Fichamento – Fundamentação da Metafísica dos Costumes – Kant – Edição Usada – Te Textos selecionados – Os Pensadores Prefácio Todo Todo conhecimento raciona !" #$% ou material e considera &ual&uer o'(eto) ou #*% formal e ocu+ase a+enas da forma do entendimento e da ra,ão em si mesmas e das re-ras uni.ersais do +ensar em -eral) sem distinção dos o'(etos/ 0 filosofia formal chama1se 23-ica4 23-ica4 a material) +orem &ue se ocu+a ocu+a de determinados o'(etos e das leis a &ue eles estão su'metidos) ! +or usa .e, du+la) +ois &ue estas leis ou #$% são leis da nature,a ou #*% leis da li'erdade/ 0 ci5ncia da +rimeira chamase Física) a da outra ! a 6 tica4 a&uela chama1se teoria da nature,a) esta Teoria dos Costumes/ +a- $78 Em contra+osição) tanto a filosofia natural como a filosofia moral +odem cada uma ter a sua +arte em+írica) +or&ue a&uela tem de determinar as leis da nature,a como o'(eto da ex+eri5ncia) esta) +orám as da .ontade do homem en&uanto ela ! afetada +ela nature,a4 +a- $78 Mas a&ui limito1me a +er-untar se a nature,a da ci5ncia não exi-e &ue se distin-a sem+re cuidadosamente a +arte em+írica da +arte racional e &ue se ante+onha a física +ro+riamente dita #em+írica% uma Metafísica dos costumes) &ue de.eria ser cuidadosamente de+urada de todos os elementos em+íricos) +ara se che-ar a sa'er de &uanto ! ca+a, em am'os os casos a ra,ão r a,ão +ura e de &ue fontes ela +r3+ria tira o seu ensino a +riori9 +a- $7: Toda Toda -ente tem de confessar &ue uma lei &ue tenha de .aler moralmente) m oralmente) isto !) como fundamento duma o'ri-ação) tem de ter em si uma necessidade a'soluta; +a- $7: 0s leis morais com seus +rincí+ios) em todo conhecimento +rático) distin-uem1se +ortanto de tudo o mais em &ue exista &ual&uer coisa de em+írico) e não s3 se distin-uem essencialmente) como tam'!m toda a filosofia moral assenta inteiramente na sua +arte +ura) e) a+licada ao homem não rece'e um mínimo &ue se(a do conhecimento do homem #antro+olo-ia%) mas fornece1lhe como ser racional leis a +riori/ +a- $7< Pois &ue a&uilo &ue de.e ser moralmente 'om não 'asta &ue se(a conforme á lei moral) mas tem tam'!m &ue cum+ri1se +or amor dessa mesma lei4 caso contrario) a&uela conformidade será a+enas muito contin-ente e incerta) +or&ue o +rinci+io imoral +rodu,irá na .erdade de .e, em &uando aç=es conformes á lei moral) mas mais .e,es ainda aç=es contrarias a essa lei/9 Pa$7<
Com efeito) 0 metafísica dos Costumes de.e in.esti-ar a id!ia e os +rincí+ios duma +ossí.el .ontade +ura) e não as aç=es e condiç=es do &uerer humano em -eral) as &uais são tiradas na maior +arte da Psicolo-ia9 +a- $7< não distin-uem os moti.os de determinação &ue) como tais) se a+resentam totalmente a +riori s3 +ela ra,ão e são +ro+riamente morais) dos moti.os em+íricos) &ue o entendimento ele.a a conceitos uni.ersais s3 +elo confronto das ex+eri5ncias/ +a- $7> 0 +resente Fundamentação nada mais !) +or!m) do &ue a 'usca e a fixação do +rinci+io su+remo da moralidade) o &ue constitui s3 +or si no seu +ro+3sito uma tarefa com+leta e 'em distinta de &ual&uer outra in.esti-ação moral9 +a$7> Primeira Seção – Transição do conhecimento moral da razão vulgar pra o conhecimento filosófico
?este mundo) e at! tam'!m fora dele) nada ! +ossí.el +ensar &ue +ossa ser considerado como 'om se limitação a não ser uma s3 coisa" uma 'oa .ontade/ +a- $7@ 0 'oa .ontade não ! 'oa +or a&uilo &ue +romo.e ou reali,a) +ela a+tidão +ara alcançar &ual&uer finalidade +ro+osta) mas tão somente +elo &uerer) isto !) em sim mesma) e) considerada em si mesma) de.e ser a.aliada em -rau muito mais alto do &ue tudo o &ue +or seu interm!dio +ossa ser alcançado em +ro.eito de &ual&uer inclinação) ou mesmo) se se &uiser) da soma de todas as inclinaç=es9 +a- $$7 numa +ala.ra) a nature,a teria e.itado &ue a ra,ão caísse no uso +ratico e se atre.esse a en-endrar com as suas fracas lu,es o +lano da felicidade e dos meios de a alcançar4 a nature,a teria não somente chamado a si a escolha dos fins) mas tam'!m a dos meios) e teria com sá'ia +rud5ncia confiado am'as as coisas sim+lesmente ao instinto/ +a- $$$ no entanto) a ra,ão nos foi dada como faculdade +rática) Ato !) como faculdade &ue de.e exercer infuencia so're a .ontade) então o seu .erdadeiro distino de.erá ser +rodu,ir uma .ontade) não s3 'oa &uiçá como meio +ara outra intençãoi) mas uma .ontade 'oa em si mesma) +ara o &ue a ra,ão ! a'solutamente necessária/ +a- $$$ Os homens conser.am a sua .ida conforme ao de.er) sem du.ida) mas não +or de.er/ Em contra+osição) &uando as contrariedades e o des-osto sem es+erança rou'aram totalmente o -osto de .i.er) &uando o infeli,) com fortale,a da alma) mais enfadado do &ue desalentado ou a'atido) dese(a a morte) e a conser.a contudo) a .ida sem a amar) não +or inclinação ou medo) mas +or de.er) então a sua máxima tem um conteBdo moral9 +a- $$*$$8
0 +rimeira +ro+osição não está ex+licita no texto/ Du+onho &ue se(a esta" ainda a&ui) como em todos os outros casos continua a existir uma lei &ue lhe +rescre.e a +romoção da sua felicidade) não +or inclinação) mas +or de.er – e ! somente então &ue o seu com+ortamento tem +ro+riamente um .alor moral/ +a- $$: 0 se-unda +re+osição !" 1 Uma ação +raticada +or de.er tem o seu .alor moral) não no +ro+3sito &ue com ela se &uer atin-ir) mas na máxima &ue a determina" não de+ende +ortanto da realidade do o'(eto da ação) mas somente do +rinci+io do &uerer se-undo o &ual a ação) a'straindo de todos os o'(etos da faculdade de dese(ar) foi +raticada/9 +a- $$: – alor moral da ação está na máxima) e não no fim ou +ro+3sito &ue se &uer che-ar/ Em &ue ! &ue reside +ois este .alor) se ele se não encontra na .ontade considerada em relação com efeito es+erado dessas aç=es ?ão +ode residir em mais +arte al-uma senão no +rinci+io da .ontade) a'straindo dos fins &ue +ossam ser reali,ados +or uma tal ação4 +a- $$: 0 terceira +re+osição) conse&G5ncia das duas anteriores) formulá1la1ia eu assim" 1 dever é a necessidade de uma ação por respeito á lei / Pelo o'(eto com efeito da ação em .ista) +osso eu sentir em .erdade inclinação) mas nunca res+eito) exatamente +or&ue ! sim+lesmente um efeito e não a ati.idade de uma .ontade/ 9 +a- $$: Hes+eito ! uma ati.idade da .ontade) e não inclinação/ Ora) se uma ação reali,ada +or de.er de.e eliminar totalmente a influencia da inclinação e com ela todo o o'(eto da .ontade) nada mais resta á .ontade &ue a +ossa determinar do &ue a lei o'(eti.amente) e) su'(eti.amente) o +uro res+eito +or esta lei +ratica) e +or conse-uinte a máxima &ue manda o'edecer a essa lei) mesmo com +re(uí,o de todas as minhas inclinaç=es/9 +a- $$:$$< – máxima ! o +rinci+io su'(eti.o do &uerer4 o +rinci+io o'(eti.o #isto !) o &ue ser.iria tam'!m su'(eti.amente de +rinci+io +ratico a todos os seres racionais) se a ra,ão fosse inteiramente senhora da faculdade de dese(ar% ! a lei +rática/ +a- $$< nota de Kant/4 a máxima ! o +rinci+io su'(eti.o do &uerer/ 0 lei ! o +rinci+io o'(eti.o/ Du'meter a máxima a lei) ! su'meter os +rincí+ios su'(eti.os &ue se determinam +or um fim) a +rincí+ios o'(eti.os &ue determinam a si mesmos) com .istas a si mesmos/ Por conse-uinte) nada senão a re+resentação da lei em si mesma) &ue em .erdade s3 no ser racional se reali,a) en&uanto ! ela) e não o es+erado efeito) &ue determina a .ontade) +or constituir o 'em excelente a &ue chamamos moral) o &ual se encontra (á +resente na +r3+ria +essoa &ue a-e se-undo esta lei) mas se não de.e es+erar somente do efeito da ação9 +a- $$< nada mais resta do &ue a conformidade a uma lei uni.ersal das aç=es em -eral &ue +ossa ser.ir de Bnico +rinci+io á .ontade) isto !" devo proceder
sempre de maneira que eu possa querer também que a minha máima se torne uma lei universal!9 +a- $$<
?ota de Kant" #o res+eito% !) +elo contrario) um sentimento &ue se +rodu, +or si mesmo atra.!s dum conceito da ra,ão) e assim ! es+ecificamente distinto de todos os sentimentos do +rimeiro -5nero &ue se +odem re+ortar a inclinação ou ao medo/9 Pa- $$< 0 determinação imediata da .ontade +ela lei e a consci5ncia desta determinação ! &ue se chama res+eito) de modo &ue se de.e .er o efeito da lei so're o su(eito e não sua causa/ O res+eito ! +ro+riamente a re+resentação de um .alor &ue causa dano ao meu amor +r3+rio/9 Pa- $$< Ora) ser .erdadeiro +or de.er ! uma coisa totalmente diferente de s51lo +or medo das conse&G5ncias +re(udiciais4 +a- $$> e &ue a necessidade das minhas aç=es +or +uro res+eito á lei +ratica ! o &ue constitui o de.er) +erante o &ual tem de ceder &ual&uer outro moti.o) +or&ue ele ! a condição de uma .ontade 'oa em si) cu(o .alor ! su+erior a tudo9 +a$$I Segunda Seção – Transição da filosofia moral popular para a metaf"sica dos costumes
Jostamos de lison(ear1nos então com um m3'il mais no're &ue falsamente nos arro-amos4 mas em realidade) mesmo +elo exame mais esforçado) nunca +odemos +enetrar com+letamente at! aos m3'iles secretos dos nossos atos) +or&ue) &uando se fala de .alor moral) não ! das aç=es .isí.eis &ue se trata) mas dos seus +rincí+ios íntimos &ue não se .5em/9 Pa- $$@ os +rincí+ios das aç=es) e não seus o'(etos) ! o &ue de.e -uiá1las/ a &uestão não ! a-ora de sa'er se isto ou a&uilo acontece) mas sim &ue a ra,ão +or si mesma e inde+endentemente de todos os fenmenos ordena o &ue de.e acontecer/ +a- $*7 E como ! &ue as leis da determinação da nossa .ontade hão de ser consideradas como leis da determinação da .ontade de um ser racional em -eral) e s3 como tais consideradas tam'!m +ara a nossa .ontade) se elas forem a+enas em+íricas e não tirarem a sua ori-em +lenamente a +riori da ra,ão +ura ao mesmo tem+o +rática +a- $*7 como +ode a deter da nossa .ont como det da .ont de um ser racio) e daí considerada como det da nossa .onta) se elas foram em+ e não tirarem a +riori a ra,ão +ura+rat Por&ue ! &ue .3s me chamais 'om #a mim &ue .os estais .endo% ?in-u!m ! 'om #o +rot3ti+o do 'em% senão o s3 Leus # &ue .3s não .edes%9/ Mas onde ! &ue nos tiramos o conceito de Leus como 'em su+remo Domente da id!ia
&ue a ra,ão traça a +riori da +erfeição moral e &ue une indissolu.elmente ao conceito de .ontade li.re/ +a- $*$ ?ota $" esta terminolo-ia #metafísica dos costumes e filosofia moral +o+ular% lem'ra1nos imediatamente tam'!m &ue os +rinci+ios morais se não fundam nas +articularidades da nature,a humana) mas &ue tem de existir +or si mesmo a +riori) +or!m &ue deles se +odem deri.ar re-ras +raticas +ara a nature,a humana como +ara &ual&uer nature,a racional/ +a- $** Pois a +ura re+resentação do de.er e em -eral da lei moral) &ue não anda misturada com nenhum acrescento de estímulos em+íricos) tem so're o coração humano) +or interm!dio exclusi.o da ra,ão # &ue s3 então se da conta de &ue +or si mesma tam'!m +ode ser +ratica%) uma influencia muito mais +oderosa do &ue todos os outros m3'iles &ue se +ossam ir 'uscar ao cam+o do em+írico/9 +a- $** O's/" Os conceitos morais t5m sua sede a +riori na ra,ão humana/ Estão lon-e do conhecimento em+írico e contin-ente/ ?essa +ure,a &ue reside o fundamento ao &ual torna tal conceito -o.ernante dos +rincí+ios +ráticos/ mas) +or&ue as leis morais de.em .aler +ara todo o ser racional em -eral) ! do conceito uni.ersal de um ser racional em -eral &ue se de.em dedu,ir9 +a$*8 D3 um ser racional tem a ca+acidade de a-ir se-undo a re+resentação das leis) isto !) se-undo +rincí+ios) ou" s3 ele tem uma .ontade/ Como +ara deri.ar as aç=es das leis ! necessária a ra,ão) a .ontade não ! outra coisa senão ra,ão +rática9 +a- $*8 – +rinci+ios são re+resentaç=es das leis/ 0-ir se-undo +rinci+ios ! ter uma .ontade/ Leri.ar as aç=es das leis) a-ir se-undo o de.er ou +rinci+io ou lei) somente ! +ossí.el +ela ra,ão +rática) ou se(a) .ontade/ a .ontade ! a faculdade de escolher s3 a&uilo &ue a ra,ão) inde+endentemente da inclinação) reconhece como +raticamente necessário) &uer di,er) como 'om/ +a- $*8 Praticamente 'om ! +or!m a&uilo &ue determina a .ontade +or meio de re+resentaç=es da ra,ão) +or conse-uinte) não +or causas su'(eti.as) mas o'(eti.amente) &uer di,er) +or +rincí+ios &ue são .álidos +ara todo ser racional como tal/9 Pa- $*: Uma .ontade +erfeitamente 'oa) estaria +ortanto i-ualmente su'metida a leis o'(eti.as) mas não se +oderia re+resentar como o'ri-ada a aç=es conforme a lei) +ois &ue +ela sua constituição su'(eti.a ela s3 +ode ser determinada +ela re+resentação do 'em/ +a- $*: ?ão se relaciona com a mat!ria da ação e com o &ue dela de.e resultar) mas com a forma e o +rinci+io de &ue ela mesma deri.a49 +a- $*>
?otemos no entanto +ro.isoriamente &ue s3 o im+erati.o cate-3rico tem o carater de uma lei +ratica#///%4 +or&ue o &ue ! somente necessário +ara alcançar &ual&uer fim +ode ser considerado em si como conti-ente) e +odemos a todo o tem+o li'ertar1nos da +rescrição renunciando a intenção) ao +asso &ue o mandamento incondicional não deixa á .ontade a li'erdade de escolha relati.amente ao contrario do &ue ordena) s3 ele tendo +ortanto em si a&uela necessidade &ue exi-imos na lei9 +a- $*@ O im+erati.o cate-3rico ! +ortanto s3 um Bnico) &ue ! este" 0-e a+enas se-undo uma máxima tal &ue +ossas ao mesmo tem+o &uerer &ue ela se torne lei uni.ersal9 +a- $*@ Ora) di-o eu" 1 O homem) e) duma maneira -eral) todo o ser racional) existe como fim em si mesmo) não s3 como meio +ara o uso ar'itrário desta ou da&uela .ontade/ Pelo contrario) em todas as suas aç=es) tanto nas &ue se diri-em a ele mesmo cmo nas &ue se diri-em a outros seres racionais) ele tem) sem+re de ser considerado simultaneamente como fim/9 Pa- $8:$8< O im+erati.o +ratico será +ois o se-uinte" #ge de tal maneira que uses a humanidade$ tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro$ sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio9
+a- $8< mas o su(eito de todos os fins ! #conforme o se-undo +rinci+io% todo o ser racional como fim em si mesmo" da&ui resulta o terceiro +rinci+io +ratico da .ontade como condição su+rema da concordNncia desta .ontade com a ra,ão +ratica uni.ersal) &uer di,er ) a id!ia da .ontade de todo o ser racional conce'ida como .ontade le-isladora uni.ersal9 +a- $8I