FICHAMENTO MEMÓRIA, ESQUECIMENTO E SILÊNCIO Partindo das concep!es de Ha"#$ac%s, Pierre Nora e &'r(%ein, Po""a( ana"isa a conceit'a)o da *e*+ria co"etia, o#serando e* -'e *edida a re"a)o entre indi.d'o e *e*+ria co"etia / considerada positia o' ne0atia por tais est'diosos1 E* se0'ida, Po""a( re*ete s'a aten)o ao est'do de #ase constr'tiista da *e*+ria, -'e se o"taria para a an2"ise do processo e dos atores -'e participa* da constit'i)o da *e*+ria co"etia1 O a'tor destaca -'e a %ist+ria ora" per*iti' perce#er a e3ist4ncia de *e*+rias s'#terr5neas o' peri6/ricas, e -'e estas *e*+rias seria*, de certo *odo, s'#7'0adas pe"a *e*+ria naciona", o#serando8se a. '* con9ito1 A partir de ent)o, as pes-'isas so#re *e*+ria e %ist+ria prii"e0iara* prii"e0i ara* as an2"ises acerca desses "ocais de disp'ta da *e*+ria1 Po""a( tra: o e3e*p"o de co*o, na anti0a Uni)o Soi/tica, aos po'cos, a i*a0e* do 0oernante Sta"in *'do', dei3ando dei 3ando de ser ;o pai do poo<, na *edida e* -'e se's atos de perse0'i)o po".tica e a'toritaris*o 0an%ara* isi#i"idade1 Assi*, a *e*+ria naciona" 6oi a"terada por *e*+rias antes si"enciadas pe"o Estado, *e*+rias -'e o a'tor c%a*a de *e*+rias s'#terr5neas= ;Essa *e*+ria >proi#ida> e, portanto, >c"andestina> oc'pa toda a cena c'"t'ra", o setor editoria", os *eios de co*'nica)o, o cine*a e a pint'ra, co*proando, caso se7a necess2rio, o 6osso -'e separa de 6ato a sociedade cii" e a ideo"o0ia o?cia" de '* partido e de '* Estado -'e pretende a do*ina)o %e0e*@nica1 U*a e: ro*pido o ta#', '*a e: -'e as *e*+rias s'#terr5neas conse0'e* inadir o espao p#"ico, reiindica!es *"tip"as e di?ci"*ente preis.eis se acop"a* a essa disp'ta da *e*+ria
adapta)o por parte dos 7'de's, -'e proc'raria* assi*, n)o "e*#rar aos anti0os a"0o:es de s'a c'"pa1 Ta*#/* pe"o senti*ento de c'"pa -'e os pr+prios 7'de's carre0aria* e* re"a)o post'ra de co*p"ac4ncia de a"0'*as a'toridades 7'dias no per.odo da 0'erra1 A"/* disso, %2 as -'est!es no 5*#ito indiid'a", e* -'e a-'e"es -'e so6rera* n)o -'ere* criar se's ?"%os e descendentes co* esse espectro de so6ri*ento, acreditando -'e o *e"%or / oc'"tar os %orrores da 0'erra1 Po""a( destaca -'e estas sit'a!es con9it'osas s)o a*#.0'as, #astante pro#"e*2ticas e pode* ;"ear ao si"4ncio antes de prod':ir o ressenti*ento -'e est2 na ori0e* das reiindica!es e contesta!es inesperadas
;e3iste* nas "e*#ranas de 'ns e de o'tros :onas de so*#ra, si"4ncios, >n)o8ditos>1 As 6ronteiras desses si"4ncios e >n)o8ditos> co* o es-'eci*ento de?nitio e o repri*ido inconsciente n)o s)o eidente*ente estan-'es e est)o e* perp/t'o des"oca*ento1 Essa tipo"o0ia de disc'rsos, de si"4ncios, e ta*#/* de a"'s!es e *et26oras, / *o"dada pe"a an0stia de n)o encontrar '*a esc'ta, de ser p'nido por a-'i"o -'e se di:, o', ao *enos, de se e3por a *a"8entendidos<1Bp1GD ;H2 '*a per*anente intera)o entre o iido e o aprendido, o iido e o trans*itido1 E essas constata!es se ap"ica* a toda 6or*a de *e*+ria, indiid'a" e co"etia, 6a*i"iar, naciona" e de pe-'enos 0r'pos1 O pro#"e*a -'e se co"oca a "on0o pra:o para as *e*+rias c"andestinas e ina'd.eis / o de s'a trans*iss)o intacta at/ o dia e* -'e e"as possa* aproeitar '*a ocasi)o para inadir o espao p#"ico e passar do >n)o8dito> contesta)o e reiindica)o o pro#"e*a de toda *e*+ria o?cia" / o de s'a credi#i"idade, de s'a aceita)o e ta*#/* de s'a or0ani:a)o<1 Bp1 D %olla& dene assim o conceito de memória =
;opera)o co"etia dos aconteci*entos e das interpreta!es do passado -'e se -'er sa"a0'ardar, se inte0ra co*o i*os, e* tentatias *ais o' *enos conscientes de de?nir e de re6orar senti*entos de pertenci*ento e 6ronteiras sociais entre co"etiidades de ta*an%os di6erentes= partidos, sindicatos, i0re7as1 A"deias, re0i!es, c")s, 6a*."ias, na!es etc<1 Bp1D %or conta da 'e(ibilidade da memória de um grupo, em que dependendo do momento político um fato pode gan#ar visibilidade ou ser ocultado, %olla&, ancorando!se em )enr* +ousso, prefere o termo memória enquadrada ao termo memória coletiva, de )albac#s-
;Manter a coes)o interna e de6ender as 6ronteiras da-'i"o -'e '* 0r'po territ+rio Bno caso de EstadosD, eis as d'as 6'n!es essenciais da *e*+ria co*'*1 Isso si0ni?ca 6ornecer '* -'adro de re6er4ncias e de pontos de re6er4ncia e, portanto, a#so"'ta*ente ade-'ado 6a"ar, co*o 6a: HenrJ Ro'sso, e* *e*+ria en-'adrada, '* ter*o *ais espec.?co do -'e *e*+ria co"etia<1 Bp1D
%olla& ressalta que #á um trabal#o de enquadramento da memória, ou sea, a escol#a de quais informa/ões merecem espa/o na memória do coletivo usticadas por interesses de partes desse grupo. O trabal#o de enquadramento nutre!se da #istória, selecionando os fatos que compõem a memória nacional conforme os embates do presente. 0esse processo de enquadramento nada é feito arbitrariamente, sendo que as memórias subterr"neas em algum momento vêm 1 tona, ainda que seam oprimidas pelo stado. Os atores desse trabal#o s$o prossionais, #istoriadores e sueitos representativos de grupos civis dentro da sociedade. 2ais atores selecionam os testemun#os que têm valor para ser ouvido e representativo da coletividade.
;Assi*, o deno*inador co*'* de todas essas *e*+rias, *as ta*#/* as tens!es entre e"as, inter4* na de?ni)o do consenso socia" e dos con9itos n'* deter*inado *o*ento con7'nt'ra"1 Mas nen%'* 0r'po socia", nen%'*a instit'i)o, por *ais est2eis e s+"idos -'e possa* parecer, t4* s'a perenidade asse0'rada1 S'a *e*+ria, cont'do, pode so#reier a se' desapareci*ento, ass'*indo e* 0era" a 6or*a de '* *ito -'e, por n)o poder se ancorar na rea"idade po".tica do *o*ento, a"i*enta8 se de re6er4ncias c'"t'rais, "iter2rias o' re"i0iosas1 O passado "on0.n-'o pode ent)o se tornar pro*essa de 6't'ro e, s e:es, desa?o "anado orde* esta#e"ecida<1 P1KK %ara %olla&, a memória nacional é constituída por diferentes memórias, conforme os grupos que a sociedade nacional ten#a em si. %or vezes essas diferentes memórias s$o con'itantes, sendo que uma ou outra cam ! dependendo da conuntura e do enquadramento escol#ido ! 1 margem da memória nacional. 3ssim, sob uma perspectiva construtivista, pode!se observar o trabal#o de enquadramento a partir da #istória dos livros, da escrita, c#egando!se até as memórias subterr"neas. %or outro lado, pode!se também fazer o camin#o inverso, a partir da #istória oral, que privilegia as memórias individuais e ;6a: aparecere* os "i*ites desse tra#a"%o de
en-'adra*ento e, ao *es*o te*po, ree"a '* tra#a"%o psico"+0ico do indi.d'o -'e tende a contro"ar as 6eridas, as tens!es e contradi!es entre a i*a0e* o?cia" do passado e s'as "e*#ranas pessoais<1 P1K
; co*o se esse so6ri*ento e3tre*o e3i0isse '*a ancora0e* n'*a *e*+ria *'ito 0era", a da %'*anidade, '*a *e*+ria -'e n)o disp!e ne* de porta8o: ne* de pessoa" de en-'adra*ento ade-'ado<1
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