Cantigas de d e Amor Amor e de Amigo Amigo No Trovadorismo Trovadorismo,, as cantigas lírico-amorosas eram de dois tipos: de amor e de amigo. Veja as características de cada uma e as suas diferenças.
Cant i gadeamo mor Neste tipo de cantiga, o trovador empreende a confissão, dolorosa e quase elegíaca, de sua angustiante eperi!ncia passional frente a uma dama inacessível aos seus apelos, entre outras ra"#es porque de superior estirpe social, enquanto ele era, quando muito, fidalgo decaído. $ma atmosfera plangente, suplicante, de litania, varre a cantiga de ponta a ponta. %s apelos do trovador colocam&se alto, num plano de espiritualidade, de idealidade ou contemplação plat'nica, mas entran(am&se&l(e no mais fundo dos sentidos) o impulso er*tico situado na rai" das s+plicas transustancia&se, purifica&se, sulima&se. Tudo se passa como se o trovador -fingisse, disfarçando com o v/u do espiritualismo, oediente 0s regras de conveni!ncia social e da moda liter1ria vinda da 2rovença, o verdadeiro e oculto sentido das solicitaç#es dirigidas 0 dama. A custa de -fingidos ou incorrespondidos, os estímulos amorosos transcendentali"am&se: transcendentali"am&se: repassa&os um torturante sofrimento interior que se segue 0 certe"a da in+til s+plica e da espera dum em que nunca c(ega. 3 a coita 45 sofrimento6 de amor, que, afinal, ele confessa. As mais das ve"es, ve"es, quem usa da da palavra / o pr*prio trovador, trovador, dirigindo& dirigindo&a a com respeito respeito e suservi!ncia 0 dama de seus cuidados 4mia sen(or ou mia dona 5 min(a sen(ora6, e rendendo&l(e o culto que o -serviço amoroso l(e impun(a. 7 este orienta&se de acordo com um rígido c*digo de comportamento /tico: as regras do -amor cort!s, receidas da 2rovença. 8egundo elas, o trovador teria de mencionar comedidamente o seu sentimento 4mesura6, a fim de não incorrer no desagrado 4san(a6 da em&amada) teria de ocultar o nome dela ou recorrer a um pseud'nimo 4sen(al6, e prestar&l(e uma vassalagem que apresentava quatro fases: a primeira correspondia 0 condição de fen(edor, de quem se consome em suspiros) a segunda / a de precador, de quem ousa declarar&se declarar&se e pedir) entendedor / o namorado) drut, o amante. % lirismo trovadoresco portugu!s apenas con(eceu as duas +ltimas fases, mas o drut 4drudo em 2ortugu!s6 se encontrava eclusivamente na cantiga de esc1rnio e maldi"er 9 Tam/m a sen(al era descon(ecida de nosso trovadorismo& 8uordinando o seu sentimento 0s leis da corte amorosa, o trovador mostrava con(ecer e respeitar as dificuldades interpostas pelas convenç#es e pela dama no rumo que o levaria 0 consecução dum em impossíve l& ais ainda: dum
em 4e -fa"er em significa corresponder aos requestos do trovador6 que ele nem sempre desejava alcançar, pois seria p'r fim ao seu tormento masoquista, ou inicio dum outro maior. 7m qualquer (ip*tese, s* l(e restava sofrer, indefinidamente, a coita amorosa. 7 ao tentar eprimir&se, a plang!ncia da confissão do sentimento que o avassala, ; apoiada numa melop/ia pr*pria de quem mais murmura suplicantemente do que fala ;, vai num crescendo at/ a +ltima estrofe 4a estrofe era c(amada na lírica trovadoresca de cobra) podia ainda receer o nome de cola ou de tal(o6. Visto uma ideia osessiva estar empolgando o trovador, a confissão gira em torno dum mesmo n+cleo, para cuja epressão o enamorado não ac(a palavras muito variadas, tão intenso e maciço / o sofrimento que o tortura. Ao contr1rio, a corrente emocional, movimentando&se num círculo vicioso, acaa por se repetir monotonamente, apenas mudado o grau do lamento, que aumenta em avalanc(e at/ o fim. % estriil(o ou refrão, com que o trovador pode rematar cada estrofe, di" em dessa angustiante id/ia fia para a qual ele não encontra epressão diversa.
Cant i gadeami go 7scrita igualmente pelo trovador que comp#e cantigas de amor, e mesmo as de esc1rnio e maldi"er, esse tipo de cantiga focali"a o outro lado da relação amorosa: o fulcro do poema / agora representado pelo sofrimento amoroso da mul(er, via de regra pertencente 0s camadas populares 4pastoras, camponesas, etc.6. % trovador, amado incondicionalmente pela moça (umilde e ing!nua do campo ou da "ona rieirin(a, projeta&se&l(e no íntimo e desvenda&l(e o desgosto de amar e ser aandonada, em ra"ão da guerra ou de outra mul(er. % drama / o da mul(er, mas quem ainda comp#e a cantiga / o trovador: =6 pode ser ele precisamente o (omem com quem a moça vive sua (ist*ria) o sofrimento dela, o trovador / que o con(ece, mel(or do que ningu/m) >6 por ser a jovem analfaeta, como acontecia mesmo 0s fidalgas. % trovador vive uma dualidade amorosa, de onde etrai as duas formas de lirismo amoroso pr*prias da /poca: em espírito, dirige&se 0 dama aristocr1tica) com os sentidos, 0 camponesa ou 0 pastora. 2or isso, pode epressar autenticamente os dois tipos de eperi!ncia passional, e sempre na primeira pessoa 4do singular ou plural6:
=6 como agente amoroso que padece a incorrespond!ncia, >6 como se falasse pela mul(er que por ele desgraçadamente se apaiona. 3 digno de nota que essa amiguidade, ou essa capacidade de projetar&se na interlocutora do epis*dio e eprimir&l(e o sentimento) etremamente curiosa como psicologia liter1ria ou das relaç#es (umanas, não eistia antes do trovadorismo nem jamais se repetiu depois. No geral, quem ergue a vo" / a pr*pria mul(er, dirigindo&se em confissão 0 mãe, 0s amigas, aos p1ssaros, aos arvoredos, 0s fontes, aos riac(os, % conte+do da confissão / sempre formado duma paião intransitiva ou incompreendida, mas a que ela se entrega de corpo e alma. Ao passo que a cantiga de amor / idealista, a de amigo / realista, tradu"indo um sentimento espont?neo, natural e primitivo por parte da mul(er, e um sentimento donjuanesco e egoísta por parte do (omem. $ma tal paião (averia de ter sua (ist*ria: as cantigas surpreendem -momentos do namoro, desde as primeiras (oras da corte at/ as dores do aandono, ou da aus!ncia, pelo fato de o em&amado estar no fossado ou no afordo, isto /, no serviço militar ou no eercício das armas. 2or isso, a palavra amigo pode significar namorado e amante. A cantiga de amigo possui car1ter mais narrativo e descritivo que a de amor, de feição analítica e discursiva. 7 classifica&se de acordo com o lugar geogr1fico e as circunst?ncias em que decorrem os acontecimentos, em serranil(a, pastorela, arcarola, ailada, romaria, ala ou alvorada 4surpreende os amantes no despertar dum novo dia, depois de uma noite de amor6.
Di f er enças Cantigas de Amor: •
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7u lírico masculino. Aus!ncia do paralelismo) predomin?ncia das id/ias. otivo liter1rio principal: a certa amorosa do poeta perante um mul(er ideali"ada.
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Amor cort!s, convencionalismo.
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Amientação aristocr1tica das cortes.
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@orte influ!ncia provençal. Cantigas de Amigo:
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7u lírico feminino.
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2resença do paralelismo) musicalidade.
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otivo liter1rio principal o lamento da moça cujo namorado partiu.
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Amor natural e espont?neo.
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Amientação popular rural ou urana.
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nflu!ncia provençal atenuada) presença da tradição oral i/rica.