1. Em que consiste a atitude que, segundo Popper, caracteriza a racionalidade científica? Resposta: Consiste na atitude crítica. Quando se assume esta atitude, vêem-se as teorias como conjeturas a testar, e não como verdades definitivamente comprovadas. 2. Segundo Popper, a ciência é objectiva? Porquê? Resposta: Segundo Popper, a ciência é objectiva. As teorias científicas são tentativas de descrever correctamente a realidade. As teorias científicas podem ser avaliadas objectivamente através de testes que as confrontam com a realidade. 3. Por que razáo, segundo Popper, a meta da ciência é inalcançável? Resposta: Porque as teorias científicas nunca estão definitivamente estabelecidas. Porque cada teoria gera novos problemas por resolver. 4. Que significa afirmar que uma teoria tem um maior grau de verosimilhança do que outra? Resposta: De um modo geral, uma teoria tem maior verosimilhança do que outra se implica mais verdades ou menos falsidades. 5 Como evolui a ciência, segundo Popper? Resposta: A ciência evolui pela eliminação das teorias que não sobrevivem às tentativas de refutação. Eliminando as teorias falsas e concebendo novas teorias com maior verosimilhança, verosimilhança, progride-se indefinidamente em direção à verdade. 6. Explique o conceito de paradigma. Resposta: Um paradigma é toda uma maneira de fazer ciência dentro de uma determinada área de investigação. Um paradigma baseia-se numa teoria de grande poder explicativo, que serve de modelo aos investigadores e que determina os problemas em que a sua investigação incidirá. 7. Segundo Kuhn, que elementos constituem um paradigma? Resposta: Leis e pressupostos teóricos fundamentais, regras para aplicar as leis, regras para usar instrumentos, pressupostos filosóficos. 3. Segundo Kuhn, que características têm as boas teorias científicas? Resposta: Precisão (acordo empírico), consistência (interna e externa), abrangência, simplicidade, fecundidade; discussão. 4. Segundo Kuhn, o que caracteriza a ciência normal? Resposta: A ciência normal é a investigação de pormenor baseada num paradigma. Não visa colocar em causa os pressupostos fundamentais do paradigma. Pelo contrário, vida consolidá-los consolidá-los e articulá-los. 5. Segundo Kuhn, em que circunstâncias se instala uma crise na ciência? Resposta: A ciência normal nem sempre é bem sucedida: há enigmas que ficam por resolver e que resistem às à s tentativas de resolução. Quando um enigma se mantém durante muito tempo, torna-se uma anomalia do paradigma. A acumulação de anomalias abala a confiança no paradigma, gerando uma crise. 6. Que significa a afirmação de que os paradigmas são incomensuráveis? Resposta: A afirmação da incomensurabilidade dos paradigmas significa que os paradigmas rivais não podem ser comparados
entre si de uma forma inteiramente objectiva, a partir de uma perspectiva neutra.
7. Para Kuhn, a escolha de um paradigma é um processo absolutamente racional? Justifique a sua resposta. Resposta: Não, segundo Kuhn a mudança de paradigma é, em grande medida, um processo alheio à razão. Há critérios objectivos para avaliar paradigmas, mas esses critérios são pouco precisos e a sua importância relativa é vaga. Por isso, a escolha de paradigmas é influenciada por factores subjectivos.
Identifique a alternativa correcta: A. B. C. D.
São deterministas. Nem sempre são deterministas. Não são verificáveis. São verificáveis.
A. B. C. D.
Tem de ser refutada, se for verdadeira. Pode ser refutada, se for falsa. Tem de ser refutada, se for falsa. Pode ser refutada, se for verdadeira.
A. B. C. D.
Mais corroborada ela está. Menos corroborada ela está. Mais conteúdo empírico ela tem. Menos conteúdo empírico ela tem.
A. B. C. D.
A observação depende de teorias previamente aceites. Não se pode justificar a indução com um argumento indutivo. Geralmente os cientistas esforçam-se por confirmar as suas teorias. Algumas teorias estão fortemente corroboradas.
A. B. C. D.
Muitas leis científicas referem entidades inobserváveis. As leis científicas têm um carácter universal. Muitas leis científicas referem entidades observáveis. Algumas leis científicas têm um carácter particular.
A. B. C. D.
Os paradigmas são incomensuráveis. Na ciência não há progresso em direcção à verdade. A ciência normal realiza-se dentro de um paradigma. Uma acumulação de anomalias desencadeou uma crise.
A. B. C. D.
Um paradigma pode resolver anomalias do paradigma anterior. Os paradigmas podem ser comparados. Há alguns critérios objectivos para avaliar teorias. A maior parte dos cientistas acaba por escolher um dos paradigmas.
1. «Popper não tem razão porque muitas teorias científicas não podem ser refutadas conclusivamente.» Explique esta objecção ao falsificacionismo. 2.
Explique o problema da indução.
3.
O que entende Kuhn por «ciência normal»?
4.
«Segundo Kuhn, a mudança de paradigma é holística». Explique esta afirmação.
Leia atentamente o seguinte texto: Mais do que a maior parte dos autores desta área, Kuhn tem tido tendência para sublinhar a importância da comunidade e dos processos de socialização na compreensão do empreendimento científico. Contudo, a lógica da sua pr ópria análise leva-o à posição radicalmente individualista de que todo o cientista tem o seu próprio conjunto de razões para preferir teorias e que não existe verdadeiro consenso com respeito às bases da preferência teórica, nem sequer entre os partidários do mesmo paradigma. Desta perspectiva, Kuhn ataca aquilo a que chamei o problema do consenso com uma manobra que trivializa o problema: pois se temos de dar uma explicação separada e discreta para as preferências teóricas de cada membro da comunidade científica - que é o que a perspectiva de Kuhn implica - então confrontamo-nos com um mistério gigantesco a nível colectivo, que é a questão de saber por que razão os cientistas de uma dada disciplina - cada um dos quais operando supostamente com os seus próprios critérios individualistas e idiossincráticos, cada um fazendo uma interpretação diferente dos critérios partilhados - conseguem tantas vezes concordar sobre a questão de saber em que teorias devem apostar. Larry Laudan, Ciência e Valores, 1984, trad. de A. Almeida e D. Murcho, p. 89
1.
Explique a crítica à teoria de Kuhn apresentada no texto.
2.
Concorda com a crítica apresentada no texto? Porquê?
Responda apenas a uma das perguntas seguintes, elaborando um pequeno ensaio com o máximo de uma página (trezentas palavras), defendendo a sua posição de forma articulada e cuidadosamente argumentada. 1.
Que importância tem a indução na ciência?
2.
A ciência é objectiva? Justifique.
1C, 2B, 3C, 4C, 5A, 6 D, 7A
1 Para tentar refutar uma teoria, deduzem-se dela previsões observacionais. Mas, para fazer essa dedução, muitas vezes é preciso introduzir hipóteses auxiliares. Por isso, se a previsão fracassar, não temos de concluir que a teoria foi refutada: o fracasso pode ser atribuído à falsidade de alguma das hipóteses auxiliares. 2. O problema da indução é o desafio de responder ao argumento céptico de Hume. De acordo com este argumento, não se pode justificar a indução a priori, já que nada há de contraditório em negar a uniformidade da natureza. E também não se pode justificar a indução a posteriori, já que isso envolveria uma petição de princípio. 3. A ciência normal é uma actividade de resolução de enigmas realizada sob um paradigma. Visa a confirmação e articulação do paradigma, e não a sua refutação. 4. A mudança de paradigma é holística porque envolve mudar toda uma maneira de fazer ciência. Ao mudar de paradigma, os
cientistas passam a aceitar leis fundamentais diferentes, regras metodológicas diferentes, modos diferentes de usar instrumentos, etc. - e todos estes aspectos de um paradigma estão relacionados entre si.
1. Segundo Kuhn, há diversos critérios para a avaliação de teorias partilhados pelos cientistas. No entanto, Kuhn acrescenta que a interpretação e a importância dada a cada um desses critérios variam de cientista para cientista. De acordo com a crítica avançada no texto, este «individualismo» torna muito difícil explicar o acordo frequente dos cientistas quanto às teorias que devem ser aceites. 2 Não concordo Suponha-se que os cientistas estão numa situação em que podem escolher entre duas teorias ou paradigmas rivais. Perante a crítica indicada, um defensor da teoria de Kuhn poderia dizer que, apesar de os diversos cientistas fazerem uma interpretação diferente dos critérios partilhados, alguns escolherão uma das teorias e outros escolherão a teoria rival. E acabará por prevalecer a teoria do grupo maioritário ou mais influente, o que nada tem de misterioso. Grupo 4 1. O raciocínio indutivo não é crucial para a concepção de teorias científicas: estas resultam frequentemente da criatividade e não há um conjunto de procedimentos, indutivos ou dedutivos, para se chegar a boas teorias científicas. No entanto, na avaliação de teorias científicas a indução é indispensável: uma teoria satisfatória comporta-se bem perante os testes empíricos. Se as suas previsões empíricas ocorrem de facto, isso não mostra apenas que a teoria não foi refutada: o sucesso dos testes aumenta a probabilidade de a teoria ser verdadeira. Isto significa que os dados empíricos favoráveis a uma teoria dão-lhe apoio indutivo, sem o qual não seria razoável acreditar no seu sucesso futuro e nas suas aplicações. Sim, a ciência é objectiva. Isto não significa que os cientistas sejam sempre imparciais. A garantia da objectividade da ciência é a possibilidade de crítica aberta dentro da comunidade científica, bem como a possibilidade de se repetirem os testes empíricos que alegadamente suportam as teorias. As teorias científicas são tentativas de descrever correctamente a realidade. Elas têm implicações empíricas: se aquilo que dizem é verdade, observaremos certas coisas em certas circunstâncias. Realizando os testes empíricos apropriados, podemos ir descobrindo, cada vez com maior precisão, se as teorias estão ou não de acordo com a realidade. E os resultados dos testes são objectivos, pois podem ser reproduzidos e não variam de observador para observador. Kuhn acredita que nem todas as teorias são suficientemente boas para poder fundar um paradigma. Para justificar esta ideia, apresenta cinco características desejáveis numa teoria científica: 1. Precisão: as teorias devem estar de acordo com a observação e os resultados das experiências; 2. Consistência: as teorias não devem ter incoerências internas, nem ser incompatíveis com outras teorias aceites que expliquem aspectos relacionados da natureza; 3. Abrangência: as teorias devem ser abrangentes, capazes de ir além daquilo que se observa; 4. Simplicidade: as teorias devem unificar e organizar com elegância fenómenos aparentemente díspares; 5. Fecundidade: as teorias devem permitir a descoberta de novos fenómenos ou relações entre fenómenos. Estas características oferecem critérios que permitem avaliar objectivamente as teorias e que impõem, portanto, limites àquilo que os cientistas podem aceitar: se uma teoria não tiver estas características, isso deverá ser suficiente para afastá-la do trabalho dos cientistas e inviabilizar que qualquer paradigma se desenvolva a partir dela. Uma teoria que não seja avaliada positivamente à luz destes critérios poderá ser considerada irracional e banida do universo da ciência. Estes critérios dão alguma objectividade à ciência, mas, segundo Kuhn, o seu alcance é bastante limitado.