Jerusa Pires-Ferreira Pires-Ferreira
Livros de magia No mundo da edição popular que persiste em nosso continente, universo contí contígu guo o à mode modern rnaa e prof profusa usa ediç edição ão de mass massas as -- const constru ruçã ção o do que que denominei de cultura das bordas -- nota-se que os antigos livros de magia continuam a ter um papel muito forte. Continuam sendo publicados, por editores populares, os livros de sonhos, sonhos, numa gradação infinita, os de São Cipriano e os da Bruxa de Évora, Évora , da Cruz de Caravaca, Caravaca , ou As ou As Clavículas de Salomão. Salomão. Alguns deles terminam se aglutinando, formando uma espécie de colagem que nos leva a pensar num grande texto mágico que permeia o mundo das práticas e crenças populares. Estes livros são egressos de uma espécie de fundo de antigos saberes mágicos, heréticos ou recalcados que podem tomar novos rumos, a qualquer momento que uma compatibilidade os requisite. Temo Temoss de ente entend nder er,, de um lado lado,, a "tra "tramó móia ia", ", pres presen ente te nas nas ediç ediçõe õess popula populares res,, toda toda a aturdi aturdidor doraa fragm fragment entaçã ação, o, mas também também observ observar ar que comparece nesses textos um acervo de formulações, que têm agora a ver com as religiões populares das massas urbanas, na América de origem ibér ibéric ica. a. Cons Consta tattamos amos que esse essess conj conjun unttos ain ainda resp respon ond dem pela pela permanência permanência de um repertório repertório da tradição tradição popular dos causos e dos contos, de uma oralidade que ainda se faz presente, e com muita força, em nossos âmbitos populares, de uma visualidade que traz dentro de amplo processo mist mistif ific icat atór ório io os ícon ícones es mais mais dive divers rsos os:: figur figuras as,, segm segment entos os de imag imagem em,, fragmentos de geometria e números mágicos. Difícil será dizer onde tudo come começo çou, u, o que ex exis istte de falso also ou verda erdade deir iro, o, de "imp "impos osto to"" ou de recuperado. A este respeito, respeito, as observações observações de Paolo Carile1 combinam exatamente com as minhas, e ele, de certo modo, responde às críticas que se possam fazer ao fato de não pensar a Bibliothèque Bleue, a literatura francesa de colportage, colportage, como como cois coisaa impo impost sta. a. Come Coment ntaa que que o livr livret eto o de colportage fornece uma cultura aceita, dirigida, assimilada, durante séculos, pelos meios populares. Em meu estudo sobre o Livro de São Cipriano (apesar de minha intolerãncia pelas vogas esotéricas que a industria de massas produz e que se consome desenfreadamente, hoje), apresento uma jornada por esse universo do livro popular. Procuro então mostrar a permanência dessa espécie de colagem viva viva que que se asse assent ntaa num num cont contínu ínuo o medi mediúni único co (rece (recepç pção ão e dema demand ndaa no unive univers rso o das das relig religiõ iões es popul popular ares es no Bras Brasilil ) e num conti continuu nuum m text textual ual (operação criativa e aglutinadora). Quando se sai a campo para pesquisar ou recolher exemplares de livros como como este estess de São Cipria Cipriano no ou As Clav Clavíc ícul ulas as de Salo Salomã mão o, algu alguma mass dificuldades muito sérias ocorrem. São livros de magia, trazendo sua carga de mald maldiç ição ão e inte interd rdiç ição ão e, mais mais aind ainda, a, livr livros os popu popula lare res. s. Com Com essa essass características, têm sua produção, circulação e consumo regulados por certos princípios e tabus.
Nos sebos ou alfarrábios, espécimes antigos não são encontrados, senão muito rara e ocasionalmente, porque quem os teve ou tem não os passa adiante, sendo considerada uma violação vendê-los ou descartá-los. Quanto a bibliotecas públicas, há dois tipos de impedimento. Ou o livro pertence àquele estrato cultural que não merece a necessária credibilidade para figurar no fundo geral de leitura de uma biblioteca municipal, estadual ou nacional, e não se adquiriu para compor o acervo ou se, por acaso, foi adquirido, corre o risco de ser roubado. No caso do uso de tais livros, o leitor ou consulente segue suas lições como as de um acreditado mestre, exercita uma espécie de "psicoterapia" como se estivesse num consultório, aproveitando também suas sugestões, para conquistar e prender um homem ou mulher. As fórmulas e conselhos, que às vezes nos parecem ridículos, canhestros, arcaicos, conservadores, imobilistas e imobilizantes nos processos da emancipação social, têm, no entanto, muito a ver com as razões cotidianas dos grupos sociais e das pessoas que utilizam esses textos. Compõe-se aí também uma espécie de espaço secreto da leitura: da utilidade ao fetiche. Quanto ã construção dos textos, o próprio objeto é que vai em busca de tudo o que poderá explicá-lo, signos verbais ou visuais, símbolos e marcas, produção de uma narratologia que aproxima linguagens arcaicas a procedimentos que o mundo popular obteve e resguardou, e que se ajusta e transforma, continuamente, a diversas formas de ver e de dizer, no mundo popular contíguo ao da cultura de massas. O levantamento feito não é nem poderá ser exaustivo, funcionando como uma amostra do que foi possível encontrar até agora. Aparecem surpresas a cada momento: um título recriado, um simplesmente transcrito, a partir do texto de outra editora ou mesmo "maquilado", modificado em pequenos detalhes, para dar a impressão de um outro livro. Estes conjuntos parecem atender a diferentes segmentos, dentro do públicoalvo. É uma espécie de resposta a diversas solicitações de grupos que têm diferentes graus culturais e aquisitivos. Põe-se ênfase especial em determinados aspectos do conjunto, e isso significa atingir vários tipos de leitor ou até mesmo o "leitor fiel", consumidor habitual desse tipo de produto, em diferentes momentos de sua trajetória, e de acordo com suas necessidades. A partir destes textos, de cada um deles, vão se acompanhando as possibilidades escolhidas e ricas de sugestões que trazem . Impossível deslindar cada fragmento, frase ou símbolo. A seqüencia dos próprios escritos vai ditando a escolha dos mais importantes, as entrelinhas vão revelando pistas e temas, por onde enveredar na explicação do possível, mas o mistério permanece. Mistério de um tema como este, tão complexo, de repertório infinito, de alcance enciclopédico, encampado na produção editorial, com todos os recursos possíveis, e visando a públicos cada vez maiores. Os antigos livros chamados engrimanços têm o caráter da ciência mágica e um conjunto de propostas concretas para atuação, em que a invisibilidade é
um dos temas centrais. Espera-se, por esses significados que o mago aja como um taumaturgo, e este poder é conferido ao livro ou a quem o traz, procurando nele aprender lições, as mais secretas. Uma firme sustentação desses textos seria também o "pacto" com o diabo, entrando nos engrimanços ou grimórios todos os detalhes e procedimentos para a formulação do pacto. Um grimório implica em ação e aí não se trata de rezar e de esperar, mas está em causa toda a eficácia dos ritos; concedese também o poder de exorcizar e de instrumentar. Neles encontramos sempre e explicitamente referências à cabala e à tradição judaica, misturando-se à magia um apelo a escrituras indecifráveis. Estão aí contidos princípios de "diabolismo", materiais recolhidos a partir de toda uma tradição da Teufelliteratur, e como seria de se esperar, há nos novos grimórios a evocação das narrativas célebres e lendárias de Johannes Faust. Observa-se então a estreita ligação desses textos, apoiados no ofício e na operação mágica, com a Igreja. O autor de um desses compêndios pede mesmo que se preste atenção ao sentido profundamente religioso desses textos e ao fato de serem eles atribuídos a santos ou a papas. Entre os mais famosos grimórios existentes estão, por unanimidade: As Clavículas de Salomão (presente em nosso conjunto de edição popular, hoje), O Grimório do Papa Honório, O Enchiridion do Papa Leão, Os segredos do Grande e do Pequeno Alberto, que tanto circularam nas edições francesas. A preferência por papas é também uma questão de legitimar a magia por personagens poderosos, sendo os mais visados Santo Leão,o Grande, e Silvestre II, qualificados de grandes mágicos. Haveria mesmo uma efetiva cisão entre a Igreja e a Magia? E será que o clero mantinha-se afastado do encanto, mistério, perplexidade e divertimento desses grimórios? Conforme nos lembra Geneviève Bollème 2, esses opúsculos faziam a alegria e descontração dos conventos. O ambulante, o colporteur , o trazia com sua mercadoria e, desde sua partida, se ensaiavam as receitas da felicidade: "Se o padre promete a felicidade para o outro mundo, não nos resta mais do que bem morrer". O livrinho mágico, ao contrário, sugerindo o pacto e várias operações mágicas e transformadoras, apresenta "receitas para bem viver", promessas a se cumprirem em países de fartura e de abundância, alvo das utopias populares. Estudando a Coena Cypriani , sugere Bakhtin3 que é muito significativo o seu universalismo histórico e que seus traços se encontram em grandiosa obra do século XVI, que trata do banquete. E é exatamente neste mundo em que o mágico prático e os ritos diabólicos oferecem certezas de uma vida melhor que circulavam e ainda circulam os grimórios, os engrimanços, os enchiridions...sob novas roupagens.
AS CLAVÍCULAS DE SALOMÃO E A CHAVE DOS MAGOS Este rei, ao qual Deus teria dado a sabedoria, tem todo um poder sobre o mundo e em particular sobre os demônios da tradição popular. Atribui-se a ele a redação desse famoso livro das clavículas, sem o qual não se poderiam invocar os demônios. É a Chave dos Magos. Numa editora popular brasileira
que tem muitos títulos do Livro de São Cipriano encontram-se edições de O Verdadeiro Livro de São Cipriano de Salomão,? que possuo na sexta edição e que, segundo aí se diz, é publicado em razão de intensas solicitações: "Os constantes pedidos que temos recebido de todos os pontos do país e do mundo são a prova mais evidente de que o mesmo é conhecido e apreciado por todos". Quanto a Salomão, aí conta o autor-editor, para os seus leitores, que existem dois personagens, que não devem ser confundidos, a saber, Salomão, o rei dos hebreus, e o sábio Salomão, mago da Caldéia, divisão curiosa. Esta introdução tem a finalidade de explicar a diferença que existe entre Salomão, o rei dos hebreus, e o Sábio Salomão, o mago da Caldéia, sendo que este texto fica sendo como do segundo. No entanto, a tradição corrente passa para todos, em lendas, rituais e disputas de sabedoria, a figura do rei Salomão. Num estudo que compõe uma trilogia, nos diz E. M. Butler 4 que em 1456 aparece, num panfleto de advertência ao duque de Borgonha, uma listagem que apresenta as Clavículas e o Sigilum de Salomão como as obras de nigromancia mais correntes naquele tempo, sendo que a primeira ocupou o lugar de honra nas mentes dos praticantes de magia, do século XIV em diante, havendo inúmeras versões de muitos manuscritos existentes. Ao longo dos séculos, teria havido uma verdadeira indústria de forjar manuscritos, sendo que as Clavículas vão incluindo também as Conjurações. Butler afirma que os grimoires franceses, muitas vezes provenientes da Itália, são firmemente baseados nelas. Aponta-nos o Grimorium Verum como dos mais aprovados e o Grand Grimoire para a descoberta de tesouros escondidos. Acrescenta que, mesmo em suas versões abreviadas, estéticas e espirituais, foram prolíficas ao extremo e tiveram um enorme prestígio, principalmente nos países latinos. Para Eliphas Lévi5 , segundo a tradição popular, o possuidor das Clavículas de Salomão podia conversar com espíritos de toda espécie e se fazer obedecer por todos os poderes naturais: "Estas Clavículas, várias vezes perdidas e depois reencontradas, não são outra coisa que os talismãs dos 72 nomes e os mistérios das 32 vias (Cabala), hieroglificamente reproduzidas do Tarô. Com a ajuda desses signos e por meio de suas combinações infinitas, como a dos números e das letras, pode-se com efeito chegar à revelação natural e matemática de todos os segredos da natureza e entrar em comunicação com toda a hierarquia das inteligências e gênios". Note-se que há, neste mundo mistificador da edição popular, informações e soluções que nos são passadas, permanecendo porém algo de fundamental: a preservação de conhecimentos que não se perderam e que se apresentam ou reapresentam contendo fabulações e delírios inventivos. Também Menéndez y Pelayo 6 cita As Clavículas de Salomão como um célebre tratado de invocação de demônios, muito corrente na Espanha: "Sobre este livro discorre assim o doutíssimo bispo de Segóvia, D. Juan Baptista Perez, em memorável parecer, escrito em 1595: 'Os nigromânticos têm um certo livro de conjuros com caracteres incógnitos, o qual chamam de Clavicula
Salomonis e que está proibido em todos os Catálogos da Inquisição, e os mágicos fingem que o escreveu SalomãoÕ. No Malleus Maleficarum, o inquisidor diz que os nigromânticos usam um livro que chamam de Salomão, escrito em língua arábica, e que o achou Virgílio numa cadeia de montanhas da Arábia". Atesta-se que o livro circulou com força no século XVI e que continha certas figuras e orações que deviam ser recitadas nos sete primeiros dias de Lua nova, ao apontar o sol pela manhã, e que o homem, observando esses rituais, se acharia, de súbito, cheio de ciência. Não podemos deixar de mencionar a ancoragem de livros como este e o de São Cipriano, por exemplo, nos atos de mártires, vidas de santos e outros compêndios e coleções religiosas. A Legenda Áurea ou Legenda Dourada é uma recolha de vidas de santos, escrita, a partir de uma tradição do relato popular e do martirológio cristão, pelo monge dominicano e arcebispo de Gênova, Jacopo da Voragine, por volta de 1300. Foi um texto que teve incontáveis edições, publicado em inglês em 1483 como Golden Legend e na França como Legende Dorée, contando com inúmeras adaptações, ampliações, numa rede muito profusa de textos. Se não há narrativa inocente, aquela sobre santos é a menos inocente ainda. Comprova-se que as recolhas hagiográficas representavam uma das malhas da prodigiosa rede de vulgarização dominicana, estendida por vários autores no começo do século XIII, tendo o texto da Legenda merecido acolhida imediata. Constata-se que seu autor, Voragine7 ou Varagine, entrou para a Ordem de São Domingos e foi provincial da Lombardia pelo espaço de dezoito anos, tendo feito sua celebridade a partir do texto que era originalmente em latim: Historia Lombardica Sanctorum. Daí viria o sucesso e a difusão. Mil manuscritos conservados, setenta e oitenta edições antes de 1500: dos séculos XII a XV, por exemplo, contaramse sete versões francesas, sendo inumeráveis as traduções, adaptações e versões ampliadas. Todo este mencionado universo comparece no Flos Sanctorum, que é o texto-base para o mundo luso-brasileiro na difusão da legenda e São Cipriano. É um livro muito popular no sertão. Câmara Cascudo, em seus estudos sobre a Literatura Oral, nos fala da presença atuante desse conjunto de narrativas na tradição popular nordestina. Trata-se de uma recolha de vidas de santos de acordo com suas datas, estabelecidas pela Igreja, e que teve sucessivas edições. Tudo isto é usado sempre na produção dos livros de São Cipriano, ora como texto, ora como menção obrigatória, dizendo-se : extraído do Flos ou Flor Sanctorum. Tive em mãos duas edições muito antigas. A primeira delas preparada pelo padre Pedro de Ribadeneyra, religioso da Companhia de Jesus, traduzida da língua castelhana (sic) e que traz no segundo volume a história de São Cipriano. Quanto a Pedro de Ribadeneyra 8, trata-se de um autor ascético espanhol e "magnífico prosista". Nasceu em 1526, em Toledo, morrendo em 1611 em Madri. Entrou na Companhia de Jesus, sendo o discípulo predileto de santo Inácio de Loyola, e em 1542 foi enviado a Paris para completar seus estudos.
Menciona-se entre as obras ascético-morais do autor o Libro de las Vidas de los Santos (Madri, 1599 e 1601) em duas partes, e que tudo indica seja o Flos Sanctorum. Vai-se percebendo como o núcleo narrativo de um livro como o de São Cipriano se engasta na tradição de vida de santos, da Legenda Dourada ao Flos Sanctorum, e que o eixo principal dessa narrativa se constrói em torno das idéias de martírio e conversão. Essas recolhas são tão oficiais no mundo ibérico que, entre as condenações impostas a "hereges" pelo Santo Ofício, está a obrigação, como indulgência, de ler diariamente o Flos Sanctorum. Ora, estes textos de pleno reconhecimento popular contêm ingredientes daquilo que se apontava como heresia, como é o caso de nossa história de São Cipriano, artes mágicas, pacto com o demo etc. Assim se remetia diretamente às heterodoxias difusas, aos aspectos mágicos pré-cristãos, e usava-se para combatê-los, curiosa e sutil ironia, o veneno do próprio corpo. Levemos em conta uma época, que revive agora e traz a voga de certos fenômenos, como, por exemplo, a proliferação de textos ligados ao ocultismo. O "culto" e o "popular" se aproximam, e creio que os séculos XVIII e XIX na Europa foram a grande sementeira desse convívio, que resultaria na produção de livros populares e semipopulares. A moda do ocultismo, por exemplo, teria sido reforçada pelas obras de um seminarista francês, Alphonse Louis Constant, nascido em 1810 e conhecido como Eliphas Lévi. Segundo Mircea Eliade9, ele seria o responsável pela criação do termo "ocultismo". Teria tido grande influência sobre a sua obra a leitura da Kabala Denudata de Christian Rosenroth, assim como as obras de Jacob Boheme, de Swedenborg, de Louis Claude de Saint-Martin (o filólogo desconhecido) e outros teósofos do século XVIII. Seus livros Dogma e Ritual da Alta Magia, A História da Magia e a Chave dos Grandes Mistérios conheceram um enorme sucesso. Os neo-ocultistas da geração seguinte fizeram grande conta de Eliphas Lévi, e o mais notável de seus discípulos, doutor Encausse, escrevia sob o pseudônimo de Papus10, tão presente em publicações nossas de hoje, da Editora Pensamento, no Brasil, por exemplo. Quando se está diante do conjunto aparentemente heteróclito e desarrazoado do Livro de São Cipriano, é preciso lembrar que nada daquilo foi simplesmente inventado. Não se trata de uma pura e simples forjação de temas, ao contrário, tudo tem aí sua profunda razão de ser. Neste "composto", para além de todas as "mancias", tem muita importância a astrologia, em todas as suas formas. Comparecem os tratados de ciência medieval, da mais diversa proveniência, as anatomias que obedecem a critérios próprios e mágicos, e ainda todos os repertórios de augúrios e adivinhações, as formas próprias para fazê-los, desde o uso de vísceras até o pó de café. Descrevendo o repertório destes livros, fala-nos ainda Pelayo de um caderno de "ligações e desligaduras" e das obras de Henrique Villena, entre as quais
se encontra um tratado de Aojamiento ou Fascinologia, dirigido em forma de carta a Juan Fernandes Valera. A chamada "alta magia" foi incorporando conhecimentos astronômicos e astrológicos, inclusive técnicas de adivinhação. A astrologia judiciária foi se confundindo com a magia cerimonial. Foi ocorrendo a incorporação da medicina, a luta contra a doença e contra a morte, a instituição de preces e de sacrifícios, noções provenientes da cabala hebraica, do simbolismo dos alquimistas etc. Já a chamada "baixa magia" faz menção a poderes infernais, aos demônios, aos espíritos maus, sendo que a força dos talismãs e amuletos é princípio de todas as práticas mágicas. Tudo isso, em seu complexo trânsito, vai se aglutinando e transmitindo nesses "compostos" que vão sendo editados, continuamente, e que têm o seu espaço em nossos meios populares. Localizá-los e desvendá-los será sempre um desafio que poderá trazer-nos o que nem somos capazes de suspeitar.
Sobre o corpus Em O Livro de São Cipriano: uma Legenda de Massas.São Paulo, Ed. Perspectiva,1993, apresento uma extensa bibliografia, que inclui indicações de um corpus desses livros e todas as indicações bibliográficas contidas neste artigo. Aí remeto a uma grande quantidade de livros de São Cipriano editados no Brasil e no México. Também para outros títulos conexos como : El Libro Infernal, Tratado Completo de las Ciencias Ocultas ... (nova edição ilustrada, s.d., 432 pp.). O Legítimo e Único Livro do Boi da Cara Preta; Livro do Touro Negro ou a Cara Negra (Rio de Janeiro, s.d., 228 pp.) e índice (Série São Cipriano). Note-se que não traz indicação de editora e diz-se trasladado em língua portuguesa e atualizado por Sirih Bakkatuyu, natural de Goa e Cavaleiro da Ordem de Belém (!). O Breviário de Nostradamus (São Paulo, Editora do Brasil, 1964, 231 pp.). O Verdadeiro Livro das Clavículas de Salomão (6a ed., Rio de Janeiro, Espiritualista, s.d., 104 pp.). O Livro Completo das Bruxas, por Schoked (São Paulo, Publicações Brasil, 239 pp.). Refere-se a direitos autorais e de tradução devidos ao Instituto Internacional de Ciências Ocultas do México. O Legítimo Livro da Cruz de Caravaca (Rio de Janeiro, Didática e Científica, s.d., 127 pp.). Los Grandes Secretos de Alberto el Grande (México, Nueva Xochitl, s.d., 207pp.).
Notes: noten01refnoten01ref 1 Cf. Paolo Carile, "Frammenti di un Discorso Storico-
Antropologico sulla Bibliotèque Bleue nel Seicento". In: La Bibliothèque Bleue nel Seicento; o della Letteratura per il popolo, com prefácio de Geneviève Bollème. Bari-Paris, Adriatica-Nizet, 1981, pp.67-90. noten02refnoten02ref 2 Cf.Ver nota 1. noten03refnoten03ref 3 Cf. Mikhail Bakhtine, La Cultura Popular en la Edad Media
y en el Renacimiento; el contexto de François Rabelais, Barcelona, Ed. Seix Barral, 1974. noten04refnoten04ref 4 Cf. E.M. Butler, The Myth of the Magus, Cambridge,
Cambridge University Press, 1948.
noten05refnoten05ref 5 Cf. Eliphas Lévi, Histoire de la Magie, Paris, Ed. de la
Masnie, 1986.
noten06refnoten06ref 6 Cf. M. Menéndez y Pelayo, Historia de los Heterodoxos
Españoles, Buenos Aires, Emecé, 19, t. III e V.
noten07refnoten07ref 7 Cf. Jacques de Voragine, La Légende Dorée, cronologia e
intridução de Pe. Hervé Savon, Paris, Garnier-Flammarion, 1967, 2 vols.
noten08refnoten08ref 8 Cf. Pedro de Ribadeneyra, "Confessiones, epistolae
aliaque scripta inédita", In: Monumenta Historica Societá Jesu, 1920, fasc. 306, 318. noten09refnoten09ref 9 Cf. Mircea Eliade, Occultisme, Sorcellerie et Modes
Culturelles, Paris, Gallimard, 1978.
noten10refnoten10ref 1 0 Cf. Papus, Tratado Elementar de Magia Prática, São
Paulo, Pensamento, s.d.
http://orbita.starmedia.com/~elijah11maquedes/ophir.html
SALOMÃO E AS TERRAS DE OPHIR OPHIR SERIA O BRASIL? mailto:
[email protected]
SALOMÃO
Brasil – A terra de Ophir
(Trechos extraídos de Arthur Franco em "A Idade das Luzes".) Se parece estranho o conhecimento de terras a Ocidente antes de Colombo, é por pura desinformação histórica. O historiador brasileiro Cândido Costa escreveu em 1900: "Diodoro de Sicília (90-21 ac) , 45 anos antes da Era Cristã, escreveu grande número de livros sobre os diversos povos do mundo; em seus escritos , designa claramente a América com o nome de ilha, porque ignorava sua extensão e configuração. Essa expressão de ilha é muitas vezes empregada por escritores da antigüidade para designarem um território qualquer. Assim vimos que Sileno chama ilhas a Europa, Ásia e África. Na narração de Diodoro, não é possível o engano quando descreve a ilha de que falamos: "Está distante da Líbia (ou seja, da África) muitos dias de navegação , e situada no Ocidente. Seu solo é fértil, de grande beleza e regado de rios navegáveis". Esta circunstância de rios navegáveis não se pode aplicar senão a um continente, pois nenhuma ilha do oceano tem rios navegáveis. Diodoro continua dizendo: "Ali, vêem –se casas suntuosamente construídas"; sabemos que a América possui belos edifícios em ruínas e da mais alta antigüidade. "A região montanhosa é coberta de arvoredos espessos e de árvores frutíferas de toda espécie. A caça fornece aos habitantes grande número de vários animais; enfim, o ar é de tal modo temperado que os frutos da árvores e outros produtos ali brotam em abundância durante quase todo o ano." Esta pintura do país e do clima por Diodoro se refere de todo o ponto à América equatorial. Este historiador conta depois como os Fenícios descobriram aquela região: "Os Fenícios tinham-se feito à vela para explorarem o litoral situado além das colunas de Hércules; e, enquanto costeavam a margem da Líbia (África) foram lançados por ventos violentos mui longe do oceano. Batidos pela tempestade por muitos dias, abordaram enfim na ilha de que falamos. Tendo conhecido a riqueza do solo, comunicaram sua descoberta a todo o mundo. Portanto os Tyrrhenios (outra tradução chamam aos Fenícios de Tyrios) Nota: os Fenícios são oriundos da Síria , poderosos no mar, quiseram também mandar uma colônia ; porém foram impedidos pelos Cartagineses, que receavam que um demasiado número de seus concidadãos , atraídos pelas belezas desta ilha, desertasse da praia." ("Cândido Costa , As Duas Américas, 1900 (pp.108 – 109, citado em Arthur Franco, A Idade das Luzes, Wodan, 1997, p. 113"). Esta descrição coincide com os relatos do que ocorreu com a frota de Cabral 2500 anos depois, desviada pelas mesmas correntes até o continente do Brasil. Na descrição mais completa do texto do historiador romano vemos com exatidão a descrição do continente americano há 2000 anos atrás: "No mais profundo da Líbia, há uma ilha de considerável tamanho que, situada como está no oceano, se acha a vários dias de viagem a oeste da Líbia. Seu solo é fértil pois, ainda que montanhosa, conta com uma grande planície. Percorrem-na rios navegáveis que se utilizam para a irrigação , e possui muitas plantações de árvores de todos os tipos e jardins em abundância, atravessados por correntes de água doce e também há mansões de dispendiosa construção, e nos jardins construíram-se refeitórios entre as flores. Ali passam o tempo seus habitantes durante o verão, já que a terra proporciona uma abundância de tudo quanto contribui para a felicidade e o luxo. A parte montanhosa da ilha está coberta de densos matagais de grande extensão e de árvores frutíferas de todas as classes, e para convidar os homens a viverem entre as montanhas. Há grande número de
acolhedores , vales e fontes. Em poucas palavras, esta ilha está bem provida de poços de água doce que não só se convertem num deleite para quem ali reside senão também para a saúde e vigor de seu corpo. Há igualmente excelente caça de animais ferozes e selvagens de todo o tipo e os habitantes, com toda essa caça para as suas festas, não carecem de nenhum luxo nem extravagancia. Pois o mar que banha as costas da ilha contém uma multidão de peixes , e o caráter do oceano é tal que tem em toda sua extensão peixes em abundância, de todas as classes. Falando em geral, o clima desta ilha é tão benigno que produz grande quantidade de frutos nas árvores e todos os demais frutos da estação durante a maior parte do ano, de modo que parece que a ilha, dada sua condição excepcional , é um lugar para uma raça divina , não humana. Na antigüidade , esta ilha estava descoberta devido à sua distância do mundo habitado, mas foi descoberta mais tarde pela seguinte razão: "Os fenícios comerciavam desde muito tempo com toda Líbia, , e muito o fizeram também com a parte Ocidental da Europa. E como suas aventuras resultaram exatamente de acordo com suas esperanças , acumularam uma grande fortuna e planejaram viajar além da coluna de Hércules, para o mar que os homens chamam oceano. E, em primeiro lugar , à saída do estreito, junto às colunas , fundaram uma cidade nas costas da Europa, e como a terra formava uma península chamaram à cidade Gadeira (Cádiz). Nelas construíram muitas obras adequadas à natureza da região , entre as quais se destacava um rico templo de Hércules (Melkarth), e ofereceram magníficos sacrifícios que eram conduzidos segundo o ritual fenício..."(p.114). Quanto ao porte dos navios para semelhantes viagens nessa época , as trirremes fenícias em nada deviam às caravelas de vinte cinco séculos mais tarde. Seu comprimento podia atingir de sessenta a setenta metros , comportando até cento e oitenta remadores e uma tripulação de duzentos a trezentos soldados. Pouco se comenta do esplendor das naus gregas ou romanas , mas não se pode negar que Erik, o vermelho , e seu filho, Leif Erikson, seguiram estes antigos passos até mesmo no estilo de seus Knerrir (transatlânticos) e Knorr (navios menores que comportavam as colônias ), no século X d.C. , vencendo mares tão perigosos como os do Atlântico norte para at6ingir a Vinland, na América. Segundo Cândido Costa, em sua obra de 1900: "Num escrito de Aristóteles (De Mirab. Auscult. Cap. 84) diz-se que foi o receio de ver os colonos sacudirem o jugo da metrópole cartaginesa e prejudicarem o comércio da mãe pátria que levou o senado de Cartago a decretar pena de morte contra quem tentasse navegar para esta ilha. Aristóteles descreve também uma região fértil, abundantemente regada e coberta de floresta, que fora descoberta pelos cartagineses além do Atlântico (p. 115) A participação ampla dos fenícios no conhecimento das terras ocidentais explica a grande participação dos judeus nas grandes navegações. Desde o tempo de Salomão, as casas de Hiram e do grande soberano judeu se uniu de tal forma que a construção do Templo de Jerusalém foi feita por arquitetos e pedreiros fenícios, e as misteriosas viagens para descobrir ouro e madeiras para a construção do templo foram feitos conjuntamente. Este vasto conhecimento dos judeus sobre a ciência da navegação não passou desapercebido por alguns soberanos à época da diaspora, especialmente D. Manuel. Em 1412 foi fundada a escola de Sagres, primeira academia portuguesa da navegação. Portugal, nesta época, tonara-se o último reduto dos judeus na Europa. A proteção concedida pelos soberanos portugueses aos judeus visava declaradamente atrair os largos conhecimentos hebreus nas matemáticas, na geografia e na astronomia, para calcar os grandes desenvolvimentos levados a cabo nas pesquisas náuticas para lançar Portugal como potência mundial. O conhecimento das terras do Brasil por Salomão e por Hiram (rei da Fenícia) , conforme a explanação feita por Cândido Costa , é difícil de ser refutada. Inscrições Fenícias na Bahia e Paraíba.
Entre 1000 aC a 700 aC, período da colonização fenícia no Ocidente, na direção de Cartago, Malta, Sardenha e Espanha. Vários documentos em pedra encontradas no Brasil e EUA, por exemplo, atestam a expansão Fenícia no Ocidente. No Brasil há registros como os feitos numa memória, do ano de 1753. Seu autor dá notícia de uma cidade abandonada no interior da Bahia, na qual constatou a existência de um palácio, inscrições, templo, colunas, aquedutos, ruas, arcos etc. As inscrições foram encontradas na cidade abandonada no interior da Bahia, de que trata o manuscrito existente na biblioteca pública do Rio de Janeiro. Em várias localizações da Américas encontram-se as mesmas inscrições. As inscrições no Estado da Paraíba, são constantes, de pedra lavrada, segundo Cândido Costa, foi submetida ao juízo do sábio orientalista francês Ernesto Renam, sendo por ele considerada de origem fenícia. Outros detalhes sobre a vinda dos semitas para o Ocidente no ano 2000 aC a 970 aC.
Assume Hiram, o grande rei de Tiro (970 – 936) , aliado de Davi e Salomão. Em 965 aC, Salomão assume o trono de Israel. No seu reinado um fato extraordinário originou concretamente a ligação perene que teria o Ocidente com os mistérios Bíblicos; a construção do Templo de Jerusalém. Salomão começou oficialmente , na linhagem bíblica, a arte da construção como grande arquiteto do templo. Sua ligação com a casa de Hiram , da Fenícia, abriu os caminhos para a vinda dos mistérios, séculos mais tarde, através da Ordem dos Construtores e da Franco Maçonaria. Curiosamente , tudo indica ter ido da América do Sul que saíram os materiais exóticos, necessários à construção do templo. Como se não bastasse o acesso físico dos materiais – ouro, pedras, madeiras, além de animais exóticos. Os fenícios foram os próprios construtores do templo, contratado por Salomão. Quanto ao conhecimento do continente americano, os antigos já davam notícias há muito tempo da existência desse continente , para o qual ocorreriam se lhes fosse facilitada a navegação. Tal como ocorreu no início do século XX com as grandes migrações de italianos e alemães para a América, a população que tinha notícia da existência deste paraíso terrestre facilmente se via tentada a emigrar das desoladas e assoladas regiões em que viviam. "David, quando morreu , deixou a Salomão para a construção do templo 7000 talentos de prata e 3000 de ouro de Ophir. O velho rei não possuía nenhum navio que navegasse nos mares exteriores. Recebia, pois , o ouro de Ophir pelo tráfico com os fenícios, os quais , segundo a Bíblia, conheciam todos os mares. Salomão, para por em execução seus grandes projetos, recorreu a Hiram. Chegou a interessá-lo nas suas empresas e a contratar com ele aliança sólida. O receio de excitar a susceptibilidade dos povos do Mediterrâneo foi sem dúvida o motivo que decidiu Salomão a construir em Esion-Gaber, no Mar Vermelho, os navios que destinava às viagens de Ophir (pois as colunas de Hércules estavam fechadas aos gregos pelos Cartagineses e o comércio para o Atlântico era muito vigiado". (Cândido Costa , op., cit., p. 113) Cândido Costa Prossegue sua explanação lembrando que Hiram enviou a Salomão Marinheiros experimentados. Como se verá mais tarde, a frota de Ophir nunca voltaria ao Mar Vermelho. Passando pelo Cabo africano, ela se reunira no oceano Atlântico com a frota de Hiram , que saíra do Mediterrâneo. Entre os trabalhos que tentam retirar o véu sobre a verdadeira identidade das ricas localidades bíblicas de Ophir, Parvaim e Tarschisch destacamos este do senhor Cândido Costa , publicado em 1900. Ele baseou-se no estudo filológico das antigas línguas européias e asiáticas , bem como a língua quichua ou dos Antis, do Peru , a qual ainda se falava, pelo menos em 1900, na Bacia superior do Rio Amazonas. "Nos Paralípomenos, liv. 2, cap. 3, v.6, conta-se que Salomão adornou sua casa com belas pedras preciosas, e que o ouro era de Parvaim (...) Parvaim é pronuncia alterada de Paruim. A terminação im nos dá o plural em hebráico; vem acrescentado a Paru porque efetivamente existem, na bacia superior de Amazonas, no território Oriental do Peru, dois
rios auríferos, um com o nome de Paru, outro com o de Apu-Paru, o rico Paru, e que unem suas águas para se confundirem no Ucuayli. Os dois rios Paru e Apu-Paru fazem , no plural Paru-im. Outro nome hebraico é o de um antigo império de nome Inin (crente ou de fé) , também no Peru. O rio Amazonas, desde a embocadura do Ucaially até a foz do Rio Negro, se chama ainda Solimões: não é nem mais nem menos que o nome viciado de Salomão, dado ao rio Amazonas pela frota do grande rei, que dela tomou posse, em hebraico Solima e em árabe Soliman. Os cronistas da conquista do rio das Amazonas contam que a oeste da província do Pará existia uma grande tribo como nome de Soliman, que era o do rio ; pois na América as correntes d’água tiram seus nomes das tribos que as habitam. Daí também os portugueses fizeram solimão por hábito de lingüística. Essa colônia fenícia teve uma duração temporária assaz longa, pois as viagens trienais dos navios de Salomão e de Hiram se renovaram várias vezes. Provavelmente não foi abandonada à própria sorte senão no reinado de Josaphat, rei de Judá , no tempo em que os cartagineses todo-poderosos não permitiam a nação alguma sair do mediterrâneo. Eis porque Josaphat quis mandar sair do Mar Vermelho para essas mesmas regiões uma frota equipada, conjuntamente com Ochozias, rei de Israel. Porém um temporal hediondo a destruiu completamente (p.116). "Passamos a Ophir, lugar tão celebrado por suas riquezas. Devemos lembrar aqui que filólogos acreditaram poder fazer que prevalecesse o nome de Abiria, por ter sido a Ophir da Bíblia. Todavia, levaremos em consideração os seguintes fatos : Primeiro, o nome da Abiria é a tradução latina do vocábulo grego sabeiria, tomado da geografia de Ptolomeu, livro 7, cap. 1. A licença do tradutor é tão grande quanto censurável. Em segundo lugar, sabeiria achava-se localizada na parte ocidental da Índia, Que chamavam Indo-Scitia. Porém é reconhecido que a Índia , mormente na parte Ocidental, nunca produziu ouro para o comércio; pelo contrário , os egípcios e os árabes ali o traziam , para o trocar por tecidos de lã e de algodão. Assim a hipótese de que sabeiria fosse o Ophir da Bíblia cai por si. Estevão Quatremere também não admite que Ophir tenha sido colocado no Golfo Arábico, na Arábia feliz, nem em parte alguma da Índia, Ceilão, Sumatra, Borneo ou ponto algum do extremo oriente, pela razão muito simples de que os navios de salomão e de Hiram gastavam 3 anos em cada viagem dessas. Porém Quatremere cai no próprio erro dos que combate, pois que coloca Ophir em Soplah , na costa oriental da África. Para fortalecer sua hipótese, Quatremere não hesita na escolha dos meios: assim é que, por não achar pavões na África, quer que os pássaros chamados Tulens na Bíblia sejam periquitos ou picotas". (Cândido Costa, op. Cit. p. 117) No cap I do livro I dos Reis , v.11, acha-se escrito Ophir em língua hebraica de dois modos Apir e Aypir, e no cap. 9 , v. 28 lê-se Aypira da Bíblia. Em resumo, nada se opõe que o Aypira da Bíblia tenha vindo do nome do rio Yapur: onde o Y significa água, ou seja, "água ou rio de Apir ou Ophir". Eis porque a região de Ophir é essa que atravessa o rio Yapurá. "A desaparição das frotas de Salomão e Hiram por 3 anos, a cada viagem que faziam, se acha agora explicada, pois elas estacionavam no rio que tinha o nome do Grande Rei. Se estas compridas estações, várias vezes repetidas, houvera sido feitas em qualquer ponto do antigo continente, a tradição ou a história não teriam deixado de no-la transmitir. As várias viagens trienais com exceção de uma só, não se referem a Ophir, pois todas se fizeram para Tarschisch. David recebia pelos fenícios o ouro de Ophir, e a frota construída no tempo de Salomão para o mesmo destino saiu do Mar Vermelho, onde nunca mais entrou. Fez sua junção no oceano Atlântico com a de Hiram, a qual saiu do Mediterrâneo; e ambas tomaram depois, da única viagem em que foram juntamente a Ophir, o nome da frota de Tarschisch (Alta Amazônia), segundo o texto hebraico, e o da frota da África, segundo o texto caldáico" (Cândido Costa p.120 a 124) (I Reis 9,10,11,22, Paralipomenos liv2, cap.9 v.21 v. 10,11. Segundo a Bíblia, "Salomão conhecia todas as sabedorias do Egito. Em 960 a.C., Salomão constrói o templo.
Patrocinados por Salomão, os fenícios se tornaram os primeiros dominantes do mar, abrindo agências comerciais por toda parte: Creta, Malta, Sicília, Cartago, Cádiz, Marselha, Inglaterra e Países Nórdicos. Salomão tornou-se o homem mais rico do mundo. Tinha 700 mulheres e 300 concubinas. Em 930 a.C. ocorreu a cisão dos reinos Judá e Israel. Foi um período de constantes lutas internas entre Judá e as tribos do Norte. A situação chegou a tal ponto que Jeroboam, BenNebat, seu filho, tentou um Golpe de Estado. Em 928 a.C. morre Salomão e assume Rehoboam, seu filho, que, por falta de tato político, fracassa o acordo com as tribos de Israel. Jeroboan refugia-se no Egito (Delta do Nilo), onde Sesonki o recebe na corte dando como esposa uma de suas filhas. O ambiente torna-se propício para o retorna de Jeroboam, apoiado pelo Faraó que retorna e é aclamado Rei de Israel. A Rehoboam fica as tribos de Judá e Benjamim, com as quais Rehoboam funda o Reino de Judá, tomando por capital, Jerusalém.
http://www.mab-iasd.org.br/entrevista1.html
Arqueologia Bíblica Dr. Lawrence Geraty A Igreja Adventista do Sétimo Dia possui um programa acadêmico na área de Arqueologia Bíblica desde 1930, iniciado pelo Dr. Lynn Wood. Ele e seu ex-aluno, o Dr. Siegfried Horn (ambos falecidos), realizaram escavações no Oriente Médio e publicaram relevantes pesquisas em órgãos especializados. Antes de aposentar-se da função de diretor do Programa de Doutorado em Arqueologia, da Universidade Andrews, o Dr. Horn convidou o Dr. Lawrence Thomas Geraty para continuar sua atividade tanto na Universidade como no campo de escavações arqueológicas na Jordânia (país ao leste do Rio Jordão). O Dr. Geraty é neto do primeiro missionário Adventista no Egito e filho de um professor que serviu na China e no Líbano. Aos 13 anos, foi batizado no Jordão pelo Dr. Horn. Doutorou-se em Arqueologia pela Universidade Harvard e lecionou durante 13 anos na Andrews. Atualmente, aos 56 anos, é o presidente da Universidade Adventista de La Sierra, na Califórnia, além de continuar supervisionando escavações na Jordânia. Ele fez várias descobertas interessantes, entre as quais, o único túmulo com uma pedra rolante da época de Cristo. Nesta entrevista, concedida a Paulo Pinheiro, o Dr. Geraty fala de alguns benefícios que as descobertas arqueológicas legaram aos estudantes da Bíblia. REVISTA ADVENTISTA: Porque o interesse da Igreja por arqueologia? DR. GERATY: Sempre somos beneficiados com os descobrimentos arqueológicos. E alguns dos nossos pioneiros participaram dessas descobertas. Logo deixamos de ser apenas consumidores, tornando-nos também produtores de materiais para pesquisas. Os adventistas são conhecidos mundialmente por causa de sua contribuição na área da Arqueologia Bíblica. REVISTA ADVENTISTA: Como a arqueologia nos ajuda a confirmar a crença na Bíblia? DR. GERATY: Sempre existiram, em todas as épocas, descobertas relacionadas com a Bíblia. Elas aumentam a fé dos crentes e reforçam o ponto de vista de que a Bíblia é um livro histórico. REVISTA ADVENTISTA: Quais foram as descobertas que mais causaram benefícios para os estudantes da Bíblia? DR. GERATY: Sem dúvida, as descobertas dos rolos do Mar Morto. Esse achado confirmou a crença de que os escritos da Bíblia são exatos, conforme ficaram copiados através dos séculos, a partir de uma época anterior ao primeiro advento de Cristo. Outras descobertas têm nos ensinado a respeito de costumes nos tempos bíblicos. Alguns nomes específicos e doutrinas mencionados na Bíblia, também foram identificados por meio dessas pesquisas. REVISTA ADVENTISTA: Por que algumas partes dos Manuscritos do Mar Morto ainda não foram traduzidas? DR. GERATY: Os rolos que estão completos já foram publicados, como os dois rolos com os manuscritos do profeta lsaías e parte de todos os livros do Velho Testamento, excetuando-se o livro de Ester. A única porção ainda não publicada são fragmentos de textos, que são difíceis de serem interpretados. Os eruditos estão idosos e muitas
pessoas ficam aborrecidas porque o trabalho de interpretação tem sido vagaroso. Porém, esses fragmentos estão sendo transferidos para profissionais mais jovens, e esperamos que nos próximos anos todos eles sejam publicados. Existe a expectativa de que os resultados trarão novidades animadoras. REVISTA ADVENTISTA: De que época são os mais antigos manuscritos da Bíblia? DR. GERATY: São do ano 32 a.C., os do Velho Testamento. Os do Novo Testamento datão do ano 22 d.C. REVISTA ADVENTISTA: Esses textos correspondem à Bíblia de hoje? DR. GERATY: Não há diferenças teológicas ou históricas. Correspondem exatamente. REVISTA ADVENTISTA: A arqueologia sugere uma idade para o início da civilização? DR. GERATY: Possivelmente o início da civilização ocorreu 5 mil anos atrás, quando começou a urbanização, a especialização de certos trabalhos e a invenção da escrita. REVISTA ADVENTISTA: Houve naquela época algo de nosso interesse? DR. GERATY: Nos escritos dos sumérios, povo que viveu há 5 mil anos, a palavra sábado está relacionada com o sábado de descanso, no caso deles isso se refere a um dia de descanso mensal. Na língua dos sumérios, sábado significa "o descanso do coração". A cada sete dias eles tinham um dia do mal, que não chamavam de sábado. REVISTA ADVENTISTA: Fale mais a respeito da menção do sábado fora da Bíblia. DR. GERATY: Os eruditos dizem que o sábado foi trazido pelos israelitas do cativeiro em Babilônia, mas há evidências arqueológicas de que os judeus guardavam o sábado na Palestina antes desse cativeiro. Conforme já disse, na Mesopotâmia, em tempos primitivos, a palavra sábado existia e havia certos dias em seqüência de sete, relacionados com o mês e não com semanas. Isso sugere que existiam sábados de uma forma parecida com o sábado hebreu, mas não exatamente igual. O número sete era muito popular nos países do Oriente Médio, mas os judeus foram os únicos que o mantiveram como um dia sagrado. Existem também evidências de que os cristãos continuaram observando o sábado até o terceiro e quarto séculos da Era Cristã. REVISTA ADVENTISTA: Que explicação o senhor tem a dar sobre a preservação do sábado como o sétimo dia? DR. GERATY: Deus deu o sábado ao Seu povo na semana da criação, primeiro com Adão e Eva. Cremos que Deus sempre manteve pessoas fiéis desde a criação. E os judeus nunca tiveram dúvidas de que o sábado é um dia sagrado. Hoje, embora existam diferenças nos calendários referentes aos anos ou meses, não há desentendimento em relação aos dias da semana. REVISTA ADVENTISTA: Existem achados arqueológicos referentes à igreja primitiva? DR. GERATY: Não muitos, porque os cristãos eram pobres e não ocupavam lugares preferenciais na sociedade. Mesmo assim, foram encontrados túmulos de cristãos, reconhecidos pelos símbolos da cruz, do peixe ou de um barco; e ruínas de casas que foram usadas como igrejas. A maior referência da existência da igreja nos primeiros séculos vem dos registros deixados pelos pais da igreja. REVISTA ADVENTISTA: A idade dos antediluvianos foi cronometrada pela Bíblia dentro dos critérios atuais? DR. GERATY: Não temos os ossos para submetê-los a qualquer tipo de análise. Acredito que realmente a idade dos patriarcas chegou a ser em torno de mil anos. É evidente que foi uma era de ouro. As pessoas tinham uma vida muito saudável e feliz. Porém, depois do dilúvio, tornou-se mais difícil viver na face da Terra, e a média de duração da vida dos patriarcas caiu para 100 anos. REVISTA ADVENTISTA: Algum tempo atrás a imprensa publicou a descoberta da Arca de Noé. DR. GERATY: Há exploradores que vão ao Monte Ararate e tiram fotografias de objetos que atiçam a curiosidade. Também existem muitas histórias e rumores sobre a descoberta da Arca de Noé. Acho que nada disso tem procedência séria e não merece credibilidade. Através de métodos de datação, a ciência tem indicado que restos de uma suposta embarcação encontrada no Ararate remontam ao Período Bizantino, século VI d.C. Uma era nada antiga em relação ao tempo de Noé. REVISTA ADVENTISTA: Existem ruínas da Torre de Babel? DR. GERATY: Só as bases da fundação. Aparentemente uma parte da Torre resistiu até à época de Alexandre Magno. Quando ele chegou ao local, decidiu que iria reconstruir a Torre. Os seus homens cavaram e retiraram as ruínas, começando a preparação de um novo edifício. No entanto, Alexandre morreu nesse intervalo. Se agora visitarmos a região de Babilônia, no lraque, encontraremos o buraco no qual a Torre existiu.
REVISTA ADVENTISTA: Qual foi o faraó do Êxodo: Ramsés II ou Tutmés III? DR. GERATY: Na minha opinião foi Tutmés Ill, que morreu em 1450 a.C. A data de sua morte confere com a cronologia bíblica. REVISTA ADVENTISTA: Mas existe a múmia de Tutmés III, atualmente no Museu do Cairo. DR. GERATY: Sim, existe; mas está comprovado que ela não é a múmia de Tutmés 111. Talvez seja de seu pai ou de seu filho. Pode ser uma múmia substituta que colocaram no lugar do seu túmulo, pois o faraó Tutmés 111 morreu no Mar Vermelho. REVISTA ADVENTISTA: Como chegaram a essa conclusão? DR. GERATY: Através de exames de Raios X nos ossos da múmia. REVISTA ADVENTISTA: Por que os arqueólogos não encontraram ruínas dos muros de Jericó? DR. GERATY: Porque depois da destruição dos muros por Josué, a cidade de Jericó ficou ao relento, sujeita às intempéries da Natureza por cerca de 500 anos. A camada mais elevada daquela civilização foi totalmente destruída por erosões, por isso não é possível encontrar remanescentes daquela época. Os arqueólogos encontraram apenas ruínas de túmulos. REVISTA ADVENTISTA: Onde está a Arca do Concerto? DR. GERATY: O único texto antigo que trata do assunto encontra-se no Segundo Livro dos Macabeus. O Primeiro Livro de Macabeus é considerado uma boa fonte histórica, mas o segundo é pouco confiável e, infelizmente, é ele que afirma que Jeremias e seus homens enterraram a Arca no Monte Nebo. Alguns eruditos dizem que eles não tiveram tempo para transpor o Rio Jordão, e acham que poderia ter sido escondida no monte em que estava o templo de Salomão. Nesse lugar havia várias cavernas. A verdade é que ela desapareceu durante a destruição de Jerusalém e não sabemos onde ficou. Seria um fato maravilhoso se pudéssemos, com a providência divina, localizá-la.