CAP. 02, SCHULTZ - TEMAS PARA DISCUSSÃO (p. 53) 01. Porque o pato mecânico causou tanta sensação em Paris de 1939? Qual a relação disso com o desenvolvimento de uma nova psicologia? R: Porque era uma novidade para o século XVIII e o público em geral estava fascinado com as novas máquinas inventadas pela ciência para uso na indústria e entretenimento. A relação entre esse fato com o desenvolvimento da psicologia é que os princípios incorporados nos movimentadas e ruidosas máquinas do século XVII influenciaram a nascente psicologia.
02. Explique o conceito de mecanicismo. Como esse conceito foi aplicado aos seres humanos? R: O mecanicismo foi o fundamento filosófico do século XVII e afirmava que os processos naturais são determinados mecanicamente e explicados pelas leis da física e da química. Se o Universo é constituído de átomos átomos em movimento qualquer efeito efeito físico resulta de uma causa direta (rel C - E). Como o efeito pode ser medido deveria ser previsível. O Universo era, portanto, organizado e preciso como uma boa máquina.
03. Qual a relação existente entre o desenvolvimento do relógio e o dos robôs e as ideias do determinismo e do reducionismo? R: O determinismo afirmava que os atos são determinados pelos fatos do passado, sendo assim, ser possível prever as mudanças que ocorrem na operação do relógio com base na sequência e na regularidade do funcionamento das peças. Por ser uma máquina fácil de desmontar para observar o funcionamento de suas engrenagens, o relógio também popularizou o conceito de reducionismo, doutrina que explica os fenômenos complexos reduzindo-os aos componentes básicos, às partes mais simples. Portanto, para entender o Universo físico, bastava reduzi-lo às moléculas e átomos. (ver também último § da p. 29 e 3º § da p. 30).
04. Porque os relógios foram considerados c onsiderados modelos para o Universo físico? R: O relógio foi para o século XVII o que o P.C. foi para o século XX. Foi o mecanismo que provocou o maior impacto no pensamento humano. Em virtude da
regularidade,
previsibilidade e exatidão dos relógios, cientistas e filósofos o viam como modelos para o
universo físico e aceitavam a explicação da harmonia e da ordem do universo baseada na regularidade do relógio.
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05. Quais as implicações da máquina calculadora de Babbage na nova psicologia? Descreva a contribuição de Ada lovelace para o trabalho de Babbage. R: Enquanto os robôs imitavam os movimentos humanos, a calculadora de Babbage simulava as ações mentais. ela representou um grande marco na tentativa de simular o pensamento humano. Babbage referia-se às ações de sua máquina como capazes de refazer ou substituir determinados tipos de atividades mentais. Ex: cálculos matemáticos. Sua calculadora representou a 1ª tentativa de reprodução do processo cognitivo humano e desenvolvimento de uma forma de inteligência artificial. Ada, a Condessa de Lovelace, era uma jovem matemática de 18 anos e uma leal patrocinadora de Babbage. Ela publicou uma clara explicação sobre o funcionamento da máquina calculadora e também sobre as possíveis aplicações e implicações filosóficas. Foi também a primeira a reconhecer a principal limitação de uma máquina pensante: ela não é capaz, por iniciativa própria, de criar ou desenvolver nada novo. Apenas executa o que está programada para fazer.
06. Qual a diferença entre a visão de Descartes a respeito da questão mente-corpo e as visões anteriores? R: p. 35, abaixo do box problema mente-corpo e p. 36, par. 1º e 2º.
07. Qual a explicação de Descartes para o funcionamento e a interação do corpo humano e da mente humana? Qual o papel do conarium ? R: p. 37, fim e p. 38, par. 1º e 2º. Para Descartes, a mente é imaterial, não tem substância física, mas é provida de capacidade de pensamento e de outros procedimentos cognitivos. A mente influencia o corpo e é por ele influenciada. Descarte entendia que havia um ponto físico exato do corpo em que este e a mente interagiam mutuamente, chamado de conarium, ou glândula pineal, uma estrutura cerebral unitária tida como ponto central das funções da mente.
8. Como Descartes diferenciava as idéias inatas das idéias derivadas? R: p. 38, item “A Doutrina das idéias”. As idéias derivadas são produzidas pela aplicação direta de estímulos externos. Ex: sons, imagens, i.é, são frutas das experiências sensoriais .
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As idéias inatas são desenvolvidas pela mente, i.é, podem existir independentemente das sensações ou de estímulos externos. Ex: Deus, perfeição, infinito.
9. Defina o positivismo, o materialismo e o empirismo. Quais as contribuições de cada um para a nova psicologia? R: p. 39, 40 e 41. O Positivismo é uma doutrina que reconhece somente os fenômenos naturais ou fatos que são objetivamente observáveis e indiscutíveis, i.é, rejeita tudo o que tem caráter especulativo ou metafísico. O Zeitgeist europeu, no final do séc. XIX
era positivista, só o conhecimento
científico era considerado válido. O Materialismo sustentava que os fatos do universo podem ser descritos em termos físicos pela existência e natureza da matéria. Afirmava ser possível compreender até mesmo a consciência com base na física e na química. Os processos mentais eram estudados de modo anatômico e fisiológico apenas. O Empirismo preocupava-se em descobrir como a mente adquiria o conhecimento, e afirmava que era resultado da experiência sensorial. Esses 3 paradigmas tornaram-se as bases filosóficas da nova psicologia, sendo o Empirismo o mais importante deles, pois buscava compreender como a mente adquiria o conhecimento. Para o Empirismo, a mente evolui com o acúmulo progressivo das experiências sensoriais, contrariando a visão nativista (inatista) de Descartes.
10. Descreva a definição de Locke sobre o empirismo. Discuta seus conceitos de sensação e reflexão e o de ideias simples e complexas. R: p. 42, par. 1º e 43, box.
11. O que é a abordagem mental-química para a associação? Qual as relação entre essa abordagem e a noção da mente semelhante a uma máquina? R: p. 43, último par. e 44, par. 1º e 2º. Associação é o que conhecemos atualmente por aprendizagem. Desse ponto de vista, ideias simples podem se conectar para formar ideias complexas. Essa abordagem reduziu a análise da vida mental às ideias simples, tal como a física foi capaz de desmontar um relógio e separar seus componentes e remontá-los para produzir máquinas mais complexas. Locke entendia o
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funcionamento da mente como leis do universo. Por isso essa abordagem foi um passo significativo no sentido de considerar a mente, tal como o corpo, uma máquina.
12. Como as idéias de Berkeley desafiaram a visão de Locke sobre a distinção entre qualidades primárias e secundárias? O que Berkeley quis dizer com a frase percepção é a única realidade ? R: Berkeley alegava não existirem qualidades primárias, mas somente secundárias, pois todo conhecimento era uma função ou dependia da experiência ou da percepção do indivíduo. Berkeley afirmava que a percepção é a única realidade da qual se tem certeza. Não se pode conhecer com precisão a natureza dos objetos físicos no universo. Tudo o que sabemos é como percebemos ou sentimos esses objetos. Apercepção interna não reflete o mundo exterior. O objeto físico nada mais é do que o acúmulo das sensações experimentadas simultaneamente. O universo das nossas experiências é o somatório das sensações.
13. Como o trabalho de Hartley superou os objetivos dos demais empiristas e associanistas? Como Hartley explicava a associação? R: Para Hartley, as associações se formaram pela repetição das sensações e das ideias, e a lei fundamental da associação é a contigüidade, i.é, ideias ou sensações que ocorrem juntas, tornam-se associadas, de modo que a ocorrência de uma resulta na ocorrência da outra. Hartley foi o primeiro a aplicar a teoria da associação para explicar todos os tipos de atividades mentais e superou os outros empiristas ao tentar explicar não apenas os processos psicológicos com base nos princípios mecanicistas, mas também os processos fisiológicos subjacentes, ao aplicar a idéia newtoniana de vibração (ver p. 49, item influência do mecanicismo).
14: Compare as explicações a respeito de associação apresentadas por Hume, Hartley, J. Mill e J. S. Mill . HUME - Se a noção de Deus fosse omitida, não seria possível confirmar a existência de algo fora da nossa mente, se existe ou não um mundo exterior pelo processo de associação, as idéias complexas são combinações de idéias simples que evoluem e formam novos padrões. Hume descreveu 3 leis de associação: semelhança, contiguidade e causa e efeito. O trabalho de Hume oferece apoio adicional à noção de construção de idéias complexas na mente por meio da combinação mecânica das simples.
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Para HARTLEY, a lei fundamental da associação é a contigüidade. A repetição das sensações e das idéias é necessária para a formação das associações. Não existem associações inatas nem conhecimento ao nascermos. Foi o primeiro a aplicar a teoria da associação para explicar todos os tipos de atividades mentais.
JAMES MILL - Todo conhecimento tem início com as sensações, das quais são derivadas as idéias complexas de nível mais elevado mediante o processo de associação que é uma questão de contigüidade ou apenas de simultaneidade e pode ser sucessiva ou concomitante. Associação era um processo passivo e automático, é mecânica e as idéias resultantes são apenas o acúmulo ou a soma dos elementos mentais individuais.
JOHN STUART MILL - Ao contrário do pai, entendia que a mente exercia um papel ativo na associação de idéias. Idéias complexas são mais que a simples soma de idéias simples, porque adquirem
novas
qualidades
antes
não
encontradas
nos
elementos
simples.
Ex:
azul+vermelho+verde=branco (Disco de Newton). A combinação correta de elementos mentais sempre produz alguma qualidade distinta que não estava presente nos próprios elementos. Esse é o conceito de síntese criativa.
15. Destaque os pontos divergentes das posições de J. Mill e J. S. Mill sobre a natureza da mente. Qual dessas visões teve impacto mais duradouro na psicologia? Para J. Mill, a mente era uma máquina - funcionava da mesma forma previsível e mecânica de um relógio. Era colocada em funcionamento por forças externas e operada por forças físicas internas, sendo uma entidade completamente passiva e acionada totalmente por estímulos externos. Ele propunha o estudo da mente pelo método reducionista. Já J. S. Mill combateu a visão mecanicista do pai (mente passiva), pois acreditava que a mente exercia um papel ativo na associação de idéias. O pensamento de J. S. Mill foi influenciado pela química, que trabalhava com o conceito de síntese. Sua visão teve maior impacto sobre a psicologia, abrindo as portas para o estudo científico da mente.