Português Instrumental Edmon Neto de Oliveira Maria Elizabeth Rodrigues Regina Lúcia Meirelles Beghelli Teresa M. Videira R. de Souza
MINISTRO DA EDUCAÇÃO Fernando Haddad SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Carlos Eduardo Bielschowsky ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO Edmon Neto de Oliveira Maria Elizabeth Rodrigues Regina Lúcia Meirelles Beghelli Teresa M. Videira R. de Souza
COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL
Cristine Costa Barreto SUPERVISÃO DE DESENVOLVIMENTO INSTRUMENTAL
Ana Paula Abreu-Fialho DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL
Lívia Tafuri REVISÃO DE LINGUAGEM
Dayse Tavares Lívia Tafuri
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
Tereza Queiroz
SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO Claudia Domingos Silva COPIDESQUE
Patricia Paula da Costa REVISÃO DE PROVAS
Elaine Bayma Patricia Paula da Costa PROJETO GRÁFICO
Andréa Dias Fiães DIAGRAMAÇÃO
Andréa Dias Fiães Katy Araujo Patricia Seabra Verônica Paranhos Copyright © 2009, Fundação Cecierj / Consórcio Cederj Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Fundação.
P853pi Português instrumental. / Edmon Neto de Oliveira, Maria Elizabeth Rodrigues, Regina Lúcia Meirelles Beghelli, Teresa M. Videira R. de Souza. – Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2009. 256p.; 20,5 x 27,5 cm. ISBN: 978-85-7648-566-7 1. Lingua portuguesa. 2. Comunicação humana. 3. Produção de texto. 4. Ortografia. 5. Morfologia. 6. Gramática. 7. Redação de documentos oficiais. I. Oliveira, Edmon Neto de. II. Rodrigues, Maria Elizabeth. III. Beghelli, Regina Lúcia Meirelles. IV. Souza, Teresa M. Videira R. de. V. Título. CDD: 469 Referências Bibliográficas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT.
ILUSTRAÇÃO DE CAPA
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Patricia Seabra ILUSTRAÇÃO
Jefferson Caçador
Governadora do Estado do Maranhão ROSEANA SARNEY MURAD Reitor da UEMA Prof. José Augusto Silva Oliveira Vice-reitor da UEMA Prof. Gustavo Pereira da Costa Pró-reitor de Administração Prof. Walter Canales Sant’ana Pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis Profª. Vânia Lourdes Martins Ferreira Pró-reitora de Graduação Profª. Maria Auxiliadora Gonçalves Cunha Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Porfírio Candanedo Guerra Pró-reitor de Planejamento Prof. Antonio Pereira e Silva Coordenador Geral do e-Tec/UemaNet Prof. Antonio Roberto Coelho Serra Coordenador Adjunta do e-Tec/UemaNet Profª. Eliza Flora Muniz Araújo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA Fone-fax: (98) 2106 8970 http://www.uemanet.uema.br e-mail:
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Sumário Português Instrumental Aula 1 – Comunicação humana e linguagem______________________________________ 5 Teresa M. Videira R. de Souza / Maria Elizabeth Rodrigues / Regina Lúcia Meirelles Beghelli
Aula 2 – Os diferentes sentidos das palavras _____________________________________37 Teresa M. Videira R. de Souza / Maria Elisabeth Rodrigues / Regina Lúcia Meirelles Beghelli
Aula 3 – Produção de texto ___________________________________________________49 Teresa M. Videira R. de Souza / Maria Elisabeth Rodrigues / Regina Lúcia Meirelle Beghelli
Aula 4 – Estrutura do texto ____________________________________________________65 Teresa M. Videira R. de Souza / Maria Elisabeth Rodrigues / Regina Lúcia Meirelles Beghelli
Aula 5 – Aspectos fonológicos__________________________________________________83 Teresa M. Videira R. de Souza / Maria Elisabeth Rodrigues /Regina Lúcia Meirelles Beghelli
Aula 6 – Ortografia ___________________________________________________________93 Teresa M. Videira R. de Souza / Maria Elizabeth Rodrigues / Regina Lúcia Meirelles Beghelli
Aula 7 – Acentuação gráfica___________________________________________________111 Teresa M. Videira R. de Souza / Maria Elizabeth Rodrigues / Regina Lúcia Meirelles Beghelli
Aula 8 – Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos ___________________________________________________123 Edmon Neto de Oliveira
Aula 9 – Morfologia – classe de palavras _______________________________________147 Edmon Neto de Oliveira
Aula 10 – Gramática – Sintaxe__________________________________________________161 Edmon Neto de Oliveira
Aula 11 – Gramática – Pontuação______________________________________________ 193 Edmon Neto de Oliveira
Aula 12 – Sintaxe – Regência Verbal e Nominal___________________________________215 Edmon Neto de Oliveira
Aula 13 – Redação de documentos oficiais _____________________________________ 233 Edmon Neto de Oliveira
Comunicação humana e linguagem
Fonte: www.sxc.hu
Teresa M. Videira R. de Souza Maria Elizabeth Rodrigues Regina Lúcia Meirelles Beghelli
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
OBJETIVOS
Apresentar os aspectos referentes à Comunicação, fornecendo a você um embasamento teórico e prático para a comunicação oral e escrita. Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. identificar os elementos essenciais presentes na comunicação; 2. reconhecer as funções da linguagem; 3. reconhecer os diferentes níveis de linguagem; 4. utilizar a norma culta em contexto que exigem a língua padrão.
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Caro aluno: Para o desenvolvimento dos conteúdos propostos nesta disciplina, escolhemos cada texto com muito carinho, pensando sempre em você, na sua idade, nos seus anseios e nas suas necessidades. Sabemos que ler e escrever não são atividades fáceis. Mas sabemos, também, que ninguém sobrevive de maneira digna no mundo de hoje, se não tiver um bom nível de leitura e de escrita. Além disso, a sua motivação para nos acompanhar nesta aventura do saber pode fazer com que o estudo de nossa língua materna não se torne algo confuso e
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
INTRODUÇÃO
desestimulante. Nesse mundo globalizado, não só a comunicação proferida através da fala e da escrita é importante. A utilização de imagens, gestos e sinais é também essencial para que se estabeleça um diálogo eficiente. Durante as nossas aulas, estudaremos a Língua Portuguesa sob diversos aspectos, nos atendo sempre aos pontos mais importantes para que você tenha um aprendizado de qualidade. Então, vamos começar a
Foto: Steve Woods
nossa primeira aula?
Fonte: www.sxc.hu
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
“QUEM NÃO SE COMUNICA, SE TRUMBICA...”
José Abelardo Barbosa de Medeiros, ou simplesmente Chacrinha, foi um dos apresentadores mais renomados da Televisão brasileira, responsável pela popularização do veículo como meio de comunicação de massa. Em 1987, foi homenageado pela Escola de Samba Império Serrano, no Rio de Janeiro, com a música "Com a Boca no Mundo, Quem Não se Comunica se Trumbica". Fonte: http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_200.html
A vida humana é um processo contínuo de comunicação. Aprimorar sua capacidade comunicativa é uma forma de ampliar seu relacionamento com o mundo, tornando-se apto a compreender melhor a realidade a fim de poder transformá-la. E, como veremos, a língua portuguesa é um elemento fundamental desse intercâmbio de experiências e indagações humanas. (...) (INFANTE, 2003)
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Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
Fonte: www.sxc.hu
Imagine que você esteja aprendendo a operar uma máquina complexa. O instrutor lhe dá o manual, as orientações e lhe diz como deve fazer para realizar o trabalho. Você se sentirá seguro? Será que isso é suficiente? Dependendo da complexidade da máquina e das orientações do instrutor, pode ser que não! O processo de aprendizagem da língua funciona de maneira semelhante: não adianta ditar regras, decorar definições. É preciso aprender a usar cada recurso gramatical, nas mais variadas situações, considerando os mais diversos INTERLOCUTORES. Nesta primeira aula, vamos compreender a importância da comunicação para as nossas vidas.
A COMUNICAÇÃO HUMANA
INTERLOCUTORES Aqueles que falam com outros; pessoas que tomam parte num diálogo ou que falam em nome de outros.
O ser humano tem grande necessidade de externar seus sentimentos e suas idéias. Comunicar, portanto, implica a busca de entendimento, de compreensão. Se uma pessoa ficar isolada de seus semelhantes, com alimentação e conforto físico garantidos, mas privada de qualquer forma de contato com o mundo exterior, tenderá a apresentar rapidamente sintomas de ansiedade. Uma manifestação básica dessa ansiedade será a necessidade de falar com outros (...)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental Com o prolongamento da situação, a fala e o próprio pensamento deverão ficar desconexos e a pessoa começará a perder o autocontrole. Se a situação não for remediada a tempo, haverá uma desagregação psicológica, acompanhada de descontrole orgânico. O modo de remediá-la é fácil e evidente: basta romper o isolamento em que a pessoa se encontra. Com isso, ela poderá satisfazer a uma necessidade humana básica: comunicar-se. (...) (Verbete “Comunicação”. In: Enciclopédia Abril. São Paulo, 1972.)
CURIOSIDADE A história de Amala e Kamala Na Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relativamente numerosos, descobriram-se em 1920, duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de uma família de lobos. A primeira tinha um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929. Não tinham nada de humano e seu comportamento era exatamente semelhante àquele de seus irmãos lobos. Elas caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os joelhos e cotovelos para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para os trajetos longos e rápidos. Eram incapazes de permanecer em pé. Só se alimentavam de carne crua ou podre. Comiam e bebiam como os animais, lançando a cabeça para frente e lambendo os líquidos. Na instituição onde foram recolhidas, passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra. Eram ativas e ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como lobos. Nunca choravam ou riam.
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se lentamente. Necessitou de seis anos para aprender a andar e, pouco antes de morrer, tinha um vocabulário de apenas cinqüenta palavras. Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. Chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela bem como às outras com as quais conviveu. Sua inteligência permitiu-lhe comunicar-se por gestos, inicialmente, e depois por palavras de um vocabulário rudimentar, aprendendo a executar ordens simples.
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
Kamala viveu oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-
(LEYMOND, B. Le development social de l’enfant et del’adolescent. Bruxelles: Dessart, 1965. p. 12-14) O relato acima descreve um fato verídico e permite entender em que medida as características humanas dependem do convívio social. Amala e Kamala, as meninas-loba da Índia, por terem sido privadas do contato com outras pessoas, não conseguiram se humanizar: não aprenderam a se comunicar através da fala, não foram ensinadas a usar determinados utensílios, não desenvolveram processos de pensamento lógico... (DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez 1990. p 16-17).
SAIBA MAIS... Para entender um pouco mais sobre a importância da comunicação para os seres humanos, que tal assistir a alguns filmes? Sugerimos Nell e Náufrago. Junte os amigos, prepare a pipoca e boa diversão! Uma dica legal: Assista aos filmes sugeridos e discuta, com seu grupo ou com o tutor, sobre
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
a importância da comunicação para o homem. Isso o ajudará a fixar os pontos abordados até agora e, sem dúvida, você ampliará seu conhecimento de mundo.
O ATO DE COMUNICAÇÃO O conhecimento dos componentes do ato de comunicação permite-nos exercer uma avaliação mais consciente da nossa posição nas diferentes situações comunicativas do cotidiano. A comunicação acontece quando temos a presença de alguns componentes essenciais, tais quais: 1. Emissor: quem envia a mensagem. Pode ser também uma organização informativa, como Rádio, TV, Jornal etc. 2. Receptor: quem recebe a mensagem. Pode ser a pessoa que lê, ouve ou um pequeno grupo, um auditório ou uma multidão. 3. Mensagem: o objeto da comunicação, comunicação ou seja, aquilo que se quer comunicar. Em um e-mail, por exemplo, a mensagem é o texto escrito.
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ser visual, auditivo, tátil, olfativo ou gustativo.
Joanna Kopik
Steve Woods
H. Berends
Exemplos: televisão, rádio, internet, outdoor, fax, cartaz etc.
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
4. Canal: o meio físico através do qual se opera a comunicação. Pode
Fonte: www.sxc.hu
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
CURIOSIDADE Os Cinco Sentidos e a Comunicação A comunicação se realiza por meio das sensações provocadas pelo olfato, pelo tato, pela visão, pela audição e pelo paladar. Imagine uma situação conforme a descrita a seguir: Um funcionário de uma indústria, atuando como técnico de segurança no trabalho, ao fazer a vistoria dos equipamentos para a produção de chocolate, sente um cheiro diferente daquele rotineiro em seu ambiente. O olfato é o canal, por onde é veiculada a informação de alerta ao cérebro, despertando, assim, a curiosidade de saber se algo de errado pode estar acontecendo na produção. Conseqüentemente, a audição, a visão e o tato buscarão imediatamente informações complementares para verificar se a qualidade do chocolate produzido ficou comprometida. O técnico procura ouvir algum barulho fora do normal nos equipamentos, olha o funcionamento das engrenagens e, quando passa a mão em uma das máquinas, sente um óleo escorrendo de uma junta. Por causa desses canais sensoriais, surge uma questão imediata: isso acarretou alguma alteração no gosto do chocolate, chegando a comprometer o produto final? Somente quando saborear o chocolate é que a empresa poderá ter a resposta. Logo, podemos dizer que os sentidos funcionam como informantes das situações vividas. Eles transmitem ao cérebro sensações importantes para a comunicação do ser humano com o mundo.
5. Código: conjunto de sinais estruturados a partir do qual se pode efetivar a comunicação. Exemplos: Língua Portuguesa, Língua Francesa, Língua Inglesa, o Código Nacional de Trânsito, Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) etc.
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Jaylopez (s/ nome real)
Martin Rotovnik
Will Watt
Billy Alexander
Volkan Akyüz
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
Fonte: www.sxc.hu
Fonte: www.sxc.hu
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
6. Referente ou contexto: o objeto ou a situação a que a mensagem se refere. É o assunto da mensagem. Exemplo: Em um e-mail, o referente ou assunto da mensagem pode ser um comunicado sobre uma reunião no local de trabalho, propagandas etc.
ATIVIDADE 1 Atende ao Objetivo 1
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nela os elementos fundamentais da comunicação. a. Quem é o emissor? _______________________________________________________ b. E o receptor? _______________________________________________________ c. Que canal foi utilizado? _______________________________________________________
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
Agora, depois de ler cuidadosamente a tirinha exibida, veja se você consegue identificar
LÍNGUA E SOCIEDADE A língua é o principal código desenvolvido e utilizado pelos homens em sua vida social. O caráter social de uma língua já parece ter sido fartamente demonstrado. Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos membros de uma comunidade a possibilidade de comunicação, acredita-se, hoje, que seu papel seja cada vez mais importante nas relações humanas, razão pela qual seu estudo já envolve modernos processos científicos de pesquisa. (...) Nas grandes civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica social, que compreende, não só as relações diárias entre os membros da comunidade, como também uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa, até a vida cultural, científica ou literária. (PRETI, Dino. Sociolingüística: os níveis da fala. São Paulo, 1974.)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
SAIBA MAIS... MAIS ... Mensagem na garrafa Signo é a unidade principal que constitui a linguagem humana. É representado pela associação entre um significante e um significado, ou seja, entre uma imagem sonora e um conceito (um dado do conhecimento humano sobre o mundo). Signo, então, é um elemento representativo. No caso do signo lingüístico, é a união indissolúvel de um significante (a palavra) e um significado (o conceito). Por exemplo: Quando você ouve a palavra “garrafa”, reconhece os sons que formam essa palavra. Esses sons se identificam com a lembrança que está presente em sua memória. Essa lembrança constitui uma imagem sonora armazenada no seu cérebro. Isso é o significante do signo “garrafa”. Ao ouvir essa palavra, automaticamente uma imagem se forma em seu cérebro que a remete a um objeto mentalizado. Esse conceito, que não se refere a um recipiente qualquer, como um pote ou um copo, é o significado do signo garrafa, que também se encontra armazenado em seu cérebro. Diz-se que o signo lingüístico é arbitrário porque não há uma relação lógica direta entre o significante e o significado, pois existem diferentes significantes para “garrafa” (como bottle, em inglês; garrafa, em português; bouteille, em francês etc.) para o mesmo objeto “garrafa”.
A linguagem é a capacidade de se comunicar por meio de uma língua e está na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano. Língua é um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma comunidade.
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Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
Para entender melhor, vamos conhecer alguns conceitos básicos de signo, língua, fala e linguagem, um a um? Língua É um instrumento de comunicação que representa a parte social da linguagem. É formada por um sistema de signos convencionais e arbitrários. Isso quer dizer que a língua é um tipo de código formado por palavras e regras por meio do qual as pessoas de uma comunidade se comunicam e interagem entre si. Exemplos: Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Língua Espanhola etc. Fala Ao contrário da língua, é um ato intencional, em nível individual, de vontade e de inteligência, ou seja, é o uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da liberdade de compreensão e expressão. Exemplos: O conhecimento e a cidadania caminham de mãos dadas. As crianças caminham de mãos dadas pelo jardim. Linguagem É o que possibilita a comunicação ao homem, ou seja, é a capacidade do homem de se comunicar por meio de uma língua. Faz parte da natureza humana. Por isso, podemos dizer que todo ser humano possui, ao nascer, uma aptidão que permite a aquisição da linguagem. No entanto, sem que haja o convívio social, essa predisposição se ATROFIA.
Exemplo:
ATROFIA Do verbo atrofiar, significa enfraquecimento.
Sr. Diretor de faturamento: Informo que, após a inspeção dos EPIs do setor de tingimento, meu relatório aponta a necessidade de aquisição de algumas peças de reposição, devido ao desgaste pelo tempo de uso. Envio a relação em anexo.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
As escolhas do emissor para produzir sua mensagem ao comunicarse dependem das funções da linguagem, focalizando o objetivo a que ele se propõe no ato da comunicação. Conheça as funções da linguagem e pense no propósito de cada uma delas para se estabelecer a transmissão da mensagem de modo correto e eficiente. FUNÇÕES DA LINGUAGEM a. Função emotiva (ou expressiva): centrada no emissor. Revela sua opinião, sua emoção. Nela, prevalece a 1ª pessoa do singular. São muito usadas as interjeições e as exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. Esse tipo de função é também comum em propagandas que pretendem mudar o comportamento do receptor, por meio de depoimentos. Exemplo: Quero que todos os dias do ano todos os dias da vida de meia em meia hora de 5 em 5 minutos me digas: Eu te amo. (Carlos Drummond de Andrade)
b. Função referencial (ou denotativa): centrada no referente, isto é, quando o emissor procura oferecer informações da realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular. É a linguagem usada nas notícias de jornal e livros científicos. Exemplo: Bovespa opera em alta, na esteira do grau de investimento. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em alta nesta sexta-feira (30). Por volta das 10h30, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa paulista, registrava valorização de 0,87%, para 72.420 pontos. Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL5840049356,00- BOVESPA+OPERA+EM+ALTA+NA+ESTEIRA+DO+GRAU+DE+INVES TIMENTO.html
(acesso em 30/5/2008)
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emissor procura influenciar o comportamento do receptor, dirigindo-se diretamente a ele. Por isso, é comum o uso de tu e você, ou do nome da pessoa, além dos vocativos e imperativos. É usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor. Exemplo: Faça a viagem dos seus sonhos. Voe pela Kaesq. d. Função fática: centrada no canal. Tem como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor ou testar a eficiência do canal de
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
c. Função apelativa (ou conativa): centra-se no receptor. Nela o
comunicação. É a linguagem das conversas telefônicas, das saudações e similares. Exemplo: – Alô! – Quem fala? – É a Carla! Eu gostaria de falar com o João. – Com o João Manoel ou com o João Roberto? e. Função poética: centrada na mensagem. Revela recursos imaginativos criados pelo emissor. Linguagem afetiva, sugestiva, conotativa. Ela é metafórica, isto é, as palavras são usadas com um sentido específico, fora do sentido comum. São escolhidas e organizadas de forma intencional. Embora, em geral, essa função apareça na literatura, na publicidade, nos provérbios, nos ditos populares e até mesmo na linguagem do dia-a-dia. Os provérbios são, em geral, frases bem organizadas, ritmadas e de fácil memorização, constituindo bons exemplos de função poética da linguagem. Veja alguns exemplos: “Uma andorinha voando sozinha não faz verão”. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.”
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Exemplos:
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falar dela mesma. É a poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta; um texto que comenta outro texto; um filme que discute sobre cinema. Os dicionários são boas fontes de metalinguagem. Exemplo: Verbete de dicionário: abraçar: do Lat. Abbrachiare. v. tr., cingir com os braços; dar abraços; circundar; cercar; abranger; conter; compreender; aceitar; admitir; adotar; consagrar-se.
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
f) Função metalingüística: centrada no código. Usa a linguagem para
Obs.: Em um mesmo texto, podem aparecer várias funções da linguagem. O importante é saber qual a função predominante no texto, para então defini-lo.
ATIVIDADE 2 Atende aos Objetivos 2 e 3 Complete com o conceito apropriado, de acordo com as características dadas a seguir. a. Centrada no emissor, conta fatos e acontecimentos do ponto de vista particular, própria dos textos de caráter pessoal e intimista. A função é _________________. b. Tem por objetivo convencer acerca do assunto em questão. Suas principais características são a clareza e a objetividade. ______________________________. c. Propicia a construção de textos imaginativos, estimulando a criatividade lingüística ________________________________ _________________________. d. Procura convencer ou defender uma tese ou um ponto de vista, com destaque para os canais utilizados _______________________________________________. e. Centrada na mensagem, procura dar destaque à intersubjetividade manifestada na forma escrita _______________________________________________________.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
OS NÍVEIS DA LINGUAGEM
Você saberia identificar qual é a diferença entre esses dois recados? Poderia responder por que as pessoas se comunicam de maneiras tão diferentes? Provavelmente, você também já utilizou diferentes formas de linguagem em suas atividades cotidianas. E sabe por quê? Isso ocorre porque, dependendo do meio em que nos encontramos, a maneira de nos expressarmos se modifica, devido a vários fatores, tais como região geográfica, ambiente, grupos sociais dos falantes ou época. Em sua opinião, há uma língua-padrão, uma língua considerada culta? Se sua resposta for afirmativa, em que situação você sente necessidade de utilizá-la? Na fala, no seu cotidiano ou apenas na forma escrita? Essas diferenças acontecem porque o conceito de língua é bastante amplo, englobando todas as manifestações da fala, com suas incontáveis possibilidades. Dentro desse extenso universo, há também
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de outros fatores, a saber: geográficos (os falares dialetos), sociais (as gírias), profissionais (as linguagens técnicas), situacionais etc. Falar e escrever também implicam profundas diferenças na elaboração de mensagens. As variações chegam a tal ponto que acabaram surgindo duas modalidades distintas para o uso da língua, cada qual com as suas especificidades: a língua falada e a língua escrita. Então, você já deve ter concluído que podemos reconhecer três tipos de língua: a falada, a escrita e a literária, que faz parte da língua escrita.
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
variações que não são decorrentes do uso individual da língua, mas sim
LÍNGUA FALADA A língua falada é mais despojada, mais livre, intercalada com pausas e auxiliada por entonações. A situação de uso da língua falada determinará a aceitação ou não de gírias, abreviações ou coloquialismo. Exs.: Aí, galera. Alô, mamãe. Eu tô com muita dor de cabeça. O quê que eu faço? Dr. Fernando, bom dia. Eu estou com muita dor de cabeça. O que eu faço? LÍNGUA ESCRITA A língua escrita é mais trabalhada. A escolha e a combinação das palavras são mais criteriosas. Não é permitida a repetição de palavras. É necessário perseguir a clareza das idéias, e a entonação é marcada pela pontuação. Ex.: Ao lado dos inegáveis benefícios trazidos pelo recente desenvolvimento econômico do Brasil, vêm emergindo, em escala crescente, problemas intimamente dependentes do binômio industrialização-urbanização, destacando-se, entre eles, a poluição ambiental e os infortúnios do trabalho, representados, estes últimos, pelos acidentes do trabalho e pelas doenças profissionais. (Fonte: Revista Saúde Pública, vol.10 nº 4, São Paulo, Dec. 1976.)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
A LÍNGUA LITERÁRIA Quando o uso da língua abandona as necessidades estritamente práticas
do
cotidiano
comunicativo
e
passa
a
incorporar
preocupações estéticas, surge a língua literária. Neste caso, a escolha e a combinação dos elementos lingüísticos subordinam-se a atividades criadoras e imaginativas. Código e mensagem adquirem uma importância elevada, deslocando o centro de interesse para aquilo que a língua é, em detrimento daquilo para que ela serve. Isso ocorre, por exemplo, nos seguintes versos de Fernando Pessoa: O mito é nada que é tudo. O mesmo sol que abre os céus É um mito brilhante e mudo – O corpo morto de Deus, Vivo e desnudo. Dependendo da situação de uso da linguagem, ela se apresenta em diferentes níveis.
SAIBA MAIS... MAIS ... 1.
Formal: usada em situações que requerem o uso
mais elaborado da linguagem. Podem ser tanto situações de fala quanto de escrita. Na oralidade, por exemplo, em uma entrevista de emprego, você usará a modalidade oral formal. Por outro lado, quando você necessitar escrever uma carta, solicitando uma vaga em determinada empresa ou um requerimento, usará a modalidade escrita formal, a chamada língua padrão, ou norma culta. 2.
Informal: usada em situações que possibilitem o uso mais livre da linguagem, tanto na modalidade falada como na escrita. Quando você está num grupo de amigos, pode usar a linguagem de uma forma mais livre, como em expressões do tipo “tô” para dizer “estou” ou “pra” para dizer “para”.
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tenção for, por exemplo, caracterizar certos contextos de bate-papo ou familiares. Dessa forma, você estará usando a modalidade escrita informal da língua.
ATIVIDADE 3 Atende ao Objetivo 3
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
Esse uso poderá ser transferido para a escrita quando a in-
Leia os enunciados com atenção e responda: Que tipo de linguagem você usaria em cada uma das situações? Em que nível (formal ou informal)? a. Para comentar o último jogo da seleção brasileira de futebol com seus amigos.
b. Para apresentar um seminário.
c. Para uma reunião de trabalho.
d. Para escrever uma circular informado as últimas decisões do chefe para a sua equipe de trabalho.
e. Para escrever um e-mail a um amigo marcando uma festa no fim de semana.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Agora você já sabe que os falantes que utilizam a mesma língua não o fazem de maneira rigorosamente uniforme. Portanto, é importante lembrar também que fatores como a idade, o grupo social, o sexo ou o grau de escolaridade interferem na maneira individual que o falante tem de se expressar. São as variações lingüísticas. Compare as duas formas lingüísticas: Falante 1 – Eles ficou por fora porque não foi nas reunião. Falante 2 – Eles não entenderam nada porque não foram às reuniões. Pense: Que tipos de falantes normalmente empregariam as formas lingüísticas 1 e 2? Certamente são falantes de grupos sociais, econômicos e culturais diferentes.
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Expressão 1 – Theatro São José / Empreza A. Balbino Expressão 2 – Teatro São José / Empresa A. Balbino Expressão 3 – Vou deletar você da minha vida. Pense: Por que as grafias diferentes nas expressões 1 e 2? A palavra deletar sempre existiu na língua portuguesa? Na verdade, esses exemplos representam variações da língua portuguesa ao longo da História. A língua não é estática, imutável.
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
Agora, compare as expressões:
Ela se modifica com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e até o significado. A palavra deletar é originária do idioma inglês e foi recentemente adotada pela língua portuguesa, influenciada pela informática, a partir do uso da tecla delete. Seu significado é apagar. Compare: 1. Os mineiros dizem mandioca. 2. Os nordestinos dizem macaxeira. 3. Os cariocas dizem aipim. A variação das denominações citadas para o mesmo significado ocorre em função da variação geográfica.
SAIBA MAIS... Somos todos poliglotas (Hélio Consolaro)* Nós falamos o português, mas cada grupo usa a sua modalidade. Como cada brasileiro pertence a vários grupos, isto quer dizer que somos poliglotas, embora falemos o mesmo idioma. Quando se está numa roda ou quando se conversa com o chefe, as falas são bem diferentes. Por mais que se conheça a norma culta da língua, a pessoa não vai chegar ao balcão de um bar e dizer:
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
– Dê-me uma xícara de café, por favor! – Me dê (ou me dá) um café, por favor! Adriano da Gama Kury, no livro “Para Falar e Escrever
Melhor
o
Português”,
aponta
várias
modalidades de uso da língua falada e da língua escrita. coloquial vulgar;
Falada:
ultraformal,
despreocupada escrita:
coloquial
(corrente,
ultraformal,
cuidada,
familiar)
cuidada,
e
despreo-
cupada, vulgar. Esta consciência de que há várias modalidades de uso da língua, o jovem deve adquiri-la na escola. Nenhum professor de Português tem o direito de dizer ao aluno que vai lhe ensinar o certo e desvalorizar a modalidade passada pelos pais. Isto causa na criança e no jovem um certo desprezo pela família, sem falar da castração mental que provoca no educando. Em reuniões de bairro, das quais já participei muito, os analfabetos eram sempre mais participativos, falavam e davam seus palpites, sem medo de errar. As pessoas que passaram pelos bancos escolares eram mais tímidas, tinham receio de falar “abobrinhas” ou de cometer erros. Como já disse um filósofo francês, quando quer, um professor reprime mais que um batalhão de policiais, porque um educador repressor deixa suas marcas no interior das pessoas. Nem por isso, a escola pode deixar de ministrar a sua clientela a norma culta de nossa língua, um dos objetivos do ensino formal da língua materna. O professor deve esclarecer a seus alunos que a norma culta (ou língua-padrão) é uma das modalidades do uso lingüístico, não é única nem a mais importante.
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Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
Todos nós sabemos falar o português, como sabemos usar a água. Ninguém precisa saber que a água é composta de H2O para matar a sua sede nem que a frase tenha sujeito e predicado para se comunicar, porém, saber Química propicia o melhor uso da água e saber Gramática dá maior domínio do usuário no manejo das palavras. (...) *Hélio Consolaro é professor de Língua Portuguesa do Ensino Médio, escreve semanalmente a coluna Por Trás das Letras, na Folha da Região de Araçatuba, e é cronista diário do mesmo jornal.
ATIVIDADE 4 Atende ao Objetivo 4 O texto a seguir é parte da carta de uma leitora que elogia a matéria publicada sobre gírias numa revista. Leia o texto e, em seguida, reescreva-o, substituindo as palavras e expressões da gíria por outras da norma culta.
É massa! 1. Dessa vez a revista “arrepiou”. Foi “da hora” a matéria NA PONTA DA LÍNGUA, com as gírias “maneiras” de todos os lugares. É por isso que me “amarro” cada vez mais nesta revista: “descolada”, divertida, diferente e “trilegal”.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
2. Faça, agora, o contrário: reescreva as frases a seguir, escritas em norma culta, empregando a norma popular. Você poderá usar termos e expressões regionais, populares, da gíria, como quiser: a. Fiquei muito emocionado com sua declaração.
b. Esse rapaz/essa moça é lindíssimo(a).
c. Diga aos nossos companheiros que, mais tarde, os encontraremos.
d. Aquele foi um gol muito especial, feito com muita técnica.
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Comunicar-se é uma necessidade fundamental do ser humano e implica a busca de entendimento, de compreensão. Permite entender em que medida as características humanas dependem do convívio social. O ato de comunicação acontece quando temos a presença de alguns componentes essenciais, tais quais: 1. Emissor: é quem envia a mensagem. Pode ser também uma organização informativa como rádio, TV, jornal etc. 2. Receptor: é quem recebe a mensagem. Pode ser a pessoa que lê, ouve, ou
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
RESUMINDO...
então um pequeno grupo, um auditório ou uma multidão. 3. Mensagem: é o objeto da comunicação, ou seja, aquilo que se deseja comunicar. 4. Canal: é o meio físico através do qual se opera a comunicação. Pode ser visual, auditivo, tátil, olfativo ou gustativo. 5. Código: é um conjunto de sinais estruturados a partir do qual se pode efetivar a comunicação. 6. Referente ou contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere. É o assunto da mensagem. A Língua é um instrumento de comunicação que representa a parte social da linguagem. É formada por um sistema de signos convencionais e arbitrários. Quer dizer que língua é um tipo de código formado por palavras e regras por meio do qual as pessoas de uma comunidade se comunicam e interagem entre si. A Fala, ao contrário da língua, é um ato intencional, em nível individual, de vontade e de inteligência, ou seja, é o uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da liberdade de compreensão e expressão. Já a linguagem é o que possibilita a comunicação ao homem, ou seja, é a capacidade humana de se comunicar por meio de uma língua. Faz parte da natureza humana, ou seja, podemos dizer que todo ser humano possui, ao nascer, uma aptidão que permite a aquisição da linguagem.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
• Funções da linguagem As funções da linguagem são recursos que atuam de acordo com a intenção do emissor da mensagem. Em um mesmo texto pode haver mais de uma função e a que o define é a função que predominar sobre as demais. As funções de linguagem podem ser: Função emotiva (ou expressiva): centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Função referencial (ou denotativa): centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informações da realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular. Função apelativa (ou conativa): centraliza-se no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento do receptor. Função fática: centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal. Função poética: centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Linguagem afetiva, sugestiva, conotativa. Ela é metafórica, isto é, as palavras são usadas com um sentido específico, fora do sentido comum. São escolhidas e organizadas de forma intencional. Função metalingüística: centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. • Os níveis da linguagem As variações da língua implicam profundas diferenças. Essa variação chegou a tal ponto que surgiram variações para o uso da língua. Estas são: A língua falada – é mais despojada, mais livre, intercalada com pausas e auxiliada por entonações. A língua escrita – é mais trabalhada. A escolha e a combinação das palavras são mais criteriosas. Não é permitida a repetição de palavras, é necessário perseguir a clareza das idéias e a entonação é marcada pela pontuação. A língua literária – se dá quando o uso da língua abandona as necessidades estritamente práticas do cotidiano comunicativo e passa a incorporar preocupações estéticas.
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Em nossa segunda aula, aprenderemos as finalidades da lingua-gem e identificaremos os diversos sentidos que as palavras possuem dependendo do contexto. Você poderá conhecer palavras que são muito parecidas tanto na escrita quanto na maneira de serem pronunciadas. Vamos começar?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RESPOSTAS DAS ATIVIDADES
Aula 1 • Comunicação humana e linguagem
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA
ATIVIDADE 1
a. O menino / a empresa de elevadores b. O pai / usuários do elevador c. Canal auditivo (no diálogo entre pai e filho) / o canal visual (placa do elevador) ATIVIDADE 2
a. função emotiva b. função referencial c. função apelativa d. função fática e. função poética ATIVIDADE 3
a. língua falada, nível informal. b. língua falada, nível formal. c. língua falada, nível formal. d. língua escrita, nível formal. e. língua escrita, nível informal. ATIVIDADE 4
1. Desta vez a revista agradou bastante. Foi excelente a matéria NA PONTA DA LÍNGUA, com as gírias características (próprias) de todos os lugares. Por isso que eu gosto cada vez mais da revista: atual, divertida, diferente e muito boa.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
2. a. Fiquei arrepiado com o que você disse. b. Essa mina é uma gata. c. Fala pros cara que a gente se vê depois. d. Aquele gol foi porreta, feito com raça.
CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES Thereza Cochar. Gramática :Texto, reflexão e uso. São Paulo: Atual Editora, 1998. DE NICOLA, José. Português: ensino médio volume 1/ José de Nicola. São Paulo: Scipione, 2005. INFANTE, Ullisses. Curso de Gramática aplicada aos textos. São Paulo: Scipione, 2003.
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Os diferentes sentidos das palavras Teresa Videira Rocha de Souza Maria Elizabeth Rodrigues Regina Lúcia Meirelles Beghelli
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
OBJETIVOS
Apresentar os conceitos de “denotação” e “conotação” e esclarecer a diferença de sentido no uso de palavras semelhantes na pronúncia e/ou na grafia. Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. diferenciar o sentido denotativo e o sentido conotativo das palavras; 2. identificar as formas variantes que algumas palavras possuem; 3. identificar os significados diferentes de palavras que possuem pronúncia e grafia semelhantes.
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um.
Texto 1 Acidente de trabalho O acidente é, por definição, um evento negativo e indesejado do qual resulta uma lesão pessoal ou dano material. Essa lesão pode ser imediata (lesão traumática) ou mediata (doença profissional). Assim, caracteriza-se a lesão quando a integridade física ou a saúde são atingidas. O acidente, entretanto, caracteriza-se pela existência do risco. A Associação Brasileira de Normas Técnicas
Aula 2 • Os diferentes sentidos das palavras
Leia os textos seguintes com atenção e observe a linguagem de cada
(ABNT) apresenta a seguinte definição para o acidente do trabalho: “é a ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, de que resulte ou possa resultar lesão pessoal (NBR 14280/01, Cadastro de Acidentes do Trabalho – Procedimento e Classificação). Muitas vezes o acidente parece ocorrer sem ocasionar lesão ou danos, o que, a princípio, poderia contradizer a definição aqui apresentada. Alguns autores chamam esses acidentes de incidentes ou de “quase-acidentes”. Outros autores, preservando a definição, os chamam de “acidentes sem lesão ou danos visíveis”. Nesse caso, o prejuízo (dano) material pode ser até mesmo a perda de tempo associada ao acidente. (Fonte: www.segurancaetrabalho.com.br)
Texto 2
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e-Tec Brasil – Português Instrumental [...] Há muito o meu coração está seco, Há muito a tristeza do abandono, A desolação das coisas práticas Entrou em mim, me diminuindo. BANDEIRA, Manuel. (Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986.)
Você deve ter percebido que a linguagem pode ser empregada com SUBJETIVIDADE
a finalidade de transmitir informações, de fazer descrições objetivas da
Pertencente ou relativo ao sujeito, ou seja, que manifesta as idéias ou experiências pessoais e individuais. Neste contexto, a palavra subjetividade está usada no sentido de introduzir uma opinião pessoal, por meio do uso do sentido figurado.
realidade (linguagem denotativa), como visto no Texto 1, ou também para dar
SUBJETIVIDADE
a um texto, isto é, para obter efeitos especiais
de sentido, por meio do jogo com as palavras (linguagem conotativa), como observado no Texto 2.
ATENÇÃO Fique atento! Denotação: é o emprego de uma palavra ou expressão no sentido literal, original. A significação é atribuída de modo objetivo. Exs.: acidente, lesão, integridade física. Conotação: é o emprego de uma palavra ou expressão no sentido figurado. Há a plurissignificação, ou seja, a significação é ampliada ou modificada subjetivamente e o sentido é entendido ou esclarecido pelo contexto. Ex.: coração seco (vazio, triste, sem esperança).
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Atende ao Objetivo 1 Agora, responda: a. Observe as palavras do Texto 1 e responda: Qual o tipo de linguagem que o autor usou nesse texto? Denotativa ou conotativa? Por quê?
b. No Texto 2, você percebeu que algumas expressões não são usadas no sentido
Aula 2 • Os diferentes sentidos das palavras
ATIVIDADE 1
literal. O autor criou imagens com essas palavras para produzir o efeito que desejava. É o que você pode observar na frase “há muito o meu coração está seco.’’ Explique.
c. Você já descobriu que a linguagem utilizada no Texto 1 é diferente da linguagem empregada no Texto 2. Qual seria a finalidade de cada um dos textos?
Agora que já percorremos a questão do sentido das palavras, que tal aprender um pouco mais sobre esse assunto?
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
NÃO CAIA NA ARMADILHA! Você sabe a diferença entre ratificar e retificar? Eu assobio ou eu asssovio? O político corrupto deve ser cassado ou caçado? A lâmpada é fluorescente ou florescente? Devemos descrever ou discrever o filme? O peão vai colocar a sela ou a cela no cavalo? O sapateiro vai consertar ou concertar o calçado? A discriminação ou a descriminação é considerada crime? Muito bem! Espero que você tenha vencido este desafio. Como certamente percebeu, há palavras que apresentam duas formas diferentes de grafia, ambas aceitas pela norma culta. Elas recebem o nome de formas variantes. Vamos conhecer algumas? Assobiar / assoviar
Cota / quota
Cãibra / câimbra
Cotidiano / quotidiano
Caráter / carácter
Percentagem / porcentagem
Catorze / quatorze
Seção / secção
Cociente / quociente
Taverna / taberna
Contato / contacto
Toucinho / toicinho
Temos, também, palavras que são parecidas na grafia ou na pronúncia, mas com significados bem diferentes. São chamadas de parônimos. Veja os exemplos a seguir:
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Absolver (perdoar)
Absorver (aspirar, sorver)
Arrear (pôr arreios)
Arriar (descer, cair)
Cavaleiro (que cavalga)
Cavalheiro (homem cortês)
Comprimento (extensão)
Cumprimento (saudação)
Descrição (ato de descrever)
Discrição (reserva, prudência)
Descriminar (tirar a culpa)
Discriminar (distinguir)
Despensa (lugar para guardar comida)
Dispensa (liberação)
Eminente (elevado)
Iminente (prestes a ocorrer)
Flagrante (surpreendido enquanto pratica o ato)
Fragrante (perfumado)
Infringir (burlar, desobedecer)
Infligir (castigar)
Ratificar (confirmar)
Retificar (corrigir)
Tráfego (trânsito)
Tráfico (comércio ilegal)
Aula 2 • Os diferentes sentidos das palavras
Pode acontecer, também, de encontrarmos palavras que têm a mesma pronúncia, mas com grafia e significado diferentes. São chamadas de homônimos. Aqui estão alguns exemplos: Acender (pôr fogo)
Ascender (subir)
Acento (sinal gráfico)
Assento (lugar de assentar)
Apreçar (verificar o preço)
Apressar (tornar rápido)
Bucho (estômago)
Buxo (arbusto)
Cela (pequeno quarto)
Sela (arreio)
Censo (recenseamento)
Senso (juízo)
Cerrar (fechar)
Serrar (cortar)
Chá (bebida)
Xá (antigo soberano do Irã)
Cheque (ordem de pagamento)
Xeque (lance do jogo de xadrez)
Concertar (ajustar, combinar)
Consertar (corrigir, reparar)
Coser (costurar)
Cozer (preparar alimentos)
Sessão (reunião, exibição)
Seção (repartição)
Tachar (bater pregos)
Taxar (cobrar)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
SAIBA MAIS... Para não confundir... As palavras que possuem igualdade fonética ou gráfica são chamadas de homônimos. Podem ser chamadas de homônimos perfeitos quando a grafia e a pronúncia são iguais, mas com significados diferentes. Observe os exemplos: – Este morro não é muito alto. – Se me faltar o ar, eu morro. Podem, ainda, ser classificadas em homógrafas ou homófonas. – Homógrafas: são palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia e no significado. Ex.: apoio (substantivo) e apóio (verbo). – Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita e no significado. Ex.: caçar (perseguir animais) e cassar (anular).
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Atende aos Objetivos 2 e 3 1. Nas frases a seguir, coloque CERTO ou ERRADO: a. O supervisor discriminou o empregado da acusação de roubo. (
)
b. É preciso não perder o senso num momento como esse.(
)
c. Você gostaria de ir a um conserto comigo no sábado? (
)
d. O ladrão foi pego em fragrante pelo responsável pela segurança.( e. Meus cumprimentos pela formatura de seu filho. (
)
)
2. Consulte as listas de palavras homônimas e parônimas. Depois, leia o texto e
Aula 2 • Os diferentes sentidos das palavras
ATIVIDADE 2
complete as lacunas corretamente de acordo com as opções. Ontem tive um dia cheio! Acordei cedo e fui para o trabalho, mas o ___________ (tráfico / tráfego) estava intenso e eu acabei chegando atrasada. Como era aniversário do nosso chefe, o pessoal da minha ________________ (seção / sessão) se reuniu para fazer uma festinha surpresa. Eu fiquei encarregada de levar o bolo, mas como sou uma péssima cozinheira, a massa não ficou _____________ (cozida / cosida) o suficiente e o bolo ficou horrível! Foi uma pena, mas o dia seguiu normalmente, com muito trabalho e muitos relatórios para_______________ (concertar / consertar). Ao final do expediente, eu estava tão estressada que resolvi ir ao cinema para me distrair um pouco e acabei pegando uma _______________ (sessão / seção) do filme “Tropa de elite”. Ao entrar no cinema e escolher um lugar para sentar, senti algo molhado na minha calça jeans: alguém tinha jogado um picolé naquele _______________ (acento / assento). Saí___________ (apressada / apreçada) para o banheiro para resolver essa situação, e quando voltei para a sala do cinema, as portas já estavam __________ ___ (serradas / cerradas), a luz já estava apagada e o filme já tinha começado... E eu perdi o início! Sentei em outro lugar para assistir ao resto do filme... E adorei!
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Depois do cinema, resolvi parar em uma lanchonete perto da minha casa para fazer uma boquinha... Estava morrendo de fome e fiz vários pedidos; era comida para um batalhão, mas a fome era tanta que esqueci o bom ____________ (senso / censo) e de perguntar se lá aceitavam ______________ (cheque / xeque). Resultado: terminei a noite mais cansada ainda. Cheguei em casa mais tarde, depois de ter que lavar uma pilha de louça na lanchonete, para pagar a conta.
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• Denotação: sentido literal, objetivo da palavra. • Conotação: sentido figurado, ampliado ou modificado subjetivamente; que depende do contexto. • Homônimos: palavras com mesmo som e/ou grafia. • Palavras homógrafas: iguais na escrita; diferentes na pronúncia e no significado. • Palavras homófonas: iguais na pronúncia; diferentes na escrita e no significado.
Aula 2 • Os diferentes sentidos das palavras
RESUMINDO...
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA Você verificou que uma palavra pode ter uma significação obje-tiva ou sugerir outras interpretações, dependendo do contexto em que se encontra. Aprendeu, também, que existem palavras que podem ter a mesma pronúncia, mas ser escritas de formas diferentes, e que pode, ainda, acontecer o contrário: palavras serem pronunciadas de formas diferentes mas terem a mesma grafia (escrita). Na próxima aula, você vai conhecer a estrutura de um texto, o que vai permitir que se comunique melhor por meio da língua escrita. Animado? Então, até lá.
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
a. Linguagem denotativa, porque o autor usou as palavras em sentido literal, original. b. O Texto 2 pertence ao gênero poético e, por isso, é escrito em linguagem conotativa. A expressão “coração seco” está sendo usada para transmitir os sentimentos do autor da poesia, e podemos interpretá-la como “coração vazio, triste, sem esperança”.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
c. O Texto 1, expresso em linguagem denotativa, tem a intenção de transmitir informações, notícias e usa palavras em sentido comum, objetivo. O Texto 2, expresso em linguagem conotativa, quer transmitir as impressões do autor acerca de um sentimento, uma opinião subjetiva, usando as palavras em sentido figurado. ATIVIDADE 2
1. a. errado b. certo c. errado d. errado e. certo 2. tráfego – seção – cozida – consertar – sessão – assento – apressada – cerradas – senso – cheque.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa para concursos, vestibulares ENEM, colégios técnicos e militares. 4ª ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2003. AMARAL, Emília. et alii. Novas palavras: língua portuguesa: ensino médio. 2ª ed. renov. São Paulo: Ed. FTD, 2005. Coleção Novas Palavras.
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Foto: Alesia17
Produção de texto
Fonte: www.sxc.hu
Teresa Videira Rocha de Souza Maria Elizabeth Rodrigues Regina Lúcia Meirelles Beghelli
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
OBJETIVOS
Apresentar os principais elementos de textualidade e as articulações necessárias à produção de um bom texto. Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. identificar os principais elementos da textualidade; 2. distinguir os problemas relativos aos três elementos da textualidade; 3. diferenciar os conceitos de frase, oração, período e parágrafo.
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Aula 3 • Produção de texto
PARA QUE SERVE A LÍNGUA? Para a comunicação entre as pessoas. Para a expressão das idéias e sentimentos das pessoas. Para a construção moral do mundo. Pretensioso demais o terceiro objetivo dessa “ferramenta”? A língua, o idioma, é ferramenta que começamos a adquirir no primeiro ano de vida e que nos garante, no decorrer dela, conquistas tão distintas quanto diplomas e títulos, aprovações em concursos públicos, escrever e contar histórias, fazer inimigos e conquistar amores (...). (RODRIGUES, Sônia. Planejamento e elaboração de material didático impresso para Educação a Distância.)
Dave di Biasi
Luiz Baltar
Mary Grober
Lynsey O’Donnell
E então, preparado para mais uma aula?
Fonte: www.sxc.hu
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Nesta aula, vamos tratar de um assunto muito importante: a produção
Ao contrário do conceito de subjetividade, aprendido na aula anterior, essa palavra significa a existência real do que se pensou, uma tendência a julgar pelos fatos, sem que haja a influência de idéias ou sentimentos particulares.
de textos. Se você quer e precisa aprender a escrever corretamente, de forma a transmitir sua mensagem com clareza e
não
se esqueça de que para escrever bem é necessário prestar atenção na situação comunicacional em que se está inserido e escrever levando em consideração o INTERLOCUTOR.
OS ELEMENTOS DA TEXTUALIDADE
INTERLOCUTOR Lembrando o que você aprendeu na Aula 1, interlocutor é aquele que recebe a mensagem enviada pelo locutor. Nesse contexto, podemos chamar de locutor aquele que irá escrever o texto e de interlocutor aquele que irá ler o texto.
Fonte: www.sxc.hu
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OBJETIVIDADE,
Carlos Paes
OBJETIVIDADE
Aula 3 • Produção de texto
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Mas não é só isso! Para escrever bem, também é necessário conhecer alguns elementos da textualidade, como coerência, coesão e clareza. Vamos lá? Coesão textual: é um dos principais elementos da textualidade. São as articulações sintáticas e gramaticais entre as partes que compõem o texto, para evitar, sobretudo, a redundância e a ambigüidade e garantir a seqüência lógica. Observe as frases: “Este mês ganhei um brinde grátis pela assinatura de uma revista.” “Michele telefonou para Rodrigo e avisou-lhe que sua amiga ia chegar naquela semana.” Percebeu o problema? Na primeira frase, a expressão brinde grátis se constitui como uma redundância, já que o significado da palavra brinde passa a idéia de presente, de algo que se ganha. Portanto, essa repetição de termos com significados semelhantes (redundância) é desnecessária e compromete a comunicação. Na segunda frase, a coesão ficou prejudicada por causa da ambigüidade que significa a percepção de duplo sentido em uma mesma palavra ou expressão. Não sabemos se a pessoa que vai chegar é amiga da Michele ou do Rodrigo. Clareza textual: resulta na elaboração do texto de forma organizada, bem estruturada, sem contradição de idéias, para que o leitor possa compreender a mensagem. Ao escrever um texto, devem-se evitar, portanto, os períodos muito longos, a repetição de termos, o uso de um vocabulário rebuscado e obscuro e uma pontuação inadequada. Sua principal função é organizar internamente o texto de forma harmônica, sem contradição de idéias e sem dupla interpretação, para que o receptor possa compreender a mensagem no contexto estabelecido pelo emissor. Você vai encontrar exemplos desse elemento da textualidade na frase a seguir:
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a professora vai pedir na prova que ela vai aplicar e que deve estar difícil.” Você observou que a repetição da palavra que quebra o ritmo natural do texto e prejudica a sua clareza.
Aula 3 • Produção de texto
“Papai me disse que eu tinha que estudar porque eu não sei o que
Coerência textual: resulta da relação harmoniosa, da boa articulação entre as idéias apresentadas num texto, assim como da seqüência lógica. Observe as frases: “Adorei o jogo da seleção brasileira de vôlei, por isso vamos comemorar.” “Adorei o jogo da seleção brasileira de vôlei. Perdemos de três a um.” A segunda frase aparentemente traz uma incoerência, uma contradição, pois pressupomos que nenhum brasileiro ficaria contente com a derrota de sua equipe. Quanto à intenção que todo texto deve revelar, vamos agora nos apropriar mais dos elementos da textualidade e ver quais são, como funcionam e se o uso correto pode mesmo facilitar a comunicação. Para isso, leia os textos a seguir, antes de começar a primeira atividade. Texto 1 Além de ler muito, o jovem precisa ampliar seu vocabulário. Hoje, a imagem sobrepõe-se à palavra. Esta geração, que domina tão bem o computador, precisa buscar a palavra. Também é importante raciocinar sobre o que foi lido, desconfiar daquilo e tentar novas conclusões. (MONTELLO, 1985)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Texto 2 O filme de Padilha embute um enigma. Se o Bope, a tropa de elite da PM do Rio, é tão bom como ali é retratado, como é que o tráfico nas favelas ainda não foi eliminado? Resposta: o Bope pode até ser melhor ainda do que no filme; a questão é o inimigo que tem diante de si. O inimigo não é o traficante. Ou melhor, só é o traficante na aparência. Inimigos de verdade são duas entidades muito mais difíceis de combater: os valores sociais e as leis econômicas. Em decisivos setores da sociedade ocidental, a brasileira inclusive, há muito a droga é tão aceita quanto os bombons. É admitida em ambientes de fino trato, em que circulam os ricos, os intelectuais e os artistas, e está fortemente implantada na cultura pop, tão influente entre os jovens. Se a maior das condenações, que é a social, vacila, está garantida a formação de um forte mercado consumidor. Ora, não está ao alcance do Bope combater os valores vigentes, muito menos derrotar a lei da oferta e da procura. (TOLEDO, 2007)
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Atende ao Objetivo 1 No trecho a seguir, observamos a repetição da palavra inimigo. É claro, que há uma intencionalidade implícita na atitude do autor ao escolher esse recurso para destacar sua idéia. Você conseguiu percebê-la? Entretanto, sempre que possível, devemos evitar tal problema de coesão. Assim, tente reescrever o
Aula 3 • Produção de texto
ATIVIDADE 1
texto, substituindo essa palavra por outras semelhantes, contudo sem alterar seu sentido. “(...) a questão é o inimigo que tem diante de si. O inimigo não é o traficante. Ou melhor, só é o traficante na aparência. Inimigos de verdade são duas entidades muito mais difíceis de combater (...).”
Depois desses dois textos, voltemos à luta. Vamos respirar fundo e prosseguir. Veja bem que a redação de um bom texto depende da articulação de idéias, palavras e de todas as partes que o compõem, ou seja, da unidade textual que está presente quando trabalhamos adequadamente os três elementos da textualidade apresentados anteriormente.
ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 2 Leia os trechos a seguir e aponte os problemas relativos aos três elementos da textualidade que acabamos de aprender: ambigüidade, coesão e redundância. Depois, reescreva-os, fazendo as correções necessárias: a. “Atentas à importância da escrita, algumas empresas avaliam o nível do candidato durante o processo de seleção e escolha.” (Adaptado do jornal O Globo, 11 de agosto de 2002).
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
b. O médico examinou o cliente preocupado. c. Eu gosto muito de pudim muito quente, muito doce e muito cremoso. d. O moço que você viu disse que fez o que você pediu que ele fizesse. e. É preciso coragem. Encare as dificuldades de frente. f. O caso das provas desaparecidas chegou ao seu desenlace final.
ORGANIZAÇÃO TEXTUAL Ao trabalhar com o modo de ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA
A maneira como vamos organizar o discurso. Neste caso, o texto.
ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA,
você deve
estruturar cada parágrafo de modo que o leitor possa compreender a intenção do texto e identificar as características do
GÊNERO TEXTUAL
utilizado. Como todo texto revela uma intenção, espera-se que você identifique os dados relevantes e necessários à produção de texto, bem como observe o assunto a ser tratado. Agora que você já viu como se faz para escrever bem, vamos aprender
GÊNERO TEXTUAL O tipo de texto utilizado. Pode ser narrativo, descritivo ou dissertativo. Você vai ver um pouco mais sobre o assunto durante o nosso curso.
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um pouco mais sobre as partes que compõem um texto? Todo texto é formado por um conjunto de palavras que podem ser analisadas separadamente. É como brincar de quebra-cabeça; cada peça tem função e lugar definidos. É o que vamos fazer agora.
Aula 3 • Produção de texto
Leia atentamente os exemplos: a. Que sala suja! b. Proteja-se: sua segurança só depende de você! c. Cuidado! Você consegue perceber a intenção em cada um desses exemplos? Muito bem! É isso mesmo! Nos três casos, podemos dizer que há uma mensagem clara e de fácil entendimento. Vamos, então, apontar a diferença entre frase, oração, período e parágrafo. Frase: é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. Observe que não há relação entre a intenção pretendida e a quantidade de palavras que compõem a frase. No último exemplo (Cuidado!), apenas uma foi suficiente para que a mensagem fosse compreendida e a comunicação acontecesse. Assim, “Meu Deus!”, “Boa viagem” e “Alô” são frases, tanto quanto “Gostaria de saber a quantas anda o meu curso de segurança do trabalho.”
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Oração: é um enunciado construído em torno de um verbo. Ao contrário da frase, pode não ter sentido completo. Ex.: ...que você volte; esta situação exige cautela. Verbo: é a palavra que, por si, indica um fato (em geral, ação, estado ou fenômeno) e situa-se no tempo. Exs.: falar, chover, estar. Período: é a frase organizada em uma ou mais orações. Ex.: Proteja-se: sua segurança só depende de você! Parágrafo: é a unidade de composição formada por um ou mais períodos e trata de uma única idéia central. Ex.: Naquela região, chove diariamente. Por isso, o solo é pobre em nutrientes necessários ao bom desenvolvimento da agricultura. Sendo assim, todo o alimento deve vir de outros municípios, às vezes próximos, às vezes, nem tanto.
ATIVIDADE 3 Atende ao Objetivo 3 Identifique os trechos seguintes como frase, oração, período ou parágrafo. a. Socorro! ___________________________ b. Estamos com fome. ________________________ c. ...mas não estou disposta a... _________________ d. O Brasil do início do século XX mantém basicamente a mentalidade do final do século XIX, pós-republicana, positivista e liberal. Entretanto, um quadro político tenso põe em risco o poder das oligarquias civis, provenientes dos setores rurais. ___________________________________
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• Objetividade significa a existência real do que se pensou; uma tendência a julgar pelos fatos, sem que haja a influência de idéias ou sentimentos particulares. • Interlocutor é aquele que recebe a mensagem enviada pelo locutor. Nesse contexto, podemos chamar de locutor aquele que irá escrever o texto e de interlocutor aquele
Aula 3 • Produção de texto
RESUMINDO...
que irá ler o texto. • A coesão textual expressa-se pelas articulações sintáticas e gramaticais entre as partes que compõem o texto, para evitar, sobretudo, a redundância e a ambigüidade, garantindo a seqüência lógica. • A clareza textual resulta na elaboração do texto de forma organizada, bem estruturada, sem contradição de idéias, para que o leitor possa compreender a mensagem. • A coerência textual resulta da relação harmoniosa, da boa articulação entre as idéias apresentadas num texto, assim como da seqüência lógica. • A organização discursiva é a maneira como vamos organizar o discurso. Neste caso, o texto. • O gênero textual classifica o tipo de texto, que pode ser narrativo, descritivo ou dissertativo. • Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. • Oração é um enunciado construído em torno de um verbo. • Período é a frase organizada em uma ou mais orações. • Parágrafo é a unidade de composição formada por um ou mais períodos, tratando de uma única idéia central.
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA Bem, queremos terminar esta aula com um desafio: você sabe reconhecer as principais características dos diversos gêneros textuais? O que podemos encontrar num texto descritivo? E em um texto dissertativo? Ficou curioso? Então, siga em frente e nos encontre na próxima aula.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
(...) a questão é o inimigo que tem diante de si. Ele não é o traficante. Ou melhor, só é o traficante na aparência. Adversários de verdade são duas entidades muito mais difíceis de combater (...). ATIVIDADE 2
a. “Atentas à importância da escrita, algumas empresas avaliam o nível do candidato durante o processo de seleção e escolha.” (Adaptado do jornal O Globo, 11 de agosto de 2002). Redundância. Atentas à importância da escrita, algumas empresas avaliam o nível do candidato durante o processo de seleção. b. O médico examinou o cliente preocupado. Ambigüidade. Preocupado, o médico examinou o cliente. c. Eu gosto muito de pudim muito quente, muito doce e muito cremoso. Falta de coesão por repetição. Eu adoro pudim bem quente, doce e cremoso. d. O moço que você viu disse que fez o que você pediu que ele fizesse. Falta de coesão por repetição. O moço que você viu fez o que lhe foi pedido. e. É preciso coragem. Encare as dificuldades de frente. Redundância. É preciso coragem. Encare as dificuldades. f. O caso das provas desaparecidas chegou ao seu desenlace final. Redundância. O caso das provas desaparecidas chegou ao seu final. Ou O caso das provas desaparecidas chegou ao seu desenlace. ATIVIDADE 3
a. frase b. frase, oração e período c. oração d. parágrafo
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ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares. São Paulo: Saraiva, 2003. AMARAL, Emília. Novas palavras: língua portuguesa: ensino médio. São Paulo: FTD, 2005.
Aula 3 • Produção de texto
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MONTELLO, Josué. Os tambores de São Luis. 6.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. NICOLA, José de. Práticas de linguagem: leitura & produção de textos. São Paulo: Scipione, 2000. v. 4. TOLEDO, Roberto Pompeu de. O inimigo que nem o Bope encara. Veja, São Paulo, 24 out. 2007.
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Estrutura do texto Teresa Videira Rocha de Souza Maria Elizabeth Rodrigues Regina Lúcia Meirelles Beghelli
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
Abordar os modos básicos de organização de um texto: narração, descrição e dissertação e apresentar a técnica do resumo e da resenha.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. reconhecer os modos básicos de organização de textos; 2. identificar trechos narrativos, descritivos e dissertativos em textos lidos; 3. diferenciar resumo e resenha.
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Aula 4 • Estrutura do texto
LER É VIVER... Vamos começar nossa aula destacando a importância da leitura na vida de todo cidadão. Leia, atenciosamente, o trecho a seguir.
(...) A leitura e a escrita são o mais poderoso meio de comunicação, que permite entender e apreciar as idéias dos outros e expressar as suas, mostrar o que se sabe, o que se quer dizer para o resto do mundo e o que os outros estão lhe transmitindo ou expressando, isso também ajuda o indivíduo a se integrar no mundo de um modo igualitário e justo, exatamente como Paulo Freire pregou como educador. Uma pessoa que lê e escreve muito possui um cérebro mais “desenvolvido”, em questão de ter idéias rápidas, saber falar e se expressar melhor (...)
(PRADO, André R. do. A importância de saber ler e escrever para Paulo Freire.)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
GÊNEROS TEXTUAIS Vamos tratar agora dos vários tipos de textos que podemos encontrar. Há três modos básicos de se organizar um texto. São eles: o narrativo, o descritivo e o dissertativo. Todo texto é apresentado por um “eu” que não tem existência real e, para cada modo de organização textual, existe uma entidade diferente. Acompanhe o quadro a seguir:
NARRAÇÃO
DESCRIÇÃO
DISSERTAÇÃO
Quem “fala”
narrador
observador
argumentador
Conteúdo
ações,
seres, objetos,
opiniões,
acontecimentos
cenas, processos
argumentos
relatar
identificar,
discutir, expor,
localizar,
informar
Objetivo
qualificar.
ATENÇÃO Para você lembrar... Não existem textos exclusivamente narrativos, descritivos ou dissertativos. Freqüentemente, eles se misturam. O que vai permitir classificar um texto é a predominância de um dos três modos de organização sobre os demais.
Vamos ver isso na prática? Leia, cuidadosamente, cada um dos textos seguintes.
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Aula 4 • Estrutura do texto
Texto 1 Quarta aventura marítima Quando eu ainda estava a serviço da Turquia, divertia-me freqüentemente indo passear em meu iate de recreio no mar de Mármara, de onde se descortina uma vista magnífica de Constantinopla e do Serralho do Grão Senhor. Certa manhã contemplava eu a beleza e a serenidade do céu quando avistei no ar um objeto redondo, mais ou menos do tamanho de uma bola de bilhar, do qual parecia pender alguma coisa. Tomei imediatamente da maior e mais comprida das minhas carabinas, sem as quais nunca saio nem viajo. Carreguei-a com uma bala e atirei no objeto redondo, mas não o atingi. Pus então carga dupla: não tive melhor sorte. Afinal, da terceira vez, mandei-lhe três ou quatro balas, que lhe abriram um buraco no flanco, pondo-o abaixo. do
TOESAS
meu barco, um carrinho dourado, suspenso a um enorme balão,
Antiga medida francesa que equivale a seis pés.
Imaginai meu espanto quando vi cair, a apenas duas maior que a
CÚPULA
mais
PORTENTOSA.
TOESAS
No carrinho encontrava-se
um homem, e junto a ele uma metade de carneiro assado. Refeito da surpresa inicial, formei com meu pessoal um círculo em redor daquela coisa bizarra. O homem, que me pareceu francês, – e com efeito o era, – trazia no bolso do colete dois belos relógios com berloques, sobre os
CÚPULA Cobertura abobadada, em forma de taça, com a abertura virada para baixo.
quais estavam pintados retratos de gentis-homens e grandes damas. [...] A rapidez da queda o aturdiu a tal ponto que levou algum tempo
PORTENTOSA
para poder falar. Acabou, no entanto, recuperando-se e contou
Proveniente da palavra portento. Significa coisa ou sucesso estupendo, maravilhoso; coisa rara, maravilha.
o seguinte: – Não tive, é verdade, bastante cabeça nem bastante ciência para conceber essa maneira de viajar, mas fui o primeiro a ter a idéia de usá-la para humilhar os equilibristas de corda e os salteadores ordinários, subindo ainda mais alto que eles. A sete ou oito dias, – não sei ao certo, pois perdi a noção do tempo,
INCOMENSURÁVEL
– fiz uma ascensão na ponta de Cornualha, na Inglaterra, levando
Que não tem medida comum com outra grandeza; imenso, desmedido.
comigo um carneiro com o fito de jogá-lo lá de cima, para divertir os espectadores. Por desgraça, o vento virou [...], empurrou-me para o mar, sobre o qual flutuei um tempo enorme, a uma altura incomensurável. [...] (BURGUER, 1990)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Agora, pense um pouco: você é capaz de apontar o objetivo desse texto? É relatar, descrever ou argumentar? Por quê? O texto “Quarta Aventura Marítima” é narrativo, porque narra uma história vivida por determinadas personagens. Essa história ocorre em tempo e lugar definidos no texto. Um narrador conta a história. Há trechos descritivos no texto, mas eles servem apenas para que o leitor possa visualizar melhor os acontecimentos apresentados. Texto 2 O sorvete Quando chegamos ao colégio, em 1916, a cidade teria apenas cinqüenta mil habitantes, com uma confeitaria na rua principal, e outra na avenida que cortava essa rua. Alguns cafés completavam o equipamento urbano em matéria de casas públicas de consumação e conversa, não falando no espantoso número de botequins, consolo de pobre. As ruas do centro eram ocupadas pelo comércio de armarinho, ainda na forma tradicional do salão dividido em dois, fregueses de um lado, CAIXEIROS e MERCADORES do
CAIXEIROS Empregado que tem a seu cargo as vendas a varejo em uma casa comercial; empregado que entrega em domicílio as mercadorias compradas nos armazéns.
outro; alfaiates, OURIVESARIAS de uma só porta, agências de loteria que eram ao mesmo tempo ponto de venda de jornais do Rio e ostentavam cadeiras de engraxate. Um comércio miúdo, para a clientela de funcionários estaduais, estudantes, gente do interior que vinha visitar a capital e com pouco se deslumbrava. [...] (ANDRADE, 1998, p. 10)
Você pode afirmar que esse é um texto descritivo? MERCADORES Aqueles que compram para vender a varejo; negociantes de panos; comerciantes.
O texto é descritivo, porque apresenta um observador. O olhar desse observador pode ser objetivo ou subjetivo, profundo ou superficial. Uma pessoa do século I e uma do século XXI, por exemplo, observariam, de forma totalmente diferente, um mesmo fenômeno. A descrição, em geral, aparece em um texto narrativo ou dissertativo. Toda descrição tem um tema-núcleo, que pode ser um objeto, um ser animado (aquele
OURIVESARIA Estabelecimento, loja ou oficina de ourives, ou seja, aquele que trabalha o ouro.
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que é capaz de realizar ações), inanimado (que não realiza ações, que não tem vida) ou mesmo um processo. Ficou mais claro?
Aula 4 • Estrutura do texto
Texto 3 O que é Segurança do Trabalho? Segurança do trabalho pode ser entendida como o conjunto de medidas que são adotadas em empresas, visando a minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de atuação do trabalhador.
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Fonte: www.sxc.hu
A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos.
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Foto: Daniel Wildman
e-Tec Brasil – Português Instrumental
Fonte: www.sxc.hu
O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõese de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Esses profissionais formam o que chamamos de Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT. Também os empregados da empresa constituem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
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Foto: Stephen Stacey
Aula 4 • Estrutura do texto
Fonte: www.sxc.hu
A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, Normas Regulamentadoras Rurais, outras e também as
PORTARIA
convenções Internacionais da Organização Internacional do
Documento oficial e administrativo, proveniente de Ministérios ou Secretarias de Estado e destinado a uma repartição ou a um indivíduo com assinatura de ministro ou secretário em nome do Chefe de Estado.
leis complementares, como
PORTARIAS
e
DECRETOS
Trabalho, ratificadas pelo Brasil. (grifo nosso) (Disponível em: www.segurancaetrabalho.com.br)
Você pôde concluir, após a leitura do texto, que nele predomina a dissertação. O autor defende seu ponto de vista por meio de uma seqüência de argumentações, com o objetivo de convencer o leitor de sua tese, de sua idéia. O tema pode ser desenvolvido na primeira ou na terceira pessoa. Lembre-se de que o texto dissertativo apresenta três partes principais: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Introdução: É o parágrafo que apresenta o assunto que será tratado no texto. No exemplo anterior, o autor introduz o conceito de Segurança do Trabalho. Desenvolvimento: São os parágrafos que desenvolvem o tema apresentado na introdução.
DECRETO Determinação escrita, elaborada por uma autoridade superior, ou do poder executivo, sobre um determinado assunto; ordenação com força de lei, não votada pelo parlamento.
Conclusão: Geralmente vem no último parágrafo e resume o tema discutido. No texto em questão, temos uma síntese de como as leis de Segurança do Trabalho são organizadas no nosso país. 73
e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 1 Atende aos Objetivos 1 e 2 Leia os trechos a seguir e diga se neles predomina a narração, a descrição ou a dissertação: Trecho 1: – Vou mostrar o quarto, fica no sótão – disse ela em meio de um acesso de tosse. Fez um sinal para que a seguíssemos. (...) Acendeu a luz. O quarto não podia ser menor, com o teto em declive tão acentuado que nesse trecho teríamos que entrar de gatinhas. Duas camas, dois armários, uma mesa e uma cadeira de palhinha pintada de dourado. (TELLES, Lígia Fagundes. As formigas.)
Trecho 2: Depois de muito tempo de pescaria sem nenhum resultado, os pescadores se lastimavam, sentados num barco e pediram ajuda a Zeus. Logo a seguir, um atum, que havia sido perseguido por eles, mas que havia conseguido escapar, lançou-se dentro do barco. Os pescadores o pegaram, levaram-no à cidade e o venderam. (ESOPO, 1994)
Trecho 3: A internet no Brasil está muito longe de esgotar seu potencial. Pesquisas indicam que o universo de usuários gira em torno de 5 milhões de pessoas, uma fatia ainda pequena dos 160 milhões de brasileiros. Mesmo sabendo que existem obstáculos ao crescimento – como o padrão de educação e o nível de renda –, não chega a ser um sonho prever que, em horizonte não muito distante, o número de internautas pode crescer para cerca de 10% da população. [...] (Correção de rota. O Globo, 9/6/1999)
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Aula 4 • Estrutura do texto
PROSA E POESIA Você aprendeu os três modos básicos de organização do texto: a narração, a descrição e a dissertação. É importante observar que esses modos podem se apresentar tanto na forma de prosa quanto na forma de poesia. A primeira caracteriza-se pela apresentação do texto em linhas contínuas organizadas em seqüência, com parágrafo e pontuação. Já a poesia, em geral, é constituída por
VERSOS
e
ESTROFES.
Veja os exemplos
VERSOS Cada linha de um poema, apresentando um certo padrão rítmico e melódico.
a seguir: Prosa: O furto da flor Furtei uma flor naquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
ESTROFES Cada conjunto de versos.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.[...] (ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos Plausíveis)
Poesia: Jogos florais Minha terra tem palmeiras onde canta o tico-tico. enquanto isso o sabiá vive comendo o meu fubá.
Ficou moderno o Brasil ficou moderno o milagre: a água já não vira vinho, vira direto vinagre. (Cacaso)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
TÉCNICAS DE REDAÇÃO: RESUMO E RESENHA O resumo e a resenha são formas textuais muito importantes. É necessário que o aluno domine bem a técnica de produção desses dois modelos de textos, especialmente nas atividades escolares. Seguem algumas dicas que irão ajudar você a produzir corretamente resumos e resenhas. COMO RESUMIR UM TEXTO Ler não é apenas passar os olhos no texto. É preciso saber tirar dele o que é mais importante, facilitando o trabalho da memória. Saber resumir as idéias expressas em um texto não é difícil. Resumir um texto é reproduzir com poucas palavras aquilo que o autor disse. Num resumo, não se devem comentar as idéias do autor. Deve-se registrar apenas o que ele escreveu sem usar expressões como “segundo o autor”, “o autor afirmou que”. Assim, para se realizar um bom resumo, você deve, primeiramente, ler todo o texto para descobrir o assunto principal; sublinhar frases ou palavras importantes; desconsiderar os exemplos e detalhes que não sejam importantes. Para que você possa entender melhor, vamos apresentar um parágrafo de um texto e o resumo correspondente. Assim, vejamos: Texto: Pesquisadores da Universidade McGill, de Montreal (Canadá), concluíram que o excesso de um hormônio produzido pelo organismo em situações de estresse pode diminuir o tamanho de parte do cérebro, além de afetar a memória das pessoas idosas. Os resultados da pesquisa foram publicados no mais recente número da revista Nature Neuroscience. Os cientistas, no entanto, advertem que isso não significa que viver uma vida estressante possa causar seqüelas mentais.
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Recentes pesquisas realizadas por cientistas canadenses revelaram que o excesso de um hormônio ligado ao estresse pode causar Foto: Lynsey O’Donnell
diminuição do cérebro e afetar a memória.
Aula 4 • Estrutura do texto
Resumo:
Fonte: www.sxc.hu
COMO FAZER UMA RESENHA É comum se ver, em jornais e revistas, informações resumidas sobre um determinado filme, livro, disco, show, peça teatral ou algum acontecimento importante do ponto de vista artístico ou científico. Chama-se resenha esse tipo de texto em que o autor informa, ao descrever o objeto de interesse público, ou ainda, faz uma análise pessoal do assunto. Na resenha descritiva, há somente informações sobre um filme (nome do filme, seu diretor e produtor, atores, procedência, gênero etc.) e, em seguida, aparece um resumo do enredo do filme. Na resenha crítica, há, além desses dados, opiniões e comentários do autor. Observe as resenhas a seguir:
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Exemplo 1: Resenha crítica Ensaio: Roberto Pompeu de Toledo O inimigo que nem o Bope encara Quando o verdadeiro problema são os valores sociais e as leis econômicas, o traficante é o de menos.
A maior novidade, e o maior mérito, do filme Tropa de Elite é trazer a figura do consumidor para o centro do problema das drogas e, por conseqüência, da criminalidade, quetem na droga sua maior e mais devastadora causa. Não é só na Zona Sul do Rio de Janeiro que o consumidor tem sido historicamente tratado como a parte mais fraca (coitado, é um viciado) ou inocente (coitado, ele só quer se divertir) do problema. Essa é uma crença que dá volta ao mundo e tem seu epicentro, como quase tudo, no lugar onde as coisas são decididas WASHINGTON
– WASHINGTON. Desde que despertaram para o problema das drogas,
Cidade sede do governo dos Estados Unidos da América do Norte.
sucessivos governos americanos têm dedicado a parte do leão de seus programas, seu dinheiro e suas energias a coibir o tráfico, isto é, o lado da oferta. Ao lado da demanda sobra atenção desprezível, em comparação.
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ENTRONIZAÇÃO, ESTIGMATIZA
no imaginário americano, de um
ESTEREÓTIPO
que
todo o subcontinente latino-americano – o do traficante
bigodudo, de
TEZ
morena e fala castelhana que desencaminha os
ENTRONIZAÇÃO Ato ou efeito de glorificar ou de elevar à suprema dignidade.
inocentes rapazes e moças do lado bom das Américas. Não que os traficantes não sejam bandidos. Os rapazes e moças é que não são tão inocentes. [...] (TOLEDO, 2007, p. 150)
MULTIMÍDIA Que tal uma sessão pipoca? Para entender melhor a resenha que você acabou de ler, assista ao
ESTEREÓTIPO
Aula 4 • Estrutura do texto
Um dos subprodutos desse modo de enfrentar a questão foi a
Imagem mental padronizada lida coletivamente por um grupo; idéia ou convicção classificatória preconcebida sobre alguém ou algo, resultante de expectativa, hábitos de julgamento ou falsas generalizações.
filme Tropa de Elite.
ESTIGMATIZAR Exemplo 2: Resenha descritiva
Censurar; marcar com sinais de infâmia.
Livros Eric Clapton: a Autobiografia (Tradução de Lúcia Brito. Ed. Planeta; 400 páginas; R$ 44,90) Autobiografia do cantor. Discorre sobre música e centra o foco temático em suas relações pessoais, com mulheres e drogas.
TEZ A epiderme do rosto, cútis; a pele mais exterior, mais fina e mais sutil.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 3 Reconheça se as características a seguir se referem à resenha ou ao resumo: a. Além das informações, há opiniões e comentários do autor. b. Há uma análise pessoal do assunto.
c. Deve-se desconsiderar exemplos que não são importantes.
d. Reproduzir, com poucas palavras, aquilo que o autor disse.
e. Pode ser descritiva ou crítica.
f. Não se devem comentar as idéias do autor.
g. Deve-se registrar apenas o que o autor escreveu.
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA Bem, chegamos ao final de mais uma aula. Espero que os textos apresentados tenham despertado em você a curiosidade e o gosto pela leitura. Tenha sempre em mente que esse é o melhor caminho para aprimorar seus conhecimentos. Por falar em conhecimentos, você sabe a diferença entre sons e sinais gráficos? Letra e fonema? Não? Então, vamos aprender? Não perca a próxima aula.
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Os gêneros textuais são: NARRAÇÃO
DESCRIÇÃO
DISSERTAÇÃO
Quem “fala”
narrador
observador
argumentador
Conteúdo
ações,
seres, objetos,
opiniões,
acontecimentos
cenas, processos
argumentos
Objetivo
relatar
identificar,
discutir, expor,
localizar,
informar
Aula 4 • Estrutura do texto
RESUMINDO...
qualificar
• As partes que compõem um texto são: Introdução: Parágrafo que apresenta o assunto a ser tratado no texto. Desenvolvimento: Parágrafos que desenvolvem o tema apresentado na introdução. Conclusão: Geralmente vem no último parágrafo e resume o tema discutido. • Quanto à forma em que estão escritos, os textos podem ser em: Prosa: Apresentação do texto em linhas contínuas e organizadas em seqüência, com parágrafos e pontuação. Poesia: Texto constituído por versos e estrofes. Verso: Cada linha de um poema, apresentando um certo padrão rítmico e melódico. Estrofe: cada conjunto de versos. • Resumo e resenha são técnicas importantes de redação: Resumo: Reprodução, com poucas palavras, do que o autor disse. Resenha: Tipo de texto em que o autor informa, ao descrever o objeto de interesse público, ou ainda faz uma análise pessoal do assunto.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
Trecho 1 – descrição Trecho 2 – narração Trecho 3 – dissertação ATIVIDADE 2
a. resenha
d. resumo
b. resenha
e. resenha
c. resumo
f. resumo
g. resumo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares. São Paulo: Saraiva, 2003. AMARAL, Emília. Novas palavras: língua portuguesa: ensino médio. São Paulo: FTD, 2005. ANDRADE, Carlos Drummond de. O sorvete e outras histórias. São Paulo: Editora Ática, 1998. p. 10. BURGUER, G. A. Aventuras do Barão de Münchhausen. Belo Horizonte: Villa Rica, 1990. CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em Construção. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2001. DE NICOLA, José. Práticas de linguagem: leitura & produção de textos. São Paulo: Scipione, 2000. v. 4. ESOPO. Fábulas completas. Tradução de Neide Smolka. São Paulo: Moderna, 1994. p. 124. TOLEDO, Roberto Pompeu de. O inimigo que nem o Bope encara. Veja, São Paulo, 24 out. 2007.
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Foto: Sanchi Ghodke
Aspectos fonológicos
Fonte: www.sxc.hu
Teresa Videira Rocha de Souza Maria Elizabeth Rodrigues Regina Lúcia Meirelles Beghelli
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
Apresentar os aspectos fonológicos da língua.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. diferenciar letra e fonema; 2. separar as sílabas das palavras conforme a norma padrão.
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Aula 5 • Aspectos fonológicos
Caro aluno, este é o nosso quinto encontro. A essa altura, você já deve estar mais familiarizado com as propostas do curso em relação aos assuntos de nossa língua materna. Nesta aula, vamos aprender um pouco mais sobre as diferenças e as semelhanças entre os sons que emitimos e os sinais que representamos graficamente.
LETRAS E EXPRESSÕES Fonologia é o estudo dos fonemas de uma língua. Para que você possa entender o que isso quer dizer, vamos aprender a diferença entre fonema e letra. Não devemos confundir fonema com letra: Fonema à é uma unidade sonora – pertence à linguagem falada. Letra à é a representação gráfica do fonema – pertence à linguagem escrita. Por isso, nem sempre há, numa palavra, equivalência entre o número de fonemas e de letras. Observe os exemplos: C A N E T A à 6 fonemas e 6 letras C H A V E à 4 fonemas (o
DÍGRAFO
ch representa um único fonema)
e 5 letras S O C O R R O à 6 fonemas (o dígrafo rr representa um único fonema) e 7 letras T A M P A à 4 fonemas (o dígrafo am representa um único fonema:
DÍGRAFO É o grupo de duas letras que representam um só fonema. Pode ser: consonantal (ch, lh, nh, rr, ss, sc, sc, xc, gu, qu) ou vocálico (am, an, em, en, im, in, om, on, um, un).
a vogal nasal ã) e 5 letras Agora, é importante que você saiba que as letras também apresentam características próprias e que, por isso, foram agrupadas em três grupos diferentes, a saber:
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Vogais – são sons que, após se formarem nas cordas vocais, passam pela boca e chegam ao meio exterior sem sofrer nenhum tipo de interrupção em sua trajetória. São elas: a, e, i, o, u (e suas variações ã, é, í, õ, ó, ú). Exs.: ótimo / fez / já Semivogais – são os fonemas /i/ e /u/ quando aparecem ligados a uma vogal, formando sílaba com ela. Exs.: ameixa, e – vogal / i – semivogal; tesouro, o – vogal / u – semivogal. Consoantes – são os sons que se produzem quando a corrente de ar, vinda dos pulmões, é momentaneamente interrompida pela língua, pelos dentes ou lábios. São elas: b, c, d, f, g, h...
SAIBA MAIS... MAIS ... Lembretes importantes • A vogal é sempre a base sonora da sílaba; não existe sílaba sem vogal e nunca há mais de uma vogal em cada sílaba. • A semivogal é pronunciada mais “fracamente” que a vogal. • Os fonemas representados pelas letras i e u têm classificação variável: podem ser vogais ou semivogais, dependendo da sílaba em que aparecem. Ex.: cai-xi-nha.
ATIVIDADE 1 Atende ao Objetivo 1 Leia o texto que se segue: Antes eram 9 planetas e pronto. Só que, de uns anos para cá, intrusos com apelidos do naipe de Xena, Papai Noel e Coelhinho da Páscoa apareceram. Não é piada: esses são nomes provisórios de astros que têm tamanho
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deve haver um bocado de outros corpos assim nas fronteiras geladas do sistema solar. (Superinteressante, ed. 229, ago 2006. p. 23)
Quantas letras e quantos fonemas ocorrem nas palavras a seguir, retiradas do texto? a. antes –
Aula 5 • Aspectos fonológicos
comparável ao de Plutão, e que ninguém tinha detectado. Só que tem mais:
b. planetas – c. pronto – d. intrusos – e. haver –
SE-PA-RA-ÇÃO DE SÍLABAS Às vezes, quando estamos escrevendo um texto, o espaço destinado à escrita não nos permite a grafia completa da palavra. Também não é considerado correto desprezar tal espaço. Assim, é bom saber que existem normas fixas para se efetuar essa tarefa. Como você faria, por exemplo, a divisão silábica do vocábulo ortografia? Or-to-gra-fia ou or-to-gra-fi-a? Se você teve dúvidas, saiba que algumas palavras apresentam em sua formação a junção de duas ou mais vogais ou consoantes e que exigem, por isso, regras apropriadas para se efetuar a divisão corretamente. Antes, vejamos o conceito de hiato, ditongo e tritongo: Hiato – conjunto de duas vogais em contato, pertencendo cada uma a sílabas diferentes. Ex.: beato (be-a-to). Ditongo – encontro de uma vogal e uma semivogal na mesma sílaba. Ex.: areia (a-rei-a). Tritongo – encontro de uma vogal e duas semivogais na mesma sílaba. Ex.: iguais (i-guais).
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
E como você deve utilizar esses conceitos na prática? Aí vão algumas dicas importantes: Não se separam os ditongos e os tritongos. Exemplos: aurora
Uruguai
cadeira
au – ro – ra
U – ru – guai
ca – dei – ra
Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu. Exemplos: chegar
filho
manhã
che – gar
fi – lho
ma – nhã
foguete
equivalente
fo – gue – te
e – qui – va – len – te
Separam-se as vogais que formam os hiatos. Exemplos: saída
rainha
coordenação
sa – í – da
ra – i – nha
co – or – de – na – ção
saúde
juiz
sa – ú – de
ju – iz
Sempre se separam os dígrafos rr, ss, sc, xc, sc. Exemplos: carroça
assado
car – ro – ça
as – sa – do
ascensão
exceção
as – cen – são
ex – ce – ção
Há casos em que os grupos “consoante + l ou consoante + r” formam encontros consonantais classificados como perfeitos por serem inseparáveis, ou seja, são pronunciados juntos. Portanto, não se separam os encontros consonantais perfeitos (consoante + l ou + r).
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aplauso
abrasar
livreiro
a – plau – so
a – bra – sar
li – vrei – ro
sublingual
sublegenda
sub – lin – gual
sub – le – gen – da
Nos demais encontros consonantais, os imperfeitos, cada consoante
Aula 5 • Aspectos fonológicos
Exemplos:
pertence a uma sílaba diferente. Exemplos: digno
afta
ritmo
dig – no
af – ta
rit – mo
rapto
curva
rap – to
cur – va
ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 2 a. Separe as palavras a seguir de acordo com os dois grupos: no primeiro, coloque aquelas que apresentam encontro consonantal; no segundo, as que apresentam dígrafo. Continue preenchendo o quadro: planetas – coelhinho – Páscoa – esses – tamanho – comparável – Plutão – tinha – detectado – que – outros – corpos – sistema Encontro Consonantal Plutão
Dígrafo esses
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
b. Leia o texto a seguir e separe as sílabas das palavras sublinhadas: “Hoje, acordei com saudades do som do velho e bom radinho de pilha que minha mãe costumava colocar na cozinha para distraí-la durante a labuta. Qual não foi meu espanto ao ouvir a seguinte notícia, divulgada por um locutor incógnito: – Atenção, atenção! Denúncia urgente! Um maníaco flatulento está assustando a multidão que assiste a uma partida de futebol no estádio municipal de Criciúma entre o time da casa e visitantes, sob o patrocínio do Papel Higiênico Beija-Flor. O pior é que todas as pessoas expostas correm perigo iminente de serem gravemente contaminadas pelo mau cheiro. Mais informações a qualquer momento.”
E aí, o que achou da aula de hoje? Fácil, não é? Aposto que você fez todas as tarefas. Este é o nosso objetivo: mostrar que o português não é um bicho-de-sete-cabeças.
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Fonema é uma unidade sonora, pertence à linguagem falada. Letra é a representação gráfica do fonema, pertence à linguagem escrita. Vogais são sons que, após se formarem nas cordas vocais, passam pela boca e chegam ao meio exterior sem sofrer nenhum tipo de interrupção em sua trajetória.
Aula 5 • Aspectos fonológicos
RESUMINDO...
São elas: a, e, i, o, u (e suas variações ã, é, í, õ, ó,ú). Semivogais são os fonemas /i/ e /u/ quando aparecem ligados a uma vogal, formando sílaba com ela. Consoantes são os sons que se produzem quando a corrente de ar, vinda dos pulmões, é momentaneamente interrompida pela língua, dentes ou lábios. São elas: b, c, d, f, g, h... Dígrafo é o grupo de duas letras que representam um só fonema. Pode ser: consonantal (ch, lh, nh, rr, ss, sc, sc, xc, gu, qu) ou vocálico (am, an, em, em, im, in, om, on, um, um). Hiato é o conjunto de duas vogais em contato, pertencendo cada uma a sílabas diferentes. Ditongo é o encontro de uma vogal e uma semivogal na mesma sílaba. Tritongo é o encontro de uma vogal e duas semivogais na mesma sílaba.
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA De que forma você escreve o nome daquele legume muito usado nos pratos do interior de Minas: jiló ou giló? E o lugar onde se preparam os alimentos: cosinha ou cozinha? Tem certeza? Ficou em dúvida? Então, não perca a próxima aula da nossa disciplina instrumental de Língua Portuguesa. Até lá.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
a. 5 letras e 4 fonemas b. 8 letras e 8 fonemas c. 6 letras e 5 fonemas d. 8 letras e 7 fonemas e. 5 letras e 4 fonemas ATIVIDADE 2
a. Encontro Consonantal
Dígrafo
plutão
esses
planetas
coelhinho
Páscoa
tamanho
detectado
comparável
outros
tinha
corpos
que
sistema b. in – cóg –ni – to / de – nún – cia / ma – ní – a – co / fla – tu – len – to / es – tá – dio / Cri – ci – ú – ma / pa – tro – cí – nio / pi – or / pes – so – as / cor – rem
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares. São Paulo: Saraiva, 2003. FARACO, Carlos Emílio. Português: projetos, volume único. São Paulo: Ática, 2005. AMARAL, Emília. Novas palavras: língua portuguesa – ensino médio. São Paulo: FTD, 2005.
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Ortografia Teresa Videira Rocha de Souza Maria Elizabeth Rodrigues Regina Lúcia Meirelles Beghelli
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
OBJETIVOS
Abordar algumas noções gerais de ortografia e tirar dúvidas de palavras em que há erros recorrentes. Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. escrever corretamente palavras e expressões que ofereçam dificuldade na grafia por se assemelharem a outras com sentidos diversos. 2. diferenciar e usar corretamente os sons e a representação gráfica de algumas letras.
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Aula 6 • Ortografia
INTRODUÇÃO Se você não quer “pagar mico” na hora de escrever, aqui vão algumas dicas preciosas que irão ajudá-lo em seu dia-a-dia. Na reportagem do jornal O Globo do dia 11 de agosto de 2002, na coluna Passando a limpo, Fabiana Ribeiro mostra alguns depoimentos de profissionais que já vivenciaram “na pele” o problema que os erros de português acarretam à imagem profissional: O texto é um cartão de visitas. É por meio da escrita que trabalhos são apresentados. É importante ter cuidado desde as mensagens até os relatórios. Moema de Aquino, diretora da Solução Recursos Humanos. O profissionalismo é medido por formação, conhecimento de idiomas e capacidade de se trabalhar em equipe. Mas, dominar a escrita é mais que fundamental. Quem troca 's' por 'z' mostra que, além de ser descuidado com seu trabalho, tem pouco vocabulário. E, o pior, está cada vez mais difícil achar profissionais que saibam escrever corretamente. Celso Fontenelle, diretor de negócios para a América Latina da Bowne Global Solutions. As pessoas escrevem sem pontuação, como se estives-sem falando. O problema é que remetem a mensagem para outros profissionais e isso pode manchar sua imagem no mercado. Muitas vezes, as pessoas não conseguem reconhecer que não escrevem corretamente em sua própria língua e, por isso, não melhoram. Erika Consolini, consultora da Adecco Top Services. Uma vírgula esquecida pode causar grandes prejuízos ao anunciante. (Marcos Apóstolo, diretor da Artplan.)
E você, concorda com as opiniões apresentadas? Você já vivenciou problemas desse tipo? Troque experiências com seus colegas e tente, de agora em diante, pensar nisso antes de escrever um texto.
ORTOGRAFIA Do grego órthos= “reto, direito” + gráfien = “escrever, descrever”. É a parte da gramática normativa que trata da maneira de escrever corretamente as palavras.
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Marc Garrido i Puig
e-Tec Brasil – Português Instrumental
Fonte: www.sxc.hu
ALGUMAS REGRAS
Parte I Emprego do S e do Z: • Ocorre S: a. Nos adjetivos pátrios ou que indicam profissão, título honorífico, posição social etc. que terminam em – ÊS e – ESA: português → portuguesa marquês → marquesa camponês → camponesa b. No sufixo – OSO: cremoso (creme + oso) leitoso (leite + oso) gostoso (gosto + oso) c. Em palavra derivada que mantém a grafia da primitiva: ânsia → ansioso Luís → Luisinho pesquisa → pesquisar análise → analisar d. Nas formas dos verbos pôr e querer: puser – quisesse – quis 96
acerdotisa – poetisa – diaconisa f. No sufixos –ASE, -ESSE, -ISE, -OSE, formadores de vocábulos eruditos ou de aplicação científica
Aula 6 • Ortografia
e. No sufixo –ISA:
Hipóstase – exegese – análise – trombos g. Nas palavras em que o S aparece depois de ditongos: coisa – Neusa – causa • Ocorre Z: a. Nos substantivos abstratos derivados de adjetivos: a sensatez; a surdez; a polidez a beleza; a realeza; a gentileza a limpidez; a pobreza; a rigidez b. Com os sufixos -ZINHO E -ZITO: cafezinho – chapeuzinho – cãozito c. Com o sufixo –IZAR, de origem grega, nos verbos e palavras deles derivadas: civilizar → civilização, civilizado organizar → organização, organizado realizar → realização, realizado Emprego do J e do G: • Ocorre J: a. Em palavras de origem africana ou ameríndia: canjica – cafajeste – canjerê – pajé – jerimum – jibóia b. Em palavras derivadas de outras que já têm J: laranjal – enrijecer – anjinho – granjear c. Em formas verbais que têm o infinitivo em –JAR: despejar: despejei, despeje arranjar: arranjei, arranje viajar: viajei, viaje d. Na terminação –AJE: laje – traje – ultraje e. Em algumas formas dos verbos terminados em –GER e –GIR, que mudam o G em J diante de A e O: reger → rejo, reja dirigir → dirijo, dirija 97
e-Tec Brasil – Português Instrumental
• Ocorre G: a. Nos substantivos terminados em –AGEM, –IGEM, –UGEM: coragem – vertigem – ferrugem
ATENÇÃO ... Exceções: pajem – lambujem
b. Nos finais –ÁGIO, –ÉGIO, –ÍGIO, –ÓGIO, –ÚGIO: estágio – colégio – relógio – prodígio – refúgio c. Nos verbos em – GER E –GIR: constranger – proteger – fugir – fingir d. Em palavras derivadas de outras que já têm G: rabugem → rabugento vertigem → vertiginoso e. Após a letra A inicial: ágil – agente
ATENÇÃO ... Também são exceções as palavras em que o A é um prefixo acrescido a um radical iniciado por J: ajeitar (jeito).
Emprego do X e do CH: • Ocorre X: a. Normalmente depois de ditongo: faixa – peixe – encaixe b. Depois de ME- inicial: mexer – mexerica – mexicano c. Depois de EN- inicial: enxada – enxaqueca - enxugar
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Exceções: caucho, recauchutar, recauchutagem; mecha (de cabelo, de balão) e seus derivados;
Aula 6 • Ortografia
ATENÇÃO ...
encher – encharcar – enchumaçar.
d. Palavras de origem indígena e africana: Xangô – xará – xavante – xexéu • Ocorre CH: O emprego do “CH” acontece quando um prefixo anexa-se a vocábulos iniciados por essas letras. Exemplo: charco – encharcar – chegar – achega Emprego do Ç, SS e SC: • Ocorre Ç: Em geral, nos substantivos abstratos derivados de verbos. Exemplo: obrigar/obrigação, redigir/redação, descrever/descrição, executar/ execução. • Ocorre SS: Quando, na formação do substantivo ou adjetivo, há a queda da última sílaba dos verbos que apresentam os seguintes finais: a. – ceder: ceder/cessão, conceder/concessão, exceder/excessivo (menos exceção), aceder/acessível/acesso b. – gredir: agredir/agressão/agressivo, progredir/progressão/ progressivo c. – primir: imprimir/impressão, oprimir/opressão, reprimir/ repressão d. – tir: admitir/admissão, discutir/discussão, permitir/permissão, repercutir/repercussão e. – ter: submeter/submissão
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATENÇÃO ... Substantivos e adjetivos relacionados ao verbo TER e derivados são escritos com Ç: ter/tenção, abster/ abstenção, ater/atenção, deter/detenção, reter/retenção.
• Ocorre SC: acréscimo
fascículo
piscina
adolescência imprescindível plebiscito ascender
intumescer
recrudescer
consciência irascível
reminiscência
crescer
miscigenação
rescisão
descender
nascer
ressuscitar
discente
obsceno
suscitar
disciplina
oscilar
transcender
Emprego do E e do I: • Ocorre E: a. Quando há ocorrência entre o E e o ditongo EI: estréia – estrear; receio – receoso; passeio – passear b. No prefixo ANTE- (antes): ante-sala c. Nos verbos mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar: odeio – medeio – anseio d. Nas terceiras pessoas do plural: saem – constroem – averigúem e. No subjuntivo dos verbos em –OAR e –UAR: continue – perdoem – abençoe – habitue. f. E, ainda, nas seguintes palavras: sequer – quase – disenteria – empecilho – irrequieto – marceneiro – mexerica – prevenir • Ocorre I: a. No final –IANO: camoniano – machadiano
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Aula 6 • Ortografia
b. Nos verbos em –IAR: vario – adio – vadio c. No prefixo ANTI (contra): antidemocrático – antiaéreo d. Nos verbos em –AIR, –OER, –UIR: cai – rói – possui e. E, ainda, nas seguintes palavras: aborígine – privilégio – crânio – pátio – criar Emprego do O e do U: • Ocorre O: Nas palavras: boate, boteco, botijão, bússola, coalhar, engolir, goela, explodir, lombriga, mágoa, mochila, polir, zoar • Ocorre U: Nas palavras: bujão, bueiro, bulir, esculhambar, jabuticaba, lóbulo, míngua, tabuada Agora que chegamos ao final dessa primeira parte da aula, que tal
Jonathan Ruchti
testar o que você aprendeu até aqui?
Fonte: www.sxc.hu
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 1 Atende ao Objetivo 1 Assinale a série em que todas as palavras estão grafadas corretamente: a. ( ) Sensatez, granjear, enchada, discente b. ( ) Oscilar, encaixe, discussão, canjica c. ( ) Análize, quiz, enrigecer, mecherica d. ( ) Enxugar, permissão, excessão, arranjei
ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 2 Complete com as letras adequadas:
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a. pesqui___a
(investigação)
b. surde___
(deficiência auditiva)
c. pa___é
(chefe indígena)
d. rabu___ento
(mal-humorado)
e. con___e___ão
(do verbo conceder)
f. me___a
(de cabelo)
g. e___ecu___ão
(do verbo executar)
h. ferru___em
(decomposição do ferro)
Atende ao Objetivo 2 Sublinhe, dentro dos parênteses, a forma correta:
Aula 6 • Ortografia
ATIVIDADE 3
a. A lei seca pune aquele que ____ (dirige, dirije) embriagado. b. A ____ (jibóia, gibóia) não é uma cobra venenosa. c. O rapaz chegou em casa com uma tremenda ____ (enxaqueca, enchaqueca) d. Recebi mais um ___ (fascículo, fassículo) da revista. e. A criança chegou ao hospital com um quadro de____ (desinteria, disenteria)
Parte II Existem palavras e expressões que podem oferecer dificuldades na grafia. Vamos conhecê-las? Ao encontro / de encontro: • Ao encontro (rege a preposição de) significa a favor de. Aquelas atitudes vão ao encontro do que eles pregavam, por isso são tão admiradas. • De encontro (rege a preposição a) significa contra alguma coisa, em direção oposta. Essas idéias vêm de encontro às que eu tenho sobre o mesmo assunto, por isso não posso assinar o texto como co-autor. Cessão / sessão / seção / secção: • Cessão significa o ato de ceder, o ato de dar. Ele fez a cessão dos seus direitos autorais. • Sessão é o intervalo de tempo que dura uma reunião, uma assembléia. Assistimos a uma sessão de cinema.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
• Seção (secção) significa divisão de um todo; parcela, porção, segmento, subdivisão, corte. Lemos a notícia na seção de esportes. Esta é a seção de trabalho que lhe cabe. A secção no braço do menino foi suturada pelo cirurgião plástico de forma exemplar.
Há / a: Na indicação de tempo, emprega-se: • Há – para tempo passado (equivale a faz). Há dois meses que ele não aparece. • a – para tempo futuro. Daqui a dois meses ele aparecerá. Mais / mas: • Mais é um advérbio de intensidade; também pode dar idéia de adição. Se invertermos o significado da frase, podemos substituí-lo por menos: Sem dúvida, é a garota mais simpática da sala! Dois mais dois às vezes dá cinco.
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Pode ser substituída por outra conjunção adversativa, como porém, contudo, todavia, entretanto etc. Ninguém esperava, mas ele acabou aparecendo.
Aula 6 • Ortografia
• Mas é uma conjunção adversativa, indicando oposição, contraste.
Mau / mal: • Mau é sempre um adjetivo (seu antônimo é bom); refere-se, pois, a um substantivo ou pronome. Escolheu um mau momento. Esta é a história de um homem mau. • Mal pode ser: a. advérbio de modo (antônimo de bem). Ele se comportou mal. b. conjunção temporal (equivale a assim que) Mal chegou, saiu. c. substantivo (quando precedido de artigo ou de outro determinante). O mal não tem remédio.
MAL NÃO! EU SOU MAU!
SOCORRO! UM LOBO MAL!
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Onde / aonde: • Emprega-se aonde com os verbos que dão idéia de movimento. Equivale a para onde. Aonde você vai? Aonde nos leva com tal rapidez? • Naturalmente, com os verbos que não dão idéia de movimento, emprega-se onde. Onde estão os livros? Não sei onde te encontrar. Quê / por que/ por quê/ porque/ porquê: • Lembre-se, inicialmente, de que, em final de frase, a palavra que deve ser acentuada graficamente, por se tratar de um monossílabo tônico terminado em – e (você verá mais detalhes na próxima aula). Você vive de quê? Ela pensa em quê? • Escreve-se por que (sem acento e separado) por se tratar de duas palavras (a preposição por mais o pronome que): a. quando equivale a pelo qual e flexões. Este é o caminho por que passo todos os dias. b. quando, depois dele, vier escrita ou subentendida a palavra razão. Se ocorrer no final da frase, a palavra que deverá ser acentuada graficamente. Por que razão você não compareceu? Ele faltou por quê? • Escreve-se porque (sem acento e junto) por se tratar de uma conjunção explicativa ou causal. Não vá, porque é perigoso. Não fiz a prova porque estava doente. • Escreve-se porquê (com acento e junto) por estar substantivado, ou seja, precedido de artigo. Não sei o porquê da sua chateação. Estamos estudando o uso do porquê.
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Aula 6 • Ortografia
ATIVIDADE 4 Atende ao Objetivo 1 (PUC-SP) Observe o verso: “Ó mar! por que não apagas Coa esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?” (Castro Alves, “O Navio Negreiro – Tragédia no Mar”) A palavra porque tem diferentes grafias, dependendo do sentido em que é empregada. No texto apresentado, ela aparece assim grafada: por que. Explique esse emprego.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 5 Atende ao Objetivo 2 (ESPM-SP) Preencha os espaços corretamente com uma das palavras entre parênteses: a. Durante a ______________ parlamentar, uma ___________ do partido do Governo manifestou-se contrária à ___________ de terras a imigrantes do Japão. (sessão, seção ou cessão) b. Meus sentimentos vão _______________ dos seus. Nós nos amamos de verdade. (ao encontro, de encontro) c. Maria! ________ quanto tempo não nos vemos! Que saudades! (há, a) d. Quanto ________ te vejo, ________ bela me pareces, _______ dizem que o amor é cego; será? (mas, mais) e. _____ a polícia chegou, o homem ______ saiu pelos fundos. (mal, mau) f. Não sei ______ estão as chaves, mas _______ você vai sem elas? (aonde, onde) g. Você sabe ____ casamento de minhoca não dá certo? _______? _______ nunca sabem quem é o cabeça da família... Não me venha com outra! Não quero mais saber o ______ das coisas! (por que/ por quê/ porque/ porquê)
RESUMINDO... Ortografia: do grego órthos= “ reto, direito” + gráfien = “escrever, descrever”. É a parte de gramática normativa que trata da maneira de escrever corretamente as palavras. Emprego de algumas letras e sufixos: s/z; -oso; -isa; =-ase; -esse; -ise; -ose; -zinho/zito; -izar; j/g; o/u; x/ch; ss; sc; ç; e/i. Palavras e expressões com dificuldades na grafia: ao encontro / de encontro; cessão / sessão / seção / secção; há / a; mais / mas; mau / mal; onde / aonde; quê / por que/ por quê/ porque/ porquê.
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Caro aluno, Estamos chegando a uma parte importante de nosso curso. Por isso mesmo, vamos caminhar juntos, devagar, sempre nos certificando de
Aula 6 • Ortografia
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA
que tudo foi devidamente explicado e o seu aproveitamento, o melhor possível. Nas próximas aulas, vamos nos aprofundar mais um pouco a respeito de como escrever adequadamente as palavras. Por exemplo, você sabe qual é a grafia correta daquele objeto que utilizamos junto aos lustres para nos fornecer iluminação? Lâmpada ou lampada? E o passarinho cantador tipicamente brasileiro é o sabia ou o sabiá? Pois é, a língua portuguesa é assim mesmo; cheia de subtilesas... ou serão sutilezas?
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
( X ) Oscilar, encaixe, discussão, canjica ATIVIDADE 2
a. pesquiSa b. surdeZ c. paJé d. rabuGento e. conCeSSão f. meCHa g. eXecuÇão h. ferruGem
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 3
a. dirige b. jibóia c. enxaqueca d. fascículo e. disenteria ATIVIDADE 4
A expressão por que foi escrita sem acento e separada já que é formada pela preposição por e pelo pronome que e traz subentendido o substantivo razão. “Por que razão não apagas...” ATIVIDADE 5
a. sessão, seção, cessão b. ao encontro c. há d. mais, mais, mas e. mal, mau f. onde, aonde g. por que, por quê, porque, porquê
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE NICOLA, José. Português: ensino médio, volume 1/ José de Nicola. São Paulo: Scipione, 2005. CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática :Texto, reflexão e uso. São Paulo: Atual Editora, 1998. INFANTE, Ullisses. Curso de gramática aplicada aos textos.São Paulo: Scipione, 2003.
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Acentuação gráfica
PAI, ME EMPRESTA O CARRO? "ENE - A - O NÃO!"
- TIL...
Teresa Videira Rocha de Souza Maria Elizabeth Rodrigues Regina Lúcia Meirelles Beghelli
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
OBJETIVOS
Abordar, dentro dos aspectos ortográficos, a correta acentuação gráfica das palavras. Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. utilizar corretamente os acentos gráficos. 2. reconhecer a pronúncia correta das palavras de acordo com o acento prosódico.
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Leia a tirinha a seguir:
Aula 7 • Acentuação gráfica
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Ao ler a fala dos balões da tira, você deve ter observado que algumas palavras recebem acento gráfico e outras não. Por que essa diferença? O acento gráfico existe para evitar confusões e dificuldades na leitura e no entendimento de certas palavras escritas. Veja as diferenças que esta frase pode ter no seu sentido se a mãe, ao escrever este bilhete, não souber acentuar corretamente:
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e-Tec Brasil – Português Instrumental A quem os documentos devem ser entregues: à secretária ou à secretaria? Ele não pode (no presente) ou não pôde (no passado) trazer os documentos?
OS ACENTOS Na língua escrita, em alguns casos, há necessidade de se indicar a sílaba tônica ou a pronúncia correta de uma palavra por meio de certos sinais. Tais sinais recebem o nome de acentos gráficos e são colocados sobre as vogais. São os seguintes: • acento agudo ( ´ ): utilizado nas vogais tônicas a, i e u e nas vogais abertas e e o. N.P.: . Exs.: sábado, café, saída, vovô, saúde. • acento grave ( ` ): utilizado para indicar a crase, isto é, a fusão de dois a. Ex: Nunca fui à praia de Copacabana. (fui a+a praia). • acento circunflexo ( ^ ): utilizado nas vogais tônicas fechadas e e o e no a seguido de m ou n. Exs: vovô, pôde, lâmpada, têm (eles). Além dos acentos gráficos, utilizamos o trema ( ¨ ) sobre a semivogal u para indicar que ela é pronunciada atonamente nos grupos gue, gui, que, qui (agüentar, lingüiça, freqüente, tranqüilo, por exemplo) e o til ( ~ ) sobre as vogais a e o para indicar a nasalização (irmã, põe, por exemplo). O emprego desses sinais constitui a acentuação gráfica.
ATENÇÃO ... Fique esperto: Qual é a sílaba tônica de janela? E de abacaxi? Fácil, não é? Mas o que importa não é a resposta; queremos chamar a atenção para o seguinte fato: nem sempre a sílaba tônica vem indicada com acento gráfico. Assim, podemos distinguir o acento prosódico e o acento gráfico:
• acento prosódico ou tônico: é o acento da fala; marca a maior intensidade de voz na pronúncia da vogal de uma sílaba. Exs.: cadeira, rubrica, condor
• acento gráfico: é o sinal utilizado para indicar a sílaba tônica de algumas palavras; evidentemente, é utilizado apenas na linguagem escrita. Exs.: êxtase, buscapé, nó, faísca.
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Stephen Tainton
Aula 7 • Acentuação gráfica
Fonte: www.sxc.hu
Algumas regras Vamos conhecer algumas regrinhas de acentuação? 1. OS MONOSSÍLABOS Os monossílabos (palavras de uma única sílaba) tônicos levam acento quando terminados em A(S), E(S) ou O(S). Exs.: lá, más, fé, pés, pó, dó. 2. AS OXÍTONAS As palavras oxítonas (que possuem a última sílaba tônica) levam acento quando terminadas em A(S), E(S), O(S), EM, ENS. Exs.: sofá, cajás, café, rapé, cipó, jilós, porém, armazéns. 3. AS PAROXÍTONAS As palavras paroxítonas (que possuem a penúltima sílaba tônica) levam acento quando terminadas em R, X, N, L, OS, UM(UNS), I(S), U(S), Ã(S) e ditongo. Exs.:éter, tórax, hífen, bíceps, álbum, júri, húmus, órfã, jóquei, útil. 4. AS PROPAROXÍTONAS Todas as palavras proparoxítonas (que possuem a antepenúltima sílaba tônica) são acentuadas. Exs.:lâmpada, histórico. 5. DITONGOS ABERTOS Os ditongos abertos ÉI, ÉU, ÓI são acentuados. Exs.:papéis, réu, herói, jóia.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental 6. HIATOS (I/U TÔNICOS) O I e o U tônicos, quando formam hiatos (encontro de duas vogais, mas em sílabas diferentes) levam acento se sozinhos na sílaba ou seguidos de S. Exs.: saída, saúde, egoísmo, balaústre. EXCEÇÃO: quando seguidos de NH. Exs.: rainha, tainha. 7. VOGAIS IDÊNTICAS A primeira de duas vogais idênticas é acentuada. Exs: vôo, dêem, lêem. 8. GRUPOS QUE, QUI, GUE e GUI Nos grupos que, qui, gue e gui ocorre acento agudo sobre o U quando é tônico e trema quando é átono. Exs.: averigúe, averigüei, argúem, argüia. 9. O ACENTO DIFERENCIAL Algumas palavras levam acento diferencial, ou seja, acentos que já têm por finalidade mostrar diferenças entre vocábulos formalmente idênticos. Exs.: Ele tem uma bicicleta. (singular) Eles têm vários carros. (plural) A moça pode ajudar você. (ação presente) A moça não pôde ajudá-lo. (ação passada) O menino deu uma maçã para a professora. (preposição) A criança não pára de chorar. (verbo) Aqui estão mais alguns exemplos de palavras que levam acento diferencial de tonicidade: • Péla (verbo) • Pela (por a) Exs.: Ele se péla de medo de passar pela estrada velha. Ele passa sempre pela estrada velha. • Pôr (verbo) • Por (preposição) Exs.: Eu quero pôr um fim nessa conversa, por favor. Seu irmão acabou de passar por aqui te procurando.
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Andrew Beierle
Billy Alexander
Ilker
Billy Alexander
Billy Alexander
Aula 7 • Acentuação gráfica
Fonte: www.sxc.hu
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 1
Atende ao Objetivo 1 Neste texto, foram propositalmente omitidos os acentos gráficos de algumas palavras. Será que você é capaz de identificá-las?
Horario de verão tem historia antiga Adiantar o relogio para aproveitar melhor a luz natural e economizar energia não é uma ideia recente. Ela foi proposta pela primeira vez em 1784 pelo fisico americano Benjamin Franklin (1709-1790), o inventor de pararaios, mas acabou rejeitada. Um seculo mais tarde, em 1884, houve uma importante articulação mundial para uniformizar os padrões de medição das horas. Foram estabelecidos os fusos horarios. (Cláudia; nov. 1997)
Relógio de sol
Fonte: www.guaranhuns.pe.gov.br
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Atende aos Objetivos 1 e 2 Sabendo que todas as palavras a seguir são oxítonas (possuem a última sílaba tônica) ou monossílabos tônicos (possuem apenas uma sílaba), acentue-as quando necessário: a. caja
f. bem
b. tambem
g. mes
c. Ceci
h. ola
d. apos
i. ninguem
e. papel
j. ja
Aula 7 • Acentuação gráfica
ATIVIDADE 2
ATIVIDADE 3 Atende aos Objetivos 1 e 2 Sabendo que todas as palavras a seguir são paroxítonas (possuem a penúltima sílaba tônica), acentue-as quando necessário: a. sotão
f. historia
b. partida
g. dificil
c. cola
h. radio
d. incrivel
i. esse
e. martir
j. substantivo
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 4 Atende aos Objetivos 1 e 2 Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes grafias, de acordo com as regras de acentuação descritas: a. Africa
( )
f. heróis ( )
b. série
( )
g. joquei ( )
c. cairam
( )
h. cipo
d. viúvo
( )
i. países ( )
e. Jerusalem ( )
j. joia
( )
( )
RESUMINDO... • Os acentos gráficos:
acento agudo
( ´ )
acento grave
( ` )
acento circunflexo ( ^ ) trema
( ¨ )
• Acento prosódico ou tônico: é o acento da fala; marca a maior intensidade de voz na pronúncia da vogal de uma sílaba. • Acento gráfico: é o sinal utilizado para indicar a sílaba tônica de algumas palavras; evidentemente, é utilizado apenas na linguagem escrita. • Acento diferencial: é aquele que tem por finalidade mostrar diferenças entre vocábulos idênticos na forma. • Acentuam-se: 1. Monossílabos tônicos terminados em a, e, o seguidos ou não de s; 2. Oxítonas terminadas em a, e, o seguidos ou não de s, em/ens; 3. Paroxítonas terminadas em r, x, n, l, os, um, uns, i(s), u(s), ã(s) e ditongos; 4. Todas as proparoxítonas; 5. Ditongos abertos: éi, éu, ói; 6. Os i/u tônicos quando formam hiato; 7. A primeira de duas vogais idênticas; 8. Com acento agudo, o u tônico e com trema, o u átono nas seqüências: que/qui, gue/gui;
120
Caro aluno Será que você já tirou todas as dúvidas sobre esse assunto? Tomara que sim! Lembre-se de que a melhor maneira de gravar a correta grafia das palavras é lendo bastante, principalmente os clássicos da nossa literatura. Porque gravar a maneira correta de escrever as palavras é,
Aula 7 • Acentuação gráfica
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA
também, em grande parte, trabalho para nossa memória visual e por isso indica, inclusive, o quanto estamos familiarizados com o mundo da escrita. Quer uma sugestão? Que tal você se interessar por um de nossos autores? Jorge Amado, Cecília Meireles, Machado de Assis, por exemplo. Nosso próximo encontro vai nos levar ao mundo maravilhoso das classes de palavras. Esse é um tema que vai ajudá-lo muito daqui para frente, pode ter certeza. Fique atento, acompanhe as aulas com interesse e, por certo, aprenderá muito. Então, até lá!
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
Horário / história /relógio / idéia / físico / pára-raios /século ATIVIDADE 2
Cajá – também – após – mês – olá – ninguém – já ATIVIDADE 3
Sótão – incrível – mártir – história – difícil – rádio ATIVIDADE 4
a. Africa
(F)
f. heróis (V)
b. série
(V)
g. joquei (F)
c. cairam
(F)
h. cipo
d. viúvo
(V)
i. países (V)
e. Jerusalem (F)
j. joia
(F)
(F) 121
e-Tec Brasil – Português Instrumental
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. São Paulo: Moderna, 2001. CEREJA,
William
Roberto;
MAGALHÃES,
Thereza
Cochar.
Gramática: texto, reflexão e uso. São Paulo: Atual, 1998. DE NICOLA, José. Português: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2005. v. 1. INFANTE, Ullisses. Curso de gramática aplicada aos textos. São Paulo: Scipione, 2003.
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8
Edmon Neto de Oliveira
Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
OBJETIVOS
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Abordar os aspectos morfológicos da língua.
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. identificar os processos de formação de palavras; 2. identificar significados de radicais, prefixos e sufixos de origem grega e latina.
Caro aluno, conhecer os processos de formação das palavras possibilita compreendê-las melhor quanto ao conteúdo significativo e perceber com que intenção elas estão sendo usadas (um texto informativo, um anúncio publicitário, uma piada etc.). Assim, antes de classificá-las, temos que saber de onde elas vêm e como são formadas. A menor unidade significativa que forma as palavras e dá sentido a elas é o morfema. É a partir desse conceito que damos nomes às partes de uma palavra qualquer, seus elementos mórficos. Observe: Radical – morfema que exprime o significado básico da palavra. Ex.: invencível. Prefixo – morfema que se junta antes do radical para formar uma palavra nova. Ex.: refazer. Sufixo – morfema que junta-se depois do radical para formar palavra nova. Ex.: ferrugem. Desinências nominais – juntam-se a nomes, indicando gênero (masc/fem) e número (sing/plur). Ex.: alunas. Desinências verbais – indicam, nos verbos, pessoa, número, tempo e modo. Ex.: cantávamos. Vogais temáticas – são as vogais a, e e i que, nas formas verbais,
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
posicionam-se entre radical e as desinências. Exs.: cantávamos, venderão, partissem.
ATIVIDADE 1 Atende ao Objetivo 1 a. Destaque e classifique os elementos mórficos das palavras seguintes: insanável – deslealdade – operoso – louvavas – antimilitarismo – cafeteira – b. Marque o radical das palavras: desanimador – realizar – anoitecer – exportação – inativo – analisar
125
e-Tec Brasil – Português Instrumental
É a partir da presença/ausência desses elementos mórficos que separamos as palavras nos seguintes grupos: Primitivas – não se formam a partir de outra palavra da língua; ou seja, não apresentam prefixos ou sufixos significativos. Exs.: foca, mundo, ambiente, órfão. Derivadas – têm origem em uma única palavra que já existia. Exs.: sangrento (de sangue), mamífero (de mamar), ambientalista (de ambiente). Compostas – formam-se pela reunião de duas ou mais palavras ou radicais. Exs.: quebra-mar, malmequer, pernalta.
ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 1 a. Indique se as palavras a seguir são primitivas (P) ou derivadas (D): ( ) arte ( ) pesquisador ( ) atleta ( ) concretizar ( ) artista ( ) pesquisa ( ) atletismo ( ) concreto b. Considere a palavra terra. A partir dela, forme, por derivação, os verbos que indicam: – colocar dentro/debaixo da terra - _________________________________________ – encher/completar com terra - ____________________________________________
126
nesse grupo. São variantes na forma de derivação e composição. Veja as explicações: Derivação prefixal – a palavra é formada pelo acréscimo de um prefixo ao radical da palavra primitiva. Exs.: desligar, contrapor, anormal. Derivação sufixal – a palavra é formada pelo acréscimo de um sufixo ao radical da palavra primitiva. Exs.: chuveiro, dormitório, dentista. Derivação parassintética – a palavra é formada pelo acréscimo simultâneo de um prefixo e de um sufixo ao radical da palavra primitiva. Exs.: amadurecer, desalmado, entardecer.
ATENÇÃO... Atenção: A palavra formada por derivação parassintética deixa de ter sentido se eliminarmos ou o sufixo ou o prefixo. Exs.: infelizmente – infeliz, felizmente – derivação prefixal e
sufixal. anoitecer – não existe anoite, nem noitecer – derivação parassintética.
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
A riqueza da língua portuguesa nos conduz, ainda, a uma subdivisão
Composição por justaposição – as palavras não sofrem alteração na grafia e na pronúncia. Exs.: pontapé, girassol, pé-de-cabra. Composição por aglutinação – pelo menos uma das palavras sofre alteração. Exs.: lobisomem (lobo+homem), planalto (plano+alto), pernilongo (perna+longo). Hibridismo – as palavras são formadas pela reunião de morfemas de idiomas diferentes. Exs.: televisão (tele [grego]+visão [latim]), burocracia (buro [do francês bureau] + cracia [grego]). Onomatopéia – as palavras são formadas a partir da imitação de determinados sons ou ruídos. Exs.: badalar (sino), espocar (foguetes), coaxar (rã).
127
e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 3 Atende ao Objetivo 1 a. Numere as palavras da esquerda de acordo com o processo de formação: ( ) vaivém
(1) sufixação
( ) pernalta
(2) prefixação
( ) leiteiro
(3) justaposição
( ) repatriar
(4) aglutinação
( ) infeliz
(5) parassíntese
b. Considere a palavra infinita: – eliminando o seu prefixo, temos a palavra que lhe deu origem. Indique-a. – que palavra deu origem à que serve de resposta ao item anterior? – na palavra em estudo ocorre o mesmo processo de formação que em destemido? Justifique.
SAIBA MAIS... MAIS ... Neologismo – (neo = novo + logos = palavra) significa palavra nova. Essa prática está, sempre, ligada à mudança, evolução, criação, novidade no léxico (conjunto de palavras da língua portuguesa).
RADICAIS, PREFIXOS E SUFIXOS É interessante observar que muitas palavras que você conhece da língua portuguesa têm origem no grego e no latim. E se você aprender um pouco sobre o significado de alguns radicais, prefixos ou sufixos, isso facilitará bastante o seu dia-a-dia. Por exemplo: Você sabia que a palavra xenofobia tem origem na união de dois radicais de origem grega (xeno= estranho, estrangeiro; fobia= medo)? Com esses mesmos radicais, temos também xenomania (paixão por tudo que é estrangeiro) e claustrofobia (medo de escuro).
128
para qualquer profissão. Se você conhecer seus significados, amplia o seu conhecimento de mundo, seu vocabulário e, com certeza, poderá entender melhor os textos que lê e, conseqüentemente, produzir textos mais elaborados. Vamos conhecer alguns radicais? Mas, antes, preste atenção no quadro a seguir:
SAIBA MAIS... MAIS ... Radical: é o elemento básico e significativo das palavras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático, dentro da língua portuguesa atual. Afixos: são elementos secundários que se agregam a um radical para formar palavras derivadas. Chamam-se prefixos quando antepostos ao radical e sufixos quando pospostos.
PRINCIPAIS RADICAIS GREGOS E LATINOS Radicais gregos • acro
(alto, elevado = acrobata, acrópole, acrofobia);
• aer, aero
(ar = aeronave, aeronauta);
• agogo
(o que conduz = pedagogo, demagogo);
• agro
(campo = agronomia, agrônomo);
• alg, algia
(dor, sofrimento = analgésico, nevralgia);
• andro
(homem, macho = andrógino, androfobia);
• anemo
(vento = anemógrafo, anemômetro);
• antropo
(ser humano = antropocentrismo, antropofagia);
• arcai, arqueo
(antigo, velho = arcaísmo, arqueologia);
• aristo
(ótimo, o melhor = aristocracia, aristocrata);
• aritmo
(número = aritmética, aritmologia);
• arquia
(governo = monarquia, anarquia);
• asteno, astenia
(fraqueza, debilidade = astenopia, neurastenia);
• astro
(corpo celeste = astronomia, astrodinâmica);
• atmo
(gás, vapor = atmosfera, atmômetro);
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
Por isso, o estudo dos radicais, prefixos e sufixos é muito importante
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
130
• baro
(pressão, peso = barômetro, barítono);
• bata
(o que anda = acrobata, nefelibata);
• biblio
(livro = biblioteca, bibliotecário);
• bio
(vida = biologia, biografia);
• caco
(feio, mau = cacofonia, cacoépia);
• cali
(belo = caligrafia, calidoscópio);
• cardio
(coração = cardíaco, cardiograma);
• cefalo
(cabeça = acefalia, cefaléia);
• ciclo
(círculo = ciclometria, bicicleta, triciclo);
• cine, cinesi
(movimento = cinética, cinesalgia);
• cito
(célula = citologia, citoplasma);
• cosmo
(mundo, universo = cosmovisão, macrocosmo);
• cracia
(poder, autoridade = gerontocracia, tecnocracia);
• cromo
(cor = cromogravura, cromógeno);
• crono
(tempo = cronômetro, cronograma);
• datilo
(dedo = datilografia, datiloscopia);
• deca
(dez = decâmetro, decalitro);
• demo
(povo = democracia, demográfico);
• derma
(pele = dermatologista, dermite);
• di
(dois = dissílabo, ditongo);
• dinamo
(força, potência = dinamite, dinamismo);
• doxo
(crença, opinião = ortodoxo, paradoxo);
• dromo
(corrida = autódromo, hipódromo);
• eco
(casa, domicílio, habitat = ecologia, ecônomo, ecossistema);
• edro
(base, face = poliedro, pentaedro);
• ergo
(trabalho = ergofobia, ergógrafo);
• esperma, espermato
(semente = espermatologia, espermatozóide);
• etio, etimo
(origem = etiologia, etimologia);
• etno
(raça, nação = etnia, etnocentrismo);
• fago
(que come ou aquele que come = antropófago, necrófago);
• filo
(amigo, amante = filósofo, filantropo);
(natureza física ou moral = fisiologia, fisionomia, fisioterapia);
• fobo
(aversão = claustrofobia, xenofobia);
• fono
(som, voz = fonógrafo, fonoteca);
• fos, foto
(luz = fosfeno, fotografia);
• gamo
(casamento = gamomania, monogamia);
• gastro
(estômago = gastronomia, gástrico);
• gene
(origem = gênese, genética);
• geo
(terra = geografia, geóide);
• gine, gineco
(mulher = andrógino, ginecocracia);
• gono, gonio
(ângulo = polígono, goniômetro);
• grafia
(escrita = ortografia, caligrafia);
• helio
(sol = heliocentrismo, heliografia);
• hemo
(sangue = hemorragia, hemograma);
• hepato
(fígado = hepatite, hepático);
• hetero
(outro, diferente = heterossexual, heterogêneo);
• hidro
(água = hidrografia, hidrófilo);
• higro
(umidade = higrômetro, higrófilo);
• hipno
(sono = hipnose, hipnotismo);
• hipo
(cavalo = hipódromo, hipopótamo);
• homeo, homo
(semelhante = homeopatia, homossexual);
• icon, icono
(imagem = iconoclasta, iconografia);
• ictio
(peixe = ictiofagia, ictiologia);
• iso
(igual = isóbaro, isósceles);
• latria
(culto = idolatria, alcoólatra);
• lito
(pedra = litografia, aerólito);
• log, logia
(estudo = ginecologia, astrologia);
• macro
(grande = macrocosmo, macrobiótica);
• mancia
(adivinhação = quiromancia, cartomancia);
• mani, mania
(loucura = manicômio, cleptomania);
• mega, megalo
(grande = megalomaníaco, megalocefalia);
• meso
(meio = Mesopotâmia, mesóclise);
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
• fisio
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
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• metro
(que mede, medição = barômetro, termômetro);
• micro
(pequeno = microcosmo, microfone);
• miso
(ódio, aversão = misantropia, misossofia);
• mito
(fábula = mitologia, mitomania);
• mnemo
(memória = amnésia, mnemônico);
• mono
(único, sozinho = monarquia, monobloco);
• morfo
(forma = zoomórfico, amorfo, morfologia);
• necro
(morte, cadáver = necrotério, necrofilia);
• neo
(novo, moderno = neologismo, neolatino);
• neuro
(nervo = neurite, neuralgia);
• nomo
(regra, lei = nomologia, agrônomo);
• odonto
(dente = odontologia, odontalgia);
• oftalmo
(olho = oftalmologista, oftalmia);
• oligo
(pouco = oligarquia, oligopólio);
• onimo
(nome = ortônimo, sinônimo);
• onir, oniro
(sonho = onírico, oniromancia);
• ornito
(ave = ornitologia, ornitofilia);
• orto
(reto, correto = ortônimo, ortografia);
• oxi
(agudo, ácido = oxítona, oxidação);
• paleo
(antigo = paleografia, paleontologia);
• pato
(doença, sofrimento = patologia, patogenia);
• pedia
(educação = ortopedia, pediatria);
• pole, polis
(cidade = metrópole, acrópole, Florianópolis);
• poli
(muito = poligamia, polígono, politeísmo);
• potamo
(rio = Mesopotâmia, hipopótamo);
• pneumato
(ar, gás, espírito = pneumatologia, pneumatólise);
• pneum(o)
(pulmão = pneumonia, pneumotórax);
• proto
(primeiro = protozoário, protótipo);
• pseudo
(falso = pseudônimo);
• psico
(alma, espírito = psicologia, psiquiatria);
• quiro
( mão = quiromancia);
• rino
(nariz = rinite, rinoceronte);
• rizo
(raiz = rizotônico, rizófago);
(o que faz ver = telescópio, microscopia);
• sema, semio
(sinal = semáforo, semiótica);
• sidero
(ferro, aço = siderurgia, siderografia);
• sismo
(terremoto = sísmico, sismógrafo);
• sofo
(sábio = filosofia, sofomaníaco);
• soma, somo, somato (corpo, matéria = cromossomo, somatologia); • stico
(linha, verso = dístico, hemistíquio);
• tanato
(morte = eutanásia, tanatofobia);
• taqui
(rápido = taquicardia, taquigrafia);
• teca
(coleção = fonoteca, filmoteca, discoteca);
• tecno
(arte, ofício = tecnologia, tecnocracia);
• tele
(ao longe, distância = telefone, telescópio, telégrafo);
• teo
(deus, divindade = teocentrismo, teocracia);
• termo
(calor, temperatura = termômetro, térmico, termostato);
• topo
(lugar, localidade = topografia, topônimo);
• xeno
(estranho = xenofobia, xenofilia);
• xer, xero
(seco, secura = xerófilo, xerografia);
• xilo
(madeira = xilogravura, xilófago);
• zoo
(animal = zoologia, zoomorfo).
• agri • ambi • ambulo • animi • arbori • beli • bi, bis • calori • cida • cola • cole, colo • color • cordi • corn(i)
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
• scopio
Radicais latinos (campo = agricultura, agrícola); (ambos = ambivalência, ambidestro, ambíguo); (caminhar, andar = sonâmbulo, noctâmbulo); (alma = animicida, anímico); (árvore = arborícola, arboriforme, arboricultura); (guerra = bélico, belicista, beligerante); (repetição, duas vezes = bisavô, bilíngüe, bissexual); (calor = caloria, calorífero); (que mata = vermicida, inseticida); (que habita, que cultiva = vinícola, citrícola); (pescoço = colar, colarinho); (cor, coloração = colorífico, quadricolor); (coração = cordial); (chifre, antena = cornear, cornudo, cornucópia);
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
• crimino • cruci • cultura • cupr(i) • curvi • deci • digit(i) • dui • ego • equi • estil(i) • estrato • evo • fero • ferr(i), ferro • fico • fide • fili • forme • frater • frig(i) • fugo • genito • gradu • herbi • homin(i) • igni • lati • loquo • luc(i) • mini • multi • ocul(i) • odori • oni • pani • pari • ped(i), pede • personal(i)
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(crime = criminoso, criminologia); (cruz = crucificado); (ato de cultivar = suinocultura, piscicultura); (cobre = cúprico, cuprífero); (curvo = curvilíneo); (décimo = decímetro, decigrama); (dedo = digitador, digitação); (dois = duidade, duelo); (eu = egocentrismo, egoísmo); (igual = equivalência, eqüidistante); (estilo = estilista, estilismo); (coberta, camada = estratosfera, estrato); (idade = longevidade, longevo, medievo); (que contém = mamífero, carbonífero); (ferro = ferrovia, ferrífero, ferrugem); (que faz, que produz = benéfico, maléfico, frigorífico); (fé = fidelidade, fidedigno); (filho = filiação, filial); (forma = uniforme, disforme, cordiforme); (irmão = fraterno, fratricida); (frio = frigidez, frigorífico); (que foge = centrífugo, vermífugo); (relativo a geração = genitor); (grau, passo = centígrado, graduação); (erva = herbívoro, herbicida); (homem = hominal, homicídio); (fogo = ignição, ígneo); (largo, amplo = latifúndio, latofólio); (que fala = ventríloquo, altíloquo); (luz = lucidez, lúcido); (muito pequeno = minissaia, mínimo); (numeroso = multissecular, multiangular); (olho = oculista, oculiforme); (odor, cheiro = odorífero, desodorante); (tudo, todo = onipresente, onisciente); (pão = panificadora); (igual = paridade, paritário); (pé = pedestre, pedicuro, bípede); (pessoal = personalidade, personificar);
(pedra = petrificar, petróleo); (peixe = piscicultura, pisciano); (plano = planisfério, planície); (muitos = pluralizar, pluricelular); (chuva = pluviômetro, pluviosidade); (povo = populoso, populismo); (primeiro = primogênito, primícias); (quatro = quadrangular, quadrúpede, quadricular); (raiz = radicar, radiciação); (reto, direito = retificar, retilíneo); (rede = reticulado, retiforme); (movimento para trás = retroceder, retroagir); (sábado = sabatina, sabatismo); (açúcar = sacarífero, sacarose, sacarina); (um e meio = sesquicentenário, sesquipedal); (sexo = sexologia, assexuado); (astro = sideral, sidério); (selva = silvícola, silvicultura); (da China = sinologia, sino-brasileiro); (sociedade = sociologia, sociolingüística); (som, ruído = sônico, sonoplastia); (suor = sudoríparo, sudoral); (terra, solo = telúrico, telurismo); (tom, vigor = tônico, tonificar); (veneno = toxicomania, toxina); (trigo = triticultura, triticultor); (veloz = velocípede, velocímetro); (verme = vermífugo, vermicida); (vinho = vinicultura, vinícola); (vidro = vitrina, vitrificar, vitral); (que quer, que deseja = malévolo, benévolo); (que devora = carnívoro, herbívoro).
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
• petr(i) • pisci • plani • pluri • pluvio • popul(o) • primi • quadr(i), quadru • radic(i) • reti • reti • retro • sabat(i) • sacar(i) • sesqui • sexi, sexo • sideri • silvi • sino • socio • sono • sudor(i) • telur(i) • toni • toxico • triti • veloci • vermi • vin(i) • vitri • voto • voro
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 4 Atende ao Objetivo 2 Consultando a lista de radicais, tente descobrir o significado das palavras a seguir: oftalmologia; hidrofobia; democracia; analgésico; hepatite; xenomania; hipertrofia; teologia; ambidestro; multinacional; epiderme; profilaxia ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________
Agora vamos conhecer os mais importantes prefixos e sufixos gregos e latinos? Fique por dentro! PREFIXOS E SUFIXOS GREGOS E LATINOS prefixos latinos ab-, abs-
ad-, a-
abdicação); (aproximação; tendência; direção= adjacente, adjunto, admirar, agregar);
ambi-
(duplicidade= ambivalência, ambidestro);
ante-
(posição anterior= antebraço, anteontem, antepor)
bene-, ben-, bem-
bis-, bi-
circum-, circun-
136
(afastamento; separação = abuso, abster-se,
(bem; muito bom= benevolência, benfeitor, bemvindo, bem-estar); (duas vezes= bisavô, biconvexo, bienal, bípede, biscoito); (ao redor; movimento em torno= circunferência, circum-adjacente);
com-,con-, co-
(oposição; ação contrária= contra-ataque, contradizer); (companhia; combinação= compartilhar, consoante, contemporâneo, co-autor); (movimento para baixo; afastamento; ação
de-, des-, dis-
contrária;negação= decair, desacordo, desfazer, discordar, dissociar, decrescer); (movimento para fora; mudança de estado;
ex-, es-, e-
separação= exonerar, exportar, exumar, espreguiçar, emigrar, emitir, escorrer, estender);
extra-
(posição exterior; superioridade= extra-oficial, extraordinário, extraviar); (posição interna; passagem para um estado;
in-, im-, i-, en-, em-, intra-, intro-
movimento para dentro; tendência; direção para um ponto incisão= inalar, injetar, impor, imigrar, enlatar, enterrar, embalsamar, intravenoso, intrometer, intramuscular);
in-, im-, iinter-, entrejustapos-
pre-
pro-
reretro-
(negação; falta intocável= impermeável, ilegal);
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
contra-
(posição intermediária; reciprocidade; intercâmbio= internacional, entrelaçar, entreabrir); (proximidade= justapor, justalinear); (posição posterior; ulterioridade= pós-escrito, pospor, postônico); (anterioridade; superioridade; intensidade= prefixo, previsão, pré-história, prefácio); (posição em frente; movimento para frente; em favor de= proclamar, progresso, pronome, prosseguir); (repetição; intensidade, reciprocidade= realçar, rebolar, refrescar, reverter, refluir); (para trás = retroativo, retroceder, retrospectivo);
137
e-Tec Brasil – Português Instrumental
semi-
(metade= semicírculo, semiconsoante, semianalfabeto); (posição abaixo de; inferioridade; insuficiência=
sub-, sob-, so–
subconjunto, subcutâneo, subsolo, sobrepor, soterrar);
super-, sobre-, supra–
(posição superior; excesso = superpopulação, sobreloja, supra-sumo, sobrecarga, superfície); (através de; posição além de; mudança =
trans-,tras-,tra-,tres-
transbordar, transcrever, tradição, traduzir, traspassar, tresloucado, tresmalhar);
ultravice-, vis-
(além de; excesso= ultrapassar, ultra-sensível); (posição abaixo de; substituição= vice-reitor, visconde, vice-cônsul).
prefixos gregos a-, naanaanfiantiapoarqui-,arcecatadiadi-
138
(privação; negação= ateu, analfabeto, anestesia); (repetição; separação; inversão; para cima= análise, anatomia, anáfora, anagrama); (duplicidade; ao redor; de ambos os lados= anfíbio, anfiteatro, anfibologia); (oposição, ação contrária =antibiótico, anti-higiênico, antitérmico, antítese, antípoda, anticristo); (separação; afastamento; longe de= apogeu, apóstolo, apóstata); (posição superior; excesso; primazia= arquitetura, arquipélago, arcebispo, arcanjo); (movimento para baixo; a partir de; ordem= catálise, catálogo, cataplasma, catadupa); (através de; ao longo de= diafragma, diagrama, diálogo, diagnóstico); (duas vezes= dipolo, dígrafo);
en-, em-, e-, endoex-, ec-, exo- ectoepieu-, evhemihiperhipometaparaperi-
(mau funcionamento; dificuldade= dispnéia, discromia, disenteria); (posição interna; direção para dentro= encéfalo, emblema, elipse, endotérmico); (movimento para fora; posição exterior= êxodo, eclipse); (posição superior; acima de= epiderme, epílogo); (excelência; perfeição; verdade= euforia, evangelho); (metade= hemisfério); (posição superior; intensidade; excesso= hipérbole, hipertensão); (posição inferior; insuficiência= hipotrofia, hipotensão, hipodérmico); (posteridade; através de; mudança= metamorfose, metabolismo, metáfora, metacarpo); (proximidade; ao lado; oposto a= paradoxo, paralelo, paródia, parasita); (em torno de= pericárdio, período, perímetro, perífrase);
pro-
(posição anterior= prólogo, prognóstico);
poli-
(multiplicidade; pluralidade= polinômio, poliedro);
sin-, simsub-, sob-, sosuper-, sobre- ,supra-
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
dis-
(simultaneidade; reunião; resumo= sinfonia, simbiose, simpatia, sílaba); (posição abaixo de; inferioridade; insuficiência= subconjunto, subcutâneo, subsolo, sobpor, soterrar); (posição superior; excesso= superpopulação, sobreloja, supra-sumo, sobrecarga, superfície); (através de; posição além de; mudança= transbordar,
trans-,tras-,tra-,tres-
transcrever, tradição, traduzir, traspassar, tresloucado, tresmalhar);
ultravice-, vis-
(além de; excesso =ultrapassar, ultra-sensível) (posição abaixo de; substituição= vice-reitor, visconde, vice-cônsul).
139
e-Tec Brasil – Português Instrumental
Principais sufixos Tipos de sufixos: Nominais – formam substantivos e adjetivos aumentativo diminutivo superlativo lugar
-alhão, -ão, -anzil, -arra,-orra, -ázio...(copázio, bocarra, corpanzil, casarão); -acho, -eto, -inho, -inha, -ote... (riacho, filhote, livrinho); -íssimo, érrimo, -limo... (belíssimo, paupérrimo, facílimo); -aria, -ato, -douro, -ia... (papelaria, internato, bebedouro);
profissão
-ão, -dor, -ista... (diarista, dentista, vendedor);
origem
-ano, -eiro, ês... (francês, alagoano, mineiro);
coleção, aglomeração,
-al, -eira,-ada, -agem... (folhagem, cabeleira,
conjunto
capinzal);
excesso, abundância
-oso, -ento, -udo... (gostoso, ciumento, barbudo). Verbais -ear, ejar, -ecer, -escer, -entar, -fazer, -ficar, -icar, -iscar, -ilhar, -inhar, -itar,-izar... (folhear, velejar, envelhecer, florescer, afugentar, liquefazer, petrificar, adocicar, chuviscar, dedilhar, escrevinhar, saltitar, organizar)
Adverbiais Somente o sufixo –mente:
140
amavelmente, distraidamente
Atende ao Objetivo 2 Relacione as colunas de acordo com o sentido dos prefixos: a. negação
( ) emigrar
b. em torno de
( ) circunferência
c. metade
( ) refazer
d. oposição
( ) contradição
e. movimento para baixo
( ) anfíbio
f. duplicidade
( ) soterrar
g. simultaneidade
( ) hipodérmico
h. posição inferior
( ) cooperar
i. movimento para fora
( ) imortal
j. repetição
( ) hemisfério
ATIVIDADE 6
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
ATIVIDADE 5
Atende ao Objetivo 2 Leia o fragmento a seguir e faça o que se pede: Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade! Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo... (Urupês – Monteiro Lobato)
a. Qual é o significado do sufixo –dor nas palavras mercador e lavrador? _____________________________________ b. Você saberia citar cinco palavras que apresentam o mesmo tipo de sufixo? Ex: encanador,________, _______, ________, ________, ________
141
e-Tec Brasil – Português Instrumental
RESUMINDO... • Morfema - a menor unidade significativa que forma palavras e dá sentido a elas. • Radical – morfema que exprime o significado básico da palavra. • Prefixo – morfema que se junta antes do radical para formar uma palavra nova. • Sufixo – morfema que se junta depois do radical para formar palavra nova. • Desinências nominais – juntam-se a nomes, indicando gênero (masc/fem) e número (sing/plur). • Desinências verbais – indicam, nos verbos, pessoa, número, tempo e modo. • Vogais temáticas – são as vogais a, e e i que, nas formas verbais, posicionam-se entre o radical e as desinências. • Palavras primitivas – não se formam a partir de outra palavra da língua. • Palavras derivadas – têm origem em uma única palavra que já existia. • Palavras compostas – formam-se pela reunião de duas ou mais palavras ou radicais. • Derivação prefixal – a palavra é formada pelo acréscimo de um prefixo ao radical da palavra primitiva. • Derivação sufixal – a palavra é formada pelo acréscimo de um sufixo ao radical da palavra primitiva. • Derivação parassintética – a palavra é formada pelo acréscimo simultâneo de um prefixo e de um sufixo ao radical da palavra primitiva. • Composição por justaposição – as palavras não sofrem alteração na grafia e na pronúncia. • Composição por aglutinação – pelo menos uma das palavras sofre alteração. • Hibridismo – as palavras são formadas pela reunião de morfemas de idiomas diferentes. • Onomatopéia – as palavras são formadas a partir da imitação de determinados sons ou ruídos. • Neologismo – (neo = novo + logos = palavra) significa palavra nova. Essa prática está, sempre, ligada à mudança, evolução, criação, novidade no léxico (conjunto de palavras da língua portuguesa).
142
Bem, viu como é interessante a nossa língua? Aposto que você não sabia que uma simples palavrinha tivesse tanta história. É, mas ainda não esgotamos o assunto, não!!! A partir de agora, vamos avançar um pouco mais na questão morfológica da nossa língua. Cada uma dessas palavras, depois de devidamente “construída”, exerce uma função específica e diferente no texto. Quer saber como isso acontece? Quais são elas?
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES Ah, mas isso é assunto para o nosso próximo encontro. Até lá! ATIVIDADE 1
a. Insanável: in (prefixo) + sana (radical) + vel (sufixo) Deslealdade: des (prefixo) + leal (radical) + dade (sufixo) Operoso: oper (radical) + oso (sufixo) Louvavas: louv (radical) + a (vogal temática) + va (desinência verbal) + s (desinência nominal) Antimilitarismo: anti (prefixo) + militar (radical) + ismo (sufixo) Cafeteira: café (radical) + t (consoante de ligação) + eira (sufixo)
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA
b. desanimador – anima (radical) realizar – real (radical) anoitecer – noit (radical) exportação – port (radical) inativo – at (radical) analisar – analis (radical)
ATIVIDADE 2
a. (P) arte (D) pesquisador (P) atleta (D) concretizar (D) artista (P) pesquisa 143
e-Tec Brasil – Português Instrumental
(D) atletismo (P) concreto b. enterrar aterrar ATIVIDADE 3
a.
(3) vaivém (4) pernalta (1) leiteiro (5) repatriar (2) infeliz
b. – finita – fim – Sim, ambas formam-se por derivação prefixal e sufixal: in+fim+ita = infinita des+tem(er)+ido = destemido ATIVIDADE 4
oftalmologia – parte da Medicina que trata das afecções oculares hidrofobia – medo de água democracia – governo do povo; soberania popular analgésico – substância que suprime a dor hepatite – infecção hepática (fígado) xenomania – mania de estimar tudo o que é estrangeiro hipertrofia – aumento de tamanho de um órgão ou de parte do organismo teologia – doutrina acerca das coisas divinas ambidestro – que usa as duas mãos com a mesma habilidade multinacional – várias nacionalidades epiderme – camada superficial da pele profilaxia – emprego de medidas para evitar doença ATIVIDADE 5
Relacione as colunas de acordo com o sentido dos prefixos: (i) emigrar (b) circunferência (j) refazer (d) contradição (f) anfíbio 144
(h) hipodérmico (g) cooperar (a) imortal (c) hemisfério ATIVIDADE 6
a. profissão. b. soldador, maquiador, construtor, aviador, operador de som.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Emília; et al. Novas palavras. São Paulo: FTD, 2005. v. 1. CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1998. DE NICOLA, José. Português: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2005. v. 2. MAIA, João Domingues. Português: volume único. 2. ed. São Paulo: Ática, 2005.
Aula 8 • Morfologia – Processo de formação de palavras – Radicais, prefixos e sufixos
(e) soterrar
145
9
Edmon Neto de Oliveira
Morfologia – classe de palavras
e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
OBJETIVO
148
Abordar os aspectos morfológicos da língua.
Ao final do estudo desta aula, você deverá ser capaz de: 1. reconhecer as diferentes classes de palavras.
palavras de acordo com a função que elas desempenham na frase, no período, no parágrafo, no texto... Enfim, como dissemos ao final da aula anterior, é importante, agora, saber o como e o porquê de tantas diferenças entre elas. É só seguir nossa explicação!
RELAÇÕES MORFOSSINTÁTICAS Para podermos identificar a classe gramatical de uma palavra, é fundamental observar, além de sua significação (critérios semânticos), suas características flexionais, tipos de sufixos (critérios morfológicos)
Aula 9 • Morfologia – classe de palavras
Caro aluno, na aula de hoje vamos apresentar a classificação das
e a função desempenhada na frase (critérios sintáticos). Quer dizer, precisamos observar as relações morfossintáticas que ela estabelece com as demais palavras de determinado texto. Observe os exemplos a seguir para aclarar essa idéia: Maria foi grosseira. Pedro ficou furioso. Tomando por base a definição de relações morfossintáticas, em um primeiro momento é preciso agrupar as palavras usadas nessas frases em três grupos distintos: Maria e Pedro têm em comum o fato de nomearem seres e desempenharem a função de sujeito (são substantivos); grosseira e furioso não indicam seres, mas qualidades relativas aos seres nomeados (são adjetivos); foi e ficou apenas ligam essas qualidades aos seres nomeados (são verbos que indicam estado ou mudança de estado).
CLASSE DE PALAVRAS Assim, observando esses três critérios (semântico, morfológico e sintático), podemos classificar as palavras em dez classes, a saber: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. De acordo com a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), as seis primeiras são variáveis e as quatro últimas são invariáveis.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Classes de palavras Substantivo
Características semânticas Nomeia seres, coisas, idéias, ações, estados, qualidades etc.
Características morfológicas
Características sintáticas
Flexão: gênero, número e grau.
Núcleo do sintagma nominal.
Flexão de grau pelo acréscimo de sufixos (-ão, -eco, -inho etc.).
Rege a concordância dos determinantes e adjetivos à sua volta.
Presença de sufixos formadores de nomes (ismo, -dade, -mento, -ez etc.).
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Artigo
Carrega a noção de determinação ou indeterminação de uma palavra com valor substantivo.
Flexão: gênero, número.
Determina ou generaliza o núcleo do sintagma nominal, ao mesmo tempo em que lhe indica o gênero e o número.
Adjetivo
Indica qualidades ou propriedades do núcleo nominal.
Flexão: gênero, número e grau.
Núcleo do sintagma adjetival.
Flexão de grau pelo acréscimo de sufixos (-íssimo, -érrimo etc.). Presença de sufixos formadores de adjetivos (ado, -vel, -al etc.).
Modifica o núcleo nominal, atribuindo-lhe estado, qualidade ou modo de ser.
Numeral
Indica a quantidade do núcleo nominal.
Flexão: alguns apresentam flexão de gênero e número. Alguns apresentam, na linguagem informal, variação de grau.
Núcleo do sintagma adjetival, quando modifica o núcleo nominal, atribuindo-lhe uma noção de quantidade. Núcleo do sintagma nominal, quando assume o valor de substantivo com noção de quantidade.
Pronome
Substitui ou acompanha o núcleo nominal.
Flexão: gênero, número e pessoa.
Núcleo do sintagma nominal, quando substitui o substantivo; é Os pronomes pessoais determinante quando o apresentam flexão de caso. acompanha.
Indica ação, estado, mudança de estado ou fenômeno da natureza, localizando-os no tempo; geralmente, apresenta um aspecto dinâmico, indicando um processo. Propriedade de exprimir a duração do processo (aspecto).
Flexão: tempo, número e pessoa.
Núcleo do sintagma verbal.
Terminações de formas nominais (-ar, -er, -ir para o infinitivo; -ando, -endo, -indo para o gerúndio; -ado, -ido para o particípio).
Estabelece concordância com o núcleo do sintagma nominal com função de sujeito.
Palavra que exprime intensidade ou circunstância de tempo, lugar, modo, dúvida, certeza etc.
Grau pelo acréscimo de sufixos (-íssimo, -inho etc.).
Núcleo do sintagma adverbial.
Algumas preposições são vazias de significado (são apenas elementos de coesão).
Palavra invariável.
Seleciona os elementos essenciais para completar seu sentido.
Propriedade de exprimir a atitude do falante em relação aos seus próprios enunciados (modos). Advérbio
Preposição
Presença de sufixo formador de advérbio (mente).
Aula 9 • Morfologia – classe de palavras
Verbo
Modifica o núcleo verbal. Como intensificador, pode modificar o núcleo verbal, adjetival ou outro núcleo adverbial. Introduz sintagmas preposicionados. Liga sintagmas de uma oração, estabelecendo variadas relações entre eles.
Outras, além de funcionar como elementos de coesão, carregam uma noção (posse, direção, espaço, companhia etc.) Conjunção
Assinala o tipo de relação existente entre palavras, sintagmas, orações, períodos.
Palavra invariável.
Liga palavras, sintagmas, orações, períodos.
Interjeição
Exprime emoções ou sentimentos.
Palavra invariável.
Palavra-frase.
151
e-Tec Brasil – Português Instrumental
SAIBA MAIS...
Palavras variáveis: são aquelas que podem sofrer alterações (ser flexionadas), dependendo de seu uso no texto.
Palavras invariáveis: são as que não admitem alterações (não são flexionadas). Flexão de gênero: é a propriedade que as palavras têm de indicar o sexo real ou fictício dos seres – masculino e feminino. Exs.: menino, menina.
Flexão de número: indica se a palavra está no singular ou no plural. Exs.: menina, meninas.
Flexão de grau: é a propriedade que as palavras têm de exprimir as variações de tamanho dos seres – aumentativo e diminutivo. Exs.: meninão, menininho.
ATIVIDADE 1 Atende ao Objetivo 1 Leia atentamente o trecho e destaque, de acordo com o quadro anterior, um exemplo de substantivo: 1. feminino; 2. masculino; 3. singular; 4. plural; 5. diminutivo; 6. aumentativo. _ Onde vai, linda menina? _ Ai, que susto! Nossa, que bocarra você tem... Quem é você? _ Sou o anjo da floresta... _ Olá, seu anjo, eu me chamo chapeuzinho preto; sou a bruxinha da floresta. Vou à casa da bruxa Mafalda levar umas guloseimas para a festa dela. _ Hum... Estou com uma fome... São gostosas essas guloseimas? _ Ah, claro, todas elas são feitas com escamas de cobras corais, olhos de sapos, lesmas frescas e muito suco de fígado de morcego. _ Credo! Deus me livre dessa festança...! Bye, bye, até nunca mais. Eu, hein!
152
Das características que determinam se uma palavra pertence a uma dessas dez classes, vamos destacar duas: a morfologia e a sintaxe. Para isso, é preciso ficar atento ao contexto em que as palavras estão inseridas, pois o uso que fazemos delas é dinâmico e criativo. Veja o exemplo: A palavra ouro, descontextualizada (fora do texto), designa simplesmente o conhecido metal precioso e brilhante muito usado na fabricação de jóias e adereços. Mas veja o que acontece com a palavra
Aula 9 • Morfologia – classe de palavras
AS RELAÇÕES MORFOSSINTÁTICAS DENTRO DE UM ENUNCIADO
ouro quando ela é contextualizada: Maria: Pedro, comprei uma correntinha linda! Você quer ver? Pedro: Hum, acho que não; tenho coisa mais importante para fazer. Maria: Mas, Pedro, a correntinha é de ouro. O vendedor me garantiu! Pedro: E daí? Eu já vi ouro de várias formas; em pedra, em pó, nos dentes, até na comida... Maria: Ah, mas você é um desmancha-prazeres mesmo, não é? Nunca mais te mostro nada. Nesse diálogo, a palavra ouro aparece duas vezes, mas não com as mesmas características. Vamos analisar uma de cada vez. Na segunda aparição, a palavra está funcionando como sintagma nominal, exercendo uma função substantiva. Aparece determinada pelo artigo definido o, que indica seu gênero (masculino) e seu número (singular). Na primeira aparição, a palavra ouro não denomina um ser, mas indica uma qualidade de correntinha. Nesse caso, a palavra constitui um núcleo adjetival, exercendo função adjetiva. Portanto, não é mais um substantivo, mas um adjetivo. Concluindo, quando estudamos uma palavra, temos de fazê-lo em um determinado contexto, analisando-a por aquilo que ela apresenta na sua forma (análise morfológica), pela função que ela desempenha na oração ao se relacionar com outras palavras (análise sintática), além de observar sua significação (análise semântica). 153
e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 1 Leia o texto adiante, cuidadosamente. Depois, classifique corretamente as palavras destacadas, levando em conta os critérios já descritos:
Pleno emprego Obrigadas por lei a reservar cotas para deficientes, empresas não conseguem preencher vagas – falta mão-de-obra Na região metropolitana de São Paulo há 1 milhão de desempregados, o equivalente a 10% da população economicamente ativa e o dobro de toda a população do Amapá. Mas uma categoria especial de trabalhadores vive numa situação rara de pleno emprego. Desde que a chamada lei de cotas para deficientes passou a ser cumprida, o total de pessoas contratadas sob essa classificação no estado de São Paulo já passa de 70.000 (veja o quadro abaixo). Cerca de 60% do setor privado paulista está em dia com as cotas, que variam conforme o número de empregados de cada empresa. Não há estatísticas precisas para os outros estados, mas o Ministério do Trabalho informa que houve um aumento das contratações de deficientes em todo o país. Trata-se de uma conquista impressionante, principalmente num lugar em que leis nascem para nunca ser cumpridas. (Fonte: Revista Veja, Ed. Abril, 31 de outubro de 2007, p. 100.)
Metropolitana: Desempregados: Vive: Passou: Contratadas: Privado: Conforme: Há: Mas: Impressionante:
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Atende ao Objetivo 1 Complete as frases com os adjetivos derivados dos substantivos entre parênteses: a. Atravessamos as ruas ________ da grande cidade. (caos) b. Todos temiam suas afirmações ________________. (fera) c. O diretor era um homem _________ e metódico. (fleuma) d. Arrancamos o joio e outras ervas _______________. (dano)
Aula 9 • Morfologia – classe de palavras
ATIVIDADE 3
e. Para pagar dívidas, empenhei objetos ______________. (valia) f. Nosso professor citou uma frase muito ______________. (expressão)
ATIVIDADE 4 Atende ao Objetivo 1 Dependendo do contexto em que se encontre, uma mesma palavra pode ser um substantivo ou adjetivo. Classifique as palavras destacadas nas orações: a. Se o tempo continuar feio, não sairemos. b. Entre um e outro, escolheu o feio. c. É preciso separar o bom e o mau. d. As crianças acreditavam que ele era um homem mau. e. Nos dias de sol, o céu é azul e claro. f. O azul dos teus olhos me encanta.
155
e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 5 Atende ao Objetivo 1 Assinale as orações em que o numeral foi empregado apenas para dar idéia de exagero, sem indicar, portanto, quantidade: a. Já pedi mais de mil vezes que a turma fizesse silêncio. b. A polícia calculou que havia cerca de trezentos manifestantes no local. c. É a centésima vez que explico isso hoje. d. A lataria do seu carro tinha milhões de pontos de ferrugem.
ATIVIDADE 6 Atende ao Objetivo 1 Identifique se os verbos destacados nas orações exprimem ação, estado, fenômeno ou mudança de estado: a. Quando se retiraram, riu-se ele pelo caminho à vontade. b. Relampejava quando os dois saíram. c. Luisinha tornara-se uma bela moça. d. Leonardo viu que esta observação era verdadeira.
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Relações morfossintáticas – são as relações que se estabelecem entre as palavras levando-se em conta a significação (critérios semânticos), suas características flexionais, tipos de sufixos (critérios morfológicos) e a função desempenhada na frase (critérios sintáticos). Classes de palavras (NGB): Substantivos – são as palavras que designam os seres em geral, reais ou imaginários. Dividem-se, quanto à classificação, em comuns, coletivos, próprios, concretos e abstratos; e quanto à formação, em simples, compostos, primitivos e derivados.
Aula 9 • Morfologia – classe de palavras
RESUMINDO...
Artigo – palavra variável em gênero e número que se antepõe aos substantivos, determinando-os. A determinação operada pelo artigo pode ser definida ou indefinida. Adjetivo – é a palavra variável que atribui uma especificação ao substantivo, caracterizando-o. Essa especificação pode referir-se a uma qualidade, a um estado, à aparência ou ao modo de ser dos referentes dos substantivos. Numeral – é uma classe especial de palavras que indica número ou quantidade exata de seres ou lugar por eles ocupado em uma série. Pronome – é a palavra variável que identifica, na língua, os participantes da interlocução (primeira e segunda pessoas discursivas) e os seres, eventos ou situações aos quais o discurso faz referência (terceira pessoa discursiva). Verbo – é a palavra que pode variar em número, pessoa, modo, tempo e voz, indicando ações, processos, estados, mudanças de estado e manifestações de fenômenos da natureza. Advérbio – palavra invariável que se associa aos verbos, indicando as circunstâncias da ação verbal; aos adjetivos, intensificando as qualidades por eles expressas; e aos outros advérbios, intensificando o seu sentido. Preposição – palavra invariável que conecta termos de sintagmas, estabelecendo entre eles uma relação de dependência. Conjunção – palavra invariável que conecta orações, estabelecendo entre elas uma relação de subordinação (dependência) ou de simples coordenação. Interjeições – palavras ou locuções invariáveis que exprimem sensações e estados emocionais.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA Bem, a partir de agora, vamos avançar um pouco mais na questão da adequação desses vários tipos de palavras na construção de um texto que não traga em sua estrutura interna problemas de clareza e coesão. Tente fazer todos os exercícios propostos antes de conferir as respostas. Dúvidas? Não deixe que elas se tornem um problema.
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
1. menina 2. anjo 3. floresta 4. guloseimas 5. chapeuzinho 6. bocarra ATIVIDADE 2
Metropolitana: adjetivo Desempregados: substantivo Vive: verbo Passou: verbo Contratadas: adjetivo Privado: adjetivo Conforme: advérbio Há: verbo Mas: conjunção Impressionante: adjetivo ATIVIDADE 3
a. caóticas b. ferinas c. fleumático d. daninhas 158
f. expressiva ATIVIDADE 4
a. adjetivo b. substantivo c. substantivo d. adjetivo
Aula 9 • Morfologia – classe de palavras
e. valiosos
e. adjetivo f. substantivo ATIVIDADE 5
a. Já pedi mais de mil vezes que a turma fizesse silêncio. c. É a centésima vez que explico isso hoje. d. A lataria do seu carro tinha milhões de pontos de ferrugem. ATIVIDADE 6
a. ação b. fenômeno c. mudança de estado d. estado
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1990. DE NÍCOLA, José. Português: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2005. v.1. MAIA, João Domingues. Português: volume único. São Paulo: Ática, 2005. PLENO emprego: Obrigadas por lei a reservar cotas para deficientes, empresas não conseguem preencher vagas – falta mão-de-obra. Disponível em:
. Acesso em: 11 fev. 2009. 159
Gramática – Sintaxe Edmon Neto de Oliveira
10
e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
Apresentar, de acordo com a gramática, as principais regras de concordância nominal e verbal e relacioná-las com os usos cotidianos da língua.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. corrigir, segundo as regras gramaticais, os problemas de concordância; 2. aplicar as regras de concordância, adequadamente, aos processos de produção de textos.
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Você já parou para pensar se tudo o que você fala no dia-a-dia está sendo dito da forma correta? É comum usarmos, na linguagem cotidiana, expressões que não fazem parte da norma culta da linguagem escrita. Suponha que você esteja no supermercado e pretende comprar tomates. Você percebe que eles estão especiais naquele dia e ouve alguém dizer: “Quis tomate bonito!” Você, ao ouvir o que essa outra pessoa
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
GRAMÁTICA E COTIDIANO
disse, pode ter achado estranho, uma vez que não falaria essa frase da mesma maneira, não é verdade? Isso pode acontecer porque essa outra pessoa faz parte de um grupo de falantes que se utiliza da variação coloquial da Língua Portuguesa. O coloquialismo se distingue da maneira prestigiada pela norma culta e, no caso em questão, os falantes deixam de usar algumas palavras com marcação de plural dentro de um contexto. E, nessa mesma situação, você, que estranhou a fala do outro cliente, diria:
Ilker
“Que tomates bonitos!”
Fonte: www.sxc.hu
Figura 10.1: Você sabia que o tomate, muitas vezes considerado um legume é, na verdade, um fruto? Pois é... O tomate é o fruto do tomateiro e, apesar de constantemente associado à cozinha típica italiana (por causa de seu grande uso na culinária de molhos de massas), já era consumido nas civilizações Inca, Maia e Asteca, antes de atravessar o oceano e chegar à Europa.
163
e-Tec Brasil – Português Instrumental
Mas por que essa diferença? Esse tipo de situação demonstra a diferença que, em geral, existe entre a nossa fala de uso corriqueiro e a linguagem escrita. A Gramática Tradicional apresenta uma série de regras que devem ser aplicadas REGISTRO PADRÃO
para a manutenção de um REGISTRO PADRÃO, tanto na linguagem escrita
Norma culta, defendida pela gramática.
quanto na oral. Em ambas as construções a respeito dos tomates há um pleno entendimento do que foi dito, mas só no segundo exemplo é que a construção está de acordo com o registro padrão. No entanto, quando se trata da comunicação entre as pessoas através da linguagem falada, em situações corriqueiras, algumas dessas regras não são seguidas. Em situações formais, entretanto, as pessoas procuram se utilizar da norma padrão, como, por exemplo, em uma conversa entre dois empresários. A nossa língua está, a todo momento, sujeita a modificações e estratégias para que a comunicação seja efetuada com sucesso, mas muitas pessoas ainda pensam, de maneira equivocada, que o brasileiro não sabe falar o português “correto”. Voltando ao exemplo do tomate... As duas formas podem ser usadas sem que o entendimento da mensagem a ser transmitida seja prejudicado. A primeira forma não está de acordo com as regras gramaticais, mas, no contexto de fala, algumas pessoas em nosso país podem se utilizar dela. Na evolução da linguagem, sempre esteve presente a necessidade da economia e praticidade, o que explica o uso comum da primeira forma. A marcação de plural apareceu apenas na primeira palavra, mas todos nós entendemos que se trata de mais de um tomate e que todos eles são bonitos. Portanto, não se deve dizer que qualquer pessoa não sabe falar sua língua. Todos nós somos competentes em português, mesmo sem conhecer as normas que se encontram na gramática. No entanto, as regras são muito importantes para que você saiba que existe uma maneira preferível que deve ser usada nas situações de escrita e fala, dentro de vários contextos. São essas regras que, a partir de agora, iremos discutir. Preparado?
AS CONCORDÂNCIAS MORFOSSINTÁTICA Relação com a forma da palavra e com a organização dentro de uma estrutura.
164
A língua portuguesa faz uso de um mecanismo de concordância para marcar formalmente as relações de determinação ou dependência MORFOSSINTÁTICA
existentes entre os constituintes de uma frase.
mais fácil introduzirmos o assunto, e assim podemos discutir os efeitos que isso provoca nos falantes da língua. Vamos tomar como exemplo a frase: “O Maria pegou seu bicicletas e desceu para o praça”. Há algo de muito estranho na formação dessa frase, não é mesmo? Na verdade, pode até ser que você tenha entendido a mensagem que a frase pretendia passar, mas ela apresenta um problema
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
Alterando a forma que algumas palavras assumem no texto, torna-se
formal grave. Os adjetivos e os artigos estão flexionados de maneira aleatória. Temos uma sensação imediata de desordem formal, sem obedecer a algum princípio organizador das flexões de gênero e número. A nossa experiência como falantes não permite que usemos esse tipo de construção. Pela lógica, deduzimos que a frase seria aceitável se fosse: “A Maria pegou sua bicicleta e desceu para a praça”. Esse princípio de organização é o mecanismo de concordância nominal que, na língua portuguesa, exige que os adjetivos e artigos concordem em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural) com os substantivos que modificam. Logo, os artigos que se referem a “Maria” devem estar no singular e no feminino, de forma que a concordância aconteça em toda a estrutura. É provável que você nunca tenha ouvido uma frase como essa que foi apresentada. Pelo menos não com erros tão graves. É mais comum ouvirmos frases em que existam problemas de concordância em número (singular/plural), como, por exemplo, “Os prédio está sendo construído na próxima rua”. A nossa primeira reação é rotulá-las como erradas, principalmente se as virmos escritas em algum lugar. O que acontece com esse tipo de construção é uma espécie de economia de concordância. Uma vez marcado o plural em apenas uma palavra, não é necessário marcar nas outras para que o entendimento seja efetuado. No entanto, essa variedade não é aceita pela gramática. Mas se você parar para pensar no que essas formas indicam, verá que se trata de diferentes mecanismos de concordância, característicos de uma variedade do português. Essa variação, no entanto, não se utiliza da regra gramatical padrão. Perceba que, na forma aceitável pela gramática, a marcação de plural é redundante, ou seja, exigida em todos os constituintes que se relacionam. Na forma popular, muitas vezes, apenas o primeiro constituinte é marcado. Essa última forma não é gramaticalmente aceita. 165
e-Tec Brasil – Português Instrumental
Na escola aprendemos as regras de concordância nominal e verbal que formam o registro culto da língua portuguesa. É necessário aprendêla porque as pessoas são avaliadas pela forma como usam a língua e muitas delas costumam ser discriminadas por se diferenciar do modelo gramatical.
SAIBA MAIS...
Steve Woods
Uma curiosidade... Você sabia que existem algumas semelhanças entre a língua inglesa e a portuguesa? Para mostrar isso, vamos fazer uma relação do português formal, do português popular e do inglês. É simples... No registro formal do português, a conjugação do verbo amar é feita da seguinte forma: Eu amo, Ele ama, Nós amamos, Eles amam. No registro popular: Eu amo, Ele ama, Nós ama, Eles ama. No inglês: I love, He loves, We love, They love. Você pode perceber que tanto no registro popular Fonte: www.sxc.hu
do português quanto no inglês há, praticamente, o
mesmo tipo de variação dos verbos. No registro culto, há mais variações do que nos outros registros. Olhando por esse aspecto, a norma popular do português brasileiro se apropria dos mesmos mecanismos de concordância que o inglês vigente. Trata-se de línguas diferentes, mas é interessante destacar esses aspectos para que as pessoas saibam que existem muitas variações lingüísticas nos vários idiomas que existem. Aqui no Brasil, nós utilizamos a conjugação dos verbos segundo o que vem apresentado nas gramáticas. Esse exemplo também pode ser usado para esclarecer que não existe uma forma certa e uma forma errada de falar. Existe um modelo padrão em cada língua, que é importante para a vida e a comunicação das pessoas. Mas não se deve alimentar um preconceito em relação à forma como as pessoas falam, até porque somos pessoas diferentes em vários outros aspectos.
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Regra geral Os adjetivos, pronomes adjetivos, artigos, numerais e particípios concordam em gênero e número com o substantivo, pronome ou numeral substantivo que determinam. Exs.: Esta folha amassada.
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
REGRAS DE CONCORDÂNCIA NOMINAL
O telefone desligado. Feito o discurso de abertura, o prefeito se dirigiu ao pátio.
ATENÇÃO
Substantivo – é o nome de todos os seres que existem ou que imaginamos existir, ou seja, é a palavra flexiva com que se nomeia, em geral, pessoas, coisas, animais, ações, qualidades ou estados. Adjetivo – é toda e qualquer palavra que, junto de um substantivo, indica qualidade, defeito, estado ou condição. Pronome – é a palavra que substitui ou acompanha um substantivo (nome), em relação às pessoas do discurso. Pronomes substantivos são os que substituem o substantivo; pronomes adjetivos são os que acompanham o substantivo. Artigo – é a palavra que antecede o substantivo e indica seu gênero e número, individualizando-o ou generalizando-o. Numeral – é a palavra que dá idéia de número: cinco, dez, quinto, décimo, quíntuplo, terço, ambos etc.
As demais palavras com valor adjetivo podem se vincular ao substantivo quando funcionam como adjuntos adnominais ou predicativos. Os adjetivos que ocupam essas funções sintáticas são afetados pelos mecanismos de concordância nominal. Exs.: A menina complicada. Os carros são caros. 167
e-Tec Brasil – Português Instrumental
CASOS ESPECIAIS • Um adjetivo deve estar sempre no plural quando vier antes de dois
ou mais substantivos que fazem referência a nomes de pessoas. Ex.: As inteligentes Maria e Isabel fizeram todo o trabalho.
• Quando o adjetivo tiver função de predicativo, concorda com todos
os núcleos a que se relaciona. Exs.: São calamitosos a pobreza e o desamparo. Julguei insensatas sua atitude e suas palavras.
ATENÇÃO
Sujeito – é o ser ao qual se atribui a idéia contida no predicado. Predicado – é tudo aquilo que se atribui ao sujeito. Predicativo – é uma característica intrínseca de um sujeito ou objeto, contida no predicado. Núcleo do sujeito – é a parte imprescindível do sujeito, o elemento mais importante. Núcleo do predicado – é a parte imprescindível do predicado, o elemento mais importante.
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ficado por dois ou mais adjetivos, podem ser usadas as seguintes construções: Estudo a cultura brasileira e a portuguesa. Estudo as culturas brasileira e portuguesa. Os dedos indicador e médio estavam feridos. O dedo indicador e o médio estavam feridos.
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
• Quando um substantivo determinado por artigo é modi-
• Adjetivos regidos pela preposição de, que se referem a
pronomes indefinidos, ficam normalmente no masculino singular, podendo surgir concordância atrativa. Exs.: Sua vida não tem nada de sedutor; Os edifícios da cidade nada têm de elegantes.
ATENÇÃO
• Preposição – é a palavra invariável que liga duas ou outras palavras entre si, estabelecendo entre elas certas relações. • São seis os tipos de pronome: pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. Os pronomes pessoais servem para substituir as pessoas do discurso. Os pronomes possessivos são aqueles que dão idéia de posse, em relação às pessoas do discurso. Os pronomes demonstrativos são aqueles que situam os seres, no tempo e no espaço, em relação às pessoas do discurso. Os pronomes indefinidos são aqueles que se referem à 3ª pessoa de modo vago ou impreciso. Os pronomes interrogativos são os indefinidos que, quem, qual (e variação), quanto (e variações), usados em frases interrogativas. Os pronomes relativos são aqueles que se relacionam com um termo antecedente, dando início a uma oração, chamada adjetiva.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
A concordância atrativa pode se dar em três casos: 1º. é a adequação de um termo a apenas um dos vários elementos determinados, escolhendo-se o que estiver mais próximo. Ex.: Por favor, chegue na hora e no local adequado. 2º. é a adequação a uma parte do termo que não constitui gramaticalmente seu núcleo. Ex.: A maioria dos professores faltaram. 3º. é a adequação a outro termo da oração que não é o determinado. Ex.: Tudo são flores. • Palavras como anexo, incluso, obrigado, mesmo, próprio são
adjetivos ou pronomes adjetivos e devem concordar com o substantivo a que se referem. Exs.: O livro segue anexo. A fotografia vai inclusa. As duplicatas seguem anexas. Elas mesmas resolveram a questão. • Palavras como meio e bastante, quando se referem a um substantivo,
devem concordar com este. Quando funcionarem como advérbios, permanecerão invariáveis. Há, também, o caso de “menos”, que é sempre invariável. Exs.: Tomou meia garrafa de vinho; Ela estava meio aborrecida; Bastantes alunos foram à reunião; Eles falaram bastante; Eram alunas bastante simpáticas; Havia menos pessoas vindo de casa.
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Advérbio – é a palavra invariável que modifica essencialmente o verbo, exprimindo uma circunstância (tempo, modo, lugar etc.). Exs.:
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
ATENÇÃO
Volto logo. Transcreveu a carta errado. Ficaremos aqui.
• Muito, pouco, longe, caro, barato podem ser palavras adjetivas
ou advérbios, mantendo a concordância se fizerem referência a substantivos. Exs.: Compraram livros caros. Os livros custaram caro. Poucas pessoas tinham muitos livros. Leram pouco as moças muito vivas. Andavam por longes terras. Eles moram longe da cidade. Eram mercadorias baratas. Pagaram barato aqueles livros. • É bom, é proibido, é necessário, expressões formadas pelo verbo
ser + adjetivo, não variam se o sujeito não vier determinado; caso contrário, a concordância será obrigatória. Exs.: Água é bom. A água é boa. Bebida é proibido para menores. As bebidas são proibidas para menores. Chuva é necessário. Aquela chuva foi necessária.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATENÇÃO
A nomenclatura Gramatical Brasileira considera os seguintes tipos de sujeito:
Simples – quando há somente um núcleo. Ex.: A casa de Juçara sofreu reforma geral.
Composto – quando há dois ou mais núcleos. Ex.: A casa de Juçara e o armazém sofreram reforma geral.
Indeterminado – quando a identidade do sujeito é desconhecida realmente ou escondida propositadamente. Ignora-se não só a identidade, mas também o número de agentes. Ex.: Roubaram minha carteira. (Quem roubou a carteira? Não se sabe).
Oração sem sujeito – é a que traz verbos impessoais, ou seja, que não têm sujeitos e se apresentam na terceira pessoa (haver, fazer, ser e estar). Ex.: Havia poucos ingressos à venda.
Sujeito paciente – podemos encontrá-los em duas estruturas diferentes: • com o verbo ser + particípio (voz passiva analítica); • com verbo transitivo direto + o pronome se (voz passiva sintética). Ex.: Muita gente é assaltada diariamente em São Paulo. (voz passiva analítica)
Assalta-se muita gente diariamente em São Paulo. (voz passiva sintética)
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flexiona). Exs.: Elas não vieram sós. Vieram só os rapazes.
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
• Só = sozinho (adjetivo) (flexiona) / só = somente, apenas (não
• A locução adverbial a olhos vistos (= visivelmente) é invariável:
Ex.: Ela crescia a olhos vistos.
ATENÇÃO
Locução adverbial é o conjunto de duas ou mais palavras com o valor de advérbio. Ex.: às pressas (ou à pressa), a bandeiras despregadas (ou às bandeiras despregadas), às vezes, no mais das vezes, as mais das vezes, o mais das vezes, a cavalo, a pé, a esmo, ao vivo, pouco a pouco, a pouco e pouco, por ora, a torto e a direito, de propósito, de repente, a sério, sob medida, aos trancos e barrancos, em domicílio, a domicílio, por ora, de vez em quando, de quando em vez etc.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental • Conforme = conformado (adjetivo) (flexiona) / conforme = como
(não flexiona). Exs.: Eles ficaram conformes com a decisão. Dançam conforme a música. • O (a) mais possível (invariável) / as, os mais possíveis.
Exs.: É uma moça a mais bela possível. São moças as mais belas possíveis. • Os particípios concordam como adjetivos:
Exs.: A refém foi resgatada do bote. Os materiais foram comprados a prazo. As juízas tinham iniciado a apuração.
ATENÇÃO
Verbo é a classe de palavra que possui a maior quantidade de flexões: tempo, modo, pessoa e número. Isso ajuda a identificá-lo, pois enquanto outras palavras não podem ser conjugadas, o verbo pode. Ex.: Eu escrevo, Eu escrevi, Ele escreve, Ele escreveu. O particípio é a forma nominal do verbo que expressa ações plenamente concluídas. Ex.: escrito, falado, pensado.
• A expressão haja vista não se flexiona, exceto por concordância
atrativa antes de substantivo no plural sem preposição: Exs.: Haja vista (hajam vistas) os comentários feitos. Haja vista dos recados do chefe.
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Exs.: Eles eram uns pseudo sábios. Salvo nós dois, todos fugiram. Eles ficaram alerta. • Os adjetivos adverbializados são invariáveis:
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
• Pseudo, salvo (= exceto) e alerta não se flexionam:
Exs.: Vamos falar sério. Ele e a esposa raro vão ao cinema.
ATENÇÃO
Adjetivos adverbializados são aqueles empregados com valor de advérbio. Por isso, são mantidos invariáveis. Ex.: A professora chegou rápido à sala de aula.
•
No caso de silepse com expressões de tratamento, usa-se adjetivo masculino em concordância ideológica com um homem ao qual se relaciona a forma de tratamento que é feminina: Exs.: Vossa Majestade, o rei, mostrou-se generoso. Vossa Excelência é injusto.
ATENÇÃO
Silepse é a figura de construção em que a concordância não é feita de acordo com as palavras que efetivamente aparecem na oração, mas segundo a idéia que se associa a elas ou então segundo um termo subentendido. A silepse pode ser de gênero, de número e de pessoa. Ex.: Rio de Janeiro é movimentada.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATENÇÃO
Aposto é o termo que explica, desenvolve, identifica ou resume um outro termo da oração, independente da função sintática que este exerça. Ex.: Dona Ana, a senhora do apartamento de cima, veio aqui hoje mais cedo. Vocativo é o único termo isolado dentro da oração, pois não se liga ao verbo nem ao nome. Não faz parte do sujeito nem do predicado. A função do vocativo é chamar ou interpelar o elemento a que se está dirigindo. Ex.: Pai, perdoai nossos pecados.
ATIVIDADE 1 Atende ao Objetivo 1 Reescreva as frases seguintes, fazendo a devida concordância das palavras indicadas entre parênteses: a. O leitor pulou (longo) capítulos e páginas, porque achou o livro muito grosso.
b. O poeta escreveu capítulos e páginas (compacto).
c. O advogado considerou (perigoso) o argumento e a decisão.
d. “Os cavalos, metidos até (meio) canela na correnteza, dobravam o pescoço.” (Guimarães Rosa)
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f. Comprei uma motocicleta e um apartamento (usado).
g. Elas (mesmo) providenciaram os atestados, que enviaram (anexo) às procurações, como
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
e. Os fugitivos caminhavam lentamente, (alerta) ao perigo.
instrumentos (bastante) para os fins colimados.
h. Os soldados cometeram um crime de (leso) patriotismo.
i. Os alunos e as alunas (aprovado) pretendem fazer um baile e um churrasco (bastante) agradáveis.
ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 2 Substitua a expressão destacada pela palavra indicada entre parênteses: a. Eles já estavam igualmente pagos _____________. (quite) b. Os filmes a que assisti no Festival Internacional de Cinema eram muito ______________ interessantes. (bastante) c. A dona de casa estava um pouco________ confusa porque não tinha tantos_________ pratos e talheres para tantos convidados. (meio – bastante) d. Eles não se sentiam bem quando ficavam sozinhos ________________. (só) e. Julia e Estela somente____________________ irão se tiverem muitos _________________ detalhes do roteiro. (só – bastante)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
REGRAS DE CONCORDÂNCIA VERBAL • Verbo com sujeito simples
O verbo concorda em número e pessoa, não interessando a posição: Exs.: Ele chegou tarde. Nós voltaremos logo. Chegaram os alunos. • Sujeito composto antes do verbo
a. o verbo vai para o plural: Exs.: Recife e Jaboatão dos Guararapes são as principais cidades do litoral pernambucano. b. o verbo poderá ficar no singular nos seguintes casos: – se os núcleos do sujeito forem sinônimos. Ex.: A decência e honestidade é coisa rara nos dias atuais. – quando os núcleos formam uma gradação, ou seja, núcleos que são causa de uma conseqüência. Ex.: A angústia, a solidão, a falta de companhia levou-o ao vício da bebida. – quando os núcleos aparecem resumidos por tudo, nada, ninguém. Exs.: Diretores, gerentes, supervisores, ninguém faltou. A ameaça, o terrorismo, a agressão, nada o assustava.
ATENÇÃO
Antônimo é a nomenclatura dada àquelas palavras que significam o contrário (ou oposto ou inverso) de outra. Por outro lado, um sinônimo atende às palavras que têm significado idêntico ou muito semelhante à outra.
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a. O verbo vai para o plural: Exs.: Chegaram ao estádio os jogadores e o técnico. Cambaleavam na rua Do Carmo e Dirceu. b. O verbo concorda com o núcleo mais próximo Ex.:
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
• Sujeito composto depois do verbo
Chegou ao estádio o técnico e os jogadores.
• Sujeito composto de pessoas diferentes
a. Quando aparece a 1ª pessoa do singular, o verbo vai para o plural: Exs.: Jorge e eu jogaremos amanhã. O professor e eu fotografamos vários tipos de pássaros. b. se o sujeito for formado por segunda e terceira pessoas do singular, o verbo pode ir para a 2ª ou 3ª pessoa do plural. Exs.: Tu e ele ficareis atentos. Tu e tua esposa viajarão cedo. 179
e-Tec Brasil – Português Instrumental • Núcleos do sujeito ligados por ou
– se houver idéia de exclusão ou retificação, o verbo fica no singular ou concordará com o núcleo do sujeito mais próximo. Exs.: a. Paulo ou George será o novo gerente. b. O marginal ou os marginais não deixaram nenhuma pista para os policiais. – se não houver idéia de exclusão, o verbo vai para o plural. Ex.: a. A bebida ou o fumo são prejudiciais à saúde. • Núcleos do sujeito ligados por com
O verbo irá para o plural, mas admite-se o singular quando se quer destacar o primeiro núcleo do sujeito: Ex.: a. O marceneiro com o pintor terminaram o serviço combinado. b. O marceneiro com o pintor terminou o serviço combinado. • Sujeito coletivo
Exs.: Quando o sujeito é um coletivo, o verbo concorda com ele: A multidão aplaudiu o discurso do diretor. As boiadas seguiam seu caminho pelo pantanal.
ATENÇÃO
Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural: A equipe de cinegrafistas acompanhou o protesto dos professores pelas ruas do Recife. A equipe de cinegrafistas acompanharam o protesto dos professores pelas ruas do Recife.
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Quando o sujeito é um substantivo usado somente no plural, há duas possibilidades: a. se o substantivo não vier precedido de artigo fica no singular: Ex.: Estados Unidos é a maior potência econômica do mundo. b. se o substantivo for precedido de artigo, o verbo vai para o
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
• Quando o sujeito é substantivo que só tem plural
plural: Ex.: As Minas Gerais possuem grandes paisagens naturais. • Quando o sujeito é um pronome de tratamento
Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo vai para a 3ª pessoa: Ex.: Vossa Excelência agiu corretamente. Vossas Excelências votaram a nova lei. • Quando os sujeitos são pronomes relativos QUE/ QUEM
a. se o sujeito for o pronome relativo QUE, o verbo concordará em número e pessoa com o antecedente do pronome: Exs.: Fui eu que liguei o rádio. Fomos nós que consertamos a TV.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
b. se o sujeito for o pronome QUEM, o verbo fica na 3ª pessoa do singular: Exs.: Não sou eu quem faz o jantar. Fui eu quem pagou o jantar.
ATENÇÃO
Popularmente é comum o verbo concordar com o antecedente do pronome QUEM. Não sou eu quem faço o jantar.
Fique atento! Essa forma, embora bastante utilizada, não é a prevista na gramática. A forma prevista é a seguinte: Não sou eu quem faz o jantar.
• Quando o sujeito é uma oração
Quando o sujeito for representado por uma oração, o verbo fica na 3ª pessoa do singular: Exs.: Ainda falta comprar vários livros. Não adianta vocês ficarem parados na fila. • Quando os núcleos do sujeito são infinitivos
O verbo vai para o plural se os infinitivos forem determinados por artigos. Caso os infinitivos não apareçam determinados, o verbo poderá ficar no singular. Exs.: Correr e caminhar é um ótimo exercício. O cantar e o dançar divertem qualquer pessoa.
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O verbo normalmente concorda com o sujeito: Exs.: Vende-se uma geladeira. Vendem-se carros.
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
• Verbo com a partícula apassivadora SE
• Verbo com índice de indeterminação do sujeito
O verbo fica na 3ª pessoa do singular se a partícula SE está ligada a um verbo transitivo indireto ou intransitivo: Exs.: Precisa-se de pedreiros. Trabalha-se muito em Brasília. • Sujeito formado por expressões
a. Um ou outro. O verbo concorda no singular com o sujeito: Exs.: Um ou outro jogador merecia críticas. Um ou outro levava a irmã ao colégio. b. Um e outro, nem um nem outro, nem. O verbo concorda preferencialmente no plural: Exs.: Um e outro permaneciam aguardando a chamada. Nem um nem outro quiseram tomar banho. c. Um dos que, uma das que. O verbo vai, de preferência, para o plural: Ex.: Antônio é um dos que mais estudam matemática. d. Mais de, menos de. O verbo concorda com o numeral a que se refere: Exs.: Mais de um aluno apresentou a pesquisa de campo. Mais de cem menores fugiram do presídio. 183
e-Tec Brasil – Português Instrumental
e. A maior parte de, grande número de Para essas expressões, que são seguidas de substantivos ou pronome no plural, é facultativo (opcional) o verbo estar no singular ou no plural: Exs.: Grande número de empresários se revoltou contra o governo. A maioria das pessoas protestaram contra o aumento da energia elétrica. f. Quais de vós, quantos de nós, alguns de nós. O verbo concordará com os pronomes nós ou vós ou concordará na 3ª pessoa do plural: Exs.: Alguns de nós chegaram hoje. Muitos de nós não conhecemos as leis.
ATENÇÃO
Se o pronome indefinido ou interrogativo estiver no singular, o verbo ficará na 3ª pessoa do singular:
Nenhuma de nós ouviu a notícia.
•
Outros casos que merecem nossa atenção – Haja vista: Podem ocorrer as seguintes concordâncias: Segundo a tradição literária, vista fica invariável, não importando se a palavra seguinte – o objeto direto, no caso – esteja no masculino ou no plural: Exs.: Haja vista a dieta prescrita. Haja vista as obras que já publicou. Também se encontram exemplos na literatura de flexão do verbo haver – ele pode ir para o plural, continuando “vista” invariável. Hajam vista os acontecimentos na África. Hajam vista as seguintes frases francesas.
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Esses verbos concordam regularmente com o sujeito, a não ser que sejam usadas outras palavras como sujeito. Exs.: Batiam cinco horas quando o alarme tocou. Deram quatro horas e ninguém foi visto.
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
• Concordância dos verbos DAR, SOAR, BATER:
• Concordância dos verbos impessoais:
Ficam na 3ª pessoa do singular, pois não possuem sujeito. Exs.: Havia cinco anos que moravam em Portugal. Chovia muito naquela noite. Faz dois meses que recebemos a carta.
• Concordância do verbo SER:
O verbo SER ora concorda com o sujeito ora concorda com o predicativo. Vamos ver alguns exemplos? a. Quando o sujeito for um dos pronomes QUE ou QUEM, o verbo SER concordará obrigatoriamente com o predicativo: Exs.: Que são homônimos? Quem foram os vencedores do campeonato?
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
b. O verbo SER concordará com o numeral na indicação de tempo, dias, distância: Exs.: É uma hora da madrugada. São dezenove horas em ponto. c. Quando o sujeito for algum dos pronomes tudo, o, isso, aquilo ou isto, o verbo SER concorda, preferencialmente, com o predicativo, mas poderá concordar com o sujeito. Exs.: Tudo são flores no início da relação. Isto são fenômenos da natureza. Aquilo tudo é obra do destino. d. Quando aparece nas expressões é muito, é pouco, é bastante, o verbo SER fica no singular quando indicar quantidade, distância, medida. Exs.: Quatro reais é pouco para irmos ao cinema. Seis quilos de feijão é mais do que pedi. • Concordância do verbo PARECER
Existem duas possibilidades de concordância quando o verbo parecer vem seguido de um outro verbo no infinitivo. 1ª. verbo parecer, como verbo auxiliar, concorda com o sujeito, e o infinitivo não se flexiona, formando assim uma locução verbal. Ex.: As estrelas pareciam caminhar no céu. 2ª. verbo parecer, como verbo intransitivo, fica na 3ª pessoa do singular, e o infinitivo se flexiona. Ex.: “As estrelas parecia caminharem no céu.” (Graça Aranha) Nesse caso, o verbo parecer forma com “As estrelas” um sujeito oracional: ‘AS ESTRELAS CAMINHAREM parecia’ – Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
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Aula 10 • Gramática – Sintaxe
Outro exemplo tirado da nossa literatura: “Mesmo os doentes parece que são mais felizes.” (Cecília Meirelles) (parece – verbo intransitivo; QUE OS DOENTES SÃO MAIS FELIZES – Sujeito Oracional: Oração Substantiva Subjetiva Desenvolvida) Embora a concordância se revele um aspecto da sintaxe, como já dissemos, muitas vezes um tipo de construção é determinado pela influência semântica, ou seja, pelo significado que cada palavra tem. É o caso de alguns verbos que, quando apresentam um significado específico, exigem que a relação de concordância se estabeleça de forma especial (Ex.: verbo importar). Portanto, é importante conhecer as especificidades das relações de concordância e procurar sempre escrever e se comunicar da melhor maneira possível. Além de compreendermos nossa língua, é fundamental que saibamos ser eficientes nela.
Agora que você chegou ao final de mais uma aula, faça as atividades a seguir, pensando em tudo o que estudamos, mas lembre-se: o hábito da leitura é um importante aliado quando o assunto é concordância
Steve Woods
PARA FECHAR...
nominal e verbal. Procure ler sempre de tudo um pouco: jornais, revistas, livros de romance, suspense ou ficção... Assim, além de estar sempre estudando e fixando todo o conteúdo que você tem aprendido com as nossas aulas, também irá adquirir conhecimentos de mundo indispensáveis para uma boa formação.
Fonte: www.sxc.hu
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 3 Atende ao Objetivo 1 Identifique as frases corretas quanto à concordância verbal: a. Existem móveis mais adequados, que poderão resolver seu problema de falta de espaço. b. Os Andes estendem-se da Venezuela à Terra do Fogo. c. Um dos gêmeos tomaram providências imediatamente. d. Um grupo de coreanos se responsabilizaram pela organização da Feira das Nações. e. A multidão em pânico corriam muito.
ATIVIDADE 4 Atende aos Objetivos 1 e 2 Identifique, no trecho a seguir, as frases que apresentam problemas de concordância verbal. Reescreva-as, adequando-as à linguagem escrita culta. Não fui eu que quebrou a máquina de escrever. Também não foi eles, tenho certeza. Portanto, não acho justo você dizer que é nós quem vão pagar o conserto.
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• A sintaxe de concordância faz com que as palavras dependentes concordem,
nas suas flexões, com as palavras de que dependem na frase. •· Os adjetivos, pronomes, artigos e numerais concordam em gênero e número
com os substantivos determinados = concordância nominal. • O verbo concorda em número e pessoa com o sujeito simples a que se refere
= concordância verbal.
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
RESUMINDO...
• Dá-se o nome de concordância à harmonia que os termos da oração
apresentam em nível sintático. Assim, algumas palavras, expressões ou mesmo orações, quando estabelecem uma relação de dependência entre si, devem demonstrar com quais elementos estão ligadas. E isso é evidenciado através das flexões: de número e gênero, para os nomes e de número e pessoa, para os verbos. • O fato de a concordância se expressar por meio de flexões pode nos levar a
pensar numa série de repetições exigidas pela sintaxe (Ex.: marcar o plural no substantivo e no adjetivo que o acompanha). Porém, é a concordância que permite a não-repetição do sujeito numa certa construção verbal (Ex.: sujeito oculto). De qualquer forma, a concordância é obrigatória nesses casos .
INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA Na próxima aula, você vai aprender sobre as regras de pontuação dentro do registro escrito. Como pontuar uma frase e fazer com que ela fique clara e bem escrita? Aguarde... São cenas do próximo capítulo. Até lá!
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
a. O leitor pulou longos capítulos e páginas. b. O poeta escreveu capítulos e páginas compactos (ou compactas). c. O advogado considerou perigosos (ou perigoso) o argumento e a decisão. d. Os cavalos, metidos até meia canela na correnteza, dobravam o pescoço. e. Os fugitivos caminhavam lentamente, alerta ao perigo. f. Comprei uma motocicleta e um apartamento usado (ou usados). g. Elas mesmas providenciaram os atestados, que enviaram anexos às procurações, como instrumentos bastantes para os fins colimados.
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h. Os soldados cometeram crime de leso-patriotismo. i. Os alunos e as alunas aprovadas (ou aprovados) pretendem fazer um baile e um churrasco bastante agradáveis. ATIVIDADE 2
a. Eles já estavam quites. (quite) b. Os filmes a que assisti no Festival Internacional de Cinema eram bastante interessantes. (bastante) c. A dona de casa estava meio confusa porque não tinha bastantes pratos e talheres para tantos convidados. (meio – bastante) d. Eles não se sentiam bem quando ficavam sós. (só) e. Julia e Estela só irão se tiverem bastantes detalhes do roteiro. (só – bastante) ATIVIDADE 3
Frases corretas: a. Existem móveis mais adequados, que poderão resolver seu problema de falta de espaço. b. Os Andes estendem-se da Venezuela à Terra do Fogo. d. Um grupo de coreanos se responsabilizaram pela organização da Feira das Nações. Na frase a, o sujeito é “móveis”. Uma vez que o predicado está fazendo relação direta com o sujeito, o verbo deve fazer concordância com este. A frase b trata sobre uma cadeia de montanhas, os Andes; e o verbo faz referência a ele. Portanto, deve vir no plural. No caso da frase d, apesar de estar correta, pelo fato de o verbo fazer concordância com o termo “coreanos”, ele poderia ter vindo também no singular. Neste caso, ele estaria retomando a idéia de grupo. Um grupo se responsabilizou. Frases erradas c. Um dos gêmeos tomaram providências imediatamente e. A multidão em pânico corriam muito. Na frase c, o verbo deveria concordar com o sujeito exposto: “um dos gêmeos”, que é apenas uma pessoa e, portanto, está no singular. A frase e, apesar de o sujeito exprimir uma noção de quantidade maior que um, o núcleo está no singular e o verbo deve aparecer também no singular.
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A primeira oração poderia ser reescrita da seguinte forma: Não fui eu que quebrei a máquina de escrever. Ou: Não foi eu quem quebrou a máquina de escrever. Na segunda oração, o verbo irá concordar com o sujeito (eles), que está deslocado:
Aula 10 • Gramática – Sintaxe
ATIVIDADE 4
Também não foram eles, tenho certeza. A reescrita da terceira oração poderia ser da seguinte maneira: Não acho justo você dizer que somos nós quem vai pagar o conserto. Ou: Não acho justo você dizer que somos nós que vamos pagar o conserto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABAURRE, Maria Luiza. Português. São Paulo: Moderna, 2000. (Coleção Base) CEREJA, Willian Roberto. Português: linguagens: literatura, gramática e redação: 2º grau. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atual, 1994. CONCORDÂNCIA verbal e nominal. Disponível em: . Acesso em: 14 jan. 2009. CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3.ed. Rio de Janeiro: Lexikon Informática, 2007.
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Edmon Neto de Oliveira
Gramática – Pontuação
e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
OBJETIVOS
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Apresentar estratégias para a composição de textos utilizando a norma culta da língua portuguesa, por meio de mecanismos de pontuação. Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. identificar problemas de pontuação em um texto; 2. redigir textos de acordo com as regras de pontuação previstas na gramática.
Aula 11 • Gramática - Pontuação
QUESTÃO DE PONTUAÇÃO Todo mundo aceita que ao homem cabe pontuar a própria vida: que viva em ponto de exclamação (dizem: tem alma dionisíaca); viva em ponto de interrogação (foi filosofia, ora é poesia); viva equilibrando-se entre vírgulas e sem pontuação (na política): o homem só não aceita do homem que use a só pontuação fatal: que use, na frase que ele vive o inevitável ponto final. (João Cabral de Melo Neto)
PONTUAR É PRECISO... Antes de começarmos a apresentar os sinais de pontuação existentes na gramática da língua portuguesa, vamos a uma questão: Você já parou para pensar qual a necessidade de usar sinal de pontuação quando escrevemos? Pense um pouco sobre isso e escreva o que pensa no espaço a Adam Ciesielski
seguir.
____________________________________ ____________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________ Fonte: www.sxc.hu
Para responder a essa pergunta, é necessário esclarecer uns pontos sobre algumas das diferenças essenciais entre a modalidade oral e a modalidade escrita da linguagem. Repare que, quando falamos, contamos com a possibilidade de usar o ritmo e os contornos melódicos dos enunciados, assim como pausas (de duração variada), em determinados pontos, para indicar limites de 195
e-Tec Brasil – Português Instrumental
organização e unidades de sentido, ou seja, a junção dos elementos de nossa língua que faz com que entendamos um ao outro. Os contornos melódicos são características comuns da fala do indivíduo, mas se apresentam de forma diferente em cada falante. Assim, a “marcação” dos limites entre as palavras que vamos constituindo à medida que articulamos nossos enunciados orais é feita PROSÓDICA Parte da gramática que se dedica às características da emissão dos sons da fala, como o acento e a entonação (Fonte: Dicionário Houaiss, 2001).
por meio de recursos de natureza PROSÓDICA. Além desses recursos, contamos com os nossos gestos para deixar claro o que queremos dizer. Em resumo, quando falamos, a interação face a face que mantemos com quem falamos garante a presença de elementos suficientes para a interpretação daquilo que dizemos. Quando escrevemos, por outro lado, o tipo de interlocução que mantemos através dos nossos textos é bastante diferente, em vários aspectos. Pelo fato de não mantermos uma relação direta com quem estamos querendo nos comunicar, não podemos correr o risco de que nossos enunciados não sejam entendidos. Diferentemente da comunicação oral, não podemos, ao escrever, contar com os recursos prosódicos que, dentre outras funções, servem para delimitar as unidades de forma/sentido, na fala, ou seja, unidades que apresentam uma determinada estrutura e representam um significado na língua. Por esse motivo, os chamados sinais de pontuação se desenvolveram no registro escrito, desempenhando a função de demarcadores de unidades e de sinalizadores de limites da estrutura das orações. Nesse caso, como os recursos comuns à fala estão ausentes, a pontuação irá nos dizer exatamente em que sentido devemos encaminhar nossa leitura, sinalizando as situações de pausa, respiração, entonação etc., assim como onde termina uma idéia e começa uma outra. Ao longo desta aula, iremos resgatar os conhecimentos que você já viu na escola. Vamos começar?
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Aula 11 • Gramática - Pontuação
PONTUAÇÃO Sigurd
De
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Fon
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w e: w
A pontuação é um sistema de sinais gráficos que indica, na escrita, uma pausa na linguagem oral. Esse sistema se desenvolveu, ao longo dos anos, no uso literário das línguas ocidentais, como, por exemplo, o português, o francês, o italiano etc. Podemos dividir os sinais de pontuação em dois grandes grupos: 1. sinais para pausas CONCLUSAS; 2. sinais para pausas INCONCLUSAS. SINAIS PARA PAUSAS CONCLUSAS Esse grupo é essencialmente representado pelo ponto (.), uma vez que a utilização desse sinal só acontece quando a oração já foi concluída,
CONCLUSAS Relativas à noção de finalização, algo já terminado, concluído.
INCONCLUSAS Algo ainda não terminado, que necessita de conclusão.
ou seja, quando não há mais nenhum elemento a ser adicionado àquela frase. O mesmo acontece com os outros sinais pertencentes a esse grupo, mas com características diferentes. Na língua portuguesa, temos os seguintes sinais: a. o ponto-e-vírgula (;), usado quando duas frases estão articuladas entre si. Ex.: Muitos se esforçam; poucos conseguem. b. a interrogação (?), usado quando se trata de uma frase interrogativa. Exs.: Haverá aula amanhã? Como ajudar os meninos que estão morando nas ruas das grandes cidades brasileiras? c. a exclamação (!), usado quando se trata de uma frase exclamativa. Exs.: Eu quero ir pra casa logo! Faça o favor de terminar esse exercício antes de a aula acabar! 197
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SINAIS PARA PAUSAS INCONCLUSAS Esse grupo é essencialmente representado pela vírgula (,), que separa orações ou membros da oração. Os sinais pertencentes a esse grupo são usados dentro das estruturas das frases que ainda não concluíram uma idéia. A escolha do sinal adequado depende do que se quer expressar com a utilização dele. Nesse grupo, temos os seguintes sinais: a. o dois-pontos (:), usado quando a frase, ou o membro oracional seguinte, explica ou desenvolve o que foi dito antes. Exs.: E a felicidade resume-se a isto: criarem-se hábitos. Estavam presentes: o pai, a mãe, o sobrinho e todos os outros membros das duas famílias. b. os parênteses ( ), usados quando no meio de uma dada frase se intercala outra frase com uma estrutura diferente. Ex.: Na semana passada (parece que foi há anos) eu encontrei com Sr. Vivaldo pela última vez. c. as aspas (“ ”), usadas para abrir e fechar a transcrição de palavras ou frases que foram ditas por outra pessoa. Ex.: “A esperança vencerá o medo”, disse, emocionado, o presidente. d. o travessão (–), que pode ser usado nas seguintes situações: • simples, para substituir o dois-pontos diante de um elemento da oração. Ex.: Ela queria de qualquer jeito o divórcio – ele acabou cedendo. • duplo, para substituir os parênteses. Ex.: A noiva cumprimentou – com muita má vontade – os convidados após o casamento. • simples, combinado com as aspas (ou não), para as mudanças de interlocutor na transcrição de um diálogo. Exs.: – Eu gostaria que você me dissesse alguma coisa. – Alguma coisa? 198
citação escrita para indicar parte suprimida. Ex.: “Comecei a recolher os materiais necessários (...) e a tomar notas de toda parte e de tudo” (Machado de Assis).
OS SÍMBOLOS E SEUS USOS EM CADA SITUAÇÃO Vamos, agora, discutir cada sinal de pontuação que você relembrou
Aula 11 • Gramática - Pontuação
Há ainda o sinal de pausa de reticências (...), usado numa
na seção anterior e saber os lugares que eles ocupam dentro de uma frase ou texto. PONTO ( . ) O ponto é usado nas seguintes situações: a. indicar o final de uma frase declarativa, ou seja, frases que informam ou declaram alguma coisa. Essas frases podem ser afirmativas ou negativas; Ex.: Lembro-me muito bem dele. b. separar períodos entre si; Ex.: Fica comigo. Não vá embora. c. nas abreviaturas. Ex.: Av.; V. Ex.ª DOIS-PONTOS ( : ) O dois-pontos é usado nas seguintes situações: a. iniciar a fala dos personagens Ex.: Então o padre respondeu: – Parta agora. b. antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou seqüência de palavras que explicam e/ou resumem idéias anteriores. Ex.: Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e Gilberto.
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c. antes de citação. Ex.: Como já dizia Vinícius de Moraes: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.” RETICÊNCIAS ( ... )
As reticências são usadas nas seguintes situações: a. indicar dúvidas ou hesitação do falante. Ex.: Sabe...eu queria te dizer que...esquece. b. interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incompleta. Ex.: – Alô! João está? – Agora não se encontra. Quem sabe se ligar mais tarde... c. ao fim de uma frase gramaticalmente completa, com a intenção de sugerir prolongamento de idéia. Ex.: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” ("Cecília", José de Alencar). d. indicar supressão de palavra(s) numa frase transcrita. Ex.: “Quando penso em você (...) menos a felicidade” ("Canteiros", Raimundo Fagner).
PARÊNTESES ( )
Os parênteses são usados na seguinte situação: Isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e datas. Ex.: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreram inúmeras perdas humanas. 200
véspera), acordara depois duma grande tormenta no fim do verão. (O milagre das chuvas no nordeste, Graça Aranha)
Importante: Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o travessão. Ex.: Chovia (calmamente) enquanto os pássaros se escondiam nas copas das árvores naquela tarde. PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )
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Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na
O ponto de exclamação é usado nas seguintes situações: a. Após vocativo. Ex.: “Parte, Heliel!” (As violetas de Nossa Sra, Humberto de Campos) b. Após imperativo. Ex.: Cale-se! c. Após interjeição. Ex.: Ufa! Ai! d. Após palavras ou frases que denotem caráter emocional. Ex.: Que pena!
ATENÇÃO
O modo imperativo expressa ordem, pedido ou conselho. Ex.: Caminhe todos os dias. O vocativo é o único termo isolado na oração, pois não se liga ao sujeito. Sua função é chamar ou interpelar o elemento a quem se está dirigindo a oração. Ex.: Ana, por favor, traga meu livro amanhã. A interjeição é o vocábulo de representação das emoções ou sensações dos falantes. Ex.: Ufa, não agüentava mais esperar tanto tempo.
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PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? ) O ponto de interrogação é usado nas seguintes situações: a. Em perguntas diretas. Ex.: Como você se chama? b. Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação. Ex.: – Quem ganhou na loteria? – Você. – Eu?! VÍRGULA ( , ) É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma unidade sintática. Ex.: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora única da Sena. Quando há uma relação sintática entre termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula. Vamos conhecer alguns desses casos? NÃO SE SEPARAM POR VÍRGULA: a. predicado de sujeito. Ex.: José, comprou um presente para seu pai. (errado) José comprou um presente para seu pai. (correto) b. objeto de verbo. Ex.: Ela disse, que ligaria ontem. (errado) Ela disse que ligaria ontem. (correto) c. adjunto adnominal de nome. Ex.: Nosso velho, mestre sempre nos voltava à mente. (errado) Nosso velho mestre sempre nos voltava à mente. (correto) 202
Ex.: A vitória, de um é a conquista de todos. (errado) A vitória de um é a conquista de todos (correto) e. predicativo do objeto do objeto. Ex.: Os policiais pediram calma, absoluta. (errado) Os policiais pediram calma absoluta. (correto)
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d. complemento nominal de nome.
f. oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa). Ex.: Interessa-me, que você compareça. (errado) Interessa-me que você compareça. (correto)
ATENÇÃO
As orações subordinadas substantivas exercem função sintática própria do substantivo. São geralmente introduzidas por conjunções integrantes, como “que” e “se”. Já as orações apositivas funcionam como aposto da oração principal. Em geral vem após dois-pontos ou, mais raramente, entre vírgulas e explica o sentido da oração principal, que deve estar sintaticamente completa. Ex.: Todos querem o mesmo destino: que atinjamos a felicidade.
A VÍRGULA NO INTERIOR DA ORAÇÃO É UTILIZADA NAS SEGUINTES SITUAÇÕES: a. separar o vocativo. Exs.: Maria, traga-me uma xícara de café. A educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país. b. separar alguns apostos. Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.
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c. separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado. Exs.: Chegando de viagem, procurarei por você. As pessoas, muitas vezes, são falsas. d. separar elementos de uma enumeração. Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestres-de-obras. e. isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo. Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para acertar a viagem. f. separar conjunções intercaladas. Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva. g. separar o complemento pleonástico antecipado. Ex.: A mim, nada me importa. No complemento pleonástico antecipado, há uma repetição de idéias, por isso denominado ‘complemento pleonástico’. Observe que há uma redundância no que foi dito; quando isso ocorre, o complemento é isolado por vírgula. Ex.: Estas histórias, não as reconheço como as melhores de Clarisse. h. isolar o nome de lugar na indicação de datas. Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001. i. separar termos coordenados assindéticos; ou seja, separar termos que exercem a mesma função sintática na oração, caso não estejam ligados por conjunção. Ex.: “Lua, lua, lua, lua, por um momento meu canto contigo compactua...” (Caetano Veloso) j. marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo). Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)
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NEM DISPENSAM O USO DA VÍRGULA Exs.: Conversaram sobre futebol, religião e política. Não se falavam nem se olhavam./ Ainda não me decidi se viajarei para Bahia ou Ceará. Entretanto, se essas conjunções aparecerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula passa a ser obrigatório. Ex.: Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem à missa de
Aula 11 • Gramática - Pontuação
TERMOS COORDENADOS LIGADOS PELAS CONJUNÇÕES E, OU,
sétimo dia. A VÍRGULA ENTRE ORAÇÕES É UTILIZADA NAS SEGUINTES SITUAÇÕES a. separar as orações subordinadas adjetivas explicativas. Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro. b. separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (exceto as iniciadas pela conjunção e). Exs.: Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para o trabalho. Estudou muito, mas não foi aprovado no exame. – Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção e: • quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes. Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres. • quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto). Ex.: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria. • quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, conseqüência, por exemplo) Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada. c. separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração principal.
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Ex.: “No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho.” (O selvagem, José de Alencar) d. separar as orações intercaladas. Ex.: “– Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em a estar plantando...” Essas orações poderão ter suas vírgulas substituídas por duplo travessão. Ex.: “Senhor – disse o velho – tenho grandes contentamentos em a estar plantando...” e. separar as orações substantivas antepostas à principal. Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei. PONTO-E-VÍRGULA ( ; ) O ponto-e-vírgula é usado nas seguintes situações: a. separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, de uma seqüência etc. Ex.: “Art. 127 – São penalidades disciplinares: I- advertência; II- suspensão; III- demissão; IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V- destituição de cargo em comissão; VI- destituição de função comissionada. (cap. V das penalidades Direito Administrativo)” b. separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já tenha sido utilizada a vírgula. Ex.: “O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o inferior um tanto tenso (...)” (O visconde de Inhomerim, Visconde de Taunay)
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TRAVESSÃO ( – )
O travessão é usado nas seguintes situações: a. dar início à fala de um personagem. Ex.: O filho perguntou: – Pai, quando começarão as aulas? b. indicar mudança do interlocutor nos diálogos. Ex.: – Doutor, o que tenho é grave? – Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar um antibiótico e estará bom. c. unir grupos de palavras que indicam itinerário. Ex.: A rodovia Belém–Brasília está em péssimo estado. Também pode ser usado em substituição à virgula em expressões ou frases explicativas. Ex.: Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe. ASPAS ( “ ” ) FEEDBACK
As aspas são utilizadas nas seguintes situações: a. isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares. Ex.: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu admirador. A festa na casa de Lúcio estava “chocante”. Conversando com meu superior, dei a ele um “FEEDBACK” do serviço a mim requerido.
Termo de origem inglesa que significa retroalimentação. Fazer ou dar um feedback significa fazer um relato de forma resumida, envolvendo as etapas do que aconteceu, deixando o interlocutor a par da situação. Pode servir como forma de comunicação que auxilia uma pessoa ou grupo a entender como sua atuação está afetando outras pessoas ou grupo.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
b. indicar uma citação textual. Ex.: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala”. (O prazer de viajar, Eça de Queirós) Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer necessário a utilização de novas aspas, estas serão simples ( ‘ ‘ ). Ex.: “Por falar em maluco, Nietzsche disse que ‘o cinismo é a única forma sob a qual as almas vulgares se aproximam do que seja a honestidade.’” (Rubem Fonseca) c. indicar o título de uma obra: Ex.: Acabei de ler “Sonhos de uma noite de verão”, de Shakespeare. Obs.: Esta indicação também pode ser feita colocando o título da obra em itálico. Ex.: Acabei de ler Sonhos de uma noite de verão, de Shakespeare.
SAIBA MAIS... MAIS ... Recursos alternativos para pontuação
Parágrafo ( § ) Chave ( { } ) Colchete ( [ ] ) Barra ( / )
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Atende ao Objetivo 1 Pontue os períodos abaixo com os sinais adequados: a. Espanha Portugal Países Baixos França e Inglaterra constituíram os maiores impérios coloniais. b. É um homem ainda jovem de compleição robusta cabelos e barba castanhos pele clara e olhos esverdeados.
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ATIVIDADE 1
c. O colégio compareceu fardado a diretoria de casaca. d. Ainda não o procurei mas vou fazê-lo hoje. e. A rapaziada era pura em vez bebericar nos bares, batia papo inocente à luz das estrelas. f. O Padre Pedro Paulo é desses sacerdotes pra frente, como diz o vulgo. g. A segunda aliança política entre Campolargos e Vacarianos a primeira foi em 1930 fracassou. h. Lamentavelmente meu dinheiro não é elástico.
RECURSOS DE ESTILO O ponto tem sido utilizado pelos escritores modernos onde os antigos poriam ponto-e-vírgula ou mesmo vírgula. Trata-se de um eficiente recurso estilístico, quando adequada e sobriamente. Com a segmentação de períodos compostos em orações absolutas, ou com a transformação de termos destas em novas orações, obriga-se o leitor a ampliar as pausas entre os grupos fônicos de determinado texto, com o que lhe modifica a entonação e, consequentemente, o próprio sentido. As orações assim criadas adquirem um realce particular; ganham em afetividade e, não raro, passam a insinuar ideias e sentimentos, inexprimíveis numa pontuação normal e lógica. (Celso Cunha)
De acordo com o que nos diz Celso Cunha, os recursos de estilos são marcas pessoais deixadas por escritores em seus textos. Isso acontece com freqüência na Literatura, ou em crônicas jornalísticas. Os mecanismos de pontuação às vezes são muito particulares, porque os escritores desejam que a leitura seja efetuada de uma determinada forma. 209
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Muitas vezes, a leitura desses textos se aproxima da linguagem oral de uma determinada região. No Brasil, por exemplo, Guimarães Rosa, um dos nossos maiores escritores, escreveu o clássico “Grande Sertão: Veredas”, que é recomendado que seja lido em voz alta para que se perceba a grandiosidade de sua obra. APRENDA MAIS
Machado de Assis é o escritor brasileiro que mais tem passagens pelas gramáticas. É considerado um rei do formalismo e modelo seguido por outros autores. Você pode ler obras como: Dom Casmurro, O alienista, Cinco minutos, A viuvinha, dentre outras.
Clarice Lispector ficou conhecida por uma escrita muito diferenciada, fluxos de pensamento contínuos e um estilo que ultrapassa as normas gramaticais. Em seu livro A paixão segundo G.H, a autora inicia sua história com uma vírgula e termina com dois-pontos. Leia, ainda: A hora da estrela, Felicidade clandestina e Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres.
O escritor português José Saramago é muito ovacionado em nosso país. Sua escrita se difere em muito do padrão gramatical. Em alguns trechos, não há nenhuma marcação com pontos e, por isso, os iniciantes devem começar a conhecê-lo com muita concentração. Leia: Memorial do convento, Levantado do chão, Ensaio sobre a cegueira.
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Você sabia que a obra Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago virou filme? Que tal reunir os amigos e aproveitar, na telinha, esse grande clássico da literatura portuguesa?
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MULTIMÍDIA
A essa altura, você já pode perceber e concluir que é indispensável saber pontuar um texto corretamente. Para que isso ocorra, o importante é sempre buscar, no hábito de leitura, um exercício prazeroso, capaz de melhorar nossa capacidade de escrita e interpretação.
ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 1 Leia o texto a seguir e responda às questões. Uma vírgula esquecida ou mal usada afeta o sentido da frase. A maldita pode mudar o sentido ou deixar a frase sem sentido. Observe a importância da vírgula no exemplo: Os técnicos foram à reunião acompanhados da secretária do diretor e de um coordenador. (...)
Se usarmos uma vírgula, mudaremos o sentido da frase. (...) (Sérgio Nogueira Duarte. Língua Viva – Uma análise simples e bem-humorada da linguagem do brasileiro) 1.
Onde a vírgula deve ser colocada para que o sentido da frase seja alterado?
2.
Explique a alteração de sentido produzida com a utilização da vírgula.
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ATIVIDADE 3 Atende ao Objetivo 2 Reescreva a frase a seguir, fazendo as alterações necessárias para que o texto esteja corretamente pontuado e a compreensão seja estabelecida. Joana falou da porta estou no banho Mãe pegue a toalha disse a menina
RESUMINDO... • Os sinais de pontuação são recursos variados e representam as pausas e entonações na fala. • A pontuação dá à escrita maior clareza e simplicidade. • O ponto final é usado na finalização de frases declarativas ou imperativas. É também usado em abreviaturas. • O ponto de interrogação é utilizado no final de palavras, orações ou frases para indicar uma pergunta direta. • O ponto de exclamação é usado no final de frases exclamativas e depois de interjeições e locuções. • A vírgula tem vários casos de emprego. Dentre eles estão: separação de nomes e localidades, vocativos, aposto, expressões explicativas, orações coordenadas sindéticas etc.. • O ponto-e-vírgula serve para enumerar itens e aumentar a pausa antes de conjunções adversativas. • O dois-pontos é usado para iniciar uma enumeração, antes de citações, no início da fala de uma pessoa, para indicar esclarecimento, resultado ou resumo do que já foi dito. • As reticências são indicadas para representar pausas não-sintáticas, interrupção e omissão de trechos. • Os parênteses são utilizados para inserir uma outra informação diferente da que se está apresentando. • O travessão é usado para substituir os parênteses ou iniciar alguma fala. • As aspas são utilizadas para marcar o trecho que foi dito por outra pessoa. 212
Na próxima aula, vamos discutir sobre a articulação dos sentidos dentro de uma frase. Para isso, você saberá o que é Regência Verbal e Nominal. Até lá!
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
Aula 11 • Gramática - Pontuação
INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA
a. Espanha, Portugal, Países Baixos, França e Inglaterra constituíram os maiores impérios coloniais. b. É um homem ainda jovem, de compleição robusta, cabelos e barba castanhos, pele clara e olhos esverdeados. c. O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca. d. Ainda não o procurei, mas vou fazê-lo hoje. e. A rapaziada era pura: em vez bebericar nos bares, batia papo inocente à luz das estrelas. f.“O Padre Pedro Paulo é desses sacerdotes pra frente”, como diz o vulgo. g. A segunda aliança política entre Campolargos e Vacarianos (a primeira foi em 1930) fracassou. h. Lamentavelmente, meu dinheiro não é elástico. ATIVIDADE 2
a. A vírgula deve ser colocada depois de secretária, já que muda a quantidade de pessoas que foram à reunião. Antes, apenas a secretária e o coordenador é que haviam ido. Com a inclusão da vírgula, presume-se que o diretor também foi. b. A inclusão da vírgula faz do diretor uma das pessoas que foram à reunião. Sem a vírgula, a frase indica que a secretária do diretor e o coordenador foram à reunião; o diretor, não. ATIVIDADE 3
Para que a frase esteja clara e corretamente pontuada, há as seguintes opções: Joana falou da porta: “estou no banho! Mãe, pegue a toalha”, disse a menina. Ou: Joana falou da porta: – Estou no banho! Mãe, pegue a toalha – disse a menina.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABAURRE, Maria Luiza. Português. São Paulo: Moderna, 2000. (Coleção Base) CÂMARA JR, Joaquim Mattoso. Dicionário de Lingüística e Gramática. [S.l. : s.n.], [s.d.]. CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Lexikon Informática, 2007. KURY, Adriano da Gama. Ortográfica, Pontuação, Crase. 2. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1992. NETO, João Cabral de Melo. “A educação pela pedra” In: OBRA Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995.
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Fonte: www.sxc.hu
Edmon Neto de Oliveira
12 Marc Garrido i Puig
Sintaxe – Regência Verbal e Nominal
e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
OBJETIVOS
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Apresentar as relações de dependência entre os vocábulos. Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. reconhecer a preposição como um conectivo que estabelece relações entre as palavras; 2. aplicar as diferentes preposições de acordo com o contexto; 3. aplicar corretamente a regência nominal e verbal da norma culta da língua e identificar a transitividade dos verbos.
Aula 12 • Sintaxe – Regência Verbal e Nominal
O QUE É REGÊNCIA? PARA QUE SERVE? E aí? Animado para mais uma aula? Então, me responda uma coisa: Você está namorando alguém ou com alguém? A gente diz servir o Exército ou ao Exército? Quando alguém lhe faz uma pergunta, você responde alguma coisa ou a alguma coisa? É preferível a ou preferível do quê? Calma, não se assuste com todas essas perguntas. Elas servem para você perceber que algumas palavras da língua portuguesa – verbos, substantivos e adjetivos – exigem a presença de outros termos, outras palavras, que, colocadas próximas às primeiras, evitam equívocos e malentendidos. Assim, elas formam um sentido e transmitem exatamente uma idéia ou pensamento. O verbo responder, por exemplo, precisa de um termo para completar a sua significação. Quem responde, o faz a alguém. São casos assim que nos mostram que precisamos dar bastante atenção a um item da sintaxe que se denomina REGÊNCIA. Quando um termo – verbo ou nome (substantivo, adjetivo) – exige a presença de outro que lhe complete o sentido, ele se chama regente ou subordinante; os que completam a sua significação chamam-se regidos
REGÊNCIA Parte da Gramática que estuda a relação entre dois termos, verificando se um termo serve de complemento ao outro.
ou subordinados. Veja o exemplo: O marciano encontrou-me na rua. encontrou – verbo – termo regente me – complemento verbal (objeto direto) – termo regido na rua – adjunto adverbial de lugar – indica o local onde aconteceu o fato Quando o termo regente é um verbo, ocorre regência verbal. Quando o termo regente é um nome – substantivo, adjetivo ou advérbio – ocorre a regência nominal. Então, vamos ver como ficam as perguntas feitas no início da aula: Eu namoro o Beto há quase um ano. Namorar é um verbo que precisa de complemento. Quem namora, namora alguém, certo? Não há necessidade da preposição com. Este é um complemento chamado objeto direto, pois liga-se diretamente ao verbo, sem necessidade de preposição. O jovem rapaz está servindo ao Exército. (no sentido de prestar serviços)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Vamos aproveitar esse último exemplo para ampliar um pouco mais o assunto? Veja os exemplos a seguir: Joana está servindo o jantar na sala. O jovem rapaz está servindo ao Exército. Depois de observar os enunciados acima, o que podemos concluir? É isso mesmo: Uma mesma palavra pode aceitar mais de uma forma de utilização, dependendo do significado que se queira dar a ela. Na primeira frase, o sujeito (Joana) está executando o ato de colocar a refeição pronta sobre a mesa. Ela está servindo, colocando, dispondo, distribuindo, oferecendo alguma coisa. Na segunda frase, o sujeito (o jovem rapaz) está à disposição do exército para treinamentos e tarefas diversas. De forma alguma, podemos dar a esse enunciado o mesmo sentido do anterior, ou seja, que o jovem rapaz estaria distribuindo o Exército e o oferecendo a alguém. Mas vamos devagar. O encadeamento de palavras e expressões é um assunto instigante, porém demorado. Não temos a intenção, nesta aula, de esgotá-lo. O que pretendemos é apresentar as situações mais comuns, para que você possa, a partir de agora, ficar atento a esse tema.
REGÊNCIA NOMINAL Regência nominal é a denominação que se dá à relação particular que se estabelece entre substantivos, adjetivos e determinados advérbios e seus respectivos complementos nominais. Essa relação vem sempre marcada por uma preposição.
SAIBA MAIS... MAIS ... Preposição é a classe de palavras que liga palavras entre si; é invariável e estabelece relação de vários sentidos entre as palavras que liga. Elas não exercem propriamente uma função: são consideradas conectivos, ou seja, elementos de ligação entre termos oracionais. As preposições podem introduzir: • Complementos verbais: Obedeço “aos meus pais”.
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• Locuções adjetivas: É uma pessoa “de caráter”. • Locuções adverbiais: Naquele momento agi “com cuidado”. • Orações reduzidas: “Ao chegar”, foi abordado por dois ladrões.
As preposições podem ser de dois tipos: 1. Preposição essencial: sempre funciona como preposição. Exs.: a, ante, até, com, de, em, por, sob...
2. Preposição acidental: palavra que, além de preposição, pode
Aula 12 • Sintaxe – Regência Verbal e Nominal
• Complementos nominais: Continuo obediente “aos meus pais”.
assumir outras funções morfológicas. Exs.: consoante, segundo, mediante, tirante, fora, malgrado...
Chamamos de locução prepositiva ao conjunto de duas ou mais palavras que têm o valor de uma preposição. A última palavra dessas locuções é sempre uma preposição. Exs.: por causa de, ao lado de, em virtude de, apesar de, acima de, junto de, a respeito de...
– As preposições podem combinar-se com outras classes gramaticais. Exs.: do (de + artigo o) no (em + artigo o) daqui (de + advérbio aqui) daquele (de + o pronome demonstrativo aquele)
– As preposições podem estabelecer variadas relações entre os termos que ligam. Exs.: Limpou as unhas com o grampo. (relação de instrumento) Estive com José. (relação de companhia) A criança arrebentava de felicidade. (relação de causa) O carro de Paulo é novo. (relação de posse)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
– As preposições podem vir unidas a outras palavras. Temos combinação quando na junção da preposição com outra palavra não houver perda de elemento fonético. Ex.: ao (a+o), aos (a+os), aonde (a+onde) Temos contração quando na junção da preposição com outra palavra houver perda fonética. Ex.: do (de+o), dum (de+um), desta (de+esta), no (em+o), neste (em+este) – À preposição a pode se fundir com outro a. Essa fusão é indicada pelo acento grave ( `) e recebe o nome de crase. Ex.: Vou à escola (a+a)
Para que possamos nos expressar de forma adequada, sem que nossas palavras transmitam ambiguidades (duplo sentido), precisamos estar atentos às relações que devemos estabelecer entre as palavras e/ou expressões que utilizamos. Normalmente, esse encadeamento adequado se estabelece a partir de termos que chamamos de conectivos (as preposições, como vimos anteriormente). Assim, certos nomes (substantivos, adjetivos) exigem a presença desses elementos para tornar clara a intencionalidade de nossos pensamentos. A seguir, há uma lista de nomes que costumam vir acompanhados de um complemento nominal e que exigem o uso de determinadas preposições. Muitos dos nomes aqui apresentados têm exatamente a mesma regência dos verbos dos quais são derivados. Nesses casos, quando você aprender a regência dos nomes, estará COGNATO Palavra que tem o mesmo radical em relação à outra ou outras. Elas têm significado básico comum e formam um conjunto de unidades “aparentadas”. Exs.: combate/ combatente/combatível/ combatividade/ combativo fator/ fatoração/fatorar/fatorial
automaticamente aprendendo a regência do verbo
É esse o
caso, por exemplo, de obedecer e obediência. Você encontrará, relacionada ao nome obediência, a preposição a. A preposição é a mesma exigida pelo verbo obedecer, como você verá na seção seguinte. Assim, a regência desse verbo e desse nome vem marcada pela mesma preposição, a, o que podemos verificar nos enunciados seguintes: Todas as crianças devem obedecer aos seus pais. Observe que, neste exemplo, a preposição a aparece combinada, no caso, com o artigo definido masculino plural os.
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COGNATO.
Também, nesse caso, a preposição a aparece combinada com o artigo definido masculino plural os. REGÊNCIA DE ALGUNS SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS Acessível [a]
Consulta [a]
Acostumado [a, com]
Contente [com, de, em, por]
Adequado [a]
Contíguo [a]
Admiração [a, por]
Cruel [com, para, para com]
Afável [para, para com]
Curioso [de, por]
Afeição [a, por]
Desacostumado [a, com]
Aflito [com, por]
Desatento [a]
Alheio [a, de]
Desejoso [de]
Aliado [a, com]
Desfavorável [a]
Alusão [a]
Desrespeito [a]
Análogo [a]
Desgostoso [com, de]
Ansioso [por]
Desprezo [a, de, por]
Antipatia [a, contra, por]
Devoção [a, para, com, por]
Apologia [de]
Devoto [a, de]
Apto [a, para]
Dificuldade [com, de, em, para]
Atenção [a]
Discordância [com, de, sobre]
Atento [a, em]
Dúvida [acerca de, em, de, sobre]
Atencioso [com, para com]
Equivalente [a]
Aversão [a, para, por]
Empenho [de, em, por]
Avesso [a]
Fácil [a, de, para]
Ávido [por]
Facilidade [de, em, para]
Benefício [a]
Falho [de, em]
Benéfico [a]
Falta [a]
Capacidade [de, para]
Favorável [a]
Certeza [de]
Fiel [a]
Coerente [com]
Feliz [de, com, em, por]
Compaixão [de, para com, por]
Fértil [de, em]
Compatível [com]
Grato [a]
Concordância [a, com, de, entre]
Graduado [a]
Conforme [a, com]
Guerra [a]
Constituído [com, de, por]
Hábil [em]
Aula 12 • Sintaxe – Regência Verbal e Nominal
Todas as crianças devem obediência aos seus pais.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Habituado [a]
Pasmado [de]
Horror [a]
Passível [de]
Hostil [a, para com]
Peculiar [a]
Ida [a]
Pendente [de]
Impaciência [com]
Preferência [a, por]
Impotente [para, contra]
Preferível [a]
Impróprio [para]
Prestes [a, para]
Imune, [a, de]
Pronto [para, em]
Inábil [para]
Propensão [para]
Inacessível [a]
Propício [a]
Incapaz [de, para]
Próprio [de, para]
Indulgente [com, para com]
Próximo [a, de]
Inerente [a]
Querido [de, por]
Ingrato [com]
Receio [de]
Intolerante [com]
Relação [a, com, de, por, para com]
Invasão [de]
Rente [a]
Junto [a, de]
Residente [em]
Leal [a]
Respeito [a, com, para com, por]
Lento [em]
Semelhante [a]
Maior [de]
Simpatia [a, para com, por]
Medo [de, a]
Sito [em]
Morador [em]
Situado [a, em, entre]
Natural [de]
Solidário [com]
Necessário [a]
Superior [a]
Necessidade [de]
Suspeito [a, de]
Nocivo [a]
Tentativa [contra, de, para, para com]
Obediência [a]
Último [a, de, em]
Obediente [a]
União [a, com, entre]
Ódio [a, contra]
Útil [a, par]
Oposto [a]
Versado [em]
Parecido [a, com]
Vizinho [a, de, com]
Paralelo [a]
222
nominal: O presidente apresentou um parecer desfavorável ao nosso projeto. Sou capaz de resolver rapidamente essa questão. Ele ficou descontente com o resultado. Meu amigo é entendido em Informática. Estes pães estão bons para consumo somente até amanhã. Nossa classe é responsável pela horta comunitária.
ATIVIDADE 1 Atende aos Objetivos 1 e 2
Aula 12 • Sintaxe – Regência Verbal e Nominal
Alguns exemplos de frases que apresentam casos de regência
Complete as frases a seguir com o conectivo (preposição) adequado, se houver necessidade: a. Tenho antipatia _____ minha colega de sala. Ela é muito esnobe. b. Sou avesso _____ brigas e discussões. Sou da paz. c. Meus amigos estavam ansiosos _____ notícias minhas. d. Aquela aluna apresentou dúvidas _____ esse assunto. e. No beco escuro, pude perceber um rato passando rente _____ parede. f. O amor da mãe _____ filhos é coisa sagrada, divina. g. O técnico foi indulgente _____ seus erros. h. Devemos buscar amizades compatíveis _____ nossa condição social.
ATIVIDADE 2 Atende aos Objetivos 1, 2 e 3 Assinale a única frase em que há erro de regência nominal. Reescreva-a da forma adequada, segundo a norma culta da língua. a. É preferível um remédio amargo do que uma doce enfermidade. b. Na cidade toda, houve manifestações de desagravo à decisão do prefeito. c. Estão claras as pretensões americanas sobre nossas reservas. d. O verdureiro deu-se ao trabalho de contar todas as moedas. e. Estou prestes de pegar um empréstimo no banco.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
Nas seções seguintes, vamos tratar especificamente da regência dos verbos na língua portuguesa. Assim, estaremos estudando a relação de subordinação que se estabelece entre determinados verbos e os complementos (objetos diretos e indiretos) por eles regidos no interior dos predicados verbais. Você também irá acompanhar o estudo das preposições exigidas pelos verbos para assinalar essas relações de regência. A compreensão dos principais aspectos envolvidos na questão da regência verbal exige conhecimento da noção de transitividade verbal. Então, que tal recapitular os aspectos mais importantes dessa questão?
VERBOS TRANSITIVOS X VERBOS INTRANSITIVOS Os verbos, quanto à predicação, podem ser classificados como intransitivos e transitivos. Verbos intransitivos são aqueles que apresentam sentido completo, não necessitando de complemento (objeto direto ou indireto): Os homens nascem, crescem e morrem. Observe que o sentido dos três verbos é completo. Qualquer outra especificação que se queira fazer será introduzida por adjuntos adverbiais: Os homens nascem, crescem e morrem ao longo de um período de oitenta anos, nas culturas mais desenvolvidas. Os verbos transitivos, por sua vez, necessitam de um complemento de valor substantivo (objeto direto ou indireto) para integrar-lhes o sentido. Isto é, a sua significação transita para uma outra palavra. Nesse caso, a ligação entre o verbo e seu complemento pode ser direta (no caso dos verbos transitivos diretos, que regem objetos diretos) ou indireta (no caso dos verbos transitivos indiretos, que regem objetos indiretos). A principal diferença entre os verbos transitivos diretos e indiretos é a necessidade da preposição nos indiretos, o que não acontece com os transitivos diretos. Veja os exemplos a seguir: Eduardo come pipocas. O verbo comer é transitivo direto e rege diretamente o objeto direto pipocas.
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rege indiretamente o objeto, através da mediação da preposição de. Eduardo deu pipocas para o seu irmão. Nesse caso, o verbo dar é bitransitivo, isto é, é transitivo direto e indireto. – objeto direto: pipocas – objeto indireto: para o seu irmão
REGÊNCIA VERBAL: CASOS ESPECIAIS DE REGÊNCIA Como vimos antes, regência verbal é a denominação que se dá à relação particular que se estabelece entre verbos e seus respectivos complementos (objetos diretos e indiretos). Essa relação vem sempre
Aula 12 • Sintaxe – Regência Verbal e Nominal
Eduardo gosta de pipocas. O verbo gostar é transitivo indireto e
marcada por uma preposição, no caso dos objetos indiretos. Assim como a relação entre os nomes (substantivos, adjetivos), os verbos também obedecem a certas regras para ligar adequadamente os termos de um enunciado. Certos verbos admitem mais de uma regência, mas ao mudar de regência mudam também de significado. É o caso, por exemplo, do verbo aspirar, que como transitivo direto significa respirar, sorver e como transitivo indireto significa desejar, pretender. Que tal estudarmos a regência de alguns verbos específicos, para que você possa observar melhor a regência verbal? a. Aspirar O verbo aspirar, como já apresentado, é transitivo direto quando tem significado de: inspirar, tragar, respirar, sorver. Ex.: Nós aspiramos todos os dias o dióxido de carbono dos veículos. Esse mesmo verbo é transitivo indireto quando significar desejar, pretender. É seguido da preposição “a”. Ex.: João aspira ao cargo de gerente dessa loja. Nesse caso, há uma combinação da preposição “a” com o artigo “o”, formando “ao”. João aspira a alguma coisa que, neste caso, é o cargo de gerente.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
b. Assistir O verbo assistir é transitivo indireto quando tem significado de: ver, presenciar. Nesse caso, o objeto indireto é precedido da preposição “a”. Ex.: Nós assistimos ao jogo da seleção brasileira. É também um verbo transitivo indireto quando tem sentido de: caber, pertencer. Ex.: Assiste a ele o direito de participar dessa reunião. É um verbo transitivo direto quando significa ajudar, socorrer. Ex.: A enfermeira assistiu o paciente atenciosamente. É um verbo intransitivo quando significar morar, residir. Ex.: Minha cunhada assiste nesta avenida.
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É um verbo transitivo direto quando tem significado de convocar. Ex.: Chamei todos os partidários. É um verbo transitivo indireto quando exige preposição por e significa invocar. Ex.: Eu chamei por Ele e fui prontamente atendida. É um verbo transitivo direto ou indireto, ou seja, permite as duas regências, quando significar: apelidar. Ex.: Ela chamou o menino de “sem graça”. Verbo transitivo indireto (presença da preposição de) Ex.: Ela chamou-lhe “sem graça”. Verbo transitivo direto (sem
Aula 12 • Sintaxe – Regência Verbal e Nominal
c. Chamar
preposição)
d. Implicar É um verbo transitivo direto quando usado no sentido de acarretar, ter como conseqüência. Ex.: Viajar de férias, para a Europa, no final do ano implica fazer muita economia desde já. Já na frase: “Joãozinho não parava de implicar com a irmã mais nova”, o verbo é transitivo indireto, usado no sentido de incomodar, atrapalhar, zombar. Por isso, necessita da preposição “com” para se ligar ao seu complemento verbal, o objeto indireto “irmã mais nova”.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
e. Querer É um verbo transitivo direto quando tem significado de: desejar. Ex.: Eu quero um presente útil. É um verbo transitivo indireto quando significa gostar. Ex.: Quero a este menino como a um filho. f. Responder
Quando usado no sentido de dar resposta, escrever algo em resposta a, o verbo responder é geralmente: – Transitivo indireto, quando o complemento destaca a pergunta;
Ex.: Os alunos devem responder às perguntas dos professores com atenção. Neste caso, o que se destaca no entendimento da frase são as perguntas dos professores. – Transitivo direto, quando o complemento destaca a resposta.
Ex.: O réu, inquirido pelo promotor, respondeu algo ininte-ligível. Já nesse caso, o que está em destaque é o objeto direto “algo ininteligível”, ou seja, a resposta dada pelo réu.
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Aula 12 • Sintaxe – Regência Verbal e Nominal
– Transitivo direto e indireto, quando apresenta dois complementos. Ex.: Respondi ao professor (respondi-lhe) a mesma coisa de sempre: que não havia tido tempo de estudar para a prova. ao professor (lhe): objeto indireto a mesma coisa de sempre: objeto direto
g. Visar É um verbo transitivo direto quanto tem significado de: dar visto. Ex.: A polícia federal visou meu passaporte. É um verbo transitivo indireto quando significar pretender. Ex.: A medida que tomamos visa ao melhoramento de nossa equipe. Nesse caso, a preposição “a” junta-se ao artigo “o”, formando “ao” (A medida visa ao melhoramento...)
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
ATIVIDADE 3 Atende ao Objetivo 3 Para fixar melhor, tente classificar os verbos em destaque das seguintes frases segundo a sua transitividade. a. Quando nasce, o ser humano ainda não anda. b. Meu irmão finalmente pagou a dívida. c. Ela não compreendeu o recado. d. Trouxe flores para minha mãe. e. Com o tempo, esquecerá tudo. f. Jamais o perdoarei.
CONCLUSÃO Nesta aula, você foi capaz de perceber o quanto a língua portuguesa é rica, já que uma mesma palavra traz diversas possibilidades de significação. É por isso que você já deve ter ouvido a seguinte frase: “A palavra não existe fora do texto e o texto não existe fora do contexto”. A conclusão disso é que não há uma regra geral sobre regência verbal. Cada verbo, em particular, tem sua regência explicada pela origem da própria palavra e pelo sentido que se quer dar a ela. Novamente, gostaríamos de insistir na importância da leitura para ampliar nossos horizontes quando o assunto é a língua materna. O que faremos nas próximas aulas é relacionar os exemplos mais comuns e que costumam apresentar dúvidas sempre que são utilizados.
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• Regência é a parte da gramática que estuda a relação entre dois termos, verificando se um termo atua como complemento ao outro. • Alguns nomes (substantivos, adjetivos, advérbios) são comparáveis aos verbos transitivos: precisam de um complemento para ter sua significação completa. Esse fato chama-se regência nominal. • A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e objetos indiretos). • Para estudar a regência verbal, os verbos estão de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode variar em transitividade e apresentar diferentes sentidos.
Aula 12 • Sintaxe – Regência Verbal e Nominal
RESUMINDO...
• Preposição é a palavra que estabelece uma relação entre dois ou mais termos da oração.
INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA Na próxima aula, trataremos sobre os mecanismos de redação de documentos oficiais. Até lá!
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
a. Tenho antipatia à minha colega de sala. Ela é muito esnobe. b. Sou avesso a brigas e discussões. Sou da paz. c. Meus amigos estavam ansiosos por notícias minhas. d. Aquela aluna apresentou dúvidas sobre esse assunto. e. No beco escuro, pude perceber um rato passando rente à parede. f. O amor da mãe aos/pelos/ para com os filhos é coisa sagrada, divina. g. O técnico foi indulgente aos seus erros. h. Devemos buscar amizades compatíveis à nossa condição social.
ATIVIDADE 2
a. É preferível um remédio amargo do que uma doce enfermidade. (errada) É preferível um remédio amargo a uma doce enfermidade. (correta) b. Na cidade toda, houve manifestações de desagravo à decisão do prefeito. (correta) 231
e-Tec Brasil – Português Instrumental
c. Estão claras as pretensões americanas sobre nossas reservas. (correta) d. O verdureiro deu-se ao trabalho de contar todas as moedas. (correta) e. Estou prestes de pegar um empréstimo no banco. (errada) Estou prestas a pegar um empréstimo no banco. (correta)
ATIVIDADE 3
a. Quando nasce, o ser humano ainda não anda. verbo intransitivo b. Meu irmão finalmente pagou a dívida. verbo transitivo direto objeto direto: a dívida c. Ela não compreendeu o recado. verbo transitivo direto objeto direto: o recado d. Trouxe flores para minha mãe. verbo transitivo direto e indireto objeto direto: flores objeto indireto: pra minha mãe e. Com o tempo, esquecerá tudo. verbo transitivo direto objeto direto: tudo f. Jamais o perdoarei. verbo transitivo direto objeto direto: o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABAURRE, Maria Luiza: Português: volume único. São Paulo: Moderna, 2000. (Coleção Base). CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro : Lexikon Informática, 2007. KURY, Adriano da Gama. Ortográfica, Pontuação, Crase. 2. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1992.
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13
Edmon Neto de Oliveira
Redação de documentos oficiais
e-Tec Brasil – Português Instrumental
META
OBJETIVOS
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Apresentar os elementos essenciais para a elaboração de documentos oficiais.
Ao final desta aula, você será capaz de: 1. aplicar técnicas na produção de textos oficiais, bem como pareceres e relatórios técnicos, expressando idéias de maneira clara, precisa e concisa; 2. estabelecer elementos fundamentais para a boa, adequada e eficiente comunicação.
Aula 13 • Redação de documentos oficiais
“ESSA MENSAGEM QUE EU VOU LHE DIZER VOCÊ VAI OUVIR, VAI COMPREENDER” Oi que lá vinha pelo rio uma pedra boiando Em riba dessa pedra, três navegador (sic) Um deles era cego, nada enxergando O outro não tinha braço pois o trem cortou Mas deles o terceiro era o mais sem-vergonha Pois estava nuzinho como Deus criou Lesl ie W atts
Eis que chegando adiante o cego num berreiro Olhando para o fundo, “olha um tostão!” gritou E ouvindo isso o tal que era aleijado Metendo a mão no fundo o tostão apanhou E o tal que estava nu tendo o tostão tomado Mais que ligeirinho no bolso guardou... ("Mensagem", Acústico Reggae)
Fon
te: w
ww
.sxc
.hu
Letra de uma EMBOLADA popular, para ser cantada velozmente. Quando você escreve uma carta ou até mesmo um bilhetinho, há um objetivo implícito na mensagem, não é mesmo? Você pode estar pedindo ajuda a um amigo ou fazendo uma declaração de amor; não importa! Há um objetivo na mensagem que precisa ser compreendido pela pessoa que vai recebê-la.
EMBOLADA Manifestação poéticamusical do folclore nordestino, geralmente com refrão ou diálogos (como cocos e desafios), que os solistas apresentam em andamento rápido.
O primeiro passo na busca por garantir que a mensagem presente em um texto escrito seja passada corretamente é a preocupação com a escrita em si. Um texto bem escrito com certeza é fundamental na sua vida pessoal e profissional. Garantirá que você não seja mal interpretado pelo que está escrevendo. Mas cuidado: escrever bem não significa escrever “difícil”! 235
e-Tec Brasil – Português Instrumental
Em um texto, é fundamental que o redator, ou seja, quem escreve, tenha foco no leitor, ou seja, em quem vai ler o texto. Isso porque o comportamento humano é complexo; não há como garantir qual será a reação do leitor ao ler um determinado texto. E é por esse motivo que precisamos estar atentos à escrita de um texto, buscando imaginar de que forma nossa mensagem será recebida pelo receptor. Se o enfoque da mensagem for oficial ou comercial, deveremos nos ater a uma linguagem condizente com a situação, ou seja, uma linguagem direta, objetiva, coesa e coerente. Caso contrário, pode gerar confusão. Veja a situação descrita a seguir: Numa empresa com comunicações rápidas e objetivas...
Do presidente para o diretor Na próxima sexta-feira, às 17 horas, o cometa Halley estará passando por esta área. Trata-se de um evento que ocorre a cada 78 anos. Assim, por favor, reúna os funcionários no pátio da fábrica (todos usando capacete de segurança), quando explicarei o fenômeno. Se chover, não veremos o raro espetáculo a olho nu.
Do diretor para o gerente A pedido do presidente, na sexta-feira, às 17 horas, o cometa Halley vai aparecer sobre a fábrica. Se chover, por favor, reúna os funcionários, todos com capacete, e encaminhe-os ao refeitório, onde o raro fenômeno terá lugar, o que ocorre a cada 78 anos a olho nu.
Do supervisor para o chefe de seção Todo mundo nu, na próxima sexta, às 17 horas, pois o presidente, Sr. Halley, estará lá para mostrar o raro filme “Dançando na Chuva”. Caso comece a chover mesmo, o que ocorre a cada 78 anos, por motivo de segurança, coloque o capacete.
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Do gerente para o supervisor A convite do nosso querido presidente, o cientista Halley, de 78 anos, vai aparecer nu na fábrica, usando apenas capacete, quando irá explicar o fenômeno da chuva para os seguranças no pátio.
Aviso a todos Nesta sexta-feira, o presidente fará 78 anos. A festa será às 17 horas, no pátio da fábrica. Vão estar lá “Bill Halley e Seus Cometas”. Todo mundo deve estar nu e de capacete. O espetáculo vai acontecer mesmo que chova, porque a banda é um fenômeno. (Autor desconhecido)
pode causar? A redação de uma mensagem coerente é importantíssima. Em um ambiente de trabalho, as conseqüências de uma mensagem mal redigida são mais sérias, como você pode ver. Portanto, fique atento na hora de ler e repassar informações para não entrar em um telefone-sem-fio.
SAIBA MAIS... MAIS ...
Steve Woods
Hein?!!? Hã...
Aula 13 • Redação de documentos oficiais
Viu só o tamanho do mal-entendido que uma mensagem truncada
Fonte:www.sxc.hu
O telefone-sem-fio é uma tradicional brincadeira popular que funciona assim: numa roda de pessoas (quanto maior o número de pessoas, mais a brincadeira fica engraçada), o primeiro participante inventa secretamente uma palavra ou frase e fala – sem que ninguém mais ouça – nos ouvidos do próximo (à direita ou à esquerda). Assim, o próximo reproduz para o seguinte e assim por diante até chegar ao último participante. Quando a corrente chegar ao fim, essa pessoa deve falar o que ouviu em voz alta. Geralmente o resultado é engraçado. A palavra (ou frase) se deforma ao passar de pessoa para pessoa e chega totalmente diferente no ouvido da última. Quando há um grande número de pessoas, pode-se dividir em grupos e, ao final, ver qual grupo chega com a palavra mais fiel ao destino.
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Sophie
e-Tec Brasil – Português Instrumental
Fonte:www.sxc.hu
Costuma-se também fazer referência a essa brincadeira em qualquer situação que possa haver falhas de comunicação num ambiente que depende de um passar a informação para o outro, sucessivamente, até chegar num destino, caso acontecido na situação fictícia sobre o cometa Halley que você leu. Pode-se, também, fazer crítica a alguma hierarquia numa empresa, por exemplo dizendo que a ordem do chefe passou como um “telefone-sem-fio” até chegar ao último empregado, que a executou de forma totalmente diferente.
Então, para evitar mal-entendidos, precisamos estar mais atentos ao ato de falar ou escrever nossas mensagens. Mas não pense que escrever bem, ou seja, preocupando-se com a clareza, precisão e coerência da mensagem, é necessário apenas no ambiente de trabalho. Escrever bem é importante para a sua vida pessoal também.
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("Aquarela", Toquinho) Mas, depois de toda essa conversa, você pode estar ser perguntando: “Tudo bem, é importante escrever bem, mas como fazer isso?” As dicas a seguir podem ajudar na clareza do seu texto, de uma forma geral. Dê preferência a: • usar frases curtas; • usar de PARCIMÔNIA; • não usar palavras desnecessárias; • usar verbos precisos; • usar palavras que o leitor entenda (palavras mais comuns no cotidiano), de forma a apresentar as idéias de forma objetiva, em vez de tentar impressionar usando um vocabulário inadequado e rebuscado. Use essas dicas à vontade, tanto na vida profissional quanto na vida pessoal e você irá alcançar os seus objetivos! Você se lembra de alguma vez que teve que escrever um texto e não
PARCIMÔNIA Ato de poupar, economia. (Quando se diz que uma pessoa come com parcimônia significa que ela come pouco.) Método que dá preferência ao caminho mais simples. Em língua portuguesa, significa usar palavras mais simples, em vez de escolher as mais complexas na hora de escrever um texto.
Aula 13 • Redação de documentos oficiais
“NUMA FOLHA QUALQUER...”
se sentiu seguro em apresentá-lo? Pois é! Escrever é difícil mesmo e requer um aprendizado constante, seja você aluno ou professor. E para que essa tarefa fique um pouco mais fácil, apresentamos algumas orientações: I. Escrever bem é saber expressar uma idéia de maneira clara, rápida e PERSUASIVA. II. O que você escrever deve ser entendido na primeira leitura. III. Se você quer que seu trabalho seja lido e analisado por seus superiores, seja breve. Quanto menor o texto, maior a chance de
PERSUASIVA Do verbo persuadir; significa levar ou induzir a fazer, a aceitar, ou a crer; aconselhar, convencer.
ser lido por eles. IV. Antes de redigir, faça um rascunho, listando e organizando suas idéias e argumentos. Isso ajudará você a não se desviar da questão central. V. Inicie o texto com parágrafos com sentenças que indiquem o que será apresentado. Conclua o texto com um parágrafo resumido. VI. Parágrafos e sentenças curtos são mais fáceis de ler do que os longos. Para enfatizar, sublinhe sentenças e enumere os pontos principais.
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
SAIBA MAIS... MAIS ... Curiosidades... Você sabia que, na 2ª Guerra Mundial, nenhum documento com mais de uma página chegava à mesa de Churchill? Sir Winston Leonard Spencer Churchill foi um estadista britânico, escritor, jornalista, orador e historiador, que ficou famoso por ser o primeiroministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, que assolou a Europa de 1939 até 1954.
Fonte: www.iwmcollections.org.uk
ORGANIZANDO AS IDÉIAS Tudo o que a gente faz com planejamento tem mais chance de dar certo. É o caso de uma viagem, por exemplo, em que você vai aos pouquinhos amadurecendo a idéia, informando-se sobre o local, a quantia de que você poderá dispor, a compatibilidade com seu período de férias e outros detalhes... É claro que tem gente que gosta de sair “sem lenço e sem documento”, sem rumo, data ou hora para voltar. Mas, às vezes, paga-se um preço alto por esse despojamento. Portanto, se o assunto for redação, nem pense em agir assim. Não comece o texto sem estruturar seu pensamento, ou seja, é preciso planejar, “tintim por tintim”, o que você quer dizer. Os conceitos que você aprendeu até agora são importantes para a sua prática de redação de um modo geral. Sempre que seu lápis encontrar um papel, lembre-se deles! No entanto, uma mensagem escrita em um ambiente de trabalho requer ainda mais cuidados! E é isso que você vai aprender nesta aula: como escrever bem, sem passar vergonha com os colegas de trabalho, e, ainda por cima, impressionar seu chefe!
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Na escola básica, inicia-se o ensino da redação literária geralmente a partir dos três gêneros principais de composição em prosa: a descrição, a narração e a dissertação. Aqui o que nos interessa é a redação técnica. Você, futuro técnico em segurança do trabalho, quando precisar escrever um relatório, por exemplo, usará a linguagem objetiva. A partir de agora, você vai aprender como adequar o que escreve aos contextos específicos. Independentemente do nível de ensino que você deseja alcançar, quer seja secundário ou superior, precisará redigir textos, como, por
Aula 13 • Redação de documentos oficiais
REDAÇÃO LITERÁRIA E REDAÇÃO TÉCNICA
exemplo: • descrição de peças e aparelhos; • funcionamento de mecanismos; • processos, experiências e pesquisas; • redação de artigos científicos; • relatórios e teses; • manuais de instrução; • sumários e resenhas científicas; • outros tipos de redação técnica e científica. A comunicação move as empresas. É ela que potencializa a integração entre os diversos públicos com que uma empresa se relaciona e facilita o fluxo dos processos internos. Pegando carona nos versos de Caetano Veloso, não há dúvidas: a escrita pertence à comunicação comercial tanto quanto “a praça Castro Alves é do povo e o céu é do avião”. AS QUALIDADES ESSENCIAIS DA REDAÇÃO COMERCIAL E TÉCNICA A redação comercial exige planejamento, sintonia com as diretrizes da empresa e interesse no leitor. Para atingir este grau de comunicação, existem quatro palavrinhas que devem estar sempre presentes em nosso pensamento ao elaborarmos um texto comercial: • objetividade; • clareza;
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e-Tec Brasil – Português Instrumental
• precisão; • concisão. Vamos aprender como equilibrar tudo isto? a. Objetividade Time is money (tradução: “tempo é dinheiro”). Na comunicação comercial, não dá para perder tempo. Está todo mundo sempre correndo, com mil atividades, mil coisas para ler. É preciso estabelecer prioridades.
Portanto, nesse mundo tão corrido, leva vantagem quem for objetivo. Assim, vá direto ao assunto. Comece pelo mais importante e tenha a certeza de que quanto mais direto for o texto, maior será a eficácia da sua mensagem. b. Clareza Tem gente que ainda acha que escrever palavras difíceis é sinônimo de competência e credibilidade. Que tal deixarmos isso para os escritores, poetas e acadêmicos?
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Mikhail Lavrenov
Aula 13 • Redação de documentos oficiais
Fonte:www.sxc.hu
Na comunicação comercial, a linguagem rebuscada é um verdadeiro atraso de vida, complicando a vida do leitor e atrapalhando a compreensão da mensagem. Outra coisa: não pressuponha nada em relação ao leitor. O que é claro para você pode não ser para quem vai ler sua mensagem. Por isso, escreva com muita clareza (não confunda com deixar dúvidas ou lacunas de informação. c. Precisão
PROLIXIDADE)
para não
PROLIXIDADE Característica do que é prolixo, ou seja, demasiadamente longo, demorado ou extenso.
Não há nada pior do que ler um texto, uma reportagem, um relatório e, ao final, fazer a pergunta: “O que esse cara quis dizer com YOdesigneR
isso? Não entendi nada!” Em textos técnicos, utilize o bordão “Precisão já!” Por isso, a argumentação inconsistente e genérica deve passar a léguas de distância da comunicação empresarial. Não vá adiante com nenhuma ação de comunicação (isso vale para tudo: escrita, oral, profissional, pessoal etc.) se você não souber identificar os resultados que
Fonte:www.sxc.hu
pretende atingir com ela. 243
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Use a precisão em relação a quantidades, valores e prazos. No lugar de muitos, poucos, bastante, utilize valores, volumes, porcentagens. E tem mais: urgência para uns pode não ter o mesmo significado do que para outros. Se você quiser algo urgente, especifique o prazo, para não deixar dúvidas. d. Concisão Exponha suas idéias em poucas palavras e em frases curtas. Na comunicação comercial, frases longas dificultam a compreensão, obrigando o leitor a ir e voltar várias vezes até entender o que está escrito. Além do mais, dá uma canseira e uma preguiça danadas... Dizem que se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia. Mas, ainda assim, vou dar-lhe um: Imagine-se sempre no lugar do leitor. Pergunte-se: Ele tem todo o tempo do mundo para ler a mensagem? Ele gosta de ler textos que vão do nada a lugar nenhum? Acredito que a resposta seja não para as duas perguntas. Portanto, diga apenas o essencial, resumindo suas idéias. Economize a paciência do seu leitor, que dispõe de pouco tempo e está cheio de compromissos. Há um ditado chinês que diz: “Se não for possível sintetizar os pensamentos numa frase, eles não valem nada”. Pense nisso antes de escrever seu próximo texto comercial.
ATIVIDADE 1 Atende ao Objetivo 1 Identifique os problemas na estrutura das frases seguintes e aponte uma maneira de corrigi-los. a. Em 2001, os números de acidentes, mortos e feridos nas rodovias federais do país diminuíram em relação a 2000, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgados no dia 21/2/2002. b. O responsável pelo controle de vôos do Aeroporto Internacional declarou que hoje, pela manhã, as condições meteorológicas não estão favoráveis para pouso nem decolagem.
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Depois de estudar as partes que integram a norma culta do português nas aulas anteriores, você já é capaz de organizar suas idéias e colocá-las em suas produções. Mas, para escrever qualquer tipo de texto, as noções de coesão e coerência devem estar devidamente revistas. Vamos lá? Já sabemos que a forma e estruturação do parágrafo são essenciais para a clareza da comunicação da mensagem escrita. Outros elementos também contribuem para que o texto seja bem-sucedido. A palavra coesão, no dicionário, possui vários significados. Entre eles, temos:
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ELABORAÇÃO TEXTUAL
“ligação e associação íntima das partes de um todo.” E ainda mais: coesão trata-se da ligação, da relação, da conexão entre as palavras de um texto, por meio de elementos formais, que assinalam o vínculo entre os seus componentes. Portanto, quando há ligação lógica entre os termos que formam uma oração e entre as orações que formam um período, dizemos que o texto está coeso. Ou seja, se há relação (associação consistente) entre os termos da oração e entre o conjunto de orações de forma a estabelecer nexo, há coesão textual.
ATENÇÃO... Coordenação de idéias: relação entre orações em que não há dependência sintática. Pode haver a presença de conectivos (conjunções) ou não. As conjunções dão idéia de adição, oposição, alternância, conclusão, explicação ou condição. Ex.: Acordou bem cedo, vestiu-se rapidamente e saiu para o trabalho. (e funciona como conjunção coordenativa de adição)
Subordinação de idéias: neste caso, a relação entre as orações é de complementaridade, devido ao fato de haver dependência de sentido entre elas. Elas não têm sentido se ocorrerem isoladas. Ex.: Era necessário que todos comparecessem à reunião.
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Pode-se dizer, portanto, que o conceito de coesão está ligado aos elementos constituintes do texto, dentre eles a coerência, assunto de suma importância para a nossa aula e que veremos a seguir: Coerência textual é uma relação harmônica que se estabelece entre as partes de um texto, em um contexto específico, e que é responsável pela percepção de uma unidade de sentido. E mais: A coerência é o produto resultante da harmonia entre os diversos segmentos textuais que devem estar encadeados logicamente. A coerência consiste em uma relação lógica entre as idéias, de modo que elas se completem, evitando a contradição entre as partes do texto. Cada segmento textual é pressuposto do segmento seguinte, que, por sua vez, será pressuposto para o que o estender, formando, assim, uma cadeia em que todos eles estejam conectados harmonicamente. Quando há quebra nessa conexão, ou quando um segmento atual está em contradição com um anterior, perde-se a coerência textual. Há também um outro responsável por assinalar determinadas relações de sentido entre enunciados ou partes de enunciados, fazendo o texto progredir. É a chamada coesão seqüencial, realizada por conectores (conjunções, alguns advérbios e as preposições da língua). Agora, vamos ver algumas dessas relações de sentido? 1. Adição: liga enunciados que constituem argumentos voltados para uma mesma direção argumentativa. Os principais conectores utilizados nesse caso são: e, também, não só... mas também (e variações), tanto... como, além de, além disso, ainda, nem (=e não). Exs.: João é o melhor candidato. Tem boa formação e apresenta um consistente programa administrativo. Além disso, revela pleno conhecimento dos problemas da população. Ressalte-se, ainda, que não faz promessas demagógicas. A reunião foi um fracasso. Não se chegou a nenhuma conclusão importante nem se discutiu o problema central.
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alternam ou que se excluem mutuamente. Os principais conectores utilizados nesse caso são: ou (isolado ou em pares), ora...ora, já...já, quer...quer. Ex.: Tome uma atitude agora ou assuma sua incapacidade. (alternância) Lula ou José Serra será o próximo Presidente da República. (exclusão) 3. Oposição: estabelece ligação entre enunciados que caminham
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2. Alternância/Exclusão: exprimem fatos ou conceitos que se
em direções argumentativas opostas. Duas são as formas de oposição: concessiva e adversativa. Na concessiva, o argumento que prevalece é aquele que não é encabeçado pelo conector, dando-se uma razão relativa ao outro argumento. Ex.: Embora beba, João é um bom advogado. São conectores concessivos: embora, ainda que, mesmo que, apesar de (que), se bem que, posto que, conquanto, por mais que. Na oposição adversativa, o argumento reverenciado pelo conector se impõe, destacando o argumento anteriormente acatado: Ex.: João bebe, mas é um bom advogado. Bonitinha, mas ordinária. São conectores adversativos: porém, contanto, todavia, no entanto, entretanto, não obstante. 4. Conclusão: A coerência de um texto depende da continuidade de sentidos entre os elementos descritos e inscritos no texto. A fronteira entre um texto coerente e um texto incoerente depende da competência textual do leitor para decidir sobre essa continuidade fundamental que deve presidir à construção de um enunciado. A coerência e a incoerência revelam-se não direta e superficialmente no texto, mas indiretamente por ação da leitura desse texto. As condições em que esta leitura ocorre e o contexto de que depende o enunciado determinam também o nível de coerência reconhecido. 247
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São conectores conclusivos: logo, por isso, portanto, por conseguinte, então, assim, pois (depois do verbo). Ex.: João é um indivíduo perigoso. Portanto fique longe dele. 5. Causa/Conseqüência: relações que não podem ser apartadas do ponto de vista lógico. A causa é aquilo que provoca um determinado fato, que vem a ser a conseqüência. Portanto, o enunciado que expressa a causa tem, necessariamente, que indicar um fato maior que outro a que se liga (a conseqüência). São conectores causais: porque, pois, já que, visto que, uma vez que, porquanto, na medida em que, como (sempre encabeçando o período). Ex.: O advogado ganhou a causa uma vez que argumentou brilhantemente. (Conseqüência-Causa) São conectores consecutivos: que (antes da palavra intensiva), tanto que, de forma que, de maneira que, visto que. Ex.: O advogado argumentou de forma tão brilhante, que ganhou a causa. (Causa-Conseqüência) Não se deve confundir causa com explicação. Uma explicação é sempre posterior ao fato que a gerou; uma causa á sempre anterior à conseqüência que dela resulta. Observe: Ex.: Choveu, porque as ruas estão molhadas. (Note que foi possível concluir que choveu pelo fato de as ruas estarem molhadas.) Nesse caso, fala-se em explicação. Se, por outro lado, tivéssemos “As ruas estão molhadas porque choveu.”, as relações seriam de causa e conseqüência (fato anterior e fato posterior). 6. Condição: expressa fato real ou hipotético necessário à realização ou não realização de outro fato.
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se, exceto se, a menos que, uma vez que (seguido de verbo no subjuntivo). Ex.: Se houver um planejamento apropriado, os bons resultados surgirão. 7. Comparação: expressa o fato ou o ser com que se compara o fato ou ser mencionado na outra oração. São conectores comparativos: como, tal... como (quanto), mais... do que, menos do que etc. Ex.:
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São conectores condicionais: caso, se, contanto que, desde que, salvo
Ele tem trabalhado como um obstinado. 8. Finalidade: exprime a intenção, o objetivo do que se declara na outra oração. Os conectores que expressam essa relação são: a fim de que e para que. Ex.: Vários grupos atuaram conjuntamente a fim de que exercessem maior pressão. 9. Conformidade: exprime fatos que estão de acordo com o que se declara na outra oração. Os principais conectores utilizados nesse caso são: como, segundo, consoante. Ex.: Tudo foi feito conforme combináramos na véspera. Quando estiver diante do desafio de escrever um texto, lembre-se: em um trabalho bem-feito, os textos são bem encadeados e os conteúdos, relacionados. Não perca tempo escrevendo coisas que estão além do que foi proposto – aquilo a que chamamos “fugir do tema”. Depois de tudo escrito, faça você mesmo uma avaliação do material, verificando se a redação final está compreensível e bem encadeada, se você já escreveu tudo o que sabe e acha importante sobre o tema ou se ainda falta alguma coisa.
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ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 2 Os exercícios que se seguem visam aprimorar a maneira de escrever de modo que cada frase esteja ligada à anterior e à posterior. Complete os espaços em branco: a. “O colapso da União Soviética, no início da década de 90, foi interpretado como o fim do socialismo. __________, ao contrário das opiniões dos defensores do capitalismo, a História ainda não acabou e seu futuro ainda é uma incógnita”. (oposição) b. O retorno da professora iria acontecer na quarta-feira, _________ todos os alunos se comprometessem em pedir as devidas desculpas. (condição) c. Joaquim ficou o ano todo sem ler uma página do material para o vestibular, __________ sua pontuação foi insuficiente para fazê-lo passar no exame. (causa/ conseqüência) d. A escola estava fechada naquela semana, pois houve um seminário para os professores em uma outra cidade que ficava ali por perto. ___________, nem adiantou levantar mais cedo da cama naqueles dias. (conclusão)
AS REDAÇÕES TÉCNICAS Muitas pessoas pensam que a redação técnica é um bicho-de-setecabeças, mas não é. Na verdade, os princípios básicos de um texto técnico são os mesmos de qualquer tipo de composição e já os vimos nesta aula (clareza, correção, coerência, ênfase, objetividade, ordenação lógica etc.). Sua estrutura e seu estilo, porém, apresentam algumas características próprias.
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• as descrições e narrações técnicas; • os manuais de instrução; • os pareceres; • os relatórios; • as teses científicas e outros. Alguns desses tipos não chegam a ter uma característica que os distinguem, já que são sempre parte de outros, como as descrições e as narrações técnicas e mais o SUMÁRIO científico. O relatório é um dos tipos de texto técnico mais importante. Não só porque dele surgem outras variedades de texto, mas porque nele se pode incluir um grande número de trabalhos de pesquisas usualmente publicados em revistas científicas sob a denominação genérica de “artigos”. Na
SUMÁRIO Resumo das idéias principais de um livro, uma palestra etc.
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Há diversos tipos de redação técnica:
Exemplo: Ele fez brevemente o sumário da reportagem lida.
próxima seção serão detalhadas as partes que constituem um relatório. APRENDENDO MAIS... a. Carta oficial Veja um modelo de carta oficial que mostra desde a diagramação ideal até o tratamento que se deve ter nas diversas situações.
Em 12 de janeiro de 2007 Mem. 118DJ Ao Ser. Procurador Geral da Viação Asas Assunto: Proposta de convênio com a SINC Informamos a V.Sa. que a proposta de convênio com a SINC, visando à limpeza dos ônibus no valor de R$ 1000,00 (mil reais), objeto da Mensagem 505/04, foi aprovada por esta empresa, nos termos da Resolução nº 10/05.
Atenciosamente,
Vânia Lima Secretária
(Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/o_que_e_redacao_oficial.php) 251
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A carta oficial, também chamada de correspondência técnica, é um documento feito com o objetivo de se fazer uma comunicação comercial, empresarial. A redação comercial tem como características comuns: a. clareza: o texto, além de claro, deve ser objetivo, como forma de evitar múltiplas interpretações, o que prejudica os comunicados e negócios. b. estética: a fim de causar boa impressão, o texto deve estar bem organizado e dentro da estruturação cabível. E, quando o texto é impresso, não pode haver rasuras ou “sujeiras” impregnadas ao papel. c. linguagem: seja conciso e objetivo, isto é, passe as informações necessárias, sem ficar usufruindo de recursos estilísticos. Seja impessoal, ou seja, não faça uso da subjetividade e de sentimentalismo. Por fim, escreva com simplicidade, mas observando a norma culta da língua. É muito importante que haja correção, pois um possível equívoco pode gerar desentendimento entre as partes e possíveis prejuízos de ordem financeira. E, para você não cometer nenhum equívoco e não se prejudicar no trabalho, veja a estrutura que deve ser seguida para elaborar uma carta comercial de maneira correta: 1º passo: O papel deve ter o timbre e/ou cabeçalho, com as informações necessárias (nome, endereço, logotipo da empresa). VOCATIVO Termo que chama ou serve para chamar o ouvinte ou leitor. Palavra ou expressão que representa a pessoa ou coisa personificada a quem é dirigida a enunciação. Exemplo: “Caim, que fizeste de teu irmão?” (Machado de Assis)
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Normalmente, já vem impresso. 2º passo: Coloque o nome da localidade e data à esquerda e abaixo do timbre. Coloque vírgula depois do nome da cidade! O mês deve vir em letra minúscula, o ano dever vir junto (2009), sem ponto ou espaço. Use ponto final após a data. 3º passo: Escreva o nome e o endereço do destinatário à esquerda e abaixo da localidade e data. 4º passo: Coloque um
VOCATIVO
impessoal: Prezado(s) Senhor
(Senhores), Caro cliente, Senhor diretor, Senhor gerente etc.
“Com relação a...”, “Em atenção à carta enviada...”, “Em atenção ao anúncio publicado...”, “Atendendo à solicitação...”, “Em cumprimento a...”, “Com relação ao pedido...”, “Solicito que...”, “Confirmamos o recebimento”, dentre outras. Observação: Evite iniciar com “Através desta”, “Solicito através desta”, “Pela presente” e similares, pois são expressões pleonásticas, uma vez que está claro que o meio de comunicação adotado é a carta. 6º passo: Exponha o texto, como dito anteriormente, de forma clara e objetiva. Pode-se fazer abreviações do pronome de tratamento
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5º passo: Inicie o texto fazendo referência ao assunto, tais como:
ao referir-se ao destinatário: V.Sª.; V. Exa.; Exmo.; Sr. etc. 7º passo: Corresponde ao fecho da carta, isto é, o encerramento da mesma. Despeça-se em tom amigável: Cordialmente, Atenciosamente, Respeitosamente, Com elevado apreço, Saudações cordiais etc. Observação: Evite terminar a carta anunciando tal fato (Termino esta) ou de forma muito direta (Sem mais para o momento, despeço-me). b. Relatório administrativo Um relatório administrativo, basicamente, vai fornecer informações para que o administrador, o gestor de uma área, tome decisões. Sua estrutura compreende: Introdução: indicação do fato investigado, do ato ou da autoridade que determinou a investigação. Enuncia o propósito do relatório. Desenvolvimento: relato dos fatos apurados (data, local, processo ou método adotado, discussão). Conclusão: recomendações de providências ou medidas cabíveis. Por vezes os relatórios apresentam material ilustrativo: diagramas, mapas, gráficos, desenhos etc., que podem vir incorporados no texto ou sob a forma de apêndice e anexos. Exs.: Relatório de resultados de pesquisas, relatórios peda-gógicos etc.
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MULTIMÍDIA Diego Medrano
e-você... O estudo da língua portuguesa na redação oficial é apresentado como uma teoria baseada no Manual de Redação Oficial da Presidência da República. Ressalta-se o descaso da língua portuguesa em textos oficiais, em especial no tocante ao emprego das formas de tratamento. Você também pode acessar Fonte:www.sxc.hu
o manual no endereço http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ ManualRedPR2aEd.PDF
Outro modelo está presente em http://www.elirferrari.pro.br/download/ Redacao_Oficial.pdf
PARA TERMINAR... Agora que você chegou ao final desta disciplina, esperamos que tenha compreendido os ensinamentos necessários para uma boa formação profissional. Sentimo-nos honrados em ter participado da construção dessa estrada, que é o ensino e a aprendizagem, e em ter acompanhado você nessa caminhada. Sabemos que o caminho é longo e muitas vezes difícil, mas também temos certeza de que agora você está apto a enfrentá-lo bravamente, certo de que somos, todos, vitoriosos. Mãos à obra e boa sorte!
Justas
(...)
Cekas
Coração de estudante Há que se cuidar da vida Há que se cuidar do mundo Tomar conta da amizade Alegria e muito sonho Espalhados no caminho Folha, coração, juventude e fé (Coração de Estudante, Milton Nascimento) 254
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Verdes, plantas, sentimento te:
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• A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. • Na redação técnica há que se evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dúvida de que um texto marcado por expressões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão dificultada. • Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o tempo
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RESUMINDO...
necessário para revisar o texto depois de pronto. • Escrever bem é ter em mente o que se escreve, como se escreve e para quem se escreve. • Há o desenvolvimento de cartas e relatórios administrativos como outros tipos de redação técnica.
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES ATIVIDADE 1
a. Para que sejam preservadas as relações semânticas e a correção gramatical do primeiro período do texto, ao se empregar a expressão “o número” no singular, deve ser feita a seguinte substituição: “diminuíram” por diminuiu. b. Para que se mantenha a coerência textual, deve ser feita a mudança do tempo verbal do verbo estar da 2ª oração para “estavam”, ficando, assim, todo o período no tempo passado, visto que a declaração foi feita sobre algo já acontecido. ATIVIDADE 2
a. “O colapso da União Soviética, no início da década de 1990, foi interpretado como o fim do socialismo. No entanto, ao contrário das opiniões dos defensores do capitalismo, a História ainda não acabou e seu futuro ainda é uma incógnita”. Outras opções: entretanto, porém, mas. b. O retorno da professora iria acontecer na quarta-feira, desde que todos os alunos se comprometessem em pedir as devidas desculpas. (condição)
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c. Joaquim ficou o ano todo sem ler uma página do material para o vestibular, por isso sua pontuação foi insuficiente para fazê-lo passar no exame. (causa/conseqüência) d. A escola estava fechada naquela semana, pois houve um seminário para os professores em uma outra cidade que ficava ali por perto. Portanto, nem adiantou levantar mais cedo da cama naqueles dias. (conclusão)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABAURRE, Maria Luiza. Português: volume único. São Paulo: Moderna, 2000. (Coleção Base) CÂMARA JR, Joaquim Mattoso. Dicionário de Lingüística e Gramática. Petrópolis: Vozes, 1977. CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3. ed., Rio de Janeiro: Lexikon Informática, 2007. GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 2. ed. Rio de Janeiro: Fund. G. Vargas, 1971. FERRARI, Elir. Redação oficial: curso de secretariado escolar. [S.l.: s.n.], [s.d.]. Disponível em: Acesso em: 19 jan. 2009. Brasil. Presidência da República. Manual de redação da Presidência da República. 2. ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002.
Disponível
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ManualRedPR2aEd.PDf> Acesso em: 19 jan. 2009. O que é redação oficial. Disponível em:
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