TABUS ACERCA DO MAGISTÉRIO Theodor Adorno Tradução: Wolfgang Leo Maar Texto retirado e conforme o da página Debates http://planetaclixpt/adorno/
! "ue irei expor constitui apenas a apresentação de um problema# nem $ uma teoria constitu%da& para o "ue não tenho legitimidade por não ser pedagogo& nem tampouco o relato de resultados de in'estigaç(es emp%ric emp%ricas as )eria )eria necess necessári ário o acresce acrescentar ntar pes"ui pes"uisas sas ao "ue aprese apresento nto&& sobret sobretudo udo estudo estudoss de casos casos indi'iduais& principalmente em termos psicanal%ticos Minhas consideraç(es prestam*se no máximo a tornar 'is%'eis algumas dimens(es da a'ersão em relação + profissão de professor& "ue representam um papel não muito expl%cito na conhecida crise de reno'ação do magist$rio& mas "ue& tal'e, at$ por isto mesmo& são bastante importantes Ao fa,-*lo& tocarei simultaneamente& ao menos por alto& numa s$rie de problemas "ue se relacionam com o pr.prio magist$rio e sua problemática& na medida em "ue as duas coisas dificilmente podem ser separadas ermitam*me começar pela exposição da experi-ncia inicial: 0ustamente entre os uni'ersitários formados mais talentosos "ue conclu%ram o exame oficial& constatei uma forte repulsa frente a"uilo a "ue são "ualificados pelo exame oficial& e em relação ao "ue se espera deles ap.s este exame 1les sentem seu futuro como professores como uma imposição& a "ue se cur'am apenas por falta de alternati'as 2 importante ressaltar "ue tenho a oportunidade de acompanhar um contingente não despre,%'el de tais formados& com moti'os para supor "ue não se trata de uma seleção negati'a Muitos dos moti'os de tal a'ersão são racionais e tão conhecidos "ue não preciso me deter neles& ! principal $ a antipatia em relação ao "ue se encontra regulamentado& ao "ue se encontra disposto por meio do desen'ol'imento desen'ol'imento definido por meu amigo 3ellmut 3ellmut 4ec5er 4ec5er como dirigido + escola escola administrada administrada 1xistem 1xistem tamb$m moti'aç(es materiais: a imagem do magist$rio como profissão de fome aparentemente $ mais duradoura duradoura do "ue corresponde corresponde + pr.pria pr.pria realidade na Alemanha A desproporção "ue registro por esta 'ia parece*me& 0á me adiantando& t%pica para todo o con0unto em "uestão& caracteri,ado pelas moti'aç(es sub0eti'as sub0eti'as da a'ersão contra o magist$rio& magist$rio& em especial as "ue são inconscientes inconscientes Tabus significam& significam& a meu 'er& representaç(es inconscientes ou pr$*conscientes dos e'entuais candidatos ao magist$rio& mas tamb$m de outros& principalmente das pr.prias crianças& "ue 'inculam esta profissão como "ue a urna interdição ps%"uica "ue a submete a dificuldades raramente esclarecidas ortanto utili,o o conceito de tabu de um modo relati'amente rigoroso& no sentido da sedimentação coleti'a de representaç(es "ue& de um modo semelhante +"uelas referentes + economia& 0á mencionadas& em grande parte perderam sua base real& mais durado duradoura uramen mente te at$ at$ do "ue "ue as econ econ6m 6mic icas as&& cons conser' er'and ando* o*se se por$ por$m m com com muita muita tena tenaci cida dade de como como preconceitos psicol.gicos e sociais& "ue por sua 'e, retroagem sobre a realidade con'ertendo*se em forças reais ermitam fundamentar*me em alguns testemunhos tri'iais A leitura de an7ncios matrimoniais nos 0ornais 8 bastante bastante elucidati'a elucidati'a 88 re'ela "ue em seus an7ncios an7ncios professores ou professoras destacam destacam "ue não são tipos professorais& "ue não são mestres de escola raticamente nenhum an7ncio matrimonial pro'eniente de professor ou professora deixa de conter ressal'as atenuantes **** !utro exemplo: al$m do alemão& tamb$m outras l%nguas apresentam uma s$rie de express(es degradantes para o magist$rio# o mais conheci conhecido do em alemão alemão $ Pauker Pauker 9"uem ensina com a palmat.ria como "uem treina soldados a marchar pelas batidas nos tambores# mais 'ulgar e tamb$m relacionado em alemão a instrumentos musicais $ Steisstro Steisstromml mmler er 9"uem schoolmarm arm para professoras solteironas& 9"uem malha malha o trasei traseiro ro## em ingl-s ingl-s&& utili, utili,a*se a*se schoolm secas& secas& mal*hum mal*humora oradas das e ressen ressentid tidas as De uma maneira maneira ine"u% ine"u%'oc 'oca& a& "uando "uando compar comparado ado com outras outras profiss(es acad-micas como ad'ogado ou m$dico& pelo prisma social o magist$rio transmite um clima de falta de seriedade Al$m disso& a sociologia acad-mica e da educação pouco atentaram para a distinção "ue a população estabelece entre disciplinas com prest%gio e desprestigiadas: entre as prestigiadas listam* se a ;urisprud-ncia e a Medicina& e sem d7'ida não consta o estudo da senhor>& nos termos em "ue este este term termo o $ usado usado no no'o no'o 0arg 0argão ão alemã alemão& o& apare aparent ntem emen ente te relaci relacion onad ado o + alega alegada da igua iguald ldad ade e de
oportunidades educacionais =uma complementariedade peculiar parece encontrar*se o inabalado prest%gio do professor uni'ersitário& apoiado inclusi'e em estat%sticas De um lado& o professor uni'ersitário como a profissão de maior prest%gio# de outro& o silencioso .dio em relação ao magist$rio de primeiro e segundo graus# uma ambi'al-ncia como esta remete a algo mais profundo =a mesma ordem de "uest(es situa*se a proibição do t%tulo de >professor>& negado na Alemanha pelos docentes uni'ersitários aos docentes do segundo grau 9ho0e chamados de Studienräte, algo como >conselheiro de estudos> 1m outros pa%ses& como a )im& sim& sempre há uma má 'ontade em relação aos preceptores> =um tempo não muito distante& há poucas d$cadas& ela acompanhara a referida hist.ria de amor literalmente nos mesmos termos com "ue outrora o senhor on Bontard ha'ia se manifestado frente a 3lderlin: sob o prisma do patriciado burgu-s& para o "ual um preceptor era nada mais do "ue um lacaio um pouco diferenciado ?onforme o sentido dessas imagens& o professor $ um herdeiro do scriba, do escri'ão ?omo 0á assinalei& o menospre,o de "ue $ al'o tem ra%,es feudais e precisa ser fundamentado a partir da Edade M$dia e do in%cio do Cenascimento# como& por exemplo& na >?anção dos =ibelungos>& onde se expressa o despre,o de 3agen& "ue considera o capelão um d$bil& 0ustamente a"uele capelão "ue a seguir escaparia com 'ida ?a'aleiros feudais cu0a educação passou pelos li'ros constitu%ram exceç(es# caso contrário o nobre 3artmann 'on der Aue não teria se 'angloriado tanto de sua capacidade de leitura Al$m disso& há "ue se acrescentar a influ-ncia de antigas refer-ncias de professores como escra'os F ! intelecto encontra'a*se separado da força f%sica 2 certo "ue sempre detinha uma determinada função na condução da sociedade& mas torna'a*se suspeito em "ual"uer lugar onde as prerrogati'as da força f%sica sobre'i'eram + di'isão do trabalho 1ste passado distante na hist.ria ressurge permanentemente ! menospre,o pelos professores "ue certamente existe na Alemanha& e tal'e, inclusi'e nos pa%ses anglo*sax6nicos& ao menos na Englaterra& poderia ser caracteri,ado como o ressentimento do guerreiro "ue acaba se impondo ao con0unto da população pela 'ia de um mecanismo interminá'el de identificaç(es Todas as crianças re'elam afinal uma forte tend-ncia a se identificar com >coisas de soldados>& como se di, tão bem ho0e em dia# lembro apenas o pra,er com "ue os meninos se fantasiam de cowboys, e a satisfação com "ue correm >armados> por a% Ao "ue tudo indica& eles reprodu,em de no'o& ontogeneticamente& o processo filogen$tico& "ue gradualmente libertou os homens da 'iol-ncia f%sica Todo o complexo da 'iol-ncia f%sica& bastante dotado de ambi'al-ncia e de forte conte7do afeti'o em um mundo em "ue ela $ exercida somente nas situaç(es* limite por demais conhecidas& desempenha a"ui seu papel decisi'o =uma anedota famosa o condottiere Beorg 'on adre,inho& padre,inho& agora segues um caminho perigoso> Gma atitude em "ue se misturam o respeito pela independ-ncia do esp%rito e um despre,o ainda "ue t-nue& por "uem& não portando armas& logo pode se tornar 'itima de esbirros Mo'idos por rancor& os analfabetos consideram corno sendo inferiores todas as pessoas estudadas "ue se apresentam dotadas de alguma autoridade& desde "ue não se0am pro'idas de alta posição social ou do exerc%cio de poder& como acontece no caso do alto clero& ! professor $ o herdeiro do monge# depois "ue este perde a maior parte de suas funç(es& o .dio ou a ambigHidade "ue caracteri,a'a o oficio do monge $ transferido para o professor A ambi'al-ncia frente aos homens estudados $ arcaica 2 'erdadeiramente m%tico o impressionante conto em "ue Iaf5a narra o assassinato do m$dico do interior rural "ue atendia a um chamado noturno "ue se re'elaria falso# a etnologia sabe "ue o curandeiro ou o caci"ue tanto pode usufruir de honrarias "uanto pode ser sacrificado em determinadas situaç(es ode*se perguntar por "ue o tabu arcaico& a ambi'al-ncia
arcaica foram transferidos 0ustamente aos professores& en"uanto outras profiss(es intelectuais ficaram li'res deles 1xplicar por "ue algo não ocorreu sempre implica grandes dificuldades do ponto de 'ista da teoria do conhecimento Limitar*me*ei a urna consideração baseada no senso comum !s 0uristas e os m$dicos não se subordinam +"uele tabu e são igualmente profiss(es intelectuais Mas estas constituem o "ue se chama ho0e de profiss(es livres. )ubordinam*se + disputa concorrencial# são pro'idas de melhores oportunidades materiais& mas não são contidas e garantidas por urna hierar"uia de ser'idor p7blico& e por causa dessa liberdade go,am de maior prestigio A"ui se anuncia um conflito social possi'elmente dotado de alcance maior Gma ruptura no pr.prio plano da burguesia& ao menos na pe"uena burguesia& entre os "ue são li'res e ganham mais& embora sua renda não se0a garantida& e "ue go,am de um certo ar de nobre,a e ousadia& e& por outro lado& os funcionários permanentes e com pensão assegurada& in'e0ados por causa de sua segurança& mas despre,ados en"uanto se assemelham a 'erdadeiros animais de carga em escrit.rios e repartiç(es& com horários fixos e 'ida regrada pelo rel.gio de ponto or sua 'e,& os 0ui,es e funcionários administrati'os t-m algum poder real delegado& en"uanto a opinião p7blica não le'a a s$rio o poder dos professores& por ser um poder sobre su0eitos ci'is não totalmente plenos& as crianças ! poder do professor $ execrado por"ue s. parodia o poder 'erdadeiro& "ue $ admirado 1xpress(es como >tirano de escola> lembram "ue o tipo de professor "ue "uerem marcar $ tão irracionalmente desp.tico como s. poderia s-*lo a caricatura do despotismo& na medida em "ue não consegue exercer mais poder do "ue reter por uma tarde as suas 'itimas& algumas pobres crianças "uais"uer ! re'erso dessa ambi'al-ncia $ a adoração mágica dispensada aos professores em alguns pa%ses& como outrora na ?hina& e em alguns grupos& como entre os 0udeus de'otos ! aspecto mágico da relação com os professores parece se fortalecer em todos os lugares onde o magist$rio $ 'inculado + autoridade religiosa& en"uanto a imagem negati'a cresce com a dissolução dessa autoridade 2 digno de nota "ue os professores "ue go,am do maior prestigio na Alemanha& ou se0a& 0ustamente os acad-micos uni'ersitários& na prática muito raramente desempenham funç(es disciplinares& e& ao menos de modo ideal e para a opinião p7blica& são pes"uisadores produti'os "ue não se fixam no plano pedag.gico aparentemente ilus.rio e secundário de acordo com a exposição anterior ! problema da in'erdade imanente da pedagogia estaria em "ue o ob0eto do trabalho $ ade"uado aos seus destinatários& não constituindo um trabalho ob0eti'o moti'ado ob0eti'amente 1m 'e, disso& este seria pedagogi,ado ). isto 0á bastaria para dar +s crianças inconscientemente a impressão de estarem sendo iludidas !s professores não reprodu,em simplesmente de um modo recepti'o algo 0á estabelecido& mas a sua função de mediadores& um pouco socialmente suspeita como todas as ati'idades da circulação& atrai para si uma parte da a'ersão geral Max )cheler disse certa feita "ue s. atuou pedagogicamente por"ue nunca tratou seus estudantes de maneira pedag.gica )e me permitem a obser'ação pessoal& a minha pr.pria experi-ncia confirma inteiramente este ponto de 'ista Ao "ue tudo indica& o -xito como docente acad-mico de'e*se + aus-ncia de "ual"uer estrat$gia para influenciar& + recusa em con'encer ?om a transformação ob0eti'a "ue se anuncia no magist$rio& a situação tende a se alterar =ota*se tamb$m uma certa mudança estrutural na relação com o docente uni'ersitário Tal como há muito ocorre nos 1stados Gnidos& onde processos como este acontecem de modo mais drástico do "ue na Alemanha& o professor se con'erte lenta& mas inexora'elmente& em 'endedor de conhecimentos& despertando at$ compaixão por não conseguir apro'eitar melhor seus conhecimentos em beneficio de sua situação material =ão resta d7'ida "ue há nisto um grande a'anço de esclarecimento& em comparação + imagem do professor como um deus& tal como era considerado ainda nos Buddenbrook.s; ao mesmo tempo& por$m& uma racionalidade estrat$gica nesses termos redu, o intelecto a mero 'alor de troca& o "ue $ tão problemático como o $ "ual"uer progresso no seio do existente Mencionei a função disciplinar )e não me engano& com ela toco na "uestão central& embora se0a necessário repetir "ue não se trata de conclus(es de pes"uisa or trás da imagem negati'a do professor encontra*se o homem "ue castiga& figura "ue tamb$m ocorre no Processo de Iaf5a Mesmo ap.s a proibição dos castigos corporais& continuo considerando este contexto determinante no "ue se refere aos tabus acerca do magist$rio 1sta imagem representa o professor como sendo a"uele "ue $ fisicamente mais forte e castiga o mais fraco =esta função& "ue continua a ser atribu%da ao professor mesmo depois "ue oficialmente deixou de existir& e em alguns !utros lugares parece constituir*se em 'alor permanente e compromisso aut-ntico& o docente infringe um antigo c.digo de honra legado inconscientemente e com certe,a conser'ado por crianças burguesas ode*se di,er "ue este não $ um 0ogo honesto& limpo& não $ um fair plaJ 1sta unfairness 9desonestidade 8 e "ual"uer docente o percebe inclusi'e o uni'ersitário 8 tamb$m afeta a 'antagem do saber do professor frente ao saber de seus alunos& "ue ele utili,a sem ter direito para tanto& uma 'e, "ue a 'antagem $ indissociá'el de sua função& ao mesmo tempo em "ue sempre lhe confere uma autoridade de "ue dificilmente consegue abrir mão 1sta unfairness existe na ontologia do professor& na medida em "ue excepcionalmente posso usar o termo ontologia neste contexto 2 s. pensar como o professor uni'ersitário pode dispor da cátedra em longas exposiç(es sem "ual"uer contestação&
para se compartilhar este resultado Kuando a seguir o professor oferece aos estudantes a oportunidade de perguntar& procurando aproximar a aula expositi'a de um seminário& ironicamente há muito pouca reciprocidade por parte dos alunos 1stes ho0e em dia parecem preferir aulas como preleçoes expositi'as dogmáticas Mas de um certo modo não $ somente a profissão do magist$rio "ue impele o professor + unfairness: o fato de saber mais& ter a 'antagem e não poder negá*la 1le tamb$m $ impelido nessa direção pela sociedade& e isto me parece mais profundo A sociedade permanece baseada na força f%sica& conseguindo impor suas determinaç(es "uando $ necessário somente mediante a 'iol-ncia f%sica& por mais remota "ue se0a esta possibilidade na pretensa 'ida normal Da mesma maneira as disposiç(es da chamada integração ci'ili,at.ria "ue& conforme a concepção geral& de'eriam ser pro'idenciadas pela educação& podem ser reali,adas nas condiç(es 'igentes ainda ho0e apenas com o suporte do potencial da 'iol-ncia f%sica 1sta 'iol-ncia f%sica $ delegada pela sociedade e ao mesmo tempo $ negada nos delegados !s executantes são bodes expiat.rios para os mandantes ! modelo originário negati'o 8 refiro*me a um imaginário de representaç(es inconscientemente efeti'as& e não a uma realidade& a não ser "ue esta se0a referida de modo apenas rudimentar 8 $ constitu%do pelo carcereiro ou& melhor ainda& o suboficial =ão sei at$ "ue ponto $ procedente a afirmação de "ue nos s$culos EE e EEE soldados 'eteranos eram apro'eitados como professores nas escolas primárias Mas certamente esta crença popular $ bastante caracter%stica para a imagem do professor A expressão >"uem malha o traseiro> acima referida& tem conotação militar# inconscientemente os professores tal'e, se0am imaginados como 'eteranos& como uma esp$cie de mutilados& como pessoas "ue no @mbito da 'ida propriamente dita do processo real de reprodução da sociedade não t-m nenhuma função& contribuindo apenas de um modo pouco transparente e pela 'ia de uma graça especial + continuidade do con0unto e de sua pr.pria 'ida Mas& em decorr-ncia dessa imagem& "uem se op(e ao castigo f%sico defende o interesse do professor ao menos tanto "uanto o interesse do aluno ). $ poss%'el esperar alguma mudança neste complexo a "ue me refiro "uando at$ o 7ltimo res"u%cio de punição ti'er desaparecido da mem.ria escolar& como parece ser o caso na maior parte dos 1stados Gnidos Gma parte constituti'a essencial deste complexo parece estar em "ue a sociedade "ue se apresenta como liberal*burguesa em hip.tese nenhuma reconhece a necessidade da força f%sica para uma formação social baseada na dominação Esto ocasiona tanto a delegação da 'iol-ncia 8 um senhor 0amais castiga 8 "uanto o despre,o pelo professor "ue se encarrega de executar o "ue $ necessário para tudo funcionar& sabidamente um mal "ue $ duplamente re0eitado pelas pessoas& na medida em "ue elas pr.prias estão por trás da execução& e ao mesmo tempo se 0ulgam boas demais para executá*la pelas pr.prias mãos A minha hip.tese $ "ue a imagem de >responsá'el por castigos> determina a imagem do professor muito al$m das práticas dos castigos f%sicos escolares )e eu ti'esse "ue orientar in'estigaç(es emp%ricas acerca do con0unto complexo do professor então esta seria a primeira a me interessar Ainda "ue em termos bastante brandos& repete*se na imagem do professor algo da imagem tão afeti'amente carregada do carrasco Kue este imaginário $ exitoso em firmar a crença de "ue o professor não $ um senhor& mas um fraco "ue castiga ou um monge sem cargo& isto pode ser compro'ado de maneira drástica no plano er.tico or um lado& ele não tem função er.tica# por outro& desempenha um grande papel er.tico& para adolescentes deslumbrados& por exemplo Mas na maioria dos casos apenas como ob0eto inating%'el# basta "ue se obser'em nele le'es traços de simpatia& para difamá*lo como in0usto A caracter%stica de ser inating%'el associa*se + imagem de um ser tendencialmente exclu%do da esfera er.tica =uma perspecti'a psicanal%tica& esse imaginário do professor relaciona*se + castração Gm professor "ue& como aconteceu em minha inf@ncia com um docente bastante humano& se 'este de maneira elegante por"ue tem posses ou "ue& mo'ido por orgulho acad-mico& ostenta comportamento "ue chama a atenção& imediatamente $ ridiculari,ado 2 dif%cil distinguir at$ "ue ponto tais tabus espec%ficos são efeti'amente apenas psicol.gicos ou at$ "ue ponto a práxis& a id$ia do docente com a 'ida in"uestioná'el en"uanto modelo para os imaturos o obriga a uma ascese er.tica maior do "ue ocorre em muitos outras profiss(es& como& por exemplo& a do representante& para nomear apenas uma =os romances e nas peças de cr%tica + escola de in%cios do s$culo& os professores com fre"u-ncia aparecem como particularmente repressi'os de um ponto de 'ista er.tico& como em Wedekind, por exemplo# como seres inclusi'e sexualmente mutilados 1sta imagem do "uase castrado& da pessoa neutrali,ada ao menos eroticamente& não li'remente desen'ol'ida& esta imagem de pessoas descartadas na concorr-ncia er.tica& corresponde + infantilidade real ou imaginária do professor Cemeto ao grande romance Professor nrat, de 3einrich Mann& conhecido da maioria pro'a'elmente apenas na 'ersão kitsch do filme ! an"o a#ul. ! tirano da escola& cu0a decad-ncia forma o conte7do da obra& não tem a imagem transfigurada pela fachada de humor& como ocorre no filme 1le de fato se relaciona com a prostituta& respeitosamente tratada por ele como uma artista chamada $r%hlich, exatamente como o fa,em seus alunos secundaristas Edentifica*se com eles& como 3einrich Mann destaca explicitamente no texto 1le o fa, com todo seu hori,onte intelectual e todas as suas formas de reação: ele mesmo $ efeti'amente uma criança =essa medida acrescenta*se ao despre,o pelo professor um aspecto suplementar: por mo'er*se num ambiente infantil "ue $ o seu ou ao "ual se adapta& ele não $ considerado
inteiramente como adulto& ao mesmo tempo em "ue de fato $ um adulto "ue deri'a suas exig-ncias desta sua exist-ncia como tal )ua dignidade desa0eitada continua a ser experimentada como uma compensação insuficiente dessa discrep@ncia Tudo isto $ apenas a configuração especifica& relati'a ao professor& de um fen6meno "ue em sua generalidade $ conhecido na sociologia pelo nome de d&formation 'rofessionelle. ?ontudo& na imagem do professor a d&forrmation 'rofessionelle toma*se praticamente a pr.pria definição da profissão 1m minha 0u'entude contaram*me a anedota de um professor de col$gio de raga "ue teria dito: >ara tomarmos um exemplo da 'ida cotidiana: o general con"uista a cidade> ?om >um exemplo da 'ida cotidiana> pretendia*se falar do cotidiano escolar& continuamente po'oado nas aulas de Latim por frases exemplares& paradigmas& do tipo do anunciado: o general toma a cidade A"uilo "ue $ relati'o + escola& "ue 0ustamente agora merece de no'o tanta atenção& se imp(e no lugar da realidade& "ue $ mantida meticulosamente + dist@ncia por interm$dio de dispositi'os organi,at.rios A infantilidade do professor apresenta*se pela sua atitude de substituir a realidade pelo mundo ilus.rio intramuros& pelo microcosmo da escola& "ue $ isolado em maior ou menor medida da sociedade dos adultos 8 reuni(es de pais e similares são modos desesperados de romper este isolamento 1ste $ um forte moti'o pelo "ual a escola defende tão encarniçadamente suas muralhas ?om fre"u-ncia os professores são 'istos conforme as mesmas categorias com "ue se focali,a o infeli, her.i de uma tragicom$dia do naturalismo# em respeito a eles poder%amos falar de um complexo de devaneius. 1les encontram*se em permanente suspeição de estarem fora da realidade Ao "ue tudo indica& não estão mais longe da realidade do "ue& por exemplo& os 0ui,es& para "uem o distanciamento da realidade seria uma caracter%stica fundamental& conforme as análises de Iarl Iraus a partir dos processos 0udiciais no plano dos costumes =o estere.tipo do >estar fora da realidade> fundem*se os traços infantis de alguns professores com os traços infantis de muitos estudantes ! "ue $ infantil $ o realismo super'alori,ado dos mesmos =a medida em "ue se adaptam de modo mais exitoso ao principio da realidade do "ue pode fa,er o professor& "ue continuamente precisa anunciar e dar corpo a ideais de superego& acreditam compensar a"uilo "ue acreditam ser o "ue lhes falta& isto $& não constitu%rem ainda su0eitos independentes Tal'e, se0a por isto "ue professores "ue 0ogam futebol ou são bons de copo se0am tão populares com os alunos& na medida em "ue correspondem + imagem de mundanalidade deles# em meus tempos de col$gio eram particularmente populares os professores "ue correta ou incorretamente eram considerados como tendo pertencido +s corporaç(es acad-micas Ceina uma esp$cie de antinomia: o professor e os alunos praticam in0ustiças uns em relação aos outros: a"uele "uando di'aga sobre 'alores eternos& "ue na 'erdade não o são& e os alunos "uando em resposta se decidem pela idolatria debil.ide aos 4eatles =exos como esses podem re'elar a função das peculiariedades dos professores "ue em tão ampla dimensão constituem al'o do rancor dos estudantes ! processo ci'ili,at.rio de "ue os professores são agentes orienta*se para um ni'elamento 1le pretende eliminar nos alunos a"uela nature,a disforme "ue retoma como nature,a oprimida nas idiossincrasias& nos maneirismos da linguagem& nos sintomas de estarrecimento& nos constrangimentos e nas inabilidades dos mestres Triunfarão a"ueles alunos "ue percebem no professor a"uilo contra o "ue& de acordo com seu instinto& se dirige todo o sofrido processo educacional 3á nisto e'identemente uma cr%tica ao pr.prio processo educacional& "ue at$ ho0e em geral fracassou em nossa cultura 1ste fracasso $ atestado tamb$m pela dupla hierar"uia obser'á'el no @mbito da escola: a hierar"uia oficial& conforme o intelecto& o desempenho& as notas& e a hierar"uia não*oficial& em "ue a força f%sica& o >ser homem> e todo um con0unto de aptid(es prático*f%sicas não honradas pela hierar"uia oficial desempenham um papel ! na,ismo explorou esta dupla hierar"uia inclusi'e fora da escola& na medida em "ue incitou a segunda contra a primeira& tal como incitaria o partido contra o 1stado na macropol%tica A pes"uisa pedag.gica de'eria dedicar especial atenção + hierar"uia latente na escola As resist-ncias das crianças e dos 0o'ens& igualmente institucionali,adas na segunda hierar"uia& foram em parte certamente transmitidas pelos pais Muitas baseiam*se em estere.tipos herdados# muitas& por$m& como procurei mostrar& baseiam*se na situação ob0eti'a do professor A isto acrescenta*se algo essencial& bem conhecido da psicanálise =a elaboração do complexo de 2dipo& a separação do pai e a interiori,ação da figura paterna& as crianças notam "ue os pr.prios pais não correspondem ao ego ideal "ue lhes transmitem =a relação com os professores este ego ideal se reapresenta pela segunda 'e,& possi'elmente com mais clare,a& e eles t-m a expectati'a de poder se identificar com os mesmos Mas por muitas ra,(es no'amente isto se torna imposs%'el para eles& sobretudo por"ue particularmente os pr.prios mestres constituem produtos da imposição da ade"uação& contra a "ual se dirige o ego ideal da criança ainda não preparada para '%nculos de compromisso ! magist$rio tamb$m $ uma profissão burguesa# apenas o idealismo hip.crita poderia negá*lo ! professor não $ a"uela pessoa %ntegra "ue forma a expectati'a das crianças& por mais 'aga "ue se0a& mas algu$m "ue no plano de todo um con0unto de outras oportunidades e tipos profissionais concentrou*se ine'ita'elmente como profissional na sua pr.pria profissão& sendo
propriamente 0á a 'riori o contrário da"uilo "ue o inconsciente aguarda dele: "ue precisamente ele não se0a um profissional& "uando 0ustamente ele precisa s-*lo A sensibilidade idiossincrática das crianças em relação +s particularidades dos professores& "ue possi'elmente ultrapassa tudo "ue se possa imaginar como adulto& pro'$m da constatação de "ue a exist-ncia particular renega o ideal de uma pessoa normal e 'erdadeira no sentido enfático com "ue as crianças '-em primariamente os professores& mesmo "ue 0á tenham passado por alguma experi-ncia em "ue se exige ast7cia ou algum estere.tipo "ue imponha dure,a )oma*se um momento social "ue condiciona tens(es praticamente ine'itá'eis A criança $ retirada da 'rimary community 9comunidade primária de relaç(es imediatas& protetoras e cheias de calor& fre"uentemente 0á no 0ardim*de*infancia& e na escola experimenta pela primeira 'e, de um modo chocante e r%spido& a alienação# para o desen'ol'imento indi'idual dos homens a escola constitui "uase o prot.tipo da pr.pria alienação social ! costume "ue os professores tinham antigamente de distribuir biscoitos entre os alunos no primeiro dia de aula re'elaria um pressentimento: ser'iria para amainar o cho"ue ! agente dessa alienação $ a autoridade do professor& e a resposta a ela $ a apreensão negati'a da imagem do professor A ci'ili,ação "ue ele lhes proporciona& as pri'aç(es "ue lhes imp(e& mobili,am automaticamente nas crianças as imagens do professor "ue se acumularam no curso da hist.ria e "ue& como todas as sobras remanescentes no inconsciente& podem ser despertadas conforme as necessidades da economia ps%"uica !s professores t-m tanta dificuldade em acertar 0ustamente por"ue sua profissão lhes nega a separação entre seu trabalho ob0eti'o 8 e seu trabalho em seres humanos 'i'os $ tão ob0eti'o "uanto o do m$dico& nisto inteiramente análogo 8 e o plano afeti'o pessoal& separação poss%'el na maioria das outras profiss(es ois seu trabalho reali,a*se sob a forma de uma relação imediata& um dar e receber& para a "ual& por$m& este trabalho nunca pode ser inteiramente apropriado sob o 0ugo de seus ob0eti'os altamente mediatos or principio& o "ue acontece na escola permanece muito a"u$m do passionalmente esperado =esta medida& o pr.prio oficio do professor permaneceu arcaicamente muito a"u$m da ci'ili,ação "ue ele representa# tal'e, as má"uinas educati'as o dispensem de uma demanda humana "ue se encontra impedido de reali,ar Gm tal arcaismo correspondente + profissão do professor como tal não apenas promo'e os simbolos arcaicos dos professores& mas tamb$m desperta os arcaismos no pr.prio comportamento destes& "uando ralham& repreendem& discutem etc# atitudes tanto pr.ximas da 'iol-ncia f%sica "uanto re'eladoras de momentos de fra"ue,a e insegurança Mas& se o professor não reagisse sub0eti'amente& se ele realmente fosse tão ob0eti'o a ponto de nunca possibilitar reaç(es incorretas& então pareceria aos alunos ser ainda mais desumano e frio& sendo possi'elmente ainda mais re0eitado por eles Assim pode*se notar "ue não exagerei ao me referir a uma antinomia A solução& se posso di,er assim& pode pro'ir apenas de uma mudança no comportamento dos professores 1les não de'em sufocar suas reaç(es afeti'as& para acabar re'elando*as em forma racionali,ada& mas de'eriam conceder essas reaç(es afeti'as a si pr.prios e aos outros& desarmando desta forma os alunos ro'a'elmente um professor "ue di,: >sim& eu sou in0usto& eu sou uma pessoa como 'oc-s& a "uem algo agrada e algo desagrada> será mais con'incente do "ue um outro apoiado ideologicamente na 0ustiça& mas "ue acaba ine'ita'elmente cometendo in0ustiças reprimidas Diga*se de passagem "ue tais reflex(es implicam imediatamente a necessidade de conscienti,ação e de aprendi,ado psicanal%tico para o magist$rio or fim coloca*se a "uestão ine'itá'el do >"ue fa,er>& para a "ual neste caso& como em geral& considero* me extremamente desautori,ado Muitas 'e,es esta "uestão sabota o desen'ol'imento conse"uente do conhecimento& necessário para possibilitar "ual"uer transformação =as discuss(es acerca dos problemas a"ui a'entados 0á se automati,ou a atitude do >$ um belo discurso& mas a situação se coloca de modo diferente para "uem trabalha em meio + "uestão> De "ual"uer modo posso enumerar alguns aspectos sem "ual"uer pretensão sistemática ou de resultados maiores 1m primeiro lugar& imp(e*se um esclarecimento acerca do complexo em seu con0unto& nos termos em "ue foi a"ui abordado& esclarecimento dos pr.prios professores& dos pais e& tanto "uanto poss%'el& tamb$m dos alunos& com "uem os professores de'eriam con'ersar sobre as "uest(es cheias de tabus =ão e'ito a hip.tese de "ue em geral $ poss%'el con'ersar com muito mais seriedade e maturidade com as crianças do "ue os adultos "uerem reconhecer para assegurar*se& por esta 'ia& de sua pr.pria maturidade Mas não se de'e superestimar a possibilidade de um tal esclarecimento As moti'aç(es em causa& como assinalei& são muitas 'e,es inconscientes& e a mera nomeação de situaç(es inconscientes& como se sabe& $ in7til& de modo "ue a"ueles em "ue essas situaç(es se locali,am não são esclarecidos espontaneamente em sua pr.pria experi-ncia# nesses termos& o esclarecimento s. se 'erifica a partir do exterior ?om base nessa constatação& uma tri'ialidade psicanal%tica& não se de'e esperar muito do esclarecimento meramente intelectual& embora se de'a iniciar por seu interm$dio# um esclarecimento um pouco insuficiente e apenas parcialmente eficiente ainda $ melhor do "ue nenhum Al$m disto seria necessário eliminar "uais"uer limitaç(es e obstáculos ainda existentes na realidade "ue dão suporte aos tabus com "ue se cercou o magist$rio )obretudo $ necessário tratar a"ueles pontos ne'rálgicos ainda na fase de formação dos professores& em 'e, de orientar a sua formação pelos tabus 'igentes 1m nenhuma hip.tese a 'ida pri'ada dos docentes pode ser submetida a "ual"uer controle "ue não o das disposiç(es do direito penal )eria preciso contrapor*se + ideologia da escola& teoricamente de dif%cil apreensão& e "ue tamb$m seria renegada& mas "ue perpassa com tenacidade a prática escolar conforme as minhas obser'aç(es A escola possui uma tend-ncia imanente a se
estabelecer como esfera da pr.pria 'ida e dotada de legislação pr.pria 2 dif%cil decidir at$ "ue ponto isto $ necessário para "ue ela reali,e a sua tarefa# certamente não se trata s( de ideologia Gma escola aberta ao exterior sem "ual"uer restrição pro'a'elmente tamb$m abriria mão dos aspectos de formação e de amparo =ão me en'ergonho de ser considerado reacionário na medida em "ue penso ser mais importante +s crianças aprenderem na escola um bom latim& de prefer-ncia a estil%stica latina& do "ue fa,erem tolas 'iagens a Coma "ue& 'ia de regra& resultam apenas em desarran0os intestinais sem "ual"uer aprendi,ado essencial acerca de Coma ?ertamente& na medida em "ue as pessoas da escola não permitem interfer-ncias& o fechamento da escola sempre tende a se enri0ecer& sobretudo face + cr%tica Tuchols5J exemplificaria com a"uela mal'ada diretora de escola rural& "ue 0ustifica "uais"uer horrores cometidos contra seus alunos frente ao protesto do simpático casal de namorados com a explicação: >a"ui as coisas são feitas assim> =ão interessa saber "uanto deste >isto $ feito assim>N continua dominando a prática escolar 1sta postura $ corrente )eria necessário explicar "ue a escola não constitui um fim em si mesma& "ue o fato de ser fechada constitui uma necessidade e não uma 'irtude como a consideram inclusi'e determinadas formas do mo'imento da 0u'entude& por exemplo a f.rmula imbecil da cultura 0o'em como sendo uma cultura pr.pria& atualmente feste0ada no plano da ideologia da 0u'entude como subcultura or en"uanto& embora em grande medida desapareça sua base social& a deformação psicol.gica de muitos professores perdura& se minhas obser'aç(es nos exames oficiais de seleção não me enganam )e abstrairmos da supressão dos controles ainda remanescentes& essa deformação de'eria ser corrigida sobretudo mediante a formação profissional =o caso de colegas mais antigos& ha'eria "ue se apelar simplesmente 8* mediante perspecti'as problemati,adoras 8 a "ue ?ondutas autoritárias pre0udicam o ob0eti'o educacional "ue tamb$m eles defendem racionalmente )empre ou'imos& e me restrin0o ao registro sem "ual"uer intenção de 0u%,o& "ue se rompem acordos de estudos no "ue se refere ao tempo de formação& sem le'ar em conta se deste modo se elimina seu &lan, seu conte7do mais importante Mudanças de fundo exigem pes"uisas acerca do processo da formação profissional )eria preciso atentar especialmente at$ "ue ponto o conceito de >necessidade da escola> oprime a liberdade intelectual e a formação do esp%rito Esto se re'ela na hostilidade em relação ao esp%rito desen'ol'ido por parte de muitas administraç(es escolares& "ue sistematicamente impedem o trabalho cient%fico dos professores& permanentemente mantendo*os down to earth 9com os p$s no chão& desconfiados em relação +"ueles "ue& como afirmam& pretendem ir mais al$m ou a outra parte Gma tal hostilidade& dirigida aos pr.prios professores& facilmente prossegue na relação da escola com os alunos Ceferi*me aos tabus acerca do magist$rio& e não + realidade da doc-ncia e nem + constituição efeti'a dos docentes# mas ambos os planos não são inteiramente independentes entre si De "ual"uer modo podem ser obser'ados sintomas "ue 0ustificam a esperança de "ue tudo isto se transforme "uando a democracia tomar a s$rio sua chance& desen'ol'endo*se na Alemanha 1sta $ uma dessas parcelas limitadas da realidade para a "ual a reflexão e a ação indi'idual podem contribuir =ão $ por acaso "ue o li'ro "ue considero politicamente mais importante publicado na Alemanha dos 7ltimos 'inte anos& se0a o de um professor: Sobre a )lemanha, de Cichard Matthias MHller Mas não se de'e es"uecer "ue a cha'e da transformação decisi'a reside na sociedade e em sua relação com a escola ?ontudo& neste plano& a escola não $ apenas ob0eto A minha geração 'i'enciou o retrocesso da humanidade + barbárie& em seu sentido literal& indescrit%'el e 'erdadeiro 1sta $ uma situação em "ue se re'ela o fracasso de todas a"uelas configuraç(es para as "uais 'ale a escola 1n"uanto a sociedade gerar a barbárie a partir de si mesma& a escola tem apenas condiç(es m%nimas de resistir a isto Mas se a barbárie& a terr%'el sombra sobre a nossa exist-ncia& $ 0ustamente o contrário da formação cultural& então a desbarbari,ação das pessoas indi'idualmente $ muito importante A desbarbari,ação da humanidade $ o pressuposto imediato da sobre'i'-ncia 1ste de'e ser o ob0eti'o da escola& por mais restritos "ue se0am seu alcance e suas possibilidades 1 para isto ela precisa libertar*se dos tabus& sob cu0a pressão se reprodu, a barbárie ! 'athos da escola ho0e& a sua seriedade moral& está em "ue& no @mbito do existente& somente ela pode apontar para a desbarbari,ação da humanidade& na medida em "ue se conscienti,a disto ?om barbárie não me refiro aos 4eatles& embora o culto aos mesmos faça parte dela& mas sim ao extremismo: o preconceito delirante& a opressão& o genoc%dio e a tortura# não de'e ha'er d7'idas "uanto a isto =a situação mundial 'igente& em "ue ao menos por hora não se 'islumbram outras possibilidades mais abrangentes& $ preciso contrapor*se + barbárie principalmente na escola or isto& apesar de todos os argumentos em contrário no plano das teorias sociais& $ tão importante do ponto de 'ista da sociedade "ue a escola cumpra sua função& a0udando& "ue se conscienti,e do pesado legado de representaç(es "ue carrega consigo *ota
F Agradeço a ;acob Tatibes por esta refer-ncia