conjugação a partir dos desdobramentos da militância pedagógica na educação fundamental e na direção da subsede de Belo Horizonte, vinculada ao Sind-UTE.1 Em 1993, o Partido dos Trabalhadores assumiu a prefeitura de Belo Horizonte, e o prefeito Patrus Ananias nomeou Miguel Arroyo como secretário adjunto na pasta da Educação. E uma aproximação mais pessoal se iniciou com nosso ingresso para a gestão pública municipal no ano seguinte ao que se implantara o Programa Escola Plural. É necessário dizer que a rede municipal de ensino de Belo Horizonte, assim como outras redes de ensino, já havia, nos anos anteriores, efetivado uma série de medidas cujo intuito era a elaboração de um projeto-políticopedagógico (PPP) da escola, capaz de aprofundar a democratização da gestão das unidades escolares, rompendo, assim, com o clientelismo e incentivando, via horizontalização das tomadas de decisão, um uso coletivo dos insumos pelos profissionais da educação. Eles utilizariam um tempo remunerado no horário de trabalho para elaboração de projetos por disciplina ou por necessidade pedagógica a ser implementados com os alunos, com o intuito de voltar a escola para os interesses das camadas populares. A instituição do tempo de planejamento remunerado foi uma conquista encampada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e, na rede municipal de ensino de Belo Horizonte, foi incorporada no processo de trabalho coletivo das escolas. Em certa medida, os princípios da crítica social dos conteúdos estavam presentes nos PPPs, em que se buscava superar o fracasso escolar dos filhos das classes populares lastreado pelas práticas pedagógicas arraigadas nas lógicas de transmissão de conteúdos livrescos. Os projetos elaborados pelos profissionais buscavam, nesse sentido, aproximar os conteúdos das vivências sociais dos alunos – e muitas experiências inovadoras se deram. Apesar dos avanços, as propostas não conseguiam vencer os já conhecidos índices de abandono e repetência, que materializavam o fracasso da escola em educar essas crianças e esses jovens. Por um lado, a rede municipal de ensino de Belo Horizonte tinha nos últimos anos sofrido uma forte expansão de sua rede física e do número de vagas para atender uma demanda reprimida por escolaridade; por outro lado, foi constituído um quadro de profissionais cuja composição que seguia as exigências legais de formação inicial e de formação em serviço após a 1
Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação, denominação adotada pela organização dos trabalhadores em educação a partir da do Congresso de Unificação de 1991.
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