NILDO VIANA
OS VALORES NA SOCIEDADE MODERNA
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© by Nildo Viana Viana – 2007 Diagramação: Capa: Montagem e impressão
Rones Lima Victor Tagore Valdemir Martins
ISBN: 978-85-7062-690-5 V614
Viana, Nildo, 1965 Os valores na sociedade moderna / Nildo Viana. — Brasília : Thesaurus, 2007. 100 p. 1. Sociedade moderna 2. Valores sociais I. Título CDU 316.6 CDD 306
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SUMÁRIO
PREFÁCIO ......................................................................
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APRESENTAÇÃO .............................................................. 11 CAPÍTULO 01: O Conceito de Valores .......................................................
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CAPÍTULO 02: Axiologia e Axionomia ......................................................
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CAPÍTULO 03: Valores, Sentimentos Se ntimentos e Consciência .....................................
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CAPÍTULO 04: A Formação Social dos Valores...........................................
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CAPÍTULO 05: Ciência, Técnica e Axiologia ..............................................
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CAPÍTULO 06: O Mundo dos Objetos como Mundo Axiológico .....................
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CAPÍTULO 07: Valores e Qualidade ..........................................................
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CAPÍTULO 08: Valores e Hegemonia ........................................................
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R EFERÊNCIAS EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................... 99
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PREFÁCIO
Nada mais pertinente e atual do que um livro sobre Os Valores na Sociedade Moderna. Muitos autores contemporâneos incluíram em seus debates esta temática que abarca estudos cujo foco investigativo diz respeito à condição da mulher, da família, da criança e do jovem, incluindo, quase sempre, mesmo que secundariamente, a questão dos valores. Contudo, sempre acabava por prevalecer uma lacuna relacionada com a produção de um conhecimento sistematizado sobre o conceito e a concepção dos Valores. Nesta obra, Nildo Viana, se propõe a preencher esse espaço de uma forma bastante enriquecedora esclarecendo desde o início sua opção por um conjunto de valores e desvalores. Por isso, oferece a nós, leitores, uma importante produção que, ao tomar como referencial a teoria social de Marx, constrói conceitos como axionomia em contraposição ao de axiologia, discute a relação entre valores, sentimentos e consciência; entre ciência, técnica e axiologia, ao mesmo tempo em que aprofunda criticamente várias questões, dentre as quais o processo de formação dos valores na sociedade capitalista. Marx, desde o Manifesto Comunista, nos alerta para a questão dos valores, mostrando que, ao converter toda a dignidade e honra pessoais em valor de troca, a burguesia estabeleceu como valor fundamental não mais a liberdade 9
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mas a livre troca. Assim, o mercado tornou-se elemento central na esfera de in fluência da vida interior dos indivíduos, marcando definitivamente, na sociedade moderna, a relação entre valor econômico e honra. Conseqüentemente, a noção de indivíduo pautada nos valores de igualdade, liberdade e fraternidade, herdada do iluminismo do século XVIII extinguiu-se antes mesmo de ser concretizada. Como sociólogo e professor universitário em tempos de “ilusões pós-modernas”, nosso autor, convive cotidianamente, no meio acadêmico ou fora dele, com debates, concepções e leituras que acreditam numa superação da modernidade. Estaríamos, como lembrou Terry Eagleton, vivendo em meio a uma espécie de relativismo tolerante. Todavia, Todavia, a leitura deste livro deixa claro uma opção política do autor, cuja tradição marxista concebe o tra balho como algo diretamente ligado à existência humana e, portanto, produtor de objetos valorativos. Enfim, a importância de um estudo dessa natureza reside principalmente no fato de que a modernidade provoca a fragmentação da realidade e nos oferece uma falsa perspectiva de autonomização dos objetos devido a rei ficação no mundo do capitalismo. É preciso, então, retomar o caráter social das coisas, da arte, de tudo aquilo que é socialmente produzido para compreendermos os valores como parte do universo dos homens, os quais mesmo desvalorizados pela sociedade da mercadoria, mesmo que transformados eles próprios em mercadoria, insistem em constituir-se como sujeitos de sua história. Esta é a contribuição deste livro. Veralúcia eralúci a Pinheiro P inheiro
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APRESENTAÇÃO
A questão dos valores é um tema antigo mas marginal. Alguns pensadores desenvolveram análises sobre os valores, dando-lhes grande importância, embora, para muitos, não contivesse nenhuma relevância, o que, por si só, já demonstra diferenças de valores. Sociólogos, psicólogos e filósofos abordaram sob formas diferentes a questão dos valores. Abordaremos a questão dos valores numa perspectiva marxista, o que significa, entre outras coisas, que utilizaremos determinados valores como ponto de partida em nossa análise. Vivemos num mundo valorativo, que é o mundo humano, e somente numa fantasiosa ideologia da neutralidade científica ou autonomia da arte é que se poderia pensar em estar “livre de valores”. O ser humano é um ser valorativo. Esta é uma das teses que trabalharemos aqui. Mas, além desta tese, há a idéia complementar que os valores não são igualmente válidos. Não cedemos, em nenhum momento, ao canto de sereia do relativismo, um produto ideológico que surge de acordo com determinados interesses e valores. Existem valores universais e valores particularistas, valores autênticos e inautênticos. Logo, os valores não são equivalentes e por isso podemos e devemos optar por determinados valores em detrimento de outros. Os valores dominantes são justamente os particularistas e inautênticos, pois eles são os valores da classe domi11
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nante e/ou de suas classes auxiliares. Estes formam a axiologia e o seu par antagônico é a axionomia, conceitos que iremos desenvolver no presente livro. O mundo em que vivemos é um mundo axiológico, conclusão lógica do que foi dito anteriormente, mas existe, marginalmente, um mundo axionômico. Este mundo axiológico se manifesta em todas as esferas da vida social, no âmbito da ciência, da arte, da política, do cotidiano, dos ob jetos de uso pessoal, de utensílios domésticos. Ele domina amplamente e por isso cria uma cultura asfixiante. Os valores são constituídos socialmente. A axiologia é formada socialmente. O mesmo vale para a axionomia. Na constituição dos valores intervém a consciência. Muitos conflitos de valores em determinados indivíduos são derivados da falta de percepção das raízes dos seus valores, do seu significado e de sua importância social. Os valores autênticos e universais são marginais, mas existem. Os valores dominantes, porém, são fetichistas, inumanos e desumanos. O indivíduo, ao adquirir consciência disso, poderá avançar e superar os seus valores inautênticos e particularistas. particularistas. Assim, a consciência tem um papel importante na constituição de um mundo axionômico em oposição ao mundo axiológico dominante. O presente livro se insere numa tentativa de fortalecer a axionomia contra a axiologia. É isto que o justifica. ca. Seguimos o seguinte trajeto: iniciamos com a necessária definição do conceito de valores (capítulo 01) e dos conceitos de axiologia e axionomia (capítulo 02), para de pois trabalharmos a relação entre valores, sentimentos e consciência (capítulo 03) e a formação social dos valores (capítulo 04). Após isto, começamos a analisar as manifestações da axiologia na sociedade moderna, principalmente na esfera da ciência e da técnica (capítulo 05), da arte, do brinquedo e dos objetos (capítulo 06), para discutir a cate12
Os valores na sociedade moderna
goria de qualidade e sua relação com os valores (capítulo 07), tomando a idéia de qualidade no âmbito das obras artísticas como principal parâmetro e concluímos com uma breve discussão sobre valores e hegemonia (capítulo 08). Este trajeto, por mais insu ficiente que seja, fornece uma visão geral da questão dos valores na sociedade moderna e aponta para o reconhecimento do caráter dominante da axiologia e da urgência do despertar da axionomia, cum prindo o seu papel e objetivo, mesmo que de forma breve.
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