Podemos fugir de tudo na vida Mas uma coisa sempre nos alcançará e esperará para nós no fim do caminho a verdade
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gÊnesis a histÓria do krav-magÁ
JEFFREY TUCHMAN & GEORGE MAYERS
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Copyright © 2009 por Jeffrey Tuchman e George Mayers
Reservados todos os direitos. Nenhuma par te desta obra poderá ser reproduzida por fotocópia, micro filme, processo fotomecânico ou elet rônico sem a permissão expressa e por escrito dos autores ©. Gênesis - A História do Krav-Magá. Jeffrey Tuchman e George Mayers 1ª Edição 1ª tiragem – mês de 2009 Capa: Marcio Barros (versão hebraica e brasileira) Coordenação Editorial: Jefferson Borges Copidesque e Revisão de Originais: Paloma Maulaz Moura Paixão Editoração Eletrônica: Bartholo Fotolito Ltda. Impressão: Livre Expressão Editora
ISBN – 978-85-98213-63-7 CIP – (Cataloguing-in-Publication) – Brasil – Catalogação na Publicação Ficha Catalográfica feita na editora
T824g
Tuchman, Jeffrey ; Mayers, George Gênesis - A História do Krav-Magá / Jeffrey Tuchman e George Mayers ; 1 ed. Rio de Janeiro : Livre Expressão , 2009. 360 p. : il. ; 21cm (broch.) ; Tabelas ; Gráficos
ISBN 978-85-98213-63-7
1. de combate. 2. Esportes autodefesa. 3. Esporte de Luta 4. Esporte Artes Marciais. 5. Krav-Magá . 6.deHistória do Krav-Magá. I. Título. II. Tuchman, Jeffrey. III. Mayers, George CDD 796.8
CDU 796815 796692
Índice para catálogo sistemático 1. Esporte de combate - 796692 2. Esportes de autodefesa - 796692 3. Esporte de Luta - 7968 4. Artes Marciais - 796815 E-mail dos autores:
[email protected]
jeffreyt
[email protected] Impresso no Brasil, 2009 Printed in Brazil, 2009
Telefones: • Belo Horizonte-MG: (31) 3231-5686 • Brasília-DF: (61) 3717-1280 • Porto Alegre-RS : (51) 3251-5387 • São Paulo-SP : (11) 3717-4302 • Curitiba-PR : (41) 3941-4714 • Joinville-SC : (47) 3001-5507 • Rio de Janeiro-RJ: (21) 3521-5497 e 3474-4415
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Agradecimentos Nesta pesquisa meio histórica e meio biográ fica, empenhamos-nos para agir da forma mais justa possível quando se trata da complexidade dos diversos artigos, tanto com aqueles relacionados ao próprio krav-maga como arte marcial, como com os temas ligados a Imi – seu criador e fundador, mas também e acima de tudo com os indivíduos presentes neste universo e que de fato são os responsáveis pela existência da pesquisa. Recebemos assistência e ajuda de inúmeras pessoas físicas e instituições de vários portes. Fomos bem-recebidos nos lugares onde menos esperávamos e descobrimos muita informação útil que no final das contas deu vida ao nosso trabalho e, portanto devemos os nossos mais sinceros agradecimentos: Para a Sra. Hen Gil, Filha de Aviva Gil, que durante muitos anos trabalhou como a secretária e administradora da academia de Imi na cidade de Tel-Aviv. Aviva, como leal e fiel secretária, colecionou e arquivou cada documento, recibo ou pedaço de papel que passou no pequeno escritório da academia. A Sra. Hen depositou em nossas mãos uma antiga caixa de papelão amarela, quase completamente esface lada, uma herança de sua mã e. Na caixa estavam todos os registros de todos os alunos que já fizeram aula na academia em Tel-Aviv, além de documentos que contin ham informações de valor essencial para a pesquisa. Para o porta-voz do exército israelense na cidade de Tel-Aviv, que sua cooperação conosco foi muito além do exigido e ele forneceu para nós diversas informações, datas e nomes sem os quais não seriamos capazes de completar o nosso trabalho. Para a acessória de imprensa do ministério do interior no bairro governamental em Jerusalém, que nos deu acesso e autorização para veri ficar diferentes datas históricas. Para o comandante da escola de preparação física para combate e o responsável pela formação de krav-maga no exército, que demonstrou paciência sem fim com a nossa causa. Devemos os mesmos sentimentos de apreciação para a porta-voz da polícia israelense. Para o Estimado Sr. Moshe Cohen (do acervo do jornal “Maariv”), que durante muitos dias empenhava-se em achar os desenhos que pedimos. Para o Sr. Yigal Levi (do acervo do jornal “Yeideioth Aharonoth”) que não economizou esforços para nos ajudar. E para a Sra. Shula Gabriel do arquivo jornalístico do “Haaretz” que não desistiu de nós e assistiu de qualquer forma possível. Para David do diário Jerusalem Post. Para Yaakov Geva do depa rtamento de história no acervo milita r. Para o museu da Resistência. Para o museu da Imigração Ilegal. Para o Museu da “Hagana”. Para o museu do legado militar israelense. Para os membros da Associação Israelense de Judô que não hesitaram a colocar à nossa disposição os registrados da organização. Para o porta-voz do ministério das relações exteriores em Jerusalém. Para todos que cederam entrevistas pessoais e telefônicas. Para a equipe do Instituto Wingate que contribuíram um grande leque de detalhes sobre a história de Imi, o krav-maga e o Judô em Israel, além de outras in formações gerais úteis e valiosas. Para o Dr. Reuven Miterani, d iretor da escola de treinadores do Instituto Wingate, ex-chefe da escola de fisioterapia do instituto. Para os Doutores: Mica Kanitz, Gilad Vingerten, Shraga Sade e Uri Shefer, todos membros do respeitado corpo docente do Instituto Wingate. Para o Professor Hilel Raskin da Universidade de Jeru salém.
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Para os judocas e colegas de Imi: Gadi Skornik, Yona Melnik, David Anto, Yosef Lev, Amos Gilad, Amos Greenspen, Moshe Fishfeld, Akiva Moshkovitz, Edmund Buzaglo. Para o Ex-prefeito da cidade de Rehovot, o Sr. Michael Lapidot. Para o Ex-Comandante da unidade de Anti-Terrorismo da polícia israelense (Yamam), o Sr. Asaf Hefetz. Ao fotógrafo Israelense – Canadense o Sr. Shai Mudahi. Para os Srs. Yossi Shmueli E Noah Gross. Para os alunos e praticantes de krav-maga, no passado e no presente: Tedi Levkovski, Kobi Kartovski, Ofer, Tal, Dani, Ran, Shmulik, Eyal, eitan, Menashe, Reuven, Boaz, Rafael, Gabriel, Dudi, Oskar, Zvulun, Itzik, Roberto, Guy, Yoav. Para Avi Abesidon. Para Yehuda Avikzar, Filho de Eli Avikzar Para Alex do Instituto Shimshon em Natanya. Para Oded Modan, da Editora “Modan”, pelos livros e informação que cedeu a nós. Para as meninas: Daf na, shosh, Orly, Meira v e Í ris. Para o coordenador nacional de educação física em Israel, o Sr. Oded Hecht. Para a equipe de funcionários da prefeitura de Rishon-LeTzion, e especialmente para a Sra. Malca Levi e o Sr. Rami Duani. Para a Sra. Levin, fiscal do imposto de renda na cidade de Natanya, que nos ajudou além de nossas expectativas. Os mesmos agradecimentos sinceros vão para a Sra. Shoshana Azulai, a fiscal da receita na cidade de Rehovot. Para o departamento de registro de associação no ministério do interior, em Jerusalém, por sua assistência e paciência. Mais do que tudo, ficamos profunda e especialmente ag radecidos aos nove alunos de Imi que falaram por si mesmos e assim possibilitaram a elaboração de nossa pesquisa. Para a secretária de Imi na associação que fundou no ano de 1978, que durante anos colecionou e guardou, e não apenas em sua memória, inúmeros detalhes e informações sobre o krav-maga - as pessoas, os alunos, os acontecimentos, os documentos e as histórias – sem as quais o nosso trabalho simplesmente não seria o mesmo. Para o artista grá fico Marcio Barros – não temos palavras para expressar nossos agradecimentos eternos, então simplesmente diremos isso: obrigado. Para o Museu “Zeev Farkash” e a Sra. Dorit Farkash Shuki, que nos autorizou a usar os desenhos e caricaturas de Imi feitas por seu pai, numa reportagem de setenta anos de Imi, publicada no jornal “Maariv”. Para a associação dos autistas na cidade de Rehovot, e especi ficamente à Sra. Ada, o espírito atrás do funcionamento da associação.
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ÍNDICE Página Capítulo 1 – Introdução ..................................................................................................................... 13 Capítulo 2 – Gênesis .......................................................................................................................... 23 Capítulo A Associação..................................................................................................................31 Capítulo 34 –– A “Hutzpa” dos Israelenses e o Krav-Magá ................................................................. 49 Capítulo 5 – As Graduações no Krav-Magá ..................................................................................... 77 Capítulo 6 – Defesa Pessoal ................................................................................................................91 Capítulo 7 – O Krav-Magá Como sistema Eclético ........................................................................ 107 Capítulo 8 – O Espírito Parte I ......................................................................................................... 119 Capítulo 9 – O Espírito Parte II – O Sexto Sentido do Guerreiro ...................................................133 Capítulo 10 – Os Dez Escolhidos do Imi ...........................................................................................145 Capítulo 11 – A Filosofia do Krav-Magá Parte I – Introdução ..........................................................179 Capítulo 12 – A Filosofia do Krav-Magá Parte II – Q ue Nada Seja Estranho Para Nós........................................................................................................184 Capítulo 13 – A Filosofia do Krav-Magá Parte III – Sejam Suaves ..................................................191 Capítulo 14 – A Filosofia do Krav-Magá Parte IV – O Professor Como Modelo Para Imitação ................................................................................................. 196 Capítulo 15 – A Filosofia do Krav-Magá Parte V – A Mediocridade ............................................. 202 Capítulo 16 – A Filosofia do Krav-Magá Parte VI – O Medo ...........................................................210 Capítulo 17 – Documentos & Testemun hos – O Desfile da Ignorância ............................................218 Capítulo 18 – Documentos & Testemun hos – O Desfile da Vergonha ............................................ 227 Capítulo 19 – A Expansão ................................................................................................................. 289 Capítulo 20 – Imi ............................................................................................................................... 307 fi
Capítulo 21 Bibliogra a ...................................................................................................................337 Capítulo 22 –– Locais .......................................................................................................................... 345 Lista de Mapas 1. Mapa de Israel – “A região misteriosa”.......................................................................................... 283 2. Linha ferroviária Egito – Palestina, 1945 .......................................................................................331 3. Localização do Navio de Imigrantes “Pancho” – 1946 .................................................................332 Lista de fotos Desenho de Imi, feito pelo artista Israelense – Húngaro Zeev Farkash, 1980. .................................. 32 Os Carimbos da associação .................................................................................................................. 37 Reportagem na Jerusalem Post – 1977. ............................................................................................... 46 Soldado moderno .................................................................................................................................. 49 Final de curso para Dans no Instituto Wingate – 1983 ........................................................................ 77 Soldados israelenses nas forti ficações ao longo do Canal de Suez. .................................................143 A praia de Natanya ..............................................................................................................................147 Café “Ugati” – 2005 ............................................................................................................................147 A academia na cidade de Natanya, na Rua Shmuel Hanatziv 22. ......................................................173 Universidade de –Jerusalém – 1974 ......................................................................................................177 Shmuel pulando 1978 .......................................................................................................................178 Ex-ministro da polícia, General Haim Bar-lev, numa visita a Escola BUKAN – 1986. ....................178 Arte em criação – 1944 .......................................................................................................................183 Defesas contra bastão – 1947 ..............................................................................................................215 A letra do Imi – 1975 ...........................................................................................................................217
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O café na esquina das ruas Bograshov e Pinsker. ............................................................................. 322 A academia na cidade de Tel-Aviv, na esquina da Rua Pinsker com a Rua Trumpeldor. ............... 324 O Museu da Hagana ........................................................................................................................... 325 “Medinat Hayehudim” (“O Estado dos Judeus”) – Navio de im igrantes judeus ilegais – 1946. ... . 329 A Linhagem do Krav-Magá ............................................................................................................... 348 O lugar de descanso do Imi ................................................................................................................ 349 Lista de documentos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
Correio eletrônico enviado por representante da IKMF, con firmando seu fechamento por um período de tempo indeterminado. Documentos & Testemunhos. ............................................. 228 Correio eletrônico con firmando que a IKMF foi fundada posteriormente à morte de Imi. Documentos & Testemunhos. .................................................................................................... 229 Correio eletrônico da IKMF confirmando que Yaron Lichtenste in é dos alunos mais graduados de Imi. Documentos & Testemunhos...............................................................................................231 Página do site virtual do Sr. Gabi Noah ( IKMF ) que tenta mostrar que Imi cr iou um Krav-Magá militar. Documentos & Testemunhos. ...................................................................................... 232 Con firmação do ministério da defesa em Israel (Arquivo das forças armada s) que no ano de 1965 o termo “k rav-maga” não existia nas forças armada s. Documentos & T estemunhos. ........... . 234 Lista de Faixas pretas no site de Eli Avikzar. Os Dez Discípulos do Imi. ................................146 O Site oficial de Eli Avikzar. As duas páginas mostram que todos os dirigentes da IKMF, IKMA e a Federação sul Americana são praticantes de “Krav-Magen” criado pelo Eli Avikzar, e não de krav-maga. Documentos & Testemunhos. ................................................................................ 257 O sistema de graduações de acordo com a IKMF, que não cor responde com o sistema introduzido no krav-maga pelo Imi. Documentos & Testemunhos. ........................................................... 236 O site do diretor da IKMF, onde são apresentados alguns de seus diplomas. Documentos &
Testemunhos. ............................................................................................................................. 237 10. Diploma de Oitavo Dan que o diretor da IKMF alega ter recebido do Imi no ano de 1996. Documentos & Testemunhos. ................................................................................................... 239 11. Página do site da IKMF, afirmando que depois do falecimento de Imi houve uma ruptura no Krav-Magá. Documentos & Testemunhos. ...............................................................................241 12. Documento que mostra as letras KM ( em Hebraico) como marca regis trada em Israel. Documentos & Testemunhos. ......................................................................................................................... 267 13. Diploma de Perito emitido pela IKMF para o di retor da mesma, por seu Oitavo Dan. Documentos & Testemunhos. ......................................................................................................................... 243 14. A página inicial no site da IKMF. Documentos & Testemunhos. ............................................. 244 IKMF . Documentos & 15. “Diploma do Fundador”, alegadamente dado ao diretor da Testemunhos. .............................................................................................................................. 247 16. A página inicial no site da IKMA . ............................................................................................. 250 17. Documento oficial anunciando que o Sr. Haim Gideon foi eleito presidente da IKMA . Documentos & Testemunhos. ..........................................................................................................................251 18. Certificado de fundação da IKMA do Sr. Haim Gideon, 17.03.1983. Documentos & Testemunhos. ............................................................................................................................. 252 20. Página do site oficial da IKMA , na qual o Sr. Haim Gideon está auto-glori ficando. Documentos & Testemunhos. .......................................................................................................................... 254 21. Página site oficial da IKMA erroneamente anunciando que a associação foi fundada em 1978, sendo a do associação srcinal do I,mi. Documentos & Testemunhos. .......................................... 265 22. Um livro que o Sr. Haim Gideon alega ter escrito. Documen tos & Testemunhos.... ................ 263 23. Reportagem na Jerusalem Post. A Associação. .......................................................................... 46 24. Página do site oficial da “Federação Sul Americana de Krav-Magá”. Documentos & Testemunhos. ............................................................................................................................. 278
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25. Carta (que jamais chegou ao seu distino) dirigida ao Sr. Reuven Miterani, diretor da escola de treinadores no Instituto Wingate. Documentos & Testemunhos. ............................................ 266 27. Foto do Sr. Darren Levin junto com Imi. A Associação. ........................................................... 48 29. Página do site oficial do Sr. Haim Zut. Documentos & Testemunhos. .................................... 270 30. Documentos sobre Haim Zut. A Filosofia, Docu mentos & Testemunhos. .............................. 273 33. Página do site oficial do Sr. Richard Douie b na França. Documentos & Testemunhos. ......... 287 34. Página do site oficial do Sr. Richard Douieb na Itália. Imi de Kimono, o resto não... Documentos & Testemunhos. .......................................................................................................................... 288
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Introdução À Edição Portuguesa O livro, escrito srcinalmente na língua hebraica, foi adequado, na medida do possível, ao estilo do Imi de se expressar neste idioma, no intuito de passar ao leitor também o modo de falar do velho professor. A tradução do Hebraico para o Português de um livro desse gênero, já é um desa fio e tanto, e a obrigação de tentar manter o estilo de falar do Imi, incluindo seus “regulares” erros gramáticos etc., dificulta mais
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ainda esta tarefa. Espero ter cumprido com êxito a minha missão. O tradutor.
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A História do Krav-Magá
Introdução
Introdução As coisas que as pessoas dizem não têm importância. Nossas crenças também não são relevantes. Somente os fatos históricos devem ser levados em conta!!!
O principal objetivo desta pesquisa é munir o leitor com os necessários instrumentos para poder compreender, de uma vez por todas, o que é realmente o Krav-Magá. Será que é mais um “sistema”, ou “o sistema do Imi” 1* (de Inglês: Imi’s system) como muitos o chamam hoje em dia (apesar do fato que o próprio Imi nunca usou essa expressão ), ou será que o Krav-Magá é uma arte marcial redonda e completa, um resultado do perfeccionismo de seu criador? Em primeiro lugar, teremos que analisar todos os episódios e as condições nas quais o Krav-Magá foi criado como arte marcial e posteriormente examinar também as pessoas que estavam ou ainda estão envolvidas na prática da arte: quem age para o bem do Krav-Magá e quem tem em mente somente seus interesses pessoais. Assim, poderemos isolar e reconhecer os verdadeiros sucessores do Imi, em oposto àqueles que fazem mal uso do nome do criador e se empenham para tentar e re-digitar a história do Krav-Magá, a fim de beneficiar seus próprios objetivos. O Krav-Magá é uma arte marcial redonda e completa, seu lugar entre as grandes artes marciais de nossos dias está garantido. E mais, é a única arte marcial que desde o início foi empregada para defesa pessoal 2*. Para comprovar as srcens da criação da arte foi preciso incluir na pesquisa fontes que, embora não fizessem parte do Krav-Magá, constituem uma parte íntegra e inseparável desta arte. Usei essas fontes para mostrar, por exemplo, que o Krav-Magá não é um “sistema eclético”, como muitos dizem, provavelmente por causa de sua impotência pro fissional e para contrariar as pessoas que asseguram que o Krav-Magá não possui um lado filosófico. Mas também aqui tive que ser cuidadoso ao escolher minhas fontes. Em um caso, chegou às minhas mãos um livreto que, pelo seu título, deu para entender que tratava da “filosofia do Krav-Magá”, porém, uma rápida pesquisa mostrou que o autor deste livro afirma que o Krav-Magá não tem filosofia nenhuma e nós não conseguimos entender se a intenção desse escritor era ridicularizar ele próprio ou seus leitores... 1. como veremos ao longo do livro todo, a questão do uso da palavra “sistema” em relação ao KravMagá se repete várias vezes e, portanto é necessário esclarecer o assunto logo no começo. Hoje em dia é largamente comum a utilização do ter mo “sistema” para descrever o Krav-Magá. Por ém, a ún ica fi nalidade dessa quali ficação é a de esconder o nível profissional de alguns elementos e provavelmente também oferecer uma certa cobertu ra jurídica, como também mostraremos mais adiante. A noção de sistema é totalmente equivocada e inadequada para ser mencionada junto à Krav-Magá e não passa de um uso cínico do nome do cr iador Imi e do nome do K rav-Magá. 2. Sr. Darren Levin, em u m pequeno livro que escreveu, explica de forma bruta que o K rav-Magá não é uma ar te marcial. E essa “declaração” vem de uma pessoa que, de acordo com nossas investigações, não treinou em Krav-Magá mais do que algumas semanas. Mais surpreendente é o fato de que em toda EUA, tão famosa por sua cultura de consumo e de defesa do consumidor, não há ninguém para veri ficar o que realmente está sendo vendido sob o nome “Krav-Magá”.
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Introdução
A História do Krav-Magá
Nestas páginas incluí toda a concepção do fundador da arte no que diz respeito à sua criação, com a finalidade de compreender o seu interior através dos olhos de seus principais discípulos e sucessores. Só assim seremos capazes de perceber a lógica que moldou esta arte e por que é impossível em qualquer hipótese separar, cortar, mudar ou ferir a integridade do Krav-Magá. Isso nos levará a uma compreensão mais ampla da arte e consequentemente entenderemos os motivos pelos quais certas pessoas procuram modi ficar essa arte para esconder suas limitações físicas e mentais, atrapalhando assim aqueles que desejam praticá-la e se dedicarem a ela de forma completa. Eu não pretendi julgar ou criticar os caminhos que as pessoas escolheram. Não obstante, acredito que a partir do momento que uma obra de arte foi finalizada, ninguém tem o direito de danificá-la. Cada um de nós está livre para criar o seu próprio caminho, mas não possui a liberdade de corromper e destruir o trabalho alheio no processo. A minha intenção inicial era elaborar uma análise acadêmica sobre o KravMagá como arte israelense, focando no fato de que esta arte marcial foi criada por um povo que aparentemente sustenta uma tradição contrária aos princípios básicos dessa prática. “A cultura da morte” que existe no país de srcem das artes marciais – o Japão, não se encontra na concepção israelense - judaica. Mas esse ponto de vista também deve ser observado com cuidado, uma vez que de um lado o suicídio é proibido na religião judaica, mas do outro lado, a morte em nome de Deus (de Hebraico – Al Kidush Hashem) é considerada um ato de heroísmo, como podemos ver nos exemplos históricos de Massada de Sansão,Eoainda herói assim, bíblico.aAuto-sacrifício é parteé fundamental dos mitos do povo eisraelense. percepção da morte diferente da japonesa. Contudo, não é esse o objeto de meu trabalho e o Krav-Magá não está relacionado a esta discussão. No entanto, qualquer tentativa de obter resultados satisfatórios baseandose somente em pesquisa acadêmica é destinada ao fracasso, uma vez que há muita pouca literatura (de qualidade ) produzida sobre a história ou as srcens antropológicas do Krav-Magá, isto é, não existe nenhuma análise que explique por que o KravMagá foi criado justamente em Israel. O único conhecimento acadêmico útil que encontramos foi um trabalho sobre o Krav-Magá como arte marcial para defesa pessoal, publicado com o apoio da Universidade de Jerusalém. Assim, a matéria incluída neste livro constitui de fato a primeira tentativa de colocar por escrito a verdadeira história do Krav-Magá, pulando por cima dos obstáculos acadêmicos desta obra. A pesquisa se concentra nos primeiros quarenta anos do Krav-Magá (1967 – 2007), que são os mais importantes e decisivos 3*. Entretanto, com a falta de apoio acadêmico adicional, não podemos fornecer uma lista bibliográfica completa como é de costume nesse tipo de trabalho e teremos que nos basear em um número relativamente reduzido de livros e análises pro fissionais. Portanto, uma coisa está certa, acima de qualquer dúvida: qualquer investigação futura que tenha por tema principal o Krav-Magá como a arte marcial israelense para defesa pessoal, necessariamente se fundamentará nos fatos revelados aqui, tanto do ponto de vista histórico – antropológico, como do lado social. 14
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A História do Krav-Magá
Introdução
Antes de começar a ler, entender e avaliar os atos aqui descritos devemos primeiro responder a uma pergunta considerada fundamental para qualquer análise histórica: é importante para o mundo de hoje um livro sobre a história do KravMagá? A população mundial é estimada em cerca de sete bilhões de pessoas. Desse enorme número, somente uma fração muito pequena realmente conhece o Krav-Magá e, se olharmos quantos praticantes dessa arte marcial de defesa pessoal realmente existem, di ficilmente chegaremos a mais de cinqüenta mil 4* pessoas. Se nos esforçarmos, incluiremos também os parentes dos praticantes que, sem querer tornam-se parte da “mania” ao participar em cerimônias de faixas etc.. Então podemos dizer que o número total de pessoas diretamente envolvidas e interessadas no KravMagá é de aproximadamente duzentos mil. Parece um porcentual insigni ficante quando comparado à população mundial, mas para os admiradores e seguidores da arte, o Krav-Magá constitui um universo completo, quase que uma religião própria. Este fenômeno, aliás, não é particular do Krav-Magá e podemos encontrá-lo em todos os estilos de luta. Para os praticantes de Krav-Magá a história é importante, tanto como o presente e o futuro. Os três tempos estão fortemente ligados e cultivam a sede dos alunos de obter o máximo de informação sobre sua arte. É para eles, sem dúvida, 3. Atualmente, depois que o Krav-Magá tornou-se a arte marcial representativa de Israel e goza de uma crescente popularidade mundo afora, muitos em Israel tentam se aproveitar do sucesso, fama e dinheiro que acompanham o Krav-Magá. Cada um tenta mostrar e comprovar que foi o próprio criador do Krav-Magá, ou pelo menos foi seu irmão ou seu pai, ou que é o único aluno do criador. Há emdiscussão Israel uma grande controvérsia acerca primeiros anos do Sr. Imi, eenós nãosomente entraremos nesta simplesmente por que ela não dos é relevante para nossa pesquisa serve aos interesses de algumas pessoas que querem receber a glória por feitos que não são deles. Porém, como o trabalho é diretamente relacionado à história do Krav-Magá, devemos alguma explicação. O Sr. Imi chegou em Israel na época da resistência e juntou-se à organização chamada “Hagana”. Depois da fundação do Estado de Israel e da criação das forças de defesa israelenses (T zahal), Imi foi nomeado como o instrutor-chefe de preparação física para combate e de defesa pessoal (ênfase nas palavras DEFESA PESSOAL), e comandou este departamento durante 18 anos, até se aposentar no ano de 1966. Nos tempos da resistência e nos primeiros anos depois da fundação do exército israel ense, os treinamentos de defesa pessoal e preparação física ganharam vários apelidos, como – Kapap, Krav Panim El Panim (combate corpo a corpo), Makel Bemakel, (bastão contra bastão) Yadaim Reikot (mãos vazias) etc. Esses nomes não tinham nenhuma ligação com o K rav-Magá, além do fato que o Sr. Imi, sendo o i nstrutor-chefe, foi o ún ico responsável pelas aulas e pela elaboração dos programas de treinamentos. È importante entender também que naqueles anos a língu a Hebraica falada em Israel ainda não era tão moderna e atualizada c omo hoje e todos esses nomes antigos que mencionamos não representam arte marcial alguma, mas somente uma pequena parte do programa geral de preparação física do exército nos seus primeiros dias. Ao longo do livro tocaremos mais algumas vezes neste assunto, porém não de forma detalhada por que não é esse nosso objetivo, e, ao nosso ver , esta questão está resolvida. 4. É bem possível que nos anos anteriores à pesquisa o número de praticantes ao redor do mundo alcançou sessenta ou setenta mil, mas mesmo este número é considerado bastante modesto se comparado a outras ar tes marciais, e isso é apesar da popularidade do Krav-Magá e de sua comprovada eficácia. Devemos explicar que os cálculos acima mencionados incluem todas as “formas” e “tipos” do Krav-Magá, isto é, versões “personalizadas” e diferentes do Krav-Magá que Imi criou, adaptadas às capacidades físicas particulares (e geralmente mais limitadas) de seus “criadores”, como mostraremos mais adiante. E este é provavelmente o motivo da baixa presença nas aulas de K rav-Magá, as pessoas sentem que não estão aprendendo o caminho completo e evitam os treinos quando entendem que não é qualquer um que diz ensinar o Krav-Magá, que realmente o faz.
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Introdução
A História do Krav-Magá
que este livro será uma indispensável fonte de conhecimento sobre a fundação do Krav-Magá e seus primeiros dias naquela pequena e sangrada região no Oriente Médio – um país chamado Israel. Existem no mercado diversos volumes sobre o Krav-Magá, porém estes tratam puramente do lado profissional e não agradariam a quem procura os fatos históricos. Muito pelo contrário, na maioria dos livros que pesquisamos, os atos fi nalidade ditos passam de uma fértil imaginação que tem por única como glorifi“fatos” car seusnão autores, apoiando-se geralmente em equívocos intencionais. Por isso a atual pesquisa é tão imprescindível. Acessando sites de Krav-Magá na internet é possível encontrar toda a história do criador da arte – Sr. Imi Lichten field, de A a Z. Quase tudo já foi escrito lá. Mas a forma como o Krav-Magá foi desenvolvido, quem o criou e por que, quem são os seus sucessores, quem eram os primeiros e mais leais alunos do Imi, não se encontra. Como podemos con firmar que alguém que se apresenta como o “escolhido” realmente é? Por exemplo, há o caso de uma pessoa que afirma ser adotado por Imi, mas na realidade não existe nenhuma prova para tal acontecimento. Ademais, apesar de todas as minhas procuras e solicitações, não encontrei uma testemunha para afirmar que o sujeito em questão em algum tempo foi aluno do fundador (veja capítulo
“Documentos & Testemunhos” – Federação Sul Americana).
Este livro acompanha a história da arte não do ponto de vista de seu criador, mas de um outro aspecto, completamente diferente e inédito: a visão propriamente profissional, isto é, como conseguiu o Krav-Magá tornar-se uma arte marcial tão popular e quais são as razões diretas e indiretas deste êxito fenomenal. Há alguma relação entre o fato de que apesar de ser um país tão pequeno, Israel mantém um poderio militar desproporcional em relação ao seu tamanho, que não envergonharia também as grandes potências? Existe alguma ligação entre os dois mundos – o militar e o do Krav-Magá? Como um afeta o outro? Será que o Krav-Magá, que deu seus passos iniciais antes da fundação de Israel, realmente tinha uma in fluência significante sobre as forças armadas israelenses? O que veio primeiro? Qual é o segredo do poder israelense, e, consequentemente, o segredo da força do Krav-Magá e do seu criador? Este trabalho é inédito, ou seja, pela primeira vez o leitor poderá conhecer a história completa do Krav-Magá. Qualquer tentativa de realizar uma pesquisa séria e de credibilidade sobre o Krav-Magá baseando-se em sites da internet, apresenta um certo problema. As páginas eletrônicas mudam constantemente e o material nelas escrito aparece e desaparece na velocidade da luz. Não existe nenhum tipo de fiscalização sobre o que é feito na internet e assim nós dependemos da imaginação do dono do site, que nem sempre corresponde aos fatos e à realidade, como veremos mais adiante 5*. Por outro lado, um livro impresso signi fica uma responsabilidade dos autores, da editora e da distribuidora perante os leitores. Livro é algo real, enquanto o mundo virtual, bom, o próprio nome já diz tudo. Vamos examinar aqui aoscriação Krav-Magá e os acontecimentos que o in fluenciaram de seu início até dias dedo hoje. 5. Acessando o site da “Wikipedia”, por exemplo, encontraremos alguns autores que elaboraram histórias completamente imaginárias, no que diz respeito ao Krav-Magá, é claro. Este é só um exemplo entre vários que podemos achar em pági nas da internet.
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Introdução
Analisaremos os diversos sites de Krav-Magá, que muitas vezes são as únicas fontes de informação disponíveis para quem busca mais conhecimento sobre o assunto. Veremos que os criadores desses sites escrevem várias coisas, por vezes verdadeiras e por vezes não são nada mais do que puras alucinações, desligadas de qualquer realidade histórica ou profissional. E ao ler esses sites, uma pergunta é inevitável: o que se passava em suas mentes? Que grau de auto-convencimento, ou de exagero deliberado certas pessoas precisam ter para demonstrar este nível de burrice, que acaba prejudicando eles mesmos. Desta perspectiva, a atual pesquisa é destinada não somente àqueles que já estão praticando Krav-Magá e querem descobrir finalmente a verdade histórica, mas também contribui para a preservação da humanidade toda. O Krav-Magá como arte marcial para defesa pessoal é inédito e diferente e seu fundador é, sem dúvida, um dos maiores gênios do século XX. Poucas pessoas se dedicam à criação de uma nova arte e somente uma fração delas consegue ver a sua criação se tornando um caminho de vida para centenas de milhares de pessoas, que treinam e pesquisam cada movimento, dia e noite. É um êxito imenso e talvez esta seja a chave para entender por que tantas pessoas, com carga emocional tão forte, se declaram “os herdeiros” do fundador da arte e mudam os rumos da história para que sirvam a seus próprios interesses. Personagens como o Criador do Krav-Magá - o Sr. Lichtenfield - devem ser estudadas, analisadas e compreendidas de forma absoluta, como eles pensam e agem, o que os move e de onde eles recebem a sua criatividade. Precisamos guardar e proteger o legado dessas pessoas para o bem das futuras gerações, por que seus atos e feitos são parte do patrimônio da humanidade. No final do dia, todos nós queremos ser melhores, avançar com nossas vidas. A invenção da tipogra fia e, consequentemente, a expansão do acesso à informação foram um grande passo em direção à modernidade. Hoje em dia, qualquer um pode ir à livraria mais próxima e adquirir em preço acessível todo tipo de conhecimento que lhe interessa. Este é o grande poder dos livros e também da atual pesquisa. A necessidade do homem de escrever a sua historiografia sempre existiu, desde que o homem aprendeu a desenhar nas paredes das cavernas, há milhares de anos atrás, e muito antes da letra escrita e do papel serem inventados. Se não soubéssemos a nossa história, não poderíamos chegar onde estamos hoje, nenhuma religião sobreviveria. Fenômenos astronômicos e meteorológicos que foram observados gerações atrás, ajudam os cientistas contemporâneos a estabelecer regras, uma vez que eles seguem os diferentes ciclos da natureza que foram documentados ao longo dos anos. Por outro lado, em qualquer episódio histórico importante, sempre encontramos pessoas que tentam conduzir a narração dos eventos para cobrir seus próprios pecados e ações. Como o Krav-Magá é uma invenção Azul-Branco 6*, “fabricado” em Israel, fruto da “cabeça judaica”, então talvez o melhor caso seria os negadores dodebatendo Holocausto, deste exemplo e especialmente quando estamos um apesar assuntoda de magnitude menor importância comparadamente ( ) como o 6. Azul–Branco – as cores da bandeira israelense. Uma grande empresa israelense de alimentos se divulgou nestas cores e lançou nos anos 90 uma campanha com o slogan: “Israelenses – comprem Azul-Branco!”, ou seja – comprem produtos israelenses.
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Introdução
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Krav-Magá. Mas um fato é eterno: alterar e apagar partes da história é um ato criminal, embora muitas vezes passe impune. Fraude é um crime e enganar o público propositalmente também é. Todas as descobertas e inter pretações que aparecem na pesquisa são baseadas em matérias escritas que foram publicadas por e em nome de seus articulistas, enquanto a verdade histórica do Krav-Magá refere-se a ela mesma, isto é, considerase exclusivamente a sequência exata e válida dos acontecimentos e aprecia-se apenas a percepção puramente historiográ fica e profissional. Os documentos e testemunhos que analisei e que são expostos a todos, examinei somente do ponto de vista histórico, ou seja, veri fiquei se realmente o evento em questão aconteceu ou se algum documento que me foi apresentado ( por exemplo: diversas publicações parciais, citações diretas de sites relacionados ao trabalho, correspondências eletrônicas com diversas organizações e pessoas ligadas a Krav-Magá e à pesquisa e que comprovem a sua coerência e autenticidade ) -
é legítimo, ou, como aconteceu em muitos casos, não passa de uma invenção da pessoa que o publicou. Quando obtive fatos concretos e indiscutíveis, os publiquei ao pé da letra e, em algumas ocasiões excepcionais, quando historicamente relacionadas ao aspecto profissional do Krav-Magá, tornei os esclarecimentos mais explícitos para facilitar ao leitor o seu entendimento. Os primeiros dez alunos do fundador Imi, que fizeram uma contribuição indispensável para a criação do Krav-Magá, eram também essenciais para esta pesquisa e sem a ajuda que eles me ofereceram eu nunca poderia ter terminado o meu trabalho. Não há dúvida alguma que sem eles, o Krav-Magá não viria a ser o queImi. é hoje, estescomo dez veremos pioneirosnomerecem mesmo respeito e reconhecimento dado ao Porém, capítuloo“depoimentos e documentos”, a tendência geral é ocultar a existência deste grupo para que fique mais fácil “re-escrever” novas versões da história do Krav-Magá. Portanto, considerei só a informação que correspondia à realidade correta do caminho da arte e outros documentos que apresentaram elementos “suspeitos” eu simplesmente ignorei, para não complicar a leitura de forma desnecessária. Infelizmente devo dizer que a maioria das “organizações” de Krav-Magá que funcionam sob uma variedade de nomes e designações (que geralmente são deslocados de qualquer realidade histórica ) não estavam dispostas a cooperar com minha pesquisa. Os poucos comentários que consegui arrancar recebi de formas indiretas. Os “líderes” dessas organizações resolveram abusar do seu direito de calar e especialmente aqueles que foram mencionados neste livro. O Sr. Darren Levin, dos Estados Unidos, por exemplo, teve o trabalho de nos escrever que ele não comenta “perguntas políticas”. Uma exceção a essa regra foi o Sr. Yaron Lichtenstien, que disponibilizou a meu favor todos os arquivos históricos e profissionais que estavam em sua posse, como rascunhos cartas quedetalhadas ele recebeu do Imi, com tantoapessoais como profiescritos ssionais,pelo quepróprio contêmImi, explicações - escritas famosa letra de mão do Imi, de como aplicar diferentes defesas, ataques e técnicas. Foram disponibilizados também fotos, artigos, reportagens e jornais que documentaram o seu caminho com Imi e todos seus alunos desde 1967. Quero enfatizar que essas 18
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Introdução
contribuições não direcionaram a pesquisa para um lado ou outro, mas muito pelo contrário. Vamos examinar, por exemplo, o mundo da ciência! O ilustre cientista, também um filho do povo judaico – Albert Einstein, escreveu e publicou suas pesquisas ao longo da vida dele. O mundo científico analisou, aprovou e aceitou. Depois de seu falecimento, nenhum cientista ousaria mudar seu caminho, ou roubar sua glória. Só que na área cientí fica existe o ônus da prova, que é justamente a função desta pesquisa. No Krav-Magá as coisas funcionam de forma diferente e infelizmente também as pessoas não são as mesmas. O campo da ciência não está limpo das cobiças e ambições do homem – ego, poder, controle, fama, reputação, status, dinheiro etc.. De acordo com o código das artes marciais, os cientistas, por definição, não são “homens de honra”. Os praticantes das artes marciais deveriam representar o caminho absoluto do amor-próprio, o espírito do Budo e do Bushido. Todavia, é pena que no Krav-Magá este exemplo não se repita. Existe uma quantidade quase in finita de material didático sobre como um artista marcial precisa se apresentar, quais são as regras corretas de comportamento e honra. Livros como Hagakure de Yamamoto Tsunetomo, o livro de cinco anéis do Musashi, A arte cavalheiresca do arqueiro zen de Eugen Herrigel, entre outros, constituem uma fonte formidável de conhecimento sobre as leis de conduta que são exigidas de professores de artes marciais, tanto no comportamento do dia-dia como no Tatami, quando o professor estabelece o mais alto padrão de exemplo para seus seguidores. Minhas buscas me levaram às distantes terras da burrice, talvez até ao lugar de nascimento do absurdo si. Para melhor esta última sugiro éque façam uma simples e rápidaeminvestigação vocêsexplicar mesmos. Tudo quefrase, necessitam de um computador com acesso a internet. Já no primeiro olhar, nós nos encontramos numa situação embaraçosa e confusa. Depois da morte do Imi, naturalmente vários herdeiros do “seu caminho” se ergueram, mas, de forma enigmática e arrogante, esses sucessores se orgulham justamente por terem mudado de algum modo a criação srcinal do fundador. Não conseguimos achar sequer um que tenha como lema principal as suas qualidades físicas, sua perfeita técnica de chutes, sua habilidade com as mãos ou qualquer outra ênfase profissional, estes simplesmente não existem. Os característicos qualitativos que acompanham as artes marciais não são do interesse daqueles “sucessores” que veem no legado do fundador nada mais do que uma forma de aumentar o seu próprio prestígio. Agora, um pensamento nos deixa curiosos: se eles alteraram o caminho srcinal do Krav-Magá, por que ainda ficam se vangloriando disso? E segundo, no momento em que eles começaram o processo de transformação, eles não são mais “herdeiros”, mas criadores e desenvolvedores de uma nova trajetória, sendo esta melhor ou pior. E mais, por que eles empregam o nome do fundador 7* e do KravMagá num sistema que eles mesmos inventaram? Como o exemplo de um rapaz alemão que fundou um novo método e o denominou de “Krav-Magá Alex”... Só que ele nunca viajou para Israel, jamais aprendeu com algum professor quali ficado de Krav-Magá e não há nenhuma semelhança entre as suas técnicas e o Krav-Magá do Imi. Ele simplesmente abusa de um nome popular e acrescenta seu nome como o criador de um novo caminho, e, ao fazer isso, ele engana o público e seus alunos que 19
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Introdução
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acreditam estar praticando Krav-Magá. Mas ele não é o único que lucra com o nome do Krav-Magá. Eis uma lista incompleta de alguns outros “sistemas” que surgiram ultimamente: Krav-Magá Internacional? Associação de Krav-Magá israelense? Krav-Magá Kapap? Krav-Magá Maor? Krav-Magá Americano? Krav-Magá Commando? Krav-Magá Militar? Krav-Magá Aikikai? Krav-Magá Operacional? Krav-Magá Tático? E esta lista é só o início - com certeza existem outros nomes que minha pesquisa não encontrou. Mas como podemos distinguir qual desses nomes é o correto? Quais são os instrumentos que um leigo, à procura de um lugar para treinar, tem para saber a verdade? As respostas estão entalhadas nas páginas desta pesquisa. Não é o suficiente anular um nome em favor do outro. Em primeiro lugar, temos que conhecer o Krav-Magá de forma íntima e profunda e, em seguida, seremos capazes de julgar por nossos próprios olhos, de separar o joio do trigo. Em cada bairro, cidade ou país acharemos outra variação do Krav-Magá, de acordo com o grau de imaginação dos instrutores locais. A pesquisa tentará elucidar as razões desse fenômeno. Entrevistei os primeiros e mais veteranos alunos do fundador Imi. Eles somam um grupo de dez pessoas e são os únicos que tiveram o privilégio de receber a faixa preta e graduações maiores do Sr. Lichten field. Suas histórias foram essenciais para desvendar os primeiros passos do Krav-Magá. O objetivo do livro é 7. Todos conhecem bem o passado do Imi. Será? Por algum motivo, ninguém nunca investigou o passado pessoal do Imi, que constitui a base para a criação do Krav-Magá. Vamos pegar, por exemplo, o caso do presidente de uma organização chamada IKMA , que a firma ter incluído dentro do KravMagá técnicas de “ wrestling”. Imi iniciou seu caminho como pugilista. Essa modalidade combinava bem com sua forma física e com sua agilidade e flexibilidade natural. Mas, naqueles dias, Imi sonhava em participar na “Maccabia” – que era um tipo de “olimpíada” destinada a jovens judeus do mundo inteiro. A primeira Maccabia ocorreu em Israel, no ano de 1932, depois que o Décimo Segundo Congresso Sionista, realizado em Agosto de 1921, na cidade de Carlsbad, na antiga Tchecoslováquia, decidiu unir todas as organizações esportivas judaicas sob uma bandeira e fu ndou a “Histadrut Olamit Maccabi”, ou de forma abreviada – Maccabi. Os jogos da Macabbia aconteceram a cada 4 anos em Israel. Contudo, o pugilismo não foi um dos esportes incluídos nessas competições e por isso Imi começou a praticar luta greco-romana e tornou-se lutador desta modalidade. Porém, depois de conversar com alguns de seus amigos e con hecidos próximos, uma coisa fica clara: Imi nunca gostou da prática do GrecoRomano, na qual homens com mínima roupa ficam se abraçando com outros homens... Mesmo que ele nunca tivesse se expressado abertamente contra esse esporte, vários “comentários” dele sobre o assunto foram registrados ao longo dos anos. Por isso, também ele nunca criou ou incluiu esse tipo de técnica no Krav-Magá e nós dizemos isso de forma simples e clara. Esse modo de se gabar em coisas que não tem nada a ver com o caminho do Imi é característico para alguns israelenses. Daí vem a grande importância da nossa pesquisa, que permitirá ao leitor entender o camin ho do Imi e a lógica que o guiou em sua c riação.
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Introdução
conservar ambas as histórias do Krav-Magá: a teórica e a prática, para que as próximas gerações saibam e conheçam os fatos reais atrás daquela pessoa maravilhosa e excepcional que criou o caminho do Krav-Magá. Quando comecei a escrever a obra, fui guiado pela crença de que ninguém tem o direito de distorcer os rumos da história. Portanto, não coloquei no livro nenhuma técnica e truques profissionais do Krav-Magá ou de outras artes marciais, mas somente a pura narração dos acontecimentos, do legado de um povo e da arte que surgiu dele, nada mais do que uma tentativa de expor a verdade. Estruturamos a pesquisa como uma série de artigos, sendo que cada um deles dará ao leitor uma resposta e compreensão a respeito do Krav-Magá e do seu fundador. De forma mais abstrata, eu diria que cada artigo é uma chave para uma porta no longo e complexo labirinto das organizações do Krav-Magá, sendo que a chave para a última porta abre e exibe todas as distorções do início ao fim. Mas é necessário primeiro ler e entender todo o material para que, no final, tenhamos uma imagem completa e abrangente sobre a criação do Krav-Magá. Não é suficiente saber a verdade, precisamos também de uma linha lógica de pensamento que nos orientará até o nosso objetivo: o conhecimento de que há um outro Krav-Magá, verdadeiro, diferente, de extraordinária qualidade, e isso só será possível entender quando, em nossas mentes, juntarmos todos os artigos para uma sólida unidade. A obrigação de mostrar provas me colocou várias vezes em situações embaraçosas, como, por exemplo, mencionar o fato de que o próprio fundador Imi cometeu diferentes erros ao longo dos anos, alguns menores e sem importância, outros mais influentes. E talvez o maior erro de todos e sua grande desvantagem como o criador do Krav-Magá, fosse não deixar quase nenhum material escrito que testemunhe o seu desejo e suas reflexões, tirando os dois primeiros livros do KravMagá, que foram escritos e editados em cooperação com o Sr. Yaron Lichtenstein. Mas é preciso entender o status e a função do fundador dentro da sociedade do Krav-Magá. Ele era o eixo central e em volta dele os outros circulavam, portanto, qualquer erro cometido por ele, menor que seja, imediatamente recebeu dimensões desproporcionais. Assim sendo, não há escape de uma análise profunda para descobrir o que foi feito por ingenuidade e que ações de terceiros foram feitas com más-intenções e não passaram de intrigas políticas que tinham como objetivo único prejudicar o velho criador e garantir a “sucessão”. Outro ponto, que pode ser visto com seriedade, ou não: o fundador nasceu no dia 26 de Maio, seu signo era de Gêmeos. Para quem acredita na astrologia, isso pareceria óbvio e para os céticos não significaria nada, mas ainda é difícil ignorar os padrões de comportamento do fundador que são tão característicos para esses signatários. Abandonar um a favor do outro e depois abandonar o novo a favor de um terceiro, fazendo ao mesmo tempo promessas para o quarto e no final se juntar ao quinto, que na verdade era o primeiro. Quem sabe incontrolável que impediu o criador devista unir todo o Krav-Magá sobnão umfoi tetoessa só. Mas, talvez naforça sua percepção ou do ponto de da sabedoria do Zen, ou da antiga sabedoria judaica, seu caminho teve êxito, apesar de tudo e foram os céus que ditaram a direção desta pesquisa. A verdade é uma e qualquer alteração ou divisão que sofrer significará que ela não existe mais. E esse é o caminho do krav-maga.
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Gênesis
GÊNESIS O nascimento – parabéns! Ser humano significa querer melhorar o tempo todo
Meu pai era um grande sionista e um patriota maior ainda, como o tamanho do seu coração. Diferente do que se espera, a história do meu nascimento não é simples. Eu não nasci no processo normal que inclui primeiro a fase do embrião e depois o ato de nascer, pois foi uma gravidez longa e difícil, que não contava com a participação de uma mãe. Todo o trabalho de parto e os primeiros anos da minha infância eram da responsabilidade do meu pai. Tudo isso não signi fica que não sou um ser humano, mas somente que a forma como vim para este mundo era, por assim dizer, diferente. A época: os anos antes da fundação do Estado de Israel. Meu pai chegou em Israel depois de ter completado seu serviço no exército Britânico, onde lutou contra os nazistas. Quando chegou ao país, foi enviado para o “Campo Dora”, localizado nas proximidades da cidade de Natanya, que mais tarde seria a sua cidade permanente de residência. Natanya daqueles dias ainda não era uma cidade turística, cheia de hotéis extravagantes e cafés elegantes lotados de viajantes como é hoje, apesar da constante ameaça do terrorismo. A “cidade” não era nada mais do que algumas dezenas de casas localizadas ao lado da praia e cercadas por in finito mar de dunas de areia branca e brilhante. No lado sul da cidade estava sendo construído um novo bairro – “Dora”, destinado aos imigrantes judeus que estavam chegando de todas as partes do mundo em sua fuga dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Ao lado do bairro estabeleceu-se também uma base militar, que ganhou o mesmo apelido. Só anos depois, quando a Universidade de esporte – “Wingate” foi criada, mudou-se também a base militar para dentro das instalações da Universidade, sendo que a praia serviu como o seu limite traseiro. E sempre quando eu olhava os soldados correndo, treinando e suando ali, não podia deixar de pensar que a proximidade da praia deve ser um dos horrores do severo treinamento militar – tão perto, porém tão longe, uma vez que a entrada dos soldados na água foi proibida e exigia uma autorização especial. A situação piora durante os quentes verões, quando é possível ver a sua imagem no vapor que sobe das águas ardentes do mediterrâneo, sem esquecer que os israelenses apreciam bastante um bom dia na praia. E foi lá em “Dora” que tomei minhas primeiras respirações e o processo do meu nascimento começou 1*. Os meus primeiros anos estão densamente ofuscados na 1. A tentativa de atribuir ao Krav-Magá um aspecto militar e apresentá-lo como uma “pro fissão militar” constitui uma ofensa direta contra o Krav-Magá como arte marcial israelense única e contra fi
o nome e não a reputação do fundador da ar te,ou Sr.factual. Imi Lichten eld. após Comoa morte veremos longosurgiu do livro, alegação tem nenhuma base histórica Dois anos do ao criador, emessa Israel uma organização chamada IKMF, que tinha como lema principal transformar o Krav-Magá para que ficasse mais “adequado” aos seus objetivos financeiros. Muitos identi ficaram as vantagens comerciais do aspecto militar quando relacionado às arte s marciais, e principalmente ao K rav-Magá. Mas a verdade é que não há nenhuma ligação entre o exército e o Krav-Mag á ou outras artes marciais, além do fato de que algumas delas são ensinadas e utilizadas pelas forças armada s.
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minha memória e na verdade as lembranças da minha infância baseiam-se exclusivamente em histórias que escutei e que consegui juntar para completar, na medida do possível, o quebra-cabeça da minha vida. Meu pai não era um grande contador de histórias e nunca gostou de falar muito. A seu ver, sua criação já dizia tudo e sua modéstia sempre vinha em primeiro lugar. Mas as pessoas próximas a ele sempre o fizeram inúmeras perguntas sobre o assunto, e assim fui capaz de montar a imagem da minha juventude que, na verdade, por insultuoso que seja, não tem uma ligação direta para mim, mas somente para meu pai e seu caminho de vida. Conhecer a história pessoal do meu pai signi fica entender as srcens da criação que levou, no final, ao meu nascimento. As memórias mais claras dizem respeito ao desenvolvimento físico, isto é, de como adquirir a postura certa; os primeiros passos; como andar sobre as bolas do pé como se fosse um leão ou onça selvagem; desenvolver e manter o certo equilíbrio; se mover de forma correta; o uso das mãos; em que movimento fica a força verdadeira e como aplicar este movimento para aproveitar toda a sua energia e potência; coordenação entre os movimentos das mãos e das pernas durante defesas e ataques, tanto em situações de avanço como de recuo; o funcionamento de cada uma das nove direções de movimento; por que chutar assim e não de modo diferente; o que é permitido e o que é proibido fazer; métodos de concentrar o controle sobre os nervos para direcionar de forma exata os movimentos corporais e ao mesmo tempo combinar a força e a velocidade; como desenvolver reação rápida; quais movimentos melhoram a coordenação física; e como eu, sendo uma entidade própria, poderia fi
dar segurança e autocon ança para aqueles que usam minhas habilidades em seus movimentos. Todas estas características foram moldadas dentro de mim. O conhecimento fenomenal que meu pai teve sobre o sistema dos músculos e seu funcionamento no corpo humano é o motivo para da minha excepcional capacidade de movimento. Memórias distantes e vagas. E é justamente hoje, quando meu domínio sobre todas minhas características é tão completo, que questiono e realito tão profundamente sobre minha identidade sexual, não do aspecto da reprodução, mas como devo pensar, reagir, me apresentar e quais são minhas capacidades físicas e mentais. Onde, se é que existem, ficam meus limites naturais? Fui educado de forma não limitada, que tinha como objetivo a criação de uma identidade e capacidade igual para os dois sexos. Meu sexo 2*, portanto, é irreconhecível. De um lado meus movimentos são suaves, lisos, carinhosos e fluem com uma sensualidade feminina, clara, como dançarina de Samba. No outro sentido, minha aparência externa é puramente masculina, machista. Poder físico espantoso, que reflete um vigor determinante, de enorme e incompreensível potência; em questão de segundos pode virar uma máquina mortífera tão perfeita que até meu pai ficou assustado com minhas capacidades. 2. Tanto nas tradicionais artes marciais japonesas como nas diferentes versões do Kung-Fu Chinês, existem técnicas inteiras dedicadas e executadas somente por mulheres e, geralmente, em conf rontos com guerreiros homens, foram as mulheres que levaram vantagem. Essa é a srcem do dilema do fundador nos primeiros dias do K rav-Magá, a respeito do tipo de arte que seria – “suave” ou “dura”.
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Seria impossível realizar qualquer experimento para estimar ou medir as minhas competências. Não porque tais instrumentos não existam, mas simplesmente porque esta avaliação não é executável. Minha força, minha competência mental, meus poderes e minha autoridade vão muito além da restringida divisão de sexos, apesar de que ao longo dos anos houve tentativas de me proporcionar uma aparência mais feminina, porém essas também fracassaram. Naquela época, era de costume em algumas artes marciais que mulheres, a partir da faixa amarela, colocassem uma linha branca no meio da faixa, para simbolizar a sua feminilidade. No começo, meu pai tentou introduzir essa ideia, mas depois admitiu que não era adequado. Ele teve boas intenções, mas a concepção inicial era completamente equivocada. A maior dificuldade do meu pai foi a falta de domínio da língua hebraica. Se não fosse por isso, com certeza entenderia que o primeiro nome dado a mim, no início do caminho, tinha fortes tonalidades femininas, pelo menos em Hebraico. As palavras e o termo “Defesa Pessoal” (do Hebraico: “Hagana Atzmit ”), são substantivos femininos na língua hebraica e de lá vem essa sombra feminina, que de certo modo ainda existe em mim até hoje. Meu pai contou que recebeu suas primeiras ideias de seu próprio pai, que fez os primeiros passos na busca do caminho certo. Ele sempre guardava uma foto com seu pai da época de sua infância na Europa. Meu pai dizia que esta foto sempre estava no bolso esquerdo da camisa do pai dele, e ela também estava lá quando os nazistas atiraram nele, portanto a foto está agora toda furada de balas e foi assim que eu a vi pela primeira vez. Uma foto em preto e branco, de uma época em que essas eram as únicas cores que gravaram a congelada eternidade no papel fotográ fico. Qualquer um que visitasse o quarto do meu pai poderia ver a foto que estava encostada contra a prateleira e ficava bem visível. Meu pai, numa mistura de emoções entre a dor da perda, as saudades, o orgulho e o amor eterno de um filho, contava freqüentemente a história da foto. O espírito do meu pai era firme e potente como aço, às vezes parecia que seu corpo, apesar de ser musculoso e forte além do normal para boxeadores de peso pesado, não conseguia conter uma alma tão poderosa, que nenhum homem poderia resistir a ela. Ele é parte de uma espécie de pessoas que levaram a humanidade para frente ao longo da história. Pessoas que encararam o perigo e a morte e sorrindo diziam a eles: “vamos ver, tentem seu melhor golpe!”. Me tornar uma coisa real e e ficaz virou quase uma obsessão para meu pai. Ele ficava dias e noites planejando e construindo diversas técnicas complexas e, imediatamente depois, correu para o campo de treinamentos comigo em sua mente, e examinou e provou os novos exercícios junto com os melhores soldados das unidades de elite. Naqueles dias a situação de Israel, que ainda não se estabeleceu completamente como um Estado formado, foi uma das mais difíceis. Poucos guerreiros, com armamento arcaico e muitas vezes inútil, ministrando uma desesperada guerra pela sua independência contra centenas de milhares de soldados bem equipados de diversos países árabes. Nos raros casos em que os soldados israelenses obtiveram armas de fogo, a escassez de munição era tão grave que não foi possível realizar treinamentos regulares de tiro. Assim meu pai criou uma técnica que lhe deu 25
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orgulho até seu último dia, embora já no momento da sua criação esta técnica já estava obsoleta, isto é, o uso do fuzil como lança, espada ou se for necessário até como bastão. Essas técnicas receberam do meu pai o nome de “Defesas Contra fuzil com Baioneta” (Do Hebraico: Haganot Neged Rove Mekudan). Qualquer análise cuidadosa dos treinos militares ao longo da história bélica, desde a invenção do fuzil e da baioneta, que dava letalidade máxima também em distância mínima, achará que nenhum exército nunca realizou um treinamento tão intensivo e organizado com técnicas de ataque e defesa de fuzil com baioneta. As aulas se concentraram tanto em casos em que os dois oponentes estão armados com baionetas, como em casos que o soldado precisa se defender com mãos vazias contra ataque de baioneta. As técnicas que meu pai criou foram inéditas na história das guerras, mas ironicamente naquela mesma época, os exércitos começaram a usar armas mais curtas e mais rápidas e, portanto desapareceu a imagem do fuzil com a baioneta ligada a ele, a não ser em eventos oficiais, onde os fuzis com a baioneta têm um uso puramente cerimonial. Sem dúvida que muitos dos velhos guerreiros devem sua vida àquelas técnicas que meu pai criou. O país e o seu povo são guiados por um espírito quase religioso, por uma crença na nossa capacidade de vencer. É um espírito que há seis mil anos está invencível, imbatível e que nunca se desespera, sejam quais forem os obstáculos. Foi este espírito que fundou o Estado de Israel como o conhecemos hoje e que com sua inspiração eu fui criado e respirei pela primeira vez. Esse espírito é meu leite materno e suas gotas fluem ao longo de cada um de meus movimentos corporais e os tornam entidades próprias e independentes. Ignorar este espírito significa não saber mim. Ali, naquele lugar onde a esperança venceu a atrocidade, eu cresci enada me sobre desenvolvi. Os treinos com meu pai eram bastante diversos e muitas vezes treinamos no mesmo dia várias técnicas completamente diferentes uma da outra. Experimentamos e provamos tudo para poder separar o correto do errado, o necessário do dispensável, sabendo que qualquer falha, por menor que seja, significa risco para vida humana, vida humana tão cara, especialmente para meu pai que passou pelos horrores dos Nazistas. Mas não se enganem, meu pai não era pacifista de forma alguma; ele simplesmente queria que eu fosse um pouco mais suave e delicado e não servir somente como uma arma altamente letal. Existem algumas técnicas que depois de perceber como elas são terrivelmente e ficazes em tirar a vida de uma pessoa, ele se arrependeu e começou a temer que talvez não devesse criá-las, apesar do fato que as pessoas que aprenderam com ele naquela época, não tinham nenhuma arma disponível além de suas pernas e mãos. Portanto, quando começou a ensinar fora das forças armadas, muitas dessas técnicas foram reveladas somente para dois de seus alunos, Eli Avikzar e Yaron, e também deles ele exigiu não divulgar estes exercícios, mas arquivá-los em algum lugar bem profundo em suas mentes. Para meu pai, vida humana era o valor supremo. Eu me recordo bem que uma vez, numa discussão que quase fugiu do controle, alguns o ficiais do exército me apelidaram de “arte de matar”, e meu pai imediatamente respondeu: “Como podem usar o termo arte de
matar, será que para vocês matar pessoas é uma arte? Uma pessoa que é morta vira um afresco eterno em algum museu? ”. 26
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Ele fundiu em mim as palavras que sempre ensinou para seus alunos, até que parecia uma lavagem cerebral: “ Sejam bons o suficiente para não precisar matar”. Através desta expressão ele explicou a potência e a capacidade que eu guardo, e também demonstrou a diferença intelectual entre nós e o resto. Meu pai afastou-se daqueles que ensinaram a bater mais forte, “quebrar os ossos”, matar e eliminar o oponente, ficar maiores, mais “bombados”. Meu pai enxergou a fraqueza dessas pessoas. Do seu jeito, com uma brandura quase “feminina” ele neutralizou cada um que chegou à sua academia para ver com seus próprios olhos. Cooperando comigo, meu pai sabia concentrar toda sua força num ponto pequeno só e no lugar onde o oponente menos esperava e assim nocauteá-lo antes que ele tivesse a chance de aplicar seu ataque. O medo, assim explicou meu pai, paralisa a inteligência e eu era o instrumento que ele criou para superar e dominar essa emoção negativa. Para a fervente mistura dos primeiros anos da minha criação, meu pai adicionou também sua vasta experiência como pugilista de peso pesado e lutador Greco – Romana da mesma categoria e, em algumas técnicas ele também incluiu movimentos típicos da época em que ele era trapezista no circo, apesar do fato de que sempre quis trabalhar ali com arremesso de facas. Meu pai era, sem dúvida, um perito nesta área. Quando segurava uma faca, parecia que ela tinha vida própria. Em suas mãos as facas ganharam forma de seres vivos e eram muito mais do que um simples pedaço de metal afiado. Eu estava presente nas aulas de arremesso de faca, quando ensinou e treinou seus dois alunos mais graduados – Eli Avikzar e Yaron 3* e compartilhou com eles os segredos e as técnicas de arremesso de faca. Meu pai era capaz de segurar três facas em seus fortes dedos e jogar as três simultaneamente, acertando todas de forma incrível dentro de um círculo do tamanho de um filtro de cigarro, que ele sempre desenhava no alvo usando somente a marca “Dunhill”, apesar de que nunca fumou. As suas explicações e instruções eram claras de tal forma que depois de muito pouco tempo os dois discípulos demonstraram capacidades impressionantes de usar, arremessar e mirar a faca. Este é um dos capítulos mais importantes da minha história como arte marcial para defesa pessoal. Todo este vasto conhecimento sobre o uso da faca fez parte da minha criação e levou à invenção de defesas inéditas e nunca antes vistas contra ataques com faca. Esses dois alunos foram abertamente aperfeiçoados pelo meu pai, que passou para eles muitas técnicas e ensinamentos secretos, os quais foram lecionados somente para eles e não para nenhum outro aluno. 3. Os nomes do Eli e Yaron se repetem ao longo do livro todo. É impossível ignorar alguns fatos relacionados aos dois, que desde o início Imi os marcou como seus sucessores. Provas conclusivas quanto a esta a firmação podem ser encontradas em vár ios artigos da pesquisa. Contudo, ninguém tem um programa para a vida. Eli lançou-se em seu próprio caminho e, infelizmente, sofreu uma grave doença e faleceu há alguns anos atrás. Eu já escutei alguém dizendo que: “ como ele era o primeiro aluno do Imi enquanto viveu, ele será de novo o pioneiro da seleção eterna que Imi formou no céu ”... Com relação ao Yaron, a última fortaleza Krav-Magá, ele sim doImi. criador a função e a responsabilidade da sucessão, e ele luta paradopreservar o camin ho recebeu srcinal do É difícil estimar a quantidade de técnicas e conhecimento que O fundador passou para os dois. Apesar da colaboração que recebi na pe squisa por parte do Yaron, quando tocamos em assuntos pro fissionais ele se recusou a revelar o que foi passado do Imi pa ra ele, alegando que esse tipo de conhecimento só é ensinado ao aluno pelo professo r de forma pe ssoal.
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Paralelamente ao mundo do pugilismo, ao Greco-romano e a acrobacia, ele era também professor numa das mais conceituadas escolas de Valsa na cidade Austríaca de Viena, que era “a capital da Europa” naquela época. Realmente, quem observar com cuidado poderá perceber os movimentos suaves e as diferentes técnicas de conduzir o oponente que foram baseadas nesta área. Tão suaves e delicados, mas ao mesmo tempo duros e mortais. Os nomes de algumas técnicas do Krav-Magá são até parecidos com os nomes de alguns movimentos da dança clássica. Não é surpresa então que alguns anos mais tarde, ao alcançar a minha maturidade artística e profissional, eu tenho me tornado uma arte marcial tão perfeita!!! No início meu pai tentou, através de mim, ensinar os soldados a agir e usar as suas habilidades somente quando estivessem em perigo, mas os jovens guerreiros tinham outras ideias em mente e começaram a empregar parte dos movimentos que aprenderam também em operações de combate. Eles tornaram-se excelentes “soldados das sombras” utilizando as técnicas que meu pai desenvolveu para eliminações silenciosas, seja com mãos vazias, com faca, corda, bastão etc.. Meu pai nunca concordou com esses atos, mas entendeu que às vezes, na guerra, é preciso matar, e é melhor fazer isso da forma mais rápida e e ficaz possível. Portanto, também resolveu criar técnicas de eliminação para situações especiais de terrorismo e reféns. A minha força foi aumentando com cada movimento e exercício que meu pai ensinou e a minha presença como um ser vivo em si cresceu – ganhei cada vez mais massa e mais vitalidade. A minha consciência também se fortaleceu. Absorvi grandes quantidades de energia de alguns alunos altamente talentosos que chegaram a aprender com meu pai, e que tinham elevado grau de agudeza, além disso, entenderam rapidamente as explicações do meu pai e seus corpos alcançaram movimentos perfeitos. Estes seletos alunos viraram meus arquétipos e seus movimentos estão para sempre gravados nas mais profundas celas da minha memória - exatamente como cada mínimo movimento deve ser feito, como e onde parar a perna que chuta para que fique reta, mas não travada, e o mesmo com o cotovelo. Dos soldados guerreiros que estiveram no campo de batalha por muito tempo, eu aprendi como desenvolver a visão periférica, ver tudo sem mexer meus olhos, nem para esquerda e nem para direita. A lista dos exercícios que podem ser aprendidos pelas próximas gerações não acaba por aqui. O talento e a genialidade do meu pai possibilitaram me desenhar de um modo singular. Em suas buscas pelo real signi ficado da defesa pessoal, ele encontrou e visitou lugares que nenhum homem tinha achado. Sua crença e inteligência o levaram a compreensão de que é a mais severa rigorosidade, com os mínimos detalhes ( aqueles que parecem não ter a menor importância ) que fará a diferença entre sucesso ou fracasso. saltoWingate. para meu pai e dias eu veio quando a base jámudou “Dora” O paragrande instituto Naqueles o exército israelense havia de se organizado e se institucionalizado. Naquele quartel, meu pai aceitou a missão de começar e qualificar não somente alguns soldados que participavam em missões especiais, mas realizar cursos periódicos para o exército inteiro, para que todos 28
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pudessem aprender e treinar. É claro que esta nova situação foi um tanto desafiadora para mim e meu pai. Um dia, um pouco depois do meu “Bar-Mitzva” ( Do hebraico – o aniversário de Treze anos) meu pai decidiu me dar um nome válido e o ficial. Um nome, pensou ele, ajudaria os soldados a entender melhor seus ensinamentos. Algumas tentativas passadas, como Kapap (luta cara a cara ), Makel Neged Makel (bastão contra Bastão), Neshek Neged Neshek (arma contra arma ) e outras não deram certo porque não me descreveram de forma adequada. Mas finalmente meu pai pronunciou as palavras e o nome que revolucionariam o mundo: “Hagana Atzmit”: Defesa Pessoal. Este nome me acompanhou durante alguns anos até que, no final da década de sessenta, meu pai entendeu que também esse nome não corresponde mais à realidade e no dia dezesseis de Agosto de 1970 ele estabeleceu o meu nome eterno, que sempre existiu e sempre existirá: KRAV-MAGÁ - OMANUT HALERR IMA HAISSRAELIT LEHAGANA ATZMIT (KRAV-MAGÁ – A Arte Marcial Israelense para Defesa Pessoal ).
Aqui começa a minha vida! Quando construímos uma casa, precisamos primeiro erguer firmes e fortes pilares que irão apoiar e segurar a estrutura toda. Da mesma forma meu pai estabeleceu regras e leis e só depois deu conteúdo para cada uma delas separadamente, sendo que todas as regras juntas criam um ente completo – eu – o Krav-Magá, a arte marcial israelense para defesa pessoal. O melhor caminho no mundo para defesa fi
pessoal, o mais curto e,uma portanto, também teórica o mais ee prática caz. Nãoincondicional há um outro nome para esta criação, e apenas compreensão das regras possibilitará entender a magnitude do Krav-Magá. Cada uma das regras tem um único signi ficado e elas não estão sujeitas à interpretações e plágios, como é de costume no Krav-Magá. As regras estabelecidas pelo meu pai são: 1. Menor caminho, máxima velocidade, máximo peso em direção ao oponente. 2. Que nada seja estranho para nosso corpo. 3. Sejam suaves. 4. A força dos golpes e chutes no Krav-Magá fica no caminho de volta. 5. Nunca dê as costas para o inimigo. 6. A determinação de entrar. 7. Faça o que puder, mas faça certo. 8. Krav-Magá é ensinado em Hebraico, exatamente como Judô é ensinado em Japonês, no idioma srcinal da arte. 9. Sejam bons o suficiente para não precisar matar. 10. Vá para e junto com o inimigo. 11. Use a força do oponente contra ele mesmo. 12. Aprendam a “ler” o oponente. 13. Defesa específica contra ataque especí fico. 14. Sempre manter distância de um passo do inimigo. 15. A mediocridade é o inimigo número um do Krav-Magá e da humanidade toda. 29
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Meu pai não considerou a última a firmação como uma das regras, mas sempre a mencionou quando explicava a lista das regras, como se quisesse dizer: “Se mantermos as regras, evitaremos a mediocridade”. Quase cada uma das regras ganhou um capítulo próprio, que explica detalhadamente, usando exemplos práticos, a intenção do meu pai quando criou a arte. O objetivo é trazer para você, leitor, as informações de suas comopróprias eu – o Krav-Magá, fui criado e desenvolvido, para todas que todos possam tirar conclusões e serem os juízes e os carrascos. Esta pesquisa pretende ser um meio informativo direcionado ao consumidor, uma vez que tem como finalidade ajudá-lo primeiro a decidir quem está ensinando a arte de acordo com o caminho do meu pai e quem está plagiando para ganhar dinheiro fácil e alimentar seu ego; segundo, entender quais foram os reais acontecimentos históricos do Krav-Magá. As regras acima mencionadas são os nossos instrumentos. O marceneiro tem seu martelo, prego etc., e sem eles não poderia trabalhar. A mesma coisa com quem ensina o Krav-Magá: quem não segue os princípios não está praticando KravMagá, ponto final, e estou deliberadamente ignorando todos os “novos” Krav-Magá que foram inventados por aí. A pesquisa se concentra em todos os charlatões que se dedicam a re-escrever a história, tanto a teórica como a prática, usando o nome do Krav-Magá e o nome do meu pai, Imi Lichten field, como se ele fosse parte da elaborada teia de alterações que eles fizeram e que nunca foram o caminho dele. O livro foi escrito de um modo diferente daquele normalmente empregado para este tipo de certeza livros ou pesquisas e oimpactos. motivo Portanto, é simples:decidimos o nosso adotar assuntoumé “explosivo” e com causará grandes estilo mais leve, acompanhado com um pouco de humor e ironia, mas não se deixem enganar: a pesquisa e suas intenções são muito sérias, como veremos mais adiante. Leiam, aprendam e pesquisem as regras do Krav-Magá e da defesa pessoal na forma que elas aparecem nos diversos artigos. Procurem ao longo da pesquisa, e também fora dela, o signi ficado completo, escondido em cada uma dessas regras de aço. Dediquem-se à busca, especialmente durante os treinos teóricos e práticos do Krav-Magá, mas também quando treinarem outras artes marciais. Só então vocês poderão entender a genialidade do meu pai ao criar a arte. A importância não fica somente no entendimento profissional ou na compreensão do caminho do meu pai como o fundador e o criador, mas também em manter esta tradição e a forma srcinal das coisas, e não deixar acontecer o que ocorre em muitas artes marciais, quando a poeira histórica faz a nossa consciência esquecer o processo autêntico de criação. A Capoeira brasileira, por exemplo, tem suas raízes em cerca de trezentos anos atrás. Porém, hoje em dia, de todos os milhões de pessoas que a praticam, somente poucas, que não são necessariamente praticantes (antropólogos, folcloristas etc.), sabem como chegou ao Brasil e conhecem o processo de desenvolvimento pelo qual passou, e agora lendas ocupam o vazio espaço factual. Esta é a finalidade da minha biografia como ela aparece aqui: evitar que aquela poeira histórica esconda a exata e verdadeira narrativa da minha criação. 30
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O Aniversário de Setenta Anos do Meu Pai, 26.05.1980 Quando meu pai completou setenta anos de idade, o jornal “Maariv” – o segundo maior em Israel, publicou uma reportagem detalhada sobre o trabalho e a vida dele – tanto na área do krav-maga, como sobre a imensa contribuição que fez para o Estado de Israel. O desenho mostra a imagem do meu pai através dos olhos do artista húngaro-israelense, o Sr. Zeev Farkash, que faleceu alguns anos atrás. O desenho abre uma janela através da qual poderíamos conhecer meu pai de um ângulo um pouco diferente. Meu pai era parte da comunidade de imigrantes judeus que vieram da Hungria para Israel e contribuíram imensamente para a diversificação da cultura do novo país, a terra de seus ancestrais. Sem a contribuição da comunidade húngara, Israel sem dúvida não seria o mesmo país que é hoje, e uma pesquisa tão curta simplesmente não seria o bastante para descrever a importância destes imigrantes do leste europeu. Parece que os judeus nascidos na Hungria possuem algum dom, talvez seja algo que respiraram ou beberam na sua terra natal. Vejam o talento demonstrado no desenho do meu pai feito pelo Sr. Zeev Farkash, também de srcem húngara. Aliás, todos os desenhos do querido Sr. Farkash capturam de forma perfeita a experiência israelense, e isso apesar de não ter nascido e crescido em Israel. O maior de todos os descendentes húngaros, no entanto, era provavelmente o dramaturgo, roteirista e autor o Sr. Efraim Kishon, cujas obras foram traduzidas para inúmeras línguas ao redor do mundo e mudaram para sempre a forma que o teatro e o cinema são percebidos em Israel. E claro que não podemos deixar de mencionar meu pai. Pedimos desculpa a todos aqueles que por causa da falta de espaço não podíamos citá-los. Nosso único objetivo era mostrar o fato que meu pai fazia parte de um grupo de elite de artistas israelenses com raízes na Hungria, cuja contribuição para a formação cultural israelense a tornou famosa no mundo inteiro. Dorit, a filha do Sr. Zeev Farkash fundou um museu em sua memória. O Sr. Efraim Kishon ganhou inúmeros prêmios e homenagens por seu magnífico trabalho. E somente meu pai, que centenas de milhares de pessoas em todo o mundo consagram seu nome e querem aprender seu caminho e sua arte marcial, viu lá do céu sua criação sendo completamente distorcida e castrada depois de sua morte. Meu pai, como artista e criador, integra aquele grupo de pessoas com inteligência acima da média. São artistas que afastam-se da mediocridade como se fosse fogo infernal. Caso contrário, não chegariam a onde estão. Só resta agradecer ao Deus que criou e nos deu aqueles únicos indivíduos, para iluminar e clarificar nossas vidas e nossos olhos. Agradecemos a Sra. Dorit Farkash Shuki pela autorização de usar este desenho de Imi, tirado do museu que ela fundou para a memória do pai dela. 31
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A Associação A maior parte dos amigos mais próximos do meu pai, especialmente os colegas profissionais, fez parte do mundo do Judô. Ele sentiu uma certa admiração pelas pessoas que construíram a associação israelense de Judô. Era claro para ele que uma organização deste porte não pode existir sem uma dose de política interna, mas escolheu ignorar isso, por entender o curso natural das coisas. A sua atenção e entusiasmo se concentraram nos membros daquela organização, como por exemplo, o Sr. Amos Grinspan, com quem gostava de conversar em Alemão durante horas para recordar um pouco os anos de sua infância na Europa. Outro amigo era o Gadi Skornik, um homem extraordinariamente forte, em corpo e espírito, um verdadeiro homem de honra; e outro famoso judoca Yosef Lev 1*, que desde criança sofreu de uma paralisia em ambas as pernas por causa do vírus da Pólio, um fato que não o impediu de alcançar a faixa preta no Judô e ainda desenvolver um sistema excepcional para ensinar aos cegos as técnicas desta arte Japonesa. Yosef Lev também ajudou vários instrutores jovens de Krav-Magá a encontrar um lugar para começar a dar aulas. Meu pai e seus amigos fizeram parte de uma geração de Titãs, que construíram do zero o Estado de Israel e jamais alguém poderá superar estes feitos. E ele, que era uma pessoa bem conhecida e de autoridade inquestionável, foi sempre muito bem vindo e aceito de forma calorosa em qualquer lugar, como se fosse um parente próximo. Com sua honestidade, integridade e seu intransigente caminho, nunca ofendeu ninguém e nunca usaria uma frase como: “sim, você está certo, ”. Este estilo de sede expressar simplesmente mas o caminho do Krav-Magá melhorpaternal não era de seu costume. O seuémodo e ingênuo concordar com quem conversava, sempre sorrindo elegantemente, fazia com que o outro lado rapidamente não acreditasse mais em suas próprias palavras. Os escritórios da associação de Judô eram como uma segunda casa para ele, e não passou um dia sem que ele pensasse no seu maior sonho, que era fundar uma organização parecida para cuidar de seu bebê, o Krav-Magá. Mas as pessoas que meu pai conhecia do Judô já estavam com as suas carreiras em curso e sabiam exatamente para onde a vida os levaria. No judô, é importante lembrar, existem leis e regras claras e cada detalhe ou assunto menor é tratado por essas regras, enquanto no Krav-Magá, naquela época, existia só meu pai. As pessoas escutaram e fizeram tudo que meu pai pediu, seguindo seus sentimentos de respeito e admiração infinita por ele, mas para criar uma organização de tal porte, é preciso mais do que isso. Só a inspiração não é o su ficiente. Meu pai foi inspirado por seus amigos e colegas, homens virtuosos como ele. Para o judoca, o judô é seu caminho de vida e de forma igual o Krav-Magá era o caminho do meu pai. Infelizmente ele nunca enxergava inteiramente a realidade israelense, onde conversas sobre honra temos de sobra, mas encontrar homens honrosos já é uma
outra história e em Israel há muitos campeões em falar. 1. Yosef Lev, Os princípios do Judô, 1972, página 12. O livro foi publicado em Israel e somente no Hebraico. No livro, o Sr. Lev afirma que Imi é o fundador do Krav-Magá e adiciona também o fato de que por breve período de tempo o Krav-Magá fez parte da associação de Judô em Israel.
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Com a ajuda e apoio dos amigos, foram publicadas reportagens históricas nos jornais “Jerusalém Post” e na revista americana “People Magazine”, no dia 10 de Junho de 1977 2*. Essas eram matérias grandes, acompanhadas de fotos que mostraram e explicaram detalhadamente o trabalho do meu pai no desenvolvimento do Krav-Magá como a arte marcial israelense para defesa pessoal e também os princípios da defesa pessoal. As reportagens causaram impactoentraram positivo no mundo inteiro e conseqüentemente diferentes pessoasum degrande vários lugares em contato com meu pai. Entre elas destacou-se um rapaz norte-americano, o Sr. Darren Levin, que viajou dos Estados Unidos para Israel, unicamente para aprender o Krav-Magá e depois ensiná-lo e divulgá-lo nos EUA e fundar uma filial ali, que nos anos seguintes ganhou o nome de “Krav-Magá Worldwide”. O jovem americano foi mais longe ainda e ofereceu ao meu pai uma quantia considerável de dinheiro em troca da faixa preta, quantia que poderia fazer realizar o antigo sonho do meu pai de fundar uma associação, incluindo alugar um pequeno escritório e contratar uma secretária para formar uma sede que ministraria o Krav-Magá. Os alunos do meu pai começaram a dar aulas independentemente e ganharam cada vez mais alunos e fizeram uma contribuição histórica para o desenvolvimento do Krav-Magá. Diariamente as turmas de Krav-Magá no país todo cresceram ilimitadamente. Meu pai não era mais jovem e ele queria ver tudo sendo organizado enquanto ainda tinha força e vigor, afinal de contas, ele sofria um pouco também da famosa obsessão alemã pela ordem. Ele juntou todos seus alunos veteranos para uma reunião especial, sabendo que eles poderiam se sentir ofendidos com tal decisão. Mas as respostas que recebeu lhe causaram mais confusão ainda. Unanimemente os alunos expressaram seu total apoio para o velho professor e sua confiança nas decisões dele e acrescentaram que o rapaz americano mora do outro lado do oceano, ou seja, o que o olho não vê o coração não sente... E de qualquer forma ninguém daria muita atenção para uma pessoa que compra sua faixa preta por dinheiro depois de algumas poucas semanas de treinamento, um pensamento que acabou sendo um dos maiores erros na história do Krav-Magá. Ficou claro que uma oportunidade como esta de conseguir uma quantia tão grande de dinheiro e tão rapidamente poderia não se repetir. Enquanto estava deliberando na sua cabeça sobre a oferta, meu pai marcou com dois de seus discípulos que treinariam junto com o americano durante as duas semanas que ele planejava ficar na cidade de Natanya. Outros instrutores não estavam disponíveis na ocasião. Eu queria trazer a versão de um dos alunos escolhidos, o Sr. Eli Avikzar, mas infelizmente ele faleceu antes que eu tivesse a chance. No site do Eli, de qualquer forma, achei algumas datas incorretas, mas são detalhes mínimos e não muito importantes. Quanto aos outros equívocos que encontrei no site dele, acredito que foram intencionais, objetivando proteger a honra e reputação do meu 2. veja documento número 23, página 46. Fotos da reportagem.
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pai. Tentei também várias vezes marcar uma entrevista esclarecedora com o Sr. Darren Levin, ter uma conversa franca e direta com ele, mas o único comentário que recebi foi: “Nós não respondemos perguntas políticas...” 3*. Depois de quase ter desistido, consegui convencer o Yaron, que era o segundo aluno ordenado por Imi a ensinar ao Sr. Levin, a dividir comigo algumas de suas recordações os eventos questão: “veja disse ele, rapaz, mas mais do que sobre isso lembro comoem tudo acabou. Ele” chegou um“eu dialembro para aoaula e falou que tem faixa preta em Caratê, não sei, talvez a comprou como fez com sua faixa do Imi. Eu e Eli Avikzar trabalhamos um pouco com ele, mas não parecia que o rapaz possuía algum conhecimento em artes marciais. Eli Avikzar pensou rápido e, aproveitando o fato de que ele era o mais graduado, inventou algum “compromisso importante” e me deixou sozinho com o Americano... Dei para ele meia hora de aula sobre golpe, e ele pareceu que iria desmaiar, e naquele momento acabaram as duas semanas de treinamento...”. No final, meu pai deu para o Sr. Darren Levin a faixa preta depois daquelas duas semanas. Em fotos posteriores, podemos ver o Sr. Darren, já usando a faixa preta, ficando ao lado do Yaron e outros alunos do meu pai e do Eli. Um aspecto interessante dessas fotos é o fato que o Eli não aparece nelas – ele fez o papel do fotógrafo em todas elas. É importante entender isso do ponto de vista adequado. Eli foi aluno do meu pai durante muitos anos e não seria um exagero dizer que Eli considerou meu pai como seu próprio pai também e logo adotou muitos de seus costumes. Um deles era ficar sempre aborrecido com aqueles que queriam tirar foto junto com ele para ter uma “lembrança”. Naquela altura meu pai já entendia que muitos abusavam de sua generosidade e o usavam para servir a interesses particulares, e, portanto, tirava a sua faixa preta e aparecia na foto sem ela 4*. Às vezes chegou até a tirar toda a parte superior do Kimono, protestando assim e demonstrando sua insatisfação de forma pacífica. Poucos estavam cientes disso, mas uma observação mais cautelosa de outras fotos do meu pai, inclusive uma com o Sr. Darren Levin, mostra que ele sempre está sem sua faixa. Alguns de seus alunos mais próximos conheceram este costume do meu pai, que explicou para eles seus motivos e por que só assim apareceria em fotos com eles. Em certo ponto, meu pai simplesmente resolveu não “contribuir” mais nas fotos. È bem provável que este também seja o motivo do sumiço do Eli das fotos daquela época. Sem dúvida que as ações do meu pai o deixaram profundamente agonizado e ofendido - vender a faixa preta por dinheiro, que o Eli mesmo esperou por ela por quase dez anos. 3. Tenteirespostas inúmerasconclusivas vezes arranjar entrevista o diretor do “Krav-Magá receber sobreuma o assunto, mascom ele não quis cooperar. O poucoWorldwide” material quepara consegui foi obtido de outras formas. Atualmente o Sr. Darren Levin não leciona mais por motivos diversos, e ele nomeou outros “sucessores”. 4. Veja foto do meu pai junto com o Sr. Darren Levin, documento número 27, página 48.
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No dia 22 de Outubro de 1978, meu pai finalmente conseguiu fundar a organização que tanto queria e a chamou de “associação de Krav-Magá” 5*, com sede na Rua Smilansky 10, na cidade de Natanya. A lei israelense vigente sobre associações tinha suas raízes históricas da época da ocupação otomana de Israel, que acabou por volta do ano 1917. Portanto, as associações em Israel chamavamse oficialmente de “associações otomanas” (do Hebraico: “Aguda Otomanit”). Mas, no ano de 1980, o congresso israelense modi ficou a lei e todas as associações foram obrigadas a encerrar suas atividades. Em seguida, eram restauradas com novo nome, agora apenas como “associação” (do Hebraico: “Amuta”). A mudança era pequena, mas os nomes ficaram mais atualizados e mais adequados ao Hebraico moderno. Contudo, essas alterações geraram muitos problemas em várias associações. As diversas organizações esportivas, que naturalmente competiram entre si o tempo todo, tentaram roubar uma o nome da outra, nas diversas modalidades. O mesmo aconteceu no Krav-Magá. Desde o primeiro momento a associação não funcionava como meu pai tinha imaginado ao observar a associação de Judô. Mas temos que entender que esta situação ocorreu em grande parte por causa do comportamento do meu pai, que era uma pessoa aberta, que acreditava genuinamente na bondade e na boa natureza do homem em geral e mais ainda quando se tratava de seus alunos. Este foi o motivo pelo qual ele não pensou em criar um sistema que o colocaria como o único responsável pelas graduações de faixas, realização de eventos etc., e rapidamente ele perdeu todos os meios de controle sobre a organização. Aliás, ele corrigiu este erro alguns anos mais tarde, quando determinou que somente a BUKAN e seu diretorchefe Yaron estariam autorizados a outorgar graus. Cada faixa preta da primeira geração dos alunos do meu pai queria ter alguma função in fluente na associação, uma vez que todos se achavam merecidos desta honra, depois de ter provado a sua contribuição para o Krav-Magá, cada um individualmente e todos coletivamente. E assim, muitos que não receberam os cargos que esperavam, ficaram ofendidos e ultrajados. Para piorar, foi nomeado como diretor da associação uma pessoa sem nenhuma quali ficação ou conhecimento em Krav-Magá. Depois de preencher a vaga da secretária, meu pai começou a procurar conteúdos que dariam à associação o reconhecimento formal que merecia como o centro ideológico do Krav-Magá. “Amigos” e colegas que viram a oportunidade de fazer um lucro, imediatamente saíram à caçada, como ratos que surgem de seus buracos ao cheirar o queijo. No final, quem foi nomeado como o primeiro diretor da associação pelo meu pai foi um coronel que ele conhecia da época de seu serviço militar, porém não se enganem, apesar de sua divisa, este coronel nunca serviu numa unidade de combate, mas forma, somenteo em funções administrativas, realmente não conta... De qualquer coronel conseguiu convencerentão meuisso pai de que se 5. Veja os carimbos oficiais da associação ao longo dos anos (página 37). Como podemos obs ervar o nome srcinal foi “A associação de Krav-Magá”. Mais tarde foi fundada a “Associação de Krav-Magá Israelense” (refere-se às palavras em Hebraico).
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1983
Depois de 1990 ganhasse a função de diretor ele poderia atrair bastantes pessoas das forças armadas para as aulas de Krav-Magá; no entanto ele nunca conseguiu fazer isso, muito pelo contrário. Meu pai, que não conhecia o “esporte” israelense de “arranjar” empregos fiava nas pessoas erradas, foi iludido e traído. Ele nomeou esse “coronel” ecomo que con diretor da associação e até lhe cedeu salário e cobriu suas despesas, só que a história não acaba por aqui. Os alunos faixas pretas do meu pai que não foram enganados por aquele diretor, esforçaram–se até o limite para ignorar a sua existência. Mas ele insistiu, e apareceu até nos treinos semanais de Sábado para mostrar sua presença e começou a agir como se fosse o vice do meu pai, corrigindo e dando instruções profissionais para os alunos, que só por causa do respeito que sentiam por meu pai não deram uma boa tapa na cara do diretor. As reclamações que meu pai recebeu sobre o comportamento dele foram aumentando a cada dia e em retrospectiva parece-nos que todas as ações do diretor foram cuidadosamente planejadas. De um lado, ele justificou seu cargo frente ao meu pai, e do outro lado continuou desafiando e atrapalhando os alunos faixas pretas. Assim ele conseguiu convencer meu pai de que a sua função de diretor não tinha nenhum conteúdo prático e que ele deveria receber também uma graduação profissional no KravMagá, no mínimo a faixa preta para se igualar aos outros alunos. Depois do treino semanal de Sábado, meu pai informou aos alunos da sua decisão quanto ao diretor,
ea todos os do alunos, liderados especialmente e Yaron, que contestaram fortemente posição meu pai e se opinavam contrapelo ela, Eli destacando os atos passados do diretor davam péssimos sinais para o futuro. Mas nada adiantou – a afiada língua do diretor já havia feito a cabeça do meu pai e, como um dos alunos disse, naquele triste Sábado: “Esse é o primeiro prego no caixão da associação”. 37
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Depois de algum tempo meu pai resolveu realizar um curso para graduar as faixas pretas com Dan 2 e 3, e anunciou e prometeu que o melhor aluno, no final do curso, ganharia o grau de Dan 4. O curso teve duração de um ano, com treinos todo sábado no Instituto Wingate, que apoiou formalmente as atividades. Entre os alunos faixas pretas que participaram estavam também Haim Zut, Eli e Yaron. No fi
6*. O mesmo do curso Eli recebeu que atingiu as que maiores ganhou Dan 4 nal e outros receberam DanDan 2 e 5,3 Yaron, diretor aindanotas, ocupava o cargo exigiu agora do meu pai uma nova graduação, mais “representativa”, explicando que agora ele era “só” faixa preta, enquanto os outros já haviam avançado e ele se sentia inferior em relação a eles, e que não era de sua honra ficar como faixa preta. O fato é que ele nunca treinou e nem participou no curso de graduação de Dans e não aparece também na foto o ficial do final do curso. Infelizmente meu pai escolheu mais uma vez não dar ouvidos aos seus alunos e resolveu proporcionar ao “diretor” o grau de sexto Dan. No sábado seguinte, foi realizado um treino para as faixas pretas na academia do Eli, que ficava em “Bet-Borocov”, no bairro Shapira, na cidade de Natanya, e este diretor apareceu na aula carregando a faixa vermelha – branca. Neste ponto muitos alunos entenderam que algo de ruim estava acontecendo para a sua arte querida. Foi esse evento que convenceu o Eli, de uma vez por todas, a romper com o caminho do Imi e seguir outros rumos. O diretor, que não tem nenhum conhecimento profissional no Krav-Magá, possui até hoje o grau de sexto Dan. Anos depois, quando a tecnologia avançou e o Eli construiu um site virtual,
ele ignorou todo esse episódio, talvez por seu respeito pelo meu pai e talvez porque até seu último dia sentiu uma grande dor por tudo que aconteceu, e é uma pena. Sem dúvida que se o Eli escrevesse suas recordações faria uma grande contribuição para que a história do Krav-Magá fosse conhecida por todos e para que os feitos dos “matadores de carpas” 7* fossem revelados. Meu pai viu no fato de não dominar fluentemente a língua hebraica um de seus maiores obstáculos e não compreendeu que seu charme era justamente a sua educação européia, tão remota dos rudes israelenses. Talvez por isso acreditasse com facilidade em todos os impostores que abusaram de sua ingenuidade e bondade. 6. Mais um fato histórico relativo a este período e que não podemos ignorar: naquela época, o Sr. Darren Levin viajou para Israel por um período de seis semanas. O motivo da viajem era treinar com o Sr. Eyal Yanilov, para que ele pudesse avançar nas faixas. Naquele curso para graduação de Dan, o Sr. Darren Levin não participou, nem como praticante e nem como espectador ou visitante. No computador do Instituto Wingate também não há registro dele como participante no curso. Contudo, no último dia do curso ele apareceu e podemos vê-lo na foto que está na primeira página do capítulo “Graduações no K rav-Magá”, ficando em pé entre Yaron Lichtenstein e Haim Gideon. fi
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7. Gue ltê- ch é uma matamos comida tradicional dospreparar judeus de Descendência européia que sebater come fortemente na sexta filtê- fich? feira à noite. E como a carpa para a Gue É necessário com bastão na cabeça do peixe e depois “afundá-lo” na água para ver se está vivo ou morto, depois batemos nele de novo de qualquer forma. Meu pai sempre contava essa piada no final da década de sessenta. No exército israelense levaram essa piada à sério e chamaram isso depois de “con firmação de morte”.
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Até hoje não se sabe o que levou meu pai no final a tirar aquele diretor de sua função, uma vez que as coisas acabaram numa conversa particular entre os dois. Embora seja difícil saber a verdade exata, é mais fácil adivinhar e assim foi aberto o caminho para a nomeação de um novo diretor com poderes mais limitados. Agora meu pai já havia aprendido a lição, e até desenvolveu um método para se livrar daqueles que o perturbavam, pechinchando por uma faixa. Ele nunca mais outorgou graduações para pessoas que não conhecia pessoalmente e só depois de ter certeza quanto ao nível profissional deles. De fato, ele parou de ceder faixas pretas ou graduações mais altas. Na última vez que aprovou alguém para faixa preta, a associação dele já estava praticamente desmontada, e depois disso só outorgou mais uma graduação – a de nono Dan. Na nova associação, fundada após 1983, a função dele não passou de um “carimbo oficial”. Um exemplo que talvez explique melhor a situação na qual estava meu pai, é o caso de um rapaz israelense que morava no Brasil e um dia apareceu na porta do meu pai, acompanhado por seus pais, para convencer meu pai de que ele merecia o grau de sexto Dan em Krav-Magá. Eu escutei uma conversa telefônica do meu pai com um de seus discípulos mais próximos que por acaso conhecia também o rapaz do Brasil e meu pai contava sobre o que ocorreu: “E aí ”, perguntou o discípulo do outro lado da linha, “ você deu para ele a graduação ou não? ” “Olhe”, disse meu pai, com sua forma diplomática de se expressar, “ falei
para ele que ele está morando no Brasil nos últimos 10 anos, desde 1986, ninguém sabe o que exatamente ele está fazendo ali, comigo ele nunca treinou, tirando uma vez quando tinha 3 anos de idade e deixei ele brincar no meu tatami em Tel-Aviv, então graduação não posso dar para ele, mas já que ele faz o que quer mesmo, para que precisa da minha aprovação? ” O que o rapaz do Brasil não sabia é que para meu pai já havia chegado o boato que ele está impedindo uma nação de quase duzentos milhões de pessoas de praticar livremente o Krav-Magá, depois de seguir o péssimo exemplo do Sr. Darren Levin dos EUA, que registrou o Krav-Magá como marca registrada. Apesar de não demonstrar suas emoções, meu pai estava furioso com isso. O mesmo rapaz brasileiro, aliás, publicou um livreto no qual ele se declara membro de um grupo secreto de treze pessoas treinadas pelo meu pai, além de ser um decorado soldado no exército israelense (na verdade, o exército não o aceitou por que ele sofre de uma alergia perigosa). Se não bastasse tudo isso, o rapaz também afirma ter milhões de alunos em Israel (veja documento número 24, página 278). Será? No início, a maior parte dos alunos do meu pai não entendeu a importância de ter uma associação organizada e registrada, com documentos oficiais e instituições internas como comitê de graduação, comitê profissional etc.. Todos viram o KravMagá crescendo cada dia mais a ajuda dos dez alunos do meu pai,e que levaram o Krav-Magá paracom todos os cantos do primeiros país, atraindo mais alunos abrindo mais lugares para treinar. Já no ano de 1971, meu pai realizou o primeiro curso para formação de instrutores de Krav-Magá para os dez primeiros alunos, com a participação e apoio do Instituto Wingate. Portanto, a a firmação que Krav-Magá é 39
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do meu pai foi certa, e se meu pai quiser se aposentar, assim todos disseram, então ele colocará um sucessor que seria a autoridade máxima até a próxima alteração. A verdade é que todos (menos uma pessoa...8*) aceitaram o Eli como o sucessor natural do meu pai. Mas o problema era que a organização interna da associação não seguiu uma lógica institucional fi rme, e a distribuição dos cargos parecia mais como um jogo de azar. Por exemplo, meu pai não se colocou no comando do comitê profissional 9*, criando assim um espaço para amargas discussões, que no final sempre acabaram sendo resolvidas por ele mesmo, e isso na prática deixou o comitê sem “dentes de verdade”. Um elemento agravante da situação foi que a pessoa que chefiou o comitê profissional nunca demonstrou uma capacidade física de qualidade e, sobre uma parte das técnicas, como chutes e socos, não tinha domínio nenhum. Os membros do Comitê de graduação não tiveram êxito maior e não conseguiram impedir a inapropriada concessão de graus e faixas. Os alunos da geração mais nova, que estavam na faixa verde ou azul, se esforçaram também para pegar “um pedaço do bolo”, por menor que fosse, e a organização derrubou-se antes mesmo de se erguer. Para Eli, ficou obvio que, com tanta política suja em jogo, ele não iria ganhar a sucessão do meu pai, daí iniciou-se em seu próprio caminho. Yaron, apesar de não lançar-se numa nova arte marcial, decidiu se afastar das intrigas e das “novelas” que envolviam naquele momento todos os membros da associação. Diariamente foi nomeado um outro “chefe”, todos com fala mansa e postura de executivos, mas com zero conhecimento sobre meu pai e seus ensinamentos. Para Yaron, o impulso final para da associação quando umadepois tentativa enganá-o lo e sair roubar seu grau deveio quarto Dan,descobriu grau esteque quehouve ganhou de de terminar curso no Instituto Wingate, como o melhor aluno, com a maior nota. A pessoa da associação que foi indicada pelo meu pai para avisar Yaron sobre a cerimônia de faixas, que iria acontecer num Sábado na ”cantina do Albert”, no Instituto Wingate, não cumpriu sua obrigação. Somente às duas horas da madrugada daquele Sábado, algumas horas antes da cerimônia, meu pai conseguiu entrar em contato com Yaron, que estava naqueles dias fazendo seu dever anual, servindo como reservista do exército israelense na fronteira com a Jordânia, e o ordenou a ir receber sua 8. O nome completo está guardado em nossos registros, porém por motivos diversos não podemos publicá-lo. Mas não temos dúvida de que um olho afiado reconhecerá rapidamente a pessoa em questão. 9. O comitê pro fissional foi ideia de um dos alunos que também acabou che fiando o órgão (decidimos não divulgar seu nome). Entretanto, o assunto todo terminou como uma piada mal contada. Não é possível ter um comitê deste tipo no Krav-Magá – meu pai me criou e não ninguém além dele. Ademais, meu pai fez o Krav-Magá como uma só unidade, inseparável e intocável. Porém, os fundadores da associação se basearam no modelo da associação de Judô, na qual realmente existe um comitê profissional, embora este comitê não tenha mudar, tirardaou acrescentar técnicas. a Essa informação é importante também para autorização compreenderpara outros artigos pesquisa. Na realidade, ideia toda não pa ssava de um jogo político. T ambém o comitê de graus não outorgou nenhuma faixa, uma vez que naquele tempo meu pai já havia autorizado Eli Avikzar, Yaron Lichtenstein e Haim Zut a quali ficar alunos e ninguém deu para seus alunos o trabalho de Viajar até a cidade de Natanya para receber a faixa.
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graduação. Não esqueçam que naquela época ninguém nem imaginava ainda a invenção dos telefones celulares e fazer contato com soldados na fronteira não era uma missão simples. Meu pai provavelmente percebeu em algum momento que as coisas não estavam ocorrendo como deveriam e que alguém estava tramando algo desonesto e decidiu interferir. Apesar do fracasso da trama, o fato é que a pessoa responsável continuou na mesma função nanaquela associação, irritandoOYaron, quetramador decidiu que sua honra não o permitia permanecer organização. mesmo foi também quem deu o último empurrão para a saída do Eli Avikzar. Yaron e Eli tentaram iluminar os olhos do meu pai, mas sem êxito. Entretanto, olhando para o passado, percebe-se que meu pai sabia melhor que todos sobre o ocorrido na sua associação, mas sua tão forte e profunda fé na sua capacidade de mudar as pessoas ao seu redor o fez acreditar que, no final, daria tudo certo. Sempre dizia: “Nem Roma
e nem Israel foram construídos num dia, e também as pessoas precisam de tempo para mudar”. Ele estava errado. A fundação da associação era um avanço muito importante tanto para meu pai como para sua arte. Uma vez tornando o Krav-Magá uma instituição oficial, ele poderia virar uma arte marcial representativa, como é de costume nas outras modalidades de esporte. Meu pai conseguiu incluir o Krav-Magá como parte integral no programa didático geral do curso de formação de professores e treinadores do Instituto Wingate. Yaron foi o primeiro a ser eleito para ministrar as aulas de KravMagá naquele prestigiado curso de formação de professores e treinadores, no ano de a isso,domeu pai conseguiu para um seus alunos no 1977. mais Paralelamente conceituado curso Instituto Wingateuma – ovaga programa dedeformação de treinadores sênior, considerado um dos melhores cursos em Israel na área esportiva e de educação física. A participação dos alunos do meu pai naquele curso era imperativa para a f utura o ficialização do Krav-Magá. A primeira vaga foi preenchida pelo Yaron, que já tinha vasta experiência no instituto como parte do corpo docente e depois da excelente atuação dele no programa outros ingressaram no curso. As aulas no programa foram estreitamente teóricas e o Instituto Wingate deixou o lado prático nas mãos do meu pai, con fiando como sempre na sua integridade e autoridade profissional. A quantia inicial que meu pai recebeu do Sr. Darren Levin foi dedicada completamente para a fundação e para o funcionamento regular da associação. Entretanto, esse dinheiro se esgotou em passo acelerado com custos como salários, aluguel, a criação e impressão da logomarca do Krav-Magá (um assunto que até hoje é motivo de sangrentas brigas ), o registro de vários certi ficados e documentos etc.. Rapidamente ficou claro que as intrigas políticas internas estão afetando negativamente associação eefetivamente estão colocando eminstrutores questão a sua própria existência. Os únicos queatrabalharam como naquela época foram Haim Zut, Eli e Yaron. Contudo, o Eli já estava se dedicando ao desenvolvimento de seu caminho e de suas ideias e não registrava mais alunos na associação do meu pai. Yaron, que tinha o maior número de alunos em Israel sob sua supervisão na 41
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“BUKAN ” 10*, na cidade de Rehovot, não formou uma opinião sólida ainda e não tomava lados na briga. Assim, somente o Haim Zut registrava alunos na associação, mas o baixo número de inscrições e as matrículas anuais pagas não eram o suficiente para sustentar as atividades da associação e por isso começou o processo de declínio e empobrecimento da associação. A mudança na lei das associações contribuiu com sua parte também e levou ao fechamento final da organização que meu pai fundou. No ano de 1983, um dos alunos do Eli - o Sr. Haim Gideon, formou uma nova associação e a chamou de “Associação de Krav-Magá Israelense”. Ao fundar essa nova organização, o Sr. Haim Gideon também registrou e “raptou” o símbolo do Krav-Magá do meu pai e por isso a justiça israelense determinou que o nome Krav-Magá é de domínio público e nenhuma pessoa ou empresa podem ter os direitos exclusivos sobre ele 11*. O Sr. Haim Gideon convidou meu pai para assumir a função de presidente da nova associação, com a intenção de que meu pai servisse como um “selo oficial” da associação, porém, na realidade, não teria voz nela e não exerceria nenhuma função no seu gerenciamento financeiro ou outro. Mas meu pai, que desejava muito deixar alguma organização que concentrasse todo o Krav-Magá, assinou no final como o presidente da nova associação que nem era dele, e esta foi a última pedra na tumba da associação srcinal 12*. Contudo, algumas das ações futuras do meu pai indicam que ele nunca se viu como uma parte integrante desta nova associação 13*. Dos primeiros alunos do meu pai, somente o Haim Zut e o Eyal Yanilov ingressaram na associação. O último não fazia parte do grupo srcinal de alunos, mas sua entrada teria um impacto histórico no futuro. Mas também a entrada desses da dois era por tempo limitado, causa de “disputas territoriais”. O gerenciamento associação não estava mais por agora nas mãos do meu pai, e sua única função foi assinar e aprovar os diplomas e certi ficados outorgados pela associação. As brigas internas afastaram todas as pessoas que queriam continuar a praticar o verdadeiro e srcinal Krav-Magá do meu pai, uma situação que continua até hoje. Os alunos mais antigos do meu pai enfrentaram um outro problema também. Dentro da academia do meu pai todos se conheciam e a história e qualidade profissional de cada um era conhecida por todos, não havia como se esconder. Mas agora, pessoas que dedicaram décadas para se aprimorar e controlar a arte, encontraram-se de repente confrontando uma organização que estava “se ajustando” para eliminar o caminho do meu pai e do Krav-Magá. Somente os alunos 10. Na escola BUKAN ,em Rehovot, treinaram cerca de 340 alunos sob a direta supervisão do Yaron, e além disso, a escola possui mais 63 filiais no país todo com aproximadamente 6 mil praticantes. 11. Veja documento número 12, página 267. O documento em questão foi obtido por causa de uma difícil luta judicial. 12. A associação srcinal que Imi fundou e no car imbo inicial apareceu o nome “associação de KravMagá”. Contudo, em 1983 o Sr. Haim Gideon fundou uma associação nova chamada “Associação de Krav-Magá e só mais Imi ingressou nessa nova associação e não foi um de seus fundadores, ISRAELENSE”, como tenta-se mostrar paratarde o público. 13. Apesar das pressões diárias e constantes, meu pai não se rendeu e não cedeu para ninguém da associação uma carta na qual ele os de fine como seus sucessores pro fissionais. Como artista e criador, meu pai deve ser julgado no final por seus atos e não devemos nos preocupar em analisar seus pensamentos. Este fato se repete várias vezes ao longo da pesquisa.
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da segunda geração, pupilos do Eli e Yaron, juntaram-se à associação e geralmente fi zeram isso por motivos pessoais e de auto-glori ficação. Os treinos do meu pai com seus alunos mais graduados pararam, primeiro porque não existia mais um lugar para treinar – Eli recusou-se a liberar sua academia para os treinos semanais aos Sábados, e segundo, meu pai já não era mais uma pessoa jovem e sua força e vigor para subir no Tatame e ministrar aulas intensivas estava se esgotando rapidamente. Eli, declaradamente, retirou-se da função de braço direito do meu pai e os outros discípulos pioneiros não aceitavam que os alunos com níveis bem menores de conhecimento profissional, que estavam de fato gerenciando a associação agora, também ministrassem as aulas, e lentamente afastaram-se para regiões mais remotas do país. Essa diáspora voluntária dos alunos antigos só fortaleceu a posição dos alunos novos na associação, que obviamente não gostavam de sentir os olhos daqueles fantásticos profissionais da primeira geração os vigiando o tempo todo, e preferiam vê-los sumindo com a névoa do esquecimento. Assim iniciou-se também o rapto profissional da arte marcial do meu pai. Os únicos momentos positivos na vida pro fissional do meu pai desde então foram as visitas que realizava na academia do Haim Zut, na cidade de Pardes-Hana, e na escola “BUKAN ”, que foi ministrada pelo Yaron na cidade de Rehovot, os únicos dois que ainda mantiveram o Krav-Magá que meu pai criou. Sua famosa expressão – “Faça o que pode, mas faça certo” foi doentemente invertida e levou á elaboração desta pesquisa. Como bisturi que corta a carne viva, as pessoas começaram a cortar e tirar pedaços inteiros do Krav-Magá, eliminando técnicas completas que acharam difíceis demais para fazer, usando para tal desculpas e motivos ridículos: que a arte é muito longa e complexa e para torná-la mais popular é necessário e desejável cortá-la, e não tinha ninguém para dizer o contrário. E assim, guiados por burrice e ignorância, as pessoas foram incisando o Krav-Magá, e ao mesmo tempo convenceram meu pai de que suas ações eram necessárias 14*. Naquela época, meu pai já não tinha nenhuma in fluência sobre os acontecimentos e as alterações feitas no Krav-Magá foram apresentadas a ele como fatos durante os treinamentos, e mesmo se ele quisesse contestar, não havia quem escutasse. Aproximando-se do seu octogésimo aniversário e exausto das cansativas lutas diárias, achou seu único escape nas visitas em “BUKAN ”, na cidade de Rehovot. Ali, seus ensinamentos srcinais foram mantidos de forma assustadoramente fanática, deixando todas as guerras de ego, tão presentes na associação, do lado de fora. Talvez o motivo para isso foram as aulas e técnicas secretas que meu pai passou para Yaron, e que se recusou a ensinar para outros, depois de entender o que estava acontecendo na associação. Apesar de seu estado físico, a mente do meu pai estava a fiada como sempre e ele leu e percebeu tudo que ocorria ao seu redor. Todos estavam se esforçando para mostrar que as “suas” alterações são as melhores para o Krav-Magá, enquanto na 14. Não há uma forma segura de saber onde foi tirada a foto que aparece no documento número 27, na página... Porém, o fato de Imi aparecer sem nenhuma faixa, preta ou vermelha, prova a sua pací fica manifestação e indignação.
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verdade todas essas novas “técnicas” estavam totalmente opostas à própria essência do Krav-Magá como arte marcial. Um exemplo marcante foi o de um rapaz que resolveu convencer meu pai de que é melhor chutar com a parte superior do pé ( as costas do pé ) do que com a bola do pé. O mesmo rapaz aparece num DVD produzido pelo Sr. Darren Levin com um considerável investimento financeiro, e é interessante ver esse “gênio” demonstrando e ensinando como aplicar chute “foice”, porém, por causa de uma falta incrível de coordenação, o seu pé está na posição de chute “faca”. Fenômenos deste gênero comprovam as mudanças feitas na arte, supostamente com o conhecimento do meu pai. Depois de seu falecimento, iniciaram-se obviamente as lutas pela sucessão. Naquela época os Srs. Eyal Yanilov e Haim Zut eram membros na associação do Sr. Haim Gideon e por algum tempo dividiram a chefia da associação, uma vez que meu pai não ocupava mais o cargo da presidência. Mas esta cooperação era bem curta e um mês depois que meu pai partiu para um lugar melhor, os três se separaram e cada um deles escolheu um outro caminho. O Sr. Haim Gideon declarou-se “Grão Mestre” sem que ninguém aprovasse ou autorizasse isso. O Sr. Haim Zut fundou uma nova associação de Krav-Magá e a denominou de “Kapap”, afirmando agora que ele inventou o “Krav-Magá Internacional”. O Sr. Eyal Yanilov, depois da morte do meu pai e depois da ruptura que ele mesmo causou, fundou a “ IKMF ” – sigla em Inglês para “Federação de Krav-Magá Israelense”, e declarou que somente ele está autorizado a ensinar Krav-Magá. Mas quando foi apresentado a ele o fato de que meu pai nunca fez parte de sua organização e que esta foi fundada sem seu conhecimento e aval, simplesmente porque foi estabelecida depois de sua morte, o Sr. Eyal Yanilov preferiuficar em “sem comentários”. Em relação à IKMF, é importante mencionar que um de seus fundadores era o Sr. Darren Levin, dos EUA. Em um de seus bem produzidos DVDs, o Sr. Levin a firma que ele passou seis semanas treinando em Israel com meu pai (não existe nenhuma evidência para esta a firmação) e no final recebeu o grau de “level six” (Do Inglês: nível seis. Hoje, como seu antigo mentor pro fissional – o presidente da IKMF, o Sr. Levin já se declarou décimo Dan... ). Então, expressando de forma muito suave, isso não é verdade.
Meu pai nunca cedeu este tipo de graduações e elas foram inventadas somente na IKMF. Portanto, é preciso entender que os treinos sobre os quais o Sr. Darren está falando foram realizados com o Sr. Eyal Yanilov, e não com meu pai ou qualquer outra pessoa. Muitas pessoas exigiram o trono para si mesmos, e nesta batalha vários documentos foram apresentados ou “inventados”, mas nenhum deles comprovou que seu portador era o herdeiro profissional autorizado pelo meu pai, tirando Yaron, que recebeu autorização para outorgar avançados e também recebeu do meu paipai o grau de faixa preta Nono Dan, alémgraus do diploma dele, que foi assinado pelo meu com a presença de testemunhas. Anexado ao diploma há também uma declaração importante, que afirma ser Yaron o único a ensinar o caminho srcinal do Imi e ser também o segundo pai fundador do Krav-Magá. É possível examinar as ações do 44
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meu pai de diversos ângulos interessantes. Será que ele percebeu todas as mentiras ao seu redor e agiu para se vingar de todos eles, qualificando o Yaron como o Grão Mestre? Ou talvez por que entendeu que se não reagisse agora, poderia ser tarde demais? Qual é o verdadeiro motivo atrás da decisão do meu pai de não apontar o Eli como seu sucessor, antes mesmo do Eli escolher um outro caminho? Será que foi uma escolha puramente profissional? É possível imaginar que meu pai sabia desde o início que Eli escolheria um outro caminho e posicionou-se contra os atos do Eli, mas ao mesmo tempo apoiou outros que também modificaram a sua arte? Eu duvido! Como magos realizando os maiores feitos que o mundo já viu, inúmeros documentos surgiram nas mãos das pessoas mais próximas ao meu pai depois da sua morte, e, como consequência desta pesquisa, tenho enormes dúvidas a respeito desses documentos, e até a justiça israelense tinha que envolver-se em alguns casos. Atrevimento, insolência e petulância são atributos que os israelenses têm de sobra. Ao examinar o Panteão das artes marciais, podemos observar um fato interessante: em todas as artes, sem exceções, conhecemos os criadores pelo seu nome completo - O Judô, o Aikidô, o Karatê Shotokan e o Krav-Magá. Mas, percebemos também que poucos em cada arte conhecem tão bem os sucessores de cada fundador. Exatamente a mesma coisa está acontecendo agora no Krav-Magá. Todos lutam por uma coisa que não é deles. O nome do Imi como o criador do KravMagá sempre será lembrado e os outros rapidamente serão esquecidos, mas a tolice continua em sua trajetória e ninguém assume o que deveria ser a causa comum: Imi Lichtenfield e o Krav-Magá. Saibam: no final as pessoas lembrarão apenas o nome do meu pai.
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Uma foto vale mil palavras. Reportagem histórica no Jornal Jerusalém Post, publicada em 10 de Junho de 1977. As fotos foram tiradas no Insituto Wingate, e aparecem nelas: Victor Bracha, Miki Asulin, Dudi K lein, Tzvi Murik, Yaron Lichtenstein, Haim Hakani, Avner Hazan, Haim Zut, Zvulun e Itzik, Tedi Levkovski e seuafilho. Não é o suficiente escrever história, temos que mostrá-la também.
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A “Hutzpá” Israelense
A “HUTZPÁ” ISRAELENSE E O KRAV-MAGÁ
O SoldadoMilitar Moderno Krav-Magá ???
O soldado moderno não pode levantar a sua perna para chutar ou a mão para bater. Mesmo alguém que tentasse atacá-lo de trás, teria que pesar 200KG e ter altura de 3 metros, para conseguir derrubá-lo.
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A “Hutzpá” Israelense
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A “HUTZPÁ” ISRAELENSE E O KRAV-MAGÁ Explicação para a versão portuguesa: O termo “Hutzpá”, o tema do próximo capítulo, é impossível de ser traduzido para língua alguma. A palavra “Hutzpá” se srcina do dialeto iídiche, que era popular nas comunidades judaicas no leste europeu. Em Israel, a noção de “A Hutzpá israelense” constitui uma parte da concepção geral do mundo e da percepção do israelense de si mesmo. Entrei em contato com os melhores tradutores e especialistas lingüísticos dos idiomas Hebraico, Iídiche e Português, mas ninguém conseguiu fornecer uma palavra adequada ou paralela ao termo “Hutzpá”. Mais do que uma palavra, é um modo de vida em Israel. “Hutzpa” é de um lado: combinação de ousadia, audácia e capacidade de sobrevivência, e do outro: grosseria, rudeza, falta de consideração em relação ao outro, mentir e enganar para conseguir seus objetivos. O tradutor. Para entender as artes marciais srcinadas no Oriente, é necessário primeiro aprofundar-se em sua cultura e religião. Para compreender esta pesquisa, suas explicações e o Krav-Magá por ela representada, devemos inicialmente conhecer o espírito israelense. Não precisamos ser israelenses, apenas descobrir as concepções deste povo e saber sobre a vida em Israel de forma geral – não existe um outro caminho a ser tomado. Nestedesse capítulo decidimos todo foi escrito ponto de vista. deixar o próprio Krav-Magá falar em nome de si mesmo. O artigo
Escrevi, re-escrevi, revisei e formulei o atual capítulo várias vezes, tentando aprimorar e aperfeiçoar. Sem dúvida alguma que é um dos mais importantes para entender a pesquisa e as mentes que agem através das diversas organizações de Krav-Magá. Isso não foi um desafio fácil, uma vez que não foi do meu interesse criar uma impressão negativa, não é esta a finalidade da pesquisa. Pessoas são como peixes. Há vários tipos de peixes, ou como meu pai sempre dizia – “Não existem duas pessoas iguais”. Já que nasci em Israel, sou um israelense, um verdadeiro “Sabra”. Minha data de nascimento o ficial é 16.8.1970. Tem também a data hebraica tradicional 1*, mas eu nunca fui muito próximo da religião judaica para conseguir lembrar esta segunda data. Ao falar do dia do meu aniversário, refiro-me ao dia em que recebi do meu pai meu nome completo e eterno – “Krav-Magá – A arte Marcial Israelense para Defesa Pessoal”. Para muitos, Israel é o centro do mundo, a Terra Santa, uma potência militar, e claro, a pátria do KravMagá. Entretanto, o único assunto que será abordado por mim é o Krav-Magá, o resto não é de meu interesse. 1. Em Israel, sendo um país predominantemente judaico, usa-se, além do calendário gregoriano, também e principalmente um calendário judaico, composto por combinações de letras hebraicas e não por números.
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Examinei inúmeros caminhos na tentativa de achar um que seria o mais adequado para realizar esta minha jornada de explicações, mas acabei eliminando e desqualificando todos. Um caminho, no seu sentido prático, não seria apropriado para tal jornada de revelações. Nem um trilho, que às vezes está pavimentado e sua areia é misturada com água salgada para torná-la mais rígida 2*. Talvez a mais adequada seriasabendo a de umque equilibrista sobrenuma uma queda corda esticada entre suasdescrição montanhas, qualquer andando erro acabará longa e dolorosa. Entre os perigos da jornada eu não poderia evitar de matar algumas vacas sagradas. Para quem não sabe, há um universo inteiro que separa entre a carne da vaca normal e entre a sagrada. A primeira, no final de sua vida e depois de dar todo o leite que podia, é levada à matança para que sua carne seja degustada mais tarde. Por outro lado, a única finalidade da vaca sagrada é o ato da imolação, sendo que seu sangue pode pular para qualquer direção e tempo e se mover como nos filmes de ficção cientí fica, manchando em vermelho irremovível tudo que ele tocasse, e para tirá-lo seria necessário usar matérias de limpeza de um tipo diferente. No momento em que o sangue da vaca sagrada atingir seus criadores, os últimos fariam de tudo para removê-lo, mas não há garantia de que iriam conseguir. Mas, talvez seja cedo demais contar esta jornada para os campos da guerra verbal. Israel não é apenas um país para os israelenses que o habitam, ou para os milhões de israelenses e judeus que vivem fora de suas fronteiras e sonham em em hebraico a “gíria” para imigrar é “Aliyah” ), mas o Estado imigrar para lá um uma dia (forma representa também de esperança. O povo israelense, mais do que uma nação, é um tipo de fenômeno cheio de contradições que se movem umas contra as outras e parecem que a cada momento irão se separar, porque a cola que as segura não consegue mais aguentar as pressões e os esforços, e tudo está pendurado por um fio. Mas esta cola, fabricada provavelmente com ingredientes divinos, secretos e desconhecidos, já está se comprovando durante seis mil anos de história repleta de transformações do povo judaico. Não se pode entender o processo da minha criação como a melhor arte marcial para defesa pessoal no mundo sem primeiramente revisar os heróis momentâneos que surgiram no povo israelense e tornaram sua tradição uma longa lista de mitos universalmente conhecidos e estudados, uma tradição vigorosamente mantida pelo povo judaico em Israel, e com razão. Para muitos, sem este nosso caminho não sobreviveríamos por tantos anos. Entretanto, parece que, entre aqueles capazes de manter uma tradição, existem alguns que não têm a competência de cultivar e preservar outras tradições, não menos importantes, e eles podem causar a destruição do caminho do meu pai, 2. O processo de pavimento de est radas em Israel é um pouco diferente daquele aplicado em outros países. Numa das fases anteriores à colocação do asfalto, usa-se água salgada para molhar a areia seca. Essas águas são trazidas em caminhões-pipa do Mar Morto. O motivo: esta água possui uma característica especial que ajuda a evitar nuvens de areia nas pr imeiras etapas do pavimento. Também em trilhos não pavimentados aplica-se a água do Mar Morto.
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isto é, o meu caminho. Os israelenses são um povo arrogante, mas talvez tenham bons motivos para tal comportamento. O significado do nome Israel vem da bíblia, e significa “Aquele que viu Deus”: “Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens...” (Gênesis, 32:28). Ou seja, em algum momento de nossa história, nossos representantes ficaram cara a cara com Deus. Será que é verdade? Só Deus sabe... Entre a narração bíblica e a realidade passa provavelmente uma corrente de tempo mais exato e con fiável. Não obstante, alguns acontecimentos que ocorreram ao longo de nossa história como nação, contribuíram de um grau ou outro para o avanço de nossa arrogância, que também nos dias atuais nos leva a conquistas que deixam nossos rivais, concorrentes e inimigos bem atrás na corrida, e o Krav-Magá seria um dos melhores exemplos para este fenômeno. Para compreender a concepção israelense do mundo, é necessário conhecer as lendas e histórias dos heróis bíblicos de guerra, que muitos em Israel até hoje não duvidam por um segundo o fato de que eles existiram. São estas histórias e mitos que dão ao povo israelense seu poder espiritual e seu vigor físico, tornando-o uma potência. Essa história moldada por guerras existenciais e o espírito daqueles heróis são os fatores responsáveis por constituirmos o melhor e o mais so fisticado dos exércitos. Compensamos a nossa inferioridade numérica com a criação das mais avançadas técnicas de combate, apoiando-nos nos campos cientí fico e tecnológico. Falta ainda tratar do elemento mais importante: o espírito do soldado israelense que luta por sua terra natal. Se não fosse por esta tradição de espírito guerreiro, não sobreviveríamos durante seis mil anos como nação e Estado soberano. Sem dúvida que o leite materno das mulheres israelenses é diferente daquele de outras mães ao redor do mundo 3*. Ainda quando bebê, o futuro soldado israelense mama dos seios de sua mãe o sabor e o espírito dos heróis nacionais que viveram ao longo de toda a história judaica, começando com a conquista da terra santa e a tomada da cidade de Jericó, cujas muralhas caíram e não resistiram aos gritos dos antigos guerreiros hebreus: “gritou o povo com grande brado; e o muro caiu abaixo, e o povo subiu à cidade...” (Josué, 6:20). Seria um outro exemplo de arrogância israelense (que talvez já tivesse me infectado também ) afirmar que esta foi a primeira vez na história humana que usou-se a força do “Kiai”??? Atos de enganação e técnicas de eliminação que exigiram habilidades físicas e tecnológicas bastante avançadas para a época, mas que já existiam naqueles dias, servem como modelos de imitação até hoje. Vejam o exemplo do Profeta Eúde (Juízes, 3:16): “E Eúde fez para si uma espada de dois fios...” 3. A mulher israelense típica possui uma concepção alternativa da vida. Para conquistá-la, o homem israelense enfrentará um longo caminho e complexos obstáculos, muito mais do que em outros países, como na América Lati na, por exemplo. A mulher israelense é uma da s mais rigorosas e exigentes ao escolher seu homem, e talvez ela tenha uma certa razão - a vida num país que está constantemente lutando por sua sobrevivência é a pri ncipal causa dessa característica d a mulher “Sabra”. No entanto, os afortunados que conseguissem experimentar em seus lábios o sabor que seduziu o Adão no Jardim de Éden, induvidosamente entenderão a potência e o rigor que se habitam nas mães dos melhores guerreiros que o mundo já viu. Isto é, c om algumas exceções, é claro...
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Aqui faz-se necessário dissertar sobre duas personagens excêntricas que sejam talvez as mais famosas em toda a mitologia judaica. O primeiro caso é a história sobre o Rei Davi enfrentando o gigante Golias (Samuel 1, 17:49): “E tomou dali uma pedra e com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa... ”. O uso da funda de Davi existe até hoje, e eu mesmo já vi pessoas especialistas no assunto que alcançaram boas capacidades na Israel, utilização desta antiga arma. primeiros anos depois da fundação do Estado de a “Rugatca” (Hebraico ), uma versão paraNos Funda aprimorada da funda, era o brinquedo mais popular entre as crianças israelenses. Uma faixa de borracha tirada da parte interna do pneu da bicicleta era esticada sobre uma madeira no formato da letra “V” e assim os garotos conseguiriam uma ótima pontaria, especialmente um no outro e nas janelas do vizinho... O país ficou inundado de pequenos “Davis”. Seria possível não comparar a habilidade do Davi na funda com a dos artistas japoneses do arco e flecha, que acertam o alvo sem vê-lo, apenas guiam-se do conhecimento de onde ele esteja, com seu espírito levando suas flechas para o alvo? Será que o Rei Davi, que viveu na natureza, era entre os primeiros a descobrirem a força do “Ki” e a forma de usá-la? E não poderíamos seguir sem mencionar o maior herói bíblico de todos os tempos – Sansão. A descrição nas escrituras definitivamente levanta algumas questões sobre seu poder (Juízes, 16:30): “E inclinou-se com força, e a casa caiu...”. Seria um grande equívoco afirmar que esse monge 4* conhecia a potência do “Ki”? Temos alguma prova concreta e cientificamente incontestável que aponte uma outra realidade? Para a cultura israelense e para os israelenses, Sansão não é apenas uma personagem bíblica histórica, mas ele consisti uma parte da experiência diária daquele país. Na tentativa de fazer seu filho comer mais, é comum escutar uma mãe israelense dizendo: “Coma para você crescer e se tornar forte como Sansão, o herói”. Depois da fundação do país começaram a surgir por todo lado academias e clubes esportivos para “bodybuilding”, e o nome desses lugares quase sempre incluía a palavra “Sansão”: Clube Sansão, Academia Sansão, ginásio Sansão etc.. Enquanto o nome do estabelecimento incluía a palavra Sansão, o resto não era importante. A segunda academia do meu pai, na cidade de Natanya, na Rua Shmuel Hanatziv 22, 4. A Bíblia começou a ser escrita cerca de cinco mil anos atrás. Qualquer análise mostrará o caso de Sansão ser excepcional. A personagem agiu e comportou como se fosse um monge, um fenômeno estranho ao judaísmo. Ademais, é i mpossível ignorar certos elementos na sua história, que são paralelos à conduta dos Samurais e de sua cultura, que surgiu apenas dois mil anos mais tarde. Também uma das marcas da potência e rigor do Samurai era o seu cabelo, uma característica típica de todas as culturas orientais. Na Chi na, por exemplo, cabelo cumprido era considerado um símbolo masculino clássico. Tanto emdas Israel Japão, háE pesquisadores que judaica a firmamnão quedirecione os japoneses são na verdade descendentes dezcomo tribosnoperdidas. embora a religião a natureza da mesma forma que o Zen, ainda existem algumas personagens bíblicas que tinham a natureza como a inspiração de sua força: Sansão, Rei Davi, Rei Salomão, etc.. Algumas daquelas capacidades e fenômenos provavelmente nunca serão entendidas, mas há aqui uma outra pergunta curiosa:– será que Imi era o resultado de uma combinação genética de cinco mil anos ?!?!
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era parte da academia de Alex, porém o lugar foi chamado de “Clube Sansão” (não foi meu pai que deu o nome ao lugar, mas o Alex, o proprietário ). Era uma “Sgula” 5*, uma forma de dizer: “Quem treinar aqui será forte e corajoso como Sansão”. Um estudo cuidadoso do modo que Gideão (livro Juízes, capítulos 7, 8) escolheu seus guerreiros mostraria uma semelhança impressionante com o sistema moderno de seleção usada pelas forças armadas israelenses na atualidade, no que diz respeito à entrada de novos candidatos para as melhores unidades de elite no mundo. Cada ano, de milhares de concorrentes, apenas alguns são aceitos. Trata-se de lugares como a infantaria, os cursos para formação de o ficiais navais e cursos da força aérea. Não é nenhuma surpresa então o fato de que fui criado justamente por um pai israelense e judeu, em Israel. Sem dúvida que no futuro, embora eu não possa prever o tempo exato, também meu pai será lembrado como um dos heróis bíblicos mitológicos do povo de Israel e esta pesquisa e seus artigos serão os responsáveis, por isso me esforço tanto. Naquele futuro, seja ele próximo ou distante, por causa destas linhas, todos saberão o caminho puro do meu pai e conhecerão quem eram os parasitas que apenas tentaram se alimentar de seu nome, glória e da arte que criou. A história, como sempre, será o mais rígido julgador. Aquele pequeno pedaço de terra chamado Israel, no meio do Oriente Médio, é infestado por todos os males que o homem criou: as guerras, o terrorismo e o pior de todos – a “Hutzpá”. Falando disso, eu não poderia ignorar um boato que ouvi e que está sendo divulgado por pessoas negativas, que têm como objetivo único incitar brigas e guerras. O rumor diz que o Krav-Magá é destinado somente a israelenses e judeus, e eu digo que está afirmação é pura maldade e ignorância. Não existem milhões de indivíduos fora do Japão que praticam Judô ou Caratê? E o Kung-Fu Chinês? Ou o Taekwando Coreano? E a Capoeira Brasileira? Desses milhões de praticantes, quantos realmente conhecem a história do país de origem, ou quantos mantêm as regras religiosas e costumes locais da terra natal de cada arte? Esta é a “Hutzpa” israelense em sua forma mais “pura” e nós devemos estudá-la, já que ela é o objeto da pesquisa e a chave para a compreensão de todo o nosso trabalho. Entretanto, faz-se necessário lembrar que nem todos os israelenses são assim e que trata-se apenas de uma minoria bar ulhenta. A mídia em Israel gosta de comparar a “Hutzpá” com a Sabra, um tipo de planta famosa por seus longos e perigosos espinhos. Na verdade, na gíria hebraica todos os israelenses natos são chamados de “sabras”. Da família dos Cactos, a Sabra cresce no deserto e tem folhas verdes, grossas e suculentas, cobertas por espinhos ameaçadores, e é usada para alimentar os camelos e as cabras dos beduínos, especialmente por causa do alto teor de água presente naquelas folhas 6*. Já as frutas 5. Sgula é uma expressão bíblica através da qual Deus proclama os hebreus como seu povo escolhido. No Hebraico falado hoje em dia a palavra “Sgula” signi fica também um sinal de sorte, longa vida e êxito. 6. A planta é também o símbolo nacional de México e a sua imagem aparece na bandeira nacional daquele país, embora que sem as frutas, somente as folhas. É de costume no México grelhar as folhas mais novas e finas e adicioná-las ao famoso “Tacos”, a comida popular (e saborosa) mexicana.
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da Sabra possuem uma casca em cor amarela, também protegida por milhares de espinhos pequenos e afiados, que se desligam da fruta facilmente com um leve vento, e podem se en fiar em alguma vítima que desejasse degustar o doce sabor da mesma. Do momento que os espinhos colam na pessoa, seria impossível removê-los nos dias seguintes, até que a in flamação se curasse. Entretanto, muitos consideram o sacrifício razoável para conseguir sentir o sabor único da fruta (a comparação aqui é com a fruta que está espinhosa de fora e doce de dentro, e os nativos israelenses são exatamente assim, por isso são chamados de “Sabras” ). No passado, quando o país estava menos desenvolvido
e menos construído e ainda cheio dessas plantas, as crianças israelenses viram na Sabra um ingrediente obrigatório no seu cardápio diário. Somando à “Hutzpá”, o senso de humor cínico e a capacidade de invenção e improvisação dos israelenses, que parece não ter fim, o resultado que recebemos é uma pura genialidade. Seu complicado estado mental e as incontroláveis necessidades do israelense de mostrar e demonstrar sua inteligência e coragem, o levam muitas vezes para lugares além do imaginável. A seguinte história é um exemplo perfeito (e con fiem em mim qu ando digo que há muitos outros ) do modo de pensar e agir do ordinário “general” israelense. Em uma das minhas várias viagens ao redor do mundo, cheguei também ao México, e lá encontrei um rapaz israelense que estava trabalhando, é claro, na área de segurança. Durante um jantar composto de comida mexicana típica, ouvi uma conversa acerca do espírito de invenção dos israelenses. O jovem israelense, de apenas vinte e três anos, tentava conseguir um cargo de perito na polícia do México e contava para os comandantes locais que sua patente no exército israelense era de Coronel. No entanto, ao perceber que seus locutores o estavam encarando com olhares cheios de dúvidas, o folgado rapaz não se confundiu e com uma incomparável tranquilidade subiu nas asas da imaginação e a firmou o seguinte: “Como vocês devem saber”, explicou para seus entrevistadores, “Israel é um
país que sofre constantemente de guerras e terrorismo e, portanto, as pessoas ali morrem relativamente jovens e assim os melhores recebem patentes de alto escalão quando ainda novos”. Evidentemente que a próxima ação dos oficiais mexicanos era mostrar para o israelense o caminho até a porta e, desde aquele dia, eles não acreditam em nenhum outro israelense. Isso, claramente, não impede que outros israelenses desonestos tentem sua sorte de forma parecida em todos os cantos do mundo. O objetivo de tudo isso era mostrar aos leitores que a “Hutzpá” não tem limites e ela aparece em diversas ocasiões ao longo da história. Se não fosse por aquela “Hutzpa” 7*, tanto a história do meu pai como a minha seriam completamente diferentes. No que diz respeito à segurança e vigilância, Israel é uma potência internacional e por este motivo fica muitas vezes difícil fazer as pessoas acreditarem que somos um país pequenino, de apenas cinco de pessoas. Não há forma de segurança inventada pelo homem quemilhões não possamos encontrar emalguma Israel, 7. De acordo com a concepção israelense, se não fosse por essa “Hutzpá”, os britânicos nunca seriam expulsos do país e a fundação do Estado de Israel não aconteceria. E mesmo se os fatos históricos apontam para outras direções, n inguém em Israel realmente se interessa em saber.
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e a verdade é que o homem de segurança tornou-se uma parte integral da vida e da tradição israelense. Nós aprimoramos e melhoramos o conceito de segurança até seu nível máximo. No passado não muito distante, um pouco antes da fundação do Estado de Israel, existia a figura do “Chomer”. Sua função principal era proteger a comunidade judaica de criminosos e ladrões árabes, que normalmente vieram de aldeias próximas. Normalmente o “Chomer” era um herói local, que falava Hebraico e Árabe fluentemente, montava um nobre cavalo árabe e se vestia de acordo com a última moda. Ele estava armado com duas pistolas, uma de cada lado de sua cintura, um facão nas costas, faixa de balas cruzada no seu peito e nas mãos segurava seu melhor amigo – o fuzil. Desta forma, o “Chomer” manteve a ordem e a paz entre os judeus e os árabes naquela época e por vezes servia até como um policial, perseguindo ladrões de vacas e cavalos. Atualmente as coisas são um pouco diferentes, especialmente no que diz respeito às roupas. O segurança de hoje geralmente é um funcionário público, pelo menos os melhores deles são. Eles ganham salários altos e são considerados o “sonho de consumo” de cada mãe à procura de um noivo para sua filha, mas o que realmente importa são a glória e a fama que os acompanham. Eles sempre aparecem nos noticiários nacionais e internacionais, ficando atrás de algum político conhecido e de alto escalão, munidos de seus eternos óculos escuros para que ninguém pudesse ver os movimentos de seus olhos quando procuram possíveis assassinos. Em Israel, aqueles que não fazem parte dos seguranças governamentais, vivem com uma constante frustração. Eles fariam de tudo para ingressar nesta “classe”. No seu currículo 8* encontram-se sempre detalhes e palavras vagas que dificultam a entender se realmente integram ou não alguma unidade especial de guarda-costas. Esse fenômeno é mais comum ainda com os professores de kravmaga 9*: para eles, é inaceitável que um praticante, faixa preta de krav-maga, não servisse numa dessas unidades, esta simplesmente seria uma humilhação intolerável 10*. Uma verificação cuidadosa dos sites desses “instrutores faixas pretas” revelaria 8. Esta é a beleza da coisa, já que os genuínos, aqueles que realmente estavam lá, nunca comentariam isso, verbalmente ou por escrito. T odos os conhecem e eles conhecem todos, e este grupo sem dúvida constitui uma elite fortemente fechada e isolada. O sigilo é uma parte inseparável de sua vida, e eles jamais falariam ou escreveriam sobre isso, uma vez que cada palavra pode afetar seriamente a segurança do Estado de Israel e de sua população, e esta segurança é o valor supremo deles. 9. Tanto a pesquisa toda como este artigo especí fico, são completamente focados no Krav-Magá. Portanto, tudo que é dito e escr ito no capítulo deve ser ligado apenas ao Krav-Magá, sem usá-lo com o objetivo de tirar conclusões sobre a vida em Israel. Apontamos aqui somente para marcar o cami nho de Imi e da história de sua arte. 10. O processo de seleção para aquelas unidades governamentais de segurança t ampouco é simples. Os candidatos passam por exaustivas provas, que incluem testes de inteligência, força, rapidez e especialmente coord enação motora. A nota exigida para ser acei to é a máxima. No entanto, a primeira e a mais fundamental condição para sequer ter direito de fazer as provas, é ser veterano de uma unidade combatente do exérci to israelense, sendo que os veteranos dos grupamentos de elite têm maiores chances de serem aceitos. Segue-se o princípio de que os homens que estavam dispostos a arriscar suas vidas frente ao fogo inimigo, fariam o mesmo pela pessoa que estão protegendo. Apenas pessoas consideradas de total con fiança servem naquela unidade.
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insinuações de duplo significado sobre o suposto passado deles naquela “unidade”. Linhas que não dizem nada (ou dizem tudo, depende de quem leia ). Mas tudo isso é nada comparado ao serviço militar. O exército: Israel é a maior potência bélica no mundo. Mesmo que esta afirmação não seja totalmente exata, é assim que Israel é concebido pelos olhos da opinião pública global. Diariamente são exibidas reportagens em redes mundiais e locais de televisão, que apresentam Israel na forma mais conveniente a eles, com o objetivo de atrair números maiores de telespectadores. Resultado: muitas vezes o que vemos na televisão não tem nenhuma ligação com a realidade. O tamanho das forças armadas israelenses é bem menor do que se pensa, e isso é por causa do extremamente limitado território do Estado de Israel. O número de cidadãos que podem servir no exército também é bastante restrito e, portanto, o número de soldados disponível é relativamente pequeno. Entretanto, evidentemente que um detalhe tão minúsculo e insignificante como a inferioridade numérica de Israel frente aos seus inimigos, não tenha efeito nenhum. Os fatos falam por si mesmos: Israel é um país soberano com poderio militar incomparável, no coração do Oriente Médio, cercado por Estados hostis que tentam aniquilá-lo há mais de setenta anos. A antiga cidade dos guerreiros gregos – a Esparta, existia entre os anos 1.000 a.C. até 300 a.C. e depois dessa época foi extinta da história grega. No entanto, tenho um anúncio a fazer, em parte bom e no outro um pouco triste. Esparta não foi destruída, ela simplesmente mudou de lugar: para Israel... Israel é uma Esparta 11* moderna em todos seus sentidos. A vida naquele país roda em volta do exército durante vinte e quatro horas por dia, em cada minuto e segundo. O exército israelense é o único fator que determina se o Estado judaico sobrevive ou não. Não há sequer uma família em Israel em que um de seus filhos (ou filhas) não esteja servindo no exército, e o temor pela vida dos filhos e filhas é constante. A mãe israelense faria tudo que fosse possível para educar seus filhos, mas, em primeiro lugar, sempre estaria o elemento militar, mesmo se ninguém o admitir, seja por não estar ciente disso ou por estar em autonegação. Esta é a concepção básica da educação em Israel: crianças nascem para crescerem e combaterem, ponto fi nal. O sistema educacional em Israel também opera alguma forma de lavagem cerebral como parte da quali ficação militar. As escolas lá, por exemplo, são obrigadas pela lei a realizar cerimônias memoriais, nas quais os adolescentes ficam em pé durante horas como ato de se identi ficar com os soldados que sacri ficaram sua alma defendendo o país. Muitas das matérias aprendidas nas escolas são dedicadas ao ensino de eventos históricos relacionados às passadas guerras de Israel, incluindo histórias e lendas pessoais de vários heróis israelenses que lutaram e morreram por seu país. 11. Veja o capítulo referente à bibliogra fia no livro “The Yom-Kippur War – A Moment of Truth”. A relação do Estado de Israel com os ex-prisioneiros de guerra Israelenses, capturados du rante a Guer ra de Yom-Kipur, é a mais adequa da para descrever a condição daquela cidade antiga, a o invés de um país moderno que zela por seus soldados e guerreiros.
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Já com idade relativamente nova, os adolescentes começam a tomar parte das atividades preparatórias para o serviço militar. Essas atividades são conhecidas como “Gadna” (abreviação em Hebraico para “Batalhões da Juventude” ) e nelas os jovens aprendem como segurar um fuzil e até atiram algumas balas, algo que em idade tão nova pode ser bastante empolgante, tentador e divertido. A juventude do país fi
também passa por não umaconvencional quali cação especial para atuar como da defesa civil em caso de ataque contra alguma cidade, umparte fato que novamente deixa os adolescentes do país com a sensação e o total signi ficado da concepção militar como parte da vida cotidiana em Israel, além da enorme responsabilidade que eles recebem, ligada diretamente à sobrevivência do país. Os jovens israelenses, homens e mulheres, quando completam dezoito anos de idade, são obrigados a servir no exército: todos, sem exceções. Somente pessoas com doenças graves e permanentes, ou de ficientes físicos ou mentais, podem receber uma liberação do serviço militar. O processo de recrutamento inclui duas fases preliminares: na primeira, os candidatos passam por uma serie de testes que têm como objetivo determinar se eles são adequados para ingressar no exército ou não, se poderão se adaptar à dura vida ou não. Esta fase é realizada normalmente quando os jovens ainda estão cursando o ensino médio, geralmente com cerca de dezesseis anos e meio. Aproximadamente um ano mais tarde, os jovens enfrentarão a segunda fase, onde farão exames exaustivos que têm por fim estabelecer o nível de inteligência dos candidatos, seu status socioeconômico, situação familiar etc.. Assim, ao final dos exames, o exército terá todasasasforças informações detalhes necessários sobre os futuros recrutas e, muitas vezes, armadase sabem mais sobre o candidato do que ele mesmo. De acordo com os dados recolhidos durante o processo de recrutamento, será determinada a capacidade do jovem de servir no exército israelense. Os que alcançarem os mais altos resultados, serão convocados para participar nos testes de acesso às unidades de elite, que por sua vez também realizam competição nada discreta sobre quem conseguiria angariar os melhores soldados. Isso acontece porque, apesar do serviço militar ser obrigatório, o soldado recebe alguma liberdade para escolher por si mesmo a unidade onde servirá. Os testes de acesso às unidades de elite são difíceis e exaustivos e alguns exigem habilidades super-humanas, considerando o fato de que os participantes nos exames são apenas garotos e garotas com dezoito anos de idade, que na melhor das hipóteses terminaram o Ensino Médio poucas semanas atrás e a maioria ainda não possui a capacitação física e a habilidade militar necessária para aguentar os testes. No entanto, percebe-se novamente que a comparação com a antiga cidade de Esparta émostrando mais do que apropriada, uma vez que apesar dos obstáculos, muitos coragem e determinação acima do normal, conseguem passarcandidatos, nos testes e serem aceitos nos grupamentos especiais. Evidentemente que o nível dos testes aumenta constantemente, pois cada vez que um grande número de recrutas ingressa nas forças especiais, o nível de di ficuldade é intensificado. 58
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O número de jovens que desejem entrar nas unidades de elite está sempre crescendo em ritmo acelerado e nunca diminui, já que cada geração nova tem o dever e necessidade de se provar, e o maior desafio de todos está no exército. Desta forma, as forças armadas têm o luxo de poder escolher os melhores dos melhores, como realmente fazem, de modo intransigente. Os cursos profissionalizantes que, no final dos quais, o soldado se tornaria um guerreiro, tampouco são simples, e o soldado sabe que no primeiro momento em que ele mostrasse alguma incapacidade de cumprir os requisitos, ele seria transferido para um outro lugar. A dura luta interna entre os soldados durante os cursos de qualificação para ver quem seria o melhor, quem conseguiria terminar o longo curso e ganhar o direito de usar na sua farda o símbolo da unidade 12*, é a causa número um da força e do poder dos grupamentos de operações especiais. Todas estas unidades simplesmente não atingiriam um nível operacional tão elevado sem aquela “guerra” interna. O orgulho de fazer parte de alguma força especial no exército é uma das principais características da vida em Israel. Para o soldado israelense, o orgulho vem em primeiro lugar, a possibilidade de voltar para casa e contar para todos: a família, os amigos, a namorada etc., que integra uma unidade de elite – esta é a essência de sua vida. Quem teve êxito e ingressou em uma dessas unidades, são garantidos para ele os olhares admiradores das mulheres e os cheios de inveja dos homens. Por sua vez, evidentemente que o exército cultiva e apaia a cultura do orgulho militar para continuar sustentando e aumentando o alto nível operacional. Já a imprensa em Israel, tanto a escrita como a digital, constitui uma peça inerente ao sistema universal para a elevação da motivação e da moral dos soldados, dos adolescentes na fase pré-recrutamento e do povo em geral. Quando o apresentador do noticiário avisasse sobre a realização de uma operação militar por alguma unidade de elite além das linhas inimigas, ele o faria usando uma voz baixa e vibrante, de uma forma que a nação toda sentiria como se tomasse parte na ação. A formação militar interna também é algo bastante interessante e curioso. Israel, como já vimos, é país pequeno, minúsculo. Quando chega a época do recrutamento, todos entram juntos no exército, isto é, a geração que completou agora o Ensino Médio ingressará quase que imediatamente no serviço militar, toda de uma vez só. Alguns dos jovens virariam soldados “regulares” e outros escolheriam seguir o curso para formação de oficiais. Assim, é comum ver uma situação na qual dois amigos de infância tornam-se nas forças armadas comandante e comandado. Neste caso, o processo de dar ordens e comandos se complica e, portanto, ao longo dos anos foi criado um certo código de conduta que jamais seria aceito em outros exércitos ao redor do mundo: as relações entre oficiais e praças no exército israelense 12. Como em todos os exércitos, cada unidade tem seu próprio símbolo, sua fonte de orgulho. Nas forças armadas israelenses, somente quem terminou com êxito o curso especí fico de sua unidade é autorizado a colocar na farda o símbolo de seu grupamento. Entretanto, existem certas unidades de elite no exército que nem sequer têm um símbolo especial, simpl esmente para evitar que alguém possa identi ficá-las de alguma forma.
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são pouco formais, distintas das regras severas que existem neste aspecto em outras forças armadas. Mas é justamente este fenômeno que contribuiu para o sucesso excepcional do exército israelense. Em Israel, e especialmente na mídia israelense, as forças armadas são consideradas e pensadas como “O Exército do Povo”. Quando examinamos a afirmação do ponto de vista daquela amizade, ela acaba se tornando positiva. Muitos soldados se sacrificaram para salvar a vida de um outro soldado, que era na verdade seu amigo desde criança, que cresceu junto com ele e agora estava servindo na mesma unidade que ele. O exército encoraja esse tipo de comportamento e aplica vários métodos sócio-psicológicos para tornar os membros de cada equipe de comando um grupo sólido e firme, não somente no combate, mas também na amizade do dia-adia, seguindo a concepção de que soldados cuidariam um do outro por ser parte de sua função, porém amigos de verdade morreriam um pelo outro. O resultado é que no exército israelense percebem-se índices incomparáveis de sacrifício e bravura individual, especialmente dentro das unidades de elite. Um verdadeiro guerreiro israelense preferiria morrer a envergonhar seus amigos, familiares, compatriotas ou a si mesmo. Também os grandes compositores israelenses escreveram canções e músicas glorificando o autosacrifício no serviço militar, algo que apenas contribuiu para o fortalecimento da sensação de “ Estar numa missão divina” no soldado. Como já mencionamos, Esparta existe e vive em Israel. A vida marcial da juventude israelense inicia-se bem antes do dia se seu recrutamento. Os jovens com motivação mais evidente e especialmente aqueles que estivessem mais entusiasmados em descobrir e mostrar seu real potencial, se inscreveriam em cursos preparatórios especiais para o serviço militar. Esses cursos são ministrados por ex-combatentes das forças especiais que preparam os adolescentes para o sistema de treinamento do exército da forma mais real possível. Entretanto, esses cursos preparatórios não constituem de modo algum uma garantia para os participantes de que aguentarão a vida militar, e isso é por um simples motivo: esses cursos não são realizados seguindo o regime e a disciplina militar, e a diferença é imensa. Contudo, esses estágios definitivamente ajudam a melhorar a forma física dos recrutas e, consequentemente, ao longo prazo, aumentam também o nível geral do exército. Não obstante, há uma outra questão fundamental aqui: os cursos acima mencionados são completamente privados, sem nenhum laço com o exército e, por conseguinte, são caros, por vezes até extremamente caros. Portanto, nem todos têm a possibilidade de participar nos cursos. O exército israelense se vê, e com razão, como um responsável direto pela sobrevivência do país e, sendo assim, ele toma ocasionalmente a liberdade de agir de maneiras inapropriadas, isto é, criando tentações que um órgão organizado e experiente como o exército nãocidadãos deveria vem fazer.em Embora, do ponto vista militar, a segurança do paísisraelense e de seus primeiro lugar. de Muitas das profissões ensinadas hoje em dia nas forças armadas têm alto valor também na vida civil, sendo por isso bastante concorridas e há um grande número de soldados desejando aprendê-las. Desta forma, o exército começou a realizar cursos 60
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de qualificação pré-militar, ou seja, além de contribuir três anos seguidos de sua vida para o exército e depois mais vinte e cinco anos servindo na reserva ( além dos três anos, cada soldado dará às forças armadas mais trinta a quarenta e cinco dias de cada ano, até completar quarenta e cinco anos de idade ), o indivíduo precisa, se quiser preencher uma
das vagas profissionais das forças armadas, dedicar seu próprio tempo e participar de um desses cursos de qualificação oferecidos pelo exército, assim, no dia de seu recrutamento, já estaria totalmente apto a exercer sua função. Só que deste modo, o soldado de fato serve muito mais do que três anos obrigatórios pela lei. Muitos cargos nas forças armadas, hoje em dia, são igualmente abertos para homens e mulheres. Na verdade, quase todo o sistema de instrução do exército, atualmente, está em mãos femininas e é comum ver soldadas dando aulas sobre manuseio e operação de diferentes tipos de armas como fuzil, tanques, canhão pesado ou até ensinarem técnicas e táticas de combate para os que virão a ser os melhores guerreiros no mundo. Embora passando por múltiplas dificuldades, no final foi aberto ao sexo feminino o acesso também para o curso militar mais prestigiado de todos: o de pilotos de caça na força aérea israelense. Percebe-se claramente uma tendência nas forças armadas israelenses de diminuir cada vez mais a diferença entre homens e mulheres, tendência que não necessariamente se repete na própria sociedade israelense. As forças armadas israelenses são provavelmente os menos formais no mundo e não é raro ver praças chamando seus oficias pelo nome 13*, sem acrescentar nenhum título. A disciplina (ou pelo menos a versão israelense deste termo ) é reservada para ooficombate, dizemmaior ali. Aétradição militar de bater continência ao se deparar com um cial de escalão raramente mantida nas unidades combatentes, sendo usada mais em cerimônias especiais e eventos oficiais. Como já vimos, o ambiente marcial em Israel baseia-se nos princípios da amizade e nada simboliza mais a distância e separação entre as diversas patentes e cargos do que a tradicional saudação militar. O exército prefere enfatizar a excelência em combate e nos treinamentos e o aprimoramento do guerreiro não é alcançado através de rígida disciplina. Na verdade, a disciplina severa encontra-se justamente nas unidades não combatentes, em quartéis administrativos localizados longe da linha de combate, onde não há nada a fazer além de manter a disciplina. Nesses lugares servem normalmente soldados com funções administrativas e de capacidade operacional limitada ou inexistente e que sua vontade inicial de servir nas forças armadas é signi ficantemente reduzida, se comparada àquela dos soldados nas unidades combatentes. Lá, a motivação pessoal é tão alta que mesmo quando se procura voluntários para alguma missão, é necessário escolher por causa do grande número que sempre se apresenta. Sem dúvida nenhuma que o Estado de Israel deve a sua sobrevivência àqueles jovens, homens e mulheres que a cada geração carregam em seus ombros a responsabilidade pela segurança do país. 13. Imi nunca concordou em ser chamado de “comandante” ou “senhor”, como é de costume no exército. Ao invés disso, exigiu que todos falassem com ele mencionando seu nome e patente, e realmente todos que serviram com I mi, o chamam até hoje de “Sargento Imi”.
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Amizades traçadas durante o serviço militar, forjadas sob fogo cruzado do inimigo, continuam para sempre, mesmo depois fora exército. Ariel (“Arik” para seus conhecidos ) Sharon é um dos generais mais famosos na história israelense e no mundo em geral, e também ocupou o cargo de primeiro ministro do país por alguns anos. No dia em que ele se aposentou do exército e resolveu ingressar na política, entrou em contato com todas as pessoas que lutaram sobaseu comando, queEm votassem nele nas próximas eleições. A aceitação chegou quase cem porpara cento. Israel este fenômeno é conhecido como “Achvat Lorramim” 14*: os que lutaram juntos uma vez, para sempre continuarão lutando juntos. Israel, como Estado soberano, sente orgulho deste fenômeno e o cultiva ao máximo. O exército israelense, como outros ao redor do mundo, investe recursos in finitos no aprimoramento tecnológico do soldado individual e do exército em geral. Os esforços são feitos em dois sentidos: primeiro, para desenvolver meios tecnológicos de combater o inimigo e, segundo, para aperfeiçoar as técnicas de combate. O próprio exército, durante o processo de criação de novos métodos e sistemas de combate, desenvolve o tempo todo ideias inovadoras com o objetivo de preservar a vida de seus soldados. A Guerra do Líbano durou cerca de vinte anos e constituiu uma tentativa israelense de deter os ataques terroristas contra os cidadãos no norte do país. Durante o con flito, os terroristas fizeram de tudo para atingir os soldados que realizavam patrulhas ao longo da fronteira para impedir incursões inimigas. O método favorito de ação dos terroristas era colocar explosivos e minas clandestinas, operadas por controle remoto e à distância. No início, essa sofisticada arma causou grande número de baixas entre os soldados, até que o exército teve êxito em desenvolver um contra-método: iniciou-se a utilização de cachorros especialmente adestrados para usar seus olfatos no intuito de descobrir e localizar os explosivos de distância relativamente grande, possibilitando assim o trabalho de neutralização do perigo pelos especialistas do esquadrão de bombas. Em outras ocasiões, um dos oficiais da patrulha simplesmente atiraria com seu fuzil nos explosivos, mantendo uma distância segura deles, para garantir que ninguém se ferisse. 14. “Achvat Lorramim” (Amizade entre soldados): o sistema militar de treinamentos, que quali fica o soldado como guerreiro e o educa na forma de que sua vida depende de seus companheiros. Está evidente para cada soldado que a sua vida está nas mãos de seus a migos, e vice-versa. A maior prova de todos, estar em combate e sob fogo inimigo, é uma coisa de rotina diária em Israel. É nestes momentos que a verdadeira personalidade de cada um se revela. Quem não reagisse de acordo com o espírito da equipe, não ficaria ali mais. O resto absorveria, mesmo se de modo inconsciente, o código de conduta sob fogo e o tornaria uma segunda natureza, uma parte integral de seus pensamentos fica para sempre e seria extremamente edifícil comportamento. dependência mútua, indivíduo–grupo, atingir a sua A integrida de estrutural– social. As pessoas enxergaram a ajuda ao outro da mesma forma como se estivessem no mei o de uma batalha sangrenta. A coligação entre guerreiros em Israel é uma ordem moral comportamental, e os que vão contra o fluxo são chamados de “traidores”. A palavra especí fica nem sempre é pronunciada abertamente, mas o signi ficado e o entendimento são perfeitamente claros. Esses indivíduos estão fora do código militar de conduta.
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O cachorro e seu treinador sempre andariam no começo da coluna para que o animal pudesse avisar no momento que sentiria o cheiro dos explosivos. As pessoas das organizações de proteção a animais provavelmente não aprovariam esse método, mas a verdade é que os cachorros salvaram inúmeras vidas humanas. Além disso, antes de iniciar sua “carreira militar”, os cachorros usados pelo exército não passavam de vira-latas sem donos que vagavam pelas ruas das cidades israelense. Nas forças armadas os bichos ganharam a melhor comida e bastante atenção de seus treinadores e dos outros soldados, cujas vidas ajudaram a salvar. Muitos dos cachorros sobreviveram às batalhas e chegaram a viver muitos anos no melhor ambiente que a tecnologia pode oferecer. Desta forma, este ponto de vista também deve ser levada em consideração. Uma das unidades mais importantes nas forças armadas é aquela responsável pelo desenvolvimento de todos esses meios e tecnologias bélicas. Na verdade, a unidade, chamada de “Talpiot”, é tão secreta que o exército por muitos anos negou a sua existência, e também hoje pouquíssimos detalhes foram liberados sobre o seu funcionamento. Durante os anos noventa, alguns o ficiais da unidade se quali ficaram em Krav-Magá através da escola BUKAN e chegaram até a faixa preta. O objetivo era examinar o Krav-Magá e as in fluências imediatas e de longo prazo sobre as forças armadas em geral e sobre o soldado individual de forma especí fica. O experimento, é preciso mencionar, não foi realizado em condições favoráveis ao Krav-Magá, já que desde o início estava claro para todos que a prioridade é dada aos treinamentos nas diferenças técnicas e tecnologias de tiro e não para as aulas de golpes e chutes do Krav-Magá. E realmente, quando a pesquisa foi concluída no ano de 1996, foi comprovada acima de qualquer dúvida que a in fluência do Krav-Magá ou de qualquer outra técnica de combate, por eficaz que seja, da forma rápida, curta e intensa que são ensinadas hoje em dia no exército, não é o su ficiente para afetar o desempenho do soldado. Entretanto, há uma exceção: caso os guerreiros treinassem número suficiente de anos para chegar à faixa preta 15*, com certeza sua capacidade pessoal melhoraria signi ficantemente. Porém, os soldados servem por um período de apenas três anos nas forças armadas e esse não é tempo bastante para quali ficá-los no grau de faixa preta Ademais, cada momento livre dos soldados é dedicado aos treinamentos de tiro, uma vez que o objetivo do exército é tornar cada guerreiro um atirador de elite com forma física excepcional. As forças de defesa israelenses baseiam-se em mobilidade de alto nível, e isso é alcançado principalmente através da realização extrema de longas marchas, nas quais os soldados e guerreiros andam por vezes mais de cem quilômetros sem parar, carregando quarenta a cinquenta quilogramas 15. Assistimos a filmes produzidos legião Jordaniana, que documentam treinamentos de unidades milita res em Caratê. Opela longo período de ser viço dos soldados naquele exérci organizados to e a ordem de prioridades levou a uma situação que todos são portadores de no mínimo Faixa Preta em Caratê Shotokan. As aulas são realizadas de forma altamente tradicional, ou seja, todos vestem kimono com a Faixa Preta. A legião jordaniana é considerada o melhor de todos os exércitos árabes no Oriente Médio.
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de equipamento cada um. Além disso, durante as marchas, os soldados praticam levar feridos nas costas ou em macas. É quase impossível descrever com palavras o grau de di ficuldade dos treinamentos. Imaginem caminhar quarenta quilômetros com quarenta quilogramas nas costas e quem julgue isso ser fácil está convidado a tentar. São tremendas as forças físicas e mentais exigidas dos soldados para cumprir as diversas missões, e a lealdade dos soldados e dos guerreiros ao seu país vai muito além do normal e é incompreensível por pessoas que jamais passaram pela experiência de participar em uma batalha. No dia de seu ingresso às diferentes unidades, os novos recrutas são proibidos de contar onde estão servindo e realmente muitos deles guardam em segredo a sua função, até de seus familiares. Eles não deixariam ninguém tirar deles alguma informação de valor. Em alguns dos grupamentos de elite é de praxe também realizar um treinamento especial que simula captura pelo inimigo, com o objetivo de preparar o guerreiro para tal acontecimento no campo de batalha. Evidentemente que a eficácia desse tipo de treinamento é bastante limitada, uma vez que ser prisioneiro de guerra não se compara em nada a uma curta série de preparação com duração de alguns dias. Em Israel, cada jovem que completa dezoito anos é obrigado a servir no exército, homens por um período de três anos e mulheres dois anos. Os garotos, no princípio, tentariam entrar nas melhores unidades de combate, especialmente porque desde o dia de deu nascimento eles estavam passando por uma lavagem cerebral do tipo: quem não fosse a uma unidade combatente, não é “homem” o suficiente, não é “macho”. Esta é a nossa diretriz primária como nação e país: sem o melhor exército não seríamos capazes de defender nossa pátria. O próprio Estado encoraja essa concepção – os soldados das unidades de combate ganham vários benefícios e preferências extensas no dia-a-dia, como descontos no pagamento de imposta de renda, bolsas parciais e integrais para os estudos acadêmicos e, sobretudo, têm anterioridade para escolher os melhores empregos quando terminam seu serviço militar. Do outro lado, os “outros”, aqueles que não fizeram parte de uma unidade combatente, além de sofrer a primeira humilhação 16*, ainda aturam preconceitos da parte da população e são menosprezados por ela, especialmente pelas mulheres, que sempre preferem os homens que serviram na linha de combate 16. No Hebraico, ou mais corretamente, na gíria militar em Israel, os indivíduos que não servem ou não serviram (ou não foram aceitos) em unidades de combate são apelidados de “Jobnik” . O “Jobnik” é o tipo de soldado que passa seu tempo pintando paredes do quartel, limpando toaletes, lavando carros etc.. Não parece que alguém lembra o fato que os “Jobniks” realizam também trabalhos administrativos essenciais para o funcionamento normal das forças armadas. Num exército ocupado com guerra diária contra o terrorismo e cercado por centenas de milhões de inimigos que têm como objetivo principal jogar o esta do judaico ao mar, somente os verdadeiros g uerreiros têm valor.
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e provaram estar merecendo ser chamados de “homens”, pelo menos de acordo com a concepção israelense do termo. Na verdade, este motivo leva muitos jovens israelenses a procurarem mulheres fora do país, e outros a inventarem um passado pessoal que jamais existiu. Eles fazem isso especialmente depois de deixar Israel e de preferência numa língua considerada “exótica” (do ponto de vista israelense ), supondo que assim diminuem as chances de alguém descobrir e expor suas pequenas ( ou grandes, depende ...) mentiras. É difícil enganar 17* as autoridades israelenses e mais ainda os cidadãos, porque Israel é um país pequeno e, no final, sempre haverá uma pessoa que conheça um sujeito, que conheça um fulano, que serviu com aquele rapaz no exército e sabe de todas as mentiras. E de novo, como é possível que um professor de Krav-Magá não tenha participado em, no mínimo, algumas incursões no Líbano? Quem não participou, simplesmente inventa. “Os campos da batalha verbal ” estão lotados de refugiados daquela vergonha que criaram para si mesmos outras vidas, imaginárias. Eu só gostaria de estar presente quando seus familiares, amigos e alunos lessem ou visitassem Israel e descobrissem toda a verdade. Adoraria ver seus rostos ficando vermelhos de vergonha, apesar de que eu acredito que eles simples e facilmente inventariam novas mentiras para apoiar as antigas, que foram descobertas. O israelense comum se considera e se enxerga como no mínimo um general e qualquer grau mais baixo constituiria uma ferida incurável ao seu ego. Um sábio disse uma vez: “Em Israel há mais generais do que soldados”. Infelizmente, o KravMagá não está livre desses fenômenos e alguns indivíduos com atitudes parecidas se infiltraram em suas linhas. Eu conheço muito bem essas pessoas, já a mais de quarenta anos. O exército não os aceitou por motivos médicos ou mentais e outros serviram em funções administrativas, como secretários, motoristas, mecânicos etc. Alguns deles têm um “Book ” completo de fotos como se integrassem algum grupo de elite, mas é tudo falso, todas as fotos foram eletronicamente manipuladas, graças à tecnologia moderna da informática. Estes últimos constituem o pior tipo de todos: eles vendem sua mercadoria, isto é, conhecimento operacional em defesa pessoal e Krav-Magá para militares e policiais fora de Israel, evidentemente, já que dentro do país ninguém jamais os contrataria depois de descobrir a verdade sobre eles (Israel, não esqueçam, é uma potência de tecnologia e de informação ). Esta já não é mais “Hutzpá”, mas uma pura enganação. Os ingênuos, que vivem fora de Israel e acreditam nos mentirosos, não sabem que só precisam realizar uma ligação ou enviar um e-mail 17. Em Israel, qualquer tipo de falsidade relacionada ao aspecto militar, é considerada um grave crime. Há um departamento especial na polícia do exérci to que cuida desse tipo de fenômenos. Quem fosse flagrado cometendo esse crime seria normalmente condenado a diversos períodos de prisão, dependendo da gravidade de cada caso. Entretanto, essas leis não são válidas quando o fi ngimento é cometido fora das fronteiras do país e por isso tantos israelenses tendem a fazê-lo. Em Israel, isso seria julgado como um ato contra a segu rança nacional.
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para o lugar certo 18*, e a verdade será descoberta imediatamente. A revelação dessa ferida dolorosa da sociedade israelense descreve da melhor forma o ocorrido dentro das diversas organizações de Krav-Magá. Entretanto, existe um outro lado da moeda que devo apresentar e explicar, que está também fortemente ligado ao Krav-Magá. Falo da vida dentro do exército israelense, que constitui o melhor exemplo da “Hutzpá” 19* israelense. As forças armadas israelenses, por razões óbvias, são relativamente pequenas, mas altamente qualitativas. Desde a declaração de independência do Estado de Israel, no dia 15 de Maio de 1948, as forças de defesa não tinham sequer um dia de descanso. Os melhores cérebros do país estão constantemente trabalhando para desenvolver e aprimorar cada invenção possível, seja essas técnicas avançadas de guerrear, seja a criação de novas armas táticas, como por exemplo: a Sub-metralhadora “Uzi”, a metralhadora mais pesada “Negev”, capaz de atirar com precisão centenas de balas por minuto, ou o mais moderno fuzil de ataque, o “Tavor” e, os tanques de guerra israelenses, os “Merkava”, que são os melhores do mundo. Se antigamente dirigir ou comandar um tanque era uma tarefa relativamente “simples”, hoje em dia para operar um tanque de combate é necessário ter formação ampla em informática e às vezes até em engenharia. E o auge da “Hutzpá”: a força aérea israelense compra seus caças de guerra dos Estados Unidos, porém estes vêem completamente pelados, isto é, todo o equipamento tecnológico, armamento de precisão e outros componentes secretos que tornam o avião uma invencível máquina de guerra, são fabricados no próprio Israel com uso exclusivo da força aérea daquele país. Exatamente o mesmo nível de sofisticação está presente no Krav-Magá, e esse fato talvez possa esclarecer outros fatores importantes relacionados à arte marcial israelense de defesa pessoal. Quando meu pai chegou ao Israel durante a época da resistência e Guerra da Independência e ensinou como lutar com as mãos vazias, ou, na melhor das hipóteses, com bastão ou faca, ele o fez porque aquelas eram as condições e as necessidades da hora. O país viveu uma realidade triste, de poucos lutando contra muitos e este ambiente serviu como a base espiritual preliminar do Krav-Magá. 18. Embora tratar-se de uma pesquisa histórica e não de algum romance fofoqueiro, decidimos excepcionalmente entregar os seguintes endereços, com base puramente informativa e apenas no intuito de con firmação dos fatos, mesmo quando o assunto é a própria pesquisa. O porta-voz da polícia israelense fornece certos detalhes. O porta-voz das forças armadas liberaria informações de acordo com as leis de censura e segurança em Israel. A escola BUKAN dá i nformação quanto a credibilidade e veracidade de portadores de faixas pretas e instrutores quali ficados. Todos os consulados e embaixadas do Estado de Israel ao redor do mundo têm um o ficial de chancelaria responsável pelo contato com a mídia local, e todos são autorizados a entregar informações apropriadas, dependendo do pedido e de seu elaborador. Ademais: Empresas privadas, instituições governamentais o ficiais, jornais, agentes de segurança privada e investigadores particulares, vários institutos acadêmicos em Israel, como por exemplo, o instituto Wingate, todos colaborariam com informações úteis e valiosas. Evidentemente que os interessados precisariam explicar detalhadamente os motivos de suas solicitações. 19. Foi por essa “Hutzpá” que o governo israelense conseguiu obter documentos secretos que continham dados detalha dos sobre a construção do caça fra ncês “Mirage”, e iniciou a fabricação de um modelo local do mesmo, sem a autorização do governo francês. No final, o caça “israelizado” deu a absoluta vitória à força aérea israelense na Guerra dos Seis Dias.
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Todos seguiram esta mentalidade, que era adequada e correta para o período, e, a maioria ainda acredita nela, até hoje. Todavia, desde aqueles primeiros dias de Gênesis, a “Hutzpá”, a ousadia e a genialidade levaram nosso povo muito para frente. Nós não lutamos mais com as mãos, ou com facas e bastões, e de fato são raríssimos os casos de soldados que carregam atualmente facas para o combate: eles preferem se equipar com alta tecnologia e eles certospara – noposar moderno campo de batalha, estaa arma branca é israelense, inútil, a não ser,estão é claro, e para o ego masculino... Nos últimos anos não há nenhum registro de ocorrência no exército de uma situação na qual os soldados israelenses chegaram a trocar socos e chutes com terroristas ou soldados inimigos. Os terroristas, que adotam métodos de guerrilha, mantêm uma distância grande e “segura” dos soldados que os perseguem e utilizam bombas acionadas por controle remoto etc., enquanto os soldados, por sua vez, realizam patrulhas a pé usando técnicas de combate que não deixam espaço para uma luta corpo a corpo acontecer. Atualmente, na linha de frente, o exército divide suas forças em pequenas equipes, chamadas de “Tzevet”. O número de guerreiros, em cada equipe, varia de acordo com a missão e o tipo da unidade operacional. Antes de cada operação, os soldados montam e treinam sobre um “modelo” que simula o alvo verdadeiro: ambiente urbano, zona de mato, área montanhosa, etc,. A possibilidade de chegar a uma distância de queima-roupa do inimigo, que exigiria um uso real do Krav-Magá, nunca é levada em conta, nem mesmo quando a missão se concentra em regiões densamente populosas issosoldado simplesmente faz parte da formação operacional do exército. Pelo menos- um sempre não fica na traseira da equipe para garantir a segurança de todos. A função desses soldados no calcanhar da unidade é eliminar imediatamente usando todos os meios disponíveis, qualquer pessoa que possa interferir na segurança da equipe. O exército não é uma força de policiamento, ou seja, ele opera em território inimigo e geralmente sob fogo e grande risco de vida. Em situações assim, a regra é: primeiro atire, depois pergunte. As armas de hoje em dia não são mais o velho e bom fuzil tcheco com o qual meu pai começou a ensinar defesas contra baioneta e até como tornar o fuzil um bastão altamente eficaz. A arma tcheca, apesar de ser extremamente precisa, era longa e pesada e atirava apenas uma bala de cada vez. As armas modernas do exército israelense são capazes de realizar dezenas e algumas até centenas de tiros exatos por segundo, guerra não é um jogo. Portanto, a concepção israelense adota o fato de que o contato físico entre soldados dos dois lados sumiu 20* quase completamente. Incidentes raros e isolados não são levados em conta nos cálculos 20. Antigamente a eliminação de terroristas obrigatoriamente signi ficava a entrada de soldados para o território inimigo, a identi ficação do alvo e sua neutralização. Atualmente, a alta tecnologia permite pular essa fase: os terroristas são aniquilados do ar, com helicópteros que atirem mísseis “inteligentes”, de distância que chega a mais de dez quilômetros. Este é apenas mais um exemplo da qualidade tecnológica empregada pelas forças de segu rança israelenses, com o objetivo de evitar ao máximo qualquer contato per igoso entre os soldados e o in imigo.
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estatísticos feitos pelos elaboradores dos programas de treinamentos e técnicas operacionais nas unidades de elite e nas forças armadas em geral. A in fluência do meu pai, como pessoa e soldado, durante o período que serviu como instrutor chefe de defesa pessoal no exército impediu a in filtração de vários “vigaristas” neste consagrado departamento das forças armadas. Depois de sua aposentadoria, entrou no seu lugar seu primeiro aluno, o Sr. Eli Avikzar, que também se caracterizou por sua ousadia, mas não conseguiu completamente “Fechar a estrebaria” (nem sempre por culpa dele, pois afinal de contas ele era soldado e tinha que obedecer às ordens que recebeu) e a pequena racha que sobrou era o su ficiente para alguns oficiais de alto escalão colocarem seus familiares em cargos no departamento de defesa pessoal e Krav-Magá, que era bastante requisitada e prestigiada. Em outros casos, certos comandantes da escola de preparação física para combate, queriam demonstrar a sua “moderna” e especialmente ignorante concepção e deixaram que outros estilos e lutas, além do Krav-Magá, fossem incluídos dentro dos treinamentos de defesa pessoal, o que constituiu um ato impercebível, não somente em relação ao Krav-Magá, mas para qualquer arte marcial. E assim, com a incursão de todos aqueles “elementos estranhos” no departamento de Krav-Magá do exército, em que qualquer ligação entre eles e as artes marciais e, especi ficamente, o Krav-Magá é uma mera coincidência, começou o fim do caminho do Krav-Magá nas forças armadas. Na verdade, hoje em dia o próprio chefe do departamento de Krav-Magá não é praticante da arte, apenas o nome sobrou. O Krav-Magá nas forças armadas, hoje em dia, é apenas uma sombra do que era, uma coleção eclética, escassez de qualquer sentido e lógica, ou como se diz na gíria militar: “ Alguém atirou no seu próprio pé...”. Combatentes, tanto soldados como oficiais, não são estúpidos, muito pelo contrário. Eles merecem cada elogio que recebem. Rapidamente eles entenderam que os cursos de Krav-Magá, em seu novo formato na escola militar de preparação física para combate, não passam de um “bônus” a algum soldado destacado, um tipo de “férias” ou talvez até “escolinha de verão” para guerreiros... Os militares apreciam muito a participação num desses cursos por causa das simpáticas instrutoras do quartel e da presença das estudantes do outro lado do muro, do Instituto Wingate, mas não por nenhum motivo profissional. De fato, o exército perdeu a confiança em si mesmo, em tudo que diz respeito ao Krav-Magá. Os altos comandantes, aqueles que tomam as decisões, que montam e elaboram os programas de treinamento que guiariam o soldado no campo de batalha, entenderam que não há mais necessidade operacional para o Krav-Magá ou qualquer outra técnica de luta do gênero. Talvez sirva para ajudar abaixar a tensão e o estresse dos combatentes, ou apenas como atividade física, mas não existe uma utilidade prática em tudo isso.aHoje quando atirador atingir seu alvo a uma distância superior dois em mil dia, metros, não um há lugar parapode arriscar a vida de soldados em luta corpo a corpo. Contribuiu também o fato de que não existe atualmente algum órgão que possa tomar a responsabilidade e o controle sobre a situação, como existia na época do meu pai. O estado caótico que ocorre hoje entre as 68
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diversas organizações do Krav-Magá, dirigidas como se fossem “juntas” militares, é o principal responsável pelo ocorrido. No início, o exército seguiu o primeiro livro escrito pelo meu pai e Yaron, mas sem a presença de uma mão que guiasse e mostrasse o caminho, todos os pilares abalaram-se. Desta forma, o exército recebeu a apreensão para livrar-se daquela concepção primária que estava certa há quarenta anos atrás. As “juntas”, as organizações de Krav-Magá, ainda estão lá. E se desejam saber o signi ficado da palavra “absurdo”, eis uma história curiosa: Dafna (o nome completo está guardado nos arquivos da pesquisa ) era uma aluna de um dos professores mais veteranos de Krav-Magá em Israel, uma ótima aluna, aliás. Quando chegou a sua hora de ingressar no serviço militar, foram feitos esforços grandes para torná-la instrutora de Krav-Magá nas forças armadas, como deveria ser. Porém, o exército, depois de examiná-la, decidiu que ela é boa demais 21*, ou seja, seus dados qualitativos eram altos e o exército preferiu enviá-la para curso de formação de oficiais, e nada adiantou. Mas, Dafna ficou irritada com as forças armadas e “se reprovou” de propósito no curso, como vingança por não ser instrutora de Krav-Magá e, consequentemente, ela foi mandada para re-colocação em outra unidade. Quando chegou a falar com o oficial responsável pela re-colocação, o mesmo disse a ela o seguinte, sem sequer sentir um pouco de vergonha: “Por ficar reprovada no curso de formação de oficiais, foi decidido puní-la
e você será mandada para curso de instrutores de Krav-Magá. Espero que tenha aprendido sua lição”. E esta é a pura verdade. A verdade operacional / militar geral, que inclui o curso de capacitação do guerreiro, fica em algum lugar no meio entre as sofisticadas técnicas de combate e entre o que não é mais o Krav-Magá no exército israelense de hoje. No entanto, quanto aos israelenses que adotaram o título de “Mestres de Krav-Magá”, uma análise de seu currículo militar mostraria que, além de Yaron, nenhum deles jamais serviu em algum grupamento de combate e nem tomou parte em alguma ação operacional das forças armadas israelenses. Eles não conhecem o signi ficado de olhar nos olhos do inimigo, ou ouvir as balas passando perto de você e não sabem a essência de ser um guerreiro. Todos eles são prisioneiros de sua ignorância pro fissional e, por isso, seguem concepções antigas da época da fundação do Estado e da Guerra da Independência. No ano de 1982 22*, numa cerimônia de inauguração da nova academia que abriu junto com Yaron na cidade de Rehovot, meu pai aproveitou a oportunidade e deu um curto discurso para os alunos e os convidados que estavam presentes. Ele 21. Antes de i ngressar no exército israelense, cada jovem passa por uma bateria de diversos testes e exames que determinariam no final a sua pro fissão militar durante seus a nos de serviço. Entre outros, são testados o nível de inteligência do candidato, grau de educação, sua capacidade física, srcem social e econômica dele e de seus pais. 22. BUKAN fundou-se no ano de 1978, numa sala alugada. Porém, depois de algum tempo foi recebido um pedido de desocupação do imóvel, uma vez que o terreno foi vendido a uma grande construtora que planejava erguer um prédio de luxo no local. Consequentemente, Imi e Yaron resolveram comprar um lugar que servir ia como a sede permanente da escola. Yaron vendeu seu próprio apartamento para fi nanciar a compra da sede da BUKAN.
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explicou, já naquela época, que o Krav-Magá ensinado no exército, seguindo os programas de treinamento que ele mesmo elaborou, não só está em extinção, mas sua contribuição real não era mais a mesma. O soldado moderno, explicou meu pai, está equipado com um veste cerâmico, impenetrável por tiros de pistolas ou fuzis. É um item importante que salva vidas, entretanto, ao mesmo tempo é pesado e complica a movimentação livre dos usuários, principalmente os movimentos que requerem velocidade e agilidade. Outro exemplo são as defesas contra faca, ou seja, se o veste para balas, então com certeza nenhuma faca o penetraria. Na cabeça, os soldados usam capacetes e, além disso, carregam nas costas seu equipamento de combate, incluindo munição, alimentação, aparelhos de visão noturna etc., que podem chegar a um peso total de trinta quilogramas. Nas mãos, o soldado segura a sua arma e, nos pés, calça botas militares pesadas. Com todo esse aparelhamento, não é prático esperar que o guerreiro ainda possa bater ou chutar. Como exatamente ele deveria aplicar defesas? Isto é, será que ele deveria largar sua arma para fazê-las? Isso jamais acontece no exército israelense - nenhum soldado deixaria seu fuzil. Talvez aplicar a defesa usando o fuzil? Esta opção é raramente disponível, pois, o problema é que ao usar a arma para defender seu corpo, ele pode dani ficá-la 23*. Durante o combate as coisas pioram, já que soldados que participam em incursões atrás das linhas inimigas levam às vezes nas costas mais de quarenta quilogramas de equipamento e, em caso de encontro com o inimigo, o perigo viria de balas e granadas, não de golpes com as mãos e as pernas. Portanto, quando certos indivíduos se apresentam como peritos de Krav-Magá e defesa pessoal na frente de soldados e combatentes, mas na verdade não possuem a mínima noção de como é estar sob fogo inimigo, isso é um exemplo de incomparável “Hutzpá”. Entretanto, a culpa não é toda dos charlatões, mas também e, principalmente, das pessoas do alto escalão, que nem sequer se dão ao trabalho de verificar as credenciais de alguém que jamais foi visto em um campo de batalha, não conhece técnicas de combate e nunca atirou ou manuseou uma arma, e o resultado: instrutores sem qualificação nenhuma treinam os melhores soldados. É uma tentativa de trazer de volta um dinossauro que ninguém precisa, tirando alguns ignorantes que o exército israelense não leva muito a sério. Tudo isso só agrava a falta de credibilidade pro fissional (entre verdadeiros profissionais, é claro) em relação ao Krav-Magá e ao caminho completo do meu pai. Infelizmente, em seus últimos dias, como acontece com muitas outras pessoas, a mente do meu pai perdeu um pouco de sua agudeza e não era mais a mesma de sua juventude, e sua realidade foi drasticamente afetada pelos vários remédios que tomava. Todos estavam esperando a sua morte, para que pudessem chutar no “traseiro” de sua criação no momento que ele fechasse os olhos para sempre. A situação toda parecia mais como uma telenovela de quinta categoria 23. Não esqueçam o fato mais importante: quando Im i ensinou defesas de baioneta contra baioneta, os fuzis mais comuns eram as a rmas tchecas, feitas metade de carvalho forte e metade de aço. Esses fuzis não quebravam facilmente, enquanto, hoje em dia, armas populares como o M-16 americano, são fabricadas de plástico frágil que se despedaça no primeiro golpe.
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(apenas um mês depois do falecimento do meu pai, o Sr. Haim Gideon já se autodeclarou o herdeiro dele e Décimo Dan de Krav-Magá, e isso embora não tivesse nenhum documento para apoiar seus atos e declarações ). Pensem, meus prezados leitores, vocês concordariam em ser
castrados??? Evidentemente que não!!! Então, por que meu pai deveria aceitar que algo, pelo qual trabalhou toda sua vida, fosse castrado? No ponto onde termina a função do soldado israelense como guarda das fronteiras e guerreiro de anti-terrorismo, começa o papel do policial como representante da lei. Enquanto o soldado de hoje em dia pode sobreviver com pouco ou nenhum treinamento de Krav-Magá e defesa pessoal, o policial necessita destas habilidades da mesma forma que precisa de sua farda, porrete e pistola. Presentemente, os policiais atuam em ambientes urbanos infectados por violência física e, muitas vezes, o único elemento que distingue eles e os bandidos é a cor de seu uniforme. Quando os alemães fundaram a sua unidade de anti-terrorismo (uma das melhores no mundo, e que, mais tarde, serviu até como modelo para a criação de uma unidade parecida nas forças armadas israelenses), naturalmente que a primeira coisa que fizeram
foi convidar meu pai para treiná-los. Entretanto, ele não se sentiu confortável com o pensamento de que precisaria passar longos períodos morando fora de Israel e voltou para casa depois de duas semanas. Além disso, também o fato de morar na Alemanha, o país responsável pelo Holocausto, o incomodou profundamente. Algumas coisas, aparentemente, ficam para sempre. De qualquer forma, já na unidade israelense de Anti-Terrorismo, chamada de “Yamam”, começaram a ensinar dois de seus “ filhos”: Yaron e Sami, sendo que o último ficou lá por muitos anos. O policial, sendo um representante da lei, saca sua arma como parte de uma estratégia de defesa pessoal. É provável que esta concepção do termo “defesa pessoal”, do ponto de vista psicológico, varie de um indivíduo para outro, especialmente quando o mesmo não está suficientemente treinado. Nas pessoas de menos capacitação, o ponto de reação chega relativamente mais rápido do que naquelas acostumadas a usar suas mãos e pernas como armas, ou seja, os olhos do praticante habilitado reagem mais velozmente do que os de pessoas despreparadas. A missão do policial, por de finição, é proteger a vida do cidadão e, é aqui que a necessidade de ter o Krav-Magá aparece. Não se deve confundir ações e treinamentos de soldados no exército com a quali ficação de agentes da lei. O policial precisa de mais conhecimento sobre como neutralizar uma pessoa sem machucá-la: pontos de pressão em áreas sensíveis, criação de “alavancas” e “chaves”, saber se esquivar de ataques e aplicar defesas. Policial empregado no controle de multidões necessita possuir noções reais sobre o manuseio do bastão para demonstrar capacidade e potência pessoal, que vão além da cor da farda, enquanto o soldado nem conhece esta função porrete. Acompanhei o Sr.básica Yarondoem uma de suas viagens para treinar agentes da polícia num país europeu. Lembro que assim que ele começou a dizer que iria explicar e ensinar uma técnica de chute como preparação para defesa contra faca, alguns dos oficiais presentes levantaram e reclamaram: “Mas outros professores (Israelenses) 71
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falaram para nós que no Krav-Magá não há chutes, porque são difíceis de aprender e aplicar”. Depois de se recuperar do choque inicial, O Sr. Yaron começou a ensinar várias formas de chutes e, depois de apenas uma semana, os policiais dominaram totalmente essas técnicas, aumentando sua autocon fiança e elogiando sem fim o Krav-Magá. percebemos a “Hutzpá” israelenses. instrutor ignorante que não Novamente diferencia entre a sua direita e a suados esquerda, sem aUm mínima coordenação motora e, portanto, incapaz de chutar, “vendeu” para eles que no Krav-Magá não existem chutes 24*, e ele não é o único. Cada um que não consiga executar algum movimento, chute, soco, defesa ou exercício simplesmente tira, elimina e corta toda a matéria que ele considera “complicada” – enquanto ele se garante, as conseqüências não importam. Tem pessoas que chamam isso de “progresso”, ou até melhor, “sistema em processo de evolução”. Meu pai criou uma arte marcial longa e complexa, mas ao mesmo tempo perfeita, incluindo inúmeros ataques, defesas e golpes, e qualquer tentativa de corte dani fica a sua perfeição. Não há necessidade de procurar progresso ou retração, já que no Krav-Magá tem tudo. Para mim, como israelense, não existe um lugar onde eu possa me esconder de toda a vergonha da reputação que estamos fazendo para nós, reputação de enganadores, mentirosos e impostores. Apesar disso, acredito não ser um grande equívoco a firmar que os leitores deste livro são da minoria normal que se interessa por saber os fatos reais, sejam eles dolorosos ou prazerosos, e é justamente por eles que escrevo essas páginas. Nem tudo está perdido – existem ainda israelenses, e muitos, que seguem o caminho da honestidade e da modéstia, que dão à vida alheia o mesmo valor que dariam à sua própria, e eles representam a maioria da nação israelense. Vejam, por exemplo, a lista dos dez primeiros discípulos no livro “The Book of Krav-Magá – The Bible”, na página 265. Porém, bastam algumas frutas podres para estragar a cesta toda e difamar um povo inteiro. Meu pai jamais aceitou conviver com os costumes sócioculturais israelenses e nunca perdeu uma boa oportunidade de zoar seus alunos: “Vocês realmente não são israelenses”, ele diria “Mas somente um tipo de asiáticos”. É necessário entender que na cultura israelense esta a firmação pode causar um certo desconforto, mas ainda, de seu ponto de vista ele estava correto. Através dos olhos de sua delicada educação européia, ele não tinha chance de se misturar e se sentir à vontade na jovem e agitada sociedade israelense que reinava nos primeiros anos da fundação do país, depois de terminar a luta por sua independência e começar a construir o Estado com os sobreviventes da guerra na Europa. Não é de se surpreender então que meu 24. Sabemos que, como os autores de uma pesquisa histórica, devemos manter uma distância objetiva do assunto e ficar neutros a seu respeito. Entretanto, desd e o início não se tratava aqui de u m trabalho regular e, porta nto, admitimos que, de vez em quando, ao longo dos comentários anexados ao texto, nós nos expressamos de forma não muito cientí fica. Enganar e iludir agentes de segurança pública, cujas vidas podem depender do Krav-Magá, é um cri me grave em qualquer país do mundo.
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pai mantinha rigidamente a educação e a cultura que recebeu no seu país de srcem, frente aquela “israelensidade”. No entanto, no final de sua vida, este era também o seu maior obstáculo. Os mais perspicazes dos leitores provavelmente estão se perguntando por que não escrevi nada sobre a minha mãe. Pois a verdade é que eu decidi não mencioná-la em resolvi nenhuma parte livro, porém, depoisEntão, de uma pressão contínua feita sobre mim, fazer meudo“dever” e falar dela. tenho uma mãe, mas ela é grossa e ausente, apesar de que sua potência supera incomparavelmente a do meu pai, que de fraco não tinha nada. Tenho uma mãe que com o movimento de um dedo pode determinar a vida e a morte, ela tem poderes quase ilimitados, e ela me abandonou e fez o mesmo com meu pai. Ela deveria consagrá-lo como um dos pais fundadores do país, um herói nacional, chamar ruas, praças e universidades em seu nome e homenagear sua parte na construção da cultura e da identidade israelense. Quanto a mim, seria a obrigação da minha mãe me declarar um tesouro nacional e fundar um centro internacional que determinasse quem pode e quem não pode ensinar meu caminho, impedindo assim o surgimento de todos aqueles charlatões que desejam nada além de me destruir e prejudicar minha reputação e a da minha mãe. Ela também escolheu ignorar o aluno predileto do meu pai, o discípulo que ele deixou para continuar seu caminho, apesar de todas as tentativas de impedí-lo. É o único que durante muitos anos lutou a desesperada guerra pelo caminho correto e completo do Krav-Magá, recebendo sua força de sua inabalável fé no caminho do meu pai, que ilumina a minha trajetória como um pilar de fogo. Somente ele foi oficialmente declarado pelo meu criador como Faixa Preta Nono Dan de KravMagá, o Grão Mestre da arte Marcial e meu segundo pai fundador. Então, já que minha mãe decidiu nos ignorar, tampouco darei atenção a ela. Talvez ela pre fira ser uma mãe sem cultura, como muitos falam atrás de suas costas. Escrevi este capítulo apenas para explicar e esclarecer o modo de pensar, a forma de funcionamento da mente israelense. Para mostrar a sua concepção do mundo e o consequente comportamento do israelense que vive com a sensação de que tudo lhe é permitido, sem necessidade de obedecer à leis e autoridades, e, especi ficamente, aqueles ligados ao mundo do Krav-Magá. Tudo isso com o objetivo de ajudar na compreensão dos seguintes artigos da pesquisa, que iluminam o processo de modificação da história do Krav-Magá. O instrutor israelense de Krav-Magá não realmente sente arrependimento, culpa ou qualquer outro sentimento quando ele elimina com suas ações e falas as criações alheias. Nem mente seus alunos “estrangeiros”, os não-israelenses. No quando entanto, engana não se edeve tirarpara disso conclusões generalizadas sobre toda a cultura israelense. O atual capítulo é a base para entender o raciocínio daqueles envolvidos hoje em dia no mundo do Krav-Magá em Israel, especialmente para os leitores que nunca viveram em Israel e que para eles Israel não passa de um 73
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nome no mapa mundial. A Hutzpá 25* dos israelenses pode ser identi ficada ao longo do livro todo, sobretudo no capítulo “Documentos & Testemunhos”, que constitui o coração da pesquisa. Não poderíamos terminar o artigo sem tocar na Hutzpá demonstrada pelas autoridades de educação em Israel no que diz respeito ao Krav-Magá. Quando meu pai realizou o primeiro curso de instrutores era fácil para ele cooperar com o Instituto Wingate, já que todos ali eram seus amigos e conhecidos. Mesmo se o instituto não quisesse tanto colaborar, pois o Krav-Magá não é um “esporte” e no Wingate trabalham somente com modalidades esportivas, mas, no final, a ligação foi estabelecida e consequentemente foram abertas as portas para os discípulos de meu pai participarem no prestigiado curso de treinadores da instituição. Mas então, o Estado de Israel, sendo um “Estado de leis”, fez um grande passo para frente e criou a “Lei do Esporte” em Israel, de acordo com a qual quem não tenha certi ficado de instrutor, treinador ou algum outro diploma que atesta sua quali ficação, não estaria autorizado a ministrar aulas. Em Israel, a escola de treinadores “Net Holman” no Instituto Wingate e a escola BUKAN são os responsáveis pela emissão de tais documentos. Antigamente, no início do caminho, meu pai nomeou Eli Avikzar como o diretor do departamento de Krav-Magá na escola de treinadores e instrutores no Instituto Wingate e Yaron Lichtenstein recebeu o cargo de instrutor-chefe no Instituto. Tudo funcionava exatamente da forma que deveria. Porém, alguns anos mais tarde, Eli retirouse do Instituto Wingate por diversos motivos, e Yaron, por sua vez, cometeu um grande quando não entrar em guerra, comdacerteza e decidiu erro afastar-se deescolheu todo o tumulto e isolar-se atrás na dosqual muros escolavenceria, BUKAN . O Instituto Wingate, em vez de tomar a responsabilidade moral, pública e profissional 26* como a principal universidade de esporte em Israel, começou outorgar diplomas de instrutores sem critério algum, até para artes marciais que nem sequer existem... Mas isso não é de nosso interesse no momento. O falecimento do meu pai criou várias oportunidades para a entrada da Hutzpá dos israelenses e, eu usarei este espaço para deixar claro, de uma vez por todas, a inteira verdade sobre os atos de todos aqueles israelenses que abusam do 25. Esta “Hutzpá” levou ao roubo dos “Navios Cherbourg” . Essas embarcações foram construídas na França ao pedido da marinha israelense, porém, por causa de um embargo anunciado pelo governo francês, os navios ficaram encalhados no porto de Cherbourg. Uma unidade de elite do exército israelense chegou até a França e na forma mais audaciosa e so fisticada possível dominou os navios e os levou para Israel. 26. O Sr. Kluger era durante alguns anos o diretor do departamento de artes marciais na escola de treinadores do Instituto Wingate, e a firmou ter o Q uinto Dan em K aratê-Do. Todavia, como podemos ver, atualmente, o Sr. Kluger já se apresenta como o fundador do “sistema militar israelense para defesa pessoal, o Krav-Magá” (e até acrescenta o “R” de marca registrada, apesar de que em Israel ninguém tem permissão para registrar o Krav-Magá como marca). As únicas pessoas autorizadas a ensinar Krav-Magá são aquelas que possuem diplomas assinados por Imi até 1983, e a partir d aquele ano os diplomas passaram a ser emitidos pela BUKAN. Caso contrário, eles estariam usando o nome do Krav-Magá de forma ilegítima, enganando o público de seus alunos. É apenas mais um degrau da Hutzpá israelense. O Sr. Kluger não é o ú nico que resolveu “juntar-se ” ao mundo do K rav-Magá, e isso deixa somente uma conclusão lógica – essas pessoas se interessam apenas no lado financeiro.
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fato de sua morte para construir sua própria reputação e nome ( mesmo que se trate, maiormente, de israelenses, não vejo motivo para que nem todos saibam a verdade, no mundo inteiro ), e não param mesmo sabendo que suas ações difamam para sempre a memória do meu pai. Há uma nova “tendência” em Israel, hoje em dia, de a firmar que meu pai não era instrutor nas forças armadas. Existe até uma associação, de nome qualquer, que seus dirigentes 27* insistem em chamar o que praticam de Krav-Magá ( apesar de não passar de um conjunto de alguns movimentos aleatórios com as mãos e as pernas). Conhecemos o “diretor” desta associação e sabemos de seu passado pro fissional. Ele tem a ousadia de dizer que meu pai (Imi) “roubou” o Krav-Magá do pai dele... Poder ser, já aconteceram coisas mais estranhas do que isso em nosso mundo. Entretanto, esse indivíduo não possui sequer um documento, um pedaço de prova, menor que seja, para provar suas alegações. O pai dele não era instrutor-chefe nas forças armadas e ele mesmo não tem a mínima noção no Krav-Magá, tirando uma foto no magazine “Budo International” na qual ele aprece vestido com a roupa tradicional completa do Kendô, porém em suas mãos segura um fuzil M-16... A Hutzpá, Senhoras e senhores, não tem limites. Os fatos continuam falando por si mesmos – o pai dele não possui a mesma história pessoal do meu pai, que era pugilista, lutador de Greco-romano, judoca, professor de dança, trapezista no circo, Faixa preta em Jiu Jitsu Japonês, entre outros. Pois todos conhecem e sabem o caminho de Imi. Esperança enche meu coração de que esta pesquisa afastará toda a Hutzpá para longe do Krav-Magá e todas as tentativas de abusar do nome de meu pai cessem de vez, embora eu mantenha a ingenuidade longe de mim. Desfecho: Este artigo deve ser lido exclusiv amente em relação ao Krav-Magá. Não é de nossa intenção profanar Israel, ou os israelenses, a não ser que haja algum contato direto com os artigos que expõem conduta inapropriada. Aqueles compatriotas abriram a por ta para todos os outros, u ma vez que, hoje em dia, é possível encontrar em qualquer canto instrutores e alunos de segunda e terceira geração que não possuem o mínimo de conhecimento no Krav-Magá. Existem também pessoas que jamais treinavam Krav-Magá, mas este mínimo detalhe não os impediu de inventar “sistemas” novos e ferir a reputação do verdadeiro Krav-Magá e do seu criador - o Sr. Imi Lichten field. Cada país no mundo é baseado nos princípios da natureza humana, nas diferenças entre homens e nas relações do indivíduo com o outro, dentro de um determi nado território e com elementos humanos especí ficos. No judaísmo, as relações entre os homens são consideradas um valor supremo, perdendo apenas para a relação entre o homem e seu Deus. Esta é a srcem do nosso desejo de mostrar o tratamento que Imi recebeu du rante sua vida, e como este deteriorou e piorou mais ainda depois de seu falecimento. Talvez seja este o lugar para convidar todos os diretores das diversas organizações de KravMagá a lerem a página 492, no livro “The Yom-Kippur War – Moment of Truth”, de Ronen Bergman & Gil Meltzer. 27. Veja a revista “BudoInternational”, número 106, Abril de 2007, página 50. Nós temos somente a versão italiana da revista, mas é possível que tenha sido publicada também em outras línguas (www.budointernational.com).
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GRADUAÇÕES NO KRAV-MAGÁ Instituto Wingate, 1983. O final de curso com duração de um ano para o Segundo, Terceiro e Quarto Dan. Como podemos ver, todos estão com o Gi completo e a Faixa Preta.
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AS GRADUAÇÕES NO KRAV-MAGÁ Primeiramente, para compreender o princípio das faixas / graus no KravMagá, precisamos conhecer não apenas a história do Krav-Magá, mas também como o sistema de faixas coloridas foi inicialmente introduzido nas artes marciais. A regra número um para a existência de uma arte marcial na sua essência tradicional e única é o uso do Gi do Judô, por completo, como foi incluído no Judô pelo seu fundador - o Sr. Jigoro Kano, e que é utilizado até hoje mundo afora. O uso do Gi abrange também a faixa que indica o grau do aluno e estes dois elementos não podem em hipótese nenhuma ser separados, isto é, um praticante de artes marciais jamais vestiria a faixa se não fosse sobre o tradicional Gi de Judô. Entretanto, o método de alteração e modi ficação da história do Krav-Magá atingiu também essa antiga e maravilhosa tradição de uso do Gi, e isso apesar do fato de todos saberem como meu pai apreciou e apoiou o uso do Gi no processo de construção da arte marcial Krav-Magá. Muitos ajudaram a criar um sistema enganoso com o objetivo de eliminar o tradicional traje. Os primeiros eram os dirigentes da IKMF. Eles, além de modificar completamente a arte, explicaram também aos seus alunos que no Krav-Magá não se usa o Gi (Kimono) e até permitiram, para não dizer exigiram, que os alunos subissem no Tatami calçando os mesmos sapatos com os quais andaram na rua o dia inteiro, pisando em urina e fezes de animais e todo gênero de imundice que a vida urbana oferece hoje em dia. Assim, com os alunos usando sapatos e roupas de vários tipos, eles insistiram, por algum motivo, em realizar a tradicional cerimônia 1* de saudação e cumprimento no fi nal e início da aula (aparentemente a perseguição por trás do respeito nunca tem
fi m...).
Pessoas de todos os cantos do mundo, que dedicaram-se honestamente ao Krav-Magá, foram levadas a acreditar que meu pai, como o fundador da arte, realmente preferia o uso de trajes diários ao kimono, e como vemos nas testemunhas da própria IKMF, ela realmente 2* foi fundada depois da morte do meu pai, o Sr. Imi Lichtenfield. No entanto, não apenas meu pai nunca deu autorização para a eliminação e retirada do tradicional kimono do Krav-Magá, como também nem poderia saber dos atos cometidos pelas pessoas da IKMF e o abuso do seu nome. Ademais, em centenas de artigos, reportagens, fotos e imagens publicadas por aquela 1. A tradicional saudação japonesa, ao alunos, contrário queo muitos não(essas tem como objetivo fi nalidades principal consolidar o respeito entre os ou do entre aluno e pensam, o professor são de menor importância) , mas sim honrar o Tatami, sem o qual os t reinamentos nas artes marciais, como quedas, rolamentos, ar remessos etc., tornam-se impossíveis. 2. Veja documento número 2, na página 229. Este documento comprova que a IKMF foi fundada posteriormente à morte do Imi.
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e outras organizações, meu pai 3* sempre aparece vestindo o tradicional JudoGi e usando a Faixa Preta. O surpreendente em tudo isso é o fato de que os alunos que vêem ele nas diversas imagens constantemente usando o kimono, nunca pararam para perguntar qual é o caminho certo. Na foto que abre este capítulo podemos ver meu pai cercado por alguns de seus discípulos pioneiros que chegaram junto com seus próprios alunos para o curso de Dans, realizado no Instituto Wingate. O Sr. Eyal Yanilov, que é aluno do Eli Avikzar, está também usando o tradicional Kimono com a Faixa Preta. Ele fica em pé entre os Srs. Haim Zut e Avi Abesidon, o aluno mais graduado do Eli. A IKMF, como parte de sua jornada para distorcer a história do Krav-Magá, foi mais longe ainda e explicou (e isso é absolutamente errado ) que o Krav-Magá é puramente militar, e logo deveríamos usar apenas uniformes marciais durante os treinos. Os fatos da pesquisa colocam também o tradicional Gi no seu lugar, mostrando imagens conclusivas e indiscutíveis do meu pai, algumas junto com os mesmos modi ficadores da história (outras fotos do meu pai com o tradicional Kimono encontram-se no livro “The Book of Krav-Magá – The Bible). O atual capítulo expõe e esclarece detalhadamente, pela primeira vez na história da arte, a insolência e falta de respeito de algumas pessoas e organizações do mundo do Krav-Magá. Somente agora, quando entendemos a importância e obrigação de usar o Kimono 4* nas aulas do Krav-Magá, podemos continuar a nossa trajetória rumo à compreensão dos pensamentos e reflexões que guiavam meu pai quando determinou a utilização do tradicional JudoGi no Krav-Magá. O Jiu-Jitsu é uma das mais antigas e tradicionais artes marciais do Japão. O fundador do Judô, o Sr. Jigoro Kano, também iniciou seu caminho aprendendo o Jiu-Jitsu. Um dos alunos do Sr. Kano – o Sr. Kawaishi, mudou-se, como muitos de sua época, do Japão para os Estados Unidos e lá começou a lecionar a arte de seu mestre. Rapidamente ele ficou ciente do fato de que os “ocidentais” não possuem o mesmo nível de paciência dos povos orientais. Naqueles dias o sistema de graduação 3. Temos o exemplo de uma reportagem, neste caso publicada em jornal port uguês, que exibe o Imi vestindo o tradicional Kimono, enquanto todos os outros praticantes usam roupa do dia-dia, sendo especialmente comum a utilização de tênis e camiseta com o logotipo das diversas organizações. De fato, foi o princípio de enfatizar ao máximo as marcas das organizações nas roupas dos alunos que deu início ao processo de sumiço do tra dicional Kimono no Krav-Magá. Como podemos v er na federação Sul-Americana, ali ainda utiliza-se roupas brancas, mas tanto na calça como na camiseta aparecem, frente e verso, os símbolos da organização, em letras grandes e difíceis de não enxergar, como se estivessem dizendo: a embalagem vale mais do que o conteúdo. Fazia-se tudo para que os dirigentes daquelas organizações se sentissem como generais de uma república bananeira de terceiro mundo. 4. Além do sistema de faixas coloridas, Imi resolveu usar o Kimono, sobretudo por causa da segurança nos treinamentos. Existem alguns exercícios no Krav-Magá nos quais arremessamos o oponente para o chão, ou usamos várias pegadas etc.. Portanto, o uso do Kimono é obrigatório, caso contrário o oponente não teria algo para segurar ao cair, podendo machucar-se gravemen te por consequência da queda e da pe rda de equilíbrio. Por este motivo , também, Imi preferia usar o Kimono grosso e maciço do Judô e não o do Caratê, que é mais fino e leve e pode arrebentar facilmente. Evidentemente que a renúncia ao Kimono levou à extinção daquelas técnicas criadas pelo Imi, inclusas no completo e verdadeiro K rav-Magá.
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usado no Judô era o mesmo herdado do Jiu-Jitsu e incluía apenas três faixas – a branca para iniciantes, a marrom e a preta, e o tempo para passar de faixa era bem demorado. Para não perder alunos e também para atrair o maior número possível de discípulos novos, o Kawaishi, depois de muito planejamento e re flexão, resolveu aplicar um sistema de faixas coloridas, que é o mesmo que conhecemos hoje. O novo sistema de faixas do Judô rapidamente foi adotado por todas as outras artes e é o mais dominante também nos dias atuais, tirando alguns casos “esquisitos” que não têm lugar nesta pesquisa. Rok-Kyu: Gu-Kyu: Yon-Kyu: San-Kyu: Ni-Kyu: Ik-Kyu: Shou-Dan: Ni-Dan: San-Dan: Yo-Dan: Go-Dan: Roku-Dan: Shichi-Dan:
Faixa Branca para iniciantes, usada apenas para amarrar o Gi. Faixa Amarela Faixa Laranja Faixa Verde Faixa Azul Faixa Marrom Faixa Preta Primeiro Dan Faixa Preta Segundo Dan Faixa Preta Terceiro Dan Faixa Preta Quarto Dan Faixa Preta Quinto Dan Faixa Vermelho-Branca Sexto Dan Faixa Vermelho-Branca Sétimo Dan
Hachi-Dan: Kyu-Dan: Gu-Dan:
Faixa Vermelho-Branca Oitavo Dan Faixa Vermelha Nono Dan Faixa Vermelha Décimo Dan
Esta é a ordem das faixas como foi criada pelo Kawaishi, aluno do Jigoro Kano; meu pai adotou o sistema de forma exata e determinou que fosse usado no Krav-Magá. Na verdade, foi justamente o sistema de faixas coloridas que levou meu pai a integrar por algum tempo a Associação Israelense de Judô. Meu pai só desligou-se da Associação de Judô quando a última tornou-se um membro o ficial da Associação Israelense de Esporte e já que o Krav-Magá nunca foi de finido como uma modalidade esportiva, ele não poderia participar legalmente de alguma organização desse tipo 5*. Entretanto, o fato de que o Krav-Magá não fazia mais parte da Associação de Judô não alterou em nada a concepção do meu pai quanto às faixas no Krav-Magá, pois a partir do momento que decidiu incluí-las, nunca mais mudou sua ideia. Meu pai jamais usava os nomes japoneses dos graus / faixas, mas somente as cores que marcam cada graduação e o termo “Dan”, do número um até o número 5. No Livro “A arte do Judô”, o primeiro livro publicado na língua hebraica sobre o Judô, o Sr. Yosef Lev menciona, na página 12, pela primeira vez na história do Krav-Magá, a relação entre Imi, o KravMagá e os judocas em Israel, incluindo a Associação Israelense de Judô. O comentário refere-se ao fato de que no Krav-Magá começaram a utilizar o sistema de faixas coloridas.
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nove. Meu pai também estabeleceu períodos mínimos de permanência em cada faixa. Todavia, se nos anos setenta e no início dos anos oitenta era necessário o tempo de oito a dez anos de treinamento para chegar à faixa preta, hoje em dia este grau pode ser alcançado muito mais rápido. Os primeiros dez alunos pioneiros esperavam, em média, entre nove e dez anos até ganhar o direito de vestir a faixa preta. 6* graus Meu pai Primeiramente, criou algumas regras no quea diz respeito àdedistribuição no Krav-Magá. ele baseou capacitação instrutores de sobre os mesmos princípios que guiam a escola de treinadores do Instituto Wingate, de acordo com a seguinte ordem (os mesmos cursos são realizados também na escola BUKAN): 1. “Instrutor Jovem” (Madrich Tsair). A intenção aqui é para “jovem” no KravMagá, não de idade. Este instrutor terá faixa laranja ou verde. 2. “Instrutor Segundo Grau” (Madrich Darga Bet ). Pré-requisitos: o aluno deve ter no mínimo de dois a três anos de treinamento e ser Faixa Azul. 3. “Instrutor Qualificado” (Madrich Musmach ). Deve ser portador de Faixa Marrom e com dois anos de experiência no ensino de Krav-Magá. 4. Treinador qualificado Sênior (Meamen Musmach Barrir ). Este curso é ministrado pelo Instituto Wingate e tem duração de um ano. O curso é considerado um dos mais prestigiados oferecidos pelo Ministério da Educação. Para ingressar no curso, é necessário ser no mínimo Faixa Preta Terceiro Dan de Krav-Magá 7*. O assunto de quali ficar e capacitar instrutores de Krav-Magá criou um outro dilema para meu pai, o qual ele resolveu de forma bastante interessante e fi
excepcional, no nal dos anos setenta, pouco depois de ter fundado a sua associação de Krav-Magá. No exército israelense são ensinadas centenas de profissões que não são apenas militares, mas têm também uma utilidade civil, como por exemplo: motoristas, cozinheiros, mecânicos, pilotos e assim por diante. É de costume em Israel que os soldados que foram habilitados em alguma pro fissão pelo exército durante seu serviço, passem por um breve curso que os quali fiqur a praticar seu ofício também na vida civil. E o mesmo ocorre com soldados que passaram pelo curso de 6. De acordo com a legislação vigente em Israel, certi ficados de Instrutores não têm prazo de validade. Somente as organizações mencionadas na pesquisa, depois de terem descoberto a possibilidade de faturar alto através do mecanismo de “Renovação de Certi ficados”, concedem os diplomas com validade limitada como parte de sua estratégia para obter lucros máximos e controle sobre seus instrutores. 7. Este princípio também não se sustenta na realidade israelense. Hoje em dia, qualquer um pode imprimir para si mesmo o diploma que queira, fundar uma organização com nome que inclua as palavras “Krav-Magá” e ser aceito para o curso do Instituto Wingate, que, primeiro, nem sequer veri fica os alunos que ingressam nesses cursos e, segundo, tampouco tem a capacidade de o fazer, uma vez queserve não há um órgão o fificial do Krav-Magá em em Israel e noreferente mu ndo. ao A BUKAN, neste caso, apenas comoregularizador autoridade pro ssional. A legislação Israel assunto é bastante complexa e praticamente impede a criação de tal órgão, e, portanto, este tipo de certi ficados, emitidos após 1994, devem ser tratados e examinados com bastante cuidado. O próprio certi ficado não deve ser considerado de forma alguma como autorização da prática verdadeira e correta do caminho completo do Imi.
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instrutores de Krav-Magá na academia militar de preparação física para combate. Um dia chegaram dois jovens, ambos ex-instrutores de Krav-Magá no exército e que recentemente haviam terminado o serviço militar, que falaram para meu pai o seguinte: “Veja, nas forças armadas éramos instrutores de Krav-Magá, temos
experiência e recomendações, mas os nossos certificados de instrutores, emitidos as academias pelo exército, não são “civil”, aceitos em academia concedido regular”. Todas exigiam um diploma istonenhuma é, um documento ou pela escola de treinadores do Instituto Wingate ou pela associação do meu pai, que naquela época já era reconhecida nacionalmente, e no certi ficado deveria constar também o grau / faixa do instrutor. Os dois rapazes que fizeram essa pequena história eram os Srs. Yossi Shmueli e Richard Douieb. O primeiro veio para a academia do Yaron em Tel-Aviv e o segundo apareceu na porta do meu pai, na cidade de Natanya. Meu pai refletiu e examinou o assunto durante alguns dias e no final determinou que cada ex-instrutor militar que viesse para treinar Krav-Magá em alguma academia de aluno seu, receberia automaticamente a Faixa Laranja e o título de “Instrutor Jovem” (Madrich Tsair). O Sr. Shmueli, aliás, continuou estudando com o Sr. Yaron e alcançou a faixa preta pela escola BUKAN , enquanto o Sr. Douieb, depois de passar algumas poucas semanas na academia do meu pai, em Natanya, (onde também foi treinado pelo Yaron), conseguiu “tirar” do meu pai a faixa azul, quando contou a ele que tinha a intenção de voltar para sua família na França e começar a lecionar ali Krav-Magá. De acordo com nossas fontes de informação e segundo o material coletado por esta pesquisa, até hoje a faixa azul é o único grau verdadeiro que o Sr. Douieb recebeu no Krav-Magá. Meu pai estabeleceu regras também no que diz respeito ao recebimento da Faixa Preta. A seriedade e a atenção dadas por ele quando se tratava do assunto das faixas no Krav-Magá, mostra repetitivas vezes como era importante para ele incluílas na sua arte. Além do mais, este fato comprova indubitavelmente que visionava criar o Krav-Magá como uma verdadeira e completa arte marcial, em todos os sentidos. Ele determinava que um aluno pudesse receber Faixa - Preta Primeiro Dan, ou apenas Faixa Preta, sem o grau de Primeiro Dan. Para receber a Faixa Preta, o examinado deveria ser um instrutor ativo. Meu pai sempre considerava a instrução um ponto muito importante e explicava que, somente através da formação do maior número possível de instrutores, o Krav-Magá poderia avançar e se espalhar. Ele expressou essa preocupação ao tornar a instrução um requisito para a Faixa Preta. Cada instrutor Faixa Preta que praticasse ativamente a instrução da arte poderia ganhar um Dan adicional a cada sete anos, mas este princípio não se aplica graduações de Danou ao máximo por de duas vezes (duasPreta em Krav-Magá, que mais recebesse uma Faixa em Judô Aikido ).(deFaixa uma Preta organização o ficialmente reconhecida ), poderia receber também um Dan adicional no Krav-Magá. Meu pai anunciou que poderia outorgar Dans também por atividades e feitos excepcionais no Krav-Magá.
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Neste aspecto, o Sr. Eli avikzar fez uma história e estabeleceu o padrão para o recebimento de Dans. Depois de ser encorajado pelo meu pai, Eli viajou para a França a fim de aprender a arte marcial do Aikidô. Entretanto, naquela época, o Sr. Eli ainda não tinha ganhado a Faixa Preta, estava com o grau de Faixa Marrom, e apesar de todos seus pedidos e solicitações, meu pai recusou-se a lhe dar a Faixa Preta antesdias, de sua Para opreocupado Eli, de acordo o testemunho de de que seus ele amigos daqueles meuviagem. pai estava comcom a possibilidade não voltasse para Israel e, portanto, estava adiando a colação do grau de Faixa Preta. Já o meu pai contava para seus colegas que o Eli realmente merecia receber a Faixa Preta. Ao mesmo tempo, porém, meu pai ficou com receio de que o Krav-Magá ainda não estivesse pronto para ser exibido fora de Israel, pois, ele sabia e entendia que todos iriam querer ver a novidade. Mas meu pai estava equivocado. O Eli de fato realizou demonstrações de Krav-Magá na academia onde estudou na França e ganhou inúmeros elogios. Quando voltou para Israel já possuía o grau de Faixa Preta no Aikido e, portanto, meu pai lhe conferiu também a faixa preta em Krav-Magá, mais a graduação de Segundo Dan. No início, meu pai exigia que cada Faixa Preta de Krav-Magá colocasse nas duas pontas da faixa uma tira branca com três centímetros de largura. A ideia atrás da exigência era de que ninguém alcançaria um nível tão alto de perfeição no KravMagá que o permitisse usar uma faixa completamente preta. Mas alguns anos mais tarde ele compreendeu que a sua concepção inicial estava errada, quando percebeu o nível alcançado por vários de seus alunos pioneiros. Outras regras inicialmente estabelecidas pelo meu pai são (algumas foram modi ficadas ou canceladas por ele mais tarde ): - Portador de Faixa Marrom, que passou por um curso de Instrutores, colocará na ponta da faixa uma tira branca com um circulo azul pintado no meio. - Regras relacionadas aos exames de faixa no Krav-Magá: 1. Instrutor Faixa Azul pode examinar alunos até a faixa Laranja, ou seja, dois graus abaixo dele. 2. De acordo com o mesmo princípio, instrutor Faixa Marrom pode examinar alunos até a Faixa Verde 3. Instrutor Faixa Preta, portanto, pode examinar até a Faixa Azul. 4. Exames para faixas pretas e marrons serão realizados pelo menos por dois examinadores, ambos portadores de, no mínimo, Faixa Preta. Todas as regras acima mencionadas foram escritas e publicadas pela primeira vez no ano de 1971, no primeiro manual de exercícios elaborado e editado pelo meu pai. O próprio manual consiste num verdadeiro item histórico, e, até onde sabemos cópias dele podem ser adquiridas somente no site www.Krav-Magábooks.com. Ademais, meu pai sempre insistiu em realizar cerimônias oficiais de colação de grau, como é de costume no Judô. As alterações nas regras foram feitas no intuito de torná-las adequadas às novas circunstâncias. Ou seja, quando meu pai escreveu o 83
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manual, todos seus alunos estavam na Faixa Verde ou na Azul, mas, poucos anos mais tarde, os mesmos alunos já eram Faixa Preta e donos de academias próprias. Meu pai então autorizou alguns dos mais graduados discípulos a ministrarem eles mesmos os exames de faixas e outorgarem graus. Os primeiros a receber essa autorização foram o Eli Avikzar, o Haim Zut e o mais jovem do grupo – Yaron Lichtenstein, que era seisverdade, anos maisnonovo do que omeu Eli pai e cerca de vinte mais novo do que o Haim Na dia em fundou a suaanos associação de Krav-Magá, noZut. ano de 1978, somente esses três estavam lecionando Krav-Magá de forma ativa, e dos três escolhidos hoje sobrou somente o Yaron, e ele é o único atualmente que possui aquela autorização oficial do meu pai para conferir graus no Krav-Magá. Meu pai cuidou para que esta permissão exclusiva fosse oficializada. Até o dia em que a associação do meu pai foi fundada, ele mesmo fazia as cerimônias de faixa, como era de costume, e só isso. Entretanto, com a fundação da associação e a impressão de certi ficados com o símbolo que meu pai criou, ele passou a exigir que para cada aluno aprovado em exame de faixa fosse emitido um certi ficado adequado que comprovasse a sua graduação / faixa. Aluno sem diploma correspondente, ele afirmou, e de forma correta, não possui grau nenhum. Para ele, cada grau deve vir acompanhado por uma documentação apropriada que habilite e autorize o portador da faixa. Para não ter erros, meu pai decretou também que cada diploma concedido pela associação será registrado em seus arquivos e especialmente os certi ficados de faixa preta e dos diferentes Dans. Adicionalmente, para cada Faixa Preta e Dan outorgados ele juntou uma carta curta e pessoal, às vezes com uma linha escrita só, que confirma o recebimento do grau e da certi ficação. Em toda sua vida meu pai sempre subia para o Tatami vestindo a faixa preta. Foi somente em seus últimos anos, quando sua força estava acabando e ele não conseguia mais agüentar as infinitas discussões com seus alunos, que ele aceitou usar a faixa vermelha. Para ele, a Faixa Vermelha não signi ficava absolutamente nada e ele considerava o seu uso um ato de palhaçada (sem querer ofender ninguém, mas meu pai sempre a firmava que Faixa Preta é de “machos”, enquanto a Vermelha, ele dizia, era “feminina” ). Ele alegou que a verdadeira prova é o conhecimento que uma pessoa
possua e ficou satisfeito com a sua Faixa Preta. No mundo todo, os princípios do sistema de faixas de Kawaishi são mantidos e obedecidos. Também o Eli Avikzar, que desenvolveu um traje completamente diferente para o caminho que criou, ainda preservou a ordem e as cores das faixas, sem alterar nada. O sistema de faixas tornou-se tão popular hoje em dia, que até a Capoeira brasileira, que jamais usava Kimono, mas apenas uma calça branca amarrada com uma corda grossa, começou, nos últimos anos, a empregar cordas coloridas correspondentes às faixas de Kawaishi. Também no filipino Arnis, que não uma arte seus praticantes fazem uso do Kimono, existe o sistema de éfaixas. Em marcial todos ose países no mundonão as faixas são dividias de acordo com as regras estabelecidas pelo Judô. Tendo em mente tudo que vimos até agora, fazemos a seguinte afirmação: em cada arte marcial, mesmo que esta não seja uma arte marcial no seu sentido 84
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clássico e tradicional, o sistema de faixas de Kawaishi ainda é amplamente aceito e utilizado. Afinal de contas, todos nós queremos vestir a Faixa Preta ao término do caminho. Além da Faixa Preta e dos diferentes graus de Dan, existem no Krav-Magá, como nas outras artes marciais, graduações e designações especiais destinadas a professores com vasta experiência e conhecimento comprovado. Professor portador de Terceiro Dan tem o direito de anexar ao seu nome o respeitado título de “Sensei”. Este expressa não apenas altos níveis de sabedoria pro fissional, mas também profunda compreensão dos ensinos filosóficos e espirituais da arte. O signi ficado mais exato do termo “Sensei ” seria “Guia do Caminho”, isto é, o caminho certo a ser tomado que nos levasse até a iluminação e o saber absoluto. Um professor que fundasse a sua própria escola e nela ensinasse os segredos da arte de forma leal, mantendo ao mesmo tempo firmes laços com outras escolas e professores da mesma arte marcial, asseguraria para si o título de Sensei. Na verdade, simplificando, percebemos que não é necessário ter características excepcionais para se tornar um “Sensei ”. Acima do nível do Sensei está o grau de “Mestre”. Nas artes marciais, a de finição de “Mestre” não significa professor. Não é possível definir o termo Mestre do ponto de vista pro fissional. Não é o suficiente afirmar que alguém poderia ser chamado de Mestre se apenas recebeu de forma legal e oficial o grau de Sexto Dan, ou acima, já que muitos são os portadores de tais graus e que mesmo assim não se apresentam como Mestres. Há quem relacione a ideia de “Mestre” aos próprios fundadores e criadores das artes marciais, entretanto, esta concepção tampouco está correta. Vejam por exemplo o panteão das artes marciais. Meu pai fez questão de ser chamado apenas pelo seu primeiro nome – Imi; Jigoro Kano recebeu o respeitado título de “Professor Kano”; Morihei Ueshiba é chamado até hoje de Sensei Ueshiba, ou “Ô Sensei” (Grande Sensei ) e claro que Gichin Funakoshi, em nenhum de seus livros ou nos artigos publicados sobre ele, é chamado de “Mestre”. Ninguém jamais ousaria duvidar, por uma fração de segundo, das perfeitas e incontestáveis habilidades daqueles gigantes e ainda nenhum deles tomou para si um título tão poderoso como o do “Mestre”. Talvez possamos compreender melhor o conceito de Mestre através do mundo do Judô, no qual acredita-se que o praticante deve aspirar a um nível tão avançado de domínio físico e mental que seja capaz de controlar simultaneamente seu corpo e o de seu adversário, e, consequentemente, saber com antecedência tanto os movimentos que ele mesmo irá executar, como as manobras que seu oponente aplicará. Um indivíduo que alcançasse tal capacidade de controle seria visto como alguém que terminasse uma vida e começasse uma outra, mas agora com um ritmo mais acelerado, mais veloz, muito além do normal. Um verdadeiro artesão como fi
este de grandes nição deartistas Mestre. E é justamente que esclarece para mereceria nós por quea os marciais, criadoresessa dasexplicação principais artes marciais que conhecemos hoje, jamais tomaram para si mesmos títulos tão extravagantes e pretensiosos. É provável que, como fundadores de novos caminhos e levando em conta a sua total aspiração à intransigente perfeição, eles não acreditaram ter 85
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construído uma coisa tão perfeita, tão implacável. Este fenômeno é comum nos seres humanos e se repete não somente em assuntos relacionados à artes marciais. Quando a palavra / termo Mestre é relacionada a um praticante de artes marciais, esperamos ver um indivíduo que saiba não apenas chutar e bater de forma perfeita, mas que também domine todos os caminhos filosóficos, espirituais da arte. Mestre dois que não demonstre controle totaldenos aspectos,Mestre não é Mestre. são apenas exemplos do que exigimos umdois verdadeiro de artes Esses marciais. Porém, se no passado o uso desta noção varia entre raro a inexistente, hoje em dia percebe-se uma imensa inundação no mundo das artes marciais de pessoas intitulando-se “Mestres” e até de “Grão Mestres”. O Krav-Magá não é diferente e às vezes parece que, para uma arte marcial relativamente pouca conhecida e divulgada como o Krav-Magá, existem “Mestres” demais, di ficultando a tarefa de diferenciar entre os verdadeiros artistas e os falsos, os “auto-declarantes”. Se tivemos êxito examinando as qualidades esperadas de um Mestre, já no nível de “Grão Mestre” precisaríamos ir além e nos aprofundamos muito mais, e mesmo assim seria extremamente difícil enxergar e compreender todo o conhecimento e sabedoria profissional acumulados por um professor portador de tal graduação. Controle total e intransigente em todas as técnicas existentes na arte que pratica; compreensão e domínio absoluto dos caminhos filosóficos de sua arte marcial; capacidade de corrigir, ensinar e explicar para seus alunos cada exercício e cada situação possíveis, dentro e fora do Dojo / Tatami; ser capaz de analisar todo movimento e saber por que estefísicas é feitoe mentais. de uma forma e não de possuiruma um amplo conjunto de qualidades Mas, acima de outra; tudo, jamais pessoa se declararia um “Grão Mestre”. Há apenas duas maneiras de receber o título de Grão Mestre – a primeira é ser anunciado como um pelo seu professor, isto é, quando um Grão Mestre passa a tocha para um de seus discípulos. E a outra forma ocorre quando alguns mestres, portadores dos graus de Sexto, Sétimo e Oitavo Dan, todos donos de grandes e importantes escolas, se reúnem e decidem apontar um deles como o Grão Mestre de sua arte marcial, depois de analisar cuidadosamente suas habilidades profissionais e concluir que aquele fulano é o artista mais adequado e mais preparado para contribuir com suas imensas habilidades para a promoção da arte toda. Em arte marcial, por de finição, não existe uma auto-declaração de graus, e quem o faça não é um artista marcial. Grão Mestre é arte em movimento. Um dos fenômenos mais populares hoje em dia no Krav-Magá (outras artes marciais não são do nosso interesse ) é a auto-intitulação. Quase ninguém escapa disso. E quando tratamos daqueles modificadores da história do Krav-Magá, percebemos com que facilidade construíram para si mesmos histórias pessoais diversas. da morte do meu pai, graduações de como, DécimoporDan foram anunciadas pelo Sr.Depois Haim Gideon e também por outras pessoas, exemplo, o Sr. Haim Zut, que se outorgou o Décimo Dan e também o Sr. Eli Avigzar, que tampouco resistiu e noticiou a sua coroação para o Décimo Dan, apesar de que neste caso as circunstâncias eram diferentes. 86
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Num vídeo postado no site oficial da IKMA assistimos a ocasião na qual o Sr. Haim Gideon recebeu o Oitavo Dan do meu pai. Com este ato, meu pai afirmou que o Oitavo Dan é o grau que o Sr. Haim Gideon é autorizado a usar, pois naquela época meu pai já tinha discretamente entregue os diplomas de Nono Dan e de sucessor ao Yaron Lichtenstein. O inevitável resultado foi que todos aqueles que se recusavam a aceitar a decisão do meu pai, conferiram para si o grau que desejavam. O próprio filme levanta várias perguntas e dúvidas, mas estas não são do nosso direto interesse aqui. Porém, o mero fato de que meu pai, nos últimos dias de sua vida, ainda seguiu o bom e velho sistema de faixas de Kawaishi, é a incontestável prova de que ele jamais eliminou o uso desse tradicional sistema de graduações no Krav-Magá e até seu último dia considerou-o legítimo, sendo uma parte inseparável do Krav-Magá. Várias testemunhas afirmaram que meu pai costumava dizer que no Krav-Magá pode-se chegar no máximo até o Sexto Dan, e também este grau, quando fosse conferido, seria a base de honra mais do que por motivos puramente pro fissionais. Portanto, encontra-se certa a alegação de que a chuva de graduações que caiu sobre o Krav-Magá nunca foi, de forma alguma, a vontade verdadeira do meu pai. Eis mais um fato interessante, que embora não sendo diretamente relacionado ao assunto das graduações no Krav-Magá, ainda possui uma importância histórica: o diploma que meu pai passou para o Sr. Yaron, quali ficando ele e a BUKAN - sendo a escola srcinal do Krav-Magá, os únicos autorizados a conferir graus no KravMagá. Provavelmente meu pai adotou também esta ideia do mundo do Judô, que ele tanto apreciou 8*. preta é muito mais do que uma mera graduação. É respeito, amorpróprio,Faixa autocon fiança. É uma forma de dizer: “Vejam quem eu sou e do que sou capaz”. Toda criança conhece o termo Faixa Preta. As artes marciais não chegariam ao seu estado atual sem a faixa preta. E eu me pergunto: por que uma pessoa seria tão estúpida de estudar tantos anos sem ter a chance de um dia usar a faixa preta? Para mim, isso é um exemplo de baixíssima auto-estima! Uma pesquisa histórica sobre o Krav-Magá não poderia ser completa se não incluíssemos o seguinte acontecimento, que constitui um pedaço autêntico e real da história do Krav-Magá: Em toda arte marcial há um nó especial utilizado para amarrar a faixa no quadril do praticante, e cada arte tem seus próprios motivos, porque o nó é feito de certa forma e não de outra. O mesmo ocorre no Krav-Magá. Quando meu pai começou a dar faixas aos seus primeiros dez alunos, ele lhes mostrou o nó que criou e que realmente era diferente de todas as técnicas e modos de amarração existentes 8. Com isso, Imi queria garantir que a escola BUKAN, (fundada por ele e pelo Sr. Yaron no ano de 1978 e que é a única que segue seu caminho srcinal) fosse a responsável pela distribuição de graus. Nesta somente altura já na estava claro epara Imi que,foidepois morte, oOKrav-Magá criado por ele sobreviveria BUKAN, realmente assimde quesua aconteceu. Imi considerou a BUKAN como o equivalente à escola de Judô “Kodokan”, no Japão. Ademais, o Imi estava ciente da enorme contribuição do Sr. Y aron para a a rte, e ta mpouco poderia ignorar o fato dele ser o ún ico com licença para ministrar escola particular de Krav-Magá e o privilegiado portador de uma autorização para realizar cursos de formação de i nstrutores fora do Instituto Wingate.
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nos anos 1969-1970. Porém, cerca de três anos mais tarde, o Eli avikzar, depois de já ter recebido a sua faixa preta, chegou um dia para o treino na academia de Tel-Aviv e ordenou todos os alunos a desamarrarem suas faixas e em seguida os ensinou um novo nó. Quando meu pai percebeu que todos os alunos estavam usando um novo nó e não aquele criado por ele, olhou para o Eli com uma grande marca de interrogação no seu rosto, e o Eli respondeu da seguinte forma: “Olhe, Imi, o nó que você criou é
ótimo, mas o nó que eu inventei é bastante parecido com seu bigode que você puxa para os lados o tempo todo, como muitos “ donos” de bigode costumam fazer...”. E foi assim que o novo nó do Krav-Magá foi criado. Todos apreciaram o fato de que o nó não é usado apenas para amarrar a faixa, mas também homenageia e imita meu pai, que, sem dúvida alguma, merecia esta honra. Desde aquele dia, todos que seguem o caminho do meu pai e usam o Kimono com a faixa preta, amarram a faixa com o nó inventado por Eli e no final puxam as duas sobras da faixa para o lado, em memória ao costume de meu pai de brincar com seu bigode 9*.
9. Uma vez que o livro não vem acompanhado de fotos, não trouxemos aqui a técnica de como amarrar a faixa no Krav-Magá, mas diremos isso: o segredo do nó fica no ato de rodar a faixa para dois lados simultaneamente, no momento anterior à fase de apertar o nó. Procurem o filme no site www.kravmagaexams.pro.br.
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Defesa Pessoal
DEFESA PESSOAL 1*
“ MENOR CAMINHO , MÁXIMA VELOCIDADE “ O marceneiro usa seus instrumentos – a plaina, o cinzel, a grosa e a coleção de facas especiais para cortar a madeira fazer e a sua arte. Estes são expostos a todos. O oculto é o dom, que ninguém sabe onde está ou qual é a sua srcem, mas ele guia o marceneiro em seu trabalho. Cada umcura tem. Oseus instrumentos. médico não ser ra seus de pacientes, da não mesmadefende forma que o marceneiro não advogado não poliOseus clientes, e o polidor diamantes suas pedras preciosas. Cada pro fissional restringe-se à sua área , como deveria ser. O cirurgião também utiliza vários instrumentos para salvar vidas – o bisturi, a cureta, a porta-agulha, tesouras especí ficas, monitores, aparelhos de respiração etc. Com a ajuda de todos esses instrumentos o cirurgião realiza operações para salvar vidas humanas. Esta é a parte descoberta. O lado escondido está dentro de seu cérebro – o conhecimento adquirido que guia suas mãos e dedos dentro do corpo do paciente. Os instru mentos do advogado são completamente diferentes. Ele usa caneta, papel, teclado e a lei escrita. Todos vêem isso. O invisível é a sua inteligência e língua a fiada enquanto enfrenta o juiz ou um júri. O polidor de diamantes pesa e examina cada pedra antes de trabalhar com ela. Às vezes, o período de análise pode chegar a um ano, sendo que um movimento errado pode causar um prejuízo enorme. Portanto, cada ponto, ângu lo ou possibilidade devem ser levados em conta. Meu pai tinha respeito sem limites aos seus colegas do judô e das outras artes marciais. Jamais ousaria comentar algo inadequado. Entretanto, hoje em dia todos usam o termo “Defesa pessoal” sem ter a mínima noção do que signi fica ou o que é realmente defesa pessoal. Será que cada arte marcial consiste também em uma forma de defesa pessoal? Meu pai a firmou que não e o KravMagá é a prova disso.
Eu li e re-li os rascunhos deste capítulo repetidamente para veri ficar se não me equivoquei com nenhuma palavra ou letra, ou pior, uma frase ou expressão inteira. Admito sem vergonha que o medo de cometer algum erro, por menor que fosse, num assunto tão complexo e crítico como a defesa pessoal no Krav-Magá e numa visão mais ampla também no universo geral das artes marciais, me fez refletir sobre a possibilidade de desistir da pesquisa. Pensei até em esquecer da minha vontade de revelar e contar os verdadeiros acontecimentos históricos e abrir uma janela através das nuvens de poeira que começaram a cobrir a verdade histórica. Entretanto, a honra perdida do meu pai, e em parte a minha também, gritam das profundidades da minha alma para eu não me render, custe o que custar, mesmo que seja apenas por aqueles que ainda seguem incorruptivelmente o caminho do meu pai, ou para as próximas gerações, caso desejem saber como tudo começou, quem são os verdadeiros discípulos e sucessores do meu pai e quem são meros charlatões. No entanto, durante os repetitivos exames da matéria, descobri que não tenho outra opção a não ser pedir o perdão dos leitores antecipadamente. E o motivo, para minha imensa surpresa, foi que veri fiquei estarem, entre as linhas, escondidos, 1. O atual capítulo é baseado num artigo acadêmico – “Krav-Magá como arte marcial para defesa pessoal”, publicado em 1994 na revista acadêmica da faculdade Israelense de Educação Física “Givat Washington”. O a rtigo foi aprovado e reconhecido pela Universidade de Jer usalém e constitui uma verdadeira revolução , sendo que esta foi a única vez, até hoje, que um art igo acadêmico foi publicado sobre o Krav-Magá, em Israel e no mundo.
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sinais claros e preocupantes de arrogância da minha parte. Trata-se apenas de arrogância profissional, nada mais do que algumas faíscas que dificilmente tomarão as dimensões de um incêndio real, mas o fato é que eles ainda estão lá. Evidentemente que esta con fissão não tem valor nenhum, já que num aperto de dedo o texto pode ser completamente alterado, e tudo que não esteja apropriado será apagado, porém, algo dentro de mim quer deixar as palavras da forma como estão. E por que eu deveria fazê-lo? Este artigo, especi ficamente, e a pesquisa toda vão provocar uma profunda revolução, então julgo melhor prosseguir de acordo com meu caminho e a minha vontade. Está claro para mim que se meu pai estivesse vivo e ao meu lado agora, ele não ficaria tão contente com a atitude direta e crítica que decidi adotar, mas ele mesmo declarou inúmeras vezes, com o orgulho de um pai / criador, que o KravMagá é a melhor arte marcial para defesa pessoal. Dedicaremos então este capítulo e as próximas páginas para descobrir de uma vez por todas os motivos e elementos que fazem do Krav-Magá a melhor (e a única ) arte marcial do gênero para defesa pessoal, até que grau o Krav-Magá é vinculado à vida do dia-dia na Terra Santa e o que realmente significa o termo “Defesa Pessoal”. Em seu eterno, glorioso e célebre livro – “O Livro de Cinco Anéis”, Miyamoto Musashi (um livro obrigatório para quem queira conhecer a arte dos Samurais e a concepção universal das artes marciais ) não menciona sequer uma vez as palavras “Defesa Pessoal”. A cultura dos Samurais cresceu e floresceu num contexto sócio-cultural no qual a defesa pessoal não tem signi ficado nenhum. Ao contrário, esta noção simbolizava certo grau de covardia e desonra pessoal, pois o Samurai viveu para ficar sua vida por este fi m, seguindo a crença de que lutar e estavaum disposto a sacri sua morte seja gloriosa tanto quanto a sua resistência 2*. Portanto, a vida do Samurai é comparada ao curto florescimento da flor da cerejeira (época que até hoje é considerada um feriado nacional no Japão) – breve, mas cheia de beleza, esplendor e magni ficência. Esta abordagem a respeito do caminho dos Samurais constitui também o caminho para a compreensão global das artes marciais, sendo que de uma forma ou outra todas elas foram afetadas pelos conceitos e preceitos dos antigos guerreiros japoneses. O “Hagakure”, o livro das regras de conduta e leis de honra dos Samurais, apoia a ideia de que o Samurai deve morrer no serviço de seu senhoril 3*. O conceito de proteger a vida do senhoril existe no sentido geral de guarda-costas, guardas do palácio etc., mas caso o próprio mestre chegasse a uma situação de combate e enfrentasse a possibilidade de morte, então só restaria esperar que o mesmo tivesse uma morte digna. Durante a Segunda Guerra muitos soldados japoneses preferiam 2. Vimos um exemplo moderno desse bélico caminho de vida nos pilotos japoneses da Segunda Guerra Mundial, os “Kami kase”. A ideia de escapar ou sair de u ma aeronave que está mergulhando para a mortee certa simplesmente não existia. 3. Quarenta sete Samurais, cujo soberano foi executado pelo Shugon, mataram-se com a t radicional cerimônia suicida dos Samurais, causando uma grande onda de admiração e compaixão na época. Seus túmulos, considerados sagrados, são um foco de peregrinação até hoje. Mas é necessário entender que aqueles Samurais escolheram a morte voluntariamente, respei tando a sua cultu ra e a de seu povo. Sobreviver era uma forma de defesa pessoal, e, porta nto impensável.
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morrer de “modo honrado” a serem capturados pelo inimigo, o que seria considerado uma forma de defesa pessoal e ofensa contra a honra da nação japonesa. Muitos deles se mataram já nos primeiros sinais de derrota na batalha 4*. Se examinássemos de perto a arte do Kendô de hoje, a mais próxima para a luta de espadas, não encontraríamos nenhuma técnica de defesa pessoal e por uma razão bem lógica – a fi nalidade do sabre é matar e os portadores da espada são divididos em dois – os que morrerão na batalha e os que não, e ninguém recebe um programa da vida. Entretanto, para obter uma perspectiva mais correta e exata, precisaríamos analisar não somente o Krav-Magá, mas também as outras artes marciais. No Caratê, por exemplo, e em outros estilos que adotam a concepção do Caratê, o termo usado para qualquer situação na qual paramos o ataque do oponente é “bloquear”. “The Book of Krav-Magá – The Bible”, na página 245, mostra e explica com bastante clareza e precisão porque não existe nenhum movimento de bloqueio no Krav-Magá como arte marcial para defesa pessoal. No caso em questão, de defesa contra bastão, mesmo antes de começarmos a aplicar a defesa, a mão que levantamos já estaria quebrada, e em seguida a nossa cabeça teria o mesmo destino. É necessário entender isso para compreender o signi ficado da defesa pessoal. No Krav-Magá este termo não existe em nenhuma forma. A definição no Hebraico para as palavras “bloqueio” ou “Bloquear” é relacionada ao vocabulário militar / policial, inapropriados para a percepção do Krav-Magá sobre o tema. Quando soldados colocam barreiras na estrada para realizar inspeção nos veículos, isso seria um “bloqueio” em Hebraico. Um canal largo e amplo construído na linha de combate no intuito de impedir a passagem de tanques, também é um “bloqueio”. A palavra “bloqueio”, no Hebraico, tem conotações relacionadas à força, uma coisa que não pode ser penetrada sem uma poderosa invasão ou entrada. Por exemplo, a “barreira do som”, no Hebraico, seria na verdade “o bloqueio do som”. Não há aqui alguma definição exata do tipo e quantidade de força aplicada, mas a conotação ainda fica. No rádio da polícia, em perseguições atrás de suspeitos, é comum ouvir a expressão “bloqueiem ele”. No Hebraico, a utilização do termo “bloquear” é sempre acompanhado do uso da força. E ao examinarmos os movimentos do Caratê percebemos que os “bloqueios” usados expressam aplicação de muita força. O Caratê é uma arte maravilhosa e este é seu caminho, mas seus movimentos não combinam com o Krav-Magá. Meu pai não queria introduzir para o Krav-Magá nenhum elemento de uso da força, especialmente quando se tratava do aspecto da defesa pessoal. Portanto ele determinou, verbal e fisicamente, como parte da concepção do próprio Krav-Magá, que não existem bloqueios no Krav-Magá, apenas defesas. Esta não é somente uma definição oral, mas sim uma parte da formação mental do aluno. Há diferentes ataques, golpes, chutes etc., mas os exercícios são denominados defesas. No Krav-Magá usamos só defesas, ponto final. 4. Vários exemplos desse fenômeno encontram-se presentes na maravilhosa obra do John Toland – “The Rising Sun”
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Ataque também é uma forma de defesa. O ponto básico inicial segue o princípio de que praticantes de Krav-Magá são inteligentes o su ficiente para não atacar – não temos necessidade de usar violência, nós apenas estamos nos defendendo quando não temos outra opção. O nome oficial do exército israelense é – “As Forças de defesa Israelenses”. Ou seja, exército sim, mas apenas como meio de defesa. Quando o Estado de Israel foi fundado e paralelamente foi criado seu exército, os líderes do país podiam escolher qualquer nome para o exército, mas a decisão foi chamá-lo de “Forças de Defesa de Israel”, isto é, a única função do exército seria defender o país, e realmente esta é a sua função até hoje. O mesmo princípio vale também para o Krav-Magá: arte marcial para defesa pessoal. É nisso que os israelenses são melhores. Ao longo de toda sua história, a concepção da defesa pessoal domina o povo de Israel, e é a mesma concepção por trás da criação do Krav-Magá como arte marcial para defesa pessoal 5*. Para quem busca uma explicação um pouco mais prática, a intenção aqui é também para a diferença no ponto de vista corporal do Krav-Magá quanto à técnica de enfrentar o oponente. Quando ficamos em pé numa posição dura, todos os músculos do corpo estão esticados e em funcionamento pleno. Para ativá-los no momento certo, com o objetivo de fazer um movimento rápido, estaríamos na verdade realizando duas ações separadas: uma para relaxar o músculo e a outra para acioná-lo. Enquanto isso, se ficássemos desde o início numa posição de absoluto relaxamento, mas claro que ainda em controle total do corpo, economizaríamos um movimento inteiro, apesar de este ser tão rápido e curto que o olho humano dificilmente distinguiria as diferenças. Por exemplo, se medíssemos com a ajuda de aparelhos num laboratório a velocidade de duas pessoas que estão se enfrentando, evidentemente que aquele que realizou apenas um movimento seria o mais rápido. Meu pai sempre tentou explicar e ensinar como ser “suave” 6*, fazer movimentos suaves, se movimentar suavemente. A suavidade explanou ele, “Oferece
tempo adicional para a visão periférica do espaço e da situação. Quando está suave, o indivíduo se mantém esperto, enquanto num estado de dureza corporal ele 5. Neste aspecto devemos tocar na história bíblica do povo de Israel durante seu seis mil anos de existência. Uma cuidadosa análise das guerras descritas na Bíblia mostra que essas sempre eram resultado de defesa pessoal e mais, percebe-se que cada vez havia um período de certa espera, e só depois chegaria a fase da resposta e do ataque. Este comportamento da nação é mantido até os dias atuais. Os exemplos históricos mais evidentes disso são: o êxodo do Egito e a passagem do Mar Vermelho, o Rei Davi confrontado o gigante Golias, Sansão que aguardou até o último momento para derrubar os pilares do palácio dos filisteus, a guerra de Yom-Kipur, em 1973, quando o exército israelense esperou até o ponto crítico para reagir. Existem outros milhares de exemplos para o que Imi denominou de “O método de agu ardar e ver”, ou seja, ficamos de pé, observando os movimentos do oponente e escolhendo o momento certo para aplicar nosso ataque. Esta é uma característica típica do povo do exército israelenses. levanta questão interessante não poderiaNão ser respondida pelae atual pesquisa: será que Isso se trata aquiuma de algum código genéticoque excepcional? temos a possibilidade de cienti ficamente determinar a resposta, mas a nossa opinião pessoal é que este argumento não deveria ser ignorado. 6. O assunto é abordado de forma mais detal hada no ar tigo “Sejam Suaves” , no capítulo referente à filosofia do Krav-Magá.
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se fecha. A rigidez é nada mais do que a pessoa deixando seu ego falar”. A suavidade se expressa ao longo do Krav-Magá em muitas defesas difíceis e complicadas, e, de fato, sem essa técnica, muitas situações seriam impossíveis de ser pensadas, como por exemplo: o rolamento especial aplicado no exercício contra ameaça de fuzil automático e em situação de reféns, defesas contra bastão, contra ameaça de pistola etc. Todos esses movimentos não têm correspondente em nenhuma outra arte marcial e especialmente não têm naquelas que adicionam ao seu nome as palavras “defesa pessoal”. E não se deixem enganar quanto à suavidade – “Suavidade não significa fraqueza”. As defesas no Krav-Magá são aplicadas usando a força e principalmente a direção do movimento do oponente para desviar a trajetória de seu ataque e este, claro, é apenas um exemplo dentre centenas de outras possibilidades. Evidentemente que a criação de uma arte marcial tão longa e complexa, baseada sobre esse princípio exigiria um imenso conhecimento sobre o corpo humano, sobre a formação dos músculos, dos tendões, dos ossos e a direção de seu funcionamento. Mas é justamente essa a genialidade do meu pai como o criador da arte e do Krav-Magá - o “produto fi nal”. Um aprofundamento no estudo teórico da defesa pessoal con firmaria facilmente o fato de que nenhum outro fundador das artes marciais tradicionais fazia uso do termo “defesa pessoal”. Na literatura profissional que acompanha cada uma destas artes não há nenhuma menção sobre essa expressão. Re firo-me à literatura srcinal escrita pelos próprios criadores ou pelos seus mais próximos discípulos até meados da década de setenta do século XX. Depois desta data, a noção de “defesa pessoal” tornou-se tão popular mundo afora que cada professor de qualquer arte marcial declarou ser praticante de “defesa pessoal”, seja isso verdadeiro ou não. Meu pai abriu suas duas academias no ano de 1967 quase que paralelamente, com apenas algumas semanas de diferença. A primeira, na cidade onde morava – Natanya, na Rua Sheshet Hayamim número dois (de Hebraico – Rua da “Guerra dos Seis Dias) e a outra na cidade de Tel-Aviv, na esquina das ruas Pinsker e Trumpeldor (Trumpeldor era um lendário guerreiro, um tipo de “Musashi” israelense. Na história de Israel, ele foi um dos primeiros que lutaram pela independência do país e continuou lutando, mesmo depois de perder um de seus braços em um dos combates. A história daquela época conta que depois de ficar gravemente ferido em combate, suas últimas palavras antes de morrer foram: “ É bom morrer por nosso país ”). Nas duas academias foi colocado na porta um cartaz declarando que
aquele era um lugar para aprender defesa pessoal. Foi isso que ele ensinou naqueles dias. Meu pai recebeu a con fiança para começar e divulgar a sua arte para o público em geral, isto é, fora das forças armadas, das entusiasmadas reações dos soldados que ensinou e, sobretudo, de seus os níveis. eram as únicas indicações à disposição delecomandantes no começo de do todos caminho. ForamEssas eles que reconheceram o seu empenho em diversos campos: aumento da autocon fiança dos soldados, o aprimoramento de vários aspectos do condicionamento físico dos militares e o aperfeiçoamento da capacidade de movimentação dos mesmos. O ensino 95
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de rolamento para frente, por exemplo, ajudou bastante aos paraquedistas daquela época, quando o paraquedas básico ainda era bastante primitivo (em comparação com o que está no mercado hoje em dia ) e no momento em que o soldado tocava no chão, no final da queda, ele tinha que realizar um movimento estranho que parecia como meio rolamento lateral para amortizar o impacto. Entretanto, tampouco faltavam alguns “santos”, que mereciam um bom e inesquecível tapa na cara, que de vez em quando vinham para meu pai ou para um de seus alunos e diziam: “Defesa pessoal.... Que é exatamente defesa pessoal? Somente mulheres aprendem defesa pessoal, homens de verdade lutam! ” Mas meu pai sempre reagia dando apenas um sorriso silencioso acompanhado por um olhar que parecia estar ridicularizando a pessoa a sua frente, e dizia, com uma calma que enlouquecia seus locutores, uma das frases que o tornou o maior professor de todos os tempos: “No final, todos virão para a minha rua ”. Ele explicava para seus conhecidos e alunos mais próximos que este era um ditado que veio srcinalmente do Húngaro, que ele considerava ser o idioma mais bonito do mundo e, do seu ponto de vista, ele estava certo. Essas eram as primeiras reações à criação do meu pai, única do seu gênero. Somente mais tarde a arte marcial dele virou popular, muito popular e o nome eterno de sua criação virou “Krav-Magá” 7*. De repente, pouco tempo depois, todos começaram a denominar as suas artes, sistemas e estilos como “defesa pessoal”. Talvez fosse o medo de perder sua fonte de renda, ou alguma necessidade de imitar ou seguir a “onda”, ou talvez porque o público naturalmente exigia e preferia aprender defesa pessoal, já que todos querem ser capazes de se defender, mas nem todo mundo está apto a estudar uma luta. Então, todos os professores começaram a usar as palavras “defesa pessoal”, sem realmente entender o signi ficado do termo e sem ter algo em comum com os princípios da defesa pessoal. Evidentemente que eu não poderia nem desejaria subestimar a contribuição pessoal que cada indivíduo pode ter ao praticar qualquer arte marcial, cada uma com suas vantagens relativas. Fazê-lo seria antiético, imoral e incorreto. Entretanto, o Krav-Magá jamais pretendia ser algo que não é, ou seja, algo além de defesa pessoal. Então, por que deveríamos ser como o avestruz, que enterra sua cabeça na terra sem ver e sem ouvir como o nome do Krav-Magá e da defesa pessoal está sendo usado por pessoas que nem sequer sabem seu significado? Na compreensão do termo “defesa pessoal” já estão presentes a sabedoria e o conhecimento, entretanto apenas o entendimento teórico não é o su ficiente. No Hebraico existe um ditado que provavelmente tem variações em todas as línguas do mundo: “Ler nas entrelinhas”, e é exatamente isso que meu pai fez quando começou a construir o Krav-Magá, baseando-se na imensa experiência que teve em áreas como o Pugilismo, Luta Greco-romana, Judô e Jiu-Jitsu Japonês. 7. “Krav-Magá – Arte Marcial Israelense Para Defesa Pessoal” é o nome completo e exato dado pelo Imi. Ele não desejava deixar apenas o nome Krav-Magá e buscou a conexão israelense, adicionando, portanto, as palavras “Arte Marcial Israelense” e “Defesa Pessoal” depois do nome Krav-Magá.
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Ele começou a investigar os componentes e os movimentos que existem em todas as artes marciais, analisando e examinando tudo que estava faltando no campo da defesa pessoal, e assim criou a arte marcial para defesa pessoal – o Krav-Magá. Portanto, é mera ignorância alegar que essas ações tornam o Krav-Magá uma arte marcial eclética. Dentro do Krav-Magá meu pai incluiu algumas regras e leis que não existem em nenhuma outra arte marcial e determinou que apenas uma rígida conservação destas possibilitaria a manutenção dos princípios do Krav-Magá e da defesa pessoal e dariam ao público a capacidade de diferenciar entre o certo e o errado, entre defesa pessoal e charlatanismo. A lei número um, “A regra de aço” que deve ser mantida sem o menor desvio é: “Defesa especí fica contra ataque especí fico, sendo que ao mesmo tempo impedimos que o oponente ataque novamente” 8*. A segunda lei, talvez a mais importante de todas 9*, conhecida somente por poucos e mantida por menos ainda é: “Menor Caminho, Máxima Velocidade”. Esta regra é diretamente ligada ao princípio do “Caminho de Volta”. A primeira regra demonstra e explica (para aqueles que conhecem o verdadeiro caminho do meu pai e não algu ma versão curta e miserável ) a imensa dedicação do meu pai em achar o caminho certo. Quando ele ensinou alguma defesa aplicada contra um golpe vindo de um ângulo específico, sempre estava presente alguém com real experiência que enxergou e percebeu a situação antes dos outros e apresentava várias perguntas ao meu pai – por que assim e não dessa forma e dezenas de outras dúvidas que deram conhecimento e experiência ao meu pai e ao Krav-Magá. Consequentemente, de vez em quando ele criava um novo golpe para que ninguém pudesse surpreender seus alunos, ou como ele sempre dizia: “Devemos treinar nosso corpo para que nada seja estranho para nós” (veja o artigo sobre o assunto no capítulo “A Filoso fia”). Essas não eram apenas a firmações vazias, mas o caminho que o guiava quando construiu sua arte, e é uma pena que todos os charlatões que fingem seguir seus ensinamentos não ajam de acordo com esses sagrados princípios. Assim, o Krav-Magá chegou a ter trinta e oito golpes com o punho, a palma da mão e a mão e quando chegamos aos chutes tudo já fluía naturalmente. Meu pai incluía no KravMagá dezenas de chutes de cada forma, direção, tipo e potência, para que ninguém pudesse pegar de surpresa um praticante experiente de Krav-Magá. 8. Uma vez que assim entraremos numa luta. Luta não é defesa pessoal, mas também esta a firmação não é absolutamente exata. Para compreender o assunto por completo, é necessário praticar os exercícios do Krav-Magá, mas a finalidade da nossa pesquisa não é fornecer respostas pro fissionais, e sim apontar para a existência de um caminho diferente e mais completo, desconhecido pela maioria do público. 9. Esta regra é a base qual o completa Imi construiu a defesaEste pessoal no Krav-Magá, juntando os dois e tornando-os umasobre arte amarcial e acabada. preceito não existe em nenhuma outra arte ma rcial e foi justamente este que fez do Krav-Magá a arte ma rcial que é hoje. Portanto, o descumprimento desta “regra de aço” do Imi signi fica que o Krav-Magá para de ser a melhor arte marcial do gênero e torna-se uma simples atividade física, sem fins e sem conteúdo. Apenas uma compreensão profunda deste princípio daria ao praticante capacidades físicas extraordinárias.
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Ele sempre explicava: defesa pessoal é dar ao indivíduo a possibilidade de se defender. Ninguém pode prever o estilo de ataque que o agressor escolheria. No intuito de aprender a se defender é necessário também saber atacar. Para poder trabalhar em pares e estudar defesa pessoal precisamos saber atacar melhor que todos. Portanto, ele desenvolveu muitas técnicas de ataque e para cada uma a técnica fi
de defesaEste, adequada. Quemera nãoo o“período faz – não defesa pessoal, ponto nal. na verdade, depratica aprendizagem” do Krav-Magá, no qual acumulou-se conhecimento e experiência operacional incomparáveis no campo da defesa pessoal. Sempre praticou-se algumas técnicas de defesa contra o mesmo ataque, para que cada um possa escolher a maneira mais apropriada para si mesmo. Por isso que temos dezesseis livramentos contra estrangulamento de frente, no mínimo duas ou três defesas contra cada ataque de faca, e assim por diante, e essas são apenas algumas gotas de um oceano de exemplos. Não existe no Krav-Magá sequer um movimento de defesa usada duplamente, ou seja, o movimento de defesa contra ataque de mão jamais seria usado contra ataque de perna. Para cada movimento de ataque há um movimento de defesa e é justamente este o significado da regra “Defesa especí fica contra ataque específico”. Talvez por isso o ensino do Krav-Magá seja tão prolongado, pois precisamos aprender tudo. Meu pai odiava atalhos e especialmente as pessoas que adotam esse comportamento. De um lado, pode-se dizer que o longo período exigido para alcançar a faixa preta é uma desvantagem, mas do outro lado aqueles que entendam genuinamente os caminhos das artes marciais e desejem honestamente físicas e mentais, noaulas Krav-Magá o ficácia é uma meio ideal paraadquirir fazê-lo.tais A equalidades parte integral veriam tanto das e treinos como da concepção básica geral, e quem não a segue não faz defesa pessoal. O Judô, sendo uma luta esportiva olímpica, jamais precisou dos aspectos da defesa pessoal. O mesmo acontece com o pugilismo ou luta livre olímpica. O caminho de cada praticante dessas modalidades é claro a ele mesmo e dentro de seu campo esportivo. O objetivo principal das três formas de lutas que mencionei acima é a prática de uma atividade esportiva (e não a defesa pessoal ), ou seja, ganhar medalha. Portanto, é mais fácil citar exemplos (com o intuito de esclarecer o princípio da defesa pessoal ) deste campo de duplo universo: arte marcial e esporte. No Judô, por exemplo, em queda para trás ( Mao-Kemi), ao cair no chão, o praticante levanta suas duas pernas no ar no final da queda. A ênfase fica em bater com as mãos no Tatami para parar ou amortecer a queda do corpo. Mas meu pai enxergou as coisas de maneira diferente: se na rua você cair e colocar as duas pernas no ar desta forma, com certeza levará um chute no seu traseiro antes mesmo de conseguir elevar as pernas. Ou seja, se salvar da queda não é o su ficiente. O corpo inteiro deve estar preparado para mais ataques e defesas. Por isso, no Krav-Magá, no fiquebrar nal de queda paradotrás nós temos opções adicionais, como chute e alavanca para o joelho oponente. O princípio que nos guia em casos como esse é: nunca deixar um ponto exposto, e essa talvez seja a virtude daqueles que conhecem de verdade a defesa pessoal e o caminho do meu pai no Krav-Magá, que sempre fez do atacante o atacado. 98
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Eis uma outra interpretação da regra: “Defesa especí fica contra ataque especí fico”. Em defesas contra ameaça de pistola, por exemplo, movimentos tão curtos, e ficazes e exatos não existem em nenhuma outra arte marcial, especialmente quando hoje em dia o mundo das artes marciais é dominado por movimentos teatrais onde as maiores estrelas são as de Hoollywood. Tudo que precisamos fazer écom desviar a armacriança e a mão segura longe nós. eSerá!? o que fazemos a pequena queque estáa ao nossopara lado, ou ade jovem grávidaE garota do outro lado? O primeiro tiro, que sempre acontece, atingiu e matou um deles – será que esta é a defesa pessoal? 10* É assim que gostaríamos de ver as coisas acontecendo? Evidentemente que não é este o lugar e o tempo adequados para ensinar os exercícios completos. Acompanhei o Sr. Yaron Lichtenstein em uma de suas viagens ao oeste de Israel, para observar o treino de um grupo de indivíduos que alegaram ser faixas pretas de Krav-Magá. Era um bando bastante duvidoso e seu professor, que parecia magro e doente, como se fosse tirado de um filme de horror, estava ensinando defesa contra faca. Claramente que ninguém conseguia aplicar a defesa e todos acabaram “mortos”. Dei uma olhada em Yaron e vi que ele perdeu temporariamente a capacidade de falar. Seus lábios se mexeram, mas sem emitir nenhuma voz. Finalmente ele conseguiu andar até a piada falante que se intitulou professor e perguntou a ele, delicadamente, sem que nenhum aluno escutasse: “Quem te ensinou
a fazer trezentos e sessenta graus contra faca, você não vê que isso não funciona? Você não conhece a técnica correta para essa situação? ” E o “professor” respondeu com a tranquilidade de um mentiroso pro fissional: “como assim, eu sou o aluno predileto do fundador, ele mesmo me ensinou”. Tentei entrar no cérebro de Yaron e fazê-lo arrancar alguns dos dentes daquele “mestre”, mas acho que não tenho o dom da telepatia. Entretanto, não houve uma pessoa no Dojô que não tivesse ouvido o chio dos dentes de Yaron enquanto se segurava para não pegar o palhaço e jogá-lo pela janela de sua academia. Meu pai sempre dizia: “Trezentos e sessenta graus é um exercício meramente didático, sem
nenhum valor operacional além do aprimoramento da capacidade de reação olho – mão” 11*. Aqueles que desejavam encurtar a parte da defesa pessoal no Krav-Magá 10. Muitos tentam imitar o Imi e especialmente o Krav-Magá, sem possuir a mínima noção do que é defesa pessoal e quais são seus pilares e princípios. Eles usam o termo “defesa pessoal” e ensinam toda combinação possível de movimentos, menos o camin ho correto. Defesa pessoal não é somente a capacidade de afastar o cano da pistola, ou apli car algum movimento contra ataque de faca. 11. Quando se trata de defesas contra faca, e especialmente em caso de facada regular de curta distância, a defesa não é aplicada no mesmo estilo de Trezentos e Sessenta Graus, mas usa-se uma técnica especí fica que “acompanha” e abaixa a mão do oponente, aproveitando o momento de seu ataque. No livro “The Book of Krav-Magá – The Bible” esta técnica aparece em duas formas – uma vez aplicada de Seza e na outra de pé. Como autores da pesquisa, sabemos e conhecemos a pessoa e a organização responsáveis por este “método” de usar o exercício de Trezentos e Sessenta G raus em situações inexistentes no caminho srcinal do Imi, porém, para evitar um caráter de vingança pessoal na pesquisa, decidimos não publicar os nomes.
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misturaram e modi ficaram tudo de forma irreconhecível e assim, um exercício destinado somente para treinamento virou uma situação de combate perigosíssima (para o defensor) 12*. Mas como vocês já sabem, a burrice, apesar de ser uma doença permanente, não mata ninguém e tampouco dói. Que pena! “Menor Caminho, Máxima Velocidade”. Qualquer um que tivesse a sorte é lamentável que tão poucos o
fi zeram
treinaroesimples aprendergolpe pessoalmente com ( ouviria também a explicação) edeestudar de esquerda retameu parapai frente, dele que este soco é o movimento mais difícil de aplicar em todo o Krav-Magá. Com “Menor Caminho” precisa-se alcançar máxima força, máxima velocidade, passar o peso do corpo em direção ao golpe / alvo e simultaneamente aplicar também o caminho de volta. Poucos, por exemplo, conseguem chegar à perfeição na execução do golpe “Gancho”, o golpe mais curto no Krav-Magá e provavelmente de todas as artes marciais, com cerca de quinze a vinte centímetros de alcance. Não se usa esse golpe como uma técnica de ataque em si, mas é resultado de alguma defesa que inclui a entrada direta contra o ataque rival, e o golpe “Gancho” é a fase final do exercício. Muitos têm di ficuldades para perceber que um soco tão curto, porém com movimentos precisos, poderia facilmente despedaçar o queixo do oponente. Pois, é exatamente esta a explicação da técnica / regra de “Menor Caminho Máxima Velocidade” que está presente em todas as defesas, exercícios, técnicas e livramentos do Krav-Magá. Qualquer tentativa de usar força em cada um desses casos comprovaria algumas coisas. Primeiro, que o instrutor não sabe Krav-Magá, fi
emesmo segundo, que ele não tem no exercício, na arte e principalmente nele (lembrem fica tempo de reação mais demorado ). São os curtos e que utilizar forçacon signiança rápidos movimentos que deram ao Krav-Magá a sua fama e glória. Não é fácil aprender e entender tudo e é possível que para tal seja necessário uma vida inteira. O título “Artista Marcial” é como o título de Doutor – eterno. Não se pode aprender as coisas de forma instantânea, na realidade isso simplesmente não funciona – ou o indivíduo se dedica totalmente ou que ele vá procurar um cursinho rápido no qual aprenderia os básicos da defesa pessoal (algo bastante popular ultimamente ) e com isso ele teria que se virar na rua. A técnica de aplicação de defesas no Krav-Magá parece às vezes irreal e talvez ela seja assim mesmo. Muitos alunos iniciantes passam por di ficuldades nas primeiras etapas para perceberem e entenderem a lógica que guia a concepção de 12. Estou consci ente de que não é a minha fu nção, ou a da pesquisa, tocar neste gênero de temas. Mas sinto uma necessidade incontroláv el de no mínimo uma vez ao longo da pesquisa dizer a minha opinião pessoal sobre aqueles que modificaram o Krav-Magá e ensinam exercícios que não se sustentam na realidade do dia-a-dia. Dezenas, se não centenas de vezes eu já vi as reações de alu nos e instrutores quando aprenderam, pela Graus, primeira a forma correta de aplicar defesas contrapela faca em vez de . usar Trezentos e Sessenta nosvez, diversos cursos e seminários ministrados escola BUKAN Sempre aparece a mesma marca de interrogação nos rostos dos alunos, como se quisessem falar: “por que nunca ensinaram o modo certo de fazer a defesa, por que nos enganaram esse tempo todo?” A compreensão da lógica e da praticidade do exercício correto ocorre dentro de alguns instantes, e assim também a aprendizagem prática. Todos aqueles charlatões devem parar com seus atos, se não...
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realizar 13* a defesa indo para o oponente e somente no último momento aplicar a própria defesa, quando já parece ser tarde demais. Só que é justamente este o princípio: fazer o oponente pensar que não conseguimos nos defender e deixá-lo completamente concentrado no seu ataque sem que ele tenha tempo para alterar seu ataque, ou pior, nos empurrar para uma situação de luta. Ele estaria tão convencido de seu sucesso que quando executássemos nossa defesa ele não teria tempo para reagir e mudar de tática. As pessoas simplesmente têm di ficuldades de ficar em pé e enfrentar o perigo que está se aproximando, seja ele um golpe, chute ou algum agarramento. Entretanto, quem conseguir, sem dúvida alguma melhoraria a sua capacidade imensamente. Usaremos como exemplo livramento de estrangulamento de frente, onde ajudamos o agressor a chegar mais perto de nós, mas ao mesmo tempo chutamos com força de centenas de quilogramas e en fiamos nosso joelho nos seus testículos. É uma posição clássica de aproveitamento da “Entrada para o oponente”. Mulheres, quando vêem a técnica pela primeira vez, normalmente comentam: “Além de sermos menores e mais fracas, ainda precisamos ajudar o agressor a chegar mais perto? ”. Mas no momento que elas treinam com homens como parceiros elas descobrem que conseguem fazer o exercício sem problema nenhum. Algumas, alegadamente sem intenção prévia, atingem o seu parceiro para ver que as coisas realmente funcionam. Este é apenas um exemplo introdutório para o repertório de movimentos no Krav-Magá, como no caso de defesas contra faca, quando existe um medo verdadeiro de entrar contra o movimento da mão que segura a faca. Novamente devemos reconhecer a incomensurável importância do de aspecto espiritual como Geographic” componente indispensável para o Krav-Magá. O canal televisão “National transmitiu um programa sobre artes marciais e, ao final, o apresentador resumiu tudo ao afirmar que: “O órgão mais importante para um praticante de artes marciais é sua coragem”. Verdade! Sem coragem seríamos nada mais do que covardes. Ser valente não garante a vitória eterna, mas pelo menos confere a oportunidade de evitar uma humilhação maior. Cada um pode e deve aprender a se defender, é a nossa obrigação para nós mesmos, uma forma de declarar – “Eu tomo controle do meu próprio destino”. 13. O ensino de defesas contra golpes no Krav-Magá deve ser analisado de alguns pontos de vista simultaneamente. No Krav-Magá, as coisas nem sempre são o que parecem ser. A aplicação de defesas contra golpes não constitui um exercício ou movimento completamente fechado. Ou seja, no que diz respeito à execução da técnica especí fica constitui sim, porém não do aspecto geral do Krav-Magá. Imi criou o conjunto de movimentos no Krav-Magá de forma que um complementa o outro. Portanto, pular, ou não entender uma fase, obrigatoriamente impede a aplicação correta e a compreensão da próxima fase. Exemplo clássico disso seriam as defesas contra ataque de faca. No início, na faixa laranja, alguém eliminou u m movimento, prova velmente por falta de conhecimento, e mais adiante, na faixa azul, ele já tinha perdido a capacidade de aplicar defesas contra faca. Somente se soubermos o caminho completo de Imi, sem atalhos e sem cortes, entenderemos a forma como ele fundiu os movimentos e exercícios da defesa pessoal e do Krav-Magá para criar um conjunto fi nalizado. Elimine o mínimo dos detalhes e o prédio inteiro desaba. O objetivo da atual pesquisa, como já foi explicado várias vezes ao longo do livro, não é o de fornecer soluções pro fissionais – estas precisamos procurar nos lugares adequados. Krav-Magá é a melhor ar te marcial para defesa pessoal no mundo inteiro, porém poucos, hoje em dia, desfrutam do poder e da sabedoria que o Krav-Magá tem a oferecer.
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Todo indivíduo escolhe a arte marcial mais adequada a si mesmo e avança de acordo com seu nível, talvez chegue à faixa preta, talvez não. Ninguém precisa ser um super-homem para tal. Entretanto, quem escolher o Krav-Magá deve compreender a imensa responsabilidade que está carregando. Não é diferente da dedicação das pessoas para outras modalidades que acabam se tornando um caminho de vida. Então, por que não combinar uma atividade física e social e ao mesmo tempo aprender também defesa pessoal? Com o risco de parecer ingênuo, mas assim o mundo inteiro seria um lugar melhor. A minha intenção ao longo da pesquisa toda e especialmente neste capítulo nunca foi direcionada para a parte profissional e prática. Porém, em certos casos fui impedido de me manter apenas no lado teórico / histórico. Às vezes, a compreensão de alguns movimentos esclarece melhor que tudo a própria história. São movimentos e exercícios que meu pai incluía no Krav-Magá e que consistem em unidades históricas completas e independentes. Somente através da análise dessas variadas técnicas defensivas torna-se possível entender o espírito da defesa pessoal e do Krav-Magá. Os problemas se criam e se iniciam quando estamos prestes a aplicar as defesas mais “difíceis”, mais complicadas e perigosas do Krav-Magá, aquelas contra armas – brancas ou de fogo. É possível perceber o ponto de partida da modi ficação do Krav-Magá nestas defesas, ou mais precisamente, no grau de di ficuldade presente na sua aplicação e execução, ou até no nível de disposição para implementá-las do jeito que meu pai as criou e as ensinou. Essas alterações foram feitas especialmente nas defesas consideradas “perigosas” e, hoje em dia, são apresentadas por todos, normalmente acompanhadas por explicações pobres de conteúdo e ricas em palavras como “sistema” ou “sistema em desenvolvimento”. Qualquer um que visse meu pai aplicando as técnicas ou assistisse a alguns de seus primeiros discípulos fazendo as defesas, entenderia na hora que aqui não há espaço para palavras bombásticas. O Krav-Magá, sendo uma arte marcial para defesa pessoal, é uma arte fechada, redonda até o nível de perfeição. Quando se trata de entrar contra a faca, as pessoas sentem medo, especialmente os indivíduos sem experiência, passado ou com capacidade mental inadequada, que se caracteriza por baixa autocon fiança, baixa confiança na arte e também no exercício. São essas características que tornam um homem simples guerreiro e praticante de Krav-Magá, e sem elas não é possível cumprir as exigências da defesa / técnica. O resultado – as pessoas procuram um caminho mais fácil, que não existe na realidade. O único caminho viável é aquele criado por meu pai. Uma confirmação da falta de autocon fiança percebe-se nas afirmações do Sr. Haim Zut, no fórum israelense “Tapuz” (aparece apenas no Hebraico ) sobre artes marciais. diz que quem defende contra melhor ter uma na mão também... Ele Só que no momento que você tem faca uma éarma e a usa contrafaca o agressor, já não é mais defesa pessoal e sim uma luta pura. Pessoas que querem aprender a se defender não necessariamente desejam saber como fazer combate com facas, bastão, espada e atirar com pistolas e M-16... Em defesa pessoal, você sempre sabe 102
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o resultado final, porém jamais alguém poderá saber como irá terminar o combate, e esta é a grande diferença entre os dois universos. Parece-me que a resposta dada pelo Sr. Haim Zut aponta a grave incapacidade individual de lidar com os requisitos de desempenho que as defesas no Krav-Magá apresentam. Se você está em um beco escuro no meio da noite e um agressor está andando na sua direção armado com faca ou bastão e você está desarmado, tudo que pode fazer é tentar se defender da melhor forma. É possível implorar por sua vida, ou apostar em fugir, mas se você já é Faixa Preta de Krav-Magá, então não agiria como medroso e ficaria no seu lugar para combater o perigo – e prevalecer. Não há outro jeito. De novo podemos perceber e analisar o caminho que levou às modificações extremas feitas no Krav-Magá, resultantes da falta de compreensão mínima da noção de defesa pessoal e do que ela exige, e também do desvio das regras básicas estabelecidas pelo meu pai, e, sem essas, a defesa pessoal não existe. Um exemplo marcante disso encontra-se na técnica de defesa contra dois agressores armados – um com bastão e o outro com faca. Meu pai determinou que a arma mais longa é sempre a mais perigosa, ou seja, o bastão neste caso. Ele se baseou nas armas criadas no Japão para defesa pessoal e que eram especialmente destinadas para uso por mulheres, uma vez que as armas se destacaram por seu comprimento e por sua capacidade de manter o inimigo longe de nós, como a lança japonesa. Um bastão longo poderia nos atingir sem que chegássemos a uma distância que possibilitaria acertar o oponente, isto é, o nosso rival pode nos atacar sem se arriscar. Mas o temor da faca levou à alteração. O medo da facada é mais forte do que a capacidade do bastão de quebrar ossos – mais uma testemunha da burrice. Todos que aprenderam com meu pai a utilizar bastão e os alunos graduados faixas pretas da escola BUKAN , que eu pessoalmente testemunhei alguns de seus treinos com bastão, sabem muito bem que essa arma “branca” é muito mais eficaz e perigosa do que a faca em certas distâncias. O cérebro humano transmite uma sensação de medo ao reparar na palavra / termo “facada”. A faca pode ser en fiada em nosso corpo, ferir, abrir um buraco no coração, nos fazer sangrar até a morte etc. Mas este modo de pensar é um equívoco que pode custar a vida das pessoas. Há no mercado atualmente bastões e porretes inquebráveis, feitos de p.v.c denso, que é um material pesado e de impacto desastroso. Um bastão assim, com comprimento de oitenta centímetros, daria ao seu portador uma potência tão grande de ataque que cada golpe quebraria no mínimo um osso do nosso corpo enquanto o agressor está fora de nosso alcance de contra-ataque, e nós, com cotovelo ou joelho quebrado, estamos acabados. Agora, tudo que o oponente com a faca na mão precisa fazer é cortar nossa garganta enquanto nós estamos praticamente indefesos. Esta foi a de linha que com guioua meu pai quando crioupessoal, as defesas contra armas longas. Ademais, acordo concepção da defesa no momento que eliminamos o oponente com o bastão, tomamos também controle dessa arma longa e ela está agora em nossas mãos. A partir de agora, a vantagem é nossa, já que nós seguramos a arma mais longa / perigosa e o nosso oponente tem apenas uma 103
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faca curta. Por outro lado, se escolhêssemos dominar primeiro o adversário com a faca, então estaríamos agora segurando uma faca e com ela teríamos que confrontar um inimigo com bastão de oitenta centímetros que provavelmente tirasse a faca de nossa mão antes que percebêssemos 14*. Eis a inquestionável lógica do meu pai, mas também a fonte da total ignorância, da falta de conhecimento básico em defesa pessoal e de uso do bastão daqueles que modificaram sua criação. Seguindo a mesma linha de raciocínio, pode-se citar outros exemplos relevantes. Os agressores poderiam estar armados, um com faca e o outro com espada, ou um com espada e o outro segurando uma lança de dois metros de comprimento. Novamente percebe-se que a arma mais longa é também a mais perigosa. E não adianta dizer que “ninguém mais anda com este tipo de armas” – é bem possível encontrar oponentes utilizando faca e um porrete estilo “baseball”. Ademais, o mesmo princípio se repete também quando se trata de armas de fogo, como pistolas e fuzis. Uma pistola comum, que tem cano curto, é eficaz a uma distância de trinta a quarenta metros. Enquanto o fuzil, por exemplo, o popular M-16, possui um alcance maior que supera os trezentos metros. Já as armas do tipo “sniper” têm cano maior e alguns chegam a atingir alvos com precisão a dois quilômetros de distância. Esta era a visão do meu pai sobre os princípios da defesa pessoal, e qualquer outro caminho simplesmente não passaria na prova da realidade, como acabamos de ver. Entre outros motivos, as situações desse gênero me levaram a escrever a atual pesquisa. Profissionais da área de segurança, policiais, soldados, agentes de segurança e até cidadãos comuns podem pagar com suas vidas se não souberem eraciocínio conhecerem o caminho exato e completo meu pai, oconstruído lógico e claro. Qualquer desvio deledoeliminaria Krav-Magáseguindo todo. um E se não bastasse tudo isso, eis um outro ponto de vista – o exemplo do livramento de estrangulamento de frente. Muitos, hoje em dia, “misturam” vários livramentos no intuito de criar algo novo 15*, maiormente por causa de seu fracasso pessoal e incapacidade individual de aplicar o livramento. Praticantes, alunos e instrutores que não conhecem suficientemente as técnicas de livramento de estrangulamento de frente tentam aplicá-las utilizando exercícios de força de outras fontes desconhecidas. No livro “The Book of Krav-Magá – The Bible” é contada de forma bastante detalhada a história de como meu pai chegou a criar os exercícios de livramento de estrangulamento de frente e a técnica de giro do corpo e do quadril para impedir que o oponente possa nos estrangular e nos colocar em perigo. Só que aqueles que não conheçam o primeiro livramento pecam novamente ao usarem um outro livramento, completamente diferente. Foi aquela primeira técnica de livramento que guiava meu pai na criação da arte marcial toda. 14. É o mesmo princípio usado pelos Samurais na prática da espada. Atacar com a espada no intuito ficaria de cortar seu inimigo – indiferentemente do local onde a “Katana” acertasse, o oponente neutralizado. E o mesmo princípio se mantém ao usar o bastão – a eliminação total e imediata de nosso rival. 15. O problema começa quando aquelas pessoas não têm a mínima noção de como aplicar o estrangulamento, e, portanto, não sabem também como fazer o livramento. Imi sempre dizia: para se defender é necessário saber atacar.
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Quando um policial ou soldado se instrui para atirar com pistola ou fuzil, aprende a atingir com precisão o centro do alvo e quando não acerta isso implica que não sabe atirar, ponto final. Não há lógica em alguém carregar uma arma e atingir todas as pessoas inocentes menos os terroristas ou bandidos. E o mesmo exemplo se aplica ao Krav-Magá – toda defesa é pontual por de finição, isto é, ela é do tamanho do ponto criado do encontro exato entre a caneta e o papel com as marcas da letra deixadas pela mesma, e qualquer desvio signi fica um erro. As coisas podem parecer difíceis e complicadas, mas anos de experiência e milhares de alunos comprovaram que a precisão não é problema. As pessoas são capazes de aprender defesas complexas dentro de alguns minutos – os alunos percebem e absorvem as técnicas com rapidez. Eles compreendem a presença de erros e entendem que não existe um processo de aprendizagem sem errar no caminho. O problema começa justamente com os professores e instrutores, ou seja, o mestre sempre tem medo do fracasso, teme que algum aluno faça uma pergunta que ele não saberia responder, então ele improvisa. Mas o pupilo di ficulta e insiste: “Por que não consigo aplicar esta técnica? ” Um professor confiante faria o aluno “sentir” a maneira correta de fazer o movimento, demonstrando pessoalmente para o aluno, da mesma forma que meu pai fazia. Mas aqui o problema só aumenta. Caso o instrutor não domine suficientemente todos os detalhes da defesa, falhará na frente de seus alunos, algo que ele jamais poderia suportar. E nesse momento as mudanças se iniciam. Não é que os instrutores não possam estudar – eles simplesmente não querem, uma vez que alterar a técnica é muito mais fácil. A sabedoria, a compreensão e a capacidade exigidas para ser um grande professor são signi ficantes. Quando o professor faz a técnica de forma correta, mas o aluno na sua frente é mais forte do que ele, o professor deveria admitir para seus discípulos: “ vocês podem perceber
que, em casos extremos, a pura técnica não é o suficiente, é necessário aplicar mais um pouco de força física 16*, vão e treinem mais forte”. E eis um outro exemplo, talvez o pior de todos: aqueles “professores” que ensinam o exercício trezentos e sessenta graus como parte de defesa contra faca e assim só confirmam o fato de que realmente não aprenderam com meu pai, mas apenas “roubaram” (assim escolheu se expressar um desses “professores” ) movimentos e exercícios de filmes americanos de ação. O objetivo no ensinamento do exercício trezentos e sessenta graus é o de melhorar a coordenação olho – mão, olho – mão – perna etc., e só isso. O exercício não consiste de modo algum em um treinamento de luta. Meu pai sempre certi ficou-se de deixar bem clara essa regra de trezentos 16. Também o mundo do Judô passou por uma revolução quando o gigante holandês Anton Geesink ganhou a medalha ouro nos não jogostinha olímpicos de 1964, em Tókio. Até estivesse então, acreditava-se no Judô que o tamanho dosdeoponentes importância – venceria quem mais preparado, mais bem treinado, mais veloz. No entanto, Anton Geesin k provou que quando dois oponentes, com experiência e habilidades iguais, se enfrentam, quem tiver mais força e mais peso leva vantagem. Percebemos este prob lema em livramentos de pegadas de pescoço do lado e de trás. Im i sempre dizia e explicava que, neste caso, é necessário aplicar bastante força, mas ainda é possível fazer a defesa.
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e sessenta graus. Quando ele ensinou defesas contra ataque de faca, ele advertiu repetitivamente sobre um certo “ponto morto” no corpo do defensor, que é por onde o ataque inimigo sempre penetraria. E é precisamente este ponto que fica exposto quando utiliza-se trezentos e sessenta graus para defender contra facadas. E ainda, percebe-se que (quase) todos os “professores”, hoje em dia, ensinam trezentos e sessenta graus contra faca. Por quê? Há múltiplos motivos para tal. Talvez o movimento seja mais rápido e mais curto, a coordenação olho – mão é mais e ficaz, tudo isso está correto. Entretanto, a faca sempre atingirá aquele “ponto morto”. Meu pai, no começo de seu caminho (a técnica foi desenvolvida nos anos 1974- 1975) ensinou uma técnica de ataque com faca criada no intuito de penetrar qualquer posição possível de defesa, e o alvo foi exatamente aquele ponto morto acima mencionado. Como ficou quase impossível defender-se contra esse tipo de ataque, meu pai pediu a seus dez discípulos que não mostrassem para mais ninguém. Eli Avikzar, até onde eu sei, realmente não ensinou para ninguém e também Yaron evita fazê-lo, já que não há nenhuma referência à técnica nem nos livros em Hebraico que escreveu com meu pai e tampouco no “The Book of Krav-Magá – The Bible”. Assim, esse exercício de ataque ficou mantido em segredo até hoje. Não citaremos nem seu nome para não insinuar sobre seus movimentos. Ensinar trezentos e sessenta graus contra ataque de faca é contrário à lógica do Krav-Magá. Isso mostra covardia, ignorância profissional e falta de domínio nas técnicas de controle do oponente!!! 17* Meu pai sempre advertiu: “Entrem para o oponente, ou ele vai “entrar” em vocês”. Seu exemplo favorito para demonstrar sucesso ou fracasso na aplicação de alguma técnica era: dois boxeadores estão se enfrentando. Sempre um vencerá e o outro perderá. Isso signi fica que um deles é pior do que o outro? Não, apenas significa que hoje ele perdeu. Amanhã ele vencerá. Este é o caminho do mundo. Explicar todos os princípios da defesa pessoal no Krav-Magá é um objetivo irreal, especialmente num livro que trata da história da arte e não no seu aspecto prático. Toquei levemente no assunto, apenas no intuito de afiar a compreensão e o pensamento e explicar a lógica profissional que guiou meu pai ao criar as defesas e a arte marcial toda. Do mesmo modo que Moisés desceu do Monte Sinai e não modificou e adequou os dez mandamentos de acordo com a festança que lhe esperava aos pés da montanha, ninguém tem o direito de mudar a criação histórica do meu pai, o fundador da arte marcial israelense para defesa pessoal – o Krav-Magá.
17. O exercício Trezentos e Sessenta Graus constituiu um ponto de transformação no Krav-Magá, e por este motivo o exercício é mencionado várias vezes na pesquisa, cada vez com outros aspectos e de diferentes pontos de vista e análise prática e teórica, que no final levam ao mesmo resultado.
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O Krav-Magá como sistema eclético 1* Uma mulher que chegasse a algum evento social e reparasse numa outra mulher que usasse o mesmo vestido que ela, ou uma roupa igual, reagiria com um ataque emocional misturado à dor, inveja e fúria. Ela seria capaz até de abandonar o local na hora, seja com o objetivo de não voltar nunca mais, seja para buscar alguma alternativa visual. Homens, por natureza e definição, são diferentes. Eles não se preocupam nem um pouco com roupas idênticas. No entanto, percebendo a presença de um “Macho-Alfa”, representando o glamour da masculinidade, mais bonito, vestido de acordo com a última moda, mais musculoso, mais inteligente, mais charmoso e rápido em suas reações, qualquer homem se sentiria ameaçado imediatamente. Não seria uma forma de ameaça onde há risco de vida, nem o tipo de ameaça que poderia levar à realização de um duelo mortal. Contudo, esse sentimento causa uma sensação de baixa autocon fiança. Em casos assim, é provável que sejam feitas tentativas de achar elementos mais conhecidos e através deles encontrar encorajamento, força e claro, procurar defeitos naquele “bem sucedido”, já que cada distorção encontrada aumentará a nossa própria autoestima. Este é o modo de pensar humano. O mesmo ocorre em conversas sobre o Krav-Magá, o nosso “Macho-Alfa”. Sempre se repete a questão da arte marcial eclética, às vezes com a finalidade de obter respostas sérias e em outras apenas para “queimar o filme” do Krav-Magá e de sua reputação e tentar diminuir sua qualidade, duvidando assim de seu “status” de Macho-Alfa. Ou seja, não há nada atrás dessas a firmações a não ser inveja ou ausência total de conhecimento dos locutores. Está na hora de acabar com toda essa ignorância, abrir os olhos de todos e explicar de uma vez por todas o significado do termo “sistema eclético” e como este se diferencia de arte marcial, já que o KravMagá não é um “sistema eclético”, nem “arte eclética” e claro que tampouco, um sistema. Aqueles que sentem-se intimidados com a presença do Krav-Magá podem simplesmente mudar para o lado vencedor e começar a praticá-lo. É necessário explanar aqui que minhas palavras referem-se ao ato srcinal de criação do Krav-Magá pelo meu pai, ao seu caminho completo, perfeito e único, (uma vez que é justamente este caminho que atrai a maioria dos comentários a respeito do “eclético ), 1. No ano de 1988, lançou-se o primeiro livro do Krav-Magá, que se tornou quase imediatamente o manual o ficial do exército, da polícia e de outros serviços de segu rança em Israel. Consequentemente, foram publicadas na imprensa israelense algumas reportagens que rejeitaram o caminho de Imi e o livro que elaborou junto com Yaron, alegando que o Krav-Magá não passa de um “sistema eclético”. Em resposta, a revista acadêmica da Universidade de Jerusalém div ulgou um contra-artigo, explicando e esclarecendo os motivos pelos quais o Krav-Magá não é um sistema eclético, dando um fim às discussões sobre o assunto. O art igo atual é baseado maiormente sobre o escr ito naquelas reportagens parciais, que foram guiadas sobretudo pelo editor de um grande jornal em Israel, ele mesmo envolvido na tentativa de criar um novo “sistema de luta”. Obviamente que sabemos o nome daquele editor, mas não achamos razão para anunciá-lo. O principal objetivo daqueles artigos era tentar e legitimar o uso do nome de Imi e do Krav-Magá para inventar diversos “sistemas” ausentes de qualquer conteúdo real.
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e não a todas as versões deficientes e inválidas hoje apresentadas, que são o principal objeto da nossa pesquisa. Sobre estas, pode-se comentar e escrever tudo. Os ensinamentos srcinais do meu pai, mesmo se não estejam tão expostos ao público como já estavam, ainda existem e são aprendidos por muitos no mundo inteiro, pelos verdadeiros fãs e seguidores da arte. Ademais, em relação ao ocorrido hoje em dia no mundo do Krav-Magá, excluindo evidentemente o caminho srcinal do meu pai, é certamente possível chamar de “sistema” todos aqueles miseráveis conjuntos de movimentos e exercícios que de alguma forma conseguiram sobreviver, e chamar até de “sistema eclético” (veja os comentários do Sr. Haim Zut, no capítulo “Documentos & Testemunhos” ). Não há nenhum segredo aqui: os praticantes daquelas versões limitadas admitem e anunciam publicamente a adição de diversas técnicas e exercícios, tornando “seus sistemas” de fato “ecléticos”. Entretanto, no caminho srcinal do meu pai a realidade é completamente diferente. Os acontecimentos históricos diários estabelecem fatos interessantes. Não passa sequer um dia sem que alguma “arte marcial” nova surgia em algum lugar no mundo. Por exemplo, já ouvimos falar de um indivíduo mexicano que a firmava que um grande sacerdote asteca apareceu no seu sonho e a noite toda os dois treinaram e praticaram e, de manhã, quando o grande antecessor voltou ao céu, o mortal mexicano já conhecia de forma detalhada toda a antiga arte marcial asteca. Qualquer um, com mínima de inteligência, sabe que os astecas não desenvolveram nenhuma arte marcial. Mas tudo isso não tem nenhuma importância, já que aquele indivíduo foi esquecido mesma velocidade em que ganhou sua “fama”, e nós somos provavelmente os na únicos no mundo que ainda o lembram e o mencionam. O mesmo destino de sumiço total ocorreu também com muitos “sistemas” de Caratê, que eram bastante populares, há cerca de vinte anos atrás. E não se enganem a pensar que a sua vida chegou ao fim por causa do progresso, o fato é que “sistemas de luta” não fornecem as respostas que o público busca. Esses sistemas sempre se perderão com o tempo, simplesmente por que são baseados puramente no ego de seus criadores e na sua vontade de ganhar dinheiro e rápido, enganando os leigos e os ingênuos. No estado atual, o mesmo perigo se espera para o Krav-Magá 2*, a não ser que seus praticantes aprendam a controlar seus enormes egos e se unam sob um nome, um caminho, um líder, seguindo os ensinamentos srcinais do meu pai, que poucos hoje em dia conhecem. O fim do Krav-Magá como arte marcial está próximo e o sistema de pequenos principados espalhados ao redor dos países jamais funcionará. No dia em que aparecesse um feudal faminto de poder e domínio, somente a cooperação salvaria os pequenos. Senão, o “Grande Feudal da História” 2. Cerca de uma década se passou desde a morte de Imi até a elaboração destas linhas. E realmente já estamos testemunhando o lento sumiço de todos aqueles “sistemas” que surgiram depois de seu falecimento, roubando seu nome e o do K rav-Magá. É prová vel que na próxima década elas desapareçam por completo. Em sua famosa música, Bob Marley canta: “Você pode enganar uma parte das pessoas numa parte do tempo, mas não todas as pessoas o tempo todo ” (You can fool some of the people some of the time, but not all the people all the time). Este princípio se aplica aqui, sem dúvida nenhuma.
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apagaria seus nomes dos registros e arquivos de seu tempo e isso é o pior de tudo. E, novamente, este processo não signi ficaria nada, uma vez que por cada “sistema” que some, surgem dois no seu lugar, apenas os melhores sobrevivem. Seria uma espécie de teoria da evolução das artes marciais. Levanta-se aqui mais uma vez a pergunta fundamental: qual seria a definição correta e verdadeira de uma arte marcial? Precisaremos, primeiramente, compreender a moldura que contém todas as artes marciais para depois selecionar e entender os componentes ecléticos que constroem uma arte marcial. Em seguida, a análise de uma arte marcial daria a nós os instrumentos adequados e necessários para termos a chave da absoluta compreensão das diferentes combinações. Para aprender e compreender o que signi fica o termo “arte marcial”, precisamos inicialmente chegar à fonte, ao ponto onde tudo teve início. A srcem desta noção não é de nenhuma língua européia, e de fato a expressão “arte marcial” não aparece ao longo da história militar daquele continente, e isso apesar de ter passado por inúmeras guerras e conquistas. Eventualmente se fundou alguma ordem de guerreiros, principalmente na Idade Média, na época dos cavaleiros heróicos que usavam armadura maciça e espadas pesadas demais para serem manipuladas em batalha. Tudo começou, então, no ano de 1274, quando os mongóis, liderados pelo temido Kublai-Khan, tentaram invadir o Japão. Entretanto, o desembarque nas ilhas orientais acabou se tornando uma humilhante derrota ao líder mongol. A cultura japonesa da guerra não era conhecida pelos invasores e esse foi o principal motivo do desastre militar. A notória espada do Samurai, apesar de ainda não ter assumido a sua forma mais aperfeiçoada, já era mais fina e mais leve do que as espadas pesadas usadas fora do Japão. O sabre japonês, sendo mais ligeiro e fácil de manusear, ao contrário de armas estrangeiras, exigia o uso de apenas uma mão para cortar, atacar e defender. Os japoneses adequaram sua principal arma às proporções modestas de seus corpos, tornando-a a sua maior vantagem. Apesar de o uso da espada não ter alcançado o amadurecimento cognitivo completo, os japoneses perceberam que a vitória naquela batalha, naquela tentativa de invasão, foi devido a sua espada e a sua técnica de combater com a espada. O processo tinha começado, mas ainda não havia chegado ao ponto de uma criação perfeita. Esta aconteceria sete anos mais tarde, no ano de 1281, quando os mongóis tentaram novamente invadir o Japão. Desta vez, o triunfo dos militares japoneses foi maior ainda e a supremacia da espada japonesa virou um fato incontestável. Daquele momento em diante, começou o processo de veneração da espada do Samurai e ela tornou-se mais importante do que o próprio guerreiro que a segurava. referindo àquela época e ao campo das artes concepção japonesa (estamos nos marciais) A é minimalista, ou seja, “Máxima criação com mínima movimentação”. Um
dos exemplos mais marcantes disso, que existe até hoje, é o método de “Escrita Zen” ou a arte da pintura japonesa. Podemos observar esta técnica minimalista nas pinturas do Yamamoto Musashi. O tema da percepção japonesa do conjunto das 109
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artes criativas é fundamental para entende r o caminho de criação da arte da espada e das artes marciais em geral. O artista japonês confere uma importância crucial não apenas à aparência final de sua obra, mas principalmente à sua noção de Zen e de como esta é demonstrada e expressa na sua obra. Todas estas características focaram-se na construção de uma classe de superguerreiros, a carregar e lutar com a suavidas, santaosespada, por uma santa fisemi-sagrados, nalidade. Comoautorizados é de praxe em todos os campos de suas japoneses estabeleceram um sistema de leis rígidas e severas, que constituem as regras de honra: honra com a espada, honra com o portador da arma, honra ao senhor feudal. E, acima de tudo, adotaram uma conduta de honra cruel e intransigente os próprios portadores da espada, os Samurais: eram as regras do autorespeito, da honra própria. Esses códigos de comportamento são considerados até hoje uma parte inseparável de qualquer arte marcial 3*, praticantes que não os mantenham não fazem arte marcial e com certeza não poderiam ser chamados de artistas marciais. Evidentemente que esses preceitos in fluenciaram também o procedimento de criação do sabre japonês. Poucos têm a sorte de presenciar o processo de forjamento da espada nas oficinas artesanais especializadas e observar como as regras de honra são respeitadas acima de tudo, sendo elas meramente tradicionais ou vigorosamente religiosas. O artesão sempre veste branco – Akama branca e por cima dela a parte superior do Gi, também completamente branco. É este conceito de idealização e consagração do processo de criação da espada que a levou aos níveis tão extraordinários de perfeição, que até hoje, apesar de toda a tecnologia disponível, este processo ainda não foi copiado pela ciência moderna. Enquanto no ocidente os artesãos das espadas focalizaram apenas a própria produção da espada, os japoneses adotaram uma atitude que, apesar de sua crueldade, deu à espada a sua incomparável qualidade e seu status, estabelecendo o alto padrão dos artesãos japoneses. Prisioneiros que foram condenados à morte, tornaram-se “cobaias” para testar novas espadas, antes que essas fossem entregues aos guerreiros. Desta forma, ficou possível aperfeiçoar o processo de fabricação do metal e da espada toda, dando início à primeira arte marcial inteira, totalizada. O Samurai que usava o sabre sabia que estava segurando a arma perfeita. 3. O código de honra e regras de conduta aparecem no livro “Haga-Kurê”, traduzido para qu ase todos os idiomas no mundo. Este conjunto de leis explica detalhadamente como um Samurai ou artista marcial devem se comportar e agir. Essas regras são também conhecidas pelo nome “Bushidô”. As escrituras não são fáceis de ser compreendidas, simplesmente por fazerem parte de uma época que, em favor da argumentação, poderíamos a firmar que já passou e acabou há muito tempo. Mas será? fl
Ainda existem praticantes – no Judô, noaiAikidô, no eKendô, arco e echa, no Caratê, no Kung-Fu e acimadedeartes tudomarciais no K rav-Magá - que nda agem seguemnareligiosamente essas leis e regras. Não existe outro caminho quando se tr ata do termo “arte marcial”. A leitura da “ HagaKurê” daria ao leitor os instru mentos necessários para entender a pesquisa toda, uma vez que fomos guiados pelos mesmos princípios de amor próprio e amor ao outro. E, acima de tudo, in finito amor e respeito ao professor – Imi, em nosso caso, exatamente como aparece na “Haga-Kurê”.
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Foi essa atitude em relação à espada e ao processo de sua fabricação que abriram o caminho em direção à perfeição física e mental que, por sua vez, levaram à criação da primeira arte marcial japonesa, a “mãe” de todas as artes marciais – o Jiu-Jitsu Japonês, baseada naquelas intransigentes regras e princípios. De fato, o Jiu-Jitsu Japonês foi criado para ser usado mais por exércitos grandes e organizados do que por solitários. A fiarte aprimorada pore dezenas centenasque de milhares de indivíduos soldados, durante as in nitasfoiguerras internas diversaseinvasões o Japão passou ao longo dos séculos. Apenas o capricho japonês, o “Olhar de Zen” poderia ter criado uma arte marcial tão abrangente e completa como o Jiu-Jitsu Japonês, do qual se separaram mais tarde o Caratê ShotoKan, o Judô, o Aikidô e até certas partes do Krav-Magá, que foram inspiradas nele. Lembramos que meu pai era portador de faixa preta no Jiu-Jitsu Japonês e no Judô. Sem dúvida foi o espírito do guerreiro japonês que levou à criação da arte. Há um outro ponto de vista que, embora não seja diretamente relacionado ao aspecto japonês, ainda precisa ser analisado por ter contribuído imensamente para o desenvolvimento da técnica de pensar e entender o signi ficado das artes marciais. Quando os japoneses conquistaram a pequena ilha de Okinawa, eles proibiram os habitantes locais de portar qualquer tipo de arma, enquanto os soldados imperiais protegiam seu corpo utilizando armaduras feitas de Bambu. E foi assim que os nativos da ilha criaram pela primeira vez a técnica de uso do punho, para quebrar e penetrar através das armaduras japonesas e machucar seus corpos. A técnica é baseada no fortalecimento dos dois maiores ossos na fonte dos dedos indicador e do dedo médio, que podem ser calejados quase sem limite 4*. Essa técnica é vista como um protótipo das artes marciais, ou seja, sem conhecer este método, a prática das artes marciais é nula. Um artista marcial é obrigado a seguir os princípios que guiaram a construção das artes marciais no Japão. Em caso contrário, ele não seria um artista marcial e tampouco a sua prática poderia ser considerada como arte marcial. 4. O mesmo princípio se aplica quando se trata das diversas técnicas de chutes. Ao chutar com a bola do pé, somos capazes de penetrar at ravés da “armadura” e dos músculos abdominais de nosso oponente. Contudo, um chute com as costas do pé não teria força su ficiente para atravessar os abdominais e peitorais de um oponente bem treinado. O elemento crucial de cada arte marcial é a capacidade humana, a possibilidade do praticante de fortalecer a si mesmo e ao seu cor po até o ponto em que suas pernas e mãos tornem-se armas próprias. A descrição mais adequada aqui seria o termo “Arma Humana”. Podemos observar um exemplo disso nos treinos do Caratê, no qual se quebra madeiras usando apenas as mãos. Imi sempre duvidou deste método e costumava dizer: “ é fácil bater num pedaço de madeira que não bate de volta”. Porém, ele também sempre a firmava que o corpo deve ficar fortes para causar o maior estar preparado tudo, e quePor as isso, bolasImi do pé e os punhos estrago possívelpara ao oponente. sempre alegavadevem que o exercício mais difícil para aplicar no Krav-Magá é o golpe com a mão esquerda para frente. Com mínimo caminho e mínimo tempo precisamos alcançar velocidade máxima, força máxima, passar o máximo de peso em direção ao oponente e com um ún ico golpe quebrar seu maxilar e o der rubar. Este também é o motivo pelo qual criou a tão especial técnica, exclusiva para o Krav-Magá – “A técnica do caminho de volta”.
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Os princípios são: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
Amor próprio acima de tudo. Respeito ao outro. O uso do Gi branco como sinal de pureza. Profundos conhecimentos nas filosofias das artes marciais Domínio do “KI”. Sabedoria mental em relação ao espírito das artes marciais. Capacidade de compreender e ligar a alma ao corpo, seguindo os princípios de Zen. 8. A vontade de estudar e se aprimorar constantemente, até alcançar controle total do corpo. Estes característicos são e sempre foram a base prática e teórica de todos os praticantes de artes marciais e estão presentes também no Krav-Magá, sendo uma arte marcial tradicional. Meu pai certi ficou-se de incluir estas regras, considerando duas delas como valores supremos – o amor próprio e o amor ao outro. A explicação e descrição completa da criação das artes marciais constituiriam um livro separado e bem grosso. Eu trouxe os esclarecimentos acima mencionados apenas no intuito de relacionar as artes marciais de forma que cada praticante saiba e entenda quais são as exigências que ele deve manter e cumprir, e como identi ficá-las dentro do Krav-Magá. As perfeições que existem no Kendô,que ou meu no Jiu-Jitsu permanecem no mesmoabsolutas modo também no Krav-Magá pai criou,Japonês, e eis a importância da compreensão destes elementos. É possível analisar as coisas de um ângulo diferente. Hoje em dia, todo atleta pro fissional acaba se machucando de uma forma ou outra, seja durante os treinamentos, seja durante a competição. O corpo humano nunca seria forte o su ficiente para suprir todas nossas necessidades. Os fatores que impulsionam o esportista a continuar treinando e se esforçando são sua mente e força de vontade. Médicos que tratam lesões causadas por atividade esportiva sempre ordenam em primeiro lugar um longo e absoluto descanso. Mas, para o atleta machucado, o corpo jamais derrotaria o espírito e, portanto, eles normalmente não escutam as recomendações dos médicos e continuam suas atividades, apesar dos ferimentos. O nome arte marcial é o mais popular, porém o mais adequado seria “Arma Humana”. Ao olharmos o Jiu-Jitsu Japonês através do mesmo ponto de vista que denomina o Krav-Magá como “sistema” eclético, teríamos necessariamente que chamar também esta antiga e complexa arte marcial com o mesmo “apelido”. O JiuJitsu Japonês junta dentro de si o Caratê, o Judô, o Aikidô, o Kendô, a arte do arco e flecha e outras formas de luta com armas antigas, algumas mais conhecidas do que outras. Será que este fato torna o Jiu-Jitsu Japonês um “sistema” eclético ? A história pessoal e o currículo profissional do meu pai se estendem para vários campos: ele era pugilista, lutador de greco-romana, fez dança, trabalhou como trapezista e praticou Judô e Jiu-Jitsu Japonês. 112
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Agora, vamos realizar um pequeno experimento (como nós realmente fizemos): Acharemos um verdadeiro perito das artes marciais que serviria para examinar, avaliar e dar sua sentença final. Por exemplo, alguém com capacidade comprovada de controle sobre a técnica de emprego das pernas e dos pés nos diferentes chutes, que compreenda perfeitamente aqueles princípios e saiba diferenciar entre os exercícios e técnicas de cada arte marcial e distinguir entre os movimentos corporais típicos de cada arte marcial ( eu me refiro aqui especi ficamente às artes ma rciais clássicas, como o Jiu-Jitsu Japonês, o Caratê, o Judô, o Aikidô etc. ). Então, uma pessoa desta magnitude perceberia imediatamente que os praticantes de Krav-Magá não têm os mesmos movimentos e a mesma linguagem corporal peculiar de nenhuma outra arte marcial. Em que parte no Krav-Magá, exatamente, existe algum exercício que remotamente lembra algum movimento do Caratê e do Judô? Ou alguma técnica de qualquer outra arte marcial? A essência dos exercícios diferencia muito um dos outros. No artigo sobre o Krav-Magá como arte marcial para defesa pessoal, é explicado de forma clara e comprovada que os movimentos e técnicas presentes no Krav-Magá não podem ser encontrados em nenhuma outra arte marcial. Aqui voltamos novamente ao ponto de partida: a sensação de intimidação e a falta de autoconfiança são as causas da perda de controle verbal nas pessoas ( afinal, quantos professores têm a autocon fiança de admitir que o Krav-Magá é a melhor arte marcial para defesa pessoal? É verdade, normalmente - diria o instrutor - o nosso caminho também é bom, mas o Krav-Magá é o melhor de todos. Da mesma forma que uma modelo fulano é a mais bonita e a mais requisitada, ou um jogador de futebol etc. ).
Existe um outro argumento teórico - filosófico, usado pelos verdadeiros ignorantes e incapazes: mas, dizem eles, no Krav-Magá há golpes, chutes e também rolamentos, quedas e livramentos, ataques e defesas. Pois, qual arte marcial não inclui estes elementos ? O pai das artes marciais, Budidaharma, sentou dentro de uma caverna ao lado do templo do Shao-Lin durante nove anos, e após essa época começou a criar o Kung-Fu. Ele montou esta arte juntando e imitando movimentos de diversos animais, baseando-se nas movimentações folcloristas da antiga dança indiana–budista, na qual vários bichos são usados para simbolizar os deuses do panteão indiano, sendo que cada animal é representado por diferentes movimentos, como os do macaco, da cobra, do grilo, do galo, etc. (apenas quem já viu uma luta de galos, entenderia a potência de um chute para trás ou até para frente que a pequena ave possui e esta é a srcem dos chutes traseiros ). Evidentemente que xistem aqueles que levantariam aqui
a bandeira da combinação eclética e, na verdade, eles estariam certos. Eu concordo com esta visão totalmente – a arte de Budidaharama é o perfeito exemplo do termo “criação eclética”, não há dúvida nenhuma quanto a isso. Trata-se neste caso da mistura de movimentos aleatórios sem o estabelecimento de relação direta entre eles e a arte. Mas assim se esgotam também as alegações a respeito do tema, uma vez que todas as artes marciais existentes hoje em dia são em última instância derivadas do primário e puro Kung-Fu. Percebe-se, então, que todos os estilos marciais são na verdade ecléticos, a não ser que aceitemos a equação física de que “não se cria algo 113
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do nada”. Desta forma, também Budidaharama está inocente da acusação eclética, já que usou elementos deixados pela natureza para criar os movimentos do Kung-Fu, exatamente como Colombo não descobriu a América – ela estava ali o tempo todo e ele apenas encontrou o caminho até lá e redesenhou os mapas. Seguindo esses princípios, devemos nos conformar e aceitar que o Kung-Fu não é um “sistema” eclético, e, portanto, nem o Krav-Magá. Vamos examinar os requisitos para a invenção de um “sistema” ( no artigo “Documentos & Testemunhos” dissertamos amplamente sobre o signi ficado da noção de “sistema”, popular mente utilizado em relação às artes marciais em geral e ao Krav-Magá em especí fico). Quando
um indivíduo levanta de manhã e declara ter inventado um novo “sistema” mas, na verdade, tudo que fez foi juntar, por exemplo, um terço de Caratê, um terço de Judô e um terço de Jiu-Jitsu Japonês, então aqui percebe-se com clareza uma ação eclética deliberada. Essas três artes marciais já existem há muito tempo e são aprendidas e conhecidas por milhões de pessoas em todo o mundo. Uma re-modulação dos três componentes não signi fica a criação de algo novo, isso sim poderia ser chamado de um “sistema eclético”. O Kung-Fu não é uma combinação de outras artes marciais previamente existentes; quando essa arte marcial chinesa foi desenvolvida, não havia ainda outras artes marciais, o que a torna a pioneira de todos os estilos marciais. Os movimentos de dança que inspiraram os primeiros exercícios do KungFu não podem ser considerados uma forma de luta, mas muito pelo contrário, as movimentações tradicionais da dança são por natureza suaves e delicadas, ausentes de qualquer vestígio de violência. O propósito da dança é o de agradar aos deuses e não intimidá-los (os movimentos da dança incluem também elementos “ameaçadores” , mas estes não constituem uma par te ativa dela e são expressados apenas pela compreensão dos espectadores do conjunto de movimentos e acontecimentos da cerimônia inteira ). Há uma vasta con firmação
acadêmica para o fato de que ambas as danças folclóricas, budistas e hinduístas, não possuem sinais de uma arte marcial. Na verdade, foi justamente a arte marcial indiana tradicional 5* que se afastou em seus movimentos da dança, do Kung-Fu e das artes marciais japonesas. Ademais, ao examinar as técnicas de golpes e chutes no Kung-Fu, percebemos que essas não são nada parecidas com as do Krav-Magá. Na verdade, as formas de aplicação dos diferentes golpes e chutes no Krav-Magá não têm igual em nenhuma outra arte marcial. Os movimentos de ataque no Krav-Magá baseiam-se no princípio da “volta”, uma concepção exclusiva do Krav-Magá. Esta técnica, apesar de ser mais difícil e complicada em relação às de outras artes marciais, comprovouse como a mais eficaz pela velocidade e potência insuperáveis que o praticante pode 5. Na arte do Calari não se usa o Gi do Judô, mas apenas calças curtas e o corpo todo é ungido de óleo antes dosrcens treino.na Obviamente que não há nenhuma relação entre oàZen estafato ar surpreendente te, apesar dela ter suas Índia. Também a prática da Io ga não é ligada ar teBudismo indiana,eum por si. Entretanto, uma parte dos treinamentos de flexibilidade daquele método indiano de luta, sem dúvida foi adotada da Ioga. Como regra geral, a arte da Calari baseia-se no uso de diferentes armas de srcem local, e, portanto, estas armas não são conhecidas no Kung-Fu. Seu uso nunca foi observado fora das fronteiras indianas.
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alcançar ao utilizá-las. Quando meu pai criou as técnicas de chutes do Krav-Magá, cerca de quarenta anos atrás, elas estavam em total contradição com tudo que era conhecido no campo das artes marciais, como por exemplo, chute para os testículos ou outras partes do corpo usando a bola do pé, em vez das costas do pé (também este movimento tão único já foi alterado por alguns de seus “sucessores” ). Muitos instrutores fi
e professores de pai. luta A mudaram seusdoconceitos pro- ssionais depoisda deaplicação observar de os métodos do meu concepção Krav-Magá sempre depois algum golpe ou chute voltaremos à nossa base, à posição de saída - também era bastante inovadora e pioneira. Mas comparando com o conjunto universal das artes marciais, as renovações que mencionamos aqui são apenas uma mínima parcela dos movimentos revolucionários introduzidos pelo meu pai através do Krav-Magá. Portanto, perguntamos novamente: onde ficam os elementos ecléticos? O processo de integração no Krav-Magá dos diferentes exercícios e movimentos, srcinários das diversas técnicas não existe em nenhuma outra arte marcial e talvez seja por isso que o “produto” final é considerado uma arte completa. No entanto, seguindo os princípios da justiça e da honestidade social, devemos mencionar o fato de que meu pai empenhou-se para que seus dez discípulos se educassem não apenas no Krav-Magá, mas também em outros estilos de luta e modalidades esportivas relacionadas à área. Vários de seus mais próximos amigos e colegas foram “recrutados” para passar lições de outras técnicas de combate, como Luta Greco-Romana e aulas de pugilismo que eram ministradas principalmente pelo Sr. Oskar Klein, um velhopor e bom companheiro do meu pai. No judoca primeiroisraelense, curso parao formação de instrutores, exemplo, ele convidou o famoso Sr. Edmund Buzaglo para demonstrar e ensinar exercícios do Judô. Nas tradicionais aulas aos Sábados, Eli Avikzar, depois de ter recebido a sua faixa preta, começou a dar treinamentos regulares de Aikidô. A finalidade do meu pai era simples: ele queria que cada instrutor ou praticante faixa preta de Krav-Magá tivesse o que ele denominou de “intelectualidade profissional”, isto é, uma compreensão e percepção ampliadas ao máximo sobre as outras artes marciais existentes. “ Conheçam seu inimigo”, nas palavras do meu pai, “Aprendam e observem as posturas, as posições
e os movimentos corporais do oponente, tornem-se peritos na leitura da linguagem corporal”. E realmente alguns de seus alunos mais graduados alcançaram um grau tão avançado na leitura da linguagem corporal alheia, que a aplicação evoluiu ao nível de uma estratégia obrigatória no ensino de técnicas de luta – “ preveja os movimentos de seu rival”. Esses atos comprovam mais uma vez a autoconfiança e a coragem do meu pai, infelizmente características raras nas pessoas hoje em dia. O Sr. Yaron, sendo um do meu professores pai, abraçoudee adotou de braços a atitude “livre” do meudiscípulo pai de convidar outras áreas. E foiabertos mais longe ainda quando (com o objetivo de aprimorar e melhorar técnicas especí ficas) chamou um instrutor de Balé que treinou com seus alunos faixas pretas durante algum tempo sobre a aplicação de piruetas no ar, para aperfeiçoar sua capacidade de fazer chute faca voador com 115
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giro (veja “The Book of Krav-Magá – The Bible, página 335 ). Essas ações não podem ser consideradas uma criação eclética, ponto final (há uma clara e conclusiva diferença entre treinar para dominar uma cer ta técnica e um ato eclético ). Uma profunda análise sobre o núcleo das artes marciais alheias para encontrar o que falta nelas no campo da defesa pessoal - esta é uma verdadeira criação srcinal, da mesmacria-se forma uma que através da observação junção dança hinduísta arte marcial. Ver o quee não estádos ali,movimentos descobrir o de caminho secreto que o levaria aonde ninguém antes pisou, foram estes os atos do meu pai ao desenhar os movimentos do Krav-Magá. As características adquiridas por aqueles que praticam o caminho completo do meu pai são as responsáveis pela alteração da concepção geral em relação à defesa pessoal no mundo inteiro. Sempre existirão tolos que seguirão o “fundador” de um sistema ou outro, a história humana é cheia de exemplos desse tipo, isso não é nenhuma novidade, mas eles tendem a sumir rapidamente nas nuvens do tempo e do esquecimento histórico. É necessário muito mais do que a mera combinação de alguns exercícios e teorias filosóficas vagas para criar uma verdadeira arte marcial, que se sustentará e sobreviverá por milhares de anos. O público não é tão inteligente, mas também está longe da estupidez, e, no final, ele entende que a “mercadoria” vendida não vale o preço exigido. Os gigantes que criaram as tradicionais artes marciais foram abençoados com “algo a mais”. Carisma, genialidade, habilidades físicas e mentais, nem sempre são o suficiente. Muitos possuem esses característicos, mas isso ainda não os torna Milhões dom para pintar, praticam esta artesempre. em cursos, ficará em sua casa,criadores. no seu tempo livre,têm e a omaioria deles anônima para Isto se aplica a qualquer campo artístico. Milhões de pessoas servem nas forças armadas ao redor do mundo como soldados e oficiais e somente um milésimo deles, ou até menos do que isso, se tornaria general no final de seu caminho, e desses, apenas pouquíssimos ganhariam uma verdadeira glória em combate. Os fundadores das tradicionais artes marciais cabiam, normalmente de forma não intencional, dentro de um inexplorado nicho das artes marciais em relação ao seu tempo. Deliberadamente ou não, os fundadores surgiram com seus estilos marciais justamente nos momentos em que a humanidade estava procurando substitutos para as clássicas lutas do pugilismo e Greco-Romana, que são relativamente repetitivas e pouco empolgantes. E, de repente, novos jogadores apareceram. O Judô Japonês, acompanhado pelo exotismo e mistério do oriente, ingressou quase que imediatamente para as olimpíadas. Também o Caratê milagrosamente encontrou o seu canto, com treinamentos e competições de exibição nas quais se ganha medalhas quebrando vários materiais, mostrando sua força e seguindo os caminhos espirituaisem do todo oriente. Não é por acaso que esta oarte se popularizou tão rapidamente o mundo – era exatamente quemarcial todos estavam procurando. Já o Aikidô é reservado àqueles que buscam uma maior e mais precisa compreensão dos ensinamentos mentais / filosóficos japoneses, através da aprendizagem e do uso de “KI” – uma tremenda e inexplicável força, controlada 116
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somente por aqueles que entendem e percebem a sua inimaginável potência, que aos olhos leigos passaria despercebida. Somente o medo das pessoas de “tocar” nos aspectos filosóficos impediu uma maior popularização do Aikidô. E neste ponto chegamos ao Krav-Magá. Tudo começou no final dos anos sessenta do século XX, no ano de 1967, para ser exato. O Estado de Israel,daumdestruição lugar microscópico no Segunda mapa global, foiMundial, fundado depois e como consequência e horrores da Guerra na qual a maioria da nação judaica foi extinta. Em seus primeiros dias, o Estado de Israel recebeu refugiados judeus de todas as partes do mundo. Até hoje, mais de sessenta anos depois de sua fundação, esse país ainda vive épocas constantes de terror e guerras sem fim, perdendo todo dia os melhores de seus filhos, de seus guerreiros. No entanto, esse povo, com seu minúsculo e remoto território, tem algo que nenhuma outra nação possui. Algo que nem seus quatrocentos milhões de inimigos, que o cercam de todos os lados do Oriente Médio, conseguem derrotá-lo e aniquilá-lo: em cada conflito ou guerra ocorrida, o povo israelense sempre saiu prevalecendo. A forma como o Estado foi fundado e a sua trajetória de sobrevivência são fontes diárias de notícias para jornais e noticiários em todo mundo, por que todos gostam de heróis e o consistente tratamento dado ao Estado judeu só o torna cada vez mais popular. Todos querem descobrir o grande “segredo”, até aqueles que não nutrem muito “afeto” pelo pequeno país. Voltando ao ano de 1967, depois de uma inesquecível e glorificante vitória, quando derrotou todos seus inimigos em apenas seis dias e conquistou em todoIsrael o Oriente Médio, apareceu um homem grande e modesto, como seterritórios saísse de alguma lenda local. Com seu carisma e charme, ele apresentou ao faminto mundo a arte marcial israelense, algo que ninguém esperava ou acreditava na sua existência. Os mais velhos, aqueles da geração que lutou na guerra dos seis dias, recordam claramente as reportagens e artigos na imprensa internacional sobre a “teoria da conspiração”, de acordo com a qual Israel usou uma arma altamente secreta na guerra dos seis dias, e que somente por isso venceu a guerra tão facilmente. Para combater essas “alegações”, o exército e o governo israelenses publicaram livros e álbuns especiais para comemorar a vitória, e neles apresentaram sempre fotos de dois soldados israelenses, um homem e uma mulher, ao lado estava escrito: “Essa é a nossa arma secreta! ”. E foi justamente este nicho que meu pai encontrou no KravMagá: a procura mundial pela “arma secreta” de Israel, seja ela verdadeira ou não. Ou seja, usando a linguagem de pescadores que meu pai apreciava, o mundo engoliu a isca, a vara, a linha e até o próprio pescador. Mas não era apenas a situação global que estava à procura de algo renovador, nem a bravura das pessoas ou marciais de um país. O público descobriu o que estava lhe faltando nas tradicionais artes – a defesa pessoal. A criminalidade estava crescendo mundo afora, o terror começou a se erguer e os cidadãos exigiram, corretamente, soluções rápidas e e ficazes. Neste ponto, o Krav-Magá parecia ter sido costurado sob medida para o mundo – o homem certo – Imi, a arte certa – o 117
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Krav-Magá 6*, o tempo e o local certos – Israel. Não há uma receita melhor do que esta para o sucesso. Assim, é possível que um dia alguém desenvolva uma arte marcial nova, srcinal e única, mas se não couber no nicho certo e no tempo certo, provavelmente sumirá no esquecimento histórico. Desde que o Krav-Magá começou a se popularizar, muitos tentavam aproveitar de seu êxito. Porém, a maioria deles não possui nem o mínimo de conhecimento sobre esta arte. Portanto, não se pode julgar uma arte marcial tão longa, complexa, completa e perfeita de acordo com as a firmações de algumas bocas ignorantes. Esperamos que esta pesquisa esclareça este tema de uma vez por todas!
6. É necessário entender um outro fator aqui: é possível que nem Imi e nem sua criação chegassem aonde estão hoje sem a incrível capacidade do Imi de comprovar com atos a e ficácia e e ficiência de suas técnicas e das defesas que criou. Pessoas de vários campos e ocupações como a rtistas marciais, militares, policias, agentes dos serviços secretos etc., examinaram e analisaram, no começo do caminho de Imi, cada mínimo movimento dentro do conjunto de exercícios que compõem o Krav-Magá. Somente depois que compreenderam e ficaram convencidos das proporções bíblicas de sua criação e da capacidade do K rav-Magá de da r soluções de defesa pessoal, deu-se início ao grande entusiasmo. No entanto, hoje em dia percebemos cada vez mais a utili zação do nome Krav-Magá, mas sem a inclusão prática de todos os exercícios de ataque e defesa criados por Imi. Muitas pessoas “inventam” defesas contra faca ou contra a rma que não funcionam na realidade. Imi e o Krav-Magá foram os primeiros, e até este momento os únicos, que criaram defesas reais e comprovadamente e ficazes. Assim, a glória do K rav-Magá não apareceu do nada, mas baseou-se em pro fissionalismo e compreensão pro fissional. E de novo mencionamos um fato curioso: todos aqueles que tentam vender um “K rav-Magá militar” nunca foram combatentes no exército. Cada instrutor de Krav-Magá não necessariamente tem que ser israelense, pelo contrário. No por exemplo, há não um são número su ficiente ao redor do mundo para enquanto surgirem o bonsCaratê, professores, mesmo se japoneses. Masdeo praticantes Caratê já existe há bastante tempo, Krav-Magá ainda é relativamente nov o. Muitos daqueles que a firmam estar ensinando o K rav-Magá, não o fazem realmente. É parecido com a situação de um homem que tem um encontro romântico com um outro homem fantasiado de mulher e o primeiro nem i magina a sur presa que o aguarda....
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O Espírito – Parte I
O espírito - parte I Zen está presente no Krav-Magá da mesma forma que existem nele chutes e golpes, ataques e defesas. Porém, o machado da re-modificação de sua história tampouco poupou essa gloriosa parte de importância máxima na qualificação de qualquer artista marcial e de um praticante de Krav-Magá, especificamente. O objetivo deste capítulo não é ensinar Zen, mas mostrar e explicar a sua existência, suas finalidades e razões e porque constitui um componente integral e inseparável do Krav-Magá. Queremos, inclusive, comprovar que o fundador do Krav-Magá conhecia o espírito do Oriente e sabia como fundi-lo delicadamente dentro da arte marcial que criou.
Essa impotência com a qual tentam infectar meus movimentos, ignorando a minha respiração, o sopro do Krav-Magá. As defesas, os ataques, os golpes e chutes e o conjunto inteiro de exercícios no Krav-Magá não existiria sem aquele espírito. Quando este é removido e não está mais presente e influente, ou não foi incluído desde o início, haverá no final um sentimento de carência, de escassez, que por sua vez levará a uma busca por alguma recompensa ou substituição, que normalmente aparece na forma de movimentos brutais que exigem força signi ficante para serem aplicados. Vejam como são executadas hoje em dia defesas contra faca ou livramentos de estrangulamentos e agarramentos: utiliza-se muita força, que é um elemento estranho aos princípios da defesa pessoal no Krav-Magá. É necessário ler, aprender e entender o modo correto de aplicação das defesas e dos livramentos como eles são explicados no livro “The Book of Krav-Magá The uma Bible”, não demonstrados como já vimose em vários outros “livros”, nos quais se ensina a–usar dosee desnecessária de força física. O ato de refugiar-se na utilização da força aponta para vários equívocos e para um desentendimento básico do Krav-Magá como arte marcial em geral e como arte marcial para defesa pessoal em especí fico, além de mostrar falta de profissionalismo, que se srcina em período curto demais de quali ficação. E claro, o mais importante de tudo, o total desconhecimento do “outro lado” do Krav-Magá. A ignorância se reflete em situações como defesas contra ataque de faca, por exemplo, onde há uso da técnica de trezentos e sessenta graus, que neste caso é um pecado indesculpável. Esse padrão se repete em outras oportunidades e nenhuma pessoa tem o direito de afirmar “Eu pratico somente a parte física do Krav-Magá, evitando qualquer ligação com o lado espiritual”. Isso é parecido com alguém que vá ao rabino e diz a ele: “Rabino, sou um homem religioso e honesto, sigo os ensinamentos de Deus,
rezo todo dia, mantenho o sagrado Sábado e as regras da comida “Kosher”, mas às Sextas Feiras como carne de porco cozido com leite” 1*. 1. Já que o objeto desta pesquisa é o Krav-Magá, srcinado em Israel, trouxemos um exemplo adequado para tal. De acordo com a religião judaica, comer carne de porco é um pecado indesculpável e ainda admitir isso em frente ao rabino – ninguém ousaria a fazê-lo. Misturar carne com leite é um pecado igualmente severo. Segundo as leis judaicas, carne e leite devem ser ingeridos separadamente, com intervalo mínimo de seis horas entre cada refeição.
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O Espírito – Parte I
A História do Krav-Magá
O Krav-Magá inclui dentro dele as desamarradas pontas daquele espírito que o aluno deve agarrar com ambas suas palmas e amarrar junto com seus pensamentos e compreensão. Não ouso tomar a liberdade de tentar explicar a forma como Zen constitui parte inseparável do Krav-Magá 2*. A pesquisa não trata desse tema, porque é um assunto profissional, factual e não histórico. Ademais, o objetivo do nosso trabalhoEntretanto, nunca foi o não ladoéprático do ignorar Krav-Magá. possível a ligação entre os dois – a história de Zen frente a do Krav-Magá. Mesmo quando a falta de atenção não é deliberada e ocorre por falta de conhecimento simples, não se aceita esta desculpa. Alunos de Zen costumavam passar uma década com seus educadores, até serem quali ficados eles mesmos como professores. E realmente os alunos do meu pai esperavam dez anos até receberem a faixa preta. E um outro fenômeno curioso: a maioria dos mestres de Zen também formou cada um cerca de apenas dez alunos; novamente a semelhança nos atinge. A minha intenção aqui não é dizer que meu pai tinha somente dez alunos, mas que ele escolheu esses dez para completar o longo caminho até a faixa preta. Não acredito que só por isso podemos determinar de forma conclusiva que meu pai conheceu e se aprofundou nos ensinamentos de Zen. Porém, é necessário entender que uma pessoa como meu pai, mesmo não tenho seguido uma concepção universal de Zen, criou uma arte marcial complexa e perfeita, o que já signi fica que ele possuía uma visão mais ampla, mesmo que não fosse completamente “consciente”. Não é raro ver grandes artistas que não podem explicar com palavras os abençoados momentos de inspiração que os levaram a criar a sua imortal obraprima. Quando meu pai desenvolveu e ensinou as diferentes formas de chutes no Krav-Magá, ele deu uma atenção máxima às técnicas de controle do pé e da perna, do corpo e de nosso equilíbrio ( infelizmente essas técnicas quase foram extintas nas versões limitadas do Krav-Magá). De modo geral, quem aprendeu e conheceu essas técnicas sabe que não é possível dominá-las sem ter uma mínima compreensão de Zen, para tentar e combinar a força mental com os vários movimentos corporais. E uma vez aprendidos os caminhos espirituais, o aluno não poderá mais continuar sem eles – é o espírito que domina agora seus movimentos. Novamente não há escape em citar como referência o livro “The Book of Krav-Magá – The Bible” para aqueles interessados em expandir suas noções sobre o assunto. E para quem se interessa em compreender a conexão espiritual entre os dois universos, recomendamos fortemente ler o maravilhoso livro do alemão Eugen Harrigel – “A Arte do Arco e Flecha”, ou o livro de Lie Yu-Kou – “Liezi”, que descreve como já há dois mil e seiscentos anos atrás os arqueiros e lutadores chineses combinavam Zen (em seu estado primário) com a própria prática da arte marcial. 2. Veja no livro “ Zen Buddhism and Psychoanalysis”, de Dr. D.T Suzuki, páginas 44-48. Embora a explicação seja referente à arte da espada, na realidade, quando se trata do aspecto de Zen, não há diferença entre uma arte marcial e outra.
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E de novo não podemos deixar de pensar que a comercialização do KravMagá e a sua transformação de uma arte marcial redonda e completa em algo confuso e sem nenhuma destinação além de seu nome - como é apresentado hoje em dia, totalmente castrado - não é o verdadeiro caminho do meu pai. Isso está especialmente certo quando examinamos com mais atenção o livro “The Book of Krav-Magá – The Bible”, ou os primeiros dois livros sobre o Krav-Magá, publicados somente em Hebraico os quais meu pai foi parceiro ativo na elaboração. O primeiro: “Krav-Magá – Guia para Defesa Pessoal” e o segundo: “Krav-Magá – A Potência, O Mistério, A Verdade” 3*. Não é possível se esquivar dos fatos concretos que constroem a inabalável sequência lógica, segundo a qual o Krav-Magá é baseado do início ao fim nos fundamentos espirituais existentes, embora de modo um pouco variável, em algumas das outras artes marciais. É difícil apontar o ponto preciso de ligação, como por exemplo, que estilo de luta é o mais próximo do Krav-Magá em sua essência espiritual. Visamos a técnica mental do Krav-Magá, fundamentada nos princípios da “Entrada” e da penetração contra o “Território” inimigo no intuito de defender ou atacar. Encontramos uma atitude igual no “caminho” descrito no imortal livro de Yamamoto Musashi, “O Livro dos Cinco Anéis”. Ali achamos uma descrição exata da visão do meu pai, especialmente no que diz respeito à defesa pessoal e à penetração do ataque inimigo durante a luta. Essa atitude tem suas fontes também no passado do meu pai, que era pugilista e lutador de peso pesado. Portanto, o espírito da arena, as lutas, a vitória e a derrota eram seus companheiros e parte permanente e integral de sua concepção do mundo. Assim, afirmamos que a abordagem de Musashi sobre a essência da luta não é diferente da sua percepção aos olhos do meu pai ou de guerreiros de seu nível, nomeadamente no ambiente militar que servia como o berço do Krav-Magá, quando meu pai recebeu liberdade absoluta para treinar soldados de unidades de elite como parte de sua preparação para o combate. Entretanto, já com seus dez pupilos pioneiros, meu pai enfatizou a parte prática do Krav-Magá como arte marcial, especificamente a técnica de controle do corpo, seja num movimento isolado como golpe esquerdo para frente, seja em conjuntos mais complexos como os variáveis chutes regulares, ou técnicas de chutes voadores que nos levam para uma viagem através do passado de meu pai como trapezista. Ser trapezista não é uma pro fissão fácil e não é qualquer um que pode exercê-la, ficar lá em cima, pendurado entre a vida e a morte, com rede de segurança ou não (meu pai nunca usava a rede), para isto é necessário ter algo a mais. Não sei quantos trapezistas já ouviram falar de Musashi, mas nenhum artista voador desse tipo, além do meu pai, jamais criou alguma arte marcial e esta é a inevitável conexão entre os dois universos: o espiritual e o físico / corporal. 3. Esses livros são considerados hoje itens para colecionadores. De fato, qualquer livro sobre o KravMagá que foi escrito posteriormente a esses dois, é nada mais do que uma péssima imitação.
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Há quem julgue (e eu conheço pessoas assim pessoalmente ) ser a melhor forma simplesmente mandar entregar pelo correio a faixa preta com o diploma. E por que não? A mesma prática está presente também em áreas ligadas à preservação de vidas humanas. Mas por outro lado, sempre existem aqueles que são contra, que estão dispostos dedicar Mesmo tempo e que esforço para treinar, aprender eou educar-se, sequer uma atalho. as palavras “Krav-Magá” o termosem arteprocurar marcial estejam extintos de nosso mundo (e talvez no futuro viveremos num mundo sem palavras), desde o início da humanidade e até seu último dia, sempre teremos alguns corajosos dispostos a seguir um outro caminho, a buscar a iluminação se preferirem, aqueles que não aceitam o óbvio como tal, que entendem que a força não está apenas nos músculos e que de fato há algo que move os músculos. Meu pai era uma dessas pessoas que levam a sociedade global para frente. Não nos referimos aqui ao aspecto filosófico do Krav-Magá – esta é uma outra dimensão distinta. Com a palavra / noção “Espírito” pretendemos tratar da abordagem espiritual do próprio Krav-Magá e dos resultados de sua aplicação no corpo e na mente do praticante, da mesma forma que a mãe gestante carrega seu filho no útero. A filosofia já é a próxima fase, que explica e demonstra como iria agir o aluno que leva dentro de si “Os caminhos espirituais” do Krav-Magá. A tentativa de apresentar o Krav-Magá como árido nesta área constituiu uma ignorância sem precedentes. Meu pai jamais conseguiria criar sua arte marcial sem este espírito. Osespiritualidade, maiores guerreiros na uma história humana eramE constantemente acompanhados pela como sombra eterna. se no passado essa “mística” não tinha um nome definido (pelo menos no Ocidente ), então agora sua definição está clara e entendida por todos seus cantos e ângulos e virou até objeto de múltiplas pesquisas e teses acadêmicas que conferem aos seus elaboradores diversas nomeações, graduações e cargos altos como professores e diretores acadêmicos. Na verdade, duvido que seja possível chamar uma arte marcial de tal sem a existência dos princípios espirituais. Não se deve ignorar a incontestável presença de Zen dentro do Krav-Magá. Uma análise cuidadosa de muitos dos exercícios e movimentos comprovaria que é impossível desconhecer este fato, especialmente quando se trata das várias técnicas de chutes e livramentos, nas quais se aplica em especí fico o princípio de penetrar no território do agressor, uma vez que não apenas Zen aparece ao longo de toda a arte, mas também um de seus “descendentes” - Ki. Esta força e o modo de usá-la foram demonstrados e explicados em inúmeras ocasiões pelo meu pai. Portanto, no intuito de enxergar o caminho do Krav-Magá como arte marcial com todos seusé exatamente significados,Krav-Magá, precisamosouprimeiramente ter conhecimento e compreensão do que no que constituem as artes marciais em geral. No primeiro livro do Krav-Magá, lançado no ano de 1988, o Sr. Yaron publicou pela primeira vez um artigo que expõe o monge indiano Budidaharama como 122
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o pai das artes marciais, por ter criado o Kung-Fu, do qual surgiram posteriormente o resto das artes marciais do Oriente. No começo, o Kung-Fu servia ao objetivo de fortalecer os corpos e mentes dos monges, para prepará-los melhor para as tarefas diárias. Todos os exercícios foram construídos baseando-se no mesmo princípio: o princípio da natureza, isto é, o fortalecimento dos músculos absorvendo energia espiritual.de Essa de coordenar os diferentesdo movimentos corporais euma os músculos um capacidade lado, e a focalização da espiritualidade outro lado, mantendo simbiose perfeita entre os dois, é um dos pilares de qualquer arte marcial. Podemos achar um exemplo clássico disso ao observar a prática milenar do Tai-Chi-Chuan (mesmo que esta não seja uma arte marcial no sentido completo da palavra ). Budidaharama recebeu a inspiração para desenvolver o Kung-fu de sua especialidade na dança indiana folclorista e ritual religiosa de adoração aos diversos deuses do panteão Hindu, na qual cada deus simboliza um outro animal e cada técnica de dança é caracterizada por movimentos que imitam, lembram e se srcinam de algum animal especí fico. Em dias de feriados sagrados dedicados a esse fim, as garotas mais novas, especialmente treinadas para tal, caminharam até os templos demonstrando os passos e movimentos rituais da dança. Muitas vezes era exigido um profundo conhecimento para entender totalmente todos os movimentos, acompanhados por uma música tocada também com uma técnica distinta 4*. Seria impossível imaginar alguém que dominasse todo o vasto e complexo conjunto de movimentos de dança dos diferentes deuses indianos. fi
Há umaque corrente queosa primeiros rma ser justamente essa exigência de perfeição na movimentação constituiu passos no caminho para o desenvolvimento de Zen, da forma que ele aparece atualmente nas artes da espada, do arco e também no Krav-Magá. E ao examinarmos a genialidade dos fundadores das artes marciais, esse pensamento se torna possível: Budidaharama, depois de passar nove anos dentro de uma caverna até alcançar a iluminação que lhe possibilitou enxergar o mundo como ele é, começou a criar e construir o Kung-Fu. Entretanto, a primeira abordagem em relação ao Budidaharama deve ser de um ponto de vista anterior ao Kung-Fu. No início de sua trajetória, Budidaharama era um monge budista, e quando estava a caminho da China entendeu que necessitava encontrar o “caminho” certo. Este ato o levou a um período de prolongado isolamento na caverna, durante nove anos, ao final dos quais descobriu o Zen-Budismo. De fato, ele é o criador de Zen da forma como o conhecemos hoje em dia. Sendo assim, é fácil entender como ele chegou a criar o Kung-Fu, embora devamos mencionar mais uma vez que a criação elementar de alguma arte marcial nunca é baseada apenas em Zen. Isso explica também por que o Kung-Fu sobreviveu e ficou 4. Interessante ver que também no Brasil, onde a capoeira possui o status de uma arte nacional, os movimentos da dança são aplicados com o acompanhamento de instrumento musical especial chamado de Berimbau e normalmente também se junta à dança o ritmo da bateria. O ponto curioso é que há muitos no Brasil e fora de lá que tentam apresentar a Capoeira como arte marcial. Só resta esperar e ver se no futuro a Capoeira seguirá os passos do Kung-Fu.
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até hoje como arte marcial chinesa. Na China, o caminho adotado não é Zen, mas sim o “Caminho de Tao”. Apenas quando o Zen-Budismo desembarcou no Japão é que ele chegou ao seu estado atual e levou à criação das artes marciais. O Kung-Fu combina com o povo chinês como luva na palma da mão. É uma arte bastante colorida, que possui movimentos longos, teatrais e variados, mesmo que por vezes esses movimentos não tenham nenhum valor do ponto de vista de uma arte marcial, já que eles se srcinam em movimentos “suaves” da dança delicada das garotas dos templos. Talvez seja este o motivo para o grande número de mulheres que praticam o “suave” Kung-Fu, cerca de cinquenta por cento do número total de praticantes, enquanto nas artes marciais mais “duras” o número de alunas cai drasticamente, especialmente no Ocidente. As técnicas de “força do espírito” existentes no Kung-Fu ainda não se igualam em sua potência às mesmas técnicas das artes marciais japonesas. Atualmente, nas grandes escolas de Kung-Fu na China, e especialmente depois que essas abriram suas portas para turistas ocidentais, a ênfase está mais no aspecto teatral dessa maravilhosa arte do que na parte principal. Tampouco faltam imitações vergonhosas que parecem ter saído diretamente de um filme americano de ação. Mas de qualquer forma, todos os praticantes de artes marciais na atualidade devem seus agradecimentos a este imenso povo, o berço de uma cultura global. O Kung-Fu, devemos lembrar, foi criado por e para pessoas de corpo relativamente modesto, como as diversas nações asiáticas que possuem uma concepção mental e espiritual da força, baseada maiormente nos princípios do Budismo e do Taoísmo. Isso difere muito da percepção dos ocidentais (o Cristianismo considera a “carne” mais importante do que o espírito ), que por natureza são maiores e mais duros, e têm corpos mais “quadrados”. Seja qual for a nossa perspectiva, o praticante de artes marciais é ligado à capacidade mental que conecta o aluno e a arte, da mesma forma que o feto se alimenta da mãe através do cordão umbilical. O nível e a qualidade da espiritualidade de cada arte marcial, separadamente, é o fator que determinará o caminho final do praticante como artista e ser humano. No aspecto físico, o Kung-Fu certamente pode ser definido como uma arte de movimentos fantásticos, imaginários. Mas por mais que louvemos o Kung-Fu, ainda é necessário ir mais em direção ao leste asiático – até o Japão, no intuito de aprofundar e diferenciar nosso envolvimento no assunto, examinar e ver as artes marciais que surgiram naquelas distantes ilhas e aprender sobre o processo de seu surgimento. Adquirir inteligência profissional é uma necessidade (apesar do paradoxo) para quem deseja aprimorar seus conhecimentos a respeito do desenvolvimento das artes marciais. Esta aprendizagem tem influências diretas e imediatas sobre o Kravfi
Magá, que assim seríamos capazes de perceber e julgar sobre aé de de umauma arte vez marcial. Será que qualquer combinação de socos e chutes umanição arte marcial? Hoje em dia não existe quase um país no mundo inteiro onde não haja sido criado algum estilo local de luta, como o Sambo russo, o Lima Lama mexicano, 124
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o Box Tailandês, a Capoeira brasileira, o Calari indiano, e a lista ainda é longa e não acaba por aqui. Se analisássemos e examinássemos cada um desses “sistemas” separadamente, veríamos que existe uma ligação antropológica com os nativos mais do que alguma relação concreta com a concepção pura e completa das artes marciais. Em muitos desses estilos percebe-se número reduzido de golpes com a mão e a perna, além de ausência total de técnicas complexas, especialmente quando se trata de técnicas de controle do corpo, como as do Caratê e do Krav-Magá. A tradicional Capoeira brasileira, por exemplo, não tem nenhuma forma de golpes ou chutes, uma vez que a sua srcem está nos movimentos de uma dança africana sem quaisquer elementos espirituais orientais. Muito estranho é o fato de que, atualmente, tentam denominar “arte marcial” os movimentos desta dança folclorista. O sistema indiano tampouco demonstra em sua técnica de chutes a divisão clássica para quatro posições de movimentação em cada chute - eles aplicam um movimento só, como se estivessem levantando a perna em vez de propriamente chutar no sentido profissional correto. Se continuarmos neste caminho, veríamos que cada “sistema” foi criado de acordo com as condições locais e seguindo a conduta espiritual e física dos habitantes naquele ambiente e não necessariamente como tentativa de copiar ou imitar as srcens. Somente os japoneses tiveram a capacidade de desenvolver seus estilos de luta baseando-se nos princípios de Yen e Yang. Propositalmente ou não, as artes marciais japonesas são diversas e variadas, mas todas possuem a mesma base espiritual, apesar de serem tão diferentes umas das outras no aspecto da prática física. Cada um dos estilos marciais japoneses têm suas próprias características distintas, mas todas as artes juntas formam uma única moldura completa que representa todo o povo japonês. A abordagem japonesa é diferente da chinesa, não apenas pela vontade de introduzir mudanças, mas também por causa das diferenças físicas e concepções mentais distintas dos dois povos. Uma leitura da linguagem corporal do chinês comum revela uso exagerado de movimentos corporais que têm como objetivo disfarçar e esconder as reais intenções atrás dos movimentos teatrais. Enquanto isso, o japonês é mais direto, mais crítico e possui uma linguagem corporal mais clara e evidente, que serve como extensão da expressão verbal de suas idéias e palavras, especialmente quando observamos a combinação entre a movimentação das palmas da mão como ponto de ligação com o resto dos movimentos corporais. Jigoro Kano, o fundador do Judô, estabeleceu algumas regras de conduta que até hoje constituem os fundamentos elementares de todos os praticantes de artes marciais. O kimono (JudoGi), que nós conhecemos, foi criado seguindo códigos rígidos: quantas costuras devem ser feitas e em que parte da roupa para que ele fique fortalecido; kimonos diferentes para alunos e para instrutores; e, acima de tudo, atradicionais utilização artes do kimono branco por quem se respeita. Estaalém lei existe em todas marciais e inclusive no Aikidô, no qual da Akama usa-seasa parte superior do Gi. Na arte marcial indiana, por exemplo, percebemos que o único traje vestido é uma calça curta, já que os indianos passam óleo no seu corpo antes da luta. A 125
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matéria prima do uniforme varia às vezes de uma arte para outra, como tecido mais fino e sem necessidade de costuras fortes no Taekwando, no qual não se pratica arremessos e pegadas e, portanto, a roupa é mais leve ( no entanto, se mantém os mesmos princípios do Gi ); também o sistema de faixas coloridas de Kawaishi, aluno de Jigoro Kano, é copiada por todos os praticantes de artes marciais, desde o dia em que foi criado. Para o fundador de uma nova arte marcial é extremamente difícil continuar fiel a um modo de pensar que emprega pluralismo de vastos horizontes, onde cada um tem a permissão e a liberdade de praticar a arte que quiser e talvez até inventar uma. E, por outro lado, seria talvez mais impossível ainda estabelecer regras que obrigassem o mundo todo. Será? Jikoro Kano o fez pelo Judô e, portanto, devemos considerá-lo como o primeiro teste de uma arte marcial. O Gi do Judô é mais do que uma roupa, talvez seja mais do que um símbolo também. O Judô é o “caminho Delicado” e por mais que o Judô moderno dos jogos olímpicos seja um esporte puro, incluindo regras e arbitragem, a alma ainda existe. Mesmo que nas competições fique difícil identificar e perceber o espírito srcinal, durante o processo de aprendizagem do Judô tradicional - cada exercício separadamente e não como um conjunto de tentativas para ganhar uma medalha - vemos a qualidade do espírito único das artes orientais 5*. Também nas próprias competições é possível perceber, de vez em quando, movimentos que foram feitos através do espírito e não do corpo. Em antigos filmes didáticos e demonstrativos, ainda da época em que tudo foi filmado em preto e branco, podemos ver técnicas do início do Judô, de quando os primeiros gigantes artistas do Judô estavam examinando e desenvolvendo diferentes exercícios em comparação à técnica de flutuação da água, que consiste em um universo completo por si, dentro da experiência espiritual japonêsa de Zen. Esses filmes apresentam o processo correto da criação do Judô, anteriormente a sua transformação num esporte olímpico. É fácil sentir e perceber a presença da força “Ki”, fluindo das históricas filmagens diretamente para seus ossos e músculos. Mesmo se não o desejasse, você sente as ondas de energia enchendo e tomando conta de você, dando uma sensação superior, reservada apenas para quem tenha a sorte de ver essa tão rara perfeição 6*. O professor Kano queria e conseguiu tornar o Judô uma prática mundial, com uma organização regularizadora. A aceitação do Judô como modalidade olímpica deu aos dirigentes da arte a possibilidade de trancar e proteger o Judô: não há mais lugar para improvisos, todos os professores 5. O livro “The Sport of Judo as Practiced in Japan”, de Kiyoshi Kobayashi & Harold E. Sharp. Na página 11 são citados os três principais objetivos do Judô: Desenvolvimento do corpo (Renshindô), Conhecimento da arte marcial (Shoô-buhô), desenvolvimento espiritual (Shishin-hô). As mesmas finalidades
ocorrem também no Krav-Magá. 6. Especialmente nos filmes que mostram a combinação da concepção de Zen sobre a água flutuante e o direcionamento da espiritualidade e da praticidade física para a aplicação de movimentos e exercícios do Judô. Para quem se interesse em saber como se cria uma arte marcial, sugerimos não economizar esforços para conseguir assistir a esses filmes. É uma verdadeira experiência eterna para qualquer artista marcial!
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e instrutores de Judô, no mundo inteiro, ensinam exatamente as mesmas coisas e da mesma forma. Os nomes de todas as técnicas são no Japonês, o idioma de srcem, e ninguém pode proclamar algum grau que não recebeu legalmente, uma vez que tudo está organizado, registrado e fiscalizado pelas associações locais. É justamente essa técnica de registro que a BUKAN, em Israel, a primeira escola de Krav-Magá fundada por meu pai e o Sr. Yaron, tenta manter. Mas no estado atual de guerra total entre as várias organizações, isso é quase impossível. Cada um se outorga o grau e título que queira, sendo que o preço final é pago pelo público, pelos praticantes que acabam muitas vezes treinando com pessoas que não passam de charlatães. O Judô ganhou a sua grande e imediata popularidade por causa de sua atitude relativamente “suave”, mas também porque para ser um judoca é necessário ter um certo caráter, e, sem dúvida, as pessoas que escolhem o Judô como caminho de vida são distintas dos indivíduos que adotam uma luta mais “dura” como, por exemplo, o Caratê. Refiro-me aqui ao Caratê clássico, isto é, o Caratê Shotokan, que constitui o lado oposto do Judô, é uma luta puramente masculina, machista que inclui alguns fatos e elementos antropológicos curiosos. Parte dos movimentos do Caratê, se aplicados em algumas regiões ao redor do Mar Mediterrâneo (com população total estimada em meio bilhão de pessoas ), poderiam significar gestos rudes e ofensivos, um tipo de xingamento com a mão. É o tipo de movimento que, cometido no lugar errado e para a pessoa errada, pode terminar com facas en fiadas na garganta de alguém. Isso prova novamente que algo pode ser adequado para um lugar geográ fico, mas completamente inapropriado para outro. De forma consciente ou não, no Krav-Magá, que se srcina no Oriente Médio, não existe esse tipo de movimentos. É possível que seja algo inconsciente ou até genético. De qualquer forma, o resultado final fala por si mesmo. Gichin Funakushi criou o Caratê para ser uma arte “reta”, todos os movimentos são fortes, duros e exigem bastante força. Não há no Caratê “cantos redondos” ou pontos de deslizamento como no Judô. O praticante de Caratê é arrastado para dentro do regime de movimentos que o cercam, criando um torvelinho de sentidos que protege o aluno e o atrai cada vez mais ao fundo. São movimentos que dão sensação de força e controle, uma impressão de poder. É fácil identi ficar um praticante de Caratê, mesmo que o indivíduo tenha feito apenas algumas aulas há vinte anos atrás, e esta é a grandeza dessa arte marcial. Funakushi levou os diferentes movimentos do Caratê ao maior nível possível de controle mental e físico, e de fato uma parte dos exames de faixa no Caratê inclui demonstrações desse controle. Os árbitros e examinadores, de olho afiado e intransigente, identificam rapidamente o espírito do empenho correto, empenho que não se fundamenta somente no lado corporal. Zenque é um fenômeno espiritual do praticante o controle de seu É corpo, não é você move seus órgãos, masque sãotoma eles que agem independentemente. uma situação na qual a “arte sem arte” cresce e opera o corpo do seu subconsciente. No magnífico livro do filósofo alemão Professor Eugen Herrigel – “Zen e a Arte de Arco e Flecha”, o autor descreve de forma clara e objetiva e com considerável talento 127
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o processo de posse de Zen sobre o nosso subconsciente e dele para o consciente. Funakushi também introduziu esse espírito no Caratê. Uma análise dos lutadores de Caratê de duas ou três décadas atrás deixa uma profunda sensação de admiração sobre o domínio corporal demonstrado. Novamente percebe-se a convivência do físico junto ao mental, colados um ao outro inseparavelmente. Outro exemplo clássico indispensável, e talvez o mais demelhor todos, é o do Aikidô, desenvolvido pelo Morihei Ueshiba. Não existeimportante uma prova e mais adequada para uma arte marcial ligada de forma total a Zen e “Ki”. Creio que a maioria dos seres humanos, e provavelmente também muitos dos praticantes de artes marciais, não está ciente da completa criação das coisas da forma como aconteceram e estão acontecendo e não como alguns interesseiros tentam apresentálas, modificando e corrompendo a história. Seria uma injustiça usar o Aikidô como exemplo, uma coisa que tendemos a fazer (neste caso específico). Porém, não fazemos isso apenas porque nosso espaço aqui é limitado demais para descrever cada arte marcial e suas características especiais e, além disso, nós buscamos os elementos comuns de todas juntas, não as distinções, o que unifica, em vez do que separa. O Aikidô é o caminho quase perfeito do espírito que se conecta ao corpo e de lá sai harmonicamente junto com os movimentos corporais tanto do praticante como do oponente, sendo “Ki” o responsável por todo o processo. Quem não procura saber o caminho espiritual não deve praticar o Aikidô. Novamente percebe-se que é impossível negar um fato: as artes marciais foram baseadas em elementos O teste do ovoao ecorpo da galinha não se aplica aqui sob hipótese alguma,espirituais. o espírito aqui precedeu sem nenhuma dúvida. Primeiro era necessário estabelecer uma base mental e somente depois um caminho corporal, e os dois foram juntados para criar as diferentes artes marciais, começando no caminho da espada samurai, através do Aikidô, até o Krav-Magá, alguns anos mais tarde. Por isso, ao analisar algum estilo marcial, não se deve deixar de ser facilmente impressionado por nomes bonitos que muitas vezes encobrem um passado profissional duvidoso do “chefe” do sistema, e o mesmo vale para as bem planejadas demonstrações. Hoje em dia é bastante comum contratar um coreógrafo especialista para montar o “show”, que normalmente não possui semelhança alguma com a realidade. As pessoas demonstram um receio inicial, instintivo, quando escutam falar sobre o aspecto filosófico das artes marciais. A ignorância e o medo de precisar abrir mão de uma parte de sua personalidade em favor daquela “espiritualidade” srcinamse na falta de conhecimento concreto sobre o assunto. Para facilitar a compreensão do tema, daremos o seguinte exemplo: Realizaremos um grande pulo dos países de srcem das do tradicionais artes marciais, é, Japão e China, e iremos até Israel, a terra natal Krav-Magá, o lugar ondeisto eu cresci e passei os anos da minha infância e juventude e, portanto, conheço bastante todos seus lados complexos. Facilmente eu poderia apontar as explicações adequadas, de onde realmente surgiu o elemento espiritual / filosófico. 128
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Como exemplo, usaremos o exército israelense. Os guerreiros das forças especiais das unidades de elite do exército, os quais eu conheço pessoalmente, me deram muito conhecimento e me ensinaram sobre seu processo de quali ficação, chamado de “Maslul” (seria “o curso” ou “a trajetória” de formação do guerreiro ). “Maslul” é o tempo que o soldado passa estudando sua profissão – ser um combatente. O período de cada “Maslul” varia de uma unidade para outra, mas em média tem duração de dezesseis a dezoito meses. Durante esse tempo o soldado aprende diversas técnicas de tiro, técnicas de ataque contra diferentes alvos, manuseio de múltiplas armas, sobrevivência em campo de combate etc. Entretanto, do ponto de vista do exército, um dos objetivos cruciais é ver se o soldado em questão é adequado para ser um guerreiro numa unidade de elite, ou até ser um guerreiro. Aqui faz-se necessário entender algo de suma importância. Guerreiro não é alguém que sabe segurar um fuzil e atirar. Em Israel, um país infectado por guerras e constantes atentados terroristas, qualquer jovem de catorze ou quinze anos já aprende a atirar. Não há nada especial nisso. A verdadeira prova é estar sob fogo inimigo, com as balas do AK-47 inimigas e as granadas do RPG-7 voando em sua direção numa velocidade como a do som triplicada, invisíveis para o olho humano. E se sentisse uma delas, provavelmente seria a última coisa que sentiria. Esse é o verdadeiro teste. Durante o processo de quali ficação e formação do guerreiro, parte do treinamento inclui um período de tempo servindo na linha de frente do combate, para ver se o soldado nasceu com o “material necessário” para se tornar um guerreiro. Algumas pessoas, uma vez estando sob fogo real, ficariam neutralizadas de medo e horror, incapazes de se locomover, mesmo sabendo que estar naquele lugar pode significar uma morte certa. Outros descobrirão que realmente não sentem medo, mas que esta forma de vida não é o seu passatempo favorito. Já pessoas do terceiro tipo perceberão que é exatamente isso que eles estavam procurando o tempo todo: a adrenalina fluindo no sangue, a sua própria existência pendurada no limite entre a morte e a vida. Só que até agora essa característica estava escondida e apenas depois da primeira experiência começou a se revelar. Essas pessoas descobrem agora a sua autoconfiança. E o que seria essa autoconfiança? Algum músculo oculto no corpo? Um tipo de órgão desconhecido pela medicina moderna? Autoconfiança é um estado de pensamento, ponto final. Estado de pensamento é um processo espiritual, mais um ponto final. Todo processo de paz mental ou autoconfiança é primeiramente cognitivo. Quando um indivíduo compra um carro e deseja ter paz interna, ele adquire um seguro contra acidente e roubo. Este é um pensamento e ao mesmo tempo processo mental – espiritual. Hoje é seguro de carro, amanhã é saber chutar, golpear e defender. Não há diferença. Então, o que na verdade se faz no Krav-Magá? O aluno sobe no Tatami pela primeira vez e aprende a posição de base do Krav-Magá e que essa constitui o pilar do Krav-Magá. Nessa posição ele estaria mais equilibrado, mais flexível, dali ele defenderá e atacará. Quando o praticante 129
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está na posição de base, é como se ele fosse uma montanha – nada poderia machucálo ou prejudicá-lo. Depois de algum tempo o aluno começa a sentir isso, inicia nele o processo de obtenção da autoconfiança, e esse é o lado espiritual. É uma técnica em si, exatamente como aplicar um golpe ou chutar. Nos primeiros anos de nosso caminho, meu pai realmente afirmou que o Krav-Magá, de certo modo, e ele sempre enfatizou as palavras “de certo modo” ao falar desse assunto, não possuía filosofias e influências espirituais. Ele se referiu especialmente aos cursos curtos e intensivos que passou aos soldados, sejam cursos de instrutores ou sejam treinamentos regulares de Krav-Magá. Meu pai claramente distinguiu o Krav-Magá que ensinou no exército, que era relativamente limitado e carente de conteúdo, da arte que ensinou para seus dez discípulos, com os quais de fato construiu o Krav-Magá. Mas tudo isso aconteceu quando eu ainda era uma criança e nem mesmo meu pai sabia onde chegaria meu desenvolvimento e meus limites. Todos os primeiros dez alunos lembram perfeitamente o programa que criou e que denominou de “Mental Training” (treinamento mental). Portanto, eu estranho aqueles que alegam ter o KravMagá ausência de toda forma de filosofia espiritual. Ademais, a única conclusão possível é de que esses indivíduos não conhecem realmente o Krav-Magá e são controlados por sua ignorância e idiotice, enquanto perseguem uma honra que não existe. Um dos objetivos da pesquisa é mostrar os fatos históricos referentes à criação do Krav-Magá pelo seu fundador. Entretanto, é preciso compreender este capítulo no seu contexto correto e exato. Apresento aqui aos leitores somente os fatos diretamente relacionados às tentativas de suprimir a existência do espírito como parte inseparável da arte marcial Krav-Magá (há quem negue até o fato do Krav-Magá ser uma arte marcial), existência que não depende apenas das escrituras e do desejo de enxergar as coisas de determinado modo, mas que é real e concreto como o próprio Krav-Magá, mesmo se esse espírito não contribuísse em nada. Ademais, também se a arte toda dependesse exclusivamente da compreensão do espírito não seria este o lugar adequado para ensinar, explicar e mostrar. Nosso objetivo no trabalho atual se resume a apontar os fatos indiscutíveis, em favor do conhecimento universal, puramente científico. Ou como meu pai disse: “Para adquirir uma capacidade profissional intelectual”. O caminho filosófico é o caminho da força invisível, mas não se enganem – a finalidade de juntar a espiritualidade na arte do Krav-Magá não é o único caminho filosófico do meu pai como ser humano e fundador da arte marcial. É apenas mais um ingrediente da imensa receita que compõe o Krav-Magá como arte marcial para defesa pessoal, que escolhi dar como exemplo da grandeza do meu pai. SoluçõesEste práticas aprendizagem encontradas em nossa pesquisa. não épara umalivro de estudo de de Zen Zen,não masserão somente uma prova para a forte presença e função do mesmo dentro do Krav-Magá, da mesma forma que tem participação em qualquer outra arte marcial tradicional. Os negadores não conseguem apenas pela força de sua negação eliminar o fato da existência de Zen – 130
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o ignorante não pode alegar que a sabedoria não existe. Os que aceitam Zen devem procurar um professor legítimo, para que possam entender e encontrar a verdadeira potência do Krav-Magá como a única arte marcial israelense. Eu não poderia terminar essa parte do capítulo sem incluir a seguinte história: Um dos maiores professores de Krav-Magá em Israel, nos meados da quinta década de sua vida, decidiu seguir o caminho do Musashi e dedicar-se durante três anos para a prática de uma outra arte, desligada do campo das artes marciais. Ele resolveu não limitar-se apenas à arte espiritual do corpo, isto é, uma arte marcial, mas desejava experimentar também uma prática produtiva, no intuito de testar sua arte e o si mesmo. Logo, ele construiu uma pequena oficina em um canto isolado nos laranjais que cercavam a sua cidade. Ali, começou sua carreira como ferreiro artesão, desenvolvendo obras artesanais de ferro e metais, usando apenas um forno antigo, movido a lenha para esquentar e moldar a matéria prima, um martelo e uma bigorna. Estive presente na sua oficina quando ele tomou em suas mãos uma pesada barra de ferro com cumprimento de um metro e meio e grossura de trinta milímetros e a colocou no fogo. Ele esperou com paciência até que o ferro alcançasse temperatura próxima a novecentos graus Celsius e recebesse uma cor única amarela - laranja, parecido com a do sol, o que signi fica que o metal está pronto para ser trabalhado. Então, ele tirou a barra do fogo e começou a bater nela com seu imenso martelo e com uma potência igual à de um compressor hidráulico – batendo e esquentando, batendo e esquentando, até que a barra ficou meio metro mais longa e sua ponta tornou-se redonda e fina como uma agulha, para que esta pudesse ser moldurada novamente. Ele trabalhou sem parar durante horas, sem que o martelo saísse de suas mãos e não mostrou nenhum sinal de cansaço. Perguntei a ele como sabe quando e como bater, pois em um momento a barra está grossa, dura e invencível, e, no outro, é fina e delicada e cada erro pequeno poderia frustrar horas de esforços e suor. O gigante artista olhou para mim e disse: “Quando chuto - não sou eu que realmente chuta, quando soco – não sou eu
quem dá o golpe. Qualquer movimento, de ataque ou defesa, na verdade não é feito por mim. E o mesmo princípio se aplica aqui – ao bater no ferro fervente, não sou eu quem o faz. Meu olho enxerga e sabe, meu braço sente e reconhece, minhas pernas sempre me mantêm na posição certa. Todos meus órgãos têm vontade própria, e meu coração entende e chefia tudo. É ele que direciona e comanda todos os movimentos. Eu não faço nada e não guio nada”. “No combate ”, acrescentou e explicou ele, “você precisa abafar, esquecer seus sentidos e sentimentos. Se pensar, sentirá medo e, consequentemente, perderá sua confiança e não saberá quando e como reagir. Deixa o corpo levá-lo e você chegaráÉaonde chegar. Desta forma bato e/ professor não bato no difícildeve encontrar hoje em dia umeu artista de ferro artes ”.marciais desta altura, especialmente no mundo do Krav-Magá. No aniversário de setenta anos do meu pai, ele foi entrevistado pelo jornalista israelense Levi Yitzhak Hayerushalmi, e a entrevista foi publicada na revista “Sof 131
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Shavua”, do jornal “Maariv” (um dos maiores e mais populares em Israel ). A reportagem, que era bastante favorável, centrava no caminho do meu pai como o fundador do Krav-Magá, sua trajetória e status nas forças armadas etc. Em três lugares diferentes ao longo da entrevista meu pai fez questão de explicar a total uni ficação no KravMagá entre o lado físico e o aspecto espiritual, que é uma consequência do primeiro e ambos são inseparáveis. A reportagem foi publicada em 1980, alguns anos antes do início do processo de modificação da história do Krav-Magá. De qualquer modo, essa entrevista serve como prova para a concepção do meu pai de que o Krav-Magá é uma arte marcial que junta o corpo e o espírito em um só. Aliás, na reportagem meu pai aborda o assunto de diversos ângulos, tanto práticos como filosóficos. Podemos praticar Zen apenas para a prática em si, podemos treinar KravMagá e ignorar completamente seus aspectos espirituais e podemos juntar os dois e saber tudo. Porém, ninguém tem o direito de anular o que não conhece e não entende.
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O espírito - parte II O sexto sentido do guerreiro 1* O fato de que o cego não ver o nascer do sol signi fica que o sol irá parar de iluminar o dia? Devemos aceitar aqueles que desejam colocar máscaras em nossos rostos e olhos como as do cavalo que o impedem de olhar para os lados?
Israel é um grande exército, todos já serviram ou estão servindo nas forças armadas ou serão convocados algum dia como reservistas. Isso é um fato inevitável num país que se transformou em uma sociedade bélica. Da mesma forma, também grande parte da gíria usada no dia-dia da rua se srcina em termos militares que foram “civilizados” e agora já se tornaram parte integrante da língua falada, apesar de não fazer parte do idioma srcinal. Indiferente do lugar ou da ocasião, no final a conversa sempre se concentraria em assuntos relacionados ao exército. E nessas conversas muitas vezes repete-se uma história parecida de um dos participantes: “Se eu não pulasse naquele momento, iria tomar uma rajada de tiros no corpo. Eu não sei o que me fez sair do meu lugar justamente naquele segundo”. Do outro lado, é possível escutar civis, que num país infectado pelo terrorismo, vão contar a seguinte história: “Saí tarde de casa e perdi o primeiro ônibus e tive que esperar o próximo
passar, só que por causa disso sobrevivi – um homem bomba subiu no primeiro ”. Essas histórias ônibus e se explodiu dentro dele, junto com todos os passageiros são ouvidas frequentemente em Israel. Antigamente a mídia focava nesses casos e tornava os sobreviventes heróis por uma noite, mas, hoje em dia, a novidade já passou – nós simplesmente aprendemos a conviver com o fenômeno. No maravilhoso e altamente recomendado filme do diretor japonês Akira Kurosawa – “Os Sete Samurais”, podemos assistir como os Samurais são testados e escolhidos. O protagonista do filme ordena a um dos meninos do vilarejo ficar escondido atrás da porta segurando um bastão grande e pesado e bater na cabeça de cada um que quisesse entrar na casa. Seria esse o teste para descobrir quem são os verdadeiros Samurais. Assim, cada guerreiro japonês que chega é convidado a entrar pela porta. No início, o bastão acerta a cabeça de alguns deles, mas outros param seu avanço e não ousam sequer subir os três degraus que levam para o quarto e até gritam perguntando ao Samurai que está sentado na sala esperando por eles que tipo de brincadeira ele está tentando fazer. Esses são os verdadeiros Samurais. Não é que tenhamos começado de repente apoiar filmes americanos de segundo grau, muito pelo contrário. Só que este filme não é uma versão americana medíocre e a cena em questão é muito bem feita e apresenta o melhor da cultura japonesa da espada. A cena ganhou críticas positivas não apenas no nosso livro, mas em muitas outras pesquisas que tratavam da cultura japonesa e da sua infinita preocupação, inclusive nos dias atuais, com a espada Samurai e os próprios Samurais. 1. “Zen Buddhism and Psychoanalysis ”, de Dr. D.T Suzuki, páginas 49 – 50.
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Essa sensação que faz uma pessoa sentir que algo de ruim está prestes a acontecer é uma parte inseparável da vida cotidiana dos praticantes de artes marciais que aceitam os caminhos espirituais de Zen e desenvolvem os antigos sentidos de combate, não apenas com seus corpos, mas também nos seus espíritos. O fenômeno do “Saki” não é imaginário e ele se repete o tempo todo nos livros históricos que documentam osapelidar legados esse dos grandes Samurais guerreiros japoneses espada. Não é possível fenômeno. Talvez eseja uma chama místicadaligada ao Zen, ou alguma influência parapsicológica, ou somente uma intuição telepática. Ninguém jamais pesquisou profundamente esses fenômenos para poder conhecer e determinar sua srcem, suas raízes e como ou se é possível torná-los utilizáveis por todos. Talvez até aprender a controlá-los no intuito de salvar vidas humanas. Mas isso também pode não ser necessário – basta praticar todos os aspectos de uma arte marcial e já estaríamos no caminho certo. Para compreender o espírito de Zen precisamos primeiramente tentar entender as diferenças entre as diversas religiões mais conhecidas. O Judaísmo, sendo a religião condutora, consiste em princípios do corpo e da carne, em mandamentos de “Faça” e “Não Faça”, proibições severas e no temor dos seguidores frente a ira de Deus. O Cristianismo e o Islamismo, com exceção de algumas modi ficações, fundamentam-se nos mesmos princípios. Assim, somente no Hinduismo, com todas suas versões e correntes, sendo Zen apenas uma delas, percebemos que o espírito vem antes de tudo. A primeira e principal finalidade dos seguidores é a eliminação dos desejos corporais em favor elevação espiritual. Quando Siddhartha foidaperguntado sobre o que sabia fazer, sua resposta imediata era: “Eu sei jejuar” (veja o magnífico livro do Autor Hermann Hesse – “SIDDHARTHA”). O jejum é o modo de oprimir o corpo e fortalecer a alma. O corpo é apenas um meio para armazenar o espírito. Esta concepção é totalmente contrária às outras religiões, que consagram e valorizam justamente o corpo. Talvez por isso seja tão difícil para os ocidentais aceitar essa abordagem, uma vez que, para a maioria deles, Zen é ligado normalmente à imagem de monges em togas laranjas mendigando por comida na rua. Ademais, mesmo para aqueles que já praticam alguma arte marcial e querem muito conhecer todos os panos da arte, existem pouquíssimos professores no ocidente que realmente tenham a capacidade de passar os ensinamentos completos deste caminho para o aluno, que saibam juntar de forma exata o “espírito” e o corpo. Para melhor entender as coisas voltaremos à criação do Kung-Fu pelo Budidaharama. Por que motivo ele precisou se isolar na caverna durante nove anos até achar as respostas que procurava? Hoje em dia pegamos um livro em nossas mãos, abrimos na página certa tinha e dentro alguns encontramos a resposta que queríamos. Budidaharama quede buscar as segundos repostas dentro de si, com a força de sua compreensão e sua própria capacidade de análise de equações. Ele não tinha nenhum livro ou material escrito sobre o assunto. Essa lógica explica por que ele precisou de nove anos para alcançar a iluminação. 134
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Em cada artigo, livro, trabalho ou pesquisa sobre Zen encontram-se as noções de subconsciente e espontaneidade. Esses são conceitos-chaves para a compreensão de Zen. Mas onde fica o subconsciente? E se não estamos conscientes dele, como poderíamos controlá-lo do modo que Zen ensina? E a que se refere o uso da palavra “espontaneidade”? Em anúncios de encontros e relacionamentos é comum a expressão: “Homem que essa é a sensívelo esubconsciente espontâneo...e” aserá intenção?encontrar Evidentemente que não. Na verdade, espontaneidade consagrados em Zen são um elemento só: a espontaneidade serve como o catalisador do subconsciente e não existe um sem o outro. Voltaremos por um instante ao Kung-Fu, que, como já sabemos, foi criado observando e imitando os movimentos e as características de vários animais. Inicialmente, olharam e aprenderam a velocidade deles. Este é o segredo para a compreensão das coisas e para a vitória. Assistam a um dos canais globais focados na natureza e vejam a maneira de correr do jaguar ou da onça atrás do cervo. Notem como durante sua fuga o cervo muda a direção da corrida. Agora concentrem o olhar no perseguidor e em como ele corrige a direção de sua perseguição, antes mesmo da presa o fazer. Outro exemplo seriam os macacos que realizam pulos inacreditáveis nas alturas das árvores, às vezes numa altitude de trinta metros, e nunca erram o alvo, ou como eles aplicam rolamentos completos no ar sem nenhuma preparação. Observem a velocidade de suas mãos. Nem a onça e nem o macaco possuem subconsciente e espontaneidade e com certeza jamais aprenderam Zen. Mas será? O Tao-Budismo, o Zen-Budismo, Zen, Shinto e o resto das religiões orientais, todas se baseiam em princípios naturais, isto é, a natureza é tudo. Nós, os humanos, também somos uma parte da natureza, só que não somos mais tão “naturais”. O momento em que a onça “lê” a linguagem corporal de sua presa e altera a direção de seu ataque, esta é a espontaneidade, o tempo de revelação de Zen. “Quando o Samurai segura a sua espada, desaparece toda a habilidade
técnica dele e o treinado subconsciente toma o controle. A espada age como se fosse um ser vivo em si, um ente 2* independente que domina tanto quem a segura como seu oponente. O vencedor do combate não é necessariamente o mais rápido ou o mais habilidoso, mas aquele que tenha uma alma mais pura 3*, e, consequentemente, é capaz de penetrar mais profundamente na alma de seu inimigo. A espada enxerga isso no espelho da verdade e sabe atingir o lugar certo ”. 2. No livro “The Book of Krav-Magá – The Bible”, e também na versão anterior em Hebraico escrito fi
por Imi e Yaron, rmadeles Imi éque Krav-Magá / Defesa pessoal têm uma vida própria. Cadaa um umcada ente movimento vivo. Nós, ose exercício guerreirosno(tanto na defesa como no ataque) apenas os sustentam como parte da nossa essência existencial. A qualidade final do desempenho do exercício depende da nossa condição física, mental e espiritual. Essas são as palavras de Imi e de Yaron. 3. Pura: refere-se àquela espontaneidade intocável e inexplicável. Tudo que podemos fazer é agir de acordo com ela.
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Em nosso passado remoto, quando começamos a descer das árvores e andar retos, vivemos desta maneira, em perseguição permanente atrás da presa. Porém, milhões de anos se passaram e o homem se civilizou. O que era parte inseparável de nossa vida, hoje precisamos re-aprender. O macaco não pensa, ele simplesmente age de acordo com seu caminho. Esta é a compreensão alcançada por Budidaharama. Com base nas características únicas de cada animal que compõe o panteão dos deuses budistas, ele construiu e criou os movimentos do Kung-Fu. De lá ele continuou e tornou o Budismo para Zen-Budismo e Zen. Diz-se que os animais “cheiram” o perigo. Mas os animais não cheiram o perigo, eles o sentem com aquela mesma espontaneidade dos Samurais e dos verdadeiros artistas marciais. É o “Saki” na sua forma mais pura. A história do “Saki” aparece de modo diferente no caso de um outro Samurai, que estava passeando no seu jardim, apreciando e admirando a florescência da cerejeira, quando sentiu em seu corpo a sensação ameaçadora de “Saki”. Imediatamente ele virou para trás procurando a pessoa que desejava matá-lo, mas além do menino que serviu como seu ajudante ele não viu ninguém. Sendo um guerreiro altamente treinado, pois essa sensação já havia salvado sua vida várias vezes, ele aprendeu a confiar nos seus sentidos e no si mesmo. O fato de não conseguir identificar a fonte do perigo o deixava visivelmente irritado. Seus serventes ficaram com medo e se afastaram dele por causa do tamanho de sua raiva, por não conseguir resolver o enigma do “Saki”. No final, o mais velho dos serventes veio falar com ele e perguntou a razão de sua fúria. Quando ouviu o motivo, chamou todos os empregados e inquiriu se um deles havia visto ou escutado alguma coisa. Finalmente, o jovem ajudante que estava com o Samurai na hora fez um passo para frente e confessou que quando viu seu mestre sozinho no jardim e sem sua espada para protegê-lo, pensou como seria fácil chegar atrás dele e matar o famoso Samurai. Zen não é uma ciência e qualquer tentativa de analisá-lo, seguindo padrões científicos, acabará num fracasso total. Zen é baseado na percepção dos sentidos naturais de forma que apenas aqueles que o tornassem seu caminho de vida seriam capazes de entender e enxergar. Esses fenômenos constituem uma parte inseparável da vida natural: todos os animais possuem uma capacidade de sentir um perigo se aproximando. Menos nós, os humanos, que subimos de grau e não somos mais “animais”. Agora precisamos re-desenvolver todos esses sentidos e sensações num processo de re-aprendizagem. A prática de meditação e Ioga tem como finalidade a aquisição dessas características. Aparentemente, alguns vestígios da época dos mais antigos ancestrais da raça humana ainda estão presentes em nossos códigos genéticos. Em algum lugar, bem no fundo de nosso cérebro, há um minúsculo grupo de células sobreviventes, uma vez que podemos afirmar acima de qualquer dúvida, apoiandonos emvimos provasnoconcretas quenovo este sentido especial exista, como início doe infalíveis, capítulo. De estamos/ característica obrigados a retornar para a criação srcinal do meu pai. Meu pai passou a Segunda Guerra Mundial servindo como guerreiro no exército de sua majestade, anexado à legião Tcheca. Meu pai treinou milhares, ou 136
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talvez dezenas de milhares de soldados no exército israelense. Sem dúvida sentiu a mesma sensação de perigo quando estava em combate e provavelmente ouviu várias testemunhas e histórias de casos parecidos dos soldados que treinou no Campo Dora, e mais tarde no Instituto Wingate. Ademais, quando ensinou defesa contra pegada de ombro de trás, explicou repetidamente que a técnica não é baseada sobre a pegada física,por mas objetivo fazereleo colocou aluno sentir a aproximação do agressor trás, quetem no como momento em que sua mão sobre o ombro, já está por um pouco tarde demais para aplicar a defesa apropriadamente (veja a técnica completa no “The Book of Krav-Maga – The Bible”, página 218). Novamente percebemos que meu pai conhecia e estava ciente deste “sentido”, e o encaixou dentro da arte marcial que criou. E eis a história pessoal de um soldado israelense, praticante de Krav-Magá, que lutou na Guerra do Yom-Kipur nas fortificações israelenses ao longo do Canal de Suez. A história foi publicada pela primeira vez em um livro lançado em Israel, apenas no Hebraico:
Durante uma chamada de ordens especiais para o feriado do Dia do Perdão, o oficial responsável pela manutenção das regras religiosas à respeito da cozinha (conhecidas como “Cachrut) 4*, anunciou que amanhã, sendo ambos Sábado e o sagrado feriado, não teremos alimentação na cozinha do quartel. Entretanto, uma vez que todos nós estávamos num posto avançado operacional, cada um podia decidir por si mesmo se gostaria de comer ou ficar de jejum 5*. O cozinheiro do posto, avisou o oficial, é autorizado a escolher se fecha ou abre a cozinha. Eu, pessoalmente, não costumo ficar de jejum. Eu acho ridículo acreditar que jejum de vinte e quatro horas é o suficiente para ser perdoado de todos meus pecados cometidos ao longo do ano. E não menos absurdo me pareceu o fato de que o cozinheiro vai deixar a cozinha aberta para que o pessoal que sai amanhã na patrulha matinal possa se abastecer livremente do armazém de alimentos. Na minha imaginação, já me vi preparando várias das minhas receitas favoritas. Alguns dias atrás, chegou para o posto um caminhão de abastecimento carregado de comidas fresca, e já naquele dia eu botei meu olho no gigante saco de “Migalhas de Sopa” 6*. Antes de ingressar nas forças armadas trabalhei numa fabrica de massas, e ali fiquei viciado nessa comida (até que fui demitido, quando descobriram que comi muito mais do que fabriquei...). Então, planejei que no dia seguinte, quando a maioria dos soldados no posto estaria de jejum e a entrada para a cozinha estaria liberada, faria minha 4. A pessoa nomeada pelo rabinato militar para fiscalizar as regras religiosas a respeito da alimentação e preparação da comida. Por exemplo, de acordo com o Judaísmo, é proibido comer porco ou misturar leite com carne. 5. “Yom-Kipur” – O Dia do Perdão constitui-se de vinte e quatro horas de jejum completo e orações. 6. Um tipo de massa fritada que é servida junto com sopas.
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própria “incursão”. E assim, pensando em todos os tipos de sopa que podia fazer com aquelas migalhas, subi para a minha cama, que estava no segundo andar do beliche. Não sobrou muito tempo para dormir, a patrulha sairia às quatro e meia da manhã (isto é, da madrugada...), e como era o dia de Yom-Kipur, nem café decente tivemos. Não sei como épor possível quase vinte areiaum e no calor do deserto procurando sinaisandar de terroristas sem,quilômetros no mínimo,natomar café da manhã, mas fazer o que... Vesti meu colete com toda a munição, botei o capacete na cabeça, joguei a maca nas costas e vamos lá! Mais um dia no calor infernal e nas areias que fazem suas pernas afundar até o joelho! Já estou vasculhando diariamente o mesmo percurso há mais de um mês, sempre de manhã. A patrulha é realizada ao longo do “Pequeno Amargo Lago” na margem oriental do Canal de Suez. As águas são rasas e claras e é possível ver cada peixinho e cada caranguejo que habitam por lá, olhando para nós, os soldados da patrulha, tentando entender o que exatamente nós perdemos neste lugar tão remoto e esquecido. O objetivo da ronda de hoje foi encontrar rastos de penetração de terroristas ou de soldados egípcios. Estrategicamente, esta era a região perfeita para isso – afastado de qualquer posto de observação que poderia perceber a incursão e com águas rasas que podem ser atravessadas facilmente com barcos infláveis. até um certo por pontoquatro com jipes e, de lá, para atravessar as dunasSomos que transportados nem os veículos quatro conseguem passar, usamos blindados especiais apelidados de “zeldas”, capazes de “arrebentar” nas areais e alcançar uma velocidade máxima de cinquenta a sessenta quilômetros por hora. Quando chegássemos ao ponto inicial começaríamos a andar ao longo da margem do canal, até o ponto final, onde ficaria esperando uma força de ataque pronta para perseguição imediata, para caso nós descobríssemos algum sinal de penetração feita durante a noite. No entanto, pelo menos o último mês foi bastante tranquilo e a única função da força de ataque era esperar e nos levar nas “Zeldas” até o local onde deixamos nossos jipes leves. Geralmente, durante a patrulha, eu me concentro na deslumbrante vista, uma mistura única de deserto e mar, cercada por tranquilidade especial, remota. Dizem que as montanhas altas causam no homem uma sensação de temor e respeito pela natureza, enquanto o mar ativa emoções místicas. Não sei em que medida essas crenças são exatas e verdadeiras, mas pensamentos iguais passaram nas cabeças de todoseterno, nós naquele lugar abandonado até porse Deus. Nenhum barulho perturba o silêncio até os passarinhos e as gaivotas mudaram para longe daqui. Estamos andando em formação de combate, e isso significa que a distância entre nós é grande demais para conversar um com o outro. A selvagem natureza, 138
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essa paisagem virgem descrita no livro do “Gênesis” me afeta profundamente. Confio nos meus instintos que me avisarão caso ocorra algum perigo real, embora sendo mais provável que sejamos atingidos por uma rajada de tiros antes mesmo de perceber o que está acontecendo. Entretanto, desta vez a patrulha era diferente e também hoje, quando já conheço motivo, certa aindaentre não posso o tempo todo não consegui manter a odistância mim e explicá-lo. os soldadosDurante que estavam na minha frente e atrás de mim. Os vários tipos de peixes que normalmente me atraem na longa caminhada, não me interessaram agora. Todos meus pensamentos focaram-se em voltar para o posto e terminar aquela panela de sopa cheia de migalhas. De repente, aproximadamente cinquenta metros na minha frente, o soldado que carregava o rádio ajoelhou-se e, em seguida, o pelotão todo, sem pensar e sem hesitar fez o mesmo, colocando já os dedos no gatilho da arma, prontos para tudo. Durante um mês de rondas matinais não nos atrapalharam sequer uma vez e se o encarregado pelo rádio fica de joelho para receber uma mensagem, a situação é crítica. Tudo isso passa na minha cabeça numa velocidade sobre a qual o tempo não tem controle. Reuven, o sargento do posto, levanta sua mão e sinaliza “concentração” e imediatamente todos ficam de pé e correm para ele. Nesta altura já está evidente que algo ruim tinha acontecido. A mensagem recebida no rádio era clara: a artilharia egípcia do outro lado do canal está mirando seus canhões em nossa direção. Recebemos uma ordem imediataonde paraestá interromper patrulha caminhar para um pré-marcado ponto de encontro, esperandoa por nós ume veiculo de resgate, cerca de um quilômetro e meio do nosso local atual. Passamos a distância até o carro numa velocidade máxima, considerando o fato de que com cada passo ficamos mais e mais afundados na areia. O pesado armamento e a grande quantidade de munição nas costas pesam mais ainda nesses momentos de alta tensão, impossibilitam um avanço rápido demais. Às onze horas da manhã já estávamos de volta ao posto, uma hora mais cedo do que o normal. Sedentos e famintos, cada um prepara a sua bebida e refeição, e eu, claro, agora já na tranquilidade do posto, esqueço de toda a situação e logo estou na cozinha, fazendo minha sopa e tirando a sacola de migalhas do esconderijo que arrumei no dia anterior. Poucos minutos depois, todos os soldados já estvam no refeitório prazerosamente dando as primeiras mordidas na sua refeição, quando Rafi - o comandante do posto, geralmente um oficial sério e calmo, invadiu a sala correndo e avisou que estávamos em “Alerta de Quedas” (isto é, as balas dos canhões egípcios já estão a caminho para cá )
todos para deveriam largar tudo e descer imediatamente para a sala de controle ee seque equipar combate. Praticamente todos levantavam imediatamente de seus lugares e correram para a porta, e de lá para a sala de combate onde estava guardado o equipamento tático e operacional. 139
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Eu não fazia parte da tripulação permanente do posto 7*. Eu cheguei como reforço de uma outra unidade e o orgulho que tenho por fazer parte de um grupamento de batedores de elite me faz sentir um pouco fora da divisão que existe dentro do pelotão permanente do posto, como o comandante, o sargento etc. Não me vejo como subordinado deles e não executo nenhuma ordem, e eles entendem isso e não me atrapalham, ou seja,E não digam eosenhores, que fazernão e eué não direi o quanto estúpidos considero vocês. isto, me senhoras arrogância. Nos arquivos da história militar israelense estão escritos e guardados os registros daquele e de outros postos avançados, e quase qualquer um pode entrar e verificar por si mesmo. O mesmo método foi usado para a construção de todos os postos israelenses de combate ao longo do Canal de Suez, depois da Guerra dos Seis Dias. Enormes traves de aço, com capacidade incomparável de resistência a explosivos, foram colocadas uma em cima da outra e sobre elas montaram pilhas de pedras e rochas que alcançaram altura de alguns metros cada. E por cima de tudo os engenheiros bélicos botaram camadas de areia densa, que tornaram a fortificação um tipo de gigante colina artificial. A parte traseira do morro era direcionada ao Canal, isto é, ao inimigo egípcio, enquanto a seção frontal ficou um pouco mais baixa no intuito de ocultá-la dos olhos e binóculos inimigos. O lado de frente da base consiste numa plataforma reta de areia e no meio há um portão pesado feito de ferro e movido por motor elétrico, também de dimensões nada modestas. O portão é, na verdade, o único acesso de entrada e saída do posto. Imediatamente depois dele a plataforma de areia prossegue mais um pouco, e sobre ela foi construído um galpão grande com área coberta de dez metros por dez metros. O teto e as paredes da edificação foram feitos de uma lata ondulada e o lugar servia como o refeitório / cozinha do posto. Do lado direito da entrada do refeitório começou o primeiro túnel, que levou a um labirinto infinito de outros túneis fortificados, que por sua vez terminaram na sala de controle e comando. A fortaleza toda era, na verdade, uma teia de túneis e canais com altura média de cento e sessenta a cento e oitenta centímetros. O túnel que ligava a sala de controle para ao refeitório era um pouco mais profundo e chegou a quase dois metros e meio de altura. Este túnel, com longitude de algumas dezenas de metros, era o maior do posto, especialmente porque deu uma longa volta ao redor do refeitório, ou seja, ele foi planejado deliberadamente para que a saída do túnel fosse diretamente para o galpão de lata. O objetivo de toda essa explicação era apenas facilitar o entendimento dos acontecimentos naquele dia decisivo. De volta ao nosso assunto, todos os soldados abandonaram seu almoço, deixando os pratos cheios nas mesas e ninguém pensou em tirar a comida e as louças 7. A história completa do posto avançado “Mefatzearr C” aparece no livro: “The Yom-Kippur War – Moment of Truth”, Ronen Bergman & Gil Meltzer. Editora: Yedioth Ahronoth, 2003. Veja Bibliografia.
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das mesas e limpar, como é de praxe, normalmente. Somente eu fiquei ali sentado, degustando cada colher de sopa fervente e cheia daquelas migalhas, apreciando cada mordida nos pequenos e frescos cubos crocantes de massa fritada em óleo. Eu estava no meu terceiro prato de sopa quando, de repente, o meu braço, que estava no meio do caminho entre o prato e a minha boca, simplesmente ficou parado, nãoque consegui mexê-lo. Senti uma sensação muito estranha, sensação de algo eruim até hoje não consigo explicar. Alguma coisa além da minha capacidade de compreender ou controlar me fez derrubar toda a comida das minhas mãos e naquele momento ficou claro para mim que eu precisava sair do refeitório imediatamente. Eu estava sentado no lado oposto da porta de entrada e demoraria cerca de trinta segundos para passar a distância até lá, mas de alguma forma eu sabia que não tinha todo esse tempo. Na parede atrás de mim tinha um buraco pequeno, resultado de uma placa de lata que estava faltando. Do buraco eu podia pular diretamente para o túnel fortificado e evitar precisar correr até a porta. Eu não lembro de ter pulado, apenas me recordo do que aconteceu depois: uma explosão imensa deixou o posto todo coberto de pó e areia. Eu fiquei deitado no fundo do canal completamente neutralizado pela potência da explosão. Levei alguns momentos para me recuperar e me arrastar em direção à sala de combate que estava pesadamente protegida. O refeitório, que foi atingido por um míssil terra-terra carregado com toneladas de explosivos, sumiu da face da terra. No local criou-se um canhão gigantesco. Se eu demorasse apenas mais um segundo com meu pulo para dentro do profundo túnel com suas paredes protetoras, muito provavelmente eu me evaporaria junto com o refeitório. Assim começou a Guerra do Yom-Kipur, durante a qual pelo menos mais duas vezes e de forma consciente, eu senti a sensação de perigo invisível se aproximando e reagi antes mesmo que as coisas acontecessem, impedindo assim minha morte certa. Esse testemunho, um entre milhares de outras histórias parecidas, comprova mais uma vez que o espírito de Zen tem um impacto incompreensível para os sensos normais que estão a nossa disposição para examinar a vida e entendê-la. Ademais, esses episódios confirmam a existência daquela força evasiva, apenas pelo fato de que pessoas sem nenhuma relação com Zen ou artes marciais viram sua vida sendo salva pela mesma coisa que justamente aqueles que deveriam estudá-la e ensiná-la, duvidam tanto na sua presença. De novo enfrentamos a questão crucial: será que meu pai, que conheceu eeleexperimentou essa sensação, abriria mão de acolocá-la dentro de suaentre arte,asa artes qual tanto se empenhou para desenvolver e dar ela o status de igual marciais? A poça de água rasa e ausente de qualquer inspiração que é o KravMagá apresentado hoje pelas diversas organizações de nomes bombásticos, não é 141
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exatamente a obra prima criada pelo meu pai e que transformou o mundo das artes marciais. Por este motivo mesmo escrevi a atual pesquisa histórica. Não podemos aceitar viver em um mundo no qual qualquer um re-escreve e modifica a verdade para que esta sirva a seus interesses particulares. Quando os políticos agem dessa forma, a mídia – “O cão de Guarda da democracia”, tenta imediatamente expor os e causar o maior impacto já que é a sua de que alimento eacontecimentos para isso ela existe. Entretanto, uma artepossível, marcial israelense, por fonte popular seja, não está no topo da pirâmide de preocupações de nenhum jornalista ambicioso e justiceiro. Tudo isso ficou mais evidente ainda quando tentamos veri ficar a veracidade de certas testemunhas, que teoricamente deveriam ser reais e con fiáveis. Mas aqui tampouco tivemos algum êxito. O “livro” (na verdade, apenas um fino livreto), elaborado por um indivíduo que se apelidou de “Mestre”, que nós pensamos até em usar como material bibliográfico, é simplesmente uma cópia do primeiro livro do Krav-Magá que meu pai publicou junto com Yaron – “Krav-Magá – Guia Para Defesa Pessoal”. Mas o pior de tudo é que o livreto foi publicado apenas em Português e no Brasil, distante geográfica e linguisticamente de Israel. Portanto, são incluídas no livro várias fantasias particulares do autor, histórias desligadas por completo de qualquer realidade. Na melhor das hipóteses, o livro tem como finalidade principal enganar o público brasileiro. Do outro lado das Américas, nos Estados Unidos, foi publicado um outro livro, denominado “Complete Krav-Maga”. E eis uma pergunta bastante peculiar: como uma pessoa que de acordo com seu próprio depoimento passou apenas poucas semanas em Israel (seis, para ser exato) e aprendeu uma versão curtíssima do KravMagá, pode escrever um livro que contenha o “Krav-Magá Completo”? Mais surpreendente ainda é que se trata do berço da cultura consumista moderna, os EUA. Qualquer júri julgaria culpado cada comerciante que ousasse vender alguma mercadoria defeituosa. Além disso, nessa superpotência de consumo operam centenas de organizações de proteção ao consumidor que verificam e examinam tudo que pode ser verificado e examinado. Como então trezentos milhões de pessoas continuam a comprar um produto que não funciona e ninguém levanta e grita “O rei está pelado!”. Em todo o território daquele gigante país existe a opção para cada um escolher o item mais adequado para si, é direito elementar do consumidor e do cidadão 8*. O professor ou instrutor de Krav-Magá é obrigado a deixar o 8. “Krav-Magá Worldwide”, dirigido pelo Sr. Darren Levin e atuante nos EUA, impede, através de uma marca registrada sobre as palavras “Krav-Magá”, o ensino do caminho verdadeiro, srcinal e completo de Imi, doWorldWide” Krav-Magá ensina, e do espírito israelense que levou à criação desta arte Em troca, “Krav-Magá nos Estados Unidos, uma versão encurtada quemarcial. não possui nenhuma semelhança com a arte srcinal. O público americano nem sequer pode distinguir e escolher entre o certo e o errado, uma vez que no país berço da democracia moderna existe apenas o errado. O Sr. Darren Levin certificou-se de que nenhum professor do verdadeiro Krav-Magá pudesse ensinar e se divulgar nos Estados Unidos da América.
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aluno decidir ele mesmo seu próprio caminho. Meu pai jamais obrigou alguém a seguir seu caminho completo, mas apenas comentou que há treinos semanais a cada Sábado, destinados a quem realmente queira conhecer o caminho completo do Krav-Magá. Os interessados e mais apaixonados chegaram às aulas com insistência quase religiosa e outros não. Mas a possibilidade sempre existia. Assim, e somente desta forma, deve-se enxergar o caminho do meu pai ao criar o Krav-Magá como arte marcial. Soldados israelenses nas fortificações ao longo do Canal de Suez, durante a década de setenta.
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O posto: 1. Canal de combate
12. Canhão 20 Milímetros
2. Metralhadora leve
13. Entrada do abrigo subsolo
3. Parede protetora
14. Abrigo no canal de combate
4. Barreira “Burro Espanhol”
15. Posto de observação
5. Área minada
16. Morteiro 81 Milímetros
6. Metralhadora e arma antitanque.
17. Abrigo fortificado de munição
7. Canhão antiaéreo
18. Banheiros
8. Arcos de ferro
19. Tanque de água
9. Abrigo fortificado principal
20. Refeitório
10. Linhas paralelas de ferro
21. Gerador
11. Camada contra explosões.
22. Metralhadora 0.5
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OS DEZ ESCOLHIDOS DO IMI O passado já aconteceu e foi esquecido. Sobre o futuro, nem sempre temos controle. Porém, existe também o presente, o momento de leitura destas linhas. Estes dez merecem toda a honra e a glória. Eles têm a nossa continência.
Desde o início não tínhamos a menor dúvida de que esta pesquisa seria única e excepcional em seu conteúdo e essência. Portanto, decidimos consciente e deliberadamente ignorar as técnicas convencionais usadas para elaborar este tipo de trabalhos, e tomamos a liberdade de direcionar o livro de acordo com os acontecimentos do ponto de vista histórico e não necessariamente seguindo algum método lógico. Embora que, em última instância, este padrão de narração facilitaria a compreensão da pesquisa. Sendo assim, juntamos todos os artigos relevantes ao livro acompanhando apenas a ordem de ocorrência. De fato, foi o artigo atual o catalisador do livro todo. A ideia srcinal surgiu quando encontramos por acaso um site na internet que mencionara os nomes dos dez primeiros alunos do Imi. Imediatamente a nossa curiosidade profissional acordou e resolvemos pesquisar: será que o fundador do Krav-Magá realmente quali ficou dez faixas pretas 1*? E o que houve com aqueles seletos alunos e a arte de forma geral? Como autores e pesquisadores experientes, sabemos que a informação que aparece na maioria dos sites da internet é de pouca credibilidade, e assim demos início a uma busca histórica para localizar os dez discípulos e ouvir de primeira mão a sua impressão e visão sobre a criação de uma arte marcial que se tornou tão popular ao longo dos anos. Queríamos saber qual foi a contribuição deles como alunos diretos e pioneiros do fundador, qual foi a parte de cada um deles na criação da arte e se eles merecem ser honrosamente apelidados de “a geração dos fundadores”. Tínhamos também o objetivo de coletar testemunhas sobre as ações, concepções e intenções do fundador da arte através dos olhos dos dez primeiros alunos dele, usando suas histórias pessoais durante a convivência com meu pai. O site onde reparamos inicialmente nos nomes do grupo dos dez constituiu o ponto de partida da nossa cruzada. Pela primeira vez examinamos os sites virtuais existentes no campo do Krav-Magá. E foi justamente esta análise preliminar que nos convenceu de forma decisiva sobre a grande necessidade de um trabalho abrangente que aprofundasse, de uma vez por todas, a criação do Krav-Magá como arte marcial, focalizando-se unicamente no aspecto histórico do desenvolvimento da arte e não no lado prático / profissional. Muitos livros já foram escritos sobre o Krav-Magá, mas o 1. No campo das tradicionais artes marciais esse número é bastante excepcional. Normalmente os criadores da arte quali ficaram entre três a quatro sucessores cada, embora às vezes fosse um discípulo só. Portanto, o número de dez alunos parecia, em primeiro olhar, exagerado, e também causou cer ta confusão durante a análise do material para a pesquisa, até que entendemos o total signi ficado da escolha do Imi de quali ficar dez discípulos – como o resultado final mostra, do grupo inteiro somente um “sobreviveu”.
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Documento número 6
Encontramos esta lista em várias fontes. Apesar de haver equívocos em algumas datas e na ordem de recebimento das faixas, estes são de menor importância. A nossa principal intenção aqui é mostrar os únicos dez alunos aos quais o Imi deu a faixa preta. Quem não está na lista, não era discípulo do Imi. 146
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Aqui, na praia de Natanya, no ano de 1973, Imi criou e começou a ensinar ao Yaron a técnica da água
Nesta praça, no centro da cidade de Natanya, estava o café favorito do Imi, Café Ugati. 147
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processo histórico correto, completo e exato foi, até agora, totalmente ignorado em todas as obras. E isso, profissionalmente falando, tanto no campo das artes marciais como em outras áreas da ciência – Antropologia, Psicologia social, ciência do comportamento etc., jamais foi realizado, e também no aspecto profissional, quando pessoas que poderiam testemunhar o processo de criação ainda estão conosco. fi
camos imensamente ao realmente descobrir relacionado que entre asa centenasContudo, de sites existentes, não há quase surpreendidos nenhum que seja um dos primeiros dez da geração fundadora. A nossa jornada atrás daqueles dez e atrás da verdade histórica do Krav-Magá nos levou para vários cantos de Israel, e também fora de lá. Realizamos cerca de sessenta entrevistas com ex-alunos, amigos e conhecidos do Imi, que o acompanharam desde que começou a criar a arte, em 1967. Nas próximas páginas deste artigo encontrarão as histórias pessoais, relacionadas ao Krav-Magá, daqueles que conseguimos localizar. Mas já nesta altura podemos por certeza a firmar uma coisa: Imi outorgou apenas dez faixas pretas, e a lista completa aparece no documento número 6 na página 146, e também pode ser encontrada no “The Book of Krav-Magá – The Bible”, na página 295. Sendo cidadãos israelenses com domínio completo na língua Hebraica, era relativamente fácil para nós passar algumas férias longas em Israel, todas totalmente dedicadas à procura da história do Krav-Magá em Israel, à realização de reuniões, entrevistas e ligações, viagens ao longo do país todo em busca de pistas históricas de trinta ou quarenta anos atrás. Às vezes precisávamos estimular as memórias e recordações dosincluso. entrevistados paradepoder a nossa pesquisa todo o material nele E, acima tudo,completar dedicamos o atual trabalhoe coletar para aquele grupo pioneiro dos dez, que sem eles, e isso é um fato indiscutível, o Krav-Magá nunca existiria. Depois de aposentar-se do exército, meu pai procurava uma forma de aproveitar toda a experiência e conhecimento de defesa pessoal que acumulou durante seu serviço militar em benefício da população civil. Apesar de ter servido vinte anos como instrutor-chefe de defesa pessoal e preparação física, meu pai jamais se considerou como um militar. Para ele, seu trabalho no exército era um dever e ele tentou fazê-lo da melhor maneira possível, como qualquer outra coisa em sua vida. Porém, percebemos que no momento que tirou o uniforme pela última vez, cortou de imediato as ligações com seu passado militar. Entre seus amigos mais próximos não encontramos nenhum militar, um fato surpreendente considerando o fato de que passou mais de vinte anos nas forças armadas. Ele manteve contato com vários conhecidos da época de seu serviço, mas nada que poderia ser chamado de profunda amizade, embora todos, sem exceções, só tenham elogiado e exaltado seu trabalho nas forças de claro segurança. No dia ele aposentou-se serviço militar, seu caminho já estava e a criação do que Krav-Magá já era umadoideia acabada na sua cabeça. Agora faltava apenas o desenvolvimento prático e final. Para alcançar seus objetivos, precisava compor um grupo de praticantes que funcionassem como “cobaias” durante o processo de construção da arte, que nesta altura existia somente 148
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em sua mente, nada mais do que uma visão 2*. Uma característica do meu pai, que era bastante estranha para a forma de pensar dos israelenses, é a paciência. Todos os entrevistados na pesquisa afirmaram que meu pai era o campeão da paciência. Meu pai tinha uma doutrina fixa que ele seguia, e o fato que teria que aguardar a criação do Krav-Magá até completar o grupo todo, jamais o perturbaria. (como veremos mais adiante, o Imi realmente era uma pessoa bastante paciente, não somente no caso da criação do K rav-Magá e a longa espera até a formação do grupo exato que quer ia, com seus dez escolhidos. Quanto ao processo de construção do grupo e o resultado final de seus treinamentos junto a Imi, há várias especulações no mundo do Krav-Magá em Israel. Contudo, todos os membros daquele sel eto grupo testemun ham da mesma forma. É claro que a maior parte dos contos sobre o grupo são divulgados por pessoas com segundas intenções, e que normalmente têm como objetivo principal mudar a historiogra fia do Krav-Magá e, consequentemente, a história daqueles dez, para que eles possam desenvolv er sua própria história individual. Mas a pesquisa comprova, de maneira clara e indiscutível, que somente esses dez praticantes pioneiros receberam a faixa preta do Imi, que demorou quase três anos pa ra completar a formação do gr upo, e qualquer outra alegação é historicamente inválida ).
Meu pai, ao longo de toda sua vida, agiu com uma estranha duplicidade, que pode ser explicada de várias formas. Porém, não é do nosso interesse atual realizar uma análise de caráter deste tipo, mas somente trazer os fatos concretos. É difícil dizer qual era o principal motivo para seu modo de fazer as coisas, poderia ser a sua inspiração à perfeição, e poderia ter sido uma outra razão, mas as ações falam por si mesmas, e eis alguns dos melhores exemplos: como atleta profissional, competiu em duas áreas completamente diferentes uma da outra – pugilismo e luta greco-romana. Ele fundou uma escola de dança na e aocidade mesmo era eum artista trapezista no circo. Estabeleceu uma academia detempo Natanya outra na cidade de Tel-Aviv, e dividiu igualmente o grupo dos dez entre as duas academias. Cultivou dois alunos: Eli Avikzar e Yaron Lichtenstein. Escreveu dois livros junto com Yaron. E se examinarmos com cuidado os movimentos e as técnicas do KravMagá, perceberíamos que quase todos são compostos de números pares. Para capacitar aquele primeiro grupo ele abriu, como já sabemos, suas duas academias, e nelas de fato começou a desenvolver o Krav-Magá. O objetivo da pesquisa, a partir do primeiro momento, é a narração da história pessoal de cada 2. O maior empregador em Israel é o exército. Muitos aposentados das forças armadas tentam dar continuidade a sua pro fissão militar também na vida civil, alguns conseguem e outros nem tanto. T udo que Imi desejava era preencher algumas de suas horas livres. A ideia de tornar “ institucionalizadas” todas aquelas técnicas de defesa pessoal, como acabou acontecendo, só surgiu depois que ele já havia começado a ensinar aos pri meiros alunos e percebido seu entusiasmo e seu nível perfeito de execução das técnicas, elementos que ele não viu com os soldados, que na verdade não mostraram grande interesse em defesa pessoal. Assim, os primeiros alunos merecem uma boa porção do crédito pela existência e criação do Krav-Magá. Há vários testemunhos de que o Imi desenvolveu alguns dos mais extraordinários movimentos do Krav-Magá como consequência pedidosantes especiais feitos por seus discípulos pioneiros. Mas é importante mencionar que tudo issodeocorreu do ano de 1973, no qual o Krav-Magá já havia virado uma coisa acabada e pronta, embora houvessem algumas exceções, como, por exemplo , as técn icas contra grana da e a meaça de reféns, que foram desenvolvidas nos anos de 1976-77 depois de solicitações especí ficas recebidas de o ficiais do grupamento de antiterrorismo do exército, que perceberam uma verdadeira necessidade destes exercícios .
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uma daquelas dez pessoas, sem as quais não conheceríamos hoje o Krav-Magá. Nossa obrigação com eles não é menos importante do que com meu pai. Ele, claro, é o eterno fundador, mas todo artista necessita de “instrumentos” e “materiais” para fazer a sua obra. O pintor tem o pincel e a tela para pintar, o escultor tem o martelo, cinzel e um pedaço de mármore para trabalhar etc., e da mesma forma meu pai precisava de seus materiais, que seriam os dez alunos pioneiros. Eles serviram como a matéria prima, intocável, como a tela do pintor e a pedra do escultor. E realmente, meu pai iniciou-se na criação de sua obra somente depois de terminar a montagem do grupo. Meu pai era uma personagem grande, suave e paternal, e no momento que iniciasse uma conversa, di ficilmente alguém resistiria a seu charme. Como nas narrações dos irmãos Grimm, onde encontramos um herói vestido de capote cumprido, por vezes segurando um longo bastão e em outras ocasiões utilizando uma espada brilhante, com seus magní ficos cabelos e barba branca, andando em caminhos in finitos – é assim que podemos imaginar meu pai em sua busca para achar as pessoas certas que formariam o primeiro grupo. Não se enganem – foi meu pai que achou seus alunos, e nunca ao contrário. Foi ele que procurou, colocou iscas, mandou mensageiros, atraiu e caçou. Todos os meios eram válidos para alcançar seu supremo objetivo – montar o grupo que queria. Se um dia, antes que seja tarde de mais, alguém pesquisasse o fator humano do grupo, provavelmente descobriria um outro lado escondido do meu pai. Cada um dos integrantes do grupo possuía diversas peculiaridades físicas e mentais que meu pai procurava de forma especí fica 3* para que eles servissem como o modelo para o desenvolvimento da arte. A intenção era fazer dos corpos e das almas dos dez um só. Foi assim que conheceu o Eli, em suas viagens ao longo do país, ministrando aulas e demonstrações para encontrar os candidatos adequados. Mais tarde fundou as duas academias para aumentar a atração ao Krav-Magá. Pela primeira vez meu pai estava procurando por uma pessoa jovem e ativa que pudesse preencher algumas funções simultaneamente, como por exemplo: assumir a liderança do grupo, ter experiência em luta e combate corpo a corpo para que pudesse aprimorar a técnica de realização de lutas que meu pai colocou dentro do Krav-Magá, etc.. As qualidades que meu pai buscava eram: movimentação suave, velocidade, rapidez e boa capacidade de reação. Naqueles anos era extremamente 3. Como parte da busca pela verdade absoluta, apresentamos algumas perguntas idênticas para todos os alunos do Imi que entrevistamos para a pesquisa. Sobretudo estávamos interessados em descobrir até que grau é verdadeira a história do Sr. Yaakov (kobi) Lichtenstein que a firma ser, num pequeno livro que escreveu, um dos alunos mais graduados do Imi, além de fazer parte de um grupo de treze pessoas escolhidas e treinadas pelo Imi. De todos os entrevistados recebemos a mesma resposta: ninguém nunca ouviu daquele e segundo, todos participando realmente conhecem o Yaron Lichtenstein, mas nenhum deles falar jamais viu o grupo, Sr. Yaakov Lichtenstein nos treinos de Sábado, ou em qualquer outra aula. Estas respostas comprovam que não há base fatorial para essas histórias, que têm como objetivo único construir a biogra fia pessoal daquele indivíduo, uma biogra fia desligada do real processo histórico do Krav-Magá. Ademais, há outros trechos do mesmo livro que são completamente desconectados da realidade, e aconteceram exclusivamente na mente de seu autor.
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difícil encontrar um praticante com passado em alguma arte marcial e, além disso, meu pai não desejava alguém com experiência, ao contrário. Assim chegou ao Eli Avikzar. A “química” entre os dois foi imediata. Até seu último dia o Eli a firmava que sem meu pai sua vida seria uma catástrofe. Ao praticar, o Eli agiu sem pensamento prévio, con fiando nos seus rápidos instintos, e foi justamente característica que encantou meu pai e levou àGraus”. criação de uma das técnicas mais esta notórias do Krav-Magá – “Trezentos e Sessenta No ano de 1970 meu pai começou a ensinar técnicas de realização de lutas. Até então, todos atacaram e defenderam um ao outro ao mesmo tempo. Porém, quando começaram a praticar lutas, os chutes teoricamente “simples”, como “Foice” e chute regular, rapidamente viraram técnicas combinadas de enganação do oponente. Este método, de acordo com Avner, era aplicado especialmente pelo Shlomo e Yaron, um fato que deixou os outros praticantes numa posição de desvantagem, uma vez que eles não conseguiram perceber e prever quando e como a perna que chuta iria mudar de direção. Assim meu pai iniciou a construção do exercício de “Trezentos e Sessenta Graus” com o intuito de melhorar a capacidade de reação durante uma luta, e a eficiência desta metodologia foi comprovada inúmeras vezes. Originalmente a técnica incluía seis defesas com cada mão, mas com o tempo Eli experimentou acrescentar mais uma defesa, alegando que aplicando somente seis defesas sobra um “ponto morto” desprotegido. A tendência do meu pai era concordar com a sétima defesa, mas depois de algum tempo a cancelou, porque estava contra a mais importante regra doconcebeu Krav-Magá: “Menor Caminho, Pois,e na sua imaginação, o Krav-Magá como arteMáxima marcial Velocidade”. moderna, jovem vívida, com princípios contrários àqueles existentes nas tradicionais artes marciais, pelo menos no que diz respeito à defesa pessoal. Na rua, sempre dizia, não há tempo para pensar. Devemos agir rápido, muito rápido. E Eli enquadrou na função como luva na palma da mão. Uma das técnicas do Eli consistia de movimentos rápidos com a mão ao aplicar golpes Esquerda–Direita e outros golpes com o punho. Meu pai, que no início adotou a forma tradicional do Boxe de aplicar golpes, percebeu rapidamente que esta técnica poderia não funcionar tão bem na rua. Eli ensinou todos os dez pioneiros como repetir o mesmo movimento / golpe numa sequência só e com velocidade enorme. Assim meu pai tirou de vez do Krav-Magá as movimentações tradicionais do Boxe e trabalhou de modo diferente, cooperando com a nova situação ao ensinar como impedir uma tentativa de pegar a mão que bate, pelo oponente, mas somente depois que nós já entramos para dentro do ataque rival com o objetivo de fazer a defesa. Ou seja, pegamos a mão ou a manga do adversário e só depois de neutralizá-lo. E ele foi mais longe ainda quando tratava-se de de defesas contraidafaca – a mão faca pode executar vários movimentos esfaquear, e volta, e esteque é osegura grandea perigo da faca, que apenas poucos conhecem. Sem dúvida alguma que a contribuição do Eli para o Krav-Magá é grande e indispensável. Como consequência desta técnica, meu pai criou o ditado: “Nosso oponente é sempre melhor do que nós, portanto nunca o subestime”. 151
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Eli trouxe consigo para o grupo, que estava se formado, o Rafi Algrisi, que era seu amigo e vizinho ainda na época que os dois moravam no Marrocos, antes de migrar para Israel. Rafi teve algumas histórias bastante divertidas sobre as relações entre Eli e meu pai: “Apesar de ser altamente talentoso no Tatami, fora dele o Eli foi, de forma
delicada, um pouco menos hábil... Naqueles dias chegou ao Israel um famoso comercial do fabricante de refrigerantes - a Coca-Cola, e rapidamente todos assobiaram a música da propaganda, inclusive o Imi, que nem sequer gostou daquela bebida. O Eli também tentou repetir a melodia do comercial, mas definitivamente música não era o seu lado forte, e suas ridículas e repetitivas tentativas deixaram Imi enlouquecido. Durante semanas se empenhou a ensinar Eli como cantar a música corretamente, mas foi tudo em vão ”. Rafi recorda de tudo isso com lágrimas misturadas de alegria e tristeza, limpando seus olhos discretamente, como se algo entrasse neles. “Mas a coisa mais engraçada”, continua Rafi, “É a história sobre um dos
restaurantes favoritos do Imi, onde ele sempre gostava de almoçar. Imi costumava começar suas refeições com uma porção de picles e Pimentões em vinagre, e uma vez o Eli perguntou o Imi sobre o motivo deste costume, que respondeu que nos picles e no Pimentão em vinagre há uma substância que ajuda a digestão. Eli, que não gostava de “picles”, pediu para o garçom, que o conhecia pessoalmente: traga para mim aquela substância para digestão que vocês colocam nos legumes”... Por bem ou por mal, esse era o Eli Avikzar, que nem sempre prestava muita atenção no que dizia. Rafi veio para Israel no ano de 1961, e como praticante de Boxe ainda da época de sua adolescência na sua terra natal de Marrocos, aproveitou a oferta de seu amigo de infância e apareceu também para os treinamentos com Imi. Era seu jeito de falar para Eli: “não vou te deixar ser o mais forte entre nós dois, tudo que você pode - eu posso também”. No início os dois ainda tentavam treinar juntos, mas depois de algum tempo desistiram. Pois, enquanto todos os praticantes, mesmo se atingissem às vezes um ao outro, não o fizessem deliberadamente, Eli e Ra fi ministravam uma verdadeira guerra de honra entre si. Assim, quando ambos chegaram à faixa marrom, pararam de trabalhar como parceiros nas aulas – Eli normalmente treinou com Yaron e Rafi trocava de par cada aula, mas sempre preferia treinar com um outro amigo de sua infância –Shlomo. As dimensões físicas do Shlomo, que era mais alto do que o Ra fi e incrivelmente flexível, o tornaram um parceiro inadequado para Rafi, mas o Shlomo nunca falou nada. Porém, cada vez que praticaram chutes na aula, e Rafi ofereceu para oShlomo treinar juntos, Shlomo comentou que todos seus chutes acabam acima da cabeça do Ra fi. Ra fi entendeu que ele estava o caçoando, mas nunca aprendeufiacou lição e sempre escolheu Shlomo.defesas contra A situação mais engraçada aindatrabalhar quando com praticavam chutes “Foice”, tanto para frente como para trás. Shlomo chutava acima da cabeça do Rafi, que ficou ali desesperado enquanto seu amigo Eli estava rindo em voz alta, perguntando se Rafi desejava uma escada para conseguir fazer as defesas. No início 152
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meu pai tentou intervir, mas percebeu que era uma causa perdida e juntou-se ao grupo todo que estava se divertindo a cada momento do duelo de palavras entre os dois. Shlomo, no seu jeito, continuou fazendo as brincadeiras, mas sem nenhum sorriso. Como verdadeiro artista, ele se realizou e sentiu prazer através de sua capacidade de aplicar aquelas técnicas. rivalidade meio sériados meio amigável entre Eli e Rafi nunca teve descanso. Meu paiA muitas vezes caçoou dois e aumentou ainda mais a irritação deles, especialmente depois que já havia ficado claro que Eli era o número um do grupo. Rafi jamais se viu seguindo carreira de praticante de Krav-Magá, isto é, não tinha planos de ser instrutor e dar aulas – ele era o dono de uma grande grá fica em Natanya, especializada no desenvolvimento de outdoors. Porém, por um curto período de tempo e como tentativa de competir com Eli, o Rafi colocou Tatami numa pequena área de sua oficina e tentou arrumar alguns alunos. Obviamente que não teve êxito. Naqueles anos – 1971-1981, Eli era o rei absoluto das artes marciais em Natanya, todos o conheciam e sabiam que ele era o aluno mais graduado do meu pai, qualquer um que aprendeu Krav-Magá em Natanya, o fez com Eli. Foi somente anos depois, quando o Eli resolveu criar um novo caminho, que abriu-se a porta para “outras pessoas” darem aulas de Krav-Magá em Natanya. Qualquer praticante de arte marcial na cidade conheceu a “Gangue do Café Ugati” – Eli, Yaron, Rafi, Itzik, o judoca David Anto, apelidado de “Gingi” pelo meu por causa deamigos seu cabelo vermelho, de meu vez em também o Haim Zut epai, especialmente da terra natal do pai quando e ocasionais visitantes. Considerando as proporções da cidade de Natanya naquela época, meu pai era um tipo de celebridade local e a sua mesa no “Café Ugati” sempre atraiu diversas pessoas, que procuravam “tirar” do meu pai algum movimento ou técnica que eles poderiam usar para seu próprio benefício. Várias vezes o Eli, colaborando com Rafi ou Yaron, caçoou dos importunadores, inventando movimentos e exercícios que não existem. Hoje, Rafi tem sessenta e três anos e pratica só para “manter a forma”, contudo ele não faz mais Krav-Magá, mas escolheu ingressar no novo caminho criado pelo seu eterno amigo, Eli. Mais do que uma livre escolha, era seu jeito de expressar a sua lealdade quando se trata de antigos conhecidos. Amizade talvez seja o melhor feito que duas pessoas podem fazer, mesmo quando a morte já os separa. Rafi, que sempre teve um lado religioso, frequentava regularmente a sinagoga aos Sábados, e por isso sempre chegava atrasado para os treinos, dando assim uma oportunidade para Eli contar piadas 4*. Hoje a religião tornou a principal ocupação do 4. Ironicamente também o Eli, na medida em que sua doença ficou mais grave, procurou também uma solução na religião, apesar de não se tornar muito religioso. Contudo, seu filho, por causa da doença do pai, virou bastante ortodoxo e adotou a religião como seu camin ho de vida. Esta é provavelmente também uma das razões para a ruptura entre o sucessor pro fissional do Eli – o Sr. Avi Abesidon, e o filho do Eli.
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Rafi, que fechou sua gráfica de outdoors e passou a trabalhar no tribunal rabínico 5*. Mesmo não admitindo abertamente na nossa frente, é possível perceber que o motivo central de sua volta à religião foi a morte de seu amigo Eli, que o abalou profundamente. Ra fi, como veremos mais adiante, não é o único entre os alunos do meu pai que achou refúgio na religião. Atualmente, alguns anos depois do falecimento do meu pai e de seu amigo Eli, o Rafi encontra-se involuntariamente at raído para dentro daquela suja política na qual cada um proclama para si o título de ser o primeiro aluno do meu pai. Durante a conversa, Rafi deseja deixar muito claro que a sua c ooperação com a pesquisa é feita pela memória de seu querido amigo Eli Avikzar, que tantas pessoas tentam roubar o legado histórico dele como o primeiro aluno do meu pai. Ra fi ainda reside na cidade de Natanya, o lugar mais insuportável, para um praticante de Krav-Magá, de morar em Israel. Naquela cidade meu pai vivia, ensinava e criava o Krav-Magá, e não há um habitante que não o conheça e o admire. Na mesma cidade também cresceu, viveu e ensinou Eli Avikzar, não menos reconhecido, mesmo se fosse somente pelo fato de ser o primeiro aluno do meu pai. Outras duas pessoas, ambos alunos do Eli, também habitam esta cidade: o Sr. Haim Gideon e o Sr. Eyal Yanilov. Hoje em dia, os dois juntos e cada um separadamente alegam serem os primeiros alunos do meu pai e também os herdeiros dele. Como todos moram e ensinam em Natanya, que não é tão grande para começar, é difícil não encontrar um ou outro na rua de vez em quando. A guerra verbal, que frequentemente vai além das palavras, é inevitável. E Rafi revela que apesar de não querer fazer parte desta guerra, ele se sente incontrolavelmente arrastado por ela. Quando apresentamos ao Ra fi a nossa pergunta que sempre se repete – se já ouviu falar de um grupo de treze pessoas especialmente treinado pelo meu pai, ele responde com uma gargalhada. Ele explica: “nos últimos anos e depois da morte do Imi, eu já escutei tantas histórias inventadas que vocês não fazem ideia!!! ”. “Imaginem”, ele continua, “que na nossa
cidade, onde literalmente todo mundo conhece todo mundo, há pessoas que dizem ser alunos de Krav-Magá antes do Eli! Então, avisem a todos esses folgados que eu quero vê-loa falando aquelas coisas na minha cara! ”. O olhar no seu rosto deixa claro que não há garantia nenhuma que uma pessoa que tentasse fazer isso, terminaria a frase com todos seus dentes no lugar... Fisicamente, o Ra fi (vejam a foto na primeira página do art igo “As Graduaçõess no K ravMagá”, ficando em pé na segunda linha, o quinto da esquerda ) era idêntico ao Eli Avikzar, um pouco menos agressivo e com reações mais lentas, mais calmo em seus movimentos e forma de agir, porém não menos veloz e flexível do que Eli. Para dizer a verdade, todos os membros do grupo foram abençoados com velocidade e flexibilidade acima da média. Talvez a única vantagem relativa que o Rafi tinha sobre o Eli era a sua 5. Em Israel, assuntos ligados à casamentos e divórcios são resolvidos num tr ibunal religioso especial, conhecido como “tribunal rabínico”. Estes fóruns são notórios por seus princípios discriminatórios entre homens e mulheres (obviamente a discrimi nação é exercida contra o sexo feminino) .
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técnica de chutes e trabalho com o pé, resultado de seus constantes treinamentos no Krav-Magá. Rafi também foi quem trouxe para o grupo o Shlomo que, como o Eli, era seu amigo de infância ainda da época que viveu no Marrocos. Quando o Shlomo ouviu falar do meu pai e de suas aulas, ele juntou-se à outra turma que treinava na academia em Tel-Aviv. E, novamente, deparamos aqui com aquele inexplicável fenômeno – a maneira do meu pai agir sempre em duas dimensões paralelas. Se observarmos com cuidado, veríamos que cada academia “contribuiu” com o mesmo número de alunos para o grupo escolhido – cinco de Natanya e cinco de Tel-Aviv. Por algum tempo os dois grupos treinavam separadamente um do outro, e os únicos dois que conheciam todo mundo eram na verdade Eli e Yaron. O último, que treinou nas duas academias naquele tempo – em Natanya e em Tel-Aviv – colocou-se à disposição do meu pai como seu “motorista particular”, e o levou para onde fosse preciso, já que meu pai não possuía carro e nem tinha carteira de motorista. Eli, profissionalmente, já era o braço direito do meu pai e o ajudou a ministrar aulas nas duas academias. Somente dois – três anos mais tarde, no ano de 1971, quando todos já haviam ganhado o grau de faixa azul, meu pai deu início aos famosos treinos de Sábado e assim juntou as duas turmas para um grupo unido, ou se quiserem, um corpo só. Shlomo, apelidado de Sami pelos seus amigos e colegas, era um rapaz tímido e tranqüilo, que se ingressou no grupo seleto de forma imediata, ajudado pela sua flexibilidade e por seu controle nas técnicas de chutes regulares e chutes voadores. O Shlomo iniciou-se nos treinamentos alguns anos depois de terminar o seu serviço de três anos no exército Israelense, que é obrigatório para todos os jovens entre 1821 anos de idade, e ele trabalhava na polícia das fronteiras e mais tarde começou a lecionar Krav-Magá também na polícia regular. Foram seus tão suaves e flexíveis movimentos que levaram meu pai a criar as três variações de chute “Foice” para frente. Isso se deve principalmente ao fato de que o Shlomo conseguiu assimilar perfeitamente os movimentos corporais do meu pai e como resultado terminou cada chute, seja ele aplicado de forma rápida e forte, seja com deliberada lentidão, com a perna ficando parada na posição final de seu movimento. Somente por isso que surgiu na cabeça do meu pai a ideia de criar os três chutes “Foice”. Mais tarde esses chutes tornam o eixo central da técnica de controle do pé e um dos princípios de treinamento e aprendizagem mais importantes do Krav-Magá – deixar a perna que chuta no ar no final do movimento como parte do aprimoramento da capacidade física e também da técnica de “Mental Training” (treinamento mental ) que meu pai tanto apreciava. Naqueles dias, Shlomo era o único do grupo que obteve controle sobre seu corpo em nível que permitisse que meu pai o aproveitasse para desenvolver e ensinar seus A foto Shlomoe três pulando total sobre seu corpo tudo. filhas,diz Hojechutes. o Shlomo temdo sessenta anoscom e é pai decontrole dois filhos e duas nenhum dos quais escolheu continuar o glorioso caminho de seu pai. Ao ser perguntado se já havia ouvido falar daquele “grupo secreto” de treze pessoas treinadas pelo meu pai, respondeu o seguinte: 155
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“veja”, ele explica, “eu fui o melhor amigo do Eli e Rafi, que por sua parte eram os mais próximos para Imi. A minha técnica de chutes era única em Israel naquela época, e o Imi sempre me chamou quando precisava de alguém para demonstrar chutes especiais. Tenho certeza que se tal grupo existisse, eu, no mínimo, ouviria falar disso. A gente, os alunos de faixas pretas que treinavam juntos aos Sábados, sempre conversamos sobre tudo. Este assunto nunca surgiu e eu duvido se o Imi sequer tinha tempo de treinar outras pessoas. Mas se vocês querem ter certeza, podem falar com Yaron de Rehovot, por muitos anos ele acompanhou o Imi para qualquer lugar, então se alguém sabe de alguma coisa, é ele”. Quando perguntamos por que não seguiu os passos de seu amigo Ra fi e ingressou no novo caminho do Eli, recebemos uma resposta pouco surpreendente: “ vejam”, disse ele com um visível desconforto, “eu comecei a treinar por
causa do Imi, se não fosse por ele que me deu tanto, eu não ficaria lá nem um segundo. Eli era meu amigo e colega, mas como homem e praticante de Krav-Magá, minha lealdade primeiramente é com Imi. Se ele não está, eu também não. No início eu até tentei treinar em Natanya algumas vezes, mas a partir do momento que o grupo parou de treinar sob a direta supervisão do Imi, eu entendi que não tenho mais nada a fazer lá. Todos os anos eu aperfeiçoei o meu “trabalho de pernas” e nas aulas “ali” eles cortaram quase todos os chutes. Na verdade, todos paravam de treinar ali por causa do baixo nível”. Estas foram as palavras do Shlomo. Nos últimos anos ele interrompeu quase completamente suas atividades no Krav-Magá, por causa de sua idade avançada, mas principalmente por ter sofrido um grave ferimento no seu joelho que necessita de uma intervenção cirúrgica complicada, que ele prefere evitar mesmo que o preço fosse abrir mão de qualquer atividade física. Outra coisa que deve ser compreendida sobre o grupo dos dez é que eles não eram os únicos alunos do meu pai, ou seja, não se entende disso que ele tinha apenas cinco alunos em cada academia, ao contrário. Em cada lugar treinavam cerca de trinta alunos, número signi ficante naquela época. Entretanto, no seu jeito meu pai diferenciava entre aquele grupo seleto e ou outros. Quando começou os treinos aos Sábados, destinados apenas para os dez escolhidos, ele tinha um objetivo só – desenvolver o Krav-Magá. A técnica era muito simples – durante a aula regular o Eli chamava cada um deles para um dos cantos do Tatami e lhe informava sobre o treino. Nunca ninguém faltava. Posteriormente, no final dos anos setenta, quando todos os membros do grupo já tinham recebido a sua faixa preta e a consolidação do KravMagá como arte marcial já havia se completado, meu pai suavizou ligeiramente seus critérios e gradualmente deixou que outros alunos também participassem nas aulas de Sábado. Na verdade, aqueles alunos não eram mais do meu pai, mas do Yaron e Eli – o primeiro levou alunos faixa azul, eaoparticipar Eli trouxenos cinco ou seis de seus discípulos. Os quatro alunosdedoseus Haim Zut começaram treinos de Sábado somente depois que ganharam a faixa preta. Entretanto, também aqui meu pai interveio e dividiu as aulas para dois grupos – um formado apenas de faixas pretas e o outro grupo incluiu o resto dos alunos. 156
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O Haim Zut (veja “Desfecho”) afirma que conheceu meu pai num curso de defesa pessoal que ele ministrou no exército e assim chegou a ser seu aluno, depois que meu pai já tinha aberto a sua academia na cidade de Natanya, na Rua Shmuel Hanatziv, número vinte dois. O Haim Zut trabalhava como agricultor toda sua vida e seu tamanho físico e força bruta eram intimadores. Meu pai gostava dos movimentos “de urso” dele – lentos e grandes, porém esmagadores. Meu pai apreciava especialmente a potência que Haim Zut tinha em sua palma da mão – sendo uma pessoa que passou sua vida trabalhando no campo, o Haim Zut possuía uma pegada imensa, que ajudou meu pai a criar e desenvolver os livramentos em situações de pegadas de mão. Meu pai sabia aproveitar as dimensões físicas excepcionais do Haim Zut também para construir os diversos livramentos de estrangulamentos e agarramentos, seguindo a concepção de que: “Quem consegue sair do Haim, consegue se livrar de qualquer um”. Meu pai não realmente precisava de toda essa ajuda, mas ele queria comprovar para seus alunos que as técnicas funcionam de fato, e que eles mesmos entendessem isso. Portanto, certificou-se de que o grupo examinaria e aprovaria todos os exercícios e movimentos, e às vezes estes experimentos o levaram a aprimorar ou melhor direcionar um certo movimento. Para meu pai, o Haim Zut, o mais velho do grupo 6*, era um de seus alunos favoritos e ele sempre gostava de “se convidar” à casa do Haim Zut na pequena cidade de Pardes-Hana e degustar da “Hallawa” 7* caseira preparada pela esposa do Haim. E já que estamos falando do Haim Zut, devemos contar a seguinte história: O Tedi Levkovski era metade aluno do meu pai e metade aluno do Eli Avikzar, e até o próprio Tedi tem di ficuldades de decidir quem exatamente era seu professor. De qualquer forma, ele possuía um veículo do tipo Jeep quatro por quatro, que era carro raro nas estradas israelenses de 1975. O Tedi foi um notório guloso, mas seu amor pela comida não chegou nem perto do apetite do Haim Zut, que teve seu tamanho e dimensões físicas como testemunhas. Ao tentar imaginar o Haim Zut, pensem num urso grande e paternal, com voz profunda. Curiosamente, por muitos anos o Haim Zut trabalhava como apicultor, extraindo mel das colméias de abelhas – e novamente repete-se aqui o “fator do urso”. A cidade onde Haim Zut morava – Pardes-Hana, é cercada de in finitos campos, plantações e laranjeiras que servem também como lar para milhares de javalis. O Yaron era conhecido por sua paixão pela caça de animais. E assim foi criado o triplo: Tedi, que era amigo do Yaron também fora do Tatami, ofereceu ao Haim levar o Yaron para caçar um javali, e no final da caça eles iriam assar o animal e fazer um grande banquete, e Yaron claro que não recusou. Ótimo. 6. Imi sabia que O Haim “rendeu-se” às vontades de seus alunos e estava ensinando para eles exercícios e movimentos que ele nunca introduziu no Krav-Magá. Somente por isso o Imi incluiu “A Teoria do Medo” numa palestra que deu sobre a filosofia atrás da aplicação das técnicas do K ravMagá. Lendo o que o S.r Haim Zut escreve sobre si mesmo, é possível compreender as tentativas do Imi de mudar a situação. Contudo, parece que até o grande professor falhou neste ponto , que hoje em dia é característica de qua se todos os praticantes do Krav-Magá. 7. Hallawa – uma comida doce, feita de gergelim e mel, encontrada principalmente no Or iente Médio. Tem suas srcens prováveis na T urquia, mas é bastante comum também em Israel. É um al imento rico em energia e faz par te das rações de combate dadas aos soldados no exército israel ense.
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Os três se organizaram e entraram com o carro do Tedi para os campos perto da cidade do Haim. Era noite e, portanto, Yaron andava armado em frente ao carro enquanto Haim e Tedi ficaram dentro do veículo e atrás do Yaron, acompanhando ele e mantendo os faróis ligados, para poder localizar os javalis. De repente aparecia no lado direito do carro uma gironda enorme, seguida por alguns de seus filhotes. Quando uma gironda vira mãe, ela protege os filhotes de forma muito feroz e perigosa, e não se parece em nada com os javalis que crescem no cativeiro. Rapidamente ficou claro que a fera iria cabecear o carro, e o Tedi não pensou duas vezes – pisou no acelerador com toda sua força e sumiu de lá junto com o Haim, deixando o Yaron sozinho para enfrentar a fúria da besta. Uma coisa Yaron sabia: quando está de pé, não tente atirar no javali - este animal tem uma capacidade extraordinária de sobrevivência. Assim ficavam a gironda e Yaron encarando um ao outro. Quem temia mais? Difícil dizer, mas os dois “oponentes” sobreviveram vinte minutos depois, quando Tedi e Haim voltaram para buscar Yaron... Essa história foi o próprio Tedi que contou para nós, e decidimos publicá-la somente para demonstrar as relações que foram formadas dentro do grupo também fora das aulas no Tatami. Já o Tedi, apesar de não chegar para a faixa preta e não fazer parte do grupo seleto, era bastante popular por todos os alunos e também meu pai gostava dele, e ele era considerado o campeão das brincadeiras nos treinos de Sábado. Quando conversou 8* conosco, o Haim tentou recordar o acontecimento mais engraçado que lhe aconteceu nas décadas que passou ao lado do meu pai: “O Imi”, conta Haim, “nunca deixou os alunos pagar a conta de algum
restaurante ou café. Contudo, uma vez, eu e minha mulher sentamos junto com Imi no “café Ugati” e antes que ele conseguisse levantar para pagar, a minha esposa pagou a conta e literalmente fugiu, para não “levar bronca” do Imi. Porém, assim que ele descobriu o que ela tinha feito e apesar de sua idade, ele começou a correr atrás dela no restaurante todo...” e o Haim continua: “não só aqueles dois estavam correndo um atrás do outro como gato e rato, eu também com toda minha idade e peso corria atrás do Imi para tentar pará-lo, para que ele não enfartasse...”. É claro que no final tudo acabou com sorrisos.
Apresentamos ao Haim aquela pergunta perturbadora sobre a suposta existência de um grupo secreto de treze pessoas treinadas pelo meu pai. “Escute” ele começa com um tom esclarecedor e simultaneamente respira uma grande 8. No que diz respeito ao Sr. Haim Zut, trouxemos aqui dois pontos de vista completamente distintos um do outro. O primeiro é relativo à sua participação verdadeira e histórica como membro dos primeiros dez alunos do Imi, enquanto o segundo ponto aparece no capítulo “Documentos & Testemunhos”. Sentimos muito o fato que o Sr. Haim decidiu travar a guerra para glori ficar seu próprio nome em vez de apoiar o Imi e seu caminho, já que foi Imi que lhe ensinou tudo que sabe sobre Krav-Magá. Todos querem ser respeitados, mas não fazem o mesmo com seu professor – Imi.
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e profunda quantidade de ar para abastecer o seu enorme corpo o maior tempo possível. Tenho que admitir que o Haim gosta de falar e quando ele começa é um pouco difícil interrompê-lo e até o pequeno gravador passou por dificuldades para conseguir acompanhar o ritmo acelerado da fala do Haim: “Eu tenho um pouco mais de setenta anos e nos últimos anos já ouvi tantas
histórias que ele vocês poderiam montar umaNão enciclopédia só das invençõesinventadas que cada sobre um fazImi sobre para benefício próprio. existia nenhum grupo secreto, se houvesse tal grupo com certeza eu faria parte dele e quem contou para vocês essa história deve ser internado num hospício, ou vocês podem o trazer para cá, a gente coloca ele junto com as minhas abelhas um pouco” 9*. Esse é o estilo de se expressar do Haim, um estilo reservado para agricultores acostumados a ficar no estábulo e conversar com as vacas, misturado com um senso de humor diferente. Já o Shmuel Kurtzveil, conhecido mais como “Shmulik”, chegou às aulas seguindo a recomendação de um amigo. Sendo um gerente junior na companhia israelense nacional de ônibus 10*, ele tentou inserir os mesmos métodos de gerenciamento no grupo dos dez alunos. Porém, seu caminho foi bloqueado por todos quase que imediatamente, já no primeiro momento. Não que isso o impedisse de tentar cada vez mostrar que ele era o “gerente” da equipe. Evidentemente que ninguém escutava seus conselhos e até meu pai, mesmo se ocasionalmente fingia que estava prestando atenção, só para não aparecer rude e grosseiro, de fato isso nunca resultou em alguma alteração significante. A verdade é que não tinha nada para gerenciar. O grupo todo funcionava como um tentáculo com múltiplos braços, tendo meu pai como a cabeça. Qualquer palavra, pedido ou ordem do meu pai foi executado de forma imediata, sem pensar e sem hesitar, como se fosse um instinto. Os movimentos do Shmulik eram curtos e afiados, e ele sempre tirou e enfatizou seus cotovelos, se foi preciso ou não. De acordo com todas as testemunhas, profissionalmente o Shmulik era a personagem menos significante do grupo. Entretanto, todos testemunharam que Shmulik é o 9. O nome da pessoa que alega a existência daquele grupo não foi revelado para o Sr. Haim Zut e nem para qualquer outro entrevistado. Por motivos éticos, não achamos isso justi ficado. Porém, é interessante saber o que o Sr. Haim Zut faria se soubesse o nome daquela pessoa, que conta uma história para pessoas que não falam Hebraico, mas elabora uma história completamente diferente para aqueles que falam somente Hebraico... 10. O Oskar Klein trabalhou na companhia nacional Israelense de Ônibus, chamada de EGED. Ele tinha experiência em Boxe Inglês, e sempre brincou com Shmulik Kurt zveil que apesar de Shmulik ser muito elevez ainda sempre doContudo, Oskar. E afoisaudável assim que o Shmulik chegou a treinar com Imi –mais ele jovem, veio uma para olhar,apanha e ficou. rivalidade entre os dois causou várias situações engraçadas e até ridículas. Shmulik, que no dia-a-dia era na verdade o chefe do Oskar, apanhava dele todo Sábado nas aulas semanais, e nem sempre estava claro se os golpes do Oskar eram de verdade ou nã o. O Oskar nunca admitiu que batesse de verdade e o Shmulik, por sua parte, alegou que nem sequer sentia os golpes do Oskar...
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mais arrogante do grupo e talvez por isso foi escolhido pelo meu pai – para testar a paciência dos outros, ou possivelmente prepará-los a lidar com este tipo de pessoas no futuro, quando eles mesmos seriam instrutores. Interessantemente também o Shmulik achou refúgio na religião, e é o quinto dos dez alunos a fazê-lo. Mas não devemos subestimar a contribuição de cada um daquele grupo para a formação final do vez que cada um nolongo seu jeito com do a sua parte. pai Krav-Magá, enxergava e uma planejava para o muito prazocontribuiu – a formação grupo nãoMeu era puramente profissional, como já vimos e ainda veremos – mas incluía outros fatores e elementos. A inclusão do Shmulik deve ser vista como uma tentativa de dar a sua seleta equipe certa experiência em administração, mesmo se de forma pouco convencional. Apesar de que a intenção não foi passar para o grupo um rápido curso em gerenciamento, mas das entrevistas que realizamos e das testemunhas que coletamos, fica evidente que o grupo absorveu do Shmulik importantes conhecimentos, alguns o fizeram sem sequer perceber isso. A informação simplesmente ficou guardada em suas mentes até o momento que virou útil para eles. É deste modo que precisamos examinar a criação do grupo – não somente do ponto de vista pro fissional, mas também de aspectos organizacionais, que anteciparam os futuros acontecimentos. Uns mais e os outros menos, mas todos sem exceções construíram e montaram a arte junto com meu pai 11*. Para trazer a trajetória histórica completa do grupo, acreditamos acontecimentos que não são fizeram diretamente ligados aos ser dez essencial pioneiros,incluir mas a alguns outras pessoas que também parte da criação do Krav-Magá. Vejam uma história sobre uma faixa preta que quase causou uma guerra total entre o grupo dos dez escolhidos do meu pai. Um dos amigos do meu pai, conhecido como Jamil, que tinha mais ou menos a mesma idade dele, era o dono de uma academia de ginástica na cidade de Tel-Aviv 12*. O Sr. Jamil sempre sentia uma atração natural pelo mundo das artes marciais, embora tenha passado a maior parte de sua vida como fisiculturista profissional e ganhado várias competições nacionais nesta modalidade. Para fazer parte do mundo das artes marciais, mesmo que de 11. É possível ver esta construção do K rav-Magá como re flexão da criação do Kung-Fu, mas com uma grande diferença. O Kung-Fu foi criado imitando movimentos de vários animais, enquanto Imi criou o Krav-Magá baseando-se no conjunto de movimentos daqueles dez pioneiros, que eram ao mesmo tempo a geração fundadora e também as cobaias no laboratório do Imi. Mas sem dúvida que foi a qualidade conjunta deles que tornou o Krav-Magá a arte ma rcial que é hoje, pelo menos para aqueles que treinam e conhecem o caminho srcinal do Imi. Já o Imi, conscientemente, queria coletar os movimentos de pessoas que seja representam, suas capacidades e limitações, a média da população, para que a arte, como arte, adequadacom a todos. 12. O bairro de Yad-Eliyaho, na cidade de Tal-Aviv, No Clube “Galit”. Para este local mudaram-se Yaron e Imi depois que Yaron assumiu a academia do Imi. A academia estava sob a administração de dois sócios – o Sr. Gadi Skornik, que era Judoca e praticante de Jiu-Jitsu Japonês, e o Sr. Jamil, responsável pela parte da musculação.
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forma pouco convencional, começou a costurar Kimonos de Judô e Caratê para todos os praticantes em Israel. Naqueles anos – 1967-1970 e também mais tarde, foi muito difícil conseguir Kimonos de boa qualidade em Israel, e se alguma loja já tinha bons uniformes, os valores seriam muito altos. O Sr. Jamil costurava Kimonos com qualidade razoável e preços mais razoáveis ainda e assim foi o primeiro a fazer Kimonos para os dez alunos do meu pai. Um dia o Sr. Jamil resolveu realizar o sonho de sua mulher, e levou-a para uma viagem na Tailândia. Ali, é claro, não conseguiu resistir e visitou algumas lojas especializadas na venda de produtos e roupas para artes marciais, principalmente para o tradicional Boxe Tailandês. Numa das lojas ele encontrou uma faixa preta especial, feita de seda, e decidiu na hora adquirir a faixa e dar de presente para meu pai. O Sr. Jamil julgou que nada é mais apropriado para a função e a posição do meu pai do que aquela faixa preta de seda brilhante. O fato que este tipo de faixa é inadequado para o Krav-Magá por ser muito fina e delicada demais, não passou na cabeça do Sr. Jamil. Para ele o importante era a dádiva em si. E assim, meu pai sentiuse obrigado a usar a faixa, uma vez que não queria ofender seu próximo amigo. Mas de todos os alunos dele que entrevistamos, recebemos o mesmo comentário – meu pai odiava aquela faixa brilhante que, de acordo com ele, o fez parecer com cara de palhaço 13*. Porém, Jamil era uma pessoa amada por todos e se meu pai tirasse a faixa, ele com certeza ficaria chateado, e meu pai ficou com a faixa. Todavia, enquanto meu pai procurava por qualquer saída possível desse problema preto e brilhante, para os seus discípulos a faixa era uma verdadeira fonte de orgulho, mas também de inveja, que meu pai realmente estava usando uma faixa de seda. Quando ninguém viu, eles a tocaram e sentiram seu contato macio com a pele, até que um dia meu pai percebeu a importância que a faixa tinha para seus alunos e imediatamente começou a elaborar e planejar uma manobra “política” genial, que poderia acabar com o “castigo” de seda. Algumas semanas antes Yaron havia sido aprovado no exame de faixa preta, porém, por diversos motivos, meu pai ainda não tinha realizado a cerimônia o ficial de colação de grau. Mas no momento que surgiu na sua cabeça a nova ideia, ele ligou para todos os alunos e os chamou para vir no próximo Sábado para um treino, mencionando que a presença de todos era obrigatória. Evidentemente que o grupo inteiro apareceu, e até o final da aula os alunos já estavam cheios de curiosidade e só conversaram e tentaram adivinhar o motivo pelo qual haviam sido chamados, uma vez que ficou claro que o treino em si não era a razão principal. 13. Percebemos o mesmo fenômeno com a faixa vermelha do Imi, que foi usada por ele pouquíssimas vezes em toda sua vida, e também naquelas ocasiões raras somente depois de uma longa discussão. Mais do que O Imi queria usar a faixa vermelha, as pessoas ao seu redor o desejavam, para justi ficar as faixas vermelho-brancas deles mesmos. Para Imi, a faixa preta já foi o su ficiente. Procurem no site do youtube.com o filme no qual Imi outorga ao Sr. Haim Gideon o oitavo Dan, mas sem usar Ki mono. Vemos a mesma continuidade com Yaron, que usa somente a faixa preta que recebeu do Imi, ao contrário dos outros que utilizam uma faixa vermelho-branca, alguns deles sem ter a quali ficação necessária para tal – o grau de sexto Dan. Aliás, o próprio Imi também nunca usava uma faixa vermelho-branca.
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De repente meu pai sinalizou para o Eli terminar a aula, que em seguida pediu que os alunos formassem uma linha e sentassem na posição de “Zesa”, para realizar a tradicional saudação do final da aula. Mas surpreendentemente meu pai passou a sentar também, um ato pouco comum, realizando a saudação junto com o grupo, e depois disse para Yaron fazer um passo para frente e ficar na frente dele epreta, do Eli.e um Agora o segredo tinha sidonorevelado tratava-se cerimônia de faixa grande sorrisojáapareceu rosto de–todos. Nestedaponto meu pai surpreendeu de novo, fazendo uma coisa nunca vista antes – ele tirou a sua faixa preta de seda, dobrou-a em quatro partes iguais e a colocou na cintura do Yaron, que ficou mais abalado ainda e demorou alguns minutos para se recuperar do choque. Na percepção do meu pai, este era o “crime perfeito”... Yaron e Jamil também eram bons amigos e o último até se arrependeu por não ter trazido uma outra faixa para Yaron, por não saber que em breve ganharia o novo grau. E desta forma meu pai conseguiu se livrar da faixa de seda sem ofender o Jamil, que até ficou feliz que o Yaron a ganhou. Todavia, as coisas não ficaram assim e logo começaria uma terceira guerra mundial... O Eli ficou furioso com meu pai e alegou, com razão, que, como o aluno mais graduado, era ele quem merecia ter recebido a faixa do meu pai, enquanto os outros alunos simplesmente nem tentaram esconder seus sentimentos de inveja e ciúme. Algumas semanas depois meu pai cedeu às in finitas pressões e solicitou ao Yaron trocar com ele a faixa de novo. Desta vez o Yaron recebeu a faixa srcinal do meu pai, que está guardada com ele até hoje, e o Eli recebeu a faixa brilhante, e andou com ela por mais algumas semanas, orgulhosamente mostrando-a para todos, até que um dia resolveu jogá-la ao lixo, compreendendo que realmente não era adequada para o Krav-Magá. Além das dez faixas pretas dadas pelo meu pai, nos anos 1975-1983, outras pessoas treinaram com ele e chegaram a graus elevados, apesar de não ganhar a faixa preta, e julgamos importante mencionar seus nomes ou no mínimo de alguns deles, para manter a história correta e exata do Krav-Magá. Não fomos capazes de coletar e guardar os nomes de todos, por causa do longo tempo que passou desde então e também pelo fato que a maioria deles já não está praticando Krav-Magá ativamente por décadas. Infelizmente, alguns não conseguimos localizar e eles provavelmente ficarão anônimos para sempre, e nós nos desculpamos por isso. Oscar Klein – Faixa Marrom Dudi Klein – Faixa Marrom Itzik – Faixa Marrom Zvulun – Faixa Marrom Miki Avrahami – Faixa Marrom Tedi Levkovski – Faixa Azul Yeruham – Faixa Azul Aldema Tzirinski – Faixa Azul 162
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A História do Krav-Magá
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Yosi – Faixa Azul 14* Tzvi Murik – Faixa Verde 15* Yaakov (kobi) Lichtenstein – Faixa Laranja, que recebeu do Yaron Lichtenstein de acordo com o pedido do meu pai, apesar de nunca ter treinado com meu pai, nem nas aulas regulares e nem nos treinos de Sábado. Yaakov era um menino de três de idade costumava brincar quando acompanhou seu irmão maisanos velho, que que ocasionalmente serviunodeTatami “babá”, aos treinamentos semanais. Meu pai fez o melhor que podia para encorajar o pequeno Yaakov a participar nas aulas, e por isso pediu ao Yaron para dar para ele a faixa laranja. Porém, o Yaakov só iniciou suas aulas de Krav-Magá quando completou quatorze anos de idade e Yaron passou a ensinar no clube “Galit”, na cidade de Tel-Aviv. O nível profissional e as exigências físicas na antiga academia em Tel-Aviv e mais tarde na BUKAN eram elevados. Os alunos mais graduados do Yaron daquela época, como Boaz, Tal, Ran, Eitan, Eyal, Menashe, Reuven e outros, que já estavam na faixa azul, contaram para nós que tentavam e se empenharam para ajudar o Yaakov em qualquer forma possível, para que ele pudesse acompanhar o ritmo das aulas. Contudo, embora sendo o irmão mais novo do professor e apesar da boa vontade de todos, eles acabaram desistindo do jovem. Este seria provavelmente o motivo pelo qual o Yaakov resolveu treinar com Eli e praticar seu novo caminho, e como podemos ver, no final foi o Eli que lhe deu as faixas marrom e preta. Richard Douieb (atualmente vive na França ) – Faixa Azul. Ele também recebeu a sua graduação do Yaron 16*, que seguindo um pedido do meu pai o treinou por 14. É necessário trazer a história pessoal do Yossi aqui, uma vez que ele teve uma in fluência profunda sobre o desenvolvimento do Krav-Magá como arte marcial para defesa pessoal. Não mencionaremos seu sobrenome simplesmente porque ele pediu para manter o seu anonimato. Yossi trabalhou naquela época (1977) como pintor de uma construtora na cidade de Jafa. Uma vez, depois de terminar um trabalho, ele marcou dia e hora e veio buscar seu salário do empreiteiro. Porém, o empreiteiro, que não estava com vontade de pagar, esperava por Yossi com outros dois pedreiros de srcem árabe. Em vez de pagá-lo, os dois pedreiros sacaram suas facas. O Yossi imediatamente mudou, de forma sucedida, para posição de defesa. Fazendo defesa contra facada na barriga ele conseguiu tira r a faca das mãos do primeiro ag ressor e aplicou def esa contra a mão do segundo rival. Ambos os pedreiros ficaram gravemente feridos e o empreiteiro fugiu. De acordo com a lei em Israel, Yossi foi preso até o fi nal de seu julgamento. Durante o processo o advogado do Yossi chamou Imi, que veio junto com Eli E Rafi, para testemunhar e o Imi demonstrou para o juiz as defesas contra faca no K rav-Magá. Yossi foi inocentado depois de provar que realmente agiu em autodefesa. Este acontecimento serviu como jurisprudência no caso de um outro professor de Krav-Magá, que agiu em circunstâncias parecidas e também foi inocentado. 15. Num livro publicado pela Editora “Dekel”, o Sr. Tzvi Murik a firma que recebeu da IKMF um diploma de faixa preta “de honra”. Aliás, o dono da editora “Dekel” é o próprio Sr. Murik... 16. É interessante ver o documento número 33, na página 287 que mostra e explica os princípios da organização que o Sr. Douieb Fundou na França. Misturando nomes e pessoas sem nenhuma lógica, ele inventa para si uma autoridade que na prática não existe. Como por exemplo, o fato que o Sr. Kobi não é aluno do Imi, como já vi mos, e o mesmo vale para o Sr. Darren Levin dos Estados Unidos. O próprio Sr. Douieb também não é aluno do Imi. Tudo isso não passa de mais uma tentativa de re-criar a história para benefício próprio, uma história incompatível com a realidade. Ademais, fi
tambémeletrônico, a Associação Israelense de Krav-Magá, che ada Sr. Haim Gideon,ver negou, através de correio qualquer relação com a organização do pelo Sr. Douieb. Pedimos os diplomas do um Sr. Douieb, mas não recebemos nenhuma resposta. No grá fico podemos ver que o Sr. Douieb é um aluno do Eli Avikzar, porém não há nenhum registro ou conhecimento dele na associação do Eli, e com certeza não de quinto Dan. Ademais, suspeitamos que o Sr. Douieb nem conheça algumas das pessoas que montam seu mapa, uma vez que no lugar do Eli Avikzar realmente aparece o Eli, mas no lugar do Haim Zut há uma outra foto do Eli ... Yaron, o único que lhe deu a faixa azul, não aparece no mapa.
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algumas semanas como parte de exame para faixa laranja. Contudo, o Sr. Douieb explicou para meu pai que deseja voltar com a sua família para a França e dar aula de Krav-Magá ali. No final meu pai cedeu e mandou Yaron realizar uma cerimônia e outorgar ao Sr. Douieb a faixa azul, e de acordo com nossas investigações e conhecimento, este é seu grau oficial em Krav-Magá até hoje. É interessante ver que no seu site o Sr. Douieb resolveu “ignorar” a existência do Yaron, provavelmente para evitar que seu grau verdadeiro seja revelado. Mas não apenas o nome foi tirado do site – quase todos os dez escolhidos do meu pai 17* não aparecem ali, e é claro que o próprio Sr. Douieb torna a personalidade mais importante no mundo do KravMagá, o que não poderia ser mais longe da verdade. Alguns dos alunos alcançaram no final a faixa preta, mas não como discípulos do meu pai e sim como alunos do Eli e Yaron. De qualquer forma, a partir do ano 1984 não podemos mais considerar os alunos do Eli como praticantes de Krav-Magá, mas como alunos do novo caminho que o ele criou, denominado de “Krav-Magen Israelense” 18*, que de modo algum pode ser visto como o Krav-Magá do meu pai. Depois de 1983, o ano no qual o Sr. Haim Gideon fundou a “Associação de Krav-Magá Israelense”, meu pai começou assinar também os certificados dessa organização. Nós, pessoalmente e do ponto de vista da pesquisa, duvidamos seriamente dos documentos emitidos por aquela associação. Meu pai nem sempre assinou os documentos com sua própria assinatura – muitas vezes aparece nos documentos uma espécie de carimbo que teoricamente “imitaria” a sua verdadeira assinatura, e este carimbo, é importante mencionar, nem sempre estava nas mãos dele e sob seu completo controle. Ou seja, apenas podemos con fiar nos documentos onde aparece a assinatura verdadeira do meu pai, como por exemplo, os certi ficados que entregou para Yaron, assinados na mão com a presença de testemunhas e autenticados por advogado. Sendo assim, e sem querer ofender a ninguém, devemos suspeitar da veracidade de todos aqueles que surgiram depois do falecimento do meu pai dizendo ter recebido dele a faixa preta (veja capítulo Documentos & Testemunhos ). Nossa única vontade é apontar ao fato de que nos anos 1984 – 1996, mesmo de forma clandestina, lançou-se uma cruzada para a modi ficação do caminho do meu pai e do Krav-Magá, 17. Não podemos nem desejamos dizer às pessoas como construir seus sites. Contudo, a visão da pesquisa é que “Os Dez” são uma unidade só, e qualquer um que não os inclui no processo histórico da criação do K rav-Magá, nega a verdade. 18. Eli, apesar da honestidade e dignidade que demonstrou ao longo dos anos durante seu processo de desligamento do Imi e a criação de seu próprio caminho, “ajustou” de vez em quando algumas datas para que servissem melhor aos seus objetivos. Das entrevistas que realizamos com pessoas que trabalhavam com Eli na época que ele era o instrutor-chefe de Krav-Magá na escola militar de fica claro que já nos anos de 1982-1983 ele começou a alterar aos preparação físicado para combate, Assim, poucos a matéria Krav-Magá. a associação do Eli foi fundada oficialmente só em 1987, mas o processo de mudanças, cortes e acréscimos teve início alguns anos mais cedo. Portanto, estando fiéis ao verdadeiro processo histórico, levamos em conta na pesquisa os anos 1982-1983 como os reais anos históricos da modi ficação. Da mesma forma, O Imi começou desenvolver o Krav-Magá nos anos 1966-1970 e só depois criou o nome da arte, e uma associação só foi oficialmente estabelecida em 1978.
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e qualquer um que estivesse próximo a “mesa de negociações” garantiu para si cada documento possível, teoricamente com a assinatura do meu pai, que nem sempre sabia o que estava assinando, isto é, se realmente foi ele que assinou. Meu pai não lia e nem escrevia Hebraico e todas as alegações que os documentos foram traduzidos para a língua Alemã, que meu pai lia e entendia, são irrelevantes. Em primeiro lugar, nenhum entregar para ele um documento em Alemão que diznão umahouve coisa,problema mas no documento em Hebraico escrevia coisas completamente diferentes. Evidentemente que também podiam ler para ele o documento em Hebraico, mas sem mencionar, ou mudar, as partes “indesejáveis”. Estes são apenas dois exemplos fáceis que nós conseguimos pensar, mas sem dúvida que há várias outras maneiras. Ao ler o artigo de “Documentos e Testemunhas”, essa possibilidade nos parece cada vez mais real. Em segundo lugar, a tradução de documentos oficiais em Israel é caríssima, e di ficilmente alguma associação, por rica que fosse, poderia fi nanciar a tradução de centenas de certidões e diplomas 19*. Não temos uma explicação definitiva por que alunos que chegaram até a faixa marrom, como Oskar e Dudi Klein, por exemplo, não receberam do meu pai a faixa preta 20*. Seria, provavelmente, mais um ponto de vista para a compreensão de seu caminho para o futuro. Ademais, faz-se necessário entender que a quali ficação daqueles dez exigiu do meu pai muitos longos e intensivos anos de total dedicação, durante a época na qual todos juntos estavam criando a arte e, uma vez finalizada a obra, elepassivo. decidiuAlém abrir disso, mão adoavançada controleidade e continuar caminho como espectador dele – já no estava chegando aosmero seus oitenta anos, junto com seu deteriorante estado de saúde, o impediram de praticar atividades físicas. 19. Israel é u m país que aceita e encoraja imigrantes judeus de todos os lugares e, por tanto, a legislação sobre o tratamento de imigra ntes desde a fundação do Estado em 1948 é diferente do resto do mundo. Por exemplo, é da responsabilidade do Estado en sinar a todos os im igrantes a língua Hebraica. Para evitar fraudes e atos parecidos, pessoas que não leem e escrevem o Hebraico, só podem dar uma declaração no seu idioma de srcem, que depois seria traduzida para Hebraico, e não ao contrário. Esse tipo de declaração pode ser prejudicial para outros e, portanto, o processo é realizado de tal forma que o declarante não poderia alegar que suas palavras foram alteradas e que não entendia corretamente o que foi escrito. A lei é bem elaborada e completa. Além disso, naquela época Imi estava em seus últimos anos e sua saúde já não era tão boa, e em situações assim é necessário trazer um atestado médico que a firme o declarante estar apto para tal. Nossa intenção não é dizer que as coisas não aconteceram daquela forma, mas ninguém nunca viu a declaração srcinal em Alemão, e nem o atestado médico. Tendo tudo isso em mente, nós pessoalmente duvidamos profundamente da veracidade dos documentos apresentados pela IKMA , mais ainda porque julgamos difícil que o Imi colaborasse na elaboração de tais documentos. 20. Apesar ser completamente é possível ervar este fato de um outro ponto de vista e alegar que, de da não perspectiva do Imi, elesexato, não estavam pro obs fissionalmente aptos para receber a faixa preta. Sem dúvida que alguns não estavam merecendo o grau, mas outros mereciam sim. Durante muitos anos o Oskar Klein dizia que o Imi teria sentimentos pessoais contra ele. Não menos interessante é o fato de que o Oskar foi nomeado, como podemos ver em documento número 17 página 251 como um dos diretores da associação fundada pelo Sr. Haim Gideon.
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Podemos observar que em diplomas emitidos pela participação em treinos especiais realizados no Instituto Wingate, meu pai realmente assinou no lado direito inferior do certificado, como o presidente da associação, mas no lugar reservado para o nome do instrutor já aparece a assinatura do Eli Avikzar. Contudo, a partir dos anos 1984 – 1985 essa situação mudou e o nome do Eli não estava mencionado mais, primeiramente porque ele estava dedicando-se completamente à construção de seu novo caminho, mas também contribuíram para tal as decisões “políticas” dentro da associação. Assim, chegou ao fim o trabalho regular do grupo e os treinos de Sábado também pararam. Quando meu pai terminou a realização de curso para Dans 21*, ele veio para as aulas com o tradicional Gi do Judô, mas quem ministrava os treinamentos era o Eli. Mais tarde ele ainda deu algumas aulas na escola BUKAN , mas naquelas ocasiões ele só apoiava e supervisionava, enquanto Yaron ficava responsável pela parte prática / física. Também na BUKAN sempre apareceu com seu tradicional Kimono, e é possível até ver algumas fotos que foram tiradas por alunos da BUKAN junto com meu pai naquelas aulas no livro “The Book of Krav-Magá – The bible”. No inverno de 1986, cerca de um ano e meio depois do término do curso para Dans, meu pai tentou pela última vez reunir o grupo de seus seletos alunos. Foi ele mesmo que organizou tudo e ministrou uma aula excepcional na escola BUKAN 22*. Quase todos os membros daquela turma especial estavam presentes. Destacouse a ausência do Eli, pois naquela época ele já havia se desligado das atividades do Krav-Magá e especialmente daquelas organizadas pela “Associação de Krav-Magá Israelense” (IKMA ) e não se considerou mais parte deste universo, apesar de manter profundas relações amigáveis com meu pai. Presumimos que a decisão de realizar a aula na escola BUKAN veio com o intuito de apresentá-la para o grupo todo. Na aula estavam presentes tanto alunos faixas pretas do Eli e do Yaron, como membros da 21. O curso para Dans que foi ministrado pelo Imi por mais de um ano, cada Sábado no Instituto Wingate, foi marcado pela transição para a nova “associação de Krav-Magá Israelense”. Muitos dos membros do grupo não gostaram da idéia, e como podemos ver na foto do final do curso, somente quatro integrantes do gr upo pioneiro participaram no curso: Haim Zut, Ra fi Algrisi, Avner Hazan e Yaron Lichtenstein. Os outros part icipantes no curso eram alunos de Yaron, Eli e Haim Zut. Algu mas das pessoas não apareceram para o curso também por causa de sua longa duração e do tempo que exigiu. Às vezes pessoas com famílias não podiam largar tudo todo final de semana durante mais de um ano. O interessante é que o Yaron, sem perceber, repetiu o mesmo erro do Imi quando realizou o primeiro curso de faixas pretas para alunos da “ BUKAN ”, que também durou um ano. Porém, mais tarde ele e o Imi desenvolveram juntos um novo método de exames de faixas que diminuiu signi ficantemente o tempo e a duração. 22. “BUKAN ” – signi fica “escola do guerreiro” e m Japonês. O edifício onde fica a escola, na cidade de Rehovot, foi construído em 1948 e usado como filial do colégio técnico internacional “Or t”. Mais tarde, quando a cidade cresceu e o ed ifício tornou pequeno demais para o grande número de alunos, o colégio mudou-se para outro endereço e oseedifício ficou abandonado por muitos anos, até fi nalmente ser adquirido pelo Yaro n, que também recebeu a s plantas srcinais do lugar, que contém assinaturas de várias personalidades históricas da época da fundação de Israel. Apesar de vários pedidos feitos pela “Ort Internacional” para Yaron doar as plantas srcinais, ele se recusou alegando que elas fazem parte da história do Krav-Magá, que não é menos importante.
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nova associação fundada em 1983. Também o an fitrião do evento – Yaron, não conseguiu fornecer uma explicação detalhada para a inédita decisão do meu pai. Todavia, todos os participantes daquela aula mostraram grande entusiasmo e exaltação na forma como a escola foi construída, suas instalações e equipamentos disponíveis. Muitos deles já ouviram falar da escola, mas nunca tiveram a chance de visitá-la. Era o jeito do meu pai de mostrar para todos a sua visão sobre o futuro do Krav-Magá. Este treino foi também a última vez que meu pai vestiu seu Kimono e ministrou uma aula completa para seus alunos, e os membros do grupo nunca mais se encontraram para realizar um treinamento conjunto. Os dois grupos, aquele de Tel-Aviv e o outro de Natanya, dividiram-se na seguinte forma: Em Natanya treinavam: Ra fi Algrisi, Haim Zut, Shmulik Kurtzveil, Haim Hakani, Eli Avikzar. E no grupo em Tel-Aviv tivemos: Victor Bracha, Avner Hazan, Shlomo Avisra, Miki Asulin, Yaron Lichtenstein. Mas na verdade, não seria exato dizer que o Eli Avikzar treinava, uma vez que naquela época ele já havia se tornado, profissionalmente, o braço direito do meu pai e o acompanhava para todas as academias. Yaron treinava todos os dias – duas vezes na semana em Tel-Aviv, três vezes em Natanya, cinco dias por semana no total. Desta forma só Eli e Yaron conheceram o grupo inteiro nos primeiros anos. Houve também uma diferença na natureza das aulas entre Natanya e Tel-Aviv – na primeira os treinamentos eram mais dedicados à realização de lutas, enquanto na segunda destacou-se o lado artístico. Novamente testemunhamos aqui o jeito estranho do meu pai de agir com duplicidade – dois grupos em duas cidades. Será que isso estaria relacionado ao seu signo de Gêmeos? O Sr. Haim Hakani entrou no grupo por causa do Ra fi Algrisi. O Ra fi, que já tinha ganhado a sua faixa amarela, seguiu uma ordem do meu pai e visitou todos os clubes e academias na cidade de Natanya e nas redondezas à procura de novos alunos. De acordo com o Sr. Haim Hakani, ele estava brincando com alguns de seus amigos, tentando sem êxito imitar os movimentos que viram em filmes de Caratê e artes marciais. O Ra fi veio e mostrou para eles os movimentos verdadeiros e assim o Haim chegou para fazer uma aula experimental e ficou para sempre. O Haim diz que esse ato era a única coisa boa que fez em toda sua vida. Até hoje ele acredita que se não encontrasse meu pai, provavelmente acabaria no crime, como aconteceu com a maioria de seus amigos no pobre bairro onde cresceu. Para ele, meu pai é o homem mais querido no mundo, mais do que seu pai biológico, a quem nunca deu ouvido. De novo não podemos ignorar o fato de que meu pai usou uma rede de pescadores, literalmente, para seguir seu coração e formar aquele grupo especial, no qual o Rafi tinha uma parte considerável. Quando chegou para a faixamédio marrom, contou o Haim, meu lhe avisou que até que ele concluísse o ensino (o qual ele tinha largado no anopai retrasado ) por completo, não ganharia também a faixa preta que tanto desejava. Desta forma, e depois que meu pai interveio pessoalmente e conversou com o diretor do colégio, o Haim retornou para as aulas e conseguiu se formar com sucesso. Ele não duvida por 167
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um momento que se não fosse por meu pai e seus esforços, ele nunca seria aceito na polícia israelense, seu local de trabalho até hoje, mesmo ele já tendo completdo cinqüenta e três anos. Depois do fim da associação do meu pai e da mudança dele para a “Associação de Krav-Magá Israelense” (IKMA ), o Haim ainda continuou frequentando as aulas, que agora foram realizadas na academia da IKMA , mas foi principalmente por causa do fato, e isso ele admite sem vergonha nenhuma, que emocionalmente não conseguia ficar longe do meu pai. “Entretanto”, ele explica e nós percebemos que apenas a recordação já causa uma certa sensação desagradável, “não é possível para uma pessoa ficar treinando a vida toda...” Um comentário “político” e bem planejado, feito para não denegrir ninguém sem querer. Como mencionamos já várias vezes ao longo da pesquisa, os alunos diretos do meu pai foram abençoados por um forte senso de honestidade e integridade, que infelizmente são ausentes do mundo do Krav-Magá hoje em dia. A forma suave de Haim de se expressar até hoje, muitos anos depois, comprova novamente a enorme in fluência do meu pai e o poder da educação que deu aos seus discípulos. E com o mesmo estilo delicado e indireto o Sr. Hakani articula a sua resposta sobre a questão daquele “grupo secreto” de treze pessoas, teoricamente treinado pelo meu pai: “Eu moro e vivo em Israel”, explica ele, “conheço meu povo e conheço
intimamente a capacidade de invenção dele. Se tivesse tal grupo – eu seria parte ”. dele – mas Há nunca algumaexistiu dificuldade de entrevistar o Haim Hakani de forma direta, uma
vez que sua função na polícia israelense exige uma autorização especial por cada entrevista que ele deseje ceder. O mesmo processo ocorre também com soldados e oficias do exército. Portanto o Haim ofereceu: “consigam aquela autorização, e eu irei preencher para vocês alguns livros apenas com as histórias que já escutei ”. Decidimos não solicitar a autorização da polícia simplesmente por não querer expor as matérias da pesquisa antes do tempo, mesmo se isso signi ficasse abrir mão de uma entrevista longa e completa com o Sr. Hakani, e tivemos que ficar satisfeitos com o que ele defi nia como “permitido pela lei”. Se entregássemos uma solicitação oficial à polícia, teríamos que dar uma explicação bem detalhada sobre o conteúdo do nosso trabalho e assim anunciar de fato a sua existência e seus princípios guiadores, uma coisa que, como autores experientes, não estávamos dispostos a fazer de maneira alguma. O Haim Hakani, apesar de seu corpo magro e altura baixa, é excepcionalmente flexível e veloz, e chegou até a trabalhar, por curto período de tempo, como dublê na indústria cinematográ fica israelense. Seu temperamento era tão ardente como o do Eli Avikzar, e todos mantinham uma distância segura para não o irritar sem querer. Mas dentro da casca grossa estava escondida uma personalidade delicada e agradável. De vez em quando surpreendia meu pai e o resto dos alunos com truques novos que realizou para algum filme de ação israelense. Ele tinha a melhor técnica de 168
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rolamentos no grupo, e serviu como a “cobaia” do meu pai para as diferentes técnicas de rolamentos que estava desenvolvendo. Apesar de ter algumas di ficuldades em controlar as diversas técnicas de chutes, sua incrível capacidade de salto ajudou meu pai a desenvolver os chutes em perseguição, que existem unicamente no Krav-Magá. Essas duas características - os rolamentos e os saltos, constituem sua principal contribuição para o repertório de movimentos do Krav-Magá durante seu processo de criação. Meu pai contava com a rápida reação do Haim Hakani quando queria examinar se os diversos movimentos e exercícios de defesa que criou funcionam contra ataques reais, e assim mandava o Haim atacar os alunos enquanto eles se defendiam. Também quando meu pai demonstrou defesas pessoalmente, escolheu muitas vezes o Haim como o agressor para provar que as técnicas funcionam. Houve alguma sensação no grupo de que “se conseguimos defender contra Haim Hakani, então o exercício funciona”. No primeiro manual publicado pelo meu pai no ano de 1971, o Haim Hakani aparece na contracapa, atacando meu pai com faca. Seus movimentos eram muito rápidos e ao mesmo tempo bastante curtos. Seu corpo e suas mãos moveram-se na mesma velocidade e, portanto, sua habilidade ofensiva era maior da defensiva, um fato que deu ao meu pai a possibilidade de aprimorar também as técnicas de ataque no Krav-Magá, e não somente as defensivas. Meu pai sempre afirmava que para aprender a defender corretamente, é preciso atacar corretamente, por este motivo os ataques no Tatami devem ser mais duros ainda do que ataques na rua, ou seja, contra ataques nas aulas é mais difícil proteger-se por causa do profissionalismo dos praticantes, mas assim facilitamos o nosso trabalho na rua, na realidade. Em uma das principais bases de treinamento do exército israelense foi colocada uma grande placa, dizendo: “Difícil nos treinos, fácil no combate”. Haim Hakani é um dos que mais contribuíram para o desenvolvimento de técnicas de ataque que meu pai incluiu no Krav-Magá. Quem olhar a foto coletiva na primeira página do artigo “Graduações no Krav-Magá” verá o Avner, sentado primeiro da direita. É necessário ter um olho afiado e experiente na leitura de linguagem corporal para perceber a potência escondida neste “baixinho” (curiosamente, sete dos dez pioneiros tinham altura abaixo da média ). Prestem atenção para os seguintes movimentos do Avner: vejam como todos os sentados na primeira linha colocam suas mãos em cima do joelho ou da coxa. Mas agora observem a posição dos polegares – o polegar direito do Avner e o dedo indicador parecem estar tocando um noutro. Olhem na situação dos ombros e na forma como os abdominais são esticados para dentro, puxando assim o nó da faixa na mesma direção. O Avner possui movimentos corporais perfeitos e é capaz de passar no mesmo movimento de ataque para defesa 23* sem que o oponente sequer sentisse. Sua rapidez e suavidade foram fundamentais para que 23. Avner a firma que durante anos praticou e treinou também Yoga. Consequentemente suas capacidades físicas melhoraram imensamente. Este fato nos liga novamente à srcem das artes marciais, para Budidaharama, que viajou da Índia pa ra a China. Tanto faz qual for o ponto de par tida, sempre chagaremos ao mesmo ponto final. É necessário ressaltar que embora as arte s marciais tenham tido raízes na Índia, este país não possui nenhuma ligação com as ar tes marciais.
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meu pai se investisse no desenvolvimento da técnica denominada “Sejam Suaves”, presente exclusivamente no Krav-Magá. Hoje em dia, um dos treinamentos mais populares são as “aulas de agressividade”, que na verdade nem existem no Krav-Magá, ao contrário, a suavidade é o nosso movimento principal. Um praticante com capacidade mental e coragem para entrar e atacar seu oponente não precisa de nenhuma agressividade. Tudo que ele necessita é uma técnica correta e vencedora. Agressividade faz parte do mundo dos medrosos, daqueles que têm zero conhecimento pro fissional. Qualquer estudante de Psicologia sabe – agressividade é o substituto, não a fonte. Neste caso, a fonte é conhecimento profissional no Krav-Magá, como foi criado pelo meu pai, com sua suavidade, pela qual devemos profundos agradecimentos ao Avner. Os movimentos do Avner acabaram in fluenciando todos os alunos pioneiros e o nível de suavidade de seus movimentos era o mais alto possível. Para Avner, a suavidade não se limitava somente ao aspecto físico, mas fazia parte de sua personalidade e sua concepção de vida. Para ter movimentos mais suaves ainda, o Avner começou a praticar também Yoga, deixando bastante satisfeito o meu pai, que por sua vez resolveu “empurrar” também o Yaron para dentro do “mundo filosófico” que completa os elementos físicos. Entrevistando os primeiros alunos faixa preta, é difícil receber uma resposta absoluta e unânime sobre o conhecimento e sabedoria do meu pai no assunto. Alguns alegam que ele sabia e entendia muito mais do que desejava admitir, revelar e ensinar, e outros afirmam que ele tinha certo conhecimento no tema, mas que aquele era limitado e mal aprofundado. De qualquer forma, nenhum dos lados tem autoridade e domínio suficientes para determinar de forma decisiva o nível de aprofundamento do meu pai no assunto. Entretanto, todos mencionaram o fato de que depois de algumas aulas, ministradas pelo Avner, sobre técnicas de respiração correta (essas técnicas foram adicionadas no final para a técnica de realiz ação de lutas no Krav-Magá ), meu pai começou a trabalhar e ensinar o que ele chamou de “Mental Training” ( Treinamento Mental ) e dedicou grande parte do tempo dele para seu desenvolvimento. Naquela época, o profissionalismo do Eli e seu “jeito” de se mover foram os mais influentes no grupo, e sem dúvida que sua técnica de lutas foi a melhor jamais vista. Mas o Eli agiu normalmente aproveitando a velocidade natural do seu corpo, este era seu único modo de operar. Já com o Avner a situação era completamente diferente – sua habilidade de se movimentar com total suavidade e alterar as suas posições corporais com a mesma qualidade e agilidade lhe deram a capacidade de enfatizar cada movimento até o máximo. Em outras palavras – se atacasse com soco terminaria o movimento e a mesma coisa se usasse um chute – também concluiria a movimentação e somente depois passaria para o próximo movimento. Foi observando Avnerapenas que meu paiconcepção. percebeu que não erajuntou possível basear a técnica dee realização deo lutas numa Portanto, alguns componentes técnicas para criar a estratégia geral do Krav-Magá, tendo justamente o Avner como ponto de partida - a filosofia de “Sejam Suaves”. A suavidade, e não flexibilidade ou agilidade, era a grande diferença entre o Avner e o Eli Avikzar. 170
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A ideia atrás do “Mental Training” era a aplicação lenta dos movimentos dos chutes, alcançando assim os níveis máximos de: “ flexibilidade e alongamento
dos músculos da perna, equilíbrio e estabilidade, controle sobre o equilíbrio corporal, e, consequentemente, domínio total na técnica de controle do pé ”. Este exercício constitui o pilar para o trabalho de pernas criado pelo meu pai e sem o qual não saberíamos chutar. Ademais, o fato de que meu pai convenceu também o Yaron a seguir o caminho do Avner comprova que ele tinha vasto conhecimento no assunto. Fotos da juventude do meu pai demonstram que possuía flexibilidade considerável, característica de praticantes de Yoga e, portanto, não devemos rejeitar a possibilidade de que meu pai tenha praticado também Yoga por algum tempo. O Avner chegou até a faixa preta e depois continuou seus treinamentos por mais algum tempo, mas seu trabalho no dia-a-dia estava consumindo cada vez mais de seu tempo até que, no final, ele parava de treinar regularmente. Como o resto de seus colegas, o Avner não aceitou o fato de que meu pai foi nomeado como presidente de uma associação que não era dele e recusou-se, e com toda a razão, a treinar com pessoas profissionalmente inferiores a ele, uma vez que meu pai já não estava lecionando mais. Na verdade, exatamente o mesmo aconteceu com todos os alunos faixas pretas do meu pai. Quando, como sempre, perguntamos sobre aquele “grupo secreto” composto de treze pessoas e treinado pelo meu pai, o Avner olhou para nós e pareceu estar pensando: “o que eles querem de mim? ” Ele estica seus braços para os lados, como se estivesse perguntado qual é exatamente a nossa intenção... E acrescenta: “Escutem, eu sou como os três macacos, sem política, nós éramos o grupo mais “secreto”, e só isso!” E de fato, observando filmes que aparecem no site do “Youtube.com” percebemos que os instrutores da IKMA praticam hoje em dia mais “Jiu-Jitsu Brasileiro” do que Krav-Magá... E de acordo com algumas opiniões profissionais que recebemos, trata-se ainda de “Jiu-Jitsu Brasileiro” de péssima qualidade... E eis mais um motivo para a saída dos pioneiros daquela organização – meu pai nunca incluiu essas técnicas inferiores de “Wrestling” no Krav-Magá 24*. Miki Assulin ingressou na academia de Tel-Aviv no ano de 1971. De acordo com ele, o motivo era que conheceu o Krav-Magá e o Imi e foi imediatamente “capturado”. Do grupo todo, Miki é o aluno que esperou o menor tempo até receber a faixa preta. Meu pai, por alguma razão, decidiu que até 1978 todos os membros do grupo seriam faixas pretas 25*. Ele provavelmente já queria ver o fim deste capítulo 24. “Técnicas de chão” nas artes marciais requerem menos coordenação do que técn icas aplicadas em pé. Quando deitados, não há necessidade de manter o equilíbrio e, portanto, essas técnicas são mais fáceis de ser executadas. Percebemos muitos “si stemas” que incluem cada vez mais técn icas de chão em seus treinamentos, e o motivo é este mesmo. A execução dessas técnicas é mais simples ainda para aqueles que nãopercebemos possuem altos (em compl relaçãoexo, ao Krav-Magá). 25. Novamente queníveis o Imi de tincapacidade ha um planofísica perfeito, de longo prazo e projetado até os mínimos detalhes. Ele aceitava os gra ndes riscos de seu planejamento e, por algum momento, parecia também para ele que o plano teria mais chances de fracassar do que de ter êxito. Mas, no final, conseguiu passar por todos os obstáculos e perigos que estavam na sua longa trajetória e ele garantiu a continuação de seu cami nho por pelo menos mais uma geração.
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Nem todos os integrantes do grupo necessariamente contribuíram de forma prática e profissional para o caminho do meu pai. Seria preciso um grupo de pesquisadores que preparasse, como é o costume neste tipo de trabalhos, um caderno bem grosso, com centenas de páginas contendo milhares de perguntas para apresentar a cada um dos membros do grupo, com o intuito de montar um per fil fi
de intenções comportamento. de forma maisqualidades cientí ca as do meuTalvez pai ao assim formarpudéssemos sua equipe, entender porque escolheu certas físicas e mentais etc.. Evidentemente que nós pulamos por cima deste obstáculo, uma vez que não está diretamente relacionado ao aspecto prático e é baseado em puras especulações, inadequadas a uma análise séria como esta. Porém, é provável que no Miki meu pai procurasse justamente aqueles comentários críticos a respeito da capacidade ou incapacidade de aplicar os diferentes movimentos e técnicas, e assim meu pai teria a chance de fornecer respostas longas e precisas sobre cada exercício, seu objetivo e intenção. Na verdade, o Miki foi uma das pessoas que levaram meu pai a colocar dentro do Krav-Magá o ditado: “Devemos ter uma intelectualidade profissional”. A intelectualidade profissional, explicava meu pai, é conseqüência de conhecimento pro fissional e autoconfiança do praticante, mas, acrescentava, isso vale também para outras áreas, não apenas para o Krav-Magá. A diferença entre ser um médico e ser um bom médico, é aquele profissionalismo e comportamento profissional, e sem os dois somos apenas mais duas pessoas com diplomas pendurados na parede. Portanto, sempre que era necessário, meu pai pedia para o grupo ficar sentado enquanto ele explicava e demonstrava tudo, às vezes brevemente e em outras vezes durante horas, cada movimento e cada exercício, e como no final, todos se conectam para um só. Ele ficava explanando e ilustrando até ter certeza de que a concepção fundamental de profissionalismo estava clara para todos. Por isso que meu pai enxergou a atitude do Miki de forma diferente do resto do grupo. O Miki começou a dar aulas de Krav-Magá na Universidade de TelAviv, mas ele não era o único instrutor lá – estavam presentes outras artes marciais como Caratê, Tae-Kwan-Do, Judô etc., e os estudantes lhe apresentaram o tempo todo questões que ele não conseguia responder sozinho, e ele passou as perguntas adiante, para o grupo e meu pai, usando seu jeito cínico que ninguém gostava 26*, embora todos admitissem que adoravam as perfeitas explicações e demonstrações do meu pai das quais, diziam, aprenderam mais do que imaginavam possível. 26. Temos em nossos arquivos todas as provas, testemunhas e documentos necessários sobre a fluente no mundo do Krav-Magá em Israel, daqueles que história pessoal de equalquer ajudaram a criá-lo tambémpersonagem daqueles queintentam re-escrever a sua h istória. Não é de nossa intenção divulgar atos individuais de uma nat ureza ou outra que não sejam diretamente relacionados ao KravMagá. Está claro para nós que uma vez publicada a pesquisa, algumas pessoas tentarão usá-la para prejudicar outras. O fato de que não publicamos certas informações é devido a motivos éticos, e não por falta de conhecimento.
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Shmuel Hanatziv 22. Para este local na cidade de Natanya o Imi mudou-se da Rua Shehset Hayamim. A entrada da academia era um corredor comprido, no final do qual estavam alguns degraus que levaram até a porta da academia. A foto da esquerda mostra a entrada da rua para o corredor, enquanto a segunda mostra o corredor.
O Victor começou a treinar quase junto com o Avner, no início de 1969, e era entre os primeiros alunos da academia em Tel-Aviv. O Victor é bastante simpático e leve, e trabalhou por muitos anos no ramo dos diamantes, e encontrou meu pai porque procurava uma forma de praticar alguma atividade física e, portanto, no início o Krav-Magá era para ele nada mais do que um agradável passatempo. Mas como aconteceu com o resto do grupo, no momento que o Victor pisou no Tatami e meu pai percebeu seus movimentos corporais, a teia foi preparada e o Victor foi introduzido para dentro da seleta equipe. Seus movimentos eram ainda mais suaves daqueles do Avner. Enquanto o Avner era autodidata e se educou no caminho da suavidade, o Victor simplesmente nasceu assim. Do ponto de vista do professor, o Victor é o aluno perfeito. Jamais discutiu, rejeitou ou di ficultou com perguntas. Treinaria com máxima concentração, até que conseguisse ensinar a seu corpo o novo movimento. Quando o Victor aperfeiçoava algum movimento ou exercício, meu pai sabia quepara ele medir pode avançar na matéria. virou uma espécieCada de padrão do meu pai a capacidade e nívelOdeVictor performance do grupo. professor decide passar para a próxima técnica de acordo com seus próprios parâmetros, e no caso do meu pai era o Victor. Não porque ele foi lento ou de péssima percepção, mas por causa de seu jeito de absorver as coisas até alcançar a perfeição. Talvez o 173
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seu emprego como polidor de diamantes (o Victor era especialista em trabalhar com a pedra toda, não somente sobre um ângulo especí fico) o tornou assim, é um trabalho que requer um exame altamente detalhado da pedra e profunda concentração, uma vez que cada erro, menor que seja, pode tornar um diamante estimado em centenas de milhares de Dólares em uma pedra sem valor nenhum. O Victor sabia aproveitar todas estas características em favor do Krav-Magá, e foi isso que o fez um grande praticante. O Victor, mesmo se não viu no meu pai uma figura paternal, era fiel e honesto com meu pai, como o resto dos membros do grupo, e a seguinte história mostrará até que grau: De vez em quando chegaram para a academia em Tel-Aviv vários profissionais de diversas artes marciais, como Judô, Caratê etc.. Meu pai, nos dias em que o “espírito da boa hospitalidade” estava presente nele, concordava em demonstrar algumas técnicas para aqueles visitantes. Num dia desses, o Yaron e o Victor treinavam juntos e meu pai pediu para o Victor demonstrar defesa contra ataque com faca, e foi assim que o Victor contou a história para nós, com um sorriso meio sério no seu rosto: “O Yaron já estava cansado e falou no meu ouvido que ele iria fingir que
estava pulando no ar e assim eu não iria precisar fazer a defesa com toda a seriedade – ou seja – iríamos fazer um pouco de “teatro”, como já tínhamos feito em algumas ocasiões, já que além do Imi ninguém entendia nada mesmo. Mas eu nunca fiz esse tipo de coisa e o Yaron, que não estava preparado, quase quebrou seu braço”. O Victor riu e continuou contando que ele lembra tudo isso especialmente por causa da “vingança” do Yaron, que lhe deu uma horrível mordida nas costas, que até hoje ele ainda sente. No ano de 1983 o Victor, como muitos outros, retirouse da prática ativa de Krav-Magá e nem tomou parte no curso para Dans dois, três e Quatro que meu pai realizou. Ao apresentar aquela tão importante pergunta sobre o tal de um grupo secreto de treze pessoas treinado pelo meu pai, um ponto de interrogação apareceu no rosto do Victor: “O que? ”, ele pergunta, “O Imi tinha mais um grupo? Como é possível então que ninguém jamais tenha ouvido falar desse grupo? ” Ficamos com a inevitável sensação de que deixamos o Victor profundamente ofendido com a nossa pergunta, que veio insinuar que existia um grupo que ele não conhecia, uma coisa que agora sabemos ser uma invenção imaginária de uma só pessoa, desligada da realidade histórica do Krav-Magá e de sua criação. O Victor demorou quase um mês para retornar uma ligação e a firmar que conversou com vários de seus conhecidos e todos disseram a mesma coisa – esse “grupo secreto” nunca existiu ! Fechando a lista é o Yaron. Dedicamos um artigo completo para narrar seu trabalho junto com a Escola BUKAN e acrescentaríamos apenas isso: quem genuinamente deseje ver, entender, aprender e saber o que meu pai criou, quem realmente queira conhecer a criação completa do meu pai, quem além de força muscular possua também mente forte, e se sinta valente o su ficiente em corpo e alma, quem considere-se um verdadeiro artista de Krav-Magá, deveria treinar no mínimo uma vez na sua vida com este grande professor, o verdadeiro sucessor do caminho do meu pai. 174
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Desfecho: Eli Avikzar: Esse é um assunto bastante sensível e polêmico, e nós resolvemos escrevê-lo com total respeito para o Eli, que não está mais conosco, mas ao mesmo tempo respeitar também a ética profissional e aqueles que ainda estão aqui. A complexidade deste tema é g rande e nós esperamos que nas próximas linhas consigamos expli car e esclarecer t udo. A importância do Eli à pesquisa vem do fato dele ser o primeiro e por muitos anos o mais graduado discípulo do Im i. Seu papel na c riação do K rav-Magá é indispensável e incontestável . Sem ele, o Krav-Magá não seria o mesmo, ou ta lvez nem existisse. Por ém, neste ponto ter mina também a sua parte, uma vez que ele fez as suas decisões e resolveu criar seu próprio caminho. Eis algumas testemunhas pessoais: Quando conversamos com o Sr. Haim Zut, ele a firmou ser ele mesmo o primeiro aluno do Imi!!! Do outro lado, quando entrevistamos o Sr. Ra fi Algrisi, ele também alegou que é o primeiro aluno do Imi, e que na verdade foi ele quem trouxe o Eli para as aulas !!! Ao falar com o Sr. Yehuda Avikzar, o filho do Eli, ele con firmou por alguma razão a versão do Sr. Haim Zut, e disse que realmente o Eli não foi o primeiro aluno do Imi, mas somente o mais graduado. Quando pergu ntamos se sabia como seu pai iniciou-s e nos treinamentos de Krav-Magá, o Sr. Yehuda narrou a seguinte história: “Meu pai – o Eli Avikzar, realizou demonstrações de lutas (Wrestling) na praia de Natanya.
Um dia veio alguém e lhe recomendou a treinar com uma pessoa chamada Imi que ensinava KravMagá, e foi assim que tudo começou ”. Como os escritores desta pesquisa histórica, e tendo em mão todas as provas da verdade, ficamos chocados por alguns instantes. Pois sabemos claramente que o Eli nunca praticava este tipo de
luta, e na época que o Eli conhecia Imi, o nome K rav-Magá nem existia ainda. Por isso ficamos muitos surpresos do fato que os herdeiros do Eli apoiam uma versão histórica completamente incorreta. Mas qual seria o motivo disso? Nós acreditamos que o filho do Eli abre mão da primogenitura de seu pai, coisa que o próprio Eli nunca fez, para esconder e encobrir as circunstâncias reais de como o Eli e o Imi se encontraram e se conheceram. Entretanto, sempre existe a possibilidade de que o Sr. Yehuda nem saiba toda a verdade. Nós sabemos todos os fatos completos sobre aquele encontro histórico, mas como já mencionamos ao longo do livro, não é do interesse da pesquisa divulgar essa história, uma vez que não tem nenhuma in fluência sobre a criação e a trajetória do Krav-Magá. As próximas gerações, caso considerem tão importante, poderão realizar sua própria pesquisa. Para nós, está evidente que a publicação destes fatos prejudicará a nossa integr idade ética e a de nossa pro fissão, sem mencionar que muitas pessoas usarão esta informação de forma maldosa, e isso também não é de nosso interesse. Observamos também, naquela conversa com o filho do Sr. Eli Avikzar, como um novo processo histórico é constituído, com o intuito de criar para o Eli e a construção de seu novo caminho explicações diversas, que não são necessariamente ligadas à verdade histórica. De acordo com o filho do Eli, várias pessoas ligadas à Associação de Krav-Magá Israelense ( IKMA ) pressionaram pesadamente o Imi para que ele tomasse de volta o grau de sexto Dan que cedeu para o Eli, alegando que o Eli não o merecia. Mas não há fundamentos históricos e factuais para esta história, não encontramos nenhuma outra pessoa que testemunhe o mesmo. O único objetivo desta lenda é criar uma justi ficativa histórica para a saída do Eli da IKMA e a criação de seu novo caminho, e mostrar que ele foi o primeiro a se desligar dessa organização.
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Conhecendo o comportamento dos dirigentes da IKMA naquela época, é bem possível que o Imi tivesse sido pressio nado por eles para reagir de alguma forma, mas na realidade isso não ocorreu. E mais, o Eli ainda foi promovido pelo Imi para o grau de oitavo Dan. De nosso ponto de vista, todas essas histórias são desnecessárias. As pessoas deveriam atuar como verdadeiros praticantes de KravMagá, com autorespeito e com bravura , exatamente como o próprio Eli agiu. Talvez assim as coisas fossem completamente diferentes. O desligamento do Eli do Krav-Magá do Imi não foi sua culpa, embora sendo uma iniciativa particular dele. Contudo, com seu feito ele marcou o caminho para todos os outros, pois no final, não podemos esquecer, todos eram ex-alunos dele. Vemos assim como as histórias inventadas vêm crescendo cada vez mais. Sem a atual pesquisa, daqui a alguns anos, até os poucos que ainda conhecem os verdadeiros conhecimentos, não saberão mais. A próxima geração já não reconheceria a h istória do Krav-Magá e das pessoas que o criaram junto com o Imi. Para elaborar uma historiogra fia é necessário ter provas sobre atos que ocorreram ce ntenas e milhares de anos atrás. Para consegué-las, os pesquisadores e historiadores atuais baseiam-se em manuscritos e testemunhas da época que estão investigando, exatamente como um dia esta pe squisa será a base de uma análise histórica deste gênero. Para ter acesso a todos os documentos e provas autênticas e concretas, nossas buscas nos levaram até os escritórios e os arquivos do imposto de renda da cidade de Natanya. Ali, no in finito labirinto burocrático do Ministério da Fazenda de Israel, encontramos cópias de recibos do aluguel pago por meu pai pelo local que seria a sua primeira academia, aberta na cidade de Natanya, na Rua Sheshet Hayamim, número dois. Essas provas serviram para comprovar a versão de todos aqueles que nos contaram sobre aquela primeira academia. E este foi o grande buraco histórico de todos os modi ficadores da história do K rav-Magá. Todos mencionam, como já vimos ao longo da pesquisa, que começaram t reinar com meu pai em Natanya, mas na Rua
Shmuel Hanatziv , número vinte dois, um fato que mostra que eles foram entre os primeiros que
começaram treinar K rav-Magá, mas não eram os verdadeiros pioneiros escolhidos pelo meu pai. Eli Avikzar, Rafi, Avner, Yaron, Zvulun, Victor – eles realmente iniciaram a sua educação na academia da Rua Sheshet Hayamim e só depois mudaram-se, junto com o Imi, para a Rua Shmuel Hanatziv . E assim cobrimos o buraco histórico pelo qual muitos passariam sem hesitar... Haim Zut: Numa longa entrevista telefônica realizada com o Sr. Haim Zut, recebemos dele toda a cooperação possível, e ele tem nossos agradecimentos por isso. Entretanto, não podemos escapar de analisar alguns p ontos adicionais. As pessoas da associação de “ Krav-Magá International – Kapap”, que têm como presidente o Sr. Haim Zut, estão numa situação de guerra constante. A maioria dos personagens do K rav-Magá em Israel luta por sua reputação e status. Sem exceções, todos aqueles que fundaram as várias organizações, associações ou federações em Israel estão hoje em dia sob o controle das pessoas que operam aquelas organizações, exatamente como o Imi não tinha autoridade nenhuma quando era o presidente da “Associação de Krav-Magá Israelense”. Este fenômeno se repete em quase todas as organiza ções. No caso do Sr. Haim Zut, ele estava bastante disposto a doar algumas fotos históricas nasaoquais aparecemfiele, e outros alunos veteranos, mas que todas fotos relacionadas K rav-Magá camImi na sede da associação e a decisão deexplicava como, quando e porsuas que usá-las e publicá- las não é dele, mas do diretor da organização – um t al de Sr. Meny e que deveríamos conversar com aquele diretor, uma coisa que também fizemos. Logo descobrimos que a foto do Sr. Meny aparece no dicionário, ao lado da palavra “descon fiança”... Em vez de entrevistá-lo sobre a
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história de sua associação e receber informação sobre o presidente de sua organização, foi ele que começou a nos questionar e interrogar. No final ele pediu desculpas e disse que todos tentam enganálo, como por exemplo, solicitar fotos do Haim Zut para depois poder dizer que eram alunos dele etc., uma atitude que não consegui mos compreender , pois cada instituição que se respeite gua rda lista de todos seus alunos. Aos nossos olhos isso não passa de mais uma demonstração de descon fiança, um costume popular de muitos praticantes de Krav-Magá em Israel. Mas nós não desistimos e até o final da “conversa” o Sr . Meny prometeu enviar uma foto de cerimônia de colação de grau que foi realizado pelo Imi junto com O Haim Zut. Até hoje estamos esperando pela prometida foto... Assim tivemos que usar a foto que o Sr. Haim zut divulga na internet e na mídia em Israel. E foi assim que os Srs. Zut e Meny perderam a chance de entrar genuinamente para a história do K rav-Magá. O fenômeno se repete quase o tempo todo. Pessoas do Krav-Magá temem tocar no assunto e evitam cooperar ao perceberem o menor sinal de exposição na mídia. Novamente, não podemos ignorar a união criada entre o Sr. Haim Zut e o Sr. Denis Hanover. O Sr. Haim Zut provav elmente sente alguma necessidade de se aproximar à uma figura maior e mais forte do que ele, enquanto o Sr. Denis Hanover aproveita a proximidade entre os dois para se vender como professor de Krav-Magá. Então, nós repetimos mais uma vez: o Sr. Denis Hanover não tem nenhuma ligação com o K rav-Magá e qualquer tentativa de mostrar a existência de tal ligação é uma mera enganação do público.
A universidade Hebraica – Jerusalém, 1976. A primeira demonstração pública do Krav-Magá. Os alunos faixa preta do Imi (da direita para a esquerda): Victor Bracha, Haim Hakani, Yaron Lichtenstein, Shmulik Kurtzvile, Imi, Eli Avikzar e o organizador do evento. 177
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Shlomo Avisra, aluno fai xa preta do Imi, demonstrando técnica de chute voador na academia do Yaron em Tel-Aviv, 1978.
Ex-Chefe do Estado-Maior e ministro da policia, o Sr. Haim Bar-Lev numa visita oficial a BUKAN – Escola de Krav-Magá, 1988. 178
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