UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E BIOLOGIA DÉBORA BATISTA PINHEIRO SOUSA RANNYELE PASSOS RIBEIRO RAFAEL RAONI LEMOS
FILO PLATYHELMINTHES
SÃO LUÍS
DÉBORA BATISTA PINHEIRO SOUSA RANNYELE PASSOS RIBEIRO RAFAEL RAONI LEMOS
FILO PLATYHELMINTHES Trabalho apresentado à disciplina Zoologia dos Invertebrados do Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura da Universidade Estadual do Maranhão para obtenção parcial de nota sob orientação de Raimunda Fortes.
SÃO LUÍS
SUMÁRIO
......................................................................... ......................................................... .............................................3 ...........3 1 INTRODUÇÃO..................................................
2 PLATYHELMINTHES................................................. ............................................................................. ........................................................ ..............................4 ..4 2.1 CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS............................ DIAGNÓSTICAS............................................................ ................................................5 ................5 2.2 CLASSE TURBELLARIA.................................................... ................................................................................ ................................................. .....................55 2.3 CLASSE CESTODA............................................ .................................................................... ........................................................ .........................................8 .........8 2.4 CLASSE TREMATODA...................................... .......................................................................... ............................................................ .............................9 .....9 2.5 CLASSE MONOGENEA............................................. ..................................................................... .................................................... ...............................11 ...11 2.6 IMPORTÂNCIA MÉDICA, VETERINÁRIA E ECONÔMICA ......................................12
3 CONCLUSÃO....................................................... ........................................................................... ................................................ ...........................................13 ...............13 ........................................................................... ............................................................ ...........................................14 .......14 REFERÊNCIAS................................................... ANEXO A – CICLO DE VIDA: TAENIA SOLIUM ................................................................17 ................................................................17 ANEXO B – CICLO DE VIDA: TAENIA SAGINATA.............................................................19 ANEXO C – CICLO DE VIDA: SCHISTOSOMA MANSONI .................................................21 .................................................21
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1 INTRODUÇÃO Na terra há uma grande quantidade de animais que são ativos na busca de alimento, abrigo e parceiros reprodutivos. Esses animais são capacitados de alguns artifícios que os permitem tal habilidade, tais como a cefalização e a simetria bilateral. Eles formam um grande táxon chamado Bilateria. Organismos como os vermes achatados, moluscos, crustáceos, anelídeos, cordados dentre outros a ele pertencem (HICKMAN JUNIOR, 2004). Os bilatérios vermiformes de corpo mole, dorsoventralmete achatados, mais conhecidos como platelmintos, serão abordados ao longo deste trabalho com base em autores renomados, a exemplo de Barnes (2005), Hickman Junior (2004) e Brusca e Brusca (2007). Onde se tratará suas principais características especiais e diagnósticas, classes, sua importância ambiental e para o homem. O referido estudo com os platelmintos visa esclarecer certos paradigmas erradamente construídos quanto ao fato de serem vistos apenas como agentes causadores de doenças, enquanto que os mesmos têm elevada importância médica, veterinária, econômica (MARKOSKI, 2006) e podem também ser indicadores de qualidade ambiental (MADI; UETA, 2009). A partir dos conhecimentos adquiridos sobre esses animais é possível instigar a busca ou até mesmo a criação de novas linhas de pesquisa, contribuindo então para o desenvolvimento da ciência.
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2 PLATYHELMINTHES A palavra “verme” é aplicada livremente a animais a nimais invertebrados compridos, bilaterais bilaterais e sem apêndices. Houve um tempo em que zoólogos consideraram os Vermes como um grupo de existência taxonômica. Tal grupo incluía um sortimento altamente diverso de formas. Esta assembléia não-natural foi re-classificada em vários filos. Porém por tradição, os zoólogos ainda se referem aos vários grupos desses animais como vermes (HICKMAN JUNIOR, 2004). Os platelmintos são em sua maioria vermes aquáticos, pequenos, de corpo mole que não se enterram, mas ao contrário movem-se sobre e entre as rochas, partículas de sedimento, dedritos, algas e no tecido de suas presas (BARNES, 2005). O filo
Platyhelminthes
(do grego
plátys,
“chato”;
helminthos,
“verme”) inclui
aproximadamente 20.000 espécies viventes de animais de vida livre e parasitas (BRUSCA & BRUSCA, 2007). Platelmintos
são
organismos
protostômicos,
triploblásticos,
achatados
dorsoventralmente e os primeiros animais na escala evolutiva a apresentarem segmentação corporal. Entretanto, dados moleculares recentes apontam para algumas modificações para o filo Platyhelminthes (BAGUNA; RIUTORT, 2004). Hickman Junior (2004) define que os
Platyhelminthes
derivaram de um ancestral que
provalvemente teve muitas características semelhantes às dos
Cnidaria,
inclusive uma
mesogléia gelatinosa. Todavia, a substituição da mesogléia gelatinosa por um parênquima mesodérmico celular forneceu a base para uma organização mais complexa. O parênquima é uma forma de tecido de “embalagem” contendo mais células e fibras que a mesogléia dos cnidários. Em pelo menos alguns platelmintos, o parênquima é composto de corpo celulares não-contráteis de células musculares; o corpo da célula contém o núcleo e outras organelas é conectado a uma porção contrátil alongada de uma maneira semelhante à que ocorre nas células do epitélio-musculares dos cnidários. cnidários. Os platelmintos incluem formas livres e parasitárias, mas seus representantes livres são apenas encontrados somente na classe Monogenea, Trematoda e da classe Cestoda
Os
Platyhelminthes
Turbellaria.
Todos os membros da classe
são parasitas (HICKMAN JUNIOR, 2004).
são os representantes mais inferiores dos helmintos, os quais se
caracterizam por apresentarem uma extremidade anterior com órgãos sensitivos e de fixação e uma extremidade posterior. Via de regra, são acelomados, com ânus e aparelho respiratório
5 ausentes, podem ou não apresentar tubo digestivo, têm sistema excretor tipo protonefrídico e possuem tecido conjuntivo enchendo os espaços entre os órgãos. Quanto ao habitat, podem ser de vida livre, ectoparasitos ou endoparasitos endoparasitos (NEVES, 2005). . 2.1 CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS Os platelmintos exibem uma variedade de formas corporais e com sucesso têm ocupado uma extensa variedade de ambientes Estes animais são representados por espécies parasitas, das classes Turbellaria;
Trematoda , Monogenea
e
Cestoda,
e espécies de vida livre, da classe
alguns são terrestres e outros são simbiontes. São organismos não-segmentados
(BRUSCA e BRUSCA, 2007). São, também, considerados triblásticos, acelomados e, em geral são achatados dorsoventralmente, embora a forma do corpo varie de amplamente oval até alongado em forma de fita. Geralmente, há a presença de um intestino complexo, porém incompleto com uma única abertura que serve para ingestão e egestão, a boca conduz a uma faringe de complexidade variada e termina em um intestino de fundo cego. Nos turbelários da ordem Acoela,
a área digestiva não contém qualquer cavidade permanente. E, nos cestóides o
intestino é ausente como uma adaptação evolutiva ao modo de vida parasita (BRUSCA e BRUSCA, 2007). Os platyhelminthes possuem estruturas excretoras e osmorregulatórias chamadas de protonefrídios, estas estruturas são observadas em vários táxons de invertebrados, especialmente entre os protostômios. O surgimento de estruturas osmorreguladoras na forma de protonefrídios foi primordial para a invasão de água doce (BRUSCA e BRUSCA 2007). De acordo com Brusca e Brusca (2007), os protonefrídios estão conectados a uma rede de túbulos coletores que conduzem a um ou mais nefridióporos. Embora uma pequena quantidade do resíduo nitrogenado na forma de amônia seja liberada pelos protonefrídios, a maior parte dos resíduos metabólicos é eliminada por difusão através da parede p arede do corpo, e os protonefrídios são principalmente osmorregulatórios. 2.2 CLASSE TURBELLARIA Os Turbellaria são animais predominantemente aquáticos, sendo a maioria marinha. Vivem em fundos de areia ou lodo, sob rochas e conchas, sobre algas e existem alguns pelágicos e poucos terrestres (estando estes confinados a áreas úmidas e tropicais).
6 Comumente compõem a fauna intersticial. Alguns turbelários são visíveis, com tamanho na casa dos centímetros, são os denominados macroturbelários . Um exemplo deles é a espécie Rimacephalus arecepta ,
encontrada no lago Baikal na Rússia, que chega a 60 cm de
comprimento. Entretanto a maioria das espécies desse táxon é menor que 0,5 mm: os
microturbelários (BARNES, 2005). A parede do corpo é uma epiderme ciliada unilaminar. A propulsão dos cílios provoca o movimento de partículas perto da epiderme, daí o nome
Turbellaria,
que significa
“redemoinho”. Todavia, existem alguns poucos que apresentam epiderme sincilial. Nos turbelários que não possuem cutícula, a lâmina basal tem função esquelética, como visto em certos turbelários marinhos que apresentam espículas calcáreas nesta camada. A epiderme também é bastante glandular, apresentando intensa secreção de muco. Uma característica decorrente disso é o aparecimento de rabdóides, secreções em forma de bastão, confinadas por uma membrana, o tipo mais comum de rabdóide r abdóide é o rabdito (BARNES, 2005). Para a locomoção, os turbelários dependem dos cílios ou então possuem musculatura desenvolvida que pode aparecer como uma grade de fibras musculares externas e longitudinais internas ou na forma de músculos dorsoventrais e camadas adicionais de músculos circulares e longitudinais (BARNES, 2005). O sistema nervoso como um todo é difuso, possuindo um cérebro circular do qual saem muitos cordões nervosos que se estendem posteriormente. Ocelos são comuns e funcionam na orientação luminosa, e a maioria dos turbelários é fototaticamente negativa, a luz forte, por exemplo, cessa a locomoção. Os estatocistos também são comuns e têm atividade sensorial, entretanto sua função ainda não foi bem estabelecida (BARNES, 2005). Eles apresentam um compartimento de tecido conjuntivo chamado parênquima. Lá estão presentes vários tipos de células, dentre as quais: células de reposição , que repõem qualquer célula epidérmica danificada ou d estruída; neoblastos, células totipotentes que agem na regeneração e cicatrização de ferimentos; células parenquimáticas pigmentadas e
cromatóforos, que permitem o clareamento ou escurecimento escurecimento do animal quando o pigmento é concentrado ou disperso (BARNES, 2005). Quanto ao sistema digestivo, eles possuem cavidade digestiva de fundo cego, sendo a boca usada para ingestão e egestão. Alguns poucos apresentam um ou múltiplos ânus. Geralmente o trato digestivo é formado por uma camada de células fagocíticas e glandulares; em acelos não há lúmen, apenas um sincício e maioria possui faringe glandular. O tamanho do trato digestivo relaciona-se ao tamanho do verme. Os macroturbelários achatados apresentam ramos laterais que se estendem para as laterais os corpo, já os microturbelários, apenas um
7 tubo de fundo cego (não ramificado). Os turbelários são principalmente carnívoros, predando vários invertebrados; há também espécies comensais ou parasitas p arasitas (BARNES, 2005). O transporte interno é feito essencialmente por difusão, mas os turbelários grandes utilizam-se de correntes ciliares para o transporte de nutrientes. A excreção é realizada por protonefrídios que possuem células terminais multiciliadas, entretanto a eliminação de nitrogênio proveniente da atividade metabólica ocorre na forma de amônia, que difunde pela superfície epidérmica (BARNES, 2005). A reprodução pode ocorrer de três formas: 1) Regeneração: Uma planária que tem sua cabeça cortada longitudinalmente, logo sofre cicatrização do corte e regeneração completa das duas cabeças. Ou quando é cortada em duas metades, cada uma das metades regenera a parte perdida. Há ainda muitas questões não respondidas acerca desse tipo de reprodução 2) Reprodução clonal: ocorre por paratomia, onde o corpo adulto se diferencia em uma cadeia de zoóides que sofrem fissão formando novos indivíduos,
arquitomia, a diferenciação ocorre após a fissão; e brotamento, comum aos acelos como o
Convolutriloba,
onde a prole brota em qualquer lobo de sua
extremidade trilobada posterior. 3) Reprodução sexual: por meio de copulação e fertilização interna e a maioria é hermafrodita. O desenvolvimento é frequentemente direto, mas em muitas espécies marinhas grupos sucessivos de ovos desenvolvem-se indiretamente em uma larva planctotrófica. Alguns policladidos produzem uma larva uniformemente ciliada: a larva Goette, com quatro braços, e a larva Mueller, com oito braços (BARNES, 2005). A primeira citação de turbelários para o Brasil foi de um verme desenhado por Fritz Müller em carta enviada a Max Schultz, datada 13 de março de 1864 (MOLLER, 1921). O verme desenhado foi determinado posteriormente por Marcus (1949) como bicaudatum
Stenostomum
Kennel. Grande estudioso de Turbellaria brasileiros, Marcus descreveu 84
espécies entre 1944 e 1949, das quais 52 são novas. A classe é, por vezes, abundante em lagos e reservatórios, desempenhando papel relevante como predador (ROCHA
et al.,
1990; DE
MEESTER, DUMONT, 1990; DUMONT, CARELS, 1987; DUMONT et al., 1990). Vários levantamentos acerca desta classe vêm sendo feitos no Brasil a exemplo da pesquisa realizada por Baptista (2006) no Parque Nacional dos Aparados da Serra (PNAS),
8 localizado na borda oriental do Planalto das Araucárias, onde foi registrada a ocorrência de 35 espécies de turbelários todos pertencentes à família Geoplanidae. 2.3 CLASSE CESTODA Cestódeos são platelmintos endoparasitas que não possuem um trato digestivo, alimentando-se graças à alta capacidade de absorção de nutrientes proporcionada pelo sincício que constitui seu tegumento. A forma e o tamanho alongado dos adultos não permite que vivam em habitats não-tubulares. Desta forma cestódeos adultos ocorrem apenas em habitats como o tubo digestivo e os ductos pancreáticos e biliares. Além disso, esses habitats apresentam níveis nutricionais elevados, fato asssociado à alta taxa de crescimento destes parasitos. A cisticercose e a hidatitose, causadas respectivamente, por espécies de gêneros Taenia e Echinococcus,
são doenças que causam grandes perdas na produtividade pecuária,
atingindo também, populações humanas e causando doenças de altos impactos em áreas endêmicas (CABARIN granulosos,
et al.,
2005). Na hidatidose cística, causada por
Echinococcus
mamíferos ungulados domésticos são os hospedeiros intermediários mais
representativos (VUITTON et al., 2003). Hickman Junior (2004), afirma que as tênias diferem em vários aspectos das outras classes de
Platyhelminthes.
Eles geralmente possuem corpos longos e achatados nos quais
existem uma série linear de conjunto de órgãos reprodutivos. Cada conjunto é chamado uma proglótide e geralmente tem zonas de musculatura incipiente em suas extremidades anterior e posterior. Diferentemente dos monogêneos e tremátodes, toda a superfície dos céstodes está envolta por projeções diminutas similares aos microvilos do intestino delgado dos vertebrados. Estes microvilos constituem uma adaptação vital para as tênias, já que estas têm que absorver todos os seus nutrientes pelo seu tegumento. As tênias são quase todas monóicas. Umas das suas estruturas mais especializadas é o escólex, que é um órgão de apreensão. Isto é normalmente proporcionado por ventosas ou órgão em forma de ventosa e frequentemente com ganchos ou tentáculos espinhosos (HICKMAN JUNIOR, 2004). O ciclo de vida típico das solitárias difere daqueles dos trematódeos, pois nas solitárias a larva oncosfera infectante precisa ser ingerida pelo hospedeiro, mesmo quando ela está coberta por uma membrana ciliada e livre-natante (então denominada larva coracídio). Embora a maioria das larvas de solitárias não seja capaz de multiplicação assexual, isto é possível naquelas onde o cisto hidático ocorre: os hospedeiros intermediários são, no entanto,
9 principalmente veículos para garantir a transmissão de um hospedeiro definitivo a outro (BARNES, 2008). A larva procercoíde é pequena e fusiforme, com um corpo sólido e com os ganhos da oncosfera retidos posteriormente; o plerocercoíde dentro do qual este se desenvolve não possui os ganchos da oncosfera, mas apresenta um escólex desenvolvido. A larva cisticercoíde também retém os ganchos da oncofesra posteriormente, mas possuem um corpo na qual a secção mediana cresce ao redor do escólex em desenvolvimento, encerrando-o dentro de uma cavidade enquanto a extremidade posterior permanece permanece livre. O cisticerco é uma vesícula encerrando um único escólex invaginado. Outros tipos nominais de larvas são também conhecidos, mas são variações relativamente pequenas dessas quatro; algumas vesículas semelhantes a cisticercos, por exemplo, podem ser grandes e conter um número de escóleces resultado de brotamento assexual – estas são denominadas de cistos hidáticos. Uma vez atingido o trato digestivo do hospedeiro digestivo, o escólex de um plerocercoíde, cisticercoíde ou larva de cisticerco se fixa à parede do trato digestivo, e a proliferação de proglótides começa (BARNES, 2008) Os cestódeos mais frequentemente encontrados parasitando os humanos pertencem à família
Taenidae,
na qual são destacadas
Taenia solium
e
T. saginata
(ciclo de vida
representado em Anexo A e B). Essas espécies, popularmente popularmente conhecidas como solitárias, são responsáveis pelo complexo teníase-cisticercose, que pode ser definido como um conjunto de alterações patológicas causadas pelas formas adultas e larvares nos hospedeiros. Didaticamente, a teníase e a cisticercose são duas entidades mórbidas distintas, causadas pela mesma espécie, porém com fase de vida diferente. A teníase é uma alteração provocada pela presença da forma adulta da
Taenia solium
ou da
T. saginata
no intestino delgado do
hospedeiro definitivo, os humanos; já a cisticercose é a alteração provocada pela presença da larva (vulgarmente denominada canjiquinha) nos tecidos de hospedeiros intermediários normais, respectivamente suínos e bovinos. Hospedeiros anômalos como cães, gatos, macaco e humanos, podem albergar a forma larvar da
T. solium (NEVES, 2005)
2.4 CLASSE TREMATODA Os trematódeos subdividem-se em dois táxons: Digenea , que tem importância médica e econômica e o Aspidogastrea, pequeno e sem importância médica. Aqui serão tratados apenas os Digenea (BARNES, 2005).
10 Os digêneos são endoparasitas comuns em vertebrados e estão em 2º lugar em diversidade entre metazoários parasitas perdendo apenas para os
Nematoda.
Esses
trematódeos variam em comprimento de 0,2 mm a 6 cm. Eles são, em geral, achatados dorsoventralmente, mas alguns são grossos e carnudos. Uma ventosa oral rodeia a boca, servindo para fixação e transporte de alimento pela boca, e alguns possuem ventosa ventral. As ventosas previnem o desalojamento e ajudam na alimentação (BARNES, 2005). O corpo é coberto por uma neoderme que promove proteção, especialmente contra enzimas dos hospedeiros, em espécies que habitam o trato digestivo. Também é através dela que os resíduos nitrogenados difundem para o exterior (protonefrídios podem ser usados também). Os digêneos apresentam faringe bulbosa que ingere células e fragmentos de células, muco, fluido de tecidos ou sangue do hospedeiro, do qual o parasita se alimenta. (BARNES, 2005). O sistema nervoso é como nos turbelários: o cérebro é um par de gânglios cerebrais anteriores dos quais muitos cordões nervosos se estendem. Ocelos ocorrem em muitos miracídios (BARNES, 2005). Quanto à reprodução, eles possuem sistema reprodutivo neóforo altamente organizado com ovário heterocelular. A produção de “ovos” é estimada em torno de 10.000 a 100.000 vezes maior do que qualquer outro platelminto de vida livre. A maioria dos trematódeos é hermafrodita com fertilização cruzada, mas a autofertilização ocorre em casos raros (BARNES, 2005). O ciclo de vida dos digêneos pode envolver vários hospedeiros: 1) Primeiro hospedeiro intermediário: geralmente molusco gastrópode. 2) Segundo hospedeiro intermediário: um artrópode ou um peixe. 3) O hospedeiro definitivo: um vertebrado (BARNES, 2005). Em geral, no ciclo de vida dos digêneos, os ovos passam para fora do hospedeiro através das fezes, urina ou muco. Sendo molhado, cada ovo se desenvolve em uma larva miracídio de vida curta. Esta é uma larva livre-natante, em virtude de uma epiderme ciliada, e contém um número de “células germinativas” das quais as gerações subseqüentes de larvas produzidas assexuadamente serão derivadas. Se um molusco for encontrado, as células glandulares permitem que o miracídio penetre pela pele ou possa ser comido. Dentro do caramujo o miracídio perde sua epiderme ciliada, desenvolve o tegumento, e forma um esporocisto quase irregular. Este funciona como um saco com células germinativas que se dividem mitoticamente para formar esporocistos adicionais, ou mais gerações adicionais de um estágio larval: a rédia. Esta difere do esporocisto por possuir trato digestivo. Após
11 extensivas multiplicações assexuadas, as células germinativas da rédia ou dos esporocistos se desenvolvem em um estado larval de cercaria (forma que apresenta cauda de propulsão). A cercária deixa o hospedeiro intermediário e, então, encista para formar um estágio de metacercária, na vegetação ou na pele do animal. Ao emergir do cisto, o trematódeo t rematódeo jovem se move para seu destino final no hospedeiro (BARNES, 2008). Dois digêneos parasitas em seres humanos são
Schistosoma mansoni
e
Opisthorchis
sinensis (BARNES, 2005). O ciclo do primeiro está representado no Anexo C.
2.5 CLASSE MONOGENEA Os membros da classe Monogenea são ectoparasitos de brânquias, pele e orifícios de peixes, anfíbios e répteis e, menos frequentemente, do trato esofagiano e vesícula (CHUBB, 1977; EUZET, COMBES, 1998; BAKKE
et al.,
2002). Calcula-se que há mais de 3.000
espécies de monogenéticos parasitas de peixes (EIRAS, 1994), muitos dos quais específicos para determinada espécie hospedeira (BAKKE et al., 2002.). Em razão de a maioria atacar a pele de um hospedeiro que se move rápido, monogêneos são achatados dorsoventralmente e possuem um grande órgão de fixação posterior, o haptor, que possui ganchos e ventosas, possibilitando que o parasita se fixe fortemente no hospedeiro. O corpo adulto é composto por cabeça, tronco e haptor. A cabeça pode possui uma ventosa oral muscular ao redor da boca ou uma ventosa pode estar ausente e glândulas adesivas são usadas para a fixação (BARNES, 2005). Alguns monogêneos secretam proteinase na pele do hospedeiro, possibilitando ao parasita ingerir sangue e restos celulares e a grande maioria alimentam-se exclusivamente de muco e células superficiais da pele do hospedeiro. (BARNES, 2005) O sistema reprodutivo masculino possui apenas um testículo circular ou oval. O duto espermático leva para dentro da base do órgão copulador, que é uma estrutura de pênis protraível que pode estar armado de ganchos. Durante a cópula ocorre a troca mútua de espermatozóide, com fluido seminal sendo passado para dentro de uma vagina simples ou pareada de cada parceiro. Exemplos de autofecundação ou fertilização cruzada são conhecidos entre monogêneos hermafroditas. Uma espécie, no entanto, evoluiu a garantia final de fertilização cruzada e fidelidade conjugal (BARNES, 2005). 2005). De acordo com Barnes (2005), um exemplo do ciclo de vida destes parasitos é o Polystoma intergerrimum, encontrado na bexiga de rã
e sapos do velho mundo. Os “ovos” “o vos” são
produzidos até que a rã ou sapo volte para a água para reproduzir, quando eles são liberados.
12 Os oncomiracídios se fixam nas brânquias dos girinos. Sofrem metamorfose, o parasita deixa as câmeras branquiais, rasteja sobre a barriga do hospedeiro e entra na bexiga. Quando o girino é muito jovem, algumas larvas podem obter maturidade sexual e produzir “ovos”. Essa geração de parasi p arasitas tas morre quando qu ando a metamorfose ocorre. 2.6 IMPORTÂNCIA MÉDICA, VETERINÁRIA E ECONÔMICA Os platelmintos provocam um grande número de doenças no homem gerando problemas de escala econômica humana e veterinária. Trematódeos dos gêneros e
Fasciola,
e cestódeos dos gêneros
Taenia
Schistosoma
e Echinococcus causam helmintíases altamente
severas em seres humanos. Estes são hospedeiros acidentais e se contaminam através do contato com hospedeiro definitivo, como o cão doméstico. A manutenção dos ciclos de vida ocorre, em geral, por influência humana (MARKOSKI, 2006). Entretanto, existem espécies de cestódeos relativamente raras, em infectarem seres humanos, que têm sido bastante estudadas porque alguns de seus estágios têm sido cultivados in vitro
e também podem ser manipulados em hospedeiros experimentais
in vivo.
Estes
parasitos, experimentalmente acessíveis, surgem como importantes modelos para a investigação de vários aspectos da biologia dos cestódeos, a exemplo do Mesocestoides corti (MARKOSKI, 2006). Além disso, as variações nas populações de parasitas em peixes podem ser indicadores de alguma alteração ambiental. Um exemplo é o parasitismo por Ancyrocephalinae na espécie Geophagus brasiliensis da família Cichlidae (MADI e UETA, 2009).
13
3 CONCLUSÃO Desta maneira, uma característica diferencia o filo dos
Platyhelminthes
de outros
táxons anteriores: a presença de três folhetos embrionários, embora continuem sendo acelomados. Alguns membros obtiveram uma adaptação corporal ao parasitistmo, pela presença de ventosas e uma epiderme diferenciada para a obtenção de nutrientes específicos dos seus hospedeiros. Devido ao parasitismo, esses vermes apresentam importância médica, veterinária e consequentemente, econômica. Além do mais, algumas classes específicas contribuem para o monitoramento ambiental. Portanto, as relações de parasitismo, além de serem enxergadas na ótica destrutiva em relação aos seus hospedeiros, também podem ser aliadas no contexto ambiental.
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ANEXO A – CICLO DE VIDA: TAENIA SOLIUM
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CICLO DE VIDA: TAENIA SOLIUM
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-platelmintos/ br/alfa/filo-platelmintos/
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ANEXO B – CICLO DE VIDA: TAENIA SAGINATA
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CICLO DE VIDA: TAENIA SAGINATA
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-platelmintos/ br/alfa/filo-platelmintos/
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ANEXO C – CICLO DE VIDA: SCHISTOSOMA MANSONI
22 CICLO DE VIDA: SCHISTOSOMA MANSONI
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-platelmintos/ br/alfa/filo-platelmintos/
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