“Você já ouviu falar sobre o “Budismo Wu Tai Shan”? 1
Com paciência e atenção, poderá ficar conhecendo um pouco dessa história, acompanhando esta exposição.
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WU TAI SHAN HISTORIAS DA TRADIÇÃO NO BRASIL
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Dǒumǔ– (斗姥) A Mãe da Ursa Maior A Senhora dos Nove Lótus Dourados 4
Envolvi-me com este assunto a partir do Nono mês do Ano do Dragão de 2001, quando retornei ao Espírito Santo. E agora com esta apresentação, depois de 12 anos, isto é, de novo no Ano do Dragão, faltando pouco de dois meses para seu findar, pretendo encerrar este ciclo. 5
DUAS NOTAS PRÉVIAS
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Primeira: Sobre o significado da palavra “BUDISMO” Segundo o Dicionário Aurélio, é assim definida: s. m. 1. 1. Doutrina religiosa e moral fundada por Buda. (Gautama) 7
E sobre a palavra: “TAOISMO” sm (chin. tào+ismo) Doutrina filosófico-religiosa, cuja noção fundamental é o Tao (caminho), que designa o grande princípio de ordem universal.
Tao ; Dào; 8
Segunda: Sobre o idioma Mandarim O idioma chinês apresenta características notáveis, comparado com os idiomas europeus. A pronúncia usa entoações sutis, e a simples diferença de entoação implica em 9
diferentes significados à uma mesma palavra. Para os ocidentais, foram criados sistemas usando o alfabeto ocidental para tentar “encaixar” as palavras do mandarim quanto à pronuncia para nossos ouvidos. Assim, nasceram os sistemas “Wade-Giles” e “Pinyin”. 10
Determinadas literaturas usam um sistema, outras outro, e a escrita das palavras nem sempre é igual nesses dois sistemas. Tudo isto torna complexo identificar o caractere (ideograma) original das palavras no chines. Por isso, quando pedimos a tradução de alguma palavra para um chinês, eles geralmente pedem para que lhes mostremos o ideograma. 11
Exemplificando a seguir, com a palavra, “wu”, mostrando 4 das 54 (!) variantes:
五 武 屋 巫
wǔ
Numeral cinco.
wǔ
Marcial, militar
wū
Casa; quarto
wū
Feiticeiro / Shaman 12
No caso específico deste relato, a dificuldade de identificar os elementos e informações, foi amplamente dificultada pela ausência dos caracteres (ideogramas) relativos a nomes, rituais, nomes de deidades, nomes de lugares e templos, nomes de pessoas, etc. que chegaram à minha mão, somando-se a isto, houve grande pesquisa que envolveu também o idioma japonês,exigindo mais 13
atenção e estudo, além de não perder de vista os vários sincretismos iconográficos.
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INTRODUÇÃO Este é um registro de informações a respeito de uma Tradição difundida com o nome de “Budismo Wu Tai Shan” que surgiu no Brasil quando foi trazido por um imigrante Chinês. Tudo o que está relatado é fruto 15
de longa pesquisa, através de cartas, mails, entrevistas, viagens interestaduais, fontes literárias, aulas de mandarim e internet. A principal fonte destas informações são relatos e escritos de um brasileiro, conhecido como Yuhan. A exposição das informações neste relato não seguiu a seqüência cronológica real de QUANDO estas informações foram sendo conferidas e obtidas, ao longo dos anos. 16
Yuhan 17
OS MOTIVOS a) Incentivo do próprio Yuhan, em mail datado 04/11/12, propondo: “limpe o que voce achar não condizente com a tradição ...” e “conte a história de Tong Hua que vou passar para voce” o que veio de encontro à antiga disposição minha nesse sentido.
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b) Responder ao que me foi inúmeras vezes cobrado, como sendo tarefa e compromisso exclusivo meu, de “levantar tudo a respeito da Tradição Wu Tai Shan” pois o Templo Kwan Yin não deveria ficar sem a guardiania de Linhagem Budista reconhecida e válida para respaldar a autoridade de orientação, focalizada na pessoa do Fashi Lu Tsu Tai Shan. 19
c) “Dar a César o que é de Cesar”. d) Manifestar o título que o próprio Yuhan me concedeu, na minha Outorga como “Fashih”: “Zelador da Memória da Tradição”, bem entendido, dentro das limitações. Certamente aqui pode não haver tudo o que se desejaria saber a respeito da 20
Tradição, mas o suficiente para saber o que NÃO é elemento de formatação Wu Tai Shan. Por isso, apenas posso “guardar” aquilo que porventura chegar às mãos. E temos que aceitar também que a memória de Yuhan apresenta lacunas.
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Serpentes e Dragões: duas versões do mesmo símbolo. 22
O FOCO PRINCIPAL É identificar os elementos originais da assim rotulada Tradição Budista Wu Tai Shan, pois com o passar do tempo, os que detiveram as alegadas iniciações, aglomeraram ensinamentos e práticas que não faziam parte da Tradição que originalmente veio das mãos do Mestre chinês. Mesmo assim, ainda existem lacunas. 23
Yuhan relata que sua Iniciação foi-lhe concedida por um Monge Chinês, chamado Tong Hua (東華). É altamente provável que esse fosse o nome religioso dele, é assim que Yuhan o chama. Desconheço o nome de registro de nascimento do Mestre. Por ser natural de Macau, tinha o conhecimento do idioma português, o que facilitou sua ambientação no Brasil. 24
INICIO Segundo relato de Yuhan (Alair), o Mestre Tong Hua, quando era rapaz e leigo, conheceu outro Mestre chamado Ssui Tzú, que fazia uma viagem de peregrinação e retiro na China continental. Ssui Tzú o convidou para que trabalhasse como seu assistente, e em troca, o Mestre passaria ensinamentos a Tong Hua, um costume religioso não raro na China. 25
Depois, Tong Hua aceitou o convite de morar e fazer uma formação no Templo onde Ssui Tzu vivia, em Shanghai. Ssui Tzu era conhecido como uma espécie de feiticeiro, de shamã, com o título de “Wu Shih”, que em mandarim PODE significar “Mestre Guerreiro” - 武師, mas também “Mestre Feitiçeiro ou Shamã”, então, escrevendo-se: 巫師 26
Havia um grupo de Wu Shihs que eram abrigados nesse Templo de Tradição Budista, embora eles tivessem formação eminentemente Taoista. Este Templo chamava-se Fa Tuang Ssu, (Fa Hua Ssi - “Templo do Dharma do Lótus”) em mandarim: 法華寺
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Este Templo foi destruído quando começou a guerra contra o Japão, e pouca coisa restou dele, até que, na década de 90, o último vestígio, era o portão de entrada e duas antigas árvores, Ginko Biloba, e logo mais, apenas as árvores tinham ficado, e mesmo assim, acabaram sendo cortadas. Três raras fotos podem ser apreciadas: 28
Duas mais antigas, pois mostram parte do prédio ainda em pé, e a colorida, com as duas árvores, mas já com novos edifícios construídos.
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Hoje em dia, na área do Templo, está construída, uma Universidade, na Fa Hua Zhen nº 525
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As árvores foram cortadas na década de 90. Hoje resta apenas a rua com o nome do Templo.
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Shanghai, 1928 com indicação do Templo
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E qual seria o Budismo praticado nesse Templo, que aceitava Taoistas? Segundo o próprio Yuhan, NÃO era Amidista, isto é, não tinham o Buddha Amitabha como referencia central de culto. Não apareceu registro para revelar esta informação; por motivos históricos, provavelmente fosse da Escola Ch’na (Zen). 35
Neste quesito, o Templo Kwan Yin apresentarse como sendo oriundo de Tradição Zen- Linji, é uma especulação; além do mais, ninguém tem nehuma iniciação ou treino em linhagem Linji (ou Rinzai) para se apresentar como referencia reconhecida dentro da Comunidade das Sanghas Budistas. Observar a apresentação deles no Facebook: (“Wu Tai Shan Comunidade Budista”) 36
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Mas mais importante que isso, e também determiante, é que o Mestre Tong Hua deu iniciações de vinculo Taoista para Yuhan, não foram iniciações Budistas da Tradição do Templo de Shanghai, assim, saber à qual Escola do Budismo este pertencia não vai alterar a identificação dos elementos da tradição que efetivamente fazem parte, e que tenham sido transmitidos. 38
Os Wu Shih costumavam se valer de um oráculo para tomar determinadas decisões, a havia uma época especial para consultas, a data era chamada de “Duplo Nove” . ( “Duplo Nove: dia que cai no nono dia do ciclo lunar, e no nono mês, no Calendário Chinês . Chama-se “chóngyángjié” -重陽節 39
É uma data comemorativa Taoista, quando muitos peregrinam subindo a Montanha Tai - 泰山 “Duplo Dez”, como foi relatado por Yuhan, só se for vinculo com o nosso 10º mês, Outubro, pois o “Duplo Nove” chinês cai geralmente no mês de Outubro.
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Em Tai Shan, vista abaixo. 41
Foi a partir de um desses eventos de consulta que Tong Hua foi orientado a sair da China para levar a tradição, “atravessando os oceanos, e levando uma lamparina”, segundo as palavras do oráculo. Tong Hua embarcou via Macau, pois já havia começado a guerra contra o Japão – portanto – a partir de 1937. Passou por Manaus e se estabeleceu no Rio de Janeiro, numa pensão, 42
num segundo andar de um prédio onde ficava a Loja America China, na Rua Buenos Aires. Em sequencia, foto de três medalhas usadas por Tong Hua como instrumento de consulta a oráculo. Cada uma apresenta um dragão estilizado.
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Um bom tempo depois da chegada de Tong Hua ao Rio, um amigo também de origem chinesa, 44
cozinheiro de um restaurante, apresentou ao Tong Hua um rapaz, hoje Yuhan. Nascido em 1933, estaria com 17 ou 18 anos, no final dos anos 40, quando do encontro. Alair tinha recebido uma psicografia, numa uma escrita que em nada se parecia aos idiomas ocidentais. De fato, Tong Hua identificou os caracteres dizendo que faziam referencia a antigos poemas populares da china. 45
Nessa ocasião, Yuhan reparou num quadro que Tong Hua tinha pendurado na parede, que representava uma deusa oriental, chamando-a de Kwan Yin. Logo depois, Yuhan teve um sonho com a deidade, que se apresentava com nove rosas brancas aos pés, e outros detalhes na cabeça, uma espécie de nove raios em trono de um 46
halo, com elementos nas pontas mas que ele não conseguiu identificar. Voltou a visitar Tong Hua, levando nove rosas brancas, e contou-lhe o sonho, e aquele lhe disse para voltar depois, quando tivesse lembrado dos detalhes faltantes do relato. Dias depois, Yuhan sonhou novamente com as mesmas imagens, mas desta vez, pôde ver e 47
contar nove lótus em cada um dos 9 raios, rodeando a cabeça. Retornou ao encontro de Tong Hua, relatandolhe o sonho, e quando terminou, o Mestre apanhou o quadro com a imagem de Kwan Yin, e virou a moldura, pois, no dorso, aparecia a figura de uma deidade semelhante com as nove flores amarelas.
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Uma representação de Dou Mu rodeada pelos Nove Lótus Dourados. 49
A partir disso, Tong Hua considerou o evento como um sinal apropriado para que o rapaz pudesse ser iniciado na Tradição, e estabeleceu uma freqüência de encontros, onde o Mestre iria passando os elementos adequados ao desenvolvimento. Oportunamente, Tong Hua foi com Yuhan e mais uma pessoa de etnia chinesa ao Parque Serra dos Órgãos, e escalando a Pedra do Sino realizaram um ritual de iniciação. 50
Pedra do Sino, RJ 51
A partir daí adota o nome de Yung Fan Chung-Li Hsuen 雲房 锺離 權 Portanto, um nome de origem chinesa. No final dos anos 40, Tong Hua voltou à China, mas como o comunismo já tinha fechado as portas do país e destruído Templos, ele se dirigiu a Taiwan, onde depois veio a falecer, acabando com o propósito dele de levar mais 52
material para estabelecer a Tradição em definitivo no Rio. Yung Fan soube da noticia através de amigos dele, da colônia chinesa. Assim, o processo no caminho da Tradição, para Yung Fan , ficou interrompido. Yuhan conta que entre 1956 a 59 esteve em Moçambique, e que esta viagem ocorreu 53
aproximadamente 4 anos após a saída de Tong Hua do Brasil. Anos depois, ele procurou um grupo de tradição oriental para re-conectar com a Tradição que Tong Hua tinha começado a transmitir-lhe, isto é, uma tradição semelhante. Assim foi em direção dos Yamabushis, do Japão, e auxiliado pelo conhecimento do idioma esperanto, Yung Fan entrou em contato com 54
um Monge Budista japonês, Nisida Ryoya (19111978) que inspirou, juntamente com outro monge, Yuga Yosinori, a criação de um monastério chamado Kyoto Siudoin (京都修道院), estabelecido ao norte da cidade do mesmo nome, no platô de Hinokodaira, cortado pelo rio Momoi. Entre 1972 e 1980, foram construidas tres casas principais, chamadas de 55
“La Domo Silenta” (A Casa do Silêncio), “La Domo de Paco” (A Casa da Paz) e “La Domo de Amikeco” ( Casa da Amizade). Neles estavam um espaço para meditação Zen, uma capela Cristã. Yuhan contou que haviam pessoas vinculadas ao cristianismo convivendo com pessoas vinculadas ao budismo, mas elas não detinham as duas tradições ao mesmo tempo. 56
“Iesu Seidô”, no Kyoto Monastery. Ao fundo, a escultura Buddha Jesus, origem das imagens e quadros difundidos pelo Templo Kwan Yin. 57
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Em abril de 1973 iniciou-se a publicação mensal de “Juvelo Orienta” (A Jóia do Oriente), canal oficial de comunicação e divulgação das atividades do Monastério. Yung Fan estabeleceu um vínculo com eles, tendo recebido permissão para representar o Kyoto Siudoin no Brasil, a partir de 20 de Agosto de 1977. 59
Um ano depois, em 08 Agosto de 1978 concederam o título de monge budista, com o nome niponizado de Ryôku Yuhan, que ele usa até hoje. (Essas autorizações e outorgas foram publicadas no “Juvelo Orienta”). Mas o vínculo com o Kyoto Siudoin acabou em 03 de Março 1999, conforme foi reconfirmado em correspondência recebida por mim em 60
2004, assinada pelo próprio Abade Yosinori, ainda vivo na ocasião. Segundo Yuhan, o afastamento dele do Kyoto Siudoin, primeiramente, porque percebeu que estava sendo vigiado (a pesar de que nada de mal fazia) pois na época da ditadura, pessoas recebendo correspondência do exterior eram passíveis de investigação. E depois, segundo próprias palavras de Yuhan: 61
“Quando houve a chacina da Candelária, [1993] fotografei os corpos e enviei as fotos para o Abade Yuga, pedindo ajuda do mosteiro numa campanha de conscientização do povo Japonês, para o que estava acontecendo no Rio, mas ele simplesmente pediu que eu parasse de enviar essas fotos horríveis e me afastasse.” Yuhan passa a morar em Saquarema a partir de 1987. 62
Continuação da sequencia da transmissão. Em 1992, uma mulher que tinha sido ordenada por Yuhan, a Sra. Luo Zy Tai Shan , e que na época residia em Brasília, uma vez freqüentando uma atividade no Templo Budista da Terra Pura - Honpa Hongwanji entrou em contato com o noviço, hoje conhecido como Lu Tsu Tai Shan. 63
A partir daí, Lu Tsu ficou interessado em conhecer a Tradição , e estabeleceu correspondência com Yuhan, tendo recebido primeira carta datada em 10 de Agosto de 1993. Nessa época, o relator desta, conhecia Lu Tsu haviam já quatro anos, por vínculos fora dos círculos budistas institucionais. 64
Honpa Hongwanji – Brasilia 65
Luo Zhi Tai Shan (em 22 Fev. 2004) Yuhan conheceu-a na década de ’80, quando morou por cinco anos numa Fazenda chamada Boa Vista, em Itamonte, MG. 66
Lu Tsu participou das atividades do Templo mais intensivamente a partir de 1992, quando passou a auxiliar e ser treinado pelo Monge Nakabawashi. Posteriormente passou a residir no Templo, até sua saída definitiva em 28 de Maio de 2000, com grau de Homushi-ho, isto é, o equivalente a Noviço, uma pessoa que está treinando para receber o grau de Monge. Ele não foi ordenado pois não estava disposto a viajar ao Japão e isto 67
colaborou, entre outras questões, para que a Central em São Paulo não autorizasse sua ida a Kyoto. (atentar aqui, não se refere a Kyoto Siudoin). Após uma série de correspondências com Yuhan, Lu Tsu recebeu o titulo de “Monge” em 30 de Janeiro de 1999, dois dias antes do Kyoto Siudoin oficialmente cortar vínculos com Yuhan. 68
Neste e em outros Títulos, Yuhan se reporta e embasa à Tradição como sendo “Wu Tai Shan”, nomeanso a Tong Hua como sendo a pessoa que lhe deu iniciação, e o Templo Fa Hua de Shanghai, assim , nada tendo a ver com Japão e Kyoto.
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Essa ordenação foi feita à distância, nenhuma cerimônia no qual Yuhan e Marcelo se encontrassem ocorreu. Recebeu o nome sacerdotal de “Monge Lu Tsu Tai Shan”. Mais tarde, em Setembro de 2001, quando de uma visita de Lu Tsu a Yuhan, em Saquarema, este lhe entregou três cajados, dizendo serem elementos da Tradição. 70
O título de “Fashih” só passou a ser usado em 2007, quando se constatou que Wu Tai Shan é uma tradição predominantemente Taoista, e não Budista.
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MUDANÇA PARA O ESPIRITO SANTO Sete meses depois de ter-se desligado do Templo em Brasilia, Lu Tsu muda-se de Brasilia, instalando-se no Espirito Santo, no município de Cariacica, bairro de Jardim América, na Grande Vitória, chegando no dia 19 de Dezembro de 2000. Sua vinda foi possível graças ao apoio de um grupo que aqui já existia, reunido com 72
finalidade espiritualista já em atividade desde Novembro de 1993, portanto sete anos antes de sua chegada. Em Março de 2001, Lu Tsu me manifestou que tinha a intenção de organizar um Templo Budista. O papel dele como monge e/ou guia espiritual era cogitado, mas a questão era que ele, apesar de se considerar ordenado por Yuhan, nada sabia da Tradição. 73
Mesmo assim, foi-se executando o projeto do Templo, e outro projeto mais antigo, chamado de “São Raphael”, que chegou a ser registrado em cartório e assumido pelo grupo do Espirito Santo, foi dissolvido em 17 de Junho de 2001.
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PRIMORDIOS DO TEMPLO Antes da abertura do primeiro Templo, em 05 de Agosto , desde final de Julho já se definia o nome para esta nova etapa, com duas opções, entre “Espirito Santo Siudoin Wu Tai” e “C.E.M. – Círculo Espiritualista Maitreya”. No meio de Agosto, já se aventava o nome para: 75
“Jodo Kyoto Siudoin Wu Tai – Dojô do Brasil”, mas passaria a se chamar: “Casa Caminho da Paz” – Em Abril 2002 acontece a primeira aula específica de Dharma Budista e em 16 de Maio o primeiro Refúgio concedido, a Djimpa. Em 31 de Agosto de 2002, o grupo passa a assumir um caráter eminentemente Budista, 76
e novo nome é adotado: “C.E.M. – Comunidade Ecumenica Maitreya”. Em 29 de Outubro de 2003, nova denominação: Sociedade Esoterica Lotus Branco – Centro de Dharma. e ao fim, em 22 Nov 2003 – Sociedade Casa Caminho da Paz é transformada em “Sociedade Centro de Dharma Lotus Branco”.
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Mais um pouco tempo depois e o nome foi alterado novamente, suprimindo as palavras “Centro de”, ficando como é até o presente, “Sociedade Dharma Lotus Branco” A “interface” material do Templo Budista Kwan Yin, e de todos os que houveram. Mas, o conhecimento dos elementos da Tradição Budista Wu Tai Shan que respaldaria o trabalho Budista, isto é, os elementos que 78
constituem a teoria e prática da Tradição, eram práticamente nulos, na época da abertura do Templo. Dentre as poucas informações que Yuhan foi passando através de cartas, associou o nome “Wu Tai Shan” à uma Montanha Sagrada para os Budistas na China, a Montanha dos Cinco Picos, dedicada à Manjushri, mas isto se mostrou ser um dado errôneo. 79
A Tradição Taoista tem sua referencia na Montanha Tai, que é a principal das cinco montanhas na China que são consideradas sagradas para os Taoistas. Um dado de peso a confirmar esse vínculo, foi o “mantram” transmitido por Yuhan, “TAI SHAN SHI GAN TAN”, 泰山,石敢當 mantram este que se reporta à Montanha Tai. 80
O costume de invocar a proteção de Tai Shan pode ser ilustrado por um dos inúmeros exemplos de construções dedicadas, formados por pedras com o mantra talhado nelas, como visto a seguir:
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Atentar para a diferença de escrita: Wu Tai Shan (Montanha Budista) (“Montanha das Cinco Plataformas”)
五台山 Tai Shan (Montanha Taoista) (“Elevada Montanha”)
泰山 83
Observar também no mapa seguinte a disposição geográfica das Cinco Montanhas Taoistas, (em vermelho) e as outras, Budistas, estrelas de cor rosa.
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Aqui afirma-se que: “Amithaba é o Espirito Guardião de Tai Shan”. 86
Sómente se o símbolo de Amithaba estiver representando o símbolo anterior, das raízes do Taoismo, pois a deidade vinculada à Montanha Tai, chama-se: 東嶽大帝 Dongyue Dadi, ou: “Grande Imperador da Sagrada Montanha do Leste”. Sobre o simbolismo do número “108” trataremos depois. 87
Uma “Montanha de Cinco Picos” Taoista? sómente se for a “Grande Montanha do Oeste”) Huá Shān 華山, a Montanha Sagrada Taoista do Oeste onde se configuram cinco picos, formando uma grande flor (daí o nome “Huá”), e é um dos antigos nomes da montanha, ainda em uso: Taihua Shan - 太華山, 88
“Montanha da Grande Flor” (ou do Grande Lótus). A partir de certa época, quase todos os Templos da montanha eram Taoistas da Seita do Portal do Dragão, isto é, o Taoismo da “Tradição da Completa Perfeição” Quan Zhen - 全真 Cuja conformação original chamava-se Seita Ortodoxa do Lótus Dourado. 金蓮正宗記 89
Sobre a Transmissão Assim, três pessoas estão vinculadas na transmissão do Wu Tai Shan no Brasil: Tong Hua, Yung Fan e Lu Tsu. Yuhan disse que “Lu Tsu” (呂祖, “Lü, o Progenitor ou Ancenstral”) era “o nome de um antigo monge, que viveu 800 anos atrás”.
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De fato, consta que esse Mestre nasceu em Jingzhao (京兆府 Jīngzhào Fŭ) em torno do ano 796 dC. Assim, os três nomes estão interligados. São três dos assim conhecidos na China como os Cinco Imortais do Norte. “Tong Hua” (東華) é o título honorifico de Wang Xuampu, nascido na Dinastia Han (221 aC – 280 dC aprox. na cidade de Donghai (hoje 91
Gunzhou, província de Shangdong) e que foi Mestre de Zhongli Quan (鐘離權) (ou literariamente, Yung Fan, ou Chung-li Ch'üan [no sistema Wade-Giles]) . Este, juntamente com outro imortal, Lu dong Bin (“Lu Tsu”) ensinaram os elementos da Tradição que eles detinham a Wang Choyang, (王重陽) então com 48 anos, em 1159, e a partir disso, estabeleceu-se a “Escola da Completa Perfeição”, a 92
Tradição Quan Zhen (全真) do Taoismo. Assim, de acordo com estes dados, os nomes de Tong Hua, o mestre que veio ao Brasil, Yung Fan, do primeiro dos brasileiros, e posteriormente Lu Tsu, que recebeu a “iniciação” de Yuhan, são todos associados ao Taoismo, não tendo relação com a cultura Budista. 93
Conta-se nos “Registros da Tradição”, que o conhecimento relativo ao Caminho (Tao) foi originalmente passado de Taishan Laojun “Grande e Supremo Senhor mais Antigo” (太上老君) - para Dou Mu, e esta, para Baiyun Shangzhen, deste para Wang Xuanpu, depois para Zonghli Quan, e em seguida, para Wang Choyang.
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Assim, mais um elemento se combina com a imagem da Senhora dos Nove Raios, que posteriormente sofreu um sincretismo com os elementos Budistas referentes à Avalokiteswara (Kwan Yin – Kannon)
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SINCRETISMOS PESSOAIS Do conjunto de elementos que Yuhan passou para frente, alguns não são vinculados à Tradição de cunho Taoista. Talvez pela semelhança de certas posturas e praticas, Yuhan achou que poderia mesclar práticas de origem Afro, como se vê em determinados textos por ele elaborados. 96
Isto pode ter sido originado do contato que Yuhan teve com a cultura de Moçambique, com os Maconde, entre 1956 a Outubro de ’59.
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Também é possível ter inserido elementos nascidos de indicações dos seus contatos com oráculos. Yuhan também inseriu elementos Budistas Terra Pura herdados do contato como Kyoto Siudoin (Amithaba, Nembutsu)
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O LOTUS DOURADO DE NOVE PETALAS SOBRE O AZUL ÍNDIGO Amplamente usado como símbolo representativo da Tradição e com variantes:
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“Nembutsu” é uma palavra japonesa, vinculada à Escola Budista da Terra Pura. Na segunda variante, o caractere é a sílaba-semente do mantra de Amitabha, no alfabeto sânscrito (India). Os dois elementos diferentes dos símbolos, embora vinculados, não tem procedência da simbologia do Taoismo ou shamanismo. O Buddha Amitabha aparece no Japão por volta do ano 600 dC. Oriundo do Budismo Chinês, 100
mas o culto devocional se desenvolveu depois de 1200 dC. O vínculo que Yuhan cria entre Wu Tai Shan e o Budismo passa pelo Mestre Budista Japonês Hōnen Shōnin 法然上人 (1133-1212). Mesmo assim, Yuhan afirma nos seus escritos e nos sites na internet, que o Wu Tai Shan NÃO se baseia nos ensinamentos do Budha histórico, Shakiamuni. 101
Isto acontece dentro do próprio Budismo, por exemplo, na escola Shingon, uma escola considerada vajrayana japonesa, oriunda da chinesa, quando afirmam que a origem do Budismo não é em Buddha Sakyamuni, mas sim, em Mahavairochana, que transmitiu as iniciações até chegar em Hui-kuo (惠果; Huìguǒ 746–805). Mas mesmo isto podendo vincular o Wu Tai ao Budismo, o esoterismo não está assentado no 102
Budismo, mas no esoterismo do próprio Taosimo. Este também se vale de mudras, mantras e mandalas, nas suas práticas. Também notar que o Budismo praticado no citado Templo de Brasilia, onde Lu Tsu estudou e serviu, tem sua origem passando pelo mesmo Mestre Japones Honen, e depois, por seu discípulo, Shinran 親鸞 (1173-1262), de onde se formata a escola Jodo Shin Shu. 103
Outrossim, o Budismo praticado no Kyoto Siudoin, também se fundamentava na herança de Honen. Daqui fica a parcela de contribuição pela parte de Lu Tsu, na configuração daquilo que se convencionou chamar de “Budismo Wu Tai Shan”. Agora, O Lótus Dourado de Nove pétalas sobre o Azul Índigo é um belo símbolo d o Lótus do Coração, que apresenta 3 pares de “pétalas”, 104
exemplificado esotericamente nos escritos de Alice A. Bailey, como no diagrama a seguir, publicado em 1925.
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Este Lótus pode igualmente representar o Cento do Coração no ser humano, como também o centro equivalente no planeta, ou no sistema solar ou até cosmicamente. Mais uma vinculação do número nove com Dou Mu.
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INDUMENTÁRIA DA TRADIÇÃO Até o presente não se viu definida qual seria a indumentária monástica ou sacerdotal da tradição Wu Tai Shan original. Segundo as vestimentas usadas por Yuhan, estas assim se apresentariam:
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(Yuhan) – Observar o cajado. 108
(Foto tirada na terceira visita, em Saquarema,em 16 Nov. 2005) 109
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O CAJADO Nas tradições Taoistas, é comum o uso do Cajado, chamado: Fa Zhang 法杖 que o Yuhan chama de “Ying Pei”. Ele se apresenta com nove gomos ou divisões, pois é uma referência às nove estrelas da Ursa Maior, portanto, estreitamente vinculado à Dou 111
Mu, com o simbolismo dos Nove Lótus Dourados e aos Nove Raios. O dia comemorativo à Dou Mu foi estabelecido para o Nono dia do Nono mês lunar, no calendário chinês.
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O CAPUZ
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Um capuz como o que aparece nas fotos ( no caso, a Monja é discípula de Yuhan) me foi dado por ele, e que logo depois foi adotado por Lu Tsu, usado por ele e pelas monjas ordenadas pelo mesmo, em certas ocasiões cerimoniais. Assim, esta aquisição só se deu depois de Novembro de 2005, anos depois da abertura do Templo.
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Yuhan vincula as cores do capuz às etnias Miao, de onde Yuhan conta haver surgido o Wu Tai Shan. Um mapa da china mostra a região destes povos, afastada da província onde se encontra a Montanha Budista dos Cinco Picos, afastando a interação dos Miao com a Montanha de Manjusri, que fica fora da área, em direção Nordeste. 115
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Vale relatar que a questão da associação errônea do Wu Tai Shan com a Montanha de Manjusri levou ao ponto de se pintar, no muro do Templo em Vila Velha, os caracteres referentes à “Escola da Montanha das Cinco Plataformas”. No popular, um verdadeiro “mico”.
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Agora, quanto à indumentária apresentada pelo Fashi Lu Tsu, devido ao fato de desconhecer os elementos da Tradição, permaneceu num ciclo de freqüentes alterações, e nem acompanhou os formatos expostos por Yuhan, que seria o natural, dentro de uma sucessão de Linhagem. Esta profusão de trajes se observa através de algumas fotos, a seguir: 119
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Esta mesma rotina de mudanças aconteceu no símbolo que era usado para representar a Tradição, como também nos arranjos dos altares e exposição de quadros e mandalas no Templo Kwan Yin e também na Liturgia, e até no nome do Centro, tudo em função da indefinição sobre o que de fato se tratava a Tradição Wu Tai Shan. 124
Apresentando mais um exemplo quanto a este ponto, observar como se apresenta Lu Tsu nas Outorgas e Certificados rubricados por ele, concedendo Refugio, Noviciados e Ordenações. No exemplo a seguir, o de cima foi datado em Maio de 2003 e o segundo, em Julho de 2004. 125
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Assim, no decurso de pouco mais de um ano, “muda-se” de Tradição Budista. Acrescente-se ainda, o uso do termo de origem Tibetana, “rime”, que aparece em ambos registros. Vale aproveitar para observar, que foram adicionados mais dois nomes,
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aos iniciais “Lu Tsu”, numa fase de “Tibetização” do “Budsimo Wu Tai Shan” difundido no Centro de Dharma. O adicional “Losel Dorje”, nome de origem tibetana, foi “concedido” por um Monge brasileiro que estava vinvulado à Escola NKT (New Kadampa Tradition), de origem Tibetana, chamado Kelsang Dorchen 128
Através dele Lu Tsu incorporou elementos do Budismo Vajrayana Tibetano, e apresentados como formando parte de uma Tradição Wu Tai Shan, fato que só aumentou o imbroglio.
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Dorchen e Lu Tsu, - 18 Nov. 2001 – Jd. América, Cariacica,ES 130
“Adicionando o Vajrayana” Dorchen fez treinamento na sede mundial da NKT, em Londres, e recebeu o nome de Kelsang Dorchen. Desde final dos anos 90 ele vinha mantendo contato com Lu Tsu, em Brasilia Estava residindo em Monastério da NKT em Belo Horizonte. 131
Em 24 de Agosto, em Campo Limpo Paulista, Dorchen toma Refúgio no Wu Tai Shan. E em 21 de Setembro, Dorchen concede “ordenação”, ou melhor, “título” ao Lu Tsu com nome de Losel Dorje (“Mente Clara indestrutível”), Nome este que passou a ser usado por Lu Tsu. 132
Agora, atentemos para duas coisas: Esta outorga foi dada quatro meses depois do desligamento de Dorchen da NKT (Maio de 2002) Dele também foi recebida a “iniciação” do Buddha da Medicina, e do protetor de Dharma Tibetano Dorje Shugden. A concessão de títulos e nomes não estava nos poderes do grau que Dorchen havia assumido 133
na NKT, e ele não tinha autorização para esta concessão, mesmo que ele ainda estivesse fazendo parte da sangha, conforme a NKT confirmou, através da pessoa de Edna Scott, de São Paulo. Ao final do ciclo, por conduta inapropriada de Dorchen, estando em Campo Limpo Paulista, os vínculos com o grupo Wu Tai foram desfeitos, em 02 de Novembro de 2002. 134
Protetores do Dharma Uma das práticas de origem Tibetana, vindo das mãos de Dorchen que foram adotadas no Templo Kwan Yin foi a devoção e culto à Dorje Shugden, (tibetano: ; rdo-rje shugs-ldan) um protetor de Dharma, pivô de uma inusitada e triste polemica politicoreligiosa envolvendo o Dalai Lama com seus afinados que vetaram a prática e culto à esse 135
Protetor, e outro grupo, de mesmas raízes Budistas, mas que cultuam o Protetor e por isso são ostracizados pelos seguidores do Dalai Lama. A escola Tibetana considera esse Protetor como uma emanação do Buddha Manjusri, e como este estava vinculado à Montanha Wu Tai, se supôs que haver ligação com a Tradição Wu Tai Shan, mas que neste relato, está se mostrando que não é o caso. 136
Dorje Shugden 137
Entre vários implementos para o culto, encomendou-se uma imagem do protetor que veio da India, via NKT de São Paulo. Este protetor acabou servindo como uma “ponte” entre o Templo e a comunidade de Lama Gangchen Rimpoché, estabelecida em Milão e em São Paulo, sob a direção do Lama Michel Rimpoche, um brasileiro discípulo do primeiro, e sucessor na Linhagem. 138
A estes dois Lamas da Escola Gelug, Lu Tsu recorreu com o intuito de pedir uma espécie de reconhecimento e legitimidade da Tradição “Budista” Wu Tai Shan. Foram vários contatos, entre eles, o que está retratado a seguir, em SãoPaulo, em 22 de Novembro de 2007.
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Da dir. à esq., Lama Michel, Lu Tsu , Lama Gangchen e este autor. 140
Polidamente, em Abril de 2009, Lama Gangchen concedeu muitas bênçãos, mas não assinou documento nenhum que significasse validação de tradição, e o Lama Michel, foi mais reservado ainda. Mas de fato seria muito complexo um Lama Tibetano no exílio dar validade a uma Tradição chinesa Taoista da qual ele nada conheça e nem referencia tenha, mais 141
ainda que na ocasião muitas informações essenciais ainda não estavam disponíveis. RITUAIS E TEXTOS O contato com Dorchen forneceu material para elaboração de sádhanas (textos para os rituais) diversos de cunho Vajrayana, pois durante os primeiros meses de atividade eram usadas internamente uns rituais fornecidos pelo Yuhan, mas que apenas representavam o sincretismo 142
particular que ele elaborou. Depois de intermináveis trocas de sadhanas, livretos, e de um posterior “enxugamento”, para tornar a prática mais centrada em Amitabha e Kwan Yin, em 2007 já se obtinham as confirmações que Wu Tai estava vinculado ao Taoismo, muito provavelmente à Escola do Portal do Dragão. Do Templo principal desta Escola , que se encontra em Beijing, (Baiyunguan, 白雲觀) 143
Simpatizante que morava nessa cidade, chamado Bob Poo Phinder, que era ( Bob, no centro da foto)
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imigrante da Malaysia, afinado com o Budismo, nos fez o favor de ir à esse Templo e conseguiu adquirir três versões do Livro de Preces da Tradição,
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e as enviou via correio, em 10 de Junho de 2008, quando o Templo já estava em Goiania. Chama-se: Taishang xuanmen zaowantan gongkejing 太上玄門早晩檀功課經 Que pode ser simplifcado para “Gonke”. Infelizmente, os chineses que contatei para tentar uma tradução, nenhum deles se habilitou a fazer o trabalho. Esse tesouro ficou “para 146
escanteio”, sem uso, além do mais porque não haveria nenhuma pessoa habilitada para dar a instrução e autorização ritualística para realizar tais práticas. Um dos volumes é de capa dura, ilustrada e com ideogramas originais. Um segundo volume, de capa simples, e um terceiro, com caracteres simplificados. Uma foto destes escritos, segue: 147
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As sádhanas (livretos ritualísticos) no Templo Kwan Yin continuaram nos moldes Budistas Mahayana com mescla de Vajrayana Tibetana.
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Os Cento e Oito Raios vinculados com as Montanhas Sagradas. Os textos enviados por Yuhan falam de “As 108 Montanhas Sagradas, os 108 Raios vinculados à essas montanhas”. A vinculação de lugares sagrados e montanhas é comum em antigas Tradições. O 108 é um número com simbologia vasta. 150
Os Nove Raios, as Nove Estrelas, os Nove Lótus. Nove vezes 12 (ciclo anual) 12 x 9 = 108 variações. Os 108 grupos de trabalho, que oportunamente se sintetizarão, como exposto em texto publicado em 1923, por Alice Bailey. 108 é um numero sagrado não só para Budistas, mas para outras Tradições mais antigas, como os Vedas. 151
Também se conta desde há séculos que o Palácio residencial de Dou Mu fica mas montanhas Kun Lun ( Kūnlún shān -崑崙山)
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Possivelmente seja por isso que Yuhan orientou Lu Tsu para que confecionasse carimbos com os seguintes dizeres: “Lu Tsu Tai-Shan” “Monge Zelador do Syûdôin Kwun Lung” A seguir, outro sincretismo, visível na página do Facebook, de Lu Tsu.
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“Gnostic Buddhist Priest” – Pergunta-se: Sacerdote “Budista” por qual Escola? E Sacerdote Gnóstico, também? Gnóstico, que se saiba, é linhagem Cristã. Em propaganda, ainda vemos a referencia ao “Budismo Wu Tai Shan”, como mostrado a seguir, em divulgação feita no Facebook: 156
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PARA REGISTRAR Quero deixar claro que, há muitos méritos na propagação de Dharma e ensinamentos espirituais, por qualquer um que seja, e não nego que várias pessoas possam ter sido ajudadas na sua caminhada a partir de palestras, ensinamentos, e cursos ministrados tanto por Yuhan como por Lu Tsu e a Monja Senjú. 158
Mas considero inapropriado o uso de títulos, concessão de outorgas e iniciações, sem a autorização devida e registrada, além de passar informações que não foram verificadas e conferidas. Isto tudo, sem mencionar a divulgação de uma filosofia (ou religião) sem os elementos vinculados à ela, e mais, “preenchendo as lacunas” (PRÁTICAMENTE TUDO) com enxertos de outras Tradições. 159
Por mais que achasse bonito, instrutivo e válido, não poderia abrir um espaço, batizando-o de “Ilê de Yemanjá”, pois não sou iniciado na egrégora da Tradição Afro. Sempre tem alguém que passa a iniciação. Até mesmo Jesus se sujeitou ao Batismo de João.
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EPÍLOGO Se porventura uma proposta servir de algo positivo aos responsáveis pelo Templo Kwan Yin, e paralelamente, para que ninguém me diga que não dei sequer uma direção ou solução, digo: Para têrmos de mundo, já que é o meio de trabalho, então, 161
Que assumam uma orientação válida e registrada. Sujeitem-se ao processo de galgar etapas. Tenham ciência da base na qual se tenta apoiar uma autoridade. Completem os ciclos de ordenação. Ou então, façam como os Rosacruzes, os Teosofistas, os Martinistas, os Gnósticos, os Sufis, o grupo de Cafh, e muitos outros: 162
assumam que TAMBÉM formam uma escola esotérica. Não precisa esconder. Depois de tudo que se estudou, com vocês, os antigos, em cima dos textos de uma Alice Bailey, um Trigueirinho, duas Helenas e muitos outros tantos, poderiam estar já colaborando......
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TROCANDO FIGURINHAS Para envio de comentários, perguntas, informações adicionais, favor enviar mail para:
[email protected] informando qual mail o requerente usa no portal ORKUT, para poder adicioná-lo na Comunidade “Wu Tai-Shan Histórias Forum”. Todos sem exceção serão aceitos, desde que respeitem os 164
procederes no processo de postar artigos e comentarios. Importante dizer que, se por ventura alguém vier a trazer algum dado CONCRETO a mais para acrescentar ao que vai ser exposto, será bem vindo, pois colaborará com mais peças para que este quebra-cabeça possa mostrar uma imagem mais completa desta história toda. 165