Depois de feita a distinção entre argumentação e demonstração, já se pode aprofundar o campo da argumentação. Na argumentação, podemos distinguir dois eixos fundamentais: o do valor ou raciocinio e o da ecácia ou relação comunicativa. Qualquer argumento mais ou menos estruturado, com mais ou menos qualidade tem sempre de ter em conta estes dois eixos. endo que o eixo do raciocinio ! aquele que mostra qual ! o valor de um argumento, a sua capacidade em termos de discurso e de racionalidade. "á o da relação comunicativa mostra a eci#ncia dum argumento. $ra, em função dos o%jetivos de uma determida argumentação, um eixo pode ser mais focado do que o outro. &or exemplo, se se comparar o discurso politico, o pu%licitário e o los'co, verica(se que, no caso do discurso los'co, este não se preocupa muito em c)egar a um grande numero de pessoas, mas sim em ter mais rigor, mais qualidades nos argumentos, mais valor, mesmo que algumas pessoas não perce%am. *m%ora tam%!m se preocupe em c)egar a algu!m, com alguma ecácia, como ! o caso do discurso da disciplina de losoa. &assando para o discurso politico, este depende muito do tipo de pessoas que estão a fa+er poltica, isto !, )á politicos que se interessam mais com a ecácia dos seus argumentos, outros com o valor e ainda outros que equili%ram os dois. Neste tipo de discurso )á várias variantes, variantes, sendo que uma maior preocupação com a ecácia vai fa+er com que um discurso ten)a menos valor, mas seja mais direto e imediato, enquanto que um discurso politico com muito valor politico pode não ser eca+ e por isso, não c)ega a ninguem, desvalori+ando o politico, no sentido em que a sua exist#ncia, as suas ideias são notadas por poucos. *m relação ao discurso pu%licitário, este ! um discurso muito centrado na ecácia, uma ve+ que o o%jetivo deste ! levar á adesão, ! levar o audit'rio -aqueles que ouvem ou assistem a este discurso a consumir um determinado produto ou a agir de uma determinada maneira. No fundo, o que um pu%licitário quer ! convencer, não perdendo tempo com um discurso tra%al)ado, com qualidade e demorado, pois o audit'rio não se vai interessar e ,por isso, não vai sortir efeito. &ortanto, a principal preocupação ! com os resultados eca+es, da ser um discurso que recorre pouco á /a+ão e muito mais 0 indução, 0 sedução. *ste não vai explicar a superioridade de um produto em relação a outro, mais sim associar ao produto uma ideia de sucesso, %ele+a, %em(estar, onde quem está a ver ou ouvir o anuncio ao se identicar com essa imagem de sucesso, vai adquirir esse produto, conando na sua veracidade e no seu resultado. &odendo(se armar que o discurso pu%licitario encontra(se num dominio que ultrapassa a /a+ão, /a+ão, mesmo tendo algum valor, este não importa muito. *m suma, quando se argumenta, tem(se de ter em conta as carateristicas do audit'rio, pois quanto mais se con)ecer deste, mel)ores serão as condiç1es para o cativar. 2á que sa%er como começar e aca%ar um discurso, para que não se perca o audit'rio. 3as quando o audit'rio ! descon)ecido, existe sempre alguns promenores que podem ajudar a denir o tipo de discurso, como por exemplo exemplo o tipo de canal, o tipo de programa, o
)orário de exi%ição, quer seja na televisão, quer seja na rádio ou nos jornais, ! sempre possivel sa%er qualquer coisa so%re o audit'rio.
*m 4ltima análise, uma argumentação s' com valor e sem qualquer ecácia, não seria %em argumentação, pois não c)egou a ninguem, não )avendo comunicação, pois esta não passou a ninguem. 5ssim como, uma argumentação s' com ecácia, tam%!m não seria %em argumentação, mas sim um ato terrorista, uma ameaça, o uso da força, isto porque, por exemplo, apontar uma arma a algu!m ! %astante eca+, ou se o%dece ou leva(se um tiro. $u seja, um discurso que s' ten)a em conta um aspeto, não se pode considerar verdadeiramente uma argumentação. 6 &osto isto, ! importante referir que um discurso assenta em 7 dimens1es. 8ma delas ! *t)os, que di+ respeito á prova argumentativa centrada no orador, ! quando o discurso argumentativo ! organi+ado de forma a que aquilo que fa+ a diferença ! o orador, onde o que importa ! a sua credi%ilidade. Quanto maior for a credi%ilidade do orador, a forma como este aparece, mais recetivo estará o auditorio, por este inspirar conança. 9onança essa %aseada na aparencia, na capacidade orat'ria e nos con)ecimentos que revela o orador, no fundo a imagem que este projeta ! o que causa impacto. 2á uma grande tendencia para julgar a veracidade de algo, partindo apenas da impressão que o orador dá, isto !, o 2omem deixa( se muito impressionar pelas apar#ncias, com coisas que não t#m a ver com a qualidade dos argumentos, com a racionalidade dos argumentos. $ra, isto mostra como o *t)os não pode ser descurado, pois a credi%ilidade depende deste, assim como a disposição do audit'rio a conançar e ouvir o orador tam%!m depende do *t)os. $utra dimensão do discurso ! &at)os, onde a prova ! centrada no audit'rio, no que o audit'rio !, nas suas carateristicas. 5qui o &at)os está relacionado com o con)ecimento que o orador tem do audit'rio e com tentar no seu discurso cativá(lo, com aspetos que ultrapassam a qualidade dos argumentos, independentemente das ra+1es que avança para defender determinada tese, este vai procurar di+er uma ou outra coisa que, á partida ! do agrado do audit'rio, para o pr do seu lado. &ortanto, conclui(se mais uma ve+, que quanto mais se sou%er do audit'rio, será mais facil de, atrav!s de pequenas coisas, agradá(lo e, consequentemente, deste simpati+ar com o orador. * ao simpati+ar com o orador, mais facil será para este de convencer a assist#ncia. Neste caso, este vai gerir a sua simpatia, não tanto pela sua apar#ncia -isto já pertence ao *t)os, mas mais por tentar c)egar ao audit'rio em função das suas crenças, das suas convicç1es, das suas paix1es em comum. &or m, a 4ltima dimensão ! ;ogos, que carateri+a(se por o discurso argumentativo ser centrado na qualidade dos argumentos, no discurso racional, na forma como este ! l'gico. Nesta situação, o orador atrav!s de argumentos persuade o audit'rio, de forma a este acreditar que a sua perspetiva ! correta. &ara isso ! necessário um discurso %em estruturado e
organi+ado, com argumentos contextuali+ados, tendo em conta o tipo de audit'rio. 9om isto, conclui(se que o ;ogos está associado ao valor da argumentação. *nquanto que, por outro lado, o *t)os e o &at)os são as dimens1es do discurso que estão mais ligadas á ecácia. Qualquer uma destas dimens1es do discurso ! importante porque um discurso argumentativo s' o !, tendo em consideração estas 7 dimens1es.