C o légio T écn ico B r asilia
PSICOLOGIA
Professora: Evelyn Cristina de Marchi Domingues 2012 O que é Psicologia?
1
Origem da palavra: a palavra Psicologia é derivada de duas palavras gregas: - Psyche: alma, espírito; - Logos: estudo de Símbolo: Ψ Definição. Psicologia
é
definida
como
a
ciência
que
estuda
os
processos
comportamentais e mentais de ser humano. Quando falamos em comportamento surgem duas idéias: comportamentos abertos e comportamentos fechados. - Comportamentos abertos: são aqueles que são visíveis a todos, ou seja, aqueles que são observáveis. Exemplos: a forma de vestir, a maneira de falar, de comer, a cor dos cabelos, entre outros. - Comportamentos fechados: são aqueles que não são visíveis a olho nu ou comportamentos invisíveis. Exemplos: tristeza, felicidade, bondade, euforia, entre outros. Com relação aos processos mentais, também podemos dividi-los em dois: - Processo mental consciente: são aqueles dos quais nos damos conta. Exemplo: leitura do texto, cópia do quadro negro, tomar banho, entre outros. - Processo mental inconsciente: são aqueles dos quais não pensamos. Exemplos: respirar, andar, sentir medo, entre outros. Os comportamentos abertos e os processos mentais conscientes são facilmente mensuráveis no cotidiano, já os processos mentais inconscientes e os comportamentos fechados requerem um processo mais elaborado para a mensuração. È aí que entra o estudo científico, ou seja, a Psicologia não se baseia em comportamentos abertos para a tomada de decisão sobre um paciente. As conclusões são obtidas através de estudos científicos sistemáticos e objetivos de observação. O Psicólogo pode utilizar diversos instrumentos para concluir um caso clínico: testes, pesquisas, observação clínica, experimentação e outros. Linhagens da Psicologia. - Psicanálise
2
Estuda os comportamentos inconscientes e utiliza os conflitos do inconsciente para determinar o comportamento e a personalidade. Divide a consciência em três níveis: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. Quando os conflitos se tornam extremos surgem os distúrbios psicológicos. Principais especialistas da área: Sigmund Freud (fundador da Psicanálise), Carl Jung, Melanie Klein, Anna Freud, Jacques Lacan. - Análise do Comportamento Esta vertente da Psicologia estuda de forma científica os comportamentos, sejam eles públicos ou privados, desprezando a consciência e o inconsciente. O foco principal da análise do comportamento é a descoberta dos princípios fundamentais da aprendizagem, ou seja, como o comportamento é adquirido e modificado em resposta às influências do meio em que o indivíduo vive. Principais pensadores: Ivan Pavlov, John B. Watson, B.F.Skinner. - Fenomenologia É um método onde o que prevalece é a vivência do indivíduo no mundo e como ele se percebe no ambiente em que vive. Fenomenologia é derivada da palavra fenômeno, então podemos dizer que é o estudo dos fenômenos que são lançados à consciência através do mundo em que vivemos. Principais pensadores: Edmund Husserl, Immanuel Kant, Jean-Paul Sartre. * Observação* Vale lembrar que a Psicologia respeita a individualidade de cada pessoa, ou seja, cada ser humano é único e possui sentimentos, emoções, medos que modificam de pessoa para pessoa. Principais áreas de atuação do Psicólogo •
Clínica;
•
Trabalho;
•
Hospitalar;
3
•
Esportes;
•
Social;
•
Jurídica;
•
Recursos humanos;
•
Educacional. Atividades 1 – Descubra o enigma: 1?+#(<(&+!
%?“:$!
#(4>(1“!4%8“!+?
(?
$(
>1(#%??(?
?%1
4%8“!+? %
*:4!8(
___________________ _____________ ____ _____________________ ________________ ______ _________________________ ___ ________ ________________________________________. 2 – Relacione as colunas: ( A ) Psicanálise
(
) Aquele que nos damos conta.
( B ) Comportamentos abertos
(
) Estuda os comportamentos.
( C ) Fenomenologia
(
) Estuda os processos inconscientes
( D ) Análise do comportamento
(
) Se preocupa com a vivência do
( E ) Processo mental consciente
indivíduo. (
) Visíveis a olho nu.
3 – Procure as áreas de atuação do Psicólogo: FGHIJKLMNOSOCIALNMKLOPHJUMN DFCVMNJURIDICAJKLLNHOLHHLOPN MCDHGLOHOSPITALARMNJKLOPLOK ALXCVBMOLKJNBNHYUEBNMMLOCLI XICVBNMHOSPNBGHYTSVBHYTFDRL SNXCVNBHSOCLKIAMNPNMJILOBVCR XINBVBJSDQLMPXCFNOCHJLOQNBM KCMNHJUYTADFRKLORMKLOLHHAS BARECURSOSHUMANOSMASDFRKJ
4
ASLKIDLKEDUCACIONALMJLOIASDFL Relação entre a Psicologia e a Enfermagem. Há muito tempo a enfermagem trás a marca da Psicologia, pelo fato de ser uma área que visa essencialmente o cuidado do ser humano em condições mais frágeis de sua vida. A simples execução de tarefas como banho, curativo, alimentação, entre outras ações não teriam o mesmo resultado se não houvesse o ouvir, tocar, orientar e esclarecer quando necessário. Os profissionais de saúde, principalmente o auxiliar de enfermagem, deverão ter uma relação de respeito e confiança o que facilitará o seu trabalho e consequentemente, produzirá uma recuperação mais satisfatória para o doente. Poderemos então afirmar que o bom profissional de saúde é aquele que sabe cultivar o relacionamento com o paciente por meio de troca de experiências, humor, amizade e confiança. O objeto de estudo da Psicologia é o comportamento humano e este tem grande valor para o estudante da área da saúde, uma vez que promoverá o auto conhecimento que fará com que o profissional compreenda com clareza seus motivos, seus desejos, suas emoções e ambições. Poderá ainda perceber como sua personalidade é individualizada e complexa e conhecendo suas forças e fraquezas ele poderá utilizar melhor as características da sua própria personalidade o que lhe permitirá se relacionar mais facilmente com outras pessoas. Através do estudo da Psicologia o profissional da saúde poderá se tornar uma pessoa empática, que significa se colocar no lugar do outro, alerta, aplicada e mais madura emocionalmente, isto levará o profissional a compreender melhor as pessoas e alcançar maior sucesso nas suas relações interpessoais. Visão global do indivíduo. Antes do século XVIII o hospital era uma instituição de assistência dirigida aos pobres uma vez que os ricos levavam os recursos médicos para casa. Porém os hospitais serviam como um recurso de exclusão social, pois se o pobre possuísse alguma doença contagiosa poderia representar um perigo para a sociedade. Após o século XVIII com a explosão do conhecimento e da técnica, com o aprimoramento crescente dos meios de diagnóstico e tratamento, houve uma inversão no papel dos hospitais, tão incômoda como à situação anterior, uma vez que abordar
5
cientificamente a doença deixaram para o passado o ato de confortar e consolar o paciente. A visão marcantemente biológica contribuiu para que os profissionais de saúde considerassem apenas o adoecimento físico do paciente, deixando de lado o sofrimento global da pessoa, ou seja, aspectos físicos, psíquicos, sociais e culturais. Através dos manuais de medicina é possível definir tecnicamente quanto de sofrimento o indivíduo pode apresentar perante a doença que ele apresenta. Por outro lado o doente passou a significar algo além de uma pessoa digna de atenção, de cuidado e de assistência, o doente passou a ser um instrumento de aprendizagem, de estatística, de pesquisa e uma fonte de recursos financeiros para a instituição. O hospital deixou de ser um local aonde se vai para morrer e passou a ser uma instituição para a busca da cura. A instituição hospitalar representa as diversas variações da sociedade, pois encontramos várias facetas sociais dentro do hospital, ou seja, aquilo que existe de mais nobre, bonito e incrível e o que há de mais triste, degradante e violento. Não podemos negar que os avanços tecnológicos, possuem uma forte repercussão na área da saúde, uma vez que auxilia de forma significativa no diagnóstico, tratamento, cura, conforto e longevidade dos pacientes. Por outro lado esses mesmos avanços trouxeram aspectos frios e mecânicos para o tratamento do enfermo. Atualmente as conseqüências do desenvolvimento tecnológico na área da saúde estão sendo detectadas, estudadas e enfrentadas, buscando-se um equilíbrio capaz de dosar o uso dos equipamentos e tratamentos sofisticados e o relacionamento humano entre as pessoas. A área da saúde deveria representar uma ciência essencialmente humanista, deixando de lado a separação entre corpo e mente e partindo de uma visão global do ser humano para que o tratamento alcance resultados extremamente satisfatórios. Hoje em dia um dos termos mais utilizados em relação ao ser humano é indivíduo bio -psico –social e podemos afirmar que essa expressão tem importante significado para a área da saúde, pois compreende o Sr humano como um todo. Para
explicarmos
melhor
essa
expressão
é
necessário
falarmos
individualmente de cada parte dela, então começaremos nossa explicação a partir da palavra bio. Essa parte da expressão deriva da palavra biológica, desta forma podemos entender que isso se refere a parte do indivíduo que compreende seu organismo e sua funcionalidades.
6
A segunda parte da expressão, psico, deriva da palavra psicológica e compreende a parte do ser humano que se refere as emoções, angústias, medos, gostos, dissabores e principalmente a visão que este indivíduo tem de si mesmo em relação ao mundo. A terceira palavra desta expressão nos remete as relações sociais do indivíduo, ou seja, família, amigos, religião, trabalho, ou seja, a forma como o ser humano conduz suas relações com as pessoas e o meio em que está inserido. Compreender o indivíduo nestas três esferas significa enxergar o indivíduo em sua totalidade, tornando possível ampliar o tratamento para todas as esferas da vida do ser humano, pois quando a doença se instala todas essas esferas ficam afetadas e não obteremos resultados satisfatórios no tratamento se olharmos parcialmente para o paciente. Atividades 1- Faça uma pequena reflexão sobre a importância de estudar Psicologia no curso Auxiliar Técnico de Enfermagem.
2 – Complete: A visão biológica se preocupa somente com __ _________ ________________ e deixa de lado os aspectos ___________, ___________, ___________ , _________. 3 - Descubra o enigma: “1!“!1
(
“ 1!“! < (
?%1
*:4!8(
%4 ?:!
#(4(
:4
?%1
@+(>?+#(??(#+!< %
“(“!<+$!
%$___________ __ ____ ______________ ______ ___ _____ _____________________
7
__ ________ - ___ ____ ______ _________________ . 4 – Ligue: Bio
parte emocional do indivíduo
Social
relações de trabalho, família, cultura, religião
Psico
parte biológica
Relacionamento interpessoal
Conviver com pessoas é uma arte, e também um desafio, pois temos que lidar com pessoas que apresentam características de personalidade diferentes das nossas. As divergências ocorrem em qualquer ambiente da nossa vida, ou seja, em casa, com os amigos, na escola, e também nas empresas. Temos, portanto, que ter um grande “jogo de cintura” para lidarmos com as situações, para que possamos evitar um conflito. Podemos dizer que a palavra interpessoal nos remete à idéia de comunicação entre duas ou mais pessoas, por isso é de extrema importância que esta relação seja saudável e humanizada. As boas relações humanas trazem benefícios a todos os envolvidos independente da situação. No caso dos profissionais de saúde existe uma relação que é muito importante para obtermos bons resultados em nosso trabalho: profissional de saúde – paciente. Podemos imaginar que as instituições de saúde são grandes empresas e nosso maior cliente é o paciente, desta forma teremos que tratá-los visando contemplar todos os seus direitos. Porém mais do que realizar o direito do paciente, teremos que tratá-lo com respeito, dignidade, atenção e percebermos que se trata de uma pessoa que necessita de cuidados especiais e acima de tudo compreensão. É importante mantermos um relacionamento interpessoal com o paciente de maneira saudável para que possamos realizar nosso trabalho de forma menos desgastante e com resultados positivos.
8
Outra relação interpessoal bastante importante em nosso ambiente de trabalho é com os outros profissionais, uma vez que cada vez mais as empresas buscam pessoas capacitadas a trabalharem em equipe, obtendo desta forma melhores resultados. Existem algumas palavras que abrem portas de um bom relacionamento, e que devem ser usadas constantemente pelas pessoas, tornando-se assim um hábito: •
BOM DIA;
•
BOA TARDE;
•
BOA NOITE;
•
OBRIGADO;
•
POR FAVOR;
•
COM LICENÇA
•
DESCULPE;
•
ATÉ LOGO.
Temos que fazer do nosso ambiente de trabalho nossa segunda casa, pois passamos lá a maior parte de nosso tempo. Assim sendo, temos que procurar uma forma de nos relacionarmos bem nesse ambiente, apesar das dificuldades. A seguir temos algumas dicas que abrem as portas das relações humanas e contribuem para o bom andamento de nosso trabalho: •
Mantenha sempre uma postura simpática com as pessoas, falando somente o necessário;
•
Seja cordial, utilize as palavrinhas mágicas acima citadas;
•
Verifique sempre o seu trabalho, para que os outros não necessitem controlar você, evitando assim qualquer tipo de cobrança;
•
Trate seus colegas com respeito, ouvindo-os quando necessário, e tentando compreendê-los da melhor forma possível;
9
•
Sempre ouça primeiro, não interrompendo;
•
Tenha consideração e respeito por todos independente de raça, cor, credo, formação escolar ou função de trabalho.
Diferença entre grupo e equipe. O grupo é um conjunto de pessoas que possuem objetivos comuns e normalmente se unem por afinidades. Porém as pessoas não sabem o que o outro pensa, falam de forma política e não tomam a iniciativa de ajudar o outro. Já a equipe é um conjunto de pessoas com objetivos comuns atuando no cumprimento de metas específicas. A formação da equipe deve considerar as competências individuais necessárias para o desenvolvimento das atividades e atingimento das metas. O respeito aos princípios da equipe, a interação entre seus membros e especialmente o reconhecimento da interdependência entre seus membros no atingimento dos resultados da equipe, deve favorecer ainda os resultados das outras equipes e da organização como um todo. É isso que torna o trabalho desse grupo um verdadeiro trabalho em equipe. A importância do trabalho em equipe O trabalho em equipe é de extrema importância para a instituição, pois se busca evitar condições opressivas de trabalho substituindo – as por processos e políticas que estimulem as pessoas a trabalharem efetivamente para objetivos comuns. A equipe tem o poder de transformar o ambiente de trabalho em um lugar agradável, onde pessoas possam se desenvolver ajudar uns aos outros, satisfazerem suas necessidades, serem motivadas e aceitarem as mudanças como algo positivo. Desta forma os membros da equipe estarão satisfeitos e equilibrados e a instituição só tem a ganhar, pois os funcionários realizarão tarefas com mais qualidade, o índice de faltas tenderá a diminuir e a missão da empresa sempre estará alinhada com os membros da equipe. As equipes são formadas por pessoas e pessoas são diferentes, reagem de forma distinta em situações diversas e o fazem também sob o comando da emoção e não apenas da razão. A chave está em aprender a respeitar e a lidar com essas diferenças.
10
Equipe multidisciplinar A equipe multidisciplinar é aquela que reúne pessoas com formações ou atribuições diferentes que visualizem o problema de ângulos diferentes, desta forma o planejamento das atividades a serem realizadas favorecerá a solução do problema. Quando esta equipe se reúne acontece uma somatória de conhecimentos e isto é de extrema importância para empresa, pois será possível identificar as causas do problema de forma mais rápida e mais completa. Atividades 1 – Procure a palavra e complete a frase: Para termos um bom relacionamento interpessoal devemos ter _____________ ___ _____________ . ABVCDJOVNCINTURAMNB POGOLLSCVCINHKJDENM XCDFJOGOMVAEDFROLPI 2 – Complete as figuras com as palavras mágicas:
3 – Relacione as colunas: ( A) Trabalho em equipe
( ) Profissionais com funções e formações diferentes
( B) Equipe multidisciplinar
( ) Pessoas que trabalham de forma política
(C) Trabalho em grupo
( ) Ajudar o colega, respeitar as habilidades de cada um Desenvolvimento humano
11
O desenvolvimento humano é muito rico e diversificado. Cada pessoa tem suas características próprias, que as distinguem das outras pessoas e seu próprio ritmo de desenvolvimento. A singularidade do ser humano, que foge a padrões pré – estabelecidos é o que produz o avanço, o progresso e a mudança. O que faz a vida valer a pena é essa constante incerteza quanto ao momento seguinte é isso que nos estimula a inventar, a criar, a realizar, a tentar melhorar nosso mundo. Entretanto, desenvolvimento
apesar
das
humano,
diferenças
alguns
e
da
incerteza
pesquisadores
que
estabeleceram
marcam
o
fases
de
desenvolvimento as quais obedecem a uma certa sequencia válida para todos. Isto é, todas as pessoas as se desenvolverem passam por etapas embora varie a idade e as características. Fases do desenvolvimento O desenvolvimento humano não apresenta momentos de modificações radicais, a evolução é gradual e contínua. Entretanto, em alguns momentos ocorrerão maiores alterações como, por exemplo, o crescimento físico na infância e na adolescência é mais acentuado e perceptível do que na idade adulta, que é um período de maior estabilidade. Para facilitar os estudos o desenvolvimento humano foi dividido em cinco fases: •
Pré natal;
•
Infância de zero a doze anos;
•
Adolescência dos doze anos aos vinte e um anos;
•
Idade adulta dos vinte e um anos aos sessenta anos;
•
Velhice dos sessenta anos ou mais.
• Aspectos do desenvolvimento humano Estudar o desenvolvimento humano significa descobrir que ele é determinado pela interação de vários fatores, porém devemos sempre analisar o indivíduo em sua totalidade. • Hereditariedade — a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não desenvolver-se, dependendo das condições do meio que encontra.
12
• Crescimento orgânico — refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo. • Maturação neurofisiológica — é o que torna possível determinado padrão de comportamento. • Meio — o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade. • Aspecto intelectual — é a capacidade de pensamento, raciocínio. • Aspecto afetivo-emocional — é o modo particular do indivíduo integrar as suas experiências. É o sentir. • Aspecto social — é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas. A idade não pode ser o único critério na avaliação do grau de desenvolvimento do indivíduo, muito mais importante que a idade são as várias dimensões da maturidade, emocional, social, intelectual e física. Maturidade significa o nível de desenvolvimento em que a pessoa se encontra, em comparação com a maioria das pessoas de sua idade. Os vários tipos de maturidade estão interligados um não se desenvolve sem que os outros também se desenvolvam. A maturidade pode ser dividida em quatro dimensões principais: •
Maturidade emocional: diz respeito à expressão e ao controle das emoções nas diversas atividades. Parte fundamental da vida humana;
•
Maturidade social: compreende a evolução da sociabilidade, no sentido de superação do egocentrismo infantil, na contribuição para o bem estar social e a participação nas decisões de interesse social;
•
Maturidade física: engloba o desenvolvimento das características físicas: estatura, peso, ser canhoto ou destro, entre outras.
13
•
Maturidade intelectual: se refere à maneira como a pessoa vai conhecendo a si mesma e ao mundo que a cerca. Fatores que podem interferir no desenvolvimento humano
Existem inúmeros fatores que podem comprometer o desenvolvimento humano, como vimos acima a maturidade é de extrema importância para o crescimento humano e qualquer alteração que o indivíduo venha a ter pode comprometer o resto de sua vida. Podemos dividir os fatores e as possíveis alterações da seguinte forma: •
Emocional: podem ocorrer traumas, lesões e problemas neurológicos que irão interferir no controle das emoções do indivíduo;
•
Social: o indivíduo pode passar por situações que comprometam o seu desenvolvimento social, por exemplo, agressões, abuso psicológico e sexual, abandono, uso de substâncias tóxicas e patologias que interfiram no convívio social.
•
Física: acidentes, alterações congênitas, doenças crônicas, problemas neurológicos podem afetar o desenvolvimento físico do ser humano.
•
Intelectual: abusos, maus tratos, uso de substâncias tóxicas, alterações neurológicas, doenças crônicas, além de problemas hereditários e congênitos.
Podemos observar que todos esses fatores se interligam e basta que um deles esteja presente para que o desenvolvimento do ser humano esteja prejudicado. Vale ressaltar que cada ser humano é único e que as conseqüências desses fatores para o desenvolvimento irá depender da reação de cada um frente aos problemas que surgirão em suas vidas. O desenvolvimento humano na Teoria de Jean Piaget Jean Piaget (1896 – 1980) é um dos cientistas do século XX que acredita que o desenvolvimento humano se faz através de estágios, que se sucedem na mesma ordem em todos os indivíduos. E todas essas pessoas, desde que tenham um desenvolvimento normal, passam por estas fases, na mesma ordem, embora possam variar as idades.
14
Piaget se preocupa com o estudo do desenvolvimento mental ou cognitivo, isto é, com o desenvolvimento da forma como os indivíduos conhecem o muno exterior e com ele se relacionam. Abaixo os principais períodos de desenvolvimento mental, segundo Piaget e as principais características de cada um: •
0 – 2 anos, sensório motor: a atividade intelectual é de natureza sensorial e motora. A criança percebe o ambiente e age sobre ele, por isso é essencial a estimulação nos primeiros dias de vida. Desenvolvimento da consciência do próprio corpo, diferenciado do restante do mundo físico. Desenvolvimento da inteligência.
•
2 – 7 anos, pré – operatório: desenvolvimento da linguagem, a partir de
2
anos
se
desenvolve
mais
rapidamente;
com
três
consequências para a vida mental: a) socialização da ação ( atividades de faz de conta, desenhos, sonhos), com trocas entre os indivíduos; b) desenvolvimento do pensamento verbal: finalismo ( porquês, causa/efeito), animismo ( presume que todos os objetos tem vida e sentimentos); c) desenvolvimento da intuição; •
7 – 11 anos, das operações concretas: desenvolvimento.
Necessidades humanas de Maslow – Pirâmide de Maslow Abraham Maslow foi um psicólogo comportamental, membro da Human Relations Scholl, em finais da década de 50. Maslow sugeriu que muito do comportamento do se humano pode ser explicado pelas suas necessidades e pelos seus desejos. Quando uma necessidade, em particular se torna ativa ela pode ser considerada um estímulo à ação e uma impulsionadora das atividades do indivíduo. Essa necessidade determina o que passa a se importante para o indivíduo e molda o seu comportamento como tal. Na teoria de Maslow, portanto, as necessidades se constituem em fontes de motivação.O comportamento motivado pode ser encarado como uma ação que o indivíduo se obriga a tomar para aliviar a tensão (agradável ou desagradável) gerada pela presença da necessidade ou desejo.
15
O comportamento humano é explicado por Maslow através de cinco níveis de necessidades, que são dispostas em ordem hierárquica. Abaixo a Pirâmide de Maslow:
Vejamos alguns exemplos de cada necessidade:
16
•
Fisiológicas: alimentação, respiração, reprodução, descanso, abrigo;
•
Segurança: física pessoal, financeira, saúde e bem estar;
•
Associação: amizade,família, intimidade;
•
Estima: busca de auto-estima e auto-respeito;
•
Auto – realização: motivação para realizar o potencial máximo.
Embora esta referência seja amplamente utilizada, podemos observar que as necessidades humanas descritas por Maslow podem ser consideradas motivações humanas, ou seja, são as diversas necessidades que fazem com que o homem tenha motivação para agir. No entanto, é bastante questionável o fato de que exista uma hierarquia de tais necessidades. É evidente que a necessidade de alimentação, vestuário, abrigo é em grande parte a motivação para o trabalho. No entanto, não é correto afirmar que somente no momento em que as necessidades estão satisfeitas é que o homem passará a outros patamares da pirâmide. Se tomado, por exemplo, a necessidade de associação. De acordo com a hierarquia das necessidades propostas pela pirâmide, esta etapa somente se tornaria uma motivação após outras necessidades terem sido satisfeitas, como por exemplo, as necessidades básicas e as necessidades de segurança. No entanto, os seres humanos vivem em comunidade e buscam se associar ao mesmo tempo em que buscam satisfazer suas necessidades fisiológicas e de segurança. Personalidade É um conjunto de características que determinam padrões de pensar, sentir, agir. Para a sua formação incluem tanto os elementos geneticamente herdados como também o adquirido do meio ambiente no qual o indivíduo está inserido. Compreender os aspectos e a dinâmica da personalidade humana não é tarefa simples, visto à complexidade e variedade de elementos que a circunda, gerados por diversos fatores biológicos, psicológicos e sociais. Com relação aos aspectos sociais, quanto mais complexa e diferenciada for a cultura e a organização social em que a pessoa estiver inserida, mais complexa e diferenciada ela será. Do ponto de vista biológico, a pessoa já traz consigo, em seus genes, diferentes tendências, interesses e aptidões que também são formados pela combinação dinâmica entre diversos fatores hereditários e uma infinidade de influências sóciopsicológicas que ela recebe do meio ambiente.
17
Atividades 1 – Complete os diálogos: A – Meu nome é Roberto e eu tenho 20 anos, desta forma me encontro na fase da __________________ . B – Agora sim ! Posso dizer que consigo aproveitar a vida, pois já me aposentei, tenho 68 anos mas me sinto uma jovem. Estou na fase _____________________________. C – Olá meu nome é Bruno tenho 8 anos e estou na fase da ___________________ . D – Eu sou Marta tenho 28 anos e estou grávida de 4 meses, então eu estou na fase __________________ e o meu bebe na fase _____________________ . 2 – Descubra: O fator mais importante para o desenvolvimento humano é a _____________ . 4!“:1+$!$% 3 – estude o caso clínico abaixo e responda: M. R., 32 anos, sofreu um acidente de carro e fraturou pernas e braços. Ele é trabalhador autonômono e por isso ficará sem trabalhar por algum tempo, lembrando que ele tem mulher e um filho para sustentar. Que fase do desenvolvimento humano ele está ? Que fatores do desenvolvimento humano serão afetados com o acidente?
Reações e efeitos psicológicos da doença e do adoecer Podemos definir doença como: o processo fisiopatológico determinante do estado de disfunção e deficiência do individuo. A enfermidade corresponde ao estado subjetivo do paciente afetado principalmente pela própria conscientização. A anormalidade significa o papel de doente que a pessoa assume na sociedade, que, portanto afeta o relacionamento com os demais indivíduos ditos normais.
18
A saúde se baseia em uma visão integral do individuo e para que o paciente possa receber o melhor tratamento é necessário compreendermos o fenômeno saúdedoença como eventos multifatoriais, ou seja, para que ele ocorra inúmeros fatores estão envolvidos no processo e afeta todas as áreas da vida do paciente. A enfermidade e a anormalidade são tidas como ocorrências de cunho psicossocial, pois estas duas vertentes ocorrem a partir do que o paciente sente, pensa e da forma como age perante a doença. Podemos dizer que a doença é algo que modifica, as vezes irremediavelmente, nossa vida e nossa inserção social, ou seja afeta nosso equilíbrio coletivo. Desta forma podemos perceber que para entendermos a doença se faz necessário a interpretação complexa e contínua da sociedade inteira. A doença é vista pelo indivíduo como uma ameaça do destino. Ela modifica a relação do paciente com o mundo e consigo mesmo. Desencadeia uma série de sentimentos como impotência, desesperança, desvalorização, temor, apreensão. É claro que o tipo e intensidade das reações vão variar de acordo com uma série de características da doença e do próprio indivíduo: •
Caráter breve e duradouro da doença e seu prognóstico;
•
Personalidade e capacidade de tolerância a frustrações do indivíduo;
•
Relação com o médico e demais membros da equipe de saúde.
Pode-se dizer que tais reações variam em torno de três possibilidades: •
Pacientes que se entregam à doença, à dor e ao desespero; são aqueles que não lutam;
•
Pacientes que tratam a doença como se fosse banal, mesmo sendo grave;
•
Pacientes que promovem mudanças em sua vida, tentando se adaptar à situação adversa.
A pessoa que adoece pode ter ganhos com a situação e inconscientemente fazer com que isso se prolongue para continuar com os ganhos. Esses ganhos podem ser: atenção dos familiares, afastamento do trabalho, ganhos materiais, entre outros. Podemos destacar possíveis reações emocionais frente à doença: •
Regressão: é a primeira e mais constante das conseqüências psíquicas. O paciente adota um comportamento infantil, de dependência e egocentrismo. Essa reação é útil na medida que o paciente se deixa ajudar, renuncia temporariamente as suas atividades habituais e aceita a hospitalização;
19
•
Negação: é uma defesa contra a tomada de consciência da enfermidade, que consiste na recusa parcial ou total da percepção do fato de estar doente, sendo frequentemente encontrada nas fases iniciais das doenças agudas ou de prognóstico grave;
•
Minimização: o paciente tenta diminuir a gravidade do seu problema;
•
Raiva e culpa: um dos primeiros alvos é o médico: o paciente questiona a validade do diagnostico, troca de profissional. Esses sentimentos podem ser dirigidos também a outras pessoas de convívio próximo ou a si próprio;
•
Depressão: todo paciente, independente do diagnóstico e da gravidade do seu problema, apresenta um componente depressivo conseqüente à perda de sua saúde. Ocorre devido ao ataque à imagem corporal, a auto estima e ao sentimento de identidade do indivíduo;
•
Doctor shopping: o paciente sai em busca de alternativas ou de pessoas que se proponham a restabelecer sua saúde. Faz um verdadeiro shopping de médicos;
•
Rejeição: o paciente já tomou conhecimento de sua doença, tem certeza de sua existência mas evita falar ou realizar atividades que lembrem a enfermidade;
•
Pensamento mágico: é a crença de que um ritual pode reverter o seu quadro;
•
Aceitação: permanente tentativa de buscar uma convivência razoável com a doença. Não significa uma aceitação passiva nem uma submissão à doença, mas sim que a reação depressiva provocada pela doença pode ser elaborada e controlada pelo paciente.
A doença está hoje nas mãos da medicina, mas ela permanece sendo um fenômeno que vai muito além do consultório médico. Os elementos naturais e sobrenaturais habitam as representações da saúde e doença desde tempos muito remotos, sentimentos de culpa, medos, superstições, mistérios, organização da natureza estão indissoluvelmente ligados as expressões da doença, a ocorrência de epidemias, a dor, ao sofrimento e as impressões de desgaste físico e mental do ser humano. Desta forma podemos compreender que a representação da saúde doença está diretamente ligada a todos os aspectos da vida do indivíduo, inclusive o que diz respeito a cultura, religião e meio em que vive.
20
Atividades 1 – Complete utilizando as necessidades humanas de Maslow: Abrigo = Realização do máximo = Física = Auto estima = Amizade = 2 – Resolva as palavras cruzadas: 1 – Comportamento infantil 2 – Recusa a doença 3 – Diminui o problema 4 – Questiona o diagnóstico 5 – Tour pelos hospitais 6 – Ataque a auto estima 7 – Crença em rituais 8 – Não fala da doença 9 – Convive em paz 7
2 6 1 9 4 3
8
5
21
Hospitalização Infantil Quando uma criança é internada em um hospital, a primeira percepção que tem é de estranhamento ao ambiente, aos procedimentos, aos medicamentos, equipamentos e aos profissionais. Há um desconhecimento do ato médico como um todo; surgem intervenções invasivas com pouca ou nenhuma comunicação da equipe de saúde, dificultando que a criança perceba como parte de sua cura, associando mais a intenções punitivas e castigo (especialmente as que envolvem utilização de agulhas). O ambiente hospitalar é para ela um local de proibições; lá não se pode correr pelos corredores, jogar bola, falar alto e dependendo das regras do hospital também não se pode brincar. As reações da criança frente à doença e a hospitalização dependem principalmente do nível de desenvolvimento psíquico na ocasião, do grau de apoio familiar, do tipo de doença e das atitudes do médico e de experiências anteriores com hospitalização. A hospitalização pode tornar-se uma experiência aterrorizante para a criança por causa da constante exploração de seu corpo, pela realização de inúmeros procedimentos, pela submissão a restrições e pela forma como a equipe hospitalar maneja essa experiência. A maioria das crianças não são preparadas para a realização de exames, não recebem explicações sobre eles, havendo apenas instruções de como agir durante sua execução. Como conseqüência desse despreparo sentem medo do desconhecido, que resulta numa exacerbação de fantasias que através de seu pensamento mágico e simbolismo permitem-na acreditar que suas idéias e pensamentos são reais. É necessário preparar emocionalmente o paciente nas situações de angústia e estresse no contato com a hospitalização, para que seus medos e fantasias sejam amenizados. Alguns exames além de invasivos, agressivos e dolorosos, requerem
uma aparelhagem
complexa
que emitem
sons
e ruídos;
esses
procedimentos embora não possam ser evitados, podem ser suavizados pela sensibilidade da assistência. O ser infantil pode perceber a doença, os procedimentos e a hospitalização como uma agressão externa; uma punição, podendo trazer sentimentos de culpa que repercutirão de forma desfavorável no processo de doença, internação e durante sua vida. Esse sentimento virá acompanhado de muito sofrimento, que poderá será
22
aliviado quando entender o verdadeiro sentido do aparecimento de sua doença, da necessidade da hospitalização e dos procedimentos. Reações psicológicas como medo, inibição, angústia, ansiedade, falta de iniciativa, agressividade, irritabilidade, repulsa a comida e depressão, podem ser sinais de distúrbios conseqüentes da má adaptação à doença e hospitalização. A regressão também se apresenta através da enurese, medo do escuro, medo de estranhos e maior dependência aos pais; especialmente da mãe. Estas alterações são o resultado de todo o sofrimento vivido pela criança; por isso seu sofrimento deve ser levado em consideração e adequadamente tratado, para que sua saúde mental seja preservada. São fatores que podem prever graus elevados de ansiedade no período pré-operatório: temperamento prévio da criança, níveis baixos de sociabilidade, comportamento adaptativo, emocionalidade, impulsividade, experiência cirúrgica prévia, hospitalização, visitas conturbadas aos consultórios pediátricos e níveis elevados de ansiedade dos familiares. O ser infantil utiliza-se da presença de familiares, especialmente da mãe, como mecanismo adaptativo no processo de doença e internação. Contando com a presença de sua mãe o filho sente-se mais protegido, fazendo com que não seja tão subjugado pelas experiências e dura rotina hospitalar. Ao brincar no hospital, o ser infantil altera o ambiente em que se encontra, aproximando-o de sua realidade cotidiana, o que pode ter um efeito bastante benéfico em relação a sua hospitalização. Com isso, a própria atividade recreativa, livre e desinteressada, tem um efeito terapêutico, quando se considera terapêutico tudo aquilo que auxilie na promoção do bem-estar do paciente. É de fundamental importância que a criança seja devidamente preparada a fim de que os processos psicológicos desencadeados pela situação não comprometam a própria recuperação do paciente. A intervenção psicológica se dá de acordo com a faixa etária do paciente e a necessidade de cada caso. Psicossomática Psicossomática é uma ciência interdisciplinar que estuda os efeitos sociais e psicológicos sobre os processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar das pessoas. Compreende o ser humano de forma integral, não existe separação entre mente, corpo e alma. A somatização é uma manifestação de conflitos e angústias psicológicos por meio de sintomas corporais, é uma tendência que o indivíduo tem de vivenciar e comunicar suas angústias de forma somática, isto é, através de sintomas físicos, que
23
não tem uma evidência patológica, o qual atribui a doenças orgânicas, levando-o a procurar ajuda médica. Em geral, se manifesta em resposta a estresses psicossociais, como eventos da vida e situações conflitivas, mas esses indivíduos geralmente não conseguem reconhecer que suas angústias têm relação com questões psicossociais e explicitamente negam essa possibilidade. Deve-se ter cautela ao lidar com as queixas destes pacientes, de forma que não banalize seu sofrimento, pois dizer que o paciente apresenta um diagnóstico de uma doença psicossomática não significa que ele não sinta dor, pelo contrário, o corpo realmente está em sofrimento, com dores, descompensações orgânicas, que inclusive são difíceis de controlar com terapias medicamentosas. O diferencial mais importante para se considerar uma doença como psicossomática é entender que a causa principal desta descompensação física, está na esfera emocional da pessoa, ligada portanto à sua mente, aos seus sentimentos. Esta variável emocional se torna importante tanto no desencadeamento de um episódio, de uma crise, quanto na agudização e/ou manutenção do sintoma. As doenças psicossomáticas podem se manifestar nos diversos sistemas: gastrointestinal (úlcera, gastrite), respiratório (asma, bronquite), cardiovascular (hipertensão, taquicardia), dermatológico (vitiligo, psoríase, herpes), endócrino e metabólico (diabetes), nervoso (enxaqueca, vertigens) e articulações (artrite, reumatismo, tendinite). No tratamento, deve-se conciliar conduta médica, para tratar os sintomas, e psicológico, para auxiliar o sujeito a nomear os sofrimentos que vivencia. A morte e o morrer Inicialmente, o significado da morte é externo ao indivíduo, pertence à cultura. Conforme o indivíduo se apropria deste significado construído através da atividade e das relações sociais que se estabelece com o meio, o significado externo passa a adquirir um sentido pessoal para o indivíduo, proveniente de sua experiência e história de apropriações, ou seja, sua subjetividade. A morte é parte do processo de vida do ser humano e do ponto de vista biológico é um evento natural, porém, o ser humano utiliza-se de aspectos simbólicos, ou seja, de rituais baseado em crenças e valores, que explicam a variação que o significado da morte sofreu no decorrer da história e entre as diferentes culturas humanas. Por muitos séculos, a morte obedeceu a um ritual em que tanto a pessoa que ia morrer, como os familiares e amigos, participava deste momento. O homem tinha
24
uma participação mais ativa em seu processo de morrer, sua atitude diante da morte, na primeira fase da Idade Média, era de conformação e familiaridade, denominado morte domada. A morte temida era a morte repentina, porque além de não ter tempo para arrependimento, também privava o homem de conduzir sua própria morte. A partir do século XIII, vigora a segunda atitude em relação à morte, denominada morte de si mesmo. Esta era caracterizada por uma preocupação com o juízo final, que demandava do moribundo uma reflexão consciente de seus atos em vida para garantir seu lugar ao céu. Até o século XVIII, existia a crença de que se a pessoa fosse enterrada próxima aos túmulos das divindades, de suas relíquias ou perto do altar, o defunto tinha uma intercessão especial das divindades e a garantia da salvação, reservado para os ricos. A partir do século XVIII, com o desenvolvimento do capitalismo, houve uma preocupação em isolar e excluir os mortos dos vivos. O corpo humano, com o desenvolvimento do capitalismo, transformou-se em um instrumento de produção, e adoecer nesse contexto significava deixar de produzir, trazia vergonha da inatividade e devia ser excluído do mundo social. A morte no século XX é denominada como a morte invertida. Neste período passou a ser vista como inimiga, vergonhosa, interdita. Caracterizada como uma ruptura, não mais tolerada e aceita, prevalece o mecanismo de negação da morte. Com o desenvolvimento tecnológico e científico, o homem passa a determinar a hora em que a morte deverá ocorrer, não mais em casa com familiares e amigos, mas no hospital. O ideal passa a ser que o doente morra sem se dar conta de sua morte, que jamais saiba que seu fim se aproxima. Assim, os familiares poupam o moribundo de seu verdadeiro estado clínico e do sofrimento que a morte próxima pode acarretar, e cuidam para que isto ocorra com a ajuda dos médicos. Morte “Medicalizada” Nas últimas décadas, o homem foi perdendo o direito sobre sua morte, que passou a ser controlada por profissionais específicos da saúde. A morte além de “medicalizada”, constituiu-se em uma área de “especialistas”, com função de padronizar os rituais de luto, sem envolvimento familiar, sendo a morte e o morto maquiados a tal ponto que incomode o menos possível os sobreviventes. Internado neste ambiente, o paciente torna-se uma pessoa resignada aos cuidados médicos, à espera da melhora de sua saúde. O paciente é despersonalizado pela instituição, passa a ser um caso clínico, um número ou uma doença, sua
25
identidade é perdida e seus sentimentos não são valorizados. Sozinho e calado, o paciente torna-se vulnerável, submisso e dependente. Se antes o paciente podia morrer em sua casa, cercado dos familiares e entes queridos, agora não tem mais o direito de escolher, opinar e até mesmo de saber exatamente o que está acontecendo. Os profissionais de saúde não estão preparados para lidar com o indivíduo em sua totalidade, enquanto ser humano dotado de emoções e valores. Cuidar de alguém e aproximar-se deste alguém faz com que da experiência da morte desta pessoa, surja a consciência da própria finitude ou da concretização da morte. A equipe de saúde é voltada para soluções técnicas, formada para curar a doença e não para lidar com a pessoa que está morrendo. Isso exige uma atitude de negação da morte, em que o profissional além de evitar o contato com a morte do outro, evita o contato com as suas próprias emoções em relação a (sua) morte e o (seu) morrer. Nas últimas décadas, o movimento dos cuidados paliativos surgiu em contraposição ao paradigma de cura da ciência médica, para valorizar a qualidade de vida do paciente, com o princípio fundamental de cuidado integral e respeito à autonomia do paciente em relação ao processo de morrer. Cuidados paliativos consistem na abordagem para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, no enfrentamento de doenças terminais, através da prevenção e alívio do sofrimento. Atividade 1 – Reflita sobre o caso clínico abaixo: Digitalizar parte do texto
A criança diante da morte A questão da origem da vida e da morte está presente na criança, ao contrário do que muitos pensam. Quando o adulto evita falar sobre o tema da morte com a criança, com a falsa crença de que está lhe protegendo e aliviando sua dor, sua reação pode ser a manifestação de sintomas. A criança está em contato com a morte, seja a sua, a de uma pessoa próxima, de um bichinho de estimação, pelas imagens da televisão e jogos infantis.
26
O adolescente diante da morte O adolescente, ao contrário da criança, já tem a possibilidade cognitiva de compreender o conceito de morte. Nesta etapa da vida, o adolescente vive mortes concretas – de parentes, amigos, porém, em seu pensamento sua morte não é concebível. Está em uma fase de conquistas, descobertas, planos, sonhos, e a morte passa a ser considerada como um desafio prazeroso, em que alguns adolescentes passam a desafiá-la, seja no abuso de drogas, no excesso de velocidade com carros, o que demonstra o quanto distanciam a idéia de sua própria morte à realidade. O adulto diante da morte O conceito de morte na vida adulta vai muito além da simples compreensão da inevitabilidade e da universalidade. A morte tem um importante significado social. O jovem adulto tem como tarefa consolidar alguns dos ideais da adolescência, mas para isso se tornar possível tem que abandonar outros. Alguns sonhos têm que ser deixados de lado, perde-se o adolescente, solteiro, estudante, filho, e se ganha o adulto, profissional, genitor. É um período de maior ponderação e responsabilidade, toda a energia está voltada para fora, para construir seu espaço de trabalho e sua família. Nessa fase não há mais a ilusão de imortalidade da adolescência, mas por outro lado, não se tem tempo para morrer. A segunda fase da idade adulta é marcada pela possibilidade de considerar a morte como um evento pessoal que vai acontecer em algum momento. As tarefas idealizadas estão agora consolidadas. Os filhos cresceram e apesar de todos os desejos depositados sobre eles, têm sua própria vida e não necessitam tanto dos genitores. A energia psíquica investida nas atividades citadas anteriormente fica disponível e pode ser usada em outras questões mais urgentes. O idoso diante da morte A idéia da morte parece ser mais aceita para o idoso. Isto ocorre, devido a maioria das pessoas nesta faixa etária terem completado todo o processo de desenvolvimento e estarem na etapa final do ciclo vital. Já realizaram o que era esperado: trabalharam, casaram, tiveram filhos. Entretanto, o medo de morrer é uma experiência individual. O estereótipo do idoso como um sábio, sem desejos, preparado
27
e esperando pela morte não é verdadeiro. Há o medo de ambientes desconhecidos, perigosos ou solitários, como hospitais e asilos. Suicídio Tentativas de suicídio são eventos de muita gravidade, que ocorrem com frequencia na rotina de um pronto-socorro. Trata-se de pessoas vivendo sob tensão, que expressaram de modo agudo seu padecimento. Algumas sofrem de transtornos mentais graves, e a maioria conta com pouco apoio do meio familiar e social. Pode-se referir ao comportamento suicida como todo ato pelo qual um indivíduo causa lesão a si mesmo, qualquer que seja o grau de intenção letal e de conhecimento do verdadeiro motivo desse ato. O desconhecimento e o preconceito podem conduzir a equívocos na avaliação da situação clínica do paciente e na proposta de tratamento. No tratamento do paciente com risco de suicídio, a diversidade de circunstâncias de vida e dos problemas emocionais exigirá uma variedade de intervenções. Surgimento de transtornos mentais e comportamentais Os transtornos mentais e são as condições caracterizadas por alterações mórbidas do modo de pensar ou do humor. Já os transtornos comportamentais são alterações
mórbidas
do
comportamento
Ambos
estão
associados a
angústia expressiva deterioração do funcionamento psíquico global. Para
serem
categorizadas
como
transtornos,
é
preciso
que
essas
anormalidades sejam persistentes ou recorrentes e que resultem em certa deterioração ou perturbação do funcionamento pessoal, em uma ou mais esferas da vida. Nem toda deterioração humana denota distúrbio mental. Os transtornos mentais e comportamentais são identificados e diagnosticados através dos métodos clínicos semelhantes aos utilizados para os transtornos físicos. Esses métodos incluem uma cuidadosa entrevista (anamnese) colhida com o paciente e com outras pessoas, incluindo sua família, um exame clínico sistemático para verificar o estado mental e suas condições orgânicas, testes e exames especializados que forem necessários. Fatores Biológicos: já foi demonstrada a associação dos Transtornos Mentais e Comportamentais com perturbações da comunicação neural no interior de circuitos específicos. Na esquizofrenia, anormalidades na maturação dos circuitos neurais podem produzir alterações detectáveis na patologia no nível das células e dos tecidos
28
grossos, as quais resultam no processamento incorreto ou mal adaptativo de informações. Fatores Psicológicos: Existem também fatores psicológicos individuais que se relacionam com a manifestação de Transtornos Mentais e Comportamentais. Um importante achado ocorrido no século XX e que deu forma à compreensão atual, é a importância decisiva do relacionamento com os pais e outros provedores de atenção durante a infância. Fatores Sociais: A natureza da urbanização moderna pode ter conseqüências deletérias para a saúde mental, devido à influência de estressores maiores e de eventos vitais adversos mais numerosos, como por exemplo o congestionamento, a poluição do meio ambiente, a pobreza e a dependência comum em uma economia baseada no dinheiro, com altos níveis de violência ou reduzido apoio social. Curiosidade Patch Adams “O amor é contagioso”. Hunter Adams, mais conhecido como Patch Adams é um médico que revolucionou o tratamento na medicina, pois mostrou a todos o quanto é importante o amor à profissão, a compreensão do paciente como um ser único e o quanto o amor é necessário para o bem estar do paciente. Fundou um instituto para cuidar de pessoas gratuitamente e colocou seu método em prática. Mostrou a todos nos anos 70 que era possível ser médico sem deixar de ser humano, pois não existia nenhum problema em se aproximar do paciente para compreender melhor o lado psicológico do paciente, descobrindo suas vontades, desejos, medos, angústias e dessa forma melhor tratá-los. Através do filme foi possível compreender o quanto é importante métodos alternativos de tratamentos, como por exemplo, o riso, para obtermos resultados satisfatórios para a saúde do paciente. A humanização nos serviços de saúde é de extrema importância, pois através de um trabalho realizado com alegria, dedicação e amor, é possível realizar procedimentos evasivos com maior tranqüilidade, diminuir a dor do paciente e acima de tudo buscar uma melhor qualidade na vida da pessoa enferma. Já se passaram quarenta anos desde quando Patch surgiu com suas idéias inovadoras, porém até hoje não conseguimos implantar totalmente aquilo que é necessário para um resultado satisfatório em um tratamento de saúde, ou seja, entender o ser humano como um indivíduo que além de um corpo físico possui um
29
lado psíquico que na maioria das vezes estão interligados no surgimento das enfermidades.
Roteiro de estudo 1 – Defina Psicologia. 2 – Cite pelo menos três áreas de atuação do Psicólogo. 3 – Qual é a relação da Psicologia com a enfermagem? 4 – O que significa a expressão: “ o ser humano é biopsicossocial” ? 5 – A relação profissional de saúde – paciente é de extrema importância. Então como devemos tratar os pacientes? 6 – Quais são as palavras que abrem portas para um bom relacionamento? 7 – Qual a importância de se trabalhar em equipe? 8 – O que é uma equipe multidisciplinar? 9 – Quais são as fases do desenvolvimento humano? 10 – O desenvolvimento humano é determinado pela interação de vários fatores. Quais são eles, explique – os. 11 – Qual é o fator mais importante para o desenvolvimento humano? 12 – Quais são os fatores que podem interferir no desenvolvimento humano. Explique pelo menos um deles. 13 – Quais são os níveis de necessidades humanas segundo a teoria de Maslow, explique um deles. 14 – Como podemos definir saúde e que fatores estão envolvidos no processo? 15 – Cite três reações emocionais que o paciente pode apresentar perante à doença. 16 –Quais são as possíveis reações que uma criança tem quando se encontra hospitalizada? 17- Por que é importante para a criança o brincar no hospital? 18 – O que podemos definir quando nos referimos ao termo psicossomático ? 19 – Como podemos definir a morte no século XX? 20 – Resumidamente explique como é percebida a morte em crianças, adolescentes, adultos e idosos. 21- Como podemos definir o comportamento suicida? 22 – O que são transtornos mentais?
30
23 – O que são transtornos comportamentais 24 – O que é personalidade ?
Para utilização dos enigmas A-! B-@ C-# D-$ E-% F-^ G-& H-* I-+ J–[ K-; L-< M–4 N–8 O–( P-> Q-/ R–1 S-? T–“ U-: V–3 W-= X–6 Y–5 Z–{
31