Fichamento sobre Um instrumento de descoberta e interpretação domingo, 9 de junho de 2013 20:24
O Romance, com efeito, exprime a realidade segundo um ponto de vista diferente, com efeito, exprime a realidade segundo um ponto de vista diferente, comparativamente comparativamente analítico e objetivo, de certa maneira mais adequado às necessidades expressionais do séc. XIX. Complexo e amplo, anticlássico por excelência, é o mais universal e irregular dos gêneros modernos. Os melhores momentos são, porém, aqueles em que permanece fiel à vocação direta, para com ela construir um sistema imaginário e mais durável. A largura do seu âmbito, principalmente no que se refere ao tratamento formal da matéria novelística, leva-o a romper com as normas que delimitavam os gêneros. Entretanto, à busca de temas e sugestões, pela historia, a economia, a política, a moral, a poesia, o teatro, acaba também por lhes roubar vários meios técnicos, fazendo dele um gênero eminentemente aberto, pouco redutível às receitas que regiam os gêneros clássicos. Daí a facilidade e felicidade com que se tornou o gênero romântico por excelência; aquele, podemos dizer, que deveu ao romantismo a definitiva incorporação à literatura séria e o alto posto que mantem desde então. Além deste motivo de natureza artística, outros intervieram para facilitar sua voga. A Ampliação do público leitor* . Vocação histórica e sociológica do Romantismo. Há no romance amplitude e ambição ambição equivalentes às da epopeias, só que ao invés de elevar o ser humano ao plano do milagre, procura encontrar o milagre no quotidiano. O romance, seja qual for, não escapa às limitações de tempo e espaço, embora às aproximem da fantasia. As contradições profundas do Romantismo encontraram neste gênero o veículo ideal. Fundindo emoção fácil e refinamento perverso; a pressa das visões e o amor ao detalhe; os vínculos misteriosos, a simplificação dos caracteres, caracteres, a incontinência i ncontinência verbal, tudo nele se fundiu, originando uma coletânea de obras do mais variado tipo, que vão do péssimo ao genial e isso acontece frequentemente no mesmo autor. *a irregularidade é uma marca do tempo. O mesmo autor vária na qualidade do que escreve. O lastro do real O eixo do romance oitocentista oitocentista é pois o respeito inicial pela realidade, manifesto principalmente na verossimilhança que procura imprimir à narrativa. *Existe nele um elemento chave que é a aproximação entre o mundo literário e o problema humano expresso nele. No romantismo , o afastamento dessa posição ideal fez-se na direção e em favor da poesia; permanecendo permanecend o o esteio da verossimilhança e a disposição comum de sugerir certo determinismo nos atos e pensamentos do personagem.
Sempre que romance romântico resistiu à tentação da poesia e buscou a norma desse gênero sem normas, encaminhou-se resolutamente para descrição e o estudo das relações humanas em sociedade. Lugares, paisagens cenas; épocas, acontecimentos; personagens-padrões, tipos sociais; convenções, usos, costumes - foram abundantemente levantados quer no tempo, quer no espaço. No Brasil o romance romântico elaborou a realidade graças ao ponto de vista, à posição intelectual e afetiva norteou todo nosso romantismo. A saber, o nacionalismo literário. Nacionalismo, na literatura brasileira, consistiu basicamente, em escrever sobre coisas locais: no romance, a consequência foi a descrição de lugares, cenas, fatos, costumes do Brasil. Esta tendência naturalizou a literatura portuguesa no Brasil, dando-lhe um lastro ponderável de coisas brasileiras. E além de um recurso estético foi um projeto nacionalista, fez do romance uma verdadeira ferramenta de pesquisa e descoberta do país. A nossa cultura intelectual encontrou nisto um elemento dinamizador de primeira ordem, que contribuiu para uma consciência mais viva da literatura como estilização de determinadas condições locais e encontrou no ideal romântico-nacionalista um modo de criar a expressão nova de um país novo. Visão do país No período romântico, a imaginação e a observação de alguns ficcionistas ampliaram largamente a visão da terra e do homem brasileiro. Na sociedade brasileira a estratificação simples dos grupos familiais, regidos por padrões uniformes e superpostos à escravaria e aos desclassificados, não propiciava, no interior da classe dominante, a multiplicidade das dúvidas e opções morais. O advento da burguesia, uma classe mais culta, irrequieta e curiosa, determinava condições objetivas e subjetivas para o desenvolvimento da análise e o confronto do indivíduo com a sociedade. Em 1843 toma corpo O Filho do pescador , de Teixeira e Sousa, e A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, no ano seguinte. O romance indianista,