SEMINÁRIO ADVENTISTA LATINO-AMERICANO DE TEOLOGIA RICARDO DOS SANTOS FERREIRA
A REFORMA DE SAÚDE E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL
CACHOEIRA / BA 2007
RICARDO DOS SANTOS FERREIRA
A REFORMA DE SAÚDE E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL
Monografia apresentada ao Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia como requisito parcial obrigatório para a obtenção do grau de Bacharel em Teologia.
ORIENTADOR: Prof° Dr. Joaquim Azevedo Neto
CACHOEIRA / BA 2007
RICARDO DOS SANTOS FERREIRA
A REFORMA DE SÚDE E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL
Monografia apresentada ao Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia como requisito parcial obrigatório para a obtenção do grau de Bacharel em Teologia.
Aprovada em ___ de Novembro de 2007.
________________________ ____________________________________ _________________ _____ Profº. Dr. Joaquim Azevedo Neto Seminário Adventista Latino-americano de Teologia
A Deus, pelo conhecimento e discernimento na área escolhida para a elaboração e conclusão a minha esposa que sempre esteve presente e apoiando-me, a minha linda filhinha que colaborou muito para que este estudo fosse concluído e ao Pr Natanael Batista pelo apóio e conselhos.
AGRADECIMENTOS
A Deus, minha profunda gratidão, por ter me conduzido por estes quatro anos de SALT. E por estar iluminando o caminho que deveria trilhar para a elaboração e conclusão deste trabalho monográfico. A minha maravilhosa esposa que em todos os momentos esteve do meu lado sempre me apoiando e ajudando. A minha linda filha Larissa, que tem sido compreensiva em minhas ausências para estudo. A Tia Ivonete e o tio Dirceu que me mostraram o caminho da verdade, a minha Vó, dona Zinha e ao meu irmão Fernando que me acolheram em momentos difíceis. A meu sogro Osvaldo e minha sogra Célia que tem nos ajudado muito. Ao pastor Natanael Batista, que me acolheu como a um filho desde o momento que nos conhecemos. Não poderia também deixar de demonstrar minha gratidão aos professores do SALT, que foram fundamentais neste período de aprendizado, mas destes gostaria de destacar, a Gal que sempre se demonstrou ser muito amiga, ao Pastor João Antonio, com seus conselhos importantíssimos, o Pastor Abdalla pelas orientações imprescindíveis no evangelismo, ao pastor Joaquim pelas orientações neste momento de conclusão, ao Pastor Elias Brasil, pelos conselhos na hora do chamado. E a todos aqueles que sempre oraram para que este momento se concretizasse.
RESUMO
Os Adventistas do 7º Dia tem se destacado como um povo que se preocupa em ter um estilo de vida saudável, e juntamente com sua profetisa Ellen G. White, sempre incentivaram um cuidado especial para com a saúde, por acreditar que o ser humano é um ser indivisível, e que por isto, existe uma intima relação entre a saúde física e mental com o crescimento espiritual do ser humano. O presente trabalho visa analisar o pano de fundo de todas as crises que durante toda a história bíblica é possível observar. Crises essas, em que toda a humanidade tem se envolvido, algumas trazendo grandes destruições outras nem tanto, mas todas com terríveis conseqüências. Novamente o mundo se encontra a beira de uma crise sem precedentes, no auge do secularismo, onde predominam os mesmos pecados que levou os antediluvianos e os habitantes de Sodoma e Gomorra a destruição. É neste momento tão sublime, que Deus chama seu povo a se separar do mundo e se santificar para a proclamação final do evangelho eterno, e assim como purificou Israel, entes deste entrar em Canaã, por ocasião do êxodo, através de uma alimentação saudável e uma firme confiança em Seu poder, pretende também purificar Seu povo para que este esteja preparado para a segunda vinda de Jesus, e o meio por ele designado para isto, é a reforma de saúde, obra esta que acompanha a terceira mensagem angélica, e é imprescindível para se discernir a verdade.
Palavras - chave: Saúde. Crises. Humanidade. Purificar. Saudável. Vida saudável.
ABSTRACT
The 7th Day Adventists has detached itself as people who are preoccupied with having a healthy way of life, and together with the prophetess Ellen G. White, always stimulated a special care for with the health, by believing that the human being is undivided, and for that, there is an intimate relation between physical health and mental health with the spiritual growth of the human being. The present work aims at analyzing the background plan of all crises that during all biblical history is possible to observe. These crises, that all humanity is involved, some bringing great destructions, others not as much, but all with terrible consequences. Again the world finds itself in the edge of unprecedented crises, in the height of secularism, where it predominates the same sins that brought the diluvians and the Sodom and Gomorrah to it’s destruction. That is the most sublime moment in which God calls upon your people to separate the world and to sanctify for the final proclamation of the eternal gospel, and like he sanctified Israel, and before going in Canaan, for the exodus occasion, through the healthy food and a firm confidence in his power, also pretends do purify Your people for that His people would be prepared for the second coming of Jesus Christ, and the way he designed for that, is the health reform, work that follows the third gospel message, and it is essential to discern the truth.
Key words: health, crises, humanity, purify, healthy, healthy life.
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8 1.1 PORQUE ESTE TEMA ...................................................................................................9 1.2 BUSCANDO RESPOSTA ............................................................................................. 10 1.3 UMA OFERTA PESSOAL ............................................................................................ 10 2 ORIGEM DAS GRANDES CRISES DESCRITAS NA BÍBLIA .................................. 13 2.1 A QUEDA DA FAMÍLIA HUMANA .......................................................................... 13 2.2 O DILÚVIO .................................................................................................................... 16 2.3 SODOMA E GOMORRA .............................................................................................. 20 2.4 O ISRAEL NO DESERTO ............................................................................................ 23 2.5 A SEMELHANÇA ENTRE AS CRISES ..................................................................... 28 3 A REFORMA DE SAÚDE E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL ................................. 31 3.1 A IASD E A REFORMA DE SAÚDE........................................................................... 31 3.1.1 O contexto em que vivia a igreja por ocasião do recebimento da mensagem de saúde ................................................................................................................................ 33 3.1.2 A relevância da mensagem de saúde nos primórdios da IASD ......................... 35 3.2 A REFORMA DE SAÚDE E A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO ...................... 36 3.3 AS CONSEQUÊNCIAS DA CONDESCENDENCIA COM O APETITE NA VIDA DO CRISTÃO. ..................................................................................................................... 41 4 NO QUE CONSISTE A REFORMA DE SAÚDE............................................................ 46 4.1 O REGIME ALIMENTAR ............................................................................................ 47 4.2 O EQUILIBRIO EM TODAS AS COISAS ................................................................... 50 4.2.1 Alguns exemplos .................................................................................................... 51 5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 56 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise sobre a importância da reforma de saúde no crescimento espiritual dos cristãos 1. Temos vivido em dias marcados pela frieza espiritual, mas ainda assim acreditamos ser possível viver uma fé genuína, e a despeito de vivermos dias tão secularizados como estes, mas também sabemos ser necessário se pagar um preço para que isto seja possível; preço da renúncia de si mesmo, da abstinência de alimentos prejudiciais a nossa saúde, de hábitos e costumes que temos carregado desde nossos primeiros anos de vida. Talvez precisemos renunciar muitas coisas que gostamos, mas jamais nossa renúncia poderá ser comparada com a Daquele que deixou o céu para viver neste mundo poluído e contaminado pelo pecado a fim de entregar sua própria vida unicamente para resgatar-nos da morte e nos conceder a vida eterna. O presente trabalho está dividido em quatro seções, a primeira se divide em três partes, sendo elas, com a finalidade de contextualizar o tema e os objetivos onde o autor procura apresentar as razões pelas quais escolheu este assunto para análise, além de trazer esta breve introdução. Na segunda seção estaremos fazendo uma breve análise nas principais crises descritas na bíblia, esta análise está dividida em cinco partes, que começará com uma reflexão sobre a queda do ser humano, na segunda, será a vez do dilúvio, procuraremos descobrir quais eram os pecados dos antediluvianos e como chegaram a tal situação a ponto de receberem os juízos divinos. No terceiro capítulo estaremos analisando a situação de Sodoma e Gomorra e assim como na anterior descobrir o que os levou a serem destruídos. E por fim faremos uma análise para comparar as semelhanças existentes entre estas crises, 2 nosso objetivo não é fazer uma exegese sobre estes temas, mas apenas uma análise para então utilizá-los como pano de fundo do nosso tema. A terceira seção está dividida em três partes e na primeira estaremos analisando qual é a posição oficial da IASD 3 para com a reforma de saúde, o contexto em que a igreja estava vivendo por ocasião do recebimento desta mensagem, e qual a influência desta na vida de
1 Apesar
de abranger os cristãos em geral o objetivo principal do autor é fazer uma analise voltada para a realidade da Igreja Adventista do 7° Dia (IASD), para tanto o trabalho terá como fonte principal os escritos de Ellen G. White, a qual a igreja citada tem como sua profetiza. 2 Não é objetivo do autor fazer uma exegese sobre estes temas, mas apenas uma breve analise de cada uma delas a fim de contextualizar o leitor sobre a abrangência do assunto proposto neste trabalho, alem de apresentar as conseqüências que ela pode trazer. 3 Igreja Adventista do 7º Dia.
seus pioneiros 4. Na segunda parte estaremos averiguando as conseqüências da condescendência para com o apetite na vida do cristão. Na terceira parte procuraremos definir quais são as relações da mensagem de saúde com a mensagem do terceiro anjo. 5 E por fim na quarta seção finalizaremos procurando esclarecer no que consiste a reforma de saúde de saúde. 6 Por fim traremos as conclusões finais, e, baseado nelas procuraremos apresentar uma proposta para que haja uma contribuição real com o crescimento espiritual dos que amam a Igreja do Deus vivo, para assim desfrutar das bênçãos do derramamento da chuva serôdia, e no poder do Espírito Santo cumprir a missão que nos foi confiada. 7
1.1 PORQUE ESTE TEMA
Os Adventistas do 7º Dia através de sua profetisa Ellen G. White, sempre apoiaram e incentivaram um cuidado especial para com a saúde, acreditando ser esta imprescindível no crescimento espiritual do ser humano. Durante toda a história bíblica é possível ver relatos de crises em que a humanidade tem se envolvido, algumas trazendo grandes destruições 8 outras nem tanto, mas todas com terríveis conseqüências. White, 9 declara que todas estas grandes crises estão relacionadas com a condescendência com o apetite. Estaria a alimentação realmente relacionada com a decadência moral que o mundo se encontra, e qual seria sua relação com a frieza espiritual em que a igreja esta vivendo em nossos dias? A reforma de saúde seria parte da solução para os problemas espirituais da igreja?
4 Vale
ressaltar que o autor tem como objetivo delimitar a analise somente entre o período de 1844 a 1866, quando a igreja fundou seu primeiro instituto de reforma de saúde, não avançando aos demais pioneiros que vieram depois desta data, já que o objetivo se resumo ao período em que a mensagem foi recebida pela igreja. 5 O autor está se referindo ao terceiro anjo das três mensagens angélicas descritas em Apocalipse 14: 6-12. 6 Não é pretensão do autor esgotar, delimitar ou definir em ultima instância o assunto, mas simplesmente mostrar para o leitor que a abrangência vai muito alem da alimentação. 7 Mateus 28.19 e 20. 8 Como o Dilúvio e Sodoma e Gomorra 9 ELLEN G. White. Conselho sobre saúde. Tradução Almir A. Fonseca. 3. ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 1995. p. 109-111.
1.2 BUSCANDO RESPOSTA
Esta seção está dividida em duas partes, a fim de deixar mais claro as metas que tem motivado este trabalho, onde o autor apresenta de forma mais detalhada os objetivos que pretende alcançar através deste trabalho. De uma forma genérica, a pesquisa pretende descobrir qual é a importância da reforma de saúde no crescimento espiritual dos membros da igreja de uma forma geral. E assim contribuir com possíveis orientações nas mudanças de hábitos que tem prejudicado o desenvolvimento, fortalecimento e preparo da igreja remanescente no cumprimento de sua missão. Além disso, pretende-se também, analisar qual a verdadeira relação entre a condescendência com o apetite e as principais crises descritas na bíblia, tais como: A queda da raça humana o Dilúvio a destruição de Sodoma e Gomorra e a rebelião de Israel no deserto por ocasião do êxodo a qual os levou a permanecer por quarenta anos no deserto a fim de esboçar um pano de fundo para os capítulos subseqüentes. Desta maneira procurando conscientizar os membros da igreja sobre a importância da reforma de saúde no crescimento espiritual, e na medida do possível apresentar uma contribuição para que, como um povo, venhamos corrigir nossas possíveis falhas e alcançarmos preparação satisfatória para o encontro com Jesus, afim de desfrutar das bênçãos do derramamento da chuva serôdia 10. E no poder do Espírito Santo cumprir a missão que nos foi confiada.
1.3 UMA OFERTA PESSOAL
No antigo Israel o povo deveria adorar a Deus através de ofertas que eram levadas até seu templo, mas estas ofertas deveriam ser perfeitas, sem mancha e sem macula. Este
10 Descrição
de uma das duas chuvas que caiam em Israel, sendo que a primeira, a temporã, quando caia era para que as sementes germinassem e a segunda, a serôdia, caia justamente para que o fruto chegasse ao ponto a fim de ser colhido, desta forma ela é usada hoje para representar o derreamento do Espírito Santo sobre o povo remanescente de Deus como descreve o profeta Joel (2:28-32), e onde teve cumprimento parcial com os discípulos (chuva temporã), para que a semente do evangelho germinasse, e que devera cair agora como (serôdia), para que a a seara Divida seja colhida e a missão seja cumprida.
santuário onde o povo levava suas ofertas de sacrifícios 11 era justamente onde estava a presença do Deus vivo 12, e exatamente por isto não deveria entrar ali nada que viesse a contaminar este santo lugar. A bíblia também descreve o nosso corpo como santuário do Espírito Santo de Deus (I Cor. 6:19) 13, e acrescenta que “Ele habita em nós” e é este o motivo pelo qual nos orienta a “fugir das impurezas” (II Cor.6:18) pois, esta nos impedem de elevar a Ele um louvor puro e verdadeiro, e então nos aconselha a cuidar do nosso corpo para podermos apresentar a Deus um sacrifício puro e perfeito, como comenta o apostolo Paulo em sua carta aos Romanos 12: 1e 2:
Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimente qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus 14.
Era desígnio de Deus habitar em cada um de nós para que assim fossemos seu povo e Ele fosse o nosso Deus 15, que nossas mentes fossem puras e que nossas vidas fossem um louvor ao seu nome. Infelizmente não é isto que temos visto em nossos dias, pois o homem do século XXI parece não ter tempo para Deus e para as coisas de Deus, e assim tem deixado que seus desejos o dominem, que o vício e a satisfação própria tome conta de suas vidas e seja seu deus, como conseqüência desse descaso para com o Criador, os homens tem se afundado cada vez mais no pecado e na miséria. A reverência e o respeito parecem não mais fazer parte de nossos dicionários 16. Mesmo nas igrejas a irreverência parece tomar conta de tudo, o senso da presença de Deus parece ter desaparecido, pois tem se tornado comum brincadeiras, piadas e até mesmo brigas em locais sagrados onde outrora nem mesmo conversas se ouviam. Fora da igreja o quadro é ainda pior como descreve o apóstolo Paulo em sua segunda epístola a Timóteo 3: 1-4,
11 Para
uma melhor compreensão de como eram as ofertas e os sacrifícios levados a Deus no Antigo Israel aconselha-se ler Levítico 1:1 – 7:38. 12 Ver Êxodo 25:8. 13 Pode-se encontrar um verso paralelo a este em II coríntios 6:16. 14 A versão bíblica utilizada sempre será a Almeida Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida. Bíblia de estudo Almeida. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. 15 “Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” II coríntios 6:17. 16 O noticiário todos os dias apresenta um quadro horrível, de mortes no atacado, onde os criminosos não respeitam crianças e nem idosos, a insegurança tanto dentro como fora das residências tem deixado em pânico toda a sociedade, filhos que matam seus pais por dinheiro e até mesmo por “liberdade” dizem eles, pais que abandonam seus filhos para “aproveitar a vida”, e pessoas que fazem o que for preciso (até mesmo matar outros) para alcançar seus objetivos egoístas.
Sabe, porém, isto; que, nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis; Pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos de Deus. 17
Poderíamos até mesmo inverter a ordem do verso e começar com a última frase que diz inimigos de Deus 18 pois este parece ser o principio básico da situação humana em nossos dias, já que mesmo entre aqueles que professam serem cristãos podemos contemplar muitas das características descritas por Paulo no verso acima 19. Mas esta não é a primeira vez que isto acontece, já em tempos antigos também nos deparamos com situações parecidas 20, como afirma o sábio Salomão quando disse, “... nada há, pois, novo debaixo do céu” ,21 e é justamente esta similaridade entre as crises em que a humanidade tem se envolvido, que tem motivado uma análise mais profunda, com o fim de descobrir se há alguma relação entre estas crises passadas com a alimentação e estilo de vida e qual a ligação entre aquelas passadas e a que vivemos hoje. Desta forma procuraremos trazer uma resposta clara e objetiva do verdadeiro papel da reforma de saúde no fortalecimento moral e espiritual tanto da Igreja Adventista do 7° Dia bem como o da sociedade em que vivemos 22.
17 Bíblia
sagrada. acrescentada. 19 Isto é II Timóteo 3:1-4. 20 O autor esta aqui se referindo as diversas crises espirituais em que o povo de Israel se envolvera desde o antigo testamente até a rejeição do Messias, quando deixou de ser o povo escolhido de Deus. 21 Eclesiastes 1.9. 22 Apesar do objetivo principal do autor seja fazer uma análise entre a reforma de saúde e o crescimento espiritual, também será analisado neste trabalho a influencia moral naqueles que não professam uma fé. 18 Ênfase
2 ORIGEM DAS GRANDES CRISES DESCRITAS NA BÍBLIA
Nesta seção estaremos fazendo uma breve análise de algumas das principais crises descritas na bíblia, esta análise está dividida em cinco partes, na primeira estaremos fazendo uma reflexão sobre a queda do ser humano, na segunda será a vez do dilúvio, procuraremos descobrir quais eram os pecados dos antediluvianos e como chegaram a tal situação a ponto de receberem os juízos divinos, no terceiro capítulo estaremos analisando a situação de Sodoma e Gomorra e assim como na anterior descobrir o que os levou a serem extintos. E por fim faremos uma análise para comparar as semelhanças existentes entre estas crises. Vale lembrar que nosso objetivo não é fazer uma exegese sobre estes temas, mas apenas uma análise para então utilizá-los como pano de fundo para a seqüência do nosso tema.
2.1 A QUEDA DA FAMÍLIA HUMANA
Antes de criar o ser humano, Deus já havia providenciado um ambiente especial, para que este desfrutasse de uma perfeita saúde, tanto física, mental como espiritual. Tudo o que o homem precisasse para sua manutenção e felicidade encontraria ali no jardim do Éden 1. O recém criado casal era plenamente feliz, seu tempo era ocupado “com a feliz tarefa de cuidar do jardim2... e receber a visita dos anjos, ouvirem suas instruções e meditações”, 3 eles tinham total controle sobre toda criatura vivente 4, suas atividades físicas lhes traziam plena
(´Éden) “[...] esta palavra” foi indiretamente associada com a raiz hebraica homônima ´ādan, que significa “desfrutar”, “ter prazer em”. A LXX no entanto, parece derivar esta palavra diretamente da raiz hebraica ´ādan ao traduzir a palavra por “jardim das delicias”. Isso levou à identificação tradicional do jardim do Éden com o paraíso, o que foi bastante apropriado (Ap 2.7). Éden é um símbolo de grande fertilidade em Isaias 51.3; Ezequiel 36.35 e Joel 2.3. Essa palavra aparece 14 vezes no AT. Em Gênesis 2.8, 10; 4.16, faz-se referencia a região geográfica em que o jardim se situava. Conquanto se possa identificar os rios Tigre e Eufrates, existe uma certeza generalizada quanto aos outros dois rios, o Pisom e o Giom. Entretanto, uma área próximo à foz dos rios tigre e Eufrates, no Golfo Pérsico, parece bastante possível. Speiser sustenta que o relevo físico apresentado em Gênesis 2 é autentico. HARRIS, R. Laird; ARCHER, Gleson L; WALTKE, Bruce K. Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. Tradução Mario Loureiro Redondo; Luiza A. T. Sayão; Carlos Osvaldo C Pinto. São Paulo: Vida Nova, 1998. 1 Vol.1079 2 “’Jardim do’ Éden é paralelo da expressão ‘Jardim de Deus.’” Ibid. 3 WHITE, Ellen G. História da redenção. Tradução Ivan Schmidt. 10. ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003. p. 162. 4 Para uma melhor compreensão ver comentário de White sobre a criação no livro história da redenção capitulo 2, p.20-23. 1
satisfação, ao contrário do que vemos hoje, e em momento nenhum se sentiam cansados. Enfim vivia uma vida perfeita na presença do Criador. Mas fora justamente ali que o ser humano enfrentou sua primeira e grande tentação, ao não dar valor a palavra de Deus. Ao santo par fora permitido comer de todas as árvores em seu lar edênico, exceto de uma, que era a árvore do conhecimento do bem e do mal. Disse o Senhor a Adão e Eva: “[...] de toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comerdes, certamente morrereis”.5 (Gênesis 2: 17) Deus não havia colocado aquela árvore ali para tentar nossos primeiros pais 6, mas sim para lhes dar a oportunidade de exercer sua liberdade de escolha já que Deus não havia criado “robôs”, e sim pessoas inteligentes e com liberdade de escolha. Ora, se não houvesse ali no jardim do Éden algo que possibilitasse ao ser humano a escolher, que liberdade ele teria? Porém Deus não os deixou sem orientação como cita White,
Claramente informaram-nos de que a árvore do conhecimento fora colocada no jardim para ser um penhor de sua obediência e amor a Deus; que a elevada e feliz condição de santos anjos seria conservada sob a condição de obediência; que eles estavam numa situação similar; que podiam obedecer à lei de Deus e ser inexprimivelmente felizes, ou desobedecer e perder sua elevada condição e serem mergulhados num desespero irremediável. Contaram a Adão e Eva que Deus não os compelia a obedecer - que Ele não removera deles o poder de contrariar Sua vontade; que eles eram agentes morais, livres para obedecer ou desobedecer. Havia apenas uma proibição que Deus considerara próprio impor-lhes. Se transgredissem a vontade de Deus, certamente morreriam. 7
Desta maneira a felicidade do ser humano dependia completamente de sua fidelidade a seu criador. Deus havia criado o homem reto e com perfeito equilíbrio mental, nele não havia qualquer tendência pecaminosa ou vestígio de morte, mas pelo contrário, gosava de plena saúde, e era seu dever preservá-la através de uma vida de espontânea obediência. Adão e Eva falharam, e pela sedução do astucioso inimigo, a proibição de Deus foi desrespeitada e agora a raça humana ficou a mercê das conseqüências de sua escolha, White comenta que nossos primeiros pais consideraram de pouca importância o transgredir a ordem de Deus, naquele único ato, de comer de uma arvore tão linda e vista e tão agradável ao paladar. Mas o que eles 5 É
importante ressaltar que não havia nenhum tipo de veneno naquela árvore ou em seu fruto e que, portanto a morte não viria pela contaminação, mas sim pelo ato de desobediência do homem para com o seu Criador. 6 Tiago a apostolo de cristo em sua epistola deixa bem claro que Deus não é responsável pelas tentações que o homem sofre ao afirmar que: “ninguém, ao ser tentado, diga: sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta”. Tiago 1:13. 7 Ibid., p. 30.
não levaram em consideração foi o fato de que o que estava em jogo era justamente a fidelidade a Deus e a felicidade de toda a raça humana, como acrescenta White, “ isso rompeu sua fidelidade a Deus e abriu as comportas de um dilúvio de culpa e desgraça que tem inundado o mundo.”8 Adão e Eva escolheram desobedecer a Deus e dar ouvido a seu inimigo, eles poderiam ter resistido a tentação, mas não o fizeram, cederam pois “aspiraram ter mais sabedoria, independente de Deus, procurando compreender aquilo que Lhe aprouve reter dos mortais”9, “foram intemperantes em seus desejos.” 10 Nossos primeiros pais caíram por causa do apetite como observa White, 11 “Adão e Eva caíram pela intemperança do apetite” . E ela ainda acrescenta que desde então “uma das mais fortes tentações que o homem tem de enfrentar é em relação ao apetite” .12 Desde a queda de nossos primeiros pais, a raça tem se enfraquecido e cedido cada vez mais aos desejos egoístas, e isto tem trazido conseqüências assustadoras para toda a raça humana, como nos descreve White,
O crime e a doença têm aumentado com cada geração sucessiva. A intemperança no comer e beber, e a condescendência com as paixões baixas, têm entorpecido as faculdades mais nobres do homem. A razão, em vez de ser dominadora, tornou-se escrava do apetite, numa extensão alarmante. 13
Desta forma podemos concluir que o ser humano fora criado para honrar e glorificar o seu Criador, através de uma vida de obediência e adoração, mas por ceder ao grande tentador deixou que seu apetite 14 tomasse o primeiro lugar de sua vida, lugar este que deveria pertencer somente a Deus, 15 e como conseqüência desta escolha “a humanidade tem se tornado mais e mais indulgente para consigo mesma, de maneira que a saúde tem sido sacrificada no altar do
8 WHITE,
Ellen G. Conselho sobre saúde. Tradução Almir A. da Fonseca.13. Ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993. p. 1 – 36. 9 White, História da redenção. 2003 p. 34. 10 White, Conselho sobre regime alimentar. Tradução Isolina A. Waldvogel e Luiz Waldvogel. 12. ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2002. p. 145. 11 White, História da redenção. 2003 p. 70. 12 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 147. 13 Ibid., p. 149. 14 [Do lat. appetitu.] S. m. 1. Vontade de comer; apetência. 2. P. ext. Vontade, disposição, ânimo: 3. Ambição, cobiça, sofreguidão: 4. Gosto especial; predileção, preferência: 5. Sensualidade, lubricidade. (Novo Aurélio, dicionário eletrônico de língua portuguesa, versão 3.0. 15 O primeiro mandamento (Êxodo 20:3) é bem claro ao afirmar que não devemos ter nenhum outro deus diante do único e verdadeiro Deus que é nosso criador.
apetite”, 16 e como conseqüência o ódio, dor, tristeza, inveja, cobiça, prostituição, ganância, egoísmo e morte tem sido uma cruel realidade cada vez mais crescente.
2.2 O DILÚVIO
Depois da queda, o ser humano continuou se afundando cada vez mais em sua derrocada apostasia, não demorou muito e o pecado começou a mostrar sua verdadeira cara, já entre os primeiros filhos de Adão e Eva 17 podemos ver predominar grandes traços de maldade, como no caso de Caim ao matar seu irmão Abel simplesmente por inveja, pois seu sacrifício não havia sido aceito por Deus, visto haver oferecido algo que Ele não havia pedido, enquanto que o Senhor aceitara o de seu irmão 18, pois este oferecera exatamente conforma a vontade dEle. Que contraste impressionante com Adão e Eva que logo depois da queda choraram amargamente e sentiram imensa dor até mesmo pelas folhas que caiam das árvores, e agora, pouco tempo depois o ser humano já estava tirando a vida do seu próximo. Desde a queda até o dilúvio havia passado apenas algumas poucas gerações, mas sobre a terra já repousava uma dupla maldição em conseqüência da transgressão de Adão e Eva e do homicídio de Caim 19, mas apesar da maldade ter se espalhado e tomado conta do cenário, a beleza ainda predominava por sobre a terra como descreve White,
Existiam indícios evidentes de decadência, mas a Terra ainda era rica e bela com os dons da providência de Deus. As colinas estavam coroadas de árvores majestosas, que sustentavam os ramos carregados de frutos das trepadeiras. As planícies vastas e semelhantes a jardins estavam revestidas de verdor, e exalavam a fragrância de milhares de flores. Os frutos da Terra eram de grande variedade, e quase sem limites. As árvores sobrepujavam em tamanho, beleza e proporção perfeita, a qualquer que hoje exista; sua madeira era de belo veio e dura substância, assemelhando-se em muito à pedra, e quase tão durável como esta. Ouro, prata e pedras preciosas existiam em abundância. 20
16 White,
Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 147. bíblia apresenta o nome de três apenas, mas deixa claro que eles tiveram outros filhos e filhas. Genesis4.1 e 2; 5.4. 18 Para uma melhor compreensão sobre o ocorrido ver Genesis 4. 8-16. Aconselhasse também ver, White Patriarcas e Profetas capitulo 5. 19 WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. Tradução Isolina A. Waldvogel. 1. ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 1995. p. 90. 20 WHITE, Patriarcas e Profetas. 1995. P. 90. 17 A
É impressionante como a misericórdia de Deus é esplêndida, pois apesar da grande apostasia e dos terríveis crimes que os pré-diluvianos cometiam, O criador continuavam a derramar suas benções sobre a terra demonstrando sua compaixão e disposição em perdoar e salvar toda a raça humana. Mas a humanidade parecia não dar muito valor a estas demonstrações de amor do Criador, e começaram a fazer da criação o seu próprio deus, deixara de adorar o criador para adorar a criatura, passaram a atribuir a natureza as dádivas que recebiam, criaram todo tipo de ídolos, e a glorificação humana se tornara seu principal objetivo como descreve White,
Deus outorgara a esses antediluvianos muitas e ricas dádivas; mas usaram a Sua generosidade para se glorificar, e as tornaram em maldição, fixando suas afeições nos dons em vez de no Doador. Empregaram o ouro e a prata, as pedras preciosas e as madeiras finas, na construção de habitações para si, e se esforçaram por sobrepujar uns aos outros no embelezamento de suas moradas, com a mais destra mão-de-obra. Procuravam tão-somente satisfazer os desejos de seu orgulhoso coração, e folgavam em cenas de prazer e impiedade. Não desejando conservar a Deus em seu conhecimento, logo vieram a negar a Sua existência. Adoravam a natureza em lugar do Deus da natureza. Glorificavam o gênio humano, adoravam as obras de suas próprias mãos, e ensinavam seus filhos a curvar-se ante imagens de escultura.21
Desta maneira a idolatria tomara conta da raça humana, o primeiro mandamento 22 assim como já acontecera com o primeiro casal havia sido pisado, mas agora suas culpas eram ainda maiores não haviam apenas feito de seu “eu” um deus, mas também agora fabricaram ídolos de madeira e a estes atribuíam as benção que Deus misericordiosamente havia lhes concedido dando a criação o mérito criador devido somente a Deus, e desta forma transgredindo também o segundo mandamento 23 como acrescenta White, “Os homens excluíram a Deus de seu conhecimento, e adoraram as criaturas de sua própria imaginação; e, como resultados se tornaram mais e mais desprezíveis. ”24 E para aumentar ainda mais suas culpas e por decorrência da condescendência próprio deram início a prática da poligamia, trazendo grande confusão moral e desafiando abertamente a orientação divina de que o homem deveria ter apenas uma mulher, e como resultado destas desobediências o respeito 21 Ibid.
p. 91. Êxodo 20.3. “não terás outros deuses diante de mim.” 23 Êxodo 20. 4 e5. “Não farás para ti imagens de escultura, nem semelhança alguma do que4 há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.” 24 White, Patriarcas e Profetas. 1995. p. 91. 22
para com o próximo foi cada vez mais pisada e agora o que prevalecia era a lei do mais forte, o objetivo principal de cada ser humano era somente satisfazer seus desejos, que como já ponderamos haviam se tornado seus deuses como descreve White,
A poligamia fora logo introduzida, contrária às disposições divinas dadas ao princípio. O Senhor dera a Adão uma só esposa, mostrando Sua ordem a tal respeito. Mas, depois da queda, os homens preferiram seguir os seus próprios desejos pecaminosos; e, como resultado, o crime e a miséria aumentaram rapidamente. Nem a relação do casamento nem os direitos de propriedade eram respeitados. Quem quer que cobiçasse as mulheres ou as posses de seu próximo, tomava-as pela força, e os homens exultavam com suas ações de violência. Deleitavam-se na destruição da vida de animais; e o uso da carne como alimento tornava-os ainda mais cruéis e sanguinolentos, até que vieram a considerar a vida humana com espantosa indiferença25.
A maldade havia se proliferado entre os pré-diluvianos a vida humana era considerada como de pouca importância o respeito para com o próximo. O que mais impressiona é que e até mesmo entre aqueles que diziam crer em Jeová, havia muitos que praticavam a idolatria, apesar de tentarem argumentar que esta era apenas uma forma de adorar a Deus, estavam trazendo sobre eles o juízo divino, já que Deus havia sido bem claro quando proibiu qualquer tipo de imagem feita para adoração 26, mas esta falsa adoração não demorou muito para ser desvendada e apresentada sua verdadeira cara, e com o passar dos dias ficou claro que assim como acontecia com os outros esta falsa adoração tinha como objetivo a adoração de si mesmo que havia virado um falso deus que era obra de sua próp ria imaginação e “mãos”. E assim foram fechando o coração de uma vez por todas e recusando ouvir a voz do mensageiro que Deus enviara para anuncia a eminente destruição que deveria vir sobre a terra, como narra White,
Os homens daquela geração não eram todos, na mais ampla acepção do termo, idólatras. Muitos professavam ser adoradores de Deus. Pretendiam que seus ídolos eram representações da divindade, e que por meio deles o povo poderia obter uma concepção mais clara do Ser divino. Esta classe estava entre as principais a rejeitarem a pregação de Noé. Esforçando-se eles para representarem a Deus por meio de objetos materiais, cegavam a mente à Sua majestade e poder; deixavam de compenetrar-se da santidade de Seu caráter, ou da natureza sagrada e imutável de Seus mandamentos. Generalizando-se o pecado, pareceu cada vez menos maligno, e declararam finalmente que a lei divina não mais estava em vigor; que era contrário 25 Ibid.,
p. 92. 20. 4 – 6.
26 Êxodo
ao caráter de Deus castigar a transgressão; e negaram que Seus juízos viessem a cair sobre a Terra. Houvesse os homens daquela geração obedecido à lei divina, e teriam reconhecido a voz de Deus na advertência de Seu servo; sua mente, porém, se havia tornado tão cega pela rejeição da luz, que realmente criam ser a mensagem de Noé uma ilusão. 27
A situação em que o ser humano se encontrava, era realmente espantosa, não conseguiam mais discernir entre o santo e o profano, não viam mais diferença entre a vontade de Deus e as suas próprias, os filhos de Deus 28 tomavam as filhas dos homens 29 como esposas, pois diziam que estas lhes eram mais agradáveis aos olhos 30, e como resultado a fidelidade a Deus ficava comprometida, visto que estas acabavam levando-os a apostasia da fé. O mundo havia se corrompido de forma extraordinária de maneira que o mal já não parecia mais tão ruim como outrora se mostrara, o próprio caráter de Deus era erradamente interpretado, e muitos argumentavam que era contrário ao caráter de Deus castigá-los ao mesmo tempo em que pisavam sua lei, haviam se esquecido do castigo de Adão e Eva, que foram expulsos do jardim do Éden e de que a desobediência traz suas próprias conseqüências. O ser humano entrara num caminho sem volta, não valorizaram as advertências divinas, não foram capazes de discerniram o certo do errado, pois suas mentes estavam corrompidas e embotadas pela condescendência própria, viviam para satisfazer os apetites e agora estavam incapacitados de prosseguirem com suas vidas como comenta White,
Desde que se rendeu pela primeira vez ao apetite, tem a humanidade aumentado cada vez mais a tolerância para consigo mesma, de maneira que a saúde tem sido sacrificada no altar do apetite. Os habitantes do mundo antediluviano eram intemperantes no comer e beber. Alimentavam-se de carne, embora Deus ainda não houvesse dado ao homem qualquer permissão para ingerir alimento animal. Eles comiam e bebiam até que seu depravado apetite não conhecesse limites, e tornaramse tão corrompidos que Deus não mais os pôde suportar. O copo de sua iniqüidade estava cheio, e Ele purificou a Terra de sua contaminação moral por meio de um dilúvio.31
O ser humano havia se corrompido pela condescendência para com o apetite e agora estavam totalmente deturpados pelo uso de alimentos que Deus em sua infinita sabedoria os 27 White,
Patriarcas e Profetas. 1995. p. 96. A expressão “Filhos de Deus” aparece em Genesis 6.2 e faz referencia aos filhos de Sete, que permaneceram fieis a Deus. 29 A expressão “Filhos dos Homens também aparece em Genesis 6.2, e representa os que haviam se desviado dos caminhos de Deus, como no caso de Caim. 30 Gênesis 6.2. 31 WHITE, Ellen G. Conselho sobre saúde. 1995. p. 109. 28
havia privado, deixou o que era saudável e foram atrás do que era atrativo aos olhos. Viviam unicamente para satisfazer seus desejos egoístas, e agora que suas mentes não mais conseguiam raciocinar, devido a grande quantidade de alimentos e carnes que ingeriam de forma desordenada, entregaram-se completamente ao vício, dando asas a todo tipo de imoralidade que a mente humana pode conceber. Que terrível preço teve que pagar por não ter dado ouvidos a advertência e conselhos divino. Os pré-diluvianos julgaram não ser de muita importância o tipo de alimento que ingeriam e deixaram de alimentar-se para nutrir o corpo e começaram a comer simplesmente para satisfazer seus desejos, até o dia em que o juízo de Deus caiu sobre eles e todos foram consumidos pelas águas do Dilúvio ficando somente Noé e sua família, os quais haviam permanecidos fieis a Deus.
2.3 SODOMA E GOMORRA
Sodoma e Gomorra eram belas cidades que ficavam no sul do mar morto marcando o limite geográfico dos Cananeus a sudeste, numa fronteira que começava a sudoeste, em Gaza, apesar de ser bastante incerta a localização da cidade como comenta Harris, 32 “Alguns tem sustentado que ela esta coberta pelas águas rasas na enseada sul do mar morto.” Esta era uma região muito fértil, como descreve o texto bíblico, “Levantou Ló os olhos e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada [...] como o Jardim do Senhor, como a terra do Egito, como quem vai para Zoã”. 33 White também descreve Sodoma como sendo a mais bela entre as cidades do vale do Jordão, e que esta era “como o jardim do Senhor” pela sua fertilidade e beleza. Ela ainda complementa dizendo que, “Ali florescia a luxuriante vegetação dos trópicos. Ali era a terra da palmeira, da oliveira e da videira, e flores derramavam o seu perfume através de todo o ano.” E que as “Ricas plantações revestiam os campos, e rebanhos e gados cobriam as colinas circunvizinhas. A arte e o comércio contribuíam para enriquecer a orgulhosa cidade da planície.” White também atribui a toda esta fertilidade a riqueza que predominava em Sodoma, pois “Os tesouros do Oriente adornavam seus palácios, e as caravanas do deserto traziam seus abastecimentos de coisas preciosas para lhe suprir os
HARRIS, R. Laird; ARCHER, Gleson L; WALTKE, Bruce K. Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. Tradução Mario Loureiro Redondo; Luiza A. T. Sayão; Carlos Osvaldo C Pinto. São P aulo: Vida Nova, 1998. 1 Vol. p. 1030. 1998. 1 Vol.1030 33 Genesis 13.10. 32
mercados.” E conclui dizendo que “c om pouca preocupação ou trabalho, toda a necessidade da vida podia ser suprida, e o ano inteiro parecia um ciclo de festas. 34 Como acabamos de ver era justamente pela localização privilegiada e pela fartura existente ali, que Sodoma se tornara uma cidade extremamente rica e próspera já que pessoas de todos os lugares vinham até ali para comercializar seus bens, o que fazia com que aquele lugar fosse bastante visado tanto por reis como por salteadores. Mas foi exatamente a sua prosperidade o maior problema de Sodoma e Gomorra, pois a prosperidade trouxera consigo a ociosidade como diz o profeta Ezequiel, "esta foi a maldade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca esforçou a mão do pobre e do necessitado. E se ensoberbeceram, e fizeram abominação diante de Mim; pelo que as tirei dali, vendo Eu isto." 35 White ainda acr escenta que, “A ociosidade e a riqueza tornam endurecido o coração que nunca foi oprimido pela necessidade ou sobrecarregado de tristeza. O amor ao prazer era favorecido pela riqueza e lazer, e o povo entregou-se à satisfação sensual.”36 A condescendência para consigo mesmo havia tomado conta dos habitantes daquelas cidades, novamente as bênçãos de Deus foram mal empregadas trazendo grande maldição a todos os habitantes daquele lugar. Constantemente o homem tem almejado e buscado a riqueza, mas esta tem se constituído em um grande laço como explana White,
Nada há mais desejável entre os homens do que riqueza e lazer, e, contudo estas coisas dão origem aos pecados que acarretaram destruição às cidades da planície. Sua vida inútil, ociosa, tornou-os presa das tentações de Satanás, e desfiguraram a imagem de Deus, tornando-se satânicos em vez de divinos. A ociosidade é a maior maldição que pode recair ao homem; pois que o vício e o crime seguem em seu cortejo. Enfraquece o espírito, perverte o entendimento, e avilta a alma. Satanás fica de emboscada, pronto para destruir aqueles. 37
Novamente nos deparamos com o ser humano se afundando em pecados, A bíblia descreve os moradores de Sodoma como sendo “maus e grandes pecadores”, 38 em seu diálogo com o Senhor, Abraão por várias vezes indaga a possibilidade de haver justo em Sodoma, e começando com o numero de cinqüenta concluiu com a possibilidade de se encontrar pelo
34 White,
Patriarcas e Profetas. 1995. p. 156. 16:49 e 50. 36 White, Patriarcas e Profetas. 1995. p. 156. 37 White, Patriarcas e Profetas. 1995. p. 156. 38 Genesis 13.13. 35 Ezequiel
menos dez pessoas justas, mas nem isto se pode encontrar naquelas ímpias cidades. 39 O povo havia se corrompido completamente, voltaram a cometer os mesmos pecados dos prédiluvianos, fabricaram ídolos, fizeram do “eu” seu próprio deus, tornaram suas vidas um constante louvor a seus próprios nomes e não negavam nada a si mesmo, mesmo que para isto fosse necessária a morte alheia, assim como os diluvianos suas alegrias consistiam em satisfazer seus apetites depravados e viviam em constantes festas ignorando a Deus e suas advertências como menciona White, “ Em Sodoma havia regozijo e orgia, banquetes e bebedice. As mais vis e brutais paixões não eram refreadas. O povo desafiava abertamente a Deus e à Sua lei, e deleitava-se em ações de violência. ” Ela ainda acrescenta que apesar de que “tivessem diante de si o exemplo do mundo antediluviano, e soubessem como a ira de Deus se manifestara em sua destruição, seguiam, contudo o mesmo caminho de impiedade ”40, e não se deram conta de que estavam caminhando para o mesmo fim deles. A condescendência para com o apetite havia ofuscado a mente do povo, não conseguiam mais ver a verdade tal como era, e apesar do exemplo que tinham através do dilúvio, não conseguiam compreender a terrível situação em que se encontravam. A libertinagem era prática comum naquele lugar, os homens preferiam outros homens em lugar de mulheres, e de igual modo as mulheres, contrariando assim a natureza. Até os dia de hoje Sodoma é sinônimo de práticas sexuais depravadas. 41 Como vimos, depois do dilúvio o homem voltou a cometer os mesmos erros e pecados que levaram os pré-diluvianos a destruição, e por conseqüência tiveram as mesmas sorte, sendo igualmente destruídos como descreve White:
Ao se multiplicarem os homens sobre a Terra após o dilúvio, de novo se esqueceram de Deus, e corromperam seus caminhos perante Ele. Aumentou a intemperança em toda forma, até que quase o mundo todo estava entregue a sua influência. Cidades inteiras tinham sido varridas da face da Terra por causa de degradantes crimes e revoltante iniqüidade que os fizeram uma mancha sobre o aprazível campo das obras que Deus criara. 42
Não foi derrepente e nem por acaso que Sodoma e Gomorra chegaram a ponto de serem destruídas, não fora da noite para o dia que seus pecados apareceram, mas somente 39 Para
ver relato na integra ver genesis18. 22-32. Patriarcas e Profetas. 1995. p. 157. 41 [Do lat. med. sodomia.] S. f. 1. Conjunção sexual anal, entre homem e mulher, ou entre homossexuais masculinos 42 WHITE, Ellen G. Conselho sobre saúde. 1995. p. 109. 40 White,
depois de colocarem o seu “eu” entre eles e Deus e d e deixarem que seus desejos dominassem suas vidas e preceitos, e que suas mentes fossem deturpadas pelos hábitos errado em comer e beber agora então suas escolhas, seus alvos e seus princípios seguiam somente a norma do desejo, desejo este que estava cada dia mais corrompido e contaminado pelo pecado. Os habitantes de Sodoma e Gomorra foram longe de mais, não se aperceberam do terrível mal que estava para cair sobre eles, e continuaram em seus desesperados desejos de satisfazerem seus depravados desejos. Que triste fim teve Sodoma e Gomorra e saber que tudo começou com a satisfação para com o apetite conforme cita White,” A satisfação ao apetite antinatural conduziu os pecados que acarretaram a destruição de Sodoma e Gomorra 43. Ela ainda complementa dizendo que “A destruição de Sodoma e Gomorra foi por conta de sua grande impiedade. Eles deram livres curso a seu intemperantes apetite, daí as suas paixões corrompidas,” veja que ela descreve as paixões corrompidas como conseqüência do apetite intemperantes, e ela conclui dizendo “que se haviam rebaixado de tal forma e seus pecados se tornaram tão abomináveis, que o copo de sua iniqüidade se encheu, e eles foram consumidos pelo fogo do Céu. 44
2.4 O ISRAEL NO DESERTO
Por várias décadas o povo de Deus havia vivido como escravos na terra do Egito, e esta situação lhes trouxeram grandes implicações, pois seu estilo de vida em muito se associava a de seus dominadores. Havia chegado o momento de o povo sair do Egito rumo à terra que Deus havia prometido a seus pais 45, mas antes de entrar na terra de Canaã deveria o povo passar por um processo de purificação e santificação, para que voltassem seus corações completamente a Deus e assim o propósito pelo qual foram chamados 46 pudesse ser cumprido.
43 Ibid. 44 White,
Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 121. Prometido primeiramente a Abraão, “Ora, disse o Senhor a Abraão: sai da tua terra, da tua parentela, da casa de teu pai e vai pra terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei o nome. Se tu uma benção! [...] Partiram para a terra de Canaã; e lá chegaram. Apareceu o Senhor a Abraão e lhe disse: darei a tua descendência esta terra”. [...]; Gênesis 12:1,2,5,7. Depois a Isaque, “[...] Fi ca na terra que eu te disser; habita nela, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti e a tua descendência darei todas estas terras e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu pai.” Gênesis 262 e3; e depois a Jacó, “Disse -lhe Deus: O teu nome é Jacó, já não te chamaras Jacó, porem Israel será o teu nome. E lhe chamou Israel. Aterra que dei a Abraão e a Isaque dar-te-ei a ti e, depois de ti, à tua descendência.” Gênesis 35: 10 e 12. 46 [...] “em ti serão benditas todas as nações da terra.” Gênesis 12: 3. Cf. At 3:25; Gl 3:8. Também Gn 18:18; 22:18; 26:4; 28:14. 45
Deus começou o processo de purificação e santificação de seu povo mostrando seu grande poder ao libertá-los da escravidão egípcia como descreve o salmista, Prodígios fizeram na presença de seus pais na terra do Egito, no campo de Zoã. 47 Dividiu o mar e fez seguir; aprumou as águas como num dique. Guio-os de dia com uma nuvem e durante a noite com um clarão de fogo. No deserto, fendeu rochas e lhes deu a beber abundantemente como de abismos. Da pedra fez brotar torrentes, fez manar água como rios. 48
Como já vimos Deus ansiava purificar seu povo antes de entrar na terra prometida, para isto deu o maná, um alimento completo que supriria todas as necessidades, física do povo, levando-os a ter uma mente mais pura e aberta para compreenderem a santidade de Deus e de sua lei. Por conseguinte era propósito de Deus mudar o regime alimentar de seu povo, exatamente para que fosse realizada uma obra de restauração de suas faculdades físicas, mentais e espirituais, e deste modo lhes possibilitar uma melhor relação com o Criador como cita White, “Quando Deus tirou os filhos de Israel do Egito, era Seu desígnio estabelecê -los na terra de Canaã, povo puro, contente e são.” 49 Mas nos livros de Êxodo e Números apresentam-se freqüentes crises no decorrer da jornada dos israelitas pelo deserto. Os textos mais comuns são: Êxodo 15:24; 50 16: 2-9;51 17:3;52 Números 14:2, 27 e 29 53. Murmuração é a palavra chave em todos estes textos, e o que se observa nas entrelinhas são a ingratidão, a incredulidade e a rebelião. Todas estas manifestações estavam ligadas a alguma queixa sobre a falta de alimento ou de água. Mas uma análise dos relatos bíblicos permite-se concluir que não eram razoáveis suas queixas, pois Deus estava sempre suprindo todas as necessidades deles, mas os seus apetites depravados é que não estavam satisfeitos com o maná sagrado como sobrepõe White dizendo que eles “não estavam satisfeitos com o alimento saudável que Deus lhes provera. Seu apetite depravado almejava maior variedade, especialmente alimentos cárneos.” 54 White ainda prossegue, dizendo que “Continuou Deus a alimentar o povo hebreu com o pão que chovia do céu; não se satisfazia, porém. Seu apetite depravado ansiava por carne, da
47 Zoã
é o nome hebraico de Tânis, cidade do antigo Egito situada no delta oriental do Nilo. Cf. v. 43; Nm 13:22. 78:12-16. 49 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 377. 50 “[...] Que beberemos” 51 “[...] na terra do Egito, quando estávamos juntos a panelas de carne e comiamos pão a fartar” 52 “[...] porque nos fizestes subir do Egito para nos matardes de sede [...]” 53 “[...] todos os filhos de Israel murmuraram contra Moises[...]” 54 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 375 e 376. 48 Salmo
qual Deus em Sua sabedoria em grande parte os privara de c omer”.55 A razão para isso era o fato de que a alimentação cárnea, segundo a autora, prejudica os processos de comunicação entre Deus e o homem e, além disso, perverte o comportamento e torna o cérebro embotado. “As faculdades intelectuais, morais e físicas são prejudicadas pelo uso habitual de alimentos cárneos. Esse uso desarranja o organismo, obscurece o intelecto e embota as sensibilidades morais”56 ela ainda argumenta que
O Senhor não proveu carne a Seu povo no deserto, porque sabia que esse regime suscitaria doença e insubordinação. A fim de modificar a disposição e levar as mais altas faculdades do espírito a exercício ativo, deles tirou a carne de animais mortos. Deu-lhes o pão dos anjos, maná do céu. 57
Mas o povo não estava disposto a se submeter a Deus, haviam feito de seus apetites seu próprio deus, transgredindo o primeiro mandamento 58 da lei e por conseqüente os demais. Foi justamente a rejeição a esta providência de Deus que gerou uma rebelião após outra levando o povo a rejeitar a herança que Deus havia prometido como está descrito no livro de Números.59 White ao comentar sobre este assunto faz a seguinte declaração,
55 Ibid.
2002. p. 147. p. 375. 57 Ibid., op. Cit. 58 Êxodo 20:3. “não terás outros deuses diante de mim” 59 No livro de números cap. 13.25, 27-33 e 14. 2, 22-34, encontramos o seguinte relato: Depois, voltaram de espiar a terra, ao fim de quarenta dias. E contaram-lhe, e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e verdadeiramente mana leite e mel, e este é o fruto. O povo, porém, que habita nessa terra, é poderoso, e as cidades fortes e mui grandes; e também ali vimos os filhos de Enac. Os amalequitas habitam na terra do sul; e os heteus, e os jebuseus, e os amorreus habitam na montanha; e os cananeus habitam ao pé do mar, e pela ribeira do Jordão. Então Calebe fez calar o povo perante Moisés, e disse: Subamos animosamente, e possuamo-la em herança: porque, certamente, prevaleceremos contra ela. Porém os homens que com ele subiram, disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós. E infamaram a terra que tinham espiado, perante os filhos de Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos no meio dela são homens de grande estatura.Também vimos ali gigantes, filhos de Enac, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos, e assim, também, éramos aos seus olhos. E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Aarão; e toda a congregação lhe disse; Ah, se morrêramos na terra do Egito! Ou, ah, se morrêramos neste deserto! E por que nos traz o Senhor a esta terra, para cairmos à espada, e para que as nossas mulheres e as nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito? E diziam uns aos outros: Levantemos um capitão e voltemos ao Egito. E todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz não verão a terra de que a seus pais jurei, e até nenhum daqueles que me provocaram a verá. Porém, o meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me, eu o levarei à terra em que entrou, e a sua semente a possuirá em herança; (Ora os amalequitas e os cananeus habitavam no vale.) Tornai-vos amanhã, e caminhai para o deserto, pelo caminho do Mar Vermelho. Depois, falou o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo: Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim. Dize-lhes: Assim eu vivo, diz o Senhor, que, como falastes aos meus ouvidos, assim farei a vós outros. 56 Ibid.,
Quando o Deus de Israel tirou o Seu povo do Egito, privou-os de alimento cárneo em grande medida, mas deu-lhes pão do Céu e água da dura rocha. Com isto não ficaram eles satisfeitos. Abominaram o alimento que lhes fora dado e desejaram voltar para o Egito, onde podiam sentar-se junto às panelas de carne. Preferiam suportar a escravidão, e até mesmo a morte, a serem privados da carne. Deus lhes satisfez o desejo, dando-lhes carne, e deixando-os comerem-na até que sua glutonaria gerou uma praga, em conseqüência das quais muitos morreram. 60
Como já falamos o objetivo de Deus era purificar Israel durante sua jornada no deserto, a fim de ter um povo puro e santo para que através destes, outros povos pudessem conhecer a verdade de um Deus que ama e liberta, mas o povo não estava disposto a seguir o caminho do Senhor, já que isto implicava em renunciar seus hábitos e costumes contaminados por anos de decadência moral, para eles renunciar a seus desejos era algo completamente inegociável, e até mesmo a escravidão lhes parecia melhor. Esta atitude de rebelião dos hebreus lhes trouxera grandes e tristes conseqüências, pois levou Deus a tomar as medidas convenientes, especialmente depois das murmurações 61 finais, ante os relatos dos espias. Aqui chegou ao clímax da paciência do Senhor. Durante toda a caminhado no deserto o povo havia se mostrado rebelde a Deus, no Sinai adoraram um bezerro de ouro pouco depois de jurarem fidelidade a Deus e a sua lei, a ira divina se acendeu e o Senhor decidiu destruí-los, mas foi “convencido” por Moisés a mudar de idéia 62, cujo pedido foi aceito. Mesmo em meio a grande misericórdia que Deus teve com eles, continuaram se rebelando, até que chegaram a fronteira da terra prometida e agora diante do relato do relato dos espias novamente se rebelam e como conseqüência deveriam continuar por quarenta anos peregrinando pelo deserto, e a sentença foi de que nenhum dos que murmuraram pisariam na Terra Prometida como observa White,
Neste deserto cairão os vossos cadáveres, como, também, todos os que de vós foram contados, segundo toda a vossa conta, de vinte anos e para cima, os que de entre vós contra mim murmurastes; Não entrará na terra, pela qual levantei a minha mão que vos faria habitar nela, salvo Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Nun. Mas os vossos filhos, de que dizeis: Por presa serão, meterei nela; e eles saberão da terra que vós desprezastes. Porém, quanto a vós, os vossos cadáveres cairão neste deserto. E vossos filhos pastorearão neste deserto quarenta anos, e levarão sobre si as vossas infidelidades, até que os vossos cadáveres se consumam neste deserto. Segundo o número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, por cada dia um ano, levareis sobre vós as vossas iniqüidades, quarenta anos, e conhecereis o meu apartamento. 60 WHITE, Ellen G. Conselho sobre saúde. 1995. p. 1 – 36. 61 A verdadeira natureza dessa murmuração se vê no fato de que é um ato ostensivo de rebelião contra o Senhor e uma recusa obstinada a crer na palavra de Deus e nas obras miraculosas de Deus (Nm 14.11,22 e23). Por isso, a atitude correta numa situação de verdadeira dificuldade é a aceitação e obediência incondicional. HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento, 1998. 1 Vol. p.782. 62 Para ver o relato bíblico onde Moises intercede pelo povo ver Êxodo 32. 30-35.
O Senhor ordenou que os hebreus retornassem para o deserto, pelo caminho do Mar Vermelho. Estavam muito perto da boa terra, porém, por sua ímpia rebelião, perderam a proteção de Deus. Tivessem eles recebido o relatório de Calebe e Josué, e avançado imediatamente, Deus lhes teria dado a terra de Canaã. Mas foram incrédulos e mostraram tão insolente espírito contra Deus que trouxeram sobre si mesmos o aviso de que jamais entrariam na Terra Prometida. 63
Os pecados dos israelitas foram à causa pela qual Deus não os introduziu na Terra Prometida64, pelo contrário os conduziu decididamente para outros caminhos até que todos aqueles que haviam sido infiéis fossem mortos no deserto, exceto Josué e Calebe, que, quando da ocasião em que os espias foram enviados para espiarem a terra prestes a ser entregue em suas mãos por Deus, não trouxeram um relatório de covardes nem de incrédulos, reconheceram que os habitantes daquele lugar eram gigantes e fortes, eram também, bem armados e que as cidades eram fortificadas, mas mostraram que tudo isto não era nada perante o Deus que os libertara dos Egípcios e os conduzira em proteção por todo o deserto, então convocaram o povo a confiarem no Senhor e a temerem o Seu nome, avançando e tomando posse da promessa divina65. Por muitos séculos o povo havia se contaminado com as “iguarias” do Egito e a cada geração as conseqüências iam se tornando cada vez mais visíveis levando-os a escravidão do apetite66 e agora que tinham a chance de serem verdadeiramente livres, recusaram oportunidade que lhes fora dada, White argumenta que escolhendo a comida do Éden o Senhor estava mostrando-lhes que este era o melhor regime e esta mesma lição Ele estava ensinando a Israel, ela ainda acrescenta que “Tirou os israelitas do Egito, e empreendeu educá-los, a fim de ser um povo para Sua possessão própria. Desejava, por intermédio deles, abençoar e ensinar o mundo inteiro. Proveu-lhes o alimento mais adaptado ao Seu desígnio; não carne, mas o maná, "o pão do Céu". João 6:31”. E ela ainda conclui que “Foi unicamente devido a seu descontentamento e murmuração em torno das panelas de carne do Egito, que lhes foi concedido alimento cárneo, e isto apenas por pouco tempo.” Visto este nunca foi o ob jetivo de Deus para o ser humano, e como conseqüência seu “uso trouxe doença e morte a milhares.” E apesar da insistência divina em tentar ensinar seu povo White acrescenta que “a 63 White,
História da redenção. 2003 p. 162. no relato de WHITE, Conselho sobre o regime alimentar. 1995. p. 374-379. 65 É Deus quem daria aquela terra aos filhos de Israel, eles não precisavam temer nada, mas simplesmente avançar como já haviam feito no mar vermelho. 66 Era propósito de Deus não somente libertá-los da escravidão sobre a qual os Egípcios os havia submetido, mas principalmente da escravidão da condescendência para com o apetite, visto que este era o que lhes traziam maiores problemas. 64 Baseado
restrição a um regime sem carne não foi nunca aceita de coração. Continuou a ser causa de descontentamento e murmuração, franca ou secreta, e não ficou permanente.” 67 E como resultado desta falta de disposição em obedecer ao Senhor, Israel teve que voltar para o deserto e ali permanecer por quarenta anos até que a nova geração que havia crescido com uma alimentação saudável, 68 e por conseqüência uma mente pura e atenta a lei e vontade de Deus, e exercendo total domínio sobre o “eu”, e que estavam em condições de, através do poder de Deus, tomar posse da terra que Ele havia prometido a seus pais.
2.5 A SEMELHANÇA ENTRE AS CRISES
Durante nossa breve analise foi possível constatar vários pecados que geraram como conseqüências as crises analisadas, mas o que ficou evidente também foi o fato de que os pecados na verdade foram apenas os sintomas, ou seja, as conseqüências de decisões tomadas por cada individuo em particular. Sendo assim podemos classificá-las em duas partes: (1) A condescendência com o apetite, e
(2) A adoração ao “eu”. Em todos os casos citados ficou
claro que simultaneamente, a condescendência com o apetite, e a quebra ao primeiro mandamento fora o grande mal daqueles povos. White ao se referir a estes acontecimentos ainda acrescenta que estes servem de exemplos para nos hoje, pois mostra os efeitos da condescendência com o apetite e acrescenta que “A nossos primeiros pais pareceu coisa de pouca importância transgredir a ordem de Deus naquele único ato - comer do fruto de uma árvore tão linda à vista e tão agradável ao paladar” ela ainda conclui que isto rompeu sua lealdade a Deus e abriu as comportas de um dilúvio de culpa e desgraça que tem inundado o mundo.69 Desta maneira fica evidente que estes foram às causas primárias de todos os pecados que trouxe a dor, tristeza, destruição e morte ao mundo antigo e que estas coisas também deveriam predominar nos últimos dias como podemos observar o relato no evangelho de Mateus 24. 37-39, quando Jesus em seu sermão profético nos diz que "como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e dava-se em casamento, ” viviam como se nada de importante fosse acontecer e davam livre curso a suas paixões, Ele ainda acrescenta 67 White,
Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 374. maná que caia do céu. 69 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 149. 68 O
que nada perceberam “até que veio o dilúvio, e os levou a todos, e Jesus conclui afirmando que “assim será também a vinda do Filho do homem." 70 E White completa dizendo, “Os mesmos pecados que trouxeram juízos sobre o mundo nos dias de Noé, existem em nossos dias.” E ela também acrescenta que “Homens e mulheres levam os seus hábitos no comer e beber a tais extremos que terminam em glutonaria e bebedice.” Ela também diz que,
Este predominante pecado, a condescendência para com o apetite pervertido, inflamou as paixões dos homens nos dias de Noé, e levaram a generalizada corrupção. Violência e pecado alcançaram o Céu. Esta contaminação moral foi finalmente varrida da Terra por meio do dilúvio. “Os mesmos pecados de glutonaria e embriaguez embotaram a sensibilidade moral dos habitantes de Sodoma, a ponto de parecer que o crime fosse o prazer de homens e mulheres da ímpia cid ade.” Cristo assim adverte o mundo: "Da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam. Mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre, consumindo a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem Se há de manifestar." 71
White também acrescenta que pouco antes da segunda vinda de Cristo “ O comer e beber seria levado ao excesso, e o mundo se entregaria ao prazer. ” Não resta duvida que estas coisas existam em nossos dias, “o mundo está em grande medida entregue à satisfação do apetite; e a disposição de seguir os costumes do mundo nos tornará cativos de hábitos pervertidos hábitos que nos farão cada vez mais semelhantes aos condenados habitantes de Sodoma.” Ela ainda se diz espantada com o fato de a terra ainda não tenha sido destruída como o foi Sodoma e Gomorra, pois acrescenta que não consegue ver diferença entre nossos dias e aqueles que precederam as destruições dos diluvianos e de Sodoma e Gomorra. E conclui dizendo que as “cegas paixões controlam a razão, e toda consideração superior é em muitos casos sacrificada à sensualidade. ”72 E assim como aconteceu aos diluvianos e aos habitantes de Sodoma fica evidente que o mundo atual também tem caminhado para a mesma sorte. Esta tem sido a terrível situação em que vivemos, estamos a beira de uma crise sem precedentes, o mundo se encontra no auge do secularismo e as pessoas continuam comendo bebendo, casando-se e dando-se em casamento e nem se apercebem do momento crucial em que estamos vivendo, assim fica claro a necessidade de uma reforma em nosso estilo de vida, 70 Mateus
24. 37-39. Este texto faz parte do grande sermão profético de Cristo, proferido pouco antes de sua morte, e se referindo a semelhança entre o mundo diluviano e a situação do mundo nos últimos dias. 71 Ibid., p. 146. 72 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 18.
da mesma maneira como Deus desejava purificar Israel, antes que estes entrassem em Canaã, assim também Ele deseja nos purificar antes de nos levar para a Canaã celestial. Portanto conscientes de que um dos principais responsáveis pelas terríveis crises analisadas foi a condescendência com o apetite, no próximo capitulo passaremos a analisar de forma prática a relação entre a reforma de saúde e o crescimento espiritual. Pois acreditamos que assim como a deturpação do apetite destrói a purificação edifica.
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3 A REFORMA DE SAÚDE E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL
Algumas perguntas tem se tornado muito comum entre os Adventistas do Sétimo Dia, entre elas podemos destacar as seguintes; qual é realmente a importância da reforma de saúde na vida espiritual do cristão? Se a reforma de saúde exerce realmente uma grande influencia na espiritualidade, porque então encontramos muitas vezes pessoas que se dizem vegetarianos1 e pregam sobre a reforma de saúde, mas na verdade são muito mais problemáticas do que as outras? Outra indagação comum é sobre pessoas que são vegetarianas, mas nem fazem parte da igreja, pelo contrário muitos deles nem professam religião alguma, então muitos indagam o porquê estes não são fieis defensores da verdade, já que são vegetarianos? Neste capitulo procuraremos responder estas e outras perguntas com o objetivo contribuir para uma melhor compreensão sobre o assunto da reforma de saúde. Para uma melhor explicação do assunto esta seção está dividida em três partes sendo que na primeira analisaremos qual é a posição oficial da IASD para com a reforma de saúde, o contexto em que a igreja estava vivendo por ocasião do recebimento desta mensagem, e qual a influência desta na vida de seus pioneiros 2. Na segunda parte procuraremos definir quais são as relações da mensagem de saúde com a mensagem do terceiro anjo. 3 Na terceira e ultima parte estaremos averiguando as conseqüências da condescendência para com o apetite na vida do cristão.
3.1 A IASD E A REFORMA DE SAÚDE
Os princípios da reforma de saúde têm acompanhado a igreja adventista do 7° Dia desde quando esta ainda era um “embrião”, e apesar da igreja adotar a reforma de saúde oficialmente como um principio somente depois de sua oficialização como igreja no ano de 1 Tem
se criado vários estereótipos entre algumas pessoas em relação a palavra vegetariano. Entre elas podemos citar pelo menos duas; ser vegetariano é sinônimo de santidade, dizem alguns, e até fazem disto uma prova. Para outros ainda, ser vegetariano é significa apenas não comer carne, e desta maneira muitos conceitos errados tem trazido sérias dificuldades na proclamação da mensagem de saúde. 2 Vale ressaltar que o autor tem como objetivo delimitar a analise somente entre o período de 1844 a 1866, quando a igreja fundou seu primeiro instituto de reforma de saúde, não avançando aos demais pioneiros que vieram depois desta data, já que o objetivo se resumo ao período em que a mensagem foi recebida pela igreja. 3 O autor está se referindo ao terceiro anjo das três mensagens angélicas descritas em Apocalipse 14: 6-12.
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18634, quando Ellen G. White recebeu uma mensagem divina confirmando estes princípios 5, esta já se mostrava de muitíssima importância. Durante toda a história da IASD podemos ver a grande importância da mensagem de saúde, tanto abrindo portas e quebrando preconceitos, como, contribuindo para uma melhor qualidade de vida daqueles que a tem adotado, como citou White mais tarde ao afirmar que a reforma de saúde “é o meio pelo qual o Senhor alivia os sofrimentos no mundo e purifica seu povo.” 6 Jose Bates, um dos pioneiros da igreja adventista, é o principal personagem da reforma de saúde nos primórdios da IASD. Mesmo antes de a igreja tomar qualquer posição com relação a este assunto, Bates já estava empenhado em promover a saúde. Nix em seu artigo para a revista adventista7 descreve que mesmo antes de sua conversão 8, ele havia sido totalmente abstinente de bebida alcoólica e, mais tarde deixou de fumar e de mascar tabaco. Ele também relata que por volta de 1838, Bates já tinha abandonado o consumo de chá e café, 9 e que apenas pouco tempo depois de sua conversão também abandonou todo tipo de alimento cárneo 10, alem de se abster das ricas sobremesas, manteiga, queijo e pimenta. Nix faz questão de deixar claro que “mais de vinte anos antes de ser organizada a Igreja Adventista, Bates já havia adotado princípios de vida saudável”, mas como descreve Knight ele nunca considerou a reforma de saúde como sendo da mesma importância de assuntos como o sábado do sétimo dia, o ministério celestial de Cristo ou a tríplice mensagem angélica11. Como podemos observar através de Bates no inicio e mais tarde com as visões da senhora White a Igreja Adventista e a reforma de saúde sempre andaram juntas. Foram muitas as contribuições que a mensagem de saúde trouxe para a visão adventista do grande conflito em que vivemos, e este será o tema que analisaremos a seguir.
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“A IASD foi organizada na quinta-feira, 21 de maio de 1863.” MAXWELL, C. Mervyn. História do Adventismo. Tradutor Azenilto G. Brito. Santo André – SP. Casa Publicadora Brasileira. 1982. p. 217. 5 A luz sobre as leis de saúde de saúde veio numa visão quinze dias depois da organização da igreja, na noite de sexta-feira do dia 5 de junho, na pequena casa de fazenda do irmão A. Hilliard, cerca de quinze quilômetros de Battle Creek. Extraído de: MAXWELL, C. Mervyn. História do Adventismo. Tradutor Azenilto G. Brito. Santo André – SP. Casa Publicadora Brasileira. 1982. p. 217. 6 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 38. 7 James R. Nix, Revista Adventista. Novembro de 2005 – Artigo, “José Bates um adventista pioneiro”. 8 Era o ano de 1824 com a idade 32 anos como sugere Douglass. Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. Tradução José Barbosa da Silva. Tatuí-SP. Casa Publicadora Brasileira.2001. p. 280. 9 Nota-se que nesta época ainda não existia o movimento adventista e nem mesmo Ellen G. White havia recebido ainda o dom profético, portanto podemos concluir que mesmo antes do surgimento da IASD a luz da mensagem de saúde já havia começado a brilhar, a que ao contrario do que muitos falam não foi Ellen G. White que a instituiu, já que antes dela já podemos observar Bates aderindo-a. Vale ressaltar que o papel de Ellen White em relação a reforma de saúde, assim como aconteceu com as demais doutrinas, foi de confirmação e ampliação, através da revelação divina. 10 Segundo Douglass isto ocorreu por volta de 1843. Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. 2001. p. 280. 11 Knight George R. Uma igreja mundial. Breve história dos Adventistas do Sétimo Dia. Tradução José Barbosa da Silva. Tatuí – SP. Casa Publicadora Brasileira. 2000. P. 69.
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3.1.1 O contexto em que vivia a igreja por ocasião do recebimento da mensagem de saúde
A primeira mensagem sobre a reforma de saúde aconteceu no ano de 1848 quando Ellen G. White teve uma visão onde foram mostrados os maléficos efeitos do fumo, do chá e do café12, mas a visão se limitou a estes itens apenas, de maneira que não ouve por parte dos White uma ênfase nos outros temas da reforma de saúde, mas pelo contrário alguns anos depois, por volta de 1858, a irmão White mandou uma carta advertindo S. N. Haskell por estar contendendo com os irmão sobre a proibição de se comer a carne de porco 13, pois este estava fazendo da abstinência de carne de porco um teste para outros. 14 È importante deixar claro que naquela época os adventistas ainda comiam todo tipo de carne, incluindo a de porco, visto que ainda não se tinha luz sobre o assunto. Foi somente na visão de 5 15de junho 1863 que a senhora White recebeu orientações sobre Levítico 11, e apartir de então foi abandonado o uso desta carne. Mas a visão de 1863 foi muito mais ampla do que simplesmente o assunto da carne de porco, ela apontava a importância do cuidado do corpo como um todo e mostrava ser um dever sagrado o cuidado com a saúde como cita o Dr. Tim,
Aquela visão enfatizava que é ‘um sagrado dever cuidar de nossa saúde’ e falar ‘contra a intemperança de toda a espécie – intemperança no trabalho, na comida, na bebida e no consumo de medicamentos’. Muito foi dito sobre a necessidade de encorajar-se ‘uma mente alegre, esperançosa e calma’ a fim de fortalecer a saúde. Referencias foram também feitas à ‘água pura’ como o ‘grande remédio de Deus’. 16 12 Reviw
and Herold, 8 de novembro de 1870. Apud, Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. Tradução José Barbosa da Silva. Tatuí-SP. Casa Publicadora Brasileira.2001. p. 280. 13 O casal Haskell estava criando contenda com os irmãos sobre a proibição da carne de porco, e este polemica estava prejudicando o avanço da obra, talvez seja este o principal motivo que levou a irmão White a mandar uma carta repreendendo a atitude deste casal. Vale lembrar também, que nesta época ainda não havia luz sobre a relação entre alimento e espiritualidade. A carta da irmã White dizia o seguint e: “Vi que suas idéias sobre a carne de porco não seriam prejudiciais se vocês as retivessem para si mesmos, mas, em seu julgamento e opinião, os irmãos têm feito desta questão uma prova, e seus atos tem demonstrado o que vocês crêem sobre isso [...] Se for dever da igreja abster-se da carne de porco, Deus o revelará a mais de duas ou três pessoas. Ele ensinará a sua igreja o dever dela. [...] Vi que os anjos de Deus não levariam seu povo mais depressa do que pudesse compreender e agir segundo as importantes verdades que lhes são comunicada.” White, Ellen G. Testemunhos para igreja . Tradução A. G. Brito. Tatui-SP. 2002. p.206. 14 TIM, Alberto R. História da igreja adventista do sétimo dia . 4. ed. Engenheiro Coelho-SP Seminário Adventista Latino Americano de Teologia. 2003. p. 33. 15 Maxwell (1982, p. 217) e Knight (2000, p. 68) colocam esta visão no dia 5 de Junho como já vimos, mas Douglass (2001, p. 281) a descreve como sendo no dia 6 de junho. Por se trata de um material mais antigo, e a maioria dos historiadores da igreja apoiá-la vamos considerar a data de 5 de junho de 1863, como descreve Maxwell e Knight. 16 TIM. História da igreja adventista do sétimo dia. 2003. p. 33
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Apartir de então a jovem igreja adventista do sétimo dia passou a olhar de forma diferente para questão da saúde do corpo. Esta visão da senhora White ia de encontro com tudo o que eles acreditavam até então 17, pois não podiam ver qualquer relação entre a saúde física e a saúde espiritual. Até esta visão da irmã White era comum as pessoas comerem qualquer coisa que estivesse a disposição, não havia nenhum tipo de preocupação com os horários das refeições ou com qualquer outro tipo de cuidado com a saúde do corpo como cita Maxwell, A maioria das pessoas comia e bebia o que estivesse disponível e lhes apelasse ao apetite, freqüentemente em altas quantidades, fortemente temperados, e a qualquer hora do dia ou da noite. Não viam qualquer relação entre seu regime alimentar e as enfermidades. Mantinham as janelas fechadas por temor de contraírem resfriado. [...] raramente se banhavam. Trabalhavam em demasia ou faziam pouco exercício segundo a disposição ou necessidade os dominasse. Quase ninguém percebia que seu modo de vida era um caminho para a morte. 18
As conseqüências de tal estilo de vida não podiam ser diferentes , “os primeiros adventistas padeciam de doenças físicas tanto quanto os seus contemporâneos” como cita Douglass. Ele ainda acrescenta que muitos deles temiam a “prática médica predominante”, e esperavam encontrar a cura através da oração sem se preocupar com o estilo de vida. 19 E assim muitos fieis adventistas que foram importantíssimos nos primórdios da obra morreram de forma prematura por falta de uma melhor compreensão dos princípios de saúde. Também é importante ressaltar que não era tão fácil para aqueles homens e mulheres compreenderem de uma só vez tantas verdades que os estava sendo revelado, daí o motivo de a mensagem de saúde não ter sido mais ampla antes de 1863, visto que primeiro os adventistas precisavam ter uma maior unidade 20 para então prosseguirem no processo de crescimento.
17 Os
lideres da igreja daquela época, com poucas exceções não acreditavam que o assunto relacionado a saúde tivesse qualquer importância para a vida espiritual, tanto é que no caso dos Haskell, o Pastor Tiago White (que não era contra a abstinência da carne de porco) considera o assunto da alimentação como de pouca importância e até a acusa de ser algo que estava desviando a mente dos irmão da obra de Deus. Citado em: Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. 2001. p. 281. 18 MAXWELL. História do Adventismo. 1982. p. 217. 19 Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. 2001. p. 279. 20 O autor se refere a unidade organizacional e estrutural. Ver Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. 2001. p. 281.
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3.1.2 A relevância da mensagem de saúde nos primórdios da IASD
Como já vimos, nos primórdios da Igreja Adventista do Sétimo Dia, um dos maiores inimigos enfrentado pelos pioneiros eram as doenças, e que muitos deles que poderiam ter contribuído de maneira considerável para o avanço da obra morreram de forma prematura 21 por doenças que poderiam ser facilmente curadas ou até mesmo evitadas. Daí se da a grande importância da mensagem de saúde recebida em 1863, que chamaria a atenção da igreja para o cuidado da saúde e a temperança em todas as coisas. Uma nova visão sobre a vida espiritual estava se desenvolvendo, sem duvida nenhuma Deus estava guiando sua igreja. Agora muitos passaram a ter uma melhor saúde, alguns que já estavam quase mortos recuperaram o vigor e ainda outros que não conseguiam curar suas enfermidades imediatamente passaram a desfrutavam de grande saúde 22. Uma mudança total do quadro que se avistara pouco antes. É bem verdade que naqueles dias já existiam alguns movimentos de temperança que procuravam promover a saúde, não de forma ampla como a igreja adventista apartir da visão de 1863, mas que de certa forma trouxera uma grande contribuição, para que o interesse em uma vida mais equilibrada fosse despertado na mente do povo. Outro ponto importante e que também diferenciava a ênfase adventista na reforma de saúde dos demais movimentos é que estes outros movimentos ao contrario dos adventistas não viam nenhuma relação entre a reforma de saúde e a vida espiritual, isto se deve justamente porque na compreensão destes movimentos o ser humano é um ser divisível, ao contrario do que crêem os adventistas, que “os seres humanos foram criados como um todo indivisível no qual componentes como o corpo físico, mente, alma, espírito, emoções e vontade interagem, influenciando-se uns aos outros"23, e que por isso a vida espiritual depende tanto da saúde física como da emocional. Foi justamente esta nova visão sobre o ser humano como um todo e a influencia das outras áreas da vida na vida espiritual que tem contribuído para que a igreja adventista do sétimo dia cresça sempre se preocupando com o bem estar das pessoas. Assim a visão ampla do da reforma de saúde no grande conflito em que vivemos foi fundamental para que a igreja 21 Poderíamos
citar aqui vários nomes, mas vamos nos deter a Tiago White e João Nevins Andrews. Tiago White, esposo de Ellen White, que morreu de forma prematura apresentando sintomas de esgotamento e cansaço. Faleceu na tarde de sexta-feira, dia 6 de agosto de 1881, com a idade de 60 anos. Já Andrews um dos mais preeminente teólogo da igreja adventista, tinha uma capacidade excepcional, mas aos vinte e seis anos já se encontrava esgotado fisicamente e se não fosse a mensagem de saúde a qual ele abraçara de imediato, talvez não tivesse nem chegado aos 54 anos, idade com que morreu. OLIVEIRA Lygia. Na trilha dos pioneiros. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí – SP. 1990. p. 89,90, 126-163. 22 Para se ter mais detalhes sobre Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. 2001. p. 301. 23 Ibid. p. 259. Apud. WHITE, Ellen G. Mente caráter e Personalidade. Vol. 2. 1990. p. 373-412.
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adventista se tornasse hoje uma igreja mundial, empenhada em cumprir a grande comissão que nos foi dada por Jesus 24, e preocupada com o bem estar tanto físico como espiritual da sociedade, o que tem feito com que portas se abram mesmo em lugares totalmente fechado ao evangelho. Também não poderíamos deixar de mencionar que este novo estilo de vida tem sido fundamente para que a igreja como um todo consiga compreender de forma clara seu papel como representante de Deus e detentora de Suas verdades.
3.2 A REFORMA DE SAÚDE E A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO
Estamos vivendo exatamente nos dias do terceiro anjo de Apocalipse 25, sua mensagem é singular, pois chama os habitantes deste mundo a abandonar o pecado e confiar em Jesus como o único salvador, sua mensagem ainda nos mostra que a salvação é de graça e que sendo assim tanto ricos como pobres podem ter acesso a ela. Que mensagem maravilhosa, não importa quem você é, não importa onde você nasceu, não importa o que você tem, a salvação está a sua disposição, basta entregar sua vida a Jesus, basta crer no sacrifício que Ele fez por você na cruz do calvário. Infelizmente estas grandes verdades têm sido pisadas e rejeitadas. Vivemos em um mundo acostumado a pagar por tudo e a desconfiar de tudo que é de graça, e, é exatamente ai que se encontra a maior dificuldade, muitas pessoas não conseguem compreender o amor de Deus como ele realmente é, no próprio cristianismo encontramos igrejas que vendem a salvação, ou as troca por bens materiais trazendo descrédito a palavra de Deus. A cada dia surge uma nova igreja, com novas doutrinas, um novo estilo, e tudo isto tem dificultado ainda mais a compreensão da verdade por parte povo em geral. A mensagem do terceiro anjo é a verdade presente, precisamos compreendê-la completamente, para então desfrutarmos das bênçãos de Deus e então vivermos com segurança. Mas talvez neste momento possa surgir a pergunta: o que a reforma de saúde tem a ver com a mensagem do terceiro anjo? Apartir de agora vamos fazer uma análise nos escritos de Ellen G. White, procurando encontrar esta resposta.
24 Mateus
28:19 e 20 diz o seguinte: Ide, portanto, fazei discípulo de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ensinado. E esi que estou convosco todos até a consumação do século. 25 Para mais detalhes ver apocalipse 14.
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Já vimos anteriormente que a reforma de saúde nos foi revelada logo após nossa organização como instituição 26, e que depois dela houve uma “injeção” de animo naqueles que outrora sem saúde estavam desanimados e até mesmo fracos na fé. Isto não aconteceu por acaso, pois o papel da reforma de saúde é exatamente o de ajudar os membros da igreja a ter uma clara compreensão da verdade presente, e desta forma ela se torna importantíssima no preparo para o encontro com Nosso Senhor. White ao se referir a sua visão do dia 10 de Dezembro de 1871, faz a seguinte declaração; “f oi-me mostrado novamente que a reforma de saúde é um ramo da grande obra que deve preparar um povo para a vinda do Senhor” ela ainda acrescenta que a reforma de saúde “se acha tão ligada a terceira mensagem angéli ca, ‘assim’ como as mãos o esta ao corpo”. 27 Desta forma ela começa a traçar de maneira interessante a importância da reforma de saúde na preparação para o grande dia da volta de Jesus a esta terra. White ainda se referindo ao papel da reforma de saúde nos diz que “Deus permitiu que brilhasse sobre nós a luz da reforma de saúde, para que vejamos nosso pecado em violar as leis por Ele estabelecidas em nosso ser” 28, ela ainda aponta que tanto o bem estar como o sofrimento estão diretamente ligado a nossa obediência ou transgressão no respeito a lei natural. O que deixa claro que um dos principais motivos da “mornidão espiritual” 29 em que vivemos hoje, se dá ao fato de que ao transgredirmos as leis de saúde, por ignorância ou não, nosso corpo tem sofrido com toda sorte de doenças que como conseqüência tem atingido nossa mente, que é o único meio de comunicação que temos com Deus, e assim a verdade tem ficado obscura, a vontade própria tem se enfraquecido e o ser humano tem se “afundado” cada vez mais no pecado e no crime. Como já vimos anteriormente, a influência do nosso estilo de vida, e principalmente a nossa alimentação trazem sérias conseqüências a nossa vida, e neste momento tão sublime em que Deus chama seu povo a se separar do mundo e se santificar para a proclamação final do evangelho eterno, devemos “tornar patente a lei natural e insistir em que se lhe obedeça”, White ainda acrescenta que esta é “a obra que acompanha a terceira mensagem angélica, a fim de preparar um povo para a vinda do Senhor. 30 Ela ainda acrescenta que para nós na situação
26 Ou
seja no ano de 1863. Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 69. 28 Ibid. 29 O deixar de seguir saudáveis princípios tem maculado a história do povo de Deus. Tem havido constante afastamento da reforma de saúde, e como resultado Deus é desonrado por grande falta de espiritualidade. Ibid. p. 33. 30 Ibid. 27 White,
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em que vivemos nos é impossível discernir a verdade e que este foi o motivo pelo qual Deus nos deu a reforma de saúde:
É Seu desígnio que o grande assunto da reforma de saúde seja agitado, e a mente do público profundamente estimulada a pesquisar; pois é impossível a homens e mulheres, com todos os seus hábitos pecaminosos, destruidores da saúde e enervadores do cérebro, discernir a sagrada verdade, pela qual são santificados, refinados, elevados e tornados aptos para a associação com os anjos celestiais no reino da glória. ... Se o homem abraçar a luz que que em misericórdia Deus Deus lhe dá com respeito à reforma de saúde, ele pode ser santificado pela verdade, 31 e habilitado para a imortalidade. Mas se despreza essa luz e vive em violação à lei natural, terá de pagar a penalidade. 32
Desta maneira fica claro a importância da reforma de saúde nestes últimos dias em que vivemos. A bíblia descreve vários exemplos de como Deus ao longo da história tem usado o regime alimentar como um meio eficaz para purificar e santificar seu povo, podemos citar novamente a experiência de Israel no deserto por ocasião de sua saída do Egito 33, ou ainda o profeta Daniel cujo comentário White diz que “a clareza de mente e firmeza de propósito, [...] [ ...] sua força de intelecto na aquisição de conhecimento, deveram-se em grande parte à simplicidade de seu regime alimentar, associado a sua vida de oração.” 34 Também podemos citar a João Batista a quem White se refere dizendo que “ele era um reformador” e que “o anjo Gabriel, vindo do céu, deu instruções sobre a reforma de saúde aos seus pais”
35
, e que
isto foi importantíssimo no cumprimento de sua missão, acrescentando que seu regime alimentar era completamente vegetariano e conclui dizendo que;
Os que devem preparar o caminho para a segunda vinda de Cristo são representados pelo fiel Elias, assim como co mo João Jo ão veio no espírito de Elias para preparar o caminho 31 Note
que o que santifica não é a reforma de saúde, mas sim a verdade que fica mais nítida na mente do ser humano quando este passa a viver a reforma de saúde, pois como já comentamos e através da mente que o Espírito santo se comunica com o homem, e, é justamente a mente a maior prejudicada pela condescendência para com o apetite. 32 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 60. 33 Para mais detalhes sobre este assunto leia novamente o capitulo 2. 4. 34 Ibid. p. 82. 35 White ainda acrescenta o seguinte: “ João separou-se dos amigos e ostentações da vida. A simplicidade de seu vestuário, feito de pêlos de camelo, era uma permanente reprovação à extravagância e exibição dos sacerdotes judeus, bem como do povo em geral. Seu regime, regime, puramente vegetariano, composto de alfarrobas e mel silvestre, era uma reprovação à condescendência para com o apetite e a glutonaria predominante em toda parte. O profeta Malaquias declara: "Eis que Eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor; e converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração do filhos a seus pais." Mal. 4:5 e 6. Aqui o profeta descreve o caráter da obra.” obra. ”. White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 71.
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para o primeiro advento de Cristo[...] O grande assunto da reforma deve ser ser agitado, e a mente do público deve ser estimulada. Temperança em todas as coisas deve estar associada com a mensagem, a fim de fazer voltar o povo de Deus de sua idolatria, glutonaria e extravagância no vestir e em outras o utras coisas. 36
É extremamente interessante a ênfase que White faz constantemente sobre a ligação existente entre a mensagem do terceiro anjo e a reforma de saúde, e para ilustrar esta verdade mostra que a “reforma de saúde está intimamente ligada a mensagem do terceiro anjo assim como o braço e a mão está em relação ao corpo”37 ela ainda acrescenta que se separarmos do “evangelho a a obra médico missionária, esta ficará ‘completamente’ mutilada” 38, ou seja o meio que Deus nos deu para recuperarmos a saúde e alcançarmos uma melhor compreensão da verdade é justamente a reforma de saúde, e ao contrário do que muitos pensam a reforma de saúde esta no evangelho, como acrescenta White dizendo; “e o evangelho inclui a reforma de saúde em todas as suas partes” e la também acrescenta que;
A reforma de saúde deve salientar-se mais preeminentemente na proclamação da mensagem do terceiro anjo. Os princípios da reforma de saúde encontram-se na Palavra de Deus. O evangelho da saúde deve estar firmemente associado com o ministério da Palavra. É desígnio do Senhor que a influência restauradora da reforma de saúde seja uma parte do último grande esforço para proclamar a mensagem evangélica. 39
Mas White também faz algumas advertências sobre o extremo na ênfase da reforma de de saúde dizendo que “a presença dos princípios de saúde deve estar unida a esta mensagem 40, mas não deve de maneira nenhuma ficar independente dela, ou tomar de alguma forma o seu lugar.”41 Daí o porque não basta viver ser vegetariano, pois pois o realmente faz a diferença diferença é a vida de comunhão verdadeira com Deus. Ela ainda acrescenta que “embora a r eforma r eforma de saúde não seja a terceira mensagem angélica, está com ela intimamente relacionada.” 42 Talvez seja justamente neste ponto que em muitos casos temos falhado, é difícil se chegar a um equilíbrio e sempre somos tentados a ir para o extremo, seja ao fanatismo ou para o 36 White,
Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 71. p. 71 e 74 38 Ibid. p. 75 39 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 75. 40 A mensagem do terceiro anjo. 41 Ibid. 42 Ibid. p. 77. 37 Ibid.
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liberalismo. Seja como for a grande verdade é que a reforma de saúde é um instrumento e não o foco, foco, e assim como cita White o “grande objetivo da reforma de saúde é garantir o desenvolvimento desenvolvimento mais elevado possível da mente, da alma e do c orpo”, pra que desta maneira Deus seja glorificado em nossa vida. Ela ainda alerta dizendo que este princípio não pode sair de nossa mente. 43 Depois desta breve análise, podemos concluir destacando quatro aspectos importantes deste tema; 1) A reforma de saúde é uma grande benção que Deus concede a seu povo que vive nos últimos dias da história deste mundo, pois é através dela que o Senhor procura aliviar o sofrimento44, libertar seu povo da escravidão da condescendência própria, e por fim, santificá-lo na verdade, visto que sua mente estará mais pura e limpa para que o Espírito Santo nela atue com mais “força.” 2) A 2) A mensagem do terceiro anjo e a reforma de saúde estão intimamente ligadas uma à outra, e sendo assim não devemos anunciá-las separadamente, 45 pois quando assim fazemos prejudicamos grandemente o avanço da obra 46 e não podemos alcançar os resultado esperados. Daí o motivo de não ser o suficiente em termos de crescimento espiritual o fato de alguém ser vegetariano, pois a base é a comunhão com Deus enquanto enqu anto que o resto são apenas “acessórios”. 3) Embora a reforma de saúde seja de suma importância para a proclamação da verdade presente, não podemos colocá-la como tema predominante em lugar da mensagem, pois devemos proclamar a Jesus e este crucificado, e neste contexto a mensagem de saúde é nada mais do que um instrumento de Deus para a santificação do homem e nunca a base de nossa mensagem, como acrescenta White dizendo, “Seu lugar é entre aqueles assuntos que promovem a obra de preparação para enfrentar os acontecimentos acontecimentos previstos pela mensagem; entre esses ela é preeminente. ”47 4) Assim como a mão e o braço fazem parte do corpo, mas não são o corpo; assim se sucede com a reforma de saúde que faz parte do evangelho, mas não é o evangelho, contudo, assim como o corpo sem o 43 Ibid.
p. 23. igrejas hoje em dia têm enfatizado a cura, os milagres e a prosperidade como sinal da presença de Deus, mas este não é o meio que Deus tem atuado, Ele espera que seu povo mude seu estilo de vida, se liberte de seus pecados de condescendência para com os apetites depravados, respeitando toda sua lei e então as verdadeiras bênçãos divina serão derramada. 45 Este é um serio perigo em que incorremos e podemos ver dois extremos. 1- Pessoas que por algum motivo não dão atenção a mensagem mensagem de saúde saúde e até mesmo falam contra ela trazendo trazendo descrédito e imenso dano dano a proclamação de nossa mensagem. 2- também existe os que trazem tr azem uma ênfase exagerada a reforma de d e saúde e a usam como sinal de santidade condenando condenando e criticando de forma dura os não praticam a reforma de saúde. Tanto um como outro estão prejudicando grandemente a obra de Deus. Muitas vezes costumamos ouvir as pessoas dizendo que “é melhor ser neutro ou liberal do que extremista, como estes”, mas a verdade que tanto um como outro não ficará sem culpa naquele grande dia. 46 Este é um problema sério enfrentado hoje, pois muitas vezes apresentam a mensagem de saúde separadamente da mensagem espiritual, e desta forma estamos privando muitas pessoas de terem a oportunidade de receberem as verdades espirituais e isto é um grave crime, pois a mensagem de saúde sozinha não trará o grande resultado que poderia trazer se estivesse junto com a mensagem do terceiro anjo. 47 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 74. 44 Muitas
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braço e a mão continua sendo corpo, embora seja grandemente prejudicado, assim também se sucede com a mensagem do terceiro anjo que continuará sendo a mensagem presente mesmo sem a mensagem de saúde, embora esta também seja grandemente prejudicada e desta forma maiores dificuldades sejam encontradas em sua proclamação. Quando conseguirmos compreender o verdadeiro papel da reforma de saúde e vivê-la em sua plenitude, então seremos uma grande benção na proclamação da verdade presente, seremos cristãos autênticos e verdadeiros, homens e mulheres cheios do Espírito Santo de Deus, pois como afirma White à reforma de saúde ocupa um lugar preeminente 48 no preparo para enfrentarmos a última grande crise. 49 Assim sendo, devemos considerar a mensagem de saúde com zelo, e procurando proclamá-la e divulgá-la em nosso meio, mas sempre cuidando para que isto não seja feito de forma equivocada e evitando todo tipo de fanatismo, pois isto só atrapalharia.
3.3 AS CONSEQUÊNCIAS DA CONDESCENDENCIA COM O APETITE NA VIDA DO CRISTÃO.
A condescendência para com o apetite tem trazido sérias conseqüências durante toda a história da humanidade 50. Como já analisamos anteriormente 51, este tem sido o principal 48
[Do lat. tard. praeeminente.] Adj. 2 g. 1. Que ocupa lugar mais elevado. 2. Superior, sublime. 3. Nobre;distinto. [Cf. proeminente.] Novo dicionário Aurélio 3.1, versão eletrônica. 49 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 74. A citação na integra aparece da seguinte forma: “ A reforma de saúde está intimamente relacionada com a mensagem do terceiro anjo, mas ela não é a mensagem. Nossos pregadores devem ensinar reforma de saúde, mas não devem fazer disto o tema predominante em lugar da mensagem. Seu lugar é entre aqueles assuntos que promovem a obra de preparação para enfrentar os acontecimentos previstos pela mensagem; entre esses ela é preeminente. Devemos sustentar toda reforma com zelo, mas devemos evitar a impressão de que somos vacilantes e sujeitos ao fanatismo. ” Ênfase acrescentada. 50 As pessoas que viveram antes do dilúvio comiam alimento animal, e satisfaziam seu apetite pervertido até que o copo de sua iniqüidade se completou, e Deus purificou a Terra de sua poluição moral, pelo dilúvio. ... O pecado tem predominado desde a queda. Enquanto poucos têm permanecido fiéis a Deus, a grande maioria tem corrompido os seus caminhos diante dele. A destruição de Sodoma e Gomorra foi por conta de sua grande impiedade. Eles deram livre curso a seu intemperantes apetite, daí as suas paixões corrompidas, até que se haviam rebaixado de tal forma e seus pecados se tornaram tão abomináveis, que o copo de sua iniqüidade se encheu, e eles foram consumidos pelo fogo do Céu. Os mesmos pecados que acarretaram a ira de Deus sobre o mundo nos dias de Noé existem em nossos dias. Homens e mulheres hoje levam à glutonaria os seus hábitos de comer e beber. Este predominante pecado, a condescendência para com o apetite pervertido, inflamou as paixões dos homens nos dias de Noé, e conduziu à corrupção geral, até que sua violência e crimes chegaram ao Céu, e Deus lavou a Terra de sua poluição moral através de um dilúvio. Os mesmos pecados de glutonaria e bebedice obliteraram a sensibilidade moral dos habitantes de Sodoma, de maneira que o crime parecia ser o deleite de homens e mulheres dessa cidade ímpia. White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 60, 61. 51 O autor está se referindo ao capitulo dois deste trabalho.
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motivo das grandes crises em que o mundo tem se envolvido 52, e não tem sido diferente em nossos dias, o próprio Jesus quando aqui esteve nos alertou de que assim como aconteceu nos dias de Noé e de Sodoma e Gomorra, assim também seria no tempo do fim. 53 As pessoas estariam vivendo para seu próprio prazer, não se importando com o bem estar uns dos outros, e desta forma ficam totalmente destituído da presença de Deus em suas vidas. Destruir a comunicação entre Deus e o homem sempre foi principal objetivo de nosso inimigo, e nada mais eficaz do que destruir a mente através de uma alimentação pobre e deficiente, pois desta forma o homem não poderia compreender a santidade e a vontade de Deus e ficaria totalmente exposto aos ataques do terrível inimigo de Deus e de seu povo. Ao se referir a este assunto White argumenta que “Os nervos cerebrais que se comunicam com todo o organismo, são o único meio pelo qual o Céu pode comunicar-se com os homens e afetar-lhes a vida no recôndito.” E ela completa dizendo que “qualquer coisa que perturbe a circulação das correntes elétricas no sistema nervoso diminui a resistência das forças vitais, e o resultado é um amortecimento das sensibilidades mentais. ”54 Satanás sabe bem disto e tem trabalhado para destruir a mente humana, pois sabe que este é o único meio que ele tem de fazer com que o homem rejeite o convite divino e continue sendo escravo do pecado. Em uma de suas visões White traz o seguinte relato;
Satanás reuniu os anjos caídos a fim de inventar algum meio de fazer o máximo de mal possível à família humana. Foi apresentada proposta sobre proposta, até que finalmente Satanás mesmo imaginou um plano. Ele tomaria o fruto da vide, também o trigo e outras coisas dadas por Deus como alimento, e convertê-los-ia em venenos que arruinariam as faculdades físicas, mentais e morais do homem, dominariam de tal maneira os sentidos, que Satanás teria sobre eles inteiro controle. Sob a influência da bebida alcoólica, os homens seriam levados a praticar todas as espécies de crimes. Mediante o apetite pervertido, o mundo seria corrompido. Levando os homens a tomarem álcool, Satanás os faria descer cada vez mais baixo. 55
Como vimos Satanás tem levado muitos a ruína, pessoas que poderiam ser gigantes espirituais estão perecendo por falta de saúde e fé 56, justamente por que tem deixado que seus apetites tomem as rédeas de seus desejos e assim, varias pessoas que outrora se regozijaram 52
“Cidades inteiras foram apagadas da face da Terra, por causa dos degradantes crimes e da revoltante iniqüidade que as tornou uma mancha no Universo. A condescendência com o apetite foi a base de todos os seus pecados.” Ibid. p. 153. 53 Ver Lucas 17:28-30. 54 WHITE Ellen G. Temperança. p. 13. 55 Ibid. p.12. 56 “Por meio do pervertido apetite seus órgãos e faculdades têm-se tornado debilitados, enfermos e inutilizados” White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 18.
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com a verdade agora tem até mesmo abandonado a verdade e se entregado ao erro. O assunto da reforma de saúde tem sido negligenciado por muitos e as conseqüências disto podem ser eterna. Não nos resta dúvida sobre a importância da reforma de saúde para uma vida espiritual saudável, mas não basta saber, precisamos praticar, pois pesa sobre todos os que têm recebido esta luz a responsabilidade de viver a altura. Precisamos dar ouvido, a advertência que White faz a se referir a este assunto tão importante dizendo que;
Ninguém que professe piedade considere com indiferença a saúde do corpo, e se iluda com o pensamento de que a intemperança não é pecado e não afetará sua espiritualidade. Existe uma estreita afinidade entre a natureza física e a moral. O padrão de virtude é elevado ou rebaixado por meio dos hábitos físicos. O excesso na ingestão do melhor alimento produzirá um estado mórbido dos sentimentos morais. E, se o alimento não for o mais saudável, os efeitos serão ainda mais danosos. Qualquer hábito que não promova o perfeito funcionamento saudável do organismo humano degrada as mais elevadas e nobres faculdades. Os maus hábitos no comer e beber conduzem a erros no pensamento e ação. A condescendência com o apetite fortalece as tendências animais, dando-lhes ascendência sobre as faculdades mental e espiritual. 57
Ao condescender com o apetite transgredimos o primeiro mandamento de Deus que proíbe a idolatria, e como conseqüência o coração se torna cada vez mais endurecido. Satanás sempre se empenhou em levar o ser humano a negar a Deus e adorar qualquer outra coisa, menos o Senhor , e nisto ele tem obtido certo êxito, pois “não nos é possível glorificar a Deus enquanto vivemos em violação das leis da vida. não é possível ao coração manter-se consagrado a Deus enquanto se tolera a concupis cência do apetite” 58, Nossa mente fica obscurecida o pensamento lento, nossa energia e vontade própria se dissipam e desta forma é impossível para o ser humano que vive para satisfazer seus desejos alcançar a perfeição cristã.59 Infelizmente a humanidade tem considerado de pouca importância a salvação e a vida eterna. “A parte animal de nossa natureza tem dominado nossas escolhas e nossos caráter” e assim a humanidade tem andado por um caminho extremamente perigoso. 60 57 White
Ellen G. Temperança. Tradução Isolina A. Waldvogel. 3 ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004. p. 282. 58 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 44. 59 Ibid. p. 236. 60 “Necessitais de mente clara, enérgica, a fim de apreciar o exaltado caráter da verdade, apreciar a expiação, e dar a devida estimativa às coisas eternas. Se seguis uma errônea direção e condescendeis com hábitos errados no regime alimentar, enfraquecendo assim as energias mentais, não dareis à salvação e à vida eterna aquele alto apreço que vos inspirará a pôr a vida em conformidade com a vida de Cristo; não fareis, para obter inteira conformidade com a vontade de Deus, aqueles diligentes, abnegados esforços que são requeridos por Sua Palavra, e necessários para dar-vos o preparo moral para o último toque da imortalidade. Muitos de vós tendes às
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O dano causado pela condescendência para com o apetite se mostra em muitos casos irreparáveis, e a menos que seja tomada uma firme decisão de aceitar e viver a reforma de saúde em sua plenitude não restará esperança, pois como cita White, “muito melhor é abandonar o nome de cristão do que fazer uma profissão de fé e ao mesmo tempo transgredir com o apetite que fortalece paixões não santificadas.” 61. White ainda descreve que o assunto sobre saúde é de importância capital e que devemos estudá-la no temor de Deus e então ela conclui dizendo que assim descobriremos que o melhor para nós tanto física como espiritual é observar o regime alimentar simples e saudável. Não precisamos temer, cristo já venceu esta batalha62, e através de Sua vitória encontramos forças para vencer 63, pois este é o único caminho para a vitória como descreve White; “seu exemplo nos declara que nossa única esperança de vida eterna, é manter ao apetites e paixões sob sujeição à vontade de Deus.” 64 Precisamos reconhecer as ordens de Deus, precisamos ser temperantes em todas as coisas, e então cumpriremos o propósito para o qual fomos criados, que é glorificar a Deus em nosso corpo e nosso espírito, que a Ele pertence. “É necessário que os cristãos sejam temperantes”, e que coloquem “alto a norma”. “A temperança no comer, beber e vestir é essencial” e que o que deve dominar nossas escolhas é “o principio, em vez do apetite ou das
vezes sentido um entorpecimento no cérebro. Sentiste-vos desanimados em assumir qualquer trabalho que exigisse esforço mental ou físico, até que vos tivésseis refeito da sensação do fardo imposto sobre vosso organismo. Depois há, novamente, essa sensação de fraqueza. Dizeis, porém, que é a falta de mais alimento, e colocais uma carga dupla no estômago para que ele cuide dela. Mesmo sendo cuidadosos no que se refere à qualidade de vosso alimento, glorificais a Deus no vosso corpo e espírito, os quais Lhe pertencem, ao ingerir tal quantidade de alimento? Os que sobrecarregam o estômago com tanto alimento, e assim pressionam a natureza, não poderiam apreciar a verdade se a ouvissem. Eles não conseguiriam despertar as entorpecidas sensibilidades do cérebro para compreender o valor da expiação e o grande sacrifício feito em favor do homem caído. É-lhes impossível apreciar a grande, preciosa e extraordinariamente rica recompensa que está reservada para os fiéis vencedores. Jamais se deve permitir que a parte animal de nossa natureza governe a moral e intelectual. Alguns estão sendo tolerantes para com o desejo carnal, o qual guerreia contra a alma, e é um constante obstáculo ao seu progresso espiritual. Levam eles consigo sempre uma consciência acusadora, e ao falar-se a verdade com franqueza, ofendem-se. Condenam-se a si mesmos, e entendem que o assunto.” White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 47 61 Ibid. p. 34. 62 No deserto da tentação Cristo defrontou as grandes tentações principais que assaltariam os homens. Ali enfrentou, sozinho, o inimigo astuto e sutil, vencendo-o. A primeira grande tentação teve que ver com o apetite; a segunda, com a presunção; a terceira, com o amor do mundo. Satanás tem vencido seus milhões, tentando-os a condescender com o apetite. Mediante a satisfação do paladar, o sistema nervoso torna-se irritado e debilita-se o poder do cérebro, tornando impossível pensar calma e racionalmente. Desequilibra-se a mente. Suas mais nobres e elevadas faculdades são pervertidas, servindo à concupiscência animal, e desprezam-se os interesses eternos e sagrados. Alcançado este objetivo, Satanás pode vir com suas outras duas tentações principais e encontrar pronto acesso. Suas múltiplas tentações provêm destes três grandes pontos principais. Ibid. p. 151 63 Sua vitória é garantia de que também nós podemos sair vitoriosos em nossos conflitos com o inimigo. Mas não é propósito de nosso Pai celestial salvar-nos sem um esforço de nossa parte para cooperar com Cristo. Temos de fazer nossa parte, e o poder divino, unido ao nosso esforço, trará a vitória. Ibid. p. 153. 64 Ibid. p. 153
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fantasias.”65 Portanto é extremamente necessário o controlar da vontade, e se entregar total a Deus, do contrário estaremos perdidos.
65 Ibid.
p. 156.
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4 NO QUE CONSISTE A REFORMA DE SAÚDE
Existem hoje, diversas opiniões sobre o que realmente é a reforma de saúde, e como já vimos esta falta de compreensão traz serias conseqüências para o avanço da obra e para o crescimento espiritual da igreja 1, portanto pretende-se trazer alguns esclarecimentos sobre o assunto, acreditando que assim se poderá chegar a um equilíbrio evitando tanto o fanatismo, como também a visão liberalista que se tem hoje em dia sobre a reforma de saúde 2. De maneira alguma pretendemos pôr um ponto final na discussão, mas apenas esclarecer algumas duvida. É muito comum em nossos dias ao se falar de reforma de saúde ouvir as pessoas logo citarem a carne, alguns condenando e outros até mesmo defendendo, e desta forma a impressão que fica é que a reforma de saúde se resume ao abandono da carne como alimento, quando muito, alguns outros poucos tipos de alimentos são condenados, mas será que a reforma de saúde se limita apenas a alimentação? A resposta é um claro não! A reforma de saúde é muito mais do que simplesmente abandonar alguns tipos de alimento, ela consiste em um estilo de vida completo, onde a alimentação natural tem seu lugar, assim como a prática de exercício, o repouso, o equilíbrio no trabalho, pois o principio que rege a reforma de saúde é a temperança em todas as coisas como comenta White ao afirmar que “Deus requer que Seus filhos sejam temperantes em todas as coisas.” 3 Com o objetivo de fazer uma melhor analise deste assunto este capitulo será dividido em duas partes sendo que na primeira será abordado o regime alimentar e na segunda alguns dos demais pontos da reforma de saúde4.
1 Os
debates relacionados com a reforma de saúde geralmente acabam em brigas. Visto que este é um assunto bastante minucioso, pois meche em muitos casos com as “paixões humanas”, e por outro lado infelizmente muitos que aderem a reforma de saúde sem uma correta orientação, se tornam na maioria das vezes fanático e acusadores dos irmãos. Atitudes como estas só trazem descrédito a obra de Deus e atrapalha a espiritualidade da igreja. 2 Muitos acreditam que o assunto da reforma de saúde não é tão importante assim e que não influencia em nada o que se como ou a forma com que se vive, e alem disto ainda não vem nem um mal em satisfazer os seus próprios desejos no que se refere a alimentação, argumentando que estas coisas são para os fracos na fé apenas. 3 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 451. 4 É importante ficar claro que não é objetivo do autor descrever todos os pontos da reforma de saúde, portanto serão abordados apenas alguns que o autor julgar necessário.
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4.1 O REGIME ALIMENTAR
Embora o regime alimentar não seja o único dentro da reforma de saúde, poderíamos dizer que entre estes ele é preeminente, já que afeta diretamente nossa personalidade e caráter 5, pois somos constituídos daquilo que ingerimos em cada refeição, e como já dizia Hipocrates 6 o pai da medicina há mais de dois mil anos, “que o teu alimento seja o seu remédio e o seu remédio seu alimento”, esta é uma grande verdade, pois hoje a ciência tem provado que a alimentação diária além de prover sustento pode ter propriedades curativas, mas também adverte que se os alimentos não forem utilizados da maneira correta podem ser uma fonte de doenças, pois a ausência de certos alimentos nas refeições causa enfermidades relacionadas com carência nutricionais, mas que e a inclusão de outras corrige essas deficiência. 7 Como descreve Vidal;
Cada tecido, cada órgão, cada célula só pode ser formado com o material recebido através do sangue. Se entrar para a corrente sangüínea material de primeira, a qualidade da construção do organismo revelará isso. Se, porem, sua alimentação for inferior, de segunda classe, descuidada, com certeza, o resultado será um corpo problemático, porque ‘você é o que você come’. 8
Portanto um dos grandes segredos do sucesso na vida espiritual depende em grande parte da forma com que nos alimentamos como descreve White quando diz que “é possível a alguém danificar sua experiência espiritual pelo uso incorreto do estômago ”. Assim sendo o ato de se alimentar também deve ser um em atitude de adoração a Deus como cita o apostolo Paulo em sua primeira carta aos Coríntios quando diz que “quer comais, quer bebeis ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a gloria de Deus.” 9 O assunto do regime alimentar é algo de suma importância, para a vida humana. Ninguém consegue viver sem alimento, este faz parte do dia a dia da sociedade, independente 5 Muitos
estragam sua boa disposição pelo comer impróprio. Devemos ser tão cuidadosos em aprender as lições da reforma de saúde como o somos em ter nossos estudos devidamente preparados; pois os hábitos que adotamos nesta direção ajudam a formar nosso caráter para a vida futura. É possível a alguém danificar sua experiência espiritual pelo uso incorreto do estômago. Ibid. p. 127. 6 Hipocrates é conhecido como o pai da medicina. Ele viveu por volta de quatrocentos anos antes de Jesus. 7 PAMPLONA Jorge. O poder medicinal dos alimentos. Tradução Dóris A. de Matos. Tatuí – SP. Casa Publicadora Brasileira, 2006. p. 3. 8 VIDAL, Eunice Leme. Saúde com sabor: receitas para uma vida saudável. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2002 p.10. 9 I Coríntios 10:31.
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de região geográfica, da cultura ou da situação financeira em que se vive. A verdade é que do alimento que ingerimos depende nossa qualidade de vida, mas como já vimos anteriormente 10, este mesmo alimento que trás saúde, pode também trazer doenças, imoralidade, destruição e morte. Vimos também que através de uma alimentação desequilibrada e adulterada Satanás tem levado muitas pessoas a se afastarem de Deus, e se afundarem na ruína do pecado. Portanto alimentação é algo sério e que merece nossa atenção especial. Uma pergunta que todos deveríamos fazer antes de ingerir ou até mesmo comprar um alimento é; porque comemos? Talvez uma reflexão sobre esta pergunta pudesse nos ajudar a escolher melhor o que ingerirmos. Bem, a verdade é que nos alimentamos para nutrir o corpo e fortalecê-lo para cumprir as atividades do dia a dia. Sabendo disto é evidente que “uma alimentação qualquer não pode proporcionar boa saúde” 11, pois precisamos de alimentos saudáveis e ricos em vitaminas e minerais e que assim nosso sangue venha a ter qualidade e conseqüentemente todo o nosso corpo, como cita White;
Nosso corpo é formado pela comida que ingerimos. Há constante desgaste dos tecidos do corpo; todo movimento de qualquer órgão implica um desgaste, o qual é reparado por meio do alimento. Cada órgão do corpo requer sua parte de nutrição. O cérebro deve ser abastecido com sua porção; os ossos, os músculos e os nervos requerem a sua. Maravilhoso é o processo que transforma a comida em sangue, e se serve desse sangue para restaurar as várias partes do organismo; mas esse processo está prosseguindo continuamente, suprindo a vida e a força a cada nervo, cada músculo e tecido. 12
Desta maneira fica claro que o alimento é fundamental para a saúde física, mental e espiritual do ser humano. Portanto ingerir alimentos prejudiciais, tais como café 13, chá14 refrigerantes em geral, sanduíches, chocolates 15, carnes16, alimentos refinados, açúcar branco17, bebidas alcoólicas, alimentos enlatados e demais guloseimas, trará terríveis conseqüências espirituais e físicas em nossa vida. Estes não são os únicos problemas que devem ser evitado na reforma alimentar, também não se tomar líquido durante as refeições 18 e nem comer nada entre elas 19, respeitar um período entre cinco e seis horas de uma a outra refeição e se possível fazer apenas duas refeição por dia como descreve White; “cinco horas, pelo menos, devem mediar entre cada 10 O
autor se refere ao capitulo 3. p. 16. 12 WHITE Ellen G.. A ciência do bom viver. Tradução Carlos A. Trezza. 7 ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 1994. P. 295. 11 Ibid.
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refeição, e tende sempre em mente que, se quisésseis fazer uma experiência veríeis que duas refeições são preferíveis a três” 20 ou uma terceira bem leve no fim da tarde. O ideal seria também que a principal refeição do dia fosse o desjejum, como argumenta Lemos; 21
A refeição matinal se destina a repor o estoque de Glicose consumido durante a noite, pois mesmo dormindo gastamos energia. Além disso, a primeira refeição deve ser a mais substancial porque o organismo precisa estar preparado para enfrentar os desafios que terá pela frente. Sabe-se que a falta de atenção e de concentração, além do cansaço, é uma conseqüência verificada em pessoas que negligenciam o desjejum.22
São inúmeras as vantagens de começar o dia alimentando-se bem. Como já vimos, pela manhã o estômago está em melhores condições de cuidar de mais alimento do que na 13
“O café é uma satisfação nociva. Estimula temporariamente o cérebro a uma ação desnecessária, mas o efeito posterior é exaustão, prostração, paralisia das faculdades mentais, morais e físicas. A mente fica enfraquecida, e a menos que, mediante esforço determinado seja o hábito vencido, a atividade do cérebro é permanentemente diminuída. Todos esses irritantes dos nervos estão minando as forças vitais e o desassossego causado por nervos danificados, à impaciência, a fraqueza mental, tornam-se elementos contendores, antagônicos ao progresso espiritual.” “Tomar chá e café é pecado, condescendência prejudicial, que, como outros males, causa dano à alma.” White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 422 e 425. 14 “O chá é venenoso para o organismo. Os cristãos devem deixá-lo em paz ” 15 “O chocolate contém quase todos os elementos da maconha, e verdade que em menor quantidade, mas não menos prejudiciais.” Anotações de palestra realizada pelo professor Daniel Andrade no Colégio Adventista de Sorocaba no dia 26/10/2003. 16 “Os que condescendem com o comer carne, beber chá e a glutonaria, estão semeando para uma colheita de dor e morte. A comida prejudicial introduzida no estômago fortalece os apetites que combatem contra a alma, desenvolvendo as propensões inferiores. Um regime de carne tende a desenvolver a sensualidade. O desenvolvimento da sensualidade diminui a espiritualidade, tornando a mente incapaz de compreender a verdade.” “Há pessoas que devem ser despertadas para o perigo de comer carne, que ainda comem carne de animais, pondo assim em risco a saúde física, mental e espiritual. Muitos que são agora só meio convertidos quanto à questão de comer carne, sairão do povo de Deus, para não mais andar com ele 17 O Dr. Elias, em seu livro Sete dias para começar a viver dedica quatro paginas para descrever os malefícios do açúcar branco (refinado). “[...] alguns pesquisadores estimam que o açúcar hoje é responsável, direta ou indiretamente por 40 a 50 por cento dos problemas de saúde” ele ainda diz que o açúcar é um vício até m esmo pior do que as drogas e determinados aspectos. LIMA, Elias Oliveira. Sete dias para começar a viver: Um plano de vida saudável. 3 ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001 p. 51. Ver também White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 327-330. “Açúcar não é bom para o estômago. Causa fermentação, e isto obscurece o cérebro e ocasiona mau humor”. 18 O ideal é tomar água no Maximo até meia hora antes, ou somente duas horas depois das refeições. Anotações de palestra realizada pelo professor Daniel Andrade no Colégio Adventista de Sorocaba no dia 26/10/2003. 19 “ Nenhuma partícula de alimento deve ser introduzida no estômago até a próxima refeição. Neste intervalo o estômago efetuará seu trabalho, estando então em condições de receber mais ” Ibid. p. 179 “A regularidade no comer é muito importante para a saúde do corpo e a tranqüilidade do espírito ” Ibid. p. 181 20 Ibid. p. 173. Ver também a página 179. “ Tomada a refeição regular, deve-se permitir ao estômago um descanso de cinco horas” 21 Francisco Lemos e Zinaldo Santos são editores da revista Vida e Saúde, periódico mensal especializado em saúde preventiva, editado pela Casa Publicadora Brasileira. 22 LEMOS, Francisco; SANTOS, Zinaldo A. Remédios de Deus: 8 recursos naturais para viver mais e melhor. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2002 p. 52.
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segunda ou na terceira refeição do dia, por isto ela deve ser a mais completa, como descreve White; “fazei vosso desjejum corresponder mais aproximadamente à refeição mais liberal do dia.”23. O ideal é que no desjejum se inclua os três grupos alimentares, são eles; os reguladores, energéticos e construtores. Os reguladores, “fornecem nutrientes que regulam o funcionamento de vários processos orgânicos. Esses nutrientes são vitaminas, minerais, celulose e água”, os energéticos “fornecem calorias para o gasto diário do organismo” e os construtores, são “as proteínas, tais nutrientes são responsáveis pela reposição de tecidos danificados, pela formação de hormônios e enzimas.” 24 Na segunda refeição deve-se repetir os três grupos, mas agora numa quantidade menor do que o desjejum, e por fim na terceira refeição o ideal é que ela seja bem leve, de preferência, um pouco de frutas ou torradas ou apenas sucos de frutas naturais, pelo menos de quatro a cinco horas antes de se deitar, 25 visto que o estomago deve estar completamente vazio quando formos deitar conforme descreve White; “ O estômago, quando nos deitamos para dormir, deve ter terminado todo o seu trabalho, para fruir o descanso, assim como as outras partes do corpo. O trabalho da digestão não deve prosseguir em tempo algum das horas do sono.”26 Ou seja, coma como um príncipe, almoce como um rei, e jante como um mendigo, e viva com saúde!
4.2 O EQUILIBRIO EM TODAS AS COISAS
A temperança em todas as coisas, eis o verdadeiro principio da reforma de saúde, e nossa única garantia de uma vida saudável e feliz ao lado de Cristo. A reforma de saúde como já foi abordado não consiste em um único item, mas é composta de uma união de varias práticas que juntas trabalham para o bem do ser humano como um todo como um todo. Também é importante ressaltar que o uso de alimentos bons e a prática de atividades saudáveis, não é o suficiente, pois mesmo estes devem ser usados e praticados com equilíbrio para que então os benefícios da verdadeira reforma de saúde venha à surtir efeito.
23 White,
Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 173. Saúde com sabor: receitas para uma vida saudável. 2002 p.19. 25 Anotações de palestra realizada pelo professor Daniel Andrade no Colégio Adventista de Sorocaba no dia 26/10/2003. 26 White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 175. 24 VIDAL,
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4.2.1 Alguns exemplos
Como já vimos este se trata de um tópico muito abrangente, e qualquer tentativa de explicar ou até mesmo tentar delimitar o assunto da reforma de saúde seria muito perigoso, pois como já foi abordado envolve todas as áreas da vida humana. Portanto daremos apenas alguns exemplos, procurando mostrar a complexidade deste.
A. Excesso de trabalho
Mas o mundo moderno tem sido um grande inimigo deste princípio, pois o corre, corre para se adquirir bens matérias, e se viver dentro dos altos padrões exigidos pela modernidade, tem se exigido cada vez mais do ser humano, que por sua vez tem trabalhado cada dia mais, para poder arcar com as altas despesas. As conseqüências são inevitáveis, doenças como o estresse, depressão, fadiga, desigualdade social, a indiferença para as necessidades alheias e sobre tudo o egoísmo, que tem se tornado muito comum em nossos dias. E tudo isto não acontece por acaso, pois como surgiram novas “necessidades” na vida, tais como carro novo, roupas da moda, casas luxuosas, equipamentos eletrônicos, televisão de plasma última geração, lanches, bebidas guloseimas, etc., as horas de trabalho precisam aumentar, para que o salário também aumente, mas os trabalhadores também precisam continuar estudando, senão ficarão para traz no concorrido mercado de trabalho e assim o tempo que se teria para lazer, para a família, para a saúde e para Deus tem sido usado para acumular cansaço e se correr atrás do “sucesso na vida”. Os momentos que deveriam ser reservados para as refeições têm sido sobrecarregados nas poucas horas livres que se tem para ir ao banco, pagar contas ou quem sabe comprar algo, e o almoço, há, este foi atropelado em mais um recorde mundial quebrado. Assim a vida tem sido jogada fora, e, a espiritualidade não pode suportar uma vida sem tempo para a devoção e adoração a Deus, e desta forma o homem tem ganhado o mundo, mais perdido a vida, sem dar
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ouvido ao que disse Jesus; “que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder se ou a causar dano a si mesmo?” 27
B. Descanso
Um dos princípios básico da temperança é o descanso, e isto é algo que as pessoas não têm dado valor nenhum, pois argumentam que precisam trabalhar, estudar, passear, festejar... enfim “aproveitar a vida, e não se tem separado tempo para o descanso, e isto também tem trazido suas conseqüências, pois o ser humano precisa descansar para poder viver com qualidade. O Dr. Schneider 28 divide o descanso em três ciclos; sendo o primeiro o ciclo diário que dura 24 horas, o segundo o ciclo semanal de origem Bíblica, 29 e o terceiro ciclo que segundo ele é “determinado pelas mudanças de estação; e tal qual o ciclo diário, é de origem astronômica.30 Um dos pontos mais importante no descanso e que se encontra no primeiro ciclo é o sono, que segundo Schneider é o momento de reparação e reajuste e colocação no ponto exato para que o organismo continue funcionando bem, e “principalmente o cérebro”, completa ele. Realmente os efeitos da falta de sono têm trazido variadas conseqüências na vida dos que não dormem bem a noite, como descreve Biazzi;
Aumenta a irritabilidade, angustia e nervosismo; provoca comportamento antisocial; tira a espontaneidade; causa desorientação e depressão; produz inabilidade para manter fixos os objetivos na realização de uma tarefa; diminui a percepção e as habilidades racionais cognitivas; afeta a capacidade física; aumenta o tempo de reação; diminui a habilidade para movimentos delicados das mãos; dificulta manter boa postura; aumenta a sensibilidade e a dor; reduz o tono muscular e a força; descontrola o apetite. 31
27 Lucas
9:25. Schneider é Doutor em medicina pela Universidade de Düsseldorf na Alemanha. 29 Êxodo 20:7-11. 30 SCHINEIDER, Ernest. A cura e a saúde pela natureza: Tradução Dóris A. de Matos. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004. p. 136.. 31 BIAZZI Eliza S. Recursos para uma vida natural. 27 ed. Tatuí – SP. Casa Publicadora Brasileira, 2002. p. 52. 28 Ernst
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Estes são alguns dos problemas enfrentados pela falta do sono, pois como descreve Biazzi durante o sono são produzidos importantes hormônios, alguns como a “melatonina é produzida durante a noite inteira e funciona como calmante natural”, mas ela só será produzida se o quarto estiver escuro e quieto. Já o hormônio do crescimento é produzido entre as 22h00 e 24h00 apenas e este “é o responsáv el pela fixação do aprendizado, crescimento e qualidade do cérebro, outro hormônio importante é a cortisona que é produzida apartir da meia noite até o amanhecer, 32 e como complementa Schneide r; “Em muitas ocasiões, o descanso por si só é capaz de curar a enfermidade, pois facilita o processo de reparação ou restauração do organismo, que vencem as doenças.” 33 O descanso semanal também é muito importante, pois nele o homem recupera as forças físicas gastadas durante a semana, passa tempo com a família e amigos além de fazer a obra de Deus, e se renovar em santidade34,O sábado é um presente de Deus para o homem poder manter o equilíbrio físico, psicológico social e espiritual. O terceiro ciclo também é conhecido como férias anuais e “contribui para manter um bom rendimento pro fissional durante o ano inteiro,”35 alem de ser um ótimo momento para recreação.
C. Poluição sonora
Outro assunto que tem sido muito negligenciado em meia a sociedade e até mesmo entre os defensores da reforma de saúde é a poluição sonora. É comum hoje em dia ver carros de som passando nas ruas, rádios com volumes ensurdecedores, barulhos de maquinas automóveis..., mesmo nas igrejas na maioria das vezes o som se encontra em tal altura que prejudica a adoração pura que deve ser prestada a Deus. Segundo Schneider
a
poluição
sonora tem efeitos negativos sobre a saúde do ser humano em geral, entre os males ele descreve os seguinte;
Interfere no descanso; fazendo com que seja menos proveitoso; produz nervosismo e favorece o estresse; aumenta a tensão muscular e o cansaço; dificulta o sono e
32
Dados extraídos de: BIAZZI. Recursos para uma vida natural. 2002. P. 53.
33 SCHINEIDER.
A cura e a saúde pela natureza. 2004. p. 133. 12-17. 35 SCHINEIDER. A cura e a saúde pela natureza. 2004. p. 136. 34 Êxodo.31:
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diminui sua eficácia reparadora; pode aumentar a tensão arterial; dificulta a digestão e deteriora a capacidade auditiva do ouvido. 36
Como se pode ver algo que parece tão inofensivo pode trazer conseqüências incalculáveis na vida de uma pessoa. Portanto exige se muito cuidado, visto que se trata de um inimigo que na maioria das vezes não está sobre nosso controle, daí se dá a importância se procurar um lugar calmo para se morar e trabalhar, pois esta é uma das poucas maneiras que podemos evitar este problema.
D. Exercícios e ar
Vivemos em um mundo onde tudo está em movimento, os rios, os mares, o ar, os animais, até mesmo nosso planeta que gira em torno de si mesmo e do sol, enfim o universo inteiro se movimenta em perfeita harmonia. Não deveria ser diferente com o ser humano, mas este tem sido mais um desafio que a vida moderna tem trazido a humanidade e como conseqüência os músculos do corpo tem se atrofiado e em muitos casos se debilitado e adoecido, pois segundo Schneider este tem sido o motivo de diversas doenças e ele ainda argumenta que existe muitas doenças que não se consegue obter a cura através de remédios farmacológico, mas que com a prática de exercício físico poderiam ser combatidas com eficiência.37 Sem dúvida a prática de exercícios 38 regular é de suma importância para o bem estar física, mental e moral do ser humano, principalmente quando se exerce uma profissão sedentária. Como vimos anteriormente a qualidade do sangue ira determinar também, nossa qualidade de vida, e uma das coisas que influencia em muito a qualidade do sangue, alem da alimentação é o ar puro, e este é mais um dos benefícios do exercício que geralmente contribui para que a respiração seja mais profunda 39 e assim tanto os pulmões como o cérebro seja grandemente beneficiados como cita Schneider;
36 SCHINEIDER.
A cura e a saúde pela natureza. 2004. p. 135. p. 113 e 114. 38 “O exercício é importante para a digestão, bem como para a saudável condição do corpo e da mente. ” White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 103. 39 “quando se faz exercício, aumenta a necessidade de ox igênio das células musculares e a quantidade de CO 2 a ser expelida. Isso faz com que aumente a freqüência respiratória e a profundidade de cada respiração, que por 37 Ibid.
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A função respiratória é a encarregada de realizar o intercâmbio gasoso essencial para a vida humana: introduzir oxigênio (O2) e expulsar dióxido de carbono (CO 2), seguindo, em síntese, estas fases: Oxigênio do ar chega aos pulmões e daí passa para o sangue. É transportado pela corrente sanguínea a cada uma das células do organismo, que necessitam dele para combustão (metabolização) dos hidratos de carbono, gorduras e proteínas. Como resultado desta combustão, se produz energia e algumas substancias de eliminação como o CO 2. O sangue recolhe o CO 2 originado e o transporta até os pulmões, onde é eliminado com a expiração. 40
Alem da liberação de toxinas que estavam no sangue e foi lançado nos pulmões, o exercício faz com que uma quantidade maior de toxinas seja liberada pelos poros, através do suor contribuindo assim para que o corpo esteja cada vez mais puro e saudável, a mente fica mais clara e como conseqüência a comunhão com Deus melhor, visto que estas toxinas quando não são expelidas são lançadas nas células e nos neurônios fazendo com que estes sejam destruídos. 41 Portanto com estes poucos, mas abrangentes exemplos podemos concluir que pelo fato do ser humano ser um ser indivisível, ao contrário do pensamento grego que diz ser este divisível, todo ato de intemperança ou de condescendência com práticas nocivas e até mesmo o excesso de coisas boas afetam diretamente e de forma prejudicial nosso relacionamento para com Deus e com o próximo.
sua vez requer uma adaptação do aparelho cardiovascular: o coração bate mais de pressa e com a batida envia mais sangue e maior pressão a todo organismo.” SCHINEIDER. A cura e a saúde pela natureza. 2004. p. 68. 40 Ibid. p. 67. 41 Anotações de palestra realizada pelo professor Daniel Andrade no Colégio Adventista de Sorocaba no dia 26/10/2003. Estes são apenas alguns dos muitos benefícios da prática de exercício físico e da respiração profunda. Poderiam ser descritos muitos outros, mas para o objetivo deste trabalho, estes já são suficientes.
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5 CONCLUSÃO
Nesta pesquisa ficou evidente a influencia existente entre a reforma de saúde e a espiritualidade, principalmente no que consiste a alimentação. Assim algumas considerações importantes foram feitas ao longo de todo este trabalho e baseados nelas foram possíveis chegar a algumas conclusões que serão destacadas em duas partes. 1) Em todas as crises que foram analisadas ficou claro que, a condescendência com o apetite, fora o grande mal daqueles povos e que os pecados na verdade foram apenas os sintomas, ou seja, as conseqüências de decisões tomadas, por cada individuo em particular, de condescender com o apetite depravado e anti-natural. Outro fato que ficou evidente também é que a condescendência para com o apetite consiste na quebra do primeiro e segundo mandamento de Deus que proíbe a adoração de qualquer tipo de ídolo, pois ela incide na adoração do “eu” que passa a ocupar a posição pertencente somente a Deus na vida do ser humano. Portanto a condescendência para com o apetite consiste em um dos mais terríveis pecados que o mundo tem visto, pois deturpa a mente humana, rebaixa a moral e desperta a natureza animalesca do ser humano que por sua vez passa a viver para satisfazer seus próprios desejos egoístas e como conseqüências pode-se ver o egoísmo, roubo, dor, tristeza, prostituição, ganância destruição e morte.
Estes são apenas algumas das muitas
conseqüências deste terrível pecado que novamente tem inundado o mundo. 2) Como vimos, o mundo se encontra a beira de uma crise sem precedentes, a humanidade se encontra no auge do secularismo e as pessoas continuam comendo bebendo, casando-se e dando-se em casamento e nem se apercebem do momento crucial em que se está vivendo, assim fica claro a necessidade de uma reforma no estilo de vida de todos aqueles que desejam fazer parte do povo de Deus e desfrutar de uma fé pura e verdadeira, pois da mesma maneira como Deus desejava purificar Israel, antes que estes entrassem em Canaã terrestre, assim também Ele deseja purificar sua igreja antes que esta entre em Canaã celestial. E é justamente por este motivo que a mensagem de saúde foi dada a igreja remanescente nestes últimos dias, como uma grande benção de Deus a Seu povo, e para que através dela o sofrimento pudesse ser aliviado, Seu povo liberto da escravidão da condescendência própria, e por fim, santificado na verdade, visto que sua mente estaria mais pura e limpa para que então o Espírito Santo nela atue de maneira poderosa. Portanto a reforma de saúde consiste em uma obra de preparação para a grande crise descrita pelo terceiro anjo de apocalipse, e, é justamente ai que incide sua importância, pois segundo White, dentre as obras que visa
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preparar um povo para se encontrar com o Senhor, esta é a mais importante, pois purifica a mente levando o ser humano a desenvolver domínio próprio, e capacitando-o com a ajuda do espírito Santo a discernir entre o certo e o errado, tendo assim uma vida espiritual pura e verdadeira. Desta maneira podemos concluir que nosso estilo de vida, principalmente o alimentar, influencia diretamente em nossas escolhas, mesmo em coisas que aparentemente são insignificantes, visto que a espiritualidade e o regime alimentar andam juntos de mãos dadas. Sendo assim, é impossível para o ser humano no estado em que se encontra desenvolver uma vida espiritual saudável e consistente sem uma renuncia a seu apetite depravado e por fim uma reforma no estilo de vida.
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REFERÊNCIAS
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