Avaliação de Coleções Co leções e Estudos de Usuários
Nice Figueiredo
Figueiredo, Nice Menezes de Avaliação de coleções e estudo de usuários. Brasília, Associação Associaç ão dos Bibliotecários do Distrito Federal, 1979. 96p 1. Biblioteca Biblioteca especializada especializada — Usuários 2. Biblioteca universitári universitáriaa — Usuários e Avaliação de coleções Usuári Usuários os — Estudo Estudo ver Biblioteca Biblioteca especiali especializada zada — Usuários Usuários Biblioteca Biblioteca universitá universitária ria — Usuários Usuários 12 Como referenciar os capítulos do l ivro?
FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Avaliação de coleções e estudo de usuários. Brasília, Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal, 1979. Cap. Página final
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Sumário
Introdução 4 I. Avaliação de coleções em bi bibliotecas 5 1. Métodos de avaliação de coleções 5 1.1. Compilação de estatísticas 6 1.2. 1. 2. Ver eriificaçã çãoo de listas, catál áloogos, bibliografi fiaas 8 1.3. Obtenção da opinião dos usuários 10 1.4. Observação direta 11 1.5. Aplicação de padrões 12 Bibliografia 13 II. Estudo da comunidade 16 1. Introdução 16 2. Histórico de estudos da comunidade 17 3. Exemplos de estudos de comunidade 18 Conclusões do estudo 20 4. Coleta de dados em estudos da comunidade 20 4.1. Idade 20 4.2. Nível e ducacional 21 4.3. Renda 21 4.4. Ocupação e fontes geradoras de emprego 21 4.5. Informação étnica ou racial 21 4.6. Previsão de mobilidade da população 21 4.7. Tipo de área geográfica 21 4.8. Restrições do meio ambiente 21 5. Limi mittaçõ çõees e persp spec ecttivas dos est stuudos da comu munnidad adee 23 Bibliografia 25 III. Estudo de usuários 26 1. Introdução 26 2. Métodos e metodologia para estudos de usuários 27 2.1. Questionários 27 2.2. Entrevista 27 2.3. Diários 27 2.4. Obser vação direta 28 2.5. 2. 5. Co Cont ntro rola land ndoo a int nter eraç ação ão do us usuá uári rioo com comoo si sist stem emaa com compu puta tari riza zado do (1 (1:4 :4)) 2.6. Análise de tarefas (task analysis) e solução de problemas (problem solving) 28 2.7. Uso de dados quantitativos 28 2.8. 2. 8. Té Técn cnic icaa do inc ncid iden ente te cr crít ític icoo (C (Crrit itic ical al In Inci cide dent nt Te Tech chni niqu que) e) 28 3. Descobertas dos estudos de usuários 29 4. Limitações dos estudos de usuários 30 Bibliografia 31
28
Introdução
Pretendemos com este trabalho apr esentar textos didáticos sobre tópicos de interesse atual na área de biblioteconomia, os quais não se encontram ainda na literatura nacional, pelo menos da maneira como aqui se apresentam, i.e., no formato de revisão e síntese da literatura. O primeiro texto, Estudo da comunidade, foi composto a partir do número do Library Trends de janeiro de 1976, o qual foi todo dedicado a este assunto; aproveitamos alguns dos artigos, 8 para sermos precisos, montamos o texto que nos pareceu o mais útil e didático, fizemos a tradução e adaptação devidas ao nosso meio bibliotecário. O segundo, Estudo de usuários, foi feito com base em revisão na literatura existente, conforme consta nas referências, assim como em notas de aulas e trabalhos anteriores de nossa própria autoria.
Sumário
Introdução 4 I. Avaliação de coleções em bi bibliotecas 5 1. Métodos de avaliação de coleções 5 1.1. Compilação de estatísticas 6 1.2. 1. 2. Ver eriificaçã çãoo de listas, catál áloogos, bibliografi fiaas 8 1.3. Obtenção da opinião dos usuários 10 1.4. Observação direta 11 1.5. Aplicação de padrões 12 Bibliografia 13 II. Estudo da comunidade 16 1. Introdução 16 2. Histórico de estudos da comunidade 17 3. Exemplos de estudos de comunidade 18 Conclusões do estudo 20 4. Coleta de dados em estudos da comunidade 20 4.1. Idade 20 4.2. Nível e ducacional 21 4.3. Renda 21 4.4. Ocupação e fontes geradoras de emprego 21 4.5. Informação étnica ou racial 21 4.6. Previsão de mobilidade da população 21 4.7. Tipo de área geográfica 21 4.8. Restrições do meio ambiente 21 5. Limi mittaçõ çõees e persp spec ecttivas dos est stuudos da comu munnidad adee 23 Bibliografia 25 III. Estudo de usuários 26 1. Introdução 26 2. Métodos e metodologia para estudos de usuários 27 2.1. Questionários 27 2.2. Entrevista 27 2.3. Diários 27 2.4. Obser vação direta 28 2.5. 2. 5. Co Cont ntro rola land ndoo a int nter eraç ação ão do us usuá uári rioo com comoo si sist stem emaa com compu puta tari riza zado do (1 (1:4 :4)) 2.6. Análise de tarefas (task analysis) e solução de problemas (problem solving) 28 2.7. Uso de dados quantitativos 28 2.8. 2. 8. Té Técn cnic icaa do inc ncid iden ente te cr crít ític icoo (C (Crrit itic ical al In Inci cide dent nt Te Tech chni niqu que) e) 28 3. Descobertas dos estudos de usuários 29 4. Limitações dos estudos de usuários 30 Bibliografia 31
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Introdução
Pretendemos com este trabalho apr esentar textos didáticos sobre tópicos de interesse atual na área de biblioteconomia, os quais não se encontram ainda na literatura nacional, pelo menos da maneira como aqui se apresentam, i.e., no formato de revisão e síntese da literatura. O primeiro texto, Estudo da comunidade, foi composto a partir do número do Library Trends de janeiro de 1976, o qual foi todo dedicado a este assunto; aproveitamos alguns dos artigos, 8 para sermos precisos, montamos o texto que nos pareceu o mais útil e didático, fizemos a tradução e adaptação devidas ao nosso meio bibliotecário. O segundo, Estudo de usuários, foi feito com base em revisão na literatura existente, conforme consta nas referências, assim como em notas de aulas e trabalhos anteriores de nossa própria autoria.
O terceiro texto, Avaliação de coleções, é uma tradução e adaptação do artigo de Bonn, publicado no número de janeiro de 1974 do Library Trends. Como afirmamos anteriormente, estes textos tem a fina/idade de transmitir um conhecimento elementar sobre os assuntos tratados, não tendo a intenção de serem definitivos nem profundos. Pretendemos apenas que sejam considerados leitura básica para ser desenvolvida em classe. Outrossim, desejamos ressaltar que os textos se constituíram mais em trabalho de tradução do que de composição; seguem as normas do texto original, inclusive, e principalmente, no que diz respeito às referencias do final do trabalho. Nice Menezes de Figueiredo
I. Avaliação de coleções em bibliotecas Toda biblioteca existe principalmente para servir as necessidades de sua própria comunidade de usuários. £ óbvio, então, que uma avaliação completa de uma biblioteca deve ser baseada no fato de quão bem ela serve àquelas necessidades. Uma avaliação completa de uma biblioteca ou de componentes similares em várias bibliotecas é, necessariamente, uma operação complexa e usualmente complicada. Requer um considerável tirocínio profissional e julgamento, e uma boa porção de tacto; geralmente, uma avaliação é dividida em avaliações separa das dos componentes individuais de uma biblioteca ou das bibliotecas sendo avaliadas. Mais freqüentemente, talvez, alguma parte da biblioteca pode ser avaliada por ela mesma e para casos específicos, e uma parte que parece ser mais comumente avaliada é a coleção de livros e periódicos, provavelmente na suposição de que a coleção é a melhor evidência tangível do que acontece numa biblioteca e do que uma biblioteca é, afinal de contas Por outro lado, a coleção serve de maneira mais rápida a uma observação física, verificação sistemática e manipulação estatística, se não mesmo a um julgamento rápido de sua qualidade. É geralmente aceito que quantidade e qualidade de uma coleção de biblioteca depende quase que inteiramente do programa programa de aquisição, incluindo a p olítica de aquisição, os procedimentos de aquisição e, mais importante, dos métodos de seleção. Assim, uma avaliação da coleção de biblioteca é, efetivamente, uma avaliação dos seus métodos de seleção, embora não possa sempre ser possível possível (ou mesmo de inte resse) aponta aponta a causa precisa (um mecanismo específico de aquisição ou seleção) e seu efeito (uma mudança definida ocorrida na qualidade da coleção), usando os métodos comumente empregados para avaliar uma coleção de biblioteca. É também correntemente aceito que qualquer avaliação da coleção da biblioteca deve levar em consideração as metas estabelecidas pela biblioteca, os seus objetivos, missão, ou o que quer que seja que defina a sua razão de ser, no contexto, quando cabível, das metas, objetivos ou missão da organização relacionada ou mesmo pertencente ao mesmo sistema ao qual a biblioteca pertença. Ainda mais especificamente, um teste padrão agora disponível pode ser utilizado para avaliar avaliar a capacidade da biblioteca biblioteca no fornecimento de um material requer ido de sua própria coleção, ou de outra qualquer, um desenvolvimento natural trazido pelo amplo crescimento de redes de bibliotecas, sistemas, centros de recursos bibliográficos e outros projetos cooperativos entre bibliotecas, assim como também, pela acei tação crescente do fato de que nenhuma biblioteca, quer seja rica, resoluta ou estabelecida há longo tempo, pode ter tudo que qualquer pessoa possa vir a querer. As bibliotecas técnicas, particularmente, têm sido estudadas extensiva e intensivamente em anos recentes, especialmente para o desenvolvimento de critérios para medir os níveis de eficiência em dadas situações. A literatura em e m avaliação, apenas da coleção e dos elementos da seleção anteriormente existentes no processo de aquisição, é bastante ampla e trata mais de bibliotecas acadêmicas, possivelmente por causa da prevalência e das pressões dos padrões de credenciamento para estas instituições, pela importância conferida ao status acadêmico destas instituições com relação à biblioteca que possuem.
1. Métodos de avaliação de coleções
Através dos anos, muitas técnicas variadas foram desenvolvidas para avaliar a coleção da biblioteca para um número diverso de propósitos. Estas técnicas foram aplicadas em configurações diversas, algumas vezes indepen dentemente mas, mais freqüentemente, em conjunto com uma ou mais técnicas. Os diferentes níveis de sucesso alcançado dependeram de quão bem o método escolhido poderia realmente alcançar o propósito intencional da avaliação. Por exemplo, a quantidade da col eção — o seu tamanho numérico — tem sido relativamente fácil de se determinar, presumindo -se que haja exatidão, objetividade e uso de unidade padrão de medida por parte do enumerador. A qualidade da coleção — sua excelência relativa ou o seu valor ou mérito numa situação particular — tem sido sempre mais difícil de ser julgado de maneira objetiva. A literatura numerosa e, em parte, repetitiva identifica cinco métodos razoável mente distintos para avaliar coleções de bibliotecas, mais um ou dois que não cabe m perfeitamente dentre os cinco: 1. Compilação de estatísticas da coleção, uso, gastos; 2. Verificação de listas, catálogos, bibliografias; 3. Obtenção de opiniões de usuários regulares; 4. Exame direto da coleção; 5. Aplicação d padrões usando vários dos métodos anteriores, e a. Testando a capacidade da biblioteca no fornecimento de um documento; b. Notando o uso relativo de várias bibliotecas por um grupo particular. Estas duas últimas técnicas tomam em consideração mais do q ue a coleção, mas em cada caso a adequação da coleção sendo estudada determina quais os próximos passos a serem tomados para satisfazer os usuários, se assim for necessário. 1.1. Compilação de estatísticas
As maiores vantagens deste método é que estatíst icas são facilmente disponíveis, facilmente inteligíveis, e fáceis de comparar; as maiores desvantagens são a falta de definições de padrão de unidade, possível falta de distinção entre título e volumes, dificuldade de contar material não impresso, e possibilidade de incorreções e inconsistência nos dados publicados. Talvez a objeção mais comum às estatísticas é que elas não se prestam ou não podem medir qualidade¹ ... Outra objeção é que estatísticas não são possivelmente relacionadas, de maneira significativa, à comunidade da biblioteca ou s suas metas e objetivos; mas tão pouco o são alguns dos outros métodos freqüentemente usados para avaliar coleções. Parte do problema, neste caso, é que nem a comunidade nem os objetivos da biblioteca podem ser descritos facilmente em termos que possam ser avaliados fácil e objetivamente. De qualquer forma, a compilação de estatísticas em bibliotecas tem sido uma atividade dos bibliotecários por muitos anos. 2 Estatísticas podem ser compiladas sobre o seguinte: 1.1.1. Tamanho bruto
É uma contagem direta do total dos volumes na biblioteca ou dos livros de referência, dos periódicos recebidos recentemente, ou do material não impresso; pode ser dividida em classes de assunto e podem ser relatadas por unidades. E geralmente aceito que tamanho significa “alguma coisa” e que há uma correlação positiva entre o tamanho de uma biblioteca e, por exemplo, a excelência da instituição acadêmica a qual a biblioteca pertence... É também sentido que há uma relação definitiva entre o tama nho de uma dada coleção e a sua capacidade de responder ás necessidades de sua clientela expressa em termos de probabilidade, 3 e que a probabilidade será maior ainda se a coleção tiver sido inteligentemente selecionada por profissionais bibliotecários comp etentes. 4 Desde que parece existir uma alta correlação positiva entre qualidade e quantidade, um autor disse que “qualidade se torna uma preocupação séria apenas na pequena biblioteca” 5 onde, conseqüentemente, bibliotecários profissionais competentes seria m mais necessários, mas onde, infelizmente, eles parecem mais faltar, com exceção, naturalmente, das bibliotecas especializadas. Outro autor sente que, desde que todos os recursos não têm utilidade e informação idênticas, a probabilidade de encontrar uma f onte útil é dependente da natureza do pedido e da natureza da coleção, mais do que do tamanho da coleção. 6 Um exemplo talvez possa ser a coleção usual de biblioteca especializada, a qual é pequena em tamanho, mas é exaustiva na cobertura de seus assuntos e specíficos e,
deliberadamente mantida atualizada através de rigorosos descartes. Uma coleção de 5000 livros em tal biblioteca pode ser mais útil que 10.000 livros no mesmo assunto em algum outro tipo de biblioteca. 7 Isto sugere que desenvolvimento, manuten ção e exploração da coleção por um profissional, tudo somado, é mais importante que tamanho. 1.1.2. Volumes entrados por ano
É uma contagem direta por classes ou por unidade. Este dado é considerado mais significativo que a média de crescimento, e é usad o em avaliação ao lado do tamanho bruto. 8 “O teste real é o número de volumes relevantes disponíveis a um leitor em cada tópico em cada biblioteca.” 9 1.1.3. Fórmulas
São baseadas em um núcleo aceitável, mais volumes por estudantes, para o corpo docente, por áreas de bacharelados e de pós -graduação (Clapp-Jordan); 10 baseada no total de volumes, volumes acrescentados anualmente, número de periódicos correntes (Carter), 11 baseada nos recursos, população, circulação, capacidade de pesquisa (Beasley) 5 1.1.4. Comparações
Dizem respeito a estudos feitos na mesma biblioteca em tempos diferentes ou entre bibliotecas comparáveis (em cidades ou instituições similares) ao mesmo tempo. Outros fatores sendo iguais, progresso ou melhoria numa biblioteca podem ser medid os pela mudança no tamanho da sua coleção total ou de certas partes dela, de um ano (ou de uma década) para outro. Tamanhos relativos de bibliotecas comparáveis indicam adequações relativas das suas coleções, outros fatores sendo iguais. Uma suposição em tais comparações é que as bibliotecas compram livros bons e maus em proporções comparáveis, uma suposição válida o bastante para muitos propósitos 12 particularmente se bibliotecários profissionais competentes fazem a seleção. 13 1.1.5. Equilíbrio de assuntos
Estes estudos fazem análise proporcional por classes, duplicatas, por autores, por datas e por relações com cursos oferecidos. Tais análises revelam os assuntos fortes (ou talvez os preconceitos dos selecionadores) e possíveis más correlações com as nec essidades locais, com coleções “padrões”, com porcentagens recomendadas 14 ou com departamentos de ensino ou requisitos de instituições educacionais. 15 1.1.6. Pedidos não atendidos
São mantidos registros para livros, periódicos e para informação específic a solicitada. Natural mente, pedidos atendidos podem ser contados em vez disto, e um “índice de desempenho” (média do material usado versus material pedido) 16 poderia ser calculado para cada tipo de material, para cada classe de assunto ou para cada ramal ou departamento de serviço público na biblioteca, ou mesmo por um serviço de disseminação seletiva de informação. 17 Mas pedidos não atendidos, devendo logicamente ser em menor número e assim menos trabalhosos para registrar, quando são descobertos, deveria m ser anotados e comparados a totais periódicos em intervalos regulares. Teria que ser pressuposto que a falta ou perda de livros teria que ser de material pertencente à biblioteca, em primeiro lugar, e que questões não respondidas aconteceram porque a fon te provável não estava disponível, e não porque o bibliotecário cometeu algum engano. 1.1.7. Empréstimos-entre-bibliotecas
São similares a pedidos não atendidos. Muitos bibliotecários especializados, particularmente de grandes bibliotecas técnicas, estabeleceram padrões internos de rendimento das suas coleções: o limite máximo de empréstimos de fora, através de empréstimos -entre-bibliotecas, e os limites mínimos de empréstimos que devem sair de suas coleções. Assim, um bibliotecário considera a sua biblio teca uma “fonte adequada de recursos, necessitando apenas de um aumento padrão”, “se a coleção pode fornecer 95% dos itens requeridos pela clientela”. Ou, uma expectativa de atendimento na base de 90 -95% parece ser
uma norma comum entre grandes bibliotecas especializadas; “mas se a biblioteca precisa pedir fora 15% ou mais dos seus empréstimos, então precisa aumentar a sua política de aquisição.” 18 Estudos feitos em 1970, nas Universidades de Illinois e Michigan, mostraram que cada biblioteca possuía, respectivamente, 92,5% e 90,5% dos trabalhos citados pelos seus próprios corpos docentes. 19 Evidentemente nenhuma biblioteca, mesmo com uma grande coleção, é uma ilha em si mesma, um fato reconhecido há muito tempo pelos bibliotecários, mas que somente há pouco tempo começaram a se preparar para a construção de centros, redes e sistemas. 20 1.1.8. Tamanho de excelência
É o tamanho necessário para satisfazer uma percentagem x dos pedidos da clientela da biblioteca. Quão grande tem que ser uma biblioteca para for necer, por exemplo, 95% dos itens requeridos pelos seus usuários ou para satisfazer algum outro objetivo semelhante de desempenho estabelecido pela biblioteca? Ou, ao contrário, quão completa é a cobertura de uma coleção de uma biblioteca?... Como um autor diz: “A extensão da cobertura da literatura relevante em um centro de informação especializado poderia ser medida com exatidão somente se se soubesse o que constitui uma cobertura total.” 21 Ele propõe uma maneira de se saber isto pela aplicação do método de estimativa baseado na distribuição Bradford/ Zipf, 22 como sugerido por Brookes. Dois outros autores usam a lei de dispersão de Bradford para estabelecer a coleção mínima de periódicos médicos numa “coleção dinâmica de biblioteca”, determinando o “núcleo dos periódicos” através dos dados da circulação, o “núcleo dos melhores usuários” (e suas preferências de periódicos) e combinando estes dados. O orçamento determinará o nível de desempenho (medido pelas zonas de Bradford) possível numa biblioteca. 23 Em um artigo posterior, Brookes recomenda que o valor de P (P é o desempenho da coleção da biblioteca no fornecimento de itens desejados) “seja determinado por um ponto de eliminação (cut-off) no qual se torna mais econômico emprestar do que comprar os periódi cos necessários.” 24 Numa base menos técnica, as datas da última circulação têm sido usadas para determinar o número ótimo de livros para um núcleo de coleção de livros mais passíveis de serem usados numa biblioteca, determinado o nível desejado de desempen ho... 25 1.1.9. Circulação
Pode ser calculada pelo total, por adultos, por crianças, pelo corpo docente, por estudantes, por classe de assunto, pela data de compra do livro, pela data do último uso, pelas transações por ano, ou por unidade. Estatísticas b rutas da circulação são úteis para comparações, por exemplo, com dados para anos diferentes ou para bibliotecas diferentes, e elas tendem a ser usadas para demonstrar às autoridades mais altas quão bem a biblioteca está servindo à sua clientela. Bibliotecas públicas, mais do que bibliotecas universitárias, são as que provavelmente separam as estatísticas por classes e por unidade mas ambas, geralmente, mantêm registro do uso por categorias de usuários. 26 Bibliotecas especializadas são particularmente intere ssadas no uso de materiais de aquisição recente: estes materiais devem ser usados pelo menos uma vez antes de completarem um ano na coleção. 27 Pequenas bibliotecas públicas também fazem estudos de aquisições recentes para verificação da política corrente d e seleção: 80% das últimas compras foram encontradas de acordo com um estudo como tendo circulado 5 -6 vezes dentro do período de três meses. 28 A última data de circulação também tem sido usada para estabelecer núcleos ótimos de coleções, como observado na seção anterior... Estatísticas de circulação proporcional por classes de assunto, compiladas num período definido, são excelentes para verificação das normas gerais da seleção e da média das aquisições, quando comparadas com estatísticas das coleções proporcionais por classe de assunto. A média do uso de coleções em classes de assuntos específicos, ambas expressadas como porcentagens dos totais respectivos, é o “fator de uso” para aquela classe de assunto e pode ser determinada tão especificamente ou em quantos detalhes forem desejados, desde que ambas, a circulação e as estatísticas da coleção sejam, primeiramente, tão específicas e detalhadas, de maneira idêntica. 29 Fatores de uso podem medir a intensidade de uso de toda ou parte da coleção principal, ou de coleções separadas, como: livros de referência, de reserva, livros -textos, ou qualquer outra categoria especial; podem ser usados em vários tipos de circulação, tais como: noturna, interna, entre bibliotecas, etc. O período do levantamento pode ser tão l ongo ou tão curto de acordo com o que as condições e o pessoal o permitam.. Muitos bibliotecários, naturalmente,
estão sempre conscientes do uso proporcional de suas coleções, quer ou não, através de cálculos formais. Bibliotecários de bibliotecas públicas , especialmente aqueles com pequenas coleções, têm uma real necessidade de estarem cientes do uso feito do que eles selecionaram para suas bibliotecas; como antes assinalado, eles não têm o tamanho em seu próprio favor e, assim, a qualidade, em termos de i nteresses e necessidades locais, é de importância primária. 1.1.10. Gastos
Podem ser encontrados, anualmente, para livros e periódicos e para salários e avaliados em relação ao número de matrículas, ou por unidade. Presumivelmente, o valor monetário tota l de uma coleção de biblioteca pode ser uma estatística a mais pela qual avaliá -la. Raramente, se alguma vez, contudo, este dado bruto foi usado ou proposto como uma medida adequada. Gastos correntes, de outro lado, são usados regularmente na avaliação de bibliotecas, juntamente com outras estatísticas e outros procedimentos de mensuração, e têm sido recomendados como medidas adequadas para avaliar coleções, 30 na suposição, talvez, de que a adequação da coleção depende, em grande parte, do seu suporte contí nuo, não só para materiais como também para o desenvolvimento profissional. Salários e gastos com livros figuram em recomendações que fazem parte de padrões de bibliotecas. 31 Deve ter ficado aparente agora, que nenhuma coleção de biblioteca deva ser avalia da somente pelos seus méritos próprios, pois que, sem suporte financeiro adequado e um corpo de pessoal profissional competente para desenvolvê -la, organizá-la e explorá-la de maneira adequada, uma coleção de biblioteca é apenas uma acumulação de diferente s tipos de artefatos, ocupando espaço e existindo apenas para ser contado. 1.2. Verificação de listas, catálogos, bibliografias
As maiores vantagens no uso de listas como método de avaliação de coleções são que muitas listas, completas e especializadas, são disponíveis em forma impressa; muitas listas são atualizadas regularmente; na maioria das vezes estas listas são compiladas por bibliotecários profissionais competentes ou por especialistas de assuntos; e listas preparadas para casos específicos podem ser complementadas para servirem bibliotecas individuais ou a tipos de bibliotecas, ou a interesses ou necessidades particulares de bibliotecas: na maioria das vezes estas listas são relativamente fáceis de usar, e a maioria é relativamente efetiva na prod ução de uma resposta. As maiores desvantagens são que listas publicadas podem ter sido usadas previamente como guias de aquisição pela própria biblioteca sendo avaliada; as listas são amostragens arbitrárias; listas publicadas logo se tornam desatualizadas , a menos que sistematicamente revisadas; listas publicadas não possuem nenhuma relação com a comunidade de uma dada biblioteca, ou com os seus interesses ou necessidades; e estas listas supõem que um núcleo de obras deva existir para cada grupo de bibliot ecas. Uma objeção comum às listas, como instrumentos de avaliação, é de que elas próprias não são, necessariamente, padrões de qualidade; na melhor das hipóteses, apresentam um conceito ilusório. Assim, verificando -se uma lista não se pode avaliar a qualid ade de uma coleção de maneira alguma melhor do que se pode fazê -lo com estatísticas; o resultado será uma estatística também: o número ou percentagem de obras listadas que fazem parte da coleção da biblioteca sendo avaliada. Outra crítica freqüente é que u ma lista não oferece nenhum crédito para os livros já existentes na coleção e que não constam da lista, mas que são tão bons para as necessidades locais, ou melhores ainda do que os livros na lista e que não existem na biblioteca. Nenhuma lista automaticamente gradua ou classifica a qualidade de uma biblioteca de acordo com um número padrão específico ou percentagem de títulos encontrados na biblioteca. Presumivelmente, quanto mais títulos contidos na coleção, melhor a biblioteca, mas quantos devem constar para merecem um “A” em qualidade e adequação? De qualquer maneira, a verificação de listas é muito comum na avaliação de coleções de bibliotecas, individualmente ou em grupos, e os resultados dizem alguma coisa realmente sobre a coleção da biblioteca em relação à lista usada. Apesar do tempo, custo e fatiga na verificação de listas, as melhores medidas de adequação são ainda “aquelas às quais nos acostumamos — a lista de seleção de livros e as bibliografias especializadas de assuntos, freqüentemente revisad as e mantidas atualizadas por peritos, de acordo com o uso.” 32 Listas especialmente compiladas, dirigidas a uma biblioteca ou bibliotecas em particular com propósitos bem definidos, são geralmente consideradas muito mais de confiança como
avaliadoras de qualidade, do que listas publicadas impressas disponíveis no mercado (mesmo aquelas com títulos assinalados), as quais podem ser utilizadas de maneira mais proveitosa como guias de seleção — para o quê a maioria delas é dirigida em primeiro lugar. A literatu ra no uso de verificação de listas para avaliação de coleções é muito extensa e vem desde 1930. 1.2.1. Catálogos-padrão e listas gerais básicas
São exemplificados pelas coleções básicas da ALA e pelos catálogos padrões da H. W. Wilson Company: Standard Catalog for Public Library; Fiction Catalog; Children’s Catalog; Junior High School Catalog; Senior High School Catalog; as publicações da Brodart: Elementary School Library Collection; Junior College Library Collection; Books for College Libraries; e a Cho ice’s Opening Day Collection. 1.2.2. Catálogos de bibliotecas importantes
São muitas vezes usados para avaliações; bibliotecas como Harvard, Princeton, Michigan, Engineering Societies, Library of Congress, são bibliotecas de renome nos seus campos e seus catálogos são razoavelmente atualizados; coleções da G. K. Hall, catálogos de bibliotecas especializadas importantes tem sido julgados úteis para verificação de coleções de assuntos ou áreas especializadas. 1.2.3. Bibliografias especializadas e listas b ásicas de assunto
Inclui listas publicadas por sociedades profissionais, técnicas e de cultura; guias da literatura; bibliografias definitivas de autores conhecidos; bibliografias completas e seletivas de assunto. . Estas bibliografias e listas especializa das, como catálogos de coleções especializadas, são úteis como listas de verificações de assuntos ou áreas e, freqüentemente, são usadas com listas padrões e gerais em levantamentos completos de grandes bibliotecas universitárias. 1.2.4. Listas correntes
Incluem livros mais vendidos, vencedores de prêmios, melhores livros do ano, livros de publicadores selecionados (imprensas universitárias, sociedades profissionais, agências do governo) e compilações anuais de assuntos. . - Os usuários geralmente são avisados de que tais listas devem ser usadas ainda mais judiciosamente do que as listas padrões já estabelecidas. Os melhores livros publicados podem não ser todos os melhores livros para uma biblioteca particular e os mais vendidos podem não ser mais do que de interesse passageiro, para não dizer nada de valor duradouro. Grandes bibliotecas podem ter ordens em aberto para livros de certos publicadores, e assim, a verificação das suas listas pode ser útil apenas para avaliar a atuação do vendedor mais do que a atualidade ou adequação da coleção. 1.2.5. Obras de referência
Inclui-se aqui aquelas listadas em guias padrões de referência, quer universais ou especializados em suas coberturas. As obras de referência são normalmente encontradas em listas de verificação para a avaliação da coleção de uma biblioteca em relação aos títulos existentes nos catálogos e em listas padrões e bibliografias de assuntos, ou elas podem ser verificadas separadamente, usando -se guias de referência padrão com outras listas especializadas, que o avaliador pode escolher... A coleção de referência é inspecionada de maneira escrupulosa em qualquer avaliação de biblioteca. 1.2.6. Periódicos
Estas listas incluem aquelas de títulos recebidos correntemente, títulos mantidos e encadernados, coleções retrospectivas, e aqueles listados em diretórios padrões ou outras compilações (por ex.: universal, ou por assunto, língua, país, região, tipo de biblioteca, tipo de usuário) ou cobertos por serviços de indexação e resumos padn5es ou especializad os. A coleção de periódicos, como a coleção de referencia, é sempre examinada cuidadosamente em qualquer avaliação de biblioteca, e mais completamente em bibliotecas técnicas. Perspectivas úteis sobre a coleção de periódicos de uma biblioteca podem ser obt idas de maneira rápida através de uma tabela composta dos números recebidos correntemente e da coleção retrospectiva, arranjados por assuntos (tão específicos quanto se queira) e por país (ou estado) de origem. Sabendo os assuntos de interesse dos usuários da biblioteca ou da instituição maior a que esta se subordina, e os países ou cidades do mundo onde os interesses por estes assuntos são fortes (em pesquisa, desenvolvimento, aplicação), o avaliador pode
rapidamente perceber pontos fracos e fortes na cole ção em ambas coberturas de assunto e país, em assuntos importantes para a biblioteca analisada.34 De maneira similar, uma tabela arranjada por assunto e por tipo de publicador (sociedade profissional, associação comercial, agência do governo, instituto de pesquisa, instituição acadêmica, entidades comerciais) pode ser útil para a verificação da adequação e propriedade do material recebido e mantido. 1.2.7. Listas autorizadas
São as preparadas por autoridades federais, estaduais, regionais ou locais ou por associações profissionais. Enquanto estas listas são basicamente, guias de recomendação para aquisição, uma lista particular pode ser usada para determinar a proporção dos títulos que foram realmente adquiridos por uma biblioteca. Tais listas parecem ser mais prevalentes na área escolar, mas são também mencionadas nos padrões educacionais para credenciamento de algumas associações profissionais. 1.2.8. Listas para casos específicos ( a d
hoc lists )
São feitas sob medida para atender as necessidades de um l evantamento particular e para combinar os objetivos, propósitos e interesses de uma biblioteca individual ou um grupo de bibliotecas; usualmente, elas são compiladas pelo avaliador, de fontes diversas. Este tipo de lista tem sido usado muito efetivamente e m levantamentos múltiplos de bibliotecas para avaliar as partes fortes de uma biblioteca em relação a outras. 35 Como observado anteriormente, listas ad hoc são consideradas de maior confiança para verificação do que catálogos padrões ou listas básicas pré-estabelecidas. Estas listas têm sido usadas muito efetivamente também em levantamentos de uma só biblioteca, especialmente quando relacionada diretamente a algum objetivo específico da biblioteca, tal como material de suporte para um trabalho de curso.36 1.2.9. Citações
Incluídas aqui notas de rodapé, referências, bibliografias em trabalhos significativos no campo ou campos de interesse da biblioteca. Uma variedade de tipos de publicações tem sido usada ou recomendada como fonte de citação: teses, 37 trabalhos definitivos, 38 bibliografias finais, 39 periódicos, periódicos mais usados numa biblioteca particular, 40 livros-texto, revisões do estado-da-arte e publicações de pesquisas do corpo docente, 41 para mencionar algumas. A avaliação é usualmente baseada no fato de a obra escolhida ter podido ser escrita, ou pelo menos uma parte substancial dela, baseada no material da biblioteca avaliada. Uma suposição é que a biblioteca sendo avaliada e aquela que o autor provavelmente usou são muito similares no propósito, tamanho e cobertura de assunto. Outra suposição é que o trabalho sendo verificado é do tipo que poderia e deveria ser escrito baseado na biblioteca em avaliação. Um problema é que os autores são seres humanos e, mais provavelmente, usam e citam o que quer que esteja mais à mão. Também, eles podem ou não estar motivados de maneira similar ou estimulados em ambientes diferentes, e, assim, o trabalho provavelmente não teria sido escrito em nenhum outro lugar — mas somente naquele em que o escreveu (que pode não ser a biblioteca avaliada). Ainda outro problema é que instituições similares podem muito bem enfatizar aspectos diferentes da mesma disciplina e, de qualquer maneira, o clima intelectual, cultural e social em uma instituição é, normalmente, marcadamen te diferente de qualquer outro. De uma maneira geral, a verificação de bibliografias, catálogos e listas pode ser útil na avaliação de uma coleção de biblioteca. Para resultados mais proveitosos, no entanto, as listas usadas devem ser cuidadosamente seleci onadas ou especialmente compiladas para combinar com as metas e os objetivos do levantamento e as metas e os objetivos da biblioteca ou das bibliotecas sendo avaliadas. E elas devem ser usadas com outras técnicas de avaliação, a fim de que se atinja a máxima corroboração possível dos resultados do levantamento. 1.3. Obtenção da opinião dos usuários
As maiores vantagens na utilização das opiniões do usuário para avaliação da coleção são que as partes fortes e fracas reais da coleção, como também os níveis e tipos de necessidades dos usuários, podem ser identificados; as questões podem ser relacionadas às metas e objetivos específicos da biblioteca; diretrizes das pesquisas e mudança de interesses podem ser determinadas; e usuários sérios (i.é., o corpo doce nte, pesquisadores, profissionais) são provavelmente peritos ou, pelo menos, conhecedores da literatura em seus campos.
As maiores desvantagens no uso da opinião dos usuários são que a maioria dos usuários são, provavelmente, passivos a respeito das coleçõ es da biblioteca e, assim, devem ser aproximados individualmente e entrevistados um de cada vez; partes da coleção podem não ser cobertas por causa do interesse restrito dos usuários naquela época ou por causa da falta de especialistas de assunto no campo; peritos podem não concordar; e o calibre de usuários atuais (e, assim, as suas demandas) pode ser muito alto ou muito baixo para o nível intencional ou esperado da coleção. Mas, de todas as maneiras pelas quais se avaliam a coleção da biblioteca, descobrir o que os usuários pensam dela vem a ser o mais aproximado de uma avaliação em termos dos objetivos ou missão da biblioteca. Opinião do usuário ou opinião do consumidor, porquanto os usuários da biblioteca são, com efeito, os consumidores do que a bibliot eca produz para o uso, é também parâmetro seguro e pode ser a mais potente realimentação disponível para o processo de seleção da biblioteca, particularmente em bibliotecas públicas ou em bibliotecas especializadas, onde as coleções são mais dirigidas ao contemporâneo, se não às necessidades e demandas imediatas. Vários autores discutiram os prós e os contras de entrevistar os usuários da biblioteca, em tratamentos mais prolongados da avaliação da coleção em geral. 42 Talvez o maior problema, no entanto, na obtenção da opinião do usuário, é que os usuários são também seres humanos e podem não ser sempre consistentes ou cooperativos. Ainda mais, muitos usuários não estão mesmo cientes do que a biblioteca deveria razoavelmente fazer por eles; assim, como podem eles julgar o que é adequado? Os usuários se tornam condicionados ao que eles consideram ser uma coleção boa ou má para as suas necessidades, por isso, ou eles retornam regularmente a ela, ou dela se afastam de maneira definitiva, e a biblioteca nunca sabe rá. A inadequação de uma coleção depende largamente do quanto o usuário estaria disposto a contar com a coleção (ou não contar). Se ele se acostuma com as faltas e lacunas e a não encontrar obras que aparecem em listas padrões ou que são citadas em bibliog rafias básicas; se ele se habitua a não ser atendido ou a ser simplesmente ignorado quando faz um pedido para adições à coleção; se as suas necessidades de literatura nunca foram desenvolvidas além do que ele poderia encontrar facilmente à mão, ou se ele n unca tinha visto nada melhor, então quase que qualquer coleção pode ser perfeitamente adequada. A adequação da coleção para apoiar as necessidades dos usuários depende das demandas feitas a ela pelo usuário e quão bem ele sente que as demandas são satisfei tas. Se suas demandas são moderadas, então uma coleção modesta pode ser perfeitamente adequada. Se suas demandas são extensas e altamente especializadas, então, mesmo uma coleção completa e forte poderá vir a não ser o suficientemente adequada para satisfa zê-lo. 43 1.3.1. Corpo docente e pesquisadores
São fontes de opinião quanto aos níveis de adequação de uma biblioteca para satisfazer as necessidades. uma prática comum, entrevistando o corpo docente e os pesquisadores, usar questionários, os mais curtos, melhores e, quando possível, entrevistar pessoalmente tantos quantos parecerem úteis para corroborar, esclarecer ou ampliar, resolver desacordos, verificar inclusive inconsistências, ou para alcançar usuários selecionados que não responderam aos questionários. Os questionários podem ser apenas listas curtas de “níveis”, os quais podem ser assinalados pelo usuário para medir a adequação da coleção para satisfazer suas necessidades, ou podem ser listas de questões abertas, as quais devem ser respondidas espe cificamente (por ex.: títulos desaparecidos, novos títulos, obras ultrapassadas) ou subjetivamente... Além de serem úteis ao avaliador, estas avaliações do corpo docente sobre a coleção da biblioteca universitária podem, às vezes, serem convincentes para a s autoridades financeiras da universidade, 44 bem como aos membros docentes ou pesquisadores em perspectiva. 1.3.2. Estudantes
São fontes de opinião a respeito dos níveis de adequação da coleção para atender às suas necessidades. As necessidades dos estud antes são também consideradas na avaliação de uma coleção de biblioteca, apesar de que os insucessos deles em obterem o que querem possam resultar, na maioria das vezes, da “escolha inadequada de tópicos de teses”... 46 1.3.3. O público em geral
É uma fonte de opiniões sobre a adequação da biblioteca para satisfazer as suas necessidades... Dois autores relatam que, com base na evidência da literatura, “a avaliação da coleção feita de maneira contínua não está sendo realizada correntemente nas bibliotecas
públicas”, parcialmente porque, talvez, as bibliotecas públicas, diversamente das de escolas ou universidades não tenham padrões para credenciamento ou comissões de credenciamento para as pressionarem”. 47 Outros autores sugerem que parte da razão por esta f alha dos bibliotecários de bibliotecas públicas é devida ao fato destes profissionais: a) servirem de maneira mínima a mais séria (e mais numerosa) fração de usuários em potencial da comunidade; b) não possuírem habilidade para o desenvolvimento de coleçõe s com profundidade; e c) não possuírem corpos docentes com quem interagir ou de quem obter conselho no desenvolvimento das coleções.” 47 Outro autor, apesar de admitir que os usuários de bibliotecas públicas não são muito verbais sobre suas opiniões acerca da coleção da biblioteca, “eles precisam ser indagadas.” 48 1.3.4. Bibliotecários
Podem ser inquiridos sobre a adequação de suas coleções. Os melhores avaliadores de coleção, dentro da própria biblioteca, de acordo com um autor recente, são os bibliotecár ios de referência. Eles podem dizer “o que é suficiente, o que é adequado” para esta biblioteca, e eles devem manter-se em contato com o que o público de uma biblioteca em particular deseja. 49 Bibliotecários de referência, naturalmente, deverão ser entrevi stados durante a avaliação de bibliotecas, e eles, mais freqüentemente do que se considera, são aqueles que verificam as listas, catálogo, e bibliografias debatidas anteriormente. 1.4. Observação direta
As maiores vantagens da observação direta resultam do fato de ser prática e imediatamente efetiva. As maiores desvantagens estão em requerer um perito em materiais ou assuntos, e em ser pouco científica. Ao avaliador que conhece a literatura, um exame das prateleiras de livros revelará rapidamente o tamanh o, escopo, profundidade e significado da coleção. Ele pode dizer de imediato se exemplares em duplicata ou edições ultrapassadas recheiam a coleção, e apenas ele pode dizer se as coleções de periódicos são substanciais e completas. Ele pode fazer uma estim ativa da proporção de várias partes da coleção e da atualidade do material. Mais tarde, uma verificação do fichário de circulação pode revisar qualquer julgamento preliminar. Para o avaliador que sabe alguma coisa de manutenção de estoque, um exame das prateleiras mostrará de imediato a condição da coleção, a proporção do que está deteriorado ou caindo aos pedaços, os periódicos que têm uso pesado ou pouco uso, as obras que devem ser descartadas ou reencardenadas e a atmosfera geral de toda a área de armaze nagem. Estantes vazias podem significar que todos os livros de uma classe estão fora e não há livros para mais ninguém, assim, a política de aquisição deve ser examinada. Estantes cheias de livros não usados podem significar que eles nunca foram retirados e assim, novamente, a política de aquisição deve ser examinada. “Tudo o mais depende inteiramente da experiência do avaliador e da correção da sua percepção.” 50 1.5. Aplicação de padrões
As maiores vantagens na aplicação de padrões são que eles podem ser relacionados às metas e objetivos da biblioteca e a sua instituição mantenedora; eles são, geralmente, de ampla aceitação, possuem autoridade e são convincentes para obtenção de ajuda ou suporte; e eles são especialmente efetivos quando promulgados por ag ências de credenciamento. As maiores desvantagens são que metas e objetivos, como declarados, não são passíveis avaliação objetiva; não são, muitas vezes, fáceis de interpretar; requerem um alto nível de conhecimento profissional e julgamento; peritos pode m discordar sobre os padrões, e qualquer decisão, afetando o credenciamento, é necessariamente um assunto sério. Nos Estados Unidos existem 32 associações e agências reconhecidas pelo Comissariado de Educação para o credenciamento especializado de escolas ou programas (dado de 1971). Todas estas agências publicaram padrões ou critérios para credenciamento de seus respectivos programas educacionais; mas as seções dedicadas nos padrões às normas de bibliotecas variam de uma mera menção sob “acomodações” a mui tos parágrafos sob um cabeçalho à parte. No Brasil, o reconhecimento de cursos ou faculdades é feito pelo Conselho Federal de Educação, órgão do MEC, cuja exigência, em relação à biblioteca, é que reúna 1.000 títulos e sejam assinados 30 periódicos em idio mas acessíveis, considerando -se assim o caráter quantitativo, não qualitativo; faz requisitos também quanto a espaço e mobiliário adequado,
devendo dispor de lugares na base de 20% do total de alunos matriculados (Carvalho, Guido Ivan de — Ensino Superior, legislação e jurisprudência. Revista dos Tribunais, 1975.) Os dois últimos métodos de avaliação de coleção a serem discutidos levam em consideração não tão somente a coleção de uma biblioteca, mas também em cada caso, se a adequação da coleção sendo estudada determina que passos mais adiante devem ser tomados (i.é., se outras bibliotecas serão visitadas) a fim de satisfazer as necessidades particulares dos usuários da biblioteca. Os dois métodos serão agrupados posto que são de alguma maneira semelhantes neste aspecto de “estender-se” (to reach out). 1.5.1 Medindo a adequação dos r ecursos totais (internos e externos)
As maiores vantagens na medida da adequação total é ser um sistema realístico; usar métodos quantitativos; reconhecer a interdependência das coleções de bibliotecas; encorajar a cooperação bibliotecária; demonstrar o valor de redes e sistemas de bibliotecas. As maiores desvantagens são: é dependente do conhecimento de quais recursos estão disponíveis, e onde; pode ser difícil se estabelecer uma amostragem adequada; é relativamente complicado, e assim sendo, é mais suscetível a erro humano. Todos os métodos de avaliação anteriores supuseram que o teste da coleção da biblioteca é independente e contido em si próprio. Entretanto, tem -se tornado mais e mais óbvio que nenhuma biblioteca é, pode ser, ou, na verdade, deve ser, completamente auto suficiente; assim, parece razoável que outros recursos, facilmente disponíveis para aumentar ou suplementar os recursos próprios de uma dada biblioteca, devem ser considerados na avaliação da adequação ou qualidade da coleção daquela biblioteca. O que está sendo medido aqui, então, é a totalidade dos recursos disponíveis para satisfazer as necessidades do usuário de uma biblioteca, de maneira eficiente e efetiva . Em alguns casos, isto pode incluir todas as bibliotecas da cidade, num sistema ou rede, ou em um país, mas a rapidez, eficiência ou efetividade (ou todos os três) podem sofrer o processo. A medição dos recursos totais para a adequação da coleção incluiria o seguinte. 1.5.2 Capacidade de fornecer um documento
A biblioteca sendo avaliada deveria ser capaz de satisfazer um pedido para um documento específico. A avaliação é assim, baseada na rapidez requerida para fornecer um dos documentos de um teste de amostragem de 300 documentos da própria coleção da biblioteca ou de outras bibliotecas. Rapidez esta expressa por uma “rapidez média” na escala de 1 a 5, onde 1 significa que todos os itens do teste estão nas estantes da biblioteca testada, e 5 significa que a biblioteca não possui nenhum dos itens do teste e que, havendo que emprestá los, levaria mais de uma semana. 51 1.5.3 Uso relativo de varias bibliotecas
Refere-se ao uso de outras bibliotecas como um sintoma da adequação da biblioteca primária (i.é., a que está sendo avaliada). Como assinalado acima, os usuários aprendem logo as partes fracas e fortes da coleção da biblioteca para as suas próprias necessidades, adaptam se a elas ou vão a alguma outra. Assim, um registro de poucos pedidos não atendidos pode significar que ou a biblioteca possui quase tudo que os usuários precisam ou que a biblioteca está sendo posta de lado, exceto para as necessidades que seus usuários sentem que ela pode atender. 52 Os recursos de uma dada biblioteca são ainda primários e básicos às necessidades dos usuários da biblioteca e, então, eles devem ser desenvolvidos de maneira adequada, o tanto quanto possível, para atender àquelas necessidades. Mas, arranjos cooperativos de vários tipos estão começando a tirar algumas das pre ssões da biblioteca local e, ao mesmo tempo, expandindo seus recursos e horizontes para benefício dos usuários locais. A totalidade dos recursos disponíveis através da biblioteca local, portanto, deve ser a “Coleção” que é avaliada de acordo com a capacidade dela satisfazer as necessidades dos seus usuários de maneira eficiente, efetiva e rápida — em uma palavra, adequadamente. Dentre os conceitos e idéias que apareceram e reapareceram nesta revisão da literatura sobre avaliação de coleções de bibliotecas, quatro parecem possuir implicações de mais longo alcance para o desenvolvimento e avaliação de todos os tipos de bibliotecas: 1. A ênfase nas metas e objetivos da biblioteca como fundamentos para a política de seleção ou aquisição, e como suporte dentro do qual a coleção da biblioteca deve ser avaliada;
2. A ênfase na qualidade e nas necessidades dos usuários mais do que na quantidade, e em listas padrões apenas como fatores decisivos no desenvolvimento da coleção e da sua avaliação; 3. A aceitação de que nenhuma biblioteca pode ser completamente auto -suficiente, e que a crescente cooperação bibliotecária pode vir a ser a única solução possível para prover coleções adequadas de bibliotecas para atingir às necessidades dos usuários, onde quer que eles estejam; 4. A necessidade básica de existir profissionais bibliotecários competentes em pontos estratégicos como seleção e serviços públicos, a fim de assegurar o desenvolvimento e o uso adequado da coleção da biblioteca. Metas e objetivos devem ser determinado s cuidadosamente, atualizados regularmente, descritos de maneira clara e declarados em termos que possam ser avaliados objetivamente. A qualidade, para uma coleção particular, depende das necessidades dos usuários, e ela pode mudar como as necessidades dos usuários mudam; assim, é essencial que os usuários sejam entrevistados periodicamente quanto às suas necessidades e às suas opiniões a respeito de quão bem as suas necessidades estão sendo atendidas. Cooperação bibliotecária de todos os tipos deve ser enc orajada, e novas áreas de cooperação devem ser exploradas, não somente entre bibliotecas similares como também entre bibliotecas de diferentes tipos e tamanhos. A maior preocupação da biblioteca é, além da coleção, a totalidade de recursos disponíveis de q ue ela faz uso. É esta totalidade que deve ser avaliada. Profissionais bibliotecários competentes fazem a diferença entre uma coleção geral e uma biblioteca dinâmica, bem utilizada, altamente considerada. Eles são a ligação entre as necessidades da comunidade e a coleção da biblioteca, de um lado e, entre a coleção da biblioteca e uma necessidade específica do usuário, de outro. Eles interpretam a comunidade para a biblioteca através da seleção, e interpretam a biblioteca aos membros da comunidade através dos serviços públicos. A avaliação adequada de uma coleção deve, portanto, levar em consideração a presença ou ausência de bibliotecários competentes nas importantes áreas de seleção e serviços públicos. Metas e objetivos, qualidade, cooperação bibliotecári a, as necessidades da comunidade e bibliotecários competentes, todos devem ser considerados na avaliação de uma coleção de biblioteca.
Bibliografia 1. Por exemplo: CARTER, Mary D., and BONK, WallaceJ. Building Library Collections . 3d. Metuchen, N. J.,Scarecrow Press, 1969, pp. 134-35; LYLE, Guy R. The Administration of the College Library. 3d. ed.New York, H. W. Wilson Co., 1961, p. 399. 2. KRIKELAS, James. “Library Statistics and the Measurement of Library Services”. ALA Bulletin, 60:494 98, May 1966; LYLE, Guy R. “An Exploration into the Origin and Evolution of the Library Survey”. In Mau rice F. Tauber and Iriene R. Stephens, eds. LibrarySurveys (Columbia University Studies in Library Service, n9 16). New York, Columbia University Press, 1967, pp. 3 -22; RADFORD, Neil A. “The Problems of Academic Library Statistics”. Library Quarterly , 38:231- 48, July 1968: THOMPSON, Lawrence S. “History of the Measurement of Library Service”. Library Quarterly , 21:94-106, April, 1951. 3. BURNS, Robert W. Evaluation of the Holding in Science Technology in the University of Public Library (University of Idaho Library Publication, n9 2). Moscow, University of Idaho Library, 1968, p. 4. 4. BEASLEY, Kenneth E. A Statistical Reporting System for Local Public Libraries (Monograph, n. 3). University Park, Pa., Institute of Public Administration, Pennsylvania State University, 1964, p. 8. 5. BEASLEY, Kenneth E. “A Theoretical Framework forPublic Library Measurement”. In Herbert Goldhor, ed.Research Methods in Librarianship: Measurement andEvaluation (Monograph, n° 8). Urbana, III, University of Illinois Graduate School of Library Science,1968, p. 5. 6. KRIKELAS,op.cit.,p.497. 7. JACKSON, Eugene B. “Measurement and Evaluation in Special Libraries” in GOLDHOR, ed. op. cit. pp.70-87. 8. PITERNICK, op. cit., p. 229 (vide 3).
9. CHANDLER, George. “Objectives, Standards and Performance Measures for Metropolitan City Library Systems”. InternationalLibraryReview , 2:457, Oct. 1970. 10. CLAPP, Verner, W., and JORDAN, Robert T. “Quantitativ e Criteria for Adequacy of Academic Library Collections”. College & Research Libraries , 26:371-80, Sept. 1965. 11. CARTER, Allan M. An Assessment of Quality in Graduate Education. Washington, D. C. American Council on Education, 1966. There was no mention of a libraryresources index in the revised edition of this publication: ROOSE, Kenneth D., and ANDERSEN, Charles J. A Rating of Graduate Programs . Washington, D. C., American Council on Education, 1970. 12. MERRITT, LeRoy C. Book Selection and Intellectual Freedom. New York, H. W. Wilson Co., 1970, p. 57. 13. BEASLEY, A Statistical R eporting System ... , op. cit. p. 8. 14. WI LLIAMS, Edwin E. “Surveying Library Collections”. In Tauber and Stephens, eds. op. cit. p. 30. 15. MCGRATH, William E. “Determining and Alocating Book Funds for Current Domestic Buying”. College & Research Libraries ; 28 :269-72, July 1967. 16. MAIZELL, R. E. “Standards for Measuring the Effectiveness of Technical Library Performance”. IRE Transactions on Engineering Management , 7:69-72, June 1960. 17. ALLEN, Albert H. “Systems to Manage the Industrial Library”. Journal of Systems Management , 23:24-27, June 1972. 18. RANDALL, G. E. “Special Library Standards, Statistic, and Performance Evaluation”. Special Libraries , 56:381, July-Aug. 1965. 19. Sineath, Timothy W. “ The Relationship between Size of Research Library Collections and the Support of Faculty Research Studies ” Unpublished Ph. D. Thesis prepared for the University of Illinois, 1970. 20. ORNE, Jerrold. “The Place of the Library in th e Evaluation of Graduate Work”. College & Research Libraries , 30:25-31, Jan. 1969; e WILLIAMS, Gordon R. “Academic Librarianship: The State of The Art”. Library Journal, 91:2417, May 15, 1966. 21. MARTYN, John. “Evaluation of Specialized Information Centre s”. The Information Scientist , 4:1 3031, Sept. 1970. 22. BROOKES, B. C. “The Derivation and Application of The Bradford -Zipf Distribution”. Journal of Documentation, 24 :257, Dec. 1968. 23. GOFFMAN, William, and MORRIS, Thomas G. “Bradford’s Law and Libra ry Acquisitions”.Nature, 226:922- 23, June 6, 1970. 24. BROOKES, B. C. “OptimumP% Library of Scientific Periodicals”. Nature, 232:461, Aug. 13, 1971. For comment, see: SANDISON, A. “Library Optimum”. Nature , 234: 368 Dec. 10,1971. 25. TRUESWELL, Richard W. “Determining the Optimal Number of Volumes for a Library’s Core Collection”. Libri, 16:49-60, 1966. 26. HIRSCH, Rudolph. “Evaluation of Book Collections”. In Wayne S. Yanawine, ed. Library Evaluation (Frontiers of Librarianship, n. 2). Syracuse, N. Y. Syr acuse University Press, 1959, pp. 15-16. 27. ALLEN, op. cit. p. 25. 28. STAPLES, Robert. (Comunicação pessoal). Feb. 8,1973. 29. BONN, George S. “Library Self-Surveys”. Library and Information Science , 9:115-21, 1971. 30. HIRSCH, op. cit. pp. 16-17. 31. WAPLES, Douglas. The Evaluation of Higher Institutions. Vol. IV. The Library, Chicago, University of Chicago Press, 1935, pp. 80-81. 32. CLAPP AND JORDAN, op. cit., p. 380. Vide também CARTER and BONK, op. cit., pp. 119 -32. 33. In General Background Reading, vide Bone, Carter and Bonk, Cassata and Dewey, Hirsch, Lyle, McDiarmid, Merritt, Tauber, and Williams, passim. 34. BONN, op. cit., p. 120. 35. WILLIAMS, op. cit., p. 31 36. WHITE, Carl M. A Survey of the University of Delhi Library . Delhi, India, Pianning Unit, University of Delhi, 1965, p. 41. 37. EMERSON, op. cit. 38. COALE, op. cit. 39. BURNS, op. cit. p. 3. 43. MAIZELL, op. cit. 41. SINEATH, op. cit., e MCINNIS, R. Marvin. “Research Collection: An Approach to the Assessment of Quality”. IPLO Quarterly , 13:13-22, July 1971. 42. ARMSTRONG, Charles M. “Measurement and Evaluation of the Public Library”. In Goldhor, ed., op. cit., pp. 15-24; MERRITT, op. cit., pp. 58-59; TAUBER, Maurice F. “Survey Method in Approaching LibraryProblems, “ Library Trends ”, 1323-24, July 1964 eWILLIAMS op. cit. pp. 33 -34. 43. BONN, George S. Science-Technology Literature Resources in Canada Ottawa , National Research Council, Associate Committee on Scientific information,1966, p. 24. 44. ROGERS and WEBER, op. cit., p. 115. 45. WILLIAMS, op. cit., p. 34. 46. BONE, Larry Earl, and RAINES, Thomas A. “TheNature of the Urban Main Library: its Relation to Selection and Collection Building”. Library Trends , 20:631,April 1972.
47. ibid., pp. 628-30. 48. MERRITT, op. cit., p. 58. 49. HORN, Roger, “Thin Big: The Evolution of Bureaucracy”. College& Research Libraries , 33:17, Jan 1972. 50. WILLIAMS, op. cit., p. 34. Veja também: CARTER and BONK, op. cit., p. 137; LYLE, The Administration of the College Library, op. cit. pp. 399400;and MERRITT, op. cit., pp. 59, 62-63. 51. ORR, Richard H. et al. “Development of MethodologicTools for Planning and Managing Library Services: In.Measuring a Library’s Capability for Providing Documents”. Bulletin of the Medical Library Association ,56:251,July 1968. 52. ORR, Richard H. “Development of MethodologicTools for Planning and Managing Library Services:IV. Bibliography of Studies Selected for Methods andData Lustful to Biomedical Libraries. Bulletin of the Medical Library Association — 58 :350-77, July 1970.
II. Estudo da comunidade 1. Introdução
Estudo da comunidade é uma investigação de primeira mão, uma análise e coordenação dos aspectos econômicos, sociais e de outros aspectos interrelacionados, de um grupo selecionado (1:430). Análise da comunidade pode ser, portanto, definida como sendo uma divisão da comunidade pelos seus componentes, mas tal análise é de pequeno valor, a não ser que as características peculiares da comunidade e de cada um dos seus elementos incluindo as características das necessidades e do comportamento individual sejam identificadas e sua significação estabelecida para a biblioteca. O estudo da comunidade envolve, portanto, o estudo de dois elementos: as características da comunidade e os significados destas características (2:441). Os padrões mínimos estabelecidos para as bibliotecas públicas em 1976 dão ênfase à necessidade do estudo da comunidade. Identificam três maneiras pelas quais a biblioteca pode se tornar parte integral da população à qual ela serve: a) Estudo contínuo ou pe riódico da comunidade; b) Participação dos bibliotecários na vida da comunidade; c) Correlação dos programas da biblioteca com aqueles de outras organizações na comunidade (3:501). As metas e as diretrizes da Associação de Bibliotecas Públicas (PLA) também enfatizam que a análise da comunidade é necessária, de todas as maneiras possíveis, a fim de que a biblioteca possa prover um serviço efetivo a sua clientela (1:429). O estudo da comunidade é básico para a administração da biblioteca pois, como qualquer organização, a biblioteca existe para realizar funções específicas as quais foram suficientemente valiosas, na época do seu início de funcionamento, para justificar a sua criação, e que supostamente, continuam motivar a sobrevivência e o crescimento da bibl ioteca. Entretanto, as funções que justificaram uma instituição no seu começo, podem se tornar menos importantes ou necessárias, com o passar do tempo, devido às condições do meio ambiente. Os tipos de serviços oferecidos, as estruturas organizacionais com as correspondentes operações e procedimentos requeridos para a manutenção daqueles serviços, os níveis e o número de profissionais bem como de outros tipos de pessoal, os recursos necessários, são fatores que foram considerados quando do planejamento inic ial da biblioteca e devem ser revistos de acordo com os resultados dos estudos da comunidade, para que a biblioteca possa cumprir a sua missão perante a comunidade que serve. A biblioteca pública, nos Estados Unidos, durante a primeira parte do século XIX, foi uma instituição criada para servir os mais educados e motivados para a cultura dentro da comunidade. Porém, no fim do século XIX e começo do século XX, tornou -se ela um veículo para a equalização das oportunidades educacionais e para auxiliar na assim ilação dos imigrantes que, em grandes massas e vindos de diferentes partes do mundo — Europa principalmente —, transferiram-se para viver nos Estados Unidos, atraídos pelas oportunidades econômicas e pelo clima de liberdade proporcionado pelo regime democr ático do país. Neste século, a biblioteca pública tornou -se então, não só numa fonte de recursos culturais e educacionais para classes mais privilegiadas, como também, numa instituição de caráter mais aberta, pública, de serviço à comunidade em geral. A questão, portanto, é saber -se o que é a comunidade, e qual é o público a quem a biblioteca pública moderna deve servir. uma questão que perdura na literatura por 25 anos. Inúmeros estudos têm tentado examinar a relação entre a missão ou os objetivos aceitos pela
biblioteca pública, como preceitua a convenção biblioteconômica, e as realidades do meio ambiente da biblioteca. Os instrumentos das ciências sociais têm sido utilizados para resolver os problemas e os desafios feitos aos serviços bibliotecários pelos pobres, desempregados, adultos, jovens, crianças, velhos, semi-alfabetizados, etc. As mudanças sociais, como alterações e diretrizes demográficas ocorridas nas cidades e nas áreas metropolitanas, o aumento dos níveis de conhecimento e especialização da po pulação, ocasionando transformações na distribuição de renda e na capacidade de aumento de salários, são fatores que devem ser de interesse da Biblioteca. O primeiro problema é a identificação do que está mudando, ou mais acertadamente, desde que tudo se acha em algum tipo de mudança, qual o aspecto particular da comunidade que está em mudança, quão rapidamente e quanto, e quais os instrumentos da sociedade que deve se preocupar em descrever a mudança. Desta maneira, a biblioteca pública deve constantemente examinar e re-examinar a missão e os objetivos de sua instituição; os processos de mercadologia (marketing) e a metodologia para levantamento de situações são métodos já testados e que poderiam ser mais utilizados para melhor se entender o meio ambiente da biblioteca. Como toda organização pública, a biblioteca pública deve ser sensível e reagir ao meio ambiente a que serve, o qual, de sua parte, provê os recursos necessários para a continuada sobrevivência e crescimento da biblioteca (4:586 -88). Na verdade, o conhecimento da comunidade local e as mudanças da sociedade nela refletidas podem afetar as metas e os objetivos de maneira tão profunda que podem levar às adaptações e ajustes que podem vir a criar, para uma entidade já existente, um papel novo ou papéis diferentes daqueles que lhe couberam originalmente. Sob um ponto de vista prático, as políticas de seleção e aquisição não podem ser formuladas de maneira útil a auxiliar os selecionadores dos materiais para a biblioteca, nem programas e serviços de i nteresse podem ser planejados sem este conhecimento. Para que a biblioteca se constitua numa força viva, dinâmica e em mudança em qualquer tipo de comunidade onde exerça a sua ação, é necessário que o estudo e a análise da comunidade sejam uma atividade co ntínua da administração da biblioteca (1:430). Estudos de usuários de bibliotecas públicas, ou estudos de comunidade como são mais conhecidos estes estudos, constituem -se em investigações à parte na área de pesquisa em biblioteconomia. Isto porque os pesqu isadores são, geralmente, cientistas sociais, e os objetivos da investigação se referem às necessidades de informação, não de documentos em particular. Por outro lado, o ambiente social é levado em consideração, e a ênfase da pesquisa é para o estudo dos problemas de trabalho, sociais e ocupação dos usuários. É sabido que as fontes de informação mais usuais do cidadão comum de uma comunidade são a família e os amigos. A comunicação de massa (jornais, rádio, TV) não fornecem ao cidadão a informação de que el e necessita para resolver os seus problemas e, por outro lado, o cidadão tem pouco conhecimento do potencial das fontes de informação disponíveis, entre elas, a biblioteca pública. Estas fontes de informação são utilizadas em casos de emergência, pode-se dizer, não para fins preventivos. Por último, sabe-se que pela lei do mínimo esforço, o cidadão não fará uso da fonte de informação maisadequada se ela estiver localizada geograficamente distante ou a sua utilização seja trabalhosa ou exija esforço maior do que o pretendido dispender para a obtenção da informação (5:37/38). O completo entendimento da comunidade nas quais as nossas bibliotecas operam, sejam elas urbanas, suburbanas ou rurais, envolve fatores demográficos e um entendimento dos indicadores sociais e físicos, bem como da complexidade da estrutura da comunidade. Assim, análise da comunidade não é apenas um simples processo de determinar o número de pessoas, as suas características gerais, níveis de educação, e de economia e composição racial. Esta informação é certamente básica mas uma análise efetiva da comunidade envolve mais do que isto, como já foi assinalado. Serviços públicos, como as bibliotecas, precisam justificar o seu suporte financeiro na base da sua habilidade em satisfazer as necessid ades da comunidade; os orçamentos não seriam assim alocados com base no do ano anterior, mas sim com base nas prioridades dos serviços a serem realizados. Assim, a análise da comunidade esta sendo reconhecida como uma atividade essencial na administração g overnamental e tem contribuído com melhores respostas às necessidades reais dos indivíduos. Às bibliotecas, assim como a outras instituições, tem sido dito repetidamente que elas precisam satisfazer as necessidades dos seus usuários. Na verdade, a sobreviv ência destas instituições dependerá da capacidade
que venham a ter para atender estas necessidades. Se elas não as satisfizerem de maneira adequada, outras entidades com mais interesse nisto serão criadas para realizarem esta tarefa (6:433 35). 2. Histórico de estudos da comunidade
O primeiro estudo publicado sobre comunidade de biblioteca surgiu em 1908 e o segundo em 1919, mas não foram estudos científicos de caráter rigoroso, foram mais estudos de observação. Os estudos pioneiros, clássicos, de caráter científico, foram publicados em 1929, por Gray e Monroe 7 e em 1931 por Waples e Taylor 8. O ímpeto maior que surgiu para a realização de estudos da comunidade como um dos instrumentos de administração de bibliotecas veio da Escola de Chicago, durante os an os 30, por um grupo de professores que se engajaram nesta tarefa eles próprios, desenvolveram técnicas e forneceram exemplos para serem seguidos, enquanto preparavam estudantes para realizar os levantamento e para ensinar em outras escolas. Isto fez com qu e a análise de comunidade se tornasse mais uma tarefa acadêmica e que fosse mais executada por peritos do que por bibliotecários para resolverem os seus problemas diários (2:444/448). Quatro importantes estudos vieram da Escola de Chicago, no começo da 2ª Grande Guerra. O primeiro foi o Wight, que assinalou os passos a serem seguidos num levantamento: 1. Definição dos propósitos e limites do estudo; 2. Preparação de um esboço da organização do relatório final; 3. Determinação dos tipos de dados e dos método s de coleta; 4. Preparação das tabelas, formulários, e impressos para coleta e tabulação dos dados; 5. Coleta dos dados; 6. Tabulação e análise, 7. Preparação do relatório; e 8. Revisão, crítica e preparação final do relatório. McMillen também relaciona os passos para a realização de levantamentos, mas faz distinção entre levantamentos de comunidade e estudos mais apropriadamente chamados de administrativos. McMillen aconselha sobre preconceitos involuntários, bem como sobre questões que são impossíveis de serem respondidas através de um levantamento (10:450). Mc Diarmid discute o estudo dos não usuários em torno da questão: Quais grupos não estão usando a biblioteca e por quê? Sugere a resposta a esta questão através de pesquisa e sob 3 aspectos: 1. Quais são os não usuários da biblioteca; 2. Quais são os seus interesses e necessidades; e 3. Quais são as suas atitudes em relação à biblioteca? Martin, em artigo clássico, chama a atenção para o problema da nossa falta de conhecimento da relação existente, entre as características sociais e a leitura dos indivíduos. Informação sobre o nível econômico ou as ocupações numa comunidade é útil para a seleção de livros, mas isto não é definitivo. Esta questão da falta de entendimento da relação entre as características sociais e o hábito da leitura apontada por Martin em 1944, é ainda atualíssima e limita a aplicabilidade dos estudos da comunidade. Estudos mais recentes são os publicados pela ALA em 1960: Studying the Community ,13 um tipo de manual para o estudo da s necessidades, para a educação de adultos, mas útil a todos os tipos de comunidade, pois contém amostras de questionários e de relatórios de levantamentos que são muito práticos. A obra editada por Tauber e Stevens em 1967, Library Surveys 14 é mais do tipo que McMillen chamou de “Estudos administrativos”, mas inclui um trabalho que discute a análise de comunidade. A obra de Berelson, The Library’s public ,15 é um marco nesta área e deve ser o ponto de partida para qualquer estudo de comunidade; é uma síntes e dos estudos sobre a leitura e o uso da biblioteca pública. Este estudo é particularmente notável pelas conclusões de que a biblioteca pública é usada por somente 10% dos adultos, que estes usuários são essencialmente de classe média, e que o fator mais s ignificativo no uso da biblioteca pelos adultos é a educação. Estas descobertas de Berelson foram confirmadas num estudo mais recente de Bundy, 16 em 1966.
Outros estudos importantes foram publicados após o de Berelson: Norwell, em 1950 publicou The reading interest of Young people, 17 onde estudou os interesses de leitura de estudantes secundários em New York, segundo idade, sexo, inteligência. Bundy, 18 em 1960, na tese de doutoramento, fez um estudo da população rural, assim como também Taves 19 fez estudos da população rural; Peil 20 fez um estudo de mães de baixa renda, em Chicago, comparando os hábitos de leitura e uso de biblioteca por mulheres brancas e pretas; Martin, 21 em 1967 estudou o serviço da Enoch Pratt Free Library de Baltimore, aos desprivilegia dos; Lyman, 22 em 1973 dirigiu um estudo de 5 anos sobre as características e o comportamento de leitura de adultos neo-alfabetizados, bem como os programas e materiais de leitura dirigidos para estes adultos; Lipsman, 23 em 1972 realizou outro estudo de imp ortância sobre os desprivilegiados na área urbana (2:450 -453). Estudos da comunidade devem ser precedidos do exame de relatórios anteriores, porquanto são estudo dispendiosos em tempo, trabalho e dinheiro. O exame de estudos anteriores é também importante para evitar duplicações e erros já cometidos, bem como para indicar a utilização de modelos testados com sucesso. 3. Exemplos de estudos de comunidade
O estudo de bibliotecas públicas em 5 comunidades da Pensilvânia pode ser considerado como típico no formato de projeto e nos tipos de informação que desenvolveu sobre os serviços bibliotecários naquelas comunidades. Este estudo colocou essencialmente as mesmas sugestões postas no estudo de Berelson e outros subseqüentes, e confirmou que as descobertas de Berelson, mais de 25 anos depois, ainda são válidas. O estudo testou cinco tópicos de interesse permanente aos administradores de biblioteca, conselhos diretores de bibliotecas e estudantes de serviços bibliotecários: 1. Identificação dos usuários dos servi ços da biblioteca, freqüência com que usa a biblioteca e para quais finalidades; 2. Atitudes dos usuários e dos não usuários para com a biblioteca pública; 3. Nível e tipo de assistência financeira recebida pela biblioteca, atitudes de pessoas interessadas na comunidade acerca destes arranjos financeiros; 4. Como a biblioteca satisfaz as necessidades dos usuários e a comunidade que ela serve; 5. Onde a biblioteca se enquadra na estrutura geral de serviços governamentais dentro da comunidade. Para obtenção de respostas a estas questões a maioria das técnicas de pesquisa foram empregadas: 1. Amostragens estatísticas significativas dos leitores inscritos na biblioteca. Foram feitas e enviados questionários para inquiri -los nos pontos desejados; 2. Questionários de acompanhamento. Foram enviados àqueles que no responderam ao primeiro enviado; 3. Entrevistadores profissionalmente treinados foram enviados a uma das comunidades para aplicar a uma amostragem casual de residentes, outro grupo de questões, num esforç o para testar com maior profundidade as características dos usuários e no usuários; 4. Diretores do estudo conduziram entrevistas abertas com bibliotecários, membros do conselho da biblioteca, líderes políticos e do governo, líderes cívicos e editores de j ornais; 5. As estruturas administrativas bem como os procedimentos de cada biblioteca foram examinados, como também os orçamentos e fontes de financiamento. As descobertas n5o foram surpreendentes: 1. O tamanho e a composiç5o do público ativo da biblioteca , aqueles que regularmente consomem os seus serviços, no mudaram desde 1949 (época do relatório Berelson); 2. Aqueles usando a biblioteca estavam geralmente satisfeitos com os serviços e demonstraram confiança profunda no papel da biblioteca pública; 3. Pareceu no haver qualquer fonte articulada de oposição aos serviços da biblioteca. Mesmo aqueles que não usavam a biblioteca a olhavam com respeito e orgulho; 4. Poucos foram os que perceberam a biblioteca como parte do sistema local de serviço público, mas, por outro lado, não pareceu haver qualquer barreira de atitude ou institucional para um apoio público maior para a biblioteca.
Os diretores da pesquisa concluíram que a força para mudança deve vir do bibliotecário profissional, porque o consumidor dos s erviços bibliotecários não parece ser o agente motivador para serviços novos ou não tentados; também observou -se que nenhuma das cinco bibliotecas do sistema havia realmente explorado a capacidade inteira das oportunidades de expansão dos serviços bibliotecários (4:590-92). Outro exemplo de estudo de comunidade se refere à análise iniciada na Biblioteca Pública de Detroit em 1970 e continuando até o presente (Janeiro 76) com o uso de métodos formais e informais. O mais importante ponto de partida de qualque r análise da comunidade de uma biblioteca é o estabelecimento das metas e dos objetivos da biblioteca — esta foi a abordagem deste estudo. Portanto, o propósito da análise da comunidade deve ser não somente o de facilitar o alcance daquelas metas e objetiv os, mas também o de fornecer informação atualizada para pôr à prova as metas e objetivos já traçados, colocando -os de encontro às demandas correntes recebidas pela biblioteca e feitas pelos usuários atuais. Sem metas e objetivos é difícil saber -se o que examinar ou reconhecer o que é significante. Não é possível desenvolver metas efetivas de serviço sem uma análise ampla e atualizada das pessoas a serem servidas. As metas e objetivos das bibliotecas são relacionadas de perto à análise da comunidade e devem ser parte do processo contínuo no qual um afeta constantemente o outro. A meta da Detroit Public Library era a revitalização das bibliotecas ramais, depois de 10 anos de declínio na circulação, e o veículo escolhido para esta revitalização foi a iniciação de serviços de informação e referência. A fase formal deste estudo começou com um método de determinar o papel futuro da biblioteca: um estudo de usuários mostrou que a maior porcentagem de usuários da biblioteca principal consistia de estudantes da univer sidade e de escolas da comunidade, além do comércio local que havia mudado para os limites da cidade, e residentes de fora da cidade. Outro estudo demonstrou que a biblioteca deveria prestar serviços aos não residentes na cidade de Detroit. Ainda um tercei ro estudo concluiu que a biblioteca deveria ser designada como fonte de recursos para o estado e financiada pelo estado; ambas conclusões foram devidas a problemas político -institucionais na área servida pela biblioteca. Estes documentos, mais os relatório s estatísticos mostrando o declínio das bibliotecas ramais levou a conclusões óbvias. Os largos recursos da biblioteca principal não estavam sendo usados pelos residentes e os maiores usuários da biblioteca e dos antigos ramais até então bem utilizados, haviam abandonado a cidade. O objetivo maior da biblioteca foi sentido ser então o de servir a população de Detroit e fez -se necessário conhecer, portanto, a composição desta população, seus desejos e necessidades, e saber da possibilidade dos recursos da bi blioteca para atender a estas necessidades. Grupos de trabalho foram formados dentre os funcionários de vários níveis da biblioteca para estabelecer-se as metas e os objetivos. Informação demográfica foi fornecida pela Comissão do Plano da Cidade referente ao raio geográfico de serviço de cada ramal, e para cada ramal deram enviadas as informações estatísticas específicas do censo, referentes à área a ser servida por ela. Começou-se então um estudo das características étnicas de cada zona, detalhando a percentagem de crianças e faixas etárias, os níveis de educação, etc. Outro grupo de trabalho foi ouvir o que tinha a dizer o presidente do Conselho da cidade, os diretores das agências de saúde, e da previdência e, pouco a pouco foi ficando mais clara a informação sobre a população. Ficou claro também nestes contatos com agências da cidade, que não havia serviço de informação descentralizada nem serviço referencial na cidade. Um dos acordos logo alcançado pela administração e pelo pessoal foi em relação a tare fa primeira: a biblioteca deveria fornecer informação de todas as formas; o veículo teorético da revitalização das bibliotecas ramais foi assim encontrado. Verificou-se também que nem todos os métodos e programas poderiam ser usados em todas as comunidades e que as necessidades de informação não eram as mesmas em todo o lugar. Foi sentida a necessidade de expandir as informações demográficas e históricas, para o fornecimento de dados mais específicos, humanos e dinâmicos sobre as pessoas representadas nos censos, pois sem isto, só se poderia conjecturar sobre as necessidades, problemas das pessoas, dadas as idades e as rendas, ou a formação étnica e educacional. Um processo informal começou então para se descobrir de que maneiras as ramais poderiam servir como centros de informação aos leitores e não leitores, usuários e não usuários. A informação formal recolhida foi essencial mas a questão “Quem está lá?” permanecia somente parcialmente respondida.
O projeto para o serviço de informação e referência cujo co nceito estava sendo desenvolvido acentuava a provisão de informação local pela biblioteca ramal nas comunidades. Se a biblioteca ramal tivesse acesso à informação local a qual poderia ser usada para resolver mais problemas humanos àquele nível, presumia -se então que a biblioteca ramal poderia alargar o seu serviço de informação àqueles residentes que não estavam correntemente fazendo uso da biblioteca nos moldes tradicionais. Assim, enquanto a administração da biblioteca estava fazendo contatos formais com agências do governo, descrevendo o novo serviço e obtendo suporte nos níveis administrativos, providências eram tomadas para organizar a abordagem informal à análise da comunidade ao nível das bibliotecas ramais. Para isto, outros grupos de trabalho foram organizados, agora com os chefes das ramais, para a implementação dos serviços de informação e referência. Uma campanha denominada “passeio pela comunidade” foi efetuada, comunicando -se não só os novos serviços e descrevendo-os, como também os outros servi ços do sistema. Ao mesmo tempo, procurou -se conhecer o elemento humano existente na comunidade, os desejos, as necessidades, os serviços existentes, e como os recursos da biblioteca, ligados aos já existentes nas agências governamentais, poderiam transform ar as ramais num centro de informação local. Não entrando em maiores detalhes, o conceito do novo serviço de informação e referência era de descobrir os recursos locais (serviços e pessoas) através do envolvimento das bibliotecas ramais nas comunidades e esta informação seria registrada em fichas distribuídas pelo sistema. Cartazes e folhetos foram preparados para cada biblioteca; novas linhas telefônicas, mapas ampliados das áreas de responsabilidades de cada ramal foram providenciados para as mesmas. Passeios na comunidade foram realizados pelo pessoal da biblioteca, entrevistando agências de serviços públicos, de negócios, incluindo igrejas, bares, postos de gasolina, grupos do bairro, envolvendo visitas de passagem, entrevistas marcadas, apresentações so bre os serviços da biblioteca. Com o tempo foi possível estabelecer -se uma correlação entre a quantidade de passeios na comunidade e o número de questões recebidas nas ramais. Cada ramal cobriria a sua área em seis meses e depois recomeçaria de novo; ningu ém ia à comunidade sozinho ou com alguém que já não houvesse feito o passeio antes; dois passeios eram programados por semana, obedecendo-se regras simples: não ir a casas particulares, não passear em horas de pico nos lugares visitados, passear durante as horas mais leves na biblioteca. Da parte dos bibliotecários envolvidos notou -se algumas objeções quanto ao fato de temerem a vizinhança desconhecida, o desconforto de sair para fora da biblioteca; o fato de sentir-se fora do seu metier, o desagrado de sen tir-se como vendendo os serviços da biblioteca, e a resistência geral à mudança dos serviços básicos executados rotineiramente pelo bibliotecário. Conclusões do estudo
1. Métodos formal e informal são essenciais para análise da comunidade para desenvolver uma imagem de “quem está lá”, e a compreensão do que desejam ou precisam; 2. Não há substituto para o método direto, dinâmico de obtenção de informação; 3. Abordagens diferentes devem ser utilizadas para a análise da comunidade; 4. Metas e objetivos para a biblioteca e a análise da comunidade devem ser processos interrelacionados, com metas e objetivos fornecendo o foco para análise, e com a análise aperfeiçoando e atualizando as metas e objetivos (24:515 -525). Os tipos de informação geralmente requerid os pelas comunidades e que podem ser atendidos neste tipo de serviço de informação e referência por parte das bibliotecas, dizem respeito a: problemas de consumidor, educação e escolarização, vizinhança, moradias, empregos, transportes, saúde, crime e segu rança, assuntos ou assistência financeira, recreação e cultura, discriminação e relação de raças, cuidado de crianças e família, cuidado com a casa, assistência pública e previdência social, planejamento familiar, problemas legais, assuntos públicos, políticos, etc. (5:40). 4. Coleta de dados em estudos da comunidade
A fim de que uma biblioteca seja uma fonte de informação na comunidade e seja capaz de planejar para atender as suas próprias necessidades, ela deve responder às diversas
necessidades da comunidade. Muitas vezes a única maneira de realizar isto, é através do uso da informação no censo federal o qual possibilitará a criação de um perfil detalhado da comunidade. Este perfil é importante porque usualmente existem diferenças significantes na composição da população entre as comunidades. O censo federal é, portanto, uma fonte de dados básica para o planejamento detalhado da biblioteca; além desta fonte, censos mais detalhados de regiões e de grandes municipalidades, bem como de indústrias, manufatur as, comércio a varejo, etc., além de relatórios preparados por departamentos de educação, universidades, agências de planejamento e do governo estadual, regional e local, devem ser utilizados. Alguns indicadores chaves para o planejamento de programas e de pendências para bibliotecas seguem: 4.1. Idade
É importante, porquanto os subúrbios muitas vezes passam por mudança de uma população com muitas crianças, para uma de adultos, mudanças estas devidas à urbanização, escolas, ou à saturação dos grandes centr os. 4.2. Nível educacional
É importante, como também a matrícula dos residentes em instituições de nível superior; tempo integral, parcial, idade dos alunos, são dados importantes. 4.3. Renda
A renda dos moradores é refletida nas demandas à biblioteca desde que se supõe que as pessoas de renda alta e maior mobilidade podem tirar mais vantagens dos serviços da biblioteca. Há sempre uma correlação direta entre nível educacional e renda e estes dois dados devem ser considerados. A análise da renda da popul ação é feita por firmas de mercadologia (marketing), bancos, agências de desenvolvimento, unidades do governo e muitas destas organizações cedem cópias destas pesquisas à biblioteca. Esta informação de renda pode ser subdividida por salários, autônomos, pr evidência e aposentadoria. 4.4. Ocupação e fontes geradoras de emprego
É importante a obtenção de dados quanto às ocupações especializadas; é necessário saber da concentração das indústrias, construções e trabalhos de agricultura, ou de escritórios, firmas comerciais. A razão de se saber os lugares de trabalho é que, mesmo que a parte maior da demanda por materiais de pesquisa seja gerada por residentes da área, as demandas de firmas de negócios e indústrias devem ser levadas em consideração; assim, é imp ortante saber onde estão as concentrações maiores de indústrias e comércio as quais atraem um grande número de trabalhadores para a área. 4.5. Informação étnica ou racial
Existem concentrações raciais ou étnicas numa região; este tipo de informação permi tiria à biblioteca criar uma coleção especial sobre história ou condições atuais de grupos étnicos e raciais os quais constituem um segmento grande dentre a população local. 4.6. Previsão de mobilidade da população
Este dado é importante para se preparar o programa de expansão da biblioteca. Existem agências especializadas em preparar dados estimativos correntes ou de projeção futura quanto à população local. Empresas de serviços públicos são fontes de informação deste tipo, já que têm que saber com antecedência dos edifícios a serem construídos ou demolidos. Cartórios são fontes de óbitos e nascimentos ocorridos na zona. A projeção da população é usualmente da responsabilidade de agências de planejamento. 4.7. Tipo de área geográfica
Este dado é importante quando correlacionado aos demais elementos da comunidade, bem como a localização física da biblioteca em relação aos outros elementos da comunidade; a localização da biblioteca é muitas vezes dependente do planejamento regional ou local do governo para localizar as atividades e acomodações dentro da cidade. Atualmente existem os conceitos de centros, corredores e agrupamentos; no centro os órgãos do governo, escritórios, escolas; nos corredores, ou saídas e entradas das cidades, existem os parques indus triais, os grandes centros de compras, e grandes escritórios; e os agrupamentos se constituem em uma maneira de construção para residências e acomodações comunitárias, deixando espaços amplos abertos, com a vantagem de criar comunidades pequenas auto -suficientes e evitar a expansão para os subúrbios não comunitários. Qualquer destes tipos de área trazem implicações para a localização da biblioteca. 4.8. Restrições do meio ambiente
Devem ser levadas em consideração para a localização da biblioteca, por exe mplo: áreas sujeitas a inundações, ou a erosão e inundações costeiras. A maioria das fontes aqui sugeridas se referiram a agências públicas de planejamento em cidades, regiões metropolitanas, etc., no entanto existem agências particulares de informação, como as câmaras de comércio, as associações regionais de vários grupos de interesse (25 :459 72). Como fontes nacionais poderíamos citar as publicações do IBGE, o Boletim Estatístico, a Enciclopédia dos Municípios, as publicações com dados do último censo; d a Fundação Getúlio Vargas, como a Conjuntura Econômica; o Anuário Banas; publicações oficiais dos diferentes ministérios, particularmente da Secretaria de Planejamento do Governo Federal e dos diferentes governos estaduais. A aplicação de algumas das técni cas de pesquisa básica de mercado (mercadologia, marketing) tem sido feita pelas bibliotecas norte -americanas pois que oferecem uma percepção útil aos bibliotecários procurando servir melhor as suas comunidades. A área de pesquisa de mercado cobre: análise de produtos/serviços; levantamento de informação sobre os consumidores; análise da atitude, comportamento e motivação dos consumidores; a previsão de demandas para produtos e serviços; análise de fontes secundárias de informação pelas firmas interessadas, procurando entender as necessidades e desejos dos consumidores dos seus produtos, experimentação com variáveis controladas. Como facilmente se percebe, a aplicação de algumas destas técnicas tem aplicação específica para as bibliotecas ou apresentam grand e potencialidade de aplicação pelos bibliotecários. Uma área vital é o usuário da biblioteca, presente e potencial; como os usuários são a base para a existência da biblioteca, é necessário compreendê -lo o mais profundamente possível; assim, uma análise sistemática dos usuários é um dos instrumentos mais vitais para a melhoria dos serviços. A base para a análise do mercado, i.é., o estudo das pessoas que formam os grupos que alguém serve, ou espera servir, é a segmentaç5o do mercado; essencialmente, através desta técnica observa-se a demanda para serviços e vem -se a saber quais os ajustes racionais e precisos que podem levar a melhor satisfazer os requisitos dos usuários. O conhecimento específico dos clientes ajuda a projeção e o oferecimento de serviços qu e melhor atendem as suas necessidades; desde que todos os clientes não são iguais, eles são divididos ou segmentados em categorias diferentes. As maneiras de segmentar os clientes são ilimitadas: renda alta, educação secundária, famílias pequenas, rurais, que falam japonês, etc. Alguns padrões tradicionais têm sido desenvolvidos para fornecer segmentos relevantes ao entendimento e planejamento de campanhas. Provavelmente, a base mais comum para a categorização dos clientes é a geográfica — a área total servida é simplesmente dividida com base nos usuários — e, tipicamente, tal divisão é baseada em fronteiras geográficas e fatores limitativos, como divisão de municípios, estradas, rios, distritos, etc. Outra segmentação usa variáveis demográficas: cidade, ren da, ocupação, variáveis étnicas, sexo, etc. No entanto, é necessário se saber se as variáveis demográficas são realmente as melhores indicações para o comportamento real. Por exemplo: há uma relação direta entre o uso da biblioteca e a idade e a renda? Provavelmente há, mas os fatores causais para isto são provavelmente muito mais complicados que idade, renda ou outras variáveis quantitativas. Uma terceira abordagem é a segmentação baseada em volume. A teoria da “metade pesada” demonstra que pelo menos para muitos produtos no mercado, talvez somente uma
metade dos clientes responde por 80% do consumo. Para muitas bibliotecas esta abordagem oferece alguns méritos, entretanto, este método não fornece a percepção dos fatores causais deste comportamento. Apesar de limitadas, estas abordagens podem oferecer vários benefícios às bibliotecas. A segmentação geográfica pode melhorar o itinerário do carro -bibioteca ou mostrar áreas de alta renda para serviços particulares, ou ainda, altas concentrações de abuso (devolu ções em atraso). Dados demográficos podem mostrar distinções claras entre usuários e não usuários. A teoria da “metade pesada” pode indicar direções para o orçamento de futuros serviços, respondendo ao aumento ou declínio da demanda. Estas abordagens de segmentação se concentram em fatores descritivos mais do que causais, e assim não podem oferecer uma percepção sobre o comportamento futuro. Para que esta capacidade de predição seja alcançada é necessária uma abordagem mais sofisticada para segmentação dos usuários da biblioteca: a segmenta ç5o dos benefícios. A chave para esta abordagem é a análise dos benefícios os quais as pessoas estão procurando através do consumo de produtos e serviços. Depois de caracterizar os consumidores nestas bases, cada segmenta ção é contrastada com outros segmentos baseados nas características demográficas, média de uso, atitudes, padrões de comportamento, imagem da biblioteca, tipos de vida, e/ou qualquer outra característica descritiva que possa oferecer percepção útil para melhor se entender estes grupos. Através do entendimento profundo destes segmentos as bibliotecas podem determinar como alcançar estes usuários, comunicar -se com eles de maneira mais significativa e oferecer serviços mais úteis — uma verdadeira “orientação a o usuário — a fim de melhor servir à comunidade. Tal análise pode resultar no planejamento de novos serviços, diminuição de operações, mudanças de horários, remodelação física de seções, criação de exposições, mostruários, planejamento de atividades de pub licidade, relações públicas, etc. Uma maneira mais direta para a obtenção de dados sobre a clientela da biblioteca é a metodologia discreta da observação. Definida de maneira simples, observação é “olhar com um propósito”. Uma grande quantidade de percepçã o sobre os consumidores vem dos seus moldes de comportamento ou outros aspectos físicos do uso feito das dependências das bibliotecas. Por exemplo: qual o “padrão de busca” que as pessoas usam para atingir seus objetivos na biblioteca? Permanecem elas perplexas e procuram por sinais ou outras informações direcionais ou a maioria vai diretamente à mesa principal? muito freqüente a necessidade de auxílio por parte dos bibliotecários? Ficam as pessoas sempre procurando orientações para as dependências tais como: sala de música, toaletes, o auditório? A fim de se coletar os dados úteis para a análise das situações precedentes os acontecimentos devem ser registrados quando ocorrem. Uma simples folha de contagem pode ser mantida para o registro da observação pelos funcionários. Informações úteis a serem incluídas podem ser: idade aproximada do usuário; a hora, se só ou acompanhado; a ocupação aproximada do usuário: dona de casa, estudante, homem de negócios, tipo do pedido feito, etc. O resultado das contagens e resumo de tais observações podem levar ao melhoramento dos aspectos de arranjos físicos da biblioteca, a colocação de sinais informativos, a mudança nos padrões de atendimento, para reforçar o atendimento nas horas de alta demanda, e outros melhoramentos. Deve-se tomar as precauções cabíveis para se evitar os problemas deste método, como por exemplo, os preconceitos subjetivos do observador; também, os observadores devem ser alertados para o fato de que embora os usuários retirem material emprestado isto não quer dizer que estes materiais serão usados. Mas as fraquezas do método de observação não devem influenciar o uso desta técnica, fácil, de custo baixo — desde que pode ser realizada pelos próprios funcionários em conjunto com as suas tarefas — e rápido para a coleta de dados. Um dos mais difíceis, mas potencialmente útil problema enfrentado por companhias de materiais de consumo é o de como medir de maneira acurada a imagem que as pessoas tern4os seus produtos. Estas questões são difíceis de verbalizar e al tamente subjetivas. Uma abordagem peculiar foi criada, a qual poderia ser útil para o fornecimento de percepções valiosas em várias áreas, para as bibliotecas, como: Deveria a biblioteca lançar uma campanha de relações públicas para melhorar a sua imagem? Qual é a imagem presente das acomodações físicas, coleções e pessoal? As imagens variam entre os usuários e os não usuários? Esta técnica consiste no uso de um conceito (p. ex., a coleção) ser julgado de maneira adjetiva através de uma série de descrições que vão do ótimo ao péssimo, e se movem da esquerda para a direta, representando: “extremamente
bom”, “muito bom”, “bom”, “neutro”, “ruim”, “muito ruim”, “péssimo”. Os usuários são encorajados a usar as escalas de maneira rápida sem ponderar muito sobre el as. Para medir os resultados, as escalas recebem pesos em cada posição e estes dados são convertidos no resultado médio, fornecendo assim um perfil daquela coleção, serviço, pessoal, etc. Várias modificações nesta técnica tiveram resultados positivos na ár ea de mercadologia, como por exemplo, medindo-se a imagem de uma marca contra a dos seus competidores, os quais poderiam ser também aplicados em bibliotecas. Por exemplo, o que as pessoas pensam sobre a biblioteca em geral (útil, inútil, serviço de pajear crianças, ativa na comunidade, ultrapassada, progressista, estéril, mal subvencionada, etc.). Como a biblioteca se compara com as outras fontes de informação e entretenimento (TV, clube de livros, coleções particulares, de escolas, etc.). Como os usuários e não usuários se sentem sobre os serviços específicos que a biblioteca oferece? Um quarto tipo de pesquisa de mercado — o experimento — pode ser útil às bibliotecas. Apesar de existirem experimentos em várias formas (mais de 25 projetos “típicos” são usad os nas ciências sociais) algumas aplicações simples podem fornecer informações úteis às bibliotecas. Basicamente, um experimento envolve a introdução de uma variável controlada dentro de uma situação, a mensuração da mudança criada pela variável na situaçã o, e então a determinação de se a variável deve ser ou não incorporada à operação ou situação sendo estudada. Um experimento é artificial no sentido de que as situações são criadas para fins de teste. Uma consideração chave é o controle da variável, tornar seguro de que ela é o fator contribuinte à mudança, mais do que qualquer outro fator externo não controlado. Para fins de mercadologia os experimentos são planejados para medir o impacto de mudanças ocasionadas pelos temas de propaganda, estilos de embala gem, técnica de venda. Na biblioteca, os experimentas poderão mostrar as diferenças criadas pelos projetos de exposição, métodos de conseguir a devolução de materiais, freqüência a um programa especial, etc. Por exemplo, por uma média dos levantamentos fei tos chega-se a saber a percentagem de materiais não recebidos de volta; uma variável pode então ser introduzida: um novo cartão para relembrar os usuários dos livros já vencidos. Dado o tempo necessário par a reação, nova mensuração é feita e uma análise r ealizada para verificar se nenhum outro fator externo foi o que gerou a mudança (uma campanha do jornal local sobre o custo de “crimes menores” como o roubo de livros, pode causar uma mudança acentuada na média de devolução de livros, não relacionada com a campanha da biblioteca). Este método é conhecido geralmente como “de antes e depois”; uma maneira mais sofisticada seria o uso de grupos de controle. Neste tipo de projeto, dois grupos tão iguais em suas características quanto o possível, são medidos, mas somente um grupo é sujeito à variável, enquanto o outro segue influenciado naturalmente. Comparação dos resultados mostrará os efeitos da variável, se algum houver; tal método pode ser também usado ao inverso, i. é, interromper uma prática usual e verific ar através da comparação qual o resultado, e resolver-se pela interrupção ou pela continuação do serviço. Em resumo, tais técnicas de pesquisa de mercado parecem ser relativamente simples e baratas e são meios pelas quais a biblioteca pode obter dados sobr e os seus “consumidores” e suas operações. Com a utilização destes métodos os usuários poderão receber serviços realmente orientados à eles — uma necessidade Crítica no mundo atual consciente de custos e serviços dirigidos (26:473-481). 5. Limitações e perspectivas dos estudos da comunidade
Zweizig & Dervin fizeram uma revisão crítica profunda nesta área de estudos de usuários de bibliotecas públicas, tendo chegado a conclusões altamente relevantes e apontado novas bases ou direção para estudos deste tipo . Partindo da premissa das pesadas pressões que existem hoje em dia com relação à atuação das bibliotecas públicas norte -americanas,devido a fatores tais como: a. O surgimento de agências competitivas para o fornecimento de informações necessárias à vida do dia-a-dia do cidadão norte-americano; b. Restrições na economia e na forma de distribuição de renda aos municípios, o que veio obrigar as bibliotecas a uma avaliação dos seus serviços e a evitar a duplicação de esforços; c. A demanda generalizada por ser viços justificáveis, i.é., que possam competir com outros serviços públicos para a obtenção de dinheiro público, tendo os autores chegado à
conclusão de que é necessário o planejamento de programas orientados aos usuários, os quais podem se tornar justificáveis financeiramente. Mas a prestação deste tipo de serviços obriga a biblioteca a um conhecimento maior da população servida, e as pesquisas realizadas até o presente demonstraram que as bibliotecas públicas são utilizadas por apenas 20% da população a dulta, de maneira considerada freqüente, e que menos de 5% dos adultos julgam a biblioteca como sendo um lugar para a obtenção de informação necessária para lidar com os seus problemas do dia -a-dia. Na revisão da literatura mencionando, Zweizig & Dervin cl assificam os estudos de usuários de bibliotecas públicas em 2 tipos: a. Os que chamam de “normativos”, com descrição de princípios e de programas, consistindo apenas de relatos não empíricos e de comentários, onde profissionais transmitem aos outros um conjunto de valores relativos às bibliotecas públicas. b. Os estudos empíricos, base para a justificativa financeira, e extraídos das estatísticas de circulação. A questão básica aqui é: Quanto do nosso material está sendo circulado (ou usado)? Mas estes dois tipos de estudo nada dizem sobre quem usa a biblioteca e o quanto. E é nesta linha que se nota o crescimento de estudos empíricos que procuram determinar qual a proporção de cidadãos que usam a biblioteca pública, o quanto a usam, e na determinação das características das necessidades destes usuários. Os autores da revisão relatam terem feito um levantamento na literatura de 1949 -1975 e terem encontrado 16 estudos com este enfoque dirigido aos usuários de bibliotecas, i.é, as unidades de mensuração foram pessoas, não dados da circulação; foram então investigações quantitativas que mediram atributos das pessoas adultas da comunidade que usam bibliotecas públicas. Basicamente, estes estudos levantaram as mesmas questões: Quem usa a biblioteca? Quais são as suas características? Quanto eles usam a biblioteca? Os autores identificam dois tipos destes estudos: os que abordam variável por variável (sexo, idade, educação, etc.) e a que relaciona cada uma por sua vez com a quantidade do uso da biblioteca. E aqui o s autores observam surgirem várias falhas: os estudos têm revelado, um após o outro, que nível de educação e renda são relacionados com uso de bibliotecas, mas, usuários de educação mais elevada possivelmente possuem renda mais alta, e assim, estes estudos parecem estar medindo a mesma coisa duas vezes. Dos 16 estudos analisados, 11 tinham esta abordagem. O segundo tipo deste estudo pode ser chamado de estudo de “características compostas”. As questões continuaram as mesmas, mas o que o distingue do tipo an terior é que os pesquisadores usaram técnicas multivariadas para abordar um grupo de variáveis que se movem ao mesmo tempo. A questão então se torna em: Que grupos de características descrevem um usuário freqüente de biblioteca comparada a um usuário infre qüente? Quais as características que melhor descrevem ou predizem aqueles usuários? Mas, com a pressão contínua para planejamento de serviços justificáveis por parte das bibliotecas públicas, começaram a surgir estudos que iniciaram a questionar um problem a mais funcional: Onde você obtém a informação de importância para atender suas necessidades? As respostas mostraram que menos de 5% das pessoas a obtém numa biblioteca pública. A discrepância entre este dado de menos de 5% de pessoas adultas indicando a biblioteca como fonte de informação necessária e a proporção de adultos que usa a biblioteca regularmente — na base mínima de uma vez por mês — 20%, deram margem às questões: Para o quê a biblioteca é usada, se não o é para informação necessária? Por outro lado, fazendo uma análise dos dados demográficos usuais para estudos de comunidade (idade, sexo, raça, estado civil, posição social), os autores, após minuciosa comparação concluem que com exceção da variável educação, as demais provaram ser de pouco valia para predizer o uso da biblioteca por adultos. Mas, de qualquer maneira, representam estes fatores um primeiro passo, o qual, acrescido de fatores não demográficos recentemente incorporados aos estudos da comunidade, vieram formar o contexto atual destes estudos. Basicamente, esta abordagem aponta a biblioteca apenas mo um dos elementos dentre as influências todas que envolvem a comunidade, e, por conseguinte, têm relação com o uso da biblioteca. Por exemplo: outros sistemas de informação (a comunicação de massa, TV, rádios,
jornais) contatos sociais e participação em atividades sociais, como em serviços para a comunidade, etc. Todas estas variáveis se mostraram relacionadas com o uso da biblioteca. Os autores analizaram também os estudos multivariados e ap ós concluírem que o conjunto de estudos forneceu um quadro da média do usuário e da proporção de adultos que usam uma biblioteca, é ainda crucial saber -se se a abordagem destes estudos é realmente útil. Útil no sentido prático de planejamento de novos prog ramas, no sentido da biblioteca poder se tornar justificável, como para a prestação de serviços variados e de níveis diversos, para responder à chamada para atingir novas audiências, ser responsável perante as comunidades, e servir cidadãos individualmente em suas necessidades de informação para o dia -a-dia. Os autores ainda criticam estes estudos por se basearem no que chamam de suposições limitadoras, como por exemplo: o considerar -se o uso ou não uso da biblioteca, como um descritor útil para se atingir as metas atuais acima delineadas. O melhor que estes estudos conseguiram, dizem os autores, foi explicar que uma parte da comunidade é usuária da biblioteca e outra não. O problema é então, não se perguntar quem está usando a biblioteca e quanto, mas sim: para qual propósito é a biblioteca usada? Quanto ela ajudou? Afastando -nos assim de estudos dos usuários, para estudos do uso para o qual as bibliotecas servem. Da mesma maneira, a pressuposição de que a avaliação da comunidade é tarefa a ser realizada de uma só vez (one-time job) é considerada limitatória, pois que a comunidade é dinâmica e muda quase na base diária em relação à população, recursos, áreas de interesse e/ou preocupação. Assim, para muitos, a informação de hoje estará errada amanhã; para muitos, não há informação disponível para os problemas do dia -a-dia. Assim é necessário não uma metodologia para um estudo de larga escala, mas sim de um conjunto de procedimentos para o estudo contínuo da comunidade. E, novamente, os autores sugerem que a ab ordagem seja transferida dos usuários para a necessidade pela informação e os usos para os quais a informação serve. Um último exemplo, nesta linha, embora os autores se alonguem mais ainda na defesa deste ponto de vista, é o problema da mensuração da efet ividade do sistema, a qual é feita pela comunidade, i.é., pelo critério de avaliação do nível de satisfação atingido por cada usuário ao utilizar-se da biblioteca. Mas, reconhecem os autores, as ciências do comportamento ainda não possuem os instrumentos para esta mensuração, e então propõem que o que deveria ser medido é o uso da informação: que fnformaç5o foi i usada, como ela ajudou? Finalmente, os autores concluem que o modelo antigo de estudos de usuários: quem usa a biblioteca e para que,já foram leva dos até onde poderiam ir. A situação corrente, que demanda o planejamento de novos serviços, não a continuação dos antigos; que exige que a biblioteca seja justificável aos grupos da comunidade, e não simplesmente retenha os usuários atuais, que justifique os programas em execução, ainda mesmo que não ameaçados de corte, esta situação demanda um conhecimento intrincado do significado dos usos da biblioteca. Antes, a questão era: Quanto uso é feito da biblioteca? Atualmente a questão é: Quem é o usuário da Biblioteca? Os autores propõem que as questões para o futuro imediato sejam: Que usos são feitos da biblioteca? Para que usos pode ser utilizada a biblioteca? Os bibliotecários de biblioteca pública têm que ser capazes de responder as questões: O que as pessoas conseguem na biblioteca que não podem obter de nenhum outro lugar? Como a biblioteca ajuda o usuário, individualmente? Bibliografia 1. BONE, L. E., Introduction. Community analysis and libraries. Library Trends , 24(3) January 1976:42932. 2. EVANS, C., A history of communitv analysis in American librarianship. LT 441 -457. 3. MONROE, M. M., Community development asa mode of community analysis. LT: 497 -514. 4. MONAT, W. R., The role of the social and behavioral sciences in determining library operatio ns and impact.LT: 583-96. 5. BRITTAIN, J. M.; User studies, user behavior and user instruction . 6. MARTYN. A B., Studying the community: an overview. LT: 433 -440. 7. GRAY, W. S. & MONROE, R., The reading interests and habits of adults . New York, Mcmillan, 1929. 8. WAPLES, D. & TYLER, R. W., Whatpeople want to read about . Chicago, ALA e University of Chicago Press, 1931. 9. WIGHT, E. A., Methods and techniques of library surveys. In: Louis R. Wilson, ed., Library Trends . Chicago.
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III. Estudo de usuários 1. Introdução
Estudo de usuários são investigações que se fazem para se saber o quê os indivíduos precisam em matéria de informação, ou então, para se saber se as necessidades de informação por parte dos usuários de uma b iblioteca ou de um centro de informação estão sendo satisfeitas de maneira adequada. Através destes estudos verifica -se por que, como, e para quais fins os indivíduos usam informação, e quais os fatores que afetam tal uso. Os usuários são assim encorajados a tornar as suas necessidades conhecidas e, ao mesmo tempo, a assumirem alguma responsabilidade para que estas necessidades de informação sejam atendidas pelas bibliotecas ou centros de informação. Estes estudos são, assim, canais de comunicação que abrem entre a biblioteca e a comunidade igual ela serve. São estudos necessários também para ajudar a biblioteca na previsão da demanda ou da mudança da demanda de seus produtos ou serviços, permitindo que sejam alocados os recursos necessários na época adequad a. A maioria dos estudos neste campo foram realizados a partir da segunda metade da década de 1940. Na Conferência da Royal Society, em 1948, foram apresentados trabalhos que vieram contribuir para criar preocupação para estudos orientados às necessidades dos usuários. A Conferência Internacional de Informação Científica, em Washington, em 1958, também muito contribuiu para o desenvolvimento desta área de investigação, com diversos trabalhos apresentados sobre estudos de usuários. O que houve realmente, pode-se dizer, foi uma mudança de atitude em relação aos usuários: até então, adotava-se uma atitude passiva, aguardava -se que os usuários aparecessem e soubessem como fazer uso da informação posta à disposição para uso. A mudança foi no sentido da bi1iqtec_t ornar-se mais ativa, dinâmica, com a criação de novos serviços, ou com o aperfeiçoamento de outros já prestados. Exemplos práticos desta atitude frutificaram: com base em estudos de usuários, serviços de bibliografias, índices e resumos foram reformulados de acordo com as necessidades expressadas pelos usuários. Da mesma maneira, serviços novos, como o da disseminação seletiva da informação, e os serviços de
alerta, na forma de fichas, boletins, conteúdos de periódicos, etc., foram criados com base em perfis de usuários, i.é., a maneira mais direta e objetiva de atender às necessidades individuais de cada usuário (1:1). Existem várias maneiras de se caracterizar estudos de usuários; uma das maneiras mais convenientes é dividí-lo em dois tipos: 1. Estudos orientados ao uso de uma biblioteca ou centro de informação individual; 2. Estudos orientados ao usuário, i.é., investigação sobre um grupo particular de usuários, como este grupo obtém a informação necessária ao seu trabalho. A maioria dos estudos de bibli otecas individuais tem sido realizados em bibliotecas públicas e acadêmicas;! poucos estudos de bibliotecas especializadas foram registrados na literatura. Este tipo de estudo geralmente cobre todos os serviços prestados pela biblioteca, ou pode restringir-se a um serviço (SDI, por exemplo, ou o serviço de referência) ou, ainda, aos instrumentos disponíveis para uso dos usuários (o uso dos catálogos, da coleção de índices e resumos, etc.) (2:61). Os estudos orientados aos usuários propriamente ditos, não sã o limitados a uma instituição, mas justificam o comportamento de uma comunidade inteira na obtenção de informação (information gathering habits, entre os americanos, e information gathering behaviour, terminologia mais inglesa) (2:62). Assim, estudos deste tipo foram realizados sobre as maneiras de obtenção de informação por parte dos cientistas, médicos, engenheiros, físicos, psia5logos, etc. Os objetivos principais dos estudos compreendidos entre 1948 -1970 foram: 1. Determinar os documentos requeridos pel os usuários; 2. Descobrir os hábitos dos usuários para a obtenção da informação nas fontes disponíveis, bem como as maneiras da busca, por exemplo: a. Citações em periódicos, livros, relatórios; b. Citações em bibliografias; c. Citações em serviços de índices e resumos; d. Uso de serviços mecanizados de recuperação da informação; e. Uso de serviços de recuperação da informação computarizados (on -line); f. Uso de maneiras informais (conferências, conversas, cartas); g. Exame rápido de obras (browsing); h. Leituras casuais. 3. Estudar a aceitação das microformas; 4. Estudar o uso feito dos documentos; 5. Estudar as maneiras de obtenção de acesso aos documentos; 6. Determinar as demoras toleráveis (1:2). De maneira geral os grupos de usuários estudados foram primeiramente, os cientistas das ciências puras, a seguir, engenheiros. Na década de 60 a ênfase foi para com os interesses dos tecnologistas, bem como dos educadores. A década de 70 tem sido dedicada aos estudos das necessidades dos cientistas sociais, e dos altos escalões da administração governamental (1:3). Durante o chamado primeiro período dos estudos dos usuários, que se estendeu de 1948 a 1965, a ênfase foi em tentar-se descobrir o uso feito da informação pelos cientistas e engenheiros, por serem as áreas onde os problemas eram mais sentidos e os sistemas em uso mais se ressentiam das inadequações. Estes estudos utilizam principalmente, os métodos de questionário entrevistas, com propósitos exploratórios, para a obtenção de dados quantitativos sobre os hábitos de obter informação, por parte da comunidade científica. A idéia era, através destes estudos, poder -se chegar a planejar serviços adequados de informação para atender as necessidades da maioria dos usuários. Mas os resultados foram contraditórios: a complexidade, a amplitude, as diversidades das necessidades dos usuários foram mais numerosas do que se esperava. Concluiu-se então que seria uma meta remota de ser atingida: o planejamento de um único sistema capaz de atender as diferentes, variadas, diversas necessidades de seus” usuários, em todas as circunstâncias. No segundo período, a partir de 1965, os estudos de caráter amplo, ou de c omunidades inteiras de usuários, diminuíram bastante em número. Por outro lado, técnicas mais sofisticadas de observação indireta foram usadas para estudar aspectos particulares do comportamento dos
usuários, como a análise de citações, verificações de com pilações estatísticas, de uso de coleções, etc. Começaram também nesta época os estudos fazendo uso de métodos sociológicos para análise da transmissão informal da informação, reconhecidamente um amplo canal de fluxo da informação entre os cientistas. Começou-se a adquirir um conhecimento mais profundo de como a informação é obtida e usada. Por outro lado, estes conhecimentos tiveram pequeno efeito no planejamento dos sistemas, pois que nesta época os planejadores estavam mais preocupados em entenderem e se ajustarem aos novos modelos de computadores disponíveis, e o interesse maior era com as capacidades técnicas do sistema a ser implantado, não com as necessidades dos possíveis usuários. Este tipo de estudo sociológico ainda é o mais utilizado atualmente, nesta terceira fase, na década de 70; a necessidade de ajustar o sistema com o usuário ainda é sentida, e isto tem influenciado as investigações correntes. Também, nesta fase, foi percebido ser preciso estudar se as necessidades dos usuários de outras área s, como de ciências sociais e humanidades, em estudos amplos e exploratórios. Este interesse é talvez explicado pelo fato de os próprios cientistas sociais terem-se envolvido nesta área de pesquisa. A tendência é para estudos de caráter mais restrito nos c ampos da ciência e tecnologia, dirigidos ao estudo de canais específicos de informação, do ponto dê vista do usuário, ou para o esclarecimento de problemas observados num sistema particular (3:3 -5). As implicações para a biblioteconomia, no que diz respeit o aos estudos dos usuários, uma técnica da ciência da informação, e, portanto, mais um exemplo da integração útil e benéfica das técnicas da ciência da informação ao aperfeiçoamento das técnicas bibliotecárias, ( ) são visíveis: guiam a política de seleção de uma biblioteca para ser mais de acordo com os interesses dos usuários, dinamizam a aquisição, com a busca de publicações de difícil obtenção, como anais de congressos, pré-prints, etc., e a organização total da bibliote ca propriamente dita, desde a construção de edifícios (coleções centralizadas ou descentralizadas, localização de coleções especiais) até a linha, profundidade dos serviços e produtos a serem oferecidos. De maneira especial, apontam as diretrizes para o se rviço de referência e de disseminação da informação, sob todas as formas. 2. Métodos e metodologia para estudos de usuários 2.1. Questionários
a. Pessoalmente b. Pelo correio 2.2. Entrevista
a. Estruturada b. Não estruturada c. Gravada em fita 2.3. Diários
a. Escrito b. Gravado em fita 2.4. Observação direta
a. Pelo investigador b. Filmado para tela ou vídeo 2.5. Controlando a interação do usuário como sistema computarizado (1:4)
a. Através de um intermediário — é possível obter- se uma avaliação e realimentação contínua; é uma maneira personalizada, flexível de avaliação de serviço. Também, fornece a oportunidade do bibliotecário ser aceito ao mesmo nível do usuário. b. Através da análise das saídas do computador — é possível saber-se do comportamento e problemas do usuário, bem como da atuação do sistema, coletando -se estatísticas sobre o
uso do vocabulário para a busca, freqüência de uso de um documento, inclusive o tempo gasto na busca. Os dados coletados com esta análise poderiam revelar: 1. Deficiências ou insuficiências do sistema representadas pela alta revocação de documentos não relevantes, ou baixa revocação de documentos relevantes; 2. A necessidade de aprimoramento da estratégia da b usca, a fim de evitar dificuldades para os usuários na operação do sistema; 3. Necessidade de alteração das políticas de indexação, de desenvolvimento de vocabulário, e de dar importância a maior uniformidade, inclusão de dispositivos de precisão, etc.; 4. Necessidade de treinar os usuários nos processos de pesquisa; 5. Atualização dos requisitos dos perfis; 6. Freqüência de descritores e, portanto, assuntos que se acham em demanda ou mudança de interesses (4:195). 2.6. Análise de tarefas (task analysis) e solução de problemas (problem solving)
Este método consiste na reunião de especialistas numa área determinada, os quais preparam problemas específicos para serem aplicados ao grupo testado, logicamente pertencente àquela mesma área de conhecimento. De acordo com uma fórmula pré-preparada, o grupo testado é solicitado a registrar todas as maneiras e fontes utilizadas para resolver o problema proposto; é feita também uma avaliação das fontes, bem como o registro dos problemas encontrados para o uso destas fontes. Esta parece ser uma das maneiras correntes mais aceitas para estudo do comportamento humano, pois mostra como as pessoas agem em situações normais, portanto, um método mais válido do que detalhados estudos artificiais de laboratório, que procuram en tender as complexidades da percepção e aprendizado humanos. Este método demonstra o que um indivíduo, numa situação normal de sua vida ou profissão, deve fazer ao perceber um problema, tomar uma decisão para resolvê -lo e gerar os resultados desejáveis (5:1 51-52). 2.7. Uso de dados quantitativos
a. Empréstimos: por língua, assuntos, data; b. Empréstimos entre bibliotecas; c. Análise da retirada de volumes das estantes; d. Circulação de periódicos (1:12a); e. Análise de questões de referência; f. Contagem de citações bibliográficas (2:66-67). 2.8. Técnica do incidente crítico (Critical Incident Technique)
É uma técnica incorporada a um estudo fazendo uso de questionários ou entrevista. Consiste em indagar- se do indivíduo sendo questionado uma lembrança de alguma experiência ou acontecimento recente relevante (por ex., a última busca realizada na literatura) e fazê -lo relatá-la em detalhes. Esta técnica tem se mostrado de grande importância, pois que, apesar de ser notoriamente sabido que as pessoas não mer ecem confiança quando falam sobre o que elas fazem, geralmente podem ser lembrar de um acontecimento recente especifico, de maneira acurada (2:64). 3. Descobertas dos estudos de usuários
Os resultados dos estudos de usuários, embora não usualmente genera lizáveis, oferecem contudo uma visão ampla dos problemas e tendências dos usuários na consulta das bibliotecas e/ou de suas coleções. De maneira geral, bibliotecas e centros de informação não são considerados as fontes primeiras para informação técnica e c ientífica, pois que o cientista usualmente consulta várias fontes antes de ir à biblioteca. O quadro abaixo mostra os métodos preferidos pelos cientistas na busca de informação: 1. Biblioteca pessoal; 2. Procurar o material no edifício onde se acha;
3. Visitar uma pessoa próxima, com notório saber; 4. Telefonar a uma pessoa, com notório saber; 5. Usar uma biblioteca fora da organização; 6. Consultar um bibliotecário de referência; 7. Escrever uma carta; 8. Visitar uma pessoa distante mais de 20km (6:14). Uma das razões mais simples porque o cientista e o técnico não usam a biblioteca é que eles não sabem da existência de bibliotecas ou centros voltados aos seus interesses; outros são vagamente sabedores dos serviços mas não sabem os pontos de acesso ou os benefícios em potencial. Outros ainda, fazem uso dos serviços mas não os exploram de maneira aprofundada, por não terem conhecimento da capacidade do sistema. Há uma forte tendência para um usuário pedir não o que ele precisa na verdade, mas sim pedir por aquilo que ele pensa a biblioteca ou sistema é capaz de fornecer. Aos bibliotecários cabe parte desta falha: eles não têm sabido fazer pesquisa do seu mercado, promover os seus produtos e serviços profissionais, nem tampouco têm sabido como treinar os seus usuários de maneira que eles possam fazer amplo uso dos recursos todos montados para o seu uso (2:27). Uma descoberta altamente generalizável é a de que os serviços de informação são basicamente escolhidos para uso devido ao seu acesso físico e uso fáceis — princípio do menor esforço — muito mais do que por ter a informação que possa vir a ser útil ao usuário. A distância geográfica é importante, bem como o acesso fácil ao local da biblioteca; estes dois fatores, comprovadamente, têm importância fundamenta l no uso ou não do centro (2:72; 6:13). Por outro lado, os fatos que levam os cientistas a procurar informação foram estabelecidos como: 1. Atualização periódica; 2. Solução de um problema de momento; 3. Levantamento retrospectivo; 4. Revisão de um conhecimento (brush up); 5. Informação sobre outras áreas. Diversas variáveis foram constatadas como existindo para motivar o uso de bibliotecas: a função do indivíduo na organização, o tamanho da organização, a qualificação do indivíduo, local do emprego, especialidade ou disciplina acadêmica, o nível da experiência do indivíduo, a fase do trabalho requerendo busca, etc. Foram também identificados diversos canais de informação para a área de ciência e tecnologia: periódicos, serviços de índice e resumos, artigo s de revisão, citações, livros, relatórios, catálogos comerciais, colegas, fornecedores, clientes, anúncios, consultores. Estes canais são classificados em formal, ou escrito, e informal, ou oral. Foi possível de se estabelecer que o cientista e o engenhei ro dispensam de 20-25% do seu tempo procurando informação, nos canais acima, e de acordo com as variáveis mencionadas (1:12). Assim, a maioria dos estudos concluíram que a utilidade dos vários canais é determinada pela responsabilidade funcional do indivíd uo na organização, ou o seu tipo de trabalho: pesquisador, professor, cientista, engenheiro, administrador. Em geral foi observada uma certa relutância em usar índices e resumos, pela complexidade dos mesmos. Aqueles profissionais envolvidos em pesquisa e desenvolvimento, inclusive na Universidade, fazem consideravelmente maior uso dos canais formais, particularmente dos periódicos científicos e dos resumos, do que o pessoal da indústria, envolvido em projetos, testes, análise de produtividade. Estes adotam mais os métodos informais: a comunicação entre colegas, troca de idéias com vendedores, clientes, enquanto que a literatura que mais utilizam são os periódicos comerciais, os boletins internos, ou um manual. Isto se explica pelo fato de precisaram informação sobre procedimentos, técnicas, materiais, equipamentos, e este tipo de informação aparece na literatura com atrazo de dois anos em relação aos fatos correntes. Os executivos ou administradores também usam mais a informação informal do que a formal (6:14). Por outro lado, os cientistas, para vencerem esta barreira do tempo, entre a pesquisa e a sua publicação nas fontes formais, organizaram -se nos conhecidos “colégios invisíveis”, grupo
de cientistas interessados em áreas bem específicas do conhecimento, que trocam idéias entre si e se mantêm atualizados na forma de comunicação oral, inclusive telefone, ou então escrita, por meio de troca de pré-prints, reimpressões, manuscritos, noticiários; realizam também reuniões locais, conferências com convidados, p alestras, etc. (6:15). Foi também comprovada a existência de comunicação informal entre os engenheiros, através dos “guardiões tecnológicos”, em laboratórios de pesquisa e desenvolvimento; geralmente, os guardiões da informação são indivíduos mais velhos e experientes, “que sabem tudo” e que assim reúnem em torno de si uma plêiade de engenheiros jovens que os consultam para discutir problemas técnicos (6:15). Pôde ser observado também que, de certa maneira, os canais informais são o elo para o canal formal: um cientista conta a outro a fonte mais indicada para uma pesquisa ou para resolver um problema particular de engenharia. Por outro lado, notou -se que a comunicação oral ocorre mais quando do início de um projeto, na fase de interpretação dos resultados, e da pré-publicação (6:15). As bibliotecas deveriam explorar melhor estes fatos, procurando facilitar estes contatos entre os especialistas com a manutenção de diretórios listando o pessoal interessado nas mesmas áreas e técnicas. Poderiam também, já que a coleção particular do cientista é a sua fonte primeira de informação, colaborar da melhor maneira possível a fim de que o cientista possa fazer o melhor uso da sua coleção particular, sugerindo métodos e técnicas de organização. Outra atividade que poderia ser desenvolvida pelos centros de informação seria a preparação de revisões críticas as quais são altamente necessárias e demandadas pela comunidade científica (2:73). Outros três fatores descobertos e os quais podem ser generalizados são: dependência grande em um número relativamente pequeno de periódicos em uma área; obsolescência a partir de 3-5 anos para a coleção científica/ tecnológica; a língua inglesa é a de uso generalizado, material em outra língua tem pouco uso (6:18). As conclusões a que chego u Woods no seu artigo de revisão dos estudos de usuários foram: 1. Facilidade de uso é um critério mais importante do que o valor em potencial da informação; 2. Devem ser desenvolvidos meios para facilitar a comunicação informal ou contato pessoal entre os cientistas, 3. Os usuários precisam receber instrução de como usar índices, resumos, catálogos; 4. Sistemas mecanizados de recuperação da informação não suplantam, ainda, os métodos tradicionais; 5. Serviços de tradução devem ser estabelecidos, ou o conhe cimento da existência dos mesmos deve ser levado aos usuários; 6. Artigos de revisão são muito demandados e os centros de informação devem prepará los periodicamente; 7. O descarte das coleções (regra de 80/20%) deve ser aplicada para prover espaço; 8. As bibliotecas devem vender seus produtos e serviços aos usuários (6:12 -20). 4. Limitações dos estudos de usuários
A literatura na área de estudos de usuários, atualmente, está bem mais reduzida, numericamente. O ARIST (Annual Review of Information Science and Technology) que vinha publicando desde o seu v. 1 de 1966, um capítulo anual sobre estudos de usuários, deixou de fazê-lo em 1973, 1975 e 1976, sendo os últimos dados contidos no volume de 1974. Estes estudos são difíceis, pois devem levantar respostas lógicas, as quais possam ser interpretadas, quantitativamente, e resultarem em aplicações práticas de interesse dos usuários. Devem ser estudos válidos e de confiança, existindo no entanto, para isto, uma série de problemas metodológicos. Há, assim, o problema causado pelo fato de que, quando se questiona um usuário, se obtém um dado, mas quando se observa de maneira indireta esta pessoa, os resultados obtidos diferem. Notou-se dados contraditórios entre os coletados por questionário! entrevista e os obtidos por contagens estatísticas(2:70).
Os estudos mais antigos apresentaram problemas Como populações diversas ou mal definidas, envolvendo amostragens não comparáveis, como de países, assuntos, organizações e conhecimentos individuais diversos (2:71). Foi também registrado o problema de se indagar dos usuários sobre as suas necessidades de informação, quando eles realmente não sabem quais serviços e produtos poderiam existir á sua disposição, o conteúdo, extensão, profundidade dos mesmos — e o fato já sabido que o usuário propõe a sua demanda, i. é., satisfaz as suas necessidades de informação, de acordo com o que julga o sistema pode lhe fornecer, como já foi mencionado (2:72). O uso da observação direta e do diário, embora dê melhores resultados do que o questionário e a entrevista, apresentaram o problema de colocar -se muito trabalho sob a responsabilidade do indivíduo sendo observado; também, muitos fatores irrelevantes apareceram. Mas o maior problema é que existe, de maneira comprovada, uma forte tendênc ia para as pessoas se comportarem de maneira diferente do usual, quando sabem estarem sob observação. Daí, a perda de validade destes métodos para um estudo científico, pois os diários não são mantidos de maneira consistente e conscienciosa e a observação direta ocasiona mudança de atitudes (2:64). Um dos métodos considerados mais promissores é o da análise da saída dos computadores, porque é uma maneira discreta, sem os efeitos adversos da observação direta, e a atitude do pesquisador no terminal é importa nte como para ser examinada, não requerendo ainda muito tempo do avaliador. Há necessidade, portanto, de aperfeiçoamentos nesta área de estudo, principalmente o melhoramento das metodologias adotadas, bem como o surgimento de técnicas novas. De maior importância, a criação de modelos teóricos, pois os estudos têm sido baseados em levantamentos empíricos, nenhuma teoria foi proposta ou tentada, nem tampouco criaram -se conceitos sobre o uso da informação. Uma tendência nova que está aparecendo na literatura é a investigação sobre o efeito da informação, numa tentativa de se descobrir o papel ou a contribuição da informação para a inovação, para a criação, ou para os trabalhos em andamento. Isto porque existe a necessidade crescente de se justificar os sistemas de informação sob o ponto de vista de custo - beneficio. Este, aliás, já fora um problema levantado por Menzel no primeiro artigo de revisão do ARIST, sobre estudos de usuários, em 1966: a dificuldade de se medir o efeito da informação, pois que não há relação entre a obtenção da informação e/ou o uso feito dela. A este problema de ordem teórica, emitido em 1966, veio juntar -se, com o tempo, um outro de ordem extremamente prática: o efeito produzido pelos caríssimos sistemas postos à disposição dos usuários, nas diversas áreas do conhecimento humano. Este problema está intimamente ligado a críticas existentes ria literatura quanto aos estudos de usuários em geral: da possibilidade de se estabelecer as necessidades de informação dos usuários, refletidas apen as pela análise da busca a um documento, já que muitos estudos de usuários tentaram nada mais do que medir esta demanda para um documento, e não verdadeiramente as necessidades de informação do usuário (2:7 1). Pode -se assim dizer que, em geral, os estudos de usuários se limitaram ao levantamento do primeiro estágio da pesquisa: a demanda pela informação, mas muito pouco é sabido sobre o uso que o pesquisador faz da informação, uma vez obtida, na fauna de um documento, de uma conversa. etc. É fácil de se explicar o porque dos estudos de usuários abordarem somente este aspecto, ou primeiro estágio: o estudo da segunda fase, ou da utilização da informação, envolve a psicologia dos usuários questões fundamentais da natureza da pesquisa científica em relação ao comportamento humano: a relação entre a movimentação, busca da informação, e a relação entre fatores de personalidade, criatividade e produtividade. Estudos realizados provaram serem desanimadoras as perspectivas para, no momento atual, a psicologia fornecer as respostas definitivas a estes problemas de motivação, processos cognitivos, ou da relação informação/criação intelectual. A contribuição da psicologia seria mais na área experimental, desde que uma grande atenção tem sido dispensada nesta área à formalização de problemas, projetos e execução de experimentos, análise e interpretação de dados (7:148). É agora sabido que o planejamento de sistemas de informação não pode ser deixado apenas aos peritos em computação, bibliotecários e administradores. Por o utro lado, aqueles