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Introdução “A Palavra de Deus não se deixa acorrentar” (2Tm 2,9) “e corre veloz pelo mundo inteiro” (Sl 147,15). Esta é a experiência que temos vivido nestes 20 anos de ministério ao longo de 62 países do mundo: a força intrínseca que tem a Palavra para convocar, converter e transformar o homem e a sociedade. Palavra que, proclamada com o Poder do Espírito, vai acompanhada dos sinais, dos prodígios e dos milagres que o Senhor Jesus prometeu. No coração de cada cad a discípulo, discí pulo, ressoa a grande missão missão conf c onfiada iada por Jesus aos seus: “Vão por todo o mundo e proclamem a boa-nova a toda a criação. Estes sinais acompanharão os que crêem: em meu nome expulsarão demônios, falarão línguas novas, pegarão em serpentes com as mãos e mesmo que bebam veneno, não lhes fará mal. Imporão as mãos aos doentes e eles curar-se-ão” (Mc 16,1718). A Igreja foi criada para proclamar as maravilhas de Deus. Porém, isso não significa que deva recordar apenas o que sucedeu nos primeiros capítulos da História da Salvação, mas que é chamada a escrever uma página gloriosa sobre o dia de hoje, manifestando todo o poder redentor da morte e ressurreição de Cristo Jesus. A Renovação Carismática, que festeja há décadas sua existência na Igreja Católica, partilha essa mesma missão: anunciar a morte e proclamar a ressurreição de Jesus até que Ele volte outra vez a este mundo. Sou testemunha do amor de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Com seu impulso, temos a responsabilidade de ser testemunhas do que vimos e ouvimos, tanto para edificar a fé dos irmãos, como como para par a im i mpulsionar o ministério ministério dos que receberam re ceberam o encargo de proclam proc lamar ar a Palavra de Deus na Igreja. Igreja. Estas páginas oferecem uma visão panorâmica do que é e do que faz a Renovação Renovação Carism Cari smática. ática. Prim Pri meiro viajarem viaja remos os com as asas do Espírito Espír ito por algu al gunns continentes e países, para depois descobrirmos a fonte da força e da vitalidade
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dessa Renovação: o Seminário da Vida no Espírito que culmina com o batismo no Espírito Santo. Para que não fiquemos só na teoria, cada capítulo vai acompanhado de milagres e de curas realizados pelo poder de Deus. Não se trata apenas de admirar ou até de ter certa inveja daquilo que é descrito. Trata-se antes de tudo de nos convencermos pela fé de que isso pode acontecer também a nós; mais, que também somos chamados a ser canais de poder do Espírito para instaurar o Reino de Deus, que é um reino de justiça, alegria e paz no Espírito Santo. Que Deus faça brilhar o seu rosto em nós através destes testemunhos que mostram o amor e a misericórdia de Jesus por todos os homens, especialmente pelos pecadores. peca dores. Emil Emiliano iano Tardi Tardif, f, MSC S. Domingos, República Dominicana 25 de março de 1994
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Como tudo começou... Em 1973, eu era provincial de minha congregação dos Missionários do Espírito Santo, na República Dominicana. Tinha trabalhado muito, abusando de minha saúde ao longo daqueles 16 anos de missão no país. Consagrava muito tempo a tarefas de ordem material, construindo capelas, seminários, centros educativos ou de catequese etc. Passava meu tempo arrecadando dinheiro para construir missões e alimentar seminaristas. O excesso de trabalho derrubou-me. No dia 14 de junho desse ano de 1973, durante uma assembléia do Movimento Familiar Cristão, senti-me doente, muito doente. Tiveram de transportar-me imediatamente ao Centro Médico Nacional. Estava tão doente que me convenci de que não passaria daquela noite. Julguei realmente que iria morrer. Já tinha meditado muitas vezes sobre a morte, mas nunca estivera muito perto dela. Dessa vez, passei de raspão e não me agradou nada. Os médicos fizeram exames minuciosos, diagnosticando uma tuberculose pulm ulmonar onar agu aguda. da. Vendo que estava tão doente, doente, pensei em voltar a Qu Quebec, ebec, no Canadá, onde vive minha família. Mas estava tão fraco que não podia fazer isso. Tive de esperar 15 dias e seguir um tratamento com fortificantes para poder fazer a viagem vi agem.. No Canadá, Canadá, fui fui internado internado em um centro centro médico especializado, especi alizado, onde os médicos me examinaram novamente para verificar a natureza da doença. O mês de julho passou-se em análises, biópsias, radiografias etc. Tudo confirmou cientificamente que a tuberculose pulmonar aguda tinha produzido lesões graves nos dois pulmões. Para me dar alguma coragem, disseram-me que talvez eu pudesse udesse regressar r egressar a minh minhaa casa, após um ano de tratam tratament entoo e de repouso. Certo dia, recebi duas visitas diferentes. Primeiro, a do sacerdote que dirige a revista Notre Dam Damee. Pediu licença para me fotografar, para um artigo intitulado: “Como viver com a sua doença?”
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Mal se tinha despedido, entraram cinco leigos de um grupo de oração da Renovação Carismática. Na República Dominicana, eu tinha caçoado muito da Renovação, afirmando que a América Latina não precisava do dom das línguas, mas de promoção humana. E agora vinham estes rezar por mim de maneira absolutamente desinteressada. Eram duas perspectivas totalmente diferentes: a primeira visita tinha por objetivo levar-me a aceitar a doença; a segunda, rezar pela minha cura. Como padre missionário, não podia recusar a oração oraç ão deles mas, sinceramente, sinceramente, aceitei-a mais por boa educação do que por convicção. Não acreditava que uma simples oração pudesse curar-me. Eles disseram, muito convencidos: “Vamos fazer o que diz o Evangelho: ‘Imporão as mãos aos doentes e estes ficarão curados.’ Vamos rezar assim e o Senhor vai curá-lo.” Imediatamente, aproximaram-se da cadeira onde eu estava sentado e impuseram-me as mãos. Nunca unca tinha tinha visto nada semelhan semelhante te e aquilo me desagradou. Sentia-me Sentia-me ridículo debaixo das mãos deles e incomodado porque as pessoas que passassem no corredor corr edor podiam pod iam ver-nos ver-nos pela pel a porta que tinha tinha ficado ficado aberta. Por isso, interrompi a oração e propus-lhes: “Se quiserem, vamos fechar a porta...” “Sim, “Sim, Padre, por que não?” – responderam eles. Fecharam e porta, mas Jesus já tinha entrado. Durante a oração, senti um forte calor nos meus pulmões. Pensei que era uma nova crise de tuberculose e que naquele momento ia morrer. Mas era o calor do Amor de Jesus que estava me tocando e curando meus pulmões doentes. Durante a oração, houve uma profecia. O Senhor dizia-me: “Farei de ti uma testemunha do meu Amor.” Jesus Vivo devolvia a vida, não só aos meus pulmões, mas também ao meu sacerdócio, sacerdóc io, a todo o meu meu ser. Três ou quatro dias depois, sentia-me perfeitamente bem. Tinha bom apetite, dormia bem e não tinha nenhuma dor. Os médicos estavam prontos para começar imediatamente o tratamento. Contudo, nenhum medicamento agia sobre a doença
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que eles tinham detectado. Mandaram vir medicamentos especiais, que também não fizeram qualquer efeito. Sentia-me bem e queria voltar para casa, mas obrigaram-me a ficar no hospital para que os médicos pudessem procurar bem a tuberculose que fugira e que eles el es não conseguiam encontrar. encontrar. No fim fim do mês, mês, depois de inúmeras inúmeras análises, análise s, o médico-c médico-chef hefee me me disse: disse : “Padre, volte para casa. O senhor está curado. Isso vai contra todas as teses médicas. Nós ignoramos o que aconteceu.” Depois, encolhendo os ombros, acrescentou: “Padre, o senhor é um caso único neste hospital.” “Na minha congregação também”, respondi-lhe rindo. Saí do hospital sem receitas, sem remédios nem injeções. Pesava cinqüenta quilos. O hospital que me devia curar da tuberculose me fazia morrer de fome. Quinze dias depois, saiu o número 8 da revista Notre Dam Damee. Na página 5 estava minha fotografia no hospital: eu estava sentado na minha famigerada cadeira, com tubos, feição triste e olhar distante. Debaixo da fotografia, tinham escrito: “O doente tem de aprender a viver com sua doença, habituar-se às alusões veladas, às perguntas indiscretas... e aos amigos que já não olham para ele da mesma maneira.” A minha boa saúde tinha tornado ultrapassado aquele número da revista. O Senhor tinha me curado. Com certeza, minha fé era muito pequena; talvez tivesse o tamanho de um grão de mostarda, mas Deus é tão grande que não tinha tomado em consideração a minha pequenez. O nosso Deus é assim. Se Ele dependesse só de nós, não não seria ser ia Deus. Dessa forma, recebi em minha carne o primeiro ensinamento fundamental para o ministério da cura: o Senhor Senhor cura-nos cura-nos com a fé que temos. temos. Não nos pede mais. Só isso.
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PRIMEIRA PARTE
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VOLTA AO MUNDO SEM MALAS
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1. A volta ao mundo sem malas Em agosto de 1985, depois de ter pregado um retiro sacerdotal na França, parti para Bog Bogotá otá por S. João de Porto Rico. Começava Começava assim uma uma grande viagem de quarenta quarenta dias, di as, pregan pr egando do a Palavra. Palavra . Seguindo Seguindo a rota do sol, sol , daríam darí amos os a volta ao mundo levando a luz do sol da justiça que é Cristo Jesus, o Senhor. Chegando àquela formosa ilha do Caribe, tive a desagradável surpresa de que a minha bagagem não tinha chegado comigo. O pior era que minha Bíblia e minhas notas para os retiros programados estavam na mala que tinha sido extraviada. Por engano, informaram-me, tinham enviado minha mala para a África; tinham confundido S. João de Porto Rico com Joanesburgo, na África do Sul. Pediram-me desculpas, assegurando-me que a enviariam logo em seguida para Bogotá. Bogotá. Assim, comecei o retiro para 400 sacerdotes em La Ceja, na Colômbia, organizado pelo Monsenhor Alfonso Uribe Jaramillo. Confiando que, a qualquer momento, apareceria minha bagagem, não comprei nada. Quando terminei o retiro, fui verificar: não tinha chegado. Então mandei outro telegrama esclarecendo: “É importante mandar a mala para o Japão.” Os empregados, com muita segurança, prometeram-me: “Sua mala o estará esperando em Tóquio quando o senhor chegar. Não se preocupe.” Confiei ingenuamente e voei para Guadalajara, no México, onde meus amigos Pepe e Beatriz Urrea me ofereceram um pijama e algumas coisas. Ali reuni-me com o companheiro com quem tinha de ir evangelizar na volta ao mundo. De Guadalajara, voamos para Los Angeles, onde quase perdemos o avião. O mais divertido foi que, durante a longa viagem de 11 horas até Tóquio, exibiram um filme que tratava de uma mala extraviada. Ao cruzar a linha do tempo, além de ter perd p erdido ido minha inha bagagem b agagem,, perdemos pe rdemos também mais mais um dia. dia . Quando chegamos ao aeroporto de Narita, perguntei por minha mala. Ainda não tinha chegado. Então mandei outro telegrama: “Estou no Japão. Preciso 16
urgentemente da mala.” Esperava-nos um bom Missionário Redentorista que, depois das saudações fraternas e com a característica delicadeza oriental, nos disse: “Não queríamos abusar de vocês, mas vamos pedir-lhes um favor. Um numeroso grupo de carismáticos está reunido numa sala da Universidade de Sofia e espera uma conferência conferência esta tarde. Se vocês voc ês pu p udessem, agradeceríamos muit muito.” o.” Eu preferiria preferi ria ir para um quarto descansar, mas aceitamos com gosto aquele convite. Na Universidade, ivers idade, houve uma uma grande grande assembléia, com músicas lindas e orações cheias de unção. Deu-se uma mensagem em línguas, que foi interpretada em japonês. Nunca cheguei a perceber a diferença, uma vez que não percebi nem uma nem outra. Veio então o momento de minha participação. Mais do que uma conferência, dei uma visão panorâmica de como o Espírito Santo está renovando a face da terra. Depois, partimos para Osaka, no famoso trem-bala, para pregar o retiro sacerdotal. Quando chegamos, pedi emprestada uma Bíblia e comecei minha conferência baseando-me exclusivamente na Palavra de Deus e não nas notas que se tinham perdido. Escolhi o texto do envio dos discípulos: “Ide, anunciando que o Reino dos Céus está próximo, curai os doentes, expulsai os demônios; não vos preocupeis nem com ouro nem com prata, não leveis levei s bolsa para o caminh caminhoo nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado.” Nunca tinha pregado essa passagem com tanta tanta certeza, ce rteza, uma uma vez v ez que era er a isso i sso mesmo o que eu e u vivia vivi a naquele momento. omento. Os missionários reagiram muito favoravelmente à proclamação do Evangelho. Não expusemos grandes temas doutrinais, apenas apresentamos Jesus vivo. E explicamos que a evangelização do mundo só é possível com o poder do Espírito Santo. No final, o Bispo emérito de Fukoka exclamou: “Esta é a solução para a evangelização evangelização destas terras! Apresentar Apresentar a própria própri a pessoa de Jesus! Os missionários tentam entrar no povo japonês pela cabeça e esquecem-se de que o Espírito Espíri to Santo Santo entra pelo coração. O que importa importa é tomar tomar presente p resente a maravilhosa pessoa de alguém alguém que foi capaz de morrer por nós, mas que ressuscitou no terceiro dia.” À noite, fomos a uma igreja para a celebração eucarística, na qual havia oração pelos doentes. Contudo, quando solicitamos que se identificassem aqueles que tinham sido abençoados com uma graça ou com uma cura física, 17
ninguém reagiu. O Padre Jean Pancresch advertiu-nos: “Os japoneses não respondem no momento. Nem há que forçá-los porque não o farão. É melhor esperar.” Efetivamente, meses depois recebemos um pequeno folheto publicado pelo Padre Jean, on o nde ele tinha tinha anotado o nome, ome, o endereço e o telefone telefone de 38 pessoas curadas que correspondiam corres pondiam a 39 palavras palavra s de ciência. Terminava: erminava: “Apenas a que foi curada de hanseníase vai lentamente em sua recuperação.” Voltamos a Tóquio e, naturalmente, fui à procura de minha bagagem. Tinham despachado minha mala para Madrid, para poderem enviá-la para Tóquio no dia seguinte. Aborrecido, enviei outra mensagem: “Mandem imediatamente a mala para Taipei Taipei.” .” Do Japão voamos para Taiwan, onde passamos oito dias muito interessantes nesse país que tem uma grande sede de Deus. Apesar de ser um dos centros mais importantes da economia asiática, caiu num materialismo escravizador. Nesse desenvolvido país, a vida espiritual não progride no mesmo ritmo que a indústria. Aqui se trabalha sete dias na semana, mas sente-se a ausência de Deus apesar das cent c entenas enas de templos templos pagãos. No entant entanto, o, Jesus provou ali que não há outro outro nome ome dado aos homens homens pelo qual possamos ser salvos. E isso, tanto na catedral de Taipei como em Shin Shu e ainda noutra terra mais ao sul de cujo nome não consigo me recordar. Vários recuperaram a vista, uma senhora deixou sua bengala e começou a andar, outras duas pessoas abandonaram suas próteses auditivas, uma vez que já ouviam perfeitament erfeitamente. e. Tam Também bém em Taiwan aiw an Jesus Jesus é o Messias, e manifestou manifestou-se -se como tal. tal. É triste ver que a Igreja Católica não significa muito nesse ambiente, mas, quando lhes apresentamos o Evangelho com o Poder do Espírito, eles vêm e ficam, porque encontraram um Jesus que está vivo e isso é importante para qualquer um. Eu tinha pensado que esses sinais carismáticos eram mais necessários nos países pobres e subdesenvolvidos. Agora, convenço-me de que são igualmente indispensáveis nos países materializados pelo progresso, pois vive-se no ateísmo prático de quem acredita não precisar de Deus porque tem indústria e progresso. No entanto, o problema não é deles, mas de quem lhes anuncia o Evangelho. A pergunta para todo o missionário deve ser: “Estamos apresentando um Evangelho completo em que se manifesta o poder de Deus? Ou apenas uma mensagem que se reduz a uma recordação histórica do que se passou 18
há dois mil anos na Galiléia e em Jerusalém?” Como tinha razão S. Paulo quando dizia aos tessalonicenses que lhes tinha anunciado o Evangelho não só com palavras, alavra s, mas mas também também com o Espírito Espíri to Santo Santo e com poder! (1Tes (1Tes 1,5). Até ao último dia em que permanecemos em Taipei, estive à espera de minha mala, que cada dia se tornava mais famosa nos faxes e nos telegramas. Por fim, no momento de nossa partida, tornamos a mandar uma última mensagem para que a enviassem diretamente para São Domingos. Não me interessava continuar a preocupar-me reocupar-me com ela. Preferi que a mandassem para minha inha casa, para onde eu retornaria duas semanas mais tarde. Tomamos o avião e voamos para Hong-Kong e dali para a China Comunista. Tínhamos seis dias livres e queríamos aproveitá-los. Em Hong-Kong, estava tudo tão barato que compramos as coisas necessárias, já que não voltaria a ver minha mala durante o resto da viagem. A China Comunista pareceu-nos misteriosa isterios a e pobre. O paraíso paraí so com c omuunista não não foi instaurado instaurado ainda nesses lugares. lugares. Na verdade, se o Espírito Espíri to Santo Santo não renovar a face da terra não há maneira nenhu nen hum ma de d e instau i nstaurar rar a justiça j ustiça e a paz p az neste mun mundo. do. Com razão afirma o salmista: s almista: “Se não for o Senhor a construir a casa, em vão se cansam os construtores” (Sl 127,1). Nossa oração nesses lugares era: “Vem, Senhor Jesus, com o poder do Pentecostes. Maranatha!” Maranatha!” Por desgraça, fizemos mal os cálculos econômicos e no terceiro dia ficamos sem dinheiro. Não tínhamos para comer nem para pagar os últimos três dias do hotel. Então recorremos à lista telefônica e encontramos os Missionários de Guadalupe, uma congregação mexicana que tem trabalho pastoral na África e no Oriente. Acolheram-nos muito amavelmente. Mais uma vez, vimos cumprida a promessa romessa do Senhor Senhor de responder res ponder a todas as nossas nossas necessidades. necessid ades. De Hong-Kong fomos para a Índia. Passamos oito dias em Bombaim, onde pregamos regamos a diferentes diferentes grupos grupos católicos acerca da Renovação Renovação Carismática. Carismática. Uma semana semana percorrendo percorr endo essa enorme enorme cidade ci dade de d e oito oi to milhões milhões de habitantes, abitantes, dos quais mais de um milhão dorme na rua ou nas praças públicas. Que pobreza na Índia! Por outro lado, que riqueza de fé entre os dezoito milhões de católicos do país! Apesar dos muitos problemas econômicos, o desenvolvimento da fé é evidente. A Igreja mantém uma visão missionária e, tendo tantas necessidades locais, está enviando missionários para outros continentes. Ali está o segredo de seu 19
progresso espiritu espir itual. al. Partilham sua pobreza e sua riqueza com outros. outros. Não pensam apenas nos poucos convertidos, mas nos milhões que ainda não escutam escutam a mensagem da salvação e sacrificam seus sacerdotes e leigos comprometidos para enviá-los a pregar nou noutros tros lugares lugares de missão. issã o. Só as Irmãs Irmãs da Caridade da Madre Teresa de Calcutá têm mais de mil e quinhentas religiosas no país e outras mil fora. Comparativamente com o número de católicos, há muitas vocações nos seminários. Esta semana foi suficiente para nos fazer ver algo da vitalidade da Igreja na Índia. Durante o último ministério de cura na Igreja de Nossa Senhora, o Senhor curou um homem que caminhava dificilmente com duas muletas. Eu pedi-lhe que se identificasse, mas ele tinha medo, porque era muçulmano. Durante a oração, deixou suas suas muletas muletas e começou começou a andar pelo pel o corredor cor redor central central da igreja. i greja. Subiu até à capela-mor e, com a voz entrecortada de emoção, pediu desculpas: “Mas, eu sou muçulmano”, como se se sentisse culpado por receber uma cura num templo católico. Respondi-lhe: “Não se preocupe. Deus é Pai e cura-o por intercessão de Jesus Cristo. O Senhor o ajuda a descobrir que Jesus é o Filho de Deus e Salvador do mundo.” Fomos depois pregar na Ilha Maurício. Estávamos exatamente no outro lado do mundo. Apesar de nos encontrarmos nos antípodas, sentíamo-nos em casa, devido à extraordinária amabilidade dos irmãos, especialmente do seu Bispo. Pregamos durante três dias um retiro espiritual para os católicos que celebravam o décimo aniversário da Renovação Carismática. No fim, a assistência passava de dez mil pessoas. Foi aí que presenciamos mais curas físicas e mais fervor na assembléia. Durante a Missa de encerramento, presidida pelo Bispo, anunciamos que um coxo estava sendo curado. Timidamente e com passo cambaleante, apareceu um homem que levantava sua bengala e arrastava lentamente os pés. Quando chegou ao estrado, quisemos ajudá-lo a subir os sete degraus, mas ele negou-se e o fez sozinho, perante a admiração de todos. Era um homem de 68 anos, que há muito tempo não podia caminhar sem bengala. Louvou a Deus com grande emoção e desceu sem ajuda de ninguém. Enquanto descia a escada, atirou a bengala para o chão e começou a correr; sim, a correr pelo corredor central perante os aplausos 20
e as lágrimas dos assistentes. Literalmente repetiu-se o que S. Lucas nos conta daquele paralítico paral ítico curado diant di antee da Porta Por ta Formosa: Formosa: começou começou a andar, andar, a saltar sa ltar e a louvar a Deus (At 3,8). Depois levantou-se outro coxo, depois outro, e outro ainda. No fim tínhamos a impressão de assistir a uma corrida de coxos. Era Jesus que voltava a dizer a seu povo: “Para que os homens saibam que o Filho do homem tem poder na Terra para perdoar os pecados, levanta-te, pega na tua tua cama cama e vai para casa” (Mc 2,10-12). Terminamos o retiro e levaram-nos ao aeroporto, passando antes a orar por uns doentes. Depois de registrar nossa bagagem, entramos na sala de espera pensando ensando que por fim descansaríamos um um pouco, mas mas descobrir des cobriram am-nos -nos ali outros outros passageiros, e imediatam imediatament entee fizeram um uma fila fil a para pa ra que rezássemos rezássemos por eles. As pessoas espant es pantavam avam-se -se de ver as duas filas filas de pessoas qu quee nos seguiam seguiam.. Apanhamos o avião que fez uma breve escala na Ilha da Reunião, onde nunca tínhamos estado. Descemos e surpreendemo-nos por ouvir nossos nomes nos alto-falantes do aeroporto. Sem nos explicar o que se passava, pediram-nos nossos passaportes e um policial escoltou-nos até fora do aeroporto. Sabendo que nosso vôo fazia escala nessa ilha perdida do Oceano Ocea no Índico, uma família tinha organizado as coisas para nos “raptar” com a intenção de que rezássemos por seu filho filho que que estava num numa cadeira cadeir a de rodas. Chegamos a Paris no dia seguinte, depois de um vôo de dezesseis horas. Foi a nossa viagem mais comprida até então. Apesar de tanta fadiga, animava-nos pensar que S. Paulo sofreu muito uito mais problemas para levar o Evangelh Evangelhoo de Jesus. Em Paris, tínhamos um encontro com mais de quatro mil pessoas na Igreja de S. Francisco Xavier. Houve também um ministério de cura com muitas bênçãos do Senhor. Senhor. Mas que diferen di ferença ça em relação ao que tínham tínhamos os visto na Ilha Ilha Maurício e na Índia! Estava tudo tão controlado que os sinais que o Senhor nos dá para acompanhar a evangelização apagavam-se por detrás de certa mentalidade cartesiana que não favorecia em nada a renovação da fé. Ali não se via a espontaneidade do povo de Israel que grita: “Hosana ao Filho de Davi!”, quando o Senhor manifesta sua glória com sinais e prodígios. Antes se sentia um certo espírito crítico, que não permitia ao povo simples dar testemunho das 21
maravilhas do Senhor. Por alguma razão nos dizia um dia o Cardeal Renard: “A Igreja é um Pentecostes permanente e não uma racionalização permanente.” Em Paris separei-me de meu companheiro. Segui para São Domingos e ele para Roma. Roma. Ch Chegu eguei ei à República Repúbl ica Dominicana Dominicana quarenta quarenta dias dia s depois de ter saído. s aído. Tinha dado a volta ao mundo em metade do tempo que Júlio Verne propôs. Nas asas do Espírito viaja-se muito mais depressa. Ao chegar em casa, encontrei-me com minha velha amiga, a mala perdida. À porta de meu quarto esperava-me sorrindo, parecendo desafiar-me: “Eu andei por muitos países que você não conhece.” Sou testemunha de que hoje se pode cumprir o mandato de Jesus Cristo, de ir por todo o mundo mundo sem bagagem bagagem.. Nós, os discípulos discí pulos de Jesu Jes us, podemos percorrer percorr er a terra inteira inteira apenas confiando confiando na Palavra de Deus. Curiosamente, sucedeu-nos outro incidente alguns meses depois com o mesmo companheiro mexicano. Depois de um Retiro Sacerdotal em Los Teques, Venezuela, o Arcebispo levou-nos em seu automóvel diretamente ao estádio de Caracas. Deixamos nossas malas no carro, supondo ser um lugar seguro e abençoado. No estádio estavam 12 mil pessoas para escutar escutar a Palavra do Senhor. Senhor. Foi uma jornada gloriosa e inesquecível. O Senhor fez curas desde o momento de proclamar sua Palavra, Palavr a, antes antes mesmo esmo de se fazer fazer a oração pelos enferm enfermos. os. Ali percebi que os sinais acompanh acompanham am a proclam procla mação da Palavra Palavr a e não são apenas conseqüência de nossa oração. Mas, ao sair, qual foi nossa surpresa! Os ladrões tinham escolhido o automóvel episcopal para obter recordações santas, levando toda a nossa bagagem agagem.. Minha Minha mala, que sobrevivera sobrevi vera a uma uma volta v olta ao mun undo, do, desaparec de sapareceu eu com minha máquina de escrever e tudo quanto havia comprado em Hong-Kong. O mais valioso que perdemos não foi nenhuma coisa material, nem sequer meu passaporte assapor te ou meu meu bilhete de identidade, identidade, mas uma uma pasta pa sta onde estavam cinqüenta cinqüenta testemunhos para nosso próximo livro. Eu os tinha escolhido cuidadosamente e trazia-os para entregar a um amigo com quem escrevo os livros. Então eu disse ao Senhor: Senhor: “Se queres que escrevamos este livro, livr o, terás que fazer fazer mais mais milagres e mais curas. Os testemunhos podem se perder, mas a ti não podemos perder-te.” Mais uma vez o Senhor nos desprendia de tudo para não dependermos senão 22
dele. Deus nos quer livres de todo o apego e de toda a segurança humana ou religiosa. Na verdade, quando o Senhor é o nosso pastor, nada nos falta. As coisas não são tão necessárias como julgávamos. Os planos do Senhor são maravilhosos, pois nos ensinam a caminhar sobre as águas, dependendo apenas da sua Palavra que nos diz: Vão pelo mundo e proclamem a boa-nova a toda a criação (Mc 16,15). Como tinha razão o Senhor, ao mandar-nos sem túnica, sem sandálias, sem dinheiro! Vive-se na confiança de seu amor e na dependência de sua fidelidade. Pode-se dar a volta ao mundo sem mala e até sem visto nem passaporte. Quando eu tiver que fazer a viagem definitiva para a Jerusalém celeste, não levarei nem mala nem passaporte. A Palavra de Deus é Espírito e é Vida (Jo 6,63) que nos assinala não só o que devemos fazer, mas também como realizá-lo: rea lizá-lo: “A messe é grande e os operários operári os são poucos. Peçam pois ao a o Senhor Senhor da messe que mande mande operários para a sua messe. Vão mas olhem que vos envio como ovelhas no meio dos lobos. Não levem l evem bolsa, nem saco, nem sandálias. Cu Curem rem os enferm enfermos os que lá houver e digam-lhes: digam-lhes: O Reino de Deus Deus está es tá perto” (Lc 10,2-3.9-10). 10,2-3.9-1 0).
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2. América Latina O continente latino-americano é grande e cheio de contrastes. Ao lado das grandes riquezas, existe a penúria. Encontrei os corações mais generosos nesta terra onde a miséria e a generosidade dão as mãos. Nesses países, economicamente pobres mas ricos por sua fé, constato o amor sem medida de Deus, que amou os seus filhos e trabalha neles para instaurar neste mundo um Reino de justiça, de alegria e de paz. A América Latina foi chamada com razão o “continente da esperança”. O que Deus está realizando nessas latitudes é sinal de esperança e salvação para toda a humanidade. Evangelizada há 500 anos, tem o desafio de viver e proclamar uma nova evangelização; nova no ardor, nova nos métodos e nova na expressão. São povos que teceram juntos sua história, suas culturas e sua fé sobre a Palavra de Deus, para construir o Reino de Deus, mediante a pregação que leva à conversão pessoal, comunitária e social. A transformação de nosso mundo é obra do Espírito Santo, que renova a face da Terra. Muitos, por variadas vias e sistemas, prometem a libertação e a instauração da paz e da justiça neste mundo. A outros parece que, por si só, a pregação do Evangelho não muda as coisas. Contudo, nós repetimos com S. Paulo: “Eu não me envergonho do Evangelho, que é a força de Deus para a salvação de todo aquele que acredita” (Rom 1,16). Embora pudéssemos referir-nos a cada país do continente, temos de escolher apenas alguns, para oferecer uma visão sintética do que acontece nessas terras tão abençoadas por Deus. Deus.
Brasil O Senhor enviou-nos dois a dois. Por isso, procuro sempre ir com outro irmão evangelizar. Assim, nossos carismas complementam-se e podemos manifestar que a obra evangelizadora não é de uma pessoa mas do Corpo de Cristo. O meu companheiro de pregação fez a seguinte reportagem: Começamos nosso trabalho na cidade de Campinas, São Paulo, com duas 25
pregações regações na P aróquia aróquia de Maria Maria Aux Auxiiliadora. A grande igreja, mesmo durante a semana, estava completamente cheia. Como tem sede, esta gente, de escutar o Evangelho! Em muitas partes, o povo não vai à missa sequer aos domingos; contudo, quando apresentamos Jesus vivo, o problema é que as pessoas não cabem nem nos grandes espaços nem nos estádios. Era impressionante ver as ruas cheias de ônibus que traziam cartazes anunciando os lugares e as cidades de onde vinham. Muita gente havia percorrido mais de 500 Km! No fim de semana estivemos na capital capital do Estado, São P aulo, aulo, onde se organi organizou zou um Congresso para 15 mil pessoas. No sábado pregamos sobre o amor de Jesus e o processo de cura de Maria Madalena. No momento em que o animador animador dava os avisos avisos para começarmos o almoço, almoço, uma senhora que tinha entrado com muletas levantou-as bem alto e deu glória a Deus, passando pelo corredor central. Todo o estádio explodiu em aplausos e em louvores ao Senhor. A senhora subiu pelo seu próprio pé os degraus do estrado e deu testemunho. Havia muitos anos que não podia caminhar. Desceu cheia de alegria enquanto cantávamos repetindo as palavras do paralítico da Porta Formosa: “Foi andando, e saltando e louvando a Deus.” Então ela começou a dançar com toda a gente. Apesar de ter 68 anos, parecia uma jovem de 15 anos com quem todos queriam dançar. Na Missa Missa pelos pelos doentes, o Senhor abriu abriu os ouvidos ouvidos à irmã Geralda, Geralda, do Colégi Colégioo de Sião, onde tínhamos pregado na sexta-feira à noite. Ela própria nos tinha recebido e o Senhor abençoou-a! Como tinha razão Jesus ao afirmar que nem um copo de água dado em seu nome ficaria sem recompensa! Na noite noite de doming domingo, o, regressamos regressamos a ltaici taici,, onde estavam reunidos reunidos mais de 200 sacerdotes para um retiro. Foi uma das experiências mais belas de toda a minha vida. Num fértil vale com uma beleza natural impressionante, encontra-se essa casa de retiros. Respira-se um ambiente de simplicidade, reflexo da natureza que nos rodeia. Todos os sacerdotes estavam abertos e desejosos de ver a glória de Deus. Não houve discussões discussões nem barreiras. Ao louvarem a Deus, todos o faziam faziam sem reservas. Os cantos em línguas estendiam-se por vários minutos, a profecia era comum e as curas, abundantes. Tudo acabou com uma noite de adoração eucarística na qual houve tantos belos testemunhos que eu não poderia contá-los. Somente repetirei o último deles. Tínhamos apresentado o tema do perdão incondicional de Jesus à mulher 26
adúltera (Jo 8,1-11). Então, um sacerdote levantou-se, pôs-se ao lado do altar onde estava posto o Santíssimo e disse: Eu não queria falar, mas a culpa é d’Ele – disse, apontando para o ostensório sobre o altar. Desde muito pequeno sofro de um terrível e constante medo de não ser perdoado por Deus e de passar a eternidade no inferno. Isso sempre me angustiou e fez de mim uma pessoa triste. Tenho 27 anos de ordenado e esse pesadelo esadelo tem me persegui perseguido do sempre. Vivi tão atormentado pela pela obsessão de não ser perdoado, que não sei sequer o que é a felicidade. Contudo, hoje percebi que de nada me serviria ir para o céu, se eu não amasse a Deus com toda a minha alma e com todas as minhas forças; o mais importante é amá-lo com todo o coração, esteja eu onde estiver. Hoje, o Senhor seduziu-me e eu deixei-me seduzir. Amo-o tanto, que não poderei deixar de amá-lo por toda a eternidade. Não lhes digo que estou certo do seu perdão. Estou certo do seu amor e do meu, e tenho uma paz maravilhosa. O amor que Deus me tem e o amor que agora experimento por Ele expulsaram as sombras do medo. Depois, dirigindo-se a Jesus no ostensório, acrescentou: “Agora te digo, e tu sabes que o faço sinceramente, ainda que tu não me perdoes, eu te amo. E se me condenares, continuarei a amar-te. Mais ainda, se hoje me mandares para o inferno, nem aí eu poderia deixar de te amar. Obrigado pelo teu amor que me faz experimentar a paz profunda e a alegria no meu coração, pela primeira vez na minha vida.” Quando ele terminou, metade dos sacerdotes chorava, enquanto o condutor da música entoava um canto brasileiro que diz: “Estou louco de amor por ti.” Tinha sido curado de seu medo de ir para o inferno. O amor tinha expulsado todo o temor. No dia dia segui seguinte, nte, veio veio ter comigo comigo um sacerdote, que me disse: disse: “Durante o testemunho de ontem, senti-me muito incomodado, pois comecei a analisar o que o padre estava dizendo dizendo e encontrei vários vários erros teológ teológiicos. Contudo, passei a noite noite inteira pensando naquele canto: ‘Estou louco de amor por Ti’, e compreendi que o padre estava embriagado embriagado do amor de Deus, e que quando Deus se manifesta, manifesta, as palavras alavras não chegam para exprimir exprimir o que nos acontece.” acontece. ” Na oração de cura interior nterior,, percebi quanto amor, compreensão e oração precisa o sacerdote pois, como todo ser humano, ele tem grandes feridas que o incapacitam de ser o que quer e o que Deus lhe pede. Parafraseando São Paulo, afirmaria que 27
“onde abundam as graças de Deus, superabundam carências e limitações”. Será que o Senhor faz isso para nos recordar que a obra é sua e que seu poder se manifesta no próprio âmago de nossas limitações? A verdade é que o Senhor continua depositando grandes tesouros em vasos de barro. Quanto maior é a missão de uma pessoa, mais obstáculos se apresentam no seu caminho. Por isso não se pode julgar nem condenar um sacerdote quando cai, porque ninguém sabe quanto ele teve de lutar antes para não sucumbir. O que ele precisa é da mão de um amigo que o ajude a se levantar, mas acima de tudo precisa da força de Deus que o cure. Depois fomos para o Rio de Janeiro, onde pela primeira vez se abriam as portas da Catedral à Renovação. Estava completamente cheia com 14 mil pessoas naquela escaldante tarde de 42 oC. Enquanto o Padre Emiliano pregava, trouxeram pelo corredor central uma senhora que não podia mexer os pés. De tal maneira aquele espetáculo era apelativo que ele até interrompeu a conferência por uns segundos, uma vez que toda a gente se distraía. Depois tivemos a Eucaristia e, na hora da comunhão, antes da oração pelos enfermos, esta mesma senhora levantou-se pelo seu próprio pé e subiu à capela-mor para dar seu testemunho. Chamava-se Maria Oliveira e tinha 47 anos. Havia cinco anos que não podia dar um passo sozinha. O Senhor tinha curado-a completamente, antes da oração pelos enfermos! A acústica da Catedral era péssima. Por vezes o povo nem nos ouvia. Contudo, na hora da oração pelos enfermos, o Senhor escutou nossas orações. Foi uma maravilha! Houve mais de cem testemunhos. Uma pessoa que não podia falar leu a Bíblia diante de todos. Um menino que não podia caminhar deu seus primeiros passos diante das câmeras da televisão nacional. Foi algo tão impressionante que no dia seguinte os jornais mais importantes da cidade, alguns na primeira página, falavam longamente dos milagres e das curas na Catedral. Os meios de comunicação foram nos entrevistar, mas já tínhamos voado para Belo Horizonte, onde, no momento da Eucaristia presidida pelo Bispo, quando ele disse: “Derrama, Senhor, o teu Espírito Santo sobre estes dons”, uma senhora que estava paraplégica ficou curada. O Senhor não esperou pela oração dos enfermos depois da comunhão mas, ao invocarmos o Espírito Santo sobre as oferendas durante a Eucaristia, curou essa mulher. 28
Hoje nós vimos cumprida a promessa do Senhor: “Antes que me chamem, eu os ouvirei; ainda estarão falando e já eu lhes responderei” (Is 64,24).
México Monsenhor Carlos Talavera, Bispo de Coatzacoalcos, México, foi quem primeiro me me convidou a pregar a sacerdotes. sacerd otes. Naquela Naquela altura, era para par a mim muito estranho sair de minha região tropical, que muitas vezes tinha percorrido a cavalo, para viajar por todo o mundo. Por isso, guardo um carinho especial para com o México, terra de vulcões. Aqui apareceu Nossa Senhora de Guadalupe, deixando uma maravilhosa mensagem evangelizadora. Foi ela quem nos deu Jesus e quem, a partir de sua capelinha do Tepeyac, continuou evangelizando, centrando-nos sempre na pessoa de seu Filho. Depois de um Encontro Carismático na cidade de Torreón, o Padre Victor Manuel Frias escrevia no jornal El Sol de La Laguna, com o título “Fome de Deus”: “Como um instrumento evangelizador que não pretende outra coisa senão proclamar roclamar a boa-nova de Jesus, a Renovação Carismáti Carismática ca atrai multi multidões, não pelos elos milag milagres res e curas, mas porque as pessoas têm fome de Jesus. Nessas reuniões não só se fala de Jesus, mas Ele mesmo se mostra com poder e com misericórdia. Quinze mil pessoas reuniram-se para escutar a Palavra de Deus, proclamada com o poder do Espírito Santo pelo Padre Emili Emiliano.” ano.”
O jornal Vanguardia, de Monclova, trazia a manchete: “Cerca de 25 mil almas encheram o Estádio Monclova e viveram um encontro pessoal com Cristo”. Mais de 25 mil católicos do norte e do centro do México uniram-se em comunhão com Cristo. Cristo. “Vivemos um tempo maravilhoso. O Espírito Santo está renovando a Igreja. Vimos, com nossos próprios olhos, cegos que recuperaram sua visão, mudos que falaram e milhares de mortos de alma que ressuscitaram para a Vida Nova. Esta é a grande ressurreição que Jesus dá ao seu povo”, exprimiu na sua mensagem o Padre Tardif, durante a Missa do domingo ao meio-dia. Perante milhares de católicos, o Padre Tardif expôs que “não necessitamos de um novo Evangelho, mas de uma nova evangelização; nova em seu ardor, nova em 29
sua expressão e nova em seus métodos”. “Este terceiro encontro foi uma grande experiência. A participação das pessoas cresce cada vez mais, e esperamos que o fortalecimento da fé em Jesus traga como conseqüência a cura nas relações”, disse o Padre José Luis Ortiz. “Podemos dizer que toda a gente teve, nessa reunião, um encontro pessoal com Jesus vivo. O Senhor fez grandes coisas em nós e sentimo-nos alegres”, terminava.
Dois dias dia s depois, depoi s, o mesmo mesmo jornal jor nal afirmava: afirmava: “Perante os olhos atônitos de mais de 25 mil católicos que estavam presentes, doentes de paralisia pegaram a sua cadeira de rodas e subiram caminhando até o estrado; surdos recuperaram a audição, por causa da enorme força da fé.”
Maria Magdalena Castañeda Pérez, repórter de El Occidental de Guadalajara, intitulou sua reportagem “Evocando as curas que Jesus tinha realizado há dois mil anos, o Padre Tardif rezou pelos enfermos desenganados pela medici medicina na que, que, nessa altura, altura, se viram vir am curados dos seus males.” males.” E os milagres se sucederam outra vez... Os paralíticos caminharam e abandonaram suas cadeiras de rodas, para surpresa dos presentes. Os cegos viram, os surdos ouviram, e muitas pessoas mais se levantaram emocionadas dos seus assentos, para anunciar que, nessa reunião de oração, Deus as tinha curado. Um vento suave e fresco passeava por entre as árvores, enquanto a voz firme e pausada do P adre Emil Emiliano Tardif Tardif mencionava mencionava uma a uma as curas que o Senhor Jesus Cristo estava realizando nesse momento entre os presentes. Entretanto, vozes entrecortadas pela emoção asseguravam “Estou vendo, estou vendo!” e outras mais afirmavam: “Já posso andar!” Tudo aquilo nos fazia entrar cada vez mais nas passagens da Escritura, não como leitores, mas como atores e testemunhas. Com ar sereno e olhos azuis, vestindo um terno escuro e uma camisa azul celeste com o característico colarinho romano, o Padre Tardif explicava: “Hoje acontecem os mesmos milagres que há dois mil anos porque Jesus está vivo! E ainda não vimos nada porque a etapa da evangelização está apenas começando. Esperam-nos grandes maravilhas.” Numa reunião reunião para celebrar o vig vigésimo ésimo aniversári aniversárioo do aparecimento aparecimento da Renovação Cristã no Espírito Santo, o Padre Tardif, além de dar uma visão panorâmica anorâmica da evolução evolução que teve esse Movimento, Movimento, rezou pelos enfermos que ali se 30
encontravam e convidou os presentes a louvar e a confiar em Deus, “pois Ele nesses dias está fazendo grandes maravilhas e renovando os dons e carismas na sua Igreja”. Uma coisa que chamava a atenção era quando Padre Tardif, com os olhos fechados, anunciava as curas e o lugar onde estavam as pessoas a que se referia. Numa dessas ocasiões, ocasiões, disse: disse: “Neste momento, o Senhor Jesus está curando a visão de três pessoas; duas estão à minha frente e uma está atrás de mim. Ponhamse de pé, por favor.” Imediatamente essas pessoas se puseram de pé e, felizes, assinalaram que se tratava delas. “E agora, o Senhor está curando muitas pessoas que estão doentes dos seus joelhos e que não podem se mexer bem.” Ao serem localizadas, as pessoas doentes não só recuperavam sua flexibilidade, mas até se punham de pé louvando a Deus. A tarde acabou e o sol deixou um resplendor de luz no céu. Aparentemente nada tinha mudado, mas era tudo diferente, porque algumas pessoas iam para casa caminhando pelos seus próprios pés, outras voltavam a descobrir as cores ou a música, ou muitas simplesmente sentiam paz. Embora haja quem afirme que esses acontecimentos sejam “charlatanice, ou produto da imaginação”, os fatos aí estão. Como prova, ficam as cadeiras de rodas vazias, os olhos que já vêem e um semfim de testemunhos apresentados por muitas pessoas. Se o Evangelho se repete hoje não é culpa do Padre Tardif. A única explicação é que Jesus está vivo no meio de nós. Todos esses dons existem para edificar e evangelizar, “porque estamos numa etapa em que Deus está reforçando a evangelização. Ele nos chama de forma muito forte à conversão, porque existe muita corrupção, ateísmo e perdição.” A prova de que “estamos vivendo uma primavera da evangelização, é observar com que fome e sede as pessoas procuram Deus”, comentou o entrevistado ao se referir ao interesse suscitado por esses encontros. Isso é bom, advertiu Padre Tardif, porque embora seja certo que ainda está longe o fim do mundo, a verdade é que já estamos no fim do tempo da misericórdia de Deus em que Ele purificará a humanidade. Para estarmos bem preparados e para endireitarmos nossas vidas, Ele nos manda seu Espírito.
El sol de La Laguna publicou um artigo especial, intitulado: “A Renovação Carismática Carismática fortalece o Catolicism Catolici smo”: o”: 31
“A oração é a força do homem e a fraqueza de Deus”, repetiu várias vezes o Padre Emiliano. Ao ser entrevistado acerca do Quinto Encontro da Renovação Cristã, que está em curso, ele assinalou que essa corrente avança e se fortalece. O Padre Tardif descreve a Renovação Carismática como “uma renovação da fé, que nasceu dentro da Igreja Católica desde o Concílio Vaticano II e que foi reconhecida por Paulo VI. Não tem fundador porque foi o próprio Espírito Santo que a suscitou. Atualmente está presente em 140 países do mundo.” Lembrando-se das palavras de João Paulo II, o entrevistado recordou que, entre as vantagens que oferece esta Renovação Carismática, encontra-se o fato de que ensina os crentes a orar e oferece um remédio excelente contra a invasão das seitas estranhas. Há mesmo quem, desde que participa deste movimento, tenha voltado para a Igreja Igreja Católica. Católica.
Por seu lado, o Padre Xavier Escalada, no jornal mais prestigiado do país, xcelsior celsi or , escreveu em 7 de dezembro de 1986: “Presentes do Senhor na festa de Cristo Rei”: Na manhã morna e clara do doming domingoo de 23 de novembro, festa de Cristo Cristo Rei, cheguei à praça de touros. Tudo estava calmo, de tal forma que pensei que tinham me informado mal. Os corredores ao redor estavam vazios e tudo num desconcertante silêncio. Dentro, num admirável clima de paz, o pregador falava de maneira simples, sem grandes rodeios nem vozes que atordoassem. Referia-se a um tal Jesus de quem dizia que “está vivo”, atuante, perto dos que sofrem e que oferece as mãos cheias de graças e curas àqueles que crêem. Depois de animar a fé com alguns testemunhos de curas recentes, assegurou que a oração continuava a curar muitos, “qualquer que fosse sua enfermidade”, como nos dias do Evangelho. O pregador falava perfeitamente o espanhol, com um saboroso sotaque francês, que agradava aos ouvintes. Convencido na “própria carne” do poder da fé e pregação, já percorreu grandes caminhos evangelizando e deixando em sua passagem uma marca de curas constantes e difíceis de explicar. Mas delas há sempre milhares de testemunhas: as que assistiram a assembléias como esta na manhã da festa de Cristo Rei. Tardi insiste em que é Jesus quem cura. Ele tem o dom carismático do “conhecimento”; apresenta dados concretos acerca de pessoas que nesse momento estão sendo 32
curadas. Anunciou a dois surdos que antes não ouviam absolutamente nada e de repente começaram a ouvir. Pediu-lhes que se pusessem de pé e que dessem testemunho do que experimentavam, perante a emoção e a alegria dos que presenciamos tudo com olhos de assombro. Foram subindo até a plataforma que estava no centro da praça. P rimeiro, rimeiro, uma senhora que deu testemunho de ter recuperado a audição audição numa outra reunião como esta. Levava nas suas mãos o relatório médico que certifica sua antiga enfermidade. Um jovem com cerca de 30 anos emocionou-nos intensamente ao dar testemunho de que estava cego de um olho e que então estava vendo perfeitamente com ele. Diante do microfone, via-se pela sua entoação que não estava mentindo quando nos queria convencer de que isso era verdade: “Já vejo, juro; estou vendo bem com este olho que tinha perdido.” Uma jovem de 18 anos subiu também sem que ninguém a ajudasse, apesar de, desde o nascimento, ser coxa das duas pernas. Algumas pessoas, que tinham chegado em cadeiras de rodas ou com muletas, aproximaram-se da plataforma e ajoelharam-se para dar graças diante do Santíssimo, sem poder terminar seu testemunho ao microfone, afogadas pela emoção e pela alegria. Os que acreditam facilmente no sobrenatural pensarão que nada há de milagroso nisso tudo, que são com certeza fenômenos normais de parapsicologia, psicoses coletivas que se contagiam diante de uma multidão crédula. Emiliano Tardi explicou bastante melhor: “É como um sorteio de presentes de Cristo Rei, no dia da sua festa.” Eram tantos os braços levantados ao alto, que queriam testemunhar alguma graça que acabavam de receber, que não houve tempo para todos. Mas era o momento de se admirar e de se alegrar, de agradecer e de se encher de ternura. O poder do Senhor estava no meio do seu povo, crente e simples, confiante e alegre, porque estava fazendo nele “grandes coisas Aquele que é onipotente”. A alegria e o louvor coroaram essa festa de Cristo Rei.
La Opinión, de Torreón, publicou um artigo intitulado “Jesus é o Salvador”. Quinze minutos depois da uma da tarde, o sacerdote Emiliano Tardif pediu silêncio absoluto às cerca de 16 mil pessoas que abarrotavam ontem o Estádio da Revolução. As alegres guitarras, que todo o dia animaram a oração, imediatamente emudeceram de respeito. Pressentia-se que algo de grande ia acontecer. Era o 33
momento de rezar pela saúde dos enfermos. Só a sua voz se ouvia, trêmula, rezando. Embora todos os olhos estivessem fixos naquele sacerdote vestido de branco, a fé estava centrada unicamente em Jesus que, ao ressuscitar dentre os mortos, ganhou a vitória sobre o pecado e sobre a enfermidade. Se se tomar em consideração as milhares de pessoas presentes no estádio, o silêncio pode classificar-se de incrível. Era o momento de constatar se todos aqueles rumores que o tinham precedido eram verdade ou simples exagero. Mas o mais importante é que tinha chegado a hora em que Jesus repetiria os milagres de que fala o Evangelho. Tardif rezava com fé e simplicidade, certo de que Deus estava no meio de seu povo. Depois pediu que se identificassem aqueles que tinham recebido alguma cura. Nas bancadas produziram-se produziram-se alguns alguns rumores. Depois, Depois, em alguns alguns setores notou-se muito movimento. Por fim, as pessoas começaram a aplaudir e soube-se que uma pessoa tinha tinha recuperado a visão, visão, outra o movimento movimento em algu algum m membro, outra começava a ouvir. Até que o júbilo se generalizou. De entre os enfermos que, pela sua condição de invalidez, tinham sido colocados no próprio gramado do Estádio da Revolução, alguns começaram a dirigir-se para o centro do lugar. Um jovem com as suas muletas ao ombro, senhoras mais velhas que abandonaram os aparelhos que lhes serviam para se moverem, um menino paralíti aralítico co a quem dois dois jovens ajudavam a dar uns passos, homens velhos velhos com artrose que deram testemunho da sua cura, ajoelhando-se, e muitos outros. Na homili homilia, a, o sacerdote Emili Emiliano Tardif Tardif assegurou assegurou “que só Espírito Espírito Santo é capaz de fazer o que estamos vendo”, referindo-se à multidão, que, pelo segundo dia consecutivo, enchia as bancadas, os corredores e boa parte do gramado do Estádio. Na mesma homilia, explicou que não temos de esperar outro messias, porque Jesus é o Salvador Salvador e não é necessário necessário um novo Evangelh Evangelho, o, mas uma nova evangelização. No fim fim da Missa, Missa, o P adre Emili Emiliano Tardif Tardif deu uma entrevista, entrevista, realizada realizada com a presença de numerosos sacerdotes, atentos às perguntas e ainda ainda mais às respostas. “Padre Tardif, não será produto da euforia, do entusiasmo dos cantos, o fato de que os enfermos se sintam curados?” A resposta foi outra pergunta: “Quantos enfermos se curam na alegria de um jogo de futebol?” Depois acrescentou: 34
“Quando Jesus ressuscitou, houve quem não acreditasse. Outros inventaram que os discípulos tinham roubado o corpo ou que simplesmente era uma invenção de seus fanáticos seguidores. Hoje, ao mostrar-se Jesus vivo, dando vida aos que habitam na sombra do pecado e curando os que estão prostrados pela enfermidade, ou devolvendo a paz aos desesperados, há quem atribua tudo isso à parapsicologia. Mas a explicação real é muito mais simples: Jesus está vivo e é o mesmo ontem, hoje e sempre. Que tem de estranho que haja maravilhas, se Ele é um Deus maravilhoso?” “Padre, o que fará de sua fé essa gente que não se curou?” Resposta: “Há muita gente que deseja curar-se e não consegue, tal como num hospital. Deus tem um plano lano para cada um de nós. Esse é o mistério mistério do seu Amor. Uns não são curados fisicamente, mas saem do Encontro e começam a procurar a Deus. Viram que Deus vive porque curou os outros, e isso desperta e aviva sua fé.”
Chile Um comentário num jornal de Valparaíso tinha como título: “Homens, mulheres, jovens, velhos e crianças encheram ontem a Catedral de Valparaíso, para assistir assis tir à Eucari Eucaristia stia do sacerdote canadense canadense Emili Emiliano ano Tardif, Tardif, que percorre perc orre o mundo pregando que um tal Jesus de Nazaré, que viveu há dois mil anos na Galiléia, está vivo hoje.” A Eucaristia estava programada para as 14h30. Mas, muito antes, o templo foi enchendo, ficando centenas de pessoas em pé. Os fervorosos assistentes cantaram durante meia hora louvores ao Senhor, com o apoio musical de guitarras e pandeiros. andeiros. Mas, sem dúvida, dúvida, o mais impressionante impressionante era olhar olhar para os seus rostos, porque deles emanava uma paz interior nterior e uma fé tão profunda, que seriam capazes de convencer os mais incrédulos. Muitos que tinham ido talvez por curiosidade, com o decorrer dos minutos, choravam e davam graças ao Senhor por ter entrado novamente nos seus corações. Enquanto o sacerdote canadense anunciava as curas milagrosas, homens, mulheres e crianças choravam dando graças a Deus num ato de fé sem paralelo, chegando ao clímax quando uma senhora de uns 40 anos, que chegou ao templo com uma bengala como conseqüência de uma paralisia, conseguiu subir por si mesma no altar. “Louvado seja Deus!” foi a exclamação espontânea de todos os 35
presentes, que irromperam em aplausos aplausos enquanto as lágrimas ágrimas afloravam afloravam no rosto de muitas pessoas. A mulher que se curou, Yolanda Vázquez, com palavras entrecortadas, disse: “Há nove meses não andava, porque tive uma paralisia. Vim de Belloto Sur, onde vivo. Deus fez um milagre na minha vida. Os dias que me restam serão para louvá-lo.” louvá-lo.”
Patricia Ulloa, na sua reportagem de Buen Domingo omingo, afirmava: “Curaram-se pela fé”: “Minha vida era temor permanente e uma angústia em cada manhã. Começou há vários anos quando, ainda criança, comecei a sofrer de asma brônquica, que permaneceu por mais mais de 40 anos até atingi atingir limi limites tes críticos. No ano passado, estive estive internada numa clínica, tomando soro e oxigênio. Um dia de agosto fui até minha comunidade porque o padre Tardif ia celebrar uma ‘Eucaristia de cura.’ Quando escutei o Padre afirmar: ‘Há uma pessoa que há vários anos sofre de asma e que se curará imediatamente’, não soube como reagir. Alegria, desconcerto ou esperança? Não pude expli explicar. Depois, Depois, um grande alívio. alívio. A anunciada anunciada cura realizou-se.” realizou-se.” “Sofri por mais de 20 anos de um problema cervical. Fiz duas operações e não melhorava nunca. Quando o Padre Tardif foi a Santo Toribio, eu estava pedindo por uma irmã que estava muito muito mal. Em certa altura, altura, o P adre Tardif Tardif disse disse que havia uma pessoa que seria curada de um problema cervical. A única que deu testemunho fui eu porque era eu quem tinha sido curada. Hoje, várias semanas depois, depois, ratifico ratifico esse testemunho. Estou curada.” “Como muitas outras pessoas, assisti a uma das reuniões do Padre Tardif, mas em nenhum momento tive um pensamento de cura física para mim. Eu apenas lhe pedia edia que curasse minha minha alma. Ao chegar em minha minha casa, senti uma forte dor no ouvido; quatro anos antes, se tinha rompido o tímpano e não me deixava ouvir. Durante várias horas continuou essa dor muito forte. Pouco a pouco a dor abrandou e dois dias depois fui ao médico para uma consulta. O doutor perguntoume: O que aconteceu, minha senhora? Isso é um milagre! Sua membrana está outra vez inteira.” Testemunhos como esses, até mesmo acompanhados de certificados médicos, acumulam-se às centenas na Secretaria do Movimento da Renovação Carismática. Casos incuráveis de câncer, meningites agudas, nódulos no pulmão, enfermidades cardíacas ou renais, paralisias, cegueiras, toda a enorme gama de dores humanas encontrou melhora através da oração. E, na maioria dos casos, contra toda a 36
previsão revisão dos médicos.
Como explicar esses fenômenos? O Padre Sergio Cifuentes, na Revista Pentecostes de dezembro de 1986, fazendo uma reportagem acerca da jornada de evangelização no Chile, comenta: A pregação de Emiliano começou com um querigma, o anúncio de um fato maravilhoso: “Cristo ressuscitou, nós somos testemunhas.” Era essa a proclamação da Igreja primitiva. O fato de se pregar de maneira testemunhal fez com que a assistência aumentasse cada vez mais. Porque tinha a força do testemunho. Ele próprio róprio é um curado e acrescenta alg algo que é fruto de sua madura experiênci experiência: a: “O Senhor usa-nos, normalmente, na linha do que nós próprios sofremos.” Quero começar pelos fatos, porque me aconteceu ver não uma, mas muitas curas. Pessoas que estavam em cadeiras de rodas e que andaram; pelo menos seis. Outros que andavam com bengala, com muletas e que agora podem andar sem elas. Três ou quatro surdos que agora ouvem. Vi senhoras ao meu lado que sofriam de artrites intensas e que moviam os dedos pela primeira vez desde há muito tempo. Soube de curas interiores difíceis de divulgar aqui. Houve um tal número de curas que já não se pode discutir nem pôr em dúvida sua realidade. Simplesmente houve muitas. E este é um fato, um fato espantoso que nós próprios não estamos acostumados a ver. Existia um certo ceticismo, sobretudo entre o clero. Eu próprio me deparei com essa barreira. Não acreditavam, nem queriam acreditar. Não viam, nem queriam ver. Isso também é um fato e, de certo modo, explicável. Mas a ação de Deus que nós pudemos tocar foi tão evidente, que não podemos pecar contra o Espírito Santo. Para sintetizar sua idéia, o religioso afirma: “Num tempo de ceticismo, de crise de fé, o Senhor necessita dar essas sacudidelas para mostrar às pessoas que o Messias chegou a este mundo e que não há salvação fora dele. Era este o sentido dos milagres do Evangelho.”
República Dominicana Quando, há 500 anos, o Evangelho chegou a este continente, foi precisamente esta ilha a primeira que se viu sob a sombra da cruz de Cristo ressuscitado. Foi ao mesmo tempo um privilégio e uma responsabilidade, porque daqui saíram 37
missionários para muitos países levando a Boa-nova da salvação em Jesus Cristo. Há já tantos anos que trabalho nesta pequena ilha do Caribe, que me aclimatei a sua cultura, a seus costumes e a sua maravilhosa gente, cheia de alegria e simplicidade, mas que dá o coração completamente a Deus e aos outros. Como aqui vivemos e trabalhamos mais do que em qualquer outro país, é aqui que podemos encontrar mais material deste fascinante mundo da evangelização. Quero começar com uma reportagem muito curiosa, que apareceu no jornal El Camino (6 de abril de 1986). O repórter intitula sua nota desta forma: “O caso Emiliano.” Os retiros quaresmais no Monte de Oração de S. Victor Moca constituem um testemunho confirmado daquela frase de Jesus: “Nem só de pão vive o homem” (Mt 4,4). De diversas regiões do país vêm numerosos grupos de homens e de mulheres para escutar e rezar. A culpa não é dele. Nem se trata de fórmulas secretas, nem de anúncios pagos, nem de discursos preparados com textos de autores de renome. Emiliano (sacerdote missionário do Sagrado Coração), confessando suas limitações pessoais, tenta comunicar a mensagem eternamente fresca do Ressuscitado, aquele que sempre transmite a vida a quem escuta com atitude humilde. Emiliano atreve-se a orar abertamente pelos enfermos e o resultado é que o Senhor, que na sua extrema liberdade, cura ou alivia esta ou aquela enfermidade. Assim tão simples, assim tão misterioso. Não há mais nada! Mas Emiliano insiste que a pior doença é o pecado. O profeta Eliseu já o tinha dito ao rico Naamã, manchado pela temível lepra: “Vai lavar-te no Jordão.” Nem sequer o tocou, nem o abençoou. E ele curou-se. Emiliano manda-nos à fonte da água viva: o Amor de Cristo, o Coração de Jesus. Com a fidelidade de um homem do Quebec, ele está em comunhão com cada bispo ispo e com o Papa P apa João II. Nada de espetacular. espetacular. No doming domingo, o, 30 de março, festa da Ressurreição Ressurreição do Senhor, Senhor, Emil Emiliano esteve no Monte de Oração. Como fotógrafo e diretor de El Camino, nós próprios fomos testemunhas repetidas vezes do “caso Emiliano”. Desde a madrugada, dizia uma religiosa, estava chegando gente. A Polícia viveu momentos de angústia ao tentar 38
pôr ordem ao excesso de veículos. Jovens, adultos, adultos, velhos, velhos, homens e mulheres nas ladeiras do monte, sentados no chão, de pé ou encostados, participaram, no meio da chuva, nas meditações e na Eucaristia. Emiliano não tem culpa de toda esta “confusão”. Ele anuncia que Jesus está vivo e que o Senhor vai confirmando isso com sinais. E as pessoas respondem. É tudo. Ele aponta para a mudança de coração, para o compromisso para com os mais abandonados, para a libertação radical: aquela que rompe as prisões do coração do homem. Se uma parte do povo se refere apenas a pormenores secundários e se uma parte de nós mesmos sentimos um certo complexo por não sermos capazes de convocar multidões, isso já está para além da ação missionária do padre Emiliano Tardif. Que siga, pois, adiante e que nos alegremos com isso. Nesta hora de salvação, tão delicada e esplendorosa, é muito positivo e saudável reconhecer que Deus reparte seus dons com quem quer e como quer. Que alegria descobrir tantos carismas diversos nos filhos da Igreja!
Voltei para São Domingos para assistir ao Congresso Nacional Carismático no domingo de Cristo Rei, no Estádio Olímpico, onde celebramos com alegria o 20º aniversário da Renovação Carismática da Igreja Católica. Alabanza, a revista nacional da Renovação, publicou assim o artigo que escrevi nessa ocasião: “60 mil: levedura para evangelizar todo o país”: Pepe Prado foi convidado como orador principal do Congresso, e veio especialmente do México para apresentar duas magníficas conferências sobre a evangelização e sobre a Virgem Maria, modelo para os evangelizadores. Trata-se da reunião carismática mais concorrida desde que a Renovação começou neste país. Calcula-se Calcula-se que estiveram estiveram presentes 60 mil pessoas. Houve também uma conferência sobre o ministério de cura como sinal de uma nova evangelização. Depois encarregaram-me de fazer a oração dos enfermos. O Senhor curou e a televisão deu magníficas imagens para nossos programas futuros. Entre as pessoas curadas durante o Congresso, estava uma paralítica que não caminhava havia um ano e três meses, por causa de um erro médico numa cirurgia. O Senhor a curou. Ela começou a caminhar no estádio e deu seu testemunho publicamente. Houve também outros testemunhos, entre eles um surdo que acabara de ser curado. Como no Evangelh Evangelho, o, “todos louvavam o Senhor”. Em minha conferência, proclamei que somos atualmente 50 milhões de católicos 39
nos grupos de oração através do mundo inteiro, e que não devemos envergonharnos de pertencer ao exército dos cristãos que encontraram o poder da oração e redescobriram a força do Espírito Santo em suas vidas.
Casa da Anunciação Em São Domingos, República Dominicana, fundamos nos anos de 1981-82 uma comunidade carismática de leigos dedicados à evangelização, chamada “Servos de Cristo Vivo.” O nome define nossa vocação e missão: somos chamados a ser servos de Jesus Cristo, que é o único Senhor; contudo, nossa missão é sermos testemunhas de que Ele está vivo e dá vida aos que acreditam em seu nome. Unidos no amor, na oração e na partilha, caminhamos até formar uma comunidade cristã que fosse sinal de que o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Conseguimos uma casa, para convertê-la em centro de oração e de evangelização, e chamamos-lhe “Casa da Anunciação”, porque Deus nos chama a ser como o Anjo Gabriel que anuncia a boa-nova da salvação ao mundo. Nossa missão é como a de Maria: que Cristo viva entre nós, para o darm dar mos aos outros. outros. A Casa da Anunciação converteu-se realmente num centro de evangelização, onde as pessoas encontram Jesus vivo. Organizamos retiros e cursos. Em muitos fins de semana damos o Seminário de Vida no Espírito para que as pessoas tenham um encontro pessoal com Jesus ressuscitado, mas temos também cursos de crescimento, para que amadureçam em sua fé e compromisso cristão. Não basta nascer para a Vida Nova: é necessário ecessá rio crescer cresce r até a estatura estatura de Jesus Cristo, até sermos santos, santos, vocação vocaç ão de cada ca da batizado. Também produzimos programas de rádio e de televisão, veiculados diariamente, levando a presença, o amor e a salvação de Jesus até os lares mais distantes. São muitos os testemunhos de conversões e curas que recebemos através desse ministério tão árduo , mas uma alma salva vale muito mais do que todo o ouro do mun undo. do. Na Casa da An Anuunciação, descobrim descobri mos que não basta evangelizar, evangelizar, mas que é necessário preparar os evangelizadores. Dessa forma, iniciamos a “Escola de Evangelização João Paulo II”, onde se formam os novos evangelizadores para a 40
nova evangelização. Percebemos que o bom evangelizador não é o que evangeliza, mas o que forma evangelizadores. Ajudados pela comunidade S. João Baptista, da Itália, e pela “Escola de Santo André”, de Guadalajara, México, fizemos um curso de nove meses para formar novos evangelizadores no campo prático da pastoral, ensinando-lhes sobretudo como evangelizar e como formar outros evangelizadores. Com o tema “aprende-se a evangelizar evangelizando”, elaboramos nesses últimos anos um programa que nos permite ter um campo de sementeira, para preparar os evangelizadores evangelizadores do século s éculo XXI. XXI. Escola eminentemente querigmática e carismática: querigmática, porque é centrada em Cristo, baseada na mensagem do querigma de Pentecostes; carismática, porque nosso método é “evangelizar com o poder do Espírito” aquele que toca toca os corações e transform transformaa a face da terra. Nossos evangelizadores evangelizadores já estão prestando serviços serviç os nou noutras tras comu comunidades e países. aíses . O sinal si nal de que algu al guém ém está está evan eva ngelizando gelizando é que não não pode deixar de falar do que viu e ouviu. Contudo, é preciso ter uma formação para saber como transm transmitir itir essa e ssa mensagem mensagem,, e para p ara isso i sso serve s erve a escola esc ola de evangelização. evangelização. A Casa da Anunciação é um centro de oração e de intercessão. O Santíssimo está exposto desde o amanhecer até a tarde, e muita gente vem encontrar-se com Jesus ressuscitado. Nessa casa, ora-se por todos os projetos e trabalhos evangelizadores. Quando uns saem para pregar, outros permanecem intercedendo pelos evangelizadores evangelizadores e pelos evangelizados. evangelizados. Depois trocam-se trocam-se os papéis e uns intercedem para que a semente semeada produza muito fruto, e um fruto que permaneça, ermaneça, de acordo acor do com a vontade vontade de Jesus. A evangelização evangelização só s ó é eficaz e ficaz se se apoiar na oração. No dia de sua inaug inauguração, 25 de março de 1984, começou começou o ministério da adoração. Cada dia se expõe o Santíssimo no altar desde as oito da manhã até seis da tarde. As pessoas vêm para se encontrar com Jesus vivo e presente na Eucaris Eucaristia. tia. E aí nasce freqüentem freqüentement entee a necessidade de reconciliarre conciliar-se se com co m Deus. Deus. Existe Existe sempre um sacerdote disponível d isponível para o Sacram Sacr ament entoo da Reconciliação. Em todos os dias se celebra a Eucaristia, com a presença de pessoas de toda a cidade. Há os que percorrem vários quilômetros para se encontrar com Jesus e 41
com os irmãos num clima de fraternidade e de amor. Não lhes interessam os sacrifícios e as distâncias, desde que encontrem uma comunidade que os acolha, os ajude e os impulsione para desempenhar uma tarefa: a tarefa de ser eles próprios rópri os evangelizadores. evangelizadores. Contamos sempre com uma equipe disponível para rezar pelos enfermos que chegam e para acompanhar os que sofrem. Acontecem fatos extraordinários, graças à presença viva de Jesus. Vou só contar alguns testemunhos, que mostram que Jesus está verdadeiramente presente na Eucaristia. Vilma Taveras nos enviou esta carta em que narra o que aconteceu em sua vida, na vida de sua família: Faltam-me palavras para exprimir as maravilhas que o Senhor fez em minha vida, vida, através do senhor, senhor, P adre Tardif, que quis quis ser um instrumento tão disponível. disponível. Meu filho Paulo nasceu em 26 de agosto de 1987, e trouxe a alegria a meu lar, alegria que logo seria transformada em dor. Um mês depois de seu nascimento, o Dr. Frederico Lithgow diagnosticou-lhe um tumor maligno no olho esquerdo, chamado “retino-blastorna”, informando-nos que é um tipo de câncer de avanço rápido. Era preciso extrair-lhe o olho o mais depressa possível. No dia dia 15 de outubro, foi internado no Centro de P ediatri ediatriaa e Especial Especialiidades de São Domingos. Nessa noite, foi batizado de emergência, pois temia-se por sua vida. No dia seguinte, realizou-se a operação e, graças a Deus, não havia metástases. Por recomendação do doutor, viajamos para Porto Rico e para Cuba, tentando um diagnóstico mais a fundo para o tratamento posterior. Pensou-se em quimioterapia, mas isso teria conseqüências fatais num bebê e nós sabíamos disso, uma vez que meu marido é médico. A decisão final foi não aplicar esse tratamento. Durante um ano, seu próprio médico fez exames no olho são. Foram doze meses de dor e de desespero, uma vez que estávamos longe de Deus, e uma cruz sem Ele é muito pesada para qualquer ombro. As tensões em meu lar aumentavam, culminado com a separação de meu marido. Tive de deixar o país e viajar para Nova York para encontrar uma forma mais determinante de combater a enfermidade de meu filho. A essa altura, o menino tinha uns dois anos e meio e usava uma prótese (um olho de plástico). Quando chegamos ao nosso destino, pude levá-lo ao Centro de Oncologia Oftálmica 42
Infantil, no New York Hospital, em Manhattan. As notícias não foram as melhores. O Dr. Abramson, que realizou o estudo, deu o diagnóstico que eu mais temia escutar: o tumor tinha aparecido também no olho direito. O único procedimento viável era congelá-lo, com o propósito de não lhe tirar o órgão, mas ficaria completamente cego. Com toda a dor de meu coração, assinei a autorização que me era solicitada. Perante este novo golpe, meu marido veio nos encontrar em Nova York. Assim que chegou, fomos conversar com o médico, Dr. Grabowsky, que tinha pedido para falar falar com os dois. dois. Informou-nos de que o menino menino padecia padecia de um retinoblastoma bilateral, aparentemente hereditário. Além disso, disse-nos que não podíamos ter mais fil filhos, pois pois as possibi possibillidades de enfermidade enfermidade no novo bebê seriam muito altas. A dor serviu para o reencontro entre nós. Nunca esquecerei o dia 17 de fevereiro de 1989, em que pedi a Cristo, na igreja do Preciosíssimo Sangue, o milagre que transformasse minha vida, e assim foi. Um mês depois, recebi a notícia de que estava grávida. Meu marido entrou em pânico. Ao contrário, eu, que sabia em quem tinha depositado minha esperança, estava certa de que não haveria nenhum problema roblema de saúde com esta vida que Deus punha em nossas mãos. O impacto foi tão forte para meu marido, que se separou definitivamente de mim e da família. Depois desses acontecimentos, voltei para São Domingos, grávida e com meu filho. Comecei a freqüentar com regularidade a Casa da Anunciação, procurando pelo elo senhor, senhor, P adre Tardif, Tardif, que se encontrava numa grande viagem viagem de evangelização. Eu ficava muito tempo diante do Santíssimo exposto na capela. Por vezes chorava diante dele, outras vezes contava-lhe minhas alegrias e fui aprendendo, pouco a pouco, a escutá-lo em silêncio. A Escritura converteu-se num alimento necessário para a minha vida. Em 23 de novembro, nasceu minha pequena Maria Natália. Ao levá-la para exames médicos em Nova York, disseram-me que estava completamente sã, para glória de Deus. O primeiro milagre tinha-se realizado, mas as surpresas por parte do nosso Deus, que é poderoso, ainda não tinham terminado. Continuei procurando os caminhos de sua vontade. No dia dia 9 de abril abril de 1990 fomos f omos convi c onvidadas, dadas, a minha minha sogra sogra e eu, para um retiro retiro que seria animado pelo senhor, Padre Tardif. A oportunidade tinha-se apresentado, o tempo tinha se cumprido. Nessa ocasião escutamos o testemunho de um menino 43
que tinha se curado de Aids, e minhas esperanças cresceram. No dia seguinte, Deus estava ali, antes mesmo de termos chegado; quando entramos, o ambiente estava cheio de sua presença. Logo que começou a Eucaristia, Paulito adormeceu em meus braços; isso foi muito estranho, uma vez que é um menino muito irrequieto. Terminou a missa e, na oração de cura, a presença de Deus no ambiente tinha aumentado. O menino começou a chorar, a tossir e a suar abundantemente. Minha sogra e eu trocamos um olhar de surpresa, mas não dissemos nada. No fim da oração, aproximamo-nos do senhor, que, depois de orar novamente por ele, disse-nos: “Não se preocupem, tudo vai correr bem.” No dia dia segui seguinte, nte, 12 de abril abril, partimos partimos rumo a Nova York, para apli aplicar o tratamento trimestral. Essa data seria memorável. Meu filho entrou no hospital e, depois de várias horas, que me pareceram uma eternidade, vieram os doutores Ellsworth, Wise e Abramson muito surpreendidos, com o relatório de Paulo nas mãos e disseram-me: “O tumor desapareceu, o olho está completamente normal.” O pesadelo tinha terminado. Chorei de alegria. Disse-lhes que sua recuperação era um milagre e ajoelhei-me para dar graças a Deus. Os exames posteriores confirmaram plenamente a notícia, o que me permite partilhar este testemunho com a segurança de que meu filho está totalmente curado. Sinto que o amor de Jesus se manifestou em minha família. Desde então, Jesus é minha razão de ser e não me apartarei dele, pois sei que não me decepcionará. Que Deus o abençoe. Com amor: Vilma Taveras
Uma coisa semelhante aconteceu na “Casa da Visitação” na cidade de Nagua, onde temos uma outra casa da Comunidade, em que também o Santíssimo está exposto durante o dia, dizendo a toda a gente: “Venham a mim todos os que estão cansados e esmagados com o peso do fardo, e Eu os aliviarei.” Um dia, uma senhora chorava muito diante do Santíssimo, que estava exposto na capela. Um catequista aproximou-se dela e perguntou-lhe: “Minha senhora, o que aconteceu?” “Estou pedindo ao Senhor que cure as manchas brancas que tenho no rosto; até tenho vergonha de sair na rua.” “Minha senhora – replicou-lhe o catequista – mas de que manchas está falando?” A senhora respondeu: “Mas não vê as manchas que trago no rosto?” “Não, não vejo nada” – disse-lhe o catequista. 44
Saíram os dois da capela e o catequista convidou-a a olhar-se no espelho. As suas manchas tinham desaparecido por completo. Durante a meia hora de adoração que ela tinha feito diante do Santíssimo, o Senhor curou suas manchas... Recordo com alegria a Palavra do Senhor que afirma: “Para aqueles que temem o meu nome, brilhará o Sol de justiça com a salvação nos seus Raios” (Ml 3,20).
O sol de justiça é Jesus. Essa senhora colocou-se diante dos raios de seu amor e em sua presença foi curada. Assim como Jesus no Sacramento da Reconciliação cura as manchas da alma, purificando de todo o pecado, essa senhora ficou limpa das manchas de seu corpo. Que grande lição podemos tirar dessa cura! Para terminar, quero deixar alguém contar o seu próprio testemunho: Tudo é possível para aquele que acredita em Deus. No dia 10 de junho de 1985, tive um terrível acidente de automóvel, em que o nosso carro chocou com outro. Morreram os dois ocupantes do outro carro, e minhas filhas gêmeas que iam comigo. Fiquei inconsciente durante vários dias. Tive um grande ferimento na testa, que foi tratado com 28 pontos. Perdi uma enorme quantidade de sangue; tive uma fratura no fêmur direito, fraturas na perna e no braço esquerdo e golpes profundos no peito. peito. Fui levada para a clíni clínica ca Gómez P atinõ, atinõ, em estado grave, de tal forma que os médicos não garantiam minha vida ou, no mínimo, previam uma longa convalescença até que eu pudesse caminhar. Mas o Senhor adiantou-se ao prognósti rognóstico co médico médico para mostrar que seu poder está acima da ciênci ciênciaa e das possibi ossibillidades dos homens. Quando já estava deitada numa cama ortopédica havia dois meses, meu marido, que é médico, disse-me que na Casa da Anunciação rezavam pelos enfermos, e que seria bom irmos lá. Aceitei com alegria, pois estava certa de que Deus faria um milagre em minha vida. Um dia de setembro de 1985, acompanhada por uma sobrinha e apoiando-me em minhas muletas, fui à Casa da Anunciação. Mostrei-lhes as fotografias do terrível acidente. Então levaram-me diante do Santíssimo. Sentei-me e rezei como nunca tinha feito na minha vida. Chorei e supliquei a Jesus que me curasse, porque eu acreditava que Ele poderia fazê-lo. Permaneci ali uma hora e meia com Jesus. Durante esse tempo, senti-me isolada do mundo. Percebia a presença de Jesus. Sabia que Ele me curaria. Estava certa da presença curadora de Jesus no 45
Santíssimo Santíssimo Sacramento. Voltei para casa e me deitei, dormindo umas três horas. Tive a sensação de que algo me raspava a perna. Quando acordei, levantei e caminhei sem necessidade de qualquer ajuda. Estava perfeitamente curada. Glória a Deus! Jesus, em sua imensa misericórdia, ouviu minhas preces e as dos que rezaram por mim, e curou-me. Louvado e glorificado seja o Nome de Jesus! Quinze dias depois de já ter começado a caminhar, fui ao médico que me acompanhava. Ao me ver, exclamou: “Isto é um milagre!” Apalpou-me as pernas, sem que eu sentisse qualquer dor. Mandou fazer radiografias e quando as viu, disse: “Na verdade, é um milagre. A senhora está completamente normal, não há qualquer sinal da fratura.” Meu marido e meus filhos também estão de acordo que se trata de um verdadeiro milagre de Deus. Eu dou-lhe graças e louvo o seu Nome em todo o tempo e lugar.
Quando me dou conta dessas maravilhas que acontecem diante de Jesus Sacramentado, digo: “Se as pessoas soubessem que na Eucaristia está Jesus com todo o seu poder, não iriam procurar tanto o Padre Emiliano.”
Paraguai El Diário de Assunção (28 de fevereiro de 1987) trazia como manchete: “A fé de 20 mil crentes foi palpável ontem. Mais uma vez se registraram muitos testemunhos de fiéis que alcançaram a graça da cura.” O campo de futebol do Seminário Metropolitano foi cenário ontem da última missa celebrada em nosso país pelo Padre Emiliano Tardif. Mais de 20 mil pessoas partici articiparam param na celebração, celebração, que teve momentos emocionantes emocionantes quando numerosos fiéis deram testemunhos de cura física. Durante sua homilia, o sacerdote realçou a importância da fé para a cura. “Temos que descobrir o poder curativo da Eucaristia, que é Jesus de Nazaré, vivo e ressuscitado.” Depois acrescentou: “A nossa fé alimenta-se na oração, na Palavra e nos Sacramentos, de maneira especial na Eucaristia. Jesus cura através da oração pessoal, essoal, da oração em grupo, mas especial especialmente mente através da Eucaristi Eucaristia.” a.” Emilio Ibarra, de Concepción, anunciou que tinha sido curado de uma paralisia que o mantinha inválido havia muitos anos. Também Pablo Flor deu notícia de ter começado a ouvir durante a missa, depois de ter estado muito tempo quase 46
totalmente surdo. Um jovem, chamado Germán, foi caminhando até o altar, onde afirmou que tinha começado a andar sem precisar de muletas, enquanto a multidão gritava: “Glória ao Senhor!” Devido à grande quantidade de gente, muitos não puderam aproximar-se do altar, mas de longe testemunhavam ter sido curados de diversas enfermidades. “Os médicos disseram-me que minha filha Mirna ia piorar cada vez mais, até ficar paralítica, e agora está caminhando normalmente”, contou Soledad Molinari de Domínguez durante a missa. Explicou então que sua pequena havia três anos estava impedida de caminhar devido a problemas no sistema nervoso. “Padecia de miopatia e os médicos disseram-me que não tinha cura, que apenas um milagre podia salvá-la, porque não havia forma de interromper a evolução da doença”, disse muito emocionada. Depois informou-nos que tinha chegado ali com muita fé, pedindo que sua filha caminhasse normalmente, como antes de contrair a doença. “Vim a todas a missas de cura para rezar por minha filha e agora vou para casa feliz vendo como ela caminha”, testemunhou enquanto soluçava olhando para Mirna, que movia normalmente as pernas.
Hoy, de Assunção, dizia no dia 13 de novembro de 1983: “Imensa demonstração de fé no povo paraguaio. 40 mil pessoas se congregaram ontem no Estádio. O povo católico católic o viveu um dia de graça.” Quase 40 mil pessoas participaram ontem, no Estádio “Defensores del Chaco”, da missa celebrada pelo Padre Emiliano Tardif e concelebrada por duas dezenas de representantes da hierarquia eclesiástica. Essas 40 mil pessoas demonstraram com sua perseverança, apesar da chuva, do vento, da sede e da fome, o espírito profundamente cristão e católico católico do povo paraguai paraguaio. o. Sem Se m dúvida darão testemunho de uma jornada fora do comum, em que o amor de Deus e de seu Filho Jesus Cristo se tornou mais patente do que nunca. Nos próximos dias, teremos certamente testemunhos de curas milagrosas, mas a cura espiritual que se operou ontem em milhares de corações, essa já terá sem dúvida dado fruto em cada lar, em cada círculo familiar ou social, a que pertencem as pessoas que estiveram no Estádio ou que seguiram pela televisão a jornada de ontem. O Padre Emiliano Tardif dirigiu um ensinamento aos presentes, no qual explicou que não era ele quem curava, mas Jesus Cristo, ao qual se chegava por meio da fé, da Palavra e dos Sacramentos. Também exprimiu que “o mundo não necessita de 47
um novo Evangelho, mas de uma nova evangelização, e vivemos essa evangelização com o poder do Espírito Santo”. É incrível como, com esses sinais, o Senhor está renovando a fé de seu povo. Desperta os que estão adormecidos, para que reconheçam rec onheçam Jesus como o Messias Salvador Salvador..
Contudo, a reportagem mais bela não é a de todas as curas, mas aquela que El Assunção, intitu intitulava lava “Reviver”: Diário, de Assunção, Estava ali murcho como uma flor no outono. Triste. Os anos iam passando, sem que chegasse essa morte que desejava como uma libertação para seus sofrimentos. Sentia-se preso, mas não tinha grades que o impedissem de fugir. Nem sequer podia odia fazê-lo, fazê-lo, ainda ainda que quisesse. quisesse. Não há cárcere mais triste triste do que a cadeira cadeira de rodas, cujo tripulante vivencia uma impotência trágica. Ele já não podia suportar mais. Aos 40 anos, com uma conta bancária de vários dígitos, estava preso a sua cadeira e era um escravo de sua família. Levavam-no onde não desejava ir; punham-no na rua quando ele preferia deitar-se deitar-se ou o deix deixavam sozinho sozinho quando queria passear. Ninguém tinha tempo para ele. E pensar que tinha trabalhado durante 20 anos, ganhando centavo a centavo, até conseguir montar aquele negócio de que todos conseguiam viver sem sobressalto. Cada manhã se esforçava para se levantar da cama, mas as pernas não lhe respondiam. Agarrava-se a umas argolas instaladas na cabeceira e só assim conseguia sentar. Olhava suas pernas enormes, musculosas, de atleta; mas estavam adormecidas. Não podia pôr-se de pé. Todos os dias – desde aquela tarde de domingo, cinco anos antes – acordava com a mesma angústia. O choque tinha sido terrível, mas conseguira sobreviver. O outro – um rapaz de 17 anos – tinha morrido. “Por que não teria morrido eu em vez dele?”, lamentava-se diante dessa morte em vida que padecia, e de que já estava farto. A última vez que o vi estava mais abatido do que nunca. Pensando em morrer, mas sem coragem para se suicidar. Contudo algo aconteceu recentemente. Como todos os domingos, seu filho mais velho levou-o à missa. Encontrei-me com ele. Dispus-me a escutar sua monótona ladainha de queixas, mas era já outro homem. Sorria como há anos não fazia. Tinha deixado de lado sua triste roupa cinzenta. Até cheirava a perfume francês, prova evidente de que tinha ressuscitado para a vida quotidiana. 48
“Por que está com essa cara?”, saudou-me. Quem sabe que cara de surpresa eu teria feito quando o vi. Não eram meus olhos consoladores de sempre, nem nada parecido. arecido. Era, talvez, talvez, um rosto perplexo perplexo e assombrado. E meus olhos, olhos, certamente, perguntavam erguntavam o que se tinha tinha passado. Continuou Continuou sorrindo. “É um milagre!”, milagre!”, pensei. “Sim, meu velho, é um milagre”, respondeu-me como se lesse meu pensamento. E contou-me a história: “O milagre produziu-se naquela noite no Estádio cheio de fé. Meus filhos levaram-me, como sempre cansados de mim, para ver se eu saía de lá jogando futebol, como antes. E você já percebe que não. Estou igual, aparentemente. Mas tudo mudou, desde essa noite.” Na verdade, ele julgava-se julgava-se morto, porque trazia trazia morta a alma. alma. Sem ilusões, sem assumir sua condição de lesionado, esquecendo que o corpo tem muitos órgãos vitais mais importantes que as pernas. Mas naquela noite convenceu-se de que era um homem útil e forte, embora não pudesse caminhar; podia pensar, amar e era capaz de tornar felizes os outros. Compreendeu então que não estava só, e que a parali aralisia sia de suas pernas não era nada diante diante do câncer de sua alma. alma. Nesse Estádio Estádio onde houve tantas curas, houve também uma ressurreição. Meu amigo tornou a viver.
Nicar icarágua água A reportagem do jornal La Prensa rensa do dia de 22 de fevereiro de 1993, escrita por Eloísa Eloís a Ibarra, intitulava-se: intitulava-se: “Têm a palavra os curados na Missa Missa de Tardif.” Quando a tarde caía na nova Catedral de Manágua, chegava ao fim um dia inesquecível para algumas pessoas que ao longo de muitos anos tinham tido dificuldade em viver uma vida normal. Produzia-se algo que para muitos se considera impossível e incrível: entre outros, pessoas que padeciam de surdez, cegueira e invalidez estavam sendo curadas. A fé desempenhava assim um papel especial para toda aquela gente esmagada pelo peso de suas enfermidades. Dezenas de pessoas, surdas, inválidas ou portadoras de artrose, puderam deixar seus males durante a oração de cura que fez o Padre Tardif. O Padre Emiliano acabava de invocar a Deus, implorando a cura da alma e do corpo de milhares de pessoas, e pedia-l pedia-lhe he que concedesse “fortaleza “fortaleza àqueles àqueles que, de acordo com os desígnios do Criador, não seriam curados”. 49
A primeira pessoa a levantar seus braços para indicar que tinha sido curada, foi a idosa Inês de Chong, de 80 anos, que deu testemunho de que padecia de surdez havia três anos e que durante a missa começou a ouvir. A senhora contou que não podia odia ouvir ouvir nada, mas quando estava na missa missa começou a sentir sentir uma dor na garganta e logo em seguida no ouvido, e começou a escutar muito bem o que o Padre pregava nesse momento. “Os especialistas já tinham dito que só tornaria a ouvir com um aparelho, mas Deus é maravilhoso e curou-me. Tenho fé na sua obra”, exprimiu D. Inês. Umas das curas que fez brotarem lágrimas de alguns dos presentes foi a de uma menina de oito anos originária de Esteli. Estava semiparalisada por causa de uma poli oliomiel omieliite. Ao terminar a oração do P adre Tardif, Tardif, a pequena, que estava no colo colo da mãe, pediu-lhe que a pusesse no chão, pois queria andar. A senhora colocou-a em pé e a menina, entre lágrimas e sorrisos, dirigiu-se até o lugar onde estava o sacerdote. Ninguém acreditava no que estava vendo, mas era uma realidade. O Padre Tardif disse no fim de sua oração que várias pessoas tinham sido curadas de câncer, e que dois jovens que padeciam de Aids também tinham sido curados do terrível mal. “Só Deus é capaz de fazer maravilhas e de curar o corpo e a alma dos que o procuram e têm fé nele”, foi a conclusão de dezenas de pessoas que foram curadas de diferentes enfermidades durante a oração de cura que realizou o Padre Emiliano Tardif. O sol ardente das tardes de Manágua não impediu que milhares de crentes cheios de fé estivessem na nova Catedral, onde o Padre Emiliano Tardif serviu de instrumento de cura para muitos. Diante de milhares de olhos e de rostos surpresos, inválidos começaram a caminhar, pessoas surdas ouviram, um cego tornou a ver e muitos foram curados de outras enfermidades. A cena trazia à memória as passagens bíblicas onde se relatam os múltiplos milagres que Jesus fez enquanto esteve na Terra.
Eu queria que a Palavra de Deus fosse o resumo ideal do plano de Deus para esse Continente de esperança. “Levanta-te, resplandece, chegou a tua luz; a glória do Senhor levanta-se sobre ti! Olha: a noite cobre a Terra, e a escuridão, os povos, mas sobre ti levantar-se-á o Senhor, a sua glória te iluminará. As nações caminharão à tua luz, os reis ao resplendor da tua aurora. 50
Levanta os olhos e vê à tua volta: todos esses se reuniram para vir a ti; os teus filhos chegam de longe e as tuas filhas são transportadas nos braços. Quando vires isto, resplandecerás, teu coração palpitará e se dilatará, porque a ti afluirão as riquezas do mar e a ti virão os tesouros das nações. Não se ouvirá ouvirá mais falar falar de viol violênci ênciaa na tua terra, de devastações ou de ruínas no teu território. Darás às tuas muralhas o nome de ‘Salvação’, e de ‘Glória’ às tuas portas. Não mais terás necessidade do sol para te iluminar nem da luz para te alumiar; o Senhor será a tua luz eterna, o teu Deus será o teu resplendor. Não mais se porá o teu sol, a tua lua não mais se esconderá, porque o Senhor será a tua luz eterna, e terão fim os dias do teu luto. O teu povo será um povo de justos que possuirão a terra para sempre; será como uma vergôntea que Eu plantei, obra das minhas mãos destinada à minha glória. Do menor nascerá toda uma tribo e do mais pequeno uma nação poderosa. Eu, o Senhor, decidi: tudo realizarei com brevidade.” (Is 60,1-5.18-22).
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3. África O Padre Joseph Hegglejn, MSC, companheiro do Padre Tardif em sua viagem de cinco semanas por diferentes países africanos, escreveu uma reportagem intitulada: “Sinais e prodígios convertem os corações.” Esse texto é a base do capítulo seguinte. Como quando Paulo e Barnabé regressavam de suas viagens missionárias e contavam o que o Senhor tinha feito através deles, também eu quero testemunhar o que vi e ouvi nessa maravilhosa experiência evang eva ngelizadora. elizadora.
Burkina Fasso Primeiro chegamos a Burkina Fasso (Alto Volta), onde fomos recebidos como embaixadores. Imediatamente nos disseram: “Há pessoas que os esperam. Poderiam celebrar uma missa ainda esta noite?” Evidentemente aceitamos. Havia entre três e quatro mil pessoas. Por toda a parte presenciamos o mesmo espetáculo: multidões que vinham escutar a boa-nova e também, como no Evangelh Evangelho, o, para pa ra serem curadas. Começamos então a pregar um retiro para 400 pessoas, mas durante a Eucaristia vespertina o número crescia assombrosamente, e então aproveitamos para evangelizar. evangelizar. Havia ali a li um menin meninoo de cinco anos que ainda não podia andar. andar. Depois da oração começou a dar seus primeiros passos. No dia seguint seguinte, e, pela mão de seus pais, percorreu percorr eu três quilômetros quilômetros para voltar à missa. Esse testemunho deu-nos um grande ensinamento: aquele que é curado pelo Senhor aproxima-se da vida sacramental. A cura é como o toque do sino que convoca os fiéis para a mesa do Senhor. Outra cura que mostra o poder evangelizador que têm os sinais carismáticos é a seguinte: Uma senhora muçulmana de 45 anos sofria de paralisia do lado direito do corpo. Esteve presente, escutando a Palavra de salvação. No último, dia pôs-se em pé diante de toda a gente e disse: “Abram vosso coração a Jesus! Jesus está vivo. Eu 53
sou testemunha. Eu sofria de paralisia do lado direito, e há dois dias Jesus curoume. Sou muçulmana e chamo-me Zenabo, mas a partir de agora vou ser cristã e chamar-me-ei Catalina.”
Um missionário comentou em seguida: “Tínhamos tentado durante algum tempo aproximá-la da fé cristã, sem nenhum resultado. Mas agora Deus fez num instante o que nós não pudemos. É verdade que apenas semeamos, mas é Deus que, com sua graça, dá o crescimento e torna fecunda essa semente.” Se aproveitarmos o poder evangelizador dos carismas, serão muito mais numerosas as conversões. Repete-se a cena evangélica: “Para que saibam que o filho do Homem tem poder para perdoar os pecados, levanta-te, levanta-te, pega na tua tua cama cama e vai para tua tua casa.” Quando as pessoas constatam a graça de Deus através dos sinais, comprovam verdadeiramente que Jesus está vivo e que é o mesmo ontem, hoje e sempre. Na cidade c idade de Bobo tínham tínhamos os um retiro de três dias, com ministério ministério de cura. Aconteceu Aconteceu-nos -nos ali algo de assombroso: Um catequista muito querido na comunidade cristã assistia ao retiro, com toda sua família. Na primeira noite, o filho mais velho foi curado de surdez no ouvido esquerdo. Na segunda noite, o pai foi curado da coluna vertebral e a filha mais velha foi curada de asma. Na terceira noite, a mãe foi curada de fortes dores nas pernas que a impediam mpediam de caminhar caminhar e a fil filha menor, menor, que aos a os cinco anos ainda ainda não caminhava, começou a dar seus primeiros passos. Foi algo de maravilhoso: cinco curas na mesma família.
O Bispo daquela terra dizia que esse catequista tinha recebido o primeiro prêmio, rêmio, porque tinh tinha trabalhado muito uito na evangelização. evangelização. Con Contu tudo, do, a cura é gratuita, Deus concede-a a quem quer, para que todos glorifiquem o Senhor e se manifeste que Ele enviou seu Filho a este mundo não para o condenar, mas para que se salve pelo seu Sangue Precioso. É o sinal que acompanha a proclamação da Boa-nova da salvação, prometido não só aos apóstolos, mas a todos aqueles que acreditam.
Benim 54
O contexto neste país é diferente. Trata-se de um país marxista. O governo, prevendo grandes grandes multidões, esteve sempre sempre atento atento a nosso programa programa de atividades. Ao long lo ngoo de todo o fim de semana semana reun r eunimo-nos imo-nos num num estádio, onde houve duas coletas. A primeira era econômica e a segunda, uma coleta de amuletos e de feitiços. Depois de ter sido anunciado que Jesus é o único Messias salvador e que nós não necessitamos de qualquer outro, fez-se a renúncia a todo o feitiço ou talismã. Tal como em Éfeso (At 9,18-19), reuniu-se uma grande quantidade deles que foram queimados, enquanto cantávamos “Jesus libertou-me.” Depositar a confiança e o futuro em coisas como essas é um grande pecado contra a fé, pois ficamos dependentes de ídolos que suplantam a Deus. As conseqüências são muito graves, pois abre-se uma grande porta ao mundo das trevas. É preciso renunciar explicitamente a cada uma dessas ações, ainda que as façamos apenas por curiosidade. curiosidade . O sacerdote da catedral onde nos reuníamos tinha muitas reservas em aceitar a Renovação Carismática e dificultou o empréstimo do local. Mas o Bispo elucidou: “A catedral é do povo: facilite.” Depois da comunhão, uma jovem paralítica aralí tica foi curada e começou começou a caminh caminhar. ar. Toda a multidão ultidão louvava o Senhor Senhor com alegria. Havia tal alegria no povo que o sacerdote entrou um pouco perturbado erturbado para ver o que se passava. Qu Quando ando se aproximou aproximou do microfone para par a tentar acalmar aquela explosão de júbilo, precisamente a seu lado levantou-se um senhor de sua cadeira de rodas e começou a caminhar... Era um velho amigo dele! Esse homem era um diplomata muito conhecido no país; paralítico havia cinco anos, deslocava-se então livremente diante do olhar assombrado de toda a gente. O sacerdote inclinou a cabeça perante uma manifestação tão maravilhosa. Um catequista fez então o seguinte comentário: “Os cegos vêem, os surdos ouvem, os paralíticos caminham e os sacerdotes convertem-se”, porque havia também outros sacerdotes céticos que, perante a evidência do poder de Deus, aceitavam que que hoje, como há há dois mil anos, Jesus é capaz de salvar s alvar e de curar as ovelhas enfermas. Em Cotonu quiseram tirar bom partido de nossa passagem. Enquanto o Padre Tardif pregava em duas paróquias, eu estive noutras duas também. Orei, dizendo: “Bom Deus, seria bom que também fizesses algo através de mim, pois esta gente 55
está esperando que tu os cures.” Fiz a oração pelos enfermos e depois todos cantamos em línguas. Depois dei o passo da fé, e pedi aos curados que dessem testemunhos. E em cada missa houve belos testemunhos. Na verdade, Jesus é fiel às suas promessas. promessas. Comprom Comprometido etido com a sua Palavra, não falta. É Ele quem cura. Nós somos simples instrumentos que acreditamos na sua Palavra e Ele responde com esses sinais maravilhosos. Cada cura mostra que Jesus está vivo no meio de nós, e que nos ama tanto, que nos salva em todos os níveis da vida humana.
Mali Viajamos depois para o Mali (antigo Sudão Francês), onde fomos recebidos pelos padres padr es brancos, que tinh tinham am organizado organizado nosso nosso retiro. Durante três dias evangelizamos nesse país onde os cristãos são minoria. Celebrava-se o centenário de sua evangelização, mas dava-nos a impressão de que havia ainda muito trabalho a realizar. Além disso, se não for com o poder do Espírito Santo, bem pouco se poderá fazer. Quando vejo que o Reino ainda não está instaurado pela pregação da Palavra e quando vejo a resposta da fé dessa gente, pergunto-me se estamos usando todo o poder que Jesus nos deixou com seu Espírito. No Mali, depois de um século de trabalho árduo, regado com o sangue sangue de tantos mártires, há apenas 75 mil católicos. O Espírito Santo tem um grande desafio nessas latitudes. Convenço-me, cada dia mais, de que a única forma de tornar presente a salvação de Jesus é pregando o Evangelho com o poder do Espírito Santo, com sinais, prodígios e milagres. Quando o povo presencia o amor e o poder de Deus, rende-se diante d’Ele, glorifica seu Nome e convertese. No fim, fim, um sacerdote sacerd ote coment comentou: ou: “Agora “Agora sabemos que existe um instrum instrument entoo para serm ser mos eficazes na na proclam procl amação ação do Evangelho.” Evangelho.”
Costa do Marfim Não hou houve ve necessidade de propaganda propaganda para qu quee na primeira celebração celebr ação se reunissem mais de 10 mil participantes na Catedral. Na última Eucaristia, na festa de Todos os Santos, havia mais de 20 mil pessoas, graças aos que foram 56
curados nos dias anteriores, pois eles se encarregaram de anunciar o que Deus tinha feito nas suas vidas. Os meios de comunicação fizeram reportagens especiais sobre nosso retiro. Quando anunciamos Jesus vivo entre nós, toda a gente se interessa e presta atenção, porque verdadeiramente Jesus é o Senhor. O Bispo que presidia a Eucaristia disse a seus sacerdotes: “Vejam esta multidão. Só Deus pode congregar assim seu povo. Estamos presenciando uma primavera do Evang Evangelho na na nossa terra terra e na nossa comun comunidade.” idade.” O Cardeal Bernard Yago, depois de ter conversado comigo sobre o tema dos grupos de oração como nova fonte de evangelização, convidou seus fiéis e as religiosas de sua arquidiocese para uma reunião pastoral. Pediu-me que partilhasse com eles nossa experiência na América América Latina, atina, onde temos temos milhares de pequenos grupos de oração compostos por 15 a 20 pessoas, que se reúnem cada semana nos lares. Dentro de cada grupo, damos a primeira meia hora à evangelização preparada em nível paroquial, e a seguir as pessoas começam a orar com c om a palavra pal avra de Deus Deus que foi proclam procla mada. Na Costa Costa do Marfim, Marfim, como como em todas as outras outras partes, par tes, também também Jesus está vivo e se manifestou entre o seu povo para o estimular em sua fé, que constrói o Reino de Deus neste mundo. Quando estávamos lanchando uma tarde, chegou de surpresa a irmã Alleluya, religiosa de vida contemplativa, que vivia prostrada em sua cama havia anos. Tinha que passar o resto da vida ligada a um colete ortopédico. Mas, sabendo do Congresso Carismático em Lourdes, em 1980, pediu licença ao Bispo para sair do mosteiro e ir à missa pelos enfermos. Recordou-me que, durante a comunhão, aproximei-me dela e lhe disse: “Irmã, Deus quer curá-la.” Ela olhou-me com estranheza, pois já estava havia muito tempo com aquele colete e prostrada na cama, sem sequer poder sentar-se, com intensas dores na coluna vertebral. Então acrescentei: “Quando voltar para casa, faça um esforço para dar alguns passos.” No dia seguinte do Congresso, a irmã Alleluya chegou caminhando por si mesma. Na mão trazia o colete ortopédico como troféu de agradecimento. O Senhor a tinha curado. Agradecida pela sua cura, iniciara uma nova fundação na Costa do Marfim. Como a sogra de Pedro que, depois de ser curada, se levantou e começou a servir 57
Jesus, também a irmã Alleluya veio até a África servir a Jesus e a seus discípulos.
Níger íger O Bispo, Monsenhor Romano, recebeu-nos com amabilidade fraternal assombrosa, mas o mais notório foi que o próprio Presidente da República, de religião muçulmana, nos pediu que fizéssemos oração por ele e por sua família. Fomos ao palácio presidencial e rezamos por sua saúde, mas aproveitamos para pedir a Deus que que lhe desse a luz da fé. No retiro de três dias na Catedral, o Senhor Senhor curou vários muçu uçulm lmanos. anos. A notícia difundiu-se e no dia seguinte fomos invadidos pelos islâmicos que vinham à nossa pregação e ao ministério de cura. Tivemos que sair da Catedral para pregar à mult multidão. idão. No último último dia, em vez de celebrar celebr ar a Eucaris Eucaristia tia pelos enferm enfermos, os, anun anunciamos a boa-nova de que em Jesus Jesus há salvação salv ação para par a todos os homens, homens, pedindo ao Senhor Senhor que acompanhasse a proclamação de sua Palavra com os sinais que Ele prometeu rometeu.. Vim Vimos os curas de surdos, de coxos, de paralíticos paralí ticos que se levantaram, levantaram, de cegos que recuperaram a visão etc. Percebi que, quando apresentamos o querigma, é quando mais se manifestam os sinais de poder. Tantos muçulmanos foram alcançados pelo poder curativo de Jesus que, no fim de nossa estadia, veio uma delegação islâmica para nos agradecer, porque até o chefe chefe do bairro ba irro tinh tinha sido si do curado. Do Níger ficou-nos ficou-nos uma uma recordação re cordação admirável admirável dos heróicos missionários issi onários que trabalham nessas terras tão áridas, açoitadas pela seca, pela pobreza e pela fome. Jesus está vivo há 2.000 anos em sua Igreja, dando vida aos que acreditam em seu Nome. Seu poder não se esgotou nem seu braço se encurtou. Ele está vivo e em breve vamos vamos celebrar cel ebrar seus 2.000 anos.
Congo Depois de minha prisão e expulsão da então Iugoslávia em 1983, fui ao Congo. Tinha sido convidado pelo Padre Ernesto Kombo, SJ, responsável pela Renovação Renovação Carismática Carismática no país. paí s. Quando chegamos, imediatamente começamos a pregar retiros para 58
verdadeiras multidões em Linzolo, em Pointe Noire e na capital, Brazzaville. O Senhor acompanhava sua Palavra com sinais e prodígios, que vinham dar credibilida credibi lidade de a nossa pregação. Foram realmente realmente semanas semanas maravilhosas, aravil hosas, em que que o Senhor nos dava a alegria dos 72 discípulos que, no regresso de um trabalho evangelizador, proclamavam: “Até os demônios se submetem a nós.” Celebramos uma missa no campo de esportes da paróquia de Santa Ana, com uma assistência de 15 mil pessoas. O local estava repleto e, embora os policiais tivessem fechado as portas, as pessoas continuavam a chegar, o que tornou necessário ecessár io instalarem-se instalarem-se alto-falantes alto-falantes no exterior. exterior. A missa, presidida pelo Arcebispo de Brazzaville, foi cheia de alegria, paz e fervor. Depois da comunhão, dirigi uma oração pela cura dos doentes. O Senhor começou a manifestar sua glória curando muitos. Entre os curados, apareceu um menino de uns seis anos que era surdo-mudo de nascença e que começou a ouvir. Nessa mesma noite, aprendeu suas primeiras palavras. alavra s. O pai, professor marxista nu num m colégio col égio da cidade, ofereceu um jant j antar ar aos seus amigos para celebrar a cura do seu filho. No dia seguinte, foi ao gabinete do partido comunista entregar sua ficha de desfiliação, dizendo: “Já não preciso recis o disto. Deus Deus existe. Ele curou curou o meu meu filho.” filho.” Isso perturbou muito as autoridades, que tentaram encontrar maneira de expulsar-me do país. Numa noite, depois de uma pesada jornada de trabalho, pretendia retendia descansar, qu quando ando chegaram chegaram duas pessoas à residência resid ência dos padres esuítas. O Padre Superior informou-me que vinham à minha procura. Pensando que se tratava de orar por mais doentes, disse-lhe que seria melhor no dia seguinte; mas ele respondeu que se tratava da polícia, que vinha procurar-me para um interrogatório. interrogatório. Lembreiembrei-m me das recentes cenas na Iugoslávia Iugoslávia e preocupou-m reocupou-mee que isso viesse viess e a se repetir em e m toda parte. O Padre Kombo disse-me: “Não vou deixar que vá sozinho. Vou acompanhálo, uma vez que sou responsável por sua integridade, por tê-lo convidado a pregar no Con Conggo.” Saímos Saímos juntos juntos com os dois policiais polic iais.. Fizeram-m Fizeram-mee três interrogatórios. O governo comunista do Congo usava os mesmos métodos que na Iugoslávia. Acusavam-me de ter entrado no país ilegalmente e queriam expulsarme o mais depressa possível. 59
Passamos a noite prisioneiros, rezando cinco rosários a Nossa Senhora. Eu passeava na grande grande sala do quartel, quartel, sem saber o que me esperava no dia seguinte. Dava-me certa angústia pensar que, anos antes, o Cardeal Emile Baiyenda também tinha sido preso pelo governo, assassinado brutalmente e enterrado de forma clandestina. Por sorte, a mim soltaram-me três dias depois e expulsaram-me do país. Saí naquela mesma tarde de barco, cruzando o Rio Zaire até Kinshasa. Kinshasa. De novo estava livre livre.. Viva Viva a liberdade! liber dade! Há alguns anos caiu o comunismo na Rússia e em seus paí ses satélites. Também o governo comunista do Congo sofreu o mesmo colapso, até que sucumbiu. Perante o vazio da autoridade política, pediram à Conferência Episcopal que ajudasse a preparar as eleições. Reuniram-se representantes civis e religiosos, e pediram a Monsenhor Ernesto Kombo, o mais jovem dos bispos do país, que assumisse o cargo de Presidente do Conselho Superior. Monsenhor Kombo aceitou prestar esse serviço à nação, para ajudar o povo inteiro a procurar uma uma sincera reconciliação reconcili ação e a preparar prepa rar eleições el eições dem de mocráticas. Monsenhor Kombo era precisamente o mesmo Padre Ernesto Kombo, SJ, que havia me acompanhado durante os três dias de minha prisão e que foi o tradutor durante minha pregação. Agora, já Presidente do Conselho Superior da Nação, escreveu-me uma carta, suplicando-me que pregasse um retiro, antes das eleições, com o tema “A reconciliação, caminho para a paz.” Eu tinha pouco tempo disponível, mas nos primeiros dias de março de 1992, regressando da Austrália para Roma, aproveitei alguns dias livres para responder a tal pedido. Mas que diferença em relação à minha primeira viagem de nove anos atrás! Fui recebido pelo mesmo Monsenhor Ernesto Kombo, no salão dos embaixadores. Estava ali presente o Conselho Nacional da Renovação Carismática. Inclusive, o povo pediu desculpas pelo que tinha acontecido antes. Uma bela jovem, de nome Cynthia, com um ramalhete de flores na mão, disse no salão dos embaixadores: “Paz, alegria e reconciliação! A Igreja do Congo sentese orgulhosa por acolhê-lo pela segunda vez no nosso país. Quero dizer-lhe, em nome de todos os cristãos, que o Congo se reconciliou com seu Deus e que lhe pede perdão per dão por meio de mim. mim. Desejo-lhe Desejo- lhe uma uma feliz estadia na terra congolesa congolesa e que sua pesca seja abundante. Seja bem-vindo entre nós.” 60
Foi assim o lindo acolhimento que me deu o povo congolês através de seu Bispo, Presidente do Conselho Superior, e por meio de todos esses delegados da Renovação Carismática, junto com a pequena Cynthia. Glória ao Senhor por tão formosa mudança neste país! Monsenhor Kombo tinha começado uma campanha de reconciliação para a paz. Esse povo tinha tinha sofrido tanto tanto com co m o regime regime totalitári totalitário, o, que necessitava ser libertado do medo em que tinha vivido durante tanto tempo. O Evangelho é o único capaz de transformar as consciências e de curar as feridas do passado. Por isso, o objetivo de nosso retiro era levá-los a reconciliarem-se com Deus e consigo consigo próprios, própr ios, com c om o poder do Espírito Espír ito Santo. Santo. Os jornais publicaram que, no terceiro dia do Congresso, havia umas 35 mil pessoas na praça, praça , onde os comun comunistas istas costum costumavam antes antes celebrar celebr ar suas reun re uniões. iões. Ali se ouviram testemunhos de pessoas que tinham sido alcançadas pela graça de Deus, curadas, reconciliadas ou que tinham perdoado a quem as tinha ofendido. Foi realmente uma experiência inesquecível. O acontecimento mais forte e impressionante foi quando um homem, com profun rofundo arrependim arrepe ndiment entoo em e m seu coração, se pôs diante diante do microfone e, perante toda aquela imensa multidão, pediu perdão por ter participado no assassinato do Cardeal Baiyenda em 1977. Imediatamente apareceu de entre a multidão uma religiosa. Aproximou-se do microfone e identificou-se: era irmã do Cardeal assassinado. Ali, publicamente, perdoou em nome de toda a sua família a todos os assassinos do irmão. Foi um momento de intensa emoção e de muitas lágrimas. Testemunhas oculares desse fato afirmam que foi provavelmente o momento mais forte e significativo da reconciliação nacional. Regressei a Roma com um cântico de ação de graças no coração, louvando ao Senhor por tudo o que meus olhos tinham visto e que meus ouvidos tinham ouvido. Minha conclusão, com São Paulo, é: “Não me envergonho do Evangelho que é força de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rom 1,16).
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4. Europa Holanda Em 1987, a comunidade Emanuel convidou-me para pregar em sete cidades da Holanda. W. Boers, meu amigo e tradutor, escreveu sua reportagem, que está na base deste relato: Tal como Jesus percorria a Decápole, o Padre Emiliano visitou várias cidades holandesas, em cada uma das dioceses do país, mostrando assim que a Palavra não se pode deter e que deve correr e correr sempre, pois não está encarcerada. Foram sete dias anunciando que Jesus está vivo, testemunhando o amor misericordioso do Pai, tocando o poder do Espírito que curou muitos, tanto física como interiormente. Mas o mais importante foi que, a partir de então, cresceu a necessidade interior de ser evangelizados e de evangelizar. Em diversos lugares nos convidaram a animar o Seminário da Vida no Espírito, com verdadeiras conversões. A Holanda, em que a fé atravessa tempos de crise, foi sacudida por essa viagem de sete dias, congregando tamanha multidão que um jornalista me disse em Maastricht: “Esta basílica está tão cheia que, se um paralítico andasse, seria um duplo milagre.” Contudo, ali se deu uma das curas mais assombrosas que eu tenho tenho visto: vi sto: O Padre Emiliano anunciou que um surdo seria curado. À minha esquerda, percebi que se encontrava encontrava uma uma religiosa reli giosa com um aparelho aparel ho auditivo auditivo na mão, pronta ronta para testemun testemunhar har.. Dei-lhe o microfone microfone e ela disse: “Chamo-me Ângela. Sou religiosa e tenho 72 anos. Desde pequena sofro de problemas roblemas no ouvido. ouvido. Fui mesmo operada numa dada ocasião. ocasião. Há pouco, quando o Padre anunciou a cura do ouvido, senti algo no meu coração, mas pensei que era imaginação. Decidi dar um passo na fé e tirei o aparelho. Graças a Deus, ouço perfeitamente.” erfeitamente.” 63
Passaram mais três ou quatro pessoas, testemunhando o amor misericordioso de Deus, que acompanha o anúncio do Evangelho com sinais, prodígios e milagres. De repente, pareceu-me que a mesma religiosa estava outra vez diante do microfone, com o seu aparelho auditivo na mão. Pensei: “Algumas pessoas são tímidas para proclamar a glória de Deus, mas esta religiosa vai repetir seu testemunho por todas aquelas que o não fazem.” Ela começou a repetir quase exatamente exatamente o mesm es mo: “Eu sou Angélica. Sou irmã gêmea de Ângela. Também sou religiosa e sofremos a mesma doença há muitos anos. Eu vim muito aborrecida a este encontro, precisamente recisamente por não ser capaz de ouvir ouvir o que os outros dizi diziam. am. P or vezes, convinha-me não ouvir quando os outros me criticavam, mas dessa vez isso me desesperava. Durante a oração senti uma dor tão intensa que tirei o aparelho e deime conta que podia ouvir ouvir perfeitamente. Estava curada! Glória Glória a Deus!”
No dia seguint seguinte, e, o jornal da cidade falava dessa dupla cura tão surpreendente. Um médico aproximou-se do Padre Tardif para que ele a explicasse, mas o Padre respondeu: “Eu não sei nada. Como foi Jesus quem as curou, é preciso perguntar a Ele. A única coisa que sei é que Jesus está vivo e que cura hoje.” Quero terminar este capítulo sobre a Holanda com um testemunho do que tem sido uma bênção para milhares e milhares de pessoas. O Senhor Piet Derksen e sua esposa Trude eram uma família muito rica, donos de um grande complexo turístico e outras empresas. Mas um dia o Senhor tocou seu coração e eles entregaram tudo quanto tinham para a obra do Senhor. Mas deixemos antes que eles próprios contem, tal como relataram no Primeiro Retiro Mundial de Sacerdotes organizado pela Renovação Carismática, para o qual eles colaboraram com um milhão de dólares: Há oito anos estive no hospital com uma doença diagnosticada como incurável. Um dia minha esposa estava rezando por mim e começou a sentir um calor suave em todo o corpo, motivando-a a ir ao hospital visitar-me. Ao chegar, disse-me: “Você vai ficar bom.” Os médicos não podiam explicar, mas foi precisamente o que aconteceu. Se não tivesse sido por essa oração de minha esposa e por seu perdão incondicional, eu não estaria vivo hoje. Porém, o mais importante não foi a cura física, mas a cura espiritual que se 64
operou em mim. Graças ao dom de seu Santo Espírito, comecei a ler e a entender a Sagrada Escritura. Desde esse momento amo a Jesus e compreendo o primeiro mandamento: “Amarás a Deus sobre todas as coisas.” Depois de 20 ou 25 anos afastado do perdão de Deus, tornei a aproximar-me do Sacramento da Reconciliação em Paray-le-Monial (França). O sacerdote que me confessou era um reflexo do amor misericordioso de Jesus. Ao terminar, disse-lhe: “Louvo o senhor pelo seu sacerdócio e agradeço-lhe o fato de que tenha estado aqui quando precisei sua ajuda.” Quando lhe disse essas palavras, vieram-lhe lágrimas aos olhos. É verdade que colaboramos com um milhão de dólares para esse retiro, mas asseguro-vos que, quando um sacerdote dá a absolvição a uma pessoa como eu, ele está dando muito mais do que um milhão de dólares. A partir desse momento, dei-me conta de que deveria fazer algo para mostrar minha gratidão. Então decidimos, minha esposa e eu, pôr todas as nossas posses numa Fundação para diferentes obras de caridade e de evangelização, e a denominamos “Testemunhas do Amor de Deus.” Antes de minha cura, dávamos ajuda material aos pobres. Contudo, aprendemos não só a dar pão ao faminto, mas a dar o Pão da Vida que é Jesus a um mundo anêmico porque não o conhece. Numa ocasião ocasião em que visitei visitei o Santo Padre, Pa dre, ele ele me disse: disse: “O que mais mais importa no mundo é amar, mas a melhor maneira de amar é evangelizando, porque assim entregamos aos outros a pérola preciosa e o tesouro escondido.” Por isso, aproveitamos todas as oportunidades que nos dá o Senhor. Se Deus quer que usemos a televisão para esse fim, lançaremos um satélite para que a boanova atravesse os céus e chegue até aos confins da Terra. Só peço uma oração por nós: “Pedi ao Senhor a graça de morrermos sem nada.”
Itália A XI Convenção Nacional da Renovação reuniu-se em Rímini, sobre o tema “Volta para tua casa e conta que Jesus está vivo.” O Padre Mario Panciera fez a seguinte reportagem, como resumo do que ali foi vivido: O endemoniado curado por Jesus queria ficar com ele. Mas o Mestre despediu-o com estas palavras: “Volta para tua casa e conta-lhes tudo o que Deus fez por ti” 65
(Lc 8,39). Irmãos, que contariam vocês depois destes dias? O que viram, ouviram e tocaram com as vossas mãos, o Verbo da Vida (Jo 1,1). Vivemos momentos esplêndidos nesta imensa sala, que se transformava de vez em quando em escola, em casa de irmãos, Cenáculo para um Pentecostes, Igreja na qual o céu e a terra se encontram, piscina de purificação para a cura do corpo e da alma sob o senhorio de Jesus vivo e ressuscitado. O que nesses dias vimos, ouvimos, tocamos e cantamos é que Jesus está vivo. Anunciemo-lo ao mundo, para que creia e se salve. salve. Ai de nós se não proclamarmos, proclamarmos, com nossas palavras palavras e com nossa vida, que Jesus está vivo e que dá a vida a todos os que acreditam em seu Nome.
D. Franco descobriu o sentido profundo das curas, quando descreve assim a experiência que viveu: Antes das curas, meu coração não estava pronto para aceitar que o amor de Jesus visitasse um número tão grande de irmãos. Por causa das informações que me chegaram antes, repito, não estava preparado para presenciar a misericórdia de Deus atuar com tanto poder, e isso permitiu-me permanecer lúcido para observar as múltiplas curas naquele imenso salão. Não creio exagerar exagerar afirmando que houve muitas muitas curas, pequenas ou grandes. Mas, para o coração de Deus, o que é pequeno e o que é grande? Cada testemunho revela os diferentes tons da compaixão divina à luz da cruz de Jesus Cristo que deu a prova maior do amor. Um imenso crucifixo com os braços abertos dominava a assembléia! Quanto amor pelo seu povo ferido! Parecia-me que o sofrimento tinha desaparecido de seu rosto para dar lugar à serenidade. Comecei a comover-me e agradeci-lhe com lágrimas de consolação e de alegria. Conheço Tina de Chieti. Há sete anos ficou paralisada das pernas por uma osteomielite. Foi uma das primeiras que vi abandonar as muletas e colocar-se à sombra do imenso crucifixo... O Padre Emiliano exortava: “Se alguém sente calor no corpo, é sinal que o Senhor o está curando.” Certa mãe do meu grupo de oração olhava com esperança para o seu fil filho numa cadeira de rodas. “Eu não sinto sinto nada”, pensava o menino menino e fazia tenção de se levantar, mas caía vencido por seu peso. A mãe pediu: “Ajuda-o, Jesus!” No segundo ministério de cura vimos o garoto, junto do crucifixo, levantar 66
a cadeira ao ar como um troféu de vitória... Outra menina, a poucos metros de mim, de improviso, levantou-se de sua cadeira de rodas e colocou-se também junto do crucifixo... Chegou depois um senhor de aproximadamente cinqüenta anos, que sofria intensas dores nas articulações, para quem caminhar era um sofrimento contínuo. Agora se movia com perfeita naturalidade... Elizabetta Messina, paralisada por causa de um derrame cerebral havia quatro anos, caminhava agora. Estava assombrada e ajoelhou-se diante do mesmo crucifixo... Aurelio de Rímini aproximou-se de mim. Desde a idade de 15 ou 16 anos, sempre sofreu dos ossos. As dores da perna esquerda eram terríveis. Agora não sentia nada. Estava feliz, mas preocupado ao mesmo tempo: “Como posso agora ser um bom cristão?” Ao ver todos esses curados, junto ao crucifixo do altar, entendi a Escritura: “Ele tomou sobre si todas as nossas dores e carregou com todas as nossas enfermidades” (Mt 8,17).
O jornalista Bruno Stocchetti improvisou a seguinte reportagem, intitulandoa: “Levanta-te e caminha”: No claustro de Santa Maria do Carmo, Car mo, em e m Cilento, Cilento, conheci c onheci minha minha Igreja Católi Católica com um vestido de alegria e de doçura. Aprendi um modo de orar, alegre e sereno. Escutei cânticos e orações em línguas com harmonia musical. Vi homens e mulheres unidos como irmãos na fé de Jesus Cristo. Posso dar testemunho – por tê-lo constatado a poucos metros de distância – de que surdos ouviram, paralíticos caminharam e cegos recuperaram a visão. O retiro na região de Cilento tinha como lema “Renovação espiritual”, e seu princi rincipal pal atrativo atrativo era a presença do P adre Emili Emiliano Tardif. Eu não pretendia fazer a crônica de uma reunião em que participava de forma absolutamente privada. Por isso, nesta nota faltarão os detalhes jornalísticos; mas os fatos dos quais posso dar testemunho sucederam como conto aqui. Três dias de oração com alegria, mas sem sombra de fanatismo. Para além de tudo isso: “Glorificar a Deus porque o seu filho Jesus Cristo está vivo entre nós.” Religiosas, sacerdotes e leigos de toda a Itália chegavam ao amplo claustro. A oração comunitária iniciava o dia – cânticos e louvores, cheios de alegria e 67
espontaneidade. Depois, pela tarde, o culminar com a Celebração Eucarística. Os doentes eram muitos. Aqueles cuja enfermidade era mais evidente estavam prostrados em cadeiras cadeiras de rodas. Ceg C egos, os, paralíti paralíticos, cos, enfermos graves e aquel a queles es que aparentemente não mostravam sua enfermidade. Mas todos os presentes tinham em seu coração o nome de um doente para encomendá-lo ao Padre Tardif, que pede pelos doentes e Jesus Cristo cura-os. O que está curado partilha o seu testemunho, porque muitos têm necessidade de um “sinal” extraordinário para acreditar. “Mas por que maravilhar-se – diz o Padre Emiliano Tardif – com as maravilhas de nosso Deus, se Ele é um Deus maravilhoso?” No segundo segundo dia dia do retiro, retiro, o P adre Emili Emiliano ung ungiiu pessoalmente pessoalmente centenas de enfermos. Momento cheio de emoção. Uma pessoa comentou: “Quase vemos passar nosso Senhor Jesus Cristo no meio meio de nós...” nós. ..” Depois de 30 minutos de oração, percebo que há um processo que se repete, oração, anúncio da cura, testemunho e louvor: “Há uma pessoa doente de... Mas agora o Senhor a está curando. Quem é essa pessoa? Que se levante e dê seu testemunho a fim de que todos possamos agradecer a Deus pela sua cura.” A pessoa levanta-se, aproxi aproxima-se, dá seu testemunho e toda a assembléi assembléiaa louva e glorifica a Deus. É um esquema tão simples como evangélico. Para terminar, vou relatar o milagre mais impressionante: no domingo o Padre Tardif celebrava a missa. “Entre nós está alguém que nosso Senhor está curando... alguém que não pode andar... e Jesus Cristo o está curando... Eu digo a essa pessoa: Em nome de Jesus, levanta-te e vem dar o teu testemunho!” A assembléia está tensa. O Padre Emiliano repete a chamada com mais autoridade. Nada nem ninguém se move. Parece que todo o mundo contém a respiração. Ninguém responde. O ambiente está mais tenso segundo a segundo. Num canto à direi direita ta do palco, palco, escuta-se um rumor. rumor. Giovanna Giovanna se levanta de sua cadeira de rodas. A jovem nunca pôde caminhar por si mesma. Foi operada cinco vezes. Com dificuldade, põe os pés no chão. Suas pernas nunca a tinham. sustentado. Dá os primeiros passos, incertos e lentos. Atravessa o corredor – agora sim, perante o assombro da assembléia – com passos cada vez mais seguros. Atreve-se a subir ela própria a escada que a conduz ao palco e termina nos braços do Padre Emiliano Tardif. Tinha dezenove anos e nunca tinha caminhado. A assembléia grita: “Glória ao Senhor!” 68
França Depois do funeral de meu irmão Armando, fui até a França, onde começaria no dia seguinte um retiro em Estrasburgo. No domingo, o retiro terminou na Catedral, com uma assistência que enchia todos os bancos e corredores: mais ou menos 4 mil pessoas. Ainda há fé na França! E a fé renova-se ali, como noutras partes, sob o sopro deste des te novo novo Pentecostes. Pentecostes. Depois fui pregar em uma pequena e simpática aldeia chamada Clairvaux, com o Padre Hubert Bailly, e depois em Dijon, em outro encontro. Finalmente estivemos em Ars, na basílica subterrânea, onde mais de 4 mil pessoas se reuniram para louvar a Deus, porque Ele é bom e porque é eterna sua misericórdia. O Senhor curou nossos enfermos da alma e do corpo. Éramos 26 sacerdotes para o serviço servi ço e para o ministério da reconciliação. reconcilia ção. A graça de Ars é a reconciliação. Sentimos a intercessão do Santo Cura que passou sua vida oferecendo o perdão de Deus Deus através do Sacram Sacra mento ento da Reconciliação. Reconcili ação. Depois de duas semanas de evangelização na França, Philippe Lemoine intitulava assim sua reportagem sobre a Renovação Carismática: “As curas surpreendem os católicos.” c atólicos.” É um Movimento muito discreto, mas que toma uma importância cada vez maior na Igreja Católica. Os membros das comunidades da Renovação Carismática são, hoje, mais de 300 mil na França. Há um religioso canadense, o Padre Emiliano Tardif, que com sua fé e oração faz caminhar os paralíticos e faz ver os cegos. Investigamos onde poderíamos encontrar esse sacerdote. Indicaram-nos que estaria em Versalhes e o descreveram como um homem de fé maravilhosa e extraordinária humildade. Embora tivéssemos chegado cedo, foi difícil entrar. A igreja estava cheia com mais de três mil participantes. Eu permaneci num canto como um simples espectador. Quando acabou a missa, começou a oração pelos enfermos. Nunca tinha escutado súplicas tão belas, com palavras tão simples. Então o Padre começou a anunciar que alguns enfermos seriam curados pelo Senhor Jesus Cristo e que tinham de aproximar-se do altar para dar seu testemunho. Eram pessoas que sofriam desde o reumatismo mais leve, até câncer generalizado, paralisia e surdez. 69
Com meu espírito analítico, não conseguia acreditar naquilo que as pessoas diziam ao microfone: cegos que recuperavam a visão, paralíticos que deixavam suas muletas. Não seria contágio coletivo, motivado pela sua exaltação? Mas então vi um menino extremamente fraco, paralítico, levantar-se de uma cadeira de rodas e caminhar seguido por seus pais. Tive vontade de chorar de emoção e de alegria. Uma criança de sete anos é demasiado pura para inventar. Isso foi o que eu vi naquela noite. Pode-se chamar milagre ou não, mas deu mais força a minha fé. Uma igreja tão cheia que não pode fechar suas portas, isso sim é um milagre. Quando na Europa a fé agoniza e os templos vazios se convertem em restaurantes ou salões de arte, quando se proclama que Deus morreu e que a religião é o ópio do povo, surge a presença viva de Jesus ressuscitado que congrega multidões à sua volta, para que se cumpra a Escritura: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32). De coração aberto, fui à procura da comunidade Emanuel, organizadora dessa celebração. Receberam-me bem e foram amáveis. Contaram-me as virtudes do Padre Tardif. Mas foi-me impossível ver os relatórios médicos das 40 curas obtidas pelo elo P adre Tardif, Tardif, tanto em Versalhes ersalhes como em São Francisco Xavier Xavier de P aris. aris. Silêncio... O que é a Renovação Carismática? Eram reconhecidos pelo Papa? Então decidi procurar um jesuíta. Nada mel m elhor hor que um jesuíta para dar um justo valor valor a tudo o que parece ilógico. “Claro que os milagres existem”, disse o Padre Bonillot, S.J., que foi diretor da comunidade belga Fayt-Les-Hanage. “Vêem-se milagres que se podem qualificar de surpreendentes. É certo que o Padre Tardif recebeu um carisma de cura muito forte. Mas não é o único. Pode citar-se também o Padre Halter em Paris, Kim Collins em Castres, a Irmã Briege McKenna ou Bárbara Shlemon nos Estados Unidos. Muitos sacerdotes, mas também leigos... Carismas? Carismático? O Padre Bonillot teve a gentileza de me explicar: “Os carismas na Igreja Católica são dons que Cristo transmitiu aos apóstolos, para fazerem acreditar na Palavra que deviam anunciar.” S. Paulo nomeia esses carismas nas suas Cartas: “Dom de cura, discernimento, profecia, dom das línguas etc.” “Depois de quase terem desaparecido, esses carismas manifestam-se de novo”, diz o Padre Bonillot. “Devemos entender que esses carismas acompanham o Evangelho, para assegurar que a Palavra não seja uma ilusão. Não se trata da 70
cura pela cura, mas da cura acompanhada pela fé. É um fenômeno universal e ecumênico.” “A Renovação Carismática é uma corrente de graça que passa pela Igreja, para aumentar a fé e mostrar ao mundo que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas, e que não devemos esperar outro.” Nunca na históri históriaa do cristi cristianismo anismo um Movimento Movimento se propagou propagou tão depressa. Encontra-se nos Estados Unidos, na América do Sul, na África e na Europa. Está em comunidades leigas e religiosas. Une ricos e pobres, bispos e sacerdotes. Há grupos de oração nas prisões, nas fábricas e nos hospitais. Une patrões com empregados e na verdade mostra a variedade e a unidade do Corpo de Cristo.
Iugoslávia No mês de agosto agosto de 1983, fui fui convidado pelo Padre Tomisl omislav av Vlasic lasi c a pregar um retiro aos grupos grupos de oração de Medjugorje, Medjugorje, juntam juntament entee com o Padre Pedro Rancourt e o doutor Philippe Madre, fundador da Comunidade das BemAventuranças. Chegamos a Medjugorje à tarde. Impressionou-nos ver tantos sacerdotes ouvindo confissões fora da igreja, com grandes filas de penitentes que esperavam sua vez. Na missa celebrada celebr ada conjunt conjuntam ament entee havia mais de três mil pessoas. Não se tratava de nenhuma celebração especial, antes era um dia comum. Sentia-se um recolhimento e um ambiente de conversão impressionantes. Realmente existe uma presença muito especial de Deus nesse lugar. No fim fim,, o Padre Tom Tomisla islavv disse-m disse- me: “Vieram “Vieram muit muitos os doentes doentes com a esperança de participar par ticipar num ministério de cura. Poderia fazer fazer uma uma oração or ação de cura?” Aceitei com muito gosto e o Senhor manifestou sua glória, curando muitos. Naquela mesma noite, pudemos escutar alguns testemunhos de doentes que o Senhor tinha curado dos joelhos, joe lhos, dos ombros, ombros, de dor na coluna coluna vertebral etc. Na noite noite seguint seguinte, e, a assistên assis tência cia dobrara, graças à propaganda propaganda feita pelos enfermos curados. No terceiro dia, a multidão cresceu ainda mais, mas eu não pude ude vê-la. Estava preso. À uma uma da tarde, os policiais polici ais tinh tinham ido buscar-nos à casa paroquial para nos levar a Citluk, onde ficamos detidos. Acusavam-nos de perturbar erturbar a paz na então então Iugoslávia. Iugoslávia. De novo a história se repetia. Qu Quando ando o 71
Senhor atua em seu povo, o espírito maligno aborrece-se e trata de nos perturbar a paz. No dia seguint seguintee fomos fomos expulsos do território em direção à Itália Itália,, pelo pel o Mar Adriático. Cinco anos depois, em agosto de 1988, tornaram a convidar-me para pregar um retiro na cidade de Ljubiana, na Eslovênia. Tive a alegria de pregar ao ar livre, livr e, num num campo campo de esportes, es portes, para 14 mil mil pessoas. Em 1983, em Medjugorje, fui parar na prisão acusado de desestabilizar a paz. Em 1986, com 14 mil pessoas em Ljubiana, vivemos dias de profunda profunda alegria. O Bispo diocesano dizia que era a primeira vez, em 40 anos, que tinham a possibilidade de fazer uma cerimônia religiosa ao ar livre, com tanta gente. Quando começamos o retiro, visitou-me o presidente da Câmara da cidade, que me deu as boas-vindas em nome da multidão. Tínhamos a impressão de que estávamos sonhando. O Senhor manifestava sua glória e sua vitória com muitas curas na assembléi assembléia. a. Na missa de encerrament encerramentoo estava uma uma grande multidão ultidão de doentes doentes em cadeiras de rodas, em macas e outros com muletas ou com bengalas, colocados diante do altar. Quando o Bispo viu tantos enfermos, disse ao Padre jesuíta que tinha preparado o retiro: “Padre, o senhor prometeu às pessoas que ia haver muitas curas neste retiro... Mas se ninguém for curado, essa gente vai voltar para casa muito decepcionada.” E o Padre respondeu: “Não se preocupe, Monsenhor. O Senhor é fiel às suas promessas e veremos como as cumpre hoje mesmo.” Na homili homilia, a, preg pre guei sobre os sinais si nais que o profet pro fetaa Isaías tinha tinha anu anunciado para ajudar o povo de Israel a identificar Jesus, como o Messias Salvador: “Os cegos vêem, os coxos andam e os surdos ouvem” (Is 35,5-6). Depois da oração comunitária pelos enfermos, a primeira pessoa que deixou suas muletas e começou a andar foi uma senhora que muitas vezes ajudava no escritório da diocese. Ela não podia andar sem a ajuda das muletas porque tinha perdido seu s eu equilí equilíbrio brio vários vár ios anos antes. antes. Levantou-se, começou a caminhar sem muletas, enquanto as pessoas glorificavam a Deus. A senhora avançou com passo firme, subiu até o altar e deu seu testemunho com grande emoção e alegria no coração. Eu comentei para o
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sacerdote que me acompanhava: “Esta cura é um presente especial para o Bispo.” O retiro de Ljubiana foi muito abençoado pelo Senhor. Foi para todos nós um sinal grande da mudança que o Senhor estava fazendo no povo da então Iugoslávia. Era a vitória de Jesus que se manifestava publicamente entre esses irmãos que tinham sofrido tanto por causa da opressão e da guerra. Agora podemos odemos gritar: “Jesus é o vencedor!” A Europa suportou durante muitos anos o grande peso da evangelização do mundo. De diferentes países deste velho Continente partiram milhares de generosos missionários que entregaram sua vida no misterioso Oriente, na apaixonante África ou na alegre América Latina. Contudo, hoje em dia a fé da Europa sofre os embates do materialismo e do paganismo moderno. Dir-se-ia que a fé está dormindo em templos vazios. É a Europa que deve ser evangelizada por esta nova evangelização, evangelização, nova no ardor, nova na expressão e nova nos métodos. Por isso, é para este Continente a Palavra de Deus: “Vi, depois, um novo Céu e uma nova Terra... E vi a cidade santa, a nova Jerusalém que descia do Céu, de unto de Deus, bela como uma esposa que se adornou para seu esposo. Então, o quee estava sent qu s entado ado no trono trono disse: diss e: ‘Eu ‘ Eu renovo renovo todas as coisas’” coisas ’” (Ap 21,1.2-5). 21,1.2- 5).
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5. Austrália A primeira vez que fui convidado para ir à Austrália, tive a impressão de estar chegando aos confins da terra. Foi uma longa viagem ao fim do mundo. Contudo, este povo tão longínquo viveu a mesma experiência carismática que nós. Ele fez um encontro pessoal com Jesus Ressuscitado. Os carismáticos da Austrália são evangelizadores que partilham seu tesouro com todos. Na minha inha chegada chegada ao aeroporto de Melbourne, Melbourne, esperava-m esperava -mee um grupo grupo de carismáticos cantando em espanhol: “Vive Jesus, o Senhor. Vive Jesus, o Senhor. Ele vive. Ele vive. Ele vive. Vive Jesus, o Senhor.” É um dos cantos mais formosos e com mais unção da Renovação Carismática, composto pelo Padre Lucas Casaert, missionário na Bolívia. Bolí via. Começamos com a pregação da Palavra em Melbourne. Assistiam pessoas da Renovação, mas também católicos que procuravam um novo impulso para sua fé cristã. Vários deles estavam inquietos com o que acontecia na Renovação e queriam ter a mesma experiência que milhões de cristãos já tinham feito: a vida no Espírito. Espír ito. Na verdade, a Renovação Renovação é uma uma porta para um mun mundo do novo. Não é para os santos, mas para os que querem chegar a ser santos. Não é para quem está satisfeito com sua vida cristã, mas para quem ainda tem sede e pede a Jesus que lhe dê Água Viva, que brota para a vida eterna. Depois do retiro de fim de semana, tivemos um encontro aberto num estádio. Tratando-se de lugar público, os organizadores colocaram um belo outdoor c om Jesus ressuscitado, ress uscitado, ponto ponto central central da assem as sembléia bléia.. No primeiro dia, calculou-se que havia umas umas 10 mil pessoas. Du Durant rantee a oração, como no Evangelho, o Senhor curou muita gente. Mas a cura mais significativa foi a de Bibiana Piscopo: Bibiana sofria de uma cegueira total havia muitos anos, por causa de um glaucoma que tinha afetado a retina de seus olhos. Chegou ao estádio guiada pela mão de uma amiga, que a ajudou a sentar-se na fila da frente, reservada para os 75
doentes. Eu tive uma palavra de conhecimento e comuniquei-a à assembléia: “O Senhor está curando uma pessoa doente da vista.” Nesse momento, Bibiana Bibiana perguntou perguntou a sua companheira: companheira: “É a imagem de Jesus aquilo que estou vendo ali na frente?” Sua amiga simplesmente lhe respondeu: “Bibiana, você está vendo aquele que lhe devolveu a vista!” Ela, por sua vez, afirmava: “Vejo, vejo. Glória a Deus!”
Bibiana, senhora de 47 anos de idade, era muito conhecida nos círculos da Renovação, porque trabalhava atendendo o telefone do escritório. Por causa dela, a multidão aumentou ainda mais no dia seguinte. Contudo, como sempre, houve gente que se opôs às manifestações do poder de Deus. Um jornalista telefonou-lhe para lhe perguntar: “Quanto dinheiro lhe pagaram para nos fazer acreditar que era cega?” Repete-se a resistência dos escribas e dos fariseus no Evangelho, mas Deus não força ninguém a acreditar. Manifesta-se e deixa-nos a liberdade para aceitarmos ou não a graça que passa diante da nossa vida. Vários anos depois regressamos à Austrália e pudemos constatar que a cura de Bibiana era permanente, porque nosso Deus não faz as coisas pela metade, nem se arrepende dos dons que concedeu. Embora eu só tenha pregado duas vezes na Austrália, Bibiana evangeliza todos os dias com seu testemunho. Os que a vêem sabem que Deus é poderoso para curar qualquer doença. Quem recebeu a graça de uma cura tem ao mesmo tempo uma responsabilidade: anunciar e proclamar o que Deus Deus fez em sua vida para par a que, vendo-o, os homens homens glori glorifiqu fiquem em ao Pai que está nos nos céus. Também tivemos um retiro em Sidney. A Palavra do Senhor convocou mais de três mil pessoas, que tinham ouvido falar das maravilhas de Deus. A missa final foi presidida pelo próprio Cardeal da cidade, acompanhado de muitos sacerdotes. Era um sinal de como como as resistên resis tências cias contra contra a Renovação Renovação iam i am caindo. caindo. A Igreja cada vez mais aceita esta corrente de graça, que Paulo VI definiu como “uma oportunidade para a Igreja e para o mundo”. Noutra outra ocasião ocasiã o pudemos pudemos também também pregar em Adelaide, Camberra Camberra e ainda outras cidades. A obra de Deus é sempre maravilhosa e vemos sua glória em toda a parte. Não só com os falantes de língua inglesa, mas também com os latino-americanos que se encontram por lá. Com meu companheiro de viagem, Pepe Prado, demos atenção à comunidade italiana, que pouco depois começou a 76
sua escola de evangelização para formar novos evangelizadores para a Nova Evangelização. Damos glória a Deus pelo que vivemos na Austrália, constatando que a Palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que a espada de dois gumes, que chega até as profundezas do nosso ser. Evangelizar na Austrália é uma forma de se cumprir a ordem de Jesus de chegar até os confins da Terra.
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6. As Ilhas Remotas O profeta Isaías disse: “Que as ilhas remotas anunciem o louvor de sua Glória” (Is 42,12). Com isso, dá a entender que a mensagem de Deus chega até os lugares mais longínquos e desconhecidos. Quando recebo alguns convites para proclamar a Palavra do Senhor, a primeira coisa que faço é procurar nu num m mapa onde se encontram encontram essas ilhas remotas. Mas o que está longe para nós não o está para o Senhor.
Ilha Maurício Depois de uma semana de evangelização, o próprio Bispo, Monsenhor Margéot, emitiu o seguinte comunicado a sua diocese: Nesta semana de intensa evangel evangeliização, manifestaram-se manifestaram-se provas de fé na Igreja Igreja Católica. Em Port-Louis e em Curepipe, milhares de pessoas reuniram-se para escutar a Palavra e participar da celebração da Santa Missa. Muitas pessoas tinham ouvido falar de milagres. Alguns não acreditavam, outros sentiam-se comovidos, mas todos se perguntavam a respeito desse tema. O que podemos afirmar é que as curas são uma resposta à oração da fé, em que, através de sinais, Jesus manifesta estar vivo. Esses prodígios não vêm sós: acompanham a pregação da Palavra e suscitam a conversão e a fé. Ainda é cedo para fazer o balanço do sucedido, mas podemos colher alguns ensinamentos: • A fé dos que assistiram renovou-se mais profundamente. Houve muitas conversões de pessoas que reencontraram a fé, tanto dos que receberam alguma cura, como dos que não receberam. Todos foram fortalecidos na sua fé. • Os sinais e as curas devolveram ao Evangelho sua atualidade. O Evangelho aparece como uma boa-nova para hoje. Os sinais anunciam que o Reino de Deus cresce e que o pecado está em recessão. • Os sinais e as curas estão estreitamente ligados ao Sacramento da Eucaristia, 79
como centro da vida da Igreja. • Essas curas aparecem num ambiente de oração, em que toda a comunidade redescobre a fraternidade e a solidariedade, assim como a alegria no sofrimento. Todos os participantes nesses retiros ficaram surpreendidos pelo ambiente de fraternidade, que é uma dimensão peculiar da vida da Igreja. • Toma-se consciência de que Deus se abre universalmente em Cristo. Todas as classes sociais, os pecadores, os ricos ou os pobres, se sentem bem recebidos.
Depois, Monsenhor Margéot disse pessoalmente às 10 mil pessoas presentes na Eucaristia de encerramento o seguinte: As experiências de entusiasmo religioso que o Senhor oferece por vezes são uma graça que atua como impulso, mas têm como meta motivar-nos para um compromisso decidido de conversão e de prática dos Sacramentos na Igreja. O próprio róprio P adre Tardif Tardif nos recordou insistentemente nsistentemente a importância mportância de continuar continuar e perseverar nesse cami cam inho para a santidade. santidade. A vida no Espírito tem dias luminosos, como os de sábado e de domingo passados, mas é um caminho caminho que também conhece noites noites escuras. O Espírito Espírito de Jesus põe à prova cada cristão, para “ver” como são grandes sua fé e sua fidelidade.
O comentário do jornal The Opinion não só relatava os acontecimentos, mas também analisava os fatos com critérios evangélicos: Acabou-se, e contudo tudo começa ou recomeça. A experiência desse fim de semana marca um novo início na vida pastoral da Ilha. O Padre Tardif dizia-nos, no seu livro Jesus está vivo viv o, que ele não é um teórico da Palavra, mas uma testemunha clara e vibrante do amor do Senhor, manifestado em Jesus Cristo. Sublinha que a boa-nova é a manifestação maior do amor de Deus, que quer que todos os homens se salvem e que cheguem ao conhecimento da verdade que é Jesus Cristo. Jesus é o modelo da vida de amor. Morto e ressuscitado por amor, para a reconciliação do homem, permanece ativo nos Sacramentos e na Palavra da Igreja. Quando a pregação vem acompanhada de sinais e prodígios, fortalece a fé, para responder à mensagem de salvação. Nessa manifestação do plano de amor de Deus se encaixam os milagres e as curas. O Padre Tardif, que experimentou de maneira pessoal a graça de ter sido curado 80
milagrosamente de tuberculose pulmonar, é uma testemunha autorizada de quanto Deus ama seus filhos. Hoje em dia, ele consagra sua vida para que todo o mundo conheça o amor misericordi misericordioso oso do Coração de Jesus. Cabe-nos aceitar com humildade esse desígnio de Deus, mas ao mesmo tempo temos de estar abertos para quando o plano do Senhor não for a cura do doente. Como Marta Robin, há pessoas chamadas por Deus para entregar sua dor e sua enfermidade, para se unirem à paixão de Cristo Jesus em favor da humanidade. Mistério maravilhoso: podemos completar na nossa carne o que falta à paixão de Cristo (Col 1,24).
Ilha da Reunião Depois de nosso trabalho evangelizador nesta pequena ilha, a Revista Église à la Réunion dedicou seu número 97 ao tema da evangelização no poder do Espírito. Intitulava-se “Cristo salva a pessoa completa: o corpo, a alma e o espírito”, e comentava que esse tipo de evangelização nunca deixa as pessoas indiferentes: Em Chaudron, congregou-se a maior multidão da história da Ilha: mais de 30 mil pessoas. Em Tampon, havia havia cinco cinco mil mil homens, sem contar as mulheres mulheres e as crianças. Cada Eucaristia tornava-se uma oportunidade para penetrarmos no maravilhoso mundo de Deus. A pregação percorria os temas tradicionais da fé: a Eucaristia, a conversão, os carismas, a oração e a comunidade, mas sempre com um matiz muito particular porque se acrescentavam testemunhos que pareciam sair das páginas do Evangelho. Sabíamos dos milagres de dois mil anos atrás. Conhecíamos as curas em Lourdes, mas agora nós próprios vimos paralíticos levantarem-se, surdos que ouvem e cegos que recuperam a vista. Agora repetimos com os samaritanos: “Já não acreditamos pelo que os outros nos contaram, mas porque nós próprios o vimos com os nossos próprios olhos.”
Fidji Terminando os retiros sacerdotais na Austrália, fui pregar na Ilha Fidji. Um vôo de cinco horas num super jato. Isso cansa menos que as fatigantes viagens quee deviam qu devi am fazer fazer os prim pr imeiros eiros missionários issi onários para par a pregar pre gar o Evangelho. Evangelho. 81
Depois de um ministério na cidade de Nandy, fomos pregar na capital, Suva. Na Catedral tivemos tivemos uma uma multidão que escutava escutava com atenção atenção a pregação e olhava com assombro as curas que o Senhor fazia durante a Eucaristia. Muitos enfermos puderam dar testemunho durante o próprio encontro. Um homem que tinha sofrido um grave acidente de automóvel e que havia meses caminhava com dificuldade, apoiando-se nas suas duas muletas, pôde levantar-se cheio de alegria e caminh caminhar ar até a té a frente, frente, para par a proclam proc lamar ar que Jesus está vivo, dando graças graças ao Senhor que acabava de libertá-lo de suas muletas. Que bom é o Senhor!
Ellice e Kiribati Um avião menor transportou-nos em seis horas e meia desde Fidji até as Ilhas Kiribati. Fizemos escala na Ilha Ellice, onde o avião aterrou numa espécie de campo de futebol, sem pavimentação. A ilha Ellice é um centro quase totalmente protestante, rotestante, com uma pequena pequena população de apenas nove nove mil mil habitantes. habitantes. Chegamos depois às ilhas chamadas Kiribati. Trata-se da diocese mais extensa do mundo, com uma distância semelhante à que existe entre Madrid e Moscou. É formada por 33 pequenas ilhas no Pacífico. Esse campo de evangelização foi confiado a nossa Congregação, Missionários do Coração de Jesus, há pouco mais de um século. Para minha chegada a Tarawa, o Padre Joseph Hegglin, MSC, tinha-me preparado reparad o uma uma surpresa: indicou-me indicou-me que devia ser eu o primeiro primeiro a sair do avião. Assim o fiz. Encontrei-me com um coro de jovens da Renovação Carismática vestidos com seus trajes típicos, cantando e dançando ao ritmo de sua música, para assim assi m exprimir exprimir sua alegria por nossa chegada. chegada. Mais uma vez repeti ao Senhor: “Esta recepção é para ti, pela tua entrada triunfal em Tarawa, como no Domingo de Ramos fizeste em Jerusalém. Eu sou o burrito que te leva a Tarawa.” Deram-me uma coroa de flores, um coco com água para saciar minha sede e muito amor em suas palavras de boas-vindas. Antes incomodavam-me um pouco essas atenções, pois pensava que eu estaria roubando a glória a Deus e não queria promover o culto a nenhuma pessoa humana. umana. Mas, pouco a pouco, fui fui me dando conta conta de que essa gen gente te descobre, no embaixador, aquele que é representado. Quando me dão um copo de água ou uma amostra de afeto, sabem que é o próprio Jesus a quem querem 82
honrar. Eu não acredito que ninguém ponha seu manto no chão para que um burro caminhe sobre ele. Dá-se glória àquele que o burro leva às suas costas. A evangelização das ilhas de Kiribati tem uma história muito singular. Tratase de uma Igreja fundada por leigos, Betero Tarawati e Rataro Tiroi, que troux trouxeram a boa-nova para sua própria própri a terra. Nativos de Kiribati foram trabalhar no Tahiti, ahiti, onde encontraram encontraram a Pérola Preciosa do Evangelho. Ali foram batizados, confirmados e preparados como catequistas. Ao regressar a sua pátria, traziam a chama da fé e dedicaram-se a incendiar toda a ilha com o fogo do Espírito. Faziam-no com fervor e sem descanso. Em oito anos, batizaram 357 pessoas e tinham preparado mais de quinhentas. Edificaram nove pequenas igrejas, com seu altar, esperando um dia ter a graça da celebração da Eucaristia. Todos os domingos se ajoelhavam diante do mar, olhando em direção ao Tahiti, para adorar o Santíssimo, porque sabiam que àquela hora se celebrava a Santa Missa lá. Com grande fé, faziam a seguinte oração: “Senhor meu e meu Pai, que alegria teremos quando vier um sacerdote, teu ministro, a nós, para nos oferecer a absolvição dos nossos pecados, celebrar a santa Eucaristia e distribuir em nós a Unção dos enfermos. Que privilégio tão grande contar com um sacerdote de Jesus Cristo, para celebrar os mistérios da nossa fé.”
Dirigiram essa oração a Deus durante oito anos, esperando que um dia fosse respondida por Ele. Muitas cartas escreveu Betero ao Monsenhor Lamaze, Vigário Apostólico do arquipélago de Samoa, solicitando-lhe missionários para Kiribati. Uma dessas cartas dizia assim: a ssim: “Eu, Betero, escrevo-te esta carta para pedir-te um missionário para Nonouti, pois ois queremos muito muito sua vinda. vinda. Eu, Betero, fui evangeli evangelizado no Tahiti Tahiti pelo Bispo Tepano. Eu, Betero, e também Tiroi, ensinamos a religião católica em Nonouti. A população opulação católi católica é numerosa em Nonouti e temos nove capelas. capelas. Supli Suplicamos-te, nosso Pai, que não deixes de vir visitar-nos, pois desejamos isso ardentemente, como afirmo nesta carta. Pai meu, recebe as saudações de Betero e de Tiroi.”
A oração desse povo parecia-se com a dos Macedônios a S. Paulo: “Cruza o mar, vem rapidamente em nossa ajuda” (At 16,9). Deus respondeu a essa petição, 83
enviando-lhes enviando-lhes os primeiros p rimeiros Missionários do Sagrado Coração, em maio de 1888. Na verdade, nen nenhu hum ma oração fica sem ser atendida atendida por Deus. Deus. Por vezes parece-nos arece- nos que tarda a responder, mas Deus Deus é fiel e responde-nos quan quando do lhe suplicamos de todo o coração, com a certeza de que um dia vai responder ao desejo mais profundo profundo de nosso ser. s er. Em Kiribati, preguei três retiros. Um para os dirigentes da Renovação Carismática e os outros dois para toda a gente. As pessoas sentavam-se no chão, segundo seu costume, e escutavam com fé a mensagem da salvação. Julgo que fui eu quem mais recebeu, graças ao testemunho dessa gente maravilhosa. Se eu tive que voar apenas umas horas de avião para pregar a Palavra, eles tiveram que viajar dias inteiros para escutá-la. Também preguei em outras duas ilhas, onde estiveram presentes mais de 1.500 pessoas para escutar a boa-nova. A Palavra da salvação chega até os cantos mais afastados do mundo, pois a Palavra de Deus não se deixa acorrentar e corre por todo o mundo. Os católicos, por sua vez, tinham que percorrer grandes distâncias, de barco ou a pé, para escutar a Palavra que salva. No dia em que compreendermos a fome do mundo, não pouparemos esforços para ser embaixadores de Jesus Cristo em qualquer lugar ou em qualquer meio. Para visitar outra outra ilha i lha do Pacífico, Pací fico, famosa famosa por seus grandes grandes tubarões, tivemos tivemos que tomar uma lancha, conduzida pelo próprio Bispo. Antes de sair, advertiu-me: “Padre, vista sua roupa de banho.” Respondi-lhe: “Com tanto trabalho, não creio que tenhamos tempo para nos banharmos; aliás, não sou muito amigo dos tubarões. Obrigado.” Ele me disse: “A travessia é por mar aberto e encontraremos grandes ondas. Creio que seria melhor que o senhor não pregasse com sua roupa molhada.” Assim, fizemos a travessia em roupa de banho, com grandes ondas que açoitavam a pequena embarcação. O mar estava tão embravecido que me fez lembrar os três naufrágios do apóstolo Paulo. Nesse momento, não me apetecia poder contar que também eu tinha naufragado no Atlântico Sul. Eu não sei se S. Paulo viajou em roupa de banho anho para evangelizar, evangelizar, mas algo parecido pareci do deve ter vivido, quan quando do exclamou: exclamou: “Faço-me tu tudo para todos, para os gan ganhar har para Cristo” Cri sto” (1Cor 9,19-23). 9,19-2 3). O sinal mais forte daquele retiro foi quando o Senhor curou o feiticeiro da ilha. Esse homem estava paralítico. Mas Deus o levantou e ele pôde caminhar 84
perfeitamente, erfeitamente, sem ajuda de muletas. muletas. Esse feiti feiticeiro tinha tinha feito feito muito muito mal à fé católica, mas quando o Senhor o curou, renunciou à bruxaria. Assim, todos aqueles que antes recorriam a ele para serem curados, vinham agora àquele que era tão poderoso que tinha sido sido capaz de curar o fei fe iticeiro ticeiro da ililha. Para Jesus não era um pecador, mas um instrumento de evangelização. Toda aquela gente já não visita o bruxo, mas vai à Igreja onde aquele homem, perdoado e curado pelo Senhor, adora o Deus vivo e verdadeiro, que enviou seu Filho único para perdoar todos os nossos pecados.
Com o Bispo como piloto, regressei a Tarawa. O altar de sua Catedral é a canoa de seu velho pai. Com isso, Monsenhor Pablo quis recordar tanto o mar da ilha de Beru onde nasceu, como o mar da Galiléia, onde Jesus pregou tantas vezes.
Conclusão Quando faço essas viagens tão longas e longínquas, sempre me pergunto: “Se há tantos sacerdotes mais sábios e mais bem preparados, por que convidam a mim para ir até os confins da terra?” Embora eu voe 10 mil metros de altitude, o céu guarda silêncio e não me responde... Mas eu imagino que é porque Deus gosta de manifestar sua glória na pequenez das criaturas. Por vezes penso que Deus é muito ciumento e não gosta que ninguém lhe roube sua glória, por isso se compraz no pobre e ignorante deste mundo. Quando chegar ao céu, hei de pergun erguntar a meu Deus Deus por que me escolheu para levar sua Palavra e sua mensagem de esperança até as ilhas mais remotas (Is 42,10). Minha conclusão ao chegar de cada ilha perdida no mar é sempre a mesma: “Deus deseja que todos os homens se salvem e conheçam a verdade em plenitude, lenitude, que é seu Filho, Nosso Senhor Senhor Jesus Jesus Cristo” (1Tim 2,4).
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7. Can Canadá adá Quero terminar essa panorâmica de meu ministério ao longo de 62 países, durante 20 anos, dedicando o último capítulo a minha terra: o Quebec. Mas prefiro que seja o próprio própr io Padre Jean Je an Ravary Ravary quem quem nos conte conte o que que aconteceu: aconteceu: No ano passado falei com um Bispo Bispo canadense e partil partilhei com ele ele minha minha alegri alegriaa de ter participado de um retiro sacerdotal pregado pelo Padre Tardif. Contei-lhe o ânimo que recebi ao compreender, com fatos, que Jesus está vivo e como o meu ministério sacerdotal recebeu um novo impulso, graças à ação do Espírito Santo. Tive mesmo a audácia de sugerir-lhe: “Seria bom organizar um retiro sacerdotal em Montreal e pedir ao Padre Emiliano Tardif, que viaja pelos cinco continentes, que venha aqui, a sua casa, para nos pregar.” O Bispo, um tanto espantado, perguntou-me: “Quem é o Padre Tardif? Eu não o conheço.” Uma vez mais se cumpria aquela passagem bíblica de que nenhum profeta é reconhecido entre os seus. Os países mais afastados e as ilhas mais remotas foram testemunhas de seu ministério. Seus livros foram traduzidos em 20 idiomas, mas nós, os seus, não o conhecemos. Outras comunidades têm de esperar cerca de cinco anos para encontrar um espaço na agenda desse mensageiro da boa-nova que anuncia a paz; mas se nós, que somos sua família, não sabemos quem é o Padre Tardif, qual será então o verdadeiro país de sua missão? Para todos aqueles que se perguntam quem é o Padre Tardif, eu, que o conheço e que trabalhei com ele, quero responder: Emiliano é simplesmente o burrito do domingo de Ramos que leva Jesus por toda a parte. Isso é a única coisa que lhe interessa na vida. Vive obcecado por fazer conhecer ao mundo inteiro, inclusivamente aos cristãos, que o Jesus que morreu por nossos pecados ressuscitou e está vivo para nunca mais morrer, comunicando o seu Espírito Santo a todos os que acreditam em seu Nome. O Padre Tardif é um vaso de barro que leva um grande tesouro dentro, mas acentuando que cada um de nós somos também templo do Espírito Santo e que os carismas da Igreja primitiva são também para estes tempos. O Padre Tardif, por 87
fim, é simplesmente uma testemunha, que mostra com fatos e palavras que Jesus é o único Messias e que não devemos esperar outro.
Conclusão Depois de ser testemunha do que reis e profetas do Antigo Testamento desejaram ver e ouvir, depois de ter sido testemunha de Jesus ressuscitado e de ter evangelizado evangelizado em 62 países país es dos cinco continen continentes, tes, só posso pos so repetir: r epetir: “Alegro-me nas minhas fraquezas, pois, quando me sinto fraco, então é que sou forte” forte” (2Cor 12,10). 12 ,10). Quando as pessoas olham para mim, ou me pedem que lhes assine um livro; quando querem que lhes imponha as mãos ou me chamam pelo telefone desde países longínqu longínquos, os, eu lhes digo d igo sempre: sempre: “Não se distraiam distraia m com o vaso vas o de barro. Mantenham os olhos fixos em Jesus. Eu sou como João Batista que repete: ‘Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado pe cado do mun undo.’” do.’” A pergunta do Bispo canadense: “Quem é o Padre Tardif?”, tem uma grande mensagem, pois na realidade não importa quem é o Padre Tardif, mas quem é Jesus. Não importa que as pessoas conheçam o Padre Tardif, mas que conheçam, amem e sigam as pisadas de Jesus de Nazaré, que morreu por nós para que tenhamos vida em abundância. É tão importante conhecer Jesus, que a vida eterna consiste precisamente nisso (Jo 17,3). Por isso Paulo exclamava: “Na verdade, em tudo isso só vejo lixo, comparado com o supremo conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor” (Fil 3,8). No fim da vida, Deus Deus não pergun perguntará se conh conhecem ecemos os o Padre Tardif, mas simplesmen simplesmente te quererá saber s aber se nosso coração foi capaz de amar: amar: “Reconheceste“Reconhecesteme no mais necessitado, no mais pobre, no abandonado, no explorado, no enfermo, no emigrante, na vítima de injustiças?” E conforme respondermos a essa pergunt pergunta, a, assim ass im será toda a eternidade para nós.
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SEGUNDA PARTE
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SEMINÁRIO DE VIDA NO ESPÍRITO
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Introdução Já demos uma panorâmica da Renovação Carismática pelo mundo. Contudo, muitos devem perguntar: onde é que se apóia essa força e essa vitalidade da Renovação? Por que, enquanto algumas igrejas estão vazias e muitos católicos procuram o fervor, fervor, a alegria e a verdade fora da Igreja, Igreja, a Renovação é capaz de convocar multidões, encher estádios e manter tantos milhões de pessoas que experimentaram uma Vida Nova graças a essa corrente espiritual? A resposta é muito simples: a Palavra de Deus, quando a pregamos com a força do Espírito Santo, tem poder para convocar, transformar vidas e salvar os corpos e as almas dos filhos de Deus. A Renovação descobriu a evangelização fundamental, o querigma apostólico, e anuncia Jesus, apresentando-o com a força do Espírito. Estruturaram-se vários métodos para apresentar o querigma primitivo, mas todos eles têm o mesmo centro: o encontro pessoal com Jesus ressuscitado, que oferece uma nova efusão do Espírito, geralmente chamada “Batismo no Espírito Santo.” Este Batismo no Espírito é uma graça muito singular de Deus, que mudou milhões de vidas. Trata-se de uma chave que abre a porta de um mundo novo, para poderm poder mos viver a alegria, o amor amor e o serviço servi ço dos filhos de Deus. Deus. Ofereceremos nesta segunda parte um esquema do Seminário de Vida no Espírito. Não de modo informativo, mas para que seja uma plataforma de lançamento para se experimentar essa Nova Vida. É muito difícil dizer com palavras em que consiste essa evangelização fundamental, porque basicamente se trata de viver uma experiência, mais do que um conhecimento intelectual. A melhor e talvez a única forma de conhecer a Renovação, é receber o Batismo no Espírito, que nos leva a ter um encontro pessoal com Jesus ressuscitado. Um dia pregávamos um retiro a sacerdotes na Guatemala. Durante o intervalo, fomos para o pátio, onde encontramos um menino brincando no chão, 93
chupando o dedo. O Padre Diego Jaramillo aproximou-se e perguntou-lhe: “Que gosto tem seu dedo?” O menino, sem saber como responder, abriu mais ainda seus olhos negros. Todos os sacerdotes que estávamos rodeando a cena sorríamos por constatar sua impotência para descrever com palavras o sabor de seu dedo. O Padre Diego tornou a insistir: “Que gosto tem seu dedo?” O menino, com toda a ingenuidade, mas cheio de sabedoria, levantou a mão, mostrou o dedo ao Padre e disse-lh disse-l he: “Prove-o.” Assim é a experiência da Renovação no Espírito. Ninguém é capaz de descrevê-la, e toda a definição será parcial. Por isso, para todo aquele que quiser qu iser saber o que é a Renovação no Espírito, Espíri to, só há um uma fórmula: fórmula: prová-la! prová- la! Essa é a única forma de poder entendê-la. Muitos criticam a alegria e a espontaneidade dos grupos de oração. Outros são da opinião de que as pessoas se apaixonam pela Palavra de Deus ou que exageram em sua vida espiritual. Contudo, não existe outra resposta senão provar! Quando alguém menospreza a Renovação ou me chama de louco, apenas repito a Palavra de Paulo a Festo: “Prouvera a Deus que aquilo que aconteceu a mim acontecesse também a ti” (At 26,29). Que o Espírito Santo, Senhor e doador de vida, unja este Seminário de vida no Espírito que vamos expor e faça fecundar no coração de cada leitor a Vida Nova de Jesus Cristo.
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1. O amor de Deus O início, o centro e o cume da experiência do Espírito se baseiam na certeza de que Deus é amor e nos ama com amor de Pai. O Padre Rómulo Falcón, irmão de minha Congregação, Missionários do Sagrado Coração, conta como como essa verdade se tornou realidade real idade na sua vida: Que belo é nos encontrarmos em uma comunidade na qual se reza e louva! Que belo elo é comprovar que em toda a parte atua um mesmo Espírito! Espírito! Que admirável admirável é constatar que a Palavra de Deus é pregada com poder! Que bom é saber que nas terras longínquas do Peru não estamos sozinhos, mas unidos no mesmo Espírito, num só Senhor e numa só esperança! Que lindo ver que a Igreja está se renovando, não com ações externas, mas com a transformação dos corações por meio do encontro pessoal com Jesus! Se o amor do Senhor não tivesse me alcançado com sua misericórdia através desta Renovação do Espírito, eu teria sido agora mais um na mesa dos não crentes. Por isso, irmãos, posso dar meu testemunho de conversão. É verdade. O Senhor muda as vidas! Eu, como sacerdote, fui transformado por Ele. Precisei dessa segunda conversão, ou melhor, dessa primeira conversão, porque nunca antes a tivera. Eu tinha uns 20 anos e estudava engenharia. Não sei como, o Senhor chamoume e tocou-me para a vocação sacerdotal e decidi segui-lo. Encontrei uma Congregação religiosa que começava suas atividades no Peru, a qual me aceitou. Enviaram-me para a Alemanha, onde tive a oportunidade de estudar com os melhores professores de Teologia. Narro isso para sublinhar que a sabedoria e o estudo não bastam para se tornar um bom sacerdote. Voltei ao Peru em 1959, cheio de conhecimentos e de profunda formação, e não sei por que meus superiores decidiram enviar-me para trabalhar nas montanhas, na serra de minha pátria. Estive ali abandonado e só, no meio das pessoas mais pobres e humildes. Pouco a pouco fui perdendo minha identidade sacerdotal, transformando-me num simples administrador de sacramentos ou num empregado de escritório 96
paroquial, aroquial, que punha sempre como condição condição o pag pagamento amento econômico econômico para a realização de qualquer ato de culto. Não me dava conta de como me afundava cada vez mais. Cheguei a gastar o dinheiro da igreja. Era tão fácil aproveitar-me do ministério sacerdotal para consegui-lo... Ao penetrar cada vez mais no dinheiro, era menos capaz de servir ao Senhor. Anos depois, transferiram-me para a diocese de Trujillo. Nesse momento, eu tinha perdido já o sentido comunitário de minha congregação. Tinha um grande entusiasmo por vir a ser “alguém” importante. Por que não podia ser Bispo, se possuía estudos e capacidades? capacidades? Com essa meta, comecei a subir subir patamares. Que terrível é o poder! Para subir, é preciso esmagar outros irmãos e menosprezá-los como inferiores. Isso aconteceu quando tentei escalar os patamares da hierarquia eclesiástica. Poucos anos depois, já tinha um posto-chave na diocese: Reitor do Seminário de São Carlos. O Bispo era um senhor muito respeitável, mas que pouco podia fazer e decidir. O Bispo auxiliar era italiano, e como estrangeiro não podia entender a maneira de ser dos peruanos. Assim, sendo eu o terceiro homem de autoridade, era quem praticamente dirigia a Igreja diocesana. Por experiência própria, confesso-lhes: que terrível é ter poder e ter falta de fé, possuir ossuir poder econômico econômico e não ter moralidade! moralidade! Podem imaginar maginar todo o mal que se pode fazer com c om dinheiro dinheiro e poder? P ois ois tudo o que vocês imagi imaginam, eu fiz. Um dia, segundo meu hábito, estava comendo sozinho. Como Reitor, não me permiti ermitia fazê-lo com os professores e menos ainda ainda com os estudantes, já que me sentia credor de todo o respeito do mundo. Nesse dia, chegou um sacerdote que vinha de muito longe e queria falar comigo. Eu, simplesmente, mandei-lhe dizer que depois lhe concederia uma entrevista. No dia seguinte, encontrou-me e disseme: “Monsenhor, preciso me encontrar com o Senhor Bispo.” Já era lei que, para se chegar ao Bispo, era necessário antes passar por mim. “Escreva seu pedido, e veremos se é conveniente que fale com ele”, respondi-lhe, friamente. Passaram-se dois dias e o sacerdote continuava a insistir em sua necessidade, enquanto eu, pela minha parte, continuava a ignorá-lo. Por fim, quando me encontrou, disse-me: “Monsenhor, o senhor já não é cristão...” Podem imaginar o impacto dessa frase? Eu, o Reitor, eu, Monsenhor, com meus títulos e estudos, já não era cristão? Pouco depois apresentei minha renúncia como Reitor e regressei a 97
minha comunidade religiosa. Sentia-me de mal a pior e em pouco tempo pedi não só a saída de minha Congregação, mas até minha redução ao estado laical. Enquanto esperava a resolução do longo processo, permaneci em uma casa da comunidade, mas já sem realizar ministérios concretos. Encarreguei-me de tomar conta da capoeira e só de vez em quando celebrava Missa. Enquanto corria meu processo, chegou um sacerdote que perguntou: “O que faz aqui?” “Estou esperando que se resolva uma situação pessoal”, respondi-lhe. “Por que não vá pregar uma missão em minha paróquia?”, insistiu comigo. Então renasceu em mim o homem organizador e ativista. Preparei o tema, a equipe e tudo o que era necessário. Mas a Providência tinha as coisas planejadas de outra maneira. Nenhuma das pessoas que eu tinha tinha convidado convidado podia podia me acompanhar. acompanhar. Então, como tinha tinha me comprometido, fui só. Antes de sair, deixei uma carta a meu superior, para que por favor fizesse avançar todos os papéis para eu poder abandonar o ministério sacerdotal. Cheguei à aldeia onde a missão deveria ser celebrada. Comecei os preparativos imediatos e, enquanto falava com o pároco, apareceu um rapaz de 18 anos perguntando erguntando por Rómulo. Rómulo. Rómulo? Rómulo? Era a primeira primeira vez em muitos muitos anos que eu ouvia meu nome só, sem os títulos de Excelência, Monsenhor ou Reitor. Depois que me identifiquei, o rapaz sentou-se diante de mim. Sem me conhecer, tratou-me por você e disse-me disse-me com uma decisão decisão surpreendente: “Olhe, Rómulo, Rómulo, a mecânica das missões é muito simples: você prega e eu oro.” Eu ri, mas não o pus na rua porque afinal era o único único companheiro companheiro que podia podia servir servir para alg alguma coisa. coisa. Chamava-se Carlos. Carlos. Continuei preparando todos os ensinamentos necessários, enquanto Carlos reuniu um pequeno grupo e começou a rezar. Isso me perturbava, me desesperava. Tinha tanto trabalho para realizar, mas aquelas pessoas apenas rezavam e rezavam... Chegou o dia de começar. Estava em meu quarto revendo e polindo meus eloqüentes discursos, cheios da sabedoria deste mundo, com técnicas de argumento, lógica e estilística. Nessa altura, alguém bateu à porta. Era Carlos, o jovem do grupinho grupinho de oração. Sem introduções nem preâmbulos, simplesmente simplesmente me disse: “Rómulo, você precisa se converter...” “Eu?! – respondi-lhe – O que está acontecendo? Eu, sacerdote, converter-me?” Ele insistiu com mais autoridade: “Rómulo, você precisa se converter. Você não 98
conhece de maneira pessoal o Senhor Jesus.” “Como? respondi violentamente – por acaso acredita acredita que não o conheço?” “Não, Rómulo, Rómulo, não o conhece ainda”, ainda”, respondeu-me com firmeza. Nesse momento começou uma luta luta tremenda treme nda em meu interior: interior: “Senhor, “Senhor, se não o conheço, então o que tem sido minha vida?” Continuei levantando objeções a Carlos, mas todas eram respondidas com uma simplicidade admirável por esse rapazinho de 18 anos. ano s. Depois, Dep ois, disse-me: “Rómulo, Deus é seu Pai P ai e o ama.” “Você “Você está louco” – respondi furioso. “Então eu não sei que Deus é meu Pai e me ama?” “Sim, Rómulo, você sabe que Deus é seu Pai, mas já o experimentou alguma vez em seu coração?” Na verdade, nunca tinha tinha exp experimentado erimentado que Deus era meu P ai e que me amava de maneira pessoal. Sentei-me na cadeira, escondendo a cabeça nas mãos e com os cotovelos bem cravados nas pernas. Carlos começou a rezar por mim numa língua que não reconheci, pois nunca tinha ouvido rezar em línguas. Nesse momento, senti uma efusão do Espírito de Deus em mim e comecei a chorar de maneira amarga, muito amarga. Enquanto chorava, o Senhor fez-me ver minha triste vida de pecado. Mas estava ali o amor de Deus, perdoando-me todas as minhas rebeldias. Pecar sem experimentar o amor de Deus é um inferno; mas ser perdoado do pecado por quem nos ama é a ante-sala do céu. Quando terminou a oração, eu estava esgotadíssimo. Então Carlos pegou meus apontamentos, apontam entos, rasgou-os e atirou-os para pa ra o cesto do lixo, lixo, assegurando-me: assegurando-m e: “Você não precisa da sabedoria dos homens. Você vai contar como o Senhor o converteu.” E foi embora. Fiquei outra vez sozinho, na luta mais tremenda do homem novo que acaba de nascer, e comecei a gritar: “Não, eu não prego, não posso fazer isso!” Nessa altura, altura, bateram à porta. Era o pároco que estava me chamando: “Padre, as pessoas já estão à espera na igreja.” Abri a porta e comecei a andar. No caminho encontrei uma Bíblia. Há muito tempo que não a lia. Eu sabia as opiniões dos teólogos sobre Deus, mas não sabia o que Ele dizia de si mesmo na sua Palavra. Agarrei-me a essa Bíblia como única salvação e defesa. Assim, subi àquele púlpito, que era alto, muito alto. Pela primeira vez em muitos anos, orei ao Senhor e disse-lhe: “Senhor, ajudeme. Que vou dizer?” Nesse momento, abri a Bíblia e encontrei-me no texto da Epístola aos Coríntios, que diz: “Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza, de temor e de grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em 99
discursos persuasivos da sabedoria humana, mas na manifestação do Espírito e do poder divi divino, no, para a vossa fé se não apoiar apoiar na sabedoria sabedoria dos homens, mas no poder de Deus” (1Cor 2,3-5). Não sei o que preguei preguei naquela noite. Apenas recordo rec ordo que dizi dizia: a: “Eu pequei, pequei, mas o amor do Senhor perdoou-me. Deus pode perdoá-los também.” Já viram um sacerdote chorar diante de seus paroquianos? Pois naquela noite chorei com eles. Naquela noite, experimentei o amor divino, converti-me eu e converteu-se o povo. Eu tinha recebido o Espírito Santo e agora dava testemunho do que o amor de Deus pode fazer. Tudo o que para mim tinha sido impossível em anos de ministério, mudar os corações dos que me escutavam, o amor de Deus conseguia realizar. Regressei a Lima. Quero esclarecer que, pela primeira vez em minha vida, esqueci-me de cobrar por meus serviços sacerdotais. Deus já tinha pago demais. Fui falar com meu superior para lhe perguntar sobre os resultados da carta que tinha deixado antes de ir pregar. “Ah! – respondeu-me – Esqueci-me de mandar.” “Pois esqueça-a para sempre” – disse-lhe. Assim se passaram oito longos meses de luta do homem novo contra o homem velho. Estava só e não conhecia ninguém que tivesse tido uma experiência semelhante à minha para partilhá-la. Eu, certamente, estava renovado, mas faziame falta uma comunidade e corria o risco de ser destruído pelo mundo e por seu pecado. P ara passar o tempo, comecei a traduzir traduzir a Bíbli Bíblia para minha minha língua íngua materna. Esse estudo e contato profundo com a Palavra foi o que me salvou. Todos os dias me alimentava com a Palavra de Deus. Depois, meus superiores enviaram-me para ajudar na paróquia de São Lucas e o grupo de oração mandou um jovenzinho para que me instruísse. Esse rapaz deume o Seminário de Vida no Espírito. Embora estivesse seguro de que ele tinha me transformado, eu tinha que mudar não só minhas atitudes externas, mas toda minha mentalidade e meu formalismo. Se o Senhor me perdoou, sacerdote pecador, por que não pode fazê-lo com vocês? O amor pode tudo. É a única força capaz de transformar o mundo. Assim, e só assim, pode-se santificar a Igreja. Assim mudarão as estruturas injustas. De outra forma, não. Então, Cristo vivo reinará no meio de nós!
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Se pudéssemos resumir a mensagem do Novo Testamento, seria com esta pequena equena frase, que é o resumo resumo mais importan importante te da Revelação: “Deus “Deus é Amor” Amor” (1Jo 4,8). A verdade fundamental do cristianismo é que Deus todo-poderoso, Criador do céu e da terra, é um Pai amoroso que teceu a história de cada ser humano com o fio condutor de seu Amor incondicional e eterno. “Tal como é a ternura de um Pai para com seus filhos, assim é terno o Senhor para aqueles que o buscam” (Sl 103,13).
Deus toma a iniciativa “O amor não consiste em que vocês tenham amado a Deus, mas em que Deus os amou primeiro” primeiro” (1Jo 4,10).
Jesus manifestava o rosto misericordioso do amor de Deus. Quando uma pessoa se sent s entia ia amada assim, assim, não não podia resistir re sistir e mudava mudava sua vida. Havia uma mulher cuja má reputação tinha se espalhado por toda a Galiléia. Os homens a procuravam na obscuridade do prostíbulo, mas a desprezavam na claridade do dia. Os que se aproximavam a usavam como brinquedo passageiro, caricaturando o amor. Ninguém a amava, nem sequer ela amava ninguém. Seus afetos afetos eram er am farsa farsa e mero interess interessee comercial. Mas um dia chegou a sua vida um homem que anunciava o amor incondicio incondicionnal de Deus para com os pecadores. pecador es. Ela acreditou acredi tou imediatam imediatament entee nele e apresentou-se em casa de Simão, o fariseu, onde o Mensageiro da boa-nova estava reclinado numa mesa. Aproximou-se por trás e começou a acariciar os pés do Mestre. Mestre. Perante Perante a admiraçã admiraçãoo e o escândalo dos convidados, Jesus não a afastou; afastou; pelo cont c ontrári rário, o, colocou coloc ou carinhosam carinhosament entee a mão sobre sobr e a cabeça dela. Nessa altura, começaram começaram a correr abundant abundantes es lágrimas lágrimas desse dess e coração coraçã o que não não tinha recebido senão desprezos. Partiu então seu frasco de alabastro onde guardava um delicado perfume de nardo puro e começou a ungir os pés do Senhor. Correndo dos seus olhos, também as lágrimas molharam o Mestre. Com a sedutora cabeleira que tinha servido como instrumento para conquistar clientes, começou a secar os pés banhados em lágrimas de verdadeiro amor. O Mestre não se opôs, apesar das críticas dos que se julgavam melhores que ela. Através dessa d essa aceitação incon i ncondicional, dicional, ela el a experiment experimentou ou o amor amor salvífico sa lvífico de 101
Deus. Jesus mostrou-lhe quanto Deus a amava e, porque a amava, a perdoava e a reconstruía. reconstruía. Essa Ess a experiência do amor amor que perdoa per doa mudou mudou sua sua vida vi da e foi capaz de transformar toda a sua história. Que Deus toma sempre a iniciativa e que é Ele quem nos alcança, podemos perceber claram clara mente ente no segu seguinte inte testemun testemunho: ho: No mês de janeiro janeiro de 1987, pregávamos pregávamos um retiro retiro carismático carismático de três dias dias na cidade de La Vega, República Dominicana. Foi um retiro muito concorrido que terminou num campo de futebol, com a participação de grande multidão. No domingo, à tarde, celebrou-se a missa de encerramento com uma oração de cura. Uma senhora de uma aldeia vizinha quis participar na missa e pedir a Deus a cura de um câncer no peito. Para chegar, tinha que atravessar um rio sem ponte. Por desgraça, na noite anterior uma chuva torrencial tinha feito o rio transbordar. Quando chegou ao rio, era impossível atravessá-lo. Assim, não poderia participar na oração dos enfermos... Mas orou com fé, explicando ao Senhor: “Tu estás presente em toda a parte. Tu podes curar-me aqui.” aqui.” P ermaneceu em oração, unida unida em espírito espírito à multi multidão dão que assistia à missa, a uns oito quilômetros dali. A senhora entregou sua doença ao Senhor e voltou para casa. No outro dia, ao despertar, já não tinha dores. Passaram-se os dias e os nódulos cancerosos que tinha nos dois peitos desapareceram totalmente. totalmente. Um mês depois, já dava testemunho a toda a gente, afirmando que, como ela não tinha podido passar o rio, o Senhor tinha-o cruzado para encontrá-la e curá-la. Agora todos os que cruzam esse rio sabem que por ali passou o Senhor com seu amor, que não tem limites nem barreiras.
Amor incondicional e estável, que nada nem ninguém pode mudar “Os montes correrão e as colinas mover-se-ão, mas o meu amor não se afastará de ti” (Is 54,10). “Acaso pode uma mulher esquecer-se do menino que amamenta, não ter carinho pelo elo fruto de suas entranhas? Ainda que ela ela se esquecesse, Eu nunca te esqueceria” (Is 49,15).
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Quando uma pessoa se sente amada incondicionalmente por Deus, não pode resistir a tanta ternura e toda sua vida e história tomam sentido para poder recom rec omeçar eçar com um um novo novo nascimento, nascimento, não importa o ponto em que que tenha caído. caí do. O mesmo que aconteceu há dois mil anos na Galiléia e em Jerusalém sucede hoje em nosso mundo, como podemos constatar pelo testemunho seguinte de um amigo, com quem freqüentemente prego: Nasci numa famíli família muito muito grande. Meus pais, pais, embora fossem bons, usavam o método do prêmio e do castigo para nos educar. Assim, cresci pensando que, se fosse bom, mereceria que me amassem. Tudo estava condicionado a minha conduta e, como não me considerava sempre bom, constantemente duvidava do amor dos outros por mim. Aos 12 anos entrei no seminário. Recordo que ali tudo era competitividade: as classificações e as notas de comportamento. Eu era o que obtinha as piores notas em comportamento e aquele que tinha pior aproveitamento. Os superiores preferiam os que se portavam bem e obtinham obtinham boas quali qualificações em seus cursos. Portanto, fui rejeitado por todos eles. Depois de vários anos, as coisas foram mudando e comecei a melhorar meu aproveitamento. Inclusivamente estudava a Bíblia e aprendi grego e hebraico para a ler. No fundo, era uma compensação para ser tomado em conta pelos meus superiores e para que me dessem as oportunidades que ofereciam aos outros como prêmio por seus trabalhos. trabalhos. Aquele que cresce tentando merecer o amor dos outros vive sempre inseguro, porque considera considera que nunca preenche suas exp expectati ectativas. vas. Ali Aliás, sabe que tem um amor comprado pelo que faz e não pelo que é. O mesmo se passava comigo em minha relação com Deus: eu pensava que devia ser bom para merecer que Ele prestasse atenção em mim; mim; se cumprisse cumprisse sua vontade, então Ele, Ele, por sua vez, haveria de amar-me. Minha vida religiosa era um comércio espiritual: eu me esforçava para comprar o amor de Deus com boas obras, mas vivia no inferno da condenação quando constatava que não conseguia ser fiel. Cheguei mesmo ao conformismo, com a tristeza do fariseu que tenta apresentar-se justo perante os outros, mas que no fundo se sente condenado por não cumprir completamente a lei. Mas um dia chegaram umas pessoas que decididamente me pareceram loucas. 103
Falavam de um Jesus vivo, que tornavam transparente em seus rostos e em seus sorrisos. Para mim, que vivia debaixo da lei, a relação com Deus era formal: obras boas da minha minha parte em troca de bênçãos divi divinas. nas. Como o fariseu do Evangel Evangelho, ho, dava conta de meus jejuns e de minhas orações, para poder cobrar a Deus o que me devia. Em troca, eles falavam de um Deus misericordioso, em que tudo é graça, e que, portanto, permite vivermos na alegria de ser herdeiros de tudo o que Jesus ganhou para nós na cruz. Eu tinha muitas barreiras para aceitar tais testemunhos, pois vários desses pregadores regadores não eram católico católicos. s. Para Par a mim, mim, nós os católico católicoss tínhamos toda a verdade, mas esses pastores evangélicos viviam-na com transbordante alegria. Explicavam o Evangelho com simplicidade e profundidade, como eu nunca tinha escutado antes. Depois de muitas resistências, convencido apenas pela autenticidade e pela alegria dessas pessoas, fui-me aproximando cada vez mais, até que consegui estar na primeira fila. No fim de um cântico de louvor, pôs-se de pé um pregador, que disse que iria apresentar as quatro leis mais importantes para o cristão. Como eu nunca tinha ouvido um tema com um título tão sugestivo, isso chamou minha atenção e o Senhor abriu meu coração para aceitar aquela mensagem. O pregador aproximou-se de mim e, olhando-me nos olhos, afirmou de maneira categórica e direta: “Deus o ama incondicionalmente.” Seu olhar penetrava em minha alma e suas palavras estavam ungidas com o fogo do Espírito. Depois acrescentou, sem deixar de me olhar: “Deus o ama porque é bom e não porque você seja bom. O amor de Deus é incondicional. Você não precisa fazer nada para que Ele o ame. Há só uma coisa que Deus todo-poderoso não pode fazer: não pode deixar deixar de amá-lo. P ede-lhe ede-lhe só uma coisa: coisa: não que o ame, mas que se deix deixe amar por Ele... Não pude escutar mais sua pregação, nem soube quais eram as outras três leis. eis. O coração tinha sido trespassado pela espada da Palavra de Deus. Havia uma pessoa que me amava como eu era. Não precisava comprar seu amor, porque Ele não podia odia deixar deixar de me amar... Essa mensagem mudou toda a minha minha vida, deixando-me deixando-me uma profunda marca. Já se passaram 22 anos desde esse acontecimento, e não só recordo toda a sua vivacidade, como não concebo minha história sem a folha do calendário do dia 3 de dezembro de 1971. 104
Plano marav mara vilhoso para par a cada um Deus tem um plano maravilhoso para cada um de nós: fazer-nos passar das trevas para sua luz admirável, fazendo-nos participar de sua vida divina, para que vivamos desde agora como seus filhos. “Deus tem poder para realizar todas as coisas incomparavelmente melhor do que nós próprios podemos pedir ou pensar, ensar, conform conformee o poder que atua atua em nós” (Ef ( Ef 3,20). Recebi a seguinte carta do Chile, que narra como o poder do amor é capaz de curar qualquer qualquer enf e nferm ermidade idade e perdoar per doar qualquer qualquer pecado: pe cado: Eu era uma senhora com alto nível sociocultural, que tinha tudo, menos sonhos e desejo de viver. A minha saúde se deteriorava pouco a pouco e eu estava interiormente vazia, o que me levou a não acreditar em nada, até mesmo a tentar suicidar-me. Estava abatida e derrotada pela vida. Uma amiga convidou-me a ir a um congresso da Renovação Carismática, onde pregava e orava pelos enfermos o Padre Emiliano Tardif. Assisti, mas sem fé. Analisava o grupo e divertia-me com os exageros dessa gente que estava tão alegre diante de Deus. Era tão contagiosa aquela fé diante de um Deus invisível, que, pouco a pouco, sem dar-me conta, fuime deixando penetrar por esse ambiente de esperança. No meio meio da oração, o Senhor curou uma menina menina de sete anos. Veio eio então uma profecia rofecia na qual Deus dizia: dizia: “E vim vim para dar-te feli felicidade, cidade, Eu sou tua felici felicidade; dade; mas tu puseste uma barreira entre nós. Eu amo-te e deixarei abaixo todos os obstáculos obstáculos para que experimentes experimentes o amor de que necessitas.” Imediatamente reconheci que essa palavra era dirigida diretamente a mim. A barreira que existi existiaa entre nós eram meus pecados, mas seu amor era muito muito maior e Ele tinha tomado a decisão de mostrar isso. Depois, minha amiga me convidou para um retiro, em que confessei todos os meus pecados diante de Deus que me amava incondicionalmente. Foi uma libertação maravilhosa, que diluiu meu complexo de culpa. Quando o coração de uma pessoa está cheio do amor de Deus, tudo o mais passa para segundo lugar. Como Jesus tinha razão ao dizer-nos que buscássemos primeiro o Reino de Deus e que tudo o mais viria por acréscimo. Eu tinha encontrado a Pérola Preciosa. Depois tive uma entrevista com a médica que me seguia. Depois de um exame, 105
cheia de assombro, perguntou-me: “O que você fez.?” “Entreguei ao Senhor minha doença e pedi-lhe que me curasse”, disse-lhe. “É um milagre, você está curada!”, exclamou. Há uma medicina que cura todas as enfermidades, não só as espirituais e psicol sicológ ógicas, icas, mas também as corporais. corporais. Uma vez, escutei algu alguém ém afirmar afirmar que a etapa em que menos adoecem as pessoas é durante a lua-de-mel, e eu acredito; quando se experimenta o amor de outra pessoa, a vida ganha sentido. Eu estava cega e fechada ao amor. Não queria escutar ninguém, tinha pena de mim e me odiava. Mas o amor de Deus mudou minha vida inteira. Deus não só cura os pobres, mas também os pobres de sonhos. E comigo Ele fez um milagre. A vida de alguém só muda e se transforma, quando encontra um amor incondicional e permanentemente fiel. Contudo, nosso coração está feito com sede de infinito e só pode ser preenchido pelo amor de Deus. Com razão, Santo Agostinho afirmava: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e nosso coração estará insatisfeito até que descanse em ti.” Deus é amor e ama-nos não porque nós sejamos bons, mas porque o bom é Ele. Deus não lhe pede tanto que o ame, mas que se deixe amar por Ele. Ele tomou a iniciativa e antes que você possa fazer algo por Ele, já Ele o amava de maneira incondicional. “O amor não consiste em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou primeiro” (Jo 4,10). O salmista desafia-nos, dizendo: “Experimentai e vede como é bom o Senhor”. Deus convida-nos a provar seu amor e sua misericórdia.
Oração Deus bom, sei que és um Pai misericord miseric ordioso, ioso, que amas cada um dos Teus ilhos. Reconheço-me necessitado do teu amor. Abro-me a esse amor que quer o melhor para mim. Aceito teu amor incondicional. Quero provar tua bondade e misericórdia neste momento de minha vida. Não quero fugir para longe de ti, como o filho fil ho pródigo que se afasta da casa paterna, mas quero voltar a ti, para que me ames como só tu sabes me amar. Quero experimentar teu amor em minha vida. E hoje me deixo amar por ti. Sei que me tens procurado e hoje paro para que teu amor me alcance.
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Tu és o primeiro Amor que sempre toma a iniciativa, correndo todos os riscos. Teu amor venceu a dureza de meu coração e hoje eu me rendo incondicionalmente perante a força de teu amor. Preciso reciso experimentar teu amor e tua fidelidade. fidel idade. Demonstra-me Demonstra-me de tal orma que mude a minha vida, para que eu viva dentro da atmosfera de sentirme amado pessoalmente por ti. Obrigado, Senhor, Senhor, porque sei que respondes a meu pedido, porque acreditei na oferta gratuita do teu amor .
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2. O pecado Fomos feitos por e para o amor. No entanto, nosso problema começa quando nos afastamos da Fonte do amor, para seguir nossos próprios caminhos. Jacques Lebreton descreve-n descreve- nos o pior que pode acontecer a uma uma criatu cr iatura: ra: Tudo começou em El Alamein, no Egito, durante a batalha de 1942. Eu era motorista de um carro militar. Um dia um companheiro, sem poder explicar-me por que, ativou uma granada e atirou-a para minhas mãos. Não tive tempo para lançála para longe. Eu sabia que ia explodir... e explodiu! Não senti nada senão o ruído ensurdecedor que ainda ainda ressoa em meus ouvidos. ouvidos. A noite chegou de repente. Imediatamente levaram-me na ambulância para a sala de operações. Quinze dias depois, uma enfermeira me disse: “Não se preocupe, um outro camarada também estava cego, mas foi operado e agora vê perfeitamente.” Entendi a mensagem: eu estava cego, mas tinha a esperança de que uma operação cirúrgica me restituísse a visão. O homem foi feito para esperar. Assim, cheguei cego a Damasco. Não percebi então que havia um propósito misterioso para descobrir uma luz infinitamente mais importante do que aquela que eu tinha perdido. Minha cama do hospital foi meu deserto, o deserto do encontro. No leito leito de dor, dor, orava a Deus: “Jesus, fil filho de Davi, Davi, tem compaix compaixão de mim. Tem compaixão de minha condição humana. Tenho fome de infinito, mas estou limitado; tenho fome de eternidade, mas sou mortal; tenho fome de absoluto, mas tudo o que me rodeia é relativo. E tu, quem és, Senhor?” Quatro meses depois, descobri que também não tinha mãos. Não tinha me dado conta porque estava completamente vendado, e por isso parecia-me normal que as enfermeiras me assistissem em todas as minhas necessidades. Contudo, descobri na solidão de uma noite. O golpe foi demasiado forte para o assimilar. Diante de mim abriam-se dois caminhos: aceitá-lo na paz, ou aproximar-me daquela janela que me atraía para me lançar no vazio. Então me revoltei contra Deus, reclamando: “Pai, se és bom, demonstra-o. Mas se a tua bondade se limita a prometer-me uma eternidade eternidade feli feliz, podes guardar tuas promessas, porque isso não me interessa. Fui vítima de sofrimentos desumanos e não sou um super-homem.” 109
Deus então me respondeu. O caminho era compreender o desígnio divino e sua resposta veio na forma de um desafio: aprender a viver cego e sem mãos. “Levanta-te e anda”, era a resposta de Cristo ao sofrimento do homem. Enfrentei o desafio com grandes resultados. Consegui ultrapassar tanto minhas dificuldades, que até me perguntava: de onde me vem essa força? “Enviar-vos-ei a força do Espírito que virá sobre vós”, respondia Cristo Jesus. Assim, graças ao Espírito, aceitei o desígnio superior: sou cego e não tenho mãos. Esta é a realidade, comecei a chorar de alegria. Ganhara a batalha mais importante de minha vida. Meus companheiros perguntavam-me como era possível que me mantivesse com uma força tal que até confortava os outros camaradas que sofriam no hospital. Regressei para a França com desejos de viver. Uma moça me disse: “Não é porque lhe faltem faltem os olhos olhos e as mãos que você perdeu o direito direito de viver viver a felicidade.” Casamos e tivemos cinco filhos. Há pouco tempo um de meus netos aproximou-se de mim e me disse: “Que bom que é existir a guerra.” “Mas que loucura é esta?” – perguntei-lhe. “Claro” – respondeu-me. Sem a guerra, não teria conhecido minha avó, não teria se casado com ela e assim eu não teria nascido. Nessa altura, altura, ressurgiu ressurgiu em mim mim o homem empreendedor. Integrei-me Integrei-me na associação dos deficientes visuais e trabalhei ali para melhorar as condições de meus camaradas cegos. Eu era um homem como os outros, até com uma boa posição osição econômica. econômica. Toda a minha minha mente e o meu coração estavam a serviço serviço de meus semelhantes. Mas, seis anos depois da explosão da granada, fui perdendo a motivação inicial e, pouco a pouco, idolatrei meu trabalho. Eu não fazia as coisas por alguém alguém mas por alg algo. A ação converteu-se num absoluto absoluto para mim. mim. Não tinha tinha tempo para rezar, porque tinha muitas coisas para fazer. Queria fazer as coisas por mim e não julgava precisar assim tanto de Deus... Sem a motivação da fé, fui deixando Deus. Senti um vazio, que tratei de preencher integrando-me ntegrando-me no P artido artido Comunista. Comunista. Revoltei Revoltei-me -me contra a Igreja Igreja e contra Deus. Depressa apareceram as conseqüências: estive disposto a me divorciar de minha mulher, só que ela não consentiu. Um dia, um amigo me levou para visitar a mística Martha Robin. Impressionoume sua simplicidade e saí perturbado de seu quarto, começando outra vez minha vida de oração: “Pai, não compreendo nada. Eu tinha fé, mas perdi-a. Agora encontrei-a. Revela-te na minha vida.” 110
Em outubro de 1960, um farol iluminou minha noite e todas as correntes caíram de meus braços. Não pude dormir em toda a noite e durante duas horas esse meu amigo ouviu-me falar da misericórdia de Deus. O homem pode renegar Deus, mas Deus não pode renegar o homem. Em minha cama do hospital, tinha tido a experiência da ternura, da compaixão e da fecundidade de Deus mas faltava-me experimentar sua misericórdia. Certamente não tinha sido responsável por aquele terrível acidente, mas também não podia afirmar que era inocente. Ninguém é inocente. Com o risco de me perder, Deus tinha tinha permiti permitido do que eu caísse no ativi ativismo, smo, a fim fim de revelar-me revelar-me sua misericórdia e seu perdão. Hoje em dia, fortalecido por essa experiência, posso assegurar que a pior enfermidade não é a cegueira nem a falta de mãos. A maior desgraça nesse mundo e no outro é afastar-se de Deus. Deus é misericórdia, Deus é ternura.
Jacques Lebreton foi ao fundo do problema fundamental da criatura: afastarse do Criador, para iniciar um caminho de independência e rebeldia, no qual tarde ou cedo aparecerão as conseqüências. Quem se afasta da vida não pode encontrar senão morte. A pior enfermidade do homem chama-se pecado, porque todo aquele que comete pecado é um escravo (Jo 8,34), e a conseqüência lógica é a morte (Rom 6,23), já que todo o homem que semeia na carne, da carne colherá a corrupção (Gal 6,8). Basicamente, o pecado consiste em acreditarmos mais em nós próprios e em nossos métodos do que nos caminhos de Deus. É uma rebeldia que nos leva a tornarmo-nos independentes de Deus e, portanto, a não experimentar seu amor salvífico, pois separa-nos dos outros e divide nosso interior. Mais do que fazer coisas más ou proibidas, trata-se de uma atitude de rebeldia perante Deus, afastando-nos de sua presença e de seus caminhos. “Todos pecaram e estão privados da salvação salvaç ão de Deus” Deus” (Rom 3,23). Quando Adão e Eva, que representam cada um de nós, se afastaram de Deus, experimentaram sua nudez e foram expulsos do Paraíso, que simboliza a felicidade à qual Deus nos tinha chamado. O pecado é a origem de todos os males que afetam a humanidade.
Má notícia: não podemos salvar-nos por nós próprios 1111 11
Não podemos podemos salvar-nos salvar -nos por nossas próprias própri as possibilida possibi lidades des e por nossas boas obras. Ningu Ninguém ém pode se justificar justificar por si mesmo. esmo. Trata-se de uma uma sombra, sombra, da qual é im i mpossível possív el separarse parar-se se pelas pel as forças hu hum manas. O ser humano está profundamente incapacitado de alcançar a vida eterna. Ferido pelo elo pecado, não pode regressar regressar ao P araíso perdido. perdido. O homem não pode redimi redimirrse por seus próprios meios, como demonstra o seguinte testemunho de Carla. Aos seis anos fui internada num orfanato. Meus pais tinham me abandonado temporariamente e meu coração ficou profundamente ferido. Quando voltei para casa, tinha 10 anos e vivia triste e desesperada. Nesse tempo, descobri que gostava dos rapazes e comecei a maquiar-me e a passar muito tempo frente ao espelho, para seduzi-lo seduzi-los. s. Andava namorando, ávida ávida de preencher o vazio de amor que me oprimia. Tinha sede de ternura, mas encontrava apenas decepções. Depois de um forte golpe sentimental, muito difícil de aceitar, decidi sair de casa. Eu tinha muito sucesso com os rapazes e desempenhava o papel de uma jovem sexy e liberal, mas quando voltava para meu apartamento, chorava amargamente em minha cama por ser infeliz. À medida que me afundava mais no sexo, menos acreditava no amor. Todas as experiências sexuais deixaram um profundo vazio em mim. O sexo chegou a ser uma obsessão, da qual não conseguia me desligar. Tentei levantar a cabeça diante desse desespero e encontrei o ocultismo. Fiz cursos de astrologia e aprendi técnicas para adquirir o perfeito domínio de mim mesma. Fiz uma incursão no ioga e na meditação transcendental, bem como no zen japonês. Em toda a parte me prometiam a felicidade, o amor universal e o domínio do espírito sobre a matéria. Contudo, nenhuma dessas promessas dava resultado na minha vida. Um de meus amigos, a quem eu convencera a percorrer esse mesmo itinerário tão prometedor, ficou gravemente doente pela decepção e pela angústia. Isso pôs tudo em questão. Havia alguma resposta ao sem-sentido da vida? Invadida pela dúvida, consultei meu guru sobre o caso de meu amigo. Se fazíamos todo o possível para alcançar alcançar a feli felicidade, cidade, por que ela escapava de nossas mãos? Se estávamos no caminho da perfeição e da iluminação, por que os resultados eram contraditórios? Não podíamos alcançar o cume da felicidade por nós próprios? Ele não foi capaz de me dar resposta satisfatória. Apenas me deu raciocínios, mas meu caso era existencial, pois meu amigo estava esmagado pela pior das depressões. Assim, ssim, não havia resposta humana para nós. 112
Por que continuar vivendo? Minha vida era apenas sofrimentos e fracassos contínuos, sem esperança de escapar ao labirinto. Comprei um revólver e coloquei na bolsa, com a firme decisão de terminar com uma vida que nunca deveria ter começado. Mas antes, fui despedir-me de meu amigo, que me ofereceu um pequeno livro livro que pus na carteira. Voltei para casa e comecei a preparar meu suicídio naquela mesma noite. Quando todos dormiam, envolvida nas sombras do desespero, abri a bolsa para tirar o revólver. Mas a primeira coisa que encontrei foi o livro que meu amigo me dera: os Evangelhos. Abri uma página e descobri que ele descrevia minha situação: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” Mais à frente faziam-me um convite pessoal: essoal: “V “Venham enham a mim todos os que estão cansados e desesperados, que eu os aliviarei.” Havia uma porta de esperança em que eu nunca tinha tocado e tinha que decidir se aproveitava ou não essa última oportunidade... Dez anos depois de me ter entregue a Jesus para ser salva por ele, posso testemunhar que essa felicidade se encontra só quando entregamos nossa vida a Jesus para que faça em nós o que nós próprios não somos capazes. Como Simão Pedro, posso repetir: “Senhor, a quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna. Não sou capaz de decifrar a incógnita de minha vida. Quanto mais procurei e trabalhei trabalhei para me salvar salvar,, mais me afundei no desespero e na ang angústi ústia. a. Mas quando reconheci re conheci que não podia, tu começaste a intervir ntervir em minha minha vida.”
Naturalmen aturalmente te que o pecado é um grande grande obstáculo, obstáculo, mas o pior problema é não o admitir. Quem não o admite não pode experimentar o perdão. Mas aquele que o reconhece dispõe-se a receber a salvação, como podemos ver nestes dois casos do Evan Eva ngelho: gelho: Um fariseu e um publicano pecador subiram ao templo para orar. O fariseu, em pé à frente, começou a gabar-se de todas as a s suas boas obras, declarando-se declarando-se melhor que o publicano ajoelhado na parte posterior do templo, e se confessava pecador, solicitando a clemência divina. Jesus afirma que este foi justificado por Deus, ao contrário do fariseu que não só se sentia bom mas melhor que o outro. O ladrão crucificado ao lado esquerdo de Jesus queria “sua” salvação mas em nenhum momento reconheceu seu pecado. Queria se aproveitar de Jesus, mas sem aceitar que era pecador e merecedor de morte.
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Não se trata de sentir-s sentir-see acusado com os pecados cometidos, cometidos, mas de ter a absoluta consciência de sua própria incapacidade para se salvar. Os fatos mostram a verdade do que estamos dizendo. Um amigo, que numa certa ocasião me acompanhou a um retiro de cura no México, dizia-me: Andei por muitos caminhos, mas não tinha meta. Não há pior coisa do que caminhar sem avançar: esses são os caminhos da perdição. São labirintos sem saída, em que quanto mais você procura, mais se desesperas e se afunda nas areias movediças de suas próprias limitações. Como tem razão Deus quando se queixa: “Abandonaram-me, a mim, fonte de águas vivas, para cavar cisternas rotas, que não podem reter as águas” (Jr 2,13).
Rosa Guadalupe Vélez exemplifica perfeitamente essa situação situa ção com seu testemun testemunho ho pessoa pe ssoal:l: Havia oito anos que estava completamente afastada da Igreja e de Deus, ofendendo-o constantemente de todas as maneiras: nunca ia por minha própria vontade à missa e, se alguma vez me via obrigada a ir com minha mãe, com amigos ou com familiares, fazia-o com total falta de respeito, criticando os sacerdotes e rindo das coisas santas. Para mim, só existiam os prazeres mundanos, tentando assim preencher um enorme vazio de amor. Tenho uma filha de sete anos e muitas vezes me esquecia de meus deveres, deixando-a ao cuidado de minha mãe, não só por causa do meu trabalho, mas também para me divertir e me ocupar, de modo egoísta, do que eu chamava de “minha vida”. Calava minha consciência pensando que, de qualquer forma, quando ela crescesse, partiria para viver sua vida e eu ficaria velha e só. Quando minha mãe, que criou minha filha desde os quatro meses, me chamava a atenção, nunca fazia caso. Em várias ocasiões me vi desesperada pelo meu trabalho, ou por problemas roblemas de amigos, amigos, e minha minha mãe dizia: dizia: “Peça a Deus que a ajude, aproxi aproxime-se dele.” Minha resposta era: “Peça você, porque Ele a escuta, mas não liga para mim.” Ela me lembrava de que não podia ser mal agradecida, pois tinha meu trabalho e minha filha e eu gozávamos de boa saúde. Meu pecado não me deixava ver o amor de Deus, pois eu era como Adão e Eva, e escondia-me quando Deus passava diante diante de mim. mim. P or isso, não o via via quando Ele Ele se aproxi aproximava de minha minha vida. Contudo, o amor e o perdão de Deus foram muito maiores, pois embora Deus 114
não amasse meu pecado, amava-me a mim que era pecadora. Por pura misericórdia, teve piedade de mim da forma mais inesperada. Duas amigas do trabalho me recomendaram que me aproximasse de Deus para que minha vida mudasse. Uma era Testemunha de Jeová e a outra era católica, e pertencia ertencia à Renovação Carismática. Carismática. Esta últi última ma contava-me as maravilh maravilhas as que Deus fazia por meio de seu Espírito Santo, mas a outra insistiu tanto que fiquei de acompanhá-la na terça-feira seguinte. Contudo, no dia anterior a esse compromisso já tomado, apareceu em casa minha minha amig amiga católi católica, com o carro, dizendo-me dizendo-me que entrasse, pois veria a glória de Deus. Aceitei apenas por boa educação, mas fui de muito mau humor àquela reunião de oração. Ao chegar à Igreja e ao começar a assembléia, não sei o que se passou dentro de mim: sentia que os cantos e os louvores a Deus chegavam muito fundo a meu coração, de forma que não sei explicar. Comecei a chorar sem poder me conter, como se algo se rasgasse dentro de meu peito. Reconheci meu pecado diante desse Deus bom que me amava sem condições e entreguei-lhe toda a minha vida para que me purifi purificasse casse totalmente de meus pecados. Quanto mais chorava, mais contente estava minha amiga que me dizia: “Eu lhe disse, Deus não podia deixar você na mesma. É seu Espírito Santo que está fazendo você reconhecer que, sem Ele, não pode fazer nada nessa vida. O Senhor já a tocou e agora não vai deix deixá-la á-la mais.” Esse foi o maior milagre que Deus me fez, pois ninguém chega ao Filho se o Pai o não atrai. Deus chamou-me para que o Espírito Santo me fizesse reconhecer o caminho errado de minha vida, dando-me um profundo arrependimento de meus pecados. Pouco depois, depois, despertou em mim mim o desejo de receber o corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo e decidi fazer uma confissão sincera para poder aproximar-me de sua Mesa. Mas Deus tinha também outro presente para mim. Havia mais ou menos três anos, passei a sofrer de fortes dores de cabeça, que começaram com uma pontada junto do ouvido. ouvido. Eram verdadeiramente verdadeiramente insuportáveis nsuportáveis e freqüentes. Depois Depois intensificaram-se, a ponto de precisar tomar cinco ou seis analgésicos por dia. Em certas ocasiões, a dor acordava-me no meio da noite e eu já não podia dormir, o que me levava a tomar ainda mais soníferos. O exame médico diagnosticou um tumor atrás do ouvido. Receitaram-me comprimidos de feitos à base de fortes drogas, até poderem fazer novos estudos. 115
Em alguns dias a dor era tão intensa que me fazia chorar, e quase todas as noites tomava comprimidos para dormir. Soube que o Padre Emiliano Tardif ia celebrar uma Missa Carismática. Pensei em ir, com esperança de que o Senhor me curasse. E assim foi. Quando o Padre Tardif sugeriu que fechássemos os olhos, que o Senhor Jesus ia passar junto de nós curando-nos, acreditei acreditei ver algo algo como um braço com uma túnica branca. Abri os olhos um pouco confusa, fechei-os de novo e voltei a ter a mesma visão. Comecei a sentir que um calor me subia do cotovelo até a nuca... Glória a Deus! Desde esse momento estou curada, pois não só a dor me deixo deixouu por completo, completo, como não voltei voltei a ter nenhuma perturbação. A cada dia estou mais maravilhada com o que o Espírito Santo pode fazer em nossas vidas, pelo poder do Sangue Precioso de nosso Senhor Jesus Cristo. O Senhor manifesta-se de múltiplas formas quando decidimos pôr-nos nas suas mãos. O que mais me assombra é que não me acusou de meus pecados para condenarme, mas convenceu-me de que necessitava de seu perdão. Verdadeiramente, nosso Deus mostra-se maravilhoso para com os pecadores que estão dispostos, não a pagar agar pelo pelo seu pecado, mas a abrir-se abrir-se para serem perdoados pelo pelo amor infini nfinito to de Deus.
O pecado é a origem de todos os males que perturbam o mundo. Contudo, o principal problema pr oblema é não não o reconhecer, reconhecer, porque então então não não procuramos procuramos a salvação, sal vação, uma vez que não a consideramos necessária. Por isso Jesus esclarece todos os que se julgam bons: “Se fossem cegos, não teriam pecado. Mas, como dizem: ‘Vemos!’, por isso permanecem no pecado” (Jo 9,41). Assim como o filho pródigo, quando voltou a si, reconheceu o amor do pai e decidiu regressar, a única coisa que Deus está esperando é que reconheçamos nosso pecado, sem desculpas nem justificações, para o perdoar. Que simplesmente lhe digamos: “Pequei contra ti e quero regressar outra vez a tua casa...” Quem se reconhece necessitado de salvação está à beira de encontrá-la. Assim como só se pode acender uma vela se ela estiver apagada, assim também só pode brilhar a luz da salvação naquele que reconhece que está na escuridão do pecado e que precisa dessa luz.
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Para concluir, diríamos que só há um pecado que Deus não pode perdoar: é aquele que não reconhecemos e queremos desculpar; o pecado cujo preço nós próprios rópri os pagamos pagamos com uma uma boa obra. O único pecado que Deus Deus não perdoa é aquele do qual nós não pedimos perdão. Basta nos confessarmos pecadores diante de Deus, para experimentar o perdão salvador. Aceitarmos Aceitarmos que somos somos incapazes de nos salvarm salvar mos por nós próprios, rópri os, e nos entregarm entregarmos os como como estamos estamos nas mãos de Deus, Deus, que não quer a morte do pecador.
Oração Deus misericord miseric ordioso ioso e clemente, que só estavas esperando que eu reconhecesse meu pecado para me aceitares em tua casa cheia de amor, aqui estou, admitindo que falhei e que me afastei de ti. Revoltei-me evoltei -me contra ti, seguindo meus próprios caminhos. Tracei o itinerário de minha vida, à margem de teus desígnios, acreditando que meus caminhos eram melhores que os teus. Mas, depois de andar por muitas veredas, com os pés cheios de lodo com o barro do pecado, volto a ti porque não tenho onde ir, trazendo em minha carne as cicatrizes de meus desvarios... Dá-me, Senhor, Senhor, a dor de meus pecados, por te t e ter t er ofendido a ti, t i, Deus bom, que me amaste incondicionalmente. Sem nenhuma desculpa, apenas te posso repetir com as lágrimas de Davi: “Tem piedade de mim, oh Deus, segundo teu amor. Por tua imensa ternura, apaga minha culpa. Olha que nasci na culpa e minha mãe concebeu-me pecador. Lava-me profundamente e purifica-me, pois reconheço meu delito. Meu pecado está sem cessar diante de mim. Cria em mim, oh Deus, um coração puro; renova dentro de mim um espírito purificado. Devolve-me a alegria da salvação e meus lábios te t e louvarão.” Dou-me conta de que por mim não posso salvar-me; por isso venho a ti, ara que tu me salves de todas as minhas escravidões que levam à morte. Reconheço que sou um grande pecador, pecador, que me revoltei contra ti fazendo meu próprio caminho, à margem do teu. Não quis depender de ti, e tracei eu róprio os caminhos de minha existência.
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3. A salvação em Cristo O testemunho seguinte, de Estaban, mostra-nos como Deus vem ao encontro do homem para o redimir. Ele está muito mais interessado em salvar-nos, do que nós próprios. Como já entregou seu Filho único, não está disposto a que se desperdice seu Sangue Precioso e, então, procura o homem para atraí-lo à cruz de Jesus Cristo, onde se realizou, de uma vez para todas, a salvação de cada um de nós. Desde muito pequeno presenciei fortes disputas familiares. Esse clima provocava um profundo sentimento de insegurança, que me fazia viver no temor. Durante minha adolescência, comecei a beber e a sonhar, como muitos jovens do Canadá. Como não gostava de viver o presente, fugia com minha imaginação; sonhava com um grande amor, viagens por todo o mundo ou ser um artista de rock . Vivendo neste mundo de fantasia, a realidade era cada vez mais crua. Aos 16 anos, tive uma experiência dolorosa no trabalho que me afetou muito. Descobri a desigualdade social e, com base nessa situação, minha procura por justiça ustiça e verdade tomou aspectos políti políticos. cos. Eu queria queria mudar a sociedade sociedade burguesa burguesa e injusta, juntando-me aos explorados. Aos 18 anos li um livro de Albert Camus, de cujo começo nunca esquecerei: “Há apenas um problema filosófico que podemos considerar considerar sério: sério: o suicídi suicídio. o. Decidi Decidir se a vida vida vale vale a pena ou não é a pergunta ergunta fundamental da fil filosofia.” osofia.” A partir partir desse momento, a idéia déia do suicídi suicídioo começou a rondar minha cabeça. Aos 20 anos, estudava Filosofia na Universidade. Por essa altura, meus pais divorciaram-se, depois de 35 anos de casados. Aparentemente isso não me afetava, mas na verdade teve mais conseqüências do que podia reconhecer. Rebelde, deixei tudo para unir-me aos que representavam a oposição sistemática à sociedade: os punks. As trevas tomaram conta de minha vida. Vivia no ódio, na rejeição e na rebelião contra a autoridade, a injustiça na América Latina, a segregação racial, os mísseis atômicos e o desemprego. A indiferença da sociedade perante esses problemas parecia-me uma bomba-relógi bomba-relógio. o. Segundo Segundo minha minha visão, visão, ausente de esperança, o mundo precipitava-se para seu Apocalipse, mas eu tentava esquecê-lo por meio do 119
consumismo consumismo e da diversão. Os punks, por sua aparência e comportamento, querem pôr em relevo relevo as contradições contradições do mundo. Contudo, eu lutava contra um mal sem remédio, porque esse mal estava dentro de mim. Estava tocando o fundo do desespero e o espectro da morte aparecia como uma obsessão. Paradoxalmente, foi no mais escuro da noite que apareceu a luz. Assisti a um concerto punk , que na realidade era uma missa negra: música estridente e violenta, correntes e coletes fluorescentes e, o mais espantoso, por toda a parte crucifixos de cabeça para baixo com símbolos blasfemos. O mal era tão evidente e concreto, que me dei conta de que na realidade o Demônio existia. Noutra noite, noite, numa festa com alucin alucinóg ógenos, enos, dançávamos com música música new age. Pela primeira vez sentia-me bem. Tinha a impressão de vibrar em uníssono com a música, de me elevar... e foi então que descobri o crucificado: um Homem que dava sua vida por mim, só por amor, para que eu vivesse feliz não só neste mundo mas em toda a eternidade... Essa estranha experiência transformou-se em um farol na minha vida e encaminhei-me nessa direção. Comecei a rezar, embora minha religião fosse um amálgama: de Buda a Jesus e da reencarnação à Virgem Maria, mas negando todo o tipo de dogma. Quando estava mais decepcionado pela ausência de verdade e de amor, minha irmã convidou-me para um Retiro Carismático. Fui e, ao chegar, uma jovem disseme: “Você vem procurar Jesus, e vai encontrá-lo para o levar para sempre.” Apresentaram-me aí um Deus bom que não queria a catástrofe no mundo, mas sua salvação; que ama tanto cada homem, que enviou seu Filho único para que, quem acreditar nele, tenha a vida em abundância. Pela primeira vez, compreendi e aceitei que alguém tinha realizado já a obra completa da redenção do mundo e de todos os homens. O retiro não foi fácil, mas pouco a pouco a Palavra de Deus foi entrando em contato com meu verdadeiro eu e vivi a experiência de que “em mim” habitava o amor misericordioso de Deus. Tinha vivido durante muitos anos à superfície dos sentidos e minha inteligência nunca se satisfazia, mas agora meu coração estava cheio de amor e de paz. Compreendi então que a causa de meus sofrimentos, como os da sociedade e do mundo inteiro, está no coração. A falta de amor é a origem de todos os problemas. Foi então que reconheci ter necessidade de ser salvo e que essa salvação não podia 120
vir de mim mesmo. Era necessário aceitar Jesus, Filho de Deus, como único Salvador. Foi Ele quem mudou a minha vida e deu sentido a toda a minha existência.
Jesus veio salvar o homem completo. Ele é a única alternativa quando todas as portas se fecham. Só Ele pode fazer o que parece impossível para os homens. Quando alguém chegou ao limite de suas possibilidades e já não tem solução para seu s eu problema, problema, há sempre sempre uma: uma: a pessoa de Jesus. Jes us. O seguin seguinte te testem testemun unhho, de Carlos Amaya, mostra-o bem: Carlos era um homem que tentava ser um bom cristão. Mas, como muitos, estava preso a um vício do qual não conseguia sair: era alcoólatra. Por mais esforços que fizesse, não lhe era possível separar-se dessa escravidão. Veio até mesmo à Casa da Anunciação para que rezássemos por ele, pois queria realmente mudar de vida. Na sua preocupação de fazer algo algo pelos pelos outros, dedicava-se dedicava-se a distri distribui buirr meus livros de evangelização. Cada vez que vinha recolher material, aproveitávamos para fazer uma pequena oração por ele; ele; mas parecia parecia que ele era melhor melhor vendendo livros do que Jesus a curar, pois não víamos nenhuma melhora. Um dia, Carlos regressou à Casa da Anunciação, cansado e derrotado por não poder deixar deixar o vício do álcool álcool. Eu estava e stava fora e el e le entrou e ntrou na capela onde estava o Santíssimo exposto. Caiu prostrado diante do Senhor, entregando-lhe seu alcoolismo, e pedindo-lhe que tivesse piedade dele. Reconheceu que para ele era impossível vencer essa fraqueza, mas confessou que tudo era possível para Deus e que o único que poderia libertá-lo era Jesus Cristo. Em pouco tempo deu-se conta que já não bebia. Duas semanas depois, tinha abandonado por completo o gosto pelo álcool. Não era só uma simples abstinência, era o repúdio do álcool.
É assim a salvação profunda do Senhor. Não só nos dá força para vencer o pecado, mas nos tira o gosto gosto por ele. Muda Muda o coração do homem homem e nos faz desejar as coisas do alto, em vez das da terra. Assim como Saul, que ia procurar as burras, foi encontrado por Samuel e veio a ser rei de Israel, assim também Carlos, que vendia livros, foi encontrado pelo Salvador do mundo que lhe concedeu a vitória sobre o álcool. 121
Alguns acreditam que Carlos ganhou a cura vendendo livros do Padre Tardif, e agora são muitos os que querem vender meus livros. Contudo, a cura é um presente do amor amor misericordi iser icordioso oso de Deus, Deus, que ama ama seus filhos e que os quer livres de toda a prisão. O que Ele fez com o alcoolismo de Carlos, pode fazê-lo com o vício, com a paixão e com a prisão de cada um de nós, porque Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Basta que recorramos com fé e Ele é capaz de transformar nossa vida, pois Ele veio precisamente para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância. Deus não quer que seus filhos vivam amarrados à escravidão deste mundo. Para isso, envia-nos a força do Espírito Santo, para que sejamos n’Ele mais do que vencedores em todas as batalhas e lutas deste mundo.
A boa notícia Como o homem, por conta de seu pecado, é incapaz de voltar ao Paraíso perdido, Deus Deus tomou tomou a iniciativa e veio ao encontro encontro do homem homem.. “Deus “Deus amou amou tanto o mundo que enviou seu Filho único, não para condenar o mundo, mas para quee o mun qu mundo se salve” (Jo 3,16-17). 3,16- 17). E o mais maravilhoso é que não o enviou aos justos e aos bons, mas aos que estávamos separados d’Ele por causa de nosso pecado: “O Filho do Homem veio buscar o que estava perdido.” Esta é a boa notícia para todos os homens: temos um bom pastor, capaz de deixar 99 ovelhas no deserto até que encontre a ovelha perdida. Quem vem a Ele não será ser á lançado la nçado fora (Jo 6,37) nem condenado, condenado, mas mas obterá a lu l uz da vida, porque Ele é o caminho, a verdade e a vida. Em vez de castigar-nos, pagou a dívida que tínhamos por motivo de nossa rebeldia. Agora já estamos em paz com Deus, pois nossa conta foi saldada pela morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ele pagou o preço de nosso pecado, e alcançou-nos alcançou-nos o perdão de Deus Deus pelo seu sangue sangue precioso. recios o. Pela sua morte morte e ressurreição, ressurrei ção, somos somos livres livr es do pecado e da morte. Já não pesa nenhuma condenação sobre os que estão em Jesus Cristo. Morreu não só por ti, mas mas em vez de ti. ti. “O salário sal ário do pecado é a morte” morte” (Rom 6,23). Jesus assumiu essa morte que cada um de nós merecia por seu pecado, pagando agando com sua própria própri a vida. Com o preço de Seu sangue, sangue, resgatou-nos resgatou-nos daquele que nos escravizava e comprou-nos para Deus. “A nós, que estávamos 122
mortos por causa de nossos pecados... Deus vivificou juntamente com Cristo e perdoou-nos erdoou-nos de todos os nossos pecados. Cancelou Cancelou a nota nota de culpa que havia contra contra nós... cravando-a cra vando-a na cruz” cruz” (Col 2,13-14).
Vida em abundância pela ressurreição de Jesus Contudo, Jesus não foi enviado a este mundo apenas para nos libertar do pecado, mas antes antes de tudo tudo para nos comun comunicar icar a vida de Deus, Deus, para que vivêssem vivêsse mos como filhos filhos e herdeiros herdeir os de todas as bênçãos celestiais. cel estiais. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Ao terceiro dia, Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, para nunca mais morrer. Agora, como Pontífice soberano, oferece sua vida de ressuscitado a todos os que acreditam nele. Foi glorificado por Deus, cheio do Espírito Santo e constituído constituído Senhor, cheio de poder no céu e na terra, para que a seu Nome se dobrem todos todos os joelhos e se subm s ubmetam etam as potestades celestes. Jesus possibili possi bilita ta a salvação sal vação em e m cada área á rea da vida hu hum mana. Não existe existe uma uma só pessoa que não não possa poss a ser salva. Seu Sang Sangue Precioso alcança todas as situações. situações. Os três casos do Evangelho a seguir representam de alguma forma as diferentes necessidades da humanidade:
A mulher adúltera (Jo 8,3-11): paz consigo mesma Aqueles que a surpreenderam pecando levaram-na perante Jesus, certos de que Ele confirmaria a pena de morte decretada por Moisés. Mas, pelo contrário, Jesus teve fé nela, embora tenha sido infiel, devolvendo-lhe toda a dignidade perdida. Fez dela del a mulher. ulher. Para Jesus, tudo tem remédio. remédio. E mais, nem sequer fez alusão a seu passado. Não a condenou, e nem ela, por sua vez, se sentiu condenada. Para ela havia um futuro totalmente novo e aberto: “Vai e não peques mais.” Seu perdão deu-lhe forças para nunca mais pecar.
O rico Zaqueu (Lc 19,1-10): paz com os outros Zaqueu era um homem muito rico, a quem nada faltava, exceto tamanho. Contudo, para compensar sua baixa estatura, tinha conseguido as mais altas riquezas, riquezas, à custa custa de inju i njustiças stiças e opressões, opressõ es, aproveitando-se apro veitando-se dos outros. 123
Um dia Jesus entrou na cidade de Jericó e Zaqueu teve de subir em uma árvore para poder vê-lo. Jesus viu-o e convidou-se para ir comer em sua casa. Desde então tudo mudou. Abandonou a segurança em que estava firmada sua vida e cimentou sua existência na rocha firme da salvação. Jesus mudou a vida de Zaqueu. Deu-lhe um novo sentido, mostrando-lhe que o homem não pode se satisfazer com as coisas deste mundo, que há outra realidade mais transcendente para além das coisas que podemos contar ou tocar: o Reino dos Céus. Zaqueu foi liberto da cobiça e começou a viver em justiça e paz com todos os outros. outros.
O ladrão arrependido (Lc 23,39-43): paz com Deus Havia sido condenado a morrer numa cruz por ser assassino e ladrão. Os açoites e o cárcere já não eram remédio para ele. Nada nem ninguém poderia corrigi-lo: por isso, a Lei decretou sua pena capital; morreria crucificado na Sexta-feira Santa à direita de outro homem, Jesus, que não tinha feito nada de mal. Todos o tinham condenado, e até ele próprio chegou a estar de acordo de que não havia outro remédio para si, senão a morte. Confessou: “Nós sofremos um usto castigo.” Parecia-lhe normal ter que morrer. Estava convencido de que para ele não havia nenhuma esperança de salvação nem recuperação neste mundo. O ladrão recorreu a Jesus, que estava sofrendo o mesmo suplício, e Jesus abriu uma porta àquele a quem todo o mundo negava o direito à existência. Jesus não repu re pudiou diou o repudiado pela pe la lei l ei e pela justiça justiça deste mun mundo. do. Pelo contrári contrário, o, deu uma Nova Vida àquele que morria: “Hoje estarás comigo no Paraíso.” Para Jesus, não está tudo acabado. Nenhuma vida termina com a morte. Para Jesus, ninguém está condenado à morte. Tudo tem remédio. O ladrão encontrou a reconciliação reconciliaç ão com Deus Deus através de Jesus Je sus crucificado. O seguinte testemunho mostra-nos como Deus pode intervir na vida dos homens em qualquer momento, porque nada está perdido para Ele. No mês de abril abril de 1988, particip participei ei de um Congresso Congresso Carismáti Carismático co Nacional Nacional na Itália, na cidade de Rímini, com 44 mil assistentes.Vários médicos estudavam os casos de cura. Entre eles, encontrava-se um que tinha chegado do Gabinete Médico Internacional de Lourdes. 124
No primeiro primeiro dia do Congresso, Congresso, coube-me dar testemunho e rezar pelos pelos doentes. Foi dada esta palavra de conhecimento: “Há aqui uma senhora de 58 anos de idade, que está muito triste porque seu filho se suicidou e vive atormentada pensando que ele está condenado. P or isso, nunca mais mais teve alegri alegria. a. Hoje, o Senhor cura seu coração ferido e diz-lhe: ‘Alegre-se: seu filho ao morrer arrependeu-se de seu erro e está comigo na eternidade.’ O sinal que lhe dou para que acredite nessas palavras é que essa dor de cabeça de que sofre há tantos anos será curada nesta noite.” No dia segui seguinte nte uma mulher mulher contou a todos: “Quando o Padre P adre anunciou que uma mulher de 58 anos de idade se encontrava muito triste porque seu filho se suicidara, impressionei-me muito, porque essa é minha idade exata e meu filho de 21 anos tinha se suicidado em junho do ano passado. Desde esse dia eu tinha perdido erdido a alegri alegriaa e a paz. Quando o padre deu o sinal sinal da cura da dor de cabeça, senti um calor como se fosse um raio de sol que passava por cima de mim. Nesse preciso reciso momento desapareceu completamente completamente a dor permanente que eu tinha.”
Deste testemunho eu tiro dois ensinamentos. Em primeiro lugar, Deus aproveita até a última oportunidade, para chamar à conversão. Por isso, não devemos julgar ninguém, pois Deus tem um plano que supera o que nós imaginamos. O segundo é que Deus é tão sábio que até conhece a idade das mulheres. Outro testemunho muito forte de como Jesus tem hoje o mesmo poder para continuar a salvar é contado por um sacerdote: Nasci numa famíl fam ília ia muito muito católica católica e recebi re cebi um ensino cristão muito profundo, de muito amor ao Senhor. Meus pais continuamente louvavam ao Senhor e foi no meio de louvores que cresci. Desde pequeno senti a vocação sacerdotal. Depois de ser ordenado sacerdote, saí com muita alegria e entusiasmo a pregar a Palavra do Senhor, mas muito depressa me perguntava se realmente, com o tipo de ministério sacerdotal que desenvolvia, alguém se aproximava do caminho de Deus. Eu não via nenhum êxito em meu trabalho, as pessoas não melhoravam, não experimentavam a presença do Senhor, nem o conheciam profundamente. Assim, foi entrando em mim o desencanto e a rotina no ministério da Palavra, pois me parecia que minha minha pregação não convertia ning ninguém. uém. Quando saí do seminário, tinha a preocupação de recitar o Ofício Divino, pois 125
haviam me ensinado que era para a glória de Deus. Para mim não era mais do que uma aborrecida obrigação. Com a Celebração da Eucaristia foi acontecendo o mesmo. Tentava acabá-la o mais depressa possível. Nessas circunstânci circunstâncias, as, insisti nsisti para ser enviado enviado para a Europa. Meu interesse não era preparar-me melhor para servir mais os meus irmãos, mas adquirir um título que me pusesse acima de meus companheiros. Por essa altura já tinha deixado de recitar o Ofício Divino e tinha esquecido-me de todas as práticas de piedade que havia aprendido, especialmente do Sacramento da Reconciliação. Uma vez que não havia freio moral em mim, nem vida de oração, e sobretudo porque tinha tinha perdido perdido todo o contato com o Senhor Jesus, defrontei-me defrontei-me com a angústia mais terrível: não encontrava a felicidade em nenhum lugar, já que ela está apenas em Jesus Cristo e Ele era quem eu menos procurava. Por não ter o Senhor Jesus junto de mim, e devido a ofensas que recebi de meus irmãos sacerdotes, desinteressei-me do sacerdócio. Fui então trabalhar para uma fábrica. Queria fazer qualquer tipo de trabalho, menos o sacerdotal. Vivia permanentemente aborrecido e triste. Era preguiçoso e comecei a pensar seriamente em abandonar o sacerdócio. Uma noite estava eu num café, divertindo-me com a vida noturna. De repente, aproximou-se de mim um homem e começou a dizer: “Olha toda esta gente. Têm que embebedar-se para acreditar que são felizes, mas sua felicidade está apenas em Jesus Cristo.” Era a primeira rimeira vez que alguém alguém me pregava pregava que a felici felicidade dade era a pessoa de Jesus Cristo. Respondi-lhe: “Você acredita que é a felicidade?” “Sim” – respondeu-me com firmeza. “Toda essa gente não é feliz. Não percebe que eles não têm Jesus Cristo?” “Como posso ter a felicidade que dá Jesus Cristo?” – perguntei-lhe. “Está à porta de seu coração, chamando por você. Por que não a abre?” – respondeu-me com autoridade. Eu respondi-lhe um pouco aborrecido: “Mas é que tenho estado muito perto dele dele e não encontrei nenhuma felici felicidade dade a seu lado... Duvido Duvido que Jesus Cristo possa me fazer feliz” Sem dizer que era sacerdote, voltei as costas e fui embora. Pouco tempo depois estava num táxi, que trazia uma pequena imagem de Jesus Crucificado. Conversando comigo, o condutor disse, apontando para o crucifixo: “Veja onde pode chegar o amor de Deus... fazer morrer seu Filho único para que nós próprios vivamos?” “Mas o que me diz? Não vejo que o amor de Deus me faça feliz” – respondi-lhe. “Está mais perto do que você crê”, respondeu-me. 126
Esses dois incidentes deixaram-me intrigado: onde podia eu encontrar esse Jesus Cristo, que apenas conhecia pelos livros e pela aulas do Seminário? Assisti a uma campanha de evangelização num estádio, onde se falava expressamente de Jesus como Salvador. Então perguntei-me por que nós, os sacerdotes católicos, não éramos capazes de organizar com toda a valentia uma pregação regação só para falar falar de Jesus Cristo, Cristo, como Salvador Salvador e Senhor. Senhor. Nessa mesma reunião, alguma coisa aconteceu em mim. Tinha desejos de gritar, cantar, falar com Deus, mas não podia. Talvez não tivesse uma adequada relação com Ele, pois havia cinco anos que não me confessava, porque não julgava que fosse necessário, ou que produzisse algum efeito. Mas, naquela noite, algo me fazia pensar de forma diferente. Passei a noite querendo dizer algo ao Senhor, louvá-lo e dar-lhe graças. Estava só em meu quarto. Então pus-me de joelhos e disse-lhe: “Jesus, tu és o Senhor. Perdoa-me todos os pecados de minha vida.” Enquanto fiz essas duas coisas, senti-me livre de algo que não posso explicar. Levantei os braços e comecei a louvar a Deus em voz alta. Assim passei toda a noite, cheio de alegria e paz no Senhor. Como era madrugada, não me atrevi a procurar um sacerdote para me confessar. confessar. Mas a partir partir daquele daquele momento, tudo mudou na Igreja ao domingo. Comecei a pregar sobre o amor de Deus, que Jesus estava enamorado de cada um de nós, que Ele era o amor, a paz e a felicidade. Depois perguntei se queriam aceitar Jesus nessa manhã como o único Salvador e Senhor de toda a sua vida. A assembléia aproximou-se do altar. Não sabia o que havia de fazer então, pois era a primeira rimeira vez que constatava o poder do Evangelh Evangelho. o. Certamente muitos muitos pensavam que eu tinha ficado louco, mas a realidade era que me sentia em paz com Deus, vivendo coisas que não podia exprimir. Havia uma festa contínua em mim, porque estava experimentando o amor salvador do Senhor. Daí em diante, entrei em um mundo totalmente novo, que não é possível descrever por palavras, onde posso apenas repetir como Santa Teresa de Ávila: “Se ousares negar que eu sinto tais experiências, peço a Deus que vivas e que experimentes o mesmo.” Outra conseqüência muito bonita da Vida Nova que Jesus tinha me dado foi que tive um encontro com a Palavra de Deus na Bíblia. Em conseqüência disso, mudou minha maneira de pregar. Eu já não conto às pessoas o que a Palavra diz, mas demonstro-lhes que tudo é possível e que se pode viver com o poder do Espírito Santo. O povo participa na Eucaristia, vive a Palavra e não se aborrece de passar 127
mais de duas horas na missa. Agora posso testemunhar, por experiência própria, que a Palavra se cumpre. Os Sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia têm sido um manancial de força e de cura física, emotiva e espiritual. Eu tinha abandonado toda a prática de oração. Agora é para mim uma delícia a recitação do Ofício Divino, pois não o faço como uma obrigação pesada. Agora encontro nos Salmos um rico e bonito louvor ao Senhor dos senhores. Já não me limito a uma recitação servil, porque, se encontro uma frase que me inspira, paro, e logo brota o louvor espontâneo, baseando-me na idéia que esse versículo me ofereceu. Contudo, o mais maravilhoso é que, mesmo em minha vida desordenada, com meu desânimo sacerdotal ou em estado de pecado, o amor de Deus não me deixou nem me abandonou. Apesar de tudo, Ele estava trabalhando em mim, e fazia com amor que todas as coisas concorressem para o meu bem. Hoje em dia, não posso dizer que sou o sacerdote mais feliz do mundo, mas não exageraria se afirmasse que sou um dos mais felizes. Deus permitiu que eu vivesse longe d’Ele para me mostrar como são grandes seu amor e seu poder. Admiro-me até onde chega seu amor por nós; mais além, muito mais, do que nós próprios possamos pedir ou pensar (Ef 3,20). 3, 20).
Em conclusão, podemos proclamar a boa-nova de que há dois mil anos, graças à morte e ressurreição de Jesus Cristo, é possível experimentar a vida em abundância. Contudo, não se trata de mais uma solução, mas a única: “Não há outro ou tro nome nome dado aos homens homens pelo qual possamos ser salvos” s alvos” (At 4,12). Na cruz, cruz, Ele deu a vida por nós e em sua ressurreição ressurrei ção deu-nos deu-nos sua vida. O mistério de nossa salvação já foi selado há dois mil anos no Calvário e no túmulo vazio fora das muralhas de Jerusalém. Graças a Ele e por Ele, podemos viver a vida nova de filhos e herdeiros de Deus. A nós que estávamos mortos, Ele repete: “Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, a nós que estávamos mortos por causa de nossos delitos, vivificou-nos juntamente com Cristo – fomos salvos gratuitamente – e com Ele nos ressuscitou e nos fez sentar nos céu cé us em Jesus Cristo” (Ef 2,1-6). 2,1-6) .
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Deus realizou o que lhe competia fazer: possibilitar a salvação, que para nós era humanamente impossível. Agora compete a nós aceitar essa proposta divina e responder a ela. No caminh caminhoo do deserto, quan quando do o povo de Deus Deus se viu atacado pelas serpentes, Moisés modelou uma serpente de bronze e colocou-a num mastro para que, quem a visse, não morresse pela mordedura das víboras. Assim também quem aceitar que Jesus Salvador já pagou o preço de sua redenção expõe-se aos raios de sua salvação sal vação que emanam emanam de sua sua morte morte e ressurreição. ressurrei ção.
Oração Jesus, obrigado porque porque vieste viest e a este mundo não para nos condenar pelos nossos pecados, mas para salvar-nos. Não procuraste os sãos, mas os enfermos e deixaste 99 ovelhas para vires encontrar-me a mim, que vivia erdido e sem esperança. Entregaste tua vida por mim que sou pecador, pecador, pagando o preço de minha redenção com tua própria vida. Não só deste tua vida por mim, mas em vez de mim, porque porque pelo meu pecado eu merecia a morte. Contudo, tu pagaste pagast e com tua rópria vida meu pecado e Deus, rico em amor e misericórdia, perdoou-me nesse dia. Pela tua ressurreição, ressurreição, venceste vencest e o inimigo invencível invencív el que era a morte e esmagaste a cabeça do Inimigo que nos impedia de viver a vida de filhos de Deus. Pela lua cruz e ressurreição, trouxeste-me das trevas para a tua luz admirável. Agora já te pertenço, porque tu me compraste com o preço do teu Precioso recioso Sangue. Já não sou escravo do pecado nem servo de Satanás, mas aço parte de tua família. Agora sei que, ao pagar o preço preço de minha salvação salv ação na cruz, Deus lavou-me de todos os meus pecados e que sou herdeiro de todas as bênçãos de um filho de Deus, graças à tua morte e ressurreição.
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4. Fé e con conversão versão Jesus já nos salvou há dois mil anos. Já fez aquilo que para nós era impossível, mas agora compete a nós responder a sua proposta de salvação. O seguinte testemunho oferece uma maravilhosa pista daquilo que toca a nós todos: Chamo-me Miriam Polanco. Quando tinha doze anos, uma pessoa disse a meu irmão Pedro que eu ia sair de casa. Meu irmão não me pediu explicações, mas bateu-me com tanta força que me fez sangrar sangrar pela pela boca e pelo pelo nariz. nariz. Tive Tive que passar três dias dias no hospital hospital para me recuperar. Essa surra produziu produziu em mim mim uma rebeldia tão grande que me entreguei a um homem para que me levasse para fora de casa. Ele, depois de ter se aproveitado de mim, abandonou-me. Esse foi o primeiro rimeiro passo e, daí em diante, diante, para me defender, defender, entreguei entreguei-me -me à prostitui prostituição. ção. Vendia-me para poder sobreviver, uma vez que não tinha trabalho nem nada. Minha mãe sempre tinha sido uma boa católica. Tive uma irmã freira. Eles, que eram tão cristãos, envergonhavam-se de mim, porque era uma pecadora pública. Todas as noites, ia aos bordéis. Bebia cerveja e era uma das mulheres que mais se atrevia. Para defender-me do primeiro que me provocasse, levava uma faca ou partia artia uma garrafa na cabeça de qualquer qualquer um. Não respeitava respeitava ning ninguém. uém. Tinha Tinha muita força. Chamavam-me “A fera loira.” Ser agressiva e lutar com as pessoas era meu maior orgulho. Tive uma gravidez e perdi a criança. Aí começaram meus problemas de saúde: infecções vaginais e depois um tumor maligno. Quando tinha vinte anos, fiz uma cirurgia. O médico disse-me que tinha câncer no útero e ainda outros tumores malignos. Dois anos mais tarde, fui operada pela segunda vez e disseram-me que, dentro de cinco anos, eu já não estaria neste mundo. Nessa época, o Padre P adre Tardif veio veio dar um retiro. retiro. Eu disse disse a mi m inha mãe que queria queria ir, mas ela respondeu-me que mulheres como eu não mereciam entrar nesses lugares e que, se eu quisesse fazer alguma coisa boa, ficasse tomando conta de casa, enquanto eles rezavam e voltavam. Na noite anterior anterior eu tinha tinha bebido muito muito e estava com ressaca. Tinha Tinha que preparar a comida para quando eles voltassem. Estava só e, nesse momento, senti dentro de 131
meu coração que alguma coisa me fazia falta. Diante do fogão, disse: “Senhor, como sou tão indigna de estar na tua presença, pelo menos vou aproximar-me um pouco de ti, sem que as pessoas me vejam, mas serei vista vista por ti.” Corri para a casa de minha madrinha, cujo quintal faz divisa com o átrio da Igreja,sendo separado apenas por uma paliçada. De meu esconderijo, percebi como as pessoas amavam o Senhor e o louvavam. Também queria fazê-lo, mas apenas murmurei: “Eu não tenho nada por que te louvar, só tenho pecados e mais pecados, que não me atrevo a mostrar-te, porque são muitos. muitos. Mas se é certo que me amas, vem comigo. Deixa as 99 ovelhas e vem ao encontro desta ovelha perdida erdida que é a mais pecadora de todas. Eu não posso mudar m udar a minha minha vida mas, se vieres a mim, tu sim poderá mudá-la.” Nesse momento preciso, preciso, o pregador pregador afirmou: “Uma pessoa que estava long longee de Deus é tocada agora pelo Senhor que a está curando de um câncer no útero.” Eu senti calor e um grande desejo de chorar. Para não cair, encostei-me na parede, pois ois pensei que fosse desmaiar. desmaiar. Foi como se um raio de luz tivesse tivesse entrado em meu coração, aquecendo todo o meu corpo. Fui para casa e preparei o almoço. Quando minha mãe chegou, eu estava louvando a Deus na cozinha. Perguntou-me: “Que aconteceu?” Respondi: “Não sei. Estava junto da paliçada quando ouvi umas palavras que julgo serem para mim, porque a mãe sabe que estou me preparando para outra operação.” Eles me olharam com desconfiança, mas não disseram nada. Nem eu própria conseguia explicar o que tinha acontecido. Tinha uma alegria dentro de mim que não sei de onde vinha. Nessa noite não saí para pecar. Tinha tal alegria no meu coração, que fui deitar-me cedo. No outro dia, dia, pensei: pensei: “Senhor, eu não vou à casa de minha minha mãe, porque ela ela vai me impedir de ir à Igreja, mas eu vou em teu Nome.” Vesti minha melhor roupa, e dirigi me à Igreja. Quando entrei, a pessoa que estava ao microfone, afirmou: “Neste momento, o Senhor atrai para si as pessoas que verdadeiramente ama.” Olhei para todos os lados para ver se mais alguém entrava na Igreja. A única pessoa era eu. P ensei: ensei: “Não é possível que o Senhor me ame”, e comecei a chorar. Então, disseram: “Uma pessoa que ontem estava atrás da paliçada foi curada pelo Senhor.” Não havia dúvidas. Tudo estava confirmado. Levantei-me e fui dar testemunho: “Essa pessoa que estava atrás da paliçada era eu. Considerava-me indigna de 132
entrar na Igreja e reunir-me com toda a gente boa; por isso fiquei longe. Eu tinha um câncer. Já fiz duas operações e em breve deveria fazer mais uma. Mas ontem senti um calor muito grande; era o amor do Senhor que me amava e me curava. Eu pedi-l edi-lhe he perdão per dão pelo meu pecado e sei que me perdoou. Mas, hoje, quero também pedir edir perdão a todos vocês.” Experimentei o perdão da comunidade. Acolheram-me sem me condenar e deram-me toda a ajuda de que eu precisava para abandonar esse mundo de pecado e voltar ao redil das ovelhas de Jesus. O Senhor enviou-me às minhas antigas companheiras de trabalho para lhes contar o que tinha se passado. Elas estavam surpreendidas com minha mudança e perguntavam erguntavam o que tinha acontecido. acontecido. “Foi Jesus, foi Jesus”, dizia-lhes dizia-lhes,, “e o que fez em mim pode fazer também em você”. Algumas acreditaram e converteram-se e começamos a reunir-nos em pequenos grupos para louvar e bendizer o Senhor. Um catequista ensinava-nos o Evangelho do Senhor Jesus Cristo, cheio de Boas Notícias otícias para todos, mas especial especialmente mente para os pecadores. Aí conhecemos esse Deus bom que amou tanto o mundo que enviou seu Filho para nos salvar, não para nos condenar. Com outra de minhas companheiras, que já tinha sido resgatada também pelo Senhor, ocorreu-nos a idéia de organizar um retiro só para prostitutas. Em novembro de 1975, fizemos o retiro de três dias. Foi exclusivamente para nós. Pagamos apenas o que nós próprias cobrávamos de cada cliente. Veio o Padre Emiliano Tardif com uma equipe de pessoas muito boas. Uma senhora muito amada pelo Senhor contou que, como não sabia a forma de nos falar, se pôs a rezar e o Senhor lhe revelou: “Para mim, elas são lírios brancos.” Isso encheu-nos de alegria. Foi algo para além do que podíamos suportar. Umas choravam, outras soluçavam soluçavam e todas estávamos comovidas. comovidas. Esses três dias de retiro foram de louvor, de oração e de conversão. O Senhor recompensou-nos. Sentíamos a alegria de estar com Ele. Muitas deixaram a prostitui rostituição. ção. Outras disseram: disseram: “Senhor, “Senhor, eu sei que não sou dig digna, mas não quero voltar para minha casa.” Outras ainda pediram para trabalhar em casas de famílias. A maioria abandonou o prostíbulo para formar um lar cristão, onde encontraram o verdadeiro amor. O Senhor encheu meu coração, que era como uma velha carcaça. Ele já havia me perdoado, mas agora estava curando todas as feridas de minha vida. Perdoada 133
pelo elo Senhor, Senhor, eu já era capaz de perdoar ao meu irmão, que tinha tinha me surrado. Ao chegar a minha casa, falei com ele, e disse-lhe que o perdoava e que não lhe guardava qualquer rancor. Ele me agradeceu, pois tinha grandes remorsos pelo que tinha feito. Por causa disso, voltou à Igreja (tinha-se afastado completamente da fé) e agora rezamos juntos e louvamos unidos esse Deus bom que nos ama. Voltei a viver com minha mãe com mais amor. Na casa onde recebia os homens, montei um salão de beleza. Ali ganhava a vida. Já nada me fazia falta, porque o Senhor provê tudo para seus filhos. Mas o Senhor tinha preparado para mim outra coisa diferente: um ministério para o servir entre os mais necessitados. Agora trabalho na Renovação Carismática. Somos 30 pessoas que nos reunimos na Igreja. Dedico-me especialmente às prostitutas, aos drogados, às lésbicas e aos homossexuais, porque considero que as pessoas mais repudiáveis são amadas de maneira muito especial pelo Senhor. Quero terminar este testemunho não só falando do poder e do perdão de Deus, mas falando a Ele, porque agora se tornou impossível, para mim, falar d’Ele sem falar com Ele: “Pai cheio de misericórdia, atrás dessa podridão e desse pecado, há uma alma que tu fizeste e que clama por ti com humildade. Sou pequena, como uma formiga: por isso posso colar-me no mais profundo de teu coração amoroso para agradecer-te por teres me lavado e purificado de todos os meus pecados e porque agora sou como um lírio branco na tua presença, graças ao sangue precioso de teu Filho que me perdoou de todos os meus pecados. Arrependo-me de todo o mal que fiz; mas tu és tão maravilhoso, que te glorificaste na minha rebeldia, para mostrar ao mundo inteiro que és rico em amor e misericórdia. Eu tinha uma dívida que não podia pagar-te, mas teu Filho pagou-a por mim mim e agora já estou em paz contig contigo e não me atormenta nenhum medo da condenação. Tudo foi obra tua, Pai. Eu não fiz mais do que acreditar que podia ser perdoada e nesse momento me deste todo o teu amor que mudou minha minha vida vida inteira. Assim como tiveste piedade de mim, tem piedade de todos os que deixaram teus caminhos. Dá-lhes a graça de acreditar, tal como me deste a mim, para que venham aos pés do teu Filho amado entregar todos os seus pecados. Nós, os homens, vivemos duplamente enganados por Satanás. Primeiro engana-nos com o pecado e depois depois fazendo-nos acreditar acreditar que não temos perdão. Mas teu Espírito Espírito 134
Santo dá-nos a maravilha de chegar ao Trono da graça, sabendo que Jesus já pagou agou a conta completa, completa, e que só faz falta falta aproxi aproximar-nos dele dele para beber a águ águaa viva que brota de teu coração amoroso. Quero louvar-te e bendizer-te sempre. Como não me chegará esta vida para glorificar teu Nome, por toda a eternidade louvarei o Senhor com os santos e anjos do céu.”
Quando os primeiros evangelizadores apresentavam a boa-nova da salvação, as pessoas perguntavam-lhes sempre como poderiam ter acesso a essa salvação (At 16,30; At 2,37). As respostas de Pedro e Paulo são muito simples: existe uma ponte com dois caminh caminhos os pelo pel o meio meio dos quais se torna presente e eficaz a salvação sal vação de Jesus: a fé e a conversão. Jesus exprimiu-o com outra imagem muito eloqüente: há que nascer de novo (Jo 3,3). Trata-se de começar outra vez, não por nossas próprias forças, mas mas pelo pel o poder do Alto, que vem do Espírito Santo. A fé e a conversão são a resposta do homem à proposta gratuita de salvação feita por Deus. O homem acredita em Jesus, enviado para nos salvar, e vive de acordo com sua fé, como filho de Deus, graças ao Espírito de filiação, que recebe da comunidade dos que crêem. O ladrão à direita da cruz de Jesus não mudou de conduta, pois cravado como estava não podia devolver nada do que tinha roubado. Apenas se entregou a Jesus, e recebeu rec ebeu em troca a vida vi da nova para toda a eternidade. Ao confessar confessar Jesus como Rei e Senhor de toda a sua vida, começou a experimentar o reinado do Rei dos reis.
Fé Esta fé, dom de Deus, é ao mesmo tempo nossa resposta a sua iniciativa, ao dizermos: “Sim, eu creio, e aceito 100 por cento aquele que tu enviaste a este mundo para me salvar.” É confiança, dependência e obediência a Jesus Salvador, morto e ressuscitado, que é o único mediador entre Deus e os homens. A fé é a certeza de que Deus vai atuar conforme as promessas de Jesus Cristo. Portanto, a fé não é acreditar em algo, mas em alguém; é confiar em sua promessa romessa sem limites nem condições condições.. Também ambém não não é um acordo intelectual intelectual com 135
algo que não entendemos, mas uma dependência de Deus e de seu plano salvador. Não se trata de um sentim sentiment ento, o, nem se mede pela emoção. emoção. “A total total ustificação a obtém todo aquele que acredita acredi ta em Jesus Cristo” (At ( At 13,3-8). A fé é, pois, a resposta do homem à oferta da salvação de Deus. É um modo de relacionar-se com Ele, por meio de uma entrega sem condições, aceitando a salvação através de Jesus Cristo. É uma decisão total do homem que envolve todo o seu ser e compromete toda a sua pessoa. A fé, portanto, liga-nos diretamente com a fonte da graça e permite-nos ter acesso à presença divina, livres de todo o medo do castigo, porque já nossos pecados foram perdoados perd oados e estamos estamos em paz pa z com Deus. Não nos salvamos por nossa própria capacidade, mas mediante a fé. S. Paulo diz isso com grande ênfase, afirmando que não é o cumprimento da lei nem as boas obras o que nos salva, mas a fé. “Foram salvos pela graça mediante a fé, e isso não provém de vocês, mas é um dom de Deus: também não vem das obras, para que ninguém se glorifiqu lori fique” e” (Ef 2,8-9). 2,8-9) . As boas obras serão a manifestação e a expressão da salvação. Sua ausência demonstrará que não se tratava de uma fé viva, mas morta: “Portanto, sabendo que o homem não se justifica pela prática da lei, mas só pela fé em Cristo Jesus, também nós acreditamos em Cristo Jesus, a fim de obter a justificação pela fé em Cristo, e não pela prática da lei, porque pela prática da lei ninguém será ustificado” (Gal 2,16). Quem tentar se salvar pelo cumprimento da lei ou pelas boas obras não precisa recis a de Jesus como como Salvador, já que pretende ser seu próprio própri o salvador. salvado r. Portanto, a fé não é optativa. É absolutamente necessária e dela depende a salvação. “Aquele que acreditar e for batizado será salvo. O que não acreditar será conden c ondenado” ado” (Mc 16,16). Por isso, Pedro e Paulo terminam com um convite a acreditar, para nos apropriarmos de todos os frutos da redenção: “Todo aquele que acreditar nele alcança em seu Nome Nome o perdão pe rdão dos pecados” (At 10,43). Concretamente, a fé nos leva a acreditar que já fomos perdoados e a viver como tal, porque nossa conta já foi saldada e estamos em paz com Deus. Já não 136
somos escravos do pecado nem servos de Satanás, mas plenamente livres de toda a prisão ou laço. Vivemos as primícias do Reino em nossa relação com Deus, com os outros, com a criação e conosco mesmos, instaurando um novo céu e uma nova terra.
Conversão “Arrependam-se e convertam-se para que os vossos pecados sejam perdoados” (At ( At 3,19). A conversão não se limita a uma mudança de moral. Isso seria muito pouco. É uma mudança não por nossas forças e propósitos, mas pela fé que nos conduz a entregar nosso ser pecador a Jesus e a partilhar sua vida de Filho de Deus. Ele começa a amar, servir e atuar em nós e por meio de nós. Entregamos a Jesus nossa vida, tal como está, em troca de sua de Filho de Deus. Sobretudo entregamos nossa fraqueza, nossos ídolos que o substituíram e renunciamos a toda rebeldia que nos separa de Deus. Na conversão, trocamos trocamos nossa vida pela de Jesus. Viramos as costas para o pecado, mas sobretudo direcionam direc ionamos os nossa face para Deus; Deus; ou melhor, elhor, oferecemos-lhe oferecemos-lhe o coração. cor ação. Outro aspecto da conversão é o seguinte: viver como filhos. Algumas pessoas centraram o cristianismo em afastar-se do pecado, mas não têm a alegria de viver em festa, festa, mesm mesmoo no meio meio das adversida adve rsidades des da vida. Quando se fala da conversão de S. Paulo, não se fala que ele deixou sua vida de pecado, pois sabemos que ele era um fervente fariseu e um fiel cumpridor dos 613 mandamentos da lei judaica. Saulo de Tarso converteu-se de justo em filho. A partir de seu encontro pessoal com Jesus no caminho de Damasco, começou a viver não tanto como um servo cumpridor dos mandamentos de seu senhor, mas como um filho de Deus, com direito à herança de todos os santos. Todos precisamos da conversão. De uma nova conversão. Por essa razão, cada discurso querigmático, depois de apresentar Jesus morto, ressuscitado e glorificado, culmina sempre com um apelo ao coração do homem para que responda mediante a fé e o arrependimento: At 2,37-38; 3,19; 4,4; 5,31; 10,43; 13,38-39; Cf. Lc Lc 24,46-48. 24,46- 48. 137
A fé e a conversão manifestam-se na vida, ou não existem A fé manifesta-se na conversão, que é uma mudança de vida. Movidos pela fé que nos dá a certeza de nossa vitória sobre o mundo, renunciamos a todo o pecado, idolatria idolatri a e critérios critéri os deste mundo, para pa ra nos submeterm submetermos os 100 por cento cento ao poder do Evangelho, que é a força de Deus para a salvação de todo o que crê. Por outras palavras, confessamos Jesus como SALVADOR e o proclamamos como SENHOR. Confessa-se Jesus como único e total SALVADOR de toda a humanidade, mas de maneira particular de cada um de nós, renunciando a qualquer outro meio de salvação que o mundo ofereça. Proclamar Jesus SENHOR significa render-se totalmente a Ele para que, de agora em diante, Ele tome o leme de nossa vida e dirija cada passo de nossa existência. Jesus nunca desenvolveu com Pedro um tema sobre a fé. Simplesmente, disse-lhe “Segue-me”, e esperou que Simão deixasse as redes e a barca. Noutra manhã em que Simão Pedro esforçara-se, tentando pescar algo sem conseguir, ordenou-lhe: “Lança as redes”; e o pescador assim o fez, confiando não em sua própria rópri a experiência de pescador, mas mas na Palavra do Senhor. Senhor. Noutra outra ocasião, ocasiã o, em que que tinham tinham sido surpreendidos em alto mar pelos ventos ventos traiçoeiros que ameaçavam afundar a frágil embarcação, Jesus veio a eles caminhando sobre as águas. Quando se encontrava a certa distância, dirigiu-se a Simão com autoridade, pedindo-lhe um passo na fé: “Vem.” Pedro saltou da barca de sua segu se gurança rança e começou começou a dirigir-se diri gir-se para Jesus, cam c aminh inhando ando sobre sobr e as águas. O pescador que conhecia os profundos segredos do mar confiou mais no carpinteiro do que em suas próprias possibilidades. Esta é a fé que salva em cada circunstância da vida. Inumeráveis casos do Evangelho, para não dizer todos, manifestam como uma expressão de fé liberta a ação salvadora de Jesus Cristo: o cego de Jericó (Lc 18,38), a siro-fenícia (Mc 7,26-30), o centurião romano (Lc 7,2-10), o paralítico (Mc 2,5), o pai do epiléptico (Mc 9,24) etc.
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Contudo, isso continua acontecendo hoje em dia, porque Jesus está vivo e tem o mesmo poder para mudar as vidas e os corações das pessoas. Recebi da Argentina a carta a seguir, em que o testemunho se aproxima muito de vários aspectos da conversão de S. Paulo: Santiago del Estero, 23 de maio de 1985. “Deus está perto daqueles que o invocam, de todos os que o invocam com verdade...” (Sl 145,18). Querido Padre: Sou judeu de nascimento. O meu avô paterno foi Rabino em Tucumán, Argentina, e fui educado na fé de meus antepassados. Ao cumprir 15 anos, recebi um duro golpe em minha vida: a morte de minha mãe. Não conseguia dar sentido a esse acontecimento e revoltei-me contra a vida. Procurei o sentido de minha vida em todas as formas e religiões: judaica, evangélica, protestante, testemunhas de Jeová etc. Pratiquei o espiritismo e ingressei na Rosa Cruz. Contudo, quanto mais procurava, mai ma is a verdade se escondia. No entanto, Deus teve misericórd misericórdia ia de mim mim e Ele Ele próprio próprio começou um caminho para me procurar e me encontrar. encontrar. Um casal amigo amigo convidou-me convidou-me a ir a uma missa missa carismática celebrada pelo Rev. Padre José Frydryk. Ali senti realmente a presença de Deus, como antes nunca a tinha experimentado. O que mais me chamou a atenção é que Deus se encontrava na Igreja Católica, o lugar onde eu menos o teria imaginado. Graças aos irmãos que me levaram pela mão nesse processo, participei no grupo de oração de São Caetano, depois na Casa da Palavra, em Buenos Aires, e na igreja da Santíssima Trindade, onde o Padre Francisco Muñoz me acompanhou espiritualmente. Participava em todos os acontecimentos, reuniões e missas carismáticas para encher-me cada vez mais desse Deus vivo que estava descobrindo. Então me disseram que começava um Seminário de vida no Espírito e que deveria segui-lo, para poder experimentar a Vida Nova trazida por Jesus. Não pensei duas vezes, pois isso isso era precisamente o que eu estava procurando. Por essa altura, veio o senhor, Padre Tardif. Comprei seu livro Jesus está vivo e assisti a essas maravilhosas reuniões, que eram uma clara manifestação do amor, do poder e do perdão divino. Isso contribuiu poderosamente para que eu descobrisse que verdadeiramente Jesus estava vivo e que dava vida a todos os que 139
acreditassem em seu Nome. Deus todo-poderoso mudou minha vida e meu coração. À luz de Cristo, entendi as Escrituras: “Eu próprio apascentarei minhas ovelhas, e procurarei as perdidas...” “Eu conheço os desígnios que tenho para ti... é o Senhor quem fala, desígnios de paz, não de desgraça, desgraça, reservando para ti um futuro cheio cheio de esperanças. Quando clamares por mim e vieres procurar-me, irei te escutar... quando me procurares, irás me encontrar.” Essas palavras não eram promessas para há muitos séculos, mas para mim... e tornavam-se vida em minha história de salvação. No entanto, Deus não queria queria curar só minha minha alma, mas também meu corpo. Na missa de oração pelos enfermos, senti um calor intenso no peito e assustei-me, pois sofria de hipertensão arterial. Contudo, o sacerdote que celebrava disse que era o calor de Deus que estava curando os enfermos ali presentes. Meses depois, verifiquei minha pressão, que tinha voltado à completa normalidade. Dou graças e elevo meus louvores a Deus, a Jesus, no Espírito Santo, por sua obra em mim, implorando que o Senhor complete o que começou em mim, para glória e honra do seu Nome que é Santo. Faço minhas as palavras da Escritura: “Que diremos disto? Se Deus está por nós, quem poderá estar contra nós? Ele que não nos recusou seu próprio Filho, mas o ofereceu por todos nós, como é que não nos dará tudo com seu Filho? Quem poderá acusar aqueles aqueles que Deus escolheu, escolheu, se Deus os declara declara inocentes? Quem pode condená-los? condená-los? Será porventura Cristo Cristo Jesus que morreu, e mais, mais, que ressuscitou e que ocupa o primeiro lugar junto de Deus, pedindo por nós? Quem poderá nos separar do amor de Cristo? Cristo? O sofrimento, sofrimento, as difi dificul culdades, dades, a persegui erseguição, ção, a fome, a pobreza, os perigos, perigos, a morte? Como diz diz a sagrada sagrada Escritura: Por causa de ti, estamos expostos à morte todos os dias. Tratam-nos como ovelhas para o matadouro. m atadouro. Mas em tudo isso, saímos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Com efeito, tenho certeza de que não há nada que possa nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos ou outras forças ou poderes espirituais; nem o presente, nem o futuro; nem as forças do alto, nem as do abismo. Não há nada nem ninguém que possa nos separar do amor que Deus nos deu a conhecer por nosso Senhor Jesus Cristo.” (Rom 8,31-39). Termino aplicando a minha vida as palavras de Paulo quando resume o que foi sua própria vida: “Dou graças àquele que me revestiu de fortaleza, a Cristo, Senhor 140
nosso, que me considerou digno de confiança ao colocar-me no ministério, a mim, que antes fui um blasfemo e um perseguidor insolente. Mas encontrei misericórdia porque agi agi por ignorância norância em minha minha infidel nfideliidade. E a graça de nosso Senhor superabundou em mim, juntamente com a fé e a caridade em Cristo Jesus. É certa e digna de ser aceita por todos esta afirmação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, e o primeiro deles sou eu. Se encontrei misericórdia foi para que em mim primeiro Jesus Cristo manifestasse toda a sua paciênci aciênciaa e servisse servisse de exemplo exemplo aos que tinham tinham de crer nele nele para obter a vida vida eterna. Ao Rei dos séculos, ao Imortal, Invisível e único Deus, honra e glória pelos séculos. séculos. Amém” (1Tim (1Tim 1,12-17). 1, 12-17).
Se essa mensagem pudesse ser resumida em poucas palavras, seria para sublinhar que a salvação é gratuita. Foi ganha há dois mil anos pelos méritos da morte e da ressurreição de Cristo Jesus, mas torna-se presente e efetiva pela fé que proclama Jesus como Salvador e a conversão que o confessa como Senhor. S. Paulo descreveu descr eveu a fórmula fórmula maravi maravilhosa lhosa para tornar tornar viva vi va em nós nós a salvação salvaç ão de Jesus, ganha há dois mil anos: “Se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e se acreditares em teu coração que Deus o ressuscitou de entre os mortos, serás salvo. Com o coração acreditamos para alcançar a justiça e, com a boca, confessamos confessamos para obter a salvação” salvaçã o” (Rom 10,9- 10). Jesus passa diante de nossa vida e nos pede uma resposta a sua oferta de salvação: “Olha que estou à porta e bato. Se algum ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua sua casa e cearei cear ei com co m ele e ele com c omigo” igo” (Ap 3,20). Assim como o fogo queima necessariamente, o seguinte testemunho mostra o que sucede quando se abre o coração a Jesus: Não poderia imagi imaginar nar hoje mi m inha vida sem o que aconteceu há dez anos, naquele naquele 3 de dezembro de 1981. Apesar de ter tudo o que legitimamente se pode ter neste mundo, encontrava-me deprimida com o peso da vida sobre meus ombros. O excesso de preocupações e responsabilidades, o peso do “dever ser” não me deixava caminhar para diante. Minha soberba, que se manifestava no perfeccionismo, fazia-me supor que eu podia odia tudo, que tinha tinha sempre razão e que não precisava precisava de ning ninguém. uém. Assi Assim, m, vivi viviaa em grande solidão, tristeza e amargura, presa por preconceitos que me escravizavam. Arrastava-me numa vida sem sentido e cada dia sentia-me pior, 141
desejando uma morte que não chegava. Um dia, a professora da escola solicitou minha presença, porque meu filho apresentava alguns problemas. Quando recorri a uma psicóloga, para pedir conselho para meu filho, ela me disse que quem precisava de ajuda psicológica era eu, porque o problema tinha origem em mim. Tornava-se muito difícil admitir que era eu o problema, porque sempre tinha tentado fazer bem todas as coisas. Aceitar isso implicava reconhecer que precisamente por causa de meu perfeccionismo tinha me tornado intransigente com as limitações dos outros. Nem sequer as suportava. Por essa altura, começou um Seminário de Vida no Espírito para os catequistas. Eu estava sentada diante do pregador. À medida que se desenrolava aquele curso, eu sentia que meu coração de pedra se inflamava com a Palavra de Deus. Comecei a desejar aquele Batismo no Espírito de que nos falavam como uma promessa de vida eterna. Em determinado momento, o pregador apresentou uma passagem que era dirigida a mim: “Estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo.” A seguir mostrou-me a imagem de Jesus batendo à porta de meu coração, mas não podia entrar: a porta só abria por dentro, pois não tinha uma fechadura exterior. Perguntei-lhe que deveria fazer para que Jesus entrasse em minha vida. Simplesmente respondeu-me: “Saia da frente e vá até o mais profundo de sua vida. Deixe que Jesus seja o protagonista da história de sua vida, e Ele vai fazer maravilhas em você.” Eu esperava uma resposta mais complicada. Então rezou sobre mim, pedindo a Jesus que tirasse os obstáculos que me impediam de aceitar sua graça. Durante a oração, tive uma imagem em que me via completamente só num vale rodeado de montanhas escarpadas. Contudo, aquelas montanhas não eram maciças, mas como se fossem de cartão; era como um cenário de teatro. Eu não percebi nesse momento o significado, mas, com o tempo, dei-me conta de que descrevia perfeitamente minha realidade. A partir do momento em que aceitei Jesus em meu coração, Ele encheu-me com seu Espírito Santo. Embora continuassem os problemas roblemas em minha minha vida, vida, tinha tinha uma força que vinha vinha de Deus para enfrentar as dificuldades, com a certeza de que, diante de seu poder, aquelas grandes montanhas de minha vida eram simples pedaços de cartão. Por fim, desapareceu o desejo de morrer e comecei a tirar partido das coisas mais simples. Por essa época, apareceram células malignas em minhas análises de papanicolau. Submeteram-me a um tratamento, mas sem resultado. Depois apareceu um 142
carcinoma localizado, o qual me fez considerar seriamente a possibilidade de morrer. Agora que não queria morrer, agora que me sentia amada e que amava a vida, estava condenada. Contudo, eu tinha uma profunda paz, pois me sentia nas mãos do Senhor que me animava: “Acalma-te, tudo está consumado.” Vendo as coisas à distância, sei que Deus tinha um plano maravilhoso. Era importante que eu tocasse no fundo, para que assim pudesse recorrer a Ele com um coração humilde e confiante. Hoje posso repetir: “O Senhor fez em mim maravilhas.” O Senhor repete-me com amor: “Pilar, tu não me escolheste a mim, mas fui Eu quem te escolheu a ti primeiro, e te escolhi para que dês muito fruto e o fruto permaneça.” Depois de algum tempo e com tratamento médico, o Senhor curou-me fisicamente. Mas o que mais lhe agradeço é que me deu amor a mim mesma e à vida. Nesses dez anos nem tudo foi fácil, fácil, mas foi a melhor etapa de minha vida. vida. Já não me sinto só, e vejo o futuro com grande esperança. Tudo isto se refletiu e iluminou outros aspectos de minha vida, como mãe, esposa, filha, amiga. Comecei a viver uma vida mais cheia e livre das prisões que me escravizavam. Dou graças infinitas a Deus que me encheu de seu Espírito Santo, fonte de nova vida, que me transformou e me mudou. O que eu não podia, Ele o fez com seu Santo Espírito, quando lhe abri a porta de meu coração, para que Ele entrasse e iluminasse tudo o que estava nas trevas.
Jesus está à porta do coração de cada um de nós e convida-nos a participar com ele de sua Vida Nova. Só espera que lhe abramos a porta. Ele está chamando. Certamente que não vai forçar a porta. Só entrará se a abrirmos voluntariamente. Escute hoje sua voz. Não endureça seu coração. Convida-o a entrar. entrar. Não vai perder per der nada, a não ser suas amarras amarras,, seus pecados.
Oração Deus e Pai misericordioso, que enviaste teu Filho único para nos salvar. salvar. este dia quero proclamar proclamar que Ele é o único úni co Salvador. Salvador. Jesus, creio firmemente fir memente que tu és o Filho de Deus, o Messias, Messi as, que não vieste a este mundo para condenar-me pelos meus pecados, mas para me
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salvar. alvar. Reconheço que sou um grande pecador, pecador, mas ao mesmo tempo declaro que tua misericórdia miseri córdia e perdão são maiores maiores que meus pecados. Hoje proclamo proclamo com minha boca aquilo que creio firmemente em meu coração: Tu és o único Salvador deste mundo. Tu és meu Salvador pessoal. credito em ti, confio em ti e peço-te que me dês em abundância a Vida Nova que ganhaste para mim, com tua morte na cruz e com tua gloriosa ressurreição. ressurreição. Quero ter um encontro Pessoal contigo conti go e com tua salvação. sal vação. Confesso-te não apenas como Salvador, mas como meu Salvador pessoal, que pagaste minha redenção com o preço de teu Sangue Precioso. Não quero salvar-me por mim mesmo, mas deixa-me salvar por ti, por tua cruz e ressurreição. Creio firmemente que ressuscitaste de entre os mortos e que agora tens todo o poder no céu e na terra, porque foste constituído constituí do Senhor dos vivos e dos mortos. Entrego-te minha vida, para que, de agora em diante, sejas tu quem a dirige de acordo com tua vontade. Proclamo-te Senhor e submeto ao teu senhorio tudo quanto tenho e tudo quanto sou. Jesus, eu creio que, em tua ressurreição, Deus te glorificou, glorif icou, te encheu do spírito píri to Santo e te deu um Nome que que está acima aci ma de todo Nome. Por isso, is so, dobro meus joelhos diante de ti (ajoelhar-se) em sinal de que te reconheço como Senhor, como o dono de minha vida, e rendo-me totalmente a ti e a tua santa vontade, para que faças de mim o que quiseres. Não quero quero ser o centro ce ntro de minha vida. Toma Toma tu a direção de minha história. Faz-me desejar e fazer o que tu queres. Entrego-me Entrego-me inteiramente intei ramente a ti. Quero Quero ser teu, só teu e de mais ninguém. Proclamo-te Senhor de toda a minha vida; v ida; meu único Senhor. Não quero servir nem o dinheiro, nem o prazer, nem nenhum outro vício ou apetite que me afaste de ti. Entrego toda a minha vida a ti para sempre. empre. Toma tu todas as decisões segundo tua vontade, para que eu seja, como Maria, um escravo de tua Palavra, que é a única maneira de ser verdadeiramente livre. Já não quero viver eu, vive tu em mim. Dá-me tua vida em troca da minha, que hoje te entrego para sempre. Jesus, sei que estás es tás batendo à porta de minha vida e que queres entrar em meu coração no dia de hoje. Por isso, abro-te meu coração para que entres até 144
o mais profundo e de uma maneira definitiva. Fica para sempre comigo e em mim, para que possa viver como filho de Deus, com a alegria e a generosidade, a paz e o amor, a fé e a esperança. Tu és a Pérola Preciosa e a Vida em bundância que estou precisando em minha existência. Quero ter um encontro pessoal contigo, Jesus ressuscitado, que mude toda a minha vida e eu possa começar a viver a plenitude da vida que vieste trazer a este mundo mundo.. Sei que tomaste a sério minhas palavras, assim como eu tomei a sério a tua romessa. Quero viver como tu, vivendo tu em mim e eu em ti.
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5. Dom do Espírito O Pentecostes não está completo se cada um de nós não tiver a mesma experiência que tiveram os Apóstolos naquele dia em Jerusalém. Um sacerdote conta-nos o seu Pentecostes pessoal, que mudou sua vida e seu ministério: À medida que passavam os anos de meu sacerdócio, parecia-me que a Igreja não significava nada para o mundo nem respondia aos grandes problemas da sociedade. Vivíamos no desânimo enquanto as pessoas tinham fome de Deus, de sua palavra, sua justiça, sua verdade e seu amor. Sacudido por essa grande inquietação, lancei-me pelo caminho do socialismo. Fui um dos fundadores dos “sacerdotes para o povo”, de que muito se falou há algum tempo. Contudo, dei-me conta de que, quanto mais avançávamos por essa linha, mais nos radicalizávamos, causando uma grande divisão na Igreja. Por certo tivemos alguns êxitos em nosso trabalho. E também não nos faltaram as persegui erseguições. ções. Constatei que, apesar de todos os nossos esforços, eu continuava continuava com o mesmo vazio e com os mesmos problemas sem solução. Dessa maneira, perdia erdia cada vez mais a transcendência transcendência de Deus. Fazia as coisas coisas à minha minha maneira, maneira, com base em minhas forças e capacidades. Pouco tempo depois, mudaram-me de serviço e enviaram-me para uma pequena paróquia aróquia onde só tinha tinha um pouco de trabalho trabalho – aos fins fins de semana. Quando cheguei ali, alguém me falou da Renovação Carismática. Eu ri e respondi em tom de brincadeira: “Vocês são loucos. Isso é uma bobagem. Essas coisas já não têm lugar em nosso tempo.” Depois falaram-me do Espírito Santo e de seu Batismo. Então eu argumentei: “Já tenho o Espírito Santo desde meu batismo, minha confirmação e minha ordenação sacerdotal...” “Sem dúvida que sim” – responderam-me – “mas o importante é que isso se note”. Mandei-os embora, mas fiquei perplexo reconhecendo que, na verdade, não se notava muito o Espírito Santo nem em minha vida nem em meu ministério. Vivia com um vazio espiritual e com muitas dúvidas. Havia me esquecido completamente da oração. Esqueci-me de que era sacerdote de Jesus Cristo e limitava-me a propagar uma mudança estrutural, que não sabia como alcançar. 146
Contudo, Deus me armou uma armadilha. Convidei um coro de carismáticos para que cantassem em minha minha paróquia. paróquia. Aceitaram ceitaram com a condição condição de que eu rezasse com eles todas as semanas. Comprometido publicamente, aceitei, pois sendo sacerdote não podia me negar. Lembro-me de que naquela primeira segunda-feira havia um pequeno grupo de apenas umas 15 pessoas. Fui para um canto e comecei a criticá-los. Mas, ao vê-los e ouvi-los, houve algo que tocou meu coração. Não saberia descrever o que foi... Na segunda-feira seguinte, ali estava eu outra vez. Na terceira terceira segunda-fei segunda-feira ra até celebrei a Eucaristi Eucaristia. a. Durante a homili homilia, a, disse-l disse-lhes: hes: “Oxalá que vocês, que rezam tão bem, não só cantem e levantem as mãos mas que, na verdade, se preocupem por mostrar amor entre as pessoas; porque, se vocês apenas se dedicam a orar, isso não servirá de nada.” Não demorei para perceber que essas pessoas se amavam verdadeiramente umas às outras e amavam toda a gente. Logo me convidaram para um curso de iniciação, mas disseram-me que deveria participar como qualquer uma das outras pessoas. Ri deles, pensando: “Sou licenciado em Teologia pela Universidade de Friburgo, na Suíça. Que eles vão me ensinar?” Eu não estava disposto a perder meu tempo escutando a porteira, uma cozinheira e um construtor falando de coisas que eu sabia muito melhor do que eles. Contudo, uma força interior levou-me a ir. Fui seguir o curso e naturalmente não me deram nada de novo, mas deram-me de uma maneira diferente: viviam o que pregavam. Não tinham só idéias na cabeça, mas experiência no coração. Eu, como outros sacerdotes, estava acostumado a racionalizar as coisas da fé, sem viver o que pregava. Dar-se conta disso não é mau. O pior é aceitá-lo. Comecei então a procurar algo que sabia não ter. Comecei a ter sede desse Batismo no Espírito que era a fonte da mudança de todos eles. Eu também queria ter meu Pentecostes pessoal e lhes disse: “Quero que aquilo que aconteceu com vocês também me aconteça.” Chegou o dia de pedir o Batismo no Espírito Santo. Ao começar a oração, eu repetia ao Senhor: “Quero sentir-me totalmente teu, Senhor. Necessito do Espírito Santo.” Poucas vezes tinha chorado em minha vida, apenas em algumas ocasiões, mas de fúria ou de raiva. Mas nessa ocasião chorei como um menino. Não me arrependo disso; quando alguém chora seu pecado diante do Senhor, é porque o Espírito Santo o está purificando desse mesmo pecado. Meu Batismo no Espírito mudou minha vida e meu ministério. Considero que 147
esse foi o momento-chave de minha vida como cristão e como sacerdote. Tive o meu Pentecostes naquela ocasião e a partir de então tudo é diferente. A Paróquia renovou-se. Onde não havia gente, formou-se agora uma verdadeira comunidade de amor, onde vivemos como família de Deus. Temos grupos de meninos, de jovens e de adultos. Damos auxíli auxílio na prisão, prisão, nos asilos asilos e nos hospitais. hospitais. A paróquia paróquia não só se transformou mas está transformando tudo à sua volta.
Jesus veio trazer vida em abundância, mas Ele morreu e ressuscitou há dois mil anos. Por isso é lógica a pergunta: como se faz presente a salvação de Jesus no dia de hoje? O Espírito Santo é quem torna efetiva tal salvação, transformando Jesus presente. O Espírito Espíri to toca os corações para que se abram à Palavra da verdade. Ele próprio chega ao interior de cada pessoa, para convencê-la de que é uma pecadora necessitada de salvação: salvaç ão: e é só o Espírito Espíri to Santo Santo quem faz Jesus presente hoje hoje e como único Salvador e Senhor. Senhor. O Espírito Espíri to Santo Santo faz novas novas todas as coisas, ao mudar nossos corações de pedra em corações de carne. Faz-nos criaturas novas e começa a instaurar neste mundo o Reino de Deus. O coração do homem só pode ser renovado por Deus, seu criador. Podemos mudar as aparências e até as formas externas da vida. Poderíamos mesmo mudar de moral, mas o único que transforma o interior do homem para o fazer uma criatura nova é o próprio Deus por meio de seu Espírito Santo. Por isso, entre as últimas palavras de Jesus neste mundo aos seus discípulos, estão: “Convém-vos que Eu vá... porque se eu for enviar-vos-ei do céu o Consolador, o qual dará testemunho de mim e vos conduzirá à verdade completa” (Jo 16,7; 15,26; 16,13). Trata-se de um presente gratuito, que não custa nada, porque Jesus já pagou com seu próprio sangue para o conseguir para nós. Para beber da água do Espírito que brota do Coração de Jesus, necessitamos de duas coisas: ter sede e ir à fonte fonte da vida. “Aquele que tem sede, que venha a mim, e aquele que crê em mim que beba. Isto o dizia referindo-se ao Espírito Santo que iam receber os que acreditassem nele” (Jo 7,37-39). O dom do Espírito é uma promessa formal de Jesus que disse: “O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão.” Portanto, estava garantido 148
que não podia falhar. Cinqüenta dias depois da sua morte e ressurreição, uma vez que subiu ao céu, cumpriu a Promessa que tantas vezes tinha feito aos seus: “Ao chegar o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, semelhante a uma forte rufada de vento, que ressoou em toda a casa onde se encontravam. Então, viram aparecer umas línguas como de fogo, que desceram por separado sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em diferentes línguas, segundo o Espírito Espíri to lhes permitia permitia exprim e xprimirem-se” irem-se” (At 2,1-4). O Pentecostes é o cumprimento da Promessa do Pai. Os apóstolos agora já contam com um Advogado e Mestre que lhes revela a verdade completa. Possuem o Espírito de filiação que os liberta do temor e os torna filhos e herdeiros de todas as bênçãos celestes (Rom 8,17). Graças ao Espírito Santo, podem chamar chamar “Abbá” a Deus Deus e “Senhor” “Senhor” a Jesus de Nazaré Nazaré (Rom 8,15; lCor 12,3). Quando Pedro proclamou a vitória de Cristo Jesus sobre a morte, as pessoas ficaram admiradas e perguntavam que deviam fazer para participar dessa vida em abundância. O apóstolo respondeu: “Que cada um se faça batizar para o perdão dos pecados e receberão o Espírito Santo, pois a Promessa é para vocês, para vossos filhos e para todos os que estão longe, para quantos o Senhor nosso Deus chamar” (At 2,38-39). Jesus é o Messias, cheio do Espírito Santo, capaz de partilhar seu Espírito com cada pessoa. Quando a samaritana bebeu da água que brota para a vida eterna, imediatamente mudou sua vida. Se antes duvidava da identidade de Jesus, quando provou a Água Viva correu para sua aldeia para testemunhar que acabava de encontrar o Messias. O único que nos faz identificar e aceitar Jesus como o Messias prom pr ometido etido é o Espíri Es pírito to Santo. Santo. O Evangelho torna presente o poder do Espírito, capaz de mudar o mundo: A cidade de Corinto era tristemente famosa por suas depravações morais. Favorecida por ser um centro comercial com dois portos, importava e exportava todo o tipo de maldade e de pecado. Contudo, um dia chegou Paulo de Tarso, débil, tímido e temeroso, mas com a manifestação do Espírito, para lavar, 149
ustificar e santificar santificar aqueles que acreditassem acred itassem na na boa-nova boa- nova da salvação sal vação e mudar por completo completo aquela situação. Só o Espírito Espíri to Santo Santo renova a face da Terra. O mesmo acontece hoje no meio de nós, quando temos nosso próprio Pentecostes: Eu tinha vivido sempre dentro das normas da Lei de Deus, mas realmente nunca tinha experimentado a vida nova que dá o Espírito de Jesus. Quando um grupo de carismáticos me falou do Batismo no Espírito Santo, afastei-os automaticamente porque, de acordo com meus m eus esquemas teológi teológicos, há um só batismo. Contudo, essas pessoas me falavam de Jesus de uma forma diferente dos outros. Havia fogo e unção em suas palavras. Referiam-se não a uma pessoa que tinham visto numa estampa ou numa imagem, como eu, mas com quem tinham tido um encontro pessoal. A mim chocava-me a alegria espontânea com que davam seus testemunhos desse encontro com Jesus e só por isso permaneci naquele curso de quatro dias. Como eu queria também ter esse encontro pessoal com Jesus vivo, perguntei erguntei-l -lhes hes qual era o segredo. segredo. Três deles deles responderam-me ao mesmo tempo: “O Batismo no Espírito Santo!!!” Continuei com minhas reservas, mas lembrei-me de quando meu pai me sentava em seus joelhos à hora de comer e partilhava comigo o alimento de seu prato. Quando não gostava do que me dava, dizia sempre: “Prove apenas, se não gostar, deixa. Mas prove. Se não, nunca vai saber o que está perdendo.” Animado por essa recordação, perguntei o que era o Batismo no Espírito Santo. A resposta foi: “É Jesus, cheio do Espírito Santo, que cumpre a Promessa de pedir ao Pai que encha você com o Espírito de Deus. E como Deus não nega nada a seu Filho amado, está garantido que você vai receber. Quer ou não?” Eu não podia negar. Já não se tratava de entender intelectualmente o que era o Batismo no Espírito, mas tinham desafiado minha vontade e eu tinha que responder sim ou não. Então pensei: “Não perco nada por provar. Não quero me privar de algo valioso apenas por p or não me atrever. atreve r. Vou correr corre r o risco; se no fim não gostar, vou embora.” embora .” Assim, pedi que rezassem por mim, procurando não pedir para uma pessoa que abusasse muito do canto em línguas. Enquanto me impunham as mãos e rezavam sobre mim, veio ao meu espírito uma síntese da atitude fundamental e permanente de minha vida. Em toda a minha história, eu tinha tentado ser bom e cumpridor da lei de Deus. Tinha me esforçado por estudar a Bíblia e exercer um apostolado na Igreja. O desejo de servir sempre a Deus era uma constante em minha vida... Contudo, não tinha alcançado a verdadeira meta: viver uma experiência do amor de 150
Deus e um encontro com Jesus ressuscitado. Confessando com lágrimas minha incapacidade, apenas repetia: “Senhor, eu não posso, mas tu podes. Eu não posso chegar a ti apesar de todos os meus esforços, mas tu podes chegar a mim. Alcançame, uma vez que eu não posso alcançar-te.” Chorava abundantemente, porque começava a experimentar o suave e poderoso amor de meu Deus segundo o impulso de seu Espírito. Vinte e dois anos depois, não posso conceber minha vida sem o que aconteceu naquele dia 3 de dezembro de 1971. A eternidade inteira será pequena para agradecer a Deus que me batizou no Espírito Santo e transformou minha existência.
Em resumo, a vida em abundância que Cristo veio trazer há dois mil anos só se torna presente graças ao Espírito Santo, derramado naqueles que crêem, naquelas que aceitarem Jesus como Salvador e o confessarem como Senhor de toda a sua vida. Só o Espírito Espí rito Santo pode produzir produzir em e m nós a Vida Vida Nova, porque é Ele e só Ele quem nos faz nascer de novo, para nos transformar em criaturas novas em Cristo Jesus. Ninguém pode ir a Jesus senão pelo chamado do Pai, que dá o Espírito Santo para conhecermos Jesus não só na cabeça, mas na vida e com o coração. A efusão do Espírito é a porta mais maravilhosa que se pode apresentar a um ser humano, pois é uma evidência do amor de Deus. Que devemos fazer para receber esse dom? Basta acreditar em Jesus e reconhecer que temos sede dessa água viva que se chama Espírito Santo. Portanto, aproximemo-nos com fé e peçamos-lhe eçamos-lhe que nos encha encha tanto tanto do Espírito Espíri to Santo, Santo, qu q ue nos inunde inunde por dentro dentro e por fora; como como um batismo batismo que nos submerja, submerja, ou melhor, elhor, que sejamos submergidos nele. De acordo com a necessidade de cada um, assim se lhe dará. A quem mais necessite, ecessi te, mais mais se s e lhe dará.
Oração Pai Santo, envia do céu cé u tua t ua Promessa, Promessa, feita feit a através at ravés dos Profetas e que teu t eu róprio Filho se comprometeu a enviar. Cumpre a Palavra que empenhaste, e na qual nós acreditamos, porque nos foi transmitida por teu Filho, Jesus
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Cristo. Pai, enche-me do Espírito Santo, para que participe da Vida Nova trazida pelo teu Filho e possa viver como teu filho em Cristo Jesus. Senhor Jesus, tu prometeste que, a quem se aproximasse de ti reconhecendo que necessitava da Água Viva que brota para a vida eterna, tu o encherias de spírito píri to Santo. Eu preciso dessa fonte de vida eterna, que brota de teu coração. Eu estou esperando com ânsias meu Pentecostes pessoal: ser cheio do Espírito Santo, com seus frutos e carismas, para ser testemunha com poder de tua ressurreição. Agarro-me a tua promessa e acredito firmemente que tu cumpres tua Palavra, porque és o Filho de Deus, fiel e misericordioso. Eu tenho sede e acredito que estás cheio do Espírito spírit o Santo, para o partilhares partil hares comigo no dia de hoje. Batiza-me com teu Espírito Santo, Senhor e doador de vida. Espírito spírit o Santo, em Nome de Jesus, vem a minha vida vi da e dá sentido se ntido a toda t oda a minha história. históri a. Abro Abro-te -te as portas para que entres até o mais profundo de mim e dirijas toda minha existência. Vem, Espírito Santo, e enche todo o meu ser: meu corpo e minha alma, minha inteligência e minha vontade.
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6. A comunidade Não basta nascer para a Vida Nova. Precisam Precis amos os crescer cresce r até a estatura estatura de Cristo, e isso seria impossível sem a harmonia de todo o Corpo de Cristo. O doutor Heriberto Pagán Sáenz, diretor do Departamento de Radiologia da Escola de Medicina de Porto Rico, fez-me o seguinte diagnóstico: neoplasma broncogêni roncogênico co no pulmão pulmão direi direito, to, de 2×4 milímetros, milímetros, determinado determinado por meio de tomografia computadorizada. Na semana segui seguinte, nte, unimo-nos ao grupo carismáti carismático co de Dorado, e duas semanas depois fomos ao retiro de cura com o Padre Tardif, no Pavilhão Mets. Nesse dia, o Padre disse que um médico estava sendo curado de um câncer no pulmão. Em minhas orações, pedia ao Espírito Santo que me desse um indício de que Ele estava me curando. Enquanto o padre orava pelos doentes, minha filha pôs-me a mão sobre o local em que o tumor estava. Nesse momento, senti um calor muito grande no pulmão. Quando levei as radiografias e os outros exames ao cirurgião, este disse-me: “Não vou operá-lo, pois não estou certo do diagnóstico.” E eu disse a minha mulher: “Este é o sinal que eu pedi a Deus.” A partir de então, agradecemos ao Espírito Santo por minha cura. Um mês depois, uma radiografia mostrou que o tumor estava diminuindo. Dois meses depois, foi realizada outra tomografia. Dessa vez injetaram-me um líquido para dar contraste, pois o médico não podia acreditar no que via: no lugar onde antes estava o tumor, agora havia uma cicatriz. Quando meu filho soube, disse ao médico: “Isso é um milagre do Espírito Santo.” E o médico respondeu-lhe: “Se os milagres existem, isso é o que vi mais parecido com um milagre.” O Espírito Santo não só curou meu corpo, mas trouxe-me de novo para nossa Igreja, a qual não deixei de freqüentar desde então. A cura do Senhor não se limitou a meu corpo, mas fez-me reconhecer que sou membro de outro corpo, o seu Corpo, que é sua Igreja. Na comunidade, encontrei um ambiente de fé e de amor que favorece que essa plantinha recém-nascida possa crescer até a estatura de Jesus Cristo. 154
José Luis Hidalgo.
A plenitude da vida não se vive no intimismo ou no egoísmo da individualidade. Só a experimentamos quando formamos o Corpo de Jesus Cristo, onde cada um tem seu lugar, seu carisma e seu ministério; servindo os outros e sendo servido pelo resto do Corpo. O culminar da evangelização é a integração das pequenas comunidades, onde o amor se torna óbvio e onde uns se co-responsabilizam pelos outros. A comunidade é o desembocar lógico da evangelização. Quer dizer, formar o Corpo de Cristo não é opcional opci onal ou facultat facultativo. ivo. É imperativo. imperativo. “Pois assim como nosso corpo na sua unidade possui muitos membros e não desempenham todos a mesma função, assim também nós, sendo muitos, não formamos mais do que um só corpo em Cristo, sendo membros uns dos outros” (Rom 12,4-5). Não basta o encon e ncontro tro pessoal pess oal com Jesus. É necessário necessár io encontrar encontrar a totalidade de seu Corpo, que vive naqueles que invocam seu Nome. O encontro com Jesus leva necessariamente ao encontro com o irmão. O primeiro mandamento, amar a Deus, está unido ao segundo, amar o próximo. A salvação, como a luz, expandese por natureza; não se pode esconder debaixo da mesa e é partilhada com os outros, especialmente com os mais necessitados. Jesus está tão presente em cada pessoa, qu quee qualquer qualquer ajuda ou in i ndiferença perante as a s necessidades do irmão se consideram feitas feitas ao próprio própri o Mestre (Mt 23,31-46). Os convertidos, batizados e cheios do Espírito Santo no dia de Pentecostes integraram imediatamente a comunidade cristã. Apenas três versículos depois da narração das primeiras conversões, é certificado o nascimento da comunidade: At 2,42. Para permanecer com Jesus, é necessário formar a comunidade cristã. Por isso, aqueles que recebiam o dom do Espírito perseveravam na comunidade. Portanto, é imperativo integrar-se com Jesus na comunidade, vivendo o amor de Deus, derramado pelo Espírito Santo que nos foi dado, crescendo na Vida Nova por meio meio de quatro meios meios de crescimen cr escimento to assinalados em At 2,42-44: • o ensinamento dos apóstolos, que comunicam a doutrina de Jesus; •a comunidade, comunidade, com a participação partici pação dos bens espiritu espiri tuais ais e materiais materiais;; 155
•a s orações, or ações, onde se partilha a vida com Deus Deus e com co m os irm ir mãos; • a fração do Pão, que é o culminar da vida cristã.
Iniciamo-nos na Vida Nova graças ao novo nascimento, mas é necessário crescer até a estatura de Jesus Cristo, formando seu Corpo. Esse processo está claramente delineado no Evangelho: Maria Madalena foi libertada l ibertada de sete se te demônios, demônios, mas mas logo l ogo Jesus a int i ntegrou egrou em sua comunidade, para a restabelecer plenamente. Ela prestava seus serviços à comun comunidade idade e isso is so a ajudou a judou a crescer cre scer na responsabilidade res ponsabilidade,, no amor amor e no serviço. Jesus veio a este mundo ensinar-nos como vive um filho de Deus. Em seguida, enviou-nos seu Espírito Santo para nos dar força para viver como tal. Contudo, não se trata de reproduzir muitos “Jesuses”, mas de formar um só: seu Corpo místico. Pode-se navegar sozinho pelos sete mares numa jangada de papiro, e há gente que, solitária, se atreve a escalar uma alta montanha. Mas ninguém, absolutamente ninguém, ousou atravessar sozinho o deserto. É necessária a caravana da comunidade cristã que nos ajuda, impulsiona e corrige, para chegarmos à Terra Prometida. A conversão pessoal conduz-nos aos Sacramentos e à Igreja, como nos mostra o caso de nosso amigo Carlos León: Carlos tinha um tumor maligno no cérebro, com conseqüências desastrosas: parali aralisia, sia, surdez e cegueira. cegueira. “Enquanto há vida, vida, há esperança”, repetia repetia a toda a gente. Carlos participava de um Encontro Mariano na cidade de Miami. Eu pregava, regava, mas não sabia sabia que Carlos Carlos se encontrava ali. ali. Contudo, Deus sabia sabia e curouo de tudo aquilo que o impedia de se relacionar com o mundo exterior. Durante o ministério de cura, Deus teve misericórdia dele e o tocou com a sua graça, que alcançou seu corpo, sua alma e sua vida inteira. Sua cura foi tão assombrosa para ele, para sua família e para os médicos que o seguiam, que falavam todos de um milagre. Mas Carlos sempre acrescentava: “Se Deus me amou de tal forma que me deu seu Filho único, como não iria me curar?” Jesus nunca deixa as coisas pela metade. Carlos não era católico mas, depois do milagre físico, deu-se o milagre moral. Depois de sua cura, decidiu batizar-se, partici articipar par na Eucaristi Eucaristiaa e consagrar consagrar seu casamento com Maritza, Maritza, com quem vivi viviaa sem estar unido pelo Sacramento. Ao receber a alegria de sua cura espiritual, 156
tomou-se uma testemunha, pois não podia deixar de falar de sua experiência, testemunhando em vários vários encontros carismáticos. carismáticos. Dois anos mais tarde, de forma surpreendente, Carlos adoeceu gravemente, complicando-se tudo até o desenlace final. Deus tinha vindo buscar seu filho. Um ano depois, quando pregava noutra Conferência Carismática em Miami, encontrei-me com a viúva de Carlos. Sem que fosse necessário pedir muito, aceitou partilhar o testemunho de seu esposo. Foi muito belo escutar de seus lábios palavras alavras ditas ditas com um misto misto de alegri alegriaa e de agradecimento agradecimento ao Senhor por ter realizado nele uma obra completa, permitindo-lhe testemunhar perante todos a força de Deus, para depois se entregar com confiança nas mãos de quem tinha mostrado tanto amor por ele. Fez referência à passagem de Lázaro, que tinha sido ressuscitado para manifestar a glória de Deus, mas depois morreu, pois o único que ressuscitou para permanecer para sempre vivo é Jesus Cristo, porque Ele é a ressurreição e a vida. A morte de Carlos não tinha apagado o testemunho; antes, tinha sido a preparação na terra para que a glóri glóriaa de Deus desses frutos na Igreja. Igreja.
Outro testemunho, apresentado por um sacerdote, ilustra maravilhosamente que depois de nascer de novo é necessário continuar a alimentar-se para que o dom da fé não se perca. De maneira muito esquemática e clara, define os meios essenciais do crescimen cr escimento to em Cristo: Cristo: Depois de mais de dez anos de hesitações e de luta, decidi deixar o sacerdócio. Por lealdade para com o Senhor, a quem ofendia com gravidade e freqüência; por lealdade para com os irmãos, para quem, em vez de ser a ponte que leva a Deus, muitas vezes, era obstáculo e tropeço; e, finalmente, por lealdade para comigo mesmo, pois não podia continuar me enganando ao seguir por um caminho que, por muito muito belo belo que fosse, tornara-se intransitável ntransitável para mim. Redigi Redigi e assinei assinei meu pedido, edido, rogando ao Santo P adre a redução ao estado laico. Deixei minha casa religiosa; solicitei e obtive emprego num cartório, pois tinha começado o curso de Direito. Assim chegou o mês de outubro e então o Senhor começou a intervir para me salvar. Apresentaram-me uma psicóloga muito profissi rofissional onal,, com quem falei falei várias vezes acerca de meu caso. Ela, Ela, profunda conhecedora de sua profissão, era sobretudo uma mulher de extraordinária fé. Afirmava-me que só Deus pode mudar o coração do homem, porque Ele é seu 157
Criador. Recomendou-me que reconsiderasse minha decisão, já que não conhecia ainda o poder de Deus. Ela estava experimentando sua renovação cristã através do Movimento Carismático e convidava-me a aproximar-me dessa corrente de graça. Aceitei, pois não tinha nada a perder. Um mês depois, estava recebendo o Batismo no Espírito Santo e uma cura interior de todas as feridas de minha história. Foi uma batalha terrível entre o homem velho que resistia a morrer e a força do homem novo com o poder da ressurreição de Jesus que queria vencer. Aos pés de uma imagem da Virgem Maria, deu-se a batalha final, em que Deus saiu vitorioso. A partir de então, experimentei uma mudança radical em vários aspectos de minha vida cristã: 1. Em primeiro lugar, a Escritura transformou-se em fonte de vida e de alegria para mim. Em meus 17 anos de sacerdócio, nunca tinha tinha preparado uma homilia homilia ou uma meditação socorrendo-me da Bíblia. Cenas do último filme ou da telenovela que estava na moda, comentários de um acontecimento do dia, declarações de algum orador, sagrado ou profano, eram as fontes que inspiravam minha palavra de sacerdote. Posso dizer que em minha oração pouco ou nada usava a Sagrada Escritura, pela simples razão de que nunca rezava. Poucas semanas depois do Batismo no Espírito, surpreendi-me lendo, meditando, saboreando e vivendo passagens que tinha escutado e lido sem lhes prestar a menor atenção. De repente, a Palavra tomava vida: “O povo que andava às escuras viu uma grande luz.” “Ele salvounos, não por obra de justiça que tivéssemos feito nós próprios, mas segundo sua misericórdia.” 2. A oração: com a necessidade da Palavra, chegou a fome da oração para saber o que Ele queria de mim. Mas sobretudo para o louvar, para o glorificar, para reconhecer a gratuidade absoluta de seus dons e também para pedir perdão pela nula correspondência da minha parte. 3. Vida sacramental: nos últimos anos celebrava só para cumprir compromissos. Recuperei o fervor e a devoção de meus primeiros anos de sacerdote: ser agarrado por Jesus, e nele nele e por Ele fazer presentes os frutos do sacrifíci sacrifícioo do Calvário; Calvário; todo o amor do Pai descendo para os homens em forma de perdão, de bênção, de graça e de dom, por meio de minhas mãos sacerdotais. O louvor, a adoração, a gratidão e a expiação apresentados ao Pai no coração de Cristo, mas através de um instrumento indigente e pecador. 158
O Sacramento da Reconciliação, sacramento de alegria, começou a ser administrado com uma compreensão e piedade que nunca tinha experimentado. O perdão e a bondade do Senhor tinham tinham sido tão incrivel incrivelmente mente maravilhosos maravilhosos comigo, comigo, que nenhuma miséria poderia parecer-me grande diante da imensa misericórdia do Senhor. Em especial, surgiu em meu coração um profundo sentimento de compreensão e afeto para com meus irmãos sacerdotes que caíram ou que vivem graves crises morais. Com Paulo, poderia repetir: “Se encontrei misericórdia, foi para que em mim, primeiramente, rimeiramente, Jesus Cristo Cristo manifestasse manifestasse toda a sua paciência paciência e servisse servisse de exemplo aos que haviam de crer nele para obter a vida eterna” (1Tim l,16). Agora sei por experiência que sua fidelidade não tem limites. O que fez comigo, pode e quer fazê-lo em grau maior ou igual com cada um daqueles que escolheu. 4. A comunidade: a última e insigne graça que quero agradecer ao Senhor foi o amor de minha comunidade. Comecei a precisar de meus irmãos, a experimentar a presença do Senhor neles neles e a sentir sentir, como próprios, próprios, os dons que eles eles recebem. Alegro-me com suas alegrias, partilho suas preocupações e experimento que só podemos crescer juntos no caminho da santidade. santidade. Cada um desses dons foi uma confirmação e uma reafirmação do dom do sacerdócio. O Senhor que tinha me chamado continua a chamar-me. Ele estava reavivando em mim, generosa e gratuitamente, “o carisma que tinha recebido pela imposição das mãos” (2Tim 1,6). E o dom dos dons é seu amor misericordioso, gratuito, livre e fiel. O ministério de seu sacerdócio depositado num vaso de barro, que continua e que continuará sendo de barro. É Ele, o dono e guardião do tesouro, que brilha mais por ser levado em tão pobre recipiente. A Ele a glória e o louvor na Igreja pelos séculos!
Para sintetizar esse ponto, devemos sublinhar que não se pode crescer em Cristo de forma isolada. Precisamos da união e da comunhão com todo o seu Corpo, que é a Igreja. O recém-evangelizado precisa formar parte ativa da comunidade eclesial, comprometer-se numa pequena comunidade em que possa continuar caminhando e crescendo na vida do Espírito. O amor dado e recebido é o alimento da Vida Nova; é o fruto que garante que o Espírito de Deus foi derramado em nossos corações. A comunidade não é optativa, porque é o
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ambiente em que se torna presente a salvação ganha por Cristo Jesus e que o Espírito Santo torna efetiva. A cada um cumpre tomar a decisão vital de viver o cristianismo da única forma que pode ser vivido: em comunidade, renunciando ao individualismo espiritu espiri tual al e formando formando o Corpo de Cristo que disse: diss e: “Pai, que sejam um um, para que o mu mundo creia” (Jo 17,2-1). 17,2- 1).
Oração Senhor Jesus, que queres que todos os homens se salvem, não de forma individualista, mas formando o teu Corpo, eu quero integrar-me plenamente na comunidade dos justos just os que caminham juntos para a Terra Terra Prometida. Que teu Espírito Santo me transforme em ti, para encontrar meu lugar e meu ministério no teu Corpo para serviço do mundo. Quero ser pedra viva do templo espiritual, unido aos santos e pecadores, ara edificar tua casa neste mundo. Obrigado por teres me chamado a fazer parte de teu Corpo, onde todos necessitamos de todos, onde também eu sou necessário para os outros. Ponho à disposição de meus irmãos quanto tenho e quanto sou. Obrigado por partilharmos a mesma fé, por estarmos animados por um só spírito, píri to, por termos um só Deus e um só Senhor. Senhor.
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7. Ensina-nos a orar O novo nascimento é o início da vida no Espírito, a qual deve ser cuidada e cultivada, para ser capaz de dar um fruto abundante e permanente. O alimento mais importante do recém-convertido é a oração, porque o mantém unido à fonte da vida, ao próprio Jesus que afirmou: “Sem mim, não podem fazer nada” (Jo 15,5).
Ensina-nos a orar Um dia, os discípulos aproximaram-se de Jesus e pediram-lhe com insistência: “Mestre, ensina-nos a orar” (Lc 11,1). Tinham compreendido duas necessidades: ecessi dades: a de orar or ar e a de serem s erem ensinados ensinados nesse caminho. caminho. Quando reconhecemos que necessitamos orar, estamos pagando a quota de inscrição na escola da oração. O início da vida de oração baseia-se no fato de podermos odermos repetir de maneira experiencial e xperiencial as a s palavras palavr as do salmista: s almista: “Minha “Minha alma alma tem sede de ti. Tal como o veado procura as correntes da água viva, assim minha alma te procura, ó meu Deus. A minha alma, como terra seca, tem sede de ti, ó meu Deus.” Um sinal de que a graça está operando em nós é saber que não podemos viver sem Deus, Deus, porque Ele é o único capaz capa z de dar sen se ntido pleno a nossa vida. vid a. Todos nós procuramos aprender muitas coisas. Existem escolas onde se ensina a ler e até a cozinhar. Muitas pessoas passam horas e horas em cursos de línguas. Contudo, poucos procuram o que é mais essencial da vida: aprender a rezar. Infelizmente, isso não se consegue com teorias nem com um curso por correspondência. A única maneira é rezando. Não se trata de uma uma arte que dominam dominamos, os, mas em que precisam precis amos os ser treinados, porque a oração é basicamente uma graça em que Deus toma a iniciativa. Quando os discípulos se aproximaram do Mestre para lhe solicitar que os ensinasse a rezar, Ele não deu um curso nem ensinou dinâmicas, mas simplesmente começou a rezar. Voltemos os olhos para o Mestre para lhe pedir 162
que nos ensine a rezar, sendo Ele próprio o modelo de oração em Espírito e em Verdade.
Atitudes de oração Orar não é apenas uma ação, mas antes de tudo uma atitude. Pode-se passar muito tempo rezando ou em atos de piedade, mas se não conseguimos entrar em contato com o Deus que transforma a vida, não podemos chamar-lhe oração autêntica. A disposição fundamental é a consciência de estar diante da presença de Deus, que é digno de todo amor, honra e glória.
O amor de Deus, chave da oração “Conhecemos o amor que Deus nos tem e acreditamos nele” (1Jo 4,16). A chave da oração baseia-se em acreditar e experimentar o amor de Deus. Por isso, para nos relacionar com Ele, precisamos aumentar a fé nesse amor incondicional que Ele nos tem. “Deus amou-nos primeiro” (1Jo 4,10). Este é o primeiro pressuposto na oração: Deus tomou a iniciativa . Portanto, nossa oração é uma resposta a esse amor. amor. Quando Quando experimen e xperimentam tamos os o amor divino, di vino, podemos po demos rezar como convém. convém. Não rezamos para alcançar um favor divino nem para agradecer algum de seus dons, sequer porque queremos louvá-lo e glorificá-lo. Basicamente, trata-se de uma resposta àquele que nos ama.
O Jordão “Tu és meu Filho muito amado em quem ponho minhas complacências” (Lc 3,22). Antes de Jesus começar a evangelizar os pobres, foi ao rio Jordão, onde teve a experiência do amor de seu Pai. Esse foi o ponto de partida tanto da vida de oração de d e Jesus como de seu ministério ministério público. públ ico. Graças ao Espírito, Jesus recebeu a força que o havia de capacitar para toda a luta e oposição, tendo de defrontar-se com espíritos imundos, suportar os convencionalismos das altas autoridades de Jerusalém e a hipocrisia dos fariseus. Onde se apoiava para resistir a todos esses embates e contradições? No fato de reconhecer-se profundamente amado por seu Pai. Por isso, antes de 163
começar o trabalho de pregar a boa-nova da salvação, Jesus teve o Batismo no Espírito, em que recebeu uma confirmação do amor de seu Pai. Por sentir-se amado pelo Pai, Jesus é capaz de passar a noite inteira em oração, para nos ensinar que ela é basicamente comunhão com quem nos ama. Em resumo, podemos afirmar que Jesus, Filho amado do Pai, curava, porque era Ele próprio a testemunha fiel e verdadeira do amor divino para com seus filhos que peregrinam rumo à Terra Prometida.
O Tabor Quando os ventos da tormenta pressagiavam uma luta até a morte, Jesus subiu a um monte alto para orar a Deus sozinho. Estando na intimidade de seu Pai, ouve-se uma voz que declarou seu amor pelo Filho do homem: “Este é meu Filho amado, escutai-o” (Mc 9,7). Antes de subir ao Calvário, Jesus escalou esta montanha ainda mais alta, o Tabor, para se encharcar do amor de Deus que lhe daria forças para entregar sua vida. O Monte Calvário só manifesta sua verdadeira e justa perspectiva a partir da transfiguração que provém do amor de Deus. Ninguém pode dar a vida pelos que ama, sem antes experimentar o amor de Deus por ele. Esse é o maravilhoso aravi lhoso itinerário que Jesus nos mostra. mostra. Prim Pr imeiro, eiro, experiment experimentar ar o amor de Deus, o qual nos levará a uma vida de oração que nos conduzirá a fazer a vontade do Pai. Se antes não experimentarmos o amor de Deus, não seremos capazes de dar a vida pelos outros. Ao repetirmos o pedido dos apóstolos: “Ensina-nos a orar”, não estamos dizendo senão “Renova em nós teu amor, para que possamos responder-te.” Assim, a oração não é principalmente uma forma de falar, mas uma maneira de se relacionar com Deus. Não se trata de aprender fórmulas ou determinar condições ou princípios para a oração, mas de se abrir ao testemunho do Espírito que nos faz chamar: “Abbá, Papai” a Deus. Vista assim a oração, ela não é outra coisa senão a relação com aquele que nos ama.
Oração e fé Todo o problema da oração se reduz à falta de fé em Deus. Não se trata de acreditar em sua existência. Isso não é suficiente para entrar em comunhão com 164
Ele, pois Satanás também acredita em sua existência e isso não o beneficia em nada. Pelo contrário, ele treme perante o poder celestial. A fé verdadeira consiste num ato de confiança em que Deus vai agir de acordo com suas promessas romessas de salvação. salvaçã o. Não é acreditar acredi tar em algum alguma coisa, mas em alguém alguém.. Não se trata de acreditar em Deus, mas de acreditar que o Senhor, que tanto nos amou, enviou seu Filho único para que todo aquele que crê nele não pereça, mas tenha a vida em abundância. A oração pessoal é uma demonstração de fé. Rezar diante do Senhor demonstra quão profunda é a fé nele. O tempo para orar na assembléia, a participação articipaçã o na Eucaris Eucaristia tia e a oração pessoal são manifestações anifestações de fé em que Jesus está vivo e é o Senhor da vida. Pelo contrário, abandonar a oração é um sintoma de que a fé está se apagando. É um ato profundo de fé estar uma hora diante de quem não vemos e às vezes não escutamos, mas que temos a certeza de que está ali. Jesus queixava-se ao Padre Gaston Courtois: “Não tens fé para passar uma hora diante de mim. Enquanto estás na terra, tens uma venda sobre os olhos. Mas pela fé e pela influência influência de meu meu Espíri Espírito, to, atua atua como como se me me visses.” visse s.” Não se deve d eve ter fé na na oração, ora ção, mas fé em Deus. Deus. Não podem pode mos garantir garantir que, ao rezar determinada oração tantas vezes e de certa forma, alguém vai conseguir aquilo que pede. Isso seria ter fé na oração. Não. A fé deposita-se em Deus, que cumpre o que promete. Acredita-se nas suas palavras, toma-se a sério o que disse e abandonamo-nos em sua misericórdia.Nossa oração deve ser como a do pai do epiléptico: epilé ptico: “Senhor, “Senhor, eu creio, mas aument aumentaa a minha inha fé.” Não como como uma fórmula, mas como uma atitude de vida. Reconhecer o Senhorio de Jesus e pedirlhe que aumente nossa confiança em sua Palavra. Trata-se de ter fé no amor imutável de Deus, que disse: “Os montes se moverão e as colinas correrão, mas meu amor não se afastará de ti” (Is 54,10). “Poderia uma mãe esquecer-se do filho de suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse, Eu jamais jamais poderei p oderei me esquecer de ti” (Is 49,15). Se acreditarmos nisso, nossa atitude quando rezarmos ou quando jejuarmos mudará totalmente. Não vamos pressionar Deus ou comprar suas graças, mas nos 165
abandonar com confiança n’Aquele que faz brilhar o sol sobre os justos e pecadores e que dá aliment alimentoo às aves do céu cé u. O Senhor dizia ao Padre Gaston Courtois: “Pede-me constantemente uma fé profun rofunda, luminosa luminosa e sólida; só lida; uma uma fé que não não seja sej a apenas uma uma união união in i ntelectual telectual às verdades dogmáticas e abstratas, mas que seja uma percepção de minha vida e uma uma presença pr esença de meu amor amor sem limites.”
O cajado do evangelizador “Chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos imundos; ordenou-lhes que não levassem nada para o caminho, para além de um cajado” (Mc 6,7). Jesus foi muito eloqüente quando enviou os seus sem nada, exceto com um cajado para o caminho. À semelhança de Moisés, esse cajado tinha duas funções: sinal da presença de Deus junto de seu povo e apoio para o caminho. Se o cajado caj ado serve ser ve para nos ampararmos, ampararmos, o ponto ponto de apoio apoi o do evang eva ngelizador elizador é a Palavra do Senhor. Não se apóia em suas próprias forças, mas confia na promessa romessa que o Senhor Senhor fez fez e que que lhe dá forças forças para par a ir mais longe. longe. Narra o livro livr o do Êxodo Êxodo (Ex 17,1-7) que, quan quando do o povo de Deus Deus se viu atacado pelos Amalecitas, Moisés foi para o monte rezar com a vara de Deus, que mantinha em suas mãos levantadas ao alto. Isso é muito significativo. Quando Deus olhava do céu para Moisés que rezava, a primeira coisa que via era a vara, que Ele mesmo lhe dera como sinal de sua fidelidade, quando se comprometeu a acompanhá-lo em todo o trajeto rumo à Terra Prometida. A oração de Moisés estava apoiada na promessa de Deus e por isso Moisés se agarrava à sua vara, para dar da r a entender entender a Deus que que confiava confiava em sua Palavra e não podia ser defraudado. Esta é a oração que garante a vitória em qualquer luta ou batalha: quando confiamos na Palavra que Deus pronunciou.
Oração e esperança “Na guerra, a vitória não depende do número de combatentes, mas da força que vem do céu” (1Mac 3,19).
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Atrevemo-nos a orar porque estamos certos de que o êxito e a vitória dependem de Deus e não de nossas forças. Por isso, ousamos ousamos esperar es perar contra contra toda a esperança, porque sabemos em quem pusemos nossa confiança. Existe na Bíblia uma palavra muito eloqüente: o povo de Israel ia pelo deserto rumo à Terra Prometida. Quando as provisões acabaram, o povo começou a protestar, exigindo carne no meio do deserto. Moisés clamou a Deus, que lhe prometeu satisfazer o pedido popular. Angustiado, Moisés não descobria solução possível e disse: “Senhor, nem todos os peixes do mar, nem os rebanhos de ovelhas nem os bois seriam suficientes para alimentar tantos.” Contudo, Deus surpreendeu-o com aquilo que Moisés não tinha considerado: no dia seguinte apareceram umas codornas que, cansadas do vôo, pousaram no chão e os hebreus comeram comeram toda toda a carne que quiser quiseram am.. Moisés só contava com três três possibilidade possibi lidades: s: bois, ovelhas ovel has e peixes, mas mas Deus tinh tinha planejado precisamen pr ecisamente te o que Moisés Moisés não tinha previsto. Deus tem sempre a resposta que nós não esperamos. Seus planos superam infinitamente os nossos e oferecem-nos uma alternativa inesperada. Quando se esgotam todas as possibilidades, Deus intervém precisamente com a alternativa não considerada. considerada . A oração é esperar que Deus vá atuar para além de nossas considerações e possibilidade ossibi lidadess hu hum manas, que Ele tem poder para realizar reali zar todas as coisas muito melhor do que podemos lhe pedir, de acordo com seu poder e sabedoria que superam inf i nfinitam initamente ente nossos nosso s pensamentos. pensamentos. Somos mensageiros de esperança num mundo que caiu no pessimismo. Jesus partilha conosco seu poder para libertar liber tar os que são escravos do rancor ou dependem de um vício ou de uma paixão que os prende. Muitas vezes, as pessoas querem mudar, mas não são capazes. Temos então a oportunidade de lhes anunciar uma boa notícia: Deus pode fazer aquilo que vocês não são capazes de fazer só com suas forças: libertá-los do pecado e salvá-los da morte eterna.
Oração e humildade Por outro lado, a oração nos torna humildes. Os orgulhosos não rezam, porque não reconhecem reconhecem que haja alguém alguém mais sábio e mais poderoso do que eles. Não podem admitir suas necessidades e nunca se ajoelham, porque 167
acreditam que são auto-suficientes e infalíveis. O vaidoso elimina Deus de sua vida, porque pensa que já não precisa dele. Quanto mais oramos, melhor nos enraizamos na vida. Com a oração, situamonos como criaturas diante do Criador. O pior que pode nos acontecer é perdermos nosso lugar lugar e começarmos começarmos a usurpar usurpar o que pertence a Deus. A oração e sobretudo a adoração mantêm-nos como criaturas que precisam de seu Criador.
Oração, dom do Espírito Através do Batismo no Espírito, experimenta-se o amor de Deus e ama-se a Deus Deus e aos a os irm ir mãos. Deus concede-nos concede-nos um espírito espíri to de louvor e de oração. Chegaram os dias anunciados pelos profetas (Jl 3,1-5), em que Deus há de derramar seu Espírito Santo sobre toda a carne. Estamos vivendo uma era privilegiada rivi legiada do Espírito. Espíri to. Nunca Nunca como agora vim vi mos os sinais de sua presença pres ença no meio de nós. No século da psicanálise, Deus suscita o dom do discernimento, muito mais profundo e exato que qualquer estudo de psicologia. Hoje, quando o homem se encontra tão só, apesar das comunicações instantâneas, Deus oferecenos o dom das línguas para entrar em profunda comunhão com Ele. Nessa época em que se proclamou a morte de Deus, só morreu uma imagem falsa desse Deus que parecia longínquo. O poder do Espírito que cura os enfermos e liberta os oprimidos mostra-nos que Deus está vivo e que dá vida aos que acreditam em seu Filho. Quanto mais confiança tivermos no amor divino, mais audácia teremos em pedir, com a certeza de receber. Isso é explicado por Jesus em uma passagem muito bela: bel a: “Peçam e lhes será dado; procurem e acharão; chamem e as portas serão abertas. Porque todo aquele que pede, recebe; o que procura, encontra; e ao que bate à porta, se s e lhe abrirá... abr irá... Se vocês sendo maus maus sabem sabe m dar coisas boas a seus filhos, com maior razão o Pai dos céus dará dar á o Espírito Espí rito Santo Santo a quem pedir a Ele” (Lc 11,9-13). Se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em nós, somos canais da vida divina para os que morrem na solidão, na dor ou em qualquer tipo de pecado. Se o Espírito habita em nós, não há por que nos 168
surpreendermos com estes presentes divinos que são os carismas do Espírito, entre os quais se encontra o dom das línguas. Nós não sabemos sabemos rezar como como convém, convém, por isso Deus Deus envia seu Espírito Espíri to Santo, que intercede por nós com gemidos inefáveis (Rom 8,26). O homem é incapaz de entrar na esfera divina, se antes Deus não tomar a iniciativa de chamá-lo para partilhar de sua vida. Para que o homem possa “conhecer” o íntimo de Deus, Deus o faz participar de seu Espírito Santo, o qual lhe ensina uma nova forma de entrar em comunhão com Ele. O dom das línguas é um dom de contemplação e de comunhão com Deus, uma vez que, muito para além dos conceitos humanos, permite relacionarmo-nos com Deus por meio de seu Espírito. Esse dom é para aqueles que sentiram a experiência de que sua linguagem é insuficiente para louvar e bendizer o Senhor, para os que sentem sentem que as palavras palavr as hu hum manas não exprimem exprimem o que seu coração quer manifestar. Uma vez, um sacerdote muito inteligente falou pela rádio que os que falam em línguas têm falta de vitaminas. Contudo, vemos com que força a Renovação se estende em 140 países. Não nos faltam vitaminas, mas Deus misericordioso presenteia esse dom tão belo a tantos tantos milhões milhões de católicos... católicos ...
Três orações-chave Há três orações no Evangelho que dão elementos muito ricos para nossa vida de oração: “Se quiseres, podes curar-me” Jesus atravessava a Galiléia, quando das cavernas saiu um leproso, gritando: “Se quiseres, podes curar-me” (Mt 8,1). Jesus respondeu exatamente a esse pedido: “Qu “ Quero, ero, fica curado” e aquele hom homem em foi curado curado de sua lepra. A cura não se ganha nem se merece. É um dom livre e gratuito da parte de Deus. Se o Senhor quiser, pode fazê-lo. Não é questão de seu poder, mas de sua vontade. É um ato soberanamente livre da parte de Deus. “Jesus, “Je sus, filho de Davi, Dav i, tem te m compai compaixão xão de mim” mim” Nas redondezas redondezas da cidade de Jericó, Jeri có, famosa famosa por suas palmeiras palmeiras e suas atividades comercia comerciais, is, encon e ncontrava-se trava-se um cego pedindo esmola esmola aos que passavam pass avam 169
nas caravanas. Mas, um dia, passou por ali Jesus e esse homem sentiu que estava diante de uma oportunidade única que nunca tornaria a se repetir, e começou a gritar com toda a sua força: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim” (Lc 8,38). Proclama Jesus como o filho de Davi, que deveria vir a este mundo. Antes de apresentar sua necessidade, faz uma solene declaração pública de quem é Jesus: o Messias anunciado pelos profetas. Não via, mas soube descobrir a identidade messiânica essiâ nica de Jesus Je sus de Nazaré. O conhecimento de Jesus é o ponto de partida da fé nele. Porque o conhecemos e sabemos quem é, depositamos nele nossa confiança ilimitada. Sabemos em quem confiamos. O cego abandona-se à misericórdia de Jesus. Não pede sua cura, mas vai à fonte de onde brota toda a saúde: a compaixão do coração de Jesus. Ele compreendeu perfeitamente que sua cura não é uma questão de poder, mas um profun rofundo ato de amor amor de Jesus. Por isso, pede que Jesus tenh tenha piedade dele. Descobriu que a essência ess ência da cu c ura é basicam basica mente ente um ato de misericórdia misericór dia divina. d ivina. Jesus disse-lhe: “Que queres que faça?” Obviamente a resposta era conhecida por todos. Contudo, o Mestre perguntava porque queria que sua fé se tornasse explícita. Não basta ter o desejo no coração, é preciso manifestá-lo com simplicidade, como faz um menino. Cada vez que oramos, Deus repete a mesma pergunta: “Que queres que faça contigo?” Devemos responder com a confiança do cego. Essa fé abre-nos a inimagin inimagináveis áveis surpresas do Espírito. Espí rito. Uma senhora de Jarabacoa, República Dominicana, deu-me o seguinte testemunho. Parece incrível, mas ao mesmo tempo mostra que Deus cura como Ele quer: Há alguns meses, uma de minhas filhas sofria do fígado. Foi ao hospital, onde lhe disseram que tinha de fazer uma operação que custava muito dinheiro. Como nós não tínhamos o necessário para pagar a cirurgia, refugiei-me na misericórdia de Deus, que nos diz que valemos mais do que os pássaros do céu. Disse-lhe que não tínhamos ninguém senão o Deus dos pobres que faz maravilhas. Com essa confiança fui dormir. À noite, sonhei que o Padre Tardif celebrava a Eucaristia no 170
pátio átio de minha minha casa. Antes eu dormia dormia nas missas, missas, mas agora agora até dormindo dormindo estava na missa, porque sabia que Deus me amava e não podia desapontar-me com respeito a minha filha. Ao acordar, fui contar o sonho a minha filha, e qual foi minha surpresa quando percebemos que, sem operação, ela estava perfeitamente perfeitamente curada. Sua cura foi confirmada pelo próprio médico que iria operá-la. Deus manifestou seu amor por nós, os pobres, que não temos ninguém senão Ele para nos curar e para nos salvar.
Antes de ter conhecido a Renovação Carismática, eu teria pensado que essa era uma história inventada. Mas, agora, o Senhor nos diz que Ele também pode atuar através dos sonhos. Porque dormimos, mas Jesus está vivo e não dorme. Deus Deus falou a José em sonhos sonhos e o profeta Joel refere-se re fere-se aos sonhos sonhos dos velhos. Deus é capaz de fazer aquilo que para nós, homens, é impossível. Não só porque é poderoso, mas por seu amor amor e misericórdi iser icórdia. a. Assim sucedeu com um ovem da República Dominicana, que vivia em Nova York. Tinha 28 anos e estava contaminado com o vírus da Aids. Participou de um retiro carismático em 1990, no qual a equipe rezou pelos doentes. Esse jovem sentiu-se invadido por um grande calor e uma grande emoção. Na semana seguinte, estava muito melhor e começou uma maravilhosa recuperação. Dois anos depois, as análises dos laboratórios médicos confirmaram que estava perfeitamente curado. Mas o mais importante é que sua vida inteira se transformou: hoje está dando testemunho por toda a parte. O que a ciência humana não pode, Deus pode fazê-lo com seu amor.
Nosso mun undo do perdeu a capacidade capaci dade de esperar milagres. Move-se apenas dentro dos parâmetros do racionalismo e do pragmatismo. Pretendemos medir Deus com a limitada inteligência humana. Perdeu-se a confiança do menino que espera que seu Pai lhe responda. Nós próprios conhecemos outros dois casos de pessoas curadas de Aids, Aids , porque para Deus Deus não há há nada impossíve impossívell (Lc 1,37). “Mestre, aquele que tu amas está doente” Lázaro, amigo de Jesus, adoeceu. Pouco a pouco a doença foi se agravando cada vez mais, até que os médicos perderam toda a esperança de vida. Então as irmãs do agonizante mandaram dizer a Jesus: “Mestre, aquele que tu amas está doente” (Jo 11,3).
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Não pediram nada. Simplesmen Simplesmente te comun comunicara icaram m a situação, e deixaram a Jesus a liberdade de fazer o que fosse melhor em seu plano. Nem sequer lhe insinuaram que viesse a sua casa. Simplesmente lhe deram uma informação: “Aquele que tu amas tanto, aquele que está no teu coração, está sofrendoa ponto de morrer. Se queres vir, vem; se queres permanecer alguns dias mais na Galiléia, faz isso.” Tratava-se de uma uma oração or ação de plena pl ena confiança. confiança. Elas estão seguras seguras de que, logo que o amigo souber de sua necessidade, vai fazer o que for melhor. Têm tanta certeza que nem pedem e deixam que Jesus atue de acordo com seu amor. Cada um de nós deve fazer sua esta oração: “Jesus, aquele que tu amas está doente disso ou daquilo. Não te peço que me cures, simplesmente te comunico que aquele que tu amas está sofrendo.” A isso nos convidava Jesus no sermão da montanha quando nos assegurou que Deus já conhece as necessidades de seus filhos e que, portanto, não são necessárias muitas palavras para sermos escutados, mas tudo depende da forma como rezarmos. Não se trata da quantidade de oração que façamos, mas da qualidade: orar com fé no amor misericordioso do coração de Jesus.
Oração renovada Deus está renovando o gosto pela oração. Hoje, mais do que nunca, vemos como pessoas simples e sem instrução religiosa vivem uma profunda vida de oração. Aqueles que foram grandes pecadores e que não seguiram nenhum curso ou retiro de oração entram em contato profundo com Deus. Sem dúvida estamos vivendo aquilo qu q ue foi anu anunciado nciado pelo pel o profet pro feta: a: “Olhem que vêm aí dias em que suscitarei a fome e a sede sobre a terra. Não fome de pão mas fome de escutar a Palavra de Deus” (Am 8,11). Participei de uma uma semana semana sobre sobr e a oração, orientada por um especialis especi alista. ta. Com detalhes técnicos, introduzia-nos pouco a pouco no árduo caminho da oração através do relaxamento do corpo, da respiração profunda, do esvaziamento da mente e coisas semelhantes. Mas, ao terminar a semana, eu estava mais frio que o gelo. Tudo estava centrado numa técnica exterior e não no fogo do Espírito, que vem em ajuda de nossa fraqueza e nos faz orar de forma totalmente nova. Quando os discípulos se aproximaram de Jesus para que lhes ensinasse a 172
rezar, Ele não começou um curso de técnicas para que se descontraíssem ou para que respirassem, mas simplesmente brotou de seu coração um grito de plena confiança em Deus: “Pai.” Não é que as técnicas não sirvam, mas nada pode suprir a ação primordial do Espírito Santo. Eu rezava pelos enfermos e não acontecia nada. Mas no dia 18 de novembro de 1973, quando rezavapor um homem que sofria de artrite e caminhava com dificuldade, um grande calor invadiu todo o seu corpo e ele começou a chorar. Depois, levantou-se e começou a caminhar sem nenhuma dor. Era o calor de Jesus que o tocara e curara. Foi a primeira vez que vi uma cura durante minha oração. Depois, desenvolveu-se em mim esse carisma de cura. Os carismas, que são dons espirituais, da mesma forma que os dons naturais, quanto mais se usam, mais se desenvolvem.
Enquanto não orarmos pelos doentes, não veremos as manifestações do poder de Deus nessa direção.
Conclusão A oração é a força dos homens e a fraqueza de Deus. Tudo é possível para aquele que crê. Só uma coisa nos é pedida, que reconheçamos a imensa necessidade que temos d’Ele e que tenhamos confiança. Reconhecer essa necessidade conservanos humildes, porque a confiança n’Ele nos levará à audácia de pedir qualquer coisa, ainda que pareça impossível ou absurda aos olhos dos homens. Creio que nisso não há técnicas. A única coisa de que precisamos é de fé no amor de Deus. O Padre Chevrier, fundador da Comunidade del Prado, dizia o seguinte: “O racionalismo mata o espírito do Evangelho e priva a alma do impulso que necessita ecessi ta para seguir seguir Jesus e para pa ra o imitar imitar em sua sua beleza bel eza evangélic evangélica.” a.” Hoje, mais do que nunca, só os santos poderão regenerar o mundo e trabalhar de modo eficaz para a conversão dos pecadores. Peçamos ao Senhor que nos dê essa simplicidade na oração, com a confianças dos meninos, como dizia Santa Teresa do Menino Jesus: Jesus espera-nos na oração como um amigo espera seu amigo.
Oração 173
Pai bom e misericord miseri cordioso, ioso, que nos chamaste à profunda intimidade contigo conti go ara participarmos de tua própria natureza divina, nós te pedimos que derrames sobre nós um espírito de oração e de louvor, para podermos entrar em plena comunicação contigo através de teu Espírito Santo. A oração e a contemplação cont emplação são dons gratuitos gratui tos de tua t ua magnanimidade. Dános, nós te pedimos, estes dons, para que possamos orar constantemente. Que teu Espírito Santo, Espírito de filiação, testemunhe em nós teu amor, ara que nos sintamos amados e vivamos como teus filhos, il hos, livres do temor. temor. umenta a nossa fé em teu amor, para que confiemos plenamente em tua Palavra e façamos nossas cada uma uma de tuas promessas. promessas. Aumenta nossa esperança para que estejamos seguros de que, que, quando todas as portas se fecharem para resolver nossos problemas, fica ainda a opção que não consideramos, e que é a tua. Se quiseres, podes curar-nos, purificar-nos e transformar-nos. Depende só de tua vontade e de que tenhas misericórdia de nós. Com toda a fé, nós te ritamos: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de nós; porque aquele que tu amas está doente e precisa de ti.”
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Index Folha de rosto Créditos Introdução Como tudo começou... PRIMEIRA PARTE
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VOLTA AO MUNDO SEM MALAS 1. A volta ao mundo sem malas 2. América Latina Brasil México Chile República Dominicana Casa da Anunciação P araguai Nicarágu icaráguaa 3. África Burkina Fasso Benim Mali Costa do Marfim Níger íger Congo 4. Europa Holanda Itália França Iugoslávia 5. Austrália 6. As Ilhas Remotas Ilha Maurício Ilha da Reunião Fidji
14 16 25 25 29 35 37 40 46 49 53 53 54 56 56 58 58 63 63 65 69 71 75 79 79 81 81 175
Ellice e Kiribati Conclusão 7. Canadá Conclusão Segunda PART E SEMINÁRIO DE VIDA NO ESP ÍRIT O Introdução 1. O amor de Deus Deus toma a iniciativa Amor incondicional e estável, que nada nem ninguém pode mudar P lano maravilhoso para cada um Oração 2. O pecado Má notícia: não podemos salvar-nos por nós próprios Oração 3. A salvação em Cristo A boa notícia Vida em abundância pela ressurreição de Jesus A mulher adúltera (Jo 8,3-11): paz consigo mesma O rico Zaqueu (Lc 19,1-10): paz com os outros O ladrão arrependido (Lc 23,39-43): paz com Deus Oração 4. Fé e conversão Fé Conversão A fé e a conversão manifestam-se na vida, ou não existem Oração 5. Dom do Espírito Oração 6. A comunidade Oração 7. Ensina-nos a orar Ensina-nos a orar Atitudes de oração O amor de Deus, chave da oração 176
82 85 87 88 90 91 93 96 101 102 105 106 109 111 117 119 122 123 123 123 124 129 131 135 137 138 143 146 151 154 160 162 162 163 163
O Jordão O Tabor Oração e fé O cajado do evangelizador Oração e esperança Oração e humildade Oração, dom do Espírito Três orações-chave Oração renovada Conclusão Oração
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