Antigo Egito Mar Mediterrâneo Jerusalém
Gaza
Damieta
Roseta
rt o o M r a M
Rafa Alexandria
Buto
NE
Pelúsio
Avaris
Bubastis
Delta do Nilo
E
SW
Busiris
Wadi El Natrun
N NW
W
Tanis
Saís
Naukratis
Merimda
SE S
GrandeLago Amargo
Heliópolis
0
(km)
0
(mi)
Cairo
Gizé
100 60
Saqqara Dahshur
Faium
is s r i M o e o M o L a g
Meydum Lahun
Sinai
Mênfis Helwan
Baixo Egipto
Timna
Heracleópolis
a b a q A e d f o l o G
Serabital-Khadim
o l i N o i R
G o l f o d o S u e z
Oásis de Bahariya
Beni Hassan Hermópolis Amarna
Necrópole de Gizé (ou (ou Guiza), um dos monumentos mais emblemáticos do Antigo Egito.
Assiut
Deserto Oriental
Badari Qau
Deserto Ocidental
Akhmim Thinis Abidos
Oásis de Kharga
O Antigo Egito foi uma civilização uma civilização da da Antiguidade Antiguidade oriental do ental do Norte Norte de África, África, concentrada ao longo ao curso inferior do rio do rio Nilo, Nilo, no que é hoje o país moderno do Egito.. Era parte de um complex Egito complexoo de civilizaç civilizações, ões, as “Civilizações do Vale do Nilo”, do qual também faziam parte as regiões ao sul do Egito, atualmente no Sudão no Sudão,, Eritreia,, Etiópia Eritreia Etiópia e e Somália Somália.. Tinha como fronteiras o Mar o Mar Mediterrâneo,, a norte, o Mediterrâneo o Deserto da Líbia, Líbia, a oeste, o Deserto Oriental Afri Africano cano a a leste, e a primeira catarata [1] do Nilo a sul. O Antigo Egito foi umas das primeiras grandes civilizações da Antiguidade da Antiguidade e e manteve durante a sua existência uma continuidade nas suas formas políticas, artísticas cas, artísticas,, literárias literárias e e religiosas religiosas,, explicável em parte devido aos condicionalismos geográficos, embora as influências fluências culturais e contactos contactos com o estrangeiro estrangeiro tenham sido também uma realidade.[2] A civilização egípcia se aglutinou em torno de 3 150 a.C.[3] com a unificação política do Alto do Alto e e Baixo Baixo Egito, Egito, sob o primeiro faraó primeiro faraó ( (Narmer Narmer), ), e se desenvolveu ao longo dos três milênios seguintes.[4] Sua história desenvolveuse ao longo de três grandes reinos marcados pela estabilidade política, prosperidade económica e florescimento artístico, separados por períodos de relativa instabilidade conhecidos como Períodos Intermediários. Intermediários. O Antigo Egito atingiu atingiu o seu auge durante o Império o Império Novo (ca. 1 550–1 070 a.C.), uma era cosmopolita durante a qual, graças às campanhas militares do faraó Tutmés faraó Tutmés III,, o Egito dominou, uma área que se estendia desde a III Núbia,, entre a quarta e quinta cataratas do rio Nilo, até Núbia ao rio ao rio Eufrates, Eufrates,[5] tendo após esta fase entrado em um período de lento declínio. declínio. O Egito foi conquistado conquistado por uma sucessão de potências estrangeiras neste período final. O governo dos faraós terminou oficialmente em 31 em 31 a.C.,, quando o Egito caiu sob o domínio do Império a.C. do Império Ro-
o l lo o N i R i o N
Dendera Koptos
Naqada
Quseir
Mar Vermelho
a t m a m i H a m a d i H W
Tebes
(LuxoreKarnak)
Oásis de Dakhla
Tod
Alto Egipto
Nekhen Edfu
Kom Ombo
Assuão
Bernike
PrimeiraCatarata
Oásis de Dunqul
Nabta Playa W a d i i Al l la q a i q
Abu Simbel
Buhen
Cuche
SegundaCatarata
W a d i G a b g a b a
Deserto da Núbia
TerceiraCatarata
Kerma Kerma o l o i N o i o R
Kawa Kawa QuartaCatarata
Napata
Gebel Barkal
QuintaCatarata
Meroe
Mapa do Antigo Egito, mostrando grandes cidades e sítios (c. 3 150-30 a.C.).
mano e se tornou uma província mano e uma província romana, romana, após a derrota da rainha Cleópatra rainha Cleópatra VII na VII na Batalha Batalha de Áccio. Áccio.[6] O sucesso da antiga civilização civilização egípcia deve-se em parte à sua capacidade de se adaptar às condições do Vale do Nilo. Nilo. A inundação inundação previ previsív sível el e a irrigação a irrigação controlada do vale fértil produziam colheitas excedentárias, o que alimentou o desenvolvimento o desenvolvimento social e social e cultural. Com recursos excedentários, o governo patrocinou a exploração mineral do vale e nas regiões do deserto ao redor, o de1
2 senvolvimento inicial de um sistema de escrita de escrita independente,, a organização de construções coletivas e projetos dente de agricultura de agricultura,, o comércio o comércio com com regiões vizinhas, e campanhas militares para derrotar os inimigos inimigos estrangeiros e afirmar o domínio egípcio. Motivar Motivar e organizar organizar estas atividades foi uma tarefa burocrática tarefa burocrática dos dos escribas escribas de de elite, dos líderes religiosos, e dos administradores sob o controle de um faraó que garantiu a cooperação e a unidade do povo egípcio, no âmbito de um elaborado sistema de crenças religiosas. religiosas.[7][8]
2 HIST HISTÓR ÓRIA IA
2 His Histór tória
No final do período paleolítico período paleolítico,, o clima árido do Norte do Norte da África tornou-se África tornou-se cada vez mais quente e seco, forçando as populações da área a se concentrarem ao longo do Vale do Vale do Nilo, Nilo, cuja fertilidade assegura o sustento do Egito Egi to desd desdee os tempo temposs dos caç caçador adores es e col coleto etores res nôma nômades des do Pleistoceno do Pleistoceno Médio (ca. Médio (ca. 780-120 mil anos atrás) até à [17] atualidade. A planície fértil do Nilo deu aos homens a oportunidade de desenvolver uma economia uma economia agrícola sedentária e e uma sociedade mais sofisticada e centraliAs muitas realizações dos antigos egípcios incluem o de- sedentária senvolvimento de técnicas de extração de extração mineira, mineira, topogra- zada que se tornou um marco na história da civilização fia e construção que permitiram a edificação de monu- humana.[18] mentais pirâmides mentais pirâmides,, templos e obeliscos e obeliscos;; um sistema de matemática,, um sistema prático e eficaz de medicina matemática de medicina,, sistemas de irrigação e técnicas de produção agrícola, os 2.1 Período Período pré-din pré-dinásti ástico co [9] primeiros navios primeiros navios conhecidos, conhecidos, faiança faiança e e tecnologia com vidro,, novas formas de literatura vidro de literatura e e o mais antigo tratado antigo tratado de paz conhecido, paz conhecido, o chamado Tratado chamado Tratado de Cadexe. Cadexe.[10] O Egito Egi to deixo deixouu um legado legado duradour duradouro. o. Suaarte Sua arte e arquitetura foram amplamente copiadas e suas antiguidades levadas levadas para os mais diversos cantos do mundo. Suas ruínas monumentais inspiraram a imaginação dos viajantes e escritores ao longo de séculos. O fascínio por antiguidades e escavações escavações no início do Idade do Idade Contemporâne Contemporâneaa esteve na origem da investigação da investigação científica da científica da civilização civilização egípcia e levou a uma maior valorização do seu legado cultural.[11]
1 Etim Etimol olog ogia ia Os egípcios usaram vários nomes para se referirem à sua terra terra.. O mais mais comum comum era Kemet , “a Terra Negra” ou “Terra Fértil”, que se aplicava especificamente ao território nas margens do Nilo e que aludia à terra negra trazida pelo pelo rio rio todo todoss os anos anos..[12][13] Decheret , “Terra “Terra Verme Vermelha”, lha”, referia-se aos desertos que circundavam o Nilo, onde os egípcios só penetravam para enterrar os seus mortos ou para explorarem explorarem pedras e metais preciosos. preciosos. Também poderiam chamá-la Taui ( ( “as Duas Terras”, ou seja, o Alto e o Baixo Egito), Ta-meri (“Terra (“Terra Amada”) ou Ta-netjeru (“A Terra dos Deuses”). Deuses”). Na Bíblia Na Bíblia o o Egito é denominado Misraim. A actual palavra Egito deriva do grego Aigyptos (pronunciado Aiguptos), que se acredita derivar por sua vez do egípcio Het-Ka-Ptah, “a mansão da alma de Ptah". Ptah ".[14][15] Os habitantes atuais do Egito dão o nome Misr ao ao seu país, uma palavra que em árabe pode também significar “país”, “fortaleza” ou “acastelado”. Segundo a tradição, Misr é é o nome usado no Alcorão no Alcorão para para designar o Egito, e o termo pode evocar as defesas naturais de que o país sempre dispôs. Outra teoria é que Misr deriva deriva da antiga palavra Mizraim, que por sua vez deriva de md-r ou ou mdr , [16] usada pelos locais para designar designar o seu país.
Estatuário feminino nacadano.
Nos períodos pré-dinástico e dinástico, o clima do Egito, assim como do do Saara como Saara como um todo, sofreu repentinas variações climáticas que provocaram períodos de extrema seca extrema seca e e desertificação desertificação,, assim como períodos de clima favoráv favorável el e úmido: em fases úmidas o Saara era dominado por uma savana uma savana rica rica em fauna em fauna ( (aves aves e e mamíferos mamíferos)) [19][20] e flora flora.. A caça caça teria teria sido muito importante entre os egípcios, pois fornecia carne.[21] As primeiras evidências de domesticação de domesticação animal animal são provenientes do Deserto do Deserto Ocidental tendo Ocidental tendo sido sido datadas de 8 800-6 800 a.C.: os animais domésticos eram criados com base no modelo de
2 senvolvimento inicial de um sistema de escrita de escrita independente,, a organização de construções coletivas e projetos dente de agricultura de agricultura,, o comércio o comércio com com regiões vizinhas, e campanhas militares para derrotar os inimigos inimigos estrangeiros e afirmar o domínio egípcio. Motivar Motivar e organizar organizar estas atividades foi uma tarefa burocrática tarefa burocrática dos dos escribas escribas de de elite, dos líderes religiosos, e dos administradores sob o controle de um faraó que garantiu a cooperação e a unidade do povo egípcio, no âmbito de um elaborado sistema de crenças religiosas. religiosas.[7][8]
2 HIST HISTÓR ÓRIA IA
2 His Histór tória
No final do período paleolítico período paleolítico,, o clima árido do Norte do Norte da África tornou-se África tornou-se cada vez mais quente e seco, forçando as populações da área a se concentrarem ao longo do Vale do Vale do Nilo, Nilo, cuja fertilidade assegura o sustento do Egito Egi to desd desdee os tempo temposs dos caç caçador adores es e col coleto etores res nôma nômades des do Pleistoceno do Pleistoceno Médio (ca. Médio (ca. 780-120 mil anos atrás) até à [17] atualidade. A planície fértil do Nilo deu aos homens a oportunidade de desenvolver uma economia uma economia agrícola sedentária e e uma sociedade mais sofisticada e centraliAs muitas realizações dos antigos egípcios incluem o de- sedentária senvolvimento de técnicas de extração de extração mineira, mineira, topogra- zada que se tornou um marco na história da civilização fia e construção que permitiram a edificação de monu- humana.[18] mentais pirâmides mentais pirâmides,, templos e obeliscos e obeliscos;; um sistema de matemática,, um sistema prático e eficaz de medicina matemática de medicina,, sistemas de irrigação e técnicas de produção agrícola, os 2.1 Período Período pré-din pré-dinásti ástico co [9] primeiros navios primeiros navios conhecidos, conhecidos, faiança faiança e e tecnologia com vidro,, novas formas de literatura vidro de literatura e e o mais antigo tratado antigo tratado de paz conhecido, paz conhecido, o chamado Tratado chamado Tratado de Cadexe. Cadexe.[10] O Egito Egi to deixo deixouu um legado legado duradour duradouro. o. Suaarte Sua arte e arquitetura foram amplamente copiadas e suas antiguidades levadas levadas para os mais diversos cantos do mundo. Suas ruínas monumentais inspiraram a imaginação dos viajantes e escritores ao longo de séculos. O fascínio por antiguidades e escavações escavações no início do Idade do Idade Contemporâne Contemporâneaa esteve na origem da investigação da investigação científica da científica da civilização civilização egípcia e levou a uma maior valorização do seu legado cultural.[11]
1 Etim Etimol olog ogia ia Os egípcios usaram vários nomes para se referirem à sua terra terra.. O mais mais comum comum era Kemet , “a Terra Negra” ou “Terra Fértil”, que se aplicava especificamente ao território nas margens do Nilo e que aludia à terra negra trazida pelo pelo rio rio todo todoss os anos anos..[12][13] Decheret , “Terra “Terra Verme Vermelha”, lha”, referia-se aos desertos que circundavam o Nilo, onde os egípcios só penetravam para enterrar os seus mortos ou para explorarem explorarem pedras e metais preciosos. preciosos. Também poderiam chamá-la Taui ( ( “as Duas Terras”, ou seja, o Alto e o Baixo Egito), Ta-meri (“Terra (“Terra Amada”) ou Ta-netjeru (“A Terra dos Deuses”). Deuses”). Na Bíblia Na Bíblia o o Egito é denominado Misraim. A actual palavra Egito deriva do grego Aigyptos (pronunciado Aiguptos), que se acredita derivar por sua vez do egípcio Het-Ka-Ptah, “a mansão da alma de Ptah". Ptah ".[14][15] Os habitantes atuais do Egito dão o nome Misr ao ao seu país, uma palavra que em árabe pode também significar “país”, “fortaleza” ou “acastelado”. Segundo a tradição, Misr é é o nome usado no Alcorão no Alcorão para para designar o Egito, e o termo pode evocar as defesas naturais de que o país sempre dispôs. Outra teoria é que Misr deriva deriva da antiga palavra Mizraim, que por sua vez deriva de md-r ou ou mdr , [16] usada pelos locais para designar designar o seu país.
Estatuário feminino nacadano.
Nos períodos pré-dinástico e dinástico, o clima do Egito, assim como do do Saara como Saara como um todo, sofreu repentinas variações climáticas que provocaram períodos de extrema seca extrema seca e e desertificação desertificação,, assim como períodos de clima favoráv favorável el e úmido: em fases úmidas o Saara era dominado por uma savana uma savana rica rica em fauna em fauna ( (aves aves e e mamíferos mamíferos)) [19][20] e flora flora.. A caça caça teria teria sido muito importante entre os egípcios, pois fornecia carne.[21] As primeiras evidências de domesticação de domesticação animal animal são provenientes do Deserto do Deserto Ocidental tendo Ocidental tendo sido sido datadas de 8 800-6 800 a.C.: os animais domésticos eram criados com base no modelo de
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2.2 Época Época Tinita Tinita
Paleta cosmética nacadana.
pastoreio africano, pastoreio africano, no qual os animais fornecem leite e sangue, e não carne.[22] Por volta de 5 500 a.C., pequenas comunidades que habitavam o vale do Nilo evoluíram para aglomerados culturais complexos caracterizados pelo amplo domínio da agricultura (os vestígios mais antigos de tal prática foram encontrados em Faium em Faium[23] ) pecuária e por por manufatura de manufatura de objetos e cerâmica, cerâmica, assim como de um comércio primitivo: a Cultura a Cultura Faiumiana (5 ana (5 400-4 400 a.C.) desenvolveu pleno domínio em tecelagem;;[24][25] a cultura Merimde (5 tecelagem Merimde (5 000-4 100 a.C.) constru construiu iu os primeir primeiros os túmulos túmulos egípcios egípciosneolíticos neolíticos conhecidos (localizados no interior do assentamento), tendo possivelmente desenvolvido práticas rituais;[26][27][28] a cultura Omariana cultura Omariana (4 (4 600-4 400 a.C.) produziu os mais antigos artefatos em cobre em cobre do do Egito;[29] e a Badariana (4 400-4 000 a.C.) produziu os primeiros exemplos de faiança e faiança e vidro vidro à à base de esteatita de esteatita..[30][31][32] Na cultura Na cultura Maadiana (3 Maadiana (3 800-3 200 a.C.) se verificou o surgimento dos primeiros cemitérios bem definidos[33] assim como de um intenso comércio: importavam produtos do Oriente do Oriente Médio (madeira de de cedro, cedro,[34] nódulos de sílex de sílex,, cerâmica, ferramentas de pedra, resinas, resinas, óleos, vinho vinho,, cobre, basalto cobre, basalto), ), Alto Egito (pentes, cerâmica, marfim mica, marfim,, paletas cosméticas cosméticas[nt 1] , cabeças de clava de clava))
e Deserto Deserto Oriental (malaquita malaquita,, manganês, manganês, cornalina, cornalina, conchas,, pérolas conchas pérolas); ); exportavam cerâmica, conchas e cereais para o Oriente, cobre, basalto e sílex para o Alto Egito.[35] Sítios como Saís como Saís e e Buto Buto tornaram-se tornaram-se centros de [36] propagação propagação cultural. A Cultura de Nacada (4 Nacada (4 000-3 000 a.C.) foi caracterizada pelo surgimento de elites regionais mercantis centradas em grandes centros de poder (Nacada (Nacada,, Hieracômpolis Hieracômpolis,, Gebelein Gebelein,, Abadia Abadia,, Abidos Abidos). ). Tais centros evoluíram para estados regionais belicosos que disputaram entre si o poder, terras mais férteis e controle das rotas das rotas comerciais. comerciais.[37][38][39] Possivelmente estes estados delinearam a divisão administrativa egípcia conhecida como nomos como nomos..[40][41][42] Durante os 1 000 anos de existência da Cultura de Nacada os centros regionais variaram variaram em tamanho tamanho e poder: em Nacada em Nacada I o I o maior centro era Nacada; em Nacada II (3 II (3 500-3 200 a.C.) era Hieracômpolis; em Nacada em Nacada III (3 III (3 200-3 000 a.C.) era Abidos/Tinis Abidos/Tinis..[43][44][45][46][31][47] Esses centros tiveram cemitérios relacionados onde as elites eram sepultadas com rico espólio tumular.[48][49][50] No final de Nacada II e durante Nacada III surgem as primeiras evidências de líderes regionais e, posteriormente, dos primeiros faraós..[51][23] faraós A Cultura de Nacada fabricou uma gama diversificada de bens materiais, reflexo do crescente poder e riqueza da elite: elite: vasos vasos (em basalto, marfim basalto, marfim,, cobre, osso e cerâmica), adereços pessoais (em osso, osso, lápis-lazúli, lápis-lazúli, conchas, faiança chas, faiança,, madeira, madeira, ouro ouro,, prata prata e e cobre), paletas cobre), paletas cos cosméticas méticas zoomórficas zoomórficas e antropomórficas antropomórficas (em grauvaque (em grauvaque e e ardósia), ardósia ), esteatita vítrea, figuras antropomórficas e zoomórficas (em marfim e terracota e terracota), ), cabeças de clava discoides e depois em forma de pera;[48][52] esferas de ferro de ferro meteorítico são meteorítico são os mais antigos exemplos do uso de ferro [53][54][55][56][57] no mundo. Durante Nacada I os primeiros exemplos de habitações construídas com tijolos com tijolos são são evidentes.[58][59][60][61] Durante o período nacadano algumas transformações sócio-eco sócio-econômi nômicas cas important importantes es são eviden evidentes: tes: intensa intensa importação (obsidiana (obsidiana,, cobre, vasos, lápis-lazúli, marfim, ébano fim, ébano,, incenso incenso,, pele de gatos selvagens, óleos, pedras e conchas) e exportação (alabastro (alabastro,, contas contas de de ouro, faiança, lâminas, amuletos de “cabeças bovídeas") bovídeas") de produtos;[62][63][50][64][65] surgimento de costumes religiosos (uso de estelas e sarcófagos) sarcófagos) assim como alguns guns deuse deusess do panteão egípcio egípcio (Hórus Hórus,, Bat Bat,, Seth, Seth, [66] Nekhbet e Nekhbet e Min Min); ); criação da escrita da escrita hieroglífica (poshieroglífica (possivelmente baseada na escrita escrita mesopotâmica[67] );[68][69] arte arte e iconografia, iconografia, ambas ambas repre represen sentad tadas as em paleta paletass [70] cosméticas.
2.2 Época Época Tinita Tinita No século III a.C., o sacerdote sacerdote Manetão Manetão estabeleceu estabeleceu uma cronologia dos cronologia dos faraós desde Menés desde Menés aos aos seus contemporâneos, agrupando-os em 30 dinastias, um sistema ainda em uso atualmente.[72] Ele escolheu para começar a sua história oficial o rei chamado Meni (em grego (em grego:: Μήνης;
4
2 HIST HISTÓR ÓRIA IA
As duas faces da Paleta da Paleta de Narmer . Nela é representada a su posta unificação do Alto e Baixo Egito. [71]
transl.: Menés) que se acredita ter sido o unificador dos transl.: reinos do Alto do Alto e e Baixo Baixo Egito ( Egito (ca. 3 100 a.C.). a.C.).[73] Na realidade, a transição para um estado unificado aconteceu de forma mais gradual do que os escritores egípcios relatam, e não há registro contemporâneo contemporâneo de Menés. Alguns académicos démicos acredita acreditam, m, no entanto, entanto, que o mítico mítico faraó Menés Menés pode realmente ter sido o faraó Narmer faraó Narmer,, que é retratado vestindo trajes vestindo trajes reais sobre reais sobre a cerimonial Paleta cerimonial Paleta de Narmer em um ato simbólico de unificação,[74] ou então o faraó Hórus Aha. Aha.[75] Durante o período o período tinita (c tinita (ca. a. 3 150 a.C.), a.C.), a primei primeira ra dinastia de faraós consolidou seu controle sobre o Alto o Alto Egito mudando Egito mudando a capital de Tinis de Tinis para para a recém-fundada [76] Mênfis,, a partir Mênfis partirda da qual qual eles eles poder poderiam iamco contr ntrola olarr a força de trabalho e trabalho e a agricultura do fértil Delta fértil Delta,, bem como as rotas rotas do lucrat lucrativ ivoo e fundame undamenta ntall comé comérc rcio io com o Levante (especialmente com o corredor sírio corredor sírio--palestino palestino de de onde obtinham a madeira de cedro de cedro). ). Os faraós realizaram realizaram ataques contra núbios contra núbios,, líbios líbios e e beduínos beduínos,, assim como realizaram incursões no Sinai no Sinai em em busca de cobre de cobre e e turquesa turquesa e no Mar no Mar Vermelho para Vermelho para exploração exploração das minas locais.[75] O crescente poder e riqueza dos faraós durante o período dinást dinástic icoo se refle refleti tiuu em suas suas mastabas elabo elaborad radas as e em estrutur truturas as de cult cultoo mortu mortuári árioo emAbidos em Abidos,, que que foram utilizautilizadas para celebrar o faraó endeusado após sua morte.[77] A forte instituição da realeza desenvolvida pelos faraós serviu viu para para legi legiti timar mar o contr control olee estat estatal al sobre sobre a terra terra,, trabal trabalho ho e recursos recursos que foram foram essenci essencialme almente nte para a sobrevi sobrevivên vência cia e o crescimento da antiga civilização egípcia.[78]
2.3 Impér Império io Anti Antigo go No Império Antigo ocorreram diversas expedições para exploração mineral nas minas do Sinai e Mar Vermelho assim como campanhas militares contra núbios e líbios. Concomitantemente, o comércio com o Oriente o Oriente Próximo (Líbano Líbano,, Palestina, Palestina, Mesopotâmia Mesopotâmia)) e o Punt Punt intensificou intensificouse e, juntamente com os sucessos militares, possibilitou ao Egito fundar acampamentos estratégicos e uma frota uma frota marítima, assim como adquirir ouro, cobre, turquesa,
Estátua de Quéops de Quéops , , o faraó faraó construtor construtor da Grande da Grande Pirâmide de Gizé .
madeira de cedro, mirra cedro, mirra,, malaquita malaquita e e electro electro..[79] Durante o Império Antigo, uma administração central bastante desenvolvida tornou possível o aumento da produtividade agrícola, o que serviria de motor para impressionantes avanços nos campos da arquitetura, arte e tecnologia.[80] Sob a direção do tjati (vizir (vizir), ), funcionários do Estado arrecadavam impostos, coordenavam projetos de irrigação para melhorar o rendimento das culturas, recrutavam camponeses para trabalhar em projetos de construção e estabeleceram um sistema de justiça que assegurava assegurava a manutenção manutenção da ordem e da paz.[81] Com os excedentes dos recursos disponibilizados por uma economia produtiva e estável, o Estado foi capaz de patrocinar a construção de monumentos colossais e a excepcional comissão de obras de arte para as oficinas reais.[82] A par da crescente importância da administração central, surgiu uma nova classe de escribas de escribas e e oficiais letrados que receberam propriedades do faraó como pagamento pelos seus serviços.[79] Os faraós também fizeram concessões sões de terra terrass para para seus seus cult cultos os fune funerár rários ios e templ templos os locais locais,, de forma a garantir que estas instituições teriam recursos necessários para a adoração do faraó após a sua morte. Acredita-se que cinco séculos de práticas feudais corroeram lentamente o poder econômico do faraó, e que a economia deixou deixou de conseguir conseguir sustentar uma grande ad[83] ministração ministração central. Com a diminuição do poder do
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2.5 Império Médio
faraó, governantes regionais designados nomarcas começaram a desafiar a supremacia do faraó.[79] Isso, em conjunto com um período de secas extremas entre 2 200-2 150 a.C.,[84] é apontado como causa da transição para um período de 140 anos de fome e conflitos conhecido por Primeiro Período Intermediário.[85]
2.4 Primeiro Período Intermediário
de Heracleópolis controlavam o Baixo Egito, enquanto um clã rival, baseado em Tebas, a família Intef, assumiu a posse do Alto Egito. À medida que os Intefs cresceram em poder e se expandiram para norte, um confronto entre as duas dinastias rivais tornou-se inevitável. Cerca de 2 055 a.C., as forças de Tebas sob o comando deMentuotep II derrotaram finalmente os governantes de Heracleópolis, reunindo as Duas Terras e dando origem a um período de renascimento econômico e cultural conhecido como o Império Médio.[88]
2.5 Império Médio
Estátua de Quéfren.
Depois do colapso do governo central do Egito no final do Império Antigo, o governo não conseguiu sustentar ou estabilizar a economia do país. Os governadores regionais não podiam contar com o faraó para apoio em épocas de crise, e a consequente escassez de bens e disputas políticas agravaram-se para situações de fome e guerras civis de pequena escala. No entanto, apesar dos problemas, os líderes locais que já não deviam o tributo ao faraó, usaram esta independência para estabelecer uma cultura próspera nas províncias. Uma vez que dominavam os seus próprios recursos, as províncias desenvolveram-se economicamente, fato demonstrado por maiores e melhores atos fúnebres entre todas as classes sociais. [86] Verificaram-se surtos de criatividade, com os artesãos das províncias a adotarem e adaptarem motivos culturais antes restritos à realeza do Império Antigo, e os escribas desenvolveram estilos literários que expressam o otimismo e a originalidade do período.[87]
Estátua de Mentuotep II.
Os faraós do Império Médio restituíram a prosperidade e estabilidade do país, situação que estimulou um renascimento da arte, literatura e projetos de construção monumental.[89] Mentuotep II e seus sucessores da XI dinastia governaram a partir de Tebas, mas o vizir Amenemés I, ao assumir o trono que deu início início à XII dinastia por volta de 1 985 a.C., mudou a capital do país para a cidade de Itjtawy, localizada em Faium.[90] De Itjtawy, os faraós da XII dinastia comprometeram-se a realizar uma recuperação de áreas degradadas e melhorar o sistema de irrigação para aumentar a produção agrícola no país. Além disso, deu-se a conquista militar de toda a Núbia, rica em pedreiras e minas de ouro, enquanto trabalhadores construíram uma estrutura defensiva no Delta para defesa do Egito Livres da fidelidade ao faraó, os governantes locais co- Oriental, chamada "Muros-do-Rei", [91] contra ataques exteriores. meçaram a competir entre si pelo controle territorial e poder político. Por volta de 2 160 a.C., os governantes Tendo sido garantida a segurança militar e política, e
6 na presença de uma vasta riqueza agrícola e mineira, a população, a arte e a religião prosperaram significativamente. Em contraste com a atitude elitista do Império Antigo para com os deuses, no Império Médio assistiuse a um aumento nas manifestações de devoção pessoal, e àquilo que pode ser designado por democratização da vida no além, na qual todas as pessoas possuem uma alma e podem ser recebidas na companhia dos deuses.[92] A literatura do Império Médio abordava temas eruditos e personagens complexos, narrados num estilo confiante e eloquente.[87] A escultura capturou detalhes subtis e distintos que atingiram um novo patamar de perfeição técnica;[93] os líderes retomam o costume de erigirem pirâmides.[94]
2 HISTÓRIA
forçaram o governo central a se retirar para Tebas, onde o faraó era tratado como um vassalo e era obrigado a pagar tributo.[97] Os hicsos ( Heka-khasut , governantes estrangeiros) imitaram o modelo de governo egípcio e se apresentaram como faraós, integrando elementos egípcios na sua cultura da Idade do Bronze Médio.[98] Introduziram também elementos novos na civilização egípcia como o cavalo, os carros de guerra, novos métodos de fiação e tecelagem e novos instrumentos musicais.[95] Império Egípcio século XV a.C.
Mar
M a r
Negro
C á s p i o
IMPÉRIO HITITA
Sardes
C I L Í C I
Micenas Cnossos
A
ASSÍRIA
Carquemis
S Í R I A Cítio
Mar Mediterrâneo
Biblos Sídon Tiro
A
Nínive
Assur
M E S O P O Kadesh T Â M I Damasco A Babilónia Nippur
à Gaza N Tánis A Aváris C
Ur
SINAI
LÍBIA
Heliópolis
Mênfis Heracleópolis
o l i N
ARÁBIA
IMPÉRIO Abidos TEBAS Assuão Elefantina I Abu Simbel II
EGÍPCIO III
IV
G o l P é f o r s i c o
M a r
V e r m e l h o
CUCHE
Napata
VI
V
P U N T (sob influência egípcia)
Mapa da extensão territorial máxima do Antigo Egito (século XV a.C.). Cabeça de esfinge de AmenemésIII em alabastro (Museu do LouDepois da retirada, os reis de Tebas se viram presos envre).
tre os hicsos no norte e os aliados núbios dos hicsos, os cuchitas, no sul. Após anos de inatividade, Tebas reuniu força suficientepara desafiar os hicsos em um conflito que duraria mais de 30 anos, até 1 555 a.C.[97] Os faraós Taá II e Kamés acabaram por derrotar os núbios, mas foi o sucessor de Kamés, Amósis, que empreendeu com sucesso uma série de campanhas que permanentemente erradicaram os hicsos no Egito. No Império Novo que se seguiu, o poder militar se tornou uma prioridade central para os faraós, que procuraram expandir as fronteiras do Egito e garantir o domínio completo do Oriente Próximo.[99]
No Império Médio, como forma de garantir a sucessão, os faraós ainda em vida dividiram o trono com seu sucessores, mantendo-os como co-faraós.[95] O último grande governante do Império Médio, Amenemés III, permitiu que colonos asiáticos se instalassem na região do Delta de modo a ter disponível força de trabalho suficiente para as suas particularmente ativas campanhas de construção e mineração. Estas ambiciosas campanhas, porém, em conjunto com cheias inadequadas do Nilo no seu reinado, fragilizaram a economia e precipitaram um lento declínio no Segundo Período Intermediário durante as posteriores XIII e XIV dinastias. Durante esse declínio, os colonos asiáticos começaram a assumir o controle da região do 2.7 Império Novo Delta, acabando por alcançar o poder no Egito, como foi Os faraós do Império Novo estabeleceram um período o caso dos hicsos.[96] de prosperidade sem precedentes, ao assegurar as fronteiras e reforçar os laços diplomáticos com seus vizinhos. Campanhas militares levadas a cabo sob o co2.6 Segundo Período Intermediário mando de Tutmés I e seu neto Tutmés III, alargaram a Por volta de 1 785 a.C., com o poder dos faraós do Impé- influência dos faraós para o maior império que o Egito já rio Médio enfraquecido, os imigrantes asiáticos residen- havia visto.[100] Quando Tutmés morreu em 1 425 a.C., tes na cidade de Aváris assumiram o controle da região e o Egito prolongava-se desde Niya no norte da Síria até
7
2.7 Império Novo
à quarta catarata do Nilo, na Núbia, cimentando fidelidades e abrindo caminho para importações essenciais como bronze e madeira.[101] Os faraós do Império Novo iniciaram uma campanha de construção em grande escala para promover o deus Amon, com culto assente em Carnaque.[95] Também construíram monumentos para glorificar suas próprias realizações, tanto reais como imaginárias. A faraó Hatchepsut usou tais meios como propaganda para legitimar sua pretensão ao trono.[102] Seu reinado bem sucedido foi marcado por expedições comerciais a Punt, um elegante templo mortuário, um par de obeliscos colossais e uma Capela em Carnaque. Apesar de suas realizações, o sobrinho e enteado de Hatchepsut, Tutmés III tentou fazer desaparecer o seu legado perto do fim de seu reinado, possivelmente em represália pela usurpação do seu trono.[103]
ais. Cerca de 1 350 a.C., a estabilidade do Império Novo foi ameaçada quando Amenófis IV subiu ao trono e instituiu uma série de reformas radicais e caóticas. Após mudaroseunomepara Aquenáton (O Esplendorde Aton), decretou como a divindade suprema o até aí obscuro deus Sol Aton, suprimindo o culto de outras divindades e atacando o poder religioso instalado.[105] Mudando a capital para a nova cidade de Aquetaton (Horizonte de Áton , atual Amarna), Aquenáton tornou-se desatento aos negócios estrangeiros, deixando-se absorver pela devoção a Aton e pela sua personalidade de artista e pacifista.[100] Durante seu reinado as relações comerciais com o Mar Egeu (minoicos e micênios) são cortadas e os hititas começam a fazer perigar a soberania egípcia na Síria.[106] Após sua morte, o culto de Aton foi rapidamente abandonado, e os faraós Tutancâmon, Ay e Horemeb apagaram todas as referências à heresia de Aquenáton, agora conhecida como Período Amarna.[107]
Fragmentos do tratado de paz entre os egípcios e hititas. As quatro colossais estátuas de Ramsés II na entrada do templo de Abu Simbel .
Sob Tutmés IV (1 397-1 388 a.C.) o Egito realizou uma aliança com Mitani para empreender ataques contra o Império Hitita. Com Amenófis III foram edificados os templos de Luxor, o palácio de Malacata e o Templo de Milhões de Anos, do qual atualmente só restam os conhecidos "Colossos de Memnon", além do templo de Amon em Carnaque ter sido ampliado.[104] Durante seu reinado, colheitas férteis e excedentes, permitiram a Amenófis III assegurar relações com os reinos orientais e com os nobres das cidades sírio-palestinas por meio de acordo diplomáticos, alguns dos quais envolvendo casamentos re-
Sob Seti I, o Egito controlou revoltas e conquistou a cidade de Cadexe e a região vizinha de Amurru, ambas localidades palestinianas. Ramsés II, também conhecido como Ramsés, o Grande ascendeu ao trono por volta de 1 279 a.C., prosseguindo a construção de um número significativo de templos, estátuas e obeliscos; foi o faraó com a maior quantidade de filhos da história (110 filhos).[108] Transferiu a capital do império de Tebas para Pi-Ramsés no Delta Oriental. Ousado líder militar, Ramsés II comandou o seu exército contra os hititas na Batalha de Cadexe em 1 274 a.C. e depois de um impasse, assinou em 1 258 a.C.[109] o primeiro tratado de paz da história, conhecido como Tratado de Cadexe, onde ambas as nações
8 comprometiam-se a se ajudar mutuamente contra inimigos internos ou externos.[100] O tratado foi selado com o casamento de Ramsés II e a filha mais velha do imperador Hatusil III.[110] A riqueza do Egito fez dele um alvo tentador para uma invasão, em especial de líbios e dos chamados povos do mar. No reinado de Merneptá ambos os povos se aliaram com o objetivo de atacar o Egito, incitando também os núbios à revolta. Com a sequente derrota dos invasores, os revoltosos acabariam por ser suplantados. Durante o reinado de Ramsés III o faraó conseguiu expulsar os povos do mar para fora do Egito em duas grandes batalhas, no entanto, eles acabariam por assentar na costa palestina e durante o reinado de seus sucessores tomariam por completo a região.[100] Entretanto é importante lembrar que o Egito não estava enfrentando apenas problemas externos. Após a morte de Ramsés II e a subida ao trono de seu filho Merneptá, a instabilidade política assolou o Egito.[100] Diversos golpes de Estado depuseram muitos faraós em pouco tempo e diversos distúrbios civis, corrupção, revoltas de trabalhadores e roubos de túmulos contribuíram para a instabilidade interna. Como forma de ganhar popularidade, durante o início da XX dinastia foram concedidas terras, tesouros e escravos para os sacerdotes dos templos de Amon, o que fortaleceu o poder destes,[111] e esse poder crescente fragmentou o país durante o Terceiro Período Intermediário.[112]
2 HISTÓRIA
Egipto durante o Terceiro Período Intermédio 1070 a.C. - 664 a.C.
M a r M e d i t e r r â ne o
Reino do Meshwesh
Tribos do ocidente
i a t s a i n D ª 3 2
Saís Busíris
Tânis
22ª Dinastia Ávaris
Leontópolis
Reino do Meshwesh
Princípes da 22ª e 23ª dinastias
Território disputado
Mênfis
Governo de Heracleópolis
Heracleópolis
Baixo Egipto
o l i N o i R
Governo de Hermópolis
G o l f o d o S u e z
Hermópolis
Assiut
Governo de Tebas
Alto Egipto
Abidos
R io N i lo
Oásis de Kharga Tebas
Oásis de Dakhla
Hieracômpolis
2.8 Terceiro Período Intermediário Após a morte de Ramsés XI em 1 070 a.C., Esmendes assumiu a autoridade sobre a parte norte do Egito governando a partir da cidade de Tânis. O sul foi de facto controlado pelos sumos sacerdotes de Amon em Tebas, que reconheciam Esmendes apenas formalmente.[113] O sacerdote Piankh conseguiu deter a expansão do Reino de Cuche que havia dominado boa parte do Alto Egito.[114] Na mesma época, os líbios tinham se instalado no Delta Ocidental, e os líderes destes colonos começaram a ganhar autonomia. Os príncipes líbios assumiram o controle do delta no reinado de Shoshenk I em 945 a.C., fundando a dinastia chamada Líbia ou Bubastilas, que governaria por cerca de 200 anos. Shoshenk também ganhou o controle do sul do Egito, ao colocar os seus familiares em importantes cargos sacerdotais. Invadiu a Palestina durante o reinado do rei Roboão e restaurou o comércio com Biblos, aumentando a prosperidade da dinastia.[114] Sob Osorcon II, o Egito auxiliando os reinos síriopalestinos repudiou as primeiras expedições assírias. As muitas guerras civis que se seguiram causaram a divisão do Egito em várias dinastias. O poder líbio entrou em declínio à medida que duas dinastias rivais surgiram, uma centrada em Leontópolis (XIII dinastia) e outra em Saís (XXIV dinastia). No entanto, a constante ameaça cuchita do sul forçou a união das três dinastias com vista à sua defesa. Por volta de 727 a.C., o rei cuchita Pié derrotou um
Swenet
Primeira catarata
Por volta de 730 a.C., líbios vindos do oeste fragmentaram a unidade política do país.
exército de oito mil soldados egípcios, invadiu o norte, tomou o controle de Tebas e do Delta, e formou a XXV dinastia.[114][115] O prestígio secular do Egito diminuiu consideravelmente durante o final do Terceiro Período Intermediário. Os seus aliados estrangeiros ficaram sob a esfera de influência assíria, e em 700 a.C. a guerra entre os dois estados tornou-se inevitável. O faraó Chabataca empreendeu uma batalha contra os assírios da qual sairia vitorioso. O seu sucessor, Taarca, incentivou revoltas na Palestina assíria, tendo conseguido expulsar os assírios das imediações em 673 a.C.[114] No entanto, entre 671 e 667 a.C., os assírios iniciaram ataques contra o Egito. Os reinados dos reis cuchitas Taarca e do seu sucessor Tanutamon foram marcados por conflitos constantes com os assírios, contra os quais os governantes núbios obtiveram várias vitórias. [116] Por fim, os assírios empurraram os cuchitas para a Núbia, ocupando Mênfis e saquearam os templos de Tebas.[117]
9
2.10 Dinastia Ptolomaica
2.9 Época Baixa
persa Mazaces entregou sem grande resistência o Egito a Alexandre, o Grande.[120]
2.10 Dinastia Ptolomaica
Estátua de um dignitário egípcio do período Saite.
Sem planos definitivos de ocupação, os assírios delegaram a administração do Egito numa série de vassalos que se tornariam conhecidos como reis saítas da XVI dinastia. Por volta de 653 a.C., o rei Psamético I logrou expulsar os assírios com ajuda de mercenários gregos. A influência grega expandiu-se significativamente à medida que os gregos se concentraram na cidade de Náucratis, no Delta. A partir da nova capital em Saís, os reis saítas, testemunharam um breve, mas significativo ressurgimento da economia e cultura, mas em 525 a.C., os poderosos persas aquemênidas, liderados por Cambises II, iniciaram uma campanha de conquista do Egito, tendo acabado por capturar o faraó Psamético III na Batalha de Pelusa.[118] Em seguida Cambises II assumiu o título formal de faraó, governando o Egito a partir de Susa, deixando a região sob a administração de um sátrapa. Algumas revoltas bem sucedidas contra os persas marcaram o Egito no século V a.C., mas nunca foram capazes de os derrubar de forma definitiva.[119] Após a sua anexação pelo Império Aquemênida, o Egito seria aglomerado com o Chipre e com a Fenícia, na sexta satrapia dos persas aquemênidas. Este primeiro período de domínio persa sobre o Egito, também conhecido como XXVII dinastia, terminou em 402 a.C.. De 380 a 343 a.C., a XXX dinastia governou como última casa real nativa do Egito dinástico, que terminaria com o reinado de Nectanebo II. Uma breve restauração do domínio persa, por vezes designada como XXXI dinastia, teve início em 343 a.C., mas pouco depois, em 332 a.C., o governante
Busto do faraó Ptolemeu I Sóter .
Em 332 a.C., Alexandre Magno conquistou o Egito com pouca resistência dos persas e foi recebido pelos egípcios como um libertador. A administração estabelecida pelos sucessores de Alexandre, os Ptolomeus, foi baseada no modelo egípcio e a capital estabelecida na recém-erguida cidade de Alexandria.[121] A cidade era uma montra do poder e prestígio do governo grego, e tornar-se-ia um polo de cultura e ensino, centrados na famosa Biblioteca de Alexandria.[122] O Farol de Alexandria iluminou o caminho para os muitos navios que mantinham vivo o comércio com o exterior, uma vez que a economia, assente em empresas de grande retorno económico, era a mais alta prioridade dos Ptolomeus.[123] A cultura grega não pretendeu impor-se à cultura egípcia nativa, tendo os Ptolomeus apoiado tradições seculares de forma a garantir a lealdade da população. Foram construídos novos templos em estilo egípcio, apoiadas as formas de culto tradicionais, e os governantes retratavam-se a si mesmo como faraós.[121] Algumas tradições de ambas as culturas foram fundidas, como deuses gregos e egípcios sincretizados em divindades híbridas, como Serápis, e formas clássicas da escultura grega influenciaram moti-
10 vos tradicionais egípcios. Apesar dos seus esforços para apaziguar os egípcios, os Ptolomeus foram contestados por rebeliões locais, rivalidades entre famílias e pela poderosa máfia de Alexandria, formada depois da morte de Ptolemeu IV.[124] Além disso, à medida que Roma dependia cada vez mais de importações de cereais do Egito, os romanos começaram a demonstrar grande interesse na situação política da região. Revoltas egípcias constantes, políticos ambiciosos e poderosos oponentes sírios contribuíram para a instabilidade da região, levando Roma ao envio de tropas com o objectivo de assegurar o país como província do seu império.[125]
2.11 Domínio romano
2 HISTÓRIA
Cleópatra VII por Otaviano (posteriormente Imperador Augusto) na Batalha de Áccio.[121] Os romanos dependiam fortemente das remessas de cereais do Egito, e o exército romano, sob o comando de um prefeito nomeado pelo imperador, reprimiu revoltas, fez aplicar a cobrança de impostos, e impediu os ataques de salteadores, que se tinham tornado um problema significativo durante este período.[126] Alexandria torna-se um centro cada vez mais importante na rota de comércio com o Oriente, uma vez que em Roma havia grande procura de mercadorias e bens exóticos e de luxo.[127] Embora os romanos tivessem uma atitude mais hostil do que os gregos para com os egípcios, algumas tradições foram mantidas, como a mumificação e o culto dos deuses tradicionais. A arte de retratar as múmias floresceu e alguns dos imperadores romanos se fizeram retratar como faraós, embora não na medida dos Ptolomeus, já que os primeiros moravam fora do Egito e não desempenharam funções cerimoniais da realeza egípcia. A administração local tornou-se romana o que tendeu a minar a liberdade dos nativos egípcios.[128] A partir de meados do século I d.C., o cristianismo se enraizou em Alexandria, sendo visto e aceito como outro culto. No entanto, o fato de ser uma religião inflexível e proselitista, que procurava converter pessoas do paganismo, ameaçando com isso as tradições religiosas populares, levou à perseguição dos convertidos ao cristianismo, que culminoucomo grandeexpurgo de Diocleciano a partir de 303. Apesar disso, o cristianismo acabou por triunfar.[129] Em 391 o imperador cristão Teodósio I introduziu uma legislação que proibiu ritos pagãos e os templos foram fechados.[130] Alexandria tornou-se palco de grandes protestos anti-pagãos, com imagens públicas e privadas destruídas.[131] Como consequência, a cultura do Egito pagão entrou em declínio. Enquanto a população nativa continuou a usar a sua língua, a capacidade de ler e escrever hieróglifos, na medida em que o papel dos sacerdotes tornou-se exímio, acabou por retroceder.[nt 2] Os templos eram por vezes convertidos em igrejas ou abandonados. [132] No século IV d.C. o Império Romano dividiu-se em duas partes e o Egito se incorporou ao Império Oriental, conhecido como o Império Bizantino. O Império do Oriente tornou-se cada vez mais “oriental” em grande estilo e suas antigas ligações com o mundo greco-romano começam a se desvanecer. O sistema grego de governos locais por cidadãos já tinha desaparecido completamente. Em 616, em meio a guerra bizantino-sassânida de 602628, o xá sassânida Cosroes II (r. 590–628) conquistou o Egito,[133] cujo controle seria retomado pelos bizantinos em 628 sob o imperador Heráclio (r. 610–641) com o fim do conflito.[134]
Um dos retratos de Faium , uma das tentativas de unir as culturas egípcia e romana.
O Egito tornou-se uma província romana em 30 a.C., após a derrota de Marco Antônio e da rainha Ptolomaica
11
3.1 Vale do rio Nilo
Damasco
Pela Cesareia
Jerusalém Gaza CatabátmoMaior Paretônio Alexandria
Arixe
Pelúsio
Bílbies
Babilônia
Heliópolis
Suez
Mênfis Eilat
Oxirrinco
Tabuk
Conquistamuçulm ana do Egito 639-642
HermópolisMagna
ImpérioBiz antino CalifadoRashidun
Amr Zubairereforços deMedina Cerco Batalha 0
400 Quilômetros Coptos Híbis
Tebas
Mapa detalhando a rota dos invasores muçulmanos do Egito. Imagem de satélite do Delta do Nilo.
2.12 Conquista árabe Em 639, Amr ibn al-As, um general árabe, à frente de um exército de 4 000 homens ataca o Egito bizantino durante o expansionismo árabe do século VII. Inicialmente toma Mênfis e toma o controle das principais rotas de comunicação terrestre, o que lhe abre caminho para a capital da província, Alexandria. Após tais vitórias, seu exército recebe reforços de soldados que se interessaram pelo butim, alcançando cerca de 20 000 homens. Amr estabeleceu seu acampamento nas imediações da cidade de Heliópolis (local onde posteriormente seria fundada a cidade do Cairo) de onde pode enviar suas tropas deassédio à cidade. Em 640 sitia Alexandria. A cidade é defendida por uma força de cerca de 50 000 homens, no entanto, em 642 a força bizantina rende-se, abandonando seus postos e permitindo a dominação da cidade. Os bizantinos reocupam a cidade em 645, no entanto, são novamente repelidos em 646.[135] Após a submissão do Egito, a resistência dos nativos perante a ocupação árabe começou a materializar-se, tendo durado até ao século IX. Os árabes impuseram um imposto especial aos egípcios cristãos, o jizya.[136] No século VII d.C. os árabes começam a empregar o termo quft para descrever o povo do Egito. Desta forma os egípcios passaram a ser conhecidos como coptas, e a Igreja Egípcia Não-Calcedônia tornou-se a Igreja Copta. Nos séculos seguintes, de forma gradual, os habitantes do Egito foram arabizados e islamizados, de modo que a identidade nativa e a língua egípcia sobreviveram apenas entre os coptas, que falavam a língua copta, uma descendente direta do egípcio demótico falado na época romana.[137]
terra litorânea que liga o Egito à Mesopotâmia. A leste do Nilo encontra-se o Deserto Oriental Africano (comumente conhecido como Deserto Oriental) que se estende até ao Mar Vermelho e a oeste fica o Deserto da Líbia (comumente conhecido como Deserto Ocidental) onde existem vários oásis dos quais se destacam os de Siuá, Kharga, Farafra, Dakhla e Baareia. O atual território do Egito não pode ser comparada ao do Antigo Egito, pois, atualmente, o Sinai, e partes dos desertos Oriental e Ocidental estão dentro dos limites do Egito. [138][139] Ao sul da primeira catarata se localizava a Núbia.[138] O Nilo é formado por dois afluentes principais, o Nilo Branco (que nasce no Lago Vitória) e o Nilo Azul (que nasce no Lago Tana). Ambos os afluentes unem-se em Cartum.[140] O Nilo corre de sul para norte, desaguando no Mar Mediterrâneo e sua extensão é de aproximadamente 6 740 km.[12] No Antigo Egito distinguiam-se duas grandes regiões: o Alto Egito e o Baixo Egito. Inicialmente o Alto e Baixo Egito eram reinos distintos que haviam se formado em torno de 3 300 a.C. No entanto, acabaram por ser unificados poucos séculos depois. O Alto Egito (Ta-chemau ) eraumaestreitafaixadeterracomcercade900kmdeextensão começando em Assuão e terminando em Mênfis. O Baixo Egito (Ta-mehu) foi o Delta do Nilo, a norte de Mênfis, onde o rio se dividia em vários braços. Por vezes também se distingue na geografia egípcia uma região conhecida como o Médio Egito, que é o território a norte de Qena até à região do Faium.[138]
3.1 Vale do rio Nilo
3 Geografia A civilização egípcia se desenvolveu na região situada entrea primeira catarata do Nilo (Assuão) e o Deltado Nilo. O Sinai, que só pertenceu ao Egito após sua conquista no Império Novo, foi utilizado como rota de comunicação para o corredor sírio-palestino, que a rigor seria a faixa de
O historiador grego Heródoto (c, 484? 420 a.C.), chamou ao Egito “a dádiva do Nilo" .[141] Para os egípcios, o Nilo era uma verdadeira bênção dos deuses,[142] sendo considerado sagrado e adorado como um deus, ao qual dedicavam hinos e orações. As chuvas sazonais causavam enchentes que depositavam húmus nas margens favorecendo a agricultura e pecuária; também fornecia água −
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4 DEMOGRAFIA
Embarcação egípcia retratada em baixo relevo.
fresca, peixes, aves aquáticas além de servir para o transportee comércio.[143] Como o nível do rio era inconstante os egípcios desenvolveram diques, barragens e canais de água para melhor aproveitarem as águas do rio, assim como o "nilômetro", uma construção usada para medir as enchentes.[144] Durante o período das enchentes os cidadãos eram deslocados para as cidades para trabalharem em outras tarefas.[138] O meio mais fácil e rápido de viajar e transportar cargas pesadas era através de embarcações de diversos tamanhos que possuíam, no geral, remos presos a proa.[145] As embarcações usadas para transporte de cargas pesadas eram construídas com madeira do Líbano; as de transporte de pessoas, caça e pesca eram de junco; as barcaças reais e as usadas para o transporte de estatuetas de deuses possuíam cabines, e eram decoradas com muitas cores e ouro encrustado. O Nilo corre de sul para norte, mas o vento sopra geralmente de norte para sul, pelo que a navegação para para norte tem a corrente a seu favor e a navegação para sul é feita a favor do vento, o que era é aproveitado para utilizar velas. No entanto, na ausência de vento cau- Estereótipo egípcio. sava, a única forma de navegar para sul é remar contra a corrente.[138] quentemente idealizações que não permitem retirar conclusões neste domínio.[146] Os egípcios tinham consciência da sua alteridade: nas re4 Demografia presentações artísticas dos túmulos os habitantes do Vale Os antigos egípcios foram o resultado de uma mistura do Nilo surgem com roupas de linho branco, enquanto das várias populações que se fixaram no Egito ao longo que os seus vizinhos líbios e semitas se apresentam com dos tempos, oriundas do nordeste africano, da África roupas de lã. A língua dos egípcios (hoje uma língua Negra e da área semítica. A questão relativa à etnia morta) é um ramo da família das línguas afro-asiáticas dos antigos egípcios é por vezes geradora de controvér- (camito-semíticas). Esta língua é conhecida graças à dessia, embora à luz dos últimos conhecimentos da ciên- coberta e decifração da Pedra de Roseta, onde se enconcia falar de raças humanas revela-se um anacronismo. tra inscrito um decreto de Ptolomeu V Epifânio (205Até meados do século XX, por influência de uma visão 180 a.C.) em duas línguas (egípcio e grego clássico) e em hieroglíficos, escrita demótica e eurocêntrica, os antigos egípcios eram considerados pra- três escritas (caracteres [147] ticamente como brancos; a partir dos anos 1950, as te- alfabeto grego). orias do "afrocentrismo", segundo as quais os egípcios O número de habitantes do Antigo Egito variou ao longo eram negros, afirmaram-se em alguns círculos. Importa da história. Durante o período pré-dinástico (4500-3000 também referir que as representações artísticas são fre- a.C.) a população rondaria as centenas de milhares; du-
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5.2 Sistema jurídico
rante o Império Antigo (séculos XVII-XII a.C.) situarse-ia nos dois milhões, atingindo os quatro milhões por altura do Império Novo. Quando o Egito se tornou uma província romana estima-se que a população seria cerca de sete milhões. Como atualmente, a esmagadora maioria da população habitava as terras agrícolas situadas nas margens do Nilo, sendo escassas as populações que viviam no deserto.[148][149]
5 Governo 5.1 Administração
regado da administração, o vizir (tjati ), era o segundo no comando, e atuava como conselheiro e representante do faraó, coordenava os levantamentos fundiários, tesouraria, projetos de construção, sistema legal e depósito de documentos.[151] A nível regional, o país estava dividido em 42 regiões administrativas chamadas nomos, cada uma governada por um nomarca,[152] que era responsável pela jurisdição do vizir. Os templos formavam a espinha dorsal da economia. Eles não só eram edifícios de culto, mas também eram responsáveis por coletar e armazenar a riqueza da nação em um sistema de celeiros e tesourarias administradas por superintendentes, que redistribuíam os cereais e os bens.[153] Como não era possível para o faraó estar em todos os templos para realizar as cerimônias, ele delegava o seu poder religioso aos sacerdotes, que conduziam as cerimônias em seu nome.[154]
5.2 Sistema jurídico
O faraó era geralmente representado usando símbolos da realeza e de poder.
O faraó era o monarca absoluto do país e, pelo menos em teoria, exercia o controle total da terra e seus recursos.[150] Era o comandante militar supremo e chefe do governo, que contava com uma burocracia de funcionários para administrar os seus negócios. O encar-
A cabeça do sistema jurídico era oficialmente o faraó, que era responsável pela promulgação de leis, aplicação da justiça e manutenção da lei e da ordem, um conceito que os egípcios antigos denominavam Ma'at . Apesar de não terem chegado aos nossos dias quaisquer códigos legais do Antigo Egito, documentos da corte mostram que as leis egípcias foram baseadas em uma visão de senso comum de certo e errado, que enfatizou a celebração de acordos e resoluções de conflitos ao invés de cumprir rigorosamente um conjunto complicado de estatutos.[155] Conselhos locais de anciãos, conhecidos como Kenbet no Império Novo, eram responsáveis pela decisão em casos judiciais de pequenas causas e disputas menores.[151] Os casos mais graves envolvendo assassinato, grandes transações de terrenos e roubo de túmulos eram encaminhados para o Grande Kenbet , presidido pelo vizir ou pelo faraó. Os demandantes e demandados representavam-se a si próprios e eram obrigados a jurar que diziam a verdade. Em alguns casos, o Estado assumiu tanto o papel de acusador como o de juiz, e tinha poder para torturar os acusados com espancamento para obter uma confissão e os nomes dos co-conspiradores. Se as acusações fossem sérias, escribas da corte documentavam a denúncia, testemunhavam, e o veredicto do caso era guardado para referência futura.[156] As punições para crimes menores envolviam imposição de multas, espancamentos, mutilações faciais ou exílio, dependendo da gravidade do delito. Crimes graves, como homicídio e roubo de túmulos, eram punidos com execução por decapitação, afogamento ou empalamento. A punição também podia ser estendida à família do criminoso.[151] A partir do Império Novo, os oráculos desempenharam um papel importante no sistema jurídico, dispensando a justiça nos processos civis e criminais. O processo consistia em pedir a deus um “sim” ou “não” sobre o que era certo ou errado num problema. O deus, transportado por um número de sacerdotes, proferia a sentença, escolhendo um ou outro, movendo-se para a
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6 ECONOMIA
frente ou para trás, ou apontando para uma das respos- Os exércitos empreenderam expedições militares no Sitas escritas em um pedaço de papiro ou de óstraco.[157] nai para proteção das minas locais durante o Império Antigo[161] e lutaram em guerras civis durante o Primeiro e Segundo Períodos Intermediários. Foram importantes para a manutenção de fortificações ao longo de rotas 5.3 Força militar comerciais importantes, tais como as encontradas na cidade de Buhen no caminho para a Núbia. Também foram construídos fortes nas fronteiras com guarnições de 50 a 100 homens, para servirem como bases militares,[160] tais comoa fortaleza de Sile, a qual foi uma base de operações para expedições no Levante. No Império Novo, uma série de faraós usaram o exército para atacar e conquistar o Reino de Cuche e partes do Levante. [162] Há informações que alegam que houve a prática de espionagem entre os exércitos egípcios.[163] Os equipamentos militares típicos incluíram arcos e flechas de sílex, machados, clavas, lanças de cobre e escudos redondos feitos por estiramento de pele de animais sobre uma armação de madeira. No Império Novo, os militares começaram a usar bigas e cavalos que haviam Uma biga egípcia. sido introduzidos pelos invasores hicsos durante o Segundo Período Intermediário.[160] As armas e armaduras O exército egípcio antigo foi responsável pela defesa do continuaram a melhorar com a introdução do bronze: os Egito contra invasões estrangeiras e a manutenção da do- escudos eram agora feitos de madeira sólida com uma minação egípcia no Antigo Oriente Próximo. No deserto fivela de bronze, lanças receberam pontas de bronze e havia patrulheiros que vigiavam as fronteiras e defendiam o khopesh, uma espécie de espada com a extremidade o império de expedições de nômades. No Delta e no Vale curva, foi adotado a partir de modelos asiáticos.[164] O fado Nilo havia guardas rurais que defendiam os cobrado- raó foi geralmente representado na arte e na literatura anres de impostos. No Império Novo surgiram os medjayu, dando à frente do exército e há evidências de que pelo mede origem núbia, que exerciam a função de patrulhei- nos alguns faraós, como TaáII e seus filhos, o fizeram.[165] ros do deserto, policiais das cidades e necrópoles, além de aplicadores das decisões da justiça. [158] O exército e a marinha egípcias eram complementares, onde os na- 6 Economia vios transportavam as tropas e os oficiais exerciam funções militares e navais. Os soldados eram recrutados entre a população em geral, mas durante e principalmente 6.1 Agricultura depois do Império Novo, foram contratados mercenários da Núbia e Líbia para lutar pelo Egito. [159] Prisioneiros Uma combinação de características geográficas favoráde guerra também foram incorporados ao exército egíp- veis contribuiu para o sucesso da cultura egípcia, a mais cio. Por volta do Império Novo os exércitos eram divi- importante dasquaisera o solo fértilresultante de enchendidos em unidades táticas autônomas de cinco a seis mil tes anuais do Nilo. Os antigos egípcios foram, assim, capazes de produzir alimentos em abundância, permitindo homens.[160] que a população dedicasse mais tempo e recursos a atividades culturais, tecnológicas e artísticas. A gestão da terra foi crucial no Antigo Egito, porque os impostos foram avaliados com base na quantidade de terras em posse de uma pessoa.[166] Em teoria todas as terras pertenciam ao rei, mas a propriedade privada foi uma realidade.[167] A agricultura no Egito foi dependente dos ciclos de cheias do Rio Nilo. Os egípcios reconheceram três estações: Akhet (inundação), Peret (plantio) e Shemu (colheita).[168] A estação das cheias dura de julho a outubro, depositando nas margens do Nilo uma camada de lodo rico em minerais para o cultivo. Após a redução do nível do rio, a estação de plantio ia de novembro a fevereiro. Agricultores aravam a terra com arados puxados por bois e plantavam as sementes, que eram irrigadas por intermédio de sisRelevo da tumba de Horemeb. temas de diques e canais.[138][142] O Egito recebia pouca
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6.2 Criação animal
Rebanho de bovinos.
cósmica e que por conseguinte os animais e plantas eram membros de um todo.[177] Animais, tanto domésticos como selvagens, foram, portanto, uma fonte essencial de espiritualidade, companheirismo, e sustento. Os bovinos foram os animais mais importantes; a administração coletava impostos sobre o gado nos censos regulares, e o tamanho de um rebanho refletia o prestígio e a importância da propriedade ou do templo que o possuía. Além do gado, os antigos egípcios apascentavam caprinos, ovinos e suínos. Aves como patos, gansos e pombos eram capturados em redes e criados em fazendas, onde eram alimentados à força com massa para engordá-los.[178] As Pintura mural de um túmulo retratando trabalhadores arando abelhas também foram domesticadas, pelo menos desde os campos, a colheita das culturas e a debulha de cereais sob a o Império Antigo, e forneciam tanto mel como cera.[179] direção de um supervisor. Também foram domesticados hienas e guepardos para a caça.[180] chuva, pelo que os agricultores usavam a água do Nilo para regar as culturas.[169] De março a junho, os agricultores usavam foices para suas colheitas, que eram depois debulhadas com um mangual ou com as patas dos bois para separar a palha do grão. Os grãos eram usados para fabricar cerveja ou armazenados em sacas nos celeiros reais para posterior distribuição.[170] Os antigos egípcios cultivaram trigo, cevada e vários outros cereais, todos usados para produção de pão, biscoitos, bolos e cerveja.[171] O linho, colhido antes da floração, foi cultivado para extração da fibra de seu caule para produção de roupas; algodão também foi cultivado. O papiro que cresce nas margens do Nilo era usado para fazer suporte de escrita.[172] Legumes (pepino, cebola) leguminosas (feijão, fava, grão-de-bico, lentilha, alfarroba), verduras (alface), condimentos (alho, alho-poró, alecrim, gergelim, orégano, tomilho) e frutas (tâmara, melancia, melão, maçã, romã, laranja, banana, limão, pêssego, figo, jujuba, uva) foram cultivadas em hortas perto das casas em solo elevado, e tiveram de ser regadas manualmente; houve produção de vinho.[173] Foi ainda evidenciada a presença do cultivo de papoula e mirto.[174][175]
trabalhador arando o campo com tração animal.
Os egípcios usavam burros e bois como animais de carga e para lavrar os campos e debulhar as sementes. O abate de um boi gordo era também uma parte central de um ritual de oferenda. Os cavalos foram introduzidos pelos hicsos no Segundo Período Intermediário, e o camelo, apesar de ser conhecido a partir doImpério Novo, não foi usado como um animal de carga até à Época Baixa. Há também evidências que sugerem que os elefantes foram brevemente utilizados na Época Baixa, mas praticamente foram abandonados devido à falta de pastagens.[178] Cães, gatos e macacos eram animais comuns de estimação, 6.2 Criação animal enquanto animais de estimação mais exóticos importados do coração da África, como leões, estavam reservaOs egípcios acreditavam que uma relação equilibrada en- dos para a realeza. Heródoto observou que os egípcios trepessoas e animais era um elemento essencial da ordem eram o único povo que mantinha os seus animais em suas
16 casas.[177] Durante o período pré-dinástico e nos períodos posteriores, o culto dos deuses em sua forma animal era extremamente popular, como a deusa gata Bastet e o deus íbis Thoth. Esses animais foram criados em grande número nas fazendas a fim de serem sacrificados.[181] Para complementar a sua dieta, os egípcios caçavam lebres, antílopes, aves, hipopótamos e crocodilos por meio de redes, arcos e lanças, assim como pescavam carpas, pescadas (no Delta) e, especialmente, tilápias com o emprego de anzóis e arpões; os peixes eram desidratados ao sol para conservação.[174]
6 ECONOMIA
os antigos egípcios extraíram calcário ao longo do Vale do Nilo, granito de Assuão e basalto e arenito dos barrancos do Deserto Oriental. Depósitos de pedras decorativas, tais como pórfiro, quartzo, feldspato verde, ágata, diorito, grauvaque, berilo, alabastro e cornalina pontilhada dos desertos oriental e ocidental foram coletadas antes mesmo da primeira dinastia. Nos período ptolomaico e romano, os mineiros trabalharam em jazidas de esmeraldas de Wadi Sikait e ametista em Wadi elHudi.[187]
6.4 Comércio 6.3 Mineração
O Mapa de Turim descreve as minas de Wadi Hammamat e é o mapa de cunho topográfico conhecido mais antigo.
O Egito é rico em pedras de decoração e construção, co- Expedição comercial ao Reino de Punt . bre e minérios de chumbo, ouro e pedras semipreciosas. Estes recursos minerais permitiram aos egípcios construir monumentos, esculpir estátuas, fazer ferramentas e joias.[182] Os embalsamadores utilizavam sais de Wadi El Natrun (natrão) para mumificação, que também proporcionou a gipsita necessária para fazer gesso.[183] Formações rochosas de minérios foram encontradas em barrancos inóspitos e distantes do Deserto Oriental e no Sinai, exigindo grandes expedições controladas pelo Estado para obter os recursos naturais ali encontrados. Havia extensas minas de ouro na Núbia, e um dos primeiros mapas conhecidos é de uma mina de ouro na região. Wadi Hammamat foi uma importante fonte de granito, grauvaque e ouro. O sílex foi o primeiro mineral coletado e usado para fazer ferramentas e machadinhas de pedra. Nódulos do mineral eram cuidadosamente lascados para fazer lâmi- Pesos egípcios em forma de animal. nas e pontas de flechas, mesmo depois do cobre passar a ser usado para essa finalidade.[184] Grande parte da economia estava organizada a nível cenOs egípcios trabalharam em depósitos de minério de tral e era estritamente controlada. Embora os antigos chumbo e galena em Gebel Rosas para fazer chumbo lí- egípcios não utilizassem moedas até à Época Baixa, fiquido, prumos e pequenas figuras. O cobre foi o ma- zeram uso de um sistema de troca monetária, [188] com terial mais importante para a fabricação de ferramentas sacas de grãos como valor padrão e o deben, um peso de no Antigo Egito e foi fundido em fornos de minério de cerca de 91 gramas de cobre ou prata, formando um demalaquita e turquesa extraídas do Sinai.[185] Através de nominador comum. Os trabalhadores eram pagos com lavagem, eram coletadas pepitas de ouro de sedimentos grãos; um simples operário podia ganhar 5½ sacas (250 de depósitos aluviais. Outro processo para obter ouro, kg) de grãos por mês, enquanto um capataz podia ganhar mais trabalhoso, era a moagem e lavagem de quartzito 7½ sacas (340 kg). Os preços eram fixados em todo o de ouro. Depósitos de ferro encontrados no norte do país e registrados em listas para facilitar a negociação. Egito, foram utilizados na Época Baixa.[186] Pedras de Por exemplo, uma camisa custava cinco deben de cobre, construção de alta qualidade eram abundantes no Egito; enquanto uma vaca custava 140 deben. Grãos podiam
17 ser trocados por outras mercadorias, de acordo com a lista de preço fixo.[189] Durante o século V a.C. o dinheiro foi introduzido no Egito por estrangeiros. As primeiras moedas eram usadas como peças padronizadas de metais preciosos e não como dinheiro propriamente dito, mas nos séculos seguintes as trocas internacionais passaram a depender das moedas.[190] Os antigos egípcios estiveram envolvidos no comércio com os povos vizinhos para obter mercadorias raras e exóticas não encontradas no Egito. No período prédinástico, estabeleceram o comércio com a Núbia para a obtenção de ouro, plumas de avestruz, peles de leopardo, incenso e marfim.[191] Também estabeleceram o comérciocoma Palestina, como evidenciado por jarros de óleos de estilo palestino encontrados nas sepulturas dos faraós da primeira dinastia.[192] Uma colônia egípcia fundada no sul de Canaã foi anterior à primeira dinastia.[193] Na época de Narmer foi produzida cerâmica egípcia em Canaã, que era exportada para o Egito.[194] Em meados da segunda dinastia, o contato do Antigo Egito com Biblos rendeu um intenso comércio de madeira de boa qualidade não encontrada no Egito. Durante a quinta dinastia, o comércio com Punt abastecia o Egito com ouro, resinas aromáticas, ébano, marfim e animais silvestres, como macacos e babuínos.[195] Houve também comércio com a Anatólia para adquirir estanho e para o fornecimento suplementar de cobre, dois metais necessários para a fabricação de bronze. Os antigos egípcios valorizaram a pedra azul lápis-lazúli, que tinha de ser importada do Afeganistão. Os parceiros do Egito no comércio mediterrânico também incluíram Creta e a Grécia, que forneciam, entre outras mercadorias, azeite.[196] Em troca de suas importações de luxo e de matérias-primas, o Egito exportava principalmente grãos, ouro, linho e papiro, além de outros produtos acabados, incluindo objetos de vidro e pedra.[197]
7 Sociedade A sociedade egípcia antiga apresentava uma estrutura fortemente hierarquizada.[198][199] Era patriarcal, com o homem administrando o lar, com participação da mulher, e decidindo os herdeiros através de seu testamento. Os anciãos eram consultados e honrados após a morte.[200] O casamento no mundo egípcio era monogâmico (embora haja casos de bigamia e poligamia na corte faraônica) e não era sancionado pela religião. Não existia uma cerimônia de casamento, nem um registro deste. Aparentemente bastava um casal afirmar que queria coabitar para que a união fosse aceite. Os homens casavam entre os dezesseis e os dezoito anos e as mulheres por volta dos doze, catorze anos. Por serem as mulheres as transmissoras do sangue real, como forma de legitimação do poder, houve casamentos entre irmãos. Também houve casamentos entre faraós e uma de suas filhas.[201] Os homens com uma posição econômica mais elevada poderiam ter,
Um casal egípcio sentado.
para além da esposa legítima (nebet-per , “a senhora da casa”), várias concubinas, o que era visto como um sinal de riqueza. No entanto, as mulheres que tivessem mais de um homem eram mortas.[202] A prostituição era uma prática moralmente condenada, mas foi praticada nas margens do Nilo. Foram registrados em papiros e óstracos a prática de favores sexuais em troca de dinheiro, bem como menção a relações sexuais coletivas, o que leva considerar a possibilidade da existência de prostíbulos. No Egito não houve prostituição sagrada, sendo a relação divindade-sacerdotisa, meramente simbólica.[203] Os antigos egípcios viam homens e mulheres, incluindo as pessoas de todas as classes sociais, exceto os escravos, como essencialmente iguais perante a lei, e até mesmo o mais humilde camponês tinha direito de petição ao vizir e sua corte para reparação. Tanto homens quanto mulheres tinham o direito de possuir e vender imóveis, fazer contratos, se casar e se divorciar, receber herança e ter litígios em tribunal. Os casais podiam possuir bens em conjunto e protegerem-se com contratos de casamento em caso de divórcio, que estipulavam as obrigações financeiras do marido para com a esposa e com as crianças ao final do casamento. As mulheres egípcias tinham uma grande gama de escolhas pessoais e oportunidades de realização. Podiam ser da realeza, trabalhar no palá-
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7 SOCIEDADE
cio como amas-de-leite, concubinas ou escançãs (servidoras de vinho do faraó) e, nos templos, desde cantoras a sacerdotisas. [204] Outras exerciam poderes divinos como esposas de Amon. Apesar destas liberdades, as mulheres egípcias antigas, muitas vezes não participavam em papéis oficiais da administração, servindo apenas em papéis secundários, e não foram tão susceptíveis de serem educadas tal como os homens.[155] Quando o marido falecia, as mulheres assumiam a chefia familiar e, no caso dos faraós, o Estado. Mulheres como Hatchepsut e Cleópatra chegaram a tornar-se faraós. As mulheres podiam receber herança paterna. Normalmente, o filho mais velho assumia o trono faraônico após a morte de seu pai, no entanto, quando só havia filhas como sucessoras ao trono, a mais velha deveria casar para seu marido assumir o trono.[204]
Estátua de um escriba sentado (IV dinastia, c. 2 620-2 500 a.C.)
clusivamente para a educação de homens da realeza, da nobreza ou daqueles que almejavam tornar-se escribas, sacerdotes, artistas, escultores ou desenhistas. Iniciando seus estudos entre os cinco e sete anos, os garotos aprendiam leitura e escrita, história e geografia, ciência, medicina e astronomia, aritmética e geometria e música. Eram instituições com disciplina muito rigorosa, onde os rapazes que se comportavam mal ou não prestavam atenção eram espancados.[205][207] Diferente dos jovens das classes abastadas que iam a escola, os jovens filhos de camponeses, pescadores e artesãos aprendiam desde tenra idade os ofícios de seus pais para que assim os pudessem suceder.[208]
Arte erótica egípcia.
7.1 Educação As crianças (meninos e meninas) iniciavam sua educação básica no seio familiar; os meninos aprendiam com seus pais princípios éticos, visões da vida, conduta social, ritos populares, etc; as meninas aprendiam com suasmãeseconomia doméstica, culinária, preparação e confecção de roupas; as meninas ricas podiam aprender a tocar instrumentos, cantar, dançar assim como a ler, escrever e trabalhar com operações aritméticas.[205] No processo educacional das classes mais abastadas utilizava-se os chamados “Livros de Instrução”, que constinham regras para se viver ordenadamente em sociedade assim como elementos morais tais como justiça, sabedoria, obediência, bondade e moderação.[206][207] No Antigo Egito havia poucas escolas a funcionar ex-
7.2 Hierarquia social No topo da hierarquia social estava o faraó, que possuía poderes absolutos, tomando decisões militares, religiosas, econômicas e judiciais,[209] além de ser o dono nominal de todas as terras.[198][210] Nos períodos de cheia o faraó ordenava que a população exercesse outras funções como, por exemplo, a construção de obras públicas.[144] Enquanto vivo, o faraó era encarado como uma personificação do deus Hórus, enquanto que seu antecessor falecido era associado a Osíris, pai de Hórus, houvesse ou não relação consanguínea entre os soberanos. A partir da V dinastia os reis apresentam-se também como filhos de Rá, o deus solar.[211] Os faraós possuíam muitas mulheres e filhos. Sua mulher principal, denominada hemet nesut , “esposa do rei”, podia ser sua irmã ou uma de suas filhas. Os faraós possuíam diversas insígnias: o pschent (a união das coroas do Alto e Baixo Egito), os cetros crossa e chicote, o nemés (ornamento para cabeça decorado com uma cobra e um
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7.3 Vida cotidiana
dades comerciais, de soldados, necessidades do palácio, etc. A partir do Império Novo surge uma nova classe, os grandes comerciantes, que monopolizavam o comércio exterior.[198][144][210][209][213]
Espancamento de um escravo.
O faraó representava a própria vida do Egito, sendo o topo da hierarquia da nação. Na foto estátua de Tutmés III , no Museu Egípcio do Cairo.
abutre que simbolizavam, respetivamente, o Baixo e Alto Egito) e a barba postiça. Podia ser simbolicamente representado como uma esfinge, e era associado a animais como a pantera, o leão e o boi. A palavra faraó, vinda do egípcio per aâ , significa “Casa Grande”. Tornou-se o nome oficial dos líderes do Egito apenas durante a XVIII dinastia, pois até então habitualmente os líderes referiamse a si mesmos como nesu (rei) ou neb (senhor). A partir da V dinastia a titulatura dos reis incluía cinco nomes reais: nome de Hórus, nome das Duas Mestras, nome de Hórus de Ouro, prenome e nome.[210] Abaixo do faraó e de sua família na pirâmide social encontrava-se o grupo denominado como "classe do saiote branco” (ou classe dos dominantes), em referência ao vestuário de linho decorado que trajavam.[212] Primeiramente vinham os nomarcas e vizires. Os nomarcas administravam as províncias imperiais enquanto os vizires controlavam o arrecadamento de impostos, fiscalizavam as obras públicas, os celeiros reais, participavam do alto tribunal de justiça e chefiavam a polícia e as tropas. Abaixo destes estavam os sacerdotes que administravam os templos, cultos e as festas religiosas, eram conselheiros dos faraós e usufruíam de terras, isenção de impostos e prestígio. Muito importantes para a máquina burocrática do governo, os escribas cobravam impostos, organizavam as leis e a escrita, determinavam o valor das terras, copiavam poemas, hinos e histórias, escreviam cartas, realizavam censos populacionais e calculavam os estoques de alimentos, produção agrícola, área de terras aráveis, ativi-
Abaixo das classes dominantes situavam-se as classe dominadas. Primeiramente vinham os soldados que recebiam produtos por serviços prestados e tomavam espólios de saques, mas que nunca ascendiam a altos postos no exército. Abaixo destes vinham os artesãos (tecelões, pintores, barbeiros, cozinheiros, barqueiros, ceramistas, escultores, joalheiros, ferreiros, etc.), que trabalham especialmente para os faraós, para a nobreza e para os templos e para os pequenos comerciantes que vendiam seus produtos nos mercados das cidades. Os camponeses (ou félas) formavam a maior parte da população e eram agricultores, pecuaristas e pescadores. Mesmo sendo eles os produtores, os produtos agrícolas eram propriedade direta do Estado, dos templos ou da família nobre que possuía a terra.[214] Os camponeses também estavam sujeitos a um imposto sobre o trabalho e eram obrigados a trabalhar na construção de obras públicas e limpeza de canais em um sistema similar à corveia medieval na Europa.[215] Também eram obrigados a trabalhar nos transportes e por vezes no exército. Abaixo dos camponeses vinha a base da pirâmide, os escravos (hemu e/ou baku[216] ). Cativos ou condenados da justiça, trabalhavam em atividades domésticas, públicas ou religiosas.[217] Gozavam de direitos civis e aprendiam a escrita egípcia.[198][209][199]
7.3 Vida cotidiana A maioria da população era constituída por agricultores ligados à terra. Suas habitações eram restritas aos membros imediatos da família, e foram construídas com tijolos de barro destinadas a manter o frescor no calor do dia. Cada casa tinha uma cozinha com teto aberto, o qual continha uma pedra de moinho para moagem de farinha e um pequeno forno para cozer pão.[218] As paredes eram pintadas de branco e podiam ser cobertas com tapetes de linho tingido. Os pavimentos eram cobertos com esteiras de palha, enquanto que a mobília era composta de bancos de madeira, camas levantadas a partir do piso e mesas individuais.[219] As mães eram responsáveis
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7 SOCIEDADE
por cuidar dos filhos, enquanto o pai fornecia a renda da res tinham o costume de manter os cabelos curtos, no família.[220] entanto, ao longo dos séculos adotaram os cabelos compridos; os homens adultos utilizavam cabelos curtos e as crianças e os sacerdotes raspavam a cabeça. As mulheres vestiam um vestido de linho branco e os homens uma tanga; a população trabalhadora habitualmente andava nua ou então usava apenas um pedaço de tecido enrolado a cintura.[223] As crianças ficavam sem roupas até a maturidade, cerca dos doze anos, e nessa idade os homens eram circuncidados e suas cabeças eram raspadas. Vizires, sacerdotes e o faraó usavam vestimentas especiais, respetivamente vestidos, peles de panteras e tangas costuradas com fios de ouro. No geral, havia apenas duas opções para os pés: nudez ou sandálias. Estas podiam ser de junco e papiro amarrados com barbante (mais simples) ou de couro costurado com linha de papiro (mais sofisticadas). Membros das classes mais elevadas da sociedade, costumeiramente adornavam o corpo com joias. As joias também eram usadas pela população menos abastada da sociedade por poderem se tratar Dançarina egípcia. de amuletos. Eram de ouro, prata, cobre ou cerâmica, A higiene e aparência pessoais eram tidas em grande va- incrustadas com pedras preciosas ou pasta de vidro color. A maioria banhava-se no Nilo e usava um sabão pas- lorido. Podiam ser diademas, colares, brincos, pulseiras, [222] toso, o suabu, feito de gordura e giz. Os homens raspa- anéis e cintos. vam todo o corpo para limpeza, e usavam perfumes, óleos A música e a dança eram entretenimentos populares para aromáticos e pomadas para ocultar maus odores e manter aqueles que podiam pagar por elas. Instrumentos antigos a pele suave.[221] Os óleos eram feitos com gordura vege- incluíam flauta e harpas,[224] enquanto os instrumentos tal ou animal e eram aromatizados com mirra, incenso ou semelhantes a trompetes, oboés e gaitas desenvolveramterebintina. Um tipo de sal, o bed , era usado para garga- se mais tarde e se tornaram populares. No Império rejar. As mulheres da corte passavam por um processo Novo, os egípcios tocavam sinos, címbalos, tamborins, mais completo: depilavam-se, massageavam rosto e bra- e tambores e importaram alaúdes e harpas da Ásia.[225] ços com pomada de mirra, colocavam um creme verde de O sistro foi um instrumento musical do tipo chocalho malaquita nas pálpebras, desenhavam uma linha de kohl que era especialmente importante em cerimônias religipreto para alongar os olhos, colocavam pó deocre nas bo- osas. Os faraós possuíam uma banda preferida, os hichechas e lábios e pintavam as palmas das mãos e a sola nodos que os acompanhavam em grandes cerimônias redos pés com hena.[222] ligiosas. Para divertimento dos presentes em banquetes havia dançarinas que dançavam em movimentos lentos, mímicos, que contavam lendas dos deuses e os imitavam, e pigmeus da África Central que dançavam danças rápidas e rítmicas.[222] Eram praticadas diversas atividades de lazer, incluindo jogos e música. O Senet , um jogo de tabuleiro onde as peças se mudam de acordo com o acaso, era particularmente popular desde os primeiros tempos; outro jogo semelhante foi o Mehen, que tinha um tabuleiro em forma de serpente. Jogos de malabarismo, vara e bola eram populares entre as crianças, e também está documentada luta em uma tumba em Beni Hasan.[226] Os membros ricos da sociedade egípcia praticavam caça e davam passeios de barco também. Havia uma grande variedade de brinquedos infantis, todos de madeira: piões, figurinhas, bonecas, cavalinhos e até bonecos articulados.[222] Nefertari jogando Senet , pintura da tumba da Rainha Nefertari do Egito (1 295-1 255 a.C.).
Tanto os homens como as mulheres da classe alta usavam perucas, jóias e cosméticos. Inicialmente as mulhe-
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8.3 Escrita
8 Língua e escrita egípcia 8.1 Desenvolvimento histórico A língua egípcia é uma língua afro-asiática setentrional intimamente relacionada com o berber e as línguas semíticas.[227] Tem a história mais antiga a seguir ao sumério, tendo sido escrita desde 3 200 a.C. até à Idade Média, permanecendo como uma língua falada por mais tempo. Distinguem-se as fases do egípcio arcaico, egípcio antigo, egípcio médio (egípcio clássico), egípcio tardio, demótico e copta.[228] Os escritos egípcios não apresentam diferenças antes do dialeto copta, no entanto, provavelmente existiam dialetos orais regionais nas regiões de Mênfis e, posteriormente, de Tebas.[229] O egípcio antigo foi uma língua sintética, tornando-se posteriormente em uma língua mais analítica. O egípcio tardio desenvolveu artigos prefixais definidos e indefinidos, que substituíram os sufixos flexionais anteriores. Há uma mudança da velha ordem Verbo Sujeito Objeto para Sujeito Verbo Objeto.[230] Os hieróglifos egípcios, a escrita hierática e o demótico acabaram por ser substituídos pelo alfabeto copta, mais fonético. O copta ainda é usado na liturgia da Igreja Ortodoxa do Egito, e vestígios dela são encontrados no árabe egípcio moderno.[231]
ríngeas e enfáticas, oclusivas sonoras e surdas, fricativas surdas e africadas surdas e sonoras. Havia inicialmente três vogais longas e três vogais curtas, que se expandiram no egípcio tardio para cerca de nove.[233] Uma palavra básica em egípcio, semelhante ao berber e semita, tem consoantes e semi-consoantes de raiz triliteral e biliteral. Sufixos são adicionados para formar palavras. A conjugação verbal corresponde à pessoa. Por exemplo, o esqueleto triconsonantal S-Ḏ-M é o núcleo semântico da palavra “ouvir"; sua base conjugal é sḏm (“ele ouve”). Se o sujeito é um substantivo, sufixos não são adicionados ao verbo; por exemplo: sḏm ḥmt (“a mulher ouve”).[234]
8.2 Som e gramática
Inscrição copta.
Os adjetivos são derivados de substantivos por um processo que os egiptólogos chamam nisbação devido à sua semelhança com o árabe.[235] A ordem das palavras em frases verbais e adjetivas é PREDICADOSUJEITO, e SUJEITO-PREDICADO em frases nominais e adverbiais.[236] O sujeito pode ser movido para o início das frases se é longo e é seguido por um pronome resumptivo.[237] Verbos e substantivos são negados por uma partícula n, mas nn é usado para frases adverbiais e adjetivas. O acento tônico recai sobre a última ou penúltima sílaba, que pode ser aberta (CV) ou fechada (CVC).[238]
8.3 Escrita A escrita hieroglífica datada de 3 200 a.C. (túmulo Uj do cemitério U de Abidos[239] ) é composta de cerca de 500 símbolos, que podiam ser representações de animais, plantas, pessoas ou partes do corpo e utensílios utilizados pelos egípcios.[240] Um hieróglifo pode ser uma palavra, A Pedra de Roseta , artefato que permitiu aos linguistas traduzir um som ou um determinante mudo; e o mesmo símbolo pode servir a diferentes propósitos em contextos diferenos hieróglifos egípcios[232] tes. Os hieróglifos foram uma escrita formal, usados em O egípcio antigo tinha 25 consoantes similares aos de ou- papiros, monumentos de pedra e nos túmulos, que potras línguas afro-asiáticas. Estas incluíam consoantes fa- dem ser tão detalhados como obras de arte. No dia-a-dia,
22 os escribas usavam uma forma de escrita cursiva, chamada hierática, que era mais simples e rápida de escrever, escrita em pedras, papiros e placas de madeira.[241] Enquanto os hieróglifos formais podem ser lidos em linhas ou colunas em qualquer direção (embora, geralmente, escritos da direita para a esquerda), a hierática era sempre escrita da direita para a esquerda, geralmente em linhas horizontais. Para se saber a direção a qual se devia ler os hieróglifos, era preciso olhar para a direção a qual as figuras humanas ou de pássaros estavam olhando, pois são estes que mostram o início do texto.[242] Uma nova forma de escrita surgida no século VII a.C., a demótica, tornouse predominante, substituindo a hierática.[243] Por volta do século I d.C., o alfabeto copta começou a ser usado juntamente com a escrita demótica. O copta é um alfabeto grego modificado com a adição de alguns sinais demóticos.[244] Embora os hieróglifos formais tenham sido usados em contexto cerimonial até ao século IV, no final apenas um pequeno grupo de padres sabiam lê-los. Como os estabelecimentos religiosos tradicionais foram dissolvidos, o conhecimento da escrita hieroglífica estava quase perdido. As tentativas de decifração são datadas do período bizantino[245] e do período islâmico,[246] mas apenas em 1822, após a descoberta da Pedra de Roseta e anos de pesquisa de Thomas Young e Jean-François Champollion, os hieróglifos foram quase totalmente decifrados.[247] Na Pedra de Roseta estão presentes três formas de escrita: hieróglifos formais, hierática e grega.[242]
8.4 Literatura
O Papiro Edwin Smith (ca. século XVI a.C.) descreve a anatomia e tratamentos médicos e está escrito em hierática.
A literatura do Antigo Egito inclui textos de caráter religioso (como os hinos às divindades), mas igualmente obras de natureza mais secular, como textos sapienciais, contos e poesia amorosa. A literatura apareceu pela primeira vez em associação com a realeza em rótulos e etiquetas para os itens encontrados em tumbas reais. Foi principalmente uma ocupação dos escribas, que trabalhavam para a instituição Per Ankh ou a Casa de Vida ,[242]
8 LÍNGUA E ESCRITA EGÍPCIA
para os escritórios, bibliotecas (chamadas Casas dos Livros), laboratórios e observatórios.[248] Algumas das peças mais conhecidas da literatura egípcia, como os textos das pirâmides edos sarcófagos, foram escritos em egípcio clássico, que continuou a ser a língua da escrita até 1 300 a.C. Durante este período, a tradição da escrita evoluiu para as autobiografias em túmulos, como os de Harkhuf e Uni.[249]
Papiro corações.
O gênero conhecido como Sebayt (instruções) foi desenvolvido para comunicar os ensinamentos e orientações dos nobres famosos. Deste género destaca-se o Ensinamento de Ptah-Hotep, que em trinta e seis máximas expõe as reflexões do seu autor (um vizir) sobre as relações humanas. O Papiro Ipuur , um poema de lamentações descrevendo catástrofes naturais e agitação social, é um papiro contraditório, pois até o presente não se chegou a um consenso quanto a seu período, podendo ser um poema descritivo do Primeiro ou Segundo Período Intermediário. A história de Sinué , escrita em egípcio médio, é um clássico da literatura egípcia, contando as peripécias da personagem homônima.[250] O Papiro Westcar também escrito nesse período, é um conjunto de histórias contadas a Quéops por seus filhos, relatando as maravilhas realizadas pelos sacerdotes.[251] A obra Instruções de Amenemope é considerada uma obra-prima da literatura do Oriente Próximo.[252] Outras histórias famosas são o Conto do Náufrago (história de um marinheiro que naufragou em uma ilha habitada por uma serpente), do Príncipe predestinado (história de um príncipe amaldiçoado), dos Dois Irmãos (história de vinganças causada pela mulher de um dos irmãos) e a Sátira das profissões (sátira realizada por escribas para mostrar os incômodos das outras profissões que não fossem o ofício de escriba).[242] O egípcio tardio foi falado no Império Novo e está representado em documentos administrativos do período ramessida,, poesias de amor e contos, bem como em textos demóticos e coptas. No final do Império Novo, a língua vernácula foi mais frequentemente empregada para escrever peças populares como a História de Unamón e a Instrução de Any . O primeiro conta a história de um nobre que é roubado quando se dirigia ao Líbano para com-
23 prar madeira de cedro e as suas peripécias para voltar ao Egito. Durante este período, papiros como o Papiro Cester Beatty I , Papiro Harris 500 e um fragmento do Papiro de Turim mostram um tipo de poesia amorosa, com temas de paixão e erotismo. A partir de cerca de 700 a.C., histórias narrativas e instruções, como a popular Instruções de Onchsheshonqy , bem como documentos pessoais e empresariais foram escritos em demótico. A ação de muitas histórias escritas em demótico durante o período grecor-romano decorria em épocas históricas anteriores, de quando o Egito era uma nação independente governada por grandes faraós como Ramsés II.[253]
9 Religião
Estátua Ka egípcia.
Tríade de Abidos (Osíris, Hórus e Ísis).
O Antigo Egito fundamentou-se por sua plena relação comodivinoenavidaapósamortedetalmodoqueoreinado faraônico foi baseado no direito divino dos reis;[254] considerava-se o faraó filho do deus Rá [nt 3][255] A religião egípcia teve influência tanto em âmbito ideológico (a história egípcia foi explicada em viés divinos) como em carácter prático (a sociedade assim como a economia egípcias moldaram-se por influência de tal instituição); durante a história egípcia a economia local esteve intimamente relacionada com os templos. Na religiosidade egípcia o culto às divindades sobressaía as crenças gerais, o que faz da religião egípcia mais ortoprática do que ortodoxa.[256]
seu deus padroeiro assim como um específico animal sagrado que a ele era consagrado; caso uma cidade se tornasse capital do reino (p. ex. Tebas) o deus local, da mesma forma que o animal a ele dedicado, eram elevados ao âmbito nacional e, consequentemente, começavam a ser cultuados por todo o império (p. ex. Amon).[255] Os deuses egípcios tinham características antropomórficas, zoomórficas ou mistas;[258] conquanto, embora idealizassem seus deuses com certas características animais, pode-se considerar que postulavam que tal deus possuísse as habilidades daquele animal e não necessariamente sua forma.[256]
Os deuses, muitas vezes evocados para ajuda e/ou proteção, tambémeram provedores de grandes males, de modo que tinham que ser aplacados com oferendas e orações. Assim como a sociedade egípcia, o mundo divino egípcio era fortemente hierarquizado; continuamente, por meio de mitos diversos, os deuses do panteão eram promovidos ou rebaixados neste hierarquia. Tal fato ocorreu, pois os sacerdotes não se esforçavam para organizar os diversos mitos, por vezes conflitantes, em um sistema coerente,[259] já que consideravam estas diversas concepções divinas, múltiplas facetas da realidade. [260] Os deuses eram ordenados e hierarquizados em grupos de três (tríades), oito (Enéades) e nove (Ogdóades); destes podeHermópoOs egípcios antigos eram politeístas e seus deuses repre- se citar a Enéade de Heliópolis, a Ogdóade de [256] lis e as Tríades de Mênfis, Tebas e Elefantina. sentavam diversos elementos naturais que eram vinculados com elementos cotidianos.[257] Cada cidade possuía Os deuses, a mando dos faraós, eram adorados nos tem-
24 plos e os cultos eram administrados por sacerdotes que diariamente lavavam, perfumavam, maquilavam e alimentavam a estátua do deus que permanecia trancada em um nau no centro do templo. Os templos não eram locais para adoração pública, e somente em dias comemorativos ou em festas selecionava-se um santuário para onde se transportava a estátua para que houvesse adoração pública;[261] as procissões que transportavam as estátuas, que eram assistidas pela população, contavam com a participação de músicos e cantores. Cidadãos comuns podiam ter estátuas cultuais privadas, assim como amuletos de proteção.[256] Após o Império Novo o papel do faraó como intermediário espiritual foi ofuscado devido ao desenvolvimento de um sistema de oráculos para comunicar as vontades divinas diretamente a população.[262] Os egípcios durante sua história desenvolveram um pleno conceito de vida após a morte. Inicialmente acessível apenas para os faraós, a partir do Primeiro Período Intermediário alargou-se para toda a população, o que provocou um considerável aumento do uso de práticas como a mumificação.[256] Segundo a visão egípcia os seres humanos eram compostos por cinco partes: corpo, sombra (šwt ), alma (ba), força vital (ka) e nome.[263] O coração, ao invés do cérebro, era considerado a sede de todos os pensamentos e emoções. Após a morte de um indivíduo seus aspectos espirituais são liberados e estes necessitam de restos físicos ou uma estátua para habitarem permanentemente. Todo defunto almejava voltar a seu ka e ba de modo a se tornar um akh. Para isto acontecer era necessário que o defunto fosse julgado digno no Tribunal de Osíris, onde seu coração era pesado;[258] caso considerado digno, este poderia continuar a existir na terra em forma espiritual;[264] caso contrário seria devorado por um monstro que consistia na mistura de três animais, leão, crocodilo e hipopótamo.[261]
9 RELIGIÃO
cessários para garantir a imortalidade após a morte.[265] Estes costumes envolviam preservar o corpo por mumificação, realizando cerimônias fúnebres, e enterrando, junto com o corpo, o espólio que seria utilizado pelo falecido quando ressuscitasse; antes do Império Antigo os corpos eram enterrados em covas no deserto e, naturalmente, eram preservados por dessecação. Após a V dinastia, a mumificação, privilégio exclusivo para as classes abastadas do Egito, tornou-se acessível para toda a população, mesmo que de forma variada.[256] Durante o Império Novo tornaram-se comuns os sarcófagos antropomórficos e, durante a XX dinastia a prática de decoração das tumbas foi alterada pela prática da decoração dos sarcófagos.[266] Múmias da Época Baixa também foram colocadas em sarcófagos com cartonagem pintada. As práticas de preservação real diminuíram durante as eras ptolomaica e romana, quando passou a dar-se mais atenção à aparência exterior das múmias, que passaram a ser decoradas. [267]
9.1 Práticas funerárias
Máscara de Anúbis.
O sepultamento dos pobres era muito mais simples do que o da elite, pois não tinham condições financeiras. Os pobres recebiam uma injeção de essências e vinhos corrosivos pelo ânus para dissolver os órgãos internos. Após alguns dias, com os órgãos dissolvidos, o corpo era enfaixado com peles de animais para ser enterrado no deserto onde se conservaria por dissecação. Os ricos, por outro lado, possuíam um processo diferente, a chamada mumificação artificial. Inicialmente o cérebro era remocerimônia da “abertura da boca”. vido com umapinça metálica pelo nariz. Os outrosórgãos Os antigos egípcios mantiveram um elaborado conjunto (prática iniciada após a IV dinastia[268] ), com exceção do de costumes de sepultamentos que acreditavam serem ne- coração, eram retirados, mumificados e depositados em
25
9.2 Mumificação animal
subterrâneos cavados nos barrancos dos rio ou em encostas de montanhas) e mastabas (tumbas de base retangular com salas para oferendas).[270] Como forma de proporcionar serenidade ao morto, os túmulos foram pintados com cenas da vida do morto.[256] Após o enterro, se esperava que os parentes visitassem ocasionalmente o túmulo para levar comida e recitar orações em nome do falecido.[271]
9.2 Mumificação animal Outra prática muito comum foi a mumificação animal. Os animais mumificados podiam ser bichos de estimação, pedaços de carne para as múmias ou então animais sagrados, divinizados por sua relação com os deuses. Eram, no geral, objetos votivos destinados aos templos de culto a animais. A partir da XXVI dinastia, as múmias votivas tornaram-se populares, o que gerou um intenso comércio que empregou legiões de trabalhadores especializados. Entre os animais embalsamados podem se citar gatos, cães, vacas, touros, burros, cavalos, carneiros, peixes, crocodilos, elefantes, gazelas, íbis, leões, lagartos, macacos, aves, escaravelhos, musaranhos e serpentes. Os animais eram preparados como as múmias huMúmias de animais. manas: seus órgãos poderiam ser retirados ou então dissolvidos, depois eram lavados interiormente com vinho e depois banhados em natrão para ressecamento e posvasos canópicos. O interior do corpo era lavado com viteriormente eram envoltos com resinas para fixação das nho e substâncias aromáticas e depois preenchido com bandagens de linho.[272] mirra e canela; posteriormente era embebido em natrão (mistura de sais) por 70 dias. Por fim era lavado para receber resinas e perfumes e ser enfaixado com tiras de linho embebidas em goma; entre as tiras havia amuletos 10 Arte de proteção. O corpo recebia uma máscara fúnebre e era depositado em sarcófagos de pedra ou madeira.[256] Os antigos egípcios produziram arte para servir propósiO cortejo fúnebre se iniciava após a colocação do corpo tos funcionais. Por mais de 3 500 anos, os artistas adedentro de seu sarcófago. Este era transportado por um riram a formas artísticas e a iconografias que foram decarro de bois enquanto familiares, amigos, sacerdotes e senvolvidas durante o Império Antigo, na sequência de carpideiras contratadas o acompanhavam. Ao chegarem um rigoroso conjunto de princípios que resistiu à influênno seu destino se procedia a uma série de rituais dos quais cia estrangeira e à mudança interna.[273] Estes padrões o mais importante era o da “Abertura da Boca”. Neste ri- artísticos – linhas simples, formas e áreas planas de cotual, a múmia era retirada do sarcófago para ser segurada res combinadas com características projeções planas das por um sacerdote com uma máscara de Anúbis. Então, o figuras sem indicação de profundidade espacial - criou filho do morto ou outro herdeiro se vestia com roupa de um senso de ordem e equilíbrio dentro de uma compoleopardo e, simbolicamente, com uma machadinha, fazia sição. Imagens e textos foram intimamente entrelaçados um corte que abria a boca do defunto para este recuperar nas tumbas e paredes dos templos, caixões, estelas e até o fôlego da vida. Só então o corpo era depositado nova- estátuas. A Paleta de Narmer, por exemplo, exibe figuras mente no sarcófago para ser enterrado.[261] que também podem ser lidos como hieróglifos.[274] Por O ricos eram enterrados com maiores quantidades de causa das regras rígidas que presidiram à sua aparência itens de luxo, mas todos os enterros, independentemente altamente estilizada e simbólica, a arte egípcia antiga serpropósitos políticos e religiosos com precisão do estatuto social, incluíam bens para o defunto. A partir viu a seus[275] e clareza. A hierarquia social e religiosa influenciava do Império Novo, os "livros dos mortos" foram incluídos [276] nos túmulos, juntamente com estátuas shauabti que, se- no tamanho dos personagens. gundo as crenças, realizavam trabalhos manuais por eles As figuras nas pinturas e baixo-relevos são representana vida após a morte.[269] Enquanto a classe pobre era en- das respeitando-se a lei da frontalidade: cabeça, pernas, terrada em covas rasas no deserto, a elite construía para peito, ventre e braços de perfil; olhos, ombros, umbigo si túmulos que podiam ser pirâmides, hipogeus (túmulos e baixo-ventre de frente.[277][278] O personagem principal
26
10 ARTE
Busto de Nefertiti , pelo escultor Tutmés , é uma das mais famosas obras-primas da arte egípcia antiga.
Pintura de Nefertari no seu túmulo.
de uma pintura devia ser representado sempre maior do que os personagens secundários. Faraós mandaram gravar em relevos vitórias de batalhas, decretos reais e cenas religiosas. Eram dispostos em faixas horizontais acompanhados por hieróglifos e apresentavam até "balões" indicando falas.[279] As cores possuíam uma função simbólica nas pinturas. O preto usado nas sobrancelhas, perucas, olhos e bocas representava a noite, a morte, a fertilidade, a regeneração e as inundações do Nilo. O branco usado nas vestes dos sacerdotes, nos objetos rituais, nas casas, nas flores e nos templos era associado a pureza, verdade, alegria e triunfo. O vermelho representava a energia, o poder, a sexualidade e Seth. A pele dos homens era pintada de vermelho-ocre e a das mulheres de amarelo-ocre. O amarelo representava a eternidade; o verde, a regeneração e a vida; o azul, o Nilo e o céu.[276][279] As tintas eram obtidas a partir de minerais, como minérios de ferro (ocre vermelho e amarelo), minérios de cobre (azul e verde), fuligem ou carvão (preto), e calcário (branco). As tintas podem ser misturadas com goma-arábica como aglutinante e prensadas em bolos, que podiam ser umedecidos com água quando necessário.[280] No entanto, análises de múmias de cerca de 3 200 a.C. mostram sinais de anemia hemolítica e outros distúrbios, causados por intoxicação com metais pesados (chumbo, mercúrio, arsênio, cobre) que eram usados como pigmentos, corantes e ma-
quiagem, especialmente pelas classes dominantes.[281] Os artesãos do Antigo Egito usavam pedra (basalto, pórfiro, xisto, diorito e o granito) para esculpir estátuas e finos relevos, mas usavam madeira como um substituto barato e fácilde esculpir. Algumas estátuasserviam objetivos políticos, sendo colocadas diante dos templos para que o povo as visse, mas tinham sobretudo um objetivo religioso.[282] No geral as estátuas representam uma figura que olha para a frente, numa linha perpendicular ao plano dos ombros, com os braços colados ao corpo. As estátuas que se encontravam nos túmulos eram consideradas como uma espécie de corpo de substituição; o ka e o ba deveriam reconhecer o rosto onde habitavam, não sendo por isso relevante representar os defeitos do corpo. Algumas estátuas atingiam proporções grandiosas, como a Esfinge de Giza e os Colossos de Memnon.[79][104] Os cidadãos comuns tiveram acesso a obras de arte funerária, tais como estátuas shauabti e o livro dos mortos, que acreditavam que iria protegê-los na vida após a morte.[265] Durante o Império Médio, modelos de madeira ou de barro que representam cenas da vida diária tornaram-se populares aditamentos aos túmulos. Em uma tentativa de duplicar as atividades da vida após a morte, estes modelos mostram operários, casas, barcos e até mesmo formações militares que são representações à escala do ideal de vida após a morte dos antigos egípcios. [283]
27 Apesar da homogeneidade da arte egípcia antiga, os estilos de determinadas épocas e lugares, por vezes reflete a mudança de atitudes culturais ou políticas. Após a invasão dos hicsos no Segundo Período Intermediário, afrescos de estilo minoico foram encontrados em Aváris.[284] O exemplo mais marcante de uma mudança de motivação política na forma artística encontra-se no período Amarna, quando as figuras foram radicalmente alteradas em conformidade com as ideias religiosas revolucionárias de Aquenáton.[285] Este estilo, conhecido como a arte Amarna, foi rapidamente e completamente apagado depois da morte de Aquenáton e substituído por formas tradicionais.[286] Durante a época romana os "retratos de Faium" dominaram a composição mortuária. O bem preservado Templo de Edfu é um dos exemplos da arquitetura egípcia antiga. As máscaras mortuárias foram substituídas por retratos realistas dos defuntos.[279]
10.1 Arquitetura
A Grande Esfinge e as pirâmides de Gizé , erguidas durante o Império Antigo.
A arquitetura do Antigo Egito inclui algumas das estruturas mais famosas do mundo: as Grandes Pirâmides de Gizé e os templos em Tebas. Vários projetos foram organizados, construídos e financiados pelo Estado para fins religiosos e comemorativos, mas também para reforçar o poder do faraó. Os antigos egípcios eram construtores qualificados, usando ferramentas simples mas eficazes e instrumentos de observação, podendo os arquitetos egípcios construir grandes estruturas de pedra com exatidão e precisão.[287] As habitações da elite e dos egípcios comuns foram construídas de materiais perecíveis tais como lama, tijolos de adobe e madeira.[288] Os camponeses viviam em casas simples, enquanto os palácios da elite foram estruturas mais elaboradas. As cidades egípcias possuíam bairros diferenciados e eram protegidas por muralhas.[289] Uns poucos palácios sobreviventes do Império Novo, tais como os de Malqata e Amarna, mostram paredes ricamente decoradas e chão com cenas de pessoas, pássaros, piscinas de água, divindades e design geométrico.[290] Estruturas importantes, como templos e túmulos, que se pretendia que durassem para sempre, foram construídos em pedra em vez de tijolos. Os mais antigos templos preservados do Antigo Egito, como os de Gizé, consistem de simples salões anexos com lajes suportadas por
colunas. No Império Novo, os arquitetos adicionaram o pilone, o pátio aberto e anexos salões hipostilos de frente com os santuários dos templos, um estilo que foi padrão até ao período grecorromano.[291] Os templos de Carnaque e Luxor são dois dos maiores exemplos deste tipo de edificação egípcia. A mais antiga e mais popular tumba arquitetônica do Império Antigo foi a mastaba, uma estrutura retangular de teto achatado construída de tijolos de lodo ou pedra acima de uma câmara funerária subterrânea. A pirâmide de degraus de Djoser, a primeira pirâmides construída, é uma série de mastabas de pedra empilhadas em cima uma das outras; estas possuem simples arquitraves apoiados em motivos de papiros e flores de lótus.[292] Foram construídas pirâmides durante o Império Antigo e Médio, mas os governantes tardios abandonaram-nas em favor de tumbas menos notáveis escavadas na pedra.[293] No Império Antigo foram construídas dezenas de pirâmides, entre quais as Pirâmides de Gizé, que são uma das Sete maravilhas do mundo antigo.[138][294] As pirâmides eram formadas por blocos de pedra de três toneladas, as quais eram cortadas com cunhas de madeira e depois eram arrastadas para cima em rampas sobre trenós.[288] Os interiores das pirâmides foram construídos dispondo-se um tipo de labirinto onde se era depositado o túmulo faraônico em uma câmara secreta para evitar saqueadores.[278]
11 Tecnologia e ciência O Antigo Egito atingiu níveis de sofisticação e produtividade relativamente altos na tecnologia, medicina e matemática. As primeiras manifestações de empirismo tradicional ocorreram no Egito, como é evidenciado pelos papiros de Edwin Smith no Ebers (1 600 a.C.), e as raízes do método científico podem também encontrar-se entre os antigos egípcios.[295]
28
11 TECNOLOGIA E CIÊNCIA
11.1 Medicina
A produção vítrea foi uma indústria desenvolvida.
11.0.1 Faiança e vidro
Mesmo antes do Império Antigo, os egípcios antigos desenvolveram um material vítreo conhecido como faiança, que eles tratavam como um tipo de pedra artificial semipreciosa. A faiança é uma cerâmica feita de sílica, pequenas quantidades de cal e soda, e um colorante, tipicamente cobre.[296] O material foi usado para fazer miçangas, telhas, figurinhas, e pequenas peças cerâmicas. Vários métodos podem ser usados para criar faiança, mas a produção tipicamente envolve aplicações de materiais pulverizados na forma de uma pasta mais um núcleo de argila, a que foi ateado fogo. Por uma técnica relacionada, os egípcios produziram um pigmento conhecido como azul egípcio, também chamado frita azul , que é produzido por fusão (ou sinterização) de sílica, cobre, cal, e um material alcalino como o natrão. O produto pode ser triturado e usado como um pigmento.[297] Os antigos egípcios sabiam fabricar objetos de vidro com grande habilidade, fato comprovado pela grande variedade de objetos cotidianos e de adorno encontrados em tumbas e pela recentedescoberta de uma fábrica de vidro, no entanto não é claro se eles desenvolveram o processo independentemente.[298] É também pouco claro se fizeram seu próprio vidro bruto ou meramente importaram lingotes pré-feitos, que derreteram e finalizaram. No entanto, tinham conhecimento técnico para fazer objetos, bem como para adicionar sais minerais para controlar a cor do vidro final. Eram produzidos em diversas cores, incluindo amarelo, vermelho, verde, azul, roxo, e branco, e o vidro podia ser transparente ou opaco.[299]
Instrumentos médicos, representados numa gravura do Templo de Kom Ombo do período Ptolomaico.
Os problemas médicos dos antigos egípcios estavam diretamente relacionados com o meio ambiente. Viver e trabalhar perto do Nilo envolvia riscos de malária e de esquistossomose provocada por um parasita debilitante que causa danos ao fígado e intestino. Perigosos animais selvagens como crocodilos e hipopótamos também foram uma ameaça comum. O trabalho vitalício na agricultura e em construções provocava stress na coluna vertebral e articulações, e ferimentos traumáticos na construção e na guerra tiveram impacto significativo na saúde de muitos egípcios. Cascalho e areia usados para moer farinha desgastava os dentes, deixando-os suscetíveis a abscessos (embora cáries fossem raras).[300] A dieta dos ricos foi rica em açúcar, o que provocou periodontite.[301] Apesar da lisonjeira retratação do físico nas paredes dos túmulos, o excesso de peso de muitas múmias da classe alta mostra os efeitos de uma vida de excesso. [302] A expectativa de vida dos adultos foi de 35 para os homens e 30 para as mulheres, mas muitos jovens não chegavam a atingir a maioridade, pois aproximadamente um terço da população morria na infância.[303]
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11.3 Matemática
Os médicos egípcios foram renomados no Oriente Próximo por suas habilidades curativas, e alguns, como Imhotep, mantiveram a sua fama muito para além da sua morte.[304] Heródoto comentou que havia um alto teor de especialização entre os médicos egípcios, com alguns tratando só a cabeça ou o estômago, sendo outros oculistas e dentistas. [305] Os lugares de formação dos médicos, chamados Per Ankh ou "Casas de Vida", eram áreas de templos que funcionavam como biblioteca e arquivo, onde também se ministravam conhecimentos e se copiavam textos. Conhece-se a existência de tais instituições em Bubástis no Império Novo e em Abidos e Saís na Época Baixa. Os papiros médicos egípcios evidenciam conhecimentos empíricos de anatomia, doenças, e tratamentos práticos.[306] Os egípcios foram os primeiros a afirmar que as doenças têm causas naturais, o que os motivou a produzir medicamentos para combatê-las. Os egípcios produziram a primeira farmacopeia conhecida. Entre os medicamentos podem-se citar ervas medicinais, sangue de lagartos, fezes animais, leite de mulher grávida e livro velho fervido.[307][147] Feridas foram tratadas por bandagem com carne crua, linho branco, suturas, redes e cotonete encharcado com mel para evitar infecções,[308] enquanto ópio foi usado para aliviar a dor. Alho e cebola foram usados regularmente para promover boa saúde e acreditava-se que aliviavam os sintomas de asma. Os cirurgiões egípcios antigos costuravam feridas, colocavam braços quebrados no lugar, e amputavam membros doentes, mas também reconheceram que alguns ferimentos eram tão graves que a única coisa a fazer era confortar o paciente até sua morte.[309] A previsão do futuro era praticada através da interpretação dos sonhos. Foi encontrado um papiro com uma relação de sonhos e interpretações.[310]
11.2 Construção naval Os egípcios sabiam como juntar tábuas de madeira para construir cascos de navios pelo menos desde 3 000 a.C. O Instituto Arqueológico da América relatou que alguns dos mais antigos barcos alguma vez desenterrados são os chamados barcos de Abidos, um grupo de 14 navios descobertos em Abidos pelo egiptólogo David O'Connor da Universidade de Nova Iorque. Foram construídos com tábuas de madeira que foram “costuradas” juntas. Foram encontradas alças de tecido usadas para manter as tábuas juntas, e para selar as costuras entre as tábuas, aquelas eram cheias com papiro (junco) e grama.[9] Devido ao fato de todos os navios estarem enterrados juntos perto da casa mortuária do faraó Khasekhemui (m. 2 686 a.C.), originalmente pensou-se que lhe teriam pertencido, mas uma das embarcações foi datada de 3 000 a.C. e jarros de cerâmica enterrados associados com os navios também sugerem datação mais antiga. O navio datado de 3 000 a.C. tem 23 metros de comprimento e atualmente acredita-se que possivelmente terá pertencido a outro fa-
Barca solar de Quéops.
raó mais antigo. De acordo com O'Connor, ele pode ter pertencido ao faraó Aha.[311] Os antigos egípcios também sabiam como juntar tábuas de madeira com cavilhas de madeira para firmá-las juntas, usando breu para calafetar as juntas. O "Navio de Quéops", uma embarcação de 43,6 metros selado em um poço na Complexo das Pirâmides de Gizé ao pé da Grande Pirâmidena IV dinastia em torno de 2 500 a.C., é um sobrevivente completo que pode ter cumprido a função simbólica de uma barca solar. Os antigos egípcios também sabiam como prender as tábuas do navio juntas com peças encaixáveis (caixa e espiga).[9] Apesar da capacidadedos egípcios antigos para construir barcos muito grandes e para facilmente navegarem ao longo do Nilo, eles não foram conhecidos como bons marinheiros e não se envolveram em amplas expedições marítimas nos mares Mediterrâneo ou Vermelho.[312][313][314]
11.3 Matemática Os antigos egípcios utilizavam seus conhecimentos para resolver problemas como controle das inundações, construção de sistemas hidráulicos, preparação da terra para a semeadura, mumificação de cadáveres, etc.[315] Os primeiros exemplos atestados de cálculos matemáticos são datados do período pré-dinástico Nacada, e mostram um sistema numeral totalmente desenvolvido.[316] A
30
Porção do Papiro de Rhind.
11 TECNOLOGIA E CIÊNCIA
sentar 2 ⁄ 3 (dois terços).[321] A proporção áurea parece refletir-se em muitas construções egípcias, incluindo as pirâmides, mas seu uso pode ter sido uma consequência não intencional da prática egípcia de combinar o uso de cordas com nós com um senso intuitivo de proporção e harmonia.[322] Os matemáticos egípcios antigos compreendiam os princípios subjacentes ao teorema de Pitágoras, sabendo, por exemplo, que um triângulo tinha um ângulo reto oposto à hipotenusa quando seus lados estavam em uma proporção 3-4-5. Eles eram capazes de estimar a área de um círculo, subtraindo um nono de seu diâmetro e elevando ao quadrado o resultado, o que é uma aproximação razoável da fórmula πr 2 :[323][324] Área ≈ [(8 ⁄ 9 )D]2 = (256 ⁄ 81 )r2 ≈ 3.16r2
11.4 Astronomia e química
Côvado egípcio.
importância da matemática para um egípcio educado é sugerido por uma carta ficcional doImpério Novo em que o escritor propõe uma competição acadêmica entre ele e outro escriba nas tarefas diárias, tais como cálculo de contabilidade de trabalho, terra e grãos.[317] Textos como os papiros de Rhind e o de Moscou mostram que os antigos egípcios podiam realizar as quatro operações matemáticas básicas – adição, subtração, multiplicação e divisão, – usavam frações, calculavam volumes de caixas e pirâmides, e calculavam áreas de retângulos, triângulos, círculos e até mesmo esferas. Eles entendiam os conceitos básicos de álgebra e geometria, e podiam resolver conjuntos simples de equações simultâneas.[318] A notação matemática era decimal, com base em sinais hieróglifos para cada potência de dez até um milhão. Cada um desses símbolos poderia ser escrito tantas vezes quanto necessário para somar o número desejado. Por exemplo, para escrever o número 880 o símbolos de dez e cem eram escritos oito vezes, respectivamente. [319] Por seus métodos de cálculo não poderem lidar com frações com numerador maior que um, as frações dos antigos egípcios eram escritas como a soma de várias frações. Por exemplo, a fração 2 ⁄ 5 (dois quintos) era representada pela soma de 1 ⁄ 3 (um terço) com 1 ⁄ 15 (um quinze avos), o que era facilitado pela existência de tabelas.[320] Algumas frações comuns, porém, eram escritas com um hieróglifo especial; existia, por exemplo um hieróglifo para repre-
Teto astronômico da Tumba de Senemute , XVIII dinastia
A astronomia teve grande importância religiosa, pois era por meio dela que os egípcios determinaram datas de festas religiosas. Com a observação dos astros e enchentes, os egípcios desenvolveram um calendário,[142] onde o primeiro dia do ano é o primeiro dia das cheias.[140] O calendário egípcio possuía 365 dias divididos em 12 meses de 30 dias; os dias possuíam 24 horas, no entanto, uma hora egípcia variava de acordo com as estações agrícolas. O ano era dividido em três períodos de quatro meses: inundações (julho a outubro), plantio (novembro a fevereiro) e colheita (março a junho).[168] Além disso, os egípcios tinham conhecimento de alguns planetas, e agrupavam as estrelas que conheciam em constelações, produzindo mapas astronômicos.[307][310] A palavra química vem do egípcio Kemi , que significa “terra negra”. Para fins medicinais, composições simples, pintura e decoração pessoal os egípcios utilizaram de substâncias químicas como arsênio, cobre, petróleo, alabastro, calcário, carvão, hematita, óxido de ferro, azurita, malaquita, cobalto, sal, sílex moído, mercúrio, etc.[325] Alguns dos papiros descobertos ao longo das escavações no Egito contêm diversas receitas químicas que incluem: testar a qualidade ou purificar metais, for-
31 mar ligas, imitar metais preciosos ou pérolas, produzir pigmentos.[326]
12 Legado
Turistas montados em um camelo na frente da Pirâmide de Qué fren. As Pirâmides de Gizé são um dos pontos turísticos mais populares do Egito.
A cultura e monumentos do Antigo Egito, deixaram um legado duradouro para o mundo. Algumas práticas religiosas egípcias (circuncisão, práticas esotéricas e ocultistas e certas concepções do Além) são características visíveis em certas crenças atuais. Algumas palavras (como química) e expressões (como anos de vacas magras ) são de origem egípcia, além de terem sido eles os inventores do ancestral do papel, o papiro.[307][327] Também contribuíram com alguns símbolos da alquimia, como a serpente ouroboros e a fênix.[328][329][330][331] O culto da deusa Ísis, por exemplo, tornou-se popular no Império Romano, com obeliscos e outras relíquias sendo transportadas para Roma.[332] Os romanos também utilizavam materiais de construção importados do Egito para erguer estruturas em estilo egípcio. Os primeiros historiadores como Heródoto, Estrabão, Diodoro Sículo estudaram e escreveram sobre a terra que passou a ser vista como um lugar de mistério.[333] Durante a Idade Média e Renascimento, a cultura pagã egípcia entrou em declínio após a ascensão, primeiro do Cristianismo e depois do Islã, mas o interesse na antiguidade egípcia continuou nos escritos de estudiosos medievais muçulmanos como Dhul-Nun al-Misri e alMaqrizi.[334] Nos séculos XVII e XVIII, viajantes e turistas europeus trouxeram de volta as antiguidades e escreveram histórias de suas viagens, levando a uma onda de egiptomania em toda a Europa. Esse interesse renovado enviou coletores para o Egito, que levaram, compraram ou foram presenteados com muitas antiguidades importantes.[335] Embora a ocupação colonial europeia do Egito tenha destruído uma parte significativa do legado histórico do país, alguns estrangeiros tiveram atuações mais positivas. Napoleão, por exemplo, organizou os primeiros estudos
Frontispício da Description de l'Égypte
em egiptologia quando ele levou cerca de 150 artistas e cientistas para estudar e documentar a história natural do Egito, que foi publicado na Description de l'Égypte .[336] No século XX, o governo egípcio e os arqueólogos reconheceram a importância do respeito cultural e integridade nas escavações. O Conselho Supremo de Antiguidades agora aprova e supervisiona todas as escavações, que visam encontrar informações ao invés de tesouros. O conselho também supervisiona os museus e programas de reconstrução de monumentos concebidos para preservar o legado histórico do Egito.[337]
13 Notas •
Parte do texto foi baseado na tradução do artigo «Ancient Egypt » na Wikipédia em inglês.
[1] Paletas cosméticas eram artefatos utilizados para moer e aplicar ingredientes para cosméticos faciais ou corporais. [2] Os escribas, os únicos capazes de ler os hieróglifos, durante seus estudos da escrita hieroglífica, podiam optar entre o trabalho burocrático ou o sacerdócio. Neste ponto histórico os serviços burocráticos não mais convinham aos mesmos e, concomitantemente, com o declínio do sistema religioso egípcio, os escribas paulatinamente deixaram de existir o que inviabilizou a leitura dos hieróglifos.[82]
32
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AntigoEgito Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Egito?oldid=43480530 Contribuidores: Andre Engels, Robbot, JMGM, LeonardoG, Mschlindwein, Crolidge, LeonardoRob0t, Alexg, Lusitana, Nuno Tavares, Rei-artur, Gil mnogueira, Waldir, Leslie, Sturm, Epinheiro, Ciro~ptwiki, João Carvalho, André Koehne, OS2Warp, Japf, Adailton, Lijealso, Vmadeira, JLCA, MalafayaBot, Arges, Tilgon, PatríciaR, DIEGO RICARDO PEREIRA, Leonardo.stabile, Pikolas, Jo Lorib, Marcos Souza, João Sousa, Reynaldo, Luan, Sam~ptwiki, Yanguas, Cidcn, Thijs!bot, MachoCarioca, Rei-bot, GRS73, Escarbot, RoboServien, Santista1982, Eduardo Henrique Rivelli Pazos, TuvicBot, BOTSuperzerocool, JAnDbot, Alchimista, Luismatosribeiro, Pilha, Marcus Cyron, MarceloB, Bisbis, CommonsDelinker, Augusto Reynaldo Caetano Shereiber, Ozalid, Alexanderps, Eric Duff, JoanaBortolini, Idioma-bot, Mateus RM, Carlos28, TXiKiBoT, Tumnus, Gunnex, VolkovBot, Jesielt, SieBot, Francisco Leandro, Guirf, Lechatjaune, PKALLAN, Joãofcf, Gustavo Siqueira, Lucas Langie Pacheco, AlleborgoBot, Acdallago, GOE, Kaktus Kid, Tetraktys, STBot~ptwiki, LuizKenji, Leonardomio, Renan Rmf, PipepBot, Chronus, Leandro Drudo, DorganBot, Miqueias2007, Maañón, Inox, Beria, Amanda Hoelzel, BrunoVC, RafaAzevedo, Pikuxa, BOTarate, Ruy Pugliesi, BotSottile, Theus PR, SilvonenBot, Diego noob, Odsson, Vitor Mazuco, Mansairaku~ptwiki, Maurício I, Mwaldeck, CarsracBot, ChristianH, Numbo3-bot, Jujususka, Luckas-bot, LinkFA-Bot, Alisson Takashi, Nallimbot, Amirobot, Eamaral, Eduardofeld, Dálmata, Vanthorn, Salebot, ArthurBot, DirlBot, Alumnum, Coltsfan, SuperBraulio13, Xqbot, GhalyBot, JotaCartas, Gean, Darwinius, SassoBot, Brunatorrao, Fujiwarano, MauritsBot, W.SE, CasteloBot, Tuga1143, TobeBot, Rjbot, Isisalanis12, Alch Bot, Jgcr474, Braswiki, Stegop, Marcos Elias de Oliveira Júnior, HVL, Nanny321, Rafael Kenneth, Ripchip Bot, Viniciusmc, Diego Vieira da Silva, Ninux2000, Aleph Bot, EmausBot, JackieBot, ZéroBot, Renato de carvalho ferreira, Salamat, Reporter, Jbribeiro1, Toppera, ChuispastonBot, Stuckkey, WikitanvirBot, Diogo Sergio, Knochen, StopPower, Colaborador Z, João Graça, Francisco Garrett, MerlIwBot, Antero de Quintal, Wcov, PauloEduardo, Vagobot, Épico, AvocatoBot, DARIO SEVERI, Shgür Datsügen, Zoldyick, Ednaldo Lopes, Minsbot, Dexbot, Ghsqueiroz, Rafaelcnunes, Lucasmf23 e Anónimo: 299
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Ficheiro:All_Gizah_Pyramids.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/af/All_Gizah_Pyramids.jpg Licença: CC BY-SA 2.0 Contribuidores: All Gizah Pyramids Artista original: Ricardo Liberato Ficheiro:Ancient_Egypt_map-pt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8e/Ancient_Egypt_map-pt.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Ancient_Egypt_map-en.svg Artista original: Ancient_Egypt_map-en.svg: Jeff Dahl Ficheiro:Ancient_Egyptian_medical_instruments.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4b/Ancient_ Egyptian_medical_instruments.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: self-made, taken May 2005 Artista original: Jeff Dahl Ficheiro:Animal_mummies,_Egypt_-_Royal_Ontario_Museum_-_DSC09742.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/0/09/Animal_mummies%2C_Egypt_-_Royal_Ontario_Museum_-_DSC09742.JPG Licença: CC0 Contribuidores: Daderot Artista original: Daderot Ficheiro:Camel_and_the_pyramids.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f0/Camel_and_the_pyramids.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: kallerna Ficheiro:Coat_of_arms_of_Egypt_(Official).svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/Coat_of_arms_of_ Egypt_%28Official%29.svg Licença: Public domain Contribuidores: Flag of Egypt (variant).svg Artista original: Flag of Egypt (variant).svg: F l a n k e r from original Flag of Egypt.svg Ficheiro:Commons-logo.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Commons-logo.svg Licença: Publicdomain Contribuidores: This version created by Pumbaa, using a proper partial circle and SVG geometry features. (Former versions used to be slightly warped.) Artista original: SVG version was created by User:Grunt and cleaned up by 3247, based on the earlier PNG version, created by Reidab. Ficheiro:CopulatingCouple-PtolemaicPeriod_BrooklynMuseum.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/ b3/CopulatingCouple-PtolemaicPeriod_BrooklynMuseum.png Licença: CC BY 2.5 Contribuidores: Obra do próprio (photo) Artista original: Keith Schengili-Roberts Ficheiro:Disambig_grey.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Disambig_grey.svg Licença: Public domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Bub’s Ficheiro:Dräkt,_Egyptisk_konung,_Nordisk_familjebok.png Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bd/Dr% C3%A4kt%2C_Egyptisk_konung%2C_Nordisk_familjebok.png Licença: Public domain Contribuidores: Este ficheiro foi extraído de outro ficheiro: Dräkt, Gamla tiden och medeltiden, Nordisk familjebok.jpg. Artista original: Nordisk familjebok Ficheiro:Edfu6_c.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Edfu6_c.jpg Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: Edfu6.JPG Artista original: Edfu6.JPG: Rémih Ficheiro:Edfu_Temple.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/50/Edfu_Temple.jpg Licença: CC BY-SA 2.0 Contribuidores: Flickr Artista original: Ana Paula Hirama Ficheiro:Edwin_Smith_Papyrus_v2.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b4/Edwin_Smith_Papyrus_v2. jpg Licença: Public domain Contribuidores: Edited version of Image:EdSmPaPlateVIandVIIPrintsx.jpg Artista original: Jeff Dahl Ficheiro:Egypt.Thutmose-III.statue.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7b/Egypt.Thutmose-III.statue.jpg Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: ? Artista original: ? Ficheiro:EgyptFrontispiece.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/da/EgyptFrontispiece.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.daheshmuseum.org/collection/gr/egyptFrontispiece_a.jpg Artista original: Este ficheiro foi inicialmente carregado por SnowFire em Wikipédia em inglês
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PioM EN DE PL Ficheiro:Hermitage_Egyptian_statuettes.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cb/Hermitage_Egyptian_ statuettes.jpg Licença: CC BY-SA 2.0 Contribuidores: originally posted to Flickr as 8594 - St Petersburg - Hermitage - Egyptian statuettes Artista original: Andrew Bossi Ficheiro:History_hourglass.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bd/History_hourglass.svgLicença: CCBYSA 3.0 Contribuidores: History.svg Artista original: History.svg: ~DarKobra at Deviantart Ficheiro:Istanbul_-_Museo_archeol._-_Trattato_di_Qadesh_fra_ittiti_ed_egizi_(1269_a.C.)_-_Foto_G._Dall'Orto_28-5-2006. jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/97/Istanbul_-_Museo_archeol._-_Trattato_di_Qadesh_fra_ittiti_ed_ egizi_%281269_a.C.%29_-_Foto_G._Dall%27Orto_28-5-2006.jpg Licença: Attribution Contribuidores: ? Artista original: ? Ficheiro:Ka_Statue_of_horawibra.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/54/Ka_Statue_of_horawibra.jpg Licença: Copyrighted free use Contribuidores: http://www.egyptarchive.co.uk/html/cairo_museum_24.html Artista original: Jon Bodsworth Ficheiro:Khafre_statue.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d5/Khafre_statue.jpg Licença: Copyrighted free use Contribuidores: http://www.egyptarchive.co.uk/html/cairo_museum_10.html Artista original: Jon Bodsworth Ficheiro:Khufu_CEM.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6f/Khufu_CEM.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Khufu.JPG Artista original: Khufu.JPG: Ficheiro:Louvre_122007_53.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/71/Louvre_122007_53.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Neithsabes (travail personnel / Casio EX-S500) Artista original: ? Ficheiro:Louvres-antiquites-egyptiennes-img_2748.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/65/ Louvres-antiquites-egyptiennes-img_2748.jpg Licença: CC BY-SA 2.0 fr Contribuidores: Med Artista original: Anônimo Ficheiro:Magnifying_glass_01.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3a/Magnifying_glass_01.svg Licença: CC0 Contribuidores: ? Artista original: ? Ficheiro:Maler_der_Grabkammer_der_Nefertari_003.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b4/Maler_ der_Grabkammer_der_Nefertari_003.jpg Licença: Public domain Contribuidores: The Yorck Project: 10.000 Meisterwerke der Malerei. DVD-ROM, 2002. ISBN 3936122202. Distributed by DIRECTMEDIA Publishing GmbH. Artista original: Maler der Grabkammer der Nefertari Ficheiro:Maler_der_Grabkammer_der_Nefertari_004.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d7/Maler_ der_Grabkammer_der_Nefertari_004.jpg Licença: Public domain Contribuidores: The Yorck Project: 10.000 Meisterwerke der Malerei. DVD-ROM, 2002. ISBN 3936122202. Distributed by DIRECTMEDIA Publishing GmbH. Artista original: Maler der Grabkammer der Nefertari
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Ficheiro:Maler_der_Grabkammer_des_Sennudem_001.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/91/Maler_ der_Grabkammer_des_Sennudem_001.jpg Licença: Public domain Contribuidores: The Yorck Project: 10.000 Meisterwerke der Malerei. DVD-ROM, 2002. ISBN 3936122202. Distributed by DIRECTMEDIA Publishing GmbH. Artista original: Painter of the burial chamber of Sennedjem Ficheiro:Maler_der_Grabkammer_des_Zenue_001.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/37/Maler_der_ Grabkammer_des_Zenue_001.jpg Licença: Public domain Contribuidores: The Yorck Project: 10.000 Meisterwerke der Malerei. DVDROM, 2002. ISBN 3936122202. Distributed by DIRECTMEDIA Publishing GmbH. Artista original: Maler der Grabkammer des Zenue Ficheiro:Mentuhotep_Seated_edit.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b2/Mentuhotep_Seated_edit.jpg Licença: Copyrighted free use Contribuidores: http://www.egyptarchive.co.uk/html/cairo_museum_22.html Artista original: Jon Bodsworth Ficheiro:Mohammad_adil-Muslim_conquest_of_Egypt-pt.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8a/ Mohammad_adil-Muslim_conquest_of_Egypt-pt.svg Licença: CC BY 3.0 Contribuidores: This file was derived from Mohammad adil-Muslim conquest of Egypt.PNG:
Artista original: Mohammad adil (Discussão · contribs) Ficheiro:Musée_du_Louvre_-_Antiquités_égyptiennes_-_Salle_06_-_06c.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/1/18/Mus%C3%A9e_du_Louvre_-_Antiquit%C3%A9s_%C3%A9gyptiennes_-_Salle_06_-_06c.jpg Licença: CC BY-SA 2.0 fr Contribuidores: Med Artista original: Anônimo Ficheiro:NarmerPalette_ROM-gamma.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0b/NarmerPalette_ ROM-gamma.jpg Licença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ? Ficheiro:Nile_River_and_delta_from_orbit.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/de/Nile_River_and_ delta_from_orbit.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://visibleearth.nasa.gov/view_rec.php?id=4927 [1] Artista original: Jacques Descloitres, MODIS Rapid Response Team, NASA/GSFC Ficheiro:Nofretete_Neues_Museum.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1f/Nofretete_Neues_Museum. jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Philip Pikart Ficheiro:Opening_of_the_mouth_ceremony.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/Opening_of_the_ mouth_ceremony.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_objects/aes/p/ page_from_the_book_of_the_de-1.aspx, http://www.webcitation.org/63YCN7sEt Artista original: ? Ficheiro:Papyrus_Hearst_Plate_2b.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9a/Papyrus_Hearst_Plate_2b.jpg Licença: Public domain Contribuidores: This file was derived from Papyrus Hearst Plate 2.jpg:
Artista original: Papyrus_Hearst_Plate_2.jpg: ? Ficheiro:Pharaoh.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/43/Pharaoh.svg Licença: GFDL Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Jeff Dahl Ficheiro:Ptolemy_I_Soter_Louvre_Ma849.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/21/Ptolemy_I_Soter_ Louvre_Ma849.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Marie-Lan Nguyen (2011) Artista original: Desconhecido Ficheiro:RPM_Ägypten_186.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/15/RPM_%C3%84gypten_186.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Einsamer Schütze Ficheiro:RPM_Ägypten_284.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/78/RPM_%C3%84gypten_284.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Einsamer Schütze Ficheiro:Relief_of_Hatshepsut’{}s_expedition_to_the_Land_of_Punt_by_Σταύρος.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/3/3c/Relief_of_Hatshepsut%27s_expedition_to_the_Land_of_Punt_by_%CE%A3%CF%84%CE%B1%CF% 8D%CF%81%CE%BF%CF%82.jpg Licença: CC BY 2.0 Contribuidores: http://www.flickr.com/photos/lifes__too_short__to__drink_ _cheap__wine/3079108612/ Artista original: Σταύρος Ficheiro:Rhind_Mathematical_Papyrus.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/Rhind_Mathematical_ Papyrus.jpg Licença: Public domain Contribuidores: http://www.archaeowiki.org/Image:Rhind_Mathematical_Papyrus.jpg Artista ori ginal: Paul James Cowie (Pjamescowie) Ficheiro:Rosetta_Stone_BW.jpeg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ca/Rosetta_Stone_BW.jpegLicença: Public domain Contribuidores: The website of the European Space Agency (ESA) [1] Artista original: Desconhecido Ficheiro:SFEC_EGYPT_ABUSIMBEL_2006-003.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8a/SFEC_ EGYPT_ABUSIMBEL_2006-003.JPG Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio (Self Photograph) Artista original: Steve F-E-Cameron (Merlin-UK) Ficheiro:Saqq_Horemheb_11.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6e/Saqq_Horemheb_11.jpgLicença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Saq_Horemheb_11.jpg Artista original: Saq_Horemheb_11.jpg: Neithsabes Ficheiro:Senenmut-Grab.JPG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/34/Senenmut-Grab.JPG Licença: GPL Contribuidores: selbst Artista original: NebMaatRa