Desenvolvimento da dentição mista - Parte 1 Márcia de Carvalho Figueiredo - Mestranda da FO da UFRJ (Dep. de Odontopediatria e Ortodontia) Sandra Liliana Navarro Parra - Mestranda da FO da UFRJ (Dep. de Odontopediatria e Ortodontia)
O período da dentição mista é aquele em que estão presentes presentes na boca dentes decíduos e permanentes, sendo sendo por isso, também cha mado de período de transição. Consideramos pois, que a dentição mista tem início com a erupção dos dos primeiros molares permanentes, q uando, segundo SCHWAZ, se dá o primeiro período de levantamento fisiológico da mordida; os outros dois períodos desse levantamento o correm pela erupção dos segundos e terceiros molares consecutivamente. A dentição mista se encerra com a esfoliação dos mola res decíduos. Como sabemos, o período de erupção erupção da dentição mista sofre variações quanto à sua ordem, porém podemos podemos observar que na maior parte dos casos, as substituições dos dentes inferiores precedem ligeiramente os superiores. Uma particularidade se d á na troca dos incisivos centrais, que com freqüência os permanentes "saem" de trás dos decíduos e se deslocam para diante sob sob a influência da pressão da língua . Quanto ao processo de reabsorção radicular decídua e esfoliação, KRONFELD acredita que a erupç ão do dente permanente atua como um estímulo à reabsorção do dente decíduo, enquanto enquanto que SHAPIRO e ROGERS mostram que a reabsorção do dente decíduo não depende da presença presença de germes dos permanentes. Viram que dentes dentes decíduos sem sucessores apresentavam rea bsorção radicular, apesar de poderem esses dentes, dentes, permanecer por um período de tempo longo na arcada, por um processo de anquilose daquel as raízes marcadamente reabsorvidas. O objetivo deste trabalho é conhecer a fase de transição entre a dentição dentição decídua e permanente, suas características características e desenvolvimento.
ÍNDICE GERAL
1 - INTRODUÇÃO 2 - DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO DOS DENTES PERMANENTES 2.1 - Erupção Dentária 2.2 - Tipos de Movimentação Dentária 2.2.1 - Movimento Dentário Pré-eruptivo 2.2.2 - Movimento Dentário Eruptivo 2.2.3 - Movimento Dentário Pós-eruptivo Pós -eruptivo 2.3 - Fatores que regulam e afetam a erupção 2.4 - Cronologia de Erupção dos Dentes Permanentes 2.5 - Seqüência de Erupção 2.6 - Desenvolvimento Ectópico 2.7 - Fatores que Determinam a Posição do Dente Durante a Erupção 3 - CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS DA DENTIÇÃO DENTIÇ ÃO MISTA 4 - UTILIZAÇÃO DO PERÍMETRO DO ARCO 5 - CONCLUSÃO 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - INTRODUÇÃO O período da dentição mista é aquele em que estão presentes na boca dentes decíduos e permanentes, sendo por isso, também chamado de período de transição. Consideramos pois, que a denti ção mista tem início com a erupção dos primeiros prim eiros molares permanentes, quando, segundo SCHWAZ, se dá o primeiro período de levantamento fisiológico da mordida; os outros dois períodos períodos desse levantamento ocorrem pela erupção dos segundos e terceiros molares consecutivamente. A dentição mista se encerra com a esfoliação dos molares decíduos. Como sabemos, o período de erupção da dentição mista sofre variações quanto à sua ordem, porém podemos observar que na maior parte dos casos, as substituições dos dentes inferi ores precedem ligeiramente os superiores. Uma particularidade se dá na troca dos incisivos centrais, que com f reqüência os permanentes "saem" de trás dos decíduo s e se deslocam para diante sob a influência da pressão da língua. Quanto ao processo de reabsorção radic ular decídua e esfoliação, KRONFELD acredita que a erupção do dente permanente atua como um estímulo à reabsorção do dente decíduo, enquanto que SHAPIRO e ROGERS mostram que a reabsorção do dente decíduo não depende da presença de germes dos permanentes. Viram que dentes decíduos sem sucessores apresentavam reabsorção radicular, apesar de poderem esses dentes, permanecer por um período de tempo longo na arcada,por um processo de anquilose daquelas raízes marcadamente reabsorvidas. O objetivo deste trabalho é conhecer a fase de transição entre a dentição decídua e permanente, suas características e desenvolvimento.
2 - DESENVOLVIMENTO DOS DENTES PERMANENTES Antes de falarmos da erupção propri amente dita, é importante fazermos menção ao trabal ho de NOLLA8, que dividiu o desenvolvimento dos dentes em 10 estágios conforme a figura 1. Os estágios importantes que devem ser lembrados são: y y y
estágio 02 - calcificação inicial; estágio 06 - iniciação dos movimentos eruptivos; e, estágio 08 - época de irrupção na cavidade bucal.
Fig. 1 - Estágios da calcificação.
8
Embora a calcificação dos dentes tenha sido estudada de várias maneiras, os métodos de radiografias em série são os mais práticos, uma vez que o clínico avalia o desenvolvimento dentári o de seus pacientes a partir de dados semelhantes. A radiografia é comparada aos desenhos e a cada dente é dado um escore de desenvolvimento de acordo com o desenho do qual ele mais se aproxima. Se o desenvolvimento do dente estiver entre dois estágios, pode-se usar a média dos valores ou o maior valor.
2.1 - ERUPÇÃO DENTÁRIA Embora a palavra "erupção" propriamente signifique rompimento de dente através da gengiva, ela é geralmente entendida como sendo o movimento axial ou oclusal do dente, desde sua posição de desenvolvimento até seu posicionamento f uncional no plano oclusal. Entretanto, a erupção é apenas parte de
todos os movimentos fisiológicos realizados pelo dente, porquanto nos dentes ocorrem movimentaç ões complexas relacionadas com a manutenção de sua posição nos maxilares em cresciment o e de compensaçã aos desgastes mastigáveis. Os movimentos fisiológicos dos dentes são descritos como sendo constituídos pelos seguintes: y y y
Movimento dentário pré-eruptivo; Movimento dentário eruptivo; e, Movimento dentário pós-eruptivo5.
Superpostos a estes movimentos há aqueles relacionados com a substituição de toda a dentição decídua pela permanente. Durante a erupção dos dentes sucessores, muitas atividades ocorrem simultaneamente: o dente decíduo reabsorve-se, a raiz do dente permanente aumenta, o processo alveolar cresce em altura e o dente permanente movimenta-se através do osso. Os dentes permanentes iniciam os movimentos eruptivos somente quando a coroa está completa. Passam pela crista do processo alveolar, quando aproximadamente dois terços da raiz estão formados. (estágio 8), e perfuram a margem gengival, quando cerca de três quartos da raiz estão completos (estágio 9) 5.
2.2 - TIPOS DE MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA 2.2.1 - Movimento Dentário Pré-eruptivo Quando os germes dos dentes decí duos primeiro se diferenciam, há um ampl o espaço entre eles. Entretanto, devido ao seu rápido desenvolvimento, este espaço disponível é utilizado e os dentes em crescimento ficam apinhados, particularmente na região dos incisivos e caninos. Este apinhamento é aliviado pelo alongamento dos maxilares na criança proporcionando, assim, espaço para a migração distal do segundo molardecíduo e mesialização dos dentes anteriores. Ao mesmo tempo, pel o aumento de largura dos maxilares, os germes do dentes movimentam-se para fora e também para cima (para baixo, no caso da maxila), com o aumento em altura da maxila2. Os dentes permanentes e seus precedentes decíduos, realizam complexos movimentos antes de atingirem a posição de erupção. Por exemplo, os incisivos e caninos permanentes desenvolvem-se lingualmente aos germes dos dentes decíduos, a nível de suas superfícies oclusais, na mesmacripta óssea. Com a erupção dos decíduos, eles movimentam-se para uma posição mais apical, vindo ocupar suas criptas ósseas próprias. Os pré-molares iniciam seu desenvolvimento lingualmente aos seus antece ssores, ao nível de suas superfícies oclusais e na mesma cripta óssea. Eles também migram, de tal f orma que, finalmente, vêm situarse em suas criptas ósseas próprias, abai xo das raízes dos molares decíduos. Os molares permanentes, que não possuem antecessores decíduos, também movimentam-se consideravelmente de seu sítio original de diferenciação. Por exemplo, os molares permanentes superiores que se desenvolvem na tuberosidade da maxila, inicialmente têm suas faces oclusais voltadas para di stal, e giram para sua posição somente após o desenvolvimento suficiente da maxila, que lhes fornece então o espaço necessário. Igualmente, os molares inferiores desenvolvem-se com suas f aces oclusais inclinadas mesialmente e verticalizam-se assim que tenham espaço suficiente. Todos esses movimentos estão relacionados com o crescimento dos maxilares e podem ser considerado s movimentos de posicionamento, preparatórios do dente em suas respectivas c riptas, para a erupção2,5 . 2.2.2 - Movimento Dentário Eruptivo Durante a fase do movimento eruptivo do dente, este move-se de sua posição intra-óssea nos maxilares até
sua posição funcional em oclusão, predominando o movimento de direção axial ou oclusal. Entretanto, é importante reconhecer que enquanto muitos dentes estão em erupção, normalmente está ocorrendo o crescimento dos maxilares, de tal forma que os movimentos em outros planos - que não a xiais- superpõem-se ao movimento eruptivo2. 2.2.3 - Movimento Dentário Pós-eruptivo Os movimentos dentários pós-eruptivos são aqueles que: 1) mantém o dente erupcionado em posição, enquanto os maxilares continuam se desenvolvendo, e 2) compensam os desgastes oclusais e pro ximais. O primeiro deles, à semelhança do movimento eruptivo, é feito principalmente na direção axial, acompanhando o aumento dos maxilares em altura. Este movimento inclui tanto o dente como seu alvéolo e cessa quando estiver completo o crescimento dos maxilares. Os movimentos de compensação dos desgastes oclusais e proximais continuam durante a vida toda e consistem, respectivamente, em migração axial e mesial. A Figura 2 ilustra os estagios de erupção:
Fig. 2 - Estágios de Erupção. 1. pré-eruptivo; 2. intra-alveolar; 3. intra-oral; 4. oclusal.
5
2.3 - FATORES QUE REGULAM E AFETAM A ERUPÇÃO Infelizmente, sabemos muito pouco em detalhes a respeito de alguns fatores que afetam a erupção. Tanto a seqüência quanto a época de erupção parecem ser, em grande parte, determinadas pelos genes. Além disso, há seqüências e épocas de erupção que são típicas para certos grupos raciais; por exemplo, os europeus e os americanos de origem européia tendem a irromper seus dentes mais tarde que os negros e índios americanos11 . FATORES LOCAIS
Os distúrbios mecânicos, bem como os processos pato lógicos localizados, podem alterar o plano genético de erupção. As lesões periapicais, e também a pulpotomia de um molar decíduo, aceleram a erupção do prémolar sucessor. Se o dente decíduo for extraído após o sucessor permanente ter iniciado os movimentos ativos de erupção (estágio 6, ou posteriores, de NOLLA), o dente permanente irromperá precocemente. Se o dente decíduo for extraído antes do início dos movimentos eruptivos do permanente (antes do estágio 6 de NOLLA), é bem provável que o dente permanente atrase sua erupção, pois o processo alveolar pode voltar a formar-se sobre o dente sucessor, tornando a erupção mais difícil e lenta. Também pode ser observado que o apinhamento dos dentes permanentes afeta ligeiramente sua velocidade de calcificação e de erupção. Outros fatores locais são: dente decíduo anqui losado, fibrose gengival, hematoma de erupção, fat ores estes que atrasam a erupção dos dentes11,1.
FATORES GERAIS y
y
y
Síndrome de trissomia do 21 (Síndrome de Down) -> causa atraso na erupção dentária; Disostose Cleido-craniana -> desenvolvimento está sem pre retardado, sendo muito comum a dentição decídua ainda estar completa aos 15 anos de idade; Hipopituitarismo ->atraso na erupção dos dentes. Nos casos m ais graves, os dentes decíduos não sofrem reabsorção, podendo permanecer durante toda a vida do indivíduo. A extração dos decíduos não é indicada pois não se pode assegurar a erupção dos permanentes;
y
Hipotireoidismo-> atraso na erupção;
y
Raquitismo -> atraso na erupção; e,
y
Hipertireoidismo -> acelera a erupção provocando apinhamento (o indivíduo tem dentes grande em base óssea pequena).
Influências nutricionais sobre a calcificação e a erupção são relativamente menos significantes pois os efeitos sobre a erupção dos dentes têm sido demonstrados somente nos extremos da variação nutricional.
Artigo publicado no Odo ntologia.com.br em 23 de Julho de 2002, no endereço: http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=120 Data do acesso: 1 de Novembro de 2010
Desenvolvimento da dentição mista - Parte 2 Márcia de Carvalho Figueiredo - Mestranda da FO da UFRJ (Dep. de Odontopediatria e Ortodontia) Sandra Liliana Navarro Parra - Mestranda da FO da UFRJ (Dep. de Odontopediatria e Ortodontia)
Os dentes permanentes podem ser sucessores, aqueles que substituem um antecessor decíduo (incisivos, caninos e pré-molares), ou suplementares, os que fazem a erupção por trás (distalmente) do arco da dentição decídua (primeiro e segundo molares e, mais tarde, o terceiro molar).
ÍNDICE GERAL
1 - INTRODUÇÃO 2 - DESENVOLVIMENTO DOS DENTES PERMANENTES 2.1 - Erupção Dentária 2.2 - Tipos de Movimentação Dentária 2.2.1 - Movimento Dentário Pré-eruptivo
2.2.2 - Movimento Dentário Eruptivo 2.2.3 - Movimento Dentário Pós-eruptivo 2.3 - Fatores que regulam e afetam a erupção 2.4 - Cronologia de Erupção dos Dentes Permanentes 2.5 - Seqüência de Erupção 2.6 - Desenvolvimento Ectópico 2.7 - Fatores que Determinam a Posição do Dente Durante a Erupção 3 - CARACTERÍSTICAS DA DENTIÇÃO MISTA 4 - UTILIZAÇÃO DO PERÍMETRO DO ARCO 5 - CONCLUSÃO 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2.4 - Cronologia de Erupção dos Dentes Permanentes Os dentes permanentes podem ser sucessores, aqueles que substituem um ant ecessor decíduo (incisivos, caninos e pré-molares), ou suplementares, os que fazem a erupção por trás (distalmente) do arco da dentição decídua (primeiro e segundo molares e, mai s tarde, o terceiro molar). Os dentes sucessores fazem sua erupção simultaneamente com o processo de reabsorção das raízes dos seus antecessores decíduos. Os fatores responsáveis pela erupção dos dentes ainda não são bem compreendidos. Os fatores que têm sido relacionados incluem: o alongamento da raiz, as forças exercidas pelos tecidos vasculares à vol ta e sob a raiz, o crescimento do osso alveolar, crescimento da dentina, a constrição pulpar, o crescimento e a tração da membrana periodontal, a pressão exercida pela ação muscular e a reabsorção da crista alveolar. Logo, durante a erupção dos dentes sucessores, muitas atividades ocorrem simultaneamente: o dente decíduo reabsorve, aumenta a raiz do dente permanente, o processo alveolar aumenta em altura, o dente permanente se move através do osso. No entanto, os dentes não se movem oclusalmente até que a coroa esteja completamente formada, e a velocidade de sua erupção não está bem correlacionada com o alongamento da raiz. Eles passam através da crista do processo alveolar em vários e específicos estágios de formação radicular. Os dentes posteriores levam de 2 a 5 anos para alcançar a crista alveolar depois que suas coroas estão completas e de 12 a 20 meses para entrar em oclusão após at ingirem a margem alveolar. As raízes normalmente se completam poucos meses após ati ngirem a oclusão (5, 1). A tabela I fornece uma padrão cronológico de erupção:
Tabela I - Cronologia da Dentição Humana * Segundo Logan, W. and Kronfeld, R.: J. Am. Dent. Assoc., 20:379. 1933: pouco modificado por Mc Call and Schour in Orban, 1944, 1949.
Dentição
Superior
Dente
Primeira Evidência de Clacificação
Coroa Completa
Erupção
Raiz Completa
Incisivo
3-4 meses in
4 meses
7½
1 ½ anos
Decídua
Inferior
Dentição Permanente
Superior
Inferior
central
útero
meses
Incisivo lateral
4 ½ meses in útero
5 meses
8 mese
1 ½-2 anos
Canino
5 ¼ meses in útero
9 meses
16-20 meses
2 ½-3 anos
Primeiro molar
5 meses in útero
6 meses
12-16 meses
2-2 ½ anos
Segundo molar
6 meses
10-12 meses
20-30 meses
3 anos
Incisivo central
4 ½ meses in útero
4 meses
6½ meses
1 ½ anos
Incisivo lateral
4 ½ meses in útero
4¼ meses
7 meses
1 ½-2 anos
Canino
5 meses in útero
9 meses
16-20 meses
2 ½-3 anos
Primeiro molar
5 meses in útero
6 meses
12-16 meses
2-2 ½ anos
Segundo molar
6 meses
10-12 meses
20-30 meses
3 anos
Incisivo central
3-4 meses
4-5 anos
7-8 anos
10 anos
Incisico lateral
10 meses
4-5 anos
8-9 anos
11 anos
Canino
4-5 meses
6-7 anos
11-12 anos
13-15 anos
Primeiro prémolar
1½-1¼ anos
5-6 anos
10-11 anos
12-13 anos
Segundo prémolar
2-2¼ anos
6-7 anos
10-12 anos
12-14 anos
Primeiro molar
Nascimento
2½-3 anos
6-7 anos
9-10 anos
Segundo molar
2½-3 anos
7-8 anos
12-13 anos
14-16 anos
Terceiro molar
7-9 anos
12-16 anos
17-21 anos
18-25 anos
Incisivo central
3-4 meses
4-5 anos
6-7 anos
9 anos
Incisivo lateral
3-4 meses
4-5 anos
7-8 anos
10 anos
Canino
4-5 meses
6-7 anos
9-10 anos
12-14 anos
Primeiro prémolar
1¼-2 anos
5-6 anos
10-12 anos
12-13 anos
Segundo prémolar
2¼-2½ anos
6-7 anos
11-12 anos
13-14 anos
Primeiro molar
Nascimento
2½-3 anos
6-7 anos
9-10 anos
Segundo molar
2½-3 anos
7-8 anos
11-13 anos
15-15 anos
Terceiro molar
8-10 anos
12-16 anos
17-21 anos
18-25 anos
A época de erupção tende a ser mais precoce no negro americano e nas populações hindus e asiáticas do que nos americanos de origem européi a. Além disso, a época de irrompimento tende a ser sistematicamente mais precoce ou tardia dentro das linhagens. Finalmente, a época está correlacionada dentro de uma dentição, ou seja, as crianças que irrompem qualquer dente precoce ou tardiamente tendem a adquirir os outros dentes de maneira semelhante: precoc e ou tardiamente. O importante para a avaliação da cronologia de um paciente é determinar a c ronologia individual de erupção através de tomadas radiográficas (Radiografia peri apical) para avaliar o desenvolvimento radicular (Estágios de NOLLA) (8) . Diferenças entre os Sexos Exceto para os terceiros molares, as meninas i rrompem seus dentes permanentes, em médi a, cinco meses mais precocemente que os meninos. A verdadeira diferença entre os sexos na época do irrompimento intrabucal é muito menor do que na época do aparecimento da maioria dos centros de ossificação pós-natal, e a variabilidade da época da erupção normal é pequena quando comparada com a variabilidade normal do desenvolvimento esquelético.
2.5 - Seqüência de Erupção O estabelecimento de uma boa oclusão na dentição permanente depende, entre outros f atores, de uma seqüência cronológica favorável de erupção destes dentes. LO e MOYERS estudando a seqüência de erupção nos dentes permanentes (Figura 3), encontrou dezoito combinações de erupções diferentes na maxila e dezessete na mandíbula. Demonstraram que a seqüência de erupção tem correlação com a oclusão obtida. A combinação de erupção 6124537 na maxila e 6123457 na mandíbula, prova a maior incidência de relação molar normal5,1.
Fig. 3 - Seqüência favorável de erupção, a mais comum das di versas seqüências favoráveis. (5) Na maxila a mais freqüente foi a 6124537, aparecendo em 48,72% dos c asos. As demais seqüências de erupção são demonstradas na tabela II
Tabela II - Sequência de erupção da Maxila Seqüências
Casos
%
1
6124537
115
48,72
2
6124357
38
16,01
3
6124573
28
11,87
4
6123457
14
5,93
5
6124375
13
5,51
6
6125437
6
2,54
7
6124753
5
2,12
8
6124735
4
1,69
9
6125347
2
0,84
10
6123475
2
0,84
11
1624537
2
0,84
12
6123547
1
0,42
13
6125473
1
0,42
14
6123745
1
0.42
15
612745
1
0,42
16
6412537
1
0,42
17
6152437
1
0,42
18
1264357
1
0,42
236
100,00
Na mandíbula, a seqüência de erupção mais encontrada foi a 6123457, aparecendo em 45,77% dos casos. A tabela III mostra as demais seqüências eruptivas enco ntradas. Tabela III - Sequência de Erupção Mandibular Sequências
Caso
%
1
6123457
108
45,77
2
6123475
44
18,64
3
6124357
20
8,47
4
6123745
14
5,93
5
6124537
14
5,93
6
6125347
6
2,54
7
6123547
6
2,54
8
6124375
5
2,12
9
6125437
4
1,69
10
6124573
3
1,27
11
6123574
3
1,2
12
162345
3
1,27
13
1263457
2
0,84
14
6125734
1
0.42
15
6127453
1
0,42
16
1624537
1
0,42
17
1264537
1
0,42
236
100,00
A seqüência menos favorável na maxila é aquela na qual o segundo molar erupciona antes que o canino ou pré-molares. A seqüência menos favorável na mandíbula é aquela na qual o canino erupcionadepois dos prémolares ou quando o segundo molar erupciona antes do canino ou pré-molares. (Tab. IV)
Tabela IV - Distribuição das Maloclusões nas Diferentes Sequências de Erupção Maxila
Classificação Classe I
Classe II
Classe III
0% 50% 100%
0% 50%
0% 50%
6124537
--------------------
-------
--------
6124357
---------------
------------
-----
6124573
----------
------------------
---------
6123457
-------------------
-------
---------
6124375
----------
-------------------
---------
Mandíbula
Classificação
Classe I
Classe II
Classe III
0% 50% 100%
0% 50%
0% 50%
6123457
--------------------
--------
--
6123475
---------
--
--------------
6124357
---------------
-------------
--
6123745
---------
--
--------------
6124375
------
-------------
--------
2.6 - Desenvolvimento Ectópico
Dentes ectópicos são aqueles que se desenvolvem fora da sua posição normal (1) . Seqüência: 1o MP, CS, CI, PM, meninas mais que meninos. Fatores que determinam erupção ectópica: y y y y y y
retenção prolongada do dente decíduo; perda precoce do dente decíduo; extra-numerário; traumatismo de dente decíduo (regi ão anterior); diferença de tamanho entre dente permanente e dente decíduo; e, diferença de tamanho entre dente permanent e e base óssea.
Fatores que interferem na erupção ectópica do 1 o MP superior: y y y y
dentes deciduos e permanentes grandes; comprimento do arco superior (maxila) menor que a média; posicionamento posterior da maxila; e; ângulo de erupção atípico do 1o MP superior.
2.7 - Fatores que Determinam a Posição do Dente Durante a Erupção Durante a erupção, o dente passa por quatro estágios distintos de desenvolvimento. Os fatores que determinam a posição do dente variam de acordo com o estágio de erupção (5,9,1) : a) Pré-eruptivo -> dente ainda dentro da cripta óssea (está formando a coroa). - Genético; e, - Eventualmente, traumatismo. b) Intra-alveolar -> Já iniciou formação da raiz, o dente começa a movimentar em direção ao rebordo até o momento em que vai perfurar o rebordo alveolar. - presença ou ausência de dente adjacente; - velocidade de reabsorção do dente decíduo; - perda precoce ou retenção prolongada do decíduo; -presença de processos patológicos (lesão periapical - reabsorção mais rápida: cisto -> bloqueio para erupção); e, - alterações do mecanismo de crescimento do processo alveolar. c) Intra-bucal -> desde o momento que o dente irrompe no alvéolo para aparecer na cavidade bucal até entrar em oclusão. - ausência do antagonista e do adjacente;
- forças musculares de bochecha, lábios e língua (figura4); - forças de mastigação; e, - hábitos de chupar o dedo; ou roer unha. d) Oclusal -> dente entrou em oclusão e é mantido assim por um sistema de forças: - movimento V-L: lábio, bochecha, língua - movimento M-D: perda de dentes adj acentes; - presença ou ausência de dentes adjacentes ou antagonistas; - equilíbrio de forças internas e externas; - forças musculares; - tendências de deslocamento mesial ->característica própria de cada dente não depende de forças musculares e da mastigação, ocorre mesmo quando o dente está no estágio intra-alveolar (Figura 5); - componente anterior de forças -> é um sistema de forças que e xiste devido a forças musculares, mastigação que são transmitidas através da intercuspidação e dos pontos de contato até a linha média onde se anulam (2 forças iguais em sentidos contrários).
Fig.4 - A posição dos incisivos em relação à postura normal dos lábios e da língua. (5)
Fig. 5 - O componente anterior de força.(5)
Artigo publicado no Odo ntologia.com.br em 23 de Julho de 2002, no endereço: http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=121 Data do acesso: 1 de Novembro de 2010
Desenvolvimento da dentição mista - Parte 3 Márcia de Carvalho Figueiredo - Mestranda da FO da UFRJ (Dep. de Odontopediatria e Ortodontia) Sandra Liliana Navarro Parra - Mestranda da FO da UFRJ (Dep. de Odontopediatria e Ortodontia)
Neste artigo estudaremos o desenvolvimento dos dentes permanentes, as características da dentição mista, e utili zação do perí metro do arco.
ÍNDICE GERAL
1 - INTRODUÇÃO 2 - DESENVOLVIMENTO DOS DENTES PERMANENTES 2.1 - Erupção Dentária 2.2 - Tipos de Movimentação Dentária 2.2.1 - Movimento Dentário Pré-eruptivo 2.2.2 - Movimento Dentário Eruptivo 2.2.3 - Movimento Dentário Pós-eruptivo 2.3 - Fatores que regulam e afetam a erupção 2.4 - Cronologia de Erupção dos Dentes Permanentes 2.5 - Seqüência de Erupção 2.6 - Desenvolvimento Ectópico 2.7 - Fatores que Determinam a Posição do Dente Durante a Erupção 3 - CARACTERÍSTICAS DA DENTIÇÃO MISTA 4 - UTILIZAÇÃO DO PERÍMETRO DO ARCO 5 - CONCLUSÃO 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3 - CARACTERÍSTICAS DA DENTIÇÃO MISTA Inclinações Axiais
Durante o desenvolvimento das dentições decídua e permanente, ocorrem mudanças significantes na
inclinação axial dos dentes anteriores e posteriores. Na dentição decídua, os incisivos superiores e inf eriores estão verticalizados em relação ao seu plano oc lusal e com a face. Os incisivos permanentes i niciam sua irrupção, e suas coroas, tanto dos superiore s quanto dos inferiores, estão posicionadas à frente em relação aos incisivos decíduos. Durante este estágio de t ransição, a criança pode ter a aparência de coelho dentuço, a qual é normal para algumas crianças; portanto a protrusão dos incisivos nesta fase nem sempre signific a desenvolvimento de maloclusão. Durante a dentição mista e permanente várias mudanças ocorrem na posição dos incisivos, o que faz com que fiquem menos protruídos em relação às suas bases ósseas, em parte como resultado do desenvolvimento da maxila e mandíbula e do processo alveolar. Os incisivos superiores conservam um pouco da inclinação axial para vestibular, enquanto os incisivos inferiores tendem a se verticalizar durante o processo de desenvolvimento (1) . As mudanças ocorrem não apenas na inclinação axial lábio-lingual dos incisivos, mas também as inclinações axiais mésio-distais são modificadas. Os incisivos permanentes na época de sua irrupção têm as raízes com tendência a convergir para a linha média. A aparência da dentição nesta época é caracterizada pela protrusão dos incisivos, possível "overjet", convergência das raízes, espaçamento anterior no arco superior e inci sivos laterais inferiores em alguns casos irrompendo em posição lingual em relação aos incisivos centrais inf eriores, ficando bem caracterizado como fase do patinho feio . Este estágio não significa desenvolvimento de má oclusão. Com o crescimento e desenvolvimento, as inclinações mésio-distais e lábio-linguais modificam e as raízes tendem a divergir (2) . "
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Caracteristicamente, os molares decíduos estão posicionados verticalmente em suas bases ósseas. O primeiro molar permanente inferior, antes da irrupção na cavidade oral, tem uma inclinação axial mésioangular, dando a impressão de estar impactado. Durante o crescimento mandibular, ocorre um aumento favorável na porção posterior, possibilitando uma li geira verticalização e espaço suficiente para a erupção dos molares. Essas mudanças também ocorrem para os segundos e terceiros molares inferiores. A irrupção para baixo e para trás é característica dos molares permanentes superiores, não só pela localização (túber da maxila), mas também pela posição de formação do germe dentário. Neste caso também o crescimento é favorável à erupção. Assim os molares superiores originalmente com inclinação axial distoangular, apresentam menos impactação do que nos casos de molares inferiores. As mudanças na inclinação axial de ambos o molares superiores e inferiores são associadas com um aumento natural no comprimento do arco posteriormente. Se isto não ocorre, inclinações axiais devem manter por si mesmas um nível imaturo. Entretanto, se ocorre um aumento suficiente no comprimento do arco, é de se esperar que os molares verticalizem. O comprimento do arco é aumentado posteriormente por diferentes mecanismos na maxila e na mandíbula. Na mandíbula, espaço adici onal para os molares é produzido pelo crescimento posterior da borda posterior do corpo e do ramo da mandíbula, e reabsorção na porção anterior do ramo. Como o corpo da mandíbula aumenta em comprimento, mais espaço é criado posteriormente para irrupção dos posteriores para cima e para trás. Na maxila, comprimento adicional posterior é produzido pel a progressão para baixo e para frente de todos os dentes do arco superior assim como do crescimento da tuberosidade. Desta forma, espaço adicional se f az disponível de modo que os molares superiore s podem mover-se para baixo e para frente. A i nclinação axial normal observada durante a irrupção dos m olares é deste modo dependente em grande extensão do tipo e di reção do crescimento ósseo que é anteci pado. O crescimento favorável pode criar espaço suficiente para a irrupção apropriada dos molares. Como inicialmente os dentes decíduos apresentam-se verticalizados em suas bases ósseas, as curvas de Spee e Wilson não se fazem presentes. Só quando se inicia a erupção dos dentes permanentes é que elas começam a se formar, estando totalmente delineadas quando os dentes permanentes atingem a linha de oclusão (9, 10) . Formação da Curva de Spee
Com a erupção dos primeiros molares permanentes, t em início a curva de Spee. A instalação da curva de Spee é determinada pela maior inclinação axial para mesial do primeiro molar permanente. Ela representa, realmente, o alinhamento da superfície oclusal dos dentes posteriores de acordo com suas posições individuais nos arcos. A disposição geral das superfícies oclusais ficará de fato relacionada com o plano de
oclusão de acordo com uma orientação mais ou menos curvada. Essa curva vai sendo definida pela substituição dos dentes decíduos pelo s permanentes até a sua defi nição completa, quando teremos toda a dentição permanente ao erupcionar os segundos molares. Na dentição permanente completa ela será definida como a curva formada por uma linha que inicia na borda cortante dos incisivos inferiores e termina na última cúspide distovestibular do último molar inferior (1, 5). Formação da Curva de Wilson
A curva de Wilson também se evidencia na época da dentição mista, porque o longo eixo dos dentes permanentes inferiores apresenta uma inclinação para lingual maior que a dos decíduos e, os superiores, uma maior inclinação vestibular, numa vista ântero-posterior. Ela se define como sendo uma curva médio-lateral que contata os pontos das cúspides vestibulares e linguais de cada lado do arco. Ela resulta da inclinação dos dentes inferi ores posteriores para dentro, o que t orna as cúspides linguais mais baixas que as cúspides vestibulares no arco mandibular; as cúspides ve stibulares são mais altas que as linguais no arco superior devido à inclinação dos dentes posteriores para fora (9) . A Fase do "Patinho Feio"
Outro período característico da dentição mista é a fase do "patinho feio" de BROADBENT (Figura 6). Nesta época, os incisivos superiores se apresentam com uma vestíbulo-versão maior, divergência do longo eixo de apical para incisal, sobremordida e xagerada e diastemas. Esta fase tem i nício aproximadamente aos 8 anos e tende a desaparecer por volta dos 12 anos. É uma fase fisiológica que posteriormente, na época de erupção dos dentes posteriores e c aninos permanentes, tende a desaparecer. Assim, com a erupção dos caninos permanentes, serão corrigidas a inclinação distal exagerada e o s diastemas, e com a erupção dos demais dentes posteriores haverá a correção da sobremordida exagerada e da inclinação labial. É lícito lembrar que nesta fase o clínico não deve colocar aparelhos redutores de diastema s. No entanto, algumas vezes a vestíbulo-versão e os diastemas podem ser determi nados por outros fatores. Assim, é necessário que o profissional faça uma distinção entre a fase fisiológica do "patinho fei o" e uma anomalia. Neste caso, o dentista, após acurada observação, intervirá de maneira correta (3, 2, 4).
Fig. 6 - Fase do Patinho Feio . (6) "
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Overbite e Overjet
Muitas vezes durante a irrupção dos i ncisivos superiores e inferiores, um "overjet" acentuado pode ser observado. Se a criança tem uma intercuspidação normal dos dentes posteriores, inclusive caninos, há uma boa chance que algum ou todo esse "overjet" possa ser auto-corrigido. Existe um grande número de fatores que podem eliminar uma quantidade moderada de "overjet" quando a criança continua a maturação4. Se os dentes anteriores superiores irrompem numa posição protrusiva, pressões musculares podem atuar para fazê-los retornar a uma posição mais normal e assim reduzir o "overjet". Se os lábi os são curtos os
hipotônicos, entretanto, a tendência pode ser o oposto, desde que o lábio inferior possa se posicionar por trás dos incisivos superiores e exercer pressão para labial, aumentando a quantidade de "overjet". Algum "overjet" no período de dentição mista precoce pode ser associado com hábitos assim como sucção digital ou problemas funcionais como degl utição atípica. Muitas crianças tendem a crescer de modo a não necessitarem de terapia com aparelhos. Se esses fatores etiológicos são removidos, o "overjet" pode se autocorrigir. Deve ser enfatizado que esses "overjets" que se auto-corrigem são aqueles que estão associado s com problemas na erupção, hábitos ou musculatura anormal e não aqueles que são sintomas de uma Classe II, divisão I. O overbite pode ser classificado da seguinte forma: "
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Suave: quando a borda incisal dos incisivos centrais inferiores toca o terço incisal dos incisivos centrais superiores; Médio: quando os incisivos inferiores tocam o terço médio da coroa dos incisivos superiores; e, Severo: quando os incisivos centrais inferiores tocam o cíngul o dos incisivos superiores ou na gengiva. Há uma tendência do "overbite" modificar-se da dentição decídua para a mista, e reduzir-se na permanente. Ele também está relacionado com a seqüência de erupção dos caninos e pré-molares, e desenvolve-se independentemente do mecanismo de ajuste molar 3. O "overbite" e o "overjet" (Figura7) sofrem consideráveis mudanças durante a dentição decídua e mista. Durante a dentição decídua, o "overbite" em geral é menor e o "overjet" é quase sempre reduzido a zero. Há um ciclo definido para o grau de "overbite", sofrendo um aumento dos 9 anos aos 12 anos de idade. Aos 17 anos haverá uma diminuição desta. No início da dentição mista, o "overbite" apresenta-se exagerado. Com a erupção dos dentes posteriores haverá uma aumento da dimensão vertical. Com isso, o "overbite" e também o "overjet" diminuirão, apresentando na dentição permanente completa as suas características normais. O "overbite" está correlacionado com certo número de dimensões faciais verticais (por exemplo, altura do ramo da mandíbula), considerando que o "overjet" normalmente é um reflexo da relação esquelética ânteroposterior. O "overbite" e o "overjet" são sensíveis às funções ano rmais do lábio e da língua (5) .
Fig. 7 - Sobremordida e Sobressaliência. (5) Alterações da ATM na Dentição Mista
O remodelamento da ATM é mais significativo aos 6 anos de idade quando se dá início à dentição mista.
Ocorre durante os movimentos mandibulares, tais como: mastigação, fonação e deglutição. À medida que a criança cresce, a profundidade da fossa aumenta. Os dentes permanentes são mais importantes como um estímulo para modificar a anatomi a do côndilo, fossa e tubérculo articular, quando comparados com a dentição decídua. Os sulcos, fossas e cúspides dos dentes perm anentes são a "contraparte" da cavidade glenóide-côndilo-tubérculo articular. A eminência articular bem desenvolvida tem como função principal a desoclusão dos dentes, especialmente no lado de equilí brio e na posição protrusiva, assim como servir de "stop" anterior para todos os mo vimentos mandibulares. Nos indivíduos jovens, o disco articular é composto de tecido fibroso denso hialino, avascular e sem inervação na região central. Macroscopicamente as fibras colágenas aparecem retas e bem agrupadas, formando uma malha bem fina, porém densa. Os fibrobl astos que estão presentes no disco são alongados. Com o avanço da idade, algumas células fibroblásticas se diferenciam em condrócitos (células hialinas), e podem ser observadas em pouco número no disco. Aparentemente, não têm função definida (9). Relações Oclusais
Ao nascimento, quando os abaulamentos gengivais e stão em contato, o arco inferior é posterior ao superior, embora essa diferença se reduza progressivamente até os 21 meses. Tentativas para registrar um típico "relacionamento oclusal" ou "cêntrico" têm sido, até agora, infrutíferas. Com a erupção dos primeiros molares decíduos, estabelece-se a primeira relação oclusal tridimensional. Os dentes decíduos posteriores ocluem, de modo que um canino inferior articula à frente do canino superior correspondente. A cúspide mesiolingual dos molares superiores oclui na fossa central dos molares inferiores, e os incisivos estão verticais, com o mínimo de sobremordida e sobressaliência. O segundo molar decíduo inferior é em geral um pouco mais largo mesiodistalmente que o superior, dando origem a um plano terminal reto, típico do final da dentição decí dua - um ponto de considerável significação clinica. As cavidades interproximais, os hábitos de sucção ou um padrão esquelético podem produzir um "degrau", em vez de um plano terminal reto. Quando o plano terminal é reto até a erupção dos primeiros molares permanentes, estes são gui ados para uma relação inicial de topo-a-topo considerada "normal" para os homens. Alterações dimensionais nos arcos dentários
Os dados a serem analisados são: comprimento de arco, largura de arco e circunferência de arco, tendo como referência a idade dental, isto é, os vários estágios na erupção dos dentes permanentes. A largura da dentição não muda na idade de 4 a 6 anos, mas o comprimento diminui sensivelmente com o fechamento dos espaços intermolares (Figura 8). Entretanto, a largura aumenta mais ou menos 3 mm com a erupção dos incisivos superiores e inf eriores. O comprimento do arco também aumenta devido a grande inclinação labial dos dentes anteriores. Em média, os incisivos superiores permanentes, são mais l argos 7,4 mm que os incisivos decíduos, mas existe bastante espaço para esta acomodação devido às mudanças no tamanho do arco e nos espaços interdentais entre incisivos decíduos. Na mandíbula, a média é de 5,1 mm (os permanentes mais largos). Inicialmente ocorre um apinhamento em média de 1,6 mm quando os inc isivos laterais irrompem (nesta época há um aumento na largura do arco). Durante a segunda fase do desen volvimento dental, aparecem espaços na região posterior (devido ao espaço livre de NANCE), servindo para alinhar os caninos. Os espaços li vres de NANCE é em média de 3,4 mm na mandíbula e de 1,8 mm na maxila. Aqui na neutroclusão molar é conseguida pel a mesialização maior dos molares inferiores do que dos molares superiores (qua ndo a situação anterior é de topo-a-topo). Como o espaço livre de NANCE é utilizado depende (7) :
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da seqüência de perdas e erupção dos dentes permanentes posteriores e inferiores e da oclusão dos molares; e, se os molares permanentes já estão i ntercuspidados, sua mesialização pode ser mí nima, na hora em que um dos segundos molares decíduos superior ou inferior tenha sido esfoliado.
As maiores mudanças na distância inter-canina ocorrem do nascimento aos 2 anos de idade. Dos 2 aos 6 anos não ocorrem mudanças significativas em ambos os arcos. Um novo aumento ocorre dos 6 aos 9 anos (aproximadamente 0,8 mm por ano), sendo este maior na maxila que na mandíbula. Essas mudanças ocorrem inicialmente durante a erupção dos incisivos centrais e laterais, ocorrendo também algum incremento com a erupção dos caninos. A partir daí não há evidência de mudança significativa. A distância intermolar, dos 3 anos aos 19 ano s de idade, diminui em média 1,5 mm ma maxila e 2,0 mm ma mandíbula. A maxila mostra um período de aumento dos 6 aos 10 anos e de diminuição dos 12 aos 17 anos; daí em diante não ocorrem mudanças significativas. Já que na mandíbula as mudanças significativas ocorrem entre os 10 e 17 anos, quando se observa uma diminuição desta distância. As mudanças no comprimento e largura do arco afetam a circunferência do arc o. Entre as idades de 5 a 18 anos, o arco maxilar aumenta em média 1,3 mm para os homens e 0,5 mm para as mulheres, enquanto na mandíbula diminui 3,4 mm para os homens e 4,5 mm para as mulheres. As variações individuais são explicadas pelas dif erenças nos espaços interdentais, pelas mudanças na largura e comprimento do arco, pelos diâmetros mésio-distais dos decíduos e permanentes, pela dif erença do espaço livre de NANCE (7) e pela seqüência de perda e erupção dos dentes permanentes superiores. Na análise final, estas variáveis constit uem os determinantes do alinhamento dental durante o desenvolvimento dental. A forma e o tamanho dos arcos dentários são determinados inicialmente pelo esqueleto cartilaginoso da maxila e mandíbula fetais. Porém, durante o crescimento ocorrem modificações nos arcos dentários, no qual discutiremos essas alterações separadamente.
Fig. 8 - Alterações nas dimensões do arco (9) L: comprimento C: perímetro Largura
As mudanças de largura no arco dentário, tem três fatores importantes
(5)
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a) O aumento da largura dimensional envolve o crescimento do processo alveolar quase totalmente, desde que exista um pequeno aumento da largura esquelética a esta época (nenhuma na mandíbula) e isso pouco contribui pra que o arco dentário mude. b) Existem diferenças significantes e clinicamente importantes na magnitude e maneira das mudanças na largura da maxila e da mandíbula. Os aumentos da largura do arco dentário correlacionam-se muito bem com o crescimento vertical do processo alveolar c uja direção é diferente nos arcos superiores e i nferiores. Os
processo alveolares superiores divergem, enquanto os processos alveolares inferiores são mai s paralelos. Como resultado direto, os aumentos da largura superior são muito maiores. c) Os aumentos da largura do arco dentário estão mais intimamente relacionados com os acontecimentos do desenvolvimento dentário e menos com os acontecimentos endocrinologicamente intermediados do crescimento esquelético total, tais como o impulso no crescimento do adolescente. Largura entre Caninos
A largura intercaninos aumenta ligeiramente na mandíbula (Figura 9)e parte deste aumento se deve ao movimento distal dos caninos decíduos para o es paço primata. Nota-se que na mandíbula o único aumento significativo na largura intercaninos ocorre durante a erupção dos incisivos, quando os caninos decíduos são movidos distalmente para os espaços primatas.
Fig. 9 - Mudanças da largura bicanina inferior. (5) Na maxila, como os processos alveolares divergem, f ormando as paredes palatinas, os aumentos da l argura tendem a ser regulados com os períodos de cresciment o alveolar vertical, isto é, durante a erupção ativa dos dentes. Os caninos permanentes superiores estão dispostos mais distalmente no arco que os decíduos e irrompem mesial e labialmente, por isso ocorre um alargamento e mudanças no formato do arco dentário superior. Largura entre Pré-molares
Os aumentos da largura mandibular na região de pré-molares ocorrem porque as coroas dos pré-molares estão dispostas bucalmente mais adiante que os centros das coroas dos molares decíduos. A largura entre os primeiros pré-molares superiores aumenta significativamente mais que as dos inferiores, especialmente nos homens. Largura entre Molares
Os aumentos da largura entre os primeiros molares permanentes superiores são significantemente maiores que a largura intermolar na mandíbula. Embora o crescimento do processo alveolar seja quase vertical na mandíbula, as coroas dos primeiros mol ares irrompem inclinadas um pouco lingualmente, e não se verticalizam até á época da erupção dos segundos molares. A medida que verticalizam, causam um aumento na largura bimolar, porém, isto não é, naturalmente, um aumento no diâmetro da própria mandíbula. Além disso, ambos os primeiros molares se movimentam para frente na época do deslocamento mesial tardio, para assegurar qualquer espaço disponível remanescente, e assim assumem um diâmetro mais estreito ao longo do arco dentário convergente. Diferenças no Aumento da Largura entre a Maxila e Mandíbula
O único mecanismo pós-natal para o aumento da largura do osso basal da mandíbula, é a deposição nas bordas laterais do corpo mandibular. Tal deposição ocorre, porém, apenas em pequenas quantidades, e oferece pouca ajuda para o clínico que deseja aumentar o arco dentário inferior.
A maxila, em contraste marcante, aumenta c om o crescimento vertical devido, simplesmente à divergência dos processos alveolares; portanto, observa-se um aumento maior na largura e algo mais pode ser conseguido durante o tratamento. Além disso, a sutura mediana pode ser reaberta, por mei o da "disjunção palatina", para adquirir quantidades surpreendentemente grandes de efetivo alargamento da maxila (5) . Comprimento ou Profundidade
O comprimento do arco dentário é medido na linha média, a partir do ponto médio ent re os incisivos centrais para uma tangente que toca as superfícies distais dos segundos molares decíduos ou dos segundos prémolares. Ainda que seja medido e mencionado com freqüência, não possui a importância clínica da circunferência, e quaisquer mudanças no comprimento do arco não são mais que do que reflexos evidentes de mudanças do perímetro. Às vezes, a metade da ci rcunferência é considerada como "o comprimento do arco" (5) . Circunferência ou Perímetro
O perímetro do arco dentário é m edido a partir da superfície distal do segundo mol ar decíduo (ou superfície mesial do primeiro molar permanente) ao redor do contorno do arco sobre os ponto s de contato e bordas incisais, em uma curva suave à superfície distal do segundo mol ar decíduo (ou primeiro molar permanente) do lado oposto (5). FISK e MOORREES (2) verificaram uma redução média na circunferência do arco inferior, durante a dentição transitória, de aproximadamente 5 mm. Esta grande diminuição se deve: 1) ao deslocamento mesial tardio dos prim eiros molares permanentes à medida que o espaço disponível é preenchido; 2) à tendência de deslocamento mesial dos dentes posteriores durante toda a vida; 3) às pequenas quantidades de desgaste interproximal dos dentes e 4) aos posicionamento lingual dos i ncisivos, devido ao crescimento diferencial maxilomandibular, e 5) posição inclinada original dos incisivos e molares. O último ponto é uma reflexão do padrão e squelético, a falta de inclinação de plano oclusal e o crescimento alveolar vertical, que, em alguns casos - quando os incisivos estão li ngualmente inclinados e os molares estão mesialmente inclinados - diminui seguramente o perímetro disponível do arco. Quando os incisivos inferiores se inclinam para labi al, o perímetro do arco inferior pode aumentar alguns milímetros. O perímetro do arco superior, ao contrário, aumenta ligeiramente, embora t enha quase a mesma possibilidade de aumentar ou diminuir. A grande diferença na angulação dos incisivos permanentes superiores, comparada com a dos decíduos, e nos grandes aumentos em largura, provavelmente respondem pela tendência de preservar a circunferência no maxilar superior, embora os molares permanentes se desemboquem mesialmente. HUNTER e SMITH observaram que as cri anças com arcos apinhados no início da dentição mista mostravam menor perda do perímetro do arco ao tempo da dentição permanente completa e um apinhamento mais contínuo (9) .
4 - UTILIZAÇÃO DO PERÍMETRO DO ARCO Conceitos errados com relação às mudanças normai s e a utilização do perímetro do arco dentário provavelmente causam mais fracassos clínicos na terapia da dentição mista do que qualquer outro fator. A seguir nos concentraremos na mandíbula, pois ela é sem dúvida bem mais crítica clinicamente do que a maxila. Existem três aplicações para o perímetro do arco (5): a) Alinhamento dos incisivos permanentes: eles irrompem tipicamente api nhados; b) Espaço para caninos e pré-molares; e; c) Ajuste de oclusão dos molares: os primeiros molares permanentes que erupci onam tipicamente topo-atopo, devem transformar-se numa relação de Classe I, se desejamos con seguir uma oclusão normal. À medida que os incisivos permanentes, que são maiores, erupcionam eles encontram espaço no arco porque: y
1) a largura do arco aumenta ligeiramente; 2) havia algum espaço interdental na dentição decídua; 3) os incisivos permanentes se inclinam algo labialmente, e 4) os caninos decíduos são deslocados distalmente.
Ainda há um ligeiro apinhamento, o qual geralmente não melhora at é que os caninos decíduos sejam perdidos. Quando então os inci sivos se alinham, eles o fazem à custa do espaço posterior disponível para a erupção do pré-molar e do canino e do ajuste do molar. O canino e os pré-molares erupcionam no espaço disponível posterior, normalmente excessivo. Se o ajuste molar for obtido por meios dentários, deve restar algum espaço posterior após a erupção do s caninos e pré-molares, para que possa ocorrer um deslocamento mesial tardio do primeiro molar permanente. Todos concordam que o perímetro do arco inferior diminui durante a dentição mista, porém as opiniões divergem no que diz respeito onde, como e quando ocorrem esta di minuição. Por exemplo, BAUME, sugeriu que o espaço primata e outros espaços interdentários, são fechados de trás para frente com a erupção dos primeiros molares permanentes, ao passo que CLINCH e MAHER informaram que o espaço primata é fechado de frente para trás com a erupção dos incisivos laterais, que força o canino decíduo distalmente. Na primeira teoria (deslocamento mesial precoce de BAUME) diz-se que o perímetro diminui para f echar o espaço primata; na outra, o espaço primata se fecha sem perda da circunferência. O espaço disponível é a diferença em tamanho entre os dentes decíduos e seus sucessores permanentes. Na parte anterior, este é um valor negati vo, mesmo se incluirmos os diastemas entre os incisivos decíduos. Na parte posterior o espaço disponível é positi vo, pois o diâmetro total dos III + IV + V excedem o diâmetro total dos 3 + 4 + 5. Portanto o espaço disponível ou LEE WAY SPACE (Figura 10) é a mais importante consideração clínica e sua utilização é f ator chave na dentição mista. Na maxila ocorrem ajustes de acomodação similares durante a dentadura mista, embora o assunto seja menos crítico, pois os incisivos superiores podem alterar sua inclinação para aliviar a falta de espaço na região anterior do arco e os mol ares podem ser movidos ortodonticamente em direção distal para reduzir a falta de espaço posterior. Além disso, o perímetro superior não mostra essa tendência para diminuir como o inferior.
Fig. 10 A. Os dois segundos molares decíduos em oclusão. Observe que, embora haja uma relação molar de Classe I das superfícies mesiais (esquerda), há um pl ano terminal reto na superfície distal. B. Relações no tamanho dos dentes decíduos e permanentes no segmento lateral do arco dentário. O espaço disponível médio do inferior é maior que no arco superior. Esta grande dif erença no espaço disponível entre os dois arcos é um fator que em alguns casos, permite o deslocamento mesial tardio do primeiro molar permanente inferior. Observe que as figuras mostram os valores médios. Quanto se espera um problema de desenvolvimento entre tamanho dentário e espaço do arco durante a dentadura mista, é importante estimar a relação atual do tamanho dentário-espaço para aquela boca em particular. Os valores médios são importantes, porém não fornecerão diagnóstico para um caso em particular (5).
5 - CONCLUSÃO O conceito de oclusão normal é usualmente baseado no arranjo dos dentes na idade adul ta. Entretanto, o desenvolvimento da oclusão na criança pode desviar de maneira significante do conceito de oclusão normal no adulto. A oclusão normal na idade precoce pode variar marcadamente da oclusão normal na idade adulta; há algum tempo os dentistas confundiam um estágio do desenvolvimento normal com uma mal oclusão. Para diferenciar o desenvolvimento de uma maloclusão do desenvolvimento de uma oclusão normal, é necessário avaliar várias mudanças que ocorrem na inclinação axial, forma e dimensão do arco, intercuspidação, sobremordida e sobressaliência, etc., durante o processo de maturação. Variações maiores do padrão normal de oclusão adulta podem ser ou não indicativas de uma maloclusão; assim algumas dessas variações maiores são tí picas de crianças que eventualmente desenvolvem uma oclusão normal.
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - ARAÚJO, M. C. M. - Ortodontia para Clínicos - Programa pré-ortodôntcio. 3a edição, São Paulo, Editora Santos, 1976. 2 - COENRAZ, F. A., MOORREES, et al - Availble space for the incisoros during dental development. Boston, Massachusetts. Am. J. Orthod ., 35:12-22, 1965. 3 - HERBERT, R., FOSTER, et al - Am. J. Orthod ., 44:464-76, 1958. 4- LEWIS, ARTHUR, B., et al - The relationship between tooth f ormation and other maturational factor. Am. J. Orthod ., 30:70-77, 1960. 5 - MOYERS, Robert E. - Ortondontia. 4a ed., Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1991.
6 - NAKATA, M. - Oclusion, guid in pediatric dentistry ishiyaku. Euro. American, Inc., 1978. 7 - NANCE, Hays N. - Diagnosis and treatment i n the permanent dentition. Am. J. Orthod ., 33:253-300, 1947. 8 - NOLLA, C. M. - The Development of the permanent teeth. J. Dent. Child ., 211:1263-1264, 1960. 9 - PROFFIT, Willian R. - Ortodontia Contemporânea. 2a ed., Editora Guanabara Koogan, 1995. 10 - SALZMANN, J. A. - Orthodontic in daily practic. Philadelphia, J. P. B. Lippincotp Co., 1974. 11- VADERLINDEN, S. P. G. - Ortodontia. Desenvolvimento da Dentição. Editora Qiuntessense.
Artigo publicado no Odo ntologia.com.br em 23 de Julho de 2002, no endereço: http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=122 Data do acesso: 1 de Novembro de 2010