Hipnoterapia Dave Elman Manual de Hipnose e Hipnoterapia
Tradução livre de: Amílcar Sá Nogueira
Introdução Durante a minha carreira como hipnoterapeuta e professor de hipnose clinica, tenho ouvido e observado muitos dos mais distintos experts no campo da hipnose. Sinto amiúde que muito desses experts focam os seus esforços no ensino teórico e analítico e virtualmente ignoram as técnicas e os princípios subjacentes que capacitam o praticante de rapidamente desenvolver as suas habilidades em usar facilmente a hipnose. Então eu ouvi Dave Elman no trabalho! Em agosto de 1956, logo após eu ter aberto o “ Hypnotism Institute” em Los Angeles, um dos meus estudantes emprestoume uma fita-cassete de uma das aulas de Elman para médicos. Apenas alguns minutos de audição tiveram um efeito electrizante sobre mim. Eu soube imediatamente que Dave Elman tinha “A FEBRE!” “ A febre” é um termo que eu uso para descrever a qualidade da emoção que amadurece, numa intensa dedicação e duradoura devoção do uso da hipnose, como uma modalidade importante de tratamento. Quando tinha oito anos, Dave viu o seu pai assolado pela dor de um cancro terminal. Um famoso hipnotista de palco apercebeu-se da situação, e visitou-o. E em apenas alguns minutos de tratamento hipnótico os lamentos e os gemidos foram silenciados e a dor foi aliviada. O pequeno Dave foi autorizado a visitar e brincar com o seu pai. Dave Elman nunca esqueceu que, foi dado o alívio ao seu pai por um hipnotista de palco, após os médicos terem dito que não havia maneira de aliviar o seu sofrimento. Enquanto jovem, Elman trabalhou brevemente como hipnotista de palco, e foi durante este período que desenvolveu as técnicas de indução rápida que mais tarde fizeram os seus ensinamentos tão extraordinários! Nos anos que se seguiram, Elman tornou-se um escritor bem-sucedido, director e produtor de emissão de programas de rádio, e ensinou estes assuntos na Universidade de Colômbia. Ele tinha quarenta e nove anos quando tomou a decisão de mudar a sua profissão e tornou-se uma autoridade no ensino da hipnose. Ele reuniu-se com médicos especialistas, pesquisou a literatura disponível e desenvolveu o Dave Elman Course in Clinical Hypnosis. Apesar de Elman não ter nenhuma graduação avançada nem formação científica, ele restringiu a participação para médicos e dentistas. A sua reputação rapidamente espalhou-se e logo fez dele o mais conhecido e bem-sucedido professor de hipnotismo da América. Nos dezassete anos seguintes, ele ensinou o curso dele para milhares de profissionais em todas as grandes cidades nos Estados Unidos. Este livro, originalmente intitulado “Descobertas na Hipnose”, é o somatório das teorias e técnicas de Elman. Foi o primeiro manual usado nos seus cursos e tornouse uma obra clássica da literatura do Hipnotismo. Neste grande trabalho, Elman desnuda o palavreado académico e pretensioso, criando uma apresentação enérgica e dinâmica da hipnose, como uma ferramenta ultra-rápida e incrivelmente eficaz para uma gama muito ampla de terapias. Sua atenção detalhada á semântica e na inflexão de voz, e a sua capacidade única para gerar a expectativa mental, formam o pano de 2 Hipnoterapia
fundo para a sua incrível eficácia com quase cem por cento dos seus sujeitos pacientes. Elman deixou-nos apenas um livro e o conjunto de 40 horas de gravações feitas nas suas aulas. Os ensinamentos de Elman têm sido uma força esclarecedora e um legado enriquecedor para mim. E espero que, você também possa ganhar essa " febre", e que a sua emoção e o seu entusiasmo ajudem a manter viva a obra de: DAVE ELMAN “Mestre Hipnotista”
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Gil Boyne, Director Hypnotism Training Institute of Los Angeles, CA Dec.15, 1977
Hipnoterapia Dave Elman
Westood Publishing Co. Glendale, CA.
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Conteúdo Equívocos, Razões e Origens....................................................................... 6 Capítulo 1: Minhas primeiras descobertas importantes ........................... 12 Capítulo 2: Por que é que eu comecei a ensinar hipnose .......................... 21 Capítulo 3: Como estudar hipnose ............................................................ 25 Capítulo 4: Factos interessantes sobre hipnose ....................................... 29 Capítulo 5: Técnica do aperto-de-mão...................................................... 31 Capítulo 6: Instruções preliminares Abordagem ao paciente .................... 40 Capítulo 7: O método “Dois-dedos olhos-fechados” ................................. 44 Capítulo 8: Hipnose como adjuvante da anestesia química ...................... 51 Capítulo 9: Incontáveis Métodos de Indução ............................................ 56 Capítulo 10: Hipnose em vigília e sugestões em vigília ............................. 62 Capítulo 11: Aplicações da Hipnose em Vigília ......................................... 73 Capítulo 12: O sonambulismo e a composição de sugestões .................... 81 Capítulo 13: O estado Esdaile ................................................................... 96 Capítulo 14: Condicionamento para o parto Hipnótico e Cirurgia ........... 110 Capítulo 15: A hipnose na odontologia ................................................... 115 Capítulo 16: A Tartamudez (gaguez) ...................................................... 121 Capítulo 17: A Obesidade ....................................................................... 134 Capítulo 18: Fobias e medos mórbidos ................................................... 146 Capítulo 19: Alergias .............................................................................. 169 Capítulo 20: Depressões ......................................................................... 178 Capítulo 21: Revisão, prática e aplicação da hipnoanálise ..................... 186 Capítulo 22: A hipnose ligada ao sono. Sono-hipnótico.(hipnosono) ...... 211 Capítulo 23: Perguntas que os médicos fazem frequentemente. ............ 229
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Introdução Equívocos, Razões e Origens Apesar dos esforços dos escritores e investigadores científicos, a hipnose tem a capa do misticismo vestida há séculos. O próprio termo hipnose, derivado da palavra de raiz Grega que significa sono, é enganador. A hipnose está relacionada ao sono como a noite para o dia – e não é mais parecido do que a noite é como o dia! Se você deixar de lado todas as noções pré-concebidas e examinar clinicamente a hipnose, vai descobrir que não se parece, ou se comporta como pensou que seria. A maneira como se “comporta” faz deste fenómeno uma ferramenta médica tremendamente valiosa, embora os equívocos continuadamente dificultem ou impedem totalmente o seu uso. O conhecimento deste potencial uso para curas, e os danos causados por malentendidos e a desinformação impeliram-me francamente a escrever este livro. Irei detalhar mais os meus motivos no primeiro capítulo, mas desejo enfatizar a necessidade imediata para o conhecimento hipnótico, e a pesquisa imparcial, se a medicina quiser aproveitar essa grande força correctiva, que é o poder da mente humana. É meu propósito neste texto transmitir dados valiosos aos médicos, e também estender a compreensão da hipnose aos leigos interessados. Este é o único meio para remover a capa mística. Você não irá encontrar nenhuma terminologia vernácula, ou expressão esotérica aqui introduzida. Eu tenho ensinado hipnose aos médicos há muitos anos, e encontrei muitos deles que parecem pensar que podem tornar-se hipnotistas especialistas após apenas algumas aulas e sessões práticas. Uma vez que não existe tal coisa como o hipnotizador isso é obviamente impossível! Como praticante empregando esta ferramenta, tudo o que você alguma vez fará, é mostrar ao paciente como passar a barreira de normalmente acordado ou do estado de sono, ao peculiar estado mental conhecido como hipnose. Você não vai hipnotiza-lo; ele vai hipnotizar-se a si mesmo. Isso quer dizer que aqueles de nós que usam as sugestões não exercem poder algum sobre nenhum paciente. Isso significa que não há nada que eu faça, que você não possa fazer na hipnose. Um termo mais preciso exacto para hipnotista é operador hipnótico! Como operador você ensina ao sujeito, como alcançar o estado de transe ─ou outros estados sobre os quais falaremos mais tarde─ e depois, se o sujeito estiver disposto, você estimula a sua imaginação, actuando por assim dizer, como um “piloto de sonho” É agradável saber que você pode pilotar a imaginação de quase qualquer um, estimulando mais agradavelmente os pensamentos mais intensos do que é geralmente considerado possível. Mas repetindo, não confunda esta habilidade de pilotar com poder; Eu sublinhei as palavras se o sujeito estiver disposto porque é imperativo o seu consentimento. Você não pode transmitir a sugestão a menos que o sujeito esteja disposto a aceita-las. Todo o tempo e em todos os estados de hipnose, o sujeito detêm o poder de selectividade. Portanto ele reage apenas às sugestões que sejam razoáveis e prazerosas para ele. Talvez você já tenha visto demostrações nas quais o sujeito actua fazendo palhaçadas extravagantes; a verdade é que aquele sujeito escolheu 6 Hipnoterapia
fazer aquelas palhaçadas. Houve sem dúvida, vezes em sua vida, que você experienciou sonhos extravagantes. O comportamento estranho que você possa ter testemunhado da parte da pessoa hipnotizada, foi apenas similar a um sonho induzido pelo operador, pelo “piloto do sonho”. E estranho ou não, parecia razoável e prazeroso para o sujeito ou ele teria rejeitado as sugestões. A maioria dos livros modernos de hipnose, sublinha que o sujeito está em rapport com o hipnotizador. Como regra eles negligenciam em adicionar que ele também está em rapport consigo mesmo, para que possa dar a ele mesmo autosugestões, e com o mundo inteiro. Portanto o sujeito pode facilmente aceitar sugestões razoáveis e prazerosas de outras pessoas além do operador, a menos que o operador tenha implantado primeiro, uma sugestão negativa a tais sugestões. Também tenha em mente o facto de que só porque o sujeito está passível de receber sugestões, ele não vai deixar qualquer um controlar. Eu repito que em todos os estados de hipnose, o sujeito está no controle e pode seleccionar as sugestões que ele vai aceitar. Se surgir a crise de uma sugestão indesejada, o sujeito vai querer despertar sozinho do estado de transe, ou continuará, porém simplesmente recusar-se-á a agir de acordo com a sugestão. Sob hipnose, uma pessoa tem mais controlo do que apenas a sua selectividade ou da sua força de vontade; ela tem controlo sobre todas as suas faculdades excepto uma. Ela pode ouvir, ver, sentir, cheirar, provar, falar. Embora as vezes possa parecer inconsciente, ela está completamente consciente e pode cooperar. A única excepção ao seu controlo é naquilo que eu chamo a faculdade crítica. Se você der uma sugestão que agrade e que pareça emocionalmente e moralmente razoável para ela, ela aceitará, apesar do facto de que, em situação normal ela talvez possa considerar uma sugestão impossível. Por exemplo, você pode sugestionar anestesia, apagar a dor sem agentes químicos. Ou você pode induzir á uma recordação ou recuar até uma idade precoce, digamos três anos, ou ainda até quando o sujeito tem poucas memórias. Regredindo o paciente durante a hipnoanálise você pode levar o processo mental, um passo adiante induzindo a ab-reacção; isso é, o reviver da experiencia do passado em vez de uma mera recordação. A suspensão da faculdade crítica, não contradiz a afirmação de que o paciente está no controlo completo de si mesmo e tem total selectividade; ele aceita tal sugestão porque é agradável e é boa para ele. Mas a sua faculdade crítica ─a descrença de que essas fantásticas façanhas são possíveis─ é contornada na hipnose. Para dizer de outra forma, na hipnose o corpo e a mente são igualmente susceptíveis, operando como uma unidade harmoniosa. A hipnose tem efeito no inconsciente assim como na mente consciente, e também no sistema nervoso autónomo. Quando você conduz a pessoa até ao estado de sugestibilidade e fornece para ela sonhos agradáveis, as sensações dela ao “despertar” serão tão físicas quanto mentais. Tendo havido uma experiência prazerosa, ela vai sentir-se refrescada e revigorada. Não obstante estas verdades generalizadas, cada individuo reage diferentemente sob sugestão. Para usar hipnose com sucesso, você tem que estar 7 Hipnoterapia
habilitado a responder a uma variedade de reacções, portanto, o seu conhecimento do fenómeno deverá ser profundo. Se um médico vai ajudar um paciente, este não deverá deixar-se ser apanhado de surpresa. Ninguém pode aprender verdadeiramente hipnose por mera observação. Você deve experienciar por você mesmo para saber o quão diferente é das descrições que geralmente você encontra nos livros. Você irá descobrir como a hipnose é um estado prazeroso, e quanto mais souber mais vai desejar experimentar, assim como ser capaz de hipnotizar-se. Porque não existe essa coisa de não ser hipnotizável. Uma vez que a selectividade prevalece durante o estado hipnótico, e que o instinto de auto preservação não deixa que o sujeito aceite nenhuma sugestão prejudicial para si, nunca ninguém foi magoado pela hipnose! Têm sido formuladas inúmeras hipóteses sobre o efeito de induzir um sujeito a magoar a si mesmo, conscientemente ou inconscientemente, ou até ser “enganado” para cometer algum crime. No entanto não existe nenhum registo como tal tenha acontecido. Nós temos conduzido centenas de testes, e em todos os casos uma de duas coisas aconteceu quando foi feita uma sugestão impropria: Ou o sujeito rejeita a sugestão, ou termina completamente o estado de transe. Eu repito este facto porque isso é muito importante para a aceitação da hipnose como ferramenta médica valiosa e segura. Os três requisitos necessários para a hipnose são 1) O consentimento do sujeito; 2) A comunicação entre operador e sujeito e, 3) Livre de medos ou relutância da parte do sujeito em confiar no operador. Sendo estes os únicos requisitos, é óbvio que estes autores estão errados quando dizem que alguma técnica em particular ─fixação por exemplo─ é a única maneira confiável de induzir ao transe. Na realidade, não existe limite no número de técnicas que podem ser usadas para desencadear a resposta desejada; talvez até você possa dizer que não existe maneira na qual não possa hipnotizar uma pessoa, uma vez que saiba como utilizar sugestões. Como pode ser visto no acima exposto ─cada um dos itens será tratado com detalhe, em lugar apropriado neste livro─ existe uma grande dose de desinformação no que tem sido escrito sobre hipnose.Com vista nisso, eu sinto que devo responder aqui as questões que o leitor possa ter, como, as minhas qualificações para escrever acerca deste assunto e a base para o meu interesse nisso. A primeira questão felizmente é fácil de responder. Eu tenho ensinado hipnose aos homens da medicina ─médicos, dentistas, podólogos─ há mais de uma dúzia de anos. Eu não tenho formação médica, e por isso não prescrevo tratamentos aos pacientes, apesar de a pedido de médicos e com o médico presente, eu tenha hipnotizado milhares de pacientes e ajudado com instrumentação ferramentas hipnóticas como hipnoanálise e anestesia geral profunda. Tenho feito palestras para membros de staffs de hospitais e também palestrado para muitos milhares de médicos privados. Eu ajudei na demonstração de partos sem anestesia química para um filme de medicina. Entre os meus estudantes melhores sucedidos, há muitos eminentes doutores, incluindo líderes de várias sociedades médicas estatais. 8 Hipnoterapia
A segunda questão ─a base do meu verdadeiro interesse neste assunto─ não pode ser respondida num único parágrafo. Tenho tido um intenso envolvimento com o assunto desde tenra idade, e isso provavelmente aconteceu quando eu tinha cerca de 6 anos de idade. Meu pai que era estudante de hipnose nessa altura já me falava muito acerca disso. Então um dia ele levou-me a visitar uma família que vivia há uns quarteirões de nós ─Em Fargo, Norte de Dakota─. Uma jovem moça dessa família que tinha gagueira pronunciada profunda, mas quando o meu pai a hipnotizava a gagueira dela sumia. Depois quando terminava o transe, a dificuldade dela em falar voltava imediatamente. O meu interesse na hipnose fora despertado, embora isso não tenha sido muito mais tarde, quando eu aprendi como corrigir a gagueira permanentemente por meio da sugestão. Um incidente ainda mais importante ocorreu em 1908, quando eu tinha oito anos de idade e meu pai tinha quarenta e dois. Ele tornou-se conhecido de um dos grandes hipnotistas da época, um mestre e artista que tinha reputação de realizar façanhas surpreendentes. Esse homem soube que meu pai estava a morrer com câncer e que sofria com dores intensas. Ele veio a nossa casa, foi ao quarto do doente e em poucos minutos aliviou-o da dor. Não foi permitido que eu permanecesse dentro do quarto até então, depois do hipnotista sair fui autorizado a entrar. Um pouco antes disso eu tinha estado sentado junto a porta e tinha ouvido o meu pai a gemer com dores, agora eu entro e ele brinca comigo. Foi a ultima vez que ele brincou comigo, mas até onde eu sabia ele ficava absolutamente livre de dores por algum tempo após visita dos hipnotistas. Ele morreu algumas semanas mais tarde. Entretanto eu nunca esqueci que antes da sua morte foi-lhe dado o alívio que não era considerado possível pelos seus médicos. Claro que não entendi naquela altura que mais outros usos médicos a hipnose tinha, mas o meu interesse no assunto permaneceu, e tornou-se profundo. Logo em seguida, presenciei uma actuação dada pelo mesmo hipnotista, e ele permitiu que eu o auxiliasse. Ele disse aos sujeitos no palco que eu iria apertar a mão a cada um deles, e quando eu assim fizesse eles entrariam num estado profundo de hipnose. Eu apertei as mãos deles…e funcionou! Logo após tentei produzir o mesmo efeito, sem sucesso claro, na minha mãe, nos meus irmãos e irmãs, meus colegas de escola. No início, não entendia o meu falhanço, mas comecei a ler todos os livros sobre o assunto, que pude encontrar nas bibliotecas. O único ponto em que todos esses livros pareciam estar de acordo era que a fixação podia ser usada com fiabilidade para hipnotizar: você tem que ter o sujeito a olhar fixamente para uma lâmpada ou objecto brilhante, os autores instruíam que por um período contínuo que durava de três minutos á duas horas para se poder alcançar o estado. Uma vez que nem o meu pai nem o hipnotista tinham usado uma luz, esta afirmação dogmática deixou-me confuso. Eu próprio tentei olhar fixamente uma luz, mas apenas fiz uma importante descoberta: Olhar uma luz durante uma hora pode ser bastante aborrecido. Toda a luz alcançada foi para cansar meus olhos. Talvez, pensei eu, isso seja necessário para uma rápida e profunda hipnose. Então perguntei ao meu médico dos olhos acerca disso. Ele explicou que o olho humano vê em “leaps and 9 Hipnoterapia
darts” ─movimentos horizontais/verticais/oblíquos e focagem/zoom─ etc. E se você impedir que os olhos sigam esse hábito natural “leaps and darts”, os músculos depressa se cansam. Como demonstração, ele colocou sua mão acima dos meus olhos e muito próximo da testa; depois ele baixou sua mão devagar instruindo-me para eu continuar olhando, assim fiz. No momento em que estava sob meu queixo, apercebime que meus olhos estavam sonolentos. Agora eu sei como cansar rapidamente os olhos das pessoas sem usar a fixação. Isso, eu acredito, que foi o nascimento do condicionamento rápido em hipnose. Com a adopção desta demonstração do médico, como parte da minha técnica, eu poderia fazer em alguns segundos o que a fixação de luz fazia em duas ou três horas. Você vai descobrir que esta técnica de baixar a mão acelera consistentemente a indução hipnótica. Eu comecei a ter muito sucesso, nas minhas tentativas de hipnotizar amigos adultos assim como crianças. Não desisti de ir experimentando até, que durante a minha adolescência o pai de uma garota com quem eu saía, disse-me para não voltar mais. Ele tinha ouvido que o sujeito hipnotizado poderia ser seduzido pelo operador. Eu calculei que essa pequena desinformação poderia tornar-me no rapaz menos popular em Fargo, por isso deixei a hipnose de lado e não voltei a isso durante muitos anos. No entanto eu já aprendera alguns factos valiosos que não eram do conhecimento geral. A hipnose poderia ser usada para aliviar dores crónicas. Isso poderia ser feito quase instantaneamente. O maior obstáculo em alcançar esse estado era o medo…mesmo um medo abaixo do nível consciente. Ainda hoje, alguns manuais afirmam que um há percentual de pessoas que não são hipnotizáveis. Quando a verdade é que remover o medo permite que qualquer pessoa possa ser hipnotizada. As outras descobertas descritas acima podem igualmente não ser encontradas nos escritos dos especialistas. Quando em adulto voltei ao assunto, tentei ir aprendendo...mantendo a mesma atitude e mente aberta às experiencias, não aceitando teorias ou dogmas sem o suporte de fortes evidencias clinicas. Tal atitude, eu acredito ser essencial para qualquer um que deseje participar no melhoramento da arte da medicina. Talvez eu esteja apenas reformulando o velho ditado de que a “experiencia é a melhor professora”. De qualquer forma eu insisto para que meus estudantes aprendam vendo e fazendo, em vez de apenas ouvir palestras ou a ler teorias infundadas. Tenho tentado incorporar o mesmo princípio para a escrita deste livro. Na discussão de determinada técnica dada, descoberta, teoria ou aplicação de hipnose, haverá pelo menos um excerto ─normalmente mais─ de gravação de uma sessão hipnótica envolvendo o operador, o paciente e médicos participantes. Claro que confidências e identidades foram salvaguardadas e ligeiramente editadas onde a ética assim ditava. Alguns materiais estranhos que de vez em quando se introduziram na gravação fita ─entradas, saídas de médicos na audiência, tosse, declarações de endereços e nomes, interrupções, etc.─ foram removidos, aos participantes era permitido falar como falavam. Se alguma pessoa usou algum coloquialismo ou um pouco de má gramática, só nessa situação foi mudado, sendo chamado para clarificar o significado. Afinal de contas, a personalidade de uma pessoa, emoções e respostas são expressadas nas palavras que realmente usa, não em termos técnicos ou alterações gramaticais. 10 Hipnoterapia
Descrições enquadradas de acções não-verbais ou comunicações ─tais como *o acenar da cabeça do paciente...a recusa em responder... ou começa a sorrir... ou tosse... ou abre os olhos+ e idênticas─ estão incluídas na forma de indicações de palco. Isso é feito em primeiro lugar, por uma questão de clareza, e em segundo ─e mais importante─ porque a observação das reacções é vital para o sucesso na aplicação médica da hipnose. Tendo feito as observações introdutórias que eu penso serem importantes para o estudo adequado do assunto, já é tempo para iniciar descobrindo sobre a hipnose. Tenho apenas um comentário a acrescentar antes do lançamento do próprio estudo: Meus sinceros agradecimentos aos milhares de médicos que foram meus alunos. Assim como eu fui professor deles, eles também me ensinaram.
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Capítulo 1: Minhas primeiras descobertas importantes Eu ensinei hipnose para homens de todos os ramos da medicina. Naturalmente, eu usei muito material didáctico, incluindo abundantes esboços e anotações, mas eu nunca me apoiei em nenhum manual. A ideia de escrever um livro de minha autoria sobre o assunto foi-me sugerida pelos médicos, dentistas e podólogos. Finalmente eu agora estou a agir sob sugestão. Por quê? Uma explicação pode ser encontrada em duas comunicações que recebi, enquanto recuperava de uma doença grave. A primeira delas foi um telegrama que veio de longe da Califórnia. Era de alguém que eu não conhecia, alguém que nunca tinha estudado comigo. E lia-se: Você vai ensinar em Los Angeles em breve? Sou psiquiatra. O que você sugere? Sinceramente.” A segunda foi a carta de um médico de outro campo. Ele vive em Detroit e é um ex-aluno meu. Ele tinha estudado comigo cerca de sete anos antes. Ele escreveu em parte: Estou certo de que nenhum dos médicos em Detroit dos que foram seus formandos tinha conhecimento de que você estaria doente, por seu nome ser frequentemente mencionado com carinho por todos os seus ex-alunos ─e bastava apenas um saber─, estou certo de que nós todos teríamos ouvido falar acerca disso...Todos têm a esperança de que quando você estiver completamente recuperado, Detroit esteja no seu itinerário. Estamos ansiosos para vê-lo...Comprei tudo que você gravou, de maneira que os meus rapazes terão acesso ao máximo possível do seu trabalho nos anos que virão…Eu sei qual a visão percepção que você me deu sobre a mente humana, e lamento de que não esteja assegurado que eles venham a ter a mesma vantagem, Dave. Se o seu curso deixar esta terra consigo, isso será uma grande tragédia. Muito sincero.” Naturalmente, estas duas comunicações juntas com muitas outras de idêntica natureza, afectaram-me profundamente. Estes amigos, o conhecido e o desconhecido, merecem consideração. Assim também como todos os praticantes de medicina que trabalham no duro para aliviarem sofrimentos. Assim também como os seus pacientes. Se de alguma maneira o meu conhecimento poder ajudar, então este livro terá servido uma boa causa. Primeiro, quero deixar claro minhas limitações nas discussões sobre temas médicos: Eu não sou doutorado. Não existe nenhuma graduação titulo a seguir ao meu nome. Sendo leigo eu não reclamo nenhum conhecimento de medicina. No entanto, várias centenas de médicos têm sido meus estudantes. As circunstâncias têm-me permitido trabalhar com literalmente milhares de médicos, dentistas e podólogos. Eu comecei a ensinar á médicos o uso profissional da hipnose há muitos anos atrás, e deixei bem claro para cada médico que assistia minhas aulas que não tenho nenhum conhecimento de medicina; tudo que eu poderia ensinar para eles era a hipnose profissional, e uma vez sabendo o que se poderia fazer com a hipnose, eles teriam que 12 Hipnoterapia
juntar seus próprios conhecimentos com o que eu ensinaria por forma a criar algo de útil proveitoso. Ainda hoje é esse o caso. Aquilo que ofereço aqui não é uma investigação da medicina, mas a história das minhas descobertas na hipnose. O meu trabalho com os homens da medicina permitiu-me fazer importantes pesquisas. Não muito depois de eu iniciar o ensino, os médicos começaram a pedir para ajuda-los com pacientes que não tinham patologias orgânicas, mas, que ainda assim estavam muito doentes. Não havia explicação médica para as suas doenças. Deixemme dar um exemplo que conduziu á uma descoberta importante. Foi em 1950 que um psiquiatra de uma das minhas turmas falou-me acerca de uma mulher, sua paciente, que sofria com dores severas de natureza inexplicável. Foram feitos todos os testes médicos, e esses testes mostravam que a paciente estava de boa saúde. Porém a dor era intensa, e o psiquiatra estava “perdido” na ajuda. Poderia a hipnose revelar a causa dessa condição? Pedi ao psiquiatra para trazer essa mulher para minha casa, e eu veria o que poderia ser feito. Interroguei-a demoradamente e fiquei a saber que ela não tinha consciência de ter tido tal dor até a altura de uma intervenção que fizera á vesícula biliar. A dor tinha começado quase imediatamente a seguir à intervenção cirúrgica, ainda assim, ela tinha recuperado com alguma facilidade. Prossegui colocando a paciente num estado hipnótico conhecido como sonambulismo, e percebi que suas declarações eram verdadeiras. Não tinha havido dor comparável àquela antes da operação. Minha investigação apenas confirmava aquilo que o psiquiatra já me tinha falado. O psiquiatra perguntou-me se eu estaria disposto em trabalhar com a mesma paciente no seu consultório. Eu concordei em faze-lo. Quando eu cheguei, ele estava ocupado com outro caso e perguntou se eu poderia iniciar com a paciente enquanto aguardava por ele. Ele deixou a sala e a paciente prontamente acedeu ao estado de sonambulismo. Nós cobrimos grande parte do mesmo chão, demos os mesmos passos, até que ocorreu-me que se a dor começou apenas depois da operação, a sua causa poderia ser a operação em si. Mas a paciente tinha sido anestesiada profundamente durante a cirurgia. Como poderia eu saber o que havia acontecido naquela sala de cirurgia? Decidi colocar a mulher num estado de hipnose muito mais profundo. Eu chamo a esse estado de Hipnosono. Pesquisas recentes confirmaram que de facto esse é considerado o estado de hipnose mais profundo possível. E foi neste profundo estado de hipnose que eu tive a paciente a reviver as suas experiências, de como foi sendo levada para sala de operações. Mais perguntas revelaram que ela poderia reviver revivenciar a operação inteira, dizendo exactamente o que ocorreu na sala de operações enquanto estava aparentemente inconsciente e perdido o sentido de audição. Ela conseguia dizer exactamente o que o anestesista, o cirurgião e o seu assistente disseram, mesmo depois da anestesia química ter surtido efeito. Uma das coisas que ela terá ouvido e que parecia afecta-la violentamente na ab-reacção ─o reviver revivenciar da 13 Hipnoterapia
experiencia─ foi o que o cirurgião terá dito após efectuar a incisão expondo a vesícula biliar a vista. Ele havia comentado “Olha para esta vesícula biliar…Ela jamais será a mesma depois disto!” Perguntei á paciente o quê que aquela afirmação significava para ela e ela respondeu, “Eu penso que isso significa que já não serei bem uma mulher depois da operação. “Eu expliquei a ela que o doutor realmente quis fazer uma afirmação de encorajamento, mas teve o infortúnio de usar as palavras erradas, e que a dor de que ela padecia iria diminuir ─e antes da visita terminar a dor desvaneceu-se completamente─. Agora ela estava livre de dor pela primeira vez desde a operação. Os relatórios subsequentes do psiquiatra eram no sentido de que a paciente estava indo lindamente. Nunca me ocorreu de que um paciente pudesse reviver o que havia sucedido durante uma anestesia completa geral. Tal como qualquer um, nessa altura eu também pensava que esses pacientes não podiam ouvir nem lembrar o que se passava a volta deles. Ora, inadvertidamente, eu tinha tropeçado num facto surpreendente. Aqui, foi a paciente que, não só conseguiu ouvir sob anestesia química, como pode reviver revivenciar todas as coisas que aconteceram ao seu redor durante a operação. Eu decidi ver se era possível fazer isso com outros pacientes. Talvez muitas das “doenças inexplicáveis” tenham sido causadas por comentários indiscretos feitos por um cirurgião, anestesista ou enfermeira durante a cirurgia. Eu induzi outros pacientes a reviverem as suas operações sob hipnose e a darem-me os detalhes. Para minha surpresa pessoas após pessoas foram capazes de me dar informações das quais aparentemente não tinham no nível consciente, e após verificação com médicos, descobri que essas informações seriam absolutamente precisas correctas. Então depois passei essa descoberta para os meus estudantes, todos eles médicos, com a sugestão de que quando tratassem um paciente com doença de origem desconhecida após cirurgia, eles deveriam procurar pela causa na sala de operações. Depois que obtive relatórios suficientes de médicos que foram capazes de duplicar o que eu tinha feito, comecei a aludir referir na sala de aulas que os médicos e seus assistentes deveriam ser cuidadosos com o que falavam apesar do paciente estar inconsciente e aparentemente incapacitado de ouvi-los. Também me ocorreu que, se o paciente pode ser influenciado por afirmações infelizes negativas nas salas de operações, este também poderia ser influenciado por afirmações boas positivas, enquanto estivesse em anestesia profunda. Isto tornou possível a subsequente descoberta importante: Ao paciente poderia ser dada a sugestão de manter a anestesia mesmo depois do efeito da anestesia química ter terminado, tornando assim mais fácil a recuperação. Este foi o meu primeiro achado importante no uso da hipnose; e tem sido substanciado comprovado por muito muitos cirurgiões e psiquiatras. Interessantemente, eu fiquei a saber que há alguns anos um médico da Costa Oeste tinha iniciado experiências na mesma linha e fez descobertas semelhantes. Esse doutor não foi meu aluno, e não nos conhecíamos até há dois anos atrás. Ele envioume vários e interessantes documentos que têm sido publicados em jornais de 14 Hipnoterapia
medicina, confirmando outra vez que um paciente consegue ouvir enquanto está sob anestesia profunda. A esse respeito, recordo de um incidente que foi gravado em fita na sala de aulas. Isso aconteceu em San Antonio, Texas. Eu tinha dado essa informação aos meus estudantes quando um dos médicos na aula discordou veementemente comigo, mas admitiu que se o que eu disse é possível, então isso foi uma contribuição importante para o conhecimento da medicina. Ele comentou que há alguns anos antes tinha sofrido uma grande intervenção cirúrgica, e não tinha a menor lembrança do que se passou após a anestesia que lhe foi dada. Perguntei se ele gostaria de “reviver” e saber exactamente o que aconteceu. Ele disse que gostaria de experimentar, mas que não acreditaria em nada do que viesse disso. Coloquei-o no estado o qual chamo hipnosono e fi-lo reviver a operação com detalhes. Durante a ab-reacção, ele exclamou: “Então foi por isso que eles fizeram uma incisão tão longa”. Depois de o despertar do estado, o balanço da sessão foi gasto discutindo a operação deste médico, entre as coisas que ele não sabia antes da hipnose, e as coisas que agora sabia e entendia. Ele era o mais entusiástico. Ele enviou a fita da gravação que fizera, ao doutor da Costa Oeste que estava a fazer pesquisas nessa área, e foi então que a fita da gravação foi enviada para mim. Encontrará uma transcrição desta hipnoanalise, mais a frente num capítulo deste livro, quando discutirmos uma fase da hipnose conhecida como hipnosono. Isso será provavelmente muitos anos antes dos médicos no mundo inteiro aceitarem o facto de que, os pacientes sob anestesia completa geral mantêm o sentido da audição e que a mente está funcional ainda que seja num nível abaixo do nível consciente. No entanto foram escritos alguns artigos por médicos de alto renome que justificam esses factos; os quais foram provados em mais de duzentos casos. Quando a actividade mental sob anestesia for aceite, isso conduzir-nos-á á mais valiosas descobertas. Visto que a mente funciona num nível abaixo da atenção consciente quando o paciente está inconsciente, é razoável colocar a seguinte questão: “Há alguma possibilidade de que uma pessoa que é feita inconsciente por um acidente ou qualquer outro meio, ainda mantenha seu sentido de audição, e que a mente da vítima ainda esteja a trabalhar mesmo que a consciência esteja abaixo do nível consciente”? Creio que são aconselhadas mais pesquisas embora eu não faça nenhuma exigência neste livro de que seja esse o caso! Antes de descrever um segundo achado importante que fiz através da hipnose, vale a pena mencionar que os incidentes na sala de aula foram registados com precisão enquanto decorriam. Por muitos anos minha esposa, que era especialista em taquigrafia estenografia, transcreveu cada palavra falada na aula. Mais tarde, começamos a gravar as aulas sessões. Dessa maneira pude rever cada sessão em privado, apreender o que os doutores precisavam saber acerca da hipnose por forma a usarem efectivamente. A técnica também me permitiu detectar algum engano que eu possa ter cometido nos ensinamentos e corrigi-los durante a aula seguinte. Vamos agora ao segundo importante achado efectuado pouco depois que comecei a ensinar aos médicos o uso profissional da hipnose. Uma noite, um médico industrial que frequentava as aulas anunciou com grande entusiasmo que em vinte e quatro horas, tinha aliviado da impotência, dois 15 Hipnoterapia
pacientes masculinos. Os outros médicos da aula, ficaram pendidos a zombar do que ele anunciara. Continuando, ele insistiu que já tinha ajudado dois homens. Aqui está o que disse: “Tinha havido um pequeno acidente na fábrica e estava a tratar as lesões de uma das vítimas. Quando ele estava a sair do escritório, disse-me, “Quem me dera que você tratasse do meu real problema tão bem como tratou dessas pequenas coisas.” Eu perguntei que problema real era o dele, e ele respondeu, “impotência e tenho isso há muitos anos.” Perguntei como isso começou e ele disse-me que começara após as suas primeiras férias longe de sua esposa. Ele tinha ido para Florida e enquanto lá esteve, teve relações com uma mulher desconhecida e contraiu gonorreia. Foi a um médico e rapidamente ficou curado, mas ficou com tal sentimento de culpa que não teve coração coragem para voltar para casa em New Jersey. Passaram-se dez semanas após o doutor dizer que estava curado, antes de ele conseguir coragem suficiente para voltar á sua casa. Quando o fez foi incapaz de retomar as relações familiares sexuais. Ele tem tido um casamento muito infeliz desde então. “Hipnotizei o homem e disse que ele já tinha punido a ele próprio tempo suficiente, enfatizei que por se punir, ele também puniu a sua esposa e destruiu um casamento feliz; que dai em diante ele cessaria de se punir e que achar-se-ia bastante capaz de retomar as relações familiares sexuais naquela mesma noite. Depois trouxe-o para fora do estado de sonambulismo, e dei-lhe um pouco mais de encorajamento e mandei-o embora.” Na manhã seguinte ele veio ao meu consultório, trazendo outro amigo da fábrica com ele. Ele disse. “Doutor, isso funcionou tão bem para mim, talvez você possa ajudar meu amigo ele tem o mesmo problema, e tem-no há algum tempo. ”Inquiri o segundo homem para que me contasse os seus problemas, e ele disse-me. “Casei-me há alguns anos atrás. Tenho quarenta e cinco anos e fui casar com uma moça de vinte e um anos. Na nossa noite de casamento, meus amigos começaram a brincar comigo. Eles disseram que eu não conseguiria “fazer bem” ser activo com uma moça de vinte e um anos e que eu era um velho fanfarrão e não conseguiria ser realmente um marido para uma moça que tem metade de minha idade. Eu devo ter acreditado neles porque estamos casados há mais de quatro anos e ainda não consumamos o nosso casamento.” “ Coloquei o segundo paciente em sonambulismo e fui sobre para a sua história outra vez, e depois disse-lhe que seria tão potente como qualquer um para o resto da sua vida e que seria capaz de consumar o seu casamento imediatamente. Despertei-o do estado, falei para ele um pouco mais sobre o assunto, e ele informou-me que foi capaz, que a condição fora completamente corrigida e que o casamento fora consumado.” O doutor contou bem a história. De facto tão bem, que os outros médicos mudaram a sua atitude e perguntaram sobre o que eu sabia acerca de usar hipnose para correcção de impotência. Eu disse a eles que sabia muito pouco acerca disso, mas se houve sucesso nesse dois casos, talvez fossemos bem-sucedido em muitos mais casos. Aconselhei-os á experimentarem e verem. Eles experimentaram nos casos em que todas as patologias tinham sido descartadas. Pouco depois os médicos começaram a relatar os sucessos, eles notaram que enquanto alguns casos de impotência eram causados pelo uso de certos medicamentos, por patologias, ou 16 Hipnoterapia
cirurgia, cerca de noventa por cento de toda a impotência tinha base emocional. Nesses casos em que o distúrbio emocional era o culpado, eles tiveram sucesso muitas vezes. Ocasionalmente, entretanto, tocava o telefone e um médico poderia dizer qualquer coisa como isso, “Funcionou em dois casos, mas não funcionou nada com o terceiro homem em quem experimentei. O que eu poderei ter feito de errado?” Disse a esses médicos que eu não tinha a mais pequena ideia do que eles haviam feito de errado, e que não eu sabia porque é que com alguns funcionava e com outros não. Então começaram a perguntar se eu poderia ir aos seus consultórios ver se conseguiria descobrir por que é que eles tinham falhado ocasionalmente. Essas chamadas as vezes chegavam as três ou quatro num dia. Quando fui aos consultórios dos médicos e observei-os a trabalharem, rapidamente os motivos das falhas tornaram-se evidentes. Eles eram bem-sucedidos em quase todos os casos onde os pacientes sabiam a causa da impotência ao nível consciente. Como os casos já mencionados. Não foram tão bem-sucedidos quando o paciente foi incapaz de enunciar ao médico a causa. Por meio da hipnoanálise, quando foram determinadas as causas da impotência, e uma vez descoberta; os problemas dos pacientes podiam ser prontamente serenados. Os resultados foram espectaculares. Rapidamente estava a trabalhar com mais casos de impotência do que os que podia lidar trabalhar, de cada vez que um médico tivesse um insucesso eu seria chamado para fazer hipnoanálise. Penso que foi menos de um ano depois que um dos médicos na aula perguntou; ”Se as técnicas de hipnose parecem funcionar tão bem nos problemas de impotência, porque é que não funcionariam igualmente tão bem com a frigidez quando não havia presença de alguma patologia? Frigidez, claro, é a equivalente congénere no feminino do problema masculino.” Eles deram a ideia de um teste, e começaram a chegar chamadas de médicos entusiasmados com dizendo que eles têm sido capazes de corrigir frigidez por meio de técnicas hipnóticas. Quando faziam esses relatórios nas aulas, sempre havia um ou dois médicos que poderiam dizer, “ Bem, talvez vocês tenham sido bem-sucedidos, mas eu não fui. Experimentei e não funcionou. O que fiz de errado?” Foi fácil verificar que a mesma situação existia na frigidez como existia na impotência: Sempre que o paciente soubesse da causa da frigidez no nível consciente, era tornava-se bastante fácil de aliviar atenuar; mas quando o paciente foi incapaz de indicar a causa, os médicos falharam. Novamente, a hipnoanálise era a resposta. Foi iniciada uma longa série de hipnoanálises em mulheres e os resultados foram gratificantes. Fomos capazes de descobrir a causa da frigidez, dar a paciente a percepção do problema, depois traze-la para fora do estado — hipnótico-- e discuti-lo exaustivamente completamente. Umas após outra, estas mulheres puderam relatar que já não tinham mais preocupações problemas com a frigidez. Posso seguramente dizer que nos primeiros quatro ou cinco anos de ensino nunca falhei na correcção de um caso de impotência. Contudo os resultados não foram tão consistentes com casos de frigidez, e eu creio firmemente que o motivo para a minha inabilidade em alcançar resultados espectaculares foi a natural reserva 17 Hipnoterapia
retraimento das mulheres. Um homem revelará os seus problemas sexuais a outro homem. Mas uma mulher modesta, mesmo percebendo isso ou não, frequentemente retém informação vital que os médicos precisam para ajuda-la. Quando uma médica está a trabalhar com casos de frigidez, ela sabe como que é a mulher irá falar dos seus problemas e portanto torna a recuperação da frigidez fácil de aliviar atenuar. Isso tem sido corroborado por muitos relatórios que tive de médicas. Há um médico em particular que me disse muito seriamente, “Eu costumava pensar que era um médico de clinica geral. Agora descobri que meu tempo é ocupado dia e noite com problemas de frigidez e que o que você me ensinou capacitou-me a bater alcançar uma grande percentagem de sucesso.” Os médicos podem muito bem guiar-se por estes achados descobertas; nomeadamente, que após ter sido descartada a patologia, existem apenas dois tipos de impotência e apenas dois tipos de frigidez. Tipo A é quando a causa da impotência ou frigidez é conhecida ao nível do consciente, e tipo B é quando a causa da impotência ou frigidez não é conhecida ao nível do consciente mas é retida na mente abaixo do nível de consciência. * * * É minha crença que estas descobertas, e outras que irei relatar, podem muito bem ser utilizadas por médicos que leiam este livro. O entusiasmo do público por artigos sobre medicina mostra que tais conclusões são também interessantes para os leigos. Portanto vou descrever e documentar na íntegra. Entre as chamadas por ajuda que recebi dos meus estudantes ─médicos e dentistas─, uma foi particularmente interessante: Esta foi a situação conforme me foi revelada por telefone por um obstetra: “ Tenho uma paciente no hospital que está em estado catatónico há mais ou menos setenta e duas horas. A mulher está grávida. Ela está sentada na cama e nenhum de nós parece capaz de “chegar até ela.” Vários psiquiatras já foram chamados e depois da consulta eles decidiram que o único tratamento médico que iria ajudar seria a terapia de choque. A Madre Superiora do hospital é violentamente contra a terapia de choque neste caso, porque ela tem impressão de que se for dado um determinado número de tratamentos de choques, a mulher irá abortar. Por isso ela não permitirá terapia de choque neste caso. Existe alguma coisa que você possa fazer para ajudar esta paciente?” Naturalmente, eu lembrei ao obstetra que eu não era médico, e que não era suposto trabalhar num hospital. Ele disse, “Dave isto é uma emergência e os psiquiatras pediram-me para o chamar. Está sendo dada a você, permissão para trabalhar com esta paciente no hospital sob minha direcção e dos psiquiatras. Estaremos aqui consigo” Eu nem sabia se conseguiria ajudar a paciente, mas certamente estava disposto a tentar uma vez que isso seria feito sob supervisão medica. Foi-me mostrada a cédula relatório hospitalar da paciente; eu não entendi nada, mas o obstetra explicou-me o que os registos da cédula relatório revelavam. Ele também apresentou-me á vários dos psiquiatras. Depois, o obstetra e um casal de psiquiatras levaram-me para dentro do quarto onde a paciente estava sentada 18 Hipnoterapia
erecta na cama. Ela estava imóvel ao olhar fixamente a parede em frente, sem mover um músculo, e nem sequer virou a cabeça quando me aproximei da cama dela. Fiquei em silêncio por um momento, sem saber o que fazer. Então disse para ela, “Você deve ter tido um enorme problema que lhe deixou assim num estado tão terrível “Ainda hoje lembro-me que foi tudo o que eu disse a ela, mas, disse-o com uma voz bastante complacente. Ela rodou lentamente a cabeça na minha direcção e disse, “Eu tenho.” Então começou a chorar. Perguntei-lhe “Você quer me dizer que problema é esse? Talvez eu possa ajudar.” Ela disse, “Eu não acho que alguém me possa ajudar” e simplesmente continuou a chorar. Eu disse, ”Se você simplesmente seguir minhas instruções, talvez fique mais fácil para você falar e dizer-me o que é que lhe está a incomodar. Você estaria disposta a seguir as minhas instruções?” No meio de lágrimas, ela disse, ”Farei qualquer coisa se você puder ajudar-me.” Coloquei-a em hipnose e depois obtive esta história surpreendente dela. Parecia que ela era a mãe de uma criança com três ou quatro anos. O marido dela era veterano da Segunda Guerra Mundial que trabalhava de noite, chegando á casa cerca das 2:00 de madrugada. Quando ele estava no exército tinha sido dado a ele uma licença muito curta antes de ser enviado para o exterior. E foi nessa noite que ela ficou grávida de sua primeira criança. O marido estava no exterior quando a criança nasceu. Depois que a guerra acabou e ele voltou para casa. Ele começou a provocar a esposa, dizendo “Você tem a certeza que que sou o pai?” Ele talvez tenha falado isso a zombar, mas a mulher nunca esteve certa se realmente estava a brincar ou se quis mesmo dizer o que disse. Eles viveram felizes por muitos anos, durante os quais sempre que ele tivesse bebido trazia á tona o assunto outra vez. Então ela ficou grávida a segunda vez, e depois que se passaram alguns meses foi ao obstetra para confirmar a gravidez. Quando o obstetra disse que realmente estava grávida ela ficou muito feliz. Ela foi para casa com intenção de dar a boa noticia ao marido. Aguardando o marido em casa que vinha do trabalho às 2:00 AM, ela esperou por ele no entanto, ele apenas veio as 5:00 da manhã. Ele tinha bebido e estava bastante alterado. Antes de falar da gravidez, ela perguntou-lhe sobre o que o teria ocupado até tão tarde, e ele respondeu-lhe,” Hoje fui ao médico e ele deu-me algumas notícias horríveis, O médico disse-me que eu não só era impotente mas também estéril.” Agora a pobre mulher tinha um grande dilema. O que ele iria dizer acerca do segundo bebé? E foi quando ela ficou tão perturbada emocionalmente que baixou no hospital em estado catatónico. Com hipnose profunda, eu obtive os seus pensamentos. E eles eram algo como isso: “Se ele era impotente e estéril, como que diabos eu fiquei grávida? Ele é o único homem com quem estive. O que meu marido vai dizer quando descobrir que estou grávida?” O obstetra e eu fizemos o melhor para apazigua-la, dissemos que falaríamos com o marido dela. Quando a emergimos da hipnose ela já não estava catatónica, mas continuava uma mulher muito perturbada. O médico entrou em contacto com o marido dela, e nessa noite minha esposa, eu e o obstetra conhecemos o marido dela em casa do médico. O doutor questionou-o acerca da impotência e esterilidade, querendo saber que médico havia dado esse diagnóstico 19 Hipnoterapia
e quando. O marido riu e disse, “Eu, não sou impotente nem estéril. Nenhum médico disse isso. Eu embebedei-me e estive fora até tarde e pensei que seria um álibi engraçado, então concebi isso a caminho de casa.” O médico e eu ficamos espantados. Então o médico lançou-se ao marido, e falou-lhe que esse tipo de coisas não era engraçado e dos danos que isso tinha sido. Nessa altura, o marido estava chateado e continuou a protestar dizendo que tinha estado a zombar da mesma maneira como havia troçado todos estes anos acerca do seu primeiro bebé, sabendo muito bem que o bebé era seu. Então o médico disse, “Vou levar-lhe ao hospital e você vai contar a verdadeira história para sua esposa, e eu vou estar lá para o ouvir falar.” Resultado: A mulher ficou bem e mais tarde deu a luz um bebé saudável. Este incidente ilustrou outro achado importante, tão importante como simples: Há momentos em que uma palavra gentil chegará melhor á um paciente, enquanto todas as outras formas de terapia falharam.
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Capítulo 2: Por que é que eu comecei a ensinar hipnose Ao escrever este livro, é meu anseio fazer mais do que entreter. É meu desejo ensinar, tornar conhecidos certos achados. Estou confiante de que os médicos entre vocês, após lerem acerca das minhas observações, testarão sua validade através da pesquisa clinica, e assim provarão a verdade das minhas teorias. Se eu conseguir ter você a considerar este livro como informativo, como texto digno de estudo, eu terei cumprido o meu propósito. Tenho frequentemente constatado que ensinar ─É a oferenda de perspectivas que permitem a um aluno assimilar, armazenar e usar conhecimento ─é melhor realizado pela narrativa das experiencias de professores. Pode bem ser, por conseguinte, para completar a sua introdução às minhas descobertas, recontando algumas das minhas mais recentes experiencias. Eu nunca contei a história completa de como aconteceu de eu voltar para a prática da hipnose depois de abandona-la durante a minha juventude por aquilo que foram razões socialmente estratégicas. Pois embora tenha desistido da hipnose aos catorze anos, eu fui estudar o assunto. A noite eu costumava ficar acordado analisar o que eu havia feito com hipnose. Eu perguntava-me porquê que eu tinha sido capaz de fazer acontecer certas coisas que aparentemente antes ninguém tinha pensado fazer. Eu ficava a imaginar o que tornou essas coisas bem-sucedidas Foi mais ou menos nessa altura que tornei-me “viciado em palco” Sou extrovertido por natureza, e gosto do sentimento sensação de estar diante de audiência a fazer alguma coisa para surpreender as pessoas. Se eu não podia fazer com hipnose, de alguma forma eu iria fazer. E assim tornei-me performer. Sendo um amante da música, comecei a escrever canções que nunca se tornaram populares. Quando uma dessas canções foi finalmente aceite por W.C.Handy (músico de blues), vim para Nova Iorque a pensar que sobre a sua tutela eu poderia tornar-me num famoso escritor de canções. Eu iniciei a trabalhar com ele como promotor de canções, promovendo não só suas canções mas também as minhas. Casualmente, eu consegui um trabalho como escritor, performer artista e produtor de rádio para a CBS e em breve era bastante bem-sucedido. Não tinha de depender da hipnose para ganhar a vida, e não mencionei meu conhecimento para ninguém. Em 1937, eu concebi a ideia para um show de rádio chamado Dave Elman Hobby Lobby O sucesso do show foi instantâneo. Em 1941, eu mudei de patrocinadores. Colgate-Palmolive-Peet Company, compraram o show, e estávamos a fazer preparações para a primeira performance. O director do show disse-me, “Temos que fazer esse primeiro show sensacional. Qual era o Hobby mais sensacional que poderíamos colocar no ar?” Eu disse-lhe que tinha recebido há pouco uma carta de um tipógrafo de Filadélfia alegando que seu hobby era hipnotismo e que se ofereceu para ir ao ar e hipnotizar as pessoas que estariam sentadas noutra sala. “Se ele pode faze-lo,” comentou o director, “Ele fará um spot sensacional para o show da abertura.” O homem chegou de Filadélfia, e eu coloquei-o nuns testes exaustivos. Este homem sabia muito do assunto hipnose, porém ele não se apercebeu que estava 21 Hipnoterapia
sendo testado por alguém que também entendia do assunto. Ele cumpriu o teste lindamente, e eu estava consideravelmente impressionado por ele. A única coisa que me preocupava era que ele havia dito que levaria pelo menos entre três á seis minutos para cumprir o desafio, e eu senti que se ele levasse mais de três minutos haveria um spot terrivelmente aborrecido no show. Eu dei-lhe uma audição teste onde ele provou que conseguiria realizar o feito em três minutos. Isso incrementou consideravelmente o meu respeito por ele. Colocámo-lo no ar e a aceitação em todo país foi fantástica. Á performance ganhou o “premio Variety”, por ter sido o show de rádio mais dramático de 1941. Nessa altura minha esposa trabalhava como minha secretaria, e claro que observou o meu trabalho com o hipnotista. Ela disse-me “ Você mostrou ao hipnotista o que fazer, certo? Penso que você sabe muito mais sobre o assunto do que finge saber.” De repente o meu conhecimento tornou-se uma ajuda ao invés de um obstáculo. Daí em diante, ocasionalmente fazia demonstrações hipnóticas, para caridade ou por uma taxa nominal preço simbólico. Um dia eu integrei hipnose num show para uma bem conhecida organização fraternal em Passaic, New Jersey. A demonstração foi muitíssimo bem-sucedida. Estavam lá muitos médicos nessa noite e alguns deles perguntaram se poderiam falar comigo. A essência da conversa foi no sentido de que estes homens haviam estudado hipnose e estavam a tentar usar isso na prática médica e odontológica, porém sem sucesso nenhum. Eles voluntariaram-se a informar que alguns dos meus sujeitos eram pacientes com quem eles haviam tentado e falhado alcançar o estado de hipnose. Eles perguntaram.” O que você sabe sobre hipnose que nós não sabemos?” Eu respondi, Aparentemente nós estudamos o assunto a partir de ângulos diferentes. Se vocês tivessem estudado como eu tive de estudar, vocês seriam tão bem-sucedidos como eu sou.” Um dos médicos perguntou se eu estaria disposto a ensinar-lhes. Nunca tendo ensinado, eu estava relutante; não tinha a mais leve ideia do que eles deveriam aprender. Alguns médicos foram muito persistentes, e rápido descobri que sempre que eu fizesse uma aparição pública em New Jersey, um ou mais deles estavam no encontro. Eles procuravam-me e perguntavam, “ Quando é que vai começar a ensinarnos hipnose?” Eu estava entre patrocinadores e tinha muito tempo em mãos. Fiquei a imaginar se conseguiria escrever um curso sobre o assunto que pudesse habilitar os médicos no uso de hipnose numa base profissional como eu usava. Um destes médicos, um cirurgião oral que até já faleceu, disse-me um dia,”Sr. Elman, um grupo de dentistas em Newark, New Jersey, está estudando hipnose. Gostaria de lá ir apenas para ver o que está a ser ensinado a esses homens?” Acompanhei-o até a reunião aula e fiquei completamente estupefacto na máinformação que estava a ser dada a estes homens sinceros. O professor era um bom cavalheiro e um professor sincero. Ele apenas não conhecia o assunto sobre qual estava a ensinar. Então agora, a má-informação é transmitida como evangelho em muitas palestras de hipnose. Se essa era a maneira como médicos e dentistas estavam a ser ensinados acerca do assunto, eu decidi que alguma coisa deveria ser feita. 22 Hipnoterapia
Fui para casa e preparei um curso de hipnose para as profissões de médico e odontologista o qual eu tenho ensinado desde então. Pela procura do progresso da medicina, vamos pôr esse ensinamento em uso. Quando eu afirmo que toda agente tem sido colocada no limite da hipnose milhares de vezes e que toda a gente já se hipnotizou vezes e vezes sem ter conhecimento disso, a reacção é geralmente de consternação. Eu consigo entender a descrença que muita gente terá relativamente a esta afirmação, mas vamos analisar algumas manifestações simples de hipnose. Pegue atente na pessoa que é supersticiosa. Essa pessoa pode acreditar firmemente que Sexta-feira treze é azarada. Ela está tão firmemente convicta que Sexta-feira treze é azarada, que adiará acordos de negócios, ou compromissos de lazer para evitar que estes se tornem desastrosos. O senso comum diz-nos que Sextafeira treze é apenas igual a outro dia. Não há razão para a crença que esta data é diferente das outras. A pessoa que acredita que Sexta-feira treze é um dia azarado hipnotizou-se a si próprio, pois ele contornou a faculdade crítica da sua mente, isso é, o seu senso sentido de julgamento, e implantou, inconscientemente talvez, um processo de pensamento selectivo. A pessoa que leva um pé de coelho, acreditando ser um emblema símbolo da boa sorte, está na mesma categoria. Ela também, bypassou contornou o seu senso de julgamento e implantou o pensamento selectivo. Outras manifestações simples da hipnose, feitas no pressuposto de que a hipnose é meramente um estado mental, incluído cada bypass contorno da faculdade crítica e a implantação do pensamento selectivo. Os exemplos são quase incontáveis. Em vários estados, está a ser feita uma tentativa para banir a prática para outros que não sejam da profissão médica. Tais leis serão uma tentativa para controlar o pensamento das pessoas. Mesmo que entrem em vigor, elas não podem aplicadas porque não se pode colocar fora da lei o que vai na mente das pessoas. Por exemplo, uma pessoa envolvida num acidente, sentindo dor, que se sugestiona de que não tem dor. Isso é definitivamente hipnose. Alguma lei pode prevenir proibir isso? Ninguém hipnotizou a vítima do acidente, mas ela se hipnotizou sozinha. Quem poderá impedila? Há também a ideia boba de que o uso da hipnose deveria ser restringido aos psiquiatras. Quem vai proibir o médico ou o dentista de dar aos seus pacientes sugestões de bem-estar? Ele pode fazer isso de forma excelente sem o óbvio uso da hipnose, mas mesmo assim ele estará usando hipnose, e quem eventualmente pode impedi-lo? Quando você tenta ilegalizar a hipnose, você está tentando impedir ilegalizar uma terapia tão eficaz como a inoculação hipodérmica estéril! Os médicos gabam-se do uso da injecção hipodérmica estéril em termos elogiosos. Isto aplica-se até aos médicos que desconhecem a hipnose e eles insistem que não estão usando hipnose…No entanto a injecção hipodérmica estéril na verdade não contem qualquer medicamento real; é a própria sugestão do seu uso que ajuda o paciente e, ou a hipnose! “Em que mundo se pode ilegalizar os placebos? No entanto, ao ilegalizar a hipnose certamente deveremos incluir o placebo. Você é uma daquelas pessoas que pensa que nunca foram hipnotizadas? Possivelmente nunca se “permitiu” a ser hipnotizado. Se sim, está a funcionar na mais 23 Hipnoterapia
completa ilusão! Não existe pessoa viva de inteligência normal e acima de dois anos de idade que não tenha sido hipnotizada, e se está com idade mais avançada, então você tem sido hipnotizado muitas vezes! Se duvida disso, é porque você não sabe o que é a hipnose. Alguma vez fechou os olhos e começou a sonhar? Talvez tenha visualizado algum acontecimento agradável prazeroso no qual você tenha participado há alguns anos atrás. Por exemplo, talvez tenha fechado os olhos e visualizado um local de férias adorável. Nessa sua lembrança você sabia muito bem que realmente não estava no lugar de férias, mas a cena era bastante vívida verídica aos olhos da sua mente. Se já fez isso, você não só se colocou no ponto inicial limiar de hipnose, bypassando contornando a sua faculdade crítica ─mas se disse para si “é mesmo como se realmente estivesse aí agora neste momento” e colocou-se mentalmente naquele sitio─ você estava hipnotizado! Não só bypassou contornou a sua faculdade crítica mas implantou o pensamento selectivo! Todo mundo provavelmente fez isso uma e outra vez. As vezes que os sonhos foram tão surpreendentes, que você se despertou. Você nem se apercebeu, mas também isso era hipnose! Você sabia que o sonho não era real, ainda assim pareceu bem real para si. Se enquanto você estivesse a dormir e a sonhar, e alguém lhe dissesse, “Agora você não vai sentir nada” você iria aceitar a sugestão e ficaria completamente anestesiado. Se estiver disposto a testar esta afirmação, ficará espantado, porque a experiencia será muito bem-sucedida. Muitos médicos que são adeptos do uso de hipnose, têm usado esta técnica simplificada e têm reportado ser bem-sucedidos com ela. Contudo tenha a certeza, que quando o teste for feito o paciente dorme profundamente, e que as palavras não o despertam do sono. Quando uma pessoa rejeita resiste a hipnose, quer dizer simplesmente que ela recusou o bypass contorno da sua faculdade crítica e desse modo faz com que seja impossível a implantação do pensamento selectivo! Não significa que ela não possa ser hipnotizada, ou que não será hipnotizada, mas simplesmente que recusou seguir as instruções! Se ela seguir verdadeiramente a instruções dadas, a hipnose é possível para ela tal como é para todos. Irá descobrir algumas vezes que a indução da hipnose anexada ligada ao sono é mais rápida e mais fácil que a indução quando o sujeito está acordado. Isso é porque o sujeito está “pré-relaxado” quando você começa! As técnicas, e as possibilidades, da hipnose anexada ligada ao sono, serão detalhadas num do capítulo com esse título. Mas é importante, entretanto, que tenha em mente os factos delineados acima, e como eles terão incidência nos seus estudos mais a frente.
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Capítulo 3: Como estudar hipnose Eu iniciei meus ensinamentos com uma palestra: “Como estudar hipnose” Aqui está o que eu digo a cada Médico: Se você decidir levar este assunto para frente, você estará a dar do seu tempo e do seu esforço para aprender como usar uma ferramenta que pode ser de valor inestimável para si e para sua prática profissão! Você poderá aprender a usa-la correctamente se seguir as instruções…Primeiro e acima de tudo, faça o seu trabalho de casa! Fazendo-o não estará a jogar fora, o seu precioso tempo do escritório e de horas do hospital. Ao invés, isto dar-lhe-á tempo extra para incrementar a sua prática profissão e as suas horas de lazer, porque você estará habilitado a fazer mais em menos tempo com cada paciente. Portanto, assim que começar a praticar, limite o tempo de indução em um minuto para cada paciente. Quando você leva mais de um minuto para introduzir levar o sujeito ao relaxamento e ganhar alcançar o estado hipnótico, você está a perder tempo! É minha convicção que se a hipnose é para ter um lugar respeitável na medicina e ortodontia, deverá estar disponível ao médico quase instantaneamente! Se ele não poder usar hipnose numa base mais ou menos instantânea, então não tem valor prático na maioria dos consultórios médicos! É raro o médico que pode dar-se ao luxo em gastar de três minutos a duas horas na duvidosa assunção, de que talvez seja capaz de ser bemsucedido em obter hipnose, se continuar a tentar o tempo suficiente. Então, no início use um minuto para cada paciente, mas um minuto apenas! Não leve gaste mais tempo que isso, e você nem deverá precisar esse minuto inteiro para alcançar o estado hipnótico. Por outro lado, não espere ter resultados perfeitos desde o princípio. Se você tem excelentes resultados nas suas primeiras tentativas, você está no entanto próximo de falhar embora mais tarde O melhor aluno é aquele que tem uma combinação de sucesso e de falhas enquanto aprende. É minha firme convicção, que neste assunto você aprende mais com as suas falhas do que com os seus sucessos! Se as suas primeiras dez tentativas forem bem-sucedidas e depois você falhar, isso poderá ser um duro golpe para o seu ego. Depois de uma experiência destas, um médico frequentemente encontra dificuldade para continuar a melhorar a sua técnica. Mas se você falha as primeiras duas ou três vezes e depois é bem-sucedido, e depois talvez falha outra vez, e consegue duas vezes e depois falha outra, e depois é bem-sucedido três, quatro ou cinco vezes, depois você chegará ao ponto onde não falha de todo. Você tornar-se-á um bom estudante. O homem que falha algumas vezes entre essas dez tentativas, vai progredir bem porque vai descobrir o que fez de errado! Se as instruções forem seguidas; ele tornar-se-á hábil em pouco tempo! A Falha em obter o estado hipnótico durante as primeiras tentativas é causada frequentemente por falta de confiança. O remédio…Tente outra vez! A medida que seus estudos continuam, e você aprende novos métodos, experimente cada novo método ensinado. 25 Hipnoterapia
Não deixe que se forme o mau hábito de usar somente uma técnica. Há muitas mais para escolher. Conforme vai avançando, seleccione aquelas técnicas que pareçam mais naturais para si e que obtenham o estado hipnótico rapidamente e mais profundamente! Ocasionalmente, um médico irá dizer na segunda ou até na terceira sessão, ”Não Sr. Elman, ainda não comecei a praticar. Estou a espera de aprender mais sobre o assunto. Esta é a falsa desculpa mais usada no mundo, para a preguiça ou timidez, e o seu professor sabe disso. Você apenas pode aprender mais sobre o assunto, começando do início! Não pode começar do meio e ir nas duas direcções… É impossível! De cada vez que você se esforça para induzir o estado hipnótico em alguém, você está a adicionar conhecimento. Enquanto os estudantes tímidos ficam a espera para aprenderem mais, os seus colegas vão avançando rapidamente, aprendendo mais e mais acerca do assunto hipnose colocando em prática o que eles têm aprendido em cada uma das aulas, junto com o que aprenderam antes nos seus consultórios e no hospital. Cada paciente com quem você trabalha apresenta uma nova experiência, uma oportunidade para observar reacções individuais, uma possibilidade de corrigir os erros falhas que foi conseguindo detectar em induções anteriores. E o homem que aprende pela combinação de instrução e experiencia ─por outras palavras praticando─ alcança um sucesso muito maior que o homem que tenta aprender somente pela teoria! Há já alguns anos passados, um dos meus médicos estudantes foi ─para falar carinhosamente─ um praticante hesitante vacilante. Apesar dos meus avisos acerca dessa armadilha, ele continuou a adiar qualquer tentativa de colocar os meus ensinamentos em prática. Finalmente, durante a nona aula ele disse, “Sr. Elman, tenho um anúncio importante a fazer. Esta semana hipnotizei duas pessoas.” Por essa altura, cada homem na sala provavelmente já tinha hipnotizado algumas cem pessoas. E este homem ainda tinha de cometer os erros que eles já não cometeriam! Há certas coisas que você não deverá fazer, pelo menos no início. Depois de se passarem três ou quatro semanas, você pode esquecer estes nãos: Não tente hipnotizar sua esposa, os membros da sua família, ou amigos que conheça socialmente; estas pessoas sabem que você é estudante de hipnose e instintivamente colocar-lhe-ão objecções em tornarem-se suas cobaias. Não tente hipnotizar pessoas que o “desafiem” para coloca-las no estado hipnótico; hipnose é um estado de consentimento, e obviamente, a pessoa que o desafia não consente. Não tente provar o valor da hipnose a um céptico; neste estágio inicial você irá argumentar numa posição de fragilidade. Mais tarde, quando já souber o suficiente sobre hipnose, você já poderá debater de uma posição de força. É muito importante também, que você não trate do assunto da hipnose como brincadeira ou jogo de sala. Hipnose é um estudo científico quando é correctamente conduzida, e se você respeitar a hipnose como deve ser, você não a usará para truques de salão. Ela tem um enorme valor na medicina, deverá conceber usar dessa forma para que vocês ─e seus pacientes─ obtenham o máximo de benefícios dela. 26 Hipnoterapia
Isso penso eu que é muito importante também: Não se precipite! Neste livro irei explicar as técnicas certas para usar tal como faço actualmente nas aulas. Não salte lições aulas nem tente técnicas mais avançadas. Não tente nenhum procedimento até que o tenha digerido completamente, não somente do texto mas preferencialmente com um professor capacitado. Pratique o que lhe tem sido ensinado em cada lição. Não vá depressa, e aprenderá mais de cada lição. Todas as fases do assunto estão tratadas de forma adequada para que você possa absorvê-las. Se você tentar passar a frente, estará no limite de incorrer em coisas que o deixarão perplexo e mistificado confundido. Como essas coisas foram abrangidas e explicadas, a perplexidade sai, e você entenderá mais integralmente o assunto e estará preparado para aquelas reacções que requerem um profundo conhecimento da reacção humana ao poder da sugestão. Uma vez na segunda sessão, perguntei aos meus estudantes pelos seus relatórios e toda a gente entregou-me o relatório excepto um homem. “Eu não redigi o meu trabalho de casa”, disse ele. ”Mas tenho um relato maravilhoso para fazer. Esta semana fui bem-sucedido em usar exclusivamente a hipnose no parto de uma mulher, funcionou lindamente! Perfeitamente, tive cem por cento de sucesso com isso!” Penso que ele esperava uma ovação. Mas ao invés ele ouviu estas palavras: Doutor, eu lamento imenso o que você fez. Com o seu conhecimento actual inadequado, se você teve um sucesso perfeito, isso foi um completo acidente. Você nem sabe porque teve sucesso, e quando tentar de novo irá falhar, porque você não tem conhecimento suficiente, para, nesta altura cuidar de uma mulher durante o parto. Depois você vai tentar uma terceira vez e falha, e por essa altura já você tentou quatro vezes e falhou, então você decidirá depois que a hipnose não é confiável e você não se fará um bom aluno de todo. Por outro lado, se você for seguindo o curso, quando eu lhe disser que agora está suficientemente bem equipado para fazer um parto, então você estará habilitado em ajudar, até certa medida pelo menos, toda a mulher que entre na sala de parto.” A hipnose pode ser usada em todos os pacientes que chegarem ao seu consultório, se não for por outra razão, que seja para relaxar o paciente. Não existe quem não beneficie do relaxamento, e até que você tenha aprendido a ir mais longe no assunto, o seu paciente deve ser ensinado dos benefícios do relaxamento e do alívio da ansiedade. Quando você começar a praticar, esforce-se para obter o estado de relaxamento em pelo menos dez dos seus pacientes, usando a abordagem do relaxamento e a “técnica do aperto de mão”. Enquanto faz isso, procure e identifique os sinais de hipnose. A hipnose dá tem cinco sinais. Esses sinais são subtis ténues, diminutos…que se não souberem o que procurar, os sinais poderão estar lá todos, sem que você descubra ao menos um deles. Contudo quando você aprende a hipnose você pode apontar distinguir todos os cinco a primeira vista. Aqui estão os cinco sinais da hipnose, cada um dos quais você tem que observar cuidadosamente: 1─Aumento do calor corporal, 2─Tremor das pálpebras, 3─Aumento 27 Hipnoterapia
da lacrimação, 4─Os brancos dos olhos ficam rosados ou avermelhados, 5─Globos oculares revirados para cima dentro. Iremos a mais detalhes referentes a estes sinais, num capítulo mais adiante. Por ora, é simplesmente importante para você os ter em mente e memoriza-los assim será mais rápido reconhece-los quando eles ocorrerem. Um mau hábito pode mante-lo afastado de ser um perito e deixá-lo-á longe de ser um bom estudante. Comece a praticar a contenção metódica, eu avisei momentos atrás para não saltar passar a frente.
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Capítulo 4: Factos interessantes sobre hipnose Tendo em vista os inúmeros volumes que têm sido escritos acerca da história da hipnose, seria inútil para mim, tentar uma aula de história neste livro. No entanto alguns destaques apontamentos históricos que têm tido efeito no ensino e aprendizagem do que faz a hipnose, têm um lugar aqui. Algumas centenas de anos atrás, um médico Vienense chamado F. A. Mesmer, viu um mágico de rua a actuar com uma pedra-ímã magnetites ou magnetos. O mágico declarou que conseguia fazer com que um espectador cumprisse as suas ordens tocando-o com um desses magnetos. E ele realizou uma demonstração provando que de facto conseguia fazer isso. O segredo era o poder da sugestão, claro. Mesmer acreditou que os imãs realmente tinham um poder próprio, no entanto, e fora desta crença, ele desenvolveu a sua teoria do magnetismo. A boa saúde, segundo ele, dependia da direcção do fluxo magnético, o qual poderia facilmente ser revertido. De uma só vez três mil pacientes por dia imploravam para vê-lo, e por forma a acomoda-los a todos ele teve que mudar a sua técnica. A sua primeira técnica foi colocar uma banheira no meio de uma enorme sala, da qual sobressaiam um número do que se chamavam “varas-magnéticas”. As pessoas sentavam a volta da banheira, agarradas a essa varas-magnéticas e acreditavam de que o fluxo magnético seria corrigido, cumprindo assim uma cura. Era o poder da sugestão a trabalhar. Era impossível acomodar três mil pacientes por dia a volta dessas banheiras e então ele foi para o quintal, tocou numa árvore com a sua chamada vara-magnética e apregoou que a árvore estava a ser magnetizada. Agora, tudo o que as pessoas tinham de fazer era tocar na árvore magnetizada e elas seriam miraculosamente curadas de seus males. Era o poder da sugestão outra vez a trabalhar. Quando Benjamim Franklin estava em França, ele assistiu uma demonstração e proferiu este veredicto: “Se de alguma forma essas pessoas ficam bem, elas parecem ficar bem pelas suas próprias fantasias” ─Evidentemente, Franklin era entendido em alguma coisa de sintomas histéricos e psicologia de massas─. Depois disso, o mesmerismo sofreu uma decisiva queda de popularidade. Porém pacientes em óbvio estado hipnótico ─ou mesmérico─ já tinham sido observados, e muitos médicos, tinham estudado o mesmerismo em segredo. Um desses foi um médico Britânico chamado James Braid. Acidentalmente um paciente de Braid entrou no primeiro estágio fase de mesmerismo enquanto olhava fixamente para uma luz, enquanto esperava para iniciar um exame ocular. Por causa do desprezo em que o mesmerismo havia sido deixado ─a data foi 1840─, Braid cunhou um novo termo ─Hipnotismo─ derivado da palavra grega para sono. E ele publicou um artigo acerca de obter hipnotismo através da fixação. Esse artigo foi publicado em 165 diferentes línguas e dialectos. O incidente importante a seguir envolveu J.M.Charcot um recém-formado psiquiatra cujos ensinamentos influenciaram Freud. Após assistir a demonstrações hipnóticas realizadas por um muito pobre operador em três pacientes psicóticos, Charcot ─que usualmente era brilhante pensador─ chegou á conclusão que a hipnose 29 Hipnoterapia
era bem-sucedida apenas com pacientes psicóticos ou pré-psicóticos. Para provar a sua teoria, ele fez demonstrações para médicos usando psicóticos. Essas demonstrações tornaram-se tão populares que começaram a ser frequentadas por multidões de leigos…e pelo menos um artista hipnotista de palco acreditava que poderia ser feita a mesma coisa com gente sã e provou-o adaptando a técnica para uso próprio. O método de fixação de Braid e seus derivativos ─monotonia, ritmo, imitação e levitação─ continuam a ser usados. O Resultado era, grande sucesso para artistas hipnotistas de palco, e frequentes falhanços para os médicos. O artista tinha a oportunidade de praticar em milhares de pessoas, com a vantagem de que as luzes do palco o ajudavam a aplicar usar fixação. O médico tinha um paciente por vez, técnicas demoradas e a suspeita de que todo o negócio poderia vir a ser um absurdo. Esses incidentes históricos levaram á duas condições deploráveis do ensino da hipnose de hoje. Primeira: até os textos relativamente modernos, insistem que a única técnica confiável é a fixação. Segunda: têm insistido que a fixação requer algures entre três minutos á duas horas para indução, e que os artistas hipnotistas de palco que conseguem mais rápido que isso estão a fingir. Como você pode ver, nenhuma dessas crenças é verdadeira.
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Capítulo 5: Técnica do aperto-de-mão Comecemos com a técnica do aperto-de-mão. Quando eu era um principiante em hipnose, a minha técnica era caminhar até ao sujeito e dizer: “Eu vou abanar apertar sua mão três vezes. Na primeira vez, os seus olhos vão ficar cansados…deixeos cansar. Na segunda vez eles quererão fechar…deixe-os fechar. Na terceira vez, eles vão colar cerrar e você não irá ser capaz de os abrir…Queira que isso aconteça, e observe isso a acontecer…Agora, um…dois…agora feche os olhos…agora três…e eles estão colados cerrados e você sente que eles não irão funcionar, pouco interessa o quanto você tente. Quanto mais forte você tenta menos eles irão funcionar. Teste-os, e descubra que eles não funcionam de todo…isso mesmo. Ora, é isso o perfeito fechamento dos olhos” Eu costumava pensar que isso era hipnose. Mais tarde, apercebi-me que isso era simplesmente a fresta fenda de abertura para dentro da hipnose, e isso é uma descoberta importante, como irá ver. Assim que aprendi como cansar rapidamente os olhos de uma pessoa, a minha técnica melhorou até ao ponto onde eu estava a ter aproximadamente nove em dez sucessos, em vez de cinco em dez. Eu passaria a apertar a mão de uma pessoa e colocaria a minha outra mão em frente a testa, com o dedo mínimo da mão esquerda próximo de sua face. Então diria, “ Mantenha os seus olhos na minha mão a medida que a trago para baixo até ao seu queixo “ então eu trazia a minha mão ao longo do perfil da sua face até que ficasse abaixo do seu queixo.” Agora, feche os seus olhos e relaxe os músculos a volta dos seus olhos, relaxe-os até ao ponto onde eles deixarão de funcionar. Quando você tiver a certeza de que eles não funcionam, teste-os.” Por este simples engenho você terá um excelente fechamento dos olhos. Aquele de vocês que já estiveram em outros cursos de hipnose foi-vos dito que uma vez que tenham o fechamento dos olhos, vocês terão obtido a hipnose, e podem avançar a partir daí. O facto da questão é que só por causa de obter o fechamento dos olhos, você não tem necessariamente a hipnose. È por isso que muitos novatos aprendizes são malsucedidos. Eles não entendem que é preciso mais do que o fechamento dos olhos para se estabelecer a hipnose. A maioria dos manuais, e por que eles se baseiam na incorrecta assunção presunção acerca de tal fundamento, perdemse aqui. Se você tivesse que ler um cento de livros de hipnose, tentando encontrar uma definição para o assunto, você ficaria completamente confuso porque descobriria que cada autor ─incluindo doutores─ tem uma definição em desacordo com todos os outros. Essa é uma situação muito parecida com a de três homens cegos a quem foi pedido para descreverem um elefante. Tal como os homens cegos, cada autor descreve apenas aquilo em que tocou, e descreve-o de um ponto de vista diferente. Nenhum viu o “elefante hipnose” como na realidade é, ainda assim cada um deles tem a certeza de que está correcto. A maioria deles concordam que a hipnose é um estado 31 Hipnoterapia
de alta sugestibilidade, mas depois eles começaram a discordar indo em todas as direcções. A maioria deles começa com as palavras: ”Hipnose é uma condição na qual…” e uma vez que a hipnose não é uma “condição” o seus achados resultados estão limitados a ser imprecisos. Uma das primeiras coisas que eu descobri foi que a hipnose é um estado mental. Agora qual é a diferença entre uma condição e um estado mental? Em primeiro lugar você não está numa condição hipnótica enquanto você lê estas palavras. Se eu quisesse coloca-lo na chamada condição hipnótica, eu teria que mudar alterar a sua presente condição. Não são muitas as pessoas que desejam ter a sua condição alterada. Uma questão de semântica talvez, mas, uma importante, uma vez que o estado mental, ao contrário da sua condição, facilmente e frequentemente muda. O estado mental hipnótico pode ser obtido instantaneamente, para um estado mental é meramente um “modo” e eu mantenho que a hipnose é meramente um modo! A sua condição provavelmente não terá mudado hoje, mas quantos “modos” terá tido desde que você se levantou esta manhã? Eu gostaria de lhe dar uma definição axiomática que irá levantar-se para um cuidadoso exame clínico: “Hipnose é um estado mental no qual a faculdade crítica do ser humano é bypassada contornada, e o pensamento selectivo é estabelecido.” A faculdade crítica da sua mente é a aquela parte onde passa o “julgamento”! Que distingue os conceitos entre quente e frio, doce e salgado, grande e pequeno, escuro e claro. Se nós conseguirmos bypassar contornar esta faculdade crítica de tal maneira que você não distinga mais entre calor e frio, doce e salgado, nós podemos substituir o pensamento selectivo por tomada de decisão convencional. Praticamente todos os manuais declaram que se você deseja obter hipnose, primeiro deve obter o fechamento dos olhos, e esse fechamento dos olhos usualmente pode ser obtido pelos chamados métodos de fixação, monotonia, ritmo, imitação ou levitação. Vou mostrar uma maneira simples de bypassar contornar a sua faculdade crítica, e obter o fechamento dos olhos sem esses métodos. Feche os olhos e faça de conta que não os consegue abrir. Continue fazendo de conta, e enquanto você finge, tente abrir os seus olhos. Você vai descobrir que isso é impossível se você estiver fortemente concentrado no faz de conta. Ora, você sabe muito bem que é capaz de abrir os olhos, em qualquer altura você podia mudar de ideia e parar de fazer de conta. Todo o tempo, você estava a fazer de conta que não conseguia abrir os olhos, relativamente a essa acção em particular, o seu senso de julgamento foi completamente suspenso! Você teve o mesmo fechamento dos olhos que teria se tivesse usado as técnicas de fixação, monotonia, imitação ou levitação. Isso pode ser feito instantaneamente! Mas isso quer dizer que você foi hipnotizado? De facto não foi. Isso foi meramente a fenda fresta de entrada, e a hipnose não é obtida até o pensamento selectivo estar firmemente estabelecido. Pensamento selectivo é qualquer coisa que você acredita de todo o coração profundamente. Por exemplo, se você é levado a acreditar de que não sentirá dor e acreditar completamente, você não terá dor. Deixe a mais leve dúvida entrar e o 32 Hipnoterapia
pensamento selectivo desvanece, e a faculdade crítica já não será contornada. Você sentirá dor num nível normal. O pensamento selectivo desvanece não apenas quando a dúvida entra em cena mas também quando o medo o faz. Quando uma mulher dá a luz sob sugestão hipnótica como agente anestésico, ela não sente dor. No entanto médicos, enfermeiros ou qualquer assistente devem abster-se de fazer afirmações infelizes, por exemplo: “A dor deve ser muito forte agora” ela vai sentir a dor fortemente e perder o efeito da anestesia hipnótica! A introdução do medo causa uma reacção defensiva que trás a faculdade crítica de volta ao foco. Agora voltemos ao faz de conta do fechamento do olhos. Se eu dissesse, ”Feche os olhos e faça de conta que você não os consegue abrir,” e você seguisse as instruções, a sua faculdade crítica seria bypassada contornada, mas eu teria que ir mais longe para conseguir hipnose. Também teria que estabelecer firmemente o pensamento selectivo. Portanto eu diria: “E enquanto você continuar a fazer de conta que não consegue abrir os olhos, não sentirá nada. Nada o incomodará, não importa nem interessa o que o médico faça." Se eu disser isso de forma suficientemente convincente, e você acreditar completamente, eu tenho estabelecido o pensamento selectivo enquanto a sua faculdade crítica está inoperante, e o resultado é a anestesia completa geral! O entendimento deste simples processo permite-me frequentemente ficar perante uma grande audiência de médicos e fazer este desafio “ Quero que um dos doutores venha para esta cadeira, e quero que esse doutor seja o maior céptico desta sala. Eu não o vou hipnotizar. Vou deixa-lo hipnotizar-se, e ao faze-lo, vou provar para ele o valor da hipnose!” Isso normalmente traz a tona um céptico ─alguém que acredita que a hipnose não tem valor e não tem lugar na medicina ou na odontologia─. Ele senta na cadeira e depois eu pergunto, “Qual é o seu jogo favorito ou desporto favorito?” Ele responde e eu depois digo-lhe, ”Tudo o que eu quero que você faça é que feche os olhos e visualize-se activamente empenhado nesse desporto.” Vamos dizer para exemplo que o desporto é nadar. Então eu digo a ele, “Você consegue ver-se a nadar?” Quando ele diz “Sim” Eu digo-lhe que enquanto ele continuar a ver-se nadar, nada do que se fizer o irá incomodar.” Nesta altura eu apelo para um dos médicos da audiência, ─de preferência um dentista─ para que traga uma sonda dental esterilizada e faça um teste severo duro ao médico que pensa que a hipnose não tem valor na medicina ou na odontologia. O homem na cadeira apercebe-se para seu espanto, que esteve completamente anestesiado. A maioria daqueles que se submetem a este teste, levantam-se espantados e dizem: “Não foi feito nenhum teste real em mim. Eu não senti nada.” Todos os doutores médicos na sala sabem que ele foi submetido a um teste severo. Ambos os médicos participantes, são membros da comunidade e esta demonstração não pode ser manipulada de qualquer forma. Porquê que isso funciona? Porque quando o homem visualiza a si mesmo a nadar, ele não esta realmente a nadar, ele está meramente a bypassar contornar a 33 Hipnoterapia
sua faculdade crítica; e quando eu adiciono as palavras, ”Enquanto você continuar a nadar, você não vai sentir nada,” Eu estabeleço o pensamento selectivo. Os dois passos foram feitos tão habilmente que ele nem se apercebeu que estava submetido ao pensamento selectivo. A realização destes dois passos podem se feitos instantaneamente, e efectivamente é talvez a chave do porquê é que os meus estudantes têm mostrado avanços, rápida e consistentemente e têm sido extraordinariamente bem-sucedidos no uso da hipnose. Foi sempre minha afirmação intenção de que se a hipnose está a caminhar para ser um valor em vários ramos da medicina, tem que estar disponível ao médico de forma instantânea. A fixação, monotonia, ritmo, imitação e levitação têm provado serem falíveis desde o ano 1840. Nenhuma decisão por qualquer dos grupos dos homens da medicina as vai tornar de repente confiáveis. O médico quer a hipnose aqui e agora, e se não estiver disponível aqui e agora ele rapidamente vai descartar qualquer tentativa de a usar. É por isso que eu sublinho acentuo a importância da indução rápida. Quando os médicos descartarem as técnicas falíveis e aprenderem a hipnose num nível científico, ela irá alcançar o seu próprio estatuto medico. Será ensinada como curso obrigatório nas escolas de medicina por todo mundo. E será ensinada cuidadosamente e minuciosamente como qualquer outro item do curriculum. Muitos médicos perguntam porque é que me oponho tão veementemente aos “curso de três dias” de hipnose. Eu tenho estudado o assunto hipnose desde há muitos anos, e ainda hoje, eu consigo aprender coisas novas sobre isso. Há muitas mais pesquisas para serem feitas, e é fervorosa a minha esperança de que, o que eu tenho para falar irá estimular o prosseguimento de investigações. Se um homem que já estudou hipnose mais de meio século não está em posição de dizer que sabe tudo, como pode um homem que apenas estudou três dias pensar que sabe o suficiente sobre o assunto hipnose para usa-la como ferramenta médica á ser empregue no tratamento dos seus pacientes? Tendo já mencionado alguns factos e falacias acerca do aperto-de-mão, fechamento dos olhos, fixação, e o estudo da hipnose em geral; eu quero explicar uma técnica básica para o aprimoramento da indução rápida. Esta técnica é simplesmente a aplicação apropriada do aperto-de-mão, acoplada com o reconhecimento dos cincos sinais da hipnose. Ao mesmo tempo, vamos ponderar na importância ─e facilidade─ da auto-sugestão. Existem vários bons motivos do por quê que a técnica do aperto-demão é particularmente valiosa para o médico iniciante no estudo da hipnose científica. A primeira razão é que isso possibilita o operador de observar de perto a pessoa em quem ele está trabalhando. A observação é um das partes mais importantes dos estudos. Outra razão é que o aperto-de-mão é um gesto de amizade. Isso cria o rapport imediato o qual é essencial. Você já sabe que trazendo a mão esquerda descendo pelo perfil da face do paciente é uma técnica para cansar rapidamente os olhos, e por conseguinte você continua a usar a técnica de fixação. A mão direita contém o primeiro sinal da hipnose, e no aperto das mãos você encontra o primeiro deles, calor corporal. O aluno adiantado, e usualmente até o operador inexperiente 34 Hipnoterapia
conseguem dizer imediatamente do aperto de mãos, se o paciente está ou não receptivo á sugestão. Uma mão fria diz que a pessoa está fria para o assunto, uma quente, húmida mão diz que o paciente está passível de resistir. Uma mão morna dizlhe que você deverá ser bem-sucedido imediatamente. Um cirurgião ortopédico de nome Eugene H. Reading disse-me há muitos anos atrás de que ele foi capaz de descobrir algo ainda mais valioso no uso da técnica do aperto-de-mãos. Ele afirma que o seu estudo de hipnose, permitiu-lhe aprender que o pulso radial frequentemente torna-se imperceptível assim que o paciente entra em hipnose. É muito fácil testar o pulso pulsação radial quando se usa a técnica de apertode-mão. Este achado do Doutor Reading, é muito importante, e eu não acredito que você vá encontrar isso mencionado em algum dos manuais. Apesar do meu estudo intenso de hipnose e a leitura de inúmeros livros, não encontrei pistas de que alguém tivesse mencionado isso antes. Você tem liberdade de testar este sinal e aprender por si mesmo se as conclusões do Doutor Reading constituem ou não um valioso progresso na pesquisa ainda necessária no assunto da hipnose. Vamos agora discutir os outros sinais da hipnose, os quais podem ser observados quando você usa a técnica do aperto-de-mão. Na adição do calor temperatura corporal você deverá ver a tremura das pálpebras, e o aumento da lacrimação, o branco dos olhos a ficar vermelho, e em muitas pessoas os globos oculares revirando para cima na cabeça. O estudante astuto que falhar em ver pelo menos um destes sinais, não se aventurará mais profundo com o paciente nessa sessão. Existe outro grupo de sinais frequentemente mencionados nos manuais erroneamente. Eles somente ocorrem quando o medo é gerado no paciente pela percepção de que a hipnose está sendo usada, e apenas se o paciente tem medo da hipnose! Repare como esses sinais complementam a síndrome do medo. Eles são: pulso rápido, aumento dos batimentos cardíacos, e respiração acelerada. Estes sinais podem ser observados numa pessoa que tenha medo de qualquer coisa, e portanto não são sinais hipnóticos. Verdadeiros sinais hipnóticos não podem ser imitados, modelados ou fingidos! Por exemplo você não consegue imitar ou fingir temperatura corporal; ela tem que estar lá. Você não consegue imitar a tremura das pálpebras. Experimente você mesmo e repare como após um segundo ou dois as pálpebras não tremem mais. Em hipnose quase que constantemente ocorre a tremura das pálpebras enquanto se procede a indução. Existem muito poucas pessoas que conseguem lagrimar por vontade, ninguém consegue por vontade causar o avermelhar do branco dos olhos. Tente fazer os seus glóbulos oculares virarem para cima da cabeça. Vai descobrir que é difícil de o fazer, mas com hipnose em muitos casos os olhos viram para cima e para dentro da cabeça! Antes de discutirmos outras técnicas, eu penso que é importante para a pessoa que quer estudar hipnose adequadamente, saber do assunto da auto-sugestão. A maioria das autoridades concorda que toda a hipnose é auto-hipnose e a auto-hipnose é auto-sugestão, pois então quando eu te ensino a auto-sugestão eu estou na realidade a ensinar como hipnotizar a si próprio. Se você consegue obter esses efeitos 35 Hipnoterapia
com outras pessoas, certamente você deveria ser capaz de os obter para si mesmo. Por exemplo, se eu tiver que fazer um tratamento doloroso, dentário ou médico, eu não deixo que o médico use anestesia. Eu digo-lhe “Doutor, eu consigo anestesiar-me sozinho. Na realidade eu consigo melhor anestesia do que a que você me consegue dar.” E prossigo imediatamente dando-me a auto-sugestão e tenho anestesia completa geral. Eu tive seis cavidades gengivais preparadas e cheias sob auto-sugestão. Os dentistas terão de concordar que as cavidades gengivais são usualmente perturbadoras, e eu nem senti o trabalho a ser feito. Já tive um aumento quisto removido da minha face que o médico pensou que poderia ser maligno, e ele queria que fosse feita uma biopsia. Ele disse-me “Eu tenho que ir muito, muito fundo com isso, então é melhor você ser anestesiado.” Eu disse,” Não doutor, eu posso dar a mim próprio, melhor anestesia do que você possivelmente pode.” Depois que tudo acabou o médico disse, “Não sei como é possível que você não tenha sentido mais do que sentiu. Você não tem sensibilidade?” Eu também tive um abscesso rectal aberto, e aqueles de vocês que estão em medicina sabem que a área rectal é umas das áreas do corpo humano, mais difíceis de anestesiar. Depois o proctologista disse-me, Sr. Elman, como é que você faz isso? Eu nunca vi anestesia tão boa na minha vida.” E tudo o que eu fiz foi dar-me uma sugestão! Quando digo que eu quero que seja capaz de fazer a mesma coisa, não o estou entregar á uma ilusão ou exagero. Existem pessoas por todo mundo que conseguem usar a auto-sugestão tão bem como eu consigo, e muitos até são melhores. Tudo o que seja valioso certamente vale a pena praticar, e a única maneira de você ser capaz de aprender auto-hipnose é numa base permanente de prática. A anestesia não é a única coisa em que você pode usar a auto-sugestão. Muitos de vocês na medicina e odontologia trabalham terrivelmente no duro. Para atender aqueles últimos pacientes do fim do dia, quando tudo o que você deseja é não ter que ver mais pessoas, ai você desejará ter o mesmo vigor da manhã; dê a si mesmo uma sugestão e você ficará tão enérgico como estava de manhã; aqueles últimos pacientes serão tão fáceis de tratar como os primeiros. Mas depois do último paciente deixar o consultório ou depois de você sair do hospital com o trabalho terminado e a natureza disser que já não precisa mais da sugestão; a faculdade crítica assume e ai você sente a diferença. Então terá a percepção do quanto foi a foi valiosa a auto-sugestão! Uma outra maneira de você utilizar, é para se livrar de dores de cabeça ou outros tipos de dores ou estados dolorosos. Mulheres que tenham problemas com dismenorreia livram-se da dismenorreia! As sugestões assim o farão. Você será capaz de aliviar dores e estados dolorosos, mesmo dores e estados dolorosos orgânicos. Nunca deverá mascarar um sintoma, mas será capaz de o aliviar. Será capaz de livrarse de dores de dentes. Você saberá que a dor de dente está lá, mas não magoará tanto. Você ainda saberá que tem de ir ao dentista, mas a dor será diminuta! Saber que a anestesia está disponível e sob seu comando, dar-lhe-á um maravilhoso sentimento de realização. Para obter o estado mental no qual a auto-sugestão é possível, deverá fazer consigo exactamente o mesmo que você faria com um paciente. Primeiro você deve bypassar contornar a sua faculdade crítica e depois deve então 36 Hipnoterapia
estabelecer o pensamento selectivo. Claro que isto é uma forma bastante simples de explicar a auto-hipnose mas vai resistir a qualquer investigação científica. Como vai você bypassar contornar a sua faculdade crítica? A maneira que eu faço é fechar os meus olhos e fazer de conta que que não os consigo abrir. E depois testo para ter a certeza que tenho o completo fechamento dos olhos. Até que eu tenha obtido o fechamento dos olhos, eu não avanço mais. Uma vez que o fechamento dos olhos esteja firmemente estabelecido, eu então dou-me a sugestão o que abrange o pensamento selectivo. Isso pode ser uma sugestão para anestesia, para alívio da sensação de cansaço, para ser capaz de me concentrar no meu trabalho, para aliviar dores, estados dolorosos de qualquer tipo ou causa. Normalmente ajudo-me estabelecendo a auto-sugestão por meio de uma palavra gatilho. Escolhi a palavra “verde” porque verde, na minha mente é a cor de Deus. Isso conota com as mais prazerosas visões na mente da maioria das pessoas. Aqui estão as suas instruções: Diga a palavra verde e feche os olhos. Teste o fechamento dos olhos. Quando tiver a certeza de que tem o fechamento dos olhos, diga a palavra símbolo, “verde” outra vez, sabendo que no instante em que a disser, a sua sugestão terá efeito imediato e completo. Então teste para ter a certeza que a sugestão teve o efeito completo. Para aliviar os músculos dos olhos, diga a palavra verde outra vez, e seus olhos se abrirão. Levará cerca de quatro segundos para anestesiar a si próprio. Mas deve praticar. A auto-sugestão é uma possessão sem preço. Numa das minhas turmas mais recentes um médico contou-me esta história. Ele disse,” Eu sou uma vítima da poliomielite. Contraí a doença quando tinha cerca de catorze anos de idade. Trabalho em odontologia e tenho de ficar em pé todo o dia. O meu joelho tem o hábito de, de vez em quando ir para fora de posição. Ele não é muito forte. Cerca de duas vezes por ano, simplesmente ele fica fora de posição, e quando isso acontece, tenho de cancelar todas as consultas por dois ou três dias enquanto espero que a minha perna seja capaz de suportar o meu corpo outra vez. Na outra noite adormeci profundamente e acordei em sobressalto. Aparentemente tinha-me movido de tal maneira que joguei minha perna para fora de posição e a dor foi absolutamente insuportável. Falei para mim, se o que Dave Elman me ensinou sobre auto-sugestão, é correcto, eu deveria ser capaz de controlar este joelho com autosugestão.” Verde, verde, verde… E dou-lhe a minha palavra, que o joelho voltou direito para a posição. Não sei o que causou isso, mas acordei a minha esposa porque eu fiquei excitado com a percepção de que eu fora capaz de usar a auto-sugestão dessa forma. E Sr. Elman , eu não tive de cancelar as minhas consultas no dia seguinte, e tudo correu lindamente. A auto-sugestão é maravilhosa!” Gostaria de falar-lhe acerca da mais surpreendente demonstração de autosugestão que alguma vez vi. Eu tinha estado a ensinar em Washington D.C, e uma noite um médico trouxe a sua filha de três anos de idade para a aula. Parecia que a menininha tinha sido incomodada com exantemas que apareciam toda a vez que ficava emocionalmente perturbada. 37 Hipnoterapia
O pai muito orgulhosamente disse-me que tinha ensinado auto-sugestão para a sua filhinha por forma a controlar a comichão que ocorria, sempre que a exantema estava presente. Ele disse-me “Você gostaria de ver minha filha demonstrar seu conhecimento de auto-sugestão?” Eu não acreditava que fosse possível uma jovenzinha daquela idade tivesse inteligência suficiente para usar auto-sugestão correctamente. A minha descrença talvez se tenha mostrado na minha voz, pois ele disse para a menina, ”Mostre ao Sr. Elman como você joga brinca aquele jogo quando tem exantema e quer parar a comichão.” A pequena menina disse. ”Primeiro eu tenho que ter comichão e sentir como se quisesse coçar.” O pai dela disse,” Muito bem, faz de conta que você tem comichão e quer coçar. Então o que você faz?” Ela disse, “Bem agora faz de conta que tenho comichão e que quero coçar, então eu fecho os olhos assim.” Ela fechou os olhos e continuou, “ Mas eu devo ter a certeza que não consigo abri-los, por isso faço o jogo do faz de conta, então enquanto eu faço de conta que não os consigo abrir, eu tento abri-los deste jeito.” E fez um visível esforço para abrir os olhos dela, sem sucesso. Ela continuou, “Agora que sei que não consigo abrir meus olhos, então eu falo para mim, eu não vou ter comichão então nem vou querer coçar. Depois eu espero um bocadinho, eu abro os meus olhos e paro de brincar ao jogo, assim, ─e abriu os olhos dela─ e agora eu não tenho comichão e eu não quero coçar.” Quando a turma se reuniu eu contei aos médicos acerca desta pequena criança. Um deles disse, ” Sr. Elman, eu acho isso muito difícil de acreditar. Eu tenho estado a praticar a auto-sugestão toda a semana sem conseguir, e eu certamente quero domina-la.” Perguntei ao pai da criança se ele deixaria sua filha demonstrar perante o grupo de médicos, e ele concordou. Então ele disse para a filha dele, ” Docinho, toda esta gente aqui, são médicos como o papá, e eles querem aprender a jogar o jogo que você faz quando tem exantema. Seja uma linda menina e fique em pé aqui de frente para a sala e mostre-lhes como você faz, e enquanto estiver a fazer diga-lhes como faz.” Ela disse,” Está bem papá”, e repetiu a sua perfeita demonstração. Perguntei ao pai dela se ela sempre lembrava de fazer isso quando a comichão aparecia, e ele disseme que ocasionalmente ela esquecia e começava a coçar quando a comichão aparecia, e ele ou a mulher, logo a lembravam de jogar o jogo do faz de conta. Então imediatamente ela fazia a rotina da auto-sugestão e deixava de coçar e a comichão desaparecia. Decidi ver se eu conseguia descobrir a causa da comichão, então fiz uma hipnoanálise a esta pequena menina. Prontamente ela aceitou a hipnose. A história que ela revelou, mostrou o quanto esta menina amava o seu pai. Ela descreveu como é que há alguns anos antes quando o seu pai foi para longe, a sua mãe ficou a chorar. ─Eu soubera pelo pai que naquela altura era um médico do exército e saiu de casa para se apresentar ao serviço.─ E tudo o que ela entendeu, foi que quando o pai foi embora para longe a mãe ficou infeliz com isso, --mais infeliz do que alguma vez a criança tinha visto a mãe estar─. Isso afectou-a tanto que ela deu por si a chorar também, eventualmente chorou sozinha até adormecer. Quando ela acordou a exantema havia aparecido e ela tinha comichão por todo lado. A comichão era tão forte que ela teve de começar a coçar, e a irritação por ter coçado piorou a situação. A criança havia dito que a mãe chegou a colocar alguma coisa na área afectada, e havia alturas até que a 38 Hipnoterapia
comichão não era tão má, mas houve outras vezes em que pareceu que estava a ficar pior. Mais perguntas e veio ao de cima o facto de que, quando o pai vinha á casa de licença as comichões não apareciam, mas depois que ele saía tudo voltava. Isso aconteceu muitas vezes. Senti que eu tinha encontrado a causa, e agora eu tentava explicar para a criança o que havia trazido a comichão. Eu expliquei para ela de que cada vez que o pai ia embora, isso a fazia triste e chateada, e quando ela estava chateada os exantemas apareciam. Ela recusou aceitar esta explicação. Ela disse ”O meu papá nunca me fez chatear. Ele me ama e não faria isso para mim.” Não importava como eu tentava explicar, ela sempre revidava o facto e não acreditava que o papá possivelmente seria a causa de alguma exantema ou qualquer outra coisa que lhe causasse desconforto. O amor desta criança pelo seu pai era bonito de se ver, mas eu estava entristecido pelo facto de que de que eu fui incapaz de dar a criança uma “luz” que pudesse acabar com o seu desconforto permanentemente. Deixem-me repetir, esta demonstração de auto-sugestão, por uma criança de três anos foi a melhor demonstração de auto-sugestão que alguma vez vi; se uma criança de três anos consegue aprender auto-sugestão então isso não está além das capacidades de nenhum adulto.
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Capítulo 6: Instruções preliminares Abordagem ao paciente Se você já tentou a experiencia envolvendo o pretenso fechamento dos olhos consigo mesmo, deverá ter dado conta de um conflito na sua mente. Uma parte do seu cérebro parece estar a dizer,” Não consegue abrir os olhos.” A outra parece estar a dizer “Absurdo” A dúvida e o cepticismo são umas das reacções naturais humanas, e muitas vezes valiosas. O mesmo pode ser dito do medo. No entanto a dúvida e o medo, podem derrota-lo se não souber como evitar ou superar essas reacções. Muito depende da sua aproximação ao paciente. Primeiro, ao apresentar a hipnose ao paciente, não use a palavra hipnose. Dê ao paciente o benefício do estado sem sequer usar a palavra. Porquê associar a palavra ao medo gerado na mente de um desinformado? Aqueles que se opõe a isso, deverão perguntar a eles mesmo se dizem ao paciente tudo o que está escrito em todas as prescrições que fazem. Agora deixem-me mostrar uma boa aproximação, digamos que a um paciente dental. O dentista deverá dizer isto: ” Sabe, sempre que você vem ao consultório, tenho reparado o quanto tenso você fica, e quando você se sente tensamente, você sente mais desconforto porque essa é a natureza da tensão. Se eu poder-lhe ensinar como relaxar, as suas visitas a este consultório poderão tornar-se fáceis, e tenho a certeza que você sabe isso. Gostaria de apreciar uma visita ao dentista ao invés de estar sempre nervoso e tenso com tudo isso? Muito bem, vou mostrar-lhe como relaxar. “Respire calma e profundamente. Isso mesmo! Agora dê-me a sua mão. Agora olhe para a minha mão esquerda, descendo pelo perfil do seu rosto. Agora feche os olhos, relaxe esses músculos a volta dos olhos até ao ponto em que eles não funcionem, e quanto tiver a certeza que não funcionam, teste-os para confirmar que eles não funcionam. Isso mesmo. Continue assim e faça com que essa sensação de relaxamento que você tem nos músculos dos seus olhos desça directamente aos dedos dos pés. Eu vou levantar a sua mão e deixa-la cair, e se está realmente relaxado como deve ser, ela irá cair para baixo como um pano molhado. Olhe para esse relaxamento! Agora vou avançar com o seu tratamento dental, e nada do que eu faça neste consultório irá incomodar ou perturbar a partir deste momento. Você saberá que estou a trabalhar, mas se mantiver este estado de relaxamento, nem sentirá nada. Você nem se importará com o que faço. Você saberá apenas que estarei a trabalhar e será tudo!” E com isso o dentista poderá avançar com o seu trabalho. Ele gastará cerca de trinta segundos para executar toda a indução. Tente você mesmo! Alcançará resultados tão rápidos que será capaz de fazer cerca de duas ou três vezes mais trabalhos do que normalmente é capaz de fazer, porque o paciente não estará ansioso nem brigará consigo. Supondo que tem algum trabalho difícil de fazer, pode dar-lhe anestesia química se não tiver fé suficiente em si mesmo para fazer sem isso. Mas dêlhe algo como novocaína ou zylcaina seja lá o que for que usa após relaxa-lo, e irá 40 Hipnoterapia
descobrir que ele não vai recusar nada mesmo, descobrirá que tem um paciente muito mais tratável. Uma coisa maravilhosa para o dentista saber, é que ainda que o paciente abra os olhos ─e ele terá que os abrir para usar a escarradeira─ você pode dizer, “Agora, quero que abra os olhos, enxagúe a boca, cuspa todos os resíduos e quando voltar a deitar-se relaxará mais do que nunca.” Ao invés de perder o estado quando isso acontece, na verdade você pode intensifica-lo. A seguir um excerto de uma fita-cassete de uma lição da primeira turma. Imediatamente antes das palavras de abertura. Eu tinha contornado a faculdade crítica de um médico estudante, e tinha estabelecido o pensamento selectivo ─tinha-o hipnotizado─. Eu tinha-o levado a crer que estaria a testar a anestesia hipnótica que tinha produzido, tendo uma sonda dental na sua boca. Aqui está a conversa. Doutor: Fez alguma coisa na minha boca? Elman: Não, não fiz, mas mostrar-lhe-ei algo. Feche os olhos outra vez, feche-os tal como os tinha. Relaxe tal como estava. Vamos ter um dentista bem aqui… *falando ao dentista+ Você não fez este teste ainda, venha cá… *outra vez falando ao doutor+ Feche os olhos por favor… *para o dentista+ Avance e faça o teste e vai descobrir que ele não vai sentir nada. Ele saberá que você está a trabalhar lá, mas é tudo… O que você sentiu? Doutor: Oh, somente uma coisinha, nada ruim. Elman: Agora, cavalheiros, vocês viram o que ele fez? Ele deixou-a (a sonda dental) pendurada lá. Ele deixou-a pendurada na sua área gengival. Correcto? Foi onde você fez isso? Dentista: Com certeza Elman: E a área gengival é uma área bastante sensível da boca, doutor em circunstâncias normais você teria batido no tecto. Quero mostra-lhes que vocês são como qualquer outra pessoa. Todas as pessoas são passíveis de ser sugestionadas, se você acautelar isso quando for trabalhar com eles… Você está em dermatologia. Doutor pode começar (a trabalhar) como se entretanto houvesse um paciente no seu escritório, vindo para algum tratamento dermatológico doloroso e você quisesse fazer com que esse tratamento fosse fácil para ele. Doutor: Digamos que vou tirar uma verruga do seu lábio inferior. Elman: Muito bem. Doutor: Quer que eu continue? Elman: Sim, sim. Use a mesma abordagem que eu usei, e não se preocupe se eu o parar, porque você é o primeiro homem, e o primeiro homem sempre receberá o peso das críticas você sabe disso. Doutor: Você quer que eu retire isso do seu lábio? 2º Doutor: [fazendo de paciente]: Não! Doutor: Bem, você acha que isso magoa? 2º Doutor: Sim Doutor: Bem, eu penso que se você relaxar nós poderemos fazer isso sem o magoar. 41 Hipnoterapia
Elman: Agora doutor, eu vou fazer uma pequena sugestão aqui: Nunca use a palavra dor enquanto você está usando hipnose. Dor, magoar, faca, agulha, afiada, incisão, pontos, qualquer palavra que dê uma imagem de dor...Deixe-a de fora! Em outras palavras…” Penso que nós podemos fazer isso sem que você sinta nada.” Qualquer coisa como “Sem incomodar nem um pouco”. Mas não implante imagens de dor porque você torna-os muito sugestionáveis enquanto trabalha com hipnose, e as suas palavras pintam imagens. Por isso atente ao seu palavreado, logo desde o início. Doutor: Se você relaxar nós podemos fazer isso de maneira prazerosa. E isso é melhor. Agora apenas tente deixar-se ir. Enquanto eu trago a minha mão para baixo dos seus olhos, deixe os olhos fecharem, bem para baixo, agora feche-os. Isso mesmo. Mantenha-os fechados. Certifique-se que eles estão fechados, e veja que não os consegue abrir. Isso mesmo. Tenha a certeza que eles não abrem. Agora então, deixe essa sensação de relaxamento passe por todo o seu corpo. Deixe descer até as pontas dos dedos dos pés. Agora isso o faz sentir bem? Elman: Não, não, não vai fazer o teste ainda doutor. Dê uma sugestão antes de o fazer. “ Mantenha-se completamente relaxado, vamos fazer um pequeno teste aqui, você não vai sentir e nem sequer dará conta.” E ele não vai porque neste momento você sabe qual o limite dele. Veja, esse limite praticamente se desvaneceu, portanto você sabe que ele não vai sentir como normalmente seria. Agora qual o tipo de testes que você quer fazer? Doutor: Eu quero usar um par de alicates ou um par de pinças. Elman: Ora você viu que isso terá implantado uma imagem, entende o que eu quero dizer? Ainda que na palhaçada quando você está a fazer isso, não brinque, porque você sabe o que acontece quando implanta uma imagem na mente dele, ele vai sentir isso! Então o seu teste não será válido. Então, quando você pedir um instrumento, apenas diga,” Dê-me aquele acessório instrumento.” Ou qualquer coisa, você sabe o que quero dizer. Agora, pressione aperte a área em que você irá fazer o teste e repare que nem isso ele irá sentir. Doutor: Eu vou fazer um pequeno teste aqui. Mantenha-se relaxado Elman: Agora, quero ver isso e quero que você repare como é pouco aquilo que ele se apercebe. Veja. Você sabe isso doutor, normalmente isso faria uma pessoa reagir, mas agora em que grau ele sente isso? Doutor: Muito pouco. E ainda continua em indentação. Elman: Sim, uma muito boa; você deu muita pressão. [ao doutor fazendo de paciente] Você sabe, ele usou uma pinça allis em você, e fez isso muito bem pois foi até ao terceiro entalhe. Agora, [ao médico que aplicou a pinça] deixe-me dizer que a sua amabilidade foi boa, mas eu não faria perguntas, eu usaria afirmações de: “Sinta como é boa essa sensação!” Jamais diria: “ Isso não sabe bem?” Porque alguns pacientes sentir-se-ão compelidos a responder, e sairão do estado! Por isso deixe-o estar relaxado! Por sorte, ele colaborou com você e ele não sentiu como se tivesse saído do estado transe, ele permaneceu nele. Isso foi excelente para uma primeira vez! 42 Hipnoterapia
A razão para que você os deve trazer para fora do estado com sugestões de saúde, é que isso é um estado de auto-sugestibilidade, e ele pode sugerir a si mesmo de que estar no estado o fez concentrar-se como o diabo e por isso tem uma dor de ouvido, dor no dedo do pé ou dor de barriga ou algo assim, como resultado de uma auto-sugestão implantada. Você elimina todas as hipóteses de uma auto-sugestão negativa, por dizer:” Quando abrir os seus olhos vai sentir-se maravilhoso!”
43 Hipnoterapia
Capítulo 7: O método “Dois-dedos olhos-fechados” O método “dois-dedos olhos-fechados” é a técnica mais rápida que já foi inventada para a obtenção da hipnose. É uma técnica usada há cerca de setenta anos, desenvolvida pelo Doutor H. Bernheim e o Doutor Liebault. Eles usavam-na no seu formato de dez minutos, mas o método é igualmente efectivo quando feito para funcionar instantaneamente. Por se obter resultados tão rápidos pode pensar-se que a técnica apenas produz hipnose transe leve. Pelo contrário; tem sido reportado por centenas de médicos em medicina geral, psiquiatras e dentistas que têm feito trabalhos prolongados usando essa técnica. Foi concebido um método melhor para trabalhar com adultos, como poderão ver, mas não existe técnica melhor para crianças. Primeiro vou mostrar-vos como é que a técnica é aplicada em jovens. Neste excerto da gravação de uma aula, uma mulher está actuando como uma “criança paciente” para propósitos de demonstração e um dentista está praticando a indução. Dentista: Jean, eu acho que quando você está em casa, você brinca muito com suas bonecas. E você provavelmente brinca de “faz de conta” com elas muitas vezes, não é verdade? Bem nós também temos um pequeno jogo de “faz de conta”. E se você aprender este pequeno jogo de “faz de conta” nada do que se passar no consultório do dentista te vai perturbar ou incomodar. Se você aprender a jogar este pequeno jogo, nem vai sentir nada do que estamos a fazer. Você gostaria de aprender? Paciente: Sim Dentista: Muito bem, abra bem os seus olhos. Vou-lhe mostrar este pequeno jogo. Eu vou fechar os seus olhos com o meu dedo indicador e o dedo polegar, assim. ─Coloque o indicador e o polegar sobre as pálpebras e feche-as suavemente─. Agora “faz de conta “com toda a alma e coração que você não consegue abrir os olhos. É tudo o que você tem de fazer. Apenas faça de conta. Agora vou tirar a minha mão ─retira a mão─ e você vai fingir tão bem que quando tentar abrir os olhos, eles simplesmente não funcionam. Agora faze-los funcionar enquanto faz de conta. Tente forte. Eles simplesmente não funcionam, vê? Agora e porque você faz de conta desse jeito, nada do que fizermos neste consultório incomodará ou importunará nada mesmo. Na sua mente você pode estar em casa a brincar com as suas bonecas, e nem vai sentir nada do que eu tenho de fazer. Elman: E agora doutor [dirigindo-se ao segundo dentista], você está em odontologia. Venha aqui acima e faça um teste dentro da boca dela, e mostrará que isso não vai incomoda-la nada. Eu quero ver a anestesia profunda que se obtém com essa técnica. Não tenha medo de fazer um bom teste. Ela não sentirá nada. Fez um bom teste doutor? Doutor: Sim! Elman: Ela teve melhor anestesia, do que qualquer outra anestesia que alguma vez tenha sido dada num consultório dentista, porque ela está num estado tão perfeito 44 Hipnoterapia
de hipnose...Agora [dirigindo ao paciente] quando eu a fizer abrir os olhos, vai sentir a sua boca melhor do que sentiu todo o dia e toda a semana, e você sentir-se-á tão bem. Abra os olhos e veja o quanto se sente bem. Como se sente? Paciente: Bem! Elman: O que sentiu enquanto o doutor estava a trabalhar na sua boca? Paciente: Nada. Deixe-me perguntar algo, porque me lembro do que você disse? Elman: Porque você não está inconsciente na hipnose. Não é sono você sabe. Eu tenho que ter contacto consigo, de outra forma você não pode seguir instruções. * * * No exemplo acima, a hipnose foi obtida imediatamente. A paciente era uma mulher adulta, actuando como uma criança num consultório de dentista. Ela teve uma imaginação vívida o suficiente, por isso que ela foi capaz de ver a si mesma como uma criança. E pode ter-se aproximado ao nível de uma criança para propósito de demonstração. A abordagem “fazer de conta” ou vamos “jogar um jogo” funciona muito bem com crianças pequenas. Com os jovens ou adultos, é geralmente sábio usar um tipo de abordagem mais sofisticado para contornar a faculdade crítica. Isso pode ser visto noutro excerto de aula. Elman: [abordando a paciente] Sempre que você vem a este consultório, eu noto a tensão com que você fica, se eu pudesse ensina-la a relaxar você nem daria conta de nada do que temos de fazer. Supondo que eu ensino-a como relaxar. Você gostaria disso? Paciente: Sim. Elman: Respire calma e profundamente. Agora abra bem os olhos. Eu vou puxar gentilmente as suas pálpebras para baixo com o meu dedo indicador e o polegar. Agora eu quero que relaxe os músculos por baixo dos meus dedos. Agora vou retirar a minha mão dedos, relaxe os músculos dos seus olhos até ao ponto em que eles não funcionam. Então quando tiver a certeza de que eles não funcionam, teste-os e tenha a certeza que não funcionam. Teste-os forte com força. Isso mesmo. Agora deixe essa sensação de relaxamento descer direito até as pontas dos pés, e quando eu levantar e deixar cair a sua mão, essa mão estará tão relaxada que cairá rápido na sua perna. E deixe-a cair. Isso mesmo… Agora [dirigindo-se a turma], por forma a ela não sentir desconforto, é necessário que você dê a sugestão correcta. É aqui que você a coloca no seu pensamento selectivo… ─para a paciente outra vez─ Qualquer trabalho que eu faça a partir de agora na sua boca, ou em qualquer outra parte do seu corpo, você não se importará. Apenas fique assim relaxada. Assegure-se o tempo todo que os músculos dos seus olhos não funcionam, e você tem o relaxamento por todo corpo, e não sente nada… ─para a turma─ E agora cavalheiros, vou mostrar-vos o grau de anestesia que ela realmente teve como resultado da sugestão… ─para a paciente─ Eu vou acariciar o seu braço nesta zona aqui, vou trabalhar e você não sente nada. Você saberá que estou a trabalhar aqui, mas nada a incomoda, nada a perturba. Estou preparado para fazer o meu trabalho agora, e você tem anestesia completa, no seu braço 45 Hipnoterapia
direito… [para a turma] Vejam-me a fazer este teste… Isso foi uma pinça allis até ao terceiro entalhe… *para a paciente+ Agora quando eu disser… abra os olhos e repare como se sente tão bem. Abra os olhos. Como se sente? Paciente: Bem. Elman: O que é que você sentiu? Paciente: Bem eu senti que você fez alguma coisa. Mas não senti dor nenhuma. * * * Esta abordagem foi usada a Este de Chicago no St. Catharines Hospital para intervir numa fractura exposta num rapaz com doze anos de idade. O médico tinha a intenção de atenuar a fractura com ajuda de anestesia química. Contudo, o único anestesista de serviço estava a trabalhar noutro caso de emergência um piso acima. O médico não podia suportar ficar vendo o sofrimento deste rapaz, e usou o método descrito acima para produzir anestesia. E então prosseguiu, para atenuar a fractura exposta. A meio do trabalho, o anestesista desceu preparado para dar a anestesia química. Ficou maravilhado ao descobrir já não era necessário o seu serviço, e logo após tornou-se meu estudante. Esta abordagem é recomendada para vítimas em emergência, por isso é tão rápido que geralmente obtém hipnose em cinco segundos. Deve ser notado que você sugere relaxamento muscular somente com um adulto, não com uma criança. A criança bypassa contorna a sua faculdade crítica tão depressa, que normalmente quando usar esta técnica com crianças você apenas precisará dizer, “faz de conta que não consegues abrir os olhos”, e ela faz de conta finge e relaxa automaticamente. É exactamente como quando ela entra num sono profundo. Mas ela não está realmente a dormir. Esta técnica é muitas vezes utilizada para indução, para propósitos cirúrgicos. É, pois claro, importante obter hipnose profunda. Você pode aprofundar o estado de uma criança tendo-a a fazer de conta que está a cheirar lindas rosas ou você pode dizer, “Qual o teu jogo favorito quando estás em casa?” ou “ O que gostas de assistir na televisão?” realmente você pode ter uma criança a ver um show na televisão ou a jogar um jogo mentalmente, enquanto você faz um tratamento médico ou dental doloroso com ele. Supondo que você sugere para uma criança, que ela está fazendo uma viagem á lua numa nave espacial. Quando você está a acabar o trabalho com ela, e você quer trazer a criança de volta a terra, diga, “Muito bem, agora você pode voltar da viagem espacial. Volta para a terra agora. E quando o fizer eu quero que abra os olhos e me diga como se está a sentir bem. Abra os olhos. Como se sente?” ─Tenha a certeza que se apercebe da vermelhidão dos olhos, o aumento da lacrimação e do pestanejar das pálpebras.─ Por vezes os pacientes têm de abrir os olhos durante um exame, talvez para puxar as mangas para cima para algum tipo de injecção. Enquanto os seus olhos continuam fechados, e ele faz de conta finge que não os consegue abrir, ai você diz alguma coisa dessa ordem: “De agora em diante o que fizermos neste consultório, nada o incomoda, nada o perturba de todo. Em alguns segundos vou dizer para você abrir os olhos e ter o seu braço preparado para que eu possa trabalhar nele, e depois 46 Hipnoterapia
continue a jogar esse jogo novamente e verá que nem vai sentir nada do que eu tenho de fazer. Agora abra os olhos e prepare o braço.” Para demonstrar a utilidade desta técnica deixe-me reproduzir um excerto de uma carta que recebi recentemente de um anestesiologista na Florida. O nome do paciente foi ficcionado por forma a preservar a privacidade ética.” Re: Paciente Tommy Haines, seis anos. O paciente foi admitido no hospital durante a noite de 27 de Julho com o úmero esquerdo partido. Eu sentei ao lado da criança na sala de operações, nunca o tinha visto antes. Ele era um rapazinho muito assustado. No entanto não estava histérico nem frenético. Falei com ele e começamos a brincar de faz de conta. A criança respondeu prontamente aos jogos e foi logo ver seu programa favorito na televisão. Eu disse-lhe que enquanto estava a assistir televisão a mãe dele traria um vaso de lindas flores e ele iria poder cheira-las. Nessa altura comecei a soprar gás ciclopropano no rosto dele. Francamente, esta coisa cheira mal embora a criança tenha assentido com a cabeça que cheirava bem. Durante este período de indução, foram dadas sugestões de rápida recuperação e rápidas melhoras. A criança foi rapidamente ao sono hipnótico e foi concluída uma operação de duas horas. Tudo correu bem e a cirurgia foi completada muito tarde nessa noite. Eu vi a criança na manhã seguinte e ela estava a dar-se bem, estava completamente feliz, que o doutor decidiu deixa-la ir para casa. E isso foi um ou dois dias mais cedo do que o habitual. Tommy disse aos pais dele o quanto gostou de brincar comigo e fez a seguinte afirmação, ”Fiz uma brincadeira com o doutor Nickell e ele ganhou porque eu adormeci antes dele.” Alguns médicos têm a impressão que, seguindo esta técnica muito rápida do “dois-dedos olhos-fechados” descrita acima, que a hipnose é leve. Na maioria dos casos é na verdade profunda. Para eu demonstrar isso, frequentemente hipnotizo um médico com o método “dois-dedos olhos-fechados” e mostro a prova na turma da seguinte maneira: Elman: [ao médico hipnotizado]: Quando eu levantar sua mão e deixa-la cair, eu quero que o número de telefone do seu consultório desapareça da sua mente, e você descobrirá que ele sairá quando eu largar a mão. Agora quando você tenta pensar no seu número de telefone, ele simplesmente se desvanece para longe e cada vez mais longe e você não consegue encontra-lo de todo. Agora quando você tenta encontra-lo, ele simplesmente não está lá. Tente encontra-lo e você verá que é exactamente isso que acontece. Você não o encontra de todo. Sumiu completamente. Deixe-o ir completamente. Sumiu não é? Médico: sim Elman: Ora aqui têm o sonambulismo, a amnésia sugerida é o teste para isso. Então podem ver, não é hipnose leve como pensavam. É muito profundo… *para o paciente] Vou deixar cair a sua mão outra vez e o seu número de telefone voltará imediatamente e depois abrirá os olhos e vai sentir-se maravilhoso. Como se sente? Médico: Bem! Elman: Não é uma agradável sensação? Para onde foram os números? Médico: Não sei. Simplesmente sumiram, apenas isso! * * * 47 Hipnoterapia
Se você der as sugestões devidamente, você obtém anestesia em sonambulismo. Muitos médicos ficam ansiosos para começar a trabalhar antes de terem implantado o pensamento selectivo. Essa é a razão para muitas das suas falhas. Eles não se apercebem que sem a implantação do pensamento selectivo, eles não têm nada mais que relaxamento profundo para trabalhar, eles não têm hipnose! Torne isso uma regra para implantar o pensamento selectivo, e a sugestão de sentimento de bem-estar, para deixar no término da hipnose. E descrição acima da amnésia sugerida traz-nos a questão de certos testes para hipnose. Apesar de os médicos verem os cinco sinais de hipnose discutidos anteriormente, nem sempre estarão satisfeitos de que têm um paciente hipnotizado. Os novos estudantes as vezes pedem-me para provar o estado hipnótico fazendo o “braço rígido” ao sujeito, tal como eles têm visto ser feito em palco. Independentemente da desinformação dada nos cursos de hipnose de três dias, os hipnotistas de palco usam a técnica do “braço rígido” como dispositivo de aprofundamento, não como um teste. Deixem-me mostrar a maneira como isso é usado hoje na medicina. Elman: [para o paciente hipnotizado]Feche os olhos. E apenas finja que não os consegue abrir. Vou pegar no seu braço e quero que o estenda e o torne rijo enquanto eu conto até três. Faça-o tão rígido que não o consegue dobrar. Um, faça-o rígido, dois como aço, três agora não o consegue dobrar, não importa o quanto você tente. Quando você tenta menos funciona. Teste. Veja que não consegue dobrar de forma alguma. Agora você tem o braço rígido. Nesta altura, os médicos tendem a assumir que o paciente está pronto para a terapia. Ele não está preparado para terapia, ele apenas tem o braço rígido. Não significa que ele acatará outra sugestão. Você quer ter profundidade. Os hipnotistas de palco usam o “braço rígido” para isso. A técnica completa é usada assim, e isso parece dramático no palco. Elman: Agora quando eu relaxar o seu braço, você vai mais fundo…Agora você pode relaxar. Relaxe e você vai mais fundo. Consegue sentir esse afundamento? Consegue sentir-se indo mais fundo? Você pode responder. Consegue sentir? Paciente: Sim! * * * Essa é a maneira que os hipnotizadores de palco a usam para obter aprofundamento. Não é uma boa técnica para usar num consultório médico! Não é um bom teste! Não é preciso uma educação médica para saber a semântica do bom relacionamento com o paciente, e tendo braços rijos no escritório certamente não é maneira de lidar com um paciente! Se você quer ter profundidade e saber ao mesmo tempo se o paciente está hipnotizado, faça-o da maneira científica. Você já sabe que as pálpebras do paciente deverão tremular, que os brancos dos olhos deverão ficar avermelhados e que deverá aumentar a lacrimação. Demonstrando num paciente outra vez, agora eu digo isso: Elman: [para o paciente] Agora, quando eu lhe disser, quero que você abra os olhos e deixe-me olha-los por alguns segundos. Quando eu disser abra os olhos, 48 Hipnoterapia
mantenha-os abertos até eu dizer para os fechar e você irá mais fundo, e deixe-se levar mais fundo. Agora abra os olhos. Quando você segue este procedimento, você verá os sinais ─aumento da lacrimação, os brancos do olhos ficando cor-de-rosa. E você diz para o paciente: “Agora feche os olhos outra vez e veja o quão profundo você vai, e deixe-se ir mais fundo. Consegue sentir isso? Agora, abra e feche os olhos outra vez e irá dez vezes mais fundo. Isso mesmo, deixe-se levar. Sente isso?” Quando você faz isso, será óbvio que o paciente imediatamente tornar-se-á mais profundamente hipnotizado. Isso é um mecanismo para obter grande profundidade, e você pode usar vezes e vezes e vezes, obtendo mais enquanto o faz. Muitas vezes o médico tem de fazer o paciente ir de sala á sala para vários exames, talvez o queira colocar a fazer um raio-X numa sala, e pô-lo numa posição fora-decomum para o raio-X, e depois talvez queira ir para alguma outra sala para qualquer outra coisa. O médico quer que ele esteja relaxado na segunda sala, e na terceira sala e por ai adiante. É portanto indispensável saber, que o paciente pode abrir os seus olhos e, em vez de perder sair da hipnose, tornar-se-á mais profundamente hipnotizado. Lembre-se o tempo todo que você está a trabalhar com uma pessoa que ouve e entende tudo o que você está a dizer. Você está a conversar para uma pessoa que está perfeitamente consciente quando está em hipnose profunda. Portanto, não cometa o mesmo engano dos praticantes de antigamente e fale baixo para o seu paciente. Converse em frente a ele. Ele não está abaixo da sua dignidade. Ele é um ser humano com o quem você está em rapport. Portanto não viole o senso de dignidade dele sendo condescendente ou paternalista. Fale com ele tal como se ele não estivesse no estado de sugestibilidade, vai incrementar o rapport e ele estará muito mais disposto a anuir as suas sugestões. Tenho tido médicos nas minhas aulas a dizerem, “Você não consegue abrir os olhos, não consegue, não consegue.” A reacção usual do paciente é provar o quão rápido ele consegue abrir os olhos. Você não fala para um paciente assim, ainda mais quando usa palavras tais como magoa e dor! Mantenha-se longe de todas as palavras ou frases que passem uma imagem desagradável: corte, agulha, faca, corte, pontos, arrancar os pontos, afiado, etc! Normalmente o paciente sabe quando vai receber uma injecção, pontos ou uma incisão. Porquê lembra-lo da desagradabilidade pela qual tem de passar? É uma boa ideia manter o paciente a par do que você está prestes a fazer, mas você pode faze-lo com palavras tais como procedimento, tratamento, etc. Tenha em mente também que as doenças iatrogénicas são causadas por cirurgiões, anestesistas, assistentes e enfermeiras usando palavras erradas na sala de operações. Relembre que o paciente nunca perde o sentido de audição. Portanto nunca diga algo perturbador na sala de operações. Aqui está outro exemplo da importância das palavras: O que é que você preferiria ter, medicamento ou medicação? Medicação, eu tenho certeza! Então porquê que é que sempre se escrevem as prescrições receitas para medicamentos? Você ficará surpreendido com quão mais efectivas serão as suas prescrições receitas quando você diz para o paciente: “Eu vou escrever passar uma prescrição receita para alguma medicação. Quero que você a tome e a conclua e você vai sentir-se muito 49 Hipnoterapia
melhor em resultado disso!” A palavra medicação, modificada da simples palavra medicamento, vai fazer ao seu paciente uma vasta grande porção de bem! Se você duvida disso, experimente! Seja sempre razoável nas suas sugestões, tanto quanto o é nas suas palavras. Não diga nada que entoe á absurdo para o paciente. Não seja extravagante nas suas afirmações do que vai fazer. Estamos a afirmar aqui princípios elementares em dar a sugestão. Ao longo do meu ensinamento, neste texto bem como na sala de aula, é feita a referência ao método adequado de dar sugestões mais complicadas. E como você aprende mais sobre a semântica, você vai aprender com que frequência e o quanto você pode ajudar seus pacientes com suas palavras.
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Capítulo 8: Hipnose como adjuvante da anestesia química O homem mais erudito na história da hipnose médica foi o Doutor Henry Munro, que viveu e exerceu em Omaha, Nebraska no virar do século. Em 1900 praticamente não havia medicação pré-operatória. Havia muito pouco para aliviar o choque cirúrgico. Ainda hoje as pessoas comuns encaram a cirurgia com apreensão, mas em 1900, a situação era muito pior. Uma em cada quatrocentas pessoas morria na mesa da sala de operações em resultado da anestesia; não da cirurgia! Os medos dos pacientes eram muito maiores do que são hoje. Um homem que sabia alguma coisa sobre esses medos e tentou alivia-los. Doutor Munro tinha um bom método para aliviar os medos. Ele colocava os seus pacientes em estado hipnótico, discutia os medos com eles, e dizia-lhes, que quando eles entravam para dentro da sala de operações, sabendo que iriam recuperar-se, teriam um rápido restabelecimento e sentir-se-iam muito melhores. Ele foi o primeiro a dar conversa sugestão pré-operatória em hipnose. Um homem apareceu para uma cirurgia cheio de apreensão receio, a cirurgia tinha que ser feita, então doutor Munro hipnotizou-o, removeu os medos dele e disse: “Bem, você nunca esteve em melhores condições para a cirurgia do que agora, então vamos avançar!” O éter era então o agente anestésico mais comummente usado. Com cerca de dez por cento da quantidade usual de éter, Doutor Munro ficou deslumbrado por descobrir que tinha a anestesia cirúrgica perfeita, ele prosseguiu e realizou a cirurgia. Ele pensou que aquilo era apenas sorte e que provavelmente não voltaria a acontecer outra vez. Mas um mês depois, uma mulher apareceu para uma cirurgia. Ela estava muito nervosa. O doutor Munro hipnotizou-a e com apenas vinte e cinco por cento da dose usual de éter, outra vez ele foi conseguiu obter uma anestesia cirúrgica perfeita, banindo completamente a fase de excitação do éter! Uma das suas observações foi que, tais pacientes recuperaram facilmente e muito rapidamente; o recobro pósoperatório foi quase milagroso! Ele chegou à conclusão de que através da hipnose, talvez pudesse ser capaz de obter os mesmos excelentes resultados com qualquer paciente. Ele teve cerca de cem casos sucessivos em que foi capaz de fazer a cirurgia com apenas dez á vinte e cinco por cento da dose habitual de anestesia química. Ele tinha feito uma grande descoberta, mas os outros médicos ridicularizaram-no. Ele organizou um grupo para encontros e palestras, uma das quais levou-o á Rochester, Minnesota. Naquela noite antes da palestra, ele jantou com dois irmãos médicos que estavam a trabalhar no St.Mary´s Hospital. Os irmãos Mayo! Isso foi antes da época da clinica deles. O doutor Munro estava a falar sobre a sua descoberta aos irmãos Mayo. Os irmãos Mayo decidiram que valia a pena testar a descoberta dele. Se o paciente não alcançasse a anestesia necessária, tudo o que teriam de fazer era usar mais éter. Se funcionasse eles teriam uma valiosa ajuda médica. Quando voltaram ao St. Mary´s Hospital, os irmãos Mayo iniciaram o Caso Numero Um de Dezassete Mil 51 Hipnoterapia
procedimentos cirúrgicos abdominais profundos, sem uma única morte ou lesão directamente relacionadas ao anestésico. Os olhos do mundo focaram-se nos irmãos Mayo, e o sucesso era deles. Este foi o único lugar no mundo onde o paciente não tinha sequer a chance de morrer devido a anestesia. Qualquer um que precisasse cirurgia poderia estar confiante de sobreviver á operação. Alice Magaw, a anestesista dos irmãos Mayo , estava muito orgulhosa do seu trabalho. Ela escreveu um artigo para o Obstetrical Journal of May , em 1906. Esse jornal não era amplamente divulgado. Muitos médicos não o conseguiram em 1906, e a história manteve-se obscura. Eu sei a respeito disso porque o Doutor Munro ocasionalmente visitava o meu pai ─ele viveu em Fargo, Dakota do Norte, que não é longe de Rochester─ e ouvi os dois homens a discutirem isso. Mas estranhamente, os irmãos Mayo nunca disseram que usaram hipnose. Aqui está uma técnica similar á que o Doutor Munro mostrou aos irmãos Mayo; Você verá que é muito simples de usar. Você está na sala de operações. Diga ao paciente “ Nós vamos começar a anestesiar daqui a um minuto, e para tornar este procedimento mais fácil para si, quero que você faça tal como eu lhe digo. Abra bem os olhos. Eu vou puxa-los para baixo e fecho-os, assim. Agora faça de conta que não consegue abrir. Isso é tudo o que tem de fazer. Faça de conta que não consegue abrir os olhos. Nós vamos começar a anestesiar, e em pouco tempo você despertará no seu quarto lá em cima. A operação terá terminado e você estará a caminho da recuperação. Apenas continue a fazer de conta que não consegue abrir os olhos e nós avançaremos e começaremos a anestesia. Isso é tudo o que é necessário. Isso é um bypass contorno da faculdade critica e o implante do pensamento selectivo. Experimente, e ficará maravilhado como o que você será capaz de fazer com isto. A quarta edição do livro do Doutor Henry Munro ”Sugestive Terapeutics” contém uma documentação cuidadosa de todos os factos que tenho contado! Eu disponibilizei essa documentação para todos os meus estudantes, mas alguns médicos ainda estão hesitantes em usar a técnica de Mayo. Um médico que foi presidente da Anesthetists of New Jersey era um dos meus estudantes. Na terceira aula ele chegou cedo e disse-me o seguinte: “Essa semana toda eu tenho usado a técnica descrita e tenho trabalhado com somente vinte e cinco á trinta por cento da dose de pentotal que é habitualmente usada em cirurgia. Eu não entrego um paciente para o cirurgião se esse paciente não tiver a anestesia cirúrgica completa. Henry Munro estava absolutamente certo! Você consegue anestesia cirúrgica perfeita com vinte e cinco á trinta por cento do que é habitualmente usado…Isto é tão importante hoje como o foi em 1900! Hoje temos somente uma morte ocasional, mas também temos ocasionalmente algum tipo de lesão ligada á anestesia. Se eu posso ficar setenta e cinco por cento longe do ponto de saturação, eu nunca terei de me preocupar com nenhuma lesão da anestesia. Como anestesista eu posso dizer-lhe que isso é muito importante!” Assim que, mais e mais médicos estudantes começaram a usar esta técnica, que tem sido ignorada todos esses anos, os anestesistas levantavam-se na aula e contavam as suas experiencias com a técnica de 52 Hipnoterapia
Mayo. Cirurgiões e anestesistas contavam que nunca tinham variado esta técnica; que eles a usavam para todos os procedimentos cirúrgicos. Posso dar-vos a história de um caso, depois da história do caso de cirurgiões e anestesistas que têm usado esta técnica. Foi-me dito por alguns tantos médicos de OBGyn obstetrícia e genecologia que isso funciona lindamente mesmo quando se está a aprender hipnose, e se continua a usar anestesia química para levar uma paciente a fazer o parto completo sem sentir uma única coisa. Mas e o homem da odontologia ou o médico a dar anestesia local? Ele falou para si mesmo, “Isso aplica-se para a anestesia geral, mas não se aplica para á local.” Sim, aplica-se! Pegue numa ampola de xilocaina e em vez de dar a ampola completa ao paciente, diminua-a para noventa por cento. Você terá tão bom resultado como se tivesse dado cem por cento. Com o paciente seguinte diminua para oitenta por cento, depois setenta, sessenta, cinquenta, quarenta por cento e descobrirá que por causa do pensamento selectivo que você implantou, em breve atingirá um ponto onde você estará a trabalhar com uma gota ou menos de xilocaina ou novocaína ou que quer que seja que estiver a usar, e terá uma anestesia tão boa como com a ampola inteira. Sinto muito orgulho pelo facto de eu como leigo, trazer a atenção dos médicos para a grande descoberta do Doutor Munro. Os médicos há muito que têm ignorado as descobertas dele. Aqui está a documentação que pode ser encontrada na quarta edição do maravilhoso livro do doutor Henry Munro “Suggestive Therapeutics.” “Vamos agora olhar aos factos que ostentam as evidências do valor do emprego de sugestões como um adjuvante na administração anestésica e a segurança do método para o paciente. “Alice Magaw, Dr. W.J.Mayo anestesistas em Rochester, Minnesota, que têm, com a possibilidade de uma excepção, anestesiado mais pacientes do que qualquer outra pessoa no mundo, têm o inquebrável record de aproximadamente dezassete mil anestesias sem uma única morte directamente do anestésico. “Em nenhuma outra clinica cirúrgica no mundo tem sido constantemente testemunhada pelos cirurgiões durante os vários últimos anos e, nenhuma outra clinica apresenta um grande número de casos difíceis para serem operados ou daqueles que são mais impróprios a terem resultados favoráveis para a administração de anestésicos. “No St. Mary´s Hospital, nas personalidades de Alice Magaw e Miss Henderson, os anestesistas de W.J. e C.H Mayo em Rochester, Minnesota nós vemos os resultados a partir dos débitos dos trabalhos cirúrgicos efectuados com uma quantidade mínima de fármaco empregue para anestesia, e o livre e inteligente uso da sugestão como um adjuvante para a sua administração. “E não foi com menor grau de prazer que, durante uma visita á Rochester durante o mês de Novembro, de 1907, eu encontrei estas mulheres realmente a colocar em prática, uma fase particular da psicoterapia que eu tão fortemente havia incitado aos cirurgiões durante os oito anos anteriores. 53 Hipnoterapia
“Ambas, Alice Magaw e Miss Henderson, ficaram muitíssimo comprazidas dessa parte em particular da minha palestra para o Physicians` Club of Rochester em que exortei a importância da utilização da sugestão como adjuvante na administração de anestésicos, e citei o seu trabalho diário como uma ilustração da anestesia cirúrgica completa com o uso, mas pouco, de éter e o emprego da sugestão para satisfazer os requisitos individuais do paciente como um adjunto! Além disso, essas mulheres eram livres de falar que, o que elas sabiam da experiência quotidiana e o que eu tinha a proferir com referência ao uso da sugestão como um adjuvante na administração de anestésicos era verdade. “No Journal of Surgery, Gynecology and Obstetrics of December, 1906, Alice Magaw diz: “A sugestão é uma grande ajuda em produzir uma narcose confortável. O anestesista deve ser capaz de inspirar confiança no paciente e uma grande parte depende do tipo de abordagem…O secundário, ou o ego subconsciente é particularmente susceptível á influência da sugestão; portanto, durante a administração, o anestesista deve fazer essas sugestões, que serão as mais aprazíveis a este sujeito em particular. Os pacientes deverão ser preparados para cada estágio da anestesia com uma explicação do como é que é esperado que a anestesia o afecte…”Diga-lhe para dormir” com uma adição de éter tão pequena quanto possível.” “Pela aplicação de sugestão, cientificamente e sinceramente, é necessário pouquíssimo éter para produzir anestesia cirúrgica, e ainda menos clorofórmio para manter o paciente cirurgicamente anestesiado. Não estou a exagerar, no mínimo quando afirmo que é muito comum a circunstância de um anestesista que não compreende o uso da sugestão, usar de dez a vinte vezes mais, a quantidade de éter para anestesiar um paciente, do que é usada por Alice Magaw e Miss Henderson, que fazem uso de sugestão de todas as maneiras possíveis em uma dada operação. “Nem é a anestesia onde tais quantidades enormes de éter são empregues, um avo mais satisfatório do ponto de vista do cirurgião, do que é assegurado pelos Mayos. Ao contrário, não há período de excitação, nem agitação do paciente que imponha imobilização, e comparativamente poucos estertores respiratórios, nenhuma sensação de impulso, e não há administração hipodérmica no decurso da operação, e mais ainda, um inquebrável record de aproximadamente dezassete mil casos sem uma única morte pelo anestésico. “Mas o significado do emprego da sugestão como adjuvante para a administração de anestésicos vai muito além do perigo directo e imediato para o paciente durante o curso da operação. O cirurgião cujo os pacientes não têm reservas de energias, tão enfraquecidos e exaustos, com o cérebro e centros nervosos que presidem todos os processos fisiológicos do paciente tão seriamente e permanentemente lesionados, como é o caso com os Mayos, por conta do emprego da sugestão para obviar a necessidade de tais quantidades enormes de anestésico, simplesmente têm mais poder de recuperação deixado nas células do organismo, em qual a esperança de um resultado favorável de uma grande operação se baseia, e operações cirúrgicas em pacientes com o mínimo de quantidade de veneno dos 54 Hipnoterapia
anestésicos para combater, são inquestionavelmente atendidos com melhores resultados, do que onde grandes quantidades de estupefaciente são usadas. “Inerente e dentro do mecanismo protoplásmico do organismo humano está um reservatório de energia disponível inexplorado, a qual ou é utilizada pelo emprego judicioso de sugestão para o bem-estar do paciente, ou é esgotada, desvirtuada, ou desperdiçada pelo uso indiscreto de anestésico!” Você descobrirá que esta técnica funciona com todo o tipo de anestesia química. Numa aula em Forest Hills, Long Island, um dos médicos leu uma carta aberta para mim, do Doutor Fein chefe no Queens County General Hospital. A carta convidavame a falar num encontro especial do staff. O médico que leu a carta explicou as razões para o convite: “Diplomei-me em anestesia, e especializei-me particularmente em óxido nitroso. Quando você nos falou acerca dessa técnica, eu fiquei a imaginar o quão bem poderia trabalhar com óxido nitroso. Deixe-me dizer-lhe porque é que isso, é importante! Você mostrou-nos uma técnica onde podíamos diminuir a dose de óxido nitroso, eu experimentei com os primeiros cinquenta casos, e nunca tive que ir acima dos trinta e cinco por cento do óxido nitroso e sessenta e cinco por cento do oxigénio, e consigo iniciar com os meus pacientes desse ponto e diminuir a partir daí. Quando eu levei as estatísticas dos cinquenta casos ao Doutor Fein , ele disse; “Este é o melhor conjunto de estatísticas sobre o óxido nitroso que alguma vez vi.” Eu disse-lhe onde é que eu aprendi a técnica, e ele quer que você fale ao staff.” Eu conversei com o pessoal, e depois dei o mesmo discurso antes do Queens County Medical Society .
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Capítulo 9: Incontáveis Métodos de Indução As maneiras de induzir hipnose são quase incontáveis. E enquanto alguns métodos levam mais tempo que outros, todos eles podem ser usados para produzir o profundo estado conhecido como sonambulismo. Um estudante de Mesmer, um Marquês de Puseygur, descobriu o estado de sonambulismo acidentalmente. Tal como Mesmer, ele usou a árvore supostamente magnética. Um dia ele descobriu um jovem rapaz que se havia atado a essa árvore. O Marquês assistiu como o rapaz lentamente fechou os olhos e aparentemente adormeceu. O Marquês, extremamente assustado ordenou ao rapaz para desatar os nós, e para sua grande surpresa, o miúdo, sem abrir os olhos fez como ele rogou. Continuando a sua experiencia, o Marquês ordenou ao rapaz para andar para frente e o rapaz andou. Ele ordenou ao rapaz que parasse e ele parou. Após mais algumas ordens desse género as quais o rapaz seguiu ─até a ordem para abrir os seus olhos e despertar─. Puseygur proclamou a sua descoberta para ser sonambulismo, porque ele viu esse rapaz andar e executar ordens enquanto aparentemente adormecido. Isso foi o que originou o uso da palavra sonambulismo com ligação á hipnose. O termo tem sido utilizado desde que para denotar um estado hipnótico específico. É interessante notar que na verdade o rapaz entrou em sonambulismo por si mesmo, sem instrução de ninguém, provando o quanto é realmente fácil o procedimento hipnótico. Os métodos para alcançar o estado de trance são limitados apenas pela sua imaginação. Não existe maneira na qual você não consiga hipnotizar um paciente. Os praticantes dos velhos tempos usaram o método da fixação. Ou seja, eles tinham o sujeito a olhar fixamente pelo menos para uma luz ou um objecto brilhante e procuravam cansar os músculos a volta dos olhos, e assim alcançando o fechamento dos olhos. Uma vez que o fechamento dos olhos é o primeiro objectivo que deve alcançar, tudo o que precisa é um dispositivo que cause isso. Qualquer dispositivo causará isso, desde que você saiba da arte da sugestão, e desde que a pessoa espere ser hipnotizada. Substitua a palavra ”relaxado” for “hipnotizado” e todo paciente que precise dos valores terapêuticos da hipnose pode ser relaxado instantaneamente. Isso aplica-se até aos pacientes que nunca tenham sido condicionados previamente Os dispositivos empregues para alcançar o transe hipnótico são usados como catalisadores. Portanto nós chamamos a isso, métodos catalisadores de alcançar o transe. Aqui está um excerto de uma sessão de ensino a qual o habilitará a entender o que eu quero dizer: Elman: Eu quero alguém que nunca tenha estado aqui antes. Muito bem, sente-se aqui mesmo. Você não tem que se mover da sua cadeira… Eu vou tirar dar três bafos neste cigarro. Com o primeiro bafo os seus olhos começarão a ficar cansados… ao segundo bafo vai querer fechar os seus olhos… mas espere até ao terceiro bafo…nessa altura feche-os…Eles vão fechar e você nem será capaz de os abrir… Queira que aconteça… espere e deseje que aconteça… e veja 56 Hipnoterapia
acontecer…Aqui vai o primeiro bafo…repare o quão cansado os seus olhos estão a ficar e deixe-os ficar cansados. Agora eles estão tão cansados que você quererá fecha-los, mas não os deixe fechar ainda. Agora, quando eu der o terceiro bafo eles vão fechar e trancar, deixe-os…Agora feche-os…Vai descobrir que estão trancados…Quanto mais forte os testa menos eles funcionam. Teste-os e descubra que nem os consegue fazer funcionar. Eles não funcionam de todo… Isso mesmo…Agora quando eu estalar os meus dedos, você será capaz de os abrir muito prontamente…Isso mesmo, pode abri-los… Aqui está o fechamento dos olhos por baforada no cigarro! Vamos tentar de outra forma…Alguém que nunca este aqui…Muito bem, queira que aconteça, deseje que aconteça e veja acontecer! Eu vou tomar um gole de água…apenas um gole…e quando o fizer, os seus olhos irão fechar, eles ficarão trancados e você nao será capaz de abri-los…Queira que isso aconteça, e veja isso acontecer…Feche os seus olhos e irá descobrir agora que eles estão trancados…Eles não funcionam de todo…Teste-os e verá que não trabalham…Quando mais forte tenta, menos eles trabalham…Quando eu estalar os meus dedos eles irão abrir prontamente…Agora pode abri-los! Agora você descobre o fechamento-dos-olhos alcançado por tomar um gole de um copo de água. Estou a mostrar-vos isso em pessoas ainda não condicionadas. Se eles querem o fechamento dos olhos eles, conseguem ter. Vamos ter outra pessoa que nunca tenha estado aqui antes…Eu vou tocar na minha cabeça…Isso é tudo o que vou fazer… E quando eu tocar na minha cabeça os seus olhos vão fechar, e trancar e você nem será capaz de os abrir…Queira que isso aconteça e veja isso acontecer…Agora feche os olhos…Perceba que eles já estão trancados e quando você os testar eles não vão funcionar de todo…Teste-os e verá que não vão…Aqui nós temos um fechamento dos olhos perfeito outra vez…Muito bem, pode abrir os seu olhos agora! Deve ser perfeitamente evidente para você que, se eu posso fazer isso com um cigarro, com um copo de água, com um toque na cabeça, eu consigo também fazer a assobiar uma moda, a cantar uma canção, a fazer uma pose, a virar as costas, a sair da sala. Ou de qualquer outra maneira. Porquê? O que acontece? Ele queria o fechamento-dos-olhos por isso seguiu as instruções. Qualquer um pode fazer a mesmíssima coisa! Alguém irá sempre dizer,” Se você consegue hipnotizar por qualquer meio dentro da sua imaginação, hipnotiza por não fazer nada porque nada é algo que neste caso, torna-se num método pelo qual se hipnotiza. Consegue fazer isso?” Claro que consegue! Mas você tem de saber a teoria por trás disso. Eu devo fazer chegar á pessoa o facto ideia de que, quero que ocorra o fechamento-dos-olhos…Eu vou provar isso como toda a gente na sala…Não vou fazer nada e vocês todos vão ter o fechamento-dos-olhos…Experimentem…Vocês aperceberam-se do numero dos que tiveram o fechamento-dos-olhos? Eu vejo muitos de vocês a testar, então sei que tiveram. Os únicos que não conseguiram são aqueles que nem tentaram. Não é necessário bater na sua cabeça…limpar a sua testa…acender um cigarro. Não é necessário fazer nenhuma destas coisas. Você não tem que trazer a mão para baixo em frente aos olhos da pessoa. Você não tem que usar o método doisdedos-olhos-fechados. Você pode não fazer nada, mas transmitindo a ideia do 57 Hipnoterapia
fechamento dos olhos, continuará a ter um bom fechamento dos olhos como possivelmente tem! Agora estamos armados de informação como nunca estivemos antes, e armados com a informação que você consegue o fechamento dos olhos meramente por transmitir a ideia, nós deveremos de ser capazes de conseguir um estado de hipnose melhor do que qualquer um em que tenhamos trabalhado até este ponto, e nós podemos! Deixem-me mostrar-vos como é que se chegou a esta técnica. Eu usei-a para permitir que os meus estudantes tivessem um minuto para obter o estado mais leve, e dois minutos adicionais para ter o estado profundo. Isso acabou! Agora os meus estudantes têm que obter o estado profundo de hipnose em um minuto…Esta noite vamos praticar a rotina de três minutos, mas assim que estiverem mais aptos com a hipnose, eu quero que sejam capazes de encurtar para um minuto a partir do tempo que começarem a trabalhar com o vosso paciente… Vocês irão trabalhar com hipnose profunda, não o estado de relaxamento, não o estado préhipnótico, com hipnose profunda!…E quero-vos a trabalhar para esse fim e a praticar para esse fim. Somente fazendo hipnose nos seus estados mais profundos possíveis em questão de minutos, nós iremos ser bem-sucedidos em fazer da hipnose uma parte importante da medicina…Então esta noite enquanto vocês praticam a rotina de três minutos, eu vou mostrar-vos como avançamos para a obter em um minuto, e quero que cada médico na aula seja capaz de fazer em um minuto! Vamos ter aqui, alguém que não tenha estado antes e seguiremos a partir daí. ─para o paciente─: Pode respirar calma e profundamente e feche os seus olhos. Agora relaxe os músculos a volta dos seus olhos até ao ponto em que esses músculos não funcionem, e quando tiver a certeza que eles não funcionam, teste-os e tenha a certeza que não funcionam…Não, você está a comprovar que eles funcionam…Relaxe-os ao até ao ponto em que não funcionam e quando tiver a certeza que não funcionam teste-os…Teste-os forte. Alcance um relaxamento completo nesses músculos a volta dos olhos…Agora deixe que essa sensação de relaxamento desça directo até as pontas dos dedos dos pés…daqui a momentos faremos isso outra vez, e quando fizermos na segunda vez você será capaz de relaxar dez vezes mais do que está relaxado agora…Agora abra os seus olhos. Feche os seus olhos…Completamente relaxado, permita-se a ser coberto com um manto de relaxamento…Agora vamos fazer a terceira vez e, será capaz de dobrar o relaxamento que você tem…Abra os seus olhos…Agora relaxe…Eu vou levantar a sua mão e larga-la, e se você tem seguido as minhas ordens até este ponto, essa mão estará mole como um pano de loiça molhado, e cairá na sua perna…Agora deixe-me levantar…Não a levante deixe-a pesada…Isso mesmo…Mas vamos abrir e fechar os olhos outro vez e dobre esse relaxamento e mande-o directo para os dedos dos seus pés…deixe a mão pesada como chumbo …Você sente quando está realmente relaxado…Agora sim você está… Você consegue sentir isso, não consegue? Paciente: Sim. Elman: Isso é um relaxamento físico completo, mas eu quero mostrar-lhe como você pode conseguir um relaxamento mental, tão bem como o físico, por isso eu vou pedir-lhe para iniciar uma contagem…Quando eu lhe disser…De cem para trás. De cada 58 Hipnoterapia
vez que você disser um número, dobra o seu relaxamento, e quando estiver próximo dos noventa e oito você estará tão relaxado que não haverá mais números…Comece com a ideia de fazer isso acontecer e veja isso acontecer…Conte em voz alta, por favor. Paciente: Cem Elman: Dobre o relaxamento e veja os números começarem a desaparecer. Paciente: Noventa e nove. Elman: Veja os números começarem a desaparecer. Paciente: Noventa e oito Elman: Agora eles somem…Faça acontecer. Você tem que fazer isso, eu não posso. Faça-os desaparecer, dissipar, desvaneça-os. Todos eles sumiram? Paciente: Sim Elman: Este é o estado de sonambulismo, atestado pelo facto de que ele foi capaz de dissipar aqueles números…Vou deixar o paciente dizer-vos como é que ele se sente… Permaneça relaxado como está, e diga a estes exactamente, qual é o sentimento de estar dentro do estado…Como se sente? Paciente: Morno Elman: o primeiro sinal de hipnose, calor…Que mais? É um sentimento agradável? Paciente: Não é desagradável, destaca-se. Elman:Em outras palavras, neste estado o paciente sente que tudo está bem com o mundo, e qualquer coisa dentro da razão parece possível, e portanto o paciente aceita a as suas sugestões quase sem criticismo. Se é uma sugestão agradável e para o bem do paciente, ele irá aceitar inquestionavelmente a sua sugestão. Se ele tiver dúvidas sobre ser boa para ele mesmo, ele irá rejeitar… Você pensa que nesta altura, alguém pode persuadi-lo a fazer alguma coisa contra o seu código moral ou de ética? Paciente: Não. Elman: Não faz sentido de que se vocês hipnotizam uma pessoa, vocês podem coloca-lo a fazer qualquer coisa que ele normalmente não faria! A pessoa em hipnose ─e o paciente verificará o que eu estou a dizer─ tem uma maior consciência do que a pessoa não hipnotizada. Paciente: Está certo! Elman: Agora eu quero que vocês vejam que quando dão uma sugestão que seja razoável e prazerosa, a sugestão é aceite instantaneamente. Para propósitos médicos eu agora vou entorpecer a mão dele. Reparem a quão depressa a mão fica entorpecida, enquanto ele permanece no estado…Eu vou apertar a sua mão e quero que você se aperceba o quão rápido ela se torna entorpecida. Agora esta área estará completamente entorpecida e você não terá sensação nenhuma, de nada…Como está a mão? Paciente: Sinto-a entorpecida. Elman: Vocês vejam o quão rápido o pensamento selectivo ocorre uma vez que se atinja o estado. Se fosse necessário obter mais entorpecimento na mão dele, existem maneiras de torna-la tão entorpecida que você pode obter uma anestesia equivalente a qualquer anestesia química que possivelmente poderia usar…Agora 59 Hipnoterapia
estamos todos a meio, e quando o fizer abrir os olhos a anestesia irá sumir. Note como estão bem as suas mãos e repare como se sente tão bem…Muito bem, abra os seus olhos…Como se sente? Paciente: Bem Elman: Reparem nos sinais. Ele esteve num estado de hipnose mais profundo do que qualquer um em que tenham trabalhado até agora. Qualquer um de vocês, que tem praticado e feito da maneira que é suposto ser, tropeçou ocasionalmente neste estado, sem se aperceber porque quanto mais o paciente está no estado, mais profundo ele vai. Alguns de vocês já têm tido sonambulismo bem nos vossos próprios escritórios, Mas agora a ideia é ter a vontade. * * * Vocês devem ter sonambulismo sempre que o tentarem a menos que haja rejeição uma-e-outra-vez pelo paciente. Em cada caso, a faculdade crítica é contornada, e o pensamento selectivo estabelecido depois o sonambulismo é alcançado…Seguindo o mesmo procedimento, no entanto, as vezes vocês têm uma resposta que é bastante diferente. Como no caso de outro paciente com o qual estou agora a trabalhar. Paciente: Eu consigo continuar a pensar no número seguinte. Elman: Se você consegue, faça esse número desaparecer. Paciente: Cada vez que eu tento dizer um número, eu alcanço o seguinte ao mesmo tempo. Elman: Tudo bem. Qual é o seu primeiro nome? Paciente: Ken. Elman: Kent ou Ken? Paciente: K-E-N Elman: K-E-N. Eu escrevi isso no seu dedo tal e qual como numa ardósia , e com os olhos da sua mente você consegue ver tão claro como se fosse numa ardósia. Não é verdade? Paciente: Sim Elman: Agora eu vou fazer algo, que eu penso que você gostará. Vou apagar do seu dedo, da ardósia e da sua mente, tudo ao mesmo tempo.Eu esfreguei-o para fora do seu dedo e sumiu completamente…Agora tente dizer-me o que eu tirei da sua mão. Paciente: Não encontro. Sumiu. Não consigo lembrar. Elman: Isto é o teste para a resistência…Ele passou o teste lindamente. Eu sabia que não havia resistência. Ele estava a encontrar dificuldade em fazer os números desparecerem porque o número seguinte vinha logo, mas feito desta maneira ele conseguiu fazer o nome desparecer do seu dedo tão facilmente. Agora, ─para o paciente─ pode descrever a sensação de dentro do estado? Paciente: Meu nome. Elman: Você o trouxe de volta? Paciente: Eu nunca o deixei. Elman: Então porque não me diz o que tirei da sua mão? 60 Hipnoterapia
Paciente: Demasiado cansado. Elman: Isto é o estado artificial do sonambulismo porque ele tem o que é conhecido como afasia ─falta de vontade, inabilidade─ um desejo de não falar. Ele disse, “muito cansado”. O que indica afasia. Quando vocês obtêm afasia, vocês têm um estado de hipnose que não é nem de perto tão efectivo como o verdadeiro sonambulismo. E se vocês querem fazer com ele, procedimentos operativos difíceis, neste ponto não serão capazes de o fazer! Eu chamo a isso estado artificial de sonambulismo. Ele tem que fazer aqueles números ou aquele nome desaparecerem antes de termos o verdadeiro estado, porque afasia é uma coisa, amnésia é outra! E eu quero ter a certeza de que a amnésia está lá! Então [para o paciente] faça esses números desaparecerem completamente!...Expulse-os…Eles sumiram? Paciente: Não. Elman: Faça-os desaparecer. Eu vou levantar a sua mão e larga-la, e quando eu o fizer, o resto desses números cairão. Queira que eles sumam e veja-os ir embora…Foram? Paciente: Sim. Elman: Agora eles sumiram…Porque é que verifico cuidadosamente? Porque eu espero que os estudantes verifiquem cuidadosamente! Eu teria tido fracasso com quase tudo o que tentasse com ele, enquanto ele se agarrasse a esses números e tinha pouca vontade ou incapacidade de falar. No instante em que ele fez os números desaparecerem, ele conseguiu sentir a diferença…Eu considero o verdadeiro estado de sonambulismo como um estado muito desejável. Eu não poderia fazer um procedimento doloroso num paciente que não alcance o verdadeiro sonambulismo porque tudo o que poderíamos obter seria analgesia! Isso é um facto científico, positivo de que quando se obtém sonambulismo artificial não se obtém anestesia com ele. Quando se é principiante no trabalho com hipnose encontra-se sonambulismo artificial quase frequentemente. Vocês devem aprender como se livrarem disso. Vocês têm que causar sonambulismo artificial para o tornar em sonambulismo verdadeiro antes de obterem os resultados que vocês querem! Mesmo após terem aptidão com técnicas hipnóticas, ocasionalmente vocês encontrarão sonambulismo artificial. Aprendam a reconhecer o que é e não tentem fazer trabalhos difíceis com isso. O levantar e largar da mão é uma boa técnica para mudar do artificial para o verdadeiro sonambulismo.
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Capítulo 10: Hipnose em vigília e sugestões em vigília Antes de discutirmos mais sobre as técnicas de aprofundamento em hipnose, eu penso que é necessário que você conheça uma fase da hipnose que raramente é mencionada nos manuais, ou então é descrita inadequadamente. Para fazer isso devidamente, iniciaremos com uma história acerca do meu filho mais velho. Quando Jackie tinha cinco anos de idade ele desenvolveu o hábito de se levantar cerca de duas horas após adormecer. Normalmente acordava do sono a gritar. Quando a minha esposa ia conforta-lo ele dizia, “tive um sonho tão mau e assustoume.” Ela falava com ele por algum tempo e depois sugeria-lhe para voltar a dormir. Ele recusava voltar a dormir com medo de que voltaria ter o mesmo pesadelo. Depois de muito aconchego, ele poderia tentar adormecer, por um bom tempo mas sem sucesso. Uma noite na chegada a casa e o encontrei acordado e a chorar pesarosamente. Ele contou-me acerca dos pesadelos. Eu disse-lhe, “ Tu não tens que ser amedrontado pelos maus sonhos. Existe uma cura muito boa para eles que o meu papá usou comigo. O meu papá comprou-me um medicamento de sonhos, e depois de toma-lo nunca mais tive maus sonhos. Já faz muito tempo desde que ele me deu aquele medicamento do sonho e eu não sei se eles fazem mais, mas ficarei feliz em fazer uma chamada para a drogaria para descobrir se eles ainda têm algum. “Ele disse,” Oh, papá, podes fazer isso por favor? Se eles não têm talvez possam encomendar algum.” Eu saí do quarto e fui para a sala onde estava o telefone. Eu fingi telefonar para a drogaria. Depois poisei o receptor e fui para o quarto do meu filho e disse ”O funcionário da drogaria disse-me que havia e que vinha entregar imediatamente e que tudo que nós tínhamos de fazer era esperar alguns minutos que ele estaria aqui. Desculpei-me e fui para outra sala e disse á minha esposa para sair até ao hall e tocar a nossa campainha da porta, mas para o fazer muito silenciosamente para que tudo o que o Jackie ouvisse fosse a campainha e não o som dela a sair para o hall. Então eu voltei para junto do meu filho. Muito rapidamente a campainha tocou e eu disse, “ Isso deve ser o medicamento do sonho. Eu vou busca-lo para ti.” Eu arranjei um pretexto para responder ao toque da campainha, abrindo a porta com bastante barulho e agradecendo ao moço das entregas imaginário, por ter sido tão prestativo com isso. Eu falei alto para o meu filho,” O medicamento do sonho está aqui. Eu levo-o para ti assim que eu o desembrulhar da embalagem.” Depois fui até a casa de banho peguei um frasco de medicamento vazio e enchi com água limpa. Colei um rótulo no frasco e gravei “Medicamento do sonho.” Depois peguei num copo normal e enchi com água. Levei o frasco do medicamento e o copo normal com água ao quarto do meu filho e disse-lhe,” Isto é um pouco amargo por isso é melhor preparares-te para tomares este copo de água depois de eu te dar uma colher de chá cheia com medicamento.” Enchi uma colher de chá e dei-a ao meu filho, rapidamente acompanhada com um copo de água. Depois dei-lhe um beijo de boa noite, e disse-lhe que iria adormecer num minuto, e assim foi. Ele não teve pesadelos depois disso e a 62 Hipnoterapia
cada noite ele pedia o medicamento do sonho antes de ir para a cama e, de seguida ele dormia durante toda a noite. Chegou uma altura em que me disse com bastante orgulho que acreditava poder tomar o medicamento do sonho sem um apoio. Eu disselhe, “Isso é maravilhoso. Vamos experimentar pelo menos uma vez para ver se consegues.” E então ele tomou uma colher de chá cheia de água limpa do frasco do medicamento e disse.” Eu consegui, papá. E nem dei conta nem um pouco.” Nós usamos o medicamento do sonho com todas as nossas três crianças e aqui está um facto interessante; recentemente falei acerca do medicamento do sonho com o meu segundo filho, Bob, que tem trinta e três anos. Perguntei se ele lembrava do medicamento do sonho, e ele recordou-se. Depois perguntei-lhe se sabia que isso era uma forma de hipnose. Ele disse, pai eu tenho conhecimento que isso era hipnose há muitos anos, mas deixe-me contar uma coisa que eu penso que o irá animar. Desde que você me deu o medicamento do sonho, tenho tido o hábito de tomar um gole de água um pouco antes de ir para cama, e depois durmo tranquilamente durante toda a noite. Depois que casei, a minha esposa apanhou o hábito de tomar um pequeno gole de água antes de ir para cama. O medicamento do sonho deve ter ficado poderoso porque tenho-o usado com sucesso desde que eu me lembro.” A história do medicamento do sonho ilustra um fenómeno conhecido como “hipnose em vigília”. Por causa da interminável confusão na literatura da hipnose sobre dois distintos fenómenos ─a sugestão em vigília e a hipnose em vigília─ eu vou tentar clarificar estes dois estados completamente diferentes. A hipnose em vigília pode ser um dos seus mais valiosos aliados na medicina ou odontologia. De facto é firme a minha convicção de que ninguém pode saber hipnose sem ter conhecimento da hipnose em vigília. O verdadeiro uso da hipnose deverá ser este: Quando encontrar resistência ao estado de transe, use hipnose em vigília. Onde você estiver a tentar ganhar tempo, use hipnose em vigília. Você obterá os seus resultados de curto alcance muito bem. Mas onde o tempo não for essência, você descobrirá que para muitos propósitos no “a longo termo” o estado de transe servi-lo-á melhor que o estado de vigília. Aqui está uma definição da sugestão em vigília: A “sugestão em vigília” é uma sugestão dada no estado normal de consciência que não precipita á um estado de “hipnose em vigília” Por exemplo: Alguém uma pessoa na sala boceja. Alguém a vê a bocejar e boceja também. Outra pessoa a vê bocejar, e a terceira pessoa boceja, e você, rapidamente tem uma sala cheia de pessoas a bocejar. Isso é “sugestão em vigília”. Qualquer um de nós já viu isso ocorrer! Não há envolvimento do Bypass contorno da faculdade crítica. Outra forma de “sugestão em vigília” é esta: Eu poderia dizer a você” Doutor, queira sentar-se.” Ou “Entre Sr. Jones.” Qualquer destas menções é uma sugestão em vigília. A hipnose em vigília não está envolvida porque não há o bypass contorno da faculdade crítica. Agora deixe-me mostrar a diferença entre a “sugestão em vigília” e a “hipnose em vigília”: Quando o efeito hipnótico é alcançado sem o uso do estado de transe, 63 Hipnoterapia
tais efeitos hipnóticos são chamados de “hipnose em vigília”. Em cada caso, envolve um bypass contorno da faculdade crítica e a implantação do pensamento selectivo. Deixe-me mostrar um exemplo de “hipnose em vigília”. Aqui é numa aula de demonstração, executada com um médico anteriormente desconhecido do professor. Elman: Doutor, você gosta de ir ao dentista? Doutor: Não, não gosto. Elman: Repare nisso. Eu vou apertar o seu maxilar três vezes. Você vai perder toda a sensibilidade no lado do maxilar em que eu apertar…Um, dois, três…E agora vem um homem de odontologia para aqui por favor…Você vai descobrir que aconteceu uma coisa incrível…Escolha qualquer um de todos esses instrumentos, e vá por dentro do lado direito do maxilar dele, ele nem vai aperceber-se de qualquer sensação ali…Acho que o homem aqui irá surpreender-se, eu entendo porque ele próprio é um anestesista…Ele tem anestesia perfeita, verdade? Doutor: O que é que ele fez? Elman: Ele cinzelou-o forte o suficiente de forma que normalmente você teria batido no tecto. Foi com isso que ele fez…Muito obrigado, é tudo o que eu preciso de si por enquanto. Doutor: Quanto tempo é que isso durará? Elman: Isso durará o tempo que for necessário para estar na cadeira do dentista. Poderia durar duas horas, três horas, quatro horas. Contanto que ele tenha que trabalhar em você. E eu posso assegurar-lhe que é tão boa anestesia como a que você pode ter com xylocaina ou qualquer outra coisa. ─Um médico na audiência disse que esteve hoje no dentista e agora tem anestesia num lado da sua face. Ele gostaria de ter anestesia no outro lado─ Elman: Muito bem doutor. Por favor venha para aqui. Se você tem anestesia de um lado, eu vou provar-lhe que a anestesia hipnótica consegue ser ainda melhor que a anestesia química. Vejam isso, eu quero fazer um teste nos dois lados. Eu vou apertar o queixo dele três vezes, e ele vai perder toda a sensibilidade na face. Um, dois, e agora, o queixo estará completamente entorpecido quando eu disser, três …Muito bem *para outro medico na audiência+ doutor venha para aqui por favor… Eu quero que você trabalhe em ambos os lados porque ele tem anestesia química de um lado, anestesia hipnótica do outro. Veja se você encontra alguma diferença, veja qual delas acha melhor para sua anestesia! ─O médico faz o teste─ Há mais anestesia no lado da anestesia hipnótica, do que no lado da anestesia química … Doutor diga-lhes isso, por favor. Doutor: É verdade. Elman: Aqueles de nós que dominam a hipnose em vigília e sabem como usa-la conhecem o seu poder ─para que a anestesia que ele receba seja melhor do que anestesia química─. Deixem-me mostrar-vos a hipnose em vigília de outro ponto de vista. Elman: ─Agora dirigindo-se ao médico na audiência, dizendo-lhe para ficar de pé, em frente a cadeira. Pode dar-me o seu nome e endereço por favor. ─o medico deu o nome e endereço e Elman repetiu─. Muito bem eu vou estalar meus dedos e você vai 64 Hipnoterapia
descobrir que não consegue pensar no seu nome ou no seu endereço. [ Estalou os dedos+. Tente dizer agora, e descubra que sumiram. Tente mais forte. ─O médico é incapaz de falar o nome e endereço─ Muito bem, agora você já consegue dizer. ─Agora o médico consegue dizer o nome e endereço─. Agora, por que funcionou? Eu disse-lhe “Queira que isso aconteça”, e ele gostou bastante da ideia que isso acontecesse. Ele disse para ele mesmo, ” Eu me pergunto-me se isso poderia acontecer comigo? Não é verdade senhor? Doutor: É verdade! * * * Todos os efeitos obteníveis com o transe hipnótico são obteníveis em muitas pessoas com hipnose em vigília. Nas demonstrações acima eu obtive anestesia, mais forte do que se pode obter quimicamente. Também obtive amnésia temporária com outra pessoa. Em estado de transe é preciso o sonambulismo para se atingir amnésia. Também atingi amnésia com um senhor na demonstração acima, a portanto tive sonambulismo no estado de vigília. Ele foi hipnotizado. No estudo da hipnose em vigila e da sugestão em vigília, todos os fenómenos pós-hipnóticos estão excluídos por que a hipnose em vigília não é pós-hipnótica. Poderá talvez ser alcançada em pacientes que nunca conheceram o estado de transe. Mais uma vez, a hipnose em vigília é usada como uma alavanca para entrar no estado de transe profundo. Portanto o conhecimento sobre sugestão em vigília e da hipnose em vigília farão de vocês melhores operadores. Agora deixem-me mostrar a hipnose em vigília em grupo. Um grupo inteiro de pessoas pode ser hipnotizado com a seguinte experiencia. Na presença de um número de pessoas, parta e abra um ovo perfeitamente fresco. Faça uma cara de nojo e exclame, “Ufa, esse ovo cheira a podre. Eu não comeria isso por um milhão de dólares. Caramba, isso é terrível. Cheirem isso, alguém consegue?” Então passe esse ovo a volta das pessoas para o cheirarem. Pessoa após pessoas dirão “Esse ovo tem um cheiro terrível”. E algumas ainda dirão “Porque parece mesmo ruim”. Essas pessoas têm estado alucinadas ao acreditar que o ovo fresco estava estragado. Para todos os efeitos e propósitos, elas foram completamente hipnotizadas. Muitos contestarão de que essas pessoas não foram hipnotizadas, por não terem entrado em transe de forma alguma. Bem, vamos examinar os factos. Você aprendeu que a hipnose é um estado da mente no qual a faculdade crítica é contornada, tornando o pensamento selectivo possível. Tem-lhe sido pedido para obter o estado praticando em si e com outros, por forma a incrementar a sua habilidade em instar uma sugestão tão fortemente nos seus pacientes que você bypassa contorna a faculdade crítica ─que é a capacidade de julgar questões seleccionadas com precisão, e substituir o julgamento do paciente nestas questões seleccionadas pelo seu próprio julgamento─ quando você alcança o estado da mente, você tem hipnose. E agora você está a aprender que não precisa do estado de transe para alcançar verdadeiramente a hipnose e os efeitos hipnóticos. Considere o caso do ovo novamente. Quando você exclama” Ufa, este ovo cheira a podre. Eu não o comeria nem por um milhão de dólares.” Você faz uma 65 Hipnoterapia
declaração positiva de um facto aparente, no qual os seus ouvintes aceitarão como valor certo. O respeito pela sua opinião é a causa pelo qual acreditam no que você diz mesmo antes de cheirarem o ovo! Tendo minimizado a habilidade deles em avaliar o ovo de forma precisa, você pede para que eles o façam e eles fazem-no ─não com faculdade crítica deles, mas com a sua─. Você concretizou a hipnose. Você alucinou dois dos sentidos deles ─o da visão e o do olfacto─. Você tornou a hipnose tão efectiva como um transe o pode tornar. Se subsequentemente a alucinação não for exposta, os seus ouvintes permanecerão convencidos até ao fim dos seus dias de que o ovo estava em avançado estado de putrefacção. Outra experiencia que pode ser realizada facilmente com apenas uma pessoa. Suponha que estivesse a ver uma enfermeira de olhar inteligente em um uniforme justo e elegante, e que dissesse a ela:” Senhora ─qualquer coisa─ importa-se d ese voltar uma vez? Há qualquer coisa com esse uniforme que me intriga.” A enfermeira seguirá as suas instruções. Então suponha que por momentos você olha para ela com olhar crítico, e diz; “ Humm agora vai girar para o outro lado, vai por favor. Estava a pensar acerca do que estaria errado. Muito obrigado. Tenha um bom dia!” Nesta altura você pode afastar-se sem dizer mais nada, e você terá precipitado estimulado a hipnose. Apesar das outras enfermeiras assegurarem que está tudo em ordem com o uniforme, a enfermeira a quem você aparentou criticar, terá a certeza de que o vestido dela estava muito comprido, muito apertado, muito pequeno, muito grande, ou que abaulou ou não cobriu certo as partes erradas. E quanto mais ela se preocupa, mas ela questiona a sua própria avaliação quanto ao ajustamento do uniforme. Quando a habilidade dela em avaliar o uniforme estiver suficientemente minimizada, ela iria substituir o que ela acreditaria ser o seu julgamento considerando ser o dela mesmo. Sem a ajuda do estado de transe, você terá contornado a faculdade crítica dela, e implantado tão firmemente uma sugestão que ela ficará satisfeita apenas quando mudar os uniformes. Agora vamos deixar a hipnose em vigília por um pouco, e vamos voltar para a sugestão em vigília. Todos os homens da ortodontia dirão que tem visto pacientes que vão aos seus consultórios a sofrer com dores de dentes. A medida que o paciente entra, a dor desaparece. Ele teme o dentista, mais do que teme a dor de dente. E depressa decide que o dente não doe mais. Pensar no dentista afastou a dor. Aqui está outro exemplo: Um paciente de acidente é levado às pressas para o hospital. Ele parece estar mal. Ele está numa mistura de choque e pânico. Na sala de emergência ele ouve as palavras tranquilizadoras,” Nada de sério. Ele consegue. Ele vai fazer tudo certo” e nesse instante ele começa a responder. Essas palavras mágicas “nada sério grave provavelmente têm salvado milhares de vidas. E aqueles de vocês que têm trabalhado em salas de emergências, têm visto isso acontecer e têm questionado por quê que isso acontece. A sugestão em vigília fez o truque. Este fenómeno não é hipnose em vigília, mas sugestão em vigília. Contrariamente o médico diz ao paciente. “Isso vai doer um pouco.” O paciente fica tenso e aquilo que deveria ser uma intervenção menor, quase que se torna numa das maiores ─dores induzida por sugestão─. Todos os estudantes das escolas de medicina ou ortodontia são 66 Hipnoterapia
informados pelos seus professores, “ Nunca faça nada ao paciente de surpresa mantenha-o informado do que você está a fazer em todas as etapas.” A maneira dos médicos avisarem-nos de uma maneira fácil é dizerem” Isso vai ser um pouco desconfortável, isso vai doer um pouco, mas nós vamos tentar minorar consigo,” e ele pensa que vai ser fácil para o paciente, quando de facto e ele tornou cerca de dez vezes mais duro. Ao invés de dizer, “Isso vai doer um pouco,” diga “ Bem, agora eu vou fazer algum trabalho no seu braço, eu penso que você nem se aperceberá disso, “e imediatamente faz-se o pequeno procedimento tornar-se fácil e simples para o paciente que realmente não o sente! Isso é sugestão em vigília, roçando talvez a hipnose em vigília, e usado construtivamente. A falta de simpatia em doenças psicossomáticas é tida como uma das grandes causas do sofrimento dos pacientes. O facto de o médico ter dito, “Bem, nós não conseguimos encontrar nada de errado consigo. Isso deve ser da sua mente,” causa paciente após paciente, o sentimento de que ele caminha para a insanidade. Os psiquiatras têm confirmado isso muitas vezes nas discussões dos seus problemas comigo. Eles têm dito: “ Os médicos mandam-nos os pacientes assim. Essa é a maneira como eles apresentam o paciente ao psiquiatra. E isso significa que temos de trabalhar cerca de seis meses mais, por causa de uma apresentação inapropriada ao psiquiatra feita pelo médico.” Um tratamento compreensivo de dores e estados dolorosos psicossomáticos dá ao paciente a atitude necessária para ajudar a sua recuperação. Não há um único homem em psiquiatria que não concordará com essa afirmação. Vamos voltar á hipnose em vigília, e mostrar exemplos na medicina e ortodontia. Existem alguns médicos que por vezes não acham aconselhável, aplicar ou autorizar a aplicação da tão comum injecção hipodérmica estéril. Isso é útil numa variedade de casos. É uma técnica de hipnose em vigília. Existem muito mais coisas que a medicina poderia ter obtido da hipnose, mas não obteve, e que poderia ter sido bastante benéfico. Por exemplo, não há um médico no século dezanove, eu acho, que não conheça esta proeza que eu vou mostrar agora. Isto é provavelmente o adjuvante mais útil dos médicos ou dentista que trabalham com um “regurgitador” ─pessoa com refluxo esofágico vomito─ Gostaria de mostrar uma técnica valiosa para parar a regurgitação. Esta demonstração teve lugar numa aula, e o “paciente” era um médico que tinha tendência para o regurgito durante a examinação oral. Elman: Doutor venha aqui e examine a garganta deste senhor, da maneira que você quiser, tente-o fazer regurgitar depois de eu mostrar a ele o que fazer… [para o paciente] Agarre este lápis firmemente com as duas mãos, e você irá descobrir que não consegue vomitar enquanto segurar esse lápis firmemente. Veja isso… *para a o médico examinador] faça qualquer exame que você queira. Você não será capaz de faze-lo regurgitar enquanto ele agarrar o lápis…Doutor use essa técnica, e eu garantolhe que você consegue fazer o trabalho dental. Apenas agarre o lápis ─é tudo─ agarre o lápis com as duas mãos. E terá um óptimo resultado. * * * 67 Hipnoterapia
Nesta demonstração o “paciente” finalmente regurgitou quando a úvula foi tocada; esse é o mecanismo gatilho da natureza para o fazer regurgitar. Então não foi sugerido que se afastasse o mecanismo da natureza. Mas eu sugeri afastar o mecanismo gatilho, que no passado fez com que a úvula deste homem reagisse muito antes do médico o fazer. Noventa e sete de cem pacientes que regurgitam, serão beneficiados por esta técnica. Quem é a pessoa que que não quererá ser beneficiada por esta técnica? A pessoa que regurgita por causa de um acidente traumático do seu passado. Recentemente um dos meus estudantes, um psiquiatra, disse-me ” Senhor Elman, a minha esposa tem uma doença rara. O seu efeito é a falta de saliva. Desde há vinte e cinco anos que ela não tem saliva nenhuma, e por causa disso ela tem piorreia, perdeu todos os dentes, ela tem gretas nos lábios tão graves que requerem atenção médica.” Eu disse-lhe, Doutor, ela dever ter segregado produzido alguma saliva durante estes anos ou ela não conseguiria digerir a comida. Ela não poderia ter vivido durante vinte e cinco anos sem saliva.” Ele respondeu,” Bem, ela segrega muito, muito pouca. Eu disse-lhe que o que ela excretou devia ser muito bom, pois como ela estava de boa saúde. Então eu mencionei a possibilidade de que a dificuldade dela talvez tivesse uma base emocional. “ Oh não” disse ele. “Afinal de contas ela é esposa de um psiquiatra. Ela tem tido treino de enfermagem psiquiátrica. Por isso eu tenho a certeza que isso não é de origem emocional. Mas eu gostaria de a ajudar se você poder. Ela não consegue usar a dentadura. Por causa de não segregar saliva suficiente, a dentadura queima-lhe a boca e depois de a usar talvez por um dia, tem que ficar três ou quatro dias sem ela.” Ele pediu, apesar das suas dúvidas, se eu tentaria ajuda-la. Dez minutos de hipnoánalise revelaram isto: Há vinte e cinco anos ela esteve presa á um caso de tuberculose. A garganta tinha sido afectada, e agora tinha que ter as suas amígdalas fora. Os médicos responsáveis preferiram ter um especialista a executar a cirurgia. Eles chamaram um especialista de uma área distante. Contudo ela teve a estranha noção impressão de que as mãos do especialista estavam sujas. Ela estava sob anestesia local e acordada, e insistiu para que ele voltasse a lavar as mãos. Talvez essa alucinação de desasseio tenha sido despoletada pelo medo da operação. De qualquer forma, ela então ficou com a ideia de que se as mãos dele estavam sujas, os seus instrumentos também estavam sujos. Ela fê-lo reesteriliza-los mas para ela a operação foi uma das horríveis, para falar no mínimo, e depois ela fez uma recuperação lenta. Agora todas as vezes que alguma coisa estranha entra na sua boca, não há saliva. Alguma vez deram conta de que quando estão assustados a boca fica seca? Um dos sintomas de muito medo, comum á muita gente é a falta de saliva. Eu sou de opinião de que ela está a abreagir á amigdalectomia de há vinte e cinco anos e que ela nunca teve nada mais do que um problema emocional, um pânico quase constante sempre que alguma coisa vem para perto da boca dela. Objectos estranhos tais como dentaduras podem, no nível abaixo do de consciência, lembra-la dos instrumentos médicos a entrar na garganta. Eu tenho a certeza que vamos alcançar 68 Hipnoterapia
resultados gratificantes neste caso e que ela será capaz de usar a dentadura sem desconforto. Houve em definitivo um incidente traumático, e o marido dela disse-me depois, “Eu nunca, nunca teria suspeitado que essa situação poderia surgir a partir de um problema emocional.” Quando vocês encontrarem uma pessoa que tenha tido um incidente traumático como este, o paciente mesmo que segure o lápis, não conseguirá ter alívio de regurgitar. Felizmente, isso é raro, e, o lápis catalisador trabalhará lindamente com noventa e sete por cento dos casos. É estritamente hipnótico. Muitos casos de impotência têm sido tratados por médicos que prescrevem comprimidos de açúcar, com a garantia ao paciente que “isto fá-lo-á tão potente como um touro jovem.” È interessante notar que, médicos e dentistas fazem uso da hipnose em vigília todos os dias, mas estão completamente inconscientes disso. Uma das intenções deste curso é para chamar á atenção dos alunos para a utilização científica de tais técnicas. Agora se houver tal coisa como hipnose em vigília, se foi possível eu produzir anestesia num anestesista e amnésia noutro médico, deve ter havido uma chave explicação racional para o processo. No pensamento que passou pela mente do anestesista ocorreu algo parecido com isto: “Eu tenho visto Mr.Elman ter sucesso, e ele seria um tolo para tentar qualquer coisa que fosse provável de falhar diante de uma plateia de médicos. Não seria ele um idiota para dizer que eu estava anestesiado se eu não estivesse anestesiado? Ele deve saber do que está a falar. Eu devo estar anestesiado.” Portanto, ele fechou focou a mente em volta da ideia de que foi anestesiado, e por isso ficou anestesiado! Isso aconteceu simplesmente assim. Por que é que o outro homem teve amnésia completa por alguns segundos? Simplesmente porque gostou da ideia de isso acontecer! “Ele disse para si mesmo: Não seria interessante se isso realmente acontecesse? Ele teve amnésia porque a sua mente disse, “Eu iria gostar disso. Eu gostaria de ver como é que é o efeito disso.” No minuto em que ele pensou isso, a faculdade critica dele foi contornada, e o pensamento substituto foi usado, e ele teve amnésia. Seguindo as demonstrações acima descritas, o doutor que evidenciou amnésia confirmou esta hipótese. Há uma maneira específica e confiável para alcançar a hipnose em vigília ─deve haver, por eu não falhar muitas vezes nisso, por os meus médicos não falharem muitas vezes também─. Esta é a chave do processo: A mente do sujeito tem de fechar-se focar-se em volta de uma dada ideia. A criança que chora tem a certeza de que se a mãe a beijar a dor desparecerá. A enfermeira tem a certeza que a apreciação do doutor concernente ao uniforme dela é infalível; as pessoas presentes na experiencia com o ovo têm a certeza de que a primeira pessoa que passou a notícia acerca do ovo estava correcta; o anestesista estava certo de que eu seria o maior tolo no mundo se ele não estivesse anestesiado, então ele teve a certeza na sua própria mente de que estava anestesiado. A mente dele fechou-se focou-se em volta da ideia e por conseguinte ele teve anestesia. Para fazer com que a mente humana se feche foque em volta de uma dada ideia, as sugestões no estado de vigília devem ser dadas com completa confiança, com garantia segurança absoluta. Elas não devem deixar espaço para dúvidas. Se restar uma dúvida, normalmente a sugestão torna-se ineficaz. Portanto, é dar as sugestões 69 Hipnoterapia
de tal forma que implique que o que você disser seja tão certo real de acontecer como a aurora o nascer do sol. Elas não devem deixar espaço para dúvidas. Todas as pessoas das experiencias descritas fecharam focaram as mentes em volta uma dada ideia que tinha a aparência de uma certeza. Primeiro, a mente do sujeito tem de fechar-se focar-se em volta de uma dada ideia. Segundo, a sugestão tem que ser uma das que o paciente quer deseja. Qualquer paciente a sofrer com dores intensas quer alívio. Ele está apto em acatar rapidamente as sugestões para o alívio do seu sofrimento. Qualquer paciente que enfrente a perspectiva de dor ─os pacientes odontológicos são excelentes exemplos ─ está preparado para hipnose em vigília. O paciente emocionalmente perturbado está geralmente pronto acessível para ouvir o médico que mostre simpatia e compreensão. Todas essas pessoas aceitarão as sugestões porque elas querem as sugestões. Agora, como transmitir essas sugestões? Deixe o paciente ouvir aquelas palavras das quais está ansioso para ouvir. Neste momento eu vou descrever uma experiência marcante que eu executo diante de médicos, e que não deveria ser propensa a ter tanto sucesso perante leigos. Aqui está a experiencia, conforme gravada na aula: todos vocês sabem que isso (segurando um jarro) é unicamente gelo e água e nada mais. Todos vocês sabem que isso são cotonetes (segurando um). Todos vocês sabem que gelo e água não anestesiam, e que cotonetes não anestesiam. E vou mesmo dizer-lhes que as palavras que vou usar são falsas. Todas as palavras que vou usar são palavras falsas. Mas isto são instrumentos cirúrgicos, meus senhores, que têm pontas afiadas, e elas são tão afiadas como qualquer agulha que vocês alguma vez tenham visto, e elas magoam como o diabo. Então vocês vejam que, mesmo a minha semântica sendo má ─ainda, usando semântica incorrecta, usando água gelada como meu agente anestésico, usando cotonetes, usando palavras que são falsas─, todos vocês vão ser hipnotizados pelo que eu vou fazer agora. Agora oiçam as palavras que uso, eu penso que que vocês vão adorar isso porque isso é uma verdadeira aplicação da hipnose em vigília, e vocês verão por que é que isso funciona… *dirigido ao médico+: Doutor, você sabe que algumas das drogarias têm surgido com algo realmente novo e interessante. Você sabe o que eles fazem? Eles colocam anestesia directamente no álcool, agora quando eu o pincelar com isso você fica completamente anestesiado, agora, enquanto trabalho nessa área, você sabe que estou a trabalhar ali, mas nada o incomodará, nada o perturbará. Veja doutor (aplicando uma pinça cirúrgica). O que você sente então? Nada na forma de desconforto? Medico: Nada Elman: Eu quero que você faça isso também no próximo médico. Descobrirá que isso funciona com ele tal e qual funcionou consigo…A maioria das pessoas nem consegue suportar isso por um segundo. E se você poder chegar ao ponto em que você possa segurá-la, baloiçar a volta e não se incomodar, se você sabe que pode deixá-la lá por um minuto sem se importunar; você está a chegar ao ponto onde você está a ter muito boa anestesia… (dirigindo ao médico que levantou a questão, porque é que algumas experiências podem falhar diante de leigos). Desde o dia que você começou a 70 Hipnoterapia
exercer, quantas vezes você desejou ─quando pincelou um paciente na preparação para dar-lhe uma injecção ou na preparação para alguma coisa que você sabia que era desconfortável─ como tem desejado que pudesse anestesiar ao mesmo tempo que o pincelava. E quando eu vim com as palavras, ─Eles põem a anestesia directamente no álcool─, eu estava realmente a ecoar repetir aquilo que você tem pensado abaixo do seu nível de consciência desde o dia em que começou a exercer. Estas palavras são particularmente bem-vindas aos ouvidos dos médicos. Ele diz para si mesmo, “Tudo o que eu tenho de fazer é dizer que eu obtenho anestesia. Vamos experimentar”. E porque ele obtém anestesia, ele fica maravilhado, mas esquece que ele está receptivo á sugestão. Se eu faço, esta mesma coisa em frente a um grupo de leigos, vou dizerlhes o que vai acontecer todas as vezes ─e eu parei de faze-lo diante deles for essa razão─ Na segunda pessoa que eu fizer irá dizer, “Oh isso é muito sem sentido. Isso não tem possibilidade de funcionar.” Depois disso, toda a gente começa a sentir. Mas você jamais irá ouvir essa reacção num grupo de médicos, porque o médico diz. “Oh, irmão, como eu gostaria de fazer isso funcionar.” * * * Enquanto muitos dos meus médicos-estudantes têm usado hipnose em vigília lindamente, talvez um dos expoentes máximos do seu uso é um meu estudante no Midwest. Ele disse-me há algumas semanas depois de termos tido a sessão da aula descrita acima, “Pergunto-me quantos dos seus estudantes podem dizer que têm realmente feito cirurgia abdominal profunda com hipnose em vigília. Eu usei precisamente a técnica que você nos ensinou e obtive anestesia tão perfeita que fui capaz de prosseguir e fazer uma cirurgia num caso cardíaco onde de qualquer maneira eu não poderia usar muita anestesia de, mas desta forma, evitei o uso de qualquer anestesia.” Essa foi a técnica que ele usou no caso da cirurgia abdominal profunda que ele me descreveu. Ele perguntou ao paciente, “Já alguma vez antes esteve anestesiado?” Quando o paciente disse que esteve o médico continuou. “ Bem fico satisfeito em ouvir isso, porque nós temos aqui uma cápsula, que segue os padrões nervosos exactos da anestesia anterior. Tudo o que eu tenho a fazer é faze-lo engolir isso e você vai ficar completamente anestesiado em todas as áreas onde esteve anestesiado antes. Em cerca de trinta segundos você terá anestesia completa onde quer que tenha tido antes.” Ele fez o paciente engolir a cápsula, segundos depois, conseguiu ter grampos de toalhas agarrados em muitas partes do corpo deste, sem que o paciente os sentisse. Ele prosseguiu e fez a cirurgia. “ Quando pude ver que ele não sentiu os grampos de toalhas,” ele disse-me, “Eu soube que ele não sentiria sequer a incisão, então avancei para o serviço. Eu tinha testado com os grampos de toalhas nas partes moles da anatomia dele. Se ele tivesse sentido isso, eu não teria ido em frente com a cirurgia. Uma vez que ele não sentiu os grampos de toalhas, fui em frente e fiz a cirurgia.” Subsequentemente, este médico reportou êxitos semelhantes em mais quatro casos manuseados dessa forma. Com pequenas variações, você põe a hipnose em vigília em uso na prática médica ou odontológica da 71 Hipnoterapia
mesma maneira. Aqui está a cena de uma aula na qual eu trabalhei com uma mulher que tinha um normalmente temido trabalho odontológico. Elman: Doutor, pincele o interior da boca dela. Conte-lhe a mesma história acerca de como eles põem ─A mesmíssima coisa que você fez antes─ e você terá anestesia perfeita na boca dela. ─O médico prossegue: é feito o teste.─ Satisfeito doutor? Claro. Bem, isso é como você pode usar hipnose em vigília na odontologia… ─dirigido ao paciente─ E senhora, posso perguntar, você sentiu alguma que seja? Paciente: Não. Nada! Doutor: Pode-se brocar com isso? Elman: Você pode brocar e mais qualquer coisa com isso. E terá tão boa anestesia como você nunca teve antes com a anestesia química…Agora, lembre-se, você deve fechar focar a mente do paciente em volta da ideia. Não pense que você pode dizer simplesmente, “bem, agora você será completamente anestesiado,” e começar a fazer o serviço. Porque se a mente dos pacientes não estiver fechada focada em volta da ideia, você não conseguirá. Você deve fechar focar a mente do paciente em volta de uma dada ideia, e a ideia deverá ser uma da qual o paciente é receptivo. Todos os pacientes querem anestesia, então eles são particularmente receptivos á ideia. * * * Agora como é que você pode usa-la nos outros ramos da medicina? Um dos meus ex-estudantes, o qual é adepto do uso da hipnose em vigília, voltou para a aula uma noite e diante de um grupo de outros médicos, contou esta história: O fabricante de um produto nacionalmente conhecido para o alívio da dor teve um acidente. Ele teve a mão colhida por um cortador de relva e a laceração requeria alguns poucos pontos. Foi um acidente muito doloroso. O médico disse ao fabricante que tinha acabado de receber uma preparação fármaco maravilhosa vinda de Viena, e que iria anestesiar toda a mão dele, então ele nem sentiria as suturas a serem feitas. Então ele procedeu a limpar e a pincelar a área com um placebo e pediu ao fabricante para dizer-lhe quando a mão estivesse completamente entorpecida. Em poucos segundos o fabricante disse “ A minha mão está completamente dormente agora doutor.” Então o médico prosseguiu a suturar, e quando ele acabou disse: “Esta anestesia continuará consigo até que a sua mão comece a sarar. Você nem terá qualquer desconforto.” O paciente estava pasmado ”Não senti coisa nenhuma.” Disse ele. “A dor desapareceu completamente, eu nem sequer sabia que tinha uma mão magoada a menos que olhasse para ela. Qual é o nome deste produto que você está a usar? Gostaria de analisa-lo e coloca-lo em uso neste país. Dê-me uma pequena amostra dele, para o levar ao laboratório para análise química.” O médico teve um pequeno e rápido pensamento e respondeu. “Não posso dálo nenhum, eu usei-o todo em si.”
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Capítulo 11: Aplicações da Hipnose em Vigília Um especialista em radiologia uma vez disse-me que ele estava hesitante no uso da hipnose em vigília na preparação de pacientes para os clisteres de bário. Embora ele considere ser o clister de bário, o procedimento de radiologia mais desagradável, ele sentiu que a abordagem que sugeri significa ter de enganar os pacientes. Ele normalmente dizia-lhes, “Eu tenho de coloca-lo num procedimento que não é muito confortável, mas eu vou torna-lo tão fácil para si o quanto eu poder.” Eu argumentei que ele estava a dizer aos pacientes uma mentira, uma vez que o procedimento não tinha que ser desconfortável. Se eu fosse o radiologista, eu disse, eu abordaria os pacientes desta maneira:” Você é afortunado por estar aqui hoje. O médico que o recomendou disse-me que você tem tido muitas dificuldades ultimamente. Eu preciso de algumas radiografias, e com o fim de as obter eu vou revestir o forro do seu estômago com a medicação mais calmante tranquilizante alguma vez concebido.” O radiologista recusou em dizer aos pacientes algo tão “absurdo” até um dia em que ele teve de trabalhar atender um homem que já estava tinha um terrível desconforto. Em desespero, ele tentou a minha abordagem. O paciente ficou aliviado, e de facto, a verdade é que apreciou o clister de bário. O radiologista agora usa esta abordagem consistentemente. O único problema que ele tem encontrado é que alguns pacientes apreciam tanto a “medicação calmante” que eles retêm o bário e recusam deixa-lo sair. Ele resolve isso, ao dizer que irão sentir tanto benefício deixando-o sair como o que tiveram ao entrar. Outro médico aprendeu uma variação desta técnica para fazer exames em pacientes mulheres tensas. Um ginecologista ensinou-o a dizer a paciente que uma nova preparação fármaco tinha acabado de chegar de Viena ─Um anestésico especialmente concebido para tais exames.─ Ele deveria então pincela-la externamente com um pouco de gel medicinal ─espremido de antemão, deixado num frasco ou numa espátula─. Após esperar alguns minutos pelo efeito placebo para “fazer efeito” o exame poderia prosseguir sem mais problemas. Um urologista recomenda uma abordagem semelhante para tais procedimentos como a cistoscopia. O médico toca na ponta do canal com um lubrificante. Depois põe o lubrificante no seu instrumento, mas diz ao paciente que este lubrificante é um anestésico, e que nada será sentido durante ou depois do procedimento. Um proctologista disse “Eu nunca pensei que houvesse tal coisa como proctologia sem dor até começar a usar a hipnose em vigília.” Todos os acontecimentos acima são exemplos da aplicação da hipnose em vigília. Recentemente, um médico disse-me que o único problema que encontrou com a técnica, agora que ele aprendeu as aplicações adequadas, envolve enfermeiras (os) ao invés de pacientes. Nas biopsias e como isso assusta um pouco as enfermeiras quando o médico não pega a novocaína ─simplesmente começa a cortar. A minha resposta a isso é que essas enfermeiras e assistentes devem ser ensinados sobre o que 73 Hipnoterapia
esperar de casos onde a hipnose é usada, e como agir apropriadamente na presença de pacientes hipnotizados. Uma aplicação de hipnose em vigília combinada com o transe é especialmente eficaz em fazer as crianças passarem por cima do medo de agulhas. E como a seguinte gravação da aula prova, pode também ser usada com adultos. Elman: Está alguém nesta sala que gostaria de ter uma área do corpo anestesiada num grau onde, a partir de agora, nunca mais sentirá novamente uma injecção? Nem nunca mais saberá que está tomar uma injecção nem enquanto esta estiver a ser dada. Alguém que teme terrivelmente uma injecção, e gostaria de ter um Ponto Mágico no seu corpo? Venha lá…Aqueles de vocês que não vierem vão ficar com muitíssima pena porque isto é uma oportunidade de obter algo que é fantasticamente bom! Este Ponto Mágico é espantoso… [ao sujeito] Pode subir um pouco a sua manga? Agora aqui está o melhor dispositivo para crianças. Até onde isso vai, isso funciona em adultos tão bem como em crianças, porque eu tenho um adulto aqui! Agora vejam isso…Eu quero que você abra bem olhos por favor. Eu vou puxar fechar as suas pálpebras para baixo. E tudo o que você tem de fazer é fazer de conta fingir que não consegue abrir os olhos e continue a fazer de conta fingir que não consegue abrir os olhos ─tanto, que quando você tentar abrir os olhos eles simplesmente não abrem─ …Agora deixe-me vê-la tentar abri-los enquanto faz de conta…Muito bem… Agora fique assim e continue a fazer de conta fingir que você não consegue abrir os olhos, a uma coisa surpreendente vai acontecer. Você vai ter um Ponto Mágico no seu braço. Uma vez colocado o Ponto Mágico em si, você nunca mais terá que sentir uma injecção. Você saberá que o médico está a trabalhar aí, mas nada o perturbará, nada a incomodará. Você nunca terá qualquer desconforto por injecção, nem antes, durante ou depois…Agora quem está habituado a dar muitas injecções, porque eu quero esta injecção dada da maneira usual assim que eu a tiver dado o Ponto Mágico …Agora vejam, eu pego nesta área e pinto um Ponto Mágico com álcool assim. Agora sempre que uma injecção é dada nesta ─ela será capaz de indicar o ponto ao medico─ não vai sentir nada mesmo excepto que ela saberá que você está a trabalhar mexer lá …Ela sentirá absolutamente nada…Agora doutor…Você verá ela nem vai sentir quando você estiver a fazer. ─a injecção é dada com uma agulha numero vinte e dois─ Agora, isso não bonito? ─ao paciente─ Você já tomou a sua injecção e você sabe que não sentiu, nem um pouco. A partir de agora você será sempre capaz de tomar injecções destas facilmente. Daqui a pouco, este Ponto Mágico que eu pintei no seu braço, não será mais visível para si nem para mais ninguém ─excepto para uma coisa importante─ você saberá exactamente onde é para que em qualquer altura que você tenha de receber tomar uma injecção, você será capaz de apontar a área exacta ao seu médico. Se desejar, você pode vê-lo a dar-lhe a injecção, e isso não a vai incomodar nem um pouco…Muito bem, abra os olhos…O que você sentiu? Paciente: Nada! Elman: Agora senhores, eu quero que vejam como é que isso funciona na vez seguinte em que o paciente precise de uma injecção. Então nós vamos fazer de conta 74 Hipnoterapia
que este mesmo paciente veio ao consultório para outra visita consulta. Diga a paciente que você tem que dar outra injecção, e que como ela já sabe, isso não vai incomoda-la nada. Você pede para ela mostrar onde é o Ponto Mágico. Paciente. Exactamente aqui doutor. Elman: Muito bem, doutor. Aqui tem outra agulha. Prossiga e dê a paciente uma injecção da maneira usual. Apenas limpe a área com álcool como normalmente, e avance com a sua injecção…Jovem, eu quero que você veja o doutor enquanto ele lhe dá esta segunda injecção… ─o medico dá a injecção─ O que sentiu? Elman: E doutor, quando dispensar a sua paciente, afirme que está tudo bem, e que da próxima vês que ela precise de uma injecção, também será fácil assim… *para a paciente] Que o sangramento vai parar agora. Sangrou o suficiente, agora vai parar. Paciente: Já parou? Elman: Com certeza, parou! Paciente: eu vou lembrar-me deste ponto. Vai tornar-se util Doutor: O problema que eu tenho com crianças é que eles nem vão querer ouvir para começar. Elman: Se eles não quiserem ouvi-lo, então você terá que dar a injecção da maneira dura. Se eu posso prometer a uma criança,” Olha, se eu te der um Ponto Mágico para que nunca tenhas de sentir uma injecção de novo, gostarias isso?” depois não tenho problema com eles. Mas você tem que obter a atenção deles o tempo suficiente para conseguir cruzar este ponto. Os nossos pediatras que trabalham com um número tremendo de crianças ─que é o que eles fazem durante todo o dia─ dizemnos que o Ponto Mágico é uma das coisas mais valiosas que eles conhecem. As mães e os pais dessas crianças, mais tarde vêm pedir os Pontos Mágicos para eles próprios. Quando a criança volta para a visita consulta seguinte normalmente diz, “Aqui mesmo doutor. Aqui está o meu Ponto Mágico." Doutor: Isso é hipnose em vigília? Elman: Isto é uma combinação do estado de transe e hipnose em vigília , desenvolvida por um pediatra, Doutor Earl Farrel de Cincinnati…Para começar você usa o fechamento dos olhos─depois dá a injecção─ na vez seguinte as crianças poderão ver a injecção. E eles serão capazes de olhar e não sentirão nada. Elas perdem todo o medo da injecção. Doutor: É na visita seguinte que você os deixa olhar? Elman: Sim! No entanto, suponha que você tem um paciente que necessita de injecções em vários sítios diferentes. Dê-lhe um Ponto Mágico em cada lugar. Dê a primeira injecção com os olhos fechados. Depois tenha-o de olhos abertos e a vê-lo dar as outras injecções. Algumas vezes, quando der a primeira injecção com os olhos fechados, a criança dirá.” Você não me deu a injecção” O doutor diz, ”Sim, eu dei. Aqui está onde eu te dei.” Doutor: Quanto a um exame abdominal externo? Podemos usar hipnose em vigília para isso? Elman: Sim! Você descobrirá que quando usar esta “agente relaxante” abordagem, eles relaxam automaticamente. Eles não têm nenhum controlo sobre isso. 75 Hipnoterapia
A faculdade crítica deles está completamente bypassada contornada… Você vai descobrir que já tem a anestesia… Se você quiser fazer um exame externo em vez de um exame interno e você quer que os músculos do estômago estejam relaxados, esta é uma boa técnica. Se você descobrir, por alguma hipótese, que um ou dois músculos não estão completamente relaxados como você queria que estivessem, diga apenas,” Em cerca de dez segundos o agente relaxante vai alcançar essa área e até esses músculos vão relaxar.” Doutor: Eu gostaria de saber algumas frases que eu possa dizer no uso da hipnose…Por exemplo, nos sabemos daquela,” Queira que aconteça e irá acontecer.” Elman: Não, você não deve usar essa na hipnose em vigília. Doutor: Então o que é que você diz? Elman: Você faz o que fizemos aqui. Doutor: Eu digo refiro-me com completos estranhos. Elman: Ainda diria ao estranho,” Eu agora vou anestesiar esta área para que você não sinta nada ─e nem este dispositivo que tenho de por pela sua garganta abaixo─ você não vai dar conta de nada, assim que tivermos esta anestesia aí. Doutor: E você pode fazer isso com dores de cabeças também? Doctor: Eu não tentaria remover uma dor de cabeça por hipnose em vigília. Use o estado de transe para remoção de dores de cabeça. Você terá melhores resultados. Você fará uso da hipnose em vigília da forma maneira que eu tenho indicado, e depois alargue o uso da mesma, na medida em que junto, vai aprendendo a usá-la mais e mais. Mas não tente usar a hipnose em vigília em detrimento do estado de transe. Em outras palavras, não a use como ”ao invés” medida. Isso é apenas mais uma ferramenta… Doutor: Quanta anestesia você consegue alcançar com uma criança? Elman: Na hipnose em vigília? Doutor: Não, em transe, no jogo de faz de conta! Elman: Você obtém uma anestesia perfeita, o equivalente a qualquer anestesia química, tal e qual você faz num adulto em sonambulismo. Você tem que dar a sugestão, “ Agora você não vai sentir nada, eu estarei a trabalhar aqui, mas não incomodará nem um pouco.” Aquelas coisas que você deve ultrapassar. Doutor. Com pacientes com dor aguda nas costas ou cancro nas costas ou as juntas sacro-ilíacas, eu poderia ter usado algumas sugestões para aliviar os espasmos musculares? Elman: Sim, mas para esse tipo de dificuldade os nossos médicos também obtêm melhores resultados com o estado de transe. Nós pensamos que temos controlo apenas sobre certos músculos e certos órgãos do nosso corpo, mas de facto, temos bastante mais controlo sobre muito mais dos nossos corpos do que pensamos! Por exemplo, foi possível para mim dizer a aquela senhora que recebeu a injecção,” Vai parar de sangrar” e assim foi! Porque eu sabia que se ela não olhasse, pararia de sangrar. Ela não olhou e parou o sangramento. Agora voltando ao espasmo muscular acerca do que o doutor perguntou, primeiro eu teria usado o estado de transe para deixar o paciente sentir o relaxamento porque o paciente consegue senti-lo melhor 76 Hipnoterapia
quando ele se deixa ir para o profundo sonambulismo. Uma vez em profundo sonambulismo, eu teria pincelado a área com algum tipo de lubrificante e diria” Eu vou ter certeza de que nesta área, particularmente aqui que ocorreu o espasmo muscular” que esta área está relaxada! Agora você nem tem de fazer nada acerca disso, mas quando eu pincelar apenas fique relaxado e o agente relaxante fará o resto,” e você teria fechado focado a mente dele em volta da ideia de que os músculos estavam a relaxar. E o controlo interno que exercemos, ─como ela exerceu o controlo interno sobre o sangramento, mas não sabe disso─ sobre esses músculos interiores ter-se-ia manifestado sozinho e o espasmo muscular teria sido aliviado… Tanto quanto nós pensamos que sabemos sobre o corpo humano a partir dos nossos estudos de anatomia, que ainda não podemos olhar dentro da mente humana para ver como ele funciona. Tenho tido médicos que têm dito que acreditam que algumas doenças são causadas pela emoção. Outros dizem que a maioria das doenças é causada pela emoção. Eu não penso que a maioria dos médicos aceitaria esta hipótese e tenho a certeza que eu não o faria...mas todas as condições neuróticas são causadas pelas emoções, talvez até algumas físicas. Certamente isso explica por que é que nós temos controlo sobre sangramento. Os nossos dentistas após uma extracção dizem aos pacientes deles,” O sangramento parará quando alcançar o topo do bucal,” e o sangramento para como sugerido. Médicos também têm dado aos seus pacientes, sugestões para controlar sangramentos quando é indicado apropriado… Nós temos muito mais controlo do que pensamos que temos, e isso é o que torna possível aos médicos usar a sugestão da maneira indicada… Lembre-se disso, nunca deverá mascarar um sintoma com a hipnose. Você pode aliviar um sintoma mas você não pode nunca mascarar um sintoma. E se existir alguma patologia revelada pelo sintoma, será aliviada e facilitada, mas não irá desaparecer. Doutor: Em outras palavras, uma ruptura protusão discal não deve ser mascarada? Elman: Claro que não deverá ser. Você não poderá mascarar um sintoma. O paciente poderá até dizer, “As minhas costas estão bastante melhor, mas continua a doer aí doutor.” E depois, em pouco tempo doeria mais do nunca. Então você pode alivia-lo mas não mascara-lo…Aqui está um médico que já usou hipnose em quatro pacientes de cancro. Ele não pode mascarar um cancro. Eles sabem que têm dor, mas, ele certamente tem dado proporcionado bastante alívio a esses pacientes. Não é verdade doutor? Doutor : Sim. Eles nem estão a tomar aspirina! * * * Apesar do facto de eu a hipnose em vigília poder ser usada em todos os ramos da medicina, eu penso que o seu grandioso valor está na cirurgia profunda, em aliviar o stress tensão e preocupação do paciente antes da operação. São muito poucos os pacientes que encaram uma operação sem ansiedade. Cada um desses pacientes está completamente aberto a hipnose em vigília e a sugestão em vigília. Façam as vossas sugestões de tal forma tão confiantes e seguros, de maneira a que vocês possam ter evidências visíveis do desaparecimento dos sinais desagradáveis da ansiedade. Manter 77 Hipnoterapia
até saberem que o paciente está preparado para encarar a operação com o espírito apropriado. Feche foque a mente do paciente em volta da ideia de que a recuperação será rápida e segura certa. ─que a operação não é uma das extraordinárias, mas que é feita todos os dias do ano em incontáveis inúmeros hospitais e os pacientes sempre recuperam disso rápido. E depois use a hipnose em vigília para remover o desconforto pós-operatório. Frequentemente eu recomendo aos médicos para terem colocar o paciente em transe hipnótico para as visitas consultas pré-cirúrgicas ou para as visitas consultas pré-anestesia. No entanto, quando pressionados pelo tempo, podem fazer sem o transe. Não estou a dizer que devem abdicar do transe. Mas estou a dizer que se houver alguma dúvida do sucesso nas vossas mentes, usem o estado de hipnose em vigília e fechem foquem a mente do paciente em volta da ideia de que a recuperação será ligeira e segura certa, e que os pacientes sempre se recuperam dessa cirurgia rápido. Fechem foquem a mente do paciente em volta da ideia de que não terá desconforto pós-operatório. Você pode contrariar neutralizar todas as coisas que estão a preocupar o paciente. Se por qualquer motivo o paciente indicar que tem o pensamento ou a sensação de que não irá recuperar da operação, cancele a cirurgia, ou cancele a sua parte nela de qualquer forma jeito, se possível. A história deste caso mostrar-vos-á como é importante a atitude préoperatória: Há alguns anos, um cirurgião veio a aula e disse: “Eu penso que salvei uma vida com hipnose em vigília na semana passada. Eu fui chamado para fazer uma prostatectomia num homem com cerca de setenta anos de idade. Foi-me dito que ele teve uma cardiopatia e que ele não podia tomar apanhar muita anestesia, se é que alguma! Eu tenho tido o hábito de fazer visitas pré-operatórias, e pensei que deveria ir ver que se ele estava no estado mental certo antes de prosseguir para a operação com o mínimo de anestesia possível. Então fui para vê-lo e apresentar-me como o homem que estaria encarregue da cirurgia. Comecei a fechar focar a mente dele em volta da ideia de que a recuperação seria rápida, e todo o tipo de coisa. “Subitamente ele levantou o olhar e disse, “Sabe doutor, eu tenho setenta e seis anos de idade sou um homem velho e já vivi muito tempo. Sou um doente cardíaco. Portanto amanhã morrerei na mesa de operações. Eu disse-lhe que a partir desse momento, a operação estava cancelada. Eu disse que nunca iria operar alguém no mundo que pensa que vai morrer na mesa de cirurgia, e que eu nunca tinha deixado isso acontecer e certamente não ia começar com ele. Ele olhou aliviado, mas continuo a repetir de que era um paciente cardíaco e não conseguiria viver sobreviver á operação. “Eu disse-lhe, Você tem setenta e seis anos. Tenho feito esta operação em homens nos seus oitentas, e que estão hoje nos noventas tão saudáveis quanto eles eventualmente podem ser. Você tem apenas setenta e seis e está a pensar em morrer por causa de uma simples operação como uma prostatectomia. Você acha que não pode ter anestesia. É isso que eu vim mostrar-lhe. Uma vez que você já não tem mais cirurgia marcada para amanhã de manhã, vou mostrar o que você perdeu! Eu vou mostrar-lhe a anestesia que eu teria usado.” 78 Hipnoterapia
“E depois coloquei-o no estado de transe e o corpo dele inteiro anestesiado. Ele pegou a sugestão como um homem a afogar-se agarra numa palha e teve anestesia completa geral. Depois tive-o coloquei-o de olhos abertos e fiz testes sobre o corpo inteiro dele. Ele não conseguia sentir nada. Então tive-o coloquei-o de olhos fechados novamente, trouxe-o para fora do estado de transe e ele olhou para mim e disse, “ Sabe doutor, com você para meu cirurgião eu acredito que eu poderia ficar bem” “ Depois fechar focar firmemente a mente dele em volta da ideia de fácil recuperação, eu avancei com a cirurgia. Ele fez uma perfeita e magnífica recuperação, e eu acredito que salvei a vida dele. Eu havia encontrado a vontade de morrer e aquele homem teria morrido na mesa de operações se não fosse a hipnose em vigília” Uma vez um médico falou acerca de uma simples operação que ele tinha planeado executar num homem jovem. O paciente foi levado para dentro da sala de operações preparado para a cirurgia. Subitamente o anestesista que ainda não tinha feito nada ao paciente, olhou e exclamou “Meu Deus, ele está morto” Foram feitos todos os tipos de investigação, incluindo uma autópsia e eles não conseguiram encontrar nenhuma causa de morte. No entanto o homem estava morto. Ele tinha ocupado um quarto semi-privado, e a investigação revelou que um pouco antes de ele ter sido levado para a sala de operações ele virou-se para o paciente da outra cama e disse, “Eu nunca sairei da sala de operações com vivo.” O havia causado a sua morte dele fora a vontade de morrer. Os médicos devem estar atentos, as afirmações observações feitas pelos pacientes. Por vezes estas afirmações aparentemente casuais podem ser fatais. Nós temos ouvido médicos reportarem que têm sido capazes de mudar a vontade de morrer em vontade de viver com hipnose em vigília. Eles estavam alertas o suficiente para aperceberem-se de que a sugestão era necessária. Outros falharam em fazer o que era preciso e perderam pacientes. Aqui está uma história de um caso que ilustra ambas possibilidades me cirurgia: Um aluno meu, ligado a um hospital católico, encontrou a vontade de morrer quando foi chamado para fazer uma cirurgia em uma das freiras a trabalhar na instituição. Ele fez a visita pré-operatória, e durante a conversação ela disse “Doutor você sabe, desde que eu era uma menina, que tenho tido a noção de que algum dia morreria na mesa de operações, e eu suponho que é agora.” Imediatamente o médico iniciou um programa de hipnose em vigília, fechando focando a mente dela em volta da ideia que a recuperação seria rápida e segura certa e que, enquanto ela tem estado no hospital, ela nunca tinha conhecido uma mortalidade para este tipo de operação em particular. Finalmente ela disse-lhe, “ Sabe doutor, eu sei que vou recuperar, só com você como meu cirurgião. Você pode avançar com a cirurgia.” Ele realizou a operação, e ele recuperou em tempo mínimo. Cerca de seis meses mais tarde, a paciente teve de fazer uma cirurgia menor. O médico não teve conhecimento de que a operação tinha sido agendada. Foi feita num hospital diferente, por um médico diferente, e noutra cidade. Ela morreu na sala de operações. 79 Hipnoterapia
Nós nascemos com a vontade de viver. A lei da auto preservação é a lei primária base das nossas vidas. É fundamental! No entanto existem dois tipos de pessoas que não possuem o instinto de auto preservação em níveis normais. Elas são as suicido-depressivas e as maníaco-depressivas. Mas ainda que com pessoas que sofrem desses dois tipos de depressão, a vontade de morrer aparenta ser uma mera curvatura na linha direita da auto preservação. Por vezes é possível endireitar esse arco com os meios colocados ao nosso dispor pela psicoterapia e hipnose. Todos os médicos que sabem como usar a hipnose são capazes de mudar a vontade de morrer em vontade de viver em pacientes normais. Psiquiatras reportam que vale a pena tentar mesmo com psicóticos depressivos; com não psicóticos então, as chances de conseguirem são esmagadoras! Mais um aspecto da hipnose em vigília merece ser aqui mencionada. Eu falei no início da superstição, que é uma manifestação hipnótica não intencional, uma forma de hipnose em vigília! Existem outras tantas manifestações. Numa das minhas aulas, um médico contou-me esta história: Durante a Segunda Guerra Mundial, ele trabalhou como anestesista num posto para onde eram trazidas as baixas os feridos após as batalhas. Ele estava a trabalhar com óxido nitroso e o dia tinha sido muito preenchido e esgotante. Ele apercebeu-se que o nível do tanque do óxido nitroso estava a ficar baixo, mas mais tarde com a excitação ele falhou ao não reparar que já tinha usado a totalidade! Quando finalmente se apercebeu, chamou o cirurgião a parte e disse, “ Oh meu Deus, este tanque de óxido nitroso deve ter ficado vazio na passada última hora ou mais. O que é que vamos fazer?” O cirurgião respondeu,” Não há nada que possamos fazer agora. Teremos que continuar a trabalhar tal como temos estado! Estes homens têm tido e alcançado anestesia perfeita. Eles pensam que estão a ser anestesiados, e consequentemente ficam anestesiados! Continue a fazer o que tem estado a fazer e não diga nem uma palavra.” E completaram o trabalho turno deles dessa maneira. Eu diria que isso foi uma combinação de hipnose não intencional, hipnose em vigília no seu sentido habitual e sonambulismo ganho em estado de vigília sem o uso de transe.
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Capítulo 12: O sonambulismo e a composição de sugestões Antes de irmos para as fases de aprofundamento da hipnose, eu gostaria de explicar a diferença entre hipnose leve e profunda e como reconhecer cada uma delas. Algumas pessoas, ─um pequeno percentual─ vão entram espontaneamente para hipnose profunda, sem mesmo parecer entrar no estado leve. Elas tornam-se sonambúlicas imediatamente. O que segue aplica-se somente naquelas pessoas que não vão não entram em sonambulismo espontaneamente. Quando vocês estão intencionalmente a ir atrás do sonambulismo e fazem-no pelos métodos que advogo, o paciente entra no estado leve de hipnose por aquilo que chamo de técnica de relaxamento. Eu obtenho o estado de hipnose leve quando o corpo está fisicamente relaxado, e então prossigo para obter o profundo estado de hipnose profunda por relaxamento da mente do paciente. Descobri através de muita experiencias e estudo intenso, como o relaxamento mental é alcançado efectivado. O mais próximo que consigo chegar para descrever o relaxamento mental, é ter-vos a pensar nos instantes antes de cair no sono adormecer. Momentaneamente, antes do sono realmente vir aparecer, a mente torna-se num completo branco, e depois vocês deslizam para o sono. Na minha opinião, quando a mente está quase completamente inactiva, o relaxamento mental é alcançado! Nesse instante quando nada perturba, nada incomoda, e a mente é um completo branco, nós temos relaxamento mental, e ocorre naturalmente em todos os dias das nossas vidas, mesmo antes de cair-mos no sono! Eu encontro isso quando consigo induzir o mesmo estado por sugestão e tenho conseguido colocar o paciente mentalmente relaxado. Ora, então a diferença entre hipnose leve e hipnose profunda é simplesmente esta: Quando está fisicamente relaxado, nós temos hipnose leve. Quando o paciente está mentalmente e fisicamente relaxado nós temos o estado de sonambulismo. Primeiro tenho que certificar-me que o paciente está fisicamente relaxado, e continuo a aumentar esse relaxamento até eu poder sugerir que a mente torna-se tão bem relaxada como o corpo. Se o paciente está desconfortável, distraído, temeroso medroso, etc., ele não consegue relaxar mentalmente, porque estão a ir mensagens desorientadoras desconcentrantes para o cérebro. Quando não há mensagens para o cérebro, exceptuando uma de contentamento, o cérebro não tem necessidade de estar activo com pensamentos perturbadores, e por conseguinte está preparado para sugestões de natureza benévola. A sugestão para aprofundar o relaxamento físico é bem-vinda, e a sugestão de que a mente relaxa ─de que tudo está bem─ também é bem-vinda! Uma sugestão de que não haverá pensamentos conscientes activos, e que a mente deverá estar momentaneamente em branco, normalmente é aceite com facilidade. Por este método, eu descobri que consigo alcançar profundo sonambulismo em quase todos os sujeitos com quem trabalho. A única altura em que não consigo hipnose profunda é quando o medo está presente, impedindo o relaxamento! Os meus estudantes têm descoberto que por 81 Hipnoterapia
seguirem estas técnicas, eles conseguem ter um percentual de sucesso muito alto em induzir o estado profundo conhecido como sonambulismo ─e outros estados, que serão descritos conforme formos avançando. Para que vocês entendam as técnicas usadas, eu dou-vos um excerto da nossa quinta sessão aula , que está intitulada “ A composição da sugestão”. Vocês entenderão o termo “Composição de sugestão” se estudarem esta “aula palestra“ cuidadosamente! Vamos examinar maiores aprofundamentos em hipnose e o que torna possíveis esses maiores aprofundamentos. Se vocês têm trabalhado com o sonambulismo, as possibilidades são que vocês depararam-se já com certas dificuldades, e mesmo assim conseguiram com alguns pacientes. Um paciente deve chegar ao vosso consultório e tem que obter o relaxamento físico muito facilmente. O paciente não só vai relaxar o corpo, mas também a sua mente. Ele não apresenta problemas! Quando vocês só têm relaxamento físico, vocês apenas têm hipnose leve. Vocês obtêm hipnose profunda quando o paciente também está relaxado mentalmente. Como é que vocês conseguem alcançar este estado da mente? Tendo o paciente relaxado o suficiente de modo que por um pequeno instante, ou até mais, vocês possam fazer com que a mente fique em branco concernente a uma coisa específica, causando assim amnésia. Não interessa que coisa específica é! A sugestão que eu prefiro dar ao paciente por forma a trazer amnésia é a de que ele não se lembrará dos números. Eu ponho o paciente a contar para trás a partir de cem, e a relaxar mais e mais a medida que recita cada número. Como ele relaxa mais e mais, os números suavemente se desvanecem da mente dele, e quando questionado, ele tem “amnésia numérica.” A mente está em branco concernente a uma coisa específica, números! E é apenas quando vocês são capazes de produzir amnésia que vocês têm o estado sonambúlico. O operador inexperiente no entanto, talvez tenha sucesso com um paciente e depois vai tentar o mesmo procedimento no próximo paciente e aparentemente acontece a mesma coisa, mas, sem os resultados desejados. Vocês podem, por exemplo, ter duas futuras mães que estão prontas para o parto e cada uma terá relaxamento físico e cada uma aparentará ter o relaxamento mental. Ainda que a primeira paciente não sinta nada durante o parto; quando vocês auxiliarem a segunda, vocês pensarão que têm o mesmo estado e que ela não sentirá nada, mas terão que dar-lhe assistência desde a primeira contracção. Vocês deram com dois estados completamente diferentes, que parecem ser precisamente iguais, a menos que vocês conheçam a hipnose. Os dois estados parecem ser rigorosamente iguais a partir do exterior, mas são completamente diferentes no interior. Apenas um estado permite ao paciente, perder esquecer os números completamente e por conseguinte obter amnésia. Isso é o verdadeiro sonambulismo! No outro estado ─sonambulismo artificial─ o paciente obtém afasia, a falta de vontade de falar ao invés da incapacidade de lembrar. Este é o caso da segunda parturiente. Ela começará a contar cem, noventa e nove, noventa e oito…e depois 82 Hipnoterapia
susterá a fala e vocês pensarão que os números sumiram da mente dela. Mas eles não sumiram. Eu odiaria que alguma coisa dolorosa fosse feita em mim, quando em sonambulismo artificial, porque iria doer como o verdadeiro diabo. O estudante deve trabalhar para produzir amnésia, e se por qualquer razão isso não for alcançado ele deve saber que não tem o estado perfeito, portanto não deve avançar com procedimentos dolorosos. Médicos após médicos têm confundido constantemente o artificial com o real. O artificial pode ser detectado por certos testes, os quais serão descritos mais tarde. No verdadeiro sonambulismo, uma mulher consegue sorrir durante o parto, desde a altura em que as contracções começarem até ao parto verdadeiramente dito. Eu tenho visto episiotomias a serem reparadas suturadas e a paciente mantem o sorriso na cara! Então qual é o valor do estado artificial, se é que tem algum? Algumas vezes o estado é erroneamente chamado de transe médio. O transe médio não tem valor excepto para isto: Algumas pessoas vão para o estado do verdadeiro sonambulismo sem passar pelo sonambulismo artificial. Em outras palavras, por forma a irem do estado leve ao estado profundo, elas passam por este estado artificial no qual os números continuam a ser lembrados, porém existe uma falta de vontade em dize-los. Isso é um portão para o verdadeiro sonambulismo. Existem quatro verdadeiros estados de hipnose em adição ao estado de vigília, e que devem ser do vosso interesse. Eles são: (1) O leve ou artificial; (2) O sonambúlico; (3) O coma ─o estado de Esdaile, sobre o qual aprenderão mais tarde─; (4) hipnose ligada ao sono ─o mais profundo de todos, o qual eu chamo hipnosono. Por forma a usar a hipnose correctamente, é necessário entender e ser capaz de produzir, quando necessário, qualquer um destes quatro estados. Qualquer um deles tem o seu lugar na medicina. A maioria dos médicos prefere tratar os pacientes em estado sonambúlico por ser fácil de induzir e o paciente fica menos crítico as sugestões dadas a ele. As sugestões vão mais fundo na mente dele e permanecem mais tempo do que no estado leve. Por exemplo, no estado leve de hipnose você consegue alcançar analgesia leve; em muitos pacientes pode ser dada anestesia completa geral em sonambulismo. A anestesia, se for obtida na hipnose em vigília ou em transe é prova de hipnose profunda. O estado leve dificilmente faz mossa no limiar da dor de uma vítima de artrite, mas se esse mesmo paciente for colocado em estado sonambúlico, e se forem dadas sugestões apropriadas pode ser dado alívio para o desconforto dele por horas, dias, semanas e em casos raros até mais tempo. Depois de vocês praticarem as instruções que se seguem, vocês ficarão capazes de fazer com a hipnose, coisas que nunca sonharam ser possíveis. Vocês serão capazes de usar a hipnose a um nível científico. Vejam como as instruções são simples e como elas são fáceis de seguir. Depois enquanto vão acompanhando vocês aprenderão por que é que são dadas estas instruções em particular. Elman: [Para o paciente] Respire calma e profundamente e feche os olhos. Agora relaxe esses músculos em volta dos olhos até ao ponto em que eles não 83 Hipnoterapia
funcionem. Depois teste-os com a certeza de que eles não funcionam…Teste-os forte…Isso mesmo…Agora deixe essa sensação de relaxamento descer directamente para os pés…Agora vamos fazer isso outra vez, e na próxima vez que eu disser para abrir e fechar os olhos, esse relaxamento será duas vezes maior do que o que tem agora, e deixe que seja…Agora abra os olhos, relaxe realmente, feche os olhos outra vez…isso mesmo…Na próxima vez faça isso e vai relaxar ainda mais do que já relaxou…Abra os olhos…Agora feche os olhos…Agora vou levantar a sua mão e largala, e quero que esteja tão mole como um pano molhado…Se você seguiu as instruções o relaxamento terá ido descido até os seus pés. E quando eu levantar a sua mão e ela cairá para baixo; deixe-a cair…Isso mesmo…Agora fisicamente você tem todo o relaxamento que precisamos. Nós queremos que a sua mente esteja tão relaxada como o seu corpo está, por isso quero que comece a contar de cem para trás, quando eu disser para o fazer! Cada vez que diz um número, dobra o seu relaxamento. No momento em que descer dos noventa e oito, você estará tão relaxada, que os números não estarão mais lá. Comece dos cem e veja-os desaparecer antes de chegar aos noventa e oito…Dobre o relaxamento e veja-os começarem a desvanecer-se…Agora veja-os desparecer…Agora eles sumirão…É uma boa sensação? Sumiram todos? Deixe-os desaparecer…Já se foram todos? Isso mesmo… [ dirigindo-se aos médicos] Agora esta é a parte mais importante. Nós temos que fazer esses números desaparecerem se realmente ela quiser ajuda na altura do parto. Em trabalho com os vossos pacientes para um parto ou qualquer outra causa, se eles continuarem a ver os números vocês não poderão dar grande ajuda. É por causa disso que eu assegurei que ela tinha feito os números desaparecerem, uma vez que tenha feito desaparecer os números, reparem nas coisas maravilhosas que acontecem instantaneamente. Vejam como ela está relaxada. E [ para a paciente] o sentimento interior e muitíssimo bom, não é verdade? Paciente: Sim Elman: Agora apertarei a sua mão direita, e repare na anestesia a chegar. A sua mão está a ficar entorpecida. Vou aperta-la três vezes. Uma…duas…três…como está a sua mão agora? Paciente: Sinto-a fria. Elman: Muito bem, isso significa que a anestesia começou. Quando eu disser para abrir os olhos, essa anestesia vai tornar-se dez vezes mais forte … Abra os seus olhos…Como está a sua mão agora? Paciente: Sinto-a estranha Elman: [aos médicos] Isso é sonambulismo com os olhos bem abertos, porque nós retivemos o estado sonambúlico com os olhos bem abertos. Se quisermos tornar essa anestesia mais forte, podemos fazer, colocando-a a fazer quase qualquer coisa e através de qualquer acto ─qualquer sugestão que ela siga─ que isso fará a anestesia mais forte. Por exemplo [para o paciente] levante a sua mão esquerda e deixa-a cair…O que é que aconteceu a sua mão direita quando você fez isso? Paciente: Sinto-a mais esquisita Elman : Mais estranha que antes é verdade? 84 Hipnoterapia
Paciente: Sim. Elman: Agora coloque a sua cabeça para trás e traga-a para frente…Como está a sua mão direita? [para os médicos] Por esta altura está tão entorpecida que ela provavelmente não sente nada. Por forma a deixar-vos ver a profundidade da anestesia que obtivemos, eu vou ter que trabalhar nessa mão direita e ela não vai sentir o que estou a fazer. De facto para provar que ela não sente o que estou a fazer, eu vou faze-la fechar os olhos enquanto trabalho nisso… *para o paciente] Então agora quero-a com os olhos fechados, após eu trabalhar na sua mão, eu quero que você tente localizar onde em que parte é que eu trabalhei…Agora sem abrir os olhos, tente perceber onde é que eu a toquei. [para os médicos] Vejam, o quão longe ela falha. Ela está cerca de sete polegadas (18 centímetros) afastada … a anestesia é muito boa quando se está longe cerca de sete polegadas de uma pinça Allis fechada na terceira ranhura…Deixem-na dizer-nos o tão pouco que ela sente. [para a paciente] Eu quero que você abra os olhos e a anestesia será mais forte do nunca, mas quero que nos diga o que sente. Paciente: Nada Elman: Agora vamos começar tudo novamente para explicar por que é que estamos a fazer isso e porque é que fizemos exactamente como fizemos. [para o paciente] Na próxima vez quando eu falar consigo e disser para fechar os olhos você ficará exactamente no meu estado em que esteve antes. Isto é, os números terão desaparecido e você estará completamente relaxada. [para os médicos] Há mais de cinquenta anos que eu tenho vindo a estudar o assunto hipnose, e nos meus mais recentes estudos, deparei-me com um livro do Dr. H. Bernheim. Nesse livro ele afirma que quando um paciente chega até ele para a primeira consulta, ele hipnotizou o paciente foi entrou no estado leve da hipnose, Uma semana depois quando o paciente retornou para a segunda consulta, ele foi entrou para o mesmo estado. Isso aconteceu por quatro semanas sucessivas. Mas na quinta visita consulta, o médico notou que o paciente entrou num estado muito mais profundo, identificável pelo fato de que o paciente desenvolve amnésia no interior do estado, ou pela aceitação imediata das sugestões para a amnésia. Ele chamou a esse estado sonambulismo. Era o mesmo estado sobre o qual o Marquis de Pusuygur já havia descrito. Ocorreu-me que se o paciente retornasse dia após dia, em vez de semana após semana, o sonambulismo poderia ser alcançado em cinco dias em vez das cinco semanas. Em seguida ocorreu o pensamento de que ele poderia ter feito essas visitas em intervalos de uma hora de e então teria conseguido o sonambulismo em cinco horas ao invés de cinco semanas. Continuando ao longo dessas linhas, perguntava-me se este estado não poderia ser produzido ainda mais rápido. Eu experimentei e descobri que eu podia produzir o estado sonambúlico hipnotizando a pessoa repetidamente, em intervalos muito mais curtos. Eu era capaz de alcançar em três minutos, o que levou ao Dr. Bernheim cinco semanas para realizar. Eu chamo a este método a “técnica de indução repetida”. ─Foi usada na sessão da aula cujo excerto vocês acabaram de ler─ E agora aqui está o método “indução repetida” de alcançar o estado profundo de sonambulismo. [dirigindo-se á paciente] Feche os olhos. Relaxe todos os músculos de forma á que os 85 Hipnoterapia
músculos dos olhos não funcionem…Agora teste-os. [para os médicos] Esta é a primeira visita. [para á paciente] Daqui a um momento você vai abrir e fechar os olhos e ficará mais relaxada do antes…Feche os olhos. *para os médicos+ Agora nós demos a segunda visita. Agora já temos o benefício da sugestão pós-hipnótica, por quanto no estado hipnótico eu estou a sugestiona-la de que na próxima vez que ela abrir e fechar os olhos ela ficará mais relaxada do que nunca. [para a paciente] Agora, abra e feche os olhos. [para os médicos] E agora nós temos uma paciente que está mais relaxada do que nunca. Esta é a terceira visita. Três visitas, mais duas sugestões pós-hipnóticas são certamente o equivalente a cinco visitas ao Dr. Bernheim. Agora estamos preparados para o teste do sonambulismo. Se ela seguiu as ordens dadas até esta altura, nós deveremos ser capazes de dar-lhe uma sugestão para amnésia, ou ela mesmo será capaz de desenvolver a amnésia dentro do estado, se ela realmente alcançou o estado sonambúlico. Nós determinamos em cima um teste que tem esta peculiar faculdade: se não nos indicar que o sonambulismo está lá, ele tende a produzir sonambulismo. Em outras palavras, o próprio teste sugere sonambulismo. [para o paciente] Eu quero que relaxe a sua mente assim como você relaxou o seu corpo. Comece a contar de cem para trás. De cada vez que disser um número dobra o relaxamento. Na altura do que baixar dos noventa e oito não haverá mais nenhum número, e você estará tão relaxada…Agora comece dos cem e faça isso acontecer…Os números sumiram? Paciente: Sim Elman: [para os médicos] Vocês lembram-se, eu apertei a mão delas três vezes e disse, “ A anestesia virá para essa mão,” e eu penso que continua lá. *ao paciente] Como está a sua mão? Paciente: Bastante entorpecida. Elman: Vou aperta-la e ficará muito entorpecida. Uns…Dois…Três *para os médicos] Lembrem-se do que fiz. Depois que obtive o começo do entorpecimento eu disse, ”Quando eu disser abra os olhos, esse entorpecimento vai tornar-se cerca de dez vezes mais forte do que está agora.” *para o paciente+ Agora abra os olhos. Como está a sua mão? Paciente: Entorpecida Elman: [para os médicos] Agora o que é que fiz? Eu compus a anestesia. Eu tenho-a no estado sonambúlico com os olhos bem abertos. Agora queremos aumentar essa anestesia. Qualquer coisa que eu faça, irá aumenta-la. Vejam. Perguntem-lhe se ela não sente um aumento da anestesia quando eu acender este cigarro. [para a paciente] Veja-me acender este cigarro e depois diga-me como sente essa mão…como sente a sua mão? Paciente: Entorpecida Elman: Mais entorpecida que antes? Paciente: Sim Elman: Reparem no desejo de relaxamento. Qualquer sugestão dada pode ser empregue para aumentar o relaxamento. [ao paciente] Agora pode fechar os olhos novamente. Eu vou retirar a anestesia, e quando você abrir os olhos vai sentir-se 86 Hipnoterapia
melhor do que se tem sentido todo o dia, toda a noite, todo o mês. E vai estar numa forma maravilhosa para ser ajudada no seu parto. Você vai ter esse bebé sem sentir uma única coisa. Agora abra os seus olhos e repare como se sente bem…Como se sente? Paciente: Bem Elman: [para os médicos] Por que é que eu fui capaz de obter anestesia profunda todas as vezes que dei uma sugestão? Porque as sugestões podem ser compostas. A primeira que derem pode ser relativamente fraca. No entanto ela torna-se forte quando vocês a seguem com uma segunda sugestão, ainda que a segunda possa ser inteiramente diferente. Vocês dão a sugestão um, e esta é fraca. Então dão a sugestão dois e a um fortalece. Depois vocês dão a sugestão três e as sugestões número um e dois fortalecem. Dêem a sugestão quatro, e a um, dois e três, todas fortalecem. Dêem a sugestão cinco, e a um, dois, três e quatro fortalecem. A progressão estende-se de volta ao início. * * * Imagine uma cena como esta. Eu tenho um homem e uma moça em sonambulismo. Próximo das suas cadeiras está um fonógrafo. Eu digo para a moça, “Vai acontecer uma coisa estranha depois que eu disser para abrir os olhos. Você vai descobrir que todas as vezes que eu puxar a minha gravata você sentir uma vontade irresistível de ligar aquele fonógrafo.” Depois eu digo ao homem sentado ao lado dela,” E uma coisa estranha vai acontecer consigo. Todas as vezes que alguém ligar aquele fonógrafo você sentir uma vontade irresistível de o desligar.” Agora tenho-os de olhos abertos, mas uma vez que tenho a sugestão implantada, eu continuo a manter o sonambulismo. Eles estão a olhar para mim e eu puxo a minha gravata, e muito lentamente, a moça vira e olha para o fonógrafo, mas ela não faz nada em relação a isso. O homem vira lentamente e olha para ela, mas é tudo o que acontece. Então eu puxo a minha gravata outra vez, e ela para o fonógrafo mais rápido, e mais rápido o homem olha para ela. Pela terceira vez puxo a minha gravata ela levanta-se lentamente e deliberadamente, e caminha para o fonógrafo e liga-o, mas, também deliberadamente o homem segue-a e desliga-o. Agora, enquanto estão a meio do caminho de volta para as suas cadeiras, eu puxo a minha gravata e por esta altura a sugestão um está tão forte que a moça corre de volta ao fonógrafo e liga-o, mas o homem corre de volta ao fonógrafo e desliga-o. E tudo isso está a acontecer como resultado da composição do incremento da sugestão, uma técnica que pode que pode ser aplicada na medicina e odontologia. Eu estava a usar precisamente esta técnica quando eu reforcei a anestesia na mão da paciente grávida há pouco tempo atrás. Depois de mais algumas demonstrações, será trabalho de todos os médicos fazerem a seguintes coisas: Primeiro, produzir sonambulismo pela técnica da indução repetida. Depois se encontrar sonambulismo artificial mudao para o verdadeiro sonambulismo por composição da sugestão. Uma vez você tenha alcançado o sonambulismo em transe, você tem que ir depois para o sonambulismo com olhos abertos. Isso significa que você deve dar uma sugestão que se mantenha 87 Hipnoterapia
enquanto os olhos estão abertos, e nesta altura você deve compor as sugestões até que tenha uma profundidade de anestesia que o satisfaça, como sendo medicamente ou odontologicamente útil. Agora para outra demonstração. Elman: [para a paciente que está em transe e sonambúlico] Eu vou apertar a sua mão e você sentirá algum entorpecimento na sua mão…um… dois…três…como está a sua mão? Paciente: Sinto-o a chegar Elman: Quando eu disser abra os olhos, o entorpecimento aumentará dez vezes mais…Abra os olhos… *para os médicos+ Isto é sonambulismo com os olhos bem abertos… ─a paciente─ Como está a sua mão? Paciente: Eu não sinto nada aí. Elman: Agora nós queremos que a anestesia fique dez vezes mais forte. Incline a sua cabeça para trás e traga-a para a frente, e repare no que acontece na sua mão…Como está a sua mão? Paciente: Melhor ainda Elman: Faça isso outra vez e essa anestesia tornar-se-á tão intensa que você não será capaz de sentir nada…Como está? Bastante entorpecida agora?... *para os médicos] A mesma coisa é verdadeira aqui. Ela não vai sentir uma única coisa nessa mão, e eu vou fazer os mesmos testes e deixa-los ver que, nem ela nem a moça antes dela, nem qualquer outra pessoa ─uma vez que as sugestões sejam compostas─ consegue fazer uma boa avaliação de onde teste é feito. Isso é o quanto a anestesia é boa… *para a paciente+ Eu vou estar a trabalhar nesta mão…Você saberá que eu estou a trabalhar aí mas nada a incomodará, nada a perturbará …Agora sem abrir os seus olhos tente localizar onde é que o teste foi feito… *para os médicos+ Reparem cavalheiros… Todos os lugares menos o lugar certo. Agora nós queremos que a anestesia seja profunda quando ela abrir os olhos porque eu quero colocar-lhe algumas questões acerca disso… *para a paciente+ Abras os seus olhos por favor…Como está a mão? Bastante entorpecida agora? O que é você sentiu com o que eu fiz? Paciente: Não doeu magoou. Elman: Não incomodou. Verdade? Paciente: Sim Elman: Houve sentiu alguma pressão? Paciente: Não houve o suficiente para ascender á pressão! Elman: [para os médicos] Vocês conseguem remover a sensação de pressão em muita gente, com a anestesia profunda que vocês obtêm com a composição o composto. Aqueles de vocês que necessitem de um grau muito bom de anestesia descobrirão que a composição permite-vos obtê-la…não apenas para os partos mas para todos os tipos de trabalhos. Suponham que quero trazer a anestesia para outro lugar. Aqui está como fazer… ─para a paciente─ Coloque esta mão directamente em cima da outra mão. Em cerca de três segundos esta anestesia transferir-se-á para a outra mão. Você vai descobrir que mudou de mãos… Agora como está a anestesia na sua mão direita? 88 Hipnoterapia
Paciente: Está lá Elman: Em outras palavras, você pode colocar a anestesia em qualquer parte…Coloque nos dedos dos pés por favor. Toque nos seus dedos dos pés com a sua mão e mantenha-a lá por alguns segundos… Como estão os dedos dos seus pés? Paciente: Entorpecidos Elman: Coloque a mesma anestesia no queixo e veja como é boa a anestesia dental que você tem…como está o seu queixo? Paciente: Realmente entorpecido Elman: Aí está o que quis dizer. Você consegue mover a anestesia hipnótica por todo o seu corpo. Se você tem que trabalhar em ambos os lados do rosto…Veja, agora está aqui, e eu quero que a traga de volta para o outro lado, e ai está! Como está o lado esquerdo do rosto? Paciente: Entorpecido Elman: [ para os médicos] por outras palavras esta é a anestesia com que você pode trabalhar. E o que eu tenho estado a fazer? Tenho estado a compor. Portanto, a anestesia no queixo dela será mais forte que a anestesia que ela teve na mão uma vez que há cerca de quatro ou cinco composições compostos desde aquela altura. Eu quero que vocês vejam a profundidade de anestesia que nós temos aqui. Doutor você pode por favor fazer o teste para a anestesia no queixo dela? ─Doutor faz o teste─ Excelente anestesia, não verdade? Quando você tem anestesia tão boa como esta, fica muitíssimo fácil trabalhar… *para a paciente+ O que é que você sentiu? Paciente: O suficiente para saber que ele estava mexia na minha boca mas não o suficiente para incomodar. Elman: [para os médicos] Suponham que, queremos que toda esta anestesia desapareça de todas as partes do corpo dela, e faze-la sentir-se maravilhosa, é assim que fazemos… *para a paciente+ Feche os seus olhos. Quando eu disser para abrir os seus olhos, a anestesia desaparecerá e você vai sentir-se melhor do que se sentiu todo o dia…abra os olhos…Como se sente? Paciente: Bem Elman: Toda a anestesia desapareceu? Paciente: Sim Elman: [para os médicos] Isto é a coisa que faz a hipnose funcionar. Desde o início da hipnose até ao seu estado mais profundo, é tudo uma questão de composição composto. Tudo o que vocês estão a fazer o tempo todo é desenvolver um estado melhor, uma maior profundidade, e a maior anestesia se é anestesia que vocês querem. Eu quero mostrar-lhes algo mais acerca disso. Em nenhum momento a hipnose faz as pessoas perderem a consciência. Aqui está uma pequena experiencia para deixar-vos ver que esta paciente em hipnose, teve maior consciência que ela possivelmente tem em circunstâncias normais. [para a paciente] Jovem, você lembrase de quando e como aprendeu a andar? Paciente: Não Elman: Você acha que alguém nesta sala lembra-se de quando e como aprendeu a andar? 89 Hipnoterapia
Paciente: Não Elman: Você sabe que no estado em que a tivemos agora, nós podemos deixala ver a si mesmo como aprendeu a andar? As pessoas têm uma ideia engraçada acerca da vida. Elas pensam que esquecem as coisas. Nunca ninguém esquece nada. Tudo aquilo pelo que passamos na nossa vida faz uma impressão e nós armazenámo-la afastada. E quando a consciência é suficientemente incrementada estimulada então podemos puxar essa pequena lembrança para fora da sua gaveta, fora do seu esconderijo e obtemos um efeito muito electrizante. Se você perguntasse a todas as pessoas nesta sala “ Você recorda-se do tempo em que aprendeu como andar?” Eles dirão “Não” Mas todos eles lembram-se … ─para os médicos─ Deixem-me mostrar-lhes que o que está escondido dentro desta pessoa é a memória de si mesma a aprender andar. Ela verá as pessoas que estavam lá, mãe e pai a irmã se é que tem alguma. Ela será capaz de os ver como os viu enquanto aprendia a caminhar… *para a paciente+ Feche os olhos. Faça os números desparecerem, e estará de volta ao estado em que esteve antes… Os números desapareceram? Faça-os desaparecer…Você consegue fazer isso rapidamente. Paciente: Eles sumiram Elman: Muito bem. Agora aqui está o que vai acontecer. Eu vou abrir a gaveta para si, ou ajuda-la a abrir a gaveta onde está guardada a memória da sua aprendizagem de como começou a caminhar. Eu vou estalar os meus dedos e você verá terá uma visão real, uma memória real de si mesma a aprender a andar. E se for uma cena interior você verá a mobília que estava lá, você verá as pessoas que estiveram lá e como é que elas estavam vestidas, e você ver-se-á a si mesmo como estava vestida. Se for uma cena exterior, você será capaz de nos dizer em que altura do ano foi pelo tempo clima e você não só será capaz de nos dizer em que altura do ano foi, mas também, como você estava vestida e como é que elas estavam vestidas, e o que elas disseram…Agora quando eu estalar os meus dedos você terá essa visão… Quando eu os estalar pela segunda vez você vai abrir os olhos e vai nos dizer o que é que viu e as palavras que você ouviu falar…Muito bem, agora é que é. *estalar de dedos]. Agora quando eu os estalar outra vez, você pode contar-nos tudo o que você viu. *estalar de dedos+ Aí está. Agora você pode abrir os olhos…O que foi que viu? Paciente: Um sofá. Elman : E onde é que você estava? Paciente: No meio do chão. Elman: Estava em pé ou sentada? Paciente: Sentada. Elman: E o que aconteceu? Paciente: Eu andei até ao sofá Elman: De que cor era o sofá? Paciente: Vermelho. Elman: Quem estava lá do seu lado? Paciente: A mãe. Elman: E como é que ela se parece? 90 Hipnoterapia
Paciente: Muito mais nova. Elman: Você reparou como é que ela estava vestida, não é? Paciente: Não. Elman: Como é que você estava vestida? Paciente: Um pequeno vestido amarelo. Elman: Agora, com os olhos da sua mente, dê uma olhada na sua mãe e diganos como é que ela está vestida. Feche os olhos e veja-a…Aí está ela…Como é que ela estava vestida? Paciente: Um vestido estampado com cores. Elman: Ela está a ajuda-la a caminhar ou você está a caminhar tudo sozinha? Paciente: Sozinha. Elman: Muito bem, agora pode abrir os olhos. Como se sente por ser capaz de se ver a si própria novamente a aprender a andar? Paciente: É uma sensação divertida. Elman: É um sentimento divertido pensar que você tem uma mente tão boa, não é? Mas lembre-se que, todas as pessoas nesta sala seriam capazes de fazer a mesmíssima coisa… ─para os médicos─ Vocês conseguem fazer isso quando a consciência lembrança é trazida pelo mesmo estado em que está esta jovem. Eu vou remover as sugestões, mas ela continuará a lembrar-se de tudo… ─para a paciente─ Feche os seus olhos, por favor. Quando eu a fizer abrir os olhos, você saberá que isso é uma coisa muito prazerosa para ser capaz de se lembrar, e todas as sugestões que eu dei sobre essa visão terminarão, mas você lembrar-se-á de tudo muito nitidamente. E repare como se sente bem…Muito bem, agora pode abrir os seus olhos…Como se sente? Paciente: Bem. Elman: Vocês conseguem ver o que eu quero dizer por aumentar a consciência? Eu também poderia trazer de volta para a primeira lembrança que ela tinha quando sua inteligência se formou, a primeira impressão que foi implantada depois que a memória dela formou-se. Nós falaremos acerca disso quando chegarmos a hipnoanalise. Isto foi para deixá-los ver que o estado que nós desenvolvemos é o de consciência afilada focada. Não é inconsciência. Não é um estado que vocês tenham de temer. Isto é um estado no qual a mente trabalha tão bem em que a lei da autopreservação funciona tão lindamente, que nunca ninguém poderá aproveitar-se de vocês no estado hipnótico. É por isso que na história do mundo não há nenhuma lesão ou perda, feitos por hipnose. Infelizmente, existem livros acerca deste assunto de autores que nem sabem como explicar estas coisas, por isso eles os infestam com os devaneios as fantasias das suas próprias imaginações. As pessoas têm infestado a hipnose com muitas ideias falsas. A hipnose é talvez um dos mais belos estados que Deus tornou possível para a humanidade, e este belo estado contém anestesia da própria natureza, que Ele disponibiliza para cada um de nós. Mas tem sido tão severamente abusado por pessoas que tentam torná-lo vudu, magia negra. E não é! Quando vocês são ensinados a olhar para a hipnose correctamente, vocês vêm-na 91 Hipnoterapia
como uma coisa linda e maravilhosa que Deus tornou possível… *para a paciente+ Você experimentou isso. Não é lindo? Paciente: Sim! Elman: Aqui está uma coisa que a ajudou a livrar-se da náusea e vómitos da gravidez. Aqui está algo que tornou possível a ela lembrar-se quando era um bebé, talvez com menos de um ano. Deve ela não olha-lo como um estado maravilhoso? Não deve haver nenhum medo com a hipnose. Até os maravilhosos estados que vocês têm visto esta noite podem ser arruinados pelo medo. Não deixem o medo entrar. Não deixem nenhum enfermeiro ou medico que não conheça a semântica da hipnose falarem coisas erradas para um paciente. Pensem na reacção de uma gestante quando ela ouvir uma enfermeira a exclamar ”Meu Deus você não vai deixar que ela tenha todas as contracções e o parto sem anestesia nenhuma vai? “ Eu tenho os meus alunos-médicos a praticarem uns nos outros, e a saberem e passarem tudo o que irão fazer passar os seus pacientes! A razão de muitos conceitos errados terem-se insinuado dentro da hipnose é que milhares e milhares de pessoas bem-intencionadas têm estudado a hipnose a partir de fora ao invés de ser dentro para fora. Quando vocês olham para a hipnose de dentro para fora, vocês sabem o que se está a acontecer e perdem o medo. É por isso que eu gosto que o médico saiba o que vai fazer ao seu paciente; e eu quero que ele saiba o que o paciente está a pensar e a sentir. E quando a anestesia hipnótica é dada o quão pouco ele está a sentir. Eu quero que os meus médicos sintam a anestesia feita possível por sugestões compostas e como a anestesia se desenvolve lindamente. Na prática desta, tenha em mente que vocês talvez encontrem sonambulismo artificial, e que é quase impossível trabalhar com ele. Tudo o que têm é hipnose leve. Agora vejam o método de tornar o sonambulismo artificial em verdadeiro sonambulismo… *para o médico que faz de paciente e não alcançou o verdadeiro sonambulismo] Eu vou levantar a sua mão e quando a largar as luzes se apagarão e os números desaparecerão…Os números sumiram? Paciente: Sim Elman: Por que é que ele falhou antes e por que é que foi bem-sucedido desta vez? Ele estava a esforçar para tentar ajudar e com receio que não conseguisse. Ele manteve-se tão preocupado que não seguiu as ordens e, portanto não relaxou correctamente. Ele mesmo vai-lhes dizer o que foi que aconteceu… *Para o paciente+ Doutor consegue falar-nos da diferença entre a maneira que está relaxado agora e a maneira que estava antes? Paciente: Sim. Elman: [para os médicos] Deixem-me mostra-vos novamente a técnica que eu uso quando os números não desaparecem. Eu levanto a mão dele e digo, ”Quando eu largar a sua mão as luzes apagam-se e você não vai ver mais números nenhuns…Aí está…As luzes apagaram e todos os números despareceram… É assim que vocês mudam o artificial para o verdadeiro sonambulismo. A composição da anestesia, tudo o que vocês precisam para começar é uma pequena anestesia. Mas se vocês perguntarem ao paciente como é que ele se sente depois de terem dado a sugestão de 92 Hipnoterapia
anestesia, e ele disser ”Não muito diferente”, e depois vocês compõem, e vocês continuam a compor até o fim do tempo, e nada vezes nada, é igual a nada. Ele tem que ter uma pequena anestesia para se compor uma anestesia maior. Este médico aqui tem tido alguma dificuldade com este paciente em compor anestesia. O paciente age como se nada demais esteja a acontecer. Mas eu acredito que ele tem ampla bastante anestesia e eu sugeriria para que você o teste. Primeiro faça-lhe um teste dental suave para ter a certeza que ele tem a anestesia [teste dental a ser feito] Doutor: Tenho estado a testar a vários segundos. O que é que sentiu? Paciente: Eu mal consegui sentir nada, mas percebi que esteve a trabalhar lá. Doutor: Eu estava a quebrar raspar tecido gengival. Paciente: Eu não sabia disso. Não senti nada. Eu nem pensei que tinha anestesia porque julguei que se sentia o queixo congelado quando ele está anestesiado. Não se sente como eu pensava que seria. Não senti nada, embora eu possa dizer que no fim você estava a carregar mais forte do que no início, mas não me incomodou! * * * Quando você muda do artificial para o verdadeiro sonambulismo, você consegue aperceber-se da maneira como a pessoa aumenta o relaxamento conforme o verdadeiro estado aparece. Existe uma fantástica diferença. Pacientes descrevem esta diferença como um sentimento de ser um estado de felicidade pacífica, onde não existe conflito assim que os números desaparecem. No sonambulismo, as sugestões tornam-se tremendamente mais efectivas, e podem ser dadas muito mais tipos de sugestões. O verdadeiro paciente sonambúlico é quase inteiramente acrítico às sugestões que são dadas e irá, na medida das suas capacidades e das suas necessidades esforçar-se para aceitá-las. No estado de hipnose leve, o paciente parece estar a dizer ao médico, “espero que isso funcione”. No entanto uma vez que entra no estado profundo, a atitude do paciente parece ser”Eu sei que isso vai funcionar. Isto tem que funcionar.” E por isso funciona! Eu acredito que se o médico consegue entender a verdadeira razão do porquê que as pessoas aceitam melhor as sugestões em sonambulismo, ele tornar-se-á mais proficiente com hipnose. Aqui está então a explicação: Você já sabe que a hipnose é uma forma de relaxamento. A medida que o paciente relaxa mais e mais, fundo e profundo, uma sensação de euforia ─um sentimento de bem-estar, de contentamento─ é trazida ao paciente o qual talvez, nunca antes tenha conhecido. Assim que esse sentimento aumenta, ele obtém um sentimento de maior confiança nele mesmo, e no médico. Neste estado eufórico parece ao paciente que tudo vai bem com o mundo e que qualquer coisa dentro da razão do limite humana é possível. Portanto ele aceita ao pé da letra ─sem criticismo─ qualquer sugestão que pareça razoável e prazerosa para ele. Novamente deixe-me sublinhar que em sonambulismo você não alcança um estado como zombie. O paciente não perde a consciência. Ao invés, ele ganha aumenta consciência percepção. Foi estimado por várias autoridades no assunto que 93 Hipnoterapia
em sonambulismo a consciência do paciente é aumentada acima dos dois mil porcento. Pegando na jovem senhora que foi capaz de se ver a aprender como caminhar. A sua consciência tem que ser tremendamente aumentada para ser capaz de fazer isso. Eu tenho uma memória tenaz o suficiente para que, sem a ajuda da hipnose, eu consigo ir atrás e pensar em incidentes que ocorreram quando eu tinha três ou quatro anos de idade, mas quando eu tento lembrar qualquer coisa que tenha acontecido quando eu tinha cerca de um ano ou menos, e acho isso impossível. Quando a consciência é suficientemente incrementada eu consigo faze-lo, você também pode. E você vê voltar de forma muito clara, coisas enterradas bastante longe. Repare que na demonstração a jovem senhora foi capaz de dizer que tinha um vestido amarelo. Ela foi capaz de dizer que a mãe dela estava vestida com um vestido estampado e que era colorido. Na verdade ela viu estas coisas á cores.Você sabe o que tem de fazer para alcançar esse estado. Tendo avançado tão longe, você tem a liberdade de atalhar sem medo de falhar repetidamente ou de ser enganado pelo sonambulismo artificial. Esforce-se por obter o estado profundo num minuto. Mas o que você deve fazer quando se deparar com resistência da parte do paciente? Não tente produzir o estado hipnótico. Uma vez que a hipnose é um estado consentido, é inútil continuar quando existe resistência! Em certos casos um médico consegue eliminar muita dessa resistência ao dizer para o paciente, “ Muito mau. Você não quer o tratamento da maneira mais simples, terá que o ter da maneira mais difícil. O paciente normalmente torna-se apologético ─o medo da dores que podem surgir se o tratamento for dado da maneira mais difícil─ e tentará cooperar. Ida a resistência, você será capaz de obter o estado em muitos desses pacientes difíceis. Se o paciente continua a resistir, desista de tentar. Quando alguém me confronta resiste mais de um minuto, eu paro e penso para mim mesmo. ”O paciente parece não se dar conta que eu quero ajuda-lo. Se ele não perceber que eu quero ajudá-lo, então terá que submeter-se ao tratamento da maneira mais difícil.” Esta é a atitude mais sensata mesmo em casos de partos. Se uma mulher não quiser colaborar ao ponto de relaxar para obter o estado no qual o parto é indolor, seja possível ─se ela insistir em sentir o parto─ deixa-a sentir. Não há nada de brutal nesta atitude porque se a deixar sentir uma ou duas contracções, geralmente ela dirá, “ Oh doutor ajude-me a relaxar.” E então você descobrirá que consegue tê-la leva-la dentro do estado apesar do quadro de tensão mental nesta altura e poderá ajuda-la no resto do parto.No entanto nos casos raros de pacientes que continuem a mostrar conflito, resistência, disputa, a hipnose é de pouco uso porque é um estado consentido. Não vá em repostar de volta quando você está a beira de ser o perdedor. Desista de tentar, use qualquer que seja a ajuda que você sempre usou antes de começar a aplicar a hipnose. Trabalhar com os pacientes de olhos abertos em hipnose profunda, parece ser uma das coisas que a maioria dos médicos não entende completamente. A técnica é dar uma sugestão ao paciente enquanto os olhos estão fechados, que manterá o 94 Hipnoterapia
efeito quando os olhos estão abertos. Uma sugestão anestésica é o engenho perfeito para manter a hipnose a galopar. É um bom meio medicamentoso. Então você pode fazer todo o seu trabalho com os olhos abertos. Esta técnica que tem mais para ser a preferida por muita gente. Você pode dizer diferenciar um amador de um bom operador hipnótico verificando se ele aprendeu a lidar com pacientes com os olhos abertos. Se ele consegue trabalhar com olhos abertos, ele sabe o que está a fazer! Uma vantagem dos olhos abertos no estado é esta: Ninguém que esteja a andar rondar o seu consultório saberá imediatamente que você está a usar hipnose. Você não ficará preocupado por surpreender alguém, que não tenha sido apropriadamente apresentado ao fenómeno. Lembre-se que isto não é o mesmo que hipnose em vigília, é o sonambulismo profundo com olhos abertos, um estado completamente diferente. É neste estado de olhos abertos que você poderá dizer, “Vou transferir a anestesia desta mão para aquela perna” Você pode dizer, “Estalarei os dedos e a anestesia saltará para baixo, nos dedos dos pés.” Também dar-se-á conta que quando obtém este estado profundo não há a tendência em sair dele, como existe no estado leve. Um paciente sairá dele prematuramente apenas se acontecer alguma coisa o assuste, ou se você der um tipo estilo errado de sugestão, se você disser, “Isto dói, não é?” ele saltará de imediato para fora da hipnose. Não faça isso, nessa altura você já deverá saber a semântica apropriada. O sonambulismo de olhos abertos tem ainda mais vantagens. O paciente pode cooperar plenamente com o médico, apontando áreas problemáticas por exemplo. Obviamente o oftalmologista necessita deste estado, uma vez que ele trabalha integralmente com olhos humanos. O facto de os olhos se manterem abertos enquanto o paciente permanece em profundo sonambulismo faz disso o estado óptimo para ele. Outros homens da medicina e odontologistas acham este estado vantajoso de acordo com as exigências deles. O médico que tratar o seu paciente com este estado é encarado como um praticante hábil, e por bons motivos, com a técnica apropriada o paciente nem se aperceberá de que tem sido usada hipnose, e assim, ele talvez não irá assustar, supersticiosos não iniciados ou amigos pacientes. Se for questionado ele normalmente dirá, “Como posso eu ter sido hipnotizado? Eu estive bem acordado e vi o tratamento médico inteiro.” Na verdade na hipnose você está sempre bem acordado, você nunca adormece, mas a maioria das pessoas ignoram esse facto. Então para que não haja possibilidade de confusão, esteja certo que você entendeu o que é uma sugestão pós-hipnótica. Uma sugestão pós-hipnótica é dada enquanto o paciente está em hipnose, para ter efeito depois que o paciente é despertado do estado. Se você tem estado a praticar as técnicas descritas neste livro, você tem vindo a trabalhar com sugestões pós-hipnóticas desde o início. Quando você dá uma sugestão de saúde, é pós-hipnótica. Você diz “Quando abrir os olhos vai sentirse melhor do que se tem sentido todo o dia.” Você tem trabalhado constantemente com sugestões pós-hipnóticas aplicadas na medicina e na odontologia.
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Capítulo 13: O estado Esdaile Existe um livro do Doutor George Bankoff, um companheiro do Royal College of Surgeons intitulado “The Conquest of Pain” e sub-intitulado “The Story of Anesthesia.” No trabalho do Doutor Bankoff há um relatório acerca de um médico chamado Pien Chiao . Doutor Chiao, que viveu há cerca de vinte e três séculos atrás, reivindicou que dois homens o visitaram um dia e ele deu-lhes uma bebida que os reduziu á inconscientes por três dias inteiros. Doutor Chiao redigiu esta fantástica descrição do incidente: “Então fiz uma operação em que explorei as regiões do estômago e do coração, e após retirar o coração e o estômago e permutei-os entre estas pessoas. Tal foi a maravilha de droga que eles não emitiram nenhum som, e em poucos dias eu assenti-lhes retornarem a casa completamente recuperados.” Claro que sabendo o que nós fazemos acerca de cirurgias, isto é provavelmente um conto de fadas, mas o ponto é que as suas palavras mostram que os médicos do tempo dele já tinham um enorme interesse na anestesia. Existe uma tendência em olhar para a anestesia como bastante moderna. De facto os curandeiros têm vindo a pesquisar por boa anestesia desde os tempos pré-históricos, e talvez possa ter sido encontrada a milhares de anos atrás. Num papiro conhecido com o Papiro de Ebers, credenciado ao ano de 1600 A.C foi encontrada uma afirmação traduzida como se segue: “Sugerido como um tratamento útil para a extracção de estilhaços: Cozinhar o sangue dos vermes e misturar com óleo. Depois mate uma toupeira cozinhe drene em óleo e prossiga a misturar o esterco de um burro em leite. Aplique a pasta com os encantamentos apropriados.” Os “encantamentos apropriados” uma receita favorita da medicina primitiva, equivale a hipnose em vigília. A hipnose foi conhecida e usada sob vários nomes, a milhares e milhares de anos atrás; tem sido chamada de tudo desde Yar-Phoonk (no dialecto Hindi) ao vudu, magia, encantamento. Antes dos dias de Mesmer foi chamada de magnetismo, depois o seu nome foi mudado para mesmerismo, depois em seguida veio Braid e deu origem as palavras hipnose e hipnotismo ─e tentou mudar o nome para “monoideísmo” quando se apercebeu que a hipnose afinal não era sono. O opio e, na verdade derivados de tudo desde papoilas a indiana snakeroot planta raiz-de-cobra encontraram aplicação anestésica durante o desenvolvimento da medicina moderna. Mas enquanto a anestesia química tinha, e tem, enorme importância na história da cura medicinal esta não tem as vantagens da anestesia mental. O primeiro homem dos tempos modernos a redescobrir realmente este grande poder e a fazer extensivamente bom uso, foi um cirurgião inglês que dá pelo nome de James Esdaile. Ele tornou-se um interessado no mesmerismo ainda a palavra hipnose não era conhecida.
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Ele foi para a Índia em 1845 e o trabalho que fez por lá com o mesmerismo, foi assombroso mesmo á luz do conhecimento actual. No entanto ele falhou ao não se aperceber de que aquilo com que ele estava a trabalhar era o poder da sugestão. Tudo o que ele sabia, era que se seguisse as técnicas de Mesmer aplicando-as diligentemente conseguia alcançar um estado de mesmerismo melhor que aquele que o próprio Mesmer já tinha conhecido. Ele levava muito tempo para que esse notável estado se desenvolvesse. De acordo com os relatórios que li, em muitos casos poderia levar uma hora ou hora e meia. Vale a pena ressalvar que estes eram os dias antes da anestesia moderna e os pacientes em que ele trabalhava precisavam de algo que aliviasse a dor, eles iam entravam desesperadamente para o estado que Esdaile tentava gerar. Neste estado, ele foi capaz de realizar proezas notáveis de cirurgia. Diz-se em boa autoridade que ele fez todos os tipos de cirurgias conhecidas na altura ─incluindo amputações, cirurgias abdominais e vários tipos de suturas em variados tipos de ferimentos─. Alguns livros reportam que ele fez acima de trezentos procedimentos de cirurgias abdominais profundas, neste estado que até então era completamente desconhecido em medicina. Nos tempos de Esdaile a mortalidade em cirurgia era de cinquenta por cento. Esdaile foi capaz de reduzir esta taxa para oito por cento com o uso das suas técnicas, e os seus pacientes recuperaram mais rapidamente e mais facilmente do que a média dos casos cirúrgicos nos seus dias. Ele voltou para a Inglaterra emocionado com a sua descoberta, ansioso em mostrar aos cirurgiões em casa um método pelo qual reduz a mortalidade e faz cirurgias indolores. Nas palestras dele tentou produzir o estado em frente as audiências de médicos, e não se apercebeu que a sua própria resistência os impediria de entrar no estado. Os médicos ridicularizaram-no, chamando-o de falso, charlatão e intrujão. Mesmo assim, ele abriu um hospital em Londres onde continuou o trabalho que ele tinha feito na Índia. Houve apenas um homem em Inglaterra que acreditou nas técnicas de Esdaile. Este era um médico, de seu nome John Elliotson. Elliotson veio ao seu hospital e viu Esdaile a trabalhar cerca de uma hora e meia para alcançar o estado necessário num paciente e depois a executar a cirurgia sem dor. Elliotson tornou-se no seu mais fiel defensor. Em resultado disso, o Doutor Elliotson, que era um professor de Medicina Pratica na University of London, foi forçado a abdicar da sua disciplina, e rapidamente Esdaile foi forçado a fechar o seu hospital. Nenhum dos médicos foi capaz de reproduzir as proezas de Esdaile. Incrédulos como eles eram, muitos deles tentaram reproduzir o que Esdaile tinha dito que era possível, mas nenhum deles sabia como. Tudo o que eles conseguiram, foi analgesia média, nada prático para cirurgia! Na minha perspectiva tudo o que eles conseguiram foi hipnose leve. Eles não sabiam como corrigir os seus erros e certamente não perguntariam ao Esdaile. Na verdade eles nem discutiriam entre eles mesmo as suas experiencias. Ninguém queria que alguém mais soubesse que estava a trabalhar na 97 Hipnoterapia
direcção desta coisa maravilhosa e a tentar reproduzir o sucesso do “charlatão”. A carreira de Esdaile foi arruinada assim como foi a de Elliotson, eles morreram amargamente decepcionados. Agora voltemos por um momento ao hipnotizador de palco e ao seu trabalho com milhares de pessoas hipnotizadas. De quando é vez esse tal artista encontrava uma coisa notável a que chama de coma hipnótico porque as pessoas que entravam nesse estado aparentavam estar em coma. Elas não se moviam, elas não falavam, elas simplesmente não respondiam a nada. Elas não aceitavam nenhum tipo de sugestões incluindo a de sair do estado. O artista de palco estava bem ciente do facto de que os sujeitos em sonambulismo podem escolher aceitar ou rejeitar as sugestões. Se o sujeito não aceitava certas sugestões que lhe eram dadas em sonambulismo, ele também os ignorava e trabalhava com outros ou dava sugestões que eles que eles aceitassem para que pudesse continuar a demonstração. No entanto, os sujeitos em estado de coma não aceitavam nenhum tipo de sugestões não importando quão aprazíveis ou razoáveis o operador acreditasse que elas eram. Estes sujeitos em coma representavam um problema porque não só eles não participavam na acção mas, sentados lá em estado de coma, eles distraiam a audiência. Eles eram um importuno! O operador tinha de inventar maneiras dessas pessoas. Como é que ele poderia faze-lo uma vez que eles não se levantavam e saiam do palco? Carrega-los para fora, seria desastroso. Além disso ele não tinha maneira de saber qual dos sujeitos entraria no estado de coma, antes da hipnose. Ele foi forçado a desenvolver técnicas para atender a situação, e eventualmente encontrou várias e diferentes maneiras de tirar os sujeitos problemáticos para fora do estado de coma. Algumas vezes esses métodos poderiam ser muito demorados. O hipnotizador de palco ficava frequentemente embaraçado porque a audiência tornava-se sobressaltada quando os sujeitos iam para coma hipnótico. Portanto, quando finalmente o operador de palco conseguia descortinar maneiras de trazer os sujeitos para fora do coma hipnótico, ele escondia a informação dos seus rivais. Claro que ele nunca se apercebeu que tinha tropeçado inadvertidamente no estado de Esdaile. Se ele se tivesse apercebido, o que é que ele poderia ter feito? Quando ele conseguia despertar os sujeitos que encontrava do coma hipnótico, ele ficava tão satisfeito por se ver livres deles, que os dispensava peremptoriamente. Para mim, era necessário como era para todos os outros operadores de palco, conceber maneiras de despertar sujeitos do coma. Após despertar um sujeito ─pelo método tentativa-e-erro ou simplesmente a trabalhar até o despertar─ em vez de o dispensar eu fazia-lhe perguntas. Eu queria saber por que é que essas pessoas reagiam diferentemente á hipnose, do que a maioria dos sujeitos. A partir do que eles me disseram ─e todos eles disseram a mesma coisa─ finalmente eu estava capaz de delinear uma técnica para trazer para fora os sujeitos do coma, instantaneamente! Ao inquirir esses sujeitos, rapidamente eu aprendi que o estado de coma era um de euforia em que o sujeito simplesmente não queria ser perturbado. Essa era a 98 Hipnoterapia
razão de não sair dela! Ele nunca tinha tido uma experiencia tão prazerosa e não queria que esse prazer fosse interrompido. Após aprender isso, foi bastante fácil conceber uma técnica infalível. Tudo o que você tem de fazer, é dizer ao sujeito que está em coma que, se ele não obedecer as suas instruções e despertar por si mesmo, ele nunca mais poderá ser hipnotizado outra vez. Isso foi tão efectivo que os sujeitos despertavam a si mesmo instantaneamente e logo depois disso o coma já não representava nenhum problema. Quando eu comecei a ensinar, eu acreditava, como a maioria dos estudantes do assunto, que o coma apenas podia ser produzido acidentalmente, nunca de propósito. Não reconheci que este era o estado de Esdaile, mas por vários testes feitos por mim, sabia que os pacientes ficavam completamente anestesiados tal como Esdaile havia reivindicado que eles ficariam. Eu também sabia que os pacientes ficavam completamente imobilizados. Você não os consegue ter a levantar um braço ou uma perna. Você não os consegue induzir para abrirem os olhos. As que entram no coma hipnótico tornam-se catatónicas. Se você levanta a perna de um sujeito por exemplo, ficará em qualquer posição que a puser e permanecerá lá indefinidamente. Não interessa o quão estranha seja a posição em que você a colocou. Não existe rigidez no membro; sentese apenas como se fosse cera e quando você move uma perna sente como se movesse cera, excepto que permanece em qualquer que seja a posição em que você a moveu. Eis o que Esdaile disse sobre um paciente no estado de coma: “Eu estendi o braço dela num ângulo de recto em relação ao corpo dela, nesta posição, ou em qualquer outra, permanecia fixo até ser movido novamente, e a cunhada picou a sua mão distendida. Eu despertei-a como considerável dificuldade. A dor de cabeça tinha sumido completamente, e ela sentiu, e parecia, bastante revigorada. O equilíbrio entre os músculos extensores e flexores é tão perfeito, que qualquer posição nova dada por uma força externa a cabeça, tronco ou extremidades, é facilmente recebida e mante-se firmemente. Esta energia passiva do sistema muscular, que permite ao corpo ser moldado numa grande variedade de posturas como se este fosse uma figura de cera ou chumbo é a característica distintiva.” Isto confirma o facto de que o paciente no coma hipnótico torna-se catatónico, e fica automaticamente anestesiado sem sugestão. A fase mais caluniada da hipnose é o completamente mal nomeado e mal-entendido coma hipnótico. Esdaile refere-se a ele como o coma mesmerico e outras vezes como sonambulismo, confundindo os dois estados. Tem sido incompreendido e maltratado por tanta gente, porque eles nunca investigaram completamente o estado. Por todo o mundo os médicos foram acautelados por professores e livros didácticos de que o coma hipnótico ocorreu acidentalmente em mais ou menos um de quinze mil pacientes, e que se encontraram ou acidentalmente produziram o coma, foi apenas um desses incidentes infelizes na medicina. Os livros didácticos preveniram os médicos para estarem atentos a isso, afirmando que os médicos poderiam não ser capazes de despertar o paciente. Alguns dos livros passaram a dizer, “Se o paciente entrar em 99 Hipnoterapia
coma, deixe-o sozinho e o coma tornar-se-á em sono natural do qual o paciente despertará normalmente de entre quinze minutos á oito horas” Os livros que fazem estas declarações ─e você pode encontrar tais afirmações em centenas deles─ provam que os seus autores pouco ou nada sabem sobre o estado. As conjecturas são completamente erróneas. Em primeiro lugar, poucas pessoas ─se é que alguma ─acham possível cair no sono adormecer no estado hipnótico. A afirmação de que o coma mudará para o sono natural é falsa! O paciente despertará se deixado sozinho por um período de tempo indefinido, mas se for entrevistado e colocada a questão, “Você adormeceu em alguma altura?” invariavelmente dirá alguma coisa como, “Não, eu estava tão completamente relaxado que não queria ser perturbado.” Mas os médicos têm olhado para o coma hipnótico como sendo perigoso e quando eles o encontraram, eles não se detiveram para investigar, deixaram-no abandonaram-no completamente, não se apercebendo que isso pudesse ser de valor para eles. Hoje encontrará muitas pessoas que acreditam que, a hipnose é perigosa por causa da possibilidade de que um sujeito poderá ir entrar ao coma hipnótico. Em algumas demonstrações, ocasionalmente você ouvirá pessoas na audiência dizerem “O que acontecerá se você não o conseguir despertar?” Eles não entendem que no mundo, nunca ninguém esteve em hipnose e não saiu dela. Como qualquer um, no início eu acreditei que o coma ocorria apenas acidentalmente e que não existia maneira de o obter intencionalmente. Tenho vindo a ensinar aos médicos como despertar os pacientes do coma porque eu senti que se eles usarem a minha técnica, entrariam em coma muito mais que um em cada quinze mil casos. Portanto, eu achei necessário ensina-los o método rápido que descobri para tirar os pacientes para fora do coma. Para mostrar-lhe o quanto isso era efectivo, gostaria de relatar um incidente que ocorreu em Fair Lawn, New Jersey á um bom número de anos atrás. Um operador de palco tinha vindo a cidade para fazer uma demonstração, e alguém da audiência foi para o coma, as pessoas sentadas a redor dessa pessoa começaram a ficar violentamente perturbados. O operador desceu do palco e assegurou á audiência que não havia motivo para alarmes e que ele conseguiria despertar a pessoa muito facilmente. Então prosseguiu usando a sua técnica habitual, mas o sujeito não respondia. O operador de palco continuou, assegurando á audiência que ele iria despertar o sujeito se dessem tempo suficiente. Nos minutos que se seguiram a audiência tornou-se agitada porque nenhuma das suas técnicas parecia funcionar. Aconteceu estar um dos meus médicos na audiência, e caminhou para o operador de palco e disse,” Eu sou capaz de desperta-lo instantaneamente, eu sou médico.” O operador disse, ”Ele não precisa de médico. O que é que você sabe de hipnose?” “Eu estudei o assunto, “respondeu o médico, “ e desejaria que me deixasse tentar.” 100 Hipnoterapia
“Vá em frente!” Disse o operador. “Eu continuarei depois de você desistir.” O médico avançou para o sujeito, murmurou algumas palavras ao ouvido, e imediatamente o sujeito despertou sozinho. Esta história apareceu nos jornais por todo o país, e deu uma credibilidade enorme ao médico. Fiquei orgulhoso pelo facto de ele ser um dos meus estudantes! Um outro incidente também mostrou o quanto a minha técnica de despertar é eficaz! Um dos meus médicos e a esposa foram a um restaurante com outro médico também com a esposa. O médico começou a falar acerca dos meus métodos rápidos de indução e, o quão eficaz eles são. O outro médico disse, ”tente na minha esposa.” O meu médico hipnotizou-a e imediatamente ela foi para o estado de coma, depois disso a marido dela ficou alarmado e disse, ”Estudei hipnose e foi-me dito para estar atento ao coma. Não se consegue traze-los para fora desperta-los e temos que deixa-los adormecer. Não a posso deixar dormir aqui. Vou tentar traze-la de volta desperta-la.” E logo a seguir ele tentou sem sucesso! O meu médico então sussurrou algumas palavras aos ouvidos da senhora. E ela saiu do estado imediatamente! Há muitos anos, que os médicos que frequentavam as minhas aulas têm vindo a contar-me acerca do coma e como despertar os pacientes desse estado. Mas por causa de não ser conhecido que o coma poderia ser produzido intencionalmente em qualquer altura, os estudantes raramente tiveram oportunidade de observar o estado na aula. Eu estava a ensinar em Baltimore, quando um dos médicos me disse, “Tenho um paciente que vai para o sonambulismo tão profundamente, que eu acredito que com um pouco de persuasão vinda de si, nós conseguiríamos coloca-lo no estado de coma. Eu gostaria de ver o coma hipnótico.” Eu disse-lhe que iria tentar. Eu senti que se desse o meu máximo para produzir o coma e não fosse bem-sucedido, poderia provar que o coma não poderia ser alcançado intencionalmente! Eu não tinha a ideia de que era o estado Esdaile. Na semana seguinte o médico trouxe o paciente para a aula e pediu-me para trabalhar nele. Eu disse-lhe, “Você coloca-o em sonambulismo e depois eu avanço a partir daí.” E então ele colocou o paciente no estado sonambúlico. Conforme lembro, eu falei ao paciente mais ou menos assim:” Sei o quanto você está relaxado, mas mesmo nesse seu estado relaxado eu aposto que você sente na sua mente que existe um estado de relaxamento abaixo do que está agora. Consegue sentir isso? O paciente respondeu, “Sim” Eu continuei, “Sabe, você pode fechar o seu punho e apertar e apertar e apertar, e apertar tanto que pode chamar a isso de alta tensão. Pode relaxar o mesmo punho até não conseguir relaxar mais. Você pode chamar a isso a cave do relaxamento. E eu vou tentar leva-lo até lá em baixo para a cave do relaxamento. “Para descer ao patamar A, você tem que relaxar duas vezes mais do que está já relaxado. Para descer ao patamar B, você tem que relaxar duas vezes mais do fez no patamar A, e para descer ao patamar C você tem que relaxar duas vezes mais do que o que você fez no patamar B. Mas quando alcançar o patamar C que é a cave do relaxamento, e nessa altura, você dará sinais pelos quais eu saberei que você está na 101 Hipnoterapia
cave. Você não sabe que sinais são esses, e eu não lhe vou dizer quais são, mas todas as pessoas que já estiveram na cave do relaxamento deram esses sinais…Vamos começar. “Você vai descer para o piso A num elevador imaginário e irá usar o mesmo elevador para descer a cave do relaxamento. Você está nesse elevador agora. Quando eu estalar os dedos, o elevador começará a descer. Se você relaxar duas vezes mais do que já está relaxado até agora, você descerá para o piso A. Diga-me quando estiver no piso A falando a letra A em voz alta.” Cerca de trinta segundos ele murmurou “A” numa voz quase indistinguível. Eu segui um procedimento similar para trazendo-o para o piso B. Foi quase impossível, ele conseguir dizer a letra B em voz alta, mas ele formou o som com os lábios. Quando ele alcançou o piso C, ele foi incapaz de falar e nem moveu um músculo. A profundidade de relaxamento era espantosa. Então sem uma palavra de sugestão, prosseguimos em fazer-lhe o primeiro teste para o estado de coma ─Isto é, o teste para a anestesia geral─. Os médicos testaram-no de varias maneiras e a anestesia era profunda. Lembre-se, que nenhuma palavra de sugestão tinha sido dada para produzir anestesia. Isso ocorreu automaticamente. O segundo teste que fizemos foi pedir-lhe que levantasse a perna. Ele não respondeu. Houve um tremor na perna dele, sugerindo que ele estava a tentar movela com bastante esforço, e depois aparentemente, ele desistiu de tentar. O terceiro teste foi feito num grupo de músculos mais pequenos, aqueles a volta dos olhos. A sugestão dada foi para abrir os olhos, ele não seguiu esta sugestão também. Então eu levantei o braço dele e achei que estava completamente catatónico, ficava em qualquer que fosse a posição que nos puséssemos. Os médicos colocaram-no em varias posições, e não importa qual a posição em que se colocava ele permanecia dessa forma. Para meu conhecimento, esta foi o primeiro coma intencional gravado desde o tempo de Esdaile. Agora que tínhamos produzido o coma, os médicos sugeriram que deixássemos o paciente nesse estado para que eles pudessem experimentar. Eles queriam ver as reacções de um paciente em estado de coma hipnótico. Uma das muitas experiências que eles executaram foi colocar um palito de fósforo acesso entre o indicador e o polegar, fechando os dois dedos firmemente em volta do palito de fósforo acesso. Quando a chama chegava ao fim do palito, os dedos do paciente moveram-se imperceptivelmente e o palito caiu ao chão. Fizemos isso repetidamente e sempre com o mesmo resultado, nunca conseguimos ver o movimento dos dedos, até ao momento exacto em que o palito caia no chão. Gastamos várias horas a fazer testes, até que decidimos despertar o paciente uma vez que já eram quase 2.00 da madrugada. Eu ensinei a estes médicos como despertar um paciente em coma, mas eles decidiram, para propósitos experimentais, tentarem de outras maneiras. Eles deram-lhe sugestões simples de que era hora de ir para casa, que a família estava a espera dele, etc. Nada aconteceu. 102 Hipnoterapia
Então alguém disse, “Nós todos, vamos para casa e o deixaremos aqui sozinho, a menos que abra os olhos neste minuto momento. Nada aconteceu! Depois alguém gritou, “ É melhor você acordar e sair daqui. Há fogo!” Nada aconteceu! Finalmente os médicos decidiram despertar o paciente pelo método que lhes tem sido ensinado. Depois de ele despertar ─sem dificuldade─ os médicos decidiram, passarem mais algum tempo a questiona-lo. Eles queriam descobrir mais acerca das reacções dele no estado! Uma das coisas que eles perguntaram foi acerca do palito de fósforo. Ele disse: “ Quando pensei que aquilo poderia queimar-me larguei o palito de fósforo! Nem me preocupei de que o palito de fósforo poderia queimar a alcatifa porque, eu sabia que estavam todos aqui e que alguém iria joga-lo fora.” Ele voluntariou-se a informar que tinha ouvido e entendido tudo o que se tinha passado a volta dele durante o tempo em que esteve no estado de coma, e foi capaz de nos dizer exactamente o que tinha acontecido. Depois disso, alguém lhe disse, ”Se você ouviu tudo e entendeu tudo o que se estava a passar, quando alguém gritou ─Fogo vamos sair daqui─, porque é que não se moveu? Ele respondeu, “ Eu sabia que não havia fogo, eu ouvi-os a todos cochicharem de que iriam fazer de conta que havia um incêndio, e que iriam gritar a palavra fogo para me despertarem. Eu ouvi-os discutirem todos os testes que planearam fazer, e eu soube o tempo todo, exactamente o que se passava a minha volta. Eu não tinha motivo para estar alarmado, se existia um fogo por que é que ninguém abandonou a sala?” Tinha sido uma experiencia impressionante para os médicos, para não falar do professor! Não pude deixar de desejar, que a experiencia pudesse ser duplicada em todas as aulas. O paciente tinha entrado em coma com uma ajuda mínima, depois de ter alcançado o sonambulismo. No dia a seguir quando nos dirigíamos para Philadelphia para a nossa aula seguinte, a minha esposa destacou que ele não parecia ser mais profundo no sonambulismo, do que os outros médicos que assistiram as nossas aulas. “Se fizeste isso uma vez,” ─disse ela─ “Por quê não podes fazer isso outra vez, com outros?” Eu disse, ”O que aconteceu ontem a noite foi um completo acidente. Eu bati dei com um de dezassete mil e isso simplesmente não voltará a acontecer assim de novo. Não poderia ter assim tanta sorte.” A minha esposa disse. ”Eu não penso que foi sorte. Ao menos vale a pena tentar.” Chegamos a Philadelphia, conduzi a aula como habitualmente e na conclusão da sessão eu contei aos médicos o que acontecera em Baltimore na noite anterior. Perguntei-lhes se gostariam de ver a técnica que usei para produzir o coma intencionalmente. Talvez houvesse outra pessoa que pudesse reagir da mesma maneira, como tinha reagido o paciente da última noite. Os médicos ficaram bastante entusiasmados com a perspectiva, então eu pedi um voluntário. Usei a mesma técnica que tinha usado em Baltimore, e para muito espanto meu, produzi o segundo coma. 103 Hipnoterapia
E em breve tinha produzido sete comas em sete aulas consecutivas. A partir da décima em diante eu decidi que definitivamente, isso deveria fazer parte do meu curso. Se fossemos ou não bem-sucedidos em todas as aulas isso não importava. Os médicos deveriam saber isso era possível. Eu acho que fui sortudo nas primeiras sete vezes, porque na oitava vez eu tentei e encontrei-me com o fracasso. Pedi outro voluntário e nessa vez tive sucesso. Nas aulas subsequentes até poderia falhar de vez em quando, tinha que pedir um segundo voluntário e as vezes até um terceiro! Isso consumia muito tempo. Nessa altura, os médicos tinham ouvido que o coma podia ser produzido intencionalmente, e não ficavam satisfeitos até que o vissem. Numa dessas aulas, continuei na minha maneira habitual a pedir um voluntário, mas avançaram duas senhoras. Eu decidi que talvez pudesse poupar tempo ao tentar com duas pessoas duma vez. Dessa maneira poderiam aumentar as minhas chances em obter o coma. Assim aconteceu; ambas as mulheres foram entraram para o coma simultaneamente. Daí em diante eu perguntava por dois ou mais voluntários, e pouco depois, eu estava a produzir comas em quatro e cinco pessoas simultaneamente. Um dos factos que verificamos é que variavam os tempos a que cada pessoa ia entrava para o coma. Um paciente podia ir entrar depois de apenas alguns momentos de sugestões; mas outros poderiam ir entrar para o coma depois de mais alguns minutos. Eu nunca conseguia faze-los ir entrar para o coma ao mesmo tempo, mesmo que eventualmente todos eles o fizessem. Agora nós éramos capazes de produzir o coma a vontade mas não tínhamos a menor ideia de como poderia ser usado medicamente. Os pacientes ficavam imobilizados e não respondiam a sugestões assim que alcançavam o coma. O que é que um médico pode fazer com um paciente assim? Foram feitas mais experimentações com o coma nas nossas aulas. Os pacientes foram entrevistados pelos médicos após terem sido trazidos para fora do estado, e rápido tornou-se evidente que muitos conceitos erróneos relativos ao coma tinham-se infiltrado na literatura. Em vez de ser um estado a ser evitado, nós descobrimos o que os pacientes descrevem como, “O melhor estado de hipnose que existe. É maravilhoso. Eu não sei quando é que eu estive tão lindamente relaxado.” Os médicos começaram a tentar induzir o estado de coma neles próprios. Quando eram bem-sucedidos, eles ficavam igualmente entusiasmados acerca disso. Em Philadelphia, num domingo a tarde, um médico foi para o coma três vezes para deixar os colegas estudarem-no. Mais médicos tentaram, e todos se referem a isso em termos radiosos. A explicação que médicos e pacientes dão é que o coma traz com ele uma completa e inteira euforia. Em vez de se permitirem ser perturbados, quando alguém lhes dá um impulso doloroso, eles ignoram-no completamente, dando a eles mesmos anestesia geral completa. 104 Hipnoterapia
Muitos médicos e pacientes reportaram que eles não podiam sequer sentir pressão no estado, outros reportaram que até podiam sentir que alguma coisa estava a ser feita neles, mas não se importaram. Alguns deles aperceberam-se no estado, que na realidade estavam catatónicos e quando falou acerca disso, arriscou dizer, “Eu estava tão confortável, acho que pouco importava para mim em que posição estava. Só não queria ser tirado para fora deste maravilhoso estado de bem-estar.” Alguns negaram ter estado catatónicos, aparentemente apagaram essa porção da experiencia das suas memorias. Nós observamos várias vezes este pequeno detalhe: Paciente após paciente e médico após médico, depois de terem sido trazidos para fora do estado, voluntariaram a informação de que chegou um momento durante o coma em que eles desejaram que toda a gente na sala parasse de falar, particularmente o operador. Aprendemos que apesar da euforia no estado de coma, se alguma coisa acontecer que alarme um paciente, ele é rápido a despertar-se e a ir para uma qualquer acção necessária. Ele não está indefeso! Nós temos produzido literalmente milhares de comas nas aulas, para os nossos estudantes, e durante anos temos tido oportunidade de comparar os relatórios entusiásticos de médicos e pacientes que estiveram no estado. Cada relatório é fundamentalmente o mesmo: Pacientes e médicos adoram. Nem um único incidente desagradável foi reportado. Antes da nossa própria investigação, nada tinha sido feito para descobrir por que é que a natureza tornou possível acessível este eufórico estado. Temos falado para muitos dos nossos estudantes fazerem a seguinte pesquisa de trabalho: “Produzir o coma em pacientes numa tentativa de aprender como é que a natureza pretende que seja usado. Parece ser a própria anestesia da natureza, que foi disponibilizada à humanidade desde o início dos tempos, quanto mais trabalho de pesquisa se faz, mais beneficiado será o mundo. Usem-no de todas as maneiras possíveis. Vamos descobrir o quanto é valioso, e se é uma técnica que todos os médicos podem usar. “ Os médicos têm perguntado, “ Pode um paciente psicótico ou pré-psicótico usar o estado de coma como um refúgio da realidade?” A minha resposta a isso, é que os pacientes psicóticos ou pré-psicóticos não precisam da hipnose como refúgio da realidade, eles encontram os seus próprios meios para o fazerem. Milhares de pacientes psicóticos que nunca tiveram experiências de hipnose no seu conhecimento, ou nem sequer conhecem a palavra, têm-se refugiado da realidade. Muitos psiquiatras usam o estado de Esdaile nos seus trabalhos, e estão altamente entusiasmados acerca disso. Ninguém se referiu a isso desfavoravelmente! Há alguns anos, um número de médicos começou a usar o estado de coma em casos de artrite e cancro para aliviar dores intratáveis, e relataram resultados esplendidos com isso! Outros médicos dizem que é bastante útil nos procedimentos pós-operatórios, particularmente quando eles querem imobilizar o paciente numa 105 Hipnoterapia
determinada posição em particular, por um extenso período sem o desconforto do pós-operativo. Finalmente, nós aprendemos outro uso esplendido para o estado do coma. Um dos médicos anunciou aos colegas na turma, “Esta semana eu fiz duas operações ao nariz e garganta em pacientes no estado de coma, e tenho a firme opinião de que o estado de coma é ideal para cirurgias. Imaginem, neste estado, sem nenhuma palavra vinda de mim, os pacientes anestesiaram-se sozinhos! Não foi necessário qualquer tipo de anestesia. É verdade que o paciente no estado de coma não aceita nenhuma sugestão física como aceita em sonambulismo, mas vocês têm um paciente que aceita a cirurgia tal com se tivesse tido anestesia geral! É notável para cirurgia, e eu pretendo fazer mais operações usando este estado a medida que o tempo passa.” Quando os outros médicos que ouviram acerca do sucesso dele, também tentaram o estado de coma em cirurgias. Obstetras tentaram-no para partos e rapidamente chegaram relatos entusiásticos de mais de cem médicos. Os relatos confirmaram a minha suspeita: Tínhamos tropeçado no estado de Esdaile. Como os relatórios continuaram a chegar, tive conhecimento que um médico fez uma histerectomia no estado de coma sem anestesia química. Outro médico relatou uma ressecção peitoral da mesma maneira. Fracturas expostas foram reduzidas no estado de coma sem anestesia química; cirurgias cerebrais, cirurgias cardíacas, e apendicectomias foram reportados da mesma forma. Em Newark, New Jersey, um dia um médico relatou á turma que ele tinha usado o coma para um parto. Alguns dos outros replicaram, “você tem a certeza que não foi sonambulismo?” O médico respondeu, “Tenho tido parturientes em sonambulismo e sei a diferença. Isso foi, o estado de coma! E foi o parto mais belo que alguma vez vi. A paciente manteve um sorriso durante todas as suas contracções, durante a episiotomia, parto e a sutura. A única altura em que ela saiu do coma foi no instante em que o bebé nasceu. Estava tão ansiosa de ver o bebé dela que despertou sozinha. Quando já estava satisfeita ela foi de volta para o coma, para o resto do procedimento. Digo-vos, foi lindo! “ E breve, médicos após médicos relatavam tratarem de partos no estado de coma. Aqueles que não tinham conseguido vinham dizer-me,” Talvez não tenha condicionado correctamente a minha paciente. Nós poderíamos ver como é que você prepararia uma paciente para um parto no estado de coma.” Eu pedi-lhes que trouxessem as futuras parturientes para a aula, para mais tarde prepara-las para o parto. Muito rapidamente os médicos trouxeram para as aulas um grande número de mulheres grávidas a fim de tirarem proveito das minhas técnicas de condicionamento. Em cada turma nós gastamos uma aula preparando as mulheres grávidas para o parto. Eu tinha trabalhado com tantas como 102 mulheres grávidas de uma só vez, e 97 das 102 foram entraram para o estado de coma. Este número não é apresentado como um gabarito mas para mostrar o percentual de sucesso que pode ser esperado. Esta é a maneira de preparar um paciente para cirurgia ─ou parto─ no estado de coma hipnótico: 106 Hipnoterapia
A primeira coisa que tem de fazer é colocar o paciente em sonambulismo. Depois explicar que existe uma cave para o relaxamento, um piso abaixo, e que você quer levar o paciente lá abaixo para esse piso. Leve-para baixo ao piso A, e você verá que ele será capaz de dizer a letra A claramente. Diga-lhe que para poder descer ao piso B, ele terá relaxar duas vezes mais do ele fez no piso A. Quando ele conseguir chegar ao piso B, ele poderá encontrar dificuldade em dizer a letra B em voz alta, mas diga-lhe para dar o máximo, para o dizer em voz alta. Alguns pacientes falharão em ser capazes de o fazer. Isso é um bom sinal. Agora usando o mesmo procedimento, leve-o abaixo para o piso C, ao ponto o qual não será capaz de mover suficientemente os lábios para formar a letra C. Quando você estiver seguro que ele está no piso C, sem dar sugestões de nenhum tipo de anestesia, pegue num par de pinças allis , ou grampos de toalhas, e faça um teste para a anestesia. Não use uma palavra de sugestão para isso, se for necessário dar sugestões de anestesia hipnótica, então você não tem o estado de coma. Quando o paciente passou no teste para a anestesia ele está pronto para o teste numero dois. Peça-lhe para mover um grupo de músculos grandes, como um braço ou uma perna, se ele estiver incapaz de mover os músculos grandes, ele está pronto para o terceiro teste. Este deverá envolver um pequeno grupo de músculos tais como aqueles em volta dos olhos. Peça-lhe para tentar abrir os olhos. Se ele conseguir, ele não está no estado de coma, e você terá de leva-lo para baixo para mais um voo, até os músculos dos olhos não funcionarem. Em sonambulismo, quando o paciente tenta abrir os olhos, você vê os movimentos dos músculos embora os olhos não abram. Mas no verdadeiro estado de coma, esses pequeninos músculos não funcionam de todo, e você não vê qualquer movimento. O seu quarto teste deverá ser para a catatonia. Perceba que a catatonia pode ser obtida no estado mais leve de hipnose. No entanto isso não significa nada, a menos que seja o quarto teste que você faz no estado de coma. Quando o paciente passa em todos estes quatro testes na exacta ordem dada, você pode ter a certeza que tem o verdadeiro estado de coma hipnótico, e pode prosseguir a partir daí. Para o teste de catatonia não deverá ser dada nenhuma sugestão, a catatonia deverá chegar por si só, sem sugestão de espécie nenhuma. Jamais avance para o teste a seguir até que o paciente tenha passado no primeiro teste. Não faça o teste Dois até que o paciente tenha definitivamente passado no teste Um; não faça o teste Três até que o paciente tenha passado nos testes Um e Dois, e assim por diante! Quando você obtém o estado de Esdaile, você dará conta que o paciente está verdadeiramente incapaz de aceitar uma sugestão “física”. Quando ele é solicitado a levantar o braço, os músculos podem tremer, depois o movimento cessa. Temos encontrado muitos pacientes que depois de saírem do coma, têm a certeza que nas 107 Hipnoterapia
suas mentes seguiram as sugestões do operador, e levantaram o braço conforme foi pedido. Lembre-se eles conseguem ouvir e entender todas as palavras que você diz. No verdadeiro estado de coma, embora as actividades físicas do paciente estejam imobilizadas, ─ele realmente não consegue seguir “sugestões físicas” como ele talvez desejasse fazer─ ele é bem capaz de seguir “sugestões mentais ─em que não exista movimento físico─. Os nossos médicos têm provado isso de várias maneiras. Eles têm pegado em pacientes que sofrem com dores de cabeça, dismenorreia, e muitos outros sintomas funcionais, colocam-nos no estado de coma e dão-lhes sugestões para o alívio desses sintomas. Os pacientes não tinham os sintomas na altura da indução. Foram dadas sugestões pós-hipnóticas para o alívio desses sintomas com bastante sucesso! Nós também falamos para pacientes que tiveram bebés enquanto estavam neste estado, ou que tinham feito grandes cirurgias. Em todos os casos, estes pacientes reportaram que, enquanto eles estavam talvez incapazes de esforço musculares, eles estavam certamente capazes de aceitar sugestões que não envolvesse movimento. Por exemplo, pacientes cirúrgicos informaram-nos que teriam apreciado algumas observações do cirurgião para efeito de que a operação estava a correr lindamente, e que o paciente estava a fazer muito bem. As mães que tiveram crianças neste estado também asseguraram-nos que uma palavra reconfortante do médico teria sido bem apreciada. Quando a cooperação física é necessária ─por exemplo, quando mover um paciente do carrinho para a mesa de partos─ tem que subir o paciente ao “piso B” para dar a cooperação necessária, depois tem que descer o paciente outra vez e fica em baixo até a altura em que seja necessária a cooperação física outra vez. Se você resvalar num coma acidental, a maneira mais fácil de despertar o paciente é sussurrar confidencialmente ao ouvido dele, ” Se você não abrir os olhos quando eu disser para o fazer, poderá nunca mais ter este estado novamente!” Esta é uma sugestão insidiosa porque o paciente quer ser capaz de alcançar este estado outra vez e outra vez, e então prontamente sairá dele. Se no entanto você trabalhar com o coma e usar a técnica descrita aqui em cima, quando os pacientes estão em baixo na cave do relaxamento e você não consegue faze-los abrir os olhos, diga-lhes apenas para subirem para o “piso B”, e eles serão capazes de abrir os olhos com bastante facilidade. Tenha em mente estes factos quando você produz o coma, e você ficará deleitado com os seus resultados. É importante saber que no estado de coma, o paciente continua a reter deter o poder da selectividade. Em outras palavras, ele pode aceitar ou rejeitar uma sugestão como entender, excepto para uma actividade física. Se ele aceitar uma sugestão para actividade física ele tem que terminar o estado para faze-lo. Nas muitas experiencias que nós temos conduzido com pacientes no estado de coma, fizemos todos os esforços em dar sugestões pós-hipnóticas improprias, de forma a testar a reacção. Em todos os casos o paciente reagiu como qualquer outro sujeito hipnotizado. Ele pode permanecer no estado e mais tarde não executar a 108 Hipnoterapia
sugestão pós-hipnótica, ou ele instantaneamente desperta sozinho do coma com a afirmação, “Eu preferiria não fazer isso.” Ainda permanece muito trabalho de pesquisa a ser feito com o coma. Cabe aos homens da medicina e da odontologia, fazerem essa pesquisa. Por favor entenda que nós não afirmamos que este é o melhor método de produzir o coma hipnótico. É meramente o primeiro método desenvolvido para o produzir. Talvez você possa ser capaz de aperfeiçoar uma técnica melhor. Um dos nossos estudantes tem estado a trabalhar numa mais rápida. Eu tinha estado a ensinar em Tulsa, Oklahoma, e no ano seguinte eu voltei para dirigir mais duas turmas. Como usualmente apareceram antigos estudantes. Um deles, um dentista de nome Norval R. Smith, durante o intervalo chamou-me para dentro do hall e disse, “Senhor Elman, posso falar em privado consigo por um minuto? Ou eu descobri algo bastante importante ou então estou a cometer um horrível engano e quero a sua opinião acerca disso. Eu tenho conseguido sonambulismo em grande número dos meus pacientes, mas de vez em quando posso falhar porque não consigo fazer o paciente perder esquecer os números. Eu tenho usado o estado de coma sempre que possível, e se não podia ter sonambulismo, imaginei que não fazia sentido eu tentar obter o coma. Um dia, só para experiencia, eu pensei para mim, eu nem vou pedir ao paciente para perder esquecer os números, vou somente obter o relaxamento físico e ver se consigo leva-lo lá abaixo, para o coma, bypassando contornando inteiramente o estado sonambúlico.” Eu sorri e disse, “Claro que isso não funcionou.” Ele respondeu, ”Pelo contrario, Sr. Elman. Funcionou lindamente! Tudo o que faço é obter o relaxamento físico; depois levo-o para baixo três patamares, e eles dão todos os quatro sinais do coma, e quando trabalho neles, eu tenho anestesia dental sem ter sido dada nenhuma sugestão para isso. Eu estou a cometer um erro ou não estou a obter o estado de Esdaile de que você fala tanto?” Eu não soube como lhe responder porque não sabia se o que ele me falou era possível. Eu disse-lhe, “Doutor Smith, se o que você fala funciona para si, deverá funcionar com todos os meus médicos. Vou ter cerca de cem médicos a tentar e darlhe-ei um relatório do que eles falam.” Cerca de quatro semanas depois eu estava apto a dizer ao Doutor Smith que eu tinha relatórios de pelo menos uma centena de médicos que, usando esta técnica foram bem-sucedidos ao alcançar o estado de coma. Eu sinto que a descoberta do Doutor Smith é extremamente importante, pois isso quer dizer que um médico pode levar um paciente a descer para o coma em cerca de cinco minutos. Experimentem vocês mesmos e vejam como facilmente produzem o estado em qual o Doutor Esdaile fez acima de trezentos procedimentos de cirurgias abdominais profundas. Eu estou grato ao Doutor Smith por disponibilizar esta técnica.
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Capítulo 14: Condicionamento para o parto Hipnótico e Cirurgia Não há muito tempo, um relatório médico continha a afirmação de que apenas vinte e cinco por cento das gestantes podem ser ajudadas pelo parto hipnótico. A experiencia dos nossos médicos, tem mostrado que todas as mulheres, que entram na sala de partos podem ser ajudadas em algum grau pela hipnose, e para muitas delas pode ser obtida a liberdade completa do desconforto. Alguns relatam sucesso em mais de noventa por cento dos seus casos. Nem todos os médicos têm esta percentagem de sucesso mas um número surpreendente deles tem. Eu recebi recentemente um relatório de um obstetra que afirma que nunca usa nada para o parto, excepto hipnose. Ele é um dos mais populares obstetras da área zona dele e os serviços dele são constantemente solicitados. Muitos médicos não se apercebem da importância da semântica na preparação de uma paciente para o parto hipnótico. Eu ensino aos meus médicos a dar uma conversa semelhante a que se segue antes mesmo de tentar hipnose numa gestante. Esta conversa pode ser feita em qualquer momento. Não é necessário fazer o condicionamento da paciente nos primeiros meses de gravidez, eu acredito que a altura ideal para o condicionar a paciente é em qualquer altura a seguir ao quarto mês. Nunca use a palavra hipnose na presença das pacientes porque este estado ainda não é adequadamente entendido pelo público. É sincera a minha esperança, que este livro venha ajudar a corrigir os mal-entendidos que muita gente tem acerca do verdadeiro valor da hipnose. Eu não uso a palavra hipnose ao falar com pacientes, e penso que você não deveria. Chame-lhe apenas o estado de Esdaile. As pacientes esperam ─e querem─ um médico que use termos esotéricos impressionantes, e este é feito de maneira a que se use em conversas com elas acerca de um estado não familiar, desconhecido, sem introduzir o medo ou uma sensação de mistério na sua explicação. Aqui está o tipo de conversa que eu sugiro dar a gestantes: “ Você está aqui com um propósito muito importante, o de que você tenha o seu bebé sem sentir uma única coisa, de maneira a que você possa ter o seu bebé com um grande sorriso, de modo a que você não sinta nenhum desconforto, para que o parto do seu bebé seja uma experiencia maravilhosa. Eu não a teria feito vir aqui para esse propósito, se eu não soubesse que tudo isso é possível para seu benefício. “Primeiro existem algumas coisinhas que quero discutir consigo. Existe uma coisa que pode impedi-la de ter um parto indolor apesar do trabalho que fizermos consigo hoje. Apenas uma coisa; uma coisa chamada medo. Qualquer tipo de medo, não importa se pequeno, pode impedi-la de alcançar o que você quer na hora do parto. “ Você sabe, com certeza, de que lhe será dada toda ajuda possível para um parto indolor. Você não deverá ter nada com que se preocupar. A única coisa que deverá ter em mente é o facto de que daí a pouco você estará a ver o maravilhoso bebé que você tem estado a espera. Não deixe que pequenas preocupações ou aborrecimentos interferir com esta grande experiencia. 110 Hipnoterapia
“Quando chegar o tempo, você terá sido condicionada para o parto indolor e estará em boa forma para isso. Suponha que é agora a altura do parto e que você está no hospital e de repente começa a preocupar-se se está tudo bem em casa, se a ama sabe com que alimentar a criança ou se existe comida suficiente no frigorífico.” “Tenho a certeza que entende que este tipo de inquietações é desnecessário e ainda que tais pensamentos podem impedi-la de obter o estado necessário para um parto indolor. O tipo de preocupações que também podem ocorrer-lhe pode ser algo como, ”Preocupa-me como irei pagar todas as contas.” Ou,” Esqueci-me de pagar a conta do gás, espero que eles não me cortem gás.” Estas são pequenas preocupações, Elas são verdadeiramente sem importância, comparadas com o grande evento que está a ter lugar. As suas crianças em casa serão bem cuidadas. O seu marido cuidará dos detalhes necessários em casa. Você tem de fazer apenas uma coisa, uma coisa em que pensar apenas: Ter o seu bebé o mais rápido e facilmente que for possível. E você pode consegue faze-lo! Na altura do parto você deve estar absolutamente livre de medo e de preocupação se quiser ter o seu bebé facilmente. Deverá existir apenas um pensamento na sua mente, que daí a pouco você irá ver o seu bebé, o bebé que você tem estado a espera. Teremos resultados perfeitos se você seguir algumas instruções simples, e mantiver o medo e a preocupação de fora.” “Se no dia do parto, ocorrer alguma coisa desagradável, diga para si mesmo, ”Isso agora não é importante. Eu posso endireitar tudo quando o meu bebé chegar. Neste momento não existe nada tão importante como o meu bebé, e é tudo em que vou pensar.” “Eu quero que saiba que se alguma coisa está a perturbar-lhe você deverá falar-me acerca disso, eu farei o meu melhor para ajudar. A minha enfermeira ou a secretaria podem levar uma mensagem ao para o seu marido ou para a ama se for necessário. Estaremos todos juntos a trabalhar para fazer do parto do seu bebé, uma experiencia memorável para si. “ É possível que você não vá obter o estado em que iremos trabalhar agora? Não sei. Isso é consigo. Se você considerar isto como uma brincadeira, você não obterá. Se você se sentar ali na sua cadeira e disser para si mesmo, “Não, não quero fazer o que o doutor diz, você irá ter. O que é que você tem de fazer? Apenas seguir instruções, e acredite em mim que estas instruções são tão simples que até um bebé pode segui-las. “Tudo o que você tem de fazer é seguir as minhas instruções e será ajudada a partir desse ponto em diante. Agora vamos assegurar que você esteja confortável. Por favor livre-se de tudo que esteja nas mãos ou no seu colo. Coloque a sua bolsa e as luvas no chão debaixo da sua cadeira. Livre-se do seu agasalho. Não deverá ter nada nas suas mãos nem no seu colo. “ Se estiver a mascar pastilha, por favor tire a pastilha da boca. Você não consegue relaxar verdadeiramente, todos os músculos do seu corpo se estiver a mascar pastilha. E eu quero que esteja tão relaxada e confortável quanto possível. 111 Hipnoterapia
“ Se por acaso você sentir necessidade de ir a casa de banho, por favor façao agora. Nós podemos esperar! Você não consegue relaxar quando a natureza está a chamar, e nós não queremos o nosso procedimento interrompido. Você está confortável na sua cadeira? “Muito bem, agora vamos iniciar. Por favor siga as minhas instruções e terá uma experiencia maravilhosa a sua frente. * * * Agora o médico pode começar a preparar a paciente para o parto hipnótico. E deverá ser anotado que um obstetra muito solicitado pode fazer isso com uma sala cheia de mulheres, ele não tem que trabalhar com cada paciente individualmente. A primeira coisa que você deve fazer é colocar o paciente em sonambulismo. Tenha a certeza que você tem o sonambulismo verdadeiro, ou as instruções que se seguem serão ineficazes. É apenas no verdadeiro sonambulismo que as pacientes aceitarão estas sugestões. Eu enfatizo este ponto porque isso é importante para ter sucesso. Assegure-se de que não está a trabalhar com o sonambulismo artificial. Terá que ser o verdadeiro sonambulismo se você quiser que as suas pacientes desfrutem do parto sem dor. Assumindo que você tem uma dada paciente no verdadeiro sonambulismo, mantenha-a assim e dirija-a como se segue: “Quero falar-lhe acerca dos benefícios do relaxamento. Você sabe muito bem que, se você estivesse tensa e eu tivesse que lhe dar uma injecção, você sentiria a entrada da agulha muito incisivamente, por causa do facto de você estar tensa não é? Mas suponha você que estivesse relaxada desse jeito. Você não seria capaz de sentir a injecção de todo, por causa do facto de que você estaria absolutamente e completamente relaxada. Você pode alcançar um estado de relaxamento tal, que não terá desconforto nenhum na altura do parto. É neste estado, quando você está fisicamente e mentalmente relaxada, que é tão fácil ter um bebé! É neste estado que as contracções em vez de serem desagradáveis tornam-se agradáveis. “ A maioria das futuras mães ouviu falar, por amigos ou talvez por parentes, que ter um bebé é uma horrível provação. Então ela olha de frente para aquilo que ela ouviu descrever como trabalho, trabalho doloroso ou trabalho duro. Não existe tal coisa como trabalho, trabalho doloroso ou trabalho duro. Não existe tal coisa associada com o nascimento de um bebé. Todos esses termos são nomes falsos que deixam as atitudes de uma mãe, exactamente no estado errado. Mas podemos mudar isso para a atitude certa, tendo você a saber exactamente o que acontece quando nasce um bebé. A natureza tem um método de fazer possível o nascimento do seu bebé pelas contracções. Cada contracção que você tem ajuda a empurrar o bebé um pouco mais para frente, para que o bebé possa nascer facilmente. “Agora você tem contracções mas você não tem trabalho, você não tem trabalho doloroso ou trabalho duro. Tudo o que você tem são essas contracções. E a coisa estranha sobre estas contracções, é que, se você olhar de frente para a elas agradavelmente, e você sabe que vai ser algo bom de ter, você não se vai importar 112 Hipnoterapia
com elas. Você saberá que está a ter contracções, mas apenas as sentirá de uma forma agradável. Eis o que irá acontecer. Quero você me deixe saber quando você tiver a primeira contracção, e eu dir-lhe-ei o que fazer a partir desse ponto. Depois quando estiver no local dos partos, quero que feche os olhos tal como os tem fechados agora, relaxe completamente tal como está relaxada agora. Eu estarei lá para ajuda-la com o nascimento do seu bebé. Mas até que eu esteja lá, quero que relaxe como você está relaxada agora, e em seguida o nascimento será tão fácil para si. “Uma das coisa maravilhosas que este relaxamento ira fazer é encurtar tremendamente o período do parto. Será encurtado miraculosamente. Ficará tão encantada, porque com cada contracção, as contracções ficarão mais agradáveis ─Médicos neste ponto compor sugestões─ que por volta da terceira ou quarta contracção, ter-se-á na verdade começado a sorrir, e a olhar de frente para a próxima, como que a dizer,” Estou muito mais próxima do nascimento do meu bebé. Agora que essa contracção acabou eu estou mais perto do nascimento do meu bebé.” Com cada contracção você terá esse pensamento, e manterá um sorriso no seu rosto durante todo o tempo, e você sentir-se-á tão bem durante todo o tempo de parto do seu bebé. Então, depois, quando o bebé nascer você verá o bebé nesse instante. Você verá o seu bebé no segundo em que nascer porque você estará de olhos bem abertos durante todo o parto. “Lembre-se que este relaxamento que você está a ter agora, vai ser usado em adição a toda a ajuda que a ciência médica tenha inventado, para tornar fácil para uma mãe o nascimento do bebé! Então isso vai ser uma maravilha, somado a tudo o mais que você fará para o nascimento fácil do bebé. “Depois que o bebé nascer vai sentir-se tão bem. Você será capaz de usar o telefone ─ligar aos seus amigos─ uns minutos depois do nascimento do seu bebé, porque você vai estar tão forte nessa altura como está agora. A sua força será completa; o sentimento de bem-estar será completo e você fará a recuperação muito mais rápida do que normalmente faria. Depois , se você quer amamentar o seu bebé, este relaxamento vai tornar possível faze-lo muito, muito facilmente. “Eu quero que pratique relaxamento. Eu quero que o pratique tal e qual como está a fazer agora. Aprenda como relaxar em casa, para que quando o bebé vier estará toda pronta para isso, e a sentir-se maravilhosa no dia do parto, e a sentir-se maravilhosa durante o parto e depois do parto. Repare como essa sensação de relaxamento se mantem e a faz falar para si mesmo,” A maternidade vai ser uma gloriosa aventura para mim. Eu vou adorar cada minuto disso.” * * * Na conclusão desta conversa de condicionamento, claro que as suas pacientes estão, continuam em sonambulismo, e isso assegura-lhes um parto relativamente indolor. No entanto, se elas querem alcançar um parto absolutamente indolor, leve-as agora para a cave o subsolo do relaxamento com o propósito de alcançar o estado de Esdaile. Este é o melhor estado para alcançar um parto indolor. Se você tem feito partos em sonambulismo e está bem satisfeito com eles, você vai ficar encantado com 113 Hipnoterapia
o sucesso que você tem com o estado Esdaile. Siga as instruções dadas previamente para alcançar o estado de Esdaile. Observe siga essas instruções de perto e você terá excelentes resultados em muitos casos. Deixe-me avisa-lo no entanto, que, mesmo depois de seguir precisamente as instruções, se o medo é gerado de alguma forma ─por observações infelizes feitas por enfermeiros ─as─, assistentes ou outros médicos que venham a estar presentes─ o estado de Esdaile será perdido. Lembre-se que as suas pacientes ouvem e entendem tudo o que se passa. Por esse motivo, os seus enfermeiros ─as─ e assistentes devem ser treinados na maneira apropriada de lidar com partos hipnóticos. Se você tem médicos convidados que venham a assistir ao parto e eles não são versados na semântica da hipnose, em benefício da sua paciente, insista para que eles se mantenham calados durante todo o procedimento. Você notará que tudo o que falamos aqui é acerca do parto e no entanto este capítulo está intitulado “Condicionamento para partos hipnóticos e cirurgia.” A razão é simplesmente que o estado necessário para a cirurgia é exactamente o mesmo como para o parto ─O estado Esdaile─. O seu procedimento deverá ser inteiramente o mesmo, excepto que para cirurgia, a conversa de condicionamento terá que ser um pouco diferente. Ao invés de falar cobre contracções, partos e bebés, você falará acerca da cirurgia. Torne claro para o paciente, que a cirurgia não apresenta nenhuns problemas, que ele está em boa forma para se submeter á operação ou você não estaria a faze-lo, que se ele relaxar adequadamente será bem fácil para ele passar pela cirurgia, que se procederá rapidamente e que o recobro será rápido e seguro! E claro, que depois que a cirurgia é realizada ele estará com melhor saúde que antes, uma vez que o verdadeiro objectivo de tudo o que você está a fazer é para melhorar a saúde dele.
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Capítulo 15: A hipnose na odontologia Um dos primeiros estudantes que tive era um cirurgião de acentuada habilidade. Ele tinha estudado comigo apenas algumas semanas quando começou a relatar cirurgias orais feitas com hipnose como única anestesia! Ele era adepto do uso de óxido nitroso, mas disse-me que raramente tinha que a usar; e quando o fez, foi em quantidade limitada. Em vez disso, ele relatou que estava a usar “ a melhor anestesia no mundo, ─e a mais segura─ a anestesia hipnótica.” Aqui estão as palavras deste doutor, depois de ter estudado hipnose por três semanas apenas: “Eu tive uma paciente no consultório e foi para remover um terceiro molar impactado horizontalmente. Uma operação que normalmente leva algum tempo. Dei a sugestão habitual para anestesia e fiz a incisão inicial. Depois uma incisão sobre a crista e uma incisão para baixo. Cinzelei o osso e removi o dente. Despertei a paciente e perguntei se ela sentiu alguma coisa. Ela perguntou-me quando é que eu iria tirar o dente. Já tinha sido tirado, e depois fiz a sutura. Ela não sentiu nada e estava feliz com tudo isso.” O outro médico que viu este trabalho a ser feito adicionou o comentário, “Penso que o doutor não mencionou que a salivação baixou ao mínimo e o fluxo sanguíneo foi insignificante.” Continuando, o cirurgião oral disse,” Durante o processo de sutura, eu dei a sugestão de que ela iria abrir a boca e que não a conseguiria fechar. Sugeri de que ela não teria desconforto pós-operativo. Quando a despertei perguntei-lhe como se sentia, ela disse, “Bem”.” Eu estou a citar este relatório para que saiba o quão rápido um bom estudante consegue colocar a hipnose a funcionar para procedimentos dentários extensos. Os dentistas usam a hipnose primeiramente para analgesia e anestesia. Eles usam-na para procedimentos cirúrgicos extensos. A anestesia hipnótica pode ser obtida instantaneamente se você souber como o fazer. Muitos dentistas têm a impressão que se leva muito tempo para obter uma anestesia usável pelo processo hipnótico. Eles acostumaram-se as técnicas á moda antiga, e nem se apercebem que estão disponíveis técnicas profissionais modernas. Eles não acreditam que a anestesia instantânea é possível. Tenho ouvido dentistas dizerem, antes de se familiarizarem com as técnicas modernas, ” Fiz um curso de hipnose. O médico que me ensinou até mesmo veio ao meu escritório para trabalhar com os meus pacientes; e leva três a quatro visitas de condicionamento antes que o paciente possa ser tratado pela hipnose.” Isso é completamente sem sentido. Pode ser dada anestesia hipnótica a um paciente sem condicionamento, tão rápido quanto pode ser obtido com novocaína e xilocaina.
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Existem certas situações em odontologia para as quais a hipnose está indicada; e na minha estimativa bem maior que o seu valor como um anestésico é o valor em corrigir essas situações. Bruxismo- O ranger dos dentes a noite ou durante o dia- é o suficiente para causar a destruição da estrutura da boca. Se você perguntar a um dentista médio se ele alguma vez foi capaz de tratar um caso de bruxismo com sucesso, ele dira, “Não pode ser feito.” Ele irá explicar que reconstrói a estrutura da boca com total conhecimento que mais tarde, o mesmo paciente será importunado com a mesma condição, e será necessário mais trabalho de reabilitação. Ele irá admitir que nunca foi capaz de corrigir a condição permanentemente. Certamente a correcção do bruxismo está bem dentro da competência do dentista, pois diz respeito directamente aos dentes e à estrutura da boca e aos danos feitos aos dentes e a estrutura da boca. Este é o tipo de problema que pode ser ajudado pela hipnose; tenho falado com milhares de dentistas acerca disso e como sempre nem um deles alguma vez disse que tenha transformado um caso de bruxismo para um de psiquiatra. Se a hipnoanálise for usada nestes casos, o dentista pode ser capaz de corrigir permanentemente a condição, localizando a causa. No entanto, a maioria dos dentistas evita o uso da hipnoanálise como se fosse veneno ao invés de outra ferramenta. As histórias de casos que se seguem mostram como o bruxismo é corrigido através do uso da hipnoanálise por um adepto dentista. Não são muitos os dentistas ainda, a usar a hipnoanálise, mas aqueles que o fazem acham-na extremamente valiosa. Julgue por si mesmo: “Senhora T. 55 anos: Diagnosticada por um médico como tique doloroso. Eu acredito que o problema foi devido a dor na articulação temporomandibular. Sob hipnoanálise desenvolveu que há trinta anos, enquanto aguardava em pé na esquina de Hollywood e Vine bruxou rangeu pela primeira vez. Ela estava a espera do marido, com quem tinha estado casada por três meses. Ela já sabia que ele estava a ver outras mulheres e que o casamento estava condenado…Sem recorrência de dor em dois anos. Tempo decorrido, vinte minutos.” “Senhora R. 35 anos: Caso grave de bruxismo com os anteriores inferiores gastos até a metade da gengiva, Sob hipnoanálise desenvolveu que raeu os dentes na primeira vez ainda adolescente, quando o pai dela, de quem ela era muito afeiçoada, adoeceu. O hábito vinha a persistir ao longo dos anos, quando qualquer membro da família ficasse doente. Sessão de meia hora.” Estes relatórios foram enviados para mim pelo J. Stadden Miller, DDS, um estudante na Califórnia. Ocasionalmente um dentista levava para a aula, um paciente que não tinha sido capaz de tratar. Gostaria de vos dar um exemplo. Um dentista me disse que tinha uma paciente adolescente que na realidade não era paciente. Ele tem vindo a tratar a família dessa moça há muito anos, e ela tem sido trazida até ele repetidamente para tratamento, mas ele nunca conseguiu sequer 116 Hipnoterapia
fazer cinco minutos de trabalho com ela. Era necessário um trabalho considerável, a paciente tinha vários dentes deteriorados, dentes tortos, etc. mas a perspectiva de deixar o médico por um instrumento na boca dela causava-lhe tal pânico que a correcção era impossível. O dentista trouxe esta paciente e os parentes dela para a aula na esperança de que nós pudéssemos encontrar qual era a dificuldade e de sermos capazes de pavimentar o caminho encontrar o caminho para que o trabalho dental fosse feito. Nessa reunião ela sentou-se entre os parentes dela, sossegadamente vendo-nos a trabalhar com outros pacientes. Então de repente ela começou a chorar. A minha esposa levou-a para fora da sala e tentou acalma-la. A moça avançou a informação de que ela estava a chorar porque em breve seria a vez dela a ser intervencionada e estava assustada. Quando a minha esposa assegurou-lhe de que não existia razão para ela ter medo, porque tudo o que seria feito era falar com ela, ela disse,” Eu não acredito nisso. De alguma maneira eles vão-me enganar e começam a colocar instrumentos dentais na dentro da minha boca, e eu não quero isso não importa o quê! A minha esposa explicou-lhe que não fazemos promessas que não cumprimos e que nenhum trabalho dental de espécie alguma seria feito naquela sala; nenhum instrumento dental seria posto dentro da boca dela a menos que ela mesmo pedisse para isso, e que em qualquer altura a meio da entrevista, ela própria poderia terminar! Ela pediu a minha esposa para ficar ao lado dela enquanto decorria a entrevista. Elas voltaram para a sala a jovem senhora ofereceu-se para a hipnoanálise. A hipnoanálise revelou que quando ela tinha cerca de cinco anos, uma das suas colegas de turma, do jardim-escola, disse-lhe que tinha estado no dentista e deu-lhe os detalhes sórdidos. Ela disse que o dentista a enganou ao dizer que não fariam nada, e que depois ele colocou uma grande faca dentro da boca dela e cortou-lhe as gengivas. Ela também acrescentou dizendo que isso dói! Essa colega de turma aterrorizou-a tanto que ela decidiu que nunca deixaria que isso acontecesse com ela. Agora nós tínhamos a causa do pânico dela, mas o nosso trabalho não estava completamente feito. Sob hipnose nós convencemos esta moça que ninguém a enganaria, que poderia ser feito algum trabalho dental sem que a magoasse, etc. Fiquei encantado quando o dentista voltou para a aula na semana seguinte e disse-nos que esta jovem moça tinha estado no consultório dele, e que ele tinha feito o primeiro trabalho dental alguma vez feito com ela. Não houve lágrimas, nem histerismos, ela estava verdadeiramente ansiosa pela altura em que os dentes deteriorados fossem removidos e a aparência dela melhorada. Esta é outra maneira na qual um dentista pode usar a hipnose: Para aliviar o pânico e o medo. E o que acontece com os pacientes que se queixam que a dentadura de cima queima magoa mas a dentadura de baixo não? De acordo com o dentista não deverá existir diferença; ele tem feito tudo o que está ao seu alcance para colocar as duas 117 Hipnoterapia
dentaduras correctamente, e ainda assim o paciente insiste que consegue usar a dentadura de baixo, mas não a de cima. Estes pacientes frequentemente andam de dentista para dentista, a procura de ajuda e registam mencionam a mesma queixa em cada um deles. A hipnose pode ajudar estes pacientes. E falando de dentaduras, aqui está um caso que veio a luz, numa das nossas turmas do centro oeste: Uma paciente nos seus cinquentas, foi trazida para a aula pelo dentista dela. O problema, eram as dentaduras ─ambas, cima e baixo─ magoavam-lhe. O dentista que a trouxe para a aula, era o último de vários dentistas com quem ela tinha estado, com este mesmo problema. Ela disse “ Todos os dentistas com quem tenho estado disseram-me que a dentadura era perfeita e que eu deveria usa-la sem nenhuma dificuldade! Na verdade tinha mais de um conjunto feito, mas também não a ajudou. É fácil aos dentistas dizerem que elas servem perfeitamente; tudo o que sei é que, magoam tanto que não as consigo usar.” A hipnoanalise revelou que esta senhora tida tido um casamento feliz por mais de vinte cinco anos. Quando os dentes começaram perturba-la, e o dentista sugeriu dentaduras, ela discutiu debateu isso com o marido. Ele disse-lhe,” Tenho a certeza que isso é uma boa ideia porque passados tantos anos os teus dentes têm vindo a piorar mais e mais, e será bom quando tiveres essas dentaduras para ver que o teu sorriso é tão adorável quanto costumava ser.” E então ela teve as dentaduras feitas. Ela tinha estado a usa-las confortavelmente por cerca de uma semana quando o marido morreu de ataque cardíaco. Era manhã do funeral, quando ela estava vestida e começou a colocar as suas dentaduras e este pensamento triste pensamento iluminou-lhe a mente, “ Ele nunca verá o sorriso adorável. Agora que ele se foi, não tenho ninguém para quem sorrir. Com certeza, não preciso mais destas dentaduras.” Apesar deste pensamento, ela usou as dentaduras e por alturas do funeral a dor na boca dela era insuportável. Dessa altura em diante ela foi incapaz de usar as dentaduras sem dor. Depois da hipnoanálise, discutimos conversamos com ela bastante acerca dos nossos achados e ela disse,” Sim, eu lembro sentir dessa maneira. Nada parecia valer a pena sem ele. São três anos desde que isso aconteceu e eu percebi, claro, que a vida tem que continuar. Ele não quereria a dar umas voltas com um sorriso pouco atraente, ou com uma boca dorida, ou para o que fosse! Eu nunca me apercebi da ligação até agora.” Daí em diante ela foi capaz de usar as dentaduras em completo conforto. Por causa de haver outras ilustrações de casos odontológicos neste livro, eu penso que as ilustrações acima dadas, serão suficientes para convencer a maioria dos dentistas que a hipnose tem muitos mais usos do que a anestesia dental sozinha. Os casos citados não são excepcionais. Os dentistas são constantemente confrontados por pacientes que têm problemas dentais neuróticos. Na preparação deste capítulo, eu escrevi aos meus estudantes dentistas, pedindo-lhes para relatarem problemas dentais interessantes que eles tenham sido capazes de resolver através de técnicas da hipnose. Aqui estão alguns dos muitos relatórios que tenho recebido. 118 Hipnoterapia
Relatório 1: “ A coisa que me fascina é a habilidade de muitas pessoas em produzir uma hemostasia hipnótica ─por meio de hipnose─. Antes de estar consciente do uso disso, eu tinha muitas chamadas relativas a sangramentos pós-operatórios. Isso tem sido cortado para apenas alguns e frequentemente eu sugiro que o sangramento será parado estancado com o relaxamento. Um estudante universitário ganhou uma hemostasia tão completa que eu tive de sugerir que ele permitisse um pouco de sangramento na cavidade, após extracção de um incisivo central. Quando ele permitiu o sangramento sair, surgiu apenas uma auréola de sangue na margem gengival, e no osso da cavidade não apareceu sangramento. Mais tarde quando pedi, ele provocou o sangramento habitual do ápice do topo da cavidade. É muito gratificante ser capaz de levar ao paciente, um espelho e deixa-lo ver a sua nova ponte ou dentadura que tenham sido colocadas directamente após a extracção, e saber que não haverá a tão desagradável hemorragia. As recuperações também parecem mais rápidas e menos agitadas.” Relatório 2: “ Uma paciente a quem eu tinha implantada uma dentadura imediata superior há um ano, trouxe o filho dela para uma consulta. Ela não estava a usar a dentadura e explicou que estava grávida e a dentadura causava-lhe (reflexo de) vómitos. Eu coloquei-a em sonambulismo e dei-lhe sugestões pós-hipnóticas apropriadas. O procedimento completo levou menos de quinze minutos, e o resultado relatado nas visitas subsequentes foi satisfatório.” Relatório 3: “Eu estava a ter dificuldades com dois casos de ortodontia, em que os pacientes tinham partido, através do bruxismo, os fios ligadores antes da consulta seguinte. Através da sugestão hipnótica, isso foi descontinuado interrompido, com um progresso muito mais rápido como consequência.” Relatório 4: “Nós usamos a hipnose de uma forma ou de outra e de diferentes maneiras, que é difícil de apontar uma. Primeiro que tudo, nós usamos para manter o controlo sobre nós mesmos, para permanecermos relaxados e lidarmos com os problemas que vemos. Fazermos desaparecer os medos dos nossos pacientes, que em vez de temerem vir ver-nos, eles avancem para o fazer. Para nós controlarmos sangramentos pós-operatórios, dores, inchaços, e ─nós─ promovermos a cura com sugestão. Removermos dentes sem sequer os nossos pacientes saberem que eles estão fora em provavelmente de 85 á 90 por cento dos nossos casos, e a administrar anestesia local via injecção com provavelmente uma percentagem semelhante dos nossos pacientes a não saber sequer que nós temos uma agulha no nosso consultório. Com as nossas crianças nós usamos o “remédio mágico do sono”. “ Relatório 5: “Eu tinha começado uma grande sessão de cirurgia no maxilar inferior de um paciente. Nós estávamos a retirar vários dentes e a fazer alveolectomia, e a nossa anestesia química falhou. Com o uso apenas do sonambulismo, nós fomos capazes de obter anestesia suficiente para completar a requerida cirurgia e ensinar o paciente a estar relaxado e menos nervoso para os futuros trabalhos.” Relatório 6: “ Uma rapariga com onze anos de idade tinha batido com os dois dentes da frente num acidente numa piscina. Eu não vi a paciente cerca de quatro horas a seguir ao acidente. Depois de uma examinação preliminar na casa da paciente, 119 Hipnoterapia
eu trouxe os dois dentes para o meu consultório e fiz canais radiculares preparando-os para reimplantação e coloquei faixas ortodônticas nos dentes, então trouxe a paciente ao consultório para dar continuação ao procedimento, e isso foi passadas algumas seis a oito horas depois do acidente. A normal afluência de sangue na área acidentada oferece melhores possibilidades de cura e isso também se aplica á reimplantação de dentes. Os vasoconstritores da anestesia química reduzem a afluência de sangue na área, de quatro a seis horas, e portanto, eu não queria usar a anestesia química. Coloquei a paciente no estado sonambúlico. A paciente chorou em protesto da curetagem na cavidade e da força necessária para forçar a colocação do dente reimplantado na cavidade. Mais tarde a paciente estava bastante calma e conseguimos completar a ligação desses dentes á um arco e á banda ortodôntica que havia sido posta nos dentes desvitalizados, e em cada um dos dentes dos lados. A paciente relembra de algum desconforto na altura da reimplantação. Eu sinto que sem o uso de vasoconstritores na anestesia química, eu tive melhores chances de ser bem-sucedido com a implantação desses dentes. Também foi possível para mim, evitar injectar no tecido contundido já muito dorido, que é geralmente uma sensação muito desconfortável.
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Capítulo 16: A Tartamudez (gaguez) Não existe tal coisa como gagueira congénita. A gaguez ou tartamudez tem que ser provocada. Ao longo dos anos, muitos médicos trouxeram gagos para a aula, na esperança de que através de várias técnicas nós fossemos capazes de ajudar. Não só é penoso ver um jovem rapaz a tentar conversar e conseguir acabar a palavra apenas com extremo esforço, mas é igualmente angustiante conhecer uma mulher nos seus trintas ou quarentas que tem o mesmo problema como um pequeno menino ou menina. Todas as vezes que eu vejo um destes pacientes, eu sinto uma forte emoção, ao relembrar o meu primeiro contacto com gagueira, quando o meu pai hipnotizou uma jovem moça adolescente e a fez parar de gaguejar. Depois quando a hipnose terminou ela gaguejou tanto como antes. Eu costumava perguntar-me por que é que o problema dessas pessoas não poderia ser corrigido permanentemente. Não me lembro da primeira vez que usei hipnoanálise para ajudar um paciente gago mas, reconhecidamente, houve muitas vezes em que eu fui incapaz de dar-lhes alívio permanente! Mesmo assim é agradável lembrar dos muitos a quem tenho ajudado consideravelmente! Quando um gago vem a um consultório médico, o procedimento usual é examinar o paciente cuidadosamente e quando o médico descobre que não pode fazer nada para ajudar o gago, ele manda-o para um terapeuta da fala. O terapeuta da fala trabalha diligentemente com o paciente, e finalmente de alguma forma em alguns casos, consegue ajuda-los. Mas o número de falhas é deprimente. É minha crença firme de que todo gago tem uma causa básica investigável. Durante muitos anos, tentei fazer os médicos mudarem a atitude deles em relação aos gagos e tratarem a causa em vez do sintoma. Lembro-me de uma ocorrência em particular. Um médico veio ter comigo e disse, “Tenho um paciente extremamente ambicioso. Ele quer frequentar a escola de direito, mas nenhuma escola de direito o aceitará porque ele gagueja tanto que dificilmente diz uma palavra sem esforço. Tenho tentado ajuda-lo e ainda assim tem terapeuta da fala, tudo sem sucesso! Existe alguma forma da hipnose fazer o trabalho?” Eu disse-lhe que a única maneira de ajudar o rapaz seria encontrar a razão para a gagueira por meio da hipnoanálise. Se nós pudéssemos localizar a causa talvez fossemos capazes de trata-lo efectivamente! Talvez, até conseguíssemos faze-lo falar normalmente. O médico, não estando muito familiarizado com a hipnoanálise, hesitou em tentar ele mesmo, mas pediu-me para trabalhar com ele. Eu expliquei que uma sessão de hipnoanálise, possivelmente poderia localizar a causa, mas mesmo se fizesse, poderia não necessariamente remover a gagueira. Uma vez localizada a causa seria necessário ver que quaisquer conflitos internos que o menino tivesse, tinham que ser resolvidos ou então nós não poderíamos dar-lhe ajuda permanente. A hipnoanálise não é terapia de uma sessão; a exploração deve continuar até esses conflitos estarem resolvidos, e isso, as vezes requer tratamento extenso. O 121 Hipnoterapia
médico perguntou, “Você pode cuidar da primeira hipnoanálise?” Eu disse-lhe que teria muito gosto em faze-lo, mas também que faria bem a ele mesmo, tentar algumas das técnicas que eu lhe tinha ensinado. Passaram-se semanas sem ele trazer o paciente para a aula, quando finalmente surpreendeu-me, ao relatar que depois de tudo, ele mesmo tinha feito a primeira hipnoanálise e que tinha sido bastante bemsucedido com isso. Eu disse, “Continue a trabalhar com ele e você talvez seja capaz de ajuda-lo muito mais do que pensou ser possível.” No outono seguinte fiquei satisfeito quando o médico me relatou que, “O rapaz tinha sido aceite por uma escola de direito e ficou sem a gagueira.” Durante o inverno seguinte continuei a receber relatórios. O rapaz estava na frente nas suas turmas, e eu soube que agora é um advogado de sucesso. Este tipo de casos fez-me sentir que, encorajar os médicos ao uso da hipnoanálise vale a pena todo o meu esforço. Um psiquiatra de Chicago foi longe ao ponto de me dizer que ele considerava a hipnoanálise a jóia da coroa da hipnose. Muitos psiquiatras entendem que a hipnoanálise é a chave para a resolução de muitos problemas emocionais, embora eu tenha ensinado a milhares de médicos como usar a hipnoanálise, comparativamente, poucos deles são adeptos disso e eu sei a razão para isso. Muitos deles estão relutantes em devotar o tempo necessário para isso ou relutantes em sondar profundamente dentro da mente humana. Tenho conhecido médicos que, para prática, levarão tempo até regredirem um paciente a uma idade precoce, para verem que as reacções não são de natureza surpreendente; eles gostam da ideia de que conseguem fazer um paciente voltar ao tempo em tinha dois ou três anos e deixa-lo ver outra vez, como se parecem os brinquedos debaixo da árvore de natal! Isso é interessante de ver e o médico sente-se inofensivo. O mesmo médico não aprofundará para aquilo que talvez poderá ter feito o mesmo paciente gaguejar. No entanto eu concordo com o referido psiquiatra de Chicago, em que a hipnoanálise será reconhecida como uma técnica terapêutica válida e útil que pode ser usada por todos os médicos para solucionar dificuldades emocionais. Os psiquiatras são treinados para resolverem conflitos internos. Quando eles resolvem esses conflitos sentem que o paciente está no bom caminho para a recuperação. A hipnoanálise permite ao terapeuta localizar a fonte dos conflitos internos, e é a melhor técnica que conheço para chegar rapidamente á causa raiz. Isso poupa meses e meses de trabalho. Eu desejo fazer a cada médico, ver a hipnoanálise da mesma maneira que o psiquiatra a vê. Falando acerca de causas raiz e conflitos internos, o que são a gagueira e as dificuldades relacionadas com a fala? Daqui a momentos, relatarei alguns casos que mostram causas típicas ─que na maioria dos casos não estão relacionados a patologias─. Na verdade eu não conheço gagueira alguma que tenha sido criada por patologia, embora eu esteja bem ciente que os médicos pesquisadores suspeitem de uma desordem funcional em certos casos como os dos defeitos da fala. 122 Hipnoterapia
Têm sido efectuados estudos no Johns-Hopkins e em outros centros médicos, dos efeitos específicos da dislexia; uma deficiência constituinte da linguagem. Esta síndroma, por vezes chamado de strefossimbolia, afecta principalmente a habilidade de ler e escrever, mas é provável que ocorra em crianças que são lentas, em aprender como falar e em cujas histórias familiares se incluem a gagueira entre outras dificuldades. Não tem nada a ver com inteligência. Ao contrário, parece derivar de uma fraqueza orgânica de uma secção do cérebro que controla a diferenciação da esquerda e direita. Os disléxicos vêm dificuldade em falar um “b” de um “d” ou a palavra “era” da palavra “are”. Algumas autoridades duvidam da existência de dislexia patológica, no entanto sentem que é uma síndrome de algum bloqueio psiquiátrico. Eu menciono-o aqui apenas para mostrar que entendo haver possibilidade de uma gagueira patológica, a partir desta ou de várias outras causas. Tendo dito isso, devo eu repetir que não sei de nenhuma gagueira em que foi provada a causa envolvendo uma patologia. Agora vamos examinar exemplos de causas emocionais. Fazendo a hipnoanálise para localizar o percurso de um gago, nós encontramos esta história de um caso: Estava a ser extremadamente difícil tentar obter respostas de um paciente porque ele gaguejava muito mal. Regredi-o aos cinco anos de idade e soube que ele gaguejava nessa idade. Levei-o de volta aos quatro anos de idade, e descobri que a gagueira já era absoluta mesmo nessa tenra idade. Quando finalmente o fiz voltar aos dois anos de idade, ele relatou um incidente incomum. Existia um pátio em madeira junto a sua casa, e ele foi para dentro dele porque lhe pareceu um óptimo lugar para brincar. Ele viu dois homens a discutirem. A discussão desenvolveu em luta, e tornouse numa batalha terrível. Finalmente um dos homens foi atirado ao chão, e quando conseguiu ficar em pé, ele agarrou um machado que estava caído nas proximidades e golpeou o seu assaltante, atirando-o ao chão, e depois cortou a cabeça dele. A criança ficou aterrorizada. Ele correu para a casa, para a sua mãe dele. Ele tinha medo que o assassino o tivesse visto, tivesse seguido e que pudesse talvez fazer a mesma coisa como ele. Quando a mãe dele perguntou-lhe o que havia de errado, ele tinha atingido um ponto na sua vida em que não queria falar, ou não conseguia falar. Foi assim como a gagueira começou. Eu descobri um análogo, embora não horrível, acontecimento quando fiz hipnoanálise a um jovem e regredi-o aos dois anos de idade, para descobrir que a gagueira dele começou quando acidentalmente puxou uma toalha de mesa, da mesa da sala de jantar. A mesa tinha muitos pratos em cima. A mãe dele veio, e de forma intempestiva entrou na sala e ele soube que estava em sarilhos. Ele tentou falar do seu jeito mas as palavras não saíram. Lembro-me de dizer a mim mesmo, “Isso certamente não é motivo suficiente para começar a gaguejar.” Então decidi leva-lo de volta no tempo, quando ele tinha cerca de dois anos de idade. Era o dia de aniversário do pai, e a sua mãe dele tinha confeccionado um belo bolo para o marido. O pequeno rapaz trepou numa cadeira para ver o bolo mais de perto, agarrando-se na toalha de mesa enquanto subia. O bolo veio a cair e despedaçou-se por todo o chão. A mãe dele, ouvindo o barulho, entrou intempestivamente na sala, e quando viu o que tinha acontecido ela repreendeu 123 Hipnoterapia
severamente o bebé por ter estragado a celebração do aniversário do pai! Este incidente no primeiro ano de idade, por si só não causou a gaguez, mas a gaguez apareceu quando um incidente idêntico, teve lugar um ano mais tarde. O rapaz tinha atingido o ponto em que foi obrigado a falar mas não soube o que dizer, e a razão era óbvia. Quando ocorreu o primeiro incidente, o bebé ficou aflito porque sabia que tinha feito algo traquinas e a sua mãe estava zangada. Quando a mesma coisa aconteceu um ano mais tarde, ele não só sabia que tinha feito algo traquinas e que a sua mãe estava zangada, mas á um nível abaixo da atenção consciente, ele estava a reviver o incidente que o tinha perturbado um ano antes. Mesmo um trauma menor pode, como as sugestões, ser composto por repetição. Toda a gaguez tem no seu início uma situação na qual a vitima atinge uma ponto, em que não quer falar e ainda é obrigado a faze-lo. Deixe-me dar outro exemplo de como uma situação traumática causa o início da gaguez. Uma paciente foi trazida para a aula. Ela estava nos seus cinquentas, e reclamava que vinha a gaguejar desde que era bebé. Tentar corrigir uma gaguez de meio século de idade não me pareceu uma tarefa fácil, e eu pensei que certamente esta paciente exige uma grande dose de terapia hipnótica antes de poder ser ajudada numa base permanente. Antes da hipnoanálise, eu usualmente faço muitas perguntas ao paciente. A interrogação revelou que ela acreditava que a gaguez havia começado numa idade precoce, quando ela tinha sido acometida de convulsões. Quando a questionei o que é que tinha causado a gaguez, ela disse que deveria ter sido iniciada por terrível susto que ela teve quando era bebé. Ela não se lembrava qual foi o susto. Quando perguntelhe se o susto poderia ter sido também a causa das convulsões, ela não sabia, mas não pensou assim. Eu também não pensei assim. No entanto, o facto de que ela pudesse responder sem hipnoanálise de que ambas a gaguez e as convulsões, apareceram aproximadamente ao mesmo tempo deixou-me a pensar. Isto foi o que a hipnoanálise revelou: Com a idade de cerca de dois anos, enquanto ela estava doente na cama, ela ouviu a mãe e o pai brigarem. A criança nunca antes os tinha ouvido a discutirem tão violentamente. Quando a discussão aumentou de intensidade, o pai ameaçou matar a mãe e a menina também. Ele começou a dirigir-se para a cama onde a criança doente estava deitada. A mãe correu para proteger a criança que estava a gritar, quando a criança tentou falar não conseguiu por causa do pavor. Ela começou a convulsionar. O pai acalmou e a criança depressa recuperou das convulsões. Mas daí em diante sempre que o pai se aproximava dela, ela ficava aterrorizada e não conseguia falar. A gaguez dela tinha começado. A partir das histórias dos casos que estou a citar, parece que as gagueiras começam em idades precoces! Isso não é verdade! Você irá encontrar muitas pessoas que pensam que têm gaguejado toda a vida delas, mas quando é feita a hipnoanálise você descobre que a gaguez não começou até eles terem oito ou dez anos de idade, ou mais velhos! Tenho até acorrido a casos nos quais a gaguez não se iniciou até o paciente estar na idade de escola secundaria. Ainda assim todas essas pessoas dirão que não se lembram do tempo em que não gaguejavam. Talvez seja doloroso para 124 Hipnoterapia
eles, relembrarem quando ─e coincidentemente como─ a gagueira começou, então eles empregam activam o mecanismo de defesa de apagar a memória. Um jovem colegial estudante que foi trazido para a aula, tinha gagueira muito acentuada. Ele era um daqueles pacientes que reivindica ter gaguejado toda a vida e não consegue lembrar do tempo em que não o fazia. Durante a hipnoanálise foi revelado que, quando ele tinha cinco anos de idade ele não gaguejava. Quando tinha seis anos de idade ele não gaguejava, e mesmo aos oito anos de idade ele não gaguejava. Mas quando tinha nove anos de idade ele gaguejava. Ficamos a saber que um dia os seus colegas de brincadeira ataram-no a uma árvore, amarrando-o firmemente com uma corda a volta do seu pescoço. Então eles empilharam madeira no chão a volta da árvore e fizeram uma fogueira. No início ele pensou que era uma brincadeira mas, quando o fogo iniciou, ele começou a gritar para eles o libertarem. Aparentemente, as crianças ficaram assustadas e fugiram deixando o rapaz desamparado. Felizmente, um transeunte viu, estancou o fogo com os pés e libertou-o. Por esta altura a corda tinha abrasado o pescoço dele. Ele correu para casa. Quando a mãe o viu, ficou muito chateada com a aparência do pescoço dele, mas ele estava assustado para contar-lhe o que tinha acontecido. Ele pensou que ela pudesse puni-lo ou pior, falar com os pais dos rapazes que o tinham magoado. Se isso acontecesse, pensou ele, eles poderiam tentar fazer isso outra vez por ter contado. Ele tinha atingido um ponto em que não queria falar. Houve casos, felizmente raros, em que apenas foi possível dar ajuda parcial porque foram encontradas apenas causas parciais. E uma causa deve ser entendida para ser tratada. E num destes casos, um psiquiatra descobriu que um dos seus pacientes tinha começado a gaguejar bem cedo na primeira infância, depois de ter sido assustado longe da entrada de uma caverna que ele tinha começado a explorar. Mesmo na hipnoanálise, o paciente não conseguiu trazer de volta a memória do que o tinha aterrorizado. No entanto este obstáculo não prejudica o terapeuta na maioria dos casos,. Aqui está a transcrição de uma hipnoanálise real num paciente com gagueira; repare na técnica usada para determinar a causa raíz: Elman: Você sabe quando é que começou a gaguejar? Paciente: ─a gaguejar─ Bem, não! Eu acredito que o fiz durante toda a minha vida. Elman: Parece a você que o fez toda a sua vida? Paciente: É isso mesmo! Elman: E ainda o seu senso comum lhe diz que ninguém nasce com gagueira…Então deve ter sido originado de alguma forma. E se nós conseguirmos descobrir por que é que aconteceu, talvez sejamos capazes de ajuda-lo a lidar com a causa e a livrar-se inteiramente da gagueira. Quando é que gagueja mais? Paciente: Especialmente quando estou excitado agitado. Elman: Depois a gagueira fica horrivelmente má, é isso? Paciente: Sim, senhor. Estou pior agora do que tenho sido há muito tempo. Elman: Você está a passar por alguns momentos difíceis no momento? 125 Hipnoterapia
Paciente: Não, senhor. Elman: está tudo bem em casa? A família está bem? Paciente: Sim, senhor. Elman: E você está indo bem? Os negócios vão bem, ou o seu trabalho, qualquer que seja ele? Paciente: Sim Elman: Do que é que você vive? Paciente: Sou engenheiro de operações. Elman: E você acha que a sua gagueira interfere com o seu trabalho? Paciente: Não, senhor. Elman: Você tem levado uma linha de trabalho onde a gagueira não interfere…Temo uma boa indicação de que você tem uma gagueira severa e se tu ajuda-lo eu tenho que dar-lhe algumas instruções simples. Se eu me deparar com resistência serei incapaz de ajuda-lo, por isso se você tentar trabalhar comigo, talvez eu possa ajudar, e se você tentar, juntos talvez cheguemos a algum lado… ─Coloca o paciente em sonambulismo─ … Isso é uma boa cooperação. Quando você está relaxado desse modo, você pode vivenciar e reviver qualquer parte da sua vida. A maioria das pessoas acredita que são incapazes de relembrar de incidentes passados há muitos anos. Isso não é assim. Tudo o que alguma vez nos aconteceu é registado nas nossas mentes e pode ser trazido até nós. Assim eu gostaria de o levar de volta ao tempo em que era um rapazinho para descobrir se a gagueira, ou gaguez, o que quer que você chame, já existia quando você era pequeno...Diga-me você celebrou o natal na sua casa quando era uma criancinha? Paciente. Não, senhor! Elman: Não havia árvore de natal ou alguma coisa como isso? Paciente: Não. Elman: Você teve festas de aniversários quando era criança? Paciente: Não. Elman: Mas você foi para a escola…é verdade? Paciente: Com certeza Elman: Muito bem, vou leva-lo de volta ao ensino básico da escola, porque eu quero falar com aquela criancinha no ensino básico. Você foi para o jardim-deinfancia? Talvez eu o leve de volta ao jardim-de-infancia. Paciente: Sim Elman: Muito bem, vou leva-lo de volta ao jardim-escola, e quando eu levantar a sua mão e largar, não tente lembrar-se, porque isso é o que nos derrota todo o tempo…Somente diga para si mesmo, “E vou estar lá e vou gostar de estar lá” então quando levantar a sua mão e largar, será quando você estava no jardim-de-infância e você ver-se-á no jardim-de-infância tão claramente como quando se viu lá na primeira vez. E eu vou falar consigo no jardim-de-infância. Fique completamente relaxado quando eu levantar a sua mão e largar e veja acontecer… Isso mesmo…Aí está … você está no jardim-de-infância… Você gosta do jardim-de-infância? Paciente: Sim, senhor. 126 Hipnoterapia
Elman: Sim,senhor. Paciente: Dê uma vista de olhos em volta do jardim-de-infância. Você dá-se bem com todos os miúdos? Paciente: Sim, senhor. Elman: Você dá-se bem com a professora? Paciente: Sim, senhor. Elman: Você gosta da professora? Paciente: Sim, senhor. Elman: Diga-me uma coisa, você está no jardim-de-infância e tudo está calro para si, você diverte-se no jardim-de-infância? Paciente: Sim, senhor Elman: E você alguma vez gaguejou ou titubeou? Paciente: Sim, senhor. Elman: Então fez. Então isso significa que você começou a tartamudear ou a gaguejar antes ter ido para o jardim-de-infância…Vou leva-lo de volta agora, para antes de ter começado o jardim-de-infância, e você estará a fazer alguma coisa que você não pensou desde a altura em que o fez, mas será alguma coisa que você gosta de fazer…Eu estarei a falar consigo e você será um rapazinho com apenas três anos de idade…Ai está você …o que está a fazer? Paciente: A brincar no quintal das traseiras. Elman: Com o que é que você está a brincar? Paciente: Alguma sujeira. Elman: Você está com cerca de três anos de idade, não está? Paciente: Sim, senhor. Elman: Alguma vez gaguejou? ─Paciente não responde─ Talvez você não saiba o que isso significa. Alguma vez gaguejou? Você alguma vez teve dificuldade em falar? Paciente: Sim, senhor. Elman: Quando eu levantar a mão e largar, será o primeiro dia em que você teve problemas dificuldade com a fala. E você saberá o que é que causou isso quando eu levantar e largar a sua mão…Mantenha-se relaxado e você terá…Ai está você…O que tem acontecido hoje que faça um rapazinho ter problemas em falar? Paciente: O meu pai chegou a casa. A mamã diz que ele está bêbado… [começou a chorar] Elman: O que foi que aconteceu? Diga-me, porque isso pode faze-lo parar de gaguejar para sempre, se você tirar tudo isso para fora e nós queremos tudo isso cá fora. O que é que o seu pai fez? Você consegue dizer-me. Paciente: Ele bateu-me. Elman: Por que é que ele lhe bateu? Paciente: Porque eu devo ter feito alguma coisa que ele não queria que eu fizesse. Elman: O que é que você fez? Paciente: Eu não sei. 127 Hipnoterapia
Elman: Quando eu levantar a sua mão e largar você saberá porque foi que ele lhe bateu. ─Repare na composição da sugestão─ …e o que foi que você fez se, você fez alguma coisa. Fique relaxado e você saberá. O que é que você fez? Paciente: Tínhamos algumas “galinhas do mato” pequenas e eu afoguei-as Elman: Você afogou-as? Paciente: Sim. Elman: Você disse “galinhas do mato”. Paciente: Não. Galinhas pequenas. Elman: Você o fez acidentalmente? Paciente: Não. Eu fiz de propósito. Elman: Você fez de propósito? Você afogou-os? Ora, deve ter existido uma razão para que um rapazinho pudesse pegar nessas galinhas, e talvez possamos descobrir. Talvez exista um pequeno ressentimento contra elas, por alguma coisa ou por alguém. Existia algum de quem você não gostasse nessa altura? Paciente: Não, senhor. Elman: Você gosta do papá, certo? Paciente: Sim, senhor. Elman: Você gosta da mamã, certo? Paciente: Sim, senhor. Elman: Irmãos e irmãs? Paciente: Sim, senhor. Elman: Você gosta das pequenas galinhas? Paciente: Sim, senhor. Elman: Você levou-as para fora de casa para afoga-las? Paciente: Elas estavam lá fora no quintal. Elman: Você estará lá fora no quintal quando eu levantar a sua mão. Será antes das galinhas estarem afogadas e depois você pode dizer-me também se é de propósito ou não. E talvez você nem saiba se foi de propósito ou não. E talvez você descubra agora. Porque será um pouco antes de elas serem afogadas…O que você está a fazer, está a brincar com as galinhas? Paciente: Não. Eles são patos. Elman: Veja, já descobrimos mais. Dê uma vista de olhos nos patos. Você gosta destes pequenos patos? Paciente: Sim, senhor! Elman: Você gosta deles. Bem, o que é que você está a fazer com eles, se eles são patos? Paciente: Estou a coloca-los numa banheira com água. Elman: A coloca-los dentro de uma banheira com água? Paciente: Sim, senhor. Elman: Bem, não é certo, correcto, os patos irem para água? Paciente: Sim, senhor. Elman: Você tem alguma ideia do quê você quer fazer com os patos? Paciente: Eu quero vê-los a nadarem. 128 Hipnoterapia
Elman: Agora está a vê-los nadarem. Existe alguma ideia da sua parte em fazer alguma coisa prejudicial para os patos? Paciente: Não,senhor. Elman: Então o que acontece com esses patos? Paciente: Todos eles se afogaram. Elman: Como é que eles se afogaram? Paciente: Porque eles não conseguiram nadar. Elman: Bem, os patos nadam naturalmente. Olhe novamente para eles. São patos ou são galinhas? Se eles são patos eles nadam naturalmente! Paciente: São galinhas Elman: As galinhas não conseguem nadar. Mas os patos conseguem nadar. Paciente: Sim, senhor. Elman: O que o fez pensar por momentos que eram patos? Você chamou-as de patos ainda há pouco tempo. Paciente: Na verdade não sei. Apenas pensei que eles conseguiam nadar! Elman: Estou a ver… Então realmente você não queria magoar essas galinhas, queria? Paciente: Não,senhor. Elman: De modo que este seria apenas um pequeno engano que um pequeno menino teve. É isso? Paciente: Sim, senhor. Elman: E porque ele teve este pequeno engano o pai dele chegou a casa e bateu-lhe por isso e por porque agora ele não sabe o que dizer ao pai. ─Ele tenta falar e explicar─ Paciente: Ele..não deixa…ele não deixa…ele não… Elman: Você será capaz de falar sem titubear quando eu estalar os meus dedos. Paciente: Ele nunca me deixaria chorar. Elman: Ele nunca lhe deixaria chorar? Paciente: Não, senhor. Elman: Estou a ver. E isso é recalcamento ─incapaz de chorar─.Ele deu-lhe alguma razão, sobre o porquê de não o deixar chorar? Paciente: Ele disse que me iria bater com mais força se eu chorasse. Elman: Então você estava com medo de chorar. E esse balbuciar representa que abafou o choro. É isso o que é? Paciente: Eu não sei, senhor. Elman: Bem, agora deixe-me dizer-lhe. Eu quero que repare o quão próximo está uma gaguez de um soluço. Está horrivelmente próximo, não é? E é aquele soluço que sufoca toda a vez que você gagueja. Alguma vez se deu conta disso? Paciente: Sim, senhor. Elman: E você soube disso, esse tempo todo, não é verdade? Paciente: Sim, senhor. Elman: Você sabe que é porque ele não o deixou chorar que você gagueja? 129 Hipnoterapia
Paciente: Sim, senhor! Elman: Bem, você pode livrar-se desse choro agora. Ou seja, você pode chorar se o quiser fazer. Se você sentir vontade de chorar pode simplesmente soltar, porque você é um homem grande agora, e se você sente vontade de chorar, poder deixar sair tudo, porque isso é a emoção que você sentiu quando era uma criança pequena, e se sair agora irá fazer-lhe muito bem. Se você sente vontade de chorar deixe-se ir... ─O paciente soluça por um período prolongado─. Deixe sair tudo e você não vai balbuciar mais por conta disso. Livre-se dessa emoção sido aprisionada dentro de si por muitos anos. Deixe sair tudo. Apenas deixe sair bem… ─Paciente começa a chorar. Elman: [ dirige-se aos médicos que assistem]. Eu nunca conheci uma gagueira ou uma tartamudez que não envolvesse alguma situação emocional. Ele vai tirar isso do seu sistema e depois vocês verão o quão bem ele fala. Não haverá gagueira nenhuma. E se o pai dele o tivesse deixado fazer, quando ele era criança ele não gaguejaria. Mas isso foi um mal-entendido entre um pai e uma criança… ─Soluços do paciente tinha sumido. Elman dirigindo-se ao paciente─ Fez muito bem retirar tudo isso do seu sistema, não é? Paciente: Sim, senhor. Elman: Deixe sair toda essa emoção reprimida… * para os médicos+ Isso tem estado recalcado dentro dele, e ele tinha cerca de três anos de idade quando essa coisa aconteceu… ─ao paciente─ quantos anos tem? Paciente: Cinquenta anos…Tenho quarenta e nove agora. Elman: [para os médicos] São quarenta e sete, quarenta e seis anos, de emoção reprimida, e o que isso faz a uma pessoa! Isso provavelmente significou muitas diferenças nas condições de vida dele, na vida dele, na maneira como ele fez a vida dele, na maneira como ele se deu com as pessoas… e o pai dele apenas tinha que o deixar chorar quando ele era uma criança, e ele teria sido um jovem tão normal como qualquer um no mundo. Quando ele queria chorar, o pai dele disse, “ Vou te bater mais ainda se chorares”. Então com medo de chorar…todas a vezes que ele queria chorar, havia um balbucio. Todas as vezes que ele se emocionava era na forma de gagueira. Talvez eu esteja a fazer isso soar muito fácil. Não estou a tentar indicar que depois de apenas uma sessão, ele não precisa de mais… Não há uma pessoa em que eu tenha trabalhado com hipnoanálise, que tenha durado mais de uma sessão. E isso não é adiantado para si como uma panaceia ou elixir. Não é adiantado para si como um cura-tudo, mas como uma técnica para chegar a causa dessas condições… *para o paciente+ Eu aposto que você se sente muito melhor. Paciente: Sim, senhor. Com certeza! Elman: E não há gagueira aí agora, tem? Paciente: Não, senhor. Elman: Você pensa que alguma vez haverá? Paciente: Não, senhor. 130 Hipnoterapia
Elman: Se alguma vez houver, se alguma vez aparecer a mais leve tendência para gaguejar, eu quero que pense instantaneamente naquelas galinhas e no seu pai a bater-lhe. Pense nisso instantaneamente, e será como um flash mental, e no minuto que o fizer, diga, “Eu não vou gaguejar apenas porque o meu pai não me deixou chorar”. Afinal de contas não havia veneno malícia no que você quando criança, havia? Paciente: Não, senhor. Elman: Você não quis ir lá para fora e matar aquelas galinhas, mas foi um engano natural que qualquer criancinha pode fazer. Você queria ver as pequenas aves nadarem, você não sabia que eles não conseguiam, e quando elas se afogaram você ficou, eu suponho, que de coração tão partido como qualquer um, mas o seu pai não o deixou explicar. Ele simplesmente lhe bateu por isso. Paciente: Sim, senhor Elman: Eu não penso que você irá gaguejar ou titubear mais, o quê que você pensa? Paciente: Não, senhor. Eu também penso que não irei mais. Elman: E se o fizer… * para o médico do paciente+ doutor, se ele mostrar alguma tendência para uma recorrência de gaguejar, leve-o de volta e faça isso de novo, e de cada vez que o fizer, você descobrirá que ele obtém uma ajuda tremenda ao sair disso. Eu penso que você provavelmente teve uma remoção completa da gaguez, pelo que nós o levamos a fazer hoje. Eu não posso jurar isso. Por vezes temos, essas recuperações sensacionais que se parecem com magia, e as vezes não temos. Mas eu não tento obter uma recuperação sensacional em nenhum caso em que trabalho. Muitos médicos dizem-me “Eu não tenho tempo para a hipnoanálise.” Eu penso que qualquer médico deveria estar disposto a dispensar a quantidade de tempo que eu dispenso por forma a corrigir situações como esta. * * * Incidentemente, eu tenho encontrado vezes e vezes que a vítima de uma doença neurótica está apta a ser vítima de mais doenças neuróticas. O ponto que eu estou a tentar mostrar é que, só porque o paciente perde a gaguez, você não tem necessariamente resolvidos, todos os problemas neuróticos do paciente. É por isso que eu afirmo que todos estes pacientes podem beneficiar de mais trabalho efectuado pelo médico. Se é para ajudar o completamente paciente, os conflitos internos devem ser inteiramente resolvidos. O homem na medicina melhor treinado para resolver conflitos internos, é o psiquiatra, e se o médico de qualquer outro ramo da medicina descobrir que é incapaz de resolver esses conflitos internos permanentemente, na minha opinião, ele deve encaminhar o paciente para o psiquiatra. * * * Ao lidar com uma gagueira, siga estas instruções. Primeiro, lembrar que cada gagueira teve um princípio. Regrida o paciente de volta a situação traumática que causou a gaguez, e deixe-o reviver numa ab-reacção, ou vendo a mesma coisa a acontecer á outra pessoa num ecrã de uma televisão 131 Hipnoterapia
imaginaria. Em muitos casos, os pacientes têm epifanias acerca da verdadeira causa do primeiro gaguejamento e são ajudados permanentemente. O quê que acontece se você não voltar até a causa da gaguez? O melhor que você será capaz de fazer, é dar ajuda temporária ao paciente. Se a causa permanecer com ele, a gaguez voltará. Por vezes um médico regride ao que ele pensa ser a verdadeira causa e o paciente aparentará ter sido ajudado. Depois a gaguez volta. O médico deverá saber a partir disso, que ele não encontrou toda a matéria perturbadora, e terá que sondar mais para extrair a verdadeira causa antes de ele poder ajudar permanentemente a pessoa com gagueira. Esta explicação não se aplica apenas para gagueira, mas a todos os problemas neuróticos; se a ajuda é temporária, a verdadeira causa não foi exposta, é indicado trabalho adicional. Uma técnica está demonstrada na hipnoanálise, e que foi achada muito benéfica para muitos tipos de distúrbios neuróticos. Nós sabemos que as doenças emocionais são causadas por repressões. Uma pessoa que vive através de uma situação com a qual não consegue lidar. Ela não está preparada por experiencia ou por treino para isso. A memória do incidente é horripilante! Ela reprime todos os pensamentos da situação traumática. Ela por vezes até consegue coloca-los abaixo do nível consciente, então eventualmente isso torna-se verdadeiramente parte do material inconsciente da mente dela. Isso não significa que ela não é afectada por isso. Ao contrario, essa mesma repressão das experiencias traumáticas certamente continuará a causar danos no nível consciente. Em muitos casos, nós somos capazes de trazer repressões do nível abaixo da atenção consciente, para um lugar onde elas são conhecidas e reconhecidas a um nível consciente. Então nós asseguramos que não seja permitida a repressão, hospedar-se novamente no inconsciente. Repare como esta técnica foi demonstrada no caso anterior do homem que gaguejava. Muitas pessoas acreditam que a hipnoanálise é terapia de apenas uma sessão. Nada poderia estar mais longe da verdade. Os médicos estão inclinados a acreditar que se eles não conseguem obter resultados permanentes com uma aplicação de hipnoanálise, a terapia não funciona com esse paciente em particular. Isso não é evidenciado a partir das nossas experiências. Não há muito tempo um médico, numa das minhas aulas perguntou se eu poderia trabalhar no filho dele, um jovem que gaguejava. A família do jovem era muito cooperante. Nós trabalhamos no jovem mas não fomos a lado nenhum. Quando o jovem mostrou sinais de cansaço, nos demos-lhe algumas sugestões superficiais para livra-lo da gagueira ao menos temporariamente, e para incrementar a confiança dele. Duas semanas depois foi-nos dito que o jovem falou sem gagueira por cerca de dez dias e que depois a aflição retornou. Novamente nós trabalhamos com o jovem. Desta vez nós começamos por obter a resposta para o problema da gagueira, mas certamente não completamos a terapia! Novamente o jovem mostrou melhoras, mas por esta altura o pai e a mãe mostravam desapontamento por não ter havido um milagre em duas sessões. As minhas aulas nessa cidade em particular tinham chegado ao fim, e não houve 132 Hipnoterapia
oportunidade para continuar e dar ao jovem a ajuda adicional que ele precisava. Eu aconselhei o médico a continuar o programa de hipnoanálises com um dos meus estudantes. No entanto por causa do desapontamento dele, eu não acredito que ele o fez. E ainda assim o filho dele poderia ter sido ajudado permanentemente. O mesmo médico sentir-se-ia exaltado se um dos seus pacientes tomasse apenas duas colheres de chá de um remédio e depois não tomasse mais porque as duas colheres não o curaram permanentemente. O porquê das pessoas esperarem que as técnicas de hipnose funcionem como magia está para lá da minha compreensão. A questão deve ser colocada, ”Se o pai era um estudante nosso, por que é que não completou ele mesmo a hipnoanálise?” possivelmente porque o jovem estava a atingir um estágio da vida onde a ambivalência com os seus pais estava tinha começado a manifestar-se. O pai pode encontrar resistência dentro do jovem, embora outro operador possa não encontrar nenhuma. Ainda assim tal situação não deve permitir que impeça de ajudar um jovem. Lembre-se sempre disto: A gravidade de um evento traumático é responsável pela gravidade da gagueira; descubra a causa trate-a, e os efeitos serão automaticamente aliviados!
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Capítulo 17: A Obesidade Quando um médico é confrontado com um problema de obesidade ele usualmente coloca o paciente em dieta, complementada com medicação apropriada, e um aviso acerca das consequências médicas do excesso de peso. Alguns pacientes manter-se-ão em dieta e absorverão a medicação ─e os avisos─ até a necessária perda de peso. Então eles separam-se da companhia do médico. Um ano ou dois depois eles estão de volta para verem o mesmo médico com o mesmo problema ─eles estão tão gordos como sempre─ e o médico diz para si mesmo. “Eles parecem não ter ideia acerca de ingestão de alimentos.” Também há pacientes que dizem que querem perder peso, mas não querem ou não podem fazer a dieta prescrita pelo médico. Sob cuidados médicos eles não perdem um grama; na verdade, eles até ganham peso quando era suposto estarem a perder. Os comedores compulsivos não são necessariamente glutões. Frequentemente eles são pessoas que procuram segurança. Esta busca leva-os de volta ao tempo em que a satisfação oral representava completa segurança ─quando a mãe os alimentava e cuidava deles.─ Eles comem, e continuam a comer porque alimentarem-se dá-lhes a sensação de segurança que alivia o medo que espreita abaixo do nível da atenção consciente. Com cada paciente, o medo tem uma causa diferente, mas é na verdade o mesmo tipo de medo. No efeito, todos estes medos são semelhantes. No entanto, isso não significa que o mesmo “dieta-medicação-aconselhamento” tratamento funcionará com todos os pacientes, nem significa que a hipnose deve ser usada simplesmente para dar ao paciente sugestões de alívio da fome. Uma dieta hipnótica sem a remoção do causativo do medo pode providenciar apenas ajuda temporária. Os médicos que reconhecem o problema são notavelmente bem-sucedidos com casos de obesidade, e alguns deles na verdade especializados em problemas de obesidade. O excesso de peso é muitas vezes causado por fortes conflitos emocionais, que podem ser resolvidos ─como aqueles associados com gagueira─ por uma abordagem utilizando a hipnoanálise. Eu quero que leia parte de uma transcrição verdadeira de uma das hipnoanálises. A paciente em questão foi esbelta até aos catorze anos de idade, e então de repente começou a ganhar peso: Elman: [Depois de regredir a paciente a primeira infância] Você está no ensino primário. Eu quero que mentalmente se coloque em pé no seu assento aí no ensino básico e olhe em volta da sala para a criança mais longe de si. É um rapaz ou uma menina? Paciente: Um rapaz. Elman: Qual é o nome dele? Paciente: John.
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Elman: Agora a sua atenção está a aumentar. Eu vou perguntar algumas coisas enquanto você está no ensino básico. Estou a aproximar-me do seu assento e a e dizerlhe “Você tem seis anos. Você é uma menininha gorda? Paciente: Não…-A paciente é levada agora através de sucessivos níveis escolares, e era esbelta até a oitava classe. A transcrição é retomada nesse nível─ Elman: Ora, quando eu levantar a sua mão e larga-la, você estará no oitavo ano. Aí está você. Diga-me você está com cerca de catorze anos agora. Olhe para si mesmo. Como está o seu peso? Paciente: Um pouco pesada! Elman: Você está no oitavo ano e você está a começar a estar um pouco pesada. Quando eu largar a sua mão você estará no período de férias, e será um pouco antes de a escola começar para o oitavo ano…Você sabe que as aulas começarão em apenas alguns dias. Você ficará contente por voltar para a escola? Paciente: Sim Elman: Diga-me, você gostou deste verão? Você teve um bom verão? Paciente: Tive febre escarlatina. Elman: Você ficou bastante doente com febre escarlatina, não ficou? Paciente: Sim Elman: Em algum momento você teve pensamentos desagradáveis enquanto esteve doente com febre escarlatina? Paciente: Sim. Eu estava com medo de não ficar melhor, e se ficasse, eu estava preocupada com os efeitos colaterais. Elman: Nós temos toda a razão aí, não temos? Por que é que uma jovem sentiria necessidade de segurança. Paciente: Sim Elman: Agora nós sabemos toda a razão do por que é que você engordou, não sabemos? Paciente: Sim. Elman: Você era uma menininha esbelta. Então viu-se no fim das férias do verão, e você viu uma menininha que tinha acabado de ter febre escarlatina. E depois você viu essa menininha no oitavo ano, e ela tinha começado a ficar gorda; já a mostrar a necessidade de segurança. Os pensamentos mórbidos que você deve ter tido sobre o que seriam os efeitos secundários, foi isso? Paciente: Sim. Elman: E então essa menininha na sua busca por segurança encontrou na comida a saída natural, e mais comida porque isso dava-lhe satisfação. Fê-la sentir-se segura. A segurança que conhecia quando era criança bebé, quando não precisava de se preocupar com o futuro. É assim mesmo? Paciente: Sim. Elman: Ora nós encontramos a causa, e você não tem que se preocupar mais acerca da febre escarlatina, tem? Paciente: Não * * * 135 Hipnoterapia
Todo o problema neurótico teve um princípio, e a obesidade é com frequência um problema neurótico. A técnica de detecção de causa, ilustrada acima e usada na obesidade assim como na gagueira e dificuldades semelhantes, é chamada de apontando pontilhar o início de uma neurose. Afinal de contas, a paciente não era gorda até a oitava classe, mas nós descobrimos que ela começou a ficar um pouco pesada na oitava classe. Alguma coisa deve ter causado isso. O quê? No verão antes do oitavo ano ter começar, ela teve febre escarlatina. A gravidade da doença assustou-a. Ela iria ficar bem? E se ela ficasse qual seriam os efeitos secundários? Ela, certamente experienciou medo suficiente para causar numa criança a busca pela segurança. Ela encontrou essa segurança na satisfação oral que ela conheceu enquanto bebé, quando a vida estava no seu mais doce e ela não conhecia problemas, quando ela estava segura e bem alimentada nos braços da mãe. Ela começou a comer demais para recapturar essa sensação de segurança que ela já conhecera. Como alcoólicos e viciados em droga, os comilões desenvolvem uma tolerância ao objecto do seu desejo. É necessária mais e mais comida para alcançar um dado grau de satisfação. Agora é precisa uma quantidade enorme de comida, para dar a esta paciente a sua sensação de segurança. O resultado: A obesidade! Alguma vez ela se apercebeu disso a um nível consciente? Claro que não. Ela sabia que tinha tido febre escarlatina, e ela teria sido capaz de dizer que ficou terrivelmente assustada por isso. Mas ela não relacionou a febre escarlatina á sua obesidade. Ela não tinha ideia de que a comida representava um escape ao susto engendrado pela doença dela. Agora ela entende o seu problema. Ela não tem que se preocupar mais, sobre os efeitos da febre escarlatina; tudo o que resta da sua busca pela segurança é um padrão de hábito viciante, e a hipnoanálise habilita-a a quebrar o padrão do hábito. Subsequentemente o médico dela reportou que sobre supervisão médica, ela perdeu acima de cem libras (45,360kg), e tem mantido o peso normal desde então. Eu disse antes que em tais casos os medos são todos do mesmo tipo, para ilustrar isso, deixe-me contar outro caso no qual o medo causou um problema de excesso de peso. O paciente era uma mulher nos seus cinquentas. O médico disse-me que ela tinha sido paciente dele há muitos anos. Ela sempre tinha sido esbelta até se ter submetido a uma histerectomia; depois disso, ela começou a colocar aumentar em peso numa taxa velocidade alarmante. Agora ela estava desesperada pela necessidade de ajuda, porque por muito forte que ela tentasse, ela não conseguia manter-se na dieta prescrita para ela. Depois de obter essa informação, eu comecei a hipnoanálise. Cada facto mencionado pelo médico foi verificado, e agora eu comecei a sondar a causa da sua dificuldade. Levei-a de volta a visita que ela tinha feito ao médico dela antes da operação. Ela disse-me tudo o que o médico tinha falado durante a examinação, revivendo a experiencia vividamente. Ela disse que o doutor lhe tinha dito que ela tinha um tumor fibroso grande ─talvez mais do que um─ , e que foi sugeriu a cirurgia. Ao ouvir a palavra tumor ela ficou assustada e perguntou ao médico se poderia ser maligno. Ela lembrou-se claramente de ele dizer-lhe que não podiam falar com 136 Hipnoterapia
segurança de tal coisa até que a cirurgia fosse realizada, mas na sua opinião era quase de certeza não maligno. Eu trouxe-a para o período logo após a cirurgia ter sido realizada. Apesar das garantias dos médicos dela, antes e depois da operação, de que não existia malignidade, ela não conseguiu tirar da sua mente a ideia de que pudesse ter cancro. Eu perguntei-lhe o porquê de ela sentir-se assim, e ela respondeu que não tinha a certeza, mas pensa que questão que lhe fora colocada pelo médico durante a examinação pré-operatória plantou o pensamento perturbante. Eu perguntei, ”Que questão foi essa?” Ela disse. ”Ele perguntou-me se tinha havido alguma perda de peso recentemente. Bem, acontece que eu estava de dieta nessa altura numa tentativa de retirar algumas libras kilos . Como o doutor lhe disse, eu nunca fui pesada, mas pensei que perdendo cerca de cinco libras (±2,27kg) poderia dar-me uma melhor imagem, e foi por isso que fiz a dieta. Funcionou tão bem, também, porque eu tinha perdido um par de libras (±1kg). Mas quando o médico perguntou-me se eu tinha perdido algum peso fiquei insegura se eu o tinha perdido por causa da dieta ou por causa do tumor.” Ela simplesmente não conseguiu tirar esse pensamento da sua mente, e quando se recuperou da cirurgia, ela começou a comer demasiado num esforço para ganhar peso ─para ter a certeza que a malignidade não estava presente─. Este medo, a operar num nível subconsciente, causou-lhe a glutonia, ganhando peso até que ela estar uma mulher muito gorda. O médico ajudou-me a eliminar o pensamento de cancro. Uma vez desenterrada a fobia do cancro com a hipnoanálise, com a ajuda adicional do médico, ela foi capaz de manter a dieta e baixar ao peso normal. Uma vez que a tendência para comer demais, é um encalce para a segurança, você deve combate-lo pontilhando o medo concreto que trouxe ao de cima a resposta alimentar. Um médico trouxe a sua jovem filha para a aula há algum tempo. Ela estava na sua pré-adolescência e estava com excesso de peso em mais ou menos quarenta cinco libras (20,4kg). Na interrogação antes da hipnoanálise estabeleceu-se que de facto ela tinha sido esbelta até quando passou um verão num acampamento com muitos outros adolescentes. Depois de ela chegar, começou a ficar com volume extra. Ela continuou a ganhar peso, porque ela estava agora a comer mais do que usualmente o fazia. Quando o pai tentou faze-la emagrecer até ao peso normal, ela não só não ficou na dieta mas continuou a ganhar peso. Na altura em que a vi, ela estava extremamente gorda. Após coloca-la em hipnose profunda, depreendemos que ela tinha tido muitas experiencias horríveis no acampamento do verão. O primeiro episódio foi a tombo de um barco no qual ela e vários companheiros estavam a navegar. Ela ficou bastante assustada porque ela não sabia nadar. As crianças quase se afogaram antes de serem resgatadas, e naturalmente que ela desejou estar na segurança de casa. O incidente seguinte teve lugar enquanto ela e um grupo de outras crianças estavam a brincar ao esconde-esconde. Ela estava escondida por de trás de um carro, e aconteceu que estava lá um cão. O cão encontrou uma cobra venenosa, e começou a incomodar o 137 Hipnoterapia
réptil, mantendo-a afastada das crianças. O avô dela matou a cobra, e depois ele bateu no cão porque não era suposto o cão estar lá. Ela ficou muito transtornada. Ela sentiu que a cobra poderia ter mordido qualquer um deles. Nos dois casos a criança ficou em pânico pelo medo e ansiou pela segurança que ela encontra em casa nos braços nos braços da sua mão. No entanto, quando ela chegou a casa, o pai dela estava doente, e foi-lhe negada temporariamente a segurança que ela pensou que iria encontrar em casa. Estes três acontecimentos foram a causa da sua alimentação excessiva. Ela estava inconscientemente a procura de segurança, e a única maneira que ela conseguiu encontrar foi na satisfação oral. outra paciente obesa foi trazida para a aula pelo seu médico. Com a hipnoanálise e sob a cuidadosa supervisão do médico, ela perdeu oitenta libras (36,29kg) de peso. Então o mesmo médico trouxe-a de volta noutra turma um ano mais tarde. Ele explicou, “Ela continuava em dieta lindamente até ela perder oitenta libras, que era apenas metade do que ela deveria perder. Por que é que não conseguíamos ajuda-la até ao fim?” Este médico, como muitos outros, tinha assumido que uma sessão de hipnoanálise era tudo o que era necessário. Depois de uma única sessão, ele tinha tãosomente supervisionou a dieta dela, sem lhe dar ajuda adicional. Uma vez que tinha de haver uma razão para o comportamento dela, nós colocamos a paciente em hipnoanálise novamente. Uma vez em sonambulismo profundo ela exclamou, ”Eu, não quero perder as outras oitenta (36,29kg) libras de peso. O meu médico diz que quando eu perder essas oitenta libras, estarei em condição física suficiente para fazer uma cirurgia, eu estou com medo de morrer da cirurgia.” Obviamente, a paciente ficou tão assustada com uma operação que o médico lhe tinha dito que ela deveria ter, que ela estava determinada em não perder às outras oitenta libras (36,29kg). O medo é o transtorno a pedir tratamento. Localize o medo, remova-o, e sob uma boa supervisão médica o problema do excesso de peso pode ser resolvido. O paciente obeso as vezes poderá dizer ao médico, “Eu não sei por que é que sou gordo. Como tão pouco!” Ponha o tal paciente na hipnoanálise e levou-o para umas típicas vinte e quatro horas para descobrir todos os bocados de comida ingeridos nesse dia. Ficará surpreendido em descobrir o quanto o paciente “que nada ingere” come. Um médico pediu-me um aconselhamento acerca de uma paciente obesa que tinha no mínimo cinquenta libras (22,68kg) acima do peso como resultado de comer compulsivamente. “Devo coloca-la numa dieta hipnótica?” Perguntou ele. Eu disse-lhe que coloca-la numa dieta hipnótica nesta altura, talvez não fosse muito bom. Claro, que ela perderia muito peso e ficaria encantado com os resultados, mas um ano mais tarde ela voltaria outra vez tão gorda como sempre. A única maneira de a ajudar seria descobrir por que é que ela estava a procurar por segurança! 138 Hipnoterapia
O médico concordou com a minha sugestão, e a hipnoanálise revelou que quando a paciente era uma menininha esteve num acidente de automóvel. Ela foi levada para o hospital onde os médicos estavam em consulta, e ela a escutar. E menina oscilava dentro e fora de consciência, ouvindo-os a discutir se seria necessário a amputação das suas pernas. Um dos médicos disse, “Talvez possamos salvar essas pernas,” mas outro médico afirmou, “ Parece bastante sem esperança.” Foi com infortúnio que a menina ouviu essas afirmações. Ora ela foi colocada anestesiada para o necessário procedimento cirúrgico. A amputação foi considerada desnecessária, mas quando ela recuperou a consciência, ela continuava ainda anestesiada e não conseguia sentir as suas pernas. Ela pensou que as tinha perdido, e que estas realmente tinham sido amputadas. Quando lhe foi dada a garantia de que continuava a ter as pernas, ela não acreditou até que retornasse a sensação sensibilidade. Embora ela tenha recuperado completamente do acidente, daí em diante ela era uma comedora compulsiva, em busca de segurança! Quando recuperamos estes factos na hipnoanálise, ela fez uma espantosa afirmação: ”Agora eu sei porque tenho em casa, armários cheios de sapatos. Eu nunca consigo passar por uma sapataria sem comprar sapatos. Penso que não farei isso nunca mais.” Estou feliz em reportar que, também perdeu peso considerável como resultado da hipnoanálise, e mantem o seu peso baixo, dentro dos limites normais. Quase todas as vezes que usamos a hipnoanálise, para um paciente obeso, nós descobrimos a mesma base para o problema. Isso é, quase sempre é o resultado de um trauma mental. Se é um trauma menor, existe um aumento de peso de apenas trinta ou quarenta libras. Mas se existe um maior, o aumento de peso é absolutamente espantoso. Nós temos visto pacientes na ordem das quatrocentas libras. A pessoa mais gorda que foi trazida para a aula estava certamente dentro dessa categoria. Ele não me deixou realizar a hipnoanálise nele, embora ele professasse que queria ajuda. Ele resistiu a todos os esforços para o hipnotizar, e quando a aula estava próximo de finalizar, ele mencionou o quão terrível se sentiu por não poder ser ajudado. Como usual depois das nossas aulas, a minha esposa e eu saímos para comer. Tínhamo-nos sentado no restaurante a apenas alguns minutos quando entrou o homem gordo. Ele talvez nos tenha visto, não sei! Ele esforçou-se até um assento á várias mesas de distância de nós. Deveria ser próximo da meia-noite, e nós pensamos que ele iria ter uma chávena de café e talvez um petisco antes de ir descansar, como tantas pessoas fazem. Uma vez que nós estávamos a fazer exactamente isso, a suposição parecia natural. Imagine o nosso espanto quando nós vimos a empregada, sem o consultar, trazer-lhe um prato de peru, puré de batata, ervilhas, salada, pão e manteiga. Ele finalizou tudo isso com mais fatias de pão e manteiga. Então ele repetiu o pedido inteiro. Depois disso a empregada trouxe-lhe um bolo de chantilly, e uma chávena de café. Ele acabou tudo isso, e ela trouxe um segundo pedido de bolo de chantilly e uma 139 Hipnoterapia
chávena e café. Ele comeu tudo isso com gosto. Nós atrasamo-nos intencionalmente, e depois de ele deixar o restaurante eu questionei a empregada acerca dele.” Ele é um dos meus clientes habituais” explicou ela. “Ele vem todas as noites a nesta altura, e é isso o que ele recebe. Eu não tenho de perguntar o que é que ele quer.” Nós tínhamos acabado de sair de uma sala de aulas cheia de médicos que estavam a discutir os perigos da obesidade. O médico dele tinha falado a frente dele, “ Nós, temos que ajudar este homem antes de ele sofra um ataque cardíaco por carregar todo esse peso em volta dele.” E imediatamente depois de ouvir esta declaração, ele tinha prosseguido em comer mais do que o suficiente para dois homens! Aqui estava um paciente que não queria ajuda. Ele não o sabia, mas ele estava inconscientemente a tentar cometer suicídio. Este tipo de pacientes são extremamente difíceis de ajudar. Quando eu ouvi sobre os problemas intratáveis de obesidade, lembrei-me do médico que disse, “Sr. Elman, a sua próxima aula será assistida por um homem extraordinário. Ele é um psiquiatra que faz um trabalho notável com os problemas emocionais dos seus pacientes, mas não é capaz de resolver o seu próprio problema.” Eu fiquei curioso o suficiente para perguntar por detalhes, mas o meu informante apenas respondeu, “Espere até o ver.” Foi fácil reconhecer o homem que não conseguia resolver os seus próprios problemas emocionais. Ele tinha pelo menos 150 libras (± 68kg) acima do peso. Uma vez que ele não era muito alto, a sua circunferência era realmente surpreendente. Ele deveria estar com mais de 300 libras (±137kg). Ele ainda não tinha assistido a muitas aulas, antes de me perguntar se eu poderia trabalhar com ele para ver se nós poderíamos determinar a causa do seu excesso de peso. Durante a hipnoanálise ele entrou numa ab-reacção que revelou vários episódios traumáticos, e consoante revivia as várias experiencias chorava amargamente. Não tenho a liberdade de revelar os detalhes deste caso, mas nós conseguimos descobrir as razões para a sua busca por segurança, e ele concordou que os achados eram precisos. No entanto fui incapaz de lhe dar qualquer insight relativamente a ligação entre esta busca e o seu problema de peso. Não creio que ele tenha beneficiado com a hipnoanálise. Se isso parece estranho de dizer de um psiquiatra ─um homem treinado para entender tais ligações─ tenha em mente que existem pessoas que indubitavelmente não querem os seus problemas resolvidos. Eles professam o desejo por ajuda e até parecem procura-la, mas quando é oferecida a ajuda, eles recusam aceita-la. Eu sou de opinião de que essa falta de vontade em melhorar é parte da sua doença. Quando uma pessoa está moderadamente acima do peso, o trauma não tem que ser a causa, e eu penso que deveria deixar este ponto bem claro. Eu conheço uma paciente que tem apenas dez (±4kg) ou quinze (±6kg) libras acima do peso, e ela conta uma história que explica porquê. Ela diz que quando ela era criança, de toda a vez que chorava, a mãe dela enchia-lhe a boca com comida, e dessa maneira evitava que ela chorasse. Se ela se magoava a mãe dava-lhe comida, se a noite ela não conseguia dormir a mãe dela dava-lhe comida. Em todas as ocasiões em que a criança estava 140 Hipnoterapia
desconfortável ou triste. A mãe dela enchia-lhe a boca com comida. O hábito de comer durante as alturas de stress ─não trauma, mas meramente tensão─ ficou arraigado. Esta mulher ri acerca disso hoje, mas ela traz trata os filhos dela da mesma maneira. Se essas crianças ficarem com peso excessivo, ela nunca dará conta de que, ela foi provavelmente a causa disso, tal como a mãe foi a causa no caso dela. Muitas pessoas talvez excedam o peso por causa de padrões, de hábitos desenvolvidos na infância. Existem certas condições patológicas que causam excesso de peso. Todos os médicos sabem quais são, e verificam essas condições quando examinam os seus pacientes. Tais casos, claro, não requerem a hipnoanálise como parte do programa de tratamento. E mesmo nos casos que envolvem conflitos emocionais, o médico, as vezes consegue fazer um trabalho surpreendente sem o uso da hipnoanálise. Se um médico der a um paciente, o incentivo suficiente para perder peso, essa pessoa, apesar dos fortes problemas emocionais, conseguirá manter a dieta. Aqui está a história de uma caso para ilustrar esse ponto: Uma jovem mulher casada, que tinha estado tremendamente acima do peso durante anos, estava agora mais feliz do que alguma vez ela tinha estado na sua vida. Depois de dez anos de casamento, ela estava grávida pela primeira vez e estava ansiosa pelo nascimento do seu bebé. Ela montou um lindo berço e preparou os cobertores, e quando a vi ela não conseguia falar de outra coisa que não a criança que em breve seria deles. Ela chegou ao termo, mas o bebé estava morto. Ela e o marido ficaram de coração partido. Ela tinha estado acima do peso por tantos anos, que quando ganhou ainda mais peso durante a gravidez ela não ficou perturbada. Parecialhe bastante natural ficar com mais peso durante a gravidez. Quando tudo terminou, ela estava demasiado aborrecida para dar muita atenção em fazer dieta. Após a sua alta do hospital, o médico deu-lhe a triste notícia de que ela nunca seria capaz de ter um bebé. Com toda a probabilidade ela tinha tido problemas emocionais anteriores, e agora ela tinha um adicional, e o padrão de comer em excesso se em algo, tornou-se mais forte. Cerca de dois anos depois, ela foi a outro médico porque estava engripada. Durante a entrevista, ela mencionou de que nada a faria mais feliz do que ter um bebé, mas tinha-se convencido do facto de que tal jamais poderia ser. O médico disse, “Importa-se que eu a examine para confirmar isso?” “Provavelmente será um desperdício de tempo,” disse-lhe ela “Por que já fui examinada e foi dito que eu jamais poderei ter um filho. Perdi o único da única vez que engravidei. Mas quero um tanto um filho. Continue doutor, vamos ver o que os seus exames mostram.” Depois da examinação ele disse, “Eu, não concordo com o anterior diagnóstico. Se você perder pelo menos setenta e cinco libras ─±34kg─, eu garanto que você terá um filho.” Isso era uma notícia tão bem vinda para ela, que ela respondeu ao médico, ”Eu far-me-ei passar fome se a recompensa for o bebé que eu quero. O que tenho de fazer?” Ele prescreveu uma dieta, avisando-a que, se ela se desviasse não haveria bebé. “Você tem que comer as coisas que eu receitei,” advertiu-a, “Porque, você tem que 141 Hipnoterapia
manter uma boa saúde para ter um bebé saudável. Pode estar certa de que a dieta que tenho estado a dar, é boa para si. Coma tudo o que está nela, todavia nada mais!” Ela seguiu as instruções dele implicitamente, na realidade a desfrutando da dieta, e sempre que alguma coisa a tentasse, ela, alegremente afirmava, “Isto não é para mim. Eu vou ter um bebé e não preciso destas coisas gordurentas.” Ela perdeu oitenta libras (±36kg), de peso, e voltou a engravidar. Claro que o marido dela ficou maravilhado. Agora a tarefa deles era garantir que este bebé nascia de boa saúde. O médico que a colocou em dieta, tomou conta dela durante a gravidez. Agora ele agora dava-lhe outra dieta, uma que iria manter a saúde mas não lhe adicionaria peso. Ela deu a luz a um bebé saudável, e neste momento, ela é uma mãe esbelta e feliz. É claro que, o que se vê a partir deste caso é que um incentivo apropriado pode ajudar até uma pessoa com grandes problemas emocionais a manter uma dieta apropriada. Mas isso não significa que a hipnoanálise pode dispensada por isso. Há alguns anos, foi dada publicidade nacional á um profissional operador hipnótico, que dizia que ele estava a ter sucessos tremendos com a dieta hipnótica em casos de obesidade, na realidade a publicidade continha algumas estatísticas dignas de nota. Os médicos nas minhas aulas perguntaram-me, por que é eu não tinha ensinado a eles como trabalhar com problemas de obesidade usando sugestões hipnóticas. Como expliquei a eles, é fácil colocar os pacientes em dietas hipnóticas, mas na maioria dos casos assim que as sugestões de desvanecem, eles irão ter de volta o peso que tinham perdido. Em ultima análise, o que de bom têm as sugestões se elas não dão resultados permanentes? As sugestões hipnóticas não permitirão ao paciente resolver o seu problema básico. Ele perderá peso rápido, claro que sim. Mas, mais tarde ele estará tão gordo como sempre. Eu não creio que um médico deva usar sugestões hipnóticas para este propósito até ele ter o problema básico resolvido, depreendendo porque é que um paciente tem que comer tanto, e então tratar a causa e não o efeito. No entanto, os médicos insistiram que eu os ensinasse como colocar um paciente em dieta hipnótica. E assim fiz, e médico após médico, reportaram o quanto tinham sido bem-sucedidos. Eram reportadas perdas de peso de trinta (±13kg), quarenta (±18kg), ou cinquenta (±22,5kg), libras, ou até mais. Mas o mesmo médico que tinha sido tão bem-sucedido, muitas vezes viria a reportar um ou dois anos mais tarde que, “Estes pacientes obesos estão tão gordos como antes. A hipnose não dá resultados permanentes.” Por causa desses relatórios, eu recusei ensinar a mais médicos em como colocar um paciente em dieta hipnótica. No entanto um psiquiatra fez-me mudar o meu pensamento. ”Por exemplo, pense num médico cardiologista,” disse ele. Em que o paciente dele tem que perder peso depressa. Se a hipnose for ajudar o paciente dele a perder peso rapidamente, você não tem o direito de exigir métodos lentos para resultados duradouros. Mesmo uma ajuda temporária poderá ser vital para tal 142 Hipnoterapia
paciente. E você não tem que estar em cardiologia para encontrar este tipo de casos. Dê a esses médicos a formação que eles precisam.” Depois de muita reflexão, eu decidi fazer uma gravação instrutiva sobre o assunto. Eu sinto que isso poderá poupar aos médicos, muito tempo valioso, se for feito para entenderem que a dieta hipnótica, não pode por si só, constituir um tratamento completo. Eu dei uma série de palestras sobre o assunto, pedindo aos médicos para gravarem cada palavra dita. Depois pedi-lhes para deixarem os seus pacientes obesos ouvirem as fitas cassetes, para ver se eles poderiam ou não, ser colocados em dieta hipnótica por ouvirem as gravações. As fitas cassetes devem ter sido efectiva, porque logo os médicos começaram a pedir fazermos um registo gravação fonográfico que pudesse ser dado aos pacientes obesos para usarem em casa. Nós fizemos essa gravação. Então teve lugar um incidente interessante. Uma noite, uma obstetra veio para a aula e explicou que muitas mulheres, depois do parto, parecem ganhar uma quantidade invulgar de peso. Ela queria fazer com que essas pessoas baixassem de peso até ao tamanho normal outra vez, e portanto tinha convidado um grupo dos seus pacientes obesos, para uma reunião, para que pudessem debater com ela, os seus problemas de obesidade. Um número surpreendente de pacientes apareceu para a primeira reunião. Ela teve um longo debate sobre as desvantagens do excesso de peso, depois do qual ela tocou passou a gravação para elas, deu-lhes uma dieta para seguirem, e disse-lhes para voltarem uma semana mais tarde para um check-up. Uma coisa invulgar aconteceu com essas pacientes. Elas começaram a competir umas com as outras para ver quem é que perderia mais peso em menos tempo. Além disso, a turma que havia começado originalmente com dezassete pacientes obesas, cresceu para trinta e cinco na segunda sessão. A médica pesou cada uma das pacientes e descobriu que todas elas tinham perdido peso. Ela decidiu chama-las para uma terceira reunião, e desta vez apareceram tantas pessoas que ela foi obrigada a dividir a turma em dois grupos. Finalmente, ela teve que ter três grupos. Ela sugeriu na aula que outros médicos formassem turmas de obesidade, e referenciou o seguinte, “Existem pessoas gordas suficientes para todos nós”. Eu repeti a história dela em todas as minhas turmas. E em breve os médicos estavam a tratar pacientes de obesidade em grupos, e essa terapia de grupo parecia bastante efectivo. As pacientes na realidade competem umas com as outras, e é impressionante o que a competição faz na concretização de redução de peso. Eu penso que devo mencionar nesta altura um médico da Califórnia, Doutor Peter G. Lindner, que tem sido bem-sucedido na instrução deste tipo de turmas que ele escreveu um livro de obesidade. O livro está intitulado: “Mind Over Platter” (A mente sobre o prato) e para aprender factos interessantes acerca da obesidade, eu recomendo que você o leia. Não pense que por causa do que eu tenho dito, uma gravação fará o trabalho sozinha! Isso deverá ser complementado pelo conselho sadio de um médico e uma dieta prescrita por ele, mais terapia adicional, incluindo hipnoanálise quando indicado. Tudo o que a gravação fará é fortalecer a determinação do paciente para ficar na dieta. 143 Hipnoterapia
Para concluir esta discussão de problemas de peso, descobertas na hipnose, eu acredito que devo recontar uma história de um caso que é o oposto completo de qualquer outra já relatada: Foi trazida para a aula uma jovem senhora que foi um prazer ver. Ela tinha cerca de dezasseis anos de idade e era linda! Se existia alguma falha na sua aparência, era que, ela era extremamente elegante, embora não magricela. O médico dela disse, ”Eu gostaria que você trabalhasse com esta jovem. Ela está com um grande problema profundo. Ela tem um apetite enorme. Não é natural. É um apetite desmesurado, mas depois de cada refeição ela regurgita tudo o que tinha comido. Estamos preocupados com ela e não conseguimos encontrar nada orgânico que a faça vomitar. Nós pensamos que é puramente um sintoma funcional mas ao mesmo tempo não conseguimos descobrir o que é que esse sintoma funcional representa. Estamos ficamos bastante perdidos desorientados ao lidar com ela. Questionei-me se através da hipnoanálise nós podemos descobrir o que está a causar o problema.” A jovem muito prontamente aceitou hipnose profunda e eu tentei pontear o começo da neurose. Eu tinha-a a reviver os eventos que a conduziram a primeira vez que vomitou, e parecia que eu ia na direcção certa. Começou com o primeiro baile a que ela tinha participado. Ela tinha catorze anos de idade, e um rapaz de dezassete anos convidou-a para sair. A jovem estava encantada. Ela foi ao baile e descobriu que ele não conseguia dançar. Isso era uma decepção terrível para catorze anos de idade. Ela teve um momento miserável. Ela tinha construído na mente dela, a saída para o baile como um evento excepcional. Depois, ele levou-lhe para uma barraca de hambúrgueres com o resto da multidão da escola. Enquanto ela comia o hambúrguer, ela pensou acerca do quanto tinha sido nauseante aquela noite. Nas suas próprias palavras, “Não conseguia ter estômago para aquele rapaz.” A reacção dela foi vomitar; isso foi a primeira vez. Eu tinha certeza que estava no caminho certo. Na sequência levei-a até a segunda vez que em que ela vomitou, para ver se conseguia encontrar um hábito padrão. Tive a certeza suficiente, de que o segundo encontro também foi nauseante, e assim foi o terceiro. Por esta altura eu estava convencido de que tinha encontrado a razão para o problema dela e que isso podia ser resolvido facilmente. Preparando para o fazer, eu fiz a pergunta preliminar em hipnose profunda. “ Como é que você gostaria de se livrar desse vomitar?” Ela deixou-nos a todos às voltas quando respondeu, ”Oh não. Eu não quero parar.” “Por que é que você não quer perder esse habito de vomitar.” “Antes de eu aprender a vomitar eu era gorda. Não me diga que eu tenho de perder este hábito de vomitar, porque se eu não vomito eu vou ficar gorda como eu costumava ser e eu não quero ser gorda. Eu adoro comer e prefiro vomitar do que dieta. Vomitar funciona maravilhosamente para mim.” Claro que, este caso requereu mais trabalho. Eu incluí o incidente aqui para mostrar que em hipnoanálise o paciente não o deixa ficar longe do caminho por muito tempo. Um paciente com uma atenção concentração de dois mil ou mais porcento acima do normal não o deixa cometer ─e permanecer dentro de─ um engano muito facilmente. Você pode cometer um erro temporário como eu cometi, mas quando eu 144 Hipnoterapia
cometo um erro, a coisa que muitas das vezes me põe de volta ao caminho certo é a atenção concentração do paciente. Isso revela-se por si em algumas afirmações tais como,” Não, eu não quero perder o hábito de vomitar.” Ao fazer hipnoanálise é bom ter mente que as coisas nem sempre são como parecem. Oiça cuidadosamente o que o paciente revela acerca de si mesmo durante este período de elevada atenção concentração. E lembre que uma única sessão não é uma cura. Descobrir um problema em obesidade não resolve necessariamente o problema. Em todos os casos tenho mencionado, foi indicado mais trabalho.
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Capítulo 18: Fobias e medos mórbidos Uma das experiencias mais interessantes que um médico pode ter é a de rastrear uma fobia. É minha contenção que toda fobia pode ser rastreada até á sua fonte originária, e que trazendo essa fonte para a atenção consciente do paciente, em muitos casos ajuda tremendamente o paciente, e em alguns casos resultam numa correcção completa. Infelizmente muitos médicos pensam que a causa de uma fobia é difícil de se determinar e que a investigação requer um tempo interminável. Na verdade, a hipnoanálise oferece uma maneira rápida de expor e resolver uma fobia. É claro, muitos indivíduos têm fobias mas não reconhecem as suas dificuldades como tal. Algumas pessoas recusarão subir numa escada rolante mas irão negar a existência de qualquer fobia: “Eu só não gosto de escadas rolantes; não é uma fobia; é uma idiossincrasia.” Similarmente, o medo de descer escadas é etiquetado de “ apenas uma excentricidade.” Somos todos aptos abeis a racionalizar as acções que não parecem estar dentro da norma. A fobia é um medo anormal, um temor de qualquer objecto ou acção. As Chances são que se você procurar em si honestamente, descobrirá que você é vítima de uma ou mais fobias. Esses medos não são nada de anormais, embora, as vezes possam manifestar-se de modos anormais. Eu posso ilustrar melhor a partir da minha própria experiencia. Eu tenho medo de viajar de avião, embora tenha voado bastante sem medo nenhum, até que um incidente particularmente perturbador deixou o carimbo do pânico em mim. Aconteceu quando o meu filho mais velho apanhou um avião na pista de LaGuardia com destino a Flórida. Iam muitos estudantes para Flórida, e foi decidido acomodar esses estudantes em dois voos. A minha esposa e eu ficamos a ver o nosso filho a sair da escola. Vimos os dois aviões a descolar, e depois vagueamos às voltas pelo terminal por vários minutos. Quando estávamos quase a sair, ouvimos anunciarem no alto-falante que um dos aviões de saída para Miami tinha caído. Foi um pandemónio no terminal. Nós tínhamos falhado ao não anotar o número do voo do meu filho, no resto da noite nós tentamos, sem sucesso, descobrir se porventura ele tinha embarcado no fatídico avião. Finalmente, todas as pessoas que não tinham nenhum assunto imediato a tratar no terminal foram convidadas a sair e a esperar por mais notícias nos seus rádios. Mas não houve mais detalhes no rádio. Quando nós já estávamos quase loucos de preocupação, o telefone tocou. Eu estava com medo de atender. Levantei o receptor auscultador e ouvi a voz do meu filho a dizendo, “Olá papá. Estou no aeroporto da Flórida. Foi uma viagem maravilhosa.” Desde essa altura, eu me atemorizo sempre com os voos de avião. Eu tenho um medo fobico de viagens de avião, embora eu me force a voar quando necessário. Eu acredito que algumas sessões de hipnoanálise sob orientação adequada permitir-meiam ultrapassar completamente este mesmo.
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Deixe-me falar-lhe acerca de algumas interessantes fobias que tenho encontrado nas minhas aulas. Se algumas parecerem engraçadas para si, lembre-se que certamente não são engraçados as vítimas delas. Um médico declarou: “Sr. Elman. A minha esposa tem um medo mortal assustada de gatos. Se nos estivermos a caminhar numa rua e acontecer ela ver um gato, ela insistirá para que nós atrevêssemos a rua. Se ela estiver a caminhar sozinha e acontecer ela ver um, ela vai vários quarteirões do seu caminho, para evitar passar. Eu acredito que se alguma vez a fizer aproximar de um gato, ela na verdade entrará em choque. Você não conseguirá fazer-lhe tocar num, não interessa que recompensa você lhe dê. Ele disse isso antes da aula, e a esposa dele riu, mas a risada foi de embaraço. No entanto, ela confirmou o que disse, e o médico perguntou, ”Você pensa que nós podemos determinar a fonte das inusuais reacções dela?” Antes de eu começar a trabalha com hipnose nela, questionei-a extensivamente: “Alguma vez teve um gato de estimação?” “Claro que não, nunca na minha vida! Nem consigo suportar a ideia disso.” “Alguma vez teve alguma experiencia desagradável com um gato?” “Que eu saiba, não. Não sei por que é que não os suporto.” Eu continuei a questiona-la mas não pude depreender nada que pudesse estabelecer a causa para a fobia. Por esta altura os médicos estavam ansiosos para saberem o que a hipnoanálise poderia revelar. Ela aceitou o sonambulismo muito rapidamente, e eu achei-a um “sujeito” muito disposta e cooperativa. Eu consegui leva-la de volta ao tempo em que ela tinha apenas alguns anos de idade, e descobri que mesmo nessa idade tão precoce, ela tinha medo de gatos. Foi necessário regredila até aos dois anos de idade que de conseguir localizar a fonte do problema. Os seus pais tinham-lhe dado um pequeno gato como presente. A criança tanto adorou o gato que o levava para a cama noite após noite. Uma manhã ela acordou, e o gato estava frio e silencioso ao lado dela. Estava morto! Assustada pelo seu primeiro encontro com a morte e perturbada com a perda do seu amado animal de estimação, dai para frente, ela ficou com um medo mortal de gatos. Ela primeiro aprendeu que o gato estava morto, quando tocou nele tentando brincar com ele, como era usual. Ela nunca mais tocaria noutro outra vez. Nos encontros das aulas subsequentes o marido dela disse-me que ela agora era capaz de andar pela rua, e ver um gato sem mostrar nenhuma reacção desagradável. Nunca mais teve que atravessar a rua para evita-los. Ela até conseguia descer a rua sozinha e passar um gato sem trair demonstrar a mínima emoção. No entanto, quando eu perguntei se ela gostaria de ter um gato de estimação, ela respondeu, “Decididamente não. Não, nunca.” “Seria capaz de tocar num gato sem ter uma reacção desagradável?” Eu acredito que poderei fazer isso muito bem, mas não vou querer um para animal de estimação.” 147 Hipnoterapia
Talvez você veja isso como uma correcção completa. Não! Continuo a acreditar que era necessário mais trabalho. Nós estávamos a dar aulas numa cidade no oeste, reunindo numa sala que estava vários pisos acima do átrio. Em varias ocasiões, antes de a sessão começar, pude ver um médico a subir pelas escadas quando eu estava a sair do elevador. Perguntei-lhe uma vez, “Por que é que você não apanha o elevador?” Ele respondeu, ”Eu prefiro as escadas.” Não o questionei mais, mas uma noite ele veio até mim e disse, “Talvez você se interrogue do porquê de eu sempre subir pela escada em vez de apanhar o elevador. Eu tenho claustrofobia. Não consigo entrar num elevador. É muito pequeno e um espaço confinado. Eu nunca fui capaz de entrar num espaço confinado porque eu sofro tortura quando o faço. Perguntei-lhe se ele gostaria que nós descobríssemos, por meio da hipnoanálise, a causa da sua dificuldade. Descobrimos a origem na primeira infância dele. Ele fora criado pela tia, que costumava puni-lo pelos pequenos delitos fazendo-o ficar num canto. Se ele tivesse feito alguma coisa realmente traquina, ela lhe punia colocando-o dentro de um armário escuro e deixava-o lá por um bom tempo. Estava tudo bem com ele; no princípio ele não estava assustado. Mas um dia quando ela o trancou dentro do armário, ela saiu para as compras e esqueceu-se completamente dele. Depois de algum tempo, ele tentou sair do armário. Quando não conseguiu, ele gritou pela sua tia. Ninguém respondeu, ele não veio, e ele entrou em pânico. Finalmente, a tia dele veio para a casa para encontrar um menino aterrorizado a gritar. Ela soltou-o do armário, mas ela já foi atrasada; a claustrofobia dele começado. Eu deliciei-me ao ver que depois da hipnoanálise, ele apanhou o elevador para as nossas salas de reuniões. O número de fobias listadas nos dicionários e textos médicos é espantoso, medo de água, de altura, de profundidade, de pássaros, de escuridão, etc., etc., etc. As pessoas do negócio da música ainda se lembram de que um dos seus líderes sindicais quase nunca apertou as mãos de pessoas. Foi dito que ele temia a contaminação que possivelmente pudesse resultar de germes sendo transferidos num aperto de mão. A condição é chamada de bacteriofobia, e não é tão incomum como você possa pensar. A pessoa que tem esta condição olha para isso como um simples senso comum, e negará veementemente que é uma fobia. Mas as fobias são ainda mais prejudiciais porque são tão comuns e porque não são reconhecidas. Os dicionários médicos listam uma definição de fobias como "medos mórbidos.” Se nós considerarmos estas como fobias, eu poderia facilmente pensar em inúmeros exemplos. É minha contenda que os medos mórbidos são responsáveis por muitas dores neuróticas e estados dolorosos, e as vezes até por mortes. Esses medos mórbidos podem continuar indetectáveis em casos onde eles existam abaixo do nível de atenção consciente. Os médicos que muito mais vezes estão em cima deles e os reconhecem, são os homens do campo da psiquiatria. Quando eles resolvem os conflitos internos promulgados por esses medos mórbidos, eles têm colocam o paciente no bom caminho para a recuperação. Eu tenho ouvido 148 Hipnoterapia
psiquiatras na sala de aula, quando descubro alguns destes medos, que dizem ”Será fácil avançar a partir daqui com a informação que você extraiu.” Nós tínhamos estado uma noite a discutir fobias numa a aula, e quando a sessão estava a acabar veio um médico ter comigo e disse. “Falando acerca de fobias, como é que você explica isso? Eu não consigo descer a rua sozinho. Descer sozinho a rua é absolutamente assustador. Por exemplo, se eu for atender a uma chamada ao domicílio e o paciente viver mesmo a uma curta distância, eu não caminho. Eu conduzo. Não existe nada de errado com as minhas pernas, sem dor nem desconforto. Só que eu não consigo caminhar sozinho. No entanto se caminhar com alguém, não fico perturbado de todo” Ele não passaria por uma hipnoanálise antes dos seu colegas estudantes, mas o quê ele aprendeu na aula parece tê-lo ajudado. Antes do curso acabar, ele veio á aula uma noite e orgulhosamente anunciou, “Hoje eu caminhei sozinho, e por três quarteirões inteiros. E pela primeira vez desde que me lembro eu apreciei a caminhada. Eu parei nas vitrinas. Eu nunca tinha sido capaz de fazer isso. Acreditem, é um prazer ser capaz de caminhar pela rua abaixo sozinho, como qualquer outra pessoa. Obrigado pela vossa ajuda.” Uma vez que eu não tinha dado nenhuma ajuda específica, posso apenas presumir que, tendo visto o trabalho que nós fizemos na sala de aula em problemas similares, ele aplicou o conhecimento nele próprio e foi assim capaz de se ajudar. Uma das fobias mais comuns é o medo do escuro. Algumas pessoas têm medo de entrar, em armários ou num quarto escuro. Lembro-me de investigar um caso de enuresia, e descobrir que o problema ficou resolvido imediatamente quando um medo do escuro ficou a descoberto. A causa do medo foi determinante, para a satisfação da criança, e a cama húmida cessou. Algumas fobias, no entanto, podem ter consequências muito mais graves do que uma cama de criança, molhada. Podem até mesmo afectar prognósticos prés e pós-operatórios. A apreensão anormalmente acentuada, as vezes é encontrada na prática da médica e odontologia. O paciente passa por uma dura provação. Isso é verdade particularmente para crianças, no entanto muitos jovens podem ser ajudados pela hipnoanálise. As crianças são fáceis de ser hipnotizadas. Ponha-as no estado sonambúlico e pergunte simplesmente por que é que têm medo. A maioria das vezes, esses jovens divulgarão o factor perturbador e o médico normalmente pode corrigir rapidamente a condição. No caso que se segue, você irá encontrar um medo muito mais profundo do que o habitual medo pré-operatório de uma criança. Você tem um medo mórbido da morte, produzido por ver um veterinário a por um cão para dormir permanentemente. A partir daí um medo mórbido ficou presente, a penetrar fundo e mais profundo dentro dos seus pensamentos. Eventualmente, ele começou a associar a anestesia que ele havia tido em operações anteriores com as acções do veterinário, e tornou-se um medo mortal de médicos e de qualquer anestesia. Ele ficou envergonhado em revelar os medos dele a qualquer um, particularmente ao pai dele, que era médico. Ele tentou reprimir os medos dele, mas não conseguiria com isso. Eventualmente, ele quase ficava em estado de pânico ao pensar na operação que ele sabia que seria necessária. 149 Hipnoterapia
Operações efectuadas sob tais circunstâncias são eventos traumáticos para os pacientes que se submetem a elas e são responsáveis pelas lentas recuperações e muito desconforto pós-operatório. Remova simplesmente as amígdalas de uma criança enquanto ela está num estado de pânico, e você a deixa com um medo mórbido que condiciona as suas acções durante toda a vida. Na hipnoanálise que se segue, tenha particular atenção a técnica “polegar” ou “dedo” aplicada. No caso do jovem com o medo mórbido, foi usada para lhe fazer revelar o que ele tinha vergonha de falar. Era sabido de material, sendo intencionalmente retido pelo paciente. É importante que você saiba como é que o caso me foi explicado antes de trabalharmos com o rapaz. O pai dele disse-me que o rapaz tinha tido quatro operações aos seus olhos. Ele não tinha mostrado nenhuma apreensão incomum durante em nenhuma dessas operações. Uma quinta operação tinha sido efectuada para remover as amígdalas dele, e dessa vez ele tinha entrado em pânico. Agora foi considerada necessária outra operação aos olhos do rapaz e o pai dele estava extremamente preocupado. Cinco operações perturbariam qualquer um, mas não seriam necessariamente responsáveis por medos mórbidos. Com essa informação, eu comecei a hipnoanálise. Eu investiguei as três primeiras operações para descobrir se alguma coisa desagradável ocorreu durante alguma destas operações. O excerto que se segue começa com a investigação da terceira operação: Elman: quando eu estalar os meus dedos será estará á uma semana antes da terceira operação… [estalar de dedos] que idade tem? Paciente: Sete. Elman: E vai ter a sua terceira operação. Quando a vai ter? Paciente: Julho. Elman: Vamos leva-lo direito até á terceira operação agora [estalar de dedos]Eles estão a vestir-lhe para esta terceira operação. O que é que lhe estão a vestir? Paciente: Uma espécie de calça branca. Elman: Existe ai alguma coisa que o perturbe nesta terceira operação? Paciente: Não. Elman: Agora, está apenas á uma semana da quarta operação. Em que classe da escola você está? Paciente: Terceira classe. Elman: Agora em diga que altura do ano é? Paciente: É inverno. Elman: E você está agora na escola enquanto falo consigo? Onde é que você está na sua mente? Paciente: Em casa. Elman: Estou a falar para si em casa, e estou a dizer-lhe” Vai ter que ter a quarta operação aos seus olhos, não vai? E vai tê-la em cerca de uma semana. Não é verdade? Diga-me como se sente acerca dessa operação. Importa-se de a ter? Você não se importou em ter aquelas outras três, importou? Bem, você vai ter a quarta 150 Hipnoterapia
operação” Quando estalar os meus dedos será estará instantes antes da quarta operação. Você estará a ver-se como eles o vestem e tudo mais… *estalar de dedos+ Como está a ser vestido? Paciente: Branco. Elman: Da mesma maneira Paciente: Sim Elman: Eles estão a conduzi-lo para dentro da sala de operações quando eu estalar os meus dedos… *estalar de dedos+ Alguma coisa diferente acerca desta operação até agora? Paciente: Não. Elman: Muito bem. Agora está na sala de operações e qual é a primeira coisa que acontece? Paciente: Dormir Elman: Muito bem. Como é que eles fazem isso? Paciente: Eles colocam uma agulha no meu braço. Elman: Você importa-se com isso? Paciente: Eu gostei disso melhor do que com éter. Elman: Eles colocam essa agulha no seu braço. Agora o que é acontece depois de eles colocam a agulha no seu braço? Paciente: Eu durmo. Elman: Você adormeceu logo? Vamos ver se você adormeceu logo porque isso terá sido cerca de dois minutos depois de eles lhe darem a anestesia e você saberá se você adormeceu ou não pela resposta. São está á dois minutos depois de eles lhe darem a agulha. Está a dormir [paciente acena com a cabeça] Você está preocupado com alguma coisa? [Paciente abana a cabeça indicando que não] Quando eles terminaram a operação você estava no seu quarto do hospital, é verdade? Paciente: Sim. Elman: Como se sente ao sair da anestesia? Paciente: Ok Elman: Você ouve alguma coisa? Alguém a falar alguma coisa no quarto do hospital? Paciente: Sim Elman: Quem está a falar? Paciente: A mãe. Elman: O que é que ela está a dizer? Paciente: Eles estão a vestir-me cobrir-me Elman: Quer dizer, estão a vestir-lhe as suas roupas? Paciente: Sim. Elaman: A ideia é levar-lhe para a casa? É essa a ideia? Paciente: Sim. Elman: Existe alguma acerca deste curativo que o tenha alarmado? Tudo estava em completamente ordem? [Paciente acenou]. Vamos até a altura em que você teve a sua operação às amígdalas, poderemos? Você não esteva com 151 Hipnoterapia
medo da anestesia durante todo o tempo em que você estava a ter as operações aos olhos, você estava? Paciente: Não. Elman: Muito bem, agora estamos a ir apenas para o tempo quando em que você está quase pronto para ter sua operação as amígdalas… *Estalar de dedos+ Quantos anos você tem? Paciente: Sete. Elman: Agora vai ser estar cerca de um dia apenas antes da sua operação às amígdalas, eu quero que você me responda tal como se você tivesse sete anos de idade… *estalar de dedos+ Você vai ter as suas amígdalas retiradas amanhã. Você não se importa com isso, importa-se? Paciente: Não. Elman: Nem um pouco assustado com isso. Você está a ir para o hospital para que isso seja feito? Paciente: Sim. Elman: Muito bem. Agora você está no hospital e eles estão a aprontar-se para retirar as suas amígdalas. Quando eu estalar os meus dedos… *Estalar de dedos] Como é que você se sente acerca desta operação as suas amígdalas? Paciente: Ok. Elman: Os seus pais saíram do hospital…O que é que está a pensar depois agora que eles saíram? Paciente: Estou assustado. Elman: Está assustado? Está assustado por causa de retirar as amígdalas, é por isso que está assustado? Paciente: Não. Elman: Bem então, apenas me conte o que é que o faz ficar assustado. Se você me disser o que é que o faz ficar assustado talvez eu consiga tirar esse medo de você para que você não o tenha outra vez. Paciente: Éter. Elman: Medo do éter. Acerca do anestésico éter, do que é que você tem medo? Paciente: Cheiro horrível. Elman: Você está agora no lugar onde eles lhe vão dar éter? Paciente: Sim. Elman: Alguma vez teve foi anestesiado com éter antes? Paciente: Sim. Elman: E você está assustado com o éter. Isso é coisa que você nunca me disse. O que faz assustar-se com o éter? Paciente: O cheiro. Elman: É esta a única coisa? O quê mais lhe está a assustar? Apenas o cheiro? Veja, há mais do que isso, porque apenas o cheiro de alguma coisa não assusta ninguém. Por exemplo, se você cheirar o vinagre, você não se assusta, assusta? Se você cheirar o álcool, você não se assusta, assusta? Se você tivesse de cheirar algum tipo de ácido que cheirasse mal você não ficaria assustado, ficaria? Mas de um repente você 152 Hipnoterapia
está assustado por causa do éter. Ora, existe uma razão para isso, e vou dizer-lhe o que é que você vai fazer para descobrir qual é a razão. Você vai perder o controlo completo deste polegar. Você não será capaz de o mover. O polegar vai representar a sua mente subconsciente interior profunda, e o polegar vai ser controlado pela sua mente interior subconsciente. O resto de si será controlado pela sua mente exterior, a sua mente consciente. Se você me disser que apenas o éter lhe assusta e existir alguma coisa a mais nisso, esse dedo mover-se-á porque você não o conseguirá impedir de se mover. Vê o que eu quero dizer? Mas quando você me contar acerca do anestésico éter, exactamente o quê que lhe estava a assustar, então você descobrirá que esse dedo não se vai mover mais porque esse dedo sempre me diz se a sua mente exterior consciente está em acordo com a sua mente interior inconsciente. Você sabe o que eu quero dizer sobre mente consciente e por abaixo do consciente? Você sabe o que eu quero dizer? Paciente. Sim. Elman: Muito bem. Então, agora responda as questões. Você já tinha tido sido anestesiado com éter antes. Como se sentiu antes, quando o éter lhe foi administrado? Paciente: Eu não gostei. Elman: Bem, vamos leva-lo até a hora em que eles estão a dar o éter para a operação às amígdalas. Há mais do que cheiro. Deu conta do polegar estar a mover? O que mais lhe está a assustar nisso? Você consegue sentir o polegar a mover, não consegue? Então isso significa que há algo mais lá dentro do que você me tem dito. Quando me contar todas as coisas, esse polegar não vai mover-se mais. Por isso, conte-me tudo, vai contar? Paciente: Eu não sei. Elman: O polegar diz que você sabe. O polegar apenas disse que você sabe. Agora nós temos que encontrar porque você quer ser ajudado, não quer? É claro que você quer. Então, existe algo mais. E você saberá que coisa mais foi quando eu estalar os meus dedos… [estalar de dedos] O que foi isso? Paciente: Médicos Elman: Você estava com medo de todos os médicos, era isso? Está a ver, o seu polegar ficou bastante quieto desta vez. Mas continua a existir mais alguma coisa acerca dos médicos ou algo mais, porque de vez em quando ele dá esse salto. Vê isso? Existe algo mais. Diga-me o que isso é, para que eu possa ajuda-lo, não quer? O que é isso? Paciente: As ferramentas. Elman: As ferramentas com que eles trabalham? É isso? Você teve uma chance de ver todas essas ferramentas na sala do hospital, foi isso? Foi isso que você viu nas operações oculares ou apenas na operação as amígdalas? Quando é que você viu todas essas ferramentas? Paciente: Nas amígdalas. Elman: Em outras palavras você nunca esteve assustado durante as operações aos olhos, não é verdade? Mas você estava com medo na operação as amígdalas. Foi 153 Hipnoterapia
isso que aconteceu? Está a ver, quando você diz sim o polegar fica quieto, mas se você disser não você pode ver que o polegar salta. Foram as ferramentas, os instrumentos que os médicos tinham, que o assustaram? [Paciente não responde] Você diz que eles lhe deram éter. Em que ponto você começou a sentir-se assustado? Paciente: O éter. Elman: Começou com o éter. Você não gostou do éter desde o início? Bem, você já tinha tido antes e não se assustou. O que o fez assustar desta vez? Paciente. O cheiro. Elman. Bem, você já tinha cheirado éter antes, não tinha? Paciente: Sim. Elman: E nunca esteve assustado antes. Desta vez você estava assustado com isso. Por quê? Você saberá quando eu estalar os meus dedos… * estalar de dedos+ Por quê? Paciente: Não cheirava bem. Elman: Tinha cheirado bem nas outras operações? ─ Mas desta vez tinha verdadeiramente cheirado mal! O que é que está a assusta-lo verdadeiramente? Vê esse polegar a mover? O que é que você não me está a dizer? Você consegue senti-lo a mover, não consegue? Então, você sabe que eu sei que há alguma coisa mais que tem de sair. Você está na sala para a operação às amígdalas, e esta é a primeira vez que vocês está realmente assustado. Agora, quando eu estalar os meus dedos você saberá o quê que o assusta. Alguém falou alguma coisa? Paciente: Não. Ferramentas. Elman: Foram as ferramentas. Que tipos de ferramentas lhe assustaram? O seu polegar está a implorar para que você apenas conte o que aconteceu que o assustou. Você não sabe que se você contar isso e uma vez retirado da sua mente você não vai ter esse medo nunca mais? E depois você será capaz de olhar para essas operações com uma pessoa deve olha-las quando são necessárias, sem esse medo terrível? Você sabe o que é que o medo faz a uma pessoa, não sabe? Paciente: Não. Elman: Oh, sim você sabe. Você sabe que isso deixa assustado com a operação ocular que deveria ter. Não deixa? Ora, você que que os seus olhos melhorem, não quer? E se você se livrar desse medo ─…─ Veja esse polegar a saltar por demais, a dizer, “Rapaz, eu gostaria de dizer. Eu gostaria de dizer apenas o que causou esse medo porque depois não mais estará lá.” Você quer me dizer o quê que lhe causou esse medo? Paciente: Eu não sei o que foi. Elman: A sua mente interior sabe o que foi? O que faz o seu polegar continuar a dizer que você me deve contar? Paciente: Medicamentos Elman: Medicamentos durante a operação? Paciente: Medicamentos antes. Elman: A anestesia; é isso que você quer dizer? A coisa que o põe a dormir; é acerca disso que você tem estado a pensar? Esses medicamentos. O que há nesses 154 Hipnoterapia
medicamentos que lhe assustam? E quando é que o assustaram? Porque não consigo encontrar nenhum susto nisso. Oh, mas olhe como esse polegar esta a dizer, ”Sim havia muito medo.” Do quê? Paciente: Eu tinha medo de que não acordasse. Elman: Veja, é isso o que seu polegar está a dizer, era isso que você estava a pensar, não era? Em outras palavras, era o medo da morte, era isso? Ora, porque foi isso tão difícil de me contar? Não se sente melhor tendo conseguido pô-lo fora do seu sistema? Porque você sabe que esse medo não se justificava. O que é que lhe deu a ideia de que você talvez pudesse não acordar do anestésico éter? Ou que você pudesse morrer do éter? O que é que lhe deu essa ideia? Paciente: Um cão sendo posto a dormir. Elman: Oh, você viu um cão sendo posto a dormir, viu? Oh, agora, você vê o que foi tudo isso. Não entende isso? Não vê de onde vem tudo? Paciente: Eu vi um veterinário a por um cão para dormir para sempre. Elman: Eles não fazem isso aos humanos. Não há um médico no mundo que pudesse alguma vez fazer uma coisa como essa á alguém. Você nunca encontrará um homem assim durante toda a sua vida. Você não pode imaginar uma pessoa fazer uma coisa como essa á outra pessoa, pode? E no entanto, você tinha noção ideia de que o éter faria isso consigo. Você pensou que isso é o que eles deram no cão. Isso não é de todo, o que eles deram no cão. Eles quiseram fazer o cão sair de seu sofrimento, sem dor. Mas não é permitido eles fazerem isso com seres humanos. Você vê isso? É esse medo que se foi agora? Veja, no minuto em que você me disse isso, repare como o polegar fica quieto. Sempre que alguma coisa como essa se entranha para dentro da sua mente e o incomoda terrivelmente, não a mantenha dentro. Deixe uma pessoa saber o que é isso! Você estava envergonhado em dizer-me. Com medo de me dizer que não era você, no início? Porque isso talvez mostrasse que você não fosse um homem ou alguma coisa assim, ou que não era viril. Mas você pode ser muitíssimo viril e ter medos. Não sabe disso? E você tem nunca que ter medo da verdade. Você sabe que você está todo assustado porque seu dedo disse isso e você disse isso e nós sabemos disso. E quando você tiver a operação aos seus olhos, você não irá mais, estar assustado, não vai? Você sabe disso, não sabe? E nunca mais vai ter o pensamento de que alguém lhe vai colocar a dormir permanentemente. Você nunca vai ter esse pensamento novamente, vai? Paciente: Não [soluçando], eu estarei bem agora. * * * A técnica do dedo pode ser bastante valiosa para um operador hábil em hipnoanálise. Nos anos recentes, as reacções dos pacientes a esta técnica ficaram conhecidas como respostas “ideomotoras” e elas também são usadas para extrair material desconhecido escondido abaixo do nível de atenção consciente. Aqui estão as instruções para a utilização da técnica do dedo. Aperte o dedo pequeno ou o polegar do paciente enquanto você lhe diz, “Este dedo está a ser colocado sob controlo da sua mente interior subconsciente. Em apenas alguns segundos, quando a sua mente interior subconsciente se apoderar, 155 Hipnoterapia
você não será capaz de o dobrar mover este dedo não interessa com quanta força você tente. Você não terá controlo sobre ele, conscientemente. Pode ir tentando dobra-lo move-lo mas vai descobrir que ele não se vai dobrar mover.” Depois de testar para ter a certeza que o paciente não conseguirá fazer o dedo dobrar mover, continue a falar conforme se segue: “tal como eu disse este dedo está agora sob o controlo da sua mente interior subconsciente, “o seu verdadeiro “eu”.” O seu verdadeiro “eu” sabe exactamente o que se passa, ele não consegue mentir para si porque você sabe a verdade de tudo, e que a mente interior subconsciente é o seu verdadeiro “eu”. Se eu lhe perguntasse alguma coisa e você não me dissesse a verdade inteira, ou se você me contasse uma falsidade, este dedo sob o controlo da sua mente interior subconsciente dobrar-se-ia mover-se-ia e eu saberia que existe alguma coisa mais na história do que você me está a contar.” A sugestão de que o dedo do paciente vai dobrar mover se ele não estiver a contar a verdade ou se estiver a esconder alguma coisa, é insidiosa. Dá a impressão que o movimento desse dedo está para além do controlo dele. E dessa maneira, quando ele diz uma mentira, entrega-se por mover o dedo, e portanto mantem o operador no caminho correcto. Caso isso ocorra, o operador então deve procurar outros meios para chegar a verdade. Certifique-se de fazer a declaração casualmente, como se fosse o padrão de comportamento mais normal do mundo, e em muitos casos você terá a verdade completa da situação. Conforme for trabalhando olhe o dedo ou polegar. No instante que o paciente varie da verdade ou não dê uma resposta completa, os seus pensamentos internos falarão através de movimentos espasmódicos do dedo imobilizado. Algumas vezes se o paciente na hipnoanálise, começar a contar uma falsidade prolongada ou a dar informação enganosa, o dedo arrepiar-se-á para cima, não com movimentos espasmódicos, mas pouco a pouco, constante, e o paciente nem saberá que mudou de posição. O paciente que mover o dedo desde o princípio, enquanto você está a dar a primeira sugestão de que ele não moverá mas que este ficará sob o controlo da sua mente interior, está a resistir desde o início. Esse paciente sabe que ele está a esconder alguma coisa e, prefere mante-la desse modo. Por outro lado o paciente que aceita esta sugestão e não consegue fazer o seu dedo mover, mas mais tarde o move quando ele disser uma mentira, não está a resistir. Na verdade ele aceitou a sua sugestão de que o dedo mover-se-á quando ele mentir, assim isso mantê-lo-á no caminho certo. A técnica do dedo é uma ferramenta valiosa para desenterrar as causas de vários tipos de fobias. * * * Para tratar fobias, no entanto, claro que você deve reconhece-las. As vezes as fobias são irreconhecíveis mesmo pelo médico. A mulher de um médico foi trazida para a aula, para hipnoanálise. O marido dela estava perdido para entender a causa das doenças dela. Três dermatologistas tinham diagnosticado a condição dela como esclerodermia. O efeito da doença ficou evidente na condição em que deixou o couro cabeludo no qual resultou na perda de cabelo e das sobrancelhas. Essa condição 156 Hipnoterapia
começou antes de um parto de um nado-morto. Em adição, a paciente tinha sofrido com febre rosa ─exantema─ desde a infância. A hipnoanálise revelou um medo mórbido profundamente enraizado, uma fobia. Eis um excerto da transcrição da hipnoanálise: Elman: eu quero que vá até quando você era uma pequena menina na primeira classe. A escola era agradável para si, não era! Paciente: Na primeira classe, não era. Elman: Você não gostava das aulas, ou alguma coisa assim? Paciente: Não, o professor. Elman: Isso afectou-a de alguma forma? Você sentiu-se tão mal acerca da escola que isso a fez reagir de alguma forma? Paciente: Não, nunca fez. Elman: Em outras palavras, você foi capaz de lidar com isso. O que nós vamos fazer agora é leva-la até a quarta classe. Onde é que você está sentada nesta sala? A sua memória melhora com cada respiração que você tem. Paciente: Na terceira fila. Elman: Diga-me, alguma vez já teve febre rosa enxatema? Paciente: Eu penso que já tive Elman: Agora vamos recua-la para a terceira classe. Na terceira classe você verá ainda mais claramente do que você fez na quarta classe. Como eu disse, a cada respiração que você faz, a sua memória melhora. Você consegue senti-la a melhorar, não consegue? Alguma vez você teve febre rosa enquanto esteve na terceira classe? [ paciente não responde] Muito bem, vamos agora leva-la de volta até a segunda classe. Diga-me, você agora está na segunda classe, alguma vez já teve febre rosa? Paciente: Penso que não tive. Elman: Então aconteceu alguma coisa entre a segunda e terceira classes que teve algum tipo envolvimento emocional. Vamos ao fim da segunda classe. Agora é Junho. Você está com cerca de sete anos de idade e se você está na segunda classe você não está a ter febre rosa agora. Está? Paciente: Não Elman: É tempo de natal e você está na terceira classe. Aconteceu alguma coisa na primeira parte deste ano que a perturbou de alguma forma? Paciente: A minha tia morreu. Elman: O quê que a sua tia representa na sua vida. Paciente: Muito importante. Elman: A pessoa importante. Mesmo quando você pensa acerca disso agora você pode sentir-se como se sentiu quando você era uma criança. A sua tia esteve doente muito tempo? Paciente: Ela morreu durante o parto. Elman: E isso foi a coisa que lhe perturbou? E foi nessa altura que a febre rosa apareceu nesse ano? Patiente: Ela gostava de rosas. 157 Hipnoterapia
Elman: Então é isso que trouxe ao de cima a febre rosa. Agora, vamos um pouco além disso. Essa febre rosa, foi porque você pensou nela em ligação com as rosas, foi isso? Paciente. Eu nunca pensei nisso. Elman: Você nunca pensou nela desde aquele dia até este. Você nunca se apercebeu que havia alguma ligação. Você continua a padecer bastante por ela? Paciente: Sim. Elman: E como é que o resto da família levou isso? Eles padeceram também, foi bastante mal? Diga-me, o que é que você se encontrava a fazer? Paciente. Foi uma grande perda e eu chorei muitíssimo. Elman: como é que você reagiu a isso? Deu por si a chorar sozinha e coisas assim como isso? Paciente: Não consegui parar de chorar. Elman: Então de modo que na altura em que as rosas vieram tal como ela gostava… Paciente: Não gosto de rosas desde então. Elman: Agora que se apercebeu, de onde a febre das rosas vem, eu penso que nunca mais terá problemas com isso novamente…E agora você será capaz de lidar com a situação…Agora quero que se lembre do primeiro dia em que você descobriu esta condição na pele e você será capaz de me dizer onde é que você estava e como aconteceu você se aperceber disso. O quê que aconteceu? Paciente. Eu lembro quando o meu cabelo estava pequeno num ponto. Elman: Você tinha estado a puxa-lo? Paciente: Sim. E lembro-me de sentar, estava do lado de fora. E lembro-me da frescura da minha pele e do couro cabeludo e assustou-me que o ponto calva estivesse tão grande Elman: E quando foi isso? Paciente: Isso foi antes do parto. Elman :Havia alguma coisa na sua mente acerca do parto? Estava preocupada acerca disso? Paciente: Não que eu saiba. Elman: Havia alguma coisa a perturba-la durante este período? Paciente: Sim. Elman: Diga-me o que estava a perturba-la. O que era? Paciente: Eu estava muito cansada. Eu tinha um bebé com um ano de idade e outro de três anos e eu estava cansada e estávamos a mudar-nos. Elman: E demasiado para uma jovem mãe aguentar nesta altura. Era isso? O que é? Lembre-se, você me disse uma coisa muito importante, que a sua tia morrera no parto. Lembra-se disso? Agora você disse-me que o seu bebé nasceu morto. Lembra-se também que provavelmente continuava a existir um grande amor pela sua tia. Isso é correcto? Paciente: Sim. 158 Hipnoterapia
Elman: Então agora nós juntamos estes dois factores e descobrimos que você estava expectante pelo parto e a passar por uma gravidez muito penosa porque você estava muito preocupada e cansada. Isso está correcto? Paciente: Sim. Eu disse várias vezes que achava que não deveria ter o parto. Eu me senti culpada. Eu estava a falar com os vizinhos e contei que estava preocupada cansada para o nascimento. Elman: então existia uma terrível preocupação e uma contenção. Paciente: Foi aos dez meses. Elman: Assustada para dar a luz, em outras palavras. Foi isso? Paciente: Eu parecia estar. Elman: E essa condição dermática desenvolveu-se durante este tempo? Paciente: Apenas uma calva. Muito grande. Elman: Você disse que o bebé nasceu morto? Paciente: Sim. Elman: Você esperava isso por causa da tentativa de engravidar ou por alguma outra razão? Paciente: Não. Elman: Mas você sentiu que você estava a atrasar durante a gravidez. Não é verdade? Paciente: Na hora eu não sabia que o tinha feito. Elman: Mas você sabe isso ao olhar para trás. Eu não quero colocar palavras na sua boca, eu quero que seja você a dizer-me o que se passou. Paciente: Bem eu continuei a ir ao médico quando era devido ir. Mas fiquei tão cansada. Mas eles pensaram que eu iria dar a luz, porque o primeiro eu tinha tido quase com dez meses. Então eu tive um sonho. Elman: O que foi que sonhou? Paciente: eu sonhei que estava sentada na sala de espera e que o médico passou. Eu estava com hemorragia e eu supliquei para ele fazer alguma coisa e ele estava com uma raquete de ténis e calção e disse, “Eu tenho de ir jogar ténis”, e gargalhou. E eu só sabia que precisava de ajuda. E isso foi tudo o que havia para sonhar. Elman: Espere, espere. Eu sei que o sonho lhe despertou. Quando eu estalar os meus dedos, você vai aperceber-se o quê que esse sonho quer dizer, o significado do sonho na sua vida, e você será capaz de me dizer quando eu estalar os meus dedos… * estalar de dedos] o quê que esse sonho significa para si…Você sabe. Paciente: Eu pensei que o médico não me estava a ouvir quando na minha visita consulta eu lhe disse que estava cansada. Elman: E que você estava a suplicar por ajuda e ele não estava a dar-lhe ajuda. O médico estava a atrasar. E isso foi a soma e a substância do sonho. Em outras palavras, ele estava a jogar a bola enquanto você estava a passar por essa gravidez e você estava preocupada acerca disso. Paciente: Sim. Elman: A morte da sua tia ocorreu na terceira gravidez dela? 159 Hipnoterapia
Paciente. Na primeira. Elman: Você fez alguma ligação da situação da sua tia com a sua? Você sentiu com se estivesse a passar pelo que ela tinha passado? Paciente: É duro para mim, falar acerca disso mas toda a vez antes de ter o bebé, que a minha mãe dissesse, ”É uma coisa horrível aquilo pelo que tu vais passar.” Amedrontava-me. [Paciente começou a chorar] Elman: Agora estamos a chegar a causa real desta condição principal. Tenho a certeza. Porque nós conseguimos ver como você reage a isso. Se ocorreu de cada vez que você teve um bebé e… Paciente: Ela esteve comigo quando eu dei a luz e ajudou-me a mudar. Elman: Se isso ocorreu outra vez teria sido melhor se ela não estivesse lá. Paciente: Sim, tive pensamentos sobre isso. Elman: Você já consegue ver que essa coisa ─a dermatose é apenas uma forma disso─ mostra que existe um problema emocional que uma pessoa está a tentar resolver, e como o problema emocional torna-se muito grande, aparentemente a paciente não sabe como enfrenta-lo e a dermatose começa. Mas nós descobrimos que o facto é, que você esteve tão amedrontada durante essa gravidez por causa dessa sentimento de cansaço, e por causa das palavras que a sua mãe disse, e que você reteve atrasou nos partos anteriores--provavelmente inconscientemente e que a calva apareceu antes do parto. Mas depois do bebé ter nascido morto, isso diz-nos como é que essa calva se desenvolveu. Porque eu imagino que depois isso veio muito fortemente. Não verdade? Paciente: Sim, foi. Elman: Agora vê o que isso indica, não vê? O que isso lhe indica? Não me deixe dizer. Diga-me você o que a condição do couro cabeludo lhe indica. Você deve saber. Paciente: depois que eu perdi o bebé, senti-me horrível, mas não o quis mostrar por causa das outras duas crianças. Eu me culpei tanto quanto poderia em todos os sentidos mas exteriormente não poderia mostrá-lo. Elman: Mas interiormente estava a sentir-se bastante mal. Você diria que a retenção talvez tenha causado dano? Sentiu isso? Em outras palavras, onde quero chegar é ─esta condição dermática diga sem rodeios─ o que ela representa? Uma espécie de punição pelo que aconteceu? Paciente: Eu não tinha pensado nisso dessa maneira. Elman: Bem, é dessa maneira que tem se sente acerca disso? Paciente: Eu pensei que estava amarrada com o que quer que seja que me impediu de dar a luz. Pensei que eram as hormonas. Elman: Na maioria das vezes, as condições emocionais fortes são o factor precipitante. Poderia ter sido o sentimento pelo que passou neste terrível susto e depois a retenção o atraso ─também o facto da sua tia ter morrido no parto, e agora o seu bebé ter nascido morto─ a parecer-lhe que talvez o bebé pudesse ter sido salvo apenas se você não tivesse estado tão terrivelmente cansada. Embora você não quisesse ser responsável você sentiu que talvez você pudesse ter sido responsável? Não foi esse sentimento? Foi este o sentimento que você teve? 160 Hipnoterapia
Paciente: Sim. Elman: Você não teria feito nada neste mundo que intencionalmente impedisse aquela criança de nascer tal como as suas outras crianças nasceram, vivas e saudáveis. Mas existia o sentimento de que talvez você tenha sido inconscientemente ou indesejavelmente um factor contributivo? Paciente: Sim. Elman: Você o chamaria de complexo de culpa? Paciente: Sim. Elman: Este é o termo em que tenho estado a bater. Você sente que a dermatose representa um complexo de culpa? Paciente: Sim. Eu também esperava ter obtido ajuda. Eu quero dizer que senti que eu precisava de ajuda dos médicos e senti… Elman: Alguma vez conscientemente colocou estes pensamentos juntos? Paciente: Não. Elman: Na sua mente você pensou,” Pergunto-me se o nascimento do bebé e todas essas coisas tiveram alguma coisa a ver com as condições do couro cabeludo?” Paciente: Oh, sim, Eu pensei nisso o tempo todo. Elman: Deixe-me dizer-lhe como você se vai livrar dessa condição do couro cabeludo permanentemente. Em primeiro lugar, deixe-me dizer-lhe isso: Nós não somos responsáveis pelo que nos acontece a partir de fontes externas…Por exemplo, se acontecer eu ser o tipo de pessoa que tem medo de morrer porque alguém veio até mim com uma arma, não é culpa minha se eu tiver uma falha do coração, é? Paciente: Não. Elman: Você pensa que uma pessoa cuja tia morreu no parto, e que está a atravessar um período difícil porque ela está tão cansada e essa gravidez não parece ser como as anteriores ─todas influencias externas─. Está a ver o que eu quero dizer? Agora é chegada a hora em que a sua própria mãe involuntariamente aponta as pistolas para si e diz “Você está a ter passar por um período terrível.” E você sabe do medo que isso trouxe ao de cima. E trouxe ao de cima o medo da mesma coisa acontecer consigo como aconteceu com a sua tia ─e estava lá, não estava?─ Paciente: Sim. Elman: Então, não consegue ver, que não existe razão para um complexo de culpa dentro de si? Essas coisas foram causadas externamente. Não consegue ver isso? O medo de que o médico não a ajudou o suficiente. Esse sonho diz-me ─se não o diz a si, deveria─ que você esteve a implorar por ajuda. E o médico pareceu dizer, “Não, eu vou sair e jogar ténis”. Ora quando você esteve lá, não estava hemorrágica, mas Freud disse que todo o sonho é a realização de um desejo. Paciente: Eu estive, quase. Elman: Sim. Mas veja a situação. Em cada sonho que uma pessoa tem existe um desejo realizado em algum lugar. Nesse sonho, você estava a pedir ajuda, isso foi uma coisa desejada não foi? Você procurava ajuda. Paciente: Sim. 161 Hipnoterapia
Elman: O quê que você obteve em vez da ajuda? Você teve a impressão que ele estava a sair para jogar ténis…Ali estava uma mulher assustada que não estava a ter o tipo certo de encorajamento para lhe ajudar. Não foi culpa sua. Todas essas causas foram externas. Mesmo assim, você sentira que talvez, de alguma forma você possa ter contribuído ─que você talvez tenha feito alguma coisa─. E que, alimentando-se dos seus órgãos causaria a dermatose. Está a ver o que quero dizer? Você quer livrar-se desse sentimento e começa a condição problema do couro cabeludo. Mas você não terá que lhe dar mais irritação coçar porque agora que você conhece a causa ─e para si a causa está completamente revelada─ descobrirá que não tem mais desejo de tocar o seu couro cabeludo nunca mais…Já se sente bem, não é? Paciente: Sim. Elman: E você sabe que não vai ter febre rosa nunca mais, porque agora que você sabe de onde vem o caule. Você consegue lidar com isso. Você sabe que não tem que odiar rosas nunca mais…E agora, quando eu a fizer abrir os olhos aperceba-se de como se sente bem…Lembrar-se-á de cada palavra que falamos…Como se sente? Paciente: Sinto-me melhor! * * * Vai valer a pena ler neste ponto um relatório do marido da paciente dos resultados da hipnoanálise gravada acima. Embora eu não tenha tido oportunidade em trabalhar novamente com a mulher dele, ele descreveu um gratificante resultado desta única sessão: “Depois de uma sessão de hipnoanálise, a melhoria tem sido notável. O tecido cicatricial que foi tão grande como um dólar de prata retrocedeu agora ao normal, excepto um pequeno sulco que está com cerca de cinco milímetros de largura. E o cabelo tem crescido e mostra sinais de preencher completamente. A febre rosa melhorou cem por cento. Agora quando as rosas estão em flor ou sempre que temos rosas em vasos em casa ela consegue aprecia-las. Esperanço que isso ajude a mostrar para muitos outros os abrangentes efeitos benéficos que a hipnose consegue ter.” Você tem visto como os medos mórbidos desempenham um papel importante nas histórias dos casos que você acabou de ler. No entanto, o exame de mais um exemplo aprofundará a sua compreensão das fobias e dos seus resultados ─que talvez sintomatizados por uma ampla gama de desordens, incluindo problemas díspares como alergias e exaustão emocional─. Um médico trouxe uma paciente para a aula que era uma sofredora de febre dos fenos. Ele tinha-me dito de antemão que ela era uma vítima de sífilis congénita e que ela estava cheia de problemas emocionais. Como você verá, ele também muniu-me com inúmeros outros factos relevantes. Então ele me pediu para trabalhar com ela; a história que ela relatou na hipnoanálise revelou medos implantados profundamente na mente dela, e esses medos mórbidos, fobias por nossa definição de trabalho, tinham na febre dos fenos. Para evitar embaraçar a paciente, não mencionamos a sífilis congénita dela. Os nomes de todos os pacientes tiveram que ser alterados neste caso ─assim como todos os outros relatados neste livro─. Aqui está a transcrição da hipnoanálise: 162 Hipnoterapia
Elman: Estava a trabalhar quando tinha dezoitos anos estava apenas a viver em casa? Paciente: Estava apenas em casa. Minha mãe teve que ir para uma casa de repouso por causa da doença e das bebidas do meu pai, e o nosso lar ficou estragado. Elman: Então não foram tempos muito felizes para si, quando você tinha dezoito anos. Paciente: Nunca, nunca. Nós estávamos sempre com medo do meu pai. Elman: Bem, eu quero perguntar-lhe uma coisa de quando você tinha dezoito anos de idade. Não fale sobre a doença acerca da qual o médico me falou. Não mencione nada disso. Não há necessidade disso. Mas nos dezoito, eu quero descobrir se as coisas em casa para si ─as grandes emoções e o desgosto que você conheceu─ tinham resultado em algumas doenças com as quais não tivesse nascido? Paciente: Nada, apenas nervos. Elman: Mas elas tinham resultado em forte emocionalismo por causa das tensões em casa. Isso está correcto? [ paciente acena com a cabeça]. Mas quando a estação da febre dos fenos chegou, você a atravessou bem sem ter tido nenhum sinal de febre dos fenos, não é verdade? Paciente: Sim. Elman: Agora vamos até a altura do seu primeiro casamento. Você está com cerca de dezanove anos, e você vai se casar. Você está apaixonada por este homem com quem você vai casar? Paciente: Eu penso que estou. Elman: Você tem a certeza que não está apenas a tentar ficar longe de casa? Paciente: Eu penso que estava a tentar afastar-me de casa também. Elman: Em outras palavras, é saltar da frigideira para o fogo. É isso? Paciente: Sim. Elman: Você teve algum problema emocional? Lembre-se, você era apenas uma pilha de nervos quanto tinha dezoito anos. Agora você tem dezanove anos, está casada, as coisas não são tão boas como eram em casa. Isso afectou você de alguma maneira? Você teve algumas doenças por causa disso, ou você foi capaz de suportar isso bastante bem? Paciente: Não, eu quase tive um esgotamento nervoso. Elman: Tinha-se casado, e imediatamente engravidou. Paciente: Exactamente dez meses depois do dia em que casei nascia o meu primeiro bebé. Elman: E você ficou feliz com esse primeiro bebé? Paciente: Muito feliz. Elman: Isso compensou um pouco, não foi, pelo facto de que você era infelizmente casada. Paciente: Eu estava feliz com o meu bebé. Elman: Mas não com o seu marido, não é verdade? Paciente: Não. Muito infeliz com ele. Ele não estava a pagar as despesas. 163 Hipnoterapia
Elman: Mas você continuava presa á ele, e depois achou-se grávida novamente. Fale-me acerca da segunda gravidez. Paciente: Bem, eu tinha tido icterícia subitamente quando estava grávida de cerca de dois meses, fiquei horrivelmente doente e fui para o hospital, e eles não me deram muitos dos medicamentos. Eles disseram ─eles levaram-me a crer que era a causa para o minha icterícia─ o remédio que eu estava a tomar para essa doença com qual eu tinha nascido. E então eu fiquei terrivelmente nervosa e com falta de ar o tempo todo em que eu o carreguei. E nunca tive muita simpatia pelo meu marido porque ele bebia muito. E eu tinha um medo de morrer. Elman: Sim, é isso que queria que me dissesse…Quando estalar os meus dedos, você dir-me-á da primeiríssima vez que você teve esse medo de morte… * estalar de dedos] Quando foi isso? Paciente: Enquanto eu o carregava, senti o tempo todo que não ia viver. Elman: Porque foi exactamente nesta altura que lhe foi revelado sobre a doença com que você tinha nascido, é isso? Paciente: Não. Eu nunca soube nada acerca disso até quando eu estava a tentar casar e quando eles me disseram eu nem sabia o que a palavra significava… ─Paciente começou a chorar─ Elman: Sim sei. Isso foi quando você teve aquele choque horrível. Foi assim quando você teve este medo mórbido da morte?─ Paciente: Sim. Eu soube que a minha mãe estava horrivelmente doente e eles disseram-me que era a razão para a doença dela, eu estava assustada que pudesse ficar aleijada da maneira que ela estava e que não vivesse além dos vinte e dois ou vinte e três anos de idade. Elman: Você não sabia o quê a palavra significava quando lhe disseram qual era a doença? Paciente: Não, não sabia! Elman: Quem foi que lhe disse? Terá sido o seu pai ou a sua mãe? Paciente: O meu pai morreu antes de eu estar casada! Elman: Então quem lhe disse? Paciente: Eu penso que foi a minha irmã mais velha. Ela sabia. Ela nasceu com isso assim como eu. E ela pensou que eu deveria saber. Eu fui tratada a isso mas pensei o tempo todo que eu era anémica. Elman: Mas os resultados foram bons e você livrou-se inteiramente dessa doença, então não havia lá nada para se preocupar…Ora, se uma moça passa por todos os anos de crescimento a acreditar numa coisa e depois tem um choque horrível como você teve quando você estava prestes a se casar ─ela nem sabia o nome da doença, e de repente ela ouve e ela nunca tinha ouvido isso antes─ consegue imaginar todos os muitos, muitos medos que poderiam entrar na mente dela. Aqui está algo do qual ela não é responsável. Ela tinha nada a ver com isso, e tem estado a ser punida por algo de que nada sabia. E esse é exactamente o sentimento que você tinha, não era? Paciente: Eu fiquei assustada de morte depois de eles me terem dito o quê isso era. O meu médico me disse. Ele tentou explicar-me que eu estava bem. 164 Hipnoterapia
Elman: Aqui estão muitos médicos presentes, e todos os médicos aqui provavelmente se aperceberam da seriedade deste caso. Você pensa que alguma pessoa nesta sala teria reagido de forma diferente da que você reagiu? Você sabe que se eu tivesse ouvido tal coisa acerca de mim, ou se algum médico/a tivesse ouvido acerca dele ou dela, que cada um de nós teria sido assustado de morte. E é de onde o seu medo mórbido da morte vem. Não vê? Isso agiu com um incidente traumático ─um trauma─ uma situação emocional com a qual você não poderia lidar. Você entende? Paciente: Sim. Elman: E quando você ouviu que essa coisa era algo que poderia matar, não era bastante natural que você pudesse ter pensamentos de morte? Mas doenças como as que você teve podem ser completamente curadas. Não é verdade doutor? Diga-o em voz alta para que ela saiba. Doutor: É certamente verdade! Elman: Em outras palavras, uma vez que se livrou da doença ─e você livrou-se, você sabe disso─ você sabe que não existem vestígios disso em si agora. Uma vez que se livrou da doença, você não conseguiu livrar-se do trauma. Está a ver o que quero dizer? O choque. E assim o medo mórbido da morte permanece. E esse medo da morte tem estado consigo todos os dias desde então, não tem? Paciente: Sim. Elman: Você sabia que mesmo antes de você estar aqui, o seu médico me disse que você tinha este medo mórbido, e agora você vê o quão pronunciado profundo isso estava. Você, não esteve sentada aqui mais do que alguns minutos antes de você; você própria, aparecer com isso. Mas lembre, que a doença sumiu, a enfermidade sumiu, tudo o que permaneceu foi o trauma, o choque, a situação da qual você não conseguiu lidar. Mas esta situação já não existe mais. Está a ver o que quero dizer? E uma vez que a situação já não existe, não há nada para você lidar…Excepto o quê? Excepto o choque que lhe foi dado quando você era uma jovem moça. Agora, falando sobre isso quando a sua consciência está cerca de dois mil por cento acima do normal, eu penso que colocamos temos esse medo sob uma luz completamente diferente, não colocamos? Essa consciência deixa-lhe ver que como uma moça de dezanove anos você teve toda a razão de estar amedrontada, mas não existe mais razão para você estar assustada agora do que existe para qualquer pessoa nesta sala ter medo. Vê o que eu quero dizer? Paciente: Sim! Elman: Você não vai ter mais esses medos. E como resultado, você vai descobrir, eu acredito, de que vai viver uma vida mais feliz. Daqui para frente, você será capaz de colocar esse medo dentro do lugar apropriado na sua vida. Isso foi apenas um choque. Foi um terrível choque. Ninguém aqui gostaria de passar por tão terrível situação. A única coisa de que não se livrou foi do choque e vamo-nos livrar do choque agora deixando-a vê-lo novamente. Ora vamos avançar um pouco. Talvez esse seu medo seja também a causa da febre dos fenos, eu não sei. Vamos descobrir se a febre dos fenos é causada pelo medo. Eu vou leva-la até a primeira vez em que você teve o primeiro ataque da febre dos fenos. Vou levar-lhe directo a isso. É o seu 165 Hipnoterapia
segundo casamento agora e você tinha tido duas crianças durante esse casamento. Como estavam as crianças há dois anos? Paciente: Bem. Elman: Como estavam as crianças que estavam a viver com a tia? Como elas estavam? Paciente: Elas estavam bem. Elman: Existia alguma preocupação acerca de elas? Paciente: O Mark teve um acidente. Elman. É isso ao que quero chegar! Agora estamos a chegar a causa, não estamos? Paciente: Bem, agora eu estou também a relembrar do problema que tivemos lá no nosso bairro. Elman: Sim. Agora estamos a ir para a primeira vez quando você já teve o primeiro ataque de febre dos fenos. Eu quero que você me fale acerca do problema que você teve no bairro. Se é o tipo de coisa que você prefere não falar sobre isso, você não tem que falar. Você quer falar sobre isso? Paciente: Uma pessoa do bairro tentou magoar o meu marido. As coisas estão a voltar a minha mente ─isso e o acidente do Mark─ Elman: Sim, e foi quando a febre do feno apareceu… Então, vamos leva-la ao minuto que a febre dos fenos apareceu da primeira vez e vamos descobrir se foi o acidente do Mark ou se foi o seu marido com essa pessoa má do bairro. Vou estalar os meus dedos, e será a primeira vez que você já teve um ataque de febre dos fenos… * estalar de dedos]. Onde é que você está? Quando é? Paciente: Parece ser em casa. Elman: Onde é que você está? Paciente: Na sala da frente. Elman: O que estava a acontecer? Paciente: Tudo o que consigo me lembrar é do acidente do Mark. Elman: Mark é seu filho e é um dos dois rapazes que não está consigo? Paciente: Não, Mark é o meu bebé. E ele está comigo. Elman: Então quando o seu pequeno bebé teve o acidente foi quando o primeiro ataque apareceu, é isso? Paciente: É. Quer dizer, é tudo o que eu consigo pensar lembrar. Elman: Sim, por que as duas coisas estão entrelaçadas. O que foi que a deixou preocupada com esse acidente? Que tipo de acidente foi? Paciente: Eu estava a ir fazer compras e a minha filha mais velha estava do outro lado da rua. Ela tinha estado a brincar com dois parentes do meu marido. Eles estavam de visita vindos do campo. Eles tinham levado o Mark para o outro lado da rua e ficaram lá a espera pelo meu carro. Eu estava a trancar a porta e tinha começado a sair e o Mark começou a atravessar para mim na minha direcção e eu vi este carro a vir e eu gritei e bradei ─não estava a vir muito depressa─ só sabia que Mark ia ser atropelado e morto. E então o carro bateu nele. Elman: Ele ficou muito machucado? 166 Hipnoterapia
Paciente: Não, mas isso assustou-o. Elman: Sim, mas a si também. Porque você pode ver pela revivência disso o quanto você ficou assustada. Você pode ver que isso faria qualquer mãe que tivesse passado por uma tensão emocional como a sua, manifestar sintomas emocionais depois disso? Porque adicionado ao próprio medo mórbido da morte agora ela tinha medos mórbidos relativos ao filho dela. E foi isso, não foi? Paciente: Sim. Eu tenho um amor terrível pelos meus filhos. De alguma forma, sempre pensei que eles seriam tirados de mim ou eu seria tirada deles. Elman: Você não tem que ter nenhuma preocupação acerca disso. Você não vê de onde é que esse pensamento vem? Uma moça de dezanove anos, subitamente disseram que ela possuía alguma coisa horrível, sobre o qual ela não tinha controlo. Mas graças a medicina moderna ela é capaz de se livrar da doença. Ela não é capaz de se livrar do medo, apesar de que teve lugar quando ela foi informada acerca da doença. Os seus medos mórbidos da morte continuaram ao longo dos anos e todos os dia que passaram ela teve esses medos na mente dela. Agora ela vê a criança dela a ser magoada por um carro…Quero perguntar-lhe algo; se isso acontecesse a qualquer um nesta sala que tenha um íntimo similar ao seu, você não pensa que eles poderiam ter reagido com algum tipo de doença emocional? Paciente: Eu acho. Elman: Nas duas vezes você esteve a frente de uma situação com a qual não você poderia lidar! Você não conseguiria evitar o acidente ao Mark, podia? Não havia nada que você pudesse fazer. Você não poderia evitar a doença que teve, e a culpa não foi sua. Em cada uma das vezes, a morte esteve relacionada com esses incidentes. Agora, você não só estava com medo por sim mesmo, mas também pelas suas crianças! Você está a ver do quê estou falar? Paciente: Sim. Elman: Então o que aconteceu? Você começou a manifestar os sintomas que a têm incomodado desde então. Não é correcto? Você sabe que é para ser assim! Paciente: Sim. Elman: Agora que você sabe que é assim, você pensa que há alguma necessidade para você sempre ter febre dos fenos novamente? Paciente: Não. Elman: Isso dá-lhe uma nova visão sobre a febre dos fenos ─algo que você nunca tinha tido antes─? Paciente: Sim. Elman: Você vai descobrir a partir deste ponto que você não vai ter nenhuma febre dos fenos, porque se fizemos alguma coisa, com certeza teremos removido aquele primeiro medo, não removemos? Certamente nós temos aquele segundo medo removido porque o Mark está bem assim como as outras crianças e as coisas estão a ir bem. Você tem um marido que certamente lhe ama ou então ele não estaria aqui esta noite. Você sabe disso! Não é assim? Paciente. Sim. 167 Hipnoterapia
Elman: Você vai descobrir que como resultado da nossa conversa esta noite que até esse pólipos que foram caracterizados como pólipos alérgicos, não vão voltar. Você não precisa da febre dos fenos nunca mais. Você não vai ter o medo mórbido da morte. Eles vão ser apagados completamente. Você vai ter medos normais como qualquer pessoa tem, mas eles não serão medos mórbidos. Não há necessidade de medos mórbidos… em vez de olhar em frente na direcção da escuridão, olhe em frente em direcção da luz. Eu quero que a sua vida a partir de agora seja cheia de luz e não pensamentos de morte. Eu não penso que terá alguma febre dos fenos… *dirigindo-se ao médicos] Doutor, você dar-nos-á relatórios deste caso a medida que o tempo passa? [para o paciente]. Você sabe que você irá ficar bem, não sabe? Muito bem, quando eu a fizer abrir os olhos, você vai sentir-se apenas grandiosa…Muito bem, abra os seus olhos…Como se sente? Paciente: Bem. Elman: Eu penso que você vai ficar bem. * * * O prognóstico expressado na última linha acima provou-se preciso. As histórias de casos deste e dos capítulos acima mencionados exemplificam um importante princípio: que as dificuldades físicas ─gagueira, obesidade, alergias, etc.─ bem como as mentais habitualmente têm uma base em conflitos emocionais. Tais conflitos podem surgir de inseguranças, sofrimentos mágoas, incapacidade de lidar com dadas situações, fora e fora fobias. Mas todas elas têm isso em comum, que a hipnose pode ser empregue como uma ferramenta efectiva, para as aliviar ou corrigi-las.
168 Hipnoterapia
Capítulo 19: Alergias Nas transcrições das hipnoanálises, é impossível mostrar expressões faciais, gestões, reacções, e emoções extremas mostradas pelos pacientes. Talvez você não saiba, por exemplo, que a paciente que fora vítima da doença congénita mostrou uma emoção tão extrema que na fita cassete feita na altura você pode ouvir os soluços violentos e o ofegar para respirar. Eu posso assegurar-lhe no entanto, que as reacções dela não foram inusuais para um paciente que passe por uma ab-reacção em hipnoanálise. Enquanto examinávamos as circunstâncias que rodeavam os problemas emocionais desta paciente, nós começamos a perguntar por que é que a febre dos fenos não aparecera durante a infância dela ou no primeiro casamento. Certamente existiram grandes problemas nos finais da adolescência. Mas não desenvolveu a febre dos fenos até que teve trauma empilhado em cima de trauma, culminando no enorme medo concebido quando os pensamentos mórbidos fizeram-na chorar excessivamente enquanto ela temia pela vida do filho! Nós descobrimos na hipnoanálise que isso parece muitas vezes ser o caso: Uma pessoa está livre de reacções alérgicas por um número de anos, e depois de repente uma ou mais alergias aparecem, sempre procedidas de circunstâncias emocionais fortes. Um ano ou dois depois da hipnosanálise á vítima da febre dos fenos agora descrita, o medico dela reportou-me que ela tinha passado por algumas estações da febre dos fenos sem mostrar nenhuma evidência da alergia. Ela estava completamente recuperada das suas reacções ao pólen, embora os testes continuem a provar que ela é sensível ao pólen. E mais, o medo mórbido dela fora completamente apagado. Certamente não estou a a alegar que a hipnoanálise por si só foi responsável pela recuperação dela. Foi complementada pelo trabalho de um excelente médico que teve o bom senso de continuar a trabalhar com a paciente até as dificuldades dela estarem completamente corrigidas. O crédito pertence não só a hipnoanálise mas a cooperação inteligente e posterior trabalho de um bom médico. Deixe-me dar-lhe outra ilustração de reacção alérgica. Fui pedido para empregar a hipnoanálise com uma jovem senhora que esteve completamente livre de quaisquer sinais de alergia até ter alcançado a idade de onze anos, quando um caso episódio severo de febre dos fenos se desenvolveu. A hipnoanálise revelou que quando ela estava com oito anos a dela mãe morreu e foi um choque terrível para a jovem criança. Eventualmente, ela parecia ter recuperado do choque, e estava com excelente saúde. Ela não mostrava reacções alérgicas. Três anos mais tarde o pai dela casou novamente e trouxe a madrasta para viver com a criança. Nesse outono ela desenvolveu febre dos fenos. Na hipnoanálise ela falou do quanto amargamente se sentiu na primeira aparição da madrasta. Ela ainda sentia uma saudade profunda da mãe dela, e sentiu que ninguém podia substituir a sua mãe verdadeira! Ela chorava soluçando sozinha a noite, mas não querendo que o pai dela ou a madrasta soubessem 169 Hipnoterapia
como ela se sentia, ela reprimia as lágrimas quando estava na presença deles. Os choros continuaram, e quando ela estava sozinha a noite, ela encontrava-se a chorar mesmo durante o sono. Então veio a época do ano da febre dos fenos veio e junto o primeiro ataque da doença. Na altura que vi a rapariga, foi em meados da época da febre dos fenos e o que chamo de “síndrome do choro” era aparente! Em minha opinião, cada caso de febre dos fenos representa uma síndrome do choro. Os olhos lacrimejam e ficam vermelhos como do choro; o nariz escorre, a garganta fica seca e irritada. Frequentemente, há um ofego para respirar. Todos esses sinais aparecem quando uma pessoa chora excessivamente. As hipnoanálises revelaram uma e outra vez que as vitimas de febre de feno e de muitas outras doenças respiratórias têm sofrido experiencias traumáticas que causam choros prolongados. Conscientemente, essas pessoas têm derrubado as lágrimas, mas no nível abaixo da atenção consciente as lágrimas persistem. O choro aparentemente afecta a mudança na sensibilidade aos alérgenos, e as reacções alérgicas desenvolvem em síndrome do choro da febre dos fenos. Eu acredito que, assim como é possível para um pessoa reprimir pensamentos desagradáveis, é possível reprimir as emoções que surgem daqueles pensamentos. As lágrimas são um dos mecanismos de alívio da natureza. Se os pensamentos trazem lágrimas e as lágrimas são reprimidas ─isto é, o mecanismo não é permitido a operar─ podem e muitas vezes resultam em doenças respiratórias. Se você tivesse visto este síndrome do choro em literalmente centenas de doenças emocionais, eu acredito que você concordaria comigo que o síndrome do choro é digno de mais estudo e pesquisa medica. Encontre a causa do síndrome em cada paciente e você provavelmente será capaz de ajudar muita gente que sofre de condições respiratórias. No entanto, há excepções. Uma vez um médico trouxe o filho dele para a aula, um rapaz com onze anos de idade que era vítima de asma e febre dos fenos. Ele tinha sido levado a Denver, onde estava a ser feito um trabalho notável com pacientes asmáticos. Sem sucesso lá, o pai levou o rapaz para um estado distante onde um especialista era reputado por fazer um trabalho excepcional com asmáticos. Novamente todo tratamento falhou. O rapaz continuava a ter sua condição asmática. Então o pai tornou-se um estudante de hipnose e uma noite ele sugeriu que nós poderíamos descobrir a causa da asma por meio da hipnoanálise. Eu concordei em tentar, mas estipulei que nenhum parente deveria estar presente na sala enquanto nós estávamos a trabalhar com o rapaz. Como expliquei para ele, nós achamos aconselhável, não estarem presentes os entes queridos quando a hipnoanálise é feita. Pacientes que estão emocionalmente envolvidos não vão falar livremente quando membros da família estão presentes por medo de dizerem alguma coisa embaraçosa para eles próprios ou perturbador para as pessoas que eles amam. O rapaz queria muito ser ajudado e respondeu lindamente á hipnose. Sob hipnoanalise. Sob hipnoanálise, ele disse que quando era um bebé, tudo o que tinha de fazer era chorar e a mãe dele logo vinha a correr. Com a chegada de uma irmã bebé, a atenção foi dividida; agora a mãe não respondia aos choros dele tão rápido como costumava ser. Uma vez ele chorou tão forte e tanto tempo que a respiração 170 Hipnoterapia
dele fez um “som engraçado”. O som não lhe perturbou em nada, disse ele, mas quando a mãe dele ouviu, ela veio a correr para ele assustada. “Ofegos” chamou ela, e quando ela contou ao marido dela, o médico, ele também ficou alarmado! Agora a criança podia ter toda a atenção sempre que queria simplesmente por chorar e ao fazer aqueles sons engraçados quando ele respirava. Ele conseguiu fazer que o pai dele e a mãe dessem mais atenção a ele, do que eles davam a sua irmã bebé. A hipnoanálise não produziu nenhum melhoramento imediato que pudesse ver. Antes da conclusão da sessão, o rapaz infirmou-nos de que tinha a certeza que os seus pais favoreciam a sua irmã. Ele queria o amor deles tão seriamente que mesmo a asma parecia um preço mínimo a pagar por isso. Quando os pais tomaram conhecimento da situação, ficaram chocados. Eles disseram-me que iriam fazer qualquer coisa dentro das suas posses para corrigir o problema irmão e irmã. Eu estou seguro que, gradualmente, conforme a rivalidade de irmãos for aliviada, o rapaz ultrapassará a sua asma. Em muitos casos, o paciente de repente começa a ter fortes reacções a todos os tipos de alérgenos, apesar de ele nunca ter sido importunado por eles antes. Testes á pele talvez mostrem que ele é sensível a tudo desde chocolate ao pólen a lã . A julgar por esses testes á pele, sou levado a acreditar que as alergias sempre estiveram presentes, e que apenas a reacção alérgica foi afectada. O paciente que de repente tem um ataque de febre dos fenos provavelmente tem sido alérgico ao pólen, toda a vida dele e a forte reacção foi precipitada por um problema emocional. Eu acredito que isso é verdade para qualquer número de alergias. Uma vez que as alergias têm estado sempre presentes e provavelmente sempre estarão, tudo o que poderá ser feito á luz do presente actual conhecimento é corrigir os efeitos delas. Que eu saiba, não foi encontrada nenhuma maneira de curar uma alergia; quando nós removemos a reacção, não causamos o desaparecimento da alérgeno-sensibilidade. Há alguns anos, eu tive nas minhas aulas um alergologista que era um excelente estudante. Ele viu-me a usar hipnoanálise num número de pacientes que sofriam de reacções alérgicas. Ele disse-me, “Sabe, Dave, é muita estranha a forma como me tornei num alergologista. Foi durante a escola médica, quando eu já estava comprometido para casamento, quando veio uma alergia que quase me matou. “Era o dia da formatura e a minha namorada e eu estávamos a celebrar o facto de estarmos comprometidos. A minha namorada e eu saímos juntos para uma celebração com um grupo de jovens graduados. Decidimos ter um jantar de marisco. Éramos um grupo perfeitamente feliz, a minha namorada eu próprio e estes outros rapazes e raparigas, todos estudantes médicos ─todos a terminar a faculdade, e a desfrutar de um jantar de marisco, maravilhoso. “Tinha lá amêijoas, ostras, lagostas, você sabe do que é composto uma jantar de mariscos. De repente fiquei tão doente. Todos os demais estavam perfeitamente bem, mas eu fiquei tão doente eu quase morri. Quando eu descobri que era alérgico á amêijoas e que tinham sido as amêijoas que me tinham feito ficar tão doente, eu decidi descobrir alguma coisa acerca das alergias. E então tornei-me alergologista. 171 Hipnoterapia
Eu disse-lhe, “Doutor, que gostaria de descobrir exactamente o quê que aconteceu naquela noite em que você teve comeu amêijoas.” Ele declarou, “foi tal e qual como eu lhe disse, Dave. Toda agente estava a ter um momento maravilhoso. Toda a gente comeu amêijoas. Todas as pessoas estavam a sentir-se maravilhosas, mas eu fiquei doente. É por causa da minha alergia às amêijoas.” Eu disse-lhe, “Não necessariamente. Você já tinha comido amêijoas durante a vida antes e elas não o fizeram ficar doente. Vamos fazer hipnoanálise para descobrir o quê que lhe provocou reagir dessa forma.” Regredi-o até a noite da formatura. Eu fiz-lhe reviver o episódio bocado a bocado. Pouco antes do jantar de marisco ter sido servido, ele e a namorada dele tinham tido uma discussão terrível. Ela devolveu-lhe o anel e disse que nunca iria casar com ele. Ele sentiu-se miserável infeliz. Depois o jantar de marisco foi servido, e ele descobriu que não tinha estômago para as amêijoas. E isso foi quando ocorreu a reacção a alérgica. A matéria de facto é que provavelmente este homem sempre tinha tido alergia as amêijoas, mas não era um vil veneno para ele até a perturbação emocional ter aparecido coincidentemente junto com o comer a ingestão das amêijoas. Há muitos anos eu vi uma reacção alérgica interessante. Eu conheci uma actriz que tinha uma marca recorrente na testa em forma de morango. Era tão vermelha como um morango real e parecia exactamente como um morango. Mas a marca apenas aparecia na testa dela durante a estação dos morangos. ”Todas as vezes que vejo um morango,” disse-me ela, “Tenho essa reacção. Não sei por que é que isso acontece”. O caso dela é uma reminiscência dos estigmas ─mais prevalecente na Europa do que aqui─ trazido pelos êxtases religiosos. Evidentemente tais marcas eram estimuladas por respostas emocionais. Um caso, um tanto similar foi trazido á minha atenção por um dermatologista que trouxe para a aula, um paciente afligido com urticárias severas. Na altura as urticarias não estavam presentes, e o dermatologista disse-me que o paciente apenas tinha sido perturbado por tais reacções da pele durante os dois últimos anos. As urticarias podiam desaparecer por uns tempos e depois voltavam. O médico acreditava que existia uma base emocional subjacente a desordem. Na hipnoanálise foi revelada esta história: O paciente tinha tido uma posição menor como mão-de-obra de uma fábrica. Ele era um trabalhador excepcional, e depois de um número de anos a manter o mesmo trabalho, o patrão de repente promoveu-lhe á encarregado. No início ele estava muito orgulhoso e os amigos dele estavam felizes por ele. Agora, no entanto, ele tinha que dar ordens aos colegas de trabalho que eram velhos amigos, e uma vez que o patrão esperava que ele fizesse um número específico de unidades por dia, ele tinha que exercer pressão neles. Ele estava infeliz por estar numa posição de autoridade de qual ele realmente não queria, ─todas as vezes que o patrão o espicaçou para pressionar os colegas, desenvolveu as urticarias. Para descobrir se a reacção era estritamente emocional, o dermatologista fingiu ser o patrão dele durante uma parte da hipnoanálise. Depois de ouvir o médico a 172 Hipnoterapia
dar ordens por dois ou três minutos, o paciente desenvolveu enormes urticarias nos braços, pernas e corpo. Essas urticarias eram maiores que moedas dólares de prata. Quando nós dissemos ao paciente que o patrão tinha saído, as urticarias desapareceram quase imediatamente. Nós temos trabalhado com muitas vítimas de urticárias, e os sintomas parecem sempre originários de uma base emocional. Enquanto as urticarias podem ou não podem ser consideradas uma alergia, elas mostram umas reacções emocionais similares á reacções alérgicas. Uma noite eu estava de visita em casa de amigos e estavam muitos convidados presentes. Quando passou um prato de doces ao redor. O homem sentado ao lado de mim olhou para os chocolates longamente e disse, ”As vezes, sinto um desejo tão feroz por chocolates que os como não importa o quê, e depois fico tão doente que penso que vou desmoronar. O meu nariz escorre, os meus olhos lacrimejam e o meu estômago perturbado. Mas eu não consigo resistir em comer a coisa.” Seguindo a teoria que tinha, pedi-lhe para resistir ao doce desta vez apenas o tempo suficiente para que eu dar-lhe algumas sugestões hipnóticas. Ele foi muito agradável; coloquei-o em profundo estado de hipnose, e dei-lhe a sugestão de que ele poderia comer chocolate sem sofrer qualquer efeito nocivo, prevenindo de ele nunca os ter comer num momento em que ele estivesse emocionalmente perturbado. Então ele comeu os chocolates, sem qualquer efeito nefasto. Os resultados foram excepcionais, pois ele tem sido capaz de comer chocolate desde então sem ter qualquer reacção que seja. Ele tem muito cuidado para não os comer na altura em que está emocionalmente perturbado. Claro, ele continua alérgico ao chocolate mas ele está a evitar o factor precipitante que fez com que ele reagisse á alergia. Alguns alergologistas reclamam que todas as alergias têm uma base emocional; outros insistem que apenas algumas têm. No entanto, pesquisas hipnoanalíticas conduzem-me á conclusão de que nenhuma alergia por si só é produzida emocionalmente, mas todas as reacções às alergias têm uma base emocional. Há uma grande diferença. Para clarificação, vamos voltar à síndrome do choro. Eu posso lembrar de uma enfermeira que veio á aula com um extenso exantema nas mãos dela. Os olhos dela estavam lacrimejantes e comichosos. A síndrome do choro era aparente. Parecia que ela nunca tinha mostrado alguma reacção á alérgenos de qualquer espécie, mas em Abril desse ano ela de repente desenvolveu um exantema nas mãos dela, ao mesmo tempo, o lacrimejo e os olhos comichosos. Ela tentou calçar luvas de borracha mas elas não ajudaram em nada; o exantema continuou a piorar. Finalmente ela foi ver um dermatologista, que fez vários testes e descobriu que a enfermeira era alérgica á antibióticos. Ele deu a ela um tratamento para alergia para dermatose por contacto, mas mesmo esse tratamento não lhe deu alívio da exantema ou da síndroma do choro. Então o médico trouxe-lhe para a aula. Questionei-a extensamente, a tentando determinar se ela alguma vez já tinha tido quaisquer reacções alérgicas anteriores ao mês de Abril. Ela não teve. Então perguntei-a como é que ela estava a ir com o hospital onde ela trabalhava e em casa. Á 173 Hipnoterapia
essas questões ela respondeu, “Tudo está bem, não tenho problemas. Sou feliz em casa e gosto do meu trabalho.” De seguida fiz essa afirmação, ”Uma moça engraçada como você deve ter muitos namorados.” Ela disse, ”Eu tive um” “O que aconteceu?” “Tivemos uma discussão e acabamos. Não o tenho visto desde então!” “Quando é que tiveram essa discussão?” Ela disse, ”Em Abril passado!” e esvaiu-se em lágrimas. A moça não se apercebeu de que o término infeliz do romance dela tinha alguma coisa a ver com as suas reacções alérgicas. O problema emocional tinha actuado como o mecanismo de um gatilho. Eu pedi ao médico para continuar a trabalhar com a paciente privadamente ao longo dessas linhas, e depressa ela mostrou notáveis melhoras. O reconhecimento e o tratamento de um problema emocional, contudo, não aliviam todos os sofredores das alergias, asma, etc. Julgue você mesmo se a emoção mostrou ou não ser o factor causativo no desenvolvimento do caso de asma que se segue. Primeiro a paciente começou a sofrer de asma quando ela estava com vinte-equatro anos de idade. A condição persistiu por sete anos, depois desapareceu completamente por um período de outros sete anos, apenas para voltar violentamente seis meses antes do médicos dela a trazer para a aula. Eu fiz á paciente muitas perguntas preliminares acerca da vida em família, o trabalho dela, o casamento dela, etc., e ela respondeu que tudo estava bem. Regredimo-la e depreendemos que durante todos os anos de formação ela não tinha experienciado nenhuma reacção alérgica nem asma. Ela casou quando tinha vinte-etrês anos de idade. Agora leia parte da hipnoanálise que se segue. Elman: Agora você está casa há alguns meses. Você está a trabalhar ou está em casa? Paciente: Estou a trabalhar. Elman: Você gosta do seu trabalho? Paciente: Sim, senhor. Elman: Quando eu estalar os meus dedos, será o primeiro dia em que já teve asma., e você já saberá o que é que está a acontecer… * Estalar de dedos+ o que está a acontecer hoje? Paciente: Estou a tossir, estou com resfriado. Elman: Como estão a ir as coisas em casa? Paciente: Bem! Elman: E como é que você está em relação ao seu marido? Paciente: Muito bem. Elman: Este será o primeiro dia em que já teve asma. Alguma coisa deve ter acontecido que motivou um resfriado comum a transformar-se em asma. Quando eu 174 Hipnoterapia
estalar os meus dedos, você saberá o quê que foi que emocionalmente a perturbou nesse dia… * Estalar de dedos+ O que é que foi? Paciente: Eu não sei. Elman: Agora, fique completamente relaxada. Quando eu levantar a sua mão e larga-la, você saberá exactamente o que era, e se você quer me contar você pode, e se você não quer me contar, você não tem que o fazer. Mas você saberá o que é…Agora, o que aconteceu neste dia? Você quer me dizer? ─Paciente tornou-se perturbado; começou a lagrimar, aparentemente experienciar a típica síndrome de choro─ Este é o primeiro dia em que teve asma. Está há cinco minutos antes de você ter o seu primeiro ataque de asma. O que tem acontecido? Paciente: apenas continuo a tossir e tossir e tossir. Elman: Com o quê que você está preocupada? Paciente: Não gosto da tosse. Elman: Você tem algumas ideias na sua mente de que isto pode ser alguma coisa seria? Paciente: Não senhor. Elman: Onde está o seu marido? Ele está em casa? Paciente: Ele está comigo. Elman: o quê que ele está a fazer acerca da sua tosse? Alguma coisa? Paciente: Não, senhor! Elman: Quanto tempo teve essa tosse? Paciente: Três semanas. Elman: E continua a tossir bastante. O que aconteceu nessas três semanas passadas? Paciente: Eu estava no hospital. Elman: Você esteve no hospital? Com o quê? Paciente: Pneumonia. Elman: Então, você teve pneumonia e esteve no hospital. Enquanto esteve no hospital você estava bastante doente, não é verdade? Paciente: Sim. Elman: Você assustou-se quando esteve no hospital? Paciente: Não. Elman: Você soube o tempo todo que iria ficar melhor? Paciente: Sim, senhor… ─Paciente soluça, aparenta estar a experienciar uma resposta emocional violenta─. O meu patrão disse que tinha tuberculose. Ele continuou a dizer isso, vezes e vezes. Elman: O seu patrão pensou que você tinha tuberculose. Agora estamos a chegar a causa do medo que estava subjacente a toda coisa, não estamos? Paciente: Sim, senhor. Elman: Agora nós estamos a começar a ver de onde é que a asma vem, não estamos? Porque bem lá no fundo, ele assustou-lhe bastante mal quando ele disse isso, não assustou? Paciente: Não pensei isso. 175 Hipnoterapia
Elman: Mas agora que você olha para trás, você consegue ver outra vez claramente. Deu conta que as palavras dele tiveram efeitos impressionantes em si, não tiveram? Paciente: Sim, senhor. Eu desisti do meu trabalho por causa disso. Elman: Agora vamos ao seu mais recente ataque, ver se esse ataque que ocorreu há seis meses tem algum dos mesmos elementos dentro…O quê que aconteceu há seis meses atrás? Paciente: Tal como a gripe ─tive uma infecção nas vias respiratória superiores, e depois voltou a asma. * * * Repare a similaridade dos eventos que procedem a ambos os ataques de asma, e repare também como as palavras do patrão dela lhe deram os medos mórbidos. Nesta altura da hipnoanálise, a paciente rejeitou qualquer trabalho mais, e quando nós tentamos encontrar a razão para a rejeição através de respostas ideomotoras, ela revelou que tinha obtido um insight enorme acerca do problema dela como resultado da hipnoanálise, mas que ela preferia não ir adiante nesta altura. O médico dela continuou o trabalho com ela, em privado. Embora a hipnoanálise seja muito fabulosamente interessante, as vezes tornase enfadonha e desencorajante. Durante uma aula, eu tinha trabalhado com um sofredor de asma, mas sem nenhum sucesso. Depois da aula eu estava a sair, e o médico dele persuadiu-me a trabalhar com este paciente outra vez. Nessa vez, para minha surpresa ele aceitou a hipnoanálise prontamente, e rapidamente foi para um profundo estado de sonambulismo. Isso é outra indicação que muitos pacientes não revelarão os seus problemas diante de um grupo de médicos. Anteriormente nessa noite, ele tinha rejeitado a hipnose quando a aula estava em curso. Ele era um homem nos seus quarenta ou cinquenta, e tinha sido uma vítima asmática desde a primeira infância, disse ele. Eu comecei a compor as sugestões para leva-lo de volta á primeira classe da escola, e seguindo por leva-lo às sucessivas classes, esperando que por aumentar a consciência nele, talvez eu pudesse ser capaz de descobrir a causa da asma dele. Ele foi capaz de identificar todas as crianças da primeira, segunda, terceira e quarta classes. E de cada vez que ele mencionava as crianças com quem tinha estudado nesses primeiros anos, ele mencionaria um rapaz chamado Joe. ”Eu gosto do Joe” disse ele. “Nós somos muito bons amigos.” Eu levei-o a uma semana antes do primeiro ataque asmático, e tudo estava bem. Ele era um rapaz completamente feliz. Três dias antes do ataque, tudo continua bem. Dois dia antes do ataque ele disse, ”Estávamos fora no quintal a jogar a bola. Eu e o Joe estávamos a discutir. Rapaz, eu estava chateado. Eu bati-lhe e atirei ele ao chão.” Isso fez você acabar a sua amizade com o Joe?” “Oh não. Éramos demasiado bons amigos para isso. Esperamos fizemos um pouco de tempo e eu pedi-lhe desculpas. Ele disse que eu não o tinha machucado de verdade.” 176 Hipnoterapia
Então levei-o ao dia do seu primeiro ataque asmático e perguntei-lhe para relatar o quê que estava a acontecer na sala de aula. Ele começou a mencionar os nomes dos rapazes na aula, e então ficou silencioso por um momento. Subitamente ele exclamou, “Onde é que está o Joe? O Joe não está aqui? “ Em seguida ele começou a soluçar violentamente. A ab-reacção era tão severa que eu decidi termina-la. Quando eu o trouxe para fora da hipnose, ele disse, Eu estava a falar acerca do Joe, não estava? Não pensei nele durante muitos anos. “Sim,” Disse eu. “Fale-nos sobre o Joe.” Ele disse, “O Joe morreu quando nós estávamos na quinta classe. Eu pensei que quando lhe bati eu causei isso. Eu consigo me lembrar agora de quantas vezes eu chorei por causa disso, mas eu nunca deixaria que alguém saber como eu me sentia. Afinal, os rapazes grandes não andam as voltas a chorar por pessoas que nem são membros das suas famílias.” A síndrome do choro estava claramente apontado, e aparentemente era a causa do primeiro ataque de asma! Este caso como muitos outros que eu tenho encontrado, provam que pode existir um complexo de culpa abaixo do nível de consciência. O paciente tinha vindo a carregar esse complexo de culpa mesmo desde a infância. Foi a causa da síndrome do choro e da causa precipitante da asma.
177 Hipnoterapia
Capítulo 20: Depressões Há um número de anos atrás, um psiquiatra pediu-me para o ajudar no trabalho com um paciente depressivo suicida. Nunca tendo trabalhado com tais pacientes, eu estava relutante. No entanto, o doutor explicou-me que tinha feito uns pequenos progressos e sentiu que com a minha ajuda ele poderia ao menos aprender como é que este tipo de pessoas pode ser manejado com as técnicas de hipnose. Esta era uma tarefa que não gosto, mas o doutor estava a procura de conhecimento tal como eu estava, e esta era uma oportunidade para aprender o que é que era um depressivo suicida do ponto de vista psiquiátrico. A paciente, uma mulher, próximo dos quarenta anos de idade, não era muito comunicativa. No início ela apenas repetia vezes e vezes,” Qual é a utilidade em viver? Eu quero morrer!” Ela aceitou a hipnose prontamente. Agora a ideia era descobrir o que causou ela sentir da maneira que ela sentia. Eu não consegui obter nenhumas respostas que parecessem ajudar. Ela era casada, amava o marido dela devotamente, amava os filhos dela. Não tinha havido tragédias recentes que pudessem tê-la deixado de coração partido. Após a primeira a primeira entrevista, eu estava pronto para desistir. O psiquiatra disse, ”Trabalhe com ela um pouco mais. Continuo a pensar que você pode ser capaz de chegar finalmente á causa.” E então eu tentei novamente. Desta vez ela deu-me alguma informação que o psiquiatra já me tinha dado, mas ela acrescentou, “Os suicídios parecem rondar a nossa família. A minha mãe cometeu suicídio e eu suponho que algum dia o farei ─e em breve─ ”. Eu fiquei a imaginar se o suicídio da mãe dela há muitos anos poderá ter alguma coisa a ver com o presente estado depressivo da filha, mas não consegui encontrar nenhuma ligação directa. A nossa falta de progresso era desencorajadora. Nesta altura chamamos um médico que estava a trabalhar para os seus quadros créditos em psiquiatria, e que queria prática em hipnose embora sendo ele um praticante já realizado. Eu tinha visto psiquiatras em trabalho, mas esta era uma oportunidade para ver um novato brilhante a colocar em uso prática os estudos que ele fez ao longo de muitos anos. Ele tinha estado na prática em clínica geral por algum tempo antes de começar a ganhar os seus créditos em psiquiatria, e tinha desenvolvido uma “maneira de abordagem” que eu nunca tinha visto igualada. Em cerca de cinco minutos ele tinha a paciente mais dócil do que ela tinha estado com o psiquiatra e eu depois de horas de trabalho. As palavras dele, conforme eu as lembro, foram alguma coisa como isso: ”esta senhora precisa de ajuda agora mesmo, ─mais tarde não─ e ela vai tê-la agora mesmo.” A paciente olhou para ele e pela primeira vez e vi um olhar de alívio a aparecer no rosto dela. Ela aceitou a hipnose dele ainda mais prontamente do que ela tinha aceitado de mim ou do psiquiatra. Era evidente que ela estava em profundo sonambulismo mais do que ela alguma vez esteve, e mais prontamente respondeu às perguntas dele. Quando eu lhe perguntei a idade, ela respondeu, “Quase quarenta.” 178 Hipnoterapia
Mas quando ele colocou a mesma questão, ela deu a data de nascimento e a sua idade exacta. Havia uma grande diferença na maneira como ela respondeu, eu penso que foi a “maneira de abordagem” que causou a cooperação tão plena e tão rápida. Então ele perguntou a ela acerca dos antecedentes da família dela. Ela revelouos sem hesitação. Quando ela mencionou o suicídio da mãe dela, ele disse, “Fale-me acerca da sua mãe. Que tipo de pessoa ela era?” Ela respondeu, “Assim como eu. Sempre deprimida. Quando eu era apenas uma menina houve uma inundação na nossa cidade que matou muita gente. Isso deprimiu-a terrivelmente. Um dia ela saiu de casa e quando o meu pai chegou a casa perguntou-me, ”Onde está a tua mãe?” Eu respondi, “Não sei. Talvez ela tenha descido para ver a inundação. O papá ficou completamente chateado. Eu consigo lembrar que ele quase gritou comigo. “Vem depressa. Temos que a encontrar.” Fomos a correr para baixo para as águas da inundação. Lá estava a mãe, a caminhar mais e mais para a inundação. Ela ter-se-ia afogado se o papá não tivesse mergulhado e salvo. “ Eu nunca tinha sido capaz de obter qualquer informação detalhada desta paciente. Nem o psiquiatra tinha. Mas este médico destapou a primeira pista importante numa questão de momentos minutos. Quando ele a interrogou mais, ela revelou que o pai dela tinha-a avisado acerca das tendências suicidas da sua mãe. Nesta altura, a paciente começou a reagir violentamente. O doutor observou-a atentamente. Chorosa, ela avançou, ”Todos os dias quando eu chegava a casa vinda da escola eu tinha que ir ver a mãe ─sempre a encontrava sentada numa cadeira, a olhar em frente, tipo atordoada.─ Um dia, cheguei a casa vinda da escola a mãe não estava sentada na cadeira como usualmente. Fui a procura dela por toda a casa e a chamar por ela, mas ela não respondia. Finalmente abri uma porta do armário… ─Aqui a paciente soluçou quase histericamente─ e lá estava ela ─pendurada no armário─ … Ela estava morta.” O médico e eu acalmamo-la e depois o médico gentilmente perguntou, “Por que é que você não disse isso ao seu psiquiatra? Por que é que não o disse ao senhor Elman?” “Não consegui, não consegui, foi muito terrível. Eu não queria relembrar isso” “Que idade tinha a sua mãe quando tudo isso aconteceu?” “Trinta e nove.” “Que idade você disse que tem?” “Eu farei trinta e nove na próxima terça-feira.” “Você não vê a ligação?” Continuando a soluçar, a paciente respondeu. ”Claro que eu vejo. Toda a minha vida. Desde que isso aconteceu. Tenho pensado que quando eu alcançar os trinta e nove farei o mesmo que a minha mãe fez, cometer suicídio. Mas eu não tenho de o fazer, tenho?” Depois disso, o tratamento foi bastante fácil. Cerca de um ano mais tarde, eu recebi um telefonema do marido da paciente. Ele queria agradecer-me: ela tinha passado os quarenta, agora feliz e bastante bem. Mas sem dúvida que o crédito inteiro 179 Hipnoterapia
deve ir para o médico cuja “maneira de abordagem” e habilidade hipnótica acabou com a depressão desta mulher. Numa das minhas turmas havia um bonito e jovem dentista que tinha uma prática fabulosa e uma linda esposa. Ele vinha para todas as aulas acompanhado pela sua esposa. Tornamo-nos bastante amigáveis. Conforme a aproximação da sessão de hipnoanálise, o jovem dentista veio até mim e disse, “A minha esposa deve ser um óptimo sujeito para a hipnoanálise. Ela tem violentas dores de cabeça ocasionalmente, do tipo enxaqueca, e quando ela tem esses ataques, eu não sei como a ajudar. Você acha que poderá descobrir a causa das enxaquecas?” O próprio médico dela estava lá e estava muito a favor em fazer a hipnoanálise. Ao fazer a hipnoanálise nesta linda jovem, ela não revelou nada, a hipnoanalise foi uma completa falha. O marido dela veio até mim e disse, ”Muito mal. Eu sei que você não consegue ser bem-sucedido com toda agente, mas eu queria que você pudesse têla ajudado, pobre moça. Ela precisa de ajuda tão forte.” Quando a aula terminou a minha mulher e eu estávamos a discutir acerca da sessão, eu disse, “Muito mal acerca da esposa do dentista. Certamente ela precisa de ajuda.” A minha esposa disse, ”Tenho uma algo incomum para te dizer. Quando acabaste de trabalhar com ela, ela gesticulou-me para vir para uma sala adjacente. Quando estávamos sozinhas ela disse, ” Era desnecessário fazer hipnoanálise em mim. Eu sei de onde vêm as enxaquecas. Estou terrivelmente preocupada acerca do meu marido. Ele fica tão terrivelmente deprimido e faz coisas tão erráticas. Ele não quer ver ir ao o médico. Eu amo-o tão carinhosamente. Por favor fale com o seu marido acerca disso e tente ajudar-nos.” Este era um caso incomum… Nós perguntávamo-nos qual dos dois estaria certo. Talvez eles estivessem ambos certos, cada um causando os problemas de outro. Eu estava a meio de uma palestra da turma subsequente quando o dentista perguntou se podia falar com a minha esposa em privado. Ela acompanhou-o até a sala adjacente. Quando eles estavam sozinhos, ele disse, “Eu lamento muito que o senhor Elman não tenha chegado a lado nenhum com a minha esposa naquela hipnoanálise. Ela precisa de muita ajuda. As enxaquecas dela, vão ficando piores o tempo todo. Eu odeio ver ela sofrer.” A minha esposa pegou no touro pelos chifres. Ela falou-lhe o que a mulher dele disse, que era ele quem precisava de ajuda por causa da depressão, as acções erráticas, etc. Ele sorriu encantadoramente e disse, “Senhora Elman, você deveria saber melhor do que isso. Depois de ter trabalhado com tantos médicos e visto tantos pacientes, você sabe como essa gente doente reclama que não há nada errado com eles. É sempre o outro companheiro. Claro que a minha esposa diz que sou eu quem precisa de tratamento. Mas acredite em mim, é ela quem está doente.” Estavam três psiquiatras na turma dele, e depois de receber este relatório, eu sugeri ao dentista e a esposa dele para que eles os dois procurassem ajuda 180 Hipnoterapia
psiquiátrica. Mais tarde ele veio até mim, e disse, ”Nós veremos iremos a um dos seus estudantes que é um psiquiatra. Talvez ele venha a chama-lo para ajudar com a hipnoanálise.” Esta foi a forma em que o assunto ficou quando as aulas terminaram e nós deixamos a cidade. Eu presumi que eles tinham ido a um psiquiatra. Até onde eu sei, eles nunca viram foram a um psiquiatra. A partir do que eu disse, você poderia imaginar que era a mulher que estava doente? Afinal de contas, ele era uma pessoa encantadora, de bem com a vida e tranquila, sempre pronto com um sorriso e uma piada. Ele sempre conseguia contar uma história divertida que mandaria levaria os outros doutores às gargalhadas. Aqui vai uma sombria reviravolta: Dois meses mais tarde, ele cometeu suicídio. Eu e um psiquiatra e eu tornamo-nos bons amigos e um dia eu encontrei-me com ele no escritório dele para um almoço. Antes de sairmos, ele apresentou-me a um dos seus pacientes, um homossexual com tendências suicidas. O psiquiatra há muito tempo que vinha a trabalhar com este jovem, mas como duvidava do valor psiquiátrico da hipnose ele não tinha usado utilizado nenhuma técnica hipnótica. Assim que o paciente foi embora, o psiquiatra começou a descrever os problemas dele para mim: Eu não tenho sido capaz de ajuda-lo. Ele tem sido um paciente não pagante há mais de sete anos, e todo esse tempo ele tem ameaçado suicídio. Ele continua a dizer que algum dia eu o encontrarei morto á porta de minha casa. “ “Você não está preocupado acerca isso? “Claro, mas pessoas que mantêm a ameaça de suicídio geralmente são pessoas que estão inconscientemente a procura de ajuda. Aquelas com quem você tem que se preocupar mais são os pacientes profundamente deprimidos que nunca mencionam o assunto suicídio.” “Mas deve haver excepções.” “Claro que há, e ele pode bem ser uma delas. Toda a vez que ele comete um acto homossexual, fica com tão grande sentimento de culpa que ele deseja estar morto. Você pensa que o pode ajudar com hipnose? Ainda nada fez efeito algum nas ameaças dele de suicídio, talvez eu seja um céptico mas estou disposto a tentar as sugestões hipnóticas.” Embora eu tivesse medo que a sugestão pudesse não ser boa, pelo menos não poderia fazer mal: e então foi marcada uma consulta. O paciente, a quem irei chamar Freddie, era um homem bem-parecido próximo dos seus trintas. Não havia nada afeminado acerca dele, apesar de ele ter vestido roupas ligeiramente garridas. Talvez a roupa tivesse sido apropriada para o palco ─ele era cantor─ mas não para vestir na rua. Ele disse, ”Eu, acho que o doutor lhe contou acerca do meu problema então nós não temos de perder tempo nenhum. Se o hipnotismo me vai ajudar, estou ansioso para tentar.” Apesar dessa afirmação, Freddie era um dos pacientes mais resistentes que alguma vez tinha encontrado. Nessa primeira sessão, praticamente tudo o que pude 181 Hipnoterapia
fazer foi conversar com ele; não consegui desenvolver um estado hipnótico usável. Eu consegui descobrir apenas que ele era um jovem muito talentoso, um esplendido cantor com um grande amor pela música, cuja carreira não progrediu mais do que um papel menor num show da Broadway; ele era um rapaz do coro para ser exacto! Quando ele se apercebeu que eu também era um amante de música, ele tornou-se bastante entusiástico. Ele não quis falar acerca dos problemas dele, porém ele estava mais do que disposto para falar sobre música. Nós gastamos a maior parte da hora a conversar acerca do nosso interesse mútuo. Finalmente, eu acenei ao psiquiatra que não havia necessidade de continuar presente, uma vez que o paciente estava a rejeitar completamente a hipnose. Depois de Freddie ter saído, eu disse ao psiquiatra que eu não conseguiria passar a rejeição dele, e que não havia mais nada que eu pudesse fazer para o ajudar. No entanto o doutor insistiu que eu deveria tentar outra vez, e foi marcada uma segunda consulta. Desta vez eu fui bastante firme com o paciente. Eu disse,”Freddie, se você quer realmente a minha ajuda, você terá que seguir as minhas instruções. Se desta vez você não quiser fazer isso, eu não trabalharei consigo novamente e não importa o que o doutor diga. Não consegui induzi-lo a aceitar a hipnose, mas quando eu me ofereci para lhe ensinar auto-sugestão, ele respondeu rapidamente, não se apercebendo que a autosugestão é uma forma de hipnose. Ele tornou-se avidamente interessado no assunto, e quando ele aprendeu que agora conseguia anestesiar a própria mão ou a perna, ele sentiu que estávamos a fazer progressos consideráveis. Eu disse-lhe para praticar autohipnose quinze vezes por dia até que ele a tivesse dominado completamente, e que se ele dominasse a auto-sugestão, eu estaria disposto a ajuda-lo um pouco mais. Ele concordou, e o psiquiatra ficou satisfeito. Na terceira consulta Freddie disse que estava muito satisfeito com os resultados que ele tinha obtido da auto-hipnose. Pela primeira vez em anos ele foi capaz de ter umas boas noites de sono sem ter que acordar de tempo em tempo outra vez. E os maus sonhos, que habitualmente o incomodavam, não voltaram mais. Então eu expus o facto de que a auto-sugestão, auto-hipnose e a própria hipnose eram uma só e a mesma coisa, e que se ele conseguia dar sugestões a ele mesmo com tanto sucesso, ele deveria ser capaz de receber sugestões que fossem para o seu bem, de qualquer um. Agora isso parecia razoável para ele, e quase imediatamente, eu tinha bypassado contornado a resistência dele. Até agora o assunto do suicídio nunca veio ao de cima. Agora era o tempo certo. Eu conduzi a conversação em volta das tendências suicidas dele. “Sim, algum dia eu o irei fazer, bem na porta do doutor.” Por quê na porta do doutor? Afinal de contas, ele tem estado a trabalhar consigo há muitos anos, nunca lhe cobrou pelos esforços dele, e você sabe o quanto ele tentou ajudar. Por quê fazer isso ao doutor?” “Porque eu continuo um homossexual. Por que é que não me atraem as raparigas do coro, ao invés dos rapazes?” 182 Hipnoterapia
“Você não o pode culpar disso. Você tem que tirar os seus próprios sentimentos de culpa de cima do homem que tem dado do tempo dele livremente, e tem tentado ajudar-lhe honestamente e ainda assim você se ressente dele. Por quê?” “Eu não sei. Eu gosto muito do doutor. Eu continuo a voltar á ele tentando obter ajuda, mas estou a ficar tremendamente desanimado e ressentido.” Eu vi o Freddie muitas vezes depois disso, sempre no consultório do doutor. Eu fui capaz fazer cessar os ressentimentos dele sobre o doutor e , e de fazer cessar todos os pensamentos de suicídio porém eu não sabia como corrigir a homossexualidade dele. Quanto o tive em sonambulismo profundo, eu expliquei que ele tinha de considerar a homossexualidade não como uma anormalidade, mas sim como uma doença emocional; que ele não devia pensar em si mesmo como estranho mas como uma pessoa que sem culpa própria, era vítima de doença. Eu disse a ele que estão muitos homens dedicados a tentar resolver o enigma da homossexualidade, e quando forem bem-sucedidos serão capazes de conseguir ajudar milhares de pessoas como o Freddie. Ele exclamou, “Você quer dizer que eu sou apenas uma cobaia humana?” “Freddie, você é muito mais que uma cobaia humana. Você é símbolo, um símbolo dos seus próprios médicos dedicados aos esforços para ajudar pessoas como você. Não se dá conta de que se eles finalmente forem bemsucedidos em corrigir a sua homossexualidade, você será o instrumento pelo qual as pessoas em todo mundo podem ser ajudadas?” As nossas conversações durante a hipnose foram muitas vezes assim. Ele poderia levantar as mesmas objecções e eu repetiria as mesmas garantias. Depois de muitas e longas sessões, eu parecia ter conseguido acalmar-lhe e ter mudado a atitude dele para com o doutor de ressentimento para afabilidade. Não poderia fazer mais nada, mas ao menos o psiquiatra agora tinha um paciente amenizado para trabalhar. Esta simples técnica talvez não resultasse em muitos pacientes, mas isso certamente resultou no caso do Freddie. Ele começou a considerar-se como um herói valente, tentando ajudar as pessoas que foram igualmente afligidas. Um número de anos mais tarde, ele apareceria num outro show da Broadway e mandou bilhetes para mim e para a minha esposa. Nós assistimos ao espectáculo e vimos estivemos com Freddie entre as apresentações. Eu perguntei se ele ainda pensa em suicídio nos dias de hoje . Ele respondeu, ”Deus do céu, não! Eu, não tenho pensamentos de suicídio há anos, não desde que você me ajudou.” Em quase todas as cidades em que nós ensinamos, os médicos dizem-me coisas como estas a mim: “ Os seus estudantes alegam que com técnicas hipnóticas eles têm sido capazes de salvar vidas e restaurar a normalidade em pessoas profundamente deprimidas, pacientes que têm vontade de morrer. Eles fazem afirmações que são difíceis de acreditar. Não estarão eles a falar acerca de casos que são fáceis de lidar tratar? Eles têm sucesso com casos realmente difíceis?” 183 Hipnoterapia
E eu respondia-lhes tão honestamente como podia: ”Quem deve contar? Se uma pessoa profundamente deprimida está restabelecida á normalidade, que melhor prova há? Alguns dos médicos estão provavelmente muito entusiasmados; e alguns deles não estão. Alguns dizem que eles não têm sido bem-sucedidos em tudo. Eu não penso que todos os sucessos tenham sido casos fáceis e é importante ressalvar que houve falhanços assim como sucessos.” Para cada falha houve muitos sucessos, mas se você suspeita de que os médicos não estão a falar acerca de depressões sérias, pense nisso: Há um número de anos atrás, um médico em Jersey City telefonou-me falando acerca de um paciente que estava no seu consultório. “Tenho estado a trabalhar com ele,” o médico explicou, “A tentar conseguir leva-lo por cima do seu desânimo, e finalmente disse-lhe que iria chama-lo para ver se você poderia vir ajudar-me. Pode faze-lo? “Agora mesmo?” “Espere um minuto, irei perguntar se ele pode esperar aqui até que você chegue.” Eu pude ouvi-lo a falar com o paciente dele um momento ou dois, e então o doutor perguntou-me se eu poderia fazer marcar a consulta as para quatro horas de Quinta-feira. “Bem”, disse eu, “Se ele está muito profundamente deprimido, não deveria esperar tanto tempo. Estamos na Terça-feira e isso significa que ele vai ficar sem ajuda por dois dias inteiros. Nós deveríamos trabalhar com ele hoje.” No entanto, o paciente insistiu que poderia aguentar até Quinta-feira, e que ele não queria esperar por mim e mais ainda tinha de conduzir ─Eu vivia há cerca de meia hora de distancia, de condução─. Isso pareceu uma atitude estranha para um paciente que estava supostamente a precisar de ajuda urgente. Fiquei intrigado, mas eu concordei em ir na Quinta-feira e marquei a consulta com o doutor. Na quarta-feira, o médico telefonou-me outra vez. As suas primeiras palavras foram, “Cancele essa consulta para quinta-feira. O meu paciente matou-se” Felizmente, muitas pessoas profundamente deprimidas agarram-se á ajuda quando lhes é oferecida. E se as técnicas hipnóticas podem ajudar algumas dessas pessoas, é um dever dos médicos empregar essas técnicas. A hipnose tem impedido o suicídio em muitos, muitos casos. Seria possível citar mais histórias de casos de depressivos ajudados pela hipnose, mas em psiquiatria o falhanço é sempre mais fácil de provar do que o sucesso. De um paciente que não pensa mais em suicídio, é natural perguntar, ”Poderia ter voltado ao normal sem o uso de técnicas de hipnose?” Talvez. “E como é que você pode provar nesses “assim chamados” casos de sucesso que eles eram depressivos suicidas?” O paciente teria que ter cometido suicídio para provar que o diagnóstico estava correcto. E, claro, o suicídio ocorre apenas em casos de insucesso No entanto, aqui está um exemplo de como uma depressão profunda causou doença onde, até onde sei, não havia pensamento de suicídio. O doutor explicou que a paciente tinha sido diagnosticada por vários médicos como uma epiléptica. Ainda que 184 Hipnoterapia
as leituras encefalogramas não mostrassem nenhum sinal de epilepsia. Esta paciente, uma solteirona nos seus quarentas, estava sujeita a ataques frequentes grand mal e estava profundamente deprimida. Ela foi trazida para a aula. Eu notei que ela parecia muito fraca. Ela estava pálida e emaciada, não de má aparência, mas de aparência doentia. O médico avisou-me que ela talvez tivesse um ataque grand mal a meio da hipnoanálise, e eu estava contente que ele estava lá para cuidar dela. A hipnoanálise rapidamente revelou que as convulsões foram trazidas por um complexo de culpa. Eu suspeitei que fosse um problema sexual. E portanto terminei a hipnoanálise e instruí o médico que este tipo de caso não poderia ser tratado na sala de aula defronte a um grupo de pessoas ainda que todos sejam médicos e enfermeiros. O médico concordou, e disse que ele poderia continuar a trabalhar com ela em privado. Duas semanas mais tarde o médico reportou os seus achados: Quando ele a colocou na hipnoanálise ele rapidamente confirmou as minhas suspeitas. Era um problema sexual. Ela revelou de si mesma como uma virgem profundamente religiosa, com grande ansiedade sexual. Essa ansiedade obrigava-a a procurar por alívio sexual. O único alívio que ela conseguiu encontrar foi na masturbação. Mas depois de masturbar, ela sofreu um complexo de culpa tão intenso que desenvolveu ataques grand mal diagnosticados como de natureza epiléptica. Um ou dois anos mais tarde, o médico reportou que ela estava de excelente saúde e já não estava profundamente deprimida. Não me foi revelado como ele manejou a situação, mas as causas foram determinadas por técnicas hipnóticas, de modo a que o tratamento efectivo pudesse ser iniciado.
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Capítulo 21: Revisão, prática e aplicação da hipnoanálise Ao estudar a hipnosanálise, existe uma tentação a ser evitada por todos os médicos cujas especialidades não se enquadram no campo da psiquiatria. O seguinte aviso deve ser lembrado o tempo todo: Deixe o trabalho de psiquiatria para os psiquiatras. O seu conhecimento de hipnoanálise será de valor para si não importa a que campo da medicina você pertença. O dentista será capaz de fazer melhor o seu trabalho do seu campo por causa do conhecimento de hipnoanálise, o médico será um melhor médico, e o psiquiatra será um melhor psiquiatra. Na mente de algumas pessoas a menção da hipnoanálise trás a ideia de psicanálise, e elas consideram uma, o corolário de outra. Na verdade, há uma diferença tão grande entre elas que nenhuma delas poderia substituir a outra. Elas têm usos inteiramente diferentes. A psicanálise em muitos casos dá uma explicação completa de um padrão de comportamento complicado. A hipnoanálise em muitos casos revelará a causa de uma reacção peculiar de um paciente a um dado conjunto de circunstâncias. É a diferença entre um grande platô e um ponto. A psicanálise lida com o material da mente inconsciente que, através de técnicas especiais demoradas, é trazido ao consciente do paciente para que ele lide com isso. A hipnoanálise lida com a atenção abaixo do nível de consciência que o terapeuta deverá ajudar o paciente vê-la conscientemente. É frequentemente um método rápido de terapia. “O material inconsciente” não é para ser considerado um sinónimo para “Atenção abaixo do nível de consciência.” Uma psicanálise completa leva tempo, anos em alguns casos; a hipnoanálise leva horas. Uma psicanálise completa por meio da hipnoanálise sozinha poderá ser um procedimento extremamente difícil. É duvidoso se a hipnoanalise emprestar-se-ia a tais propósitos. Para ilustrar a diferença entre psicanálise e hipnoanálise, vamos pegar neste exemplo: Um rapaz jovem na escola levanta-se para recitar um poema. Ele tinha praticado mil vezes e sabe e conhece exactamente cada palavra. De repente a mente dele fica em branco; ele não consegue lembrar das linhas. Ele senta-se confuso. Através da psicanálise, você poderia descobrir por quê que o rapaz esqueceu; com a hipnoanálise provavelmente você não obteria uma resposta tão completa. Você apenas descobriria o porquê de ele se esquecer apenas naquela ocasião em particular. O padrão de esquecer seria revelado com o uso da primeira terapia; o porquê naquela ocasião em particular seria rapidamente revelado com a segunda. Vamos considerar uma aplicação prática: Um homem vem ao consultório do dentista e diz, “Quero que retire todos os meus dentes.” O dentista examina o paciente e descobre os dentes em excelentes condições. Até onde o dentista é capaz de entender, não existe patologia que requeira a remoção dos dentes do homem. Aqui está mais um padrão de comportamento inusual e complicado. Certamente o caso não é para o dentista. O psiquiatra é o homem certo para lidar com isso. E ele 186 Hipnoterapia
provavelmente não vai usar a hipnoanálise ou, se ele o fizer, formará apenas um aspecto da terapia. Mas suponha que outro homem venha ao consultório do dentista para um tratamento dental e que foi descoberto que ele tinha um “reflexo gag” alarmante. O “reflexo de gag” é considerado pela maioria dos dentistas como sendo bem dentro da norma do comportamento humano. Não é um padrão de comportamento humano complicado, mas é um peculiar. O dentista normalmente não enviará tal homem a um psiquiatra. O paciente dele está somente a mostrar uma reacção peculiar a um conjunto de circunstâncias particulares. Tal caso rende-se á hipnoanálise em cinco ou dez minutos. Render-se-á a psicanálise também, mas num período consideravelmente longo. A hipnoanálise faz torna o paciente acessível ao procedimento dentário rapidamente, se no entanto é decidido sobre a psicanálise, o dentista será incapaz de trabalhar no paciente imediatamente, a as condições da boca do paciente podem deteriorar-se consideravelmente em meses ou anos antes de a psicanálise estar concluída. Para mostrar que isto é mais do que apenas hipotético, aqui está uma história de um caso. Um médico trouxe para a aula, um homem com um quase vicioso “reflexo gag”. Tinha sido tentado com ele hipnose normal e sugestões hipnóticas, mas ele continuava “gag” e vomitou. O paciente foi colocado em estado de transe de hipnose, e a hipnoanálise começou. Em cinco minutos ele relatou como é que em 1936 ele tinha sido vítima de monóxido de carbono num incidente no qual ele quase tinha perdido a vida. Os médicos. Os médicos em atendimento nessa altura inseriram um longo tubo de borracha na boca do paciente, e procederam a lavagem do estômago. Isto é talvez uma subdeclaração para dizer que a experiencia fora desagradável. Sempre, desde essa altura, quando qualquer médico se aproximava com um objecto estranho para ser inserido dentro da sua boca, o paciente, em um nível abaixo da atenção consciente, revivia o incidente do monóxido de carbono, e começou os “reflexos de gag” e vomitava. Quando isto foi trazido a atenção consciente do paciente, ele foi capaz de lidar com a situação instantaneamente; subsequentemente foi feito um extensivo trabalho dental neste homem e ele nunca mais teve “refluxo gag” uma única vez. Neste caso, a psicanálise não era particularmente indicada. Não havia necessidade disso. Este não era um padrão de comportamento complicado precisando de anos pela solução; isto foi uma reacção, á um particular conjunto de circunstâncias, e, portanto a hipnoanálise era indicada. Problemas médicos simples frequentemente chamam por hipnoanálise. Um homem chama um médico e conta-lhe uma história de enxaquecas datando-as de uns tempos atrás quando o paciente era apenas um menino. Ele conta de como ele foi de um médico para o outro, ninguém foi capaz de lhe dar alívio. Ele é colocado sob observação num hospital, dado fazem-lhe todas as espécies de testes médicos. Não há patologias, mas as dores de cabeça persistem. O novo médico tenta a hipnoanálise. E em vinte, ele fica a saber que as dores de cabeça começaram quando o paciente estava na quarta classe da escola. Ele trá-lo numa ab-reacção do incidente que ocorreu pouco antes da primeira dor de cabeça. Ele fica a saber que a professora deu fez ao jovem menino um exame nesse dia para o qual ele não estava preparado. 187 Hipnoterapia
Ele chumbou no exame miseravelmente. A professora disse-lhe que ela ia ligar para a casa dele depois das aulas e ia ter uma conversa com a mãe dele. O rapaz entrou em pânico. Ele correu todo o caminho até a casa para tentar antecipar-se á professora. Talvez se ele estivesse doente quando a professora chegasse, ele teria uma explicação razoável por chumbar no exame. E tanto ele desejou que ficou doente, desejara com tanta força e fingiu com tanta força que se tornou doente de verdade. O truque funcionou, em outra ocasião ele tentou de novo, e funcionou a segunda vez também. Estava criado um hábito padrão. Agora de cada vez que um problema emocional viesse, a dor de cabeça vinha com isso. Isso, incidentalmente um caso real; depois que o doutor trouxe o verdadeiro estado das coisas para á atenção da mente consciente do paciente, e deu-lhe um insight uma luz a recuperação das enxaquecas foi imediata. A causa tinha sido explicada e eliminada. Substituiu o sintoma antigo por outro? De modo algum, pois o paciente não queria estar doente. Ele queria ficar bem e enfrentar os problemas emocionais dele directamente, Passaram-se anos desde de que a hipnoanálise foi efectuada mas o paciente não teve recidiva das enxaquecas, e hoje está de excelente saúde física e emocional. Vamos presumir por momentos, porém que a hipnoanálise resultou em sucesso apenas parcialmente, e que mais tarde as enxaquecas retornaram ou que o paciente mostrou outros sintomas que poderão ter sido causados por conflitos emocionais profundos. O médico saberia então que o paciente requeria mais do que o que pode ser alcançado com a hipnoanálise, e recomendaria á um psiquiatra para terapia, talvez até psicanálise. Foi aqui feita menção de um problema neurótico comum em odontologia e de um problema neurótico comum em medicina. Essas instâncias são isoladas? Há poucos homens tidos em maior reputação do que o Doutor Karl Menninger, cuja Topeka Clinic é justamente famosa. O doutor Menninger fez esta afirmação:” Cinquenta por cento ou mais das pessoas que vão aos médicos para serem curadas de doenças, sofrem de neuroses” Muitas dessas pessoas podem ser ajudadas pela hipnoanálise. Você não vai ajudar todos os doentes neuróticos, mas se meramente, você poder ajudar alguns deles, o estudo da hipnoanálise valeu o seu tempo e esforço. Vamos examinar em mais detalhe as técnicas recomendadas ao hipnoanálisar os pacientes. Primeiro, assegure-se de que todas as patologias orgânicas foram descartadas. Isto é de vital importância. A seguir seja extremamente cuidadoso em não despertar hostilidade ou resistência cometendo a asneiras na sua abordagem ao estado de transe. Não diga, “Sente-se senhor Jones, nós vamos tentar a hipnoanálise consigo.” Em vez disso, use a abordagem que você já aprendeu, usando o termo relaxamento como base do seu procedimento. Diga ao paciente que talvez se ele se sentar ou deitar e relaxar um pouco ele será capaz de descrever a sua condição muito mais facilmente. Mostre-lhe as vantagens do relaxamento. Nós havíamos falado antes, acerca do método de pontilhar. Deve ser revisto aqui, e uma definição está em ordem, ponto-a-ponto: o ponto de partida de uma neurose. Toda a condição neurótica teve de se começar algures. Esse ponto de partida tem sido referido como pin-point ponto-aponto. Com a técnica pin-point ponto-a-ponto, você está a tentar localizar o conjunto 188 Hipnoterapia
particular de circunstâncias que actuaram como factores precipitantes da neurose. Você pode lembrar-se da observação de Freud que “Amnésias…de acordo com os nossos estudos mais recentes assenta na base da formação de todos os sintomas neuróticos.” Amnésias-inabilidade para certos elementos de experiencias passadasnecessita do procedimento pin-point ponto-a-ponto. Não existe efeito sem uma causa. Com o método pin-point ponto-a-ponto você está a tentar descobrir o princípio ou a causa inicial. Aqui estão os tipos de problemas dos pacientes nos quais se usa o pinpoint ponto-a-ponto: Onde a dor persiste mesmo depois de a anestesia ter sido administrada. Para enxaquecas ou qualquer outro sintoma neurótico causador de dores ou estados dolorosos psicossomáticos 1. Na redução de fobias. 2. Para balbuciamento, gagueira, distracção mental, etc. 3. Para tiques, nevralgia do trigémeo. 4. Em quase todos os casos onde estejam envolvidos apenas um problema ou sintoma específicos. (NOTA: O método pin-point ponto-a-ponto não é usualmente indicado em casos onde exista um conglomerado de sintomas.) Agora para o verdadeiro procedimento. O primeiro passo é induzir o estado de transe, tal como faria normalmente. Ocasionalmente é sensato começar com hipnose em vigília, induzindo ao estado de transe quando tiver sido alcançado rapport suficiente, mas isto é algo que a experiencia o ensinará a ajuizar numa base individual. O próximo passo é provar ao paciente conclusivamente que no estado de relaxamento a atenção dele fica extremamente ampliada, que ele consegue lembrar coisas que ele pensava estarem esquecidas. Essas coisas não estão esquecidas ─elas estão somente armazenadas na memoria dele─ e se ele está suficientemente relaxado, os primeiros eventos da vida dele podem ser revividos com a mesma vivacidade e na mesma sequencia que que elas originalmente ocorreram. Talvez um dos métodos melhor sucedidos em provar ao paciente de que ele consegue reviver essas experiencia é traze-lo de volta aos dias de infância. Deixe-o assistir as aulas outra vez, ou uma das primeiras festas de aniversário, ou uma celebração do natal da infância dele. Quando ele começar a reviver o evento tão vivamente como se estivesse a acontecer agora, o rapport aumentará consideravelmente e você pode prosseguir com a hipnoanálise. Quando você tiver certeza que o seu paciente consegue reviver ou lembrar de alguma memória específica que você deseja que ele tenha, diga-lhe agora que ele pode lembrar-se de coisas acerca da sua condição actual, que o levará a entender como é que a doença dele começou. Diga-lhe que toda a doença tem um início, e que tudo que você quer fazer é encontrar esse início num esforço para aprender o que a causou. Leve-o de volta á escola outra vez, talvez para a primeira classe. Peça-lhe para olhar em volta. Pergunte-lhe se alguma vez teve algum sintoma semelhante aos do presente enquanto frequenta a primeira classe. Alguma vez teve o tipo de dores de cabeça ou ou estados dolorosos que tem enquanto adulto. 189 Hipnoterapia
Se a resposta dele é sim, diga-lhe que você gostaria de comparar a condição que teve então com a condição que ele tem hoje. Diga-lhe que alguma coisa que você possa produzir neste estado de relaxamento pode ser removida no estado de relaxamento. Tudo que você quer fazer, é comparar os sintomas da infância com os sintomas de adulto que ele manifesta hoje. Ocasionalmente um paciente objectará em reviver, experiencias dolorosas anteriores. Reassegure a ele que isso é com o propósito de precisar o diagnóstico e que você removerá a dor instantaneamente. Frequentemente, este asseguramento atinge o objectivo e garante a cooperação apropriada. Nesses casos em que quantidade nenhuma de garantias atinja este fim, passe a frente por um momento e volte a isso mais tarde de tal maneira que o paciente não se aperceba de quais sugestões suas está a seguir. É importante que a comparação entre os sintomas da infância e aquelas da idade adulta. Uma dor de cabeça pode ser causada por muitas coisas, e nem todas são emocionais. Se você está a procura da causa emocional da dor de cabeça, tem que ser feita uma comparação para ter certeza que o facto emocional foi o factor causativo em primeiro lugar e formou um padrão de hábito que tem persistido durante anos. Por exemplo, uma dor de cabeça numa criança pode ter sido causada por tensão ocular e subsequentemente corrigida por óculos. Obviamente, não será isto que você estava a procura, e você teria de continuar a pesquisar. Há muita diferença entre uma condição patológica que cause dores de cabeça e uma condição emocional que cause dores de cabeça. Talvez um paciente que sofra de dores de cabeça violentas, e esteja em agonia no início da hipnoanálise. E você não foi capaz de sugerir que ele fosse. Agora o seu alvo é comparar a presente dor de cabeça com aquela que ele teve na infância. Como é que você faz isso se ele fica distraído pela dor enquanto você fala com ele? Diga-lhe que por um momento apenas você vai ter que ter ele a imaginar que a dor e as enxaquecas estão a voar para fora do corpo dele –“como se estivesse a ganhar asas num tapete mágico. “Diga-lhe como ele poderia sentir-se bem se isso acontecesse na realidade. Explique que isso pode acontecer, se ele pensar como você indicou. Diga-lhe que você vai contar até dez, e a cada contagem que você fizer a dor de cabeça tornarse-á leve e cada vez mais leve. Conte de uma a dez e conte até ao fim. Não pare. Haja como se fosse a coisa mais natural do mundo que este fenómeno ocorra; sugira pela sua maneira confiante que isso sempre acontece, que nunca falha. Agora, antes que o paciente tenha a chance de dizer, ”Eu continuo a ter as dores de cabeça” coloque na sua sugestão: “Repare como se sente bem. Essa dor de cabeça sumiu completamente. ”Na maioria das vezes o paciente aceitará estas sugestões uma vez que é uma das muito bem-vindas, e você terá alcançado o primeiro sucesso parcial. Quando a dor de cabeça some ou o paciente se sente muito melhor, diga-lhe que gostaria de o ter a imaginar que está de volta á escola outra vez, num desses dias quando esteve doente. Pergunte-lhe, “Você está na escola?” Quando ele disser sim, continue com, ”Em que hora do dia é, de manhã cedo, ou a tarde?” “De manhã”…”Suponho eu que você se sente bastante bem? O paciente pode responder, 190 Hipnoterapia
“É de manhã na escola— pouco antes de eu ficar doente. Já começo a sentir-me doente.” Para ilustrar especificamente a técnica, aqui está um caso hipotético, baseado em um real e escolhido pela sua clareza e remoção clara dos sintomas uma vez que a causa foi entendida. A maioria dos casos não são tão simples e não são tão facilmente resolvidos; por causa da sua simplicidade este presta-se ao ensino da técnica terapêutica. Aqui está a reconstrução de uma conversa entre um médico e o seu paciente: Medico: O que tem acontecido na escola para o fazer doente? Paciente: Eu não sei. Médico: O que está a fazer o seu professor? Paciente: ─Pode não responder nada─ Médico: O que você está a fazer? Paciente: ─Diz o que está a fazer na escola─ Médico: Você diz que está a começar a sentir-se doente na escola. O que você teve para o pequeno-almoço esta manhã? Paciente: O de sempre! Médico: Vou leva-lo de volta a altura em que você se levantou nessa manhã e depois leva-lo pelo dia para ver exactamente o que foi que o fez ficar doente. Você adormeceu na cama e é naquela manhã em que você se sentiu doente na escola. Você acorda sozinho ou é alguém que o acorda? Paciente: ─Respostas─ Médico: Agora está a vestir-se para a escola. Está alguém a ajuda-lo? Paciente: Sim. Mãe. Médico: E como se sente enquanto ela o ajuda? Paciente: ─Respostas─ Médico: Muito bem, agora você está vestido. Qual é a próxima coisa que faz? Paciente: ─Respostas─ Médico: Muito bem, você está sentado para tomar o pequeno-almoço. Em que sala você está? Paciente: ─Respostas─ Médico: Você está a comer na cozinha. Está alguém a comer consigo? Paciente: ─Respostas─ Médico: O que está você a comer esta manhã ao pequeno-almoço? Paciente: ─Respostas─ (NOTA: A partir das respostas do paciente, normalmente você consegue ajuizar se ele na verdade está em ab-reacção ou somente a relembrar. Se ele aparenta estar a fazer o ultimo, é necessário que o médico estimule mais a memória dele) Médico: Eu não o quero a lembrar-se. Quero que você esteja lá. Sentado no pequeno-almoço, de manhã cedo. Quando eu estalar os meus dedos ─ O médico pode usar este ou outro qualquer mecanismo como gatilho─ …Quando eu estalar os meus dedos, você estará sentado ao pequeno-almoço e será nesse início de dia e você vai 191 Hipnoterapia
viver tudo--tal como você o fez nessa manhã… *estalar dedos+ Agora— você é um rapazinho e está sentado lá. O que está a comer ao pequeno-almoço? (NOTA: Nesta altura o paciente normalmente será capaz de reviver todo o pequeno-almoço e o balanço dos eventos do dia. Tal revivência é conhecida como abreacção, como distinção das lembranças. Quando o paciente está a meio caminho na sua refeição, o médico continua a questionar!) Médico: Até esta altura a sua mãe, ou qualquer outra pessoa, terá dito alguma coisa que de alguma forma o perturbou nessa manhã? Paciente: ─Respostas─ (NOTA: Isto é assumindo claro, que o médico será guiado por cada resposta que obtém. Neste caso, a resposta do paciente mostrou que nada de perturbador fora dito por nenhum dos membros da família até esta altura) Médico: Agora já tomou o pequeno-almoço e está a preparar-se para sair para a escola. Que roupa está você a vestir? Paciente: Está frio lá fora. Tenho que vestir o meu casaco. Médico: Muito bem, o seu casaco está vestido. Você já esta a sair para a porta. Está tudo bem? Paciente: Sim. A minha mãe está a beijar-me a e dizer para eu ter cuidado. Eu agora sou suficientemente grande para caminhar até a escola sozinho. Médico: Você está feliz? Paciente: Sim— eu estou a sentir-me bem também. Excepto que estou meio assustado. Médico: Assustado? Assustado acerca do quê? Paciente: Aquele cão enorme que vive na próxima rua. Ele não gosta de mim. Ele sempre ladra para mim. E eu tenho que passar pela casa onde ele está. Mas a mãe disse-me para não me preocupar, ele está sempre dentro do recinto do alpendre e trancado. Médico: Então provavelmente está seguro. Agora você está a atravessar a rua. Paciente: Oh— estou a ficar horrivelmente assustado. O cão não está acorrentado esta manhã. Ele está no passeio e eu tenho que passar por ele. Eu não quero faze-lo. Eu vou atravessar neste lado da rua. Ooh! Ele está a ver-me. Ele começou a ladrar para mim. É melhor correr. Ele vai apanhar-me! Ele vai morder-me! (NOTA: Neste ponto no caso actual, o paciente quase entrou em pânico. O médico teve que acalmar o pacientem, que começou a gritar, ”Mãe! Mãe! Ajuda-me — ajuda-me, oh, por favor senhor, ajude-me — este cão está atrás de mim.” O paciente finalmente calmou e continuou a soluçar.) Paciente: Pode levar-me á escola senhor? Por favor! E não conte á minha mãe. Oh, obrigado, obrigado! Médico: ─Traz a ab-reacção ao fim e agora substitui por recordações… O cão mordeu-lhe? Paciente: Não, não verdadeiramente. Mas eu pensava que iria faze-lo. O homem salvou-me. Ele era um homem muito bom. Ele levou-me até a escola e não aconteceu nada. Ele nem disse nada á minha mãe. 192 Hipnoterapia
Médico: ─Trazendo o paciente de volta á ab-reacção─ agora você está na escola. Você continua assustado? Paciente: Não. Agora eu estou bem. Apenas um pouco nervoso. Médico: O quê que o faz deixa nervoso? Paciente: Eu tenho que ir a casa almoçar e talvez veja aquele cão — e tenho que voltar para a escola. E tenho outra vez que voltar á casa esta tarde. Isso são mais três viagens hoje — e eu — eu— estou a ficar terrivelmente doente. Tenho uma dor horrível na minha cabeça. A minha cabeça doi. Tenho uma enxaqueca. Caramba é a primeira vez na minha vida, a minha cabeça nunca dói dessa maneira! (NOTA: Neste caso o médico foi capaz de depreender que a enxaqueca que começou na escola nesse dia foi o precursor de todas as dores de cabeça subsequentes. Ele foi capaz de comparar a primeira dor de cabeça com as posteriores, e de depreender que o episódio do cão precipitou um hábito padrão. Ao menor susto de qualquer espécie, o paciente— no nível abaixo da atenção consciente— reviveria o incidente assustador, e a dor de cabeça ocorreria. É interessante notar como o médico lidou com a situação enquanto o paciente se encontrava no estado de transe) Médico: Bem, Joe, você pode ver o quanto é boa a sua mente quando você consegue lembrar de uma coisa como essa e na verdade viver isso! Consegue ver agora o quê que trouxe essa primeira dor de cabeça? Paciente: Você quer dizer que foi o cão a perseguir-me que fez isso? Médico: Sim, mas não foi assim tão simples. Lembra-se de quando estava na escola preocupado acerca de ter que ir a casa para almoçar, e voltar do almoço, e depois ir para a casa á tarde novamente? Paciente: Sim. Caramba, eu estava assustado acerca disso. Médico: Bem, você era um rapazinho a tentar escapar-se de uma situação má, tendo que passar por aquele cão talvez mais três vezes num dia. E você não conseguiu encontrar fuga possível— e a natureza apareceu com um mecanismo de defesa. Se você ficasse doente não teria de passar por aquele cão novamente. Não seria necessário. E assim você não teve mais a ver com isso. A natureza fê-lo por si. A natureza mostrou-lhe que estando doente você não teria de fugir do cão. E foi assim que a primeira dor de cabeça aconteceu. Paciente: Sim, eu acho isso também, muito bem. Mas e acerca de todas outras minhas dores de cabeça? Eu não tinha que sempre pela casa onde estava o cão, e continuei a ter as minhas dores de cabeça. E acerca delas? Médico: Bem, a natureza configura defesas peculiares. Quando voce descobriu que poderia escapar de um desagrado ficando doente, foi criado um hábito padrão. Daí em diante, quando alguma coisa desagradável surgia a dor de cabeça vinha com ela. Vamos ver se isso está certo. Quando eu estalar os meus dedos você lembrar-se-á da segunda dor de cabeça que você teve— onde você estava, como isso ocorreu— e todas as coisas acerca disso. Agora ouça o estalar dos meus dados… *estalar de dedos+ Agora, onde é que você está nesta segunda vez? 193 Hipnoterapia
Paciente: A jogar basebol com os miúdos. Harry veio para o “bat” zona de batida e é a minha vez de bater. Médico: Então porque é que você não subiu? Paciente: Ele diz que é a vez de ele bater e ele está errado. É a minha vez. Medico: Porque é que você não diz isso a ele? Paciente: Se eu o fizer, iremos lutar outra vez e ele é maior do que eu. Mas é a minha vez. Não é correcto tirar a minha vez. Estou a começar a sentir-me doente. Estou a ter dor de cabeça. Médico: vou estalar os meus dedos e a dor de cabeça desaparecerá…* estalar de dedos] Como isso, Joe, vê como é que um habito padrão funciona? Você está assustado esta segunda vez, não há como você imaginar isso, e então a natureza dálhe uma dor de cabeça e você evita uma situação inteiramente desagradável. Paciente: Parece que é mesmo assim, não é? Mas o que posso eu fazer acerca disso. Médico: Bem você agora é um homem, e você não tem nada daqueles dias para ficar assustado, tem? Paciente: Não, penso que não! Medico: Bem, tudo o que você tem a fazer é decidir que, quando uma crise emocional estiver para aparecer, você vai enfrenta-la directamente. Enfrente-a, e provavelmente descobrirá que daqui para frente você não terá que fugir para as dores de cabeça. Pensa que consegue faze-lo? Paciente: Posso tentar! Médico: Isso não será o suficiente. Você terá que conseguir. Agora, eu vou testa-lo e você verá se consegue levar uma crise emocional em frente! Aqui está o que eu vou fazer. Eu vou criar uma situação emocional e ver se você consegue lidar com ela! Está disposto? Paciente: Se você pensa que trará algum beneficio. Medico: Vamos descobrir. Porque se você conseguir enfrentar este medo, você consegue enfrentar qualquer um deles. Você é um pequeno rapaz na primeira classe da escola. Que idade tem Joe? Paciente: Seis. Médico: Você conhece algum miúdo chamado Harry? Paciente: Sim, e eu não gosto dele. Ele é maior do que eu! Médico: Bem, ele está a falar para ti. Ele tem uma malha no ombro dele e está a desafia-lo atira-la ao chão. Ele diz que lhe irá bater se você a tirar. Você pode fazer uma de duas coisas— ter dor de cabeça ou levar uma surra. O que você prefere fazer? Paciente: Eu prefiro apanhar uma surra. Eu vou derrubar aquela malha do ombro dele. Médico: Assim é que é. Derrube-a! Paciente: ─Move-se como se derrubasse a malha do ombro─ Médico: E você vê, que nada aconteceu! Você não apanhou dor de cabeça, e ele não lhe bateu! São dessa maneira a maioria dos problemas! Estritamente imaginários! Se você os enfrenta, eles não aparecem. Nada acontece. Se você se 194 Hipnoterapia
lembrar desta lição será capaz de enfrentar qualquer problema que surja. Vê o que quero dizer? Paciente: Supor que eu consegui bater o meu bloco? Médico: Um momento Joe! Eu não estou a pedir-lhe para ficar no caminho do problema. Se você colocar a sua mão numa serra circular habilita-se a perde-la. A ideia é que, a maioria dos problemas são mínimos. Você pode enfrenta-los sem preocuparse com eles de todo! Ora hoje quando veio pela primeira vez ao meu consultório, você tinha uma horrível dor de cabeça, não tinha? Paciente: Sim— horrível! Médico: Vamos descobrir o que causou isso! Alguma coisa na sua mente relativa a sua casa ou negócios que o aborreceram? Paciente: Você pode chamar isso. Há um par de compradores que vêm de St.Louis amanhã, um deles espera que eu o leve a sair mostrando-lhe a cidade. Tenho o bebé doente em casa e não quero sair com ele. Médico: E então você ficou com uma dor de cabeça a pensar acerca dele. Paciente: Sim. Parece não haver saída nenhuma. Médico: Mas existe. Já ocorreu a si que você pode falar ao paciente acerca da sua criança doente e pedir-lhe para ser dispensado desta vez? Paciente: Ele é um comprador importante. Talvez nós percamos o negocio dele. Médico: Bem, quanto negócio pensa você que vai conseguir dele se de qualquer forma você está demasiado doente para sair com ele? Não é melhor enfrenta-lo e dizer a verdade, e ser um homem sem dor de cabeça do que estar doente e sofrer da maneira que você estava quando veio ao este consultório? Paciente: Sim. Penso que você está certo. Da maneira que as coisas estavam a ir eu ficaria demasiado doente para ir ao escritório amanha de qualquer forma. Médico: Como é que você se sente agora? Paciente: Maravilhoso. Estou a começar a entender o porquê de eu ter essas dores de cabeça, penso que a partir de agora posso evitar que elas aconteçam. Médico: Isso é o que eu queria ouvir você dizer. Contanto que você enfrente os seus problemas emocionais de frente, você será um homem sem uma dor cabeça. Agora, quando eu estalar os meus dedos, você vai abrir os seus e olhos e vai sentir-se melhor do que se sentiu durante semanas— meses— anos. Quando sentir uma maravilhosa sensação desde a cabeça aos dedos dos pés como a que está a sentir agora, isso significa que você está preparado para sair desse estado como se fosse um sonho. Escute o estalido… *estalar de dedos+ Como se sente? Paciente: Maravilhoso. Como se tivesse dormido e acabado de acordar, mas eu não dormi porque pude ouvir todas as palavras. Médico: Bem, se você está bem acordado e alerta como diz, deverá se capaz de me dizer tudo acerca das suas dores de cabeça e do que as causava. Você consegue? (NOTA: Neste ponto, o médico reviu com o paciente todo o material que foi revelado pela hipnoanálise. Por traze-lo á atenção consciente do paciente, ele fortificou duplamente o paciente contra a recorrência das enxaquecas. Apesar de 195 Hipnoterapia
esta hipnoanálise ter ocorrido há muitos anos, o paciente nunca mais teve um evento com o seu problema de dor de cabeça.) * * * Conforme declarado no início, nem todos os casos são tão simples assim, e eles nem sempre se prestam tão prontamente a este tipo de abordagem terapêutica. Vamos analisar o que é que aconteceu: Ao usar o método ponto-a-ponto de hipnoanálise, o médico permitiu ao paciente a guiar-se de volta a causa inicial desta condição. Tendo retornado á infância e tendo visto por si mesmo o quê que principiou o habito padrão, o paciente ficou em posição de escolher entre duas alternativas— ele poderia enfrentar os seus problemas emocionais e não adoecer, ou poderia procurar escapar deles para a doença. O neurótico médio quando confrontado com essas duas escolhas escolherá a mais sábia, um retorno a saúde normal. É uma conclusão lógica que uma condição neurótica que manifeste apenas um sintoma específico, este sintoma é o resultado de um padrão de hábito criado por um problema emocional que o neurótico não tem sido capaz de enfrentar. No entanto conscientemente, ele tem esquecida a situação emocional que inicialmente disparou o sistema. Repetindo a observação de Freud, “Amnésias… de acordo com os nossos estudos mais recentes assentam na base da formação de todos os sintomas neuróticos.” Médico após médico vê casos em que ele não consegue encontrar sinais de patologia e ainda assim persiste a doença. No entanto existem excepções, e há sempre a questão do quê que é patológico e do quê que não é. Num capítulo anterior, eu descrevi um paciente asmático que tinha sido trazida para a aula, e numa ab-reacção dramática revelou que a causa da sua doença era a crença de que nos anos da sua escola primária havia causado a morte de um amigo por lhe ter atirado ao chão. Este caso foi-me descrito como asmático, e a síndrome do choro estava aparente. Ainda assim, no acompanhamento do caso para verificação de todos os factos, eu recebi uma carta em qual se revelava que este homem também estaria a sofrer de muitas outras doenças, incluindo uma úlcera péptica. Na altura da hipnoanálise eu não soube da existência dessa condição. No entanto você notará a partir da seguinte carta que todos os sintomas dele ─independentemente de terem ou não sido parcialmente patológicos─ foram diminuídos com resultado da hipnoanálise e do bom trabalho que o doutor fez no seguimento do caso. Eis o que o médico diz na carta dele: “Caso de Henry L., cerca de 35-40 anos de idade com úlcera péptica crónica de muitos anos. Embora esta seja a sua presente queixa, ele também tem um historial de várias queixas psiconeuróticas de um tipo ou de outro. Ele tinha ido a vários médicos e tinha sido paciente no Illinois Research Hospital, que está ligado com o University of Illinois Medical School. Sob hipnose você levou-o, de volta ao infantário e pelas classes escolares, perguntando por alguma coisa diferente. Na sexta classe quando você perguntou-lhe sobre mudança ele falou com voz constrangida, “Joe não está cá. Onde está ele?” No prosseguimento dessa linha, parece que durante esse verão ele teve uma luta com o Joe e fez-lhe sangue no nariz. Não muito depois Joe ficou doente e morreu, de causa 196 Hipnoterapia
não completamente conhecida, mas provavelmente uma infecção, provavelmente meningite. Com a sua habitual técnica de trazer isso para a atenção consciente dele e com sugestão sob hipnose e no estado de vigília…ele melhorou consideravelmente, particularmente no que respeita à síndrome da úlcera. Os restos dos sintomas neuróticos dele também melhoraram, embora permaneçam alguns sintomas leves.” Em todos os outros casos que eu mencionei, até agora que eu saiba, não havia patologias presentes, ainda que essas pessoas estivessem indubitavelmente doentes e precisavam de ajuda. Em minha opinião, quando uma pessoa diz que está doente, ela está doente! Não interessa se a sua doença surge de causas patológicas ou de stresses e tensões sob o qual nós vivemos. Há apenas duas coisas no mundo que podem originar uma pessoa a ficar doente, tanto quanto eu sou capaz de aprender. Uma é evidenciada pela patologia e é usualmente revelável por testes médicos. Mas quando os testes voltam negativos, apesar das dores, medos, recalcamentos, ansiedades, etc., o paciente sofredor ainda tem o direito a ajuda, e a hipnoanálise é um dispositivo que habilita o médico a traçar a causa da condição neste segundo tipo de caso. A razão por que é importante delinear a causa é que se você não sabe qual é, tudo o que consegue fazer é tratar os sintomas. O médico está em melhor posição quando sabe qual é a causa da doença. Então muitas vezes ele pode corrigir a condição. Isso não quer dizer que eu apregoo as técnicas hipnóticas para serem panaceias. Eu não penso que a hipnose é a ultima palavra em medicina, mas eu penso que é uma ferramenta importante. As vezes, a sua plena importância é obscurecida pelas condições de ensino, e apenas vem á luz em uso— clinico – privado. Este é o nosso problema em apresentar a hipnoanálise perante um grupo de pessoas. Muitas vezes o paciente fica relutante em exibir os seus problemas em público. Por exemplo a mulher de um médico que certamente não fazia ideia do quê lhe causava a dor de cabeça ou, eu tenho a certeza que ela não se teria voluntariado para se submeter á hipnoanálise durante a as aulas. E se o marido dela tivesse sabido o quê havia causado as dores de cabeça, ele não a deixaria estar diante de uma turma! Uma vez que ele não sabia, ele disse, “Trabalhe com ela de todas as maneiras. Ela tem enxaquecas terríveis. Seria maravilhoso se você a pudesse ajudar.” Com bastante facilidade retirei algum material pertinente através da hipnoanálise, mas as respostas ideomotoras dela indicaram que havia mais. Então, quando eu vi que eu não iria ser capaz de obter a história completa, usei a hipnose ligada ao sono, e falei com a mente inconsciente dela. Mesmo assim, no entanto, ele manteve-se reticente em público! Finalmente, eu perguntei-lhe se ela poderia segredar-me mais informação e ele disse que poderia. Ela revelou que estava profundamente perturbada. As palavras delas exactas dela foram, “Sou tão infeliz em casa, eu tenho estado a pensar em suicídio, e certamente não quero falar acerca disso agora.” Este caso obviamente teria que ser acompanhado pelo médico pessoal em privado! Eu conversei com o marido dela acerca disso antes de eles saírem da aula. Aparentemente não tinha consciência desta situação, ele ficou profundamente chocado. Ele disse que iria fazer imediatamente alguma coisa acerca disso. 197 Hipnoterapia
Para melhor ilustrar a técnica e o uso da hipnoanálise─ e especialmente da abreacção─ eu gostaria de falar-lhe acerca de um interessante problema psiquiátrico, de uma vitima que foi trazida para a aula. O médico explicou que o paciente sofria de violentos acessos temperamentais e que ele também era uma vítima de amnésia. Ele tinha sido abatido num avião sobre a França antes da Invasão da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial, e não conseguia lembrar-se de nada do que acontecera depois de ter saltado para fora do avião. Ele sabia que alguns membros da tripulação haviam sido mortos ou capturados, e outros tinham voltado para trás atravessando o canal em segurança, ajudados pela rede clandestina secreta francesa. Mas ele não tinha a menor ideia do que tinha acontecido a ele, entre o tempo em que foi abatido e o tempo em que se encontrou de volta á Inglaterra. O psiquiatra sentiu que provavelmente havia alguma ligação entre este episódio amnésico e o temperamento colérico. Poderia a hipnose revelar a verdadeira situação? É interessante notar o quanto a memoria dele era boa até ao momento em que ele saltou para fora do avião, então vamos começar com a parte da entrevista que procedeu á hipnoanálise: Elman: Dê-nos uma ideia do quê que aconteceu até onde se lembra? Paciente: Você quer dizer do que ocorreu nesse dia em particular? Elman: Sim. Você estava na Força Aérea nessa altura? Paciente: Sim, apresentamo-nos para o briefing aproximadamente ás três horas e trinta da madrugada. E até essa altura eu tinha estado a voar como um membro da tripulação— navegador, anteriormente atirador— por cerca de quatro anos. Em nenhum desse quatro anos eu havia entregado os meus pertences pessoais para o serviço de Inteligência, o que sempre era dito para fazermos, mas eu nunca tinha feito— como a maioria de nós. Mas nessa manhã em particular quando foi levantada a cortina e o alvo foi apontado—o coronel apontou para o alvo e disse,” O alvo para hoje é Estugarda.” Eu tive um calafrio. Eu sabia que era isso. Depois do briefing eu entreguei todos os meus pertences pessoais para o serviço de Inteligência. De facto fui tão longe ao ponto de pagar de volta uma nota de uma libra, que eu tinha pedido emprestado de amigo. Elman: E isso é, ir longe de mais! Paciente: E isso foi ir longe de mais. E esta é a honesta verdade de Deus! Eu entreguei a ele, e ele disse,” Espera até voltares da missão.” E eu falei ”Não, é melhor te dar agora.” Ele disse, “Por quê?” E eu falei “Porque nós não voltaremos.” Ele disse “Estás louco” eu falei, “Bem, pegue-a para mim e guarde-a para mim então não faz nenhuma diferença.” Bem, nós éramos o que foi denominado como, a tripulação líder exemplo para o grupo. Na Força Aérea Americana nós bombardeáramos em numerosos— bombardeamentos diurnos— pois nesta altura eles usavam o que eles chamavam aviões Pathfinder. Eles foram os primeiros aviões com radar. Os aviões Pathfinder eram aqueles que encontravam o alvo e largavam as primeiras bombas, e claro, que os outros aviões largavam as suas bombas em uníssono e era assim. Em caso de avaria na aeronave Pathfinder, ou se o Pathfinder fosse abatido ou tivesse problemas, a aeronave líder tinha que assumir. E aconteceu que esta era uma longa 198 Hipnoterapia
missão. Nós fomos o primeiro avião a decolar do nosso grupo. E isto, claro, era importante mais tarde porque nós usávamos mais combustível do que qualquer outra aeronave… Nós sempre tínhamos um alvo primário, um alvo secundário, e um terceiro alvo á escolha. Quando nos aproximamos do primeiro objectivo, e pudemos ver o nosso alvo, a aeronave Pathfinder chamou pelo rádio dizendo que o mecanismo de radar estava avariado. Então o numero dois, que também era uma aeronave Pathfinder, assumiu, e eles também reportaram imediatamente que não conseguiam atingir o alvo a vista… Nós eramos a primeira aeronave com uma bomba de lançar a vista, aconteceu que o nosso bombardeiro não tinha a electricidade ligada, que deveria aquecer a bomba de lançar a vista e uma bomba fria não poderia funcionar apropriadamente. No entanto era minha responsabilidade de ver que ela tinha aquecido…Assim sendo, voamos directos sobre o alvo e as bombas não foram largadas. Nós fomos então para o alvo secundário que estava coberto de nuvens, e nós não o podíamos ver. Então nós fomos para o nosso terceiro alvo e largamos as bombas. Elman: Nessa altura, estas tinham sido aquecidas, certo? Paciente: Certo. No caminho de volta e por causa de termos voado tanto tempo, nós estávamos praticamente sem oxigénio, e estávamos com pouco combustível, também. Por causa de estarmos com pouco oxigénio nós tivemos que perder altitude e nessa altura a barreira antiaérea ficou pesada e densa de atiradores. No caminho de volta, agora connosco a sermos a aeronave líder, quando eu perguntei onde estávamos e o quão longe nós estávamos da costa— a partir da costa— eu estava completamente perdido, provavelmente por toda a excitação. Pediram-me para dar uma nova rota e o tempo de chegada e eu estava fora há cerca de vinte minutos. Parte disso fora devido, claro, ao facto de que tínhamos perdido um motor, e depois perdemos um segundo motor. Então, e dei a ordem para rumar para sul ao invés de tentarmos faze-lo voltando por Inglaterra. Eu senti que nós não o conseguiríamos fazer voltando por Inglaterra. Nós não tínhamos gasolina suficiente. Nós teríamos que amarar no canal e nos B24s isso seria uma morte absolutamente garantida. Em vez de amarar no canal, decidimos rumar para sul. Nós tínhamos um minuto de gasolina quando saltamos para fora…E eu não me lembro o quê que aconteceu depois disso. Elman: E quando é que se apercebeu desse temperamento colérico? Paciente: Quando voltamos para os Estados Unidos. Eu gastei, penso eu que foram cinco meses em Washington para aquilo que eles chamam a sua cura de repouso. E foi durante este tempo e principalmente depois disso que eu teria este temperamento colérico…Eu tenho estado tão cansado disso, que em uma ocasião em casa, em vez de bater a minha esposa eu atravessei o meu punho por uma parede— através de uma parede de estuque. Elman: O nosso trabalho agora é descobrir o quê que causou o temperamento colérico e ver se o conseguimos erradicar ao trazer a acusa para a sua mente consciente, porque a causa está a espreitar ali em baixo no inconsciente, inquestionavelmente…Tudo o que eu quero que você faça é seguir certas instruções, e se seguir essas instruções, nós seremos capazes de passar por isso bastante bem. 199 Hipnoterapia
Paciente: Posso fazer uma pergunta? Elman: Com certeza Paciente: Usualmente com este tipo de análise, o paciente é ajudado em muitos casos? Elman: Em muitos casos ele é ajudado, sim. Ele nunca é prejudicado, e ele é ajudado em muitos, muitos casos. Com as nossas técnicas rápidas, eu consigo ter tempo para ouvir a sua história e saber que em um minuto a partir de agora nós podemos tê-lo no estado em que é possivel relembrar estas coisas, prevenindo para que não haja nenhum obstáculo no seu caminho— obstáculos tais como você não seguir ordens, não fazendo o que eu peço. Você descobrirá que isso provavelmente o ajudará com os temperamentos coléricos. Isso não o pode prejudicar piorar. Não vai traze-los de volta, mas deixá-lo-á ver, talvez, o que os causou, e se você for capaz de entender a causa e lidar com isso, você ficará capaz de se controlar. (Nota: Neste ponto, o paciente foi colocado em estado sonambúlico. Na transcrição a seguir repare a violência desta ab-reacção durante a hipnoanálise, e especialmente como a ab-reação terminou) Elman: Ora, esta é a sensação pacífica que você costumava saber— essa sensação boa de relaxamento é o que você costumava ter em grande quantidade. E mesmo hoje, antes de você adormecer a noite, aqueles poucos segundos antes de adormecer verdadeiramente, é essa a sensação que você tem— onde a mente está relaxada e o corpo está relaxado e depois vem o sono…Quando uma pessoa está relaxada desse modo, a mente fica mais atenta do que fica em qualquer outra hora. E é nesse estado, quando você está relaxado fisicamente e mentalmente, que você pode reviver qualquer episódio do seu tempo de vida que seja significante para o seu padrão de comportamento. Por exemplo, nesta altura eu posso leva-lo de volta e deixa-lo ver exactamente pelo você passou nessa missão sobre Estugarda, leva-lo de volta ao tempo quando em que você era uma criança e deixar ver-se a si mesmo como uma criança, e deixar-lhe ver as cenas que você viu. Só para lhe mostrar quão bem a sua mente realmente trabalha, e o quanto você está tão bem relaxado, eu vou deixar-lhe ver a si próprio como um pequeno rapaz. Eu vou contar até três, estalar os meus dedos, e nessa altura, você ver-se-á de volta a sua primeira classe da escola, e você verá tão claramente como se você tivesse voltado a esse preciso minuto. Ou seja, como se estivesse nela agora. Agora, apenas se mantenha tão relaxado como está e não tente lembrar-se, porque ninguém se pode lembrar assim. Apenas diga para si mesmo. ”Não seria bom ser capaz de me ver de volta á escola quanto eu estava na primeira classe.” Você gostou da escola não gostou? Paciente: Sim. Elman: Eu quero mostrar-lhe como você faz realmente para lembrar das coisas, e que qualquer perda de memória que você tenha tido é um mecanismo de defesa da natureza. Eu quero afastar esse mecanismo de defesa e deixar-lhe ver a si próprio como uma criancinha. Deixar-lhe ver o quanto a sua memória é realmente boa. Eu vou contar até três e leva-lo de volta ao primeiro ano na escola. Você verá o 200 Hipnoterapia
professor, você verá as carteiras, você verá as mesas, você verá o quadro preto, você verá as fotografias na parede, você verá as janelas, e se você caminhar até a janela na verdade você poderá ver os mesmos lugares que você viu quando você era um pequeno menino na primeira classe. Então, apenas permaneça relaxado como você está e nós o teremos de volta á primeira classe. Onde você esteve, um…dois…três. Ai está você na primeira classe… ─estalar de dedos─ Dê uma olhada ao professor… Você gosta deste professor? Paciente: Sim. Elman: E diga-me, em que parte da sala você está sentado? Paciente: Mais ou menos ao meio. Elman: Fila do meio e cadeira do meio? Paciente: Terceira a partir da frente. Elman: Agora, mentalmente, eu quero que você se levante e dê a volta e olhe para trás da sala, em diagonal para a criança mais afastada de si, e diga-me quem é. Menino ou menina? Paciente: Menino. Elman: Agora ele vai levantar-se conforme você se levanta mentalmente, e você vai ver quem é ele. E quando eu estalar os meus dedos você saberá o nome dele… [estalar dos dedos] Como é que ele se chama? Paciente: George. Elman: Isso é bom. Então sabemos que a memória está perfeita, não sabemos? Agora vou voltar a si enquanto você está sentado na carteira ou a mesa ou o que quer que seja haja nessa sala. Onde é que você está sentado? Paciente: Nós temos secretarias. Elman: Eu vou chegar junto da sua secretaria e vou ficar ao seu lado e vou dizer, ”Você sabe o que é um temperamento colérico? Alguma vez você fez uma birra? Paciente: Não. Elman: Muito bem então. Vamos até a quinta classe e você verá a quinta classe ainda mais claramente do que você viu na primeira classe. Você verá a professora, você verá as cadeiras, as mesas, você verá tudo. Mas eu quero que você repare como as crianças cresceram desde de que você esteve na primeira classe. Agora, veja…um…dois…três… *estalar dedos+ aí está você na quinta classe. Você gosta da escola? Paciente: Sim. Elman: E você é bastante feliz na quinta classe? Paciente: Sim. Elman: Você gosta da sua professora? Paciente: Sim. Elman: E acerca das crianças. Você dá-se bem com elas? Paciente: Com a maioria delas. Elman: Você luta com algumas delas? Paciente: Sim. Elman: São lutas duras e desagradáveis? 201 Hipnoterapia
Paciente: Sim. Elman: Quais são as causas das maiorias das lutas? Paciente: Lutas de bairros. Elman: Você poderia chamar a essas lutas de lutas normais da infância? Paciente: Sim. Elman: Esta quinta classe foi bastante vivida, não foi? Paciente: Sim. Elman: Você foi para o colégio ou para a oitava classe? Paciente: Colégio por um ano. Elman: Isso seria a oitava classe? Paciente: Sétima classe, e depois nós nos mudamos. Elman: Vamos vê-lo na oitava classe, depois de se mudar. Você viu o quanto é boa é a sua memoria, que você sabe que se mudou de você ter visto essas crianças na escola; de você ter visto os professores; você tem visto tudo. Agora vamos até a oitava classe e deixa-lhe ver que a sua memória era tão boa na oitava classe— até melhor. Um… dois…três… * estalar de dedos+ Aí está você na oitava classe no bairro novo. Quanto você gosta desta escola? Paciente: Bem. Elman: Você gosta das crianças? Paciente: Sim. Elman: Você tem tido lutas de bairro? Paciente: Sim. Elman: Então, estamos na oitava classe e as coisas correm bastante bem. Como estão as coisas em casa? A mãe está bem? Paciente: Sim. Elman: O pai está bem? Paciente: Sim. Elman: Eu quero perguntar-lhe uma coisa. Você está na oitava classe. Você começa a estar bastante crescido agora, começa a ser um jovem rapaz. Você sabe o que é temperamento colérico numa criança, não sabe? Paciente: Tenho-os visto. Elman: Alguma vez você os teve? Paciente: Não. Elman: Então sabemos que não havia nada nos seus primeiros anos da sua vida que pudesse ser a causa de você ter os temperamentos colérico. Deve ter sido alguma coisa mais tarde. Então, vamos ter você no exame de graduação do colégio. Eu vou contar até três e estalar os meus dedos, e você estará no exame de graduação do colégio. Um… dois… três * estalar de dedos+ Dia de exame de graduação e você verá os exercícios de graduação. Repare o quanto é bom ver os exercícios de graduação outra vez. Você gosta dos exercícios de graduação? Feliz por estar aqui hoje? Paciente: Meio triste. Elman: Qual é o problema? Triste por deixar o colégio? O pai e a mãe na audiência? 202 Hipnoterapia
Paciente: Sim. Elman: Eles estão orgulhosos de você? Você é o rapaz mais velho? Paciente: Não. Elman: As outras crianças fizeram o colégio também, não fizeram? Eles estaõ na audiência? Paciente: O meu irmão está. Elman: Isso mostra que a sua memória está normal, e que pode voltar a sua infância ou qualquer parte da sua vida e ver estas coisas que são importantes para o seu comportamento padrão, e certamente os dias de escola foram importantes para si…Agora, é depois da faculdade. Você já começou a faculdade? Paciente: Sim. Elman. Em que ano é? Paciente: 1939. Elman. O que é que você está a estudar? Paciente: Pecuária de lacticínios. Elman: Agora, vamos ter você em 1940. Já se formou? Paciente: Sim. Paciente: Sim. Elman: Estando formado pelo colégio. Você tem todas as suas competências agora e se você não quiser continuar, está qualificado para sair e fazer vida em pecuária de lacticínios, não é correcto? Paciente: Ainda não. Elman: Porquê? Paciente: Eu mudei de curso. Elman: E você mudou para o quê? Paciente: Horticultura. Elman: Você gosta mais disso? Paciente: Sim. Elman: Você é graduado e formado nisso, é correcto? Paciente: Sim Elman: Então você está equipado com uma educação formação académica? Correcto? Paciente: Sim. Elman: Vamos leva-lo até ao tempo em que obteve o seu diploma. Um… dois… três… * estalar de dedos+ e aí está você, bem ali olhando os exercícios tão vivamente. Diga-me, está feliz por estar nos exames? Paciente: Sim. Elman: Quais são os seus planos? Paciente: Eu tenho um trabalho. Elman: E você planeia continuar nesse trabalho, é isso? Paciente: Sim. Elman: está na linha do que você quer— a coisa pelo quê tem estado a estudar? Você está bastante satisfeito com isso… As coisas vão bem na escola… Você está para 203 Hipnoterapia
obter o diploma. Muito bem, enquanto está a obter o diploma, eu quero fazer-lhe uma pergunta. Alguma vez teve algum comportamento colérico? Paciente: Eu penso que alguns, — tive alguns. Elman: Bem então, isso não foi de todo resultado da guerra. Mas foi alguma coisa que aconteceu e que fez com que um rapaz que nunca tinha tido comportamentos coléricos até ter acabado o colégio, os tivesse na faculdade. Vamos leva-lo de volta ao primeiro ano no colégio… Você está quase a acabar o seu primeiro ano do colégio. Está a estudar pecuária de lacticínios nesta altura. Você está feliz com os seus estudos? Paciente: Eu não sinto que a escola me esteja a dar o suficiente. Elman: Você que mais educação do que aquela que está a obter, correcto? Diga-me, enquanto termina este primeiro ano no colégio, alguma vez teve comportamentos coléricos? Esteja relaxado—é importante estar relaxado… Está a ver, estamos a chegar á causa agora e uma vez que estamos a chegar a chegar á causa não vamos deixar entrar nenhuma tensão. Você fica muito mais atento quando não há tensão. Tem havido alguns comportamentos coléricos no primeiro ano do colegio? Paciente: Não Elman: Agora você está a iniciar o seu segundo ano do colégio. Você continua a estudar para pecuária de lacticínios? Paciente: Sim. Elman: Mas você não está tão satisfeito. É isso? Começam a surgir pequenos descontentamentos. Vamos leva-lo ao final do seu segundo ano do colégio. Um…dois…três… * estalar de dedos+ e já está no final do segundo ano do colégio. Paciente: Desisti. Elman: Você desistiu da escola e foi para outra escola, é isso? Paciente: Não. Elman: O que aconteceu? Paciente: Eles deram-me uma bolsa de estudo. Elman: Em outro campo curso? Paciente: Apenas para voltar. Elman: Deve ter havido uma razão para você ter desistido. Qual foi? Paciente: Eu pensei que era muito juvenil. Pensei que eu era homem suficiente para sair sozinho. Elman: E eles queriam você de volta á escola então eles deram-lhe uma bolsa de estudo e foi quando ocorreu a mudança nos estudos. É isso? Paciente: Sim. Elman: Até esta altura existiram alguns temperamentos coléricos? Paciente: Sim. Elman: Aparentemente junto veio alguma coisa que causou o primeiro temperamento colérico. É importante que descubramos e vamos para o exacto primeiro temperamento colérico. E descobrir quando isso ocorreu e o que estava na sua mente nessa altura. Eu quero voltar para uma hora antes do temperamento colérico, e onde quer que estivesse, você estará lá de novo. Será o primeiro 204 Hipnoterapia
temperamento colérico que alguma vez teve e chegará em cerca de uma hora ou menos. Eu quero que você volte á uma hora antes do primeiro temperamento colérico e assim descobrirmos quais foram os seus pensamentos nessa altura. Aqui vamos nós. Um… dois… três… * estalar de dedos+ É uma hora antes do primeiro enfurecimento. Onde é que você está? Paciente: No dormitório. Elman: O que tem acontecido? Paciente: Os alunos mais jovens do dormitório colocaram-me de parte. Elman: Colocaram-no de parte do quê? Paciente: Actividades. Elman: Por quê que eles lhe colocaram de parte? Paciente: Fui votado para ficar sem a minha licença. Elman: Votado para ficar sem a sua licença para actividades atléticas, quer você dizer? Por quê de ser votado para ficar sem a licença? Paciente: Algo Pessoal penso eu. Elman: Você tinha ganho a licença? Paciente: Sim. Elman: Você tinha-a recebido e depois eles não lhe deram a licença. Foi uma frustração bastante grande para si? Paciente: Sim Elman: Estamos a chegar á cerca de meia hora desse enfurecimento. Onde é que você está e o que é que tem estado a acontecer? Paciente: O conselho atlético reuniu-se e um dos estudantes tinha o voto decisivo e votou que eu não deveria ter a minha licença! Elman: Você esteve presente? Paciente: Não Elman: Mas você ouviu acerca disso. Paciente: Sim. Elman: E onde é que você estava na altura em que isso estava a acontecer? Paciente: No meu quarto. Elman: No seu quarto a espera da decisão, certo? E a decisão parecia bastante importante para você. O quê que você fez ou o quê que você não fez que causou que essas pessoas votassem contra você? Você tinha feito alguma coisa? Você deu-se conta de algum defeito de personalidade que o impedisse de fazer amigos? Paciente: Alguns dos estudantes não gostavam de mim porque me foi dada a responsabilidade dos trabalhos. Eles tinham que receber ordens de mim. Eu designava os alunos para trabalhar. Elman: E você fazia-os mesmo cumprir apesar de eles não gostarem de o fazer. Paciente: Eles tinham que o fazer. Elman: E você sentiu que eles tinham que o fazer. Paciente: Todos os estudantes têm que trabalhar. Elman: você diria que isso foi responsável por não obter a licença? Paciente: Não de todo. 205 Hipnoterapia
Elman: E qual foi o restante? Porque inquestionavelmente essa licença significava algo grande para si; ou de outra forma os enfurecimentos não teriam ocorrido. Paciente: Eu costumava encontrar-me com as companheiras dos meus amigos. Elman: E eles não gostaram disso. Paciente: Não. Elman: Nem você teria gostado também. Na sua mente, você provavelmente pensou que era uma grande coisa sair com as companheiras deles. Mas os amigos não gostaram mais do que você o faria. Agora que você olha para trás você pode ver que se um desses rapazes de quem uma das companheiras saiu consigo tivesse de fazer o voto decisivo, ele certamente não votaria em seu favor, votaria? Poder-se-ia dizer que enquanto esteve lá sentado no quarto você sabia que o voto tinha que ir contra si? Enquanto esteve no quarto não sentiu que se esses amigos tivessem que votar você não obteria a licença? E não estava ali já muito sentimento de culpa envolvido; já uma sensação de que se você não conseguisse a licença você já saberia porquê? Paciente: Sim. Elman: Você consegue entender por que é que uma pessoa com sentimento de culpa faz mal a si mesmo? Você ficou tão irritado que conseguiu passar o seu punho através da parede. Não é assim? Você ficou irritado porque você disse a si próprio, “ se eu não tivesse feito assim e assim, isto não teria que acontecer.” Mas você não estava a pensar nisso em voz alta. Você está a reprimir esse tipo de pensamento, mas o pensamento está lá, mesmo assim, em um nível inconsciente, não é? Agora se isso é verdade, e se estamos a discutir a verdade absoluta, você irá descobrir que todos enfurecimentos que você teve foram resultado de um complexo de culpa, onde você estava na verdade irritado consigo mesmo, e jogou isso para outro companheiro. Você começa a ver acerca do quê que eu estou a falar? Paciente: Sim. Elman: Vamos até ao último enfurecimento que você teve, e ver se estamos certos em presumir que este foi realmente um caso tal e qual a este da licença. Quando eu estalar os meus dedos você saberá exactamente quando isso foi. [estalar de dedos] Quando foi isso? Paciente: Cerca de um mês atrás. Elman: O quê que aconteceu? Está uma hora antes…O quê que tem acontecido? Paciente: A minha filha. Um rapaz tem vindo a ligar para casa quase todas as noites. E a minha esposa e eu discutimos isso. Eu sinto que o rapaz não deve vir a casa tão frequentemente. Eu e minha esposa entramos em discussão. Elman: Agora, por que é que sentiu que o rapaz não deve aparecer com frequência? Que idade tem a sua filha? Paciente: Quinze anos e seis meses. [Nota: Eu tenho que interromper a transcrição aqui para apontar certos factos. O mesmo tipo de situação que tinha precipitado o primeiro temperamento colérico estava a ocorrer novamente. o primeiro incidente foi precipitado porque ele 206 Hipnoterapia
estava a levar as outras companheiras longe deles. A última erupção teve lugar porque agora alguém estava a levar a companheira dele— a filha dele— afasta-la dele, no pensamento inconsciente dele. Isto indica que é requerido mais trabalho pelo doutor responsável pelo caso, de maneira a dar um insight luzes ao paciente, para nesta altura, apesar do paciente se aperceber como ocorreu o ultimo enfurecimento. Ele não estava a associar isso com o primeiro. Isso deve também indicar ao leitor como é frequentemente impossível de realizar uma hipnoanálise completa em apenas uma sessão. Deixe-me rever este caso desde do início: O primeiro enfurecimento foi precipitado por falha dele na sua responsabilidade pelos companheiros estudantes, bem como a frustração em não obter a sua licença. Lembre-se que ao contar acerca do incidente com o aeroplano, ele disse que era responsabilidade dele ter a bomba-a-vista aquecida. Ele não tinha feito isso. Outra vez ele falhou nas suas responsabilidades, e o incidente que se seguiu deixou-o com um severo sentimento de culpa. O terceiro incidente, envolvendo a filha dele, foi accionado pelo ciúme paternal e pelo seu sentimento de ser responsável pelo comportamento desta moça; quando a esposa não concordou com ele acerca de como lidarem com a situação, ele ficou frustrado outra vez, e novamente ele sentiu culpa acerca de uma falha em lidar com as suas responsabilidades. Eu devo assinalar que nos cobrimos apenas três enfurecimentos. No entanto, o doutor reportou que tem havido muito mais. Assim sendo, nós sabemos que tinha sido estabelecido um hábito padrão. Agora vamos continuar com a transcrição; o paciente ainda está em sonambulismo enquanto me dirijo a ele] Elman: Agora, vamos um pouco mais longe. Você gostaria de entender exactamente o que aconteceu consigo depois do desastre de avião. Vamos ver o que aconteceu enquanto nós temos você no ar e o primeiro motor se foi… Você irá descobrir que se lembrará exactamente do quê que aconteceu… Aqui estamos … Você está lá agora quando eu estalar os meus dedos… *estalar de dedos+ Agora, diga-nos o que acontece e você verá que as memórias voltam logo. Paciente: Eu vejo os estaleiros ferroviários e nós largamos as nossas bombas Estamos a bater nos 320 graus. Eu pedi uma trajectória e comecei a trabalhar na volta. Não consigo apontar com precisão. Elman: Existe uma razão para o porquê de você não conseguir apontar com precisão. Eu irei estalar os dedos e você saberá a razão… *estalar dedos] O que é isso? Você está nervoso? Paciente: Fiquei perdido na última viragem. Elman: O que está a acontecer? Paciente: Eu pedi uma TEC á costa [tempo estimado de chegada]. O tempo está a correr…Não conseguimos ver a costa…Acabamos de perder o número dois…Estou a trabalhar no regresso novamente…Não consigo descobrir saber onde estamos … continuamos a não ver a costa… Acabamos de perder o número três… Eu tirei uma leitura…Não temos combustível suficiente…Perguntei se devemos continuar ou rumar a sul…Rumamos a sul…Penso que sei onde estamos … Apenas temos quatro minutos de gasolina…Temos que nos preparar para a emergência…Estão a vir combatentes de 207 Hipnoterapia
baixo…Não consigo sair…Eu subo…Eu saio…Tenho medo…Abri o meu pára-quedas…E uma descida longa … Não o vou fazer naquela fazenda…Vou tentar uma estrada…Falhei…Agora eu estou preso aqui em cima de uma árvore…Há alemães por toda a parte…Eu só…estou preso…Não sair do meu pára-quedas…Consegui sair— estou fora…Estão a vir alguns homens franceses…Eles atiraram-me um fio…Comecei a descer…Eu caí…estou nocauteado…Eles dizem-me para ir com eles…escondo o meu casaco e a minha arma…Eu vou com eles. *Paciente mostra uma reacção violenta, começa a hiperventilar.] Elman: Você não tem que estar tão excitado acerca disso. Você consegue contar toda a história. Paciente: Nós vimos o Sargento Branch numas árvores…Eles retiraram-no…Eles abateram a árvore …Escondemo-nos a noite toda… Elman: Você está mais calmo agora enquanto conta toda a história. Todo o medo sumiu. Paciente: [parecendo sem fôlego+ Há soldados em por todos os lados… Eles procuram por nós. Não posso falar… Temos que sair daqui… Nós estamos a andar entre as árvores… Vamos até a estrada… * respirando pesadamente outra vez+ Vemos um homem numa bicicleta…Saltamos para a vala…Ele vem …Ele para…Nos vamos para o outro lado e escondemo-nos…Ele volta para trás, e dá-nos café…Ele disse-nos para irmos para a cidade e esperarmos…Nós esperamos… Ele volta… Falou do Sargento— O Sargento Warren foi morto… Trouxe-nos a chapa com o número dele…O pára-quedas dele nunca abriu…Nós fomos em volta da cidade…Fome terrível…Eles trazem-nos pão, e queijo… Nós avistamos soldados alemães… Elman: Agora, eu vou contar até três e todo o nervosismo sairá. Um … dois … três… *estalar de dedos+ Agora o nervosismo deixa-o. Você ficará calmo, e recordará tudo isso, e você não vai ser afectado por isso, mas você recordar-se-á de todas as coisas porque você vê o quanto a sua memória é boa. Você apercebeu-se disso, não se apercebeu? Paciente: Com certeza. Elman: Essas são as coisas que você apagou da sua mente porque elas eram desagradáveis. Paciente: Isso magoa doi . Elman: Eu estalarei os meus dedos e você vai sentir-se maravilhoso…* estalar dedos] Agora você se sente tão bem. Eu vou tira-lo para fora disso porque eu penso que você já teve disso o suficiente e você sabe que se pode lembrar de todas as coisas. Você pode lembrar-se de qualquer coisa que você queira. Isso foi apenas um mecanismo de defesa da natureza para o fazer esquecer um episódio desagradável. E, claro, que isso foi desagradável. Mas aconteceu há muito, muito tempo. Você está a par de tudo isso, e você sabe claramente que saiu dele. Agora nós não temos que o ter a passar por toda a ab-reacção. Você já sabe que foi ajudado, não sabe? Paciente: Sim… Estou a tremer. Elman: Você não vai tremer quando eu o fizer abrir os olhos, e você sentir-se-á tão bem tendo conseguido retirar isso do seu sistema, para a sua mente consciente 208 Hipnoterapia
novamente. E agora você sentir-se-á como um novo homem. Isso é o que nós chamamos uma catarse mental. Você sentir-se-á tão bem. Muito bem, pode abrir os seus olhos… Repare como você se sente bem. Bem, como você se sente? Paciente: Tenso. Olhe para as minhas mãos— todas molhadas. Elman: Você estava a hiperventilar. É por isso que eu o parei. Mas não é bom saber que você consegue lembrar? E agora você sabe exactamente o quê que aconteceu. Paciente: Sim. Elman: Você reviveu apenas parte do episódio e você viu o quanto ficou excitado, não é? Paciente: Eu pude sentir isso. Elman: Claro que você pode. Isso é o que nós conhecemos como uma abreacção. E as vezes podem ser bastante violentas. A razão de eu não deixar continuar a ab-reacção foi que você estava a hiperventilar e muito mal. Paciente: É suposto eu estar nervoso agora? Elman: Não. Você reviveu algo que foi horrível, e então naturalmente, você deverá mostrar alguns sinais de tensão depois de passar por isso. Paciente: Mas eu não me lembrava. Elman: Com certeza, porque você apagou isso por muitos anos. Agora você sabe como é que você voltou atrás atravessando o canal e todas as coisas, não sabe? Paciente: Sim. Elman: Mas você pensou que tinha esquecido completamente. Você não tinha esquecido nada disso. A natureza apenas jogou um véu em cima disso como protecção para si. Ao reviver isso, claro, você hiperventilou, e você teve uma ab-reacção bastante severa. Isso não foi uma ab-reacção tão violenta como as que já vimos. Nos temos tido de levar pessoas que passaram por acções militares onde os amigos a volta deles estão a ser abatidos, esses homens estavam aterrorizados. Você estava com medo. Você tem visto acção. Você sabe como isso é. Você tem visto medo e você tem visto bravura misturadas, em uma e a mesma coisa. Paciente: A bravura sai vem do medo! Elman: Não é honesto o homem que diz que não tem medo. Se um homem tem uma imaginação normal, então ele tem medo! * * * Neste caso, você pode ver o quanto as circunstâncias frustrantes e uma convicção de culpa precipitaram os temperamentos coléricos. Embora a frustração tenha ocorrido no incidente do avião antes do salto de pára-quedas, o hábito padrão faria com que seus acessos de raiva se tornassem mais violentos enquanto se recuperava, durante a convalescença. O medico, com certeza, teve que trabalhar mais com este paciente antes da condição dele poder ser inteiramente corrigida.* Você apercebeu-se de como a ab-reacção terminou rapidamente? É um dispositivo muito simples, porém funciona sempre! Nunca tive conhecimento que tenha falhado. É feito pela mudança de tempos verbais enquanto o operador fala para 209 Hipnoterapia
o paciente. Se você deseja mudar de uma ab-reacção para uma lembrança, tudo o que você tem de fazer é mudar o seu tempo verbal. Ao invés de dizer, “O que acontece agora?” simplesmente diga, “O que aconteceu então?” Por este simples meio você tem substituída uma lembrança por ab-reacção. Muitas vezes, quando um paciente se torna altamente excitado, eu mudo a ab-reacção para lembrança, mas o paciente permanece em estado hipnótico para mais questionamento, talvez mais tarde induzindo outra vez á ab-reacção.
* Durante a hipnoanálise acima, eu não tinha ligado o meu gravador de fita e devo adicionar esta nota de rodapé em consideração ao médico, que amavelmente me enviou a sua fita-cassete para incluir aqui.
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Capítulo 22: A hipnose ligada ao sono. Sono-hipnótico. (hipnosono) Um homem afável e pequeno caminhou hesitantemente até a minha secretária, olhou cautelosamente em volta por uns momentos, e então disse “Senhor Elman, posso falar consigo em privado?” Caminhei para o lado da sala com ele. Uma vez aí, perscrutou cautelosamente em volta para ter a certeza de que ninguém estava a ouvir, e então perguntou, ”É verdade que você ensina aos seus médicos como hipnotizar as pessoas quando elas estão adormecidas?” “Sim.” “Eu tenho que aprender como fazer isso. É absolutamente necessário. Não preciso do resto do seu curso, mas isso é uma coisa que eu tenho de aprender. Isso iria fazer tornar a vida muito mais fácil para mim.” “Espere um minuto. Vamos lá entender isso direito. Hipnotizar pessoas enquanto elas estão a dormir requer um conhecimento extensivo sobre o assunto. Você não pode aprender apenas parte disso e esperar ser bem-sucedido. Você tem que aprender o assunto por inteiro.” “Oh, eu conheço muito bem a hipnose— tenho-a usado há muitos anos— mas ninguém me ensinou como hipnotizar pessoas enquanto elas estão a dormir— eu tenho que aprender como.” “Por quê que isso é tão importante? Novamente ele olhou em volta cautelosamente antes de responder. “Senhor Elman, estou casado há mais de trinta e cinco anos e espero ter muitos e bons anos a frente para mim e para a minha esposa, mas durante todo o nosso casamento tenho estado confrontado com um problema horrível. É a minha esposa, na verdade— ela é o problema. “Ela é doente?” “Não, de forma alguma. Ela está de perfeita saúde, e amamo-nos um ao outro carinhosamente. Mas eu tenho um problema que tem que ser corrigido. Ela está sempre a implicar comigo.” Eu pensei que ele estava a gracejar comigo, mas ele foi bastante sério. “Você sabe como é que é ser casado com uma mulher dominadora? Eu sou aquilo a que você chama um marido-galinha.” “Lamento ouvir isso, mas como pode a hipnose ajuda-lo? “Eu tenho tido um plano desde há muitos e bons anos. Tenho tentado, com bastante esforço, mas não o consigo fazer funcionar. Eu quero hipnotiza-la e dar-lhe a sugestão para desistir de implicar comigo. Se ela soubesse o quanto isso me aflige, tenho a certeza de que ela pararia de implicar.” “Por que é que não diz isso a ela?” “Eu tenho dito, mas não faz bem nenhum. Ela não me leva a sério.” “Então qual é o seu plano?”
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“Simplesmente isso. Ela não me deixa hipnotiza-la. Ora se eu conseguir enquanto ela estiver a dormir, ela nem vai saber que está hipnotizada. Depois eu posso dar a ela a sugestão necessária, e eu tenho a certeza de que ela desistirá de pegar comigo.” Eu disse a ele, “Doutor, você tem uma impressão inteiramente errónea da hipnose. Não importa qual a fase da hipnose que você usa, o paciente tem o poder completo da selectividade e se o paciente não quer aceitar a sugestão ele não vai aceitar. Nós demonstramos isso claramente na aula. Ocasionalmente, quando obtemos o estado que você refere, nós damos intencionalmente ao paciente, algum tipo de sugestão de qual acreditamos que será indesejada, por forma a observar a reacção dele. E sempre, o paciente acorda do sono ou continua a dormir, mas rejeita a sugestão. Eu ainda acredito que a melhor maneira de lidar com a sua situação é discutindo-a francamente com a sua esposa. Se ela não quer ouvi-lo enquanto está desperta, ela certamente não o fará enquanto estiver a dormir. A hipnose não pode ser usada para tais propósitos. Se esta e a sua única razão para se matricular no curso, por favor não se matricule.” “Tudo bem, Senhor Elman, tenho a certeza que você sabe mais do que eu sei acerca disso. Acho que tinha uma impressão errada. No entanto, eu vou matricular-me no curso porque sinto que seria vantajoso para mim, aprender as suas técnicas para as usar com os meus pacientes.” Durante todo o curso ele não fez menção do problema que ele tinha com a esposa dele. Ele estudou diligentemente e trouxe alguns relatórios excelentes acerca do bom trabalho que foi fazendo com os pacientes dele. A minha opinião sobre a sua capacidade aumentou consideravelmente. Um ano mais tarde, contudo, ele assistiu uma das minhas aulas na mesma cidade. Ele perguntou-me se poderia fazer um comunicado aos novos alunos, e claro, eu dei a minha aprovação. Imagine a minha surpresa quando ele ficou em pé e fez a seguinte declaração. [Infelizmente, não foi feita a gravação mas tentarei uma aproximação ás palavras dele.]: “Quando eu me matriculei com estudante do Sr. Elman, fi-lo apenas para um propósito. Eu queria aprender como hipnotizar a minha esposa durante o sono dela e dar-lhe sugestões para faze-la parar de me atazanar e apoquentar. O Sr. Elman disse que eu não poderia fazer isso— que eu não seria bem-sucedido. Tenho sido mais do que bem-sucedido. Eu hipnotizei-a enquanto ela dormia profundamente. Ela nunca me tinha deixado hipnotiza-la enquanto estava desperta mas eu o fiz quando ela estava a dormir, e ela nem sabia disso. Falei para a mente inconsciente dela— disse a ela o quanto a choque e a conflitualidade dela me perturbavam, e sugeri que ela não faria isso novamente. Ela não me atazana nem me apoquenta há mais de um ano, e estou muito orgulhoso de dizer que em resultado disso tenho sido muito mais feliz. E talvez ela tem sido mais feliz.”
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Aparentemente, enquanto ela estava a dormir, ele foi capaz de passar para ela o facto ideia de que ela estava a fazê-lo infeliz, e ela deve ter querido que ele fosse feliz ou ela jamais teria aceitado a sugestão. Uma das mais interessantes técnicas de sugestão ─e uma das menos familiares para a maioria dos médicos e leigos de igual modo─ é um fenómeno que eu costumo chamar de hipnose anexada ao sono. Estudos recentes com instrumentos médicos ligados á pacientes adormecidos impeliram-me a mudar o nome para hipnosono, que está mais de acordo com as relações estreitas do fenómeno com ambos os estados mentais. A minha primeira experiencia pessoal com esta fase da hipnose envolveu o meu filho. Em 1940, a minha esposa e eu tivemos que fazer uma viagem ao Canadá, e deixamos o nosso bebé de ano e meio com perfeita saúde aos cuidados de uma ama competente. Quando nós voltamos, o nosso bebé estava a sofrer de asma. A medida que ele crescia, a asma e as reacções alérgicas dele tornaram-se piores. Ele obteve algum alívio sintomático com medicação e cuidados, mas tornava-se progressivamente pior a cada ataque. Apesar da supervisão medica, e embora nós seguíssemos cuidadosamente as instruções médicas, quando em que ele tinha nove ou dez anos de idade, nós eramos uns pais distraídos. Quando ele tinha um ataque alérgico, tinha que ficar na cama durante dias até alcançar o alívio sintomático. Se ele tinha uma briga com um rapaz na escola no momento em que ele vinha para casa aparecia-lhe uma erupção cutânea nas dobras dos cotovelos e nas dos joelhos. Estas erupções rapidamente espalhavam-se desde os ombros aos pulsos e das nádegas aos tornozelos. A aérea inteira ficava crua carne viva porque ele coçava demasiado. Os médicos insistiam que nós não estávamos a seguir as instruções, mas nós seguimos as tínhamos seguido precisamente as instruções. Nós cuidamos do nosso jovem rapaz o melhor que sabíamos. Nada ajudou. Em 1949, ele experienciou uma reacção alérgica que nos perturbou profundamente. Ele esteve na cama por vários dias; a respiração ofegante e uma extensa erupção cutânea, eram outros dos sintomas presentes. Nesta altura, um grupo médicos e dentistas de New Jersey estavam a incitar-me a ensina-los o assunto da hipnose, e consequentemente o ponto foi abordado bastante frequentemente na nossa casa. Um dia a minha esposa perguntou-me se eu não poderia usar hipnose para ajudar o rapaz. Não sendo um médico, e não tendo tido experiencia com problemas médicos ou pacientes com problemas médicos até aquele momento, eu estava compreensivelmente relutante. “Faria mal hipnotizar e dizer a ele que não tem comichão?” Perguntou ela. “Isso é contra a sua ética?” Eu pensei que nenhum médico poderia objectar isso, então hipnotizei o meu filho e disse-lhe que as áreas que o incomodavam não fariam comichão nunca mais. Os resultados foram milagrosos. A comichão desapareceu completamente. Em um dia ou dois as áreas cruas carne viva ficaram cobertas de crostas, a cura tinha começado. A minha esposa então sugeriu que eu o hipnotizasse novamente e que lhe dissesse que ele ficaria bom muito aceleradamente. 213 Hipnoterapia
Não vi nenhuma objecção a isso, pois hipnotizei-o outra vez, e disse-lhe que iria ficar bom muito rapidamente. O alívio sintomático foi notável. Em um dia ou dois ele ficou livre dos sintomas e pode voltar para a escola. Mas eu sabia que não tinha corrigido as alergias ou a asma, porém eu tinha obtido mais alívio para o meu filho do que qualquer medicação tinha sido capaz de prover. Eu também sabia que se ele entrasse numa briga na escola, ele ficaria doente outra vez. Eu decidi ensinar ao meu jovem rapaz auto-sugestão num esforço para prevenir a recorrência dos ataques alérgicos. Ele tornou-se um estudante adepto e foi muito grandemente ajudado, mas eu sabia que ele não estava curado. Se alguma experiencia emocional forte viesse a acontecer, poderia precipitar um ataque alérgico e a asma. Se ao menos eu conseguisse obter a causa raiz das reacções alérgicas, eu pensei que talvez pudesse ajudar o meu filho permanentemente. Eu experimentei a hipnoanálise nele. Ele estava bastante acessível no inicio, mas antes de eu chegar a causa raiz, ele saiu sozinho da hipnose e declarou veementemente “Eu não gosto disso. Eu não quero mais isso.” “Mas eu estou a faze-lo para o teu próprio bem. Não entendes isso? Eu quero ajudar-te.” “Não me interessa. Não vou faze-lo. Desculpe, papá!” E foi assim— uma completa rejeição. Não adiantava trabalhar com ele. Se ele rejeitava a hipnose não havia aí nada que eu pudesse fazer. Nós tínhamos descoberto desde então que isto não era inusual em hipnoanálise. Pais ou parentes próximos são muitas vezes malsucedidos com membros das suas famílias porque esses pacientes ficam relutantes em divulgar os seus conflitos emocionais por medo de se embaraçarem a si mesmos ou de magoar alguém da família, especialmente porque muitas das vezes os membros da família estão directamente ligados aos problemas. No caso do meu filho passaram meses e meses, sem mais tentativas de hipnoanálise. Ele tornou-se mais e mais adepto da auto-sugestão e isso concedeu-lhe tal alívio que ele ficou bastante satisfeito por deixar as coisas ficarem como elas estavam. Nessa altura, eu tinha começado a ensinar aos médicos o uso profissional da hipnose. O assunto, naturalmente, predominava na minha mente. Um dia, enquanto eu lia uma revista, deparei-me com um anúncio em que se lia, “Aprenda línguas enquanto dorme.” E vinha a explicar que havia umas gravações que poderiam ser ligadas a noite, para tocar enquanto dormia, dando aulas de idiomas que se manteriam mesmo quando você acordava— e que se você continuasse a fazer isso por alguns meses, conseguiria aprender a língua o idioma. Eu reconheci esta técnica com o desenvolvimento de uma experiencia que havia sido conduzida no Pacífico Sul durante a Segunda Guerra Mundial. Eu tinha estado a conduzir um programa de rádio nessa época, e um dos gabinetes de informação governamental tinha-me pedido para entrevistar um doutor que tinha estado a trabalhar com os militares numa das ilhas do Pacífico. Ele havia colocado autofalantes de miniatura debaixo das almofadas desses homens, e quando tinha a certeza de que eles estavam a dormir profundamente, ele ligava os autofalantes por controlo remoto e ensinava os homens a falarem chinês ou japonês. Quando os 214 Hipnoterapia
homens acordavam, não se apercebiam do que tinha acontecido, mas em alguns meses eles tinham aprendido as línguas e conseguiam fala-las fluentemente. O Gabinete de Informação de Guerra sugeriu que o doutor e vários dos homens que tinham sido ensinados dessa forma fossem trazidos para Nova Iorque para a transmissão do programa. Eu estava encantado, mas o programa foi cancelado no último minuto porque o Departamento de Guerra subitamente decidiu que os experimentos deveriam se considerados informação classificada confidencial. Agora, anos mais tarde, a técnica estava a ser usada comercialmente—e aparentemente com sucesso. Se médicos e instrutores de linguagem podem comunicar com pessoas a dormir, eu pensei, eu também sou capaz de o fazer, eu posso hipnotizar um, se eu poder hipnotiza-lo, provavelmente eu posso efectuar a hipnoanálise sem o acordar. Talvez, com esta técnica, eu possa descobrir o que causou as reacções alérgicas ao meu filho e remover a causa. Valia a pena tentar. É claro que havia obstáculos. Suponha que ele rejeita a hipnoanálise mesmo que eu consiga hipnotizar-lhe enquanto dorme profundamente? E como poderei hipnotiza-lo sem o acordar? E como é que eu poderia faze-lo responder às minhas perguntas enquanto ele estava a dormir profundamente e hipnotizado? Eu sabia que tinha de hipnotiza-lo instantaneamente. Isso não poderia ser feito por métodos prolongados demorados. Quais eram as poucas palavras que eu poderia usar para bypassar contornar a faculdade critica dele e ao mesmo tempo estabelecer o pensamento selectivo? Nessa noite, enquanto eu subia as escadas para o quarto dele, com intenção de tentar a experiencia de hipnotiza-lo enquanto ele dormia, as palavras a usar pareceram sair directas da parte inconsciente da minha mente. E o facto surpreendente é que elas eram as palavras certas, pensei que não tinha lembrança consciente de alguma vez as ter usado ou ouvido antes. Eu entrei no quarto. Estava quase escuro mas eu pude ver que ele estava coberto desde o pescoço aos dedos dos pés. A cabeça dele, sobressaia do cobertor e o dedo pequeno da sua mão direita estava curvado em volta do bordo da coberta. Aproximei-me da cama dele. Ele não se moveu. A respiração dele era lenta e fácil. Não havia sinais de asma que eu pudesse notar. Muito suavemente, eu falei para ele.” Tu podes ouvir-me mas não podes acordar…Tu podes ouvir-me mas não podes acordar…Tu podes ouvir-me mas não podes acordar…Tu não podes acordar… Eu saberei que me ouves quando o dedo pequeno que eu estou a tocar começar a mexer-se…” Nada aconteceu mesmo quando eu toquei o dedo, tentei outra vez. Esperei. Pareceu um tempo muito longo. O dedo continuou sem mexer. Eu repeti, novamente, “Podes ouvir-me mas não podes acordar. Eu saberei que estás a ouvir-me quando este dedo pequeno começar a mexer-se…move-o mas não podes acordar.” O dedo pequeno dele começou a mover, lentamente, muito lentamente. Eu sabia que estava em comunicação com ele e que tinha-o hipnotizado enquanto ele estava profundamente adormecido.
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Quase toda gente já sonhou em determinada altura que não conseguia acordar. Você, provavelmente já deve ter tido tais sonhos, e perceba você que isso é a manifestação de contornar a sua própria faculdade critica. Na realidade, claro, que você consegue acordar; você apenas pensa que não consegue. Semelhantemente, eu tinha estabelecido o pensamento selectivo na mente do meu filho. Agora a ideia era prolongar a hipnose e tentar realizar a hipnoanálise enquanto ele estava profundamente adormecido e hipnotizado. Eu falei para ele muito suavemente: “É o teu pai quem está a falar e ele está aqui para te ajudar. Ele quer ajudar-te muito. Tu podes falar para mim, mas não vais acordar. Tu sabes o quanto a auto-sugestão te tem ajudado, mas está a chegar mais ajuda se tu me falares e contares o quê que está na tua mente. Mexe esse dedo outra vez, e eu saberei que estás a ouvir-me” O dedo moveu-se mas ele permaneceu a dormir. Então começou a hipnoanálise, continuei suavemente, muito suavemente. Por esta altura eu estava muito excitado. Eu estava a fazer uma coisa que, até onde eu sabia, nunca tinha sido feita antes. Eu não poderia dar-me ao luxo de cometer um erro. De vez em quando eu punha-o a falar comigo, a responder as minhas perguntas investigatórias. Conforme nos aproximávamos de material perturbador, ele moveu-se no sono, e eu fiquei alarmado. Receoso de o acordar, eu disse, ”Agora, eu vou parar de falar e tu irás adormecer profundamente, e de manhã quando acordares, tu nem te vais lembrar que eu falei contigo enquanto estavas a dormir. Tu não terás lembranças do que quer que seja. Mas amanhã a noite, tentaremos isto outra vez e tu estarás muito receptivo.” Tão silenciosamente quanto eu poderia, deixei o quarto. Eu estava bastante encantado porque senti que agora eu tinha encontrado uma maneira de ajudar o meu filho. Na noite seguinte tentei outra vez. E outra vez fui bem-sucedido. Eu até consegui retirar algum material perturbador sem acorda-lo. Por esta altura eu fiquei com excesso de confiança e pensei que o resto do trabalho seria fácil. Na terceira noite, com a suprema confiança do que eu agora poderia fazer, eu hipnotizei-o no sono e prossegui de uma só vez para ir para o lugar da hipnoanálise onde nós tínhamos ficado na noite anterior. Isso foi a pior coisa que eu poderia ter feito! Mal eu me tinha aproximado chegado á um episódio traumático ocorrido quando ele tinha quatro anos de idade, ele acordou sobressaltado e perguntou numa voz excitada, “Qual é o problema papá? Qual é o problema?” Eu tinha sido apanhado em flagrante. Eu não sabia o que dizer ou que fazer. Eu consegui fazer sair algumas palavras de conforto: Oh, estás acordado. Estive a falar contigo um bom tempo. Estavas a dormir? De repente saltaste e assustaste-me.” “O que tem em mente pai? Você quer falar comigo acerca do quê?” “Nada importante. Volta a dormir. Eu pensei que estavas a ouvir-me tempo todo” “Não. Eu acordei agora! O que é isso pai? O que se passa?” De alguma forma eu convenci-o de que deveria voltar a dormir, pensado que ele, provavelmente faria mais perguntas de manhã. Mas de manhã ele nem sequer mencionou isso. A nossa conversação tinha sido completamente esquecida. A parte 216 Hipnoterapia
estranha do incidente foi que, nas noites seguintes, quando tentava hipnotiza-lo no sono, eu simplesmente dizia uma palavra e ele acordava instantaneamente! Nunca mais fui capaz de duplicar a façanha com ele, desde aquela noite. Eu pensei que tinha feito uma descoberta importante e não tinha conhecimento consciente de que alguma vez alguém tinha duplicado o que eu tinha feito— isto é, hipnotizar uma pessoa no sono natural. Alguns anos mais tarde, contudo, um médico mostrou-me um livro que descrevia como o feito havia sido alcançado há muitos anos por um operador escandinavo. De facto, no passado muitos operadores tinham sido bem-sucedidos ao fazer a mesma coisa. É bastante possível que há muitos anos antes, ao estudar hipnose eu tenha lido esse livro, e tenha enterrado o modus operandi na minha mente e trazido do inconsciente quando precisei disso. Numa das minhas mais recentes sessões, aconteceu eu mencionar aos médicos na assistência o que eu tinha sido capaz de fazer com o meu filho. Eles perguntaram que bem tinha sido alcançado. Eu fui capaz de lhes dizer que, “Mesmo com a hipnoanálise incompleta, os resultados tinham sido maiores do que aquilo que eu tinha ousado esperar. As reacções alérgicas dele eram menos severas e os ataques estavam cada vez mais distanciados.” Então os médicos pediram-me para ensina-los como hipnotizar um paciente adormecido. Isso pode parecer simples, mas não é. Por forma a demonstrar como anexar a hipnose ao sono você tem que ter uma pessoa a dormir. Como é que você pode ter uma pessoa a adormecida na sala de aula? E como é que você pode ter a certeza que a pessoa em que você vai demonstrar está verdadeiramente a dormir? Antes de tentar, eu tive que estudar o mecanismo do sono da mente humana. E foi angustiante descobrir o tão pouco que fora escrito acerca disso. As maiorias dos escritos eram inúteis uma vez que cada médico que tinha escrito um livro ou papel artigo sobre o assunto parecia ter uma teoria diferente. Nenhum deles explicava o mecanismo de sono de uma maneira que se pudesse provar ser confiável. Apesar do estudo intensivo eu continuo não satisfeito de que eu tenha a resposta ou que nesta altura alguém mais tenha a resposta completa. Para o presente, tudo o que podemos fazer é aceitar as observações em quais todos os escritores parecem concordar, e descartar tudo o que eles discordam. A primeira coisa que fizemos foi dizer aos médicos, “Vamos tentar fazer uma experiência interessante. Alguém de vocês tem pacientes que adormecem facilmente? Se vocês tiverem, por favor poderão trazer esses pacientes para a aula da próxima semana. Nós, vamos tentar adormece-los aqui na sala de aula. ”Em todas as salas de aula, nós tínhamos um berço preparado para facilitar as coisas, mas isso não ajudou, pois descobrimos que essas pessoas tornaramse tão interessadas nas aulas de formação que elas permaneciam desencorajadoramente acordados. Então nós tentamos alcançar a façanha dando sugestões pós-hipnóticas. Isso conseguiu-se em muitos casos mas levou um tempo interminável para o fazer e alguns dos pacientes rejeitaram esta sugestão. Algumas vezes os médicos participantes das aulas tinham que esperar mais de três horas antes da sugestão pós-hipnótica tornar-se efectiva. 217 Hipnoterapia
No entanto, nós aprendemos muitas coisas destes recentes experimentos. Quando éramos bem-sucedidos ao obter o sono natural e depois anexar a hipnose, conseguimos alcançar uma anestesia hipnótica que foi positivamente surpreendente. Isso é, em muitos casos uma anestesia melhor do que se conseguiu em outras fases da hipnose. Os médicos começaram a reportar que era muito mais profunda e melhor anestesia do que era possível alcançar no estado de hipnose de Esdaile. Nós continuávamos insatisfeitos com o procedimento na sala de aula, porque levava muito tempo a faze-lo prático para um médico. Uma noite um médico perguntou-me o que eu faria se quisesse ter uma pessoa adormecida instantaneamente como resultado de uma sugestão pós-hipnótica. Sem pensar, eu respondi, ”Dê-lhe uma sugestão no estado sonambúlico de que, ela adormecerá instantaneamente com uma sugestão/sinal depois de você a despertar do estado.” A minha esposa perguntou, se eu tinha conhecimento disso desde sempre, por que é que tinha estado a tentar indo pelo caminho mais longo para ter o mesmo resultado. Eu expliquei que queria ter a certeza que, o que eu obtinha era sono natural e não hipnose. Anexar hipnose á hipnose é apenas compor sugestões. Eu queria que os médicos vissem que estavam a trabalhar com sono natural. Contudo, nós tentamos a ideia “sinal-adormecer-profundo”, e isso funcionou. A partir de então eu usei o método rápido de obter apressadamente o que nós acreditávamos que era sono natural. Os resultados foram espectaculares. Agora mais e mais médicos começavam a usar aquilo a que chamei hipnose anexada ao sono. Indubitavelmente, esta é a forma mais profunda de hipnose alguma vez considerada possível, mas aí permanece muita coisa de investigação para ser feita antes de nós termos a certeza de que é meramente hipnose e nada mais. Por muitos anos, eu tenho instruído os meus médicos a tentarem hipnotizar os pacientes que eles encontrem a dormir quando fazem as suas rondas hospitalares. Médicos que tiveram instrumentos ligados á pacientes adormecidos e depois produziram o estado dizem-me [e são apoiados por gráficos produzidos com os instrumentos] que quando a hipnose está anexada ao sono, o sono muda para hipnose, e os gráficos não mostram um padrão de sono mas, um padrão hipnótico directo. Assim sendo, ao invés de chamar ao estado hipnose anexada ao sono, eu tenho rotulado de hipnosono. Agora deixe-me dizer-lhe como obter o estado; as minhas asserções e instruções serão baseadas na minha própria experiencia e pesquisa efectuada por mim mesmo e pelos meus alunos. Desde o ano 1841, a palavra sono tem sido usada erroneamente na hipnose sob a impressão equivocada que o sono é parte da hipnose. É fácil de compreender como esta falacia ingressou adentro da aceitação internacional, porque os praticantes iniciantes de hipnose apenas observaram o estado a partir de fora olhando-o. Eles nunca o examinaram a partir de dentro. De facto, na verdade os primeiros praticantes tinham medo de eles mesmo entrarem no estado. Imagem do operador hipnótico desses dias: Ele viu o sujeito com os olhos fechados, aparentemente em sono profundo. E quando mais profundo o operador coloca o sujeito no transe, mais profundo parece o sono. Conforme o 218 Hipnoterapia
paciente relaxou mais e mais, os ombros dele descaíram, e a cabeça inclinou, o corpo dele tornou-se quase inerte— e se acontecia de o paciente estar sentado, ele pareceria como se estivesse quase a cair da cadeira. Certamente, o paciente parecia estar adormecido. Agora considere o facto de que o operador iniciante aprendeu que ele poderia dizer, ”Você começa a sentir-se a adormecer e adormecer— sonolento e sonolento,” e o paciente pareceria que aceitou a sugestão. Ele pareceria estar a ficar adormecido e adormecido, e o operador iniciante não tinha maneira de saber que o paciente nunca adormeceu. No entanto, sono e hipnose são realmente dois estados inteiramente diferentes. Eles não são compatíveis, quando a hipnose precede ao sono. Aqueles de vocês que são médicos sabem a partir dos vossos estudos médicos que no sono as funções corporais abrandam. A respiração torna-se lenta e profunda, a pressão sanguínea e a acção cardíaca abrandam, a acção reflexa abranda. Em hipnose, você, as vezes encontrará abrandamentos mais suaves, mas na maior do tempo, nenhuma delas. No sono os processos mentais abrandam consideravelmente, e no sono profundo, existe uma aparente perda de consciência. Isso não ocorre em hipnose. Se você testar as acções de reflexo, as achará bastante normal. A respiração não diminui; a acção cardíaca permanece normal; a pressão sanguínea permanece normal. É verdade que se podem fazer com que essas funções abrandem por sugestão, mas você não conseguirá abranda-las todas em simultâneo como ocorre no sono natural. Apesar das aparências, é impossível fundir estes dois estados dissemelhantes— o normal funcionamento do corpo em hipnose e o lento funcionamento do corpo no sono. Nós fizemos mais de dez mil testes na tentativa de induzir o sono em hipnose. No meu próprio trabalho, eu tenho tentado induzir o sono em hipnose por todas as técnicas conhecidas, mas ainda não vi obtive o primeiro sucesso. É dito aos nossos estudantes para fazerem testes similares. É pedido a eles que reportem o primeiro caso no qual eles tenham sido capazes de induzir sono em hipnose. Talvez em algum outro lugar do mundo possa existir uma excepção a regra de que isso não pode ser feito. É impossível acreditar que tantos milhares de médicos, bem versados em hipnose, e a tentarem descobrir a excepção, não a tenham encontrado, se é que existe uma! Isso não significa que o sono normal não possa ser induzido por sugestão, pelo contrário, o sono pode ser induzido por sugestão muito facilmente se forem usadas as técnicas correctas. Mas você não pode inverter a hipnose para sono nem pode deixar um paciente em hipnose e esperar que ele adormeça. Uma vez que esta informação é diametralmente oposta às teorias dos livros que têm sido escritos sobre o assunto, assim como aos incontáveis artigos médicos, apenas parece justo dizer que se alguém, algures descobrir uma maneira de anexar o sono á hipnose, nós queremos saber e estaremos dispostos para modificar esta presente declaração de descobertas. Isto é um projecto de pesquisa digno da sua 219 Hipnoterapia
participação: Tente anexar sono à hipnose; continue a tentar até que você fique satisfeito que isso pode ou não ser feito. Tendo apalavrado as verdades precedentes, das quais acredito serem universais, eu devo adicionar que as declarações que se seguem não podem ser consideradas universais na sua exactidão, uma vez que, os indivíduos variam de qualquer norma: Uma pessoa saudável respira durante as horas de vigília, em média, dezasseis a dezassete vezes por minuto. Durante o sono dela, a respiração abranda consideravelmente. [uma das excepções a esta declaração generalizada é de uma mãe gestante nos últimos meses da gravidez; a respiração dela em sono profundo terá talvez três ou quatro vezes mais respiraçoes por minuto do que antes da gravidez, e isso deverá ser levado em conta quando trabalhar com mães gestantes no estado de sono.] Se um paciente que respira normalmente dezoito vezes por minuto enquanto está acordado for colocado em hipnose profunda, e lhe for dada uma sugestão de sono, as respirações dele as vezes poderão ser reduzidas por meio de sugestão para cerca de três ou quatro vezes por minuto, as vezes mesmo tão baixo como duas; mas ele manterá a plena consciência o tempo todo. Portanto, para assegurar o sucesso das sugestões de sono, dê-as sempre como sugestões/sinais pós-hipnóticos. Aqui estão os passos necessários: Conte o número de respirações por minuto, enquanto o paciente está totalmente desperto 1. Coloque o paciente em profundo sonambulismo. 2. Dê-lhe sugestões para fazerem efeito em seguida na sugestão depois de o despertar do estado de relaxamento. 3. Desperte-o do estado hipnótico e, deixe-o adormecer naturalmente com a sugestão/sinal. 4. Depois do paciente responder a sugestão/sinal, espere até que as respirações dele estejam abaixo de sete ou oito vezes por minuto. Isso deverá ocorrer sem que dê sugestões de espécie alguma. Tendo visto como trazer ao sono por meio de sugestão, deixe-nos agora estudar a maneira de trazer ao estado hipnótico durante o sono. Estranhamente, enquanto é impossível anexar o sono à hipnose por causa do facto de que o corpo funcionará no compasso normal em hipnose, e muito mais lentamente no sono, é possível anexar a hipnose á um corpo e mente a funcionarem em qualquer ritmo. Isso é porque a hipnose ajusta-se sozinha a velocidade corporal e mental, enquanto o sono não se ajusta. Uma vez que o paciente esteja adormecido, profundamente adormecido, é razoavelmente fácil anexar a hipnose ao seu estado de sono. Quando isso é feito, o médico assegura a hipnose mais profunda de todas. No estado leve, o paciente está perfeitamente consciente; isso é verdade para o sonambulismo, também, para os pacientes, a atenção em sonambulismo é infinitamente incrementada; mesmo no estado de Esdaile o paciente tem completa consciência. Mas quando ele é hipnotizado no seu sono, e é obtido o estado hipnótico 220 Hipnoterapia
completo, o médico, em muitas ocasiões encontrar-se-á a falar com a mente inconsciente do paciente. Apesar da mente inconsciente estar inteiramente alerta, e talvez mais totalmente alerta do que em qualquer outra altura da vida do paciente, quando o paciente desperta normalmente ele não tem lembranças do que quer que seja o que médico fale, e ocasionalmente, a amnésia não pode ser removida completamente. Quando é encontrada amnésia em qualquer outro estado de hipnose, esta pode ser inteiramente removida por sugestão. Nesta conexão, devo notar que quando em demonstração deste e de outros procedimentos na aula, as vezes é necessário avivar a memória do paciente. Apesar da aparente amnésia, o paciente é incitado a recordar certos incidentes. Sob certas circunstâncias, isso não seria feito pelo médico que usasse essa terapia num paciente. Impelir um paciente a recordar as vezes destrói a amnésia. Se, por alguma razão, o médico quer que a amnésia se mantenha, ele não incitará. Nós temos ensinado que a amnésia que ocorre em sonambulismo é uma falsa amnésia e que pode ser removida á vontade. No entanto, quando o estado hipnótico está anexado ao sono, essa a amnésia normalmente é profunda. É como um sonho, diz o paciente que não consegue lembrar. Parece perdido. Mesmo quando impelido, o paciente parece não ter memória total completa. No entanto neste estado, as sugestões dadas não são ficam perdidas. A anestesia que pode ser dada é mais poderosa; a tensão pré-operatória pode ser completamente removida; e os psiquiatras têm afirmado que nesta técnica eles têm o dispositivo perfeito para sondar dentro da mente do um paciente que tenha eventos traumáticos profundamente enterrados abaixo da mente consciente. Este é um estado de hipnose no qual a pesquisa efectuada é insuficiente. Merece muito mais estudo. Dezenas de milhares de médicos deverão ter de usar e reporta-lo antes que nós possamos avaliar o seu verdadeiro valor— mas a partir destes relatos escritos, isso promete ser a mais excitante fase de toda a hipnose, com maiores possibilidades inquestionavelmente. Para obter hipnose no sono, são necessários os seguintes passos: 1. Contar as respirações do paciente. Ter a certeza que as respirações ficam em cerca de sete ou oito vezes por minuto: seis ou sete por minuto são melhor ainda. Se o paciente estiver a respirar demasiado depressa, será sábio esperar até que ele esteja mais profundamente adormecido. 2. Aproxime-se suavemente do paciente, com o objectivo de contornar a faculdade crítica sem o despertar do sono. O contorno deve acontecer instantaneamente. Eu achei ser extremamente valioso a seguinte fala, se for dito muito suavemente, mas com muita confiança: “ É o (seu nome) que está a falar. Você pode ouvir-me mas não pode acordar. Você pode ouvir-me mas não pode acordar. Você pode ouvir-me mas não pode acordar.” 3. O paciente normalmente está em sono tão profundo que o descrito acima tem que ser repetido muitas vezes antes que pareça penetrar no inconsciente dele. Continue: “Eu saberei que está a ouvir-me quando o seu polegar, aquele em que vou 221 Hipnoterapia
tocar, começar a levantar. Eu saberei que você está a ouvir quando o seu polegar se mover. Você pode ouvir-me mas não pode acordar.” 4. Quando o polegar responder, continue a falar suavemente compondo sugestões enquanto prossegue. 5. Quando você acabar de dar as sugestões desejadas, ou que tenha concluído a hipnoanálise, o seu próximo passo é remover o estado hipnótico para que o paciente possa continuar num estado de sono inteiramente natural até acordar por si próprio. Faça diga o seguinte: ”Quando eu parar de falar consigo, você voltará ao estado em que estava antes de eu começar a falar consigo. Você dormirá profundamente, e de manhã, você acordará completamente refrescado revigorado— nem mesmo se lembrará do quê que eu estive a falar consigo— mas você sentir-se-á bastante melhor acerca da operação *ou “não será mais incomodado por essa reacção alérgica” ou qualquer que seja a sugestão apropriada+. Você não vai preocupar-se acerca disso nem um pouco. Você apenas sabe que não realizaríamos a operação se não soubéssemos que seria absolutamente seguro para si, e fácil para você passar. E você ficará bem rapidamente. Agora vai dormir profundamente, e eu o verei de manhã…Vou parar de falar consigo agora.” Um amador a trabalhar com este estado irá, nas suas primeiras tentativas, indubitavelmente deparar-se com circunstâncias nas quais ele irá despertar o paciente antes que a hipnose esteja anexada. Assim sendo, é importante ter a certeza de que o paciente está em sono profundo antes de prosseguir. O expert em hipnose acha este estado fácil de alcançar; o amador acha-o extremamente difícil. Por causa desse facto a lição acima não é dada nas minhas turmas até bem quase no final do curso. Você deverá ser um operador experiente de hipnose antes de poder expectar aprender este procedimento. No primeiro capítulo deste livro, eu mencionei um incidente interessante que ocorreu em San Antonio, Texas, passado há alguns anos: Estava eu a dizer aos meus estudantes que as pessoas que se submetem a anestesia cirúrgica mantêm o senso auditivo e que a mente funciona ainda que a um nível abaixo do nível consciente. Um dos homens, Doutor William Torres, expressou a sua descrença, declarando que ele tinha-se submetido á uma operação para a apendicite há alguns anos e não se lembrava de nada desde o início da anestesia. Eu disse-lhe que no estado de hipnosono um paciente muitas das vezes revivia a operação e repetia o que tinha ouvido ou sentido durante a anestesia geral completa. O médico não acreditou que isso era possível até a própria voz dele provar isso para ele. Ele tinha trazido um gravador de fita cassete com ele, tal como muitos dos meus estudantes faziam, ele ligou-o antes de prosseguirmos para investigar a habilidade dele para reviver a experiencia na cirurgia. O doutor Torres, não era nativo deste país. Como muitos dos cidadãos naturalizados, ele fala a nossa língua há bastante tempo, então ele pensa normalmente em Inglês— embora o idioma espanhol às vezes apareça no discurso dele. De vez em quando ele tem uma ligeira dificuldade em exprimir-se em inglês, mas eu acredito que quando você ler as palavras dele, ficará bem claro o significado do que ele quer dizer. Recentemente, eu pedi-lhe para me 222 Hipnoterapia
mandar a transcrição da gravação feita na aula quando ele experienciou o hipnosono. Eis a resposta dele: “Você me telefonou falando acerca da cópia da gravação da hipnoanálise do meu caso cirúrgico…Aqui está. Se isso é útil para si e para os seus ensinamentos ficarei muito satisfeito. Esta é a sua aula em San Antonio, Texas em Março dia 3, 1960. A aula estava em curso quando eu fiz uma pergunta e então você respondeu e colocou-me em transe e fez-me hipnoanálise. Segue a transcrição: Elman: Você pode fazer a hipnoanálise no estado de sono e o paciente repetirá a conversação inteira que teve lugar nas profundezas da anestesia. E se acontecer que o médico que fez a cirurgia estiver lá, ele dirá ”Eu esqueci que isso aconteceu teve lugar. Eu não me lembrava disso. Eu pensava que o paciente não conseguia ouvir.” E ele também dirá, “ Eu, nunca acreditei, que era possível tal coisa.” Médico: Eu não lembro de nada de quando fui operado a apendicite. Talvez eles possam movimentar-se durante a operação, movendo instrumentos e fazer barulhos e eu não ter memória de nada. Eu apenas tenho recordação de que sai depois de ter sido dada a anestesia. Elman: Você gostaria de saber o que aconteceu durante essa cirurgia? Médico: Certo. Elman: Se eu conseguir ter um paciente no estado correcto, eu consigo leva-lo através da cirurgia dele novamente. Você não sentiu nada durante a operação, sentiu? Médico: Não Elman: Muito bem. E você diz que não ouviu nada. Você pensa que não ouviu nada. Suponha que eu lhe diga que você ouviu alguma coisa e suponha que eu deixo os nossos médicos ouvirem o que você ouviu. Médico: Isso seria uma coisa boa. Gostaria de tentar. Elman: Muito bem. Respire longa e profundamente e feche os olhos. Daqui a momentos, vou pedir-lhe para fazer os números desaparecerem. Faça-os irem embora. Desapareceram todos? Deixe-os ir. Muito bem. Doutor; agora quando estiver com os olhos abertos, esses números continuarão desaparecidos. Você não será capaz de os encontrar. Agora abra os olhos… *dirigindo-se á audiência]. Esta é uma boa oportunidade, aliás, para verificar a técnica. Observe o ponto de verificação! Obter o sonambulismo e provar antes e depois do fechamento dos olhos… *ao doutor Torres+ Doutor, pode contar para baixo, a partir de cem por favor? [Doutor em silencio] Desapareceram todos? Doutor: Sim Elman: Muito bem. Feche os olhos novamente. Agora, Doutor, todos os números voltarão novamente excepto o número três. Que desaparecerá. Para si será como se o número três nunca tivesse existido. Você não se lembrará conscientemente que eu lhe dei esta sugestão, mas reagirá a isso. Queira que aconteça, e descobrirá que o número desapareceu completamente. Abra os seus olhos, por favor… Conte para baixo a partir de dez, pode faze-lo por favor, Doutor? Doutor: Dez…nove…oito…sete…seis…cinco…quatro…dois…um. 223 Hipnoterapia
Elman: Muito bem. Feche os seus olhos novamente. Agora, quando eu disser para abrir olhos, em qualquer altura em que você me ver levantar este esboço do procedimento que eu tenho na minha secretária, você cairá rapidamente e profundamente no sono. Você não vai lembrar-se desta sugestão, mas reagirá a isso. Você pode esquecer conscientemente toda esta conversação, mas em qualquer altura que eu levante o esboço esta noite, você vai cair rápido e profundo no sono. Acontecerá instantaneamente. Você não vai lembrar-se que eu dei esta sugestão. Esqueça toda a conversação, mas seja guiado por isso. Muito bem, agora abra os seus olhos, por favor. Como se sente? Doutor: Tudo bem. Elman: Todos os médicos aqui têm uma cópia deste esboço…Siga as instruções. [levanta o esboço e o Doutor Torres adormece; pausa longa enquanto o doutor adormece profundamente. São contadas as respirações do doutor. Operador dirige-se a ele.] Eu vou falar consigo. Você pode ouvir-me mas não pode acordar. Você pode ouvir-me mas não pode acordar. Vou fazer-lhe perguntas. Será capaz de falar para mim mas não vai acordar. Eu saberei que me está a ouvir quando este polegar em que vou tocar começar a mover. Mova o seu polegar e assim saberei que me está ouvir. [Depois de uma pausa longa o polegar move-se] Eu vou leva-lo de volta ao dia da sua operação á apendicite. Eu vou leva-lo para dentro da sala de operações agora mesmo. Você está na sala de operações. Você vai ser capaz de me dizer tudo o que aconteceu, mesmo depois de a anestesia ter sido administrada. Você vai ser capaz de me dizer precisamente o que sentiu durante todo o tempo e as palavras que ouviu. Primeiro, eu quero que me diga quem estava na sala de operações consigo? Doutor: Estava lá o cirurgião, o assistente, o anestesista, e eu vejo duas enfermeiras lá. Elman: Eu quero que os oiça falarem. Eles estarão a dizer agora novamente exactamente o que estiveram a falar na primeira vez. Eu quero que você preste particular atenção as palavras que o anestesista usa enquanto ele administra a anestesia. Quando eu estalar os meus dedos ele estará a falar. Diga-me exactamente o que ele diz. Isso será um facto, não uma fantasia. Você não tem licença para sonhar. Lembre-se, que isto é uma experiencia científica. Por favor, acima de tudo, não use a sua imaginação para nada, e em nenhuma direcção. Nós só queremos factos. Você descobrirá que a sua mente inconsciente sabe muito mais coisas do que você pensa. Então agora eu quero ouvir as palavras do anestesista quando eu contar até três e estalar os meus dedos. Um…dois…três… *estalar de dedos+ O que está ele a dizer? Doutor: Ele está a dizer “E o nome do Pai,” qualquer coisa como, “Em nome de Deus.” Elman: Eu quero que você me diga, que tipo de anestesia lhe está a ser dado. Como homem da medicina, você sabe. Doutor: Clorofórmio. Elman: Eles têm um cone sobre o seu rosto, não têm? Doutor: Eles têm uma máscara: 224 Hipnoterapia
Elman: Uma máscara sobre o seu rosto. E estão a pinga-la sobre máscara, é isso que eles estão a fazer? Doutor: Sim, isso mesmo! Elman: Agora eles começaram a pinga-la na máscara e você vai descobrir que consegue ouvir todas as palavras que eles dizem, e você consegue dizer-me exactamente o quê que eles estão a dizer, porque você consegue ouvir tudo o que está a ser dito, tal e qual você ouviu da primeira vez. Você ouvirá abaixo do nível de consciência mas vai ser capaz de o repetir. Doutor: Eu comecei a falar. Elman: Você falou acerca do quê? Doutor: Eu não sei. Elman: Quando eu estalar os meus dedos você saberá. Está tudo ai abaixo do nível de consciência… *estalar de dedos+ Agora saberá o que disse. Não tente. Estará bem ai. Doutor: Eu estava a falar alguma coisa em Inglês. Elman. Alguma coisa importante? Doutor: Não. Apenas palavras balbuciadas. Elman: Havia alguma ansiedade aí? Doutor: Não. Nenhuma. Elman: Existiu alguma fase de excitação? Doutor: Eu não sei. Elman: Quando eu estalar os meus dedos você saberá… *estalar de dedos+ Agora, doutor, conscientemente, você não vai prestar atenção nenhuma as palavras que digo. Eu vou estar a falar com o seu inconsciente. Doutor: O cirurgião diz ”confusão de línguas”, porque era suposto eu falar em Espanhol. Elman: Diga-me o quê que eles estão a falar agora. Doutor: Eu não oiço nada! Elman: Quando eu estalar os meus dedos você ouvirá. Se existiu alguma conversação, você a ouvirá… *estalar de dedos+ Quem está a falar, se é que está alguém a falar? Doutor: Não consigo ouvir nada! Elman: Quando eu o fizer abrir os olhos, a sugestão/sinal que eu lhe dei ainda á pouco será mais efectiva do que nunca e desta vez você vai descobrir que quando eu o fizer adormecer, estarei a falar com a sua mente subconsciente, e a sua mente consciente não terá memória acerca do quê que eu estava a falar. Tudo isso acontecerá depois que eu o fizer abrir os olhos… *Repare aqui na composição de sugestões+ Agora pararei de falar e você abre os olhos… *Paciente abre os olhos+ Á pouco eu estava a falar acerca deste esboço e eu estava a dizer que quero toda a gente a prestar muita atenção a isso… *Levanta o esboço; o doutor adormecer]. Agora doutor, a sua mente consciente pode esquecer todas as coisas acerca do que estou a falar, mas a sua mente inconsciente pode falar comigo. Agora está no decurso da operação; a sua mente consciente vai dormir mas a sua mente inconsciente está 225 Hipnoterapia
sempre alerta. Eu quero que me diga o que é que os médicos disseram, o que é que as enfermeiras disseram, o que é que o anestesista disse, o que é que você disse— se disse alguma coisa. O que toda a gente falou durante a operação. Você consegue falar isso porque eu estou a falar para a sua mente inconsciente. Doutor: Um barulho tremendo no meu ouvido. Elman: Isso é uma das coisas que você tem com o clorofórmio— O som de um zumbido que você tem no seu ouvido. Muito bem, através desse zumbido, o quê que você ouve eles falarem? Doutor: Nada. Apenas ouço o zumbido. Elman: Vou remover o zumbido e você ouvirá o que eles falam… *Estalar de dedos] Agora o zumbido desapareceu. O quê que você ouve? Doutor: Alguém que diz; ”temos que fazer um corte longo” Elman: Alguém disse por quê? [sem resposta] Alguma coisa mais? [sem resposta] Eu penso que sim. Não sinto nada! Elman: Agora eles estão a fazer a cirurgia; eles têm que fazer este longo corte; e a sua mente inconsciente ouve todas as coisas que eles estão a dizer e você consegue repetir para mim, exactamente o que foi dito. Agora você ouvirá tudo. Para isso não tente. Está aí. Você ouvirá tudo. Quando eu o fizer abrir os olhos e levantar este esboço novamente você irá para um estado muito mais profundo. Queira que isso aconteça porque eu sei que você está tão interessado nesta experiencia como qualquer um de nós. Agora pararei de falar e você vai despertar… *O doutor acorda+. Como se sente? Doutor: Muito bem. Elman: Você lembra-se de alguma coisa do que eu falei agora mesmo? Doutor: Nós estivemos a falar acerca da minha operação, eu acho! Elman: [Levanta o esboço. Doutor adormece novamente] Deixe-se ir mais profundo. Deixe-se adormecer profundamente. Conscientemente, você não tem nenhuma lembrança do que teve lugar durante a operação. Mas abaixo do nível consciente você sabe tudo e que quero que você me diga, depois de eles fazerem esse longo corte, o que foi que aconteceu. A sua mente sabe a resposta. E a sua mente inconsciente pode falar comigo agora. Doutor: Alguém diz “Esponja”. Elman: Que mais? A operação esta a seguir tranquilamente? Doutor: Sim. “Aqui está um” disse alguém. Elman: O que aconteceu então? Doutor: Alguém diz, “Está ao contrário” *O doutor Torres está a referir-se aos comentários dos cirurgiões relativos a posição anormal do apêndice, como será visto]. Elman: Que mais? Doutor: Não consigo ouvir mais. Elman: Muito bem, vou para de falar. Você acordará! Se a sua mente inconsciente quiser que a sua mente consciente saiba o que você ouviu durante a 226 Hipnoterapia
operação, você lembrar-se-á. Mas se a sua mente inconsciente não quiser que a sua mente consciente saiba, você não vai lembrar de nada. Muito bem, vou parar de falar consigo e você despertará. Repare o quanto se sente bem, e todas as sugestões/sinais desaparecerão; elas serão anuladas e você apenas terá no seu estado normal quando eu o fizer abrir os olhos. Agora vou parar de falar e você irá despertar. [O doutor desperta]. Doutor, o quê que aconteceu durante a sua operação? Doutor: Um tremendo barulho nos meus ouvidos. Elman: O quê que você ouviu? Doutor: Alguém a dizer que havia uma confusão de linguagem. Elman: Quando você começou a falar. E o quê mais? Doutor: Alguém perguntou pela esponja. E outra pessoa disse, ”Aqui está”. Penso que isso é tudo o que eu me lembro. O que disse eu? Elman: Bem, eles fizeram uma incisão longa? Doutor: Oh sim, eles disseram “Nós precisamos de uma incisão mais longa” Elman: Você lembra-se do quê que você disse acerca do seu apêndice? Doutor: Sim. Quando eles fizeram um raio-x antes da operação eu penso que acharam-no um pouco fundo, e um pouco para trás. O cirurgião não tinha visto o raiox. Elman: O cirurgião não tinha visto o raio-x? Doutor: Não! Elman: Você sabia que estava para trás? Doutor: Não. Eu não sabia. A imagem apareceu plana. Elman: Você sabia antes desta noite que isso aconteceu durante a operação? Doutor: Não. Apenas lembrava até eles iniciarem a anestesia. Elman: Em outras palavras, nunca pareceu que você pudesse ouvir durante a cirurgia. A anestesia de clorofórmio, é bastante profunda não é? Doutor: Sim, eu penso que é muito profunda. Elman: Você sempre pensou que uma pessoa perde o sentido de audição apenas porque ela está sob efeito do clorofórmio? Doutor: Bem, eu pensei que sim. E ainda continuo a pensar que sim. Elman: Alguma vez o cirurgião lhe falou que ele tinha que fazer uma incisão longa? Doutor: Não. Ele não me disse nada, e eu não lhe perguntei. * * * É interessante notar que imediatamente após á hipnoanálise, o Doutor Torres continuou a não acreditar que era possível ouvir sob anestesia. Ele apenas tonou-se convencido quando mais tarde ouviu pela sua própria gravação. Na carta que ele me enviou com transcrição acima, ele mencionou que desde essa altura ele foi submetido uma vez mais— e uma vez mais ele não tem lembrança de nada que tenha acontecido durante a anestesia. Isso é, conscientemente, ele não se lembra de nada. Mas ele sabe que manteve a consciência ao longo da operação, e que ele pode facilmente reviver isso uma vez mais no hipnosono. Devo acrescentar que a dúvida original dele era natural num médico por duas razões. Primeiro, qualquer médico sabe que 227 Hipnoterapia
normalmente, um paciente parece estar inconsciente durante a anestesia, e essa impressão não é corrigida quando o próprio médico está anestesiado, uma vez que conscientemente, ele não lembra da sua consciência. Segundo, é necessário um saudável (em outras palavras, objectivo) cepticismo para uma investigação científica imparcial, portanto torna-se uma segunda natureza para a maioria dos médicos. A prova da consciência demonstrada pelo Doutor Torres pode ser— de facto foi— repetida muitas vezes com pacientes após cirurgia. Não só mostrou o potencial valor do hipnosono mas a importância de tratar um paciente com muito tacto mesmo quando supostamente, ele está num estado de profunda anestesia.
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Capítulo 23: Perguntas que os médicos fazem frequentemente. Os problemas encontrados na medicina e odontologia (especialmente aqueles problemas envolvendo a mente e as emoções) são tão diversos como as personalidades dos mesmos pacientes. Para o melhor da minha habilidade, eu tenho usado este livro para descrever técnicas que são geralmente aplicáveis em tratamentos e especificamente aplicáveis quando as palavras e as acções dos médicos são costuradas às necessidades de um dado paciente. Eu sigo este mesmo procedimento nas aulas. Ainda que haja sempre médicos e dentistas que surgem com questões que não foram respondidas nas palestras e demonstrações durante o curso. Seu tentar responder aqui a todas e quaisquer perguntas feitas, o texto provavelmente seria tão longo como um combinado de todos os dicionários médicos do mundo. Mas as perguntas mais frequentemente feitas são obviamente aquelas mais intrigantes ou mais importantes para os médicos. Eu tenhoas compilado cuidadosamente, e darei aqui as minhas respostas: Doutor: em todos os manuais que tenho lido há uma menção ao teste do balanço para aferir a sugestibilidade. Por que é que você não o ensinou? Elman: Uma vez que todos são sugestionáveis, não há necessidade de testar a sugestibilidade. Além disso, um teste confiável seria, pela sua própria natureza, tem de contornar a faculdade crítica do paciente e coloca-lo no limiar da hipnose. O teste do balanço não atende a este requisito. Uma pessoa pode passar no teste do balanço e ainda assim recusar aceitar a hipnose. Portanto, eu considero o teste absolutamente inútil. Doutor: Se isso é assim, por que é que os outros professores de hipnose usam o teste? De onde é que eles o tiraram e por quê que eles acreditam que é efectivo? Elman: Eles obtiveram-no a partir dos operadores de palco. E você deve ter em mente que o operador de palco está num show e ele faz muitas coisas que realmente são desnecessárias para a hipnose. Ele não é enganado pelo teste do balanço; ele sabe que isso é inútil mas fá-lo para efeitos de palco, para tornar fazer a sua demonstração mais impressionante. Tem havido um número de artigos papéis escritos expondo a falácia do teste do balanço. * * * Doutor: Foi-me dito por outros professores para ter sempre a certeza de que o paciente está numa posição confortável antes de iniciar a hipnose, e então eu tenho dito aos meus pacientes para descruzarem as pernas e porem as mãos em cima das pernas. Tenho reparado que você não faz isso. Por quê? Elman: Porque é desnecessário colocar o paciente em alguma posição particular. Eu hipnotizei um artista de circo num trapézio, pendurado pelos joelhos com a cabeça para baixo. Eu aconselho, no entanto, que você diga ao paciente para se estar numa posição que seja confortável para ele. Colocar as mãos sobre as pernas não faz nenhum mal, mas não faz nenhum bem também. Deixe o paciente escolher a sua própria maneira de estar confortável 229 Hipnoterapia
* * * Por que é que os operadores de palco normalmente têm os seus sujeitos sentados com os pés no chão e os olhos virados para o tecto? Nunca me dei conta que de você fazer isso na sala de aula. Elman: A razão principal para isso ser feito é que parece bem a partir da frente. Isso é desnecessário, mas é feito para criar um efeito dramático, e tem uma tradição de pares por de trás disso. Nos tempos dias em que a fixação foi pensada ser o único método fiável de indução, os entertainers punham os seus sujeitos a olhar para cima para as luzes em cima do palco proscénio. Enquanto o operador de palco esperava que a fixação fizesse efeito ele poderia seduzir a audiência com desmonstrações de outro fenómeno— tal como os efeitos do gás hilariante— usando um segundo grupo de sujeitos voluntários. Quando ele pensava que já havia decorrido tempo suficiente, ele voltava para o primeiro grupo, agora sonolento por estarem de olhar fixo para as luzes suspensas, e prosseguia com a hipnose. * * * Doutor: Por que é que os médicos não adoptaram as técnicas dos operadores de palco? Elman: A resposta a essa pergunta é encontrada em muitos dos antigos manuais. Deixe-me citar de um deles: ” Os operadores de palco parecem obter o estado em acerca de três minutos no meio de arredores barulhentos. Uma vez que nós sabemos que isso é impossível, nós sabemos que o operador de palco é uma farsa e não dê atenção a ele”. Quando os médicos lêem coisas como estas escritas aparentemente por homens de autoridades eles ficam inclinados em aceitar as declarações como factos. No entanto, eles nem sequer pedem aos operadores para ensinar-lhes as suas técnicas. Mesmo hoje, muitos médicos consideram os operadores de palco com uma farsa, acreditando que ele usa cúmplices como seus sujeitos. * * * Doutor: Eu tive uma paciente que veio outro dia e eu prossegui hipnotizando-a, mas ela saiu sozinha da hipnose e disse que sentiu os olhos desconfortáveis. Então ela disse-me que estava a usar lentes de contacto. O que é que eu deveria ter feito? Elman: Eu penso que qualquer médico que use hipnose num paciente que utiliza lentes de contacto deve dizer-lhe para retirar as lentes antes de prosseguir com a hipnose. * * * Doutor: Eu tenho estado a ler um livro acerca das escalas de profundidade na hipnose. Os seus ensinamentos parecem estar em conflito com estes autores. Por favor explique as escalas usadas por alguns hipnotistas. Elman: As escalas que você tem lido reflectem as visões dos autores tal como os meus ensinamentos reflectem as minhas próprias visões. Eu tenho examinado cuidadosamente todas as tão-chamadas “escalas de profundidade” que aparecem na literatura, e não consigo concordar com nenhuma delas. Por exemplo, um escritor apregoa que existem pelo menos trinta profundidades diferentes; outro diz que elas 230 Hipnoterapia
são vinte; outro escritor diz que há apenas dez. Embora eu trabalhe com grandes profundidades de hipnose em que ainda ninguém induziu, eu encontro apenas cinco profundidades usáveis úteis, e já as cobri todas. Um é o estado leve ou superficial. Dois é o estado sonambúlico que pode ser composto em qualquer profundidade. Três é o estado do coma ou Esdaile, as vezes chamado de estado absoluto. Quarto e o hipnosono. (Estes quatro são os tão-chamados estados de transe]. Cinco é a hipnoseem-vigília— um estado que os médicos têm achado extremamente valioso como uma forma de sonambulismo alcançado sem o uso de transe ou de fecho-dos-olhos.com estes cinco estados qualquer coisa em hipnose pode ser possível. * * * Doutor: O quê que eu faço para acalmar um paciente que continue a dar risadas? Elman: A risada é causada pela incerteza, ansiedade, falta de conhecimento— numa palavra, medo. Ponha o paciente á vontade explicando em detalhe o que você vai fazer e o quê que você espera alcançar. Se a risada continuar, apenas ignore e prossiga com o seu trabalho. Muito rapidamente a tenção da paciente centrada no que você tem a dizer e parará as risadas. * * * Doutor: Drogar (usar sedativos) ajuda a obter um estado melhor? Elman: Temos encontrado sedativos que são tremendamente efectivos contanto que você não asseda o paciente até ao ponto onde a comunicação se torne difícil. Lembre-se, o paciente tem que ouvir e entende-lo antes que ele possa responder as suas sugestões. Se o paciente for sobre sedado você deverá continuar com hipnosono, sabendo que que o paciente continua a manter o seu sentido de audição abaixo do nível de consciência. * * * Doutor: E acerca das crianças chorosas, e a gritarem? Se não lhe consigo dar uma palavra então como posso eu hipnotiza-la? Elman: A hipnose é impossível sem comunicação. Se você não conseguir estabelecer comunicação, não há ajuda que a hipnose possa oferecer. É claro, o operador habilidoso sabe que precisa apenas de alguns segundos da atenção da criança, e se puder passar a sua mensagem para a criança que chora naqueles poucos segundos, ele terá sucesso. * * * Doutor: Como posso responder ao paciente que diz que a hipnose é um disparate? Este tipo de pessoa as vezes poderá recusar cooperar, ou fazer afirmações tais como, “Ninguém terá controlo sobre mim.” Elman: A hipnose deve ser explicada muito cuidadosamente ao tal paciente. Você deve, faze-lo entender que o que você vai fazer é um método de terapia aceite por médicos e dentistas de profissão; que em hipnose o paciente está sempre no controlo da situação e pode rejeitar quaisquer sugestões que forem dadas se ele se opuser a elas; que em nenhum momento ele perderá o controlo sobre si mesmo. Eu 231 Hipnoterapia
tenho achado muito fácil de ultrapassar essa rejeição quando a hipnose é devidamente explicada, e leva apenas alguns minutos a fazer isso. * * * Doutor: Eu hipnotizei uma criança na semana passada e tive resultados excelentes. A mãe trouxe-a hoje e disse, ”Nunca mais use hipnose na minha criança”. Então dei á criança o tratamento da maneira normal. Ela não se opôs ao tratamento na semana passada quando a hipnotizei, mas esta semana ela gritou demais. O quê que eu deveria ter feito? Elman: Tudo o que você pode fazer com tal mãe é perguntar-lhe se ela quer que a criança tenha o tratamento da maneira mais fácil ou da maneira mais dura. Primeiro, explique a ela o que é a hipnose, para que ela não tenha falsas ideias acerca disso. Deixe bem claro para ela que, a hipnose é maravilhosa e uma ferramenta aceite em medicina e odontologia apesar de qualquer relato que ela tenha ouvido do contrário. Depois pergunte a ela se quer que a criança sofra desnecessariamente. Se depois da sua explicação, ela persistir na sua atitude, você só terá que tratar a criança da maneira mais dura. * * * Doutor: Os pais devem estar presentes quando estou a hipnotizar uma criança? Elman: Tenho discutido esta questão com muitos médicos e dentistas. Eles dizem-me que fazem melhor o trabalho deles com ou sem hipnose, quando os pais não estão presentes. Isso é porque a criança apoia-se nos pais como à uma muleta e faz de si mesmo um incómodo, sabendo que vai obter as simpatias dos pais, enquanto vai tornando mais difícil e prolongado o trabalho do médico. Muitos médicos encontram maneira de manter os pais em outra sala enquanto tratam os seus jovens pacientes. A mesma regra aplica-se quando a hipnose é usada. * * * Doutor: Devo obter permissão dos pais antes de hipnotizar uma criança? Elman: Isso é inteiramente consigo. Você não pede a permissão dos pais aquando da prescrição ou para um dado tratamento. O que faz, no entanto, é explicar aos pais que tratamento será necessário de acordo com o seu julgamento. Eu não diria aos parentes que eu iria hipnotizar a criança para fazer com que o tratamento fosse mais fácil para ela mas diria que em medicina e na ortodontia agora usam o relaxamento médico para tornar mais fácil o tratamento para os pacientes, e que você pretende fazer o mesmo. A partir dai, você deve-se guiar pela reacção dos pais. * * * Doutor: Eu ouvi um dos seus médicos dizer que ele ensina uma pequena rima às crianças mais apreensivas, e que essas crianças dizem a rima e isso faz com que a visita deles ao médico se torne mais fácil; elas não sentem nada do que o doutor tenha de fazer. Já ouviu acerca disso? Elman: Sim. Muitos médicos têm tido sucesso com esta técnica simplificada. Como você sabe, as rimas simples muitas vezes ajudam as crianças a concentraremse. Elas captam a imaginação das crianças, ajudando-as a aprenderem, tal como 232 Hipnoterapia
algumas canções instrutivas de ninar ensinam novos conceitos as crianças pequenas. Aqui está a rima simples que os médicos usam: Fada, fada, mostra para mim Como é fácil fazer assim. Fecho os olhos, vejo o teu sorriso Vejo a dança vejo o que preciso Adaptação (tradução não literal) Enquanto dança no vai e vem Tudo estará bem e eu também. Fada, fada, mostra para mim Como é fácil fazer assim. Eu penso que a melhor forma de usar esta rima é por a criança com os olhos fechados e com os olhos da mente pô-la ver uma fada a dançar. Depois diga á criança “enquanto estiveres a ver esta fada a dançar nada de incomodará nem perturbará”. Esta técnica é excelente para tratamentos e curta duração. Funciona lindamente para injecções. Experimente com uma criança que seja apreensiva e penso que você ficará encantado com os resultados. * * * Doutor: Eu tinha um paciente em hipnose profunda e estava a compor uma fractura sem dor. A palavra espalhou-se em todo o hospital acerca do que eu estava a fazer e vários médicos vieram para ver. Um deles disse, “ Não me diga que não está a magoar o paciente a menos que tenha dado um sedativo antes de chegarmos”. Ainda estas palavras não tinham saído da boca dele o paciente começou a estremecer com dores. Não sabendo que mais fazer, eu tive que usar a anestesia química. O que poderia eu ter feito? Elman: Nessas circunstâncias, não havia nada que você pudesse ter feito. Mas isso deverá ser tratado da mesma maneira que um parto hipnótico é tratado. Você deverá certificar-se de que as pessoas que trabalham consigo saibam como lidar com os tratamentos hipnóticos, e se existirem pessoas na sala que não saibam do assunto mas sejam apenas espectadores, diga-lhes de antemão para por favor permanecerem silenciosos. Afinal de contas, é o seu paciente e tudo o que eles têm que fazer é observarem. A menos que você tenha o controlo deste tipo de situação, isso será repetido em detrimento do paciente. Diga aos seus colegas para ficarem fora ou estarem quietos. Você não quer que sejam dadas sugestões adversas aos seus pacientes. * * * Doutor: Por que é que há muita gente com medo da hipnose? Elman: Elas têm sido expostas às histórias de Svengali e Trilby, filmes e shows de televisão em que a hipnose é retratada como vilã. Elas também são expostas a variadas declarações escritas em jornais e revistas por pessoas que não sabem nada acerca do assunto. Infelizmente, uma vez feitas as declarações e impressas elas parecem autoritárias para as pessoas que as lêem. Essas pessoas são, além disso, expostas á atitudes erradas por autonomeadas autoridades que não percebem do assunto. Recentemente foi escrito um livro pelo Doutor Frank Caprio intitulado, 233 Hipnoterapia
“Ajudando a si mesmo com auto-hipnose”. Ele é um médico e escritor de muitos livros excelentes. Neste ele recomenda que as pessoas que desejem ser tratadas por um médico que use hipnose, telefonem para a sociedade médica local para um terem o nome de um médico que use hipnose na sua profissão. Uma senhora ligou-me ontem para dizer que tinha ligado para a sua sociedade médica local e que tinha sido informada pelo doutor da sociedade que a hipnose era um absurdo absoluto e que qualquer um que usasse hipnose era um charlatão. Ele disse que se ela precisasse de um médico para qualquer propósito médico específico ele ficaria satisfeito em recomendar um, mas não recomendaria nenhum que use a hipnose. Ele esteve disposto a dizer isso pese embora o facto de a hipnose estar reconhecida como terapia válida pela Associação Medica Americana e a Associação Odontológica Americana. * * * Doutor: Eu tenho ouvido que em muitos estados estão a ser formuladas leis para parar o uso da hipnose por qualquer um que não seja um médico qualificado. O que você pensa acerca desses projectos de lei? Elman: Você não pode proibir o funcionamento da mente humana. Você não consegue impedir as pessoas de serem sugestionadas, pois isto é um atributo dado por Deus— nem pode impedir ninguém de dar sugestões a outra pessoa. Em outras palavras, você não pode impor uma lei contrária às leis da natureza. Uma vez que estamos todos a dar sugestões uns aos outros todos os dias das nossas vidas, as vezes sem sequer nos apercebermos, como é que isso pode ser evitado? Isso não é necessariamente reconhecido como hipnose sempre, mas, frequentemente é exactamente o que isso é. * * * Doutor: Estou constantemente a ler artigos acerca dos perigos da hipnose. Normalmente esses documentos são escritos por psiquiatras. Você não parece sentir que haja algum perigo. Por quê que a sua opinião difere tão radicalmente destas outras opiniões? Elman: Eu tenho ensinado á milhares de médicos e dentistas, e a cada um destes estudantes, eu tenho dito, ”Se alguma vez você encontrar um perigo na hipnose ou ter um problema na hipnose chame-me. Estou interessado nos seus problemas tanto como no seu progresso. ” Tenho orgulho em dizer que a maioria destes estudantes têm mantido contacto comigo durante esses anos. Certamente, se eles me contactam com os seus problemas—e eles têm—eles ter-me-iam contactado com essas situações adversas ou de perigo. No entanto, posso dizer honestamente nunca ter tido tais relatos. Os meus estudantes não são de forma alguma os únicos médicos a usarem a hipnose. Existem muitos milhares de médicos neste país usando-a, e você ainda não ouviu relatos de situações infelizes excepto um mero punhado de quem parece especializado em escrever documentos sobre os perigos da hipnose. Esses escritores têm sido interpelados e questionados repetidamente, alguns deles pelos meus próprios estudantes, que têm-me relatado. A questão mais frequentemente colocada a esses escritores é, “Pode dar-nos algumas histórias de casos em que possamos basear as nossas pesquisas?” Ninguém foi bem-sucedido em obter esta 234 Hipnoterapia
informação desses escritores. Em outras palavras, temos que ficar levar com as palavras deles para isso. Eles sempre falam acerca do caso de um homem a quem tal e tal aconteceu porque ele tinha sido hipnotizado. Tente descobrir quem é esse homem e localize-o. Você não consegue. Lembre sempre que a lei da auto-preservação é universal e isso nunca foi revogado. E não é revogado em hipnose. * * * Doutor: O que faço acerca da paciente grávida que parece estar perfeitamente condicionada para o parto que o médico tem a certeza que ela pode ter o bebé sob hipnose, mas ela recusa-se mesmo a relaxar na visita seguinte. Quando o doutor pergunta qual é o problema, tal paciente pode insistir que não há nada errado— mas alguma coisa deve haver. Elman: Eu entendo, isso é um problema frequente com as grávidas. Primeiro vamos cobrir abordar a razão para tal comportamento da paciente. Assumiremos que interiormente, ela esteve no seu consultório e aceitou a hipnose. Ela fez isso por causa da fê dela em si. Você disse-lhe que seria bom para ela, e que era tudo o que ela precisava. No entanto, depois de deixar o seu consultório, indubitavelmente ela contou aos amigos e familiares acerca da experiencia e para surpresa dela deparou-se com muitas e diferentes reacções, algumas das quais incomodaram-na. Provavelmente alguém afirmou que ela nunca deveria permitir que alguém a hipnotizasse. Afinal de contas, como poderia ela saber do que poderia acontecer a ela própria ou ao bebé sob hipnose? Isso é o suficiente para perturbar qualquer mãe em perspectiva, e ainda, ela preferiria não lhe embaraçar ao repetir a conversação. Portanto, quando você lhe perguntou qual era o problema, ela disse, “Nenhum”. Eu partiria do pressuposto de que ninguém ainda lhe vendeu convenceu sobre este método de parto e cabe agora a você revender á ela, explicando acerca do valor de um parto hipnótico, salientando o facto de, como médico dela você sabe o que é melhor para ela e para o bebé dela. Na maioria das vezes, isso faz o truque de você ficar capaz mais uma vez, de hipnotizar esta paciente. Se ela não aceitar a sua explicação ela terá que ter o bebé da maneira mais dura! Eu dir-lhe-ia isso, embora talvez, não nessa palavras. Eu dir-lhe-ia que ela receberia toda a ajuda conhecida que a medicina tem para oferecer, para fazer o parto do bebé seguro e fácil, e que a hipnose é um maravilhoso extra. Se ela não deseja ter a vantagem deste maravilhoso suplemento, ela terá que conformar-se com menos. Tendo dito isso, deixe a decisão inteiramente com ela. * * * Doutor: Uma das minhas pacientes foi condicionada para o parto e ela não sentiu nada durante as contracções, mas quando chegou verdadeiramente a hora o nascimento do bebé, ela saiu sozinha da hipnose e a partir daí as coisas ficaram complicadas. Existe alguma maneira de impedir que isso aconteça novamente? Elman: Em minha opinião experiencia, há muitas razões para que isso aconteça. O medo pode ter-se intrometido, e uma vez que você não soube isso até ser muito tarde, não havia nada que você pudesse fazer acerca disso. Outra razão frequente é que alguém na sala de partos tenha dito alguma coisa para alarmar a paciente. Você 235 Hipnoterapia
pode antecipar isso instruindo os seus assistentes da sala de partos em como lidar com o parto hipnótico. Mas apesar de todas as suas precauções você ainda poderá vir a enfrentar tal situação. Aqui está uma incomum: Um obstetra veio á aula e relatou que uma das suas pacientes que tinha sido condicionada para o parto esteve bastante confortável durante o procedimento. Ela não teve nenhum desconforto durante as contracções nem mesmo na fase de expulsão. No seguimento, de repente, ela começou a gritar em plenos pulmões. Isso abalou o médico e ele disse-lhe “O que se passa consigo? Você não está a sentir nenhum desconforto; você sabe que tudo tem estado ir lindamente, e o bebé está aqui. Do que é que você está a gritar?” A paciente disse, “Não é da sua conta, doutor. O meu marido está do outro lado daquela porta e eu vou ter um casaco de vison depois deste parto ou e já sabe o motivo. Então ela retomou os gritos. Ela admitiu ao médico que tinha tido um parto indolor, mas teve os motivos dela para gritar. * * * Doutor: Uma das minhas pacientes obstetricais não tinha recebido condicionamento. Ela estava em agonia e já dentro da hora do parto. Ela teve toda a sedação necessária porêm ela continuou a gritar e andou as voltas não muito racional. Existe alguma abordagem a ser usada numa paciente como esta? Elman: Se a sedação está no ponto onde você não possa comunicar, você não consegue ajudar. Mas quando o médico continua a poder comunicar com a paciente, muitos dos nossos obstetras dizem-nos que têm sido bem-sucedidos. Antigos alunos dizem-me, “Não existe uma paciente que venha para o parto que nós não possamos ajudar em algum nível pelo menos; mesmo se a mulher estiver em trabalho de parto, mesmo se as contracções dela sejam intercaladas de trinta segundos, nós continuamos a poder ajudar.” Você tem que trabalhar entre as contracções, mas você pode faze-lo dentro dos trinta segundos. * * * Doutor: Por que é que as vezes os pacientes recusam uma sugestão dada para o seu próprio bem? Eu disse a um que ele usaria o aparelho dental até a visita seguinte, quando eu teria que fazer um ajuste nele. Mas quando ele voltou eu tive conhecimento de que ele nem sequer usou o aparelho um dia. Elman: Pela maneira como você formulou esta questão faz-me suspeitar de que você deu uma sugestão em vigília impropria, ao paciente. Sem saber, você esteve a insinuar que o aparelho seria desconfortável pelo menos por uma semana. Na mente dele isso era razão suficiente para não usa-lo por uma semana. Ele preferiu esperar pela visita seguinte que seria quando você iria fazer o ajuste. Você poderia ter dado a mesma sugestão de uma maneira que teria sido muito mais efectiva e teria ajudado o paciente. Você poderia ter dito isso desta forma: “Este aparelho serve perfeitamente agora, e será não só confortável, como na verdade você gostará de usa-lo. Como resultado a sua boca sentir-se-á muito melhor. Venha na próxima semana para um check-up. ”Em outras palavras, faça a sua sugestão não apenas simples, mas razoável; e não plante dúvidas na mente do paciente. 236 Hipnoterapia
* * * Doutor: Sou um estudante relativamente novo, mas senti que estava preparado para tentar dar uma sugestão pós-hipnótica. Então, após trabalhar com hipnose com sucesso num paciente, eu dei-lhe uma sugestão pós-hipnótica experimental mas ele não a aceitou. Eu disse-lhe que depois de o despertar ele levantar-se-ia e gritaria ”hurrah.” Vou admitir que ele era um digníssimo cavalheiro, mas aceitou tão bem a hipnose que não entendo o porquê de ele não aceitar esta sugestão simples. Elman: Ele não a aceitou porque não a quis. Nunca dê uma sugestão póshipnótica que seja ridícula ou que você sinta que um paciente em particular não estaria apto a aceita-la em condições normais. O cavalheiro a quem você deu essa sugestão provavelmente nunca gritou “hurrah” na vida dele. Por quê que deveria gritar agora? Lembre-se sempre que um paciente pode aceitar ou rejeitar a sugestão de acordo com as próprias inclinações dele, não interessa o quão profundo ele vai em hipnose. * * * Doutor: Por que é que embora eu tenha bastante sucesso com os meus pacientes, eu não consigo nem obter o fechamento-dos-olhos com a minha esposa? Elman: Há três respostas prováveis para esta questão. A primeira é que a sua esposa sabe que você apenas agora está a estudar este assunto e não deseja ser uma cobaia. Quando ela pensar que você sabe o suficiente acerca do assunto ela talvez o deixe trabalhar com ela. A segunda resposta é que ela talvez nunca lhe deixe trabalhar com ela porque, apesar de tudo que você diz, ela talvez possa acreditar que o operador tem controlo sobre o sujeito e ela não quer o marido dela esteja no controlo. E claro existe também a terceira possibilidade que, a razão para ela rejeitar a hipnose é o convencional – medo do desconhecido. * * * Doutor: Eu estava a usar hipnoanálise com uma paciente e levei-a de volta ao tempo antes do nascimento dela, e ela descobriu que as suas dores de cabeça desenvolveram-se enquanto estava no útero materno. O que você pensa acerca disso, Senhor Elman? Elman: Involuntariamente, você esteve a dar um sonho ao paciente. Você esteve a fazer exactamente o que foi feito no caso de Bridey Murphy. Não há evidência científica de que um feto tenha alguma consciência que seja ou que tenha noção do quê que está a acontecer no útero. Portanto qualquer informação que ela lhe tenha dado relativa a esse período não tem base em factos. * * * Doutor: Eu li um artigo num jornal a dizer que um paciente que tenha paralisia histérica no braço está a usar essa paralisia como um sintoma funcional. Isso serve um propósito e ele necessita disso. O artigo continua a dizer que você pode dar a tal paciente a sugestão hipnótica de que apenas ficará paralisado um dedo ao invés do braço dele inteiro. Dessa maneira você está a permitir ao paciente segurar/controlar o seu sintoma funcional mas permite-lhe o uso do braço! Tendo apenas um dedo 237 Hipnoterapia
paralisado certamente melhor do que não ter uso do braço inteiro. O que você pensa disso? Elman: Eu argumento que tal solução não é uma correcção completa e daria traria apenas alívio temporário ao paciente. O que você está a falar é frequentemente chamado transferência de sintomas. Eu nunca soube de tal transferência ser permanente porque este tipo de sugestão não dura muito tempo e o paciente volta ao seu sintoma original, aquele que inconscientemente ele escolheu para ele próprio. Teve um médico que me disse que ele tinha produzido tal transferência por sugestão e que a sugestão manteve-se por dez semanas. Dez semanas talvez tenham sido um grande alívio para o paciente, mas no final desse tempo a dificuldade inteira estava de volta novamente. Eu sinto que com a hipnoanálise são possíveis correcções permanentes, e ensino os meus estudantes a trabalharem nesse sentido. * * * Doutor: Podemos usar a hipnose para fazer os pacientes pagarem as contas? Elman: Bem; doutor, isso pode ou não pode, ser uma sugestão bem-vinda para o paciente e, claro, ele está em posição de aceitar ou rejeitar a sua sugestão. Tenho ouvido de médicos que fazem isso, e não pretendo julgar os seus aspectos éticos, mas não sei quantos terão tentado isso sem sucesso, nem quantos pacientes ter-se-ão ressentido de tal sugestão. * * * Doutor: A hipnose pode se usada para melhorar as nossas memórias e ajudarnos com os nossos estudos? Tem o filho de um colega que faz tudo muito bem excepto na altura dos exames, quando ele fica tão excitado que não consegue passas nos testes. Elman: Tais pessoas são facilmente ajudadas. Sugestões hipnóticas superficiais frequentemente corrigirão a situação. Se isto não ajudar a resolver o problema, use a hipnoanálise e descubra a razão para o pânico. E então ensine auto-hipnose ao paciente para que ele possa usar justo antes de entrar na sala de exame. * * * Doutor: A minha esposa tem o que eu tenho sempre considerado um hábito adorável. Ela está sempre a por as coisas num “local seguro”. E normalmente não se consegue lembrar onde é esse “local seguro”. Nós sempre brincamos com ela sobre isso simplesmente porque nunca pareceu importante. No entanto há dois anos, estávamos nós para ir em viagem quando ela se lembrou que não tínhamos colocado um valioso broche na caixa de segurança de depósitos. O banco estava fechado e ela disse, “Não se preocupe com isso querido. Eu colocarei isso num local seguro.” Nós fomos para às nossas férias e quando voltamos procuramos pelo broche. Bem, ainda não o encontramos. Conseguiremos descobrir aonde está o broche através da hipnose? Elman: A hipnoanálise é a única resposta que conheço para isso. Leve-a até a altura antes de ela ter colocado o broche de parte e trabalhe em cima disso até ao momento actual em que ela o colocou no “local seguro”. Você descobrirá que este 238 Hipnoterapia
método é bastante efectivo. Isso foi tentado em vários casos e considerou-se ser extremamente valioso. Há um caso semelhante envolvendo a perda de alguns documentos importantes. O médico insistia que tinha sido a esposa dele que tinha deixado os documentos, e a esposa insistia que tinha sido ele. Nenhum deles sabia onde estavam os documentos. Eles tinham ido procurar por todo escritório e em casa num esforço para os localizar. Nós usamos a hipnoanálise nos dois, marido e esposa, e descobriu-se que fora o marido que os tinha deixado e não num local verdadeiramente seguro. Ele tinha colocado os documentos numa caixa de brinquedos descartados do filho no cimo de uma prateleira de um armário. * * * Doutor: Acerca dos casos de medo de palco e timidez? Estes podem ser superados pelo uso de hipnose? Elman: Tenho achado a hipnose, ser extremamente valiosa na correcção deste tipo de situação. Posso até lembrar de uma situação ocorrida há muitos anos quando eu estava no show business. Um dos artistas da empresa onde eu trabalhava tinha estudado diligentemente e sabia o seu papel muito bem, mas na noite da primeira performance ele ficou ao lado do palco num tal pânico que não conseguiu avançar. Usando técnicas de condicionamento rápidas, eu hipnotizei-lhe e dei-lhe a sugestão de que a memoria dele estaria melhor do que nunca e que ele se lembraria de cada linha que tinha estudado. O pânico desapareceu e ele fez uma excelente performance. Eu sinto que em tais casos, os melhores resultados são obtidos, usando sugestões superficiais e depois ensinando ao paciente a auto-sugestão, para ser usada quando necessário. * * * Doutor: E acerca dos casos de enuresia? O que se pode fazer com eles? Elman: Nós tivemos uma experiencia interessante com enuresia na primeira vez quando comecei a ensinar. Nós mantivemos as estatísticas dos primeiros dezassete casos que nos foram reportados. Em onze deles as sugestões foram completamente ineficazes. Nos outros seis casos, as sugestões foram consideradas úteis. Por fim, eu comecei a fazer hipnoanálise em casos de enuresia e então começamos a ter resultados mais satisfatórios. Você ficará surpreso com as muitas causas diferentes de enuresia. Deixe-me listar alguns deles: as vezes, a causa disso é um pedido/chamada por atenção que faz a criança molhar a cama; as vezes é o medo do escuro; as vezes é uma questão de rivalidade entre irmãos. Quando nós usamos a hipnoanálise com pacientes adultos sofrendo do mesmo problema e rastreamos a causa, com muitas vezes descobrimentos que a enuresia foi precipitada por trauma. Recordo a circunstância em que uma paciente adulta foi perfeitamente treinada, na altura ela tinha três anos de idade e os pais da criança estavam muito orgulhosos que a sua pequena filha não molhava a cama desde os dois anos. De repente ela começou a molhar a cama novamente, todas as noites. A hipnoanálise revelou o facto de que uma noite quando ela tinha três anos, quando ela tinha que ir a casa de banho. Ela viu um homem no quarto dela que passava entre as cómodas de 239 Hipnoterapia
gavetas. Ele usava uma máscara sobre a face. Ela gritou. Os pais dela foram a correr. Houve tiros e o homem foi embora. Ela não entendeu muito bem o porquê mas havia uma considerável excitação e muita gente em casa naquela noite. Dai em diante, ela molhou a cama. A paciente, na altura da hipnoanálise estava com trinta anos de idade e solteirona. Ela nunca tinha casado porque tinha vergonha de falar acerca do problema dela á qualquer potencial pretendente. O psiquiatra de serviço trabalhou mais com ela e reportou que foi capaz de corrigir o problema. * * * Doutor: Recentemente, operei uma menina. Um dos seus dedos dos pés sobrepôs-se a outro. A cirurgia foi um sucesso completo mas depois da operação ela principiou a mancar, para o qual não há razão patológica. Poderá a hipnose ajudar num caso com este? Elman: Claro que poderá. Isso parece um pedido/chamada por atenção, e uma sugestão hipnótica superficial deverá corrigir a situação. * * * Doutor: Um dos problemas em odontologia é a criança que chupa o polegar. A hipnose pode ser usada para parar/acabar o hábito? Elman: Isso é um assunto controverso entre médicos e dentistas. Os dentistas sentem fortemente que deve ser feito tudo para corrigir o hábito por causa dos danos que isso provoca na estrutura da boca. O médico, em muitos casos, diz, “Deixe a criança sozinha em paz. Ela superará o hábito”. Eu prefiro não tomar partido. No entanto, muitos médicos e dentistas têm reportado que eles têm usado técnicas hipnóticas com bom sucesso. Alguns dos meus estudantes— médicos e dentistas igualmente— preferem o uso da hipnoanálise para determinar a causa, e em alguns casos têm sido bem-sucedidos. * * * Doutor: Eu tenho ouvido você afirmar que as sugestões superficiais não são de valor permanente. Devo discordar consigo. No ano passado eu tive uma paciente que sofria de enxaquecas violentas e dores de cabeça; eu sugestionei para desaparecer uma dor de cabeça e ela não mais teve dor de cabeça desde então. Anteriormente, ela vinha tendo-as todos os dias. Você não diria que este caso prova o valor das sugestões superficiais? Elman: Eu nunca disse que as sugestões superficiais são de nenhum valor, apesar de elas serem inúteis em certos casos específicos. Pegando na sua paciente com enxaqueca e dor de cabeça. Aparentemente, a sugestão superficial foi extremamente valiosa para ela, e eu tenho tido muitos relatórios semelhantes. Mas a minha experiencia me ensinou que se ela deparar-se com as mesmas circunstâncias que precipitaram as enxaquecas e dores de cabeça originais, provavelmente as enxaquecas dela re-ocorrerão. Eu acredito que em tais casos a hipnoanálise é um método de tratamento muito mais satisfatório. Por outro lado existem muito mais circunstâncias em que as sugestões superficiais são extremamente benéficas. Isso é especialmente verdade quando o paciente precisa de algum alívio antes de poder ser dada mais terapia. 240 Hipnoterapia
* * * Doutor: Tenho uma paciente a quem realizei uma extracção. Ela telefonou-me mais tarde no dia e disse que começou a sangrar, então eu dei-lhe sugestões para parar o sangramento, e este parou. Você pensa que foi sensato fazer uma coisa dessas? Elman: Eu tenho tido vários relatórios de dentistas que dão tais sugestões ao telefone e eu não me oponho a esta prática se os dentistas seguirem acompanharem as suas sugestões com a afirmação de que o paciente deve vir para uma averiguação assim que for possível; que o sangramento parará pelo menos até a altura em que o médico seja capaz de verificar o paciente. * * * Doutor: Eu participei em varias sessões de hipnoanálise e reparei que ocasionalmente quando você está a trabalhar com um paciente, mesmo apesar de parecer que você está a ir bem, de repente você termina a hipnose e diz ao médico do paciente que terá de continuar o trabalho em privado com ele antes de ele sair da aula. Por que é que você faz isso? Por que é que você não diz para toda a turma do que se trata? Elman: Há muitas razões. A mais importante é que, descubro-me embrenhado na vida pessoal do paciente. As coisas pessoais não devem ser discutidas em público e eu não gosto de invadir a privacidade do paciente. As vezes suspeito que há um problema sexual, e isso certamente não é tópico para discussão diante de um grupo de pessoas. Quando eu conduzo as sessões de hipnoanálise, é com o único propósito de ensinar aos médicos com usar as minhas técnicas em vez de efectuar a correcção da condição naquela altura em particular. Quando penso que já mostrei ao médico o suficiente para ele continuar não tenho hesitação em dispensar o paciente porque atingi o meu alvo. Cabe agora ao médico prosseguir com o que eu lhe ensinei e tratar o paciente. O tratamento não está dentro da minha área. * * * Doutor: Tenho uma paciente que menstrua bem pesado. Ela é estudante de ballet e está para aparecer num show na próxima semana. Ela está bastante aborrecida porque o período dela é deve aparecer nessa altura e ela está preocupada acerca do fluxo intenso. Normalmente, nessas alturas ela reduz as actividades dela. Como posso ajuda-la? Elman: As sugestões hipnóticas superficiais ajudarão! Se o sangramento excessivo não é causado por uma patologia, a sugestão superficial controlará ou parará prontamente o fluxo. Muitos médicos relataram-me que eles conseguem parar o fluxo e inicia-lo novamente em dado momento. * * * Eu tenho algumas pacientes a quem tenho dado sugestões para o alívio da dismenorreia. Funciona lindamente para aquele mês, mas, apesar do facto de eu também dar a sugestão de que nunca mais terão esse tipo de desconforto, no mês seguinte elas voltam com a mesma queixa. Por quê que a sugestão apenas funciona pela metade? O quê que eu estou a fazer errado? 241 Hipnoterapia
Elman: Muitas mulheres saúdam os sinais da aproximação da menstruação com o pensamento, “Este é o meu dia de sorte. Este mês não estou grávida.” Consequentemente, a dismenorreia serve um propósito. É um sintoma funcional. Elas ficam bastante dispostas a ter o desconforto desde que saibam que elas não estão grávidas, mas no mês seguinte elas querem ter a certeza novamente de que não estão grávidas. Portanto, elas rejeitam a sugestão de que não haverá sinais da próxima menstruação. Nós temos encontrado isso em muitos casos— especialmente no meio de mulheres casadas e mulheres solteiras não virgens— este tipo de sugestão deve ser repetida em cada mês. Isso não é verdade para as jovens virgens, você descobrirá que em muitos casos a sugestão dada á mulher virgem ficará indefinidamente se ela permanecer virgem. Este tipo de sugestão pode ser dado pelo telefone. * * * Doutor: Tenho uma paciente que não menstruou por dois anos. Não há patologia. A amenorreia pode ser corrigida pela hipnose? Elman: Esta é uma das situações mais fáceis de corrigir pelo uso da sugestão superficial. Apesar do facto das sugestões para correcção da menorreia terem sido dadas muitas e muitas vezes pelos meus médicos, eu sei de duas circunstâncias apenas, em que essas sugestões não foram efectivas. Subsequentemente foi usada a hipnoanálise em um desses dois casos e seguiu-se a correcção. Não consegui garantir a história do outro caso. * * * Doutor: tenho uma paciente recém-casada que diz que o acto sexual é sobrestimado. Ela está verdadeiramente apaixonada pelo marido e eles dão-se lindamente bem, mas ele tem-se queixado. Eu examinei-a e não consegui encontrar nada de errado. Aparentemente é apenas uma questão de atitude da parte dela. Essa atitude pode ser mudada? Elman: Certamente que pode. Se a razão para a atitude é conhecida no nível consciente, pode bem ser corrigida pela sugestão superficial. No entanto, se a paciente não sabe a causa da atitude, você pode determina-la através da hipnoanálise. Quando isso for revelado a ela, a atitude pode ser prontamente corrigida. * * * Doutor: Tenho uma paciente sem filhos. Ela está casada há mais de dez anos. Uma vez que ela e o marido são férteis, eu não consigo encontrar a razão do porquê de eles não conseguirem filhos. Eles têm discutido seriamente sobre adoptar um bebé, assim como inseminação artificial. Ela não se importa se o conseguir por inseminação artificial mas o marido é veementemente contra isso. Este casamento pode acabar se eles não conseguirem o bebé deles; a esposa está a tomar a atitude de que é melhor apressar-se e fazer alguma acerca disso antes que seja tarde. O que pode um médico fazer num caso como este? Elman: Nós descobrimos que esse tipo de dificuldade muitas vezes pode ser corrigido através do uso da hipnose. Muitos médicos escreveram excelentes documentos do assunto, eu sugeria a você ler esses artigos e a deixar-se ser guiado por 242 Hipnoterapia
eles. No meu conhecimento, os escritores desses documentos estão correctos nas suas conclusões. * * * Doutor: Tenho usado hipnose no tratamento da dismenorreia e amenorreia com bom muito sucesso. Poderá a hipnose ser usada para tratar problemas sexuais em que não haja patologia? Elman: Sim. O Doutor Frank Caprio, que é um psiquiatra tem usado hipnose no tratamento de problemas sexuais há muitos anos, e escreveu livros sobre o assunto. Eu fui chamado para trabalhar pessoalmente com pacientes que sofrem de dispareunia, e em cada caso tenho sido capaz de encontrar a causa através da hipnoanálise, resolver a causa e dar ao paciente uma percepção do problema. Os médicos que me chamaram nesses casos relataram sucessos em todos os casos. Eu não acredito que tais condições possam ser corrigidas pela sugestão superficial. Acredito que cada caso requer hipnoanálise para descobrir e resolver a causa. A hipnoanálise revelou que essas mulheres muitas vezes não eram frígidas; elas apenas sofreram dor na união, e na maioria das vezes um trauma específico era directamente responsável pela condição. Me vários casos, a paciente tinha sido molestada sexualmente na primeira infância. Agora, anos mais tarde, toda a vez que ela estava com o marido dela, ela revivia o ataque no nível abaixo da atenção consciente. A experiencia inicial foi dolorosa e ela relacionou a dor ao acto sexual. * * * Doutor: Eu li um artigo de jornal que dizia que um homem foi preso por hipnotizar uma moça e seduzi-la. Poderá ele possivelmente ter feito isso? Elman: Eu também li esse artigo, e também li o artigo seguinte em que foi declarado que o caso tinha sido rejeitado. Quando questionada no banco de testemunhas, a jovem moça admitiu que tinha tido um caso por mais de dois anos antes de ele a hipnotizar. Uma moça não pode ser seduzida por hipnose a menos que ela possa ser seduzida sem hipnose, nesse caso a hipnose é um caminho longo a percorrer. * * * Doutor: E acerca da ninfomania? A hipnose pose ser útil em casos como estes? Elman: Sim. A hipnoanálise é indicada. A ninfomania é considerada por muitos como o oposto da frigidez. Isso é conceito errado. Elas são uma e a mesma coisa. Apenas a reacção é diferente. A ninfomaníaca, sendo frígida, vai de homem para homem a procura de satisfação sexual. Esta condição é também muitas vezes causada por trauma. * * * Doutor: Bastantes vezes, no tratamento de pacientes, é necessário que o paciente seja colocado numa posição embaraçosa por um período de tempo longo o suficiente para o cansar. Quando ele fica cansado, fica incapaz de manter a posição, dificultando o tratamento. Há alguma forma da hipnose poder ajudar nesta situação? Elman: Sim. Recomendo que você coloque o paciente no estado sonambúlico antes de o posicionar, dando-lhe a sugestão de que será capaz de manter a posição 243 Hipnoterapia
necessária até a conclusão do seu tratamento sem dificuldade, tensão ou fadiga. Os nossos médicos relataram estar a usar esta técnica com sucesso, tendo tido pacientes a manterem uma dada posição por várias horas quando foi necessário. * * * Doutor: Pacientes que tenham sofrido queimaduras severas apresentam problemas sérios aos médicos. Eles não estão apenas com dores intensas, mas perdem apetite. O que atrasa a cura. Podem estes pacientes ser ajudados pela hipnose? Elman: Nós temos tido muitos relatos de médicos em que a hipnose foi usada com sucesso em tais pacientes, e como resultado o recobro foi feito muito mais rápido e fácil. Lembre que a hipnose aliviará a dor e que esses pacientes querem alívio e portanto ficam estão receptivos às palavras do médico. Depois das sugestões serem dadas em profundo sonambulismo para o alívio da dor e da apreensão, devem ser dadas sugestões para o melhoramento do apetite ou qualquer outra coisa que seja indicada para o bem-estar do paciente. Foram escritos muitos documentos excelentes sobre este assunto. As nossas descobertas correspondem com esses relatórios. Doutor: Eu estou em clínica geral e não tenho problemas com os meus pacientes. Como pode a hipnose ser útil ou mesmo aplicável na minha prática? * * * Elman: A hipnose pode ser usada em qualquer um paciente que venha ao seu escritório se não for por outra razão que seja para deixar o paciente a vontade. Raro é o paciente que visita um consultório médico e que não está, em algum grau, apreensivo. Ele está com medo do que o médico vai encontrar de errado com ele, ou qual o tratamento que poderá ser indicado. Mesmo o homem que vêm para o exame para a apólice de seguro está preocupado acerca do quê que o exame revelará. Esta apreensão da parte do paciente causa um aumento da pressão sanguínea, etc., dando ao médico uma falsa imagem das condições do paciente. A hipnose aliviará tal tensão, tornando os resultados mais precisos e o exame mais fácil para o paciente e para o médico. * * * Doutor: O que é a anestesia hipnótica? Eu sei que é efectiva porque uso-a constantemente. Você pode explicar o que realmente acontece que faz com que isso ocorra? Elman: Eu acredito que posso. Tal como há a consciência selectiva hã também há a inconsciência selectiva. Eu acredito que a amnésia é uma manifestação dessa inconsciência selectiva. O paciente pode receber o impulso de dor mas está completamente inconsciente disso porque ele aceitou a sugestão para a dor, fazendose a si próprio inconsciente dos estímulos de dor. Isto é, com certeza, puramente pensamento selectivo. Basta ele pensar em “dor” que ela estará lá; Ele apenas tem que pensar em “sem dor” e ela não estará lá. * * * Doutor: Para o alívio da dor do pós-operatório você coloca o paciente no estado sonambúlico e ele parece curar melhor, mas na manhã seguinte ele está 244 Hipnoterapia
novamente dolorido. O quê que nós podemos fazer acerca disso, e por quê que isso acontece? Elman: Aparentemente o seu paciente perdeu o relaxamento. Talvez ele não tenha dormido bem, ou aconteceu alguma coisa para o perturbar. Hipnotize-o novamente e implante uma sugestão adicional para relaxamento profundo e alívio do desconforto. * * * Doutor: Muitos dos médicos estudantes relataram sucessos ao trabalharem com dores aparentemente crónicas. Gostaria de mais informação acerca disso. Elman: Os meus médicos reportaram-me que eles usam hipnose com muito sucesso para pacientes com cancro que estão com dor constante e severa. Eles reduzem a dor dos pacientes e também reduzem a quantidade de drogas medicamentosas necessárias. De facto, um médico reportou que alguns dos seus pacientes cancerosos nem sequer precisam de aspirina. Ele apenas tem usado a sugestão hipnótica para o alívio deles. Ninguém teria acreditado nisso há quinze anos atrás, e quando eu há muitos anos declarei pela primeira vez, ser isso ser possível, a maioria dos médicos riu-se. Quando você está a trabalhar com dores crónicas intratáveis, você tem que renovar as sugestões em intervalos curtos. Você dá as drogas em intervalos curtos se o paciente precisar delas, e não pensa nisso; similarmente, você tem que renovar as sugestões todos os dias ou a cada dois dias. Tenho a certeza que os médicos que foram tão bem sucedidos com vítimas de carcinoma não podem dizer que as dores não voltaram em nenhum dos seus pacientes. Esses têm renovado as sugestões hipnóticas em curtos intervalos com excelente sucesso. É gratificante ser capaz de manter esses pacientes livres de dores por vinte e quatro horas. Conforme você for continuando a trabalhar com hipnose, você descobrirá que é capaz de mantelos livres do desconforto pelo tempo de uma semana, duas semanas, três semanas. O tempo todo, eles podem estar a ter outra terapia se for necessário. E conforme você obtém mais proficiência com hipnose as sugestões que você der durarão mais tempo. * * * Doutor: Eu entendo que em alguns casos alcoólicos tenham sido ajudados pela hipnoanálise— usada para revelar os problemas que motivaram que eles bebam. No entanto, eu me pergunto se é possível trabalhar com a pessoa enquanto ela está realmente bêbeda? Elman: Você pode hipnotizar uma pessoa bêbeda, mas ela continuará a estar bêbeda. Você pode livra-lo dos tremores; você pode aliviar dos “delírium tremens”. Você pode trazer a eliminação conclusão de “delirium tremens” muito mais rápido. Mas não consegue faze-lo para de beber para sempre, apesar de você poder ajuda-lo muito. Um dos nossos médicos estudantes, trabalhou num numa prisão do condado, ele contou-nos que tinha sido capaz de remover os tremores de muitas pessoas; ele tinha sido capaz de acabar com o “delírium tremens” em alguns deles. Mas você não consegue curar o desejo alcoólico através sugestão superficial. Não sei de ninguém que tenha tido sucesso. Enquanto por hipnoanálise, irá, como você diz revelar os distúrbios subjacentes ao alcoolismo em muitos casos e pode portanto ser usada como 245 Hipnoterapia
uma ajuda no tratamento psiquiátrico. No entanto, é necessária muito mais pesquisa clinica nesta área, e mesmo a hipnoanálise nem sempre não corrigirá o alcoolismo permanentemente. * * * Doutor: O quê que podemos nós fazer acerca do vício habito do cigarro? Elman: A hipnose é de tão pouco valor em corrigir permanentemente o hábito do cigarro como a sugestão superficial é em corrigir o alcoolismo. Eu tenho tido sucesso em dar sugestões hipnóticas a pessoas que declararam sinceramente que elas queriam parar de fumar ou beber, e tenho gerenciado para fazer as sugestões durarem por tanto tempo como um mês, as vezes por dois ou três meses ou mesmo mais tempo. Mas se você fizer o seguimento desses mesmos casos, seis meses ou um ano após as sugestões hipnóticas que foram dadas, você descobre que os pacientes estão a fumar ou a beber tanto quanto antes; as sugestões hipnóticas não tiveram resultados permanentes. Quando eu estava a ensinar em Brooklyn um dos médicos na aula veio até mim e disse, “Senhor Elman, você implanta as sugestões hipnóticas tão profundamente que elas parecem aguentar interminavelmente. Eu quero parar de fumar. Acredite em mim, eu tentei muitas vezes desistir, mas não tenho tido sucesso. Pode ajudar-me?” Eu disse que poderia dar-lhe a sugestão, que duraria por uns tempos, mas que ele teria que usar a sua própria força de vontade se realmente quisesse parar o hábito. Ele disse que estava ansioso para tentar, e eu dei-lhe as sugestões necessárias. Na aula da semana seguinte, ele anunciou orgulhosamente que não tinha fumado um cigarro desde que eu tinha dado as sugestões. Ele fez o mesmo relatório na segunda semana e na terceira. Por esta altura ele estava a dizer aos membros da turma e a mim, ”Estão a ver, afinal não é verdade que a hipnose não tem valor na correcção do hábito de fumar. Não tenho fumado desde que aquelas sugestões foram implantadas. Nem mesmo tenho ansiado por cigarro. Afinal de contas, se não fumo há três semanas, é muito provável que eu nunca mais fume.” Na quarta semana quando ele veio para a aula ele estava a fumar um cigarro. Este era o padrão habitual, no entanto ele acreditou que por causa das sugestões terem funcionado tão bem para ele por três semanas elas poderiam ser feitas para qualquer um indefinidamente. Ele não se apercebeu de que nunca tinha realmente desistido de fumar. O desejo ainda estava lá. Isso aconteceu muitas vezes e os pacientes no principio relatam o quão bem eles estão a fazer. Fale com essas pessoas um ano mais tarde e logo descobre que eles voltaram ao hábito do cigarro. Aqueles receberam sugestões hipnóticas para desistir do cigarro e foram bem-sucedidos em faze-lo permanentemente poderiam tê-lo feito então sem hipnose. Além disso, uma vez que habito de fumar não é usualmente baseado em nenhuma perturbação emocional muito seria, mesmo a hipnoanálise é de pouca valia. Você não pode desenterrar e corrigir uma reacção traumática quando não existe trauma. Agora deixe-me dar-lhe um exemplo concernente ao alcoolismo. Eu tenho mantido por muitos anos que o vício hábito do álcool não pode ser corrigido apenas 246 Hipnoterapia
pelo uso de sugestões hipnóticas superficiais. Em muitos casos pode ser ajudado, no entanto, por hipnoanálise, porque a vítima do álcool está a utilizar o licor/bebida como um mecanismo de escape. Se você lhe poder dar um insight luz acerca do quê que ela está a escapar fugir ela muitas vezes parará completamente de usar álcool. Mas somente por hipnotizar uma pessoa e dar a sugestão de que ele ou ela parará de beber novamente— não importa que técnicas você use— não terá qualquer efeito duradouro. Eu recordo um incidente quando eu estava a visitar um amigo que conhecia os meus pontos de vista relativos ao uso da sugestão superficial na correcção do alcoolismo. O meu amigo contou-me acerca de um conhecido alcoólico e depois disse-me, “O homem acerca de quem estou a falar talvez— e ele estará aqui em alguns minutos— seja uma excepção. Por favor você quer tentar com ele? Ele tem sido um membro dos Alcoólicos Anónimos e apesar de tudo ele continua a beber excessivamente. Você não que ver se o pode ajudar?” Claro, o convidado chegou alguns minutos mais tarde e não fazia ideia do que eu sinto acerca de dar tais sugestões, mas ele sabia que era suposto eu ser bastante proficiente no uso da hipnose. Ele implorou-me para o tentar ajudar. Ele disse que durante muitos anos não tinha trazido os cheques de pagamento de salário para casa. A esposa dele foi forçada a ir trabalhar para sustentar a família porque ele gastou os seus cheques do salário com bebida. Eu estaria a salvar uma família, se eu o ajudasse a parar de beber, disse ele. Eu disse-lhe que se fosse ajuda-lo, eu teria de faze-lo por meio da hipnoanálise. Eu teria que descobrir a razão pela qual ele bebeu, e que talvez se ele soubesse por que é que ele tinha essa sede insaciável por bebida ele entenderia o seu problema e isso o ajudaria a parar de beber. Ele disse que não queria a hipnoanálise. Tudo o que ele queria era ser hipnotizado e que fosse dada a sugestão— fortemente implantada— que ele nunca beberia novamente. Eu estava finalmente persuadido a ajuda-lo. Como resultado, pela primeira vez em três anos ele trouxe o seu cheque salário para casa e não tinha estado a beber. Na segunda semana ele também trouxe o cheque salário para casa, e pela terceira semana ele estava tão deslumbrado acerca da sua vitória que me disse que nunca mais beberia. Se ele tinha sido capaz de estar afastado das bebidas alcoólicas por três semanas, ele apreendeu que poderia certamente ficar afastado para sempre. Ele disse que na verdade não tinha desejo por álcool. Por essa altura eu também estava convencido de que ele foi a rara excepção e senti que eu tinha salvado uma família. Imagine a minha angústia quando pouco depois eu soube que ele tinha voltado para a bebida alcoólica novamente. Eu mantenho mesmo agora que este homem poderia ter sido ajudado pela hipnoanálise, mas não poderia ser ajudado somente por tentar aceitar sugestões em hipnose de que não voltaria a ter desejo por bebidas alcoólicas. A única sugestão que este homem realmente agarrou foi aquela acerca de trazer os cheques salários para casa. Esta era a sugestão que ele queria. Ele rejeitou a sugestão que não queria. * * * Doutor: E sobre o viciado em drogas? 247 Hipnoterapia
Elman: O que nós temos sido capazes de fazer pelo viciado em drogas é tornar as dores da abstinência mais fáceis de suportar— elimina-las quase completamente enquanto decorre o tratamento. Usando a hipnose, nós também podemos tornar mais fácil a separação abstinência do álcool, mas não conseguimos curar o desejo por beber ou o anseio por drogas por meio de sugestão. Nós apenas podemos ajudar no tratamento usando a hipnoanálise para descobrir a raiz do problema. * * * Doutor: Um dos meus pacientes, um gago, foi enormemente ajudado pela hipnoanálise. Ele não gaguejou nada durante seis meses Depois, subitamente a gaguez voltou. Por que é que isso acontece? Elman: Você não fez a correcção completa. A recaída indica apenas a necessidade de mais investigação. Trabalhe com o paciente novamente. Percorra sobre as mesmas situações e procure por traumas adicionais. Depois dê-lhe mais insights sobre os problemas dele. * * * Doutor: Pode um paciente mentir ou esconder factos enquanto está em hipnose? E se sim, como pode o médico saber, e o que pode ele fazer acerca disso? Elman: Um paciente consegue mentir sob hipnose tão facilmente como ele pode mentir, distorcer ou reter factos sem hipnose. Eu descobri uma maneira muito boa para detectar uma mentira ou uma afirmação incompleta, é dizer ao paciente em sonambulismo, que se ele se desviar minimamente da verdade, o lado esquerdo da face dele irá ruborizar. Ele ficará incapaz de controlar ou evitar isso. Agora veja o lado esquerdo da face do paciente e repare como a cor muda quando ele se desvia da verdade, enquanto a face direita permanece perfeitamente normal. Uma variação que encontrei igualmente efectiva e em algumas ocasiões até mais efectiva, é colocar o dedo do paciente sob o controlo da sua mente interior. Se ele se desviar da verdade ou não revelar factos completos, o dedo mover-se-á. De outra forma não se consegue fazer mexer o dedo, não importa o quanto que o paciente tente move-lo. Esta técnica foi tida de grande ajuda na hipnoanálise. No entanto, não há nada na hipnose que o possa ajudar a fazer o paciente dizer a verdade se ele não quiser fazer. Tudo o que esta técnica fará é deixa-lo saber que você não está a conseguir a verdade, e então você pode ser guiado em concordância. * * * Doutor: Eu ouvi que um psicólogo clinico de uma das nossas turmas fez a reivindicou, ”Em hipnoanálise, nem sempre é possível descobrir a verdadeira causa de um problema emocional. Nesse caso, se você der ao paciente uma explicação razoável para a sua dificuldade— mesmo que seja uma que você tenha feito inventado — o paciente aceitará a explicação razoável e você pode ajudar imenso o paciente. De facto você pode assegurar a recuperação completa.” Quando ele fez esta afirmação, você discordou com ele. Poderá dar uma explicação para a sua atitude? 248 Hipnoterapia
Elman: A minha experiencia ensinou-me que se você não obtém a verdadeira causa do distúrbio emocional do paciente e não lhe der um insight luz sobre os seus problemas reais, você não pode esperar possivelmente obter nada mais do que alívio temporário. O médico tem que procurar a verdadeira causa das dificuldades do paciente. De outra forma, ele está a tratar um efeito sintoma; ele não está a tratar a causa. A mente consciente do paciente pode aceitar uma explicação plausível temporariamente, mas a mente interior rejeitará esta explicação plausível a menos que seja baseada na verdade absoluta. Não, eu não posso aceitar a teoria do psicólogo. Doutor: Você consegue basear a sua oposição ao fornecimento de causas traumáticas substitutas ao citar evidencia ou exemplos clínicos? Elman: Aqui está a ilustração de um caso que pode explicar a minha visão. Um psiquiatra pediu-me para o ajudar num caso envolvendo um problema de casamento não consumado. O jovem casal aparentemente estavam profundamente apaixonados, casados há três anos, mas sem consumação do matrimónio. Depois de uma entrevista inicial, o psiquiatra quis trabalhar com a esposa e marido separadamente, mas aparentemente eles eram inseparáveis. Se o médico agendava uma entrevista com o marido, a esposa aparecia com ele. Se ele quisesse entrevistar a esposa ambos apareciam e explicavam que, uma vez que o problema era mútuo, eles sentiam que o psiquiatra deveria trabalhar com eles dois juntos. Ele disse-lhes que tinha de ver cada paciente individualmente. Finalmente, eles concordaram, e agora era possível a ele falar com a esposa e marido separadamente. Mas quando ele falou comigo, ele ainda não tinha sido capaz de corrigir o problema. Ele disse, “Eu suspeito que exista um complexo de culpa escondido algures mas nenhum deles me permitirá chegar a causa raiz. Eu tentei a hipnoanálise sem sucesso. Talvez você consiga chegar a algum lugar com eles.” Eu conheci-os no consultório do médico, e enquanto ele estava a trabalhar com outros pacientes, eu falei com este casal. Ambos estavam aparentemente ansiosos para consumar o casamento. De facto, no primeiro encontro ela disse que queria ter filhos. O marido parecia satisfeito com isso, e concordou que ele também queria começar uma família. Eu pensei que seria um caso dos fáceis. No entanto, apesar de eles aceitarem a hipnose e de eu tentar a hipnoanálise, não obtive informações de valor. De acordo com eles, tudo era perfeito, mas era óbvio para o psiquiatra e para mim que eles estavam a ocultar alguma coisa. O problema era como conseguir colocar estas pessoas a falarem sobre o problema deles. Quando relatei isso ao psiquiatra, ele disse, “ Eu tenho uma ideia que talvez funcione. Nós estivemos a falar acerca da sua vinda hoje aqui, e cada um deles expressou um extremo interesse em aprender o assunto da auto-sugestão. Você estaria disposto a ensina-los? Eles têm a sensação que isso possa ajudar.” Eu concordei, e o marido e a esposa ficaram encantados. Ela quis marcar o encontro para o dia seguinte. O marido dela queria marcar o encontro vários dias mais tarde porque ele estaria ocupado no dia seguinte. Ela insistiu no entanto, e no dia seguinte ela apareceu sozinha no consultório do psiquiatra. Por favor repare que quando eles pensaram que não iriamos revolver os seus problemas pessoais, eles 249 Hipnoterapia
ficaram perfeitamente dispostos em fazer consultas separadas. A jovem moça estava ansiosa para aprender auto-sugestão e a absorveu o assunto rapidamente. Uma meia hora de prática depois e ela foi capaz de anestesiar a mão dela, e depois deu outra sugestão a si própria e conseguiu anestesiar a boca. Ela deu a si mesma uma anestesia dental completa. Eu felicitei-a pelo sucesso com a auto-sugestão e disse-lhe que ela poderia usar isso para muitos propósitos. Ela poderia até dar a si mesma uma sugestão para falar mais livremente acerca dos problemas dela, e se realmente queria falar mais livremente a auto-sugestão seria rapidamente aceite. Ela decidiu aceitar. Depois de ela dar a sugestão a ela própria, ela pediu-me para trabalhar mais com ela em hipnoanálise. A informação veio em catadupa. Ela falou livremente, revelando factos já conhecidos mas também adicionando algo novo. Ela fez a seguinte declaração, “Eu não sou o problema— é o meu marido. Toda a vez que começo a fazer amor com ele, ela torna-se violentamente irado— tão irado que fico amedrontada. Uma vez ganhei coragem suficiente para lhe perguntar por que é que ele fica tão zangado ele disse-me que não era nada da minha conta e para manter a minha boca fechada.” A entrevista terminou e eu relatei ao médico o que tinha apreendido. Ele disseme para tentar a mesma coisa com o marido dela e tentar entender a razão para a fúria dele. Ambos vieram ao consultório para a consulta do marido. O marido pegou a auto-sugestão quase instantaneamente. Coloquei o jovem a dar a si mesmo uma sugestão para discutir livremente a razão do casamento não ter sido consumado. Ele deu a sugestão a si próprio e funcionou lindamente. Quase imediatamente, ele disse, “Se a minha esposa sair daqui e esperar lá fora no nosso carro, eu terei todo o gosto em falar consigo.” Ela partiu, e quando a porta tinha fechado, ele disse, “Algum dia vou matar aquela mulher.” Eu pensei que ele estava a gracejar. “O que se passa? Perguntei eu. “Ela não saiu suficientemente depressa?” “Não é isso. Mas estou feliz que ela esteja fora daqui. Se essa mulher não me deixa em paz, um dia vou mata-la.” Eu percebi que ele não estava a brincar. Nessas circunstâncias, eu fiz o melhor que pude. Através da hipnoanálise, eu tentei aperceber a razão para a antipatia tão violenta. Ele disse, ”Vou-lhe contar uma coisa que nem mesmo a minha esposa sabe.” “O que é?” “Eu sou um homossexual. Sempre foi assim desde que eu era uma criança.” “Você agora está a dizer a verdade, ou você está apenas a dar-me muito disparate?” “É a verdade Sr. Elman. O próprio pensamento de ter alguma coisa a ver com uma mulher repulsa-me. Se a minha mulher começa a fazer avanços insinuação, eu fico tão furioso que quero mata-la— um destes dias eu vou faze-lo.” “Então por que é que casou com ela?”
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“Eu não sei. Talvez para evitar as pessoas suspeitem do meu problema. Eu gosto dela— gosto muito dela— excepto quando ela fica amorosa. Ai então quero mata-la.” Rastrear a razão para a antipatia violenta foi bastante fácil na hipnoanálise. Quando ele era um jovem rapaz o pai dele divorciou da mãe dele. Ele sentiu que o pai dele, a quem ele amava muito, tinha-o rejeitado completamente. Ele queria o amor do pai dele, mas depois da separação raramente o viu e então apenas em visitas muito curtas. Era uma história de rejeição absoluta. Mais apreendi, que ele e a mãe dele foram viver com uma tia eles partilharam um pequeno apartamento com apenas um quarto. Isso obrigava a que ele dormisse com a mãe e a tia dele, normalmente entre as duas mulheres. Quando ele mudou da infância para a adolescência, esta situação continuou e a mãe dele e a tia continuaram a acariciar o rapaz, tratando-o como uma criança. Uma das coisas surpreendentes que ele disse na hipnoanálise foi “ Havia seios por todo lado. Elas costumavam abraçar-me enquanto estávamos na cama. Eu pensava que ia sufocar. E eu estava com um medo constante que a minha mãe e a tia poderiam descobrir que eu estava a ficar tornar-me excitado. Todas as vezes que elas se aproximavam, eu ficava tão zangado e desejava que elas saíssem da cama e me deixassem em paz. Eu tive mulheres suficientes para durar o resto da minha vida. Não é de admirar que eu fique zangado quando a minha esposa me seduz? Estou a dizerlhe, uma destes dias quando ela se aproximar ficarei tão zangado que a matarei.” Este não era um caso com o qual eu pudesse dar mais ajuda, então fechei terminei a hipnoanálise. O médico e eu discutimos longamente a situação. Ele decidiu que tinha informação suficiente para continuar a trabalhar com o casal, e essa foi a ultima vez que os vi. Nesse ponto, não havia nada na hipnose que pudesse alterar a situação. A única ajuda que poderia ser dada a essas pessoas era extensa psiquiatria. O que eu quero passar é o facto de que este casal nunca teria aceitado uma “explicação razoável plausível” das suas dificuldades. O marido conhecia qual era o problema. A hipnoanálise certamente tem limitações; mesmo a psiquiatria á luz do conhecimento actual, tem limitações, mas seria certamente uma arma mais poderosa do que as técnicas dentro da hipnose. Para ilustrar mais a minha posição e por quê sou adverso a fornecer causas substitutas, não interessa os quão razoáveis, deixe-me dar-lhe outra história de um caso: Paciente mulher próximo dos seus cinquentas anos vinha a sofrer de enxaqueca cefaleias desde que era uma criança. O médico encarregado informou-me que a paciente tinha ido de médico em médico a procura de ajuda medicinal. Nos recentes meses, as dores de cabeças tinham-se tornado tão violentas que mesmo o mais forte dos medicamentos não tinha aliviara a agonia dela. O médico queria descobrir se a hipnoanálise resolveria o problema dela. A investigação revelou uma história incomum. Quando ela tinha três anos de idade a mãe dela uma vez vestiu-a com vestido azul com sapatos azuis e meias. O pai, vendo a sua filha mais lindamente vestida do que alguma vez ele tinha antes, quis leva-la para um passeio. Enquanto passeavam pela rua abaixo eles passaram por uma loja para crianças. Na montra estava uma pequena sombrinha azul. O pai e a criança pararam para contemplar. “ 251 Hipnoterapia
Esta sobrinha azul completaria o teu conjunto, “disse ele para ela. “Gostarias de a ter?” A criança ficou encantada. Eles foram á loja e compraram-na. Agora a pequena menina exibia-se pela rua abaixo vestida de azul, balanceando a sua sombrinha azul. A questão foi colocada na hipnoanálise, “Onde é que o seu pai a está a levar?” Ela respondeu, “Ao Bronx Park Zoo. Nós vamos ver animais. Eu amo o meu pai.”´ E então na hipnoanálise levei-a pelo passeio no Bronx Park. De repente ela começou a soluçar. Perguntei-lhe, “Que se passa?” Entre os seus soluços ela respondeu, “Esta menininha— ela quer a minha sombrinha azul. Ela está a bater os pés e a chorar.” “Isso não deveria fazer você chorar. Do quê que você está a chorar?” “ O meu papá diz que eu tenho que dar para ela. Ele diz que ela está tão triste e eu tão feliz. Eu devo dividir a minha felicidade e dar á menina a minha sombrinha azul. Eu não quero fazer isso e o papá obriga-me a fazer.” “O que acontece agora?” “Ele está a levar a sombrinha e a dá-la na menininha. Ele diz que isso a fará parar de chorar.” “E fez?” “Sim, mas isso é o que me faz chorar. Eu não quero dar isso a ela. É a minha sombrinha. Ele comprou para mim.” Ora ela começou a chorar mais violentamente. Sondando mais fundo, eu descobri que o pai dela tinha-a repreendido, e prosseguiu a repreensão com a explicação que ele estava a ensinar a ela uma valiosa lição. Ele disse a criança que ela tinha que aprender a partilhar a alegria dela, e também que qualquer alegria deve sempre ser acompanhada por uma pequena tristeza. Ela concluiu, “Ele disse-me que isso é uma coisa que devo saber e lembrar sempre. Oh a minha cabeça dói.” Quando a paciente aceitou a explicação que este episódio iniciou um mecanismo gatilho que criou as dores descabela dela—todas as vezes que ela estava feliz, aparecia uma dor de cabeça—a recuperação aparente foi como magia. O médico dela chamou-me e disse, ” A Hipnoanálise é maravilhosa. Uma sessão e corrigimos uma condição que tinha perdurado por quarenta e sete anos.” Ela esteve livre por seis meses. Então o médico chamou-me e perguntou, “O que nós fizemos errado? As dores de cabeça voltaram.” Fizemos mais trabalho com a paciente. E desta vez a hipnoanálise revelou que o filho dela estava para casar e que era necessário o filho obter a certidão de nascimento dele. Isso importunou a mãe, por causa da data da certidão de nascimento que mostraria que o filho foi concebido cinco meses antes do casamento. E ela achou que o filho pensaria que ela tinha sido uma mulher indecente. Ele poderia mesmo pensar que o homem que ele tinha olhado sempre como seu pai não era o homem responsável pelo seu nascimento. Era uma situação que daria a qualquer um uma dor de cabeça. Era uma reacção normal, e o médico foi capaz de suavizar rapidamente a situação. Uma vez mais nós pensáramos que tinha feito um bom trabalho. As dores de 252 Hipnoterapia
cabeça desta vez desapareceram por três meses. Então eu fui chamado novamente. “Nós não tínhamos desmiudado todas as causas verdadeiras,” disse o médico. “Claro havia a mesma situação— a alegria do eminente casamento do filho dela e a infelicidade de talvez ele descobrir as circunstâncias infelizes que precederam o nascimento dele. Mas havia alguma coisa mais lá, a espreitar, que nós não tínhamos descortinado e tornado claro para ela. Ela precisava de mais insights luz.” A terceira hipnoanálise revelou a coerência da história. A mãe, loucamente apaixonada pelo marido dela, sempre teve a impressão que ele tinha casado com ela porque ela estava grávida. Talvez, pensou ela, ele não a amasse tanto assim, porém tinha ficado todos esses anos ao lado dela apenas por causa da sua decência inata. “Ele apenas diz que me ama. Como pode uma mulher ter a certeza quando ela teve relações com o marido dela antes do casamento? E eu quero tanto que ele me ame.” “Você tem sido feliz com ele, todos esses anos?” “Claro que tenho. Mas o meu próprio pai não disse que com cada bocado de felicidade tinha que haver alguma coisa de triste? E talvez seja isso— as minhas dúvidas acerca dos sentimentos do meu marido por mim.” Agora que todos os factos estavam a descoberto, a paciente começou a entender a recorrente dor de cabeça dela. Não mais teve uma dor de cabeça, apesar de isto ter acontecido há muitos anos. Poderia o médico ter dado a tal paciente uma “explicação razoável” para corrigir as dificuldades dela e obter bons resultados? Este foi um caso onde, mesmo apesar de algumas das verdades terem sido reveladas, era necessário mais trabalho. Eu mantenho que um médico nunca deve ficar satisfeito com uma explicação aparentemente razoável para o paciente. A explicação tem que ser a verdadeira. * * * Neste derradeiro capítulo eu esforcei-me por responder as questões que ouço com mais frequência nas salas de aula. Uma vez que estas são baseadas geralmente em problemas e experiencias clínicas, elas parecem-me ser as questões para as quais as respostas imediatas são da maior importância. Mas há milhares de questões que continuam ainda por ser respondidas. Se este livro servir para mostrar a alguns médicos o verdadeiro valor— e possibilidades— da hipnose, Isso levará a uma maior utilização do fenómeno e, portanto á um maior estudo. Se isto se cumprir, terá servido bem o seu propósito.
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Este conteúdo é uma tradução livre e foi digitado por mim, Amílcar, sem nenhum interesse financeiro e ou lucro de qualquer ordem ou grandeza. Tomei esta decisão livre e espontaneamente, arcando com toda e qualquer responsabilidade. Disponibilizá-lo-ei para download mediante solicitação e em alguns discos virtuais com o intuito de difundir a obra do autor e principalmente disseminar a HIPNOSE. Ninguém está autorizado, inclusive eu, a cobrar qualquer taxa ou ónus para a distribuição e difusão deste material, de todo ou parte do seu conteúdo. O que significa que este documento é GRATUITO. Caso alguém queira repassá-lo, sinta-se à vontade, mas lembrem-se de citar a fonte e procurem não alterar nada do seu conteúdo. Nota 1: Se notarem algum erro e ou incongruência gramatical, morfológica, frásica; ficarei grato ao ser informado pelo correio electrónico:
[email protected] Nota 2: As partes sublinhadas e ou em negrito são informações que eu considero serem de grande importância. As palavras riscadas que estão colocadas antes ou depois da palavra traduzida são— na minha visão— as palavras que melhor definem o significado contextual da frase em que está inserida— de acordo com a tradução efectuada. Amílcar Sá Nogueira
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