Altares, Tronqueiras e Assentamentos Desenvolvido e Ministrado por Jorge Scritori
Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória
Altares, Tronqueiras e Assentamentos – EAD – Curso On Line
TRONQUEIRAS Polaridades no terreiro: Altar e Tronqueira. Começamos com a explanação de Altares e com o seu entendimento irradiador e sustentador, logo, como tudo na vida, possui o seu oposto complementar, ai entramos no universo da tronqueira, que em contra partida do Altar, vem cumprir um papel esgotador, absorvedor e descarregador de nossas casas. Esse conjunto forma um par perfeito, como uma pilha, que possui dois pólos para fornecer energia para o funcionamento de uma máquina.
Tronqueira: Esta estrutura recebe muitos nomes: casa de exu, tronqueira, casa de cumpadre, gaiola, casa da rua, entre outros. O que precisamos ter em mente em relação a uma tronqueira de terreiro é que ela vai servir como o receptáculo do assentamento de esquerda. Tendo isso em mente vamos ampliar o nosso horizonte religioso e criar uma linha de pensamento na montagem de uma tronqueira.
Histórico: A palavra tronqueira tem derivação da palavra tronco, e esta, se estende em alguns conceitos: Tronco familiar; Tronco, membro superior; Tronco, mastro do navio; Todos os conceitos se encaixam perfeitamente, mas, no caso do campo religioso, definimos por tronqueira o portal de polaridade negativa com funções anuladoras, esgotadoras, absorvedoras e outras. Para firmarmos uma tronqueira precisamos de um local adequado, lembrando que as escolas se batem em função de como definir o interno e o externo da colocação de exu. Uma coisa é bem certa, estamos vivendo um tempo de urbanização de nossas tradições, e muitas vezes o que se aplicava antigamente, simplesmente não cabe às estruturas que temos hoje, precisamos assim nos adequar e entender que os tempos estão mudando e algumas coisas acompanham estas mudanças. Localização: Podemos instalar ela internamente, externamente, na passagem das pessoas ou de maneira mais reserva. Isto deve obedecer o espaço que você tem disponível. Já vi tronqueiras instaladas debaixo de altares e em paredes falsas atrás do altar. As casas que vi com esta descrição, continuam fazendo um trabalho maravilhoso maravilhoso em relação ao próximo e a si mesmo. Exu é benevolente, adaptável, o senhor da estratégia e do planejamento. Sendo assim, estamos lidando com uma força de inteligência aguçada e astuta, devemos então, trata o seu ponto com a mesma sagacidade.
Altares, Tronqueiras e Assentamentos Desenvolvido e Ministrado por Jorge Scritori
Montagem: Ao escolher o local, serão firmadas 4 velas pretas nos cantos e um ponto central representando a força de exu (segue como material em anexo) ou o ponto do seu Exu de trabalho. Podemos também fazer uma forragem com folhas de: mamona, comigo ninguém pode, folha do fogo, aroeira e eucalipto. Podemos usar bagaço de cana para complementar a forragem. No entorno do ponto consagramos um padê a exu, outro a pomba gira e um terceiro a exu mirim, solicitando que ali se abra o portal negativo de esgotamento dos processos densos do ambiente do terreiro. Deixamos firmado tudo por sete dias, podendo na seqüência recolher o material e despacha lo. A tronqueira pode ganhar uma pintura personalizada antes da imantação e o ponto do exu pode ser riscado com tinta óleo no chão. Prestem bastante atenção nas filmagens de aula, para verificar estes detalhes. Firmezas: Após os 7 dias corridos, podemos começar algumas firmezas antes da inclusão do assentamento. Firmando exu, pomba gira e exu mirim com elementos afim. Para se deixar bem claro a diferença entre um assentamento e uma firmeza, vamos comparar a necessidade de um leitor com um livro nas mãos. Ele pode acender um abajur e fazer a sua leitura, ele tem ali um foco de luz especifico para a sua necessidade. Se ele resolver acender a casa inteira, vai fazer a us leitura também, mas criará condições para que outro possa ler também. A firmeza é canalizada de forma individual, o assentamento abraça o individuo e o coletivo. Com sangue ou sem sangue? Antes de entrarmos no universo dos assentamentos, vamos para um campo polemico, que envolve a montagem da tronqueira assim como a composição de alguns assentamentos: O Uso Ritualístico de Sangue Animal. Antes de qualquer comentário, quero deixar bem claro que respeito em absoluto, todas as formas de culto e de liturgia, mesmo aquelas que eu não faço uso. O uso do sangue é muito antigo no processo religioso e cultural, esta alem da estrutura afro, passando pelo judaísmo, e por um tempo pelo próprio cristianismo. Nos rituais de raiz afro o uso é continuo. Como a Umbanda tem influencia desta raiz, alguns aderem, outros não. Entre certo e errado prefiro uma abordagem mais cautelosa entre o que me faz bem e o que faz bem para o outro. Em minha tronqueira nunca derramei sangue animal, as poucas gotas de sangue que foram derramadas ali, foi de próprio punho, de resto vou vivendo, e bem, a minha religiosidade. Isso serve também a todos os meus assentamentos. No entanto há aqueles que se utilizam deste recurso, e assim o fazem por terem aprendido desta forma. Hoje, sou mais filho do leite do que filho do sangue, mas é a necessidade que faz o homem, não sei o dia de amanha... Reza uma lenda antiga, que a grande Mãe Feiticeira, a Mãe de todas as mães, alimentava seus filhos em seus fartos seios, no seio direito os filhos eram alimentados com leite, no esquerdo com sangue. Os filhos cresceram e se separaram, mas cada qual, continuou a sua alimentação, uns com leite e outros com sangue... Mitos e lendas, contos e situações camufladas ou ocultas...
Altares, Tronqueiras e Assentamentos Desenvolvido e Ministrado por Jorge Scritori
Em boa parte dos meus assentamentos uso leite de cabra, para alguns pode parecer elemento frio, principalmente para exu, mas gosto de lembrar que exu é o senhor da boca coletiva. E gosto de lembrar que um assentamento é como um recém nascido, precisa de cuidados...Um bebe sobrevive com sangue, não com leite...
Fica aqui a recomendação de que cada um faça de acordo com a musica que toca em seu terreiro, mas dizer e rotular que na Umbanda não se faz sacrifício é muito complicado. Pelas Raízes históricas, partindo da figura do Zélio, não existia o sacrifício, mais um porco era cortado para a festa de Ogum...logo... Vamos pensar com a cabeça aberta e respeitar o jeito do outro.