FILOSOFIA DA CIÊNCIA I FICHAMENTO SOBRE A OBRA: “O PROGRESSO E SEUS PROBLEMAS RUMO A UMA TEORIA DO CRESCIMENTO CIENTÍFICO” de LARRY LAUDAN
O Papel dos Problemas Empíricos
A ideia de que a ciência é essencialmente uma atividade de solução de problemas não é completamente adequada, pois ignora as ramificações de tal abordagem. (Pag. 1! A ciência tem diversas motivações, como e"plicar e controlar o mundo natura natural. l. Assim Assim como como os cienti cientista stas, s, que que buscam buscam o prest# prest#gio gio,, a verda verdade, de, a influência ou a utilidade social. $endo que, cada uma dessas metas tenta e"plicar o desenvolvimento e a nature%a da ciência. (Pag. 1&! ' obe obetiv tivo o dest desta a obra obra é alte altera rarr a mane maneira ira como como perc perceb ebem emos os as questões centrais da )istoriografia e os problemas centrais da filosofia ou da metod metodolo ologia gia da ciênci ciência, a, contr contrast astand ando o a visão visão da ciênci ciência a como como soluçã solução o de problemas com algumas visões diversas, e demonstrar as implicações desta concepção de ciência, pois se for levado a sério a doutrina de que o obetivo da ciência é a resolução ou a clarificação de problemas, teremos uma imagem diferente da evolução )ist*rica e da avaliação cognitiva da +rea.
(Pag.
1!
Natureza dos problemas científicos $e os problemas são o foco do pensamento cient#fico, as teorias são seu resultado final, pois, elas que oferecem soluções para os problemas, sendo portanto o -problema uma pergunta e a teoria sua resposta, cabendo a teoria, portan portanto to resolv resolver er a ambigu ambiguida idade de,, redu%i redu%irr a irregul irregulari aridad dade e / unifor uniformid midade ade,, mostrar que o que ocorre é intelig#vel e previs#vel. Para avaliar as teorias, o doutrinador aponta dois questionamentos que devem ser feito a elas0 “Tese 1: A primeira e essencial prova de fogo para qualquer teoria é se ela oferece respostas aceitáveis a perguntas interessantes:
em outras palavras, se oferece soluções satisfatórias a problemas importantes! ste primeiro questionamento é aceito pela maioria da doutrina, porém, a também maioria das filosofias da ciência não c)egam a ustificar sequer esse sentimento *bvio, além de não e"plorar suas ramificações. A literatura da metodologia da ciência não oferece nen)uma maneira de classificar os problemas cient#ficos ou sua import2ncia. (P+g. 34! 5ambém silencia sobre os critérios para solução dos problemas, não recon)ece que )+ graus de adequação na solução, sendo algumas teorias claramente mel)ores e mais ricas que outras. A filosofia contempor2nea se manifesta sobre estes assuntos, porém, não captou o sentido da tese, e portanto, um filosofo contempor2neo ao avaliar uma teoria pergunta0 -quantos problemas a teoria resolve e não -qual a import2ncia dos problemas resolvidos pela teoria. Por esta ra%ão o autor elabora uma segunda proposta0 “Tese ": Ao avaliar os méritos das teorias, é mais importante perguntar
se
constituem
soluções
adequadas
a
problemas
significativos que perguntar se s#o “verdadeiras, “corroboradas, “bem conformadas ou $ustificáveis de outra maneira dentro do quadro conceitual da %pistemologia contempor&nea!
(P+g. 31!
Problemas Empíricos Problema emp#rico é qualquer coisa presente no mundo natural que pareça estran)a ou que, de alguma maneira, necessite de e"plicação. 5al como o fato de um corpo pesado regularmente cair na direção do centro da 5erra de forma. Perguntar como e por que eles caem assim é apontar um problema emp#rico. ' mundo é percebido por v+rias *ticas diferentes, cada *tica pertencente a um determinado ramo cient#fico, que com seus linguaares pr*prios, dão uma certa concepção ao obeto analisado. 6esta analise surgem problemas de diversas espécies, inclusive emp#ricos, dentro do conte"to investigativo, sendo em parte, definidos pelo conte"to. 6ossos pressupostos te*ricos acerca da ordem natural di%em7nos o que esperar e o que parece peculiar, -problem+tico ou question+vel. Portanto, sua qualificação, (se é ou
não emp#rico, por e"emplo!, depender+ em parte das teorias que o investigador possui. ntão, é
adequado c)am+7los
de problema emp#rico,
mesmo
dependendo tal conceituação em partes, da *tica te*rica que o focali%a, pois são tratados como problemas referentes ao mundo.
(P+g. 33!
ntão, considerando esta referência dos problemas emp#ricos face o mundo, estes problemas são de primeira ordem, pois são questões substantivas acerca dos obetos que constituem o dom#nio de determinada ciência. Ao contr+rio dos problemas de ordem superior, ulgamos a adequação das soluções aos problemas emp#ricos estudando os obetos desse dom#nio. Alguns supostos estados de coisa que colocam problemas emp#ricos são na realidade contrafatuais (ou sea, que ainda não ocorreu, mas poderia ter ocorrido!. Portanto, para ser um problema, não precisa descrever com e"atidão um fato, é necess+rio apenas que sea ele pensado como um estado de cosias reais por algum agente. Pode7se verificar um e"emplo disso os bi*logos do começo do século 898, que convictos da e"istência da geração espont2nea, consideraram ser um problema emp#rico mostrar como a carne dei"ada ao sol se transformava em larvas de inseto, ou como o suco g+strico podia transformar7se em solit+rias. (P+g. 3: e 3;! <+ muitos fatos acerca do mundo que não levantam problemas emp#ricos simplesmente porque são descon)ecidos. m suma, um fato s* se torna um problema quando é tratado e recon)ecido como tal= fatos, por outro lado, são fatos, independentemente de ser ou não recon)ecidos. ' >nico tipo de fato que pode ser visto como problema são os con)ecidos. Para algo ser considerado um problema emp#rico, devemos perceber que )+ um -prêmio para sua solução. $endo este prêmio uma necessidade em resolve7lo, e"plic+7lo. 5orna7se um problema emp#rico quando alguém decide que aquele -fato era interessante e importante o bastante para merecer uma e"plicação. ?m problema recon)ecido como tal, em certo momento poderia perfeitamente dei"ar de ser um problema mais tarde, + fatos nunca poderiam passar por esse tipo de transformação.
Tipos de Problemas Empíricos
(P+g. 3@!
A grosso modo podemos dividir os problemas emp#ricos em três tipos0 1 Problemas não Resolvidos B Aqueles emp#ricos que ainda não foram adequadamente resolvidos por nen)uma teoria, problemas estes que constituem matéria para futuras investigações. 3 Problemas Resolvidos B os emp#ricos que foram adequadamente resolvidos por uma teoria= os quais, evidentemente contam pontos para esta teoria que os resolveu. : Problemas anômalos B os emp#ricos que determinada teoria não resolveu, mas uma ou mais das suas correntes sim. stes constituem provas contra uma determinada teoria. Com estas terminologias verificamos que o progresso cient#fico se d+ pela transformação de problemas emp#ricos anDmalos e não resolvidos em problemas resolvidos. $endo a pergunta -quantos problemas uma teoria resolveu e com quantas anomalias se depara uma das grandes ferramentas para comparar teorias.
(P+gina 3E!
O Status dos Problemas não Resolvidos 's problemas não resolvidos estimulam o crescimento e o progresso da ciência= e transforma7los em resolvidos é um dos modos pelos quais as teorias progressivas estabelecem suas credenciais cient#ficas. 's problemas não resolvidos s* são considerados genu#nos quando + não são -não resolvidos.
Até serem resolvidos por alguma teoria em seu
dom#nio são em geral apenas problemas -em potencial. ' status dos problemas não resolvidos é amb#guo, pois se determinado -fenDmeno for um problema genu#no qual é a sua import2ncia, quanto pesaria contra uma teoria se ela não conseguisse resolvê7lo, e como resposta temos dois fatores que devem ser considerados0
(P+g. 3!
O primeiro surge quando não temos certe%a de que um efeito emp#rico é genu#no. Pelo fato de muitos resultados e"perimentais serem dif#ceis de reprodu%ir, por ser imposs#vel de se isolar os sistemas f#sicos e em ra%ão de que os instrumentos de medição não serem completamente confi+veis, ou porque até a teoria dos erros nos leva a esperar resultados -esquisitos, muitas ve%es demora até que um fenDmeno estea autenticado para ser levado a sério como efeito bem estabelecido. Segundo, muitas ve%es acontece de, mesmo depois de um efeito ter sido bem autenticado, não ficar de modo algum claro a
que dom#nio da ciência ele pertence, e portanto, teorias devem procurar ou esperar resolve7lo. 5emos como e"emplo disso o fato da Fua parecer maior no )ori%onte é um problema para as teorias astronDmicas, para aos *pticas ou para as psicol*gicasG A formação de cristais e o crescimento cristalino é um problema de qu#mica, biologia ou de geologiaG $e )oe conseguimos responder estas perguntas é porque esse problema + foi resolvido. Has, durante muito tempo estavam sem solução, e não era claro a que +rea pertenciam. , pela incerte%a, como não se sabia a qual dom#nio em particular era a responsabilidade de resolve7lo não era considerado grave uma teoria não conseguir solucionar estes problemas. Como e"emplo desta ambiguidade, temos o caso do p*lipo de tipo )idra de Abra)am 5rembleI, observado atentamente pela primeira ve% em 1;4. 6este caso, o p*lipo podia se reprodu%ir sem acasalamento se"ual e, quando cortado, cada parte compun)a um organismo inteiro. 5ais propriedades costumavam ser observadas em plantas, mas eram especificamente negadas aos animais, o que sugeriria que este p*lipo fosse uma planta, porém, tin)a capacidade de locomoção, estDmago e padrões de consumo de alimentos associados aos animais, em especial aos insetos. 5endo a# um e"emplo de um organismo vivo meio planta e meio animal cua pr*pria e"istência negava o princ#pio por tanto templo e"altado dos três reinos separados (animal, vegetal e mineral!.
(P+g. 3&!
' surgimento dessa aguda anomalia na ausência de qualquer concorrência te*rica, é lamentavelmente incompleta pois ignora o fato de que, ao lado da biologia vitalista dominante, )avia uma minoria de bi*logos comprometidos com uma abordagem mais materialista e mais mecanicista dos processos biol*gicos. 's poderes regenerativos do p*lipo sugeririam que talve% os materialistas estivessem corretos. Afinal, se qualquer parte do p*lipo, por menor que fosse, podia converter7se em um animal completamente desenvolvido, os materialistas pareciam estar certos ao negar que )avia uma alma indivis#vel e supramaterial pertencente ao organismo inteiro como um ser organi%ado.
ntão, o p*lipo tornou7se uma anomalia ameaçadora a escola vitalista, pois dava visibilidade / uma escola rival, esta qual poderia considerar o p*lipo como um problema resolvido.
(P+g. :4 J :1!
's problemas não resolvidos são de grande import2ncia para a ciência, pois resolve7los é um dos meios pelos quais as teorias fa%em progressos emp#ricos. Ke modo geral, deve7se ressaltar que o fracasso de uma teoria em solucionar um problema não vai pesar muito contra ela, pois normalmente não é poss#vel saber a priori se o problema em questão deveria ser solucionado por esse tipo de teoria. ntão, para ulgarmos a competência de uma determinada teoria face a sua incapacidade de solucionar algum problema, bem como se esta sua fal)a deve ser considerada relevante, devemos e"aminar as teorias antecedentes, suas concorrentes e até a pr*pria teoria, e os problemas que estas + resolveram naquela +rea, portanto, sendo avaliada de forma -comparativa. (P+g. :3!
Natureza dos Problemas Resolvidos Pode7se afirmar, de maneira genérica, que um problema emp#rico encontra7se resolvido quando os cientistas não o consideram mais como uma pergunta sem resposta e ulgam entender por que a situação proposta pelo problema é como é, e, sendo o pressuposto deste entendimento a e"istência de uma teoria que o e"plica. ?m l*gico da ciência, ao ser questionado qual seria a relação entre e'planans (latim, fenDmeno que precisa ser e"plicado! e um e'planandum (latim, fenDmeno que precisa ser e"plicado!, provavelmente ele afirmaria que a -teoria deve implicar uma asserção e"ata do fato= a teoria deve ser ou verdadeira ou altamente prov+vel= deve7se considerar que toda e"plicação adequada de algum fato sempre foi uma e"plicação adequada para ele (enquanto a e"planans não mudar!. L+, o autor afirma o contr+rio, que uma teoria pode resolver um problema desde que implique até mesmo implique numa declaração apro"imada do problema, sendo irrelevante se ela é verdadeira ou falsa, bem ou mal confirmada= o que vale como solução em determinado momento não ser+ necessariamente considerada como tal todas as ve%es. (P+g. ::!
O !ar"ter pro#imativo da Solu$ão de Problemas Maramente acontece de uma teoria predi%er com e"atidão um resultado e"perimental. ' comum é que as predições se apro"imem de reprodu%ir os dados que constituem um problema espec#fico, mas sem coincidência de resultados. 6eNton não e"plicou e"atamente o movimento dos planetas= a teoria moderna das ligações qu#micas não prevê com e"atidão a dist2ncia orbital dos elétrons em uma molécula. ssa discrep2ncia se d+ por diversos motivos, como o uso de -casos ideais, o não isolamento dos sistemas reais, imperfeição dos instrumentos de medida etc. Porém, o que é relevante é que raramente os fatos são perfeitamente e"plicados (método dedutivo cl+ssico!, pois, costuma )aver discord2ncia entre o que a teoria implica e os dados laboratoriais. m contrapartida, os problemas emp#ricos são resolvidos com frequência, pois para destes não e"igimos semel)ança e"ata entre os resultados te*ricos e e"perimentais. A noção de -solução é muito relativa e comparativa, a de -e"plicação não. Kuas teorias podem solucionar um problema, mas para muitos fil*sofos da ciência, o modelo padrão de e"plicação é -ou é ou não é.
(P+g. :; e :@!
%a &rrelev'ncia da (erdade e da )alsidade Para se Resolver um Problema* Ao determinar se uma teoria resolve ou não um problema emp#rico, os cientistas em geral não consideram questões de verdade ou de falsidade. A teoria de Ptolomeu sobre os epiciclos resolveu o problema do movimento retr*grado dos planetas, independentemente de aceitarmos ou não tal -verdade. m geral, pode(se considerar que qualquer teoria, T, resolva um problema emp)rico, se funcionar *significativamente+ em qualquer esquema de inferncia cu$a conclus#o for uma declaraç#o do problema!
)re+uente não Permanncia das Solu$-es
(P+g. :E!
' grau de e"igência crescente do rigor dos padrões e"igidos para que algo sea tido como solução para um problema é uma das caracter#sticas que causa o seu progresso. ' que uma geração de cientistas aceita como solução perfeitamente adequada muitas ve%es ser+ vista como inadequada num futuro pr*"imo. sse aumento do rigor, gradual estreitamento que torna defasada uma solução para um determinado problema se d+ pelos avanços tecnol*gicos, pelas novas percepções acerca do assunto, e se d+ na )ist*ria de muitas disciplinas, tanto )uman#sticas quanto cient#ficas.
(P+g. : e :&!