“ DESCENDIT DESCENDIT AD AD INFERNA INFERNA ”: UMA ANÁLISE DA EXPRESSÃO “DESCEU AO HADES” NO CRISTIANISMO HISTÓRICO
Heber Carlos de Campos* A expressão “desceu ao Hades,” com referência a Cristo, não é encontrada em nenhum lugar das Escrituras Afirma!se "ue o #edentor “desceu $s regi%es inferiores, $ terra” &Ef '() '(), , mas não não "ue "ue ele ele desc desceu eu a um luga lugarr cham chamad adoo Hades depois de sua morte e sepultamento +odaia, essa expressão apareceu em dois credos da igre-a cristã antiga, ainda "ue com palaras diferentes A primeira ocorrência est. no Credo Apost/lico, "ue tem a expressão latina “descendit ad inferna” &desceu aos infernos0 Hades Hades), e a outra encontra!se no Credo de Atan.sio, com a expressão latina “descendit ad inferos” &desceu $s regi%es inferiores) 1 estudo estudo dessa dessa maté matéri riaa ser. ser. desen deseno ol lid idoo abai abaixo xo,, prime primeir iroo hist histor oric icam ament ente, e, depoi depoiss teologicamente e então biblicamente 2 An.lise Hist/rica da “3escida ao Hades” A expressão “desceu ao Hades,” "ue aparece no Credo Apost/lico, não fa4 parte das suas formas mais antigas Ele sofreu altera5%es posteriores, uma das "uais foi a expressão acima 6itsius 6itsius afirma7 8 digno de nota "ue, antigamente, a"ueles credos "ue possu9am o artigo sobre a descida de Cristo ao inferno, não continham o artigo relatio ao seu sepultamento, e a"ueles nos "uais o artigo com respeito $ descida ao inferno foi omitido, de fato continham o artigo relatio ao sepultamento: #ufino, o bispo da igre-a de A"uiléia, fe4 alguns coment.rios sobre o Credo Apost/lico em sua Expositio Symboli Apostolici, por olta do final do século 2;, di4endo "ue essa cl.usula nunca foi encontrada nas edi5%es romanas &ou ocidentais) do credo #ufinus acrescenta "ue a inten5ão da altera5ão do Credo em A"uiléia não foi a de acrescer uma noa doutrina, mas a de explicar uma antiga e, portanto, o credo de A"uiléia omitiu a cl.usula cl.usula “foi crucificado, crucificado, morto e sepultado” sepultado” e a substituiu substituiu por uma noa cl.usula, cl.usula, “descendit ad inferna”< =orta =ortant nto, o, origi original nalme ment ntee a exp expre ressã ssãoo desc descen endi ditt ad infe infern rna a não fa4ia fa4ia part partee do Cred Credoo Apost/lico >o tempo de #ufino, ela apareceu inserida no Credo, mas não como um acréscimo ao "ue -. haia, sendo apenas uma expressão substitutia de “crucificado, morto e sepultado” 1 Credo de Atan.sio' &escrito por olta do século ; ou ;2) segue mais ou menos a mesma idéia idéia do Credo Credo de A" A"uil uiléia éia,, ond ondee a exp express ressão ão “desceu “desceu ao Hades” substitui a expressão “sepultado,” não sendo um acréscimo a ela Até então, não haia nenhuma modifica5ão significatia na doutrina cristã com respeito $ situa5ão da pessoa do #edentor ao morrer, pelo menos nas tradu5%es mais conhecidas do Credo
: En"uanto houe a omissão da cl.usula “sepultado” e o aparecimento da cl.usula substituta “des “desce ceuu ao Hades,” ou ice!ersa, não surgiu nenhum problema teol/gico noo Este apareceu "uando as duas express%es acima apareceram no mesmo Credo, uma ap/s a outra =or olta do século ;22, a cl.usula descendit ad inferna apareceu em outros credos, mas como um acréscimo a “crucificado, morto e sepultado,” e não como expressão substitutia dessas coisas acontecidas a Cristo A partir de então, uma noa doutrina come5ou a aparecer dentro da igre-a cristã, ou se-a, a descida de Cristo a um local chamado Hades, ap/s o seu sepultamento 3a9 as .rias tradu5%es do Credo Apost/lico aparecerem assim7 “=adeceu sob o poder de =?ncio =ilatos, foi crucificado, morto e sepultado 3esceu ao Hades Ao terceiro dia, ressurgiu dos mortos” 3e onde surgiu surgiu essa inser5ão@ 8 dif9cil dif9cil identificar identificar a sua tra-et/ria, tra-et/ria, mas h. alguns ind9cios ind9cios 6itsius menciona "ue, por olta de <(, “encontraram!se em Constantinopla cerca de cin"Benta pessoas, e l. compilaram um Credo, no "ual professaam "ue criam em Cristo, "ue foi morto e sepultado e "ue penetrou as regi%es subterrDneas, nas "uais até mesmo o Hades foi golpeado com terror,” o "ue d. a entender um sentido diferente e "ue ai além de um sepultamento, contrastando com o entendimento de #ufino F > 3 Gell também mencio menciona na "ue na doxologi doxologiaa da Didascalia siríaca, "ue parecia uma formula5ão credal, haia a seguinte expressão7 “Iue foi crucificado crucificado sob =?ncio =ilatos =ilatos e partiu em pa4, a fim de pregar a Abraão, 2sa"ue e Fac/ e a todos os santos a respeito do fim do mundo e da ressurrei5ão dos mortos”J 1 descensus &“descida”), &“descida”), como uma atiidade de Cristo em um mundo inferior inferior entre a sua morte e a sua ressurrei5ão, não apareceu, a princ9pio, nas formula5%es credais da igre-a ocidental =orém, sob a influência do pensamento da igre-a oriental desde tempos bem antigos,K eio a aparecer posteriormente até mesmo nas formula5%es ocidentais Gell afirma7 “3eeria ser obserado "ue ap/s Lanto Agostinho é "ue prealeceu o h.bito ocidental de explicar =edro <( como um testemunho da missão de Cristo aos contemporDneos de >oé muito antes de sua encarna5ão”M A doutrina, "ue usualmente é chamada de “3escida ao Hades,” desenoleu!se de forma efetia na igre-a cristã com o passar dos séculos, numa tentatia de reier a doutrina pagã do Hades 3entro do pensamento grego haia um lugar para onde iam todos os mortos N o Hades Este era diidido em dois setores7 o El9sio ¶ onde iam todos os bons) e o +.rtaro ¶ onde iam todos os maus) Essa idéia greco!pagã greco!pagã é ra4oaelment ra4oaelmentee coerente, coerente, pois pelo menos os maus iam para o lugar chamado inferno, "ue é uma das tradu5%es de +.rtaro, e os bons iam para o para9so, "ue é a tradu5ão tradu 5ão de El9sio Alguns cristãos, cristãos, com base numa an.lise e"uiocada e"uiocada do texto de =edro <M!:O( e com o apoio da expressão “desceu ao Hades” inserida no Credo Apost/lico, tomando a idéia de Hades do conceito pagão, acabaram criando um Hades inconsistente, também com duas diis%es7 os bons ão para o =ara9so e os maus para o Hades 2sto "uer di4er "ue, se alguém perguntar a esses cristãos "ual é a composi5ão do Hades, Hades , a resposta ser.7 =ara9so e Hades A isão pagã dessa matéria é muito mais consistente "ue a dos cristãos, influenciados pelo
< conceito pagão de Hades 3o século ;22 em diante, apareceu uma noa doutrina sobre a atiidade de Fesus Cristo ap/s a sua morte e sepultamento num outro lugar "ue não o céu =ortanto, durante a hist/ria da igre-a o pêndulo ai oscilar entre a descida de Cristo ao Hades en"uanto estee entre n/s &especialmente ao ser crucificado e sepultado) e uma descida a um local chamado Hades, entre a sua morte e ressurrei5ão >este Pltimo caso, o grande problema é definir o "ue ele foi fa4er l. 8 disso "ue trataremos com mais detalhes neste ensaio 22 An.lise +eol/gica de .rias tradi5%es sobre a 3escida ao Hades As .rias tradi5%es teol/gicas mencionadas abaixo, refletindo os seus pressupostos teol/gicos, deram as suas pr/prias explica5%es $ expressão “desceu ao Hades” na hist/ria da igre-a Houe .rias diergências entre os herdeiros da #eforma, "ue serão analisadas ligeiramente adiante A ;isão da +radi5ão Cat/lica 1 entendimento cat/lico é o de "ue Cristo, ap/s a sua morte, foi ao limbus patrumO >a teologia cat/lica, esse lugar é para onde ão os mortos "ue não são salos pela gra5a, mas "ue não podem ser classificados como pagãos ou mesmo como pecadores réprobos Esse lugar fica nas bordas do inferno e do purgat/rioQ todaia, não dee ser confundido com eles 1 limbus patrum, segundo a teologia cat/lica, não é um lugar de tormentos 8 o “seio de Abraão,” ao "ual Cristo se refere na par.bola do rico e R.4aro 1 inferno é o lugar de condena5ão eterna en"uanto "ue o purgat/rio é um lugar tempor.rio de puni5ão purgatia reserada para os cristãos "ue morrem com as manchas dos pecados eniais ou "ue morrem sem a deida penitência pelos seus pecados >o limbus patrum, os santos do Antigo +estamento esperaam a sua reden5ão ser consumada por Fesus Cristo, o "ue se deu em seu descensus ao Hades Ali Fesus concedeu $s almas dos santos do Antigo +estamento "ue haiam morrido os benef9cios do seu sacrif9cio expiat/rio, pois eles estaam esperando o anPncio final da sua sala5ão Essa idéia cat/lica desenoleu!se principalmente na 2dade Sédia, "uando se tornou popular 1s te/logos escol.sticos também ensinaram "ue, ao mesmo tempo em "ue uma descida temporal e espacial ocorreu somente no limbus patrum, outros efeitos dessa descida estenderam!se a outras regi%es do Hades, tais como a manifesta5ão da gl/ria de Cristo sobre o diabo e os condenados e o cumprimento da esperan5a para os do purgat/rio =ortanto, se essa explica5ão é correta, Fesus Cristo teria descido especificamente a um dos compartimentos do Hades, "ue é o lugar dos bons, anunciando!lhes a sala5ão consumada Ele não foi efetiamente ao lugar dos 9mpios T ;isão da +radi5ão Anglicana
' =or olta de o per9odo do rei Eduardo ;2 &'K!<), houe algumas aria5%es no conceito da descida ao Hades +homas Tecon elaborou um catecismo,< onde pergunta7 “Cristo sofreu dores também no inferno@” Então, ele responde7 3e modo algum =ois "uais"uer "ue tenham sido as dores "ue tiesse "ue sofrer por nossos pecados e impiedades, ele as sofreu todas em seu bendito corpo sobre o altar da cru4' Embora este-a absolutamente certo nisso, Tecon também acrescenta "ue “ele não desceu ao inferno como uma pessoa culpada para sofrer, mas como um pr9ncipe alente para con"uistar” Essa concep5ão trouxe modifica5%es ao pensamento cat/lico, sendo um pouco mais imaginatia "ue a tradi5ão anterior >o seu catecismo, Tecon deixou transparecer não somente uma teologia de pagamento de penalidade no Hades, mas também uma espécie de teologia do triunfo,J mesmo estando Fesus Cristo no estado de humilha5ão, eidenciando uma ligeira semelhan5a ao pensamento do luteranismo influenciado por Selanchton, "ue estudaremos adiante C ;isão da +radi5ão da #eforma #adical Em linhas gerais, h. três correntes dentro da reforma radicalK com respeito ao descensus =or essa ra4ão, a exposi5ão dessa corrente ser. um pouco mais longa7 1 3ELCE>LUL C1S1 US A+1 32;2>1 Gaspar LchVencWfeld &'M(!J)M sustentou "ue um Fesus diino haia descido ao inferno e esse foi um ato unicamente de seu pr/prio ser diino >ada de sua nature4a humana foi ao Hades 1 “esp9rito iificado” é o Esp9rito Lanto atraés do "ual a nature4a diina foi e pregou no Hades A idéia é a de um Fesus celestial descendo ao inferno, estabelecendo um pPlpito para pregar aos mortos do mesmo modo como o fe4 en"uanto pregou aos ios7 “XCristoY desceu $ prisão Xdo infernoY e pregou atraés do Esp9rito, proclamando!lhes a sala5ão e o eangelho da gra5a pelo "ual eles haiam estado esperando com grande expectatia”( Fesus eio do céu e “tirou todas as suas almas da masmorra da prisão, e as condu4iu consigo para o seu reino celestial e ao lugar preparado, e deixou a4ia a corte exterior do inferno”:O Esta Pltima afirma5ão de LchVencWfeld é espantosaZ 1 inferno esa4iou!se com a obra de prega5ão do Fesus celestialZ >ão ficou ninguém na condena5ão 8 uma outra maneira de ensinar um uniersalismo salador Além disso, não h. nada de humano na"uilo "ue Fesus teria feito no inferno Era t9pico do
moimento da reforma radical uma espécie de docetismo, um moimento teol/gico na hist/ria da igre-a "ue negou a plena encarna5ão e humanidade de Fesus Cristo Além disso, não foi o Fesus diino "ue pregou, mas a +erceira =essoa da +rindade, o Esp9rito Lanto : 1 3ELCE>LUL C1S1 US A+1 HUSA>1 Agora é a e4 dos anabatistas Fohannes Lchlaffer e Fohannes Lpittelmaier, "ue ensinaram uma idéia totalmente oposta $ anterior Iuem desceu ao inferno foi um Fesus totalmente humano A descida ao Hades foi uma fun5ão da nature4a humana do #edentor e é um ritual pelo "ual somente o homem dee passar “Além disso, foi o Fesus mortal "ue desceu e o =ai diino "uem o libertou de l.”: 1 descensus foi reali4ado por um Fesus humano, "ue carece da a-uda do =ai para ser resgatado, antes "ue por um ser diino +odaia, o sentido importante do descensus não foi a encarna5ão, mas a cru4 Este pensamento é bem diferente do primeiro por"ue torna o descensus algo "ue aconteceu neste mundo, não num mundo inferior, locali4ado fora de nosso mundo 1 colega de Lchlaffer, Lpittelmaier, identificou “o inferno deste mundo” de Lchlaffer com o inferno de persegui5ão nas mãos dos cristãos ortodoxos:: =ortanto, na concep5ão desses anabatistas, todos os cristãos "ue sofrem neste mundo por causa de Cristo compartilham dos mesmos tormentos "ue Fesus suportou Esses sofredores são libertados dos sofrimentos infernais do futuro por"ue -. experimentaram os sofrimentos semelhantes aos de Cristo:< >esse caso, os sofrimentos de Cristo sobre a cru4 foram mais um exemplo para os seus,:' e não sofrimentos penais, diminuindo!se, assim, o alor substitutio e penal dos sofrimentos de Cristo < 1 3ELCE>LUL C1S1 US A+1 31 LE# 32;2>1 E 31L LE#EL CEREL+2A2L E HUSA>1L Uma outra aria5ão do descensus entre os simpati4antes da reforma radical foi a de Siguel Lereto &!<),: "ue [riedman denomina de bi4arra:J \ semelhan5a de LchVencWfeld, ele cria "ue o corpo de Cristo era composto de material celestial, sendo acentuadamente diino:K +odaia, Cristo não poderia ficar despo-ado de sua humanidade ao ser confrontado com Latan.s no inferno A humanidade de Cristo est. inculada ao seu pacto pessoal com o crente, dentro de "uem todo mal e o pecado residem Embora crendo na diindade de Cristo, Lereto “acrescentou uma dimensão totalmente noa $ teoria do descensus, por"ue iu esse eento como um cap9tulo adicional da batalha c/smica e eterna entre 3eus e Latan.s, "ue eentualmente culmina no Apocalipse”:M A fim de se entender como 3eus falhou na batalha contra Latan.s e como o [ilho tentou descer ao inferno mas também deixou de alcan5ar a it/ria, é necess.rio conhecer a teoria do mal esposada por Lereto:( 3esde a Iueda, Latan.s tomou posse da terra, ocasionando a retirada de 3eus do ser humano e a entrada da serpente no mesmo Iuando Fesus desceu aos infernos “para resgatar os santos do Antigo +estamento, ele não pode destruir o poder de Latan.s dentro de sua pr/pria cidadela” Escreendo a Calino, “Lereto obserou "ue Cristo não desceu $ sepultura ou ao lugar onde os corpos dos mortos são colocados, mas na corte mais interior do inferno, onde as almas são tornadas catias”
J garras de Latan.s encarnado A doutrina cristol/gica e trinit.ria da igre-a desde >icéia é o ensino perertido de Latan.s< Como 3eus haia falhado no 8den e Cristo falhou em seu descensus, 3eus proidenciou outro descensus com manifesta5ão diina, o "ual, no entender de Lereto, haeria de ocorrer em M, com a descida do arcan-o Siguel “Ap/s a glorifica5ão do Anticristo &a forma papal de reinado) uma noa glorifica5ão de Cristo é necess.ria”<: Além dessa manifesta5ão do arcan-o Siguel, os cristãos também participam dessa luta contra Latan.s Legundo o pensamento de Lereto, todos deem descer ao inferno e expor suas almas $ morte sangrenta na luta contra o Anticristo<< =ara Lereto, um Fesus diino desceu ao inferno para libertar os crentes do Antigo +estamento e todos os cristãos deem reprodu4ir em suas pr/prias idas a batalha de Cristo contra Latan.s 1 cumprimento do descensus se daria somente em M, "uando o arcan-o Siguel haeria de descer para destruir a Latan.s<' 3 ;isão da +radi5ão Ruterana A interpreta5ão luterana é bem diferente da interpreta5ão das tradi5%es anteriores Embora Fesus Cristo tenha ido literalmente ao Hades entre a sua morte e ressurrei5ão, o prop/sito foi o de proclamar a sua it/ria sobre Latan.s Rutero ê nesse descensus a con-un5ão do triunfo de Cristo sobre Latan.s com a idéia de lear catio o catieiro A grande dificuldade dessa interpreta5ão é "ue ainda não tinha haido nenhuma manifesta5ão de it/ria de Cristo, pois a ressurrei5ão ainda estaa por acontecer 1 resultado do pensamento de Rutero é "ue, na tradi5ão luterana, a descida ao Hades é o primeiro est.gio da exalta5ão de Cristo >a teologia luterana, o descensus ao Hades é tomado com muita seriedade por causa da importDncia da expressão para essa tradi5ão da #eforma +odaia, os luteranos não se aenturam a explicar o descensus em seus detalhes, pois dee ser aceito somente pela fé< >ão é f.cil reconciliar as diferentes afirma5%es de Rutero a respeito da descida de Cristo ao Hades,a Ep9tome est. escrito7 “=or"ue é suficiente "ue saibamos "ue Cristo desceu ao inferno, destruiu o inferno para todos os crentes e redimiu!os do poder da morte, do diabo e da condena5ão eterna das mand9bulas infernais”<( >a 3eclara5ão L/lida, h. a seguinte afirma5ão7 “>/s simplesmente cremos "ue a pessoa total, 3eus e homem, ap/s o sepultamento desceu ao inferno, con"uistou o diabo, destruiu o poder do inferno e tirou do diabo o seu poder”'O Rutero cria "ue Fesus Cristo, em sua nature4a humana e diina, desceu ao inferno literalmente >a Pnica e4 em "ue mencionou o assunto, ele disse7 “Eu creio no Lenhor
K Fesus Cristo, o [ilho de 3eus, "ue morreu, foi sepultado e desceu ao inferno”' =ortanto, para o pensamento luterano, a ida ao inferno foi posterior ao sepultamento E ;isão da +radi5ão Arminiana 8 comum entre muitas pessoas a idéia de "ue a morte não coloca um fim no per9odo em "ue 3eus opera com a sua gra5a para salar pecadores Elas sempre tentam arran-ar noas oportunidades para os 9mpios serem salos, mesmo "ue se-a ap/s a sua morte Esse é o caso de .rios estudiosos de orienta5ão arminiana, como eremos adiante Essa tendência da tradi5ão arminiana eidencia!se na"ueles "ue sustentam a no5ão mais comum desde os tempos antigos, de "ue Cristo teria descido ao Hades para pregar o eangelho não somente “a todos os piedosos falecidos na antiga dispensa5ão "ue creram nele e compartilharam da sala5ão cristã,”': mas também aos mortos em geral "ue não ouiram a prega5ão en"uanto ieram neste mundo A eangeli4a5ão no Hades também tem como finalidade pregar aos 9mpios mortos para dar! lhes uma outra oportunidade de sala5ão A doutrina da segunda oportunidade é bastante comum em c9rculos arminianos Essas idéias baseiam!se numa interpreta5ão e"uiocada de =edro <M!:O Eles afirmam "ue Fesus Cristo foi e pregou o eangelho de sala5ão aos esp9ritos em prisão no Hades A grande dificuldade da primeira idéia acima é "ue os santos do Antigo +estamento -. haiam crido no Sessias e, por isso, estaam -ustificados m 'a teologia reformada, a expressão “desceu ao Hades” é muitas e4es omitida inteiramente do Credo dos Ap/stolos Iuando, todaia, a expressão aparece, ela substitui “sepultado,” sendo a palara Hades entendida como uma referência ao “sheol,”'< a região dos mortos, ou como uma referência ao estado de morte'' 1utras e4es, como pensa Calino, o Hades significa o sofrimento e morte de Fesus como expressão do recebimento da -usti5a diina Calino sustentaa "ue a descida ao Hades foi a experiência das dores do inferno na alma de Fesus, en"uanto o seu corpo ainda estaa pendurado na cru4, especialmente a experiência da ira diina contra o pecado "ue ele suportou no lugar dos seres humanos, "ue se eidencia numa dor espiritual resultante do abandono de 3eus Ali na cru4, Cristo tomou sobre si as dores da puni5ão "ue eram deidas a todo o seu poo' Estas idéias de Calino foram transmitidas a alguns segmentos da 2gre-a da 2nglaterra, no per9odo do rei Eduardo ;2, atraés dos ensinos do bispo anglicano Fohn Hooper, "ue assim comentou a cl.usula descendit ad inferna do Credo Apost/lico, por olta de '(7 Eu creio também "ue en"uanto ele estaa sobre a dita cru4, morrendo e entregando o seu esp9rito a 3eus seu =ai, ele desceu ao infernoQ isto "uer di4er "ue proou erdadeiramente e sentiu a grande afli5ão e peso da morte, e igualmente as dores e tormentos do inferno, o "ue "uer di4er a grande ira de 3eus e o seu seero
M -ulgamento sobre si, até ter sido totalmente es"uecido por 3eus Este é simplesmente o meu entendimento de Cristo em sua descida ao inferno'J +oda a tradi5ão reformada sustenta, em alguma medida, o "ue foi dito acima, com algumas pe"uenas aria5%es, mas sem "ual"uer pre-u94o do entendimento geral de "ue a descida de Cristo ao Hades dee ser entendida como algo "ue aconteceu en"uanto ele estaa sob a ira de 3eus no Cal.rio ou, no m.ximo, "uando foi sepultado 222 An.lise T9blica da “3escida ao Hades” nas principais tradi5%es da reforma Existe base b9blica para afirmar "ue Fesus Cristo experimentou o Hades N se por Hades entendemos a manifesta5ão do -u94o diino N mas não h. fundamento b9blico para afirmar "ue ele desceu localmente ao Hades, ap/s a sua morte e sepultamento +odaia, é importante "ue fa5amos uma an.lise da interpreta5ão b9blica das principais tradi5%es da #eforma, a fim de "ue não ignoremos como pensam esses companheiros cristãos 3entre os .rios textos utili4ados pelas diersas correntes teol/gicas, o de =edro <M!:O é o mais usado e o mais abusado ;e-amos, portanto, a sua interpreta5ão em algumas tradi5%es teol/gicas A 2nterpreta5ão da +radi5ão Arminiana >a tradi5ão arminiana não existe uma interpreta5ão Pnica do texto de =edro <:O, mas .rias "ue sustentam a doutrina do eangelho da segunda oportunidade 1biamente, a "uestão da prega5ão do eangelho no Hades, dentro do arminianismo, é matéria pertinente $ extensão da morte de Cristo, "ue sem dPida atinge a todos os seres humanos sem exce5ão 1s defensores dessa concep5ão não conseguem aceitar "ue tantas pessoas tenham perecido sem sala5ão Esse pensamento certamente norteia a idéia da prega5ão eangel9stica da segunda oportunidade no Hades ]eralmente, para proar "ue a prega5ão no Hades foi de car.ter eangel9stico, os seus defensores tentam associar o texto de =edro <( com o de =edro 'J, -. "ue o primeiro texto recebe ob-e5ão, pois é isto como sendo um texto "ue não fala de eangeli4a5ão =ortanto, a probabilidade de "ue o significado de khru/ssein &“pregar”) em =edro <( tenha essa conexão dee ser considerada como irresistielmente forte contra "ual"uer outro sentido "ue não o da prega5ão do eangelho A probabilidade é fortalecida pelo uso do erbo eu)hggeli/sqh &“foi pregado o eangelho”) em =edro 'J, entendendo "ue deemos considerar este erso como tendo 9ntima rela5ão com <('K [ica bastante dif9cil para os defensores do eangelho do Hades proarem a sua tese sem mencionar o texto de =edro 'J, mas mesmo assim ela fica enfra"uecida por"ue esse texto não faorece a liga5ão com =edro <( 2sso eremos mais tarde Uma das interpreta5%es mais curiosas é a"uela dada no coment.rio do arminiano 3e 6ette7 1s antediluianos não haiam tido nenhum redentor e nenhum guia para a ida do Esp9rito =ortanto, 3eus deia &se é "ue podemos usar essa expressão) suprir!lhes
( essa deficiência e, assim, por fim, o Lenhor ressuscitado lhes trouxe sala5ão no Hades'M 1 grande erro dessa interpreta5ão é "ue a Escritura não lhe d. apoio e, além disso, >oé foi o pregador de 3eus $"uela gera5ão antediluiana, como eremos adiante Eles não ficaram sem testemunho de 3eus =ortanto, não precisaam dessa prega5ão no Hades 1utros arminianos admitem "ue o eangelho -. haia sido pregado $ gera5ão de >oé, e "ue essa prega5ão foi re-eitada, mas não foi uma re-ei5ão definitia =or isso, a descida de Fesus ao Hades, conforme o seu entendimento de =edro <:O, teria o car.ter de uma segunda oportunidade Um escritor dessa linha de pensamento afirma "ue “muitos não foram endurecidos irrecuperaelmente”'( 1utro deles ainda afirma7 “Esses homens "ue =edro pensa "ue haiam perecido no grande -ulgamento de 3eus, parece "ue em seu destino terr9el não tinham se endurecido irreogaelmente contra 3eus”O A re-ei5ão dos homens do passado não foi uma re-ei5ão final do eangelho “>ão é poss9el "ue na"uelas palaras os "uais nos outros tempos foram desobedientes possa haer uma sugestão de "ue essa sua desobediência não tenha sido um pecado eterno, "ue é o terr9el destino da"ueles "ue nunca têm perdão@” Essa interpreta5ão é encontrada em um dos coment.rios b9blicos mais populares entre os pastores, +he =ulpit Commentar Uma outra interpreta5ão curiosa é a de "ue a prega5ão do eangelho no Hades foi dirigida $"ueles "ue haiam se arrependido en"uanto ieram a"ui na terra, mas não tieram tempo de confessar os seus pecados en"uanto eram engolfados pelas .guas do 3ilPio Um desses defensores do eangelho do Hades, o bispo Horsle, tem dificuldade em crer "ue “os milh%es "ue morreram no 3ilPio tenham morrido impenitentes,” e afirma ainda "ue “a proclama5ão benéfica do eangelho foi limitada $"ueles "ue se arrependeram antes da morte”: Esse tipo de pensamento baseia!se em mera e fantasiosa suposi5ão =ortanto, o fundamento para esse eangelho do Hades são simples hip/teses ;e-a!se a cita5ão a seguir7 Certamente não h. nada "ue nos pro9ba supor "ue os antediluianos a"ui referidos &embora tiessem sido, por muito tempo, desobedientes e tiessem resistido $ luta do Esp9rito de 3eus mediante a prega5ão de >oé, en"uanto a Arca estaa sendo preparada) foram leados ao arrependimento e buscaram miseric/rdia, "uando o dilPio realmente eio< >ão h. "ual"uer fundamento b9blico para essa idéia Ela reflete uma pura especula5ão, certamente goernada por pressupostos arminianos sobre a extensão da expia5ão 1utro defensor do eangelho do Hades afirma "ue a prega5ão no Hades é um ministério "ue 3eus confiou a =aulo e a outros ap/stolos, com base numa an.lise falaciosa do texto de : +im/teo :, "ue di4 “estou bem certo de "ue ele é poderoso para guardar o meu dep/sito até a"uele dia” Legundo essa idéia, =aulo est. no Hades, como os outros ap/stolos, exercendo o seu ministério eangel9stico, esperando receber o prêmio dessa tarefa no dia final 1 gérmen desse pensamento encontra!se nas idéias de Clemente de Alexandria, “"ue asseera como ensino direto das Escrituras "ue nosso Lenhor pregou o eangelho aos
O mortos, mas pensa "ue as almas dos ap/stolos deem ter assumido a mesma tarefa "uando eles morreram”' RucWocW também endossa a afirma5ão acima Ele di4 "ue “os ap/stolos, seguindo o exemplo de nosso Lenhor, pregaram o eangelho $"ueles "ue estaam no Hades” Engelder di4 "ue até mesmo os seguidores de EdVard 2ringJ creram nisso, isto é, “"ue os ap/stolos "ue morreram continuam a obra da prega5ão "ue Cristo come5ou em sua descida ao Hades”K 2sto significa "ue a prega5ão do eangelho ainda continua a existir no Hades ^iethe, um dos defensores dessa posi5ão, di4 o seguinte7 Cremos "ue a"uela grande obra de sala5ão, "ue o [ilho de 3eus come5ou com sua descida ao inferno, ser. leaa a efeito continuamente até o fim dos tempos Cremos "ue, no tempo presente, o eangelho também é pregado aos esp9ritos em prisão, a fim de "ue eles possam decidir a faor ou contra Cristo, para a sua sala5ão ou sua condena5ãoM 3ificilmente encontraremos capacidade tão imaginatia para -ustificar o eangelho da segunda oportunidade no Hades Em nome dos pressupostos arminianos, praticam!se grandes excentricidades exegéticas 8 poss9el "ue ainda ho-e e-amos alguns pregadores se aenturarem a afirmar "ue desceram aos infernos para pregar aos mortos >ão é de se espantar "ue ou5amos tais desios teol/gicos em nome do amor $s almas perdidas, sem lear em conta o ensino genu9no das Escrituras 1ra, as excentricidades não param por a9 >ão somente os ap/stolos, mas os santos em geral também são considerados como pregadores dos infernos 1 tão celebrado =ulpit Commentar, comentando o texto de =edro, afirma7 “1s santos "ue partiram espalham as alegres noas do eangelho entre os reinos dos mortos” &p ') 3e maneira conicta, mas e"uiocada, di4 RucWocW7 >/s exerceremos na outra ida, no mundo dos esp9ritos, sob condi5%es espirituais, ministérios especiais e gra5as peculiares "ue marcaram nosso trabalho e ida neste mundo terreno 1s esp9ritos dos -ustos estão l., e podemos muito bem imaginar os seus labores em faor dos outros, tra4endo!lhes o conhecimento de 3eus( Essas idéias também são puramente especulatias e altamente imaginosas Essa imagina5ão ai ao ponto de tentar entender o plano de 3eus ao retirar as idas -oens deste mundo ;e-a!se o "ue F =aterson!Lmith di4 em seu liro +he ]ospel of the Hereafter7 =ense como ele &o eangelho do Hades) a-uda nas perplexidades a respeito de 3eus "uando retira desta ida os -oens e as pessoas Pteis Eu disse a um homem "ue perguntou “=or "ue 3eus tira um ida nobre como essa e deixa tantas idas tolas e inPteis neste mundo@” "ue tale4 3eus não "uisesse somente as pessoas inPteis e tolas 1s eleitos de 3eus na ida futura são ainda eleitos de 3eus para o seri5o em faor dos outrosJO
A morte prematura desses -oens é considerada como o in9cio de um noo ministério no além tPmulo Ainda l., para esses defensores do eangelho do Hades, é marailhoso er as pessoas eangeli4andoZ Essas pessoas reelam o dese-o de "uerer er o mundo dos esp9ritos sendo salo, na sua totalidade, pela prega5ão da segunda oportunidade =erguntamos7 Até "uando as almas dos ap/stolos e dos crentes em geral permanecerão no Hades esperando "ue se-am recebidas no céu@ Certamente esse ensino não passa de um romantismo teol/gico, destitu9do de "ual"uer fundamento escritur9stico T +extos Usados pelos 3efensores do Eangelho do Hades Além dos textos de =edro <M!:O e 'J, outros textos são usados pelos defensores do eangelho do Hades Foão <M _ “A"uele "ue pratica o pecado procede do diabo, por"ue o diabo ie pecando desde o princ9pio =ara isto se manifestou o [ilho de 3eus, para destruir as obras do diabo” >a isão dos defensores do eangelho do Hades, é algo extremamente pernicioso pensar "ue a grande maioria dos pecadores ficou perdida, pois isso indicaria a derrota e não a it/ria de Fesus Cristo Um de seus proponentes disse7 “Certamente se M0( dos homens e mulheres nascidos neste mundo perecem eternamente, então Latan.s ter. triunfadoQ Cristo ter. fracassado em destruir as suas obras”J Fesus eio para destruir as obras do diabo, inclusie encendo a oposi5ão dos homens no inferno Cristo foi aos infernos inclusie para buscar os perdidos "ue l. estaam Le ele eio destruir as obras do diabo, então é necess.rio admitir "ue ele estee no inferno para ani"uilar as obras do diabo na"uele lugar Essa é uma espécie de uniersalismo disfar5ado de amor pelas almas perdidas, com o grae erro de se crer "ue o inferno é uma cria5ão do diabo e um lugar das atiidades atormentadoras do mesmo Sateus :J _ “Em erdade te digo "ue não sair.s dali, en"uanto não pagares o Pltimo centao” 1 comentarista [ 6 [arrar, pressupondo o eangelho do Hades, di47 Le o destino da"ueles pecadores & =e <(Q 'J) não é irreogaelmente fixado pela morte, então dee ficar claro e /bio ao mais simples entendimento "ue nem necessariamente é o nosso Iue os prisioneiros ali podem ser “prisioneiros da esperan5a,” decorre de St :J, onde a mesma palara fulakh/n &“prisão”! :) é usadaJ: A esperan5a dos prisioneiros do Hades est. no fato de o eangelho ser ali pregado Sas a idéia de a pessoa ter "ue ser libertada gratuitamente pelo eangelho, "uando tem "ue pagar até o Pltimo centao, é absurda e contradit/ria Le é o eangelho da gra5a, não h. lugar para um pagamento feito pelo pr/prio homem 8 imposs9el saldar "ual"uer débito no inferno Iuando ob-etado sobre esse assunto, [arrar responde com a Escritura7 “1 "ue é imposs9el
: para os homens, é poss9el para 3eus &St (:J)” Esse texto é uma grande sa9da, mas est. citado totalmente fora de contexto >ão h. "ual"uer autori4a5ão para esse tipo de interpreta5ão 8 impressionante "ue tal interpreta5ão tenha sido dada por alguém "ue escreeu tanto sobre hermenêutica Ele pr/prio não aplicou no seu coment.rio a boa hermenêutica tão propalada em sua obraJ< Sateus :<!<: _ “=or isso os declaro7 +odo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homensQ mas a blasfêmia contra o Esp9rito não ser. perdoada Le alguém proferir alguma palara contra o [ilho do homem ser!lhe!. isso perdoadoQ mas se alguém falar contra o Esp9rito Lanto, não lhe ser. isso perdoado, nem neste mundo nem no porir” A senten5a em it.lico parece indicar para alguns defensores do eangelho do Hades "ue h. uma possibilidade de perdão de pecados no inferno, exceto para o pecado da blasfêmia 1biamente, os seus pressupostos arminianos deem condu4ir a essa conclusão Suitos intérpretes desatentos ao ensino geral das Escrituras poderão ter a mesma inclina5ão Contudo, o texto est. di4endo "ue o pecado contra o Esp9rito Lanto especificamente não ser. perdoado em hip/tese alguma, mesmo na eternidade &não no estado intermedi.rio, no Hades) 8 a impossibilidade do perdão desse pecado "ue est. expl9cita, não o perdão dos outros pecados no Hades, implicitamente Sateus :O!:< _ “=assou, então, Fesus a increpar as cidades nas "uais ele operara numerosos milagres, pelo fato de não se terem arrependido Ai de ti, Cora4imZ Ai de ti, TetsaidaZ =or"ue se em +iro e em Lidom se tiessem operado os milagres "ue em /s se fi4eram, h. muito "ue elas se teriam arrependido com pano de saco e cin4a E contudo os digo7 >o dia do -u94o haer. menos rigor para +iro e Lidom, do "ue para /s outros +u, Cafarnaum, elear!te!.s, porentura, até o céu@ 3escer.s até ao infernoQ por"ue se em Lodoma se tiessem operado os milagres "ue em ti se fi4eram, teria ela permanecido até ao dia de ho-e” Esta passagem é cl.ssica para os defensores do eangelho do Hades =ara estes, ela indica "ue haer. a possibilidade, para a"ueles "ue não tieram a oportunidade de ouir o eangelho neste mundo, de o ouirem no outro mundo Comentando essa passagem, +raub mostra "ue entre a popula5ão pagã de +iro e Lidom, e a de Lodoma, houe a"ueles "ue, se a sala5ão de Cristo se lhes tiesse sido anunciada, teriam aceito a sala5ão pela fé Estas palaras de Fesus Cristo podem ser aplicadas de um modo genérico Elas proam "ue, entre a"ueles a "uem o Eangelho não alcan5ou nesta ida, h. alguns "ue o teriam aceito caso lhes tiesse sido pregado Legue!se "ue a prega5ão "ue não os alcan5ou nesta ida, de algum modo lhes ser. suprida posteriormente, na ida alémJ' +rata!se de um racioc9nio de certa forma l/gico, mas destitu9do do fundamento geral das Escrituras, por"ue entra simplesmente no terreno das hip/teses, "ue não pode e não dee ser leado em conta 1 "ue o texto di4 não é "ue tais pessoas terão a oportunidade de sala5ão no Hades, mas "ue receberão menor rigor no dia do -ulgamento Com menor rigor a puni5ão ir. sobre eles, mas não a sala5ão
<
Em resumo, chamei essas idéias de arminianas, não por"ue todos os arminianos as possuam, mas por"ue elas são pr/prias da"ueles "ue ensinam uma espécie de uniersalismo de reden5ão e uma uniersalidade da decisão de 3eus de salar pecadores 2sso é pr/prio de arminianos "ue, em nome do amor pelos pecadores, distorcem algumas passagens da Escritura para mostrar "ue haer. oportunidade de sala5ão até no Hades =or essa ra4ão, todos os defensores do eangelho do Hades sempre citam as passagens b9blicas usadas pelos arminianos para mostrarem o prop/sito uniersal da sala5ão de 3eus Afinal de contas, [arrar di47 Esta minha cren5a &de "ue A"uele "ue é Lenhor de ambos, ios e mortos, pode salar almas pecaminosas mesmo ap/s a morte do corpo) é fundada, não como tem sido afirmado, nos dois textos de =edro, mas no "ue me parece ser o teor geral da totalidade das Escrituras, como uma reela5ão do amor de 3eus em Cristo 8, portanto, uma doutrina "ue não somente se harmoni4a melhor com a cren5a instintia do homem sobre a -usti5a e miseric/rdia de 3eus, mas também é muito mais escritur9stica e muito mais cat/lica do "ue outrasJ A9 est.Z [arrar, mesmo afirmando o contr.rio, inalida as Escrituras pelos seus pressupostos &"ue ele chama de “escritur9sticos”) de um amor salador de 3eus "ue teria car.ter absolutamente uniersal 8 exatamente isto "ue muitos arminianos, propositadamente ou não, costumam fa4er C 2nterpreta5ão da +radi5ão Ruterana =ara os luteranos, o texto de =edro <M!:O “é a passagem mais clara do >oo +estamento sobre a descida ao inferno”JJ ;amos analisar apenas algumas express%es!chae em "ue a teologia luterana se distingue das outras ;erso M _ obsere a expressão “iificado em esp9rito” A exegese feita por alguns luteranos indica "ue Fesus Cristo, "uando morreu, e antes de ser ressuscitado, tee o seu esp9rito restitu9do ao seu corpo e, com a totalidade da sua nature4a humana, foi ao inferno, o "ue é altamente estranho >esse caso, a idéia de morte fica totalmente pre-udicada, pois morte é separa5ão Le a pessoa total de Fesus Cristo foi ao Hades, então a morte deixa de existir em Cristo +ratando da expressão “iificado em esp9rito” & M)JK N "ue é diferente da ressurrei5ão para os luteranos N, Lcharlemann di47 “Iuando nosso Lenhor morreu na cru4, lemos "ue ele entregou o seu esp9rito nas mãos do =ai &Rc :<'J) 1 datio de referência em nosso texto poderia, entretanto, sugerir "ue Fesus foi tra4ido $ ida no sentido de "ue o seu esp9rito retornou ao seu corpo”JM A base dessa interpreta5ão é apoiada curiosamente pelo fato de o retorno da filha de Fairo $ ida ser descrito em termos de seu esp9rito estar retornando ao seu corpo &Rc M)J( =ortanto, “o esp9rito” mencionado no erso é o da nature4a humana de Fesus Cristo, "ue estaa com o =ai no per9odo entre a morte e a ressurrei5ão, e eio a -untar!se ao corpo noamente, a fim de "ue o Cristo total fosse ao inferno, mas sem haer ressurrei5ão
' ;erso ( _ imos "ue, para Lcharlemann, a “iifica5ão” é a situa5ão em "ue o esp9rito de Cristo oltou ao seu corpo entre a morte e a ressurrei5ão >esse processo, particularmente "uando Cristo estaa sendo tra4ido $ ida &“iifica5ão”), no momento antes de manifestar! se como o Lenhor ressuscitado, ele foi e fe4 a proclama5ão aos esp9ritos em prisão Essa interpreta5ão distingue, portanto, entre o ser tra4ido $ ida e a ressurrei5ão, e sugere "ue o 3eus!homem em seu estado glorificado foi e fe4 a proclama5ão em prisão antes de apresentar!se a si mesmo na tumba abertaKO A cita5ão acima mostra, portanto, "ue a descida ao Hades é o primeiro est.gio da exalta5ão de Cristo, por"ue ele foi tra4ido $ ida 1 problema é definir o "ue ida significa a"ui =or causa dessa interpreta5ão, é poss9el, para a teologia luterana, "ue o estado de exalta5ão comece com a proclama5ão de Cristo no inferno, pois a9 ele -. est. iificado IUAR é 1 C1>+E`31 3A =#1CRASA1@ Em si mesma, a palara “pregou” não define o seu contePdo, segundo o entendimento da teologia luterana Certamente, a palara nada tem a er com eangeli4a5ão 3entro do conceito luterano, a proclama5ão não tem nada a er com a segunda chance da prega5ão do eangelho feita no inferno A argumenta5ão para essa negatia é "ue h. diferen5a entre khru/ssw &proclamar) e eu)anggeli/zomai &eangeli4ar) Iuando Cristo "uis falar de eangeli4a5ão ele usou o segundo erbo, ou, "uando usou khru/ssw, ele acrescentou "ue “pregou o eangelho” &Sc ') +ambém se di4 "ue Cristo “foi” e pregou Legundo o entendimento luterano, não é poss9el espirituali4ar essa “ida” ao inferno, como costumam fa4er os calinistas, di4endo "ue “"uando Cristo morreu na cru4, os efeitos de sua morte foram sentidos no reino dos mortos Como não temos nenhum direito de espirituali4ar a ascensão, assim h. pouca -ustifica5ão para retirar da"ui o sentido mais importante do erbo ou ignor.!lo Cristo “foi e pregou aos esp9ritos em prisão”K Existe, portanto, a idéia de moimento de um local para outro, e não simplesmente a espirituali4a5ão da idéia : A IUES LE [E^ ELLA =#1CRASA1@ Essa pergunta tem a er com os “esp9ritos em prisão” Iuem eram eles@ As respostas não são absolutamente unDnimes entre os luteranos Rutero, no seu coment.rio do liro de 1séias, na edi5ão de ', refere!se ao texto de =edro <M, di4endo7 A"ui =edro di4 claramente "ue Cristo apareceu não somente aos pais e patriarcas mortos, a "uem ele em sua ressurrei5ão leantou consigo mesmo para a ida eterna, mas "ue ele pregou a alguns "ue, nos tempos de >oé, não creram, mas confiaram na paciência de 3eus, isto é, esperaram "ue 3eus não tratasse tão seeramente toda a carne, a fim de "ue eles pudessem saber "ue seus pecados foram perdoados atraés do sacrif9cio de CristoK: =ortanto, a idéia de Rutero é "ue a prega5ão de Cristo isou confirmar a sala5ão da"ueles "ue haiam iido nos tempos antigos, confiaram na paciência de 3eus e agora estaam em
prisão no Hades Em outras palaras, 3eus salou alguns "ue confiaram não na prega5ão de 3eus, mas na sua paciência A esses Fesus confirmou a sua reden5ão 1biamente, essa idéia de Rutero não é bem!inda entre os luteranos de modo geral Lcharlemann di4 "ue “seria dif9cil concordar com a Pltima parte dessa afirma5ão, mas a primeira parte indica "ue nos Pltimos anos de sua ida Rutero iu o descensus $ lu4 de =edro”K< Selanchton confirma "ue posteriormente Rutero mudou a sua posi5ão nesse assunto Ele ficou “disposto a pensar sobre a prega5ão de Cristo no Hades, referida em =edro, como tendo possielmente efetuado também a sala5ão de pagãos mais nobres como Lcipio e [abius”K' A isão luterana oficial é a sustentada pelos seus s9mbolos de fé -. citados, "ue assimilam o pensamento cristão do século 2;, segundo o "ual o descensus ocorreu para con"uistar a morte e o inferno, sem contudo comprometer!se na matéria da liberta5ão dos santos do Antigo +estamentoK #espondendo a pergunta acima, podemos di4er "ue, de acordo com o pensamento luterano, a proclama5ão de it/ria é feita aos "ue no tempo de >oé recusaram!se a crer e agora estaam em prisão 1 texto de =edro “ensina claramente "ue Cristo desceu $ região dos condenados, $"ueles "ue deliberadamente re-eitaram a gra5a de 3eus no tempo de >oé, a fim de fa4er!lhes a proclama5ão”KJ Sas "ual é o sentido de fulakh/ &“prisão”)@ A resposta a essa pergunta define "uem eram os “esp9ritos” 1s luteranos re-eitam a idéia de "ue o Hades é o lugar para onde ão todos os mortos, mas a “prisão” é o lugar onde ambos estão sob guarda, os an-os ca9dos e os esp9ritos dos incrédulos “=risão” para eles é mais ou menos sin?nimo de “abismo” &Ap (,:,Q KQ etc), "ue é o lugar onde estão os esp9ritos dos dem?nios Em contraste com o conceito pagão e com o conceito pagão!cristão, o Hades, para os luteranos, é apenas o lugar para onde ão os esp9ritos ca9dos e os esp9ritos dos incrédulos, e não o lugar para onde ão todos os mortos, se-am eles crentes ou incrédulos “=risão” é o oposto de “seio de Abraão,” para a "ual ão os santos ap/s a sua morte, conforme Rucas J::!: #esumindo a interpreta5ão luterana sobre o texto de =edro <M!:O, podemos di4er "ue “Cristo, segundo o seu corpo glorificado, desceu ao inferno para l. fa4er proclama5ão de si mesmo como o Sessias Esse foi o primeiro est.gio de sua exalta5ão”KK 3 2nterpreta5ão da +radi5ão #eformada 1 texto de =edro <M!:O dee ser interpretado $ lu4 de outros textos da Escritura "ue a-udam a esclarecê!lo 1 apelo dos te/logos reformados dee ser $s informa5%es b9blicas e não $s informa5%es do Credo Apost/lico &com o acréscimo do descendit ad inferna) Estes são pontos fundamentais "ue não podem ser es"uecidos
J Rembremo!nos de "ue a controérsia sobre o Hades recrudesceu "uando da inser5ão no Credo, por olta do sétimo século, da frase “descendit ad inferna” ap/s a cl.usula “crucificado, morto e sepultado” Antes disso, pouca coisa haia na igre-a sobre essa matéria =ortanto, o foco desse assunto dee ser o ensino geral das Escrituras, não a afirma5ão credal #EFE21 31 C1>CE2+1 C#2L+1!=A]1 3E HA3EL A fé reformada, em sua constante busca de consistência b9blica e teol/gica, re-eita tanto a formula5ão pagã como a cristã!pagã a respeito do Hades, exemplificadas acima >ão h. um lugar para onde ão todos os mortos igualmente, um lugar espec9fico de espera até "ue chegue o dia da ressurrei5ão >ão h. dois compartimentos separados no mesmo Hades7 um lugar para os bons e outro para os maus, como é ensinado em algumas teologias A fé reformada crê ine"uiocamente "ue, "uando morrem, os homens ão para lugares diferentes 1s 9mpios "ue morrem sem o conhecimento salador de Fesus Cristo ão para a condena5ão, o "ue a Escritura chama de inferno, aguardando o -u94o final 1s "ue morrem no Lenhor, isto é, os genu9nos cristãos, ão estar com Cristo imediatamente, até o dia final =or isso é "ue =aulo di47 “ prefiro morrer e estar com Cristo, o "ue é incomparaelmente melhor” &[p :<) >ão h. como abrir mão dessas erdades : 2>+E#=#E+A1 3E =E3#1 <M!:O Esse é o texto crucial com o "ual todas as correntes se defrontam F. imos algumas interpreta5%es 3oraante, a an.lise ser. de acordo com o ensino geral das Escrituras, como entendem os pensadores de linha calinista, também chamados de reformados a Iual é o sentido de “carne” e “esp9rito iificado”@ >este texto, essas duas palaras não deem ser tidas como referências antitéticas $ mesma nature4a humana do #edentor, isto é, referindo!se ao corpo e $ alma de Fesus Cristo, pois esse não é o prop/sito do texto H. lugares em "ue esse tipo de interpreta5ão é poss9el,KM mas não a"ui >este texto, =edro est. contrastando dois estados diferentes de existência de nosso #edentor7 um est. na esfera da limita5ão em "ue ieu en"uanto conosco, com respeito $ sua nature4a humana, no seu estado de humilha5ãoQ o outro é uma esfera de poder e de não!limita5ão, "ue ele tee antes de encarnar!se e "ue eio a possuir depois de exaltado Essa mesma idéia, com outras palaras, aparece em #omanos
K A palara a"ui usada para “carne” é a mesma palara grega &sa0rc) encontrada em outros lugares da Escritura, não significando, contudo, a parte material do homem ou a sua nature4a pecaminosa, mas certamente a sua ida humana neste presente estado, a existência humana como ela é agora Legundo o entendimento de =edro, estar “morto na carne” refere!se simplesmente $ humanidade de Cristo no estado de fra"ue4a &não de pecaminosidade) a "ue estaa exposto Iuando ele morreu na carne, ele saiu desse estado de fra"ue4a e fragilidade >este sentido, portanto, é "ue deemos entender a expressão “morto na carne” +odaia, não foi nesse estado "ue ele “pregou aos esp9ritos em prisão” : 1 estado de não!limita5ão e for5a do [ilho de 3eus \s e4es, a palara pneu=ma &“esp9rito”) usada no erso M tem sido tradu4ida com letra maiPscula, como uma referência ao Esp9rito Lanto, mas parece!nos "ue não h. por"ue interpret.!la assim Le assim fosse, ela não teria nenhuma referência a Cristo, mas $ terceira pessoa da +rindade, o Esp9rito A nossa "uestão a"ui é a respeito do [ilho 1 pensamento do erso M não é "ue o corpo de Fesus morreu e "ue o seu esp9rito reieu Essas coisas não fa4em sentido para Fesus Cristo e nem para "ual"uer outro ser humano comum, pois "uem morre é o homem e "uem ressuscita é o homem, não o corpo ou o esp9rito A expressão “iificado em esp9rito,” "ue possui similares em outros textos da Escritura, di4 respeito $ it/ria de Cristo na ressurrei5ão, combinando!se com o "ue =aulo di4 em +im/teo <J +odaia, neste texto espec9fico de =edro <(, o esp9rito iificado ou iificador pode ter mais significado se o entendermos como a nature4a diina do #edentor, antes de ele encarnar!se Ele iia nesse estado de poder e não!limita5ão "ue contrasta com o estado de fra"ue4a em "ue estee nos dias de sua carne, e foi nesse tempo de não!limita5ão "ue ele foi e pregou aos esp9ritos em prisão, "uando eles iiam no tempo de >oé b Iual é o sentido de “no "ual” & ()@ Iuando o texto de =edro di4 “iificado em esp9rito, no "ual também foi,” não est. se referindo ao lugar aonde ele foi depois da morte, mas onde ele estaa "uando haia desobedientes nos tempos de >oé [oi nesse esp9rito de iifica5ão "ue ele pregou atraés dos profetas nos tempos antigos, como eremos adiante A palara “também” &do erso () desia o assunto para esse mesmo estado de não! limita5ão de Cristo, "ue o leou a estar presente na ida dos pregadores no tempo da desobediência dos contemporDneos de >oé Ele não poderia ter feito isso nos dias da sua carne, isto é, da sua existência terrena Ele foi antes de ser o ;erbo encarnado, "uando de sua existência absolutamente ilimitada c =ara onde foi o [ilho de 3eus@ Cristo não foi literalmente ao inferno entre a morte e a ressurrei5ão para pregar aos aprisionados "ue l. estaam, por"ue a Escritura mostra claramente o lugar para onde ele foi depois "ue morreu e foi sepultado Certamente ele também não foi ao inferno ap/s a sua ressurrei5ão
M Iuando Fesus Cristo foi “morto na carne,” ele foi estar com seu =ai, pois a Escritura afirma "ue, antes de expirar, ele disse7 “=ai, nas tuas mãos entrego o meu esp9rito” &Rc :<'J) Iuando Fesus Cristo foi “morto na carne,” ele foi para o céu, com seu =ai >o mesmo contexto da cru4, "uando interpelado pelo ladrão $ sua direita, "ue lhe suplicaa “Rembra! te de mim, "uando entrares no teu reino,” ele replicou7 “Ho-e mesmo estar.s comigo no para9so” &Rc :<'<) Le formos buscar na pr/pria Escritura o sentido de =ara9so, erificamos "ue é sin?nimo de céu &o “terceiro céu,” o lugar em "ue 3eus habita de modo especial)MO Essa foi a idéia "ue =aulo deu a respeito de sua subida ao terceiro céu, "ue ele e"uipara ao para9so &er : Co ::!') =ortanto, o lugar em "ue Fesus Cristo permaneceu ap/s a sua morte e até a ressurrei5ão, não foi o Hades, mas o céu &ou o =ara9so),M o lugar de santa bem!aenturan5a e go4oZ Além disso, "uando Fesus Cristo estaa para morrer, ele disse "ue todo o seu sofrimento pela reden5ão do pecador estaa no final Fesus exclamou7 “Est. consumado” &Fo (oéM: 1 texto di4 "ue ele, “iificado em esp9rito,” isto é, em esp9rito poderoso &não em fra"ue4a e humilha5ão, como foi o caso da sua ida entre n/s), “também foi e pregou aos esp9ritos em prisão” [oi nesse mesmo esp9rito de poder ou de existência poderosa e ilimitada "ue ele pregou A palara “também” &do erso () define uma outra época, não ap/s a morte e antes da ressurrei5ão Esse #edentor foi e pregou aos contemporDneos de >oé >esse esp9rito, isto é, nesse estado de poder é "ue ele também foi e pregou aos esp9ritos em prisão, "ue iiam escrai4ados no tempo em "ue >oé pregou 2sto est. comproado pelo fato de, nessa mesma carta, =edro di4er "ue o esp9rito de Cristo, "ue é a sua nature4a diina ilimitada e cheia de poder, estaa presente nos pregadores, ou profetas, dos tempos antigos & =e ) e 1 "ue ele pregou@ =ode ser perfeitamente dedu4ido do contexto dessa Ep9stola de =edro "ue Fesus Cristo pregou o eangelho aos contemporDneos de >oé Espiritualmente, Cristo estaa presente em >oé "uando este era o “pregoeiro da -usti5a,” pois o mesmo =edro menciona a sala5ão da "ual os profetas falaram, “inestigando atentamente "ual a ocasião ou "uais as circunstDncias oportunas, indicadas pelo Esp9rito de Cristo, "ue neles estaa, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos de Cristo, e sobre as gl/rias "ue os seguiriam” & =e ) Esse erso indica "ue =edro admite "ue >oé era um profeta, ou se-a, um “pregador da -usti5a” &: =e :), em "uem e atraés de "uem Fesus Cristo pregou 1 contePdo da mensagem não foi de condena5ão final =ortanto, podemos afirmar com certe4a "ue o contePdo da prega5ão do “esp9rito iificado,” atraés de >oé, era de sala5ão do -u94o de 3eus "ue haeria de ir sobre o mundo 9mpio >oé certamente pregou
( aos seus contemporDneos para "ue se arrependessem e cressem na liberta5ão diina atraés da arca, pela "ual apenas oito pessoas foram salas & :O)M< f Iuem são os esp9ritos aprisionados@ A frase “esp9ritos em prisão” so4inha não define a matéria, mas "uando a examinamos $ lu4 das frases "ue em a seguir, podemos ter uma no5ão clara do "ue =edro est. falando 3e acordo com o texto de =edro <M!:O e seu contexto, não h. nenhuma possibilidade ra4o.el de "ue a expressão “esp9ritos em prisão” não se refira aos desobedientes do tempo de >oé 1 texto não fala de -ustos "ue foram para o Hades, nem de an-os aprisionados, como "uerem alguns, mas de pessoas "ue, noutro tempo, re-eitaram a prega5ão de >oé, e "ue eram consideradas “esp9ritos em prisão,” incapa4es de fa4erem "uais"uer coisas por si mesmas para a sua pr/pria sala5ão Le cremos "ue Cristo pregou atraés do seu esp9rito ilimitado, e creio "ue o fe4, as Pnicas pessoas mencionadas são essas7 os contemporDneos de >oé >inguém mais 1biamente "ue, nesse sentido, Cristo não foi ao inferno 1s esp9ritos em prisão são unicamente indi9duos "ue ieram nos tempos de >oé, "ue não foram salos e "ue, por causa de seu catieiro em cegueira espiritual, permaneceram incrédulos "uanto $ mensagem de >oé Embora possamos crer "ue estaam em prisão &sob condena5ão) "uando =edro escreeu a carta, todaia, -. eram prisioneiros de sua cegueira espiritual "uando a mensagem de >oé lhes chegou aos ouidos, por"ue eram escraos da desobediência [oi a esses "ue Cristo pregou atraés de >oé =ortanto, a passagem de =edro <M!:O não fala de uma iagem de final!de!semana de Fesus Cristo ao inferno, mas refere!se a uma prega5ão feita pelo esp9rito de Cristo, "ue é o esp9rito iificado, atraés de >oé & =e ), aos seus contemporDneos &: =e :), "ue eram homens desobedientes e, portanto, aprisionados $ sua nature4a pecaminosa Além disso, eles agora estaam presos no inferno, sob condena5ão &pelo fato de terem sido desobedientes no tempo de >oé) "uando =edro escreeu essas palarasM' < A 31U+#2>A 31 HA3EL >1L LST1R1L 3E [8 #E[1#SA31L a 1 "ue a fé reformada re-eita A fé reformada re-eita "ual"uer no5ão de descida literal de Fesus ao Hades ap/s a sua morte e antes da sua ressurrei5ão Embora estiesse sob “o estado de morte”M até a sua ressurrei5ão, ele não passou um fim!de!semana num lugar chamado Hades A fé reformada re-eita "ual"uer possibilidade da prega5ão de uma segunda oportunidade de sala5ão feita por Fesus, pelos ap/stolos ou por outros santos "uais"uer no Hades, depois de sua morte A morte de todos os ap/stolos e crentes é a abertura para a sua entrada no céu, é o descanso das suas fadigas desta ida, e não o trabalho penoso de eangeli4ar no inferno 3e modo contr.rio, a morte de todos os 9mpios é o selo do seu destino eterno >ão h. mais "ual"uer oportunidade de reden5ão ap/s a morte A fé reformada re-eita a idéia luterana de "ue Fesus Cristo teria descido ao Hades para proclamar a sua it/ria &sendo esse o primeiro est.gio de sua exalta5ão), por"ue de acordo com as Escrituras e os seus s9mbolos de fé, a exalta5ão de Fesus Cristo come5a com a sua ressurrei5ão, "ue é a sua it/ria sobre a morteZ
:O
A fé reformada re-eita "ual"uer no5ão de "ue os crentes do Antigo +estamento estiessem catios no Hades, e de "ue Fesus Cristo l. desceu para libert.!los, usando!se Efésios 'M!( como texto!proa para -ustificar tal posi5ão A Escritura ensina "ue os crentes do Antigo +estamento não foram para o Hades ap/s a sua morte, mas foram estar com 3eus &Ll K<:oo +estamento As Escrituras afirmam "ue a"ueles "ue morrem têm os seus corpos sepultados e seus esp9ritos oltam para 3eus, "ue os deu &Ec :J!K) Elas também afirmam "ue Elias, Eno"ue e Soisés estão no céu com 3eus, e não no Hades &]n :'Q : #s :Q Rc (:(!<:) A fé reformada re-eita "ue Latan.s possu9a as “chaes” da morte, do inferno e da sepultura, e "ue Fesus desceu ao Hades para tom.!las dele >ão h. "ual"uer sugestão nas Escrituras de "ue essas coisas perten5am a Latan.s [alando sobre Fesus Cristo &conforme a interpreta5ão -oanina no Apocalipse), 2sa9as di4 "ue a chae do senhorio do unierso pertence a Fesus Cristo &2s :::!:: e Ap <K) H. somente outros dois ersos da Escritura "ue mencionam as chaes, e Latan.s nunca é associado a elas 1 primeiro texto di4 "ue a “chae do reino dos céus” foi entregue por Fesus aos ap/stolos &St J() e o segundo afirma "ue as chaes da “morte e do inferno” pertencem a Fesus Cristo &Ap M) Lomente o Lenhor possui as chaes da morte e do inferno >inguém maisZ b 1 "ue a fé reformada aceita A fé reformada também aceita o Credo Apost/lico como expressão da fé genu9na dos pais da igre-a Contudo, o entendimento dos reformados com respeito ao Hades é diferente do de muitos cristãos eangélicos 1s s9mbolos de fé reformados explicam o sentido da expressão “desceu ao Hades,” inserida no Credo de A"uiléia no "uarto século, como uma expressão substitutia para descreer o "ue aconteceu a Fesus Cristo, como nosso representante, na cru4 1bsere!se a resposta $ pergunta '' do Catecismo de Heidelberg 7 = =or "ue se acrescentou7 “Ele desceu ao Hades”@ # =ara "ue em minhas maiores tribula5%es eu possa estar seguro de "ue Cristo, meu Lenhor, atraés de indi49eis terrores, dores e angPstias "ue sofreu em sua alma na cru4 e antes dela, redimiu!me da angPstia e dos tormentos do inferno ;e-a!se a resposta do Catecismo Maior de Westminster $ pergunta O7 = Em "ue consistiu a humilha5ão de Cristo depois da sua morte@ # A humilha5ão de Cristo, depois da sua morte, consistiu em ser ele sepultado, em continuar no estado dos mortos e sob o poder da morte até ao terceiro dia, o "ue, ali.s, tem sido expresso nestas palaras7 Ele desceu ao inferno & Hades) 3e maneira diferente do Catecismo de Heidelberg , o Catecismo de Westminster interpreta o Hades como sendo sepultura ou, ainda melhor, o estado de morte Contudo, entre os escritores reformados prealece a idéia dos s9mbolos combinados A significa5ão de Hades, no Credo Apost/lico, é a de "ue Fesus Cristo experimentou a
: condena5ão diina "ue se eidencia na humilha5ão de morrer e ser sepultado, ficando sob o poder da morte, mas tais escritores incluem, sobretudo, os seus sofrimentos agoni4antes antes e durante o tempo "ue passou na cru4 Experimentar o inferno é experimentar o doloroso abandono da presen5a confortadora de 3eus [oi exatamente isso "ue Cristo experimentou A ira de 3eus desceu sobre o [ilho encarnado e se manifestou não somente nas dores infernais do seu corpo, mas também nas angPstias infernais "ue se apoderaram de sua alma =ortanto, Fesus nunca desceu ao Hades literal e espacialmente, mas experimentou intensiamente todas as coisas "ue o Hades representa, descritas acima Ele experimentou o inferno antes da morte e na pr/pria morte, mas nunca depois dela, numa iagem de final! de!semana a um lugar chamado Hades =or causa da experiência infernal "ue Cristo tee em face do -u94o diino, a"ueles por "uem ele morreu são libertos para sempre da condena5ão do inferno 8 esse o sentido "ue os reformados dão para a frase descendit ad inferna >essa obra libertadora de Fesus Cristo nos rego4i-amos e por ela a 3eus bendi4emosZ * 1 autor é ministro presbiteriano, diretor e professor do Centro =resbiteriano de =/s!]radua5ão AndreV Fumper e leciona +eologia Listem.tica no Lemin.rio =resbiteriano #e Fosé Sanoel da Concei5ão, em Lão =aulo 1btee o seu doutorado &+h3) na .rea de +eologia Listem.tica no Conc/rdia +heological Leminar, em Laint Rouis, Sissouri, Estados Unidos Essa tradu5ão opcional est. no rodapé do texto de Almeida, ;ersão #eista e Atuali4ada, e tem o apoio de alguns estudiosos recentes, como é o caso de 6ane ]rudem em seu artigo “He 3id not 3escend 2nto Hell7 A =lea for [olloVing Lcripture 2nstead of the Apostles Creed,” Journal of the Eangelical !heological Society <'0 &Sar5o ((), OM : Herman 6itsius, Dissertations on !he Apostle"s Creed , ol 22, reimpressão &=resbterian and #eformed =ublishing Compan, ((<), 'O < Citado por 6 ] + Lhedd, Dogmatic !heology, ol 22 &>oa orW7 Charles Lcribners Lons, MM(), JO' ' 3esde o século 2, o Credo Atanasiano tem sido atribu9do a Atan.sio &:(K! 3 Gell, Early Christian Creeds &Essex, England7 Rongman House, (MJ), este artigo, não examino as interpreta5%es recentes de grupos neo!pentecostais ou carism.ticos Le o leitor "uiser alguma informa5ão a respeito, pode consultar o cap9tulo “#edemption in Hell” do liro de HanW Hanegraaff Christianity in Crisis &Eugene, 1regon7 Harest House =ublishers, ((<), J
:: 3eVe 3 6allace, Fr “=uritan and Anglican7 +he 2nterpretation of Christs 3escent 2nto Hell in Eli4abethan +heolog,” Archi '(r )eformationsgeschichte J( &(KM), :O! : 6allace, Fr, “=uritan and Anglican,” :J < Fohn Are, ed, !he Catechism of !homas *econ+++With ,ther -ieces by Him in the )eign of .ing Ed/ard the Sixth, =arWer Lociet n < &Cambridge7 Cambridge Uniersit =ress, M''), << ' #bid , :M, nota 'M #bid ;er Fohn Are, ed, -rayers and ,ther -ieces of !homas *econ , =arWer Lociet n ' &Cambridge7 Cambridge Uniersit =ress, M''), <( J 6allace, Fr, “=uritan and Anglican,” :K K Eram os partid.rios da #eforma "ue dese-aam uma mudan5a mais dr.stica com respeito aos costumes e pr.ticas da religião cat/lica do "ue haia acontecido nos termos de Rutero, ^u9nglio e Calino M Um diplomata aristocr.tico alemão e te/logo leigo "ue tee conflitos teol/gicos com Rutero, Calino e ^u9nglio a respeito de disciplina eclesi.stica, cristologia e Lanta Ceia &er F 3 3ouglas, ed, !he 0e/ #nternational Dictionary of the Christian Church X]rand #apids7 ^onderan, (KMY, MMM) ( Gaspar LchVencWfeld, Corpus Sch/enc&feldianorum, ol O &Reip4ig, (OK!(J),
:< <: #bid , ::M << #bid <' #bid , ::( < !he *oo& of Concord , ed +heodore ] +appert &[iladélfia7 [ortress =ress, (MM), '(:: oa orW7 Charles Lcribners, (:'), 2;, JJ!JK einson, =arWer Lociet n : &Cambridge7 Cambridge Uniersit =ress, M:), oa orW7 [leming H #eell, (O), JJ !he -ulpit Commentary , eds H 3 S Lpence e Foseph L Exell &>oa orW7 [unW 6agnalls,M(O), < : ;er =lumptre, !he Spirits in -rison , (M &citado por Engelder, “+he Argument in Lupport of Hades ]ospel,”
:'
< RucWocW, !he #ntermediate State , '' &citado por Engelder, icoll &>oa orW7 ]eorge H 3oran, M(K), ( RucWocW, !he #ntermediate State , O &citado por Engelder, oa orW 7 Sacmillan, M(<), MK J< [ 6 [arrar é autor de um dos liros cl.ssicos sobre a hist/ria da interpreta5ão da T9blia ;er History of #nterpretation, reimpressão &]rand #apids7 TaWer, (J) J' Citado por Engelder, “Argument in Lupport of the Hades ]ospel,” a interpreta5ão luterana, a palara grega zwopoihqei\j &tradu4ida como “iificado”) não é e"uialente $ ressurrei5ão, mas “aponta para algo "ue foi feito a Fesus Ela refere!se inconfundielmente a um ato espec9fico de 3eus pelo "ual o Lenhor foi tra4ido $ ida >em todos os eruditos concordam "ue essa a5ão dea ser entendida com referência $ ressurrei5ão no seu sentido estrito H. a"ueles "ue restringem a palara nesse ponto $ iifica5ão, "ue é distinta da ressurrei5ão no sentido de "ue a ressurrei5ão foi uma exibi5ão pPblica do fato de ele ter oltado $ ida Em muitas passagens do >oo +estamento, esta distin5ão pode ser feita Contudo, em Efésios :!J o ap/stolo aponta para a diferen5a entre despertar e ressuscitar +al distin5ão nos condu4iria a crer "ue n/s poder9amos propriamente, com base no >oo +estamento, separar a iifica5ão da ressurrei5ão para o prop/sito de cronologia e clarifica5ão da"uilo "ue aconteceu na manhã do dia de p.scoa” & #bid , MK!MM) JM #bid , MM J( #bid , MM Contudo, essa interpreta5ão dada por Lcharlemann trope5a no fato de "ue o retornar $ ida da filha de Fairo é igual $ ressurrei5ão, o "ue não aconteceu com Fesus Cristo KO #bid , M( K #bid , (O
:
K: Citado por Fohn + Sueller no Concordia !heological Monthly M &('K), J K< Sartin Lcharlemann, “He 3escended into Hell _ An 2nterpretation of =eter <M!:O,” Concordia !heological Monthly :K &(J), ( K' #bid K #bid KJ #bid , (: KK #bid , (< KM Como, por exemplo, em : Cor9ntios K K( Uma interpreta5ão alternatia seria entender a expressão “morto na carne” como uma referência $ morte f9sica e tradu4ir a expressão zwopoihqei£/j... pneu/mati por “iificado pelo Esp9rito,” ao inés de “iificado no esp9rito” A constru5ão gramatical é poss9el, isto "ue pneumati pode ser tanto locatio como instrumental Assim, o pneumati a"ui referido é o Esp9rito Lanto, e a iifica5ão, uma referência $ ressurrei5ão de Cristo pelo Esp9rito Lanto E foi pelo Esp9rito Lanto e atraés de >oé "ue o Cristo pré! encarnado pregou aos desobedientes nos dias da"uele patriarca & =e ) MO Esse é o mais alto dos céus, "ue e"uiale ao lugar da plena companhia diina, como era no para9so original =aulo, numa experiência 9mpar, iu esse lugar glorioso da presen5a de 3eus, para onde ão os remidos em Cristo Fesus &er Charles Hodge, A Commentary on 4 5 6 Corinthians &Edimburgo7 Tanner of +ruth, (KM), JM M ;er At <: M: ;er 6ane ]rudem, “He 3id >ot 3escend 2nto Hell,” O M< ;er o coment.rio de 6ane ]rudem, 4 -eter , !yndale 0e/ !estament Commentaries &]rand #apids7 Eerdmans, ((O), JO M' =ara um tratamento mais amplo dessa matéria, er o coment.rio de 6ane ]rudem, # -eter , :O