A ESTRELA FLAMÍGERA
Escolhi como tema deste meu primeiro trabalho ³A estrela flamígera´ por ser ela o símbolo máximo do grau de companheiro. Encontrei diversas divergências entre os autores que escreveram sobre o assunto, principalmente, sobre a sua forma e localização na Loja.
Joaquim Gervásio de Figueiredo, em seu ³Dicionário de Maçonaria´, assim se expressa: ESTRELA FLAMÍGERA. ± A hexagonal ou de seis pontas, um dos ornamentos da Loja, é o símbolo da divindade cósmica, e para tornar isso mais evidente, traz inscrita em seu centro a letra G, alusiva a Deus (ou geômetra). Abaixo dela deve haver outra estrela, móvel, no solo. A antiga forma mosaica da maçonaria apresentava inscrita no hexágono a palavra sagrada YHVH, YHVH, referente a Jeová, ao invés da a tual letra G. O fogo sagrado sob a Estrela, é reflexo desta e símbolo de nosso espírito, ³feito à imagem e semelhança do Criador´. A forma própria da Estrela Flamígera, como símbolo cósmico, é a de seis pontas, pontas, porém muitas Lojas a adotam em forma de cinco pontas ou a Pentagonal, que antigamente tinha raios ou pontas ondulantes, tal qual ainda aparece em Obediências Obediências inglesas e norte norte -americanas. -americanas. É o emblema emblema individual do Companheirismo, ³o astro que ilumina a Loja dos companheiros´, onde figura ao Oriente, acima do venerável, ou ao Ocidente, entre as duas colunas, ou ainda acima do pedestal do 2º Vigilante.
O ³Dicionário Maçônico´ de Rizzardo da Camino, diz que: A Estrela Flamígera é um polígono de cinco pontas, sendo a sua superfície feita de material transparente, tendo no interior da ³caixa´ uma lâmpada. Essa estrela emite raios, sugerindo pequenas chamas, daí o nome Estrela Flamígera. Também denomina-se denomina -se estrela de Davi e simboliza o poder gerador da natureza e a chama provocadora da sabedoria, além de ser o
símbolo máximo do Companheiro. Na parte central dessa alegoria, vem inserida a letra IOD, simbolizando que a luz ³irradiante´ provém de Deus. Cada uma das cinco pontas dessa Estrela representa os sentidos físicos. Quando a Estrela Flamígera for ilumi nada os sentidos passarão a ser os do Universo de dentro, ou seja, os espirituais. A Estrela Flamígera possui luz própria por ser um astro, mas essa luz, para o profano e para o aprendiz é invisível.
O mesmo Rizzardo da Camino, no seu livro ³Simbolismo d o Segundo Grau´ opina: Autores há que afirmam ser a Estrela Flamígera e a de cinco pontas, um mesmo símbolo. Contudo, ousamos divergir, afirmando que constituem dois símbolos distintos. Começando pela colocação das referidas Estrelas, uma sobre a Porta de Entrada, e a outra , sobre o Trono do 2º Vigilante. A Estrela de cinco pontas é comum à Loja de Companheiro e à Loja de Aprendiz; seu estudo porém torna-se mais minucioso no grau 2, face ser a Estrela de Cinco Pontas, o Pentagrama e considerado o número ci nco, como estudo específico do Grau 2. O Pentagrama, ou Estrela Quinária, é representado pelo polígono, tendo inserido em seu centro a letra ³G´. A Estrela Flamígera, é o mesmo pentagrama, porém sem a inserção da letra ³G´, mas que irradia ou expele chamas . O Pentagrama é um símbolo celeste, porém se situa no plano objetivo. A Estrela flamígera, é o símbolo no plano subjetivo; é o fogo interno, o ardor que cada companheiro coloca dentro de si, para queimar todas as oposições e aspectos negativos do ser huma no. Dentro do Pentagrama, é colocado o homem com os braços e pernas abertos; dentro do Pentagrama envolto em chamas, o ³homem´ material é consumido e já não é visível; a sua posição passa a ser, exclusivamente, no plano espiritual, pois seu corpo foi consu mido pelas chamas purificadoras. Assim, não seria racional, colocar um mesmo símbolo para representar dois aspectos.
Nesta primeira parte deste meu trabalho, devo, ainda, citar o que diz Theobaldo Varoli Filho, no seu livro ³Curso de Maçonaria Simbólica´ sobre a posição da Estrela Flamígera no Templo. Ele, assim, se expressa: Os rituais do mundo e os diversos ritos maçônicos não se entendem também quanto à colocação da Estrela Flamígera no alto do recinto do Templo. Uns a colocam no Oriente, à frente do T rono. Outros a configuram no interior do Delta, o que parece mais sugestivo, principalmente quando o Obreiro, na elevação de grau, é chamado a contemplar o triângulo radiante. Outros, entendendo que ela é de brilho intermediário, isto é, de luminosidade simbolicamente situada entre a luz ativa do sol e a luz passiva ou reflexa da lua, mandam situá-la no meio do teto do Templo, dependurada, ou, pelo menos, no Meio Dia, onde, à maneira inglesa, está o 2º Vigilante. Ainda outros a consideram uma ³estrela do oc idente´. Lojas de Rito Moderno as tem colocado no ocidente, ao lado do 2º Vigilante (sic) (norte). Mais outros a colocam entre as colunas ³J´ e ³B´, tudo ao sabor de interpretações pessoais. Enquanto isso ocorre, a confusão continua, o que faz sempre almejar uma consolidação do ritualismo maçônico universal.
Enquanto a consolidação do ritualismo maçônico universal não é feita, pensei, devo concentrar-me na Loja, à qual pertenço, e nas Instruções, que aqui recebi. Na abóbada celeste da minha loja, há uma Estrela pentagonal pintada a sudoeste, em cima do altar d o 2º Vigilante e, logo abaixo dela, pendente, uma outra Estrela pentagonal, feita em material semitransparente, que é iluminada e em cujo centro encontra -se a letra ³G´. Portanto, em nossa loja a Estrela Flamígera tem cinco pontas, está situada a sudoeste, em cima do altar do 2º Vigilante e tem a letra ³G´ pintada em seu centro.
Resta para mim, inexplicável, a resposta dada pelo 1º Vigilante, na terceira instrução de companheiro, à pergunta: para que servem o Pavimento Mosaico, a Estrela Flamejante e a Orla Dentada? A resposta é: O Pavimento Mosaico é o assoalho do grande pórtico; a Estrela Flamejante brilha ao centro da Lo ja para iluminá-la e a Orla Dentada limita e decora as extremidades.
Mais importante, do que a forma ou a localização da Estrela Fla mígera na Loja, é o seu significado.
Joaquim Gervásio de Figueiredo no diz que ³O fogo sagrado sob a Estrela é reflexo desta e símbolo de nosso espírito ³feito à imagem e semelhança do Criador´. Theobaldo Varoli Filho diz: ³O verdadeiro sentido da Estrel a Flamígera é hominal, eis que o símbolo designa o Homem Espiritual, o indivíduo dotado de alma ou de fator de movimento ou trabalho. Ou seja, o indivíduo com espírito ou fagulha interna que lhe concedeu o Grande Arquiteto do Universo´. Rizzardo da Camino nos diz que na parte central dessa alegoria, vem inserida a letra IOD, simbolizando que a luz ³irradiante´ provém de Deus; e, que a Estrela Flamígera é considerada ponto de partida, semente universal de todos os seres.
Parece-me, que quanto ao simbolismo da Estrela Flamígera, os autores são unânimes: Ela significa o Homem, o seu Espírito feito à imagem e semelhança do Criador e a eternidade de Deus, por tudo estar nele contido.
Luis Javier Miranda Mc Nally no seu livro ³Companheiro´ desenha um pentágono usando a proporção áurea. Dentro deste pentágono traça cinco diagonais, que formam a Estrela de Cinco Pontas, a qual na escola grega de Pitágoras era o símbolo da unidade do macro com o microcosmo. Na intersecção das linhas, dentro do centro do coração da estrela, se forma novamente outro pentágono de igual proporção, mas invertido, para formar novamente outro igual após desenhar as diagonais e invertido até o infinito. Cita que alguns filósofos colocam, na Estrela, um símbolo ou letra que nós podemos denominar de letra ³G´, como significado de God (Deus), representando esta letra a infinitude de Deus, por estar tudo nele contido. Diz, ainda, Luis Mc Nally: ³O símbolo colocado dentro da Estrela poderíamos resumi-lo entre o Alfa e o Omega, ³Eu sou o Alfa e o Ômega´, ³quem acredita em mim nunca morrerá´. Poderá viver em espírito ou, quem sabe, pela decomposição atômica para formar outros corpos, porque tudo está contido no UNO´.
Usando as instruções de Mc Nally desenhei o pentágono e a estrela de cinco pontas, na intersecção das linhas formou-se um novo pentágono invertido, no qual tracei uma nova estrela, também invertida, novamente na intersecção das linhas formou-se um novo pentágono, agora na posição do primeiro pentágono traçado, que deu origem a uma nov a estrela, em cuja intersecção de linhas havia um novo pentágono. Assim, se eu continuasse a traçar as diagonais, nos pentágonos que continuariam aparecendo, eu continuaria a formar novas estrelas de cinco ponta até o infinito. Constatei, também, que traçando novas linhas retas sobre as pontas externas das estrelas, eu continuaria a formar novas estrelas pentagonais, com a ponta ora voltada para cima, ora para baixo, indefinidamente.
Tomando a primeira estrela traçada como momento presente e caminhando nos dois sentidos, que eu chamarei, à falta de melhores palavras, de involução e evolução, não chegaria ao final em nenhum dos sentidos. Ou seja, considerando a involução como a procura de um início, eu não o encontraria. O mesmo aconteceria se desenhasse a estrela para fora, considerando o desenho como evolução. Eu não atingiria o fim. A alegoria seria eterna, sem princípio nem fim.
Existiria obviamente a limitação humana, dentro dessa limitação, o fenômeno de retorno às origens, com a reprodução quase inf inita das figuras dentro de cada pentagrama, cada vez menores, chegaria ao Ponto, ou seja, o gerador abstrato de todas as formas. Com a mesma limitação, a reprodução para fora de cada pentagrama seria obstada pelo espaço necessário para sua evolução. A ale goria, com suas limitações, representa o homem material. Sem a limitação humana, a involução e a evolução dirigir se-iam ao micro e ao macrocosmo. O símbolo passaria a representar o eterno, como eterno é Deus que habita em todos nós.
Concluindo, a Estrela Flamígera representa o homem em toda a sua plenitude: O homem mortal e imortal; o corpo e o espírito feito à imagem e semelhança de Deus; e o próprio Grande Arquiteto do Universo, que é eterno e habita em todos nós.