Três moscas que resumem três qualidades: simplicidade, versatilidade e efetividade. Estou falando de tr ês padrões muito muito simila similares res na sua constru construção e similares nas suas qualidad qualidades: es: Hays Haystack tack,, The Usual e Comparad Comparadun. un. Nesta Nesta mat éria pretende pretendemos mos colocar colocar algumas algumas moscas que s ão pouco conhecidas e raramente usadas pelo pescador, mas que tem uma utilidade extrema quando tratamos com peixes seletivos, águas calmas, e um ritmo de pesca diferente, isto é, pesca a peixe visto, arremessos lentos e precisos, concentra ção extrema para ser mais efetivo na pesca. Esta situa ção pode ser encontrada, dependendo o local, poucas vezes, mas quando nos defrontamos com este dilema, recorrer a algum padr ão como os tr ês mencionados pode virar o jogo a nosso favor. A minha experiência deste ano confirma o que estou dizendo. Estava num arroio em Argentina conhecido pela transpar ência da água e a sutileza da pesca. Vi uma arco iris que tinha uns 40 cm no m í nimo, nimo, esperando sua comida, nadando e comendo. Nesse momento tinha atado uma Adams #16, e foi o que arremessei para ela. A mosca caiu perfeita. O peixe se posicionou, viu a mosca derivando, ainda de forma corret í ssima, ssima, chegou para abocanhar e refugou! Os seguintes arremessos a truta nem se interessou. Troquei por um Comparadun #18, e no segundo arremesso, quando a deriva foi no lugar certo fisguei a arco iris!!! A diferen ça foi a mosca, o perfil dela, simplicidade e imitação correta do que o peixe estava comendo. O que dever í amos amos entender primeiro sobre estos tr ês padr ões? O que eles imitam. Isto é fundamental, pois s ão extremamente efetivos em determinadas condi ções. O primeiro a saber é que estam estamos os imitan imitando do uma fam famí lia l ia de inse inseto toss aqu aquáticos ticos chama chamada da de efem efemer erópteras pteras,, as vulga vulgares res “mayflies” ou moscas de maio. E em particular um dos est ágios da sua evolu ção: o que chamamos de subimago (em ingl ês “Dun”). Este momento particular da vida do inseto é posterior aos est ágios de ovo e ninfa, a que com suficiente maturidade eclode dando lugar a o subimago. Este com a forma quase do adulto deriva, as vezes, por longas dist âncias e portanto portanto fica fica bem vulner vulner ável ao ataque dos peixes. Esta condi ção e muito favorável para a alimenta ção deles, o que fazem de forma confiante e é neste momento que podem entrar em a ção os nossos padr ões: Haystack, The Usual e o Comparadun. Deverí amos amos ressaltar que estas moscas al ém das qualidades que mencionamos tem mais uma detalhe em comum. É sua forma de atado, j á que todas tem somente uma asa, uma cauda simples, um corpo de dubbing (ou alguma variante como biot de ganso ou haste de pena) e n ão usam o hackle hackle das conhecid conhecidas as “moscas “moscas secas” secas” (Adams, (Adams, Mosquito, Mosquito, Roya Royall Wulff)). Wulff)). Estas Estas caracter caracter í sticas sticas í cie, fazem que que elas tenham tenham um perfil perfil baixo na superf í cie, o corpo vem colado no menisco da água de forma parecida com o inseto natural. Tamb ém apoia a cauda diretamente, e a asa s ó dá a aparência quando é vista por baixo, ângulo de vis ão do peixe. Este perfil de mosca é o adequado quando imitamos estes est ágios de “ mayflies”, e por sinal o mais efetivo.
The Usual
Haystack
Comparadun
Antes de comentar outros aspectos sobre estas moscas poder í amos afirmar que são de um padrão muito f ácil de atar pelas condi ções expostas anteriormente, mas nem t ão f ácil de pescar no tipo de situação em que elas entram em a ção. Por isso, é interessante começarmos pela elaboração, e depois pensar nas estrat égias do seu uso. Mas antes de tudo isso vejamos um pouco da hist ória dessas moscas.
A história A criação da Haystack data do final dos 40 ou in í cio dos 50, mais precisamente em junho de 49. Surgiu da bancada de atado do Fran Betters, pescador de Willminton, North Caroline (USA). Derivada desta, “The Usual” apareceu um pouco mais tarde com outros materiais. A Haystack inicialmente foi concebida em um anzol #10, utilizando deer hair (pelo de cervo) na asa e cauda, e dubbing de australian opposum (um tipo de marsupial autraliano). Fran Betters se inspirou em algumas moscas usadas pelo seu pai e alguns amigos dele feitas somente com a asa de deer hair. Mais tarde apareceu uma vers ão mais moderna, a Comparadun, lan çada pelos pescadores Al Caucci e Bob Nastasi no seu livro “ Hatches”. Estes pescadores creditaram a cria ção da Comparadun para Betters, mas modificaram a cauda substituindo o deer hair por algumas fibras de hackle atadas separadamente para cada lado da haste do anzol. Esta caracter í stica adaptava a mosca para águas lentas e peixes muito seletivos. J á o padrão da Usual usa como material b ásico a pele de um tipo de coelho selvagem que vive na neve (!). A asa e a cauda usa os pelinhos do p é e o corpo usa o dubbing do corpo deste bicho. Esta pele tem a propriedade de ser resistente à água, por isso o padr ão é de muito boa flutuabilidade. Nas quest ões históricas destas moscas poder í amos salientar que estes padrões modificaram sensivelmente os utilizados na regi ão leste dos Estados Unidos (NC e NY) onde as já consagradas “ Castskill Flies” começaram a ser trocadas pela simplicidade e efetividade da Haystack. Outro detalhe foi que variando o tamanho do anzol e as cores do dubbing o resultado ainda era surpreendente. Isto mostrava a versatilidade da cria ção de Betters, já que esta mosca desafiava qualquer eclos ão de mayflies variando somente os itens mencionados anteriormente. A Haystack se espalhou no pa í s todo (USA) e rapidamente se tornou popular nos rios do Oeste e centro, consagrandose tamb ém no aspecto comercial. Resumindo um pouco, podemos observar que Betters atou uma mosca que imitava uma grande mayfly (Green Drake) da costa leste dos Estados Unidos e acabou mostrando o caminho para desenvolver um perfil de imita ção extremamente produtivo para este tipo de inseto (efemerópteras) no mundo todo. Os rios da regi ão de Betters são de pendente forte, corredeiras, riffles, e por isso ele utilizou o deer hair abundante na cauda e na assa, com objetivo de dar flutuabilidade à mosca. Já a modificação feita por Caucci e Nastasi, colocando poucas fibras de hackle na cauda abre o espectro de uso para as águas lentas e peixes muito seletivos. Hoje h á umas quantas variantes sobre estes padr ões, principalmente nos materiais. O b ásico da técnica do atado permanece. E é isso o que veremos a seguir.
Procedimento de atado Como já falamos, estas moscas realmente s ão f áceis de atar, uma t écnica simples de assa, dubbing e a diferença esta na cauda. A Haystack usa um chuma ço de deer hair, o Compara dun usa fibras de hackle ou sint ética especial para cauda de mayfly ( micro fibbets). Acompanharemos o procedimento de atado com os passos em comum e colocaremos as particularidades de cada uma das moscas com fotos separadas para que fique mais claro onde elas diferem. Uma lista de materiais simples faz parte deste modelo. Podemos acrescentar que é possí vel o uso de anz óis de arame extra fino, o que faz que nossa mosca, ainda úmida, tenha alguma flutuabilidade pelo pouco peso do anzol. Vamos conferir os passos do atado.
Materiais Anzol: TMC 100 ou MSTD 539 E, 80000 BR, 94831 Linha: 6/0 ou 8/0 (Danville) Asa: deer hair (pelo de cervo) grossura m édia. Cauda: Haystack: deer hair; Compara dun: fibra hackle ou micro fibbet (sintética) Dubbing: natural ou sint ético (cores variados)
1.Selecione um chuma ço de deer hair para a asa, ateo paralelo a haste at
é o p êlo ouriçar.
2. Selecione outro chumaço para a cauda ateo para tr ás desde a haste at é a curvatura do anzol.
2b. Selecione as fibras para a cauda do comparadun , e ate duas para cada lado da haste do anzol. Para que fiquem desta forma devemos concentrar um pouco de linha sobre a curva do anzol e atar as fibras pressionandoas depois dessa atadura no sentido do olho do anzol. As fibras se abrir ão para os lados.
3. Coloque o dubbing no corpo da mosca com a t écnica mais simples; friccionandoo sobre a linha. Enrole o dubbing.
4. Leve alinha com dubbing para frente, passe a linha da asa, levantea colocando dubbing em direção ao olho do anzol.
5. Faça a cabeça da mosca com a linha. Cimente e mosca terminada!!
Para atar uma Usual usamos os mesmos procedimentos, mas o material é diferente. É feita por inteiro com o pêlo do coelho da neve americano ( snow rabbit ). Para asa e cauda seleciona os pelinhos do p é do couro e para dubbing (corpo da mosca) os p êlos mais suaves da barriga do couro. Para quem tiver alguma pele de lebre o coelho selvagem vale a pena experimentar!!!
Como pescar com estas moscas Sempre que escolhemos uma mosca para atar ao leader podemos pensar em duas situa ções: uma em que observamos que n ão tem atividades nem de peixes nem insetos, ou a situa ção contrária, ou seja vemos uma eclos ão e consequentemente os peixes se deliciando com esses insetos. Na primeira situação estamos arriscando uma escolha, ou pela nossa experi ência de conhecer o rio e saber qual seria a mosca a usar, ou pela intui ção que criamos de tanto pescar e usar alguns modelos chavões pela sua efetividade. Na segunda situa ção é evidente que usamos a mosca nos aproximando da imitação correta do alimento ali presente. Em ambas, nossos modelos em quest ão encaixam perfeitamente. O Haystack poderia ser usado nas duas situa ções. Quando n ão existe eclosão pode entrar como “atractor ”, provocando o peixe que n ão está ativo, mas também em tamanhos apropriados ele pode funcionar no conhecido “ match the hatch”. O Comparadun, diria pela minha experiência, que é uma mosca imitadora por excel ência. Por isso funciona muito bem nas eclos ões de mayfies, e se soubermos entender a din âmica de tamanhos e cores para imitar os naturais, o caminho para o sucesso esta aberto. O detalhe mais importante seria agora em que tipo de águas e com que t áticas pescar. O Haystack pode funcionar em águas médio rápidas, corredeiras moderadas por exemplo, e em águas lentas. O Comparadun é mais apropriado para águas lentas, ou setores de remansos em rios mais agitados. A t ática é a clássica para moscas secas: arremesso águas acima e corrigir a linha ( mend ) para conseguir uma deriva morta, sem que a mosca se freie e mostre o leader na qual est á atada.
Acho que este tipo de pesca em água lenta se torna bem mais dif íc il, principalmente em águas transparentes. Por isso falava que estas moscas s ão mais f áceis de atar do que pescar. Aí vão algumas dicas para enfrentar esta situa ção. O nosso perfil deve ser bem disfar çado, ou seja, pescar afastado da margem, ou ajoelhado. Tentar manter a calma, n ão se afobar, aguardar o momento certo para arremessar. Observem que o peixe mant ém um ritmo para comer. H á um momento em que ele capta um alimento e mergulha ou vira de costas para a correnteza por causa do impulso, esse é o momento certo para arremessar, pois no mergulho ou virada n ão vai ver nossa linha nem nossa isca cair. Tudo é muito rápido. Nosso c álculo deveria ser para derivar no m áximo um par de metros na frente do peixe, tempo em que ele se vira ou sobe de novo para pegar mais um alimento, com sorte, nossa mosca! Toda uma t écnica, e bem sofisticada, nada que alguns peixes espantados no susto n ão nos ensine.
Recapitulando Estas moscas t ão f áceis de atar deram a volta ao mundo e garanto que desde os spring creeks de Montana até a Patagônia seguem comprovando a sua versatilidade e efetividade. A simplicidade no atado convida a arriscar tamanhos pequenos ainda para atadores menos experientes (#18). Pensemos que estas dimens ões de mosca permitem capturar peixes muito seletivos. O tema da t écnica de pesca relatada anteriormente tamb ém é um convite para exercitar a sofistica ção na aproxima ção, no arremesso, e na tão famosa “apresentação”, o grande segredo para conseguir sucesso nesta modalidade. Vale a pena experimentar! Boa pesca. Eduardo Ferraro