GUIA TÉCNICO
Restauração ecológica com
SISTEMAS AGROFLORESTAIS
COMO CONCILIAR CONSERVAÇÃO COM PRODUÇÃO
Opções para Cerrado e Caatinga Andrew Miccolis Fabiana Mongeli Peneireiro Henrique Rodrigues Marques Daniel Luis Mascia Vieira Marcelo Franc ia Arco-Verde Maurício Rigon Hoffmann Tatiana Rehder Abilio Vinicius Barbosa Pereira
Andrew Miccolis Fabiana Mongeli Peneireiro Henrique Rodrigues Marques Daniel Luis Mascia Vieira Marcelo Fran cia Arco-Verde Maurício Rigon Hoffmann Tatiana Rehder Abilio Vinicius Barbosa Pereira
GUIA TÉCNICO
Restauração ecológica com
SISTEMA SIST EMASS AGROFL AGROF LORES ORESTTAIS
Como conciliar conservação com produção OPÇÕES PARA CERRADO E CAATINGA
ICRAF BRASILIA 2016
REALIZAÇÃO
PARCERIA
FINANCIAMENTO
Restarao Ecolica com Sistemas Aroorestais: como conciliar conservao com prodo. Opões para Cerrado e Caatina / Andrew Miccolis ... [et al.]. Braslia: Bras lia: Institto Sociedade, Poplao e Natrea – ISPN/Centro Internacional de Pesisa Aororestal – ICRAF, ICRAF, 2016. 266 p.: il.: color. 26,5 cm x 18,5 cm. ISBN: 978-85-63288-18-9 1. Sistemas Aroorestais. 2. Restarao Ecolica. 3. Cerrado. 4. Caatina. 5. Cdio Florestal. 6.Aricltra 6.Ari cltra Familiar. I. Miccolis, Andrew. II. Peneireiro, Fabiana Moneli. III. Mares, Henr ie Rodries. IV. Vieira, Daniel Lis Mascia. V. ArcoVerde, Marcelo Marcelo Francia. VI. Homann, Marcio Rion. VII. Rehder, Tatiana. Tatiana. VIII. Pereira, Abilio Vinicis Barbosa. IX. Ttlo.
Esta publicação é resultado de uma parceria entre IUCN e ICRAF financiada pelo Projeto KNOWFOR (“Melhorando como o conhecimento sobre florestas é compreendido e utilizado internacionalmente”) por meio de uma doação concedida ao IUCN. KNOWFOR é financiado pela UK Aid do Governo do Reino Unido. A realização da publicação foi coordenada pelo ICRAF Brasil em parceria com a Embrapa, o Instituto Sociedade População e Natureza – ISPN, no âmbito do Programa de Pequenos Projetos Eco-sociais – PPP ECOS/GEF/PNUD e a União Internacional Internacional para a Conservação da Natureza – UICN. Este projeto conta, ainda, com apoio dos doadores do Programa de Florestas Árvores e Agroflorestas [Forests Trees and Agroforestry] – FTA do CGIAR –http://www.cgiar.org/who-we-are/cgiar-fund/fund-donors-2/.
As opiniões expressas nessa publicação são exclusivament exclusivamentee dos autores e não refletem necessariamente necessariamente a visão do ICRAF nem tampouco a das outras instituições parceiras e apoiadoras.
RESUMO Este liro tem como principal objeo orientar a adoo de sistemas agroorestais (SAFs) na restaurao e recuperao de áreas alteradas e degradadas por meio de estratégias que conciliem a conserao com benecios sociais. Sua construo foi fruto de um processo parcipao e de pesquisa enolendo técnicos, agricultores, pes quisadores, formuladores de polcas e pracantes nos temas da restaurao e SAFs. Primeiro, foram analisadas as normas que regem o uso de SAFs em áreas de proteo ambiental (Áreas de Preserao Per manente – APPs e Reseras Legais – RLs) a m de esclarecer, para técnicos, agricultores e formuladores de polcas, suas implicaes prácas no campo. Uma ampla reiso da literatura analisou a iabilidade de SAFs e sistemas mais adequados para cumprir com os objeos ecolgicos e sociais da restaurao. Em maio de 2015, no seminário parcipao “Conserao com Agroorestas: caminos para restaurao na agricultura familiar” familiar ”, 70 parcipantes elaboraram princpios e critérios para conciliar concilia r conserao com produo e sistemaaram 19 eperincias de SAFs a m de etrair lies para replicao de boas prácas. Foram isitadas 16 famlias de agricultores inoadores, que troueram eemplos de sistemas e prácas de manejo promissores, e realiadas consultas a especia listas. Com base neste conjunto de subsdios, propomos recomendaes para superar os desaos dos SAFs e regulamentar a implementao do noo cdigo orestal, bem como metodologia de diagnsco socioambiental e planejamento de SAFs moldados às aspiraes e condies da famlia e do ambiente que ela ocupa. Para alguns dos contetos mais comuns, como pastagens degradadas a áreas de egetao naa em regenerao, apresentamos 11 opes agroorestais que podem ser adaptadas de acordo com as especicidades da proprieda de. Dentre as espécies recomendadas para estas opes, 19 espécies-cae para recuperao de áreas degradadas so descritas detaladamente e 130 espécies consideradas importantes para restaurao com SAFs compem uma tabela geral de atributos funcionais. Por m, apresentamos orientaes técnicas sobre as normas que regem APPs e RLs, destacando obrigaes de conserao e recuperao e o papel de SAFs nestes contetos. Embora este liro seja focado nos biomas Cerrado e Caanga, a metodologia de diagnsco socioambiental, os princpios e critérios para seleo de espécies e deseno de sistemas, assim como as técnicas de implantao e manejo, podem ser aplicados em outras regies.
5
RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA COM SISTEMAS AGROFLORESTAIS COMO CONCILIAR CONSERVAÇÃO COM PRODUÇÃO – Opões para Cerrado e Caatina AUTORES Andrew Miccolis – ICRAF – Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal Fabiana Mongeli Peneireiro – Mutirão Agroflorestal Henrique Rodrigues Marques – ISSA– Instituto Salvia de Soluções Socioambientais Daniel Mascia Vieira – Embrapa Cenargen – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Recursos Genéticos e Biotecnologia Marcelo Francia Arco-Ver Arco-Verde de – Embrapa Florestas – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Maurício Rigon Hoffmann – Inkóra Florestal Tatiana Rehder – ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Abilio Vinicius Barbosa Pereira Pereira – WWF Brasil COORDENAÇÃO GERAL Andrew Miccolis REVISORES Alexandre Bonesso Sampaio – Centro para Estudo e Conservação do Cerrado e Caatinga/Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – CECAT/ICMBIO Clarissa Aguiar – Serviço Florestal Brasileiro – SF B Eduardo Malta Campos Filho – Instituto Socioambiental – ISA Graciema Rangel Pinagé – Serviço Florestal Brasileiro – SFB Isabel Benedetti Figueiredo Figueiredo – Instituto Sociedade População e Natureza – ISPN Janaina de Almeida Rocha – Serviço Florestal Brasileiro – SFB José Felipe Ribeiro – Embrapa Cerrados– Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Lidiane Moretto Moretto – Serviço Florestal Brasileiro – S FB Patrícia Pereira Vaz da Silva – Mutirão Agroflorestal Rebecca de Araujo Fiore – Serviço Florestal Brasileiro – SFB Rubens Benini – Instituto de Conservação Ambiental The Nature Conservancy do Brasil – TNC Brasil Rubens Ramos Mendonça – Serviço Florestal Brasileiro – S FB AgRICuLTORES E TéCNICOS VISITADOS: AgRICuLTORES Iara e Erivaldo – Comunidade Serra dos Campos Novos – Uauá – BA Francisco Antônio de Sousa (Técnico/agricultor) – Viçosa do Ceará – CE Nelson Mandela (Técnico), (Técnico), José da Silva Reis, Cleber de Jesus Brito e Elton Simões da Silva – EFASE. Lagoa do Pimentel e Lagoa da Capivara – Monte Santo – BA Leôncio de Andrade – Comunidade Lagoa do Saco – Monte S anto – BA Antônio Braga Mota e Bueno do Missi – Irauçuba – CE Ernaldo Espedito de Sá e Maria Marleide de Souza – Comunidade Letreiro Letreiro – Distrito de Juá dos Vieiras – Tianguá – CE Moacir Santos (Técnico)– IRPAA – Juazeiro – BA Gilberto dos Santos – Comunidade Pau ferro ferro – Curaçá – BA Antônio José Sousa de Moraes – Distrito de Juá dos Vieiras – Viçosa do Ceará – CE Alberto Cardoso dos Santos – Comunidade Salgado – Monte Santo – BA Juã Pereira – Sítio Semente – DF Marcelino Barberato Barberato – Sítio Gerânium – DF Ginercina de Oliveira Silva – AMERA – Barro Alto – GO ASSISTENTES DE PESquISA PARA SISTEMATIzAçãO SISTEMATIzAçãO DE EXPERIêNCIAS: Artur de Paula Sousa, Carolina Guyot, Ana Elena Muler DESIGN GRÁFICO Capa e Projeto Gráfico: Wagner Soares Diagramação: Guilherme Werner, Wagner Soares e Wagner Ulisses CROQUIS Guilherme Werner ILUSTRAÇÕES Zoltar Design e Patrícia Yamamoto Yamamoto
AGRADECIMENTOS
Agradecemos todos que contribuíram para a construção dos princípios e critérios que formam os alicerces deste livro,
incluindo 70 parcipantes do se minário Conservação com Agro-
orestas, realizado em Brasília em maio de 2015, e agricultores experimentadores que nos receberam nas visitas de campo, além de técnicos e consultores. Gostaríamos de ressaltar a contribuição e obra
de Ernst Götsch, cujas pesquisas e prácas inovadoras ao longo dos úlmos 30 anos permiram o desenvolvimento e a disseminação dos sistemas agroorestais sucessionais citados aqui, inuenciando gerações de técnicos e agri cultores em diversas regiões do país. Agradecemos ao Juã Pereira e a Carolina Guyot que sistemazaram o estudo de caso do Sío Semente, DF, que inspirou a Opção 1. Estendemos também nossa gradão ao Miguel Calmon e Chetan Kumar da UICN pela coordenação geral do projeto KnowForFLR (Gestão de Conhecimento para a Restauração Florestal e de Paisagens), pela
estreita colaboração neste projeto e importantes sugestões às primeiras versões deste livro. Somos gratos ao Instuto Sociedade População e Natureza – ISPN pelo seu papel primordial como parceiro deste projeto e por trazer a este livro experiências exitosas e inovadoras a parr da sua rede de agriculto res familiares beneciários do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais – PPP-ECOS, que conta com apoio do GEF/PNUD. Agradecemos, ainda, os reviso res, que leram as primeiras versões e deram valiosas contribuições para o seu aprimoramento. Agradecemos também ao Instuto Salvia – ISSA, Renata Marson Teixeira de Andrade e ao Murão Agroorestal pelo seu importante apoio e parcipação em diferentes momentos da elaboração do livro. Por m, gostaríamos de reconhecer o DFID – Ministério para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido pelo apoio nanceiro a este projeto e ao Programa Forest Trees and Agro forestry – FTA do CGIAR pelo apoio aos esforços do ICRAF – Centro Internacional de Pesquisa Agroorestal.
7
SUMÁRIO PARTE 1 DIAGNÓSTICO, DESENHO E IMPLANTAÇÃO DE SAFs EM DIFERENTES CONTEXTOS ..................10 INTRODUçãO ................................................................................................................................ 12 1. CONTExTO: O CERRADO E A CAATINGA .................................................................................... 16 2. SISTEMAS AGROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS ............................. 22 2.1 O que so sistemas agroflorestais (SAFs)? .......................................................................... 22 2.2 O que se entende por restaurao ecolgica? .................................................................... 25 2.3 SAFs para restaurao e conserao ................................................................................. 27 2.4 Benefcios dos SAF s ............................................................................................................. 29 2.5 Desafios para o sucesso dos SAFs no Cerrado e na Caatinga .............................................. 43 2.6 Aprendiados e recomendaes para superar desafios dos SAF s ....................................... 47 2.7 Princpios e critérios para conciliar funes sociais e ecolgicas nos SAF s ......................... 49 3. COMO FAzER SISTEMAS AGROFLORESTAIS PARA RESTAURAçãO ............................................ 52 3.1 Entender o conteto: diagnstico socioambiental participatio ......................................... 52 3.1.1 Ferramentas para o diagnstico participatio .............................................................. 53 3.1.2 Conteúdos do diagnstico ............................................................................................ 54 3.2 Tomada de deciso no nel da paisagem ........................................................................... 62 4. PLANEJAMENTO E DESENhO DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS .............................................. 64 4.1 Seleo e planejamento da área: localiao na paisagem e elementos do deseno ........ 67 4.2 Seleo de espécies ............................................................................................................. 73 4.3 Planejamento econômico.................................................................................................... 82 4.3.1 Passos no planejamento financeiro de empreendimentos agroflorestais ..................... 82 4.3.2 Planejamento do arranjo agroflorestal .......................................................................... 86 4.3.3 Análise financeira........................................................................................................... 87 4.3.4 Análise integrada dos indicadores financeiros ............................................................... 92 4.4 Implantao ......................................................................................................................... 96 4.4.1 Preparo: materiais, ferramentas e mo de obra ............................................................ 97 4.4.2 Métodos para estabelecimento de SAF s ...................................................................... 100 4.5 Manejo: como faer? ......................................................................................................... 111 4.5.1 Técnicas de manejo .................................................................................................... 111 4.5.2 Manejo de poda .......................................................................................................... 113 4.5.3 Dicas para o manejo de poda ..................................................................................... 115 4.5.4 Tipos de podas ............................................................................................................ 118 4.5.5 Orientaes para o manejo ........................................................................................ 122 5. OPçõES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTExTOS ................................................................... 124 5.1 SAFs no Cerrado e na Caatinga: aprendendo com eperincias eistentes ...................... 124 5.2 Opes de SAFs oltadas para diferentes contetos ......................................................... 126 OPçãO 1: Agrofloresta sucessional para o Cerrado com manejo intensio ............................ 127 OPçãO 2: Agrofloresta biodiersa para restaurao de APP .................................................. 134 OPçãO 3: Agroflorestas em faias intercaladas com enriquecimento do Cerrado ................. 139 OPçãO 4: Enriquecimento e manejo de capoeiras (regenerao natural) com Agrofloresta . 143 OPçãO 5: Agroflorestas para restaurao de áreas degradadas com espécies adubadeiras . 147 OPçãO 6: Restaurao em áreas de declie do Cerrado com Agroflorestas .......................... 154 OPçãO 7: Agroflorestas para restaurao de áreas de declie ou de Resera Legal na Caatinga.......158
OPçãO 8: SAF forrageiro para a Caatinga ............................................................................... 163 OPçãO 9: Restaurao de áreas degradadas na Caatinga com agroflorestas......................... 170 OPçãO 10: Proteo e restaurao de nascentes com Agroflorestas ..................................... 176 OPçãO 11: Quintais agroflorestais .......................................................................................... 179 5.3 Implantao das opes: passo-a-passo em diferentes contetos ................................... 182 5.4 Espécies-cae para recuperao de áreas degradadas ................................................... 186 Algaroba – Prosopisjuliflora ................................................................................................. 187 Leucena – Leucaenaleucocephala ....................................................................................... 189 Feijo guandu – Cajanuscajan ............................................................................................. 191 Palma forrageira – Opuntiafícus-indica ............................................................................... 193 Mandacaru – Cereusjamacaru ............................................................................................ 195 Sisal - Agavesisalana ........................................................................................................... 197 Sabiá ou sanso do campo – Mimosacaesalpiniaefolia ....................................................... 198 Gliricdia – Gliricidiasepium ................................................................................................. 200 Umbu – Spondiastuberosa .................................................................................................. 202 Cajá – Spondiasmombin ...................................................................................................... 204 Margarido – Tithoniadiversifolia........................................................................................ 205 Ingá – Ingaspp. .................................................................................................................... 207 Mutamba – Guazumaulmifolia ........................................................................................... 209 Banana – Musaspp. ............................................................................................................ 211 Urucum – Bixaorellana ........................................................................................................ 212 Eucalipto – Eucalyptusspp. ................................................................................................. 214 Capim mombaa – Panicummaximum ................................................................................ 218 Capim andropogon – Andropogongayanus ......................................................................... 219 Capim elefante – Pennisetumpurpureumcv.Napier .......................................................... 221 PARTE 2 REGRAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL .................................................... 232 6. ÁREAS DE CONSERvAçãO E SAF s NA LEGISLAçãO ................................................................. 234 6.1 Qual a importância da APP e RL?....................................................................................... 236 6.2 O que mudou na lei para os agricultores familiares? ........................................................ 238 6.3 Recomendaes para regulamentao da Lei Florestal no Brasil ..................................... 240 6.4 Quais áreas deem ser protegidas?................................................................................... 244 6.4.1 Proteo em áreas de preserao permanente – APP ................................................. 244 6.4.2 Proteo na Resera Legal – RL ...................................................................................... 251 6.5 Quais áreas deero ser recuperadas?.............................................................................. 254 6.5.1 Restaurao em áreas consolidadas nas faias de APP .................................................. 255 6.6 O que di a lei sobre SAFs para restaurao das APPs? ..................................................... 257 6.7 Restaurao, uso e manuteno da Resera Legal com agroflorestas .............................. 259
REFERêNCIAS CITADAS - PARA SABER MAIS................................................................................ 261
PARTE 1 DIAgNóSTICO, DESENHO E IMPLANTAçãO Foto: Fabiana Peneireiro
10
1
E T R A P
DE SAFS EM DIFERENTES CONTEXTOS Foto: Daniel vieira
11
INTRODUÇÃO O mundo está enfrentando uma crise ambiental sem precedentes. Em diersas regies, as formas de uso do solo pracadas ao longo dos úlmos séculos degradaram os recursos naturais e agraaram a ulnerabilidade social.
No meio rural, o desmatamento e as aidades agropecuárias pracadas de forma predatria m causando eno de espécies de plantas e ani mais, reduo da quandade e quali dade de água disponel, aumento de temperatura, mudanas no regime de cuas, diminuio da produidade agrcola, eroso do solo e até mesmo a desercao de etensas áreas. Tal degradao ameaa inclusie a prpria permanncia dos seres umanos nestas regies, faendo com que po pulaes rurais se desloquem para as cidades à procura de emprego, o que agraa os problemas sociais, econô micos, ambientais e inclusie culturais com a perda da idendade campone sa, gerando um ciclo icioso. Ao mesmo tempo, agricultores, téc nicos e cienstas m desenolendo e pracando formas de produo que buscam reerter o processo de degradao. Em muitas situaes a prpria naturea é capa de recuperar áreas alteradas. Todaia, o ser umano pode acelerar a restaurao destas
12
áreas, cuidando dos solos e das águas, introduindo e manejando espécies egetais e animais que dicilmente se estabeleceriam soinas naquela situ ao. Além disso, as comunidades rurais, poos indgenas e comunidades tradicionais podem obter benecios diretos da egetao natural, quando bem manejada, sem necessariamente gerar degradao. Assim, essa estratégia pode desempenar papel fun damental na manuteno das funes ecossistmicas dos ambientes, os ca mados serios ambientais, incluindo a regulao do ciclo de água, adaptao a mudanas climácas, controle de eroso e ciclagem de nutrientes. Da mesma forma, áreas em processo de restaurao podem desempenar funes socioambientais importantes, como: segurana e soberania alimentar e também nutricional; gerao de renda; aumento da qualidade de ida; e manuteno dos recursos dricos, do equilbrio climáco e da biodier sidade, dentre outras. Ao iabiliar a restaurao ecolgica com os meios de ida, os agricultores deiam de ser
INTRODUÇÃO
agentes que geram o problema e pas sam a ser agentes que traem a soluo. Apesar do crescente reconecimento quanto à importância do enolimen to do ser umano para a sustentabilidade dos processos de restaurao ecolgica, ou seja, conserao, muitas iniciaas de “restaurao de áreas degradadas” ou de “recomposio da egetao naa” no leam em conta as necessidades e potencialida des das pessoas e comunidades que ocupam aquelas terras. Em ista dos altos custos e falta de retorno nan ceiro de projetos de restaurao com métodos conencionais, é preciso en contrar formas de restaurao mais ecientes e que considerem as pessoas que abitam e portanto atuam sobre a paisagem, de forma a enol-las permanentemente na conserao e manejo dos recursos naturais. Os sistemas agroorestais (SAFs) traem diersas oportunidades para incluir o ser umano nos processos de restaurao das áreas alteradas e, ao mesmo tempo, incorporar árores nas paisagens agrcolas. O principal objeo desta publicao é orientar técnicos, agricultores e for muladores de polcas a desenoler e esmular o uso de sistemas e prácas que consigam conciliar a produ o de alimentos com os bens e seri os ambientais por meio de sistemas agroorestais. Este liro procura inclusie subsidiar aes de restaurao
com SAFs em áreas de conserao ambiental (Áreas de Preserao Permanente - APP e Resera Legal - RL) no conteto da agricultura familiar. No entanto, os princpios e as técnicas discudas neste liro também podem e deem ser adotados nas áreas de produo agrcola em geral. A m de alcanar seus objeos, recomendamos que esta publicao seja disseminada junto a agricultores, téc nicos e rgos de assistncia técnica e etenso rural, fomento, crédito agro pecuário, capacitao, scaliao e gesto ambiental, e que suas orien taes sejam discudas, adequadas e internaliadas junto aos formuladores de polcas públicas em nel nacional e estadual. As orientaes técnicas apresentadas aqui so oltadas principalmente para o conteto de agricultores familiares, no entanto, cabe ressaltar que as di ersas técnicas e opes também po dem ser aplicadas por agricultores de médio e grande porte que queiram recuperar suas RLs e/ou outras áreas alteradas fora de APPs com sistemas agroorestais. De fato, os princpios, critérios e orientaes se aplicam a qualquer agricultor que queira conci liar a produo e outros benecios so ciais com a conserao dos recursos naturais, desde que se atentem aos pressupostos da legislao. Serem também para os que so obrigados a restaurar suas áreas e ainda querem
13
INTRODUÇÃO
obter outros benecios econômicos e/ou sociais nas mesmas146. Embora este olume seja focado nos biomas Cerrado e Caanga, boa parte das opes propostas pode ser adaptada a outros biomas. No entanto, para tal é preciso alterar a lista de espécies re comendadas e modicar algumas prá cas de manejo. Esta publicao é diidida em duas partes principais: a primeira concentra-se em como faer SAFs de forma a conciliar objeos ambientais e sociais, do diagnsco parcipao e deseno de sistemas até a implantao e manejo. A segunda parte eplica as principais normas e recomen-
daes referentes à implementao e regulamentao da Lei Florestal e como isto se relaciona ao uso de SAFs em APPs e RLs. Na parte 1, aps a introduo e con tetualiao (Seo 1), discumos os benecios e desaos socioambientais dos SAFs a parr de um resumo da literatura (Seo 2), e apresentamos orientaes para superar estes desaos. Nas Sees 3 e 4 apresentamos sugestes, recomendaes e técnicas para faer restaurao com sistemas agroorestais. Primeiro, detalamos uma metodologia de diagnsco socioambiental para desenar opes de SAFs que leem em considerao os diersos fatores limitantes bem como as potencialidades de cada conteto (Seo 3). Em seguida, apre -
14
sentamos os passos que deem ser tomados para o planejamento econômico e dos arranjos agroorestais, bem como diersas técnicas e méto dos de implantao e manejo (Seo 4). Na Seo 5, descreemos 11 op es de sistemas agroorestais que podem ser adotadas em alguns dos contetos mais comuns destes dois biomas, incluindo informaes sobre as caracterscas de cada conteto, objeos dos agricultores, espéciescae e orientaes para implantao e manejo de cada opo. Em seguida, apresentamos uma descrio detalada de 19 espécies-cae para a re cuperao de áreas degradadas, suas principais caracterscas, funes e orientaes para o seu manejo, além de uma Tabela Geral das Espécies citadas no liro e consideradas importantes para a restaurao com SAFs no Cerrado e na Caanga. Na Parte 2, apresentamos e analisamos as informaes importantes na legislao federal a respeito do uso de sistemas agroorestais para restaurao de áreas protegidas. Esta Seo resume conceitos, princpios e deni es importantes e esclarece algumas normas especcas sobre o papel de SAFs na restaurao e conserao de APPs e RLs, além de apresentar algumas recomendaes para a regulamentao e implementao destas normas por parte dos estados. A descrio das espécies é feita com
INTRODUÇÃO
nome comum no teto e com nome cienco na Tabela Geral de Espécies, eceto quando a espécie é mencio nada uma única e. Nestes casos, o nome cienco acompana o nome comum no teto. Ao longo deste liro, apresentamos ainda em caias de teto, dicas prácas e falas de agricultores e técnicos que parciparam das isitas de campo e do seminário, assim como alguns estudos de caso a parr de eperincias eitosas. Esperamos que este liro possa serir como ferramenta para superar os desaos da restaurao das áreas alteradas, inclusie as preistas por lei.
Nosso intuito é que ele possa também ajudar técnicos e agricultores familia res a desenoler e implementar solues para a conserao ambiental, ou seja, que incluam o componente umano nos espaos protegidos pela lei (APP e RL) e, ao mesmo tempo, permita que formuladores de polcas criem condies para a incluso de árores em áreas de produo agrcola, gerando assim benecios socioambientais para a propriedade rural e a sociedade como um todo. Desejamos a todos uma boa leitura seguida de bons planos agroorestais!
15
1. CONTEXTO: O CERRADO E A CAATINGA
CERRADO: O BERçO DAS ÁguAS O Cerrado reúne ampla ariedade de paisagens compostas de eredas, morros, capadas, planaltos e ales, e alta diersidade de pos de egetao, desde campestre e saanas a orestas densas. É considerado o bero das águas do pas, pois abriga as principais nascentes de importantes rios brasi leiros, distribuindo as águas para oito das doe grandes bacias idrográcas: Amaônica, Tocanns-Araguaia, Parnaba, Atlânco Norte/Nordeste, So Francisco, Atlânco Leste, Paraná e Paraguai75,107. Na maior parte do bioma, o perodo das cuas se estende de outubro a abril e a época seca de maio a setembro. A precipitao pode ariar entre 800 mm nas regies pri mas ao semiárido e 2000 mm em áreas de transio com orestas úmidas55. Estende-se por uma asdo de aproimadamente 200 miles de ecta res, abrangendo pracamente toda a regio Centro-Oeste e áreas adjuntas nas regies Sudeste, Norte e Nordes te, ocupando quase um quarto do ter ritrio nacional129. Atualmente, a regio abriga cerca de 470 mil pequenas propriedades rurais, em grande parte pertencentes a agricultores familiares e comunidades tradicionais130.
16
Mirante das Janelas. Chapada dos Veadeiros. So Jore – gO
O Cerrado brasileiro é a saana mais biodiersa do planeta, com 13.140 es pécies de plantas, aproimadamente 3 mil espécies de animais ertebrados 1 e 67 mil espécies de inertebrados 129. Além disso, o Cerrado é a base para a sobreincia de diersos poos e comunidades tradicionais, incluindo etraistas, indgenas, quilombolas, agricultores familiares e outras 97, que possuem por sua e aliosa diersi dade cultural. Algumas dessas comu nidades se estabeleceram na regio á centenas de anos, aprendendo com o tempo a conier com a sua diersidade e a manejar e etrair os seus recursos naturais de forma sustentáel, ao passo que outras ainda dependem de técnicas tradicionais de derrubada e queima para iabiliar a produo. vale destacar que no Cerrado encontramos mais de 80 etnias indgenas e na Caanga (descrita em seguida) so mais de 70.
Foto: helena Malte
CONTEXTO: O CERRADO E A CAATINgA
17
CONTEXTO: O CERRADO E A CAATINgA
O bioma Cerrado é considerado um dos domnios mais ameaados do mundo deido à epanso do cul o mecaniado de culturas anuais em monocultura, como soja, milo e algodo, a abertura de noas áreas de pastagem, planos orestais para produo de celulose e caro e a construo de barragens para gerao de energia elétrica55,107,108. Em decorrncia dessas aidades, muitas ees pracadas de forma predatria, o des matamento no Cerrado angiu cerca de 30 mil quilômetros quadrados por ano, ou seja, 1,5% de sua egetao é conerda todos os anos108. hoje restam apenas 55% da egetao natural deste bioma76. Foto: Peter Caton/ISPN
18
Em ista destas ameaas, é fundamen tal esmular e aloriar as aidades tradicionais sustentáeis desenoli das pelas comunidades rurais e promoer formas inoadoras de manejo da paisagem que permitam aliar a produo com a restaurao e conserao dos recursos naturais. Para tal, so essenciais polcas públicas que alori em produtos do Cerrado, sua riquea cultural e o manejo sustentáel de suas paisagens. Sistemas agroorestais so ecelente alternaa neste conteto, pois respeitam o potencial dos recursos locais bem como o potencial ecol gico e produo da regio.
geraieiros atravessando vereda no Cerrado do norte de Minas gerais.
Foto: Do Design
CAATINgA, A MATA BRANCA DO NORDESTE BRASILEIRO A Caanga é o principal bioma da regio nordesna do Brasil. Possui também diersos pos de egetao, desde campos, orestas arbusas a orestas altas, com estrato erbáceo efmero e muitas plantas espinentas e suculentas. As árores e arbustos perdem as folas durante a estao seca e os troncos e ramos esbran-
quiados conferem uma sionomia de mata esbranquiada, origem de seu nome na lngua Tupi - (Caa) Mata (Tinga) Branca72,90. O bioma ocupa cerca de 85 miles de ectares do territrio brasileiro, abrangendo pra camente todos os estados nordesnos, entre eles Ceará, Baia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Paraba, Rio
Paisaem com mata seca da Caatina.
Grande do Norte, Piau, e também está presente em faias pequenas do Marano e de Minas Gerais54. Bioma eclusio ao Brasil, é respon sáel por abrigar cerca de 2 mil espécies egetais, sendo mais de 300 endmicas desse ambiente. Além disso, possui uma ampla diersidade de fauna, com 178 espécies de ma mferos, 591 de aes, 177 de répteis, 79 espécies de anbios, 241 de pei es e 221 de abelas 72. A precipita o média anual oscila entre pouco menos de 300 mm, na regio dos Cariris velos, na Paraba, até pou co mais de 1500 mm, nas onas que faem transio com outros biomas.
19
CONTEXTO: O CERRADO E A CAATINgA
Em sendo oposto, a eapotranspi rao tende a ser bem maior que as cuas, em geral, entre 1500 mm e 2000 mm anuais 54,74. A maior parte da Caanga é composta por solos rasos, clima quente e cuas irregulares. Quando somados estes fatores, o ambiente apresenta-se etremamente sensel e ulneráel à desercao. A regio abriga cerca de 27 miles de pessoas, sendo boa parte agricultores familiares e depen dentes dos recursos da prpria regio para subsistncia. O regime de cuas bastante irregular na Caanga torna a ida do sertanejo etremamente di cil, induindo-o a buscar alternaas de adaptao e conincia com a seca no semiárido54,107.
Aricltores faendo a colheita do umb, árvore tpica da Caatina.
20
A regio em sofrendo impactos seeros desde os tempos da ocupao do territrio brasileiro pelos coloniadores europeus, principalmente por causa da introduo do gado e pela etrao da madeira para a produo de caro egetal. Até oje, estas so as principais aidades desenolidas nesta regio e também so os principais fatores de degradao dos ecossistemas da Caanga7,54. Sua cobertura egetal foi reduida em quase 50% até o ano de 2009, mesmo assim, obsera-se que as aes para a restaurao ou conserao deste bioma so poucas ou insucien tes74. De fato, dentre todos os biomas brasileiros, a Caanga é o que possui o menor número de unidades de conserao (UCs), que cobrem apenas 7,5% do seu territrio54.
Foto: Do Design
CONTEXTO: O CERRADO E A CA ATINgA
Fonte: adaptado de IBgE, 2006
Assim, as pessoas que iem neste bioma enfrentam grandes desaos relacionados à proteo dos seus recursos naturais, à conincia e adap tao à seca, à restaurao e manejo adequados e à reduo das desigualdades socioeconômicas. Diante deste cenário, so necessárias aes ecaes para reerter a degradao dos solos e dos recursos naturais da regio, incluindo o aperfeioamento dos sis temas de criao de animais e formas de uliao da egetao naa. Na Caanga, os sistemas agroorestais direcionados para a produo de forragem animal, bem como culturas de ciclo curto e fruteiras, so alternaas para aliar a conserao com a qualidade de ida dos agricultores. Algumas estratégias especcas ao conteto da Caanga, como criao de animais, so tratadas neste liro.
Sero apresentadas também algumas dicas colidas a parr de prácas re aliadas por agricultores e técnicos eperientes neste conteto, e que demonstram aes umanas que po dem contribuir para eitar e até mes mo reerter quadros de desercao na Caanga. Nestes contetos dos biomas Cerrado e Caanga, é preciso desenoler e disseminar técnicas de produo que permitam o manejo da egeta o naa em consrcio com espé cies culadas de forma a equilibrar funes ecolgicas e sociais na escala da paisagem, formando mosaicos in terligados por corredores entre áreas de produo e de preserao. Como eremos na seo seguinte, sistemas agroorestais traem, na práca, inú meras oportunidades para equilibrar estes diferentes objeos.
21
2. SISTEMAS AGROFLORESTAIS: BENEFÍCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS Sistemas agroorestais (SAFs) podem gerar renda e promoer diersos serios ambientais. SAFs so sistemas de produo que m sendo desen olidos em todo o mundo, á mil nios, principalmente pelas populaes tradicionais, proporcionando sustento de pelo menos 1,2 bilo de pessoas (cerca de um seto da umanidade)84. Somente á 50 anos, no entanto, a ci ncia tem se dedicado a estudar esses sistemas, seus benecios e custos e as compleas interaes entre os compo nentes egetais, animais e umanos.
2.1 O QUE SÃO SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAFs)? Os SAFs podem ser denidos de di ersas formas. Uma das primeiras de nies de sistema agroorestal, de 1977, é a seguinte: “sistema de manejo sustentável da terra que busca aumentar a produção de forma geral, combinando culturas agrícolas com
árores, arbustos, palmeiras, bambus, etc., so deliberadamente uli adas nas mesmas unidades de área com culturas agrcolas e/ou animais, num determinado arranjo espacial e temporal”82,83. Outra denio, ainda do ICRAF, é que SAFs so “sistemas baseados na dinâmica, na ecologia e na gesto dos recursos naturais que, por meio da integrao de árores na propriedade e na paisagem agrcola, diersicam e sustentam a produ o com maiores benecios sociais, econômicos e ambientais para todos aqueles quem usam o solo em diersas escalas”58. há diersos pos de SAFs, desde sistemas simplicados, com poucas espécies e baia intensidade de ma nejo, até sistemas altamente com pleos, com alta biodiersidade e alta intensidade de manejo, e entre esses, ários pos intermediários. Para cada um deles eistem denominaes disntas que ariam de acor do com os principais produtos gera dos em cada sistema.
árvores e plantas da oresta e/ou ani mais simultânea ou sequencialmente,
e aplica prácas de gestão que são compaveis com os padrões culturais da população local” 14.
O Centro Internacional de Pesquisa Agroorestal (ICRAF) sugere outra de nio: “Agrooresta é um nome ge nérico para sistemas de uso da terra onde espécies lenosas perenes como
22
Alguns SAFs so oltados para a cria o animal por meio da associao entre pastagens e árores, denomi nados sistemas silvipastoris. vale, no entanto, lembrar que a presena de animais doméscos como boi nos, caprinos, equinos, oinos, buba linos, sunos e galinas em sistemas agroorestais para ns de restaurao de APP é bastante polmica,
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
uma e que estes animais podem causar impactos negaos sobre a egetao e o solo. Esses animais po dem compactar o solo, especialmen te se eser bastante úmido. Podem também deiá-lo descoberto e reol ido, esgotar as plantas quando se alimentam indiscriminada e connu amente, principalmente das brota es noas, e quando roem as cascas das árores (muito comum no caso
Sistema Silvipastoril: ado na pastaem ecolica. Faenda Ecolica Santa F do Mom. Nossa Senhora do Livramento, Mato grosso.
de oinos e caprinos). Ao mesmo tempo, reconece-se a importância do componente animal para as es tratégia de meios de ida e adapta o a mudanas climácas dos agri cultores familiares, principalmente na regio semiárida, portanto, no conteto de recomposio de APPs e RLs, é preciso encontrar meios para conciliar a criao de animais com a recomposio da egetao.
Foto: Jurandir Melado
23
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
Quando á presena de espécies agr colas e orestais simultânea ou sequencialmente à criao dos animais, os sistemas so denominados de sistemas
Sistema Arosilvicltral Os sistemas mais diersicados e simi lares aos ecossistemas orestais naturais do lugar so conecidos por agrorsas scssas ou biodiversas, caracteriadas por alta diersidade de espécies e cujo manejo baseia-se na
Arooresta Scessional o Biodiversa
24
agrossilvipastoris. Já sistemas agrossilviculturais se referem a consrcios em que culturas agrcolas anuais se associam a espécies orestais.
Sistema Arosilvipastoril sucesso natural das espécies. Ernst Götsc e outros técnicos e agriculto res que se inspiram no seu trabalo ao longo dos anos tm desenolido e disseminado esse po de sistema em diersos biomas do Brasil46, 50, 88. Foto: Fabiana Peneireiro
Foto: Andrew Miccolis
qintal aroorestal Os qas arrsas so um po de SAF que associa árores com espécies agrcolas e/ou animais, me dicinais e outras de uso domésco. Situados primo às residncias, estes sistemas normalmente so altamente produos e contribuem de maneira importante para a segurana alimentar e o bem estar da famlia. Para efeito deste liro, nossa principal referncia será a denio de sistemas agroorestais adotada na legislao brasileira: “sistemas de uso e ocupação do solo em que plantas lenhosas perenes são manejadas em associação com plantas herbáceas, ar-
busvas, arbóreas, culturas agrícolas, forrageiras em uma mesma unidade de manejo, de acordo com arranjo espacial e temporal, com diversidade
de espécies navas e interações entre estes componentes.”
2.2 O QUE SE ENTENDE POR RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA? A denio amplamente reconeci da de restaurao ecolgica é a da Sociedade de Restaurao Ecolgica (SER), que dene essa práca como “o processo de auiliar a recuperao de um ecossistema que foi degrada do, danicado ou destrudo”134. Neste conceito, o ecossistema restaurado contém um conjunto de espécies que ocorrem no ecossistema de referncia. Os grupos funcionais (compos tos por espécies que desempenam diferentes funes ecolgicas) esto presentes ou em processo de coloni ao da área e as ameaas potenciais à saúde e integridade do ecossiste ma foram eliminadas ou reduidas. Ademais, o ecossistema restaurado é sucientemente resiliente para suportar os eentos normais de estresse, é
25
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
autossustentáel e possui o potencial para persisr indenidamente sob as condies ambientais eistentes134,101.
Da mesma forma, a denio da Aliana de Restaurao Ecolgica dos Jardins Botânicos, uma coalio global, ressalta que “a restauração
Este conceito da SER em eoluindo e, mais recentemente foi descrito como: “a ciência, práca e arte de assisr e
ponente fundamental dos programas
manejar a recuperação da integridade
de conservação e de desenvolvimen-
ecológica dos ecossistemas, incluindo
to sustentável no mundo inteiro em
um nível mínimo de biodiversidade e
função da sua capacidade inerente de
de variabilidade na estrutura e fun-
prover as pessoas com oportunidades
cionamento dos processos ecológicos,
de não somente reparar os danos eco-
considerando-se seus valores ecológi -
lógicos, mas também melhorar a con-
cos, econômicos e sociais. [...] busca-
dição humana”138.
ecológica pode e deve ser um com-
se garanr que a área não retornará à condição de degradada, se devida-
mente protegida e/ou manejada ”135.
Ainda, segundo o Ministério do Meio Ambiente, a restaurao ecolgica tem relao direta com a recupera o de áreas degradadas – RAD e se baseia nesta mesma denio da SER mencionada acima136. Algumas ises da restaurao ecol gica desenolidas por instuies re conecidas internacionalmente tm preconiado a importância do bem estar umano como resultado dos processos de restaurao. Por eemplo, a Parceria Global para a Restaurao de Florestas e Paisagens - GPFLR considera que “Restauração ecológica é o processo que tem como obje -
vo recuperar a integridade ecológica e incrementar o bem estar humano em
paisagens com orestas degradadas ou desmatadas”137.
26
Por outro lado, também encontra mos denies mais oltadas para objeos ecolgicos, como a do Sis tema Nacional de Unidades de Con serao, de que “a restauração é a restuição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada
o mais próximo possível da sua con dição original ”139.
É importante entender que no á uma frmula pré-estabelecida para a restaurao, pois cada ambiente de gradado possui sua istria, estando sujeito a um conjunto de caracters cas que merecem estratégias espec cas. Isso refora que qualquer estratégia que ise ao restabelecimento de processos ecolgicos dee ser categoriada como aes de restaurao163. A restaurao, assim, requer um arcabouo conceitual bem denido, tanto em aspectos relacionados ao estado de degradao quanto à dinâmica das
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
orestas. Na disno entre os tertoa dos objeos preistos para tais mos mais uliados para conceituar as áreas. aes, o orionte espacial, temporal e a parcipao da espécie umana Já no conteto agropecuário, é fundapara a obteno do resultados dee mental uma abordagem de restauraprealecer. Além disso, os indicadores o ecolgica que inclua o agricultor ou para aaliar a sustentabilidade de áre proprietário rural, tanto no seu planeja as restauradas deem focar, além de mento, como na sua implantao e ma aspectos ecolgicos, aspectos econônejo. Neste conteto, sistemas agroomicos e sociais, implicando na cons restais podem iabiliar a restaurao, truo de indicadores para áreas onde ao restabelecerem processos ecolgiá múlplos usos da terra 163. Assim, cos, estrutura e funo do ecossistema mesmo que a parcipao umana a um nel desejado, ao mesmo tempo no seja necessária permindo um retorna restaurao de “Os princpios da natrea so no econômico, maáreas para presera- cooperao e no concorrncia. nuteno dos meios o, ela é fundamen- A nossa função no Planeta como de ida, bem como tal na conserao de do conecimento e seres biolicos de dispersor ambientes, principal da cultura locais125, 140. de sementes e dinamiador de Neste caso, as pessoas mente quando uliaprocessos de vida.” da a estratégia de Sis so istas como parte temas Agroorestais. integrante da naturea e protagonistas nos (Ernst Götsch) Contudo, os diferen processos de restaurates entendimentos sobre restaurao141, 142. Esta é a iso que uliamos o ecolgica ariam de acordo com para o desenolimento dos argumeno conteto e com os objeos que se tos e sugestes de prácas para restauquer alcanar. Por eemplo, em uni rao com SAFs neste liro. dades de conserao de uso restrito, onde o objeo é restaurar ao mái 2.3 SAFs PARA RESTAURAÇÃO E CONSERVAÇÃO mo a composio e a estrutura da comunidade egetal originalmente pre Os estudos ciencos analisados neste sente (ainda que esta referncia seja liro, assim como as eperincias dos dicil de ser denida), é essencial o agricultores, mostram que os pos de estabelecimento de espécies da ora SAFs mais recomendados para ns de que ocorram no lugar, independente restaurao e conserao ambiental, mente de sua importância socioeco so os compleos, biodiersos ou su nômica. Nesse caso, o uso de espécies cessionais, pois estes se assemelam ecas no é recomendado pois des-
27
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
aos ecossistemas originais do conteto local, principalmente em termos de processos e funes, e so manejados de acordo com a lgica da sucesso natural. Estes pos de SAF também permitem a incluso do conceito am plo de conserao onde o ser uma no é includo na restaurao ecolgica, uma e que o sistema fornece alimentos e outros benecios sociais, inclusi e renda, ao mesmo tempo em que desempena uma série de funes ecolgicas importantes. Com base nos aprendiados das eperincias acumuladas com SAFs compleos, podemos concluir que o principal fator que lea um SAF a ser bem sucedido em termos de sustentabilidade é a qualidade do manejo realiado na área, ou seja, a ao do ser umano. Em nossa sociedade a degradao dos ecossistemas e das formas de ida é comumente associada a aidades agropecuárias. Por este moo, as áreas reseradas para preserao so “protegidas” do ser umano, sem sua presena, ou quando á, é pre coniado que seja de forma bastante controlada.
28
Neste liro, defendemos a ideia de que a ao umana no necessariamente é prejudicial ao meio; pelo contrário, pode ser benéca, gerado ra de mais ida e recursos, de modo que a sua presena seja posia para o ambiente. Parmos da premissa de que a espécie umana fa parte da naturea. A principal questo é a qualidade da ao umana no seu meio. A percepo e a atude com relao ao cuidado com a água, com o solo, e com todas as outras formas de ida deem ser desenolidas, esmula das e aprimoradas na nossa espécie. há prácas produas de uso da terra que empobrecem a área e degradam o solo, mas á aquelas que enriquecem e protegem o solo e a egetao. Tudo depende da iso de mundo que o agricultor terá no seu modo de trabalar, do uso e manejo da terra e dos recursos naturais. A atual legislao brasileira de prote o da egetao naa (conecido como “Noa Lei Florestal”) abre cami nos para a possibilidade de restaurao ecolgica com sistemas agro orestais (eja Parte 2), contanto que estes sistemas mantenam ou mesmo aprimorem as funes ecolgicas bá sicas da área. Por isso, como orienta o geral, precisamos estar atentos para que o resultado da intereno umana seja benéco para si e para os outros seres enolidos.
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
A m de aliar produo agropecuária 2.4 BENEFÍCIOS DOS SAFs com conserao, é preciso agir obserando os princpios da naturea, lear QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DOS SAFs PARA O em conta a ocao das pessoas e do MEIO AMBIENTE E PARA AS PESSOAS? lugar (condies ambientais), a funo de cada espécie (inclusie do ser uInúmeros estudos realiados em diermano), e assim ajusas regies do mundar na escola de es“O ser hmano pode se inclir, do apontam para os pécies mais ecientes faer parte do sistema, vivendo múlplos benecios e aliar formas de maambientais, econôdele sem degradar os recursos nejo que cumpram micos e sociais dos com diferentes fun- para a vida (solo, áa, biodiver- SAFs, que ariam em es socioambientais sidade), o, melhor ainda, poden- grau e importância ao longo do tempo, do contribir para amentá-los. de acordo com o con de forma a consolidar Ao procrar inclir o ser hmano teto, o po de sistemais ida e recursos ma pracado e o manas áreas de conservao, naquele local. Assim, preciso e se inclam tambm nejo dos sistemas ao a éca do cuidado as espcies e permitem com longo do tempo. Sadee estar sempre be-se que os SAFs poe possa viver naele ambienpresente no planejadem desempenar te, e isso incli tambm espcies mento e no deseno uma série de funes exticas e presspõe sa inter- ambientais, muitas de solues. veno com plantios e podas. O das quais so consiQuando estes prin- critrio principal deve ser sempre deradas importantes cpios so seguidos, o ecossistema natral e oriinal.” para os seres umaos SAFs podem ge nos, por isso os ca rar simultaneamente mamos de benecios (Ernst Götsch) benecios sociais e socioambientais. Os ambientais. A seguir, SAFs podem ajudar a resumem-se os prinproteger e alimentar cipais benecios sociais e ambien a biodiersidade, migar as mudanas tais dos SAFs com base na reiso de climácas e aumentar a capacidade estudos ciencos realiados prinde adaptao a seus efeitos. Podem cipalmente no Brasil, mas também promoer, ainda, a regulao do ciclo em outras regies do mundo. Apre idrolgico, controle da eroso e do sentam-se também os desaos mais assoreamento, ciclagem de nutrientes importantes para o sucesso de SAFs e e, portanto, aumento da ferlidade do uma série de orientaes para superar solo, melorando suas propriedades estas barreiras. sicas, biolgicas e qumicas. Além
29
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
disso, os SAFs geram uma série de produtos úteis aos seres umanos e que podem ser comercialiados, como alimentos, remédios, bras, sementes, matérias primas para abrigo e energia. Embora ainda aja poucos estudos ciencos sobre SAFs para restaurao de áreas de preserao e seus impactos, principalmente no Cerrado e na Caanga, alguns estudos nestes biomas, e diersos outros no Brasil e no mundo, demonstram que SAFs po dem contribuir para a conserao e restaurao dos recursos naturais e fortalecimento dos meios de ida dos agricultores. Nesta seo, apresentamos um resumo de uma ampla reiso da literatura cienca a respeito dos benecios e desaos dos SAFs com foco nos biomas Cerrado e Caanga. Dentre os inúmeros benecios dos SAFs, ale destacar:
A) BENEFÍCIOS AMBIENTAIS E SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS: • combate à desercao; • conserao do solo; • restaurao da ferlidade e estrutura do solo; • sombra e criao de microclimas; • aumento de produidade animal por bem-estar (sombra) e qualida de nutricional das pastagens; • corredores ecolgicos; • faorece a biodiersidade de forma geral, incluindo a disponibilida de de agentes poliniadores;
30
• regulao de águas pluiais e meloria da qualidade da água; • migao e adaptao a mudanas climácas.
SAFs CONTRIBUEM PARA A ESTOCAGEM DE CARBONO, ADAPTAÇÃO E RESILIÊNCIA Estudos ciencos demonstram que os SAFs em pleno desenolimento podem ar quandades muito sig nicaas de carbono, pois quanto maior o metabolismo e taa fotossin téca, maior a absoro de carbono pelas plantas83,117. O potencial das agroorestas em sequestrar carbono é muito ariáel pois depende do po de sistema, da com posio das espécies, da idade das espécies componentes, da localiao geográca, de fatores ambientais (clima e solo) e de prácas de manejo58. SAFs adotados por pequenos agricul tores, principalmente os mais comple os, podem angir taas de sequestro de carbono primo aos alores ob serados em orestas tropicais. 78 Em um estudo de aaliao da dinâmica de carbono em SAFs de 4 a 15 anos, manejados por agricultores familiares na Mata Atlânca no Estado de So Paulo, foi idencado um incremento médio anual de 6,6 toneladas de carbono total por hectare117. Da mesma forma, um estudo em SAFs com dend ( Elaeis guineensis) no estado do Pará demonstra alores eleados de acúmulo lquido de
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
carbono nos primeiros anos (6,6–8,3 toneladas de carbono por ectare por ano), em média, superiores à oresta secundária adjacente com aproimadamente 10 anos de idade143. Cabe ressaltar que o sequestro de carbono, apesar de fundamental para migao de mudanas climácas, no dee ser considerado como fator preponderante na tomada de deciso sobre os sistemas mais adequados para cumprir outras funes ecolgicas essenciais. Por eemplo, monoculturas de eucalipto sequestram grandes quan dades de carbono porém no necessariamente contribuem para a manuteno e aumento da biodiersidade. De maneira geral, agroorestas localiadas em regies áridas ou semiáridas apresentam menor potencial em ar carbono, quando comparadas com agroorestas em regies mais úmidas. Apesar do clima ser menos faoráel em regies de fortes esagens, aalia-
se que os SAFs desenolidos nessas regies possuem potencial de ao de carbono maior que o das áreas de egetao naa83. Geralmente, quanto maior a diersidade de espécies e a densidade das árores, maior é o potencial de sequestro de carbono no solo 58. Os SAFs também so considerados sistemas altamente resilientes às mudanas climácas, pois estendem a época de coleita, ameniam os efeitos de eentos etremos como secas prolongadas e encentes, modicam temperaturas, proporcionam sombra e abrigo, e agem como fontes alternaas de alimentos durante os pero dos de ceias e secas59. Sabe-se que as agroorestas tm ca pacidade de modicar o microclima, proteger as culturas senseis do sol direto, reduir a elocidade do ento ao funcionar como quebra-ento, re duir as temperaturas e aumentar a umidade relaa do ar56.
Fira 1 – SAFs apresentam importantes benefícios ambientais e desempenham importantes servios ecossistmicos como manutenção da biodiversidade, proteo dos recrsos hdricos e conservao dos solos.
31
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
SAFs CONTRIBUEM PARA A MANUTENÇÃO E INCREMENTO DA BIODIVERSIDADE Áreas com planos agroorestais apresentam grande potencial para promoer o aumento da biodiersi dade e contribuem para diminuir a presso umana sobre as orestas naas deido à sua mulfunciona lidade no nel da propriedade e da paisagem57. Oferecem suporte à inte gridade dos ecossistemas orestais, possibilitando a criao e ampliao de corredores ecolgicos e onas de amortecimento112. Assim, fornecem abitats para espécies que toleram certo nel de distúrbio.
Fira2 – SAFs apresentam rande potencial para promover o amento da biodiversidade, aliando conservao com prodo.
32
Além disso, em alguns estudos foi idencado o aumento de espécies naas orestais e o aano sucessional como resultados da implantao de SAFs que possuem semelanas com orestas em estágio secundário de sucesso61 (matas secundárias ou “capoeiras”). No entanto, ale salien tar que o mesmo no se aplica necessariamente para pos de egetao saânica ou campestre36. Na mesma corrente, outros estudos eidenciaram signicao aumento na riquea de espécies nos SAFs com parado com os alores obdos em o restas adjacentes15,80.
Fira 3 – A contna manteno da cobertra do solo com matria orânica intensica a vida do solo e promove a ciclaem dos ntrientes.
SAFs CONTRIBUEM PARA A CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO E CICLAGEM DE NUTRIENTES O papel dos sistemas agroorestais na manuteno e meloria do solo é amplamente conecido na literatura, principalmente deido ao uso de espécies geradoras de biomassa com alta capacidade de disponibiliao de nutrientes. Os SAFs podem proporcionar a restaurao de áreas onde o solo está com baia ferlidade86,125,64, pois disponibiliam quandade subs tancial de matéria orgânica, promoendo a ciclagem de nutrientes 43,46, e reduem o risco de eroso do solo e desmoronamentos41.
Quanto mais o sistema agroorestal for similar aos ecossistemas naturais, mais sustentáel este será no que di respeito à sua estrutura e funo, o que torna mais efea a ciclagem de nutrientes, diferentemente de mo noculturas, sejam agrcolas ou ores tais83. Da mesma forma, SAFs com pleos e bem manejados possibilitam boa cobertura do solo, que faorecem o aumento das populaes e ao da macrofauna do solo18. Estes ambientes aceleram a ciclagem de nutrientes a parr da ao das raes associada à ida do solo e propiciam connuo aporte de matéria orgânica 8,22.
33
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
SAFs CONTRIBUEM PARA A CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS (ÁGUA) A uliao de SAFs gera impacto po sio sobre as propriedades dricas do solo e inuenciam diretamente na recarga das águas subterrâneas. Tais efeitos deem ser considerados quando se aalia o impacto do plano de árores como parte do planejamento das propriedades rurais, principalmente em ambientes com perodos de seca prolongada, como na Caanga e Cerrado. A proteo dos recursos dricos e o potencial para a regulao da quan dade e disponibilidade drica so
Fira 4 – A inncia dos SAFs na manteno dos recrsos hdricos.
34
resultados posios obserados nas agroorestas, que uliam ampla co bertura de espécies arbreas, faorecendo a elocidade de inltrao da água no solo e a meloria da sua qualidade12,144. Agroorestas com ampla cobertura de espécies arbreas, com 100% de fecamento de copas, podem interceptar até 70% da preci pitao pluiométrica em determina das regies e contribuir na reduo do escoamento supercial, eitando tanto a eroso do solo como as enurradas39. Ademais, os SAFs implantados nas proimidades de rios e crregos como forma de proteo podem reduir signicaamente sedimentos e poluentes carreados para os corpos dricos109,119.
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
Além dos benecios ambientais, os SAFs também podem contribuir com importantes benecios sociais e eco nômicos, resumidos abaio:
B) BENEFÍCIOS SOCIAIS E ECONÔMICOS: • gera produo de: – alimentos – commodies, como, por eemplo,
café, cacau e late – madeira – matéria-prima para abrigo (palas e madeira) – energia – plantas medicinais – forragem – mel (pasto apcola) – matéria prima para artesanatos
• •
•
• •
•
•
(sementes, bras, etc.) – bens culturais e espirituais promoe soberania e segurana alimentar e nutricional; potencialia a produo de mel de abelhas (Apis e naas/sem ferro), que pode ser mais um produto ali mencio a se somar com os inúme ros disponibiliados pelos SAFs; aumenta a ecincia no uso dos fatores de produo (água, lu, nutrientes); omia o uso do espao (intensicao); apresenta menor necessidade e omiao no uso de insumos eternos; redu risco econômico, pois é menos sensel à ariaes negaas de preo e climácas; gera e diersica renda;
• a mo de obra é melor distribuda ao longo do ano; • á maior estabilidade do uo de caia ao longo do ano e anualmen te em todo o ciclo do sistema; • promoe a manuteno e meloria do rendimento (aumento na produo) ao longo do tempo; • promoe o fortalecimento das muleres (quando eercem papel de destaque ao assumirem a lideran a na produo agroorestal) con tribuindo para relaes de gnero mais igualitárias; • á menor suscebilidade a pragas e doenas nos culos, resultando em menos perdas na produo; • á melor qualidade do trabalo e de ida (trabalo na sombra); • fortalece a organiao social e a unio, contribuindo com a consoli dao de laos comunitários; • promoe a manuteno da agrobiodiersidade e dos conecimen tos associados; • promoe restaurao ecolgica e orestal com custo menor que mé todos conencionais; • contribui para a belea cnica, propiciando possibilidades de laer e aumentando o bem estar umano; • promoe o resgate de saberes tradicionais, aes de solidariedade como os mures, e proporciona uma remunerao digna, além de melorar a qualidade de ida; • pode aumentar o senmento de pertencimento do agricultor com a área restaurada quando compa-
35
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
rada à restaurao conencional, já que nos SAFs geralmente os agricultores estabelecem relaes com estas áreas, cuidando para que no aja ocorrncia de eentos como incndios e entrada de animais que podem prejudicar em muito a recuperao ambiental.
SAFs CONTRIBUEM PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR E REDUÇÃO DE RISCOS É importante obserar que as paisa gens agrcolas que associam o culo de orestas mulfuncionais com outros usos da terra podem traer opes interessantes e solues cria as para os modos de ida sustentáveis14,127,24. No conteto dos serios socioambientais, os SAFs: • fornecem alternaas mais produ-
as aos sistemas conencionais de uso dos recursos naturais93; • possuem melor relao custo -benefcio quando comparados à restaurao florestal conencio nal deido às práticas de manejo e o aproeitamento dos produtos dos SAFs 77; • possibilitam produo diersicada, deido à eistncia de árias culturas consorciadas40, o que aliia a saonalidade, fenômeno comum no setor agropecuário 117; traem menor risco por ataques de pragas e doenas69 e contribuem para o aumento da produo de alimentos e renda rural, em especial gerada por meio de produtos orestais, como madeira, frutos, sementes e leos116.
Fira 5 – a prodo diversicada no tempo e a biodiversidade contribem para menor risco econômico por saonalidade e atae de “praas” e “doenas”.
36
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
FALA DO AGRICULTOR
PERSPECTIVA DO AGRICULTOR SOBRE AGROFLORESTA E PECUÁRIA “vejamos que 1 a de capim alimenta 5 cabeas de gado na cua e uma na seca aqui na regio do Araguaia. Por sua e 1 a de mandioca na agrooresta me dá de 70 a 80 sacos de farina. hoje, um saco de farina está sendo comercialiado por R$ 350,00 (o que dá uma mé dia de R$ 26.250,00). Em contraparda, uma cabea de gado depois de 4 anos está sendo comercialiada por no máimo R$ 1.200,00 (o que daria R$ 300,00 por ano). Portanto, é uma diferena muito gran de. Além disso, para a gente que mee com as duas aidades, logo que o gado gera muita despesa, já a mandioca so duas roadas no inerno e pronto. Se considerar a mandioca na agrooresta, oc ai ali cuidando de suas mudas, que em bree te daro renda também. Quem tem um sistema como esse quer sempre se enraiar mais na comunidade, no fala em ender a terra, quer s aumentar a área. Quem tem s gado, já fala muito mais em ender a terra. Ento a agrooresta é um sistema que enraa as pessoas na terra. A agrooresta é o meio que encontrei de ter a mina sobreincia garanda, e ejo que a mina felicidade mora ali na mina agrooresta, que sere de eemplo para que outros tomem a mesma atude.” Luiz Pereira Cirqueira – AssentamentoDomPedro,SãoFélixdoAraguaia–MT.Fonte:AgricultoresqueculvamárvoresnoCerrado145.
SAFs PODEM SER ECONOMICAMENTE VIÁVEIS No Brasil, os SAFs tm se mostrado como aidade economicamente iáel em diferentes contetos, no entanto, essa iabilidade depende da realiao de um bom planejamento econô mico, que inclui pesquisa de mercado e a eecuo com técnicas adequadas102,104,105. Diferentemente dos métodos conen-
cionais de restaurao, que normal mente dependem de inesmentos sem qualquer retorno econômico, os SAFs tm potencial de gerar resulta dos nanceiros posios e podem ajudar a pagar os custos da restaurao. Como emos na Tabela 1, a restaurao ecolgica conencional pode ser muito onerosa para o agricultor pois, além de enoler altos custos, no
37
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
pre retorno econômico. Os SAFs, por outro lado, apresentam claramen te o potencial de transformar o ônus nanceiro da restaurao em bônus. No conteto da restaurao ecolgica, o principal desao é desenoler sis temas que conciliem o retorno econô mico com serios ambientais eigidos para áreas de preserao. Como emos na Tabela 1, os SAFs sucessionais (com maior diersidade de espécies ao lon go do tempo) apresentam resultados nanceiros mais faoráeis (segundo o indicador valor Presente Liquido) que os SAFs mais simples, o que re fora a importância de prioriar tais
sistemas para a restaurao ecolgica pois so mais faoráeis também em termos de serios ambientais, con forme imos na seo anterior.
TABELA 1: DADOS PUBLICADOS DE CUSTOS E RESULTADOS ECONÔMICOS PARA DIFERENTES MÉTODOS DE RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DE APP E RL E SISTEMAS AGROFLORESTAIS. Métodos de Restauração Ecológica
Regenerao Natural
Custos (R$/ha)
1.400,00
802,69
Rsas aceiros (R$/ha)
- 1.400,00
-802,69
F
MMA (2015)73
Pasto abandonado em áreas de baia apdo agrcola ou pouco produas com acompanamento ao longo de 5 primeiros anos. Es maa de alor médio feita em diersas regies.
Cury e Caralo Jr. (2011)30
Restaurao orestal mediante plano de mudas de espécies ar breas naas em ilas, regio de Canarana - MT. 2011. Custos se referem somente à implantao inicial.
Lira (2012)62
Conduo e induo da regenerao natural, incluindo isolamento da área e rerada de fatores de distúr bio na regio da barragem do Rio Siriji, vicncia – PE. 2011. Custos se referem a alores médios para as aidades citadas. Tempo de intereno no especicado.
Regenerao Assisda – Plano de algumas mudas e sementes 2.131,09
38
- 2.131,09
Aas raaas, ca, a rfrca css rsas côcs
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
Métodos de Restauração Ecológica
Custos (R$/ha)
749,80
Restaurao orestal com plano meca niado de sementes orestais
5.375,00
4.298,85*
5.122,33
Restaurao com plano de mudas
6.920,00
10.000,00
Rsas aceiros (R$/ha)
-749,80
-5.375,00
F
Aas raaas, ca, a rfrca css rsas côcs
Cury e Caralo Jr. (2011)30
Semeadura direta mecaniada de sementes de espécies arbreas naas e leguminosas arbusas e erbáceas, regio de Canarana, Mato Grosso. 2011. Custos se referem apenas à implantao.
homann (2015)49
Plano direto mecaniado de se mentes orestais (em solo coberto com matéria orgânica) nos anos de 2012 a 2015, desenolida em 10 propriedades rurais localiadas no municpio de Alta Floresta - MT. Custos se referem à implantao e manejo até o 3º ano.
-4.298,85*
Custo em dlares por ectare usan do semeadura direta de muuca de sementes com trs anos de manu Campos-lo teno da área. Regio do Alto rio et al. (2013)25 xingu – MT. 2013. Custos se referem à média de alores de plano e manejo ao longo de trs anos em 26 propriedades.
-5.122,33
Cabaribery et al. (2008)29
Formao de mata ciliar com plan o de espécies naas, preparo do solo mnimo com perfurao para plano de mudas e 1ª manuteno. Municpio de Gabriel Monteiro – SP. 2007. Custos para o 1º ano.
Rodrigues (2009)101
Implantao e manuteno de pro jeto de restaurao orestal usando espécies naas na Mata Atlânca, em espaamento de 32m. Ano no especicado. Custos incluem plano e todos os tratos siliculturais necessários até dois anos ps plano.
MMA (2015)73
Plano total (1.666 mudas por ectare) com base em esmaas de custos médios em diersas regies do pas. Anos no especicados. Custos incluem implantao, mane jo e acompanamento ao longo dos primeiros cinco anos.
-6.920,00
-10.000,00
39
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
Métodos de Restauração Ecológica
Restaurao com plano de mudas e aproveitamento eco-
Custos (R$/ha)
17.092,25
Rsas aceiros (R$/ha)
29,177.65
F
Aas raaas, ca, a rfrca css rsas côcs
IIS (2013)51
Implantao, manuteno e eplo rao de plano de espécies naas para aproeitamento econômico de produtos madeireiros. Receitas do modelo de plano considerando o cenário de alorao da madeira mais pessimista de espécies naas da Mata Atlânca. Custos e resul tados nanceiros projetados para 40 anos.
nômico
18.254,90
45.865,26
Gama
(2003)42
SAFs simples
2.204,00 a 9.709,00
29.790,00
1.099,00 a 49.262,00
121.601,00
homann (2013)50
Sistemas menos intensios e pouco diersicados com base em cinco eperincias em diersas regies do Brasil. Os planos nestes sistemas ariaram entre trs e de espécies. Os alores dos custos e resultados nanceiros representam uma faia de todas as eperincias, incluindo custos de implantao e manejo no 1° ano e do vPL até o 10° ano.
homann (2013)50
Sistema agroorestal sucessional com culturas anuais, fruferas semi -perenes, árores naas e ecas, gramneas e outras espécies adu badeiras, no Distrito Federal. 2013. Custos incluem serios de implan tao, manejo e coleita. Custos e vPL so projetados até o 10° ano com base em dados de produo nos primeiros dois anos.
homann (2013)50
Sistema agroorestal sucessional com tubérculos, fruferas semi-pe renes, árores naas e ecas, es pécies adubadeiras, no Sul da Baia. 2013. Custos incluem serios de implantao, manejo e coleita. Custos e vPL so projetados até o 10° ano com base em dados de produo nos primeiros dois anos.
SAF sucessional
8.934,00
88.323,00
*Valor convertido no ano de referncia do estdo à taxa cambial de 2.33 Reais/dlar.
40
Sistema com produo de castanado-brasil, cupuau, banana, pimen ta do reino. Macadino do Oeste – RO. 2002. Custos incluem serios de implantao, manejo e coleita até o10° ano. Resultados nanceiros se referem ao vPL (valor Presente Lquido) no mesmo perodo.
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
DETALHAMENTO DOS MÉTODOS DE RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA APRESENTADOS NA TABELA 1: Rra ara asssa rra aa - consiste no isolamento da área (cercas e aceiros), enriquecimento com mudas e semen tes, quando necessário, e rerada dos fatores de distúrbio, deiando que ela se recupere pela dinâmica natural da egetao. Pa caa ss – consiste no plano de sementes naas por meio de maquiná rio agrcola adaptado. So uliadas máquinas tanto para o preparo da área como para o plano das sementes naas junto com espécies de adubao erde. Pa as – consiste no estabelecimento de mudas, geralmente no espaamento 33m ou 23m, conforme a sucesso orestal, geral mente associado à correo e adubao do solo, ao acompanamento e monitoramento das mudas, controle de insetos, capina, bem como isolamento e rerada dos fatores de distúrbio. Pa rsa c apra côc – consiste no plano de mudas naas e ecas isando o retorno econômico uliando espaamentos ariados a depender das espécies escolidas, podendo ser em linas ou em faias. SAFs sps – consiste em sistemas agroorestais que uliam pouca ariedade de espécies. Geralmente as culturas so plantadas em faias ou em linas isando omiar o processo produo e a gerao de re ceitas, podendo ser siliagrcola, silipastoril ou agrossilipastoril. SAF scssa (a a rs cp) – consiste em sistema agroorestal com alta diersidade de espécies, na as e/ou ecas, com dinâmica de manejo (sucessional) e produo escalonada ao longo do tempo. Trata-se de sistema mais compleo e eigente em manejo e mo de obra isando criar abundância no sistema e omiao da produo agroorestal.
41
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
Quando bem planejados, os SAFs podem retornar o inesmento e gerar lucro para a famlia agricultora em pouco tempo, a depender do po de sistema. Por ees, este retorno pode aparecer
entre o 1° e 2° ano, o que é fundamental para a agricultura familiar. Em outros casos, na ausncia de culturas agrcolas de ciclo curto, o retorno sobre o ines mento pode demorar alguns anos 17.
A renda (ou ingressos) de 10 a 20 ectares de sistemas agroorestais é aproimadamente a mesma que da pecuária em 400 a 1200 ectares (PyeSmit, 2014)95 Um indicador econômico considerado importante para a agricultura familiar é a Remunerao da Mo de Obra Familiar – RMOF, que epressa o a lor gerado por uma diária de serio do trabalador rural. Embora eistam
SAFs em todo o pas, so poucas as publicaes com dados sucientes para a análise da RMOF, sendo necessários dados de produo total, mo de obra uliada ao longo do tempo, custos os e ariáeis.
RMOF é um indicador que representa o alor da diária que a aidade (neste caso, o SAF), paga pelo trabalo familiar, e pode ser medida em Reais por unidade de trabalo (ut) por dia (homann, 2013) 50, ou seja, equialente ao alor pago pelo trabalo de uma pessoa por dia.
Em um leantamento de 77 casos de SAFs analisados economicamente por diersos pesquisadores no Brasil, foram encontrados 6 casos que apresentaram os dados primários completos para perodo maior que 8 anos. Nestes casos, a RMOF apresentou alores entre R$ 53,00/ut.dia e R$ 462,00/ut.dia (esses cálculos foram atualiados e calculados com base no salário mnimo igente na época de R$ 680,00). Essa grande ariao se dee às culturas econômicas uliadas e ao manejo. O estudo mostrou que a remunerao diária
42
dos trabaladores agroorestais foi maior que a média da diária de um trabalador rural50. O indicador econômico Benecio Cus to – B/C, que pode ser uliado no conteto da agricultura familiar ou de projetos em maior escala, epressa a rao entre o alor dos benecios e o alor dos custos, atualiados ao momento presente pela taa de desconto, sendo o projeto mais interessante aquele que apresenta o maior alor de B/C. Ou seja, a relao Benecio Custo acima de 1 indica que recebe -
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
mos uma quana maior que aquela que inesmos. Destes casos de SAFs citados acima, 5 dos quais apresenta ram dados até 25 anos, oue ampla ariao dos resultados: entre 1,8 e 10,2, no entanto, todos apresentaram alor considerado faoráel para o agricultor, ou seja, acima de 1. Além da RMOF e relao B/C, eistem outros indicadores nanceiros con siderados importantes para aaliar a iabilidade econômica de SAFs, entre eles: valor Presente Lquido (vPL), Taa Interna de Retorno (TIR) e Tempo de Retorno do Inesmento (TRI). Cabe ressaltar que a iabilidade econômica, no nal das contas, dee ana lisar o conjunto destes indicadores de forma integrada, conforme eplicado em maiores detales na Seo 4.3. O potencial de um SAF gerar bene cios econômicos depende também da capacidade do agricultor de superar barreiras criadas por fatores adersos, alguns dos quais so gargalos estruturais no segmento agropecuário brasileiro, resumidos a seguir.
2.5 DESAFIOS E LIMITAÇÕES PARA SUCESSO NOS SAFs NO CERRADO E NA CAATINGA Apesar dos inúmeros benecios dos sistemas agroorestais elencados acima, sua apropriao por técnicos e agricultores familiares enfrenta barreiras e limitaes que precisam ser encidas para aumentar a sua adoo
e escala nas iniciaas de restaurao. Algumas destas diculdades so espe ccas ao conteto local, portanto precisam de solues prácas desenol idas na escala da propriedade e da paisagem na qual está inserida. Ou tras so comuns à grande maioria dos contetos, questes mais estruturais como o baio acesso a polcas públicas de desenolimento rural (ATER, capacitao e crédito rural), por isso dependem de solues de goernan a a médio e longo prao. Nos contetos mais comuns dos bio mas Cerrado e Caanga, as principais causas de insucesso dos SAFs em es cala local so: • baio acesso a conecimento; • baia disponibilidade de mo de obra; • fatores limitantes do meio sico; • baio acesso a insumos; • falta de planejamento agroorestal e econômico adequado.
ACESSO A CONHECIMENTO Entre os ários gargalos para o sucesso dos SAFs, destaca-se o a acss a cc e asssca cca sobre boas prácas de manejo neces sárias para iabiliar e equilibrar as diersas funes dos SAFs. Em muitas situaes, a assistncia técnica do sistema de ATER no conta com capa citao em SAFs e Agroecologia, tam pouco em metodologias parcipaas
43
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
que permitam a construo, junto aos agricultores, das solues tecno lgicas mais apropriadas para o seu conteto. Os SAFs mais compleos, como os bio diersos ou sucessionais, ao mesmo tempo que traem mais benecios socioambientais que os SAFs simples, também traem desaos signicaos em funo da ampla diersidade de espécies e compleidade de manejo, necessários para manter a produidade e a resilincia do sistema.
MÃO DE OBRA A alta demanda por mo de obra pode ser outro fator etremamente limitante para a conduo dos SAFs, pois o trabalo é intensio e constan te, e muitas ees á falta de pessoas no meio rural para suprir esta deman da. Isso pode representar um problema a mais para a recomposio de APPs e RL em projetos conencionais de plano de mudas naas em espa amento denio, já que o custo de implantao e manuteno é alto e o retorno econômico direto é ineisten te, ou geralmente considerado baio nos casos de aidades de etraismo ou de projetos de Pagamentos por Serios Ambientais37. A mo de obra também pode ser fa tor limitante em SAFs planejados ou manejados de forma inadequada, que às ees recebem pouca ateno por-
44
que os agricultores deram prioridade para outras aidades produas que eles sabem manejar e dos quais eles dependem a curto prao, como roas, animais, ortas ou pomares. A alta demanda por mo de obra em SAFs pode ser suprida parcialmente com a uliao de algumas máquinas, no entanto, ainda á carncia de máquinas e equipamentos adaptados especicamente para SAFs. O trabalo em mures também é uma estratégia importante, pois mobilia mo de obra colea e fortalece os laos sociais, entretanto, para o bom funcionamento deste sistema coleo é necessário ter um grupo com consi deráel coeso e organiao interna.
ACESSO A INSUMOS E FATORES AMBIENTAIS Em muitos contetos de áreas de gradadas, principalmente quando os agricultores tm pouco acesso a in sumos, um risco é a baia produi dade inicial das culturas alimencias e comerciais. Mesmo quando á insumos disponeis no mercado legal, seus preos muitas ees esto acima da capacidade nanceira dos agricultores e sofrem grande ariao de acordo com mercados internacionais, o que deia os agricultores mais ul neráeis a fatores eternos. • A implantao de SAFs biodi ersos em grandes áreas requer grandes quandades de material de plano: sementes, mudas,
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
estacas e riomas, para permir alta densidade de mudas sobreientes nos primeiros anos. Em muitos contetos, quando estes materiais no esto disponeis na propriedade, podem ser en contrados na microrregio, mas geralmente no á planejamento nem logsca para coleta, estocagem e processamento mnimo de grandes quandades de sementes e produo de mudas 93,87. • O meio sico também apresenta uma série de desaos nos biomas Caanga e Cerrado, como a má distribuio de cuas, a baia dispo nibilidade de nutrientes em solos degradados e terrenos acidenta dos, que muitas ees se encon tram liiiados, compactados, ácidos e com pouca matéria orgânica. Estes fatores so especialmente limitantes quando conjugados com o baio acesso a insumos, mo de obra e conecimento.
FALTA DE PLANEJAMENTO AGROFLORESTAL E ECONÔMICO E MANEJO INADEQUADO Do ponto de ista econômico, dier sos fatores podem impedir o sucesso dos SAFs, incluindo o alto custo inicial de implantao comparado com algumas monoculturas, a inecincia no planejamento e gesto de recursos econômicos e umanos, falta de controles econômicos, de uo de caia, baia diersicao dos SAFs, combi naes e componentes dos SAFs ina dequados e preos baios dos produ tos escolidos91,92. Além disso, muitos SAFs so bem sucedi dos nos primeiros anos de implantao, mas com o tempo, produtos comerciais deiam de ser produidos como poderiam, nos anos subsequentes, deido à falta de manejo ou manejo inadequado. Um eemplo disso acontece quando a poda das árores de rápido crescimento que sombreiam as fruferas no é realiada, ento a produo das frutas declina.
45
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
Eistem outros gargalos estruturais para o desenolimento de SAFs rela cionados a polcas e mecanismos de goernana socioambiental, que a riam de acordo com o conteto:
LIMITAÇÕES ESTRUTURAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DE SAFs • Baio acesso a ATER, que conta com pouqussimos técnicos para atender a demanda de agricultores familiares em geral; poucos possuem capacitao suciente para orientar sobre a aplicao de princpios agroecolgicos e sobre a restaurao com sistemas agroorestais47,93; • Os sistemas produos recomendados muitas ees so baseados em pacotes tecnolgicos especcos que podem estar desalinados com a ocao e as condies do agricultor e seu acesso aos recursos necessários para o sucesso daquela tecnologia (conecimento, insumos, mo de obra, etc.); • Baio acesso ao crédito rural para sistemas agroorestais e agroecolgicos: mesmo aendo algumas linas de crédito elas ainda so pouco acessadas, pois á falta de informao dos pequenos agricultores em como acessar estas fontes43,58 e poucos técnicos com eperincia e co necimento suciente para assessorá-los na elaborao de projetos de SAFs; 93 • Diculdades para cumprir compleas normas scais e sanitárias para processamento e comercialiao de produtos e também para licenciamento de unidades de processamento; 93 • Pouco conecimento, por parte dos consumidores, sobre os produtos agroorestais, agroecolgicos e agroetraistas e sua origem; • Longas distâncias, estradas precárias, falta de transporte para escoar a produo; • Baia qualicao técnica e administraa das famlias, associaes e cooperaas para realiar planejamento, organiao da produo e gesto do beneciamento, bem como da comercialiao; • Falta de desenolimento de mercados especcos e um desconecimen to generaliado dos benecios dos SAFs pela sociedade consumidora. 70
46
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
Com base em eperincias prácas de agricultores e técnicos que atuam na implementao de SAFs, seguem al gumas orientaes que podem contri buir para superar esses desaos.
• •
2.6 APRENDIZADOS E RECOMENDAÇÕES PARA SUPERAR DESAFIOS DOS SAFs • Os SAFs com objeos de restaurao e produo tm maiores cances de sucesso quando: • a qs fára sá rsda, de modo que o agricultor te na tranquilidade para inesr em culturas perenes na terra; • a prpsa csra cja “com” e “entre” os agricul tores, considerando seus desejos, ocaes, objeos, conecimen tos e capacidades; • cpr-s c do agricultor, das limitaes e oportu nidades e da paisagem; • é feito um paja, resultando em escolhas adequadas f aósco: a escola da área a ser restaurada considera sua localiao na paisagem; a escola das espécies a serem plantadas lea em conta acesso ao mercado e suas demandas, as condies ambientais e a ocao dos agricultores; a elaborao do deseno e recomendaes de adubao e manejo so condientes com o acesso das pessoas à mo de obra e outros insumos; • as sras r as spcs é
•
• •
•
•
• • •
•
•
promoida, por meio de combina es e interenes adequadas; é realiado preparo do solo adequa, c aa s cssár; pa sara s fs a pca aqaa ara correta quanto à profundidade e densidade/espaamento; a área está protegida do fogo e da entrada de animais doméscos; á faca acss a ss como adubos orgânicos, sementes e mudas; o SAF é deidamente manejado e cuidado; o aj é feito de forma a con ciliar objeos (alimentar, comercial, ambiental/conserao); a intereno umana promoe o a a rsa, seja pelo esmulo à regenerao natural, seja por introduo de sementes e mudas destas espécies; o s sá pra cberto com matéra râca, o que o mantém protegido e possibilita a ciclagem de nutrientes; so uliados quebra-entos; é adotado manejo ecolgico de pragas e doenas; a sucessão ecológica evolui, com aumento de quandade e qualida de de ida; á rca prcas e os agricultores e técnicos se sentem se guros para interir no SAF; á assssra cca qaa qaa sc ao longo do tempo;
47
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
• á agregao de valor aos produtos, incluindo cercao e outras formas de economia solidária. A seguir so comparlados os princi pais aprendiados dos que tm reali ado restaurao com SAFs no Cerrado e na Caanga:
neira a coleta e troca de sementes; • Dar preferncia para ariedades crioulas que possam ser replicadas depois (eitar sementes bridas e no uliar transgnicas);
“Quando se tem a diversidade você não precisa trazer adubo de fora.” • Trabalar em parceria;
• Far j: técnicos e agricultores eperientes em agrooresta orientam outros bitécnicos e agricultores; • Trabalar em mures;
“Os mutirões contribuem para os aprendizados.”
“Os órgãos ambientais precisam se envolver.” • Enoler os joens. Criar espaos comunitários para comparlar conecimentos inclusie aproi mando pessoas da cidade;
“O aprendizado vem com a prática. Observar • Aprender com os erros e acertos. No ter medo de errar, mas no cometer os mesmos erros;
“Aprender com a natureza e com quem está praticando agroforesta.” • Buscar assessoria de quem sabe trabalar com agrooresta;
“Para que haja mudanças, é preciso de capacitação e organização.” • Ocupar os espaos de parcipao, intercâmbios, feiras e encontros; • Promoer diálogo entre os conecimentos tradicionais e ciencos (das uniersidades, das ONGs, das empresas e instutos de pesquisa); • Promoer troca de eperincias entre agricultores;
“Utilizar a metodologia campesino a campesino (ou camponês a camponês), baseada no diálogo de saberes.” • Planejar e realiar de forma ro-
48
e refetir sobre o resultado das intervenções
é a melhor maneira de aprender.” • Formar mulplicadores;
“O maior instrumento de convencimento é ter uma experiência para mostrar e/ou realizar intercâmbio de experiências.” • Promoer a organiao comunitária; O componente umano é fundamental! Quem ai cuidar do sistema dee se idencar com ele e estar à ontade para interir. • Trabalar com cercao scio -parcipaa e no sistema de CSA (Comunidade que Sustenta a Agri cultura) agrega alor ao produto e gera aprendiados; • Projetos e técnicos deem incenar a contraparda dos agricultores.
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
FALA DO AGRICULTOR
MOTIVAÇÃO PARA FAZER AGROFLORESTA “Quando eu assumi, essa área estaa muito feia, muito degradada mes mo, porque no eisa nada. Eu morei aqui, mas ese fora....Eu moraa aqui com meus pais, mina famlia toda moraa aqui. Mas o sistema do meu pai era de agricultor bem tradicional, queima tudo, no sobra nada, o negcio é destocar e queimar tudo, e é por isso que essa terra aqui taa pronta mesmo pra desercar. É queimando e plantando, queimando e plantando, s faia rar, ia produindo e ia rando. Tem a temporada que a terra ca descansando, mas como é que descansa sem nada em cima, sem ter o que comer, sem ter nada pra proteger, oc deiou ela descan sando pegando sol o dia todo...mas quando eu coneci o Cico e o Eliro, que estaam enolidos nesse trabalo de SAFs, comecei a me enoler com eles. Fa uns 10 anos. Eu já na andado fora e conecido muita coisa bacana, muito plano, e ceguei em nossa área, onde no na tradio de plantar nem o prprio alimento...a comecei a trabalar....o sono era produir tanto a comida pra mim, tanto produir pra naturea, onde qualquer espécie da naturea pudesse se alimentar aqui dentro sem correr o risco. Um pássaro se alimentar de uma manga ou caju sem correr o risco de uma espingarda o matar.” Ernaldo Expedito de Sá -TianguáfazpartedaAPAIbiapaba-CE
FALA DA AGRICULTORA
TRABALHAR COM AMOR
“Trabalar com amor. Acredite que é bom!” “Quem mantém a oresta ia no precisa de olume morto (dos reseratrios de água)”. Fáma Cabral -Pipiripau-GO
2.7 PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS PARA CONCILIAR FUNÇÕES SOCIAIS E ECOLÓGICAS NOS SAFs
critérios com o intuito de conergir as de mandas sociais com as ambientais. Estes princpios foram propostos inicialmente
A m de lanar as bases para orientar interenes e prácas agroorestais nos mais ariados contetos, foram constru dos junto aos diersos atores com epe rincia em SAFs uma série de princpios e
no Seminário Conservação com Agro-
orestas: caminhos para restauração na agricultura familiar, realiado em maio
de 2015, e resumidos a seguir (lista dos parcipantes do Seminário na página 51).
49
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
Princpios gerais para conciliar objeos sociais e ambientais nos SAFs: i) conserao dos recursos dricos, do solo e da biodiersidade; ii) manuteno dos modos de ida dos agricultores. Estes podem ser diididos nos seguintes princpios e critérios mais especcos :
A) COM RELAÇÃO ÀS FUNÇÕES ECOLÓGICAS: i) considerar a propriedade integralmente e sua funo na paisagem para, ento, planejar as áreas prioritárias para Reseras Legais, APPs e outras áreas de apdo para SAFs; ii) no uliar adubos sintécos e agroticos, prioriando-se o uso de insumos locais, adubao erde, esterco, p de roca, produtos naturais ou caseiros para controle de “pragas” e doenas e aceitos pelas normas de agricultura orgânica; iii) realiar a recomposio e a manuteno da sionomia da egetao original, considerando o manejo da regenerao natural e planos adensados, com alta biodiersi dade e espécies adequadas ao conteto (naas, introduidas e ecas) é a cae para o bom funcionamento do SAF e di respeito a planejamento e manejo; i) omiar o uso da lu solar por meio da estracao; ) garanr que o preparo do solo no cause impactos negaos como compactao e suscepbilidade à eroso; i) uliar métodos de controle da
50
eroso quando necessário; ii) manter permanentemente a cobertura do solo com matéria orgânica; iii) controlar os fatores de degradao, como animais domescados (res tringindo o uso da área para pastoreio), fogo (aceiros e abandono da práca da queimada nas áreas iinas) e deria de agroticos (se aplicar em áreas iinas, realiar em orários sem ento e manter uma faia de segurana); i) realiar manejo de espécies isando o sucesso do estabelecimento do sistema ao longo do tempo. e...
B) COM RELAÇÃO ÀS FUNÇÕES SOCIAIS: i) proer os modos de ida dos agricultores familiares, isto é, contri buir para a segurana e soberania alimentar e nutricional, bem como gerar renda; ii) promoer a autonomia dos agri cultores, o que signica depender o mnimo possel de insumos eternos, prioriar o uso dos recursos locais, aloriar os conecimentos tradicionais, trocar conecimentos entre o saber popular e o saber cienco, e realiar a construo colea do conecimento; iii) promoer o enolimento dos agricultores na concepo do sistema, incluindo escola das espécies, considerando questes de gnero e gerao; i) contemplar os interesses de toda a famlia;
SISTEMAS AgROFLORESTAIS: BENEFíCIOS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS
) considerar a cultura, a iso de mundo e a espiritualidade no desenolimento das agroorestas; i) escoler espécies e deseno em funo dos recursos disponeis e da capacidade de manejo da famlia; ii) escoler espécies obserando sua mulfuncionalidadesocioambiental
(alimentar, ornamental, adubo erde, medicinais, de alor cultural e espiritual, produtora de biomas sa, com funo criadora de outras espécies, armaenadoras de água, etc.); iii) promoer a agrobiodiersidade, prio riando o uso de sementes crioulas.
LISTA DOS PARTICIPANTES DO SEMINÁRIO, BRASíLIA, MAIO 2015 Alana Casagrande, Aleandra Ferreira Pedroso, Ana Elena Muler, André Brunckorst, Antonio Weber, Cain Fera e Sila, Carolina Guyot, Claudia zulmira Cardoso Oli eira, Claudionsio de Soua Araújo, Cosmo Nunes da Paio, Delman de Almeida Gonales, Denise Barbosa, Donald Sawyer, Eduardo Barroso de Soua, Elder Sal Ceare, Fábio va Ribeiro de Almeida, Fáma Ceclia Paim Kaiser Cabral, Fernanda de Paula, Francisco Antonio de Sousa, Ginercina de Olieira Sila, Guilerme Ma mede, helena Maria Malte, Isabel Figueiredo, Renato Araújo, Igor Aeline, Igor de Caralo, ítalo veras Eduardo, Jéssica Lio, Joangela Olieira de Moura, Joel Araújo Sirqueira, José Augusto da Sila, José Fernando dos Santos Rebello, José Melcior, José Moacir dos Santos, Leosmar Antônio Terena, Mara vanessa Fonseca Dutra, Marcelino Barberato, Márcio José de Sousa, Márcio Sileira Armando, Marcos Rug nit Tito, Mariana Aparecida Caralaes, Marn Meier, Mateus Moer Dala Senta, Paulo José Ales de Santana, Pedro Olieira de Soua, Raimundo Deusdará Filo, Regina helena Rosa Sambuici, Renata zambello de Pino, Ricardo Ribeiro Rodri gues, Rielino da Sila, Robert Ramsay Garcia, Rodrigo Mauro Freire, Sandra Regina Afonso, Selma Yuki Isii, Silia Teieira da Sila, Taana Reder, Tomas Ludewigs, Welligton Goueia de Morais, Gabriela Berbigier Gonales Grisolia, Lia Mendes Cru, Daniel Costa Carneiro, Daniel Mascia vieira, Fabiana Mongeli Peneireiro, An drew Miccolis, henrique Rodrigues Marques, Ana Cláudia, Fernanda Olieira do Nascimento, Artur de Paula Soua, Caio Sampaio, Silana Bastos. Foto: Andrew Miccolis
3. COMO FAZER SISTEMAS AGROFLORESTAIS PARA RESTAURAÇÃO 3.1 ENTENDER O CONTEXTO: DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL PARTICIPATIVO Por meio do diagnsco socioambien tal parcipao, procura-se analisar e entender quais so os principais js/ca da famlia agricultora, quais os recursos disponeis naquele conteto e se as pessoas tm acesso,
Fira 6: m bom dianstico e planejamento participativo so essenciais para o scesso dos SAFs
52
quais as estratégias uliadas pela famlia para usar os recursos e alcanar seus objeos, e como lidam com estresses e coques (p.e. seca, osci laes de mercado, saúde, etc.) para reduir suas raas. O diagnsco é a base para o planejamento das interenes.
COMO FAZER SISTEMAS AGROFLORESTAIS PARA RESTAURAÇÃO
3.1.1 FERRAMENTAS PARA O DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO
CAMINHADA TRANSVERSAL PELA PROPRIEDADE
O diagnsco socioambiental dee ser construdo junto ao agricultor com as seguintes ferramentas parcipaas:
Esta técnica enole andar pelos arredores das casas e pela propriedade como um todo, obserando o istrico de uso da área, a lgica e dinâmica de ocupao ao longo do tempo e as aidades produas desenolidas atualmente. A caminada transersal permite também compreender as estratégias ligadas à água, gesto de resduos e uos de trabalo na propriedade, bem como a situao da propriedade no atendimento às nor mas da legislao ambiental.
“MAPA” DA PROPRIEDADE (OU MESMO DA MICRORREGIÃO). Essa aidade lúdica dee preferencialmente enoler todos os membros da famlia. Ela esmula a percepo espacial sobre a propriedade, o uso da terra, as conees entre as unidades de uso da terra (os camados agroe cossistemas) e a relao com a iinana. Sugere-se que a famlia dese ne sua propriedade, demonstrando no mapa as áreas e seus usos. Pode ser úl considerar também os usos da terra e as condies da iinana, sejam geográcas, socioeconômicas, produas, ambientais, entre outras.
ANÁLISE DA IMAGEM AÉREA DA PROPRIEDADE E ENTORNO A imagem pode ser obda no compu tador uliando o programa Google Earth TM. Comparar o “mapa” produido pela famlia com a imagem gerada no Google Earth TM tra ainda mais elementos para perceber como está a paisagem, as posseis conees entre fragmentos, onde esto as áreas de gradadas, as fontes de água, ás áreas de egetao naa, etc.
Conecer bem os quintais, as roas e áreas de resera é fundamental para compreender as ulnerabilidades e estratégias adotadas pela famlia. Dee-se obserar, ento, que po de plantas e animais so produidos, como estes so manejados e ulia dos. Aalia-se em que medida as pessoas aproeitam os recursos disponeis no local. Quando comparamos estas informaes com os objeos dos agricultores, podemos inferir se as estratégias de modos de ida ado tadas ali so as mais apropriadas para enfrentar os problemas especcos daquele local. Esta caminada permite leantar in formaes por meio da obserao direta. Ao er e pegar a terra, se percebem seus atributos; ao obserar os animais é possel constatar seu estado
53
COMO FAZER SISTEMAS AGROFLORESTAIS PARA RESTAURAÇÃO
de sanidade e nutrio; ao obserar a área a ser restaurada, se pode idencar se á eroso do solo, qual o cami no da enurrada e as plantas indicadoras; ao obserar os cursos d´água é possel aaliar o grau de assoreamento; ao er e conecer a famlia, é possel esmar a mo de obra familiar disponel, e assim por diante.
ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA E CONVERSA DESCONTRAÍDA A m de complementar os outros mé todos, uma rsa ssrrada ou crsa scraa e contetualiada no local do agricultor muitas ees é mais eca do que pedir que o mesmo responda a um compleo quesonário. Durante essa conersa, a escuta sensel e atenta fa toda a diferena. Um ambiente de conana e cumplicidade tra à tona muitas informaes que no apareceriam na friea de um quesonário. Para tanto, uma isita com a apresentao do técnico, uma conersa sobre o trabalo a ser realiado, sobre a famlia, sua origem, sua istria, etc., ai abrindo portas e criando um ambiente faoráel para o aprofundamento da relao entre técnico e agricultor por meio de um clima de conana mútua.
O diálogo é a principal ferramenta para um bom diagnósco.
54
3.1.2 CONTEÚDOS DO DIAGNÓSTICO OBJETIVOS, ASPIRAÇÕES E SONHOS DA FAMÍLIA AGRICULTORA Os agricultores so o principal compo nente do SAF, pois so eles que colocaro a energia pessoal para realiar esse empreendimento. Para que eles estejam moados a eperimentar algo noo, é fundamental que seus objeos e aspira es estejam contemplados no deseno dos sistemas e na seleo das espécies. Assim, o diálogo com a famlia agricultora dee iniciar-se com uma conersa sobre seus js, sua vocação e seus sos, preferencialmente enolendo os diferentes membros da famlia: muleres, omens, joens e idosos. Isto ajudará a contemplar as necessidades diferentes dos integrantes da famlia no deseno dos sistemas e seleo de espécies e aumentará a cance dos agricultores se enolerem profundamente com a proposta. Primeiro, deemos perguntar o que os membros da famlia gostariam de faer com a sua área, qual sua iso para a propriedade como um todo e para áreas especcas (incluindo APP e RL). É úl entender no s o que se quer plantar e produir, mas também sua iso de futuro para aquela área. Desde o incio, o processo de planejamento e deseno dos sistemas e construo das solues técnicas dee ser feito junto com o agricultor ou quem efe-
COMO FAZER SISTEMAS AGROFLORESTAIS PARA RESTAURAÇÃO
amente trabala na terra, toma as decises e é impactado por elas. Nesse processo, essas pessoas podero propor formas de alcanar seus objeos e implementar sua iso, ao mes mo tempo em que o técnico tra informaes e ideias noas sobre como iabiliar aqueles objeos na práca e como garanr as outras funes am bientais que a área dee desempenar em conformidade com a legislao. Em seguida, dee ser feito um leanta mento dos recursos – e o acesso da famlia a estes recursos – na propriedade e na microrregio. Isto ajudará a construir o conecimento sobre as principais ulnerabilidades das famlias, mas também leantará algumas potencialidades que às ees nem a prpria famlia percebia. Para saber sobre os objeos da famlia agricultora, sugere-se indagar sobre as seguintes questes:
Qual é o desejo da famlia agricultora? O foco do SAF é mais oltado para: • Conserao/restaurao? • Segurana e soberania alimentar e nutricional? • Retorno econômico? • Ou uma combinao destes ob jeos? • Qual é a ocao das pessoas que o trabalar com SAF? • Que espécies os agricultores desejam produir?
ACESSO A RECURSOS E ESTRATÉGIAS DE MODOS DE VIDA Neste ponto, busca-se compreender se, e como, as pessoas usam os diferentes recursos para alcanar seus ob jeos e implantar sua iso de futuro, e até que ponto estas estratégias es to tendo ito ou no. Assim, deese idencar como a falta de acesso ou má uliao dos recursos podem aumentar a raa dos agricultores. É importante obserar tam bém se as diferentes estratégias de uliao dos recursos esto deiando os agricultores mais ou menos ulne ráeis a certos riscos e ameaas como, por eemplo, mudanas do clima e eentos etremos, utuaes de mercado (preos de produtos e custos de insumos que sobem e descem), ata que de pragas e/ou doenas, mudan as de polcas públicas ou priadas. A análise de recursos permite um diálogo a respeito das tendncias ao longo do tempo, seja de aumento ou diminuio, de cada recurso indiidual mente e da base geral dos recursos. Esta análise permite aaliar os impactos das atuais estratégias de uso do solo, das consequncias de diferentes pos de manejo e de posseis mudanas de rumo. Nesta seo sero eplicados os diferentes pos de recursos, principalmente com foco nas suas implicaes para o manejo agroorestal. Estes conceitos de recur-
55
COMO FAZER SISTEMAS AGROFLORESTAIS PARA RESTAURAÇÃO
sos foram desenolidos originalmente por pesquisadores do Instuto para Estudos do Desenolimento – IDS no Reino Unido147,33 como parte da Abordagem de Meios de vida Sustentáeis128.
RECURSOS HUMANOS Recursos umanos incluem conecimento, abilidades, saúde e outros ele mentos menos concretos porém importantes como, por eemplo, fé, esperana, solidariedade e espiritualidade. O deseno do SAF, a escola das espéFoto: Daniel vieira
cies e a compleidade do sistema de produo esto diretamente relacionados a esses recursos, principalmente à disponibilidade de mo de obra e ao acesso ao conecimento. A quandade e qualidade da mo de obra disponel será fator determinante para desenar e decidir sistemas e prácas de manejo condientes com a realidade da famlia. Por eemplo, em casos onde á pouca mo de obra, deem ser prioriadas espécies mais facilmente manejadas segundo as abilidades e possibilidades dos membros da famlia. Além disso, se os agricultores erem conecimento sobre as espécies e prácas agroorestais, estes tero mais segurana e abilidade para interir no SAF e, portanto, mais cances de sucesso no nal das contas. A m de idencar as potencialidades de intereno nos SAFs, é importante perguntar:
• Quem ai faer os trabalos de plantio? Qual o tempo disponel? • Quem ai faer os trabalos de manejo? Qual o tempo disponel? • Qual a condio fsica dos trabaladores? Quais as suas abilidades? • há pessoas em condies de beneficiar os produtos? • As pessoas que interiro no SAF tem conecimento sobre as espécies e práticas agroflorestais?
56
Foto: Daniel vieira
RECURSOS SOCIAIS Os recursos sociais, que diem respeito à relao da famlia agricultora com um co leo (comunidade local, regional e sociedade), também condicionam o sucesso ou no do empreendimento agroorestal. Esses recursos incluem a organiao social (grupo, associao ou cooperaa), representao, acesso a polcas públicas
como a ATER e crédito rural, aes de so lidariedade (mures, prácas de ajuda mútua), apoio do coleo, etc. Para idencar os aspectos relacionados a esse po de recurso, sugere-se no diagnsco indagar sobre as seguintes questes:
• Qual o grau de organiao social da famlia agricultora? • há acesso a cesso a polticas públicas relacionadas diretamente ou indiretamente aos SAFs? (e: crédito, compra antecipada, distribuio de sementes de mudas). • há acesso a cesso ao serio de ATER? Qual a frequncia e tipo de assistncia na atuao do técnico junto à famlia? fa mlia? • há atiidades a tiidades de cuno solidário, como mutires, ajuda ajuda mútua, troca de diárias, etc.? • há alguma a lguma ao em que se identifica apoio do coletio à famlia agricultora? (e: alguém da comunidade representa o agricultor em feiras). • há enolimento em esferas de participao social (comits, comisses, fruns, etc.)?
57
COMO FAZER SISTEMAS AGROFLOREST AGROFLORESTAIS AIS PARA RESTAURAÇÃO
RECURSOS NATURAIS Recursos naturais so tudo aquilo que em da naturea e podem estar dispo neis em diferentes medidas às pessoas que abitam uma área, incluindo ar, água, plantas, animais, solos, lu solar, dentre outros. Entender o estado e a disponibilidade desses recursos nos permirá analisar as principais limitaes e potencialidades da área como fator decisio para a escola de espécies e deseno de sistemas ade quados às condies ambientais lo cais no momento da intereno. Nas iniciaas de restaurao ecolgica, é parcularmente releante analisar o estado em que se encontra a egetao que ocorre espontaneamente, assim como as condies do solo, a m de introduir espécies adaptadas a essas condies e que possam produir sem depender de grande olume de insumos eternos. A egetao que se desenole plenamente em solos conserados nos trará a referncia de que situao de biomassa e estrutura do SAF poderemos alcanar. Para tal, cóprecisamos avaliar a rsca cógica da área, o que di respeito à capacidade de regenerao e estágio de sucesso natural da egetao naa pela presena de regenerantes (sementes ou mesmo raes ias). Esta aaliao apontará para a necessidade de enriquecimento e manejo por capina selea e poda, quando a resilincia está média ou alta, ou introduo
58
de espécies importantes para a sucesso naquele local, quando a resilincia está baia e á predominância de gramneas ecas na área. Algumas paas caras permitem aaliar as condies do solo. A guanu ma (Sida rhombifolia), por eemplo, indica solo compactado. O sapé (Imperata cilindrica), o capim rabo de burro ( Andropo Andropogon gon bic bicorn ornis is) e a samambaia (Pteridium sp.) so indicadores de solos ácidos e degradados. A trapoera ba (Commelina erecta), a beldroega (Portulaca oleracea) e o joo gomes (Talinum patens) so plantas que indicam solo com ferlidade média a alta. Muitos agricultores sabem armar pela presena de determinadas espécies se aqueles solos sero produos ou no para as culturas agrcolas, portanto esta informao dee ser aloriada. É úl faer um leantamento das culturas adaptadas ao ecossistema regional, ou presentes nas propriedades da regio, obserando condies de microclima especcos da propriedade em ques to, além das ariedades desenolidas por rgos de pesquisa e do conecimento tradicional com capacidade de adaptao e alta produidade. Conecer as fs cas rs (calcário, p de roca, esterco, cinas, p de serra, subprodutos de agroindústria – torta de mamona, casca de café, etc.) para suprimento de nutrientes dos planos é fundamental para o pla nejamento do SAF, podendo baratear
COMO FAZER SISTEMAS AGROFLOREST AGROFLORESTAIS AIS PARA RESTAURAÇÃO
e potencialiar o desenolimento das plantas, e inclusie, condicionar o po de SAF mais adequado e manejo para aquele conteto. Entretanto é importante notar que algumas espécies naas dos biomas considerados no aceitam adubao ecessia. Por estarem “adaptadas” aos solos ácidos e de pouca ferlidade. O pequi (Caryocar brasiliense), por eemplo, no tolera calcário no momento do plano de suas mudas.
iinana ou microrregio (sementes, mudas, riomas e estacas) pode rá reduir substancialmente os custos de implantao dos SAFs e ao mesmo tempo aumentar a diersidade de es pécies a serem introduidas. Portanto, é aconseláel mapear bem a localia o destas fontes assim como a época de produo de sementes, de forma a inserir a coleta destes materiais como parte obrigatria do planejamento.
Leantar os posseis materiais de propagação presentes na propriedade, pagação
Perguntas importantes sobre o ambiente local e recursos naturais:
• Qual é a precipitao média no local? • Em quais meses se concentra o perodo cuoso e de plano? • há presena de ento ento predominante? predominante? Qual a direo deste ento? ento? Em que época? • O solo está degradado degradado ou no? Até que ponto? ponto? • Qual o nel de ferlidade? • Quais culturas culturas esto esto produindo produindo na regio em condies ambientais similares? • Quais espécies ocorrem espontaneamente em ambientes degradados? • Qual a possibilidade de coneo coneo com com fragmentos fragmentos orestais? • há presena presena de egetao egetao naa nas proimidades? proimidades? • há presena de regenerao regenerao natural ou no? • Qual a intensidade desta regenerao? • O terreno encarca ou no? • O terreno é declioso ou no? • O solo é compactado ou no? • O solo é bem drenado ou no? • há fonte de água prima? • há fonte fonte de nutrientes nutrientes nas proimidades (calcário, p de roca, roca, p de serra esterco esterco,, subprodutos de agroindústria, agroindústria, cinas)? • há fonte fonte de materiais de plano nas proimidades (sementes, mudas e estacas)? • A propriedade está adequada às normas ambientais? • Foi realiado o Cadastro Ambiental Rural?
59
COMO FAZER SISTEMAS AGROFLOREST AGROFLORESTAIS AIS PARA RESTAURAÇÃO
RECURSOS FÍSICOS
RECURSOS FINANCEIROS
É preciso também coler informaes sobre os bens sicos, como instala es, equipamentos e ferramentas. Essas informaes também ajudaro na escola das espécies, no deseno, implantao e manejo do SAF. Por eemplo, se á pouca mo de obra, mas á uma roadeira, o tamano da área e o po de manejo podem ser bem diferentes do que com a mesma mo de obra escassa e sem disponi bilidade do equipamento. Da mesma forma, a presena de energia elétrica aponta para a possibilidade de processamento de produtos produtos como, por eem eemplo, polpa de frutas congelada, o que seria iniáel se tal recurso no fosse disponel, e a disponibilidade de água em abundância para irrigao amplia muito a possibilidade de cular ortali as e fruferas eigentes em água.
Os recursos nanceiros diem respeito à capacidade de inesmento, custeio, recursos de “poupana“, que às ees podem ser animais ou árores madeireiras, ou fontes de renda, acesso a crédito e acesso ao mercado. Além do transporte, distância do mercado e condies das ias de acesso, é releante também conecer as demandas do mercado.
Pras pras sr rcrrcr ss scs: • Quais as principais instalaes e equipamentos disponeis na propriedade? (cercas, galpes, água encanada, lu, etc). • Quais ferramentas e equipamentos esto disponeis, tanto para produo, quanto armaenamento e processamento de produtos?
60
Faer um estudo das cadeias curtas de comercialiao (de mercados locais) é ecelente opo, e pode ser realiado nas principais feiras das ci dades e pooados primos, além de mercados e comércios de ortalias e frutas, por meio de leantamen to dos seguintes tpicos: produtos eistentes e demandados, preo de enda, olume de enda, padro de qualidade, demandas no atendidas.
COMO FAZER SISTEMAS AGROFLOREST AGROFLORESTAIS AIS PARA RESTAURAÇÃO
Este leantamento dee dimensio nar o mercado local, ou seja, entender o tamano da demanda, oferta, preo, e indicar estratégias de comercialiao e logsca de entrega da produo. Pras pras sr acss a rcas: • Como as pessoas acessam o mercado: feiras, enda direta ao consumidor, mercados institucionais em programas do goerno (p.e. PAA, PNAE)? • Qual a distância desses mercados? • Como so as condies de transporte e das ias de acesso? • Quais produtos tem mais aceitao no mercado? • Onde os produtos seriam comercialiados? • O preo deste produto no mercado compensa os custos, incluindo mo de obra, insumos e outros? • Qual o olume demandado de cada produto (local e regional)? • Qual o preo de enda pago ao agricultor? (tanto para endas diretas como para outros reenderem). • Qual o padro de qualidade comum ao produto?
Com base nas informaes leantadas leantadas no diagnsco, é possel idencar onde esto as maiores ulnerabilidades na uliao de recursos e estratégias de meios de ida, assim como as potencialidades que frequentemente so pouco aproeitadas. Estes deem ser os principais fatores a serem con siderados para a tomada de deciso na prima etapa de planejamento. A inteno é desenar sistemas e solues que reduam a ulnerabilidade socioambiental e também econômica, e garantam que as diferentes funes sociais e ambientais previstas para
propriedades rurais sejam cumpridas. No nal das contas, a conersa dee tocar em como os diersos recursos (umanos, sociais, naturais, sicos, nanceiros) podem ser gerenciados de tal forma que o aumento (ou a di minuio) de um determinado recurso no prejudique a base dos outros recursos como um todo. Associado ao diagnsco, é recomendado conecer eperincias inspiradoras sobre restaurao com SAFs, de preferncia por agricultores na mesma regio. A m de moar os agricultores para implantao de SAFs, é estratégico implantar pequenas áreas eperimentais planejadas de maneira conjunta, ou mesmo iniciar pelo enriquecimento de quintais, para s ento epandir para áreas maiores. Esta estratégia reduirá os riscos associados a tais iniciaas e aumentará a possibilidade de adaptao e ajustes dos sistemas.
61
COMO FAZER SISTEMAS AGROFLORESTAIS PARA RESTAURAÇÃO
3.2 TOMADA DE DECISÃO NO NÍVEL DA PAISAGEM As iniciaas de restaurao e conserao deem ocorrer muito além da propriedade, pois os impactos e interaes entre os fatores de degra dao e ariáeis ambientais ocorrem no nel da paisagem, de bacias idro grácas, ou até mesmo de microrregies. Nesta escala, é preciso adotar estratégias de gesto parcipaa de recursos naturais enolendo os di ersos atores presentes naquele conteto e respaldada por informaes conáeis a respeito dos diersos usos do solo e seus impactos em termos de serios ambientais e fatores socioeconômicos. Eistem algumas ferramentas e métodos que podem ser etremamente úteis para apoiar processos de negociao e tomada de deciso sobre uso do solo. Uma metodologia desenolida pela UICN camada ROAM121 (Metodologia de Aaliao de Oportunidades de Restaurao), é muito úl para mapear oportunidades e denir prioridades de restaurao em nel subnacional ou nacional por meio de um proces so de concertao entre os diferentes atores enolidos. O ICRAF desenoleu ao longo dos anos um conjunto de ferramentas que combinam métodos aanados de sensoriamento remoto com metodo logias parcipaas associadas também à cincia de tomada de deciso
62
para simular cenários de desenoli mento e facilitar planejamento e to mada de deciso sobre uso do solo no nel de uma paisagem, de um estado ou de uma regio. O LDSF é uma dessas ferramentas que ulia tecnologia de ponta para aaliar e informar o grau de degrada o e restaurao de uma determinada área e auiliar a tomada de deci so sobre os usos do solo, de forma a permir o monitoramento e aalia o de impactos123. Outra ferramenta é o LUMENS32 que auilia na negociao e tomada de deciso simulando, por meio de modelagem, di ferentes cenários de desenolimento numa determinada regio e suas proáeis consequncias, o que permite aaliar os custos/benecios (trade-os) em termos de indicadores de serios ambientais, incluindo carbono, biodi ersidade e recursos dricos124.
Para ars fras sobre estas e outras frraas as, cs a Caa Frraas Ap à Negociação do ICRAF124. p://. wrarfrsry.r/ .pp/2013/12/20/ a-sppr-kfr-ar-ascaps/
Foto: Daniel vieira
COMO FAZER SISTEMAS AGROFLORESTAIS PARA RESTAURAÇÃO
63
4. PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS
64
A m de planejar sistemas agroorestais que consigam equilibrar as funes sociais e ambientais, precisamos compreender melor os caminos aponta dos pela prpria naturea. A sucessão ecológica é a mola propulsora para o desenolimento dos ecossistemas e aana no sendo de aumento dos recursos para a ida. É o camino de retorno do ecossistema aps um dis túrbio ou degradao.
dadas ou concluem seu ciclo de ida, deiam como resultado os benecios de sua presena. Estes benecios incluem todo o material deiado por ela no solo e os resultados das interaes com outras espécies egetais, animais e microbianas, que resultam na dispo nibiliao de nutrientes e meloria das condies do solo, tanto em ter mos de estrutura quanto de ferlida de e umidade.
Neste processo, diferentes conjuntos de espécies se sucedem ao longo do tempo. As espécies surgem, se desen olem, se estabelecem, se reprodu em e morrem, transformando o ambiente para as primas espécies que as sucedero. Essa dinâmica se dá em funo das espécies terem diferentes ciclos de ida e necessidades ecosiolgicas (condies ambientais prop cias para o seu desenolimento – lu, umidade, temperatura, nutrientes, etc.), e capacidades de coloniao de ambientes. As espécies com ciclos de ida similares formam os grupos sucessionais. Ao interagir com o am biente elas desempenam diferentes funes e o modicam. Plantas que duram menos tempo se desenolem juntamente com plantas que iem mais tempo, e quando aquelas so po -
Cada espécie ocupa um estrato, equialente a um andar na egetao, que refere-se à sua altura em rela o às outras plantas e necessidades que a espécie tem de receber lu do sol quando adulta. Plantas do estrato emergente necessitam de lu direta durante o dia inteiro em grande etenso da copa, ao passo que plantas do estrato alto toleram sombras oca sionais por alguns momentos do dia. Plantas do estrato médio toleram um pouco mais de sombreamento e as do estrato baio o bem com sombre amento mais intenso, sendo capaes de realiar a fotossntese com lu ltrada pelas plantas dos estratos mais altos. Quando diferentes espécies de diferentes estratos so combinadas, omia-se a ocupao do espao e permite-se o melhor aproveitamento
Scesso aroorestal no Cerrado baseada nos sistemas desenvolvidos por Ernst götsch dos recursos (água, lu, nutrientes e organismos “companeiros”, como fungos e bactérias benécos). Assim, é possel ter mais sucesso no estabelecimento dos SAFs. há ainda que se considerar, em termos de necessidade de lu do sol, a dinâmica da oresta de onde a espécie é naa e com ela co-eoluiu por milares de anos. Por eemplo, em um clima com estao seca muito denida, a oresta é decdua e as es pécies de dossel tendem a perder as folas. Em consequncia, as plantas dos estratos médio e baio recebem muito mais lu direta e adequam-se siologicamente a essa dinâmica. O cafeeiro, por eemplo, necessita des -
se “coque” de lu direta apenas para induir a orao, podendo logo aps oltar a se abrigar sob a sombra do dossel rebrotado, produindo seus frutos plenamente. Isso signica que muitas ees, dependendo do clima a que pertence, é preciso se pensar mais nas mudanas que a oresta (ou a agrooresta) naturalmente realia ao longo do ano do que numa taa estáca de percentagem de sombre amento designada para uma espécie de tal egetao. Outras espécies so picas de orestas que sofrem regularmente muitos distúrbios, por eemplo, por estarem localiadas primas a rios, onde os entos so constantes. Normalmente,
65
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
essas espécies so de estrato médio ou baio, mas necessitam de aberturas regulares do dossel, como a jabucabeira (Myrciaria cauliora). Portanto, precisamos considerar o ci clo de ida e o estrato que cada planta irá ocupar para planejar os SAFs de forma que sejam ecientes, principalmente no desenolimento das plantas que atendam os objeos da famlia agricultora. Além de diferentes necessidades de lu, as plantas também tm diferentes eigncias com relao à ferlidade do solo e disponibilidade de água. há plantas
Fira 7: planejar bem a estraticao sinica otimiar recrsos: áa, l e ntrientes.
66
eigentes em solos com alta ferlida de, e á aquelas que se desenolem bem em solos considerados pobres. há plantas que necessitam de bastante água disponel e outras adaptadas a condies restritas de disponibilidade de água. Em regies com pouca água por longos perodos, como é o caso da Caanga e do Cerrado, á plantas que acumulam água em sua estrutura e, as sim, so adaptadas a estas condies e ajudam as outras plantas também a se desenolerem. Muitas plantas naas so mais adaptadas a estas condies e portanto podem contribuir para o su cesso dos SAFs. Assim, dependendo do conteto e das principais limitaes e
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
potencialidades encontradas em cada situao, opta-se por determinadas combinaes de espécies, ou arranjos. A presena de espécies erbáceas e arbusas (que podem ser agrcolas ou naas) é muito importante para o estabelecimento de árores a parr de sementes, pois funcionam como ieiro natural. É o caso, por eemplo, do abacai, da mandioca, do feijo de porco e do feijo guandu, conecidas por “plantas cuidadoras” ou “plantasme”. Podemos uliar espécies alta mente ecientes na produo de biomassa como fontes de matéria orgânica a ser concentrada para melorar a ferlidade e dinamiar a ida do solo e manter a umidade para as outras espécies na sucesso ecolgica. Assim, no planejamento e deseno dos SAFs, deemos estar atentos a como as espécies e suas diferentes funes so distribudas no espao e ao longo tempo. O deseno dos sistemas dee ser feito a parr dos aprendiados e obseraes no diagnsco socioambiental e obedecer algumas orientaes para cada um dos passos apresentados a seguir.
4.1 SELEÇÃO E PLANEJAMENTO DA ÁREA: LOCALIZAÇÃO NA PAISAGEM E ELEMENTOS DO DESENHO Primeiro, o planejamento dee conside rar, para qualquer área onde será feita a intereno, qual é o seu papel e ligao com outros elementos, incluindo:
• FunçõeS SoCioAmbientAiS dA ÁREA ESCOLHIDA APP, RL, quebra-ento, área de produo, faia entre duas áreas produas. O deseno e escola das espécies também esto condicionados à funo da área escolida. Áreas com funo prioritária de preserao (APP) deem ser manejadas com operaes menos impactantes e eigem presena marcante de espécies naas. • ConexõeS dentRo dA PAiSAgem Obserar onde á fragmentos de egetao naa e tentar conectar essas áreas com deseno de SAFs que facilite a moimentao de animais silestres, crie conees entre fragmentos de egetao naa e aumente os benecios dos serios ecolgicos para os SAFs como, p.e. controle natural de “pragas” e pro duo de matéria orgânica. Assim, procure estabelecer os SAFs a parr das bordas dos fragmentos, de onde ca mais fácil coloniar áreas alteradas. Obserar, nesse caso, a necessidade de realiar poda na borda da mata para eitar inuncia das árores elas sobre as joens do SAF. O material da poda da borda dee ser uliado para cobrir o solo da noa área adjacente plantada. • Sol Dee ser obserada a direo do sol no posicionamento dos SAFs para que as espécies que mais precisam de lu aproeitem mais
67
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
oras de sol e as espécies que precisam de mais sombra no in cio quem protegidas por outras plantas nas oras de sol mais forte, geralmente do meio dia à tarde. Por eemplo, quando á canteiros ou ilas de ortalias numa borda de um SAF, estes deem estar ini cialmente no lado que recebe o sol da man e as plantas maiores deem ocupar o lado do canteiro mais oltado para o sol da tarde. É importante lembrar que algumas dessas iro demorar para crescer por ter o ciclo mais longo e no cegaro a atrapalar as ortalias de ciclo mais curto. Outro eemplo é com relao ao plano de estacas, que deem apontar para o sol poente (oeste), já que a incidncia dos raios solares será paralela à estaca e portanto sua supercie será menos queimada pelo sol forte. • ÁguA Obserar a direo em que a água corre, posseis pontos de eroso e formas de desiar a água, quando necessário, e assim aumentar a inltrao no lugar, incluindo terraos ou pequenas bacias que con tribuem para que a água inltre e permanea no terreno. Adicional mente, canaletas podem ser construdas para drenar água quando for necessário. Onde á maior ne cessidade de água, principalmente no perodo da seca, concentrar mais matéria orgânica, de forma
68
que mesmo a pouca água reda no solo possa ser manda. Outra estratégia é o uso de quebra-entos, muito importantes para reduir perdas de umidade nos sistemas. • deClividAde Obserar a direo e grau do declie e planejar os SAFs de forma a fa cilitar o plano, manejo e coleita. É importante obserar também o efeito da decliidade com relao à incidncia da lu solar (direo do sol). No Brasil (e no emisfério sul em geral), faces de morros ol tadas para o norte recebem mais sol no inerno e encostas oltadas para o sul recebem mais lu no ero. A m de eitar a eroso, é re comendáel trabalar com curas de nel e terraos, que podem ser longos ou curtos e, principalmen te, a cobertura do solo com maté ria orgânica de forma completa e generosa. Em áreas decliosas, a água inltrará mais no solo e os nutrientes sero redos se forem feitos terraos pequenos ou em cura de nel, ou seja, perpendicular (atraessado) em relao à direo da água, no terreno como um todo. A matéria orgânica também dee ser organiada de forma a reter a água de cua, seguindo a cura de nel.
DICAS PRÁTICAS
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
• CondiçõeS do Solo: vericar a tetura, se os solos so mais arenosos ou mais argilosos. Os solos arenosos so mais drenados e os solos mais argilosos retm mais água e por isso encarcam com mais facilidade. É importante ainda obserar também o teor de matéria orgânica. Solos considera dos bons, com alto teor de matéria orgânica, costumam ser mais es curos, ter ceiro caractersco (de úmus, neutro e agradáel) e sua estrutura geralmente é granular, o que contribui para o solo ser fofo e poroso. Outro aspecto importante é obserar se á sinais de compactao. Solos que sofreram mecaniao peridica podem apresentar o camado “pé de grade”, que é a camada compactada a 20 a 30 cm abaio da supercie do solo. Eistem métodos simples de aaliao das condies de solo que no necessitam de análise laboratoriais caras e podem ser realiados no prprio lu gar entre técnico e agricultor 13. • vento Obserar principalmente o(s) lado(s) de onde m os entos predominantes e mais fortes para colocar barreiras de ento prioritariamente nestes lados e plantar as espécies mais senseis ao calor atrás de outras plantas mais resistentes, de forma que quem mais protegidas destes entos. O ento pode quebrar plantas ou causar estresse drico, pois lea a
umidade embora, até que as plantas fecem os estômatos. esôas: Pequenos oricios presentes nas folhas por onde a planta realiza as trocas gasosas e água com o ambiente.
O ento também pode transportar insetos, como mosca branca, e se mentes de espécies no desejadas no sistemas, portanto, proteger as plantas e a área do ento forte é muito importante. Um bom quebra ento pode aumentar de forma signicaa a produo de uma área agroorestal ou de orcultura. • Fogo Se for o caso, obserar de onde pode ir fogo e planejar os sistemas com aceiros (faias capinadas) e cercas ias para impedir a passagem do fogo, preferencialmente compostas de espécies que dicilmente queimam. Alguns eemplos de espécies com essas caracterscas so o aelo (Euphorbia rucalli ), janaúba (Synadenium grani ), diferentes pos de agaes (piteira, sisal), orapronobis (Pereskia aculeata), margarido (Tithonia diversifolia), palma forrageira (Opuna cus indica) e sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia), dentre outras. • logíStiCA Di respeito ao acesso à – e dentro da – área para traer insumos e escoar produtos. Obsere qual será
69
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
o local de entrada e sada da área e como a produo será escoada, inclusie se será preciso aer fai as para trafegar máquinas. Plane je estrategicamente de modo que aja o mnimo de pisoteamento e trânsito de máquinas pela área desnada ao plano. • eStRAtégiA de modoS de vidA Qual será o impacto na ida das pessoas ao trocar um sistema de produo por outro, uma espécie egetal por outra no deseno? Como cada escola afetará os recursos e as ulnerabilidades da propriedade ou da famlia idencadas no diagnsco? A seleo de espécies e prácas de manejo deem pensar no s no gano econômico ou ambiental (p.e. carbono e biodiersidade), mas também na resilincia geral do sis tema, na saúde das plantas e dos animais (criados e silestres) e no bem estar das pessoas enolidas. Para determinar o melor espaça e adubação para cada espécie ou técnica de estabelecimento, é importante lear em conta os diersos fatores leantados durante o diagns co, principalmente: a ferlidade do solo, disponibilidade de material de plano (sementes, estacas, mudas), fontes de matéria orgânica (folas, ga los, madeira) e adubos (esterco, cina, composto, p de roca, p de serra e etc.), bem como a disponibilidade
70
de mo de obra para manejo e as principais funes daquela espécie como parte do sistema (adubao, produo de biomassa, frutas, som bra, etc.). espaa: como regra geral, respeitar o mesmo espaamento recomendado para cada espécie agrcola (principalmente fruferas) de quando so plantadas em monocultura.
SEGUEM ALGUMAS DICAS PRÁTICAS SOBRE ESPAÇAMENTO: • Para áreas com baia ferlidade, recomendam-se espécies “adu badeiras” em alta densidade e as árores fruferas deero ser plantadas com menor espaamen to, já que as árores sero menos euberantes que em terras de alta ferlidade; • Quando ouer pouca quandade de certas sementes ou mudas de espécies consideradas preciosas, plantar estas espécies no espaamento denio; • Quando á pouco material de propagao de uma espécie (sementes e/ou mudas) indica-se plantar uma área menor porém mais completa, a no ser que aquela espécie consiga se espalar bem e ocupar os espaos deiados aios; • No se preocupe em plantar denso demais se er possibilidade de ma nejo de raleamento. Considere, ain da, que aerá raleamento natural
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
•
•
•
•
feito por formigas, cupins, lagartas e outros organismos; Eitar juntar espécies que ocupam o mesmo estrato (espao ercal relao à necessidade de lu) ao mesmo tempo; Deiar espao suciente entre linas de plantas (árores e outras) para permir o manejo; Dimensionar canteiros, ilas ou núcleos de acordo com as pesso as que iro manejá-los (alcance do brao); Árores e arbustos considerados mos produtores de biomassa podem ser plantados mais primos a outras árores que perma necero mais tempo no sistema e que crescem mais deagar (madeiras de lei, fruferas) contanto que estes produtores de biomassa pos sam ser podados periodicamente.
COM RELAÇÃO À ADUBAÇÃO, SEGUEM MAIS ALGUMAS DICAS: • Em APPs, dee ser uliada adubao orgânica e técnicas agroecolgicas para controle de pragas e doenas; • A adubao dee lear em conta a ferlidade do solo, as eigncias das plantas e a sua disponibilidade na propriedade ou iinana; • Dee ser aaliado até que ponto o inesmento no adubo será compensado pelo aumento da pro duidade daquela espécie. Geralmente, se uma espécie requer
grandes quandades de adubo para produir bem, é possel que no seja a espécie mais adequada para aquele local naquele momento. Em muitos contetos, optar por espécies menos eigentes pode ser escola menos arriscada. As espécies mais eigentes podem ser incorporadas na medida em que a ferlidade do solo ai me lorando; • Planejar adubao de forma que diferentes espécies consigam aproeitar o adubo em diferentes momentos. Por eemplo: ortali as, seguidas por outras erbáce as, arbustos e árores; • A médio e longo prao, o melor adubo para restaurao dos solos é a prpria egetao picada sobre o co, principalmente a madeira, cuja decomposio, com a ajuda de fungos, bactérias e insetos, fornecerá os nutrientes necessários para manter a produidade da área; • É preciso sempre pensar qual planta, ou con junto de plantas, cumprirá o papel de adubadeira em diferentes momentos
do desenolimento futuro do sistema.
71
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
DICAS PRÁTICAS
ADUBAÇÃO Uma práca uliada tanto nas áreas alagadas como nas áreas mais se cas é a “adubao orgânica”, como fa o agricultor Luio. Essa aduba o é feita por meio do acúmulo de matéria seca no pé da árore. “ A rodinha é pra car úmida. Isso é adubação verde, com feijão-de-porco e essa cama de capim. Quando a gente coloca a cama no chão eles crescem mais rápido”. A adubao é feita nos pés das árores mesmo quan-
do elas ainda so mudas. O agricultor aproeita suas iagens à feira da cidade para obter a serra gem que compe sua adubao. A serragem ou p de serra é colocada da forma que sai da serraria, sem necessidade de fermentao, “ joga aí no pé que ela curte por conta própria. Esquenta o pé, quanto mais crua ela vier, mais desenvolve a planta, ela vai engrossando. Quanto mais esquenta, menos aparece o cupim e a formiga, eles não resistem lá dentro. No
buri, no cupuaçu, todas elas crescem rápido com este adubo. A laranja que não gosta muito não”.
O capim que cresce ao redor da planta e a adubao erde so capina dos periodicamente para compor a adubao. “ Quando eu capino jogo tudo em cima. A época boa é a época chuvosa, que aproveita isso aí tudo. Na chuva, puba [fermenta] e desenvolve a planta. Na época da seca dei-
xa parado”. Na época da seca no se fa capina. Por isso, nesse tempo
a adubao ai se decompondo e diminuin do de tamano. “ Aí chega a chuva e eu capino, antes de esmorecer. Capino só ao redor da planta. Entre as plantas
deixo à vontade. Quanto mais deixar capim perto, mais aguenta na seca. O capim que está do lado é melhor, mas a serragem também é boa”. Luiz Pereira Cirqueira – Assentamento DomPedro,SãoFélixdoAraguaia–MT. Fonte: Agricultores que culvam árvores no Cerrado145.
72
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
4.2 SELEÇÃO DE ESPÉCIES ESPÉCIES MAIS ADEQUADAS PARA DETERMINADOS CONTEXTOS Algumas espécies so especialmente estratégicas para a restaurao com agroorestas porque apresentam caracterscas que potencialiam a ce gada de outras espécies, meloram as condies do solo e faorecem a dis ponibilidade de água. A m de garanr que os SAFs consi gam equilibrar as diferentes funes sociais e ambientais, é importanssi mo incluir no deseno inicial dos sis temas espécies que cumpram com os critérios abaio. Quando á espécies que cumprem com diersos destes critérios, estas so consideradas espécies chave. Assim, deem ser prioriadas espécies que: • O agricultor deseja cular, ou seja, espécies que ele tena anidade ou gosto; • Se desenolam e produam bem naquele lugar, considerando con dies de clima, solo, luminosida de, água, insumos disponeis; • Apresentem alta capacidade para melorar o solo e o ambiente, de sempenando múlplas funes em diferentes momentos (curto, médio e longo prao); • O agricultor d conta de manejar
conforme a disponibilidade e qua lidade da mo de obra disponel; • Tena potencial de acesso a mercado, principalmente quando este é um objeo; • Se encaie bem com outras espécies no consrcio em termos do es pao que ocupa ao longo do tem po e do seu ciclo de ida. Algumas espécies mulfuncionais so apresentadas na lista geral de espécies indicas para restaurao no Cerrado e Caanga (eja o Quadro 03 na seo 5.4). A escola das espécies dee acontecer de maneira compael com as condies do local, assim como dos rsss aas c s arcultores. Por eemplo, em áreas onde á alagamento, é importante que as espécies escolidas sejam tolerantes ao encarcamento. Se o foco do sistema, além da restaurao, for gerar retorno econômico, é preciso escoler espécies que tenam potencial de mercado. Se o solo está degradado, é necessário selecionar espécies especialmente ecientes para recuperar a ferlidade do solo, e assim por diante. Espécies que apresentam estratégias de araa áa so especialmente indicadas para condies etremas de décit drico, ou seja, para os biomas Caanga e Cerrado, onde o perodo de esagem é denido e etenso. Plantas suculentas, que so
73
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
túrgidas e que armaenam água em sua estrutura como os cactos (palma, mandacaru, ique-ique), so fonte de água
Palma forraeira na Caatina. Fonte: site maisbahia.com.br - https://oo.l/yqTtI Outras plantas apresentam estrutu ras em suas raes, que funcionam como erdadeiras caias d´água. O mamu (ou jaracaá), o umbu e o ca já-mirim so algumas espécies que
Rai do mbeiro. Fonte: site maisbahia.com.br - https://oo.l/yqTtI
74
para os animais e plantas, e mesmo para as pessoas, e mantm o erde na paisagem onde todo o resto é cinento.
Mandacar ao centro. O verde na Caatina seca. Fonte: http://www.panoramio.com/photo/61423522 apresentam essas estruturas subterrâneas camadas de ilopdio e que as ajudam a sobreier mesmo em condies de falta d’água por longos perodos.
Xilopdio: verdadeiras caixas-d´áa. Fonte: https://oo.l/0x4q0
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
No Cerrado, as palmeiras armaenam água em seus caules e folas, traendo o erde para a egetao na época de esagem. Eemplos de palmeiras que ocorrem no Cerrado so o buri (Mauria exuosa), a macaúba ( Acrocomia aculeata), o indaiá
Foto: henrique Marques
( Aalea oleifera), o coquino aedo (Bua capitata), o coquino babo ou jeriá ( Syagrus romanzoana), babau (Orbignya speciosa), guariroba ou gueroba (Syagrus oleracea), brejaúba ( Astrocaryum aculeassimum), juara (Euterpe edulis), dentre outras.
Área com grande concentração de Palmeiras Juçara ( Euterpe Edulis ) contribem para amentar a resilincia em pocas de estiaem no Cerrado. Stio gerânim - DF.
75
Foto: Andrew Miccolis
Troncos de bananeira cortados ao meio e dispostos de forma oraniada no solo. Stio Semente – DF. As bananeiras também so muito ecientes em armaenar e disponibiliar água para o sistema. Quando corta das, seu pseudocaule (tronco), se pardo ao meio e disposto sobre o solo, mantém a umidade, aporta nutrientes importantes como potássio e melora a ida do solo. Outra caractersca desejáel é a alta produção de biomassa e boa respsa à pa. Algumas espécies so especialmente boas produtoras de biomassa para o sistema, que faorecem a cca s rs, a proteo e a ida do solo. Dentre elas, podemos citar, no caso do Cerrado, o
76
eucalipto, a ingaeira, a mutamba, o margarido, bem como algumas gra mneas, e para a Caanga, a gliricdia, a algaroba, o sabiá, o sisal e a palma forrageira. Essas espécies podem ser constantemente podadas e seu material, quando depositado sobre o solo, o protege contra a eroso e melora as caracterscas de ferlidade. Algumas espécies com essas qualidades so consideradas ecas, ou seja, faem parte de outros biomas que no a Caanga e o Cerrado, porém se adaptam muito bem às condies de clima e solo e podem ser etremamente benécas para melorar os recursos para a ida no lugar.
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
DICAS PRÁTICAS
ALGAROBA
A algaroba é uma espécie com grande capacidade de coloniao e promoe rapidamente pooamentos omogneos. Com o passar do tempo, o poo amento ai raleando soino, em que as plantas mais fracas e menores o morrendo. Moacir mostra como a algaroba em um curto espao de tempo consegue crescer. Em apenas um ano, aps realiado o controle com foice, e até motosserra, rerando todos os indiduos, toda uma capoeira fecada com altura média de quatro metros estaa formada. Como elas possuem uma alta capacidade de rebrota, o corte raso no é suciente para eliminar todos os indiduos, e pela rai elas retornam. Nesta área, a inteno é facilitar o retorno natural das plantas naas e realiar planos. A braúna é uma outra espécie que consegue conier, ou comper com a algaroba, ao contrário da maioria das outras espécies da regio. Na área, alguns indiduos de braúna permanecem. A algaroba necessita de manuteno anual, caso contrário, pode causar problemas de inaso a outras áreas. Essa espécie gosta de ambientes úmidos, e as beiras de riacos e rios so dominadas quando ela aparece. Em outra área, um raleamento foi feito objeando estabelecer um sistema silipastoril, seguindo modelo da Embrapa Caprinos, com capim e algaroba. Foram deiados pés de algaroba a cada 20 metros. Atualmente todo o material adindo do raleamento está no co, ento está sendo esperado que boa parte desse material se decompona, melorando a condio do solo. O raleio anual já foi iniciado no sistema rerando as árores maiores e mais elas, e endendo a madeira de algaroba, que possui boa sada de mercado. As plantas mais noas também podem ser radas na manuteno. Aps rerado todo o material durante a manuteno, noas espécies podem aparecer e nesse momento o capim será semeado. Quando o capim eser em estado mais aanado, poderá ser feito o uso controlado da pastagem, soltando os animais. No sistema, a algaroba ai gerar o principal produto para a alimentao dos animais, a agem. A coleita da agem é feita quando ela já está no co, podendo ter cado ou ter sido derrubada sobre uma lona. O comércio da agem de algaroba já acontece na regio. Um saco de agem custa em média de reais (preo pracado em 2015), e uma planta com de metros de copa pode produir até um saco e meio por temporada. A produo acontece na época de seca. No espaamento de mais ou menos 20 m entre plantas (50 plantas por ectare), a parr do segundo ano, pode-se obter uma produo média de 50 sacos de agem por ectare anualmente. Moacir dos Santos –CentrodeTreinamentodoInstutoRegionaldePequena AgropecuáriaApropriada–IRPAA–Juazeiro–BA
77
Foto: Daniel vieira
Alarobas – Prosopis julifora . Por outro lado, algumas destas espé cies apresentam grande poder de coloniao, ou seja, podem se espalar pela paisagem, dominando o ambiente e inibindo que as espécies naas se estabeleam, processo conecido como inaso biolgica. Eemplos disso so o margarido ( Tithonia diversifolia) e a leucena (Leucaena leucocephala ) no Cerrado, algaroba (Prosopis juliora) na Caanga, e algumas espécies de capins, como: Panicum maximum,
Brachiaria
decumbens,
Andropogon gayanus. Por isso, reco-
menda-se o uso dessas espécies com potencial invasor apenas em sistemas
onde será feito manejo, que signica podas peridicas na época adequada, eitando a inaso dessas espécies, com o deido controle.
78
Quando o ambiente está degradado e á disponibilidade para manejos peri dicos, é altamente recomendáel o uso dessas espécies muito ecientes como produtoras de biomassa, mesmo que consideradas potencialmente inasoras, desde que adequadamente manejadas ou em áreas onde estas espécies já estejam bastante dispersas. Nas proimidades de unidades de conserao e remanescentes de e getao naa no inadida por estas espécies e em áreas onde o manejo no pode ser intensio, no se recomenda o uso dessas espécies com potencial inasor para restaurao com agrooresta. Recomendamos, nestes casos, a busca por espécies naas também ecientes em produo de biomassa. Ainda que aja um manejo
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
adequado das espécies inasoras, é dicil eliminar completamente o risco destas espécies escaparem ao controle e causarem o abafamento de plantas naas em áreas iinas de egetao natural ou em áreas de produo iinas onde estas espé cies podem no ser desejadas. Por isso deemos despender todo o cui dado para o seu uso. Considere ainda para a escola das espécies, aquelas com alta apdo para serem intercaladas com outras em funo de caracterscas como: perda de folas em determinados perodos (o que permite maior entrada de lu para as plantas que esto abaio delas), sombreamento (intensidade e po), capacidade de rebrota, etc.
Se ouer componente animal, é im portante escoler espécies egetais que sejam cpas c a cra aa, ou seja, que apresentem potencial forrageiro e que possam se associar bem com as plantas forrageiras e espécies naas. Além de gramneas, animais se alimentam de outras plantas, inclusie arbusas e arbreas. Por eemplo, o sanso do campo é ecelente espécie para a criao de caprinos. Árores que apresentam sombra pouco densa, e que am nitrognio, so ecelentes para sombreamento de pastagens, em sistemas silipastoris. Árores cujos frutos alimentam animais, como pequi, jaca, manga, baru e cajá, também so indicadas para se rem associadas aos pastos.
Fira 8: Sistema silvipastoril – o ado em pasto sombreado sente maior conforto trmico e conta com alimentao variada.
79
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
DICAS PRÁTICAS
Para que no aja impactos negaos sobre o solo e egetao, em sistemas com animais recomenda-se que as plantas sejam podadas e oferecidas no coco, sem o lire acesso dos animais sobre as plantas. Assim, ca mais fácil a coleta do esterco animal, que dee ser retornado ao local da produo para boa ciclagem de nutrientes. Além de retornar os nutrientes, o esterco disponibilia-os rapidamente e também dinamia a ida microbiana do solo.
Ainda quanto à escola das espécies, idenque culturas de ciclo curto que pssa sr caas a “jaa” pa a sa csa, assim o tempo de produo é ampliado, aumentando o potencial produo e de retorno nanceiro. Por eemplo, no Cerrado, o gergelim, o feijo, o amendoim, o sorgo, deem ser plan tados entre o meio e nal da estao cuosa, depois do milo, abbora, e outras, para que as sementes sejam colidas no incio da estao seca. há algumas cras q aprsa a pca rc, tanto fornecedoras de lena, como o sanso do campo, o caroeiro, a mutamba, o murici, quanto de leos, como a ma mona, o pequi, e outras. Gerar ener -
80
gia pode ser uma demanda tanto dos agricultores quanto de mercado. O ideal é que as espécies apresentem ss ps, ou seja, que possam serir tanto para alimentao umana, quanto para alimentar animais, pasto apcola, produo de biomassa, etc. O feijo guandu é um bom eem plo pois, além de produir os gros que podem ser consumidos erdes ou maduros, fornecendo importante fonte de protena para as pessoas, também é apreciado pelos animais, e sua biomassa, rica em nutrientes, pode ser uliada como adubo verde, cobrindo e descompactando o solo. Além disso, essa espécie é bastante adaptada à esagem e já fa parte da cultura do sertanejo. O sanso do campo é outra espécie de uso múl plo conecida também do sertanejo e muito úl para alimentar animais, ge rar lena, faer cercas e adubar o solo.
Adubo verde so plantas que contribuem com pro duo de biomassa de alta qualidade para ser podada e uliada como cobertura do solo. Como eemplos podemos citar: feijo de porco, feijo guandu, crota lária, mucuna, esloantes, mileto, sorgo, mamona e margarido.
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
DICAS PRÁTICAS
uMBuzEIRO E LICuRI: PLANTAS-CHAVE NO SEMIÁRIDO
O licurieiro e o umbueiro so deiados no meio da roa porque so adaptadas ao clima, podem oferecer frutos e faorecem outras espécies “O povo costumava perfurar o tronco para rar o broco do licuri. Os licu rizeiros eram furados para as pessoas verem se nham uma espécie de palmito. Os que nham, eram derrubados, rachados e o palmito rerado. Depois baam e faziam farinha pra comer. Era tempo de fome, não nha o que comer”. O leo de licuri é usado para fabricao de sabo. Já
o umbueiro, apesar de ter uma copa densa e etensa, é muito bom para alimentar os animais e as pessoas. Alberto Cardoso de Souza –ComunidadeSalgado,Casserengue–PB
É importante que a escolha das espécs sja aqaa rs scculturais para o conteto de agricultores familiares, por eemplo, espécies aloriadas pelos agricultores por moos culturais associados a múlplas funes155,156,157. d prfrca para spcs já ccas e uliadas na regio e para as quais assistncia técnica é menos essencial. Considere também espécies que apresentem benecios claros idencados pelos diferentes moradores da comunidade.
Por eemplo, muleres muitas ees escolem espécies diferentes das que os omens escoleriam, como plan tas medicinais, certas alimencias e outras que serem para artesanato. Todas essas possibilidades deem ser leadas em conta. vja a s 5.4 aas espécies-chave para recupera áras raaas Crra Caaa.
umbeiro. www.embrapa.br
81
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
4.3 PLANEJAMENTO ECONÔMICO Uma e escolidas as principais espécies que se deseja plantar no SAF, é possel iniciar o planejamento eco nômico. Para tal, é preciso aloriar e planejar o manejo dos diferentes produtos da biodiersidade, que per mite retornar os custos necessários à restaurao ecolgica e pode gerar bônus econômico, tanto no conteto da agricultura familiar quanto em propriedades maiores em Reseras Legais e áreas produas, onde se queira aliar produo com consera o ambiental. Desde que os sistemas atendam aos critérios ambientais, podem ser inclu das diersas espécies com funo de gerar também outros benecios para a famlia, como segurana e soberania alimentar, remédios, bras, energia e materiais para construo (eja Se o 2.4 sobre Benecios). Com esse intuito, é importante incluir espécies comerciais e com outras funes im portantes para os agricultores nos diferentes grupos sucessionais. A restaurao ecolgica das áreas de proteo em propriedades rurais pode ser realiada por meio de métodos mais passios e geralmente mais baratos, como aes de preserao e proteo ambiental que permitam a regenerao natural, ou mediante sis temas mais aos e geralmente mais caros, como reorestamento, restau -
82
rao orestal ou agroorestas enol endo plano e manejo intensios. O grande desao de um bom plane jamento agroorestal no conteto de áreas de proteo é encontrar certa seleo, composio e manejo de espécies ao longo do tempo que permi tam manter as funes ecolgicas ei gidas e equilibrá-las com a produo e os objeos sociais planejados para a área, incluindo o retorno econômico. Os agricultores familiares que opta rem por desenoler um sistema agro orestal com objeo principalmente econômico deem prioriar áreas que no sejam APP e RL. No entanto, quando se pretende aliar restaurao ecolgica à produo, é possel fa -lo nestas áreas oltadas para preserao (APP e RL), conforme preconia a Lei Florestal.
4.3.1 PASSOS NO PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE EMPREENDIMENTOS AGROFLORESTAIS: O processo de planejamento nan ceiro de empreendimentos agroo restais é gradual, e depende também da aprendiagem das técnicas agroorestais. Com a nalidade de aumentar a ecácia do planejamento e dar se gurana nas tomadas de deciso por parte do agricultor, sugerimos os se guintes passos básicos: • O diagnsco socioambiental permirá conecer as caracterscas dos agricultores a serem atendidos
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
como: sua composio familiar, origem, disponibilidade de mo-de -obra e apdo agrcola; as caracterscas edafoclimácas, infraestrutura e logsca do local, aaliar a ferlidade e caracterscas sicas dos solos, obter dados da preci pitao anual e se á perodo de esagem durante o ano, tempera tura média anual e os meses com temperaturas etremas, altude, ocorrncia de entos que enam a causar prejuos aos culos, caracterscas do releo, qualidade e intensidade de lu ao longo do ano, distância das propriedades ao local de comercialiao dos produtos, ericar se as estradas so trafegáeis durante o ano todo. • Aps o diagnsco socioambiental e econômico, montar a tabela de arranjo agroorestal (conforme eplicao mais adiante) procurando compor os grupos sucessionais (ciclo de produo e estratos), com espécies produtoras de biomassa e espécies com objeo comercial, culturas agrcolas, entre outras. Se lecionar espécies de alta rentabilidade (ortalias, ornamentais, me dicinais, frutas e madeira) e listar as espécies indicando suas respecas ulidades e mercados em potencial. • Elaborar um croqui, planta baia do plano, compondo o arranjo nos espaamentos e linas. Para espécies do mesmo ciclo de produo e
estratos, o espaamento é denido como se fosse apenas uma espécie. Já espécies de grupos diferentes podem estar primas umas das outras. As espécies econômicas podem seguir o espaamento geralmente recomendado como se fos se em monoculo, considerando a ressala das porcentagens de cobertura em funo do estrato que a espécie ocupa. As espécies aduba deiras, inclusie arbreas, deem ser plantadas adensadas para que possam ser podadas, raleadas e incorporadas como matéria orgânica. • Calcular a demanda de mo de obra, saonalidade e a disponibili dade familiar. Montar um calendário indicando em que época do ano cada espécie produ e os respecos tratos culturais. • Listar as aidades para as receitas e custos, dados fundamentais para a análise nanceira. Para as receitas (entradas) será necessário obter os preos de enda dos produtos dos SAFs e esmar sua produidade em todos os perodos (Tabelas 2 e 3 apresentadas adiante). Para a obteno dos custos (sadas) deemse listar todas as aidades que sero realiadas nos SAFs desde o preparo de área, plano, replano, limpeas, manejo e manuteno das espécies até a fase de coleita e comercialiao (Tabela 4).
83
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
• Obteno dos coecientes técnicos (CT): aps detalar as aidades de campo para cada espécie do SAF, dee-se esmar o tempo ne cessário para realiar cada aidade listada em todos os momentos que cada aidade ocorrer, sendo denidos os coecientes técnicos para cada aidade de custo. Os coecientes sero calculados para as aidades considerando dados de mo-de-obra e de insumos. Para mo-de-obra, o tempo esmado será representado por diárias (omem-dia), ou seja, quantas pessoas trabalaram em uma determinada área (1 a por eemplo) para realiar determinada aidade (limpea ou plano, por eem plo) em um dia (Tabela 4). Caso o agricultor ulie maquinário, o co eciente técnico será apresentado em ora-máquina, e para os insumos, as unidades dos CT ariam de acordo com cada produto (kg/a, t/a, l/a, m3/a, por eemplo). • Para o registro e análises dos uos nanceiros dos dados, pode-se uliar a planila AmaonSAF, que pode ser acessada no link apresentado mais adiante. Esta ferramenta permite modelar o arranjo agroorestal mudando espaamentos e culturas
Stio Semente – DF.
econômicas de forma a gerar melores uos nanceiros, desde que mantendo as funes ecolgicas. • Analisar a compeidade do empreendimento, comparando o custo de produo (R$/kg) e do preo de mercado (R$/kg) nos canais de comercialiao almejados. • Denir o capital nanceiro necessário para inesmento em produo, instalaes, máquinas e equipamentos. E aaliar o tempo de retorno do inesmento (TRI), ou seja, tempo necessário ao negcio até o uo de caia se tornar posio. • Denir as estratégias nanceiras, técnicas e empreendedoras necessárias ao negcio, principalmente para ultrapassar o ponto de equilbrio em ectares, olume de pro duo e endas mensais.
DIAGNóSTICO PLANEJAMENTO DE ARRANJOS ANÁLISE DE INDICADORES DECISõES ESTRATÉGICAS
84
Foto: Andrew Miccolis
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
DICAS PRÁTICAS
O SISTEMA “CASADãO” PARA TRANSFORMAÇÃO DE PASTOS EM SAFs
Para iniciar a transformao do pasto em agrooresta, no se permite a entrada do gado. Aps a rerada dos animais, fa a roa de toco, realiando a queimada durante o eranico, que é o perodos seco durante a estao cuosa. A eperincia de plano é a laoura de milo, mandioca, melancia e outras plantas com ciclos bianuais. Passou por plantas de ciclo intermediário como o abacai, a banana e o cajuino do Cerrado. Com a eoluo do plano, a produo de frutas de árores de ciclo longo como o cupuau, o cacau e o jatobá, além das espécies madeireiras aparece.
Foto: Ablio vincius
valdo ulia o sistema de roa de toco aanando para o sistema com árores camado localmente de Casado. “A antagem do Casado é ter coisa diferente ou ter nalidade comercial. Para o sistema e para ser ecolgico seria melor nem roar. A antagem é econômica. Eu teno a mandioca, ento teno o saco de farina, que oje está custando R$ 300,00. As antagens das árores so as frutas, a madeira também e, para mim, ainda mais é o estudo. Eu estou endo o desenolimento de cada uma.(...)” valdo assim nos eplica “Os espaamentos no incio eram maiores, oje eu mesmo uso o espaamento ero por ero, ariando conforme a nalidade do plano. Buscamos trabalar dentro dos princpios da agroecolo gia, uliando adubao erde, trabalando a decomposio dos restos de culturas, compostagem, entre outras. No manejo buscamos eitar o uso do fogo na época seca, e as prácas culturais da poda, roo, coroao das mudas e a capina, apenas quando necessário”. Valdo da Silva,agricultor,poetaemilitante.PortoAlegredoNorte–MT. Fonte:AgricultoresqueculvamárvoresnoCerrado145.
85
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
4.3.2 PLANEJAMENTO DO ARRANJO AGROFLORESTAL Com base no diagnsco parcipao, realia-se a composio do arranjo agroorestal, organiando em um quadro
a composio das espécies produas nos diferentes ciclos e estratos orestais, conforme ilustrado no Quadro 2.
QUADRO 2: EXEMPLO DE UM PLANEJAMENTO DE ARRANJO AGROFLORESTAL, CONTENDO OS GRUPOS SUCESSIONAIS INCLUINDO ESPÉCIES PARA FINS COMERCIAIS E FUNÇÕES ECOLÓGICAS NOS DIFERENTES FLUXOS OU CICLOS DE PRODUÇÃO E ESTRATOS DE VEGETAÇÃO. Ciclo de % de produção e sombra Estrato
Emergente
Alto
15%
35%
Médio
45%
Até 6 meses
1 a 3 as
Milo ou
Mamo ou ma-
sorgo
mona
Feijo de corda ou caupi
Mandioca, guandu ou Banana
Berinjela + mudas de árores
nanica
Baio
80%
vores
pitanga
gibre
+ mudas de árores
10 a 20 as Mutamba (fruto e lena) Tamanqueiro Caroeiro (lena) Cajá-mirim (fruto e mou ro-io)
Ingá de metro Abacate (fruto e lena) Aroeira pimenou Banana teira (fruto) Jatobá (fruto) prata
Urucum ou
Fonte: constrda pelos atores com base na abordaem de classicao em rpos scessionais em ciclos e estratos desenvolvida por Ernst götsch.
86
Periquiteira (pau plora) ou fumo brao ou Eucalipto (mouro)
Mudas de ár-
Iname ou Gen Abbora + mudas de árores
3 a 10 as
Citrus
Aafro (cúrcuma), ou Café ou elicô taioba ou café neas ou elicôneas
20 a 50 as
Mais de 50 as
Aroeira (mouro), Eucalipto (madeira) Cinamomo Mandioco Caroeiro (lena)
Aroeira (madeira) ou Jatobá ou Ip roo ou Pau rei
Indaiá ou
Copaba
manga
Citrus
Sapo
Jabucaba ou Café
Jabucaba ou Café
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
O planejamento econômico do arran jo agroorestal dee ser pensado de forma que cada grupo contena pelo menos uma espécie comercial, e que possibilite uma produo escalonada e constante. Cada espécie ou cultura agrcola dee formar uma camada ou estrato orestal. Estas camadas de egetao formam a estrutura orestal que precisa ser planejada em termos de manejo, coleita e sombreamento. Assim, a omiao do uso do espa o e dos recursos ao longo do tempo, com diferentes estratos em cada gru po sucessional, é a cae para manter a iabilidade econômica do sistema.
cios e omiará as receitas, uma e que poderá idencar quais as aidades mais custosas e em que momento elas ocorrem, assim como os perodos crcos de demanda de mo de obra, por eemplo. Com a iso de futuro, pode-se corrigir ou até mesmo substuir aidades ou espécies que no representam os anseios do agricultor. Em relao ao planejamento das receitas, será possel obserar se as epectaas do agricultor se reali am, ou seja, se as principais espécies plantadas geram receitas sucientes para suprir os custos, e em que mo mento isto acontece.
4.3.3 ANÁLISE FINANCEIRA
Tomando por base o diagnsco realiado, o arranjo agroorestal (Quadro 2), os dados sobre produidade, preo de enda de cada cultura, juntamente com os custos, insumos e serios para implantao e manejo do SAF, é poss el realiar o cálculo dos indicadores nanceiros. Recomenda-se uliar as planilas do programa Amaon SAF 10, desenolidas pelos pesquisadores da Embrapa Marcelo Arco-verde e Ge orge Amaro, que permitem analisar o uo de caia e outros indicadores nanceiros.
A análise nanceira comea antes mesmo de obserarmos os resultados numéricos. É preciso ter certea que o SAF foi elaborado adequadamente, seguindo os requerimentos sociais, biosicos e ecosiolgicos. Desta forma estaremos minimiando os resultados indesejáeis proenientes de um projeto mal elaborado. Ao se realiar uma análise nanceira, o agricultor e técnico organiará me lor suas informaes de campo por meio de uma ferramenta de planeja mento de custos e receitas nas diferentes fases de desenolimento das espécies, desde o preparo da área, plano, manuteno até a coleita e comercialiao dos produtos. Desta forma, o agricultor eitará desperd -
O fluo de caia completo é calculado pela diferena de todas as entradas e sadas, atualiados os alores e acumuladas ao longo do tempo do projeto desejado.
87
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
Esta ferramenta permite preer quais as despesas necessárias para implantar o SAF, quando este terá retorno nanceiro e quais os inesmentos necessários para garanr o sucesso e a connuidade do projeto. Com a aná lise dos indicadores nanceiros, o téc nico e o agricultor podero ericar a rentabilidade e, consequentemente, a iabilidade do seu projeto. Para ars fras sr aás facra SAFs a frraa AaSAF,cs: ps://www.fca. cpa.rapa.r/fca/ bitstream/doc/1014392/1/ dc.274Arcvr.pf vja a as paas aaaas k: ps://www.rapa.r/ c-frsa/ssasarfrsas-safs
88
Os dados sero obdos de trs formas: a) mensurando-se diretamente as aidades de implantao e manuteno dos SAFs; b) por meio do resgate de dados com técnicos e agri cultores; c) pela busca de informaes bibliográcas. No entanto, é mais práco e um processo etremamente rico aplicar esta ferramenta num am biente de ocina, que propicia trocas de conecimento entre agricultores e técnicos presentes a respeito das aidades dos sistemas de produo, dos custos associados a elas, bem como dos mercados e outros fatores releantes para os agricultores.
Fira 9: uma boa análise nanceira depende de informaões conáveis sobre prodo, cstos e receitas. Portanto, essencial estimlar os aricltores a anotar estes dados nm caderno. Isso redirá consideravelmente a marem de erro dos indicadores nanceiros.
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
Para análise de rentabilidade sero considerados os uos de caia de entrada (receitas ou benecios proenientes de cada cultura que compe o SAF) e sadas (custos para cada cultura que compe o SAF).
Nos eemplos que seguem, emos o leantamento de preos de enda, produidade e custos associados ao plano e manejo de diferentes produtos dos SAFs:
TABELA 2 – PLANILHA ILUSTRATIVA DAS INFORMAÇÕES DOS PREÇOS DOS PRODUTOS COMERCIALIZADOS PReço de vendA doS PRodutoS
eSPéCie
PRODUTO
UNIDADE
PREÇO
Milho
grãos de milho
k
R$ 1.00
Fj carca
rs fj carca
k
R$ 10.00
Fj a
rs fj a
k
R$ 6.00
maca
ra aca
k
R$ 0.70
baaa
fr aaa
k
R$ 3.50
Urucum
s rc
k
R$ 4.00
Crca (aafr)
pó de curcuma
k
R$ 3.50
Caf
rs caf
saca
R$ 432.00
Cajá r
ppa cajá
k
R$ 10.00
Fonte: elaborada pelos atores tiliando AmaonSAF
TABELA 3 – PLANILHA ILUSTRATIVA DA PRODUTIVIDADE DOS PRODUTOS AO LONGO DO PERÍODO DE AVALIAÇÃO DO SAF Pr 1 Produtos
2
3
4
5
6
7
8
9
10
12.00
12.00
12.00
ua
grãos de milho
Kg/ha
750.00
rs fj carca
Kg/ha
1,000.00
rs fj a
Kg/ha
300.00
ra aca
Kg/ha
fr aaa
Kg/ha
ss rc
Kg/ha
pó de curcuma
Kg/ha
ppa cajá
Kg/ha
200.00
300.00
500.0 0 1,000.00
7 50.00
100.00
150.00 4,000.00 150.00 50.00
300.00
500.00
50.00
50.00
50.00
8.00
10.00
12.00
500.00 12.00
Fonte: elaborada pelos atores tiliando AmaonSAF
89
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
TABELA 4 – PLANILHA ILUSTRATIVA COM LISTA DAS ATIVIDADES DE CUSTOS DE MÃO-DE-OBRA E INSUMOS E SEUS DEVIDOS COEFICIENTES TÉCNICOS DURANTE O PERÍODO DE AVALIAÇÃO DE UMA DAS ESPÉCIES (BANANA) PRESENTES NO SAF. Descrição
ua
Preço
Aas
1
2
822.50
rraa as
homem/dia
70.00
2.50
aa
homem/dia
70.00
0.25
ca
homem/dia
70.00
6.00
pa
homem/dia
70.00
3.00
colheita
homem/dia
70.00
adubação de cobertura
homem/dia
70.00
aj pa
homem/dia
70.00
iss
3
4
5
105.00
455.00
455.00
455.00
1.50
1.50
1.50
1.50
5.00 5.00
835.00
esterco de gado
l
0.06
10,000.00
pó de rocha
t
600.00
0.10
yr
45.00
3.00
cacár
20.00
2.00
0.00
0.00
5.00
300.00
0.00
5,000.00
Fonte: elaborada pelos atores tiliando AmaonSAF A parr da denio do uo de caia anual do sistema, inicia-se a análise nanceira dos sistemas de produo u liando os seguintes indicadores técni-
Stio Semente – DF.
90
cos: a) valor Presente Lquido (vPL), b) Relao Benecio-Custo (B/C), c) Taa Interna de Retorno (TIR), d) Tempo de Retorno do Inesmento (TRI) 148, 85. Foto: Andrew Miccolis
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
PRINCIPAIS INDICADORES PARA ANÁLISE FINANCEIRA O var Prs lq (vPl) apresenta os alores lquidos do projeto atuali ados ao instante considerado inicial, descontando-se o inesmento inicial do projeto. Quando o resultado é um alor superior a ero, di-se que o projeto apre senta iabilidade econômica. O vPL, por considerar o efeito do tempo em seu cálculo e, com isso, o alor nanceiro descontado, é sensel à taa de juros. O var Aaa eqa (vAe) é a parcela peridica e constante, necessária ao pagamento de uma quana igual ao vPL. Quanto maior for o vAE calculado, maior a iabilidade do projeto. A Ra bc/Cs (b/C) indica o quanto os benecios superam ou no os custos totais. O critério para a condio de iabilidade do projeto, segundo Börner (2009), é que o alor obdo seja maior ou igual ao alor do custo. A taa ira Rr (tiR) pode ser entendida como a taa percentual do retorno do capital inesdo. Se a TIR for maior do que a taa de desconto eigida pelo inesmento, conclui-se pela iabilidade do projeto. O tp Rr is (payback, em ingls) (TRI) é o tempo ne cessário para retornar o capital inesdo, ou seja, é o tempo decorrido entre o inesmento inicial e o momento no qual o lucro lquido acumulado se iguala ao alor inesdo. Fonte:adaptadodeArco-VerdeeAmaro2015 148.
Para realiar a análise nanceira, é importante observar e comparar os
resultados dos indicadores citados acima, de forma conjunta, para melor compreenso da situao nanceira do projeto aaliado. Um dos erros mais comuns na elaborao de uma análise nanceira é subesmar os custos e superesmar as receitas. Podemos idencar tais erros ao longo do uo de caia e ao comparar os resultados dos indicadores. De forma geral, considera-se um pro-
jeto iáel quando o vPL e o vAE so posios, a relao B/C é maior que 1 e a TIR é superior à taa de mercado uliada. Já o TRI poderá ariar de acordo com os dados do projeto, mas de modo geral se espera que acontea o mais rápido possel. O que se poderia faer para reduir o tempo de retorno do inesmento? Podem-se elencar algumas prácas de deseno e manejo nos sistemas agroorestais que poderiam atender a este quesonamento:
91
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
• Intensicar o uso de culturas anuais nos modelos agroorestais. De e-se melorar as prácas de manejo para cada espécie, omiar o uso de ferliantes e mo-de-obra e selecionar ariedades mais adequadas para o local de plano. • Selecionar espécies perenes comercialiáeis de alto alor, cujos produtos possam ser armaenados por longo perodo e que no sofram danos durante o transporte. Desta forma pode-se desenar SAFs e denir a densidade dos seus componentes obserando a proporcionalidade entre as espé cies de maior alor em relao às de menor alor econômico, respei tando as caracterscas edafoclimácas, biosicas e demais critérios para sua seleo. • Aumentar a frequncia do plano das culturas anuais. Normalmente o plano de culturas anuais é iáel até o terceiro ano de implantao dos SAFs, uma e que o crescimen to das copas das espécies arbreas aumenta o sombreamento sobre as culturas agrcolas. Neste caso, dee-se omiar o plano de espécies anuais principalmente nos primei ros trs anos de implantao, des de que seja realiada uma aaliao das condies de solo com a nalidade de suprir as necessidades nutricionais destas culturas.
92
Stio Semente – DF.
Foto: Andrew Miccolis
• Realiar uma detalada análise técnica das espécies componen tes dos SAFs, isando implantar os sistemas em trs ou quatro anos. Desta forma, os custos de implan tao e mo-de-obra empregada nos sistemas seriam melor dis tribudos, contribuindo para o uso mais intensio das culturas anuais. • Desenar e implantar aleias permanentes nos sistemas agroorestais isando a produo de culturas anuais durante todo o ciclo do SAF. Além dos indicadores de iabilidade nanceira, outro indicador importante é o p qr do empreendimento agroorestal, o qual permite denir estratégias para o desenolimento do empreendimento até que este ultrapasse o ponto em que os custos so pagos e o agricultor comece a receber os primeiros Reais de lucro.
4.3.4 ANÁLISE INTEGRADA DOS INDICADORES FINANCEIROS So escassos os estudos ciencos que apresentam e analisam conjuntamente estes diersos indicadores nancei ros considerados mais importantes. Esta análise integrada dos diferentes
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
indicadores torna-se fundamental para permir um melor planejamento econômico dos sistemas em rela o aos objeos dos agricultores. Na
Tabela 5 abaio, apresentamos alguns estudos que analisaram os principais indicadores nanceiros: vPL, B/C, TIR e TRI em quatro SAFs diferentes.
TABELA 5 – VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL), RELAÇÃO BENEFÍCIO CUSTO (B/C), TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) E TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO (TRI) DE DIFERENTES MODELOS AGROFLORESTAIS AVALIADOS DURANTE 20 ANOS. INDICADORES FINANCEIROS
SAF 1
valor Presente Lquido (vPL) R$
3.134,00
7.006,00
29.453,00
90.400,00
Relao Benecio Custo (RB/C)
1,46
1,89
1,6
2,4
Taa Interna de Retorno (TIR) %
14,83
23,00
28,66
75,00
11
8
7
3
Arco-verde (2008)9
Arco-verde (2008)9
Arco-verde (2015). Dados no publicados
Anna Karine (2016). No
Tempo de Retorno do Ines mento (TRI) anos REFERêNCIAS
SISTEMAS AGROFLORESTAIS SAF 2 SAF 3 SAF 4
prelo
Obs: todos os indicadores foram avaliados para ma área de 1 ha. SAF 1: localiado em Roraima, composto por castanheira, ppnheira, cpaeiro, bananeira, inaeiro, arro, mandioca. Preparo da área: radaem e correo da fertilidade e acide do solo SAF 2: localiado em Roraima, composto por castanheira, ppnheira, cpaeiro, bananeira, inaeiro, milho, mandioca. Preparo da área: sistema de plantio direto SAF 3: localiado em Rondônia, composto por castanheira, ppnheira, cpaeiro, arro, mandioca SAF 4: localiado no Pará, composto por andiroba, paricá, cpa, aa, pimenta-do-reino
Na Tabela 5 acima, pode-se obserar uma ampla diersidade de alores em cada um dos indicadores nanceiros analisados. O vPL dos SAFs apre sentados ariam de pouco mais de R$ 3.000,00 no SAF 1 a aproimadamente R$ 90.000,00 no SAF 4. A m de melor entender tais diferenas, é preciso considerar as aidades de preparo de solo e manejo das es pécies, a intensidade e demanda de mo-de-obra uliada ao longo do
tempo, nel de mecaniao, perdas e redues na produidade dos cul os deido a fatores climácos, pragas e doenas, armaenamento e transporte dos produtos, bem como pro cessos de comercialiao. É preciso saber, ainda, qual foi o tempo e a área considerados no projeto, e correlacio nar com o alor do projeto. O vPL apresentará o alor para todo o perodo aaliado, mas também pode-
93
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS AGROFLORESTAIS
mos obserar o vAE, que apresentará o alor médio em cada ano do projeto. O vAE ajuda a melorar o entendimento do projeto mas no podemos crer que um vAE posio ocorrerá desde o primeiro ano até o seu nal. Para se obter informaes detaladas é preciso analisar o Fluo de Caia atualiado anual e acumulado. Outros estudos apresentam alores comparáeis a estes da Tabela 5. Em 2000, trs modelos agroorestais fo ram analisados no projeto RECA (Re orestamento Econômico Consorciado Adensado), em Noa Califrnia, no estado de Rondônia102. Uliando uma taa de juros de 9% e perodo de aa liao de 20 anos, foi calculado um vPL de R$ 11.761,89 por ectare e B/C de 1,92 para o modelo agroorestal composto, em um ectare, de 238 plantas de cupuaueiro, 60 plantas de pupu neira e 60 plantas de castaneira, sendo cerca de 60% superior ao resultado encontrado para o SAF 2 (mencionado na Tabela 5). Os outros dois SAFs estu dados, compostos pelas mesmas espécies descritas anteriormente, mas com diferentes densidades, apresentaram vPL de aproimadamente R$ 3.600,00 por ectare, podendo ser compara dos aos resultados obdos no SAF 1 na Tabela 5. Para estes dois úlmos SAFs, no estudo realiado no projeto RECA102, os alores da B/C foram de 1,56 e 1,52. Os melores melores resultados, tanto de B/C como do vPL, foram obdos nos modelos agroorestais com
94
maior proporo de cupuaueiros em relao aos demais componentes. Em Macadino d´Oeste, Rondônia, em 2003, foram aaliados trs arran jos agroorestais por um perodo de 15 anos42. O primeiro, T1, foi composto por castana do Brasil, banana, pi menta do reino e cupuau, o segun do, T2, por freij, freij, banana, pimenta pimenta do reino e cupuau e o terceiro, T 3, por pupuna, banana, pimenta do reino e cupuau. cupuau. Com uma uma taa taa de juros juros de 10% ao ano, estes autores calcularam vPL de R$ 35.883,65 por a, R$ 5.334,85 por a e R$ 6.584,64 nos sistemas T1, T2 e T3, respecamente. Dos modelos estudados, o T 3 foi o que apresentou o vPL semelante ao SAF 2 na Tabela 5 e o resultado do modelo T1 foi mais primo do SAF 3. Os alores encontrados para a B/C nos arranjos T2 e T3 foram de 1,44 e 1,51, respecamente, semelantes aos resultados encontrados para o SAF 1 (1,46) e SAF 3 (1,6) e inferiores ao SAF 2 (1,89), ao passo que o T 1 apresentou alor superior, de 4,08. Segundo os autores, o menor lucro nos sistemas T2 e T3 comparado com o obdo no T1 pode ser atribudo à baia produo nos primeiros anos em funo de combinaes de espécies em termos de densidade e espaamento. Outro estudo aaliou sistemas agroorestais localiados no municpio de Tomé Au, Pará, com uma taa de juros de 8% durante o perodo de 15
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS AGROFLORESTAIS
anos149. Estes SAFs, compostos por
pimenta-do-reino, maracujá, cacaueiro, cupuaueiro, mogno e castanei ra, oberam alores de vPL de R$ 15.373,11 por a e B/C de 1,87. Estes alores foram simulados para um modelo agroorestal selecionado por produtores rurais residentes no mu nicpio do estudo. Esta mesma epe rincia apresentou TIR de 87% para o mesmo perodo de 15 anos, praca mente quatro ees maior ao encontrado para o SAF 2, mas bastante primo ao alor calculado para o SAF 4, localiado na mesma regio do Pará. A Taa Interna de Retorno é a taa do projeto, que é comparada com a taa de mercado, uliada em todas as fases do projeto. Busca-se encontrar alores da TIR superiores à taa de mercado (rendimento da poupana, fundos de inesmento ou outros). A TIR nos modelos agroorestais estudados no municpio de Beneides, Pará, com taa de juros de 8%, ariou de acordo com o modelo agroorestal150. No modelo composto por ca caueiro e pupuneira, a TIR foi de 28,38 % e no SAF com cacaueiro e aaieiro,, a TIR foi de 19,50 %. aaieiro Um dos indicadores mais quesona dos por produtores produ tores e técnicos técnico s é o Tem Tempo de Retorno do Inesmento (TRI), ou seja, em quanto tempo o projeto irá se pagar ou ainda podemos dier quando o projeto passará a ser ren táel. Este momento ocorre quando
o somatrio das receitas acumuladas supera o somatrio dos custos acumulados. O TRI do SAF 2 na Tabela 5 foi de 8 anos, ou seja, nos primeiros sete anos de implantao e manejo os custos foram superiores às receitas. A parr do oitao até o igésimo ano do estudo, todos os custos anuais foram recuperados pela gerao de receitas. Obsera-se que o agricultor recupera todo seu capital inesdo cinco anos antes no SAF 4 (TRI de 3) em relao ao SAF 2 (TRI de 8 anos). Já o TRI nos modelos agroorestais estudados no municpio de Beneides, Pará, ariou de acordo com o modelo agroorestal150. No modelo composto por ca caueiro e pupuneira, o TRI foi de seis anos e, no SAF com cacaueiro e aai eiro,, o TRI foi de noe anos. eiro Diante do eposto, para melor compreender os resultados de uma análise nanceira, é preciso “conersar” com os indicadores nanceiros, ou seja, é necessário entender o conjunto dos indicadores para ericar a iabilidade nanceira e estudar posseis mudanas para omiar as receitas e reduir os custos do projeto ao mes mo tempo em que se busca atender os objeos e as condies do agricultor (por eemplo, em relao à disponibilidade de mo de obra), que também podem mudar com o passar do tempo. Assim, é importante lembrar que, além dos indicadores nanceiros, de emos obserar no Fluo de Caia a
95
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS AGROFLORESTAIS
distribuio das receitas e custos ao longo do tempo, eitando-se perodos sem a gerao de receitas e/ou gran des ariaes nas receitas e custos para o agricultor. Com base em todos estes estudos podemos concluir que SAFs podem ser economicamente iáeis, no entanto entanto,, esta iabilidade aria enormemente em funo da composio de espécies e dos arranjos escolidos. Mas será que o sistema considerado mais rentáel nanceiramente é, necessariamente, a melor opo para o agricultor? No nal das contas, a análise de iabilidade dee ser no apenas nanceira mas também social. Portanto, é fundamental entender também em profundidade quais as questes mais importantes para o agricultor, pois em muitos casos estes indicadores nanceiros podem no parecer muito faoráeis à primeira ista mas o que se produ no sistema e a forma de fa -lo podem corresponder melor às demandas e prioridades do agricul tor. Por eemplo, em muitos casos o plano de laoura branca (p.e. milo, arro, feijo) no parece muito atrao do ponto de ista nanceiro, no entanto, pode ser etremamente interessantee para a famlia pois garaninteressant te segurana alimentar e maior auto nomia, principalmente em situaes
96
onde a diculdade de transporte limita o acesso ao comércio ou em que a fa mlia no conta com dineiro dispon el o tempo todo para comprar estes alimentos na cidade. Estas culturas anuais também podem ter grande importância cultural e para iabiliar a criao de animais, os quais so essenciais para alimentao da famlia e também como “poupana” ou resera em tempos de escasse ou emergncias. Uma e realiado o planejamento do arranjo agroorestal considerando os objeos do agricultor, a disponibili dade de mo de obra, o retorno nan ceiro esperado e outros benecios desejados dos SAFs, passa-se para a fase de implantao.
4.4 IMPLANTAÇÃO Nessa fase é importante organiar todos os materiais necessários, como sementes, mudas, estacas e ferramen tas. É preciso idencar também quem ai parcipar do plano (se será feito pela famlia agricultora, se será preciso contratar mo de obra eterna, se será realiado em muro). É muito importante a parcipao do técnico que está orientando o agricultor na aidade práca de implantao, pois é quando poderá ajudar mostrando os detales prácos. prácos. A implantao dee ser realiada conforme as orientaes dos seguintes passos:
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS AGROFLORESTAIS
4.4.1 PREPARO: MATERIAIS, FERRAMENTAS E MÃO DE OBRA COLETA, AQUISIÇÃO, PREPARO DE MATERIAIS DE PLANTIO: SEMENTES, MUDAS, ESTACAS
coler matries com caracterscas desejáeis como produidade, rus cidade, resistncia a doenas, qua lidade do fruto, e assim por diante155.
ARMAZENAMENTO DE SEMENTES Os SAFs biodiersos e compleos re querem grande quandade e ampla diersidade genéca de material propagao para plano. Portanto, é preciso inesr alores signica os (que normalmente seriam usa dos para compra de materiais) na coleta de sementes e estacas e pro duo de mudas. Para tal, uma e escolidas as principais espécies a serem plantadas, é preciso iden car a localiao de matries (plantas me) consideradas boas em termos de produo, qualidade dos fru tos, adaptao às condies locais ou outras caracterscas desejáeis para os SAFs e as pessoas. A m de garanr o sucesso de planos onde somente alguns indiduos perma necero, aps ários anos de manejo e seleo natural, é preciso coletar sementes de diferentes indiduos de árores (matries) em diferentes condies, o que aumentará a ariabilidade genéca e, portanto, a possibilidade do surgimento de plantas mais adaptadas ou com mais caracterscas funcionais desejáeis. Sempre que possel, recomenda-se selecionar matries locais já adap tadas àquelas condies climácas e de solos. Costuma-se também es -
A melor maneira de usar uma semente é colocando-a na terra para que produa mais sementes e possa ser mulplicada cada e mais. Todaia, se for necessário armaenar as sementes até a época de plano, é importante estar atento para que estejam em local arejado, fresco e escuro. Garrafas PET (de plásco) so ecelentes recipientes para acondicionar as sementes. O ideal é que a garrafa seja ceia com sementes até a tampa, assim cará menos oignio disponel na garrafa. Outra dica é co locar cinas, pimenta do reino ou p de algumas folas secas repelentes de insetos como eucalipto, gliricdia ou alfaaca. As sementes que apre sentam dormncia, que geralmente tm a casca dura, como o tamboril, urucum, leucena, jatobá e caroeiro, podem ser armaenadas por muito tempo. Já as sementes que logo per dem sua capacidade de germinao (recalcitrantes), como a pitanga, a mangaba, o ingá e o ip, no podem ser armaenadas por muito tempo e deem ser plantadas logo aps a coleita, seja diretamente na terra, seja em saquinos ou tubetes e mandas em ieiros de mudas 155.
97
Foto: Andrew Miccolis
segundos (até que estalem) antes de passar na água fria. Esse coque térmico cria ssuras na casca, que facilita a entrada de água para a germinao da semente155.
FERRAMENTAS ADEQUADAS
QUEBRA DE DORMÊNCIA DE SEMENTES (ESCARIFICAÇÃO E CHOQUE TÉRMICO) A m de acelerar a germinao das sementes que apresentam dormn cia, tais como jatobá, tamboril, mu tamba, sabiá, leucena, caroeiro, dentre outras, é preciso ssurar ou romper a casca impermeáel da se mente para que a água possa entrar para a parte interna da semente. há métodos sicos, ou mecânicos, e qu micos. Aqui amos apresentar apenas alguns métodos sicos ou mecânicos. Uma possibilidade é dar um pequeno corte na casca da semente com uma tesoura de poda ou alicate, ou ento liá-la manualmente ou no esmeril. Outra possibilidade é mergular as sementes em água ferente por alguns
98
Boas ferramentas, bem aadas e escolidas de maneira correta para as respecas aidades, so essenciais para um trabalo de qualidade, em menos tempo e com menor esforo. Uliar a ferramenta de forma corre ta para o manejo agroorestal tam bém é essencial. Por eemplo, um faco mal amolado – ou mal uliado – pode aumentar muito o tempo para se podar uma árore, a tal ponto até de iniabiliar a operao, e ao mes mo tempo danicá-la no processo, o que pode prejudicar a rebrota e facili tar a entrada de doenas, bem como atrair insetos que podem causar danos à planta. As ferramentas geralmente uliadas na implantao so: faco, enada, enado, picareta, alaanca, saco, rastelo, garfo, pá, foice e carrino de mo. Entre as máquinas mais ulia das no preparo de áreas para SAFs, ale destacar: roadeira, moto-encanteirador, tratorito, trator com sub solador, trator com enada rotaa, trator com grade pesada. Serrote de poda, tesoura de poda e motosserra também podero ser úteis na implantao do SAF se for necessário podar
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
ou cortar árores e arbustos presentes na área ou na borda. Um tritura dor pode ser úl se ouer material lenoso para ser triturado e uliado como cobertura do solo. Além dessas ferramentas, é fundamental também sempre uliar equipamentos de proteo indiidual - EPIs, incluindo: lu as, botas, culos, capéu, perneiras onde á risco de picada de cobras. Em situaes onde será necessária poda alta de árores, é importante também uliar cordas e escada.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO TRABALHO E TÉCNICAS: QUEM FAZ O QUE, SEQUÊNCIA DAS OPERAÇÕES, LOGÍSTICA DA IMPLANTAÇÃO. Quem FAz o Que: para denir que pessoa ai realiar que aidade, é importante lear em considerao a ontade da pessoa, as suas abilidades e condio sica. Algumas operaes requerem mais fora sica e outras mais ateno a detales. Quando se planeja e se esclarece de antemo todas as operaes, ento as pessoas podero idencar para qual aidade se sentem mais aptas a contribuir. QuAndo SeQuênCiA dAS oPeRAçõeS: há diferentes maneiras de realiar as tarefas, todaia, algumas maneiras traem resultados com melor qualidade e menos trabalo. A ordem cor reta das operaes fa toda a diferena, pois eita retrabalo, desperdcio de tempo e recursos, além de tornar o trabalo mais agradáel. Por eem-
plo, quando se pretende realiar enri quecimento de capoeira com poda das árores, é importante realiar primeiro as operaes de plano das espécies que caro de baio do material podado (por eemplo, sementes de árores, riomas de banana e manias de mandioca que sero enterrados), caso contrário será necessário rerar a matéria orgânica depois da poda. No caso de plano de mudas de árores, e também abacai, sisal, e estacas, dee ser feito aps a poda para que no sejam danicadas. Esta organiao das operaes é parcularmente importante de ser esclarecida nos casos em que se pretende implantar áreas em mures ou cursos, de forma que as pessoas sejam mobiliadas para as operaes que mais le cabem e no momento mais apropriado . o Que e Como logíStiCA dA im PlAntAção: Garanta que todos os insumos e ferramentas, máquinas e equipamentos estejam à disposio e primos à área. As ferramentas deem estar aadas e bem encabadas. Quando á mudas para o plano na área, assegure-se de que estejam bem protegidas, na sombra, e que sejam moladas no perodo em que a área está sendo implantada. Cerque-se de que as sementes estejam acondicionadas, que no sero moladas, e nem caro epostas ao calor antes de ir para o co. Manias e riomas também deero estar na sombra e em local úmido antes de serem plantados.
99
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
4.4.2 MÉTODOS PARA ESTABELECIMENTO DE SAFs As seguintes técnicas podem ser uliadas para estabelecer diferentes combinaes de árores, gros, raes, ortalias e plantas adubadeiras, conforme diferentes neis de acesso a recursos, e em diferentes contetos biosicos.
HORTA AGROFLORESTAL: CANTEIROS DE HORTALIÇAS COM ÁRVORES A implantao de ortas pode ser uma ma forma de estabelecer árores, principalmente em áreas degradadas, pois a grande quandade de insumos necessários para produir ortalias (mo de obra, adubo, água) cria condies muito propcias para o de senolimento de mudas de árores. Nesta técnica, as mudas ou sementes de árores naas mais adequadas ao conteto local so plantadas diretamente dentro dos canteiros, junto com as ortalias, preferencialmente no mesmo momento, mas as árores também podem ser plantadas aps o primeiro ciclo de ortalias. De modo geral, as ortalias so produidas por 1 ou 2 anos até que as árores naas e fruferas cresam e sombreiem demais os canteiros. Neste momento, é possel introduir es pécies erbáceas tolerantes à sombra como salsina, ortel, taioba, cúrcu ma, gengibre, dentre outras. Caso se queira oltar e reuliar o mesmo espao para ortalias ou gros, no futuro,
100
Stio Semente – DF
Foto: Andrew Miccolis
pode ser feita poda de raleamento e estracao nas árores, e cobertura dos canteiros e caminos com o mate rial podado. Este também é o momento ideal para estabelecer outras árores desejadas no sistema, já que a poda possibilita a entrada de lu e aporte de nutrientes. Esta estratégia é ideal para quem quer coloniar pastos ou outras áreas degradadas com árores que normalmente teriam muita diculdade de se estabelecer naquele local, desde que aja acesso a insumos. É reco mendado, também, nos casos onde á falta de mo de obra e/ou espao para plantar ortalias e árores separadamente. Assim, a orta permite estabelecer as árores que, quando podadas, deolem os nutrientes necessários para produir ortalias noamente no futuro. No caso de plano de ortalias a parr de sementes, é importante obserar que a cobertura de matéria orgânica sobre o solo permita o desen olimento das plannas, no abafan do seu crescimento. Para tanto, quando ouer muito material (biomassa de poda), que cubra bem o solo, reco menda-se que seja afastado no local do sulco de semeadura ou que a camada de cobertura seja sucientemente na para que deie as plantas recém-germinadas atraessarem.
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
ILHAS DE FERTILIDADE Compostas de bananeiras, mudas ou sementes de árores naas e ecas (de acordo com espécies e em proporo adequada ao conteto especco), ortalias, mandioca (em situaes de baio ou médio acesso a insumos), le guminosas, trepadeiras. Esta técnica é composta pelas seguintes operaes, que deem ser realiadas seguindo al gumas orientaes técnicas: 1. PRePARo de ÁReA: no local onde será aberto o bero para formar a ila, rera-se toda a cobertura que Foto: Andrew Miccolis
está sobre o solo (ia ou morta). A rerada da matéria ia dee ser criteriosa. Por eemplo, se a área er braquiária, primeiro corte as folas do capim rente ao co e resere. Depois, com uma enada aada rere apenas o rioma (rai esbranquiada e mais grossa, entre as raes e as folas) e separe para plano posterior. 2. PRePARo do beRço: uma e a área limpa, raspe a terra da camada supercial (numa área bem maior que a que ai usada para se abrir o buraco) e separe num mon te, e ento se abre o buraco com a caadeira ou enado e coloca-se em outro monte. Esse detale é recomendado porque a terra de cima geralmente é mais férl e rica em matéria orgânica que a de baio, e é essa primeira terra que deerá prioritariamente preencher o ber-
o. A incluso de adubo (esterco, p de roca, calcário, etc.) dee ser feito nos montes, ainda fora do bu raco, e ento a terra é colocada já adubada. O tamano do bero aria conforme o tamano do torro da muda. Recomenda-se que seja maior que o tamano do torro, de maneira que em olta do torro possa ser colocada terra adubada. Ao colocar a terra do lado do torro, é importante apertar com as pontas dos dedos para a rerada de bolses de ar, que poderiam impe dir o desenolimento das raes.
101
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
3. PlAntio de mudAS de ÁRvoReS: recomenda-se que o fundo do saquino seja cortado com um faco aado, assim, eita-se que a rai, que pode car enoelada no fundo do saquino, se estrangule com o tempo. Quanto à profundidade de plano da muda, em geral, o colo da muda (ponto de transio entre caule e rai) dee car no mesmo nel que a supercie do solo ao redor. Algumas mudas preferem ser plantadas um pouco acima do
102
nel do solo, como as ctricas, e outras um pouco abaio, como as palmeiras. Ao nal, cubra o solo com matéria orgânica de modo a manter a forma côncaa, de uma bacia ou nino, assim, a água poderá se acumular mais na direo da muda. Para a cobertura, procure colocar troncos e galos em contato com o solo e folas por cima dessa camada. Ateno para no amontoar a matéria orgânica no caule da muda.
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
4. PlAntio dA bAnAneiRA: neste caso, o tamano do bero dee ser maior, ariando de 60 cm a 80 cm, dependendo do tamano do rio ma e da qualidade do solo. Solos mais fracos deem ter um bero maior e mais adubado. Aps o plano dos riomas, o solo dee ser coberto com matéria orgânica (se for o caso onde aia braqui ária, ulie as folas do capim), sendo disposta no formato de um nino (eja ilustrao). Os riomas do capim, que foram separados, podem ser ento uliados no fundo dos beros das bananeiras, assim o capim no olta a brotar e
contribui para adubao da muda. Em um plano de mudas que será feito em uma área juntamente com sementes, é importante que as mudas sejam plantadas em pri meiro lugar, caso contrário, o reol imento de solo pode prejudicar as sementes. No se esquea de marcar com uma estaca a muda e também o bero onde foi plantada a bananeira para fácil isualiao. Aproeite o reolimento de terra e adubao para incluir sementes de árores, ortalias e/ou adubos erdes. Para naliar, cubra o solo com matéria orgânica de modo a manter a forma côncaa.
103
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
OBSERVAÇÕES As bananeiras podem ser plantadas por muda originária de cultura de tecidos em tubetes ou saquinos, neste caso, é plantada assim como muda de árore, todaia um pouco mais abaio que o nel da supercie do solo, ou ento pode ser plantada por mudas reradas da touceira da bananeira. Nesse caso podem ser dos pos cifrino, cifre ou rioma, e em todos eles, é importante faer uma limpea do rioma, cortando todas as raes, e obserando se á presena de broca (oricio feito por laras de besouro). Depois disso, no caso de cifre e cifrino, corta-se a parte aérea e planta-se o rioma, tendo o corte que o separou da plantame oltado para cima. Se a muda for proeniente de um grande rioma, com ários olos (ou gemas), este pode ser cortado em ários pedaos, desde que permanea pelo menos um olo em cada pedao. Nesse caso, dee-se plantar o olo (ou gema) oltado para baio. Foto: Fabiana Peneireiro.
Foto: www.aencia.cnptia.embrapa.br
Bananeira em Arooresta na Aldeia do Altiplano, Braslia – DF.
104
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
5. PlAntio de mAndioCA ou mA CAxeiRA Com ÁRvoReS: no caso de uliá-la como criadoras de árores, o plano da mania dee se dar de forma orientada, de maneira que quando se coler a mandioca, as árores permaneam na terra, no sendo arrancadas. Para tanto, a mania, que dee ter aproimadamente 20 cm e conter pelo menos de 3 a 4 olos (gemas), dee ser plantada com a parte do pé da mania para baio, inclinada a 45 graus. Faa alguns piques (cortes) com o faco para esmular o enraiamento (deseno). Atente para que a gema esteja orientada para cima. As sementes das árores que sero criadas pela mandioca deero ser colocadas à frente da mania.
105
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
6. PlAntio de milho Com ÁRvoReS: em situaes em que á pouca mo de obra e material para plano de árores por mudas, recomenda-se estabelecer árores com plano direto por sementes no mesmo bero do milo. Primeiro realia-se a capina, caa-se o bero onde será plantado o milo, adu ba-se com esterco ou composto e semeia-se o milo (2 sementes) na profundidade de 5 cm, e algu ma ortalia mais rúsca (maie,
quiabo, abbora, pepino) e as sementes de árores so colocadas na supercie cobrindo-as com um pouco da terra adubada. Além de proteger as plântulas das árores, o milo e ortalias também serem como marcao para facilitar encontrar e manejar as árores plantadas. Incluir sementes de feijo guandu na mistura das sementes é indicado, pois quando o milo e as ortalias saem, o guandu connua protegendo as aroreinas. Foto: Andrew Miccolis
106
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
7. PARA O PREPARO DE CANTEIROS ou núCleoS ou ilhAS: a operao segue a mesma lgica que a apresentada acima: limpar o terreno, separando a matéria orgânica, plantar mudas de árores (se for o caso) e afofar o canteiro ou núcleo juntamente com adubo. Cobrir o canteiro com a matéria orgânica, plantar mudinas de ortalias (se for o caso) e semear descobrindo pequenos sulcos (no caso de ortalias) ou com a ponta do faco (para sementes de árores, milo, e outras). Se no ouer abundância de matéria orgânica na área, preencer o canteiro com sementes de ortalias ou adubos
erdes, feijo, batata-doce, conforme o caso. Canteiro é uma faia de plano com formato alongado. Núcleos apresentam formato circular e tm uma área menor que os canteiros. Geralmente se planta no centro do núcleo uma ou algumas mudas de árores, ou ento uma muda de banana, com ou no uma muda de árore, e no redor se plantam mandioca, sementes de árores e plantas erbáceas (ortalias ou milo ou feijo ou feijo de porco, conforme o caso). Ilas podem ser ainda menores que os núcleos, com uma árore ou bananeira no centro e plantas erbáceas ao redor.
107
Foto: Andrew Miccolis
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
SemeAduRA diRetA: o “plano” de árores diretamente por sementes pode ser feita em “muuca” (diersos pos de sementes misturadas com terra ou no, e/ou esterco para aumentar o olume) sobre o solo preparado ou com a ajuda da ponta do faco ou qualquer outro implemento de plano. As espécies a serem semeadas deem ser adequadas ao conteto local (er Seo 4.2). Sementes grandes, como de manga, abacate, baru, ngui, so seme adas separadamente da “muuca”. O “plano” de árores por sementes pode ser feito de maneira adensada, para depois ralear e deiar as plantas mais igorosas, na diersidade e espaamento desejados. As sementes que apresentam dormncia deem ser deidamente “acordadas” antes da semeadura. A profundidade da semeadura depende do tamano das sementes. Sementes maiores podem ser semeadas a uma profundidade maior. O milo, por eemplo, dee ser semeado a 5 cm de profun didade para eitar tombamento do pé.
108
Foto: Andrew Miccolis
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
DICAS PRÁTICAS
SEMEADURA DIRETA
“A gente trabala com pouca muda. Mais com semente mesmo. As se mentes so jogadas a lano, s as mais senseis é que so plantadas no pé do abacai. Porque ali a gente sabe que ai estar protegido, às ees no trato cultural oc planta de qualquer jeito e pisa. Ento onde á um pé de abacai oc sabe que ali tem uma semente, pra oc no pisar, pra no cortar”. Depois de coler o milo, a abbora e a mandioca “o trato diminui depois de dois anos, mas ainda é necessário coroar as mudas”. Valdo da Silva ,agricultor.PortoAlegredoNorte–MT. Fonte:AgricultoresqueculvamárvoresnoCerrado145.
Em geral, se ulia a regra da profundidade de semeadura ser o dobro do tamano da semente. Algumas sementes germinam com uma camada de matéria orgâni-
ca sobre elas, como o feijo, por eemplo. Outras so inibidas com a cobertura do solo por matéria orgânica grossa, como as ortalias e outras sementes pequenas.
Para as fras sr sara ra, ja Guia de Restauração do Cerrado, Volume 1. Semeadura direta de sementes.103 Foto: Andrew Miccolis
109
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
110
PlAntio de eStACAS: é uma técnica muito úl, barata e eciente para o estabelecimento de SAFs, pois estas rapi damente rebrotam e assim podemos logo contar com o estabelecimento de indiduos arbreos na área. Estacas compridas apresentam antagem em áreas com capim, pois rebrotam acima dos capins e assim no so suprimidas. Outro ponto a faor é que podem ser uliadas como poleiro para pássaros, que traro sementes de outras árores para pooarem a área. Também apresentam a antagem de ser um material abundante e de fácil replicao. A
parr de estacas deidamente prepa radas, com pouco trabalo se planta grandes áreas. Para preparar uma boa estaca, é preciso faer uso de um faco bem aado e cortar a estaca em bisel. No momento de rerar a estaca, realie o corte de baio para cima, a m de eitar que race a planta da qual a estaca está sendo rerada. Já para o preparo da estaca, faa um corte de cima para baio na ponta da qual sairo as raes (normalmente é a ponta mais grossa da estaca e estaa ligada à planta que a originou), a m de que a estaca no que racada.
Para casos em que a estaca será ncada no co, recomenda-se faer uma ponta como se fosse lápis, assim penetrará mais facilmente sem danicar a casca da estaca e, portanto, aumentado a possibilidade de enraiamento.
Obsere que a estaca que sempre direcionada corretamente, assim como na planta da qual foi rerada (pé para baio, gemas apontadas para cima). Plantá-la ligeiramente inclinada, en ada pelo menos 1/3 de seu tamano
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
no solo e bem ada (no froua no solo) so dicas para o sucesso em seu pegamento. Podemos uliar estacas de cajá, amora, seriguela, umbu, ca já-manga, ibisco, gliricdia, margari-
do, cedro, sabiá, dentre outras.
4.5 MANEJO: COMO FAZER?
em primas às mudas de árores, de maneira selea, deiando as plantas que permanecero na área. Ela pode ser feita arrancando as plantas com as mos, ou ainda cortando com faco ou tesoura de poda. Essa é uma aidade bastante delicada, que eige obserao e conecimento sobre as plantas, muitas delas espontâneas. Arrancar ou cortar as plantas erbáceas enelecidas acelera a sucesso e faorece o desenolimento das árores.
4.5.1 TÉCNICAS DE MANEJO As principais prácas de manejo em SAFs so: i) roagem; ii) capina sele a; iii) desbaste ou raleio e i) poda. A roçagem é feita por meio de corte de plantas adubadeiras como capins e margarido. Ela pode ser efetuada por máquinas ou manualmente. Por má quinas geralmente se ulia roadeira ou motoserra, e manualmente se ulia faco, alfanje, serra, tesoura de poda ou ainda macado (essas trs úlmas opes especialmente para o margarido). As espécies da regenerao natural deem ser idencadas para serem poupadas no momento da roagem. A capa sa é a práca do arranquio ou corte de plantas erbáceas como capins e outras que se desenol-
Este sistema de plano de estacas pode ser associado a plano com mudas e/ ou planos por sementes.
É importante obserar se á necessida de da realiao do manejo de plantas rasteiras que esto impedindo o desen olimento das culturas desejáeis e árores naas. Muitas ees o “mato” é isto como um ilo na restaurao conencional, mas dentro da agroo resta o capim pode se tornar um bom aliado ao fornecer grandes aportes de biomassa, nos estágios iniciais da su cesso, contanto que seja manejado.
111
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
112
Em locais em que se deseja estabelecer outras culturas, e o capim é dominante, este dee ter suas touceiras arrancadas pela rai, sacudidas e iradas para cima, sendo colocadas sobre o material podado, para eitar noo enraiamento e
o retorno do capim no local plantado. Em locais em que é estratégico a presena do capim para produo de bio massa, este é roado periodicamente e o seu material depositado nas áreas de plano como cobertura.
O desbaste ou raleio é feito quando o plano ocorreu de maneira adensada e as plantas passam um processo de seleo dos indiduos, deiando-se os mais igorosos e saudáeis, enquanto que os menos desenolidos so cortados rente ao co. O desbaste geralmente é realiado quando as copas das árores que ocupam o mesmo estrato esto sobrepostas e á concorrncia por lu.
Toda plantao precisa de cuidados peridicos para manter a produida de e saúde do sistema como um todo (plantas, solo, animais, água). Nos plan os agroorestais, as podas desempenham papel importante para manter a
produidade e as funes ecolgicas importantes para a conserao ambiental. Primeiro, permitem entrada de lu e, portanto, o desenolimento de
Foto: henrique Marques
plantas em diferentes estratos. Além disso, aportam nutrientes e meloram a estrutura do solo, promoendo a meloria da sua ferlidade e qualidade, e aumentam a capacidade do sistema de se adaptar a eentos climácos etremos, como secas e cuas torrenciais. So importantes também para enriquecer matas secundárias pela introduo de outras espécies ainda no presentes na área a parr de sementes ou mudas, pois permitem o desenolimento das plântulas presentes no sub-bosque. Assim, podas peridicas nos SAFs repli cam e potencialiam os processos de renoao que ocorrem naturalmente pelo ento, raios, inundao e intereno de outras espécies (formigas, cupins, besouro serra-pau, etc.). Podemos acelerar alguns destes processos respeitando o ciclo e estrato de cada planta e obserando o momento de sucesso ecolgica do sistema como um todo.
4.5.2 MANEJO DE PODA Diferentes plantas eercem diferentes funes de acordo com sua estrutura e outras caracterscas em diferentes momentos do desenolimento dos planos agroorestais. Em fases ini ciais de restaurao de áreas degradadas, plantas coloniadoras rúscas so importantes para a recuperao da ferlidade e estrutura dos solos. Plantas pioneiras de crescimento rápido so importantes para o sombreamento inicial e sobreincia de outras espécies do futuro (que permanecem
mais tempo no SAF). Obserando a interao entre elas, é possel diferenciar plantas que faem sombra demais em cima de outras, espécies que no esto no seu deido porte e estrutura, e plantas que competem entre si por lu ou nutrientes. É im portante obserar e anotar quais so os fatores que esto limitando o de sempeno do sistema (adubao ina dequada, correo do solo, estresse drico, podas ecessias ou sombreamento inadequados, pouca cobertura de matéria orgânica, etc.). A análise destes fatores, que dee basear-se na obserao frequente e em diferentes épocas do ano, permirá orientar o melor manejo de poda.
113
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
DICAS PRÁTICAS
PLANTIO DE SOMBRA
Eiste uma necessidade de sombreamento para determinadas espécies, como o cupuau. houe uma eperincia com o plano de feijo andu com ip, embora com o passar de dois anos o andu morreu e no deu tempo para os ips crescerem e faerem sombra para o cupuau. “Aqui é plano de sombra, tudo na casina. A no morre nessa época, uma proteo feita com trs folas de palmeira similar a uma cabana, para as plantas de som bra no morrerem pela eposio direta ao sol. E a árore que ai faer sombra é essa aqui, o ip. O andu estaa dando sombra para o cupuau, mas a o andu morreu e por isso estamos plantando o urucum. A funo do urucum é também dar adubao orgânica e semente para ender para a Rede de Sementes”. Neste sistema o andu cumpre papel essencial, aliando sombra, adubao e descompactao do solo. Com dois a trs anos ele cumpre o seu ciclo de ida, sendo necessário replantá-lo ou já ter plantada uma espécie que sobreia por mais tempo, como o urucum. Luiz Pereira Cirqueira – AssentamentoDomPedro,SãoFélixdoAraguaia–MT. Fonte: Agricultores que culvam árvores no Cerrado145.
Em sistemas dinâmicos e produos, a poda também dee ser frequente mas no eiste uma regra única para todas as situaes, pois o manejo de poda depende do momento, dos fatores ambientais e dos objeos de quem Foto: Andrew Miccolis
114
fa o manejo. Uma e que o sistema apresente árores e arbustos já desenolidos, a poda consiste no corte de parte da poro aérea dessas plantas. Essa práca pode ser feita com motosserra ou serrote de poda, ou ainda tesoura de poda ou faco aado (para pessoas abilidosas com faco). O material podado dee ser picado ou triturado. O cuidado de colocar o material lenoso em contato com o solo, dispondo as folas e galos nos por cima, acelera a decomposio do ma terial e promoe uma boa cobertura do solo, permindo também um me lor aproeitamento dos nutrientes e da umidade da matéria orgânica.
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
DICAS PRÁTICAS
MANEJO DAS ÁRVORES DE USO MÚLTIPLO (ENRIQUECIMENTO)
“Quando eu cheguei nessa área, já nha cajueiro, então fui incluindo ou tras fruferas e manejando as árvores que já exisam. Aqui já havia uma diversidade muito boa de vegetação nava e eu venho tentando manejar para diversos ns. Além da alimentação dos animais, também pra extra ção de madeira.”
As árores que esto regenerando naturalmente na área so manejadas com poda, mas também so selecionadas: algumas permanecem e outras so reradas. O marmeleiro, por eemplo, é uma espécie que em mui to, e é sempre rerado. O marmeleiro sere para lena. Outras, como a rabuja (Machaerium acufolium) e o moror (Bauhinia cheilantha), so boas para madeira e produem bastante matéria orgânica ou serem pra forragem, ento elas so mandas. Antônio José Morais –SíoFlordeJasmim,ComunidadeJuádosVieiras, ViçosadoCeará–CE .
Nas agroorestas cada espécie apre senta caracterscas e funes den tro do sistema, que deem ser co necidas preiamente para que o produtor possa realiar interenes precisas no tempo mais adequado. As podas deem respeitar a época certa e feitas de forma a garanr a funcionalidade de cada espécie. No tena medo de eperimentar. Obsere o resultado e aprenda com a eperincia, pois nem sempre se acerta da primeira e a melor forma de se podar uma planta.
4.5.3 DICAS PARA O MANEJO DE PODA • No so recomendadas podas em época de lua crescente ou ceia, pois a lua eerce grande inuncia sobre as plantas e a seia (“sangue” das plantas) está presente em maior quandade no caule, nos ramos e nas folas. Podar, neste momento, enfraquece a planta. Podas em lua minguante promoem maior formao de raes noas antes da rebrota da parte área das plantas. • Obsere a planta sob um ângulo mais geral, considere sua arquitetura (forma) e o objeo da poda (poda
115
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
de produo, renoao, formao, limpea, rebaiamento, etc.). • Obsere a época de frucao e orao de cada espécie: geralmente, estes momentos no so propcios para poda. • Procure realiar as podas no nal da seca ou incio das cuas, pois, geralmente, as plantas esto com sua seia menos aa e so mais tolerantes à poda nesta época do ano. Quando o objeo é rebrota, é preferel po dar no incio da época cuosa.
• Algumas plantas que produem frutos do meio para o final das cuas, como, por eemplo, a manga, o biribá e o cajá, podem ser podadas também aps a fru tificao uma e que entraro em dormncia e rebrotaro no incio das primas cuas. Este tipo de poda também é adequa do quando o objetio é plantar culturas anuais ou outras que requerem sol e nutrientes alguns meses depois, nas primas cu as, quando a matéria orgânica mais fina já estará decomposta.
Fira 10 – Inncia da la na dinâmica da seiva das plantas.
116
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
Fira 11 – Oraniao de material podado no solo. • Comece a poda por partes, rerando primeiro os galos e troncos mais lees, parndo das etremi dades para o interior da planta. • Podas mais intensas em árores e indiduos altos eigem maior conecimento e cautela, por isso é importante usar cordas para apoiar galos mais pesados e equi pamentos de segurana. • Ulie ferramentas e equipamentos
adequados (tesouras de poda, serras, serrotes, podes, faco, motosserra, luas, cordas, entre outros), tanto para sua segurana e facilitar a poda como para no prejudicar a planta. • Obsere se todo o material lenoso que foi podado encontra-se bem organiado e em contato direto com o solo, o que ajuda na decomposio e faorece a microida do solo bem como o caminar na área depois.
117
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
4.5.4 TIPOS DE PODAS há diferentes pos de poda. há, por eemplo, poda de formao, muito recomendada para as árores fruferas. Neste caso, se deseja que a copa seja ampla, com ramos oriontais, o que faorece a frucao e facili ta a coleita. Já para as árores que tm a madeira como objeo de pro duo, a poda dee rerar os ramos laterais, de modo que o fuste (tronco) que longilneo (longo e reto). há ain da podas de estracao, em que se ajusta a disposio das copas de dife rentes espécies entre si, e poda para adubao ou produo de biomassa, em que se deseja que a planta rebrote igorosamente e produa muitos ramos com folas, de forma sincroni Foto: Andrew Miccolis
118
ada com as demandas de nutrientes e lu de espécies que iro na sequ ncia. O manejo adequado da matéria orgânica (coroamento, enleiramento, etc.) é importante para concentrar nutrientes e manter umidade para as espécies mais eigentes e importan tes para o produtor, e para o sistema como um todo. PODA DE FORMAÇÃO E ESTRATIFICA ÇÃO – Podam-se os galos laterais e inferiores isando a estruturao da copa da planta (para que esta ocupe o espao mais adequado no sistema) direcionamento do caule e formao da copa. So podas feitas também para sincroniar o sistema, quando a inteno é a realiao de planos em baio das árores podadas.
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
Fira 12 – Poda de formao e estraticao PODA DE LIMPEZA – é uma poda simples realiada para rerar as partes secas e elas da planta, folas amareladas e galos doentes, isando o rejuenesci mento do indiduo e eliminao de pontos de entrada para doenas.
Fira 13 – Orientaões para poda de limpea
119
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
PODA DE PRODUÇÃO OU FRUTIFICA ÇÃO – Esse po de poda é feita geralmente em espécies fruferas isando aumentar a produidade, sendo rea liada, de modo geral, aps a produo de frutos ou entre safras. Busca-se rerar os galos ou ramos camados de ladro ou cupo, que se alimentam e diidem a seia com o ramo princi pal. A ideia é reduir a quandade de galos de frucao para canaliar a energia da seia nos ramos principais e aumentar a qualidade dos frutos. É recomendado também, com a poda, liberar ramos que estejam se roando e pressionando, ou que estejam sobrepostos.
Fira 13 – Poda de renovao e reenerao
120
PodAS de RenovAção e RegeneRA ÇÃO – So interenes mais intensas no sistema como um todo e isam produir uma grande quandade de bio massa. So feitas por meio de ários pos de podas (rebaiamento, limpe a, estracao, etc.) na inteno de aumentar a quandade de matéria orgânica do solo, permir a entrada de lu direta, promoer a rápida ciclagem de nutrientes e aumentar a ferlidade do solo. Muitas ees so realiadas para abrir espao para o desenolimento de espécies eigentes em lu e nutrientes, como a mandioca, o mi lo, abbora e outras espécies anuais e de ciclo curto, ou para permir que
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
espécies do futuro, tanto madeireiras quanto fruferas, possam surgir do sub-bosque para ocupar os estratos mais altos no lugar das espécies pio neiras iniciais. Estas podas ajudam a sincroniar o sistema e aceleram o seu desenolimento geral. Se á necessidade de poda de renovação ou regeneração com o intuito de enriquecer o sistema, primeiro se realiam os planos para ento podar e organiar o material da poda sobre a área plantada. Ao organiar o material de
DICAS PRÁTICAS
poda, é importante que a madeira (troncos e galos) sejam cortados em tama nos e de modo que quem em contato direto com o solo, e ento cobertos com as folas e galos mais nos. Ao plantar em uma área onde á já a presena de árores, é importante realiar a poda para sincroniar o seu desenolimento com as noas plantas, e também possibilitar matéria orgânica para a cobertura do solo. O plano sob árores podadas resulta em plantas igorosas, diferentemente se realiado abaio de plantas adultas que no foram podadas.
A COBERTURA DO SOLO COM MATERIAL DE PODA É FUNDAMENTAL
As árores de porte alto iro criar as de médio porte, depositando muita matéria na terra. A mbaúba (ou torém) é um bom eemplo de criadora. O pajeú produ bastante matéria. Também culo aqui a aeitona preta e gosto muito do assa peie. Eu gosto do torém porque é de fácil decom posio; a gente tritura, fa cobertura, ele acaba, e ali o toco dele ligeiro fronda de noo. A gliricdia é usada também para faer cobertura do solo. A área de culo de milo, feijo e faa é sempre manejada para manter a roa aberta e poder cular anualmente. O solo é mando bem prote gido com essas espécies que ele corta e tritura. “Eu levo o milho, mas eu devolvo o sabugo, devolvo a palha”. A casca do coco que em do coqueiral mais abaio também é traida para faer cobertura na roa. A gliricdia é plantada em toda a área sem espaamento denido, e é podada cons tantemente para cobertura. Com a poda ele fa cobertura nas áreas mais pobres. A poda da gliricdia é a principal fonte de adubao para a roa. O sabiá é mando na roa sempre podado, mas no produ muita matéria. Ele é usado como madeira para mouro e lasca. Enquanto a gliricdia é plantada, o sabiá muitas ees nasce espontaneamente. Ernaldo Expedito de Sá ,agricultor –Tianguá–APASerra Ibiapaba–CE
121
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
4.5.5 ORIENTAÇÕES PARA O MANEJO Para escola da espécie e momento do manejo, as seguintes perguntas ajudam na orientao nos diferentes momentos de desenolimento dos sistemas agroorestais: • Eistem espécies que esto compendo pelo mesmo espao ou abafando e no permindo o desenolimento de outras? • há deida formao e manuteno de cobertura de matéria erde e seca no solo, ou pelo menos, acumular na coroa das mudas? • há presena de espécies no desejáeis e seu controle está sendo realiado deidamente, por meio de capina selea, poda ou desbaste? • Esto sendo ocupados os espaos para o desenolimento adequado das espécies perenes, tanto naas quanto ecas? • As espécies necessitam de podas de formao isando à produo de biomassa ou fortalecimento da estrutura para obteno de madeira? • As espécies necessitam de podas isando melorar a produo de frutos? • Como está a inuncia dos fatores eternos como, por eemplo, as bordas do sistema agroorestal? há necessidade de intereno para controle destes fatores? • Eistem animais, insetos ou doenas acometendo as plantas? Onde e quais so as posseis causas? • A diersidade e quandade de plantas so sucientes para atender aos objeos da implantao do sistema (por eemplo, restaurao ou produo)? • De acordo com as condies locais, as espécies plantadas esto saudáeis e seu desenolimento é condiente com o seu tempo de ida?
Em situaes em que a APP apresenta egetao naa em recuperao (ca poeiras ou matas secundárias), a m de no descaracteriar a cobertura egetal naa, e nem prejudicar a funo ecolgica da área, conforme estabelecido na legislao atual, é importante disnguir dois pos de manejo: • oltado para o enriquecimento de matas secundárias (áreas com
122
egetao em recuperao) com intuito de aumentar a biodiersi dade e ao mesmo tempo permir produo de culturas alimencias a curto prao e • oltado para a manuteno da produidade e funes ecolgicas do sistema como um todo, atendendo também aos interesses sociais, a médio e longo prao. Conside-
PLANEJAMENTO E DESENHO DOS SISTEMA S AGROFLORESTAIS
rando estes aspectos, no se recomenda o corte raso, nem tampouco o uso do fogo para interenes nessas áreas. Deem sim ser permidas podas peridicas na egetao, contanto que as copas das árores sejam recupera das aps rebrota, e que seja manda a dinâmica sucessional e estrutura da egetao. Na práca, isso signica que é importante manter indiduos e espécies ocupando diferentes estratos ao longo do tempo. Ainda nesse sendo, também dee ser permida a supresso de alguns indiduos se nescentes ou em declnio (que este jam em fase nal de seu ciclo de ida, apresentando parte de sua copa seca, tronco oco ou brocado), ou presentes em alta densidade, pois essa intereno lea ao aano da sucesso, e portanto, contribui para a manuten -
o das funes ecolgicas. O manejo nessas áreas, no nal das contas, dee prioriar o aumento da diersidade biolgica e a manuteno das diferentes funes ambientais, como: produ o de biomassa para cobertura do solo e controle da eroso, ciclagem de nutrientes, produo de frutos para a fauna, corredor ecolgico, inltrao de águas pluiais, dentre outras. Nos contetos em que á pouca pre sena de espécies da egetao naa, poucos regenerantes, ou seja, em que a resilincia ecolgica é considerada baia e os solos esto degradados, algumas espécies-cae podem ser decisias para a recuperao dos solos e para criar as condies necessárias ao bom desenolimento de outras espécies que iro no futuro, inclusie as naas. Estas espécies esto descritas na Seo 5.4.
Foto: Andrew Miccolis
123
5. OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Um dos maiores desaos para o sucesso dos SAFs é o aumento da escala de adoção, o que requer o desenvolvimento de opções tecnológicas que possam ser adaptadas a contextos especícos de forma que as soluções levem em conta os objevos dos agricultores e acesso a recursos, bem como as condições ambientais encontradas no nível local. Ao Foto: Andrew Miccolis
mesmo tempo, tais opções devem ser exíveis o suciente para serem ajustadas a situações semelhantes, porém com caracteríscas disntas de tal forma a permir sua adoção em escala maior.
5.1 SAFs NO CERRADO E NA CAATINGA: APRENDENDO COM EXPERIÊNCIAS EXISTENTES Apesar da escassez de pesquisas voltadas para a restauração ecológica com SAFs na Caanga e no Cerrado, alguns estudos já apresentam opções e arran jos de SAFs em diferentes contextos destes biomas. Na região do semiárido cearense, alguns estudos recomendam o uso de sistemas silvipastoris para a manutenção da qualidade do solo e a produção de alimentos. Nestes sistemas, o componente animal é chave, em interação com árvores, arbustos e herbáceas, geralmente em pasto, ou que forneçam forragem no cocho99,60. Os sistemas agrossilvipastoris também são recomendados nesses contextos pois valorizam a interação entre os componentes animal, agrícola e orestal em sua composição. A combinação pode ser temporal, em rotação, ou em consórcio. Em alguns destes sistemas, a forragem é produzida e fornecida para os animais, que cam em outra área (em pasto ou connado). Em outros, os animais são soltos para forragear em área onde foram produzidas culturas
124
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Foto: Andrew Miccolis
agrícolas e depois são introduzidas árvores madeireiras e/ou fruteiras. Há também os sistemas de ILPF – Integração Lavoura Pecuária e Floresta, preconizados pela EMBRAPA, geralmente compostos por uma espécie arbórea incluindo eucalipto ( Eucalyptus spp.), teca (Tectona grandis), mogno africano (Khaya senegalensis), entre outras, plantada em leiras amplamente espaçadas e, nas entrelinhas, grãos e gramíneas para bovinos60. Os quintais agroflorestais são observados frequentemente em pequenas propriedades rurais. Esses sistemas, altamente produtivos, são caracterizados por ampla diversidade de espécies, incluindo frutíferas, melíferas, hortaliças, medicinais, e também, eventualmente, pequenos animais (galinha, porco) 26,39,2. O ob jetivo fundamental desses sistemas, que ficam situados próximos à residência, é contribuir para a soberania e segurança alimentar e nutricional, a saúde e o bem estar da família. A mulher geralmente desempenha papel fundamental na manutenção e manejo dos quintais agroflorestais 48. Os sistemas agrossilviculturais se caracterizam por consórcios entre espécies arbóreas e agrícolas. Na Caanga, alguns estudos mostram que é dada ênfase para culturas resistentes à seca, especialmente aquelas com presença de xilopódios que armazenam reservas
que nutrem a planta em períodos crícos de água.7 No Cerrado, tais sistemas também são implementados, como o exemplo do SAF com ênfase nos componentes: gueroba (Syagrus oleraceae), mogno (Swietenia macrophylla) e nim indiano ( Azadirachta indica) 11. As agroorestas biodiversas sucessionais ou regeneravas representam proposta mais avançada quanto à estrutura e função se comparadas aos outros SAFs mencionados Estas exigem um manejo intensivo por meio
125
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
de capina seleva e podas seguindo a lógica sucessional. A concepção das agroorestas sucessionais foi desenvolvida pelo agricultor-pesquisador Ernst Götsch, sendo encontradas experiências promissoras46,50,81,88 no Cerrado, na Caanga, na Mata Atlânca e na Amazônia. Assim, a depender do contexto, são recomendadas diferentes estratégias de intervenção, que variam de acordo com o acesso a insumos e ao estágio de sucessão encontrado na área.
5.2 OPÇÕES DE SAFs VOLTADAS PARA DIFERENTES CONTEXTOS Nesta seção, algumas destas estratégias de implementação de SAFs estão organizadas em opções tecnológicas compostas por estruturas gerais associadas a técnicas especícas (detalhadas anteriormente nas Seções 4.5 e 4.6) que devem ser adaptadas
126
de acordo com as parcularidades de cada contexto descrito a seguir. Cabe ressaltar que algumas das opções apresentadas podem ser mais indicadas para APP e outras mais para RL, no entanto todas também podem ser adotadas em áreas de produção fora de APP e RL, quando se deseja conciliar produção com objevos ambientais. Embora algumas opções sejam indicadas para determinado bioma, podem ser adotadas em outro bioma desde que sejam ulizadas outras espécies e prácas de manejo adequadas àquele bioma. Foram contemplados alguns contextos mais comuns bem como algumas possibilidades de intervenção sem, no entanto, esgotar todas as soluções possíveis. Portanto, é fundamental a exibilidade, o olhar críco e a criavidade de combinar as opções com as técnicas e prácas de manejo apresentadas anteriormente e outras pracadas no local que se mostram exitosas.
OPÇÕES DE SAFS PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 1: AGROFLORESTA SUCESSIONAL PARA O CERRADO COM MANEJO INTENSIVO Esta opção se baseia no SAF desenvolvido por Juã Pereira – Sío Semente - Núcleo Rural Lago Oeste, em Brasília – DF . Essa experiência de sucesso foi sistemazada por Juã Pereira e Carolina Guyot e é resultado dos ensinamentos e orientações de Ernst Götsch.
Contexto: solo degradado, baixa regeneração, predominância de gramíneas exócas tais como andropogon, braquiária; solo bem drenado, RL ou áreas de produção, bioma Cerrado, alta disponibilidade de mão de obra, fácil acesso ao mercado. Neste contexto,
independentemente da resiliência ecológica (capacidade de regeneração) e estágio de sucessão natural, ou seja, mesmo em solos bastante degradados, as condições são propícias para implantar sistemas complexos e com alto aporte de insumos.
Foto: Fabiana Peneireiro
Canteiros sucessionais com culturas anuais e hortaliças consorciadas com linhas de espécies adubadeiras e nativas. Local: Sítio Semente, Brasília/DF.
127
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Objevo principal: produção para o mercado. Objevos secundários: segurança alimentar e restauração da vegetação. Visão geral: Nestas condições, será possível produzir hortaliças, grãos, tubérculos (raízes) e frutas nos primeiros anos para pagar rapidamente o custo de estabelecer as árvores do futuro (que permanecerão mais tempo no SAF), acelerar os processos de restauração, e ainda gerar renda a curto e médio prazo. Elementos do desenho do sistema: o SAF em questão é denido pela repeção de parcelas de 5 por 40 metros, Foto: Andrew Miccolis
Local: Sítio Semente, Brasília/DF.
128
cada uma composta por quatro canteiros, sendo que o primeiro apresenta uma linha de árvores e frutas juntamente com hortaliças, e os outros três com somente consórcios de hortaliças e culturas anuais. As parcelas vão sendo repedas sequencialmente ao longo da área, podendo ser escolhidas espécies diferentes para compor cada parcela. As espécies de ciclo curto criarão as condições para o estabelecimento das árvores navas e fruferas do futuro, introduzidas por muda ou semente nos primeiros 3 anos. Após 3 a 4 anos, as hortaliças que necessitam de muito sol saem e as árvores e arbustos cam. Nos canteiros onde só havia hortaliças e culturas anuais são
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
introduzidas árvores de sub-bosque como por exemplo café. Nas linhas das árvores e frutas são plantados sempre banana, café e eucalipto, formando a base do sistema. Além destas, são colocadas sementes de árvores para fruta e madeira próximas às mudas de eucalipto (ex: jatobá, copaíba, cedro, xixá, caju, mogno, manga, jaca, cinamomo). O espaçamento da banana é de 3 m, o eucalipto e o café são plantados a cada 1,5 m e o espaçamento da fruta escolhida pode variar de 3 ou 6 m dependendo da espécie. Entre os canteiros das árvores e frutas das parcelas há três canteiros
para plantar o consórcio de culturas anuais, que vão depender da época do ano, do mercado local e, principalmente, do interesse do agricultor. Na base desse consórcio busca-se colocar sempre uma raiz (ex: mandioca, inhame ou batata-doce) e mais três ou quatro culturas de hortaliças (ex: rúcula, alface, couve, milho, brócolis, couve-or, tomate, etc.). O espaçamento da mandioca e do milho é de 1 m, da alface e da couve é de 0,5 m. Da rúcula na borda do canteiro é de 0,25 m e dentro do canteiro é de 0,5 m. Após três meses da implantação de uma parcela do sistema as hortaliças (rúcula, couve, alface) são colhidas, após quatro
Foto: Andrew Miccolis
Local: Sítio Semente, Brasília/DF.
129
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
meses o milho é colhido e após dez meses a mandioca é colhida e então se repete o plano. Desta forma, é possível fazer de três a seis planos de consórcios nas três linhas do meio da parcela, dependendo da espécie de raiz escolhida (ex: inhame colhe-se após seis meses do plano), até que as espécies das linhas das árvores e frutas comecem a fazer sombra nos canteiros do meio. Critérios para seleção de espécies: Espécies e variedades de alta produvidade, com alto valor econômico e outras voltadas para conservação, espécies com alto potencial de produção de biomassa. Espécies-chave: eucalipto, cinamomo, banana, café, citrus, árvores navas e outras fruferas (ex. nava ou exóca, como lichia, jabocaba, pitanga, etc.) Implantação: Para o preparo do solo pode-se ulizar um motoculvador, que levanta os canteiros e mistura o adubo, ou ainda, de forma manual. Neste caso, considerando que o solo é de baixa ferlidade, a primeira adubação foi feita com 500 gramas/m² de pó de rocha, 10 litros/m² de esterco curdo, 500 gramas/m² de cinza e 300 gramas/m² de farinha de osso (por cima do canteiro). Ao se realizar um novo plano na parcela, repete-se essa mesma adubação, exceto pó de rocha. Porém, a tendência é ir diminuindo a quandade, uma vez que o próprio sistema irá se alimentando
130
com a biomassa produzida principalmente pela poda do eucalipto e da banana. É importante realizar análise de solo para orientar a adubação. Manejo: o manejo desse sistema é fundamentado na concentração de biomassa, principalmente por meio da poda das árvores e bananeiras, cujo material é cortado ou triturado e disposto como cobertura do solo tanto nos canteiros quanto nos caminhos entre os canteiros. No início, quando o sistema ainda não produz a biomassa necessária para a cobertura, o agricultor deve procurar esse material fora do sistema. É possível ulizar o próprio capim roçado para fazer esta cobertura, caso não haja uma fonte externa de material. A parr do momento em que é possível fazer a poda do eucalipto e da banana, reduz-se a necessidade de trazer material de fora da propriedade para cobrir o solo. A poda das árvores e fruteiras, realizada pelo menos duas vezes por ano, é essencial para o sucesso deste sistema. Caso não seja possível podar o eucalipto com tal frequência recomenda-se as seguintes adequações do sistema: aumentar o espaçamento entre os eucaliptos e as fruferas que se pretende produzir; e contar com outras fontes de biomassa para a cobertura do solo. A decisão de poda depende muito do que o agricultor necessita em cada
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
momento. Se for necessário entrar mais luz para fazer mais horta, é momento de podar. Quando o agricultor decide refazer o sistema é necessário derrubar a vegetação da área como um todo, ou 80%, para que haja luz suciente para fazer horta novamente. É importante lembrar que neste momento o solo estará muito melhor do que no primeiro plano, uma vez que as espécies foram enriquecendo o solo ao longo do tempo. A capina do sistema deve ser seleva e manual a cada três ou quatro meses, dependendo de como está o sistema. Além disso, é necessário roçar as
CROQUI DA OPÇÃO 1: Agrofloresta sucessional para o Cerrado com manejo intensivo
bordas do sistema e fazer aceiros para proteger contra o fogo. Para o manejo se ulizam alguns equipamentos como: roçadeira costal (para roçar as bordas do sistema e fazer aceiros); motosserra (para fazer podas e cortar madeiras); triturador (para triturar madeira para omizar e alimentar o próprio sistema). A parr do terceiro ano de implantado o sistema, além das espécies de árvores navas e exócas estabelecidas na área por meio de mudas sementes, se estabelecerão espécies navas trazidas por dispersores, como exemplo a copaíba,
Momento do primeiro plantio
E UCALÍPTO + SEMENTES DE ÁRVORES E FRUTAS
B ANANA F RUTEIRAS ( MUDAS ) C AFÉ M ANDIOCA M ILHO RÚCULA C OUVE FOLHA ALFACE
131
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
2 A 3 ANOS
7 A 10 ANOS
OPÇÃO 1: AGROFLORESTA SUCESSIONAL PARA O CERRADO COM MANEJO INTENSIVO | VISTA NA DIREÇÃO NORTE-SUL
embaúba, pimenta de macaco, landim, entre outras em toda a área. No futuro, se connuar essa dinâmica, muitas outras espécies estarão presentes no local. Para tanto, o manejo deverá favorecer o estabelecimento de árvores navas trazidas pelos dispersores. Na práca, isso signica podar e ralear as espécies navas da regeneração selevamente.
132
Manejo a longo prazo/configuração do sistema: Dossel aberto e acúmulo de biomassa durante os 5 primeiros anos de manejo intensivo. Dependendo da situação, as árvores adubadeiras podem continuar a ser podadas por alguns anos a fim de manter a produção das linhas de frutíferas. As árvores nativas de
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
2 A 3 ANOS
7 A 10 ANOS
OPÇÃO 1: AGROFLORESTA SUCESSIONAL PARA O CERRADO COM MANEJO INTENSIVO | VISTA NA DIREÇÃO LESTE-OESTE
crescimento mais lento são deixadas até que uma copa encontre com a outra, momento em que será possível deixá-las fechar copa ou serem manejadas para manter a produtividade nas espécies comerciais nos estratos baixo e médio. Em área de produção ou RL, uma vez que as árvores cresceram, cerca de 5 a 10
anos, o sistema pode ser renovado por meio de podas drásticas e reiniciado o ciclo de produção com cultivos anuais para então deixar novamente o dossel fechar. Além de RL, este sistema também é fortemente recomendado para áreas voltadas para produção.
133
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 2: AGROFLORESTA BIODIVERSA PARA RESTAURAÇÃO DE APP Esta opção se baseia no SAF desenvolvido por Marcelino Barberato – Sío Geranium – Taguanga, DF. Essa experiência é resultado dos ensinamentos e orientações de Ernst Götsch.
Contexto: solo de média a alta ferlidade; baixa regeneração; predominância de gramíneas exócas tais como braquiária, colonião, napier; drenagem boa ou média; APP de mata ciliar; bioma Cerrado; baixa a média disponibilidade de mão de obra; fácil acesso ao mercado. Objevo principal: produção para mercado. Objevos secundários: segurança alimentar e restauração. Visão geral: restauração de APP de mata ciliar com produção de ores, alimentos e plantas medicinais. Nestas áreas não deverão ser ulizados quaisquer agroquímicos (adubação química ou agrotóxicos) e nem máquinas pesadas. Linha de árvores para frutas, madeira e produção de biomassa (além de banana), seguida de linhas de plano de plantas ornamentais, alimencias e medicinais. Muitas destas espécies também terão função importante de ocupar o estrato
134
inferior, manter um microclima úmido e substuir gramíneas, o que será de grande importância para evitar incêndios orestais. Além disso, poderão servir como fonte complementar de renda para o agricultor familiar. Elementos do desenho do sistema: as linhas de árvores são espaçadas entre si a uma distância de 5 m. As árvores são introduzidas por mudas e sementes, dispostas na linha em espaçamento de 1,5m, e são selecionadas de acordo com seu desenvolvimento. Nas entrelinhas das árvores são plantadas as espécies ornamentais, medicinais e alimencias, podendo ser dispostas de maneira alternada (cada entrelinha com uma determinada espécie) para facilitar o manejo e o desenvolvimento das plantas. Nas entrelinhas das árvores, caso a escolha seja plantar bastão do imperador, as mudas, a parr de rizomas, devem ser dispostas em duas linhas com o espaçamento de 2 metros entre si e 1,5m entre plantas na linha. No caso de helicôneas, estas deverão ser introduzidas
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
também por mudas provenientes de rizomas, formando três linhas, sendo o espaçamento de 1,5m entre linhas e 1,5m entre plantas. O jaborandi pode seguir o mesmo espaçamento das helicônias. Nas entrelinhas das árvores podem ser introduzidas as plantas alimencias e medicinais como inhame, cúrcuma, gengibre, e cardamomo, espaçadas de 60 a 80 cm entre si. Estas espécies também podem ser introduzidas nas linhas das árvores, ocupando o espaço entre as árvores (1,5m), ou seja, podem ser introduzidas duas plantas, a parr de rizomas, de inhame, cúrcuma ou gengibre, entre uma árvore e outra. Ainda, poderá ser semeado o milho na fase inicial em área
total no espaçamento de 1m por 0,5 m (3 sementes por berço a 5 cm de profundidade). No caso dessas plantas de sub-bosque, com exceção do inhame e cúrcuma, as mesmas deverão ser introduzidas no segundo ano, quando já houver sombreamento promovido pelas árvores e bananeiras. No primeiro ano introduz-se milho, mandioca, abóbora, e hortaliças rúscas (maxixe, mostarda, quiabo, salsa). Critérios para seleção de espécies: as espécies escolhidas para o sub-bosque deverão ser adaptadas às condições de sombreamento após os primeiros anos e devem permir manejo menos intensivo e frequente.
Foto: Marcelino Barberato
Agrooresta com espécies ornamentais, alimentícias. Local: Sítio Geranium, Samambaia-DF.
135
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Espécies-chave de culvos agrícolas e outros usos econômicos: plantas ornamentais: helicônias, bastão de imperador; plantas alimencias, culinárias e medicinais: milho, madioca, hortaliças rúscas (nos primeiros anos), gengibre, cúrcuma, inhame, araruta, cardamomo, taioba e jaborandi. Espécies-chave de árvores: na linha de árvores devem ser introduzidas espécies de múlplas funções, com ênfase para os serviços ambientais. Com o objevo principal de produção de biomassa mediante poda, recomenda-se ingá de metro e outros ingás da mata ciliar, urucum, capororoca, sangra d´água, pau pombo, tapiá, pimenta de macaco. Com objevo de composição orestal para ns de enriquecimento
da biodiversidade nava, recomenda-se pinha do brejo, landim, ipê roxo, jatobá, gomeira, mirindiba, copaíba, puçá, bacupari da mata e jenipapo. Para a produção de frutas recomenda-se: banana, manga, jaca, abacate, cajá, buri, juçara, jabucaba, lichia. Implantação: em áreas onde prevalecem gramíneas de touceiras grandes, roçar e separar a biomassa para depois capinar, rerando todo rizoma. Os rizomas podem ser enterrados no fundo dos berços das bananeiras ou bados para rerar a terra e deixados virados secando ao sol. Se as gramíneas não forem grandes, pode-se realizar somente capina conforme explicado. Na linha das árvores, as espécies arbóreas são plantadas por mudas, conforme disponibilidade de material e CROQUI DA OPÇÃO 2: Agrofloresta biodiversa para restauração de APP
B ANANA ÁRVORES PARA PODA C AFÉ OU J ABOTICABA F RUTAS B ASTÃO DO I MPERADOR OU H ELICÔNIAS C ÚRCUMA I NHAME GENGIBRE
136
2 A 3 ANOS
7 A 10 ANOS
20 ANOS
OPÇÃO 2: AGROFLORESTA BIODIVERSA PARA RESTAURAÇÃO DE APP
137
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Foto: Marcelino Barberato
mão de obra, e por sementes, intercaladas com bananeiras. As sementes são plantadas no mesmo berço do milho e hortaliças rúscas, ou ainda com a mandioca conforme explicado na seção 4.4.2. A adubação é feita com esterco ou composto nos berços das árvores, bananeira, rizomas, milho e hortaliças. A biomassa do capim é disposta próxima às linhas dos planos cobrindo todo o solo. Entre as linhas das árvores, plantam-se as espécies ornamentais ou alimencias ou medicinais nos espaçamentos recomendados a parr de rizoma. Manejo: Capina seleva e podas periódicas. Após a colheita do milho, a planta do milho deverá ser cortada e seu material ulizado para cobrir o solo. As touceiras de ores tropicais e bananeiras são podadas periodicamente no
138
momento da colheita das ores e frutos e também sua biomassa deve ser devidamente cortada e disposta sobre o solo. As plantas medicinais e alimencias são colhidas (metade a dois terços) e o restante dos rizomas ca no solo permindo seu reestabelecimento. As árvores produtoras de biomassa são podadas periodicamente para cobertura do solo com matéria orgânica, organizada de maneira a permir que se caminhe bem pela área (madeira em contato com o solo e folhas por cima). As árvores que não tem necessariamente essa nalidade devem ser manejadas com podas de raleamento, formação e estracação (ver seção 4.5.4) conforme a necessidade e os objevos. Manejo a longo prazo/conguração do sistema: Floresta com dossel fechado após cerca de 7 a 10 anos, mesmo com a dinâmica de podas selevas. O manejo deve favorecer o estabelecimento da regeneração natural, deixando-se as plântulas das árvores navas que permirão o avanço da sucessão ecológica. Observações: As espécies exócas podem e devem ser podadas ou desbastadas selevamente nos primeiros anos, de forma a escolher alguns indivíduos que produzirão frutos e outros para produção de biomassa, que sairão do sistema a médio e longo prazo. A área ocupada pelas espécies exócas não deverá ultrapassar 50%.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 3: AGROFLORESTAS EM FAIXAS INTERCALADAS COM ENRIQUECIMENTO DO CERRADO Contexto: solo de média ferlidade; alta regeneração; predominância de arbustos e plântulas com algumas árvores; drenagem boa; RL; Cerrado; disponibilidade de mão de obra variada (média ou baixa); acesso variado a insumos (alto, média ou baixa); existe acesso ao mercado. Objevo principal: produção para mercado e consumo. Objevos secundários: restauração com enriquecimento das áreas de vegetação nava. Visão geral: Em áreas com alta resiliência, ou seja, com presença de alto número de regenerantes, as culturas agrícolas podem ser introduzidas em faixas alternadas com a vegetação nativa. A escolha das culturas agrícolas deve focar nas espécies que o agricultor deseja plantar naquele contexto. As espécies alimentícias podem ser batata doce, mandioca, banana, inhame, milho, feijão. Essas faixas cultivadas podem ser aproveitadas para produção de frutíferas e madeireiras. Já nas faixas de vegetação nativa pode ser feito enriquecimento com
espécies frutíferas, tanto nativas quanto exóticas. Elementos do desenho do sistema: em situações em que se deseja plantar apenas culturas de ciclo curto nas faixas culvadas, recomenda-se que essas faixas possuam no máximo 6 metros (facilitando a mecanização), e as faixas de vegetação nava se jam mais largas (de no mínimo 15m). Caso o agricultor tenha alta disponibilidade de mão de obra, pode ser implantado, na faixa de culvo, um sistema consorciado de espécies agrí colas com árvores adubadeiras e fru feras, incluindo bananeiras e palmeiras. Nesse contexto, em que se deseja introduzir espécies perenes nas faixas culvadas (incluindo espécies navas), estas faixas podem ser mais largas, até 18 m, sendo que as faixas de vegetação nava intercaladas tenham no mínimo a mesma largura, ou seja, a largura das faixas culvadas não deve ultrapassar a largura das faixas de navas, portanto, não devem ultrapassar 50% do total da área. Nas faixas de regeneração natural podem-se plantar ilhas de ferlidade com mudas de árvores navas para enriquecimento (ver sessão 4.4.2).
139
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
2 A 3 ANOS
7 A 10 ANOS
OPÇÃO 3: AGROFLORESTAS EM FAIXAS INTERCALADAS COM ENRIQUECIMENTO DO CERRADO
Critérios para seleção de espécies: Espécies de interesse econômico de alta produvidade e fácil manejo. Introdução de espécies arbóreas navas para enriquecimento.
140
Espécies-chave de culturas agrícolas (contextos com baixo acesso a insumos): mandioca, batata doce, abacaxi, feijão caupi ou de corda. Em contextos com maior acesso a insumos,
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
podem ser plantadas espécies mais exigentes em ferlidade como, p.ex, milho, feijão carioca, abóbora ou gergelim, banana e inhame. Espécies-chave de árvores: murici, mangaba, baru, pequi, jatobá, copaíba, aroeira, xixá, amburana, ipê roxo, ipê amarelo, indaiá, gueroba, macaúba, mutamba, periquiteira, pitanga, jabucaba, araçá, ingá mirim, cajá, algodão arbóreo, angico, copaíba, carvoeiro. Implantação: o preparo da área pode ser feito de forma mecanizada
ou manual. Primeiramente derrubam-se as árvores e arbustos da faixa a ser culvada, organizando a biomassa nas laterais. Se a implantação for da forma mecanizada, após o corte das árvores, passa-se uma grade aradora, incorporando a adubação, que pode ser com pó de rocha, calcário, esterco (para espécies mais exigentes) ou não (para espécies menos exigentes). As faixas poderão ser preparadas com adubos verdes (feijão de porco, crotalária, etc.) semeados a lanço ou na semeadora, anteriormente ao plano das
CROQUI DA OPÇÃO 3: Agroflorestas
em faixas intercaladas com enriquecimento do Cerrado
C ULTURAS AGRÍCOLAS CONSORCIADAS OU NÃO
S EMENTES E MUDAS DE ÁRVORES NATIVAS OU BANANEIRA
REGENERANTES
141
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
espécies agrícolas. Caso a implantação seja manual, primeiramente é feita a capina seleva, depois a derrubada seleva da vegetação presente na faixa culvada, deixando as espécies de interesse econômico, que deverão ser podadas. O espaçamento das espécies agrícolas deverá seguir aquele comumente ulizado pelo agricultor. O plano das árvores e bananeiras poderá ocorrer em ilhas ou linhas. Recomenda-se que as árvores de maior porte sejam plantadas na faixa da área culvada que terá manejo menos intensivo. É muito importante também incluir espécies adubadeiras na borda das faixas de vegetação nava, as quais deverão ser podadas para adubar as faixas culvadas. O enriquecimento das faixas de regeneração deverá ser por plano de mudas ou sementes de árvores navas em pequenas ilhas nas aberturas presentes no meio da vegetação ou em locais onde há presença de gramíneas e outras herbáceas, que deverão ser capinadas para se efetuar o plano. Quando necessário, algumas arvores presentes na faixa de navas podem ser podadas para o estabelecimento dessas ilhas. Manejo: Manejo intensivo nas faixas culvadas e capina seleva e poda nas faixas de regeneração natural visando o avanço sucessional. A matéria
142
orgânica resultante deve ser concentrada ao redor das plantas que os agricultores consideram mais preciosas entre as navas ou, alternavamente, carregada para as faixas culvadas. Este po de manejo também irá ajudar a reduzir as gramíneas e arbustos que pertencem aos estágios iniciais da sucessão, de tal forma a reduzir o combusvel para incêndios orestais, bem como a dominação de espécies menos desejáveis no estrato baixo. Especialmente as bordas (na faixa de vegetação nava adjacente às faixas culvadas) deverão ser podadas de forma que as plantas mais próximas à faixa culvada sejam mais baixas e as mais distantes sejam podadas mais altas, de maneira a formar uma diagonal. O material da poda deverá ser carreado para a faixa de plano ou disposto ao redor das mudas na faixa de vegetação nava. Manejo a longo prazo/conguração do sistema: Uma vez que as árvores verem crescido, em cerca de 7 a 10 anos, o sistema pode ter o dossel fechado ou então pode ser renovado com a poda das árvores. Caso tenham sido plantadas espécies madeireiras, no momento da colheita deve-se tomar cuidado para não impactar negavamente as outras plantas. A biomassa das copas deve ser devidamente picada e distribuída organizadamente cobrindo o solo.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 4: ENRIQUECIMENTO E MANEJO DE CAPOEIRAS (REGENERAÇÃO NATURAL) COM AGROFLORESTA Contexto: solo com média ferlidade; alta regeneração; predominância de arbustos e plântulas de árvores, com algumas árvores adultas; drenagem boa; APP ou RL; bioma Cerrado; disponibilidade de mão de obra variada (alta, média ou baixa); há acesso ao mercado. Objevo principal: restauração. Objevos secundários: segurança alimentar e produção para mercado. Visão geral: Neste contexto, a regeneração natural pode ser manejada com o objevo de enriquecimento da capoeira, a m de aumentar a diversidade de plantas, introduzir espécies mulfuncionais consideradas úteis para os agricultores, principalmente a parr de sementes e estacas, mas também de mudas quando houver disponibilidade de mão de obra. Embora o principal objevo seja a restauração, será possível conciliar com a produção de alimentos (com potencial econômico) por meio de espécies como bananeira, árvores e arbustos medicinais e fruferas apreciados pela fauna e pelas pessoas. Neste caso, não devem ser feitas faixas e sim enriquecimento em pequenas ilhas ou núcleos, com
espécies arbóreas navas e exócas (fruferas e madeireiras) intercaladas em pequenas aberturas em meio às espécies da regeneração. Como estratégia produva, recomenda-se incluir espécies agrícolas que toleram algum sombreamento como as apresentadas na Opção 2. A apicultura também é alternava muito interessante neste contexto. Elementos do desenho do sistema: área de regeneração enriquecida por pequenos núcleos ou ilhas com bananeiras, mudas ou sementes de árvores e espécies agrícolas. Critérios para seleção de espécies: Espécies arbóreas navas e exócas, para usos múlplos e espécies agrícolas menos exigentes, principalmente as de sub-bosque tolerantes à sombra. Caso não haja esterco animal disponível na propriedade ou vizinhança, as culturas alimencias devem ser espécies e variedades rúscas adaptadas a solos com baixa ferlidade. Espécies-chave de árvores : mandiocão, sangra d´água, urucum, juçara, pau pombo, gomeira, pimenta de macaco, ingá de metro e outros ingás, cajá, bacupari da mata (Cheiloclinium
143
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
cognatum ), puçá (Mouriri sp.), mirin-
diba (Buchenavia tomentosa), amora (Morus nigra), buri ( Mauria exuosa), jatobá da mata (Hymenaea courbaril ), ipê roxo (Tabebuia impeginosa), copaíba (Copaifera langsdori ), manga (Mangifera indica), abacate (Persea americana), jaca ( Artocarpus heterophyllus ) e café (Coea spp.). Espécies-chave de culturas agrícolas : banana, inhame (Colocasia esculenta), helicônias (Heliconia spp.), gingiberáceas (gengibre - Zingiber ocinale, cardamomo - Elearia cardamomum, etc.). Em casos onde a ferlidade do solo não é elevada ou não há como adubar recomenda-se plantar feijão caupi (Vigna unguiculata) ou feijão
de corda (Vigna sp.), maxixe (Cucumis anguria), sorgo (Sorghum spp.), mandioca (Manihot esculenta). Em casos onde a ferlidade do solo é elevada ou há abundância de adubo disponível, então é viável se plantar milho, feijão, abóbora, maracujá (Passiora edulis). Implantação: idencar pontos estratégicos (pequenas clareiras) para enriquecimento. Marcar com estaca mudas existentes de árvores do futuro, roçar (se houver presença de capim ou herbáceas envelhecidas), ou ralear/podar arbustos e árvores de ciclo curto que estejam concluindo seu ciclo de vida. Preparar o berço de plano (afofar, adubar, cobrir com matéria orgânica) e semear árvores e
CROQUI DA OPÇÃO 4:
Enriquecimento e manejo de capoeiras com Agrofloresta B ANANA F EIJÃO M ILHO M ANDIOCA M UDAS DE FRUTAS A BÓBORA S EMENTES E MUDAS DE ÁRVORES NATIVAS OU BANANEIRA
REGENERANTES
144
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
VISTA AÉREA: 3 A 4
MESES
VISTA AÉREA: 2 A 3 ANOS
OPÇÃO 4: ENRIQUECIMENTO E MANEJO DE CAPOEIRAS (REGENERAÇÃO NATURAL) COM AGROFLORESTA | VISTA AÉREA
145
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
espécies agrícolas, podendo também incluir estacas, rizomas (bananeira e outras espécies de interesse alimentar e econômico). No caso de bananeira (sessão 4.4.2), plantar antes de cobrir com matéria orgânica. Manter a estaca para marcar o local de plano. A escolha se o plano será feito em ilhas ou núcleos dependerá do tamanho da clareira ou abertura em meio às plantas regenerantes. Se o plano for feito em ilhas, em pequenas áreas abertas em meio às plantas regenerantes, os círculos de plano poderão ter aproximadamente 60 cm a 1 m de diâmetro e serem compostos por uma muda ou estaca ou sementes de árvores (ou então um rizoma de bananeira) no centro, rodeada(s) por mandioca (que deve ter a maniva direcionada com a parte das raízes para fora do círculo, no caso de plano de árvores) (ver sessão 4.4.2) e/ou espécies anuais (milho, feijão) ou de adubo verde (feijão de porco, guandu, crotalária). Os núcleos são um pouco mais complexos e podem cobrir uma área maior (de aproximadamente 2 m de diâmetro). No caso em que no centro da ilha ou núcleo for plantada uma bananeira, as manivas de mandioca podem ter as raízes direcionadas para dentro do círculo (distantes aproximadamente 80 cm do centro) para se desenvolverem na terra fofa rerada para a confecção do berço da bananeira. E como mandioca é excelente criadora de árvores, podem ser
146
introduzidas sementes de árvores à frente de cada maniva de mandioca. Nesse caso, observe que são plantadas mais árvores e espécies anuais conforme explicação na Sessão 4.4.2. Manejo: Capina seleva e podas periódicas visando o avanço da sucessão. As espécies melíferas de ervas, arbustos e árvores deverão ser manejadas de forma a beneciar a produção de mel. Em linhas gerais, o principal manejo é a capina seleva e poda da regeneração natural assim como nas pequenas ilhas ou núcleos. Manejo a longo prazo/conguração do sistema: Floresta com dossel fechado após cerca de 5 anos, mesmo com a dinâmica de podas selevas. Obs: As espécies exócas não devem ultrapassar 50% do total da área manejada. Plantas que se reproduzem por estacas podem ser especialmente estratégicas nesse contexto.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 5: AGROFLORESTAS PARA RESTAURAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS COM ESPÉCIES ADUBADEIRAS Esta opção se baseia no SAF desenvolvido por Fabiana Peneireiro – Ecovila Aldeia do Alplano – Alplano Leste, em Brasília – DF. Essa experiência é resultado dos ensinamentos e orientações de Ernst Götsch.
Contexto: solo com baixa ferlidade; baixa regeneração; predominância de gramíneas e arbustos de estágios iniciais da sucessão como sapé, capim gordura, braquiária e assa-peixe; solos bem drenados; APP de mata ciliar e RL; bioma Cerrado; disponibilidade de mão de obra variada (alta, média ou baixa); há acesso ao mercado.
Objevo principal: restauração. Objevos secundários: segurança alimentar e comercialização. Visão geral: Recuperação de área degradada com SAF biodiverso plantado em faixas ou ilhas ou núcleos (seção 4.4.2) com espécies que produzem
Foto: Fabiana Peneireiro
Agrooresta com espécies “adubadeiras” em faixas. Local: Aldeia do Altiplano, Brasília-DF.
147
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Foto: Fabiana Peneireiro
grandes quandades de biomassa, e que crescem bem em solos de Cerrado com baixa ferlidade. O sistema apresenta baixa intensidade de manejo e produção adequada para viabilizar a restauração. A ênfase é dada para espécies perenes, como banana e outras fruferas, com produção de espécies anuais apenas no estágio inicial do SAF. Elementos do desenho do sistema: plano de faixas de 3 a 5 metros de largura com espécies que produzem grandes quandades de biomassa, como por exemplo capim e margaridão, e que crescem bem em solos de Cerrado com baixa ferlidade. Estas devem ser intercaladas com canteiros de 1 m de largura, compostos por
148
culturas agrícolas de ciclo curto, além de árvores fruferas e navas. Alternavamente, as árvores podem ser introduzidas em núcleos ou ilhas. Critérios para seleção de espécies (espécies-chave): As espécies agrí colas e arbóreas deverão ser aquelas bem adaptadas a solos de baixa ferlidade (pouco exigentes) e as espécies adubadeiras deverão ser ecientes em produção de biomassa. Caso se ulize alguma adubação na implantação, pode-se ulizar espécies agrícolas mais exigentes. Espécies-chave de culturas agrícolas: milho, inhame, mandioca, mamão, banana.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Espécies-chave de árvores: mandiocão, urucum, juçara (introduzir depois do 3o ou 4o ano), pimenta de macaco, ingá de metro e ingá feijão, mutamba, periquiteira, cajá, puçá, mirindiba, jatobá da mata, ipê roxo, copaíba, manga, abacate, jaca, pitanga, jabucaba, goiaba, araçá, jenipapo. No caso de RL, incluir angico e carvoeiro. Espécies-chave na faixa de adubadeiras: leguminosas (crotalária, guandu, mucuna preta, eslosantes, feijão de porco), capim elefante, capim mombaça, andropogon, margaridão, gliricídia. Implantação: em áreas onde prevalecem gramíneas de touceiras grandes,
roçar e separar a biomassa para depois capinar, rerando todo rizoma. Os rizomas podem ser enterrados no fundo dos berços das bananeiras ou bados para rerar a terra e deixados virados secando ao sol. Se as gramíneas não forem grandes, pode-se realizar somente a capina conforme explicado. As faixas de plantas adubadeiras deverão ter de 3 a 5 metros de largura, e são intercaladas com canteiros de 1 metro de largura ou linhas com culturas agrícolas de ciclo curto, também adaptadas a estes pos de solos (espécies mais rúscas), juntamente com árvores fruferas e navas. Para a implantação, deve-se marcar o local das faixas e dos canteiros. Preparar o solo, adubar,
149
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Foto: Fabiana Peneireiro
plantar mudas, cobrir o solo com matéria orgânica do local. Mudas de árvores fruferas e bananeiras são introduzidas na linha central do canteiro, de acordo com o espaçamento recomendado para a espécie. Por exemplo, se o carro-chefe for banana e citrus, então elas são plantadas intercaladamente no canteiro com 3 m de distância entre elas. São plantadas duas manivas de mandioca com as raízes direcionadas para as laterais do canteiro, e as sementes das árvores, juntamente com mamão, algodão, mamona, são dispostas à frente da maniva (ver seção 4.4.2). As espécies agrícolas como milho, quiabo e hortaliças (no caso de haver adubação) deverão ser semeadas também na linha
150
central do canteiro no espaçamento normalmente recomendado. O margaridão é plantado nas bordas dos canteiros a parr de estacas de 20 cm (inclinadas e toda enterrada), no espaçamento de 0,5 m entre estacas. Nas faixas de plantas adubadeiras, planta-se o capim elefante, mombaça ou andropogon no espaçamento de 0,5m entre touceiras. Podem ser semeadas outras plantas adubadeiras, como leguminosas a lanço. Sementes de guandu e estacas de gliricídia podem ser plantadas em linha no centro da faixa das espécies adubadeiras. Dessa forma, poderão ser poupadas durante a roçagem. O guandu e gliricídia serão podados e sua biomassa carreada para os canteiros.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Nos casos em que há pouca mão de obra disponível, recomenda-se plantar as mesmas espécies, porém em núcleos ou ilhas espalhados pela área ao invés de canteiros e faixas. Neste caso, a biomassa podada e qualquer adubo disponível na propriedade ou vizinhança (como esterco animal, cinza, folhas do quintal, serragem, etc.) devem ser concentrados nos núcleos ou ilhas de árvores consorciadas com culturas agrícolas. As árvores devem ser plantadas por mudas, estaca e sementes em alta densidade, de forma que somente algumas das mais resistentes e com melhor desenvolvimento sejam selecionadas depois, junto com culturas agrícolas e fruferas como bananeiras. Este sistema de
plano em ilhas ou núcleos pode ser feito preparando um berço adubado, onde é plantando o rizoma (batata) da banana e, ao redor, uma mistura de sementes de árvores, mandioca e espécies leguminosas (veja seção 4.4.2). O acúmulo da biomassa em torno destas ilhas melhora a ferlidade e inibe o crescimento de plantas não desejadas, também conhecidas como ervas “daninhas”, o que favorece o desenvolvimento das espécies culvadas e árvores do futuro incluí das na mistura de sementes. Manejo: Uma vez estabelecidas, as espécies adubadeiras devem ser roçadas sistemacamente, geralmente três ou quatro vezes por ano no caso
151
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
do margaridão e dos capins, e a matéria orgânica deve ser acumulada no canteiro (ou núcleos e ilhas) com culturas agrícolas e árvores culvadas. Geralmente se faz o manejo no início da estação chuvosa, no meio da estação chuvosa e no início da estação seca, podendo, ainda, haver mais um manejo durante a estação chuvosa, dependendo do desenvolvimento das plantas. Os canteiros com espécies agrícolas e árvores devem ser manejados mediante capina seleva e podas. No entanto, mesmo quando há pouca mão de obra, mas há maquinário simples como roçadeira costal, recomenda-se fazer a roçagem na faixa de espécies adubadeiras com roçadeira. O material roçado deve ser
acumulado sobre os canteiros próximos às plantas que estão na linha central. O manejo das bananeiras ocorre quando se colhe o cacho ou quando as touceiras já envelhecidas precisam ser desbastadas. As árvores são podadas de acordo com a necessidade de raleamento, formação ou sincronização (seção 4.5.2). Manejo a longo prazo/conguração do sistema: Depois de aproximadamente 5 a 7 anos de manejo, as plantas adubadeiras do início (gramíneas, leguminosas e outras) serão sombreadas e a fonte de biomassa será de árvores ecientes para essa função. As faixas das adubadeiras poderão então ser enriquecidas com espécies de sub-bosque.
CROQUI DA OPÇÃO 5: Agroflorestas para restauração de áreas degradadas com espécies "adubadeiras"
M ARGARIDÃO C APIM M ILHO B ANANA M ANDIOCA M AMÃO S EMENTES DE ÁRVORES M UDA DE ÁRVORE
152
3
MESES
2 A 3 ANOS
7 A 10 ANOS
OPÇÃO 5: AGROFLORESTAS PARA RESTAURAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS COM ESPÉCIES ADUBADEIRAS
153
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 6: RESTAURAÇÃO EM ÁREAS DE DECLIVE DO CERRADO COM AGROFLORESTAS Esta opção se baseia no SAF desenvolvido por Andrew Miccolis – Instuto Sálvia – Núcleo Rural Córrego do Urubu, em Brasília – DF.
Contexto: APP de declive ou RL; solos com baixa ferlidade, predominantemente rochosos e cascalhentos; baixa a média regeneração; predominância de gramíneas e arbustos; bioma Cerrado; disponibilidade de mão de obra baixa; acesso ao mercado baixo a médio. Objevo principal: restauração. Objevos secundários: produção de alimentos, espécies medicinais e ornamentais. Visão geral: Em áreas de declive, valas em curva de nível e pequenos terraços são importantes para controlar erosão, acumular nutrientes e aumentar inltração de água no solo. Árvores navas e fruferas são plantadas de muda em pequenas ilhas, e de semente na área inteira junto com milho, culturas anuais e leguminosas rúscas, entre leiras de agave, amora e margaridão. Elementos do desenho do sistema: pequenos terraços ou valas de inltração em curva de nível para controle da erosão e estabelecimento das árvores.
154
Critérios para seleção de espécies: Culturas anuais resistentes e árvores fruferas e navas, especialmente as mais rúscas que pegam facilmente de estaca ou semente. Espécies-chave: guandu, carvoeiro, ngui, baru, jatobá, ipê, copaíba, angico, mangaba, amora, cajá, agave ( Agave spp.). Implantação: nos casos em que há pouca mão de obra ou o terreno apresentar declive muito acentuado, preparar pequenas bacias em forma de meia lua (com 0,5m a 1,5m de diâmetro) ou pequenos terraços acompanhando a curva de nível do terreno (com 2 a 3m entre linhas). Estes terraços devem ser localizados em pontos estratégicos do terreno, por exemplo, onde ocorre mais acúmulo, o solo é um pouco mais profundo, onde há espaço entre as pedras para facilitar a construção dos terraços e aumentar a inltração de água e acúmulo de matéria orgânica e solo. Em terrenos com declive menos acentuado podem ser construídos terraços ulizando-se máquinas agrícolas. No processo de construção do terraço
OPÇÕES DE SAFS PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Áreas de declive do Cerrado (ou áreas de uso restrito - AUR) com Agroorestas em terraços. Instituto Sálvia, Brasília – DF.
formam-se valas e morrotes. É fundamental que os terraços sejam cobertos com matéria orgânica, tanto as valas quanto os morrotes. Realiza-se então capina seleva. Árvores, arbustos, leguminosas e gramíneas de rápido crescimento são plantados diretamente por sementes ou por estacas na parte de baixo dos morrotes resultantes ou dentro das partes mais baixas das valas ou dos berços para as espécies que preferem solos mais úmidos. Grandes terraços também são ecazes para concentrar água e nutrientes, além de controlar erosão, porém exigem mais mão de obra. Outra opção é plantar no morrote leguminosas e agave (piteira ou sisal) para usar sua matéria orgânica como cobertura do solo mediante poda.
Foto: Andrew Miccolis
O material roçado e a poda das árvores navas também deve ser concentrado nestes pequenos terraços após plantar sementes de árvores e cobrir com adubo disponível na propriedade ou vizinhança, como esterco, cinza ou composto. Junto com as árvores planta-se, em pequenos berços com esterco, milho com algumas hortaliças rúscas como maxixe, jiló, tomate cereja, pepino caipira e abóbora menina. Quando houver disponibilidade, calcário e pó de rocha também podem ser usados para reduzir a acidez e trazer nutrientes para estes solos. No morrote (onde a terra está mais fofa) planta-se mandioca a cada 80 cm, com as raízes direcionadas para dentro do morrete. Então inserem-se as sementes de árvores à frente das pontas das manivas (ver seção 4.4.2). Hortaliças rúscas podem ser plantadas dentro
155
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Bacias de contenção
Terraços
CROQUI DA OPÇÃO 6:
Restauração em áreas de declive do cerrado com Agroflorestas A BÓBORA, PEPINO OU MAXIXE
H ORTALIÇAS RÚSTICAS F EIJÃO GUANDÚ AGAVEAS M ANDIOCA M AMÃO S EMENTES E MUDAS DE ÁRVORES NATIVAS OU FRUTAS
dos pequenos terraços, onde foi adubado, junto com as sementes ou mudas das árvores. As agaves são plantadas a cada 50 cm na parte de baixo
156
dos morretes ou acima das valas e devem ser podadas. Ainda abaixo dos morretes ou onde for possível, plantar estacas de margaridão e amora. Ainda com objevo de estabelecimento das árvores, recomenda-se o plano de sementes de árvores com milho em pequenos berços adubados com esterco ou composto (ver seção 4.4.2) em área total, em lugares estratégicos com acúmulo de matéria orgânica e solo. Realiza-se então semeadura a lanço de espécies leguminosas tais como crotalária, mucuna, eslosantes e feijão guandu. Por m, realiza-se a poda das árvores presentes na área. O material é devidamente organizado de modo que a madeira possa reforçar os terraços e servir como contenção
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
em outros locais do terreno. As folhas são picadas e acumuladas nos berços de plano e onde o solo está exposto. Manejo: realizar capina seleva e podar as leguminosas e o margaridão nos primeiros 3 anos. Acumular a biomassa nos terraços e ao redor das árvores introduzidas. Para evitar a dispersão das sementes da mucuna é importante podá-la antes da frucação. A parr do terceiro ano podam-se as agaves e as amoreiras. O material das
podas é disposto ao redor das árvores consideradas mais preciosas. Manejo a longo prazo/conguração do sistema: SAF com estrutura e função semelhantes à oresta nava de declive, todavia com maior densidade de espécies fruferas. Realizam-se desbastes de árvores que esverem em grande densidade e poda seleva das árvores remanescentes para manter a produção das espécies fruferas implantadas.
2 A 3 ANOS
OPÇÃO 6: RESTAURAÇÃO EM ÁREAS DE DECLIVE DO CERRADO COM AGROFLORESTAS | VISTA EM PERSPECTIVA
157
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 7: AGROFLORESTAS PARA RESTAURAÇÃO DE ÁREAS DE DECLIVE OU DE RESERVA LEGAL NA CAATINGA Esta opção se baseia no SAF desenvolvido por Gilberto dos Santos, Comunidade Pau Ferro, município de Curaçá/BA. Contexto : solo com baixa a média ferContexto: ferlidade; baixa a média regeneração; predominância de arbustos, cactácecactáce as e árvores de baixo porte; drenagem boa; RL; bioma Caanga; disponibidisponibilidade de mão de obra baixa, médio acesso ao mercado. Objevo principal: principal: convivência com o semiárido, produção de alimentos e outros produtos. Objevos secundários: restauração. secundários: restauração. Visão geral: geral: No caso da Caanga, a principal diferença desta opção em relação à Opção 6 é a importância do componente animal, incluindo o uso de esterco de caprinos ou ovinos para semear espécies navas de árvores e arbustos forrageiros. Além disso, dede vem ser selecionadas espécies mais adaptadas ao período mais longo de esagem e condições mais secas da Caanga. Mesmo em áreas com poupouco declive, também devem ser ulizauliza das pequenas bacias ou pequenos terterraços para estabelecer árvores e obter alguma produção já que os poucos
158
recursos (água, mão de obra, esterco) disponíveis são melhor aproveitados. Elementos do desenho do sistema: Pequenas bacias ou pequenos terraterraços ou valas de inltração em curva de nível nível para controle da erosão erosão e estabelecimento das árvores. EnriEnri quecimento com uso de esterco rico em sementes de espécies forrageiras da Caanga junto com sementes de espécies fruferas e madeireiras, inin cluindo navas e exócas. Critérios para seleção de espécies: Culturas anuais resistentes e árvores fruferas, especialmente aquelas que se propagam facilmente por estacas e sementes. Espécies-chave de culturas agrícoagríco las: guandu, las: guandu, gergelim, maxixe, feijão de corda. Espécies-chave de árvores: árvores: umbu, seriguela, cajá, caju, juazeiro, favefave la, mulungu, graviola, tamarindo (Tamarindus indica), pinha ( Anno Annona na squamosa).
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Implantação: Árvores, arbustos, leguleguminosas e gramíneas de rápido crescrescimento podem ser plantados diretadireta mente por sementes ou por estacas na parte de baixo dos morrotes resultanresultan tes das valas de inltração ou dentro dos terraços, pequenos terraços ou berços ulizados para plantar mudas. A parte cavada destas estruturas deve ser coberta com esterco animal e matéria orgânica a m de aumentar a inltrainltração, evitar erosão, melhorar a ferlidaferlidade e promover a regeneração por meio de sementes introduzidas pelo esterco. Agave (piteira ou sisal) deve ser planplantada a cada 50 cm na parte de baixo Foto: Daniel Vieira
do morrote deixado após cavar berços para plantar mudas mais valorizadas e exigentes em termos de umidade e nutrientes. Também Também pode ser plantada em todo o terreno em curva de nível. A matéria orgânica do material roçado e das podas das árvores navas também deve ser concentrada nestes pequenos terraços após plantar sementes de árárvores e cobrir com adubo disponível na propriedade ou vizinhança, como eses terco, cinzas ou composto. Juntamente com as sementes de árvores, planta-se guandu e também algumas hortaliças mais rúscas como maxixe, jiló, totomate cereja, pepino caipira e abóbora
Bacias em curva de nível para controle da erosão e estabelecimento das árvores.
159
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Observa-se que na Caanga, a APP é muito ulizada para a proprodução, pois é o local que mais viabiliza o desenvolvimento das culturas agrícolas. Conciliar propro dução com conservação nesse caso é fundamental, e sistemas agroorestais possibilitam isso. As próximas três opções se refereferem ao bioma Caanga. Na abordagem de convivência com o semiárido preconizada para a Caanga, os sistemas agro agro-orestais devem ser associados a sistemas de captação, armazenaarmazenamento e reuso de água, incluindo tecnologias sociais como cistercisternas, barraginhas, poço amazôniamazônico, dentre outras, que viabilizam a disponibilidade de água para o consumo humano, para os aniani mais e irrigação das plantas.
Palma como fonte de água para mudas mu das de árvores. Foto: Cinara Del’Arco Sanches
menina nestes berços no primeiro ano. A bacia pode ter de 1 a 2 m de diâmediâmetro, caracterizando-se como meia lua para segurar a água. Dentro da bacia pode ser feito um plano como se recomenda em ilhas. Como exemplo, pode-se plantar uma muda de árvore adaptada (espécie-chave), e também uma estaca de árvore, juntamente com três raquetes de palma ou estaesta cas de mandacaru distribuídas pelo local, e também guandu a parr de 5 ou 6 sementes, espaçados de 0,5m. As espécies anuais, como feijão de corda, gergelim, maxixe podem ser plantadas em espaçamento de acordo com o coscos tume do agricultor. Por m, realiza-se a poda das árvores presentes na área. O material é devidamente organizado de modo que a madeira possa reforçar os terraços e servir como contenção em outros locais do terreno. As folhas são picadas e acumuladas nos berços de plano e onde o solo está exposto. Manejo: realizar capina seleva. AcuManejo: realizar Acumular a biomassa nos terraços e ao reredor das árvores introduzidas. A parr do terceiro ano podam-se as agaves. O material das podas do guandu e das agaves é disposto cobrindo o solo ao redor das árvores mais preciosas. Manejo a longo prazo/conguração do sistema: SAF com estrutura estrutura e funfunção semelhante à oresta nava da CaCaanga, todavia com maior densidade de espécies fruferas e outras úteis.
160
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
ESTERCO DE CABRA PARA SEMEAR PLANT PLANTAS AS NA CAA CAATINGA TINGA O esterco de cabra é um ómo material para a restauração da Caanga. Além da matéria orgânica, ele tem todos os tata manhos de sementes, de ervas a árvores. “A sementeira que a gente vai ter é o esterco. Marí, umbu, juá, tudo nascendo! O esterco de cada época tem uma composição de sementes diferente seguindo a época de produção das espécies. Para recuperar áreas degradadas com solo exposto é importante trabalhar com as ervas que cobrem o solo e seguram a matéria para não escorrer supercialmente. O esterco traz alta densidensi dade de sementes de ervas que germinam bem.” José Moacir dos Santos – IRPAA-Juazeiro–BA
CROQUI DA CROQUI DA OPÇÃO 7:
Agrofl orestas para Agroflorestas restauração de áreas de declive na Caatinga E STERCO DE STERCO DE CAPRINOS CAPRINOS M ANDACARÚ F EIJÃO DE EIJÃO DE CORDA CORDA F EIJÃO EIJÃO GUANDÚ S ISAL ISAL STACAS DE ÁRVORES ÁRVORES E STACAS DE ( CAJÁ CAJÁ , SERIGUELA, ) MULUNGU
S EMENTES EMENTES E E MUDAS MUDAS DE ÁRVORES NATIVAS ÁRVORES NATIVAS OU FRUTAS OU FRUTAS
161
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
ISOLAMENTO E REST RESTAURAÇÃO AURAÇÃO DE ÁREAS DEGRADAD DE GRADADAS AS NA CAA CAATINGA TINGA Cercar o “limpo” foi o primeiro passo para recuperar a área. Não se sabe ao certo, ou melhor, parece que vários fatores contricontri buem para a formação dos “limpos”, como o agrupamento das cabras nestas áreas (malhadores), períodos consecutivos de seca, solos frágeis. Gilberto faz covas e microbacias em forma de meia-lua rodeando as covas. A água é permida entrar na bacia e inltrar na cova, mas ca impedida de escoar supercialmente. A altura destas curvas é de 20 cm e o diâmetro é de 1 metro. Essas bacias são feitas em todo o terreno, formando uma escadaria de bacias. Nas covas ele planta o umbuzeiro, pois ele quer que seu alto invesmento em mão de obra se transforme em frutas para consumir e comercializar. O es paçamento dos umbuzeiros umbuzeiros é de 10 x 10 m. Gilberto cerca a área e espalha esterco com a pá, em camadas bem nas. Sobre o esterco nascem capins e outras ervas. Essas ervas secam sem água, mas criam uma palhada que segura água e solo, então sempre nascem novas ervas sobre essa palhada quando momo lha. A cerca impede que as cabras comam o capim. Não somente nas bacias, mas em todo o terreno estão nascendo ervas e árvores, trazidas com o esterco e germinadas e estabelecidas por causa da exclusão das cabras, das bacias que conservam água e do esterco que conserva água e disponibiliza nutrientes. A aplicação do esterco é frequente, e é feita nas áreas em que o solo ainda está “limpo”. Gilberto dos Santos –ComunidadePauFerro,Curaçá–BA
162
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 8: SAF FORRAGEIRO PARA A CAATINGA Esta opção é baseada na experiência da EFASE – Escola Familia Agrícola Sertão – Monte Santo/BA
Contexto: solo com média ferlidade; baixa a média regeneração; predominância de arbustos, cactáceas, e árvores de baixo porte; drenagem boa; RL ou APP; bioma Caanga, disponibilidade de mão de obra baixa; acesso ao mercado. Objevo principal: convivência com o semiárido (produção de alimentos e geração de renda com foco na criação de animais) Objevos secundários: restauração.
Visão geral: Caanga em regeneração, podada e manejada de forma a permir pastejo dos capinos/ovinos e manutenção da biodiversidade e outros serviços ambientais. Em vista do papel essencial dos animais neste contexto, principalmente cabras e ovelhas, para garanr o sustento de agricultores familiares na Caanga, os sistemas agroorestais produtores de forragem são muito importantes. Estes fornecem alimentos para os animais
Foto: Daniel Vieira
Agroorestas forrageiras.
163
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
entre o meio e nal do período de seca até o início das águas, assim como no meio das chuvas. Por outro lado, a presença de árvores cria condições de microclima mais amenas que contribuem para o bem estar e, portanto, a produvidade dos animais neste período mais críco. Adotado cada vez mais na Caanga, este sistema agrossilvipastoril permite culvar outras espécies de culturas agrícolas e fornecer alimentos aos animais7,110 por meio de poda das árvores forrageiras da Caanga8. Elementos do desenho do sistema: Estabelecimento das árvores por estacas, sementes e mudas, com linhas intercaladas de palma, sisal e culturas agrícolas e forrageiras em ilhas ou núcleos. Aproximadamente uma dúzia de espécies navas forrageiras são plantadas junto com algumas forrageiras exócas como gliricídia e leucena. Espécies-chave de culturas agrícolas: milho, guandu, gergelim, maxixe, fei jão de corda. Espécies-chave de árvores e outras: gliricídia, leucena, palma, sisal, umbu, cajá, caju, emburana, jucá, juazeiro, cangueira, sabiá (sansão do campo). Implantação: é feito o enriquecimento a parr de planos de ilhas ou núcleos em pequenas clareiras que existem naturalmente em meio à vegetação em regeneração, com ênfase em espécies
164
PRODUÇÃO DE FENO E SILO: ALIMENTAÇÃO DOS ANIMAIS NA SECA Para produção de feno ulizam o sorgo, o pau ferro, que é navo. Além do pau ferro, ulizam outras espécies navas como pau de rato, quebra facão, maniçoba, mandioca brava. Eles reram e guardam para o verão, então misturam com o sorgo, cortam o capim buel, armazenam tudo e fazem feno para dar aos animais na época da seca. Para guardar o feno fazem uma bancada e fecham com sisal acima do chão para não car em contato com a umidade do chão, evitando o bolor. Para fazer o silo juntam cinco ou seis pessoas da família, fazem um buraco no chão e vão pisoteando para compactar, passam a lona e ram o ar. Associação Regional Distrito Caldeirão do Almeida – Uauá–BA
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
SISTEMA SILVIPASTORIL PARA CRIAÇÃO DE CABRAS E OVELHAS Antônio desna 7 hectares para a criação. Hoje os sete hectares são de Caanga com os animais soltos. Há um chiqueiro que ele serve o capim e o milho frescos ou fenados. Ele vai piquetear toda a área. Serão instaladas cercas elétricas de 12 volts, com três os, dividindo a área em 5 piquetes. Cada piquete será usado por 2,5 meses. A solta na Caanga garante alimentação durante boa parte do ano. Antônio pretende deixar uma área natural com a entrada de cabras apenas os 2,5 meses do ano. Nos outros piquetes vai fazer rebaixamento na cangueira, no mororó ( Bauhinia cheilantha), na cantanduva (Ptyricarpa moniliformis), para que rebrotem a uma altura que as cabras comem. Outras árvores que os animais só comem as folhas secas, podemos deixar crescer sem podas. Este é o princípio do sistema silvipastoril da Caanga. Ele pretende tam bém deixar algumas arbóreas para colher madeira no futuro. Antônio José de Morais–SíoFlordeJasmim,Comunidade JuádosVieiras,ViçosadoCeará–CE
Foto: Daniel Vieira
Foto: Daniel Vieira
165
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
forrageiras. Idencar pontos estratégicos (pequenas clareiras) para enriquecimento. Marcar com estaca mudas existentes de árvores do futuro, roçar (se houver presença de capim ou herbáceas envelhecidas). Preparar o berço de plano (afofar, adubar, cobrir com matéria orgânica) e semear árvores (incluindo leucena, gliricídia e algaroba junto a sementes de espécies navas como sabiá, por exemplo), a gliricídia pode também ser plantada por estacas, bem como o cajá, seriguela, umbu, se houver disponibilidade. São introduzidas também mandacaru, palma forrageira no espaçamento de 0,5 m entre plantas, sisal, também a cada 0,5 cm, e espécies agrícolas, em espaçamento geralmente ulizado pelo agricultor.
Com o objevo de aumentar a biodiversidade, mais espécies com múlplas funções, incluindo espécies fruferas e madeireiras, podem ser adicionadas a esta mistura de sementes. A palma ajuda a proteger o solo e manter a umidade, servindo como “proteção” para as mudinhas de árvores que crescerão ao seu lado, além de fornecer água e nutrientes aos animais. O esterco dos animais é carregado e ulizado como adubo nestes sistemas, o que também aumentará a quandade e diversidade de sementes de árvores e arbustos que farão a cobertura do solo e ampliarão a diversidade de funções ecológicas e sociais. Por m, ralear e podar arbustos e árvores presentes na área e ulizar o material da poda para cobrir o solo. A
CROQUI DA OPÇÃO 8:
SAF forrageiro para a Caatinga S ISAL P ALMA FORRAGEIRA LEUCENA GLIRICÍDIA F EIJÃO GUANDÚ M ILHO F EIJÃO DE CORDA M AXIXE S EMENTES E MUDAS DE ÁRVORES NATIVAS OU FRUTAS REGENERANTES
166
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
SISTEMA SILVIPASTORIL COM CAPRINOS E CAJU Eu crio cabra de baixo do caju pra fazer a capina do caju. No caju tem mororó, tem o sabiá que foi rebaixado, que rebrota, toda vez que ela come ele vai lá e rebrota, tem a jurema branca, tem a jurema preta, tem a cangueira. A cangueira elas não comem verde, elas preferem fenada, aí eu ro e faço o feno. Tenho dois piquetes e metade do ano ca em um e metade no outro. Na área que não tem caju, elas podem car pastando até maio, que o pasto ainda se recupera pra ela comer seco no nal, depois da safra do caju. Nessa época elas passam pra dentro do caju, pra começar a limpar o cajueiro, pra dar menos trabalho no roço. É nessa época que a cangueira tá bem alta, e a gente ra e fena pra elas comerem. Eu comecei com cinco matrizes, um reprodutor, agora já tem 10. E elas estão todas prenhas já. Como eu z um banco de proteína do lado, eu quero aumentar pra vinte, eu quero estocar alimento. Eu já tenho alimento estocado; ano passado elas não deram conta de comer o feno da cangueira não. O banco de forrageira tem milho consorciado com gliricídia e leucena, e tudo que nha dentro. Nessa área que eu rocei, era sabiá e jurema, e aí isso tudo é pasto. Agora eu estou colhendo o milho e tem essas moitas todas pra rar, e aí vou fazer o controle da gliricídia pra fenar, a parr de dois anos, porque ela só é boa de podar a parr de dois anos. As cabras comem o caju e deixam a castanha no chão. Você só colhe a castanha. E como você deixou limpo, porque você deixou as cabras um tempão ali, ca facinho de pegar a castanha. Na área que elas não pastam eu colho o caju, ro a castanha, e seco o caju. Quando está bem sequinho, eu passo na forrageira, e boto junto com o milho moído, como suporte forrageiro, elas comem bem demais. Esse sistema silvipastoril está com dois hectares, dividido ao meio. Ernaldo Expedito de Sá –TianguáfazpartedaAPAIbiapaba–CE
167
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
m de compabilizar os animais com os objevos de restauração da vegetação e de produção agroorestal, durante os primeiros anos de estabelecimento, os animais deverão car fora das áreas recém implantadas, o que permirá a regeneração a parr de sementes, raí zes e brotos novos em galhos. Critérios para seleção de espécies: Espécies engenheiras acumuladoras de água e espécies agrícolas e forrageiras adaptadas às condições de clima e solo. Caprinos rúscos e espécies vegetais altamente ecientes em produção de biomassa e tolerantes à seca; culturas agrícolas e árvores fruferas adaptadas às condições edafoclimácas do semiárido. Foto: Daniel Vieira
168
Manejo: Podas das árvores para cobertura do solo e produção de forragem (feno) para os animais. Introdução de espécies úteis (fruferas, apícolas, madeireiras) por meio de estacas e sementes, incluindo as que vêm no esterco. As árvores são manejadas por meio de podas regulares para colheita de folhas e galhos nos para alimentação dos animais. As palmas são podadas e servidas aos animais no cocho. Manejo a longo prazo/conguração do sistema: Realização de podas das árvores e cactáceas para produção de forragem e biomassa, de modo a deixar passar suciente luz para o crescimento de espécies gramíneas e arbusvas no sub-bosque.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
MILHO E CAPIM PARA OS ANIMAIS JUNTO COM FRUTEIRAS A roça de milho está consorciada com capim, ambos para alimentar os animais, e fruteiras novas. O terreno vem sendo recuperado com o material das podas das árvores que já estavam presentes rebrotando no terreno, e de matéria orgânica que o agricultor consegue facilmente de fora, principalmente o bagaço de cana e de carnaúba, além do esterco de cabras e ovelhas. Antônio poda o capim a cada três meses na chuva, para cobrir a terra e para fenar para os animais na época seca. Foram plantados cajueiros variedade anão precoce e atas. No futuro, a ideia é deixar a mata ao longo do córrego. “Plantei ata, caju e deixei algumas árvores que já estavam no terre no. Algumas árvores são conduzidas, podadas para gerar matéria orgânica e desenvolver um fuste. Essa história da poda vai cando muito legal, as plantas menores conseguem sair na boa. Eu conse-
gui um podão sueco com uma vara longa que alcança alto e tem o serrote bem aado.”
As árvores são podadas para entrar mais luz para o capim, o milho e as mudas novas. O capim é capinado todo ano quando se planta o milho, para o milho crescer mais rápido e prosperar. Esse capim pode ser arrancado na raiz e deixado sobre o solo, que ele enraíza novamente. Esse manejo é interessante, pois atrasa bastante o capim enquanto o milho se desenvolve. O capim ajudou muito no processo de restauração, mas agora está chegando a hora de deixar o milho e o eslosantes, pois o capim está muito agressivo. Antônio José Sousa de Morais –SíoFlordeJasmim, ComunidadeJuádosVieiras,ViçosadoCeará–CE
169
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 9: RESTAURAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NA CAATINGA COM AGROFLORESTAS Esta opção é baseada na experiência de Henrique Sousa, com orientações de Ernst Götsch em Cafarnaum/BA. Contexto: solo com baixa ferlidade (tendendo à desercação); baixa regeneração; drenagem boa; RL, bioma Caanga; disponibilidade de mão de obra média a alta; há acesso ao mercado. Objevo principal: restaurar área degradada, reverter processo de desercação. Objevos secundários: fortalecer meios de vida da família agricultora e gerar renda com foco na criação de animais, convivência com o semiárido. Visão geral: Estes sistemas são voltados para restauração de áreas em estágio avançado de degradação, inclusive áreas em processo de desercação. Os solos são recuperados e as agroorestas são estabelecidas incialmente por meio de espécies “engenheiras” rúscas e resistentes à seca com alta capacidade de retenção de água que também possam ser ulizadas como forrageiras. As espécies engenheiras são plantadas em alssima densidade em leiras e podadas regularmente ou ulizadas como forragem, dependendo dos objevos do agricultor (criação de animais, culturas anuais ou produção de frutas, ou
170
restauração de solos, estabelecimento de árvores e armazenamento de água na vegetação). Elementos do desenho do sistema: Espécies engenheiras plantadas em alssima densidade em leiras e podadas regularmente ou ulizadas como forragem. Os sistemas agroorestais são plantados em linhas de palma (Opuna cus-indica) a cada 1 metro de distância (dependendo do tamanho da área e disponibilidade de mudas) e 1m entre plantas, que também podem ser intercaladas, na linha, com sisal. Nas entrelinhas são semeadas espécies de árvores fruferas e forrageiras junto com leguminosas e grãos Critérios para seleção de espécies: Espécies engenheiras acumuladoras de água e espécies agrícolas forrageiras e apícolas adaptadas às condições de clima e solo, altamente ecientes em produção de biomassa e tolerantes à seca; culturas agrícolas e árvores fru feras adaptadas às condições edafoclimácas do semiárido. Espécies-chave de culturas agrícolas: milho (quando houver possibilidade de
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Foto: Cinara Del’Arco Sanches
Foto: Cinara Del’Arco Sanches
Estágio inicial do consorcio com alta densidade de espécies forrageiras, culturas agrícolas e árvores nativas. Município de Cafarnaum/BA.
171
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
esterco) ou sorgo, guandu, gergelim, maxixe, feijão de corda. Espécies-chave de árvores e outras: gliricídia, leucena, palma, umbu, cajá, caju, emburana, jucá, juazeiro, cangueira, sabiá (sansão do campo), moringa, maniçoba, baraúna, licuri, aroeira, algaroba, mamona. Implantação: São plantadas as raquetes de palma intercaladas com sisal no espaçamento de 0,5 na linha e 1m entre linhas. Entre as linhas, coloca-se em sulco um mistura de sementes de árvores forrageiras, incluindo gliricí dia, leucena, mulungu e sabiá. Junto às sementes das forrageiras inserem-se também mamuí e caju, além de estacas de umbu, cajá, juazeiro71, bem como outras espécies adaptadas ao contexto. Com o objevo de aumentar a biodiversidade, mais espécies com múlplas funções, incluindo espécies fruferas e madeireiras, podem ser adicionadas a esta mistura de sementes. Caso haja disponibilidade de esterco dos animais, ele é carregado e ulizado como adubo nestes sistemas, o que também aumentará a quandade e diversidade de sementes de árvores e arbustos que farão a cobertura do solo e ampliará a diversidade de funções ecológicas e sociais. Com as árvores também é semeado o milho ou sorgo, feijão guandu a cada 1m (3 sementes). Feijão azuki ou de corda também pode ser acrescentados, bem como abóbora
172
PLANTIO DE CULTURAS ANUAIS COM SISAL E PALMA NO SERTÃO Ernst, a parr de sua experiência no semiárido, recomenda plantar o sisal de maneira bem adensada (a cada 20 cm). Com um ano corta-se 3/4 (a cada segunda la). Pode-se usar roçadeira. Sisal, com 7 anos, chega a acumular 10 cm de biomassa sobre o solo. Essa espécie recolhe água da atmosfera (sereno) na seca. Assim que roçar o sisal, planta-se o milho e também fei jão, e mesmo com o mínimo de água colhe-se bem. Junto com o milho pode-se plantar também o sorgo. Se as condições ambientais não forem favoráveis para o milho, o sorgo ainda pode produzir. Intercalado ao sisal, no segundo ano, plantase palma forrageira. Existem outras espécies da família do sisal ( Agavaceae) que também podem ser ulizadas na ausência desta espécie. Ernst Götsch – Piraí do Norte – BA
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Foto: Cinara Del’Arco Sanches
Foto: Cinara Del’Arco Sanches
Agrooresta estabelecida consorciada com alta densidade de espécies forrageiras, culturas agrícolas e arvores nativas. Umburanas – BA.
173
6
MESES
2 A 3 ANOS
7 A 10 ANOS
OPÇÃO 9: RESTAURAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NA CAATINGA
174
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
e maxixe em espaçamento que o agricultor uliza. Uma outra possibilidade é semear as árvores por meio de estacas e sementes junto à palma e sisal, assim aproveita-se melhor a umidade e cria-se um microclima favorável ao estabelecimento das árvores. Manejo: Podas sistemácas das plantas engenheiras, corte e carreamento para cobertura do solo das árvores e culturas anuais. Poda das espécies forrageiras, que são oferecidas aos animais. Os animais são mandos fora da área e alimentados no cocho com forragem in natura ou em forma de silagem ou feno nos primeiros anos, e depois dentro da área em rotação. As árvores são manejadas por meio de podas regulares para colheita de folhas e galhos nos para alimentação
PALMA: ÁGUA EM FORMA DE RAQUETE A palma é podada e a parte cortada é colocada próximas às plantas para virar adubo. Associação Regional Distrito Caldeirão do Almeida dos animais. Com o tempo faz-se o raleamento das árvores que foram semeadas em alta densidade. Manejo a longo prazo/conguração do sistema: Podas das árvores e produção de forragem e biomassa, de modo a deixar passar suciente luz para o crescimento de espécies no sub-bosque. CROQUI DA OPÇÃO 9:
Restauração de áreas degradadas na Caatin ga com Agrofloresta
S ISAL P ALMA FORRAGEIRA LEUCENA GLIRICÍDIA F EIJÃO GUANDÚ M ILHO F EIJÃO DE CORDA S EMENTES E MUDAS DE ÁRVORES NATIVAS OU FRUTAS
175
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 10: PROTEÇÃO E RESTAURAÇÃO DE NASCENTES COM AGROFLORESTAS Contexto: APP de nascente; bioma Cerrado; solos encharcados; picamente pouco aerados; podendo ser em alguns casos muito ácidos e pouco produvos ou, em outros, com acidez e ferlidade média e ainda possibilitarem alguma produção. Como as áreas de nascentes são extremamente delicadas, qualquer intervenção deve ser estudada e avaliada com muito cuidado. Em muitos casos, as áreas de nascentes ainda apresentam regenerantes e, portanto, podem ser restauradas simplesmente protegendo-as de ameaças externas como animais de criação e fogo. Os animais de grande porte, principalmente o gado bovino, podem prejudicar áreas de nascentes pelo pisoteio, que leva à compactação do solo, redução da inltração – e, portanto, da recarga – e contaminação das águas devido às fezes dos animais. Assim como o gado bovino, as cabras e ovelhas também podem prejudicar a restauração natural de nascentes pois comem mudas pequenas de árvores e arbustos que estão ressurgindo naturalmente, seja pelo banco de sementes e raízes no solo, seja por animais dispersores como pássaros, macacos e outros.
176
Portanto, a primeira medida a ser tomada na maioria dos casos é cercar a área das nascentes de forma a evitar a entrada de animais, o que por si só será um passo muito importante para apoiar os processos de regeneração natural. O fogo também representa grande ameaça às nascentes, pois favorece as gramíneas, que têm melhores chances de rebrotar após queimadas, e, assim como os animais, tendem a eliminar as pequenas mudas de arbustos e árvores picos destas áreas e essenciais para o futuro daquela nascente. Em algumas culturas, as áreas de nascentes apresentam valor espiritual inesmável, e a relação com as espécies locais e cuidado da área transcende a visão ulitarista sobre a água. Objevo principal: conservação e aumento da quandade e qualidade da água; restauração ecológica. Objevo secundário: produção de espécies alimencias, medicinais e ornamentais. Visão geral: proteção contra fatores de degradação (animais doméscos e fogo), manejo da regeneração natural e enriquecimento de áreas de
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
nascentes incluindo espécies de interesse para o ser humano.
dispostos em círculos concêntricos ou em curva de nível.
Elementos do desenho do sistema: Manutenção das espécies da regeneração natural e enriquecimento com mudas e sementes de espécies que se desenvolvem bem nas condições da área, ulizando-se planos em ilhas, núcleos (ver seção 4.4.2) ou sulcos
Critérios para seleção de espécies (espécies-chave): Espécies adaptadas a ambientes encharcados e de interesse do agricultor. Espécies-chave de culturas agrícolas: inhame, taioba, gengibre, cana do brejo (Costus spicatus).
CROQUI DA OPÇÃO 10: Proteção e restauração de nascentes com Agroflorestas
177
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Espécies-chave de árvores: ingá (Inga sp.), capororoca (Rapanea gardneriana), pinha do brejo ( Talauma ovata), landim (Calophyllum brasiliense), buri (Mauria exuosa), juçara (Euterpe edulis), sangra d´água, quaresmeira (Tibouchina stenocarpa), pau pombo (Tapirira guianensis) e jenipapo (Genipa americana). Implantação: cercar a área para proteger contra animais doméscos. Idencar as espécies de arbustos e árvores navas que estão presentes naquele local e proteger as plantas para que não sejam cortadas nem pisoteadas no preparo da área. Quando possível, introduzir mais indivíduos destas mesmas espécies. No caso de haver dominância de gramíneas exócas, é importante o seu manejo na implantação de forma a permir o estabelecimento das mudas e evitar a entrada do fogo, com roçada e concentração da palha do capim ao redor das mudas de árvores e espécies agrí colas. Em contextos com baixa densidade e diversidade de regenerantes, introduzir espécies navas, seja por meio de mudas, diretamente por semente, estaca (cana do brejo), ou rizoma (taioba). Em nascentes com potencial produvo, podem ser plantadas espécies (hortaliças, medicinais e ornamentais) adaptadas ao solo encharcado. Quando houver disponibilidade de mão de obra, preparar
178
núcleos ou ilhas de ferlidade com plano de mudas, bananeiras, além de estacas e sementes junto com espécies agrícolas. Caso a mão de obra seja escassa, recomenda-se fazer o plano das árvores por meio de sementes acompanhadas de rizomas ou estaca de espécie de interesse. Manejo: capina seleva com corte frequente de capim, principalmente as espécies exócas que queimam com muita facilidade, para evitar entrada do fogo. Podar as árvores existentes o suciente para permir o estabelecimento das espécies introduzidas, cuidando para que as plantas presentes da regeneração natural possam se desenvolver com sucesso. O material orgânico roçado e proveniente de podas deve ser organizado em leiras ou ao redor das mudas para evitar que o fogo se espalhe caso consiga entrar na área. É necessário também fazer aceiros para evitar a entrada do fogo e facilitar o seu combate. Se possível, implantar aceiro vivo com espécies que não permitam a entrada do fogo. Manejo a longo prazo/conguração do sistema: Vegetação com estrutura e função semelhante à oresta nava adjacente a nascentes. Realizar podas selevas de árvores a m de favorecer o avanço da sucessão e manutenção da produção de algumas espécies.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
OPÇÃO 11: QUINTAIS AGROFLORESTAIS Contexto: Biomas Cerrado ou Caanga; solos bem drenados; ferlidade variada (média ou alta); proximidade com a casa; APP, RL ou outras áreas. Objevo principal: produção de alimentos e espécies mulfuncionais. Objevos secundários: restauração; melhoria do microclima. Visão geral: agroorestas biodiversas mulestracadas, com manejo in-
tensivo e aproveitamento de resíduos doméscos. Elementos do desenho do sistema: Vegetação bastante diversicada, com espécies alimencias, medicinais, ornamentais, dispostas de maneira irregular (sem desenho denido), e presença de criação de pequenos animais, como galinhas e porcos. Possibilidade de aproveitamento de resíduos de alimentos, cinza de fogão a lenha, esterco da criação animal, água cinza Foto: Andrew Miccolis
Loren Ipsum
179
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
(pia da cozinha, chuveiro) e uso de água da chuva (cisterna). Critérios para seleção de espécies: espécies diversas de usos múlplos, incluindo alimencias (grãos, frutas, temperos), medicinais, ornamentais, e pequenos animais. As espécies devem ser adaptadas às condições locais. Espécies-chave de culturas agrícolas: coentro, couve, maxixe, guandu, fei jão de corda, batata doce, mandioca, maracujá, mamão, banana, taioba, inhame, cará, orapronobis. Espécies-chave de árvores: frutí feras em geral e nativas, incluindo adubadeiras.
Implantação: o plano é feito próximo à casa, de forma dinâmica, com enriquecimento constante da área. A escolha do local de plano se dá em função das necessidades das espécies. As árvores, de múlplas funções, são introduzidas a parr de mudas, sementes ou estacas, em ilhas, núcleos ou canteiros. O plano de árvores junto com hortaliças, permite o aproveitamento de mão de obra e outros recursos, facilitando também o seu estabelecimento. Ulizam-se esterco, cinzas, composto e folhas para adubação das plantas. Há diferentes composições possíveis, ou seja, um mosaico constuído por planos consorciados ou não, geralmente áreas pequenas com plantas ornamentais, medicinais,
CROQUI DA OPÇÃO 11:
Quintais agroflorestais M EDICINAIS OU HORTALIÇAS
B ANANA F EIJÃO M ILHO M ANDIOCA M UDAS DE FRUTAS A BÓBORA S EMENTES E MUDAS DE ÁRVORES NATIVAS OU BANANEIRA REGENERANTES
180
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
fruferas, adubadeiras, pequenos animais, roça. A cobertura do solo com matéria orgânica, embora não seja um costume cultural, é fundamental para a manutenção da ferlidade do solo e manutenção da umidade no quintal. Manejo: O manejo é realizado basicamente com facão e são realizadas capina seleva e poda. Pode ser feita irrigação com água da chuva armazenada em cisterna, principalmente para espécies mais exigentes em disponibilidade de água como hortaliças. Os animais são alimentados com produção do próprio quintal (restos de verduras e frutas, e inclusive grãos, como guandu para galinhas). Troncos, galhos e pedras são ulizados para delimitar caminhos e permir acúmulo de matéria orgânica. Com o manejo pode ser obda lenha, que é uma importante matéria prima para a manutenção das famílias agricultoras em geral. Manejo a longo prazo/conguração do sistema: capinas selevas e podas. O sistema caracteriza-se como uma oresta diversicada, com clareiras e com dinâmica em função da poda, desbaste e enriquecimento com mudas e sementes. Uma vez que as árvores estejam envelhecidas, estas podem ser manejadas inúmeras vezes com intuito de possibilitar a reintrodução de espécies exigentes em luz e ferlidade do solo.
QUINTAL PRODUTIVO. O manejo é realizado com facão, fazendo-se capina seleva e poda. As espécies encontradas no quintal do Sr. Chico Antônio foram: acerola, amburana, aroeira, banana, batata doce, cajá, caju, canastula, capim elefante, cambira, cangueira, cedro, crotalária, eucalipto, fava, feijão, feijão de porco, gergelim, gliricídia, goiabeira, graviola, guandu, jucá, laranja, leucena, macaxeira, mamoeiro, mamona, manga, milho, moringa, pau branco, pau brasil, pau jaú, sisal, sorgo e tamarindo. Sr. Chico Antônio – Sío RecantodoBeija-or, ViçosadoCeará–CE
181
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
5.3 IMPLANTAÇÃO DAS OPÇÕES: PASSO-A-PASSO EM DIFERENTES CONTEXTOS A estratégia de implantação das opções de SAFs descritas acima pode variar de acordo com a situação encontrada, incluindo o acesso à mão de obra e outros insumos, e o estágio de sucessão e densidade de vegetação em regeneração. No entanto, cada situação requer alguns passos no preparo de área, implantação e manejo dos sistemas. É importante que estes sejam realizados na sequência correta, a m de omizar o trabalho, reduzir os custos e aumentar as chances de êxito. Os seguintes passos podem ser adotados em diversos pos de vegetação.
MATA SECUNDÁRIA
MATA SECUNDÁRIA
Acesso a mão de obra e insumos:
Acesso a mão de obra e insumos:
médio alto. Estágio de sucessão:
baixo. Estágio de sucessão: inicial.
inicial a médio.
• medir e piquetear; • realizar capina seleva; • idencar e marcar mudas existentes; • podar vegetação para raleamento, renovação e enriquecimento (grau e altura da poda depende do sistema a ser implantado); • preparar e plantar canteiros ou núcleos ou ilhas; • podar vegetação secundária, para raleamento, renovação e enriquecimento, dependendo do estágio de sucessão da área, picar e concentrar material podado e/ ou de fora, nos canteiros ou ilhas.
182
• capina seleva (vegetação rasteira, incluindo gramíneas, principalmente exócas, e ervas anuais, podando arbustos); • preparo e plano de núcleos ou ilhas com milho, hortaliças, leguminosas, mandioca, árvores (descrito acima); • preparo de berços simples para mudas que o agricultor quer introduzir (quando houver disponibilidade mínima de mudas e mão de obra e, por ventura, um pouco de adubo), de espécies mais rúscas, incluindo navas; • poda de limpeza/raleamento da vegetação (árvores), organizando material podado na área toda; • plano e manejo de bordas e conexões com outros componentes da paisagem.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
PASTOS COM PREDOMINÂNCIA DE GRAMÍNEAS
ÁREA DEGRADADA COM ALGUMA REGENERAÇÃO
Acesso a mão de obra e insumos: bai-
Acesso a mão de obra e insumos: baixo
xo a alto. Estágio de sucessão: inicial.
a alto. Estágio de sucessão: inicial.
• medir e piquetear a área, podem ser usadas estacas que peguem com facilidade nas bordas e dentro (se zerem parte do desenho); • roçagem em toda a área e capina em faixas alternadas rerando os rizomas ou, quando houve maior disponibilidade de mão de obra, capina na área como um todo; • preparo de canteiros, núcleos ou ilhas nos locais capinados; • organização/concentração da palha nos canteiros; • plano e manejo de bordas e conexões com outros componentes da paisagem.
• medir e piquetear; • capina seleva (gramíneas/ervas anuais), poda seleva de raleamento (arbustos), idencação, marcação e concentração de matéria orgânica de quaisquer árvores podadas; • plano: técnica varia de acordo com disponibilidade de mão de obra e insumos, bem como com os objevos do agricultor; • manejo das gramíneas; • plano e manejo de bordas e conexões com outros componentes da paisagem.
183
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
QUADRO 2: MATRIZ SÍNTESE DE OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Opção/ Contexto
Resiliência ecológica /sucessão natural
Bioma
Área de preservação
Solos: feritlidade e drenagem”
1
baixa regeneração, predominância de gramíneas exócas tais como andropogon e braquiária
Cerrado
Reserva Legal
degradado; bem drenado
Alta
2
baixa regeneração, predominância de gramíneas exócas tais como braquiária, colonião
Cerrado
APP de mata ciliar
média a alta ferlidade; drenagem boa ou média
Média
3
alta regeneração, predominância de arbustos e plântulas de árvores
Cerrado
Reserva Legal
média ferlidade; drenagem boa
Variada
4
alta regeneração, predominância de arbustos e plântulas de árvores
Cerrado
APP e RL
média ferlidade, drenagem boa
Baixa
5
baixa regeneração, predominância de gramíneas e arbustos de estágios iniciais da sucessão como sapé, capim gordura, braquiária e assapeixe
Cerrado
APP e RL
baixa ferlidade, bem drenado
média
6
baixa a média regeneração, predominância de gramíneas e arbustos
Cerrado
APP de declive
baixa ferlidade, cascalhentos
média ou baixa
7
baixa a média regeneração, predominância de arbustos, cactáceas e árvores de baixo porte
Caanga
Reserva Legal
baixa a média ferlidade, drenagem boa
média ou baixa
8
baixa a média regeneração com alguns arbustos, cactáceas, e árvores de baixo porte
Caanga
Reserva Legal ou APP
drenagem boa
baixa
9
baixa regeneração, área degradada
Caanga
Reserva Legal ou área degradada
baixa ferlidade (tendendo à desercação), bem drenado
média
10
baixa, média ou alta regeneração
Cerrado
APP nascente
encharcados, picamente pouco aerados
baixa
APP, RL ou outras áreas
Variável, porém geralmente bem drenados, áreas com grande aporte de nutrientes oriundos da casa
alta
11
184
baixa a alta
Cerrado/ Caanga
Necessidade de insumos
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Acesso ao mercado
Disponibilidade mão-de-obra
Objevos do(a) agricultor(a)
Tipo de sistema
alto
Alta
produção para mercado, produção de alimentos e restauração.
Agrooresta sucessional para o Cerrado com manejo intensivo
alto
baixa a média
produção para mercado, alimentos e restauração.
Agrooresta biodiversa para restauração de APP
médio
Variada
produção para mercado, alimentos e restauração
Agrooresta em faixas intercaladas com enriquecimento do Cerrado
alto
Variada
restauração e segurança alimentar, alguma comercialização.
Enriquecimento e manejo de capoeiras (regeneração natural) com Agrooresta
alto
variada
restauração e viabilizar seus meios de vida
Agr ofl ore stas par a r estau raç ão de áreas degradadas com espécies adubadeiras
baixo a médio
alta
restauração e viabilizar seus meios de vida
Restauração em áreas de declive do Cerrado com Agroorestas
baixa
restauração e meios de vida, convivência com o semiárido.
Agroorestas para restauração de áreas de declive ou de Reserva Legal na Caanga
baixa
restauração, meios de vida e renda. criação de animais. convivência com o semiárido.
SAF forrageiro para a Caanga
alto
média a alta
restauração, reverter desercação, meios de vida e renda, criação de ani mais, convivência com o semiárido
Restauração de áreas degradadas na Caanga
variado
variada
Aumentar a quandade e qualidade da água e meios de vida
Proteção e restauração de nascentes com Agroorestas
variado
alta
Produção de alimentos, remédios, combusvel, sombra, lazer
Quintais agroorestais
médio
médio
185
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
5.4 ESPÉCIES-CHAVE PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS Espécies-chave para a recuperação de áreas degradadas são aquelas que ajudam a viabilizar e equilibrar as funções sociais e ambientais nos SAFs, abrindo a porta para a abundância e o bem estar. São as espécies que crescem e se desenvolvem bem nos ambientes mais adversos e degradados, e favorecem a chegada das demais, principalmente aquelas que apresentam diversos atributos dentre os listados acima nos critérios para seleção de espécies (Seção 4.2.1), além de outras com caracteríscas semelhantes idencadas junto aos agricultores e técnicos no contexto especíco de iniciavas agroorestais. Essas espécies apresentam caracteríscas que as diferenciam das outras: • Geralmente são mais ecientes em ulizar recursos (água, luz e nutrientes) e em produzir biomassa, principalmente em condições adversas; • Melhoram a ferlidade, estrutura e microvida dos solos; • São capazes de armazenar água em condições inóspitas ou captar água de zonas profundas do solo e
186
disponibilizá-la para plantas menores pelas suas raízes; • São boas companheiras para outras espécies devido à sua estrutura e/ou por causa de relações simbiócas com organismos benécos como fungos e bactérias, que ajudam a disponibilizar nutrientes, como o fósforo, geralmente não disponível para as plantas em áreas degradadas; • Criam microclimas amenos (lugares mais frescos e úmidos durante a seca) que favorecem o estabelecimento e desenvolvimento das outras espécies que precisam de condições mais amenas para o seu desenvolvimento. A seguir apresentaremos algumas destas espécies consideradas estratégicas para o Cerrado e a Caanga, o contexto em que são recomendadas e suas caracteríscas especiais, assim como seu centro de origem, usos e funções. Além disso, apresentamos orientações a respeito do manejo para garanr que estas cumpram com suas funções desejadas sem, no entanto, prejudicar o desenvolvimento de outras plantas.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Foto: Daniel Vieira
ALGAROBA Caracteríscas: árvore leguminosa que produz vagens adocicadas, fruca a parr do segundo ou terceiro ano. Origem: regiões mais secas do México, América Central, e norte da América do Sul (Peru, Equador, Colômbia e Venezuela). Condições ambientais favoráveis: pluviosidade média anual – entre 150 mm e 1.200 mm (produz mais vagens quando a precipitação é em torno de 300-500 mm), é resistente a períodos de esagem de até mais de nove meses; altude – do nível do mar até 1.500 m; temperatura média anual – superior a 20oC; solos – rochosos, arenosos ou salinizados.
Prosopis juliora
Usos e funções: árvore de uso múlplo: madeira (mourões, tábuas, dormentes, estacas para cercas, lenha, carvão) e forragem (folhagem, rama, vagens e sementes); proteção do solo contra erosão; sombreamento; conservação e melhoramento de pastagens; como pasto apícola; produção de tanino e goma. Seus frutos são importante fonte de carboidratos e proteínas, principalmente para as regiões mais secas. A polpa doce dos frutos e as sementes concentram cerca de 34-39% de proteínas e 7-8% de óleos. Como forragem, as vagens possuem cerca de 13% de proteína bruta e apresentam digesbilidade acima de 74%. Nas folhas, que têm baixa palatabilidade, o teor de pro-
187
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
teína é de 18%, digesbilidade 59% e tanino 1,9%. Melhora a ferlidade do solo por meio do incremento dos teores de matéria orgânica, nitrogênio e fósforo, além de contribuir para a redução do pH do solo (para solos muito alcalinos). Apresenta capacidade de associação simbióca com bactérias do gênero Rhizobium, que xam nitrogênio. Por todas essas caracteríscas, a algaroba tem sido recomendada para planos consorciados, principalmente em sistemas silvipastoris na Caanga. Segundo pesquisadores da Embrapa, a algaroba é considerada uma espécie potencial para restabelecer a ferlidade e produvidade de solos sódicos degradados, já que há estudos apontando que tem sido plantada, principalmente na Índia, para recuperação de solos alcalinos improduvos. Propagação e observações: se reproduz por semente e por estaquia. Suas sementes, por possuírem certa dormência, devem receber tratamento à base de escaricação mecânica ou química, ou ainda, pelo método mais
188
indicado, o de imergir as sementes em água quente, após a ebulição, rerando-as após 3 a 5 minutos. Os animais propagam as sementes com facilidade, pois quebram a dormência das sementes ao passar pelo seu trato digesvo, quente e ácido. Trata-se de uma espécie exóca e com grande potencial invasor, por se desenvolver rapidamente e espalhar muitas sementes, ocupando, muitas vezes, o espaço que outras espécies navas, mais lentas, poderiam ocupar. No entanto, pode-se controlar o potencial invasor da algaroba por meio de desbaste e poda das árvores, corte das mudas (capina) e coleta manual das vagens maduras, isolamento das áreas invadidas para evitar o pastejo direto, e processamento das vagens para servir aos animais no cocho. Ou seja, em condições em que a área pode ser manejada, essa espécie é importante aliada, inclusive no combate à desercação, pois cresce bem mesmo em áreas extremamente degradadas. Além disso, o estresse hídrico é uma barreira natural à sua proliferação desordenada por grandes áreas do semiárido. Fontes consultadas: 38,98
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
LEUCENA
Leucaena leucocephala Foto: Andrew Miccolis
Caracteríscas: Árvore leguminosa, da família Mimosaceae, de rápido crescimento, podendo chegar a 20 m de altura, com 30 cm de diâmetro à altura do peito. Produz grande quandade de sementes, que se espalham e podem ocupar áreas com intensidade. Responde bem à poda, rebrotando com vigor. Origem: América Central. Condições ambientais favoráveis: pluviosidade anual – entre 650 mm a 3000 mm. Desenvolve-se melhor em solos calcáricos. Não tolera condições de alta acidez e nem de alagamento. Apresenta tolerância à seca, suportando bem períodos longos de esagem; temperatura – de 10o C a 40 oC; solos – bem drenados, profundos, de média a alta ferlidade, e com um pH variando de 5,5 a 7,5. Apresenta simbiose com bactérias xadoras de nitrogênio. Usos e funções: melhoradora dos solos, dada a qualidade de sua folhagem, sendo um excelente adubo verde. Devido à simbiose com bactérias xadoras de nitrogênio, a leucena chega a disponibilizar até 400 kg/ ha.ano de nitrogênio. Além disso, a planta também apresenta associação com fungos do gênero Mycorrhizae,
Leucena
que disponibilizam fósforo para a leucena, e por sua vez, o libera para a ulização por outras culturas. Podas periódicas aceleram os processos de ciclagem de nutrientes. Além desse potencial, a leucena é recomendada para a alimentação animal, por sua palatabilidade, alto valor nutrivo, alta produvidade e capacidade de
189
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
rebrota (inclusive na época da seca), e qualidade da forragem. Apresenta cerca de 20% proteína bruta nas folhas, sendo que na folhagem e nos frutos mais novos os teores chegam a até 35%. Pode ser usada na formação de banco de proteínas, sendo apontada como uma das forrageiras mais promissoras para a região semiárida. Pode ser ulizada para pastejo direto, para produção de forragem verde, feno e silagem, além de produção de sementes. Pode ser usada ainda na alimentação de galinhas, com a capacidade de deixar as gemas mais avermelhadas pela alta concentração de beta caroteno nas folhas. Pesquisadores da Embrapa recomendam que “na época chuvosa a leucena pode ser cortada a cada 42 dias, sendo aproveitado para adubação verde, silagem e fenação, ou para alimentação direta dos animais. Já na época seca, os cortes deverão ser feitos a cada 84 dias. Em Sobral, no Ceará, foram registradas produções de matéria seca entre 1539 kg/ha.ano e 5387 kg/ ha.ano. Sob irrigação, a leucena pode ser cortada a cada quatro a cinco semanas ao longo do ano, incrementando a oferta de forragem de boa qualidade.” A leucena ainda pode ser ulizada para fornecimento de lenha, carvão e celulose, sombreamento de pastagem (em sistemas silvipastoris) e outras culturas, quebra-vento, cerca-viva e também como pasto apícola.
190
Propagação e observações: contém uma substância chamada mimosina, a qual, se consumida em grande quandade pelos animais (caso o consumo pelos animais exceda 50% do volume da forragem), pode causar perda de pelo, salivação excessiva e perda de peso. Este problema pode ser facilmente resolvido se a leucena for rerada da dieta dos animais. Essa leguminosa, como ração para ruminantes, deve ser introduzida aos poucos, devendo angir um máximo de 20% a 30% da dieta. Suas sementes têm uma casca muito dura, e para se obter uma boa germinação recomenda-se colocar em água fervida (fora do fogo) por aproximadamente três minutos, mexendo bem. Em seguida, coloque as sementes para secar em local venlado. Essas sementes podem ser armazenadas ou plantadas no dia seguinte. Outra possibilidade é colocar as sementes de molho de um dia para o outro em água com temperatura ambiente. Essas sementes devem ser plantadas logo em seguida. O plano da leucena deve ser feito no início do período chuvoso. Da mesma maneira que a algaroba, seu potencial invasor pode ser controlado por meio de raleios e podas periódicas, principalmente em momento propício que evite a semeadura. Fontes consultadas: 34,35,113
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
FEIJÃO GUANDU Caracteríscas: arbusto, leguminosa da família Fabaceae ; pode angir até 4 m de altura e seu ciclo de vida pode ser de 1 a 5 anos. Apresenta caule lenhoso e uma raiz principal pivotante que pode penetrar até 2 m, contribuindo para descompactar solos. Começa a oração e a produzir vagens Foto: Fabiana Peneireiro
Cajanus cajan
com 4 a 5 meses, que podem conter sementes comesveis de cores que variam de branco, amarelo, castanho, a preto, dependendo da variedade, podendo, ainda, apresentar cores claras salpicadas de marrom ou púrpura. Embora ocorra naturalmente alto índice de autopolinização, o feijão guandu apresenta 20% de polinização cruzada, e as abelhas visitam intensamente suas ores. Origem: Índia, Paquistão e Indonésia. Condições ambientais favoráveis: pluviosidade anual – na faixa de 400 a 2500 mm; apresenta tolerância à seca, suportando bem períodos de esagem; temperatura – entre 18 oC a 38 oC; solos – drenados e profundos, de média ferlidade; apresenta simbiose com bactérias xadoras de nitrogênio. Não tolera solos encharcados e nem salinos. Usos e funções: pode ser consumido como alimento humano (grãos verdes in natura ou maduros cozidos). Apresenta altos teores de proteína de boa qualidade, na faixa de 18 a 32%. Suas sementes são recomendadas como suplementação alimentar nas criações de galinhas caipiras. Segundo o IAPAR e a EMATER do Paraná, na re-
Feijão guandu
191
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
gião de Ivaiporã, “nas condições dos agricultores, a produção de ovos e carne de galinha/frangos caipiras foi mulplicada por 5 quando a ração de milho exclusiva foi substuída pela mistura de 67% de milho com 33% de guandu.” A produção de grãos, dependendo da variedade e do sistema de culvo, varia de 500 a 1.500 kg/ ha. O guandu também pode fornecer forragem para animais ruminantes ou não, e também ser usado como cultura para adubação verde. A forragem produzida pelo guandu apresenta de 14 a 22% de proteína bruta, dependendo da relação entre folhas, vagens e hastes do material colhido. A planta produz aproximadamente 35 t/ha de massa verde, correspondente a 10 t/ha de massa seca sobre o solo, e pode xar de 41 a 280 kg de nitrogênio por hectare, em simbiose com bactérias do gênero Rhyzobium. O feijão guandu também é excelente companheiro para árvores jovens, funcionando como um viveiro natural e como fonte de nutrientes e esmu-
192
lo ao crescimento das árvores, quando podado frequentemente. Embora seu ciclo de vida não seja tão longo, pode ser usado com sucesso como quebra-vento, principalmente próximo a hortas. Também é uma planta apícola. Seus ramos e hastes podem ser usados para fazer cestos. Seu caule pode ser usado como lenha e também é fonte de celulose para confecção de papel de boa qualidade. Suas folhas tem uso medicinal pelas populações tradicionais. Pode ainda ser ulizado como suporte para outras plantas como tomateiro. Propagação e observações: recomenda-se o plano do guandu juntamente com o milho. Quando este completa seu ciclo, o guandu permanece na área. Sendo bastante adaptado a condições de escassez de água, o guandu pode ser o único alimento encontrado no semiárido em épocas de seca extrema. Quando podado após produzir suas vagens, o guandu rebrota e pode produzir novamente. Fontes consultadas: 38,89,63
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
PALMA FORRAGEIRA
Opuntia fícus-indica Foto: Fabiana Peneireiro
Caracteríscas: planta xeróla, da família das Cactaceas, apresenta a especicidade de armazenar água em sua estrutura e realizar fotossíntese mesmo com os estômatos fechados (de metabolismo po CAM). Esta planta é frequentemente citada como sendo uma solução para as zonas de pouca chuva e sem possibilidade de irrigação. É um verdadeiro reservatório de água, armazenada em suas raquetes (estruturas também chamadas de cladódios). Suas ores podem ser amarelo, laranja ou vermelhas e seus frutos, vermelhos, conhecidos como go da Índia, são bastante apreciados pelos serem humanos e animais. Origem: México. Condições ambientais favoráveis: solos – a palma não é exigente quanto ao solo. Apresenta associação simbióca com bactérias xadoras de nitrogênio do gênero Azozpirillum. As caangas altas, o agreste e as serras onde chove pouco são os seus habitats preferidos. No Sertão, Seridó e no litoral, apresenta menor rendimento vegetavo. Usos e funções: pode ser ulizada na alimentação humana, já que seus frutos são comesveis e também as raquetes jovens podem ser preparadas refogadas. Os frutos são também uli-
Palma forrageira.
zados na medicina natural na prevenção de asma, tosse, vermes, problemas na próstata e dores reumácas. É bastante ulizada na alimentação animal, podendo ser servida no campo mediante pastejo direto ou no cocho numa mistura com outros alimentos como feno, silagem, restolho de sorgo, de milho, de feijão ou mesmo capim seco, bem como fontes de proteína, a
193
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
m de aumentar o consumo de matéria seca e proteína pelo animal e evitar diarreias que podem advir quando oferecida isoladamente ou à vontade. Receitas com palma você encontra no site: hp://come-se.blogspot. com.br/2010/03/palma-ou-nopal -um-jeito-sertanejo-de.html.
Ao mesmo tempo em que fornece nutrientes, também é fonte de água para os animais. Sua composição pode variar de 10 a 15% de matéria seca, e de 3,5 a 5% de proteína, dependendo da variedade. Sua capacidade de armazenar água permite ulizá-la como se fosse uma fonte de irrigação natural, ao cortar suas raquetes para cobrir o solo. Também se recomenda picar suas folhas e forrar o berço de plano com elas, o que mantém o local úmido para outra planta poder se desenvolver.
Berço se refere ao buraco aberto no solo para plano de mudas, sementes ou estaca.
Propagação e observações: pode ser plantanda no início das águas em solos bem drenados e do meio para o nal do período chuvoso em solos mal drenados a m de evitar o apodrecimento das raquetes. Para plantá-la basta enterrar um terço da raquete.
194
DICAS SOBRE A PALMA A melhor época para manejar a palma é no “verãozão, quando o tempo levanta”, ou “de agosto em diante”, podendo se estender até as primeiras chuvas. Nesse período a palma se encontra com uma menor concentração de água. “Se você cortar quando ela está cheia de água, ela não sai, agora de agosto em diante, que ela está bem seca, é você cortando e ela saindo.” O manejo da palma auxilia o seu desenvolvimento, e aumenta sua produvidade. Mosso – monitordaEFASE. MonteSanto–BA
Quanto mais se cortam suas raquetes, mais ela produz. É uma excelente companheira de outras plantas e estacas. Se plantada próxima, suas raízes liberam exsudatos, deixando úmido o solo ao redor de suas raízes e, consequentemente, das plantas adjacentes. A palma pode hospedar a cochonilha do carmim (Dactylopius coccus ), que não causa danos à planta, quando bem manejada, e produz um corante vermelho (carmim), podendo ser ulizada também para ns econômicos. Fontes consultadas: 106,16
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
MANDACARU Caracteríscas: Cactaceae de grande porte, arbóreo, de tronco grosso ramicado, de base lenhosa. Seu tronco principal pode chegar a 50 cm de diâmetro à altura do peito (DAP). Permanece verde o ano todo, mesmo nos períodos de seca mais prolongada. Pode crescer até 16 m de altura se esver no meio da mata fechada. Tem ores brancas que se abrem à noite. Os frutos, de cor violeta forte, tem polpa adocicada branca com sementes pretas minúsculas. Foto: Daniel Vieira
Mandacaru
Cereus jamacaru
Origem: espécie nava da Caanga brasileira. Condições ambientais favoráveis: temperatura – dos 7 oC até 45 oC, podendo, eventualmente até exceder os 45 oC; pluviosidade média anual – de 500 mm (ou até abaixo) a 2600 mm anuais; solos – arenosos, pedregosos, bem drenados e calcários, com pH entre 5,0 e 7,2. Usos e funções: planta ornamental, de frutos comesveis, alimento para os seres humanos e também para diversas aves picas da caanga, como a gralha-cancã e o periquito-da-caanga. Os frutos são comidos crus, rerando a polpa da casca. O caule pode ser ulizado para se fazer doce, e do qual também se extrai fécula. Pode ser ulizada para alimentação animal, principalmente quando o período de seca é prolongado, pois tem a capacidade de acumular muita água em seus ramos, que servem ao mesmo tempo para alimentar gado e amenizar a sede. Quando há presença de muitos espinhos nas hastes (cladódios), se faz necessário não apenas cortar as hastes em pedaços, mas também raspar ou queimar seus espinhos antes de oferecer o mandacaru aos animais. A presença do
195
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
mandacaru na composição da vegetação no semiárido armazena água no sistema e contribui para que todo o conjunto de plantas prospere. Propagação e observações: A reprodução do mandacaru pode ser por meio de pedaços de cladódios (hastes) que devem ser cortados preferencialmente nos internódios para facilitar o enraizamento. As estacas devem ficar em ambien-
SISAL Caracteríscas: Conhecida popularmente como piteira ou agave, esta espécie perene é extremamente adaptada ao clima semiárido do Nordeste brasileiro. Suas folhas, ponagudas, são dispostas em torno de um eixo. No nal de seu ciclo de vida, após cerca de cinco a dez anos do plano, a planta emite uma inorescência denominada de escapo oral ou, popularmente, “poste” ou “pendão de agave”, na qual estão ores, frutos e sementes, ou apenas bulbilhos (estrutura reproduva), e então ocorre a morte do sisal. Origem: México.
196
te semi-sombreado, na vertical e a base encostada na terra. Assim que enraizarem, poderão ser plantadas no lugar definitivo e frutificarão a partir do terceiro ano. As sementes devem ser semeadas logo que colhidas em substrato composto de 50% de areia e 50% de folhas secas moídas. A germinação ocorre em 25 a 45 dias. Plantas oriundas de sementes começam a frutificar com 6 a 7 anos de idade. Fontes consultadas : 4
Agave sisalana
Condições ambientais favoráveis: O sisal pode suportar secas prolongadas e até mesmo temperaturas elevadas. Os tipos de solo mais apropriados para o cultivo do sisal são solos arenosos, permeáveis, profundos e que apresentam boa média de fertilidade. Usos e funções: produção de bra natural a parr de suas folhas, a qual, mediante industrialização, resulta em cordas, cordéis, tapetes, compostos para a indústria automova, de móveis, eletrodoméscos e também ulizada na construção civil. Na indústria química são extraídos gordu-
Foto: Fabiana Peneireiro.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Foto: Henrique Marques
Sisal ras, cera, glicosídeo, álcool, ácidos e adubos. Os resíduos oriundos da extração da bra do sisal, também conhecidos por bagaço, que constuem de suco ou seiva vegetal, parculas e pedaços de folhas e bras de diferentes tamanhos, podem ser usados para alimentação animal e também como adubo. Também é úl para restauração ecológica no semiárido porque, por se tratar de uma planta que vegeta em alta temperatura e em níveis baixos de precipitação e acumula água em suas folhas (80% das folhas do sisal é água), quando podadas, servem para cobrir o solo, disponibilizando nutrientes e umidade para outras espécies, bem como
contribuindo para a vida do solo e a melhoria de sua estrutura. Propagação e observações: o sisal pode ser mulplicado por meio de bulbilhos (“mudinhas” do pendão) ou rebentos (“mudinhas” do rizoma da base da planta mãe), que são estruturas de propagação vegetava. Enquanto os bulbilhos necessitam de enviveiramento se muito pequenos, os rebentos não, e, portanto, podem ser plantados diretamente no campo. A época mais apropriada para o plano é quando as plantas disponibilizam o material vegetavo, geralmente no início ou um pouco antes da estação chuvosa. Fontes consultadas: 3,45
197
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Foto: Fabiana Peneireiro
SABIÁ OU SANSÃO DO CAMPO Caracteríscas: leguminosa perene, da família Mimosaceae, que ange a altura de 7 a 8 m. É considerada uma planta de rápido crescimento no semiárido por apresentar acréscimo de 1 m de altura por ano. Apresenta boa capacidade de rebrota quando podada.
198
Mimosa caesalpiniaefolia
Origem: região Nordeste do Brasil, mais especicamente nos Estados do Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará.
entre 20 e 28 oC; solos – férteis e profundos, com pH entre 5,5 e 8,5, mas também se desenvolve em solos de baixa ferlidade. Possui a capacidade de associação simbióca com bactérias xadoras de nitrogênio do gênero Rhizobium e, por essa razão, é citada por pesquisadores da Embrapa, como sendo muito importante para orestas em regeneração e, principalmente, em áreas de reorestamento.
Condições ambientais favoráveis: precipitações anuais – 600 a 1.000 mm, mas também ocorre em áreas mais secas e também em áreas mais úmidas do Cerrado; temperaturas médias
Usos e funções: espécie de uso múlplo; madeira para estacas para cercas, inclusive como cercas vivas, no Nordeste (já ao término do terceiro ao quarto ano); para energia (lenha e carvão);
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
como tutores, principalmente em plantações de uva no nordeste; em indústrias de transformação para produção de celulose e aglomerados; forragem para grandes e pequenos ruminantes (folhas e vagens, tanto verdes como secas), principalmente na época da seca. As folhas contêm aproximadamente 17% de proteína. As ores são melíferas e a casca tem sido usada para ns medicinais. Apresenta ainda boas caracteríscas para ser ulizada como quebra-vento ou cerca-viva, funcionando como eciente barreira principalmente por efevar um bom fechamento e por apresentar espinhos nos ramos jovens. Para a função de cerca-viva, recomenda-se a variedade que apresenta acúleos (“espinhos”); para ns de estacas ou manejo para alimentação animal, recomenda-se sem acúleos. A espécie é ulizada, ainda, para enriquecimento e melhoramento de solos, sombra para culvos, controle de erosão. Propagação e observações: apresenta boa capacidade de regeneração natural e se propaga facilmente por sementes, sendo considerada invasora quando encontra condições favoráveis para seu desenvolvimento e propagação. Sua mulplicação pode ser feita por sementes ou por estacas. Suas sementes apresentam dormência e para quebrá-la recomenda-se imergi-las, fora do fogo, em água recém-fervida, por um minuto. Fontes consultadas: 100
SABIÁ OU SANSÃO DO CAMPO: POTENCIAL ECONÔMICO Atualmente se vende por R$3,50 a R$5,00 o mourão. A madeira legal é vendida por R$4,00, aquela que tem a licença pra rar. Tem um jovem que está fazendo manejo só de sabiá, em 15 hectares. A ideia dele é rar só a madeira que está madura. O sabiá nas ce muito quando você faz o roçado. O pai dele nha desmatado tudo, então regenerou somente o sabiá. A ideia era deixar ele num espaço correto, de 1,5 m X 1 m, no máximo com três re brotas em cada touceira. Se você faz o corte raso, daqui a 6 - 8 anos você vol ta para cortar outra vez. Ali no carras co é 10 anos, mas aqui nessa região, se o sabiá for manejado, com cinco ou seis anos, e se não for manejado, com sete ou oito anos. Você ra 22 mil las cas por hectare. O sabiá prolifera muito depois que você faz o roçado. No sistema sombre ado ele desaparece pracamente. O que mais desesmula o manejo do sabiá é que pra conseguir uma licença é muito doloroso. E o preço de venda é o mesmo que o rerado da mata nava. Ernaldo Expedito de Sá –Tianguá agricultoremoradordaAPASerrado Ibiapaba–CE
199
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Foto: Fabiana Peneireiro.
GLIRICÍDIA Caracteríscas: leguminosa arbórea da família Fabaceae, pode angir até 15 m de altura, e diâmetro de até 30 cm. A árvore inicia sua oração de cor rosada já nos primeiros cinco anos de idade, e, se plantada por estaca, ainda antes. Origem: América Central e amplamente difundida pelos trópicos. Condições ambientais favoráveis: altitude – desde o nível do mar até 1.600 m, em regiões sub-úmidas e secas; precipitação – de 600 a 3500
200
Gliricidia sepium
mm anuais, com estações definidas, todavia, tolera estresse hídrico; solos –pH de 4,5 a 5,0, e não se desenvolve bem em solos muito alcalinos ou muito ácidos, preferindo solos profundos, bem drenados e de maior fertilidade; temperatura – entre 15 e 30 oC. Apresenta associação simbiótica com bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Rhizobium . Usos e funções: planta de uso múlplo, pode ser ulizada como: quebra-vento, cerca-viva, espécie para
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
sombreamento tanto em sistemas silvipastoris quanto em sistemas agrossilviculturais, como forrageira, e ainda como espécie madeireira. Também apresenta grande potencial na recuperação da ferlidade dos solos, como adubo verde, já que xa nitrogênio, apresenta sistema radicular profundo, tolera bem poda, apresentando rebrota vigorosa e grande produção de biomassa, sendo que, em aproximadamente quatro meses já tem sua copa restabelecida após a poda. Produz grande quandade de matéria seca, aproximadamente 7,7 t/ha.ano, e suas folhas têm elevado teor de proteína bruta: 24%. Pode ser ulizada como banco de proteínas para fornecimento de forragem aos animais cortando-se seus ramos verdes, sempre deixando gemas para rebrotar. Esse material (folhas e ramos mais nos) pode ser oferecido diretamente no cocho, ou então pode ser transformado em feno ou silagem com o objevo de armazenar alimentos para os animais não sofrerem em períodos de esagem. Pastagens sombreadas promovem o bem estar animal, as plantas forrageiras apresentam melhor qualidade nutricional, e o solo é melhorado. É uma espécie estratégica para estabelecer cerca-viva, servindo como mourão-vivo. Suas folhas apresentam uma substância que funciona como insecida e também como racida. Como
insecida, as folhas secas podem ser colocadas nos ninhos de galinhas para evitar piolhos, e também junto a sementes para evitar caruncho no armazenamento. Como racida, as folhas ou cascas da raiz da gliricídia devem ser misturadas com milho cozido. É também uma planta apícola. Propagação e observações: sua propagação pode ser feita por meio de sementes e estacas. As sementes não apresentam dormência, podendo ser semeadas logo após sua colheita. Quando o plano for feito por meio de sementes, é importante atentar que se estas tenham sido armazenadas por pelo menos um ano, então se recomenda que as deixem de molho em água fria por 24 horas ou então imersas em água quente (90 oC) por dois a três minutos. No caso de mulplicação por estacas, para seu bom estabelecimento, devem ser plantadas assim que cortadas, na posição vercal, com cuidado para que as gemas estejam voltadas para cima. Para o plano, as estacas, que enraízam com facilidade, podem ter 4 cm de diâmetro e 2 m de comprimento e devem ser enterradas em bersos de 30 cm de profundidade. As estacas podem ser plantadas no local denivo ou então enviveiradas. Fontes consultadas: 96, 6, 31
201
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Foto: Daniel Vieira
UMBU Caracteríscas: planta xeróta que pertence à família Anacardiaceae. Umbu, na língua tupi-guarani “y-mb -u”, signica “árvore-que-dá-de-beber”, e Euclides da Cunha a chamou de “árvore sagrada do Sertão”. Suas raí zes, com estruturas tuberosas conhecidas como xilopódio, são como verdadeiras caixas d´água. Trata-se de uma árvore de pequeno porte, angindo em torno de 6 m de altura, de tronco curto e copa em forma de guarda-chuva, que perde as folhas no período de
202
Spondias tuberosa esagem. É planta longeva, podendo viver mais de 100 anos, melífera, com suas ores brancas e perfumadas. Os frutos do umbuzeiro estão disponíveis no período chuvoso. As necessidades ecológicas do umbuzeiro são similares às do sisal, do caroá, da palma, do aveloz, e cresce em associação natural com o facheiro, mulungu, macambira, canudo, malva e muitas cactáceas. Origem: nava do semiárido do Nordeste brasileiro.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Condições ambientais favoráveis: solos – profundos, bem drenados, arenosos, não suportando encharcamento; temperatura – entre 12ºC e 38ºC; precipitação – de 400 mm a 800 mm, todavia, ainda pode viver em locais com maiores níveis de precipitação, de até 1.600 mm/ano. Usos e funções: melhora o ambiente para outras espécies e fornece uma ampla gama de produtos, muitos dos quais são originários dos frutos, das raízes, das folhas verdes e frescas, e ainda do caule. Dos frutos podem ser feitos sucos, sorvetes, doces, geleias, vinho, vinagre; do caroço torrado e moído faz-se uma bebida; da raiz se faz farinha, extrai-se água medicinal (ulizada como vermífugo e andiarreico). A raiz sacia a fome do sertanejo em épocas de seca acentuada. Do caule se faz remédio e também se extrai madeira leve e mole. As folhas verdes e frescas são alimento para seres humanos na forma de saladas ou
refogadas, e também podem ser oferecidas como forragem para animais doméscos (bovinos, caprinos, ovinos) além de servir de alimento para animais silvestres (veados, cágados, dentre outros). Propagação e observações: o plano do umbu pode ser feito por semente, de preferência despolpada. Para acelerar sua germinação, recomenda-se fazer um corte em bisel na parte distal do caroço (oposta ao pedúnculo do fruto). Também se pode obter mudas a parr de estacas do interior da copa da planta, que devem ser colhidas entre os meses de maio e agosto com 3,5 cm de diâmetro e com cerca de 40 cm de comprimento. As estacas podem ser plantadas diretamente no local denivo, enterrando 2/3 de seu comprimento, em posição inclinada, ou ainda serem enviveiradas em substrato de areia para enraizamento prévio para depois serem levadas a campo. Fontes consultadas: 65
203
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Foto: Fabiana Peneireiro
CAJÁ Caracteríscas: árvore da família Anarcadiaceae, apresenta crescimento rápido e pode alcançar até 25 m de altura. Resiste bem a períodos de seca por apresentar uma estrutura de adaptação chamada de xilopódio (raí zes tuberosas que armazenam água), embora não tão exuberante quanto às do umbu, e também é bem adaptada a terrenos mal drenados. Entra em produção a parr do terceiro ou quarto ano de idade quando plantadas de estaca” após “3 a 4 anos de idade. Os frutos da cajazeira são de coloração amarelo-laranja, apresentam casca na, polpa ácida e saborosa. Esta árvo-
204
Spondias mombin
re aceita bem a poda, é de fácil mane jo, e possui alta capacidade de rebrota e produção de biomassa, até mesmo em condições pouco favoráveis. Origem: América tropical. Condições ambientais favoráveis: é tolerante à maioria dos solos e pode suportar encharcamento por 2 a 3 meses ao ano. Precipitação: média anual de 1500 mm. Usos e funções: seus frutos são saborosos. São colhidos no chão, após serem liberados pela árvore. Uma única árvore
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
de cajá pode produzir até mil quilos de frutos. A polpa suculenta do cajá pode ser ulizada na produção de geleias, sucos, sorvetes, compotas, licores e sobremesas. Suas folhas e tubérculos também são comesveis. É uma planta melífera. Ainda se faz uso medicinal de suas folhas, casca e raízes. Suas folhas podem ser alimento para porcos e para o gado. Sua madeira pode ser ulizada como lenha e também apresenta caracteríscas favoráveis para fabricação de papel. As estacas do cajá podem servir
MARGARIDÃO
de mourão vivo, já que enraízam bem. A casca e as ores são ulizadas na medicina popular. Propagação e observações: a propagação da cajazeira se dá por sementes ou estacas do po lenhosa. No caso de plano por estaca, a mesma deve ter por volta de um metro de comprimento e 4 a 8 cm de diâmetro, e pode ser plantada diretamente no campo, desde que haja condições de irrigação até o pegamento. Fontes consultadas: 65, 28, 67
Tithonia diversifolia
Foto: Andrew Miccolis
Caracteríscas: de porte considerado herbáceo ou arbusvo, pode angir 1,5 a 4,0 m. Possui ramos fortes, e em sua fase reproduva, apresenta inorescências em forma de capítulos, na cor amarela. É uma espécie considerada rúsca, e pode suportar podas ao nível do solo, com rebrota intensa e vigorosa, até mesmo após ter sido queimada. É recomendada como espécie-chave no Cerrado e em algumas regiões da Caanga com maior pluviosidade. Dependendo da região, na Caanga o margaridão muitas vezes não se estabelece com sucesso devido ao longo período seco. Origem: América Central.
Margaridão.
205
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Condições ambientais favoráveis: por se adaptar a uma ampla faixa de situações ambientais e tolerar solos ácidos e com baixa ferlidade, encontrou condições favoráveis para seu ómo desenvolvimento nos solos e clima do Cerrado. Usos e funções: A espécie tem sido ulizada na área agrícola como pasto apí cola e como adubo verde para melhoria de solos por apresentar excelente capacidade de produção de biomassa, rápido crescimento e baixa demanda de insumos para seu culvo. Estudos ressaltam que o margaridão “restaura a ferlidade do solo, incrementando a produvidade de culturas subsequentes, devido ao elevado nível de nutrientes na tomassa [biomassa da planta]”, principalmente fósforo, potássio e nitrogênio, e mostraram que a matéria seca do margaridão possui altos teores de proteína, principalmente antes da oração. Isso signica que o acúmulo de biomassa do margaridão por podas periódicas contribui para melhorar substancialmente a ferlidade do solo. O grande volume das suas raí zes e simbiose com micro-organismos do solo conferem ao Margaridão uma excepcional capacidade de disponibilizar nutrientes normalmente pouco disponí veis nos solos ácidos do Cerrado, principalmente fósforo e nitrogênio. Além do aspecto da ferlidade química, sua inuência se dá também na melhoria das caracteríscas sicas e biológicas do solo. Além disso, o Margaridão ajuda a controlar erosão, serve como pasto apí -
206
cola e fornece alimentação complementar para os animais. A planta também é ulizada como toterápico contra hepate e algumas infecções, malária, inamações, diarreia, ameba, etc. As ores e sementes servem de alimento em especial para a avifauna silvestre, na época seca. Quando adulto e pouco manejado, o margaridão substui capins como a braquiária e, como um viveiro, forma ambiente propício para germinação e recrutamento de muitas espécies arbóreas navas ou exócas, normalmente dispersas pela fauna que a planta atrai. Quando adulto e muito forte, o manejo, preferencialmente com corte de todas as hastes bem próximo ao solo, torna-se necessário para que as mudas de árvores cresçam vigorosas. Propagação e observações: sua propagação pode ser feita por estacas de 20 a 30 cm de comprimento das hastes verdes (trecho mais maduro), apresentando, desta forma, bom pegamento. Assim como algumas outras espécies-chave, ou espécies-engenheiras, altamente adaptadas e ecientes, o margaridão é uma espécie exóca, com grande potencial invasor. A planta produz um número muito elevado de sementes, que são dispersas pelo vento. Todavia, se for manejada adequadamente, com podas periódicas antes da orada, a espécie pode ser uma excelente aliada dos agricultores na recuperação de solos degradados. Fontes consultadas: 31, 114
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS Foto: Fabiana Peneireiro
INGÁ Caracteríscas: leguminosa arbórea que pertence à família Mimosaceae. Existem aproximadamente 300 espécies lenhosas do gênero Inga, com diferentes caracteríscas de estatura e ciclo de vida. O nome Inga, de origem Tupi, signica “que tem semente envolvida”. Sua presença é comum na beira de rios e planícies aluviais, por exemplo o ingá de metro (Inga edulis), preferindo solos úmidos até brejosos nas matas ciliares e orestas ripárias, no entanto, algumas espécies também se adaptam a matas secas. Os frutos são do po vagem,
Inga spp.
com sementes envoltas em uma polpa branca, macia, adocicada, e muito procurados pela fauna silvestre. O ciclo de vida do ingá de metro é de aproximadamente 10 a 12 anos, enquanto que outros ingás, como o ingá feijão (Inga marginata), podem viver muito mais tempo. Os ingás possuem associação com bactérias xadoras de nitrogênio, produzem grandes volumes de biomassa, e, de modo geral, aceitam podas anuais intensivas, por isso são altamente recomendados para consórcios em sistemas agroorestais.
207
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Origem: América do Sul tropical, com ocorrência natural do México ao Uruguai. Condições ambientais favoráveis: variam de acordo com a espécie. Há espécies que se desenvolvem bem em solos ácidos, de baixa ferlidade e secos, como o ingá mirim, e outras preferem solos mais férteis e úmidos, como o ingá de metro, que tolera solos encharcados por 2 a 3 meses. Todavia, essa espécie também suporta períodos de seca de até 6 meses. As condições ómas de pluviosidade média para sua ocorrência são de 1200 mm. Os ingás têm associação com bactérias endocas do gênero Rhizobium, que xam nitrogênio, e/ou endomicorrizas simbiontes, fungos que auxiliam na disponibilização de nutrientes. Usos e funções: Os frutos, cujas sementes são envoltas em uma polpa branca, macia e adocicada, são consumidos pelo ser humano e muito procurados pela fauna silvestre. É também ulizado na medicina popular, no tratamento de bronquite e como cicatrizante. Recomenda-se
208
seu uso em sistemas agroorestais para sombreamento (especialmente na produção de café e cacau) e para fornecer biomassa quando podada, contribuindo substancialmente para a ciclagem de nutrientes, inclusive, adicionando cálcio e nitrogênio ao sistema, este úlmo pela xação simbióca. Tolera poda e rebrota bem. Suas folhas podem servir como forragem para o gado. Apresenta resistência a patógenos radiculares como o nematóide do gênero Meloidogyne. Sua madeira é ulizada para lenha e também para embalagem, caixotaria e construção civil leve interna, por sua baixa resistência e durabilidade. A ingazeira é uma árvore melífera e, por orescer de 4 a 5 vezes por ano, torna-se estratégica nessa função. Observações: Suas sementes são recalcitrantes, ou seja, perdem o poder germinavo se secarem. Muitas vezes, ao rerar do fruto, as sementes já estão germinadas. Desse modo, as sementes, assim que colhidas, devem ir imediatamente para a terra, em semeadura direta no local denivo, ou para saquinhos de mudas. Fontes consultadas : 94, 5, 115, 31
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
MUTAMBA Caracteríscas: árvore da família Sterculiaceae, perenifólia, sua presença é comum nos cerradões e em matas de galeria. A espécie apresenta rápido crescimento, podendo angir até 30 m de altura, e sua copa é densa. Seu ciclo de vida é mediano, podendo angir 15 anos ou pouco mais. Suas ores são polinizadas por abelhas e outros pequenos insetos. Inicia a produção de frutos a parr do terceiro ou quarto ano de idade. Os frutos são do po cápsula, seca, de cor verde a negra, dura, e medem de 1,5 cm a 3,5 cm de comprimento, contendo aproximadamente 50 pequenas sementes envolvidas por polpa doce e mucilaginosa. As sementes são dispersas por aves, peixes e outros animais, incluindo o gado.
Guazuma ulmifolia
quanto úmidos, tendo preferência por solos de textura arenosa. Usos e funções: planta de usos múlplos, seus frutos apresentam uma substância viscosa e doce, muito apreciada pela fauna, em especial macacos e coas, e também pelo gado. A madeira da mutamba pode ser usada Foto: Fabiana Peneireiro.
Origem: América tropical, é comum na Mata Atlânca, Amazônia, Pantanal, Cerrado e até mesmo na Caanga. Condições ambientais favoráveis: é caracterísca das formações secundárias e capoeiras abertas, ocorrendo em lugares abertos, margens de córregos e rios e ambientes alterados. Desenvolve-se bem em regiões com precipitação de 600 mm a 1.500 mm e onde a temperatura média anual é de 24 oC. Não é exigente quanto a solos e é adaptada tanto a ambientes secos
Mutamba.
209
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
para fabricação de celulose e papel. Também é considerada excelente combusvel para uso como lenha e carvão. Sua madeira também pode ser usada para fabricação de móveis. As folhas servem de alimento para o gado em geral. A espécie perde apenas parte das folhas na estação seca por isso é muito boa para integração com animais no campo. De acordo com pesquisadores da Embrapa, um dos maiores usos potenciais para essa espécie é em consórcios agrossilvipastoris, para arborização de pastos. O gado aprecia a folhagem e os frutos novos da mutamba, principalmente no período da seca. A forragem da mutamba apresenta de 17 a 28% de proteína bruta. Também é recomendada para quebra-ventos quando plantadas de 3 a 5 m entre árvores. É altamente recomendada para recuperação de áreas degradadas e, para tal, deve ser manda manejada mediante podas frequentes, por seu rápido crescimento, alta produção de biomassa, vigorosa rebrota e por atrair fauna. Sua copa é densamente coberta por folhas, que, se podada, produz grande quandade de biomassa de alta qualidade, excelente como forragem e também para recuperar a ferlidade de solos
210
degradados. Os frutos podem ser ulizados na alimentação humana, consumidos frescos, secos, crus ou cozidos. Há povos indígenas que preparam um po de mingau e bebida. Os indígenas da etnia Karajá usam a mutamba para alisar os cabelos. Os frutos e as folhas também podem ser ulizados para ns medicinais. O cozimento de pedaços de seu caule gera um extrato mucilaginoso ulizado na fabricação de rapadura como claricador do caldo de cana durante a fervura. Atualmente, é possível encontrar sorvete de mutamba a venda em algumas cidades brasileiras. As ores da mutamba são melí feras, oferecendo néctar abundante que atrai a fauna apícola, que, por sua vez produz mel saboroso, muito agradável e de alta qualidade. Propagação e observações: responde bem à poda, rebrotando vigorosamente. Para a semeadura direta da mutamba, recomenda-se a quebra de dormência das sementes, mergulhando-as em água fervente (com fogo desligado) por 15 segundos e depois de escorrer a água quente, mergulhe as sementes em água fria. Este choque térmico “acordará” as sementes. Fontes consultadas: 27
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Musa spp.
BANANA Caracteríscas: A bananeira é da famí lia Musaceae e considerada uma planta herbácea gigante. Apresenta caule subterrâneo, do po rizoma, de onde saem as raízes, do po fasciculada, e brotam os perlhos, formando uma touceira de bananeiras. Cada bananeira apresenta um pseudocaule suculento, formado pelas bainhas das folhas superpostas. As folhas, além das bainhas, apresentam pecíolo longo e limbo foliar comprido e largo. O cacho de banana é uma Foto: Fabiana Peneireiro
Banana
infrutescência formada por pencas, e resulta do lançamento das ores a parr do “coração” da bananeira. A altura da planta pode variar de 1,8 a 8,0m. Origem: Asiáca. Condições ambientais favoráveis: a bananeira é uma planta tropical, já que se desenvolve melhor em regiões quentes. A faixa de temperatura considerada óma para o bom desenvolvimento da bananeira é de 15 a 35 o C. Precipitação: acima de 1300 mm e bem distribuída durante o ano, embora tolere períodos de seca. Não é tolerante à geada. Solos: prefere solos férteis, profundos, bem drenados. Usos e funções: A bananeira é muito apreciada pelos seus frutos, que podem ser comidos in natura, assados, fritos, ou processados ainda verdes na forma de chips, farinha, ou ainda desidratados para produzir banana -passa. Fibras do pseudocaule e das folhas da bananeira podem ser ulizadas para vários pos de artesanato como esteiras, chapéus, bolsas, etc., e seu coração (mangará ou umbigo) é comesvel. Por armazenar bastante água e nutrientes (principalmente potássio) em seus tecidos, contribui para que outras espécies prosperem.
211
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
O seu pseudocaule cortado longitudinalmente e disposto aos pés das outras plantas fornece água e nutrientes durante vários meses, esmulando a vida do solo e evitando o surgimento de ervas ou gramíneas indesejadas. Por apresentar folhas grandes, a bananeira apresenta alta evapotranspiração, o que a leva a ser eciente em criar microclimas, situações mais úmidas e sombreadas essenciais para o desenvolvimento de sementes ou mudas de árvores navas e fruferas exócas que se desenvolvem bem nos seus estágios iniciais sob a copa das bananeiras. Propagação: Sua propagação é por meio vegetativo, a partir das mudas de rizomas produzidas por perfilhamento da touceira. As brotações menores devem ser destacadas da planta maior retirando-se o solo em redor, rompendo-se as raízes e cor-
URUCUM Caracteríscas: Árvore da família Bixaceae, perenifólia (mantém a copa sempre com folhas), chega à altura de cerca de 3 a 4 metros. Suas folhas são simples, suas ores belas, róseas, e seus frutos, em cachos, são secos e se abrem expondo suas dezenas de
212
tando a conexão que o broto tem com o rizoma, próximo à planta-mãe. Também há mudas de bananeira produzidas em laboratório, oriundas de cultura de tecido (do meristema apical), normalmente em tubetes. Observações: Em sistemas agroflorestais ou para recuperação de áreas degradadas, a bananeira pode e deve ser manejada intensamente com o intuito de produzir biomassa e cobrir o solo, cortando-se a grande maioria dos pseudocaules (“troncos”), ou até mesmos todos, à altura do chão. Algumas variedades de banana como, por exemplo, a prata e o nanicão, adaptam-se bem à sombra e podem continuar produzindo por muitos anos em sistemas agroflorestais manejados para permitir a entrada de luz no sub-bosque. Fontes consultadas : 151
Bixa orellana
sementes vermelhas. Urucu, na língua tupi signica vermelho. Começa a produzir a parr do terceiro ano. Geralmente ocorre ao longo dos rios, da Amazônia à Bahia. Origem: América tropical.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Condições ambientais favoráveis: desenvolve-se bem em temperaturas de 20 a 26 oC, em regiões em que as temperaturas oscilam entre mínima de 15 oC e máxima de 38 oC. Não suporta geadas. Precipitação: de 1200 a 3000 mm. Solos: medianamente férteis, profundos, úmidos e frescos. Tolera encharcamento. Desenvolve-se bem com certo sombreamento. Usos e funções: Suas sementes possuem um pigmento, a bixina, que é ulizado na culinária e na indústria
alimencia como corante chamado colorau. É também ulizado nas indústrias de cosmécos e farmacêuca. Também pode ser usada como produtora de biomassa mediante poda. Responde bem a poda drásca, ao nível do solo.
Observações: Para acelerar a germinação das sementes recomenda-se deixá-las imersas na água por 24 horas.
Foto: Fabiana Peneireiro
Urucum
213
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
EUCALIPTO Caracteríscas: o gênero Eucalyptus, da família Myrtaceae, abarca mais de 700 espécies, Dentre as espécies arbóreas podemos citar algumas das mais plantadas no Brasil: E. camaldulensis, E. citriodora, E. grandis, E. urophyla, E. saligna, E. dunnii, E. urophylla. Há hibridação entre as
espécies. Cada espécie ou híbrido apresenta caracteríscas próprias relavas às suas necessidades edafoclimácas (de clima e solo), e também de tamanho, forma e constuição, o que as diferenciam quanto ao seu potencial de uso. As espécies mais ulizadas são árvores de rápido crescimento. Suas folhas são simples, geralmente lanceoladas, e suas ores têm grande quandade de estames exuberantes, responsáveis pelo poder atravo dos insetos pelas ores. Seus frutos são lenhosos, ligeiramente cônicos, e possuem válvulas que se abrem para dispersar as sementes extremamente pequenas. As espécies mais comuns no Brasil angem de 20 a 60 m de altura.
Eucalyptus spp.
m, com precipitação média anual variando de 250 a 625 mm, e temperaturas de 11 a 35 oC, no entanto, desenvolve-se bem em condições com mais precipitação encontradas no Cerrado e em outros biomas brasileiros. Cada espécie de eucalipto responde diferentemente quanto à pluviosidade, à tolerância à geada, Foto: Henrique Marques
Origem: Austrália e outras ilhas da Oceania. Condições ambientais favoráveis: ocorre naturalmente em áreas de altudes variando entre 30 e 600
214
Eucalipto
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
à deciência hídrica, e à ferlidade do solo. Solos: profundos e bem drenados; não tolera solos rasos. Clima: são espécies adaptadas a longos períodos de seca, que variam de 4 a 8 meses ou mais. Usos e funções: O eucalipto tem múlplos usos e funções, dentre os quais se destacam a madeira para construção civil, toras para serraria, toras para laminação, postes, mourões e estacas, madeira para geração de energia na forma de carvão, biocombusveis ou lenha, ou ainda para celulose ulizada na fabricação de papel. Suas ores são melíferas e suas folhas são ulizadas para ns medicinais, bem como para extração de óleo essencial. Além disso, o eucalipto também pode ser ulizado para produção de biomassa com o intuito de recuperar solos e áreas degradadas, no entanto, para tal, deve ser manejado por meio de podas frequentes e em alta intensidade. Por m, pode ser ulizado ainda para sombreamento e como planta ornamental.
Foto: Henrique Marques
Eucalipto
Cabe ressaltar que as diversas espécies de eucaliptos apresentam caracteríscas especícas que as tornam mais adequadas de acordo com a função que se deseja cumprir e as condições ambientais, conforme resumido a seguir:
215
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
ESPÉCIES DE EUCALIPTO INDICADAS EM FUNÇÃO DO USO:
• CAIXOTARIA: E. dunnii, E. grandis, E. pilularis e E. resinifera. • CONSTRUÇÕES: E. alba, E. bo-
• CELULOSE: E. alba, E. dunnii, E.
tryoides, E. camaldulensis, E. citrio-
globulus, E. grandis, E. saligna, E.
dora, E. cloeziana, E. deglupta, E.
urophylla e E. grandis x E. urophylla
maculata, E. microcorys, E. panicu-
(híbrido).
lata, E. pilularis, E. resinifera, E. ro-
busta, E. terecornis e E. tesselaris.
• LENHA E CARVÃO: E. brassiana, E. camaldulensis, E. citriodora, E.
• DORMENTES: E. botryoides, E. ca-
cloeziana, E. crebra, E. deglupta, E.
maldulensis, E. citriodora, E. cloezia-
exserta, E. globulus, E. grandis, E.
na, E. crebra, E. deglupta, E. exserta,
maculata, E. paniculata, E. pellita,
E. maculata, E. maidenii, E. micro-
E. pilularis, E. saligna, E. terecor -
corys, E. paniculata, E. pilularis, E.
nis, E. tesselaris e E. urophylla.
propinqua, E. punctata, E. robusta e
E. terecornis.
• SERRARIA: E. camaldulensis, E. citriodora, E. cloeziana, E. dunnii, E.
• POSTES: E. camaldulensis, E. ci-
globulus, E. grandis, E. maculata, E.
triodora, E. cloeziana, E. maculata,
maidenii, E. microcorys, E. panicula-
E. maidenii, E. microcorys, E. pani-
ta, E. pilularis, E. propinqua, E. punc-
culata, E. pilularis, E. punctata, E.
tata, E. resinifera, E. robusta, E. sa-
propinqua, E. terecornis e E. resi-
ligna, E. terecornis e E. urophylla.
nifera.
• MÓVEIS: E. camaldulensis, E. ci-
• ESTACAS E MOIRÕES: E. citriodora, E. maculata e E. paniculata.
triodora, E. deglupta, E. dunnii, E.
exserta, E. grandis, E. maculata, E. microcorys, E. paniculata, E. pilula-
• ÓLEOS ESSENCIAIS: E. camaldu-
ris, E. resinifera, E. saligna e E. te-
lensis, E. citriodora, E. exserta, E.
recornis.
globulus, E. smithii, E. salicifolia. e E.
terecornis.
• LAMINAÇÃO: E. botryoides, E.
216
dunnii, E. grandis, E. maculata, E.
• TANINOS: E. camaldulensis, E. ci-
microcorys, E. pilularis, E. robusta, E.
triodora, E. maculata, E. paniculata
saligna e E. terecornis.
e E. smithii.
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
ESPÉCIES DE EUCALIPTO INDICADAS EM FUNÇÃO DO CLIMA:
ESPÉCIES DE EUCALIPTO INDICADAS EM FUNÇÃO DO SOLO:
• ÚMIDO E QUENTE: E. camaldulen-
• ARGILOSOS: E. citriodora, E. clo-
sis, E. deglupta, E. robusta, E. tere -
eziana, E. dunnii, E. grandis, E. ma-
cornis e E. urophylla.
culata, E. paniculata E. pellita, E. pilularis, E. pyrocarpa, E. saligna, e
• ÚMIDO E FRIO: E. botryoides, E.
E. urophylla.
deanei, E. dunnii, E. globulus, E. grandis, E. maidenii, E. paniculata, E. pi-
• TEXTURA MÉDIA: E. citriodora,
lularis, E. propinqua, E. resinifera, E.
E. cloeziana, E. crebra, E. exserta, E.
robusta, E. saligna e E. viminalis.
grandis, E. maculata, E. paniculata, E. pellita, E. pilularis, E. pyrocarpa, E.
• SUBÚMIDO ÚMIDO: E. citriodora, E. grandis, E. saligna, E. terecornis e
saligna, E. terecornis e E. urophylla.
E. urophylla.
• ARENOSOS: E. brassiana, E. camaldulensis, E. deanei, E. dunnii, E.
• SUBÚMIDO SECO: E. camaldulen-
grandis, E. robusta E. saligna, E. tere-
sis, E. citriodora, E. cloeziana, E. macu-
cornis e E. urophylla.
lata, E. pellita, E. pilularis, E. pyrocar-
pa, E. terecornis e E. urophylla.
• HIDROMÓRFICOS: E. robusta.
• SEMIÁRIDO: E. brassiana, E. ca-
• DISTRÓFICOS: E. alba, E. camaldu-
maldulensis, E. crebra, E. exserta, E.
lensis, E. grandis, E. maculata, E. pa-
terecornis e E. tessalaris.
niculata, E. pyrocarpa e E. propinqua.
Fonte: IPEF 2005, disponível em hp://www.ipef.br/idencacao/eucalyptus/indicacoes.asp
Propagação e observações: O eucalipto geralmente é plantado a parr de mudas, feitas por estacas (clone) ou sementes. Se plantado consorciado, espaçado e manejado frequentemente mediante poda, o eucalipto pode ser um excelente aliado dos agriculto-
res e também promove a boa saúde ambiental; ao contrário, se plantado em monoculvo, adensado, pode ser prejudicial ao ambiente. Depois de cortado na base, o eucalipto rebrota, podendo se efetuar outros cortes. Fontes consultadas: 52, 152, 153, 154
217
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
CAPINS Pertencentes à família Poaceae, os capins, por serem plantas do po C4 (cadeia de 4 carbonos no primeiro produto de xação de carbono dessas plantas), apresentam a capacidade de maior aproveitamento da energia solar em fotossíntese mesmo em temperaturas mais altas, diferentemente de outras plantas do po C3 (todas as árvores e a maioria das espécies herbáceas), que paralisam seu metabolismo quando a temperatura é elevada e a luminosidade intensa, condições encontradas frequentemente no Cer-
CAPIM MOMBAÇA Características: variedade do capim colonião, gramínea de crescimento cespitoso (forma touceiras). É altamente produtivo e tolera sombreamento. A zona de raízes acidificada favorece a solubilização de fósforo e outros nutrientes, que são absorvidos e disponibilizados pelo capim. Essa variedade apresenta produção de biomassa de até 130% a mais que o Colonião e até 28% a mais que a Tanzânia. Origem: África.
218
rado e na Caanga. Além disso, há diferentes espécies adaptadas a solos com disntos graus de ferlidade e possuem a caracterísca de solubilizar e disponibilizar nutrientes pouco disponíveis. Sua biomassa, rica em carbono, contribui para aumentar os teores de matéria orgânica no solo, protegendo-o das chuvas torrenciais, da insolação direta e dinamizando a vida do solo. A seguir apresentaremos três espécies-chave de capim indicadas para a conservação aliada à produção no Cerrado.
Panicum maximum
Condições ambientais favoráveis: pluviosidade – entre 800 e 1000 mm anuais porém se adapta bem a condições com pluviosidade maior; temperaturas – entre 15 oC e 35 oC; solos – média a alta ferlidade. Usos e funções: é excelente forragem para o gado (bovino, caprino e ovino), com boa qualidade nutricional e alta produção de biomassa. A biomassa da planta apresenta teores de proteína bruta de 11 a 15%. Uma vez que o capim favorece a disponi-
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Foto: Fabiana Peneireiro
relavamente mais lentamente, permanecendo mais tempo protegendo o solo. Essa proteção mantém a umidade e esmula a vida do solo, criando condições favoráveis para o desenvolvimento das raízes de espécies vegetais associadas à palhada acumulada. Como forragem, pode ser ulizada em pastejo direto ou então oferecida para os animais no cocho. O capim mombaça, por suas raízes potentes, também pode ser ulizado na estabilização de erosão.
Capim Mombaça.
bilidade de fósforo do solo, quando podados ou ingeridos por ruminantes, podem ser importante fonte dos nutrientes para o sistema produvo. Sua biomassa apresenta altos teores de carbono, o que contribui para que a matéria orgânica se decomponha
Propagação e Observações: pode ser mulplicado por meio de sementes. Deve ser ulizado em situações onde possa ser manejado intensamente, seja manual ou mecanicamente, a m de cumprir sua função de produção de biomassa e melhoria das condições de solo sem, no entanto, impedir o surgimento de árvores e arbusto navos, principalmente em APPs. Fontes consultadas: 126, 122, 120
CAPIM ANDROPOGON Características: capim cespitoso, bastante adaptado às condições do Cerrado brasileiro. Da mesma forma como os outros capins, apresenta a característica de solubilizar e disponibilizar nutrientes dos solos pobres, principalmente o fósforo.
Andropogon gayanus
Além disso, sua matéria orgânica rica em carbono, de decomposição bem mais lenta que das leguminosas, permanece por mais tempo protegendo o solo. Origem: África.
219
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
Foto: blog.bioseeds.com.br/andropogon-gayanus-secas-prolongadas
Capim Andropogon.
Condições ambientais favoráveis: desenvolve-se bem a pleno sol, em solos ácidos, e em condições de ferlidade mais baixa que a exigida pelo mombaça e capim elefante; precipitação anual de 1000 a 2000 mm. Usos e funções: é uma boa forragem para o gado (bovino, caprino e ovino) no Cerrado, com qualidade nutricional mediana e alta produção de biomassa. Uma vez que o capim favorece a disponibilidade de fósforo do solo, quando podados ou ingeridos por ruminantes, podem ser importante fonte dos nutrientes para o sistema produvo. Sua biomassa apresenta altos teores de carbono, o que contribui para que a matéria orgânica se decomponha relavamente mais lentamente, per-
220
manecendo mais tempo protegendo o solo. Essa proteção mantém a umidade e esmula a vida do solo, criando condições favoráveis para o desenvolvimento das raízes de espécies vegetais associadas à palhada acumulada. Como forragem, pode ser ulizada principalmente em pastejo direto. Propagação e observações: pode ser mulplicado por meio de sementes. Deve ser ulizado em situações onde possa ser manejado intensamente, seja manual ou mecanicamente, a m de cumprir sua função de produção de biomassa e melhoria das condições de solo sem, no entanto, impedir o surgimento de árvores e arbusto navos, principalmente em APPs. Fontes consultadas: 126, 122, 111
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
CAPIM ELEFANTE Caracteríscas: trata-se de uma variedade de napier, gramínea perene, de hábito cespitoso, e apresenta folhas largas e colmos grossos. Origem: África. Condições ambientais favoráveis: cresce exuberantemente em condições tropicais, pluviosidade – entre 800 e 4000 mm anuais; temperaturas de 18 a 30oC. É exigente em solos com média a alta ferlidade, bem drenados, e não tolera solos ácidos ricos em alumínio, no entanto, também produz quandades signicavas de biomassa em solos arenosos com baixa ferlidade. É altamente produvo e se desenvolve bem a pleno sol. Sua rizosfera acidicada favorece a solubilização de fósforo e outros nutrientes, que são absorvidos e disponibilizados pelo capim.
Pennisetum purpureum cv. Napier
fonte dos nutrientes para o sistema produvo. Sua biomassa apresenta altos teores de carbono, o que contribui para que a matéria orgânica se decomponha relavamente mais lentamente, permanecendo mais tempo protegendo o solo. Essa proteção mantém a umidade e esmula a vida Foto: Fabiana Peneireiro
Usos e funções: o capim elefante, assim como o capim mombaça, é excelente forragem para o gado (bovino, caprino e ovino), com boa qualidade nutricional e alta produção de biomassa. Uma vez que o capim favorece a disponibilidade de fósforo do solo, quando podados ou ingeridos por ruminantes, podem ser importante Capim Elefante.
221
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
do solo, criando condições favoráveis para o desenvolvimento das raízes de espécies vegetais associadas à palhapalhada acumulada. Como forragem, o caca pim pode ser ulizado em pastejo didireto ou então plantado em capineiras e oferecido para os animais, triturado, no cocho. Pode ainda ser armazenado na forma de silagem. O capim elefante, por seu porte, pode ser usado ainda como quebra-vento e por suas raízes potentes, na estabilização de erosão, inclusive em encostas e barrancos de córregos ameaçados pela degradação. O capim napier triturado pode ser exexcelente cobertura para canteiros agroagro orestais com hortaliças. Propagação e observações: a propagapropagação do capim elefante é feita por meio vegetavo, plantando-se seus colmos (estacas), como cana, em valas, ou enterrados, aos pedaços, inclinados. Recomenda-se que seu corte seja rere-
222
alizado rente ao chão para que as gegemas basais possam brotar. Deve ser ulizado em situações onde possa ser manejado intensamente, seja manual ou mecanicamente, a m de cumprir sua função de produção de biomassa e melhoria das condições de solo sem, no entanto, impedir o surgimento e desenvolvimento desenvolviment o de espécies navas e culvadas, principalmente em APPs. O capim elefante dicilmente se propaga por sementes portanto não apresenapresenta risco de se tornar espécie invasora. Fontes consultadas: 126, 122, 79
A seguir, apresentamos uma lista de esespécies de uso múlplo sugeridas para o Cerrado e a Caanga, escolhidas a parr dos critérios e das caracteríscas descritos na seção 4.2 Seleção de espécies. Esta lista não pretende ser exaus exaus-va e, sim, um ponto de parda para o planejamento de SAFs, já que existem muitas outras espécies importantes.
Foto: Andrew Miccolis
223
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
QUADRO 1. LISTA GERAL DE ESPÉCIES INDICADAS PARA RESTAURAÇÃO NO CERRADO E CAATINGA, SUAS CARAC Estrato*
Boa produtora de biomassa
Alimento humano
perene
alto
sim
sim
baixa-média
a nu a l
baixo
não
sim
Curcubitapepo
média
semestral
baixo ba
sim
sim
MalpighiaglabraL.
média
perene
alto
nã o
sim
Agavespp.
baixa
perene
baixo
sim
não
Prosopisjuliora
baixa
perene
alto
sim
sim
MorusnigraL.
média
perene
médio
sim
sim
Andropogongayanus
baixa
perene
alto
sim
não
Anadenantheracolubrina
baixa-média
perene
emergente
sim
nã o
Piptadeniaobliqua
baixa
perene
alto
sim
nã o
Araruta
Marantaarundinacea
alta
perene
baixo
Não
sim
Aroeira
Myracrodruonurundeuva
alta
perene
alto
nã o
nã o
Bacaba
Oenocarpusbacaba
alta
perene
alto
Sim
sim
Cheilocliniumcognatum
alta
perene
alto
nã o
sim
Musaparadisiaca
alta
perene
médio
sim
sim
Dipteryxalata
média
perene
alto
nã o
sim
Ipomoeabatatas
média-alta
a n ua l
baixo
nã o
sim
Rolliniamucosa
média
perene
alto
sim
sim
Braquiária
Brachiariabrizantha
baixa
perene
alto
sim
nã o
Braúna
Melanoxylonbrauna
baixa
perene
alto
nã o
nã o
Braúna do sertão ou pau preto
Schinopsisbrasiliensis
média
perene
alto
nã o
não
Buri
Mauriaexuosa
média-alta
perene
alto
nã o
sim
Café
Coeaspp
alta
perene
baixo
nã o
sim
Spondiasmombin
média
perene
médio
nã o
sim
Anacardiumoccidentale
média
perene
emergente
nã o
sim
Sennaspectabilis
média
perene
alto
sim
não
Pennisetumpurpureum
média
perene
alto
sim
não
Myrsine(ex-Rapanea)guianensis
baixo
perene
alto
nã o
nã o
Carnaúba
Coperniciaprunifera
alta
perene
emergente
nã o
sim
Carvoeiro
Tachigalivulgaris(ex-Sclerolobium paniculatum)
baixa
perene
alto
sim
nã o
Caesalpiniapyramidalis
baixa
perene
médio
sim
nã o
Cedrelassilis
média
perene
alto
nã o
não
Nome cienco
Exigência por ferlidade
Ciclo de vida
Abacate
Perseaamericana
alta
Abacaxi
Ananasspp.
Nome popular
Abóbora de rama Acerola Agave Algaroba Amora Andropogon Angico Angico de bezerro
Bacupari da mata Banana Barú Batata doce Biribá
Cajá mirim Caju Canastula Capim elefante Capororoca
Cangueira Cedro
224
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
TERÍSTICAS E PRINCIPAIS FUNÇÕES Forrageira
Potencial madeireiro
Potencial Medicinal
Potencial de renda e mercado
Ocorrência predominante/ bioma indicado
sim
nã o
nã o
sim
sim
Cerrado
sim
nã o
nã o
sim
sim
Cerrado/Caanga
sim
nã o
nã o
nã o
sim
Cerrado/Caanga
sim
nã o
nã o
nã o
sim
Cerrado/Caanga
sim
sim
nã o
nã o
sim
Cerrado/Caanga
sim
sim
nã o
sim
sim
sim
sim
nã o
sim
sim
Cerrado
nã o
sim
nã o
nã o
nã o
Cerrado
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
nã o
sim
nã o
sim
sim
sim
nã o
sim
sim
sim
sim
sim
nã o
sim
sim
Cerrado
sim
nã o
sim
nã o
não
Cerrado
sim
sim
nã o
nã o
sim
Cerrado
sim
nã o
sim
nã o
sim
Cerrado
nã o
nã o
nã o
nã o
sim
sim
sim
sim
sim
sim
Cerrado
nã o
sim
nã o
nã o
nã o
Cerrado
sim
nã o
sim
sim
não
sim
nã o
sim
sim
sim
sim
sim
nã o
sim
sim
Cerrado
sim
nã o
nã o
sim
sim
Cerrado
sim
sim
nã o
nã o
sim
Cerrado/Caanga
sim
nã o
nã o
sim
sim
Cerrado/Caanga
sim
nã o
sim
nã o
não
Cerrado/Caanga
nã o
sim
nã o
nã o
nã o
Cerrado
sim
nã o
nã o
nã o
nã o
Cerrado
sim
sim
nã o
sim
sim
sim
nã o
sim
nã o
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
Atração de fauna e Atração polinizadores
Caanga
Cerrado/Caanga
Caanga Cerrado
Cerrado/Caanga
Cerrado/Caanga
Cerrado/Caanga
Caanga
Caanga Cerrado
Caanga Cerrado
225
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
QUADRO 1. LISTA GERAL DE ESPÉCIES INDICADAS PARA RESTAURAÇÃO NO CERRADO E CAATINGA, SUAS CARAC Estrato*
Boa produtora de biomassa
Alimento humano
emergente
sim
nã o
alto
nã o
não
emergente
sim
nã o
baixo
nã o
sim
emergente
nã o
nã o
perene
alto
nã o
não
média
perene
alto
sim
não
Acaciaglomerosa
média
perene
médio
sim
nã o
Eslozantes
Stylosantessp.
baixa
perene
baixo
sim
não
Eucalipto
Eucaliptussp.
média
perene
emergente
sim
nã o
Faveleira
Cnidoscolusphyllacanthus
b aixa ba
perene
médio
sim
sim
Parkiaplatycephala
média
perene
alto
sim
não
Canavaliabrasiliensis
baixa
bianual
alto
não
nã o
Feijão de corda
Phaseolusvulgaris
média
anual
baixo
nã o
sim
Feijão de porco
Canavaliaensiformis
baixa
a n ua l
baixo
sim
nã o
Feijão guandu
Cajanuscajan
média
bianual
alto
sim
sim
Gengibre
Zingiberocinale
média
perene
baixo
não
sim
Gliricídia
Gliricidiasepium
alta
perene
alto
sim
nã o
PsidiumguajavaL.
média
perene
alto
nã o
sim
Vochysiapyramidalis
média
Perene
mé m édioalto
sim
Não
Astroniumfraxinifolium
baixa
perene
alto
nã o
nã o
Graviola
Annonamuricata
alta
perene
alto
nã o
sim
Gueroba
Syagrusoleracea
baixa
perene
alto
nã o
sim
Aaleaapoda
média
perene
alto
nã o
sim
Ingá de metro
Ingaedulis
média
perene
alto
sim
sim
Ingá mirim
Inganobilis
baixa
perene
alto
sim
sim
Colocasiaesculenta
alta
a nu a l
baixo
Não
sim
Handroanthusserrafolius
média
perene
alto
nã o
não
Handroanthusimpeginosus
média
perene
emergente
nã o
nã o
Piperhispidum
alta
bianual
baixo
sim
Sim
Artocarpusallis
média
perene
alto
sim
sim
Hymenaeacourbaril
baixa
perene
emergente
nã o
sim
Nome cienco
Exigência por ferlidade
Ciclo de vida
Meliaazedarach
baixa
perene
Copaiferalangsdori
média
perene
Crotalária
Crotalariasp.
média
anual
Cúrcuma
Curcumalonga
média
anual
Embaúba
Cecropiaspp
baixa-média
perene
Embiruçu
Pseudobombaxtomentosum
média mé
Amburanacearensis
Nome popular Cinamomo Copaíba
Emburana-de-cheiro Espinheiro
Faveira Feijão bravo
Goiaba Gomeira Gonçalo alves
Indaiá
Inhame Ipê amarelo Ipê roxo Jaborandi Jaca Jatobá
226
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
TERÍSTICAS E PRINCIPAIS FUNÇÕES Forrageira
Potencial madeireiro
Potencial Medicinal
Potencial de renda e mercado
Ocorrência predominante/ bioma indicado
sim
sim
sim
sim
sim
Cerrado
sim
não
sim
sim
sim
Cerrado/Caanga
sim
não
não
sim
sim
Cerrado/Caanga
não
não
não
sim
sim
Cerrado
sim
não
não
sim
não
Cerrado
Sim
não
não
sim
não
Cerrado/Caanga
sim
não
sim
sim
sim
Cerrado/Caanga
sim
não
sim
Sim
não
Cerrado/Caanga
sim
sim
não
Não
sim
Cerrado
sim
não
sim
Sim
Sim
Cerrado
sim
sim
não
Sim
sim
Caanga
sim
sim
não
Não
não
Caanga
sim
sim
não
Não
não
Cerrado/Caanga
sim
sim
não
Sim
sim
Cerrado/Caanga
sim
sim
não
Não
sim
Cerrado/Caanga
sim
sim
não
Sim
sim
Cerrado/Caanga
não
não
não
Sim
sim
Cerrado/Caanga
sim
sim
não
Sim
não
Cerrado/Caanga
sim
não
sim
Sim
sim
Cerrado
Sim
Não
Sim
Não
Não
Cerrado
sim
não
sim
Sim
sim
Cerrado
sim
não
não
sim
sim
sim
não
não
não
sim
Cerrado
sim
não
não
sim
não
Cerrado
sim
sim
não
sim
não
Cerrado
sim
sim
sim
sim
não
Cerrado/Caanga
não
não
não
sim
sim
Cerrado/caanga
sim
não
sim
sim
sim
sim
não
sim
sim
sim
Sim
Não
não
sim
sim
sim
não
sim
não
sim
Cerrado/Caanga
sim
não
sim
sim
sim
Cerrado/Caanga
Atração de fauna e polinizadores
Cerrado/caanga
Cerrado
Cerrado/Caanga Cerrado
227
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
QUADRO 1. LISTA GERAL DE ESPÉCIES INDICADAS PARA RESTAURAÇÃO NO CERRADO E CAATINGA, SUAS CARAC Estrato*
Boa produtora de biomassa
Alimento humano
perene
alto
não
sim
média
anual
alto
não
Sim
Zizyphusjoazeiro
baixa
perene
alto
sim
sim
Caesalpiniaférrea
baixa
perene
médio
sim
não
Euterpeedulis
alta
perene
alto
não
sim
Piptadeniaspulacea
média
perene
alto
não
não
Mimosatenuiora
média
perene
alto
não
não
Landim
Calophyllumbrasiliense
média
perene
alto
não
não
Leucena
Leucaenaleucocephala
média
perene
alto
sim
não
Lichia
Litchichinensis
alta
perene
médio
sim
sim
Licuri
Syagruscoronata
média
perene
emergente
não
sim
Lixeira
Curatellaamericana
baixa
perene
médio
não
sim
Lobeira
Solanumeryanthum
média
perene
médio
não
sim
Macaúba
Acrocomiaaculeata
média
perene
alto
não
sim
Caricapapaya
alta
bianual
emergente
não
sim
Mamona
Ricinuscommunis
média
perene
emergente
sim
não
Mamoninha ou melzinho
Mabeastulifera
baixa
perene
médio
sim
não
Mamoninha-do-mato
Esenbeckiafebrifuga
média
perene
médio
não
Jaracaacorumbensis
Alta
perene
alto
não
sim
Mandacaru
Cereusjamacaru
média
perene
alto
sim
sim
Mandiocão
Scheeramorototoni
média
perene
emergente
sim
não
Mangiferaindica
média
perene
altoz
sim
sim
Mangaba
Hancorniaspeciosa
baixa
perene
alto
não
sim
Maniçoba
Manihotglaziovii
média
perene
alto
sim
não
Maracujá do Cerrado
Passioracincinnata
média
bianual
alto
não
sim
Margaridão
Tithoniadiversifolia
média
perene
alto
sim
não
Marmelada
Aliberamacrophylla
baixa
perene
médio
não
sim
Marmeleiro
Crotonsonderianus
baixa
perene
médio
sim
sim
Cucumisanguria
média
anual
rasteiro
não
sim
Mirindiba
Buchenaviatomentosa
baixa
perene
alto
não
sim
Mogno
Swieteniamacrophylla
alta
perene
alto
não
não
Panicummaximum
média
perene
médio
sim
não
Nome cienco
Exigência por ferlidade
Ciclo de vida
Genipaamericana
média
Solanumgilo
Juazeiro Jucá
Nome popular Jenipapo Jiló
Juçara mirim Jurema branca Jurema preta
Mamão
Mamuí ou Jaracaá
Manga
Maxixe
Mombaça
228
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
TERÍSTICAS E PRINCIPAIS FUNÇÕES Forrageira
Potencial madeireiro
Potencial Medicinal
Potencial de renda e mercado
sim
não
sim
sim
sim
Cerrado/Caanga
sim
não
não
sim
sim
Cerrado/Caanga
sim
sim
não
sim
sim
Caanga
sim
sim
sim
sim
sim
Caanga
sim
não
não
não
sim
sim
não
sim
sim
não
Caanga
sim
não
sim
sim
não
Caanga
sim
não
sim
Sim
sim
sim
sim
não
sim
não
sim
não
não
não
sim
sim
não
não
sim
sim
sim
não
não
sim
não
Cerrado
sim
não
não
sim
não
Cerrado
sim
sim
sim
sim
sim
Cerrado
sim
não
não
sim
sim
Cerrado
sim
não
não
sim
sim
sim
sim
não
não
não
Atração de fauna e polinizadores
Ocorrência predominante/ bioma indicado
Cerrado
Cerrado
Cerrado/Caanga Cerrado
Cerrado/Caanga
Cerrado/Caanga Cerrado
sim
Cerrado
sim
não
não
sim
sim
não
não
sim
sim
sim
sim
sim
Cerrado/Caanga
Caanga Cerrado
sim
não
não
não
sim
Cerrado/Caanga
sim
não
não
sim
sim
Cerrado/Caanga
sim
sim
não
não
não
sim
não
Não
sim
sim
Cerrado
sim
sim
Não
sim
não
Cerrado
sim
não
Sim
sim
sim
Cerrado
sim
sim
sim
sim
sim
não
não
não
sim
sim
sim
sim não
sim sim
não
sim
Caanga
Caanga
sim
Cerrado/Caanga
sim
Cerrado
sim
Cerrado Cerrado
229
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
QUADRO 1. LISTA GERAL DE ESPÉCIES INDICADAS PARA RESTAURAÇÃO NO CERRADO E CAATINGA, SUAS CARAC Estrato*
Boa produtora de biomassa
Alimento humano
perene
alto
sim
sim
média
anual
alto
sim
não
Erythrinaveluna
baixa-média
perene
alto
sim
não
Byrsonimasp
baixa
perene
médio
não
sim
Guazumaulmifolia
média
perene
alto
sim
não
Licaniarigida
média
perene
médio
sim
sim
Pajeú
Triplarisgardneriana
média
perene
médio
sim
não
Palma forrageira
Opunacus-indica
média
perene
médio
sim
sim
Pau-pombo
Tapiriraobtusa
alta
perene
alto
sim
não
Pepino caipira
Cucumissavus
média
anual
baixo
não
sim
Caryocarbrasiliense
média
perene
alto
não
sim
Tremamicrantha
baixa
perene
alto
sim
não
Xylopiaaromaca
média
perene
alto
sim
sim
Magnoliaovata
média
perene
alto
sim
não
Mouririsp.
baixa
perene
médio
não
sim
Bactrisgasipaes
média
perene
emergente
não
sim
Quaresmeira
Tibouchinacandolleana
média
perene
alto
sim
não
Sangra-d’água
Crotonurucurana
média
perene
alto
não
não
Mimosacaesalpiniaefolia
baixa
perene
alto
sim
não
Manilkarazapota
média
perene
médio
não
sim
Agavesisalana
baixa
perene
baixo
sim
não
Sorgo
Sorghumsp.
média
anual
alto
sim
não
Taioba
Xanthosomasagifolium
média/alta
perene
baixo
sim
sim
Enterolobiumspp.
média
perene
alto
não
não
Magoniapubescens
baixa
perene
alto
não
não
Solanumlycopersicum
média
anual
médio
não
sim
Turco
Parkinsoniaaculeata
média
perene
baixo a médio
sim
não
Umbu
Spondiastuberosa
média
perene
médio
não
sim
Bixaorellana
média
perene
médio
sim
sim
Sterculiastriata
média
perene
emergente
não
sim
média
perene
baixo
sim
não
Nome cienco
Exigência por ferlidade
Ciclo de vida
Moringa
Moringaoleífera
alta
Mucuna
Mucunasp.
Mulungu
Nome popular
Murici Mutamba Oicica
Pequi Periquiteira Pimenta de macaco Pinha do brejo Puçá Pupunha
Sansão do campo Sapo Sisal
Tamboril Tingui Tomate cereja
Urucum Xixá Xique-xique
Pilosocereusgounellei
* Estrato se refere à necessidade de luz na fase adulta Fontes Consultadas:
230
23, 44, 53, 68, 118, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162
OPÇÕES DE SAFs PARA DIFERENTES CONTEXTOS
TERÍSTICAS E PRINCIPAIS FUNÇÕES Potencial de renda e mercado
Atração de fauna e polinizadores
Forrageira
Potencial madeireiro
sim
sim
não
sim
sim
não
sim
sim
sim
sim
sim
sim
não
não
sim
não
sim
sim
sim
sim
Potencial Medicinal
não
Ocorrência predominante/ bioma indicado
Cerrado/Caanga
não
Cerrado/Caanga
Caanga Cerrado Cerrado
não
Caanga
sim
não
sim
não
sim
Caanga
sim
sim
não
sim
não
Caanga
sim
não
não
não
não
sim
não
não
sim
sim
sim
não
sim
sim
sim
Cerrado
sim
sim
sim
sim
Cerrado
sim
não
não
não
Cerrado
sim
Cerrado
Cerrado/Caanga
sim
Cerrado
sim
Cerrado
sim
não
não
não
sim
Cerrado
sim
não
não
sim
não
Cerrado
sim
Não
sim
sim
Não
Cerrado
sim
sim
sim
sim
sim
não
sim
sim
Caanga
sim
não
não
sim
Caanga
sim
sim
não
não
não
não
sim
não
não
sim
Cerrado
sim
sim
sim
sim
sim
Cerrado
sim
não
sim
sim
sim
Cerrado
sim
não
não
não
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
não
não
sim
sim
sim
não
não
sim
sim
sim
não
sim
sim
sim
não
Caanga/Cerrado
Cerrado/Caanga
Cerrado/Caanga Caanga
Caanga Cerrado Cerrado
sim
não
Caanga
231
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
PARTE 2
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ
232
2 REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL E T R A P
ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
233
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
6. ÁREAS DE CONSERVAÇÃO E SAFs NA LEGISLAÇÃO O nova Lei Florestal (lei 12.651/2012)21, também conhecida como Novo Código Florestal, retoma instrumentos de preservação e conservação como as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal (RL) tratados no Código Florestal de 1965 (lei no 4.771/1965), e traz a possibilidade de introduzir sisemas agrooresais nessas áreas, para recomposição de RL e APP, em propriedades com até quatro módulos scais, como aiae e baixo impaco e base comuniária e familiar. Uma
série de mudanças vieram com a aprovação dessa nova lei, no seno e promoer a regularizao e passivos ambientais para quem ocupa terras rurais no Brasil. A inscrição no Cadastro Ambiental Rural – CAR rouxe a possibiliae ao proprieário ou possuior que enha passivo ambiental aderirem ao Programa de Regularização Ambiental – PRA e assim, mediante a assinatura de um ermo e compromisso, carem isenos e auuao por infraões comeas anes e 22 e julho e 2008, relaas à supresso irregular e vegetação em APP, RL e também nas Áreas de Uso Restrito (AURs). Para tal, a proposa feia pelo écnico ou agriculor só poerá ser implemenaa após a aprovação do PRA pelo órgão ambiental.
234
POR QUE A DATA DE JULHO DE 2008? Foi nesta data que entrou em vigor o Decreto 6.514 que regulamentou as regras estabelecias na Lei 9.605/98, mais conhecida como a Lei de Crimes Ambientais. Com relação aos percentuais de RL e APPs a serem manas com egeao naa, uma noa mérica foi incorporada em virtude da implantao e um noo regime juríico relao às áreas consoliaas (áreas com ocupação antrópica anterior a 22 de julho e 2008 – aa a promulgao da Lei de Crimes Ambientais). Essa mérica faoreceu, principalmene, os detentores de pequena propriedade ou posse rural familiar, reuzino em algumas siuaões as áreas a serem manas como APP e RL, e possibiliano a connuiae as aiaes e explorao agrooresal66.
Os agriculores familiares, pequenos proprieários e as comunidades tradicionais terão apoio para realizar o cadastramento de sua propriedade no Sistema de Cadastro Ambiental Rural. Para saber mais consulte o site do SICAR: www.car.gov.br
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
Além isso, muios incenos foram oferecios com a noa lei a m e esmular os agriculores a cumprirem a legislação, como a compensação de passios ambienais ulizano as Cotas de Reserva Ambiental – CRAs, os Pagamentos por Serviços Ambientais e, ainda, a possibilidade de retorno econômico com o manejo e recursos oresais maeireiros e no madeireiros. O uso e Sisemas Agrooresais (SAF) é mencionado pela nova Lei Florestal em ários os seus isposios, enre eles eso algumas as siuaões lisaas abaixo: • Como uma aiae eenual ou e baixo impaco ambienal, quano a explorao agrooresal for comuniária ou familiar, incluino a exrao e prouos oresais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegeal naa exisene nem prejuiquem a funo ambienal a área; • Nas áreas e uso resrio e inclinação entre 25° e 45°, onde é permio o exercício e aiaes agrossilipasoris; • Nas áreas consoliaas em APP é auorizaa, exclusiamene, a connuiae as aiaes agrossilvipastoris e, quando se trata da recomposio, é permio o plano intercalado de espécies lenhosas, perenes ou e ciclo longo, exócas com naas e ocorrência regional, em até 50% (cinquenta por cento)
a área oal a ser recomposa para os imóveis que se enquadram na descrição de pequena propriedade ou posse rural familiar; • Nas áreas consoliaas em RL, é possíel o proprieário ou possuidor regularizar o seu imóvel adotando a recomposição com o plano e espécies exócas combinao com as espécies naas e ocorrência regional. O plano e espécies exócas eerá ser combinao com as espécies naas e ocorrência regional, ese que as espécies exócas no exceam a 50% (cinquena por ceno) a área total a ser recuperada. • Nas áreas e APP e: a) encosas com declividade superior a 45 o; b) boras os abuleiros ou chapaas; c) topo de morros, montes, montanhas e serras, com alura mínima de 100 (cem) metros e inclinação méia maior que 25° e ) áreas em alue superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a egeao, é amia a manueno e aiaes oresais, culturas de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, bem como a infraesruura sica associaa ao esenolimeno e aiaes agrossilvipastoris, porém proibida a conerso e noas áreas para uso alernao o solo. No entanto, apesar da nova Lei Floresal lisar uma série e siuaões one é possíel o uso e SAF, aina
235
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
fala a regulamenao sobre o seu uso para resaurar áreas e APP, no caso e agriculores familiares, e e Reserva Legal, no caso de agricultores de médio e grande porte, o que gera insegurança tanto para os agricultores quano para os écnicos e scais sobre como interpretar as novas normas gerais. Portanto, esta situação limitou na práca a sua ulizao, ao inibir os técnicos de recomendar e também os agricultores de adotar SAFs nesas áreas. Para resaurar APPs e RLs, conforme exige a noa Lei Floresal, é preciso superar a fala e conhecimeno sobre os cusos e benecios a resaurao oresal, além e esenvolver regras claras sobre quais espécies econômicas podem ser plantadas e que contribuem para gerar renda aicional, e moo a foralecer os modos de vida dos agricultores 66.
6.1 QUAL A IMPORTÂNCIA DA APP E RL? A Reserva Legal e as Áreas de Preserao Permanene, insuías pelo Código Florestal, são espaços especialmente protegidos de relevante funo socioambienal, consieraos essenciais ao uso susenáel os recursos naurais, à conserao e à reabiliao os processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proeo a fauna e ora naas. A egeao naa garane à população serviços ambientais que são essenciais para a nossa sobreiência.
236
Na nova lei, permaneceu a necessidae e maner as áreas enominaas de Áreas de Preservação Permanente, que so as áreas no enorno e rios, veredas, lagos e nascentes, topos de morro, áreas com ala ecliiae, entre outras. A vegetação situada nessas faixas e proeo em um imporane papel tanto para proteger e manter os recursos híricos, como para conservar a diversidade de espécies de planas e animais que nela exisem, bem como para prestar serviços ambienais. Essas áreas ajuam a conrolar a erosão do solo e reduzir a poluição os cursos ’água, além e funcionarem como refúgio para os animais e planas, formano correores ecológicos e interligando os remanescentes e egeao naa. Esses correores são essenciais para que os animais transitem e se reproduzam, carregando pólen e sementes e mantendo o uxo gênico a bioiersiae enre as áreas e egeao naa. Apesar da obrigatoriedade de restaurao nas áreas e APP, a inereno ou supresso a egeao naa poerá ocorrer nas hipóeses e uliae pública, e ineresse social ou e baixo impacto ambiental que são listadas no art. 3º do novo Código Florestal, a exemplo o que já foi mencionao, ou seja, a explorao agrooresal e base comuniária e e agriculores familiares.
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
DICAS PRÁTICAS
APP NA CAATINGA Na Caanga a APP é jusamene a beira e riacho, que é a erra que a gene mais usa pra planar, que é mais frio, mais fresco, eno emos que conciliar. O goerno iz que em que eixar lá a naureza omar cona, mas emos que comer ali, eno como conciliar? A ieia que á ano cero na regio o lioral é a agrooresa, que é planar a agriculura enro o mao. Na área longe a renagem só a palma mesmo inga, e esse capim que nasceu aí, capim buel (Cenchrus ciliarisque )”. José Moacir dos Santos –InstutoRegionaldaPequenaAgropecuária
Apropriada–IRPAA–Juazeiro–BA
Oura regra imporane que foi mana iz respeio ao percenual mínimo e área no inerior as proprieaes com a atribuição de preservar uma parte da vegetação natural, conhecida como Reserva Legal. A porção da propriedae esnaa à RL aria e acoro com o bioma e a regio one esá siuaa a proprieae. Muios proprieários aina não entendem que manter a vegetação naa enro a sua área e prouo é basane anajoso e proporciona inúmeros benecios econômicos e ambien-
DICAS PRÁTICAS
ais. Por exemplo, a bioiersiae os ecossistemas locais contribui para equilibrar populaões e “pragas” na agriculura, pois há preaores naurais como pássaros, anbios, inseos, aranhas e mamíferos que se alimenam os inseos que poem causar anos aos planos. Sendo assim, tanto as APPs como RLs so espaos exremamene imporantes para a manutenção dos recursos naturais e provisão de serviços ambientais funamenais para os seres humanos.
NO POLICULTIVO NÃO TEMOS TANTOS PROBLEMAS COM PRAGAS Uma coisa que é ineressane numa área como essa é a queso as pragas, por exemplo: se ocê er uma área com uma plana só, se em uma espécie e praga ou lagara, ou o que seja, come uo, mas se ocê er árias arieaes, aconece que ela come um po e plana, mais já no come ouro. A palma tem uma praga própria dela, mas na região tem muito pouco. É uma “lênia branca” (cochonilha) que ela em. No policulo ela é rara, porém, em áreas e monoculo ela é bem comum, e causa granes prejuízos. José – TécnicodaEscolaFamíliaAgricoladoSertão–EFASE–MonteSanto–BA
237
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
6.2 O QUE MUDOU NA LEI PARA OS AGRICULTORES FAMILIARES? A nova Lei Florestal traz um tratameno especial à agriculura familiar, que ganhou capíulo próprio, o qual apresena a possibiliae o poer público incluir medidas indutoras e linhas e nanciameno para aener, prioritariamente, os imóveis pertencentes à agriculura familiar nas iniciaas e implanao e sisemas agroorestais e agrossilvipastoris, além de ouras iniciaas como a própria recuperao as áreas e APP e RL. O
processo de regularização ambiental também passou a ter procedimentos simplicaos e criérios iferenciaos, como, por exemplo, o regisro grauio a RL, eeno o poer público presar apoio écnico e juríico, e proceimeno simplicao para a realizao o CAR. Ese raameno foi esenio às proprieaes e posses rurais com aé 4 (quaro) móulos scais que esenolam aiaes agrossilipasoris, às erras inígenas emarcaas e às emais áreas ulaas e poos e comuniaes raicionais que faam uso coleo o seu erriório.
PEQUENA PROPRIEDADE OU POSSE RURAL FAMILIAR Conforme o Noo Cóigo Floresal, a pequena proprieae ou posso rural familiar é aquela exploraa meiane o rabalho pessoal o agriculor familiar e empreeneor familiar rural, incluino os assenamenos e pro jeos e reforma agrária, e que aena aos requisios isposo no ar. 3º a Lei 11.326 e 2006, como por exemplo, no possuir área maior o que 4 (quaro) móulos scais. Foto: Henrique Marques
O QUE É O MÓDULO FISCAL? No Brasil, o móulo scal é uma uniae e meia agrária, expressa em hectares, que aria e é xaa para caa município, poeno ser e 5 a 110 hecares, epeneno as aidades econômicas desenvolvidas e a renda que se pode obter com elas no município. No caso e alguns municí pios situados no Cerrado, um proprieário e 4 móulos scais poe chegar a er 400 ha e na Caanga aé 260 ha.
238
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
O NOVO CÓDIGO FLORESTAL CLASSIFICA OS IMÓVEIS RURAIS COMO: • Pequena proprieae – o imóel e área inferior ou igual a 4 (quaro) móulos scais, incluino as posses rurais, as erras inígenas e as áreas de povos e comunidades tradicionais. • Méia proprieae – o imóel rural e área superior a 4 (quaro) e aé 15 (quinze) móulos scais; • Grane proprieae – o imóel rural e área superior 15 (quinze) móulos scais. Enconre aqui o amanho o móulo scal o seu município: hp://goo.gl/JNjaKI A nova legislação e seus regulamentos conêm iersos conceios e ermos que são importantes para interpretação
as normas na práca, alguns os quais eso resumios na caixa e exo que segue.
CONCEITOS E DEFINIÇÕES RELACIONADOS A SAFs NO CÓDIGO FLORESTAL ÁREA dE PRESERvAçãO PERMANENtE APP: área proegia, cobera ou no por egeao naa, com a funo ambienal e preserar os recursos híricos, a paisagem, a esabiliae geológica e a bioiersiae, faciliar o uxo gênico e fauna e ora, proeger o solo e assegurar o bem -esar as populaões humanas. ÁREA RURAL CONSOLIDADA: área e imóel rural com ocupao anrópica preexisene a 22 e julho e 2008, com eicaões, benfeiorias ou aiaes agrossilipasoris, amia, nese úlmo caso, a aoo o regime e pousio; ÁREA DEGRADADA: área que se enconra aleraa, em funo e impaco antrópico, sem capacidade de regeneração natural. ÁREA ALTERADA: área que, após o impaco, aina maném a capaciae de regeneração natural. ATIVIDADES AGROSSILVIPASTORIS: so as aiaes esenolias em conjuno ou isolaamene, relaas à agriculura, à aquiculura, à pecuária, à siliculura e emais formas e explorao e manejo a fauna e a ora, esnaas ao uso econômico, à preserao e à conserao os recursos naurais renoáeis (IN 02 MMA/2014) 20.
239
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
RESERvA LEGAL RL: área localizaa no inerior e uma proprieae ou posse rural, com a funo e assegurar o uso econômico e moo susenáel os recursos naurais o imóel rural, auxiliar a conserao e a reabiliao dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proeo e fauna silesre e a ora naa. SISTEMA AGROFLORESTAL: sistema de uso e ocupação do solo em que planas lenhosas perenes so manejaas em associao com planas herbáceas, arbusas, arbóreas, culuras agrícolas, forrageiras em uma mesma uniae e manejo, e acoro com arranjo espacial e emporal, com ala iersiae e espécies e ineraões enre eses componenes. MANEJO SUStENtÁvEL: administração da vegetação natural para a obeno e benecios econômicos, sociais e ambienais, respeiano-se os mecanismos e susenao o ecossisema objeo o manejo e consierano-se, cumulaa ou alernaamene, a ulizao e múlplas espécies maeireiras ou no, e múlplos prouos e subprouos a ora, bem como a ulizao e ouros bens e serios.
6.3 RECOMENDAÇÕES PARA REGULAMENTAÇÃO DA LEI FLORESTAL NO BRASIL Embora o Novo Código Florestal tenha inserio os sisemas agroorestais como parte dos processos de restauração e conservação dos recursos naurais, ele no ene como iso ee ocorrer em iferenes conexos e momenos. Ou seja, no eermina como, onde e quando o ser humano pode e deve intervir, como equilibrar as funões ambienais e sociais no níel a proprieae e a paisagem. Para isso, os estados devem desenvolver normas que regulamentem as regras insuías na noa lei.
240
Enquanto este processo não se conclui, as ineniões eixam margem para inerpreaões por pare e écnicos, agriculores e gesores públicos quano à priorizao e enio as áreas que devem ser restauradas e/ou conservadas. No processo de regulamentação da Lei Florestal, os estados devem levar em conta e buscar esclarecer as seguines quesões. Algumas as úias persisem quano às APPs e RLs: • Quano ou seguno que criérios, a área, após passar por uma inereno e resaurao, eixa e ser “egraaa” ou “aleraa” e passa a ser consieraa como “recuperaa”?
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
• Que po e manejo poe ser feio nesas áreas proegias? ( a lei no especica o que signica “recuperar” e “conserar” na práca, e o que poe ou no ser feio nas uas coniões). • Como agir para promoer a funo ecológica a área, conforme exige a lei? A m e ajuar a esclarecer algumas esas quesões, ale consular ouras normas legais como Resoluões o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) anteriores ao novo código, que já esabeleciam orienaões imporanes quano às prácas para restauração de APPs, tais como: • Manutenção permanente da coberura o solo; • Esabelecimeno e quanae mínima e iniíuos por uniae e área; • deerminao e número mínimo e “espécies naas e ocorrência regional” que deverão compor o sisema, com isas à ala iersiae; • Limitação do uso de insumos sintécos, como é o caso e agroóxicos e aubos químicos, priorizano o uso e aubao ere; • Resrio o uso a área para pasejo e animais oméscos; • Manueno e conrole na ulizao e espécies agrícolas e exócas com isas a garanr a manueno a funo ambienal a APP; • Consorciação de espécies perenes, naas ou exócas, esnaas à produção e coleta de produtos não
maeireiros, como por exemplo, bras, folhas, fruos ou semenes; • Manutenção das mudas estabelecidas, plantadas e/ou germinadas, mediante coroamento com coberura o solo, conrole e faores e perturbação como espécies compeoras, inseos, fogo ou ouros, e cercamento ou isolamento da área, quano necessário e ecnicamene juscao; • Uso e manutenção não poderão compromeer a esruura e as funões ambienais eses espaos, especialmente: – estabilidade das encostas e margens os corpos e água; – manutenção da qualidade das águas; – manutenção dos corredores de ora e fauna; – manutenção da drenagem e dos cursos e água inermienes; – manueno a bioa; – manueno a egeao naa; Apesar esas orienaões em ouras normas legais, da necessidade que o Novo Código traz da União, Estados e disrio Feeral insuírem os PRAs, incluindo a evolução da regularização das propriedades e posses rurais bem como enir o grau e regulariae o uso e maéria-prima oresal, aina resam quesões que precisam ser regulamentadas no âmbito dos estados, quanto ao uso de sistemas agrooresais em APPs e RLs, incluino: • denio e que po e manejo
241
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
•
•
•
•
poe ser feio em áreas e conserao, incluino iferenes pos e poa em iferenes momenos; Possibiliae e core seleo e poda para manter luminosidade para culuras e esraos inferiores até determinado valor de abertura de dossel ou cobertura de copas ou área basal; Possibilidade de podas e roçagem da regenerao naural (espécies navas regionais germinadas ou rebrotaas) para faorecimeno as culuras agrícolas e árores e alor comercial e/ou para enriquecimeno; deniões, principalmene em APPs, quanto ao uso de equipamenos e ferramenas consierados apropriados no preparo e manejo a área os SAFs (ex. microtratores, motosserra, motocoeaora, roaeira, enre ouros); deerminao e espécies exócas com potencial invasor e seu manejo requerio. Aé que momeno esas poem ser ulizaas como fone e biomassa e formao e coberura egeal a m e resau-
rar solos muio egraaos?; • Os animais poem ser ulizaos como parte das estratégias de recomposição de APP e RL? Sob que po e manejo? Esa queso é de essencial importância especialmente para os sistemas silvipastoris, como os a Caanga, os rereiros em árzeas e no Pananal; • denio as espécies ameaaas e exno locais ou regionais que eero ser incenaas no plano e boas prácas e manejo; • Possibilidade de comercialização de produtos madeireiros de espécies naas (planaas, no caso dos SAFs), pois é preciso viabilizar a emissão de documentos de origem oresal (dOF) pelos órgos ambienais para efear a ena legalizada destes produtos. É funamenal ambém regulamenar e esruurar, ano no âmbio feeral e estadual, a implementação de programas de apoio técnico, bem como de incenos nanceiros para impulsionar a implementação da Lei Florestal com SAFs.
PARA SABER MAIS CONSULTE A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL • Lei Federal 12.651/2012: Insui a noa legislao ambienal e apresena as regras para proeo e resaurao a egeao naa. • Decreto Federal 7.830/2012: dispõe sobre o Sisema e Caasro Ambiental Rural, o Cadastro Ambiental Rural e estabelece normas de caráer geral aos Programas e Regularizao Ambienal. • Instrução Normava 2/2014 do MMA: dispõe sobre os proceimenos
242
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
• • •
•
•
• •
para a inegrao, execuo e compabilizao o Sisema e Caasro Ambienal Rural-SICAR e ene os proceimenos gerais o Caasro Ambiental Rural-CAR. Decreto nº 8.235 de 5 de maio de 2014 - Estabelece normas gerais complementares aos Programas de Regularização Ambiental. Resolução Conama 429/2011: dispõe sobre a meoologia para Restauração de APP. Resolução Conama 425/2010: Trata de critérios para Agricultura Familiar dos povos e comunidades tradicionais como de interesse social para ns e prouo, inereno e resaurao e APP. Resolução Conama 369/2006: Consiera e uliae pública, ineresse social ou e baixo impaco ambienal as agrooresas realizaas em Área de Preservação Permanente em propriedade de Agricultura Familiar. Instrução Normava 005/2009 do MMA: trata de procedimentos metodológicos para restauração e recuperação das APP e RL, incluindo as agrooresas como forma e resaurao. Lei Federal 9.985/2000: Apresena regras para as áreas proegias no Brasil, insuino o Sisema Nacional e Uniaes e Conserao – SNUC. Lei Federal 11.326/2006: Apresena eniões para a Agriculura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.
A atual legislação permite recuperar áreas e preserao com SAF na agriculura familiar. Nesa seo explicamos o que é permio e o que não é pela lei, incluindo as principais regras para proteção, restauração e uso a egeao naa. . Primeiro, apresentamos as principais regras para a adequação ambiental relacionaas à proeo e resaurao das pequenas propriedades rurais, de modo a contribuir para que os técnicos e agricultores possam visualizar sob quais circunstâncias os SAFs são permios, e como poero ineragir
com as APP e RLs, adotando modelos adequados e adaptados para resaurao e manueno essas áreas para além do método convencional de plano e muas e árores naas. Há uas siuaões: áreas a serem protegidas, que apresentam remanescene e egeao naa; e áreas a serem recuperadas, em que a vegetao foi suprimia e apresenam-se egradadas ou alteradas. A lei estabelece as regras que determinam o tamanho as áreas que eero ser proegias, e so iferenes aquelas regras para as áreas que eero ser recuperaas.
243
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
6.4 QUAIS ÁREAS DEVEM SER PROTEGIDAS? 6.4.1 PROTEÇÃO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - APP A lei esabelece quais so as áreas e APP, em zonas rurais ou urbanas, e
FIgura 15 – Exemplo de propriedade rural ambientalmente adequada.
244
aina raz em suas isposiões ransitórias a nova métrica de delimitao essas áreas, consierano o uso consoliao, conhecia como “ regra da escadinha”. Vamos primeiramente apresentar as regras gerais de quais so essas áreas a serem proegias.
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
I - ENTORNO DOS CURSOS D’ÁGUA O proprieário eerá maner e preserar as maas exisenes no enorno e qualquer curso ’água naural que seja perene ou inermiene nas seguines larguras mínimas: FAIXA DE PROTEÇÃO
LARGURA DO CURSO D’ÁGUA
30 (trinta) metros
Menor que 10 (dez) metros
50 (cinquenta) metros
Entre 10 (dez) e 50 (cinquenta) metros
100 (cem) metros
Entre 50 (cinquenta) e 200 (duzentos) metros
200 (duzentos) metros
Entre 200 (duzentos) e 600 (seiscentos) metros
500 (quinhentos) metros
Superior a 600 (seiscentos) metros
Figura 16 – Métricas de largura da faixa de APP de acordo com a largura do curso d´água. As faixas de proteção devem ser medidas a partir da borda da calha do leito regular do rio, onde corre água durante o período da seca.
245
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
II – NASCENTES: As áreas e maa no enorno as nascenes e os olhos ’água perenes, eero ser manas num raio mínimo e 50 (cinquena) meros. Os cursos ’água que possuem uxo e água apenas urane a época as chuas so consieraos efêmeros e no necessiam e faixas e proeo e APP. Geralmene so groas ou sulcos em errenos acienaos formaos nauralmene, ou mesmo os canais superciais formaos arcialmene.
FIgura 17 – Largura de APP no entorno de nascentes.
246
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
III - ENTORNO DE RESERVATÓRIOS, LAGOS E LAGOAS EM ZONA RURAL: No enorno e lagos e lagoas formados por processos naturais, que possuam supercie o espelho ’água enre 1 e 20 hecares, a faixa e proeo eerá ser e 50 meros. Para lagos e lagoas naturais acima de 20 hecares e espelho ’agua, a faixa será e 100 meros. Áreas no enorno os reseraórios ’água arciais, ecorrenes e barrameno ou represameno e cursos ’água naurais, a faixa e APP eerá ser enia na licença ambiental do empreendimento. Reseraórios arciais para gerao
de energia elétrica, abastecimento público e ouros empreenimenos sociais deverão respeitar as condicionantes do Licenciamento Ambiental, obserano-se a faixa mínima e 30 (rina) meros e máxima e 100 (cem) meros em área rural, e a faixa mínima e 15 (quinze) meros e máxima e 30 (rina) meros em área urbana. No será exigia APP para lagoas e reseraórios criaos e forma naural ou arcial que possuam um espelho ’água inferior a 1(um) hecare. também no será exigia APP no entorno e reseraórios arciais e água que não decorram de barramento ou represameno e cursos ’água naurais.
Figura 18 – largura de APP no entorno de reservatórios, lagos e lagoas.
247
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
V – ENCOSTAS: Os proprieários eero esabelecer como APP as encosas que possuam uma declividade superior a 45°. Isso equivale a 100% na linha de maior declive, quando realizada a medição em porcentagem.
Figura 19 – Encostas de morros, montanhas ou serras devem ser revegetadas.
248
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
VI - TOPO DE MORRO E MONTANHAS: também sero consieraas como APP as áreas localizaas no topo de morros, mones, monanhas e serras, que possuírem uma alura mínima e 100 meros e inclinao méia maior que 25°. Além isso, a egeao em áreas em alue superior a 1.800 meros ambém so faixas e APP que eero ser manas. As áreas e proeo no opo e morro e monanhas sero elimiaas a parr a cura e níel corresponene a 2/3 a alura. A meia sempre será em relao à base o morro, seno enia pelo plano horizonal eerminao por planície ou espelho ’água mais próximo ou, nos releos onulaos, pela coa mais baixa ao lao o morro ou monanha.
Figura 20 - Topos de morro, montanhas ou serras devem ser revegetados.
249
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
VII - CHAPADAS E BORDAS DE TABULEIROS: Nas regiões one exisam boras e abuleiros ou chapaas, as faixas e proteção de APP devem ser estabelecidas
em no mínimo 100 (cem) meros, que deve ser medida tomando como base o início a bora o abuleiro ou chapaa.
Figura 21 –APPs de bordas de chapadas e de tabuleiros devem se situar a pelo menos 100 m da borda.
VIII – VEREDAS: Nas ereas, a faixa e proeo eerá possuir a largura mínima e 50 me-
Figura 22 –APP em veredas
250
ros a parr o espao brejoso, que ca encharcao consanemene.
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
6.4.2 PROTEÇÃO NA RESERVA LEGAL - RL A legislação diz que todos os imóveis rurais o país eero maner uma área mínima com coberura e egeao naa, a ulo e RL, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as APP. A quanae e egeao que ee ser
preseraa como RL poe ariar conforme o bioma e os planos de uso e ordenamento territorial de cada região. Como regra geral, para os imóveis situado nos Biomas a Caanga e Cerrao os proprieários eero preserar o percenual mínimo e 20% a área oal o imóel.
Figura 23 –20% da propriedade nos biomas Cerrado e Caatinga devem ser preservados como RL. A localizao a RL eerá consierar os aspectos ambientais, os instrumentos e conserao já exisenes na regio, bem como as regras de uso do solo do local, caso exisam, como por exemplo: o plano ireor e bacia hirográca; o Zoneameno Ecológico-Econômico – ZEE; a formao e correores ecológicos com outra Reserva Legal e APP; Uniaes e Conserao, ou oura área legalmene proegia; as áre-
as de maior importância para a conserao a bioiersiae; e as áreas e maior fragiliae ambienal. A lei apresenta também um tratameno iferenciao para as áreas consoliaas em RL. Os proprieários e áreas iguais ou menores a 4 móulos scais, que possuam egeao remanescene em quanae inferior ao esabelecio na lei, poem consuir
251
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
a RL com o que sobrou de vegetação naa, ou seja, a área a RL será o amanho a área ocupaa com egeao naa exisene aé 22 e julho e 2008. Inclusie, poero consierar até mesmo a APP como sendo pare ou oa a RL para angir a porcenagem mínima, ese que aena as seguines coniões: I - o cômputo não implique a converso e noas áreas para o uso alernao o solo; II - a área a ser compuaa eseja conservada ou em processo de recuperao, conforme comproao o proprieário ao órgo esaual inegrane o Sisnama; e
III -o proprieário ou possuior enha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural – CAR. Por exemplo, caso o proprieário enha 10% e egeao naa fora a APP e mais 10% enro a APP, ele poerá conabilizar as uas áreas como seno a sua RL, somano os 20% necessários para regularização ambiental. Em áreas e Cerrao enro a regio enia como Amazônia Legal, que é o caso o nore o esao o tocanns e da região do oeste do Maranhão, o proprieário ee preserar 35% a área o imóel como Resera Legal.
Figura 24 –Os proprietários de áreas iguais ou menores a 4 módulos fscais, que possuam
vegetação remanescente em quantidade inferior ao estabelecido na lei, podem constituir a RL com o que sobrou de vegetação nativa,
252
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
Já em ouro exemplo, se o agriculor possuir em sua propriedade os 20% e egeao naa localizaa apenas nas faixas e APP, ele poerá inicar
esta como a sua Reserva Legal, lembrano que o mesmo eerá aener às coniões razias nos ermos a lei, que já foram mencionaas.
Figura 25 –Se o agricultor (de até 4 módulos fscais)
possuir em sua propriedade os 20% vegetação nativa localizada apenas nas faixas de APP, ele poderá indicar esta como a sua Reserva Legal.
Além isso, ele ambém poerá inicar como parte ou toda a sua RL os planos consorciaos e naas com árores fruferas, ornamenais ou madeireiras, compostos por espécies exócas, culaos em sisemas agrooresais. A Resera Legal será regisraa por meio da inscrição do imóvel no Cadastro Ambiental Rural. Se a RL regisraa no CAR er a egeao naa conseraa e sua área ulrapassar o percenual e 20% a área oal o
imóvel (no bioma Amazônico este valor é e 80% para egeao o po oresal e 35% para egeao o po Cerrao) o proprieário poerá ulizar instrumentos previstos no Código Floresal para incenar a proeo esas áreas esnano-as como servidão ambiental. Os proprieários que no possuem egeao naa para formar sua resera legal poderão se regularizar compensano a área falane e seu imóel com a e ouro imóel que er egeao
253
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
naa exceene. denre algumas opões, há as Coas e Resera Ambienal (CRA), que é um ulo nominao represenao e área com egeao naa, exisene ou em processo e recuperao, cuja emisso eerá ser realizada pelo órgão ambiental compeene e a área aerbaa na marícula o imóel como al. Ese insrumeno permie aos proprieários e ocupanes e erras com éci e egeao naa (área menor o que a legislação determina) compensar suas obrigaões e resaurao a egeao, pagano proprieários e ouras erras que enham áreas conseraas ou em processo de restauração acima as obrigaões mínimas, na forma e coas. É necessário que esas áreas esejam localizaas no mesmo bioma e, preferencialmene, no mesmo esao. Embora as CRAs aina no esejam regulamenaas, eses ulos represenaos e egeao olunariamene preseraa já eso seno lanaos e negociados no mercado. A servidão ambiental é uma restrio insuía olunariamene pelo proprieário e um imóel rural, o qual, por meio dela, abre mão de desmatar parte de seu imóvel, mesmo seno esse permio por lei.
Para saber mais sobre as Cotas de Reserva Ambiental – CRA, acesse hp://csr.ufmg.br/cra/
254
6.5 QUAIS ÁREAS DEVERÃO SER RECUPERADAS? Após saber qual o amanho as áreas que deverão ser preservadas, tanto para as APP como RL, o próximo passo é ericar se o proprieário eerá realizar ou no a resaurao a egeao naa. Nesa seo sero apresentadas apenas as regras de resaurao para as faixas e APP, que ariam em funo o amanho o imóel rural, e o po e ambiene em que esas se enconram, sejam nascenes, beira de rio ou córrego, lagos e lagoas ou veredas. A lei determina que a restauração da egeao as faixas e APPs poerá ser realizada por meio da condução a regenerao naural; plano e espécies naas (semenes, esacas ou muas); ou por meio o plano e espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, misurano naas e exócas, em aé cinquena por ceno a área oal a ser recomposa. Ou seja, 50% a área a APP poerá ser ocupaa por espécies exócas ese que inercalaas com naas. Apenas os proprieários com aé 4 móulos scais poero se ulizar essa úlma forma e resaurao a m e promoer a regularizao ambienal e suas áreas. dessa forma, foi permio aos proutores de pequeno porte e agricultores familiares aoarem os sisemas agrooresais como uma as écnicas e resaurao e inereno nas faixas de APP.
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
6.5.1 RESTAURAÇÃO EM ÁREAS CONSOLIDADAS NAS FAIXAS DE APP Nas faixas as APPs o proprieário poerá connuar esenoleno as aiaes agrossilipasoris, e ecoturismo e de turismo rural, desde que sejam áreas rurais consoliaas aé 22 e julho e 2008. No enano, os proprieários eero rmar um ermo de compromisso com órgão ambiental da região se comprometendo a recuperar pare a área a APP que foi egraaa ou aleraa, obeecendo as seguintes regras: • Imóeis rurais com área e aé 1 móulo scal eero recuperar 5
•
•
•
•
meros e faixa e APP; Imóeis rurais com área enre 1 e 2 móulos scais eero recuperar 8 meros e faixa e APP; Imóeis rurais com área enre 2 e 4 móulos scais eero recuperar 15 meros e faixa e APP; Imóeis rurais com área enre 4 e 10 móulos scais eero recuperar 20 meros e faixa e APP, nos cursos ’água com aé ez meros; Imóeis acima e 10 móulos scais eero recuperar uma faixa corresponene à meae a largura o curso ’água, obserano um limie mínimo e 30 meros e máximo e 100 meros.
Figura 26 –Métricas para a largura da faixa de APP de acordo com o tamanho do imóvel.
255
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
NASCENTES E OLHOS D’ÁGUA Nos casos as áreas no enorno e nascenes e olhos ’água perenes, o proprieário poerá connuar esen-
oleno aiaes agrossilipasoris, de ecoturismo ou de turismo rural, mas erá que fazer a resaurao e no mínimo e 15 meros e raio.
Figura 27 –A restauração de nascentes deve ser no mínimo de 15 metros de raio.
ENTORNO DE LAGOS E LAGOAS NATURAIS No entorno de lagos e lagoas naurais o proprieário eerá realizar a resaurao e faixa e APP com largura mínima e: • 5 (cinco) meros, para imóeis com área e aé 1 móulo scal; • 8 (oio) meros, para imóeis com área enre 1 e 2 móulos scais; • 15 (quinze) meros, para imóeis com área enre 2 e 4 móulos scais; e • 30 (rina) meros, para imóeis com área superior a 4 móulos scais.
256
Figura 28 –métricas para faixa de APP a ser restaurada em função do tamanho das propriedades.
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
VEREDAS Nos casos as ereas, o proprieário com área e aé 4 móulos scais eerá realizar a recomposio as faixas e APP na largura mínima e 30 metros, que devem ser delimitadas a parr o espao brejoso e encharcao. Para os emais imóeis rurais com área acima e 4 móulos, o proprieário eerá recuperar uma faixa e 50 meros.
6.6 O QUE DIZ A LEI SOBRE SAFs PARA RESTAURAÇÃO DAS APPs? Muias experiências êm mosrao que os planos agrooresais nas áreas e APP podem conciliar a produção com a conservação dos serviços ambientais, principalmente quando se trata do uso essas áreas pelos agriculores familiares e comunidades tradicionais. A resolução n° 369 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), aprovada em 2006, absorveu esta ideia. Esta norma consierou o manejo agrooresal como uma as aiaes e ineresse
social e e baixo impaco ambienal, que poem ser realizaas em áreas e APP. No entanto, apresentou também algumas ressalvas, entre elas, que as agrooresas só poero ser realizaos em APPs na pequena propriedade ou posse rural familiar, e forma que no escaracerize a coberura egeal naa, ou impeça sua restauração, além de não prejuicar a funo ecológica a área. Ese ema ambém foi raao em ouras normaas poseriores (IN 04/2009 o MMA; IN 05/2009 o MMA; CONAMA 425/2010; CONAMA 429/2011). O nova Lei Florestal incorporou grande pare os funamenos apresenaos nas normaas acima ciaas, esa forma, reforou a ieia, e reconhece que, nas pequenas propriedades com aé 4 móulos scais, em comuniaes inígenas e raicionais, a explorao agrooresal e egeao naa nas APPs poerá ser reconhecia como aiaes eenuais ou e baixo impacto ambiental. Figura 29 : os plantios agroorestais nas
áreas de APP podem conciliar a produção com a conservação dos serviços ambientais.
257
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
O empoderamento e a inclusão dos agriculores familiares e as comuniades tradicionais nos espaços protegios so funamenais na busca por esforos e conserao e manueno os ecossisemas. desa forma, é e exrema imporância garanr o ireio ao território e o uso da propriedade a eses grupos, os quais, com ferramenas aequaas e méoos e manejo susenáeis, poero gerar impacos posios e promoer ano benecios ambientais, como aqueles estabelecios nas áreas já conseraas. No enano, a lei no eixa claro o ealhameno as aiaes agrooresais, bem como os arranjos e formatos que deverão ser desenvolvidos (consórcios, espaçamento, espécies, manejo, ec.). Mesmo assim, poemos nos basear nas principais regras e uso e manejo já esabelecias por lei para apontar as possibilidades de manueno a egeao naa ao longo do tempo. Para desenvolver os planos agrofo -
restais em áreas de APP o agricultor deverá apresentar uma simples declaração ao órgão ambiental competente. Além disso, o seu imóvel precisa estar devidamente inscrito no CAR. No exise um moelo único enio para esta declaração, portanto, é importante consultar o órgão ambiental da região para saber mais detalhes sobre o moelo e po e eclarao adotado.
258
Conforme a enio apresenaa no ecreo 7.830/201219, as aões e planos em sisemas agrooresais nas faixas e APP incluem o uso e “ plantas lenhosas perenes em associação com plantas herbáceas, arbusvas, arbóreas, culturas agrícolas e forrageiras, com alta diversidade de espécies, bem como o manejo adequado de acordo com arranjo espacial e temporal estabelecido”. Tais inter-
enões poero ser realizaas ese que não descaracterizem a cobertura egeal naa exisene e nem prejuique a funo ambienal a área. desa forma, os planos e espécies naas prouoras e fruos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais poderão ser realizados livremene, bem como a exrao e prouos oresais no maeireiros. A lei ambém oriena que o plano e culuras emporárias e sazonais e azane e ciclo curo na faixa e erra que ca exposa no períoo e azante dos rios ou lagos também pode ser realizao, ese que no seja realizaa a reraa a egeao naa e noas áreas, e seja conseraa a qualiae a água e o solo e a proeo a fauna silesre.
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
6.7 RESTAURAÇÃO, USO E MANUTENÇÃO DA RESERVA LEGAL COM AGROFLORESTAS Figura 30: a RL pode ser utilizada com sistemas agroorestais.
É importante saber que de acordo com as noas regras as áreas cons-
uías como RL poero ser ulizaas com planos agrooresais.
AGROFLORESTAS PARA RESTAURAÇÃO DE RL EM PROPRIEDADES ACIMA DE 4 MÓDULOS A nova lei permite que os donos de imóveis rurais acima de 4 módulos possam realizar a resaurao a RL por meio os SAFs, que poerá ser inercalano espécies exócas com naas e ocorrência regional. Nesses casos, a área a ser recuperaa com exócas no poerá exceer 50% a área oal a RL. Além isso, amie a sua explorao por meio o manejo susenáel, ano para consumo no inerior a proprieae como ambém para ulizao econômica, eeno, para isso, o proprieário soliciar auorizao ao órgo ambienal e apresenar um plano e manejo susenáel. A lei esabelece que para as áreas e RL, é lire a colea e prouos oresais no maeireiros ais como, ores, folhas, cascas, óleos, resinas, cipós, bulbos, raízes e ec. Enreano, é preciso levar em conta alguns critérios, ais como: respeiar os períoos e colea e olumes xaos em regulamenos especícos, quano houer; observar a época de maturação dos fruos e semenes; e ulizar écnicas que não coloquem em risco a sobre-
iência os iniíuos e as espécies coletadas. O uso a RL para reraa e lenha ou maeira serraa esnaa a consruões, ou para uso energéco enro da propriedade, sem propósito comercial direto e indireto, não precisará e auorizao o órgo ambienal, e será limiao à reraa anual e 2 (ois) meros cúbicos e maeira por hecare por uniae familiar. Enre-
259
REGRAS PARA IMPLEMENTAÇ ÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
ano, o manejo preiso para uso omésco, por proprieae, no poerá comprometer mais de 15% (quinze por cento) da biomassa da RL, nem ser superior a 15 (quinze) meros cúbicos de lenha por ano.
manejo seleo, esmaa o olume de produtos e subprodutos oresais a serem obos com o manejo seleo, inicao a sua esnao e cronograma e execução previsto.
Assim, caso exisam árias famílias em uma mesma propriedade, como nos casos e posse colea e populaões raicionais ou e agriculura familiar, os limies e explorao sero aoaos por uniae familiar. Ou seja, se em uma proprieae exisr 3 (rês) famílias resienes, caa uma poerá rerar 2 meros cúbicos e maeira por hecare no mesmo imóel, cando o limite para este imóvel de 6 meros cúbicos por hecare. Enreano, esse limie ee respeiar o máximo e 15 meros cúbicos por ano em oa a propriedade.
O Plano e Manejo Floresal Susenáel (PMFS) eerá ser elaborao por aqueles que isam a explorao a egeao naa com a naliae e obeno e benecios econômicos, sociais e ambientais derivados os múlplos prouos e subprouos esa egeao, sejam eles maeireiros ou no maeireiros. Conforme orientado na lei, o MFS da vegetação a RL no poerá escaracerizar a coberura egeal e nem prejuicar a conserao a egeao naa a área, eeno assegurar a manuenção da diversidade das espécies da área. No enano, no caso os proutores de pequeno porte e agricultores familiares que esabelecerem noas áreas e árores naas com planos realizados pelo próprio agricultor, não haerá necessiae e elaborao e PMFS para sua explorao econômica.
Para os pequenos produtores e agriculores familiares, o manejo oresal madeireiro da RL com propósito comercial epene e auorizao simplicaa do órgão ambiental competente, deeno o ineressao apresenar, no mí nimo, as seguines informaões: • daos o proprieário ou possuior rural; • daos a proprieae ou posse rural, incluino cópia a marícula do imóvel no Registro Geral do Cartório de Registro de Imóveis ou comproane e posse; • Croqui a área o imóel com inicao a área a ser objeo o
260
Esperamos que com essas informaões sobre prácas e ieias e opões e SAFs no Cerrao e na Caanga, e sobre as novas regras estabelecidas pelo Novo Código Florestal, os agricultores possam aproveitar melhor sua proprieae, foraleceno seus meios e ia, gerano mais rena e bene cios ambientais.
REFERÊNCIAS CITADAS – PARA SABER MAIS
REFERÊNCIAS CITADAS – PARA SABER MAIS 1. AGUIAR, L. M. S.; MACHAdO, R. B.; FRANçOSO, R. d.; NEvES, A. N.; FERNANdES, G. W.; PEdRONI, F.; LACERdA, M. S.; FERREIRA, G. B.; SILvA, J. dE A.; BUStAMANtE, M.; dINIZ, S. Cerrao terra Incógnia o Século XXI. Ciência Hoje. v. 330, p. 33 – 37. 2015. 2. AGUIAR, M. v. dE A. Quinais agrooresais nos cerraos a morraria – espao e consruo e bioiersiae nas suas múlplas imensões. vII Congresso Brasileiro e Sisemas Agrooresais. Anais. Brasília, dF: EMBRAPA, 2009. 3. ALvARENGA JUNIOR, E. R. Culo e aproeiameno o sisal (Agae sisalana). dossiê técnico. Funao Cenro tecnológico e Minas Gerais (CETEC). 2012. 4. ANdRAdE, M o C. Manacaru. Pesquisa Escolar Online, Funao Joaquim Nabuco, Recife. disponíel em: hp://basilio.funaj.go. br/pesquisaescolar/. Acesso em: 13 dez. 2015. 5. ANtÔNINO, J. Flora o cerrao. disponíel em: hps://www.sies.google.com/sie/janoninolima/ora-o-cerrao. Acesso em: 13 ez. 2015. 6. ARAGãO, A. S. L.; MAURÍCIO, R. M. Ulizao a gliricíia (Gliriciia sepium) na alimenao e ruminanes. Escola veerinária Uni ersiae Feeral e Minas Gerais – UFMG. disponíel em: hp://www.ebah.com.br/conen/ABAAAA9G4AG/ulizacao-gliriciiana-alimentacao-ruminantes. Acesso em: 12 dez. 2015. 7. ARAÚJO FILHO, J. A. dE. Manejo pasoril susenáel a caanga. Recife, PE. Projeo dom Heler Camara. 200 p., 2013. 8. ARAÚJO, G. G. L.; ALBUQUERQUE, S. G.; GUIMARãES FILHO, C. Opões no uso e forrageiras arbuso-arbóreas na alimenao animal no semiário o norese. In: CARvALHO, M. M.; ALvIM, M. J.; CARNEIRO, J. C. (Es). Sisemas agrooresais pecuários: opões e susenabiliae para áreas ropicais e subropicais. Embrapa Gao e Leie/FAO. Juiz e Fora, MG. p. 111-137, 2001. 9. ARCO-vERdE, M. F. Susenabiliae Biosica e Socioeconômica e Sisemas Agrooresais na Amazônia Brasileira. Uniersiae Feeral o Paraná – UFPR. Curiba, PR. (tese douorao). 188 p. 2008. 10. ARCO-vERdE, M. F.; AMARO, G. Cálculo e Inicaores Financeiros para Sisemas Agrooresais. documenos. Embrapa Roraima. Boa visa, RR. 2011. 11. ARMANdO, M. S.; BUENO, Y. M.; ALvES, E. R. d. S.; CAvALCANtE, C. H. Agrooresa para Agriculura Familiar. Circular técnica, Embrapa Amazônia Oriental, v. 16, 2002. 12. BARGUÉS tOBELLA, A.; REESE, H.; ALMAW, A.; BAYALA, J.; MALMER, A.; LAUdON, H.; ILStEdt, U. the eec of rees on preferenal ow an soil inlrabiliy in an agroforesry parklan in semiari Burkina Faso. Waer Resources Research, . 50, p. 2108–2123, 2014. 13. BARRIOS E.; COUtINHO H. L. C.; MEdEIROS C. A. B. InPaC-S: Inegrao Parcipaa e Conhecimenos sobre Inicaores e Qualia e o Solo – Guia Meoológico. Worl Agroforesry Cenre – ICRAF, Embrapa, CIAt. Nairobi. 178p., 2011. 14. BENE, J.G.; BEALL, H.W.; CÔtÉ, A. trees, foo, an people: lan managemen in he ropics. Inernaonal deelopmen Research Centre. 52 p., 1977. 15. BHAGWAt, S. A; WILLIS, K. J.; BIRKS, H. J. B.; WHIttAKER, R. J. Agroforesry: a refuge for ropical bioiersiy? trens in Ecology an Eoluon, . 23, n. 5, p. 261–267, 2008. 16. BORBA, M. A. P.; SILvA, d. S.; ANdRAdE, A. P. A palma no Norese e seu uso na alimenao animal. In: Congresso Noresno e Prouo Animal, 5; Simpósio Noresno e Alimenao e Ruminanes, 11.; Simpósio Sergipano e Prouo Animal, 1;. Anais. Socieae Noresna e Prouo Animal; Embrapa tabuleiros Coseiros, Aracaju, SE. 13 p. 1 Cd-ROM. 2008. 17. BÖRNER, J. Serios ambienais e aoo e sisemas agrooresais na Amazônia: elemenos meoológicos para análises econô micas inegraas. In: PORRO, R. (E.) Alernaa agrooresal na Amazônia em ransformao. Brasília-dF: Embrapa Informao e Tecnologia, p. 411-433. 2009. 18. BRASIL, E. L.; PIRES, v. P.; CUNHA, J. R. a; LEAL, L. A. P.; LEItE, L. F. C. diersiae a Macrofauna Eáca em Sisemas Agrooresais na Regio Nore o Piauí. XXXIII Congresso Brasileiro e Ciência o Solo. Anais. Uberlânia, MG. 2010. 19. BRASIL. decreo 7.830, e 17 e ouubro e 2012. dispõe sobre o Sisema e Caasro Ambienal Rural, o Caasro Ambienal Rural, esabelece normas e caráer geral aos Programas e Regularizao Ambienal. 2012. 20. BRASIL. Insruo Normaa n.º 2 e 6 e maio e 2014 o Minisério o Meio Ambiene. dispõe sobre os proceimenos para a inegrao, execuo e compabilizao o Sisema e Caasro Ambienal Rural-SICAR e ene os proceimenos gerais o Caasro Ambienal Rural-CAR. Brasília, dF. 2014. 21. BRASIL. Lei nº 12.651, e 25 e maio e 2012. dispõe sobre a proeo a egeao naa. Brasília, dF. 2012. 22. BREMAN, H.; KESSLER, J. J. the poenal benes of agroforesry in he Sahel an oher semi-ari regions. European Journal of Agron omy, .7, p. 25-33, 1997 23. SILvA JÚNIOR, M. C.; PEREIRA, B. A. dA S. + 100 árores o Cerrao Maa e Galeria: Guia e Campo. E. Ree e Semenes o Cer rao. Brasília, dF. 288 p., 2009. 24. CAMARGOS, N. M. e S.; MOURA, S. a S.; MIRANdA, S. o C. e. Análise os Sisemas Agrooresais Implanaos em Proprieaes Rurais no Município e Iapuranga, GO. Reisa Sapiência: socieae, saberes e prácas eucacionais, . 2, n. 1, p. 20–33, 2013. 25. CAMPOS FILHO, E. M.; COStA, J. N. M. N. a; SOUSA, O. L. e; JUNQUEIRA, R. G. P. Mechanize direc-Seeing of Nae Foress in Xingu, Cenral Brazil. Journal of Susainable Foresry, . 32, p. 702-727, 2013. 26. CANUtO, J. C.; RAMOS FILHO, L. O.; CAMARGO, R. C. R.; SILvA, F. F. a; JUNQUEIRA, A. a C.; SILvA, J. P. a; GALvãO, A. C. Quinais agro oresais como esraégia e susenabiliae ecológica e econômica. Enconro a Ree e Esuos Rurais. Anais. Campinas, SP. 2014. 27. CARvALHO, P. E. R. Muamba Guazuma ulmifolia. Circular técnica 141. Embrapa. Colombo, Paraná. disponíel em: hp://ainfo.cnpa. embrapa.br/igial/bisream/CNPF-2009-09/42548/1/Circular141.pf. Acesso em 13 ez. 2015. 28. CERRAtINGA. Cajá. disponíel em: hp://www.cerranga.org.br/caja/. Acesso em: 15 ez. 2015.
261
REFERÊNCIAS CITADAS – PARA SABER MAIS
29. CHABARIBERY, d.; SILvA, J. R. a; tAvARES, L. F. e J.; LOLI, M. v. B.; SILvA, M. R a; MONtEIRO, A. v. v. M. Recuperao e maas ciliares: sisemas e formao e oresa naa em proprieaes familiares. Informaões Econômicas, So Paulo, SP, . 38, n. 6, p. 07 - 20, 2008. 30. CURY, R. t. S.; CARvALHO JR, O. Manual para resaurao oresal: oresas e ransio. Insuo e Pesquisa Ambienal a Amazônia - IPAM. Canarana, Mt, Série boas prácas, . 5, 78 p. 2011. 31. dEvIdE, A. C. P. Aubos eres para sisemas agrooresais com Guanani culao em árzea e errao uial. Uniersiae Fe eral Rural o Rio e Janeiro, Curso e Pós-Grauao em Fioecnia, Reiso e lieraura. 2013. disponíel em: hp://orgprins. org/24817/1/AdUBACAO_vERdE_CALOPHYLLUM_SAF.pf. Acesso em: 17 ez. 2015. 32. dEWI, S. EKAdINAtA, A.; INdIARtO, d.; NUGRAHA, A. Lan-Use Planning For Mulple Enironmenal Serices (Lumens). Worl Agro foresry Cenre - ICRAF. Bogor, Inonesia. 2015. 33. dFId – deparmen for Inernaonal deelopmen. Susainable Lielihoos Guiance Shees. disponíel em: hp://www.elis.org/ le/uploa/1/ocumen/0901/secon2.pf. Acesso em: 20 fe. 2016. 34. dRUMONd, M. A.; RIBASKI, J. Leucena (Leucaena leucocephala): leguminosa e uso múlplo para o semiário brasileiro. Embrapa, Colombo, PR. Petrolina, PE, Comunicado técnico 262 e 142. 2010. 35. dRUMONd, M. A. Leucena - uma arbórea e uso múlplo, para a regio semi-ária o Norese brasileiro. Embrapa Semiário. Pe rolina, PE. disponíel em: hp://ainfo.cnpa.embrapa.br/igial/bisream/CPAtSA/9060/1/OPB633.pf. Acesso em 13 ez. 2015. 36. dUBOC, E. Sisemas Agrooresais e o Cerrao. In: FALEIRO, F. G.; FARIAS NEtO, A. L. dE (Es.) Saanas: esaos e esraégias para o equilíbrio enre socieae, agronegócio e recursos naurais. Embrapa Cerraos. Brasília, dF. 1ª. e. p. 964 – 985, 2008. 37. dUBOIS, J. C. L. Sisemas Agrooresais na Amazônia: aaliao os principais aanos e iculaes em uma rajeória e uas é caas. In: PORRO, R. (E.). Alernaa Agrooresal na Amazônia em transformao. Embrapa Informao e tecnologia. Brasília, dF, p. 171 – 217. 2009. 38. dUQUE, G. O Norese e as laouras Xerólas. Banco o Norese o Brasil – BNB, Foraleza, CE. 4ª e., 330 p. 2004. 39. FLORENtINO, A. t. N.; ARAÚJO, E. d. L.; ALBUQUERQUE, U. P. e. Conribuio e quinais agrooresais na conserao e planas a Caanga, Município e Caruaru, PE, Brasil. Aca Boanica Brasilica, . 21, n. 1, p. 37–47, 2006. 40. FONINI, R. Agrooresa: muanas nas prácas prouas e hábios alimenares. Agriculuras, . 11, n. 04, p. 20–24, ez. 2014. 41. FRANCO, F. S.; COUtO, L.; CARvALHO, A. F, e; JUCKSCH, I.; FERNANdES FILHO, E. I.; SILvA, E.; MEIRA NEtO, J. A. Quancao a eroso em sisemas agrooresais e conencionais na zona a maa e Minas Gerais. Reisa Árore, . 26, p. 751-760, 2002. 42. GAMA, M e M. B. Análise técnica e Econômica e Sisemas Agrooresais em Machainho d’oese, Ronônia. Universidade Federal de Viçosa – UFV, Minas Gerais. (Tese de Doutorado). 112 p. 2003. 43. GAMA-ROdRIGUES, A. C. Soil organic maer, nurien cycling an biological inirogen-xaon in agroforesry sysems. Agroforesry Sysems, . 81, n. 3, p. 191–193, 2011. 44. SILvA JÚNIOR, M. C. 100 árores o Cerrao: Guia e Campo. E. Ree e Semenes o Cerrao. Brasília, dF. 278 p. 2005. 45. GONdIM, t. M. e S.; SOUZA, L. C. e. Caracerizao e Fruos e Semenes e Sisal. Embrapa. Campina Grane, PB. Circular técnica 127, nov., 2009. 46. GOtSCH, E. Naural Succession of Species in Agroforesry an in Soil Recoery. Pirai o Nore, Bahia, 1992. 47. GUERRA, S. C. S. O Noo Cóigo Floresal Brasileiro e os Sisemas Agrooresais: Implicaões e Consieraões sobre as Áreas e Pre serao Permanene e Reseras Legais. II Congresso Brasileiro e Reoresameno Ambienal. Anais. Guarapari, ES. 2012. 48. HOFFMANN, M. R. M.; PUPE, R. C.; PEREIRA, J. J. F.; CARNEIRO, R. G.; NENEvÊ, P. H. C. Agrooresa pra oo lao. Embrapa; Emaer-dF. Projeo Bioiersiae e transio Agroecológica e Agriculores Familiares. 1ª e. Brasília, dF. 44 p., 2011. 49. HOFFMANN, M. R. M. Resaurao oresal mecanizaa. Semeaura irea sobre palhaa. Insuo Cenro via – ICv. Ala Floresa, MT. 27 p., 2015. 50. HOFFMANN, M. R. M. Sisemas Agrooresais para Agriculura Familiar: Análise Econômica. Brasília: Uniersiae e Brasília, UNB. (Dissertação de Mestrado). 133 p, 2013. 51. IIS – Insuo Inernacional para Susenabiliae. Análise preliminar e iabiliae econômica e moelos e resaurao oresal como alernaa e rena para proprieários rurais na Maa Alânca. Relaório inerno. 84 p. 2013. 52. IPEF - Insuo e Pesquisas e Esuos Floresais. Inicaões para escolha e espécies e Eucalypus. 2005. disponíel em: hp:// www.ipef.br/iencacao/eucalypus/inicacoes.asp. Acesso em: 10 fe 2016. 53. CAMPOS FILHO, E. M. (Org.). Plane as árores o Xingu e Araguaia. Insuo Socioambienal – ISA. E. re. e ampl. So Paulo, 254 p. 2012. 54. ISPN - Insuo Socieae Populao e Naureza. Caanga. disponíel em: . Acesso em: 25 se. 2015. 55. ISPN - Insuo Socieae Populao e Naureza. Cerrao. disponíel em: . Acesso em: 25 se. 2015. 56. JACOBI, J.; SCHNEIdER, M.; BOttAZZI, P.; PILLCO, M.; CALIZAYA, P.; RISt, S. Agroecosysem resilience an farmer’s percepons of cli mae change impacs on cocoa farms in Alo Beni, Boliia. Renewable Agriculure an Foo Sysems, . 30, n. 2, p. 170–183, 2013. 23 57. JOSE, S. Agroforesry for consering an enhancing bioiersiy. Agroforesry Sysems, . 85, n. 1, p. 1–8, 2012. 58. JOSE, S. Agroforesry for ecosysem serices an enironmenal benes: An oeriew. Agroforesry Sysems, . 76, p. 1 – 10, 2009. 59. LASCO, R. d.; dELFINO, R. J. P.; ESPALdON, M. L. O. Agroforesry sysems: helping smallholers aap o climae risks while migang climae change. Wiley Inerisciplinary Reiews: Climae Change, . 5, p. 825–833, 2014. 60. LAURA, v. A.; ALvES, F. v.; ALMEIdA, R. G. dE. Sisemas Agrooresais: a agropecuária susenáel. Brasília, dF: Embrapa. 208 p., 2015. 61. LEItE, t. v. P. Sisemas Agrooresais na resaurao e espaos proegios por lei (APP e Resera Legal ): esuo e caso o sío Geranium, dF. Uniersiae e Brasília (tese e douorao). 117 p., 2014. 62. LIRA, d. F. S.; MARANGON, L. C.; FERREIRA, R. L. C.; MARANGON, G. P.; SILvA, E. A. Comparao enre cusos e implanao e ois moelos e resaurao oresal em Pernambuco. Sciena Plena, . 9, n. 44, p. 1-5, 2012.
262
REFERÊNCIAS CITADAS – PARA SABER MAIS
63. LOPES, O. M. N.; ALvES, R. N. B. Aubao vere e Plano direo: Alernaas e Manejo Agroecológico para a Prouo Agrícola Familiar Susenáel. Embrapa. Belém, PA. documenos 212, maro, 2005. 64. MAIA, S. M. F.; XAvIER, F. A. d. S.; OLIvEIRA, t. S. e; MENdONçA, E. d. S.; ARAÚJO FILHO, J. A. e. Impacos e sisemas agrooresais e conencional sobre a qualiae o solo no semi-ário cearense. Reisa Árore, . 30, n. 5, p. 837–848, 2006. 65. MARtINS, S. t., MELO, B. SPONdIAS (Cajá e ouras). disponíel em: hp://www.fruculura.iciag.ufu.br/caja.hml. Acesso em: 13 dez 2015. 66. MARtINS, t. P. Sisemas agrooresais como alernaa para recomposio e uso susenáel as reseras legais. Uniersiae e So Paulo – USP (Dissertação Mestrado). 154 p., 2013. 67. MAtHIAS, J. Cajá. Globo Rural. disponíel em: hp://reisagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1679915-4529,00.hml. Acesso em: 13 dez. 2015. 68. CAMPOS FILHO, E. M. (Org.). Coleo Plane as árores o Xingu e Araguaia: volume II, Guia e Iencao. Insuo Socioambienal – ISA. São Paulo. 299 p. 2009. 69. MENdES, M. F.; CALAçA, M.; NEvES, S. M. A. a S.; CAIONI, C.; dASSOLER, t. F.; NEvES, R. J. Agriculura familiar susenáel e sise mas agrooresais : a experiência o Cenro e tecnologia Alernaa (CtA) no vale o Guaporé. Agroecol 2014. Anais. Caernos e Agroecologia Dourados, MS. 2014. 70. MENESES, R. S.; BAKKE, O. A.; BAKKE, I. A. Poencialiaes para a implanao e sisemas agrosilipasoris na regio Semiária. I SIAMPAS – Simpósio em Sisemas Agrosilipasoris no Semiário. Anais. 2008. 71. MENEZES, M. O. t.; ARAÚJO, R. C. P. Manejo susenáel a caanga para prouo econômica e biomassa egeal. XLvI Congresso a Socieae Brasileira e Economia, Aminisrao e Sociologia Rural. Anais. Foraleza, CE. 2008. 72. MMA - Minisério o Meio Ambiene. Caanga. disponíel em: . Acesso em: 23 se 2015. 73. MMA - Minisério o Meio Ambiene. Plano Nacional e Recuperao a vegeao Naa - PLANAvEG. 76 p. Brasília, 2014. 74. MMA - Minisério o Meio Ambiene. Moniorameno o desmaameno por Saélie o Bioma Caanga 2008-2009. 2011. 75. MMA - Minisério o Meio Ambiene. O Bioma Cerrao. disponíel em: . Acesso em: 24 set 2015. 76. MMA - Ministério do Meio Ambiente. PPCerrado – Plano de Ação para prevenção e controle do desmatamento e das queimadas no Cerrao: 2ª fase (2014-2015). 132 p. Brasília, 2014. 77. MMA; REBRAF. Polícas Públicas e Financiameno para o desenolimeno Agrooresal no Brasil. Minisério o Meio Ambiene – MMA. Brasília, dF. 30 p., 2005. 78. MONtAGNINI, F.; NAIR, P. K. R. Carbon sequesraon: An unerexploie enionmenal bene of agroforesry sysems. Agroforesry Sysems, . 61, p. 281–295, 2004. 79. MONtEIRO, H. C. e F. Esraégias e Manejo o Capim Elefane c.. Napier Sob Pasejo Roao. Uniersiae Feeral e viosa – UFv (tese douorao). 133 p. 2011. disponíel em: hp://alexanria.cp.uf.br:8000/eses/zooecnia/2011/241398f.pf. Acesso em: 14 dez. 2015. 80. MORESSI, M.; PAdOvAN, M. P.; PEREIRA, Z. v. Banco e semenes como inicaor e resaurao em sisemas agrooresais mules racaos no Suoese e Mao Grosso o Sul, Brasil. Reisa Árore, . 38, n. 6, p. 1073–1083, 2014. 81. MOURA, M. R. H.; PENEREIRO, F. M.; WAtANABE, M. Pesquisa parcipaa em Sisemas Agrooresais Sucessionais com horalias: o esenolimeno as culuras, a iabiliae econômica e o poencial para reoresameno. vII Congresso Brasileiro e Sisemas Agrooresais. Anais. Embrapa, Brasília, dF. 2009. 82. NAIR, P. K. R. An Inroucon o Agroforesry. Kluwer Acaemic Publishers, Floria, USA. 1993. 83. NAIR, P. K. R.; NAIR, v. d.; MOHAN KUMAR, B.; SHOWALtER, J. M. Carbon sequesraon in agroforesry sysems. In: Aances in Agronomy. Chaper 5, p. 237–307, 2010. 84. NAIR, P. K. R. tropical agroforesry sysems an pracces. In: FURtAdO, J.I. ANd RUddLE, K.(Es) tropical Resource Ecology an deel opmen. John Wiley, Chicheser, Englan, 1984. 85. OLIvEIRA, t. C. e. Caracerizao, ínices écnicos e inicaores e iabiliae nanceira e consórcios agrooresais. Uniersiae Feeral o Acre – UFAC (disserao e mesrao). 84 p., 2009. 86. PENEIREIRO, F. M.; ROdRIGUES, F. Q.; BRILHANtE, M. e O.; LUdEWINGS, t. Aposla o Eucaor Agrooresal: Inrouo aos Sise mas Agrooresais, um Guia técnico. Uniersiae Feeral o Acre, UFAC. Arboreo. 76 p., 2002. 87. PENEIREIRO, F. M.; ROdRIGUES. F. Q.; BRILHANtE, M. O.; BRILHANtE, N. A.; QUEIROZ, J. B. N.; ROSÁRIO, A. A. S.; LUdEWIGS, t.; SILvA, t. M.; LIMA, C. M.; MENEZES, M. A. O. Aaliao a susenabiliae e sisemas agrooresais no esao o Acre. In: OLIvEIRA, M. A.; ALECHANdRE, A.; EStEvES, B. M. G.; BROWN, F.; PICOOLI, J. C.; SILvEIRA, M.; vIEIRA, L. J. S.; LOPES, M. R. M.; REIS, v. L.; ALBUQUER QUE, G. R. (Es.). Pesquisa sociobioparcipaa na Amazônia Ocienal: aenuras e esenuras. Uniersiae Feeral o Acre, E. EdUFAC, Rio Branco, Acre, Brasil. 1ª e. p. 77 – 127. 2005. 88. PENEIREIRO, F. M. Sisemas Agrooresais dirigios pela Sucesso Naural: um Esuo e Caso. Uniersiae e So Paulo, Escola Superior e Agriculura “Luiz e Queiroz” (disserao e Mesrao). 138 p., 1999. 89. PEREIRA, J. O feijo guanu: uma opo para a agropecuária brasileira. Embrapa, CPAC, Minisério a Agriculura. Circular técnica n. 20. Planalna, dF. 1985. 90. PEREIRA, M. dE S. Manual écnico Conheceno e prouzino semenes e muas a caanga. Associao Caanga. Foraleza, CE. 2011. 91. PORRO, R. e al. Iniciaas promissoras e faores limianes para esenolimeno e sisemas agrooresais na Amazônia. Iniciaa Amazônica. Belém e tomé-Au, Pará, Brasil. 75 p. 2006. 92. PORRO, R. Expecaas e esaos para a aoo a alernaa agrooresal na Amazônia em ransformao. In: PORRO, R. (E.) Alernaa agrooresal na Amazônia em ransformao. Embrapa Informao e tecnologia, Brasília, dF. p. 33 – 51. 2009.
263
REFERÊNCIAS CITADAS – PARA SABER MAIS
93. PORRO, R.; MICCOLIS, A. (Es.). Polícas Públicas para o desenolimeno Agrooresal no Brasil. Worl Agroforesry Cenre – ICRAF, Belém, PA. 80 p., 2011. 94. POSSEttE, R. F. dA S.; ROdRIGUES, W. A. O gênero Inga Mill. (Leguminosae – Mimosoieae) no esao o Paraná, Brasil. Aca Boânica Brasilica. . 24, n. 2, p. 354-368, 2010. disponíel em: hp://www.scielo.br/pf/abb/24n2/a0624n2.pf. Acesso em 13 ez. 2015. 95. PYE-SMItH C. trees for Life. Creang a more prosperous fuure hrough agroforesry. Worl Agroforesry Cenre – ICRAF, Nairobi. 2014. 96. RANGEL, J. H. A.; MUNIZ, E. N.; SÁ, C. O. e; SÁ, J. L. e. Implanao e manejo e legumineira com gliricíia (Gliriciia sepium). Em brapa, Aracaju, SE. Circular técnica 63, 2011. 97. REdE CERRAdO. O Cerrao. disponíel em: . Acesso em: 25 se. 2015. 98. RIBASKI, J.; dRUMONd, M. A.; OLIvEIRA, v. R. e; NASCIMENtO, C. E. e S. Algaroba (Prosopis juliora): Árore e Uso Múlplo para a Regio Semiária Brasileira. Embrapa Colombo, PR. Comunicao técnico 240, ou, 2009. 99. RIBASKI, J. Sisemas Agrooresais no Semiário Brasileiro. 2° Enconro Brasileiro e Economia e Planejameno Floresal. Anais. Em brapa Colombo, PR, 1991. 100. RIBASKI, J.; LIMA, P. C. F.; OLIvEIRA, v. R. e; dRUMONd, M. A. Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia) Árore e Múlplo uso no Brasil. Embrapa Colombo, PR. Comunicado técnico 104, 2003. 101. ROdRIGUES. R. R.; BRANCALION, P. H. S.; ISERNHAGEN, I. (Org.). Paco pela resaurao a Maa Alânca: referencial os conceios e aões e resaurao oresal. So Paulo: LERF/ESALQ, Insiuo BioAlânica, 2009. 102. SÁ, C. P. e; OLIvEIRA, t. K. e; BAYMA, M. M. A.; OLIvEIRA, L. C. e. Análise Financeira e insucional os rês principais sisemas agrooresais aoaos pelos prouores o RECA. Embrapa Acre, Rio Branco, AC. Circular técnica, 33, 12 p. 2000. 103. SAMPAIO, A. B.; vIEIRA, d. L. M.; CORdEIRO, A. O. e O.; AQUINO, F. e G.; SOUSA, A. e P.; ALBUQUERQUE, L. B. e; SCHMIdt, I. B.; RIBEIRO, J. F.; PELLIZZARO, K. F.; SOUSA, F. S. e; MOREIRA, A. G.; SANtOS, A. B. P. os; REZENdE, G. M.; SILvA, R. R. P.; ALvES, M.; MOttA, C. P.; OLIvEIRA, M. C.; CORtES, C. e A.; OGAtA, R. Guia e Resaurao o Cerrao, volume 1. Semeaura irea e semenes. Uniersiae e Brasília - UNB, Ree e Semenes o Cerrao, 40 p. 2015. disponíel em: hp://ainfo.cnpa.embrapa. br/igial/bisream/iem/141879/1/Resauracao-semeaura-irea-cerrao-PdF-WEB.pf. Acesso em: 16 fe 2016. 104. SANGUINO, A. C. Aaliao econômica a prouo em sisemas agrooresais na Amazônia: esuo e caso em tomé-Au. UFRA/ EMBRAPA (Tese de Doutorado), Belém, PA. 299 p. 2004. 105. SANTOS, A. C. os. O papel os sisemas agrooresais para usos susenáeis a erra e polícas relacionaas - Inicaores e Funcionaliae Econômica e Ecológica e SAFs em Rees Sociais a Amazônia e Maa Alânca, Brasil. PdA/Minisério o Meio Ambiene – MMA, Brasília, dF. 2010. 106. SANtOS, d. C. os.; FARIAS, I.; LIRA, M. e A.; SANtOS, M. v. F. os.; ARRUdA, G. P. e.; COELHO, R. S. B.; dIAS, F. M.; MELO, J. N. e. Manejo e ulizao a palma forrageira (Opuna e Nopalea) em Pernambuco. IPA – Embrapa. Recife, PE. documenos, n.30, 48p., 2006. 107. SANtOS, L. C. R. os. Caanga Cerrao Comuniaes Eco-Prouas: Conceios e Princípios. Insuo Socieae Populao e Nau reza - ISPN, Brasília, dF. 2008. 108. SAWYER, donal. Polícas públicas e impacos socioambienais no Cerrao. In: GALINKIN, A. L.; PONdAAG, M. C. M. (Org.). Capaci ao e lieranas o Cerrao. Brasília, dF. technoPolik. 2009. 109. SCHOENEBERGER, M. M. Wooy Plan Selecon for Riparian Agroforesry. Norheasern an Inermounain Fores an Consera on Nursery Associaon Meeng. Anais. S. Louis, Missouri, USA: 1993. 110. SEIFFERt, N. F.; tHIAGO. L. R L. S. Legumineira - Culura Forrageira para Prouo e Proeína. Embrapa, Cenro Nacional e Pesquisa e Gao e Core-CNPGC Campo Grane, MS. Circular écnica n. 13. no, 1983. disponíel em: hps://ocsagencia.cnpa.embrapa. br/boinoecore/c/c13/c13.pf. Acesso em 14 ez. 2015. 111. SILvA, G. C. a. viabiliae e Anropogon Gayanus no Cerrao Brasileiro. Uniersiae Feeral e Goiás Campus Jaaí. disponíel em: hps://zooecnia.jaai.ufg.br/up/186/o/Gl%C3%AAnio_Campos_a_Sila_-viabiliae_e_Anropogon_gayanus_no_Cerra o_Brasileiro.pf. Acesso em: 13 ez. 2015. 112. SOLLBERG, I.; SCHIAvEttI, A.; MORAES, M. E. B. Manejo Agrícola no Refúgio e via Silesre e Una: Agrooresas como uma perspeca e conserao. Reisa Árore, . 38, n. 2, p. 241–250, 2014. 113. SOUSA, F. B. Leucena: Prouo e Manejo no Norese Brasileiro. Embrapa, Sobral, CE. Circular técnica n. 13. 2005. disponíel em: hps://www.agencia.cnpa.embrapa.br/Reposiorio/CtE+18+CNPC_000fcujr58602wx5eo0a2nxyyuaay8.pf. Acesso em: 14 dez. 2015. 114. SOUZA JUNIOR, O. F. e. Inuência o espaameno e a época e core na prouo e biomassa e alor nuricional e tihonia iersifolia (HEMSL.) Gray. Uniersiae e Marília (disserao e Mesrao). 43 p., 2007. disponíel em: hp://www.unimar.br/ pos/rabalhos/arquios/16FBB42941C786FA4ACAB44672B0A3F9.pf. Acesso em: 14 ez. 2015. 115. SOUZA, L. A. G. e. Leguminosas para Aubao vere na terra Firme e na várzea a Amazônia Cenral: Um esuo em pequenas proprieaes rurais em Manacapuru. Eiora INPA. Manaus, AM. 40 p. 2012. disponíel em: hps://www.inpa.go.br/arquios/ Leguminosas_Aubaca_terra_Firme_varzea.pf. Acesso em: 13 ez. 2015. 116. SOUZA, M. dE; PIÑA-ROdRIGUES, F. desenolimeno e espécies arbóreas em Sisemas Agrooresais para Resaurao e Áreas degraaas na Floresa Ombróla densa, Paray, RJ. Reisa Árore, . 37, n. 1, p. 89–98, 2013. 117. StEENBOCK, W.; SILvA, L. a C. e; SILvA, R. O. a; ROdRIGUES, A. S.; PEREZ-CASSARINO, J.; FONINI, R. Agrooresa, Ecologia e Socie ae. Kairós. Curiba, PR. 422 p., 2013. 118. FAGG, C. W.; MUNHOZ, C. B. R.; SOUSA-SILvA, J. C. (Org.). Conserao e áreas e Preserao Permanene o Cerrao: Carac erizao, Eucao Ambienal e Manejo. Cenro e Referência em Conserao a Naureza e Recuperao e Áreas degraaas
264
REFERÊNCIAS CITADAS – PARA SABER MAIS
– CRAd. Uniersiae e Brasília. Brasília, dF. 324 p. 2011. 119. UdAWAttA, R. P.; GARREtt, H. E. Agroforesry buers for non poin source polluon reucons from agriculural waershes. Jour nal of enironmenal qualiy, . 40, n. 3, p. 800 – 806, 2011. 120. UNESP – Uniersiae Esaual e So Paulo. Panicum maximum: Esuos as principais gramíneas forrageiras. (apresenao e slie). 2013. disponíel em: hp://www.fca.unesp.br/Home/eparamenos/zooecnia/ANACLAUdIARUGGIERI/apresena...pf. Acesso em: 15 dez. 2015 121. UICN; WRI. Guia sobre a Meoologia e Aaliao e Oporuniaes e Resaurao (ROAM): Aaliao e oporuniaes e resaurao e paisagens oresais em níel subnacional ou nacional. documeno e rabalho (Eio-ese). Unio Inernacional para Conserao a Naureza. Glan, Suía. 125 p. 2014. disponíel em: hps://porals.iucn.org/library/sies/library/les/ocu mens/2014-030-P.pf. Acesso em: 18 fe. 2016. 122. RIBEIRO, A. C.; GUIMARãES, P. t. G.; ALvAREZ v. v. H. (Es.). Recomenaões para o uso e correos e ferlizanes em Minas Gerais - 5ª Aproximao. Uniersiae Feeral e viosa - UFv, Minas Gerais, 359p. 1999. 123. vAGEN, t-G. WINOWIECKI, L. A.; tAMENE, d. L.; tONdOH, J. E. the Lan egraaon Sureillance Framework (LdSF) - Fiel Guie. Worl Agroforesry Cenre – ICRAF, Nairobi, Kenya. 4ª e. . 4. 2013. 124. vAN NOORdWIJK, M.; LUSIANA, B.; LEIMONA, B.; dEWI, S.; WULANdARI, d. (Es.). Negoaon-suppor oolki for learning lan scapes. Worl Agroforesry Cenre – ICRAF, Bogor, Inonesia. Souheas Asia Regional Program. 2013. 125. vIEIRA, d. L. M.; HOLL, K. d.; PENEIREIRO, F. M. Agro-successional resoraon as a sraegy o faciliae ropical fores recoery. Resoraon Ecology, . 17, n. 4, p. 451–459, 2009. 126. vILELA, H. Exigências e Apões as Planas Forrageiras. Argos Poral Agronomia. disponíel em: hp://www.agronomia.com.br/ coneuo/argos/argos_planas_forrageiras.hm. Acesso em: 14 ez. 2015. 127. vIRA, B.; WILdBURGER, C.; MANSOURIAN, S. Foress, trees an Lanscapes for Foo Securiy an Nurion. A Global Assessmen Repor. Inernaonal Union of Fores Research Organizaons – IUFRO, vienna. . 33. 172 p., 2015. 128. WORLd BANK. Susainable Lan Managemen Sourcebook. the Inernaonal Bank for Reconsrucon an deelopmen / the Worl Bank. 196 p. 2008. 129. WWF-BRASIL. Cerrao. disponíel em: . Acesso em: 21 ago. 2015. 130. FREItAS, F. L. M. dE; SPAROvEK, G.; MAtSUMOtO, M. H. A aicionaliae o mecanismo e Compensao e Resera Legal a Lei n° 12.651/2012: uma análise a ofera e emana e Coas e Resera Ambienal. In: SILvA, A. P. M. dA; MARQUES, H. R.; SAMBUICHI, R. H. R. (Org.). Muanas no Cóigo Floresal Brasileiro: esaos para a implemenao a noa lei. Ipea - Insuo e Pesquisa Econômica Aplicaa, Rio e Janeiro. p. 125 – 158. 2016. 131. MMA - Minisério o Meio Ambiene. Insruo Normaa MMA n° 04 e seembro e 2009. dispõe sobre proceimenos écnicos para a ulizao a egeao a Resera Legal sob regime e manejo oresal susenáel. 2009. 132. CONAMA – Conselho Nacional o Meio Ambiene. Resoluo CONAMA n° 429 e feereiro e 2011. dispõe sobre a meoologia e recuperação das Áreas de Preservação Permanente - APPs. 2011. 133. BRASIL. decreo n° 7.830 e ouubro e 2012. dispõe sobre o Sisema e Caasro Ambienal Rural, o Caasro Ambienal Rural, esabelece normas e caráer geral aos Programas e Regularizao Ambienal. 2012. 134. SERI - Socieae Inernacional para a Resaurao Ecológica. Princípios a SER Inernaonal sobre a resaurao ecológica. Grupo e trabalho sobre Ciência e Políca (verso 2). trauzio, poruguês. 2004. 135. BRANCALION, P. H. S.; GANdOLFI, S; ROdRIGUES, R. R. Uma iso ecossisêmica o processo e resaurao ecológica. in ROdRI GUES. R. R.; BRANCALION, P. H. S.; ISERNHAGEN, I. (Org.). Paco pela resaurao a Maa Alânca: referencial os conceios e aões e resaurao oresal. LERF/ESALQ, Insuo BioAlânca, So Paulo, SP. p. 78. 2009. 136. MMA - Minisério o Meio Ambiene. disponíel em: hp://www.mma.go.br/comunicacao/iem/8705-recupera%C3%A7% C3%A3o-e-%C3%A1reas-egraaas. Acesso em: 12 jul 2015. 137. RIEtBERGEN-MCCRACKEN, J.; MAGINNIS, S.; SARRE, A. (Es.). the Fores Lanscape Resoraon Hanbook. Earhscan/IttO, Lon on, Unie Kingon. p. 01, 2007. 138. ERA - Ecological Resoraon Alliance of Boanic Garens. Wha is Ecological Resoraon. disponíel em: hp://www.erabg.org/ wha-is-ecological-resoraon. Acesso em: 20 jul 2015. 139. BRASIL. Lei n° 9.985 e julho e 2000. Insui o Sisema Nacional e Uniaes e Conserao a Naureza (SNUC), esabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. 2000. 140. UPREtY, Y.; ASSELIN, H.; BERGERON, Y.; dOYON, F.; BOUCHER, J.-F. Conribuon of raional knowlege o ecological resoraon: Pracces an applicaons. Ecoscience, . 19, n. 3, p. 225–237, 2012. 141. REY BENAYAS, J. M.; BULLOCK, J. M. Resoraon of Bioiersiy an Ecosysem Serices on Agriculural Lan. Ecosysems, . 15, n. 6, p. 883–899, 2012. 142. BLINN, C. E.; BROWdER, J. O.; PEdLOWSKI, M. A.; WYNNE, R. H. Rebuiling he Brazilian rainfores: Agroforesry sraegies for sec onary fores succession. Applie Geography, . 43, p. 171–181, 2013. 143. CARvALHO, W. R. e; vASCONCELOS, S. S.; KAtO, O. R.; CAPELA, C. J. B.; CAStELLANI, d. C. Shor-erm changes in he soil carbon socks of young oil palm-base agroforesry sysems in he easern Amazon. Agroforesry Sysems, . 88, n. 2, p. 357–368, 2014. 144. NOORdWIJK, M. vAN; FARIdA; SAIPOtHONG, P.; AGUS, F.; HAIRIAH, K.; SUPRAYOGO, d.; vERBISt, B; Waershe funcons in prouc e agriculural lanscapes wih rees. In: GARRItY, d.; OKONO, A.; GRAYSON, M.; PARROtt, S. (E.). Worl Agroforesry ino he Fuure. Nairobi: Worl Agroforesy Cenre, ICRAF, p. 103 – 112, 2006.
265
REFERÊNCIAS CITADAS – PARA SABER MAIS
145. vIEIRA, d. L. M.; dOURAdO, B. F.; MOREIRA, N. os S.; FIGUEIREdO, I. B.; PEREIRA, A. v. B.; OLIvEIRA, E. L. e. (Org.). Agriculores que culam árores no Cerrao. WWF Brasil, Brasília. 163 p., 2014. 146. MICCOLIS, A.; PENEIREIRO, F. M.; vIEIRA, d. L. M.; MARQUES, H. R.; HOFFMANN, M. R. M. Resoraon hrough Agroforesry: opons for reconciling lielihoos wih conseraon in Brazil. Experimenal Agriculure, (Submie), 2015. 147. CHAMBERS, R.; CONWAY, G. Susainable rural lielihoos: praccal conceps for he 21s cenury. Insue of deelopmen Suies discussion, Brighon, UK. n. 296, 1992. 148. ARCO-vERdE, M. F.; AMARO, G. C. Meoologia para análise a iabiliae nanceira e alorao e serios ambienais em sisemas agrooresais. In: PARRON, L. M.; GARCIA, J. R.; OLIvEIRA, E. B. e; BROWN, G. G.; PRAdO, R. B. (Es.). Serios ambienais em sisemas agrícolas e oresais o Bioma Maa Alânca. Embrapa, Brasília, dF. capíulo 30, p. 335-346. 2015. 149. MENdES, F. A. t. Aaliao e moelos e SAFs em pequenas proprieaes selecionaas no município e tomé-Aú, Esao o Pará. In: Iv Congresso Brasileiro e Sisemas Agrooresais, 2002, Ilhéus, Bahia. Anais. CEPLAC. 3 p. 150. SILvA, I. C. viabiliae agroeconômica o culo o cacaueiro (theobroma cacao L.) com aaizeiro (Euerpe oleraceae Mar.) e com pupunheira (Bacris gasipaes Kunh) em sisema agrooresal na Amazônia. Uniersiae Feeral o Paraná (tese douorao), Curiba, PR.143 p. 2000. 151. BORGES, A. L.; SOUZA, L. a S. Exigências Eafoclimácas. In: O Culo a Bananeira. BORGES, A. L.; SOUZA, L. a S. (Es.). Cruz as Almas, Bahia, Embrapa Manioca e Fruculura, 2004. Capíulo 1, p. 15-22. disponíel em: hp://www.agencia.cnpa.embrapa. br/recursos/Liro_Banana_Cap_1Id-tNHdNBfwuu.pf. Acesso em: 15 ez 2015. 152. FERREIRA, M. Escolha e Espécies e Eucalipo. Insuo e Pesquisas e Esuos Floresais – IPEF, Circular écnica n. 47, p. 17, 1979. 153. ESALQ - Escola Superior e Agriculura “Luiz e Queiroz”. Boânica e Eucalypus spp. disponíel em: hp://www.ume.esalq.usp. br/botanica.htm. Acesso em: 15 dez 2015. 154. ALMG – Assembleia Legislaa e Minas Gerais. O culo o Eucalipo no Brasil: hisórico e perspecas. In: Assembleia e Minas Gerais. Ciclo e debaes. O Eucalipo. Minas Gerais, p. 7 – 8. 2004. disponíel em: hp://www.almg.go.br/expor/sies/efaul/ consule/publicacoes_assembleia/carlhas_manuais/arquios/pfs/o_eucalipo/culoeucalipo.pf. Acesso em: 15 ez 2015. 155. OLIvEIRA, M. C.; OGAtA, R. S.; ANdRAdE, G. A. e; SANtOS, d. a S.; SOUZA, R. M.; GUIMARAES, t. G.; SILvA JÚNIOR, M. C. a; PEREIRA, d. J. e S.; RIBEIRO, J. F. e al. Manual e ieiro e prouo e muas: espécies arbóreas naas o Cerrao. Brasília, dF: Uniersiae e Brasília: Ree e Semenes o Cerrao, 1. e. re. e ampl. 124 p. 2016. 156. PEREIRA, M. e S. Manual écnico Conheceno e prouzino semenes e muas a Caanga. Associao Caanga. Foraleza, Ceará. 60 p. 2011. 157. SAMBUICHI, R. H. R.; MIELKE, M. S.; PEREIRA, C. E. (Org.). Nossas árores : conserao, uso e manejo e árores naas no sul a Bahia. E. Eius, Uniersiae Esaual e Sana Cruz – UESC. Ilhéus, Bahia. 1ª. e. 296 p. 2009. 158. MAIA-SILvA, C. SILvA, C. I. a; HRNCIR, M.; QUEIROZ, R. t. e; IMPERAtRIZ-FONSECA, v. L. Guia e planas : isiaas por abelhas na Caanga. E. Funao Brasil Ciao.. Foraleza, Ceará. 1ª e. 195 p. 2012. 159. LIMA, R. A. F. e; PINHEIRO, I. G.; AGUIRRE, A. G.; CALIARI, C. P. Guia e Árores para a resaurao o Oese a Bahia. Insuo Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA. Brasil. 205 p. 2013. 160. GARIGLIO, M. A.; SAMPAIO, E. v. e S. B.; CEStARO, L. A.; KAGEYAMA, P. Y. (Org.). Uso susenáel e conserao os recursos ores ais a Caanga. Serio Floresal Brasileiro - SFB. Minisério o Meio Ambiene – MMA. Brasília. 368 p. 2010. 161. dRUMONd, M. A.; KIILL, L. H. P.; RIBASKI, J.; AIdAR, S. e t. Caracerizao e usos as espécies a Caanga: subsíio para programas e resaurao oresal nas Uniaes e Conserao a Caanga (UCCAs). Embrapa Semiário. Perolina, Pernambuco. 37 p. 2016. 162. CAMPOS FILHO, E. M.; SARtORELLI, P. A. R. Guia e árores com valor Econômico. Agroicone, Iniciaa INPUt/2015. So Paulo, 139 p. 2015. 163. MORAES, L. F. d.; CAMPELLO, E. F. C.; FRANCO, A. A. Resaurao Floresal: o iagnósco e egraao ao uso e Inicaores Ecológicos para o Moniorameno as Aões. Oecologia Ausralis, . 14, n. 02, p. 437–451, 30 jun. 2010.
266