Breogán A. Martínez Vila
Galiza e Portugal: panorâmica de um relacionamento
Breogán A. Martínez Vila 2 Galiza e Portugal: panorâmica de um relacionamento
“Na beira do Miño: E os da banda d'alá son máis estranxeiros cos de Madrid? (Non se soubo que lle respondeu o vello)” Alfonso D. Rodríguez Castelao, desenho nº 39.
I.
Introdução.
Os processos políticos em que se viu envolvida a Península Ibérica desde a época medieval até hoje trouxeram consigo um panorama administrativo-linguístico peculiar dentro dos dois territórios que finalmente se configuraram como estados: Portugal e Espanha. Assim, fica o primeiro com o (galego-?)português e o segundo com o espanhol como línguas nacionais. No entanto, o panorama linguístico em Espanha nem é assim tão amistoso. Por querermos tender à simplicidade, obviaremos outros fenómenos idiomáticos que se dão neste país e falaremos de outras três línguas para além do castelhano: catalão, basco e galego(-português?). Centraremos o trabalho precisamente nesta última. Desde o momento em que a Galiza e Portugal se configuraram em entidades políticas independentes, o contacto entre ambos sofreu de altos e de baixos no percurso que vem desde a época medieval. A unidade política quebrou por causa de tensões em ambos os lados da realidade comum que se configurava além e aquém do Minho. Portugal e Galiza, que partilhavam também língua e tradição literária vêem-se a partir de aqui obrigadas à criação de um percurso cultural por separado. Mas a sorte foi diferente para ambos. A primeira configurou-se até hoje - se não temos em conta períodos de unidade na época filipina – como reino independente, enquanto a segunda ficou inserida dentro do contexto administrativo que a unia a Castela primeiro e depois a Espanha. Quanto o campo essencialmente linguístico, viveu-se uma das relações mais intensas entre os dois territórios. Esta quebra da que já se tem falado supôs para uns a
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separação, enquanto outro defendem a unidade da língua que originalmente se falava desde o Cantábrico até Braga e que hoje o faz nos cinco continentes. Será precismente nisto – mas nem só – do que trataremos com mais minuciosidade neste trabalho. Quais são os argumentos de uns e de outros para defender ambas as posturas? Qual a visão que portugueses e brasileiros têm do caso galego? O que defende a dialectologia da língua portuguesa? O que se diz desde as instituições administrativas galega e espanhola? O que desde a portuguesa? O que foi que se pensou durante a história deste relacionamento? Serão estas e algumas outras questões que trataremos de resolver no percurso que agora começa. II.
A língua primitiva. Primeiras manifestações e textos. Unidade política e literária. Quebra e pós-medievalismo.
O romance galego-português surge na parte ocidental da Península Ibérica, nomeadamente na Galiza e no norte de Portugal, como desenvolvimento do latim vulgar falado nessas zonas. Se bem não podemos afirmar com segurança quando começa a ser falado, os primeiros textos nesta língua datam de um período aproximado entre 11731175. Em qualquer caso nem na língua portuguesa nem em nenhuma outra se deve identificar a aparição dos primeiros textos escritos com seu nascimento. É claro que esse surgimento constitui um passo magnífico para que qualquer idioma se considere como tal, mas a ideia clássica de que uma língua aparece desde o momento em que se tem documentação é falsa e deve ser tirada do imaginário colectivo.
Seja como for, começa-se anos mais tarde com uma tradição literária medieval cujo interesse tem vigência até hoje. Na altura, tanto no cultivo literário quanto nos documentos notariais pode observar-se uma grande homogeneidade linguística, se bem é certo que podiam oferecerse variações em qualquer dos lados do Minho. Assim por exemplo, na Galiza pode apreciar-se a utilização de ‘moitos’ (por ‘muitos’), ou a aparição de cheísmo; mas em qualquer caso, essas diferenças não deviam passar de ser meramente anedóticas e, vistos hoje os textos conservados, seria um erro falarmos de literatura ‘galega’ e ‘portuguesa’ por separado. Deste jeito, como afirma o professor José Luís Rodríguez:
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“A pesar dos sólidos alicerces científicos que exigem o traço-de-união entre os termos “galego” e “português” (se não a total fusão gráfica) para designar este córpus literário, na realidade, porém, e tanto na Galiza como em Portugal, esquece-se com frequência o gentilício referente à outra entidade, e denomina-se desta maneira literatura “galega” à obra do rei D. Denis de Portugal e literatura “portuguesa” v.gr. à poesia de Joam Airas de Santiago ou de Afonso X O sábio. Num e noutro caso estamos, a rigor, perante literatura galego-portuguesa”1
A decadência desta tradição literária aparece por volta de fins do século XII e de maneira emblemática até 1354, quando morre D. Pedro, conde de Barcelos, o último mecenas das cantigas galego-portuguesas. A partir de aí, entra-se numa época de falência, com composições em língua (quase) castelhana – embora com muito lusismo -, com a escola galego-castelhana e autores como Macias o Namorado ou obras como o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Já por aqui Galiza e Portugal não tardariam demasiado em se configurar como divisões administrativas diferenciadas. Deste jeito, começada a decadência da que temos falado, Galiza insire-se a partir do século XVI dentro de uma etapa da sua história que duraria mais de três séculos, onde a produção em língua própria se tornaria de uma pobreza extrema. Quebrou o diálogo com Portugal, quebrou a tradição em língua própria; expande-se o castelhano, o galego-português recua. Enquanto isso, a língua comum não tardaria demasiado em se expandir por todo o mundo graças aos lusos: Álvares Cabral chega em 1500 a Salvador de Bahia, e já antes se tinham atingido praças africanas de importância. Começa aliás na Galiza um processo de substituição da nobreza autóctone por outros vindos de Castela, e com isso, uma outra mudança: a linguística. Os poucos textos galegos que conservamos da época enchem-se de castelhanismos e interferências, o que não acontece com os portugueses. Mas mesmo assim o discurso unitário persiste. Nunes de Leão, na sua Origem da língua portuguesa (1606), aponta os motivos pelos quais a língua comum tinha recuado tanto aquém Minho: “Da qual língua galega a portuguesa se avantajou tanto, quanto na cópia como na elegância dela vemos. O que se causou por em Portugal haver reis e corte, que é a oficina
RODRÍGUEZ, José Luis, “O problema dos limites entre as literaturas galega e portuguesa na literatura medieval”, em Cuadernos de estudios gallegos. Santiago. 1993-1994. pp. 491-502. 1
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onde os vocábulos se forjam e pulem e donde manam para os outros homens, o que nunca houve em Galiza”2
Este sentimento de unidade nem só se dá em autores portugueses como o anteriormente citado Nunes de Leão, como também em autores do âmbito castelhano. Não estranha, assim, que Juan de Valdés no seu Diálogo de la lengua (1535), não mencione uma língua galega como diferente da portuguesa, mas referindo-se a ela como inserida dentro desta. Assim, o autor espanhol afirma que: “pues tenemos ya que el fundamento de la lengua castellana es la latina, resta que nos digáis de dónde vino y tuvo principio que en España se hablasen las otras cuatro maneras de lenguas que hoy se hablan, como son la catalana, la valenciana, la portuguesa y la vizcaína.”3
Nem persistindo a tradição medieval nestes séculos obscuros, nem tendo conhecimento do passado comum, nem contacto com textos medievais; ainda assim perviviu a ideia de unidade. Mesmo nalguns autores galegos. Num contexto linguístico onde muitos afirmavam serem três as línguas românicas (espanhol –onde se incluia o galego-português-, italiano e francês), é o Padre Bento Feijó quem afirma: “(…) aunque éstos vulgarmente se reputan ser no más que tres, el Español, el Italiano, y el Francés, el P. Kirquer, autor desapasionado, añade el Lusitano: en que, advierto, se debe incluir la lengua Gallega, como en realidad indistinta de la Portuguesa, por ser poquísimas las voces en que discrepan, y la pronunciación de las letras en todo semejante: y así se entienden perfectamente los individuos de ambas Naciones, sin alguna instrucción antecedente.” 4
Enfim, não são poucas as vozes autorizadas – muitas vezes apagadas na historiografía – que defendem a unidade do idioma surgido no noroeste peninsular mesmo num tempo onde o contacto com o país luso era mínimo ou nulo, onde se tinha conta “só (...) da existência de dous singulares produtores régios, (...) D. Dinis e o seu avô Afonso X o Sábio” 5 . Podíamos ainda continuar 6 a usar a auctoritas como fonte de Negrito nosso. Valdés, Juan de, Diálogo de la lengua. 2004. Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes. P. 19. 4 FEIJOÓ, Benito Jerónimo, Teatro crítico universal. Madrid. 1753. P. 321. 5 RODRÍGUEZ, José Luís, “Galiza-Portugal (neo-)trovadores e questons lingüísticas conexas” em Actas de los congresos de Évora y Salamanca (2006-2007). 2007. Ediciones Universidad Salamanca. P. 596. 6 Por exemplo, o Marquês de Santillana na sua Carta ao Condestável, afirma conhecer que “cualesquier decidores y trovadores de estas partes, ahora fuesen castellanos, andaluces o de la Extremadura, todas sus obras componían en lengua gallega o portuguesa”. O Padre Sarmiento ou João de Barros foram outros continuadores deste pensamento. 2 3
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demostração da conciência galego-portuguesa da altura, mas pensamos que fica demonstrado com suficiência qual era a tendência. Em qualquer caso, o contexto que se respirou continuou desta maneira até o século XIX.
III.
Resurgimento e (re-)descoberta. Legitimação em Portugal e opositores. Neotrovadorismo galego.
É no século XIX que tem lugar uma nova descoberta da produção medieval conjunta. Como aponta o professor José Luís Rodríguez “a descoberta da tradiçom lírica medieval é produto, fundamentalmente, da erudiçom do século XIX, tanto em Portugal como na Galiza, tanto na Península como fora dela” 7. Trata-se de uma época de renascença, vê-se a Galiza como um território atrasado que só vai acordar com o aparecimento de uma consciência nacional. Por se principiar o galeguismo político por volta do ano 1840, alguns especialistas situam esta data como começo do ressurgimento: é o aparecimento do Provincialismo. Em qualquer caso, exista ou não concordância em datas concretas ou aproximações, como aponta José David Santos: “O que parece ter contribuído decisivamente à atenção da consciência galega para a sua realidade foi o facto de se ter redescoberto a literatura medieval galeico-portuguesa no universo cultural galego. Afinal a cultura galega não era qualquer coisa menor (...), mas a herança duma rica e nobre cultura vinda lá dos tempos medievais (...). Tomar consciência da sua própria cultura levará a reivindicações de carácter social e política (sic)”8
Antolim Faraldo é destacado como a primeira figura provincialista da altura, foi um dos grandes activos da Revolução de 1846 que acabou com os famosos mártires de Carral. O fracaso desta leva consigo um certo abandono das ideias provincialistas, mas o antecedente já tinha constância: havia já movimento, uma espécie de semente que facilitaria de alguma maneira o caminho para seguintes acções.
Íbidem, p. 597. SANTOS ARAÚJO, José David, Portugal e Galiza: Encantos e encontros. 2004. Santiago de Compostela. Edicións Laiovento. P. 18-19. 7 8
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Aparecem de novo obras em língua galega ainda que com uma ortografia e um léxico com grandíssima influência castelhana. Em meados de século aparece a Gaita Gallega (1853) e dez anos mais tarde Rosalia de Castro publicaria os seus Cantares gallegos (1863). Foi a partir de aqui que cresceu a frequência de obras em língua galega. Assim, em palavras de José Luís Rodríguez, “Duas décadas revelam-se particularmente fecundas, a de 1860 e a de 1880, quanto ao conhecimento dos textos, aspecto que, mesmo limitado em número e capacidade de difusom, é notoriamente relevante, polas conseqüências que poderia desencadear”.9
Surgem também vozes desde Portugal que apoiam este ressurgimento galego como cooperação com o galeguismo. Ganha assim o sistema galego uma via de legitimação: à descoberta dos textos antigos soma-se-lhe a via portuguesa como apoio político-linguístico-literário10. Assim, Elias Torres Feijó assegura que: “(...) nas bases do galeguismo ocupa desde os seus inícios um lugar preferente o reintegracionismo cultural (...) como alicerce da legitimidade de existir reforço da própria identidade e da soberania cultural”11
e engadadindo que “o sistema cultural galeguista funcionou em condiçons de extrema precariedade durante muitos anos” 12. Ou seja, podemos dizer sem temor a estarmos enganados que practicamente qualquer tipo de ajuda para a configuração do incipiente sistema galeguista era aceita. Mas neste processo de legitimação nem tudo foram facilidades. Alguns autores e grupos defendiam “um subsistema galego do sistema espanhol, como periferia ou como construto da unidade superior (...). Intelectuais (...) que, colocados no sistema espanhol, se reclamam igualmente pertencentes ao galego e até dele líderes e cujas críticas aumentam ao ritmo dos tímidos avanços autonomistas”13
como era o caso de Emília Pardo Bazán. Quarenta anos anterior a Rosalia de Castro, o seu nome começa a soar quando conta já com fama de reconhecida escritora. As suas primeiras publicações aparecem em La ilustración gallega y asturiana, RODRÍGUEZ, José Luis. Íbidem, p. 598. Cfr. Elias Torres Feijó, “Cultura portuguesa e legitimaçom do sistema galeguista: historiadores e filólogos (1880-1891) em revista História: noroeste peninsular . Lisboa. Nº36, 1999. pp. 273, 318. 11 Íbidem, p.273. 12 Íbidem, p 274. 13 Íbidem, p. 275. 9
10
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afirmando anos mais tarde numa carta a Teófilo Braga (1880)
“que no hay
nacionalidades peninsulares ni quiera Dios que se sueñe en haberlas, ni permita, si llega este caso inverosímil que lo vean mis ojos”. Afirmando-se como referente dentro do sistema cultural galego, Pardo Bazán rejeita a possibilidade da criação de nacionalidades diferentes à espanhola. É mais, seria numa nota ao pé da sua obra de Los pazos de Ulloa onde vai ainda mais longe, afirmandp que não aceita “lo que en el terreno político representa, la literatura regional, abrigando dudas acerca de su utilidad y porvenir”14. São as seguintes as razões da sua desconfiança: “1) Lo mucho que complica el estudio y conocimiento de una literatura nacional su división en varias lenguas, 2) La limitada esfera de acción que corresponde a las obras literarias cuando sólo pueden ser debidamente apreciadas en un territorio circunscrito y dependiente, 3) El carácter arqueológico de los renacimientos literarios,
4) Su forzoso exclusivismo y
condición en cierto modo negativa, 5) El impulso inevitable de toda nacionalidad a extinguir los dialectos y a que prevalezca el más perfecto y general de entre ellos, que constituye la lengua patria."15
Seria por estas afirmações e por algum outro motivo pelo qual a relação entre Murguia, máximo representante do galeguismo na altura, e a autora não foi na verdade muito boa. Em qualquer caso, deixando já a polémica de Pardo Bazán, outros artigos em La ilustración gallega y asturiana falam de salvação do dialecto galego pela língua portuguesa16. Balbín de Unquera, asturiano, escreve em 1880 o seguinte: “Los gallegos tienen á falta de la suya propia una literatura, la portuguesa, que puede servirles como excelente modelo; esta les ofrece teatro, poesía épica y en ella una joya de la literatura universal, obras históricas y científicas. Tomar lo que se necesite de allende el Miño para escribir en gallego, es como tomarlo del propio peculio"
Manuel Murguia, de quem já se tem falado, começa as suas viagens a Portugal em 1861, onde visita durante uma hora Valença do Minho. É o início de um forte «La poesía regional gallega», Obras completas. Ed. de Harry L. Kirby Jr., Madrid, Aguilar, 1973,III, p. 673 15 Íbidem, p. 673. 16 Valentim R. Fagim em “Construir da periferia, construir da Galiza” (2005) fala de três vías de construção do sistema galeguista: Assim Juan Sieiro representa uma delas, a de continuação - similar mas não idéntica-,e escreve em 1891 que "El dialecto gallego es tierno, melancólico, suave, místico, elegante y puro y muy apropositado para el cultivo de la poesía. Mas de esto á pretender universalizarlo hay tanta distancia como de la tierra al sol. Una gran honra, es cierto, cabe al idioma gallego. Gloria imperecedera que no sabemos aprovechar como debiéramos, y que tal vez un día tengamos que lamentar. Nos referimos á que el dialecto gallego, como padre y origen del portugués, tiene asegurado larga vida, pues continúa viviendo en este idioma” 14
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relacionamento com Portugal do intelectual galego, mesmo chegando a colaborar em revistas portuguesas e a escrever algum artigo em português padrão nelas. Casado com Rosalia de Castro, é presidente de várias associações regionalistas e director de alguma revista como La patria gallega. Preside desde 1906 até a sua morte em 1923 a Academia Galega. Em qualquer caso, a sua grande obra historiográfica tinha sido escrita em 1865, quando surge o primeiro tomoda Historia de Galicia. No seu objectivo de fundamentar a ideia de Galiza como nação, Murguia sente-se fascinado pela tese celta como génese da população galega. Mas é também em Portugal onde procura uma via de legitimação e uma espécie de exemplo de soberanismo ao que a Galiza devia aspirar. Assim: “(...) sentia por Portugal um carinho especial e um ponte de referência e de inspiração. Figuras da cultura portuguesa (...) são bem conhecidas do nosso historiador, sendo mesmo fonte de motivação para muitas das suas obras (...). Murguia confessa em voz alta que a realizou [a sua Historia de Galicia] pela sugestão que lhe causou a (...) História de Portugal , de Alexandre Herculano.”17
E em palavras já do próprio Murguia: “Hemos tomado por nuestras las palabras del moderno historiador de Portugal, pues responden perfectamente á nuestro pensamiento, al proprio tiempo que con su autoridad nos sirven de amparo y escudo, para intentar lo que de una manera vencedora llevó á cabo el gran Herculano.”18
Mas não foi esta precisamente a única referência que Murguia fez às influências portuguesas na sua obra ou à sua aposta pela integração no tronco comum lusófono do idioma galego. Nas considerações da mesma obra, Murguia afirma que: “Enhorabuena que no sea hijo del gallego el portugués, pero nadie dudará que es él, el gallego elevado á la condición de idioma nacional, y si aun esto lastima el vano orgullo de los que un tiempo fueron nuestros hermanos, combatieron á nuestro lado, y tuvieron todos un mismo gefe [sic], digamos que son uno y otro romance, hijos de unos mismos padres y hermanos mayores de los que se hablaban en España durante la irrupción agarena”19
SANTOS ARAÚJO, José David. Íbidem. P.49. MURGUIA, Manuel, Historia de Galicia. Lugo. Imprenta de Soto Freire. 1865. p 18. 19 Íbidem, p. 284. 17 18
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Mas o momento mais significativo do erudito em favor da lusofonia galega foi nos Jogos Florais, em Tui, em 1891. Foi aí que Manuel Murguia falou que: “[o nosso idioma] que do outro lado dese río [o Minho] é lengoa oficial que serve a mais de vinte millóns de homes e ten unha literatura representada pol´los nomes groriosos de Camoens e Vieira, de Garret e de Herculano...”20 “Vede, polo mesmo, meus señores, si podemos decir con verdade, que nunca, nunca, nunca, pagaremos ós nosos irmáns de Portugal o que nos haxan conservado estes e outros recordos, e sobre todo que fixeran do noso gallego, un idioma nacional. Máis afertunado que o provenzal, encerrado na súa comarca propia, non morrerá. No outro lado do océano onde algúns comprácense, ó torto, ó meu entender, en por a cuna das nacións do porvir, oiráse sempre a lengoa que falamos, que vamos esquencendo e que de novo tenderá a vida que merez, si é que temos conciencia dos deberes que por propia vontade nos impuxemos. Na Asia, na África, na mesma Oceanía falaráse ó lado das que coñece o mundo europeo e dominador. Deus que nos castigóu tanto, déunos esta groria.”21
IV.
Século XX. Nacionalismo. Guerra Civil e ditadura.
Ainda com a acção forte de Murguia (lembremos que a sua morte foi em 1923) e outros continuadores vindos do século XIX, surgem novas vozes autorizadas no caminho do nacionalismo galego, que apostam igualmente por uma reintegração cultural e linguística com o país luso. Aparece em qualquer caso uma consciência linguística mais marcada, no sentido de a maioria de textos aparecerem escritos em galego – com uma ortografia muito castelhanizada -, abandonando já tendência de utilizar o castelhano para redigir a maioria de obras. Lembremos, por exemplo, que a própria Historia de Galicia (e muitos outros) foram escritos na língua de Castela. Aparecem por começos de século já as primeiras tendências denominadas ‘reintagracionistas’ de maneira posterior. Assim, José Luís Rodríguez fala de três tendências (dialectalista, supradialectalista e supradialectalista), à que se engadiria uma quarta ‘reintegracionista’. Como ele mesmo
20 21
Em RISCO, Vicente: Manuel Murguía: conciencia de Galicia. Galaxia. 1976. P. 45. Íbidem, p. 83
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diz “bem visível nos postulados de um Joam Vicente Viqueira (“Pol-a reforma da ortografía, 1918)”22: “De feito esisten hoje duas maneiras de escreber o galego: unha que podemos chamar erudita, etimológica ou millor histórica e outra popular. A diferenza está en que n´a primeira se empregan a j e a g na forma que se fai en portugués ou francés, e na segunda sustitui a estas letras no seu antedito sonido a x. (...).23 Polo momento debemos aceptar a ortografia erudita, etimológica, o que será un gran paso. Mais conseguido esto, precisamos continuar a nosa obra e camiñar para a total unificación das ortografías galega e portuguesa. Asin, introduciremos a uh [sic] pol-a ñ, a ll pol-a ll, e outras modificacións que o leitor poda adivinar fácilmente. Farase isto primeiramente n´as publicacions eraditas [sic], científicas, despois n´os [sic] populares”24
1Não é a única aposta a de Vicente Viqueira pela reforma ortográfica em sentido português. O professor luso Manuel Rodrigues Lapa 25, interessadíssimo pelos assuntos galegos celebra a conferência “A política do idioma e as Universidades”, em que assegura: “Há ainda outro problema ortográfico a resolver, em que será precisa a nossa interferência. Refiro-me ao da ortografia galega. V. Exª sabem que para cima da risa prateada do Minho vive e sofre um grupo de dois milhões de homens, que falam a nossa língua e sentem a nossa alma; e que fora da Galiza, outros dois milhões ou mais mourejam em terra alheia, não raro ao lado de portugueses”26
a qual foi recolhida e publicada em Nós, e que dizia: “ Nós, que de cote se ten preocupado pol-a colaboración espiritual de portugueses e galegos, non pode por menos de acoller con entusiasmo as iniciativas do Dr. Rodríguez Lapa,
RODRÍGUEZ, José Luis, “A Galiza, umha lusofonia de fronteira”, em Actas do VIII Congresso Internacional da Associação Internacional de Lusitanistas. Universidade de Santiago de Compostela. 2008. p. 578. 23 Através da obra anteriormente citada do professor Rodríguez. 24 Através da anterior obra citada de RODRÍGUEZ, José Luís e este, à sua vez, de A Nosa Terra, nº 43 (20-01-1918), p.1. 25 Em qualquer caso, a posição de Rodrigues Lapa não nos resulta novidosa, pois a citação que está a seguir é só um exemplo da sua tendência. Para ampliar: cfr RODRÍGUEZ, José Luis: “A Galiza, ‘Raiz anterga da nossa cultura’ ou a ‘portugaleguidade’ de Rodrigues Lapa”, em Colóquio Internacional: commemorações do Centenário do Nascimento do Professor Doutor Manuel Rodrigues Lapa. 1997. Fundação Eng. António de Almeida. pp. 61-78. 26 Através de ALONSO ESTAVIZ, Isaac, “A Galiza, os galegos e a língua segundo Rodrigues Lapa”, em AGALIA, Nº 53 (primavera 1998). 22
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mesmo na ideia qu´apunta d´un acordo luso-galaico pra reforma ortográfica, pra nos tan indispensábele”27
Seja como for, não era a única postura esta, e para além da possível reintegração no tronco comum luso-brasileiro, alguns mostram uma tendência para o afastamento. Foi o caso de Marcial Valladares no seu Diccionario gallego-castellano, onde justifica o uso – por exemplo – de x fronte a ‘ortografia etimológica’ de que falava Vicente Viqueira da seguinte maneira: “(...)O certo é que a ningun pobo culto lle deu, que eu saiba, por romper na escritura da propia fala cos antecedentes etimolóxicos. E si consultamos a ortografia que siguiron os nosos antigos, nos seus escritos, tamen temos o mismo. Pero (e este é un triste pero) ¿hay esperanza de-que a nosa faliña seya algunha vez estudiada e cultivada con todo aquel aparato de nocions filoxíxicas, etimolóxicas e gramaticaes que hoxe se estila? Paréceme moito pidir; e non lle votemos toda a culpa aos
estraños, pois os da casa podiamos facer algo mais. Pol-o cual dicidime ao fin a adoutar a x .”28
Em qualquer caso, o relacionamento (ou a sua aposta por ele) entre Galiza e Portugal continuava a ser intenso. Na órbita de Nós, revista de que já temos falado, surgem muitas vozes nessa linha. Desde um ponto de vista do nacionalismo crescente e quase recém-nascido (muitos especialistas assinalam 1916 como o ano-chave de criação e assentamento das ideias nacionalistas), um grupo de intelectuais, conhecidos diacronicamente com o mesmo nome da revista que eles editavam, levam adiante uma luta reivindicativa tanto desde o plano político quanto do cultural no quadro da segunda república espanhola de antes da Guerra Civil (1933-1936). Precisamente, seria 1936 a data do fim do nacionalismo histórico galego. Trouxe a guerra – e a posterior ditadura – uma mudança na acção do esforço político que se estava a levar, avançando num caminho que levaria mais para a acção cultural. Publicaria Castelao o Sempre em Galiza, a sua obra ensaística mais importante, de maneira íntegra só em 1944, num marco político onde a ditadura franquista ocupava o governo espanhol, e obrigou a muitos intelectuais a desenvolverem a sua actividade no exílio. É também o seu caso, e viu como a sua obra só se publicou em Buenos Aires Através da anterior obra citada de RODRÍGUEZ, José Luís ( A Galiza, umha lusofonia de fronteira) e este, à sua vez, de Nós, nº 115 (Julho de 1933), p. 134. O itálico é do professor Rodríguez.. 28 VALLADARES, Marcial, Diccionario gallego-castellano, Santiago, 1884. O negrito é nosso. 27
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e teve de chegar de jeito clandestino a terras galegas. Constitui-se o Sempre em Galiza a obra canónica do nacionalismo galego, mas nem só. Goza de um carácter filo-lusófono e reintegracionista que muitas vezes é apagado. Castelao desenha Portugal como a vitória do ser galego sobre a morte e a repressão: “¡Qué importa que Inés de Castro reinase en Portugal, dispois de morta; que Xohana de Castro fose raíña de Castela, tan sóio nunha noite de vrán; que Fernando de Castro merecera no desterro este epitafio: “Aquí yace toda la lealtad de España”! Na desventura dos tres irmáns galegos revélase o símbolo das nosas desventuras coleitivas. Trunfamos en Portugal, dispois de mortos, – pol-a língoa, o arte e o esprito – ; e sóio Portugal pudo comprir a misión do Alén, creada nas lonxanías que descobrira o noso Fisterre.”29
A chama de Castelao que hoje podemos chamar de reintegracionista fica clara em qualquer momento, tanto político (visto o parágrafo anterior) quanto linguístico. Se bem na práctica ortográfica Castelao utilizava umas normar mais ou menos castelhanizadas, é verdade também que vem causada por um desconhecimento do uso das normas portuguesas na altura e, simplesmente, porque ningum dos contemporâneos o fazia. Em qualquer caso, se não de práctica, mostra-nos um reintegracionismo de ideias, o que fica claro em numerosos textos do autor. Como por exemplo quando: “Estamos fartos de saber que o povo galego fala un idioma de seu, fillo do latim, irmao do Castellano e pai do Portugués. Idioma apto e axeitado para ser veículo dunha cultura moderna, e co que ainda podemos comunicar-nos com mais de sesenta millóns de almas (...) O Galego é un idioma extenso e útil porque -con pequenas variantes- fala-se no Brasil, en Portugal e nas colónias portuguesas”30
E ainda mais, numa carta enviada a Sánchez Albornoz: “Yo deseo que en Galicia se hable tan bien el gallego como el castellano y el castellano tan bien como el gallego. Deseo además que el gallego se acerque y confunda con el portugués, de modo que tuviésemos así dos idiomas extensos y útiles”31 RODRÍGUEZ CASTELAO, Alfonso Daniel Manuel, Sempre en Galiza, Madrid, 1977. Akal editor. pp. 38-39. 30 Íbidem. P. 43. Negrito nosso. 31 Através de “Bilingüísmo e reintegracionismo nas cartas cruzadas entre Castelao e Sánchez Albornoz”, em II Congresso Internacional da língua galego-portuguesa na Galiza: Actas. 1987. Associaçom Galega da Língua. pp. 887-890. 29
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É assim que Castelao vê a situação da língua falada na Galiza naquela altura e são estas as suas propostas linguísticas e políticas. Não seria o único intelectual da sua tendência política que defenderia essa postura. Vicente Risco e o seu forte relacionamento com Teixeira de Pascoaes ou Antón Vilar Ponte, que assegurou que a Galiza só viveria enquanto também o fizesse Portugal e apostou por um acordo normativo com o país luso para acabar com a anarquia lexicográfica. Enfim, são os nacionalistas históricos de começos de século o exemplo mais visível de um reintegracionismo cultural e linguístico. Em palavras de Xulio Neyra: “en él [em Castelao] se compila una de las ideas más manidas por una intelectualidad que, como la gallega de Preguerra, continuamente insistía en la construcción de una alianza peninsular –pues otra cosa sería casi impensable en aquellas calendas– capaz de unificar los territorios de las dos Galizas: la de alén-Miño y la de aquén-Miño”32
O golpe de estado de 1936 foi um grande impedimento para o desenvolvimento de ideias do nacionalismo periférico no estado espanhol e com isso, a quebra do relacionamento entre o território do norte e do sul do Minho viu-se também forçada (e obviamente) rota. E o estado português também não era precisamente impulsor deste movimento, o que nos parece lógico, por outra parte. Podia acaso beneficiar mais a Portugal um bom relacionamento com a Galiza do que com o estado espanhol? Duvidamo-lo. Seria só na década de 50 que o galeguismo portugalaico teria um ressurgimento na sua actividade, embora possamos dizer que de maneira muito tímida. Na cidade de Braga publica-se Quatro Ventos-Revista Lusíada de literatura e arte (1954), orientada numa direcção que pegaria no triângulo que formaria o Brasil, Portugal e a Galiza. Assim, numa espécie de manifestação dos seus princípios, no seu primeiro número fala o seguinte: “E com este pensamento se torna legítimo, em qualquer país ou latitude, proclamar como CLÁSSICOS LUSÍADAS, independentemente, um Garrett, um Machado de Assis, um Curros Enriques, um Eça, um Graciliano Ramos, um Castro Alves, um Camões: - um São 32
PARDO DE NEYRA, Xulio, “Sobre el iberismo literario gallego (II). El lusitanismo de Evaristo Correa Calderón y su proyecto en La Gaceta Literaria”, em Límite, vol. 3, pp. 187-203, em concreto, p. 188.
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Camões, e uma Rosália de Castro, da mesma religião da nossa Arte literária. E proclamandoos, divulgamos o seu amor e necessário conhecimento”33
Seria na cidade de Braga onde ainda se desenvolveram algumas outras actividades luso-galaicas, como a Primeira Assembleia Luso-Galega (1955), que, se bem de carácter elitista, permitiu que as relações culturais não acabassem. No mesmo ano a editora da Livraria Cruz – associada a Quatro Ventos – publicaria a obra Nos picoutos de Antoim, do galego Leandro Carré Alvarellos e Seitura, de Fermín Bouza Brey; com ortografia portuguesa mas abundante léxico galego. Já na Galiza, quatro anos depois – 1959 – a editora Galaxia publicaria com ortografia claramente lusista Lua de Além Mar e Rio de Sonho e Tempo já em 1963. 34 Estes factos –pequenos, mas significativos – levaram ao “Manifesto para a supervivência da cultura galega”, em Seara Nova (setembro de 1974). Montero Santalha escreve uma carta a Rodrigues Lapa, onde lhe solicita a sua publicação: “Permito-me a liberdade de mandar-lhe um ‘Manifesto para a supervivência da cultura galega’ (...). O nosso desejo seria que em Portugal se criasse um certo ambiente de solidariedade com a cultura galega, que é essencialmente idêntica à cultura portuguesa. Por isso gostaríamos que lhe procurasse na sua revista algum lugar ao nosso manifesto, ainda que for só parcialmente, se a cousa lhe parece oportuna (...)”
Com a mudança política no estado espanhol os galegos conhecem um intenso debate no plano linguístico, entre os partidários do ‘galego-português’ e os do ‘galegocastelhano’. Depois da primeira normativa de 1981, promovidas sobretudo pelo professor Carvalho Calero, de carácter reintegracionista; em 1982 impõe-se politicamente a ortografia feita por ILG (Instituto da lingua galega) e a RAG (Real Academia Galega). Carvalho Calero resume bem a sua posição no seguinte texto: “O galego ou é galego-português ou é galego-castelám. Ou somos umha forma do sistema ocidental ou somos umha forma do sistema central. Nom hai outra alternativa. Um galego em oposiçom à vez ao português e ao castelám é impossível. Um anám nom pode luitar com dous gigantes que cruzam os seus fogos”35 Através da obra citada de SANTOS ARAÚJO, José David e este, à sua vez de “Manifesto aos Quatro Ventos”, em Quatro Ventos-Revista Lusíada de Literatura e Arte, tomo 1, nº 1, Braga, Abril de 1954, pp.1-4. O negrito é nosso. 34 Cfr. a obra citada anteriormente de SANTOS ARAÚJO, José David. Pp. 163 e nota de rodapé nº 34. 35 CARVALHO CALERO, Ricardo, “Sobre a nosa lingua” em Grial , 64 (Abril-Junho de 1979), pp. 140152. 33
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Em 1985 o reintegracionismo legaliza-se e cria-se a Associaçom Galega da Língua, com publicações culturais e linguísticas concretizadas na sua revista Agália, se bem é verdade que o debate normativo não acabaria aí. Aparecem duas tendências no reintegracionismo, uma com a ortografia aprovada pela Comissão Linguística da AGAL e outra que aposta pela norma do português-padrão utilizado no resto da lusofonia. Em qualquer caso, não se trata de tendências enfrentadas e vive-se com elas um relacionamento amistoso. Já em 2008 (23 de setembro) funda-se a Academia Galega da Língua Portuguesa, com Martinho Montero Santalha como primeiro presidente.
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V.
Bibliografia
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