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A técnica do spiral taping e suas aplicações Raimundo Nonato da Silva Menezes1 e-mail:
[email protected] e-mail:
[email protected] Dayana Priscila Maia Mejia2 Pós-graduação em Acupuntura – Faculdade Faculdade Ávila
Resumo Aprimorada pelo acupunturista Nabutaka Tanaka em 1980, a técnica do Spiral Taping vem ganhando espaço no que se diz sobre tratamento para alívio da dor, na reabilitação neuromuscular e até em harmonização energética do organismo.Trata-se de aplicação de tiras de esparadrapo com larguras específicas, de forma estratégica e sem medicamentos, nas áreas afetadas, tendo efeito antiinflamatório, analgésico, de sinergismo muscular e proporcionando equilíbrio energético. Essa técnica tem como vantagem não ser invasiva, apresentar baixo custo, facilidade na aplicação, rápido resultado e acessibilidade do material usado. O trabalho a seguir dá informação sobre a técnica da terapia do esparadrapo, mostrando sua utilidade, eficiência e a possibilidade de associar aos conhecimentos da Medicina Tradicional Chinesa.
Palavras chave : Spiral Taping; terapia do esparadrapo; esparadrapoterapia. 1. Introdução Usando linhas adesivas distintas entre si, a esparadrapoterapia é uma técnica japonesa aprimorada através de várias pesquisas realizadas pelo acupunturista e osteopata Nabutaka Tanaka associou os conhecimentos da acupuntura, cinesiologia, neurologia, ortopedia, biofísica e desenvolveu desenvolveu o Spiral Taping. Taping. Com colagem de fitas adesivas em lugares determinados e com formatos específicos, provoca-se um estímulo no sistema nervoso havendo a liberação de substâncias relaxantes musculares, analgésicos e antiinflamatórios, fazendo com que essa terapia seja indicada para doenças osteomusculares. Devido a essa resposta eficaz, a técnica tem sido difundida difundi da no meio esportivo no Japão, Coréia, EUA, Tailândia e, no Brasil, pelo médico Tamadassa Yamada desde 1996. Segundo Spiralle (2010) por apresentar versatilidade, essa técnica pode ser associada a outras tais como acupuntura, massagem e fisioterapia, proporcionando bem estar para aqueles que convivem com a dor. Há uma teoria de que o material adesivo, quando tensionado, age mecanicamente, minimizando o quadro traumático e restabelecendo a atividade muscular normal. Neste sentido, alguns exemplos da aplicação de tiras adesivas, visando o aspecto funcional, são comumente endereçados à patela e ao vasto medial oblíquo, além das escápulas e dos trapézios. Outros autores, no entanto, sugerem que a ação do taping se dá por efeitos neuromusculares, neuromusculares, frutos de uma maior retro-alimentação proprioceptiva, que é proporcionada pelo material, quando quando em contato com a pele demonstraram demonstraram que o taping taping promove uma maior 1 2
Pós-graduando em Acupuntura.
Orientadora, Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde.
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capacidade de percepção de posicionamento no espaço em tornozelos hígidos. Quanto ao material adesivo aplicado, não há informações sobre a presença ou não de qualquer tipo de substância medicamentosa. No que se refere aos protocolos de aplicação do taping, é possível encontrar diferenças quanto à terminologia empregada e na forma como as tiras são colocadas sobre a pele. Para Olausson et al. (2000), no entanto, os resultados parecem variar muito quanto à disposição das mesmas que, segundo a teoria tradicional japonesa, deve seguir o sentido de uma “espiral de energia predominante” do indivíduo. Levando-se em conta o ponto de vista do examinador, 95% das pessoas parecem apresentar a espiral predominante ascendendo da direita para a esquerda, ou dominante, enquanto os 5% restantes apresentam a mesma espiral ascendendo da esquerda para a direita, ou recessiva. Os mesmos autores salientam ainda que a avaliação do sentido da espiral predominante costuma ser realizada por meio de uma técnica, também oriental, denominada O’RING test. Contudo, as espirais também parecem estar sujeitas à troca de sentido em determinadas situações ainda desconhecidas, mas que poderiam estar relacionadas a processos patológicos e/ou emocionais, inclusive na modulação da produção de força pelo corpo humano.
2. Definição Mancuso (2011), Haddad (2007), Caraciki (2006), Harikyu( 2012), Connepi (2010) e Dutra (2012) dividem a sobre a mesma opinião sobre a definição da técnica do esparadrapo. Relatam que é uma técnica japonesa, mioarticular que usa bandagens terapêuticas feitas por fita adesiva – esparadrapo em forma de espiral (spiral taping), de retículo (cross taping) ou em células no formato circular, quadrado, estrela ou em xis, sem medicamento associado e em local adequado, fazendo efeito no sistema músculo esquelético nos casos de entorse, edemas e outras patologias. O resultado obtido com essa técnica, de aproximadamente 20 anos, segundo os autores acima é de melhora imediata do problema. Mancuso (2012) conceitua a Esparadrapoterapia como uma técnica japonesa que se utiliza de bandagens terapêuticas por fitas adesivas em forma de espiral . Tem efeito potente e eficaz nas algias do sistema muscular. Já Dutra (2012) diz que a taping terapia ou spiral taping é uma técnica de tratamento que consiste na colagem de fitas adesivas sobre a pele e que a aplicação correta das fitas adesivas (esparadrapo) sobre o ponto específico da dor proporciona uma melhora imediata do problema. Serrão (2007) narra que a Técnica do Esparadrapo consiste em aplicar tirinhas de esparadrapo, sem medicamentos sobre a pele com fins terapêuticos. O spiral taping tem ação em vísceras, órgãos e em quadros emocionais e isso é devido a um nervo que abrange a pele, músculos e vísceras. Caso um desses órgãos apresente uma disfunção, pode haver a contratura ou dor no músculo associado. Se houver fator irritante do tecido pode afetar a função visceral.
3. Histórico Este trabalho apresenta uma técnica recente, de mais ou menos vinte anos, onde o ortopedista e acupunturista Nabutaka Tanaka observou que a direção em que se aplicava as bandagens influenciava na resposta de melhora do paciente. Mancuso (2012) e Gomes (2012) descrevem que a direção da bandagem que se apresenta mais eficiente é da extremidade para o centro, direcionado para esquerda, proporcionando assim alívio das dores, relaxamento dos músculos e aumento da força muscular.
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Devido a esse efeito surpreendente, Nabutaka Tanaka concentrou suas pesquisas durante cinco anos, nos grupamentos musculares ao redor de cada articulação, observando um formato espiralado nas linhas traçadas nessas áreas. Em 1985, associando a conhecimentos da área de acupuntura cinesiologia, neurologia, ortopedia e biofísica, a denominação da técnica foi mudada de Spiral Balance para Spiral taping. Durante a maratona de Hákone Ekiden, em 1994, a técnica de Spiral taping foi demonstrada na equipe da universidade de Yamanashi, que apresentou melhora significativa no desempenho dos atletas. Desde então, essa terapia passou a ser difundida em todo Japão. Spiralle (2012) informa que a técnica vem sendo difundida no Brasil, desde 1996 pelo médico japonês Tamadassa Yamada com bastante sucesso.
4. Mecanismo de ação A técnica do esparadrapo tem como princípio a colagem de fitas adesivas em locais pré determinados do corpo, com formato específico, isenta de medicação, dando estímulo cutâneo que ativará o sistema nervoso. Mancuso (2012) e Dutra (2012) explicam que tais informações são levadas ao cérebro pelas vias motoras e pelo sistema nervoso autônomo acarretando em melhora na circulação, regularização do metabolismo e do tônus muscular, além de liberação de substâncias analgésicas e antiinflamatórias, fazendo com que esse tratamento seja indicado para reumatismo, artrite, lesões ocasionadas por prática de esporte ou decorrente de esforço repetitivo. Além de agir em todo sistema mioarticular, a técnica do Spiral taping, segundo Serrão (2007) proporcionam estímulos de ação reflexa no hipotálamo surtindo efeito nas vísceras (reflexo cutâneo visceral), glândulas, músculos e proporcionando o aumento de mediador químico serotonina, que tem ação direta em quadro de angústia e depressão. Na área da fonoaudiologia, essa técnica tem sido usada, com sucesso, no tratamento de distúrbio de fala.
5. O tratamento O início do tratamento com a Técnica do esparadrapo dá-se com o uso do O`Ring Test ou teste bi-digital ou teste neuromuscular do anel, que consiste em uma investigação clínica não invasiva, segundo http://www.ambbdort.org.br/. http://xa.yimg.com/ explica que essa técnica consiste em realizar um anel com o primeiro e terceiro dedos da mão esquerda e puxar esse elo com o segundo dedo da mão direita. O uso desse procedimento proporciona um tratamento mais preciso, pois pergunta ao próprio corpo o que deve e como se deve fazer o tratamento. Dessa forma pode-se definir a direção da fita (direita e esquerda), identificando se a lesão é de ordem traumática ou orgânica, se a dor é por causa orgânica, qual taping é o mais adequado e qual a dose de estímulo deve ser usada. Além dessas orientações Serrão (2007) ainda acrescenta que o O`Ring Teste, conforme ilustram as figuras 1 e 2, ajuda a definir a largura da fita adesiva (de 3 a 5 mm) e o tipo de tira a ser usada (articular ou muscular).
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Fonte: http://xa.yimg.com Figura 1 e 2- O-ring test direto
Quando houver mais de uma lesão e tiver a necessidade de determinar qual lesão terá prioridade no tratamento, usa-se o teste de rotação cervical ou o uso do O`Ring test no ponto P10 (ponto GYOSAI). Para a linha de pesquisa e tratamento que não optar em usar o teste neuromuscular do anel, a técnica do esparadrapo disponibiliza uma grande listagem de protocolos pré determinados. Após esse procedimento, realiza-se uma anamnese direcionada, determinando qual tipo de malha será usada no tratamento, de acordo com a figura 3.
Fonte: http://www.terapiadecaminhos.com.br Figura 3 – Tipos de Malhas
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1 - SOS – Como o nome indica, é uma malha de socorro que deve ser usada para acalmar a dor. 2 – ARTICULAR - Quando a dor é articular. 3 – MUSCULAR – Quando a dor é muscular. 4 – JOGO DA VELHA – Geralmente colocada na parte posterior do corpo. 5 – CÍRCULO OU CÉLULA – Funciona quase igual ao SOS. 6 – LOSANGO – Também quase igual ao SOS (é um quadrado na posição de losango). 7 – PONTOS CARDEAIS - Usados nos casos de necessidade de drenar o local em que há inchaço ou edema Mancuso (2012) e Spiralle (2012) indicam a aplicação da técnica duas vezes por semana, devendo as fitas permanecer por três dias. Após esse prazo, o paciente deverá retornar para uma consulta e ser reavaliado pelo terapeuta. Se a s fitas de esparadrapo permanecerem por mais tempo que o indicado, poderá causar efeito contrário. Caraciki (2004) alerta que é importante a avaliação do paciente no ponto Yote (TA4), com o O`Ring Test, caso este seja escolhido como auxílio o diagnóstico, antes e depois da aplicação das tiras. IMES (2012) alerta que o resultado de uma boa colagem tem o resultado forte no O`Ring test no ponto Yoti e sobre as fitas, o resultado é fraco.
6. Indicação e contra indicação O spiral taping é uma técnica recente e vem ganhando adeptos na prática devido a sua eficácia e fácil tratamento. Porém, de acordo com profissionais da área, a mesma apresenta indicações e contra indicações. Mancuso (2012) indica a técnica para tratamento de reumatismo, atrite, lesões oriundas de prática de esporte ou decorrente de esforço repetitivo, já que há a promoção de estímulo que ativa o sistema nervoso, liberando substâncias que relaxam a musculatura, antiinflamatórias e analgésicas. Dutra (2012) complementa que qualquer pessoa pode se submeter ao tratamento, desde crianças até idosos, com ressalva para bebês que tem a pele muito sensível. A mesma autora ainda explica que é uma opção de tratamento para pessoas com medo de agulha, dificultando assim o uso da acupuntura. Além disso, Dutra (2012) acrescenta que problemas ortopédicos como lombalgia, ciatalgia, hérnia de disco, cervicobraquialgia, bursite, torção, artrose, dores articulares e musculares se encaixam no tratamento com spiral taping. Em relação a contra indicação há uma certa divergência de opiniões. Mancuso (2012) e Spiralle (2012) afirmam que a técnica do esparadrapo não possui contra indicação. Porém a mesma sugere cautela com o uso nos primeiros meses de gestação, sobre lesões cutâneas, em pessoas que apresentam câncer, pacientes que esteja em tratamento com correntes elétricas, bandagens ou outros tipos de adesivos. Por outro lado, Caraciki (2006) compartilha com a mesma opinião de Azevedo (2012) que o spiral taping não deverá ser usado em situações que apresente fraturas, luxação , ruptura de ligamentar ou tendinosa. Serrão (2007) alerta a importância de realizar uma boa anamnese e verificar a hipersensibilidade ao material usado na esparadrapoterapia. Caso o paciente não saiba, a técnica seja aplicada e o mesmo apresentar ardência ou coceira, o esparadrapo deverá ser removido imediatamente.
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Facenf (2012) ressalta que essa técnica não deve ser usada em tratamentos de patologias originada por desordens metabólicas e/ou funcionais por ainda não apresentar estudos que comprovem sua eficácia.
7. Relação do spiral taping com a medicina tradicional chinesa A técnica do spiral taping permite a associação com outras terapias inclusive a acupuntura. Isso é observado quando Pascoeto (2005) e Mancuso ( 2011) relatam que nessa técnica há a possibilidade de mesclar os conhecimentos da medicina ocidental e oriental, já que essa terapia permite o tratamento tanto da parte física quanto da parte energética, usando pontos de acupuntura e a teoria da Medicina Tradicional Chinesa, promovendo o reequilíbrio do fluxo energético através das fitas de esparadrapo que funcionam como ponte restabelecendo a circulação energética do corpo. Caraciki (2006) enfatiza que os meridianos são estimulados nessa técnica, só que usando as fitas de esparadrapo de forma estratégica no lugar das agulhas sendo uma ótima alternativa para quem tem medo de agulha. Serrão (2007) sugere alguns protocolos complementares que utilizam apenas células ou pequenas tiras em xis nos pontos de acupuntura: - Para cólica menstrual o autor acima sugere a aplicação de uma célula no ponto BP6; - Para insônia, duas células, uma acima de cada sobrancelha; - Para reduzir o sono, coloca-se uma célula no ponto VG26; - Para angústia e tosse, a sugestão é colocar uma célula no topo do osso esterno, no ponto VC22; -Para cãibras, colocar uma célula no ponto VB 31. Algumas células, quando colocadas em pontos de acupuntura, podem causar reação reflexa em alguns órgãos como exemplo: VC12 – reação reflexa no estômago e nos músculo reto abdominal; VB 25 - Reflexo nos rins e no músculo quadrado lombar; VC 15 - Reflexo no coração e músculos do diafragma; F 14 - Reflexo no fígado e músculo oblíquo do abdômen; VC 3 - Reflexo na bexiga; VC 4 - Reflexo no duodeno; P 1 - Reflexo nos pulmões e músculos peitorais.
8. Metodologia Adotou-se neste artigo o método dedutivo, que parte de uma observação geral para uma particular. De acordo com Lakatos e Marconi (2001, p. 56) “o método dedutivo, de acordo com a acepção clássica, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica”. O protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo, que consiste numa construção lógica que, a partir de duas preposições chamadas premissas, retira uma terceira, nelas logicamente implicadas, denominada conclusão.
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Foi utilizado um procedimento exploratório, na qualidade de parte integrante da pesquisa principal, como o estudo preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar o instrumento de medida à realidade que se pretende conhecer. Segundo Nascimento (2008, p. 39) em outras palavras, “a pesquisa exploratória, ou estudo exploratório, tem por objetivo conhecer a variável de estudo tal como se apresenta, seu significado e o contexto onde ela se insere. Pressupõe-se que o comportamento humano é melhor compreendido no contexto social onde ocorre ”. Nessa concepção, esse estudo tem um sentido geral diverso do aplicado à maioria dos estudos: é realizado durante a fase de planejamento da pesquisa, como se uma subpesquisa fosse e se destina a obter informação do Universo de Respostas de modo a refletir verdadeiramente as características da realidade. Assim, tem por finalidade evitar que as predisposições não fundadas no repertório que se pretende conhecer influam nas percepções do pesquisador e, conseqüentemente, no instrumento de medida. Adotou-se neste trabalho as técnicas que envolvem pesquisa bibliográfica, consultas à web e pesquisa documental. Para Nascimento (2008, p. 37) “a principal forma de coleta de dados é a leitura (livros, revistas, jornais, sites, CDs etc.), que certamente é utilizada para todos os tipos de pesquisa. Esta técnica também é chamada de pesquisa bibliográfica”. O ponto de partida foi a realização de uma pesquisa bibliográfica, efetivada por meio de levantamento e leitura do material bibliográfico acerca do objeto da pesquisa, complementando o estudo e análise dos assuntos pertinentes ao tema. Após serem catalogados e devidamente separados os materiais que embasem a pesquisa, foram feitos fichamentos acerca dos temas e após isso, uma extração do que realmente enriqueceria a pesquisa ora proposta.
9. Resultado e Discussão De acordo com Schwelzer (2000), a técnica oriental conhecida como Taping, consiste na aplicação de tiras adesivas sobre a pele de pacientes em busca de uma melhora no quadro funcional, sendo considerada uma forma alternativa de tratamento, acreditando-se ser útil na prevenção de lesões ósteomioarticulares e no processo de reabilitação das mesmas. É amplamente utilizada por fisioterapeutas que atuam em clubes e academias, com o objetivo de permitir que atletas e praticantes de atividade física regular possam desempenhar suas tarefas com o mínimo de conforto possível, quando estes apresentam algum tipo de acometimento desta natureza. Entretanto, apesar da popularidade do método, poucos são os estudos encontrados na literatura que discutem os pos síveis mecanismos fisiológicos ou mecânicos envolvidos no mesmo, apesar dos relatos de que, na sua grande maioria, proporciona uma melhora quase que total após a aplicação da técnica. Parte da medicina oriental discute a relação entre o equilíbrio e o desequilíbrio de forças internas e externas que atuam sobre o corpo e que estas, quanto alteradas, poderiam ser restabelecidas por meio de técnicas tais como o Spiral Taping. Esta técnica preconiza que o corpo possuiria duas espirais de energia, e que quando a espiral predominante é dita “enfraquecida”, esta poderia ser corrigida com a aplicação de esparadrapo no sentido correto, o que corrigiria os vetores de força atuantes sobre o corpo, alinhando-os e normalizando as forças atuantes sobre o mesmo. Visando relacionar a teoria oriental da técnica a partir de uma fundamentação neurofisiológica, parte-se do princípio de que qualquer material em contato com a pele poderá estimular grupos es pecíficos de receptores cutâneos. Mais precisamente, podem-se destacar os receptores cutâneos da pele pilosa, que são os do tipo Pacinni e Ru ffi ni, que como
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mecanoreceptores, são sensíveis às tensões e vibrações que são aplicadas na pele. Além disso, sabe-se que estes receptores cutâneos possuem respostas diferenciadas quanto à direção do estímulo gerado. Como a pele está sofrendo diferentes forças constantemente, os receptores cutâneos, por sua vez, estarão sendo estimulados continuamente. Com a aplicação do material adesivo (esparadrapo), alguns destes receptores podem sofrer resistências em direções relativas à sua distribuição sobre a pele. Portanto, é pouco provável que haja alguma acomodação no envio de informações ao sistema nervoso central por parte destes receptores com o tempo. Desta forma, a cada novo movimento, novos potenciais de ação serão gerados, provendo informação a partir da área estimulada. A única forma desse processo não acontecer é se o segmento for imobilizado com esparadrapo, o que nãopermite uma boa realimentação sensorial, e tende a diminuir a propriocepção do indivíduo. Segundo Grandori e Pedotti (2006), os corpúsculos de Pacini tendem à hiperpolarização quando são estimulados em uma determinada direção e tendem à despolarização quando são estimulados em uma nova direção, sendo esta perpendicular à anterior. Olausson et al. (2000) observaram que estes receptores diminuíram signifi cativamente sua atividade basal quando seguiram a direção da espiral esquerda (de 14 impulsos/segundo para 4 impulsos/segundo) e aumentaram quando seguiram o estímulo da espiral direita (de 14 impulsos/segundo para valores de aproximadamente 16 impulsos/segundo). Heit et al. (2006) mostraram que a aplicação de esparadrapo aumenta a entrada proprioceptiva e permite um posicionamento mais adequado das articulações (figuras 4 e 5) e, assim como Karlsson e Andreasson (2002), sugerem que um aumento no estímulo proprioceptivo cutâneo pode aumentar o número de unidades motoras recrutadas e com isso a efi ciência na força da contração. Do ponto de vista anatômico, algo que justifica a presença deste mecanismo é o fato de que o corno dorsal da medula manda expansões diretas e indiretas para os cornos anterior e lateral do mesmo segmento medular através das fi bras proprioespinhais (interneurônios medulares), e indiretas para níveis acima e abaixo do nível de entrada através das fibras interespinhais.
Fonte: http://www.terapiadecaminhos.com.br Figura 4 - Esparadrapoterapia para dor lombar (lombalgia)
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Fonte: http://xa.yimg.com Figura 5 - Esparadrapoterapia para dor lombar
No que se refere aos efeitos do material adesivo sobre os receptores cutâneos, interessam-nos as vias indiretas proprioespinhais relacionadas ao toque. Kandell (2003) mostra que os receptores cutâneos enviam expansões excitatórias para os interneurônios inibitórios do tipo Ib. Estes neurônios são conhecidos pela sua atuação inibitória no corno anterior da medula ipsilateralmente à raiz de entrada do estímulo. A partir destas vias, apóia-se a teoria de que a colocação do esparadrapo no sentido da espiral esquerda produza uma redução na freqüência de estímulos destas terminações para a medula. Portanto, a somação temporal que existia sobre o interneurônio inibitório do tipo Ib diminui. Sendo assim, o corno anterior ipsilateral da medula passa a receber menos aferências inibitórias e o segmento fi cará facilitado pela diminuição da inibição. Portanto, sugere-se que, quando são colocados esparadrapos no sentido da espiral direita há um aumento na freqüência de estímulos dessa terminação cutânea para a medula e, assim, a somação temporal e espacialque existia sobre o interneurônio inibitório do tipo Ib aumenta. Logo, o corno anterior ipsilateral da medula passa a receber mais aferências inibitórias e o segmento tenderá a uma hiperpolarização, e exigirá mais potenciais de ação para que ocorra uma contração (OLAUSSON et al., 2000). A utilização da técnica aqui investigada preconiza que o tratamento deve ser feito apenas fortalecendo o que estiver fraco, e não o contrário, ou se ja, “enfraquecer o que estiver exacerbado”, conforme ilustra figura 6.
Fonte: Haddad, 2007. Figura 6 - Bursite
Talvez se possa explicar tal fato quando se observa a freqüência dos potenciais de ação gerados. Olausson et al. (2000), ao manterem os disparos numa faixa basal de 14 impulsos/segundo, observaram que o aumento de estimulação no interneurônio do tipo Ib que
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se consegue ao se estimular o sentido da espiral não dominante é mínimo (15 a 16 impulsos/segundo), ao passo que a inibição observada no sentido da espiral não dominante é muito maior (4 impulsos/segundo), ou seja, há menor somação temporal no interneurônio. Garnett e Stephens (20011) discutem que a estimulação de receptores cutâneos produz uma alteração no limiar de excitação da musculatura e que pode, de fato, facilitar ou inibir a mesma, ou até alterar a ordem de recrutamento das unidades motoras. Entretanto, em relação ao protocolo proposto, ao circundar o antebraço poderiam estar sendo estimuladas tanto a musculatura flexora quanto a extensora, de modo que o efeito do esparadrapo poderia ser anulado. Além disso, por ter sido um estudo controlado e com a participação de sujeitos sem a presença de qualquer patologia, suspeita-se da minimização de qualquer efeito emocional, como é comumente discutido por aqueles que também se utilizam da técnica. Outro achado importante deste estudo é que os resultados percentuais encontrados em termos de predominância do sentido da espiral diferem daqueles apresentados pela literatura que mostra que aproximadamente 95% das pessoas possuem espiral dominante à esquerda (OE), enquanto neste trabalho apenas 34,6% dos partici pantes foram classifi cados como OE. De acordo com Haddad (2007), as fitas são estrategicamente colocadas na região a ser tratada, no sentido ou perpendicular às fibras musculares, com o propósito de corrigir fluxo energético, de acordo com figuras 7 e 8 . Assim, as fitas, de natureza não elástica, são coladas sobre a pele na forma de SPIRAL (fitas estreitas) ou CROSS TAPE (fitas em formas de retículos). Não é utilizado qualquer tipo de medicamento, apenas utiliza-se o esparadrapo comum, aplicado criteriosamente no sentido e locais adequados, após uma análise individual .
Fonte: http://www.terapiadecaminhos.com.br Figura 7 - Dedos dos pés dormentes
Fonte: Haddad, 2007. Figura 8 - Enxaqueca hemicraniana
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A spiral taping é aplicada duas vezes por semana, em sessões rápidas. O paciente fica com os movimentos livres e, depois de duas horas, pode lavar o local sem problemas. O tempo ideal de permanência das fitas é de três dias e após esse período, a pessoa deverá retornar à clínica para ser reavaliada pelo terapeuta. Qualquer pessoa pode se beneficiar desta técnica, desde crianças até idosos, exceto bebês, pois sua pele é muito sensível. Em atletas, o Spiral Taping mostrou-se um excelente método de tratamento, tendo sua eficácia comprovada por diversos esportistas tratados nas várias academias.
9. Conclusão A esparadrapoterapia é uma técnica recente que vem surpreendendo profissionais da área da saúde e da Medicina tradicional Chinesa com resultados positivos e imediatos. Podendo ser aplicada de forma multiprofissional, esta técnica pode ser usada para tratamento da parte artromuscular, melhorando desempenho esportivo e para regularizar o fluxo energético do corpo colocando pedaços de esparadrapo em linhas de meridiano. Mesmo apresentando tal eficácia e ter boa aceitação dentre os profissionais da área da saúde, o spiral taping é uma terapia que, por ser nova, necessita de estudos mais aprofundados, desvendando assim outras técnicas de aplicação,aumentando seu espectro de ação tanto na medicina ocidental como na Tradicional Chinesa. Por isso, tendo em vista a grande popularização desta técnica como meio alternativo de otimização da performancede atletas e de tratamento de patologias ósteomioarticulares, sugere-se que novos estudos sejam realizados com vistas ao aumento da quantidade de material adesivo colocado e na avaliação de outras regiões do corpo.
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