P. R C
ESPÍRITO
S ANTO Princípio de Vida Nova
Sumário Premissa Pr emissa ...................... ................................................ ....................................... .............77 Capítulo um
“Toda a criação, aé o presee, esá gemedo como que em dores de paro” ........................ .............................9 .....9 1. Um mudo em rimo de espera ...................... ................................. ........... 9 2. A ese do “Projeo ieligee” ( Intelligent design): ciêcia ou é? ...................... ................................. ....................... ....................... .............. ... 12 3. A evolução e a Tridade Tridade....................... .................................. .................... ......... 16 4. Páscoa, passagem da velhice para a juveude ................ ................22 22 Capítulo dois
“A lei do Espírio, que dá a vida” vida” ......................27 1. A lei do Espírio e o Peecoses Peecoses ....................... .............................. ....... 27 2. O que é a lei do Espírio e como aua ...................... ...................... 31 3. O amor guarda a lei......................... ................................. ....................... .............. 34 4. ... e a lei guarda o amor ............. ......................... ....................... .................. ....... 36 5. “Não exise codeação alguma!” ....................... ............................ ..... 40
Capítulo três
“Todos aqueles que se deixam coduzir pelo Espírio de Deus são lhos de Deus” Deus” ................41 1. Era do Espírio Sao? ...................... .................................. ....................... ........... 41 2. O Espírio Espírio como guia a Escriura...... Escriura................. ..................... .......... 44 3. O Espírio Espírio guia por meio da da cosciêcia.......... cosciêcia.................. ........ 46 4. O Espírio guia por meio do do magisério da Igreja .... 49 5. O discerimeo discerimeo a vida vida pessoal ............ ....................... ................. ...... 52 Capítulo qua quatro tro
“Também ós, que emos as primícias do Espírio, gememos, [...] esperado esperado”” .............57 1. O Espírio da promessa ...................... ................................. ..................... .......... 57 2. O Espírio, primícia e garaia garaia ...................... ................................ .......... 59 3. O Espírio Sao, alma da Tradição Tradição ....................... ........................... 63 4. O Espírio Espírio Sao Sao os az abudar a esperaça........ esperaça........ 67
Premissa As refexões compiladas ese livriho são proveiees proveiees de mediações realizadas a Casa Poiícia, a preseça do papa Beo XVI, o decurso da Quaresma de 2009, por ocasião do Ao Paulio, isiuído pelo mesmo sumo poíce em comemoração ao bimileário do ascimeo do apósolo. Traam de quesões cocerees a algus poos evrálgicos1 do capíulo oiavo da Cara aos Romaos que, como se sabe, é o exo mais compleo e ispirado isp irado a respeio do Espírio Sao, ão apeas o corpo dos escrios paulios, mas, quiçá, em odo o Novo Tesameo. Algumas refexões desevolvidas eses escrios cosam já em meus livros aeriores sobre o Espírio Sao. Aqui, porém, oram revisas à luz de emas e problemas surgidos o ereempo, como, por exemplo, o que se reere ao papel do Espírio Sao o coexo do debae sobre o evolucioismo, que se 1 Poos mais imporaes, pricipais (n.t. – Noa do raduor). 7
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reacedeu por ocasião do biceeário do ascimeo de Darwi em 2009. Todavia, a maior ovidade é que, pela primeira vez, ive oporuidade de me cocerar, cocerar, com relação ao Espírio Sao, em um úico auor, de maeira, por assim dizer, moográca, e, por acréscimo, o auor idubiavelmee mais sigicaivo a ese respeio: o apósolo Paulo, o grade caor do Espírio Sao e da vida “o Espírio”. Para os leiores, vem a ser ambém uma orma discrea de erar em comuhão com o Sao Padre Beo XVI que, por primeiro, eve a bodade (e a humildade!) de escuar esas refexões.
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Capítulo um
“Toda a criação, aé o presee, esá gemedo como que em dores de paro” O Espírito Santo na criação e na transformação do cosmo
1. Um mudo em rimo de espera Escolhi o capíulo oiavo da Cara aos Romaos por cosiuir, o corpus paulio e em odo o Novo Tesameo, o raado mais compleo sobre o Espírio Sao. Nele, o apósolo se revela como o mais expert dos guias para os iroduzir em um cohecimeo sempre mais proudo do Espírio Sao e em um amor sempre mais eusiasa por ele. O recho sobre o qual queremos refeir ese primeiro capíulo é o seguie: Eu peso que os sorimeos do empo presee prese e ão êm proporção com a glória que há de ser revelada em ós. De ao, oda a criação espera asiosamee 9
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a revelação dos lhos de Deus; pois a criação oi su jeia jeia ao que é vão vão e ilusó ilusório rio,, ão por por seu quere quererr, mas por depedêcia daquele que a sujeiou. Também a própria criação espera ser liberada da escravidão da corrupção, em visa da liberdade que é a glória dos lhos de Deus. Com eeio, sabemos que oda a criação, aé o presee, esá gemedo como que em dores de paro [...] (Rm 8,18-22).
Um problema exegéico discuido desde a Aiguidade a propósio dese exo é o que diz respeio ao sigicado do ermo criação, ktisis . Com ese ermo, São Paulo desiga, por vezes, o cojuo dos homes, o mudo humao; em ouras vezes, o ao ou o ao divio da criação e, em ouras aida, o mudo em seu complexo, ou seja, a humaidade e o cosmo2 cojuamee, além de desigar, ocasioalmee, a ova criação resulae da Páscoa de Criso. Agosiho3, seguido aida hoje por algum auor modero4, é de opiião que o ermo desiga o mudo humao e que, porao, deve ser excluída do exo oda perspeciva cósmica relacioada com a maéria. A disição ere a “criação ieira” e “ós que possuímos as primícias do Espírio” seria uma disição iera relaiva ao mudo humao 2 Espaço uiversal, composo de maéria e eergia; uiverso (n.t.). 3 C. Agosiho, Esposizione sulla Lettera ai Romani [Exposição sobre a Cara aos Romaos], 45 (PL 35, 2074 s). 4 A. Giglioli, L’uomo L’uomo o Il creao? Kisis i S. Paulo [O homem ou o criado? cri ado? Kisis em S. Paulo], Boloha: Dehoiae, 1994. 10
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e equivaleria à disição ere a humaidade irredea e a humaidade redimida por Criso. Ereao, a opiião hoje quase uâime é a de que o ermo ktisis desiga a criação em seu complexo, seja o mudo maerial, seja o mudo humao. A armação segudo a qual a criação oi sujeiada à vaidade “sem culpa sua” ão eria seido se ão como reerida precisamee à criação maerial. O apósolo vê esa criação ivadida por uma expecaiva, em “esado de esão”. O objeo dessa expecaiva é a revelação da glória dos lhos de Deus. “A criação, em sua exisêcia apareemee echada em si mesma e imóvel [...], espera com asiedade o homem gloricado, do qual ela será o ‘mudo’, ambém ele, porao, gloricado”5. Ese esado de espera sorida sorida se deve ao ao de que a criação, sem culpa sua, oi arrasada pelo homem o esado de impiedade que o apósolo descreveu o iício da sua cara (c. Rm 1,18ss). Lá, ele deia al esado como sedo “ijusiça” e “meira”, mas aqui usa os ermos “vaidade” (mataiotes ) e corrupção ( phth ), phthor ora a ), que expressam a mesma coisa: “perda de seido, irrealidade, ausêcia da orça, do espledor, do Espírio e da vida”. Tal esado, porém, ão esá echado em é deiivo. Exise uma esperaça para o criado! Não porque o criado, equao al, eseja em codições de esperar subjeivamee, mas porque Deus em em mee um resgae para ele. Esa esperaça esá ligada ao homem redimido, o “lho de Deus”, Deus”, que, com um 5 H. Schlier, La leera ai Romai [A Cara aos Romaos], Brescia: Paideia, 1982, p. 429. Tradução livre. 11
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movimeo corário ao de Adão, um dia arrasará deiivamee o cosmo em seu próprio esado de liberdade e de glória. Daí a resposabilidade mais prouda dos crisãos os coroos do mudo: maiesar, desde agora, os siais da liberdade e da glória a que odo o uiverso é chamado, soredo com esperaça, sabedo “que os sorimeos do empo presee ão êm proporção com a glória que há de ser revelada em ós” (Rm 8,18). No versículo al, o apósolo xa esa visão de é em uma imagem ousada e dramáica: a criação ieira é comparada a uma mulher que sore e geme as dores do par paro. o. Na experiêcia humaa, raa-se de uma dor acompahada sempre de um miso de alegria, bem dieree do prao surdo e sem esperaça do mudo, que Virgílio icluiu o verso da Eeida: sunt lacrimae rerum, lágrimas derramadas pelas coisas6.
2. A ese do “Projeo ieligee” (Intelligent Intelligent design): ciêcia ou é? Esa visão de é, proéica, do apósolo oerece-os a oporuidade para a abordagem do problema hoje ão discuido sobre a preseça ou ão de um seido de um pro jeo divio divi o e criação cria ção iera, ie ra, sem que isso sobrecarreg sobrec arregue ue o exo paulio de sigicados cieícos ou losócos que, evideemee, ão possui. A ocorrêcia do biceeário do ascimeo de Darwi (12 de evereiro de 1809) ora aida mais aual e ecessária uma refexão em al seido. 6 Virgílio, Eneide , I, 462. 12
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Na visão de Paulo, Deus esá o iício e o érmio da hisória do mudo e o guia miseriosamee a um m, azedo com que sirvam para ele ambém as arrogâcias da liberdade humaa. O mudo maerial esá em ução do homem e o homem, em ução de Deus. Não se raa de uma ideia exclusiva de Paulo. Paulo. O ema da liberação al da maéria e da sua paricipação a glória dos lhos de Deus ecora um paralelo o ema dos “ovos céus e uma ova erra” da seguda cara de Pedro (2Pd 3,13) e do Apocalipse (c. Ap 21,1). A primeira grade ovidade desa visão cosise o ao de que ela os ala em liberação de maéria, e ão em liberação da maéria, como, em vez disso, ocorria em quase odas as cocepções aigas da salvação: plaoismo, gosicismo, doceismo, maiqueísmo, caarismo 7. Durae sua 7 O plaoismo é o esiameo losóco de Plaão (427 – 347 a.C.). Plaão armava a exisêcia de uma verdade suprema: as ideias das ormas ideais, das quais se origia o mudo sesível, ses ível, al como o percebemos, percebemo s, e que é sujeio ao devir, à corrupção e à more. O gosicismo é um movimeo religioso, de caráer sicréico e esoérico, desevolvido os primeiros séculos, combiado misicismo e especulação losóca. Os elemeos comus desse movimeo são: dualismo ere o mudo espiriual e mudo maerial, sedo ese úlimo cosiderado irisecamee mau; covicção de que o mudo maerial é ruo da degradação de um ser divio; divisão da humaidade em rês caegorias: os hílicos (ou maeriais), os psíquicos e os gósicos (espiriuais). O doceismo é uma douria exisee os séculos II e III que egava a exisêcia de um corpo maerial a Jesus Criso, que seria apeas espírio. Ao egar a verdade e a cocreude da codição humaa do Filho de Deus, exclui-se de ao a possibilidade da ecaração. O maiqueísmo é o dualismo religioso sicreisa, cuja douria cosisia basicamee em armar a exisêcia de um cofio cósmico ere o reio da luz (o Bem) e o das sombras (o Mal), em localizar a maéria e a care o reio das sombras, e em armar que ao homem se impuha o dever de ajudar à viória do Bem por meio de práicas ascéicas, eviado a procriação e os alimeos de origem aimal. Recohecia que 13
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vida ieira, Sao Irieu luou cora a armação gósica de que “a maéria é icapaz de salvação” 8. No diálogo aual ere ciêcia e é, o problema se apresea em ermos ermos dierees, mas a essêcia essê cia é a mesma. TraaTraa-se de saber se o cosmo oi pesado e querido por alguém, ou se é ruo do “acaso e da ecessidade”; se o seu camiho mosra os siais de uma ieligêcia e avaça rumo a uma mea precisa, ou se evolui, por assim dizer, às cegas, obedecedo apeas a leis próprias e a mecaismos biológicos. A ese dos crees crees a ese ese respeio respeio acabou acabou por por crisaliz crisalizar-s ar-see a órmula que, em iglês, soa como Intelligent design – o Pro jeo ielige ieligee e –, que se eede eede ser do Criador Criador.. O moivo moivo que deu origem a aa discussão e coesação o que diz respeio a esa ideia oi, a meu ver, o ao de ão disiguir de maeira sucieemee clara o projeo ieligee como eoria cieíca do projeo ieligee como verdade de é. Como eoria cieíca, a ese do Projeo ieligee arma que é possível provar, pela própria aálise do criado, e, porao, cieicamee, que o mudo em um auor exerior a si e mosra os siais de uma ieligêcia ordeadora. É esa armação que a maioria dos cieisas preede (e a úica que é possível!) coesar, coesar, e ão a armação a rmação de é que o a maéria é irisecamee má. Os cáaros possuíam uma douria dualisa, o que os levava a rejeiar grades pares do Aigo Tesameo e a egar o misério da Ecaração. Para os cáaros, a maéria eria sido criada pelo deus do mal, para aprisioar ela o espírio do Deus bom (n.t.). 8 C. Irieu, Adv. Adv. Haer. Haer. [Cora as heresias], V, 1, 2; V, 3, 3. 14
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cree possui acerca da revelação e cuja verdade e ecessidade íimas ambém são apercebidas pela ieligêcia. Se, como pesam muios cieisas (em odos!), azer do Projeo ieligee uma coclusão cieíca é pseudociêcia, do mesmo modo é pseudociêcia excluir a exisêcia de um projeo ieligee ielig ee com base os resulados da ciêcia. Esa poderia avaçar em sua preesão, se pudesse por si só explicar udo: iso é, ão somee o “como” do mudo, mas ambém o “que” e o “porquê”. E isso a ciêcia sabe muio bem que ão esá ao seu alcace azê-lo. Mesmo aquele que elimia de seu horizoe a ideia de Deus, ão elimia, com isso, o misério. Fica sempre uma pergua sem resposa: por que o ser e ão o ada? O próprio ada permaece, alvez, para ós, um misério meos impeerável do que o ser e, acaso, um eigma meos iexplicável acerca de Deus? Em um livro de divulgação cieíca, escrio por um ão cree, li esa sigicaiva admissão: se percorrermos a hisória do mudo volado para rás, como se olheássemos um livro da úlima págia para a primeira, chegados ao al, perceberemos a ala da primeira págia, o incipit [começo]. Sabemos udo a respeio do mudo, exceo por que e como começou. O cree esá covico de que a Bíblia os orece precisamee esa págia iicial que ala; ela, como o roispício de odo livro, ecora-se idicado o ome do auor e o íulo da obra! Uma aalogia pode os ajudar a cociliar a ossa é a exisêcia de um projeo ieligee de Deus sobre o mudo com a aparee casualidade e imprevisibilidade salieada por 15
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Darwi e pela ciêcia aual. Traa-se da relação ere graça e liberdade. Assim como o campo do espírio a graça deixa espaço para a imprevisibilidade da liberdade humaa e age ambém por meio dela, do mesmo modo o campo ísico e biológico, udo é coado ao jogo das causas segudas (a lua pela sobrevivêcia das espécies segudo Darwi, o acaso e a ecessidade segudo Mood), aida que ese mesmo jogo seja previso e eeuado exaamee pela providêcia de Deus. Em ambos os casos, Deus, coorme diz o provérbio, “escreve “escreve cero por lihas oras”.
3. A evolução evolução e a Tridade Tridade A quesão acerca de criacioismo e evolucioismo desevolve-se habiualmee mediae diálogo com a ese oposa, de aureza maerialisa e aeia, porao, ecessariamee apologéica.9 Em uma discussão ere crees e descrees, como é o caso da presee, ão podemos os deer esa ase. Isso, aqui, sigicaria permaecer prisioeiros de uma visão “deísa”, e ão aida riiária, e, porao, ão especicamee crisã do problema. Quem abriu a discussão sobre a evolução em dimesão riiária oi Pierre Teilhard Teilhard de Chardi. A coribuição dese esudioso o debae sobre a evolução cosisiu essecialmee o ao de iroduzi-la a pessoa de Criso, azedo o problema orar-se ambém crisológico10. 9 Deesa argumeaiva de que a é pode ser comprovada pela razão (n.t.). 10 C. C. F. Mooey, Teilhard de Chardin et le mystère du Christ [Teilhard de Chardi e o misério de Criso], Paris: Aubier, Aubier, 1966. 16
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