Iyami Oxorongá Quando se pronuncia o nome de Iyami Oxorongá quem estiver sentado deve se levantar, quem estiver de pé fará uma reverência pois esse é um temível Orixá, a quem se deve respeito completo. Pássaro africano, Oxorongá emite um som onomatopaico de onde provém seu nome. o sím!olo do Orixá Iyami, ai o vemos em suas m"os. #os seus pés, a coru$a dos aug%rios e presságios. Iyami Oxorongá é a dona da !arriga e n"o &á quem resista aos seus e!'s fatais, so!retudo quando ela executa o O$i$i, o feiti(o mais terrível. )om Iyami todo cuidado é pouco, ela exige o máximo respeito. Iyami Oxorongá, Oxorongá, !ruxa é pássaro. #s ruas, os camin&os, as encru*il&adas pertencem a +su. esses lugares se invoca a sua presen(a, fa*em-se sacrifícios, arreiam-se oferendas e se l&e fa*em pedidos para o !em e para o mal, so!retudo nas &oras mais perigosas que s"o ao meio dia e meia-noite, principalmente essa &ora, porque a noite é governada pelo perigosíssimo odu Oye/u 0e$i. 1 meia-no meia-noite ite ningué ninguém m deve deve estar estar na rua, rua, princi principal palmen mente te em encru* encru*il& il&ada ada,, mas se iss isso o acontecer deve-se entrar em algum lugar e esperar passar os primeiros minutos. 2am!ém o vento 3afefe4 3afefe4 de que Oya ou Iansan é a dona, pode ser !om ou mau, através dele se enviam as coisas !oas e ruins, ruins, so!retudo so!retudo o vento ruim, que provoca a doen(a que o povo c&ama de 5ar do vento5. Ofurufu, o 6rmamento, o ar tam!ém desempen&a o seu papel importante, so!retudo á noite, quando todo seu espa(o pertence a +leiye, que s"o as #$é, transformadas em pássaros do mal, como #g!i!g', +l7l%, #tioro, Osoronga, dentre outros, nos quais se transforma a #$ém"e, mais con&ecida por Iyami Osoronga. 2ra*idas ao mundo pelo odu Osa 0e$i, as #$é, $untamente com o odu Oye/u 0e$i, formam o grande perigo da noite. +leiye voa espalmada de um lado para o outro da cidade, emitindo um eco que rasga o silêncio da noite e enc&e de pavor os que a ouvem ou vêem. 2odas 2odas as precau(8es s"o tomadas. 9e n"o se sa!e como aplacar sua f%ria ou condu*í-la dentro do que se quer, a %nica coisa a se fa*er é afugentá-la ou escon$urá-la, ao ouvir o seu eco, di*endo Oya o!e l:ori 3que a faca de Ians" corte seu pesco(o4, ou ent"o ;o, fo, fo 3voe, voe, voe4. +m caso contrário, tem-se que agradá-la, porque sua f%ria é fatal. 9e é num momento em que se es está tá voan voando do,, tota totalm lmen ente te es espa palm lmad ada, a, ou ap's ap's o se seu u ec eco o ater aterrrori* ori*ad ador or,, di*e di*emo moss respeitosamente # fo fagun a que voa espalmada dentro da cidade4, ou se ap's gritar resolver pousar em qualquer ponto alto ou numa de suas árvores prediletas, di*emos, para agradá-la #tioro !ale sege sege 3=sa%do> #tioro que pousa elegantemente4 e assim uma série de procedimentos diante de um dos donos do 6rmamento noite. 0esmo agradando-a agradando-a n"o se pode descuidar, descuidar, porque ela é fatal, mesmo em se l&e felicitando felicitando temos que nos precaver. 9e nos referimos a ela ou falamos em seu nome durante o dia, até antes do sol se p?r, fa*emos fa*emos um @ no c&"o, com o dedo indicador, atitude atitude tomada diante de tudo que representa perigo. 9e durante noite corremos a m"o espalmada, altura da ca!e(a, de um lado para o outro, a6m de evitar que ela pouse, o que signi6cará a morte. +n6m, &á uma in6nidade de maneiras m aneiras de proceder em tais circunstAncias. ci rcunstAncias. 3Bo livro 50ural dos Orixás5 de )ari!é e texto de Corge #mado - Daí*es #rtes Erá6cas4
Iyami Os&orongá é o termo que designa as terríveis a$és, feiticeiras africanas, uma ve* que ninguém as con&ece por seus nomes. #s Iyami representam o aspecto som!rio das coisasF a inve$a, o ci%me, o poder pelo poder, a am!i("o, a fome, o caos o descontrole. o entanto, elas s"o capa*es de reali*ar grandes feitos quando devidamente agradadas. Pode-se usar os ci%mes e a am!i("o das Iyami em favor pr'prio, em!ora n"o se$a recomendável lidar com elas. O poder de Iyami é atri!uído s mul&eres vel&as, mas pensa-se que, em certos casos, ele pode pertencer igualmente a mo(as muito $ovens, que o rece!em como &eran(a de sua m"e ou uma de suas av's. Gma mul&er de qualquer idade poderia tam!ém adquiri-lo, voluntariamente ou sem que o sai!a, depois de um tra!al&o feito por alguma Iyami empen&ada em fa*er proselitismo. +xistem tam!ém feiticeiros entre os &omens, os ox?, porém seriam in6nitamente menos virulentos e cruéis que as a$é 3feiticeiras4. #o que se di*, am!os s"o capa*es de matar, mas os primeiros $amais atacam mem!ros de sua família, enquanto as segundas n"o &esitam em matar seus pr'prios 6l&os. #s Iyami s"o tena*es, vingativas e atacam em segredo. Bi*er seu nome em vo* alta é perigoso, pois elas ouvem e se aproximam pra ver quem fala delas, tra*endo sua inHuência. Iyami é freqentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O pássaro é o poder da feiticeiraJ é rece!endo-o que ela se torna a$é. ao mesmo tempo o espírito e o pássaro que v"o fa*er os tra!al&os malé6cos. Burante as expedi(8es do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa, inerte na cama até o momento do retorno da ave. Para com!ater uma a$é, !astaria, ao que se di*, esfregar pimenta vermel&a no corpo deitado e indefeso. Quando o espírito voltasse n"o poderia mais ocupar o corpo maculado por seu interdito. Iyami possui uma ca!a(a e um pássaro. # coru$a é um de seus pássaros. este pássaro quem leva os feiti(os até seus destinos. +le é pássaro !onito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas, e é silencioso. 59e ela di* que é pra matar, eles matam, se ela di* pra levar os intestinos de alguém, levar"o5. +la envia pesadelos, fraque*a nos corpos, doen(as, dor de !arriga, levam em!ora os ol&os e os pulm8es das pessoas, dá dores de ca!e(a e fe!re, n"o deixa que as mul&eres engravidem e n"o deixa as grávidas darem lu*.J #s Iyami costumam se reunir e !e!er $untas o sangue de suas vítimas. 2oda Iyami deve levar uma vítima ou o sangue de uma pessoa reuni"o das feiticeiras. 0as elas têm seus protegidos, e uma Iyami n"o pode atacar os protegidos de outra Iyami. Iyami Os&orongá está sempre encoleri*ada e sempre pronta a desencadear sua ira contra os seres &umanos. +stá sempre irritada, se$a ou n"o maltratada, este$a em compan&ia numerosa ou solitária, quer se fale !em ou mal dela, ou até mesmo que n"o se fale, deixando-a assim num esquecimento desprovido de gl'ria. 2udo é pretexto para que Iyami se sinta ofendida. Iyami é muito astuciosaJ para $usti6car sua c'lera, ela institui proi!i(8es. "o as dá a con&ecer voluntariamente, pois assim poderá alegar que os &omens as transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proi!i(8es n"o se$am violadas. Iyami 6ca ofendida se alguém leva uma vida muito virtuosa, se alguém é muito feli* nos neg'cios e $unta uma fortuna &onesta, se uma pessoa é por demais !ela ou agradável, se go*a de muito !oa sa%de, se tem
muitos 6l&os, e se essa pessoa n"o pensa em acalmar os sentimentos de ci%me dela com oferendas em segredo. preciso muito cuidado com elas. + s' Orunmilá consegue acalmá-la . Iyá-0i Osorongá é a síntese do poder feminino, claramente manifestado na possi!ilidade de gerar 6l&os e, numa no("o mais ampla, de povoar o mundo. Quando os Ioru!as di*em Knossas m"es queridasL para se referirem s Iyá 0i, tentam, na verdade, apa*iguar os poderes terríveis dessa entidade. Bonas de um axé t"o poderoso como o de qualquer Orixá, as Iyá-0i tiveram o seu culto difundido por sociedades secretas de mul&eres e s"o as grandes &omenageadas do famoso festival EMlMdM, na igéria, reali*ado entre os meses de 0ar(o e 0aio, que antecedem o início das c&uvas do país, remetendo imediatamente para um culto relacionado fertilidade. #s iyá-0i tornaram-se con&ecidas como as sen&oras dos pássaros e a sua fama de grandes feiticeiras associou-as escurid"o da noiteJ por isso tam!ém s"o c&amadas +leyé, e as coru$as s"o os seus principais sím!olos. # sua rela("o mais evidente é com o poder genital feminino, que é o aspecto que mais aproxima a mul&er da nature*a, ou se$a, dos acontecimentos que fogem explica("o e ao controle &umano. 2oda a mul&er é poderosa porque guarda um pouco da essência das Iyá-0iJ a capacidade de gerar 6l&os, expressa nos 'rg"os genitais femininos, assustou sempre os &omens. #s m"es s"o compreendidas como a origem da &umanidade e o seu grande poder reside na decis"o que tomar so!re a vida de seus 6l&os. a m"e que decide se o 6l&o deve ou n"o nascer e, quando ele nascer, ainda decide se ele deve viver. Iyá-0i é a sacrali*a("o da 6gura materna, por isso o seu culto é envolvido por tantos ta!us. O seu grande poder deve-se ao fato de guardar o segredo da cria("o. 2udo o que é redondo remete ao ventre e, por consequência, s Iyá-0i. O poder das grandes m"es é expresso entre os orixás por Oxum, Ieman$á e an" Nuru/u, mas o poder de Iyá-0i é manifesto em toda a mul&er, que, n"o por acaso, em quase todas as culturas, é considerada ta!u. #s denomina(8es de Iyá-0i expressam as suas características terríveis e mais perigosas e por essa ra*"o os seus nomes nunca devem ser pronunciadosJ mas quando se disser um dos seus nomes, todos devem fa*er reverencias especiais para aplacar a ira das Erandes 0"es e, principalmente, para afugentar a morte. #s feiticeiras mais temidas entre os Ioru!as e no )andom!lé s"o as 1$é e, para se referir a elas sem correr nen&um risco, diga apenas +leyé, Bona do Pássaro. O aspecto mais aterrador das Iyá-0i e o seu principal nome, com o qual se tornou con&ecida nos terreiros, é Osorongá, uma !ruxa terrível que se transforma no pássaro do mesmo nome e rompe a escurid"o da noite com o seu grito assustador. #s Iyá-0i s"o as sen&oras da vida, mas o corolário fundamental da vida é a morte. Quando devidamente cultuadas, manifestam-se apenas no seu aspecto !enfa*e$o, s"o o grande ventre que povoa o mundo. "o podem, porém, ser esquecidasJ nesse caso lan(am todo o tipo de maldi("o e tornam-se sen&oras da morte. O lado !om de Iyá-0i é expresso em divindades de grande fundamento, como #pao/á, a dona da $aqueira, a verdadeira m"e de Ox'ssi. #s Iyá-0i, $untamente com +x% e os ancestrais, s"o evocadas nos ritos de Ipadé, um complexo ritual que, entre outras coisas, rati6ca a grande realidade do poder feminino na &ierarquia do )andom!lé, denotando que as grandes m"es é que detém os segredos do culto, pois um dia, quando deixarem a vida, integrar"o o corpo das Iyá-0i, que s"o, na verdade, as mul&eres ancestrais.
+leiye voa espalmada3com as asas totalmente a!erta4 de um lado para o outro da cidade, emitindo um eco que rasga o silêncio da noite e enc&e de pavor os que a ouvem ou vêem. 2odas as precau(8es s"o tomadas. 9e n"o se sa!e como aplacar sua f%ria ou condu*í-la dentro do que se quer, a %nica coisa a se fa*er é afugentá-la ou escon$urá-la, ao ;o, fo, fo 3voe, voe, voe4. +m caso contrário, tem-se que agradá-la, porque sua f%ria é fatal. 9e é num momento em que se está voando, totalmente espalmada, ou ap's o seu eco aterrori*ador, di*emos respeitosamente # fo fagun a que voa espalmada dentro da cidade4 Pousar em qualquer ponto alto ou numa de suas árvores prediletas, di*emos, para agradá-la #tioro !ale sege sege 3=sa%do> #tioro que pousa elegantemente4 e assim uma série de procedimentos diante de um dos donos do 6rmamento noite. 0esmo agradando-a n"o se pode descuidar, porque ela é fatal, mesmo em se l&e felicitando temos que nos precaver. 9e nos referimos a ela ou falamos em seu nome durante o dia, até antes do sol se p?r, fa*emos um @ no c&"o, com o dedo indicador, atitude tomada diante de tudo que representa perigo. 9e durante noite corremos a m"o espalmada, altura da ca!e(a, de um lado para o outro, a6m de evitar que ela pouse, o que signi6cará a morte.
0ul&er 0"e #ncestral # virtude de poder tra*er 6l&os ao mundo que têm as mul&eres, um fato quase mágico, maravil&oso que as acerca ao divino, é e foi tam!ém motivo de temor em muitos povos antigos, algo que era inexplicável, pelo qual as mul&eres sempre foram vistas como possuidoras de certo poder especia ;ala-se da famosa 5intui("o feminina5, mas mais do que nada, em todas as culturas &á uma tendência a transformá-la em 5!ruxa5, no sentido de crer que tem poderes inatos para comunicar-se com for(as além do alcance do entendimento do &omem. O mito da 5!ruxa5 que voa na vassoura acompan&ada por pássaros maca!ros é quase mundial, com pequenas diferen(as segundo o lugar do mundo do qual falemos 2am!ém se relaciona a fecundidade com o misterioso sangue menstrual, que é a marca que pauta a convers"o da menina numa mul&er, daí em mais será considerada tam!ém uma Iyami, aquela que em qualquer momento deixará de ter a regra, inc&ando-se o ventre, revelando que tin&a em seu interior a 5ca!a(a da existência5, o camin&o pelo qual todos vêm do Orun para o #ye. 0ais para con6rmar dita transforma("o em 5mul&er5, levam-se a ca!o os 5ritos de passagem5 nos que as meninas-mul&eres estar"o isoladas durante vários dias, alimentadas e vestidas de um modo especial, onde con&ecer"o todos os segredos relacionados com as mul&eres, os que ser"o devidamente dados pelas anci"s de sua comunidad Os ritos assegurar"o entre outras coisas que se$a possuidora de uma 5ca!a(aL fértil e o alin&amento de seu lado espiritual feminino com seu corpo, convertendo-a numa mul&er em todo sentido #o ler os mitos so!re as Iá 0i Oxorongá tem-se uma sensa("o de medo infantil diante de um poder imenso e terrível. +sse medo vem, em grande parte, da incompreens"o e do mistério que cerca as 0"es #ncestrais e, em pequena parte, da sensa("o de pequene* e impotência que arre!ata quem tenta lidar com sua imagem grandiosa. O psic'logo )arl Eustav Cung 3R-ST4 a6rmava que a imagem da 0"e está profundamente arraigada na psiquê &umana e encontra-se difundida em diferentes mitos e religi8es em todo o mundo, como um arquétipo.U Pode-se citar, por exemplo, a in6nidade de estatuetas feitas em diversos
materiais, c&amadas Vênus, datadas desde o período eolítico e identi6cadas como divindades femininas da fertilidade. 2am!ém a aproxima("o entre as narrativas míticas das deusas primitivas e a semel&an(a de representa(8es artísticas e concep(8es religiosas da 0"e com seu ;il&o W a 6gura da 0aria com o menino Cesus é o exemplo em!lemático deste arquétipo no )ristianismo e associa-se diretamente com a deusa Xsis e seu 6l&o Yorus do +gito. 2odas estas formas prestam tri!uto s%!ita forma("o de um novo ser, a partir da sua m"e. +m Zfrica o culto s m"es ancestrais encontra-se, de maneira geral, ligado ao c&amado Kculto aos antepassadosL, identi6cado pelos especialistas em quase todo o continente. Os ancestrais mortos serviriam como mediadores entre a comunidade e o mundo so!renatural. Proveriam acesso orienta("o espiritual e poder. # morte n"o seria condi("o su6ciente para se tornar um ancestral. 9omente aqueles que viveram plenamente, cultivaram valores morais, e conseguiram distin("o social poderiam alcan(ar este status. Os ancestrais est"o aptos a repreender queles que negligenciam ou que!ram a ordem moral, causando pro!lemas aos seus descendentes errantes através de doen(as ou má sorte, até que a repara("o se$a feita.R Por exemplo, quando estouram epidemias sérias, assume-se que a causa está tra(ada no conHito interpessoal e social. #presenta-se, um dilema moral, tanto quanto uma crise !iol'gica. # necessidade de expulsar o mal da comunidade transforma-se em uma a("o coletiva que deverá ser, necessariamente, acompan&ada com rituais de puri6ca("o. # característica de vel&as-feiticeiras está ligada concep("o africana de que a sa!edoria e ac%mulo de poder s' vêm com a idade, com a experiência de vida. #ssim, as 0"es #ncestrais por ter vivido muito tempo, por con&ecerem os segredos da vida, s"o feiticeiras, ou se$a, podem manipular através da magia, o nascimento e a morte. Possuir o poder de controlar a vida tem dois aspectos, pode-se utili*á-lo tanto para o !em quanto para o mal. "o &á um c'digo moral dicot?mico que proí!a as Iá 0i de fa*erem o que l&es agrade. o mito de Odudua, o motivo usado como $usti6cativa para a sua perda de poder seria o a!uso deste. Porém, perce!e-se que o poder das Iá 0i, representa o pr'prio poder criador, criativo, que para tra*er o novo, precisa destruir o vel&o. a pr'pria ordem natural, o ciclo de vida e morte que é a síntese do poder feminino. 9egundo Donilda Iya/emi Di!eiro Kas Iya-ag!a 3as anci"s, pessoas de idade, m"es idosas e respeitáveis4, tam!ém c&amadas #g!a, Iyami 3min&a m"e4, Iyami Osoronga 3min&a m"e Oxorongá4 #$é, +leye 39en&ora dos pássaros4, representam os poderes místicos da mul&er em seu duplo aspecto W protetor e generoso[perigoso e destrutivoL\ . Delacionadas s Iá 0i nesse seu aspecto de ancestrais femininas, Di!eiro relaciona an", Oxum, Iyami-#/o/o W m"e ancestral suprema e Ieman$á, como poder genitor. O medo provocado pelas m"es ancestrais, devido ao seu grande poder e a forma com que ele é utili*ado por elas, torna sua 6gura impiedosa e temida, pois a sua c'lera e o seu 'dio s"o terríveis. Pode-se interpretar de outra maneira a c'lera das Iá 0i. 9egundo Verger, a feiti(aria cumpre em várias culturas uma fun("o de moderador social. K)ada ve* que alguém se eleva, a feiti(aria está lá para o a!aixarL. #ssim, tam!ém as Iá 0i, como feiticeiras, Katravés de sua a("o, =ela> exerce um papel moderador contra os excessos de poderJ mediante suas interven(8es, ela contri!ui para garantir uma reparti("o mais $usta das rique*as e das posi(8es sociaisJ ela impede que um sucesso por demais prolongado permita a certas pessoas controlar exageradamente umas e outrasL\S. # constante c'lera seria, dessa forma, uma explica("o para os males sociais e de seus remédios, como tam!ém uma explica("o da inquietude e da ang%stia metafísica. 9egundo Pierre Verger\\, a feiti(aria é considerada anti-social em muitas culturas, porém, na sociedade ioru!á tradicional, as a$és 3feiticeiras4 n"o s"o execradas, mas constituem um dos
pilares essenciais da comunidade. +vita-se falar mal delas a!ertamente, pois possuem uma for(a agressiva perigosa. preciso ter para com elas uma atitude de prudente reserva. #ssim, ignora-se o verdadeiro nome das a$és, e preferencialmente c&amam-nas Iyami Osorongá 30in&a 0"e Oxorongá4. #ssim s"o descritasF Kmul&eres vel&as, proprietárias de uma ca!a(a que contém um pássaro. +las mesmas podem se transformar em pássaros, organi*ando entre si reuni8es noturnas na mata, para saciar-se com o sangue de suas vítimas, e dedicando-se a tra!al&os malé6cos variadosL. 9egundo o mitoF KIyami, divindade decaída, nossa m"e c&amada Odu quando vem ao mundo com poder so!re os orixás sim!oli*ado por eye 3pássaro4 ela se torna eleye 3proprietária do poder do pássaro4. Dece!e tam!ém uma ca!a(a 3imagem do mundo e reposit'rio de seu poderio4. 2endo a!usado desse poder perde a ca!a(a para Orixalá W seu compan&eiro masculino que veio ao mundo ao mesmo tempo em que ela. +le exercerá o poder, mas ela conservará o controleL.\U Iá 0i tam!ém é o KpoderL atri!uído s mul&eres vel&as ou mo(as muito $ovens que o teriam rece!ido como &eran(a de sua m"e ou de uma de suas av's. Qualquer mul&er pode conseguir esse poder, voluntariamente ou sem que o sai!a, ap's um tra!al&o feito por uma Iá 0i, que queira fa*er proselitismo. 2em-se tam!ém na origem mítica das Iá 0i a quest"o da geminidade. as religi8es africanas o corpo &umano é conce!ido como o gêmeo do corpo c'smicoJ a geminidade é um tema predominante em muitos mitos e rituais da Zfrica Ocidental. Be acordo com a cosmogonia dividida entre os Bogon, Nam!ara, e povos 0alin/e do 0ali, os seres primordiais eram gêmeos. Eêmeos representam o ideal. 0uitos indivíduos dividem a estrutura da geminidade, na qual a placenta acredita-se ser o l'cus de um %nico destino e alma gêmea. 9eguido ao nascimento, a placenta é lavada e enterrada no cemitério familiar na primeira semana de vida da crian(a. +ntre os #s&anti de Eana, gêmeos s"o permanentemente assegurados com um status especial, como santuários viventes, porque portam como um sinal de a!undante fertilidade, eles s"o reposit'rios do sagrado. Para os dem!u da Dep%!lica Bemocrática do )ongo, ao contrário, os gêmeos representam um excesso de fertilidade mais característico do mundo animal que do &umano, e rituais s"o reali*ados para proteger a comunidade desta condi("o an?mala.\R O principal poder das Iá 0i Oxorongá que precisa ser controlado é o de dar a vida e o de tirá-la. Os aspectos de tal poder est"o distri!uídos entre os orixás femininos mais cultuados no Nrasil, Ieman$á, Oxum e Ians". an" Nuru/u e Odudua 3que pode ser feminino ou masculino4 tam!ém est"o ligadas s 0"es #ncestrais. #nálise do 0ito o primeiro !loco de sentido numerado de -], vemos que as Iá 0i s"o as feiticeiras 3a$és4 e n"o orixás, ou se$a, s"o as primeiras Km"es da espécie &umanaL, ligadas s origens do mundo através do mito de Odudua ou Odu 3a 2erra4, compan&eira de O!atalá 3o )éu4, dentro da concep("o da geminidade. o princípio de tudo, n"o &avia separa("o entre os dois, o casal primordial vivia apertado dentro de uma ca!a(a\. +les se separaram ao !rigarem pelo poder 3os anéis4, que representa a luta entre os dois p'los, um construtivo 3axé4 e outro destrutivo 3Iá 0i4. +sse mito tam!ém representa o $ogo de poder entre o masculino e o feminino, o patriarcado e o matriarcado lutando pelo controle da comunidade. +m %ltima instAncia, a luta entre a ordem social e o caos primitivo. # característica de vel&as-feiticeiras está ligada concep("o africana de que a sa!edoria e ac%mulo de poder s' vêm com a idade, com a experiência de vida. #ssim, as 0"es #ncestrais por ter vivido muito tempo, por con&ecerem os segredos da vida, s"o feiticeiras, ou se$a, podem manipular através da magia, o nascimento e a morte. Possuir o poder de controlar a vida tem dois aspectos, pode-se utili*á-lo tanto para o !em quanto para o mal. "o &á um c'digo moral dicot?mico que proí!a as Iá 0i de fa*erem o que l&es agrade. o mito de Odudua, o motivo usado como $usti6cativa para a sua perda de poder seria o a!uso deste.
Porém, perce!e-se que o poder das Iá 0i, representa o pr'prio poder criador, criativo, que para tra*er o novo, precisa destruir o vel&o. a pr'pria ordem natural, o ciclo de vida e morte que é a síntese do poder feminino. 9egundo Donilda Iya/emi Di!eiro Kas Iya-ag!a 3as anci"s, pessoas de idade, m"es idosas e respeitáveis4, tam!ém c&amadas #g!a, Iyami 3min&a m"e4, Iyami Osoronga 3min&a m"e Oxorongá4 #$é, +leye 39en&ora dos pássaros4, representam os poderes místicos da mul&er em seu duplo aspecto W protetor e generoso[perigoso e destrutivoL\ . Delacionadas s Iá 0i nesse seu aspecto de ancestrais femininas, Di!eiro relaciona an", Oxum, Iyami-#/o/o W m"e ancestral suprema e Ieman$á, como poder genitor. O medo provocado pelas m"es ancestrais, devido ao seu grande poder e a forma com que ele é utili*ado por elas, torna sua 6gura impiedosa e temida, pois a sua c'lera e o seu 'dio s"o terríveis. Pode-se interpretar de outra maneira a c'lera das Iá 0i. 9egundo Verger, a feiti(aria cumpre em várias culturas uma fun("o de moderador social. K)ada ve* que alguém se eleva, a feiti(aria está lá para o a!aixarL. #ssim, tam!ém as Iá 0i, como feiticeiras, Katravés de sua a("o, =ela> exerce um papel moderador contra os excessos de poderJ mediante suas interven(8es, ela contri!ui para garantir uma reparti("o mais $usta das rique*as e das posi(8es sociaisJ ela impede que um sucesso por demais prolongado permita a certas pessoas controlar exageradamente umas e outrasL\S. # constante c'lera seria, dessa forma, uma explica("o para os males sociais e de seus remédios, como tam!ém uma explica("o da inquietude e da ang%stia metafísica. O poder das Iá 0i, ao ser colocado em oposi("o com o poder dos orixás 3axé4, como K%nica arma do &omemL de prote("o, remete novamente ao mito de Odudua, que perde seu poder para Oxalá. +ncontra-se em vários mitos de outros orixás femininos referências de como as mul&eres perderam seu poder para os &omens. +xemplo disso é um dos mitos de Ogum, que conta a est'ria de como KOgum conquista para os &omens o poder das mul&eresL =U>^]. +ste mito narra que no come(o do mundo as mul&eres tin&am o KpoderL 3político4 e o KsegredoL 3religioso4. Ians" era a possuidora do mistério das sociedades dos egunguns 3culto dos antepassados4J $unto com suas compan&eiras &umil&avam seus maridos, comparando-os com macacos. Ogum e os outros &omens, ent"o cansados dessas &umil&a(8es, resolvem aca!ar com isso. Ogum veste-se de guerreiro e assusta as mul&eres que fogem. Ians" tam!ém 6ca com medo da 6gura de Ogum que demonstra tanta violênciaJ e é a primeira a fugir. O poder passa a pertencer aos &omens, que tomam posse do segredo das sociedades egunguns. Ians" continua como Dain&a do culto, mas perde o poder de decis"o dentro da comunidade. O axé, como referência ao poder masculino, torna-se a prote("o contra as m"es, su!mete-se o poder feminino. +ste, porém, ainda precisa ser respeitado e venerado. Ians" perde seu posto de comando, mas continua sendo a c&ave do culto. 9egundo VergerF Kisso tende a mostrar que para os yoru!á o poder 3axé4 de Iyami n"o é em si, nem !om, nem mau, nem moral, nem perverso, a %nica coisa que importa é o modo como o axé é empregadoL^. O poder deve ser utili*ado com calma e discri("o, foi por n"o respeitar esse preceito que Iyá #g!á perdeu o domínio do mundo. Iyami Oxorongá 2odos os ancestrais femininos, as _yag! ou _yámi, têm sua institui("o em sociedades como +g!é +leye, +g!é `g!'ni e +g!é EMlMdé, consideradas secretas pelo fato de os seus con&ecimentos serem transmitidos apenas a iniciados. #s Iyami Oxorongá representam o poder ancestral feminino e os elementos místicos da mul&er em seu duplo aspectoF protetor e generoso, perigoso e destrutivo. 2odos os orixás femininos s"o detentores deste poder. #s Iyami s"o *eladoras da existência e guardi"s do destinoF por isso sua !oa vontade, essencial continuidade da vida e da sociedade, deve ser cultivada. Pertencem a um grupo de seres espirituais c&amados #$og7n, cu$as fun(8es incluem carregar o e!' para alimentar-se dele ou, mais precisamente, do sofrimento &umano do qual está impregnado. #o processarem
as energias dos e!'s, possi!ilitam a cura, a supera("o de di6culdades e a atra("o de !ens necessários. 9ua rela("o com os poderes mágicos l&es possi!ilita tam!ém neutrali*ar os efeitos negativos de pensamentos, palavras e a(8es destrutivas que uma pessoa diri$a contra outra ou contra si mesma. # presen(a e a inHuência de Iyami no $ogo oracular é fundamental, pois se manifestam em todos os odus e, sendo parceiras deles, têm como a$udá-los a comunicar-se entre si. Parceiras tam!ém de +xu e dos demais orixás, indicam com eles os e!'s necessários para cada situa("o, sendo de competência comum a todos a tarefa de transportá-los. # express"o _yámi, 0in&a3s4 0"e3s4 ou eladora3s4, designa um orixá cu$o poder é t"o grande que todos se referem a elas sempre no plural, aludindo a uma coletividade. Quando se quer saudá-las !asta pronunciar um de seus nomes, pois elas representam uma coletividade de seres relacionados a todos os elementos fundamentais para a so!revivência dos &omensF por isso traí-las signi6ca trair a pr'pria essência vital &umana. Invocar as 0"es implica em associar-se a uma coletividade de energias que vivem em estreita rela("o com elementos indispensáveis so!revivência &umana. #s Iyami, curandeiras com grande poder mágico, podem assumir diferentes formas. Intervêm na existência &umana no plano individual 3na sa%de física, psíquica e espiritual, no casamento e na sexualidade4 e no plano social 3no tra!al&o e nas ami*ades4. +las ap'iam as pessoas em sua tarefa de organi*ar pensamentos e con&ecimentos para mel&or atingir o!$etivos, atraindo sorte e favorecendo conquistas materiais. Promovem mudan(as no plano emocional, facilitando que um &omem nervoso se acalme e um impaciente torne-se paciente. Intervindo nos destinos, protegem as pessoas de danos causados por inimigos e por fal&as pr'prias. )omo &armoni*am rela(8es, favorecem casamentos. 9endo portadoras de axé, favorecem a aquisi("o e a manuten("o da energia vitalJ protetoras e *eladoras de tal energia, orientam as pessoas quanto mel&or maneira de reali*ar seu destino. o aiye as Iyami tra!al&am para colocar ordem no con&ecimento e na sa!edoria dos seres, e transmitem isso ao orum através de assentamentos $á consagrados a elas, de inicia(8es e da reali*a("o de constantes oferendas e e!'s. # partir do momento em que se esta!elece uma liga("o com Iyami, adquire-se mel&ores condi(8es para atingir o!$etivos e concreti*ar ideais. # nature*a, que inclui os seres &umanos, possui uma liga("o energética entre os mundos visível e invisível e rece!e o toque divino das 0"es. Zgua, ar, terra e fogo constituem elementos através dos quais se pode c&egar a elas. #ssim sendo, pode-se evocá-las com água, o!i e oro!? em rios, mares, encru*il&adas, estradas, ao pé de um peregun, na mata ou no quintal de casa, entre tantos locais possíveis, dado o fato de pertencerem nature*a, particularmente terra. #s mul&eres pertencentes ao grupo de devotos das Iyami s"o c&amadas _yá-#g! ou _ya #iyé 30"es do Gniverso, 0"es #nci"s ou Veneráveis 0"es #nci"s4J os &omens s"o c&amados de `s' 3Nruxo, ;eiticeiro4. #m!os 6cam atri!uídos do poder de manipular o destino &umano através de rituais de consagra("o. # aquisi("o do poder das Iyami ocorre pelo nascimento, por &eran(a e pela inicia("o. +sta %ltima pode proporcionar a prote("o delas para o iniciado e seus familiares e amigos mais pr'ximos e pode, num grau mais elevado, permitir a transmuta("o física, em!ora exclusivamente no caso de mul&eres. Bi* o provér!io que o 6l&o de Iyami tem dois ouvidos, dois ol&os e uma %nica !oca, para ouvir e ver !em mais do que falar. ;alar so!re as 0"es inspira a sensa("o de poder e sa!edoria, muitas ve*es equivocada, porque um devoto que n"o sai!a proteger e preservar a for(a e os segredos con6ados a ele será vencido facilmente. ;alar so!re elas é uma tarefa desa6adora porque exige cumplicidade entre quem fala e quem ouve e uma responsa!ilidade rara das pessoas em rela("o ao uso que fa*em das palavras. Por isso, durante a inicia("o, as pessoas se comunicam o mínimo necessário.
Os iniciados em Iyami possuem as marcas sim!'licas das 0"es em seu corpo e podem sentílas até mesmo 6sicamente. +ssas marcas indicam sinais de no!re*a. Os devotos das 0"es muitas ve*es aca!am se tornando líderes. Beles exige-se postura séria e rigorosa e uma autoeduca("o para que n"o 6quem mencionando o poder delas. Pessoas indiscretas ou que se considerem poderosas n"o devem cultuá-las, pois sua postura afasta o poder das 0"es. 2olerAncia e paciência, qualidades do sá!io, s"o os principais meios de se venerar Iyami e aos demais orixás. O devoto das 0"es deve ser verdadeiro, leal, 6el e respeitoso para criar espa(os onde elas possam viver e atuar. #s Iyami têm o poder de tornar o tempo favorável ou desfavorável, podendo provocar morte prematura ou prolongar a vidaF a capacidade de tra!al&ar com seus poderes para atuar so!re a dura("o da existência, entretanto, é privilégio de poucos sacerdotes