UTILIZAÇÃO DA SUCATA DE ISOLADORES CERÂMICOS PARA PREENCHIMENTO DE GABIÕES Use of Scrap for Completion of Ceramic Insulators Gabions Ferreira, M.G. 1; Sá, H.D. 1; Guarizzo, V.T. 1; Ribeiro Filho, B.G. 2; Zanin, C.I.C.B. 3 1- Discentes do 4o semestre do Curso de Tecnólogo em Gestão Ambiental do Centro Universitário Amparense – UNIFIA. UNIFIA. 2- Biólogo, Mestre em Educação, Administração e Comunicação em Educação Ambiental, docente do Centro Universitário Amparense – UNIFIA, UNIFIA, coordenador do curso de Gestão Ambiental. 3- Química, Mestre em Engenharia Química, docente do Centro Universitário Amparense – UNIFIA, UNIFIA, responsável pela orientação Metodológica.
RESUMO Isoladores cerâmicos são materiais destinados a isolar eletricamente e suportar mecanicamente os esforços gerados em um corpo condutor. Para tanto são dotados de grande resistência elétrica e mecânica. A cidade de Pedreira- SP ficou conhecida como “Flor da Porcelana” por abrigar um pólo industrial voltado para a fabricação de produtos cerâmicos
para uso doméstico e elétrico. Após uma crise ocorrida nas indústrias i ndústrias de cerâmica doméstica na década de 80, restaram apenas 03 empresas fabricantes de isoladores cerâmicos, divididas em 04 unidades fabris. A produção produção anual é de aproximadamente aproximadamente 30.000 toneladas. toneladas. Dez por cento desse montante é refugado no processo de fabricação e descartado em aterros industriais. Uma parte deste material após a moagem retorna ao processo de fabricação, como “areia”. Durante muitos anos, o refugo de processo foi descartado em terrenos vazios. Os rios também receberam parte destes materiais. Os isoladores cerâmicos, após a sua vida útil, perdem suas funções isolantes e são substituídos por novas unidades. As concessionárias concessionárias de energia, por sua vez, geram anualmente dezenas de unidades destes isoladores. As concessionárias de energia vêm mostrando grande preocupação quanto ao descarte destes materiais. Algumas já desenvolveram alguns trabalhos como a utilização em argamassas, confecção de bancos e mesas para jardins, como carga para fabricação de piso cerâmico, etc. Contudo, um inconveniente nestes processos é o alto custo de moagem, uma vez que os isoladores cerâmicos são muito duros e provocam o desgaste rápido do equipamento. A crescente preocupação com as questões ambientais vem exigindo cada vez mais um posicionamento das indústrias quando à redução da geração, reutilização e reciclagem dos resíduos gerados gerados no processo de fabricação. fabricação. A aplicação desses isoladores isoladores como carga para para preenchimento preenchimento de gabiões dispensa o processo de moagem e traz a tona uma nova concepção de reaproveitamento.
Palavras Chave: isoladores cerâmicos, usos alternativos, reutilização, gabiões.
ABSTRACT Ceramic insulators are materials designed to isolate electrically and mechanically support the efforts generated in a conductive body. For both are endowed with high strength and electrical mechanics. The city of Pedreira-SP was known as "Flower of Porcelain" for having an industrial center devoted to the manufacturing of ceramic products for household and electrical. After a crisis occurred in the domestic ceramic industry in the 80s, there were only 03 manufacturers of ceramic insulators, divided into 04 industrial units. Annual production is approximately 30,000 tons. Ten percent of that amount and wasted in the manufacturing process and disposed of in landfills. A part of this material after grinding returns to the manufacturing process, such as "sand." For many years the process of waste has been dumped in empty lots. Rivers also received some of this material. The ceramic insulators, after their useful life, they lose their insulating and functions are replaced by new units. The utility, in turn, generate tens of units annually of these insulators. The energy utilities are showing great concern regarding the disposal of these materials. Some have already developed some work as the use of mortar, making tables and benches for gardens, as filler for manufacturing ceramic floor, etc ... However, a drawback in these processes is the high cost of grinding, since the ceramic insulators are too hard and cause rapid wear of the equipment. Growing concern over environmental issues is increasingly demanding a position of the industries where the reduction of generation, reuse and recycling of waste generated in the manufacturing process. The application of these insulators as filler for filling gabions relieve the crushing process and brings out a new concept reuse.
Keywords: ceramic insulators, alternative uses, reuse, gabions.
1. INTRODUÇÃO O aumento do poder aquisitivo e o acesso às comodidades da vida moderna estão motivando o homem do campo a migrar para as zonas urbanas. O emprego gera ao homem a possibilidade de satisfazer suas necessidades fisiológicas e emocionais através do “poder de compra”. Os preços acessíveis e as facilidades de pagamento estão proporcionando ao homem
a oportunidade de consumir além do necessário para sua subsistência. O impacto desta nova forma de vida pode ser notado nas cidades. A grande quantidade de lixo gerado pelas indústrias, pelo comércio e pela população está chamando a atenção dos nossos governantes para um caos que está por vir. Recentemente foi aprovada a Lei 12.305 – Política Nacional de Resíduos Sólidos, a qual prevê grandes mudanças na conduta dos vários atores desta cadeia. O descarte incorreto de resíduos em locais impróprios pode causar danos irreversíveis ao meio ambiente. Sabe-se que grande parte dos materiais descartados nos aterros poderia estar sendo reutilizada, reaproveitada ou reciclada. A redução do consumo exagerado também é uma opção. A produção anual de isoladores na cidade de Pedreira é da ordem de 35.000 toneladas ano. Deste montante, dez por cento são descartados no processo por apresentarem defeitos de fabricação. Uma opção de baixo custo para este material, a qual terá sua viabilidade apresentada neste trabalho é a utilização desta sucata para preenchimento de “gabiões”. Gabião é uma palavra de origem italiana (gabione) que significa “ gaiola”. Os
gabiões
são estruturas armadas (gaiolas) flexíveis, drenantes e de grande resistência mecânica. São utilizados para calçamento de encostas, obras hidráulicas e viárias. A gaiola é produzida em fios de aço recozido doce e galvanizado.
1.1. O Descarte de Isoladores Cerâmicos Durante muitos anos, materiais cerâmicos inservíveis foram descartados em terrenos baldios, nos rios e em locais inapropriados. Principalmente na cidade de Pedreira – SP, conhecida como “Flor da Porcelana”, muitos bairros foram
construídos sobre áreas aterradas
por esses materiais. A ausência de legislação para descarte permitiu que uma quantidade incomensurável de materiais cerâmicos tanto de uso elétrico como doméstico fossem descartados de inapropriadamente.
Os isoladores cerâmicos possuem em seu corpo um selo de identificação com o nome do fabricante e a data de fabricação. Durante o processo de fabricação passam por um rigoroso controle de qualidade, onde são submetidos à inspeção visual e posteriormente a ensaios elétricos, mecânicos, térmicos e outros, conforme características do isolador. Os isoladores que não atendem a estes padrões são considerad os “inservíveis” e descartados. Os isoladores inservíveis jogados a céu aberto durante muitos anos foram alvo de furto. Esses materiais eram montados e colocados em serviço. Causaram falhas no sistema elétrico (geração, transmissão e distribuição de energia elétrica) e trouxe inúmeros transtornos aos fabricantes. Após uma mobilização dos fabricantes, os isoladores inservíveis passaram a ser descartados em áreas particulares, garantindo a proteção contra furto, porém ainda sendo descartados a céu aberto. Na década de 2000, os isoladores inservíveis passaram a ser descartados em aterro industrial. Essa prática minimiza os impactos, mas ainda precisa ser reavaliada. As quantidades descartadas ocupam um volume muito grande e representam um problema ambiental em médio prazo.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Materiais Cerâmicos 2.1.1. A Fabricação de Cerâmica Muitas empresas do tipo olarias ainda produzem seus produtos de forma arcaica, com mão de obra desqualificada e excluídas do mercado de trabalho. Como na maioria das vezes os produtos produzidos são de baixo valor agregado é natural encontrar olarias de tijolos e blocos cerâmicos em quase todo o Brasil, com produtos fabricados sem nenhum controle de qualidade (SOUZA e ARICA, 2006). Pedreira passou a ser conhecida como “Flor da Porcelana” devido ao grande número de empresas localizadas na cidade. Na década de 80, muitas dessas empresas foram extintas, sobrevivendo quase que unicamente as fabricantes de isoladores de porcelana e algumas cerâmicas de linha doméstica. No Brasil existem 04 fabricantes de isoladores cerâmicos significativos, dos quais 03 estão localizados na cidade de Pedreira – SP. A mão-de-obra utilizada para produção de porcelana elétrica é mais qualificada que a da produção de cerâmica doméstica. Observa-se que nas cerâmicas produtoras de isoladores boa parte da produção é automatizada, tendo grandes fornos para queima dos materiais e um controle de qualidade do produto acabado muito rigoroso (SOUZA, 2003).
Alguns dados setoriais da produção de isoladores elétricos de porcelana do ano de 2003, conforme levantamento da ABCERAM – Associação Brasileira de Cerâmica (ABCERAM, 2010) é apresentada na Tabela 2.1. Tabela 1 - Dados Setoriais – Isoladores de Porcelana (ABCERAM, 2007)
ISOLADORES ELÉTRICOS DE PORCELANA Número de Empresas
6
Número de Fábricas
9
Capacidade Instalada (t/ano)
44.000
Produção (t/ano)
28.000
Faturamento (US$ milhões)
39
Exportação (US$ milhões)
13
Importação (US$ milhões)
1,2
Empregos Diretos
1.700
Considerando uma produção média anual de 35.000 ton/ano de isoladores de porcelana, com um descarte em torno de 8%, sendo que 75% do total produzido serve como material de substituição das instalações já existentes, tem-se um descarte da ordem de 30.000 ton/ano de porcelana. Portanto, estamos diante de um passivo ambiental e medidas devem ser tomadas, antes que problemas sérios venham a ocorrer.
2.2. Isoladores Elétricos de Cerâmica 2.2.1. Definições Os isoladores de porcelana são materiais cerâmicos classificados como cerâmica branca, pois possuem um corpo de massa recoberto por uma camada vítrea de esmalte. Esta porcelana elétrica é constituída basicamente de argila, porém deve ter baixo teor de ferro para não comprometer as funções isoladoras do produto, além de feldspato responsável pela geração de “massa vítrea”. Possuem também elevado ponto de fusão, sendo manufaturados a
frio na forma plástica e sofrendo processo de queima na temperatura de 2000 ºC (SCHMIT, 1979; ABCERAM, 2007). Segundo Mamede Filho (1994), os isoladores são elementos sólidos com propriedades mecânicas capazes de suportar os esforços produzidos pelos condutores. Eletricamente estes
possuem a função de isolar os condutores que estão submetidos a uma diferença de potencial em relação à estrutura de suporte ou em relação a outro condutor. Estes isoladores são divididos em dois grupos conforme a sua função de isolamento: Isolamento não regenerativo e isolamento auto regenerativo.
2.2.2. Composição Química Os isoladores são compostos basicamente de 30% de caulim associados à argila, 30% feldspato e 40% quartzo. Ao passo que os isoladores especiais, isto é, isoladores para subestações elétricas, recebem adição de alumina, em substituição parcial ao quartzo, recebendo o nome de isoladores de alumina. São misturadas também outras substâncias em porcentagens bem reduzidas que influenciam na qualidade dielétrica e mecânica do isolador, sendo as principais substâncias o hidróxido de ferro, o silicato de cálcio, o silicato de magnésio e outros ácidos, aumentando as quantidades de matérias primas dos isoladores obtêm algumas melhorias (MAMEDE FILHO, 1994)
2.2.3. Processo de Fabricação O processo de fabricação é dividido em três etapas (VAN VLACK, 1973; MAMEDE FILHO, 1994; CST-ISOLADORES, 2010): Fabricação de porcelana crua; extrusão, calibração e torneação e vitrificação e sinterização.
2.2.3.1. Fabricação de porcelana crua A fabricação de porcelana crua é feita da seguinte maneira: as matérias primas são misturadas com água e mantidas por aproximadamente 30 horas num moinho de bolas para homogeneização da massa. A próxima etapa é a filtro prensagem onde o excesso de água é retirado, formando “tortas de massa” a serem
utilizadas na etapa de extrusão. As marombas
ou extrusoras retiram ar existente na massa através de uma câmara de vácuo proporcionando o formato ideal para moldagem ou torneação. Após a determinação do formato, os isoladores são submetidos à vitrificação, onde a peça de porcelana recebe por imersão a aplicação de somente e apenas uma camada de esmalte nas cores cinza ou marrrom. Este esmalte tem uma espessura que varia de 0,3 a 0,07 mm e tem por finalidade, após a sinterização, dar ao isolador a propriedade de repelir a sujeira e a água, facilitando a sua limpeza. Por fim tem-se a sinterização, onde as peças são dispostas em fornos de alta temperatura por volta de 1.200 ºC por um período determinado de acordo com o tipo de
isolador, processando as reações químicas da porcelana. Após a sinterização, os isoladores são submetidos a ensaios de rotina para verificação da conformidade.
2.2.4. Classificação dos Isoladores Cerâmicos De acordo com a NBR 10004 – Resíduos Sólidos, os resíduos industriais podem ser classificados como: Resíduos classe I - Perigosos; Resíduos classe II – Não perigosos;
Resíduos classe II A – Não inertes
Resíduos classe IIB - Inertes Os isoladores cerâmicos, rejeitados no processo de fabricação após a queima ou
provenientes de desmantelamento de redes, são classificados de acordo com a NBR 10004 como “Classe IIB - Inertes”.
...Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
2.3. Muros de Contenção ou Arrimo 2.3.1. Definições de Estruturas de Contenção Estruturas de contenção ou de arrimo são obras civis construídas com a finalidade de prover estabilidade contra a ruptura de maciços de terra ou rocha. São estruturas que fornecem suporte a estes maciços e evitam o escorregamento causado pelo seu peso próprio ou por carregamentos externos. Exemplos típicos de estruturas de contenção são os muros de arrimo, as cortinas de estacas prancha e as paredes diafragma. Embora a geometria, o processo construtivo e os materiais utilizados nas estruturas citadas sejam muito diferentes entre si, todas elas são construídas para conter a possível ruptura do maciço, suportando as pressões laterais exercidas por ele (MCCAFERRI – Manual Técnico). Para construção de um muro de contenção é necessário que seja realizada uma análise do equilíbrio formado pelo solo e a estrutura. Algumas características como deformidade,
permeabilidade e resistência e pelo próprio peso destes dois elementos, bem como da interação entre eles. Para cada caso deve ser realizada uma análise de viabilidade que torne a obra posível de ser executada utilizando-se dos diversos modelos disponíveis e deve levar em conta as características dos materiais, a geometria e as condições locais. Os muros de contenção devem ser dotados de sistemas de drenagem a fim de o esforço de empuxo da construção.
2.3.2. Estruturas de Contenção à Gravidade A construção de muros de contenção à gravidade é uma prática atrativa, pois além de não requerer mão de obra especializada são relativamente simples de construir. Este tipo de estrutura é formado por um corpo maciço que pode ser construído de vários materiais agregados por argamassa, gabiões ou até uma combinação de vários materiais. Nessa condição a estrutura é submetida a um esforço de empuxo e a sua estabilidade é dada pelo solo e pelo seu próprio peso. Os principais elementos que compõem este tipo de estrutura são: base, corpo, topo, reaterro, solo natural e filtro. A compactação do solo durante a construção do muro é uma das características mais importantes no caso das estruturas em gabiões formando ou reconstituindo um novo maciço. Muitas vezes é necessário que seja feita uma escavação no terreno natural, ficando quase sempre uma parte de aterro e outra de solo natural o que confere ao bloco de solo uma heterogeneidade inevitável e a superfície entre o solo e o aterro poderá constituir uma possível superfície de deslizamento.
2.3.3. Tipos de Estruturas Nos locais onde os desníveis são elevados, o consumo de material é muito grande, fator esse que limita a sua utilização em obras de pequeno e médio porte. Em função do topo de material as estruturas podem ser subdivididas em: •
Estruturas rígidas: Aquelas construídas com materiais que não aceitam qualquer
tipo de deformação (ex.: concreto ciclópico, pedras argamassadas). São muito utilizadas, entretanto apresentam algumas limitações técnicas e de aplicação como: exigem bom terreno de fundação (não aceitam recalques ou assentamentos); necessitam de um eficiente sistema de drenagem e em geral o aterro não pode ser feito antes da total conclusão da estrutura.
•
Estruturas flexíveis: Aquelas formadas por materiais deformáveis e que podem,
dentro de limites aceitáveis, adaptarem-se a acomodações e movimentos do terreno, sem perder sua estabilidade e eficiência (ex.: gabiões, blocos articulados). A atual velocidade do desenvolvimento urbano e viário exige da engenharia, com freqüência, soluções modernas e eficientes para a contenção de taludes e encostas. Estas soluções devem aliar alta performance de trabalho à simplicidade construtiva e custo atraente, pois, caso contrário, transformam-se em fator complicador para a viabilização de projetos (MCCAFERRI – Manual Técnico). Fatores físicos, geotécnicos e econômicos são os que determinam o tipo de contenção que atenda com qualidade e eficácia as exigências de cada tipo de obra. As contenções construídas com materiais flexíveis, como os gabiões, atendem com propriedade de construção, comportamento e custos e representam uma alternativa vantajosa para várias aplicações. Obras que agregam as necessidades mecânicas à estética da construção já são observadas em diversos locais. Os gabiões já estão sendo utilizados para construção de fachadas, muros de divisa de propriedade e outros fins que agregam um valor visual à obra, sem necessariamente terem finalidades de contenção. A Figura 1 ilustra um muro de contenção formado a partir de gabiões.
Figura 1 – Muro de Contenção
2.3.4. Estuturas de Contenção em Gabiões Os gabiões foram utilizados pelos militares por volta do século 16 e foram substituídos no século 20 pelo sistema de sacos de areia, mais simples de se utilizar. O gabião era originalmente um sistema defensivo utilizado para proteger rapidamente uma posição do fogo de artilharia ou de balas.
Hoje os gabiões são estruturas armadas, flexíveis, drenantes e de grande durabilidade e resistência. São produzidos com malha de fios de aço doce recozido e galvanizado, em dupla torção, amarradas nas extremidades e vértices por fios de diâmetro maior. São preenchidos com seixos ou pedras britadas, como mostrado na Figura 2.
Figura 2 - Muro de Contenção a gravidade em gabiões São utilizados em estabilização de taludes, obras hidráulicas e viárias, etc. e podem ser encontrados em três formatos: caixas, colchões, sacos; em diferentes tamanhos. A utilização de gabiões para construção de muros de contenção tem algumas características economicamente viáveis, entre as quais podemos citar que não necessitam de fundações; adaptação do terreno; fácil desenho; mão de obra especializada; trabalham por gravidade; flexíveis; drenantes; montagem rápida; durabilidade; são econômicos quando comparados aos muros de arrimo.
2.3.4.1. Gabião tipo Caixa Os gabiões tipo caixa são construídos a partir de uma malha hexagonal, produzida em arames de aço de baixo carbono, revestidos com uma liga de zinco e alumínio (5%) e terras raras. Para conferir propriedades mecânicas os arames são duplamente retorcidos. Após a montagem, a rede de malha hexagonal deve ser preenchida com material resistente com diâmetro nunca inferior a menor dimensão da malha hexagonal. Os gabiões são fornecidos dobrados e agrupados em fardos. Devem ser armazenados sempre que possível perto ou no local da obra, a fim de facilitar o trabalho. O piso deve ser firme e plano, além de um espaço em torno de 20 m 2 com inclinação máxima de 5%. O conjunto é composto por uma malha (pano) e arames para amarração. Esses materiais são transportados em fardos e após a montagem são amarrados ainda vazios,
tomando a forma de uma “ caixa”. Os
gabiões podem ser preenchidos manualmente ou com
auxílio de equipamentos mecânicos e devem ser preenchidos até que a altura ultrapasse levemente a altura da malha. A Figura 3 ilustra os materiais para composição do gabião.
Figura 3 – Materiais para composição do gabião. Após completado o processo de preenchimento das células, a tampa deve ser posicionada e amarrada com arame apropriado ao longo de seu perímetro. Após a finalização podem ser transportadas até o local de uso. A Figura 4 mostra detalhadamente os elementos que compõem um gabião tipo caixa.
Figura 4 – Elementos que compõem um gabião tipo “Caixa”
2.3.5. Enchimento O material utiizado para preenchimento dos gabiões deve atender as exigências técnicas, funcionais e de durabilidade exigida pelo tipo de obra de contenção. Podem ser utilizados quaisquer materiais pétreos, tais como seixos rolados e pedras britadas. O material deve ser acomodadas de forma a reduzir o máximo possível os espaços vazios. Nas obras onde estes materiais não estejam disponíveis a um custo acessível, podem ser utilizados materiais alternativos como, sacos de areia e cimento, escória de alto forno, blocos de cimento, porém estes podem reduzir algumas características do muro como permeabilidade e
flexibilidade. Como o peso é fator preponderante para determinação da estabilidade do muro deve ser dada preferência aos materiais de maior peso específico. Deve- se evitar pedras solúveis, friáveis e de pouca dureza, pois estas comprometem a estabilidade do muro. Devem ser evitadas também, pedras que não suportam temperaturas extremas e possam sofrer fraturas. Diversas rochas como basalto, diorito, gabro, gnaisse, granito, calcário, mármore, quartzito, arenito, argilito podem ser utilizadas apresentam resultados satisfatórios para a montagem de gabiões. Contudo, em função da facilidade e do custo, o basalto tem sido preferencialmente utilizado.
3. OBJETIVO Estudar os tipos de isoladores e os modelos de gabiões que viabilizam o emprego de sucata de isoladores elétricos de porcelana em substituição as pedras empregadas para preenchimento dos gabiões, analisando o comportamento de acordo com os seguintes itens: irregularidade inerente aos tipos de isoladores; resistência mecânica a compressão; permeabilidade.
4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Montagem do Gabião Os isoladores cerâmicos a fim de constituir propriedades elétricas e mecânicas são fabricados com geometrias diversas que lhe atribuem distância de escoamento e resistência mecânica a Flexão, tração, torção e compressão exigidas durante o seu uso. Para realização deste trabalho foram utilizados isoladores cerâmicos tipo Pilar, classes 15 e 25 KV e isoladores de pino classe 15 KV, refugados no processo de fabricação. A fim de garantir um visual agradável, após a montagem, o gabião foi preenchido manualmente e os isoladores foram colocados invertidos entre si. No núcleo do gabião, onde não há a necessidade estética, foram utilizados isoladores de Pino, classe 15 KV e isoladores tipo Pilar, classe 15 KV. O solo foi preparado através de nivelamento e aplicação de pedras britadas. Não foram aplicados cálculos de resistência ao empuxo, bem como cálculos de resistência do solo por se tratar de uma única camada de gabião.
O local escolhido foi à beira de uma canaleta de águas pluviais onde as bordas estavam desmoronando e provocando assoreamento. A aplicação do gabião foi realizada por mão de obra de formação civil. A Figura 5 ilustra as etapas de construção do gabião.
Figura 5 – Montagem de gabião tipo caixa com sucata de isoladores
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO O trabalho de pesquisa foi realizado com gabiões tipo caixa. Durante o preenchimento do gabião verificou-se a dificuldade de encontrar entre os tipos disponíveis de isoladores quais seriam os mais adequados para preenchimento dos mesmos, atendendo aos padrões mecânicos e estéticos. As laterais foram montadas com isoladores tipo Pilar, classes l5 e 25 Kv. Foram acondicionados de forma intercalada (ao contrário um do outro) por conta da geometria destes isoladores. Foi observado que a geometria deste tipo de isolador permite que os mesmos sejam encaixados de forma a garantir resistência mecânica. Na parte interna do gabião onde a necessidade estética pode ser desprezada, foram utilizados diversos tipos de isoladores tais como Roldana, castanha e Pino. Após a montagem, contatou-se que esta é uma prática viável, desde que respeitadas as limitações geométricas do isolador e a complexidade da obra.
6. CONCLUSÃO Nas últimas décadas, a preocupação acerca de problemas ambientais tem se intensificado, principalmente relacionados ao descarte correto de resíduos, como aqueles provenientes de indústrias cerâmicas e a não exploração do meio ambiente. Sendo assim, o preenchimento de “Gabiões”
a partir da utilização da sucata de isoladores de cerâmica em
substituição às pedras comumente utilizadas para este fim é uma alternativa viável. Embora algumas dificuldades tenham sido encontradas, como a escolha do tipo de isolador para garantir as características desejadas pode-se concluir que tal estudo permite reduzir a extração de pedras da natureza e da quantidade de isoladores depositados nos aterros industriais.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERÂMICA – ABCERAM – Métodos de fabricação de
isoladoes e Dados de Mercado de Isoladores Elétricos de Porcelana. Disponível: www.abceram.org.br. Acesso em 20-10-2010. CST-ISOLAODRES – CERÂMICA SANTA TEREZINHA. Catálogo de Produtos.
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