indissolúvel, 31.
6.5-9. Servo e senhor e a vida digna 5-8. Os servos devem obedecer. A escra vidão era comum no antigo mundo bíblico. M uitos escravos se converteram a Cristo. Eles são encorajados a obedecer a seus se nhores, vivendo para Cristo na posição so cial em que foram salvos, 5a. Essa obediên cia deve ser genuína, "com sinceridade de coração", não trabalh ando som ente quan do vigiado para im pressionar as pessoas, mas obedientes ao próprio Cristo, como "ser vos de Cristo, fazendo de coração a vonta de de D eu s", 5-7. O servo deve ser plena m ente consciente da recompensa pelo bom serviço que pertence a todo crente, escravo ou livre, 8 (Cl 3.24,25; cf. IC o 3.11-16). 9. Senhores e patrões. Tanto senhores q u a n to e scra v o s d evem e x ib ir a m esm a conduta sincera e reverente a Cristo. Eles devem parar de am eaçar, cond u ta talvez apropriada aos pagãos, mas não aos cris tãos. D evem agir segundo a soberania de Cristo em suas vidas, tendo em mente que nele não há distinção de pessoas ou pos tos terrenos (cf. A t 10.34).
6.10-20. 0 conflito espiritual e a vida digna
10-12. Os recursos do guerreiro. Os cris tãos inevitavelm ente enfrentam a oposição e a resistência espiritual de Satanás e seus exército s. A ssim , com o g u erreiros cheios do Espírito, eles devem continuam ente ser 6.1-4. Pais e filhos e a vida digna. fortalecidos, equipando-se com a arm adu ra que lhes é facultada. O fundam ento da 1-3. A obrigação dos filhos. As relações força do g u erreiro é sua posição "n o Se fam iliares devem esp elh ar nossa posição n h o r". Sua força está "n a força do seu po em C risto. Os filhos devem ob ed ecer aos der [de Cristo]". Quando o cristão conside pais, tend o com o ún ica ressalv a "n o S e ra sua posição em Cristo e se apropria da n h o r ". E ssa d eterm in açã o se ap lica conarm adura que lhe é oferecid a, o E spírito textualm ente a pais e filh os salvos. O s fi Santo o capacita a confirm ar a vida nova lh os d evem ob ed ecer, co n tan to que essa pela resistência aos ataques de Satanás. o b e d iên cia n ão v io le o su p e rio r d ev er a 13-20. O em prego que dá o guerreiro aos D eu s. C ita-se o d ecálog o para refo rça r a seus recu rsos. Os recursos do crente são injunção, 2,3 (cf. Êx 20.12; Dt 5.16). 4. A obrigação dos pais. Ela é dupla; não descritos pelo sím ile do equipam ento com p leto de um so ld ad o rom an o a cam inho fazer raiv a n os filh o s com e xig ên cia s in da b a ta lh a . O seg red o de sua vitória na sensatas (Cl 3.21); edu cá-los na disciplina batalha espiritual é contar, pela fé, com os e na in stru çã o q ue o S e n h o r dá em sua P alavra, para evitar o pecado e o erro. recursos que de fato são seus em Cristo, o
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Vencedor (Cl 1.13; 2.15). “Tomai toda a ar m ad ura" enfatiza a responsabilid ad e d es sa atitude, 13. Isso o cristão p recisa fazer se p reten d e com bater com eficácia. Cristo é a defesa do crente, e, portanto, todas as peças da arm adura aludem a ele; mas também aludem aos recursos que são dados ao crente por ele. O cinto da verda de dá confiança contra a m atança do erro, enqu anto a cou raça da ju stiça (a p rática exteriorização da ju stiça incutid a) oferece proteção contra as su tis te n ta çõ es da in justiça, 14. A boa nova da paz com D eus gera estabilidade firm e e bem calcada d i ante do inim igo, 15, e o escudo da fé pro porciona defesa contra os traiçoeiros ata ques de Satanás, 16. A salvação constitui o capacete, protegendo os órgãos vitais liga dos aos p en sam en tos e à e sp iritu a lid a d e do crente, 17a. A única arma de ataque é a
espada do Espírito, a Palavra de Deus, 17b. O conhecimento pessoal disso é usado pelo Espírito Santo tanto ofensiva quanto defen sivamente (e.g., M t 4.1-11; Hb 4.12) A oração é a pedra de remate da arm a dura do crente, pois deve ser sua atividade ininterrupta. E nessa esfera que a arm adu ra que Cristo fornece é apropriada ao con flito im ediato que tem os de enfrentar, 18. Paulo dá um a aplicação pessoal nos versí culos 19 e 20.
6.21-24. Nota pessoal; saudação final 21,22. Nota pessoal. M enciona-se Tíquico, irm ão am ado e fiel au xiliar de Paulo, rev elan d o -se seu m in istério. 23,24. Saudação final. A bênção deseja paz, am or, fé e graça.
Filipenses A alegria de cçnhecer Cristo Autor e tema. Essa epístola foi escrita enquanto Paulo era prisioneiro em Roma, talvez em 62 d.C. Seu tema é a adequação de Cristo a todas as experiências da vida — privação, perseguição, dificuldades, sofrimento e também prosperidade e pçpularidaçle. Cristo dá alegria e triunfo venha o que vier, desde que a ele se conceda o centro da vida, Esse princípio se
expressa no testemunho de Paulo: "Pois para mim, o viver é Cristo" (1.21). Pano de fundo histórico. O relato da missão em Filipos (At 16.6-40) mostra que a igreja da cidade foi fundada sob orientação divina (At 16.6,7), como resultado de uma visão condutora (8-11). Nasceu em uma prisão (At 16.2534) e, também em uma prisão, mais ou menos uma década depois,
escreveu-se essa carta. Um tom de triunfante alegria em Cristo a permeia, apesar das severas provações do apóstolo nesse ínterim (cf. 2Co 11.23-33). O tom de alegria surge mais de dezoito vezes no decorrer da breve carta. Pode-se considerar "Alegrai-vos sempre no Senhor; e digo outra vez: Alegrai-vos!" (4.4), como a passagem principal.
Esboço 1 A alegria de Cristo como nossa vida 2 A alegria de Cristo como nosso exemplo 3 A alegria de Cristo comó nossa meta 4 A alegria de Cristo como nossa suficiência
[ 556 1 Filipenses
1.1-11. Paulo, a alegria do pastor em Cristo
face de seus próprios conflitos, o apóstolo os exorta a su p o rta r os so frim en to s com alegria, 27-30.
1,2. A saudação pastoral. Paulo se dirige à ig re ja d e F ilip o s , na M a c e d ô n ia (cf. 2.1-11. Exortação à unidade At 16.6-40). Era organizada com "b isp o s" e e à humildade "d iáconos" (cf. At 6.1-7). Ele a saúda como ig reja com p osta de "s a n to s em C r is to ", 1-4. A exortação. O fundamento da exor mas, indubitavelm ente, com o outras igre tação é a posição dos crentes filipenses em jas, continha também alguns m em bros que Cristo, 1. Se eles agirem segundo essa po não haviam nascido de novo. sição, com pletarão a alegria do apóstolo, 2, 3-11. A alegria pastoral. A lembrança e perceben d o sua unidade que se realizará as orações de Paulo pelos filipenses se ca por meio de desapego e da m ansidão, 3,4. racterizavam pela alegria, 3,4, (1) por cau 5-11. O exem plo de Cristo. Sua hum ilha sa da contínua cooperação deles no evan ção, 5-8, o levou a ser exaltado pelo Pai, 9g e lh o , 5; (2) p o r cau sa da g a ra n tia do 11. Essa g ran d e p assag em da "k é n o s is ", apóstolo da plena ação de Deus neles até o ou auto-esvaziam ento, é o fundam ento da "Dia de Cristo Jesus", i.e., o tem po do juízo e x o rta ç ã o d o a p ó sto lo , 5, a p a rtilh a r a das obras dos crentes na vinda do Senhor, m entalid ad e de C risto. A passagem en si quando serão distribuídas as recom pensas na (1) a divindade de Cristo. Ele era "igual pelo serviço fiel, 6; (3) porque eles partilha a D e u s", a seg u n d a Pessoa da T rindade, vam com Paulo dessa vivência da alegria d iv in d a d e a b so lu ta , em ig u a ld a d e com de Cristo, 7; (4) por causa do seu grande D eus, 6b. (2) Essa igu ald ad e era sua por interesse na batalha espiritual deles, 8-11. direito de sua gloriosa pessoa, e não algo que ele precisava buscar. (3) Com o Deus, ele "esvaziou a si m esm o" ("esv aziou -se", 1.12-30. Paulo, a alegria do n v i ) , ab rind o m ão não de sua d ivind ad e, prisioneiro em Cristo mas de sua glória e privilégio celestial, 7a, 12-20. A confiante alegria nas tribulações. (4) e n ca rn a n d o -se a fim de ser "s e r v o ", Ele tem certeza de que seu s sofrim en to s 7b, (5) com o hom em entre hom ens, 7d. (6) resu ltarão na p ro p ag ação do ev an g elh o , Ele, portanto, hu m ilhou -se ainda m ais, 8a 12, mesmo na própria corte do imperador, (SI 40.6-8), pela m orte, (7) a ponto m esm o 13 (cf. 4.22). Seu cativeiro em Roma infun de m orrer pelos pecadores na cruz, 8b. (8) diu em m uitos d estem id a con fian ça para C om o co n s e q u ê n c ia d isso , foi g lo rio s a a n u n ciar a P alav ra, 14. Ele se aleg ra até m ente exaltad o na ressu rreição, ascensão e estada celestial. Essa exaltação será ain de que Palavra seja proclam ada de m odo da am pliada em sua volta e no subsequen controverso, em op osição a ele, 15-19. A confiança de Paulo é confirm ada pela sua te re in a d o m e d ia tá rio , d e rro ta n d o seu s inim igos e rendendo grande glória ao Pai, certeza de que C risto será en g ra n d ecid o 9-11 (cf. Hb 2.9; Ap 3.21; SI 2.8-12). em seu corpo, quer viva quer m orra, 20. 2 1 -3 0 .0 segredo da alegria confiante de Paulo é uma vida que tem Cristo por centro. 2.12-16. 0 desenvolvimento Para ele, "o viver é C risto ", 21. E xterio r da salvação m ente, seu único objetivo era C risto; inte riorm ente, Cristo entregava a sua vida por 12,13. A exortação. D esenvolver a sal interm édio dele. V iver era ser abençoado vação é co m p letam en te d iferen te de tra com radiante alegria. E m orrer era "lu cro", b alh ar pela salvação. A salvação só pode pois significava "estar com C risto ", o que s e r d e s e n v o lv id a p o r a q u e le s a qu em era "m u ito m e lh o r " , 22 ,2 3 . P e rm a n e c e r Deus já a concedeu (Ef 2.8-10). A salvação n esta vida era, porém , m ais útil ao p ro p esso al é com p letad a p elo p ró p rio D eus gresso espiritual dos filipenses, 25,26. Em — p ela fé in d ep en d en tem en te das obras.
Filipenses [ 557 ]
Ruínas de Filipos, antiga cidade da Macedônia. D ese n v o lv ê-la no co tid ia n o d ep en d e da o b e d iên cia à P alav ra de D eu s, 12a, e de " te m o r e t r e m o r " . T e m o r é n e c e s s á r io p o rq u e é p o ssív el fracassar no d esen v o l vim ento daquilo que é incutido por Deus. D eus opera em nós pelo Espírito para pos sib ilitar que nós a d esenvolvam os. 14-16. O resultado será: (1) realização es piritual sem m urm urações nem contendas, 14 (cf. IC o 10.10); (2) inculpabilidade na vida, firm eza na con serv ação da p osição de fi lhos de D eus, 15; (3) testem unho correto, carregando a luz em um m undo obscureci do e pervertido pelo pecado; (4) vitória da alma na exposição, com o em estandarte, da "palavra da vida" aos que estão m ortos no pecado; (5) alegria para o apóstolo "n o Dia de C risto" (cf. com entários sobre 1.3-11).
19-30. O exem plo do serviço. Em Tim ó teo, 19-23, em si mesm o, 24, e em Epafrodito, 25-30 (cf. Fp 4.18), exibe-se o serviço abnegad o.
3.1-6. A verdadeira meta, Cristo, versus as falsas metas
1. A apresentação da verdadeira meta da v id a. C risto é o verd ad eiro propósito da vida. Só ele traz genuína alegria. Todo o v e rd a d e iro re g o z ijo se co n cen tra n ele e naquilo que ele fez, 1a (cf. lT s 5.16). R es s a lta r iss o e a le rta r c o n tra s as fa ls ific a ções esp iritu ais que roubam essa alegria não é algo tedioso para o apóstolo, e m ui to vale para os crentes filipenses. 2 -6 . O a le rta co n tra as fa lsa s m etas. A q u e le s q u e p ro c la m a m e s s a s fa ls a s m e ta s , e s p e c ia lm e n te o s m e s tre s le g a 2.17-30. 0 exemplo paulino de listas, violam a g raça e d ep reciam a p le serviço humilde na s u ficiê n c ia de C risto . S ão ch am ad os 17,18. A alegria desse serviço. Para reali "c ã e s " , "m a u s o b re iro s ", 2, p ois causam zar p len am en te ta l aleg ria, o ap ó stolo se m uito dano aos crentes na graça de Deus. O term o "circu n cisã o " [m utilação, no ori dispõe a ser vertido com o libação no servi g in a l] re p re s e n ta um jo g o de p a la v ra s. ço, 17, e d eseja que a aleg ria dos crentes P a u lo u sa k a ta to m e (" c o r te " ou "m u tila filipenses seja tam bém realizada assim , 18.
[ 558 I Filipenses
ç ã o ") em vez de peritom e ("c o rte em to r no" ou "circu n cisão ") a fim de enfatizar o erro dos ju d a iz a n tes, que e x ig ia m a c ir cu n cisão dos cren tes g en tios. O s le g a lis tas d iziam que o cren te, além da fé em Cristo, tinha de ser circuncid ado e ob ser var a lei para ser salvo (At 15.1; Gl 5.1,3). P aulo m ostra que a v erd a d eira circu n c i são en v o lv e fé em C risto sem q u a lq u er recurso ao legalism o, 3. Ele usa seu p ró prio exem plo com o alerta co n tra a falsa m eta de co n fia r na ju s tiç a le g a l em vez de som ente na ju stiça de C risto, 4-6.
de C ris to ", 7. Tudo ele co n sid era refu g o (gr. "e x c re m e n to "), 8b. 8b,9. Com putando o lucro. Na coluna do crédito aparecem : (1) a "su periorid ad e" de co n h e c e r Je s u s C risto com o S e n h o r; (2) conq u istar C risto com o p rém io ou tesou ro d efin itivo; (3) ser "a ch a d o n e le ", p o si ç ã o d e p e r fe ita a c e ita ç ã o n a ju s tiç a de Deus adquirida pela fé, 9.
3.10-14. Concentração no propósito espiritual
10,11. O objeto da concentração. O objetivo do ap ó sto lo é C risto . O p ro p ó sito é 3.7-9. Cristo, a única meta da vida conhecê-lo na prática de form a tríplice: vi7,8. Contando tudo o que perd eu. To venciar o poder de ressurreição do Senhor das as coisas que P au lo an tes v alorizav a (vitória sobre o pecado e a m orte); e, inse "n a carne" com o natural leg alista religio p a rá v el d essa , co m u n g a r de seu s s o fr i so, 4-6, que representavam lu cro na an ti m entos (a cru z); e, enfim , com o con seq u ga vida irreg en erad a, ele ag o ra co n sid e ê n c ia d is s o , c o n fo r m a r -s e a e le , i.e ., ra plena perda, puro preju ízo, "p o r am or deixar-se continuam ente m oldar na form a da m orte de C risto. A ssim possuirem os a exp eriên cia de C risto. Antigas bigas romanas usadas em competi A "ressu rreiçã o d os m o rto s", 11, alu ções aparecem retratadas na tampa de uma de à re s su rre iç ã o d os c re n te s q u a n d o a luminária de barro s e p a ra ç ã o do p e ca d o fo r d e fin itiv a , e a conform idade a C risto, com pleta. Essa era a perspectiva de Paulo enquanto sua vida pend ia na balança, um a perspectiva apro fu ndada pelo propósito da sua vida, 10. E a expressão "d e algum m o d o " não exp ri m ia in certez a q u an to a su a p a rticip a çã o n a re s s u r r e iç ã o , m a s s im p le s m e n te e x p r e s s a v a se u d e s e jo d e s u b m e te r -s e a q u a lq u er coisa (p risão, sofrim en to , m o r te) que apressasse o dia da com pleta con form id ad e a C risto. 12-14. A razão da concentração. Paulo não p resu m ia ter alcan çad o um co n h eci m ento absoluto ou final de Cristo, confor m e o d e s c rito a cim a . T al c o n h e c im e n to exige busca diligente e incessante, e m eta últim a disso é a posse de Cristo, com o este havia já tom ado posse de Paulo, 12. Em bo ra a m aravilhosa carreira do apóstolo em prol do Senhor já estivesse próxim a do fim, e ele aind a n ã o h o u v esse co m p reen d id o p ra tica m en te a p len itu d e do que era em C risto, m esm o assim estava absolu tam en te concentrado na busca da m eta da subli
Filipenses I 559 1
me vocação de Deus em Cristo Jesus, 13,14. Isso, provavelm ente, alude ao bema, ou san tuário do juízo de Cristo, quando as obras do crente serão julgadas. A m eta de Paulo era ev id en tem en te a lca n ça r co n h ecim e n to tão íntim o do Senhor, e de sua posição nele, que o dia do juízo fosse dia de apro vação e vitória, em vez de vergonha e der rota. Ele todo esforço fazia com esse objetivo em m ente.
3.15-19. Novo apelo à unidade 15,16. O apelo. Os que são "ap erfeiçoa d os" (teleioi), i.e., adultos tanto doutrinária quanto viven cialm en te, devem ter as a ti tudes que Paulo acabara de expressar em seu te ste m u n h o c o n c e rn e n te à sua p ró pria luta de fé, 15 (ver com entários sobre 10-14; cf. Gl 5.10). A unidade é essencial, e a p aciên cia, n e cessária. 17-19. O exem plo. O apóstolo pode ofe re c e r s e u p r ó p r io m o d o d e v id a co m o exem plo. "Sed e m eus im itadores", 17a (cf. Ef 5.1). Ele aconselha a contínua observa ção d a q u e le s q u e v iv e m p e la g ra ça de Deus, 17b, pois m u itos não andam assim . A qu eles que não cam inham na graça são "inim igos da cruz de C risto", i.e., hostis em a lg u m a m e d id a à p le n a s u fic iê n c ia da m orte de C risto com o fundam ento da ju s tificação perante D eus, acrescen tan d o al gum a outra exigência à graça pela fé como m eio de salv ação (E f 2.8,9). P aulo os d e nuncia com veem ência, 18,19.
3.20,21. Cristo, a esperança do crente 20 a. N ossa cid ad an ia celestial. N ossa nação ou terra natal é o céu. Som os povo celestial (Cl 3.1-4), cidadãos de um país na o b serv ação da n ossa su b lim e vocação. 20b,21. Os privilégios de nossa cidada n ia. E stam o s e sp era n d o ou a g u a rd a n d o nosso Salvador do céu (At 1.9-11; lT s 1.9,10; 4.13-18). Ele, quando isso acontecer, com p le ta rá n o s s a s a lv a ç ã o em seu s e n tid o fu tu ro de g lo rific a ç ã o , 21. Isso im p lic a tra n sfo rm ar "o corp o da n ossa h u m ilh a çã o ", i.e., nosso atu al corpo físico, ainda
sujeito ao pecado, à doença e à morte, 21. E ssa re m o d e la ç ã o ou tra n sfo rm a çã o re su lta rá em um corpo sem elhante ao cor po r e s s u r r e ç to d e n o s s o S e n h o r (cf. lT s 4.13-18; IC o 15.52; Lc 24.39). Nesse mo m ento, ele será im une à m orte, à doença e ao pecado, indestrutível, projetado para o céu e o m undo espiritual. Tal mudança será realizada pela onipotência de Cristo.
4.1-5. Permanecendo firmes na suficiência de Cristo 1. A razão da ordem . "P ortanto, meus irm ã o s, a m a d o s e m ui sa u d o so s, m inha a leg ria e c o ro a , sim , am a d o s, p e rm a n e cei (im perativo afirm ativo), deste modo, fir m es no S e n h o r". Por quê? Porque som os um povo celestial que desfruta de segura sa lv a ç ã o (3 .2 0 ,2 1 ) e serem o s re co m p en sad os por esse firm e apego a nossa posi ção em C risto . "M in h a a leg ria e c o ro a " se refere ao fruto que Paulo difundiu nas v id as, que será re co m p en sa d o na vinda do Senhor, 1 b. 2-5. O resu ltado da ordem . Sua cons ta n te p e r s e v e r a n ç a s a n a rá d if e r e n ç a s p e s s o a is e os fa r á p e n s a r "e m a c o rd o no S e n h o r", 2 (cf. 2.5). Prod uzirá um es p írito de so lid a ried a d e en tre os crentes, i.e., aq u eles cu jos nom es estão "n o livro da v id a ", 3 (Cl 1.27), gerand o alegria d o b ra d a , 4. A le g ra r-s e em q u a lq u e r coisa ou em q u alqu er pessoa que não C risto e sua o b ra ex p ia tó ria de sa lv a çã o sem p re re s trin g e a a le g ria . Uma p o siçã o firm e tam bém gera a "b o n d a d e " de C risto e a exp ectativa da im inente volta do Senhor, 5 (cf. 3.20,21).
4.6-9. 0 segredo da paz de Deus 6,7. Prescrição para re ce b e r a paz de Deus. O conselho é duplo: não se preocu pe com nad a; e, em um e sp írito de ação de g raças e g ra tid ã o , ore por tudo, 6. O resu ltad o será a "p a z de D eu s". Essa é a p a z com q u e D e u s p le n ific a o c re n te q u an to ele p erm a n ece firm e em sua po siçã o em C risto , 1. D eve ser d istin guid a da "p a z com D eu s", resultad o da ju stifi-
[ 560 1 Filipenses
cação (Rm 5.1) e quinhão de todo crente. Essa paz m ais profunda de cam inhar com D eus é incom preensível à m ente natural. Excede tudo o que a m ente não espiritual pode com preender; "co n tin u ará g u ard an do" (tradução literal do grego), p ro teg en do a vida m ental, em ocional e e sp iritu a l da introm issão inim iga d aqu ilo que co r rom pe a paz de Deus. 8,9. Prescrição para m an ter a p az d D eu s. O se g re d o é (1) g u a r d a r n o s s o s pensam entos, i.e., o que n os p erm itim o s pensar ou p o n d e ra r, 8. D ev e m o s m e d i tar c o n tin u a m e n te n a s c o is a s q u e sã o v e rd a d eira s, n o b re s (re s p e itá v e is , h o n ra d a s ), r e ta s (ju s ta s , ín te g r a s ), p u ra s , a m á v eis (a c e itá v e is ), de b oa fa m a (r e com en d áv eis, lo u v á v e is). (2) P ra tica r as coisas que n os foram en sin a d a s e e x e m p lifica d a s p elo a p ó sto lo na su a e x p e r i ê n cia p e sso a l. O re s u lta d o se rá n ã o só p o ssu ir a "p a z de D e u s ", 7, m a s o p ró prio "D eu s de p az", 9.
4.10-23. Paulo dá testemunho da paz de Deus 10-14. O contentam ento no Senhor. Ele se alegra grand em ente porque o zelo dos filip e n s e s p o r e le n o v a m e n te flo re sc e u , com o vegetação renovava pela chuva, 10. Enfatiza o fato de ter aprendido a satisfa zer-se em qualquer situação com a qual se pepare no cam inho do serviço do Senhor, 11,12, Em Cristo ele tem potencial ilimitado, 13 (cf. Jo 15.5; 2C o 12.9). Ele é grato pelo auxílio em tem pos de necessidade, 14. 15-23. A gratidão pelo benefício recebi do. Ele elogia a antiga liberalidade da igre ja filip ense, 15-17, e m ostra-se grato pela recente oferta via Epafrodito, 18. Ele lhes assegura que D eus os honrará assim como ele s h o n raram a D eu s em sua oferta , 19 (cf. SI 23.1). P aulo conclui com um a b ên ção, 20, 23, e uma saudação pessoal, 21,22. O s santos da casa de C ésar eram con v er sos da própria corte im perial rom ana.
Colossenses A suprema glória da pessoa de Cristo Data e autor. Um a das epístolas d o cárcere rom ano do a póstolo Paulo (1.1), essa carta foi despachada para a Ásia proconsular por Epafras, que tam bém entregou
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Efésios e Filem om. A epístola,
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portanto, foi escrita mais ou m enos na m esm a data, p rovavelm ente 61 ou 62 d.C.
Propósito e tema. Essa :
epístola foi escrita para a O
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igreja de Colossos, cidade perto de Laodicéia e Hierápolis. O apóstolo ficara sabendo de dois graves erros doutrinários que am eaçavam a igreja. Um era um a form a
•Cõtossos
de legalismo ascético (2.1417). O outro era uma espécie : ... ?. : .
nociva de misticismo (2.1823). Para com batê-los, a epístola exalta a pessoa e a
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obra de Cristo e a união do cren te com ele com o resposta definitiva a erros dessa espécie.
Esboço 1.1-14 0 interesse de
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M ED ITER R Â N EO
Paulo pelos colossenses 1.15-29 A glória da pessoa e da obra de Cristo 2.1-23 Cristo com o resposta aos erros doutrinários 3.1— 4 .1 8 A unia© com Cristo c om o fundam ento do viver cristão
[ 562 1 Colossenses
1.1-8. Saudação apostólica 1-3. A solicitude pastoral de Paulo. Paulo se asso cia a T im óteo, 1, n essa sa u d a çã o introd u tória aos crentes de C olossos, p e quena cidade da Ásia M enor. N ão foi ele qu em fu nd ou a ig reja a li, m as a saú d a com o fosse sua, 2, e declara suas sinceras orações por ela, 3. 4-8. Razões do interesse de Paulo. Ele estava im pressionado com sua fé em C ris to, seu amor pelos santos de Cristo, 4, e a frutificação do evangelho na vida deles, 6. Tinha tam bém um a ligação p esso al com eles via Epafras, 7, que revelara seu "am or que tendes no Espírito", 8.
1.9-14. Oração apostólica 9-11. Petições. A oração de Paulo pelos colossenses era contínua, 9 (cf. 3). O após tolo intercede (1) pelo pleno conh ecim en to da vontade de D eus e pela p ercep ção espiritual, 9; (2) para que esse conhecim en to se traduzisse em um a m aneira "d ig n a " de vida (cf. Ef 4.1), produzindo boas obras (cf. Ef 2.10); (3) para que m ais conhecim en to lhes fosse concedido, 10; (4) para que o poder esp iritu al lhes fosse d ado, 11a; (5) para que as virtu d es cristãs, com o a paci ência e a p ersev erança, fossem exercid as com alegria, 11 b. 12-14. Em nome de quem se faz a peti ção. A oração é dirigida a D eus Pai, que, conform e se diz, fez-nos dignos de p arti lhar da herança dos santos que habitam o reino da luz, 12 (cf. IJo 1.5). Ele nos resga tou da dom inação satânica e do poder de moníaco, 13a (cf. Ef 6.10-20) e "n o s trans portou para o reino do seu Filho am ad o", 13b. Neie possu ím os red enção por in te r m édio de sua m o rte, ou seja, a "p e rd ã o dos pecad os", 14.
1.15-17. Cristo: Deus e Criador 15a. A divindade de Cristo. Ele é a im a gem (eikon ), a exata sem elhança ou repre sentação, do D eus in v isív el. E veríssim o Deus do próprio Deus, um com o Pai, de m odo que aq u ele que vê a im a g em , vê refletid a a id ên tica sem elh an ça de D eus
(Jo 14.9). A não ser na im agem , Deus como Espírito infinito não pode ser visto pelo ser hum ano (Jo 4.24; Rm 1.20). No Cristo préen ca rn a d o e d ep o is en ca rn a d o , D eu s se faz visível ao hom em (Jo 1.1, 14, 18). 15í>-17. C risto Criador. Com o Criador, (1) C risto é anterior a toda a criação, sen do o próprio C riador — "p rim ogénito so b re", antecedente a toda criatura ou toda a c ria ç ã o , 15b. Ele é "a n te s de to d a s as coisas", 17a (cf. Jo 17.5), tendo existido eter n am ente antes de todas as criatu ras e de toda a criação. (2) Ele é agente da criação — "p o rq u e nele foram criadas todas as co i sas", 16a. Essa afirm ação é repetida, 166.(3) Ele é a M eta da criação. "Tudo foi criado [...] para e le ", 16c. Toda a criação gira em tor no d ele e tem nele sua co n su m a çã o . (4) E le é o C o n s e rv a d o r da c ria ç ã o . "N e le , tudo su b siste."
1.18,19. A liderança de Cristo sobre a igreja 18a. Ele é o cabeça da igreja. A igreja é seu corpo. A ssim com o a cabeça do corpo hum ano é uma com o corpo, tam bém Cris to é, coletivam ente, um em vida e destino com seu s re m id o s d esta era. O E sp írito Santo batiza o crente no corpo (IC o 12.13) e, ao m esm o tem po, em C risto , o cabeça (Rm 6.3,4). A ssim com o a cabeça dirige e controla todas as atividades do corpo hu m ano, tam bém C risto dirige e controla to das as atividad es da igreja, seu corpo es piritual (IC o 12.12; Ef 1.22). 18b,19. Ele é o princípio da nova criação. C om o R ed en to r cru cifica d o e re ssu scita do, ele é o "p rim o g é n ito d en tre os m o r tos", e com o tal o "p rin cíp io" da nova cria ção (2Co 5.17; Ap 1.5). Com o "prim ogénito de toda a criação", 15, ele é o Criador e dá a vida natural. Como "prim ogénito dentre os m ortos", ele é o Redentor e dá a nova vida ressurrecta. Por m eio dessa obra red ento ra nasce a nova criação, em virtude da qual ele é sua cabeça. Ele deve ter o prim eiro lugar em tudo, pois "foi da vontade de Deus que nele habitasse toda a plenitude", 19. Ele era o próprio Deus feito homem, para criar um novo povo pela redenção.
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1.20-23. A obra reconciliatória de Cristo
1.24-29. A glória de Cristo procla mada no ministério de Paulo
20 .2 1 .0 significado da reconciliação. R e co n c ilia çã o C risto tra z e n d o a paz en tre D eu s e o hom em , que estava alhead o de Deus e em inim izade com ele com o conse quência da Queda. Isso se fez pelo sangue (m orte de Cristo) na cruz, 20a. Alheam ento e inim izade concentravam -se na m ente do h om em (se u s p e n sa m e n to s) e e x p re s s a vam -se em obras iníquas, 21. O pecador é r e c o n c ilia d o (to ta lm e n te tra n sfo rm a d o ) pelo poder divino, passando de um estado de hostilidade e de aversão a D eus a outro de am orosa confiança (cf. Rm 5.10; 11.15; 2Co 5.18-20). 22.23.0 propósito da reconciliação. O fim em vista na obra reconciliatória de Cristo, realiza d a na co n su m a çã o do seu sa c rifí cio, é apresentar o crente com o santo, im a cu lad o e irrep rim ív el diante de D eu s, 22 (cf. Ef 5.27).
24,25. Os sofrim entos de Paulo. O após to lo se a leg ra n e sse s so frim e n to s reali zad os pelo povo de D eus, 24a. Ao fazê-lo ele p reenche ou com p leta aquilo que fal ta em suas aflições por C risto sofridas no corpo físico por am or ao corpo místico de C risto , a ig reja , 2 4 b. D essa igreia, Paulo se to rn o u "m in is tro " (d iakon o s), segundo a cond ição de ad m in istrad or ou a comis são apostólica divinam ente confiada a ele para b en e fício dos colossen ses, para que assim e le p u d e sse p re g a r plenam en te a P alavra de D eus, 25c. 25d-29. Pelo cumprimento da palavra de Deus. O pleno cum prim ento à palavra de Deus, 25d, envolve a revelação e a exposi ção do "m istério", 26. Esse mistério, ou ver dade divina revelada, ficara oculto nas eras a n te rio re s ao p e río d o da igreja, 26a (cf. Ef 3.2-6). É agora revelado pelo apóstolo,
Vista parcial da acrópole de Colossos (pequeno monte no centro). Após a destruição da antiga cidade, os colossenses mudaram-se para a cidade de Honaz (mais ao fundo).
t 564 ] Colossenses 26 b, e contém as "riq u ezas da g ló ria " de Deus entre os gentios, im plicando sua sal vação, 2 7a (cf. At 15.14). O epítom e desse m istério é "C risto em vós", a verdade que o Cristo crucificado, ressurreçto e ascendi do habita o crente, 27b. Com preende o fato de que Cristo se forma no hom em regene rado ou "perfeito" (cf. Gl 2.20; 4.19; IJo 4.12; cf. Ef 4.24). O Cristo que nele habita é a "es perança da glória" do crente, 27c (Cl 3.3,4), pois o crente com ele se identifica e nele é um em vida e em glorioso destino. A glorifi cada humanidade de Cristo no céu é a ga rantia de que o crente será g lorificad o na eternidade (IJo 3.2). A meta da proclam a ção desse mistério é a maturidade em Cris to, 28. Implica esforço e conflito, m as é ope rada pelo poder de Deus, 29.
2.8-13. 0 perigo da falsa filosofia
8. O ale rta . "F ilo s o fia s ", lite ra lm e n te 'am or ao conhecim ento', o termo aqui refe re-se a qualquer sistema de pensamento re ligioso que não tenha como centro a pessoa e a obra de Cristo. A m enos que o crente seja extrem am ente cuidadoso, virá a se en redar, i.e., será vitim ado pelo logro, levado como "p resa" da ilusão vazia. Tais vãos sis tem as de pensam ento são construíd os so bre aquilo que legaram h om ens erud itos, m as incrédulos, e são em oldurados segun do os p rin cíp io s ele m e n ta re s do sistem a m undial satânico, "e não segundo C risto". Só nele se encontram ocultos todos os te souros da sabedoria e do conhecim ento, 3. 9-13. O rem édio. O rem édio para a fal sa religião se concentra em Cristo e im pli ca: adesão à verdade de sua plena divinda 2.1-7. Cristo, a resposta d e na h u m a n id a d e , 9 (Jo 1.14; Cl 1.1 9 ); recon h ecim en to da com pleta vida e sp iri ao erro doutrinário tual do crente em un ião com ele, 10a; re 1,2. A luta con tra o erro. O erro gera c o n h e c im e n to da a u to rid a d e de C ris to intensa luta (gr. agonia), la , por cau sa da com o cabeça do corpo, a igreja, e tam bém oposição d em oníaca con tra a verd ad e de de todo governo e autoridade terrena, 10£>; Deus (cf. lT m 4.1-5; IJo 4.1-4), especialm en reconhecim ento de que a união com C ris te contra verd ad e tão su b lim em en te g lo to dá ao cre n te um a n ov a p o siçã o . E ssa riosa com o o "m istério de D eu s", 2. Esse n ov a p o siçã o é a v erd a d eira circu n cisã o conflito espiritual ocorria para que o povo esp iritu al, i.e., o d esp ojam en to "d a carne de Deus em C olossos e Laodicéia (ver in p ecam in osa", 11. O crente agora pode le trodução) se confortasse ou consolasse na v a r um a v id a de v itó ria sob re o pecad o verdade, 2a; para que p u d essem se un ir porque foi trazido à vida pela vida ressur no amor, 2b; para que tivessem plena cer recta que C risto lhe concedeu, 11-13. tez a de s a lv a ç ã o p e la c o m p re e n s ã o do m in istério de D eu s que se co n c e n tra na 2.14-17. 0 perigo do legalismo graça de D eus em Cristo, 2c. 2c-7. A resposta ao erro. Esse é o "m is 14,15. A s observâncias legais são elimina tério de D eu s", que é C risto, em quem a das em Cristo. Q uando o véu do templo se plenitude da d ivindade se encarnou para rasgou de alto a baixo na m orte de Cristo a red enção e a re co n ciliaçã o do hom em . (Mt 27.51; Jo 1.17; Hb 9.3-8; 10.19,20), indi No encarnado "e stão ocultos todos os te cou-se o fim da era legal. Cristo cumpriu a souros da sabed oria e da c iê n c ia ", 3 (cf. lei (Mt 5.17), e pela sua morte nos libertou Ef 1.9; 3.9). Deus encarnado é, assim , a res de sua condenação, 14. Ele apagou ou eli posta a todo erro (cf. IJo 4.2,3), inclu sive minou os regulam entos legais que nos con q u a lq u er serm ã o p e rs u a s iv o q u e re tire d en avam , pregand o à cruz, por assim d i Cristo do centro do pensam ento e da ativizer, o docum ento da dívida que havia contra d ade esp iritu ais, 4. O d ese jo de P au lo é nós pecadores (cf. Ef 2.15,16). Além disso, q u e os c o lo s s e n s e s n ão c o m e ta m e ss e ele derrotou os poderes satânicos e dem o erro, 5, mas continuem a viver con centra n ía c o s q u e n o s a p ris io n a v a m (E f 6 .1 2 ; dos em C risto em sua dou trina e em sua Hb 2.14), expondo-os ao desprezo em seu conduta, com o já o haviam recebido, 6,7. triunfo, 15. N ele temos plena em ancipação.
Colossenses I 565 1
16,17. A conclusão. Portan to, nenhum crente deve ju lg ar outro crente em q u es tões de com ida, observância de dias festi vos, lua nova ou sábado, 16 (cf. Rm 14.3). O cren te é co m p leto em C risto e foi aceito por ele, 10. Irm ão nenhum , portanto, deve rejeitar outro crente por causa dâ não ob serv ân cia de m in ú cias leg ais. Essas ce ri mónias legais eram som ente tipos ou som bras das coisas verdadeiras que viriam em Cristo. A ssim , elas nada podem acrescen tar ou subtrair à com pletude de que o cren te d esfruta nele, 17.
2.18,19. 0 perigo do falso misticismo 18. A form a do erro. Esse pseudom isticism o assum iu a form a de gnosticism o, co nhecim ento (gr. gn osis) esp úrio que in cu l cava um a falsa h u m ild a d e e a a d oração ou veneração de anjos, 18». A gindo assim, viam C risto m eram ente com o o m ais e le vado dentre os espíritos, corroendo a ple n a d ig n id ad e de sua p esso a e ob ra pela adoração de anjos. O alerta de Paulo con tra o g n osticism o g erara m ag n íficas a fir mações da sublim e pessoa (1.15-19) e obra consum ada (1.20-23; 2.9,10) de Cristo. A go ra ele rotu la e sses falso s m estres de a u d azes in tru so s que se im iscu íam em te r reno do qual eram ignorantes e que viviam inchados de orgulho, 18b. 19. A razão do erro. Esse falso m isticis mo resultava da perd a do víncu lo com a suprem a liderança de C risto, 19a. Só pela adesão à absoluta suprem acia de C risto é que o corpo, a igreja, funciona norm alm en te e cresce. C om o aco n tece com o corp o hum ano, o cabeça precisa controlar todas as outras funções do corpo, 19b.
2.20-23. 0 perigo do ascetismo 20 a. A emancipação do crente das orde nanças legais. O m eio da em ancipação é a m orte, a sep aração fin al. E sse é o statu s que o crente goza em Cristo em virtude de sua identificação com ele (Rm 6.3,4). Esse status de m orte para o legalism o de qual quer espécie deve ser considerado (Rm 6.11)
e con v ertid o em experiên cia de libertação das d eterm in açõ es leg alistas. O apóstolo cham a essa s d eterm in a çõ es de "elem en tos do m u nd o" (gr. kosm os, "sistem a mun d ial"). Instila uma aceitação divina basea da no mérito das obras, em oposição a uma aceitação por graça e fé fundada na plena suficiência da pessoa e da obra de Cristo. A tend ência é que esses p rin cíp ios elem en ta re s p ro d u zam um a scetism o leg a lista , desonrando a liberdade que Cristo conquis tou nele para os crentes. 20ÍJ-23. O resultado dessa emancipação. Estando liberto, por que, portanto, viver "no m undo", i.e., im por-se leis ou sujeitar-se a ordenanças, 20b? Pelo contrário, que haja com pleta separação de regulamentos, "tais com o não toques, não proves, não m anu seies", 21. Deus, na verdade, pretendia que essa s o rd e n a n ça s le g a lista s (com o as cia lei m o sa ica ), p e re cesse m , no sen tid o de cessação , ap ó s a vind a de C risto , sendo d escartad as ou consu m id as quando h ou vessem já cu m p rid o sua função original, 22a. A im posição d essas ordenanças ago ra, debaixo da graça, é resultado de m an d am entos e en sin am en to s hu m anos, não divinos, 22b. O legalismo tem apelo secular (logon), m era exibição loquaz, m as não é, de fato , m a n ife sta çã o de sab ed o ria, i.e., sabedoria verdadeira, que faz C risto tudo em todos, 23a (cf. IC o 1.30). É mera "falsa devoção", e não com unhão com Deus diri gida pelo Espírito; "falsa humildade", e não a verd ad eira su b m issão à graça de Deus em Cristo, 23 b. A graça humilha o homem e exalta a Deus. Tal ascetism o nem honra a Deus nem gratifica a carne, 23c. E fútil em qualqu er direção,
3.1-4. A união com Cristo e a vida santa 1. A base de uma vida santa. A base é a verdade da união com Cristo na ressurreição, la , e seu atual status celestial, l b (Rm 6.5; Ef 2.6; Cl 2.12; SI 110.1). Nossa união é celesti al (status). Portanto, nosso modo de vida (ex periência) tam bém deve ser celestial. 2. Exortações a uma vida santa. (1) Uma busca ou um esforço contínuo por feitos es-
I 566 ] Colossenses
em um bebê. Em Colossenses 3, Paulo defende o bom relacionamento entre os membros da família.
5 b-7 . C onsequências da não proclam a ção da sen ten ça de m orte. O s órg ãos ou m em bros do corpo red im id o recairão nos p e ca d o s e n u m e ra d o s em 5b. " P r o s titu i ção" é qualquer relação sexual ilícita; "im p u r e z a ", q u a lq u e r p e rv e rs ã o se x u a l ou corporal. "D esejo m au " (afeto im oderado) é qualquer paixão pervertida ou antinatural (Rm 1.26). "D esejo m aligno" é o anseio insaciável ou o desejo ardente gerado por tal fra q u ez a . "A v a re z a ", o d ese jo de ter sem pre mais, é idolatria, pois relega D eus a um p o sto secu n d á rio , ou, e n tã o , o d e g red a co m p le ta m e n te (E f 5.5). E sses p e cados provocam a "ira de D eu s" contra os im penitentes, 6. A corrupção desses peca d o s re s u lta em s e v e r o c a s tig o p a ra os crentes, 7 (cf. IC o 3.12-17; 5.1-5).
3.8-17. Vestindo o novo homem pirituais; "p en sai (enfático) nas coisas de cim a", la ; (2) continuamente "fixai o pensa mento nas elevadas coisas, nas elevadas 'coisas [duplamente enfático pela posição das pa lavras e pela repetição] fixai o p ensam en to" (gr.), 2a; (3) um rom pim ento definitivo com as coisas terrenas ou m ateriais: "n ã o nas [coisas] que são da terra". 3,4. M otivos dessas exortações. São eles: (1) a posição, em C risto, de m orte para o pecado, por isso o pecado não tem direito ao crente, 3a; (2) a vida do crente é agora de C risto , e assim "e s tá e sco n d id a com Cristo em D eus", 3b; (3) Cristo é a vida do crente, 4a; (4) a m an ifestação g lo rio sa de Cristo significará nossa m anifestação com ele, 4b. U m a vid a santa é p o ssív e l agora d esde que con heçam os n ossa p o siçã o em Cristo, agindo segu nd o tal posição. E as segurada no fu tu ro pela nossa glorificação.
3.5-7. A proclamação da morte para a vida de pecado 5a. A sentença de morte. "Portanto, eli m inai vossas in clinações ca rn a is", ou, de uma vez por todas, proclame a sentença de morte de todo órgão ou parte do corpo que possa ser levado ao pecado antes da glorifi cação do corpo redimido (cf. Rm 8.13; Gl 5.24).
8,9. Despindo o velho homem. O "velho hom em " é o hom em irregenerado, com sua corrupta natureza humana (Rm 6.6; Ef 4.22). Quanto a sua posição, com o Deus vê o cren te em Cristo, o velho hom em foi crucifica do e está morto. O crente é aqui exortado a validar isso em sua experiência, considerando-o m orto com o ato definitivo de fé, 8a. U sa-se o sím ile de um a veste velha e rota jogada de lado para descrever a antiga vida de raiva, ira, m alícia, maledicência, lingua gem ob scen a e m en tira, vid a essa que já foi abandonada, 8,9. 10-17. Vestindo o novo homem. Sobre o n o v o h om em , v er co m en tá rio em E fé si os 4.23-30. Ele é vestido com veste nova e limpa, 10. O novo homem implica (1) nova natureza divina (regeneração), 10b; (2) nova unidade que transcende raça, posição soci al, etc., 11 a; (3) nova esfera em que Cristo é absolutamente central, 11b (Ef 1.23). O com p o rta m en to do cren te d ev e b a se a r-se no fato de que D eus o escolheu, o am ou e o santificou, 12a; portanto, toda virtude e gra ça cristãs devem ser m anifestadas, 12b-17.
3.18—4.6 Vida celestial e relacio namentos familiares 3.18-21. Esposas, m aridos, filhos. As es posas devem agir segundo dois princípios:
(1) submissão a seus m aridos (cf. Gn 3.16) e (2) aquilo que é apropriado ou correto "n o Senhor", 18 (cf. Ef 5.22; IP e 3.1). Nenhuma esposa cristã deve ser cegam ente subm is sa a um marido impenitente caso tal obedi ência viole sua consciência perante Deus. O d ev er su p rem o do m arid o é 'am ar sua esposa, 19 (Ef 5.25), e tudo o m ais virá na o rd em ap ro p ria d a . O s filh o s d ev em ser o b e d ien tes em tod as as co isa s, pois isso muito agrada a Deus, 20 (cf. Ef 6.1). Os pais devem ser sen sato s com seu s filh o s, e v i tando exasperá-los e d esanim á-los, 21. 3.22—4.1. Servos, senhores. Essa extensa instrução deve ter sido em parte ditada pela experiência de Filem om , cristão de C olos sos, com seu escravo fugido, O nésim o (cf. 4.9; também livro de Filemom). Os escravos (servos) devem agir segund o um esp írito cristão de serviço, obediência, fidelidade e sinceridade, 3.22-25. Os senhores devem agir conform e o exem plo dado pelo seu supre mo Senhor celeste, 4.1 (cf. Ef 6.5-9). 4.2-6. P rin cíp ios gerais. D eve-se p rati car a oração, 2-4. D evem -se cu ltivar o sá b io p ro ced e r p ara com os im p e n iten te s, 5a; e o em p reg o p ru d en te do tem p o, 5b, aliad o a p alavras sãs e b enévo las, 6.
Colossenses t 567 ]
O cristianismo e a escravidão E m b o ra P au lo ja m a is d escu lp e a es c r a v id ã o , e a r g u m e n te c o n tr a ela em G á la ta s 3.28, d ize n d o que o escravo e o hom em livre são um em C risto, de fato a re c o n h e c e com o p a rte da lei da terra e in eren te à cu ltu ra rom ana. A ssim , ele dá in stru çõ e s ig u alm en te a serv os e sen h o re s a c e rc a d a su a c o n d u ta em C ris to . Isso n ã o d ev e ser in te rp re ta d o , porém , co m o a ce ita çã o da p rá tica (cf. Filem om e O n é sim o ).
4.7-18. A vida santa e a fraternidade cristã 7-15. O elogio dos com p an heiros. Uma v id a sa n ta g e ra c a lo r o s a fr a te r n id a d e c ris tã . 16-18. Instruções e saudação. Paulo de term ina a leitura pública da carta aos co lossenses de L aodicéia, cidade vizinha. O apóstolo tam bém pede que a epístola dos de L ao d icéia (co n teú d o que d esco n h ece mos) seja lida em Colossos. Arquipo é ad m oestado, 17 (cf. Fm 2). Por fim, Paulo faz um a saudação final, 18.
1Tessalonicenses Retrato de uma igreja exemplar Autor e data. A primeira
Propósito da epístola.
carta aos tessalonicenses é, provavelmente, a mais antiga das epístolas paulinas. Foi escrita em Corinto, não muito depois de Paulo ter deixado Tessalônica em sua segunda viagem missionária (At 16— 17, talvez em 52 d.C.).
Essa carta foi escrita para encorajar e firmar uma jovem igreja nas verdades básicas do evangelho, para incentivá-la a progredir no poder da vida santa e para instruí-la a respeito da vinda do Senhor para os seus e a respeito da relação desse evento com os acontecimentos do dia do Senhor.
Ruína do teatro romano próxima a uma rua da cidade de Salônica, antiga Tessalônica, que foi a capital da província da Macedônia.
Esboço 1.1-10 Uma igreja
exemplar 2.1-20 Um ministro
exemplar 3.1—4.12 Uma vida
santa 4.13— 5.28 A vinda de Cristo e o Dia do Senhor
1Tessalonicenses [569]
1.1-4. Uma igreja eleita 1-3. U m a con g reg ação exem plar. Tes salô n ica era um a cid ad e b em im p o rta n te do g olfo T erm aico, a su d oeste de F ili p os. O a p ó sto lo , p o rém , o rg u lh a -se dos cristã o s d ali, e n ão da g ran d e cidad e. A ig r e ja m o d e la r r e c é m -fu n d a d a , 2, era m o tiv o de ação de g ra ça s p o r cau sa da " d a v o s s a fé a t u a n t e " , da " d o v o s s o a m o r p r e s t a t i v o " (a m o r c o m p r o v a d o p e la la b u ta ) e da " d a v o s s a e sp e ra n ç a b e m f ir m a d a em n o s s o S e n h o r J e s u s C risto " (por ag u ard ar do céu o F ilh o de D eu s, 1.10), 3. 4. Um a congregação eleita. A eleição é tanto individual quanto coletiva. Essa últi ma é a que está em questão aqui. A ordem divina é presciência (IP e 1.2), eleição (es co lh a) e p re d estin a çã o . O s que são alvo da presciência divina são eleitos, e os elei tos são p red estinad os. Essa eleição é cer ta p ara to d o cre n te . Vem in te g ra lm en te pela graça (Rm 9.11; 11.56), alheia a m érito h u m a n o , e p ro c e d e da v o n ta d e d iv in a (Jo 15.16; cf. Ef 1.5).
1.5-8. Uma igreja missionária 5. O b jetos de um a ev an g elização efi caz. O e v an g elh o q ue P aulo e seu s co la b o ra d o re s p re g a v a m , c h a m a d o " n o s s o e v a n g e lh o " , n ã o ch e g o u a o s te s s a lo n i c e n s e s s o m e n te em p a la v ra , i.e ., m e ra m en te em te o ria , m as em re a liz a ç ã o — "co m p o d e r " , "co m o E sp írito S a n to " e "co m ab so lu ta co n v icçã o ", 5a. P au lo era ele m esm o um e x e m p lo d essa m a n ife s tação do poder de D eu s, 5b. 6-8. Sujeitos de um a obra m issio n ária eficaz. Sua e ficaz con v ersão levou a: (1) q u e s e g u is s e m P a u lo e s e u s c o la b o r a d o res, e ao S e n h o r, 6a; (2) que re c e b e s sem a P alav ra de D eus em m eio à trib u la ç ã o co m a a le g r ia q u e dá o E s p ír ito Santo, 6b (cf. At 13.52); (3) que se to rn a s sem e x e m p lo d a q u ilo q u e o s c r is tã o s d e v e ria m ser p ara os c re n te s da M aced ônia e da A caia (G récia), 7; (4) que re v e la sse m z e lo m is sio n á rio na p ro p a g a ção do ev an g elh o a o u tras reg iões, 8 (cf. Rm 10.18).
1.9,10. Uma igreja de serviço e espera 9. Eles serviam a D eus. P ara fazê-lo, m an ifestav am "fé atu a n te " na fé, 3, pois d e ix a n d o os " íd o lo s " se co n v e rte ra m a D eus, e um a obra de am or, pois serviam "o D eus vivo e verdadeiro", e não os ídolos falsos e m ortos. 10. Esperavam por Cristo. Manifestavam sua paciência na esperança, pois aguarda vam "d o céu seu Filho". Ele nos livrará da ira que virá sobre os im penitentes.
2.1-4. Conduta ministerial exemplar sob perseguição 1,2. A coragem gerada pelo sofrimento. O s te s s a lo n ic e n s e s bem sab iam q ue o anúncio do evangelho a eles não era infru tífero nem ineficaz, 1. Tal anúncio se carac terizou pela corag em . O so frim en to que Paulo e seus colaboradores suportaram em Filipos (At 16.12-40), incluindo cruel espan cam ento e prisão, os encorajara a anunci ar o evangelho de Deus com grande confi ança. O resultado foi duplo: abundante fruto espiritual, 1 b; e "so frim en tos" (gr. agonia), em bate e guerra espiritual, 2. A persegui ção deu a Paulo m aior liberdade e força na pregação, em vez de acuá-lo e silenciá-lo. 3,4. A fidelidade evocada pela responsa bilidade. A instrução hortativa de Paulo, i.e., su a sin cera sú p lica, n ão teve origem no d ese jo de ilu d ir ou de frau d ar, nem em motivo im puro; nem foi tentativa de atrair ou enredar seus ouvintes por artifício insi dioso, 3. Longe de tal exibição de infideli dade, foi m odelo de fidelidade. Encarava o e v a n g e lh o com o d e v e r sa g ra d o , e os arau tos a quem o evangelh o fora solen e m ente confiado, com o coisa extrem am en te valiosa e facilm en te corru p tível, 4. Os a ra u to s do e v a n g e lh o se tin h a m com o "a p ro v a d o s por D e u s", p ois só lhes fora confiado o evangelho depois de rígida pro vação e aprovação. P ortanto eles falavam com c o ra g e m , n ã o a g ra d a n d o aos h o mens, m as a Deus, ele que sonda os cora ções dos hom ens (Jr 11.20) e que os apro vara para a propagação do evangelho.
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2.5-8. Um ministério altruísta no amor 5-7. A prova do amor desapegado. Em ter mos negativos, Paulo e seus colaboradores jam ais lançavam mão de bajulação, i.e., lou vor insincero com fins indignos com o m ás cara ou pretexto (aquilo que aparece à fren te, ou que é posto adiante, a fim de ocultar o verdadeiro estado das coisas) para a ganân cia. Jamais bajulavam o povo com vistas ao lucro material, com o m uitos m inistros são tentados a fazer. Podiam in v o ca r a D eus como testemunha desse fato, 5. Jam ais bus cavam a glória dos homens, 6a; jam ais eram onerosos nem fardo para os ou tros, coisa que podiam ter sido em tais circunstâncias, 6b. Em term os positivos, eram carinhosos, i.e., m ansos ou b enévolos com o um a lac tante que am am enta seus filhinhos e assim revela verdadeiro am or por eles, 7. 8. A expressão do amor altruísta. Tendo intenso am or pelos tessalon icenses, Silvano (Silas, cf. At 15.22,40) e Timóteo (1.1) esta vam "p rep a ra d o s" (sin ceram en te d ispos-
Detalhe dos relevos do Arco de Galério, cons truído por este general romano em comemora ção à sua triunfal vitória sobre os persas.
tos) a tran sm itir-lhes não só o evangelho, m as suas próprias vidas. Por quê? Porque os tessalonicenses haviam se tom ado "am a dos" para eles. O amor dá um toque mágico ao ministério para Deus e para os outros.
2.9-20. Um devotado ministério pelos outros 9-12. A descrição do ministério devotado. C aracteriza-se (1) pelo sacrifício, o esforço e a abnegação pelo bem dos outros e pelo su cesso do testem u n h o do ev a n g elh o , 9; (2) pela imaculabilidade na vida pessoal, 10; (3) pelo amor paternal e a paciência na ins tru ção e no consolo, 11; (4) pelo elevad o objetivo de firm ar os crentes em um m odo de vida "d igno de D eus" e de seu sublime cham ado ao seu "reino e glória", 12. 13-20. A enum eração dos resultados do m inistério devotado. Tal serviço é sem pre abençoado por Deus e fértil, como o foi jun to aos tessalon icenses. (1) Eles receberam a Palavra pregada com o Palavra de Deus, não palavra de homens, 13a, e ela agiu com eficácia neles em resposta à fé, 136 (IP e 1.23). (2) Eles se tom aram seguidores (imitadores) das igrejas de D eus na Ju d éia, que ig u al mente sofriam perseguição de judeus após tatas, cuja descrença e pecados são m enci onados, 14-16 (cf. At 7.52; 17.5,13; 18.12). (3) Eles se fizeram am ad os do ap óstolo, que com tanta vontad e d esejav a vê-los n ov a mente, 17, mas acabou im pedido por Sata nás, 18. (4) Eram "e sp e ra n ça ", "a le g ria " e "co ro a " de Paulo, sua recom pensa no san tuário do juízo de Cristo, quando o Senhor recom p ensará seu santos na segunda vin da, 19,20 (IC o 3.12-15; 4.5; 2Co 5.10).
3.1-8. Permanecendo firme no Senhor 1 -5 .0 interesse do apóstolo. Tendo Paulo chegado a Atenas (cf. At 17.15; 18.5), tanto d esejava o bem -estar esp iritu al dos tessa lonicenses que preferiu perm anecer só, 1, a fim de que T im óteo pudesse partir para cuidar dos interesses espirituais deles, 2, e fo rtalecê-los d iante das aflições que eram chamados a suportar, 3 (2Tm 3.12). Na visi
1Tessalonicenses I 571 1 ta de Paulo a Tessalônica, ele os havia aler tado para a tribulação, 4. Agora está ansio so por descobrir com o tinham se saído. Ele co n h ecia a su tileza d a te n ta çã o satân ica (2Co 11.2,3) e sabia que o esforço espiritual poderia resultar em nada, 5b (cf. Gl 4.11). 6-8. A recompensa do apóstolo. Seu piedo so interesse por eles foi recom pensado por um relato positivo de Tim óteo. Ele trouxe "boas notícias" de sua fé e amor, indicando que os tessalon icen ses g uardavam felizes lem branças do apóstolo e que seu sincero desejo de vê-lo era tão grande quanto o de Paulo, 6. Isso muito consolou o apóstolo, 7. Ele d eclarou: "p orq u e, se estais firm es no Senhor, nós agora vivem os", 8 (Ef 6.13,14; Fp 4.1). Essa firmeza é a chave da saúde espi ritual. E o antídoto contra todo erro.
3.9-13. Oração do apóstolo pela santidade
4 -8 . O ch a m a d o . Som os cham ad os a um a vida agradável a Deus, 1. Isso im pli ca um a vida separada para D eus (a expe riên cia da san tificação ), 3a, que se carac te r iz a p e la a b s te n ç ã o da im o ra lid a d e sexual, 3b; pelo com edim ento sexual, 5; e pelo rígido afastam ento do adultério, 4,5. E sse ch am ad o à san tid ad e enfatiza a pu reza sexual porque: (1) o Senhor é o vinga dor (castigador) de todos os que praticam a prom iscuidade sexual, 6; (2) ele nos cha m ou à san tid ad e, 7, en faticam en te não à im pureza; (3) sua autoridade está por trás da proibição, 8a; (4) D eus enviou o Espírito Santo para dar a cada crente vitória e san tidad e nesse aspecto da vida, 8b.
4.9-12. Os elementos de uma vida santa
9,10. O fundamental elemento do amor. "Am or fraternal" é tão indispensável e ób 9,10. A pergunta. O pedido, 11-13, é pre vio a uma vida santa que o apóstolo declara que os tessalonicenses não precisam de ins faciado p o r um a pergunta, 9,10. C om o se trução por escrito. Eles foram ensinados por pode agradecer a D eus por toda a alegria Deus a amar-se uns aos outros, 9 (cf. Jo 15.12, que os tessalonicenses haviam dado a Pau 17; Tg 2.8; IJo 3.11-18), e são elogiados pela lo pela sua perseverança espiritual, 9? Essa d em onstração desse am or, m as incentiva ação de graças acom panha seu pedido de dos a aum entá-lo cada vez mais, 10. vê-los novam ente para que ele possa cor 11,12. Outros elem entos recomendados. rigir algo que seja deficiente em sua fé, 10. (1) Tranquilidade, "[exortam os a vós a] viver 11-13. O pedido. Ele ora para que D eus em p a z ", i.e., viver em paz e ter esp írito in d iq u e ou d e s o b s tru a o ca m in h o p ara calmo. (2) Diligência. "Tratando dos vossos eles, 11. D epois, pede que o Senhor os faça assuntos" (IP e 4.15), em vez de agir como " c r e s c e r " (ter a b u n d â n c ia ) e "tr a n s b o r intruso ou introm etido nos negócios alhei d a r " n o am or, 12, p ara que D eu s p o ssa os. (3) R esponsabilidade. "Trabalhando com firm ar o coração deles em im aculada san as p róprias m ão s", i.e., não ser p regu iço tidade (separação para D eus). O tem po de so, inábil nem parasita de outros, 11,12b (cf. juízo perante D eus virá na segunda vinda, 2Ts 3.10-12). (4) Honestidade na própria vida quand o aqueles que m orreram em C risto e testem unho para os incrédulos, 12. (com o em 4.14) serão trazid os na descida do S e n h o r, que e le v a rá até e le n o s ares seus santos vivos (4.13-17).
4.13-18. A esperança do crente
4.1-8. Divino chamado à santidade 1-3. A autoridade por detrás do cham a do. A autoridade é de Deus. "N ó s vos pe dim os e acon selh am os no Senhor Je s u s ", 1. Cf. D eus nos cham ou "p ara a santifica çã o ", 7. P ortan to, aq u ele que rejeita esse cham ado, rejeita a D eus, 8.
13-15. A abençoada esperança. A espe rança é a confiança e a expectativa do futu ro que a fé produ z. O m aior obstáculo à esperança para o descrente é a morte. Esse obstáculo é rem ovido em Cristo. Os cren tes, de fato, não têm de morrer, mas mera m ente dorm em , 13. Isso é verdade porque Jesus m orreu e ressuscitou (IC o 15.20, 52).
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Portanto, com o os crentes estão unidos no Senhor ressuscitado (Rm 6.4; Cl 3.1-4), quan do m orrem fisicam ente adorm ecem "ju n ta m en te" com Jesus. Q uand o C risto v o l tar, trará consigo a alma e o espírito desses crentes, que serão reunidos a seus corpos ressuscitados, 14. Mas os santos ainda v i vos fisicam ente, quand o o S en h o r v o ltar para os seus, não precederão aqueles que faleceram em Cristo, 15. 16-18. A vinda do Senhor. A resposta à esperança cristã é a volta do Cristo ressur recto e ascendido, que ressuscitará os cor pos daqueles que m orreram no S en h or e glorificará os santos vivos. O "p róp rio S e nhor", pessoalm ente, corpoream ente, "o u vida a voz do arcanjo e ressoada a trom be ta de Deus, [...] descerá do céu com grande brado". A "palavra de ordem " ( a r a ) é o gri to de triunfo sobre a morte (IC o 15.54-57), m a n ifestad o na re ssu rre iç ã o d o s sa n to s m ortos e na in stan tân ea g lo rifica çã o dos santos vivos, que jam ais experim entarão a morte física. A "v oz do arcanjo" é eviden temente a de Miguel (cf. Dn 12.1,2). Os m or tos em Cristo ressuscitam primeiro; depois, im ed iatam en te, os san to s que estiv erem vivos quando o Senhor vier, perm anecen do até essa hora, serão "arreb a ta d o s", su b itam ente tran sp o rtad o s en tre "n u v e n s " para encontrar o "Senhor nos ares". Dessa m aneira, os san to s e sta rã o para sem p re com o Senhor. Esse é o consolo e a esp e rança do cristão, 18.
5.1-11. 0 dia do Senhor 1-3. O dia do Senhor — o que é. O após tolo acaba de d e scre v e r a v in d a do S e nhor para os seus. O acontecim ento inicia o "d ia de C risto ", com g lo rifica çã o e re com pensa para os traslad ad o s san to s da igreja (IC o 1.8; 5.5; 2Co 1.14; Fp 1 .6 ,1 0 ; 2.16). Agora, Paulo trata da questão do "d ia do S e n h o r". D iz re sp e ito à re s ta u ra ç ã o do reino a Israel (At 1.6,7; 3.19-21) e aos juízos terrenos que ocorrerão antes da fundação desse reino (cf. Is 2.6-22; Jr 30.5-9). N ão era uma nova revelação, e, por isso, Paulo não precisava escrever sobre ela, 1. V irá ines peradamente, com o um ladrão, sobre o im
piedosos, i.e., aqueles que vivem nas tre vas (cf. M t 24.36-51; 25.5), quando a hum a nidade estiver vivendo a esperança de al cançar a paz mundial, 3. 4-11. O dia do Senhor e o crente. Esses juízos terrenos e o derramamento da ira di vina não virão para os crentes, 4, porque eles são filhos da luz, 5-8 (cf. Ef 5.8) e porque Deus não os destinou à ira mas à "salvação por nosso Senhor Jesus Cristo", 9. A ira de Deus não virá sobre os que vivem em Cris to, 10, pois esses serão glorificados e arre batados (lT s 4.13-17) antes dessas m anifes tações da ira d ivina no fin al dos tem pos (Ap 3.10). Esse é seu consolo e edificação, 11.
5.12-15. Exortações pela harmonia entre os crentes 12,13. H onrar os que detêm postos de re sp o n sa b ilid a d e no Senhor. O s cren tes devem co n sid era r ou tratar esses irm ãos com o favor e o respeito que lhes é d evi d o: (1) em fu n çã o de seu s c o n sa g ra d o s esforços pela causa de Cristo, 12a; (2) por q u e D e u s os e sta b e le c e u ou o rd e n o u com o d eten to res de au to rid ad e sob re os crentes, 126; (3) por causa de sua sabedo ria e c o n s e lh o (e le s " a c o n s e lh a m " , i.e ., lembram ou alertam , o povo de Deus), 12c; (4) por causa do seu bom "tra b a lh o ", 13a. 136-15. Admoestações gerais à harmonia. (1) O princípio básico de viver em paz deve reger todos os relacionam entos, 136. (2) Os crentes devem adm oestar ou alertar os in disciplinados, ou seja, aqueles que negligen ciam seus deveres, que descuidam de suas responsabilidades, 14. A palavra "indiscipli n ad os" (ataktos) é usada para os soldados que desertam de suas fileiras. O utras res ponsabilidades: (3) consolar os desanimados ou desencorajados (oligopsuchoi, literalm en te "de pouca alm a"); (4) amparar ou cuidar zelosam ente dos fracos, dos enferm os, dos deficientes de força mental, moral ou espiri tual; (5) ser paciente (longânime) para com todos (cf. Ef 4.2); (6) evitar que alguém retri bua o mal com o mal (tom ar providências para que isso não ocorra), 15a (cf. Pv 20.22; 24.29; M t 5.39, 44) — "m as, segui sempre o bem uns para com os outros", 156.
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Esta importante inscrição gravada na Porta de Vardar, em Tessalônica, cita o nome de seis governantes que administraram a cidade.
5.16-22. Exortações diversas
e em oções (M t 11.29; 26.38; Jo 12.27); espíri to, a p arte m ais elev ad a do hom em , que 16-18. Alegrem -se, orem , sejam gratos. co n h ece a D eu s (IC o 2.1 1 ) e com ele se Traduções literais: "Sem pre (a ênfase) p er com unica (Jó 32.8; SI 18.28; Pv 20.27). m aneçam a leg re s", 16 (cf. Fp 3.1; 4.4); in A santificação em si ocorre em três tem c e s s a n te m e n te (e n fá tic o ) p e rs e v e re m n a pos verbais: passado — o crente fo i santificado o ração ", 17; "Sed e gratos por todas as coi (posição) em Cristo na regeneração (IC o 1.2), sas". A razão é que a gratidão é a vontade de m odo que todo crente é chamado santo; de D eus para seu povo, 18. presente — o crente, em sua experiência, deve 19. Não apaguem o Espírito. Afligim os o con tin u am en te m anter-se sep arad o para Espírito com o pecado inconfesso (Ef 4.30). Deus (2Ts 2.13); futuro — plena conformidade A pagam os (sufocam os, abafam os) o E spíri a Cristo na glorificação (IJo 3.1-3). to pela desobediência à vontade de Deus. 24. A certeza da com pleta santificação 20-22. O utras ordens. "N ão desprezeis D eus realiza a santificação. Ele garante que as p ro fecias [a v erd ad e de D eu s d ecla ra n o ssa c o n d içã o p a ssa d a e im u tá v e l seja da p o r um p ro fe ta ]", 20. E xam in em tudo con su m ad a em C risto, e, portanto, torna com cuidado. Retenham o que é bom , 21. certa nossa futura glorificação. O Espírito "E vitai tudo o que é (ênfase) m al", 22. Santo possibilita que o crente realize o pre sente sen tid o exp erim en tal ou prático da san tificação em seu d ia-a-d ia (IC o 10.13; 5.23-24. Santificação para o 2Ts 3.3; Gl 5.16).
homem como um todo
23. O hom em separado para Deus. Estar sep arad o para D eus é a idéia do ad jetivo grego hagios ("sa n to "), que, em sua form a v e rb al, sig n ifica sa n tifica r. E ssa ob ra de san tificação é a ação do "p ró p rio D e u s". N ão é realização hum ana. A santificação resulta na "p az de D eu s" (Fp 4.7); portanto, o santificad or divino é ch am ad o "D e u s de p a z ". A b arca to d a a natu reza do hom em : corpo, o tabernácu lo m aterial (2Co 5.1-8) no qual o hom em pe regrina neste m undo e com seus cinco sen tidos se com unica com o m undo natu ral; alm a, a sed e dos afetos, d esejo s, vo n tad e
5.25-28. Incumbência final 25-26. Pedido de orações. "Irm ãos, orai por n ó s", 25 (gr.; "continuem orando"). Os serv o s do S en h o r p recisam das co n stan tes o raçõ e s do p o v o de D eu s. "C u m p ri m entai todos os irm ãos com b eijo san to", 26. Isso era costum eiro entre os prim eiros c ris tã o s , e s p e c ia lm e n te na e n ch e n te de am or esp iritu al que antes prevalecia. 27-28. Incumbência relativa à leitura. "Eu vos suplico pelo Senhor que esta carta seja lida a todos os irm ãos", 27. A saudação final, 28, é característica das epístolas paulinas.
2Tessalonicenses Consolo na perseguição Autor e motivo. Paulo é o autor (1.1). O motivo foi um equivoco entre os tessalonicenses acerca da vinda de Cristo para os seus (1Ts 4.13-17) e do dia do Senhor (1Ts 5.1-10). Como esses crentes vinham sendo impiedosamente perseguidos, concluíram erroneamente que o dia do Senhor havia chegado (2.2). Paulo escreve para corrigir esse equívoco. Data. A epístola foi escrita depois de 1Tessalonicenses, no início da década de 50.
Esboço A vinda do Senhor e o consolo na perseguição atual
1.
2.
A vinda do Senhor e o dia do Senhor
3.
A vinda do Senhor e o prático viver cristão
Busto do imperador romano Nero (B4--68 d.C.), notório por perseguir cristãos. Quando Paulo escreveu a segunda epístola aos tessalonicenses, a igreja de Tessalônica enfrentava forte perseguição.
2Tessalonicenses [ 575 I
1.1-4. 0 elogio à igreja
2.1-5. 0 arrebatamento da igreja e o dia do Senhor
I,2. A saudação. Com o na prim eira epís tola, o apóstolo associa a si Silvano (Silas, 1,2. A exposição do equívoco. Os tessalo cf. A t 15.22,40) e T im óteo na sau d ação à n icen ses p ensavam que seu s sofrim entos "ig re ja dos tessalo n icen ses" (ver lT s 1.1). (1.5-12) significavam que o dia do Senhor 3,4. O elogio. Paulo fazia queStão de dar havia chegado, 2, que o período de juízo graças a D eus pelos te ssa lo n icen ses p o r m u n d ial do final dos tem pos (Ap 6 —19) que a fé d e le s c re s c ia e a m o r un s p ara havia principiado, abrindo caminho para o com os ou tros aum entava, 3. O resultado estabelecimento do reino de Cristo (Ap 19.16 foi que o apóstolo pôde se 'o rg u lhar' deles —20.10). O apóstolo argumenta contra esse (cf. 2C o 9.2) e, assim , dar um testem unho erro citando novam ente a verdade de que la u d a tó rio a re sp e ito d eles na ig reja de a vinda de Cristo ocorrerá antes do dia do D eus (co n greg ações locais) pela sua con Senhor, 1, ensinam ento que ele já esboça duta pacien te e fiel m esm o sob p erseg u i ra na primeira epístola (4.13-18). Ele faz um ção, 4 (cf. Tg 5.11). claro alerta contra a ilusão do erro, 2,3a, e descreve a primeira fase da vinda de Cristo 1.5-10. 0 consolo da igreja para os seu s santos com o a presença pes soal (parousia) de nosso Senhor Jesus Cris 5,6. A razão dos sofrim entos. Suas tri to, segu id a pela nossa reunião junto dele bulações não eram acidentais nem em con (episu n agoge), com o o d escrito em lTessasequ ência da m á sorte, m as claram ente a lo n icen ses 4.13-17. vo n tad e de D eu s, "p ro v a c la ra " da ju sta 3-5. A refutação do erro. Antes que o dia decisão divina, 5íí, de confirm á-los ou com do Senhor ecloda sobre um mundo que re prová-los dignos do reino de Deus, 5b. Era, jeitou Cristo, deve vir a apostasia ou o afas de fato, pelo reino de D eus que eles sofri tam ento. N ão se trata sim plesm ente da re am, 5c (lT s 2.14; Hb 10.32,33). je iç ã o da fé q u e, freq u e n te m e n te , 7-10. O fundam ento do consolo. A se caracteriza a era da igreja (lT m 4.1-5; 2Tm gunda vinda de Cristo na glória, 7,8, teste 3.1-8; Ap 3.14-22), mas da escancarada rebe m unhará a vingança de D eus contra aque lião e da com pleta queda no erro e no deles que não o conhecem nem obedeceram monismo do período imediatamente anteri ao evangelho da salvação pela fé, 8. Aque or ao advento glorioso de Cristo (Lc 18.8; les que p ersegu iam os tessalo n icen ses se Ap 9.20,21). E preciso também que venha a enqu ad ravam nessa categoria. Isso im pli revelação do anticristo, aqui chamado "h o cará eterno afastam ento (não aniquilação) m em do p ecad o", o últim o grande gover da presença de Deus em um a prisão isola nante demoníaco (Dn 11.36; Ap 13.1-10; 19.20; da e etern a reserv ad a aos p e ca d o res (cf. 20.10). Ele se arrogará honras divinas e iludi Ap 20.10-15), cham ada geena, ou inferno rá os judeus dos últim os tem pos reunidos etern o, a etern a sep aração de D eus, 9,10. em Israel, 4. O apóstolo havia ensinado cla ram ente essas verdades quando fundou a 1.11,12. Intercessão pela igreja igreja tessalonicense, 5. I I . A oração. Paulo constantem ente in te rce d ia p e lo s te s sa lo n ic e n s e s , p e d in d o 2.6-9. 0 arrebatamento da igreja que Deus considerasse sua conduta e vida e o homem da iniquidade cristã d ignas da sua sublim e vo cação (cf. Ef 4.1-3; Cl 3.14), cada crente cum prindo a 6,7. O arrebatamento da igreja e o Espíri v o n ta d e de D eu s em seu p o d e r p e la fé to Santo. Aquele que detém o pleno desen m a n ifestad a em boas obras. v o lv im en to e a m a n ife sta çã o das forças 12. O p ro p ó sito . Q ue o S en h o r fo sse dem oníacas do mal nesta era (cf. 8-10) é o glorificado neles e eles no Senhor, segu n Espírito Santo. Ele tem formado e inspirado do a graça dada a eles. a igreja desde Pentecostes (Jo 14.16; At 2.1-
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4; IC o 6.19), e assim fará até que seja "tira IJo 4.15), eclo d irá com poder irresistível. d o", literalm ente "sa ia do m e io ", quando A queles que "p erecem ", 10a, são as m ulti partirá do mesmo modo evidente com o veio dões impenitentes que ainda vivem na terra em Pentecostes. Isso acontecerá quando a depois da trasladação da igreja. A rejeição igreja, habitada pelo Espírito, for arrebata da verdade, quando ela era ainda disponível, da para junto de Cristo nos ares (lT s 4.13resulta agora na ilusão demoníaca, "pois re 17). Só quando o divino lim itador for arre jeitaram am ar a verdade para ser salv os", batado junto com a igreja glorificada é que 10, i.e., antes de a igreja ser glorificada. o anticristo poderá se m an ifestar e assim 11 ,1 2 . O m o tiv o da sua co n d e n a çã o . fará, 6, e que o "m isté rio da im p ied a d e" C om o n ão am aram nem aceitaram a v e r surgirá na plenitude. d ad e q u an d o ela e stav a d isp o n ív e l, 10b, 8,9. O arrebatam ento da igreja e o h o D eu s lh es m an d o u a "a tu a ç ã o d o e rro ", m em da iniquidade. "E en tã o ", depois que um a ação interna ou energia ilusória, para o Espírito Santo for afastad o, o in íqu o se que cressem na "m en tira ", i.e., a suprem a revelará. Esse p erson agem sin istro re s u ilusão da aceitação do anticristo, 11 (Jo 5.43; me o "m istério da im p ied ad e", ou o pleno A p 13.8,16-18). A ilusão é enviada para que d e s e n v o lv im e n to d o d e m o n ism o m ila to d o s eles possam ser ju lg a d o s e co n d e greiro dos últim os dias (Ap 9.1-21; 12.7-17; n ad os por não ter crid o na verdade, m as 16.13-16). Ele será d estru íd o p ela v ind a encontrado prazer na inju stiça, 12. gloriosa de C risto (Ap 19.20; 20.10), e Sa tanás será p reso no abism o (Ap 20.1-3).
2.10-12. 0 arrebatamento da igreja e aqueles que rejeitarão a verdade nos últimos dias
2.13-17. 0 arrebatamento da igreja e os tessalonicenses
13,14. Os tessalonicenses eram m otivo de ação de graças porque eram am ados e e le ito s de D eu s (v er c o m e n tá rio s so b re 10.0 destino daqueles que rejeitarem a ver "E s c o lh a d iv in a " e " P r e d e s tin a ç ã o " em dade. A ilusão dem oníaca, em ação restrita E f 1.1-6). Foram esco lh id o s para a sa lv a durante a era da igreja por causa da força ção e a santificação. Ao contrário dos ilu limitadora do Espírito Santo, 6-9 (cf. lT m 4.1-4; d id os d os ú ltim o s d ia s, e le s a m av am e,
Salô n ica, a n tig a Tessalônica, vista de um a fo rta le za nas en co stas d a cidade.
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2Tessalonicenses I 577 1
p o rtan to , acred itav am n a "v e rd a d e ". F o ram salvos pela pregação do "ev an g elh o" de Paulo, 14a, para partilhar da glória de Cristo, 14b (Rm 8.17; 2Tm 2.12). 15-17. Foram alvo de exortação e oração. A exortação é à firm eza e à fidelidade aos en sin am en to s ou "tra d iç õ e s " qúe receb e ram, 15. A oração é por consolo e perseve rança ou p e rsistên cia "e m toda b oa ação [prática] e palavra [d ou trin a]".
3.1-5. 0 apóstolo pede orações 1,2. O pedido. O pedido é duplo: (1) a Palavra de D eus flua sem im pedim entos e v ito rio sa, com o a tleta em um a corrid a (IC o 9.24,26), que p o ssa p ro g re d ir liv re m ente e avançar velozm ente e ser g lorifi cada. A Palavra é sem pre glorificada quan do tem livre fluxo, pois o Deus da Palavra é assim exaltado. (2) Que o apóstolo fosse liv rad o (resgatad o) d os h om en s "p e rv e r sos e m au s", hom ens fora de lugar ou or dem, i.e., que não estavam onde D eus gos ta ria de tê -lo s . N ão sen d o o rie n ta d o s a D eus, são im p ortu no s e in íqu os. D esp rovidos de fé (cf. Hb 11.6), faltava-lhes o pon to de partida da libertação do pecado e da orien tação ru m o a D eus. 3-5. O fundam ento do pedido. A fid eli dade do Senhor e a confiança de Paulo nos te ssalo n icen ses co n stitu íam o fu n d am en to da oração do apóstolo, 3,4. Ele pede que o S en h o r os cond u za p elo cam in h o reto, "n o am o r de D eu s e na p ersev era n ça de C risto", 5 (cf. lT s 4.13-17; 2Ts 2.1-3).
3.6-15. Instrução sobre a separação disciplinar 6. O princípio geral da separação. A or dem é afastar-se de todo crente que p er siste em um a vid a d esreg rad a, n e g lig e n ciando os d everes com uns da vida, com o um soldado que deserta de seu regim ento e d esre sp e ita as "tr a d iç õ e s ", i.e., o e n s i nam ento trad icio n al (cf. 2Ts 2.15) que ele recebeu do apóstolo, 6. 7-9. O exem plo do apóstolo. Paulo não som ente deu a d outrina com o orientação, m as tam bém sua vida com o exem plo, 7,8.
Ele labutava com suas próprias mãos como tecelão de tendas para que não desse des pesa nem fosse fardo pesado para aqueles a quem m in istrava, 8. Ele agia assim não porqu e n ão tivesse d ireito a esperar sus ten to, m as para d ar um exem p lo que os tessalon icen ses pudessem seguir, 9. 10,11. A especificação do desregramento Certam ente, havia uma atitude perturbado ra e n tre os cre n te s te ssa lo n ice n ses. Era, a p aren tem en te, um a piedade presunçosa que tentava conservar-se ligada ao céu, mas negligenciava os deveres com uns da exis que tência terrena, como o trabalho e o sustento de si e dos dependentes. Paulo dá uma solu ção objetiva. Quem não trabalhar, que não tenha comida, 10. Ele joga com a palavra tra balho, 11 — não apenas trabalhadores (ergazomenoi), mas aqueles que trabalham por aí (periergazamoi), i.e., trabalhadores ocupados no caminho errado, ou que se "intrometem na vida alheia", 11b (cf. lT m 5.13; IPe 4.15). 12-15. A indicação da solução. A solução era óbvia. (1) Prim eiro, eles deveriam tra balhar "em paz", comendo "o próprio pão", sem reclam ar, tagarelar nem se introm eter na vida dos outros. (2) Segundo, deveriam com er seu próprio alim ento, e não parasitar os outros, 12. (3) Os crentes ordeiros deve riam ser incansáveis no fazer o bem, dan do um exem p lo aos d esreg rad o s, 13. (4) A q u eles que se obstinavam na d eso bed i ência deveriam ser assinalados ou repara dos, 14a. (5) Os fiéis não deveriam se m is tu ra r n em se a s s o c ia r in tim a m e n te aos desregrados, para envergonhá-los, 14b. (6) Esse irm ão desregrado, porém , não deve ria ser tido com o inim igo, m as ad vertido com o irmão, 15 (cf. 2Co 6.14-17; Lv 19.17).
3.16-18. Bênção final
1 6 ,1 8 . A bênção. "O próprio Senhor da paz" (Jo 14.27; Hb 13.20) lhes concederia a paz pela sua presença pessoal, 16. "A gra ça de nosso Senhor Jesu s C risto " é esten dida a "to d o s" (o povo de Deus), 18. 17. A saudação era a própria assinatu ra de P aulo, fu n cio n a n d o com o sím bolo ou fia n ça e g a ra n tia da leg itim id ad e de su a s ca rta s.
1Timóteo Orientações para ordem na igreja Autor e data. Paulo é o autor (1.1). A epístola é uma das cartas pastorais e data do final da vida do apóstolo; a data exata depende de o apóstolo ter sofrido um ou dois períodos de encarceramento. Se houve dois, foi aparentemente escrita no intervalo entre os dois, não posteriormente a 66 d.C. Se houve apenas um, a carta foi escrita não muito antes da última viagem do apóstolo a Jerusalém, provavelmente em 64 d.C.
0 tema. A idéia central de 1 Timóteo é a ordem da igreja, a sanidade da fé e a disciplina eclesiástica (caps. 1— 3). Era algo natural após a fundação de numerosas igrejas e o consequente surgimento da questão da liderança das congregações locais. Era também inevitável que a instrução aos pastores estabelecidos fosse dada depois da fundação das igrejas (caps. 4—6).
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Esboço 1 A disciplina da doutrina sã 2 A disciplina da oração e do culto público 3 A disciplina da liderança da igreja 4— 6 A disciplina do pastor local
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Vista do palco do teatro de Éfeso. Tim ó teo fo i um d o s líderes fu n d a d o re s da igreja '- q u e su rg iu nesse im p o rta n te -, cen tro da Á sia Menor.
1Timóteo [ 579 l
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1.1-7. 0 pastor e a sã doutrina 1 -4 .0 pastor e os mestres corruptos. Paulo saúda Tim óteo com o pastor e com o "v e r dadeiro filho na fé", 1,2. Em tal com petên cia, ele encoraja o jovem a assum ir a res ponsabilidade diante de m estres corruptos, 3,4. O pastor precisa prim eiro ser ele m es m o antes de assum ir tal responsabilidade. Tim óteo foi aconselhado a perm anecer em Éfeso (cf. A t 20.1-3) para que pudesse ins truir os líderes a não ensinarem "outra dou trin a", i.e., "o u tra" no sentido de diferente e d iscordan te da sã verd ad e cristã, 3; e a n ão se ocu p arem "co m fá b u la s ", i.e., ficções religiosas, com o os m itos que assola vam o paganism o, e "genealogias interm i náveis [sem -fim ]", nas quais o judaísm o se orgulhava. P or quê? Esses exercícios in ú teis só suscitam q u estio n am en tos in fru tí feros, e não a aceitação do serviço de Deus, i.e., o desenrolar de seu p lano e d esígnio segundo o revelado no evangelho. Seu ser viço é conhecido pela fé, 4. 5-7. O pastor e os legalistas. C ontrastan do com os corruptos m estres do vazio le galism o, a m eta do m and am ento de C ris to (cf. Jo 13 .3 4 ; 15 .1 2 ; G l 6 .2 ) é o am o r, originário de um coração puro (lim po), de u m a b o a c o n s ciê n cia e d a fé sin c e ra , 5.
A queles que a perderam de vista pelo le galism o acabaram se enredando em "d is cussões sem propósito algum " — a discus são de palavras sem sentido, 6. D esejosos de ser escribas, caracterizam -se pela igno rân cia do v erd ad eiro con h ecim en to e da verd ad eira experiên cia, 7.
1.8-11. A lei e o evangelho de Cristo
8 -1 0 .0 propósito da lei. A lei em si é boa, 8a (cf. Rm 7.12), m as precisa ser aplicada (usada) de m odo lícito, i.e., de modo corre to ou legítimo, em harm onia com o glorioso evangelho confiado a Paulo, 11. Seu propó sito é condenar o pecador (o ímpio) e leválo ao Salvador, para que possa depois ser declarado justo pela fé (Rm 3.21-28; Ef 2.810). A lei, de modo algum, deve ser usada para o hom em justo (justificado), seja para justificá-lo seja para santificá-lo. Ela existe para revelar ao pecador seu pecado e sua pena longe de Cristo, 9,10. 11. O propósito do evangelho. E o "evan gelho da glória do Deus bendito", 11a. E a boa nova que anuncia a excelência de Deus na m anifestação de seu gracioso amor pe los pecadores pela salvação (Jo 3.16). O que a lei jam a is p o d eria fazer, a graça o faz (Jo 1.17; Tt 3.4,5).
I 580 1 1Timóteo
1.12-17. O evangelho de Cristo e o pecador 12-15. Salvação e com issão do pecador Paulo. O ministério de salvação do apóstolo foi resultado da graça salvadora de Deus, 12, manifestada a um grande pecador, blasfem ador, perseguidor do povo de D eus e "arrogante", 13a (At 8.3; IC o 15.9). Ele rece beu a misericórdia de Deus porque cometia seu pecado em ignorância e descrença, 13b, sendo a abundância da graça de D eus reve lada a ele, 14. Paulo foi um exemplo da gran de verdade de que a encarnação de D eus em Cristo teve o propósito de salvar os pe cad ores, categ o ria em que ele m esm o se enquadrava, 15. Essa grande verdade é "p a lavra [...] fiel", i.e., verdadeira e, indubitavel mente, certa, digna de calorosa aceitação e gracioso assentim ento universal. 16,17. A salvação de Paulo como exemplo para todos os pecadores crentes. O apóstolo deveria ser um parâm etro da graciosa pa ciên cia e do am or de D eu s p ara com os pecadores em Cristo, 16. D eus é o rei eter no, im ortal, in v isív el, "D e u s ú n ig ê n ito "
(Jo 1.18) a quem toda honra e toda glória devem ser dadas para sem pre, 17, por cau sa da salvação que ele ofereceu em Cristo.
1.18-20. A incumbência do pastor Timóteo 18,19a. A incum bência. A solene exorta ção e injunção ao "filh o " de Paulo, T im ó teo (p o is ele, ev id en tem en te, era co n v er so de Paulo), declara que ele deve brandir um bem -sucedid o com bate esp iritu al, 18b (cf. 2T m 4.2; Hb 9.14). Já se haviam feito p red içõ es desse m in istério quando T im ó teo era m ais m oço, predições que não dei xariam de se cu m prir nele. 19b,20. O alerta. O caso de H im eneu e A le x a n d re (2T m 2 .1 7 ,1 8 ) é um e x e m p lo o p o sto . E n sin a n d o fa ls id a d e s a ce rca da ressu rreição, H im eneu havia d estru íd o a fé de alguns. Em sua autoridade apostóli ca, P a u lo h a v ia e n tre g a d o e s s e s fa ls o s m estres a Satanás, 20 (cf. IC o 5.5; 11.30-32; l j o 5 .1 6 ). Isso im p lic a v a g ra v e c a s tig o (Hb 12.6), que, em alguns casos, chegava m esm o à m orte física.
1Timóteo [ 581 l
2.1-8. A igreja e a oração pública. 1,2 a. A injunção geral. A oração, tanto a pública com o a privada, tem prim azia. Pau lo exortou, portanto, que se fizessem "s ú p lic a s , o r a ç õ e s , in te r c e s s õ e s , a ç õ e s de graças por todos os h om en s", 1, esp ecial m en te p e lo s g o v e rn a n te s e a u to rid a d e s civis, 2fl (Rm 13.1). 2b-8. Razões para a oração. (1) Para que os cristão s p o ssam lev ar um a vid a tra n quila e pacífica, em santidade e dignidade, 2b, em harm onia com a vontade de Deus, 3. (2) Porque o desejo de Deus é a salvação dos hom ens, e nisso a oração ocupa lugar de destaque, 4. (3) Porque a encarnação e a o b ra re d en to ra de C risto d eram novo poder e alcance à oração, 5,6 (cf. Jo 16.2328). P aulo foi d iv in am en te com issio n ad o com o m estre (arau to ou p ro cla m a d o r) e a p ó s to lo (d e le g a d o ) d e s s a s v e r d a d e s acerca da o ração, 7. Ele d ev eria in stru ir os crentes na atitude e no exercício corre to da oração, 7,8.
2.9-15. A posição da mulher na sociedade cristã 9,10. Conduta e trajes da m ulher cristã. Assim com o a vida do hom em cristão deve ser ad ornad a pela oração, tam bém a m u lher cristã deve se em belezar com o 'c o s m ético' correto. Em term os positivos, tra ta-se do traje m o d esto (i.e., ap ro p riad o ). P or fora, d eve h av er a ro u p a ad eq u ad a; p o r d en tro , a d o rn o co rre to do co ra çã o , m anifestado pela m odéstia e por um a ati tu d e re sp eito sa em re la çã o ao seu lu g ar na sociedade cristã, 9a. Em term os negati vos, p ara e scla re ce r a in ju n çã o p o sitiv a , as m u lh eres cristã s não d ev em se e n fe i tar com "tra n ç a s " (da raiz pleko, e n tre te cer ou frisar) nem jóias caras, 9b. Isso não sugere trajes d esm azelados, m as adornos m o d estos, assu m in d o p o sição de m u lher cristã. A q u ilo que é secu la r ou que está em d e s a co rd o com e sse s c rité rio s d ev e ser evitado, seja a m ulher rainha seja plebéia. Em term os p o sitivos, n ov am en te, o verd ad eiro enfeite, ou cosm ético, da m u lher pied osa deve ser suas "b o a s o b ra s".
11-15. A conduta da m ulher cristã diante dos hom ens. A m ulher cristã deve se ca racterizar por um esp írito de hum ilde re ce p tiv id a d e ao e n sin a m en to e de calada subm issão ao marido, 11 (IC o 14.34,35; cf. Gn 3.16). A atitude oposta é extrem am en te indecorosa para um a mulher que se diz piedosa. O próprio Paulo não permitia que m u lh eres en sin assem hom ens nem u su r passem sua autoridade, no sentido de agir com poder independente ou de m odo do m inad or sobre eles, 12. A razão da sujeição se explica em 13-15. (1) Adão foi criado como cabeça da aliança da raça, antes da criação de Eva, 13. (2) Eva foi form ada a partir de Adão, e não Adão, de Eva. (3) A mulher foi iludida, não o ho m em , 14, e ainda é especialm ente suscetível à ilusão doutrinária. (4) Pelo cultivo da sua sublim e vocação de mãe, ela será pre servada, i.e., resgatada e libertada dos pe rigos da insubordinação, da ilusão e do en sino da falsidade doutrinária que o apóstolo sugere. Sua verd ad eira honra está na ge ração e na educação de filhos piedosos, 15.
3.1-7. As qualificações dos supervisores (bispos) 1. A honra do posto. E fato que se al guém sin ceram en te deseja, no sentido de colocar nisso seu coração, o posto de su pervisor (ep iskopes), ele deseja "alg o exce len te" (posto, posição de supervisionar o reban h o de D eus). 2-7. As qualificações do posto. O supervi sor ideal deve: (1) ser irrepreensível, sem que se e n co n tre algum a m anch a em seu caráter; incensurável; (2) ser homem de uma só esposa, não ser adúltero, divorciado nem polígamo, embora possa ser solteiro; (3) ser vigilante, atento, circunspecto; (4) ser sóbrio, sério; (5) ter boa conduta, ser correto e de vida centrada em Cristo; (6) ser dado à hos pitalidade, literalmente dotado de amor aos estranhos; (7) ser talentoso e qualificado para ensinar, 2; (8) não ser viciado em vinho e, portanto, com edido e não violento; (9) não ser briguento, ou seja, pessoa que não seja violenta nem im petuosa, pronta a desferir um soco em um acesso de raiva; (10) não
[ 582 ) 1Timóteo
3.8-13. As qualificações dos diáconos 8-12. As qualificações. Os diáconos fica vam en carreg ad os das ad m in istraçõ es fi n a n c e ira s e se c u la re s d as ig re ja s , assim com o os bispos tinham com o incum bência os asp ectos m ais d iretam en te esp iritu ais. A s qualificações dos diáconos são, em lar ga m ed id a, as m esm as que as dos bispos ou supervisores, 8 -1 0 ,1 2 (cf. 2-7). As qualifi ca çõ es de su as e sp o sa s, 11, sem d úv id a, tam bém se aplicam às esposas dos bispos. 13. A recom pensa. A queles que desem p en h a m b em su a fu n çã o a d q u irem (g a nham ou conquistam ) para si "ju sta pree m in ê n c ia " , lite r a lm e n te um d e g ra u ou escad a, n o sen tid o de d ignid ade de p o si ção. T am b ém a lca n ça m a in tre p id e z e a liberdade de palavra que o Espírito conce de àqueles que ganham confiança e segu rança em virtude da fidelidade à fé cristã.
3.14-16. A igreja e a verdade revelada Representação artística de Lucas, médico e evangelista. Foi através de seus relatos acerca das viagens missionárias de Paulo, no livro de Atos, que ficamos conhecendo um pouco sobre Timóteo, companheiro de Paulo em sua segunda viagem. ser avarento nem ganancioso; (11) ser paci ente, manso ou amável; (12) não ser briguento, ou seja, literalmente um não-lutador; (13) conseguir conduzir bem sua fam ília, tendo filhos bem disciplinados, 4. Se o hom em não consegue controlar sua própria família, como pode ser qualificado para cuidar da casa de Deus (sua igreja), 5? (14) O ancião não pode ser neófito, alguém recém -inserido na igre ja cristã, novo converso. U m crente assim inexperiente e ainda não posto à prova fica especialm ente suscetível ao pecad o do or gulho que provocou a queda original de Sa tanás e ainda o caracteriza, 6 (Is 14.12-14; Ez 28.12-19; lT m 6.9; 2Tm 2.26). (15) Precisa ser também alguém de boa reputação (tes temunho) entre os descrentes, 7.
14,15. A igreja e sua relação com a verda de revelada. P aulo pretende que T im óteo seja instruído na adm inistração e na disci p lin a da ig reja. Se o ap ó sto lo não pu d er fazê-lo o ralm en te, então o fará por escri to, 14,15 íi. E im portante saber com o a pes soa, e sp ecia lm en te um p asto r, d eve porta r -s e n a c a s a de D e u s (su a ig r e ja ). A "ig reja do Deus vivo" (o corpo de Cristo) é a coluna ou baluarte no sentido do arrimo que sustenta o telhado da verdade. É tam bém a base ou o fundam ento da verdade, pois o Espírito Santo ensina a verdade re velada de D eus (a B íblia) só aos crentes, m em b ros da v erd a d eira ig reja. 16. A essência da verdade revelada. Esse v ersícu lo refere-se ao corpo b ásico da re velação divina e pode m uito bem ter cons tituído um prim itivo hino cristão. É reconhe cidam ente "g ran d e", pois abarca os planos e desígnios divinos eternos em Cristo, concentran d o-se no hom em rem ido. Envolve um "m istério" — i.e., um a verdade revela da que antes se achava oculta, m as agora é exposta — que ainda transcende a plena
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com preensão do homem. Esse mistério tem com o m eta a piedade, ou seja, restaurar a h u m anid ad e perd id a ao estado de sem e lhança a Deus, em que o homem se encon tra unid o a C risto e pode com ungar com seu Criador, adorando-o. C oncentra-se em Cristo: (1) sua encarnação — Deus foi m ani festado na "carne" (Jo 1.1,18); (2) sua ressur reição pelo poder do Espírito Santo, ju stifi can d o e p ro v a n d o v e rd a d e ira s to d a s as suas afirm ações (Rm 1.4); (3) suas aparições posteriores à ressurreição, testem unhando sua pessoa ao m undo dos espíritos (Mt 28.2-7); (4) seu evangelho —pregado "entre os gen tios" (Gl 1.16); (5) sua igreja e corpo — form a do por aq u eles que, "n o m u n d o ", crêem nele; (6) sua ascensão — "recebido acima na glória" (At 1.9-11).
sos en sin a m en to s p ara saber com o lid ar com eles. P o rtan to , o E sp írito Santo fala c la ra m e n te a e sse re sp e ito . Ele d eclara, in eq u iv o ca m en te, que o erro é instigado n ão p rim o rd ia lm e n te p e lo fa lso m estre, m as pelos esp íritos m alignos ou dem óni os que inspiram o falso m estre. Essa ver dade é proclam ada pelo fato de que, quan do alg u é m se a fa sta da fé (Jd 3), d iz-se que dá o u v id os a (se d eixa en red ar por) e s p írito s se d u to re s, e n ão a fa lso s m e s tres. O resu ltad o são d ou trinas d em onía cas — não en sin am en to s sobre dem ónios (d em on o lo g ia), m as erros orig inad os por d em ó n io s. E sses m estres, en sin an d o fa l sidades de m odo hipócrita, são m eros atores in sin cero s ou fin g id o res, cuja con sci ê n c ia se a c h a c a u te r iz a d a , in c a p a z de discernir o bem do mal, o erro da verdade. 3-6. Um exem plo. O apóstolo seleciona 4.1-6. 0 pastor e o erro um e rro da ép o ca, e sp écie de ascetism o doutrinário legalista, para ilustrar o fato de que a falsa 1,2. O dem onism o com o fonte do erro doutrina tem origem dem oníaca. Proíbe o doutrinário. O pastor bem instruído preci casam ento (com o se um a instituição orde sa conh ecer a v erd ad eira origem dos fal nada por D eus fosse má, incrim inando as
Ruínas do templo do imperador Adriano, em Éfeso. O culto ao imperador, prática comum nos dias do Império Romano, sempre representou um desafio a ser enfrentado pelos primeiros cristãos.
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sim o próprio Deus) e o consumo de certos alimentos, que o apóstolo prova terem sido criados por D eus para ser recebid o s com ação de graças e orações, 3-5. A estam pa dem oníaca dessa doutrina é evidente, exi bindo orgulho satânico (Is 14.12-14), calú nia da bond ade de D eus (Gn 3.5) e clara falsidade (Gn 3.4). Como bom pastor, Tim ó teo deve revelar a fonte do erro e ensinar a verdade, 6.
4.7-16. 0 pastor e a autodisciplina 7-11. A autodisciplina no m inistério pú blico. Isso im plica ensinar a verdade fiel mente (cf. 6); recusar ou rejeitar "a s fábu las profanas e as contadas p elas v e lh a s", que são ímpias, não exibindo vínculo com a santidad e nem com a p ied ad e; e esm e rar-se rum o à m eta da piedade, e não ao m ero cond icionam ento físico, cu jos b en e fícios são temporários, ao contrário dos be n e fício s da p ied ad e, tan to os te m p o ra is q u an to os e te rn o s, 8. E um a o rie n ta ç ã o co m p le ta m e n te co n fiá v e l, 9, p ela ra z ã o dada em 10. N ossa esp era n ça re sid e no "D eus vivo", que pelo sacrifício de C risto tornou a hu m anidad e apta a ser salva, e que de fato salv a aq u eles que crêem . A autodisciplina im plica tam bém o diligente ensino d essas coisas, 11. 12-16. A autodisciplina no ministério pri vado. Tim óteo, ainda jovem , não deve dar motivo para que ninguém o despreze pela pouca idade. Deve, antes, ser exem plo ou modelo para o povo de Deus, 12. Em seu m inistério, deve enfatizar a leitu ra (estu do e ru d ito d as E s c ritu ra s ), a e x o rta ç ã o (p reg ação ) e a d o u trin a (e n s in a m e n to ). N ão deve n e g lig e n cia r o dom e sp iritu a l que possui. E videntem ente, há aqui refe rência à in cu m b ên cia co n fia d a a ele em sua ordenação, 14. D eve m editar ou conti nuam ente ponderar de fo rm a cu id ad osa essas qu estões, para que seu p ro g re sso , ou avanço, rumo à m atu ridad e esp iritu al seja visível a todos. Isso significa que deve d ed icar esp ecial aten ção a su a co n d u ta , tanto quanto ao seu ensin am ento. P erse verando nisso, ele se salvará, no sen tid o de libertar-se das ciladas p astorais, e res
g ata rá as p e sso a s a quem m in istra r das arm adilhas com uns da vida cristã.
5.1-16. 0 cuidado das viúvas 1,2. Responsabilidade diante de cristãos d iv erso s. O s an ciãos não devem ser alvo de v io lên cia verbal. O s m oços devem ser tra ta d o s co m o " ir m ã o s " , as id o sa s com respeito e am or filial. A p u reza fratern al d eve m arcar as relações de T im óteo com as m oças. 3-16. O tratamento das viúvas cristãs. As v iú v as rea lm en te p o b res d evem ser re s peitadas e sustentadas, 3. Aquelas que têm filhos ou ou tros p arentes devem ser su s tentadas por esses, 4. As verdadeiras viú vas confiam em Deus, 5, o que não aconte ce com aquelas que vivem em luxo e prazer voluptuoso, 6,7. Essas não devem ser sus tentadas pela igreja. Os parentes têm obri gação de sustentar as viúvas da fam ília, 8. N enhum a viúva, com m enos de sessenta anos, deveria ser sustentada pela igreja. As de sessenta anos ou mais precisam satisfa zer d eterm in a d a s co n d içõ e s, 10. V iú v as mais jovens não devem ser sustentadas por várias razões, 11-13, m as são en corajadas a casar e ter filhos, 14,15. Na medida do pos sível, a igreja deve ser responsável som en te pelas viúvas de verdade, 16.
5.17-22. Dos anciãos 17-20. A honra que lhes é devida (cf. 5.1). Os anciãos que ensinam (pastores) devem ser c o n s id e ra d o s d ig n o s de "h o n r a em d o b ro " — hon ra da posição e suporte fi n a n ceiro , 17,18 (cf. D t 2 5 .4 ; IC o 9.7, 11; Lc 10.7). N ão devem ser acu sad o s irre s ponsavelm ente, 19 (cf. D t 19.15). Todavia, os que pecam devem ser publicam ente re preendidos por causa dos outros, que po dem se* ver tentados, 20. 21,22. A responsabilidade de Tim óteo. C om o tod os os pastores, T im óteo é sole n em en te ad vertid o contra a p arcialid ad e e o preconceito no trato do povo de Deus, 21 (cf. Tg 2.1-12). É, também, alertado para n ã o o r d e n a r, p re c ip ita d a m e n te , jo v e n s para o m inistério, 22 (At 13.3).
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6.1-5. Instruções para servos e senhores I,2. O princípio geral (cf. Ef 6.5-9 com com entários). O apóstolo tom a o costume social pred om inan te e aplica a ele a ética cristã, por m ais errada que possa ter sido tal institu ição, 1,2. (Cf. tam bém Cl 3.22 — 4.1 com com entários.) 3-5. Denúncia dos falsos mestres. Aque les que rejeitam p alavras e d ou trinas sãs (v erd ad eiras), que geram pied ad e, 3, são descritos com o de fato o são. Eles supõem que o lucro é piedade, 4,5.
6.6-10. Alerta aos ricos
Estátua que faz parte do acervo da Biblioteca de Celso, em Éfeso.
5.23-25. Conselho pessoal de Paulo a Timóteo 23. Com respeito à saúde de Tim óteo. P aulo sugere que T im óteo deixe de beber som ente água, m as passe a usar um pou co de vinho com o rem édio, 23. 24-25. Com respeito à questão dos pe cados e das boas obras dos hom ens. O s pe ca d o s de a lg u n s h o m en s são tão o b v ia m e n te m a n ife s to s e e v id e n te s q u e p reced em o p ecad or no ju íz o . Em ou tros c a s o s , o s p e c a d o s v ê m d e p o is d e le s e a p a re ce m co m o c o n s e q u ê n c ia d o s seu s m a u s a to s , 24. D a m e sm a m a n e ira , as boas obras de alguns crentes são ev id en tes e m an ife stas. T od av ia, as b o a s o b ras e os atos de am or que não tran sp arecem a to d o s n ã o p o d em fic a r o c u lto s, c e rta m e n te n ã o de D eu s, n em m e sm o to ta l m ente dos h om en s, 25.
6-8. A bênção do contentamento piedoso. Lucro não é piedade, 5, mas piedade com contentam ento é grande fo n te de lucro (enfá tico), 6. C ontentam ento é a satisfação com o seu quinhão segundo a vontade de Deus (Hb 13.5). Com o nada trazem os de m ateri al para este m undo nem d ele n ad a lev a m os, 7, d evem os nos satisfazer só por ter alim ento e vestes, 8 (cf. Gn 28.20,21). 9,10. A maldição da riqueza ímpia. A mal dição não é da riqueza em si, mas da atitu de errad a em relação a ela. A qu eles que tom am a d eliberad a d ecisão de ser ricos escolhem um a vida m otivada pelo desejo de riqueza secular. Com o resultado, incor rem na pena de cair em tentações que ou tros jam ais têm de enfrentar. Essa riqueza ím pia tam bém se revela uma cilada. Como arm adilha que priva o animal da liberdade e da vida, ela aprisiona o hom em "em m ui to s d esejo s lou co s e n o c iv o s", tão fo rtes que se tornam irresistíveis e resultam em ru ína p esso al e m oral. Em vez de trazer co n ten tam en to, é "raiz" (ên fase) de toda sorte de m ales, com o a cobiça, a apostasia da fé e as dores excruciantes.
6.11-16. Alerta ao homem de Deus I I ,1 2 . A am b ição . O hom em de D eus deve fugir das cilad as da riqueza tem po ral, afastar-se delas com rígida separação (2Co 6.14-17; 2Tm 2.19-21). Deve buscar di-
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lig e n te m e n te a v irtu d e cris tã , 11. D ev e tam bém lutar, 12o, e isso significa conflito espiritual (Ef 6.10-20; 2Tm 2.3,4). A batalha recru desce em torno do bom com bate da fé. Por fim, deve tomar posse da vida eter na, 12b. Isso sugere o sím ile esp ortivo de correr em busca de um p rém io (Fp 3.1214), sendo a recom pensa a plena rea liz a ção do significado da vida eterna na corri da prévia do crente, 12c. 13-16. A incumbência do apóstolo a ele. Paulo incum be o hom em de D eu s, i.e., a pessoa que permite que Deus controle sua vida, de guardar esse m andam ento, 14, re lativo à secu larid ad e e à riq u eza terrena (6-13), sem mancha nem m otivo de censu ra até o surgimento de Cristo (lT s 4.13-17). A ambição de sua vida é ser irrepreensível.
6.17-19. Instruções aos crentes ricos
17,18. A incum bência. Eles são solene mente aconselhados a não exibir con v en cim ento, nem firm ar sua esp eran ça na ri queza m aterial, sem pre caracterizad a por certo grau de in certeza e in seg u ran ça. A fé deve repousar, antes, na g en erosid ad e do Deus vivo, 17. Eles devem ser ricos nas boas obras, prontos a usar sua riqueza em prol da obra de D eus e a p artilh á-la com os crentes pobres, 18.
19. O p ropósito. A m eta em vista é: (1) A fu t u r a reco m p en sa p e la fid e lid a d e (cf. IC o 3.9-15; 9.23-27; 2C o 5.10,11). Eles d e vem a rm a z e n a r o te s o u ro d o bom fu n d a m e n to (a im p e re cív e l riq u e z a e tern a ) para " o fu tu r o ". (2) Q u an to ao presen te, d esfru te da vida espiritu al. P ara "q u e p o s s a m a lc a n ç a r a v e r d a d e ir a v id a " (c f. F p 3 .1 4 ), ou se ja , v id a m a is a b u n d a n te a q u i e agora (Jo 10.10).
6.20-21. Apelo a Timóteo 20 a. A injunção positiva. "G uarda o te souro que te foi confiad o." Ao jovem pas tor confiaram -se uma vida e um ministério que ele deveria guardar com m uito zelo. 20b,21. O alerta n egativo. Ele deveria a b ster-se ou d esv ia r-se da d iscu ssã o se cular e vã, e da argu m entação sem m o ti vo. D everia, igualm ente, evitar pontos de co n tro v érsia com a p seu d o ciên cia , o re i no do falso saber. A teorização não com provad a do hom em tem m u itos supostos c o n flito s com as v e rd a d e s re v e la d a s. O m in istro sáb io ev ita rá e sse s p o n to s e se dedicará integralm ente a proclam ar a ver dade revelada de Deus, 20. Alguns, porém , no tem po de Paulo com o no nosso, se en red aram na teo riz a çã o h u m an a e d ep ois "se d esv iaram " da fé, 21a (Jd 3). A seguir vem a bênção final, 21 b.
2Timóteo Um bom soldado de Jesus Cristo Autor e data. Segunda Timóteo foi escrita pelo apóstolo Paulo, como 1Timóteo, ao seu "filho amado" Timóteo (1.1,2). Se Paulo sofreu somente um período de encarceramento, essa comovente epístola, que contém as últimas palavras registradas do apóstolo, foi escrita por volta de 64 d.C. Se houve outro encarceramento, posterior, então íoi escrita por voita de 67 dC
A ilustração retrata ura centurião e um soldado da infantaria do exército romano. Em sua segunda epístola a Timóteo, Paulo o.encoraja a participar ; ' dos sofrimentos como bòeri sòldàdo.de Cristo Jesus, Segundo P4ulo;' . « ? ; nenhum soldado >m serviço se envolve, ern negócios dèsta vida., porque o seu objetivo é satisfazer àquelè que o : ‘ -arregimentou (2Trn 2.4);
O propósito. A carta foi escrita para esboçar a conduta de um verdadeiro servo de Jesus Cristo em um tempo de declínio doutrinário. As igrejas da Ásia (1.15) haviam abandonado o evangelho da graça que o apóstolo proclamara, recaindo no legalismo. Paulo encoraja Timóteo a usar os recursos divinos disponíveis ao pastor fiel em um período de apostasia.
Esboço 1 A apostasia e a fidelidade pastoral 2 A apostasia e o conflito espiritual 3 A apostasia e a Palavra de Deus 4 A apostasia e um Senhor fiel
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1.1 >5. A integridade do pastor fiel O am or de Paulo e as orações por Timó teo. Na sua saudação, 1,2, Paulo chama Ti móteo de "filho amado", demonstrando pro fundo afeto por esse verdadeiro filho na fé. Seu interesse por Timóteo se revela na cons tante oração por ele, 3, e seu amor se revela no sincero desejo de vê-lo, 4 (cf. 4.9, 21), o que lhe daria muita alegria. Essa é uma das grandes am izades das Escrituras. 5. A confiança de Paulo em Tim óteo. Ele lem bra a "fé s in c e ra " de T im ó te o e sua genuinidade, sem vestígio de hipocrisia ou fingida im postura. O apóstolo estava con vencido, com p len a co n fia n ça , d e que a mesma fé genuína que habitav a sua m ãe e sua avó tam bém aflorava em T im óteo.
1.6-8. As aflições do pastor fiel 6,7. As aflições exigem espírito corajoso. Diante do passado e da fé de Tim óteo, ele deveria reavivar "o dom de D eus que há" nele. Esse dom concedido por D eus (caris ma, IC o 12.4, 9, 28) lhe foi incutido pela im posição das m ãos do apóstolo (lT m 4.14) em sua ordenação com o pastor. É n e ces sário um espírito de ardente coragem para com bater o declínio em um tempo de apos tasia. O dom que Tim óteo recebeu de Deus não foi um espírito (atitude) de m edo (Rm 8.15; IJo 4.18), m as de poder (a dinâm ica ação interior de um D eus onipoten te), de am or e de m od eração. Essa ú ltim a p a la vra se refere à tranqu ila sanidade m ental que exibe intrépid a coragem para d efen der a verdade e a justiça, 7. 8. As aflições fazem parte do fiel teste munho do evangelho. Tim óteo deveria as sim esp erar aflições, sem tentar evitá-las, sem e n v e rg o n h ar-se do "te s te m u n h o de nosso S e n h o r", que im p lica a p len a p ro clam ação da pessoa e da ob ra red en to ra de C risto . N em d ev eria se e n v e rg o n h a r de P au lo, "p ris io n e iro d ele [de C r is to ]" (pois Paulo estava no cárcere por sua fi d elid ad e a C ris to ). O s "s o fr im e n to s do e v a n g e lh o " fazem p a rte in s e p a rá v e l da própria proclam ação da boa nova. Q u an do suportados por am or à verdade, pode-
se e s p e ra r a m a n ife s ta ç ã o do p o d e r de D eus no m inistério do pastor aflito.
1.9-11. A designação do pastor fiel 9,10. A descrição do evangelho. Várias ex p ressõ e s d escrev em o e v a n g e lh o ou a b oa n ov a que o p a sto r fiel d eve p ro cla mar, e para o qual ele é designado. Essen cialm ente, é um a m ensagem que declara a o b ra p a ra le la de D eu s na s a lv a ç ã o e vo cação do pecad or. A v o cação é e n fa ti zada aqui com o: (1) divin a — D eu s "n o s ch am o u "; (2) san tificadora — "sa n ta voca çã o ", sep arand o os cham ad os para posse e uso do próprio Deus; (3) graciosa — "n ão por cau sa das n o ssas o b ras, m as d evid o [...] à g raça"; (4) deliberada — "m as devido ao seu p ro p ósito"; (5) planejada de antem ão — "co n ced id a [...] antes dos tem pos e ter n o s"; (6) revelada, ou anu nciad a, pela e n carn ação de C risto . O cham ad o de D eus foi realizad o pela obra do Filho hum anod iv in o , que to rn ou im p o ten te a m o rte e concedeu vida eterna e incorruptibilidade. Esses g rand es dons são claram en te rev e lados pelo evangelho. 11. Um exem plo de designação. O pró prio Paulo é um exem plo de alguém que foi d iv in am en te d esig n ad o com o arau to, a p ó s to lo — d e le g a d o — e in s tr u to r do ev a n g e lh o .
1.12-14. A santa confiança do pastor fiel 12. O testem unho da convicção. "Sofro tam bém essas coisas, m as não me en v er gonho", 12a. Por quê? A resposta é a confi ança do apóstolo. "Sei em quem tenho crido e estou certo ..." A convicção é essencial a um testemunho eficaz. A convicção inabalá vel do crente de que ele não só possui salva ção, na q u al será e tern a m en te g u ard ad o pelos m éritos som ente da obra de C risto, mas de que a dedicação de sua vida ao Sal vad or será seg u ram en te g u ard ad a, e seu investim ento, abençoado e aum entado. 13,14. Os resultados da convicção. A l guém que esteja firm e na fé é capaz (1) de in c u tir d o u trin a e te rm in o lo g ia sãs n os
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ou tros. "P re serv a o m od elo [tipo, ca rim bo] das sãs p alav ras", 13 a; (2) colocar em p rática a d ou trin a sã (sau d áv el), 13b; (3) C onservar ou m anter intacto seu m inisté rio para C risto, 14a. Isso se faz por m eio do Espírito Santo (não pelo esforço pesso al) "q u e habita em n ós", 14b (cf. lG o 6.19).
e sp era r op osição . P aulo pede que Tim ó teo suporte a oposição ao seu lado, como bom sold ad o de C risto Jesus.
2.4-7. Separação e sucesso na obra de Deus
4. A necessidade da separação. Prosse gue o sím ile m ilitar do soldado, 3. Ninguém 1.15-18. Provações e alegrias que sirva com o soldad o n o cum prim ento do pastor fiel do dever m ilitar se deixa enredar ou enle 15. As p ro v açõ es. A s ig re ja s da Á sia ar nos n e g ó cio s e p aixõ es d esta vid a. O proconsular haviam d eclinado doutrinarip ro p ó sito é ag rad ar àq u ele que alista os am ente. H aviam ab and o nad o o apóstolo, soldados. N o conflito gerado pela m ensa 1.e., a fa s ta r a m -s e de su a m e n sa g e m de gem da graça, o soldado cristão deve exi g raça, vo ltan d o a algum grau de le g a lis bir d esapego dos prazeres e apelos secu m o. N e sse g rau a a p o sta sia já se h av ia lares, pois seu único objetivo deve ser agra instalado, 15a. Citam -se especialm ente dois dar ao seu Senhor (2Co 5.9). dos que d esertaram , 15b. 5-7. A necessidade de obediência e es forço. A recom pensa pela vitória na corri 16-18. As alegrias. A fam ília de Onesíforo é m encionada no outro lado do esp ec da cristã exig e: (1) sep aração do pecado tro pastoral. Esse irm ão havia anim ado o (Hb 12.1); (2) disciplina e obediência à Pa a p ó sto lo por n ão se e n v e rg o n h a r d ian te lavra de D eus (o sím ile de um atleta cor da prisão de Paulo em Rom a, e pelo auxí rend o segund o as regras da com petição), lio anterior em Éfeso, 17,18. 5 (cf. IC o 9.25-27); e (3) labuta e esforço (o sím ile de um lavrad or dedicado que deve prim eiro trabalhar para depois tom ar par 2.1-3. A mensagem de graça te nos frutos da sua labuta), 6. (Ver distin e a batalha espiritual ç ã o e n tr e s a lv a ç ã o e r e c o m p e n s a s em 1,2. Força é imprescindível para a procla IC o 3 .1 0 -1 5 .) O ap ó sto lo su p lica a co m mação do evangelho da graça. “Tu (enfático), p re e n s ã o d e s s e s e x e m p lo s co m o r e s u l tado da instrução do Senhor, 7. porém , meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus", pois as igrejas da Ásia a haviam abandonado, 1 (ver 1.15). Essa in2.8-10. 0 sofrimento ju n ção era esp ecialm en te n ecessária p o r e a conquista da alma que a verdade de que a salvação é exclusi vam ente resultado da obra consum ada de 8,9a. A causa do sofrimento. O evange C risto , sem nenhum acréscim o de obras, lho da graça de Paulo, no âm ago do qual m érito hum ano nem observância legal, vêe stav am as d ou trinas da ressu rreiçã o do se sob ataque satânico (cf. lT m 4.1-5). C risto encarnado e de sua condição m essi A v e rd a d e da g raça foi d iv in a m en te ânica (da posteridade de Davi, 8; Rm 1.3,4), revelada ao apóstolo (Ef 3.1-10) e confiada lev a ra m -n o a so frer p ro v a çõ es ao ponto m esm o do encarceram ento (Ef 6.20). a T im ó te o n a p re sen ça de m u ita s te s te m u n h as. T im ó te o , p o r su a v e z , d ev eria 9b, 10. Os resultados do sofrim ento. Ele tran sm itir essa verd ad e a ou tros h om en s estava aprisionado, mas não a Palavra de fiéis que in stru iriam , ig u alm en te, outros, D eus, 9b. P or isso, a Palavra livre que ele 2. Esse é o m odelo bíblico de educação cris p re g a ra o p e ra ria sa lv a ç ã o nas v id a s de tã, o m étodo da propagação do evangelho m uitos. O s "eleito s" são os crentes, ou fu aos confins da terra. tu ro s cren tes (E f 1.4-6). Ele su p o rtav a o 3. A pregação da graça suscita conflito. sofrim en to para que esses eleitos p u d es A q u ele que ab raça essa m en sag em pode sem ser salvos e no fim glorificados.
[ 590 I 2Timóteo
2.11-14. A união com Cristo e a glória vindoura
O o b re iro n ã o se e n v e rg o n h a rá n em se acanhará por falha no trabalho, pois "m a n eja b e m " (litera lm e n te "c o rta com re ti A posição de união do crente. Eis aqui d ã o ") a P a la v ra re v e la d a de D eu s, aqui 11. um a afirm ação confiável, fato indiscutível, cham ad a "p a la v ra da v e rd a d e". Essa ex de que o crente foi alçado pelo batism o do p o siçã o da re v e la çã o d iv in a sem d is to r Espírito Santo a um a p osição de u n ião e çõ e s, p e rv e rsõ e s nem c o n tra d iç õ e s só é identificação com Cristo na morte, sepulta possível quando o obreiro de D eus se es mento e ressurreição (Rm 6.3,4; IC o 12.13; força com diligência para com preender os Cl 2.8-10; Gl 3.27). Aqui, o apóstolo discorre d iversos assuntos das E scrituras, aplicansobre os aspectos da m orte e da vida des d o-o s co n fo rm em en te. Só assim se pode sa posição. "S e [Com o] já m orrem os com responder ao erro e às seitas espúrias, 16ele, também com ele viverem os." O aspec 18, ilustrados aqui pelo falso ensinam ento to da m orte é in sep aráv el do asp ecto da so b re a re ssu rre içã o . vida. Assim como o crente morreu em Cris 19. Estudo bíblico — a chave do viver pie to para o pecado, também possui vida nele doso. A verdade revelada expôs que "o fir e com ele. me fundamento de Deus", a essência do seu 12a. A experiência de união do crente. Se caráter, "p erm an ece", petream ente imóvel. sofrerm os em nossa exp eriên cia de viver Esse fundamento divino tem um selo (m ar em C risto , tam b ém rein arem o s com ele, ca ou estampa) duplo que o confirma: (1) o tanto no p re sen te, com o e x p e riê n c ia de Senhor conhece os seus (Nm 16.5; Jo 10.14); poder e autoridade (Fp 3.10-15), quanto no e (2) o povo do Senhor deve se abster da futuro, como recompensa (Ap 2.26,27; 20.6). impiedade. O santo viver deve ser a prova 12b-14. O problem a da infidelidade do exterior do relacionamento pessoal do cren crente. "S e o n eg arm o s, ele tam b ém nos te com Deus. Esses dois princípios percor n e g a rá " — n os re je ita rá , c o n s id e ra n d o rem todo o tecido das Escrituras. nos d esq u alificad os para o prém io, d esa provando-nos para a recom p ensa da co r 2.20-23. Separação e utilidade rida cristã (IC o 9.27, ver com entários). Se espiritual p ersev eram o s na in fid e lid a d e , de m odo que nossa e xp eriên cia en tre em d esco m 20,21. A exem plificação do princípio. O passo com nossa posição, ainda assim "ele e x e m p lo é o de um a g ra n d e ca sa com perm anece fiel, pois não pode n eg ar a si m u itos u ten sílio s, alguns valiosos, outros m esm o", 13 (cf. N m 23.19) Ele n ão pode nem tanto. Alguns existem para usos h on voltar atrás em a sua palavra, sua prom es rosos, outros para propósitos desonrosos. sa de nossa segurança e proteção em Cris O "s e rv o d o S e n h o r" é um v aso . Se ele to (Jo 10.28,29; Rm 8.1). T im ó teo d everia pretende que D eus o use, precisa apartarlem b rar essas v erd ad es da g ra ça ao seu se do m al — pu rgar-se dos utensílios de re b a n h o s, a d v e r tin d o -o s , e n tr e m e n te s , son ro sos. A ssim , ele se tornará um vaso contra debates rasteiros que resu ltem na honroso, santificado tanto em sua posição subversão e na ru ína dos o u v in tes, a fa s q u a n to em sua e x p e riê n c ia , "p re p a ra d o tando-os "d a graça que há em C risto Je para toda boa o b ra ". sus", 14 (2.1). 22,23. A enunciação do princípio. "Foge tam bém .das paixões da juventude" (os de sejo s in te n so s e a rd e n te s, ou o b sessõ e s, 2.15-19. Estudo bíblico e viver da juventude), mas busca as virtudes cris piedoso tãs praticadas por aqueles que "invocam o 15-18.0 uso inteligente das Escrituras — S e n h o r". Só assim é possível m anter um antídoto contra o erro. Estudem , sejam dili coração puro (lim po). P erg u n tas in sen sa gentes e zelosos, para que se apresen tem tas e pouco p ro veitosas devem ser e v ita "ap rovad o[s]" (habilitados) perante Deus. das, pois só geram disputa e dissensão, 23.
2Timóteo [ 591 1
0
Odeão
de
Éfeso. Timóteo trabalhou em Éfeso como servo do
Sen hor.
2.24-26. Vitória espiritual
3.1-5. A apostasia
24,25a. O servo de Jesus Cristo. Aqui o p a s to r é ch a m a d o " s e r v o d o S e n h o r " . E m b o ra co n v o ca d o à b a ta lh a e sp iritu a l, n ã o d ev e se e sfo rç a r — c o n te n d e r nem d isp u ta r em um sen tid o n a tu ra l. A n tes, d ev e e x ib ir as c a ra c te rís tic a s da v itó ria sob re si m esm o, sen d o m an so , talen to so e treinado para ensinar, resistente e p aci ente d iante de m ales e de ferim en tos, 24. Com m ansidão, ele deve instruir e corrigir aqueles que têm opinião oposta a sua, 25a. 25b,26. As vitórias do servo sobre Sata nás. A vitória pessoal do servo, 24,25a, tem uma dupla estratégia: (1) que o Senhor con ced a a rre p e n d im e n to a seu s o p o n e n te s, lev an d o -o s à p len a com p reen são da v e r dade, 25b; (2) que eles possam voltar a si. A qu eles enredad os na cilad a d iabólica da falsa doutrina tornam -se arrogantes e ine b riad o s. Q u and o em tal estad o , ele s tornam -se presa fácil do Diabo, 26.
1. O tempo da apostasia. A importância dessa revelação se vê na frase: "S a b e , po rém, que...". Era algo a que Timóteo deveria prestar especial atenção. N as Escrituras, o tempo descrito como "últimos dias", muitas vezes, refere-se ao período m essiânico. Os autores do n t consideravam que os cristãos viviam nos últimos dias, que seriam os dias do afastam ento da verdade. N esses "d ias" deveriam vir "tem p os d ifíceis" que seriam e sp e cia lm e n te p en o so s, ta n to e sp iritu a l com o m oralm ente. As cond ições piorarão cada vez m ais à medida que a era da igreja for se aproximando do final (v. 5). 2-5. A natureza dos apóstatas. Os tem pos difíceis, 1, tornam -se assim pelo caráte r das p esso as en v o lv id as. Serão: (1) os eg oístas; (2) os que am am o dinheiro; (3) os p re s u n ç o s o s e o s te n s iv a m e n te a r r o gantes; (4) os orgulh osos e altivos; (5) os b la sfe m a d o re s, im p ia m en te irre v e ren tes
[ 592 ] 2Timóteo
diante de D eus e das coisas santas; (6) os d eso b ed ien tes aos pais, o b stin a d o s e in d iscip lin a d o s; (7) os in g ratos d ia n te das bênçãos recebidas de D eus e dos hom ens; (8) os im penitentes, que repu diam a d is tinção entre o bem e o mal; (9) os que não têm afeto natural, destituídos de am or até mesmo pelos seus; (10) os irreconciliáveis, que não se deixam pacificar; (11) os falsos acusadores, calu n iad o res que são lite ra l m ente diabos; (12) os in con tin en tes, im o d erad o s e d e s c o n tro la d o s , p riv a d o s do controle do ego; (13) os v iolen tos, selv a gens ou ferozes em atitudes e atos; (14) os que desprezam aqueles que são b on s (li teralm ente, o bem ); (15) os traidores, p ér fidos; (16) os p recip itad o s, teim o so s que avan çam im p e tu o sa m e n te em b u sca do que querem ; (17) os p reten sio sos, im b u í dos dos fulgores do convencim ento, en fa tuados; (18) os am antes dos prazeres, mas não am igos de Deus; (19) aqueles que têm "ap arência de religiosid ad e, m as rejeitan do-lhe o p o d er", seguidores de m era reli gião fo rm al que p arece v e rd a d eira , m as que continuam a rejeitar a dinâm ica genu ína que inspira a vida cristã. 5b. A atitude em relação aos apóstatas. Privilegia-se a separação rígida (cf. 2.4,5,20-23): "Afasta-se tam bém d esses". Essa injunção deve ser considerada em nossos dias.
3.6-9. Resultados da apostasia 6,7. Im oralidade e falso intelectualism o. Os apóstatas sem pre recaem na im o ra li dade (2Pe 2.10-14; Jd 4, 8, 10). Aqui eles são rep resentad os com o aq u eles que en tram nas casas e sed u zem as m u lh e re s fra ca s e tolas. L iteralm ente, são "m u lh e rin h a s", carentes da verd ad eira fem in ilid a d e, so brecarregad as de pecad os e afa sta d a s da virtude por várias luxurias, 6 (cf. T t 1.11). Os apóstatas tam bém são vitim ad os pelo falso intelectualism o. V ivem ap rend end o (d iscip lin as filo sóficas e co rrela ta s), m as ja m ais são cap azes de nenhu m c o n h e c i m ento preciso ou real da verdade. 8,9. A oposição à verdade. Os apósta tas não só são in ca p a z e s de a lc a n ç a r o c o n h e c im e n to p re ciso da v e rd a d e , m as
re so lu ta m e n te "r e s is tir a m " ou se le v a n ta ra m c o n tra a v e rd a d e , co m o Ja n e s e Ja m b res (cf. Êx 7.11,12). E sses nom es fo ram p re se rv a d o s na tra d iç ã o e x tra b íb lica hebraica com o ad v ersários de M oisés. (C f. a q u e le s q u e s u p rim e m a v e rd a d e , Rm 1.18.) São h o m en s em um e sta d o de co rru p ç ã o , p e rv e rtid o s n o p e n sa m e n to , depravados na fé, 8 (Jd 3). Indicam -se seu ju ízo e cond enação, 9. A apostasia é irre m ediável e aguarda o ju ízo divino.
3.10-13. Perseguição e apostasia 10,11. A ap ostasia leva à p erseg u ição . A vida e o m in istério do ap ó stolo são um e x e m p lo , 10. P e rse g u içõ e s e trib u la çõ e s o a tin g iram em A n tio q u ia da P isíd ia, 11 (A t 1 3 .4 5 -5 0 ), Icô n io (A t 14 .5 ,6 ) e L istra (A t 14 .1 9 ). Em sua p a c ie n te re sistê n c ia , ele viu a m ão lib erta d o ra do Senhor. 1 2 ,1 3 . P ie d a d e e p e rs e g u içã o . Tod os a q u e le s q u e se d e te rm in a m a v iv e r de m od o p ied o so , em u n ião com C risto Je sus, i.e., determ inados a realizar sua posi ção em Cristo por um a experiência de Cris to, sofrerão p erseg u ição, 12. Isso será es p ecialm en te v erd ad e nos tem p o s d ifíceis que precederão a volta de C risto, pois os p erversos e im p osto res (literalm en te ad i vinhos) piorarão cada vez m ais, enganan do e sendo enganad os, 13.
3.14-17. As Escrituras e a apostasia 14,15. O papel das Escrituras na vida de Tim óteo. Ele havia estudado as Escrituras e fora con v en cid o de suas verd ad es pela sua avó, pela sua m ãe (1.5,6) e pelo p ró prio apóstolo (lT m 1.1,2; 2Tm 1.12). Desde a in fân cia, estu d a ra os e scrito s sag rad o s (o a t ) . Esses escrito s têm o p od er de dar sabed oria ao hom em , lev a n d o -o à sa lv a ção pela fé em Jesus C risto (Rm 10.17). 16,17. A inspiração e o uso das Escritu ras. D eclara-se: (1) a plena in sp iração de todo o a t e, por consequência, de todas as E scritu ra s can ón icas. (2) Q ue as E scritu ras são integralm ente produto de D eus — ditadas por D eus. Foi de fato D eus quem
2Timóteo I 593 1
Objetos de escrita da época do império romano: tinteiro, canetas e estojo.
com um apelo m u itíssim o grave e in ten so às te s te m u n h a s d iv in a s, D eu s P ai e C risto Jesus, o ju iz de todos, 1 (cf. Jo 5.22). Tão axial é a q u estão de anu nciar as Es crituras, 2, que o apóstolo enfatiza a pres tação de contas que os m inistros de C ris to fa rã o q u a n to ao uso q ue fiz era m da P alavra de D eus. O pregador deve ter uma só am bição — anunciar e proclam ar a Pa lavra. Isso im p lica a exp osição sistem áti ca e ordenad a dos planos e desígnios de D eu s p ara a h u m a n id a d e p e rd id a , co n c e n tra n d o -se em C risto . Tal tarefa deve ser e xecu ta d a q u er "a te m p o " (co n v e n i en te), q u er "fo ra de tem p o " (in co n v en i en te); em o u tras palavras, sem pre. 3,4. A razão da incum bência. A Palavra de D eus é o único antídoto contra a apos tasia. N esses versículos a apostasia é des crita em relação às Escrituras. (1) Os após tatas não su p ortarão o en sin am en to sau dável ("sã d ou trin a"). (2) Eles "ajuntarão para si m estres" que satisfarão suas luxú4.1-4. A pregação da palavra ria s. (3) D e s e ja rã o "m u ito o u v ir co isa s a g ra d á v e is", que d eseja rã o ard en tem en e a apostasia te ser estim uladas por algum novo erro, 3. 1,2. A solene in cu m b ên cia. Paulo refor(4) N ão darão ouvidos à verdade (a Pala ça a o rd e m — "P re g a a p a la v ra " , 2a — vra), m as às fábulas ou aos mitos.
as produziu — "divinam ente inspirad a". E assim p erm an ecem , q u er o h om em creia q u e r n ão . T êm e ssa im u tá v e l q u a lid a d e objetivam ente inerente em si. (3) Que, com o in sp irad as por D eus, são in falív eis e p le n a m e n te a u to riz a d a s , p o is o S e n h o r as gerou, e o erro é incom patível com ele. (4) A s E scritu ras são in tegralm en te úteis: (a) para a dou trina (ensin am en to); (b) para a reprovação ou a censura do erro e do pe cad o; (c) para corrigir, re tifica r ou refo r m ar; (d) para in stru ir (ed ucação d iscip li nar) na justiça, tanto na inerente justiça de D eus quanto na conduta ju sta que ele exi ge dos seu s; (e) p a ra que " o h om em de D eus tenha capacid ade e plen o p rep aro ", n o sen tid o de co m p leto sem ca rên cia de nada, com pletam ente habilitado e equipa do para "tod a boa ob ra". Esse conceito da p len a in sp iração da B íb lia é u m b a lu a rte contra o erro e a apostasia.
[ 594 1 2Timóteo
4.5-8. A recompensa do pregador fiel
reira" (drom os) se refere a uma corrida nos jo g o s p ú b lico s e é u sad a fig u ra d a m en te para sim bolizar a carreira ou m inistério. O apóstolo havia guardado a fé (Jd 3), prote5. C onselho a um pregador fiel. O con gendo-a do erro e da apostasia. selho é: (1) "sê equilibrado", fica alerta; (2) 8. A recom pensa do pregador fiel. A qui "S o fre as afliçõ es" (2.3); (3) "fa z e a obra a fé se v erb aliza em rad ian te esp eran ça. de um e v a n g e lista " (a n u n c ia d o r da boa A "c o ro a da ju s tiç a " é um a recom p en sa nova de que Jesus m orreu para salv ar os pela fid elid ad e e é reservada àqueles que pecadores); (4) "cu m p re", ou executa, seu am am sobrem aneira a vinda de C risto. A ministério. Servir a Deus plenam ente, cum "co ro a " é stephanos, ou coroa da vitória, a prindo integralm ente seu serviço com m á g u irla n d a de o liv e ira b ra v a ou p in h e iro xima eficiência. 6,7. Testem unho de um p reg ad o r fiel. d ada ao venced or dos jo g o s gregos. Esse é o triunfo daquele que pregou a Pala vra. Paulo afirm a que está "se n d o d erra mado com o oferta de libação", i.e., pronto para d erram ar sua vida com o lib ação ou oferenda líquida, tendo já gasto a vida em sacrifício para prop agar o ev a n g elh o (cf. Fp 2.17). O tempo de sua partida pela m or te estava p ró xim o. Ele com batera o bom combate (agonia, luta espiritual, cf. Ef 6.1020), e agora concluíra seu caminho. A "car
4.9-15. Alertas pessoais de um pregador fiel 9-13. Conselho acerca dos colaboradores. Tim óteo é aconselhado a envidar todos os esforços para ir ter com o apóstolo im edi atam ente, 9. A razão era a quase com ple ta solidão de Paulo. D em as o havia aban donado pelo am or à presente era (ou sis-
Pergaminhos eram utilizados para a escrita da época. Em 2 Timóteo 4.13, Paulo pede a Timóteo que lhe traga seus livros, especialmente os pergaminhos.
tem a m undial). C rescente fora para a Galácia, na Á sia M enor; Tito, para a D alm ácia, vizinha à Itália, do outro lado do m ar Adriático, 10. Só Lucas restara. Paulo pede que M arcos lhe seja levado, 11 (cf. A t 15.3739). O ped id o de M arcos é especialm ente significativo, pois Paulo havia se recusado a lev á-lo na segu nd a viagem m issionária p o r cau sa de sua p o u ca c o n fia b ilid a d e . A p a ren tem en te, M a rco s a m a d u rece ra , e P aulo o p erd oara. P aulo enviara T íq u ico (T t 3.12) a É feso, 12. Ele p ed e a "c a p a ", agasalho com capuz usad o em viagens, e "o s liv r o s ", m as e sp e cia lm e n te os " p e r g a m in h o s", v elin o s, feito s de cou ro fino polido, 13. 14,15. A lertas acerca dos m aus o b re ros. T im óteo é aco n selh ad o a tom ar cu i dado com A lexand re, o latoeiro, p ois ele h a v ia re s is tid o re s o lu ta m e n te à m e n s a gem de P aulo, 15.
4.16-18. Testemunho da fidelidade do Senhor 16. A infidelidade do homem. Em sua prim eira defesa (interrogatório prelim inar) p e ra n te C ésar, to d o s h av iam ab an d o n a-
2Timóteo 1 595 1
do Paulo, e ninguém o afiançou nem con firm o u su as d ecla ra çõ es. M esm o d ecep cionado, ele não queria vingança, e orava para que a negligência deles não lhes fos se lançada no rosto. 17,18. A fidelidade de Deus. Por outro lado, o Senhor perm aneceu com Paulo e o fortaleceu, aparentem ente garantind o sua absolv ição e a continu ação de seu m inis tério. "L ivrad o da boca do leão" refere-se, e v id en tem en te, ao p o d er rom ano. A qu e les que datam 2Tim óteo após a soltura de Paulo de seu prim eiro períod o na prisão usam essa p assag em com o p rova da li b e r ta ç ã o . A s s e v e r a -s e a c o n fia n ç a de Paulo na contínua fidelidade do Senhor, 18.
4.19-22. Cumprimentos e saudação final 19-21. Cumprimentos. Entre outros, men cionam-se Prisca e Áqiiila, colaboradores de Paulo no evangelho e no negócio de confec ção de tendas em Corinto e Éfeso (At 18.2,3), além da "casa de O nesíforo" (1.16-18), Erasto (At 19.22) e Trófimo (At 21.29). 22. Saudação final.
Tito A organização da casa de Deus Autor e data. O autor é Paulo (1.1). Sua carta a Tito foi escrita por volta da mesma época de 1Timóteo (ver discussão ali), aproximadamente em 64 ou 66 d.C., dependendo de Paulo ter sofrido um ou mais períodos de encarceramento.
Tema. Tito ficara na ilha de Creta para organizar as igrejas (1.5). A carta, portanto, tem muito em comum com 1Timóteo, mas apresenta maior ênfase na organização e na administração da igreja.
Esboço 1 Organização eclesiástica bíblica 2 Ministério pastoral junto a vários grupos
Ministério pastoral e ensinamento genérico
3
MAR MEDITERRÂNEO
TitO I 597 1
1.1-4. Saudação a Tito 1-3. D efinição do m inistério de Paulo. O ap óstolo d efine suas fu n ções com o as de um serv o de D eu s e a p ó sto lo de C risto. Seu d esem p en h o n essa s fu n çõ es d ev eria ser avaliado segund o a fé dos "e leito s de D eu s" (a fé pessoal que os crentes possu íam ) e o "p le n o con h ecim en to da v erd a d e" que gerara pied ad e e certeza de vida e tern a n o s cre n te s cre te n ses. P au lo c o n sidera que sua com issão é a proclam ação da prom essa divina de vida eterna encar nada na redenção e na vid a que Cristo, o Verbo divino, oferece, 2,3. 4. Saudação de Paulo a Tito. Ele é cha m ad o "v e rd a d e iro filh o na fé que nos é co m u m ", consid erad a com um porque to dos os cren tes d ev eriam ab raçá-la e d es frutá-la (cf. lT m 1.1,2).
1.5-9. Qualificações dos presbíteros e bispos 5. Esboço da tarefa de T ito. Paulo dei xou T ito em C reta para que o rg a n iz a sse ali as cong regações segu nd o a ordem d i vina, nom eando m inistros da igreja (pres b íte ro s ). E sse s m in is tro s são c h a m a d o s bispos (episcopoi, "su p erv iso re s") e d iáco n o s (d ia k o n o i, " s e r v id o r e s " ) em lT im ó teo 3.1-13. B isp o s e p resb ítero s (presbu tero i) são te rm o s a p a r e n te m e n te u s a d o s p a ra d e s ig n a r o m e sm o c a rg o d a q u e le que p re g a v a e e n s in a v a , além de a tu a r co m o a d m in is tra d o r. O s d iá c o n o s , p o r o u tro lad o , o cu p av am -se das fin a n ça s e filantropias (A t 6.1-7). Contudo, evid en te m en te, nem to d o s os p re sb íte ro s e n sin a vam , ou, m ais esp ecifica m e n te , atu avam co m o p a s to re s , e n c a rre g a d o s da s u p e r visão de um a igreja. 6-9. A qualificação dos presbíteros (ver lT m 3.1-13). O 's u p e rv iso r', litera lm en te 'ad m in istrad o r de D eu s', é aquele que foi incum bido por D eus de servir ao evan g e lho, curador da verdade esp iritu al, 7. En tre o u tra s q u a lific a ç õ e s e s s e n c ia is , e le d ev e re te r firm e m e n te a fiel P a la v ra de Deus, 9. Isso só é possível se o presbíterop ro fe sso r se re v e la cu id a d o so estu d a n te
da Bíblia. A ssim , será capaz, por meio de um ensino saudável, de exortar e de con vencer os op ositores, 9.
1.10-16. Alerta contra os falsos mestres 10-13». Os legalistas são especialmente citad o s. As ig rejas de C reta enfrentavam o perigo de m uitos que se revelavam "in su b ord inad os, m eros fa la d o re s", dados a discussões e disputas triviais; "engan ad o r e s " , d e s e n c a m in h a n d o as p e s so a s em su a s id é ia s. E s p e c ia lm e n te ce n su rá v e is eram os da circu ncisão, i.e, os ju d eu s le g alistas. Paulo afirm a que é indispensável atar freio ou m ordaça à boca deles a fim de silenciá-los. Eles corrom pem ou trans tornam fam ílias inteiras, ensinando "o que n ão co n v é m " com vistas ao lu cro fin a n ceiro vil ou desonroso, 11. Paulo cita um dos p róp rios p rofetas deles (Epim ênides, “de oraculis"): "C retenses são sem pre m en tiro s o s [d e lin q u e n te s ], a n im a is fe ro z e s [brutos cruéis], glutões preguiçosos". Pau lo concorda, 13. 13b-16. O rem édio. A situação exige se vera rep rim en d a . "re p re e n d e -o s s e v e ra m ente, para que tenham um a fé sad ia" e enjeitem o legalism o, 13b,14 (cf. ITm 1.4). D esse m odo, soa aqui um a nota positiva: que se in cu lq u e a pureza. "T u d o é puro para os puros, mas, para os corrom pidos e in c ré d u lo s, nad a é p u ro ." A razão da im p u rez a é o fa to de e les não terem se regenerado, 15,16a. "E les afirm am que co nhecem a D eus ", 16a, significa credulida de fá c il, n ão co m p ro v a d a p o r o b ra s, e, p o r ta n to , n ã o os c r e d e n c ia à s a lv a ç ã o (2Tm 3.5,7; cf. Tg 2.14-20).
2.1-4a.0s idosos embelezando o evangelho
1,2. Hom ens idosos. A responsabilidade g en érica do v e rd a d eiro p asto r é ensin ar aquilo que convém à sã doutrina, 1. Homens m ais velhos devem ser "equilibrados, res peitáveis, sóbrios, sadios na fé, no amor e na constância" (a qualidade de permanecer graciosam ente fiel em meio à provação).
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3,4a. M ulheres idosas. As m ulheres mais velhas devem ser reverentes em sua con d u ta; n ão "c a lu n ia d o r a s " (lite ra lm e n te , não d iab as, co n tro lad as pelo D iab o a cu sador [de diaballo, "a cu sa r"]); não escravi za d a s ao e x ce sso de v in h o ; m e s tra s do bem às jovens.
m issos aos seus senhores, agrad and o-lhes em tudo sem ser insolentes nem insu b or dinados, 9. Furtar ou roubar era proibido, m as e n fa tiz a v a -s e a n e ce ssid a d e de e x i bir m áxim a fidelidade, 10a. 10b. A exposição do propósito. "Para que [os servos] em tudo m ostrem a beleza da doutrina de D eus, nosso S alvad or." E ex tre m a m e n te s ig n ific a tiv o q u e e s c r a v o s 2.4-6. Os jovens embelezando com uns tenham sido escolh idos para esse o evangelho elev ad o p ro p ó sito de e m b elez a r o e v a n 4,5. M oças. As m u lh eres cristã s m ais gelho, i.e., honrá-lo ou dignificá-lo, enfeivelhas devem ensinar as m oças, para que tan d o-o ou ad ornan d o-o para que os h o essas sejam "e q u ilib ra d a s" (séria s); am o m en s p o ssam v er sua g ló ria exib id a em rosam ente d ed icad as aos seus m arid os e hu m ild es vid as hu m anas. A p alavra que filhos; santas ou castas; trab alh ad o ras no ex p rim e " b e le z a [um a d o rn o ]" (k osm eo) lar; "b o n d o s a s "; su b m issas a seu s m a ri gerou a palavra 'co sm ético '. dos. O propósito ou m otivo de tal p ro ce der é para que a Palavra de Deus não seja 2.11-15. 0 evangelho e a vida blasfem ad a por cau sa de e sp o sa s te im o embelezada sas e insubord inad as. 6. Os m oços são tam bém exo rta d o s e 11-14. A base da vida embelezada. A "gra aconselhados a ser sérios e sensatos. Tal qua ça de D eu s" — o im erecido favor e m iseri lidade é exigida em todas as idades (cf. 1.8; córd ia d iv ino s con ced id o s aos p ecad ores 2.2,5) e é a marca da maturidade espiritual. d esesp erad am en te p erd id os que confiam na expiação vicária de C risto (Rm 3.24) — constitui o fundam ento da conduta piedo 2.7,8. 0 pastor Tito embelezando sa. E ssa graça, que trou xe salv ação e foi o evangelho rev elad a na p esso a e na obra de C risto , 7,8a. O exem plo do pastor. Tito deveria ensina a disciplina e a instrução, bem como servir de exem plo aos moços, 6 (IC o 11.1). se educa uma criança, 11,12a. A lição é que "Em tu do" ele deveria ser m odelo de boas estam os salvos do pecado pela sua graça, obras, 7; exibin d o a q u alid ad e de não se h abilitados, portanto, a um a vida santa e d eix ar co rro m p er p elo e rro d o u trin á rio justa, devendo por isso negar ou rejeitar a nem viciar por ele. Em sua atitude ou pos im p ied ad e e as p a ix õ es m u n d an as. Esta tura, d ev eria rev elar 'in te g rid a d e ' e 'r e vida deve ser p o sitiv a, caracterizad a por v erên cia' (g en u in id ad e). 'L in g u a g e m sa um a m en ta lid a d e só b ria (" e q u ilib ra d a ") dia' abarcava toda a sua fala e im plicava p or um a co n d u ta que m ereça a a p ro v a que n ela nad a se d ev eria e n co n tra r que ção de D eu s (" ju s t a " ) e pela re v e rê n c ia fo sse p assív el de co n d e n a çã o , m o stra n perante D eus ("p ie d o sa "). A esfera dessa d o-se irre p re en sív el. atividade é "n este m u nd o", ou era, o cam Sb. O propósito do exemplo pastoral. Tito po de provas da nossa fé, 12. deveria ser m odelar a ponto de cob rir de A m o tiv a ç ã o da co n d u ta p ie d o sa se vergonha o ad v ersário, que nad a teria a deve encontrar na esperança do crente na dizer de mal a respeito do jovem pastor. volta de C risto para os san tos ("b e n d ita e sp eran ça" — "a p a recim en to da g ló ria "), 13. Essa esp eran ça é ainda m ais abençoa 2.9,10. Os servos embelezando o da quando se com preende a obra daquele evangelho que virá. Seu sacrifício foi vicário. Pela sua m orte expiatória, ele pagou o resgate para 9,10a. A im posição da boa conduta. Os serv os d evem ser v o lu n ta ria m e n te s u b salvar os pecad ores da escravidão do p e
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Porto de Sitia, na ilha de Creta. Tito ficou nessa ilha para organizar as igrejas locais. em belezado perante o m undo porque nós cado ("p ara nos rem ir"), a fim de que eles tam bém (e n fá tic o ) está v a m o s o u tro ra no p u d essem ser p o sse ssã o e x clu siv a m e n te m esm o estad o de perd ição, 3. A ssim d e sua, zelo so s das boas obras, 14. Tam anha v e m o s s e r v ir de e x e m p lo s d a g ra ça de graça, em troca, exige um belo viver. 15. A ordem de im por essas verdades. D eus, não de ju izes do m undo. N ós tam b ém éram o s ou tro ra "in s e n sa to s " (tolos, Paulo enfatiza a necessidade de contin u a privad os de com preensão espiritual); "d e m en te lem b rar essas in stru çõ es aos c ris s o b e d ie n te s " (n ã o q u e ría m o s c re r nem tãos, usando a autoridade que se fizer ne nos subm eter à vontade de Deus); "d esen c e s s á r ia . E la s são o b r ig a tó r ia s a to d o c a m in h a d o s " (d e s g a r ra d o s , fo rç a d o s a cren te ("n in g u é m te m en o sp rez e"). vagar na escuridão espiritual); "servíam os a v á ria s p aixõ es e p ra z e re s"; viven d o na 3.1-7. Embelezando o evangelho "m a ld a d e e na in v e ja " (m á ín d ole e ciú perante o mundo m e ); "r a n c o r o s o s e o d iá v a m o s u n s aos o u tro s" na d escon fian ça. P essoas que es 1,2. A natureza da conduta exemplar. (1) tã o n e s s e e s ta d o p re c isa m p e r c e b e r o O s cren tes d evem lem b rar q ue e stã o su anú ncio do evangelho pela vida, para que je ito s ao gov ern o con stitu íd o (Rm 13.1) e possam ver a glória da graça de Deus. d evem ob ed ecer às au torid ad es civis, es A seg u n d a ra z ã o d a con d u ta correta tand o p ro n tos a aju d ar em p ro jeto s civis se e n co n tra n a p e rce p ç ã o de que n ossa ou educacionais dignos, 1. (2) N ão devem atual condição se deve inteiram ente à gra falar m al de n in g u ém . (3) Em vez de se ça de Deus, 4-7. Isso implica: (1) a com pre m o strarem b rigu en tos, os cristãos devem ensão do am or de D eus pelos hom ens ("a ser "e q u ilib ra d o s", exib in d o toda m a n si bond ade de D eus [...] e o seu a m o r", phidão a todos os hom ens (crentes ou não), 2. lan th rop ia, i.e., o am or esp ecial de D eu s 3-7. A razão da conduta exemplar. Antes p e la h u m a n id a d e), 4; (2) a com p reensão de tu d o , o e v a n g e lh o da g ra ça d ev e ser
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de que a salvação é um dom gratuito con cedido com base na m isericórdia e na gra ça de Deus, de modo totalm ente indepen d e n te do m é rito h u m a n o , 5 a ; (3) a percepção de que Cristo é o canal exclusi vo da salvação, que nos assegura o "lavar da regen eração " (a p u rificação do crente da culpa do pecado) e a renovação "p elo Espírito Santo" (a concessão da nova vida na pessoa do E sp írito S a n to que h a b ita dentro de nós), 5b,6; (4) a percep ção das posses que são nossas em Cristo, 7. Entre essas posses estão os fatos de term os sido "ju s tific a d o s " (d e cla ra d o s in o c e n te s do pecado), tornados "h erd eiro s" (habilitados à plena h eran ça da s a lv a ç ã o ), te n d o "a esp eran ça da vid a e te r n a " (a e sp era n ça que a vida eterna nos dá).
3.8-11.Embelezando o evangelho com as boas obras 8. A contínua confirmação das coisas pro veitosas. Paulo expõe um princípio essen cial baseado no resum o da verdade apre sentado em 4-7: as boas obras devem vir como consequência da fé de cada um. "O s que crêem em D eus" devem ter o cuidado de dar o exem plo da prática diligente das boas obras. Tal fato deve ser reafirm ad o co n sta n tem en te. 9-11. A necessidade de evitar as coisas inúteis. C iladas legalistas, com o as "q u es tões to la s" que assolav am o ju d a ísm o , e as "g e n e alo g ias", às quais os ju d eu s atri buíam grande im portância (lT m 1.4; 2Tm 2.23), devem ser evitadas porque não têm valor nenhum e são inúteis. "D iscórd ias e d eb ates" (q u erelas e d isp u tas) acerca da lei também se devem evitar, pois são igual
m ente d esprovidos de valor e não trazem proveito nenhum , 9. O herege, aquele que cria facções e fo m enta divisões com o consequência de fal sas d outrinas, deve ser evitado depois de ele rechaçar, pela segunda vez, a censura ou o alerta (cf. M t 18.17). Tal pessoa comete pecad o grave, p ois d estrói a u n id ad e do povo de Deus (cf. Ef 4.3-6). Esse é o tipo de pessoa que fo m en ta a d iv isão , o tip o de pessoa que se "p e rv e rte u " (está afastad a ou distante da verdade), e que persiste no pecado, condenando-se a si m esm a, 11.
3.12-15. Saudações finais 12,13. Instruções relativas aos colabora dores. Paulo deseja que Tito vá a N icópolis, ond e o a p ó sto lo p lan eja p assar o in verno. Isso talvez tenha oco rrid o entre o p rim eiro encarceram ento e o possível se gundo (ver introdução a IT im óteo). Zenas e A poios devem acom panhar Tito, 13. 14,15. Instrução relativa à diligência do cristão . "O s n ossos tam bém aprend am a a p lica r-s e às b o a s o b ra s, p ara su p rir as coisas necessárias, a fim de que não d ei xem de dar fru to ." N ão deve haver abuso da graça; nada de pensar que, só porque a pessoa está salva pela graça, independ en tem en te de o b ras e m érito h u m an o, não deve h av er g eração de boas obras. A sal vação não vem pelas obras (Ef 2.8,9), mas "p a ra as b oas o b ra s " (E f 2.1 0). Tam bém su rg e um re s u lta d o p rá tic o . O s c re n te s p recisam ter recu rso s para as n e ce ssid a des essenciais. Suas vidas não devem ser in fru tífe ra s e e sté re is em re la çã o às re c o m p e n sa s d o tra b a lh o co m u m . D á -s e uma bênção final, 15.
Filemom A fraternidade cristã em ação Autor e data. O apóstolo Paulo é o autor dessa epístola pessoal, 1, escrita provavelmente em 61 ou 62 d.C. A carta é uma das chamadas epístolas do cárcere (ver introdução a Efésios e Colossenses). Foi despachada por Paulo, da sua prisão em Roma, via Tíquico, como o foram também Efésio e Colossenses. Tema. Filemom era um cristão de Colossos, pequena cidade da Ásia Menor, a sudeste de Laodicéia e ao sul de Hierápolis. Seu escravo, Onésimo, o havia aparentemente roubado, fugindo consequentemente para Roma. Ali o escravo desertor conheceu Paulo e foi salvo. O apóstolo o mandou de volta ao seu senhor com essa carta inestimável, preservada para nós.
Esboço 1-7 Paulo saúda e elogia Filemom 8-21 Paulo intercede por Onésimo 22-25 Palavras finais e saudação
A ilustração retrata Filemom e Onésimo, seu escravo.
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1-3. Paulo saúda Filemom A saudação. Paulo define-se com o "p ri sioneiro de Cristo Jesu s", 1a, não do im pe rador rom ano (cf. Ef 3.1; 4.1), pois via o cár cere como vontade direta de Deus. Chama Filemom de "am ado" e "nosso com panhei ro de trabalho'', identificando-o consigo na com unhão do ev an g elh o . M e n cio n a -se a igreja que se reunia em sua casa. As ca sas dos cre n te s eram g e ra lm e n te os lo cais de e n co n tro de to d a s as p rim e ira s co n g reg a çõ es. 3. A bênção é característica das cartas paulinas (cf. Ef 1.2).
v id a, e a ssev era : "... m as ag ora é m u ito útil para ti e para m im ". Paulo preferiria ter co n serv ad o O n ésim o ju n to dele, pois era útil para assisti-lo e encorajá-lo na pri são, com o tam bém por causa do profundo afeto que Paulo lhe tinha; m as resolve de volvê-lo a seu senhor, 13. É um a veem en te súplica para que Filem om perdoe e re ceba de volta esse escravo que fu gira.
14-16. Não como servo, mas como irmão
14. O polido tato de Paulo. "M as eu não quis fazer nada sem o teu consentim ento, para que a tua b on d ad e n ão fosse fo rça da, m as, sim , esp on tân ea." O serviço fo r 4-7. Paulo elogia Filemom çad o a C risto não é g en u ín o . A m eta de 4 ,5 .0 amor e a fé de Filemom. Paulo agra Paulo era inspirar o m elhor no hom em . dece a Deus e elogia o amor e a fé que File 15,16. A hábil análise de Paulo. O após mom dem onstra diante do Senhor e de to to lo sugere um p ro p ósito m ais p rofu n d o dos os crentes. na questão (cf. Rm 8.28). Talvez O nésim o 6,7. A oração de Paulo por Filemom. Otenha sido afastado de Filem om tem pora apóstolo ora para que "o com partilhar" da ria m e n te , p a ra q u e seu m e stre tiv e s s e , fé de Filemom seja "eficaz", no sentido de assim , su a co m p le ta le a ld a d e e se rv iç o se adaptar eficazm ente para trabalh ar pe p e rm a n e n te , 15. Isso era ag o ra p o ssív e l los outros na bênção (cf. Tg 2.14,17). Assim, porqu e O n ésim o já não era som ente ser os outros podem reconhecer toda qualida vo (escravo com um ou cativo ), m as, aci de dele em Cristo Jesus (cf. Fp 4.8; 2Pe 1.5,8). ma disso, "irm ão am ado" em Cristo e uni Paulo elogia ainda Filemom pelo seu amor, do a Filem om por um víncu lo m ais forte pois o coração (gr. "intestin os") dos santos que qualquer outro, o corpo de Cristo — a têm sido revigorados pelo seu testem unho. igreja. O nésim o era esp ecialm en te caro a Paulo porque o apóstolo era seu pai esp i ritual. E a Filem om , seu senhor, era ainda 8-13. Paulo intercede por Onésimo m ais caro, pois, "h u m a n a m en te" (no pla 8-10. A intercessão. O escravo fugido de n o n a tu ra l), e le era a g o ra um co n fiá v el Filem om é alvo da in tercessão de Paulo. servo cristão, e "n o Sen h or" (no plano es Em bora Paulo, em virtu d e de sua au tori piritual), um crente, 16. dade apostólica, p u desse "o rd e n a r " a F i lem om o p ro ced e r co rreto em re la çã o a 17-19. Lance na minha conta O nésim o, 8, ele, pelo am or cristão, p refe re rogar a ele com o am igo idoso e "p risio 17. R eceba-o com o a mim. Paulo renova neiro de C risto Je su s". Paulo cham a O né o apelo: "A ssim , se me con sid eras um ir sim o de "m eu filh o ", lite ra lm e n te "m eu m ão na f é [partícip e da salvação, p artici filho O nésim o, que g e rei q u a n d o estava p a n te da v id a e te rn a co n tig o ], re c e b e -o na prisão", 10 (IC o 4.15). com o se recebesses a m im m esm o", 17. O 11-13. Paulo defende O nésim o. O após " s e " não exprim e duvidosa conting ência. tolo re co n h ece liv rem en te que O n é sim o "P o rta n to , assim com o tu m e co n sid era s fora inútil, no sentido de ter dado prejuízo com pan heiro na salvação, con sid era tam bém teu escravo arrependido crente com o ao seu sen h o r. M as ta m b é m e n fa tiz a a m udança que a conversão opera em um a tu, pois agora ele o é."
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18,19. Lance o d em érito n a m inh a co n P a u lo , c a s o em q u e tin h a p a ra com o ta. E is aq u i um b elo exem p lo do p rin c í a p ó sto lo d ív id a aind a m aior. p io da im p u ta çã o p e lo q u a l os p e ca d o s do p e ca d o r são la n ça d o s ou im p u ta d o s 20-21. A confiança de Paulo à co n ta de C risto , e sua ju s tiç a é c re d i em Filemom ta d a ou im p u ta d a à co n ta d o p e c a d o r, tu d o p e la fé. O a p ó sto lo a firm a : "R e c e 20. O p e d id o . Se F ile m o m receb esse b e -o c o m o se r e c e b e s s e s a m im m e s O nésim o de volta, isso traria contentam en m o " — cred ite a ele m eu m érito. " E se ele to a Paulo, pois seria um gesto que o ale te cau so u algu m p re ju íz o ou te d eve al graria e anim aria o seu espírito. g u m a c o is a " — p o n h a is s o n a m in h a 21. A confiança. Paulo confia que Filemom co n ta , la n ce ou im p u te a m im o d em érito fará ainda m ais do que se sugere a este. d ele (cf. T g 2.23). P au lo p a g a rá tu d o o que o e s c r a v o lh e d e v e , 1 9 a ; m a s s u g e r e , 22-25. Pedido e saudações finais p o lid a m e n te , q u e F ile m o m d e v e ta m b ém a e le n ão só o b e n e fício da d ev o lu 22. O pedido. O apóstolo cativo pede a ç ã o de u m e s c r a v o fu g id o , m a s a g o r a F ile m o m q u e lh e a rru m e h o sp e d a g e m , ta m b ém irm ão no Sen h or. P od e ser que p o is ele, na fé, aguarda a libertação. F ile m o m ta m b é m f o s s e c o n v e r s o de 23-25. As saudações.
Medalha de um escravo romano. A inscrição latina nela gravada pode ser traduzida assim: "Se eu fugir, prendam-me e devolvam-me ao meu senhor".
As epístolas judaico-cristãs Hebreus, Tiago, 1Pedro, 2Pedro, Judas Essas epístolas inspiradas sâo dirigidas principalmente aos crentes judeus. No caso de Hebreus, o propósito é expor a finalidade da salvação de Cristo e alertar contra o perigo de os crentes judeus voltarem aos tipos já cumpridos e ao superado ritualismo do judaísmo. Tiago os instrui nas virtudes práticas encontráveis nos santos do a t. Primeira Pedro é também dirigida aos cristãos judeus da dispersão (1.1,2). Segunda Pedro e Judas são mais gerais, como as epístolas católicas (universais) de 1, 2 e 3João. Todos esses escritos judeu-cristãos diferem das epístolas paulinas pela omissão dos elementos peculiares que foram revelados especialmente ao apóstolo dos gentios, como a natureza, a posição e o destino da igreja, o corpo de Cristo. Por exemplo, a epístola aos Hebreus pressupõe essas verdades,
Relevo de uma menorá, candelabro de sete braços, normalmente usado com um símbolo da fé judaica.
mas não as expõe. Em vez disso, aborda nossa "tão grande salvação" pelo ponto de vista de sua superioridade em relação ao judaísmo, pois a carta é dirigida, primordialmente, aos judeus, e não aos crentes gentios, como o eram as cartas de Paulo. Pode-se dizer que essas epístolas judaico-cristãs tratam mais do inculcar da expressão prática da salvação em um viver coerente fundado nas doutrinas básicas do cristianismo bíblico.
As cartas paulinas, por sua vez, baseiam a mesma conduta nas revelações mais complexas da posição e das posses do cristão em sua união com Cristo (Ef 4.1-3), pela morte, ressurreição, ascensão e volta gloriosa de Jesus (Rm 6.1-11; Ef 1.1-14; Cl 3.1-4). Essa diferença, portanto, não implica, de modo algum, desacordo ou conflito. Ambas apresentam o mesmo Cristo, a mesma salvação e a mesma esperança. Mas a distinção é de desenvolvimento e de alcance.
Hebreus Cristo é superior a todos Autoria. Essa grande epístola é anónima. Alguns atribuem a autoria a Paulo (cf. 2Pe 3.15; Hb 13.23), e há evidências internas que indicam essa possibilidade. Mas na ausência de afirmação direta ou prova indubitável, a questão deve permanecer sem solução. Isso, porém, não afeta a legitimidade da epistola. Livro nenhum contém verdade maior nem se comprova mais divinamente inspirado.
Tema e data. Hebreus atende uma necessidade fundamental ao mostrar o relacionamento do cristianismo com o judaísmo, questão ardorosa na igreja
cristã desde o período apostólico. 0 livro foi escrito antes da destruição de Jerusalém e do templo pelos romanos em 70 d.C. (cf. 10.11).
Hebreus 1 607 ]
Esboço 1.1— 2.18 A superioridade do Filho sobre os profetas e anjos 3.1— 4.16 A superioridade do Filho sobre Moisés e Josué 5.1— 8.5 A superioridade do sacerdócio de Cristo 8.6— 10.39 A superioridade da nova«aliaríça sobre a antiga aliança 11.1— 13.25 A superioridade da fé
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A macluete do templo de Herodes, posteriormente destruído pelos
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1.1-3. O Filho é superior aos profetas 1. O ministério dos profetas. A palavra dos profetas do at veio por vários m eios e m o d o s (so n h o s, v isõ es, v o z es a u d ív e is, te o fa n ia s, an jo s, h o m en s, e tc .). E m b o ra fosse a Palavra inspirada e infalível ("N o passado, [...] Deus falou "), foi m inistrada por hom ens fracos e falív eis ("p ro fe ta s ") àq u eles que se p ro v aram d eso b e d ie n te s ("aos pais"). 2,3. O superior m inistério do Filho. O ministério do Filho é superior ao dos pro fetas do at por causa da sua gloriosa pes soa e da sua o b ra cria d o ra e re d en to ra . Essa su p eriorid ad e se revela nas seg u in tes declarações. A eterna divindade de Cristo se revela na referên cia ao "F ilh o ", 2a, O Verbo que era D eu s e se fez ca rn e (h o mem), o u n ig én ito do Pai (Jo 1.1,14). Ele era a revelação plena e fin a l de Deus ao ho mem, pois "[D eu s] nos falou pelo F ilh o ", 2a; não por um sim ples hom em , m as por ele m esm o feito hom em . "A quem d esign ou h e rd eiro de todas as coisas", 2b, alude à eterna condição de her deiro do Filho. O herdeiro de D eus é Cristo (Rm 8.17). Sua h e ra n ça é sob re to d as as co isas e é e tern a e u n iv e rsa l. O F ilh o é também superior por causa pela sua condi ção de C riador, 2c, pois ele n ão só criou o universo m aterial, m as m oldou as eras do tem po. A lu d e-se à sua plen a g ló ria divina quando se diz que ele é o "resp len d o r da sua [de D eus] g ló ria ", 3a. C risto é a e x pressão ab so lu ta dos a trib u to s co le tiv o s da divindade (Jo 1.18; Rm 9.5). Tudo o que Deus é e faz se revela em pleno esplendor no Filho divino. "A representação exata do seu S e r", 3b, refere-se ao fato de o Filho ser a en carn a ção do próprio Deus. Deus é visto, ou se tor na visível, na pessoa de Jesus Cristo. O Fi lho é tam bém o su sten tador (Cl 1.17b) e o mantenedor do universo, "sustentando todas as coisas pela palavra do seu p o d e r", 3c. Em seu gesto redentor, ele fez o que sacerdote nenhum jam ais fizera. Rem oveu com pleta mente o pecado do pecador, não apenas o encobrindo temporariamente (Jo 1.29; 18.30;
Hb 5-7). Ele proporcionou a "purificação dos pecados", 3d. Sua redenção foi definitiva. Fi nalm ente, diz-se que ele "assentou-se à di reita da M ajestade nas alturas", 3e, tom and o -se , em seu a tu a l sta tu s, sa c e rd o te in te rc e s s o r com b a se em um a re d en çã o consumada (Hb 8.1,2; 10.12; 12.2).
1.4-14. 0 Filho é superior aos anjos em sua pessoa e obra 4-9. Superior em sua pessoa. Ele é a d i vindade incriada; os anjos são m eras cria tu ras, em bo ra su b lim es e sp írito s c e le s ti ais. Ele herdou um nom e que é "su p erio r" aos anjos, 4 (cf. 1-3). R eceb eu esse nom e com o con seq u ên cia de sua obra re d en to ra (Rm 1.4; Fp 2.5-8). E um a herança do Pai, que o ex a lto u su p rem am en te, d an d o-lh e esse "nome que está acim a de qualquer outro nome" (Fp 2.9). Deus o chama "m eu Filho" (divindade), 5, em um relacionam ento entre Pai e Filho (2Sm 7.14), contrastando com os anjos (m e ras cria tu ra s), que ja m a is são ch am ad os assim. Além disso, afirma-se que Cristo é o "P rim ogénito", 6, título da divindade incria da (Cl 1.15), e "to d o s os anjos de D eu s", com o cria tu ra s, são o b rig a d o s a ad orá-lo com o seu Criador. Os anjos são denom ina dos seus "m inistros" (criados), 7 (SI 104.4). O Filho é cham ado "D e u s" nos versículos 8,9; a ele atribu em -se qualid ad es d ivinas; anu ncia-se seu ju sto reino e indica-se sua im en su rá v el u n ção com o E sp írito Santo (SI 45.6,7). 10-14. S u p erio r em sua obra. C risto é su p e rio r aos a n jo s em sua ob ra de C ria dor, 10-12, e R edentor, 13,14. C om o Senh or c ru c ific a d o e re ssu rre c to , e le se a ssen ta à d ire ita do P ai, até q u e seu s in im ig o s lhe e ste ja m d e b a ix o d os p és (SI 1 1 0 .1 ). A n jo nenhu m ja m a is foi cham ad o assim , 13. O s aVijos têm u m a p o siçã o a b e n ç o a da, m as m u ito in ferio r, 14. C om o cria tu ras, estão todos e n g a ja d o s em um s e rv i ço su b lim e, m as su b o rd in ad o , "e s p írito s m in is tr a d o r e s [s e r v id o r e s ]" , d e le g a d o s e e n v ia d o s p ara a s s is tir os "q u e h e rd a rão [no sen tid o de um fu tu ro certo e e s ta b e le c id o ] a s a lv a ç ã o " .
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Perspectiva mostra como era o culto em uma sinagoga do primeiro século
2.1-4. Alerta contra os descaminhos
será o estado daquele que rejeitar a palavra do Filho de Deus! Depois vem uma pergun ta irre sp o n d ív e l: "C o m o esca p a rem o s se 1. O alerta. C om o foi o in fin itam en te d esco n sid erarm os tão grand e salv ação ?", superior Filho de D eus quem falou, d eve 3. Aqueles que pereceram debaixo do juízo m o s n e c e s s a ria m e n te p re s ta r a a te n ç ã o do re g im e m o sa ico serv em co m o a lerta m ais sincera às coisas que ouvim os dele e para nós. Essa palavra de "g ra n d e salva a respeito dele (os evangelhos e A tos). Se çã o " foi p ro clam ad a p rim eiram en te pelo os cre n te s h eb re u s ach av am que os p ro próprio Cristo; depois pelos discípulos que fetas do a t d everiam ser ou vid os, quanto ele com issionou, atestados por sinais m ira m ais o próprio Senhor da glória! O perigo culosos e dons do Espírito Santo (IC o 12). era que eles p o d iam im p ercep tiv elm en te a fa star-se d essas v erd ad es, lev a d o s p elas 2.5-9. 0 Filho é superior aos anjos fo rtes corren tes do ritu alism o leg alista. em sua autoridade 2-4. A razão do alerta. O autor agora ar gumenta do menor ao maior. Se o juízo veio 5. A autoridade do Filho no reino. "O àqueles que violaram a lei dada por inter m undo vind ou ro" refere-se à terra habita m éd io dos anjos, q u an to m ais g rav e não da da era que há de vir, quando Cristo, o
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Filho, voltará em sua gloriosa humanidade para governar com o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16). Esse m undo futu ro estará inteiram ente sujeito a Cristo, não a anjos. Essa autoridade é som ente dele. 6-9. A base da autoridade do Filho. Essa citação de Salmos 8.4-6, aludindo ao estado original do primeiro Adão (homem), aplicase a Cristo, o "segundo hom em " (IC o 15.47). Adão, o homem representativo, perdeu seu domínio sobre a terra pelo pecado, m as o último Adão (Cristo, o hom em perfeito) o reconquistou em virtude de sua hum ilha ção e morte por todos os hom ens. Ele "foi feito um pouco menor que os anjos", 9, Deus fazendo-se hom em , su b m eten d o -se às li m itações hum anas a que os anjos não es tão sujeitos, e p reced end o as g lórias que eram suas como Príncipe dos céus. Passan do pelo sofrimento da morte, ele, o Im acu lado, provou a morte para cada homem. Sua morte foi vicária, substituindo a m orte dos pecadores. Dessa hum ilhação, ele subiu às alturas da exaltação e está coroado de gló ria e honra, bem acima das dos anjos.
A referên cia a Salm os 22.22, no v e rsí cu lo 12, e x p õ e p ro fe tic a m e n te a e te rn a obra sacerdotal de Cristo, na qual ele con tinuam ente revela o nom e de Deus a nós e e n to a os lo u v o re s de D eu s e n tre nós, seus "irm ã o s" (cf. Jo 20.19). "P orei n ele a minha confiança", 13a (cf. Is 8.17), expres sa a fé p esso al do F ilh o no Pai. "E is-m e aqui, e os filhos que o SEN H O R me d eu " (Is 8 .1 8 , a r a ) re fe re -s e , na v e rd a d e, aos dois filhos de Isaías, mas é aqui, 13b, apli cado ao E spírito Santo para representar a unidade do Filho com seus irmãos. Os an jo s não m antêm tal un idade com os red i m id o s; ela p e rte n ce so m e n te ao hom em perfeito, o Redentor.
2.14-18. 0 Filho é superior aos anjos por sua conquista sobre o pecado e a morte
14-16. O propósito da encarnação. Esse propósito é triplo: (1) que o encarnado tor n asse nu lo, vazio e to talm en te in cap az o poder do D iabo sobre a m orte (Gn 3); (2) que isso se rea liza sse pela m orte do e n 2.1013. 0 Filho é superior aos carn ad o , 14; (3) que a q u e le s que e stiv e anjos em sua perfeita humanidade ram sob o ju go do medo da m orte durante 10. Trazer os filhos à glória. Era desígnio toda a vida fossem libertados, 15. O auxí de Deus Pai, "trazer muitos filhos à glória", lio n ão foi d ado aos an jos, m as aos d es ce n d e n te s de A b ra ã o e, p a ra tal ta re fa , i.e., consum and o sua salv ação na ressu r fe z -se n e c e s s á rio o h o m em -D eu s e n c a r reição e na glorificação, tornar com pleta a nado, 16. Só ele poderia cum prir os g ran obra do Pioneiro (Líder) de sua salvação pelo sofrimento. Ele, portanto, foi levado à des desígnios divinos da aliança abraâm iplenitude em seu papel de Redentor sofre ca (Gn 12.1-3). dor. Por ter sofrido, ele está qualificado para 17,18. O propósito do seu sacerdócio. A encarnação do Filho foi um prelúdio neces servir com o Líder d aqu eles que são h er sário a seu sacerdócio. Para ser um qualifi deiros da salvação, aqueles que são con cado sum o sacerdote em nome dos homens duzidos à glorificação. p e ra n te D eu s, ele d ev eria to rn a r-se " s e 11-13. A união entre o redentor e os redi midos. Tanto "o que santifica" (o Filho por m elh an te a seu s irm ã o s", a quem estava conduzindo à glória. Isso im plicava fazerquem o Pai conduz muitos filhos à glória) com o "o s santificados" (os filhos que são se hum ano, d eixando de lado seu esp len conduzidos à glória) "vêm de um só", 11. dor e glória celestes e participando dos so frim entos e das tentações do hom em , 17a, Têm origem com um em D eu s; p o rtan to , por cau sa dessa u nid ad e, o F ilh o não se 18. Só assim ele poderia ser um "su m o sa en v ergon h a de cham á-los irm ãos. C om o cerd ote m isericord ioso e fie l". C om o tal, filhos da glória, 10, eles são d estinad os à C risto fez "p ro p ic ia ç ã o [ex p iação ] p elo s pecados do povo" na cruz (Jo 19.30), dando g lorificação, assim com o C risto, seu P io neiro, já está glorificado. ao hom em acesso a Deus, 17.
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3.1-6. 0 Filho é superior a Moisés
ração que torna o hom em teim osam ente in sen sív el e rebelde a Deus, 8a. Ilustrado 1. Santos irm ãos. Pela prim eira vez, os pelo povo de Deus no deserto, 8b, o alerta leitores são cham ad os de "san to s irm ãos, diz respeito ao ato de tentar a Deus pela p articip an te s da vo cação c e le s tia l", 1. Já recusa a crer nele m esm o em face dos si n ão sã o s im p le sm e n te ju d e u s com um a n a is g ra c io so s e das p ro v isõ es m ilag ro herança terren a, m as m em b ros da igreja, sas, ao m esm o tem po re v e la n d o a d es o corpo de Cristo, com "ch am ad o celesti cre n ça pela e x ig ên cia de n o v o s sin ais e a l". Isso se enfatiza em todo o livro. m ila g res, 9. Tal pecad o lev ou ao erro, à 1,2. Considerem o Filho. A exortação aqui p e ra m b u la ç ã o e à ig n o râ n cia dos cam i é a que se con sid ere C risto, con tem p lan nhos de Deus, 10. do nosso fiel sum o sacerdote a fim de per 11. O castigo — a perda do descanso de c e b ê -lo e c o m p r e e n d ê -lo p le n a m e n te D eus. A d escrença, 7-10, instiga a ira de com o o delegado enviado pelo Pai. Ele é o Deus, 11, e provoca seu juram ento, i.e., a su m o s a c e r d o te de n o ssa c o n fis s ã o , a resposta adequada de sua natureza graci quem confessam os cren tes, 1. osa e in fin ita m en te santa. O "d e sc a n so " Na com paração entre C risto e M oisés, de D eu s é a tran qu ila certeza íntim a e o d á-se ênfase, no versícu lo 2, à fid elid ad e triun fante senso de paz que ele dá àque que cad a qual e x e rce u em sua v o ca çã o . les que nele confiam . E a recom pensa da C risto é "fie l àquele que o constitu iu , as fé em D eus e está sim bolizada pela entra sim com o tam bém foi M o isés em to d a a da de Israel em Canaã. casa de D eus" (Nm 12.7; M t 26.42). 12-16. A ilusão do pecado. Tão pérfido 3-6.0 Filho contrastado com Moisés. Cristo é o p eca d o ao to rn ar o co ração in se n sí é avaliado como m erecedor de mais honras vel e inabalável diante de D eus e de sua que M o isés, p o is em bora am bos tenham Palavra que se fazem n ecessárias a con s sido fiéis na administração da econom ia di tante ex o rta çã o e a in sistên cia enqu anto vina (a fam ília esp iritu al) confiada a eles, ainda há op ortu n id ad e, 13. O fato de os Cristo construiu a casa (a economia divina), d e s tin a tá r io s se re m c r e n te s g e n u ín o s enquanto M oisés apenas serviu nela, 3-5a. está in d icad o pela afirm ação de que eles Moisés foi fiel como servo livre e dignifica eram "p a rtic ip a n te s de C ris to ", 14. Eles do; Cristo foi fiel como Filho. O ministério de precisam continu ar apegados à plena e fi Moisés simbolizou e profetizou Cristo, além cácia e fin alid ad e do sacerd ócio de C ris das v e rd a d es e d as b ên çã o s que n ele se to, sem recair no ritualism o judaico. Fazêrealizariam, 5 (Dt 18.15,18,19). Ele foi o cum lo s e ria e n d u re c e r seu s co ra ç õ e s com o primento de tudo o que M oisés e a lei ansia na "p ro v o c a ç ã o " — a rebeld ia de Israel vam na redenção. Os salvos agora constitu no d eserto d u ran te quarenta anos, 15,16 em a "casa de D eu s" (IC o 3.9; Ef 2.19-22). (SI 95.8; Êx 17.1-7; Nm 14.1-45). Su a fé se exp ressa em sua co n fia n ça em 17-19. A tragédia da descrença. Os isra Cristo, que constitui sua esperança até o dia e lita s " s e r e b e la ra m ", 16, e irrita ra m a da redenção com pleta, 6. D eus, 17. Seus corpos caíram no deserto. Eles perderam o descanso de Deus, 18, por causa da descrença, 19. A red enção, sim 3.7-19 Alerta contra o bolizada pela aspersão do sangue da Pás afastamento do Deus vivo coa (Ex 12.12,13) e pela passagem do m ar Verm elho (Êx 14.13-31), teria sua consum a 7-10. O pecado do endurecim ento do co ração. Esse alerta é dirigido aos irm ãos do ção no "d escanso", ilustrado pela conquis ta e co lo n iz a çã o de C an aã. Esse aspecto versículo 1. E urgente ("H o je") e autorizado ("com o diz o Espírito Santo"). Dem andam da salvação foi perdido por causa da des se fé e obediência à Palavra de D eus ("se crença. O castigo que resultou foi a morte ouvirdes a sua vo z", SI 95.7-11), 7. O perigo física — seus cad áveres caíram no d eser é onitem p oral — o end urecim ento do co to (cf. IC o 11.30-31; IJo 5.16).
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4.1-8. 0 Filho é superior a Josué no descanso que concede 1-3 b. O evangelho, fonte do descanso. O crente deve 'tem er' (ter piedosa preocupa ção), com o Israel, a m orte pela descrença no "d eserto", sem jam ais poder entrar em Canaã, o lugar de descanso (cf. Nm 14). O descanso de Canaã (M t 11.28-30) é aquela plena confiança na obra consumada de Cristo, tanto para a salvação da alma quanto para a santificação da vida, que traz não só "paz com Deus" (Rm 5.1), mas a "paz de D eus" (Fp 4.7). O evangelho é a fonte dessa paz, pois gira em tom o da obra expiatória do Fi lho. Ela (a boa nova) foi pregada a "n ós", como também a "e le s", referindo-se ao Israel do a t . A dificuldade foi "a palavra da pregação de nada lhes aproveitou, porque não foi acom panhada pela fé nos que a ouviram". O evan gelho, portanto, apontava a futura expiação de Cristo, como agora aponta o mesmo fato passado (IC o 15.1-4). A fé no evangelho é a chave desse descanso, 3a (SI 95.11). 3 c -8 .0 descanso de Deus na criação é mo delo. No sétim o dia da criação, D eus d es cansou e se revigorou (Ex 31.17; cf. Gn 1.31 — 2.3). Isso serve com o m odelo do descanso que o crente pode agora adentrar espiritu alm ente, em m eio à perseguição e ao con flito, ao confiar plenam ente na obra consu mada de Cristo. A geração que saiu do Egito (exceto C alebe e Jo su é) não entrou nesse descanso por causa da descrença, 6. Tam pouco Josué (aqui cham ado Jesus, a forma gr. de Jo su é ) deu a Israel o d esca n so do m olestam ento dos seus inim igos. Só C ris to, o Josué maior, pode proporcionar des canso verdadeiro, 8.
Esse d escan so de red en ção rep ou sa in te g ralm en te na obra da cruz e elim ina todo esforço individual, m érito hum ano ou rei vind icação leg alista com o m eio de salv a ção ou santificação, 10 (cf. Ef 2.8-10). Projeta a vitória da fé na conquista dos inim igos espirituais (o m undo, a carne e o Diabo). 1 1 -1 3 .0 descanso deve ser diligentemen te buscado. Exorta-se o crente a buscar avi dam ente en trar nesse d escan so pela tran quila confiança, lem brando-lhe que alguns de Israel deixaram de entrar no d escanso da Terra Prom etida por causa de sua des crença, 11. E preciso fé para possuir o des canso que D eus p rop orciona, en qu an to a descrença nos tira tal bênção. O instrum ento que Deus usa para levar os h o m en s ao d esca n so da fé é a viva e dinâm ica Palavra de Deus, 12,13. Essa Pa lavra, m ais p en etran te que um a aguçad a esp ada de d ois gum es, corta até o ponto em que as atitudes e os m otivos ficam des nudos, onde os pensam entos m ais íntimos de cada um são julgados, 12. Desbasta toda pretensão e logro, revelando-nos com o re alm ente som os, 13. A fé que leva ao d es can so em C risto se d istin g u e , a ssim , da m era aquiescência e form alism o.
4.14—5.10. 0 sacerdócio de Cristo é superior ao de Arão
4.14-16. Nosso grande sumo sacerdote. C risto, nosso "g ran d e sum o sa cerd o te", é grande por causa de sua consum ada obra re dentora, confirm ada porque ele "entrou no céu ", 14. Isso significa que a adoração e a in te rcessã o são ag ora re a liz a d a s so m e n te no santuário celeste, sendo o crente con d u zid o d ireta m en te à p re sen ça de D eus (Fp 3.3; Hb 10.19). 4.9-13. 0 Filho é superior a Josué Cristo é também grande porque ele é Je na redenção que proporciona sus, o Filho de Deus, qualificado para repre 9,10. O descanso redentor está disponí sentar o hom em perante o trono de D eus vel ao povo de Deus. Esses v ersícu los se Pai. Ele é cap az de "c o m p a d e c e r-se das re fe re m ao d e sca n so c h a m a d o re p o u so nossas fraq u ezas", pois foi posto à prova sa b á tico (sabbatism os, 'e s ta d o de d e sc a n em todos os aspectos em que nós tam bém so do trabalho'), 9. Implica o descanso com som os, exceto o p ecad o; ou seja, ele não pleto do crente em um a obra p erfeita de teve contato com o pecado (cf. 7.26). Foi o redenção (3-4), assim com o D eus d escan hom em p erfeito, tentado de todas as fo r sou de uma ob ra perfeita de criação, 10. mas com o o absolutam ente im aculado.
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A lém d isso , C risto é g ra n d e p o rq u e transforma o trono divino de santo juízo dos p e cad o res em um trono de g raça para os cren tes, sen d o seu san gu e asp erg id o so bre ele. Ali, o crente encontra contínuo su prim ento de m isericórdia e graça para au xílio em todas as horas de necessidade, 16. A grandeza de nosso sum o sacerdote cla ma a adesão (apego) à confissão dele, 14. E a ele que se confessa, e dele podem os nos a p ro xim ar com co n fian te certeza de que podem os esp erar graça de seu trono, 16. 5.1-4. Q ualificações dos sacerdotes arâm icos. O sum o sacerdote de Israel (1) foi escolhido dentre hom ens, la ; (2) foi ord en a do ou designado para m inistrar em prol dos hom ens perante Deus, 1 b; (3) oferecia dons e s a c r ifíc io s p e lo s p e ca d o s, re p re se n ta n d o o pecador, lc ; (4) tinha com paixão pelos p e cadores p o rq u e ele m esm o "e s tá ro d ead o de fraq u eza", 2; (5) tam bém oferecia sacri fício s pelos seus próprios pecados, não só pe los p ecad o s do povo (Lv 16.11), p ois ele tam bém p recisav a de expiação, 3; (6) era ch am ad o jto r D eu s, n ão se e le g e n d o a si m esm o (Ex 28.1; N m 16.40). 5.5-10. Superioridade das qualificações de C risto. C risto estava plen am en te q u a lifi ca d o p ara s e r su m o s a c e rd o te , p o rq u e: fora divinam ente escolhido por D eus Pai, 5; (2) fora divinam ente designado para ser um eterno sum o sacerdote da ordem de M elquised eq u e, 6; (3) era um hom em v erd ad eiro, dotado de natureza genuinam ente h u m a na enqu anto perm aneceu na terra, e, por ta n to , cap az de re p re se n ta r os h o m en s, 7a; (4) foi o verdadeiro sacrifício ou oferenda p elo p ecad o, e n fre n ta n d o a m o rte p elo s pecadores, 7b; (5) foi o vencedor definitivo do p ecad o e da m o rte em sua ressu rre içã o , 7c; (6) foi o substituto perfeito do hom em e seu pecado, pois os sofrim entos de Cristo lhe en sin a ra m a plena o b e d iên cia in d is p en sáv el a sua obra re d en to ra , 8. C om o resu ltad o de suas q u alificações perfeitas, ele se tornou fonte de salv ação eterna, e não m era coberta do pecad o (com o o sa crifício do sum o sacerd o te arâm ico). Sua salv ação é etern a porqu e sua p o sição de s a c e rd o te é e te rn a — seg u n d o a ord em de M elquisedeque (ver Hb 7), 9,10.
5.11-14. Apelo à maturidade 11-13. As características do imaturo. An tes de desenvolver a verdade do sacerdó cio da ordem de M elquisedeque de Cristo, o autor faz outro alerta ou censura na epís tola, dessa vez com respeito à im aturida de esp iritu al. M u itos dos crentes hebreus a quem se dirigia a epístola eram tardios em ou vir no tocante à aceitação e à com preensão das verdades da fé, 11. Ainda se re v e la v a m ig n o ra n te s em um m o m en to em q u e d e v e ria m já e sta r q u a lific a d o s com o m estres das verd ad es m ais profun das, com o o aspecto do sacerdócio da or d em de M e lq u is e d e q u e de C risto , 12fl. C om o criancinhas, só podiam receber lei te, ou verd ad es elem entares, e não eram qualificad os por causa da falta do conhe cim ento da verdade da Palavra, 12b, 13. 14. O contraste dos maduros. Aqueles q ue são m a d u ro s têm u m a alim e n ta çã o adulta, pois são capazes de ingerir a sólida nutrição da Palavra aplicada à vida e à dou trina. São atletas treinados na vida espiri tual por causa da disciplina por que passa ram . A lém d isso , são d o u trin a ria m en te sensatos, capazes de d istinguir entre ver dade e erro, pois sua experiência m adura os tornou esp iritu alm ente discernentes.
6.1-3. Avançando ao pleno desenvolvimento la . E xortação ao progresso espiritual. "Assim [por causa do perigo da im aturida de, 5.11-14], deixando os aspectos elem en ta re s do e n sin o de C risto , p ro ssig a m o s para o aperfeiçoam ento." "D eixand o" nes sa passagem sig n ifica avan ço — avançar além das verd ad es elem en tares relativ as a Cristo, rumo à plenitude ou pleno desen volvim ento (teleiotes). Talvez o autor tives se em m en te a v a n ç a r ao c o n h e cim e n to exp erim en tal da vid a, m orte e re ssu rrei ção, etc., de Cristo, além dos sim ples fatos h istó rico s, à re a liz a çã o da posição e das p o sse s do cren te em C risto , seg u n d o as rev elaçõ es das ep ísto las do n t . lb,2. O perigo da lim itação espiritual. O p erig o que põe em risco a m atu ridad e é
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lançar n ov am ente a base em vez de p as sar à construção da estrutura superior. As v erd ad es b ásicas que con stitu em a base, a b so lu tam en te n ecessária s, m as n ão fins em si m esm as, são: (1) "a rrep en d im e n to de ob ras m o rta s", 1 c, i.e., a q u ela s ob ras que estavam en vo lvid as na ob ed iên cia à lei mosaica, "m ortas" porque eram inúteis para a o b te n çã o da s a lv a ç ã o e te rn a (A t 15.10; cf. Dt 6.24,25 com G1 3.11,12); (2) "fé em D eu s", 1 d, não fé em seus p rivilégios de judeus (IP e 1.18-21); (3) "en sin o sobre b atism o s", 2a, que para os d estin a tá rio s da epístola incluíam os banhos e ritos de purificação do at além do batism o cristão com água; (4) "im p o siçã o de m ã o s", 2b, um a cerim ónia que sim bolizava id e n tifi cação e transferência no at (Lv 16.21), com sig n ificad o s sem elh an tes no n t (A t 5.12; 8.17-19; 9.41; 13.3; 19.6; lT m 4.14; 2Tm 1.6); (5) "r e s s u r r e iç ã o d os m o r to s " , 2c, um a doutrina crida no at (Jó 19.25; SI 16.10; Dn 12.2) e elem en to fu n d am en ta l da p re g a ção do n t , que p ro cla m a v a a e sp era n ça do crente (Lc 24.39, 43; IC o 15.20-22); (6) "ju ízo etern o ", 2d, o ensino de que a hu m anidade perdida e os anjos rebeldes so frerão castigo eterno (M t 25.41; Ap 20.10). 3. A dinâmica do progresso espiritual. Es ses cre n te s ju d eu s, com a p e rm issã o de Deus, precisam buscar a m aturidade, indo além das d o u trin as elem en ta res m en cio nadas há p ou co. D eus só pode con ced er tal bênção quando os crentes confiam nele com fé e lhe perm item op erar neles. "F a rem os" significa que o cristão revela exte riorm ente a salvação interior operada por Deus (Fp 3.14).
C risto. Esse pecado residia no afastam en to da graça (salvação em Cristo pela fé so m ente) e na reap ro xim ação das o rd en an ças do ju d a ísm o n a m a n u te n çã o de seu relacionam ento com D eus. Era um a n ega ção do arrependim ento inicial do crente he breu das obras m ortas da lei, que, na reali dade, sig n ifica v a a n eg a çã o da com p leta eficácia da m orte de C risto por todo o pe cado (Jo 19.30). Evidentem ente, os cristãos a quem se dirigia o autor eram aqueles que haviam recaído no ritual e nos sacrifícios judaicos para a expiação dos pecados. Isso equivalia a crucificar novam ente o Filho de D eus, con sid eran d o -o im p ostor e subm etendo-o a grande indignidade e vergonha pública, pois m enosprezava tanto sua pes soa quanto sua obra. Para isso, não havia arrepend im ento nem volta, m as apenas o juizo divino. 7,8. C onsequência do pecado — a rejei ção divina. A deserção exige a ação discip lin ad o ra de D eus, p o is a vid a se revela in fru tífera, 7, e há m esm o a p resen ça da d escren ça e do pecad o (send o "esp in h o s e ervas d an in h as" sím bolos da descrença e da m aldição do pecado), 8. O resultado é a r e je iç ã o (a d o k im o s ), d e s a p r o v a ç ã o ou desqualificação (IC o 9.27) para um prémio, sen d o a obra do cre n te q u eim a d a com o m adeira, feno ou restolho no santuário do juízo de Cristo (IC o 3.13-15).
6.9-12. 0 contraste da maturidade em Cristo
9,10. A s coisas m elhores da salvação. Em bora bem atento aos perigos que am e a ça v a m e s s e s c r is tã o s h e b re u s em seu 6.4-8. 0 pecado de recair d e se n v o lv im e n to ru m o à m a tu rid a d e , o no judaísmo a u to r e x p re s s a su a c o n fia n ç a n e le s . O s 4,5. Sujeitos — os crentes hebreus. Esses p a s s a d o s d e le s lhe d avam fu n d a m e n to versículos evidenciam que a discussão tra para esfea confiança, 10. N ão só ele, mas o ta de crentes que haviam se d esv iad o do p ró p rio D eu s, n ão e sq u ece ria os m u ito s conhecim ento experim ental relativo à pes atos de bond ade que eles haviam realiza soa e à obra de Cristo, deixando assim de do em prol dos seus irm ãos cristãos, m es reclam ar o descanso de D eus e p erm an e m o d iante de tribu lação e tentação, "c o i cendo im aturos. sa s m e lh o re s e r e la tiv a s à s a lv a ç ã o " 6. Natureza do pecado — o abandono da ev id e n te m e n te é alu são às ob ras fru tífe ras que resultaram da fé incutid a neles. natureza plenamente suficiente da morte de
S in a g o g a em Cafarn au m , d a tad a do terceiro século, co n stru íd a sob re o locâl o nd e ficava um a s in a g o g a do prim eiro sécu lq . - ~
11,12. O desejo do autor. O autor ansiag ra n d e m e n te [m u ltip lica re i s u p e ra b u n va que seu bom com eço (9,10) con tin u as d a n te m e n te ]". F eito para en co rajar a p a se ru m o à p len a m atu rid a d e, 11. Isso se ciên cia de A b ra ã o , tal ju ra m e n to a lca n r e a liz a r ia se ca d a u m m a n ife s ta s s e na çou seu o b je tiv o , e o p a tria rca ob tev e a conduta exterior a m esm a sinceridade que p ro m e ss a , 15, ou seja , re c e b e u a p len a fora exibida até aquele ponto. Tal diligên g a ra n tia de seu p len o cu m p rim en to. cia resu ltaria na plen a certeza de que no Usando o costume humano do juram en final possuiriam ou herdariam as prom es to p a ra re s o lv e r um a c o n tro v é rs ia , 16, sas, na con su m ação da era. H averia ten D eu s, esta n d o ab so lu tam en te d isp o sto a ta ção e in d o lê n cia ou p reg u iça , m as eles d em onstrar a im utabilidade de seu propó d ev eriam ser im itad o res d aqu eles san tos sito, confirm ou a prom essa com um ju ra que h erd arão as p ro m essas, 12. mento. Tento jurado por seu próprio nome, era im p o s s ív e l que D eus m e n tisse . Sua autoridade e integridade estavam em jogo. 6.13-20. Encorajamento O juram ento, portanto, deu a Abraão a ga à maturidade em Cristo ra n tia a b so lu ta do cu m p rim e n to , 17,18. 13-18a. A fidelid ade de D eus a A braão. C om o D eu s é im u tá v el, tem os e n c o ra ja A q u e le s q u e e s p e ra v a m h e rd a r a p r o m ento tão forte quanto A braão. m essa, 12, tinham a aliança de D eu s com 18b-20. A fidelidade de Deus em Cristo. A b ra ã o co m o g a ra n tia . E sse p a tr ia rc a é Cristo, o cum prim ento da aliança abraâm i a p re s e n ta d o a q u i p a ra s e r v ir de e x e m ca, é nossa garantia, objeto de nossa espe p lo d e p e rs e v e ra n ç a n a e sp e ra da p ro rança, 186. Tem os continu am ente essa es m essa de D eu s. A b raão p ersev e ro u p o r perança com o âncora (enfático) da alma, o que D eu s garan tiu com seu próp rio nom e que nos impede de ficar à deriva. Ela (Cris a aliança firm ad a com ele, 13. O ju ra m e n to) está por trás do véu no santuário celes to d iv in o , 14, e n v o lv ia u m h e b ra ís m o : te, 19, e ele, nosso precursor e sumo sacer "P o r ce rto te a b en ço arei [a b en ço a rei sudote, perm ite-nos seguir após ele e por ele p e ra b u n d a n te m e n te ] e te m u ltip lic a r e i para penetrar no véu — o próprio céu, 20.
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7.1-3. Melquisedeque, o modelo de Cristo como sumo sacerdote 1-3 a. A identidade de M elquisedeque (cf. Gn 14.17-24). Esse hom em era "rei de S a le m ", a n tig o nom e de Je ru sa lé m na era patriarcal. Todavia, mais im portante ainda, era "sacerdote do Deus Altíssim o" (El Elyon, 'o que possui [ou 'criou'] os céus e a terra', Gn 14.19,22), la. Sua eminência ou superio ridade em relação a A braão se revela em sua bênção, 1b, e no fato de receber o dízi mo de Abraão, 2a. Talvez um a dica de seu ca ráte r se e n co n tre na tra d u ç ã o de seu nome, que significa "R ei de ju stiça ", e no significado do seu título de "R ei de Salém ", ou seja, "R e i de p az", 2b. N ão se acham registradas nem a ascendência nem a ge nealogia de M elquisedeque; nem se deter minam seu nascim ento e m orte, não por que era eterno, mas porque esses detalhes são e stran h o s à sua p o sição de m od elo, "sem elhante ao Filho de D eus", 3. 3b. M elquisedeque, m odelo de Cristo. M elquisedeque foi feito sem elhante a Cris to em term os de d escrição e sig n ificação simbólica. Enfoca-se, assim, a real autorida de de Cristo e a infindável duração de seu sacerdócio, que, por sua vez, baseia-se em sua pessoa (o eterno filho de Deus) e sua obra red entora (com o Rei de ju stiça, Rm 3.25,26; depois, com o Rei de paz, Rm 5.1). Nosso rei-sacerdote agora está sentado "à direita do trono da Majestade no céu" (8.1); ele vive sem pre "para interceder" (7.25b).
7.4-22. A superioridade do sacerdócio de Melquisedeque sobre o de Arão 4-7,9,10. Arão paga dízim o a M elquise dequ e. O leito r é e xo rtad o a o b serv a r a grand eza de M elq u ised eq u e, tão g ran d e que até A b raão lhe pagou o d ízim o dos m elhores frutos da terra, 4. E nfatiza-se o fato de o sacerdócio de M elquisedeque ter sido superior ao de Arão, pois os sacerdo tes arâm icos (que recebiam o d ízim o do povo), com o descendentes de Abraão, ofe receram o dízim o por m eio de A braão a M elqu isedeque, o superior. D essa form a,
M elquisedeque, o "su p erio r", abençoou os levitas, o "in fe rio r", 7. 8. O sacerdócio de Arão foi tem porário; o de M elquisedeque é perm anente. O m i nistério levítico, ou arâm ico, foi tem porá rio, pois era atendido por hom ens mortais, que aqui estavam de passagem . O m inis tério sacerdotal de M elquisedeque, ao con trário, era duradouro e não tinha vestígio de m orte. C risto, o antítipo, é enfatizad o na ú ltim a fra se. Seu m in istério é etern o porque é atendido pelo rei-sacerdote im or tal, o que conquistou a morte. 11-14. O sacerd ócio arâm ico era lim ita do. O sacerd ócio lev ítico carecia de "p e r feiçã o " no sen so de fin alid ad e de função e com p letitu d e de op eração e efeito. N ão p o d ia n em rem o v er o p eca d o n em c o n ceder ju stiça ou, tam pouco, favor e p osi ção d ia n te de D e u s, 11a. E ssa c a rê n c ia de p e rfe içã o se reco n h e ce : (1) na n e c e s sid ad e que existia de "o u tro s a c e rd o te ", i.e., sacerd o te de um a ordem d iferen te, a ordem de M elqu isedeque, 11b; (2) na n e cessid ade de um a m udança na lei à qual o s a c e r d ó c io a râ m ic o e sta v a in s e p a r a velm en te preso, 12; e (3) na n ecessid ad e de u m a m u d a n ça n os re g u la m e n to s e x clusiv os da lei, que lim itav am o sacerd ó cio à tribo de Levi, e, p ortanto, excluíam C risto, no plano hum ano, do serviço, pois ele era da trib o de Ju d á , 13,14a. M o isés não deu n e n h u m a a u to rid a d e s a c e r d o tal a Ju d á, 14b. 15-22. O sacerdócio de M elquisedeque é definitivo. O sacerdócio de Cristo, segun do a ordem de M elquisedeque, é d efin iti vo e com pleto, em virtude de: (1) sua natu reza su p e rio r, 15 (cf. 4 -1 1 ); (2) ter sid o qualificado pelo poder de uma vida indis solúvel e não por regulam entos físicos, 16; (3) ter sido in stitu íd o pela au torid ad e da Palavra de Deus, 17; (4) ter introduzido um a m elhor* e sp e ra n ça , com ace sso im ed ia to a D eu s, 19; (5) ter sid o d ecreta d o com o d efinitivo por ju ram ento divino, estabele cen d o e o rd e n a n d o o sa ce rd ó c io e tern o de C risto, 20,21; (6) C risto, a garan tia de um a nova e m elhor aliança em virtude da m elhor validade do juram ento, 22 (Jr 31.3133; M t 26.28; IC o 11.25).
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7.23-28. Superior eficácia e perpetuidade do sacerdócio de Cristo
ju ra m en to d iv in o, 28. A o con trário da lei m o sa ic a , q u e c o n s titu ía s a ce rd o te s h o m en s que eram e les m esm os pecad ores, o ju r a m e n to d e D eu s em S a lm o s 110.4 23,24. A p erp etu id ad e. O s sacerd o tes (q u e fo i fe ito d ep o is da ou torg a da lei) to rn a o im a c u la d o F ilh o -s a c e rd o te p er a râm ico s eram n u m ero so s, p o is a m orte fe ito p a ra sem p re . im p u n h a q u e fo sse m fr e q u e n te m e n te s u b s titu íd o s p e lo s s e u s d e s c e n d e n te s . C o n trastav am com o sa cerd ó cio ú n ico e 8.1-5. Cristo, sumo sacerdote perm anente de Cristo (aparabaton, 'que não no santuário celeste será su p erad o', no sen tid o de não passar 1,2. A realidade do m inistério. O "p o n de um p a ra o u tro ), p o is e le p e rm a n e ce to p rin cip al" do que foi dito é que Cristo para sem pre, 24. "se assentou à direita do trono da M ajes 25-28. A su perior eficácia. A natureza tade no céu ", superando totalm ente o sa superior da eficácia do sacerdócio de Cris cerdócio levítico, 1. Ele está infinitam ente to, b asead a em sua p erp etu id ad e, consis acim a de todos os outros sacerdotes, exer te, p rim eiro, em sua absoluta capacidade de citand o seu sacerdócio no céu, não na ter salvar "perfeitam ente", ou para sem pre (eis ra (1 0 .1 2 ) . O su m o s a c e r d o te , m esm o to panteles, 'por todo o tem po'), 25b. Isso é q u a n d o e n tra v a no sa n tíssim o um a vez p o ssível p o rq u e aq u eles que vão a D eus por ano, apenas se punha por um m om en por m eio d ele d esfru tam de sua in in te r to perante o sím bolo do trono de Deus. Por rupta in tercessão, que g arante sua salv a outro lado, nosso Senhor está sentado per ção e tern a. E le vive "se m p re para in te r m anentem ente no sublim e trono da M ajes c e d e r", n ão sen d o ja m a is tal in tercessã o ta d e , até que seu s in im ig o s fiqu em d e interrom pid a pela m orte. b aixo de seus pés (SI 110.1). Além disso, Segund o, é su p erior porqu e seu sacer C risto age com o m inistro no santuário — dote é perfeitam ente adaptado a nossa necessi a d m in is tr a d o r d a s c o is a s s a g ra d a s do dade, 26. Ele é: (1) "s a n to ", p erfeitam en te v erd a d eiro tab ern ácu lo celeste. O antigo obediente à vontade de D eus em reveren ta b e rn á c u lo era um m ero p re n ú n cio do te p ied ad e (SI 16.10); (2) " in o c e n te " ; (3) celeste, sen d o erg u id o não p elo hom em , "im acu lad o", no sentido de não estar m an m as pelo Senhor, 2. ch ad o p e la s m á cu la s d os h o m en s p e c a 3-5. O típico prenúncio do seu m inisté dores; (4) "sep arad o dos p eca d o res", ten rio. "P o is todo sum o sacerdote é constitu do v iv id o em um a c la ss e a p a rta d a d os ído para ap resen tar ofertas e sa crifício s" p ecad ores quando esteve na terra e sep a era um tipo desse "su m o sacerd o te" que rado d eles hoje com o sum o sacerd o te no tam bém precisa ter algo a oferecer, 3: ele alto d os céus (cf. Lv 21.12); (5) "ten d o -se se ofereceu a si m esm o, de um a vez por tom ad o mais sublim e que o céu ", pois ele todas, com o sacrifício com pleto e definiti literalm ente "e n tro u " os céus (4.14). vo p a ra a re m o ç ã o do p e c a d o . A ssim Terceiro, o sacrifício de seu sacerdócio é com o o su m o sa cerd o te n ã o e n tra v a no definitivo, 27. Em contraste com os sacrifíci lu g a r s a n tís s im o sem s a n g u e , tam b ém os cotidianos dos sacerdotes arâm icos (9.6; Cristo não entrou no santíssim o (céu) sem 10.11; cf. Êx 29.38-42), o sacrifício de Cristo seu p ró p rio sa n g u e (IP e 1 .2 ). Ele assim foi um a oferend a defin itiv a de si m esm o. m inistra no céu. Se estivesse aqui na ter Ele não p recisav a sacrifica r d iariam en te, ra não seria nem m esm o sacerd o te, pois nem fazer oferen d as pelos seu s pecad os. não era da tribo de Levi, 4. M as m inistra Ele se ofereceu com o sacrifício d efin itivo em realid ad e, en q u an to os sacerdotes lecom pletam ente eficaz, o im aculado sacrifi víticos m inistravam som ente "naquilo que cando pelos pecadores (cf. Lv 16.11). é figura e som bra das coisas celestiais", 5 Q u a rto , a e fic á c ia d o s a c e r d ó c io de (Êx 25.40). C risto é su p e rio r p o rq u e está selad o pelo
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8.6-13. A natureza satisfatória da nova aliança 6-9. As limitações da prim eira aliança. A " p rim e ira a lia n ç a " é a a lia n ç a le g a l ou m o saica. Foi ou torgada seg u n d o p rom essas in feriores àq u elas sob re as q u a is se e sta beleceu a nova aliança, 6. E ssas p ro m es sas im plicavam condições ("s e ...", Ex 19.57), com p ro m e s s a s d e b ê n ç ã o s p a ra a obediência, m as não forneciam força m o tora para tal ob ed iên cia. A nova aliança, ao contrário, é in cond icion al, d efin itiva e irreversível, p ois é D eus quem faz tudo, 8 -10. B a s e ia -s e na o b ra c o n s u m a d a de C risto e g arante b ên ção etern a, seg u nd o a aliança abraâm ica, a to d o s os que c rê em (G1 3.13-29). A prim eira aliança não era definitiva. Não era d esp ro v id a de d e feito s. A lei, com o m étodo de ação divina, não tornava nada perfeito nem definitivo (Rm 8.3; Hb 7.18,19) por causa da pecam inosidade do hom em . Fosse a prim eira satisfatória, não teria sido n ecessária um a seg u nd a. A p rim eira alian ça tam b ém não tinha eficácia, 8,9. N ão dava ao p ecad o r fo rças para o b s e r v a r s u a s c o n d iç õ e s . E m b o ra fornecesse um parâm etro de conduta, fal tava a cap acitação para o b serv á -lo , e Is rael desobedeceu e caiu d ebaixo do ju ízo de Deus, 8a, 9b. 10-13. A n atu reza satisfató ria da nova aliança. A o contrário da prim eira, a nova aliança é g ratu ita e in condicion al, 10a. Isso é co n se q u ê n cia do q ue D eu s fa rá s o b e rana e in co n d icio n a lm e n te p o r Isra e l na segunda vinda, e n ão do que eles, im potentem ente, tentarem fazer por D eus (cf. os v erb os na p rim eira p esso a do sin g u lar do futuro do p resen te, 10-12). A nova a lia n ça é tam b ém e s p ir itu a lm e n te e fic a z , 10b, 11, resu ltan d o em re g e n e ra çã o e s p i ritu al, 10i>, e con h ecim en to u n iv ersa l do S e n h o r, 11. A lém d isso , e ssa a lia n ç a é tam bém im acu lada e d efin itiv a, 12, b a se a da com o é na com pleta red enção de C ris to, reso lv en d o , de um a vez p o r tod as, a q u e stão d o p ecad o de Isra e l e s u p e ra n do a p rim eira aliança, 13 (ver com en tári os sob re 10.15-17).
Réplica do peitoral usado pelo sumo sacerdote.
9.1-10. A natureza típica da primeira aliança 1-5. As ordenanças do santuário segun do a prim eira aliança. O m inistério dos sa cerdotes segundo a aliança m osaica é des c r ito co m r e la ç ã o a o s o b je to s do tabernáculo. Ele é escolhido para um a des c riçã o e sp e cia l aq u i p o rq u e as o rd e n a n ças sacerd o tais eram o b serv ad as ali d en tro. O re cin to e x te rio r (o L u g ar San to ) é descrito em 2, e o recinto interior (o Santo dos San tos), em 3-5. Cada objeto é típico de C risto, sua p essoa e obra (ver com en tários sobre Êx 2 5 —30). 6-10. Os sacrifícios da prim eira aliança. A s a tiv id a d e s lig a d a s ao s a c rifíc io e ao cu lto , d ia ria m en te re p etid a s p elo s sa cer dotes no lugar santo, 6, e os sacrifícios do D ia d a E x p ia ç ã o , o fe re c id o s p e lo su m o sacerdote um a vez por ano no Santo dos S a n to s, 7, su g e ria q u e o ace sso d ireto a D eus não era aberto a todo crente, 8. H a via regulam entos para o corpo, 10, observân cias antigas e exteriores ligad as a um ta b ern á cu lo im p e rfe ito . Tais o rd e n a n ça s serviam», na era anterior à cruz, com o sím bolos ou exem plos típicos do futuro m inis tério g lo rio so de C risto e das realid ad es espirituais que ele realizaria, 9. Eram sím bolos exteriores e tem porais im postos pela prim eira aliança (lei m osaica) até o tem po da re fo rm a (re tific a ç ã o d as co isa s) p e la nova aliança na m orte de Cristo, 10.
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9.11-14. A realidade segundo a nova aliança
p o d eria ter se tornad o M ediador, atuando até o final entre um D eus santo e pe c a d o re s c a rre g a d o s de cu lp a , para que 11,12. A essên cia da realid ad e. O su rgi eles pudessem se reconciliar, 15a (cf. 8.6; lT m 2 .5 ). C o m o c o n s e q u ê n c ia de sua m e n to de C r is to co m o su m o s a c e rd o te m o rte re d en to ra , a q u e le s cu jo s p ecad os cum priu os tipos tanto de M elquisedeque e sta v a m s im p le s m e n te c o b e rto s d e b a i quanto dos sacerd ócios arâm icos por tra xo da prim eira aliança (Rm 3.24,25) rece zer os "b e n s já p re sen tes", 11a. Ele cu m b e r a m a s s im a " p r o m e s s a d a h e ra n ç a priu o tipo da entrad a anual do sum o sa e te r n a ", 156. ce rd o te n o sa n tíssim o (Lv 16) ao e n tra r No AT, a única forma de selar uma ali de uma vez por todas no v erd ad eiro L ugar ança era pelo sangue do sacrifício, 16. Da Santo do tab ern ácu lo celeste, 116. Ali ele m esm a form a, a m orte de C risto selou a o fe r e c e u seu p r ó p r io s a n g u e , i n f in it a nova aliança e a pôs em vigor (validou-a), m ente eficaz, no san tu ário de m isericó r 17. M esm o entre os hom ens, a aliança (didia celeste, m ostrand o que seu próp rio e a th e k e, te s ta m e n to ) p e rm a n e ce in v á lid a ú n ico s a c rifíc io era in co m p a ra v e lm e n te até a m orte do testador, e só depois entra su p erio r aos m u itos e con tin u ad os sa c rifí em vigor. cios d o san g u e de b o d es e b ez e rro s, 12a 18-22. A necessidade da m orte de Cristo (cf. 9.13,14). E sse sacrifício d efin itiv o a s foi prenunciada pela lei. A aliança primeira s e g u ro u a r e d e n ç ã o e te r n a , n ã o m e ra ou leg al foi inau g u rad a p elo sangue, 18, m ente um p aliativo tem porário ou um en p rin cip ian d o som ente q uand o M oisés as co b rim e n to tra n sitó rio do p ecad o, com o pergiu com sangue o livro da lei e o povo, na p rim eira alian ça, 126. "E te rn a re d en 19, e pronunciou as palavras: "E ste é o san çã o " alud e à seg u ran ça e p ro teção que o gue da aliança que Deus vos ordenou", 20 c re n te p o ssu i em C risto , e à su a fu tu ra (Ex 24.1-8). O tabernáculo e todos os uten g lo rific a ç ã o e tern a . sílios de cu lto foram igualm en te asp ergi 13,14. O sig n ificad o da realid ad e. Essa dos com sangue, 21 (Ex 29.12,36), com o o e te rn a re d e n çã o , c o n q u is ta d a p e lo s a n eram p raticam ente todas as coisas d ebai gue de C risto , p u rifica não ap en as e x te xo da antiga dispensação, 22», m ostrando rio r e cerim o n ia lm en te (co m o faziam os assim tip icam en te a necessidad e da m or sa crifício s lev ítico s no D ia da E xp iação), te de Cristo. (Ver exceções em Ex 19.10; Lv m as in te rio r e v ita lm e n te p a ra q u e s ir 15.5, etc.) Isso enfatizou essa grande ver vam os ao "D e u s v iv o ". Se a asp ersão de d a d e : "S e m d e r ra m a m e n to de sa n g u e p e sso a s c e rim o n ia lm e n te c o n ta m in a d a s [m orte], não há p erd ão" (gr. aphesis, 'la n com san g u e an im al e cin zas de um a n o ça r fo ra ou para lo n g e ', i.e ., s e p a ra çã o vilha verm elha (Nm 19.16-18) podia p u ri entre pecado e pecador, cf. Mt 26.28), 226. fic a r e x te r io r m e n te em q u a lq u e r g ra u , não seria m u ito su p erior o grau de p u ri fic a ç ã o in te r io r p e lo s a n g u e de C ris to , 9.23-24. 0 santuário superior co m a o b te n ç ã o de u m a s a lv a ç ã o e te r da nova aliança n a m e n te p len a, 14?
9.15-22. A nova aliança selada pelo sangue de Cristo 15-17. A m orte de Cristo como necessi dade. A oferta sacrifical de C risto na m or te constituiu o início de um a nova aliança b ase ad a nela. Sem sua m o rte, n ã o h a v e ria "te s ta m e n to " ou a lia n ça , 16, nem ele
23a. O tabernáculo m osaico era purgado com sacrifícios de anim ais. Essa tenda e seu pessoal e ritual eram apenas "fig u ras" (no sen tid o de sím b o lo s su g estiv o s) das co i sas ce le s te s d o ta b e rn á c u lo ce le ste . S a crifícios anim ais podiam tipicam ente puri ficar esse sa n tu á rio terreno inferior, mas n ã o seu a n titíp ic o e su p e rio r s a n tu á rio celeste, 23.
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As alianças das Escrituras *
Aliança e importância Aliança eterna Hb 13.20 A aliança redentora antes do princípio do tempo, entre o Pai e o Filho. Segundo essa aliança, temos redenção eterna, paz eterna do "Deus de paz", por meio da morte e ressurreição do Filho. Aliança edênica Gn 1.26-28 A aliança criadora entre o Deus Trino, como primeira parte (Gn 1.26), e o homem recémcriado, como segunda parte, regendo a criação do homem e a vida na inocência edênica. Regulava o domínio do homem e a subjugação da terra, e apresentava um simples teste de obediência. A penalidade era a morte. Aliança adâmica Gn 3.14-19 A aliança que regia a vida do homem caído na terra. O instrumento de Satanás (a serpente) foi amaldiçoado (Gn 3.14); fez-se a primeira promessa do Redentor (3.15); a condição das mulheres se alterou (3.16); a terra foi amaldiçoada (3.17-19); veio como consequência a morte física e espiritual (3.19). Aliança de Noé Gn 8.20— 9.6 A aliança do governo humano. O homem deve governar seus irmãos para Deus, indicado pela instituição da pena capital como supremo poder judicial do Estado (Gn 9.5,6). Entre outros elementos, há a promessa de redenção pela descendência de Sem (9.26). Aliança abraâmica Gn 12.1-3; confirmada em 13.14-17; 15.1-7; 17.1-8 A aliança da promessa. A posteridade de Abraão se transformaria em uma grande nação. Nele (por Cristo) todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gl 3.16; Jo 8.56-58).
Aliança mosaica Êx 20.1— 31.18 A aliança legal, dada unicamente a Israel. Consistia nos mandamentos (Êx 20.1-26); juízos (sociais) — (Êx 21.1; 24.11) e ordenanças (religiosas); (Êx 24.12— 31.18); também chamada a lei. Era uma aliança condicional de obras, um ministério de "condenação" e "morte" (2Co 3.7-9), que tinha por meta levar o transgressor (condenado assim como o pecador) a Cristo. Aliança palestina Dt 30.1-10 A aliança regia a posse da terra de Canaã por parte de Israel. Entre seus elementos proféticos estão a dispersão pela desobediência (Dt 30.1), o futuro arrependimento na dispersão (30.2), a volta do Senhor (30.3), a restauração (30.4,5), a conversão nacional (3.6), o juízo dos adversários de Israel (30.7), a prosperidade nacional (30.9). Suas bênçãos são condicionadas pela obediência (30.8,10), mas o cumprimento é garantido pela nova aliança. Aliança davídica 2Sm 7.4-17; 1Cr 17.4-15 A aliança do reino, que regia o reinado temporal e eterno da posteridade de Davi. Assegura perpetuamente uma "casa" ou linhagem, um trono e um reino davídicos. Foi confirmada pelo juramento divino em SI 89.30-37 e renovada a Maria em Lc 1.31-33. É cumprida em Cristo como Salvador do mundo e Rei de Israel vindouro (At 1.6; Ap 19.16; 20.4-6). Nova aliança Jr 31.31-33; Mt 26.28; Mc 14.24; Lc 22.20; Hb 8.8-12 A aliança*de bênção incondicional baseada na redenção consumada de Cristo. Assegura a bênção da igreja, derivada da aliança abraâmica (Gl 3.13-20), e garante todas as bênçãos da aliança ao Israel convertido, incluindo as das alianças abraâmica, palestina e davídica. Essa aliança é incondicional, definitiva e irreversível.
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23b,24. O tabernáculo celeste é purgado com sacrifícios superiores. O s "sacrifícios m e lh o re s" (p lu ral) com p reen d em e re s u m em o sacrifício único e definitivo de Cris to. Esse sacrifício único supera todos os nu m e ro s o s s a c r ifíc io s le v ític o s . N o sso Sen h or, com o ao m esm o tem p o sacerd o te e sacrifício, entrou "n o próprio céu" para a p r e s e n ta r -s e n a im e d ia ta p re s e n ç a de D eus em n o sso nom e, 24, g aran tin d o as sim red en ção etern a.
9.25—10.4. 0 sacrifício superior da nova aliança 9 .2 5 -2 8 .0 sacrifício de C risto é definiti v o . E ssa n a tu re z a d e fin itiv a é in d ica d a pela oferta com pleta, e a qual não é repetível, que C risto fez de si m esm o, contras tand o com o antigo sum o sacerd o te, que a d e n tra v a o s a n tís s im o to d o an o "co m sangue de o u tro ", 25 (Lv 16). Se o sacrifí cio de C risto n ão tiv esse sido d efin itiv o, e n tã o "s e ria n e ce ssá rio que e le so fresse m uitas v e ze s", pois os contínuos pecados dos h o m en s e x ig iria m so frim e n to c o n tí nuo na terra "d esd e a fundação do m u n d o ", 26a. M as seu sacrifício d efin itivo na con su m ação dos tem pos elim in ou e ab o liu o pecado — e, por isso, não há necessi dade de m ais sacrifícios, 2 6 b. O sacrifício de C risto é definitivo, por que: (1) envolveu o sangue de sua glorio sa pessoa, 26c, satisfazen d o tod as as e x i g ên cias de u m D eu s in fin ita m en te santo d iante dos h om ens p ecad ores; (2) atende p e rfe ita m e n te as n e c e s s id a d e s do p e c a dor que enfrenta a m orte e o juízo, 27; (3) aten d e p erfeitam en te as n ecessid a d es do crente. Cristo ofereceu-se de um a vez por tod as p ara carreg ar os p eca d o s do c re n te, 28a (IC o 15.3; IP e 2.24), e o crente ja m ais terá de enfrentar novam ente a ques tão do pecado (Jo 5.24). A vinda de Cristo para os seu s não en vo lverá a questão do pecado, m as sim a "sa lv a çã o ", resultan d o em glorificação (IC o 15.51-57; l jo 3.1,2), 28b. 10.1-4. Os sacrifícios levíticos são im per feitos e rep etitivos. Esses sacrifícios esta vam diretam ente ligados à lei de M oisés e eram som ente "so m bra" (skia, 'tén u e som
b re a r ') dos "b e n s fu tu ro s" (cf. 9.11), i.e., das bênçãos da salvação de Cristo, la . Ca reciam do caráter perfeito e definitivo do sacrifício perpétuo de Cristo, 10b, pois es ses sacrifício s típicos eram continu am en te oferecidos e jam ais conseguiam , de fato, purgar a consciência da culpa e do pecado nos fiéis, 2. Ao contrário, só traziam nova re c o rd a ç ã o dos p eca d o s a serem e x p ia dos, 3, por causa da com pleta incapacida de de o sangue anim al rem over o pecado e a culpa, 4.
10.5-10. A nova aliança se baseia no perfeito sacrifício de Cristo 5-7. A profecia do perfeito sacrifício de C risto . Seu sa crifício foi p ro fetiz a d o em Sa lm o s 4 0 .6 -8 p o r D avi, que exp rim iu a v e rd a d e de q u e s a c r ifíc io s d e a n im a is eram im p o ten te s p ara rem o v er os p eca d os (v er v. 4). E ssa p ro fecia retratav a a vinda daquele que entraria no m undo (pela en ca rn a çã o ) para realizar a rem oção dos pecados do hom em , 5a, e enunciava o des con ten tam en to de D eus com os sa crifíci os e ofertas do sistem a levítico, 5b,6. Pre d izia a en ca rn a çã o , "m a s m e p rep araste um corpo", 5c. O hebraico do at dá: "abriste os m eus ou vid os" (SI 40.6), aludindo tam bém à e n ca rn a çã o e à g ra cio sa servid ão de Cristo (Êx 21.5,6). O v e rsícu lo 7 resu m e p ro fetica m en te a obra red en to ra de nosso Senhor: D eus F ilh o entrand o no m undo para encarnarse — "E stou aqui" (cf. Lc 1.35); e sua abso lu ta o b e d iê n cia à v o n tad e do P ai, até a m orte — "p ara fazer, ó Deus, a tua vonta d e" (cf. Lc 22.42; Fp 2.8). 8 -1 0 .0 perfeito sacrifício de Cristo anula a an tig a ordem . O d esco n ten tam en to do Pai com o ritual levítíco, 8, é contrastado com sua vontade para o Filho, 9. Essa von tad e im plicava o sacrifício do Filho a fim de firm a r a n o v a a lia n ça de p e rfe ita re d e n ç ã o . R e su lto u tam b ém na fo rm a çã o de um nov o g ru p o de rem id o s, aq u eles que estão sa n tifica d o s em term os de p o s iç ã o (s e p a ra d o s p a ra D eu s com o s a n tos) pela definitiva oferta do próprio cor po de Cristo, 10.
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10.11-14. A nova aliança é superior em função da atual posição de Cristo
eficácia su p erior do sacrifício de C risto é notável porque "com um a só oferta [Cris to] ap e rfe iço o u p a ra sem p re os q ue estão sen d o s a n tific a d o s ", 14. V er co m en tá rio 11. Status e ministério inferior dos sacer sobre o versículo 10. dotes levíticos. A incom pletude e a ineficá cia do m inistério do sacerdote lev ítico se 10.15-18. A nova aliança é superior revelavam na repetição do ritual e em sua em função da natureza definitiva posição diante do altar. A repetida oferen do sacrifício de Cristo da dos m esm os sacrifícios jam ais poderia 15-17. O testemunho do Espírito. O tes elim inar os pecados (jam ais poderia rem o temunho do Espírito Santo à natureza defi v er os p e ca d o s n o s e n s o de d e s p i-lo s , nitiva do sacrifício de Cristo é citado de Je como se despe um a roupa velh a e esg a r remias 31.33,34. Essa profecia de um a nova çada que está colada ao corpo). a lia n ça en xerg a a con v ersão de Israel na 12-14. Posição e obra superior de Cristo. segunda vinda, m as com o a n ov a aliança Em notável contraste com a in ad eq u ação se baseia na natureza definitiva do sacrifí do sacerdócio levítico, Cristo ofereceu "u m cio de C risto, su as b ên ção s são d esfru ta único sacrifício", sacrifício eficaz pelos pe das tanto pela igreja (M t 26.28; IC o 11.25) cados, que serviu para to d o s os tem p os, q u a n to p o r Isra el. C risto , em sua m orte 12a. A com pletude de sua obra foi indicada expiatória sacrifical, realizou a remissão dos pelo fato de que ele "a s s e n to u -s e ", assu pecados e a transform ação da vid a de to mindo assim um a posição exaltada de au d os a q u e le s q u e n e le d ep o sita m su a fé, toridade e serviço sacerdotal "à direita de 16,17. Foi isso que o Espírito testem unhou. D eus", 126. Ele agora aguarda os resu lta 18. Afirm ação resum ida. O sacrifício de dos m ais am p los de sua obra red en tora, C risto é definitivo e com pleto porque as quando seus inim igos serão vencidos e seu seg u rou aphesis, com p leta exo n eração do reino, estabelecido em toda a terra, 13. A
V ista do D om o da R o cha, tam b ém co n h e c id o com o M esquita de Omar, em Jeru salém . Essa m esq uita fo i co n stru íd a so b re o local do a n tig o te m p lo do s ju d e u s.
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p ecad or no sentido de perdão incon d icio nal. A culpa e a pena dos pecadores ("p e cados e [...] m ald ades"), 17 foram cancela das. Q uando esses pecados são totalm ente p e rd o ad o s, n ão há m ais n e ce ssid a d e de "o fe rta pelo p ecad o ". «
10.19-25. Apelo a uma vida de fé 19-22. A b ase do ap elo . S u b ja cen te a essa exortação, 22, está a descrição de tudo o que C risto é e fez, que se en con tra no argum ento precedente dessa epístola. Exi ge-se confiança (certeza, coragem ) desses cre n te s h eb reu s para ad en tra rem a p ró pria presença de D eus, porque: (1) o san gue de Cristo — eternam ente aceitável por D eus e p len am en te s u fic ie n te — tornou esse acesso possível, 19; (2) Jesu s inaugu rou um cam inho novo e vivo que, através do véu, lev a-n os à p resen ça im ed iata de Deus, 20; e (3) tem os u m sum o sacerdote, superior a todos os outros sacerdotes, que está "so bre a casa de D eu s", o verdadeiro santu ário celeste, 21 (ver com entários so bre 9.11,12, 23,24). Tais privilégios p erm i tem q u e o cre n te se a p ro x im e (v is ite a D eu s íntim a e freq u en tem en te) "co m co ração sincero, com a plena certeza da fé", livre das dúvidas de um a má consciência e purificado da corrupção, 22. 23-25. N ovo ap elo. A o exo rtar a um a vida de fé, o autor não só enfatiza a neces sidade de possu ir a certeza de poder ir à im ed iata p re sen ça de D eu s (19-22), m as preconiza: (1) fidelidade na esperança que Cristo nos deu, 23, i.e., com pleta confiança na fid elid ad e de D eu s para dar a fu tura h eran ça que ele prom eteu (IP e 1.3-5); (2) consideração uns pelos outros, 24, que re sulta no estim ular uns aos outros ao am or e às boas obras; e (3) con stân cia no culto público, 25, que encorajará uns aos outros em vista da vinda ("o D ia") do Senhor e do ju ízo das obras dos crentes.
10.26-31. Alerta contra o retrocesso ao judaísmo 26-29. O problem a do pecado da presun ção. Esse pecad o, que am eaçava os cren
tes hebreus aos quais a epístola é endere çada, consistia em um a atitude obstinada e deliberada contra o pleno conhecim ento (iepignosis) de que eles haviam recebido da v e rd a d e — Je s u s C risto e sua salv a çã o com o cam inho para Deus (cf. 2.1-4; 3.7-19; 5 .1 1 - 6 .2 0 ; 12.3-17, 25-29), 26a. Evidente m e n te , e n v o lv ia u m a v o lta às fo rm a s e cerim ó n ias g astas de e x p ia ção dos peca dos, coisas que foram cum pridas no sacri fício de Cristo. Rejeitando seu único sacrifí cio, "já não resta sacrifício pelos pecados" — não há nenhum outro sacrifício em que con fiar, 2 6 b. Tal pecad o atrai o ju íz o de Deus, coisa tem ível e terrível que todos os a d v e r s á r io s (a q u e le s q u e se o p õ em ao m étod o de salv ação pela graça por m eio da fé na m orte e x p ia tó ria de C risto) p o d em e sp e ra r, 27. A a cu sa çã o lev a n ta d a con tra e sse s que rejeitam tra z ia : (1) c a l car aos pés (espezinhar e tratar vergonho sam ente) o Filho de Deus, que conquistou tão grande salvação; (2) rejeitar com o co m u m e p ro fa n o o san g u e da alian ça de Cristo, pelo qual o crente é consagrado; e (3) insultar o Espírito Santo que dispensa a graciosa bênção de D eus, 29. 30,31. O castigo. Se aquele que despre z ava a a n tig a a lian ça e n fre n ta v a sev ero juízo, 28 (Dt 17.2-6), quanto pior não será o castigo daqueles que desprezarem a nova aliança, 29? Cita-se D euteronôm io 32.35,36 para dar provas adicionais do juízo que os que rejeitam podem esperar, 30. Esse cas tigo está reservado ao "seu povo", e pode ser execu tad o por presente ação d iscip li nar ou no futuro santuário do juízo de Cris to (ver com entários sobre IC o 3.11-17). Em qualquer dos casos, implica cair nas mãos "d o D eus v iv o ", ju iz de toda a terra, 31, coisa digna de terror e temor.
10.32-39. Chamado à fé paciente 32-34. O cham ado à lem brança da antiga fé. Esses hesitantes crentes hebreus, am e açados pela volta às ordenanças e ao ritu al m o sa ico s, são ch am ad os a lem b rar-se dos dias passados nos quais, depois de es p iritu alm en te ilu m in ad o s com respeito à eterna redenção de Cristo, provaram sua fé
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suportand o "g ran d e desafio de sofrim en tos", 32. Entre outras coisas, foram pu bli cam en te e xp o sto s aos v io le n to s in su lto s de judeus incrédulos, ou sinceram ente par tilharam solidários dos sofrim entos de ou tros crentes que receberam tal tra ta m en to, 33. Além disso, eles haviam dem onstrado a legitim idade de sua fé em C risto e x p res sando solid ária com p aix ã o p elo s cativo s (incluindo o autor da epístola) e aceitando com alegria o espólio de seus bens — en xergando com os olhos da fé p o sses m e lhores e duradouras, 34. 35-39. O chamado a perseverar na fé paci ente. Esses crentes, diante de sua anterior expressão de fé, são incentivados agora a não jogar "fora" sua intrépida confiança em Cristo, que traz consigo excelen te recom pensa, 35. A necessidade atual é a perseve rança (hupomone, a qualidade de suportar a provação e a dificuldade com perseverante resistên cia), para que, tend o re a liz a d o a vontade de Deus, possam alcançar "a pro m essa", a recom pensa prom etida ligada à iminente volta do Senhor, 36,37. A fé deve ser o tema da vida do crente, e não as formas e as obras legalistas (Hc 2.3,4; Rm 1.17; Gl 3.11). Mas se algum deles, para fugir à perseguição ou ao ostracismo, rene gar a fé professada em favor do legalismo, Deus dará voz a seu descontentamento, e o juízo será certo (cf. 26-31), 38. O autor perce be que seus leitores têm fé genuína, que não lhes permitirá retroceder rumo à ruína eter na; antes, estão entre os "que crêem para a preservação da vid a", 39.
esperança a fé em ação com respeito à fu tura realidade das presentes prom essas; e (2) uma firm e convicção ou íntim a persua são de coisas ainda não reais, mas que cer tamente o serão (cf. 2Co 5.7). 2,3. As realizações da fé perseverante. A fé permite aos hom ens receber a aprovação divi na, 2, e compreender a verdade espiritual, 3. Cre mos, portanto sabemos (o credo ut intelligam, de Anselmo), por meio de um intelecto ilu minado pelo Espírito. Tal conhecimento gera entendim ento dos atos criadores de Deus e a divina ordenação das eras para seu pró prio fim e glória.
11.4-40. A fé que antevia a promessa — Cristo
Abel e Enoque 4. O sacrifício de fé de Abel. Seu sacrifí cio foi "su p erior" no sentido de ser m aior e de valor m ais exelente. E nvolvia o d erra m am ento de sangue expiatório, sim bólico da fé e obediência de Abel à revelação di vina de que o hom em caído era pecador e precisava da interposição de um substituto (Gn 3.15,21; Hb 9.22). A oferenda de Caim era a apresentação de suas próprias obras e não asseg u rava aceitação ju n to a D eus (ver com en tários sobre Gn 4). A o co n trá rio, o sacrifício de Abel garantiu a declara ção divina de que ele era justo e testificou a todos os h o m en s de todas as era s que a salv ação vem pela fé na m orte expiatória de um substituto aceitável (Jo 1.29). 5,6. A vida de fé de Enoque. (Cf. Gn 5.23,24.) Sua v id a de in a b a lá v e l co m u n h ã o com D eus resu ltou na traslad ação ao céu sem 11.1-3. A superioridade da fé que ele seq u er tiv e sse q u a lq u er v islu m perseverante bre de m orte. A natu reza de sua vid a foi 1. Definição de fé perseverante. A fé aqui tal que D eus p ô d e testifica r que Enoque definida não é a fé no seu sentido mais am lhe havia agradado, 5. Assim, sua vida foi um exem p lo da verd ad e de que o ca m i plo ou na sua plena natureza, mas especifi nho da fé é o único meio de agradar a Deus cam ente a fé perseverante. E preconizada aos cre n te s sob p ro vação e so frim e n to s, e dele se aproxim ar, 6. para que consigam continuar rumo à perfei Noé ção (6.1-20), evitando a deserção (10.19-39). Tal fé é qualificada como: (1) a certeza (hu7. O ato de fé de Noé. Noé construiu a postasis, aquilo que se encontra sob uma fun arca por causa de sua fé na palavra profé d ação ou base, d and o certeza de re a liz a tica de D eu s a resp eito de a co n te cim e n ção) das coisas que se esperam — sendo a tos dos quais não havia ainda nenhum si
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nal visível. Com o consequência desse ato: (1) sua fam ília foi salva do ju íz o ; (2) seu testem u nho de cento e vinte anos cond e nou o m u n d o por cau sa d a d escren ça; e (3) ele se tornou h erd eiro (possu id or) da ju s tiç a p o r ca u sa de su a fé (m a is ta rd e exibida na sua oferenda, G n 6.13-52). Abraão e Sara 8-10. A obediência da fé de A braão. Ao deixar sua casa em Ur, e m ais tarde H arã (G n 11.31 — 12.4), por C an aã, A braão exi b iu um a fé ob ed ien te e in ab alável, pois a terra para a qual partiu ainda não lhe es tava p ro m etid a, e q u and o o foi, os canan e u s ain d a a p o ssu íam . S u a fé era ta m bém inesitante, resoluta, pois ele não sabia para onde estava indo, 8b, e peregrinou, pois v iv eu em te rra e stra n g e ira sem m o rad a perm anente, 9. E speran çosam en te na fé, "a cidade que tem fundam entos, da qual Deus é o arquiteto e constru tor", 10 (Ap 21.19,20; cf. Jo 8.56; Hb 11.16; 12.22; 13.14). 11,12. A força da fé de Sara. Pela fé Sara recebeu força física para conceber Isaque, o filho da prom essa na linhagem de Cristo, quando já iam longe seus anos férteis, pois ela considerava Deus, que lhe havia feito a prom essa, fiel e confiável na m anu tenção de sua palavra, 11 (cf. G n 17.19; 18.11-14; 21.1,2). Por causa de sua confiança em Deus, Abraão e Sara, m esm o fisicamente já am or tecidos, tornaram -se pais de m ultidões nu m erosas com o as estrelas do céu e as arei as da praia, 12. Todos os judeus remontam a ele s su a ascen d ê n cia física , e to d o s os crentes rem ontam sua ascendência esp iri tu al a esse casal abençoado. A realidade e a esperança da fé 13-15. A realidade. A genuinidade da fé dos santos do a t se revela: (1) em sua morte — todos morreram na fé, pois foram m ovi dos e inspirados até o fim pela sua confiança em Deus, 13a; (2) em sua inabalável confiança, apesar de não terem visto o cum prim ento das promessas, 13b (Gn 3.15; 12.1-4,7); (3) em sua vida separada e peregrina, com o consequ ência de terem recebido as prom essas, 13c (cf. Gn 23.4; SI 39.12); e (4) em suas palavras e atos, provando que buscavam uma pátria ce
lestial, (14,15), pois tinham toda a condição de voltar para a M esopotâm ia e para Ur, caso assim desejassem . 16. A esperança. A genuína fé dos santos do a t expressava-se na esperança de uma pátria melhor (o céu). Deus respondeu iden tificand o-se com o o D eus de A braão, Isa que e Jacó (Êx 3.6, 15; 4.5). Cumprindo sua e sp era n ça , ele "lh e s prep arou um a cid a d e ", a N ova Jeru salém (Is 2.2; Ez 4 0 —48; Hb 12.22; 13.14; Ap 2 1 - 2 2 ) . Abraão e Isaque 17,18. A fé de Abraão é severamente tes tada. O suprem o teste da fé de Abraão foi a oferta de Isaque com o sacrifício (Gn 22.110). Em intenção, ele de fato sacrificou seu "ú n ico filh o ", tipificand o o Pai, "q u e não poupou nem o próprio Filho, mas, ao con trário, o entregou por todos nós" (Rm 8.32). O teste foi intensificado porque Deus dis sera a Abraão, face a face, "p or Isaque será cham ada a tua descendência" (Gn 21.12). 19. A fé sin gu larm ente triu nfante de A braão. Sua fé superou o teste suprem o, porque: (1) venceu o medo da morte — ele "considerou que Deus era poderoso até para o ressuscitar dos m ortos" (gr.); e (2) resga tou Isaque da morte por aquilo que foi uma parábola da ressurreição, no sentido de que Isaque estava figuradam ente morto, por ter sido virtualm ente sacrificado. Isaque, Jacó e José 20-21. A bênção de fé de Isaque e Jacó. Isaqu e, pela fé, ao abençoar Jacó e Esaú, dispensou coisas ainda futuras como se fos sem presentes (Gn 27.27-29, 39,40). Jacó teve a preced ência porque suas bênçãos eram esp iritu ais. "P e la fé, Jacó, quand o estava para morrer, abençoou cada um dos filhos de Jo sé" (cf. Gn 47.29; 48.8-20). Incapaz de distingui-los visualmente, pôde discerni-los pela fé e, intencionalmente, pousou sua mão direita sobre Efraim, o mais jovem, lhe mos trando, pela fé, que Efraim seria maior que M anassés. O Jacó idoso e m oribundo, de pois de fazê-lo, "ad orou , apoiado sobre a extrem idade do seu bord ão", em blem a de sua peregrin ação divinam ente sustentada até a cidade celestial.
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A ilustração retrata M oisés diante do tro no do fa raó egíp cio. "Pela fé, M oisés, qu an do já hom em feito, recusou ser cham ado filh o da filh a de Faraó, p referin do ser m altratado ju n to com o po vo de D eus a u su fru ir praze re s tran sitó rio s do pecado..." (H b 11.24-25).
22. As instruções de fé de José. "Pela fé, vez grande beleza) quando bebê era, pro José, próximo do seu fim, [lembrando-se da vavelm ente, o sinal d ivinam ente d esign a promessa de Deus] fez menção da saída dos do pelo qual D eus elevou a fé dos pais de filhos de Israel do Egito e deu ordem relati M oisés à convicção de que seu m enininho vas aos seus ossos" (gr., Gn 50.24,25). Sua estava destinado a ser o libertador — pois elevada posição não o cegou ao fato de que "v ira m [pela fé] que o m en in o era b elo " o Egito não era sua terra (cf. Js 24.32). Ele (cf. A t 7.20). acreditava que Deus cumpriria sua palavra, 24-26’. A decisão de fé de M oisés. Já adul realizando o êxodo e a restauração de Isra to, M o isés d e lib e ra d a m e n te re cu so u ser el a Canaã (Gn 15.13-21), e no final ressusci identificado com o "filh o da filha do Faraó", taria seu corpo físico para a Canaã celeste. recu san d o tam bém a em in ência e a p o si ção real que seriam suas (Êx 2.10), 24. Ele Moisés no Egito preferiu p articip ar das d ificu ld ad es e su 2 3 .0 ato de fé de seus pais (cf. Êx 1.22— portar o duro tratam ento ao lado do povo 2.2). A aparência incomum de M oisés (tal de D eus a d esfru tar dos passageiros pra-
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não com hom ens, mas somente com Deus, que estava sem pre diante dos olhos da fé. 28-29. A Páscoa de fé de Moisés. A sim ples fé em Deus fez que Moisés instituísse a Páscoa e a aspersão do sangue nas ombrei ras das portas, para que o destruidor dos prim ogénitos não tocasse nos israelitas (Êx 12.21-30). Pela m esm a confiança em Deus, Israel cruzou o m ar Vermelho com paredes de água de cada lado. O que era fé para o povo de Deus, era presunção para seus ini migos, que foram engolidos pelas areias e pelas ondas do mar (Êx 14.21-31; 15.12). Josué e Raabe 30. A m archa de fé de Josué. Pela fé os m uros de Jericó ruíram d epois que os is raelitas m archaram em tom o deles duran te sete d ias, co n tra sta n d o com os cercos que m uitas vezes duravam anos. A fé, não a m archa nem o soar de trom betas, libe rou o poder de D eus para lançar abaixo os m uros (Js 6.12-21). 31. A hospitalidade de fé de Raabe. Raa b e, a p ro s titu ta de Je r ic ó , n ã o p ereceu com seus concidadãos descrentes, pois re ce b e u os e sp iõ e s isr a e lita s em sua casa e, assim , exibiu fé pessoal em sua confis são (Js 2.9-11).
zeres de uma vida de pecado, 25. Essa de cisão foi feita porque a fé lhe deu um vis lu m b re do M e s s ia s v in d o u ro , e M o isé s co n sid ero u que s o fre r p o r e le lhe tra ria "u m a riq u e z a m a io r do que os teso u ro s do E gito", 26. Moisés deixa o Egito 27. A fuga de fé de Moisés (cf. Êx 2.14,15). A fuga de M oisés representou a irrevogá vel decisão de fé que para sem pre o sepa rou do Egito e o uniu ao povo de D eus com o seu libertador. Ele fugiu sem tem er Faraó, tudo suportando porque via "aquele que é in visív el". Agiu com o se estivesse lidando
De Gideão a Samuel e os profetas 32. O utros heróis da fé. Resumindo, o autor m enciona G ideão (Jz 6 —8), Baraque (Jz 4 —5), Sansão (Jz 13—16), Jefté (Jz 11—12), D avi (IS m 1 6 - 3 0 ; 2Sm 1 - 2 4 , lR s 1 - 2 ) e Sam uel (ISm 1 — 16). 33-34. Os atos de bravura. Eles que eram fortes na fé: (1) conquistaram reinos — e.g., Davi (2Sm 8); (2) executaram atos de justi ça — e.g ., Sam u el (IS m 12.3-23; 15.33) e D avi (2Sm 8.15); (3) alcan çaram prom es sas — e.g., os profetas (Js 21.45; lR s 8.56); (4) fecharam a boca de leõ es — e.g., San são (Jz 14 .5 ,6 ), D avi (IS m 17.3 4 -3 7 ), Benaia (2Sm 23.20), D aniel (Dn 6.22); (5) ex tinguiram o poder do fogo — e.g., os três isra e lita s (D n 3 .2 5 ); (6) e sca p a ra m à lâ m in a da e sp a d a — e .g ., Je fté (Jz 12.3), D avi (IS m 18.11; 19.10), Elias (lR s 19.1,2), Eliseu (2Rs 6.14-17); (7) na fraqueza foram fo rtalecid o s — e.g ., S an são (Jz 16.28-30);
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(8) foram poderosos na guerra, arrasando exércitos — e.g ., B araq u e (Jz 4.1 4 ,1 5 ), os m acabeu s (lM c 15); (9) m u lheres receb e ram de volta seus m ortos pela ressu rre i ção — e.g., a viúva de Sarepta (lR s 17.1724), a sunam ita (2Rs 4.17-35). 35-37. Os sofrim entos. M uitos dos fiéis sofreram e das m as v ariad as fo rm as: (1) torturados — e.g., Eleazar (2Mc 6.18; 19.20,30), que foi esticado na roda e espancado até a morte — e não aceitaram a libertação, para que pudessem alcançar uma melhor ressur reição, i .e , a prim eira ressurreição à vida, sendo seu martírio a suprema prova de sua fé Salvadora; (2) açoitad os e aprisionados — e.g., Hanani (2Cr 16.10); (3) apedrejados — e.g., Zacarias, filho de Joaida (2Cr 24.2022; M t 23.35); (4) serrados ao m eio — e.g., Isaías por M anassés, segu nd o a trad ição; (5) várias ou tras aflições, com o ser ten ta dos ao pecado, mortos pela lâmina da espa da, m altratados, espoliados. 38. A avaliação. O m undo não era digno deles. Tratando-os assim , o m undo conde nou a si m esm o. 39-40. A fé dos santos do a t e a nossa. Os santos do a t ganharam a aprovação com o resultado de sua fé; mas não viram a com pleta salvação de Cristo nem o cumprimento da nova aliança com suas bênçãos indivi duais e nacionais. Essa perfeição virá para os santos do a t com o do n t , quando Cristo voltar para com pletar a salv ação e rein ar como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Detalhe gravado na menorá, o candelabro de sete braços que se encontra na frente do Knesset (Parlamento israelense), em Jerusalém, mostra o terrível lamento dos judeus exilados na Babilónia.
d or se liv ra ria das ro u p as " e do p ecad o q u e ten a zm en te n o s a sse d ia ". 2-4. A m eta da fé. A m eta é "Je s u s", o S a lv a d o r p len a m en te s u ficie n te ; p o rta n to, o olh ar d eve p erm an ecer fir m e nele d u ra n te to d o o cu rso da co rrid a . O cren te deve fixar "o s olhos em Jesu s, o A u to r e C o n su m ad o r da n ossa fé ", alheio a q u a l quer ou tro su p o sto S alvad or, pois: (1) ele é o ú n ico S alvad or, 2a; (2) é ele quem ori gina e ap erfeiçoa nossa fé, 2b; (3) ele é o e x e m p lo s u p re m o de fé s ó lid a — " p o r cau sa da a leg ria que lhe e sta v a p ro p o s ta, suportou a c ru z ", 2c; (4) ele ven ceu a 12.1-4. A corrida e a meta da fé corrid a e com o resu lta d o d isso "e s tá a s 1. A corrida da fé. O sím ile de um anfi sen tad o à d ireita do tro n o de D e u s", 2 d; (5) seu exem p lo é o an tíd oto con tra o d e teatro repleto de santos do a t (11.4-38) que testem unham os crentes do n t disputando sân im o , 3; (6) su as lu ta s foram in fin ita a corrida da fé constitu i um in centiv o ao m e n te m a io re s q u e a s n o s s a s , e a ssim m esm o e le saiu v ito rio so , 4. c ris tã o e n q u a n to e le co rre . " P o r ta n to " , com o tem os em torno de n ós tão grand e com panhia de testem unhas do a t , que se 12.5-11. 0 castigo como saíram tão bem em suas vidas, "corram os incentivo à fé [continuem os correndo], com p ersev eran 5-9. A d isciplina da fé. O castigo divino ça, a corrida [agona, um a d ispu ta que de é um e n c o ra ja m e n to a a v a n ç a r ru m o à manda dispêndio m áxim o de energia] que n o s e s tá p r o p o s ta " . C o rre r com p le n a m eta, pois é um sinal do am or do Senhor p elo s seu s, 5,6 (cf. Pv 3 .1 1 ,1 2 ). P o rtan to , en erg ia exig e que p rim eiro d eix em o s de não d ev e ser m en osp rezad o ou, errón ealado todo em baraço, assim com o o corre-
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rito Santo nos santifica podemos ver o Se nhor, no sentido definitivo, e estar para sem pre com ele. A relação correta com Deus precisa ser combinada a uma rela ção correta com os outros crentes. 15-17. O alerta. O versículo 15 é um aler ta contra o perigo de desviar-se da graça de Deus, resultando em um espírito amargo que envenena muitos da comunidade cris tã. Um exemplo é o caso de Esaú, 16,17, cujo 10,11. Os resultados da fé disciplinada. Ointeresse ímpio ou secular, pela perda de sua primogenitura, levou a uma condição primeiro resultado é nosso bem permanen desesperada (Gn 27.30-40). Ele trocou o bemte e eterno, não meramente bem-estar tem poral, que pode ter parecido adequado ao estar espiritual por uma momentânea grati ficação carnal. Desviar-se da graça de Deus, nosso pai humano, 10a. O segundo resulta voltando ao ritualismo mosaico, leva a de do é a participação na santidade de Deus, sespero semelhante. Os crentes podem, pelo 10b. O castigo é infligido para que possamos participar experimentalmente da santidade pecado carnal e a descrença, perder tanto os privilégios de seu acesso ao santíssimo de Deus (2Pe 1.4), aqui e agora, na prepara por meio de seu grande sumo sacerdote ção para a futura glorificação na presença quanto as promessas de bênçãos nele. divina, 10b, 14 (cf. ljo 3.2,3). Àqueles que as sim são treinados, a disciplina parece dolo rosa e não agradável; mais tarde, gera o 12.18-24. 0 resultado da fé que fruto pacífico da justiça, 11. mente, interpretado como fundamento de desânimo. O castigo do Senhor é uma dis ciplina necessária no tratam ento que dá o Pai aos seus filhos, 7, e sua ausência provaria que somos filhos ilegítimos, e não genuínos, 8. Se a disciplina que o pai humano impõe ao filho é benéfica* quan to melhor não será para nós exibir sub missão à disciplina de nosso pai celeste, recebendo assim a plenitude da vida, 9?
proporcionou a promessa
12.12-17. Um alerta de Esaú 12-14. A exortação. Em face dos gran des incentivos a disputar a corrida cristã com paciência, 1-11, os crentes hebreus são exortados a erguer suas mãos caídas e fortalecer seus joelhos fracos, 12 (cf. Is 35.3). Eles devem tornar retos os cami nhos dos seus pés, para que o "manco" [o crente fraco tentado a esquecer a graça] "não se desvie [cedendo a tal tentação]", " mas, pelo contrário, seja curado", sendo encorajado a persistir na graciosa corrida da fé, 13 (Rm 14.19; Gl 6.1). O chamado é à busca da paz no sentido de segui-la constante e diligentemente, 14a (cf. SI 34.14), para viver harmoniosamente diante de todos. Aconselhada também é a busca diligente da santidade, 14b. Os cren tes devem diariamente se apartar como santos para Deus (santificação presente), buscando sinceramente um caminho de separação do pecado, reclamando pela fé sua posição em Cristo e convertendo-o na experiência de Cristo (Rm 6.11,12) pela sub missão ao Espírito Santo. Só quando o Espí
18-21. Liberta de um a lei de terror. As realidades da antiga aliança são contras tadas com as glórias da nova, salientan do-se uma vez mais as vantagens de per severar em Cristo em relação à volta ao judaísmo por causa da perseguição. A pre sença de Deus, debaixo da lei, trouxe medo e tremor, mesmo a Moisés, 21. 22-24. Traz as bênçãos e relações da gra ça. A graça, segundo a nova aliança, leva
os crentes hebreus ao monte Sião, a cidade do Deus vivo, a Nova Jerusalém, que con trasta com a Jerusalém terrena e o temí vel monte Sinai, 22a (cf. 11.10; Ap 21.2ss.). Eles também são levados à companhia de "ao incontável número de anjos em reu nião festiva; à igreja dos primogénitos re gistrados nos céus", 22b,23a. Primogénitos é referência a Cristo (Rm 8.29; Cl 1.15,16; Hb 1.6), e a igreja é seu corpo, sua posses são, cujos membros são cidadãos celes tes (Ef 2.19; Fp 3.20). Essas relações tam bém abarcam o acesso a Deus, o juiz de todos os homens, 23b; o relacionamento com os justos aperfeiçoados, 23c, referência aos santos do a t hoje aperfeiçoados pela
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cruz de Cristo (11.39,40); e a identidade com Jesus, o mediador da nova aliança, 24a, e seu sangue da aspersão, que proporcionou o eter no perdão dos pecados, 246.
12.25-29. Alerta contra a recusa de dar ouvidos à voz de Deus 25-27. O perigo do pecado. Faz-se um alerta para que alguns não se recusem a ouvir a voz de Cristo pelo evangelho da graça, afastando-se, portanto, dele, 25rt. Para esses não há escapatória, 256-27, e certo lhes será o juízo. Se os israelitas que se recusaram a dar ouvidos e obede cer ao alerta de Moisés na terra sofre ram o juízo de Deus, quanto maior não será o perigo que enfrentam aqueles que se recusam a dar ouvidos à voz do pró prio Filho de Deus do céu, 256? Então se faz referência ao dia do juízo, quando o impermanente será abalado e subsistirá apenas o permanente e o eterno, 26,27, incluindo o reino que será a herança dos crentes, 28a. 28-29. O que previne do pecado. Perce bendo que são herdeiros do reino inabalá vel, os crentes devem m ostrar sua grati dão pela graça que receberam por meio do evangelho servindo a Deus com reverên cia e temor. "Deus é fogo que consome", 29, mas Cristo é nosso abrigo do juízo. O reconhecimento das bênçãos que se tem em Cristo previne o pecado da recusa (25).
13.1-6. A expressão da fé no cotidiano 1-4. Nos relacionam entos sociais. A fé deve se manifestar exteriormente nas re lações do crente com os outros. O amor fraterno deve ser a atitude normal, 1, que pode se expressar, por exemplo, no ofe recimento de hospitalidade a estranhos — que, de fato, podem ser anjos (Gn 18.1-8; 19.1-3), 2 —, e nos cuidados dispensados àqueles que estão na prisão e a outros que são perseguidos ou maltratados, 3. A idéia é de uma solidariedade genuína, de uma verdadeira identidade com esses irmãos, sofrendo como se você estivesse no lugar
deles. O matrimónio, e a vida sexual nele, deve ser mantidos em elevada honra, 4. Aqueles que violam tal preceito enfren tam o juízo de Deus. 5,6. Nas questões financeiras. A vida de fé não faz concessões à cobiça. A vida do crente deve se caracterizar pela ausência de amor ao dinheiro e pelo contentamen to com os bens atuais. Ele deve se conso lar na presença e na provisão do Senhor, que são constantes.
13.7-9. Expressão de fé em um testemunho estável 7,8. O exem plo. Tanto os líderes espiri tuais que haviam pregado a Palavra de Deus a esses crentes hebreus quanto o próprio Senhor Jesus constituem exemplos de estabilidade. O fruto das vidas de líde res como Estêvão, Tiago irmão do Senhor, Tiago irmão de João (At 12.2) e outros que enfrentaram sofrimento e martírio testifi cam sua fidelidade até o fim. A fé deles deve ser imitada, 7. O Cristo imutável, o sempre invariável, serve como exemplo perfeito para todos os crentes. 9. A exortação. "Não vos deixeis levar por doutrinas diversas e estranhas" é refe rência óbvia ao judaísmo. Observâncias legais, como leis alimentares, não traziam nenhum benefício espiritual duradouro; porém, o coração de fato se fortalece pela graça de Deus. O legalismo era estéril de realidade espiritual, mas a graça é plena dela. Alimentar-se da graça leva à estabili dade de vida e testemunho.
13.10-14. A fé expressa na separação do judaísmo 10-12. O fundam ento da separação. A vida de fé já não estava ligada às práticas do judaísmo. Em vez disso, a diferença entre cristianismo e judaísmo, revelada em um altar novo e distinto, 10, e em um sacri fício maior e antitípico (de Cristo), 12, tor na a fé e o legalismo mutuamente exclusi vos na nova aliança. 13,14. A exortação à sep aração. "Saia mos, pois, até ele, fora do acam pam en-
to" significava, para esses crentes h e breus, separar-se do judaísmo, voltandose a Cristo. Implicaria perseguição e re jeição pelos judeus, e esse era o vitupério que teriam de suportar, 13 (At 5.41; Hb 11.25,26). A separação exigiria também fé peregrina, firmando sua esperánça não no temporal, mas no eterno — a "cidade [...] que virá", 14.
13.15-17. Fé expressa em culto e obediência espirituais
15,16. C ulto sacrifical. O crente-sacerdote (10.19) deve oferecer continuamen te sacrifícios esp iritu ais a D eus, entre eles: o sacrifício de louvor em alegre atri buição de glória a Deus, chamado "fruto dos lábios", pois os lábios são o sensível barómetro espiritual da condição do co ração, 15; e os sacrifícios da substância e das boas obras, 16, cada crente partilhando a si m esm o com os n ecessitad o s. Deus se agrada de tais sacrifícios, pois são prova de realidade espiritual no culto (Fp 4.18). 17. H um ilde obediência. Os crentes sã aconselhados a mostrar-se submissos aos seus líderes, pois "estão cuidando de vós, como quem há de prestar contas". A obe diência a eles resulta em maturidade es-
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pirítual, trazendo alegria no dia da presta ção de contas diante das autoridades.
13.18-25. Bênção final 18,19. Pedido pessoal. O autor pede uma oração específica aos destinatários da epís tola, particularmente por uma conduta digna e pela restauração dele a sua companhia. 20,21. Bênção. Essa oração do autor con tem elementos essenciais para o bem-es tar espiritual dos crentes hebreus a quem ele escreve: (1) "o Deus de paz", que fir mou ou fez a paz entre si e o homem pelo sacrifício de Cristo, e que dá paz, na mente e na alma, àqueles que nele confiam; (2) a esperança de ressurreição fundada no fato de Deus ter ressuscitado Cristo; (3) o cui dado pastoral de Cristo pelos seus; (4) a garantia de uma relação de aliança basea da no sangue derramado de Cristo; (5) o pedido de que cada crente esteja à altura da sua tarefa segundo a vontade de Deus — "vos aperfeiçoe"; (6) o pedido de que permitam que o Cristo que neles habita neles opere o que é agradável a Deus. Tais pontos seriam de especial relevância para os crentes hebreus, que os contrastariam com as bênçãos inferiores do judaísmo. 22-25. Saudação final.
Tiago A necessidade de uma fé viva O autor. Há fortes indícios a favor da visão tradicional de que Tiago, o meio irmão de nosso Senhor (Mc 6.3), tenha sido o autor dessa epístola. Ele se manteve incrédulo durante o início do ministério de nosso Senhor (Jo 7.3-10) e, depois da crucificação, aparentemente, permaneceu em Jerusalém com sua mãe. Depois da ressurreição, Cristo também lhe apareceu (1Co 15.7), aparição sem dúvida ligada a sua conversão, pois ele estava entre os do cenáculo (At 1.14). Paulo, depois de sua estada na Arábia, visitouo em Jerusalém, por volta de 35 ou 36 d.C. (Gl 1.18,19). Por volta de 44 d.C., Tiago era líder em Jerusalém (At 12.17), encabeçando o primeiro concílio da igreja (At 15.13, 19; Gl 2.1, 9,10) e supervisionando ali a igreja judia (cf. Gl 2.12). Paulo
conversou com ele em sua última e angustiosa visita a Jerusalém (At 21.18-25). Segundo Josefo e Eusébio, Tiago foi martirizado em Jerusalém em 62 ou 63 d.C. Data e caráter da epístola. Várias considerações situam esse livro entre as mais antigas epístolas, se não a mais antiga, endereçada aos cristãos (judeus), datada possivelmente lã atrás em 45 d.C. Evidências internas. A ordem e a disciplina que a igreja exibe são bem simples. Os líderes são chamados "mestres" e "presbíteros", sem menção a “bispos" nem "diáconos". Os crentes ainda se encontram na sinagoga, com pouca organização, pois vários membros se intitulam mestres. O caráter doutrinário da carta. A epístola nada fala sobre a relação da igreja com o mundo não judeu, e
A Porta de Damasco, em Jerusalém. O autor da epístola foi provavelmente Tiago, irmão de Jesus, que parece haver permanecido em Jerusalém com sua mãe, após a crucificação.
doutrinariamente tem caráter elementar. Não revela evidências da igreja como corpo de Cristo. De fato, no tom judaico soado em toda a epístola, a questão da admissão de crentes gentios nem parece surgir, sugerindo uma data anterior ao concílio de Jerusalém, 48 ou 49 d.C. Não há livro mais judaico no n t . Se as várias passagens referentes a Cristo fossem eliminadas, toda a epístola seria tão conforme ao cânon do at quanto o é ao n t . De fato, a epístola poderia ser definida como uma interpretação da lei do a t e do sermão do monte à luz do evangelho de Cristo.
Evidências externas para a aceitação do livro. É coerente com o que aparece sobre Tiago em Josefo {Ant. xx, ix), em Atos (15.13-21; 21.17-25) e em Gálatas (1.19; 2.9,10), e com as conhecidas circunstâncias dos cristãos judeus da dispersão. No Oriente a epístola apareceu primeiramente em listas de livros aceitos da Ásia Menor e do Egito. Pelo fato de não ter sido escrita por um apóstolo, nem ter sido dirigida a igrejas gentias e por, aparentemente, contradizer Paulo, pode-se compreender melhor a recepção que a epístola recebeu em Roma e Cartago até o século iv.
Esboço 1 A fé viva testada pela provação 2 A fé viva provada pelas obras 3—4 A fé viva evidenciada pela conduta 5 A fé viva exercida em meio à perseguição
Tiago I 633 1
1.1-4. O propósito das provações 1. O autor. Embora fosse irmão do Se nhor (ver introdução) e um dos líderes mais eminentes e influentes da igreja primitiva de Jerusalém e da Judéia, Tiago humilde mente se apresenta como apenas "servo (doulos, "escravo") de Deus e do Senhor Jesus Cristo". Ele se dirigia aos crentes ju deus, como Pedro (IPe 1.1) e o autor de Hebreus. Como líder da igreja de Jerusa lém, Tiago era supervisor dos crentes ju deus de todos os lugares, pois eles iam anualmente às grandes festividades cele bradas na capital (cf. At 2.5-11), oriundos de todos os cantos do império romano. 2-4. A m ensagem . O principal ministé rio de Tiago era consolar os judeus que se haviam convertido a Cristo. Esses eram alvo de perseguição e ostracismo inten Um homem cego é guiado pelas ruas estreitas sos, im postos pelos seus com patriotas da antiga Jerusalém.Tiago ensina que a descrentes. Dirigindo-se a esses sofredo prática do genuíno culto religioso não é mero res por Cristo como "irm ãos", Tiago os ritual exterior, mas se exprime por meio do exorta a considerar "motivo de grande ale amor compassivo e da separação do pecado. gria (enfático)", sem vestígio de arrepen dimento, o fato de se verem envolvidos em muitas tentações por amor à Cristo. revezes da vida. Se alguém tem deficiên Tais tentações são experiências que tes cia dessa faculdade dada por Deus, deve: tam, via provações, calamidades ou afli (1) pedi-la ou solicitá-la a Deus, fonte e libe ções, a realidade de sua fé em Cristo, ten ral doador dela, 5a (Pv 2.3-5), que não 'cen do por m eta fortalecê-la, 2. Assim eles sura' (gr.) a ignorância do pedinte como um devem se alegrar, porque: (1) a provação professor talvez censure, de forma represtraz conhecimento e experiência; (2) dá a sora, um aluno obtuso, 5b; (2) pedir liberal convicção de que a provação da fé gera mente, pois Deus a concede abundante continuamente paciente resistência, que mente, 5c; (3) pedir sem duvidar, pois Deus permanece em meio ao teste até que pro dá segundo a fé, 5d,6. Aquele que duvida e duza a bênção divinamente planejada; e hesita por conta de reservas intelectuais é (3) a provação leva à plena maturidade instável, como uma onda do mar à mercê do caráter cristão, 4. A "p erseveran ça do vento, e totalmente mutável. Tal pessoa deve ter ação perfeita, para que sejais não deve imaginar que "receberá do Se aperfeiçoados e completos (com todos os nhor alguma coisa", 7, pois "vacila e é in asp ectos plenam ente d esenvolvidos), constante" e volúvel, pois um ânimo conti sem lhes faltar coisa alguma", 4. nuamente contrabalança o outro. Assim ele se caracteriza por um estado instável de desordem em todos os seus caminhos, i.e., 1.5*12. Sabedoria para todas as estradas da vida por que passa.
as provações
5-8. A necessidade e o suprimento de sa bedoria para as provações. Em nenhuma ou
tra situação a sabedoria é tão essencial, e a insensatez tão desastrosa, quanto nos
9-12. As recom pensas do exercício da sa bedoria nas provações. (1) A sabedoria per
mite que o irmão de "condição humilde" (aquele que se encontra em condição de pobreza e depressão na vida) enxergue sua
[ 634 1 Tiago
elevada e exaltada posição de cristão, e nisso se alegre, tendo lugar eminente e dig no diante do Salvador, 9. (2) A sabedoria permite que o irmão rico, por outro lado, perceba e comemore sua insignificância enquanto apartado da salvação, o humilde estado de toda a sua riqueza separada de Deus (Is 57.15), diante da transiloriedade da vida mortal e dos bens materiais, 10,11. (3) A sabedoria revela a bênção do crente que suporta a provação, pois ela lhe mostra que quando é aprovado, como consequên cia de sua sábia reação a provação, é tam bém recompensado, 12a. A "coroa da vida" é a recompensa daqueles que amam ao Senhor e provam esse amor no sofrimento e mesmo na morte, 12b. Sobre recompen sas, ver comentários em ICoríntios 3.12-17; 9.25-27; 2Coríntios 5.10.
1.13-18. Deus e as provações 13-15. Deus não tenta ninguém ao peca do. Só a sabedoria (cf. 5-12) pode nos mos
trar a relação de Deus com a tentação, em pregada nesse contexto em dois sentidos: (1) tentação na provação, 2-12 (cf. Gn 22.1; Lc 22.28; IPe 1.6); (2) incitação ao mal, 13-15 (cf. Gn 3.1-6; Mt 4.1; ICo 10.13; 2Co 11.3,4). A sabedoria nos mostra que a incitação ao mal não vem de Deus como fonte e agente incitador. Ele "não pode ser tentado pelo mal", sendo infinitamente santo; tampouco, ele tenta (incita alguém ao mal), 13. A causa do pecado está em nós mesmos, 14. Cada qual é tentado pela sua própria cobiça, esse dese jo intenso e impuro procedente do pecado que age na antiga natureza caída e que se expressa na carne. Isso acontece "atraído e seduzido por seu próprio desejo [a cobi ça]" (enredando-o como em uma armadi lha, ou prendendo-o como o peixe se pren de pela isca). O avanço do pecado é inexorável, 15. "Então o desejo [personificada como prostituta], tendo concebido, dá à luz o pe cado [expresso em palavras e atos]; e o pecado, após se consumar, gera a morte." 16-18. Deus é bom para o hom em . Sob provação e tentação é fácil ser desencami nhado ou enganado a esse respeito, 1b. Mas não se deixe iludir quanto à fonte da tenta
ção; ela está em nós mesmos, não em Deus. A bondade do Senhor se revela em seus dons, 17. Bem ao contrário de introduzir ten tação e pecado em nossas vidas, ele é o doador de todo benefício de que desfruta mos. "Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto e descem do Pai das luzes" (Criador das luzes do céu, bem como das luzes espirituais do reino da graça). Como Deus "é luz, e nele não há treva nenhuma" (IJo 1.5), ele não pode ser o autor do peca do, 13, nem se caracterizar por variação, nem mesmo pela sombra de uma mudan ça, como quando o sol é eclipsado pelo dis co da lua, e a lua, pela sombra da terra. A bondade de Deus é demonstrada ain da pelo seu dom maior, a vida eterna em Cris to (Jo 1.12,13; 3.16) que, quando ele nos faz nascer pela palavra da verdade (o evange lho), se torna nossa, 18n (IPe 1.23). Assim, nascidos de novo, tornamo-nos "como os primeiros frutos de suas criaturas", 18Z>, pe nhor e fiança de uma raça remida (Rm 8.19, 23). O símile remonta à consagração, no a t , das primícias do homem, do gado e da la voura a Deus (Êx 23.16-19; Dt 26.1-19).
1.19-25. A palavra de Deus e as provações 19-21. A bondade de Deus e a responsabi lidade do crente. Como Deus concede graci
osamente a sabedoria para enfrentar as provações da vida, 5-12; não nos tenta ao pecado, mas nos põe à prova para nos for talecer contra o pecado, 13-16; e nos fez seus filhos pelo novo nascimento, 17,18; portan to, tratemos de dar ouvidos às injunções dos versículos 19-21. São elas: (1) estar pronto para ouvir; (2) ser tardio para falar; (3) tardio para se irritar, pois a ira do homem não pro move a justiça que Deus exige; (4) livrar-se de tudo o que é vil e dos vestígios do mal, como se clescarla uma roupa imunda; (5) receber a Palavra de Deus que purifica (Jo 15.3) e que, enxertada e viva no coração, é capaz de salvar a alma pela separação do pecado, para que o crente possa desfrutar da plenitude da vida em Cristo (Jo 10.10). 22-25. A Palavra de Deus e a obediência do crente. Tão importante é a Palavra de
Tiago [ 635 1
Deus no viver e no enfrentar as provações da vida que devemos ser 'praticantes' e experim entados expoentes dela, e não meros 'ouvintes', que conhecem a Palavra apenas teoricamente (cf. Hb 4.2) e são ilu didos pela lógica falácia de que o mero ou vir basta. Esse leitor iludido é comó um ho mem que olha seu rosto em um espelho (a Palavra, que nos revela a nós mesmos), mas depois sai e, imediatamente, esquece sua aparência, 23,24. Ao contrário, todo aquele que olha com cuidado a imaculada lei da liberdade, i.e,, a lei de Cristo que se aplica àqueles que estão livres da lei do pecado (cf. Gl 6.2; ljo 2.7,8,15; 2Jo 5), e que o faz habitualmente, toma-se um ativo prati cante que obedece e encontra felicidade (bênção) nessa obediência, 25.
26. A falsa religião. O culto religioso ex terior (religião) pode ser genuíno e assim exp ressar a fé verd adeira, ou pode ser falso e expressar obras mortas. Como o homem é criado religioso, permanece as sim mesmo em seu estado caído. Portan to, o mundo é cheio de religiões vãs. Tiago dá um exemplo. Se alguém parece ser re ligioso, meticulosam ente observando as exterioridades de sua fé, mas não contém nem refreia sua língua, como o freio con trola o cavalo, então a religião dessa pes soa é vã (enganadoramente inútil, infrutí fera, estéril e ineficaz). A religião (exterior) deve vir acompanhada da piedade (interi or) para ser genuína. 27. A verdadeira religião. A prática do genuíno culto religioso, em vez do mero ritual exterior, 26, se exprim e no amor com passivo (cuidar dos órfãos e viúvas em suas tribulações) e no afastamento do pecado (conservando-se pessoalmente li vre da sujeira do mundo).
to indevido ou desrespeito por determina das pessoas. Anula a fé genuína por violar a igualdade dentro da fraternidade cristã ("meus irmãos", la), e por difamar a gló ria de Deus revelada em Cristo, 1b. "Como tendes fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, não façais discriminação de pessoas." Cristo é o "resplendor" da glória de Deus (Hb 1.3), assumindo o lugar da Shechiná do at , e em sua presença de saparecem as distinções terrenas. Consi derando as meras aparências exteriores, como posição social e riqueza, a pessoa ignora considerações interiores e mais fundamentais, 2-4 (cf. At 10.34; Rm 2.11). 6,7. Por que o pecado é grave. A parcia lidade deturpa a escolha de Deus, 5a. "Por acaso, Deus não escolheu os pobres para o mundo, a fim de fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?" Essa escolha é espezinhada por aqueles que exibem parcialidade. Também ignora o valor espiritual interior, 5b, pois os que são pobres por fora são ricos em fé por dentro; embora enjeitados na terra, são herdeiros no céu; embora não am a dos pelos crentes, estão entre aqueles que amam a Cristo. Além do mais, desonra os pobres, 6, e honra os ricos, que, tão fre quentemente, são opressores e ímpios, 7. 8. A parcialidade viola a lei régia. Essa é a lei do amor, "régia" ou "real" porque é soberana dentre todas as leis, a quintessência dos Dez Mandamentos. E a lei de Deus, o grande Rei, que é amor e cuja lei régia do amor reina soberana como ele mesmo. O sinal da parcialidade infringe essa lei régia, "amarás o teu próximo como [tu amas] a ti mesmo" (Lv 19.18). 9. A lei régia condena a culpa. "Mas se você dem onstra respeito pelas pessoas prestando atenção a meras aparências ex teriores, está cometendo pecado, conde nado, assim, pela lei como transgressor" (segundo tradução literal do grego), 9.
2.1-9. A fé morta manifestada na parcialidade
2.10-13. A fé morta resulta em juízo
1.26,27. A verdadeira religião e as provações
1-5. Com o o pecado anula a fé genuína.
A parcialidade é o pecado de exibir respei
10,11. A razão do juízo. No sistema mo saico, a infração de qualquer trecho da lei
[ 636 1 Tiago
torna o homem transgressor e pecador vadora jamais pode se divorciar das obras, culpado diante de Deus. A lei é como uma que provam a existência da fé. Oferecer a cadeia. A cadeia se rompe quando um dos Deus uma fé apartada de obras é pouco elos é rompido, 11. O homem torna-se pe melhor que a fé de demónios que crêem e cador culpado perante um Deus infinita tremem, mas que não gera boas obras de mente santo, segundo o princípio legal, arrependimento nem virtude, 19,20. quer viole a lei régia do amor, 8,9, quer cometa alguma ofensa menor. A menos 2.21-26. A fé viva prova que o homem tenha fé Salvadora em Cris o homem justo to, ele permanece condenado pela lei, 12. A fé morta não pode salvá-lo. 21-24. O caso de A braão. Tiago apresen 12,13. A razão da misericórdia. O homem ta dois exemplos de fé viva (salvadora) — que tem fé Salvadora não vive debaixo da fé com obras: Abraão, um dos m aiores lei mosaica da condenação, mas debaixo homens de fé na Palavra de Deus, 21-24; e da "lei da liberdade", 12, i.e., do princípio Raabe, a prostituta, 25. Ele assevera que da graça e da misericórdia gratuitas em Abraão foi justificado pelas obras quando Cristo. Portanto, ele deve falar e agir como ofereceu Isaque, 21 (Gn 22.9-12). O fato de aqueles que serão julgados segundo o prin Tiago não contradizer Paulo, que declara cípio da graça, 12. Isso significa, embora que Abraão foi justificado pela fé, indepen ele jamais venha a ser julgado (condena dentemente das obras (Rm 4.2-4), fica cla do) como pecador (Jo 5.24; Rm 8.1), que ro nas considerações seguintes: (1) Tiago será julgado pelas suas obras como cren usa o termo "justificado" no sentido de te (cf. comentário sobre ICo 3.11-15; 9.27; realm ente p ro var-se ou dem onstrar-se 2Co 5.10). Como Deus o tratou com mise justo perante os homens; Paulo usa o termo ricórdia, ele deve também ser misericor no sentido de ser judicialmente declarado dioso ao tratar os outros, 13. justo perante Deus. O raciocínio de Tiago é voltado para o homem; o raciocínio de Paulo, para Deus. (2) Tiago proporciona o 2.14-20. A fé morta é inútil corretivo de uma verdade corrom pida; 14-16. Enunciação e exem plificação do Paulo expõe a própria verdade. (3) A epís princípio. Qual é a vantagem, pergunta Ti tola de Tiago é dirigida aos crentes judeus, ago, de alguém que alega possuir fé sem que se vêem tentados pela tendência de exibir obras? Será que semelhante fé pode substituir a experiência íntima que se ma salvá-lo, 14? Ele combate a tendência ju nifesta em santidade de vida pelo conhe daica (transferida ao cristianismo) de subs cimento intelectual da lei. As epístolas de tituir a prática de santidade de vida pelo Paulo são dirigidas aos gentios perdidos conhecimento sem vida da lei, como se no pecado, sem justiça legal que possam fosse possível, dessa maneira, alcançar oferecer a Deus. (4) A justificação pelas justificação perante Deus (Rm 2.3, 13-23). obras de Tiago não contradiz a justifica A inutilidade da fé morta é ilustrada pelo ção pela fé, pois Abraão exibiu fé (Gn 15.6) caso de um crente na penúria, 15,16. Os bem antes de demonstrar justificação pe outros crentes são especialmente obriga las obras como resultado da oferta de Isa dos a assistir esse irmão, mas não só não que (cf. Gn 22.1-12). o ajudam, como também lhe aconselham, 25-26.» O caso de Raabe. Sua fé salvado inutilmente, a alimentar-se e vestir-se. ra foi provada perante os homens quando 17-20. A inseparabilidade entre fé e obras. ocultou os espiões, mandando-os de volta Declara-se morta a fé quando apartada das por outro caminho, e pendurou o cordão obras, 17. Tiago trata aqui de provar que fé vermelho (Js 2.1-21; Hb 11.31). A analogia e obras são inseparáveis. Ele não questio é dada no versículo 26. Assim como o cor na que a fé é o caminho da salvação, e o po fica sem vida quando o espírito parte único caminho. Mas afirma que essa fé sal na morte, também a fé separada das obras
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é morta (cf. 17-20), revelando-se algo sem vida e inútil, que não pode garantir nossa justiça perante Deus nem dem onstrá-la perante os homens.
prejudicialmente tanto sobre quem fala quanto sobre quem ouve; e sua origem ma ligna — é incitado pela geena, o inferno eter no (Mt 5.22). Diferentemente de qualquer animal, 7, a língua humana é indomável, 8a, um "mal que não se pode conter; está cheia 3.1-5. A fé viva e a de veneno mortal, [causando a morte]", 8b. 9-12. As imprevisíveis incoerências. A lín influência da língua gua é usada tanto para bendizer a Deus, 1,2. Nossa grande responsabilidade por nosso Senhor e Pai, quando para amaldi aquilo que dizem os. A língua exerce gran çoar os homens, que são feitos à sem e de influência para o bem ou para o mal. lhança de Deus, 9 (cf. Gn 1.26; IJo 4.20). Da Por essa razão, Tiago alerta contra a pres mesma boca, procedem bênção e m aldi sa em tornar-se mestre, la, pois o mestre ção. Eis aqui uma flagrante incoerência instrui e influencia profundamente as vi que não deveria existir, 10. Tiago mostra das naquilo que diz. Ele, portanto, deve ser o quanto isso é incoerente com exemplos consciente dessa tremenda responsabili extraídos da natureza. A fonte de água dade, sabendo que "[nós m estres] sere doce não mana a água salobra da fonte mos julgados de forma mais severa" se mineral, nem a figueira dá azeitonas ou a d esem penharm os erron eam en te nossa videira, figos. Nem pode a fonte de água grande obrigação, ou se jogarmos as pes salgada jorrar água doce. Contudo, a lín soas contra Deus e sua Palavra. gua é culpada daquilo que é absolutamen Os pecados da língua são os mais co te contrário à natureza, 12. muns e difíceis de controlar, 2. "Todos tro peçamos" (ptaiomen), no sentido de come ter um deslize verbal, e assim pecamos, 3.13-18. A fé viva e a sabedoria 2a. "Se alguém [o crente] não tropeça no 13-16. Sabedoria terrena. O homem sá falar, esse homem é perfeito" (teleios), es bio (sophia), termo técnico para mestre (cf. piritualmente desenvolvido, 2b, e capaz de v. 1), como também todo crente, precisam controlar seu corpo, assim como um cava decidir que sabedoria controlará sua vida lo é controlado pelo freio. — a terrena, 13-16, ou a celeste, 17,18. A 3-5. A exemplificação do poder da língua. sabedoria terren a não pode g erar um Empregam-se três analogias para ilustrar mestre verdadeiram ente sábio, imbuído que, no mundo natural, pode-se produzir um do conhecimento prudente (epistemon), que grande efeito com uma causa relativamen exibe, pela boa conduta, suas obras com te insignificante: o freio do cavalo, 3; o leme genuína hum ildade, 13. Produz, antes, do navio, 4; e a fagulha que ateia fogo, 5. amarga inveja e egoísta ambição, vanglo riando-se, além de deslealdade à verda de, i.e., à Palavra de Deus, que tem como 3.6-12. A fé viva e a perfídia centro Jesus Cristo, 14 (Jo 14.6; Ef 4.21). da língua Além disso, tal sabedoria não vem de cima, nem é ensinada pelo Espírito Santo 6-8. A natureza indisciplinada. A língua (Jo 16.13). E, sim, terrena, pertencente pu não só é poderosa e influente, mas tam ramente a essa esfera natural terrestre. E bém traiçoeira. Sua perfídia se revela em: sensual ou animalesca (psuchiche), saber seu caráter distintivo de fogo, labareda des do homem natural, irregenerado, pura controlada e devastadora; seu caráter poluimente material (Jd 19), e é demoníaca, ten dor, poluindo ou manchando todo o corpo, do sua origem na atividade satânica, 15 assim como a fumaça deslustra e suja; seu (cf. lTm 4.1-5; IJo 4.1-4). Como consequên caráter corruptor, sendo um "mundo de ini cia, tal sabedoria gera confusão e toda má quidade" no sentido de que ateia fogo a obra, 16 (cf. Gl 5.17-21). todo o mecanismo da existência, reagindo
I 638 1 Tiago
Região do monte Sinai. Podemos nos aproximar de Deus, não como Moisés o fez no monte Sinai, mas através de Cristo.
17,18. Sabedoria celeste. O mestre, bem como todo crente, devem ser regidos pela sabedoria celeste (IC o 2.6,7), de origem divina, literalmente "sabedoria que vem do alto [enfático]". É pura no sentido de ser castamente modesta, livre do pecado do orgulho intelectual, tão característico dos mestres; pacífica, favorecendo a tran quilidade e a concórdia, e não a divisão e a heresia; circu nsp ecta, pacientem ente mansa, tanto que sempre é modestamen te justa e sensata; submissa, sendo flexí vel, tanto que sem pre é maleável a no vas verdades e a luzes mais claras; plena de misericórdia e dos bons frutos do Espírito (Gl 5.22,23); imparcial, manifestando con vicção em questões de verdade; sincera, despida do papel do ator e totalmente li vre de hipocrisia, 7. A sabedoria verdadeira ou celeste, que tem justiça como fruto, semeia em paz porque são os possuido res dessa sabedoria que fazem a paz, 18.
4.1-5. A fé viva e a mundanidade 1-4. A m an ifestação da m un dan id ad e.
Esse pecado, fundado na d escren ça, é
evidenciado por: (1) tensões, que são ge radas pelos prazeres lascivos que se en contram em guerra, qual exército de sol dados, nos membros ou órgãos do corpo físico, 1; (2) descontentamento, 2a, o resul tado de ceder às paixões da carne com seus desejos insaciáveis, a ponto m es mo de com eter homicídio pelo ódio (cf. ljo 3.15); ausência de oração, 2b; (4) oração com motivo errado, 3, pedir somente com vistas à gratificação egoísta e concupis cente; (5) adultério espiritual, 4a, desleal dade ao Senhor; (6) hostilidade contra Deus — amor (philia) pelo sistema mundial sa tânico é hostilidade contra Deus. Aquele que escolhe ser amigo do mundo constitui-se inimigo do Senhor. 5. A cura da m undanidade. A cura é a submissão ao Espírito Santo que reside no corpó remido de cada crente (ICo 6.19), perm itindo que ele controle toda a sua vida. "Ou pensais ser sem motivo que a Escritura diz: "O Espírito que ele fez habi tar [por nosso bem -estar espiritual] em nós tem muito ciúm e?" A dinâmica do Espírito na vida é a cura certa da munda nidade do crente.
Tiago l 639 1
4.6-10. A fé viva e a humildade 6. A fonte da hum ildade. Deus é a fonte dessa graça que é m aior que qualquer coisa que o mundo pode dar. 7-10. O cam inho da hum ildade é sub meter-se a Deus, 7a; resistir ao Dfabo, 7b; aproximar-se de Deus, 8a; apartar-se do mal, 8b; arrepender-se em submissa con trição, 9; humilhar-se, 10 — assim Deus concederá a graça da humildade, e de pois o exaltará.
4.11,12. A fé viva e a maledicência l ia . A injunção é parar de falar negli gentemente contra outros crentes, em um espirito de crítica (cf. cap. 3). Tal prática não é resultado da fé viva. Ub,12. A razão da injunção. Essa male dicência é pecaminosa porque não só vai contra os irmãos cristãos, 11a, mas contra a lei. Faz daquele que a profere juiz autonomeado da lei. Somente Deus é legisla dor e juiz, com prerrogativa de julgar os outros. Ele tem autoridade para salvar e para destruir, 12, O homem que julga seu próximo não tem tal autoridade e, por isso, viola a lei quando usurpa essa autoridade.
5.1-6. A fé viva exercida em meio à perseguição 1-3. Prevê-se o destino dos opressores.
Essas pessoas ricas e opressoras represen tam os impenitentes. Eles perseguem os verdadeiros crentes ("irmãos", 7), vitiman do-os pelo pecado da secularidade, que foi denunciado em 4.13-17. Eles e os crentes serão acareados pela vinda do Senhor, 7-9, que corrigirá todos os erros e julgará toda injustiça (cf. Ap 19.11-16). Os opressores enfrentarão o juízo nos últimos dias, 3, i.e., no final desta era atual (IJo 2.18). 4-6. A denúncia dos crimes dos opresso res. A opressão dos pobres piedosos che
gou aos ouvidos do "Senhor dos exércitos" ("Senhor de Saboath"), ou Senhor TodoPoderoso. Essa expressão, comum nos pro fetas, é um título profético de Cristo em seu papel de futuro conquistador e restaura dor da justiça sobre a terra. O mesmo espí rito que levou esses homens ímpios a cru cificar o justo os leva também a perseguir os justos, que a ele pertencem, 6. Portanto, juízo deles é certo (cf. v. 3).
5.7-11. A fé viva exercida pela paciência sob perseguição
7-9. O fundam ento da paciência. Repare a exortação dupla, e, portanto, enfática, 1 3 .0 espírito da secularidade. Denuncia-da exortação: "sede pacientes"; "Sede [...] pacientes", 7,8. Por quê? Porque essa tole se a atenção suprema e quase exclusiva às rância paciente e longânime certamente coisas desta vida, com pouco ou nenhum receberá sua recom pensa na parúsia, a pensamento em Deus. Tal secularidade é presença pessoal ou vinda do Senhor. A resultado da falta de fé viva. certeza dessa recompensa é ilustrada pelo 14-17. A insen satez da secularidade. A lavrador que aguarda o precioso fruto da secularidade é insensata, porque: (1) é terra, esperando pacientem ente que o presunçosa e fundada na ignorância do solo receba as chuvas primeiras (outubrofuturo — "não sabeis o que acontecerá janeiro) e últimas (fevereiro-março). Tia no dia de amanhã", 14a; (2) é uma viola go refere-se à vinda do Senhor como "pró ção do significado da vida, ou seja, servir xim a", em que o grego expressa tempo a Deus, não ao ego, 14i>; (3) esquece a presente e um estad o estabelecido, de brevidade e a incerteza da vida, 14c; (4) modo que o evento é sempre iminente, 8, esquece Deus e sua vontade, 15; (5) é cul estando o juiz (o Cristo que volta) às por pada de arrogância e orgulho, 16; (6) é tas (cf. Mt 24.33). Ele julgará todos os er pecaminosa. "Portanto, aquele que sabe ros, corrigirá todas as desigualdades; as que deve fazer o bem [colocar Deus em sim os crentes não devem tentar fazer o primeiro lugar na vida] e não o faz, come que é prerrogativa exclusiva do Senhor, 9. te pecado", 17.
4.13-17. A fé viva e a secularidade
[ 640 1 Tiago
10,11. Exem plos encorajadores de paci ência. Tiago cita o caso dos profetas do a t ,
que foram intensamente perseguidos e, portanto, excepcionalmente abençoados, 10,1 lfl. O caso de Jó é o exemplo clássico do propósito de Deus nas provações e afli ções de seu povo e da firme resistência do homem, 11 b.
5.12. A fé viva exercitada ao se evitar o juramento 12a. O alerta. "Sobretudo" não jurem (Mt 5.34, 37), pois jurar ou amaldiçoar ma nifesta impaciência ou orgulho, estranhos à mansa resistência demandada há pouco. Que seu "sim " seja "sim ", e seu "n ão", "não", evitando os juramentos. Na conver sa cotidiana, a simples afirmação ou nega ção deve ser considerada suficiente para estabelecer a palavra do crente, e isso re sulta em uma reputação de honestidade.
Cura divina 1. Será que Deus ainda cura hoje? Cla ro que ainda hoje ele pode curar e, de fato, cura, mas nem sempre. 2. Deus é completamente livre para curar ou não, segundo sua vontade (cf. IJo 5.13-15). 3. A vontade e o plano de Deus podem exigir a enfermidade física para pôr à pro va, fortalecer ou castigar os seus (ICo 11.3032; 2Co 12.7-10). Um crente pleno do Espíri to pode ser testado assim. 4. O método divino é o princípio do má ximo benefício para o crente. 16.
Exortação à perseverança na oração.
"Portanto, confessai vossos pecados uns aos outros [caso tenhais ofendido alguém] e orai uns pelos outros para serdes cura dos" (de enfermidades do corpo). O poder da oração é, evidentemente, condicionado pela comunhão do crente com o Senhor e com os outros crentes. Cumprida essa con 12b. A razão do alerta. dição, a oração perseverante feita por um "justo", pessoa aceita por Deus com base 5.13-18. A fé viva exercitada em sua fé em Cristo, é poderosa e eficaz. em oração 17,18. O exem plo. Elias orou assim, sen 13. Exortação aos sofredores. A aflição do homem de natureza semelhante à nos sa, 17a. Ele orou "com insistência" ('orou ou calamidade de qualquer espécie deve com uma oração', hebraísmo que signifi levar o santo sofredor à oração, enquanto ca 'orou intensamente'; cf. lRs 17.1); ele aqueles que se mostram alegres ou exul orou eficazmente, com a glória de Deus tantes devem entoar salmos de louvor, em mente, pedindo a seca como castigo como Paulo e Silas fizeram na prisão filipara o pecado da nação (lR s 19.10). Sua pense (At 16.25). 14,15. Instruções aos fisicam ente doen oração também foi atendida quando pe diu o fim da seca, 18 (lRs 18.42-45). tes. Essa passagem trata daquilo que comumente se chama de cura divina. O cren te doente deveria chamar os presbíteros da congregação, nunca apenas um só pres bítero. O uso do óleo para ungir o doente era uma prática judia comum, conforme mostra o Talmude, costume judeu que os discípulos do Senhor adotaram (Mc 6.13). Todavia, a ênfase não está no óleo, mas na "oração da fé", que salva o enfermo. Tal oração é divinamente concedida e age quando é da vontade de Deus curar. O castigo, a provação e outros fatores condicionam a cura divina da enfermidade de um cris tão (cf. ICo 11.30-32; 2Co 12.7-9; lTm 5.23; 2Tm 4.20).
5.19,20. A fé viva exercida por um testemunho diligente 19. A necessidade de testemunhar. Reve la-se a bênção que é chamar de volta um irmão perdido, que se desviou da verdade do evangelho e de seus preceitos. Aquele que traz de volta à verdade esse irmão exe cuta um serviço útil, a Deus e à igreja. 20. Os frutos do testemunho são duplos: (1) a salvação do irmão pecador da morte física (ICo 11.30) e (2) o encobrimento de seus numerosos pecados, sendo tais peca dos cobertos diante de Deus (ou perdoa dos) pela obra consumada de Cristo na cruz.
1 Pedro Vivendo sob a luz da glória futura A u to ria. 0 fato de a epístola ter sido escrita pelo apóstolo Pedro é indicado pela íntima familiaridade que o autor exibe com a vida de Cristo e seus ensinamentos (cf. 5.5 com Jo 13.3-5; 5.2 com Jo 21.15-17). Ele amplia os sofrimentos de Cristo como testemunha
ocular (5.1; cf. 3.18; 4.1) e retrata a pessoa de Cristo em relação a esses sofrimentos (2.19-24; cf. 4.13). Há também uma notável semelhança entre os discursos de Pedro, em Atos, e suas palavras na epístola (At 2.32-36; 10.34, 41 com 1Pe 1.21; At 4.10,11 com 1Pe 2.7,8;
At 10.34 com 1Pe 1.17). A autoria de Pedro foi universalmente reconhecida pela igreja primitiva. Policarpo cita 1.8; 2.11; 3.9 em sua Epístola aos Filipenses. Ireneu a cita nominalmente em Contra as heresias (iv.9; iv. 16, 5; V.7,2).
Ruína^ria entrada de úmá Ç W sinag&íja em Sardes, na Hf j - Ásia Menor. -Essa"'6pístola ^ ^ S L j d e Pedro foi escrita para os . . , íi c , judeus-convertidos que estavarrudispersos por ^jg já i« -;,».todo imp^rlõ romano.
[ 642 1 1Pedro
M otivo e data. A epístola é predominantemente, se não inteiramente, dirigida aos crentes judeus (mas cf. 4.3-5). Foi escrita, quem sabe, já em 65 d.C., pois a carta revela o conhecimento não só de epístolas bem antigas, como Tiago, ITessalonicenses e Romanos, mas também parece estar familiarizada com as posteriores epístolas da prisão, de Paulo (Colossenses, Efésios e Filipenses). A data, logicamente, depende da época do martírio de Pedro, que Eusébio situa no décimo terceiro ano de Nero, 67-68 d.C. Tema. O assunto da epístola é o "sofrimento", sendo usadas sete palavras diferentes para exprimir essa idéia na carta. A esperança em meio ao sofrimento é engendrada pela perspectiva de uma futura herança (1.4,5) e da vinda do Supremo Pastor (5.4). O sofrimento tem um propósito (1.6,7; 2.19,20; 3.14; 4.14). Deve ser esperado (4.12), não temido (3.14); suportado pacientemente (2.23; 3.9); e recebido com alegria (4.13). Os sofrimentos de Cristo são apresentados (1.11; 2.21; 5.1) como exemplo para o crente (2.21; 4.12). O sofrimento, com frequência, é vontade de Deus (4.19). Últim os anos e ministério de Pedro. Em Pentecostes a pregação de Pedro abriu a oportunidade do evangelho aos judeus (At 2.14-41).
Mais tarde, no templo, ele e João curaram o coxo (At 3.110), e ele, logo depois, pregou sobre o tema do futuro cumprimento das alianças de Israel (3.11-26). Espalhou-se a notícia do seu destacado ministério e mensagem, e ele, ao lado de João, foi preso e julgado perante o Sinédrio (At 4.122). Como líder da igreja de Jerusalém, a responsabilidade de tratar do caso de Ananias e Safira recaiu sobre seus ombros (At 5.1-11). Pedro, juntamente com outros apóstolos, foi novamente perseguido e encarcerado pelos líderes judeus, seguindo-se um período de poder espetacular na igreja primitiva (5.12-41). Pedro foi o instrumento escolhido (Mt 16.16-18) para estender o evangelho aos samaritanos (At 8.14-25) e, mais tarde, aos gentios (At 10— 11). O desejo de aplacar os judeus levou Herodes Agripa i a matar Tiago, irmão de João, e a encarcerar Pedro, entre 41 e 44 d.C., durante seu reinado sobre a Judéia (At 12.1-17). Depois de sua miraculosa soltura, e depois da primeira viagem missionária de Paulo, Pedro assumiu uma função de liderança no primeiro concilio da igreja, em Jerusalém (At 15.7-11; Gl 2.6-10). Em Antioquia ele foi repreendido por Paulo* por, hipocritamente, ter se afastado dos crentes gentios (Gl 2.11-14). Ele viajou bastante, muitas vezes com sua mulher (1Co 9.5), aparentemente visitando a Ásia Menor, em especial o
Ponto, a Capadócia e a Bitínia, regiões que Paulo não visitou. O martírio de Pedro é sugerido em João 21.18,19. A tradição de que Pedro foi o fundador da igreja em Roma e seu primeiro bispo carece de prova histórica. A Bíblia não sugere nada disso. De fato, não há prova histórica de que Pedro sequer tenha estado em Roma, embora os historiado res admitam a possibilidade de que ele tenha ido para lá já bem perto do fim de sua vida. Nesse caso, foi, prova velmente, martirizado ali. A trad ição do Quo Vadis apresenta Pedro fugindo de Roma para evitar o martírio. Na via Ápia, ele encontra Jesus e pergunta: "Quo vadis?" ("Para onde está indo?''). Jesus responde que está voltando à cidade para ser crucificado. Absolutamente envergonhado pela própria covardia, Pedro volta para ser crucificado de cabeça para baixo, considerando-se indigno de ser crucificado como o fora seu Senhor.
Esboço 1 . 1 - 2 5 Sofrimento presente e herança futura
O sofrimento cristão em face da paixão de Cristo
2 .1 — 4 .6
O sofrimento cristão em face do advento de Cristo
4 . 7 — 5 .1 4
1Pedro [ 643 l
1.1-5 Encorajados para o sofrimento 1-4. Um fundamento para a coragem. Os forasteiros (tem porariam ente estrangei ros) da dispersão eram os judeus crentes (peregrinos espirituais) espalhados por to das as províncias romanas da Asiá Menor. Esses crentes eram muitas vezes sujeitos a severa perseguição por parte dos judeus incrédulos. A riqueza espiritual deles lhes proporcionava um fundamento para a co ragem em meio às provações. Tal funda mento abarcava: (1) a eleição, 2, pois Deus os havia soberanamente escolhido para sua própria possessão; (2) a santificação pelo Espírito Santo, 2, dando ao crente a santa posição de estar separado para Deus, re sultado da aspersão do sangue de Jesus Cristo, que deve gerar “obediência"; (3) o novo nascimento, 3, resultado da abundante misericórdia de Deus; e (4) a futura glorifi cação e herança, 3,4. Essa viva esperança é imperecível; não está sujeita à decadência; está inviolavelmente intacta; guardada no céu, ou, conforme a melhor tradução, a "he rança que não perece, não se contamina nem se altera, reservada nos céus [arma zenada como penhor] para vós". 5. Posição atual dos sofredores. Mais en corajamento se dá pela lembrança de que esses crentes estavam "protegidos pelo poder de Deus", no sentido de que eram continuamente guardados como se guar necidos com um contingente militar e as sim mantidos em um estado de seguran ça. A resposta deles deveria ser "mediante a fé" na provisão que Deus lhes fizera. A plena revelação dessa salvação aguarda o "último tempo", i.e., a vinda do Senhor.
1.6-9. Testados para o sofrimento 6. A atitude correta diante do sofrimento.
O sofrimento deve ser suportado com alegria, 6a. A palavra "exultais" é forte, i.e., 'nisso sejais exuberantemente alegres'. A salva ção é algo tão vitalmente presente que pro voca exultante alegria, apesar das prova ções atuais. Além disso, o sofrimento deve ser encarado como passageiro, 6b, "por pouco de tempo", visto na perspectiva mais am
pla da glória vindoura. A dor auto-infligida, alheia à vontade de Deus, jamais é virtuo sa (cf. 2Tm 3.12). Pode-se esperar que o sofrimento advindo da vontade de Deus seja, ocasionalmente, severo e variado, 6c. 7-9. O propósito do sofrim ento. A meta de Deus no sofrimento é que a fé do cren te seja provada genuína, 7b; que essa fé ge nuína resulte em "louvor, glória e honra" a Cris to na sua revelação (segunda vinda), 7c; que o crente veja o grande valor exterior de sua fé — "mais preciosa do que o ouro", 7a; que o crente cresça no amor ao Senhor, assim conhecendo a Deus como fonte de pleno re gozijo, 8. Como resultado de sua genuína fé em Cristo, o crente recebe a salvação de sua alma, uma presente realidade, 9.
1.10-12. Salvação e sofrimento 10,11. A busca dos profetas. Os profetas do a t ficaram intrigados com o plano de salvação que foi sugerido em seus dizeres proféticos a respeito da graça de Deus, 10. Essa graça seria exibida nos sofrimentos vicários do rei-Messias, 11, algo que era um mistério para os judeus. Os leitores dessa epístola, com seu passado judaico, foram levados de volta à questão do sofrimento por essa referência aos sofrim entos de Cristo. A graça de Deus implicava os sofri mentos de Cristo para garantir a salvação. Do mesmo modo, a graça do Senhor pode implicar sofrimento para aqueles que pos suem sua salvação. 12. Os benfeitores da m ensagem profé tica. Revelou-se aos profetas que sua men
sagem e ministério eram dirigidos a uma era futura (a nossa). O maravilhoso evan gelho da graça de Deus aos pecadores foi predito pelos profetas do a t , que não con seguiram compreender suas verdades; ele foi pregado pelos apóstolos do n t , plenos do Espírito, e, para os anjos, ele é grande mente prodigioso.
1.13-21. 0 santo viver e o sofrimento 13-17. Exortação ao santo viver. Essa tão grande salvação, 10-12, demanda uma ati
[ 644 1 1Pedro
tude definitiva de separação do pecado. Tal santidade de vida implica atenção mental ("com o entendimento pronto para entrar em ação"), 13a; sobriedade ou seriedade, 13b; madura paciência em face da bênção futura, 13c; obediência, 14a; inconformida de às antigas paixões, 14b; semelhança em conduta à santidade do próprio Deus, 15,16 (cf. Lv 11.44,45); reconhecimento da justiça de Deus em meio à perseguição, 17a; e con duta determinada por piedoso temor, 17b. 18-21. A razão do v iv er san to. Nossa grande redenção é o fundamento essen cial da vida santa. O apóstolo, novamen te, lembra a seus leitores sua grandeza, referindo-se a: (1) ao infinito custo e valor, 18,19; (2) a eficiência no resgate do crente da religião legalista vazia e da mera pie dade humana, 18b; (3) o Redentor, Cristo, cujo sangue é "precioso" (infinitamente valio so e inestimavelmente caro) por ser ele "sem mancha" no caráter e "sem defeito" pela ausência de contato com os homens;
assim ele pôde redimir, 19, e sua obra re dentora figurava no plano e propósito eter nos de Deus, 20, sendo sua eficácia selada pela ressurreição e subsequente glória de Cristo, 21b; (4) a concessão ao homem por meio da fé em Cristo, 21a, de modo totalmente independente de mérito humano.
1.22-25. Regeneração e conduta 22. A responsabilidade da regeneração.
O novo nascimento, 23a, deve se manifes tar na transformação do caráter. Os desti natários dessa epístola haviam já realiza do a purificação da alma, executada pela resposta obediente à verdade do evange lho. Isso havia resultado em amor — ge nuinamente sincero e totalmente livre de hipocrisia — pelos outros crentes. Agora eles eram exortados a continuar a prática desse mesmo princípio, como prova de seu novo nascimento. Tal amor deve ser "de todo coração", em uma atitude genu ína e permanente — e "não fingido" (ektenos, 'com íntima sinceridade'). 23-25. O m eio da regeneração. O "nas cer de novo" (Jo 3.1-5), ou seja, receber de Deus vida e nascimento espiritual, reside na autoridade e no testemunho da Pala vra de Deus. Essa Palavra é imperecível, viva e eterna, permanecendo além de todo fenómeno natural (Is 40.6-8). Perceber seu caráter dá certeza ao crente, 25b.
2.1-3. 0 crescimento e o sofrimento do crente 1. Separação do mal. Suportar com êxi to as provações da vida, descritas com tanto destaque nessa epístola, é possível somente no caso dos crentes espiritual mente maduros. Assim, o crescimento cris tão exige uma resposta negativa e outra positiva do crente. N egativam ente, ele deve exibir uma distinta separação do mal, 1, elim inando perm anentem ente "tod a maldade" (má índole), "todo engano", "fin gim ento" (atos insinceros com vistas a efeito exterior), "inveja" e "toda difama ção". Essas máculas violam o princípio do amor que deve caracterizar o com porta mento dos regenerados (1.22).
1Pedro [ 645 ]
2,3. D esejo pela Palavra de Deus. Positi sa bondade de Deus ao chamar os homens vamente, o crente deve exibir um intenso perdidos nas trevas espirituais à sua "ma apetite pela Palavra de Deus, 2. Ela é o ravilhosa" luz, % . A luz da redenção deve alimento que torna possíveis o crescimento brilhar naqueles que são assim iluminados. e o desenvolvimento. O crescimento é a resposta antecipada àqueles quç prova 2.11-20. Peregrinação e ram a graça de Deus, 3.
sofrimento do crente
2.4-10. Identidade espiritual — incentivo no sofrimento 4-8. Identidade com Cristo. O apóstolo agora dá a seus leitores judeus a garantia de que, embora talvez venham a ser rele gados ao ostracismo pelo mundo e pelos judeus descrentes, estão, de um modo pes soal e íntimo, gloriosamente identificados com seu Senhor e sua igreja. O símile de um edifício é usado para descrever esse relaci onamento. Cristo é a eleita e preciosa pedra viva, 4. Os crentes, possuindo a vida de Cris to, são pedras vivas que constituem uma casa espiritual (que contrasta com o templo terreno) de sacerdotes que oferecem sacri fícios espirituais a Deus, 5. Sua superiorida de à ordem da antiga aliança é óbvia. Jesus Cristo é a pedra angular, a pedra fundamen tal, desse edifício feito de pedras vivas (a igreja), 6,7. Ele é superlativamente precioso para os crentes, 7a, mas "pedra de tropeço e rocha que causa a queda" para os judeus que o rejeitaram, 7b,8. (Cf. Is 28.16; At 4.11). Isso, sem dúvida, explica por que muitos crentes judeus sofreram por amor dele. 9,10. Identidade com o povo de Deus. A
identificação com Cristo também leva a pes soa a um relacionamento vivo com toda a comunidade dos crentes. Pedro se refere a essa comunidade como "geração eleita [es colhida]", "sacerdócio real" (sacerdotes da re aleza diretamente ligados ao rei, com aces so imediato a Deus por meio dele), "nação santa" (nação santificada, separada em Cris to para Deus, como Israel deveria ter sido mas jamais o foi), "povo de propriedade exclusi va de Deus". "Não éreis povo [...] [pois] não tínheis alcançado misericórdia" se refere a sua antiga condição de afastamento de Deus na morta religiosidade do judaísmo. A responsabilidade daqueles que possu em tal relacionamento é declarar a gracio
11 a. Descrição do caráter do peregrino. Em uma definição tríplice, Pedro descreve os crentes judeus como: (1) "amados", demons trando seu amor por eles; (2) "peregrinos" (paroikous, 'residentes temporários') na terra, que têm o céu como verdadeiro lar; e "es trangeiros" ( n v i , "peregrinos", parapidemous, 'residentes em um país que não é o seu'). llb-18. A determ inação da conduta do peregrino. Impõe-se a abstenção de "dese jos carnais", 11 b (cf. Gl 5.19-21), pois estes lutam contra a alma regenerada, opondose aos seus elevados esforços (Rm 8.13). Os estrangeiros, ou peregrinos, devem manter "correto [...] procedimento entre os genti os", entre os quais esses crentes judeus es tavam dispersos, para que os impenitentes glorificassem a Deus pelas obras do povo de Deus no "dia da visitação", o dia da vinda de Cristo para o juízo, 12. Espera-se tam bém dos estrangeiros, ou peregrinos: sub missão ao governo civil constituído, 13,14 (cf. Rm 13.1, 7); boa defesa contra aqueles que erroneamente os acusam, 15; o exercício da liberdade que tem o povo de Deus na sub missão à soberania divina, sem usar tal li berdade como pretexto para o mal, 16; hon rar todos os homens, 17; amar os outros crentes; reverenciar a Deus; honrar o rei; obedecer aos mestres, 18 (Ef 6.5). 19,20. Conduta e sofrim ento do peregri no. Manter uma boa consciência diante de
Deus como peregrino muitas vezes exige suportar a dor que resulta do injusto so frer, 19. Esse tipo de sofrimento é "digno de louvor diante de Deus", 20.
2.21-25. 0 sofrimento do crente e o exemplo de Cristo 21a. O chamado do crente ao sofrimen to. Sofrer justamente é parte inerente da
vocação cristã.
[ 646 ] 1Pedro
21b-25. 0 exemplo do sofrimento de Cris to. Os crentes são chamados a sofrer no mesmo espírito de plácida fé e de pacien te resistência que Cristo exibiu. Ele nos deixou um exemplo a imitar, um parâme tro a nos guiar, desejando que seus remi dos seguissem "[de perto] os seus pas sos", 21b. Cristo era absolutamente livre de pecado e engano, 22 (Is 53.9), e, no en tanto, sofreu, e isso com calma confiança e paciente tolerância, 23 (Is 53.7; Mt 26.5968; Jo 18.19-23). Longe de sofrer por ter praticado o mal, seu sofrimento até a mor te vicariamente redimiu a nós, pecadores, fazendo dele muito mais que um simples exemplo. Ele, único capaz e disposto a fazê-lo, carregou em sacrifício e ofereceu nossos pecados em seu corpo sobre a cruz, 24a, proporcionando-nos não só redenção do castigo do pecado, mas também liber tação do poder do pecado, para que pu déssemos viver em justiça, 24b (Rm 6.1-11; 8.3-5). Assim, seus sofrimentos até a mor te nos trouxeram cura espiritual, 24c, e res tauração espiritual, 25.
3.1-7. 0 parâmetro de Deus para esposas e maridos 1-6. P arâm etro para as esposas. As es posas devem se subm eter a seus m ari dos, para que um marido descrente seja conquistado para Cristo pela conduta pie dosa de sua esposa, 1,2. Ela deve ser exte riormente pura na vida, reverente em sua atitude em relação ao marido, modesta no vestir, 2,3, e, no íntimo, espiritualmente adornada "com o incorruptível e imorredouro encanto de um espírito m anso e tranquilo, que é inestim ável diante de Deus" (segundo tradução literal do gre go), 4. De acordo com os exemplos do a t , especialmente Sara (Gn 18.12), ela deve ser uma mulher de fé e adorno íntimo e ter submissão, obediência e coragem, 5,6. 7. Parâm etro para os m aridos. Os mari dos devem viver com suas esposas com a compreensão do que significa o casamen to. Devem, deliberadamente, honrar a mu lher como o sexo fisicamente mais fraco, reconhecendo que ambos são igualmente
0 Coliseu, em Roma. Quando Pedro fala da "Babilónia" provavelmente está se referindo a Roma.
1Pedro I 647 I
herdeiros da graciosa dádiva divina de vida, física e espiritual. Deve prevalecer a tranquilidade no lar, para que as orações não sejam perturbadas; assim eles pode rão desfrutar das bênçãos da fé em união.
3.8-12. 0 sofrimento do crente e o viver harmonioso 8-11. Exigências para um viver harm oni oso. Para que os crentes vivam em har
monia, especialmente debaixo de prova ções, precisam ter pensam entos semelhantes em relação à fé, sendo soli dários uns aos outros, fraternais, compas sivamente ternos (Ef 4.32), de espírito hu m ilde, 8; não vin g ativo s para com os outros, mas benéficos, para que assim pos sam receber as bênçãos, 9 (SI 34.12-15). 12. Razão do viver harm onioso. Usando as palavras do salmista em Salmos 34.15,16, o apóstolo assegura os crentes de que eles são objeto do gracioso zelo do Senhor, e não reféns inimigos. Viver harm oniosa mente no sofrimento pode atrair a cruelda de dos inimigos, mas também atrai aten ção especial do Senhor.
3.13-17. Conservando uma boa consciência no sofrimento 13-15. O cam inho da boa consciência. A consciência de uma pessoa pode ser con siderada boa quando livre de ofensa con tra Deus e contra o homem (At 24.16; lTm 1.5), ou má quando está poluída (lTm 4.2; Tt 1.15; Hb 10.22). Conservar uma boa cons ciência implica: (1) integridade, 13; (2) ati tude correta diante do sofrer pela justiça, 14a; (3) enfrentar a perseguição destemi damente, 14b; (4) dar a Deus o lugar corre to em sua vida, 15a, pois Cristo deve ser adorado como Senhor antes que a consci ência possa se esvaziar de ofensa contra Deus; (5) manter um testemunho apropri ado perante os homens, 15b.
3.18-22. 0 exemplo que Cristo deixou de triunfo e de encorajamento 1 8 .0 triunfo de Cristo sobre o sofrimen to. O exemplo de Cristo favorece a paciên
cia no sofrimento, pois ele mesmo preferiu não se eximir do sofrimento. Se ele não se eximiu do sofrimento, tampouco da própria morte, por que os crentes deveriam espe rar evitá-lo? Ele não tinha pecado; nós so mos pecadores. Ele veio para expiar o pe cado e nos reconciliar com D eus; nós simplesmente devemos ser testados e cor rigidos. Ele entraria na glória; nós logo o seguiremos. 19,20. O encorajam ento de Cristo no so frim ento. Os crentes judeus a quem Pedro
escreveu estavam praticam ente m ergu lhados no mundo pagão que os cercava. Ele os encoraja, pela lembrança do minis tério de Cristo à geração anterior ao dilú vio até chegar a Noé. Esse ministério foi operado pelo mesmo Espírito, 18 (Rm 8.11), que realizou a ressurreição de Jesus, 19a. Era um ministério pregador, que Cristo re alizou por ação especial (Gn 11.5; Mq 1.3), pregando aos "espíritos em prisão" (gr.), aqueles que eram pecadores na carne nos tempos de Noé. Cristo, pelo seu Espírito (Gn 6.3), pregou a eles por meio de Noé. O pe cado deles era a desobediência (eram re beldes e irredutivelmente descrentes), sen do o crime deles agravado pela longânime paciência divina durante os cento e vinte anos em que a arca foi construída, 20. Essa rebeldia resultou no afogamento do corpo deles e no lançamento do espírito deles na prisão (chamada Tartarus, 2Pe 2.4,5; Jó 1.6; ver comentários sobre Gn 6.1-6), 19. 21,22. O triunfo de C risto ao op erar a salvação. Os sofrimentos de Cristo resul
taram em nossa salvação. Isso torna nos so sofrimento não só tolerável, mas glori oso. O símile exterior dessa salvação é o batismo pela água. A arca nas águas do 1 6 ,1 7 .0 resultado da boa consciência. A dilúvio é o tipo; nossa salvação em Cristo (a verdadeira Arca), o antítipo. A água sim boa consciência envergonha todos os per plesmente isolou os justos do pecado e seguidores, 16a; propicia a boa conduta, dos pecadores daquela época. Só a arca 16b; e dá ao crente perseguido a convic salvou. Assim é o batismo para os salvos, ção do valor de sofrer pela justiça, 17.
[ 648 ] 1Pedro
mas ele mesmo não pode salvar, exceto como símile dos candidatos salvos sendo isolados dos pecadores e da condenação destes. Só Cristo salva, e isso em virtude de sua ressurreição (Rm 4.25), 21c. Nenhum rito exterior pode salvar — ele "não é a remoção da impureza da carne", 21b, "mas a promessa de uma boa consciência para com Deus" — a remoção da consciência do pecado pelo sangue de Cristo (cf. Hb 9.14).
4.1-6. 0 sofrimento e o exemplo de Cristo de um viver vitorioso 1,2. O fundam ento do viver vitorioso.
Assim como Pedro havia anteriormente usado o exemplo de Cristo para fortalecer a paciência no sofrimento, também agora o emprega para exortar a morte do peca do. O crente deve armar-se, como um sol dado colocando sua arm ad u ra, com o "mesm o pensam ento" (e propósito) de Cristo — dispondo-se a morrer para não pecar (cf. Fp 2.5-8), 1. Assim como a morte
física livra o homem do pecado, também aquele que se identifica com o sofrimento redentor de Cristo deve contar com esse evento, não mais respondendo às fortes paixões pecaminosas dos homens enquan to vive na terra, mas respondendo à von tade de Deus para sua vida, 2. 3-6. O argum ento contra a vida de peca do. O apóstolo contrasta a vida lasciva dos
gentios com a vida vivida segundo a von tade de Deus (cf. v. 2). Esse viver pecami noso grassou antes da conversão e não deve receber nova oportunidade, 3a. Seis pecados são relacionados, 3b, caracterís ticos dos irregenerados. Os crentes, em função de sua vida transformada, trazem condenação aos ímpios, fazendo com que os cristãos sejam difamados pela sua pu reza de vida, 4. Contudo, os descrentes certamente sofrerão o juízo de Deus, tan to nesta vida (os "vivos") quanto no vin douro juízo final do grande trono branco (os "mortos", Ap 20.11-15), 5. Como os ho mens irregenerados terão de enfrentar o
O Asclépio, em Pérgamo, local onde se praticava o culto a Asclépio.
1Pedra [ 649 ]
juízo de Deus, a boa nova (o evangelho) é pregada, mesmo àqueles que hoje estão m ortos. Se o homem crê no evangelho, mesmo que seja julgado nesta vida segun do o juízo dos homens, vive espiritualmen te segundo a vontade de Deus, 6. ♦
4.7-11. 0 juízo e o serviço em meio ao sofrimento 7. Vivendo em face do juízo vindouro. A afirmação de Pedro — "Mas já está próxi mo o fim [consumação] de todas as coisas" (cf. Tg 5.8,9) — ainda tem em mente a ques tão do juízo (cf. 5,6). Em face dessa proximi dade, os crentes são exortados a ter "bom senso" e estar "alertas em oração". 8-11. Servindo no espírito do amor. So bressai a injunção de ter "profundo amor de uns para com os outros", pois o amor cobre a multidão dos pecados, 8. A falta de amor propaga e descobre esses pecados, em de trimento da obra de Deus. Pedro fala sim plesmente de um amoroso espírito de per dão versus um desamoroso espírito de crítica, e não da expiação dos pecados. Ele também aconselha a prática da hospitalidade sem murmuração, 9, e o uso dos dons espirituais (cf. ICo 12.8-12) para o bem-estar uns dos outros, 10 (cf. Rm 12.6,8; lTm 6.17,18). Esse serviço deve carregar as marcas da autori dade de Deus e da humildade, 11. A meta de todo serviço é glorificar a Deus, 11c.
4.12-19. A volta do Senhor e as provações 12-14. A fonte de coragem nas p rova ções. A atitude correta diante das prova
ções, e a compreensão de seu propósito e benefícios para o cristão, incute coragem. E preciso contar com as provações, e não encará-las como algo incomum na vida do crente, pois são permitidas para testar a genuinidade da sua fé, 12. Pedro aconse lha o contínuo alegrar-se em meio à pro vação, pois o crente, assim, entra em co munhão com Cristo em seu sofrimento, 13a, e, em sua revelação (vinda), terá mo tivo para alegria ainda maior, 13b. As pro vações atuais trazem especial felicidade
ou bênção, pois o Espírito de Deus, desse modo, realiza a unção espiritual e dá tes temunho da glória de Deus, 14. 15-19. A coragem para as provações e o dever cristão. A responsabilidade do cren
te é evitar o sofrimento que vem como con sequência do pecado, 15. Além disso, ele não deve se envergonhar de sofrer como "cristão", alcunha desdenhosa criada pe los gentios de Antioquia (At 11.26: 26.28). Ao sofrer pela justiça, ele honra o nome "cristão" (crente e seguidor de Jesus Cris to, o Messias), e assim glorifica a Deus, 16. O cristão deve perceber que o julga mento de suas obras na volta do Senhor é iminente, 17 (cf. ICo 3.11-15; 4.1-6; 2Co 5.10), e se ele, membro da família de Deus, está sujeito a julgamento, os ímpios podem es perar juízo ainda mais severo. Só lhes res ta a perdição como herança, pois não co nhecem Cristo e são irremediavelmente pecadores, 18. O apóstolo resume essa seção afirmando que o sofrimento deve ser bem-vindo quando for "segundo a von tade de D eus", e os sofredores devem devotar a alma ao Criador fiel, que os fez e que pode certam ente cuidar deles no sofrimento, levando-os através das pro vações até sua glória, 19.
5.1-5. A volta do Senhor e o dever cotidiano 1-4. O dever dos presbíteros. Os presbí teros (ou bispos, evidentemente o mesmo posto) são exortados a apascentar o reba nho de Deus, assumindo a responsabilida de de supervisionar o "rebanho de Deus" (a comunidade dos crentes) voluntaria mente, e não por obrigação, e de bom gra do, sem ser motivados por pensamentos de (vil) ganho pessoal, 1,2. Eles devem dar o exemplo para o rebanho, sem exercer domínio autocrático sobre aqueles que estão sob sua jurisdição, 3. A recompensa para o pastoreio fiel será a "imperecível coroa da glória" quando Cristo, o Supre mo Pastor, voltar para os seus (cf. ICo 3.11 15; 2Co 5.10), 4. 5. O d ever dos joven s. Os jovens de vem se submeter aos presbíteros (1-4), e
I 650 1 1Pedro
todos os membros do rebanho devem se revestir de humildade uns para com os outros (Pv 3.34; 18.12; Tg 4.6).
5.6-11. A volta do Senhor e a maturidade cristã
chamou o crente para sua eterna glória em Cristo, 10b, assegurando-lhe perfeição definitiva; porque seu propósito ao permi tir o sofrimento é aperfeiçoar o cristão, para "firmar, fortalecer e alicerçar" o cren te, 10c. A reação do crente em tudo isso deve ser o perpétuo reconhecimento da glória e do domínio de Deus, 11.
6-9. Cultivando a m aturidade. Isso im plica um espírito de contínua submissão a Deus, 6,7, e uma atitude de contínua resis 5.12-14. Saudação final tência a Satanás, 8,9. Com respeito a Deus, os crentes devem: humilhar-se em plena 12. T estem u n h o p e sso a l. O apóstolo submissão "sob a poderosa mão de pontilhou toda a epístola de exortações e Deus", 6a, independentemente do que de sinceras explanações; agora Pedro acres bom ou de ruim isso signifique no sofri centa um testemunho pessoal: "escrevo mento presente (cf. Is 57.15); confiar que Deus de forma abreviada, exortando e testemu o exaltará no momento certo, 6b; entregar a nhando que esta é a verdadeira graça de Deus", ele todas as suas preocupações, 7a, certos de 12. Pedro escreveu com inequívoca auto que ele cuida dos seus, 7b (SI 55.22). ridade, pois ele mesmo era brilhante tro Com respeito a Satanás, os crentes de féu da graça de Deus. Silvano (gr. Silvavem ser sóbrios (sérios) e alertas, pois seu nus) era um dos companheiros de Paulo adversário, o Diabo, ronda "rugindo como (At 15.22, 40). leão" em busca de alguém para devorar, 8. 13,14. Saudações finais. "Aquela que [...] Os crentes precisam ser firmes na fé para está na Babilónia" provavelmente não é resistir-lhe, que a eles resiste (cf. Zc 3.1; uma ilusão simbólica, à cidade de Roma, Ap 12.10). Pois o crente deve perceber que mas à igreja (2Jo 1) dos conversos judeus seu encorajamento é um sinal do favor de em Babilónia, às margens do Eufrates (At Deus, e não desfavor, já que Satanás tem 2.9), centro do qual se propagou a disper permissão para assombrá-lo como o fez são asiática dos judeus. Lá havia uma gran com Jó. Todos os crentes têm o mesmo con de comunidade judaica na era apostólica, flito no mundo (onde Satanás age), 9. segundo Filo e Josefo. Marcos é João Mar 10,11. Vivendo a m aturidade. Isso é pos cos (cf. Cl 4.10; 2Tm 4.11). O "beijo santo", sível: porque "o Deus de toda a graça" nos 14, foi estranham ente abandonado pela trata com benevolência, 10fl; porque ele maioria dos cristãos (Rm 16.16; cf. At 20.37).
2Pedro Crescendo na graça Autoria.
Por causa de certa diferença de estilo entre 1 e
aparen tem ente, é improvável. É bem pouco provável que um falsificador
2Pedro, alguns dos primeiros pais, além de certo número de
que escrevesse a bem da verdade, para alertar contra falsos méstres,: fosse ele mesmo um enganador. Por outro lado, não há motivo evidente para uma autoria pseudonímica. A epístola é ortodoxa, sem expor nenhum
reformadores e críticos modernos, questionaram a autoria petrina de 2Pedro. A epístola só foi reconhecida largamente com o escrito autêntico do apóstolo Pedro no tempo de Orígenes (c. 250 d.C.). Todavia, os indícios parecem sustentar que foi de fato escrita pelo apóstolo (1.1). A falta de reconhecimento da igreja primitiva e o consequente desdém do público cristão são explicados pela brevidade da carta, pela sua natureza genérica (não é endereçada a nenhum a pessoa nem igreja específica), e pelo fato de conter pouco material novo. Alguns : , . chegaram a dehtínrár qim-.D . -nome
Simão
Pedro ( X J X é
»«affra jijalsjficação ou , „ irJe rp o lá çg ^ Sg .jT SaM »F| saçâcí carece carec de apoio' e, •m 9
favor da genuinidade de 2Pedro. Judas, aparentem ente, alude a 2 Pedro (cf. 2.6— 3.3; Jd 4-16).
Motivo e data.
Segunda
,
Pedro foi evidentem ente escrita para as mesmas pessoas que 1Pedro, a saber, os cristãos judeus (ver com entário sobre 1Pe 1.1). Foi ap aren tem ente escrita depois de 1Pedro e antes de Judas, pois o desvio doutrinário que descreve não está tão plenam ente desenvolvido como em Judas. A data é provavelm ente 66 ou 67 d.C.
novo ensinamento. Nada traz de novo sobre Pedro, ao contrário dos espúrios Evangelho de Pedro e Apocalipse de Pedro. As alusões autobiográficas são fiéis aos fatos (cf. as referências à transfiguração, 1.16-18, e ao martírio de Pedro, 1.12-14, essa última escrita antes de Jo 21.18,19,
Esboço 1 O segredo do crescimento cristão
2 O antídoto do erro 3 A chave da certeza do futuro
que a prevê). A sinceridade cristãro zelo apostólico e o i/aior gertel da epistola, ao . çqntráçio; dçs~ p i e d ^ s ,sern-r|j| valor ,cfeque1es, q y e ; 3 - *■ 1 de urfiij; =;.! isioft;, 6'V,í.T-.., ■ ,p; áH :=.
S
1 Pedro e 2Pedro em contraste 1 Pedro Ênfase no sofrimento
2Pedro Falso ensinamento e falsos mestres
Os sofrimentos de Cristo
A glória futura
Título redentor — Cristo
Título de soberania — Senhor
C onsolação Esperança para enfrentar o. juízo Sete palavras diferentes expressam "so frim e n to ", e o tem a é recorrente
Alerta Pleno conhecim ento para en frentar o erro A palavra "co n h e ce r" e suas cognatas ocorrem treze vezes: 1.2, 3, 5, 6, 8, 12, 14, 20; 2.9, 20, 21 (duas vezes); 17, 18
Reza a tradiçao que Pedro foi sepultado na área sobre a qua! foi construída a basílica de Sáo Pedro, jja Cidade do
[ 652 1 2Pedro
1.1-4. A base do crescimento cristão
"empregando todo o vosso esforço" deve mos cooperar com ele. Isso implica asso ciar "a virtude à vossa fé [ponto de partida 1,2. A fé comum dos crentes. Simão é a de todo conhecimento e crescimento espi forma grega do hebraico Sim'on ("au d i ritual], e o conhecimento à virtude [da ver ção") (At 15.14; cf. Mt 16.16-18), e identifica dade e vontade de Deus], e o domínio pró Pedro como cristão judeu, 1. O uso desse prio ao conhecimento, e a perseverança nome antigo concorda com o propósito ao domínio próprio, e a piedade [devoção dessa segunda carta, que pretende aler a Deus em comunhão e serviço, de modo tar contra o surgimento de falsos mestres que a perseverança não seja mero estoi pelo testemunho de testemunhas ocula cismo, mas o jorro da vida de Deus que res originais e apostólicas, combatendo o habita em nós] à perseverança, e a frater erro dos falsos mestres com o pleno co nidade à piedade, e o amor à fraternida nhecimento de Cristo, 2. de". O amor coroa a corrente de graças, O apóstolo dirige-se àqueles que rece como em Colossenses 3.14, e abrange to beram "fé igualmente preciosa", ou seja, das elas, sendo o símbolo da maturidade uma fé igualmente preciosa a todos os espiritual (cf. ICo 13). crentes. Essa fé, base do desenvolvimen 8,9. A resultante m anifestação de m atu to e do crescimento cristão, é obtida ou ridade espiritual. Essa maturidade se reve recebida de Deus, e não é realização hu la nos frutos, 8, e protege o crente da mio mana. Fundamenta-se na justiça de Deus pia (ou cegueira) espiritual (myopadzon, pela obra redentora de Cristo (cf. ICo 3.11). visão embaçada, que só enxerga de bem Os crentes podem multiplicar (aumentar) perto), 9. A pessoa míope esqueceu que a "graça" e a "paz" pelo "conhecimento foi purgada dos seus pecados (purificada de Deus e de Jesus nosso Senhor", 2. para sempre, no momento da regenera 3,4. A capacitação espiritual dos crentes. ção, Jo 13.10; Hb 10.2). Facilitando o crescimento cristão, essa ca pacitação consiste em: (1) "seu divino po 1.10-15. A consumação der" (a dinâmica do Espírito Santo), infun do crescimento cristão dindo em nós tudo o que é necessário para a realização da vida e da piedade, 3a; (2) 10. Assegurando nossa vocação e eleição. "conhecimento daquele que nos chamou", "Portanto [por causa do perigo de recair na 3b — conhecimento (epignosis) pleno, pes miopia espiritual, 9], esforçai-vos cada vez soal e preciso de Cristo, possibilitado pelo mais por firmar vosso chamado e eleição; ministério de ensino do Espírito (Jo 16.13porque, fazendo isso, não tropeçareis ja 15); (3) a Palavra de Deus, 4a — pois rece mais." Embora a eleição deles fosse segu bemos promessas infinitamente valiosas e ra do ponto de vista divino, sendo resultado sublimemente excelentes; (4) uma nova da escolha soberana de Deus e baseada na natureza, 4b, o privilégio de participar [koieficácia da consumada redenção de Cristo, nonoi, "companheiros"] "da natureza divi os crentes devem empregar seus recursos na" (Jo 3.1-5); (5) capacidade e meios para espirituais, 5-7, para manifestar maturida viver de um modo santo, 4 b, a fim de esca de, 8,9, a fim de tomar sua vocação e elei par [por meio dos recursos precedentes] à ção certas diante dos homens. O resultado "corrupção que há no mundo". será que* "não tropeçareis jamais", portan to, jamais falhando na vida cristã, 10i>. (Ver comentários sobre Ef 1.1-6.) 1.5-9. 0 caminho do 11-15. Entrando no reino eterno. Os cren crescimento cristão tes entram espiritualm ente no reino de 5-7. Aplicação da capacitação espiritual. Deus, onde nascem de novo (Jo 3.5). A en "Por isso mesmo", por causa da capacita trada mencionada aqui é, de fato, a entra ção espiritual que Deus nos confiou, 3,4, da no reino eterno de nosso Senhor e Sal
2Pedro [ 653 ]
vador Jesus Cristo, quando da ressurrei ção do corpo e sua consequente glorifica ção (lTs 4.13-17; ljo 3.1-3; Fp 3.20,21). A obra da graça nesta vida deve ser coroada com a recompensa da graça na vida futura. Esse glorioso futuro exige constante lembrança, a fim de estimular o povo de Deus, 12,13. A "verdade" a que Pedro se refere é a verdade do evangelho então presente, anteriorm ente prom etida aos santos do a t , e agora, nos tempos do n t , de fato presente junto aos crentes como rea lidade efetiva. Além disso, o apóstolo con sidera urgente seu ministério de lembrar o povo, em vista de sua morte iminente, 14. Como consequência dessa responsa bilidade, ele assegura seus leitores de que depois de sua morte seus escritos servi rão para lembrar as verdades do evange lho que ele lhes ensinou, 15.
se provou inspirada pelo cumprimento, 19a ("Assim, temos ainda mais firme a pala vra profética [as Escrituras do a t ] " , sendo essa atestada e comprovada pelo cumpri mento de profecias no n t . A s Escrituras proféticas devem ser diligentemente ou vidas no nosso íntimo, 19b. A estrela da alva é Cristo em sua vinda para os seus (Jo 14.1-3; ICo 15.51; lTs 4.13-18). As Escri turas têm também origem divina, pois são divinamente inspiradas, 20,21. Uma tradu ção ampliada do texto grego daria: "Pois não foi pela vontade do homem (enfático) que qualquer profecia nos foi revelada, mas, ao contrário, hom ens sustentados pela ação do Espírito Santo falaram da parte de Deus [enfático]", 21.
1.16-21. Crescimento cristão e autoridade bíblica
1. A a tiv id a d e . Em contraste com os v erd ad eiros profetas que falavam por Deus, Pedro se refere à oposição dos fal sos profetas (Mt 24.5; lTm 4.1; Jd 4). Eles, furtiva e deliberadamente, expõem here sias destrutivas, negando, até mesmo, o próprio Senhor que os resgatou, i.e., pos sibilitou sua salvação. 2,3. A in flu ên cia. A influência desses falsos profetas é revelada pela sua popu laridade ("muitos seguirão sua vida de li bertinagem"), 2a; pela oposição aparentemen te bem-sucedida à v erd ade, 2b; e pela exploração financeira das suas vítimas ("Mo vidos pela ganância, também vos explo rarão com suas artim anhas" — plastois, "form adas" ou "inventadas" para enga nar, "fabricadas" como falsificação), 3a.
16-18. A autoridade do testemunho apos tólico. O próprio Pedro remete os crentes à
efetiva autoridade da Palavra de Deus, de clarando que o testemunho inspirado dos apóstolos descarta o engano e o logro ("não seguimos fábulas engenhosas ", i.e., mitos criados pela sabedoria humana, e não pela inspiração do Espírito Santo, cf. ICo 3.13), 16a. Além disso, o testemunho apostólico abarca a revelação do poder e da vinda de Cristo, compreendendo a prova das tes temunhas oculares, 166 (Mt 17.1,5). Ter visto o Cristo ressuscitado era pré-requisito do apostolado (At 1.21,22). No monte da transfi guração, Pedro foi testemunha ocular "da sua majestade" (no gr., há ênfase). A trans figuração foi uma miniatura da segunda vin da (ver comentários sobre Mt 17.1-8; Mc 9.210; Lc 9.27-36). Pedro também ouviu a voz da "glória majestosa" (Deus) quando ele, ao lado de Tiago e João, estava no "monte santo", 17,18. 19-21. A autoridade da palavra escrita.
Essa é hoje a autoridade única e plenamente suficiente da fé e da prática. A Palavra es crita não só contém e preserva a autorida de do testemunho apostólico (16-18), mas
2.1-3a. Falsos mestres — seu surgimento
2.36-9. Falsos mestres —■ sua condenação 3b. Declara-se seu certo juízo. A segura ruína desses falsos mestres é enfatizada pela seguinte vívida personificação: "Sua condenação desde há muito tempo [nos desígnios e planos de Deus, Jd 4] não tar da, e a sua destruição não está inerte". 4-8. E xem p lifica-se sua segura ruína. A primeira ilustraçãom é a dos anjos caídos,
[ 654 1 2Pedro
4. Esses, ev id en tem en te, eram os do tempo do Dilúvio, que tomaram para si mulheres m ortais, corrom pendo a raça e violando a ordem divina da existência (Gn 6.1-6; Jd 6). Seu destino foi o encarce ramento em "abismos de trevas". O se gundo exemplo é o do mundo antigo, 5. Só Noé e sua família foram salvos (Gn 6.1 — 8.22). O terceiro exemplo é o de Sodoma e Gomorra, 6-8, em que o justo Ló foi poupa do (Gn 19.1-29; Jd 7). 9. Enuncia-se o princípio divino. Ao Se nhor não faltam meios de resgatar os pie dosos da tentação (p rov ação ), nem de manter os injustos sob castigo.
2.10-16. Falsos mestres — sua presunção e avareza 10-12. A especificação do pecado da pre sunção. Esses mestres ímpios, reservados
sob castigo, 9, são especialmente dados à sensualidade, entregando a carne (a corrupta natureza pecaminosa) às paixões da degra dação moral, 10rt. São dados à iniquidade, desprezando a autoridade — especialmen te a de Deus e sua Palavra, 10b. Esses dois pecados, porém, aparentemente provêm do mesmo pecado básico da presunção, 10c-12. Como são presunçosos (gr. "ousados") e obstinados, buscando gratificar-se a si mes mos em teimosa pertinácia, não temem fa lar mal de majestades angélicas (a ordem dos anjos). Por outro lado, os "anjos, embo ra maiores em força e poder [do que esses iníquos seres humanos], não pronunciam contra eles [os falsos mestres] acusações difamatórias diante do Senhor", 11. Tal pre sunção leva esses falsos mestres a difamar aquilo que eles desconhecem, 12a. 12b,13a. O castigo do pecado. Eles serão "destruídos", sendo que o termo grego expressa 'corrupção' e 'arruinação', 12b. A recompensa deles será a retribuição dos injustos, 13a. 13b, 14. A deform idade m oral. O amor dos falsos mestres ao prazer da luxúria leva a vidas viciadas em orgia, 13b,14a. Eles são manchas e máculas morais, vergonha para a sociedade, vivendo em baderna e orgia, e banqueteando enganosam ente
com os crentes nos seus banquetes car nais. Seu caráter mercenário se revela por terem "coração exercitado na ganância". 15,16. A exem plificação de seu caráter m ercenário. Tendo abandonado o reto ca
minho da obediência ao Senhor, eles se transviaram, seguindo o caminho de Balaão — o curso da fácil conformidade ao mundo, tomado por esse profeta m erce nário que só vivia ávido por mercadejar seu dom espiritual. Eles são como Balaão, "que amou o prémio da injustiça" e se dis pôs, a soldo de Balaque, a amaldiçoar Is rael, povo que Deus abençoara. Falhando sua estratégia, dispôs-se a atrair Israel à idolatria e à luxúria carnal a fim de alcan çar lucro material. Uma jumenta, muda, falou com voz de homem para repreen der a insensatez do profeta (Nm 22.21-31). Que contraste — um animal mudo censu rando um profeta inspirado!
2.17,18. Falsos mestres — e o intelectualismo vazio 17. Eles são destituídos do Espírito de D eus. Várias metáforas demonstram essa
vacuidade: (1) poços (fontes ou nascentes) sem água, em que a água é o símbolo da vida eterna dada pelo Espírito (Jo 4.14; 7.3739); (2) névoas impelidas por temporal, inalteravelmente instáveis em questões espi rituais; (3) "para os quais está reservada a escuridão das trevas", ou seja, estão fa dados à ignorância espiritual. 18. Estão enredados no intelectualism o v a z io . Esses mestres do erro empregam
linguagem arrogante com o intuito de ilu dir. Recorrem aos vis desejos da carne, por meio dos quais enganam jovens con versos, aqueles que mal escaparam dos que vivem no mundo ímpio.
2.19-22. Falsos mestres — e a servidão ao pecado 19,20a. A promessa vazia de liberdade.
Essa promessa nada vale, pois eles mes mos se acham escravizados pelo pecado, 19a. São escravos comuns (douloi) da de pravação moral e, assim, impotentes para
2Pedro I 655 ]
Monte Hermom, ao norte de Israel. Pedro menciona sua presença no episódio da transfiguração, que provavelmente ocorreu no alto desse monte.
ajudar os outros. Tendo rejeitado a verda de do evangelho, espezinharam a única fonte de liberdade verdadeira (Jo 8.32; Gl 5.1, 13; Rm 6.12-22). A liberdade que ofere cem é espúria. Não é libertação do pecado, mas promessa de liberdade de todo jugo, como se o serviço de Deus não fosse liber dade perfeita. Tal promessa atrai os que m eram ente professam a fé, 20, aqueles que, em sua conduta exterior, escaparam à corrupção do mundo por causa do medo, mas, irregenerados, ainda anseiam as an tigas paixões. 20b-22. A m iséria de suas vítim as. Mo ralistas iluminados, mas impenitentes, os seguidores desses falsos mestres evitam, pelo menos, os pecados mais óbvios, mas, ao rejeitar a luz de Cristo, ficam expostos a trevas m aiores e a pecados mais pro fundos (Fp 3.18,19). Havendo enjeitado o "santo mandamento que lhes havia sido dado" (negando-se a se arrepender peran te Deus e a praticar a fé em Cristo), são como o cão que voltou ao seu próprio vó mito (Pv 26.11), e como a porca que, de pois de banhar-se, volta a chafurdar no lamaçal, 22. O banho do suíno sugere a mera reforma exterior.
3.1*7. Os escarnecedores dos últimos dias e a segunda vinda 1-3. O alerta sobre os escarnecedores.
Pedro se refere a sua "segunda epístola", que chamamos 2Pedro, na qual novamen te busca estimular espiritualmente seus leitores, lembrando-lhes as "palavras ditas anteriormente pelos santos profetas [do a t ], e do mandamento do Senhor e Salvador, dado por meio de vossos apóstolos". (Cf. Mt 24.11; 2Tm 3.1-9; ljo 4.1-6.) Seu propósi to, ao escrever a carta, era alertá-los do perigo dos escarnecedores dos últim os dias, zombadores e debochados que riem ou fazem piada de qualquer coisa (Jd 18). 4-7. A natureza de seu escárnio. Esses zombadores escarnecerão da verdade da se gunda vinda, 4a. Depois de todos esses sé culos, a vinda de Cristo ainda não ocorreu e eles debocham dizendo: "Onde está a pro messa da sua vinda?". Questionam, de for ma ousada, a confiabilidade da Palavra de Deus, que traz essa verdade inscrita nas páginas das profecias do at como também do n t . Além do mais, abraçam a ordem na tural dos eventos, e não o catastrofismo so brenatural, 4b, supondo que o mundo natu
[ 656 1 2Pedno
ral permanece "como desde o princípio da criação". A dedução é esta: todas as coisas sempre continuarão assim. Tal suposição é refutada pela história bíblica, 5,6, e pela profecia bíblica, 7. A restauração da terra (Gn 1.1-31), o dilúvio de Noé, 6, e a vindoura catástrofe pelo fogo, que renovará a terra, 7, exibem a verdade da Palavra de Deus diante da ale gação do escarnecedor, 4.
nam amplos motivos para o viver piedo so. Tal piedade será exibida pela constan te expectativa e desejo da chegada do "dia de Deus", 12a. Esse "dia" é o evento final do tempo, quando a morte, o pecado e o inferno serão completamente vencidos, e Cristo entregará o reino mediatário ao Pai (ICo 15.24-28; Ap 20 .7 -2 2 .2 1 ). 12b, 13. A gloriosa expectativa. Esse even to esperado colocará ponto final na zomba ria de todos os escarnecedores (v. 4). Pro 3.8-10. A paciência de Deus metido pela própria Palavra de Deus, 13a, e e o dia do Senhor esperado na fé, 13b, ele implica um universo 8,9. O tempo de Deus. O apóstolo passa limpo do pecado, 13c (Is 65.17; 66.22; Rm 8.21; a responder aos escarnecedores, salientan Ap 21.1,27). Assim como o dilúvio de Noé do que Deus, para dar cumprimento a seus gerou uma terra renovada, purgada de pe desígnios, não age constrangido pelos nos cadores, também o batismo de fogo purifi sos limitados conceitos de tempo. Ele cita cará a terra para a habitação do homem Salmos 90.4 para mostrar que Deus age na plenamente libertado da maldição; e, desse eternidade, e não está confinado a limita modo, a justiça novamente habitará o mun ções de tempo, como o homem, 8. Deus, do, 13d. Os céus serão purgados de Satanás porém, jamais se atrasa, 9. Ele não "retar e suas forças demoníacas (Ef 6.10-12; Ap 20.1da", i.e., nâo atrasa no sentido de ser inde 3,10), e a terra, dos homens ímpios (Ap 20.11ciso ou lento para cumprir suas promessas, 15). O lago de fogo será o lugar do eterno como alguns homens, guiados pelo raciocí confinamento de todo o mal, para que so nio natural, encaram a questão. Ao contrá mente os justos preencham o universo na rio, "ele é paciente convosco e não quer eternidade (Ap 20.10; 21.1-4,8). que ninguém pereça, mas que todos ve nham a se arrepender" (Mt 20.28; lTm 2.4; 3.14-18. A esperança do crente cf. Gn 6.3; IPe 3.20). 10. A certeza do dia do Senhor. Pedro e seu crescimento na graça faz uma nova revelação a respeito do dia 1 4 -1 7 .0 incentivo ao crescimento. A per do Senhor, que se associa ao cataclismo cepção dessa esperança (de novos céus e pelo fogo (cf. v. 7). A profecia do at clara nova terra na qual habitarão os justos) é mente associa esse dia ao juízo, à segun mais um estímulo à vida santa, 14. Entre da vinda, e ao subsequente reinado do mentes, o crente deve compreender que Messias (Is 2.6-22; 4.1-6; cf. Ap 4.19, etc.). a longanimidade de nosso Senhor tem por Essa nova revelação gira em torno da con meta a salvação dos pecadores, 15a. Pe sumação desse dia, sua apoteótica catás dro refere-se à enunciação dessas verda trofe final na destruição da terra em um des nas epístolas de Paulo, 15b-16, afirma banho de fogo, como foi antes destruída ção que autentica as cartas paulinas como por um banho diluviano no tempo de Noé. inspiradas por Deus. Pedro conclui aler O tremendo calor gerado realizará a mu tando que o erro precisa ser evitado, 17. dança sugerida por Pedro, um evento que 18. A exortação ao crescim ento. Os cren pode ser visualizado mais ou menos de tes são exortados a continuar crescendo forma clara nessa era atómica. "na graça" (gr.) — o método divino não só de salvar os hom ens, mas de fazê-los 3.11-13. Conduta atual amadurecer — e "na graça e no conheci e estado eterno mento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo", a dupla esfera do verdadeiro cres 11,12a. O estímulo ao santo viver. Os vin cimento espiritual. douros juízos do dia do Senhor proporcio
1João Comunhão de pais e filhos A u to r. O autor é o
apóstolo João, que também escreveu o quarto evangelho. Esse fato é demonstrado por evidências internas como o vocabulário semelhante no evangelho e na epístola. Tanto um como outro contém expressões como luz, novo
mandamento, obras do Diabo, tirar o pecado, vida eterna, amor, permanecer, dar a própria vida, Espírito Santo, Salvador do mundo, nascido de Deus. Ambos também têm o mesmo estilo hebraico, simples e direto, empregando tipos semelhantes de paralelismo e construção de frases. A autoria joanina é também atestada por evidências externas, ao mesmo tempo antigas e sólidas. Policarpo, Papias, Ireneu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Cipriano, o fragmento de Muratori, o Peshito siríaco, Origenes, Dionísio de Alexandria e Eusébio — todos emprestam seu testemunho à autenticidade da epístola e da autoria joanina.
§11
M o tiv o e data. A epístola foi escrita por volta de 85-90 d.C., aparentemente em Éfeso, onde Ireneu relata que João morou durante a parte posterior de sua vida, e de onde parece ter supervisionado igrejas vizinhas (cf. Ap 2— 3). Deduzimos, de Ireneu, que foi motivada pela invasão de erros diversos. Um deles estava ligado à frouxidão moral e aos nicolaítas, que Ireneu associa tenuemente a Nicolau (At 6.5; cf.
Ap 2.14,15). O outro era um erro relativo à pessoa e à obra de Cristo, atribuído a Cerinto, que ensinou uma forma de gnosticismo.
Esboço 1— 3 A comunhão familiar e o Pai 4— 5 A comunhão familiar e o mundo
Comparação entre ênfases de João e Paulo Jo ão
Paulo
R e g e n e ra ç ã o
Justificação
F ilia çã o na fa m ília
Associação ao corpo
Pecad o co m o o fe n sa de um filh o
Pecado como indigno da posição em Cristo
N ossa rela çã o ín tim a d e filh o s d o Pai
Nossa posição pública de filhos
[ 658 ] 1João
Revelações arqueológicas
1.5-10. As condições da comunhão
5-8. A ndar na luz. Essa caminhada de comunhão "na luz" (metáfora da vida) de pende de o crente ter um conceito correto de Deus, i.e., de que "Deus é luz" (Jo 3.20,21; lTm 6.16), 5. Ele é absoluta santidade, sem vestígio de mal — "nem mesmo um til de treva" (segundo tradução literal do grego). O que a luz representa para o mundo natu ral, Deus representa para o mundo espiri tual. Outras exigências para andar em co munhão são: levar uma vida separada do pecado, 6; reclamar o poder purificador do sacrifício de Cristo para purgar os pecados diários da corrupção, 7; e reconhecer a presença da antiga natureza, 8, para que os crentes não se de sencaminhem, obscurecendo a luz por cau sa da auto-ilusão. O apóstolo afirma: "Se dissermos que temos comunhão com ele e 1.1-4. 0 fundamento da comunhão andarmos nas trevas, mentimos e não pra 1,2. A en carn ação e a vid a etern a. O ticamos a verdade". apóstolo João apresenta sua autoridade Toda condição citada acima é revelada como testemunha ocular do fato central pela mensagem apostólica, 5a. Essa Pala do evangelho, a saber, a encarnação do vra precisa ser crida para que o crente aja Eterno Verbo Vivo (Jo 1.1, 14; Pv 8.23). segundo ela, e assim ande "na luz". Ele particularmente se refere às evidên 9,10. C onfessar os pecados. A confissão cias que os sentidos fornecem para com dos pecados a Deus traz perdão e purifi provar a verdadeira humanidade de Cris cação. Isso implica uma admissão franca to, o Verbo Vivo, refu tan d o assim a e aberta de nossos pecados conhecidos, afirmação gnóstica de que Cristo não era 10, percebendo que eles têm origem na verdadeiramente humano. O "Verbo da antiga natureza pecam inosa que ainda vida", 1, é referência a Cristo como aque está em nós (v. 8), e percebendo também le que veio para dar vida eterna aos pe que eles impedem nossa comunhão com cadores mortos no pecado (Jo 3.16). Ele um Deus infinitamente santo. Na verda era eternam ente coexistente com o Pai, deira confissão, o reconhecimento deve 2, e m anifestou-se aos hom ens na en vir acompanhado do arrependimento — carnação (Jo 1.1,2). afastar-se do pecado e voltar-se ao sacri 3,4. A encarnação e a comunhão. O propó fício de Cristo como meio de purificação sito da encarnação foi dar "vida", que cons da corrupção. Deus promete, em respos titui a base, ou pré-requisito necessário, da ta a essa confissão e por meio do sangue comunhão entre os pecadores regenerados de Cristo (v. 7), apagar esses pecados que e Deus Pai e Deus Filho. A meta de João ao impedem nossa comunhão, pois ele car escrever, como também dos outros apósto regou nofesos pecados em sua obra reden los, era que seus leitores cristãos pudessem tora — pecados passados, presentes e fu ter comunhão (koinonia, sociedade na parti turos (Rm 3.4, 25,26; 2Co 5.21; IJo 5.10), 9. cipação comum de uma experiência) com A confissão pessoal envolve o reconhe eles no partilhar de um contato íntimo e da cimento de que pecamos em pensamentos, comunhão com Deus, 3, que por sua vez tra palavras e atos. Não admitir isso faz de Deus ria alegria "completa", 4. A comunhão com um mentiroso, pois sua Palavra afirma cla o Pai e o Filho traz essa alegria! ramente que o homem pecou. A vida de vitó
João e a Comunidade de Qumran. Du rante muito tempo foi popular a idéia de que os escritos de João traíam influência da filosofia grega (o "logos", etc.) e que isso indicava uma data tardia para es ses escritos. As descobertas de Qumran, porém , m udaram rad icalm en te essa análise. As sem elhanças entre os escri tos de João e aqueles en con trad os em Qumran demonstram que o pensam en to joanino é totalmente judaico. Dualismos como "luz" e "trevas" são proem i nentes em am bos, em bora João difira bastante em sua aplicação, já que repe le o dualismo.
1João [ 659 I
ria e comunhão só é possível quando o peca do é admitido, confessado e abandonado.
2.1,2. Cristo, o advogado e a comunhão 1. Cristo, atuando com o advogado, m an tem a com unhão voltada para Deus. O após
tolo explica a seus leitores que aquilo que foi dito no capítulo precedente sobre o pe cado e seu perdão, o foi "para que não pequeis" de modo nenhum! Ele agora pas sa a explicar a natureza do remédio do pecado quando o crente, pela fraqueza, comete um ato pecaminoso, pois a antiga natureza pode perm anecer ativa, a m e nos que seja continuamente tida por mor ta (Rm 6.6). Esse remédio se baseia na obra de um advogado continuamente presente, que não é outro senão Jesus Cristo, o justo. O advogado é aquele que é chamado a servir de auxiliador. A advocacia, portanto, é o tra balho de nosso Senhor no céu, desempe nhado perante o trono do Pai, pelo qual ele representa os santos pecadores na terra e os restaura à comunhão com o Pai com base em seu sacrifício eternamente eficaz (SI 23.3; Jo 13.10). Ele defende a causa do crente con tra Satanás, o "acusador de nossos irmãos" (Ap 12.10). E porque nosso Senhor é justo que ele pode advogar junto ao Pai justo. 2. A eficácia de C risto como advogado.
Cristo é de fato o advogado plenamente suficiente porque ele mesmo (intensivo gr.) é a "propiciação pelos nossos pecados". Propiciação significa expiação, e Cristo é a expiação de nossos pecados. Seu sacri fício redentor constituiu a expiação que Deus exigia pelo pecado e ele foi suficien te para os pecados de todo o mundo, de toda a raça humana (possibilitando a sal vação de todos). Deus Pai não interrompe a comunhão com o crente pecador, pois Cristo, o advogado, defende a expiação de seu sacrifício como suficiente para o pecado de todos os crentes.
2.3-6. Obediência e comunhão 3-5. A certeza de estar em com unhão. O
crente pode saber que está em comunhão,
ou ter certeza dela, pela prova da obedi ência, 3-5. O conhecimento de Cristo está inseparavelm ente ligado à obediência e ao amor a ele, 5b. 6. O dever do crente que afirma estar em comunhão. O cristão está obrigado a ("deve")
imitar Cristo em sua caminhada (humildade e sacrifício de si mesmo) se afirma que "está nele". E possível definir permanecer usando a explicação de João em 3.24: comunhão habi tual mantida pela contínua obediência a seus mandamentos. "Como" ou "da mesma ma neira que" (segundo tradução literal do gre go) indica que a imitação de Cristo deve ser exata e fiel ao modelo.
2.7-11. Amor fraternal e comunhão 7,8. Am or, a expressão da com unhão.
Esse ingrediente indispensável à com u nhão, em certo sentido, não implica novo mandamento, 7. É aquele que temos des de o início (Lv 19.18; Dt 6.5; Mt 22.37-40; Mc 12.28-31; 2Jo 5). No entanto, em outro sentido, realmente implica um novo man d am en to, 8. Jesus tam bém o cham ou "novo" e lhe deu novo motivo: "que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei" (Jo 13.34,35; 15.12). Era uma dinâmi ca nova e vívida, pois se realizava em Cris to, e se realiza também no crente quando ele anda como Cristo andou, 8b. 9-11. Ó dio, a negação da comunhão. O
ódio destrói a comunhão, pois pertence ao reino espiritual das trevas, onde a comu nhão com o Deus da luz é impossível, 9. O amor, por outro lado, pertence ao reino da luz, onde prospera a comunhão com Deus e com os irmãos, 10. O cristão amoroso não dá motivo para que seu irmão trope ce por causa dele. O ódio não só mata a comunhão, mas gera ignorância e ceguei ra espiritual, 11.
2.12-14. Maturidade espiritual e comunhão 12. A fam ília do Pai. Os destinatários dessa carta de João eram todos filhos de Deus. Ele os descreve como "filhinhos" (teknia, "nascidos de novo"), cujos peca
[ 660 I 1João
(paidia, "crian ças"), são espiritualm ente não desenvolvidos. Embora alguns sejam imaturos, todos os crentes fazem parte da família de Deus e o conhecem como Pai e 13,14. Comunhão e crescim ento cristão. Cristo, Aquele que perdoa os pecados, 12. Aqueles que se desenvolvem espiritual O necessário é que todos cresçam para mente e desfrutam do pleno privilégio da possuir os plenos privilégios da comunhão. comunhão são descritos nesses versícu los como os mais maduros dos bebês. Os 2.15-17. 0 perigo da secularidade maduros, "pais", caracterizam-se por um e a comunhão conhecim ento exp eriente de C risto — "aquele que é desde o princípio" (Jo 1.1, 15 a. A lerta sobre o perigo. Esse alerta 14). Esse conhecimento é empírico e resul está expresso em uma ordem dupla: (1) tado de íntima comunhão com o Pai e o "Não ameis o mundo" (kosmos), o sistema Filho. Os "jovens", aqueles que crescem mundial no qual Satanás organizou a hu em m aturidade, são elogiados porque, manidade caída segundo seus princípios veementemente, superam o maligno (Sa de oposição a Deus, com orgulho, egoís tanás), resultado de estar forte espiritual mo e ambição (Mt 4.8,9; Ef 2.2; 6.12); (2) mente e de ter em si permanentemente a "nem o que nele há", como riqueza, prapalavra de Deus. Os imaturos, "filhinhos" zeres e honras. E inútil dizer que não ama mos o mundo se, no entanto, amamos o que ele oferece. A impressionante restauração da Biblioteca 15b-17. A razão do alerta. (1) O amor de Celso, em Éfeso. A primeira epístola de pelo mundo exclui o amor a Deus, 15b,16. João provavelmente foi escrita nessa cidade. "Se alguém persevera no amor do mun do, o amor do Pai não está nele!" (segun do tradução literal do grego). Tão contrá rio é o mundo iníquo a tudo o que Deus é que é impossível amar os dois ao mesmo tempo. O "m undo" abarca o "desejo da carne", o agudo desejo do homem irregenerado concentrado em si mesmo, e opos to a Deus (cf. Rm 7.18); o "desejo dos olhos", os ardentes apetites que se apoderam de nosso corpo, alma e espírito por meio dos sentidos (2Sm 11.2; Js 7.21; SI 119.37); o "or gulho dos bens", i.e., a vangloriosa exibi ção do ímpio viver. Assim, o mundo iníquo está em completa oposição ao nosso Deus infinitamente santo, 16b. (2) O mundo é passageiro e im permanente, 17a. Agora mesmo está fluindo, em um estado de tran sição como em um desfile, e logo terá de saparecido, juntamente com "seu desejo". Mas aquele que faz a vontade de Deus está destinado à permanência, 17b. "Mas aquele que faz a vontade de Deus perma nece para sempre", assim como Deus per manece para sempre (SI 90.2), pois está ligado, em comunhão presente e ininter rupta, eternamente a Deus em Cristo. dos foram cancelados, Assim, todos eles têm o privilégio da comunhão na família, independentemente de crescimento ou da maturidade.
1João l BB1 ]
2.18-23. A lealdade à fé e a comunhão 18-21. D esvio d o u trin ário , o ad v ersá rio da com unhão. João novamente se di
rige aos "filhinhos", talvez enfatizando sua imaturidade em contraste côm a au toridade e experiência espiritual do au tor. Ele lhes lembra que já é a última hora, sugerindo a idéia da passagem do pre sente mundo (v. 17). Toda esta era atual pode ser caracterizad a com o "a última hora", com o crescimento das deserções diante da aproxim ação da segunda vin da (lTm 4.1-5; 2Tm 3.1-5; Jd 17,18). O após tolo, portanto, identifica a fonte de tanta oposição à verdade, afirm ando tanto a p resen ça de m uitos anticristos em seu tem po quanto a vinda do anticristo no futuro (2Ts 2.3-10; Ap 13.1-10). "Anticris to" é aquele que se opõe a Cristo, mas que surge, enganosam ente, d isfarçado de Cristo, 18. Esses opositores de Cristo pertenciam exteriormente à igreja, mas "não eram dos nossos" — não estavam organicam ente identificados com o conjunto dos crentes, 19. Para eles, desvio ou apostasia era na tural, tanto que "eles saíram". O desvio com provou a falsn confissão deles. A comunhão com Cristo e sua igreja jamais é possível para aqueles que o negam. Todavia, os filhos de Cristo são prote gidos do perigo do desvio e da influência dos falsos mestres pela unção do Espírito Santo dada pelo "Santo" — o próprio Cris to. Essa unção permite aos crentes distin guir a verdade do erro, e descobrir os que são anticristos, 20, com o auxílio do Espíri to. Essa epístola foi escrita por causa da existência de anticristos que se erguiam contra a verdade, e porque os leitores de João conheciam a verdade, 21. 22-23. A essência do desvio doutrinário.
Escrevendo contra o pano de fundo da he resia gnóstica, João identifica os deserto res como aqueles que negam a divindade de Jesus, 22. Os gnósticos ("m entiroso") negavam que Jesus era o homem-Deus, afirmando que o espírito de Cristo desceu sobre Jesus em seu batismo e dele partiu
depois da morte. Ao negar o Filho, tam bém negavam o Pai, pois o Filho é a reve lação do Pai, e o único caminho para o Pai (Jo 14.6,9), 22b. Essa última idéia é enfati zada em 23. A comunhão com Deus Pai e com o Filho jamais é possível àqueles que negam o Filho. Negá-lo pela recusa em aceitar sua divindade é perder o privilé gio de um relacionamento vivo com ele. O desvio doutrinário evidencia a rejeição.
2.24-29. A permanência em Cristo e a comunhão 24-26. O apego à verdade. Ao contrário daqueles que promovem o erro (w. 18-23), os crentes devem permitir que as verda des fundamentais do evangelho ("o que ouvistes desde o princípio") permaneçam neles. Tal apego resulta em comunhão (per manência) com o Filho e o Pai, 24. A pro messa e a presente posse daqueles que permanecem é a vida eterna, 25. Além dis so, o apego à verdade liberta os crentes dos que "vos querem enganar" — aqueles que ativamente tentar desencaminhar, 26. 27-29. A confiança no Espírito Santo. O
Espírito Santo é a unção (v. 20) que os cren tes recebem no momento da conversão. Ele permanece no crente e lhe ensina "to das as coisas", conduzindo-os a "toda a verdade" (Jo 16.13), 27. Permanecendo, o crente adquire confiança e não se enver gonha diante da vinda de Cristo, 28. O fru to da permanência é a prática da justiça, que comprova o relacionamento e a co munhão do crente com o Justo, Cristo, 29.
3.1-10. 0 justo viver e a comunhão 1. O am or dado por Deus com o incenti vo à vida santa. O pensamento relevante
de 2.29 a respeito do justo viver é amplia do em 3.1-10. João afirma que há duas ra zões segundo as quais a vida do cristão deve ser santa. A primeira está ligada à obra passada de Deus por nós (v. 1), e a segunda, à obra futura do Senhor (vv. 2,3). O apóstolo chama a atenção ao prodígio do amor dado por Deus — "que grande amor". Ele deve provocar contínua admira
[ 662 1 1J0ã0
ção e louvor. A divina concessão de seu amor supremamente excelente, fazendo-nos fi lhos (teknia), deve gerar uma conduta ade quada à semelhança familiar. Tal relaciona mento é desconhecido pelo mundo, pois ele não conhece o Salvador, e tal conhecimento só vem pela experiência pessoal.
zendo que não possa ter o pecado como parâm etro de vida, 9. A nova natureza (dada no m om ento da reg en eração ou novo nascimento), pela sua própria pre sença no crente, jamais permitirá um cons tante pecar. O apóstolo então dá o ápice dessa seção fornecendo o critério da dis 2,3. A vinda de Cristo com o incentivo à tinção entre remidos e inconversos — en vida santa. A futura obra de Deus, trans tre a família de Deus e a família do Diabo, formando o crente pela glorificação na vin 10. Esse parâmetro é a prática da justiça, da de Cristo, também deve estimulá-lo a que se expressa em amor fraternal. um justo viver. Como somos "filhos de Deus" (v. 1), seremos glorificados quando 3.11-18. Amor fraternal Cristo se manifestar visivelm ente. Essa e comunhão glorificação inclui uma nova ressurreição do corpo, ausência do pecado, justiça per 11-15. A com unhão do amor. Uma exor feita e pureza absoluta, 2. Aquele que tem tação constante da Palavra de Deus é: essa esperança se purifica continuamen "que nos amemos uns aos outros", 11. A te em sua caminhada diária, 3. comunhão da família de Deus deve ser 4,5. A vida santa como propósito da sal permeada pelo clima do amor. Caim é ci vação. O pecado é iniquidade e, portanto, tado como alerta e exemplo daquele que todo aquele que pratica continuamente o era irregenerado, do Maligno (o Diabo, cf. pecado viola a lei (lei em sua acepção mais 8, 10), e assim destituído do amor de Deus, ampla), 4. Cristo surgiu como resposta ao 12. Seu ódio encontrou expressão lógica problema do pecado — para cancelar os no assassinato, com provando seus atos pecados, possibilitando uma vida santa maus e a justiça de seu irmão (cf. Gn 4.1àqueles que possuem a salvação, 5. Ele, o 16; Hb 11.4). A atitude do mundo contra o Salvador sem pecado, é nosso exemplo, 5b. povo de Deus é o ódio, pois o amor lhe é 6-10. A vida santa e a comunhão. A pessoa estranho — sendo o príncipe deste mundo que permanece em Cristo não peca habitu (Satanás) o pai do ódio (v. 10), 13. O amor almente (tempo presente: "não vive pecan com prova a regeneração e a nova vida, do"), 6a. Por outro lado, aquele que peca 14, enquanto o ódio fornece prova de mor continuamente (também tempo presente) te espiritual, 15. jamais viu a Cristo com o olho da fé, nem o 16-18. A manifestação do amor. A supre conhece por experiência como seu Salva ma manifestação do amor foi a encarnação dor pessoal, 6b. Atos justos são fruto de um e a morte de Cristo (Jo 3.16; Rm 5.8), exem caráter justo e a prova da regeneração, 7. plos de amor ativo, 16. Tal prova de amor Essa santidade é a semelhança familiar, 7b. deve ser prática, em vez de ser meramente Assim como a justiça é o retrato da fa teórica, 17,18. "Dar nossa vida" pode assu mília de Deus, também a contínua prática mir a forma prática de sacrifício pelos ne do pecado é o retrato da família do Diabo, 8a. O cessitados, 17. Amar "de palavra [...] [ou] de pecado é a marca constante do caráter de língua", com intenção, mas sem ação, é hi Satanás, 8b, "desde o princípio" (Is 14.12pocrisia, e não amor genuíno, 18 (Tg 1.22). * 14; Ez 28.11-15). Como a obra redentora de Cristo teve o propósito de destruir as obras 3.19-24. A certeza cristã de Satanás, os cristãos não podem prati e a comunhão car aquilo que seu Senhor e Salvador veio destruir, 8c. Além do mais, nenhum mem 19-21. A natureza da certeza. A certeza, bro da família de Deus pratica habitual ou garantia de salvação e aceitação por mente o pecado, pois a nova natureza (a Deus, depende da prática de amor genuí "semente" de Deus) permanece nele, fa no, 19. Por nosso am or "em ações e em
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verdade" (v. 18), sabemos que somos real mente discípulos de Jesus, e que pertence mos à verdade de Jesus, e assim alcança mos a certeza íntim a de que todas as dúvidas quanto à nossa aceitação por Deus foram dirimidas. Contudo, se nosso "cora ção" (a sede das emoções e da Vontade, nosso juiz interior) acusa-nos por causa da impropriedade de nosso amor fraternal, "Deus é maior que nosso coração", pois é onisciente, 20. Portanto, apelamos a ele, pedindo juízo correto sobre nós. Se, no en tanto, nosso coração não nos condena, en tão temos dupla certeza de proximidade e de liberdade de palavra ("confiança") pe rante Deus, 21. 22-24. A realização da com unhão. A ex periência da comunhão com o Pai aconte ce por uma vida de oração dinâmica e pela obe diência constante, 22,23. Essa última implica crer na consumada obra redentora de Cris to, bem como a subsequente prática do amor fraternal. A obediência faz que per m aneçamos nele, 24. O cristão sabe que perm anece quando obedece. O Espírito Santo testemunha a permanência de Cris to no crente (cf. Jo 14.16-21; 15.1-10).
quente obra de Cristo. O perigo imediato do erro é novamente enfatizado pela lem brança de que o espírito do anticristo já está no mundo, 3b. Os crentes, porém, têm vivo em si poder maior (o Espírito Santo) do que aquele que age no mundo (o poder de Satanás), e o Espírito lhes possibilita superar os falsos mestres, 4, cuja fonte da palavra é o "mundo", 5. Os seguidores do m estre são outro teste de sua fonte de poder — só aqueles que crescem no co nhecimento de Deus continuam a dar ou vidos aos apóstolos ("nós"), 6.
4.7-18. 0 amor e a manifestação da comunhão
7,8. Amor, característica da fam ília. Essa é a terceira vez que o apóstolo trata do tema do amor (2.7-11; 3.10-18). Introduz-se aqui talvez porque o amor seja o maior elo da comunhão que une os crentes uns aos outros, e ao seu Senhor, diante das ameaças de Satanás. O amor verdadeiro (agapè) tem sua fonte em Deus e é carac terístico de todos aqueles que vêm de Deus, aqueles que pessoalmente o conhe cem, 7. A conduta deve revelar o caráter por meio do amor uns pelos outros, 7a. Por 4.1-8. 0 discernimento do erro outro lado, aqueles que não exibem habi e a comunhão tualm ente o am or com o parâm etro de 1. A presença do erro. O erro ameaça a vida revelam seu afastamento de Deus, comunhão do povo de Deus. Os crentes não tendo conhecimento prático dele, 8a. são aqui exortados a provar "os espíritos" Deus, por sua própria natureza, é amor, — aqueles poderes espirituais que inspi 8b. Seus filhos ostentam sua semelhança. ram todos os mestres —, "porque muitos 9,10. A suprem a m anifestação de amor. falsos profetas têm saído pelo m undo", A maior manifestação do amor de Deus gerando, por conseguinte, grave ameaça pelos homens foi o fato de ter entregado à comunhão. A origem de todos os mes seu Filho unigénito (Jo 3.16), 9a. Cristo era tres precisa ser testada, para ver se "vêm seu único Filho, em um sentido absoluta de Deus". Os mestres que não provêm de mente singular, enviado para que aqueles Deus são falsos profetas, inspirados por que estavam mortos no pecado pudessem espíritos demoníacos. viver por meio dele, 9b. A natureza do 2-6. O claro teste do erro. A essência amor de Deus se revela no fato de ele nos desse teste é a confissão da divindade e en amar sem nenhum amor recíproco de nos carnação de Cristo, e é essa confissão que sa parte — para os homens caídos, é im distingue aqueles que são inspirados pelo possível amar a Deus, 10o. Como ele é esse Espírito de Deus dos falsos mestres inspi amor, Deus enviou Cristo como "propicia rados pelo espírito do erro (anticristo), 2,3a. ção" (expiação) de nossos pecados, 10í>. Toda heresia cristã pode ser remontada a 11,12. A obrigação de amar. Os crentes um a visão errónea da pessoa e con se têm a obrigação moral ("devem os") de
[ 664 1 1João
amar uns aos outros, pois Deus nos amou a ponto de entregar seu Filho unigénito, 11. Como ninguém jamais viu a Deus, pois aque le que é amor só pode ser visto no amor dos seus filhos uns pelos outros, revelando as sim semelhança familiar, 12a. Quando agi mos assim, o amor de Deus (amor que é a natureza do Senhor) realiza plenamente seu propósito ("é [...] aperfeiçoado"), 12b. 1 3 -1 6 .0 amor e a presença de Deus den tro de nós. O Espírito Santo, que habita todo crente, concede o conhecimento da pre sença de Deus e de nossa união com ele (cf. Jo 15.1-10), 13. Como resultado, o Espí rito nos possibilita testificar a salvação de Cristo, 14. A confissão da divindade de Cristo (implicando também submissão a ele) estabelece a união com Deus, 15. Aque les que respondem ao amor de Deus des cobrem que o am or se torna uma força ativa em sua vida, trazendo conseqúentemente as bênçãos da comunhão com ele e sua permanente presença neles, 16. 17,18. A perfeição do amor em nós. O Es pírito Santo eleva o amor que Deus gera em nós à maturidade e ao pleno desenvolvi mento, para que possamos ter confiança, ou coragem, no dia do santuário do juízo de Cristo, 17. Amor maduro resulta em certeza de que não ficaremos envergonhados nesse dia por causa de nossa semelhança com Cristo — especialmente com relação ao amor ("as sim como ele é, nós também somos"), 17b. Além disso, o amor maduro dá intrepidez, pois medo e amor não se misturam, 18. Amor implica doação pessoal para o bem máximo do outro; medo implica afastamento do ou tro em virtude da culpa. O amor de Deus removeu nossa culpa, e por isso o medo do castigo também se foi.
20-21. A comunhão do amor. Nosso amor pelos irmãos prova nosso amor por Deus. É humanamente mais fácil amar aquele que podemos ver que Deus, que não podemos ver. Portanto, é absolutamente incoerente dizer que amamos a Deus, mas odiamos nosso irmão. Não podemos amar a Deus se odiamos nosso irmão. O círculo da comu nhão se completa quando demonstramos nosso amor por Deus amando nosso irmão. Esse é o expresso mandamento de Deus, 21. (Cf. Lv 19.18; Mt 22.39; Jo 13.34; 15.12.)
5.1-5. Fé e comunhão 1-3. A fé nos insere na com unhão. A fé em Cristo, gerando a experiência do novo nascim ento, é o fundam ento da com u nhão, 1. E uma comunhão de amor, \b,2a. "Todo aquele que ama o que o gerou [Deus], ama também o que dele é nascido [o crente]." É também uma comunhão de obediência, 2b,3. A prova de que amamos a Deus e seus filhos é que também guarda mos seus mandamentos (2.3; 3.22-24; 2Jo 6). Os mandamentos de Deus não são "um peso" (gr. bareiai, 'severamente opressor'), pois am am os a Deus e exibimos nosso amor a ele pela obediência. 4,5. A fé traz a vitória. A fe age nos cren tes para vencer o mundo, o adversário da família de Deus, 4a. "Vence" está no pre sente e dá a idéia de uma vitória habitual, operada pela fé. Essa fé vitoriosa se con centra na pessoa de Cristo, 5. Ele mesmo venceu o mundo (Jo 16.33); portanto, ven cemos o mundo por meio dele.
5.6-12. Testemunho e comunhão 6 -1 0 .0 testemunho a respeito do filho. O
primeiro testemunho é exterior e diz respeito à justiça e redenção de Cristo, 6. "Este é aquele que veio pela água e pelo sangue" incentivo ao amor. O amor de Deus (gr.). "Pela água" alude ao início do minis 1 9 .0 por nós, demonstrado pelo fato de nos ter tério público de nosso Senhor com seu baentregado seu Filho, é o maior incentivo tismo no Jordão (Mt 3.13-17), por meio do ao nosso contínuo amor (tempo presen qual ele se identificou com um ministério te). Se seu amor foi tão grande "prim ei de justiça. "Pelo sangue" alude à sua morte ro", então é de esperar que seus filhos tam vicária na cruz (Hb 9.12), por meio da qual se realizou a redenção do pecado. bém amem como consequência disso.
4.19*21. 0 incentivo ao amor e a comunhão
1João [ 665 I O segundo testemunho é interior e diz respeito ao Espírito Santo, 6b. Ele continua a testemunhar a justiça e a redenção de Jesus, e como ele é a verdade, seu teste m unho é absolutam ente verdadeiro. O testemunho da pessoa e da obra de Cristo é triplo e coerente, 8. Assim, há três teste munhas: "o Espírito, a água e o sangue; e os três concordam entre si" (gr. "atestam a mesma verd ade"). Esse testemunho é integralmente confiável, 9, pois se aceita mos o testemunho dos hom ens sobre a veracidade de duas ou três testemunhas (Dt 19.15; Mt 18.16; Jo 8.16-18), quanto mais não devemos aceitar o testemunho mais excelente e melhor do próprio Deus acer ca do seu Filho? Além do mais, quando aceito pela fé, esse testemunho se torna o próprio testemunho pessoal do crente, 10a. Mas quando recusado, significa que o des crente, por rejeitar o plano redentor de Deus, faz com o Senhor seja um mentiro so, 10b. Na prática, aquele que rejeita está dizendo: "Eu não creio nisso!".
11,12. A crença no testemunho de Deus.
O testemunho é "Deus nos deu a vida eter na, e essa vida está em seu Filho", 11. A dedução é que aquele que tem o Filho pos sui a vida eterna. O inverso também é verdadeiro — aquele que rejeita o teste munho não tem o Filho de Deus e, portan to, não possui a vida eterna, 12. Todo o projeto de salvação de Deus está concen trado em seu Filho. O homem precisa to mar uma decisão a respeito dele!
5.13-15. Oração e comunhão 13. A im portância da certeza. O propósi to do apóstolo, ao escrever aos crentes, foi incutir-lhes a certeza da vida eterna. Tal confiança assenta o fundamento da alegre oração e comunhão. 14,15. Poder na oração. A certeza de sal vação dá: (1) confiança de acesso à presen ça de Deus (pros, 'face a face com Ele'), 14a; (2) largueza de petição, 14b, "se pedirmos alguma coisa"; (3) consciência da vontade
Basílica de São João, em Éfeso. A tradição conta que a basílica foi construída no local onde o apóstolo está enterrado.
( 666 1 1João
de Deus, 14c, "segundo sua vontade"; (4) fé para crer, 14d, "ele nos ouve"; (5) confiança de que os pedidos serão atendidos, 15.
5.16-21. A comunhão na oração e o cristão pecador
16,17. A oração e o problem a do pecad grave. E possível que o verdadeiro crente
peque, 16a. Se e quando isso acontecer, outro crente deve orar por ele, 16b. Em consequência disso, Deus dará ao cristão pecador a preservação de sua vida física (não a vida eterna, pois esta vida é eterna e impossível de ser perdida). Essa inter cessão, porém, só é eficaz no caso de pe cado que não implique morte física, 16c. "Há pecado para m orte", 16d. Tratase de um pecar persistente e obstinado, por conta do qual o corpo do crente é des truído para que o espírito possa ser salvo (ICo 5.1-5; At 5.1-11; IC o 11.30). Saul e Sansão são tipos desse castigo severíssi mo no a t . "Toda injustiça é pecado; e há
pecado não é para m orte [física]" (que implica castigos menores, cf. ICo 11.30). 18-20.0 pecado e seu remédio. O prindpal remédio para o pecado habitual é o novo nas cimento, 18. "Sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não persiste na prática do pecado como hábito. Tendo nascido de Deus, essa vida divina o impede de praticar conti nuamente o pecado, e Satanás não o toca" (tradução literal do grego). A nova posição do crente é também remédio para o pecado, 19. Ele nasceu de Deus e entrou em sua família. No entanto, o mundo (os impenitentes) está sob o jugo de Satanás, 19b. Finalmente, nossa compreensão da verdade é impedimento ao pe cado habitual, 20. A verdade e a vida assina lam o reino do filho de Deus. 21. Incumbência final. O idoso apóstolo acrescenta uma observação final a seus filhinhos: "guardai-vos dos ídolos". ídolo é qualquer coisa que usurpa o lugar de Deus na vida do crente. Éfeso estava mergulha da na idolatria e em suas práticas, o que torna essas palavras bem apropriadas.
2João Vivendo em verdade e amor f
A u to r e destinatários. Segunda João é um bilhete pessoal, o qual foi enviado pelo apóstolo João "à senhora eleita e seus filhos". A identidade dessa mulher (ou igreja?) não é conhecida, embora alguns estudiosos defendam que seu nome é “Senhora Electa" (forma gr. de "eleita", ou kyria, palavra gr. para "senhora"). A matrona cristã vivia em algum ponto do círculo de
igrejas pelas quais o idoso apóstolo João era responsável. A autoria joanina salta aos olhos diante do estilo e do conteúdo do bilhete, que, notavelmente, lembra 1 e 3João e o próprio evangelho de João. Data e p ropó sito . Não há indício de grande intervalo entre a redação de Uoão e 2João. O propósito de João, ao escrever a carta,
jfista parcial das ruínas de um' _
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Laodicéia. O propósito de João, § ao escrever esta carta, foi alertar a "senhora eleita" contra os falsos mestres. Aparentemente, ela patrocinava reuniões com pregadores visitantes em sua casa, como Ninfa em Laodicéia.
foi alertar essa senhora influente e querida (1,2) contra os falsos mestres. Ela, aparentemente, patrocinava reuniões com pregadores visitantes em sua casa (10), como Ninfa em Laodicéia (Cl 4.15). O apóstolo a encoraja e a alerta contra doutrinas deturpadas, sugerindo que não patrocine ninguém que pregue nada menos que a plena divindade e humanidade de Cristo.
[ 668 1 2J0ã0
1*6. Vivendo em verdade e amor 1-3. Saudação. João, nessa epístola mais íntima, intitula-se simplesmente "presbí tero" (At 11.30; Tt 1.5-9), usando designa ção de menor autoridade que "apóstolo". Ele professa amor à senhora eleita e seus filhos "por causa da verdade", la. O ver dadeiro amor cristão reside na "verdade", i.e., a Palavra revelada de Deus concen trada na pessoa e obra de Cristo (Jo 14.6), e contrasta com o falso ensinamento, que se desvia nesse ponto (ver 7-11). A comu nhão na verdade produz largueza de amor tão ampla quanto a comunhão de fé, 1 b. Tal verdade é o único fundamento seguro do amor genuíno, tanto no presente quan to no futuro, 2. Graça, misericórdia e paz têm sua origem em Deus Pai e Jesus Cris to, o Filho, 3. Assim, são fundadas na ver dade e no amor. 4-6. A exortação. O apóstolo se alegra imensamente por ter encontrado alguns dos filhos da senhora vivendo inteiramen te na verdade — a verdade do evangelho. Sua conduta está de acordo com a verda de que se m anifestou em C risto. João aconselha a prática do amor cristão como consequência natural da verdade, como o fez em sua primeira epístola (ver comen tários sobre IJo 2.7,8).
7-13. Recusando a falsa comunhão do erro 7-9. A indicação da presença do erro. Há
grande contraste entre os versículos pre cedentes e aqueles que o seguem, m os
trando que o erro viola a verdade revela da de Deus e o mandamento do amor. Esse falso ensinamento é promulgado por "mui tos en gan ad o res", que "já saíram pelo mundo", 7. Essencialmente, seu erro é a recusa em reconhecer que Jesus Cristo desceu à carne, negando, portanto, a pos sibilidade da encarnação e, conseqúentemente, negando também os dois adven tos de Cristo. A presença do erro também exige o exam e de consciência dos crentes, para que os falsos mestres não desfaçam em sua comunhão o que os apóstolos havi am alcançado, resultando assim na per da da recompensa do cristão, 8. Aquele que vai longe demais ("vai além") na pro fissão de identidade com a comunhão cris tã também precisa ser examinado, espe cialmente quando nela [na doutrina] "não p erm an ece". Esse tipo de falha indica ausência de relacionamento com Deus e falência espiritual, 9. 10,11. A necessidade de repelir os falsos m estres. Evidentemente os mestres do erro
acima estavam sendo recebidos nas ca sas cristãs sob o pretexto da hospitalida de. O apóstolo proíbe severamente a con tinuação dessa prática e ordena aos cren tes que não concedam tal com unhão e hospitalidade cristãs, 10. Mesmo a sauda ção costumeira é proibida, pois isso mos traria identificação e participação com as más obras da pessoa, 11. É imprescindível o afastamento do erro (2Co 6.14-17). 12,13. C onclusão. O apóstolo anuncia uma visita, 12, e manda saudações dos "fi lhos da vossa irmã eleita", 13.
3João Auxílio e hospitalidade para os ministros itinerantes A u to r. A semelhança de
tom, idéias e estilo, além dos testemunhos de Ireneu, Clemente de Alexandria, Dionfsio de Alexandria, Cipriano e outros, indica que essa epístola foi escrita pelo mesmo autor de Uoão, ou seja, o amado discípulo João.
D ata e lu g a r de c o m p o siçã o . Segundo
Eusébio (História eclesiástica 3.25), João voltou do exílio de Patmos para Éfeso depois da morte de Domiciano (96 d.C.), passando seus últimos anos visitando as igrejas asiáticas (cf. 2Jo 12; 3Jo 10, 14), ordenando
presbíteros e ministrando. Portanto, se Eusébio está correto, 2João e 3João foram escritas depois do Apocalipse.
[ 670 I 3João
1-8. 0 exemplo de Gaio, a vida em verdade e amor 1-4. A saudação do apóstolo a Gaio. A epístola foi escrita pelo "presbítero" (ver 2Jo 1) ao "amado Gaio", possivelmente Gaio de Derbe (At 20.4), Gaio de Corinto (Rm 16.23; ICo 1.14), Gaio da Macedônia (At 19.29) ou Gaio bispo de Pérgamo (mencionado nas Constituições apostólicas 7.40). Seja quem for, o apóstolo professa genuíno amor por ele, 1; deseja-lhe saúde física, 2a; e expressa confiança em sua vitalidade espiritual, 2b. A saudação de João inclui uma oração pelo bem-estar espiritual e físico de Gaio e expressa alegria pela sua vida na verdade, 3,4 (cf. lTs 2.19,20). 5-8. A vida de Gaio na verdade. Esse modo de vida é demonstrado pelas boas obras que tal fé produz, 5, para os irmãos, especialmente os obreiros cristãos itinerantes ("os que te são estranhos"), que dependiam da igreja para seu sustento, e não dos pagãos; pela hospitalidade e amor que tal vida exibe, 6; pela consideração que tal vida revela, 7.
9-11. Exemplo de uma vida oposta 9,10.
O exemplo. Diótrefes, ao contrário
As altas colunas de mármore branco do templo dedicado a Asclépio, em Pérgamo, pouco ao norte de Esmirna.
de Gaio e Demétrio, 1-8,12, não andava em amor e verdade porque era carnalmente ambicioso, 9. João escrevera à igreja da qual Diótrefes era membro. Este rejeitara 12-14. 0 bom exemplo de Demétrio algumas sugestões do apóstolo por gostar 12. O bom testem unho de D em étrio. O "de ser o líder entre eles". Ele também exibia bom testem unho da vida de D em étrio obras da natureza do pecado, 10n, além de (desconhecido) era universal, incluindo o não ser caridoso e ser dominador, 10b. 11. O alerta. A vida de Diótrefes era má testem unho da própria verdade e o de João. Isso estava em flagrante contraste e não deveria ser imitada. Ele não era "de com o relato sobre Diótrefes. Deus" nem jam ais vira a Deus, pois o 13,14. O bservações finais (cf. 2Jo 12). provava sua vida ímpia.
Judas Combatendo pela fé A u to r e atestação. O
autor é evidentemente o irmão de Tiago, bispo de Jerusalém, autor da epístola de Tiago (Tg 1.1; cf. Mt 13.55; Mc 6.3) e (meio) irmão de nosso Senhor, 1. Inicialmente descrente (Jo 7.3-5), convenceu-se da divindade de Jesus (At 1.14). Alguns estudiosos, porém, o identificam ao apóstolo Judas (Jd; Mt 10.2,3), chamado Lebeu ou Tadeu
Costa do mar Morto, próximo ao local onde provavelmente ficava a cidade de Sodoma. Judas lembrou a seus leitores da punição que sofreram os pecadores de Sodoma e G om orra
(Lc6.16; At 1.13). Ecos e alusões à epístola ocorrem nos escritos de Hermas, Policarpo, Atenágoras, Teófilo de Antioquia e Tertuliano, de forma que Judas tem mais confirma ção externa que 2Pedro. M o tiv o e data. Pouco se conhece sobre as circuns tâncias ou data de compo sição, exceto que o declínio contra o qual protesta está mais desenvolvido que em
2Pedro e, portanto, parece ter sido escrita mais tarde, depois de 66 ou 67 d.C. A profunda apostasia que descreve serve de pano de fundo para o Apocalipse, antes do qual está inserido nas Bíblias inglesas. O Espírito de Deus deu a Judas e a Pedro um tom semelhante de alerta, tão dolorosamente necessário à igreja.
[ 672 1 Judas
estado que provocou o Dilúvio (Gn 6.1-6; 2Pe 2.4,5). O castigo pela desobediência foi 1,2. Saudação. Judas se dirige aos cren o encarceramento "nas trevas em algemas tes em geral, mencionando sua escolha, eternas" (ver 2Pe 2,4). Seu juízo será no sua preservação e sua condição de "am a "grande dia", provavelmente ligado ao juí dos em Deus Pai". zo de Satanás (Ap 20.10). 3,4. O motivo da epístola. O propósito 7. Os pecadores de Sodom a e Gom orra original do autor era escrever uma epís (cf. Gn 19; 2Pe 2.6-8). O pecado deles, "à tola doutrinária, 3a, "acerca da salvação semelhança desses anjos" do versículo 6, que nos é com um ". Essa salvação "c o foi praticarem "im oralid ad e e relações mum" (koines, 'pertencente igualmente a sexuais contra a natureza", i.e., à perver mais de um') era para todos os crentes. são antinatural. O juízo deles serviu como Falsos mestres ameaçavam o ensinamen exemplo para alertar outros do castigo ju to dessa verd ade geral, envolvendo a dicial do fogo eterno. O fogo real pelo qual pessoa e a obra consum ada de Cristo. foram consumidos é um símbolo do fogo Judas, portanto, achou necessário mudar, eterno ao qual os ímpios estão condena fazendo uma exortação à defesa militante da dos (Ap 19.20; 20.10, 14; cf. Mt 25.41). fé, 3b. A "fé" é aquela que foi entregue para sempre aos santos. Nenhuma outra reve 8-16. Falsos mestres lação ou fé se faz necessária, pois é com pleta e definitiva. É a resposta àqueles que 8. A presunção. Esse pecado dos falsos alegam revelações e verdades adicionais mestres (v. 4) se revela: no fato de não pres às Escrituras canónicas. A intromissão de tarem atenção aos alertas históricos do juízo di falsos mestres produziu erro acerca da vino ilustrado em 5-7 (gr. "apesar, do mes doutrina da pessoa e obra de Cristo, es mo modo", dos alertas dados), 8a; em seu estado pecialmente com respeito a sua sobera de sonhadores — sonham como homens natu nia e domínio, 4. Esse é o erro primário de rais que estão espiritualmente adormecidos; todo falso ensinamento (cf. 2Pe 2.1). em sua imoralidade sexual — "contaminam o corpo" (cf. v. 7); em sua insubordinação — "re jeitam a autoridade", especialmente a da 5-7. Alertas históricos Palavra de Deus; em sua prática de difamação do juízo de Deus — "difamam os anjos". 9 ,1 0 .0 exemplo de sua presunção. Quan 5. Os israelitas no deserto. Como os des do o arcanjo Miguel pelejava com o Diabo tinatários dessa epístola já conheciam to sobre o corpo físico de Moisés, pois fora res dos os fatos definitivamente, Judas preci suscitado para a transfiguração (Mt 17.3,4) sava apenas lem brar-lhes essas coisas, antes do tempo devido, ele não se atreveu a 5a. Os fatos são: "depois de libertar um fazer juízo infamatório de Satanás, por res povo da terra do Egito, o Senhor destruiu peito a sua antiga dignidade (v. 8c), mas sim os que não creram ", i.e., em Cades-Barplesmente disse: "O S e n h o r te repreende" néia (Nm 14.1-45; ICo 10.1-5; Hb 3.17-19). (Zc 3.2). Esses homens, porém, "difamam" Esse juízo divino pela desobediência re tudo o que não conseguem compreender, caiu sobre o próprio povo de Deus e en sem revelar respeito por nenhuma autori volveu o pecado para morte (cf. ICo 5.1-5; dade. Mesmo nas coisas que conhecem, por 11.30-32; IJo 5.16). instinto animal, acabam se corrompendo e 6. Os anjos caídos. Evidentemente, o são destruídos. pecado desses anjos especialmente desig 11. R azões p ara a co n d en ação . Esses nados foi que "não mantiveram seus do mestres do erro são obstinados naturalistas mínios", sua ordem original e distinta de religiosos, que tom aram o "cam inho de seres puramente espirituais, mas "deixa Caim" (Gn 4.3-8). Caim foi o tipo do ho ram sua própria habitação ", coabitando mem natural religioso que rejeita o plano com mulheres mortais e assim gerando o
1-4. Combatendo pela fé
Judas ( 673 1
redentor de Deus e molda sua própria re vina. Judas declara que Enoque profetizou ligião de obras e mérito humano segundo esses falsos m estres já em remota anti suas vontades, 11 a. São moralistas religio guidade, e que esse juízo virá na segunda sos mercenários, que, "por causa de lucro se vinda de Cristo, quando os apóstatas dos lançaram ao erro de Balaão", 11 b (Nm 22 — últimos dias serão julgados, 15. 24). Esse erro foi o de supor que um Deus 16. A revisão de seu caráter. Os falsos justo teria de amaldiçoar o Israel* pecador, mestres são declarados homens que "vi exibindo ignorância da superior moralida vem a reclamar e a se queixar"; descon de da cruz, por meio da qual Deus pode tentes (insatisfeitos); libertinos; arrogan ser justo e, ao m esm o tem po, justificar tes nas palavras; e seguidores daqueles eternamente o pecador crente (cf. 2Pe 2.15; que adulam as pessoas, "por interesse". Ap 2.14). São também iníquos ritualistas, ten do sido destruídos "na rebelião de Coré" 17-25. Exortações e bênção final (Nm 16.1-50; 26.9-11). Os pecados de Coré foram a negação da autoridade de Deus 17-23. Exortações ao povo de Deus. Os expressa por Moisés e seu porta-voz elei filhos de Deus devem se lembrar dos aler to, bem como a consequente intromissão tas proféticos dos apóstolos, 17,18 (como de Coré no ofício dos sacerdotes. A rejei lTm 4.1-6; 2Tm 3.1-10; 2Ts 2.1-12; 2Pe 2.1-22). ção da autoridade da Palavra de Deus é Devem considerar corretamente os falsos característica dos falsos mestres. mestres, como aqueles que "causam divi 12,13. A esterilidade espiritual. A vacui sões", que "vivem conforme suas tendên dade espiritual desses mestres é indicada cias naturais", desprovidos da nova natu pelo perigo que representam , 12a. "São reza e destituídos do Espírito (Rm 8.8,9), daí como as ondas bravias do m ar" nas quais impenitentes. os banquetes de amor fraternal dos cris Os crentes devem cultivar o cresci tãos bem podiam naufragar, afogados pela mento espiritual, 20a, e uma vida de ora bebedeira egoísta e carnal (cf. ICo 11.30ção inspirada pelo Espírito, 20b; conservar32). A esterilidade deles se revela também se dentro da esfera do amor de Deus, 21a; na infecundidade, 12b. ("São como nuvens ter ávida expectativa da misericórdia de sem água, levadas pelos ventos. São como Deus na consumação da vida eterna, 21 b; árvores sem folhas nem fruto, duplamen dem onstrar com paixão por aqueles que te mortas, cujas raízes foram arrancadas", têm dúvidas sinceras com relação à fé, sendo espiritualmente destituídos de vida, provavelmente influenciados pelos falsos e, quando arrancados pela raiz, provamm estres, 22; ser evangelizadores, 23a; e se visivelmente mortos.) A vergonha, 13a apartar-se dos pecados carnais, 23b. (Is 57.20), e logro deles, 13b, revelam ainda 24-25. B ênção final. Louva-se a Deus mais sua falta de realidade espiritual. por sua capacidade de evitar que tropece 14,15. A predição de seu juízo. Essa pro mos no pecado e de nos apresentar em fecia, preservada como tradição no livro um estado glorificado diante de sua glori não canónico de Enoque (1.9), é aqui reve osa presença. N ossa segurança e protelada pelo Espírito Santo como verdade di ção nele são de fato motivos de louvor!
Apocalipse Revelação e reino de Cristo O título. Esse grande desvelamento profético é chamado "Revelação (gr.
Apocalipse) de Jesus Cristo". É sua revelação, dada a ele pelo Pai, para que fosse anunciada a seus servos, 1.1. O título "Apocalipse de Jo ã o " é a designação tradicional usada nos primeiros tempos para diferenciá-lo de outros apocalipses, sendo o epíteto São João, "o Divino", acrescentado no século iv.
Atestação e autoria.
Há clara atestação de Justino Mártir, de Ireneu, Tertuliano e Hipólito, tanto quanto à
genuinidade com o quanto à autoria de João, apóstolo e discípulo do Senhor. Há tam bém com provação de parte de C lem ente de Alexandria, Orígenes, Vitorino (que escreveu um com entário sobre o Apocalipse), o Fragmento de Muratori, Efrém, etc. A rejeição do livro como não apostólico pelos reform adores Lutero, Zwínglio e Erasmo parece arbitrária e insignificante diante das evidências antigas. A autoria joanina é estabelecida pelo autor, que se autodenom ina João (1.1,4,9; 22.8). Clemente de Alexandria, Ireneu e Eusébio, antigos pais da igreja, declararam que foi o apóstolo João quem foi exilado em Patmos (1.9).
Pano de fundo e data. Evidências internas e externas (e.g., Ireneu) situam
Grandes temas proféticos consumados aqui Gn 3.15; Ap 1.1
O Senhor Jesus Cristo, tema central de todas as Escrituras M t 16.18; Ap 2— 3
A igreja A p 20.4-6
Ressurreição e glorificação dos santos
Dn 2.37-44; Lc 21.24; Ap 6.1— 19.16
O tempo dos gentios Gn 3
O paraíso perdido Ap 21— 22
A reconquista do paraíso Alianças de Israel Abraâmica
Dt 4.29,30; Jr 30.5-7;
Gn 12.1-3;
Ap 4— 19
Palestina
A grande tribulação Is 14.12-14; Ez 28.11-18; Ap 12.3-17; 20.1-3, 10
Satanás e o sistema mundial Jl 3.1-10; M t 25.31-46; Ap 16.13-16
Dt 30.1-10;
Davídica 2Sm 7.4-17;
Nova Aliança Jr 31.31-33 Zc 14.1-14; Ap 19.11-16
O juízo das nações
A segunda vinda de Cristo
Ez 28.1-10; 2Ts 2.7-10; Ap 13.1-10; 19.20
SI 9.17; Ap 20.11-15
O anticristo Is 11.1-16; At 1.6; Ap 20.4-7
O reino do Messias sobre Israel
o livro perto do final do reinado do imperador Domiciano (81-96 d.C.). Foi Domiciano quem mandou exilar o apóstolo na rochosa ilha de Patmos, no mar Egeu
(1.9). Natureza do livro. O Apocalipse é o terminal
O juízo dos ímpios Is 65.17; 66.22; Ap 21— 22
O eterno estado no novo céu e na nova terra
central para o qual convergem todos os grandes ramais da Palavra profética e, assim, é a consumação de toda a verdade revelada. Foi escrito para ser com preendido pelas seguintes razões: (1) é revelação (apocalipse), um
Apocalipse t 675 1
'anúncio' ou 'desvelam ento'. (2) Prom ete bênçãos àqueles que o lerem, ouvirem e guardarem suas palavras proféticas (1.3). (3) O livro não está selado (1.36; 22.10; cf. Dn 12.9). (4) Fornece-se uma chave simples para a compreensão do livro (1.19). (5) Os símbolos apocalípticos de profecia, os veículos de sua interpretação , encontram -se explicados em outras passagens das Escrituras, que por sua vez fornecem o com entário desse supremo livro da consumação.
Métodos de interpretação O método espiritualizado. Essa interpretação usa uma abordagem mística ou alegórica do livro. Clem ente de Alexandria, Orígenes e, mais tarde, Agostinho e Jerônim o seguiram esse m étodo. Intérpretes recentes que aceitam esse método consideram que o livro trata, primordialmente, da luta genérica entre a igreja e o mal durante toda a era, dando assim encorajam ento aos santos que enfrentam provação. Tal interpretação, porém, não alcança uma exposição significativa do livro e, na prática, ignora as asseverações de sua natureza profética (1.3; 10.11; 22.7, 10, 18,19). Não reconhece a chave interpretativa do livro (1.19) e a centralização do Apocalipse na segunda vinda, inclusive os acontecim entos apoteóticos que se seguem (1.7; 3.11; 16.15; 22.7, 12).
O método preterista.
Essa
escola interpretativa d efen d e que o livro já foi cum prido na prática. A visão preterista mais antiga sustentava que o Apocalipse fora cum prido na derrota dos inimigos judeus da igreja primitiva e no reinado de Nero (caps. 6— 11), sendo
os capítulos restantes vagam ente futuros. Desde o século xviii os preteristas têm defendido que o livro retrata o conflito da igreja com o judaísmo (caps. 4— 11) e com o paganismo (caps. 12—19), e que os capítulos 20— 22 descrevem seu triunfo atual. Essa posição ignora a chave interpretativa de 1.19, dá significados arbitrários aos símbolos encontrados no livro e não explica as sugestões de que um curto intervalo de tem po abarca os acontecim entos dos capítulos 4— 19, precedendo a segunda vinda.
O método históricocontínuo. Aqueles que defendem esse m étodo sustentam que o Apocalipse abarca todo o período da história da igreja, do tempo de João até o fim do mundo. A visão é bastante popular desde o tem po de Berengaud (século ix) e Joaquim (século xii). W ycliffe, Lutero, Joseph M ede, Isaac Newton, Bengel, Barnes e outros a defenderam . As impropriedades dos dois m étodos precedentes se aplicam tam bém a essa interpretação. Não correlaciona o livro à profecia bíblica em geral e deixa os detalhes do Apocalipse sem explicação adequada.
O método futurista de interpretação. Essa escola usa a chave de 1.19 com o guia para situar a maior parte do livro (caps. 4— 22) ainda no futuro, fun d am entand o a interp retação nas profecias do a t , com o as ligadas ao dia do Senhor (Is 2.10-22; 4.1-6; 34.1-17), ao reino (ís 35.1-10) e à segunda vinda de Cristo (Zc 14). As profecias do nt que se referem à volta de Cristo são associadas aos
eventos registrados em Apocalipse (e.g., M t 24— 25; M c 13; Lc 21).
A visão da igreja primitiva. A igreja primitiva dos pais evid entem en te favorecia a visão futurista, por causa de sua crença na volta iminente do Senhor, seu subsequente reino terreno (cf. At 1.6) e um período de grande convulsão precedendo e inaugurando esse reino. O Justino Mártir, Ireneu, Hipólito, Tertuliano e Vitorino sustentam visões literais do reino futuro.
Esboço 1 A visão de Patmos (as coisas que tens visto, 1.19a). 2—3 Cartas às sete igrejas (as coisas presentes, 1.19b). 4— 22 Acontecimentos apoteóticos da história (as coisas que acontecerão depois destas, 1.19c). 4— 5 O trono divino no céu 6— 18 A grande tribulação na terra 6.1— 8.1
Os juízos dos selos
8.2— 11.19
Os juízos das trom b etas
12.1— 13.18
Os sete
personagens
14.1-20
Antevisão do final da grande tribulação
15.1— 16.21
Os juízos
das taças
17.1— 18.24
O juízo
de Babilónia
19
A segunda vinda e o A rm agedom
20— 22
O milénio, o juízo final, o estado eterno
t 676 1 Apocalipse
1.1-3. Introdução
os "sete Espíritos que estão diante do seu trono" (cf. Is 11.2; ICo 12.4, 13; (3) Deus 1,2. A natureza do livro. E o Apocalipse, Filho — Jesus Cristo, 5-8. Jesus, como cen a grande revelação por excelência do fu tro do livro, é descrito com riqueza de de turo, que é "de Jesus Cristo" (genitivo subtalhes, incluindo: (a) sua obediente vida na jetivo), "que Deus lhe deu". O Apocalipse terra, 5a, "fiel testemunha" (Is 55.4); (b) sua não é, em nenhum sentido, um livro sela gloriosa ressurreição, 5b, "o primogénito dos do, nem um livro que não deve ser estu mortos" (Cl 1.18); (c) seu futuro título e reino dado e compreendido. Trata de coisas que de glória, 5c, "Princípe dos reis da terra" "devem" acontecer "em breve" ou logo, e (SI 2.2, 9); (d) sua obra redentora, 5d, "Àquele que, portanto, são de vital importância para que nos ama e nos libertou [...] pelo seu o povo de Deus agora. E uma revelação de sangue, [bj, "lavou", baseado em manus Cristo, dada, via um anjo a João, por meio critos p osteriores] de nossos p ecad os" de sinais e símbolos. (Rm 3.25,26; IPe 1.18-20); (e) sua realização 3. O propósito do livro. O propósito é redentora, 6a, "e [ele] nos constituiu reino e dar bênçãos ou felicidade àquele que lê sacerdotes para Deus, seu Pai (f) seu suas palavras, e também àqueles "que merecimento de todo louvor, 6b; (g) seu segun ouvem as palavras desta profecia e guar do advento, 7; (h) seu testemunho pessoal, 8, dam as coisas que nela estão escritas". A "Eu sou o Alfa e o Omega" (a primeira e a razão apresentada para tal é que o tem última letras do alfabeto grego, como o po do cumprimento da predição está pró nosso "de A a Z"). Portanto, ele é o início e ximo. Ouvir e guardar as palavras gera o fim de todas as coisas que são consu fé e firme esperança para enfrentar as madas nesse livro (Is 44.6). Ele é o verda p rovações e p erseguições desta era de deiro autor do Apocalipse (1.1). pecado, em face do triunfo de Cristo e do triunfo final dos seus.
1.4-8. Saudação do autor
Parte 1. As coisas que tens visto — A visão de Patmos, 1.9-20
4a. O autor e os destinatários do livro. O
apóstolo João é, evidentem ente, o autor humano. Os destinatários são as sete igre jas representativas da província romana da Ásia, no oeste da Ásia Menor. São re presentativas das condições da igreja uni versal em todo lugar e durante toda a era da igreja. Alguns comentadores tentaram identificar as sete igrejas a sete períodos sucessivos da história da igreja, sugerin do geralmente que estam os hoje na era de Laodicéia. Essa interpretação, porém, tem pouco fundamento textual. 4b-8. A bênção do Deus Trino. "Graça [...] e paz" são os dois grandes bens da igreja em Cristo (2Ts 1.2). Provêm: (1) de Deus Pai, 4b, "daquele que é, que era e que há de v ir", perífrase do impronunciável nome Jeová (Yahweh), o ser imutável e eternamente existente (Ex 3.13,14); (2) do Espírito de Deus, 4c, simbolizado na plenitu de e totalidade de suas atividades como
Na visão do primeiro capítulo de Apocalipse, Cristo glorificado aparece no meio da igreja, simbolizada pelos sete candelabros.
Apocalipse [ 677 ]
1.9-20. As circunstâncias da visâo 9-11. As circunstâncias. O apóstolo estava no exílio em Patmos, ilha do Egeu de dezesseis quilómetros por dez, cerca de cinquen ta e nove quilómetros a sudoeste de Mileto, perto da costa da Ásia Menor. Foi exilado ali pelo imperador Domiciano em 95 d.C., se gundo Eusébio, por causa de sua fidelidade à Palavra de Deus, 9. A voz como de trombe ta é de Cristo, 10, o Alfa e o Omega. As sete igrejas são mencionadas pelo nome, 11 (ver comentários sobre os caps. 2 —3). 12-16. A visão. Cristo, o Glorificado, apa rece intimamente associado a sua igreja na terra, 13. Ele está no meio da igreja, denotada pelos sete candelabros ou lam piões, e o próprio Cristo é a luz (Jo 8.12). Ele surge como o "Filho do homem", aqui primordialmente como juiz, avaliando o serviço de sua igreja na terra. Os cabelos brancos como a lã, 14a, retra tam sua eternidade, sua infinita sabedoria, experiência e caráter venerável. Os olhos flamejantes, 14b (cf. 19.12), indicam sua introvisão ònisciente de juiz, enquanto seus pés semelhantes ao bronze polido, 15a, retratam aquele que não só caminha no meio da igre ja para avaliar seu serviço, mas que pisará "o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso" (19.15) em sua vinda para julgar os pecadores e para brandir a guer ra contra Satanás e o anticristo (19.11). A voz como de muitas águas, 15b, simboliza o terrível pronunciamento do veredicto do juiz, quer para elogio dos seus (Mt 25.34), quer para condenação dos ímpios (Mt 25.41). A mão direita, 16a, outrora perfurada pelo cravo e ainda ostentando as cicatrizes como credenciais da sua pessoa humana-divina e obra consumada (Jo 20.27), o qualifica para o juízo. Sua boca, 16b, da qual provém a afiada espada de dois gumes, represen tando o juízo e a justiça (19.11-15), revela a verdade de que ele pronunciará o juízo e executará a justiça com base na Palavra de Deus (Ef 6.17; Hb 4.12). O rosto semelhante ao sol, 16c (cf. Mt 17.2), o revela na glória de sua segunda vinda como juiz (Ml 4.2) e no esplendor que exibirá quando surgir em sua glória eterna (Ap 21.23).
A ilha de Patmos, vista do mosteiro de Sao João, foi o local do exílio de João. 17,18. A reação de João à visão. Prostra do diante da visão do glorificado Filho do homem surgindo como juiz, 17 (cf. Is 6.110), João é tranquilizado pelo Cristo ressurrecto e glorificado, que, portanto, tem "as chaves da morte e do inferno" (o reino invi sível para onde vão os mortos após a mor te), 18. As "chaves" (Mt 16.19) são emble mas de autoridade e acesso, mostrando que só ele pode abrir e fechar o mundo invisí vel, tendo ele mesmo vencido a morte. 19. A chave de todas as visões do livro.
Esse versículo, indispensável à correta in terpretação do Apocalipse, sugere uma di visão tríplice do livro: (1) "as coisas que tens visto", i.e., a visão do Filho do homem como juiz (1.10-20); (2) "as [coisas] do presente", i.e., as sete igrejas que existiam então na província romana da Ásia, representativas da igreja durante toda a era eclesiástica (caps. 2 —3); (3) "as [coisas] que acontece rão depois destas", i.e., depois do final do período da igreja (caps. 4 —22). 20. O significado da prim eira visão. O
"mistério", a verdade anteriormente ocul ta, mas agora revelada, que, no entanto, ainda tem em si um elemento inescrutá vel (cf. Mt 13.11), é duplo. (1) As sete estrelas são os mensageiros, provavelmente não anjos de verdade, mas, mais provavelmen te, homens, enviados pelas sete igrejas até Patmos para verificar a saúde do apósto lo, e que depois se tornaram portadores de sua mensagem. (2) Os sete candelabros
[ 678 1 Apocalipse
são as igrejas (ver 1.4, 11). "E strelas" e "candelabros" são os luminares desta era de trevas, símbolos do povo de Deus que deve refletir aquele que é a luz do mundo (Mt 5.14; Jo 8.12; Ef 5.8; Fp 2.15).
Os sete setes do Apocalipse 1 A s sete igrejas
2.1— 3.22 2 O s sete selo s
6.1— 8.1 3 A s sete tro m b e ta s
8.2— 11.19 4 O s sete pe rso n a g e n s
12.1— 13.18 A mulher, 12.1,2 O dragão, 12.3,4 O filho, 12.5 O arcanjo Miguel, 12.7 Os restantes, 12.17 A besta do mar, 13.1-8 A besta da terra, 13.11-18 5 A s sete taças
15.1— 16.21 6 A s sete c o n d e n açõ e s
17.1— 20.15 Babilónia eclesiástica, 17.1-18 Babilónia política, 18.1-24 O anticristo e o falso profeta, 19.20 As nações anticristãs, 19.21 Gogue e Magogue, 20.8,9 Satanás, 20.10 Os ímpios mortos, 20.11-15 7 A s sete coisas n o vas
21. 1— 22.21 Novo céu, 21.1 Nova terra, 21.1 Nova cidade, 21.9-23 Novas nações, 21.24-27 Novo rio, 22.1 Nova árvore, 22.2 Novo trono, 22.3-5
Parte 2. As coisas presentes — A era da igreja, capítulos 2—3 2.1-7. Éfeso — a igreja sem amor 1-3. Saudação e elogio. A carta é dirigida ao "anjo" (mensageiro, ver comentário so bre 1.20) da igreja de Éfeso, a grande me trópole da Ásia proconsular e 'feira das vaidades' do mundo antigo (ver comentá rio sobre At 19.8-41 e "Éfeso e as descober tas arqueológicas"). A mensagem vem do juiz glorificado (Cristo), "que tem as sete estrelas na mão direita e anda no meio dos sete candelabros de ouro" (sua igreja na terra). A igreja é elogiada pelas boas obras, pela paciente perseverança e pela intole rância do mal, especialmente de homens maus e impostores, 2,3 (cf. At 20.29,30). 4,5. Denúncia e alerta. O pecado da igre ja efésia era o desvio de sua original afei ção sincera pelo Senhor. "Tenho contra ti, porém [apesar das virtudes do v. 2], o fato de que deixaste o teu primeiro am or" (a espontânea afeição que tinhas por mim no início), 4. O alerta vem no versículo 5. Eles deveriam lembrnr-se de onde haviam caí do, 5a. O amor espontâneo ao Senhor é o cimo da verdadeira espiritualidade. Abandoná-lo é o primeiro passo rumo a uma queda bastante grave. O Senhor os exorta ainda a arrepender-se, 5b (mudança de atitu de), e a voltar "volta às obras que pratica vas no princípio", 5c, como prova da genu inidade de seu amor. A alternativa é a perda do testemunho, 5d. 6,7. Louvor e prom essa. A igreja é no vamente elogiada por detestar "as obras dos nicolaítas", nome simbólico, aparen temente de um partido que tentava intro duzir uma falsa liberdade na igreja. Eles abusavam da graça, o que os levava à li cenciosidade, 6 (cf. v. 2; 2Pe 2.15,16, 19; Jd 4, 11). Alguns consideram esse simbolis mo, porém, como sugestivo do início do clericalismo (nikao, "con q u istar", e laos, "povo"), fazendo deles o grupo que pri meiro favoreceu um sistema clerical, que mais tarde gerou a hierarquia papal. Ao vencedor, promete-se recompensa no es tado eterno (cf. Gn 2.9; Ap 22.2,24).
Apocalipse [ 679 1
2.8*11. Esmirna — a igreja perseguida
está o trono de Satanás" e "onde Satanás habita" (cf. ICo 10.19,20; Ap 9.20,21; 16.1316 sobre o vínculo entre idolatria e demo8,9. A perseguição. Quem fala é o Cristo nismo). Antipas foi um dos mártires fiéis. ressuscitado, o vencedor da morte, 1. Es 14. A doutrina de B alaão. Trata-se do mirna (a moderna Izmir) fica sessenta e ensinamento de Balaão a Balaque, a fim de quatro quilómetros ao norte de Éfeso, A ci corromper o povo de Deus, que não podia dade era chamada de "glória da Ásia", por ser amaldiçoado (Nm 31.15,16; 22.5; 23.8). A causa de seu desenvolvimento planejado, estratégia era instigá-los a casar-se com seus belos templos e seu porto ideal. Era as moabitas, violar sua separação do mun centro do culto a César e abrigava grande do e abandonar sua caminhada peregrina. comunidade judaica. Os judeus da "sina 15. A doutrina dos nicolaítas. As odia goga de Satanás", 9 (3.9), eram judeus ape das "obras" dos nicolaítas em Efeso (2.6) nas por ascendência, mas não espiritual eram doutrina fortemente enraizada em mente. Lançavam ácidas blasfémias contra Pérgamo (ver comentário sobre 2.6). Cristo, chamando-o de 'o pendurado' e opu16,17. A lerta e prom essa. O alerta é: "ar nham-se ao cristianismo, de modo que, ao repende-te!", 16 (cf. 2.5). A alternativa ao rejeitar a verdade, sua sinagoga tornou-se arrepend im ento p ara os nicolaítas era a de Satanás (cf. lTm 4.1-4; ljo 4.1-4). Cf. a enfrentar o com bate do Senhor, com a "congregação do S e n h o r " (Nm 16.3; 20.4). espada de sua boca (cf. 1.16). Essa espada 10,11. O encorajam ento. A exortação é alude à espada desembainhada com que para que não temam, 10a (tradução literal o anjo enfrentou Balaão (Nm 22.23), que do grego: "N ão temam essas coisas que estava para amaldiçoar Israel, e simboli estão prestes a sofrer"). Por quê? (1) Deus za a espada pela qual ele e os iludidos is prevalecerá sobre as tentações do Diabo. "O raelitas acabaram caindo. A promessa é Diabo está para colocar alguns de vós na Cristo como o "maná escondido", 17 (Jo prisão, para que sejais provados", 10b. Ao 6.31-35), sua glorificada humanidade pre lado de Deus, porém, vocês serão "prova servada no tabernáculo celeste até que dos" para ser aprovados e recom pensa se manifeste na segunda vinda. A promes dos. (2) O tempo da perseguição será curto, sa também engloba a "pedra branca". Tal 10c. Os "dez dias" (cf. Dn 1.12) simbolizam vez se refira ao precioso diamante no pei um período curto (cf. Gn 24.55). (3) A fideli toral do sumo sacerdote, e o "novo nome" dade até a morte física será recompensada pela nele gravado é o de Cristo (3.12), conten "coroa da vida", a recompensa do mártir, do algum a nova revelação que naquele 10d (cf. Tg 1.12). (4) O Vencedor não sofrerá a momento se dará a conhecer. segunda morte, 11. Trata-se do lago de fogo, a geena, local de eterna separação de Deus 2.18-29. Tiatira — a igreja (Ap 20.6-15; 21.8).
paganizada
2.12-17. Pérgamo — a igreja profana
18-23. Elogio e denúncia. Tiatira era um
centro comercial eivado de religião pagã. Suas muitas ligas de comércio periodica 12,13. Onde está o trono de Satanás. Pér mente patrocinavam festivais idólatras. Cristo, retratado novam ente como juiz gamo era um notável centro de idolatria e (1.14,15; Dn 10.6), 18, acusa a igreja de to religião demoníaca, com templos esplên lerar a falsa profetiza Jezabel, 20, ainda didos para Zeus, Atena, Apoio e Asclépio que fosse igreja de boas obras, 19. Essa (o deus da cura). Ficava às margens do mulher é assim chamada por parecer-se mar Egeu, cerca de noventa e seis quiló com a ímpia consorte de Acabe, que intro metros ao norte de Esmirna. Como bri duziu cultos fenícios depravados em Isra lhante centro de religião pagã, inclusive o el (lRs 16.31,32; 2Rs 9.22, 30-33). culto de César, foi chamada de local "onde
[ 680 ] Apocalipse
can1inh° para Roma
s sete igrejas de Apocalipse^
ViaE9®^
P é rg am o J ia t ir a rJSardes
Esmirna
•)
C^iladélfii
-PATMOS t
É feso (Ap 2.1-7) Laodicéia (Ap 3.14-22) Esm irna (Ap 2.8-11)
MAR MEDITERRÂNEO
CHIPRE
Filadélfia (Ap 3.7-13) Sardes (Ap 3,1-6) Tia tira (A p 2.18-29) P érg am o (Ap 2.12-17)
24-29. Prom essa ao vencedor. "As [su postas] coisas profundas de Satanás", 24, é uma veem ente referência à chocante profundeza de demonismo (lTm 4.1-6; IJo 4.1-6; Ap 9.20,21; 16.13-16) e falsos ensina mentos (2Tm 3.1-8; Tg 3.15; 2Pe 2.1-3) na qual essa doutrina afundou. Os vencedo res participarão do domínio messiânico de Cristo, 27 (SI 2.8,9).
3.1-6. Sardes — a igreja sem vida 1-3. Ortodoxia morta. Localizada oiten ta quilómetros a nordeste de Esmirna, Sar des era famosa pela sua riqueza, advinda de suas indústrias de tecidos e jóias. A igre ja da cidade tinha "fama" pela vida espiri tual, assim como a cidade tinha renome his tórico e político; mas Cristo, o juiz, que tem "os sete Espíritos" (i.e., o Espírito Santo em séptupla plenitude) e detém "as [sete] es trelas" (os mensageiros das sete igrejas), a julgou espiritualmente morta, 1. Ela é cha mada a ficar "alerta" e a consolidar o que "resta e estava para morrer", 2, a lembrarse do que havia "recebido e ouvido" (o res
tabelecimento da Palavra de Deus), a guar dá-lo e a arrepender-se (mudar seu cami nho, que a levava à completa morte espiri tual), 3. Não fazê-lo seria atrair o juízo em vez da bênção na vinda do Senhor, 3b. 4-6. Apagando nomes do livro da vida. A igreja se caracteriza pelo cristianismo de fachada (v. 1), sendo talvez muitos admiti dos à fraternidade mecanicam ente, sem regeneração, daí o forte símile de apagar nomes do "livro da vida", 5. Esse simbolis mo alude à antiga prática de uma cidade alistar os cidadãos, apagando os nomes dos mortos. Assim, por analogia, aquele que tem 'nome' (pertencendo à igreja visí vel), mas está 'm o rto ' (irregenerado) é apagado da lista divina dos cidadãos ce lestes. Eles estão no livro no sentido de ser chantados à salvação, sendo seus no mes apagados no sentido de não ser esco lhidos para a salvação. O "livro da vida", em 20.15 e 21.27, aparece, porém, estrita mente como livro dos eleitos, aqueles cu jos nom es perm anecem após o apagamento dos nomes dos crentes de fachada (Mt 22.14). Os poucos verdadeiros crentes
Apocalipse I b b i ]
3.7-13. Filadélfia — a igreja missionária
ninguém pode fechá-la, 8a. Embora tivesse "pouca força" (dunamin, 'poder espiritual') para aproveitar a oportunidade de teste munho, havia guardado a Palavra de Cristo e não negara seu nome, 8b. A vigorosa atividade missionária da igreja de Filadélfia conquistou muitos judeus da cidade, resul tando em violenta oposição da população judaica local, cujos membros, mesmo afir mando ser o povo de Deus, provavam com seus atos constituir a sinagoga de Satanás (ver comentário sobre 2.9).
7-9. Uma porta aberta de testemunho. Essa carta, juntamente com aquela endereçada à igreja de Esmirna, não contém censura. O nome dessa cidade, localizada quarenta quilómetros a sudeste de Sardes, significa "am or fraterno". Embora am eaçada por fortes terremotos, quase ao ponto da com pleta destruição, a cidade ainda perdura e ali se reúne regularmente um grupo cris tão. Cristo, o "santo" (Lc 1.35; Jo 10.36), o "verdadeiro" (Jo 14.6; Ap 19.11), Aquele que tem "a chave de Davi" (Is 22.22), colocou diante dessa igreja uma porta aberta, 7, e
Essa promessa, 10b, parece indicar que a igreja, da qual a igreja de Filadélfia era representativa, será glorificada e elevada ao céu antes do início da grande tribula ção, 10. A promessa se aplica a todos os de Cristo, porque "deste atenção à minha exortação à perseverança". A expressão: "eu também te guardarei" significa 'prote ger alguém de algo' (Pv 7.5; Jo 17.15). Como essa "h o ra" da qual serão guardados é mundial e inescapável para todos os ha bitantes da terra, 10c, 'guardar' sugere re
de Sardes, os vencedores, são aqueles que não contaminaram suas "vestes brancas" pelas obras mortas, mas são dignos, pois eles confiam em Cristo e estão com ele, 4, trajando as vestes brancas de sua justiça, 5. A importância da indústria do vestuário de Sardes sem dúvida provoca essa dupla referência às roupas.
10-13. G uardada da hora da provação.
Igreja da Virgem Maria, em Éfeso. O pecado da igreja em Éfeso foi ter abandonado o seu primeiro amor.
I 682 1 Apocalipse
tirar do local em que a "hora" transcorre rá. A "provação", 10d, refere-se ao dia do Senhor, a septuagésima semana de Dani el, os últimos sete anos de terrível tribula ção que engolfarão a terra, o período des crito em Apocalipse 6 — 19. A promessa está ligada à vinda de Cristo para os seus, 11a (Jo 14.1-3; lTs 4.13-17; ICo 15.51,52), e às recompensas do cristão, aqui chamado de "vencedor", llb -13. Os crentes serão claramente identificados como posse de Deus e habitantes da Nova Jerusalém, 12 (cf. 21.2,3, 10). O "novo nome" de Cristo será, nesse momento, revelado.
3.14-22. Laodicéia — a igreja morna 14-19. Intolerável tepidez. Cristo, como juiz, é aqui chamado de "Amém", 14 (cf. 2Co 1.20), "a testemunha fiel e verdadeira" (que contrasta com a comprometedora infideli dade dessa igreja). O "princípio da criação de Deus" denota a absoluta soberania de Cristo sobre toda a criação (cf. Cl 1.15-18). Ele não faz elogio a essa igreja permissiva da orgulhosa e rica cidade de Laodicéia, situada próximo a Colossos (Cl 4.13-16) e a cerca de sessenta e quatro quilómetros de Éfeso. A riqueza da cidade era tão grande que em 60 d.C., quando foi destruída quase completamente por um terremoto, seus ci dadãos recusaram o auxílio romano e re construíram a cidade a sua própria custa. Como centro industrial, era conhecida pela produção de fina lã negra e talco frígio, usa do para tratar doenças dos olhos; além dis so, fontes minerais térmicas faziam dela um centro terapêutico. Essas característi cas são usadas na carta para ilustrar a ver dadeira condição espiritual da igreja de Laodicéia; pois Cristo qualifica sua morna confissão de nauseante, 15,16, e absoluta mente enganosa, maquiando sua verdadei ra condição espiritual, 17. Ele aconselha à igreja que compre "de mim [de Deus] ouro refinado pelo fogo", 18, a verdadeira rique za de um Salvador humano-divino que pu rifica o coração e, assim, dá as "roupas brancas" de uma vida verdadeiramente re generada e santificada, e o colírio da fé que
concede verdadeira introvisão e conheci mento espiritual. Promete-se repreensão àqueles de Laodicéia que são de Cristo, 19. Eles devem se arrepender da comprome tedora deslealdade de sua descrença. 20-22. C risto trancado lá fora. A igreja havia expulsado seu Salvador e Senhor. Sua falta nem sequer era sentida por esse grupo de orientação secular. Ele, portan to, aparece do lado de fora, batendo à por ta do coração deles, esperando ser rece bido por eles para que possam entrar em comunhão com ele, 20. Ao vencedor pro mete-se o direito de sentar-se com Cristo em seu trono no reino vindouro, 21.
Parte 3. As coisas que acontecerão depois destas, capítulos 4—22 4 —5. O trono divino no céu. Os capítulos 4 e 5 apresentam a ori
gem das visões e dos juízos que virão. A ação se passa no céu, e o personagem principal é Cristo. A cronologia real do li vro começa no capítulo 6.
4.1-5. A apresentação do trono 1. A porta celeste. "Depois dessas coi sas", la, refere-se à era da igreja repre sentada pelas sete igrejas dos capítulos 2 e 3. O cenário passa da terra ao céu, 1 b, quando a voz como de trombeta de Cristo chama João ao céu (cf. 1.10-13). 2-5. O trono celeste. Cristo agora ocupa o trono de Deus Pai, 2, até a segunda vinda (3.21). A glória de Deus é simbolizada por pedras preciosas, 3 (Ez 1.26-28; cf. IJo 1.5). O arco-íris, 3b (Ez 1.28), é um símbolo da misericórdia de Deus baseada no sacrifí cio aceito de seu Filho, assim como o arcoíris de Noé foi o sinal da aliança baseada no sacrifício oferecido por Noé (Gn 8.2022), que prenunciava Cristo. O arco-íris de João era de cor esmeralda (verde), garan tindo a fidelidade de Deus à aliança firma da com Noé, de não destruir a terra nova mente, como no Dilúvio, apesar do terrível juízo que está por vir (caps. 5 —19) e ape sar do fato de o trono ser um trono não de graça, mas de juízo, 5.
Apocalipse [ 683 1
A ágora, em Esmirna (atual Izmir), na Turquia. Em sua visão, João diz que a igreja em Esmirna será perseguida por aqueles que pertencem à "sinagoga de Satanás".
4.4,10-11. Os vinte e quatro anciãos Esses "anciãos" evidentemente repre sentam os santos remidos do a t e do n t , pois o termo "anciãos" jamais é aplicado a anjos ou outra categoria de seres celestiais não caídos, e, tampouco, os anjos têm co roas ou tronos; só os homens remidos têm tal promessa (Mt 19.28; 2Tm 4.8; IPe 5.2-4; Ap 2.10; 20.4). As coroas que eles usam são stephanoi ("coroas da vitória"), 4, e os tro nos que ocupam mostram que esses san tos são tidos como já julgados pelas suas obras (ver comentários sobre o julgamen to do crente em ICo 3.11-15; 2Co 5.10), ten do também recebido suas recompensas (cf. Dn 7.9,10). O estarem "vestidos de branco", 4, os revela como sacerdócio régio remido (IPe 2.9), ocupados em serviços sacerdo tais (Ap 5.8). Eles aguardam funções judici ais e régias, que lhes serão dadas no segun do advento de Cristo (20.4-6). O termo "ancião" é comumente empre gado nas Escrituras para designar o líder representativo de uma nação, tribo, cidade
ou família. O número vinte e quatro repre senta os santos do at divididos segundo as doze tribos de Israel, e os santos do n t se gundo os doze apóstolos do Cordeiro (cf. as doze pedras fundamentais dos doze apóstolos do Cordeiro e as doze portas das doze tribos de Israel, Ap 21.10-14). O núme ro vinte e quatro, além disso, representa assim uma posição sacerdotal rem ida. Quando Davi dividiu os sacerdotes em tur mas, encontrou vinte e quatro líderes de famílias sacerdotais e os tornou represen tantes de todo o sacerdócio (lC r 24.1-19).
4.6-11. Os quatro seres viventes 6-8. A identidade. São uma ordem especi al de seres criados, ligados ao trono de Deus, aparentemente combinando as ca racterísticas dos querubins, ligados à pú blica glória governamental de Deus (Gn 3.24; Êx 25.17-20; Ez 10.1-22), e dos serafins, liga dos à santidade de Deus (Is 6.1-7). Sua inteli gência e conhecimento do plano de Deus para a terra se revelam no fato de serem
( 684 1 Apocalipse
humano); (3) como homem-Deus, ele "ven ceu", e assim pode "abrir o livro", 5; (4) ele é o Cordeiro que parecia estar "morto", 6. A morte de Cristo é o fundamento da re denção não só dos pecadores, mas da ter ra (Rm 8.18-22). Os "sete chifres" denotam a plenitude ou eficácia, e os "sete olhos", a plenitude da inteligência na administra ção judicial do Espírito sobre a terra, base ada na redenção de Cristo, 6. 7-1 0 .0 ato sublime. "[Cristo] veio e pegou 5.1-4. 0 livro dos sete selos o livro da mão direita de quem estava assen 1. O que é o livro. O livro de sete selos tado no trono" (cf. Dn 7.13,14, onde se vê a mesma cena grandiosa). Era o caso de um é o documento de posse da herança perdida parente (o homem-Deus) capaz de fazer o da terra quando da queda de Adão. Esse que ninguém mais podia (3,4; cf. Lv 25.23-34), documento legal, que garante a expulsão sendo o preço da redenção o próprio sangue de Satanás e dos homens ímpios da terra de Cristo (IPe 1.18-20; cf. Rt 4.1-12). Esse ato (cf. Ef 1.13,14; Rm 8.22,23), e que foi lavra atrai a adoração dos seres viventes, 8-10. do pela morte expiatória de Cristo, é visto "sobre" (gr.) a mão direita aberta daquele que está sentado no trono (Deus Pai), la. 5.11-14. A adoração universal "Um livro escrito por dentro e por fora" do Cordeiro implica a completitude da provisão legal para a expulsão, 1b. "Selado com sete se 11,12. A adoração dos seres celestiais. los" simboliza o hermetismo desse selar Essa grande cena retratando os direitos e até o aparecimento da pessoa legalmen glórias de Cristo no reino (caps. 4 —5), que te habilitada a abrir o documento estrita alcança seu ápice quando ele toma o livro mente lacrado. de sete selos para reclam ar a posse da 2-4. Quem é digno de abri-lo? Essa per terra, provoca o louvor e a adoração de gunta avulta em 2. "Ninguém" pode abrimultidões de anjos, dos seres viventes e lo. Nem mesmo os seres angélicos, porque da humanidade remida no céu, 11. O gran a herança foi perdida por um ser humano, de tema é este: "O Cordeiro [...] é digno" e, portanto, um homem é quem deveria (cf. 5.2,3, 9; cf. Fp 2.9-11). abri-lo. Tampouco, nenhum dos descenden 13,14. A participação de toda a criação. tes de Adão, porque são todos pecadores. Toda a criação adora e louva o Cordeiro. O ardente desejo de João de conhecer a Essa ad oração é repetida pelos quatro revelação prometida parece frustrado, 4. seres viventes, 14a, e pelos anciãos, 14b
"cheios de olhos", 6, 8. Sua semelhança com animais e com o homem indica o ca ráter do governo judicial divino sobre a terra, pois toda a terra está prestes a ser julgada (caps. 5 —19). 8-11. A adoração. Eles adoram ao Se nhor Deus Todo-Poderoso, 8,9, e são acom panhados no culto pelos vinte e quatro anciãos, 10,11.
(ver 4.4).
5.5-10. 0 que é digno de abrir o livro 5,6. O Leão da tribo de Judá. Só ele é
digno, porque: (1) ele é o "Leão da tribo de Judá" (a tribo real), título do Messias na segunda vinda, como "Rei dos reis" (19.16; Gn 49.8-10), que com poder majestático as seguraria a bênção de Israel e de toda a terra e, com seu caráter leonino, esmaga ria seus inimigos; (2) ele é "a raiz de Davi" (divino, Senhor e Criador de Davi, SI 110.1; Mt 22.42-45; e "geração de Davi", 22.16, i.e.,
6.1—8.5. A abertura do livro de sete selos 6.1-17. Os selos um a seis 1-4. Selos um e dois. A abertura dos se los precipita o dia do Senhor e o período de tribulação na terra para expulsar Satanás e os homens ímpios. Diante de cada um dos primeiros quatro selos, um dos seres viventes associado ao governo judicial de
Apocalipse [ 685 1 Deus sobre a terra grita: "V em !". Assim eles invocam os prim eiros ju ízos, sim bolizados pelos quatro cavaleiros. O cavaleiro do ca valo branco, 2, é o anticristo, que imita Cristo (19.11), sendo que o "arco " e a "coroa" sim b olizam suas grand es con qu istas, O cav a leiro do cavalo verm elho, 3,4, sim boliza a guerra e a carnificina (cf. Zc 1.7-11; 6.1-8). 5-8. Selos três e quatro. O cavaleiro do cav alo n e g ro sim b o liz a a fo m e , que vem depois da guerra. O pão é racionado: "U m a medida de trigo por um denário, três medi das de cevada por um d en á rio ", 5,6. Um d en á rio g e ra lm e n te p o d ia c o m p ra r oito m edidas de trigo ou vinte e quatro m edi das de cevada. O cavaleiro do cavalo am a relo rep resen ta a p este e ch am a-se "M o r te", 7,8 (cf. 20.14). 9-11. O quinto selo. As almas debaixo do altar (o altar do sacrifício onde o sangue era derram ado) representam os mártires da prim eira m etade do período da tribulação. A "palavra de D eus" é aquilo por que eles morreram, e seu "sangu e" clamava vingan ça, 10 (cf. Gn 4.10). Eles são o rem anescen te dos ju d eu s cujo clam or é o dos salm os proféticos im precatórios — Salm os 35, 55, 59, 94, etc. As "túnicas brancas" indicam a re d en ção da alm a d eles. E les d ev em re pousar por pouco tem po (o curto período da grande tribulação na terra, D n 9.27) até que "s e u s c o n s e rv o s " e seu s irm ã o s (os outros crentes jud eus) tam bém participem de seu m artírio (cf. Ap 20.4-6). 12-17. O sexto selo. Esse selo aparente m ente sim boliza a an arqu ia g overn am en tal sob as m etáfo ras do terrem o to , do e scu recim ento do sol e da lua e da queda das estrelas. O colapso de todo o governo h u m ano gera trem endo terror diante da che gada do grand e dia da ira do Sen hor (cf. 14.10; 15.1; 16.1; 19.14).
(Cap. 7. Primeiro parêntese) 7.1-8. 0 selar dos israelitas 1-3. O rem anescente preservado de Isra el. Esses eleitos na terra são p reservad os dos ju ízos da tribulação que assola a terra no final dos tempos, 1. A preservação é sim
bolizada por um "selo ", 2a (cf. Ef 1.13,14). É um a preservação pública, pois "o s servos do nosso D eus" devem ser selados na fron te, 3, sem o m enor vestígio de discipulado s e c r e to . 4-8. A especificação do número dos israeli tas selados. São os israelitas que vivem na terra no tempo de "angústia para Jacó" (Jr 30.5-7). Em bora as gen ealogias tribais te nham cessado, D eus sabe quais são as tri bos e onde estão (Is 11.11-16), e preservará um rem anescente eleito, devolvendo-o ao reino restaurado (At 1.6). O evento ocorrerá quando os tempos "dos gentios" se comple tarem (Lc 21.24), com a reunião do número com pleto dos gentios (At 15.14; Rm 11.25). Na enum eração, as tribos de D ã e Efraim são om itidas, provavelm ente por conta de sua cumplicidade com a idolatria (Dt 29.1821; lR s 12.25-30, mas cf. Ez 48.1-7, 23-29).
7.9-17. A salvação dos gentios 9-14. A preservação dos gentios eleitos. Esse grupo de salvos é form ado por genti os eleitos, como o grupo eleito dos judeus, 1-8, que será preservado até o tem po final da trib u la ç ã o , 14, p ara e n tra r n o rein o. C o m o o re m a n e s c e n te sela d o de Isra el, eles m ostram que D eus, m esm o em m eio a sua ira, lem b ra -se de sua m isericórd ia (Hc 3.2). Eles são aparentemente homens não glorificados da terra, vistos com o "salvos" e, portanto, tam bém vistos "em pé diante do tro n o e na p re sen ça do C o rd eiro , tod os vestidos com túnicas brancas e segurando palm as nas m ão s", com o sím bolo de ale gria e triunfo milenários, 9 (Lv 23.40; Jo 12.13). Eles p assaram por ind izíveis sofrim en tos na grande tribulação, 14 (Dn 9.27; M t 24.1551; 2Ts 2.1-12), tendo sido alçados à salva ção pela pregação do evangelh o do reino (Mt 24.13,14; também chamado "evangelho eterno", Ap 14.6). 15-17. A felicidade do reino lhes é asse g u ra d a . E le s e stã o "d ia n te do tro n o de D e u s ", d en o ta n d o n ão p o sição esp acial, m as status m oral, e servem a D eus inces santem en te "n o seu santu ário" (o templo do m ilénio, Ez 4 0 —44), 15
[ 686 I Apocalipse um tabernáculo sobre eles"), 15b (cf. 21.3; Lv 26.11; Is 4.5,6). O s sofrim entos de sua trib u lação serão p assad o, 16, e C risto , o Pastor do reino (Ez 34.23), cuidará deles, 17 (SI 23.1-6; Is 12.1-6).
8.6-13. Trombetas um a quatro
7. Prim eira trombeta. As prim eiras seis tro m b e ta s tra z e m ju íz o s m a is s e v e r o s , talvez iniciando a segunda m etade do pe ríodo da tribulação. A prim eira trom beta é tocad a, d erram and o sobre a terra saraiva e fogo m isturados com sangue, o que atin 8.1-5. 0 sétimo selo ge a v eg etação e su g ere fo r te seca. 1. A abertura do sétim o selo. Esse selo 8,9. Segunda trom beta. A segunda trom conclui a abertura de todos os selos do livro beta leva o ju ízo para sobre o mar, afetan(5.1), para que todo o seu conteúdo (as trom do o suprim ento de alimentos do oceano e as betas e as taças) seja d erram ad o sob re a linhas de transporte m arítim o. terra e seus ímpios habitantes. A meia hora 10,11. Terceira trombeta. O soar da ter de silêncio é a bonança depois de uma tem ceira trom beta afeta os mananciais de água pestade e prelúdio de outra mais terrível. doce, um terço da qual se torna mortalm en 2-5. A oração dos santos é atendida. "O u te amargosa em virtude da droga "absinto". tro anjo", 3, é tido por alguns com o Cristo, 12,13. Q uarta trom beta. Os próprios céus m as, p ro v a v e lm e n te , e ss e p e rs o n a g e m são atingidos pelo juízo resultante do soar que oferece incenso é um ser angélico re da quarta tro m b eta. A criação é anu lad a vestido de fu nção sacerd otal. A s orações quando um terço das luzes do céu são toca dos santos são atendidas pelos ju ízos dos das e escurecidas, 12. A nunciam -se três ca ím pios na terra. lam idades ("a is "), 13, que são terríveis ju íz o s d irig id o s d ire ta m e n te aos h om en s. 8.6—11.19. Soam as sete E sses três ais co n stitu em as ú ltim as três trom betas dos ju ízos. trombetas
Teatro rom ano, em P érgam o, no tável centro de idolatria e re lig iõ e s pagãs.
Apocalipse [ 687 I
9.1-12. A quinta trombeta — o primeiro ai
q u atro an jos (m in istro s do juízo sob co m ando divino). O ponto de sua soltura, o Eufrates, era a localização da antiga Babi 1. Abre-se o abism o. O vidente vê "um a lónia. A própria hora de sua soltura é de estrela que havia caído do céu sobre a ter term inada, assim com o a extensão da des r a " . E ssa "e s tr e la " é o anjo en carreg ad o tru iç ã o , 15. O n ú m e ro d os ca v a le iro s é do poço do abismo, o cárcere dos* dem óni duzentos m ilhões, segundo ouviu João, 16. os (Lc 8.30,31). Que ele não é Satanás, nem Alguns acreditam que a descrição do exér m esm o um anjo m au, d em on stra-se pelo cito , 17 -19 , com o os g a fa n h o to s, sugere fato de ser ele o m esm o p ersonagem an habitantes do m undo espiritual. Esses exér g é lic o q u e n o v a m e n te a b re o p o ç o do citos do reino espiritual aparecem nas Es "a b ism o " para ag rilh o ar e ap risio n ar S a crituras (cf. 2Rs 2.11; 6.13-17; Ap 12.7; 19.11tanás antes do m ilénio (20.1-3). Ele é um 1 6 ). O to r m e n to e a d e s tr u iç ã o d esse anjo que havia caído do céu, não um anjo exército infernal, p erten cen te à esfera do caído, pois o particípio "ca íd o " descreve a m undo espiritual, geralm ente invisível ao rapid ez da descida do anjo e a subitaneihom em , será, portanto, m u ito m ais terrí d ad e com que esse p rim e iro ai e x p lo d e vel. O utros acreditam que a passagem faz sobre os ím pios h ab itan tes da terra. referência ao evento de D aniel 11.44. 2-12. A soltura de multidões de demónios. 20-21. O propósito do ai. O desígnio di O simbolismo, 2-11, descreve o mundo invi vino é duplo: castigo e reforma. Mas aque sível do espírito em term os visíveis e com les que so b re v iv e m a essa tem ív el ca la preensíveis aos hom ens. Os gafanhotos re m id ad e n ão se arrepend em de suas más presentam dem ónios e a form a com o eles obras e id o latria. O v iolen to d em onism o possuirão, persegu irão e atorm entarão os desse dia (1-12) os afasta da ad oração de homens no final dos tempos. (Ver comentá Deus, levando-os a adorar dem ónios. Enurio sobre "Dem onism o", Mc 5.1-20.) Embora m eram -se os terrív eis resu ltad os da id o multidões de demónios tenham sido liberta latria d em oníaca: assassín io s (v io lên cia), d as para ato rm e n tar a raça h u m an a nas feitiçarias (práticas d em oníacas), im orali eras anteriores (Mc 1.23-27; 5.1-17; lT m 4.1dade sexual e furtos (roubos), 21. 6; l jo 4.1-4), m uitos deles são tão viciosa m ente depravados e nocivos que D eus os (10.1—11.13. Segundo parêntese) aprisionou no abism o. São esses os terrí veis dem ónios libertados no prim eiro ai. O 10.1-7. 0 anjo e o livrinho nom e do rei dos dem ónios é A badom , que significa "destruição", 11 (Jó 26.6; Pv 15.11), 1-6. A identidade do anjo poderoso. Esse ou Apoliom, em grego, que significa "destrui anjo é um anjo de verdade, que sim boliza d or" (cf. 2Ts 2.7-12). C risto (cf. 5.2; 8.3 ). C om o rep resen tan te
9.13-21. A sexta trombeta — o segundo ai 13-19. A soltura de exércitos reunidos. Do altar da intercessão, o altar de ouro do in c e n so , D eu s a te n d e às o ra ç õ e s de seu s santos sofredores e m artirizados. Suas ora ções sobem rumo ao altar (8.3). Dele vem a resposta, 13, esp ecificam en te dos "q u atro [expressando universalidade] p on tas" (de notand o o poder e a eficácia das orações dos santos e da resposta). Essa lib ertação d os e x é rc ito s a co n te ce p e la s o ltu ra dos
de Cristo, o anjo espelha sua glória e car rega a insígn ia atribu íd a em 1.15,16 e 4.3 ao p ró p rio C risto , 1. Esse estu p en d o ato de pôr os pés na terra e no m ar mostra o direito de Cristo de reclam ar a terra como sua, 2 (SI 95.5; Ef 1.13,14). O alto brado do a n jo e os sete tro v õ e s dão p len o te s te m u n h o da a u to rid a d e de C risto sobre a terra, 3,4(7. Seu ju ram ento de que "já não h a v e ria d e m o ra " m o stra a d iv in a so b e r a n ia de C r is to , e seu d o m ín io n e ssa s questões de ju ízo , 6. 7. O cumprimento do mistério de Deus. O "m istério de D eu s" é o tema do "livri-
í 688 I Apocalipse nho", e trata de Cristo com o R edentor en carnado da terra. É uma verdade p rev ia m ente ocu lta, m as agora p len am en te re velada, que enfoca Cristo, em quem o plano de D eus para esta terra se concentrou e se d e se n v o lv e u . Essa v e rd a d e é o g ra n d e tema do restante do A pocalipse, onde "o m istério de Deus se cu m priria", i.e., onde ele será consumado. Será "segundo [Deus] anunciado [gr. "evangelizou; anunciou a boa nova"] aos seus servos, os p ro fetas", que expuseram os grandes tem as da redenção, do reino e da eterna glória de Cristo.
10.8-11. João e o livrinho
Judá no tempo de Nabucodonosor (605 a.C.), só terminará na segunda vinda (Dn 2.34,35, 44; Ap 19.11, 21). Durante esse tempo, Jerusa lém está sujeita ao domínio gentio (Lc 21.24). O reconhecim ento divino ao culto do tem plo sinaliza o ligeiro desfecho dos tempos "d o s g en tio s", cuja extensão d eterm inada é de quarenta e dois meses. Esse é o meio da sep tuagésim a sem ana de D aniel (um a semana de sete anos, Dn 9.27), faltando ain da os últimos três anos e meio (cf. Dn 7.25; Ap 12.14; 13.5).
11.3-13. As duas testemunhas
3-7. Identidade. Em bora as duas teste 8-10. O que é o livrinho. O livrinho não m u n h as sejam co m u m en te id e n tific a d a s é apenas o registro do cumprimento do mis com o M oisés e Enoque, ou M oisés e E li tério de Deus, 7, além de ser distinto do li as, tal id entificação é im provável, pois as vro de sete selos de 5.1; ele parece ser, pelo d u as te s te m u n h a s são m o rta s e r e s s u s menos em parte, o livro que Daniel recebeu citadas, algo que não poderia ocorrer com ordens de selar até o tempo do fim (Dn 12.4, esses dois profetas do a t , hom ens glorifi 9). Essa passagem de D aniel é a p a re n te ca d o s (M t 17 .3 ). E ssa s te ste m u n h a s são mente a base desses versículos. E por isso o b v ia m e n te d o is m e m b ro s do re m a n e s que o livro era "d oce com o m el" quando cen te dos ú ltim o s dias. São testem u n h as comido (Ez 2.8,9; 3.1-3; SI 19.10; 119.103), mas de C risto, 3, "m in h as duas testem u n h as", "am argo" quando digerido (Jr 15.10; 20.14com referên cia ao anjo p o d eroso (C risto) 18). As lum inosas prom essas de libertação do capítu lo 10. Elas pregam "v estid a s de para o povo de Daniel tinham com o prelú p ano de s a c o ", sím b o lo do lu to , p o is se dio terríveis sofrim entos e juízo. identificam com o rep u gn ante pecad o de 11. A influência sobre o m inistério de Isra el e com a in iq u id a d e de Je ru sa lé m , João. Por conseguinte, o vidente deve pro 3b, 8 (cf. J1 1.13; Jr 4.8). A mensagem delas é fetizar de novo, com o fizera na seção an a soberania de C risto sobre a terra, 4, pro terior, "a m uitos povos". c la m a n d o a b rev e vo lta do Rei dos reis para tomar posse da terra. As duas olivei ras e os dois cand elabros (Zc 4.2,3) ligam 11.1,2. 0 final dos tempos e ssa s d u as te ste m u n h a s ao te ste m u n h o dos gentios de que o M essias, com o Sacerdote-R ei (as 1,2 a. A restauração do culto do tem plo. duas oliveiras de Zc 4 denotam esses dois Esse ponto assinala a retom ada do relaci postos), brev em ente rein ará sobre o Isra onam ento de Deus com Israel, e a ad ora el restaurado com o luz do mundo. Elas têm ção em um tem plo restaurado na "cid ad e poderes miraculosos com o Elias e M oisés, 5,6. san ta", Jerusalém (cf. 2Ts 2.3,4). Isso pelo Da boca d essas testem un has sai fogo (cf. fato de o v id en te m ed ir o "sa n tu á rio de 2Rs 1.10, 12; Jr 5.14; cf. Lc 9.54,55). Impõem Deus, o altar e os que nele ad oram ", 1. O a seca, com o Elias, 6a (lR s 15.17); transfor Senhor aceita o rem anescente piedoso, os mam água em sangue (Êx 7.19) e operam v e rd a d e iro s fié is, m as re je ita os ju d eu s ou tros sinais, com o M oisés, 6b (Êx 7-10). apóstatas que se identificaram aos g en ti São m ortas pela besta (cabeça do red iv ivo os (sim bolizados pelo átrio exterior). im pério romano, Ap 13.1-10; 17.8), que sobe 2b. O final dos tempos dos gentios. Esse do ab ism o (cf. 9 .1-12), m as só d ep ois de período, que com eçou com o cativeiro de concluíd o seu testem unho, 7.
Apocalipse I 689 1
O tem plo de Á rtem is, em Sardes. A igre ja da cidad e era "fam osa" p o r sua vid a espiritual, m as C risto acu so u -a de v iv e r uma o rto d o x ia rfiorta.
8-13. O destino. Seus cadáveres são de sonrad os em Jeru salém , 8, m as D eus re s suscita as duas testem unhas, 11, e as trans lada em "uma nuvem " (gr.), 12, i.e., a glória da Shechiná (cf. Ez 10.19; M t 17.5). Entre m entes, seus inim igos são castigados com um terrem oto que m ata sete m il e destrói um décim o de Jerusalém , 13, o que faz com que os rem an escen tes rend am g lórias ao "D eus do céu " em face de seu poder, mas não por causa de arrependim ento.
11.14-19. A sétima trombeta — o terceiro ai 14-18. Previsão do reino mundial de Cris to. O segundo ai (9.13-21) é aqui repetido d ep ois do p arên tese, 10.1 — 11.13, fu n cio nan d o com o p o n te sob re o in terv alo p a ren té tico e ligan d o os p rim eiro s d ois ais ao terceiro e últim o ai, 14. D eclara-se que e sse ai "e s tá p o r v ir " , e ab arca to d o s os ju ízo s restan tes an teriores à fu nd ação do reino (11.14—20.3). O s versículos 15.19 dão um p an o ram a do resto do liv ro, even tos fu tu ro s vistos com o já presen tes. E les v i s u a liz a m : o e s ta b e le c im e n to d o re in o e rein ado m u nd ial de C risto, 15-17; o ju ízo
das n ações fu riosas no A rm agedom , 18a; o julgam ento dos m ortos (20.11-15), quan do os d estruidores da terra serão destruí d os, 18c; e a re co m p en sa dos p ro fe ta s e dos santos, que são alçados a postos mile nários de poder e dom ínio, 18b (20.4-6). 19. Abre-se o templo de Deus no céu. "A arca da aliança" vista dentro do templo re presenta a fidelidade de D eus às suas ali anças e promessas feitas a Israel (Rm 9.4,5). O s últim os ju ízos apocalípticos e o segun d o a d v en to rea liz a rã o a co n su m a çã o de to d o s os co m p ro m isso s firm ad o s com o povo da aliança de D eus, Israel. (Ver "As Alianças das Escrituras", Hb 9.)
12—13. Os sete personagens que atuam nos últimos dias da tribulação 12.1,2. Primeira pessoa — a mulher, Israel 1. A mulher. Apresentam-se os persona gens que estarão no palco nos dias finais que precederão a volta de Cristo. Não só se re g istra m os a co n te cim e n to s v isív e is do
[ 690 ! Apocalipse conflito final, mas tam bém os aspectos es pirituais ocultos. O "grande sinal no céu" é a "m u lh er", 1, Ela, evidentem ente, sim boliza Israel, pois está vestida com esplendor ré gio e governam ental; as doze estrelas re presentam as doze tribos, com o m ostra o sonho de José (Gn 37.9). Israel, com frequên cia, era retratado como mulher casada no a t (Is 54.1), e como esposa adúltera divorciada por causa de seu pecado e rejeição (Is 47.79; 50.1; Jr 3.1-25; Os 2.1-23). 2. O trabalho de parto da mulher. Esse parto se refere à agonia de Israel durante a grande tribu lação, segu n d o ilu stra cla ram ente o con texto. O sím b olo do parto era um sím ile com um no a t , usad o para re tratar so frim en to agu d o, e sp e cia lm e n te a "angústia para Jacó " (Jr 30.5-7; Is 26.1518; 66.7). Nesse suprem o trabalho de par to, a n a çã o d a rá à lu z o r e m a n e s c e n te piedoso dos judeus, 17 (cf. M q 5.2,3), que estará intim am ente associado ao filho va rão, Cristo, 5.
12.3,4. Segunda pessoa — o dragão, Satanás 3. O dragão na perspectiva profética. O dragão é identificado com o "a antiga ser pente [cf. Gn 3.1-10], chamada Diabo [opo sitor] e Satan ás" no versículo 9. Ele é um "grande dragão verm elho", o que o retra ta como o orgulhoso e cruel inspirador da "b e s ta " . "V e rm e lh o " re tra ta seu c a rá te r a ssassin o (Jo 8.44), agora realçad o . Suas sete cabeças coroadas de diadem as e seus dez chifres o identificam com a forma final do poder m undial gentio concentrad o na besta (13.1-10; cf. Dn 7.8). 4. O dragão na perspectiva histórica. O versículo inclui um esboço panorâm ico de sua queda original, 4a (Is 14.12-14; Ez 28.1215), sugerido pelos versículos 7-9, e da hos tilidade de Satanás à posteridade da m u lher, 4b (Gn 3.15; M t 2.16).
12.5,6. Terceira pessoa — o filho varão, Cristo 5. O filh o v arão . D eclaram -se quatro coisas: (1) o nascimento dele, 5a; (2) o destino,
5b, que é esfacelar seus inim igos (SI 2.9) e depois reinar com justiça; (3) a ascensão, 5c; (4) a posição no trono de Deus, 5d (3.21). Ele é d estinad o a reinar. Satanás sabe disso e persegu e a m u lher (o Israel piedoso). 6. A fuga da mulher. O longo intervalo da era cristã está entre os versículos 5 e 6. O v e rsíc u lo 6 d escre v e a fu g a de Isra e l para o d eserto (p o ssiv elm en te P etra, em Edom; cf. M t 24.16; Dn 11.41), para ser sus tentado durante três anos e m eio durante a terrível persegu ição de Satanás, que ele realiza por m eio da besta (2Ts 2.3-7).
12.7-12. Quarta pessoa — o arcanjo Miguel 7-9. M iguel. M iguel é o protetor especial do povo de Daniel, os judeus, 7a (Dn 12.1; cf. D n 1 0 .1 3 -2 1 ). E le se e n v o lv e na g u erra q u an d o a e x p u lsã o de S a ta n á s dos céus está próxim a, 7b. D esde sua rebelião, S a ta n á s e su as h o rd a s v ag am so lto s p elo s céus (Jó 1.6; 2.1; Gn 3.1-10; Ef 2.2; 6.10-12). No m eio da grande tribulação, ele e seus anjos serão expulsos e lançados à terra, 79 (cf. Dn 10.10-14). 10-12. A exultação diante da expulsão de Satanás. Esse brado de alegria é um prelú dio ao estabelecim ento do reino de Cristo, 10rt, que com eça com a volta de Jesus. A vitória sob re a m a lig n id a d e dos ú ltim os dias terá com o base: o consum ado sacrifí cio de Cristo, 11a, o testem unho fiel, 11b, e os m ártires, 11c. A expulsão de Satanás sig nifica terrível aflição na terra, 12. A cólera dele é incitada pelo pouco tem po que lhe resta (cf. 10.6; 11.14).
12.13-16. Satanás persegue a mulher 13,14. A razão da perseguição de Satanás. Sabendcf que sua derrota foi provocada pela exaltação do Filho varão, Cristo, o dragão faz jorrar sua cólera contra a mulher vesti da do sol (Israel) que deu à luz o Filho varão, 13. As asas da águia dadas à m ulher para que fugisse para o deserto lembram que o Senhor libertou Israel do Egito e o levou so bre asas de águia (Êx 19.4; Dt 32.11,12; Is 16.20;
Apocalipse [ 691 l 27.1) Esse é o período das "ab om in açõ es" (Dn 9.27) e da grande tribulação predita por nosso Senhor (Mt 24.15-22; Lc 21.20-24). 15,16. A preservação de Israel. A serpen te (S a ta n á s ) a rro ja de su a b o c a "á g u a com o um rio", 15, sim bolizando as nações g entias (17.15) que, in sp irad as, por S a ta n ás, com ó d io a n ti-se m ítico , p reten d em destruir os ju d eu s. "M as a terra socorreu a m ulher, abrindo a boca e engolindo o rio que o d rag ão lan çara da b o c a ", 16. Isso su gere n ações am igas, que, dando o u v i d os à p re g a çã o do e v a n g e lh o do re in o , p roteg em esses ju d eu s p erseg u id o s.
pos dos gentios, 2 (cf. Dn 7.4-6) — agilida de de leopardo para a conquista (macedôn ica ), v o ra cid a d e de u rso (persa), força leo n in a (b abiló n ia). Seu reino representa a restauração do poder im perial do Impé rio R o m a n o , 3b. A c a b e ça g o lp ea d a de m orte sim boliza a sétima (e última) forma de governo do Im pério Romano, a imperi al, destruída na guerra; a "ferid a m ortal" que ainda seria curada indica que a forma im p e ria l de g o v ern o será resta u ra d a no dom ínio da besta (Dn 7.8). A besta é ado rada ao lado do dragão que a inspira, 4. Ela lança ferrenho d esafio a D eus e é ab solutam ente d estruidora nos últim os três anos e m eio da grande tribulação, 5. 12.17. Quinta pessoa — 6-10. A ím pia carreira da besta. Ela blas o remanescente israelita fe m a co n tra D eu s e os seu s, 6. C om tal 17. O rem an escen te p ied oso. Satanás p ro p ó sito , abre g u erra contra os santos, 7a (Dn 7.21,22; A p 11.7, 12). É-lhe facultado agora se volta contra o rem an escente p i poder irrestrito sobre todos os habitantes edoso dos judeus ainda na terra (cf. Is 1.9; da terra, exceto sobre os eleitos, 8-10 (cf. 6.13; Rm 11.5). São judeus individualm ente M t 24.13, 22). É o anticristo, o hom em da piedosos que não fugiram para a seguran ça quando rebentou a tribulação (Mt 24.15iniquidade (2Ts 2.3-12; l jo 2.22; 4.3). 20). Esses "g u ard am os m and am entos de D e u s ", a m arca da p ied a d e com um dos 13.11-18. Sétima pessoa — a verd ad eiros crentes de todas as épocas, e besta da terra, o falso profeta "m antêm o testem unho de Jesu s", i.e., dão fiel testem unho dele. Esse terceiro m em bro da ím pia trinda
13.1-10. Sexta pessoa — a besta do mar 1-5. A besta — o soberano de Roma. Esse últim o grande soberano do poder mundial g en tio provém de um a cond ição p o lítica instável (o "m a r", Is 57.20), la . Ele lidera um im p ério de d ez rein os co n fed era d o s abarcand o a esfera do antigo im pério ro m ano, a quarta besta de D aniel (Dn 7.2428). Os "d ez chifres" são os dez reinos (reis, 17.12) e as "co roas" sobre os chifres retra tam o p o d er d esp ó tico . O d ragão, ten d o "sete cabeças, e sobre os chifres havia dez coroas " (12.3) é a dinâm ica que inspira a besta, 1 b, 2b. A besta se encontra em posi ção de com pleto d esafio a Deus, indicado p e lo s "n o m e s de b la s fé m ia " so b re cad a um a de suas sete cabeças, lc . Seu im pério tem todas as características satânicas dos p reced en tes im p ério s m u n d iais dos tem
de surge da terra, 11 a. E o primeiro profeta da besta (o anticristo), 11 b, em bora disfar çado de cordeiro. Como tal, coordena o culto à "p rim e ira b e s ta " p o r m eio de poderes m iraculosos, 12-14, dando vida à im agem da besta e matando aqueles que não a ado ram, 15 (cf. Dn 3.1-30). Apesar das num ero sas ten ta tiv a s de id en tifica r o "s in a l" da b e sta a n o m es, co m p u ta d o re s, siste m a s m o netários e coisas sem elhantes, sua n a tureza precisa ainda é ignorada, e só será desvelada com a aproxim ação do fim.
14. Antevisão do fim da tribulação 14.1-5. 0 Cordeiro e os cento e quarenta e quatro mil 1-3. A identidade dos cento e quarenta e quatro m il. São evidentem ente os judeus re m a n e scen tes p o u p ad o s da m orte e da
[ 692 1 Apocalipse contam inação m oral durante a grande tri b u la çã o . S ã o a s s o c ia d o s ao "C o r d e ir o " (C risto) sobre o m onte Sião, la , o antigo Sião de Jeru salém , sede do poder real do reino. Parece evidente que os cento e qua renta e quatro m il aqui são id ênticos aos israelitas de 7.1-8, que foram selados para a preservação da m orte durante a tribu la ção (7.3). Pertencem ao Cordeiro e têm seu sinal na testa, lc. Tendo sofrido grande tri b u lação, seu cân tico da g raça de D eu s é um "câ n tico n o v o ", can to de red en ção à custa do sangue do Cordeiro, 3 (cf. Rm 3.24). 4,5. O caráter e o destino. Sua piedade prática se revela: (1) em sua separação, em pureza virginal, da im piedade e da idola tria que os cerca, 4a (cf. 9.20,21); (2) em sua obediência e discipulado, 4b; (3) em sua reden ção, 4c; (4) em seu destino, 4d, com o "p rim íci as para D eus e para o C o rd eiro ", penhor do futuro reino da terra, quando todos se inclinarão d iante de D eus e do C ord eiro; (5) em sua fidelidade, 5a, apegando-se à ver dade da Palavra de D eus pela confissão e pela vida, m esm o quando todo o m undo crê "na mentira [do D iabo]" (2Ts 2.11).
14.6-8. A profecia da queda de Babilónia 6,7. A proclam ação do evangelho eter no. E sse ev a n g elh o p roclam a a m isericór dia em meio ao ju ízo, cham ando os hom ens desse terrível períod o a abandonar o cu l to da besta e a adorar a Deus (Pv 1.7), dan do g lória a ele, e não à b esta , "p o rq u e a hora do seu ju ízo chegou". 8. A previsão da queda de Babilónia. Ba bilónia sim boliza o sistem a m undial satâ nico, centro de tudo o que é falso e mau, de id o la tria e de o p re ssã o . C o n s is te no conjunto da hum anidad e irregenerada or g a n iz a d a seg u n d o p rin c íp io s m a lig n o s , tendo Satanás por cabeça (cf. l jo 2.15-17), com ê n fa s e n o s a s p e c to s e c le s iá s tic o (cap.17), p o lítico e m ercan tilista (cap. 18) desse sistem a. "C aiu ! C aiu " ( n v i ) é hebraísm o que significa "ca iu to talm ente".
14.9-13. 0 castigo dos iníquos 9-11. Os adoradores da besta e seu desti no. O destino desses rebeldes é anunciado por um anjo "em alta voz", para que todos
Uns poucos arcos foi o que restou do antigo estádio de Laodicéia. A igreja de Laodicéia havia expulsado seu Salvador e Senhor, que aparece do lado de fora, batendo à porta de cada coração.
Apocalipse [ 693 1 ouçam e não tenham desculpa, 9. Implica a fogo, pois esse altar de sacrifício tornouplena ira de D eus, 10a ("T am bém beberá se agora o altar do juízo, 18 (cf. 16.5, 8). O do vinho da ira de Deus, preparado no cáli ju íz o dos ím p ios está plenam ente m adu ce da sua ira, sem m istura" (Is 51.17; Jr 25.15; ro, 18c (cf. 2Ts 2.7-12). E impiedoso, segun SI 75.8; Jó 21.20). “Fogo e enxofre", 10b (cf. do indica a m etáfora o "lagar foi pisado", Is 30.33; Ap 20.10) sim bolizam angústia indi no qual a irrestrita cólera divina se derra zível. O castigo eterno é representado pela m a sobre os pecadores (19.15; cf. Is 63.36), "fu m aça do seu to rm en to" subindo "p ara e é e x e cu ta d o "fo ra da cid a d e " (Jeru sa todo o sem pre", 11. O torm ento incessante lém ), 20, no vale de Jo safá (J1 3.12,13). A é p re n u n cia d o p e la e x p ressã o "n ã o têm terrível carnificina do A rm agedom é sim repouso, nem de dia nem de noite". b olizad a pelo sím ile do sangue correndo 12,13. A felicidade dos mártires. Nesse até os fre io s dos cav alo s por m il e seis dia terrív el a "p e rse v e ra n ç a d os sa n to s" cen tos estád ios (cerca de trezentos e vin será su b lim em en te testad a. P erseveran ça te quilóm etros), 2 0 b. Sugere-se vasta des im plica que os rem anescentes guardarão tru içã o em um a área que circu n screv e e os m andam entos de D eus e conservarão a tem por centro a Palestina e a Síria. fé em Jesus, 12. Sugere-se a felicidade da queles que m orrerem , recusando-se a ado 15,16. As sete taças rar a besta, 13.
14.14-20. Antevisão do Armagedom 14-16. A ceifa. Eis aqui uma visão celes te do ápice do ju ízo de Deus. O sím ile da ceifa retrata o ju íz o que sep arará o ju sto do ímpio. O justo é aquele que está senta do sobre uma "nuvem branca", sendo que a cor branca significa a pureza e a justiça absoluta do ju ízo que virá; a nuvem indica a p resen ça d ivina (10.1; Ez 10.4; M t 17.5; 24.30). O ju iz é o Filho do hom em , títu lo com que Cristo trata da terra e seus habi tantes (M t 25.31; Jo 5.27) e reclam a a sobe rania universal (Dn 7.13,14; Ap 1.13,14). Sua divina realeza revela-se n a coroa de ouro sobre sua cabeça (Ap 19.12), sendo a "fo i ce afiad a" sím bolo de um a ceifa com pleta (J1 3.13). O juízo procede do tem plo, 15a, a im ed iata presença de D eus, e o cham ado é à sega im ediata, pois a " a terra já está m adura para a co lh eita", e o tem po d evi do chegou, 15b, 16. Os anjos são os ceifei ros (cf. 19; M t 13.39); o Filho de hom em cei fa por m eio de seus instrum entos: os anjos, 16 (J1 3.9-14). 17-20. A v in d im a. T rata-se da ira de D eus derram ada sobre os pecadores. P ro vém da presença de Deus, o santuário, 17, e do altar, 18, i.e., o altar de bronze do sa crifício. O anjo que sai tem poder sobre o
15.1-8. A preparação para os últimos flagelos
1. O sinal dos sete anjos. Esse sinal (sím bolo) é dito "grande e adm irável", porque esses an jos trazem os sete ú ltim os flag e los e com eles a cólera de Deus é com ple ta. Esse sinal cham a atenção ao anticristo, que tenta conquistar a terra para si e des truir a m ulher (Israel). 2-4. Os m ártires vitoriosos. O fogo mis turado ao vidro lem bra a tribulação da fe roz perseguição dos m ártires sob domínio da b esta, 2. A s h arp as de D eus sim b o li zam sua alegria vitoriosa, com o consequ ência do triunfo sobre a besta (5.8). O cân tic o de M o is é s (lig a d o à re d e n ç ã o da travessia do m ar Verm elho, Êx 15) com bi n a -se ao c â n tico do C o rd e iro (red en çã o do p e ca d o e e x a lta ç ã o do C o rd e iro de D eus). O tem a do cântico, 3,4, é a justiça das obras e dos cam inhos de D eus como "R e i das n açõ es". A reverência e a glória d evidas ao seu nom e, que breve todas as n ações a d orarão , são celeb ra d a s quando da revelação dos seus últim os juízos, 4. 5-8. Os ministros da ira de Deus. Esses juízos finais (11.19—18.24) saem do templo de D eus porque são m ais severos que os juízos anteriores, que vieram do trono divi no, 5,6. As vestes de linho resplandecente dos anjos (cf. 19.8, 14) m ostram o caráter
( 694 1 Apocalipse
justo de sua missão, 6a. Eles vêm sacrificar à insultada santidade e justiça de Deus. As taças de ou ro eram u ten sílio s do tem p lo para derram ar libações e, aqui, retratam a plenitude (sete) da ira de Deus derramada. Os quatro seres viventes (ver com entários sobre 4.6-11), como executores do governo judicial de Deus, cumprem seu papel, 7. A fum aça é resultante do fogo da cólera de Deus, que agora oculta sua graça porque o pecado está plenam ente m aduro e precisa ser julgado sem m isericórdia, 8.
16.1-12. Taças um a seis 1-3. Taças um e dois. O s juízos das ta ças são a consum ação da ira de D eus der ram ada sob re a im p ied ad e do hom em e c a ra c te riz a m -s e co m o s e v e r o s , fin a is e breves. E v id en tem en te, con tin u am até o fim do período da tribulação, pois os anjos não voltam ao tem plo celeste. C ron olog i cam ente, o ev en to im ed iata m en te p o ste rior ao derram am ento das taças é a vinda vitoriosa de Cristo, capítulo 19. A ordem do céu, 1, indica que a longa nimidade de Deus terminou, e seu ju ízo já não pode ser retard ad o. Sua glória exige que seu nom e seja vingado. A primeira taça, 2, é derram ada sobre o gov ern o da terra estruturado segundo a liderança da besta. Uma ú lcera m align a atin g e a q u e le s que trazem o sinal da besta. Esse é o ju ízo de D eus so b re a q u e le s que re je ita ra m su a graça e se rebelaram contra o seu culto. A aflição pode muito bem ser moral e espiri tual além de física. A segunda taça, 3, é der ram ada sob re o m ar, que vira san g u e e simboliza a absoluta m orte moral e espiri tual da sociedade iníqua. 4-9. As taças três e quatro. As fontes de água doce se transform am em sangue no derram am ento da terceira taça, 4. M as, no m eio desse juízo, há a proclam ação da ju s tiça do Deus eterno e juiz, 5. A solidarieda de dos céus está ao lado do ju iz! F az-se justiça, pois os hom ens sobre quem cai tal c a s tig o d erra m a ra m o sa n g u e in o c e n te dos profetas e santos, 6; assim eles m ere cem beber sangue. O altar também dá seu testem u n h o , 7, talvez porqu e as orações
dos santos (6.9,10) d ebaixo do altar sejam agora atendidas. A absoluta autoridade de D eu s sob re a criação é exib id a na quarta taça, 8, aum entando o calor do sol até que os h o m e n s, em su a p a v o ro s a a n g ú stia , b ra d e m b la s fé m ia s , 9. D e sse m o d o , os c o r a ç ã o d e le s se e n d u r e c e , e r e v e la -s e seu v e rd a d eiro caráter. 10,11. A q u in ta taça. C aem as trevas so b re o im p é rio da b esta , 10, q u an d o o ce n tro de seu p o d e r (tro n o ) é a tin g id o , com o re sp o sta de D eu s ao e scá rn io d os se g u id o re s da b esta (13.4). Seu re in o — moral, política e espiritualm ente — é m er gulhado em solitárias trevas, e os hom ens rem ordem a língua em apavorada agonia. Sua b la sfém ia , 11, rev ela a p len itu d e de sua escu rid ão esp iritu al. 12. A sexta taça. A secura do Eufrates, rio de dois mil oitocentos e cinquenta qui ló m e tro s de e x te n s ã o , o m a io r c u rso d 'ág u a da Ásia ocid ental, sim boliza a re moção de toda barreira que im pede o avan ço dos "d os reis que vêm do O riente" rumo ao A rm agedom . Esse grande rio form ava a fro n te ira o rien ta l do Im p ério R om ano, consid erad o o lim ite oriental da Palestina am pliada (Gn 15.18). Na antiguidade, era um a b a rre ira n atu ral con tra os e x é rcito s invasores do leste. Não m ais será barreira quando o Senhor reunir os exércitos no A r m agedom , ou quando ele reunir Israel no vam ente no reino (Is 11.15,16). Os reis do leste são os soberanos das potências a les te do Eufrates.
(16.13-16. Terceiro parêntese) 16.13-16. As três rãs 13,14,16. A trindade satânica e o A rm a gedom . As "r ã s " sim bolizam os dem ónios que serão a dinâm ica espiritual do A rm age dom (cf. ÍR s 2.20-28). O dragão (Satanás), a besta (o anticristo) e o falso profeta sim bolizam a trindade satânica do mal, fonte dos "e sp írito s [...] de d em ó n io s", 14, i.e., e s p ír ito s d e m o n ía c o s . (V er c o m e n tá rio sob re "D e m o n ism o ", M c 5.20.) E sses d e m ónios são o m eio enganad or de p ersu a d ir as nações a se reunir para a suprem a
Apocalipse I 695 1
O vale de Jezreel visto de Megido. Esse vale simboliza o local onde as nações se reunirão, em Apocalipse 16.
insensatez do A rm agedom — a luta insa na do hom em contra D eu s e a sob erania de C risto na terra. Arm agedom , 'm onte de M egid o ', é antigo cam po de batalha e lo cal de vários com bates decisivos na h istó ria de Israel (cf. Jz 5.19; 2Rs 9.27; 2Cr 35.22). S im b o liz a o lo cal da reu n ião d as n a çõ es, assim com o o vale de Jo sa fá (J1 3 .2 , 12) sim b o liz a o lo cal da m atan ça na b a ta lh a decisiva do final dos tem pos. Essa batalha decid e a questão governam ental da sobe rania sob re a terra. 15. Alerta aos remanescentes. E o parên tese entre os versículos 14 e 16. Tão densos serão a escuridão e o engano naquela hora que as hordas terrenas reunidas em Arm a ged om serão su b itam en te su rp reen d id as pelo glorioso advento de Cristo (lT s 5.2,3). Os santos de Israel (7.1-8; 14.1-5) e os santos dos gentios (7.9-17) precisarão de alerta e encorajam ento nesses dias de espessas tre vas (Is 60.2), a fim de vigiar sua conduta e preparar-se para a volta de Cristo.
16.17-21. A sétima taça 17,18. A consum ação do juízo da ira. O sétim o an jo d erram a sua taça "n o a r " , o
rein o de Satanás (Ef 2.2), que agora já foi atirad o dos céus à terra (12.9), e ele age por interm édio da besta, do falso profeta e seus seguidores. O juízo (granizo, 21) cai sobre os sistem as organ izad os do mal na terra. "E stá fe ito ", anuncia a consum ação da ira de D eus sobre aqueles que recusa ram o clam or da cruz — "E stá consum a d o" (Jo 19.30). O uve-se a voz de Deus vin da do te m p lo (n a o s , " lu g a r da sua p resen ça") e do trono (sede da sua adm i nistração). Sua ação ju d icial, sim bolizada por vozes, trovões e raios, precede o gran de te rre m o to , 18. E sse te rre m o to é um a realid ad e física, pois nenhum outro m eio p o d eria resu lta r n a com p leta d estruição, da qual tod os os ju íz o s a n teriores foram p re c u rs o re s . O u tra s p ro fe c ia s p red izem tal terrem oto (cf. Z c 14.4,5) e indicam re su ltad os que som ente um verd ad eiro ca taclism o p od eria operar. 19-21. As consequências da ira de Deus. Jerusalém , "a grande cid ad e", está dividi da em três partes. "As cidades das nações" tam b ém caem . A "g ra n d e B a b iló n ia ", o en g an ad or centro p o lítico e religioso dos capítulos 17 e 18, sofre a plena ira de Deus, 19b. O terrem oto é m und ial, 20, e só um
1 696 1 Apocalipse reino escap a, pois não pode ser ab alad o (Dn 2.44). O pesado granizo (pedras de cer ca de quarenta e cinco quilos), 21, lem bra a derrota dos inim igos de Israel em BeleHorom (Js 10.1-11).
do a t q u anto os m ártires de Jesu s do n t sofreram d ebaixo com essa prostituta. Na perseguição do final dos tem pos, esse sis tema m aligno participará ao lado da besta no assassinato ind iscrim in ad o dos verd a d eiros seg u id o res de Jesus.
17—18. 0 juízo de Babilónia 17.1-6. A visão da prostituta, a Babilónia eclesiástica
17.7-18. A prostituta e seu destino
7-14. O instrum ento do seu juízo. O re divivo Im pério R om ano, com seu im p era 1-5. A prostituta e sua identidade. Os d or dos ú ltim o s tem p o s (a b esta ), surge cap ítu lo s 17 e 18 co m p lem en ta m p le n a com o ag en te de d estru içã o da p ro stitu ta m ente os a v iso s p ro fé tic o s s u p e rfic ia is (1 6 -1 8 ). P red iz -se sua re v iv e scên cia nos precedentes (14.8; 16.19). A prostitu ta re últim os dias, 8a. Ele "e ra " (existia) no tem presenta a B abiló n ia e cle siá stic a (p e rso po de Jo ã o , e "já n ã o é " (p ro fe tiz o u -s e nificando a revolta religiosa contra Deus) seu té rm in o e, de fa to , te rm in o u com o em sua form a final, m adura para o juízo. im pério un id o em 476 d.C.). Volta no final (1) Ela representa o ritualism o religioso cor d os tem p o s p ior que n u n ca, m u n id o de rupto, 1, "grand e prostitu ta" (Na 3.4), de poderes satânicos do abism o (cf. 2Ts 2.8,9; notand o um sistem a re lig io so que co m A p 9.1-12; 11.7; 13.2), m as sua sobrevid a p ro m ete a v e rd a d e p ara g a n h a r p o d e r é b rev e, 8b. C airá na p erd ição d iante da secular. (2) Ela explora os povos ("á g u a s ") vinda de C risto (19.20). Essa rev iv escên da terra, 1. (3) Ela é culpada de p rostitu ir a cia do p o d e r ro m a n o sob lid e ra n ç a da verdade e a pu reza, 2c, in eb ria n d o os h o b esta p ro v o ca rá g ran d e ad m ira çã o e lo mens com suas d ou trin as e p ráticas que gro, 8 b ,9 (13.3,4; 2Ts 2.8-12). A m u lher (a violam a Palavra de Deus. (4) Ela é espiri B a b iló n ia e c le s iá s tic a ) tem seu q u a rte ltualmente pobre, 3a. O erm o (deserto) sim g en era l na cap ital da b esta, 9b, a cidad e boliza o lugar da seca, onde aqueles que dos sete m o n tes, R om a (cf. 18). estão sed entos (cf. Jo 7.37-39) jam ais p o In d ica-se o tipo de govern o do im pério dem se saciar. (5) Ela dom ina e usa o estado r o m a n o r e d iv iv o , 10. A s s e te c a b e ç a s sempre que possível, 3b. Ela ascende ao po n ã o sã o a p e n a s s e te m o n te s (s o b re os der da Babilónia política, o reino da besta, q uais se erg u e R om a e ond e está a sse n a forma final do governo m undial gentio tad a a p ro s titu ta , 9 ), m a s ta m b é m sete (13.1-10, ver com entários). (6) Ela lidera o r e is . O s " s e t e r e is " e v id e n te m e n te se sistema religioso corrupto do fin a l dos tempos, re fe re m às sete fo rm a s d is tin ta s de g o 4. Escarlate denota seu pecado e adultério v e rn o q u e c a r a c te r iz a m o im p é rio (32 (Is 1.18). Ela é rica e influente. O "cálice de a .C .-4 7 6 d .C .). O s cin co que ca íra m são ouro" cheio de "ab om in açõ es" (idolatrias) os re is, c ô n su le s, d ita d o re s , d e c ê n v iro s e da "im undícia da prostituição" represen e tribu nos. "U m e x iste ", a form a im p eri tam sua gro sseira in fid e lid a d e a D eu s e al do tem po de João. "O o u tro ", o sétim o sua Palavra. (7) Ela representa, em última ins regim e, d ep ois do sexto, o im perial, ainda tância, todos os movim entos religiosos apósta está por vir, e quando vier terá de d urar tas, desde sua origem na antiga B abilónia "p o u co " (Seu plen o poder só perdura por de N inrode (Gn 10.8-10) até sua terrív el três an os e m eio, 13.5). con su m ação no c ris tia n is m o a p ó sta ta e Especifica-se o último governante do im outras tendências religiosas m alignas dos p ério red iv ivo, 11: "A besta, que era e já últimos dias, 5. não é [o im pério redivivo, 8a]; tam bém é o 6. A m ulher e seus crim es. Seu pecado o ita v o rei [au tos, "e le m e sm o ", a b e sta m ais horrível é o assassin ato dos v erd a im perador que agora entra em cena], está deiros santos de Deus. Tanto os "sa n to s" en tre os sete e irá para a perd ição [o g o
Apocalipse [ 697 1 v e rn o im p e r ia l, 10], e c a m in h a p ara a destruição" (gr.; cf. 8). Esse líder diabólico é único, 12-14. Ele dom ina uma federação de d ez re in o s, 12,13, d e sc o n h e c id o s do governo im perial rom ano, e declara guer ra contra o C o rd eiro (16.14; 19.19) no g i gantesco conflito pela soberania do m u n do (19.16; cf. lT m 6.15). 15-18. O relato da sua condenação. A p rostitu ta — que d om inou e explorou os povos da terra, 15, e que foi levada ao po der nos últim os dias pela besta — verá a besta se virar contra ela no final, para destru í-la co m p le tam e n te , 16. Isso o co rrerá p ela v itó ria p ro v id e n cia l de D eus, p ara cum prir sua Palavra, 17. A destruição é o seu ju íz o (18.6), por cau sa do seu ím pio d esejo de d om in ar os g ov ern an tes te rre nos em busca de seus próprios interesses egoístas e ilu sórios, 18.
18.1-24. 0 juízo da Babilónia mercantili5ta 1-8. Anuncia-se sua destruição. Um gran d e a n jo an u n cia su a ru ín a co m p le ta , 1. "C aiu, caiu" (ruiu com pletam ente) por cau sa do corruptor pecado do m ercantilism o, 2,3. O povo de Deus recebe ordens de apar tar-se dela (2Co 6.14-17), 4, pois sua iniqui d ad e é a b so lu ta , 5, e seu o rg u lh o exig e castigo total e im ediato, 6-8. 9-19. Lam enta-se sua destruição. A que le s q u e fic a ra m ric o s com os n e g ó c io s da B a b iló n ia m e rc a n tilis ta a la m en ta m , 9-11. Seu rico co m ércio é d escrito , 12-19 (cf. Is 13.21,22), e lem b ra os cân tico s de e s c á r n io d e I s a ía s 2 3 — 2 4 , 4 7 ; J e r e m i as 50 — 51; E zeq u iel 26 — 27. 20-24. Executa-se sua destruição. Todo o céu é cham ado a alegrar-se diante da sua destruição, ao lado dos "sa n to s e ap ó sto los e p ro fe ta s ". A razão d essa a le g ria é q u e "D e u s ju lg o u a v o ssa cau sa c o n tra e la " . Isso m o stra que som en te D eu s é o verd ad eiro destruidor do sistem a m u nd i al satân ico, tanto o ecle siá stico q u anto o m ercantilista. A pedra atirada no m ar sim boliza a com pleta destruição de Babilónia, 21-23, pois ela é culpada do sangue do povo de Deus, 24.
Babilónia A B abilónia do capítulo 18 é o sistema satânico m undial em seus impiedosos as pectos com ercial e económ ico. Esse siste ma perm eia todas as fases da vida da hu m anid ade irregenerad a organizada como sistem a sob o controle de Satanás. O capí tu lo 17 salien ta os asp ectos religiosos de B abilónia, m as tam bém suas ram ificações culturais, científicas, educacionais e gover nam entais. O sistem a satânico mundial de Babilónia é m encionado em mais de trinta passagens do n t. Satanás é seu líder direto (Jo 12.31; 14.30; 16.11; IJo 5.19; Ap 2.13). O sistema é tido por Deus como absolutamen te maligno (Gl 1.4; Cl 1.13; 2Pe 2.20; Tg 4.4; IJo 4.3). R evela-se lim itad o e tem porário (IJo 4.4), com o o confirma Apocalipse 17— 18. Está fadado à destruição na segunda vin da de Cristo (IJo 2.17; Ap 1 7 - 1 8 ; 19.11-16; 20.1-3). E caracterizado por avareza, orgu lho e guerra (Tg 4.1-4), e é uma perene cila da para o povo de Deus (IJo 2.16; Ap 18.4,5).
19. A volta de Cristo 19.1-5. A alegria diante da queda de Babilónia 1-4. O céu se alegra. A Babilónia eclesi ástica (cap. 17), juntam ente com a Babiló nia m ercantilista (cap. 18), precisa ser ju l gada antes que a verdadeira noiva (19.6-10; 21.9-21) se revele, la . Os ím pios h ab itan tes da terra lam entam (18.9-19), mas o céu e x u lta (1 8 .2 0 — 19.6) d ia n te da q ueda de Babilónia. A alegria do céu é celebrada pela grande m ultidão (representando todos os santos g lorificad os no céu), pelos anjos e pelos vinte e quatro anciãos. Eles atribu em a D eus a libertação, a glória e o poder, lc, usando a palavra hebraica "alelu ia" (gr. “alleluia"), 'louvado seja Yah' (i.e., Yahweh, o Senhor), 1, 3, 4, 6, com em orando a eter na ruína de Babilónia, 2-4. 5. O trono fala. O trono simboliza o pró p rio D eus, que fala do centro e fonte de seu g o v ern o . E n tra em cena m ais outra cau sa de a leg ria . A s bod as do C o rd eiro e stã o p restes a ser an u nciad o.
[ 698 1 Apocalipse
19.6-10. As bodas do Cordeiro
to ", 11a (cf. 4 .1 , on d e há so m en te "u m a porta aberta no céu"). A visão é a partida 6-8. A s bodas. Esse even to g ran d ioso do C risto do céu, com seus santos e anjos, tem com o p re lú d io o an ú n cio de que o para reclam ar sua so b era n ia sobre a te r Deus Todo-Poderoso assum e o poder real ra. Sua v itó ria é d en o ta d a p o r e sta r ele em Cristo, 6a, provocando a quarta e últi sentado em um "ca v a lo b ran co ", 11b, que ma exclam ação de louvor: "a le lu ia ", 6b, e sim boliza a vitória (cf. 6.2; SI 45.4). Seu tri sublime regozijo, 6c,7a. E o cham ado a hon unfo se fundam enta no fato de ser ele fiel rar o C ord eiro, pois n ão se diz que esse e v e rd a d eiro à v o n ta d e de D eus em um acontecim ento refere-se às bod as da n o i sentido irrestrito, 11c (Fp 2.5-11). Ele vem va, mas "d o C o rd eiro". A noiva, apresen para ju lg a r e g u errear, 11 d; m as, ao con tad a com o fu tu ra e s p o s a , re p re s e n ta a trário de m u itos ou tros guerreiros, q u an igreja do n t ( J o 14.3; lT s 4.13-17; Ef 5.32). O do Jesu s vem , vem "co m [absoluta] ju sti sím ile da 'esposa' sim boliza a igreja glori ç a " . E le e x e rc e ju íz o o n is c ie n te , 12a, ficada unida a C risto, sua cabeça, em ré s im b o liz a d o p e la fra s e " O s s e u s o lh o s gia adm inistração e dignidade no reino. A eram com o chama de fogo" (cf. 1.14; 2.18), m etáfora do casam en to sim b o liza a co n e tem autorid ade absolu ta, 12b, rep resen sum ação visível e pública da união esp iri tada p o r suas m u itas coroas (d iad em as). tual íntim a entre C risto e sua igreja (IC o E sses san to s usam u m a coroa da vitória 12.13; Rm 6.3,4; Gl 3.27; Ef 5.25-27, 30; Ap (stephanos), e não um a coroa régia (diade 21.9). A noiva que se apronta pressupõe a m a) (4.4-10). C risto tem um nom e h u m a ad eq u ação o p era d a por D eu s p o r in te r nam ente insondável, 12c (cf. M t 11.27). Ele m édio de C risto (Cl 1.12) e a análise das vem para vingar-se de seus inim igos, fato suas obras no bema (santuário do juízo) de d en otado por estar vestido com um m an C risto (ver co m en tá rio s so b re IC o 3.1 1 to "sa lp ica d o de san g u e [dos seus in im i 14; 2Co 5.10). As vestes da noiva prefigu g os]", 13a (cf. Is 63.1-4). Seu nom e é o "V er ram a justiça de Cristo (Rm 3.21,22), graci bo de D e u s ", 13b, p ro c la m a n d o -o com o o s a m e n te d ad a a e la p o r a tr ib u iç ã o e D eus e C riad or (Jo 1.1, 3) bem com o R e so b era n ia fu n d a m e n ta d a s n a s o b ra s de dentor (Jo 1.14), e, portanto, com dobrado C risto ("o b ra s ju s ta s ") rea liz a d a s n ela e d ireito a rein ar sobre a terra com o C riapor m eio dela (Fp 2.13), 8. dor-Redentor (Ef 1.13,14; Ap 5.1-7). Os exér 9,10. Os convidados. Esse elem ento das citos celestes (santos e anjos) ju n tam -se a bodas é im p ortante, daí a ordem — " E s ele em sua v itória, 14. Ele vem m ontad o crev e", 9a. A felicid ad e dos convid ad os é em um cavalo b ranco, vitorioso. Seus re enfatizada em 9b — "Bem -aventurados [fe m idos participam de seu triunfo e são tam lizes] os que são cham ad os". Eles são cla bém v istos sobre cav alo s b ran cos. ram ente d istingu id os da noiva, evid en te 15,16. O vencedor e sua vitória. Ele vence mente os santos do a t ( J o 3.29). Cham a-se sobrenaturalmente, 15a. A "espada afiada" é a "ceia das nú pcias", 9b, porque é um a feliz onipoten te e irresistív el Palavra de D eus, recom p en sa ao p o v o de D eu s, que c o n que criou o universo. Ele mata seus inim i trasta com a ceia do ju ízo (19.17). O viden gos (Is 11.4; cf. Jo 18.5,6; Hb 11.3). Governa com te João fica adm iradíssim o diante da m en juízo severo, 15b. Reinará pacificamente, como sagem e do m ensageiro, e é ad vertido de p asto r, m as a q u e le s que fo rem reb e ld e s que o centro da profecia é Jesus, 10. verão qile o cajado do Pastor é um cetro de ferro (12.5; SI 2.9), símbolo da inflexível seve ridade contra o pecado. Tratará o mal com vin 19.11-16. A segunda vinda gança impiedosa, 15c (cf. 14.17-20). O símile do de Cristo lagar representa o inabalável ju ízo do mal 11-14. O conquistador e seu exército v i (cf. Is 63.3, 6; cf. M t 21.44). Vem com absoluta torioso. A vinda de C risto é d escrita em soberania régia, 16. O domínio universal é seu um a visão sim bólica. João vê o "céu aber (SI 45.3; Ap 1.5; 17.14; cf. lT m 6.15). Seu nome,
Apocalipse 1 699 1 d en o ta n d o a b so lu ta re a le z a e so b era n ia sobre toda a terra e todos os homens, é seu direito de Criador e Redentor. O título des critivo "Rei dos reis e Senhor dos Senhores" está in s crito em seu "m a n to " e em sua "co x a ", onde era de esp erar q u ç estivesse sua espada (que, em vez, parte da sua boca, 15). Esse fato sugere que seu domínio sobe rano é aquilo que é seu pela palavra e von tade de Deus, não algo que ele precise con quistar com um a espada de verdade.
2,3. O aprisionam ento de Satanás. Esse evento é retratado na cena em que o anjo segura o dragão, no sentido de subjugá-lo e dominá-lo. O anjo, na visão, desce do céu para aprisionar Satanás, pois este fora lan çado do céu à terra (cf. Ef 6.10-12; Ap 12.9). O caráter de Satanás é representado por: (1) o "d ra g ã o ", para denotar sua cruelda de; (2) a "s e rp e n te ", para sim bolizar sua ardilosa ilusão; (3) "an tig a", porque já agia assim no Éden (Gn 3.1); (4) o "D iabo", para indicar sua maliciosa calúnia (12.10); (5) Sa tanás ("o p o sito r"), por causa de sua rebel 19.17-21. 0 Armagedom dia contra a vontade de Deus, 2. A duração 1 7 ,1 8 . A g ra n d e c e ia de D eu s. E ssa do aprisionam ento de Satanás é o milénio. "g ra n d e c e ia " co n trasta com a "c e ia das E sse ap risio n am en to é n ecessário porque núpcias do C ordeiro" (19.9). Uma denota a o reino tem por m eta a restauração da au b em -a v e n tu ra d a co m u n h ã o e o g lo rio so toridade divina sobre a terra (At 15.14-17), destino dos justos no céu. A outra sim boli contra a qual Satanás é o principal opositor za a destruição dos inim igos de Cristo na e o principal rebelde. O local de encarcera terra (cf. D n 7.5; Ez 32.21-32). A catástrofe m ento é o abism o, a prisão dos dem ónios do A rm agedom (ver 16.13-16) é realizada (Lc 8.31; Ap 9.2; 17.8). Satanás é solto para p ela p a la v ra da b o ca d o C risto em sua um a revolta final após o m ilénio (7-9); de segunda vinda. pois é lançado no inferno eterno, a geena 19-21. A total destruição dos inim igos (10), para partilhar do destino da besta, do de C risto. A besta (ver 13.1-10) e seus reis falso profeta (19.20) e dos hom ens im peni e e x é rc ito s c o n fe d e ra d o s su rgem re u n i tentes (20.15; M t 25.41). dos p ara fazer guerra con tra o C ord eiro. A besta e o falso profeta (13.11-18, ver co 20.4-6. 0 santos reinam m e n tá rio s) são lan çad o s v iv o s na geen a (in fe rn o e te rn o , a m o ra d a e te rn a de to 4. As classes de santos que reinam com dos o s ím pios, 20.15), 20. "F o g o que arde Cristo. A prim eira companhia, 4a, é formada com e n x o fre " sig n ifica terrív el to rm en to por todos os rem idos de Abel até o arre (1 4 .1 0 ). R e p e te -s e o r e tr a to da te r r ív e l b a ta m e n to da ig re ja (I C o 6 .2 ,3 ; cf. D n carnificina, 21. 7.9,10). A segunda companhia, 4b, é formada p elas alm as dos m ártires da parte inicial do p eríod o da tribu lação, em seu estado 20. 0 milénio e o juízo final d esencarnad o (cf. 6.9-11). A razão de sua m orte é o "teste m u n h o [que eles deram ] 20.1-3. Satanás é agrilhoado de Je s u s " e o fiel apego, com o rem an es 1. A visão do anjo. Essa visão sim boliza centes, à P alavra de Deus. A terceira com um aco n tecim en to que rep resen ta a co n panhia, 4c, é form ada pelas pessoas (almas) seq u ência natu ral dos ev en tos do cap ítu que não adoraram a besta (13.15-17) e per lo 19. Satanás, o p rin cip al in stig ad or dos ten cem aos m á rtire s da ú ltim a parte do m ales da terra e da oposição a D eus, p re períod o da tribulação. cisa ser an u lad o an tes do e sta b elecim en 4d-6. A prim eira ressurreição. Os que fo to do reino de Cristo na terra (4-6). O anjo ram martirizados no período da tribulação, r e p r e s e n ta o a g e n te da a u to rid a d e de 4b, c, "re v iv e ra m ", i.e., foram ressu scita D eus sobre o abism o. A "ch a v e" e a "c o r dos. A ressu rreição deles, portanto, acon ren te" retratam em lingu agem figurad a a tece depois das bodas do Cordeiro (19.7-9) e própria autoridade divina. no início do reino. Portanto, eles são distin-
[ 700 1 Apocalipse
O Coliseu, em Roma, foi cenário de grandes espetáculos e bárbaros martírios de cristãos. Alguns alegam que a "Babilónia" do livro de Apocalipse seria Roma.
Apocalipse [ 701 J tos tanto da noiva (a igreja) quanto dos con vidados (os santos do a t ) , mas as três com panhias (4a-c) abarcam os da prim eira res surreição, 6a, que são "bem -aventurado[s] e santo[s]". Eles devem ser distinguidos dos im penitentes ("o s outros m o rtos"), que só vo ltarão à vida na segu nd a ressu rreição, para o castigo eterno (11-15), depois do m i lénio, 5 (cf. Jo 5.29). A "segunda m orte", a geena (o lago de fogo), não tem poder so b re e sse s, 6b, p o is serão re is -sa c e rd o te s de D eus ao lado de Cristo, o rei-sacerdote (Zc 6.9-15), e reinarão durante os m il anos da era do reino, 6c (cf. 11.15).
fogo. "F o g o e en xo fre" exprim em in d izí vel torm ento consciente (14.10; Is 30.33). O lago de fogo confinará: (1) a besta e o falso profeta, que já estarão lá, 10, preservados "com fo g o" (M c 9.49) e castigados segun do seu pecado; (2) o Diabo e seus anjos; e (3) os im penitentes (Mt 25.41).
20.11-15. 0 juízo final
11. O trono e o juiz. Essa cena de juízo e n cerra o m ilé n io e a ssin a la o in ício da eternid ad e. O ju ízo diz respeito aos ím pi os m ortos. O "g ra n d e trono bran co" d es crev e o m aior ju íz o ja m a is ex e cu ta d o — "b r a n c o " sim b o liz a a p u reza e a ju stiç a 20.7-10. Satanás é libertado d iv in as, que caracterizam as d ecisões de 7-9. A derradeira rebelião de Satanás. O D eus, 11a. "E o que estava assentado so v e rsícu lo 7 retom a a h istó ria de S atan ás bre ele " é C risto (Jo 5.22), a quem todo iniciada no versículo 3 e interrom pida pelo ju íz o é confiad o, l l b . O s vivos ele já ju l re la to do re in a d o d os sa n to s d u ra n te o gou (M t 2 5 .3 1 ); ag ora está p restes a ju l m ilénio. D ep ois de seus m il anos de pri gar os m ortos (cf. 2Tm 4.1). são, Sa ta n á s é lib e rta d o do ab ism o para 12-15. Os m ortos e seu juízo. Os alvos te sta r a leald ad e do hom em a D eu s n a s desse ju ízo são aqueles que estão física e cond ições id eais da últim a das eras d iv i espiritualm ente mortos, 12a. Todos os im pe nam ente ordenadas, antes do estado eter nitentes estão incluídos — "grandes e peque no, 7. O resultado é que ele consegue en n o s", independentem ente de seu status na g an ar as "n a ç õ e s " e reu n i-la s na ú ltim a terra, 12b. Eles se acham de pé, na agonia e con fed eração hu m ana. Essa rebelião pósna vergonha de seus pecados, perante um m ile n a ris ta será se m e lh a n te à p ré -m iletrono que é "grand e" e "branco". Não têm narista (Ez 38 — 39), e, portanto, m etafo ri nem altar nem sangue para o perdão. Cada c a m e n te ch a m a d a "G o g u e e M a g o g u e " pecador está frente a frente com Deus, 12c. (ver com entários sobre Ez 38 —39). Toda Eles são a ca rea d o s com suas obras, 12d, via, tal rebelião será m und ial, com pond o m as estão perdidos, porque não aceitaram a coalizão final contra Deus, seu povo e a a sa lv a çã o de D eu s. C om o alm as p e rd i Cidade Santa, Jerusalém , 8,9. Os rebeldes, d as, são ju lg a d a s com b a se no que fiz e e v id e n te m e n te , serão p e sso a s d en tre as ram (Ef 5.6). Abre-se o livro da vida, 12e, o n a çõ e s q ue, em larg a m ed id a, e x ib ira m arquivo dos salvos (13.8; 17.8). Ele não con apenas um a fidelidade fingida ao reino de têm o nom e de nenhum que não tenha sido ferro do M essias (SI 2.9; 18.44; 66.3; 81.15). sa lv o , d em o n stra n d o que e sse é o ju íz o Israel será leal ao seu M essias (Jr 31.31e x c lu s iv o d os p e ca d o re s, 15. O s ím p ios 34; Rm 11.26). O resultado da revolta será m ortos são ressu scitados, 13, pois a m or a co m p le ta d e stru içã o so b re n a tu ra l d os te, que retém o corpo, e o Hades, que con rebeld es, e o fim da tolerância d ivina do fina a alma, libertam seus prisioneiros (cf. m al sobre a terra, 9. Jo 5.28,29). A m orte e o inferno (Hades) são 10. O destino final de Satanás. O p re finalm ente destruídos, 14, na consum ação destinado juízo de Satanás (Gn 3.15) é, por da p rim e ira re ssu rre iç ã o (IC o 15.26). O ta n to , e x e cu ta d o . P rim e iro a tira d o p ara d e stin o d os im p e n ite n te s é a "se g u n d a fora do reino celeste (12.9) e, depois, apri morte, o lago de fo g o", o local onde o mal sio n a d o no a b ism o (2 0 .1 -3 ), ag ora e le é e todos os p ecad ores ficarão isolad os de confinado ao seu destino eterno, o lago de D eus por toda a eternidade.
[ 702 ] Apocalipse
2 1.1 -22 .5 . A Cidade de Deus e o estado eterno 21.1-8.
O estado eterno
1-7. A eternidade e os justos. A pocalip se 21 .1 -8 p e rte n ce a 1 9 .1 —2 0 .1 5 e é sua con clu são natu ral em u m a seq u ên cia de a co n tecim en to s que d esem b o ca m no e s tado eterno (cf. Is 65.17; 66.22; IC o 15.2428; Ef 3.21; 2Pe 3.13). A eternid ad e se ca ra cte riz a por um n o v o céu e um a n o v a terra, 1. A n ov a Jeru salém , 2, rep resen ta a igreja g lorificad a (3.12) depois do reino do m ilénio. Ela é dita "s a n ta ", porque foi glorificad a e está im acu lad am en te unid a a C risto em d ig n id ad e a d m in istra tiv a e g o v ern a n te ( I J o 3 .2 ; R m 8 .2 9 ; Fp 3 .2 1 ). D esce "d o céu ", sua m orada (Cl 3.1-4), 2. A g o ra D eu s p o d e h a b ita r em m e io aos hom ens, 3 (IC o 15.24-28), pois a m aldição de Adão foi retirada, Satanás, ju lgad o, os ím p io s, p u n id o s e o u n iv e rs o e stá sem p ecad o, e xceção feita ao "la g o de fo g o " (20.15). No m ilénio, D eus estendeu seu ta-
Afirmam que João foi enterrado aqui, nesta basílica dedicada a ele, em Éfeso. A tradição relata que, após o exílio em Patmos, João terminou seus dias na cidade de Éfeso.
bernáculo sobre seu povo (7.15); agora ele h ab ita com eles. R em o v eram -se to d o s os v e s tíg io s de p e c a d o , 4. A a u te n tic a ç ã o d e s s e g ra n d io s o d e s fe c h o da re d e n ç ã o divina é dada pelo próprio Deus, 5. E ntre m e n te s , fa z -s e u m a o fe rta de s a lv a ç ã o ao pecador, 6 (cf. Jo 7.37-39), e de recom p en sa s ao san to que v e n ce r, 7, tu d o em face da e tern id a d e. 8. A eternidade e os ím pios. A eternida de sem pecado e bem -aventurada de Deus te rá so m en te u m a p risã o iso la d a p a ra o pecado e os pecadores. E a "segunda m or te " ou "la g o de fo g o " (20.14). E a etern a m orada dos ím pios. D iz-se "seg u n d a" com re fe rê n c ia à p re c e d e n te m o rte fís ic a do pecador enquanto em um estado de m o r te esp iritu al e porqu e rep resen ta a m orte e te rn a em se p a ra ç ã o de D eu s. E e te rn a com o o trono de Deus (Hb 1.8) é eterno (cf. 1 9 .2 0 ; 2 0 .1 0 ). O s im p e n iten te s, d escrito s d etalhad am ente, 8, são seu s inqu ilinos.
21.9,10. A apresentação da visão da cidade 9. O convite do anjo. "U m dos sete an jo s " , o m esm o anjo que conv id ou Jo ã o a presen ciar o ju íz o da Babilónia e clesiá sti ca e política (17.1), convida aqui o vidente a observar a esposa do Cordeiro, a noiva. T ra ta -se de um a re fe rê n c ia à cid a d e do Cordeiro, orientalism o que via a cidade de um sob eran o com o esp osa dele. 10. A visão da grande cidade. João é ar rebatado "em e sp írito ", i.e., na visão, até um ponto de vista apropriado, do qual ele presencia a descida da Jerusalém santa. A g rand eza da cidad e se revela nas seg u in tes dim ensões e esplendores, 11-23. A cida de substitui e supera a Jerusalém histórica, que desapareceu junto com a primeira ter ra, 1 b, tom ando-se parte da nova terra, 2a.
21.11-21. A descrição da cidade 11-14. Identidade. A cidade é o símbolo m agnífico da m orada e do destino eternos dos remidos de todas as eras. Os santos de Deus sempre imaginaram tal cidade (Hb 11.10, 16; 13.14; Jo 14.1-3). Seus habitantes serão Deus
Apocalipse t 703 ) Pai na plena revelação da luz e glória divinas, 11, os santos glorificados do a t (Hb 11.40), os santos da igreja do n t (a noiva, esposa do Cordeiro), multidões de anjos não caídos, e o bem-aventurado nosso Senhor (Hb 12.22,23). Isra e l e a ig reja ap arecem com .destaque na cidade, 12c, 14, sendo que a grande e alta muralha, 12a, denota a segurança e a proteção de todos os seus h ab itan tes, que são banhad os na rad iante e desvelada m ajes tade de Deus. 15-17. Tamanho. As dimensões da ofus cante cid ad e revelam um sólido cu bo de construção de ouro, com dois mil e duzen tos quilóm etros de com primento, largura e altura. Isso significaria um a área de quatro m ilhões e oitocentos e quarenta mil quiló m etros quad rad os em cada face do cubo, estend end o-se a um a altura de dois m il e d u zen to s q u iló m etro s, com o um im en so arranha-céu de incontáveis andares. 18-21. Esplendor. O destino glorioso dos rem idos na eternidade é sim bolizado pelo fato de a cidade estar adornada com toda b eleza d ivina — a m u ralha é de ja sp e, a cidad e em si de pu ro ouro, am bas tran s parentes com o o cristal, 18. Cada um dos doze fu nd am entos é um a gem a espetacular, de brilho e cor incom uns, 19,20. Esses fundam entos não são seções divididas em três de cada lado da cidade, mas doze ca m ad as, cada qual con torn an d o a cidad e. O bservá-los seria com o olhar um arco-íris ou o efeito de um prism a de beleza sim é trica. Cada porta é uma pérola, 21, e a pra ça é de ou ro tran sp arente.
21.22—22.5 A vida na cidade 22. O tem plo. N enhum tem plo visível ad o rn ará a cid ad e de D eu s, pois não há n ecessid ad e de um local de ad oração. O D eus Todo-Poderoso e Cristo, o Cordeiro, h a b ita m em m eio aos rem id o s, que têm acesso direto à divindade. Totalmente des n ecessária é a abordagem indireta por in term édio de um tem plo com altar. 23-24. A luz. Não há necessidade de lu zes celestes, pois a radiante glória de Deus ilu m in ará a cidad e. Todos serão b rilh a n tes com sua luz.
2 4b ,2 6 . A h onra. As nações e reis da terra rend erão glórias a ela, e sua autori d ade será u n iv ersalm en te reconhecida. 25. As portas. As portas não precisam jam ais ser fechadas, pois seus inimigos fo ram todos d estru íd os e não há escuridão que os oculte, caso houvesse inimigos. 27. Os cidadãos. N ada im puro achará abrigo na cidade, pois a im pureza moral e e s p iritu a l será d e sco n h e cid a d en tro de su as m u ralh as. O s ju sto s rem idos, total m en te lib e rto s da d eg ra d a çã o e da p re sen ça do p ecad o, serão seu s h ab itan tes. Seus nom es estão no rolo de Deus, o "li vro da vida do Cordeiro". 1-5. A restauração do paraíso. A comple ta rem oção da m ald ição traz ainda mais bênçãos, algo que o paraíso jam ais desfru tara antes da Queda. O ambiente será per feito. A plenitude de vida ("rio da água da v id a ") flui da fonte de vida eterna, Deus Pai por interm édio do Filho (o Cordeiro), 1, e está prontam ente disponível a todos ("no meio da praça da cidade"), 2a. Todo desejo é satisfeito nas espécies de frutos disponí veis, 2b, e a bênção espiritual toma-se uma realidade para todos, 2c. A maldição é re movida e, com ela, todo o trabalho fatigan te, toda a futilidade e a rebelião que m ar cou e manchou a história do homem, 3. Os rem idos se subm eterão prontam ente à so berania do Senhor e, com o servos, o servi rão, contem plando sua face em íntim a co m u n h ã o e sen d o id e n tific a d o s com seu nom e na fronte, 4. Que perfeita ocupação! A luz m arcará a vida no estado eterno, re su ltan d o em ab so lu ta felicid ad e e com u nhão, com os rem id os rein and o por eras sem fim, 5. E no âm ago de tudo isso está o Cordeiro!
22.6-21 Testemunhos finais 22.6-11. 0 testemunho do anjo e de Cristo 6. O anjo autentica a profecia. Atesta-se a v erd a d e d essa s g ra n d es p ro fecias, 6 a, d eclaran d o-se seu fund am ento no a t e o cu m p rim en to do n t , 6b. O m esm o D eus que in sp iro u os a n tig o s p ro fetas enviou
[ 704 1 Apocalipse (todo o conteúdo do livro) às igrejas, 16a, define-se segundo sua relação com Israel, 16b: "Eu [en fá tico ] sou a raiz e a g e ra çã o de 7. O próprio Cristo anuncia para breve D avi". Com o "raiz", ele é divino, Senhor de sua vinda (cf. vv. 12, 20). Prom etem -se no Davi. Com o "geração", é hum ano, filho de v am en te b ênçãos para aq u ele que g u a r Davi (SI 110.1). Em virtude de quem é, a co da as palavras do A pocalipse (cf. 1.3; 22.7). roa de Israel é sua, por prom essa e profe 8-11.0 anjo declara que o livro não é sela cia. N ascido Rei dos judeus (M t 2.2), m or do. João comete novam ente o erro de ado reu como Rei dos judeus (Mt 27.37). Reinará rar um anjo, 8,9 (19.10). A d orar qualquer ainda com o Rei dos judeus (Zc 9.9). Em sua criatura é uma afronta ao Criador. O anjo relação com a igreja, 16c, ele é a "respland e declara que o livro do Apocalipse não deve cente estrela da m anhã" (cf.2.28). Esse qua ser selado, 10, o que con trasta com a o r lifica tiv o o a p resen ta na seg u n d a vind a, dem de selar a profecia de Daniel (Dn 12.4, quando voltará para sua noiva antes do al 9). O motivo de essa profecia não ser sela vorecer do dia do m ilénio. Em sua relação da é que "o tempo está próxim o". O versí com cada alma que tem sede, 17, ele as convida culo 11 descreve a perm anência do destino a vir e receber "d e graça a água da vida" humano. Não há um a segunda chance de (cf. Jo 7.37-39). Ele alerta novam ente sobre pois da morte ou da volta do Senhor. a proibição de subtrair ou acrescentar algo ao livro do Apocalipse, 18,19. 20a. C risto d eclara que breve voltará. 22.12-21. 0 testemunho " C e r ta m e n te , v e n h o em b r e v e ." E ssa s final de Cristo palavras são sua m ensagem final à igreja. 12-15. A vinda de Cristo e as recom pen A sseveram sua b rev e volta, rep etid a (en sas. Cristo anuncia novam ente a certeza e faticam ente) pela últim a vez. a proxim idade de sua vinda, 12a. Ele d e 201». A igreja responde ao Senhor. João, cla ra as re c o m p e n s a s q u e d a rá p e la s re p r e s e n ta n d o a ig r e ja , b em co m o seu obras, 12b. Essas recom p en sas são d istri p ró p rio a rd e n te d e s e jo , b ra d a : "A m ém . buídas no santuário do juízo de Cristo (ver Vem , S en h o r Je s u s !" , ou : "O ra , vem , S e nhor Jesu s" ( a r c , d o ). com entários sobre 2C o 5.10; IC o 3.11-15; 9.24-27). Ele, o recom pensador, é o C risto 21. A b ê n çã o fin a l. Jo ã o , o a p ó sto lo etern o, 13. So m en te a fé viva em C risto a m a d o e v id e n te , ta m b é m a c r e s c e n ta viabiliza o acesso à árvore da vida (Jo 3.16; u m a b ê n çã o . "A g ra ça do S e n h o r Je s u s Ef 2.8,9) e a entrad a na cidade eterna, 14. esteja com to d o s" (os santos). A ssim ter Os im penitentes são b arrad os, 15. m ina esse m ag n ífico panoram a p ro fético 16-19. A pessoa de Cristo e as relações d os ca m in h o s de D eu s com o h om em , e com a hum anidade. Aquele que enviou seu assim tam bém se co n su m a a p ró p ria re anjo "p ara vos testem u nhar essas coisas" v e la çã o sa g ra d a . seu a n jo p a ra r e v e la r e s s a s p r o f e c ia s ao s s e u s s e r v o s d o nt , p o r q u e a s p r o f e c i a s s e r ã o b r e v e m e n t e c u m p r i d a s , 6c.
Como a Bíblia chegou até nós As Escrituras hebraicas mais antigas As Escrituras do a t foram escritas ao longo de um período que abarca mais de um milénio, de c.1450 a c.400 a.C. Segundo estudiosos conservadores, Moisés foi o primeiro autor inspirado, compondo o Pentateuco por volta de 1450-1400 a.C. (ver p. 3435, "A autoria do Pentateuco"). Malaquias, o último dos autores do a t , escreveu não depois de 400 a.C. Para uma discussão de questões mais técnicas acerca de autoria, data, etc., dos vários livros do a t , ver Gleason L. Archer, A Survey of
gradualmente evoluiu, depois de 400 a.C., à escrita quadrada encontrada nos manuscritos do mar Morto, nos manuscritos hebraicos posteriores e nas Bíblias hebraicas impressas a partir de 1477, e.g., b = 0; h=j"|;
A canonização do Antigo Testamento Cânon das Escrituras é uma expressão que designa o catálogo dos escritos sagrados autorizados. A palavra kanon, do grego, originalmente significava um caniço ou uma vara de
Old Testament Introduction [Merece confiança o Antigo Testamento?, publicado por edições Vida Nova], e R. K. Harrison, Introduction to the
Old Testament [Introdução ao Antigo Testamento] (1969). O texto do Antigo Testamento As partes mais antigas do at foram originalmente escritas sobre couro ou papiro, em hebraico antigo, com as arcaicas letras dentadas, semelhantes à escrita das inscrições fenícias mais antigas já recuperadas — e.g., b =^; h =*\ m . Essa escrita arcaica
Vitral do mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai
[ 706 J Como a Bíblia chegou até nós medir. Na realidade, indicava "aquilo que mede", ou seja, um padrão, norma ou regra; especificamente, "aquilo que é medido" por esse padrão ou norma. Os livros que foram medidos pelo padrão ou teste da inspiração e autoridade divina, sendo proclamados "inspirados por Deus", foram incluídos no "cânon". Os conservadores sustentam que as Escrituras inspiradas carregavam o selo da autoridade canónica a partir do momento da inspiração do Espírito de Deus, independentemente de compilação formal ou mero reconhecimento humano. A visão da alta
crítica, porém, é que a canonização levou longo tempo. Segundo essa teoria, a Lei foi canonizada pela primeira vez em 444 a.C., os Profetas só por volta de 300-200 a.C., e os Escritos, em cerca de 165-100 a.C. (ver "A ordem dos livros no Antigo Testamento hebraico", p. 12). A alta crítica, assim, supõe que a divisão tríplice do cânon hebraico se deve principalmente à cronologia. Sustenta-se que os Profetas só se popularizaram depois de 300 a.C., e, por conseguinte, seus escritos foram coligidos e canonizados nos cem anos seguintes. Os supostos "Segundo" e "Terceiro"
Gravura retrata escribas judeus trabalhando em manuscritos.
Isaías (caps. 40— 66 principalmente) foram anexados a Isaías porque seus autores caíram em completo esquecimento. Daniel, supostamente, só foi escrito depois de 167 a.C., e considerado tardio demais para ser incluído na segunda seção, a profética. Crê-se que outros livros, como Ester, 1 e 2Crônicas e Esdras-Neemias, foram compostos em data excessivamente tardia para ser incluídos na seção histórica. A crítica conservadora, porém, sustenta que a divisão tríplice do cânon hebraico pode ser explicada quer pelo status do autor, quer pela disposição dos
Como a Bíblia chegou até nós [ 707 1 i o i i i .<>r i . * '*
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livros segundo a conveniência litúrgica. Assim, defendem-se datas antigas para os livros do a t , que conservam sua integridade. A posição protestante sempre foi a adesão estrita ao cânon judaico. A obra dos massoretas Antes de 500 d.C., os manuscritos hebraicos não tinham um sistema de indicação de vogais, a não ser determinadas consoantes que indicavam vogais longas. Entre 600 e 950 d.C., eruditos judeus, chamados massoretas (tradicionalistas), inventaram um completo sistema de vogais e acentos
para pontuar o texto. Também padronizaram 0 texto, incluindo leituras marginais (chamadas qerê) e variações textuais (chamadas ketib). A obra dos massoretas em cima da Bíblia hebraica, providencialmente, preparou-a para o advento da imprensa, cinco séculos mais tarde. As Bíblias hebraicas impressas 0 Saltério foi a primeira parte da Bíblia hebraica a ser impressa. Surgiu em 1477. Em 1488, saiu a primeira edição de todo o a t hebraico, impresso com vogais e acentos.
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As escrituras cristãs mais antigas Durante quase duas décadas após a ascensão de nosso Senhor, as Escrituras do a t , principalmente em grego, eram a única Bíblia existente. 0 primeiro livro do n t foi aparentemente Tiago, escrito talvez ainda em 45 d.C. 0 Apocalipse é geralmente tido como 0 último, datado de cerca de 95 d.C. Nesse período primitivo, a igreja usava 0 a t como Bíblia. Pedro pregou segundo 0 a t (At 2.14-36), assim como Estêvão (At 7.2-53), Filipe (At 3.32-35) e Paulo. Todos os autores do n t estavam imbuídos do
[ 708 1 Como a Bíblia chegou até nós e seus escritos inspirados fundaram-se nessa revelação inspirada.
at,
A origem dos livros do Novo Testamento O evangelho (1Co 15.3,4) foi, de início, pregado oralmente e interpretado à luz da história e da profecia do a t . Os relatos orais sobre a vida e a obra de Cristo foram fixados por escrito e, finalmente, deram lugar aos inspirados evangelhos sinóticos antes de 70 d.C. A necessidade de interpretação doutrinária da pessoa e da obra de Cristo logo se tornou premente, acentuada pela necessidade de definir o cristianismo para defendêlo de erros como o legalismo e o antinomianismo. As epístolas paulinas e outras foram escritas para suprir tal necessidade. A demanda por um esboço histórico da evolução da igreja foi atendida no livro de Atos. 0 Apocalipse foi escrito para consumar a revelação dos planos e desígnios de Deus para o tempo e a eternidade. A canonização do Novo Testamento Literatura cristã antiga não incluída no cânon do Novo Testamento 1Clemente, epístola escrita por Clemente de Roma (c.96 d.C.) à igreja coríntia, era altamente estimada. Alguns lhe atribuíam autoridade canónica, e ela
era lida publicamente na igreja de Corinto por volta de 170. Vários autores do Egito a usaram, como Clemente de Alexandria e Orígenes. Foi anexada ao Códice Alexandrino. 2Clemente é uma epístola que também foi anexada ao Códice Alexandrino. Era falsamente atribuída a Clemente de Roma e jamais foi largamente lida. Nem ela nem 1Clemente jamais tiveram reconhecimento canónico no Ocidente. O Didaquê (o ensinamento dos doze apóstolos) (c.1 2 0 ) era considerado como componente das Sagradas Escrituras por alguns do Egito, notavelmente Clemente de Alexandria e Orígenes. Teve ampla circulação. A epístola de Barnabé (c.130) foi incluída no Códice Sinaítico e tinha status autorizado no Egito. Jerônimo (c.400) a considerou apócrifa, e ela gradualmente perdeu qualquer direito ao status de componente das Sagradas Escrituras. Pastor de Hermas (c.140) foi escrito por Hermas, irmão de Pio, bispo de Roma. Foi também incluído no Códice Sinaítico e era tido em alta estima pelo Cânon Muratoriano, mas jamais se estabeleceu como componente das Sagradas Escrituras. O Apocalipse de Pedro (c.145), de menor importância que os livros precedentes, era assim mesmo altamente considerado no Oriente e
conhecido também no Ocidente. Reprovado pelo Cânon Muratoriano, foi tido como espúrio por Eusébio. Atos de Paulo (c 170) circulou amplamente e era tido por alguns como canónico, mas a erudição iluminada percebeu sua natureza apócrifa, relegando-o gradualmente à rejeição. Ainda surgiram, atribuídos aos apóstolos, numerosos outros evangelhos, atos, epístolas e apocalipses tardios. Mas eram óbvias falsificações e jamais foram levados a sério pela igreja. Fatores que favorecem a canonicidade do Novo Testamento 0 reconhecimento de 1 Clemente, do Didaquê, da Epístola de Barnabé e do Pastor de Hermas como canónicos ou semicanômcos, especialmente no Oriente, antes do final do século m, chamou a atenção para a necessidade de um cânon claramente definido. Além disso, o cânon incompleto do herético Marcião (c.140) foi largamente endossado. Marcião era gnóstico e, com base em fundamentos doutrinários, aceitou somente o evangelho de Lucas e dez das epístolas paulinas, não sem antes gravemente mutilá-los. O surgimento, com o tempo, de outros livros apócrifos e pseudepigráficos que reclamavam reconhecimento exigiu um cânon claramente
Como a Bíblia chegou até nós 1 709 1 delimitado. Um pouco mais tarde, o edito do imperador Diocleciano (303), ordenando a queima de todos os livros sagrados, tornou imprescindível a cuidadosa definição do cânon. Os critérios da canonicidade do Novo Testamento O primeiro critério foi a apostolicidade. Acaso o autor era um apóstolo verdadeiro? Se não, será que tinha relação próxima com um dos apóstolos, caso dos autores do evangelho de Marcos, do evangelho de Lucas, do livro de Atos e da epístola aos hebreus? O segundo critério era o conteúdo. Porventura o tema e o tratamento do tema tinham a elevada categoria e o selo espiritual exigido pelo teste das Sagradas Escrituras? Segundo esse critério eliminaram-se os livros espúrios. O terceiro critério foi a universalidade. Será que a igreja como um todo adotou o livro? Será que tinha apelo universal? O quarto critério era a inspiração divina. Será que a obra exibia prova inequívoca de ser "divinamente inspirada" (2Tm 3.16)? E será que o Espírito Santo dava a convicção aos homens de Deus de que isso era verdade? Esse era o teste final. Sem orientação da Providência, o cânon do n t jamais teria sido corretamente delimitado.
Os primeiros livros tidos como canónicos Esses livros reconhecidos foram denominados homologoumena (livros "professados" ou "teconhecidos") por Orígenes (c.245). Eram os escritos do nt universalmente tidos como Sagradas Escrituras inspiradas. Orígenes incluiu os quatro evangelhos, as epístolas de Paulo, I Pedro, 1João, Atos e o Apocalipse. Embora não tenha incluído Hebreus entre os homologoumena, citou a epístola como paulina e canónica. De fato, os únicos livros que ele não menciona como canónicos são Judas e 2 e 3João. Eusébio de Cesaréia (c.300-325), o historiador da igreja, incluiu entre os homologoumena os quatro evangelhos, Atos, as epístolas paulinas, Uoão, 1 Pedro e o Apocalipse. Ele parece ter inadvertidamente omitido Hebreus. Os livros do Novo Testamento que foram questionados no início Orígenes denominou esses livros questionados de antilegomena ("aqueles contra que se argumenta" ou "contestados"). Entre esses, ele colocou Hebreus (ver acima), 2Pedro, 2 e3João, Tiago, Judas e a apócrifa epístola de Barnabé, o Pastor de Hermas, o Didaquê e o evangelho dos hebreus. Eusébio de Cesaréia dividiu os antilegomena em: ( 1 ) os meramente
contestados ou questionados — Tiago, Judas, 2Pedro, 2 e 3João; (2 ) os realmente espúrios ou não inspirados — Atos de Paulo, Pastor de Hermas, 0 Apocalipse de Pedro, Epístola de Barnabé e Didaquê. Razões para duvidar de determinados livros do Novo Testamento Os sete livros que de início foram contestados são Tiago, 2Pedro, Hebreus, 2João, 3João, Judas e o Apocalipse. A hesitação de alguns líderes da igreja primitiva em aceitar esses livros se explica com base em suas evidências internas peculiares. (1) Tiago e Judas se autodenominam meros "servos" de Cristo, e não apóstolos, enquanto o autor de 2 e 3João refere-se a si mesmo como "presbítero" ou "ancião", não como apóstolo. João, no Apocalipse, chama-se "servo" e "irmão". (2 ) Hebreus é anónimo e difere quanto ao vocabulário e ao estilo das epístolas paulinas reconhecidas. A segunda epístola de Pedro, embora não anónima, difere de 1Pedro segundo os mesmos critérios. (3) Tiago também foi escrito aos primeiros conversos judeus, não sendo endereçada à grande igreja gentia universal. (4) Judas também foi questionada porque usou o apócrifo livro de Enoque (1.9; 5.4; cf. Jd 14,15). Gradualmente, entretanto, todos esses livros controversos, porém genuínos, acabaram sendo universalmente aceitos pela
[ 710 1 Como a Bíblia chegou até nós
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Página da Bíblia de Wycliffe, a primeira tradução completa para o inglês, revisada em c.1400, condenada e queimada em 1415. Pelos menos cento e setenta manuscritos sobreviveram. Seu ponto fraco foi ter-se baseado na Vulgata latina, e não no original grego
Como a Bíblia chegou até nós [ 711 1 igreja. No Ocidente, isso aconteceu antes de 400 d.C. e, no Oriente, antes do ano 500. Desenvolvimento inicial do cânon no Ocidente 0 testemunho de Clemente de Roma (c.96 d.C.). Em sua carta altamente estimada à igreja de Corinto (conhecida como 1 Clemente), na condição de bispo de Roma, ele revela conhecimento de Mateus, Romanos, ICoríntios e ainda se refere repetidamente a Hebreus. O testemunho de Marcião (c.140). Como herético gnóstico, ele só aceitou o evangelho de Lucas e dez das epístolas de Paulo. Mas seu testemunho, embora erróneo, é esclarecedor e constitui importante marco na compilação da igreja e na aprovação do atual cânon do n t . O testemunho de Hermas (c.150). Como renomado autor do altamente respeitado Pastor de Hermas, ele autentica o evangelho de Mateus, Efésios, aparentemente Hebreus e Tiago, e notavelmente o Apocalipse. 0 testemunho de Ireneu (c.140-203). Como homem que em sua juventude teve contato com Policarpo em Esmirna e, mais tarde, como bispo de Lion, na Gália, ele dá testemunho dos quatro evangelhos, além de Atos, 1 Pedro, Uoão, todas as cartas de Paulo, exceto Filemom, e o Apocalipse. O testemunho do cânon Muratoriano (c.172). O
fragmento foi descoberto pelo italiano Muratori na Biblioteca Ambrosiana de Milão, em 1740. O início mutilado continha aparentemente Mateus e Marcos. Atesta todos os livros do n t , exceto 1Pedro, 2Pedro, Tiago e Hebreus. O testemunho da Antiga Versão Latina, anterior a 170. Atesta todos os livros, exceto Tiago e 2Pedro, tendo sido Hebreus acrescentada antes do tempo de Tertuliano. O testemunho de Tertuliano (c. 150-222). Esse prolífico autor latino de Cartago atesta os quatro evangelhos, treze epístolas paulinas, Atos, 1Pedro, Uoão, Judas e o Apocalipse. Fiel ao princípio da autoria apostólica, rejeitou Hebreus, pois acreditava que o autor era Barnabé. O testemunho de Cipriano (c.200-258). Como bispo de Cartago, ele acompanhou de perto Tertuliano no tocante a Hebreus, e não citou Filemom, Tiago, 2 e 3João nem Judas. Desenvolvimento posterior do cânon no Ocidente O testemunho de Jerônimo (c.340-420). O grande tradutor da Vulgata latina, além de renomado estudioso, atestou todos os nossos livros canónicos do n t. Aceitou Hebreus como obra de Paulo e explicou como Tiago e 2Pedro vieram a ser reconhecidas. Sua opinião tem altíssimo valor.
O testemunho de Agostinho (354-430). Sua opinião, diferentemente da de Jerônimo, foi duvidosa. Embora tenha aceitado todos os sete livros que eram questionados, atribuiu diferentes graus de autoridade bíblica e foi em grande parte responsável pelo cânon ampliado da igreja Católica Romana, incluindo os Apócrifos. O papel dos concílios da igreja. A delimitação do cânon do n t não foi obra de qualquer concílio ou concílios. O valor inspirado e a autoridade intrínseca de cada livro eram, esses sim, os fatores decisivos. Esse fato é forte prova da genuinidade e autenticidade dos livros que nos foram legados pelo cânon. Somente no final do século iv é que os concílios passaram a se pronunciar sobre o assunto. O terceiro Concílio de Cartago (397) forneceu a primeira decisão sobre o cânon. Um dos cânones desse concílio estipulava que somente os livros "canónicos" podiam ser lidos nas igrejas. Depois relacionava exatamente nossos atuais vinte e sete livros. Hebreus foi reconhecido como de autoria paulina. O Concílio de Hipona (419) repetiu a lista do Terceiro Concílio de Cartago. A seleção do cânon foi, assim, um processo espontâneo que se desenrolou na igreja até que cada livro provasse seu valor.
[ 712 I Como a Bíblia chegou até nós
Mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai, onde o Códice Sinaítico foi encontrado por Tischendorf, em 1844. Desenvolvimento do cânon no Oriente Inácio, bispo de Antioquia (c.116); Policarpo, bispo de Esmirna (c.69-155); e Papias, bispo de Híerápolis (c.80-c.155), atestaram Mateus, João, as epístolas paulinas, 1Pedro, Uoão e provavelmente Atos. O Didaquê (c.120) destaca ■Mateus e demonstra conhecimento de Lucas, bem como da maioria dos nossos livros do n t. Melito, bispo de Sardes (c. 170), citou trechos de todos os livros do n t , exceto Tiago, Judas e 2 e 3João. Teófilo de Antioquia (c.115 -C .1 8 8 ) adotou a maior parte dos livros do n t e os considerava tanto quanto o cânon do a t . Contudo, seu sucessor.
Luciano (martirizado em 312), em seu "Cânon de Antioquia", excluiu Apocalipse, 2Pedro, 2 e 3João e Judas em seu texto revisado do a t e do n t . Basílio, o Grande, da Capadócia (c.329-379) e Gregório de Nazianzo (c.330-390) reconheceram todos os livro do nosso cânon atual, exceto o Apocalipse, embora o tenham citado como obra de João. João Crisóstomo (347-407) aceitou todos, menos 2Pedro, 2 e 3João e o Apocalipse. Teodoro de Mopsuéstia (c.350-428) rejeitou as epístolas católicas e o Apocalipse. A opinião dessa seção da igreja foi assim fortemente influenciada
pelo cânon de Constantinopla, que rejeitou 2 e 3João, 2Pedro, Judas e o Apocalipse, fruto do "Cânon de Antioquia", de Luciano. A Peshita (411-435) igualmente seguiu o cânon de Constantinopla. Só no tempo de Filoxeno (c.508), que revisou a Peshita siríaca para acrescentar os livros rejeitados, é que se rompeu a imprópria influência do cânon de Constantinopla. Desenvolvimento inicial do cânon no Egito e na Palestina iustino Mártir (c. 100-165) deu importante testemunho acerca do Apocalipse, que ele considerava obra do apóstolo João. Também conhecia Hebreus e,
Como a Bíblia chegou até nós [ 713 J
provavelmente, referiu-se ao evangelho de Marcos, sob o título "Memórias de Pedro". Clemente de Alexandria (c.155-215) foi autor de grande penetração e aceitou todos os livros do nosso n t , incluindo Judas, Hebreus, as epístolas católicas e o Apocalipse. Orígenes de Alexandria (c.185-c.253) exibe indícios de ter aceitado os livros comumente contestados (Hebreus, 2Pedro, 2 e 3João, Tiago e Judas). Incluiu o Apocalipse entre os livros aceitos (.homologoumena). Desenvolvimento posterior do cânon no Egito e na Palestina Os Papiros de Chester Beatty, do século m, editados em 1933-37 por Frederic Kenyon, autenticaram os quatro evangelhos, Atos, as epístolas paulinas e Hebreus (que vem depois de Romanos) e o Apocalipse (deste, porém, só se preservou a seção 9.10— 17.2). Dionísio de Alexandria (c.200-265) autenticou Hebreus como epístola de Paulo, além de reconhecer Tiago, 2 e 3João e o Apocalipse como Escrituras inspiradas. Atanásio de Alexandria (298-373) aplicou o termo "canónico" aos mesmos vinte e sete livros de nosso n t canónico. Resumo da formação do cânon do n t O cânon do n t formou-se espontaneamente, e não pela ação dos concílios da
igreja. A inspiração e a intrínseca autoridade de cada livro foram os fatores determinantes em seu reconhecimento e efetiva canonização. Em 200 d.C., o fjT já continha essencialmente os mesmos livros que temos hoje. Os cristãos da época lhes atribuíam a mesma autoridade e finalidade que nós atribuímos. No século m, debateramse os antilegomena. O livro do Apocalipse enfrentava oposição no Oriente. Hebreus era controvertido no Ocidente. Antes do final do século iii, praticamente todos os livros extracanônicos já haviam
sido expurgados das listas autorizadas. Durante o século iv, praticamente cessou no Ocidente o debate sobre as questões do status canónico de determinados livros, isso graças à influência de Jerônimo e de Agostinho e às claras distinções feitas com relação ao cânon por Atanásio no Egito. O terceiro Concílio de Cartago (397) selou a decisão alcançada, e a partir daí não houve oposição considerável a nenhum dos livros do n t . Todavia, o debate persistiu no Oriente por mais algum tempo. Mas o exemplo do Ocidente, de Atanásio em Alexandria, bem como a influência dos pais da Capadócia, varreram
Ilustração retrata dois rolos de cobre encontrados entre os manuscritos do mar Morto, em Qumran. Esses manuscritos, encontrados em 1947, revelam textos hebraicos datados de cerca de mil anos antes do que os manuscritos conhecidos até então.
[ 714 l Como a Bíblia chegou até nós toda a oposição. Com o acréscimo de 2 e 3João, 2Pedro, Judas e o Apocalipse à Peshita (Bíblia siríaca), a questão do cânon se resolveu também no Oriente. Assim a canonicidade do n t foi estabelecida, para todos os fins práticos, por volta de 400 d.C. no Ocidente, e por volta de 500 d.C. no Oriente. A história do cânon até o presente Afora poucas diferenças mínimas, o veredicto dos primeiros quatro séculos a respeito do cânon do n t é ainda o veredicto da igreja até o presente. Durante a Reforma, os reformadores insistiram na autoridade de uma Bíblia infalível sobre a suposta autoridade de uma igreja infalível. Todavia, a respeito do cânon do n t , em 1546, no Concílio de Trento, pelo Decreto Sacrosancta, a igreja Católica declarou canónicos onze dos quatorze livros apócrifos. São eles: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, 1 e 2Macabeus, Cântico dos Três, Susana e Bei e o Dragão. Também aceitou acréscimos tardios ao livro de Ester. O texto do Novo Testamento Nenhum outro documento da antiguidade tem influenciado tanto o mundo ocidental quanto o n t . Tampouco há outro texto antigo tão bem atestado. Pode-se encontrá-lo em
quase cinco mil manuscritos (cópias manuscritas) gregos e em mais de dez mil manuscritos que são cópias de versões mais antigas, além de milhares de citações dos Pais da igreja. O problema da crítica textual é usar essas cópias para determinar, via estudo e comparação, o puro texto original. Fontes da crítica textual do Novo Testamento Os papiros. Como resultado de um século de pesquisas arqueológicas, hoje existem mais de setenta e cinco fragmentos de papiro do n t , designados pela letra P com índices numéricos, como P-j, ?2 - Datam do século ii ao século viu, abrangendo seções de vinte e cinco livros, cerca de 40% do texto do n t. P5 2 contém partes de João 18.31-34, 37,38 e data de cerca de 135 d.C., sendo o mais antigo. P4 5 , P4 5 e P4 7 pertencem aos Papiros de Chester Beatty 1, 11,111 (c.200 d.C.). P5 5 é o famoso Papiro 11 de Bodmer, do evangelho de João, datado de cerca de 200 d.C. P7 5 é o recentemente descoberto Papiro xiv-xv de Bodmer, de João e Lucas, datado de c.200 d.C. Unciais. São escritos sobre pergaminho em um estilo de letra maiúscula, usadas nos manuscritos do n t até» c.800. Existem cerca de trezentas unciais. Minúsculos. Manuscritos dessa categoria eram feitos em uma escrita cursiva ou corrente e datam do século ix ao século xvm.
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O fragmento de John Rylands (c.130 d.C.), encon trado no Egito, contém parte do Evangelho de João. Catalogou-se um total de dois mil seiscentos e quarenta e sete minúsculos. Versões. As mais valiosas foram as traduções do grego original antes do ano 1000. Dessas, as mais importantes são a Antiga Latina (século 11), a Vulgata (latim) de Jerônimo (38284), a Siríaca (séculos iv e v), a Copta (séculos 11 a iv), a Arménia (início do século v), a Antiga Georgiana (século v), a Etíope e a Gótica (meados do século iv). Lecionários. São livros usados no ofício da igreja, contendo lições sobre as Escrituras para serem lidas durante todo o arfo. Existem cerca de dois mil lecionários, tanto unciais quanto cursivos. Datam de c.280 a c.1600. Óstracos e Talismãs. Hoje se conhecem vinte e cinco óstracos e nove talismãs
Como a Bíblia chegou até nós [ 715 1 (amuletos) gravados com trechos do texto do n t. Datam do século iv ao século xm. Citações dos Pais da igreja. Conhecem-se mais de oitenta e seis mil dessa citações. Os mais antigos manuscritos do Antigo Testamento Os mais antigos manuscritos hebraicos massoréticos têm data não anterior ao final do século ix. São o Códice do Cairo, contendo os Profetas (895 d.C.), o Códice de Alepo, contendo todo o a t (c.925), e o Códice de Leningrado (concluído em 1108 d.C.) Esse último é usado como o texto da Bíblia Hebraica de Kittel. Os manuscritos do mar Morto, notavelmente os dos manuscritos de Isaías, descobertos a partir de 1947, porém, fornecem-nos um texto hebraico mil anos mais antigo, além de fragmentos de praticamente todos (com uma única exceção) os livros do a t , datados dos séculos i e n a.C. Os mais antigos manuscritos do Novo Testamento Códice Sinaítico (J^ ), século iv. O n t está completo, com cento e quarenta e oito folhas. Foi descoberto por Tischendorf no mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai, em 1844 e 1859. Também contém fragmentos do a t em grego. Códice Alexandrino (A), século v. Contém a maior parte do a t e do n t . Em 1627,
William Tyndale, responsável pela versão de Tyndale, traduzida dos originais hebraicos e gregos. A importância dessa versão reside no fato de ter sido a primeira de uma série de traduções, tão criativa e de estilo tão admirável que formou a espinha dorsal da versão Autorizada do Rei Tiago ( k j v ), de 1611. foi dado de presente pelo patriarca de Constantinopla a Carlos i da Inglaterra e transferido ao Museu Britânico em 1757. Códice Vaticano (B), século iv. Está na Biblioteca do Vaticano, em Roma, desde 1481. Contém quase todo o a t e o n t , exceto Hebreus 9.14— 13.25, as epístolas pastorais, Filemom e o Apocalipse. Códice Efraimita (C), século v. Contém cento e quarenta e cinco folhas do n t , de um total de duzentas e trinta e oito. Códice Beza (D), século v. Não se preservou todo o n t .
Papiro i de Chester Beatty (P4 5 ), início do século 111. Contém trinta folhas do códice original de papiro dos evangelhos e Atos. Papiro 11 de Chester Beatty (P4 6 ). início do século 111. Subsistem oitenta e seis das cento e quatro folhas originais de códice de papiro das epístolas de Paulo. Papiro 111 de Chester Beatty (P4 7 ), final do século 111. Restaram dez folhas das trinta e duas folhas originais do códice de papiro do Apocalipse. Papiro 11 de Bodmer (Pgg), início do século 111. Ainda existem cento e cinquenta
( 716 ] Como a Bíblia chegou até nós
páginas de um códice de papiro do evangelho de João. Papiro xiv-xv de Bodmer (P7 5 ), início do século m. Encontraram-se todas as cento e quarenta e quatro páginas de um original de cento e quarenta e quatro páginas páginas dos evangelhos de Lucas e João. Versões da Bíblia em língua portuguesa Com 0 advento da Reforma protestante, ocorrida em 31 de outubro de 1517, os esforços para tornar a Bíblia disponível no idioma nativo foram intensificados. Em consequência desses incansáveis esforços, hoje podemos ter quantas bíblias quisermos, em diversos idiomas, cores, tamanhos e versões. Contudo, uma dúvida muito frequente é: entre as várias versões existentes em português, qual devemos adotar como texto-padrão? Essa não é uma pergunta fácil de ser respondida. Na verdade, o ideal é que tenhamos todas as versões disponíveis em nosso idioma. Não se pode dizer que existe a versão definitiva das Escrituras, a fiel das fiéis, a versão das versões, pois todas têm contribuições importantes no campo do estudo das Escrituras. Apresentamos a seguir as principais versões em português adotadas pela comunidade evangélica:
João Ferreira de Almeida Esse é o nome mais conhecido das versões
protestantes da Bíblia. Ao 16 anos, 0 português João Ferreira de Almeida entraria para sempre na história das traduções das Escrituras. Com essa idade, ele empreendeu a árdua tarefa de traduzir a Bíblia diretamente das línguas originais, dedicando toda a vida a esse empreendimento. Infelizmente, morreu antes de concluir seu intento. Outros terminaram o que ele começou. Sob esse nome há diversas versões: 7. Almeida Revista e Corrigida ( a r c ou r c ) — publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), fundada em 1948. Foi publicada originariamente em 1898 pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Em 1995, a SBB elaborou uma revisão nesse texto, dando origem à
Almeida Revista e Corrigida, 2
,a edição.
2. Almeida Revista e Atualizada (a r a ou r a ) — texto que começou a ser produzido pela SBB em 1948 e publicado em 1956. Trata-se de uma atualização teológica e linguística da ARC. O trabalho foi elaborado por uma equipe de tradutores brasileiros. Em 1993, a SBB fez uma revisão no texto, que ficbu conhecido como Almeida Revista e Atualizada, 2.a edição.
3. Almeida Corrigida e Fiel ( a c f ) — publicada pela Sociedade Bíblica
Trinitariana do Brasil, fundada em 1969. 4. Versão Revisada de Acordo com os Melhores Textos em Hebraico e Grego (vr) — publicada em 1967 pela Imprensa Bíblica Brasileira (IBB), órgão da Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), ligada à Convenção Batista Brasileira. 5. Edição Contemporânea de Almeida ( e c a ) — tendo como ponto de partida a a r c , essa versão, publicada em 1990 pela Editora Vida, é uma revisão estilística da própria a r c . Traz as palavras de Cristo em vermelho. 6 . Almeida Século 21 — a mais nova versão das Escrituras baseada no texto de Almeida, Trata-se de um trabalho de tradução e revisão inspirado pela v r . Prima pela exatidão exegética e pela fluência do texto sagrado, aliados ao respeito à tradição histórica. Essa versão é fruto do trabalho de organização e realização de Edições Vida Nova, com a participação da Imprensa Bíblica Brasileira/Juerp, Editora Hagnos e Editora Atos.
Nova Versão Internacional (n v i )
Traduzida diretamente das línguas originais por tradutores de diversas denominações evangélicas, a n v i é uma das mais novas versões das Escrituras. É publicada pela Editora Vida e pela Sociedade Bíblica Internacional desde 2001.
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Página de rosto da versão bíblica do Rei Tiago versão autorizada do Rei Tiago.
D o m .i d i i .
( kjv ),
também conhecida como
I 718 l Como a Bíblia chegou até nós
Nova Tradução na Linguagem de Hoje ( n t l h ) Lançada em 2000 pela SBB, trata-se de uma revisão da Biblia na Linguagem de Hoje (BLH), publicada em 1988 pela mesma entidade.
Bíblia Viva ( b v ) Publicada em 1981 pela Editora Mundo Cristão, é considerada mais uma paráfrase das Escrituras que uma tradução, embora empregue o método idéia por idéia, em vez de palavra por palavra. Uma versão heterodoxa Há uma versão heterodoxa das Escrituras, pois foi feita para se conformar às doutrinas da seita religiosa Testemunhas de Jeová. Trata-se da Tradução do
Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblia e Tratados. Uma versão completa dessa versão foi publicada em português, em 1967. Os adeptos da seita defendem que essa versão é a única tradução confiável das Escrituras. Por meio dessa obra, as Escrituras foram adaptadas ao sistema doutrinário da seita, que nega a divindade absoluta de Cristo (em João 1.1 afirma-se que Jesus é "um deus"); sua morte na cruz (o termo "cruz" foi substituído pela expressão "estaca de tortura"); em Filipenses 2.6 afirma-se que Jesus consideraria ser igual a Deus uma usurpação, quando o texto bíblico diz
justamente o contrário, ou seja, Jesus considerava-se Deus, mas nunca usou isso como meio de se autopromover; em Hebreus 1 . 6 afirma-se que os anjos "prestam homenagem" a Jesus, em vez de adorá-lo etc. Bíblias de estudo São bíblias com comentários do texto bíblico e notas sobre os mais diversos tópicos das Escrituras, além de outros recursos igualmente importantes para o estudo da Bíblia (o leitor só precisa tomar o cuidado de fazer distinção entre aquilo que a Bíblia diz e aquilo que consta das notas do comentário). O ideal é ter todas elas em nossa biblioteca. A comparação entre os comentários de cada uma conduz o estudante a diversos pontos de vista sobre temas bíblicos. Algumas são bem focadas, destinando-se ao público jovem (Bíblia Jovem, da Editora Vida; Bíblia Teen, da Editora Hagnos), às mulheres
evangélico. Essas notas foram escritas no Brasil, tendo em vista o leitor brasileiro. A Bíblia Shedd é publicada por Edições Vida Nova em parceria com a SBB. Ferramentas de estudo: notas de rodapé (que incluem miniesboços de sermão), concordância bíblica, cronologia bíblica, tabela de pesos, dinheiro e medidas, mapas coloridos e análise e introdução aos livros da Bíblia. O texto bíblico adotado é o da a r a , 2 a edição.
2. Bíblia de Estudo Esperança — publicada em 1998 em co-edição por Edições Vida Nova e SBB, destina-se a responder objetivamente às questões mais importantes da vida, apresentadas por meio de centenas de perguntas espalhadas por suas páginas. Ferramentas de estudo: notas exegéticas, textos paralelos dos evangelhos etc. O texto bíblico adotado é o da a r a , 2 a edição.
(Bíblia de Estudo da Mulher, da Editora Mundo Cristão;
Bíblia Devocional da Mulher, da Editora Vida; Bíblia da Mulher, da Editora Atos), aos líderes (Biblia do Executivo, da Editora Vida) etc. As principais são:
1. Bíblia Shedd — Sob â coordenação do eminente teólogo Dr. Russell Shedd, uma equipe de comentadores produziu milhares de notas para essa bíblia de estudo altamente respeitada no meio
3. Bíblia de Estudo Almeida — Publicada em 1999 pela SBB. Ferramentas de estudo: concordância temática, dicionário, guia sinótico dos evangelhos, cronologia bíblica e tabela de pesos, moedas e medidas. O texto bíblico adotado é o da a r a , 2 a edição.
4. Bíblia Anotada — Publicada em 1991 pela Editora Mundo Cristão, com
Como a Bíblia chegou até nós [ 719 ] introdução, esboço, referências laterais e notas. Ferramentas de estudo: notas de rodapé, harmonia dos evangelhos, resumo da doutrina bíblica, estudos sobre a Bíblia, cronograma de leitura da Bíblia em um ano, concordância, mapas etc. O texto bíblico adotado é o da a r a , 1 .a edição.
5. Bíblia de Estudo Vida — Publicada pela Editora Vida em 1999. Ferramentas de estudo: notas laterais, dicionário, mapas, tabelas, concordância e plano de leitura. O texto bíblico adotado é o da a r a , 2 ,a edição.
6. Bíblia de Estudo NVI — Publicada pela Editora Vida em 2003. Ferramentas de estudo: notas de rodapé (traduzidas da edição americana da New International Version), cronologia do Antigo e do Novo Testamento e concordância bíblica. O texto bíblico adotado é a NVI. 7. Biblia de Estudo de Genebra — Publicada pela Cultura Cristã (editora confessional da Igreja
Presbiteriana do Brasil) e Sociedade Bíblica do Brasil em 1999. É uma Bíblia voltada para a teologia reformada (calvinista). Ferramentas de estudo: notas de rodapé, introdução a cada livro da Bíblia, diversos artigos, além de concordância e mapas. O texto bíblico adotado é o da a r a , 2 .a edição.
8. Bíblia de Referência Thompson — Publicada pela Editora Vida em 1990. Ferramentas de estudo: palavras de Cristo em vermelho, sistema Thompson de estudo bíblico original e exaustivo (sistema numérico de referências em cadeia, análise de livros, estudos esboçados e ilustrados, harmonias, mapas, descobertas arqueológicas e concordância). O texto bíblico adotado é o da e c a . Outras versões importantes O leitor também tem à disposição versões interlineares da Bíblia (traz o texto grego na primeira linha, uma tradução literal
para por palavra na segunda e, opcionalmente, uma versão corrente em língua portuguesa), como o
Novo Testamento interlinear grego-português, da Sociedade Bíblica do Brasil. Outro excelente recurso é o Antigo Testamento poliglota (Edições Vida Nova e SBB), que traz em colunas paralelas o texto hebraico (Texto Massorético), grego (Septuaginta, versão de Ralphs), português ( a r a , 2.a edição) e inglês ( n v i ). As duas editoras também lançaram em co-edição o
Novo Testamento trilingue, contendo em colunas paralelas o texto em grego (Nestle-Aland 27.a edição), português ( a r a , 2 .a edição) e inglês ( n v i ).
Esboco da história da igreja *
O fundamento da história da igreja Definição. A história da igreja é o relato cronológico e a interpretação do impacto de Cristo e seu evangelho sobre a humanidade.
Preparação. (1) A língua grega, como língua comum do mundo greco-romano, proporcionou um veículo adequado para a escrita e a pregação do nt. (2) A lei romana, além da unidade política romana e da concessão da cidadania, uniu os homens. A paz romana (Pax romana) e a rede de estradas facilitaram a evangelização do século i. (3) O monoteísmo judaico forneceu a esperança messiânica do at e a base da revelação do nt .
Gravura de Rembrandt: Cristo ensinando o povo.
Períodos da história da igreja Período da Igreja Primitiva 30-590 d.C. 30-100
Período apostólico
100-150
Período subapostólico
150-313
Conflito com o Império Romano e erros doutrinários
313-590
Crescimento da antiga igreja católica imperial
Período da Igreja Medieval 590-1517 590-1054
O cristianismo no ocidente
1054-1305
Idade de ouro do poder papal
1305-1517
Movimento inicial rumo à Reforma
Período da Igreja Contemporânea 1517 até o Presente 1517-1648 A Reforma protestante 1546-1648 A Contra-Reforma católica 1648-1789 Cristianismo colonial e reavivamento 1789-1914
Expansão cristã na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos
1914 até
A igreja no século xx
o presente
Esboço da história da igreja [ 721 l
O período da igreja primitiva 30-590 Período apostólico (30-100)
Período subapostólico (100-150)
Político
Político
Religioso
117-38 Adriano
Pais apostólicos. Entre esses estavam: Clemente, bispo de Roma; Inácio, bispo de Antioquia, martirizado; Papias, bispo de Hierápolis; Policarpo, bispo de Esmirna, martirizado
138-61 António Pio, também perseguiu os cristãos
Escritos primitivos. Alguns dos mais confiáveis: Epistola aos Coríntios, de Clemente Epístola de Barnabé, que apresentava a morte de Cristo como suficiente para a salvação, dependentemente da lei mosaica. Pastor de Hermas (literatura apocalíptica) enfatizava a responsabilidade eo arrependimento. Didaquê (catequético) foi escrito para instruir novos conversos.
14-37 Tibério
Religioso Fundação da igreja pelo Espírito Santo. O evangelho a Jerusalém, Judéia, Samaria . (At 1— 12). Pregação de um Salvador crucificado e ressuscitado em Jerusalém. Evangelização, perseguição, martírio de Estêvão. Evangelização de Samaria.
37-41 Calígula
Conversão de Paulo.
41-54 Cláudio
Conversão de Cornélio.
54-68 Nero, primeiro imperador a perseguir os cristãos
O evangelho aos confins da terra (At 13—28). Ação missionária a partir de Antioquia da Síria. Paulo salva o cristianismo do legalismo, evangeliza cidades do Império Romano e escreve suas grandes epístolas.
68-69 Galba 69 Oto e Vitélio
Epístolas de Paulo, Sinóticos, Epístola aos Hebreus
69-79 Vespasiano 79-81 Tito
Destruição de Jerusalém (70).
81-96 Domiciano, Exílio de João em Patmos. perseguidor Perseguição aos cristãos. 96-98 Nerva 98-117 Trajano, perseguidor
Conclusão dos livros do nt.
Antes de 250, a perseguição era local e dissipada, fomentada por judeus, por intelectuais pagãos e por alguns dos imperadores.
M o ed a judaica do período da revolta de Bar Cochba retrata o templo, destruído em 70 d.C.
[ 722 J Esboço da história da igreja
150-313 Conflito com o Império Romano e com erros doutrinários Imperadores romanos Marco Aurélio (161-80) perseguiu os cristãos; entre os martirizados, Justino e Policarpo. Cômodo (180-92) Septímio Severo (193-211) Severo localizou a perseguição, e muitos foram martirizados em Alexandria, no Egito, no norte da África e na Gália. Os cristãos foram torturados, decapitados, queimados e lançados a feras selvagens. Caracala (211-17); Heliogábalo (218-22); e Alexandre Severo (222-35); todos esses toleraram os cristãos. Maximino (235-38) levou à morte muitos líderes cristãos
proeminentes; Origines escapou por pouco. Górdio (238-44) e Filipe (244-49) favoreceram os cristãos. Décio (249-51) inaugurou o período da perseguição violenta e geral após 250; multidões de cristãos morreram debaixo de medidas cruéis em todo o império. Valeriano (253-60) promoveu intensa perseguição; Cipriano foi morto. Diocleciano (284-305), em uma tentativa de exterminar o cristianismo, iniciou a mais severa perseguição imperial contra a igreja até aquela época. Erros doutrinários. O gnosticismo, postulando o dualismo, ensinava que a matéria era inerentemente má, e, assim. Cristo não
poderia ter tido um corpo de verdade. O neoplatonismo era uma filosofia religiosa que defendia que uma substância divina permeava e animava todos os objetos adorados nas várias religiões, mas negava essa qualidade ao cristianismo. O montanismo foi uma tentativa, por Montano, de contrabalançar a dependência excessiva da organização humana e do formalismo na igreja. Alegou revelação direta do Espírito Santo e enfatizou a imediata vinda de Cristo. O monarquianismo enfatizou a unidade de Deus, negando a trindade de Pessoas. Apologistas. Escreveram aos altos funcionários do governo em busca de reconhecimento legal do cristianismo. Justino Mártir, principal
Esboço da história da igreja [ 723 ]
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apologista, defendeu o valor moral e espiritual do cristianismo e advogou sua legalização em Primeira Apologia. Também o defendeu contra o judaísmo no Diálogo com Trifão. Polemistas. Escreveram contra as heresias. Ireneu, em Contra as heresias, defendia a divindade e a ressurreição de Cristo diante do gnosticismo. Orígenes, alegorista, escreveu De Principiis, a primeira teologia sistemática, e o Hexapla, um monumento de crítica textual. Tertuliano formulou a doutrina da trindade de Deus em Contra Práxeas. Cipriano formulou as doutrinas da sucessão apostólica e da primazia de Pedro.
O desenvolvimento da igreja. (1) A idéia da primazia do bispo de Roma nasceu da necessidade de liderança no tempo da perseguição e no combate à heresia. (2 ) O cânon do nt começou a se cristalizar por volta de 2 0 0 d.C. (3) Desenvolveu-se o calendário da igreja, com o Natal e a Páscoa como principais festas. (4) A forma primitiva do Credo dos Apóstolos tornou-se um símbolo da ortodoxia. Perseguição. A razão básica do ataque do Estado romano era o medo de que um cristianismo separatista ameaçasse um Estado pagão, religiosamente sincretista.
Revelações arqueológicas. As catacumbas de Roma eram cavernas onde os cristãos buscavam refúgio. Essas grandes cavernas contêm milhares de inscrições desse período. A cristianização do império. As severas perseguições (250-311) não só não conseguiram extinguir a fé, mas testemunharam seu fenomenal crescimento. Constantino estabeleceu o domingo como dia de descanso e adoração (321); favoreceu o cristianismo no império; incentivou a construção de igrejas; mudou sua capital para Bizâncio (Constantinopla); encomendou a Eusébio a confecção de 50 Bíblias do
A conversão dos bárbaros. Os godos, os vândalos e os hunos conquistaram o império. Alguns foram cristianizados, mas sua conversão foi somente de fachada e ajudou a introduzir práticas pagãs na igreja. Os bretões celtas foram evangelizados pelos cristãos romanos; os irlandeses, por Patrício; os godos, por Úlfilas; e os escoceses, por Columba, que fundou um mosteiro na ilha de lona (563). Controvérsias quanto ao credo (325-451).
A respeito da pessoa de Cristo. Ário ensinava que Cristo era uma criatura essencialmente distinta de Deus. Atanásio defendia que ele era coexistente e co-eterno, da mesma essência do Pai. O Concílio de Nicéia (325) condenou o arianismo, decidindo a favor da posição de Atanásio.
A respeito das duas naturezas de Cristo. O Concílio de Constantinopla
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(381) tratou da heresia de Apolinário, que propunha que o espírito humano de Cristo fora substituído pelo Logos. Nestório separou as duas naturezas e enfatizou excessivamente a humana, heresia que foi abordada no Concílio de Éfeso (431). O Concílio da Calcedônia (451) refutou a visão de Eutíquio, de que as duas naturezas de Cristo foram fundidas em uma única — a divina. A
Definição da Calcedônia confirma a posição ortodoxa das duas naturezas unidas em uma só Pessoa.
LUSITÂNIA
A respeito da graça divina e do livre-arbitrio humano. Agostinho de Hipona sustentava firmemente a total depravação do homem e a absoluta necessidade da graça divina para a salvação. Pelágio negou tal visão e insistiu que o homem podia cooperar com a graça divina. Outros concílios ecuménicos trataram de problemas doutrinários. Constantinopla (553) tratou da controvérsia monofisista, e Constantinopla (680), das duas vontades de Cristo (monotelismo). Nicéia (787) tratou da adoração de imagens. 313-590
O crescimento da antiga igreja católica imperial Desenvolvimentos religiosos e políticos. Constantino (306-37) converte-se ao cristianismo (312) e publica o Édito de Milão (313). Silvestre I torna-se bispo de Roma.
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mais fino velino; reformou a escravidão e muitos costumes pagãos. Foi um período em que a igreja, não mais purificada pela perseguição, viu-se ameaçada pelo influxo do mundo. A prosperidade da igreja tornou-se sua maior ameaça. Essa era preparou o caminho para a corrupção eclesiástica da Idade das Trevas. Em vez de separar-se do paganismo, a igreja imperial se adaptou a ele.
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[ 724 ] Esboço da história da igreja
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Os três filhos de Constantino governam o império (337-61). Juliano "o Apóstata" (361-63) lidera uma curta reação pagã. Joviano (363-64) restaura a fé cristã. Teodósio, o Grande (37995), suprime o paganismo e faz do cristianismo a religião oficial do Estado (380).
km
Esboço da história da igreja [ 725 ]
A Extensão da Crintandade em 300 d.C.
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A igreja imperial dos séculos iv e v torna-se uma instituição diferente da igreja peregrina dos três primeiros séculos. Os pais posteriores a Nicéia. Pais orientais. Crisóstomo, boca de ouro (345-407), foi grande pregador e bispo de Constantinopla. Teodoro, bispo de Mopsuéstia,
patrocinou uma saudável interpretação históricogramatical da Bíblia. Eusébio de Cesaréia (264340), o pai da história da igreja, escreveu um relato das peripécias da igreja até o seu tempo (323). Pais ocidentais. Jerônimo (340-420) produziu a Vulgata Latina que se tornou a Bíblia da
cristandade por mais de mil anos. Agostinho de Hipona (354-430) foi proeminente teólogo. Sua obra A cidade de Deus imaginou um império universal cristão, e suas Confissões são ainda hoje um clássico da literatura devocional. A ascensão do papado. O título "papa" quer dizer "pai" em italiano.
! 726 1 Esboço da história da igreja Anteriormente, fora aplicado a todos os bispos ocidentais, mas depois do ano 500 passou a se limitar ao bispo de Roma, que depois, gradualmente, transformou-se em "bispo universal", com base na doutrina romana da sucessão apostólica e da primazia de Pedro. Leão i (440-61) obteve reconhecimento como primaz de todos os bispos junto ao imperador Valentiniano m(445). Com
seu sucessor, Hilário (461 6 8 ), advogou um papado exclusivo e universal. A queda do império do ocidente (476) deixou os papas livres para firmar alianças vantajosas com os vários novos reinos bárbaros que surgiam. Durante o período de Simplício (46883) e de Pelágio n (578-90), a autoridade dos papas cresceu grandemente, preparando o caminho para o papado medieval e moderno.
A divisão do império Depois de 364 d.C. Valentiniano i
Valente
(36 4 -7 5 )
(3 6 4 -7 8 )
Valentiniano n
Teodósio
(37 5 -8 3 )
(3 7 8 -9 5 )
Teodósio, o Grande (3 8 3 -9 5 )
Honório
Arcádio
(3 9 5 -4 2 3 )
(3 9 5 -4 0 8 )
Valentiniano m
Teodósio
(423-55)
(408-50), etc.
O império ocidental ruiu diante da invasão dos bárbaros (476)
Anastácio (491-518), etc. Justiniano (527-65), etc.
Idade das Trevas O império papal emerge das ruínas do império ocidental.
O império oriental persistiu até a queda de Constantinopla diante dos turcos (1453).
ii
O surgimento do monasticismo. Começou no Egito, com Paulo de Tebas e António, por volta de 250 d.C., e espalhou-se por todo o império. Sua meta era a santidade pelo isolamento do mundo. Na Europa, os monges moravam em mosteiros e, durante a Idade Média, promoveram a educação, o conhecimento, a literatura e a agropecuária.
Esboço da história da igreja I 727 1
O período da igreja medieval 590-1517 590-1054 O cristianismo no ocidente O crescimento do papado. Gregório i (590-604) foi um dos melhores e mais iluminados papas. Lançou as bases da igreja medieval que se ergueria sobre as ruínas do Império Romano. Como teólogo, sintetizou a teologia romana, enfatizando o conceito de purgatório e o caráter sacrifical da missa. Iniciou a evangelização que conquistou a Grã-Bretanha para o cristianismo romano, por intermédio dos esforços de Agostinho de Cantuária. O surgimento do islamismo. Maomé nasceu em 570. Em 610, declarouse profeta. Embora tenha sido forçado a fugir de Meca em 622 (hégira), mais tarde conquistou a cidade, fazendo dela sua capital. Morreu em 632. Em um curto período, a Ásia ocidental e o norte da África adotaram o islã, religião da espada e do ódio — a Síria em 634, Jerusalém em 638, o norte da África e a Espanha em 711. Carlos Martel, na Batalha de Tours (732), rechaçou o islã e salvou a Europa para o cristianismo.
O renascimento do império no ocidente. O papa Zacarias (741-52) ajudou Pepino, o Breve, pai de Carlos Magno, a tornarse rei dos francos germânicos. A pedido de Estevão ii (752-57), Pepino levou seu exército à Itália, conquistou os lombardos e doou suas terras ao papa (754). Esse reino papal gerou os estados papais, que perduraram até 1870. Carlos Magno (742-814) ergueu um império europeu e foi coroado "imperador dos romanos" pelo papa Leão ni, em 800. Esse acontecimento suscitou várias questões e problemas relativos à autoridade delegada na matéria do estado-igreja. Em 962, Oto, soberano germano, foi coroado santo imperador romano de um reino que perdurou até 1806. Expansão missionária. O crescente monasticismo forneceu o grosso da força missionária durante esse período, especialmente da Irlanda e da ilha de lona. Aidano levou o evangelho aos habitantes da Nortúmbria, no nordeste da Inglaterra (c.634). No ; Sínodo de Whitby (663), o rei Oswiu decidiu a favor do cristianismo romano, predominante no sul como
consequência da missão de Agostinho de Cantuária (596). Colombano pregou aos borgonheses, no continente (589), Bonifácio (Winfrid) levou a influência do evangelho às tribos teutônicas (moderna Alemanha) depois de 700. Willibrod, inglês, conquistou a Frísia para o papado (692). Ansgar (80165), o "apóstolo do norte", foi à Dinamarca e à Suécia. Em meados do século ix, Cirilo e Metódio, os “apóstolos dos eslavos", inventaram um alfabeto eslavo, traduziram as Escrituras e converteram os búlgaros e os morávios ao cristianismo. Houve pouca atividade missionária na igreja oriental, que estava ocupada se defendendo do islã. A degeneração do papado (858-1054). Nicolauí (85867), primeiro papa ausar uma coroa, reclamou supremacia papal citando as Decretais de PseudoIsidoro. Estas, tendo surgido em meados do século IX, eram p.resumidamente cartas e decretos de bispos, de Constantino e dos concílios da igreja dos primeiros séculos. Mais tarde se revelaram falsificações que tentavam demonstrar a
[ 728 ] Esboço da história da igreja
A Primeira Cruzada OCEANO ATLÂNTICO
(109|>-1099)
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Papa Urbano II conclama a 1*. cruzada no Concílio de Clermont, 1095 ' —.
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historicidade e a antiguidade das alegações do papado. A influência corruptora do conceito do reino papal e do poder temporal, aliada a sucessores fracos e imorais, impôs a reforma. O cisma oriental da cristandade. A tensão entre os papas e o patriarcado de Constantinopla gerou uma cisão entre as igrejas oriental e ocidental. As disputas acerca da data da Páscoa, a presença de imagens nas igrejas, o filioque (dupla procedência do Espírito Santo) e o uso de pães sem fermento na missa provocaram o cisma de 1054 e a formação da igreja Ortodoxa Grega, do oriente.
km
1054-1305 A idade de ouro do poder papal O ápice do poder papal. Os papas dos séculos xi a xiv instituíam reformas e humilhavam os reis. Hildebrando (Gregório vii), cujo conceito de papado é esboçado em Dictatus Papae, reinou de 1073 a 1085. Reprovou a imoralidade do clero e a simonia (venda de ofícios da igreja) e humilhou Henrique IV da Germânia (1077). Inocêncio m (1198-1216) elevou o papado medieval ao ponto mais alto do seu poder, forçando a submissão dos reis da França, da Inglaterra e do sacrossanto Império Romano. Ele
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assumiu muitos títulos, como "vigário de Cristo", etc., e subordinou o Estado à igreja. Por intermédio do Quarto Concílio Lateranense (1215), decretou a necessidade da confissão auricular e a doutrina da transubstanciação. Iniciou a inquisição papal, exterminou os heréticos (albigenses) e patrocinou a quarta cruzada. A igreja anulou os albigenses e valdenses com as cruzadas, a Inquisição e a proibição das Escrituras. O declínio do papado. Papas fracos sucederam a Inocêncio. Bonifácio vm (1294-1303) mergulhou em uma disputa de poder com Filipe, o Belo, da França, durante a qual publicou a bula papal Unam Sanctum.
Esboço da história da igreja I 729 ] Determinava que a autoridade temporal deveria ficar sujeita à espiritual (à igreja, i.e., ao papa); que havia "uma única Santa Igreja Católica e Apostólica, e que fora dessa igreja não há nem salvação nem remissão dos pecados..."; que "é indispensável à salvação que toda criatura humana esteja sujeita ao pontífice romano". Antes de ser excomungado, Filipe mandou prender Bonifácio por breve tempo; logo depois da libertação, o papa morreu. Em 1309, o papa Clemente v (1305-14), um francês, transferiu o papado para Avinhão, iniciando o "Cativeiro Babilónio" do papado (1309-77). As cruzadas. Propósito: recuperar a Palestina das
mãos dos muçulmanos, expulsar os mouros da Espanha, eliminar os albigenses da França. A primeira cruzada, pregada por Urbano n, conseguiu fundar o reino latino de Jerusalém (1099-1187). As sete cruzadas acabaram não conseguindo a libertação permanente da Terra Santa, mas contribuíram para o enfraquecimento do feudalismo, aumentaram o poder e o prestígio do papado, geraram as ordens monásticas militares, estimularam o comércio entre o oriente e o ocidente e facilitaram o intercâmbio cultural. A quarta cruzada, desviada para Constantinopla, fundou o reino latino de Constantinopla (1204-61), enfraquecendo o império
oriental e aprofundando a cisão entre as igrejas oriental e ocidental. Tentativas de movimentos reformadores. (1) Os albigenses, chamados cátaros, originários da cidade de Albi, no sul da França, lembravam os gnósticos. (2) Os valdenses eram seguidores de Pedro Valdo (c.1150), que propôs um movimento de simples volta à Bíblia dentro da igreja. (3) Reformas monásticas foram lideradas por Bernardo de Clairvaux, da ordem cisterciense, e pelos templários e hospitalários. As ordens mendicantes, i.e., os franciscanos, ordem fundada por Francisco de Assis (1182-1226), e os
Estátua do reformador John Huss, em Praga.
[ 730 1 Esboço da história da igreja dominicanos, ordem fundada por Domingos (1170-1221), também propugnavam a reforma. A teologia medieval. O escolasticismo lançou mão da lógica e da filosofia aristotélicas para sistematizar a verdade cristã. (1) Anselmo de Cantuária (1033-1109), o "pai da teologia sistemática", era um realista, crendo que a fé precedia a razão. Escreveu sobre a existência de Deus e a teoria propiciatória da expiação. (2) Tomás de Aquino (1225-74) transformou-se no principal teólogo católico, especialmente na sua Summa Theologica. Era um realista moderado, enfatizando o uso da razão e da lógica aristotélica para alcançar um grau de verdade complementada até certo ponto pela fé e pela revelação. (3) John Duns Scotus (c. 1264-1308) opôsse a Aquino e elaborou a teoria da imaculada conceição de Maria. (4) Outros que contribuíram
para essa era e desenvolvimento foram Abelardo (1079-1142), Bernardo de Clairvaux (1091-1153), Pedro Lombardo (c. 1100-1160), Alberto Magno (c. 1206-80) e Guilherme de Occam (c. 1300-49).
1305-1517 Movimento inicial rumo à reforma A necessidade de reforma na igreja (1305-1517). A imoralidade do clero, a venda de indulgências e de ofícios na igreja; altos tributos papais; a interferência papal nos negócios do Estado; o "cativeiro babilónio" do papado em Avinhão, na França (1309-77); o grande cisma de 1378-1417, com papas rivais em Roma e Avinhão — tudo isso indicava a necessidade da reforma. Pressões a favor da reforma. (1) Grupos de maior inclinação bíblica, como os místicos, os Amigos de Deus e os Irmãos
da Vida Comum, exerceram ampla influência. (2) John Wycliffe (c. 1329-84), a "Estrela da Manhã da Reforma", traduziu a Bíblia para o inglês e atacou vigorosamente a autoridade papal e a missa (1378). (3) John Huss (c. 1369-1415), reformador boémio, influenciado pelo Dideas de Wycliffe, condenou a venda de indulgências e propôs a reforma na igreja. (4) Savonarola (1452-98), monge florentino, pregou contra a corrupção papal. (5) Uma série de concílios, entre 1409 e 1439, propunham a reforma. (6 ) A Renascença do conhecimento e o novo interesse pelas Escrituras hebraicas e gregas expôs os acréscimos não bíblicos da igreja medieval. (7) A ascensão de fortes estados nacionais (especialmente a Inglaterra e a França), a decepção diante da corrupção, da interferência e dos tributos papais e ainda as extensas terras que a igreja possuía — tudo favoreceu a Reforma.
Esboço da história da igreja [ 731 l
O período da igreja contemporânea 1517 até o presente 1517-1648 A era da Reforma Protestante. Os papas da era da Reforma. 0 papa Leão x (1513-21) enviou Johannes Tetzel à Alemanha para vender indulgências e, assim, levantar fundos para completar a basílica de São Pedro, em Roma. Foi a bula da excomunhão de Leão que Lutero queimou em 10 de dezembro de 1520. Ao papa Leão, sucederam Adriano v (1522-23) e Clemente vu (1523-34). O papa Paulo m (1534-49) autorizou a formação dos jesuítas e instigou a guerra contra os protestantes alemães (154649), a qual continuou durante o reinado de Júlio m (1550-55). Lutero e o rompimento com Roma. Martinho Lutero (1483-1546), monge agostiniano, tornou-se o maior emancipador humano desde o apóstolo Paulo. Influências que modelaram sua vida. (1) Passado rígido e supersticioso de camponês. (2) Educação escolástica preparatória para a carreira
do direito. (3) A súbita morte de um amigo, a experiência de escapar da morte durante uma forte tempestade e uma profunda consciência do pecado o fizeram entrar em um mosteiro da ordem agostiniana em 1505. Ordenou-se dois anos mais tarde. (4) Enquanto se preparava para o magistério universitário, recebeu conselho e incentivo espiritual de Johann von
Staupitz, vigário-geral da sua ordem. (5) De novembro de 1510 a abril de 1511, ficou chocado diante da corrupção e das práticas de Roma, enquanto lá esteve a serviço da sua ordem. (6 ) Estudou as Escrituras, santo Agostinho, J. Tauler (místico) e a Theologica Germanica. (7) Convenceuse da autoridade da Bíblia e da justificação somente pela fé enquanto lecionava na Universidade de
Martinho Lutero
[ 732 1 Esboço da história da igreja Wittenberg, como doutor em teologia e professor das Escrituras. Ao final de 1516, Lutero teve a certeza da sua própria salvação, e a senha era: "O justo viverá por fé" (Rm 1.17). A crescente ruptura. (1) Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou As noventa e cinco teses contra o abuso do sistema de indulgências. A gota d'água foi a extravagante pregação de Johannes Tetzel (14701519), agente de Albrecht de Brandemburgo, arcebispo de Mainz e arcebispo de Magdeburg, que fora autorizado pelo papa Leão x a vender indulgências para a construção da basílica de São Pedro, em Roma. (2) Engajado em diversos debates, foi forçado às conclusões lógicas de suas premissas básicas a respeito da fé e das Escrituras. (3) Em 15 de junho de 1520, o papa Leão x deu a Lutero sessenta dias para que se submetesse à bula papal Exurge Domine. (4) Ele escreveu três tratados,
Manifesto à nobreza alemã, Cativeiro babilónio e Da liberdade dos cristãos (1520). (5) O famoso discurso: "Aqui estou", na Dieta de Worms, foi proferido em abril de 1521. Proscrito pelo império, foi raptado por amigos. A ascensão do luteranismo. (1) Em 1522, Lutero traduziu o nt para o alemão, enquanto vivia escondido no castelo de Wartburg. (2) Em 13 de junho de 1525, Lutero casou-se com Katherine von
Bora (1499-1552). (3) Na Dieta de Speier, em 1529, os príncipes luteranos leram seu Protesto, daí a palavra protestante. (4) Em 1529, na Conferência de Marburg, Lutero e Zwínglio discordaram a respeito das palavras: "este é o meu corpo", na comunhão. Publicou-se o Catecismo menor. (5) Em 1530, rascunhou-se a Confissão de Augsburgo, a primeira confissão protestante que firmava a posição luterana. Filipe Melâncton (14971560) foi o principal autor. Também escreveu Loci Communes, a primeira teologia protestante, em 1521. (6 ) Os luteranos começaram a ordenar seus próprios clérigos (1535). (7) As guerras de Schmalkald na Alemanha começaram no ano da morte de Lutero (1546). Terminaram com a Paz de Augsburgo (1555), que estendeu aos luteranos os mesmos direitos legais dos católicos romanos. Estabeleceu-se o princípio de duas religiões na Alemanha — cuius regio, ejus religio ("Na pátria do príncipe, a religião do príncipe"). (8 ) Depois da morte de Lutero, controvérsias impediram a unidade dos luteranos até que afinal entraram em acordo na Fórmula da Concórdia, concluída em 1577 e publicada em 158*0, como o Livro da concórdia, a declaração definitiva da teologia luterana. (9) Na sexta década do século xvi, o luteranismo já se havia disseminado por todos os países escandinavos, e suas
idéias reformistas, a outros países. O surgimento da fé reformada. Na Suíça. A Reforma chegou a Berna e Zurique por meio de Ulrico Zwínglio (1484-1531), que, em seu
Comentário sobre as religiões verdadeiras e falsas (1525), opôs-se, com sucesso, às indulgências dos católicos e, também, à missa, ao celibato, às imagens e às outras práticas não bíblicas de seu tempo. Genebra juntou-se à Reforma pela pregação de Guillaume Farei (1489-1565), protestante francês, e pelo ensinamento e a capacidade de organização de João Calvino (1509-64), que após 1536 tornou-se o líder da fé reformada. /4s institutas da religião cristã (1536) e as
Ordenanças eclesiásticas (1541), de Calvino, são clássicos ainda atuais. Na França. Os protestantes franceses criaram uma Igreja Reformada em 1559, em um sínodo que adotou a Confissão Galicana da Fé. Após 1560, passaram a ser chamados de huguenotes e tornaram-se alvo de perseguição e guerras religiosas até o Édito de Nantes (1598), que garantiu a liberdade religiosa. O terrível massacre de São Bartolomeu começou em 1572 e, no total, foram mortas entre dez e vinte mil pessoas. O almirante Coligny, líder dos huguenotes, foi um dos assassinados, aparentemente por
Esboço da história da igreja [ 733 1 instigação de Catarina de Médicis, sobrinha do papa Clemente vn. Na Escócia. Patrick Hamilton (1504-28) pregou a reforma e, em virtude disso, foi queimado em 1528; George Wishart (1513-46), também morreu na fogueira em consequência da fé em 1546. John Knox (1513-72), entre 1560 e 1567, conseguiu o auxílio da nobreza e dos mercadores da Escócia, derrotando a tentativa de Maria Stuart (rainha dos escoceses) de manter a Escócia sob jurisdição de Roma. Knox fundou a igreja Presbiteriana na Escócia em 1567. Na Holanda. A liberdade religiosa em relação a Roma estava ligada à luta pela libertação política do jugo da Espanha católica. A igreja reformada foi fundada em 1571, e a emancipação política veio em 1581. Guilherme de Orange foi o libertador político. Jacobus Arminius (1560-1609) rejeitou o calvinismo, tornando resistível a graça divina e ilimitada a expiação. Embora o Sínodo Calvinista de Dort (1618) tenha se pronunciado contra o arminianismo, ele sobrevive ainda hoje em algumas ramificações do protestantismo. No norte da Irlanda. Tiago i da Inglaterra (15661625), que patrocinou a Versão Autorizada da Bíblia ou a do Rei Tiago (1611), assentou os presbiterianos escoceses no norte da
Irlanda após 1603, a fim de reduzir a possibilidade de revolta. Daí veio a divisão religiosa da Irlanda: o norte protestante, e o sul católico. No resto da Europa. O calvinismo e a fé reformada também penetraram na Boémia, na Hungria e no Palatinado Alemão. O movimento anabatista. Esse grupo rejeitava a igreja estatal e o batismo infantil. Originário do movimento zwingliano em Zurique, em 1525, sob a liderança de Conrad Grebel (c.14901526), o grupo exigia o rebatismo de todos os crentes adultos. Eram chamados pejorativamente de anabatistas (batize novamente). O movimento se espalhou à Alemanha e à Morávia. Menno Simons (c.1496-c.1561), padre católico, converteu-se aos ensinamentos anabatistas em 1536 e tornou-se o líder do movimento holandês que leva seu nome (menonitas). Entre as crenças fundamentais dos anabatistas estão a autoridade das Escrituras, a igreja dos crentes, o batismo dos crentes (no início do movimento não havia uniformidade) e a separação entre igreja e Estado. O rompimento da Inglaterra com Roma. Henrique vm (que reinou de 1509 a 1547) declarou, no Ato de Supremacia (1534), a igreja da Inglaterra independente do papa o que tornou o rei e seus
sucessores líderes únicos e supremos da igreja da Inglaterra. Confiscou as propriedades monásticas e deu ao povo as Escrituras em inglês comum (a Grande Bíblia). Durante o reinado de Eduardo vi (1547-53), a reforma eclesiástica iniciada por Henrique tornou-se essencialmente protestante. Thomas Cranmer rascunhou os Quarenta e dois artigos e o Livro de orações comuns. Maria Tudor ("Bloody Mary [Maria sanguinolenta]", 1553-58) tentou em vão restabelecer o catolicismo. Numerosos protestantes foram martirizados pela sua fé, entre eles Cranmer, Ridley e Latimer. O Acordo Elisabetano, no reinado de Elizabeth i (1558-1603), reinstituiu o protestantismo como anglicanismo, o "Caminho do Meio". O Livro de orações comuns foi revisado, assim como os
Quarenta e dois artigos, que, reduzidos, tornaram-se os Trinta e nove artigos, transformados no credo da igreja da Inglaterra pelo Parlamento em 1563. O papado retaliou, excomungando Elizabeth (1570), estabelecendo uma escola jesuíta em Douai, Flandres, para treinar missionários com o objetivo de reconquistar a Inglaterra, e recrutando o auxílio de Filipe da Espanha, que despachou a grande Armada espanhola contra a Inglaterra. A tentativa foi derrotada em 1588, reduzindo a ameaça do papado.
[ 734 ] Esboço da história da igreja Réplica do Mayflower, navio em que os primeiros puritanos ingleses chegaram à costa americana.
O movimento puritano. O puritanismo nasceu da insatisfação com o Acordo Elisabetano. Advogando um rompimento mais profundo com o catolicismo romano, alguns queriam purificar ainda mais a igreja estatal anglicana, mudar sua organização para o congregacionalismo ou o presbiterianismo, ou separar-se totalmente dela em busca de pureza doutrinária ou eclesiástica. Surgiram também vários grupos batistas, como os Batistas Gerais (afusionistas e arminianos) e os Batistas Particulares (imersionistas e calvinistas). Em 1604, Tiago i convocou a Conferência de Hampton Court para satisfazer as demandas puritanas de reformas mais profundas. O único resultado foi a autorização da tradução das
Escrituras, a celebrada Versão do Rei Tiago (1611). Muitos puritanos emigraram para os Estados Unidos entre 1629 e 1640. Outros se engajaram em guerras civis (1642-49) que deram prevalência aos puritanos. A Assembléia de Westminster se reuniu em 1643-53 e formulou a Confissão Calvinista de Westminster. Carlos i foi executado em 1649, e, depois do estabelecimento da Commonwealth (República da Inglaterra), Oliver Cromwell surgiu como lorde-protetor.
1546-1648 A contra-reforma católica Em menos de meio século, o movimento protestante fez um tremendo avanço na
Europa. A maior parte do continente, exceto a Itália e a Espanha, parecia perdida para o papado. A França estava ameaçada. Para compensar o avanço protestante, a Igreja Católica buscava reconquistar fiéis perdidos, evitar que outros desertassem do rebanho e reformar a igreja, eliminando assim algumas das causas da Reforma. Eis os fatores importantes do movimento: ( 1 ) O ímpeto dado ao movimento reformista pelo Oratório do Amor Divino. (2) A ordem jesuíta foi fundada pelo espanhol Inácio de Loyola (1491-1556) e sancionada pelo papa Paulo mem 1540. Exigia obediência absoluta e inquestionável ao papa, proporcionando assim à Igreja Católica Romana uma das suas armas mais
Esboço da história da igreja t 735 1 eficazes para interromper as defecções, recuperar os seguidores perdidos e lidar com a heresia. (3) O Concílio de Trento (154563), dominado pelos italianos, entre outras coisas, dogmatizou a teologia medieval dos escolásticos. Considerou a Vulgata Latina como a Bíblia autorizada, incluindo no at onze livros apócrifos, e declarou como autoridade última as Escrituras e a tradição. (4) A Inquisição, embora de origem anterior, foi usada, com o aval da bula papal de 1542, como meio de lidar com a heresia e os desertores. Táticas impiedosas eram empregadas para arrancar confissões e condenações dos acusados. (5) O índex, uma lista de livros que não deveriam ser lidos pelos fiéis, foi criado já em 1543. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Foi uma luta do protestantismo contra a intolerância católica no sacrossanto Império Romano. Na fase boémia e dinamarquesa (1618-29), houve vitória de Roma. A fase sueca (1630-34) salvou o protestantismo, quando o exército de Gustavo Adolfo da Suécia derrotou as forças católicas. A fase final (163548) foi uma luta da Casa de Habsburgo contra a França, na qual esta emergiu como o Estado mais forte da Europa. O Tratado de Vestefália (1648) deu status legal ao luteranismo e ao calvinismo, permitindo que terras que eram
protestantes antes de 1624 assim permanecessem legalmente.
1648-1789 Cristianismo colonial e reavivamento A colonização do hemisfério ocidental. A descoberta do Novo Mundo por Colombo (1492) tinha como uma das metas campos mais vastos para o estabelecimento da igreja. (2) Os exploradores ingleses tomaram posse do litoral do Atlântico. (3) Os peregrinos, em 1620, assentaram-se em Plymouth, (4) John Endicott e os puritanos se assentaram em Salém, Nova Inglaterra (1628). (5) Connecticut foi colonizado (1636-62). (6 ) Maryland foi fundada, em 1634, pelo católico Cecil Calvert. (7) Os quacres, liderados por William Penn, assentaramse na Pensílvânia, em 1681. (8 ) A Geórgia foi colonizada por James Oglethorpe. (9) O protestantismo destinava-se a predominar na América do Norte, e o catolicismo na América do Sul. Educação superior nas colónias. Fundaram-se várias faculdades, como Harvard (1636), William and Mary (1693), Yale (1701), Princeton (1746), Brown (1764), Rutgers (1766) e Haveford (1833). A maioria das primeiras escolas foi formada para o treinamento de ministros.
As missões católicas. Depois da conquista do México pelos espanhóis (1520), houve a "conversão" dos nativos às cerimónias católicas. Jesuítas franceses (Joliet, padre Marquette e La Salle) fundaram missões no vale do Mississippi, tomando posse do território em nome da França e batizando-o de Louisiana. O reavivamento religioso na América. O reavivamento surgiu entre os reformados holandeses de Nova Jersey, em 1726, sob a liderança de Theodore Frelinghuysen, e logo se disseminou entre os presbiterianos escoceses e irlandeses, liderados por Gilbert Tennent, espalhando-se depois às colónias centrais. George Whitefield fez progredir o reavivamento em 1739. Na Nova Inglaterra, Jonathan Edwards (1703-58) pregava com veemência. O reavivamento nas colónias sulistas foi predominantemente propagado pelos batistas e metodistas. Como consequência disso, nova vida se difundiu pelas igrejas e muitos foram os convertidos. Isso deu impulso às missões e à educação, criando cismas e demonstrando a possibilidade de cooperação intercolonial, favorecendo assim a Guerra da Independência que viria a seguir. Formas do reavivamento na Europa. O pietismo se desenvolveu como reação à
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fria ortodoxia do luteranismo na Alemanha. Fundado por Philip Spener (1635-1705), a Universidade de Halle tornou-se o centro do movimento, preparando bom número de missionários. Além de infundir nova vida no luteranismo, contribuiu também para o despertar morávio sob a liderança do conde von Zinzendorf (1700-1760). O reavivamento espiritual na Inglaterra. O reavivamento wesleyano, liderado por John Wesley (1703-91) e seu irmão Charles (autor dos hinos), influenciou a Inglaterra após 1738. George Fox (1624-91) havia fundado o quacrerismo em 1648, e Robert Barclay, teólogo quacre, declarou que a iluminação interior proporcionava contínua orientação e inspiração. Racionalismo e deísmo. Descartes (1596-1650) fundou a filosofia moderna. Spinoza (163277) advogou o panteísmo. O deísmo ensinava um Deus transcendente e enfatizava a bondade e a perfectibilidade do homem. Isso tudo foi resultado do avanço da ciência e da filosofia racionalista de Locke, Leibnitz, Kant, Voltaire, Rousseau e Lessing. O deísmo se desenvolveu na Inglaterra e depois se disseminou pela França e Alemanha. O deísmo e o
unitarismo se propagaram pelos Estados Unidos.
1789-1914 Protestantismo e catolicismo romano O cristianismo americano na Era Nacional. A Guerra da Independência enfraqueceu as igrejas. O deísmo e a incredulidade grassavam (1775-1800). A Idade da razão (1794), de Thomas Paine, e os aspectos anti-religiosos da Revolução Francesa exerceram sua influência negativa. A expansão da fronteira teve uma grande influência corruptora na moralidade, criando assim uma imensa carência espiritual. O segundo Grande Despertar. Começou nas várias faculdades do leste após 1786, espalhando-se pelo litoral, ao norte e ao sul. Disseminou-se pela fronteira oeste, começando em Logan Country, Kentucky, por volta de 1800. Os resultados eram vistos nos novos crentes e nas igrejas, nos cismas e nas novas denominações, em um novo senso de liberdade da igreja, na reforma moral, nos encontros em acampamentos fronteiriços, nas novas faculdades, nos novos seminários como Princeton e Andover, na propagação de obras missionárias nacionais e internacionais (Adoniram Judson e outros) e na formação de numerosas sociedades bíblicas e de propaganda religiosa.
Preocupações com a reforma social. Como consequência do despertar espiritual e da crescente preocupação com as condições de vida, a igreja passou a se envolver mais ativamente nas atividades sociais. (1) As igrejas patrocinavam campanhas de tolerância e antiescravagistas (a questão escravagista dividiu metodistas, presbiterianos e batistas). (2) Ganhou destaque o trabalho missionário das Associações Cristãs de Moços (ACMs) e dos evangélicos. (3) Favoreceuse o crescimento das escolas dominicais. Isso resultou em um grande desenvolvimento do cristianismo americano. (4) Entraram em cena o mormonismo, os adventistas do sétimo dia, a Ciência Cristã e o espiritualismo, todos tirando vantagem dos problemas humanos e sociais. (5) O "evangelho social" de Walter Rauschenbusch (18611918) defendeu a educação e a legislação, em vez da evangelização, como meio de avanço espiritual. O papado e a Revolução Francesa. Rousseau, Montesquieu e Voltaire atacaram a igreja católica na França. As terras da igreja foram declaradas propriedade pública no país (1789). A igreja foi ignominiosamente humilhada durante a Revolução.
Esboço da história da igreja I 737 1 O papado e Napoleão. A Concordata de 1801 reconheceu a religião católica como religião da maioria, mas não como fé oficial e, tampouco, devolveu as terras da igreja tomadas em 1790. O cristianismo britânico. Tornou-se a principal vertente no século xix. (1) O trabalho missionário foi levado a muitas terras, começando na India, com William Carey (1793), e na África, com David Livingstone (1813-73). (2) Charles Haddon Spurgeon (1834-92) e outros pregavam a multidões na Inglaterra. (3) Surgiram o Exército da Salvação, de Booth (1865), e os Irmãos de Plymouth, de John Darby (1800-1882), entre outros grupos não conformistas. (4) A igreja da Inglaterra gerou um segmento influente, representado por William Wilberforce (17591833) e John Newton (1725-1807), o qual se preocupava com a evangelização e a reforma social, especialmente a abolição do tráfico de escravos (1807) e a própria escravidão (1833), bem como com reformas sociais e económicas para os trabalhadores. Os inimigos do cristianismo. (1) Desenvolveu-se a critica bíblica racionalista, baseada na filosofia de Immanuel Kant (1724-1804), Georg Hegel (1770-1831) e Albrecht Ritschl (1822-89). A negação da autoridade
mosaica e da autenticidade do Pentateuco foi aprofundada por Johann Eichhorn (1752-1827), Hermann Hupfeld, Karl Graf e Julius Wellhausen. A teoria de Wellhausen apresenta o Pentateuco como uma compilação de documentos tardios pouco confiáveis, datados de 800 a 500 a.C. Atacou-se a unidade de Isaías, bem como a historicidade de Daniel. (2) A Origem das espécies (1859) e A Origem do homem (1871), de Darwin, promoveram a evolução. (3) O comunismo fundou-se na filosofia materialista de Karl Marx (1818-83) e de Friedrich Engels no Manifesto comunista (1848). Os sucessos do papado (1815-70). (1) Os jesuítas (dissolvidos por decreto papal em 1773) foram restaurados por Pio vn (1814). (2) O período romântico favoreceu o colorido ritualismo da Igreja Católica. (3) Metternich, o poderoso chanceler austríaco, favoreceu Roma, e o Congresso de Viena, que ele presidia, devolveu os estados papais ao pontífice. (4) O Movimento de Oxford da Igreja Anglicana viu mais de seicentos anglicanos importantes e duzentos e cinquenta clérigos anglicanos voltarem para a fé católica entre 1845 e 1862. (5) O pontificado de Pio ix (1846-78) resultou em duas declarações de destaque: a doutrina da
imaculada conceição de Maria (1854); e o decreto da infalibilidade papal (1870) pelo Concílio Vaticano i. Essa doutrina afirma que o papa é infalível em questões de fé e moral sempre que fala ex cathedra (i.e., como líder da igreja na terra). Os reveses do papa (18701914). (1) Quase imediatamente após a declaração da infalibilidade papal, desenvolveu-se a hostilidade anticlerical. (2) Quando a Itália se unificou, o papa perdeu seu poder temporal, retendo somente as propriedades do Vaticano. (3) Para erguer uma forte Alemanha unificada, o chanceler Bismarck retirou da igreja, em 1871, boa parte de seu poder. (4) Na França, veio um severo golpe com a Lei da Separação de 1905, que separava a igreja do Estado. Até os bens da igreja foram confiscados pelo Estado. A Igreja Católica Romana até hoje não conseguiu reconquistar efetivamente a França para o papado, embora sua população seja nominalmente católica.
1914 até o presente Protestantismo e catolicismo A controvérsia liberalfundamentalista (192034). O liberalismo enfrentou a oposição do conservadorismo na teologia. A evolução foi atacada (julgamento de
[ 73B 1 Esboço da história da igreja Scopes, em 1925). J. Gresham Machen, em 1929, retirou-se do seminário de Princeton para promover a ortodoxia. Inauguraram-se a conferência bíblica e o instituto bíblico: Faculdade Missionária de Nyack (1882) e Instituto Bíblico Moody de Chicago (1886). Aproximadamente quarenta institutos bíblicos foram fundados entre 1930 e 1940. As faculdades cristãs ganharam destaque (Wheaton, Calvin, etc.). A neo-ortodoxia. Karl Barth e Emil Brunner adotaram a crítica bíblica liberal, rejeitando a infalibilidade bíblica e a plena autoridade das Escrituras. O movimento, embora pouco saudável, não gerou a esterilidade teológica do antigo liberalismo. A igreja Católica acomodou o liberalismo com uma tentativa de adaptar a teologia de Aquino à moderna era científica (neotomismo). O avanço das seitas. A Ciência Cristã, o mormonismo e as Testemunhas de Jeová crescem velozmente em todo o mundo, complicando ainda mais o complexo cenário religioso do século xx. Os papas atuais. O papa Leão xiii (1878-1903) foi um ardente defensor da infalibilidade papal. Denunciou os protestantes
como "inimigos do nome cristão". A Leão xm sucederam Piox (19031914), Benedito xv (1914— 1922) e Pio xi (1922-1939). Durante o pontificado de Pio x ii (1939-1958), promulgou-se o dogma da assunção corpórea de Maria (1950). Ele e seu sucessor imediato careciam da ênfase ecuménica exibida por João x x iii (1958-1963) e por seu sucessor Paulo vi (1963-1978), este mais conservador. João Paulo ii (1978-2005) deu sequência a essa tendência conservadora, confirmando a linha dura nas questões do controle da natalidade, e aconselhando veementemente o dero latino-americano a não se envolver em política. Foi sucedido por Bento XVI, atual pontífice. O Vaticano n. Concílio ecuménico realizado entre 1962 e 1965, o Vaticano ii recebeu os não católicos como "irmãos separados" e pregou a renovação da Igreja Católica. Os papas João xxm e Paulo vi lideraram a modernização que tentava fazer com que a igreja servisse melhor ao mundo. Alguns resultados: os ofícios passaram a usar a língua do povo; atribuiu-se maior autoridade à Bíblia, ampliando-se seu uso no^ cultos; os católicos passaram a assumir um papel mais ativo nas questões sociais. A Teologia da Libertação. Esse movimento, nascido ao
í> ALASKA
1900
CANADÁ
1768
ESTADOS UNIDOS
1654
_ _ . ,
PANAMÁ
A Diaspora Judaica (do equador. século VI a.C. ao século XX) 1898 Data do primeiro assentamento permanente conheddo Períodos de assentamento: Exílio 500 d.C. 500-1000 1000-1500 1500-1900 Após 1900
final do Vaticano ii , abarca católicos e protestantes de pontos de vista amplamente variados. Há a tendência de tratar da reforma da sociedade — na direção do socialismo — para a salvação do homem. A eliminação da pobreza material tem precedência sobre a satisfação das necessidades espirituais. Ecumenismo. É um movimento que propõe a unidade cristã. Dentro do catolicismo, busca atrair os "cristãos não-católicos" de volta ao rebanho. Entre os protestantes, o ecumenismo é, em larga medida.
Esboço da história da igreja [ 739 ]
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inspirado e liderado por americanos. Diversos grupos se engajaram em uniões ou confederações orgânicas na busca da unidade cristã. Em alguns casos, elementos da mesma denominação se uniram para formar um só grupo (a Igreja Presbiteriana Unida nos eua , etc.). Outros grupos cruzaram barreiras denominacionais para criar uma denominação inteiramente nova (a Igreja Unida do Canadá). Líderes liberais e neo-ortodoxos argumentam que todos os membros da igreja são crentes, e que, portanto, todos os membros da igreja
BÉLG IC A H OLAND A A L EM A N H A POLÓNIA TCH ECO -ESLOVÁ QUIA SU lÇ A AÚ STR IA ;i H U N G R IA r ITÁLIA ESLO V ÊNIA CRO Á C IA B Ó SN IA lU G U S L Á v iA R O M ÉN IA B U LG Á R IA M A C E D Ô N IA G R É C IA G EÔ R G IA A ZER BAÚÂG A R M ÉN IA
300 d.C. 1200 d.C 600 d.C. 800 d.C 900 d.C. 800 d C. 900 d.C lOOOd.C 150 d.C. 1000 d.C. 1000 d.C 1000 d.C. 1000 d.C. 1650 d.C. 100 d C 100 d.C. 100 d C. . c l d.C. c. 1 d .C c. 1 d.C.
são um só em Cristo. Estes sustentam o Concílio Nacional de Igrejas de Cristo dos Estados Unidos e o Concílio Mundial de Igrejas. Os conservadores, percebendo que a verdadeira unidade cristã não depende de unidade orgânica, relatividade e uniformidade doutrinária, patrocinam organizações como a Associação Nacional de Evangélicos (1950) e seu par internacional, a Fraternidade Evangélica Mundial (1951), ou o Concílio Americano de Igrejas (1941) e o Concílio Internacional de Igrejas Cristãs (1948).
y-' NOVA vzeiAndia 1840
O movimento carismático. Um dos mais importantes desenvolvimentos da história recente da igreja é o crescimento fenomenal do movimento carismático, especialmente entre as denominações principais, protestantes e católicas. A ascensão do comunismo. Inexistente antes do início do século xx, esse sistema ateu controlou cerca de um bilhão e seiscentas mil pessoas e ameaçou muitos países em todo o mundo. Os governos comunistas, geralmente, tentavam destruir o
[ 740 1 Esboço da história da igreja cristianismo, e a perseguição nesses países era severa, embora, inevitavelmente, sobrevivessem pequenos bolsões de fé. Avanço e declínio nos números mundiais. No início do século xx, trechos da Bíblia já haviam sido traduzidos em sessenta e sete idiomas. Em 1983, esse número subira para mil setecentos e sessenta e três, alcançando potencialmente
97% da população mundial. O uso da mídia pelos cristãos colocou o evangelho ao alcance de milhões e milhões de pessoas, mudando a natureza tanto do trabalho missionário quanto da vida da igreja. Em 1980, perto de mil e quinhentas estações de rádio e de tv tinham orientação cristã em todo o mundo. Na África, na América Latina e no Extremo Oriente, registra-se um tremendo
crescimento do cristianismo evangéiico. No antigo mundo comunista — e especialmente na Europa Oriental — toma corpo um movimento evangélico claramente sólido, embora difícil de mensurar. Nos Estados Unidos, tem-se registrado um crescimento da igreja, mas não o bastante para acompanhar o aumento da população. A Europa Ocidental tem experimentado um forte declínio da fé cristã.
As principais religiões do mundo O judaísmo é composto pelas doutrinas e os ritos dos descendentes de Jacó, segundo as prescrições das leis de Moisés. O islamismo (cujos seguidores são os muçulmanos) é a religião rigidamente monoteísta fundada por Maomé (morto em 632). Suas escrituras são o Alcorão. O hinduísmo, a religião da índia, é uma constelação de crenças e divindades extremamente diversas, com uma tendência geral ao monismo. O budismo vê o mundo como ilusório e pleno de sofrimento; assim apresenta um sistema de abnegação ascética para abandonar o plano material. Em algumas vertentes adora-se Buda (século VI a.C:).
A religião tradicional chinesa é uma combinação de budismo, taofsmo (filosofia mística que ensina a conformidade à natureza), magia e animismo (a crença de que os objetos materiais são habitados por espíritos). A religião tribal é geralmente animista e adora divindades específicas de determinado -local e de determinado grupo. Osiquismoéuma combinação de elementos hinduístas e islâmicos. Fundado por volta de 1500 d.C,, é monoteísta. Oconfucionismoéo sistema ético, político e filosófico que envolve rígida veneração dos ancestrais — vivos e mortos — , ensinado pelo chinês Confúcio (551-478 a.C.).
O bahaísmo é uma variante do Islã do século xix. que prega a unidade espiritual da humanidade e a verdade de todas as crenças religiosas. O jainismo é talvez a mais antiga religião organizada, e restringe-se à índia. Ensina a libertação da alma por meio de práticas ascéticas. O xintoísmo, religião japonesa, é uma mistura de adoração da natureza, especialmente do sol, com o culto aos ancestrais.
[ 742 1 As principais religiões do mundo
AMÉRICA DO Ni
Filiações Religiosas Predominantes da População Mundial M aio ria d a p o p u la çã o:
Muçulmana Budista
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4000 km 2000 Budista, confucionista e taolsta __ Budista e xintolsta
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As principais religiões do mundo [ 743 ]
O retrato moderno da distribuição mundial das religiões ainda reflete muito do modelo tradicional: islamismo no Oriente Médio, no norte da África e, em ritmo acelerado, na Indonésia; hinduísmo na India; budismo no leste asiático. Na China, o budismo convive com o confucionismo e o taoísmo e, no Japão, com o xintoísmo. O animismo (crença de
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que todas as formas identificáveis da natureza possuem poder espiritual) ainda é forte em algumas sociedade primitivas. Somente na África o quadro mudou radicalmente no século XIX. A religião predominante no mapa é o cristianismo. Entretanto, na maioria das sociedades ocidentais, o secularismo tem substituído o cristianismo, cuja
filiação é apenas nominal. O mapa, que mostra o crescimento e o declínio relativos na filiação, dá uma impressão mais realista da situação do cristianismo no mundo.