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ESPIÕES , MONSTROS, GÂNGSTERES & CIA: O GÊNERO EM HOLLYWOOD. A LEXANDRE B BUSKO V ALIM
Nesse capítulo discutiremos como os “filmes de gênero” pertencentes ao modo industrializado de produção oll!"oodiana podem ser analisados pelos istoriadores# $e antemão, ca%e ressaltar &ue os gêneros não podem ser vistos como uma construção ontol'gica &ue pouco tem a ver com a realidade cinematogr(fica# )lém disso, a discussão relacionada aos gêneros oll!"oodianos vai muito além das possi%ilidades desse texto, motivo pelo &ual, não nos aprofundaremos em discuss*es pontuais ou relacionadas ao desenvolvimento de um ou outro gênero# Tentaremos, pelo contr(rio, apresentar ao leitor algumas perspectivas &ue possam evitar a%ordagens onde os gêneros se+am vistos como categorias rígidas ou &ue tenam uma estrita função normativa, como muitas vezes ocorre na literatura -T)., /002 1345 67-89.6:, /00;2 03< 0;=# )o pens(mica e flexível tencionamos indicar a sua import>ncia para o trato do cinema pelos istoriadores e, dessa forma, o seu lugar dentro de uma ?ist'ria -ocial do 8inema#
$e todas as (reas da teoria liter(ria, talvez a mais estudada tena sido a dos tipos liter(rios, ou gêneros# Tradicionalmente, Tradicionalmente, a teoria dos gêneros é dividida em &uatro fases2 f ases2 cl(ssica cl(ssica,, neocl(ss neocl(ssica, ica, oitocentista oitocentista séc# @A@= e nove novecent centista ista séc# @@=# )inda )inda &ue o de%ate so%re a evolução dos gêneros se+a importante para a compreensão de como podem ser pensados no cinema, existem outros tra%alos &ue indicam essa evolução de maneira ampla e detalada )BT.)N, /003=# Cor essa razão, nos deteremos apenas a algumas &uest*es relativas ao cinema e pertencentes D denominada fase novecentista, nota notada dame ment ntee a parti partirr da reto retoma mada da da teor teoria ia dos dos gêne gênero ross pelo peloss cam camad ados os neo< neo< aristotélicos na primeira metade do século @@ 67-89.6:, /00;=# )lém disso, em%ora o estudo do gênero em filmes fil mes não se+a mais do &ue uma extensão do estudo dos gêneros gêneros liter(rios liter(rios existem diferença diferençass significat significativas ivas entre os gêneros gêneros liter(rios liter(rios e os fílmicos, &ue nesse momento não serão exploradas# ) partir da década de 14E0, as pu%licaç*es so%re os gêneros fílmicos cresceram exponencialmente, e criaram um campo separado de estudo dos gêneros liter(rios#
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)inda &ue não tenam se dedicado especificamente ao gênero fílmico, dois tra%alos ela%orados na&uele momento merecem desta&ue# :m The Fantastic, pu%licado originalmente em 14F0, Tzvetan Todorov procurava dissociar sua a%ordagem dos gêneros das ela%oradas anteriormente e oferecer uma %ase segura para &ue outros estudos so%re os gêneros pudessem ser feitos# Todorov distinguia entre os tipos tradicionalmente reconecidos épico, istorias curtas, poesia lírica, etc= e novos tipos sugeridos pela critica moderna# 9 autor camou os tipos reconecidos de “ist'ricos”, en&uanto os “te'ricos” eram definidos por críticos, ensaístas, +ornalistas, etc# ) formulação apresentada por Todorov considerava o leitor como parte imprescindível do surgimento e manutenção dos gêneros, e colocava &uest*es difíceis de serem respondidas, como2 pode um texto ser fant(stico para um leitor e não para outroG Cara ele, todos os textos fant(sticos causavam uma esitação no leitor entre duas leituras2 o estrano e o maraviloso# :, de outro modo, todos os textos &ue causassem esitação entre o estrano e o maraviloso, seriam considerados parte do gênero fant(stico# ) teoria de Todorov tem seu paralelo na ela%orada por :#$# ?irsc Hr, &ue em Validity in Interpretation, pu%licado em 14EF, aprimorou a noção de gênero no processo
de leitura# Não somente em leituras comuns ou interpretaç*es de gêneros liter(rios específicos, mas para todo o ato de leitura, liter(rio ou não# ?irsc Hr# desenvolveu a idéia de &ue os detales de sentido &ue o interprete compreende são fortemente determinados e constituídos por expectativas de significado# : essas expectativas surgem da concepção &ue o interprete tem do significado &ue est( a ser expresso# Cara o autor, uma concepção preliminar do interprete de um dado texto, é constitutivo de tudo o &ue ele entende posteriormente, e os resíduos desse entendimento permanecem até &ue essa concepção se+a alterada# )o relacionar o “gênero” com o “tipo de significado”, o autor expandiu a noção de gênero e, de acordo com IicJ )ltman /003=, inadvertidamente evidenciou a extensão do pro%lema, isto é, &ue gêneros liter(rios e fílmicos vão além das classes gerais de textos &ue expressam determinados tipos de significados# )s inovaç*es de teorias como a de Todorov e ?irsc Hr# residem em considerar seriamente os leitores e os seus (%itos de leitura na composição dos gêneros# $esde então, diversas a%ordagens contri%uíram para consolidar o campo de estudos dos gêneros fílmicos como uma (rea importante dentro da teoria do cinema# :m um tra%alo &ue apresenta um amplo orizonte dessas a%ordagens, IicJ )ltman /003=
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exp*e dez posiç*es relativas ao estudo dos gêneros em filmes &ue dão uma %oa mostra da diversidade e ri&ueza te'rica desse campo# Tomaremos suas posiç*es como um norte para tratarmos do tema no >m%ito da ?ist'ria -ocial# )utores de variadas tendências, como Tomaz -catz, Him Kitses e $udle! )ndre", têm pensado o gênero como uma categoria, com mLltiplas conex*es# Nessa perspectiva, os gêneros fornecem as f'rmulas &ue orientam as produç*es# 8onstituem as estruturas &ue definem os textos individuais, de forma &ue as decis*es são programadas e %aseadas primeiramente em critérios de gêneros# )ssim, a interpretação de um western
depende diretamente das expectativas &ue uma audiência nutre so%re os
westerns. Tais
aspectos são orientados pelo gênero, o &ue evidencia a versatilidade do
termo# Cara $udle! )ndre" 14M3=, por exemplo, os gêneros têm uma função &ue a%range toda a economia do cinema# :ssa economia é composta por uma indLstria, uma necessidade social pela produção de mensagens, um vasto numero de pessoas, tecnologia e um con+unto de significados e praticas# Nesse sentido, o gênero seria uma rara categoria &ue envolve todos os aspectos dessa economia, muito em%ora na maioria das vezes sua inter
9s êneros tam%ém podem ser entendidos como uma definição da indLstria filmica e reconecidos pela audiência de massa# Cartindo do pressuposto de &ue os gêneros são amplamente reconecidos pelos espectadores, ca%e a indagação2 como surge esse reconecimentoG )utores como -iegfried Kracauer 14MM= encontraram a resposta para essa &uestão em circunst>ncias culturais# 9utros autores, como Ton! 6ennett, por exemplo, optaram por tra%alar com as instituiç*es da recepção fílmica# 7ma posição &ue nos a+uda a pensar os gêneros na emissão e recepção de filmes é a
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adotada por HesLs .artín<6ar%ero# Cara o autor, os gêneros são um grande motor e ponto de ancoragem da indLstria cinematogr(fica no “aparato” perceptivo das massas# )lém disso, podemos transpor a discussão das caves de leitura de 8artier para a &uestão do gênero apontada por .artín<6ar%ero# Cara ele, o gênero não é somente &ualidade da narrativa, e sim o mecanismo a partir do &ual se o%tém o reconecimento, enquanto chave de leitura, de decifração do sentido, e enquanto reencontro com um “mundo#
Neles, as “condiç*es de leitura” serão tomadas e tra%aladas
sistematicamente a partir do espaço da produção# Cara o autor, um gênero ser( não s' um registro tem(tico, um repert'rio iconogr(fico, um c'digo de ação e um campo de verossimilança, mas tam%ém um registro da concorr!ncia cinemato"r#fica, e mesmo uma oportunidade de especialização para as casas produtoras .)ITON<6)I6:I9, 144F2 14400=# .artín<6ar%ero emprega o termo como algo &ue ocorre pelo texto, e não no texto, posto &ue em sua avaliação um gênero é, antes de tudo, uma estrat$"ia de comunica%ilidade,
e é como marca dessa comunica%ilidade &ue um gênero se faz
presente e analis(vel no texto Idem, I%idem& 0/=# Nesse sentido, a atenção ao gênero se faz importante em um filme desde a sua produção até a sua exi%ição em um determinado contexto# H( alguns te'ricos de gêneros fílmicos, como Tomas -catz e Beo 6raud!, optaram por mapear as origens industriais dos gêneros, sua aceitação pelo pL%lico, sua descrição e sua terminologia, comumente apresentando resultados &ue indicam uma comunicação integral e uniforme entre a indLstria filmica e audiências amplamente esparsas em termos de tempo, espaço e experiência# $essa forma, para um gênero fílmico constituir
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demasiadamente simplista, )ltman prop*e uma metodologia de tra%alo relacionada aos gêneros fílmicos dividida em &uatro pressupostos2 a= cada filme é produzido de acordo com uma tipologia genericamente reconecida5 %= cada filme apresenta estruturas %(sicas comumente identificadas com um gênero5 c= durante a exi%ição, cada filme é regularmente identificado com uma classificação genérica5 d= as audiências sistematicamente reconecem e interpretam cada filme como pertencente a um gênero# 9%servar tais pressupostos permitiria ao istoriador do cinema acompanar melor os processos pelos &uais os entendimentos acerca dos filmes são mediados# $entro de cada um deles poderiam ser adicionados pro%lemas &ue estivessem relacionados Ds &uest*es e afinidades do pes&uisador, como por exemplo, uma atenção ao modo como o gênero é pensando na propaganda de um determinado filme, ou grupo de filmes e D &ue pL%lico ela se dirige# :m virtude da complexidade &ue uma discussão so%re o gênero fílmico pode assumir, muitos tra%alos so%re cinema evitam a%ordar um filme, ou um grupo de filmes, &ue apresente características mal definidas ou cruzadas# )ssim, %oa parte dos tra%alos ela%orados so%re cinema utiliza recortes &ue são definidos a partir de gêneros com limites claros e identidades est(veis# citar tra%alos %rasileirosG=# -e alguns filmes são classificados a partir de gêneros com limites claros e identidades est(veis, nada mais natural do &ue certas produç*es assumirem tais identidades# Cor essa razão, os filmes individuais podem pertencer inteiramente, e permanentemente, a um Lnico gênero# Nessa perspectiva, em%ora os filmes geralmente se+am fruto de uma com%inação de diferentes técnicas de iluminação, estilos de filmagem, +ustaposição de diversos sons, diferentes locaç*es, etc, algumas vezes são tratados pela literatura cinematogr(fica como se pertencessem de modo ine&uívoco a um Lnico gênero# )ssim, cada filme é tido como um exemplo de todo um con+unto de características presentes em um gênero, levando muitos autores a afirmar &ue este ou a&uele filme “pertencem a”, ou “são mem%ros” de um gênero# -o% esse aspecto, mesmo os tra%alos &ue dividem os gêneros em su%gêneros, &uase nunca deixam dLvidas so%re &uais os filmes &ue merecem ser considerados como representantes do gênero em &uestão# $e acordo com IicJ )ltman, se parece l'gico &ue alguns filmes apresentem características pertencentes a mais do &ue a um Lnico gênero, parece razo(vel supor &ue, em relação aos gêneros, em contextos ist'ricos distintos os filmes podem ser vistos de formas diferentes# $iversos filmes anticomunistas produzidos em ?oll!"ood
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no contexto da 'aça (s )ru*as, por exemplo, tiveram seus roteiros “suavizados” ou mesmo completamente alterados ao serem exi%idos em países socialistas ou mesmo influenciados pelo socialismo# )tualmente, considera
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uma mítica e eterna %usca umana# Cara -uvin, a literatura de ficção científica, %em como outros produtos culturais nela inspirados, é antes uma negociação entre evidências empíricas e l'gicas, assim como noç*es s'cio<ist'ricas e sistemas de noç*es plausíveis# $esse modo, defende &ue em%ora os textos liter(rios tenam uma ardilosa e delicada relação com o contexto social em &ue foi produzido, todo tra%alo liter(rio est( eivado de istoricidade -7AN, 144M=# $e outro modo, ainda &ue os gêneros comportem certas similaridades, a sua variação é necess(ria# )utores &ue tra%alam nessa perspectiva têm apontado &ue, se por um lado os gêneros precisam descrever situaç*es de acordo com certos padr*es, por outro, esses padr*es precisam variar# $entro de uma série restrita de variaç*es, os gêneros são estudados, desse modo, a partir de seu ciclo de vida, isto é, nascem se tornam maduros e morrem -T)., /00/2 1;0=# 9 ciclo de vida do gênero visto assim é a%solutamente previsível, a exemplo da a%ordagem feita por Tomaz -catz 14M1=# 9 modelo antropom'rfico a &ue esse tipo de a%ordagem est( su%metido guarda met(foras, %em pouco convincentes, com a vida umana# Notadamente &uando se atri%ui a um gênero funç*es pr'prias do aparelo psí&uico umano, como a consciência, a reação ou a autodestruição# $e acordo com IicJ )ltman /0032 /1/=, os es&uemas evolucionistas tendem a pensar os gêneros de duas formas cíclicas e algumas vezes complementares# ) primeira, mais difundida, é a %iol'gica, &ue admite a possi%ilidade de aver mutaç*es inesperadas# Na segunda, tam%ém evolucionista, os gêneros se desenvolvem a partir de ciclos evolutivos padronizados e previsíveis# )mplamente adotados por autores &ue se dedicam a pensar o cinema, tais a%ordagens devem ser evitadas pelos istoriadores, devido ao modo como privilegiam din>micas contínuas e lineares em detrimento do processo ist'rico# :m%ora os filmes possam ser categorizados a partir de um amplo espectro de vari(veis, os gêneros costumam ser definidos a partir de um nLmero limitado de características# Nesse sentido, segundo alguns autores, para dois filmes pertencerem a um mesmo gênero, precisam ter uma mesma estrutura, um mesmo assunto, e um modo comum de configurar esse assunto# )ssim, o gênero fílmico diria respeito a con+untos de filmes &ue partilariam uma mesma sem>ntica e sintaxe )BT.)N, op cit =# Todavia, para alguns autores, estrutura e assunto nem sempre precisam coincidir# Nesse sentido, é recorrente entre a crítica especializada a crença de &ue filmes como Ta*i river, ou -tar +ars teriam uma configuração não tão pr'xima do suspense ou da ficção científica,
mas
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sim dos +esterns. :m alguns casos, aponta Io%ert -tam, a %usca por identidades supostamente su%mersas pouco podem contri%uir para o de%ate acerca dos gêneros, por tratar
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cultura &ue o produziu# )inda &ue muitos desses filmes se+am marcados por referências a outras produç*es e pela simplificação da ?ist'ria e das relaç*es umanas, acreditamos &ue em termos de uma ?ist'ria -ocial do 8inema, a perspectiva de &ue uma forte intertextualidade tem o condão de o%nu%ilar interferências contextuais na produção cinematogr(fica pode soar um tanto &uanto antitética# Nesse sentido, concordamos com $arJo -uvin &uando assevera &ue os resultados das convenç*es de gênero, são apenas parcialmente transgredidos normalmente pelo contato com outros gêneros e formas=# Cara ele, essas convenç*es guardam uma %ase comum entre os produtores, o interesse dos leitores, e os protagonistas &ue fazem as mediaç*es econPmicas e ideol'gicas entre eles -7AN, 14MM2 1;<1E=# :m%ora ouvesse v(rias perspectivas te'ricas &ue contri%uíram para o de%ate acerca dos gêneros, como as influenciadas pela psican(lise ou pela Nova ?ist'ria dos )nnales, durante as décadas de 14E0 e 14F0, duas grandes correntes se destacaram# $e um lado o estruturalismo antropol'gico e o liter(rio de 8laude Bévi<-trauss e ladimir Cropp com uma forte concentração na recepção das narrativas# $e outro, o marxismo de Bouis )ltusser, &ue procurava desvelar os aparatos ideol'gicos &ue as instituiç*es pL%licas e privadas ela%oravam através de sistemas sim%'licos e representacionais# Cara os estruturalistas, as audiências seriam as respons(veis pela criação dos gêneros, pois estes funcionariam para +ustificar e organizar a sociedade “cristalizando nossos dese+os e temores, tens*es e utopias” -T)., /002 13F=# $esse ponto de vista, as audiências teriam um papel especial no de%ate acerca dos gêneros, posição essa &ue foi defendida por diversos especialistas como IicJ )ltman, 6raud! e -catz# 6aseada em um modelo narrativo diverso, a perspectiva marxista conduziu o de%ate para outras conclus*es# Nessa perspectiva, os padr*es discursivos presentes no cinema, isto é, os gêneros, têm uma particular função e import>ncia, pois levam as audiências a uma unidade social e felicidades falsas# :n&uanto a narrativa estrutural interpretava situaç*es narrativas e relaç*es estruturais como soluç*es imaginativas para os pro%lemas reais de uma sociedade, a perspectiva marxista altusseriana via nessas mesmas situaç*es e relaç*es um mero modo de se iludir as audiências# ) perspectiva critica &ue via os gêneros como f'rmulas nu%ilosas voltadas para enganar os espectadores logo se tornou popular entre revistas francesas especializadas como o 'ahiers du cinema e a 'in$thique, e tam%ém entre outras de língua inglesa, como a -creen e a ump 'ut. )tualmente, uma a%ordagem marxista interessante no trato de filmes é a&uela adotada por $ouglas Kellner# Cara esse autor, a import>ncia do gênero nos filmes
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produzidos em ?oll!"ood reside na promoção do sono estadunidense, de seus mitos e de suas ideologias# ) sua afirmação torna
personagens oportunistas violentos e amorais, detetives particulares, policiais e marginais de toda espécie 8?IA-T9C?:I, 144F5 -AB:I U V)I$, 144/=# Srancisco 8arlos Teixeira da -ilva, por exemplo, em um artigo &ue procura o%servar como o gênero noir aparece na o%ra de -tanle! Ku%ricJ, identifica o pessimismo presente em alguns filmes estadunidenses a partir do gênero e do seu contexto de produção -AB), 144M2 31<;/=# ) concentração nas narrativas, em uma acepção ritualística tam%ém encontra resson>ncia na atualidade# 9s filmes &ue a%itualmente usam os mesmos elementos, caracteres e situaç*es, se desenvolvem, segundo -ergio )legre, como rituais, cimentando os pensamentos e ideais de uma sociedade e reforçando as normas sociais# $e acordo com o autor, essa característica contri%ui para &ue os filmes influenciem as atitudes e os modos de ver o mundo )B:I:, 144F2 FM=# 9%viamente, existe uma correspondência entre nossas experiências W e &ue no estudo dos filmes pode ser pensada em termos de intertextualidade W &ue pode ser entendida como um complexo de relaç*es entre os textos e as condiç*es sociais de sua produção e consumo T7IN:I, 144F2 1/3=# No cinema podemos pensar essas relaç*es a partir de referencias pe+orativas a uma idéia ou a alguém, e tam%ém a partir de citaç*es ou adaptaç*es de livros, par'dias de outros textos, alus*es precisas, ou ainda %reve citaç*es# )lém disso, como aponta .icele Bagn!, deve
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influências em termos de criação, mas sim de permitir identificar algumas das referências de &ue disp*e o consumidor B)NX, 144;2 14400=# $e todo modo, o pes&uisador interessado nas relaç*es entre 8inema e ?ist'ria não precisa encontrar a &ual&uer custo um modelo &ue consiga desvelar as funç*es ideol'gicas ou ritualísticas dos gêneros, +( &ue em alguns momentos os gêneros podem assumir uma ou outra função, e, até mesmo, am%as# $e acordo com IicJ )ltman em%ora as discuss*es de críticos acerca dos gêneros se+am um fenPmeno recente, a crítica tem um papel importante em não apenas determinar a sua existência genérica, mas tam%ém as suas fronteiras e o seu significado# )o fazer intercess*es entre as audiências e os filmes, entre a sociedade e indLstria, o crítico exerce o papel de um mediador, e, por essa razão, torna
Bibliog!"i!
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