Aula 2 (10/02) – O conceito de identidade, essencialismo X não-essencialismo. Identidade: dade: entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução: BAUMAN, BAUM AN, Zygmunt. Zygmunt. Identi
Caros
A!erto Medeiros. "io de #aneiro: Zahar, $%%&. identi ntidad dadee cul cultur tural al na pó pós-mo s-moder dernid nidade ade.. **+ edição. "io de 'A((,, )t 'A(( )tua uart rt.. A ide #aneiro: -A editora, $%**.
/00/A", 1athryn. 2dentidade e di3erença: uma introdução te4rica e conceitua. 2n: )2(VA, Thomas Tadeu da. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 5+ edição. -etr46ois: 7ditora Vo8es, $%%5.
0 tema da identidade con3igura9se como uma uestão 3undamenta no conte;to da modernidade <uida =modernidade tardia ou 64s9modernidade>. Bauman assinaa ue ?a @identidade o @6a6o do momento, um assunto de e;trema im6ortncia e em evidDnciaE =BAUMA =BAUMAN, N, $%% $%%&, &, 6.$F>. 6.$F>. No am!ie am!iente nte da moder modernid nidad adee <uid <uida, a, marca marcado do 6ea 6ea intens intensaa voatiidade e 3ragmentação dos v ta uestão não suscitava grandes di3icudades, dada a a6arente natur naturai aidad dadee da hegem hegemoni oniaa e centr centrai aidad dadee da identi identida dade de nacio naciona na,, com o adv advent entoo da modernidade <uida, não hJ uauer 3onte segura e hegemKnica de re3erDncias estJveis ue 6ossam servir de identi3icação 6ara um cutura. 2sso 3a8 surgir auio ue muitos autores denominam ?crise das identidadesE, e seLa ua 3or o signi3icado atri!u No admirJve mundo novo das o6ortunidades 3uga8es e das seguranças 3rJgeis, as iden identi tida dade dess ao esti estio o anti antigo go,, r. 0 im6erativo agora se manter a!erto a todas as o6ortunidades, e cuidar da coesão ou se dedicar a 6roLetos ue e;igem eadades vita
-ortanto, hJ 6eo menos dois signi3icados igados ao conceito de ?identidadeE: o essen essencia ciais ista ta e o não não9es 9essen sencia ciais ista. ta. -ara -ara 1athry 1athrynn /ood odard ard,, ?o essen essencia ciais ismo mo 6od 6odee 3undamentar suas a3irmaçGes tanto na hist4ria uanto na !ioogiaE =/00/A", $%%5, 6.*&>. 0 essenciaismo 6ode se mani3estar tanto no esta!eecimento esta!eecimento de verdades hist4ricas Onicas, uanto na 3i;ação de traços !io4gicos de um determinado gru6o socia ou cutura, ue se mani3esta em todos os indiv. A res6osta res6osta a essas uestGes estJ ocai8ada no 6ano da re6resentação e do discurso. ?0s discursos e os sistemas de re6resentação constroem os ugares a 6artir dos uais os indiv Q 6or meio dos signi3icados 6rodu8idos 6eas re6resentaçGes ue damos sentido P nossa e;6eriDncia e Puio ue somosE = idem, 6.*R>. Q nesse 6ano discursivo e re6resentativo ue o essenciaismo 6erde a sua antiga hegemonia e, 6rinci6amente com o avanço da modernidade <uida, ganha 3orça a conce6ção não9 essenciaista da identidade. Q im6ort im6ortant antee desta destacar car aguns aguns 3atore 3atoress ue 6ossi! 6ossi!ii iitar taram am essa essa 3ragm 3ragment entaçã açãoo ou desocamento desocamento das identidades s4idas. -ara Bauman, ?3oram necessJrias a enta desintegração e a redução do 6oder agutinador das vi8inhanças, com6ementadas 6ea revoução dos trans6ortes, 6ara im6ar a Jrea, 6ossi!iitando o nascimento da identidade S como problema e, acima de tudo, como tarefaE =BAUMAN, $%%&, 6.$>. A e;6ansão e;6ansão dos meios de comunicação e do mercado com esco6o cada ve8 mais e;tenso am6iou o ?mundoE ue os indiv
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imaginavam estar inseridos, trans3ormando assim o modo como ees com6reendiam a si mesmos. Am disso, este soci4ogo assinaa ue o 7stado e as sociedades não servem mais como Jr!itro con3iJve 6ara o ua 6odemos investir as nossas identidades de modo seguro e garantido. -or sua ve8, )tuart 'a eenca cinco grandes avanços na teoria socia e nas ciDncias humanas cuLo e3eito 3oi o descentramento do suLeito cartesiano, uais seLam: a tradição do 6ensamento mar;ista a desco!erta do inconsciente 6ea 6sicanJise 3reudiana e 6rosseguida 6eos estudos de #acues (acan o estruturaismo ingu 6romovem uma certa ?desessenciai8açãoE ?desessenciai8açãoE das identidades s4idas S a 6rimeira, 6ea homogenei8ação cutura e o es3aceamento do 7stado9nação como categoria 3undamenta de de3inição da 3ronteira entre n4sees e o segundo 6ea destituição de uauer categoria como centro 6rimordia das identidades, como a casse socia. Mas o ue caracteri8aria o não9essenciaismo no tocante Ps identidades cuturaisI 0 sentido não9essenciaista da identidade dJ Dn3ase ao 6a6e da representação . Não se conce!e uma essDncia 3i;a ue se mantm integra 6ea continuidade da e;6eriDncia tem6ora. ?Q 6or meio dos signi3icados 6rodu8idos 6eas re6resentaçGes ue damos sentido P nossa e;6eriDncia e Puio ue somos. -odemos incusive sugerir ue esses sistemas sim!4icos tornam 6oss. 6.*R>. Nesse Nesse sentid sentido, o, a identi identidad dadee não determ determina inada da !ioog !ioogica icame mente nte,, mas mas sim historicamente, atravs do discurso. ?0s discursos e os sistemas de re6resentação constroem os ugares a 6artir dos uais os indiv. Q 6or meio desse sistema de re6resentação ue os suLeitos se posicionam no mundo, 6osiçGes ue não se mantm 3i;as, mas mutantes con3orme as articuaçGes discursivas ue ees mo!ii8am. Nas 6aavras de )tuart 'a, ?n4s s4 sa!emos o ue signi3ica ser @ingDs devido ao modo como a @ingesidade = Englishness> veio a ser re6resentada S como um conLunto de signi3icados S 6ea cutura naciona ingesa. )egue9se ue a nação não a6enas uma entidade 6o
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cultural E ='A((, $%**, 6.W>. 7sta ca6acidade =sim!4ica> da nação em
6rodu8ir signi3icados
se reai8a atravs do discurso. ?Uma cutura naciona um discurso S um modo de construir sentidos ue in3uencia e organi8a tanto nossas açGes uanto a conce6ção ue temos de n4s idem,, 6.&*>. 0 6a6e do discurso nessa re6resentação cutura a6arece, 6ortanto, mesmosE =idem
como um as6ecto centra. Q no discurso ue a nação se constr4i como uma ?comunidade imaginadaE nos termos de Benedict Anderson. A conce6ção conce6ção não9essenciaista com6reende a identidade como um conceito reaciona: ea s4 se 3a8 com6reender em reação com o 0utro, o di3erente. 7a não im6ressa nos nossos genes, mas constru. 0 disc discur urso so iden identi titJ tJrio rio mo!i mo!ii i8a 8a essa essass di3e di3ere renç nças as no sent sentid idoo de cons constr trui uirr uma uma re6resentação uni3icada de um gru6o cutura =6ovo, comunidade, nação>. Muitas ve8es na hist4r hist4ria, ia, as naçGes naçGes s4 3oram 3oram uni3ic uni3icad adas as 6or um ongo ongo 6roces 6rocesso so de con conui uista sta vioen vioenta, ta, su!Lugando os 6ovos conuistados e suas cuturas, costumes, e os traç = Englishness traços os nega negati tivo voss de outra outrass cut cutur urai aiss ue ue muit muitas as das das cara caract cter< er
distintivas das identidades ingesas 3oram 6rimeiro de3inidasE ='A((, $%**, 6.5$>. Assim, a ?unidadeE naciona não 6ode ser naturai8ada, mas antes com6reendida como um ? dispositivo
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discursivo ue re6resenta a di3erença como unidade ou identidadeE = idem, 6.5$>. 0 estudo da
identidade =em sua 3ormuação não9essenciaista> não9essenciaista> deve evar em conta essas uestGes. 7nuanto re6resentação, historicamente constru. 6.5%>. A identidade essencia, 3irmemente 3i;ada e soidamente constru. Na mo!ii8ação da hist4ria de um gru6o 6ara 3undar a sua identidade, 6ode9se 3a8er uma e;atação saudosista do 6assado, !uscando a sua restauração =num vis anacrKnico>, mas esse retorno ao 6assado !usca tam!m incitar o gru6o em uestão a agir no 6resente 6ara a sua ?6uri3icaçãoE ?6uri3icaçãoE e se 6re6arar 6re6arar 6ara a nova marcha marcha 6ara o 3uturo. eve9se ter em vista ue a reconstrução de um 6assado comum 6ara 3undamentar a identidade de um gru6o di8 mais so!re o presente desse gru6o do ue o seu 6r46rio 6assado. Caso aceitemos ue não hJ um ?6assado OnicoE, mas sim 6ontos de vista con3orme a situação do 3aante, então o discurso so!re o 6assado de um 6ovo 6ode servir 6ara construir di3erentes 3ormas de re6resentação identitJria. A3ina, toda narrativa hist4rica sem6re 6arte do 6resente, como LJ ensinava Croce. Assim, Assim, o im6ortante 6erce!er não tanto se os argumentos hist4ricos são veross
6ers6ectivas ue o autor 6ossui 6ara o seu 6resente e 3uturo, 6erce!er o ue motiva esse discurso, uais os 6roLetos 6o. Am disso, o discurso sem6re 6arte de agum ue 3aa, e o suLeito 3aa, sem6re, a 6artir de uma 6osição hist4rica e cutura es6ec<3ica =o ue Miche de Certeau chama de ?ugar sociaE>. e acordo com 'a, anaisa a autora, hJ duas maneiras de se 6ensar a identidade cutura em reação P hist4ria. A 6rimeira se iga P 3ormuação essenciaista, essenciaista, ?na ua uma determinada comunidade !usca re6resentar a @verdade so!re seu 6assado na @unicidade de uma hist4ria e de uma cutura 6artihadas ue 6oderiam, 6oderiam, então, ser ser re6resentadas, re6resentadas, 6or e;em6o, em uma uma 3orma cutura como como o 3ime X6odemos 6ensar na 6r46ria historiogra3iaY, 6ara re3orçar e rea3irmar a identidadeE =/00 =/00/ /A A", ", $%%5 $%%5,, 6.$ 6.$>. >. A segu segund ndaa conc conce6 e6çã çãoo de iden identi tida dade de,, iga igada da ao não9 não9 essenciaismo, essenciaismo, a vD como 6ura e em constante mudança, uma construção. ?2sso não signi3ica negar ue a identidade tenha um 6assado, mas reconhecer ue, ao reivindicJ9a, n4s a reconstru. Neste Otimo sentido, o 6assado não 3i;o, imutJve, mas sim sim rea6 rea6ro ro6r 6ria iado do de 3orm 3ormas as di3e di3ere rent ntes es,, con3 con3or orme me as 6ers 6ers6e 6ect ctiv ivas as 6ea 6eass uai uaiss ee ee re6resentado. A identidade 3uida, mutJve, negociJve, e o discurso re6resenta ?6osiçGes de suLeitoE ue os indiv. 7sta a3irmação 3undamenta: de3inir9se como mem!ro de uma certa comunidade não
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signi3ica necessariamente se dei;ar de3inir 6or um signi3icado 3i;o e estJve, mas sim de reconstruir os signi3icados dessa 6osição e trans3ormar essas identidades hist4ricas. Atuamente, um consenso o 3ato de ue não e;iste uma hist4ria verdadeira, mas vJrias hist4rias, o ue tam!m caracteri8a a 3ormação das identidades no 6ura. No entanto, /oodard /o odard 3a8 a ressava de ue a cee!ração da di3erença 6ode evar P ignorncia da nature8a estru estrutur tura a dos sistem sistemas as de o6res o6ressão são e P im6oss im6ossi!i i!iid idade ade do diJog diJogoo entre entre 6esso 6essoas as com e;6eriDncias cuturais e 6o. Não 6oderia evar P negação da negociação 6ara 3ormar identidades em comum, im6ortantes na uta 6or direitos e 6ea construção de uma ordem mais Lusta e democrJticaI 7sse uestionamento um dos 6ontos ue Lusti3icam o tra!aho so!re a mineiridade. Criticar o essenciaismo e vaori8ar a di3erença, mas sem 6erder de vista uma visão de conLunto ue 6ossa 3undamentar 6roLetos comuns de 3uturo mais democrJticos e incusivos. Q 6reciso dar vo8 Ps di3erenças, mas tam!m entender como essas di3erenças 6odem se entreaçar e serem organi8adas. ?-odemos n4s, em outras 6aavras, reamente reamente 6ermitir ter hist4rias inteiramente di3erentes, di3erentes, 6odemos nos conce!er conce!er como vivendo S e tendo vivido S em es6aços inteiramente heterogDneos e se6aradosIE =M0'ANT[ a6ud /00/A", 6.$R>. 7m contraste com o essenciaismo, a 3ormuação não9essenciaista , ao menos P 6rimeira vista, i!ertadora, LJ ue não e;ige dos suLeitos auea eadade integra ue a 6rimeira im6unha. e acordo com Bauman, as identidades s4idas =essenciais>, =essenciais>, 3i;as e inegociJveis, sim6esmente não 3unciona mais. Uma 6osição de suLeito 3i;a e estJve muito ma ma visto visto na 6o 6oca ca <uid <uido9m o9mode oderna rna.. Ca!e Ca!e ao indiv< indiv
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Q o desa3io ue o mundo <uido9moderno 6recisa en3rentar, 6osto 6or Bauman nos seguintes termos: ? como alcançar a unidade na (apesar da? diferença e como preservar a diferença na (apesar da? unidade
=BAUMAN, $%%&, 6., gri3o do autor>.
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