Escola Técnica Estadual de Teatro Gomes Campos Curso Técnico em Artes Cênicas História do Teatro Módulo I
Vitor Brito de Almeida Larissa de Oliveira Costa Elielson Gomes
História do Teatro Grego
Teresina 2013
Introdução Em suas remotas origens o teatro se confunde com a religião – da região conhecida como Crescente Fértil (que se estende do Egito ao Antigo Oriente), por exemplo, temos os registros mais antigos de rituais com características teatrais da história da humanidade. Esses rituais eram de representação divina, extraterrena, de súplica ou agradecimento aos deuses. Entretanto, não podemos classificar esses rituais como teatro propriamente dito; esse período corresponde apenas à sua origem primitivista-essencial. Posteriormente, percebemos que em várias partes do mundo o teatro nasceu de forma semelhante, da necessidade do homem de dar sentido à sua existência através de elementos que transcendem o mundano, o concreto e material; ou como justificação da mesma ou co mo espelho dos homens. Na Grécia Antiga – de onde temos a maior referência teatral ocidental, e onde se efetiva historicamente o teatro - isso não é diferente. O teatro grego se desenvolve a partir do culto ao deus Dionísio (Dioniso, ou Baco para os romanos). O Culto a Dionísio Segundo a mitologia grega, o primeiro Dionísio é filho de Zeus com Perséfone, sua amante. Dionísio se torna o filho preferido de Zeus e destinado a sucedê-lo no governo do mundo. Hera, a esposa de Zeus, ao descobrir a existência de Dionísio, ordena a sua morte aos Titãs. Eles matam Dionísio e comem os pedaços de seu corpo, exceto o coração. Zeus, enfurecido transforma os Titãs em cinzas. Sêmele, mortal, amante de Zeus, engole o coração de Dionísio e fica grávida de Zeus, gerando em seu ventre uma versão reencarnada de Dionísio que viria a nascer. Entretanto, Hera, ao descobrir a tal amante se metamorfoseia em mortal para se aproximar dela. E sugere que ela peça a Zeus que ele se mostre em toda a sua magnitude. Sêmele faz o pedido e Zeus desce do Olimpo em sua carruagem de trovões. Sêmele morre carbonizada e Zeus põe o feto do filho, que Sêmele esperava no ventre, dentro de sua própria coxa até completar o período de gestação. Quando Dionísio nasce, Zeus leva-o ao monte Nisa – metamorfoseado em bode – para ficar aos cuidados das ninfas e dos sátiros (seres metade homem, metade animal). Lá, é criado o vinho. Desta forma, Dionísio passa a ser o deus do renascimento, fertilidade, orgia e embriaguez, sendo considerado na Ática o deus do vinho. A partir dessa mitologia, é criado em 596 a.C., pegando como referência outros cultos gregos de outras regiões, o ditirambo (hino em uníssono). O ditirambo era uma manifestação de canto e dança com caráter religioso baseada na mitologia de Dionísio. Nos ditirambos havia um corifeu (cantor principal, e também quem narrava o ritual) e coreutas (participantes do coro). No decorrer do culto havia o sacrifício de bodes. Porém, aos poucos esse culto ritualístico de invocação e homenagem tornase mais complexo, sofrendo algumas mudanças.
Uma dessas mudanças foi provocada por Árion que formalizou o culto ao inserir caracterização de vestimenta e determinando um número fixo de coreutas, fazendo com que o culto ficasse mais organizado, representando ainda mais a “realidade” dos deuses.
Outra grande revolução foi provocada por Téspis, originário da Icária. Téspis foi convocado por Psístrato, tirano ateniense, grande promovedor da arte, em março de 534 a.C, para participar do culto a Dionísio. Téspis modificou a estrutura do culto a Dionísio ao se destacar do coro de coreutas sátiros e travar um diálgo com o coreuta. Saindo da condição de coreuta, Téspis cria mesmo sem int enção o papel do hypokrites (respondedor). Essa mudança no ritual de culto ao deus foi o ponto de nascimento do teatro porque o ator, não mais corifeu, não mais descrevia o momento de representação e homenagem a Dionísio, mas ele fazia, passou a haver ação, diálogo. Logo, o ator encarnaria a deidade.
A Tragédia Sessenta anos após a grande revolução no culto dionisíaco, uma versão aperfeiçoada do culto ganha espaço em Atenas, a tragédia. A tragédia vem do grego "tragoidía" ("tragos" = bode e "oidé" = canto), evidenciando a ligação deste gênero dramático com os antigos rituais religiosos de culto a Dionísio. E assim como o culto de homenagem e invocação a Dionísio, a tragédia tem uma essência sacrificial de purificação. Logo, desse aspecto da tragédia podemos identificar no sacrifício, na morte, o sentimento de reestruturação, de renascimento, de refazer-se, pois mesmo sendo agora, a tragédia, algo teatral, ainda carrega em si a religiosidade dos cultos dionisíacos. O erro do personagem que está preso a um destino divino, desta forma, leva a uma reflexão. Além desse caráter catártico, a tragédia tinha um caráter político e socializante. A tragédia é estruturada da seguinte forma:
Prólogo – Antecede os acontecimentos da trama de forma falada. Párodos – Canto coral que estabelece o ‘clima’ da peça ao entrar em cena, representando a coletividade e os preceitos éticos e morais desta. Ao narrar os acontecimentos posicionam-se em relação a eles. Episódios - A ação da peça, onde a trama ou enredo desenvolve-se de fato. Estásimos – São cantos que intercalam os episódios, nos quais o coro comenta a ação, antecipa as próximas, critica-as, porém não interfere no episódio. Êxodo – Última participação do coro.
Os grandes autores trágicos:
- Ésquilo: é a Ésquilo que a tragédia grega antiga deve a perfeição artística e formal, que permaneceria num padrão para todo o futuro. Ésquilo abordava temas de conflito entre o poder dos deuses e a impotência dos homens, sempre com um aspecto político bem presente. - Sófocles: aborda em suas tragédias a revolta dos homens às coisas divinas, ao destino imutável e a falta de significado do sofrimento causado de forma sádica pelos deuses. Pois “em tudo isso não existe nada que não venha de Zeus”. - Eurípedes: de forma diferente dos outros dois autores trágicos, as obras de Eurípedes põem as divindades da mitologia grega não como modelo de explicação do mundo humano. Explora minuciosamente a mitologia grega e o sentir humano.
A Comédia A comédia tem a mesma origem da tragédia, nas festas de culto, orgias, influenciadas pelo mito dionisíaco. Tanto que o gênero nasce quase ao mesmo tempo da tragédia, tendo um ápice no período de Sófocles e Eurípedes. A palavra comédia vem do grego “komoidía” (procissão), pois a orgia, a bebedeira, a dança e a alegria, faziam parte da entrega a Dionísio. Nesse gênero dramático os autores, expunham o ridículo ou exagerado de personalidades conhecidas por todo mundo, inclusive dos deuses. A comédia era um reflexo da Atenas democrática. A comédia é dividida em três fases: Comédia Antiga, Comédia Média e Comédia Nova.
O Teatro Helenístico No período helenístico o teatro grego, apesar de não ter perdido sua tradição, entra em decadência por falta de produção de novas obras e t ambém por haver perda da influência cultural da Grécia, mais especificamente de Atenas sobre o mundo. E no momento em que a Grécia perdeu esse poder sobre os seus vizinhos, sua integridade política e social, o mundo romano irr ompeu sobre a Grécia. Então Roma pegou como influência a cultura grega para fazer o seu teatro, principalmente na comédia, já que a tragédia aos poucos foi sendo esquecida e recuperada apenas após a Idade Média.
Referências
BERTHOLD, M. Grécia. In: História Mundial do Teatro. São Paulo: Perspectiva, 2004. WIKIPÉDIA. História do Teatro. Disponível em: . Acesso em: 05 de maio de 2013. WIKIPÉDIA. Festas dionisíacas. Disponível em: WIKIPÉDIA. Tragédia. Disponível em: BARÃO EM FOCO. Breve histórico sobre a origem do teatro. Disponível em: . Acesso em 02 de maio de 2013. FERREIRA, T. Enfoque 1: história do teatro. Disponível em: RECANTO DAS LETRAS. Dionísio, a origem do teatro grego. Disponível em: RECANTO DAS LETRAS. Origem do teatro. Disponível em: INFOPÉDIA. Tragédia. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-0510]. Disponível na www: .