Introdução Pirkê Avót signifca, literalmente, capítulos de Avót . E o que signifca Avót ? Trata-se de uma seção, de um tratado do grande compêndio da lei e do saber judaicos, a Mishná.
ara ara o leitor que não esteja totalmente !amiliari"ado com a Mishná, tal#e" seja mel$or começar com uma descrição introdut%ria deste cl&ssico milenar da literatura rabínica. ' crença !undamental do judaísmo $ist%rico que a Torá nos !oi dada no (inai) o imortal *ois+s recebeu-a do Todo-oderoso, ensinou-nos sua mensagem e entregou-a a n%s, seu po#o. Torá era constituída por duas partes) a primeira delas, o entateuco, ou os inco i#ros de *ois+s, que c$amamos de Torá shebichtav , a Torá escrita. segunda parte era a Torá shebealpe, a Torá oral, que contin$a e/plicaç0es, interpretaç0es interpretaç0es e ensinamentos da Torá escrita. Torá shebeal pê não de#eria ser escrita) era ensinada oralmente, como um complemento da Torá escrita.1 *ois+s ensinou o sagrado i#ro da Torá, acompan$ado por suas interpretaç0es, interpretaç0es, a seu discípulo 2osu+. Este então ensinou-a aos nciãos e eles, por sua #e", ensinaram-na a outros. Tudo o que era transmitido oralmente de#eria ser repetido e repassado muitas #e"es, assegurando-se assim que nada seria esquecido. Esta pr&tica recebeu o nome de Mishná, pala#ra que signifca um conjunto de ensinamentos e instruç0es Mishná tornou-se nossa Tradição 3ral, transmitida pelos mestres aos alunos, de geração em geração. 4esde o início era proibido compilar por escrito5 qualquer parte desta Tradição 3ral, por dois moti#os. rimeiro, rimeiro, para que mestres e alunos se empen$assem a !undo, sempre por muitas $oras, de modo a assegurar que tudo !osse per!eitamente lembrado e minuciosamente compre-endido. 6& uma descrição do que supostamente ocorre em algumas salas de aula nas uni#ersidades, que di" que 7os apontamentos 8escritos9 do pro!essor tornam-se os apontamentos 8escritos9 dos alunos, sem passar pelas mentes de nen$um deles.: om a Tradição 3ral isto não podia ocorrer, ocorrer, pois não $a#ia apontamentos escritos. Eles somente e/istiam na mente, na mem%ria, no entendi-mento dos s&bios e dos eruditos. Em segundo lugar, temia-se que, se a Torá oral #iesse a ser transcrita, as pessoas passariam a pensar nela como parte integrante da Torá shebichtav e e começariam a trat&-la como tal. Isto produ"iria uma gra#e distorção, j& que ambas são de nature"a e car&ter completamente di!erentes, e desta maneira de#em ser encaradas dentro das normas do judaísmo.
6& cerca de mil e setecentos anos, por+m, ;abi Ie$ud& 6anassí 87o ríncipe:, presidente do Bêt Din, o
&rias geraç0es mais tarde, ;abi Ioc$anan e ;es$ ais$ #ieram a possuir at+ mesmo um #olume escrito de Agadot , com ensinamentos e e/posiç0es $omil+ticas, que costuma#am estudar aos s&bados. omo justifcati#a, cita#am um #ersículo das Escrituras (agradas @ que apoia#a sua pr&tica, e afrma#am a necessidade de se ter a Tradição 3ral por escrito 7em #e" de permitir que a Torá !osse esquecida pelo po#o de Israel:.A ara eles, a Torá shebealpe $a#ia se tornado o pr%prio alicerce da Torá escrita.B omo dissemos, ;abi Ie$ud& 6anassí !oi o primeiro 8mas de modo algum o Cltimo9 a #iolar deliberadamente a proibição da transcrição da Tradição 3ral, de modo que 7esta Torá não !osse esquecida por seu po#o:. (ua obra original c$amou-se Mishná , e + estudada em nossos dias. 8s geraç0es posteriores discutiram a *is$n& e seus pr%prios coment&rios e interpretaç0es deram origem D ale a pena nos perguntarmos por que. Gm dos s&bios do Talmud di") 7quele que deseja tornar-se um chass"d piedoso e bene#olente, que obser#e as leis de e!ikim:, assegurando-se assim em não prejudicar a outros, ou dei/ando de e!etuar um pagamento de#ido. *as outro s&bio #ai mais longe) 7quele que deseja tornar-se um c$assid piedoso e bene#olente, que obser#e os ensinamentos de Avót .:H Isto signifca que cuidar para não prejudicar a outros ou ressarcir danos causados não + sufciente. ara ser um chass"d, bondoso aos ol$os de 4eus e dos outros seres $umanos, de#e-se con$ecer e seguir as s&bias instruç0es e orientaç0es contidas em Avót , um tratado pequeno em taman$o e #asto em seu conteCdo de percepç0es e ensinamentos.
E/plica-se assim a inclusão de Avót em e!ikim) depois de aprendida a pr&tica re!erente Ds quest0es de perdas e danos, a dedicação as suas liç0es traria o pr%/imo est&gio de crescimento e desen#ol#imento do car&ter atra#+s da Torá.
3 nome Avót signifca, literalmente, 7pais:, e pode parecer intrigante porque este termo d& nome ao tratado. 3 ;ei (alomão disse) 7Escuta, meu fl$o, a instrução 8 Mussár 9 de teu pai.: J Ko curso de nossa $ist%ria, a pala#ra Mussár te#e #&rias conotaç0es, mas deri#a, basicamente, da mesma rai" da pala#ra messorá, que signifca tradição, ou ensinamentos transmitidos de mente para mente, de coração a coração. Escutar o Mussár do 7pai: implica aceitar os ensinamentos mais tradicionais transmitidos por nossos s&bios de abençoada mem%ria, ensinamentos que passam de geração a geração desde o (inai. Este seria o signifcado do termo Avót . Ka linguagem da Mishná, por+m, o plural Avót e o singular Av têm, !reqLentemente, signifcados distintos. Em termos como av melachá1M 8o trabal$o principal9, av hatumá11 8!onte original, direta, de impure"a ritual9, Avót ne!ik"n15 8principais tipos danos9 e binian av 1@ 8o estabelecimento de uma classe ou norma principal9, a pala#ra a# denota a !onte primeira, aquela da qual deri#am as classifcaç0es e leis secund&rias. Keste sentido, o título Avót in!orma que esta pequena obra cont+m os princípios !undamentais da +tica, aqueles que norteiam nossa #ida di&ria, princípios dos quais podemos in!erir muitas coisas. Este conjunto de ensinamentos, tal#e" a pr%pria essência do judaísmo, realmente !orma a base de nossa conduta, e + 7pai: de uma s+rie de di!erentes c%digos +ticos e flosofas. o mesmo tempo, + muito pro#el que Avót denote os 7pais: do judaísmo) iluminados como 6ilel e ($amai, ;abi i#a e ;abi Tar!on, entre outros = cerca de sessenta s&bios no total, cuja sabedoria e os ensinamentos são apresentados ao longo dos capítulos deste trabal$o. 1A Estes s&bios seriam nossos 7pais:, nossos patriarcas rabínicos na moral e na +tica, assim como bra$ão, Isaac e 2acob são nossos Avót na Níblia. Ka +poca dos gueon"m1Aa tornou-se costume nas academias da NabilOnia recitar e estudar um capítulo de Avót aos s&bados de tarde, ap%s o ser#iço de Minchá, como ressalta ;abi mram
deu outro moti#o) 3 Talmud ensina que 7quando um s&bio morre, todas as casas de estudo e culto de sua cidade de#em cessar suas ati#idades.:1H Isto sugere que, em lembrança ao !alecimento de *ois+s, seria adequado não se dedicar a um estudo intensi#o e concentrado do Talmud mas, sim, aprender e re#er Avót , mais !&cil por nature"a.1J 4as academias da NabilOnia, o costume se di!undiu para as comunidades judaicas de Ashkena! , a Qrança e a leman$a de mais de JMM anos atr&s, e #erifcamos que + mencionado pelo ;abi bra$am ben Katan de unel 8ibn Iarc$iR s+culo PII, e.c.9 em seu #e$er %aman&hig.5M Em 'ol Bo, uma obra anOnima do s+culo PI>, podemos ler que o costume #aria#a entre as di#ersas comunidades) algumas estuda#am Pirkê Avót apenas no período entre as !estas de Pêssach e #havuót R em outras, os capítulos eram abordados em períodos di!erentes, ou, então, durante o ano todo.51 Ko #idur Avodát (israel, por e/emplo, publicado em ;edel$eim, em 1HH, o autor, dr. (eligmann Naer, enumera nada menos do que três costumes di!erentes, praticados em comunidades alemãs. Ka Mishná propriamente dita, são apenas cinco os capítulos de Avót . *as, uma #e" que são seis os s&bados entre Pêssach e #havuót , aparentemente por esta ra"ão !oi acrescentado um se/to capítulo, ainda na +poca dos gueonim, quando ;a# mram
Kão + acidente nem coincidência que a +poca obser#ada para este estudo seja, originalmente, aquela entre Pêssach e #havuót . Em Pêssach celebramos nossa libertação da escra#idão no Egito, e partimos rumo D santidade, rumo D Torá. Kão estamos prontos, por+m, para receber a Torá de imediato. (omente semanas mais tarde, j& ao p+ do *onte (inai, + que pudemos recebê-la = e isto, n%s celebramos em #havuót . Ka linguagem simb%lica dos s&bios, em Pêssach assumimos o compromisso de 7nos casarmos com a Torá:R em #havuót , este 7casamento: espiritual acontece, atra#+s do pacto eterno e irre#ogel, da aliança com o Todo-oderoso e (ua Torá.
omo se sabe, o tempo de noi#ado, de compromisso, ser#e, na #ida real, para que os noi#os con$eçam mel$or um ao outro, preparandose para a #ida em comum. 3 mesmo acontece entre Pêssach e #havuót . S medida que 7contamos os dias:, obser#ando a #e*rát ha+mer e esperando receber no#amente a Torá do (inai, nos preparamos atra#+s do estudo de Avót . ' ele que nos dar& uma id+ia da grande"a, da mara#il$a e da pro!undidade da Torá, esta 7noi#a: espiritual Cnica que #amos receber. importncia de Avót + tão grande que, sabe-se, a seguinte obser#ação partiu de um erudito não-judeu) 7ara se con$ecer os ideais da +tica e da de#oção rabínicas, nen$uma outra !onte !acilmente acessí#el pode equipararse a Avót,- 55 Eu tamb+m acredito que não seja mera coincidência iniciarmos o estudo de Pérek na prima#era,55a quando a nature"a reno#a o grande ciclo da #ida. ' na prima#era que as !orças c&lidas, #itais D regeneração, começam a se agitar e a Uuir. Tamb+m o $omem sente dentro de si o despertar de poderosos impulsos instinti#os. or isso + tão importante que ele ouça, e/atamente nesta +poca do ano, as pala#ras de nossos c$ac$amim. (ão elas que o ensinarão a superar a tentação e a pai/ão, desen#ol#endo sua !orça de #ontade e controlando suas aç0es. Pirkê Avót o!erece Mussár , a instrução que nasce da Torá, e nos mostra como lidar com as #igorosas mani!estaç0es que c$egam com a prima#era. inda assim, podemos nos perguntar se precisamos realmente desta instrução especial. Temos o #hulchan Ar.ch, um elaborado c%digo de leis que defne o bem e o mal, o justo e o injusto, em todas as circunstncias pr&ticas. E a pr%pria passagem da Mishná que recitamos antes de cada capítulo de Avót proclama) 7Todo o po#o de Israel tem uma porção no mundo #indouro.: 5@ or que de#emos, então ter este Mussár especial, este ensinamento correti#o? resposta + que o #hulchan Ar.ch, um c%digo de leis sobre o certo e o errado, não + sufciente. Kossa meta não + simplesmente obser#ar a ei, embora isto seja importante e !undamental. 3 objeti#o fnal da Torá + trans!ormar o espírito $umano, o car&ter de cada um de n%s em algo belo e di#ino. 4a#id, o salmista, suplicou ao Todo-oderoso) 7
quei/a potencial + du#idosa, pre!erir& dar a seu compan$eiro o bene!ício da dC#ida a !a"er uso de seus direitos legais. 3 #erdadeiro chass"d + aquele que superou sua nature"a aquisiti#a e ol$a mais al+m para en/ergar o espírito da ei. (e #ocê deseja atingir este ní#el de caridade e de#oção e, assim, tornar-se um chass"d, os ensinamentos de Avót l$e são essenciais.
*uito bem. 3s coment&rios anteriores e/plicam porque temos Pirkê Avót . *as, por que tantas id+ias, interpretaç0es e e/plicaç0es são geradas por Avót ? Kão bastaria uma boa leitura do te/to, seja em $ebraico, seja numa boa tradução? Esta leitura não seria sufciente para a compreensão e a inspiração? resposta + sim, mas apenas em parte. Ka #isão pro!+tica de 2eremias, o Todo-oderoso compara (ua pala#ra com 7um martelo que despedaça a roc$a.: 5 E o Talmud comenta) 7Tal qual a roc$a que se parte em muitos !ragmentos sob o golpe do martelo, assim cada pala#ra do (antíssimo, bendito seja, !oi di#idida em setenta e/press0es: 5F = uma multiplicidade de signifcados e interpretaç0es.5H ssim como a roc$a se despedaça sob o golpe do martelo, di" no#amente o Talmud, 7um #ersículo das Escrituras (agradas pode admitir muitos signi-fcados:.5J ortanto, o Midrash di", simplesmente, que 7 Torá tem setenta aspectos.:@M linguagem da Torá, tanto sob a !orma escrita quanto sob a !orma oral, + multi-!acetada) tem pro!undidades e ní#eis de signifcado insuspeitos. (e #ocê tomar o 7sentido literal:, tomando-a apenas superfcialmente, não #er& o esplendor e a gl%ria que oculta. Em nossa literatura antiga de coment&rio e misticismo, toma-se a pala#ra a;4e( para indicar quatro abordagens da Torá, quatro !ormas de e/plorar e e/trair seus tesouros de signifcado. om as quatro letras da pala#ra a;4e( começam as pala#ras Peshat/ 0éme!/ Derash e #od, respecti#amente. Peshat , o primeiro, seria o sentido literal, puro e simples do te/to. om 0éme! , seguimos a estrutura sint&tica e gramatical de um #ersículo, le#ando em conta que certas pala#ras possuem um signifcado simb%lico, ou meta!%rico. 3 Derash simplesmente omite a estrutura sint&tica de um #ersículo e at+ mesmo ignora seu conte/to, percorrendo a Torá em busca de signifcados apontados pela alusão e associação. Qinalmente, temos o #od, a leitura mais íntima e pro!unda de um te/to, geralmente seguindo a concepção mística da abal&, e atingindo um grau de pro!undidade do signifcado que #ai muito al+m dos anteriores. Kão + por coincidência que a;4e(, a pala#ra !ormada pelas iniciais das quatro pala#ras citadas no par&gra!o acima, signifque, literalmente, $orta ou jardim. Esta tradução simboli"a a e/uberante
rique"a de pensamento e inspiração que pode surgir dos te/tos sagrados, se soubermos como culti#&-los e como col$er os !rutos mais di!íceis de alcançar. odemos di"er que tamb+m não !oge ao normal a suposição de que um te/to ten$a di!erentes ní#eis de leitura e aspectos distintos quanto ao seu signifcado. onsidere uma simples tonelada de car#ão, por e/emplo. ara uma pessoa comum, ela signifca e/atamente isto = 1MMM quilos de combustí#el negro. Este tipo de compreensão seria Peshat . ara uma pessoa com inclinação religiosa, o car#ão poderia representar uma e/pressão da ro#idência 4i#ina) ao criar (eu mundo, o Todo-oderoso dispOs que uma substncia se !ormasse durante um grande lapso de tempo, de modo que os seres $umanos pudessem ter calor e uma !onte de energia. Esta + a abordagem de 0éme!, Gma terceira pessoa, mais dotada, poderia descobrir certas propriedades químicas no car#ão que possibilitariam con#ertê-lo em g&s, substncia mais !&cil de arma"enar em tanques e transportar para locais distantes, onde ele se !a" necess&rio. Esta mesma pessoa pode ainda apro!undar-se nas pesquisas e aprender como con#erter o car#ão em nVlon, um produto com inCmeras utilidades na #ida pr&tica. gora, pare e pense na imensa distncia que separa um pun$ado de car#ão de um metro de fbra sint+ticaW Kão obstante, pode-se demonstrar que um le#a ao outro. Esta abordagem + an&loga ao 4eras$. Qinalmente, surge um !ísico que se dedica a estudar a estrutura atOmica do car#ão. o pro#ocar a fssão nuclear, ele libera uma parte da tremenda energia potencial contida no mineral. Este !enOmeno + comparel ao #od. os ol$os de uma pessoa comum, o poder da fssão nuclear parece absolutamente misterioso, al+m de sua compreensão. penas um grande cientista, com um #asto con$ecimento t+cnico e pleno domínio dos mais sofsticados instrumentos pode e/trair a energia latente da substncia. nalogamente, s% os grandes eruditos, aqueles iniciados na sabedoria da abal&, podem in!erir os surpreendentes signifcados ocultos que se encontram latentes e insuspeitos nas pala#ras da Torá. ' atra#+s da linguagem que procuramos compartil$ar id+ias e pensamentos. *as as pala#ras e as oraç0es são somente sinais e símbolos dos pensamentos. 3s conteCdos abstratos e !uga"es que ocupam nossas mentes são intangí#eis) não podem ser tocados, capturados ou retidos. o usar pala#ras, !a"emos uma tentati#a inadequada de transmitir nossas noç0es, intenç0es e percepç0es. *as sempre $& algum mati" de signifcado, algum resquício ine!el que não pode ser tradu"ido em pala#ras para alcançar, assim, a mente do outro.
Isto pode ser mel$or assimilado se imaginarmos a #erdade como um poliedro, a fgura geom+trica de #&rias !aces. 3 obser#ador jamais consegue #er todas as !aces do poliedro ao mesmo tempo, não importa a posição que tome. ' preciso que ele se desloque e se coloque em #&rias posiç0es para conseguir en/ergar todas as !aces da fgura = ou da #erdade. or esta ra"ão, pela multiplicidade inerente ao conteCdo, torna-se tão inadequada a leitura simples de um te/to re!erente D Torá. 3 mesmo acontece com uma tradução literal desse te/to. ara tentar c$egar Ds alturas, precisamos sondar as pro!unde"as do pensamento de nossos eruditos e mestres. (eus ensinamentos, brindados pela lu" da 4i#indade, nos tra"em a #ersão oral da Torá em seus inCmeros ní#eis de signifcado. Todas as afrmaç0es em Pirkê Avót têm uma infnidade de e/plicaç0es e conotaç0es distintas. Em seus coment&rios, geraç0es posteriores de eruditos encontraram ricas nuances de signifcado em cada e/pressão. ara compreendermos e apreciarmos a rique"a espiritual, o tesouro que constitui Avót , de#emos buscar os di!erentes aspectos de signifcado em cada uma de suas passagens. Este + precisamente o objeti#o do trabal$o que #ocê tem nas mãos. Kele, cada passagem de Pirkê Avót + interpretada e e/plicada demoradamente de di#ersas maneiras, para que a compreensão se dê da !orma mais completa possí#el.
>i#emos numa +poca em que o Mussár , o ensinamento +tico, + considerado ultrapassadoR uma +poca em que o castigo, a ad#ertência e a crítica moral construti#a são considerados de mau gosto, onde o auto-questionamento e a busca do aper!eiçoamento religioso são #istos como o!ensi#os. Kos #emos aceitando passi#amente um princípio basicamente anglo-sa/Onico) 7uide de seus pr%prios assuntos.: 3u, 7se #ir algu+m !a"endo algo errado, não interfraR isto não l$e di" respeito.: Kada poderia ser mais contr&rio D abordagem judaica. 7Todos os judeus são responseis uns pelos outros:) Esta + nossa regra !undamental e primeira, enunciada e repetida no Talmud e no Midrash.@1 Ka #isão eterna, infnita da Torá, o po#o judeu + uma unidade orgnica. Todas as suas partes, di#is0es e integrantes, são responseis uns pelos outros. 3 que a!eta a um judeu, a!eta a todos. ;ejeitamos o cinismo impiedoso e cruel de aim, que pergunta) 7caso sou eu o guardião de meu irmão?: @5 (e nosso prop%sito !undamental na tra#essia da #ida + buscar o desen#ol#imento e o crescimento pessoal atra#+s da +tica e da moral, + #ital que possamos aprender -- e ensinar = Mussár . (omente
assim c$egaremos a alcançar, ao lado de nossos irmãos judeus, o aper!eiçoamento de nossa espiritualidade. ' obrigação de cada um apontar a um #i"in$o um possí#el erro de conduta, ajudando-o a e#itar o pecado e suas tr&gicas conseqLências. Kas Escrituras (agradas lemos) 7Xuando encontrares o boi de teu inimigo ou seu asno, perdido, de#ol#ê-lo-&s:.@@ *esmo que o propriet&rio deste animal seja seu inimigo, + obrigat%rio, segundo a ei, que #ocê o resgate e que o de#ol#a. 7%ashev teshivenu lo- , di" a Torá, literal-mente repetindo o #erbo) 7de#ol#er de#ol#ê-lo-&s para ele:. (egundo os s&bios do Talmud e do Midrash, isto signifca que mesmo que o animal continue escapando, mesmo que isto aconteça quatro, cinco #e"es, #ocê de#e sempre de#ol#ê-lo ao dono, ainda que este manten$a com #ocê uma relação de inimi"ade. >amos supor que, em #e" do animal de propriedade de um inimigo, #ocê encontrasse perdido algo ainda mais #alioso, desta #e" pertencente a um amigo. ertamente, não mediria es!orços para de#ol#er o bem ao seu dono. E se !osse o pr%prio amigo aquele a se perder pelos camin$os sinuosos da #ida? Xuão maior não de#eria ser sua preocupação, sua pro!unda obrigação, a de !a"ê-lo #oltar D tril$a correta? Kossos pro!etas nos lembram que temos a obrigação de #estir aquele que est& nu.@B onsiderando que somos todos fl$os de um mesmo ai e que, na condição de seres $umanos, possuímos a mesma dignidade inata, pois !omos criados D (ua imagem, temos esta obrigação para com qualquer membro da !amília $umana que seja demasiado pobre para #estir-se por seus pr%prios meios. elo mesmo princípio, se encontrarmos algu+m despro#ido de direção e de !undamentos religiosos, algu+m empobrecido, despojado de uma percepção superior, não temos a obrigação de 7#esti-lo: com nossas mit"#%t? Xuando sua alma se encontrar em julgamento, diante do riador, ele estar& despido de reali"aç0es espirituais = a menos que l$e o!ereçamos ajuda e orientação agora. K%s certamente compartil$aremos de sua culpa, se não o ajudarmos a adquirir as preciosas #estimentas do espírito, con!eccionadas com os fos das boas aç0es e da !+ inabalel. 4e#emos nos des!a"er da !ria indi!erença que nasce do egoísmo e da insensibilidade. >amos adotar, em seu lugar, a conduta judaica de responsabilidade para com nosso pr%/imo e de pro!unda preocupação em relação ao nosso po#o. 4esta !orma, retornaremos ao Mussár , a sabedoria e ciência moral que de#emos aprender e ensinar.
o publicar este trabal$o, não procurei ser original. rocurei, sim, apresentar o Mussár que recebi de meus guias e mentores, as 7boas
pala#ras: que me imbuíram de um !orte recon$ecimento e apreciação da nossa $erança espiritual. Qui muito a!ortunado por aprender o Mussár em toda a sua pure"a com os mais inspirados e iluminados mestres, rabinos e autoridades de nossa +poca. Ti#e ainda o pri#il+gio de transmitir esta 7boa doutrina: em con!erências anuais sobre Pirkê Avót durante os Cltimos quarenta anos. 3 presente trabal$o est& sendo publicado com base nestas con!erências, na esperança de transmitir este Mussár , esta 7boa doutrina:, a um nCmero cada #e" maior e mais recepti#o de leitores. (e ele ser#ir para transmitir alguns de nossos princípios e #alores mais caros, as #erdades da +tica e da moral que temos acalentado e #alori"ado como tesouros desde o (inai, fcarei agradecido D ro#idência misericordiosa pelo "ec$ut, o pri#il+gio que me !oi con!erido.
Capítulo 1 - Mishná 18 Raban Shimon ben Gamliel diz: O mundo existe graas a tr!s "oisas: a #erdade$ a %ustia e a paz& pois 'oi dito: ()ue a #erdade$ a %ustia e a paz reinem nas #ossas portas*+ 111a Em que sentido este dizer difere do anterior ( Mishná 2), que declarava que o mundo mantém-se sobre três coisas: a Torá, o serviço Divino e a beneficência? ( Torá, avodá e guemilut chassadim ) !bserve que, em vez da "alavra omed , manter-se, na "assa#em anterior, temos caiám, e$istir % "rimeira "assa#em descreve os três valores que constituem o "ro"&sito da e$istência do mundo: o mundo foi criado "ara que Torá, avodá e guemilut chassadim ven'am a ser realidades na vida 'umana ! mesmo mundo "ode e$istir, ser mantido e "reservado somente se as condiçes de verdade, ustiça e "az "revalecerem !utras inter"retaçes foram a"resentadas, encarando esta Mishná como com"lemento da anterior: *endo vivido em é"oca "osterior ao +e#undo *em"lo, quando a avodá, no sentido clssico de culto com sacrifcio, n.o era mais "ossvel, /aban +'imon ben 0amliel su#ere-nos substitutos que encontram-se dis"onveis "ara o lu#ar das oferendas em sacrifcio 1uando "raticamos ustiça e sustentamos a ei estamos, de fato, a"rendendo as liçes de chatát , a oferenda de "ecado, e asham, a oferenda de cul"a, que refletem res"onsabilidade moral e casti#o usto !ferendas que eram trazidas como donativos livres ou cum"rimento de uma "romessa, nedarim e nedavót , nos ensinam a inviolabilidade de uma "alavra, uma "romessa, qualquer e$"ress.o da verdade E se uma "essoa cultivar a "az ir, assim, e$em"lificar o simbolismo de sheleamim, a oferenda de "az, e todá, a oferenda de aç.o de #raças 3ortanto, diz /aban +'imon ben 0amliel, se desearmos 'oe cum"rir o ditado ori#inal de +'imon, o 4usto, devemos "raticar a ustiça, a verdade e a "az5 elas ir.o substituir as oferendas "erdidas da avodá ori#inal
3odemos também dizer que este ensinamento su#ere as qualidades es"ecficas com as quais deve-se observar os camin'os da Torá, avodá e guemilut chassadim 6osso estudo da Torá deve ser verdadeiro5 suas concluses devem estar de acordo com a lei, e deve 'aver um interesse sincero "ela "az 6osso culto deve ser sincero5 nossas oraçes devem estar corretas, do "onto de vista da Halachá, e devem obter 'armonia entre o ser 'umano e seu 7riador Do mesmo modo, nossos atos de bondade devem ser verdadeiros e feitos com sinceridade5 devem ser consistentes com nossas obri#açes le#ais e devem ter a intenç.o de semear a "az entre o 'omem e seu semel'ante Estes três conceitos de ustiça, verdade e "az também s.o fundamentais no "rocesso udicial 3rimeiro "recisamos determinar a verdade, toda a verdade e nada mais do que a verdade 6.o "odemos nos basear em conecturas ou na ima#inaç.o 7omo 8saas relata a res"eito do 9essias: 6.o ul#ar "ela vis.o de seus ol'os, nem decidir "elo que escutarem seus ouvidos, mas com ustiça ul#ar ao "obre, e decidir com eq;idade "elos fracos da terra< ==2 % a"arência e a realidade s.o freq;entemente duas coisas distintas ! uiz deve ser ca"az de en$er#ar além da su"erfcie e determinar quais s.o os fatos do caso Em se#undo lu#ar, a corte deve a"licar a lei obetiva e im"arcialmente %mi>de, a lei "ode correr contra o que a"arecem ser os fatos 6o Talmud , /abi +'imon ben +'atac' conta: 1ue eu vea a consolaç.o de +i.o com tanta certeza como eu vi al#uém "erse#uindo outra "essoa, com a es"ada na m.o ! outro correu "ara uma runa e o "erse#uidor atrs dele Eu os se#ui, a"enas "ara encontrar o "erse#uidor com a es"ada em sua m.o, o san#ue escorrendo, e o outro a#onizando Eu disse ao 'omem: @ inquo, quem o matou? 7ertamente, fui eu ou você 9as o que devo fazer com você quando o teu destino n.o est em min'as m.os? 3ois a Torá disse: A3or de"oimento de duas testemun'as, ou de três testemun'as, ser morto aquele que deve morrer5 n.o ser morto "or de"oimento de uma testemun'aB ==C mel'or dei$ar a car#o dB%quele que con'ece todos os "ensamentos o e$ato casti#o "ara este 'omem E antes que o 'omem "udesse fazer um movimento sequer, uma ser"ente venenosa o mordeu, e ele caiu morto<==Ca /abi +'imon estava t.o absolutamente certo de que o "erse#uidor 'avia matado a vtima e contudo s& 'avia evidência circunstancial % lei udaica e$i#e o de"oimento de "elo menos duas testemun'as que ten'am realmente visto o crime, "ara que uma "essoa sus"eita sea condenada % lei tem de ser absoluta "ara #arantir que evidências circunstancias nunca condenem um inocente *anto a erdade quanto a ei, "orém, devem servir ao interesse da 3az: "az em nosso meio ambiente social e 'armonia entre os udeus e o seu 3ai no 7éu De"ois que o *odo-3oderoso criara as terras secas, +ua "r&$ima ordem foi: 3roduza a terra ervas5 deshe<==F +e você quiser, as três letras da "alavra deshe s.o os res"ectivos começos de din, shalom e emet ustiça, "az e verdade 8sto su#ere "ortanto que, se este mundo recém-criado deseava "erdurar, deveria "roduzir "rimeiro deshe: ustiça, "az e verdade 6a verdade, nossos sbios declaram que o uiz que "rofere uma sentença baseado na verdade e na ustiça converte-se "or assim dizer em s&cio do +antssimo, bendito sea, na obra da criaç.o ==G Esta inter"retaç.o "ode continuar sendo verdadeira "ara outro as"ecto da "alavra deshe ! rei David, em seu +almo 2C, disse: Har-me- re"ousar em "astos ( deshe) verdeantes< ==I 8sto "oderia si#nificar: o *odo-3oderoso me concedeu o "rivilé#io de descansar em um ambiente de ustiça, "az e verdade Esta Mishná conclui com um te$to com"robat&rio dos "rofetas: 1ue a verdade, a ustiça e a "az reinem nas vossas "ortas< % "alavra "ortas< aqui si#nifica um smbolo da cultura e civilizaç.o 'umanas +e você desea continuar tendo "ortas<, ou sea, que a civilizaç.o "erdure, você "recisa ter verdade, lei e "az Estas s.o as condiçes necessrias e suficientes "ara o 'omem manter relaçes inteli#entes e
si#nificativas com o seu "r&$imo Estes s.o os alicerces da sociedade +em eles, as boas e viveis relaçes entre os seres 'umanos tornam-se im"ossveis JJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJ ===a ==2 ==C ==Ca ==F ==G ==I
Tosefta,
San’hedrin
*
Kacarias 8saas DeuteronMmio L, C5 0ênesis O +almos
*
O Shabat
San’hedrin
L:=I ==:C-F =N:I CNb =:== =Pa 2C:2
Capítulo 1 - Mishná , Shimon$ o usto$ 'oi dos .ltimos parti"ipantes da Grande /ssembleia* 0le "ostuma#a dizer: (O mundo se mantm sobre tr!s "oisas: a 2orá$ o ser#io 3i#ino e a bene'i"!n"ia*+ % frase Ele costumava dizer< re"ete-se com frequência em todo o Pirkê vót !bviamente, estes sbios diziam também muitas outras coisas Devemos, entretanto, com"reender esta frase no sentido de que o ensinamento "or ela e$"osto estava constantemente nos lbios do sbio que a "ronunciou e era fundamental em sua vis.o do mundo /abi 8e'ud Qanass, o com"ilador da Mishná, n.o se limitou a re#istrar "ara a "osteridade os "ronunciamentos casuais dos rabinos, mas escol'eu o que era, em essência, o credo ou lema "articular de cada um deles: os dizeres que demonstravam seu carter e "ers"ectiva de vida 7om"reendendo que os udeus estavam sendo dis"ersos "or cantos distantes do mundo civilizado, +'imon, o 4usto, deseava "rover seu "ovo com a c'ave "ara uma am"la com"reens.o do udasmo, que "udesse conduzi-lo a sua "lena observRncia Em um meio ambiente estran'o, muitos udeus estariam "ela "rimeira vez saindo de seu mundo< e iriam "recisar con'ecer os limites e$teriores e a confi#uraç.o #eral do udasmo dentro das novas fronteiras em que iriam viver Eis "orque este #rande sbio enfatiza que os três "ilares sobre os quais o mundo do udasmo se mantém s.o: a Torá, o estudo e cum"rimento da Torá5 avodá, servir a Deus5 guemilut chassadim, a bondade do ser 'umano em suas açes em benefcio de seus semel'antes Esta caracterizaç.o tri"la do udasmo est contida na famosa oraç.o das 0randes Hestas: % "enitência, a oraç.o e a caridade evitam a severidade do decreto< % "enitência é "ossvel somente onde o con'ecimento da Torá "roduz um sentimento de cul"a5 a oraç.o é, naturalmente, o serviço do coraç.o (também c'amado de avodá em 'ebraico)5 e a caridade é a im"lementaç.o de guemilut chassadim % im"ortRncia deste ensinamento "ara o udeu moderno reside na sua c'amada S inte#ridade e ao equilbrio Encontramos, frequentemente, "essoas que alardeiam a dimens.o de suas contribuiçes "ara caridade e "roclamam: Enquanto eu "raticar a caridade e mantiver um coraç.o #eneroso, "osso i#norar os "rinc"ios de Torá e vodá< E$iste também aquela "essoa ade"ta da tese se#undo a qual, contanto que ela v fiel e diariamente S sina#o#a, est dis"ensada de doar "ara caridade ! que +'imon, o 4usto, nos
faz recordar é que cada um de n&s tem a obri#aç.o de ser um udeu na nte#ra, com"rometendo-se totalmente com a Torá, a avodá e a guemilut chassadim 6a oraç.o citada das 0randes Hestas, o Mach!or re"roduz três "alavras acerca dos três temas da frase +.o elas: tsom, eum5 col , voz e mamón, din'eiro5 estes s.o sinMnimos a"ro$imados ou associados a "enitência, oraç.o e caridade, res"ectivamente 7ontudo, estas três "alavras, têm "ela guematria o mesmo valor numérico e deste "onto de vista s.o equivalentes, "ois as letras de cada um deles somam =CI Dois quaisquer deles somam, "ortanto, 2N2, e os três untos totalizam FPL 7om isto em mente, "odemos oferecer uma inter"retaç.o interessante do versculo: o 'omem de instintos irracionais ( báar ) n.o sabe, e o tolo n.o com"reende isto ( !ot )<CP ! valor numérico de báar é 2N2, e o de !ot é FPLT +ubstituindo estes m>lti"los de =CI "elos termos de nossa trade "enitência, oraç.o e caridade demonstramos o que acabamos de afirmar Estamos familiarizados com o 'omem que n.o sabe, báar 2N2, o qual i#nora dois dos três "rinc"ios requeridos E con'ecemos inclusive o tolo que n.o com"reende !ot FPL, todos os três "ilares do udasmo Q "essoas que "ensam que, "ermanecendo fiéis a somente um as"ecto do udasmo, est.o cum"rindo suas obri#açes 9as certamente isto é toliceT 3odemos estender este enfoque e ir ainda mais além, inter"retando de modo semel'ante o versculo: 7om isto "be!ot) vir %ar.o S santidade< CPa +omente com os FPL< com o total dos três com"onentes, o #ohen $adol , o +umo +acerdote entrar no santurio, no %om &i'(r 7aso ele se a"ro$ime do *odo3oderoso com somente uma "arte da totalidade do udasmo, ele n.o "ode re"resentar adequadamente o seu "ovo 1ualquer coisa a menos do que o udasmo inte#ral é um udasmo truncado, uma vers.o n.o equilibrada ! udasmo, em certo sentido, lembra um tri"é /etire um dos "és de a"oio e a estrutura desabar +e a "essoa for erudita mas n.o observante, se for caridosa mas n.o dis"osta S oraç.o, ent.o ela n.o "oder e$"erimentar uma vida reli#iosa "lena Esta reli#iosidade incom"leta est fadada a ter um equilbrio instvel e desmoronar ! "ro"&sito da Torá em nossa vida diria é a de nos elevar a um "lano su"erior 9ediante o seu estudo "odemos am"liar nossos con'ecimentos, nossos 'orizontes mentais, e estender as fronteiras de nossa com"reens.o % avodá comanda o nosso relacionamento com Deus Ela faz com que esteamos constantemente cientes da "resença do *odo-3oderoso e da nossa de"endência dBEle $uemilut #hassadimre#ulamenta nosso relacionamento com nossos semel'antes 6esta rea, nos é ensinado o si#nificado da ustiça, retid.o e com"ai$.o 6ela, a"rendemos a amar nosso semel'ante como a n&s mesmos 1uando o udeu se envolve nestas três atividades, ele est, na verdade, envolvendo todos os nveis do seu ser no culto a Deus Ele est "ensando, falando e "raticando o udasmo 3ara a Torá, a mente5 o "ensamento do "rocesso intelectual é fundamental 6a avodá, a fala5 e$"ress.o é o elemento "rinci"al 6a guemilut chassadim, o feito5 a aç.o que é im"ortante Estes três as"ectos do udasmo foram, na verdade, desenvolvidos "ela "rimeira vez "elos três "atriarcas: %bra'.o, 8saac e 4acob 7ada um deles, em virtude de seu "r&"rio tem"eramento, circunstRncias individuais e "redileç.o "essoal, tril'ou um camin'o distinto do culto a Deus %bra'.o é o #rande e$em"lo de chassadim: ele era sem"re bondoso, alimentava os famintos e im"lorou "ela salvaç.o de +odoma % 8saac n&s encontramos "asseando (rezando) no cam"o< C= De fato, 8saac é quem atin#e o #rau mais elevado de avodá ao converter-se na oferenda "ara o altar +omos informados de que 4acob 'abitava em tendas< C2 e estudou "or muitos anos nas academias de +'em e Ever C2a Ele é o estudante de
anti#as tradiçes, o estudioso da Torá 7ombine as "erce"çes dos "atriarcas: funda os conceitos de Deus de %bra'.o, Deus de 8saac e Deus de 4acob /e>na os modos "articulares de cada um e você ter o udasmo equilibrado, total: Torá, avodá e guemilut chassadim ustamente esta noç.o de equilbrio que distin#ue o udasmo de outras reli#ies !utros sistemas de crença "arecem ter se concentrado em a"enas um dos três conceitos bsicos, de forma des"ro"orcional em relaç.o aos outros Uma, com sua ênfase no amor de auto-abne#aç.o, "arece, em certo sentido, ter adotado guemilut chassadim !utra, com sua ênfase na oraç.o constante, "arece ter adotado avodá Uma terceira "arece enfatizar e$cessivamente a relaç.o mstica do ser 'umano com o Um que tudo abarca, ao "onto de "erder a sua "r&"ria individualidade +& no udasmo o 'omem est totalmente en#aado num "ro#rama de vida abran#ente e equilibrado %o estudar esta m$ima de +'imon, o 4usto, devemos n.o somente a"render os três "rinc"ios, mas, também, observar a seq;ência "recisa em que eles ocorrem % Torá vem "rimeiro Devemos começar estudando a Torá, a fim de saber e$atamente o que o *odo-3oderoso nos ensinaria e o que Ele solicitaria de n&s +& ent.o "oderemos saber "or que e como servir a Deus e estaremos "rontos "ara a avodá Hica claro, ent.o, que a "rimazia da Torá é lica e também cronolica % Torá é sem"re o "rérequisito e um in#rediente vital de ambos, avodá e guemilut chassadim +e você desea servir a Deus mas i#nora a Torá, n.o "ode a"reciar a Divindade ou saber como "rocurar o *odo-3oderoso 1uanto mais Torá você tiver adquirido, mais consciente estar da reverência que devemos ao +en'or do Universo, diante de 1uem oramos 3ara uma avodá verdadeiramente "rofunda, você "recisa antes con'ecer aTorá % Torá também deve "re"arar o camin'o "ara o verdadeiro guemilut chassadim ! e$erccio de bondade n.o é somente a e$"ress.o de emoçes sentimentais % Torádeve orientar-nos a res"eito do obeto e medida adequados de tais emoçes %s Escrituras nos contam a res"eito da inunç.o Divina "ara o rei +aul matar até o >ltimo amalequita CC Em um #esto de bondade, +aul "erdoou a %#a#, seu rei Durante este intervalo de sus"ens.o da sentença, %#a# #erou descendência, da qual "roveio Qaman, o malvado a#a#uita do ivro de Ester, que quase conse#uiu aniquilar o "ovo udeu %ssim, a "iedade mal orientada, a bondade n.o tem"erada "ela Torá, "ode levar Ss mais cruéis conseq;ências Este conceito de centralidade e "rimazia da Torá é refletido na inter"retaç.o que a Mishná d "ara o relato bblico da luta entre 4acob e o ano: refere-se ao ano como S encarnaç.o do mal, o es"rito "rotetor de Esa>CCa /abi Elc'anan Vasserman fez uma "er#unta sim"les: 3or que este "rotetor de Esa> n.o atacou %bra'.o, o "rimeiro udeu, ou 8saac, o fil'o do "rimeiro udeu, eliminando assim as forças do bem assim que a"areceram? % res"osta de /abi Vasserman é esta: de acordo com nossa e$"licaç.o anterior de que os "atriarcas foram os "rimeiros e$em"los dos conceitos de Torá, avodá e guemilut chassadim, %bra'.o re"resentava a bondade e a caridade 8sto n.o incomodou o es"rito "rotetor de Esa> % filantro"ia sozin'a é inofensiva +& com a caridade, com "essoas que s.o udias somente em virtude da filantro"ia, você n.o "ode construir uma naç.o ou "er"etuar um "ovo 6.o ' nada de distintivo acerca de atos de bondade +em nada além da bondade, os udeus desinte#rar-se-.o5 a semente de %bra'.o desa"arecer ! es"rito de Esa> ainda n.o via motivo "ara atacar 1uando 8saac a"areceu, e com ele os conceitos de oraç.o e culto, o es"rito de Esa> também n.o se "erturbou !s serviços da sina#o#a "or si s&s n.o estabelecem um "ovo udeu 1ue 8saac fique de "é na sina#o#a e reze +eus fil'os "odem ser induzidos a "erambular "elas ruas e "rocurar seu "razer em outro lu#ar !s adultos "odem ter suas sina#o#as e orar Em uma #eraç.o ou duas, tudo ser esquecido De fato, n.o foi esta a "oltica do #overno russo: "ermitir que al#umas sina#o#as "ermanecessem abertas, mas "roibir o ensino do udasmo?
1uando o es"rito do mal, "orém, viu 4acob estudando a Torá, ele "ercebeu que isto si#nificava a eternidade 7om a Torá, o udasmo tin'a futuro 7om Torá, com escolas diurnas, com ieshivót , você "ode asse#urar uma nova #eraç.o e construir um "ovo eternoT ! es"rito de Esa> ac'ou necessrio atacar somente a 4acob E assim, enquanto o udasmo e o udeu requerem todos os três com"onentes Torá, avodá e guemilut chassadim a Torá "ermanece como fundamental e "reeminente Estudar a Torá é uma mitsvá es"ecfica da "r&"ria Torá, "ela qual somos todos res"onsveis ! Talmud relata que uma das "er#untas a serem feitas S alma do ser 'umano no mundo vindouro ser: #aváta itim latorá ?< ocê estabeleceu tem"o "ara a Torá?< CF ocê dedicou duas ou mais noites "or semana "ara o estudo? ocê "assou as tardes de Shabat com um e$em"lar da Torá? verdade que você est ocu"ado e tem outras "reocu"açes 9as n.o "oderia roubar< ( #avatá também "ode ter este si#nificado)CG um "ouco de tem"o da sua vida social e de ne#&cios "ara dedic-lo ao estudo da Torá? %s "alavras 'ebraicas #aváta itim latorá ?< "oderiam ser traduzidas ao "é da letra como: ocê fi$ou tem"os "ara a Torá?< 7om demasiada freq;ência ouvimos a reclamaç.o: a Torá deve austar-se aos tem"os atuais 9uitos sustentam que a Torá e seus ensinamentos devem ser modelados e modificados "ara atender Ss condiçes modernas e austar-se aos dias de 'oe ! "ro"&sito do udasmo, "orém, é e$atamente o o"osto nossa es"erança modelar os tem"os S Torá5 transformar nosso meio ambiente até que ele se auste aos ensinamentos Divinos5 elevar as condiçes "redominantes ao nvel da Torá em vez de abai$ar os ensinamentos de Deus aos "adres atuais Esta é a "er#unta que nos ser feita no mundo vindouro: ocê ada"tou os tem"os "ara que estes se austem S Torá?< 6este es"rito "odemos talvez inter"retar o evento re#istrado no se#undo livro de +amuel acerca de como a %rca +a#rada, que fora anteriormente ca"turada "elos filisteus, voltou "ara os israelitasCI *rans"ortada sobre uma carroça "u$ada "or bois, a %rca foi lo#o escoltada "or uma #rande multid.o em >bilo De re"ente, os bois tro"eçaram Uza, temendo "ela %rca, a#arrou-a, tentando evitar que tombasse e ao fazê-lo foi fulminado e caiu morto ! rabino WooX ( !*l ) foi inda#ado certa vez "or que Uza mereceu tal "uniç.o Ele res"ondeu com uma observaç.o notvel: ! erro de Uza foi n.o en$er#ar a causa do "roblema !s bois escorre#aram e tro"eçaram 3or que n.o tentar mantê-los firmes? 3or que "or as m.os na arca? ! "roblema era com os bois, n.o com a %rca +a#radaT Esta lin'a de raciocnio é bastante su#estiva De fato, um n>mero demasiado #rande de nossos lderes tentou resolver os "roblemas do udasmo deitando as m.os irrefletidamente naquilo que é sa#rado "ara 8srael sem "rimeiro determinar realisticamente as verdadeiras causas dos "roblemas %l#uns #ru"os sancionaram o ato de diri#ir durante o Shabat , misturar 'omens e mul'eres durante as oraçes, e um serviço reli#ioso abreviado, numa tentativa de trazer as "essoas em massa "ara a sina#o#a %diantou? 6osso "ovo voltou-se em massa "ara os serviços a#ora que estas comodidades foram institudas? 6.o 'avia nada de errado com a %rca5 o "roblema era com os bois % quest.o n.o é de maior ou menor conveniência, mas de que, "ara a maior "arte de nosso "ovo, a oraç.o #enuna tornou-se uma arte "erdida % necessidade de comun#ar com Deus encontra-se enterrada debai$o de camadas de atividades triviais, as quais distraem a atenç.o e est.o subordinadas ao direito constitucional da busca da felicidade< Uza "Ms as m.os na %rca quando o "roblema estava com aqueles que a trans"ortavam Esta é a falcia tr#ica, embora bem-intencionada, dos nossos tem"os
! culto a Deus< que todos n&s "odemos "raticar é a oraç.o 3or meio desta e$"eriência, o ser 'umano "ode comun#ar com o *odo-3oderoso, sentir verdadeiramente a "resença de Deus, e elevar sua alma aos mais altos nveis da es"iritualidade ! veculo "ara obter tudo isto é o te$to de nossas oraçes: estas s.o as "alavras sa#radas dos "rofetas e dos salmos, dentro das quais foi vertida uma riqueza ine$aurvel de si#nificado e ins"iraç.o ! rabino 7'aim de oloz'in, disc"ulo do 0aon de ilna, destaca que a oraç.o tem uma funç.o transcendental de "ro"orçes c&smicas: unir o mundo inferior com o mundo su"erior 6aquele misterioso reino do ser essencial que en#loba a estrutura es"iritual do universo, ' consideraçes que e$i#em um relacionamento dinRmico entre o nosso mundo de a"arência e o mundo do "uro ser % Torá é o canal mediante o qual o movimento tem lu#ar do #+u 'ara a Terra 6a oraç.o, d-se o movimento inverso: as as"iraçes 'umanas elevam as esferas inferiores em dire-o . su'erior +e esta é a funç.o vital da oraç.o e se seus com"onentes s.o os "ronunciamentos ins"irados dos nossos "rofetas, qu.o "resunçoso deve ser qualquer #ru"o de "essoas, levadas "ela su"erficialidade literal, "or um lado, e cRnones do racionalismo novecentista do outro, "ara cancelar, distorcer e alterar arbitrariamente nossas oraçes tradicionaisT !s três "ilares de +'imon, o 4usto, que sustentam o mundo, "odem ser concebidos em um sentido ainda mais am"lo % sociedade civilizada como um todo a"&ia-se no seu sistema educacional, suas instituiçes reli#iosas e suas formas "olticas % Torá, em uma vis.o am"la, corres"onderia, "or analo#ia, a toda a #ama de ensinamento e escolaridade em nossos colé#ios, faculdades e universidades +e estas n.o cum"rirem com sua res"onsabilidade de iluminar e enobrecer, mas em vez disto ficarem infectadas com "olticas de admiss.o discriminat&rias, fanatismo racial e obscurantismo, ent.o a sociedade n.o se "oder manter 3or e$tens.o, avodá su#ere, de modo #enérico, o "a"el vital de todos os com"onentes da reli#i.o institucional +e estes abandonarem sua tarefa de a"ontar o camin'o "ara o culto a Deus e da vida ética, e em vez disto se subordinarem ao Estado e servirem como ferramenta "ara interesses "articulares, ent.o, na realidade, a "r&"ria sociedade estar ameaçada $uemilut chassadim ,
que abran#e a rea do relacionamento dos seres 'umanos uns com os outros, su#ere a im"ortRncia dos direitos 'umanos, da liberdade "oltica e dos "rocedimentos udiciais ustos +e o estado se converter em um deus5 se o #overno, em vez de servir ao "ovo, escravizar o "ovo5 se a corru"ç.o infiltrar-se nos serviços ">blicos ent.o, de fato, a civilizaç.o como um todo estar em "eri#o 9ais ainda, estes três valores e funçes n.o s& sustentam o mundo "or serem essenciais "ara o funcionamento adequado da sociedade5 eles também ustificam o mundo, dando-l'e um obetivo e um si#nificado Em Eclesiastes ( #ohelet ), +alom.o lamenta-se da vaidade<, do mais absoluto nada do mundo aidade das vaidades, tudo é vaidade< CIa ele diz ! mundo é vazio, é um nada, coisa al#uma 7onsideremos, momentaneamente, uma criança estudando aritmética ! "rofessor escreve o smbolo "ara o zero na lousa e diz S criança que isto si#nifica nada< 8ntri#ada, a criança "er#unta: +e este zero si#nifica nada, "ara que "recisamos dele? ! "rofessor e$"lica ent.o que, enquanto ele sozin'o nada si#nifica, se você colocar outro n>mero diante dele, ele torna-se si#nificativo e d sua "r&"ria contribuiç.o ! mesmo ocorre com os dizeres de +alom.o verdade, o mundo é vaidade e vazio, mas ainda "recisamos dele e ele ainda "ode ser redimido amos acrescentar S vaidade< do mundo a Torá, a avodá e a guemilut chassadim, e veremos como este mundo começa a ter sentido e
im"ortRncia Torá, avodá e guemilut chassadim mantém o mundo: o santificam, elevam e ustificam sua e$istência com um "ro"&sito sublime 8ncidentalmente, ' um "ensamento es"ecial envolvido na forma #ramatical do termo guemilut chassadim: diferentemente dos outros dois termos, ele termina no "lural 8sto serve "ara indicar que cada ato de bondade é, na realidade, um ato com dois as"ectos ocê est, de fato, fazendo al#o "or seu semel'ante, mas também est fazendo al#o "or si mesmo 8sto foi visto e e$"resso de forma muito bela "or vrios "oetas e "ensadores +'aXes"eare disse: % "ro"riedade da clemência é abençoada duas vezes: ela abençoa a quem d e a quem recebenico "resente é uma "arte de ti mesmo< CNb3ortanto, guemilut chassadim tem uma "alavra no "lural: é um ato com conseq;ência du"la 6o testamento de 4ud, o 3rnci"e, a seus fil'os, encontramos as se#uintes instruçes estran'as: % vela (ner ) deve ser dei$ada acesa em seu lu#ar5 a mesa ( shulchan) deve "ermanecer "osta5 a cama ( mitá) deve ser arrumada como sem"re< CL 8sto "ode si#nificar: meu modo de estudar a Torá, simbolizado "ela vela, deve ser mantido 9in'a mesa, na qual alimentei os necessitados e fiz atos de guemilut chassadim , deve "reservar "lenamente sua finalidade caritativa % min'a cama era "ara onde eu me recol'ia S noite "ara "oder ter forças "ara fazer a avodá, o serviço a Deus5 meu modo de "restar culto também deve ser mantido De modo similar, +alom.o e$orta: +eam tuas rou"as sem"re brancas< querendo dizer que o com"ortamento deve ser sem"re o adequado5 e n.o te falte &leo ( shemen) na tua cabeça< CZ %qui, novamente, o consel'o "ode referir-se ao nosso trio % "alavra 'ebraica shemen consiste de três letras (as vo#ais s.o omitidas) que s.o "recisamente as "rimeiras letras das "alavras Shulchan, mitá e ner 7omo mostramos acima, elas simbolizam guemilut chassadim, avodá e Torá, res"ectivamente Hinalmente, nossos três "rinc"ios est.o "rovavelmente im"lcitos no lamento de 4eremias: Enlutados est.o os camin'os "ara +i.o "orque nin#uém vem "ara a solene assembléia5 todos seus "ortes est.o desolados +eus sacerdotes sus"iram (de nostal#ia)< FP Durante as festividades de "ere#rinaç.o, quando todo 8srael vin'a ao *em"lo, 'avia uma #rande distribuiç.o de "resentes e caridade Da, o "rofeta lamenta a descontinuidade de guemilut chassadim !s "ortes< de +i.o eram o local de reuni.o dos uzes e anci.os 3ortanto, o "rofeta também est enlutado "ela "erda da Torá e do estudo Hinalmente, o sacerdote, o #uardi.o do *em"lo, que oficiava o serviço do sacrifcio, soluça "ela destruiç.o do tem"lo, construdo "ara a avodá /esumindo o si#nificado de nossa calamidade nacional, o "rofeta 4eremias diz, com efeito: 6osso mundo udaico desabou5 Torá, avodá e guemilut chassadim n.o s.o mais "raticados /eci"rocamente, se quisermos reconstruir nosso mundo, reavivemos e mais uma vez desenvolvamos uma vida dedicada S Torá, avodá e guemilut chassadim