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GErENCIE CONTrA A INCErTEzA... EssE é o caminho mais provávEl do sucEsso nos tEmpos atuais E também podE sEr uma vantagEm compEtitiva dos ExEcutivos brasilEiros, como dá a EntEndEr timothy Flynn, chairman da Firma dE consultoria E auditoria Kpmg, Em EntrEvista Exclusiva
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om as economias dos Estados Unidos e da União Euopeia lutando conta o cescimento lento, o caminho paa a etomada do cescimento mundial dependeá de países emegentes como a China e o Basil, onde os mecados de consumo e de tabalho esbanjam obuste invejável. Nesse caso, contudo, a inveja é “banca”, uma ve que a maio contibuição de países em desenvolvimento é o que existe de mais saudável e desejável no momento. É a opinião, ao menos, de Timothy Flynn, chaiman da KPMG Intenational, uma das maioes mas de consultoia, planejamento tibutáio e auditoia empesaial do planeta, e uma das “quato gandes”, ao lado de Deloitte, Enst & Young e PwC. Seá o cescimento pacial suciente? Segundo Flynn, ainda alta mais equilíbio nesse movimento, o que seia obtido com paceias ente emegentes e desenvolvidos. Mas ele não
se eee a nenhuuma paceia ente China e Estados Unidos paa comanda o mundo, como em um suposto G-2; Flynn vê com muito bons olhos a disseminação de pode do G-20. Paa o líde da KPMG, as paceias devem se distibuídas. Anal, o eequilíbio na balança do pode econômico mundial, ainda que tadio, abe vastas opotunidades paa empesas empeendedoas, ciativas e ecientes, conome Flynn. Em entevista exclusiva a HSM Mm, o chaiman da KPMG Intenational analisa os dieenciais competitivos do Basil e dos basileios e discoe sobe os complexos desaos impostos à gestão de empesas atualmente, como o das edes sociais. Segundo ele, aliás, complexidade é o elemento denido do mundo atual.
Qu é su vsão u sob oom mud? cou ms dfí qu fá p mo dos píss? Não há dúvida de que a economia
mundial está numa situação melho do que há 12 ou 24 meses. Vemos ote cescimento na Ásia e em outos mecados emegentes, como o Basil. A economia de países desenvolvidos, como os EUA, tem se estabiliado, emboa com cescimento lento. Há ainda váias diculdades na Euopa, como a questão da dívida na Ilanda, po exemplo, mas o saldo é positivo. O cescimento já acontece e os lucos copoativos estão aumentando. Só temos de ae com que esse cescimento se acelee em todas as egiões, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Estou otimista de que isso aconteça, apesa dos desaos a nossa ente, como o do desempego. São 32 milhões de pessoas no mundo inteio que pedeam seu tabalho ente 2007 e 2009. São necessáios 45 milhões de novos postos po
a vs é d Pí Buk, obodo d HSM ManageMent.
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ano paa atende as pessoas que estão entando no mecado. Em países desenvolvidos, em paticula na Euopa –e na Espanha, especialmente– o desempego ente os jovens é bem elevado. É peciso edui esse desempego com ugência. Esse é talve nosso maio desao no utuo.
como o s. ou, os píss ms s om os moos do smo mud sso é dsjáv. Ms é susáv? e qu o mpo dss “quíbo” sob oom mud? Ea de espea que os mecados emegentes ealmente viessem a lidea o cescimento econômico mundial em algum momento no utuo. E conmamos isso aqui no Basil. Nos últimos 24 meses, houve ganho líquido de postos de tabalho. O desempego está no nível mais baixo em muito tempo. Vemos o mesmo ocoe na China e em outas pates do mundo classicadas como emegentes. A chave, em todos os países, é cia um cescimento de longo pao, sustentável. Paa que o impacto sobe o mundo seja o melho possível, é peciso cia um equilíbio po meio de paceias ente os países desenvolvidos –que têm inaestutua e mecado nanceio sólidos– e os emegentes, que apesentam empeendedoismo e altas taxas de cescimento econômico. Com todos os países tabalhando em conjunto, seá possível cia uma economia mundial mais ote. Qu é su vsão sob oom bs spfm? Qus os sos opoudds d sus s dos pos pos? O Basil tem sido uma gande históia de sucesso e tende a continua a sê-lo. Basta olha o ote cescimento que vocês estão tendo agoa, a ciação líquida de empegos, baixo desempego, ambiente político estável, a conquista paa sedia a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Há 10 ou 15 anos, o Basil passou po uma cise e encontou a saída paa 56
ela, otalecendo o sistema nan- já mencionei, que efita toda a inteceio, implementando ote egula- conexão que já há no planeta. O G-20 está na dieção ceta, pomentação. Acho que integantes e paceios tanto, apoximando as maioes ecodevem entende a eceita vencedoa nomias do mundo e enentando seus e agi em conomidade com ela. É poblemas pementes, como o nantudo uma combinação de investi- ceio, o social, o ambiental e todos os mentos em inaestutua e outos outos que equeem atenção em meio gastos de goveno, egulação eca, à constante mudança. A ecente eunião do G-20, em Seul, companhias ciativas e empeendedoas de elevado cescimento e tatou de questões cíticas de longo uma população de enda média em pao, como a balança comecial, as expansão, ou seja, uma vasta classe moedas intenacionais, a etomada média que tem sido o moto da eco- do cescimento econômico e como assegua um ambiente egulatóio nomia basileia. adequado, distanciando-se do tema Ms o Bs v sd sss dos v- da momentânea cise nanceia paa os muds. não são sos mbém? se concenta no utuo. Achei isso Lembo-me de assisti na TV ao anún- bastante positivo.
“a olimpíada sErá uma oportunidadE para mostrar ainda mais do brasil ao mundo, sobrEtudo o Espírito dE sua gEntE, EmprEEndEdor E criativo” cio de que o Basil sediaia os Jogos Olímpicos de 2016, da celebação nas uas, da bandeia [basileia] em todos os lugaes, do ogulho e da sensação das pessoas de que o mundo econheceu o que o Basil se tonou: uma economia muito impotante –em beve, povavelmente, a quinta maio; po enquanto, a oitava. É valioso isso. A Olimpíada seá uma opotunidade paa mosta ainda mais do Basil ao mundo, sobetudo o espíito de sua gente, empeendedo e ciativo. Haveá, lógico, os desaos de logística e inaestutua. Mas estou ceto de que esses investimentos seão eitos paa vale, poque também ajudaão a economia a cesce e desenvolve-se.
a úm uão do g-20 o ssfz? Ou o “g-2” é qu o o f do d? O mundo pecisa do G-20. Te uma ou duas supepotências simplesmente não é a esposta coeta. Pecisamos de um mundo mais equilibado, como
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É muito impotante have diálogo, maio tanspaência, comunicação coeta, e o G-20 consegue coloca na mesma sala as pessoas cetas paa alcança tal objetivo.
É pso umção ms íd? O sistema nanceio mundial decepcionou e deixou na mão gente demais em 2007 e 2008. A aposentadoia de muitas pessoas oi alteada, a poupança pedida, o desempego aumentou e 32 milhões de pessoas pedeam seu tabalho, como já discutimos. Quando isso acontece, é peciso eve todos os aspectos dos negócios, desde a egulamentação, passando pelos modelos de negócio e pela intevenção govenamental, até coisas como a omação de capital. A eoma egulatóia é apenas um componente dessa análise obigatóia. Outo componente, po exemplo, é a gestão de isco mais sólida nas empesas. A adoção dos incentivos coetos, de modelos de negócio só-
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saiba mais SOBre FlYnn Ética e integridade são características preciosas mas aparentemente subestimadas no universo da auditoria e da contabilidade, pelo menos até emergirem os escândalos que arruinaram a gigante de energia Enron. Timothy Flynn afirma, contudo, que são os dois pilares de sua liderança na KPMG International, uma rede de profissionais que congrega mais de 138 mil pessoas em 150 países. Flynn foi nomeado chairman da KPMG International em outubro de 2007, e antes era chairman da KPMG LLP, nos EUA. Iniciou sua carreira ali em 1979, no escritório de Minneapolis, sua cidade natal. Essa escolha de pilares tem a ver com valores pessoais, mas eles se justificam também mercadologicamente. “Ética e integridade passaram a ser ativos valorizados por potenciais talentos que as empresas desejem contratar”, diz Flynn. E a mesma lógica prevalece na mão contrária. “As organizações que atrairão pessoas serão aquelas com integridade e ética elevadas”, afirma o executivo. Estar à frente de uma das quatro maiores firmas de auditoria e consultoria do mundo valeu a Flynn o respeito e o reconhecimento de seus pares. Entre outras coisas, em 2008, ele integrou o comitê assessor criado pelo então secretário do Tesouro norte-americano, Henry M. Paulson Jr., com o objetivo de fazer recomendações para o aprimoramento das regras para a prática da auditoria. Flynn é bacharel em contabilidade pela University of St. Thomas, do estado norte-americano de Minnesota. lidos, de leis adequadas paa impo contoles e eios aoáveis, tudo isso é undamental. Algumas dessas mudanças, de ato, devem ocoe em aão da cise, e isso, além de necessáio, nos tonaá mais otes.
em qu s omphs sus sos psm s o p susso um? Hoje há muita incetea no mundo. As pessoas estão peocupadas sobe se pemaneceão empegadas e o que está acontecendo a seu edo. Elas veem os paentes, viinhos e amigos pedendo o empego, a enda diminuída, investimentos eduidos. Então, elas queem lídees otes, com visão sólida paa ajudá-las a entende paa onde as empesas caminham, como esponde à cise e onde os uncionáios se encaixam nessa equação. Em outas palavas, pate da taea dos gestoes implica constui conança nas empesas –muito dela oi eodida duante a cise nanceia– e nos lídees empesaiais, aendo com
que as oganiações sejam pecebidas como tendo ética elevada, dispostas a ae a coisa ceta, não impotando quão diícil isso seja. Paa isso, a comunicação é undamental: em épocas de inceteas, o tempo todo as pessoas queem sabe em que pé estão e o que as outas estão aendo. Tanspaência é vital. As oganiações ataentes seão aquelas com ote lideança, conança, integidade e elevada ética.
como o so d dos bsos é vso o xo, s é qu é do d ção? As empesas do Basil caam concentadas, po muito tempo, no mecado inteno, que é bastante gande, ciando enome mecado consumido de classe média. Agoa estão atavessando as onteias. À medida que passam a ae mais aquisições no exteio, começam a se notadas; po enquanto, os basileios são pecebidos, pincipalmente, como duos negociadoes, homens e mulhees de negócios capaes.
Sm ompxo d v-, ão... ss é um mo qu um so usou p z o bso o pssdo. Essa visão sobe a qualidade do gesto basileio ganha oça e vem se espalhando pelo mundo. tvz z ão ssus o os bsos; vz sj osso oz om fjão [risos] . Vodo à omução, qu é su vsão sob qudd d fomçõs ssívs hoj bdd om qu fum? Ou: omo s mpss dvm d om s fomçõs qu “vzm” sob s? Com aceitação e possionalismo. Cada geação expeimenta uma aceleação no acesso e no volume de inomação, a exemplo do que aconteceu com o advento de copiadoas, impessoas, intenet e, agoa, as mídias sociais online. Ou seja, não adianta lamenta o enômeno, poque é pate de um pocesso históico. O impotante é os gestoes utiliaem as mídias sociais de oma apo-
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piada e entendeem que qualque coisa que eles digam, seja em um pedaço de papel ou em uma mensagem de texto po teleone celula, seá vista po outas pessoas. Assim, passam a se undamentais a tanspaência e a pondeação no que se di.
Dv sdo ssm smp, ás... como os íds mpss dvm d om sso o d d ds mpss? aums poíbm o uso d míd so du o xpd. Não acedito que seja possível impedi seu uso; mídia social a pate do mundo hoje. Mesmo que esse uso não seja pemitido dento de uma empesa, há outos mecanismos de “vaamento” de inomações, como blogs. Minha tese é: se não se pode ugi delas, abace-as. E gaanta seu uso coeto, com possionalismo e esponsabilidade.
ação de consumidoes, muito mais peocupada com a questão da sustentabilidade na hoa de compa. Vejo isso no compotamento de minha lha, de 27 anos, e de meu lho, de 21. Eles queem sabe se os podutos são pejudiciais à natuea, se a embalagem é eciclável etc. Isso tudo cia opotunidades temendas paa as empesas empeendedoas que vendam podutos conome esses hábitos de consumo em constante mudança.
como s mpss vão jus-s à sfomção? Poduzão mos mpão mos ? Não ceio. As empesas deveão adapta-se a essa situação –e de duas omas: com outos modelos de negócio e com novos podutos. São exemplo disso os ditos podutos
“o dEsaFio mais crítico agora é a complExidadE. ondE quEr quE você EstEja no mundo, ‘complExidadE’ é a palavra-chavE” O s. moou, o ío d oss ovs, o pdm d susbdd, qu vm muddo o modo d podução o d osumo. Qus s vds dsso? Esse equilíbio no mundo, com os Estados Unidos aos poucos poupando enquanto a China e o Basil consomem mais, é uma caacteística de sustentabilidade, po exemplo. Nos Estados Unidos, as pessoas estão gastando menos e poupando mais, o que é positivo no longo pao, e, em países em desenvolvimento, a classe média, ampliada e otalecida, passou a consumi mais, compensando a deasagem. O que ocoe também é a mudança dos hábitos de consumo. Depois da cise nanceia, pecebe-se uma edução do consumismo; as pessoas deam-se conta de que não pecisam possui tantas coisas como antes. Não há dúvida de que há uma nova ge58
vedes, mas não apenas eles: note a explosão do mecado de iPad, outos tablets e smatphones. Haveá sempe consumidoes em busca de podutos que melhoem a podutividade e a qualidade de vida das pessoas e que possam se utiliados no tabalho e em casa.
ao quo f d KPMg m s, qu sá muddo su oom mbém çdo um ovo so –“u houh ompxy”. “thk b” m s s m v om sopo, ou qudd. Mudou o ssm o pâmo? não é um so mx m m qu sá hdo? Temos de muda junto com as pessoas. Em convesas com nossos clientes, existentes e potenciais, e com nossos uncionáios, o desao mais cítico agoa é a complexidade. Na vedade, isso oi conmado po uma pesquisa mundial que a KPMG ealiou com
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executivos. Onde que que você esteja no mundo, “complexidade” é a palava-chave –em unção da pópia conexão maio ente os mecados intenacionais. Então, se eoçamos nosso oco na complexidade, ajudando nossos clientes e uncionáios a entendê-la e a lida com ela, a logomaca e o slogan pecisam efeti isso.
D um do, houv um u d dsmdção d oom po o d , d ouo, vmos ms zção ps... Qu o pp d mpss omo KPMg s ov mud? É uma cena complexa e nosso papel é o de ajuda as empesas a lida com poblemas complexos. Faemos isso em nossos tês caos-chee de negócios: • Um é a prática de auditoria, que
consiste em audita demonstações nanceias. Nosso papel é muito impotante paa a obuste da govenança copoativa. E é a maio pate do nosso negócio. • Outro é o planejamento e a estratégia tibutáios, uma ve que as empesas têm de lida com muitas complexidades de tibutação em casa e tansonteias. • O terceiro é o negócio de consultoia, em que pestamos assessoia em (1) egulamentação e como se ajusta a ela, (2) desempenho e tecnologia e (3) eestutuação e tansações. Assim, eu diia que contibuímos paa que os mecados de capitais opeem ecientemente e paa que nossos clientes administem seus negócios de oma também eciente. Isso, po meio da edução da complexidade.
Ou sj, s vo ão pod fu d ompxdd, b-? [risos] É mais ou menos po aí [risos] . HSM Mm