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BAADA D AMOR AO NTO • 2.' çã Auor PAUIA CHIIA
Título:
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Códig 9307
Cnta
Entrada
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Venda
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Código agente
Devoluão
A Morada Código Slicita a repsiçã de
BAADA D AMOR AO AMOR AO NTO 2.
exe1nplares de Código 0
CAMINHO, SA Enviar a: EDITORIAL A. Alm Gago Coutinho Coutinho ISBOA EC -Empresa de Comércio Comércio reiro Zona Indstal do Roligo, o1e 8 ESPARGO - Santa aria aria da Feira Feira 455 ESPARGO
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A Morada Código Slicita a repsiçã de
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CAMINHO, SA Enviar a: EDITORIAL A. Alm Gago Coutinho Coutinho ISBOA EC -Empresa de Comércio Comércio reiro Zona Indstal do Roligo, o1e 8 ESPARGO - Santa aria aria da Feira Feira 455 ESPARGO
D D OR O TO
ÜBRS DA AUT
PAULINA CHIZIAE
Vntos do pocaipse O Sétimo Juramento Niketche _ Uma história de poiamia Ba de mor ao Vnto
BALA DE OR AO VNTO
edição
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Aos meus filho Domingo e Maria Salomé À memóa de Feando Ciziane À Madalena Backtrom
BALADA DE AMOR AO VENTO (2' edição) Autor: Paulna Chzane Deign gráco: José Serrão lutração da capa Malangatana, P 1995 pormenor recortado © Editoral Camnho, SA, Liboa 2003 Tragem: 1000 xemplre Impreão e acaamento Tpografa Louanene ' Data de impressão: Mao de 2007 Depóito leg nQ 259 013/07 SBN 978-97221-1557-5 w.edtorl-caminhop
Livr mpss m ppl f drd d Spc, mg d 1nb
OR
Í! o ear em que fabrco a vda..
Lit Vasconclos
1
Tenho udde do meu Se, d águ zueer ded do eu ro Tenho udde do erde cn bnçndo o eno do cmo de m core em hr mon d mnguer, do cjuero e mre em m Quem me der or o mg d mnh nfân c ggr árore cenenár como o gg e comer fru ere n ecur e berdde d nce erde Eou enehecd e no roxmção do m d mnh jod m cd d que o eo quem como e ce no mê de Mr o do def como um roáro de recordçõe que já nem ão recordçõe m m ênc que e ree em no momeno em que fecho o oho rnondo brrer do emo Fo em Mmbone, udo err redene n mr gen do ro Se, que rend mr d e o homen Fo or ee mor que me erd r enconrrme qu ne M de c re ro de mér onde eo defecm em bde memo à de od gene e moc em em uo n fecdde d err de romão Tere eu mdo gum d? É erdde que o mor exe? Nd e obre erdde do mor m há um co que me coneceu, dgoo Aquo um e éce de feço, méro, oucur, o é que
PAULINA H!ZAN
BALAA AMOR A VNT
Tenho uma ha crecda que anda etuda embo ra já tenha etudado muto Um da de-me que a terra é redond Por r é toda verde e á no fundo tem um centro vermeho Como o meão Que a terra é a mãe da natureza e tudo uporta para parr a vda Co muher. O gope d vda a muher uporta no ên co da terr Na amargur uave egreg um qudo r te e vcoo como o meão Quem já vajou no mundo d muher? Quem and não que vá Bt dr um gope profundo, profundo que do centro vermeho expodrá um go memo gua erupção de um vu cão. Ma que de trte me aom hoje etou pe na em dero não me evem a ma Etou mpemen te recordndo recordndo Etou dper: um prte de mm cou no Sve, outr etá qu neta Maa uj e trte our para no ar agurdando urpre que a vd me reerv Par quê recordr o pado e o pre ente etá preente e o turo é uma eperança? Epe ro ue me credtem, ma o pado é que fz o preente e o preente o futuro O pado peregue� no e vve connoco cada preente Eu tenho um p do, et htór que quero contr Será um htór nterente? Tenho a minha dúv da po na não é nada de novo Há mua muhere que vvem am Deiro A vda revoveu o centro do meu mundo Meu oto choo é vcoo como o meão E tou em expoão roa tão gua erupção de um vucão Tudo começ no d m bonto do mundo bee za crctertca do a da decobert do prmero amor Todo o nim trajvame de rura a terr era de maado generoa Na de reazvae feta de cr cuncão do menno já todo homen Joven do ugare ma remoto etavam preente po não há
nada mehor que uma feta para dverão, exbção e peca de namorco Eu etava bonta com a mnha bunha cor de mão, capun memo a condzer, enfetadnh com coare de mrfim e mang Coo que-me n rede para er pecd, e porque não? Já er muherznh e tnh cumprdo com todo o rtu muhere tared girvam par cá e para á no preparo do grande bnquete O aroma d cae ex ctv o ofcto fzendo crecer ro de va em toda boca, deando o etômago, e até gengva dedentda já magnavm um naco de ce gord nho, tenrnho e em oo empurrado com tod a re por um goad de guardente O homen dvm a mão qu e a enquanto o outro preprvm ep nda n ombra do cajuero O tambore ruram ao n do veho Mwo, er guendo-e cântco e acamçõe A por da phota abru-e dexno ar cerca de vnte rpze com a pecto pádo e doento provocado pe dur prov do rto de ncção O rpaze já toado homen pvm entre a como heró A vehota acamvam epahndo ore, dnhero e grão d mho que ganha e apre vam debcr Eu ata o epectácuo marvhd quando decobr entre o rapaze um novo roto Quem erá? Rndau conhece aquee a? É o fiho do Rungo o que vve no coégo do padre - ! Dparmeme a dúvd Er memo daquee rapaz que o vehote favm ontem à note e eu curoa ouv tudo Se ee decobrrem que ecute vão catgr-me arga, po em coa de homen mu here não e podem meter Derm que ee d tnto e comportoue ndamente memo na prov ma dce
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PULIN HIZIN
L MR VN
Aqula imam maavilhoum Msmo à pimia vista o mu coação vim stmcu Fiqui hipno tizada, com os olhos psuindo os passos daqul ' dsconhcido Uma voz quoum o ncanto Sanau Rindau, qu zm aí sntadas suas lhas? Rtiui à ni um olha aocido, spondndo d maus modos É poiido ca sntada? Wê, Saau choca ovos é paa alinha choca dia ia o ao daí, tnho um sdo paa ti Não m lvanto stou a choca ovos d pata Vomita lá ss sdo dsapac Já saia do qu s tatava. Não si qum convn cu o Khlu d qu é um and macho, mas l qu namoisca toda a nt ni ajolhous suou o mu pscoço com as duas mãos, ncostou os láios aos mus ouvidos sdou. Giti m alto paa qu la dsapacss dali. ni lvantou voo pud finalmn t contmpla o mu ncanto mas só po pouco tm po Loo a sui um ando d apaias fzm salta do chão aastandom até às tasias da casa. Saau hoj é o dia d aanja namoados m vz d sta ali a chocalha pohat à vista, ina ola paa as moscas psuim as tuas cuas, m nina. Olha, u já aanji um namoado qu janota, amia! Os mus paaéns ntão tu o qu spas? Aposto qu stavas a olha paa ss anhoso ilho do Runo omo s chama? é o Mwando. ois diot mnina, stás a pd tm po aqul stá a studa paa pad. Fiqui iosa. A n a ao nconto dos mus pn samntos fiam a ma como s fia àqul jovm tão distinto oloqui as mãos nas ancas vo miti todo um palavado povocado, na intnção d
aoc a minha advsáia, nquanto sta, d olha tocista, limitavas apnas a mumua: Wê, Saau, não val a pna tanta na Hoj é dia d fsta não stou paa uinhas nho um vstido novo qu não m aptc machuca A malta incitavanos paa a luta, mas ao v qu o spctáculo stava pdido pois a ni não s dszia, todos s viaam conta mim odo o ando m odou toçou. Mas vocês ainda nã viam? A Saau é pau d caapau Nm cua no pito, nm cua no ao, é s taca d ucalipto, mulh é qu não, wâ wâ wâ! Fiqui zanada Finalmnt os maotos dixaamm m paz pud à vontad contmpla o mu ídolo ppaa planos d aodam Aqul Mwando int ssavam, sim snho Apoximim dl li com doçua com muita indifnça spondia às minhas puntas. Fustadas as minhas tntativas, ssi a casa ntistcida. la pmia vz o sono stoum a vi. Minha mn t dliciavas com a imam qu acaava d dscoi Aqul olha distant, pntant, aqula voz sna osto sisudo! Bonito não a compaado com o Khlu ss zaaatio, namoadio smp ponto a po voca qualqu scaamuça smua toda a nt. O Mwando é um apaz difnt, la m convsa m tm cá umas manias! staia u apaixona da? Rim viim na stia Achava aça àquilo tudo pois nunca ants m tia acontcido Adomci soindo.
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Nos dias suints pocui Mwando. moscava todas as uas po ond pudss passa omci a i paa a ija só paa vêlo. poucas vzs qu o con sui nconta, lou comio smp com a msma in
PANA CAN
BAA A
diferença. Preparei outro plano mais perfeito que pus logo em prática Num belo domingo, vestime com todo o esmero, eniteime bem e parti para o ataque. Entrei na com toda a solenidade senteime à ente para que me visse bem, pois estava bonitinha só para ele. O pa dre dsse tanta coisa que não entendia. O coro apresen tou uma canção bonita e de toda as vozes só ouvia o Mwando Depois o padre disse ámen levanteime pron ta para o combate Ou hoe, ou nunca, dizia de mim para mim. Arrastei o Mwando num passeio até às margens do rio Save. Falámos de muitas coisinhas Ele lava dos seus planos do turo, pois queria ser padre, pregar o Evangelho, baptizar, cristianizar. Adeus meus planos meu tempo perdido ai de mim, o rapaz não quer nada comigo só pensa em ser padre. As águas corriam tranquilas, os peixinhos banha vamse, os canaviais assobiavam embalando a minha tristeza Sentia a cabeça transtornada e fiquei algum tempo sem conseguir lar Senteste mal Saau Sim, um pouco maldisposta. Dexei que ele me acarinhasse e, a pouco e pouco, aproximeime dele, encostando a cabeça no seu ombro sem que ele se apercebesse da manobra E tu, Saau, quais são os teus planos Meus planos Nenhuns Estou apaixonada por um rapaz que no me quer. Não é possível. Mas qual é o homem capaz de desprezar uma rapariga tão bela e tão boa E tu eras capz de gostar de mim, Mwando És maravilhosa És a única pessoa na aldeia que me trata com respeito Todas as moças desprezamme por viver no colégio Eu gosto de ti, Saau. E porque não me dizias
Tenho medo O padre pode censurarme Medo de quê O padre nada tem a ver com isso De resto á mos todos iniciados e os velhos não se vão aborrecer. Tu não sabes, Sarnau, mas o padre! .. Descansa que ele não saberá de nada Emudecemos de repente As mãos encontraramse Veio o abraço tímido. Trocámos odores, trocámos calores Dentro de nós loresceram os prados Os pássaros cantaram para nós, os canços dançaram para nós o céu e a terra uniramse ao nosso abraço e empreendemos a primeira viagem celestial nas asas das borbo letas.
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O inólito acontece na oreta Todo o ere e cutaram o egredo da natureza e etão a operar maravilha A corua cantam ao ol o gato preto miam intenamente à lua cheia Toda eta voze uneme no compao do vento, que epalha pelo mundo uma menagem de paz O leõe e o vitelo acaalado, rugem e mugem num coro de ateidade A hiena e a cabra abraçame, perdoame, reconciliame a ave vetem plumagen colorida A erpente, unto ao ninho fecha o olho, dicreta, não vá ela interromper o beio do páaro que e amam, crecem e e multiplicam A era e a árvore avolumame num verde ímpar, cobrindoe de ore Em todo o univero há um momento de reeão, de paz e conateização chegou a época do amor Mwando etá embabacado com a decoberta do in ólito do mundo Como o Adão no Paraío, a voz da erpente ugeriulhe a maçã que lhe arrancou brutal mente a venda de todo mitério Sim, ecutou o lábio de uma mulher pronunciando em uurro o eu nome, depertandoo do ventre cundo da inocência Mwando naceu Sente o coração a bater com rça memo à maneira do primeiro amor Pela primeira vez colocoue diante do epelho e ete, cúmplice, confirmou a ua preença Não gotou 9
PA!A CHIZIAN
BADA D A A T
lá muto d u prntção m pxonou plo olho ngro dormnt unt nvjou lgânc do glo copoulh o port dmntrou lgum \ rnçõ n voz tondo onnt pxond En t drtou o ombro cuvo o ndr cgo dcomp do colocou um uvdd um rtmo pndo ur um cmnhr ltvo obrno crctrítco do vncdor O vnco do clçõ pou r bm dmrcdo crpnh pntd ml vz o clcnhr gdo com pdrpom buntdo com ólo d coco comptm no brlho com luz do ol Et modfcçõ não prm dprcbd o compnho do colgo qu lh pvm todo o movmnto compnhndoo com olhr troct qu blvm m todo o olho Wê Mwndo prc qu o pnto tá r do ovo Porquê? Porqu boc tá dbxo do nrz o glo já ncu crt Não m ncomodm ouvrm? Mwndo toou lvo do grcjo do u com pnho por rzão dcdu olr crndo o u própro mundo o notcr ntv oznho no jrdm do colgo ub t o unvro conqutndoo tod trl cbm no cntro do u mundo Crrv pálpbr pr onhr como o glo qu cnt d olho fchdo borndo com dlíc u própr voz Mmo m o colg prgumno drgndolh provocçõ Brvo Mwndo cnt cnt o glo cnt p glnh ccrjr M o qu prtndm nnur? Vmo dgm?! Clm lhot cobr dx mpr rto por ond p Todo nó rjmo ó o vlhot qu cgut nd não dcon d nd
lomão m volt flr m rbntot fç E í dvulgmo o grdo o vlhot dpo qurmo vr Dprçm Pocurou o rúgo do qurto fchou Etv trntodo nt u dvoção bld pl pxão Não congu gr à trm d rpnt rnu rrtvo cd vz m pr o bmo M porqu qu Du não protg o u lho m dvoto dx rpnt plhd por todo o ldo porquê? «M u quo r pdr• dz ntr lágrm "u quro r pdr ur btn brnc crtnzr bptzr m l rtm pr o bmo pr trv h como bom tr o ldo dl o pdr dcobrr mnh pxão xpulm do colgo n fcu do n trdcr tl como dão no Prío M como do não não v contcr br ncontrr um cond rjo nt jrdm do dn nngum dcobrrá Ep ro qu mldto rpz não dêm à língu Pno qu com l não hvrá problm po não cotmm r dltor À luz d vl o olho prdm no vzo cbndo por convrgr obr o Ju Crto d bronz pn durdo n prd d cl Então xtv pdndo prdão comprnão do u dlm o Crto d mtl Não pod r do nhor o nn Bíbl Fchou o olho ru contrfto rdculrzndo chou grç à u vd d há mn trá go r nt dfrnt Volh um nprção úbt pgou no ppl no láp comçou crvr "Tu olho têm o ncnto d um pom dvno Qu pn não br lr Ecrvrt um ct lnd long Ddcrt tod plvr qu o tu ldo não congo pronuncr qundo o tu orro
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PUI CHIZI
BAD D <
tangula a meloda da mnha gaganta sceetea um poema de sumo de ananás e batatadoce com aoma de canho. Leatea nos meus esos a aguea no unes do sonho tanspotados na concha do gassol. Samau, audasteme a nasce, pos se não tesses comeado, nunca tea a coagem de dze qualque cosa sobe o meu coaão Semeaste em m o peme das acácas. scuto a músca dos galos à dsnca. stou no absmo da soldão, no gólgota a dstnca, o domngo está longe paa Não acabou a ase, pos a pota abuse de epente e o pade espetou. Mwando apanhou um alente susto e comeou a teme. Nem tee tempo de oculta o seu manuscto Que se passa, meu apaz O pade pegou no papel e leu em oz alta. Mwando molhaase de lágmas. Com que então, hem á entend tudo, descansa que amanhã austaemos contas.
nquanto o pade eea se ecmnaa, dos sees abaaamse no escuo Tudo tea passado despeceb do se não sse a maldta cama de feo chando deses peadamente. Paecam as dobadas da anela angendo ao ento, o pade apoxmouse paa chála, e es que oue gemdos de mulhe Apuou mas o oudo e em paldeceu: aqueles gemdos eam seus conhecdos Cetno Agoa sabeás o que é a a de um leão O pade encheu o peto de a, esegou os punhos e atu paa a batalha. Abu a pota com um pontapé e, as escuas, conseguu descob um ulto que se esconda po baxo da cama Salomão, hoe apanhete. Toda a gente á me lou de t Aemessou um soco oso conta o apaz, mas este pedeuse no a. O Salomão, assustado, embu lhouse num lenol, afnou a oz e, com o a mas nocente deste mundo, peguntou Que se passa, Senho Pade O pade cou ana mas oso. Não pemta que um apazola a quem clzaa, toasse dele. Pecptou se no escuo conta o apaz que se esquaa e este mas ágl pegou uma astea e o elho cau estondos men te. O apaz gu como o ento no coaão da note Agoa, o Mwando! O elho leantouse oso ao quao deste que doma um sono solto e deulhe uma soa tão gande até lhe doeem os socos. Mwando e Salomão am expulsos do colégo, mas a coznhea nem seque epeendda e toda a gen te sabe poquê.
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O pade pôsse de atalaa. Váas ezes oua mexe cos sobe o compotamento dos apazes, mas não se de xaa domna pelas línguas de sepente, mas aquela cata, aquela cata! Haa de descob a edade. A coba dex asto po onde passa, o poo, não há mo sem go Na hoa do slênco, abandonaa a cama contáel, enaa o oupão e o goo de lã e, em passos felnos, a espeta os domtóos dos apazes Pmeo daa ol tas pelas anelas paa escuta, depos escondase no abusto dante da entada, aguadando hoas a o. Andou em buscas mutas seanas sem esultado Voltou à con clusão de que a língua do ulgo não meeca confana Rdculazouse pelo cto de te saccado o epouso pecoso em esponagem egonhosa, expondose às coentes de a que podeam ca uma dessas complcaões topcas que nem os melhoes médcos podem cua. 22
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Mwando não tee outo emédo senão confomase Faclmente se adaptou aos tabalhos dos apazes da sua dade. Todas as tades nos encontáamos no o dá
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PAULINA CHIZJANE
o marido dela porque dormi com a sua protegida Quero pedirlhe a bênção do nosso amor És maravilhoso, Mwando, por isso amote, amo te, amote, mil vezes amote "
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Mwando ainda não ofereceu nada ã a protecto ra, mas eu perdoo, ele ainda não arranjou diheiro, coitado Ultimamente vemonos poucas vezes, ele diz andar metido nos negócios do pai e vai muitas vezes à cidade Diz que a mãe e as iãs são muito preguiçosas, e ele muitas vezes tem de cozihar, lavar a roupa e rachar lenha, mas onde é que já se viu um homem cozinhar com mulheres em casa? Falta muitas vezes aos encontros e, quando vem, tem pouco tempo Já não quer passear como antigamente, mas eu perdoo, eu gosto dele, ele tem muito trabaho em casa, pois as irmãs são muito preguiçosas Mas parece que ele me evita suas palavras soam a lso e escondeme sempre os olhos quando justiica a ausência. Sinto que algo de anormal se passa, que tenta enganarme, mas não, enganarme é que não, nós amamonos, ele prometeume e no é homem de meia palavra A, o meu amor por ele cresce como as ondas do mar Meu corpo chama por ele, miha alma grita por ele, meu so nho é todo ele, encontroo em todo o lado, na verdura dos campos, no mugir das vacas, no brilho do sol, no serpentear dos peixes, no aroma das ores, no voo das borboletas, no beijo dos pombos, até mesmo nos odores das bostas Oh, Mwando, tu vives em mim, eu vivo por ti, Mwando, canta com o vento, aos qatro ventos, ganhaste um coração mundo, pois dentro de mim há um lugar 26
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PAUNA CHZAN
BAADA D AM A VN
ode só u habias Dero de m orescem os campos. Tudo em m verde u sou a erra fril ode um dia laçase a semee. O sol, a uvem, o veo, udo viram. A ua semee omouse verde, verde verdadeiro a próxima colheia eremos rura e mosraremos ao mudo como belo o osso amor. Sarau, ão os vemos há dois meses, mas iso por causa do rabalho ieso que eho ido, ão descaso ada, sabes Já e disse que as mihas irmãs são preuiçosas e eu eho que zer odo o rabalho da casa. Fui rês vezes à cidade para raar dos eócios do velho, espero que me compreedas. Assim maasme, eu morro de saudades. u ambm ive muias saudades, mas o rabalho, eedes scua, meu amor, hoje o dia da ossa despedida. Vou parir para muio loe. Para loe Ode Não sei bem O velhoe que decidiu. Sei que me amas e que vais soer muio, mas eho um dever a cumprir. Vais para a África do Sul Mas ão há problemas. u esperoe. Aora mais do que uca eho razões para e esperar Quais razões Vamos er um filho, Mwado Há quarea dias que ão vejo a lua É ieressae. Acho boio ser pai mas há uma coisa que ão eedo. As raparias do eu clã só icam rávidas quado querem. u quis, Mado. Desejo loucamee ese filho. Tu amasme, e isso irae por vezes a razão. u aora vou parir para ão mais volar. O que será de i e da criaça Gosaria de e esclarecer bem o proble
ma, sei que vais car perurbada, mas compreedeme, cora a miha voade. Porque adas com aos rodeios e ão dizes loo o que se passa sá bem, eu dio Não vou parir para lado ehum. Vou casarme brevemee com uma raparia que os meus pais escolheram para mim. Mas isso ão problema disse ere lárimas. u aceio ser a seuda mulher, ou erceira, como quiseres. Se ivesses dez mulheres eu seria a dcima primeira. Mesmo que ivesses cem, eu seria a cesima primeira O que eu quero esar ao eu lado. Samau, o eu desejo ão pode ser realizado Nuca serás miha mulher, em seuda, em erceira, em cesima primeira. u sou crisão e ão aceio a poliamia. Oh, Mwado! Uma errível escuridão precipiouse dero de mim Sumiramse as erahas e, do poço eorme que era o meu íimo, broaram palavras ocas que a araa rasrmou em rios hisricos. Os caos dos meus lábios sereado espuma abriram alas para escoar a dor melodiosa e fúebre, zedo coro ao coaxar das rãs Meu coração ribombava rovoadas, relmpaos dourados rasavam o cu do crebro, e a chuva dos olhos precipiava re, preuciado o dilúvio do meu ser. Todos os sohos de amor, um só isae ram desruídos pela rça da empesade. Merulhada em odas de sal, celebrei o bapismo de fel Acudame meu Deus. Semeei amor em erras sáras e o luar de milho, produzi espihos. Mwado recolheume um abraço do auráio diluvia ode me abadoara, aihoume o seu peio, coroadome com beijos sem sal, em calma Sarau, promeo ser bom pai, erá de mim udo o que quise res, casar que ão, compreede Saau, o desejo
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PAUNA CHZ!AN
BAADA D A) A VtN
dos eus pais e de todos os deuntos Eu debatiae co todas as rças uero aor, tenho e de aor Mas ue diria ue este roance acabaria nu duelo? A lança caiu be no centro do coração e o venedor exibe a ara, triunante A sua voz vibraa 1de eoção, conseguiu reover u epecilho e estava livre para prosseguir o seu destino Não teria ele a sua razão? Cada u de nós segue o seu destino auele ue há uito i traçado na pala da sua ão Adeus, Mwando. Que seas eliz, co auela elicidade ue sepre sonhei para i Regressei à tranuilidade da loresta e a canção da natureza perdiase no eco dos eus suspiros Cantei a elodia dos desesperados sobre as cinzas e os escobros dos eus sonhos a cobra espreitanos e ergue cabeça pronta para o ataue. Saau aba! Arrancoue rapidaente do chão protegendoe nu abraço enético Escapáos de orte certa O ue signiica isto neste preciso oento? Os teus deuntos estão contra m, andara esta cobra para e aniuilar, o ue signiica isto? endita sea essa aba ue ueria leare para o undo do alé onde iria repousar todas as ágoas, e tu arrancastee da porta do paraíso. Saau sinto uito, eu aote eu Não deixei acabar a ase e parti disparada coo o vento para o ininito. O go crepitaa dançando a úsica do vento, elevando as labaredas até às alturas Todos os habitantes do sol recolhera aos seus ninhos conrtáveis, eu iuei sozinha e perdida, deixee chorar chorar. A Eni pressagiou este i e dissee tantas vezes para
eu deixar o Mwando as coo podia eu dizer não à oz do coração? Tudo para i é desespero o gargalhar das estrelas o piar dos ochos, o arulhar das ondas ao luar, a dança do go tudo e entristece Gostaria de desaparecer da supercie da terra, ergulhar nas águas proundas do Índico, arrastada pelas inhas ágoas Eu uero orrer, vou orrer, assi o aor e o ódio aais perturbarão o eu repouso. Atirare ao ar? Nunca Subirei ao cio do ibondeiro e, uando a prieira corua cantar, atirareei ao chão, rebentando o coco do eu cérebro Seeareão e terra negra na elodia dos galos da alorada, serei regada de lágrias e genarei ntasa. Atirare do alto tabé não Prero andare nas águas paradas da lagoa e ser o pasto dos peixes o eu sangue irá erentar as proundezas para ue as algas cresça ais be nutridas. Que e dera ser a estrela sonâbula e aguear no iinito se destino e todas as noites de luar. Gostaria de ser u agalue acender e apagar despreocupada sobrevoando as copas negras dos caueiros. A passo trôpego egulhei na escuridão da palhota e estendie eia orta, na esteira de palha. aves da noite ebalara a inha angústia adoreci tristonha, ergulhando e seguida nu sonho delicioso Vie nua paisage de ales e ontanhas, de árvores aestosas ue se acasalava co trepadeiras de lhas largas. a paisage de aor e ue todos os seres se haronizava ao sabor da liberdade onde até as raízes abandonava os cárceres de areia para balançar ao esco debaixo dos braços últiplos das igueiras As águas dos vales serpenteava e sincroniso co a suavidade das brisas enuanto os babus balançava e contradança Mwando estava sentado ao eu lado na rtilidade do tapete de rlva A aproxiação
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PAUNA HZAN
do seu corpo adolescente levoume ao mundo das ilusões incontestáveis, à maravilha do sonho e da fntasia. Pronunciava o seu nome pela centésima vez quando ,
acordei brscamente. aa, estás a sonhar alto, isso dá azar. Porqe interrompeste o me sonho? Era tão bo nito, Rinda O qê? Não é nada contigo Dorme, qe te fz bem.
A manhã nasce oamentada de sol, com pássaros alegres, vento esco e borboletas coloridas, tão igal a todas as otras desde os tempos do primeiro sol. Igal a todas as otras não, porqe era a última. O sol era mais dorado, os campos pemadssmos, as ágas de m azl mpar e as borboletas mais garridas Tdo era mais belo, porqe último. Minha joada terminava, a caminhada ra crta e salgada. ancei olhares de despedida a todas as coisas, tdo me inspirava para a partida e sspirei qero levar aos habitantes das trevas a mais bela imagem do reino do sol. Dirlhesei qe abandonei o sol para ser o sal, qe amo a vida mas prefiro as trevas, o sono e o reposo. Caminhei nas nvens, radiante, ondlante, até ã beira do lago Mais ma vez disse ades a todas as coisas. Merglhei nas ágas paradas qe giraram de mansinho ã volta dos mes pés e caminhei decidida. O lago s bime até aos ombros, até aos maxilares, hesitei ns instantes e relecti ápido vo, qero morrer, qero ser fantasma para atormentar esse Mwando em todas as noites de la cheia. O lago sbime até às orelhas, ades tdo, ades Mambone ades Mwando, ades. Avancei mais, e de repente senti o medo a scarme o peito, gritei, qis voltar atrás, ltei com viva rça mas 32
A VNT
BAADA DE
as ágas engoliramme, e só consegi erger o braço nm gesto de ades e desespero oi tdo. Do sono morfero qe me envolve, ovi vozes distantes qe amentavam de volme erão vozes das almas do otro mndo o dos espritos das ágas? As vozes aproximavamse e oviaas com mais nitidez, mexi os braços e descobri qe não estava no lago e o me corpo jazia por cima da esteira de palha. Nm esrço tremendo descerrei as pálpebras e vime no interior da palhota rodeada de mitos vltos dos qais só consegi reconhecer a minha mãe A crandeira, ajoelhada, rejava o me corpo de ponta a ponta, varrendo savemente os mas espritos com a pelgem macia do rabo de hiena Qe acontece? Onde esto? aste agando e m pescador salvote, os bons espritos protegemte, benditos sejam todos os dentos im, os dentos rejeitaramme, ainda não é chegada a minha hora, nnca mais serei ntasma. Merglhei na melancolia dos dessperados vogando em ondas viscosas e amargas A centopeia entrome pelos olhos, i até ao coração, fez m nó na gar ganta e sbi rapidamente para o cérebro. entia as sas cem patinhas a coçaremme todos os neos. aa, explsa o nó da centopeia, rebenta a an gústia qe tens no peito, arna, rebenta o nó. A crandeira tanto grito qe a sa voz acabo por encravarseme no centro do coração As lágrimas de sesperadas da minha mãe zeramme voltar à razão, contagieime com elas e rompi nm choro convlsivo. O nó da centopeia qebro nma explosão violenta. enti movimentos estranhos no ventre e as coxas ficaram empapadas de sange. O me corpo inerte vibro com espasmos de dor, estava perdida, ningém podia zer nada por mim. A cabeça em remoinho martelava dolorosamente todas as veias 33
PAUNA CHZAN
A gueira acesa espalhaa um fumo purificane que espanaa os maus espírios A curandeira baeu os ossinhos lou com os deunos que aicinaram o meu desino morrerei em erras disanes do ouro lado do mar e nenhum dos presenes acompanhará o meu neral Nada me conseguirá maar Nem as águas paradas da lagoa nem as proundezas do Índico, nem o dese o dos feiiceiros, meu Deus, nunca mais serei fnas ma Eu queria ano ser nasma! '
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Saau, minha Saau, que desino é o eu que sore é a ua, lha do meu enre Em Mambone há mulheres mais belas e rabalhadoras do que u orque é que esa sore caiu sobre i Muios rosos cobriam o meu Na palhoa circular oda a mília me conchegaa As raízes, os roncos e odos os ramos da grande gueira esaam reunidos Olhos elhos e noos choraam, riam e olaam a chorar Saau, nossa Saau, u ais parir adeus! Já não ouiremos a oz do eu pilão Não beberemos mais a água na concha da ua mão Acabaramse para nós os sorrisos, o eu cana algre e inocene, oh, cruel desino o de uma mulher Ouras bocas beberão da ua ne Ouros olhos irão odiar o eu sorriso, Sarnau, em bree parirás para a escraaura Chamareão pregui çosa, esúpida, feiiceira, enquano o eu sangue pare felicidade para eles, enquano o eu coração fermena de miséria e soimeno O mugir das acas aproximase e oiço de pero o galope das suas paas Vozes alegres leanamse, assobiam, aclamam, e um coro agradáel rompe Meu coração esremece e a rça da emoção ence Rompi em soluços Meus ios e aós omam os assenos e a aó maea quebra o silêncio numa aclamação rasgada e, em seguida, profere uma oração: 34
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PAUNA IZAN
BAAA \ A VN
Ah, mas qu az vt Eu vit as Gostaia d bb da tua água Pousi o ot o hão di d bb a oha d s mihas mãos A vlha fiou maavilhada ois uXa iguém lh da d bb assim No dia sguit as oslhias da aiha am soliita os mus siços a dido dsta, o qu ão a ovidad ois a ss o su hábito Fiqui om la uma smaa a aalh as aas, a tça os ablos baos a massaja as atulaçõs sas d umatiso Numa bla mahã a vlhota uiu todas as suas oslhias aa uma uião maga Todas aguadavam om olhos ouvidos a gad ova Já oti a mulh mais bla, mais bodosa tabalhadoa, qu ão é fitiia É a Saau! Todos os olhos fiaam gos as gagatas mudas d sato Eu tmia tão do ão osgui zm da susa Em qu é qu u agadava à vlha shoa E hgado o momto sumo Os oiais do i ta a alhota tomam os asstos sitosamt Lvato um ouo o véu sitoos stm a gala dos atassados Rohço a miha uhada As iaças atam lá a, as vaas mugm fuiosas, mo ioom aida mais Fazms umimtos disu sos dihios tilitam Coloas a stia a abaça d aé o ao vmlho xibms ças d vstuáio, ulsias, olas, mu Dus isto é uma fia, u stou à vda Mu tio tossia aa alaa a voz fla om solidad Miha mã tiam o véu Saau, is os tus olhos o tu ço Nós sabmos qu vals mais do qu tudo O qu aqui stá ão hga aa aga o amo qu tmos o ti Lá a stão tita sis vaas qu omo tu aida ão aiam Diz m voz alta aa todos ouvimos: aitas st momto t à gad mília dos Zuula?
Sim aito Agoa diz: o qu dvmos fz om todas stas osas Não sabia o qu diz Miha tia vio m mu au xílio, dizdom todas as alavas qu ti Mu ai, miha mã, mus avós todos os dtos Aitai sta ota, sta humilhação, qu é o tstmuho da miha aida ou agoa t a outa fmília, mas fiam stas vaas qu m substitum Qu stas vaas lobolm mas almas, qu aumtm o úmo da ossa mília, qu tagam sosas aa st la, d modo qu ua lt água, m milho, m lum Miha avó asgava o silêio m uluguas quato as mihas mãs lavavam o osto om lágimas d moção os homs maiam mudos Mu tio voltou a fla Pgou o ao vmlho, toou o aé o hão diss: Saudamost, Saau, mã d todo o baho dos Twalu Fost a imia ilha do vt da tua mã És tu a mã do Rugo, Rugo ai do Tiga Most om dsjo d as do baho do Tiga, tu to mais quido Tiga mostou ao mudo a imia sot od t aast, avó Saau, és a msma qu hoj é lobolada No assado omaamt aas om uma ia d fijão oj, asida, lobolamt om tatas vaas dihio vmlho Avó Saau, is aqui o tu aé o ao vmlho Abçoa a tua otgida: ablh os amihos da fliidad: qu asçam muitos lhos do su vt omo aotu o assado, dawuêêê O lobolo stá fito A tia do mu maido tga outa abaça d aé a bgala aos avós Coloa o haéu o asao os ombos do aá A aulaa a itua da mamã, outa as ostas, amaado um gaao d viho Miha uhada o sua vz iam as ulsias, os olas as mihas ovas vstm
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PAUNA C'!ZAN
BALADA D AO AO VNTO
tas Meu to recolhe os dnheros Cantase e dançase As vacas mugem cada vez mas alto
que cada mundo tem a sua beleza Há os que consde ram belas as mulheres de pele clara Outros acham belas as feções harmonosas e o camnhar elegante Anda há quem consdere belas aquelas que transportam enormes abóboras no trasero. É como vos dgo, cada mundo tem a sua beleza No campo é mas belo o rosto queimado de sol São belas as pernas rtes e musculosas, os calcanhares rachados que galgam qulómetros para que em casa nunca lte água, nem mlho, nem lume São mas belas as mãos calosas, os corpos que lutam ao lado do sol, do vento e da chuva para fazer da natureza o mlagre de parr a felcdade e a rtuna
Conduz o gado ao novo curral! / A minha partda combnada para a semana seguin te. O padre Ferrera pronticouse a darnos um casamento crstão, a nós, que nem sequer fomos baptzados. Ofereceume um vestdo de nova magnífco Dgo rancamente que nunca tnha assstdo a uma festa tão grandosa e logo em mnha honra. Mutos olhos veram contemplarme: olhos snceros, lsos, n vejosos, trocstas, odosos, e eu retrbuílhes o meu novo ar: de arrogânca e trunf. Não vos fle anda do meu mardo, o Ngula, o ho mem mas desejado por todas as fêmeas do terrtóro. Não o conheço muto bem, mas estou devdamente n frmada sobre ele. É um búfalo enorme e rte como exge a nobreza da sua raça Tem a pele bem negra, testa e narz esbeltos dentes branquíssmos, o que lhe cofere um aspecto de espéce rara. Tem um camnhar dnâmco domnante, sedutor. É um excelente caçador, o melhor atrador de arco e lecha. Não há quem meça rças com ele Nas bangas e tabernas é o prmero a entrar e o últmo a sar e, quando se embraga é a co sa mas nsuportável deste mundo Dzem que é dodo varrdo pelo sexo oposto, o que orgulha o re, seu pa. O padre Ferrera tentou crstanzálo sem resultado. Fez tudo para que ele estudasse, pos não fia bem ao futuro re ser analbeto, e lá aprendeu algumas cosas, ao menos sabe ler uma carta. Com certeza dvem estar a magnarme tão bonta para ser esposa d fturo re, com uma daquelas bele zas que pululam por esta Maalala de onde vos conto esta hstóra Devem julgarme mulher de mãos suaves, rosto clarnho, cabelo desfsado com vaselna e lábos vermelhos borradíssmos de bâton. Dgovos, porém, 40
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Vozes de plões aam o canar dos pássaros; é o gro do mlho no úlmo sspro; é o gargalhar do esômago sadando a refeço qe se aproxma, aa, o homem é o Des na erra, e mardo, e soerano, e senhor, e serás a sera oedene, escraa dócl, sa me, sa ranha Vacas camham, lesmas, para o sacrco as caras rmnam a úlma era; galos e galnhas erram na sa despedda ao sol, preparase o casameno do flho do re, arna, o e homem é e senhor. e ele, roso, agredr o e corpo, gra de úlo porqe e ama. Lá ra do se ese de nasa; as enradas so orladas com coroas de palmeras ganílas pendem nas copas erdes dos cajeros As mlheres arrmam as ranças, engomam os esdos e as caplanas, pre param odos os oamenos, é a manh em qe se casa o lho do re, esca, mlher, o homem é o e pro ecor e o melhor homem é o mas desejado e ele ro xer ma amane só para conersar, receeo com m sorrso, prepara a cama para qe os dos drmam, aqe ça a ága com qe se ro esmlar depos do reposo, o homem, arna, no feo para ma só mlher. Conselhos locos me fram os ímpanos e nerrom pem os mes sonhos, arna, ama o e homem com odo o coraço. A parr do momeno em qe e casas 43
PAINA CHIZIAN
BAADA D AM_ A NT
peene a um ó e aé ao fm do eu da A au de do homen, o eu capho, ão ma nofn vo que o efeo da onda no ma calmo Não lue mpoânca à amane que em; epea a onu na do eu enho, ela eão ua mã ma nova e oda e unão à vola do memo amo Saau, ama o eu homem om odo o oação Voze de plõe eenam o céu om a ua nalan a Ma de quem ão ee lameno que neompem o meu onho, fendo-me o ímpano om cone lho louo? Não compeendeam anda como ou lz É meu ee homem ão deejado é meu ee lua ão oçado; o pode é meu, calem a oca, velha e úpda mnha mãe, a, avó, fehaam-me há uma e mana nea palhoa ão quene e dzem que me pepaam paa o maóno Falam do amo com o olho ema cado, lam da vda om o coaçõe dlaceado, lam do homem pela chaa defeda no opo e na alma duane éculo, Saau, fecha a ua oa, eonde o eu ofmeno quando o homem do com a a mã ma nova memo na ta peença, feha o olho e não ho e poque o homem não feo paa uma ó mulhe
mo, a mamã eá e, e o papá eá ndfeene omee eee, dançae Hoje é o da de aanja namoado e oua Sanau deoem Mwando A mulhee exem-e e ecem na O homen en chaam-e no álcool e delaam amo à mulhe do vznho, uando o dae da emauez A adúle a emeedam o mado em pedade, paa quando o ol e econde ouaem um momeno de amo po eda pela noncênca do paceo Nea noe haveá oa Nea noe dome com o meu mado num lençol de eela O ol é meu É mnha oda a ldade dee mundo
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omo eou ela, veda de anco omo é on o o meu mado, ajado de peo e anel no meu dedo lha omo o ol omo é emoconane ea me loda om que o povo no aúda, e que empe pen e que ea apena dedcada ao anjo Hoje ou a lua, ou a anha, o mundo neo uva-e ao meu pé O pade Feea fez uma lnda ênção O meu ado anou o lvo com uma anea de ouo e eu apena maque o nal do meu dedo Nunca v ee povo ão enfeado om odo o o o a ada lcdade Meu mão eão afeí
O ol camnhava ápdo paa o leo anmado pelo mo do ataaque O tanãemaava anda ma a en e já neada pelo álool, e a mulhee, aupada num cíulo, movam-e extaada, aendo palma, au menando o delío om voze oufenha, decompaa da, e, no eno da oda, oua ana aneeavame na dança, auenandoe da vda e do mundo A alea já ulapaava o aue quando a mnha a odenou uma paua A aenção de odo concenada num upo de mulhee ajada de apulana vemelho-eampada e lua anca que cohchavam num cano em eo de conpação A fea a muda de cenáo O upo delou paa nó, o novo, numa macha muada, eo enaado, com a mão eplea de peene como panela de ao, ceo de palha, ela e pa o de madea e anta oua oa que no ofeecam om palava canhoa de paaén, que enham muo flho, eá lnda, felcdade, e oua palava ona Na muldão de aene, explodam culun uane enudecedoe, onane, emoconane A ve lha a, aaando-e em pao já ao, depoou no
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PAULINA CH!Z!ANE
meus pés um pesado pilão, solando um suspio can sado Fez uma pausa paa eoma o fôlego inspiase e egue a voz Sanau, o la é um pilão e a mulhe o cee'L Como o milho seás amassada ituada, ouada, pa aze a felicidade da família Como o ilho supora udo, pois esse é o peço da ua hona Os olhos da velha humedeceamse num pano suave, deixando anspaece no geso e no movimeno amaguas disanes Os casamenos êm sempe ese cenáio oa ise oa alege Mas poquê a tiseza? Não seá o casameno um aconecimeno feliz? Chegou o momeno deadeio Os Zucula esão pora e vêm buscame paa sempe. As minhas mães e madinhas levamme novamene paa o ineio da palhoa Queem dame o úlimo adeus Mãe, exageas demasiado em odas as uas ai udes Po que choas, mãe? Há aqui algum funeal? Po que é que odas êm os olhos ão ises? Vamos, alegaivos poque hoje é dia de fesa, hoje caseime com o uo ei desa ea Sanau sangue do meu sangue nem odas as lágimas são isezas, nem odos os soisos são alegias. Os eus anepassados emiam de do, mas canavam belas canções quando paiam para a escavaua Os moos vesemse de gala quando vão a enea Os vi vos semeiam jadins nos úmulos al como hoje e ofeecemos oes Os condenados soiem quando caminham paa o cadalso, mas choam quando são liberados. Saau, minha Sanau paes agoa paa a escavaura É momeno de espedida Todas as vozes unemse numa só eguendo a canção de adeus ão bonia, ão suave que provocava em mim um umulo inexplicável Meu pai ompeu em lágimas meu Deus, nunca vi o meu pai a choa, conagieime e choei pedida 46
BALADA DE OR AO VENTO
mene As minhas mães ampaavamme enquano fa ziam a minha enega aos novos donos No novo la, os Zucula ecebeamme iunalmen e com baucadas que esfacelavam o a, a senenciada meeu a cabeça na foca Seni em mim a nega pain do paa a escavaua; a pisioneia caminhando paa o cadaalso Olhei paa odos os lados ã procua de au xílio e enconei osos desonhecidos, soidenes Descobi amparo nos olhinhos da Rindau, minha doce imãzinha a única esemunha da minha desgaça Mas onde esá o meu pai? Onde esá a minha mãe? Ah o meu pai, minha mãe, deixeios além e esou a soe sozinha nos caminhos disanes
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Raio luinoo invad o curo do u quarto. Entr, ntr, raio d ol Traga cor algria do aanhcr ao u ninho d aor. ol obdcia palhando a claridad ai ai Lá ra a anhã é bla intoo. A av navga onda clt nu voo d prança. É bonito acordar dpoi d o ol nacr Pno lvantar a para qu Dcrro o olho Eprguiço Contplo o corpo ngro rluznt do u arido, tão fort coo u búfalo dorindo rno coo u ano, roncando ai alto qu u caião Bedford, tão orto d ono coo u vrdadiro cadávr. Et u búlo t ai rça qu u lão, io coniro u Lógico; ao aloço dvora u boi rga co c litro d aguardnt Eta vida d obrana dá prazr novo. Pla anhã prcorro o ar vrd do capo na tranqui lidad do podr otntando obr a gnt a vaidad d tr triunfado obr toda a ulhr da inha tribo. Não cano d aprciar o u rquintado quarto d núpcia na pnubra da anhã. olho incrédulo dlicia co o conrto toda a rlíquia. Eta caa d quatro copartinto ond vivo a ai bonita d Mabon dpoi da caa do colono, i contruída xcluivant para nla ridir o hr 49
PAUNA HZAN
BALADA D Q A VNT
deiro e a sua primeira esposa Foi mobilizado um ee tivo de vinte homens para se ouparem da sua ons trução Outros tantos ram enarregados da deoração, e não há dúvida de que esses homens utilizaram o m ximo do seu bom gosto para o arrano desta asa Ma daram vir de ourenço Marques este mobiliário de madeira esulpida, que se diz ter ustado era de trinta vaas, quase o preço do meu lobolo Gosto de poisar os pés neste hão , todo oberto de peles de leopardo, que o meu marido oleionou em todas as suas açadas Tenho um roupeiro inveável a minha primeira so gra vesteme de apulanas vermelhas, luxuosíssimas, blusas bordadas om os de ouro, olares de marim, ouro e obre, oisas que ela oleionou durante largo tempo, só para presentear a primeira nora, a utura rainha Cada vez que reebo visitas tenho de usar um trae novo, dirente Foi há duas semanas que o asamento se realizou, mas a esta ontinua ada vez mais brava Quase todos os dias, gente de todos os reinos hega em proissão, ada um om mais oerendas que o outro, numa espéie de ompetição que mais paree um ato de subor no ao rei ou ao herdeiro Servemse grandes banquetes que sempre terminam num bailado à volta da gueira e gente requebrandose ao som do tantã, aumentando o delírio om vozes ébrias Nuna sonhei ser a primeira esposa do herdeiro, mas agora só penso em ser rainha Cada vez que me aproximo da velha, exitome, e deseo ardentemente que a sua morte se< breve para herdar os grandes bra eletes de ouro qu el usa nos braços e nos ps O poder é omo o vinho No prinípio onunde, transtoa, quase que amarga; pouo depois agrada, e, no m, embriaga Eisme aqui, inalmente, senhora dos destinos desta terra Serei rainha sem dúvida alguma
É deste meu ventre que naserá o homem que depois do meu marido irá dirigir os destinos deste povo Continuei devaneando, espreguiçando Fehei no vamente os olhos e vestime de sonhos Voei até aos pássaros, até às nuvens, até ao sol Fiz uma desida verti ginosa, mnhas asas de sebo derretiam ao sol Pousei nas nuvens e voei om elas Mergulhei num bando de pássa ros e, do alto, observei a aldeia real onde o meu orpo ansado repousava, esta pequena idade que passaria a ser minha depois da morte do rei Vi outros pássaros a esvoaçarem na savana que orla a pequena idade de palha Ao lado da grande gueira erguese o paláio onde repousam os orpos do rei e sua rainha Outros dois palaiozinhos, mesmo ao lado do paláio maior, pertenem às duas rainhas de segunda lasse As outras habitações, dispostas em írulo, em nada se distin guindo das vulgares, pertenem às doze rainhas, da tereira à últma ategoria É idadezinha bela, vista do alto Mas idade não É antes uma enorme poilga om dezasseis ompartimentos onde ada mea pare as suas rias É uma enorme polga, sm senhor, onde o povo vai despear a ração para que o varraso engorde e segre&>ue mais sémen para eundar as suas qunze poras reluzentes de gordura, de óio, de lxo que os seus braços oiosos não onseguem limpar Não exagero, não minhas quinze sogras são mais gordas que as poras e mais preguiçosas do que elas, essas poras inúteis a quem o vul go onsidera sobrenaturais Da minha árore vi o rei a ser alamado por uma grande população de porquinhos negros, tronos nus, abe los desgrenhados, rostos remelosos e sorrisos alegres, enquanto a terra edia ao peso do monstruoso varraso, engolndoo pouo a pouo até deixarem de se ver os abelos rtos As minhas asas derretiam, voei poisando no teto do paláio prinipal Todos os poros se espantaram
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BALADA D AMOR AO VENTO
No calo da savana, duas mambas batemse pela posse de um padal A eras já mobundas soem das sepenteadas velozes das mambas. Os galagalas, centopeas, ou xinós e glos abancaam na copa da anoneia tistonha de has enodlhadas em caacol, paa se potegeem do sol, e assstem ao espectáculo dvetdos, enquanto os xricos zem a abtagem Uma das mambas ca em combate a outa engole o padal já morto e zapa. Os espectadoes aplaudem. Rencase o coo dos glos e pássaos, o sol já está amaelo . As mulhees eacendem as gueas paa pepaa o mlho e a mandoca Recomeça a ngalanga dos plões, o sol já está smpátco. Os mennos egessam ao jogo nteompdo, os bebês chupam os mamlos, mansnhos os aos de sol já são nofensvos e a mnha soga anda me fla de fetços. Já se que todas são fetceas menos ela Todas são más, voam note, executam danças de ntasmas na sua palhota, comem os coações dos seus mennos e é po sso que o mas novo acoda sempe com gpe, to das as suas cuandeas são testemunhas dsso, já apa nhaam essas fetceas váas vezes, essas cuandeas é que lhe salvam a vda O sol está vemelho, ebola e joga s esconddas com os mbondeos no nteo da savana, ah, as mulhees são mesmo bsblhoteas, ntgustas, o sol já domu, a mnha soga anda me fla de fetços. Megulho a mão no ma de aea A taa dos meus dedos pesca cadumes de amnhos secos pednhas, lhnhas peddas bolnhos de aea meu Deus eu sou úlha, eu ísc meu mado é palha de coco o meu mado é lenha de sândalo é petóleo paa eu acende paa juntos ademos, juntos explodmos com o bomba do nosso amo. Abandone a mnha soga anda a ala do fetço. Quebe a coente que me mpeda a coda com o peso do meu copo, navegando nele
como engua, e ml pcos me bejaam os pés, mas não lhes lgue mponca, queo a mnha lenha, queo o meu petóleo eu sou úlha, eu acendome queo esse homem que é meu, eu gosto dele a vale.
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Abr com volênca a porta do meu quar to Meu Deus acodeme! Caí de olhos apavor ada duas gotas de água r asgaram ver tcalmente o meu rosto enquanto os lábos tentavam dssmular um sor rso rçado Sar nau nem todos os sorrsos são alegras nem todas as lágrmas são tr stezas Meu mardo está ao lado de outr a mulher mesmo na mnha c ama sor rem, suspr am envoltos nas mnhas capulanas novas, meu D eus eu sou cadáver eu gelo , abrete ter ra engoleme num só tr a go Saau, o teu homem é o teu senhor . Quando ele dor mr com a tua rmã mas nova mesmo deba xo do narz fecha o s olhos e a alma, por que o homem não feto para uma mulher. Os caprchos de um homem são mas nofensvos que os ef etos das ondas no mar calmo. Camnhe vencda para a guer a e aquec a água para o banho deles. V oe até aos cômoros vestdos de cardos e líros que o anotecer esconda sub o socalco passo a passo tão pesada como quem camnha para o cadalso Mnhas lágrimas cando em catadupas rmaram um enome lago onde os pex es veelhopér olas dançavam ao rtmo dos meus soluços camhando em par ada par a a s mar ge ns do r io Save.
Saau! A voz paeca v das pofundezas da tea e até assustou os mochos e coujas com o seu bomba É o meu mado que me chama Regesse voando colo queme de joelhos peante o meu sobeano, baxe os olhos como manda a tadção e dsse: Dga pa. 55
PAUNA CHZ
mães da nossa ea Tu és o meu mundo, minha o, ebuçado do meu coação eixei cai duas goas de fel bem amagas e salgaginhas Meu maido acaiciavame ã moda dos bú s diziame coisas no ouvido e o seu hálio fedia a álcool, enoavame, aepiavame, malaando o meu copinho ágil Explodi iosa e choei de amagua Sanau, paeces se uma machamba dicil Já z empo que semeio em i e não veo esulado Com a oua i ão difeene Basou uma semeneia e geminou logo Casámonos há pouco empo, Nguila, muio pouco empo Não enho lá muia paciência Não esou paa lava sem colhe Não imaginam o paaíso em que vivi quando declaei a minha gavidez Meu maido oamenavame de mil caícias, ofeecendome mil soisos Eu punhame cada dia mais bonia com os vesidos que a ainha me ofeecia Enfeiavame com missangas, coenes e bincos de ouo, e oda eu eluzia Não havia no mundo mulhe mais feliz do que eu A felicidade, como a o, abese deleiosa paa agada ao sol No zénie escalda, moendo na semiclaidade vespeal Como o giassol, a licidade dua apenas um sol
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Há muio que a luz adomecea no silêncio Na baaca soliáia um homem soe, desespeado, com deseo iesisível de abaça a moe Mesmo acocoado na gueia sene no copo aepios de io, sem o calo da mulhe nem o choo agadável de uma ciança a divei os ímpanos A aiva dominavalhe o se Buscava e ebuscava a azão pela qual ele, homem ovem e bempaecido, ineligene, educado, bom maido, meigo, cainhoso, excelene amane, podia se abandonado po uma mulhe, pefeindo ocálo po ouo muio mais velho que, além de e quao mulees, possui uma ninhada de quinze filhos Talvez pelo co de esse homem possui mais dinheio Veiolhe a imagem do menino, seu único lho, pimeia alegia pimeia soe, cua vida se apagaa num sopo como uma vela de sebo, quando inha apenas dois anios Mwando choava lágimas de sangue, pois sabia que não volaia a eave o seu esouo Sumbi, a mulhe que o abandonaa, é de uma beleza indesciível, agessiva Ao vêla, qualque homem páa e suspia embasbacad, numa eacção quase esponânea, endendo homenagem peição em movimeno As mulhees, po sua vez, seniam naquela pesença um caso de in 59
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Nos poucos dias que ela se dignou a zer alguma coisa, o marido estava sempre ao seu lado audando na cozinha na lavagem da roupa, demonstrando assi, a rça do seu amor. J As línguas do povo começaram a actuar, o caso nao era vulgar Onde á se viu um homem colar-se como um piolho nas capulanas da mulher, cozinhar para ela, la var para ela? As gentes conspiraram, pois o casal seria capaz de contaminar a aldeia com aquele modo de vida. Afastavam-se do mal impedindo as esposas e os ilhos de se aproximarem daquela mulher para não serem contaminados por aquele génio do feitiço. As mulhe res por sua vez tratavam a Sumbi com desdém que mais não era senão cobiça dos seus dotes naturais e outras porque viam os seus maridos completamente perdidos pelos encantos dessa mulher A estes burburi nhos, Mwando reagia com arrogância porque não via mal nenhum em agradar a mulher que era sua Sumbi por sua vez, desafiava o mundo com sorrisos e gestos sensuais, como se alguém lhe tivesse segredado que o seu sorrir dominava o mundo A vida do casal deteriorarase com o passar dos dias A Sumbi, ao saberse adorada e protegida não tardou a trnar-se tirana As manifestações carinho sas do marido passaram a obrigações situação que piorou com a chegada da gravidez. Fazia dos sogros e cunhados seus oguetes Passou a exigir capulanas novas e panos brilhantes, daqueles que eram trazi dos pelos mercadores indianos em troca de cereais. Mwando chegou ao cúmulo de esvaziar completa mente os celeiros da família, para satisfazer os capri chos da esposa, ilha do senhor de terras, a quem nunca faltaram capulanas garridas e colares de luxo para dar mais graça quele corpo talhado pelos deu ses da arte, não ia ela regressar ao lar paterno por sentirse privada do luxo em que sempre vivera 62
BAADA DE A ENT
Quando os celeiros da família se esvaziaram, ela começou a receber presentes dos seus admirado res O amor ao luxo levavam-na algumas vezes a tomar atitudes condenáveis e o marido, apanhando-a em a grante, em vão tentava assumir o seu papel de homem ondido digno e honrado. Quando ele a repreendia, ela chorava de mansinho pedindo mil desculpas Quan do a úria o impelia agressão sica, ela clamava por piedade pois era tão doentia faquinha sensível En quanto ele soia, a mulher oferecia sorrisinhos boni tos, dominando-o completamente Quem pode levantar a mão contra um ano? Está enfeitiçado, está engarrafado dizia o povo. Comeram-lhe o coração e fizeram dle um cesto de rou pa sua pois homem assim nunca se viu em lado nenhum Os comentários ravam os tímpanos dos con selheiros da aldeia, que consideraram o caso como uma aonta directa sua autoridade ofensa moral públi ca e eles guardiões das leis da tribo das ilustres tradi ções legadas pelos antepassados moderadores da conduta da comunidade sentiram-se na obrigação de intevir. Homem que se deixa dominar por uma mulher, não merece a dignidade de ser chamado homem e muito menos ser considerado lho de Mambone Não se com pra uma mulher para trazer preuízos mília antes pelo contrário, o lobolo é uma troca de rendimentos Mulher lobolada tem a obrigação de trabalar para o marido e os pais deste Deve pair lhos, de preferência varões para engrandecer o noe da mília. Se o rendimento não alcança o deseável nada há a zer senão devolver a mulher sua origem, recolher as vacas e recomeçar o negócio com outra mília Mulher preguiçosa não pode ser tolerada muito menos a libetina Os conselheiros destacaram indivíduos velhos e novos para abordagens individuais ao casal Mwando 63
PAA HIZIA
BAADA AM A
dmonsrou uma aiud posiiva aos onshos, prom ndo sr mais viri másuo mudando d aiuds. S por um ado onordava om os onshos, por ouro ado inrigava-s po fo d riras pss Óas s inromrm dmasiado nos sus promas. u Eou para si próprio mudar o urso dos aonimnos, á snia qu ra um rinqudo nas mãos da sposa não só, mas amém oda a omunidad o raava om hos iidad os amigos asavam-s Nas osas zomavam d , d n, raavam-no omo um oo um sr vr dadiramn hado. Gasava horas infindas ruminando a rama, pnsan do na mhor rma d aordar a qusão pôr pono ina qua dsgraça mas quando s aproximava da, snias agrdido pas radiaçõs d um sorriso má gio, dsmanando o umuo qu frvihava no ínimo Havia quaqur oisa d msrioso naqu roso naqu a voz, qu h rouava a sua rça d homm , aso urioso quano mais soia mais dso snia d su mr-s aos nanos da Não onsguia imaginar o vazio da sua vida s um dia a vida os sparass. Era ds modo qu os onsos do povo não ogravam fio. O onsho da adia aaou por runir-s, ooan do o Mwando no ano dos réus, qu não sava dn ro das normas Os aniãos virams origados a omar s prodimno om as nos prosos da omu nidad qu, m anaisados, não passavam d uma vingança onra o arunado ou dsaorunado qu onsguiu arraar só para si a maraviha pa qua o dos suspiravam. O grosso dos insigadors do aso ram os msmos qu faziam or a Sumi, aiiando-a om ofras qu não s dignariam ondr s sposas gíimas As vozs rovans arrogans dos vhos z rams ouvir Criiaram ondnaram, aonsharam om ano furor qu xdia o dsáv Aguns dos
prsns oram usar aspos qu savam ora da qusão m disussão Conordava m siênio om aguns aspos não dixando d s inrrogar sor a finaidad daqua runião daqua anarronada pois saia da xisênia d asos mais gravs qu o d, mas qu nuna ram omnados Ruou aé aos mpos d adosêia rordando qu os rapazs da sua idad h ddiaram grand dsprzo amuando a oiça d não rm sido sohidos para rquna rm o oégio da missão Não saria a sr víima da msma maquinação? Es pnsamno ausou-h um ro mor. D orpo prsn spírio ausn, só romou a anção quando o vho io ou, numa inguagm amiga miga arna. Mwando, omo nsinar- os sgrdos da via omo mosrar- os aminhos s>uros, s fhas os ohos os ouvidos aos amnos dos nossos oraçõs? No u ar smias a prguiça, a vaidad a insoênia. Cami nhas d ohos fhados no aminho d urigas as fri das sangrnas dprssa virão. Qum ar uma ova aaa aindo na Nouros momnos, Mwando ria ouvado aqua oquênia, mas ragiu om agrssividad, aprovian do a oasião para dizr agumas vrdads, vingando -s das paavras inuriosas qu h ram ddiadas Srá om orguho qu ohri os spinhos por mim smados Surprndm apnas o o d os mus nsors não rm uma ondua mhor qu a minha Por vor, oupm-s dos vossos promas. Por Mwando, para quê ano orguho m pos suir a sadoria do éu s o éu não prn? Esás a rir- da dnição faha do roodio ans d aravs sar o rio. S ssa muhr não prsa, porqu não s paras da? Esas paavras ram profridas po indivíduo qu Mwando ronhia omo um dos prndns da mu
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PAUNA HZAN
BAADA D OR A VN
lhe Louco de fuo, mais convencido de que aquele enconto não ea de auda, mas sim de inúia e desti ção, egueu-se uscamente e, de mãos megulha as nos olsos, aandonou a gentalha e as suas oquices. Quem são eles paa aviltá-lo? Que entendem ees da vida e do amo? Vivem nos aismos da cegueia, ado ando as tevas, os motos e os feiticeios. Campone ses sem históia, vieam ao mundo apenas paa cultiva, epoduzi-se e moe Como podem humilhá-lo, a ele, civilizado, eudito, cistianizado? O pai, envegonhado das atitudes do ilho, vocife ou toentes de palavas azedas, só paando quando o lego se esfumou Os outos velhos caam petii cados Semelhante atitude ea intoleável soetudo num apaz daquela idade. Estava enfeitiçado, não ha via dúvida alguma Homem que teima em vive com uma só mulhe, ainda po cima peguiçosa, não é dig no de se chamado homem. O galo que não consegue gala todas as rangas é eliminado, não pesta. Acalma-te, homem diziam os outos ao pai do Mwando. Acalma-te. Não te esqueças de que a cul pa está tamém do teu lado Fizeste má sementeia dei xando um lho teu apende coisas estanhas nossa tadição. De esto tudo leva a indica que o apaz é ví tima de um feitiço rte, teível! Nesse mesmo dia, o ovem casal aandonou a aldeia natal, fixando-se muito longe dali, do outo lado do io. Longe da protecção da ia os polemas tomaram -se ainda mais gaves Os anos que viveam depois do nascimento da ciança am infeais. Quando o lho moeu, os pais da mulhe inventaam uma históia qual que de feitiços, aando que os dentos não aençoa vam aquela união, azão pela qual levaam consigo o pimeio lho, pimeira sote Aquilo ea petexto, toda a gente saia, Sumi á tiha arranado um maido ico, amo
com poeza não z felicidade, aumou as coisas dela e patiu. A gueia estava quase consumida. Mwando aviva-a colocando mais amos secos. Estende-se emrulhado na manta de algodão, pocuando o sono lietado que se ecusava a vi. As vozes da madugada á essuscita vam a tea ia quando nalmente conseguiu adome ce Adomecido soltava gitos desespeados, o copo soia viações enéticas, esticando e encolhendo os memos enchacando suo a manta cinzenta. Fan tasmas e monstos petuavam o seu epouso Sonhava com o menino alege e saudável no seu egaço, e a Sumi esvoaçando pelos aes, levada aastada pelos seus caelos de seda, aloiçando no a como uma o oleta de asas lagas. Apaeceu-lhe um monsto medo nho que o peseguiu, deu um gito e despetou Limpou o suo da testa com a palma da mão. Mais uma vez, pocuou a mulhe e o ilho e encontou o vazio. Não tinha mais dúvidas Estava vencido e ainado. Da gueia estava apenas a cinza, a solidão e o io. Aiu a pota da aaca, deu uns passos paa o pátio, expeimentando uma sensação de alívio e paz inteio, eanimado pela coente ia da madugada. Sentia-se leve, gelado, e vazio como um cadáve. Já não sentia amo nem ódio Vivia uma paz de mote, nada mais lhe petuando a alma. A paz é a morte, a vida é a luta. Pedeu a luta, edeu a vida Po momentos sentiu saudades dos tempos de ansiedade, quando pecoia caminhos totuosos pocua de nada. Já ti nha alcançado tudo, estava moto. Tinha saudades dos tempos da vida. Voltou penuma da arraca e adomeceu tanqui lamente, despetando quando o sol atingia o pico do
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PAULINA CHZE
sionados sem razão e aé os mones sorem das violen as boeadas do veno Regressou ao silêncio da casa para procurar o c9n oro da alma e do corpo Colocou-se de joelhos o erindo a prece de ressurreição para o seu próprio cadáver Pegou na Bíblia, sublinhou alguns versículos, e leuos em voz ala, quase aos grios Tinha necessi dade de escuar a sua própria voz penerando na alma Derramou lágrimas liberadoras, reanimou-se, ressusci ou-se Descobriu que o ser humano em várias mors em vida, possuindo ambém poderes de auoressurrei ção Ergueuse coniane, pegou na enxada, mergulhan do no gueiro de gene em movimeno Já senia em si um homem novo, auo-ressusciado
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Nosalgia, solidão, riseza A vida para mim já não em senido A angúsia omou cona do meu mundo Sino me, remexo os nacos de carne na panela de barro, mas não os como Sino io, aproximo-me da gueira, mas não me aqueço mais do que rês insan es Senome ao sol, volo a senir io e reoo para a gueira As minhas gémeas dispuam a posse de uma laranja amarelinha, griam, enervam-me, dou-lhes violen os abefes como se ivessem culpa de odos os peca dos do mundo Griam ainda mais, e ponho cada uma no seu mamilo para se calarem mais depressa Esas criauras já complearam dois anos e o pai delas nunca mais me ocou desde os see meses de gravidez Como é que uma mulher jove pode aguenar-se, alimenan do-se somene com arroz, milho e mandioca? Ainal porque é que as mulheres procuram os homens? Já é alura de zer ouro ilho, mas como é que isso pode aconecer se o meu dono não me dá as semenes? Enrego as crianças à macaiaia, vou à palhoa e bebo um pouco de aguardene Não, já não agueno Tudo nesa casa me deixa louca Arraso o corpo emagreci do pela angúsia aé ao rio Mergulho os pés nas águas escas, ah, mas como me reanima esa água Esendo a capulana, deiome, o murmúrio das águas acalena -me e navego serena nas águas verdeazuis O sol aque 71
PAULINA CHIZ!ANE
BALADA DE AMOR AO VENTO
de orte Mas quem teria morrido? O som repetia-se de nstante a instante Vinde vinde e chorai porque hoje esamos na 9r ndade Vinde vinde e cantai porque o pai entrou no reino de além" O eco das batucadas correu por toda a aldeia. Os que estavam na sacha abandonaram a enxada; as mu lheres suspenderam a cozinha; os meninos largaram o jogo. Pelos carreiros as pessoas cruzavam-se e interro gavamse: Mas quem morreu? Só pode ser o rei O rei? Não não é possível Mas é possível sim O pangolim apareceu no cruzamento dos caminhos os homens tentaram apanhá-lo mas este desapareceu misteriosa mente É verdade. Não não é verdade Os reis não mor rem assim como qualquer um A mensagem repetiase Os espíritos incrédulos não tiveram outro remédio senão renderse à evidência Caí r de borc lminados Suspros de angústia escapa ram de muitas gargantas uma desgraça nunca vem só o rei nunca morre só As mulheres de cranças ao colo escancaravam as bocas rasgavam as roupas mostrando o seu nu a sua humilhação e submssão ao sol aos deu ses e aos defuntos de todas as fmílas clamando po socorro pedndo perdão para os seus rebentos que não conhecem as maldades deste mundo que anda não be beram a sura do feitiço da devassidão e da imundície A noite cai O defunto jazia na cama ral atapetada com quinze capulanas das quinze esposas rodeado pelos miliares e servidores mais devotos No compar timento ao lado as catorze viúvas movidas pelo sen timento de dor caíram sobre a pobre Mayi esposa mais querida do flecido ei proferindo as mais incríveis injúrias acusando-a de ter enfeitiçado o soberno Para as catorze viúvas aquele momento simbolizava o fim da humilhação e para a Mayi o princpio dela sem o
homem amado, sem ilho nem protector e para cúmu lo o rei não lhe legara um palmo de terra como heran ça, da mesma rma como o seu ventre nunca lhe dera a alegria de um ilho Num pranto silencioso a rainha principal fungava divertida com o arrebatamento paté tico da Mayi num misto de júbilo e piedade. Lá ora a aldeia real apinhava de gente vinda de todas as direcções para chorar e prestar a última ho menagem ao lho amado do povo Os gritos das car pideiras tornavam o ambiente mais solene os seus arrebatamentos tão peritos contagiando mesmo aque les cuja presença era simples curiosidade Com a morte do rei vão-se os privilégios de uns e os vores de outros Reacendem-se vinganças e dívi das antigas. Haverá ajustes de contas Não era sem ra zão que os grandes do reino em poses solenes estavam serenos absortos, distantes sem uma lágrima nos olhos Não era pela morte do chefe não Estavam a contas com a sua consciência revolvendo o passado os ac tos praticados pois não é em nome do rei que se come tem violações torturas prisões roubos e vinganças pessoais? O sustentáculo caiu e os grandes homens óros encontravamse à mercê dos seus inimigos. Che gou o momento crucial temido por uns e desejado por outros. Os voritos do sucessor em gestos patéticos gritavam mais alto que as carpideiras numa represen tação perfeita camuando o júbilo pois tinha chega do a sua oportunidade. Entre lágrimas recenseavam as bonitas mulheres que iriam submeter; as pessoas de que se iriam vingar os prestgios de que iriam desfrutar os roubos e as ofertas que iriam exigir A noite ainda era criança quando soaram três batu cadas rtes calando todas as vozes Tudo ficou em si lêncio só se ouvindo o rugir de leões famintos no interior da selva À volta da grande gueira iniciaram -se as batucadas solenes que mergulharam todos os cor
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AULA CHZAE
ALADA DE AMR A E
pos na dança fúnr, dança dos oros, aopanhan do a aa do ri na sua viag ao rino d aé Canara os priiros gaos, o éu ornava-s a ro. vno io soprou nas opas das árors anun iando a psad Os auqus siniara O nvo ri, u arido, pronuniou rvs paavras prsou urano dian do dfuno Nos sus ohos aia dos adivinhava-s o rgozio , na voz, ua viriidad inédia, o fiho hrdiro spr fsa a or do pai. Arius o ova ond o ri i ooado d óoras. Quando o orpo poisou no fundo, a huva oçou a air, iudinha. Quando s ançou a úia pá d aria a huva aiu aadupas Todos os rosos forsra d agria, Zuua é o ri d odos os ris, os dfunos andara a huva para aopanhá-o ao undo dos oros, para purifiar a rra ngrida po uo, é grand o nosso ri, a huva saudou o novo ri, havrá fiidad rura Os a ors virara ais ao nvovndo odos os prsn s na dança uiar d odos os anpassados. E oda a dinasia nuna houv funra ais su i, sunhava os ais vhos. A huva aiu, ançoou a rra, havrá farura, Zuua fi u gran d ri Do u ano, pariipava no fsiva, aravihada Finan sria haada sposa do ri Brvn iria usar os ras rais Era para i u grand ono A naurza é voraz, aina-s d arn frsa. O ri não orru d vho n d don, ainda rans pirava saúd quando os dfunos vira usá-o O su orpo rpousava na rra ohada rv sria paso dos vrs, sria frno, iria aduar a r ra, para qu o iho rsça Assi aaa a vida, assi orru o snhor dos rriórios, dono dos apos, do gado das sns
Os hons rndra honag prfição da naurza A rovoada anunia a huva, o granizo anun ia frura na ohia d rais, os poos anunia a paz, a noi anunia o dia Toda a gn prognosi ou a or do ri, a naurza nviou aos hons nsagns aarans, odos aguardava a ds graça, pois as oruas anara ao io da noi, os gaos iara nos os das pahoas, as oupiras aan donara os surrânos, as oroas ngras voara pos apos, as aas ruzara os ainhos os urros, arriando os orhõs, zurrara s parar rando o iiço no ar. Houv ua nsag ais vidn, a nsag do pangoi Quando s apa r, é porqu vai hovr orrr o ri. Tudo isso aonu. Os ais novos onava as nsagns da nau rza, as os vhos aninha a ngua narrada nr os dns S o ri orru é porqu hgou o ono. Os ris não dvia orrr assi, avô. Coo quaqur u, s grina no vnr das uhrs. Não dvia sr assi. - Ó gn nova. Coo dizr-vos a vrdad? O dia orr para nasr ouro dia Todos orros Cada dia qu passa aproxiao-nos do i A vida é assi Mas oo é possív? Ignorans! Eu só ano ua oisa Anigan os hons não oria ão do, o anas spo sas ainda por orir ê- ssa piada d rapé. ri nuna orr só O inisro prinipa do ri no nfrou-s na noi do vório spua-s por aí qu fi para fugir da sua própria onsiênia, ua das sposas, dsgososa, u fgo na pahoa, or rndo ainada o os rês ihos O hf do xéri o aé s nfrou Na sa noi do vório, a
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BADA DE AMR A VET
crapulosa May dpos d tanta humlhação apro vtou a confusão para roubar part do tsouro ral tntando fugr ao abrgo a not f comda por lõs mas os anmas não lh tocaram os sos as tatuagns o coração nm dxaram um arranhão Ao rosto qu confrm s d stava bonto srno como smpr ra m vda. Os das sgunts foram anda mas sangrntos Os súbdtos mas dvotos do antgo r rvndcaram as antgas posçõs ram slncados para smpr. Duas das vúvas ram calcnadas com os sus lhos por dsputarm o podr Oh amargas rcordaçõs. Qu soldão qu trs ta a vda para mm á não tm sntdo. A angústa habta o mu mundo mas st marulhar as ondas acalnta-m anma-m rssuscta-m a manhã stá vstda d amor os pxs amam-s os caranguos amam-s as moscas amam-s até os caracós s amam só u é qu amo m sonhos rbolando soltára no lto vao nstas nots fras d unho nquanto o mu mardo s sga sobr ml tatuagns not aqu no t al smana aqu smana acolá. O mas doloroso é qu há ua mulhr qu tm a caa aqucda cada not pos o mardo vagua por todo o lado trmnando a not lá ond dorm até ao nascr do sol. Todas as outras rcbm as sobras mas comgo anda é bm por. Pas sam á dos anos qu u spro a mnha v mas l não vm. Sou a mlhor cohra cada da ço o máxmo para agradar quando chga o mo-da prova a m nha comda d logo qu não tm sal não tm gosto Quando chga a no rclamo d qu é porqu não to baho Vou a banho volto nvnta qu a caa tm chro d urna do bbé. Quando argumnto vo mta-m um dscurso dgradant qu não ouso rptr. Ah maldta vda d polgama qum m dra sr solt ra ou voltar a sr crança. S a mnha ranha stvss
vva acrdto qu as cosas não sram assm Ela ama va-m dfnda-m Agora snto-m tão só Ela tv ua mort rpntna quas gual à do su dnto r. Fo no otavo da da mort do mardo qu la s aproxmou da fgura para fr as ofrndas. Apar cu a msma cobra qu lançou línguas d go lvan do consgo a vda da ranha. Ela morru d olhos d olhos ntrrada com ua ca ncravada na palma da mão drta ua moda d ouro grãos d mapra na outra pos s outra cosa fss não hav ra pa para todos os sus dscndnts. Ralaram os msmos rtuas únbrs houv outras morts qu nn guém consgu xplcar como o caso dos cnco ovns da msma dad crcuncsados msma época qu apa rcram mortos no ro. E claro qu u não v ssas cobras d qu s fla pos quando s dram sts acont cmntos u stava gravmnt dont uma donça d ftço provocada pla Phat a sposa mas qurda do mu mardo Essa mulhr dara tudo para m vr mor ta mas prd o su rco tmpo os nhamussoros á va tcnaram a mnha sort Eu morrr m trras dstants do outro lado do mar. Rbolo no chão dsprocupada. As cranças stão ntrgus à acaaa só s lmbram d mamar quan do stou prsnt. O trabalho das achambas não é comgo tnho mutas srvas qu s ncarrgam dsso Fcho mas os olhos dltando-m com as carícas do sol. Snto os passos d alguém qu s aproxma tal v saum pscador. Escuto uma vo qu m saúda quando abro os olhos vo um homm aolhado n clnando o tronco numa rvrênca Saúdo-a ranha mã d todo o povo d Ma bon. Ahêêê obrgado bom da Num salto colocom sntada. Aqula vo lmnou -m o íntmo.
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BALADA DE AMR A ET
Mwando! Sou eu me Mas que supesa to agadável Quando é que chegaste? Soube que constuíste o teu la do outo la o do io Cheguei mesmo ontem me Oh Mwando mas que maneias de me tata. Agoa sou o seu sevo Ri-me divetida. É inteessante se atada com defeên cia po um homem com quem já se domiu mesma esteia. Examinei de alto a baxo aquele se pobemente vestido aspecto altatado e senti dó. Ontem hulhou -me e hoe acontece o contáio. É um se despezível mas a sua pesença é ameaçadoa snto que ainda gosto des te homem. Vieste a Mambone em boa hoa Mwando. To dos os homens valentes esto a se ecutados paa o exécito. Os melhoes gueeios acompanhaam o ei na sua mote. Além disso estamos em guea os po cos dos Ndaus apoveitaam o momento de luto paa ouba gado e machambas So más as notíias que me dá. Esta noite teei o paze de inma o meu maido da tua chegada paa entaes no exécito. Vas gos ta muito de esta com ele é um bom gueeio só que po vezes é cuel Isso no po vo Vim aqui paa epousa Na vida passei muitos tomentos. A desgaça que passei é maio que as does que te causei. Quantos lhos tens agoa? Nenhum. Tie um que moeu e dois meses depois disso a minha mulhe tocoume po outo ho mem Veo que és feliz no teu matimónio e estou satisfeito po isso Sou feliz muito feliz mesmo Também voltaás a casa e deseo que tenhas a mesma sote
Pedoa-me Sanau Esquece o que passou Mwando despediuse Voltei a estende-me de cos tas A chegada daquele homem veio tanstoa mais a minha cabeça á tanstoada. Mas que coisa agadá vel volta a vê-lo Já no é o mesmo taz no osto aque la máscaa de sofimento coitado O meu coaço quase que paou quando o vi e sinto po ele uma atac ço nova Penso que sempe o amei mas agoa é ta de de mais. Que vontade louca de aasta-me aos seus pés Que deseo adente de ouvi de novo aquela voz dos tempos de infncia. Deixei-o pati assim eu que estou com me de amo que há anos espeo pela mi nha noite que viá num dia que nem posso peve e só po caidade. Tenho me tive o po na minha boca e nem o povei. Tenho sede tive na mo a fnte e no bebi Tive um momento de felicidade aqui poque no o vivi? Que tiste é se gente. Gostaia de se um animal se live paa ama live sem leis nem tadições. Num impulso laguei numa coida deseneada como uma cadela enaivecida no encalço dele. Entei com violência no inteio da sua palhota e ele assustou -se Saau estás louca poque vieste? Cala-te Mwando cala-te. Despimo-nos com a velocidade de uma pessoa su peendida pela diaeia Abaçámonos com a velocida de de uma emegência. Nossas almas acasalaamse numa comunho sublime moemos e enascemos. Os pássa os cantaam paa nós o céu e a tea uniam-se ao nos so abaço e entoámos em sudna uma doce canço de amo. Saau amote amo-te amo-te mil vezes amo-te. Soi tanto espeei tanto mas agoa é tade de mais Agadeço a alegia que acabas de me da o pa-
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ze deste momento ímpa Guadaei esta elíquia até ao fim dos meus dias De vez em quando podeíamos enconta-nos !ª cavena dos fntasmas Ali ninguém nos incomodayá pois as pessoas têm medo dos feitiços que dizem ha ve. Já lá estivemos váias vezes, lembas-te? Saau, pensa na tua posição Tens azão, adeus.
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Mwando é a coisa mais bela que Deus colocou no meu caminho Só o seu olha seenou as tempestades que me envolviam O seu abaço destruiu o go de an siedade que me consumia havia anos. A sua voz é doce, penetante, o seu pescoço é vedua polida, as suas ca rícias envolvem-me como um manto suave, tão suave como a plumagem dos pintos ecémnascidos Eu não esisto, estou pedida. Este eenconto é, com certeza, o penúncio de uma tagédia, sinto-o. Contam os avós que, duante o peíodo de ocupa ção dos Ngunis, o povo deslocava-se de um lado paa o outo gindo dos invasoes, os alimentos esassea vam muito, os cadávees eam tantos que alguns não tiveam ouro emédio senão come cae humana paa sobevive Todos os que comeam cae de gente i caam loucos e nunca mais deixaam de comê-la. Mes mo depois de teminada a guera continuaam canibais, comendo as esposas, os filhos e até os vizinhos. Pobe de mim, povei a cae de um homem, bebi a sua das suas palavas, estou embiagada e não posso mais vi ve sem esta gota de água. Meu coação, minha alma e todo o meu se dizemme que sim. O meu deve diz -me que não. Eu sofo, eu tenho um dilema, gosto do meu maido, adoo as minhas ilhas, mas amo louca mente outo homem A, detesto esse maido que me 82
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BALADA DE QR AO VENTO
despreza, odeo as mnhas gémeas nocentes que me mpedem o camnho da felcdade, não suporto mas estes braceletes de ouro que me prendem ndssoluvelmente a um homem que não dz nada ao meu coraçã p Saau, escuta a voz da conscência Se esse tal Mwan do te ama de verdade porque é que antes te abandonou? Agora que estás casada e bem casada é que esse amor renasce? Desculpa, Saau, mas esse amor para mm é duvdoso O re não te ama, sso é verdade, adora a Phat, toda a gente sabe, deves entender, são cosas que acon tecem, mas tens um nome, um título, e a honra mas ala que uma mulher pode ter neste mundo Tens rtuna mas não tens amor. O ser humano não pode ter udo aos seus pés. Amor e rtuna nunca se casam Emparelhamse apenas nos contos de fantasas. Não me reconheço. Jure perante deuses e deun tos que nunca cometera adultéro Mas que mal há nsso? Todas as mulheres do meu mardo fazem o mes mo. Petscam grande com os ndunas, pensam que eu não se? Pobreznhas, eu entendo, o problema delas é gual ao meu A stuação é que nos obrga a cometer adultéro. Mas cometo adultéro, eu? Não me nsultes, conscênca, por vor não me insultes. Acaso não conhe ces o meu soimento, o meu dlema? Não és tu a com panhera das notes as de soldão e dos desamores de que sou vítma? Nada sabes da mnha angústa e anse dade eterna por uma note de amor que nunca chega? O Ngula ama a Phat, e todas nós deixámos de exstr Eu sou um oamento e nada mas Consênca, não conheces o meu dlema? Anda contnuas a chamar-me adúltera? As adúlteras procuram o prazer e eu procuro a vda. Cometem adultéro aquelas que têm mardos e eu tenho apenas um símbolo. Não sou vúva, não tve nenhum aboro nem flho morto, não estou na mnha fase da lua, não tenho no sexo nenhuma doença ver gonhosa, o meu mardo não é mpotente e nem está ,.
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ausente, vejo-o todos os das, desejo-o todos os das, mas ele vra-me as costas, torura-me, conscênca, anda me acusas? Entregue-me de corpo e alma a outro ho mem, eu amoo, ele ama-me, amamo-nos, eu quero vver, ele é o meu sol, meu pão, meu paraíso, ah, ter rível dlema!
Mwando já não quer verme e tem razão. Quem toca na mulher do re é pundo de morte. Que saudades tenho da cavea dos ntasmas E se desse um salto até lá? Dexe-me r revver, sonhar, recordar. Camnho nsegura. Dou um passo, outro passo e olho para as quatro drecções; nnguém me vê. Aban dono o carrero embrenhando-me na vegetação verde -orvalhada Camnho com cudado gndo do contacto das urtgas. Pso pedra aqu, pedra al, para não deixar marcas na area, despstando o desejo de quem quser descobrr o destno das mnhas pegadas. Estou próx ma da cavea, meus ouvdos escutam o choro das ár vores em agona chacnadas pelo golpe de catanas. Assustome, tremo, o que será? Parece ser alguém cor tando lenha. Mas quem? Um louco com certeza. Fan tasmas não são, porque só aparecem nas notes de lua chea. Talvez sejam mesmo fantasmas, quem sabe? A curosdade empurrame para o pergo, dou mas uns passos para a ente e descubro. A, meu adorável n tasma! Saau, porque veste? O mesmo pergnto eu. Saau! Mergulhamos na tenebrosa escurdão da caverna que nos cedeu a protecção das suas paredes. Descobr mos confrto no soalho agreste. Revvemos os velhos tempos. Falámos do passado e do presente. Mwando contou-me todas as suas desgraças e eu, na ânsa da vin85
PAULINA CHIZINE
zas, da ança lei-lhe da minha importância, das rique ana prosperidade, assumindo o papel de uma sober de un; caprichosa, libertina, que procura os prazeres be9 hei amante p obre somente para variar Desempen Iden o pape l, mas muito depressa a máscara caiu. lve Envo o. tificámo-nos nas amarguras e no sofiment o monos num abraço louco, frioso, chorando com ba a aca guerr m a duas criancinhas desprotegidas a que e. de arrebatar os pais com as teríveis lanças da mort Eu quero viver por ti, morrer por ti Nada nes o te mundo me impedirá de te amar. Nem o rei, nem o-te, mundo, nem todo o exército de Mambone. Ador
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Mwando.
Resignate , Saau Nada podemos zer. , Mwando, levame para muito longe , para o céu ao fim para a loresta, para o mar. Quero ir contigo até do mundo.
Sim, levar-teei no meu barco para as ilhas, para nós as nuvens, onde o vento, o sol e a lua serão para dois. Levar-te-ei, Sarnau.
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Vinde todos os vivos e defuntos em meu auxílio � vinde, vinde todos! No meu ventre germinou a semen te do amor proibido, não sei o que será de mim. Deu ses e defuntos, acudamme Estou mergulhada na lagoa de pranto constuída pe las gotas dos meus olhos Tenho a alma toturada, só penso em partir para muito longe, deixar tudo e todos Este amor dáme alegria e beleza; dá-me nostalgia e tris teza. Estou ornamentada de lores, de sol e de luar Es tou coroada de pranto e de espinhos da árvore da traição O meu marido de nada desconia. Dorme ao meu lado como rei, como anjo, como menino senhor do mundo, embalado pela minha voz suave, envolvi do por este manto de perdia com que cubro o cora ção. Finalmente deu-me a noite de amor há anos desejada, sinto um grande alívio, passei momentos de terror, pois como é que iria justiicar a gravidez se o meu marido nunca me eceu a semente? Agora, sim, o caso está camuado A coisa estava quase a ser des coberta mas consegui esconder as náuseas, vómtos, ape tites Numa corda louca procurei a minha curande para que ela preparasse um feitço rte, seguro, atraindo o marido para a mnha cama. Fiz preces a todos os defun tos, dei oferendas à minha denta protectora e o mila gre aconteceu Meu marido aproximou-se de mim 87
PAULA CHZAE
Até quando eu irei suportar isto? Vivo por ti, mor ro por ti, e de ti recebo apenas pedaços de carinho que sobram dos prazeres do teu marido Não, Sarnau, já e tou cansado, temos de pôr ponto final a isto tudo Pr ciso de pensar em r, não posso viver indeinidamente num ninho alheio. Saau, quero-te só para mim. Se também me queres, partiremos em breve para muito longe daqui, onde iremos construir o nosso lar cheio de amor No estado em que me encontro é impossível aguarda que a criança venha ao sol Levaremos o menino que crescerá no nosso lar. O meu marido aguarda ansiosamente o nasci mento desta criança, Mwando, a questão complica-se Esse homem sem vergonha; abusame porque é rei. Tem a mulher que eu amo e ainda por cima quer roubarme o filho? Ouve, Sarnau, já não aguento. A tua angústia é também a minha eu irei conti go, mas é preciso esperar. É importante, porém, que o menino nasça na tua ausência. Pode ser que algo de de sagradável aconteça Corremos riscos, Mwando. Agora procura desaparecer Quando tudo estiver calmo, nes sa altura fugiremos
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Kenguelekezêêê!. .. Braços negros ergum-se no ar, mergulhando os dedos enleirados no prateado leitoso que embacia o céu, partindo do coração da lua. Kenguelekezê!. Eis aqui o herdeiro da coroa! O menino negro negro não, de prata sim, por que a lua cheia pintava o rosto angélico, cobrindoo com o seu manto de prata cumpria o ritual da lua nova que se realizava na lua cheia por tratar-se do fi lho herdeiro. Kenguelekezê! Eis aqui uma vida nova! Majesto sa lua: recebe esta riatura, esta gota de água que veio ao mundo para ser feliz. Dálhe a bênção. Poupaa das diarreias, doenças nerosas, ataques, quando nasceres, quando encheres e quando morreres, kengueleke zêêê!.. O menino nu tremia de io, suspenso nos braços erguidos das madrinhas. Fechou os olhos, esegou-os, espeeou, e lançou um jacto de urina molhando a ca beça de uma delas, soltando gritos de protesto Com o menino erguido no ar, as madrinhas dançavam à volta d gueira sagrada. A seguir administraram mos e drogas purificantes para agentar feitiços e maus-olha dos. Prepararmlhe vacnas e amuletos, colares de pele de leão para ter a coragem e a audácia do rei da selva 91
PAUNA CHIZANE
As rajadas frias da noite, as labaredas arco-íris, as sombras, as árvores prateadas o choro do menino, as vozes embriagadas dos homens lá do outro lado, p cantar dos grilos e o silêncio dos pássaros testemunh\ ram a saudação do menino à lua cheia, altiva, apaixonada O lorescimento dos sorrisos contrastava com os torments passads há um mês O sl já ultrapassaa zénte quand a crança deu snas de nascer. O par d escândal apderu-se de mm que nersa, a ta, cmeçu a ltar-me ar senta dres terres e gr taa cm luca crrend de um lad para utr tã luca cm uma galnha pedera Comeu ovo, comeu ovo diziam as minhas so gras comeu ovo é por isso que se comorta como uma galinha que quer pôr comeu ovo! As dores eram terríveis a voz morria e sentia a vida a fugir. As parteiras lutavam sem sucesso. Puseram-me o pilão na cabeça para ajudar a criança a descer e nada. Como último recurso colocaram o pilão no estômago e nada. Todos transpiravam. Vieram os nhamussoros, fizeram-se as adivinhas e apanhouse o nó do proble ma: Phati. A feiticeira é a Phati que fi imediatamente amarrada e espancada até sangrar e nada. Phati se a Sarnau morrer saberás o que é a fria de um leão. Le
vanta o feitiço que fizeste, não se mata uma rainha as-
sim Phati gritava e chorava lágrimas de morte. Na minha agonia restavam forças para me compadecer dela pois é inocente, se a criança não sai é porque é flha de adultério. Rogouse a todos os muzimos e nada. Na mpotência 'dos deuses, no silêncio das almas em suplício , no coraão rio da noite um violento choro rmpeu Kenguelekezêêê! . cantaram os galos Kengueleke
zêêê!, brilhou a lua kenguelekezêêê !, as vozes mori
bundas reanimaramse no silêncio da noite a Phati i 92
BALADA E AMOR AO VENTO
lertada, menn erraa cm uma zarra de "atarrã elh kenguelekezêêê! Seu mart, deste-ns tant traalh cm a ta ca eça de melã srram as parteras; men é el, tem a cara da mãe menn é alente, tem a rça d pa, menn é re grta cm um leã n nterr da resta, menn é clarnh cm a Phat, pudera a Samau e a Phat deam-se pr causa ds cúmes da últma, e é mesm pr ss que eé tem a cr da pel dela Olhe tmdamente para a crança parecedssma cmg Tem a cr clara d Mwand, seu erdader pa Aquele crp que prmeta a rldade de um guer rer era caractest1ca cmum ds meus ds mards Anda em que tda a gente acredta que a cr clara é causada pelas desaenças que te cm a Phat, quan d cuaa a crança n entre, ps é assm mesm entre da mulher é um mund que encerra s msté rs mas tenerss deste mund. Cnta-se que aqu em Mamne há muts ans, um hmem se enrcu numa manguera quand a mulher estaa gráda Deps d uneral, a mulher angustada sentu-se dante da árre durante muts das e mutas ntes cntempland-a, até que um da seu entre rmpeu, e de lá sau uma cratura cm crp de gente, caeça de manga, mas manga erdade ra, amarela, e tnha cm cael lhas de manguera Tamém ue cass de mulheres que ds seus entres nasceram cras, lagartxas, pexes e até s de aes trz O cas mas recente de uma mulher que deps de ne meses de espeança, n lugar de um lh sau lhe uma aca de arr cm um de galnha lá den tr, e em ez de sangue, eram fejões O meu cas nã é nédt meu lh tem a cr da mulher que detest O meu lh é realmente nt e meu mard nã se cntém de tant rgulh Este menn é de uma r msura que rá transtar td mund de Mamne 93
PAULA HZAE
lALADA DE AR A V
rare-e desa escravaura da polgama, e serás uma só mulher para um só homem, vvere em , vverás em mm, num corpo só, numa alma só, numa exsênca ' únca num mundo únco, numa vda únca. N ssos corpos agavamse na agona dos bosqes ncendados No nauágo nolerável do prazer, nos sos braços debaam-se procura de uma ábua de sal vação, e chorávamos, e grávamos, mas as lágrmas perdamse no encano do cano Lá das aluras os habanes do cu em voo rasane desceram aos pares, razendo-nos cada bco uma or d laranera, saudando respeosamene o duelo org nal em homenagem ao Adão e Eva de odos os seres. O duelo era de more e ressurreção. De nós resaram apenas os corpos derrubados, a cnza e o pó. Éramos dos pombnhos molados em sacrfíco Era mos o veno abalando o unverso, nós éramos udo, o prncípo e o fm. Não éramos nada. Éramos um macho e uma fêmea no prncípo do mundo. Ou no m do mundo. Renascemos do pó num sonho únco, numa real dade únca. Meu corpo esava malraado, os cabelos amarnhados, o roso laureado de carícas, os olhos embacados de ovalho doce, e a felcdade conqusa da era ão vasa, ão suave como profunda. Mwando, leva-me aé ao céu, aé ao do mun do Vem; rajar-ee com ores verdaderas, ores belas vesr-ee de renda e oamenare-e com pul sera de mssangas, de ouro e colares d marfm nos pés calçaree lores de crsal. Levar-ee para a cdade onde a vda é ma bela e cvlzada. Al não há polga ma, cada homem só em uma mulher as pessoas v vem em nnhos de amor e não em curras mensos as mílas são mas pequenas e undas Vamos para a c dade, Sarnau, em Mambone nunca conhecerás o sol.
Aqu chamam-e ranha, mas ranha de quê? Tens uma lsa tuna porque nada do que dzes er e pertence, não ens amor, nem felcdade, nem vda Vem, Saau, que a felcdade espera-nos do ouro lado do mar Mwando lava como um possesso de olhos perd dos no céu azul Sua voz peneravame pelas chagas aberas e corra no meu sangue para cma e para ba xo suas palavras eram um poe de mel doce, doce. Mnha cabeça grava em «hula-hoop" meus olhos en xergavam ml cores ao mesmo empo Levane-me va clane e vole a car; as árvores, o céu, o sol e eu, grávamos ã vola das árvores, do sol e de mm mes ma. Venceume a cae, venceume o coração, sou ape nas a escrava do senmeno que é mas rte do que eu. He-de par com o meu amor, dexar udo e odos, mas não, não pare Não posso dexar os meus rês flhos. Não, paro, não, não paro Paro, não paro. O amor é udo na vda; o amor é a felcdade eea; o flho é udo na vda; o flho é a felcdade em cada momeno Tenho o amor de um e flhos do ouro. Se com uma lança na mão me puserem a escolher qual dos dos deve morrer, enre o homem que amo e o pa dos meus flhos, qual dos dos maara prmero? A búla, a leoa, a pomba e a avesuz escolheram a felcdade dos seus lhnhos e eu? Ah, em prmero lu gar esá a felcdade dos meus nocenes, mas eu esou louca, pro-ve a carne de um homem, chupe o uano dos seus ossos, beb a sura das suas palavras, não pos so mas vver sem esa goa de água, errível dlema De sesperada revolvo o céu, a floresa e a erra negra revolvo a alma, o coração e as enranhas; qual o cam nho a segur? Conscênca, dá-me um conselho, uma só palavra ua, e eu segure os eus passos A conscên ca não me responde, eu morro, errível dlema! Parremos na semana próxma quando a lua se esconder.
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AUINA CHZIANE
AADA DE AR A VEN
Mas antes deixa-me pensa um pouco mais um pouco mais
Tu não viste nada não ouviste nada, e nem vais ze coisa nenhuma Os meus baceletes não usaás ' nem com a minha mote. Vai descansada mas hoe não domiás bem
Vem, Sarnau, a felicidade espera-nos do outro /•
lado do ma A oesta ea um ma vestido de loes. Já sentia os sapatos de cistal a aconchega os meus pés o lha das endas oçando o copo e as capulanas de seda mais luxuosas do que as que tenho a escoega nas minhas ancas. Veio-me a iagem dos meus ilhos não, não patiei, acabemos com estas loucuas. O meu ma ido á deixou de existi no meu coação, mas não pa tiei Esta é a minha tea e o meu mundo. Aqui nasci, aqui os meus ilhos e todos os meus antepassados tam bém nasceam, adeus, Mwando, não patiei. Caminho aceleada, animada pela supema decisão, deixando paa tás o velho mundo com os seus sonhos e ilusões. Saau Apanhei um choque. Phati estava escondida num abusto e espiava-nos. Estou pedida. Bevemente todo o mundo sabeá de tudo, venham todos os defuntos em meu auxílio. Sanau, não sabia que também és feiticeia. Poquê? Ninguém peneta nesta loesta e sai com vida, com excepção dos que têm o génio do feitiço Estavas tão bem acompanhada que nem deste pela minha pe sença, não é vedade? E que tens tu a ve com isso? Amiguinha i e ouvi tudo Chegou o momento da vingança. Seão meus os baceletes que te enfeitam. A vitóia está do meu lado Sanau.A minha vingança seá maio que todos os tomentos que me fizeste pas sa 9
Saau, veo-te cada dia mais distante O teu osto iadia uma felicidade estanha e sinto que não ui eu quem te vestiu dessa alegia. A beleza que ostentas Saau, não fui eu que te dei. Não compeendo nada do que me dizes meu maido Compeendes sim. Andas a engana-me Esta manhã estiveste com um homem na zona das caveas O que pocuavas po lá? Isso não é vedade. Eu sei quem inventou toda essa históia. Bem sabes que a Phati me odeia e daia tudo paa me ve mota. Não sei qual das duas mente. A vedade é que tenho a lança á afiada. Quem fee o ogulho do ei é punido de mote. Amanhã ao nasce do sol, convoca ei todos os ndunas e a Phati bebeão wanga. O san gue da taição oaá sobe a minha lança. Sanau andas a engana-me. Quem é o homem com quem domes? Senho poupa-me deste lagelo. És o meu único homem meu maido meu senho. Deste-me a hona sobe todas as mulhees da nossa tibo. A Phati odeia -me sabes muito bem. Nos olhos dela não encontei sombas de mentia, e na tua voz não enconto o som da vedade. Sou um búlo feido de mote, um cão ousou fei o ou
lho do rei. Sarnau a desgraça aproxima-se, e a nossa
sepaação seá etena. Se me tais, amanhã moeás na ponta da minha lança A Phati é a mulhe que mais amo nesta vida mas nunca a pedoaei po esta feida que 99
PAULINA CHIZIAE
ALADA DE AR A EN
e ausou Porque e ontou todas estas oisas? Por que e feriu assi deste odo? Tu e a Phati orre rão adeus inha rainha adeus Phati. Sou u hoe ' orto neste oento e devo defender o u orgu lho. Saau dáe a aguardente quero beber para a�l ar a dor; dá-e a surua quero fuar para esqueer esqueer e orrer. Fui busar a aguardente e a surua. Quando regres sei Nguila envolveue nu abraço tão violento e horou oo nuna iaginei que u hoe pu desse horar. Desobri que ele e aava de verdade o a sua aneira polígaa de aar Chorei ta bé as de arrependento e desejei orrer naque le oento. Meu Deus aanhã bebereos wanga areos tontas e direos todas as nossas vergonhas. Todo o undo saberá que o herdeiro é ilho do adultério. Se rei orta Mwando será orto o eu ilho será oro e a Phati tabé. Tenho de fzer algua oisa. Tenho de salvar a via do eu lho inoente. Pensava e tudo e e nada. Tenho de azer algu a oisa as o quê? Só e resta u ainho. Fugir. Si ugir para sepre. Não levo o enino senão o Nguila enviará u exérito inteiro no nosso enalço. Dura e paz eu lho inhas ilhas. Sei que u dia e perdoarão. É por aor ao eu enino que ujo da inha onsiênia. Ainda be. O Nguila está a dor ir u sono de surua e não despertará antes do nas er do sol. Rapidaente tiro os braeletes de ouro esolho al guas roupas eno o esto de andioa e saio or rendo ao abrigo da noite. Olho para todos os ados e desubro u vulto: Phati! Arreesso ontra ela u rao seo que lhe rebenta o queixo e ontinuo gin do. Chego a asa do Mwando e aordo-o o violên ia.
Mwando é ua eergênia reúne tudo o que é teu e partaos se deora Ele saiu da palhota o ua pequena trouxa e de ãos dadas orreos no esuro e direção ao rio E o enino? Fiou é terrível desobriuse tudo a Phati espiavanos e aanhã espera-nos a orte. Entráos no baro e navegáos rápido o a ve loidade da tepestade e tudo ia fando para trás: a inha terra o eu rio o eu vento os eus ilhos Adeus tudo o que i eu adeus eus filhos adeus
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Um jacto de aea stgame os olhos as palmeas encam a makwaela dos entos. As águas do ma e o uacão unemse num abaço exageado esbacejan do espeneando enodlhandose e ondas de amo que derubam bacos de pescadoes nteompendo os bejos dos pexes o namoo das gaoupas e o epou so das algas como se todos estes não tessem o de to de abaça beja e ama. Fecho a janelnha da mnha baaca de canço sen tome na estea e ezo: Muzmos potege o meu amo que está no alto ma ã pocua do meu sustento. Mas hoje não econheço o ma No da da nossa uga esta a tão sossegado ah quando me lembo daquele da Chegados ao o megulhámos os pés nas águas as saltámos paa o baco lagámo-lo e num zás a coen te aastounos ao meo do o Mwando emaa áp do entámos no oceano e naegámos em decção ao Sul. Vencíamos a dstânca apdamente; eu choaa lágmas de pata que s conundam com as águas do oceano. Cadumes ntasmas e casas de golnhos co tejaam o baco e Mwando emaa mas e mas Senta tanto ódo da Phat Po causa dos cúmes dela estaa eu no meo do ma ugndo da mnha pópa somba mas também bom assm pos douta manea nunca me decda a patr paa a elcdade sem . O eceo 103
AUINA CHIZIANE
AAA E AMR A VENT
o ódio, o amor, o arrependimento e a alegria até ago ra continuam a revolver o meu íntimo Ao raiar do sol desembarcámos em Bazaruto, Mwando vendeu o baro ao primeiro pescador e entrámos noutro que nos c duziu até Vilanculos Aqui estamos nesta barraca de caniço tão pequena que só dá para dois Mwando é pescador num barco de indianos e trabalha bem. Ele é que z todas as com pras, traz-me tudo para casa, uma vez que nem posso sair para não ser descoberta Nunca imaginei que na vida houvesse homens tão meigos, carinhosos e amo rosos como o Mwando. Mas ele não volta! Terá sido engolido pelas águas? Meu Deus, protegei-o, mas que vida tão linda, tão dierente da poligamia É maravilhoso ter um homem que é marido, amor, amante, irmão, amigo, pai e mãe. A separação dos meus ilhos torturame, mas tenho um homem que é todo o meu consolo. O único problema será devolver as trinta e seis vacas do meu lobolo, mas o Mwando já vai tratar disso Mas ele não volta, meu Deus, muzimos, protegei-o! Ah, ele vem aí, corro a abraçálo, recebo-o com um sorriso belo; alivio-o do peso do cesto conduzo-o ao nosso ninho, despojo-o da roupa molhada, e massajo o corpo fio com água quente Sirvo-lhe comida quentinha, meu amor, traba lhaste bem? Ele oerece-me um sorriso, sim trabalhei bem. O mar está violento, está io, pescaram alguma coisa? O rosto rasga-se mostrando-me os dentes bran quíssimos, de colher suspensa entre os lábios, sim, a pesca fi boa, mas a comida é mais saborosa, está quen tinha e gostosa, mas preiro outro calor e outro gosto, larga a colher e rocura novo paladar na escura do meu sorriso que o embala. Mwando, exausto, adormece sorrindo Dorme, dor me meu menino que amanhã beberemos outra abaça de mel mais doce e mais gostosa Sonha, sonha, que
amanhã beberás da minha sura, beberei da tua sura, até me embriagar, e te embriagares, nos embriagarmos e juntos enlouquecermos, e vivermos, e morrermos, para renascermos em novos mundos, novos mares e novos horizontes Dorme, dorme, meu anjinho
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As depessões atmosféas egalam om ados todos os homens do ma Em Agosto o vento é te, o ma é bavo, teneboso As gandes nusões maít mas, a ação dos pequenos baos, a pesa atesanal do amaão e os aphosos passeos em jangadas e anoas essam no mês de Agosto, em homenagem ã a dos ventos Os leões do ma etoam po algum tempo na d tea. Apovetam o tempo lutando onta o vento, e onstndo os tetos e as paedes que são babaamente aebatadas pela fúa das oentes. Os mas atuna dos egessam à tadonal atvdade de lava a tea O sol, dsputando o pode om o vento e as nuvens, não ea tão volento, o que pemta peoe lagas dstânas a qualque momento do da em toda a ex tensão da savana Mwando vagabundeava, paando aqu, onvesando al, ajudando aolá e, numa ação de esponagem, busava e ebusava, das boas queas, todos os dtos e se espalhavam na tea so be o élebe esândalo da ga da anha das teas de Mambone Reolhea já um númeo onsdeável de bs blhotes, ada uma mas fntásta do que a outa Numa espée de ebelão, o povo soldazava-se om o apto da anha, laueando esse heóo desonhe do om ntástos louvoes omo se o onheessem 107
ULIN CHINE
BLD E ( VENT
e fossem seus partidários. Mwando participaa nos comentários como se de facto estiesse alheio ao caso Este herói não iia em armoa com a própria cos ciência, fugindo da aproxmação de cada arbusto ca9a sombra pois o medo acompanhaao em cada passo O sono é a dádia mais sublime dos seres racionais já que é quando se dorme que se restabelece a ponte entre os deuses e os homens No sono os defuntos isitamnos expressam os seus desejos e ontades, pre inemnos do perigo, prognosticando o amanhã, quer seja ele doce ou penoso. Na última noite os defuntos learam Mwando a a guear num cenário macabro que não era mais do que o aticínio dos próximos dias de amargura Sonhara estar acorrentado por homens inisíeis, arrastando o seu corpo pela terra argilosa, soendo arranhões de raminhos de árores pedrinhas e tantos outros obec tos pontiagudos esparsos pelo chão O suplício era acompanhado por um cortejo de mulheres ntasmas cuos rostos estaam endados por capulanas. O sur gimento repentino de um homem empunhando uma zagaia em posição de morte fêlo aordar em sobres salto e, com os olhos ainda turos de sono procurou os seus captores no interior da barraca silenciosa, ou indo apenas o uído dos seus moimentos e o ronro nar angélico da mulher que dormia ao seu lado Maus sonhos me perseguem Graes acontecimen tos decorrem em Mambone pensou. É preciso saber a erdade. Não esperou pela laagem do rosto, o caso era de urgência. Remexeu os bolsos do casaco e de lá ti rou uma moeda de prata abriu a portinha da barraca e em passos rápidos galgou furioso o chão negro ao encontro da casa do adiinho. Escutou o oráculo que lhe contou uma história de ntasia que nada tinha a er com as suas preocupações. Largou a moeda aban donando o adiinho sem um olhar de despedida.
Naquela manhã convulsia agabundeou debaxo do sol ameno em todos os cantos da aldeia à procura de algo que deendae os seus mistérios As carícias da mulher, os alimentos ingeridos não lhe transmitiam sabor nem calor Estaam simplesmente insípidos. Ao cair da tarde procurou a companhia dos homens despreocupados e felizes. Talez aproximandose de les, recebesse um pouco da tranquilidade que pos suíam Procurou a sedação da sura para afastar os tormentos que lhe acompanhaam a cada paso Em casa da Maria haia uma banga onde a sura luía aos borbotões Os homens acocorados reuniamse olta do garrafão de sura que ocupaa um lugar de importância no meio do círculo, enquanto o canecão de barro percorria a rodada. moedas de prata, ganhas nos biscates para os momentos de lazer enchiam as conchas almofadadas das mãos da gorda Maria que distribuía sorrisos pois o negócio coia mesmo a conten to. O ambiente era acompanhado por uma algazarra de homens embriagandose, petiscando namoriscando as mulheres que ali apareciam para zer companhia à clientela da casa Mwando participaa no rebuliço, reu nido em confaternização com os outros leões do mar Apesar da semiembriaguez, Mwando estaa atento a todos os moimentos não fosse ser esfaqueado a qualquer momento tendo consciência do perigo que pairaa sobre a sua ida. A chegada de três orasteiros colossais de passadas largas e seguras que mais pare ciam guerreiros pela sua arrogância, pois não possuíam a humildade dos pescadores atemorizouo. A luz escas sa do quarto crescente audou a identicar o rosto de Nhambi seu irmão de circuncisão, que pertencia core do rei de Mambone. Foi percorrido por um grande ar repio, o sexto sentido á lhe ndicaa a razão da presença dos três homens Discretamente astouse do grupo, procurando o abrigo da sombra densa no pátio da casa
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PAUINA CHIIANE
BALADA DE AM A VENT
Nhai ra seu grande aigo nos tepos da in fncia Fora parceios nos ritos de iniciaço e juntos souera ajudar-se utuaente vencendo as dificu) dades ais incríveis Juntara os seus sangues na ci cunc1sao, toando-se deste odo ais iros do que os nascidos do eso ventre A ascenso de Nhai para cargo de privilégio deulhe satisço as uito depressa copreendeu que tinha perdido o elhor aigo da sua vida As origações do poder interdita va-no de conviver co as antigas aiades. Era u hoe iportante, sepre ocupado Valeria a pena tentar ua conversa aiga invocando os velhos te pos? Seria este iro capa de ajudálo a sair do seu dilea? Nhai é u o hoe conheçoo. Talve e diga algua coisa, vou tentar, pensou evatou-se, deu alguns passos e, pensando elhor, recuou E e possível que ele tivesse udado O po der transora. Casos há e que os pais renega os filhos, as esposas trae os aridos os iros ignora -se persegue-se atase para ganhar u quinho do poder. Enquanto Mwando editava a sorte quis que Nhai acasalado co ua das ulherinhas da casa, procurasse a protecço da esa sora para ugir dos olhos indiscretos dos eerricantes. Este por ilagre, descoriu o aigo. Deu-lhe ua paladinha nos o ros falando-lhe a eia vo. Aguarda-e ali na outra sora. enho ua conversa iportante para ti Enquanto aguardas vou ocupar os eus copanheiros co ulheres e álcool. As palavras de hai nua vo ora suave ora dura rápida ou pausada parecia vir dos pesadelos da noite anterior. Nada lhe diia de novo, serindo ape nas para conirar os seus receios. O rei anda aalado agro e doente A sua espo sa ais querida fora acusada por todos os curandei
ros do reino de ter enfeitiçado a rainha para ocupar o lugar desta, depois do aandono do lar Por essa esa rao foi condenada à orte e enterrada nu lugar secreto, longe do acesso da aília Do Mwando? Ne sequer se ala. Que é ele para igurar na lista das preocupações reais? Alguas pessoas tentara levantar a questo do seu desapareciento na noite do sinistro. A justificaço i a seguinte: é u renega do Esteve e Maone ao serviço dos Ndaus para a recolha de inorações, oi descoerto e perseguido, as afortunadaente conseguiu ugir às os da jus tiça. Quanto aos pais dele e outros fiiares directos corria o perigo de sere deportados para o xialo. No decurso do relato, Mwando arregalava os olhos arrependidos arrepiados chocados Ficara to petri cado que até o cérero perdeu o oviento. argou u suspiro de angústia lando e vo aixa. Fui deasiado longe co a inha ousadia. Sou o principal culpado de tantas desgraças gente orta, perseguições, convulsões. Se souesses coo estou arrependido. rependido? É nojento! Nhai e ua carantonha de nojo, visível no rendilhado de lu tecido pelo luar na copa da goiaei ra, lançando u jacto de saliva sinal áxio de despreo que deseocou na areia entre as per nas acocoradas do seu intelocutor O arependiento nas ulheres é tolerável as nos hoens condenáel Porque julgas que Deus deu inteligência aos seres huanos? É para pensar antes de agir e no agir e depois pensar, coo ae as ulhe res e as crianças É nojento. Eu costuo voitar no rosto dos arrependidos. A rao está do teu lado Nhai, eu ais que iro O erro já está eito. O que devo fer para sair desta situaço? Estou desesperado
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PALINA HZIANE
loso Por alguns instantes as paleiras interropera a ança para recoeçá-la aina ais elegante ais ge nial Os carangueos apavoraos corria e toas �s irecções espistano os seus captores. Os oens . l , continuava absortos ningué e va ngue e ligava e eu soia soina. O sol a an oi ais aigo espalano a ina iage nas águas e re buliço ostano be transparente a esgraça que era o eu aro e ruo cainei pela praia acabano por tran quiliare enteie na branca areia o ar eixan o a ente vaguear recuano até aos tepos a inncia Quano tina oe anos sori ua esgraça. Na travessia o rio ave o barco e que navegávaos esequilibouse no teporal virouse e ui salva por u esconecio que e arastou até à arge Quan o á estava e terra olei para o rio assassino e tuo tina esaparecio. No avia sinais o barco ne as pessoas Foi assi que peri as inas uas es ais novas e três iroinos querios ise e novo perante u nauágio os eus ilos eus pais ai gos e aília tuo icou sepultao o outro lao o ar e sou a única sobrevivente Coo tanto soo tan to as teno que esquecer esquecer ais ua ve teno que esquecer. Mas porquê tanta esgraça s para i porquê? Mano: ulguei que aavas e aastee; talve u ia talve u instante ou eso nunca. Foste para i u sono u ventino que sopra ua nuve ensa que escone o brilo as estrelas que no se apalpa És via angstia pesaelo e algo ais q�e a ina prpria via s a vo que soa nas trevas es o vento que se pere no orionte; és a nuve negra que ve co as tepestaes Mano tu és nuve nu ve nuve
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A sirene o navio uivou quebrano o silêncio sub erso nas águas escuras a baía o spírito anto Hoens e uleres ovens e robustos entrava no navio vencios cabisbaos co olos verelos e tanto corar eio ortos e tanto se arrastar enxota os pelos seus caçaores enquanto o cicote silvava no ar labeno as costas esapaas que se abria e cagas sangrentas A canço saíales a ala toturaa nu aeus à via à tea natal às esposas aos los à brisa o ar às paleias aos pássaos e àquele sol que os conr tara. passos lentos escia ao poro se lu coo que vai a enterrar no estreito coval a sua últia oraa. As gentes que passava pelo porto eparano co o cenário acabro parava u inuto eaano a últia lágria e oenage aos eportaos As uleres ora agitava as os e gesto e aeus ora esegava os olos turos co a ponta a capu lana lançano grtos istéricos inúteis insignicantes. No longe ali na banca areia o ar crianças e tanga e e tronco nu por u instante suspenera a brincaeira regressano espreocupaos à bola e ta pos inierentes ao cenário que se les apresentava à
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PAULINA CHIZANE
vista Tinham assistido àquela cena vezes sem conta e já não lhes azia dierença A sirene apitou de novo Pretos de mãos duras k vantaram a âncora. O colono gritou uma série de be9teiras O navio zarpou redemoinhando as águas turvas A melodia cessa. No poro erguem-se gritos de pro testo das gargantas dos condenados clamando por Deus condenando a Deus, clamando pelos seus deun tos, injuriando os dentos à medida que o navio avan çava nas águas do Índico Muito depressa compreenderam a inutilidade dos seus gritos e protestos Sabiamse perdidos para sem pre. Pairou um silêncio de morte Em todas as mentes reinava o desespero e o terror Iam a caminho de An gola, terra de degredo da cana do cacau e do caé Alguns deles eram condenados por crimes graves; ou tros por caprichos sem ndamento e mais outros sim plesmente porque eram negros O navio vogava nas águas sem im. O mar tornou -se bravo, o io brincava nos corpos seminus e os ne gros já apertados no pequeno espaço aconchegavam-se ainda mais à procura de calor Lá fra escutava-se a mú sica do vento O navio ensaiou passos da dança e com toda a ria entrou na valsa fenética da tempestade, azendo par às tenebrosas ondas que ora o enlaçavam pelas ancas ora o enroilhavam completamente num abraço macabro Os negros entraram em pânico, alguns deles nun ca tinham viajado no mar Os corpos, já torturados e caquécticos pela escassez de alimentos enaqueceram ainda mais com os vómitos desmesurados provocados pela úria do mar O vento acelerava a música e no interior do barco, pessoas e coisas eram atiradas de um lado para o ou tro acompanhando os passos da enética dança Julga ram chegado o im do mundo. Em vozes belas e suaves 116
BALADA D R AO VENTO
os condenados entoaram a canção de despedida à vida clamando pelos muzimos no ndo da terra e do mar ' fzendo coro à sinonia da valsa do diabo Adeus, adeus, meus irmãos. Talvez nos encontremos no céu
Um vagalhão enorme atacou uriosamente o barco e as vozes suspenderamse no ar, atentas à úria tene brosa do mar Por instantes as águas serenaram e as vozes reanimaramse devagarinho Adeus, adeus, meus irmãos Peço a Deus que me ajude Em terras desconhecidas vou morrer
Os dias passavam lentamente, o barco ganhava dis tância, os condenados aastavam-se cada vez mais da terra que os parira: uns dormem, outr os sonham e di vagam. As mentes são povoadas de pesa delos Outras vozes quebram o silêncio. Não sei porque é que ui preso. Pass ava na mi nha fente uma senora branca. Eu pare i para dar-lhe caminho. O marido que vinha atrás esboeteou-me acusando-me de estar a apreciar a sua mulher Fui le� vado para a esquadra, espancado e condenado à de poração e aqui estou a caminho do degredo. A conversa generaliza-se na noite, o mar tornava-se brando Via-se um pedaço de lua pelo s respiradouros Devia ser romântico contemplar o refe xo da lua e das estrelas nas águas escuras Depois de tanto silêncio, Mwando abriu o seu coração e, de lágr imas nos olhos contou o seu episódio . Foi por causa de uma mulher Ente ndi-me com ela. Era evidente que se tratava de uma mul her da vida, pois recebia mais homens além de mim Ela tratava-me 117
PAULINA CHZANE
assisir curiosos aguardavam a chegada do navio, para colo , os erra ao desembarque dos condenados Já em os. nos cumprimenaram-se com abraços exagrad cam fila, a long a num ) ados alinh os, enad Os cond vivos As nharam para os calabouços mais moros que_ que se mulheres, de cabeça baixa, pediam ao chao hum a e abrisse a seus pés, para engolir a vergonha
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e as perlhação de se exibirem em público com as saias
dda nas empapadas de sangue mênstruo. Foi-lhes conce ar uma semana de repouso, resabelecimeno e , mas cum riam deve onde de conduzidos aos acampamenos
À eres ram prlr a pena de trabalho orçado s mulh ra apenas destinados os campos de tabaco, taref ligei os capara na aparência Os homens ram enviados tura de naviais e os mais ortes para a destronca e aber novos campos.
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Era ainda madrugada quando os condenados es colhidos para a desronca alcançaram o seu poso. Re ceberam o maerial de rabalho, escuaram as normas que saíam aos grios das garganas dos capaazes pre os e caminharam para a zona de desronca com ges os moros e silenciosos erra naal perderase na disância e os olhos arregalavam-se na descoberta de novas paisagens. Desorienados, exalaram o sol que parecia nascer do Sul com arrebóis de glória, espalhan do uma luz escassa que perurava o ramalhado enso da floresa inviolada. conversa morreralhes na gar gana e os corpos remiam com arrepios de meo. Uns suspiravam, ouros choravam e rezavam. loresa era ão bela e ão medonha que pareciam residir nela os anepassados de odos os deuses. Era um paraíso verde. s canções dos pássaros eram de paz e os sil vos das serpenes de júbilo O pio dos mochos era a canção de embalar dos deuses da floresa, a elicidade era verdadeira, eea. Os macacos bailavam nas lianas suspensas nas copas das árvores, e as águas corriam serenas rmando riachos musicais com a presença das rãs. briram uma clareira denro da maa e monaram o primeiro acampameno, o sol já esava no horizone A noie caiu, assombrada. Os condenados não inham 121
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Em Angola há um pedaço de erra adubado de san gue. Por baixo de cada sombra reside o corpo de um preo anónimo, conrmam os mais velhos. Nos úlimos anos nasceram novas roças cujas planas são cruzes oscas pinadas de branco em erra fertilizada de cae humana. A me, a doença e a orura eram os vivei ros dessas planas As febres esranhas que nem o i iceiro angolano conseguia curar, aé aos brancos dizimavam. As cobras, por seu lado, defendiamse dos invasores com aaques inlíveis. O sol ulrapassara o meio-dia. Na açucareira, os con denados e conraados canavam a música do coração, acompanhando o rodopiar do engenho de açúcar e o colono, saisfeio, balançava a mene sobre o ouro que esava a ser ransrmado pelas mãos negras. Escuava com delícia essa música que o veno espalhava, zen do dançar os braços do canavial. A canção é a alma do negro Quando soe, cana, quando ri, cana, quando rabalha, cana Aé parece que a canção desperta no ndo do ser a rça secular de odos os anepassados A5 vozes canam, o canavial balança, a máquina gira De repene ouve-se um grio e o rabalho pára. Um homem deixou o braço ser arrasado pelas roldanas, puxando-o para a máquina, e .. crás! A cabeça esmiga lhou-se como um coco 125
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Parem! gritou o colono Dois de vocês en carregamse do homem Outros limpam a máquina, rá pido, tempo é dinheiro! A lua já brincava no céu sem nuvens, quando 9 s homens rudes de chapéu de palha e calcanhares de ma tope regressaram a o dormitório Veio a reeição de uba que comeram com apetite mesmo ao lado do morto. Depois veio a cachaça. Era todos os dias assim m cada noite eram presenteados com um cadáver vitimado por uma cobra, uma máquina, ebre, ou pelo calor exces sivo das torradeiras de caé Depressa, Damião, vai chamar o padre Moçam bique e o curandeiro Januário . A cachaça rodava enquanto aguardavam a chegada dos dirigentes espirituais, velando pelo morto sem uma lágrima nos olhos, contando histórias da terra, da tra vessia dos mares e das lutas de resistência Mwando, o p adre Moçambique, chegou trajando a sua batina de pano c ru, chapéu de palha e pés descal ços, levando a Bíblia na mão esquerda. Logo a seguir chegou também o angolano Januário. Todos se ergue ram, tiraram os chapéus curvando-se numa vénia, em saudação aos seus dirigentes. O padre Moçambique iniciou a s orações que repe
t e oo
Deus abençoe esta alma Que durma em paz
Áe
Mwando leu as orações num latim tão pereito que nem o melhor pároco, dando mais solenidade ao acto Apesar do trabalho orçado, encontrou elicidade no degredo. Finalmente conseguira satiszer a ambição de usar batina branca, baptizar, cristianizar. Fazia issas aos domingos e algumas vezes tivera que celebrar casamentos As suas habiliades eclesiásticas fram aperei çoadas nas roças onde as mortes eram muito feqentes Ele preparava os funerais com muita dignidade e me 26
BLAD DE AR A VET
lho ue os veddeos pdes ue po í dv A de Mwdo oeu po tods s sls e o povo ão tdou peldá-lo de pde Moçue Gete ds ldes dsttes vh pouá-lo. ógo: os pdes de vedde ov dheo ue o povo ão th. Mwdo sss e jetoss e só ov lgus oeds Muto depess os oloos eohe e ele o hoe de ue pesv o pdo ds evolts s oçs o dout do soeto te e eopes o éu De-lhe u esttu to deete e s depedete th gs e exe e ds os. Tlhv pouo s h s oupdo o pte do tepo os tus d Igej. As oçes otu Bedto sej Deus Bedto sej os hoes epet e oo Todos se e séos As eçs vov N gué pestv teção às plvs do pde ue l e sepe s ess Cd u pesv e s to dos ss. A pot geu do-se E o oloo. O estej à vtde Etee esse est o te. Pel hã ueo todos o tlho e o -de se teão lg eteddo? Voês são u ç de eteos do do. Etee o peto ode usee Veo ve do eteo golo Queou os seus pepdos ue ehe s de uo e Ivo ou os deutos tgos e eetes. Deu volts e s volts o dáve uvou gtou o do dos otos O oto evolvdo su t e levdo ete o lu oç dos uxos ue e o etéo dos odedos O opo deseu o ovl esteto e se geoet s çes ophv-o lu susttuí o sol Beese dedo e oo 27
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Cbol boit bol bo or i boi t qu u dou bl A lu doird orr o qutro vto o u i tidd qu rot u di ldt. Mulhr o bbé ot to bç rgdo o dt o u d ull dão volt rido ldo ordo g d roduto xoto o rdo d Mll od gho o u ão. G to vdio lbrio b ão xotd l vddir d ix. Aêoâââ !. . " grit rig brigd obr d urri r. Et hã d idd o ruído d rro grito d áqui d ho todo t buliço d o origuiro trtor-. Priro hã uv d ih tr o lodi lgr do áro lvtdo voo gto d bêção à trr o du o ho. Priro o hr do o obo d ovlho hihdo águ i do u Sv h qudo rordo ih trr lá or dtro lgo qubr o orção é orodo o iho d ii. M quto ut Cio udo or tbé l vrdi h trih 133
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BALADA DE AM A VE
Reolho as oeas Minha ene regressa ao er ao enharao e loo e saliva e lala e oo res preaos one ganho a via veneno leges enxgano as lágrias esgoano as úlas rçasnos grios e aração aos opraores opre aé anana enina onia. A via não e orre al Já lá vão os epos e qe vivi e iséria e ore as hoe exise e i e earaa a realiae e o sonho Mas para qê reorar isso agora Passara á easseis anos qe o Mwano e aanono e alve á enha orrio. To i para qe ele regressasse. Os elhores ran eiros fiera o ao se alane enano proir o ilagre o regresso e naa. Areio qe i o ora os as esprios qe é o sange a Phai qe laava por vingança. Toos os raneiros fra nnies e afrar qe os es esprios e os o Mwano esão e pé e gerra lá no no a erra e por essa raão resara sepre a nossa nião. O Mwano era hoe aesoso as inha aqela orina e isério qe nna onsegi esvenar. Não qero ais saer ele as garo oes reorações o epo os sonhos. Mãe á veni oas as aêioas Poiso os olhos no rosinho onio a inha lha a ha Phai e orpnho elegane e sorriso e sol. Qan o Mwano e aanono á esa rara se hospeava no e venre Nessa alra sa e Vilanlos para Lo renço Marqes fxanoe nesa rise Malala Prero epregeie oo riaa na asa e oerianes inianos Doria no araé e arvão one aé oria os ães. Foi nesse aiene qe a riança nas e saável as raqia. Deilhe o noe e Chivie para arar a angúsia qe e orrava. A riança vive e nos prieiros ias as qan o hego ao segno ês i aoeia por oen
ças esranhas e aa ia qe passava a siuação piora va No ereiro ês á não horava não oia e o oração aia aa ve enos Passei noies e lágrias o go a via apagavase e e não inha inheiro para ir ao hospial. Na essas noies pari esesperaa para asa e a raneira e esa aie prona ene Expliqeilhe o qe se passava. A velha enro e ação raanose e onveniênia o panos e re lqias sagraas. Enro e ranse e aos grios invo o os esprios o pai e a ãe Eso os horálos e issee inha ilha há esprio aligno qe e persege qe esá aposao e esrur oa a a feli iae. De oeno é ese lho aanhã serão os o ros. Vais enerrálos por o as as prprias ãos. É preiso resolver o prolea Mas qe solção pergnei e. Faça sariio a oferena para qe ese esprio não ais e persiga. Tene reorar e oas as pessoas a a alia á faleias o al g os es onvivenes á leios qal eles e qeria al. É a Phai é a Phai a qina esposa o e ario qe i ora reeneene. A velha reo no epo Falo o os oros rane epos inerináveis e a riança apagavase aa ve ais Qano volo a si issee qe a riança evia er o noe esse esprio aligno pois o qe se passava na realiae é qe esse eno não agenava a via nas profuneas porqe soa i o pelos ales qe asara e via. A solção não e agrao naa as e esava ipoene não poia resar o sariio pois raava se a via a inha lha. Aanei a aeça e geso e onornia. Enão a velha pego na riança e er genoa pelos ares proferi a pree a ressrreição Aora Phai sai o úlo para o reino o sol ais lpia e ais inoene qe oos os anos Qe
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Ua t ajada sopa do lst agando nuvns dnsas a uva vai ga a ta as ávos vstis ão d u vd novo Rolo os us avs aino ápido dição ao u abigo As nu vns dsaba ppitas gossas naando tudo As águas satisitas o tanquilas plas las d t a nga ando lodçais as qu udança tão pntina O éu asgas violntos laõs toda a xtnsão da abóbada Sinto o io da aia ola da odo a ina ta dias d tpoal o gitos todas as gagantas saudando o dus das u vas splandos todos os ostos soisos d s pança Caino él O o ugindo da uva dá passos lso duba; o sto dsquilibas ai spalando o toat nas águas onspuadas Mu sno sta é toda a ina tuna T qu paga po st puío O o ua o tno apana o toat nquan to ponunia o pdido d pdão nua vo qu pau ailia. Olo paa l d sgula a lba algué qu não si qu O o ntga o sto boo uiosa s digna a ola paa o su osto apsso o passo A uva ai o aio intnsidad O o sgua o baço 139
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BALAA E R A
Sarnau! ssusee, olhe e reonheo M�ando, é ele eso, as que arrga enore ele e. E ele eso, o eu aor perddo. Sene ransoada, enlouque da, o deseo de orrer e vver É ele eso, nã há dúvda que é o hoe da nha desgraça, valha e Deus! huva a furosa o roar dos rovões nen sase arese novos larões Sarnau! Mwando! peroue o o eso alor de ourora, sorru e o o eso sorrso de ourora, ururoue oo ururava as ondas do ro Save. s águas orre ranqulas sore o leo negro do Save eando as peas dos anços os pássaros a e as asas, os aus aolea, os galagalas so e e dese dos onderos, e eu esou aqu o u nó que e esrangula, sorendo de urpresa loua, de angúsa nfnda, audae, eu Deus, não aguen o, vou orrer! Saau, passe a vda a prourare. Copreend que é possível vver se Não podes vver se E se não vesse nas do Mas nasese, nasese, Saau! gora que e en onre não e dexare aas Fu louo e aandonar e, perdoae Sarnau Sen o seu af aendendoe pelo pesoço, o eso hálo que onhe há anos anos passados, o eso sorrso, a esa vo e o eso olhar sereno Só a saudade era as loua, as ardene, nsuporável! Eu queroe, Sarnau Já não e araçava, os nossos orpos esava se parados a ua dsâna onsderável, as senalhe o oar rápdo do oração ransndo ua ensage
só para dos. oneeu u lagre a huva parou, os larões apagarase, as asas surase, as pessoas desapareera, e o undo só éraos nós os dos Mwando, u és o eu sol, eu pão, eu paraí so e eu queroe as do que nuna, queroe, quero e, queroe Ve, Sarnau, preso de lare S, eu re ongo, as anes d que e aas o odo o oração ne que sea por u só nuo. Já não aedas e e ens raão, Sarnau Eu aoe por udo o que há de as sagrado nese un do Só depos de errar pela vda é que desor que o eu aor o úno e verdadero que lunou a es urdão da nha vda. Ve, Saau Já esou velha, Mwando. Para anda não envelheese És anda u aueroo e or al oo naquela arde e que e de o prero eo Ire ongo, as anes pagae. Pagare o quê Já não e aas oe s, as anes pagae Pagae, Mwan do, pagae Inrível, prosuísee, Saau, os hoens fe rae pua. E u o que ese de asee oo nun a se aou ua ulher. Rapasee as não pagase o eu resgae. nha vrgndade onsusea e ne · agradeese à nha defuna proeora, não lhe ofe reese os e esudos, o rapé e o pano verelho, as udo aee porque e aava, agora aaouse, Mwan do, pagae, eu odeoe. s águas do Save orre ranqulas Fora elas que lavara o sangue da nha noêna. águas do Save são eseunhas da louura que ve por ese hoe s algas, os pexes, os anços, as ervas, os lagaros, as áores e o éu aul, udo vra Mas as águas do ro,
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ALAA E A EN
ncon ez se encon talve era am e talv correr ram já corr não As que me viram bém tam ta m s ixe ix e e s p algas e o rem no fundo do mar As alg trem fxes f pex es,, os pe peixes os peix pelo as ram comidas pel alga não As alg ram m1 cara ca ee e de já d já tas s esta es e a s sso pesso da as pe agos d magos estôm ra oss estô para o ram ram pa ros e eram,, os pássaros as já morreram ervas a s erv ços e as caniços aí. Os ca por aí. e os tos s arto ar lag la g e os e os a r áss ás s p o s utr ut r ida a o m a vida deram rtos dera lagarto s das tos to trine tos ou tri ranetos tetran istem são os tet a existem agora que que agor do j á assado im, do meu passa as, ai de mim, emunhas, teste minhas test tra tr ans e q u ia úst nad nada resta senão este rdo e esta angúst céu res e o céu árvores im. As árv a, sim. coisa a cois lguma esta algum rto. Mas rest porto. . d a did er ão perdi im tão assim t u ass estou azul. Não esto
ovo oaa l no hospal pos esava odo pode de poaa Repaa e nas nhas oas: nhas e las auagens onundese o as aes de ua doena oplada que apanhe po a Coo vvo eu agoa? Vendo no eado vendendo aé o oa ão as lgas e udo o que nha de as sagado j vend paa soevve Não hoes Saau que ass vou hoa a é Vaos onae odo o eu soeno que não as pequeno do que o eu eu Eu aé so u o. Depos da nossa sepaaão lguee a ua ulhe que e au Dssee que não ea asada quando af nal ea ulhe de u spao. u depoado paa An gola e s vole no ês passado. Consu oda a nha vda a plana ana e aé e e ada plana h ua lga que deae po . u se a úna elda de e odo o deuso da nha ajea. Não enho ne ulhe ne lhos Saau. ens flhos flhos s que nasea dese dese eu ven ven e. Quando pase pase nuava a pequena Pha que va agoa oplea qune anos. E Maone fou o Zuula que agoa é u hoe e f ooado e o a doena do pa. enho as u lho o João e o pa desse pedeuse pelo undo a As nhas géeas asaase l e Maone. É eso vedade o que e des Saau? e nho dos lhos eu? ão vedade oo eu esa aqu ao eu lado. Coo possvel possvel que eu enha enha sdo ão uel? Coo é que onsegus soevve de ano soeno nha Saau? O eu flho es e ãos alheas e f ooado e da nha ea. O eu lh lho o é o o alege el enquano eu o vedadeo pa vvo na ao séa de odos os epos. Ignoa udo esquee udo e olhe os espnhos que as uas ãos seeaa
Mwando aasae o o seu ao fe eus pés anha egos valanes odo o eu opo ee de desejo de ao de angúsa oda eu espondo no uulo do s nha ala ga e alo que não pa gae queo o eu peo o eu esgae a nha hona. No eu se avase a aalha oal do s e do não e não se que sa venedo Os úsulos do Mwando deuae os seus aos alaae aanhae despee o seu vene a soe o eu desendose oo u alão nho que se esvaa. Bejoue na oa a Mwando h quano epo não sena o sal da ua oa Sussuo agonada eus los anudos ove se a vo oa os seus aodes e a ala elaa. Mwando Mwando pagae pagae pagae pagae! Saau nha nha Saau os hoens hoens ea eaee pua. u ese as do que odos os ouos. Rapas ee do eu undo e aísee. ue sonha jun e dnheo paa opa as na e ses vaas do eu loolo e devolve ao· Ngula eu peo ado. Po Poee queda queda u ulpado de odo o eu sof eno. Deae Deae dee dee Peo Peo undos undos u usada usada e ausada eu seo ea quna de a dnho Apanhe doenas vegonhosas olha j não enho u 42
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AUNA CHIZIANE
BAAD D
Sarnau prdoa prdoa Mwando chorava u chorava stvaos nt a rnt ando o trgico alano d ua xistêcia i srvl. Sarnau Sarnau d ua opotunidad opotunidad para rpara rpararr todos os us rros rros D u pouco d licida licidad d nos anos qu ainda rsta para vivr Eu t dari dari tudo as ants ants paga quro quro o pro da inha honra. Pagari Quanto custa? Qual é o pro da tua tua honra? Vint Vint quato casantos. casantos. O quê? Não coprndo coprndo.. Coprnds si O u valor suiu uito t nho o pro d vint quatro casantos agora Continuas a sa rincalhona d h tantos anos passados. Não rinco não Ess é o u u vrdad vrdadiro iro pr pr o o pro da inha honra. O u loolo i co trinta sis vacas novas virgns Co as vacas do u loolo os us dois irãos casara sis ulh rs Os irãos das inhas sis cunhadas usara o so gado para casar as suas sposas por aí adiant Só as vacas do u loolo ira outros vint quatro loolos Tirast do lar aandonas t tiv qu lutar soinha para dolvr as trinta sis vacas pois s não o iss iss todas sria rcolhi rcolhi das cada aília o qu signiica vint quatro divórcios. divórcios. i o ipossívl consgui rsolvr o pro la Ainda qurs? Paga quro o pro da inha honra Saau prd prdoa oa J conhcs o pro do tu prdão. prdão. O qu xigs é ipossí ipossívl vl sou u ho isrvl O pouco dinhiro qu tiv gastio na via g d rgrsso Acaas d dir qu o prola
st rsolido qu o ri concdut o prdão no tu lugar icou a tua irã Rindau Si o prola prola st st rsolvido rsolvido o u arido arido casous co a inha irã são tão lis coo nun ca iagini qu pudss acontcr. Saau t pidad pidad d i Dus du du j 0 castigo rcido Plos nossos lhos iplorot pr dão Saau Tu st para i vida angústia psadlo Can ti para ti aladas d aor ao vnto Eras para i 0 ar u o tu sal Nunca ncontri os tus olhos nos ontos d alião No aiso não ncontri a tua ão O u pro é para ti inacssvl? .
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Quero dizerte te adeus No peito gu guardarei apenas as cinzas do nosso amor Lvant antim im Snt ntim im Algu lguma coisa isa qu não si o que é p é prrendiam iame e ali. Num mp mpulso lso ine inexplicá icável erguime de novo e larguei a correr nos labirintos sinuosos da Ma Malala À distância o ia ou uvia passos em em perse
dsaparci na scuridão
b
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Mrgulh na scurdo da pa co a nha ala gurra Escond o rosto às cranças sulando ua darra dor d caça qu no tnha. Enrol a ca ça na anta d algodo aando os soluços Snta vncda, torturada, as cranças convrsava ra, as ccatrs antgas ora rvolvdas, sangra, do, o go do aor conso coo há d asss anos passados, ao loucant ss ho qu transrou a nha vda nua vrdadra ds graça. A chuva ca lodosa sor o tlhado d nco o vnto assoa tocando os acords das árvors, das palhotas, dos canços tudo gra, dança, alança ao rt o do vndaval. Entr a úsca da tpstad scuto rês pancadas na porta do quntal Snto nu pulo Aguardo scuto, as atdas rpts as cranças sus pnd os sorrsos; ntrolhaonos. Phat, va arr arr a pora, a a stá stá dont, dga à pssoa para voltar aanh Phat arr a porta do quntal ua gura a jstosa rguus nos sus olhos u ho! Qu é o snhor? A a stá stá dont dont Sou o tu pa. pa. Mu pa? pa? 1 47
PAULINA CHZIANE
Os lábios da rapariga abriram-se em ovo para logo a seguir alargar os olhos enormes, rasgados soltar uma exclamação e gritar: Jão, é o papá! O João correu ao encontro deles Três vultos exer gavam-se no escuro Seis olhos brilhavam como faróis de gatos na noite de chuva Os três sentiam a mesma hesitação; aproximaram-se; abraçaram-se Caminharam em passos lentos fazendo uma breve paragem na en trada da barraca A chuva caa intensamente banhan do os três vultos Entrem! O homem curvou solenemente o seu tronco alto como quem se nclina numa reverência, entrou pela porta baixa da barraca de duas divisões Sentou-se É o meu pai, mamã? Sim, minha filha, é o teu pai Ainal onde esteve todo este tempo papá O candeeiro a petróleo banhava o escuro com a sua luz amarelinha iluminando os rostos que se procura vam, se descobriam que se identificavam Os olhos de Mwando devoravam a pequena Phati, o seu sorriso, os seus gestos o gesticular dos seus lábios, enquanto os olhos dos meninos se alargavam de alegria e de emo ção Embrulhei-me de novo na manta e desta vez os soluços ram mais audíveis, mas ninguém lhes ligou importância As crianças bombardeavam o homem es tranho com perguntas loucas Papá, fica connosco! Sim, João, ficarei se a tua mãe quiser A mãe quer Fica connosco, papá! Faz-se um siêncio e morte. Seis olhos convergiram sobre os meus, aguardando a resposta que os lábios se recusavam a pronunciar Meninos, vamos dormir, já é tarde e faz frio. Amanhã teremos que acordar cedo 148
BADA DE \0R
VENTO
Os meninos recolheram ao quarto trajando nos ros tos um sorriso novo e as cabecitas laureadas de anta sias Mwando sentou-se na borda da minha cama de palha Estávamos ente a frente para uma nova bata lha Saau, as crianças precisam de um pai E eu preciso de um homem, e deste homem que está aqui ao meu lado Venceu-me Atacou-me com a arma que extermina todas as fêmeas do mundo Colo cou-se ao lado dos ilhos, fez a guerra e venceu Vive rá comigo Tenho casa, tenho negócio tenho dinheiro Hei-de alimentá-lo Não será fcil para ele arranjar um posto de trabalho nesta terra Embora vencida, ainda me resta o orgulho, mas orgulho de quê? O orgulho cega -me e destróime, preciso de ser feliz, estou vencida e perdida O vento sopra lá ra A chuva cai em catadupas As águas serpenteiam nas ruelas sinuosas Todos os animais recolheram aos abrigos e nada resta Há apenas o silêncio, o io e os soluços Enenta mo-nos no silêncio diludo na eteidade As lágrimas jorraram novamente Saau! Enterrei o passado Puxei o candeeiro, soprei, apa gou-se Mergulhámos na escuridão da paz no silêncio da paz, no esquecimento de toda as coisas, naquela ausência que encerra todas as maravilhas do mundo A solidão desfez-se. O vento espalha melodia em todo o universo Continua a chover lá ra
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