Weber, Max. “A 'Objetivid 'Objetividade' ade' do conhecimento nas Ciências Sociais e na Ciência Política”. In: Metodologia das Ciências Sociais – Parte I. São Paulo: Cortez, 2001.
Weber escreve em um momento no qual se tornava editor de uma revista e pretendia apresentar apresentar a concepção e os fins da mesma. A revista pretende ser científica, Propósito da revista: aumentar o conhecimento sobre as condições sociais de todos os países e a formação de juízo sobre os problema problemass práticos (crítica da prática sócio-política e da legislação) legislação).. A ciência não pode utilizar-se de juízos de valor, mas tem que ser crítica! Como conciliar a crítica da sociedade com a cientificidad cientificidade¿ e¿ Há uma verdade objetivamente válida no campo das ciências sociais¿ A ciência deve separar a análise do que é do dever ser jamais pode ser tarefa de uma ciência empírica proporcionar normas e ideias obrigatórios” “ (p. 109) A ciência deve proporcionar fonte para entender quais são as consequências de certa ação, mas não deve realizar a ação, deve mostrar quais são os custos “Supondo que na grande maioria dos casos qualquer fim a que se aspire [...] custa alguma coisa [...] a auto-reflexão dos homens homens não pode prescindir da ponderação entre fins e consequên consequências cias de uma determin determinada ada ação. Possibilitar isso é, exatamente, uma das funções mais importantes da crítica técnica [...] Mas tomar uma determinada decisão em função daquelas ponderações já não é mais tarefa possível para a ciência. Ela é própria do homem de ação” (p.80) A ciência não toma decisões, mas proporciona meios para a tomada de decisão. Ciência: apresentação clara e trasaparente de ideias Uma abordagem cientifica dos juízos de valor deve ser critica Os juízos de valor são subjetivos e, portanto, não devem fazer parte da análise empírica. -> O que se deveria fazer é a crítica dos juízos de valor. Análise de meios e fins. Quais maioes são adequados a um determinado fim¿
“Uma ciência empírica não deve ensinar a ninguém o que deve fazer” (p. 111)
Emitir juízos acerca dos valores está no âmbito da fé e da especulação. Não é tarefa da ciência buscar ideas ultimas e universalmente válidas
“emitir um juízo de valor sobre a validade de tais valores é assunto de fé, e talvez
também seja tarefa de uma consideração e interpretação especulativa da vida e do mundo [...] mas certamente não é tarefa de uma ciência empírica” (p. 111)
É simplesmente um ato ingênuo [...] acreditar que é necessário para a ciência social prática estabelecer estabelecer [...] um princípio [...] a partir do qual [...] podem ser deduzidas de maneira unívoca as normas para a solução de problemas práticos”
(p. 112)
Somente as religiões (dogma) podem tornar valores “mandamentos éticos incondicionalmente válidos” “os ideiais supremos que nos movem com a máxima força possível, existem, em
todas as épocas, na forma de uma luta com os outros ideiais que são, para outras pessoas, tão sagrados como o são para nós os nossos” (p. 112) -> Não existe valor universal, não é objetivo da ciência busca-lo; Dever científico: ver a verdade dos fatos Dever prático: aderir aos próprios ideiais Demonstraçãoo científica = universal! Demonstraçã Ciência Social: ordenamento conceitual dos fatos Política Social: exposição de ideiais
“é necessário indicar aos leitores [...] em que momento cessa a fala do pesquisador e começa a fala do homem que está sujeito a intenções e a vontades”
(p. 115) O tetxo de Weber é inteiramente fundado na concepção de que existe uma diferença entre aquilo que é função do homem de ação e aquilo que é função do pesquisador. Para o pesquisador, o importante são os fatos e não os ideiais. Os ideais não devem moldar os resultados científicos. A ciência deve elucidar os fatos e não refletir sobre valores. Para uma ciência objetivas, os valores devem ser deixados de lado. O texto é dividido em duas partes, na primeira se aborda a questão da separação entre juízo de valor e empiria, na segunda a questão do que seria a objetividade nas ciências sociais. “Todos sabem que esta revista rejeitou, de maneira explícita, toda e qualquer
tendência. Certamente possuía no entanto este determinado caráter [...] apesar de suas limitações às discussões científicas e do convite expresso aos partidários de todas as posições políticas. Esse caráter foi criado pelo circulo de seus colaboradores regulares” (p. 116) -> o caráter não é deliberado, não significa que outras posições são rejeitadas, mas que aquelas são mandadas à revista Qual o limite da objetividade nas ciências sociais¿ Há uma realidade empírica nas ciências sociais¿ O que é objetividade¿
“ o campo de trabalho característico de nossa revista é o da pesquisa científica do
significado cultural geral da estrutura sócio-econômica da vida social humana, e das suas formas históricas de organização” (p. 120)
“Só quando se estuda um novo problema com o auxílio de um método novo, e se
descobrem verdades quem abrem novas e importantes perspectivas, é que nesce uma nova ciência” (p. 121) -> questão das RI como ciência independente: até que ponto condiz com a realidade¿ Há um método novo¿ O Objetivo central de Weber parece ser evitar concepções dogmáticas das ciências!!!!! “Livre do preconceito obsoleto de que a totalidade dos fenômenos culturais pode
ser deduzida como produto ou como função de determinadas concepções de interesses materiais, cremos, no entsnto, que a análise dos fenômenos sociais e dos processos culturais da perspectiva especial do seu condicionamento e alcance econômico foi um princípio científico de fecundidade criadora, e continuará a sê-lo, enquanto dele se fizer uso prudente e livre de coibições dogmáticas” (p. 121) –
questiona-se a concepção materialista da história. O materialismo histórico é dogmático porque entende que as causas econômicas são as únicas causas verdadeiras e determinantes dos acontecimentos sociais: O materialismo histórico leva a um determinismo. Este determinismo ocorre nas RI¿ A questão de que o Estado sempre agiria balanceando poder seria um determinismo¿ Haveria um determinismo no neorrelismo, sendo a diferença de capacidades o motivo único dos acontecimentos causais¿ Não existe nenhuma análise científica totalmente objetiva da vida cultural [...] que seja independente de determinadas perspectivas especiais e parciais, graças às quais estas manifestações possam ser, explicita ou implicitamente, consciente ou inconscientemente, selecionadas, analisadas e organizadas na exposição enquanto objeto de pesquisa” (p. 124) A ciência envolve seleção, análise e exposição de um objeto de pesquisa. Necessidade de recorte: “Tão logo como tentkoamos tomar consciência do modo como se nos apresenta imediatamente a vida, verificamos que ela nos mani festa “
infinita diversidade de eventos que aparecem sucessiva e simultaneamente [...] todo o conhecimento da realidade infinita, realizado pelo espírito humano finito, baseia-se na premissa tácita de que apensa um fragmento dessa realidade poderá constituir de cada vez o objeto da compreensão científica e de que só ela será essencial no sentido de digno de ser dentro” e fora de nós, sob uma quase
conhecido” (p124) o
Segundo que princípios se dá o recorte¿ Inicialmente se pensou que a ciência social deveria buscar as leis que regem a realidade. O recorte deveria cair sobre as recorrências.
Não existem leis no mundo social, cultural. “Para todas essas
finalidades seria muito útil e quase indispensável q existência de conceitos claros e o conhecimento destas leis (hipotéticas), como meios heurísticos – mas unicamente como tais. Porém mesmo com essa função, há um ponto decisivo que demonstra o limite do seu alcance, com o que somos conduzidos à peculiaridade decisiva do método das ciências da cultura, ou seja, nas disciplinas que aspiram a conhecer os fenômenos da vida segundo a sua significação cultural. A significação da configuração de um fenômeno cultural e a causa dessa significação não podem contudo deduzir-se de qualquer sistema de conceitos de leis, por mais perfeito que ele seja, como também não podem ser justificados e explicados por ele, tendo em vista que pressupõe a relação dos fenômenos culturais com ideias de valor. O conceito de cultura é um conceito de valor. A realidade empírica é cultura para nós porque e na medida em que a relacionamos com ideias de valor É a significação cultural que torna algo relevante como objeto de estudo para as ciências sociais. -> o que interessa ao cientista social é analisar a significação cultural do fato histórico. Como decidir o que é significativo¿ O que é relevante de ser estudado¿ “o número e a natureza das causas que determinam qualquer acontecimento individual são sempre infinitos” (p. 129) “somente um segmento da reali.[[dade individual possui interesse e
relevância para nós, posto que só ele se encontre em relação com as ideias culturais de valor com que abordamos a realidade” (p.
129) Estabelecer as regularidades não é o fim, mas o meio do conhecimento. “Carece de razão de ser um estudo “objetivo” dos acontecimentos culturais, no sentido de que o fim ideal do trabalho científico deverá consistir numa redução da realidade empírica a certas leis. Carece de razão de ser não porque [...] os acontecimentos culturais [...] evoluam de modo objetivamente menos sujeitos a leis, mas : a) porque o conhecimento de leis sociais não é um conhecimento do socialmente real, mas unicamente um dos diversos meios auxiliares de que nosso pensamento se serve para esse efeito e b) porque nenhum conhecimento dos acontecimentos culturais poderá ser concebido senão com base na significação que a realidade da vida, sempre configurada de modo individual, possui para nós em determinadas relações singulares.” (p. 130) –Em ciências culturais, a subjetividade sempre estará de alguma forma presente. A cultura só tem significado a partir do homem.
Significação cultural = base única do interesse científico.
Todos são “homens de cultura” dotados da possibilidade e necessidade de adotar
uma posição frente ao mundo A seleção do que estudar é subjetiva! - > “disso resulta que todo conhecimento da realidade cultural é sempre um conhecimento subordinado a pontos de vista especificamente particulares” (p. 131) “O conhecimento científico-cultural, tal como o
entendemos, encontra-se preso, portanto, a presmissas subjetivas, pelo fato de apenas se ocupar daqueles elementos da realidade que apresentam alguma relação , por muito indireta que seja, com o acontecimento a que conferimos uma significação cultural” (p. 132)
É evidente, no entanto, que não devemos deduzir de tudo isso que a investigação científico –cultural apenas conseguiria obter resultados “subjetivos”, no sentido de serem válidos para uns mas não para os outros. O que varia é o grau de interesse que manifesta por um e para outro. Em outras palavras: apenas as ideia de valor que dominam o investigador e uma época podem determinar o objeto de estudo e os limites deste estudo. No que concerne ao método da investigação, o como é o ponto de vista dominante que determina aformação dos conceitos auxiliares que se utiliza. E quanto ao método de utilizá-los, o investigador encontra-se evidentemente ligado às normas de nosso pensamento. Porque só é uma verdade científica aquilo que pretende ser válido para todos os qu e querem a verdade” (p. 133)
Qual a função dos conceitos¿ Qual a função da teoria¿
“visto o descomunal êxito das ciências da natureza, que haviam incorporado esse
princípio, parecia impossível conceber um trabalho científico que não fosse o da descoberta de leis do devir em geral” (p. 135)
Leis x Conceitos Na ciência, não se deve buscar construir leis, mas tipo ideiais: o tipo ideal não permite descrever a realidade, mas permite a formulação de hipóteses, permite entender alguns aspectos da me sma; “obtém-se um tipo ideal mediante a acentuação unilateral de um ou de vários pontos de vista e mediante o encadeamento de grande quantidade de fenômenos isoladamente dados, difusos e discretos [...] é impossível encontrar empiricamente na realidade este quadro, na sua pureza conceitual, pois trata- se de uma utopia.” (p. 138)
Tipo ideal = construção conceitual
“quanto mais clara consciência se pretende ter do caráter significativo de um
fenômeno cultural, tanto mais imperiosa se torna a necessidade de trabalhar com conceitos claros, que não tenham sido determinados segundo um aspecto particular, mas segundo todos” (p. 139). A definição dos conceitos só pode ocorrer a partir de tipos ideais: “trata-se de um quadro de pensamento, não da realidade histórica, e muito menos da realidade autentica, não serve de esquema em que se possa incluir a realidade à maneira de exemplar. Tem antes o significado de um
conceito-limite, puramente ideal, em relação ao qual se mede a realidade a fim de esclarecer o conteúdo empírico de alguns dos seus elementos importantes, e com o qual esta é comparada” (p. 140)
Os conceitos se transformam em tipos ideais, a ciência social não consegue captar a realidade a partir de leis ou de descrição fiel. Diferença clara entre história e teoria. Os tipos ideiais não devem servir para avaliar a realidade, mas como meios para entendê-la através de comparações. O tipo ideal não representa algo que seja desejável. O tipo ideal proporcionará bases para entender o que é específico no mundo cultural. “a história e a construção típico-ideal
do desenvolvimento devem ser rigorosamente diferenciadas, e que a construção apenas serviu como meio para realizar metodicamente a atribuição válida de um processo histórico as suas causas reais” (p. 146)
Problema: tentar forçar a realidade para que ela se encaixe nas teorias, nos tipos ideiais. O tipo ideal é um parâmetro de comparação Os tipos-ideiais são transitórios, e é sempre necessário construir novos tipos ideais. “nenhum desses sistemas de pensamento, que
são imprescindíveis para a compreensão dos elementos significativos da realidade, pode esgotar sua infinita riqueza. Todos não passam de tentativas para conferir uma ordem ao caos dos fatos que incluímos no âmbito do nosso interesses, e que são realizadas com base no estado atual dos nossos conhecimentos e nas estruturas conceituais de que dispomos” (p. 148) “nas ciências da cultura humana, a construção de conceitos depende do modo de
-
propor os problemas, e de que este último varia de acordo com o conteúdo da cultura. A relação entre o conceito e o concebido comporta, nas ciências da cultura, o caráter transit ório de qualquer dessas sínteses” (p. 149) Conceitos: não constituem realidades empíricas, nem a reproduzem, mas permitem ordená-la por meio do pensamento.