Universidade Federal do Rio de Janeiro Sociologia da educação Professora: Rosana Heringer Aluna: Barbara Ribeiro Gonçalves NOGUEIRA, Maria Alice. A sociologia da educação do do final dos anos 60/ início dos anos 70: o nascimento do paradigma da reprodução. Brasília, ano 9, n. 46, abr. jun. 1990. Fichamento
O presente artigo “A sociologia da educação do final dos anos 60/ início dos anos 70: o nascimento do paradigma da reprodução”, elaborado por Maria Alice Nogueira propõe analisar os contextos históricos e teórico-metodológico, que culminaram com a manifestação do denominado “paradigma da reprodução” em que preponderou a sociologia da educação ocidental dos anos 1970. O artigo é dividido em três partes: 1) Introdução; 2) As condições históricas de emergência do paradigma da reprodução e 3) A conjuntura teórica: Sociologia e sociologia da educação.
O conjunto de problemas relacionados à reprodução realçou-se em pesquisas e discussões da Sociologia da educação nos fins dos anos 1960 e início dos anos 1970, e até hoje perpetuam em variadas correntes do pensamento sociológico.
A ampliação do aparelho escolar, especialmente a universalização do ensino secundário, exibiam-se em uma série de problemas para o Estado ao se administrar o sistema de ensino. Isto é, demandava-se uma maior instrução da população escolar e das formas de funcionamento em que se encontravam esses sistemas.
Com as políticas de desenvolvimento econômico, tal como de modernização tecnológica, exibiram a falta de mão de obra qualificada necessária para atuar nos quadros administrativos. Com a necessidade de sanar essa questão, colocouse em pauta a problematização da modernização dos sistemas de ensino.
A partir de 1946 houve uma explosão demográfica, o chamado Baby Boom, retomando ao aumento de natalidade.
Apesar da crença de mudança, a década de 1960 culminou em uma série de revoltas sociais concernindo jogos de conflitos raciais, culturais e classicistas entre diferentes nações. Nos Estados Unidos com o declínio dos programas de reformas sociais, levaram a revoltas de alguns grupos. Já na Inglaterra ocorreu uma ampla manifestação de contracultura, desenvolvendo-se uma nova esquerda. Na França com a crise no meio político, econômico e cultural, que desencadeou Maio de 68, realizados através dos movimentos estudantis, questionavam a organização e os papéis sociais relacionados à universidade. Dessa forma, a instabilidade social, cultural e política propagou-se até a metade dos anos 1970.
A expansão, tal como a diferenciação que ascendeu sob o sistema educacional foram consequências das transformações tecnologicamente estabelecidas dentro de uma estrutura ocupacional, isto é, estruturas que requeriam habilidades cada vez mais complexas.
Em decorrência da Guerra Fria, a corrida espacial também refletiu na corrida por um sistema educacional competente.
O crescimento da população escolarizada, ao nível de segundo grau ou superior foi correspondente ao crescimento da população, dessa forma, as crianças nascidas no período do Baby Boom acabaram constituindo uma nova demanda social.
No âmbito escolar algumas mudanças foram notadas como a extensão da obrigatoriedade escolar dentro do processo de democratização do ensino.
Originou-se fortemente um novo ideário acerca da função social exercida pela escola.
As primeiras gerações de sociólogos estabeleceram o foco de atenção para o estudo/pesquisa das disparidades existentes entre grupos sociais no âmbito educacional (seja desigualdade de acesso, rendimento, percurso escolar etc.).
Transformações educacionais ocorridas no período do pós-guerra atentaram para o surgimento de correntes de pesquisas.
Educação compensatória: Tencionava-se a correção de desigualdades
escolares em detrimento do estabelecimento de medidas assistencialistas e pedagógicas, com o objetivo de compensar as desvantagens sofridas pelos grupos socialmente desfavorecidos por suas carências materiais e culturais decorrentes de um núcleo familiar desestimulante.
O crescimento, expansão e modificação no aparelho escolar não correspondeu às transformações dentro das estruturas sociais, com isso esse crescimento não beneficiava a todos. E desta forma a questão da igualdade de oportunidades e de democratização do ensino sucedeu-se em uma forte contestação nos fins da década de 1960.
Com a criação de organizamos internacionais nas ciências sociais, o tema da mudança social, tornou-se o aspecto crucial dentro da s ociologia.
Assim, o principal objeto de pesquisa voltava-se para as desigualdades educacionais e para os problemas de democratização do sistema de ensino. Eram
determinadas
taxas
de
escolarização
conforme
as
categorias
socioeconômicas e estabeleciam correlações entre o desempenho escolar e diversos fatores sociais como: idade, sexo, nível escolar dos pais, número de pessoas por família etc., objetivando assim, a identificação dos pontos que desfavoreciam crianças e jovens advindos de grupos sociais menos f avorecidos.
Na Inglaterra e nos países
anglo-saxões
os estudos/pesquisas
foram
denominados por aritmética política. Já na França esses estudos foram formalizados
como
demografia
escolar
e
se
institucionalizaram
originariamente dos trabalhos decorrentes do INED. Todas essas pesquisas apresentaram resultados relativos às disparidades sociais e às oportunidades de acesso no espaço escolar, dando-se à desigualdade educacional o enfoque dentro da sociologia da educação.
No final dos anos 1960 as manifestações de insatisfação cultural e política, juntamente com as bases das teorias explicativas abarcando a escola e a estrutura social designou o paradigma da reprodução.
A supremacia do pensamento marxista nos âmbitos intelectuais, desencadearam uma importante função dentro da formulação do modelo de sociologia crítica, o neomarxismo.
O paradigma da reprodução fundamentou-se em uma reinterpretação de eventos anteriormente instituídos.
As pesquisas e estudos empíricos das décadas de 1950 e 1960 foram de extrema importância para a organização da sociologia da r eprodução.