Psicologia: das raízes aos movimentos contemporâneos
Berenice Carpigiani
3ª edição revista e ampliada
Austrália • Brasil • Japão • Coreia • México • Cingapura • Espanha • Reino Unido • Estados Unidos
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SUMÁI
Preácio à terceira edição Preácio à primeira edição
Capítulo 1. Pensamento mítico e pré-socrático: características e unções O smto míto O smto é-soáto
Capítulo 2. O pensamento psicológico em Sócrates, Platão e Aristóteles Sob Sóts (470 .C. – 399 .C.) Sob Pltão (428 .C. – 348 .C.) Sob Astótls (384 .C. – 322 .C.)
Capítulo 3. Raízes losócas e siológicas da Psicologia Floso Md Atudd Floso Md Idd Méd Floso Md o Rsmto
Capítulo 4. O marco inicial da Psicologia: Escola Estrutural e Escola Funcional de Psicologia Esol Estutul: Wlhlm Wudt (1832-1920) Edwd Bdod Tth (1867-1927) Esol Fuol: Dstdo Wllm Jms (1842-1910)
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xii | Psicologia Capítulo 5. Behaviorismo: o primeiro grande avanço na história da Psicologia e seus ecos na atualidade Eo tuldd: stv omotmtl otv Eo tuldd: Nuosolo
Capítulo 6. As ramicações da nova ciência Gstlt: Mx Wthm (1880-1943), Wol Köhl (1887-1967) Kut Kof (1886-1941) Eo tuldd: To d Cmo – Kut Lw (1890-1947) A Psolo Humst: Cl Rmso Ros (1902-1987) Abhm Mslow (1908-1970) Eo tuldd: stv omolóo-xstl
Capítulo 7. Psicanálise: origem, descendentes e dissidentes O sumto d sáls: Fud Dsdts d Psáls Os dssdts
Capítulo 8. O desenvolvimento histórico da Psicologia no Brasil: evolução da legislação da prossão e principais campos de atuação D ulmtção d ossão té déd d 1980 O “uíulo mímo” d Psolo Os ssos s stutução uul d dução m Psolo O mdo d tblho tuldd Rstção sol tul d Psolo Notí: Dtzs Cuuls Nos os Cusos d Gdução m Psolo Bibliografa
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PfÁcI à TcIA dIçÃ
Plínio Carpigiani
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o loo d dução, utlz d st ob omo ê bbloá bás , ostomt, volt osultá-l qudo m om xdos ohmtos sss omsão ds ovs dsls tós stds os smsts suts. O osso d omção m Psolo é muto o, t do qul o luo ml su dd tltul dsvolv, smultmt, dd d uto-obsvção dqu su dtdd ossol. Vl-m dsts dos stos sv st áo, qu tt d motâ d ob tto su úblo-lvo, o luo t, quto os dms studosos studts dst á do ohmto: o uvso síquo humo. Noto, hoj, qu os otúdos básos stdos dução, o mo d lvos ou xosçõs m sl d ul, tdm ão s dqudmt ozdos o loo do uso. Po vzs hstó é squd. Adm luos voltm-s, slmt, o dzdo ds tés, às tos d om , lmt, às dmds d mdo. Dst modo, o xom d Psolo s dssolv o loo d omção om qusção d outos otos tóos átos, otxtulzção sus los hstóos tdm ão b dvd tção. Muts vzs, o luo st duldd m o-s dos oudmtos tltus ssáos, tto ds tés quto ds tos, os lh lt sb, ou lmb, om xtdão, m qu ojutu sum s ds solós. Dí motâ dst ob: oh om ds
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ds ão só uxl omsão d tos, omo tmbém subsd dd ít, qu é d xtm motâ o ossol. Nst t dção d Psicologia: das raízes aos movimentos contemporâneos, odmos os oxm d ms dos ohmtos udmts d Psolo, os os stos losóos solóos são odos om d são lz os ltos dst ob. Além ds tulzçõs ssás qulqu ob, st ov dção st bo dos s utos d Psolo, uldds d sus otdos lustçõs qu m um sto d lvz s hstós stds. Eso qu s otbuçõs stds st ob sjm omdds utlzds d m dqud los ssts do uvso solóo, o qu s um bo udmtção tó o xío d ossão.
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PfÁcI à PIMIA dIçÃ
Dr. Alvino Augusto de Sá
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ob Psicologia: das raízes aos movimentos contemporâneos, qu o vm úblo qu tho ho d , z jus su título. Bus d to s ízs ms do smto solóo omh su volução té os tmos modos. Pmt o lto vsulz s mboá do qu sj “s solo” o sumto d Psolo omo ê, s dvss çõs qu s oss t d ê, bm omo os dvsos víulos d Psolo om s dms ês. Tt-s d bo ltu todutó, sobtudo os studts d Psolo qu qum t dss ê dss ossão um ml vsão hstó , o qu ão dz, ít. São xosts, xtsão qu ob mt, s s sols do smto sus ízs losós. Vl sslt um sto tulmt mtóo d ob, qu são s sustõs d ltu os dts ssutos ttdos, qu ossbltm o lto oud-s os dts tms, d odo om su tss. O lvo o um vsão oâm d lus dos ds tms ttdos Psolo , o l, tz um bom ítulo, d uto do Po. Amdo Roh J 1., qu bd o lto om um bo vsão d omo voluu o Bsl o uíulo d Psolo ds ds ouçõs tmáts d dsussão m too d v qustão d omção do sóloo. Sm dúvd, tt-s d ob uj ltu s omd os qu omçm dt o mudo stt d Psolo omo ê ossão.
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Nst 3ª dção, o txto do osso Amdo Roh J. o oodo o últmo ítulo.
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Rt xê sdd d uto o xío do mstéo suo, o tto otdo om qustõs dós lvts, bm omo s ústs ostutvs do “s qu d”. Pb-s lmt, l ltu do txto, mst ldo os sus luos om ho, om suç. Cho s ddção. Suç s domío do ssuto. São dos qustos udmts qu s sm d qulqu mst, qu s otm slhdos st ob d B C.
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cAPÍTUL
Pensamento mítico e pré-socrático: características e funções (...) a busca do conhecimento nas suas mais variadas ormas de expressão pode ser defnida como o esorço do espírito para compreender a realidade, dando-lhe um sentido, uma signifcação, mediante o estabelecimento de nexos aptos a satisazerem as exigências intrínsecas de sua subjetividade.
Antonio Joaquim Severino, 1992.
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bus do ohmto é um oç t à osttução hum é um movmto lzdo lo homm omd ldd qu, lást dmmt, so dsdobmtos volu o loo dos séulos. Sus ízs os stão ds oudmt hstó d humdd ds vlzçõs su dsvolvmto ot sob um tlho mstoso st. Assm, t mstéo sío, tmbém omsão do dsvol vmto do smto do homm dv s busd o dts oms d mmó, muto tás o tmo, m d qu sj ossívl omdmos omo ê Psolo, qu bus td tu sob o mudo síquo humo, hou sttu-s omo ot dd d ohmto sob o homm.
O pensamento mítico No ío do dsvolvmto ds vlzçõs, dto do mtvsmo vvdo lo homm, o smto humo voltdo sobvvê s ssdds bolós báss, ão oh o otl d ló
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subjtvdd, qu sm z t d su tlê, otto o vosmt ttdo stsz su uosdd tul sob tuz st o otto om tuz, à qul s submt. Ess mtvsmo tz s ms xssõs do smto humo, qu tz m s muto ms ssçõs stmtos do qu zão. Covdo voê bus o o d md s squss toolós, os são sts qu os mostm o modo ms to utlzdo los homs bus d stdo os ômos tus ó vd: o mto. Qudo lmos m mto, ão dvmos s m lo bsudo ou totlmt ol. Ao otáo: om mít d smto, vdd, st xssão d um m tttv d osê do homm mtvo m dção o stblmto d lum odm o odoso, otolávl ouso mudo o l hbtdo. (...) o mito assume a orma de uma narrativa imaginária sobre a qual várias culturas procuram explicar a origem do universo, seu uncionamento, a origem dos homens, o undamento de seus costumes apelando para entidades sobrenaturais, superiores aos homens; as orças e poderes misteriosos que deniram seu destino. (Severino, 1992, p. 68)
O smto míto-oéto é otdo t os séulos X VII .C. é ohdo m dts vlzçõs, omo om, ód t. Imos os dt, slmt, o mto tl omo é vvdo t os os. Vmos tão té Hsíodo, sto qu vvu m lum momto do séulo VII .C., ujos txtos stão mdos d um át ddáto, loso mol bstt lo. N ltu d Hsíodo voê á ot, o xmlo, o mto d ção do mudo, o qul, d om ld ozd, dmos om um síts d ltos mítos tdos mostdo ossívl vsão, qul éo, d ção do uvso, lém d dsção do áo o qul s dsolou dos duss olímos. Há dos ds tblhos dss uto: Teogonia – osdd o lus studosos m ob los dos os, qu mt omd
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lo dos duss, Os trabalhos e os dias – qu dsut ução do tblho o otdo su motâ sobvvê dos mots. Há sss qu mm s lds om ho sss oms, os são lmt bls. Alegrai, lhas de Zeus, dai ardente canto, Gloriai o sagrado ser dos imortais sempre vivos, Os que nasceram da Terra e do Céu constelado, Os da noite trevosa, os que o salgado Mar criou. Dizei como no começo Deuses e Terra nasceram, Os Rios, o Mar innito impetuoso de ondas, Os Astros brilhantes e o Céu amplo em cima. Os deles nascidos Deuses doadores de bens. Como dividiram a opulência e repartiram as honras e como no começo tiveram o rugoso Olimpo. Dizei-me isto, Musas que tendes o palácio olímpio, Dês o começo e quem dentre eles primeiro nasceu. (Hesíodo, 1993)
(...) Homem excelente é quem por si mesmo tudo pensa, refetindo o que então e até o m seja melhor; e é bom também quem ao bom conselheiro obedece; mas quem não pensa por si nem ouve o outro é atingido no ânimo; este, pois, é homem inútil. Mas tu, lembrando sempre do nosso conselho, Trabalha, ó Perses, divina progénie, para que a ome Te deteste e te queira a bem coroada e veneranda Deméter, enchendo-te de alimentos o celeiro; pois a ome é sempre do ocioso companheira (...)
Os deuses se irritam com quem ocioso vive; na índole se parece aos zangões sem dardo, que o esorço das abelhas, ociosamente destróem, comendo-o; que te seja cara prudentes obras ordenar, para que teus celeiros se encham do sustento sazonal. Por trabalhos os homens são ricos em rebanhos e recursos. E, trabalhando, muito mais caros serão aos imortais, O trabalho, desonra nenhuma, o ócio, desonra é. (Hesíodo, 1996)
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Ats d Hsíodo, outo ot hmdo Homo – sdo ov vlmt o o d 907 .C. – já hv doumtdo om mít d s. Homo é osddo o mutos studosos um dos mos êos ltáos d humdd. A hstó d su vd, o lol dt d su smto são dos d lds. Cot-s, o xmlo, qu um vlho o qu dv ls dds dlmdo sus vsos, ssm omo s dsut vdd d su xstê. Pou l su bo omtáos sob su ob. Atbu-s l uto d dos ds oms – Ilíada e Odisseia – osddos s obs qu m hstó d lttu . Ao l sss oms voê á dslumbdo om blz quz do smto homéo. N Ilíada, oo o dsol d u t os toos, om dsção ds sttés d ombt dstqu o od ds xõs, d vlt, d lldd, ds tçõs do mo omo oçs dtmts ds lçõs hums, oçs sss dds omdds los duss do Olmo. Aquls, Pátolo, Hto bl Hl são lus sos d Ilíada. É compreensível que os Teucros e os Aquivos (...) por tal mulher tanto tempo suportem tão grandes canseiras! Tem-se realmente, a impressão de a uma deusa imortal estar vendo. ( Ilíada . Terceiro canto.)
N Odisseia, voê omh Ulsss s ovçõs vtus qu vvu dut os dz os qu lvou to à su s, dsd o momto m qu oo tomd d To té ho m qu os duss ddm sob su sso. Nss tm, é ossívl oh o otdo ds míls dos ostums sos. Eis a história de um homem que jamais se deixou vencer. Viajou pelos conns do mundo, depois da tomada de Troia, a impávida ortaleza. Conheceu muitas cidades e aprendeu a compreender o espírito dos homens. Enrentou muitas lutas e diculdades, no esorço de salvar a própria vida e levar de volta os companheiros aos seus lares (...) ao começar a
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história todos os que não oram mortos na guerra estavam em casa (...) ele, porém, achava-se sozinho, ansioso para voltar à pátria, para junto da esposa. Era prisioneiro de uma eiticeira, linda criatura, Calipso, que queria retê-lo em sua gruta e torná-lo seu marido. ( Odisseia)
Gost d oç qu os dos oms voê odá b, d m muto l, sç ostt d tê d oçs odoss dvs o omdo d vd otd do homm. Os duss, o smto míto, são ss qu, m su tíst motl, xm t sob sob o dsto dos mots. Sb-s, o tmédo d Hsíodo, qu ss omudd dv hv um hqu, ou sj, é ossívl sb omo os duss m dos qum lho d qum, sb-s, o mo d Homo, qu os duss têm oms stmtos smlhts os dos mots. Ps sto: é omo s o homm, d mtuo m su osso d dsvolvmto , otto, d sm usos oh sus ós odçõs ts, ojtss sus stmtos d om dost o mudo o dl vd, sbdo, stmtos od. O qu oo é qu om d s otd o smto míto, tão lmt dst o sss utos, st tttv d ozção omsão d dsohd ssustdo oç d tuz tmbém d osção do óo homm ss uvso, o mo do od d dvdds. P Homo, tvção mlé ou bé dos duss sm stá domdo ssê do omotmto dos hós, os são os duss qum omdm sus çõs. O mto osod à stsção do ds jo humo d ot o stdo sstmtdd dos ômos qu o volvm. Não odmos squ, o outo ldo, qu s ohdo omo tl, é ssá tção sol do mto. O mito, enquanto tal, pode ser compreendido como verdade, já que sua visão de realidade, mesmo que particularizada, não deve ser contestada.
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Caso seja, o mito perde sua unção na sociedade. O mito vive da crença depositada nele pela sociedade que o gera ou o adota (...) (Minozzi, 1999, p. 44)
A ouddd d tttv d omd d s oso o mudo, tto dvdul quto solmt, z qu o studoso d Psolo mod, sj qul o su á d tss, d o vzs, m su squs, om xssõs d smtos mítos subjts à ló d vdul ul. (...) a Humanidade, onde quer que apareça, se maniesta, inicialmente, por uma atitude animista. Parece que as primeiras sociedades hu manas atribuíam seus êxitos e malogros a misteriosas potências, onipresentes, capazes de modicar o curso das coisas. Tal concepção provocava o desejo de conciliar ou domesticar essas orças por meio de práticas religiosas ou mágicas, as quais se encontram, assim, na origem da vida mental. Os estudos modernos, tanto sobre a mentalidade inanti l quanto sobre a mentalidade primitiva, têm esclarecido de maneira satisatória esse estado de espírito que consiste em projetar no exterior desejos e temores, em conerir poderes ocultos aos seres e coisas do mundo ambiente. Todos nós, adultos ocidentais, na primeira inância, acreditamos nos contos de adas, e daquele mundo poético e miraculoso de então resta-nos, muitas vezes, uma vaga nostalgia... A Psicologia própria a essa mentalidade animista apresenta ormas variadas e longe está de ser tão simples quanto poderíamos crer à primeira vista. (...) No mundo homérico, a psique não explica o mistério do Homem como ser dotado concretamente de sentimentos, de desejos, de vontade, de pensamento. (Müeller, 1978, p. 3).
A Psolo s osttu um ojuto d ohmtos sob o mudo síquo humo. Alums vzs voê á otá-l o âmbto ds Cês Bolós, outs vzs o ds Cês Hums. Isso oqu Floso Md om otos d td sção su smto. Atulmt tdê é osdá-l á d Súd, o sts
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zõs vmos mh, d dto d mtolo, vstdo o stdo d Súd ss íodo: Apolo era considerado como o deus da saúde, e seu lho Asclépio era o deus dos médicos e da medicina. (Schwab, 1995, p. 320)
Asléo, ou Esuláo, o oodo omo o dus d Md, os su Aolo, um ouo ts d mot d Coôs ( qum hv uddo), uou d su vt o lho d ão sdo o tou s dudo o Cho, o tuo, qu vsdo t d u hbtv um ão mos l om qutdd d vs mds od Esuláo s mlzou om s lts, sus ods t mbém om st qu, d odo om Gosbk ssou s ssod Esuláo dvdo “su olh tt à su dd d s s óo”. Voltmos Cho, stuto d Esuláo: Tudo em Chiron o az parecer a mais contraditória gura de toda a mitologia grega. Apesar de ser um deus grego, sore de uma erida incurável. Além disso, sua gura combina o aspecto animal com o apolíneo, pois apesar de seu corpo de cavalo – conguração pela qual são conhecidos os centauros, criaturas da natureza, ecundos e destrutivos – é ele quem instrui os heróis nas artes da medicina e da música. (Groesbeck, 1983, p. 74)
Os stuáos d Esuláo dsmhm l otdo tl vd dos os. Lá s submtm às môs ós o ttmto qu: Era constituído de banhos e jejuns... Quando os pacientes estavam puricados... Eram conduzidos à câmara interna. Envoltos em peles de carneiro, os pacientes deitavam-se, exaustos pelo jejum e sonolentos pelo uso de drogas... Assim que adormeciam, os sacerdotes passavam entre os leitos com as serpentes sagradas, que lambiam os erimentos. Ao acordar, cada
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um dos doentes deveria relatar o que havia sonhado. Um sacerdote explicava o signicado do sonho e receitava o tratamento apropriado... Antes de deixar o santuário, os doentes aziam uma oerenda em dinheiro e dei xavam seu nome, doença e tratamento registrados em uma placa votiva. (Margotta, 1998, p. 23)
Dut o íodo míto Gé, ttdo dsção tto d Homo quto d Hsíodo, séulo VIII .C., ot-s mtl sut qu mt oh o l do médo, d doç tmbém os otos d súd d mot. Em Homo, o xmlo, ot-s ç do dulo, omum s ultus mtvs: A essa concepção de dupla existência do homem – como corporeidade perceptível e como imagem a se maniestar nos sonhos – está ligada a interpretação homérica da morte e da alma ( psyché). A morte não representaria um nada para o homem: a psyché ou duplo desprender-se-ia pela boca ou erida do agonizante, descendo às sombras subterrâneas de Érebo. Desligada denitivamente do corpo (que se decompõe), a psyché passa então a integrar o sombrio cortejo de seres que povoam o reino de Hades. Permanece como uma imagem, semelhante na aparência ao corpo em que esteve abrigada; mas carece de consciência própria, pois nem sequer conserva as aculdades espirituais (inteligência, sensibilidade etc.). Impotentes, as sombras vagantes do Hades não intererem na vida dos homens; assim não há porque lhe render culto ou buscar seus avores. (Souza, 1995, p. XI)
Um xlção mít o sumto d doç od s otd o mto d Pomtu: Então Zeus criou naquela orma pereita um maleício. Ele chamou a criatura de Pandora, que signica “a que possui todos os dons”, pois cada um dos imortais dera à donzela algum presente maléco para a humanidade... Epimeteu recebeu com alegria a linda donzela, só descobrindo o mal depois que este já se abatera sobre ele. Pois até então as gerações dos homens,
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aconselhadas por seu irmão, viviam livres de males, sem dolorosos trabalhos, sem doenças torturantes. (...) A donzela levava nas mãos o seu presente, um vaso grande, echado. Diante de Epimeteu, tirou a tampa do vaso e ergueu-se o mal, como uma nuvem negra, espalhando-se pela terra com a rapidez de um raio. Um único dom benéco estava escondido no undo do vaso: a esperança... O sorimento... Tomando todas as ormas, encheu a terra, o ar e o mar. As doenças se espalhavam dia e noite entre os homens, terríveis e silenciosas, pois Zeus não lhes concedera voz. A ebre grassava na terra, a morte apressava o passo, esvoaçante. (Schwab, 1995, p. 20)
E ssm suu, om Pomtu, u do médo: (...) aproximou-se de suas criaturas... Ensinou a humanidade a enrentar todas as circunstâncias da vida. Antes não se conheciam medicamentos contra as doenças, nem pomadas para aliviar as dores, nem alimentos nutritivos. Por isso Prometeu ensinou os homens a preparar remédios suaves para curar as doenças. (Schwab, 1995, p. 17-18)
Váos mtos vlm tlo médo-súd-doç d om otudt. Outo xmlo é otdo m Ilíada: u d To, qudo Homo dsv um m qu oo um dt om um mott quo hmdo Flotts, solddo d oç d Héuls. Um ob ou su é o mto ovodo l modd hou ou do o hó m d do. A dsão tomd o d Flotts té um dst tá-lo os duss, om omd sut, su o hs so sss dls qudo s stblss tvés d “jud dos duss”. Nss stutu, tos, xmãs, sdots, d qul su tmo m su ultu, s dbuçm sob o oto d ud d u, o mo d tus mítos ou losos om tísts más. Aos tos b ução sç d u do lmto d do , lo ohmto sob os ômos d tuz (sol, stls, tos d lts t.), stvm vstdos do od d lm dos duss dmd sob o motl o mo d doç.
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