©2002, de Darrell L. Bock Título do original Purpose-directed theology, edição publicada pela In
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SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA EONTL.
Todas as citações bíblicas foram extraídas da N o v a Versã o I n te r n a c io n a l (nvi), ©2001, publicada por Editora Vida, salvo indicação em contrário.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( c
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(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Bock, Darrell L. Unidade na diversidade : rumo ao consenso em meio às controvérsias teológicas / Darrell L. Bock ; tradução Dorcas Cristina Santos Freire. — São Paulo : Editora Vida, 20 04. Título original: Pwpose-directed theology i s b n 85-7367-733-3
1. Controvérsias teológicas 2 Evangelicalismo 3 Teologia doutrinai I. Título. .
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03-7360
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índice para catálogo sistemático
1. Evangelicalismo Evangelicalismo : Teologia : D ou trina cristã cristã
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DA UNIDADE NA DIVERSIDADE_______________________________________ 1 5 2.
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ÍNDICE ONOMÁSTICO
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Introdução
ode parecer estranho um livro começar sua história sem a intenção de tornar-se um livro, mas é o caso desta obra. A sua origem foi um discurso presidencial pr p r o f e r id o n o e n c o n tr o d a ETS (Evangelical (Evangelical T he heolog olog ical Society) Society) [Sociedade Teológica Evangélica], em Colorado Springs, em novembro de 2001. A dissertação original foi escrita alguns meses antes e apresentada na forma de esboço preliminar no workshop realizado na faculdade do DTS (Dallas Theological Sem inary) inary) [Seminário Teológico Teológico de D allas], em agosto de 2001. Entre a apresentação do esboço original para a faculdade em Dallas e o discurso para a ETS ocorreu o chamado 11 de setembro. Quando delineei esse debate interno para a ETS, realm ente não imaginava que tal aco ntecim ento trágic trágicoo daria ainda ainda mais repercussão a meus comentários. De repente, habitávamos um mundo onde a importância da visão religiosa mundial foi colocada em foco de maneira devastadora. O contexto inicial do discurso para a ETS foi a discussão/ debate polêmico em torno do teísmo aberto: se seus propo
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nentes deveriam continuar fazendo parte da ETS. Meu objetivo no discurso não era solucionar essa questão, mas discutir como os evangélicos, como uma comunidade, precisam e devem resolver discussões polêmicas e como sua abordagem da teologia deve dedicar-se a essa questão polêmica em sua essência, método e tom. A meu ver, não nos comprometemos muito uns com os outros quando sentimos que a verdade é complexa demais. Entretanto, a dissertação procurou discutir uma questão ainda mais fundamental: o que deveria conduzir ou direc ionar ion ar nossas energias e atividades teológicas, teológicas, esp ecialm ente nesses momentos quando evangélicos de diversas origens se unem? Isso explica por que assuntos focados na ETS são tão destacados em meus comentários. No entanto, analiso essas discussões apenas como um microcosmo de questões que se refletem em todo o mundo evangélico e que poderiam estar pr p r o jeta je ta d a s e m q u a l q u e r a s s u n to q u e n o s p r e o c u p a . A ssim ss im , o livro livro utiliza utiliza es essas dis discus cussões sões particula rm en te focadas com o um a amostra do modo como estamos comprometidos e de como deveríamos nos comprometer uns com os outros. Após o discurso, os editores da InterVarsity Press (1VP) m e convidaram a considerar a possibilidade de transformar meus comentários em um pequeno livro. Assim, este livro aborda questões importantes sobre o método, o tom e o diálogo dentro do evangelicalismo, especialmente em um debate polêmico. Gostaria também de considerar a natureza desse debate em relação ao chamado maior da igreja para missões, pois receio que essa missão corra o risco de ser engolida pela tendência do evangelicalismo de gastar mais energia nesses debates entre quatro paredes. A discussão foi levemente revisada no que diz respeito à pr p r e m iss is s a d e q u e a d e lib li b e raç ra ç ã o d a ETS é somente um sintoma de outras muitas discussões evangélicas. Os leitores se identificarão com os pontos de conexão, mesmo que as questões específicas tratadas forem diferentes.
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Meu discurso na ETS não conseguiria levantar uma série de assuntos importantes vinculados ao futuro evangélico, a saber: a metanarrativa, o pós-modernismo e como os cristãos podem e devem dirigir-se a outras culturas. Incluí esses tópicos em meu esboço original para os estudantes do Seminário Teológico de Dallas, mas decidi retirá-los de meu discurso para a ETS, po p o is t o r n a r i a m a a p r e s e n ta ç ã o o r ig i n a l c o m p l e x a d e m a is. is . A oportunidade de passar da forma oral para a escrita me pro po p o r c i o n o u a lib li b e r d a d e d e in se r ir essas q u e s tõe tõ e s f u n d a m e n ta is novamente na discussão como uma importante introdução geral. A abrangência do capítulo inicial sugere sua importância. Um esboço mais trabalhado desse material específico foi apresentado em discurso discurso plenário plenário no e nc on tro regional da ETS, em março de 2002. O incentivo que recebi serviu para confirmar que eu deveria acrescentar essa discussão ao conjunto da obra. Dessa forma, o primeiro capítulo é uma introdução de como buscar uma teologia da unidade na diversidade com uma essência ou um eixo de prioridades versus um conjunto centralizado ou limitado proposto pelos outros. Esse modelo é prom issor com o um guia para a igrej igrejaa em seus seus vári vários os debates. debates. U m a essência ou núcleo de prioridades pode também nos ajudar a dialogar, especialmente à medida que começamos a considerar quais diferenças são fundamentais e quais não devem rece be b e r t a n t o e n f o q u e . A d e t e r m i n a ç ã o d e ssa ss a e s sên sê n c ia p o d e n o s ajudar a focar não só o contexto da teologia, mas também o mérito e a importância de nossas várias discussões. O evangelicalismo pode utilizar uma discussão séria sobre o que pertence e o que, historicamente, pertenceu a essa essência dentro da igreja. Não farei nenhuma proposta específica de conteúdo. Esta é uma função da comunidade. Entretanto, realmente es pe p e r o faze fa zerr ob obse serv rvaa ç õ e s s o b re o m o d o d e o lh a r p a r a essa essê es sênncia e sobre o que é crucial para trazê-la à tona. O corpo principal do ensaio é apresentado a seguir. O que era um simples ensaio agora está dividido em pequenos capí
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tulos distintos nos quais discorro sobre vári várias as preocupa ções que refletem minha jornada no evangeiicalismo e além dele. Outra vez, a base é uma discussão sobre as raízes históricas do evangeiicalismo e da ETS, uma organização profissional de estudiosos com cinqüenta e três anos de existência que, particularmente, tem sido um termômetro evangélico conservador das discussões que ocorrem no evangeiicalismo norte-americano de maneira mais abrangente. Portanto, trato de sua história e da do evangeiicalismo, assim como de temas diversos referentes à composição do crescimento internacional do evangeiicalismo, aos estudos sobre Jesus, à crítica bíblica, à formação espiritual, à questão das mulheres, à globalização, à análise cultural e ao teísmo aberto. A essas questões acrescentei breves comentários sobre a recém-retomada polêmica a respeito da tradução da Bíblia, outro exemplo de como, às vezes mediocremente, nos com portam os em tais tais polêmic polêmicas. as. Fiz Fiz tam bém um brev brevee comen tário sobre a declaração “A palavra se fez nova”, feita por aqueles que estão preocupados com o tom e as prioridades do evangelicalis calismo, mo, caso caso esteja estejam m sendo con duzidos erronea m ente. N en hu ma dessas abordagens é completa. O ponto principal, todavia, não é uma análise detalhada dessas questões (cada uma delas po p o d e r i a g e rar ra r u m a m o n o g r a f ia ) , m as sim si m q u e as q u e s tõ e s e s tu dadas sejam aquelas relacionadas ao método e ao princípio do modo de trabalhar nosso caminho para a avaliação e com pr p r e e n s ã o d a c o m u n i d a d e e c o m o d e v e r í a m o s t r a b a l h a r e m missões. Também é importante que os leitores compreendam que não estou me dirigindo ao modo como determinada denominação ou seminário deve funcionar, mas à maneira como algo tão heterogêneo quanto o evangeiicalismo deveria funcionar. E fundamental compreender a diferença entre os tipos de estrutura que Deus usou e tem usado. Em toda esta obra, faço distinção entre instituições abertas e fechadas, nas quais algu
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mas esco escola lass confessi confessionais onais e den om inac iona is se se encaixam. U m a de minhas premissas é que o evangelicalismo está presente nos dois tipos de instituições. Muitas instituições evangélicas são fechadas até certo ponto, enquanto outras bem estruturadas se mantêm comprometidas a uma essência evangélica de fé, po p o r é m , a lgu lg u m a s in stit st ituu içõ iç õ e s a b e rta rt a s , e i n te n c io n a l m e n te e s tru tr u turadas, são boas. Cada instituição deve ter consciência de sua identidade e do papel que procura desempenhar. Existe espaço tanto para instituições especificamente fechadas como para aquelas que pretendem ser mais abertas, embora estas, como instituições evangélicas, também tenham seus limites. A diferença serve para nos manter responsáveis pela verdade, de forma que a existência e a condução de instituições fechadas por si só não nos levem a crer que as instituições abertas não venham a se tornar um festival teologicamente indisciplinado. Acredito que meus comentários sobre os grupos eruditos, as escolas e as denominações também se aplicam aos mercados de mídia evangélica e editoras. Acredito também que existe certa confusão sobre nossas instituições, e vê-las com o mesmo objetivo contribui para a polêmica de alguns debates a respeito de certos grupos evangélicos. O evangelicalismo é a expressão mais vibrante da fé cristã. Ele considera de forma séria os vários elementos do chamado da igreja: a adoração e o culto ao trino Deus criador, a centralidade de Jesus Cristo, a importância da obra do Espírito, a verdade, o evangelho, a teologia, a exegese, o pecado, a salvação, a missão, o ministério, a santidade, a formação espiritual, o engajamento cultural, a comunidade da fé e do mundo em geral e o reconhecimento de que todos somos e seremos res po p o n sáv sá v e is p e r a n te D e u s . A lgu lg u m a s pe pess ssoa oass fic fi c a m tão tã o i n c o m o dadas com a falta de definição de evangelicalismo, com a po p o lêm lê m ic a d e n tr o d o m o v im e n t o o u c o m sua su a falt fa ltaa d e e s tr u tu r a e responsabilidade teológic teológica, a, que se pe rgu nta m se o term o a inda
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é útil. Escrevi esta obra acreditando que o evangelicalismo, como movimento e conceito, merece ser mantido, desde que não se torn e implosivo implosivo assim assim com o o fund am entalism o no últiúltimo século. Este livro é apresentado como uma reflexão sobre como falar a respeito dos assuntos vinculados a uma comunidade heterogênea e complexa como o evangelicalismo. A diversidade de sua composição gera, inevitavelmente, tensões entre os crentes, sem mencionar quando a mensagem cristã é levada para o mundo. Meu objetivo é modesto: fazer que os leitores reflitam não somente no que os evangélicos discutem, mas também que analisem assuntos teológicos, diálogos e verdades polêmicas em um mundo cada vez mais globalizado no qual os evangél evangélico icoss são são m inor ia — um detalhe fácil fácil de esquecer em algumas partes dos Estados Unidos, onde os evangélicos representam uma maioria significativa da cultura local. Se o presente estudo gerar uma compreensão mais abrangente da dinâmica da discussão teológica e de como conduzi-la diante de questões maiores, então terei alcançado meu objetivo, este tão modesto quanto o tamanho desta obra. Agradeço aos membros do Seminário Teológico de Dallas e da Sociedade Teológica Evangélica, que pacientemente suportaram as primeiras edições desta discussão. A resposta e o diálogo prove nientes de dess ssas as prim eiras apresentações aperfeiçoaram minha compreensão dos assuntos levantados e demonstraram o que o diálogo pode realizar de maneira positiva. Gostaria também de agradecer aos editores acadêmicos da IVP, que gentilmente me convidaram a transformar minhas reflexões sobre evangelicalismo e método teológico em um livro. Dedico este livro aos membros de sete instituições evangélicas cas diferentes — algumas algum as fechadas, outras m ais abertas, além além de um a com unidade de ador adoraçã açãoo — que tornaram tornaram m inha ca c aminhada com Deus mais profunda por causa da seriedade de seu relacionamento com Deus. O corpo de Cristo é privilegia
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do por sua existência. Dedico a eles esta obra: Seminário Teológico de Dallas, Sociedade Teológica Evangélica, Instituto de Pesqui Pesquisa sa Bíbl Bíblic ica, a, F ór um de Form ação Espiritual, Sem inário Teológico de Talbot, Seminário Teológico Centro-americano (cidade da Guatemala) e Trinity Fellowship Church. Sou grato a Deus por essas instituições e a eles pelo companheirismo e pelos comentários que realmente foram revigorantes. D a r r e ll L. B o ck
IN T R O D U Ç Ã O À P O L Ê M IC A N O E V A N G E L IC A L IS M O E À T E O L O G I A D A U N I D A D E N A D I V E R S IDI D A D E U m a p e lol o à m e t a n a r r a t ivi v a , a o r e a l i s m o c rít ic o e à a b o r d a g e m b í b lic a f u n d a m e n t a l is t a
ou um exegeta mergulhando em águas teológicas no que diz respeito ao direcionamento evangélico e aos métodos em meio a um mundo em turbulência. Mergulhei porque, como exegeta, observo que nos últim os debates d ebates de especialis especialistas tas em teologia sistem ática e de filósofos filósofos sobre o método e a introdução ao método teológico, as Escrituras não têm sido diretamente trabalhadas. Neste capítulo, faço o mesmo, pois a maneira como abordamos a Bíblia influencia a maneira como a lemos. O papel que damos à Bíblia afeta a mane ira como a usamos. usamos. Assi Assim, m, este este capítulo capítulo é um a intro du ção sobre como pensamos e agimos teologicamente. O texto e a argumentação deste capítulo estão dispostos em camadas, o que significa que os detalhes mais técnicos são, em algumas discussões, mais minuciosos e margeados por uma regra vertical. Os leitores que não desejarem ler todos os detalhes poderão pular este trecho e, mesmo assim, conseguirão acompanhar minha argumentação. Entretanto, esses detalhes são importantes demais para serem relegados a notas. Além disso, são destinados
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aos leitores que desejam ver exemplos de áreas nas quais os evangélicos deveriam se engajar, contudo têm permanecido em silêncio por muito tempo. Comprometer-se diretamente com nossa cultura é trabalhoso, especialmente para escritores que a tratam e a moldam de acordo com seus estudos e análises. Mergulhei porque ouço acusações e críticas no debate a respeito da abertura e do método teológico evangélico de uma maneira em geral. Os estudiosos fazem alegações de que um dos lados do debate é prisioneiro de algum tipo de idéia sedutora filosófica, seja a veterana do neoplatonismo e da filosofia grega, a sedutora meia-idade do modernismo, na forma de teologia princetoniana, seja a atraente jovem do pós-modernismo ou pós-modernidade. O debate naturalmente levanta as questões sobre a direção do evangelicalismo e para onde devemos ir, especialmente dentro do evangelicalismo. Estamos lidando, em parte, com um mundo de conhecimentos preestabelecidos e raízes filosóficas e assim, relutantemente, mas por necessidade, busco nos próximos capítulos alguma perspectiva filosófica, histórica e bíblica de como tratar das questões a respeito da identidade, do propósito e do direcionamento evangélico. Para obter mais detalhes, peço aos leitores que acompanhem as notas de rodapé de cada seção. Nes N essa sass n o tas ta s , vo você cêss e n c o n tra tr a r ã o disc di scus ussõ sõee s e d iálo iá logg o s q u e os evangélicos perigosamente ignoram, se queremos avaliar corretam retam ente com o falamos falamos com o m un do onde vivemos vivemos e somos chamados para servir. Só posso esboçar os assuntos principais desta obra e expor sugestões de caminhos que devemos pensar em trilhar juntos a fim de nos dirigir de maneira mais eficiente a um mundo carente. Um mundo de Deus e nosso também.
PÓS-MODERNISMO E EVANGELICALISMO Com eço com o pós-m pós- m odernismo, odernismo, que é o prod uto de um m undo que se torna cada vez mais globalizado e diverso, pelo me-
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nos em termos da complexa composição de nossa consciência. A coisa mais fácil de fazer é abraçar a diversidade e deixar cada escolha ou preferência a cargo de cada indivíduo. Isso é abandonar o diálogo sério e a aprendizagem proveniente do com pr p r o m i s s o , e s p e c i a l m e n t e s o b o a s p e c t o d a s d i f e r e n ç a s e m comprometimentos e orientações fundamentais. Uma teologia da unidade na diversidade está comprometida pelo envolvimento e até mesmo pelo diálogo desafiante a respeito de Deus no mundo. Ela procede dessa forma quando reconhece que há uma tensão fundamental entre a alegação de falar por Deus e o conhecimento de que nenhum ser humano po p o s sui su i u m a c o m p r e e n s ã o p e rfe rf e ita it a . A ssim ss im , c o m o p o d e m o s e n trar em um acordo entre abraçar uma verdade revelada que traz vida e a necessidade de crescer, aprender e ser continuamente transformado por essa verdade? Como permitimos que essa verdade nos molde de novo até que o seu trabalho esteja completo em glória? Como submetemos nossa vida a Deus em relação ao seu mundo, à sua Palavra e à sua comunidade, de maneira que continuemos a aprender e ao mesmo tempo nos comprometendo com ele e sua verdade? Talvez essa seja a maior tensão que os evangélicos enfrentam em sua busca pelo chamado divino. Buscar isso em meio a um mundo que tem pouca pa p a c iên iê n c ia c o m u m o b jeti je tivv o q u e fala fal a d e v e rd a d e e m o r a lid li d a d e sem dificuldades, torna uma missão árdua ainda mais difícil, especialmente quando os próprios evangélicos não conseguem chegar a um acordo sobre a verdade. Começo recomendando a leitura obrigatória de um con ju j u n t o d e p e q u e n o s en ensa saio ioss s o b re as q u e s tõe tõ e s p ó s - m o d e rn i s ta s que descrevem nosso cenário atual. São eles: Delete “post” from B o o ks a n d C u ltu lt u r e , “postconservative”, de Richard Mouw, Bo maio-junho de 2001, p. 21-2; Christianity and postmodernity, risti an Scho Sc ho lar’ la r’s R eview ev iew 26, n.° 2 (1996): de Alan G . Padge tt, tt, Ch ristian p. 1 2 9 - 3 2 , q u e c o n té m tip ti p o s d e resp re spoo stas st as ev evan angg élic él icas as ú teis te is ao
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pó p ó s-m s- m o d e rn ism is m o ; e Postmodernism and the gospel: onto-theology, metanarratives andperspectivism, de Merold Westphal, Perspectives 15 (2000): p. 6-10.1 O título do ensaio de Mouw revela sua tese. Em seu ponto de vista, o prefixo não é útil. Westphal discute como os cristãos reagiram de maneira exagerada ao avaliar o pós-modernismo, da mesma forma que a maioria dos pós-modernistas analisou erroneamente todas as expressões do cristianismo como objeto de repressão nos ensinamentos que Westphal chamou de “a gangue dos seis”: Nietzsche, Heidegger, Derrida, Foucault, Lyotard e Rorty. Ele discute a crítica de Heidegger à ontoontologia, a reação de Lyotard contra a metanarrativa e a afirmação pós-modernista do relativismo e perspectivismo como três exemplos merecedores de uma reflexão mais cuidadosa. As preocupações de Westphal em sua discussão do pós-modernismo são os mesmos pontos nos quais os realistas críticos se mostram sensíveis, conforme é demonstrado a seguir. Padgett critica um trabalho recente de Westphal, rejeita a dupla classificação proposta por ele e, ao mesmo tempo, apresenta um artigo artigo de G ary Percesepe.2 Percesepe.2 A parte intro d utó ria do trabalho de W estphal à qual Pad gett reage reage é “A “A av estruz estruz e o bicho-p apão : po p o s ic io n a n d o o p ó s - m o d e r n i s m o ” ,3 e m q u e ele a r g u m e n ta q u e há duas reações cristãs predominantes em relação ao pós-modernismo: ser como uma avestruz (fingir que ele vai embora) ou enxerg enxergáá-llo com o u m bicho-papão (um ser dem oníaco, produto dos pensadores ateístas e não bíblicos). Padgett responde
1Sou gr ato a Steve Steve Spencer, da W he ato n College, po r ess esses dois artiartigos fmais. 2T he unbearable lightness lightness o f being postm ode rn, Ch ristian Sch ola r’s Rev R ev iew ie w 20, 1990: p. 118-35. 3T he ostrich and the boobeym an: placing placing the postm odern ism, T he Ch ristian Sch ola r’s Review 20, 1990, p. 114-7.
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que Westphal não considera duas outras opções: o “melhor am igo” (um a aceita aceitação ção rápida demais do pós-m odernism o) e o “parceiro crítico de diálogo” (que ouve as preocupações da pósmodernidade e conduz seu público a uma discussão crítica). Eu argumento a favor dessa quarta opção e insisto que, se a teologia teologia tem tem de pe rm anecer crista crista e evangélica, as raízes bíblicas e cristológicas da narrativa cristã não devem ser comprometidas. Padgett também questiona se devemos falar de “pós-modern ismo” pois, a seu ver, o termo não é um sistema articulado suficientemente coerente para ser considerado um ismo. Ele pref pr efee re fala fa larr d e u m a a titu ti tu d e p ó s - m o d e r n a o u d o p ó s - m o d e r n o , que “celebra a morte da rainha razão (incluindo o pensamento linear e científico’), do ego independente, da verdade absoluta e de quaisqu er m etanarrativa s un ificadoras (ou ‘totalizadoras’ ‘totalizadoras’)”.4 )”.4 Gosto dessas discussões de método não apenas porque sou um exegeta, mas também como alguém que nos últimos anos assumiu a responsabilidade de refletir na formação espiritual e cultural no Centro de Liderança Cristã do Seminário Teológico de Dallas. Também tenho lido com interesse Stanley Grenz, cuja obra provocante tem estado no centro das propostas evangélicas que indicam que direção direção os ev evan angél gélic icos os devem tom ar.5 E m minha opinião, a discussão que ele propõe focaliza muito a problem ática do pós-m odernism o, atenu and o o papel central da Bíbl Bíblia ia como revelação pro-posicional que afirma a verdade e a realidade. Entretanto, representativamente, a linguagem de sua obra assim procede. Sua obra também atenua as raízes dos possíveis meios de, teologicamente, adquirir conhecimento e fazer julgamentos. Ela deixa muito do texto para interpretação da comunidade em detrimento de um compromisso expresso com os 4Christianity and postmodernity, Christian Scholar’s Review 26, n.° 2, 1996:129. ’Renewing the center , Grand Rapids: Baker, 2000.
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pa p a r â m e tro tr o s q u e a B íbli íb liaa n o s a p re se n ta e m rela re laçã çãoo ao p e n s a m e n to cristão, especialmente em nossa avaliação da cultura e na defesa dos “novos paradigmas” de exercer a teologia. Concluindo, a Bíblia funcionaria como o principal empecilho que nos afasta de “trilharmos nossos caminhos” enquanto contemplamos as coisas de Deus e tentamos viver de modo diferente daquele para o qual Deus nos chamou.
A BÍBLIA NO CONTEXTO PÓS-MODERNO R e n e w in g Meus comentários se aplicam à “pauta” proposta no Re the center. Outras obras de Grenz talvez tratem mais profundamente esse tema. Mas em R e n e w in g the th e cent ce nter er não há detalhes suficientes sobre como alguém trabalha com a Bíblia e com o esta esta desem penh a um papel norm ativo ou central.6 N ão gostaria de ser mal compreendido em minha crítica a Grenz. N e m e s to u d iz e n d o q u e lhe lh e falt fa ltaa u m a visã vi sãoo m a io r d a B íbli íb liaa o u que sua abordagem geral não merece uma reflexão séria ou que ela não é evangélica. Afirmo que a falta de discussão sobre o papel da Bíblia nesse caso não é desenvolvida em Re R e n e w in g the center. Uma apresentação mais clara sobre o modo de a Bíblia ajustar-se como “norma” poderia ajudar alguns evangélicos licos a un unir-se ir-se m ais facilm en ente te a ess essee mod m odelo. elo. Tal discussão discussão aparece em sua obra com John R. Franke, na qual Grenz enfatiza que a Bíblia funciona como o meio pelo qual o Espírito fala à igreja igreja,, o “pad “pad rão no rm ativo” ativ o”..7 E m bo ra a função fun ção da Bíblia seja seja R en ew ing in g the th e center com mais desenvolvida neste livro do que em Ren c om
6V. os co m en tário s sobre esta discussão na n ota 14, assim assim com o na discussão em fontes pequenas após o parágrafo de resumo dos principais destaques sobre a natureza da Bíblia aqui. Be B e y o n d fun fu n d a m e n ta lis li s m : shaping theology in a postmodern context, Lousville, Ky.: Westminster John Knox, 2001, p. 57-92.
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atenção especial à doutrina da Palavra-Espírito, ainda sinto certa hesitação para expressar a qualidade do resultado da escrita de m aneira ane ira clar clara. a. E com o se a Pala Palavra vra não foss fossee nada nad a sem o Espírito. Espírito. Contudo, o fato de o Espírito inspirar a Palavra e ter ajudado a criá-la sugere que o produto e sua narrativa, proposições e prom pr omes essa sass possuem autoridade não somente sobre como o Es pí p í r ito it o as usa, us a, m a s t a m b é m c o m r e s p e ito it o ao q u e elas ela s a fir fi r m a m . Há uma autoridade no texto, pois ela é induzida pelo Espírito, seja eja o pr od uto “delegado” ou “ap “ap rop riad o”. Ao defen der es es s a po p o siç si ç ã o , n ã o q u e s tio ti o n o a va v a lio li o s a sug su g e stã st ã o d e G r e n z d e q u e p a r te do que faz o Espírito é “projetar um modo de ser no mundo ” e de que a Bíblia Bíblia fala fala além do co ntex to do cenário d o texto original. Argumento que esse modo de ser é e em grande parte formado em razão da maneira como o Espírito leva a comunidade a ver e a entender o mundo que Deus criou, assim como o mundo que pode ser criado no Espírito. O Espírito está explicando através das Escrituras e utiliza contextos específicos, um modo divino de ver, para ajudar a fundamentar os exemplos da vida real. Portanto, eu afirmaria com Grenz o pa p a p e l p r in c i p a l d a l e i t u r a d a n a r r a tiv ti v a p r o v e n i e n te d a B íbli íb liaa como o centro da história, o que ele chama de primazia da leitura do texto bíblico sobre nossas nossas construç ões teológicas. teológicas. Essa Essa é a razão pela qual eu falo (como creio que ele poderia ter falado) de uma metanarrativa que os cristãos declaram ao mundo inteiro. Além disso, da maneira que Grenz argumenta, o Espírito é central para ajudar o leitor a alcançar o entendimento pretendido. Entretanto, minha reclamação contra o modelo de Grenz é que a Bíblia ainda descreve uma realidade divinamente criada e concebida, quer o leitor a compreenda quer não. O julgamento surgirá porque a mensagem não recebida de bom grado por alguns leitores tem sido rejeitada, mesmo que essa mensagem expresse uma realidade divina. As pess pe ssoa oass d a rã o c o n t a a D e u s p o r essa es sa “sup “su p ress re ssãã o d a v e r d a d e ” ,
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po p o is e sta st a v eio ei o e m Jesu Je suss e atra at ravv és d a m e n s a g e m s o b re ele n o Espírito pelo evangelho e pela Bíblia (Rm 10). A posição da Bíblia em relação àqueles que a rejeitam e à obra mediadora do Espírito também necessita ser analisada sob o ponto de vista das funções da Bíblia como autoridade. Essa responsabilidade faz parte da definição do que é realmente a Bíblia. A definição nesse modo de “rejeição” parece pouco desenvolvida em Grenz. Tal diferença talvez resulte em uma sistemática mais complicada do que Grenz sugere e que talvez ainda seja válido dedicar-se à “construção” da doutrina, embora isso necessite exatamente do tipo de ciclo hermenêutico (ou melhor, espiral) que Grenz descreve para alcançá-la. Ambos concordamos, entretanto, que a mera conferência das referências bíb b íbli licc a s p o d e leva le varr a u m a l e itu it u r a m u ito it o su p e rfic rf icia iall d a Bíbl Bí blia ia..
0 V A L O R D O " R E A L ISI S M O C R ÍTÍ T ICI C O E D O F U N D A M E N T A L I S M O B Í B L I C O Que direção devemos tomar? Recomendaria uma abordagem crítico-realista, bíblica e filosoficamente melhor. Portanto, sigo genesi siss o f doctrine 8 de Alist mais a linha de The gene Alister er M cG rath. Ο evangelicalismo também necessita movimentar-se na nova arena de comprometimento com as obras modernas desses estudiosos qu quee pesquisam pesq uisam a cu ltura so ciolog icam ente.9 ente .9 Essa análise análise
8Oxford: Basil Blackwell, 1990, esp. p. 1-80; v. tb. Evan Ev ange gelic licali alism sm a n d the futu re 0 Christianity (Downers Grove, 111..: Intervarsity Press, 1995) e The fou nd ati on o f dialogue dialogue in the sci scien ence ce an d religi religion on (Oxford Blackwell, 1998) esp. esp. p. 140-64; T he reality reality of the w orld a nd critical realism, realism, M illiard illiard Erickson, Postmodernizing Postmodernizing the the faith : evangelical responses to the challenge o f postm odernism (Grand Rapids, Rapids, Mich.: Baker Baker,, 1998 1998). ). 9Para fazer uma seleção sobre as monografias recentes sobre as culturas de maneira geral que apresentam uma variedade de posições e fazem pa p a rte rt e d e u m im p o r t a n te c e n á rio ri o soci so ciol ológ ógic icoo d a c u ltu lt u r a d o s E sta st a d o s U n idos e seus debates atuais, consulte os trabalhos de Morris Berman, The Th e
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é necessária porque tais obras representam, de várias formas, as “teologias” dos nossos dias. Essas obras têm um papel diagnóstico de grande valor na avaliaçao do que está acontecendo com as raízes culturais e históricas, e culturais e filosóficas por trás desses movimentos. Elas são também o tipo de obra que a maioria dos evangélicos, infelizmente, ignora. Stephen Toulmin ( Cosmopolis) traça a história da modernidade e explica como nos movimentamos culturalmente nesta terceira fase da modernidade, ou pósmodernismo. O que é fascinante nesses livros é que eles, de um modo ou de outro, defendem o valor e a necessidade cultural de uma um a mente m ente vibrante e da busca da verdade verdade em um u m a cultura que diminui o seu valor. A maioria das buscas está enraizada no Iluminismo ou nos valores humanistas arraigados no modelo educacional humanístico, um movimento em oposição ao pós-modernismo. pós-modernismo. Toulmin T oulmin é uma exce exceçã ção, o, argum entando entand o a favor da terceira fase do modernismo (ou pós-modernismo). culture re,, p. 33-52) forneMorris Berman {Twilight o f american cultu ce algumas estatísticas alarmantes a respeito da instrução nos Estados Unidos, o que os alunos em nossos seminários estão herdando. herdando . O que também també m se torna interessante interessante é como m uitos
► tw ilight o f american american culture culture (New York: W. W. Norton, 2000); de Robert H. Bork, Slouching towards gomorrah: modem liberalism and american decline (New York: Regan Books, 1996), esp. p. 272-95; de Robert Coles, The secul secular ar m in d (Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1999); d e K e n n e t h G e r g e n , The sat i f y in in saturated urat ed self: d i l e m m a s o f i d e n t if contemporary life (reimp., New York: BasicBooks, 2000); de Gertrude Heimmelfarb: One nation, two cultures (New York: Random House, 1999); de Neil Postman, A m u s in g ourselves to death: death : public discourse in the age o f show business (Ne w Yor York: k: Viking , 1985) e B u il d i n g a bridg br idgee to the th e can improve our future (New Yo Yorrk: Ran dom eighteen century, how the past can House, 1999); de Stephen Toulmin, Cosmopolis : the hidden agenda of modernity (Chicago: U niversity o f Chicag o Pres Press, s, 1990).
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desses argumentos não têm outro telos senão a honra do esforço e sua utilidade potencial em preservar o ideal do eu individual. Essas “virtudes” ainda estão separadas de Deus e de qualquer consideração séria de revelação (v. Berman, p. 18283, ou a ambivalência da situação em 1900, descrita em Secular mind, p. 95, de Robert Coles). Eis outra razão por que a Bíblia deve ser estudada diligentemente, a fim de que possa falar falar de uma um a nova mane m aneira ira para nossa era. era. Se pudéssemos construir um a ponte pon te de volta volta para o século XVIII, conforme os títulos de Postman argumentam (p. ex., Iluminismo e no melhor do “modernismo”), talvez os cuidados e pensamentos pudessem ser gastos na construção de uma ponte ainda maior de volta às raízes da fé bíblica do século I (p. ex., de volta para Deus e para o reconhecimento da condição pecaminosa da humanidade que necessita de uma redenção submissa, individual e coletiva). Ao tratar do raciocínio moral, Robert Bork {Slouching towards Gomorrah, p. 278) fala bem sobre isso: “Somente a religião pode fazer a uma sociedade moderna o que a tradição, a razão e a observação empírica não podem. O cristianismo anism o e o judaísm jud aísmoo oferecem as maiores premissas de raciocíraciocínio moral por meio da revelação e das histórias na Bíblia. Não há necessidade de tentar a tarefa impossível de raciocinar do seu modo em relação aos princípios iniciais. Esses princípios são aceitos como dados por Deus”. Em seguida, Bork traz a pode po dero rosa sa citação citaç ão de José O rteg rt egaa y Ga Gasse ssett sobre sobr e o valor val or dos imperativos religiosos morais que devem ser ponderados por todos. Ortega y Gasset diz que “Os decálogos têm o seu peso desde quando foram escritos na pedra [...]. As classes sociais mais baixas ao redor do mundo estão cansadas de receber ordens, mandamentos, e em tempos com ares de férias, aproveitam o período de liberdade de imperativos pesados. Mas as férias não duram para sempre. Sem mandamentos que nos obriguem a viver de certo modo, nossa existência não é bem empregada’. Essa é a terrível situação espiritual na qual grande parte da juventude do mundo se encontra hoje. Por meio de seu sentimento de liberdade, sem restrições, os jovens sen-
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tem-se vazios [...]. Em pouco tempo, será ouvido por todo o p l a n e t a u m t r e m e n d o c l a m o r , p e d i n d o p a r a q u e a l g u é m t o m e o c o m an a n d o , p a r a i m p o r u m a o cu c u p aaçç ã o , u m d e v er e r”” . 10 10 Bo Bo rk em seguida fala fala do surg im en to de um a po líti lí tica ca de signifi si gnificado. cado. E o que um ganhador do prêmio Nobel, o economista Robert W i ll l l ia ia m F o ge g e l,l, l e v an a n ta ta e m s eu e u e s t u d o , m a s q u e t o m a a v i r tu tu o s a d ir ir eçã e ç ãoo d o “p ó s -m - m o d e r n i s m o ” . 11 11 A p r o p o s t a de d e F o g el el é u m apelo tão interessante ao “espiritual”, que eu a analisarei em s u a c o m p l e x i d ad e p o s t er i o r m e n t e .
Por “realismo crítico”, quero dizer que há uma realidade que nos é externa. Temos consciência e conhecimento dessa realidade, de modo que nossa descrição, pelo menos de forma bruta, corres po p o n d e a ela, e m b o r a n ã o sejam se jamos os infalívei infal íveiss o u c o m p leto le toss e m no nossso enten dim ento.12 ento.12 Assim, Assim, devemos constantem ente exam inar e reexaminar nosso entendimento para verificar nossa inclinação de entendê-la de forma incompleta, se não errada. Nancey Murphy, outra proponente dos benefícios das abordagens pósmodernas, chama essa abordagem crítico-realista de “modernismo disciplinado”, a qual, afirma, argumenta a favor de uma forma adaptada de fundamentalismo (filosófico) extremamente vinculado à Bíblia. Prefiro chamar de fundamentalismo corrigido ou, m elhor ainda, ainda, fundam fun dam entalismo bíbl bíblic ico. o. Tam bém poderia ace aceiitar de idéia de que, como leitor da Bíblia, preciso ser disciplinado acerca de como leio esse texto. Entretanto, uma posição bíblicofundamentalista considera que a Bíblia como revelação tem uma sustentação principal e privilegiada na formação e modelagem de
10Re vo lt o f the masses masses,
New York: W. W. Norton, 1957, p. 135,136. 11 The four th great great aw akening an d the the futu re o f egali egalita tari riani anism, sm, Chicago: University of Chicago Press, 2000. 12Agradeço a Do ug B lou nt do S outh w estern B aptist Th eolog ical Seminary por sua sugestão e interação com esta obra.
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nosso entendimento, embora ainda devamos estar envolvidos na difícil tarefa de ler e determinar o que a Bíblia afirma. E esse en tend im en to do cu idado e da autocrítica autocrítica que nos envol envolve ve com o leitores, que faz do fundamentalismo bíblico uma expressão do realismo crítico. Vivemos em um mundo real, mas continuamos sendo autocríticos como leitores. Entretanto, rejeito a descrição de Murphy em relação a essas posições teológicas tradicionais, fil osóf ófico ico,, pois não desejo como o complexo fundamentalismo filos dar à razão um papel soberano na epistemologia nem endossar a pauta do modernismo (i. e., os conceitos do Iluminismo, do uso da razão independente, da autonomia, do individualismo excessivo e da confiança de que a ciência é a solução para todos os problemas problemas da hum anidade). N ão defendo o fundamentalismo fundamentalismo filosófico, que se baseia no “conhecimento de que o mundo está apoiado em um fundamento de crenças indubitáveis das quais po p o d e m - s e tir ti r a r sup su p o siç si ç õ e s a d icio ic ionn a is p a ra p r o d u z ir u m a sup su p e res trutu ra de verdades co nh ecida s”.13 s”.13 N ão acredito que sej sejaa poss po ssíve ívell c o n s tru tr u ir u m a e s tru tr u tu r a c o g n itiv it ivaa (no (n o étic ét ica) a) b e m o rde rd e nada que tenha em seu nível mais fundamental somente crenças indubitáveis e incorrigíveis. Sou a favor do fundamentalismo bíblico disciplinado porque aceito que a verdade e a metanarrativa estão baseadas na força da explicação bíblica como base de minha visão de mundo, m esmo que eu não possa possa com provar com pletam ente a viavia bil b ilid id a d e d e t o d o s os a s p e c tos to s de dess ssee f u n d a m e n t o c o m p rov ro v a s ind ub itáve is.14 is.14 O realis realismo mo crítico crítico tam bé m afirma que o que
13O xfo rd Co mp anio n o f Philo Philosop sophy, hy, s. v. F O U N D A M E N T A L I S M ; p. 2 8 9 . 14V. os com entá rios de Alister Alister M cG rath , Realit Reality, y, sym bol a nd history: theological theo logical reflections o n N . T. W right’ rig ht’ss portrayal o f Jesus, Jesus, in: Jesus a n d the restorati restoration on o f Israel Israel,, org., Carey C. Newman (Downers Grove, 111.: InterVarsity Press, 1999), p. 162-8. V. tb. a obra de Nicholas Wolterstorff, ►
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está na Bíblia vem de Deus em uma variedade de formas lingüísticas e expressões, enquanto o reconhecimento de minha leitura da revel revelação ação não é auto m atica m en te c orr eto .15 .15 H á no “realismo crítico” uma realidade, além disso, uma criação, para discutir e descrever. A criação é verdadeira e tem atributos que posso analisar, descrever e conhecer, mas esse realismo é “crítico” e, por isso, tenho que testar a forma como leio essa realidade e ess essee texto d ota do de a utor ut orid idad ad e.16 e.16 Esse Esse realismo crí-
► C an belief in G od be rational if it has no foun dations?, in: Faith and rati rationa onali lity: ty: fa ith a n d be lief in God, God, Alvin Plantinga e Nicholas Wolterstorff, orgs. orgs. (N otre Da m e, Ind.: Un iversity iversity o f N otre D am e Pres Press, s, 1983), p. 175 Rea son w it h in the th e bo unds un ds o f religion, re ligion, 2. ed. (Grand Rapids, Mich.: 81 e Reason Eerdmans, 1984), onde ele argumenta que o fundamentalismo filosófico está morto e enterrado, um ponto que parece correto. O fato dessa crítica do realismo e do fundamentalismo não necessariamente andarem juntas é argum entado por J. Wentsel Wentsel Van Huyssteen em Essay Essayss in post po stfo foun unda dam m en talis ta lis m theology (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1997), esp. p. 40-52, 73-90, em que ele ele critica critica a reação reação de M ur ph y co ntra o realismo realismo crítico, crítico, e p. 12461, onde afirma a autoridade bíblica e ao mesmo tempo defende a abordagem crítico-realista que compreende a centralidade e o papel das afirmações bíblicas no processo de teologia. O envolvimento de Van Huyssteen com o realismo crítico mostra que este pode vir de muitas formas diferentes pois relaciona-se com a epistemologia e bibliologia. Então, novamente, é necessário o diálogo a respeito de um modelo que funcione com exatidão. 1,Nancey MURPHY, A n g lo - A m e r ic a n p o s tm o d e r n it y . philosophical pe p e r sp e c tiv ti v e s o n scie sc ienn c e , r e lig li g io n a n d e th ic s , B o u ld e r, C o lo .: W etv et v iew ie w , 1997, p. 41. 1:,Consulte Ben F Meyer, Reality Rea lity a n d illusion illu sion in N e w Te stam sta m ent en t scholarship: scholarship: a primer in critical realist hermeneutics (Collegeville, Minn.: Michael Glazier, 1994) e seu Critical realism and the New Testament, Princeton Theological Monograph Series 17 (Allison Park, Penn.: Pickwick Publica-tions, 1989); observe observe especialm ente os os com entário s de Kevin Vanhoozer, Is there ther e a m e a n ing in g in this thi s text? . The bible, the reader and the morality of literary knowledge (Grand Rapids, Mich.: Zondervan, 1998), esp. p. 300-3;
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tico necessita casar-se com a sólida teoria do discurso-ação para superar as questões epistemológicas levantadas na hermenêutica contemporânea. Abordagens como as de Kevin Vanhoozer são m uito promissoras, promissoras, mas ess essa obra é som ente o com eço.' Os evangélicos precisam prestar muita atenção nas causas do surgimento dessa discussão para, então, se envolver nela. fu n d a m en tali ta lism sm o em um sentido muito específiUso o termo fun co aqui, não no seu sentido filosófico completo. Essa é a razão por que aplico o adjetivo bíblico na descrição. No centro de sua mensagem, que é crista e evangélica, está a Bíblia, sua natureza e autoridade como documento inspirado. Aqui, a “visão do alto” é expressa como parte da inspiração bíblica, embora esse conhecimento seja expresso dentro dos limites da linguagem humana e da estrutura conceituai dos autores humanos da Bíblia. Essa inspiração é a razão de muitos evan-
► C. Stephen Evans, The historical historical christ christ a n d the Jesus Jesus o ffaith: T he incarnational narrative as history (Oxford: Clarendon, 1996), p. 201-30. Evans trata das dimensões filosóficas dessa discussão como parte do que ele descreve como “fundamentalismo modificado”. Para trabalhos sobre método teológico, consu lte Richard Lints, The fabric evangeli lical cal fabric o f theology: a proleg om eno n to evange theology (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1993), e Trevor Hart, Taith Christian theo logy (D ow ne rs G rove, 111.: thinking: the dyn am ics o f Christian InterVarsity Press, 1995). Para obter mais informações sobre como essa abordagem se relaciona ao que E. D. Hirsch escreveu, v. Thorston Moritz, R enew ew ing Critical but real: reflecting on N . T . Wright’s rools for the task, in: Ren B ib lic li c a l Inter In ter pret pr etat atio ion, n, Craig Bartholomew, Colin Greene e Karl Mõller, orgs. Scripture and hermeneutics series 1 (Grand Rapids, Mich.: Zondervan, 2000), p. 172-97, esp. p. 174-84. 17Is there a m ea nin g in this tex t? obra anterior alinha se com o trabalho de A nthony C. Thistleton, Thistleton, The two horizons: New Testament hermeneutics and philosophical description with special reference to Heidegger, Bultmann, Gadamer and Wittgenstein (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1980), e seu novo N e w horiz ho rizon onss in herme her meme meuti utics: cs: the theory and practice o f transforming biblica biblicall reading (Gran d Rapids, Mich.: Z ondervan, 1992 1992). ).
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gélicos falarem ultimamente em uma metanarrativa que faz u m a p e lo lo e m t o d a a v i d a h u m a n a . A s si s i m , ta t a lv l v e z s ej eja m e l h o r dizer que algu ém é crítico-r crítico-reali ealist staa do que fu nda m entalista, pois poi s essa pessoa pode ser crítico-realista sem estar completamente c o m p r om e t i d a c o m a p a u t a d o f u n d a m e n t al i s m o f i l o s ó fi c o. A expressão “fundamentalismo bíblico” é uma tentativa de distinguir duas posições fundamentalistas. O fundamentalismo bí b l i c o v ê a B í b l ia c o m o o f u n d a m e n t o m a is b á s i c o d e u m sissi stema de crenças sobre teologia, mesmo reconhecendo que a l e i tu t u r a d a B í b li li a é um u m p r o b l e m a q u e eenn v ol o l v e d is is c u s sã sã o e c o m p r o m i s s o . S e g u n d o e s sa v i s ã o , a B í b l i a é a u t o r i d a d e e t e m p r i m a z i a . M i n h a c o n t e s ta t a ç ã o n e ss s s a a b o r d a g e m c r ít í t ic ic o - r e a li li st s t a te te m grande potencial para os evangélicos. Ela necessita ser consid e ra r a d a se s e ri r i a m e n te t e c o m o u m m o d e lo l o h e r m e n ê u t ic ic o , c o n t a n t o q u e t ra r a t e c oom m r e s p eeii to to s u f ic i c i en e n t e a n a t u rreezz a e a a u t o r i d a d e d a B í b li li a , n ã o c o m u m a ê n fa f a se se n a rreess p o s t a d o l e it it o r , c o n fo f o r m e J. W e n t z el e l V a n H u y s s t e e n [Es [Essays in po stfu nd am en talist theol heolog ogy] y] p a r e c e a r g u m e n t a r . C o n t u d o , e s sa a b o r d a g e m t a m b é m d e v e ser realista no que diz respeito aos obstáculos à leitura correta de um texto e deve ter certo grau de humildade em sua f o rm r m a ç ã o . O r e al a l i s m o c r ít í t ic ic o é u m a m a n e i r a d e v e r o m u n d o e a c r i a ç ão de De u s . A r g u m e n t o q u e, pa r a m u i t o s c r is t ã o s , a Bíblia tem exercido um papel central e fundamental, pois s e m p r e f o i r e c o n h e c i d a n a c o m u n i d a d e c r is is tã t ã c o m o m e i o es es sencial e até mesmo determinante para entender a Deus e s u a c r i aç ã o p o r i n t e r m éd i o d e s e u a t o p r i n c i p al em Cr i s t o . E ss s s a q u a l id i d a d e r e v e la la d o r a e c a p a c i d a d e d e t e r m i n a n t e t o r n a m toda a Bíblia uma revelação especial. Esse papel da Bíblia é p a r t e i n t e g r a n t e d o s i g n i f i c a d o d e s e r c r i s t ã o , p o i s a t r a v é s d a o b r a d o E s p í r it i t o n o s d o is is te t e s t a m e n t o s v êm êm o e n t e n d i m e n t o e a afirmação do que é a experiência cristã e do que Deus fez p o r i n t e r m é d i o d e J e s u s , o C r i s t o . S e e sse ss e r e a l i s m o c r í t i c o é visto em última análise como fundamentalismo ou não, de p e n d e d a m a n e i r a c o m o o t e r m o é d e f i n i d o e o c o n c e i t o d e
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“fundamento” é aplicado. A forma de realismo crítico que defendo tem a visão do papel central e determinante da Bí blia bl ia p ara ar a a teol te olog ogia ia e a rgu rg u m e n ta qu quee esse pa pape pell tem te m sido, sido , historicamente, a posição da Bíblia na comunidade cristã. fu n d a m e n to No N o v a m e n te, te , trat tr ataa-se se do uso teoló teo lógic gicoo do term te rm o fun metaforicamente, e não de seu uso filosófico, que significa um fundamento baseado na demonstração da prova de uma convicção. Anthonv Thistleton argumenta a favor do termo basicalidãde para descrever como certos termos funcionam teologicam teolog icamente. ente. Talv Talvez ez es esse sej sejaa um term o mais claro.1 cla ro.188 Essa Essa afirmação a respeito da natureza da Bíblia é o ponto em que a preocupação evangélica sobre “verdade” se encaixa em nossa discussão. Os evangélicos não devem deixar de buscar a verdade. O comprometimento principal com a Bíblia nos mantém focados na busca e na defesa da verdade. As discussões sobre epistemologia entre evangélicos de esquerda, de direita e de centro precisam continuar. Vale a pena refletir em grande parte da obra de Murphy, e pode existir um diálogo importante entre a sua forma de pós-modernidade anglo-americana e a minha de realismo crítico, com raízes na Bíblia. A obra de Murphy é um lembrete importante de que nem todo pós-modernismo é desconstrutivismo, um erro que muitos evangélicos cometem ao avaliar e sintetizar a pósm od ern ida de .19 .19 Além disso disso,, a pós-m odernidad e tem quatro
18C om m un ica tive action a nd pro m ise in in interdisciplinary, interdisciplinary, biblical an d theological hermeneutics, in: The promise o f hermene hermeneuti utics cs,, Roger Lundin, Clarence Walthout e Anthony Thistleton, orgs. (Grand Rapids, Eerdman, 1999), p. 209-14. 15 Be B e y o nd liber lib erali alism sm a n d fu n d a m e n t a li s m : how modern and postmodern ph p h ilo il o s o p h y set se t th e the th e o log lo g ical ic al ag e n d a , Va Valley lley Forg Fo rge, e, P en n .: T rin ri n ity it y Press Pres s International, 1996.
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coisas importantes para nos dizer.20 Faço essa observação porque a pós-modernidade tornou-se um tipo de bode expiatório em m uitas correntes do evangeli evangelicali calismo, smo, qu e a con sideram com ple p le t a m e n t e r u im . E u m a visã vi sãoo b e m sim si m p lis li s ta d e u m f e n ô m e n o tão complexo.
0 Q U E H Á D E V A LIL I O S O N O P Ó S --MM O D E R N I S M O ? Temos a seguir quatro coisas que o pós-modernismo diz e que devemos valorizar: 1. A interpretação não é neutra ou objetiva, como freqüentemente retratamos. Todos temos conceitos que influenciam a maneira como lemos os textos. O modo como construímos nossa percepção da realidade e como ela nos foi legada influencia a leitura dessa realidade. Essa é a razão principal, entretanto, de ter a Bíblia e Deus por trás dela, nos desafiando com uma perspectiva que não está enraizada em nosso contexto e cultura. É por isso que necessitamos de uma exegese historicamente fundamentada e de uma reflexão hermenêutica em nossa leitura. Antes de confiarmos na verdade encontrada em um texto, devemos ter o cuidado de nos certificarmos de que estamos lendo da maneira apropriada.
20Para obter uma excelente pesquisa introdutória da pós-modernidade descrita em categorias sociológicas, consulte David Lyon, Postmodernity, 2nd. Ed. (M inneapolis: inneapolis: U niversity niversity of M inne sota Pres Press, s, 1999). M eu colecolega Jeff Bingham observa perceptivamente que esses quatro elementos da pó p ó s - m o d e r n id a d e ta m b é m faz fa z iam ia m p a r te das da s p e rsp rs p e c tiv ti v a s p r é - m o d e r n a s , o que fica muito claro nos itens 1, 2 e 4 e possivelmente, talvez com poucas diferenças, no item 3. Assim, ao avançarmos para a pós-modernidade, po p o d e m o s t a m b é m e s ta r v o lt a n d o e m a lg u n s p o n t o s q u e e s tã o s e n d o levantados.
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2. Comunidades, não somente indivíduos, têm problemas de interpretação. Porém, essa observação também abre a po p o r t a n ã o s o m e n t e p a ra s e rm o s m a is sens se nsív ívei eiss às leit le ituu ras ra s de uma comunidade ou de uma época específica (por exemplo, a atual), mas também para considerar leituras feitas por toda a história da igreja e das comunidades que dela fizeram parte. Um dos perigos do pós-modernismo é que somente as leituras contemporâneas são analisadas. As comunidades do passado geralmente são excluídas. Mas nossa solidariedade com o corpo de Cristo através dos tempos nos alerta para não sermos tão míopes cronologicamente. 3. E importante examinarmos determinado assunto simultaneamente de diferentes ângulos ou camadas. Cada ângulo tem seu valor. Essa observação significa que algumas discussões sobre tópicos não são unilaterais ou monocronológicas. Discutirei um pouco mais esse assunto posteriormente. Muitos dos debates teológicos atuais mostram cada lado trabalhando somente com uma camada da discussão, correndo o risco de contrapor uma camada com a outra. Em alguns casos, as duas camadas defendidas são bíblicas, portanto, a questão é como relacionar consistentemente os fragmentos nos quais cada lado se baseia. 4. O significado de perversão e nossos meros limites humanos é dizer que nem tudo que vemos está aí para ser visto. Quer dizer, nossas interpretações não estão automaticamente corretas, embora sejam bem-intencionadas e fundamentadas metodologicamente. É por isso que a interpretação necessita de testes e de interação com a comunidade, sem falar na necessidade de um período de pau p ausa sa,, a n tes te s d e c a n o n iza iz a rm o s u m a ex expr pres essã sãoo espe es pecíf cífica ica de
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doutrina. Esse movimento de “canonização”, quando necessário (e há momentos em que é necessário), precisa ser feito com muitíssimo cuidado e paciência.
D O U T R INI N A P R IOI O R IZI Z A D A A L INI N H A D A C O M A S Ê N F A S E S B Í B L ICI C A S — À P R O C U R A D E U M C ENE N T R O Muitos dos argumentos de Grenz sobre o compromisso e a manutenção do foco central do evangelicalismo têm méritos. Prefiro chamar seu modelo de conjunto centralizado de con ju j u n t o p rio ri o r iza iz a d o . “P r io r iza iz a d o ” sig s ignn ific if icaa q u e essas d o u t r i n a s c e n trais pertencem ao âmago da fé, sendo pontos prioritários a serem focados. Elas são prioritárias quanto à ênfase bíblica e formam a essência da verdade que são os temas principais da fé. Representam o que é enfatizado na teologia bíblica, embora outros elementos da revelação sejam verdadeiros e dignos de valor. Como verdades priorizadas, esses elementos centrais e enfatizados formam aquelas partes da fé cristã sobre as quais houve menos debates na história. O ponto de vista de Grenz sobre a “ortodoxia generosa” pre p recc isa is a ser se r o u v id o . J á m e u p o n t o c e n tra tr a l é m ais ai s c r isto is to c ê n tric tr icoo , missionário e biblicamente fundamentado do que a ampla abordagem dirigida pelo Espírito. Uma definição cristocêntrica e missionária do chamado divino para a comunidade é biblicamente centrada nos principais temas das Escrituras. Em contrapartida, o realismo crítico desafia filosoficamente o relativismo para o qual o pós-modernismo serve de prato principal. O menu da pós-modernidade, apesar de metanarrativo ao negar as metanarrativas, em última análise esvazia quaisquer reivindicações cristãs sobre a singularidade de Cristo, levando naturalmente a todos os tipos de universalismo. A singularidade de Cristo é algo sobre o qual o povo de Deus jam ja m ais ai s p o d e r á tra tr a n sig si g ir. ir .
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A inconsistência das afirmações pós-modernas é irônica, pois para sustentá-las também há fundamentos (não há metanarrativas), mesmo quando negam a existência de qualquer fundamento. Talvez todos nós sejamos fimdamentalistas disciplinados no que se refere a diretrizes. A questão talvez seja qual fundamento é considerado como eixo principal de nossos entendimentos prévios. (Estou propositadamente misturando metáforas de rede e de fundamentos, que são metáforas pós-modernistas e modernistas, respectivamente.) Se existe um centro para nossa abordagem, este deve estar arraigado especialmente na visão trina de Deus, pois enfoca o trabalho trabalho único de D eus no Filho Filho po r meio do Espírito. Espírito. Ess Esse ce ntro trino é bem articulado nos cláss clássic icos os prim órd ios da fé.2 fé.21 Infelizmente, o evangelicalismo, por autodefinição, surgiu sem sensibilidade suficiente para perceber o valor desses princípios de fé. Ao desejar reservar-se o direito de avaliar esses princípios de fé sob sob pon p ontos tos de vista vistass específi específicos cos contrários contrá rios ao que a Bíblia Bíblia ensina com uma implicação da sola Scriptura, devemos reconhecer que q ue a igreja igreja dispensou mu ita energia e esf esforç orçoo por p or muito mu ito tempo para expressar-se perante essas definições do centro de nossa fé. A força do que eles afirmam sobre a teologia própriamente dita e sobre a cristologia merece ser questionada em nossas comunidades, a não ser que se possa provar o contrário. Se a ETS e o evangelicalismo tivessem que buscar uma base
21Para obter uma importante discussão sobre o papel da tradição no método teológico e que sola scriptura não significa que as Escrituras se ja m a ú n ic a a u t o r i d a d e q u e a p lic li c a m o s à ta re fa te o ló g ic a , m a s q u e é a auto ridad e principa l e final final,, consu lte a obra de R obe rt A. Pyne e Stephen R. Spencer, A critique of free-will theism, pare 2, Bib B iblio lio teca te ca Sacra Sac ra 158 (2001): p. 387-405, esp. p. 387-96. Eles também fazem argumentações importantes sobre a inadequação do fundamentalismo filosófico e suas raízes no Iluminismo (p. 389-91).
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doutrinária além da Bíblia e da trindade, este seria o lugar para pa ra procur pro curá-l á-la. a. É uma um a opç opção ão be bem m m elho el horr qu quee ten te n tar ta r escrever hoje esses princípios de fé a partir do zero, pois ao olhar para trás afirmaria a unidade de nossa comunidade com aqueles que foram antes de nós e, finalmente, seria um ato que afirmaria a obra do Espírito na comunidade cristã através da história. N ã o p o d e re m o s e n t e n d e r a his h istó tó r ia d iv in a m e n te a tiv ti v a e t r in a , ou ajudar a comunidade cristã a encontrar seu lugar no mundo, se a Bíblia não for o eixo determinante ou a fundação cuja mensagem deve ser inteiramente defendida, se compreendida corre tam ente .22 .22 Q ua lqu er igreja igreja local local con struíd a sobre as premissas pós-modernas terá de tomar cuidado para não deixar que a centralidade e o conhecimento da Bíblia se percam em meio à busca de uma mensagem formulada na relevância tecnológica ou narrativa. Se algumas formas de pós-modernidade consideram essas afirmações exclusivas sobre a centralidade de nossa teologia como arrogantes, politicamente insensíveis ou meramente provincianas (uma metanarrativa para nossa com un ida de , m as não p ara os outros), entã o que assim assim seja.2 seja.23 Acredito que os mundos judaico e romano fizeram um julgamento pré-moderno semelhante acerca das afirmações exclusivas de nosso Senhor. Essa insistência sobre a singularidade de Jesus é o que para os evangélicos, especialmente os acadêmicos, atualmente corresponde a suportar a cruz. O elemento central da leitura da Bíblia e da mensagem bíblica é a metanarrativa
22Novamente, a mesma questão com Grenz. Não que ele negue a Bíblia, pois ele lhe dá um lugar de importância. Entretanto, ele centraliza tanto a função da comunidade definida pela Bíblia, que não fica tão clara R en e w in g the th e center. V. mente articulado e enfatizado como deveria em Ren meus comentários nas p. 20-2 sobre a avaliação desta visão da Bíblia em suas outras obras. A ausência desses comentários talvez mostrem para onde as tendências do pós-modernismo podem nos levar em termos de texto.
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em torno de Jesus, o prometido que envia o Espírito para ha bi b i ta r e t r a n s f o r m a r p e c a d o r e s p e r d o a d o s q u e r e c o n h e c e m q u e necessitam do tratamento de Deus. A história relacionada a isso está arraigada no centro da Palavra de Deus. O chamado da igreja é para contar essa história dentro de quaisquer limites de linguagem que nos são impostos tratando-se de expressão remidora da verdade. Essa metanarrativa torna-se verdadeira quando entramos em comunhão e em unidade com ele. A Palavra de Deus também é a expressão de sua mente e vontade, baseada na inspiração do Espírito e registrada por meio das palavras essenciais e adequadas para nosso entendimento espiritual. Por isso, a Bíblia deve ter sempre um papel central no modo de a igreja pensar, viver e formar o povo de Deus. Sem a Bíblia Bíblia,, não tem os a história divina. divina. A h istória da Palavra Palavra escrita é também onde a Verdade se baseia para os cristãos, naquele que é cham ado de a Palavra. Por essa razão, os evangélico cos, s, na luta pela verdade em um m u nd o que parece ter des desistido de crer em uma verdade completa, devem sempre relembrar sua história. Argumento que a Bíblia, como texto divino, é um fundamento ou eixo para a igreja, dependendo de como se deseja construir a metáfora epistemológica. A Bí bli b liaa n o s d á u m a “visão “vis ão d o a lto lt o ” e x pre pr e ssa ss a n a lín lí n g u a d e ba baix ixo. o.
0 P A P E L C O N J U N T O D O E S P ÍRÍ R ITI T O N A L EIE I T U R A Outra questão deve ser considerada: a afirmação de que a orientação do Espírito nos afastará do erro e nos esclarecerá o significado do texto. Observe o dilema em que ficamos, inde pe p e n d e n t e m e n t e d o lad la d o q u e o c u p a m o s n o d e b a te. te . Se os d o is lados afirmam ter o discernimento claro da Bíblia e ainda assim discordam, só nos resta algumas alternativas: 1) um lado está certo (geralmente o meu) e o outro está errado (geralmente o seu); 2) os dois lados estão errados; e 3) nenhum lado conseguiu entender. Em outras palavras, necessitamos ver se é
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poss po ssíve ívell fazer faz er u m a sínt sí ntes esee m e lh o r d o s d a d o s bíbl bí blic icos os.. D e v e m o s sempre permanecer abertos para a possibilidade de correlacionar os dados bíblicos, respeitando o tempo e os esforços gastos em tentativas anteriores de correlação do texto. Observe também quanto essa doutrina do Espírito corre o risco de ser individualizada: eu li o texto corretamente, mas você, que também é membro da comunidade, o leu de maneira errada. E aqui que a ação conjunta da obra do Espírito precisa ser aplicada à discussão. O diálogo saudável não deve ser visto como algo ruim pa p a r a os e va vann g élic él icoo s, c o n t a n t o q u e to d o s c o n c o r d e m o s q u e o texto é o principal árbitro em nossa discussão. O reconhecimento da natureza dos julgamentos que fazemos na condição de leitores nos ajudará a tomar cuidado ao afirmar com certeza que nossa leitura é a melhor. Devemos também reconhecer que a maioria das denominações é confessional e, portanto, pre p recc isa is a ser se r cap ca p az d e d e lin li n e a r lim li m ite it e s. Se elas tiv ti v e r e m a i n d a u m sentido histórico a respeito do centro sobre o qual a fé está ba b a sea se a d a (i. e., a B íbli íb lia) a),, os ev evaa n g élic él icoo s d e v e m rec re c e b ê -la -l a s d e b o m grado. Concluindo, os evangélicos precisam de lugares como a ETS e outras instituições evangélicas como editoras e institutos educacionais, onde possam realizar essas discussões com abertura para explorar como a Bíblia poderia ser lida. A res po p o n s a b ili il i d a d e m ú t u a q u e essa es sa d isc is c u s são sã o p o s s iv e lm e n te g e rar ra r será saudável para todos e criará um tipo de responsabilidade pa p a r a o d e b a te . Se os d e b a te s o c o r r e r e m d e v o ta d a m e n t e e m solos bíblicos sólidos, aqueles que defendem a Bíblia não terão muito o que temer, embora reconheçamos que nunca chegaremos à unanimidade neste lado da glória. Somente a glória com sua renovação renovação com pleta remov erá a vend a de nossos nossos olhos. olhos. O u tra observação im po rtan te a ser ser feita feita a respeito respeito do Esp írito írito é que o seu pape l principa l é nos ajuda r a receber e a abraçar a m e n s a g e m , a di d i sc sc e rn r n ii - la la c o m o m e n s a g e m d e D e u s . E m o u t ra ra s pa p a l a v r a s , o E s p í r i t o n ã o g a r a n t e q u e o l e i t o r c o m p r e e n d e r á c o r
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retamente o conteúdo da Bíblia, por mais que ele reconheça e abrace sua autoridade de coração. Uma ilustração basta. Os líderes judeus consideravam o conteúdo das afirmações de Jesus correto. Embora entendessem suas afirmações intelectualm e n t e , n u n c a a s a c e i t a r a m e , p o r t a n t o, n ã o f o r am e ns i n a d o s pe p e lo E s p í r i t o . E les le s n ã o c o n s e g u i r a m c o m p r e e n d e r o s ig n if ic a do das afirmações nem discernir que eram verdades vindas de D e u s . Ac r e d i t o q u e e s s e é o p r i n c i p a l p o n t o d o t ra ba l h o d o E s p í ri r i t o e m te te x to to s c o m o I C o 1 ..11 8 — 2 ..11 6 .
A N E C E SSS S IDI D A D E D A L EIE I T U R A I N T E G R A D O R A E M E T O D O L Ó G I C A E 0 P O N T O C E N T R A L D A B Í B L IAI A Argumento não somente a favor do lugar da Bíblia em nossa teologia, mas também a favor de um pouco de reflexão filosófica cuidadosa sobre o modo como pensamos e entendemos a realidade. Essa reflexão filosófica cuidadosa é uma necessidade notória no evangelicalismo. Mesmo o cuidadoso trabalho de exegese de correlacionar os textos bíblicos deve continuar reconhecendo melhor o vasto debate hermenêutico, filosófico e teológico sobre o modo como os textos são vistos e correlacionados. Necessitamos de teólogos, filósofos e exegetas que tenham uma sólida base firmad a no evangel evangelica icali lismo. smo. T orna r grande demais a dicotomia entre esses papéis não ajudará a igreja. Normalmente em nossos currículos e na modelagem de nosso trabalho distanciamos ciamo s a teologia, teologia, a filosofia filosofia e a exe exege gese se.. O u elas elas têm po uc ucoo contato umas com as outras, ou as colocamos como concorrentes para fazer articulações teológicas. Ao entrar em debates es pec p ecíf ífic icoo s, e m p o b r e c e m o s os p a rce rc e iro ir o s d e d iálo iá logg o q u a n d o n ã o reconhecemos questões centrais integradoras vinculadas ao método e à tomada de decisão teológica. Existem tensões semelhantes com relação à harmonização do texto bíblico e à construção de doutrinas teológicas baseadas em sínteses complexas dos dados bíblicos. Até mesmo nosso freqüente apelo para fazer uma analogia da fé como uma
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forma de correlacionar textos contrastantes é um assunto com ple p lexo xo.. D e p o is d e t r a t a r d e a lgu lg u m a s p e rsp rs p e c tiv ti v a s h istó is tórr ias ia s n e cessárias sobre as raízes do evangelicalismo, o restante deste livro buscará abranger esse assunto. Por exemplo, os debates abertos nos ensinam que um texto claro definindo um texto mais difícil está normalmente nos olhos de quem o lê. Cada lado traça um suporte bíblico. Cada lado também corre o risco de não compreender de maneira clara o bastante como os textos que parecem estar contrários aos seus paradigmas se encaixam em um todo coerente. Estamos aprendendo que idéias sedutoras, sejam velhas, maduras ou jovens, às vezes se tornam difíceis de distinguir perante a elegante sabedoria divina. Uma é sabedoria divina, a outra é uma idéia sedutora. Somente uma comunidade sólida e aberta ao diálogo impedirá que nossas tendências individuais sejam atraídas para onde não pertencemos. Nessa busca legítima pelo discernimento e pela verdade, devemos insistir que o maior foco precisa ser a Bíblia em sua totalidade, e não qualquer autoridade local. Seja o senso co m um , o racionalismo, racionalismo, os sen time ntos, as experiência experiências, s, o com pr p r o m iss is s o c o m a d ive iv e rsid rs idaa d e , a filo fi loso sofi fia, a, a c u ltu lt u r a loca lo cal,l, as afir af ir-mações estabelecidas ou a tradição, o que é uma lista bem grande para evitar! Em suma, a centralidade da Bíblia é crucial para o bem-estar do evangelicalismo e para o método teológico em nossos tempos de mudanças. É po p o r isso iss o q u e a ETS começou com uma ênfase na Bíblia e também nossa sociedade e os evangélicos de maneira geral devem manter sua importância centralizada. A centralidade da Bíblia sempre foi a afirmação fundamental da ETS. E deve permanecer no centro da teologia evangélica. Nesse centro gostaria de destacar a centralidade da história pr p r in c ip a l s o b re o Pai, Pa i, o F ilh il h o e o E s p írit ír itoo S a n to e m u m a m isis são, uma história proveniente da Bíblia conforme indicado e que leva à formação de uma comunidade que respeita Deus e
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sua história, permitindo que ele a transforme e mude sua visão de vida. Esse ponto central deveria direcionar nossa obra conforme avaliamos a importância de nossos respectivos debates. Em meu próximo estudo, mostrarei como a concentração nesse centro nos conduzirá a uma obra teológica dirigida por um cen tro que nos m an têm focados focados nas tarefa tarefass prim prim ordiais de nosso nosso chamado. Meus comentários aqui pretendem somente provocar reflexões sobre a importância da centralidade da Bíblia. Espero que nos ajudem a enxergar que o modo como lemos o texto, quer como indivíduos quer como parte de uma tradição isolada, não pode igualar-se à maneira como deveríamos lê-lo e discuti-lo. Nem pode esgotá-la. A Bíblia é central na definiçao da identidade que a comunidade evangélica deveria ter, mas é a leitura dessa comunidade, como um todo, que pode ajudar-nos a reconhecer o escopo, a profundidade e as várias facetas do caráter da mensagem de Deus.
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com prom isso de faze fazerr teologi teologiaa em nosso nosso m un do é bem expresso por Paul Johnson em sua ti a n ity it y [ U m a h istó is tóri ria a do cris cr isti tia a n ism is m o \, obra A H is to r y o f C h r is tia em que afirma: “Certamente, a humanidade sem o cristianismo evoca uma perspectiva sombria. Os registros da humanidade com o cristianismo são suficientemente atemorizantes [...] N a ú l tim ti m a g e raç ra ç ão ão,, c o m a r e t ira ir a d a im p e t u o s a d e c e n a d o criscr istianismo, tivemos a primeira visão distante de um mundo descristi cristianiz anizado, ado, o que não é nada enco rajador”.1 N este capítulo, capítulo, gostaria de começar a discussão sobre como ministrar em um mundo onde os limites parecem miragens, mesmo que o evangelicalismo se prenda a eles e argumente que esses limites estão arraigados nos caminhos de Deus.
N e w York: S im o n e S chus ch uste ter, r, 19 1976 76,, p. 15 157. 7.
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O S LIL I M I T E S : U M C O M P R O M I S S O D IVI V INI N O E O E V A N G E L ICI C A L ISI S M O D A U N I D A D E N A D IVI V E R S IDI D A D E N o s ú lti lt i m o s a n o s, s u r g iu u m in te n s o d e sejo se jo d e e sta st a b e lec le c e r limites dentro do evangelicalismo. Assim, gostaria de considerar como discutir questões sobre a colocação de limites e que tipos de limites devem ser estabelecidos.2 Nossa obrigação diz respeito somente à verdade? Como lidamos com o fato de que muitos de nós defendemos verdades diferentes quando levamos em consideração nossos diversos subgrupos? Como defendemos a questão da verdade, não apenas tratando-se de método e fatos bíblicos, mas também de como nos dirigimos uns aos outros? Nossa meta no evangelicalismo deve estabelecer mais limites além daqueles que a ortodoxia histórica nos legou, ou devemos dar atenção às outras coisas? Se fossem colocados mais limites, como deveria ser feito? As mesmas regras valeriam valeriam para todas as organizações organizações de ntro do evangel evangelic ical alis ismo? mo? Algumas organizações dentro do evangelicalismo deveriam ser estruturadas de modo que facilitassem o diálogo sobre questoes polêmicas para que as pessoas pudessem falar abertamente, sem medo de punição, contanto que as propostas fossem pla p lauu sív sí v e is e d e n t r o da dass d ire ir e triz tr izee s bíbl bí blic icas as?? O rg a n iza iz a ç õ e s e va vann gélicas como a ETS e editoras interdenominacionais deveriam ter essa função? Não era esta a intenção dos fundadores quando formaram a ETS em 1949: aceitar pessoas de diversas tradições teológicas? Por que a ETS a princípio se manteve fiel a um valor, a saber, um compromisso com a autoridade e o caráter inerente da Bíblia como a Palavra de Deus? E um valor que vale a pena reafirmar? A ETS e outras organizações deveriam ser estruturadas de forma que criassem um lugar adequado
2Ag radeço a Jeffrey Jeffrey Bin gham , um colega antigo de teologia histórica que agora é professor de teologia no Southwestern Baptist Theological Seminary, pelo importante apoio dado neste capítulo.
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pa p a ra ev evan angé gélic licos os,, o q u e seri se riaa m ais ai s d ifíc if ícil il d e ser se r feit fe itoo e m o rg a n izações diferentes? Todas essas questões são cruciais para uma entidade heterogênea e não muito bem definida como o evangelicalismo. O evangelicalismo precisa focar seu comprometimento no evangelho, na autoridade única da Bíblia e na verdade. Mas precisa fazer isso à luz do princípio saudável e auto-reflexivo da reforma, no qual estamos sempre crescendo em nossa compreensão e necessidade, visto que não somos perfeitos até que o Senhor nos glorifique. Essa falta de compreensão completa deveria nos remeter cada vez mais à Bíblia e mesmo levar-nos à submissão perante o Espírito de Deus, para buscar a sua direção para compreender a sua vontade e caminhos. Defendo que o evangelicalismo necessita da ETS e de grupos de estudos e reflexão como esse, com sua estrutura, para ser lugar de debates onde a Bíblia é afirmada e levada a sério como a Palavra de Deus. A ETS é única dentro do evangelicalismo. Assim, sua resposta às questões polêmicas deve ser séria no que diz respeito à verdade e, ao mesmo tempo, deve ser aberta para a discussão de possíveis configurações da verdade. Em algum lugar deve haver um local para analisar áreas obscuras do conhecimento. Então, a resposta da ETS deve ser medida pelo modo como julga os limites difíceis. Mais importante, eu afirmaria que na busca por uma reflexão interna não perdemos a visão de outros aspectos cruciais de nosso chamado: sermos servos da igreja em geral e testemunhas no mundo. A reflexão teológica séria do evangelicalismo precisa envolver-se em desafios também sérios. Desafios gerados no mundo para o coração e alma das pessoas. Contrabalançamos duas grandes preocupações no evangelicalismo: a busca da verdade divina e um estudo espiritual, baseado na Bíblia, que prepara a igreja para viver de modo cristão e para dirigir-se de forma significativa a um mundo necessitado. Precisamos tomar cuidado para que a ver
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dade e o envolvimento do mundo permaneçam em nossa tela de radar. Há lições que podemos aprender com a história do evangelicalismo, com a história de uma organização como a ETS e com as possibilidades existentes para o evangelicalismo hoje. Essas lições nos ajudarão a evitar que sejamos autocontem-plativos demais. Pode surgir uma preocupação potencial com nossos debates internos em detrimento de nossa função fundamental de atender à incumbência do Senhor de envolvermos o mundo com a esperança do evangelho. Esse não é um ofício para o evangelicalismo. Voltando à história, comecemos com uma metáfora bíblica. Vejo a história como um ímã da missão que Deus nos deu. Suscito esse assunto à luz de um mundo evangélico que fala da história teológica como uma inclinação perigosa que inevitavelmente nos puxa para a escuridão e para o desvio. Com certeza, há muito mais a ser considerado sobre essa questão. A história mostra que, quando abandonamos nossos ancoradouros bíblicos e espirituais, somos levados pela correnteza. Mas o evangelicalismo precisa mais do que uma metáfora predominante. Ele necessita de uma metáfora de esperança, além de uma que nos alerte sobre o perigo. Creio que os votos matrim oniais seri seriam am um a m etáfora mais mais útil. útil. Além da vinda de Cristo, os votos matrimoniais para muitos de nós representam o momento mais sagrado da vida. É o instante em que dizemos com nosso cônjuge “até que a morte nos separe”. Duas pessoas comprometendo-se uma com a outra para o resto da vida. Minha comparação é um lembrete importante de como começamos. Pois Deus em Cristo também nos fez o seu voto nupcial. Ele apresentará sua igreja a si mesmo como uma noiva pura, sem m ácula (E f 5.26,27 ). Algumas ve vezes zes, qu an do ouço todo o negativismo sobre o que está acontecendo na igreja ou no evangelicalismo, ou leio a respeito do declínio de institui
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ções a princípio comprometidas com Deus, eu me pergunto: onde está stá a f é de qu e
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voto voto que Deus nos f e z é sua promessa promessa inal-
terável? Deus
nos prometeu: “Até que a glória nos complete”. Se falharmos, ele não falhará em erguer do mundo e de sua igreja aqueles que forem fiéis a ele e à sua Palavra. Sua promessa não nos libera de nossa m ord om ia espiritual espiritual de servi servi-l -lo. o. C on tudo, deve nos motivar a lembrar que ele está comprometido em nos dar apoio quando buscarmos orientação e sabedoria (Tg 1.5-8). Aqueles que verdadeiramente buscam a face de Deus o acharão. Como o autor de Hebreus afirma: “[...] pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recom pe p e n s a aq aque uele less q u e o b u s c a m ” . C om base base nessa nessa promessa, consideram os um editorial de 1993 do ex-secretário-tesoureiro da ETS Sam Kistemaker. Essa sociedade é composta por estudiosos e pastores, a maioria da América do Norte, que obtiveram o grau de mestrado ou são mestrandos em estudos teológicos. Eles se reúnem duas vezes ao ano, uma vez nacionalmente e outra regionalmente, para discutir questões de estudo e interesse teológicos. A declaração doutrinai atual da sociedade sustenta a infalibilidade e a trindade. Kistemaker escreveu uma nota de despedida encorajadora em nosso jornal teológico, quando se aposentou da função que exerceu de 1974 a 1992. Ele falou como membro da segunda geração da ETS pa p a ra a ter te r c eira ei ra ge gera raçã ção. o. T raç ra ç o u o c res re s c im e n to d a sociedade desde os encontros ocorridos no câmpus do seminário até os realizados em hotéis. Observou o crescimento da ETS de 600 membros para 2 100 (a ETS tinha quase 3 500 membros até novembro de 2001). Fechou seu editorial dizendo: Estou satisfeito de encontrar diversos estudiosos jovens e capaz es em nossos enco ntros regionais e nacionais. nacionais. Ê u m bo m sinal sinal p a r a a ETS. i n c e n t i v a m o s e s t u d i o s o s m a is jo v e n s a p a r t i c i p a r de funções de liderança e corajosamente apresentar pesquisas
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e v a n gé l i c a s n a v a n g u a r da d a b u s ca ac a d ê m i c a . C on f o r m e o guardião mais velho passa a tocha para a geração mais jovem, acreditam os que, co m a s bênçãos do Senhor, a ETS co ntinu ará a ser fiel fiel a seu prop ósito: “Fo m en tar a pesquisa bíblica bíbli ca conservadora, sendo um meio para a troca verbal e expressão escrita dos pensamentos e para a pesquisa no campo geral das disci p li n a s te o ló g ic a s c e n t r a d a s n a B íb l ia ” .3
Certamente, Sam estava falando diretamente àqueles que, como eu, participaram de encontros após encontros, em meu caso, desde 1976. Sam concluiu seu mandato, passando adiante a declaração dos propósitos da constituição da sociedade, escrita em 1949. Ela serve como um voto de direcionamento que conduz uma sociedade orientada pela busca da unidade na diversidade. Devemos fomentar a pesquisa conservadora p o r m e io d o d iá lo g o v e rb a l e e s c r ito it o e p e s q u is a r d isc is c ip lin li n a s teológicas, desde que centradas na Bíblia. Como essa organização faz faz is isso e m an tém sua característi característica ca erud ita, sua com un idade e sua integridad e teológi teológica? ca? Podem os estar na e xtrem idade cortante sem corrermos o risco de nos cortamos até a morte? Além disso, disso, será será que as liçõe liçõess que ap rend em os e estamos estamos a prendendo ajudam o vasto mundo evangélico? Começo voltando o olhar para a história da origem do evangelicalismo, então poderemos considerar onde uma sociedade como a ETS encaixase no movimento e como pode contribuir com ele.
U M A R E V ISI S Ã O H I S T Ó R I C A D E N O S SAS A S R A Í Z E S EVE V A N G É LIL I C A S M inh a intro du çã o a est estee capítulo foi foi elaborada, m as o evangelic gelical alis ismo mo é um a en tidade complexa e sua imp ortânc ia para a igreja dificilmente será exagerada, por causa de sua composi
3Editorial de convidado, Jour Jo urna nall o f th e E vang va ngel elic ical al Theolo Th eologic gical al Society Socie ty 36, η." 1, 1993: p. 2.
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ção multidenominacional e multinacional. O evangelicalismo po p o s su i t a n t o a u n i d a d e q u a n t o a d iv e r s id a d e d a igre ig reja ja,, c o m quem compartilha o compromisso fundamental da Bíblia, a bu b u s c a d a v e r d a d e e d a m iss is s ã o t e o ló g ica ic a . H o j e , ele e n f r e n t a os grandes desafios de um mundo que se encontra em um im po p o r t a n t e flu fl u x o c u l t u r a l e filo fi loss ó fic fi c o , c o n f o r m e i n d ic o u o c a p ítulo de abertura. O meu primeiro ponto de vista sobre o evangelicalismo é direcionado às suas subdivisões, a qualquer grupo denominacional ou tradicional da igreja que se identifique como evangélico. Lembre-se: um subgrupo não é o evangelicalismo, mas som ente u m a pa rte dele. dele. No ssa história m ostra que nossas nossas raíz raízes es são variadas. A humildade adequada nos ajudará a definir ciaramen te noss nossaa função, função, conforme buscamos buscamos o com prom etim etim ento do evangelicalismo com a verdade e com a igreja.
P r im e ir o e s tá g i o : a re f o r m a e 0 p ie t is m o a l e m ã o A história revel revelaa que o prim eiro estabelecimen to das raí raíze zess evanevangélicas ocorreu na Reforma e em suas conseqüências. As raízes do termo evangélico são as mesmas da Reforma. Os reformadores usavam esse termo a respeito de si mesmos, antes do term o pr p r o test te sta a n te tornar-se p op ular.4 Erasm o altercou co m L utero sobre o termo evangélico. A igreja protestante na Alemanha ainda é conhecida como evamelisch, e não luterana. No centro da confissão luterana permaneceu a justificação pela fé. Em Calvino, foi desenvolvida uma ênfase com respeito a questões mais abrangentes como santificação (vida santificada) e regeneração (enraizada no Espírito). O regenerado é transformado e torna-se frutífero. A justificação foi feita uma O
*Stanley J. GRENZ, Ren R en e w ing in g the th e center, cente r, Grand Rapids, Mich.: Baker, 2000, p. 26.
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só vez pa ra todos, tod os, seguida da santificação santificação.. Para C alvino , as as obras são um resultado da justificação, não a justificação como resultado das obras, como na teologia católica medieval. Segundo Stanley Grenz, a palavra, o sacramento e, posteriorm ente, a disciplina, disciplina, inclu indo a da igreja igreja (puritanos), (puritanos), tornaram-se as marcas da igreja pura, também conhecida como invisível e eleita. A certeza individual da salvação passou a ser baseada na evidência da santificação. Então, as raízes evangélicas abrangem o luteranismo e o calvinismo, assim como outros grupos da Reforma, como os anabatistas. Todos eles passaram a crer que a salvação é somente pela fé em Cristo por meio da graça. O pietismo alemão cresceu sob o olhar observador de Philipp Jakob Spener, Herman Francke e outros. Esses pietistas enfatizaram o sacerdócio universal e o valor de uma classe leiga treinada que deveria avançar a obra da igreja. Adoração, oração, estudo da Bíblia e comunhão eram os princípios fundamentais, e o novo nascimento tornou-se o objeto principal do pi p i e tis ti s m o . O foc fo c o era er a o c o raç ra ç ã o tra tr a n s f o r m a d o q u e c o n d u z iss is s e a um viver adequado. A conversão pessoal, e não o sacramento do batismo, to rnou-se a evidência evidência mais im po rtante que alguém alguém po p o d e r i a ter. ter . T e s te m u n h o s in d ic a n d o m o m e n t o s d e e x p e riê ri ê n cia consciente de compreensão da vinda a Cristo tornaram-se o principal meio de definir a entrada de alguém para a igreja e o componente fundamental das características evangélicas. A certeza da salvação surgiu em meio à natureza dessas experiências. Essas ênfases parecem familiares? Elas são parte de nossa herança. Esses pietistas não buscavam uma igreja pura, mas um a “igreja “igreja de ntro da igrej igreja”. a”. Aqueles que buscavam um a igrej igrejaa p u r a l u t a r a m p a r a e n c o n t r á - l a , c o m o a f a m o s a h i s t ó r i a d e Roger Williams deixa claro. Estavam surgindo abordagens diferentes do comprometimento evangélico, embora Jonathan Edwards com sua ênfase nas tendências religiosas parecesse re pr p r e s e n ta r u m a fusã fu sãoo da dass ên ênfa fase ses, s, c o m b i n a n d o c o n t e ú d o e c o ra ra
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ção. O que também significa, contudo, um foco no indivíduo em relação às questões e tentativas conjuntas. Alguns sugerem que a modernidade, com sua ênfase na experiência “provável” (por fim, expressa de forma poderosa em Schleiermacher), tornou essa mudança sociologicamente possível.’ Ela deu ao evangelicalismo seu foco mais valioso, o das dimensões pessoais e individuais da fé, mas suas raízes também amenizaram a preocupação com as dimensões conjuntas da caminhada cristã com Deus.
S e g u n d o e s t á g i o n a A m é r ici c a d o N o r t e : O s d o i s g r a n d e s r e a v i v a m e n t o s d o s é c u l o x v m e c o m e ç o d o s é c u l o xix i x . Esse segundo estágio histórico surgiu na América do Norte com os dois reavivamentos do século XVIII e começo do século XIX. Esses reavivamentos foram diferentes teologicamente e de formas relevantes, mas me concentrarei aqui em seu impacto sobre o evangelicalismo e em suas características sociológicas. As figur figuras as principais principais são são Jo na tha n E dw ards, G eorge W hitefield, os Wesleys, Charles Finney e seus seguidores. Enquanto o primeiro grande despertamento foi principalmente calvinista, no segundo, evangelismo e pragmatismo, combinados com o metodismo pietista, focavam em menor grau a ordenança divina em relação relação ao ao que a con teceu com os reform adore s.6 O s Tbid, p . 49-50. 1’D o n a ld D A Y T O N , Disc Di scov over ering ing a n evan ev angel gelica icall heritage, heritag e, 1996, Peadbody, Mass.: Hendrickson, 1994. Combino propositalmente a discussão sobre os dois grandes despertamentos na América do Norte. O primeiro surgiu em meados do século XVIII com Whitefield e Edwards sendo os catalisadores de um grande despertamento reformado e calvinista. O segundo surgiu no século XIX e foi mais diverso, refletindo o crescimento do metodismo. Em parte, junto as discussões porque o primeiro, sendo tão calvinista, era de certo modo uma extensão das ênfases da Reforma, enquanto o segundo era uma reação em parte às ênfases do primeiro e às I*
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reavivadores não só pregavam o evangelho, mas também tinham preocupações sociais (chamadas de “reforma moral”) com os pobres, escravos, mulheres e finalmente com a abstinência ao álcool. Todo o ímpeto dessas preocupações surgiu dos evangéli evangélicos, cos, já já que aind a nã o hav ia o evangelho soci social al,, um a expressão da teologia voltada para a reação política. Essas preocupações pelo próximo emergiram da defesa de uma visão de vida de santidade, diferente do modo como o mundo vivia e que marcava a poderosa presença transform ado ra de vidas vidas pelo pelo Espírito, incluindo o modo de servir ao próximo. Tais movimentos tinham também raízes escatológicas. A maioria das pessoas hoje não sabe que Jonathan Blanchard, fundado r da Faculdade de W he aton , tinha simp atia atia pelas pelas visõ visões es pó p ó s-m s- m ile il e n a rist ri staa s. N a real re alid idaa de de,, ele c on onsi sidd erav er avaa-se se ao m e s m o tem te m po p o p ré e p ó s -m ile il e n a ris ri s ta.7 ta .7 B lan la n c h a r d c e rta rt a ve vezz a rg u m e n to u q u e ► raízes da Reforma. O ponto básico é saber como foram essas raízes do evangelicalismo americano por séculos. Há também outras preocupações importantes sobre o segundo despertamento, particularmante quanto aos aspectos da teologia de Finney que Pelágío insinua, uma perversão tão mal expressada que tornava clara a necessidade de uma obra da graça divina. Ao fazer esse comprometimento, faço distinção entre dois tipos de soteriologia: a de Finney e a do Metodismo e Arminianismo. Sua abordagem sugere que os possíveis efeitos poderiam levar à resposta, subestimar a importância da obra divina que transforma nosso coração. Sobre o reavivamento, v. Mark A. Noll, The scandal o f the evangel evangelic ical al m i n d (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1994) p. 96. Noll observa um outro grande perigo que veio à tona durante o Segundo Despertamento que também foi fundido com o individualismo e o imediatismo da nova forma de pesquisa. E no antitradicionalismo que o evangelicalismo pe p e r d e o s e n tid ti d o d e c o n e x ã o e f id e lid li d a d e à h is t ó r ia d a igre ig reja ja q u e o apói ap óia. a. (p. 60-4). 7Paul M. BECHTEL, Wheaton College·. A heritage remembered 19601984 (Wheaton, 111.: Harold Shaw, 1984), p. 40. Sobre algumas diferenças de ações simultâneas de pré e pós-milenarismo, v. Christian Cynosure, 5 de abril de 1977.
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“a sociedade é perfeita onde o que é certo na teoria existe de fato; fato; ond o ndee a prática coincide com o princíp io, e a lei lei de D eus é a lei da terra”. Imagine alguém hoje argumentando que esse é um pa p a d rã o atin at ingí gíve vell p a ra a n ação aç ão.. N a rea re a lidad lid ade, e, a lgun lg unss a ind in d a o fazem, enq ua nto o utros apenas apenas fler flertar taram am c om a idéia.8 idéia.8 RecenteRecentemente, D avid Ch ilton ilton disse: “Nossa “Nossa meta é o dom ínio do m un do sob o senhorio de C risto, o controle con trole do m u n d o ’, se desejar [. [...] somos os formatadores formatadores d a história história do m u nd o ”.9 ”.9 E m bora disco discorrde dessa missão triunfalista, chamei a atenção desse ponto para mostrar quão abrangente o evangelicalismo era anos atrás. Durante o século XIX, os evangélicos britânicos e de outros países europeus formaram a Aliança Evangélica em 1846, e suas preocupações refletiam o que foi visto nos Estados Unidos. Algumas das reformas sociais mais significativas na Inglaterra foram conduzidas por evangélicos no período vitoriano. A Aliança Evangéli Evangélica ca é antecessora antecessora da Sociedade Evangéli Evangélica ca M und ial, um a organização líder internacional. O po nto principal de tudo tudo isso foi foi o com prom etim ento com a Bíblia (sola Scriptura), inicialmente em oposição ao apelo do catolicismo romano à tradição e, posteriormente, em reação ao surgimento de uma racionalidade secularizada e das reivindicações científicas sobre o mundo; e seguida, aos movimentos subseqüentes em direção ao liberalismo teológico, baseados exclusivam exclusivam ente no exp erim entalism o.10 o.10 O m ov im ento de conferência bíblica no século XIX, liderado em parte por aqueles
‘",Paul ,Pau l BO B O Y E R , When time shall be no more . Prophecy belief belief in mo dern american culture, Cambridge, Mas.: Belknap Press, 1992, p. 303-4, observa que o domínio da teologia de Rushdoony, Grimstread, North e Chilton encaixam-se neste ponto, e argumenta que Pat Robertson flertou com a idéia. ‘1Para Pa ra esta citação, citaçã o, v. v. D ave H u n t: Whatever happe ned to to heaven? (Eugene, Ore: Harvest House, 1988), p. 205■ R en e w ing in g the center, p. 53-80. 10G rz x z , Ren
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que focavam a volta do Senhor e o futuro de Israel, também contribuiu. Esse foi o ponto em que o dispensacionalismo em sua forma original começou a deixar suas marcas no evangelicalismo, comprometido com toda a Bíblia, ainda que se especializando naq naqueles ueles elem entos ento s vinculad os à profe cia.11 cia.11 É interessante que tal movimento tenha surgido em um período de intenso teor teológico e dúvidas nas principais igrejas. É compreensível que tenha ocorrido uma imensa pressão para defe nde r tud o em m eio ao crescente caos caos e ataqu e à fé. Essa Essa defesa tornou-se tão relacionada ao modelo literal ou corres p o n d e n t e d a v e r d a d e q u e a h e r m e n ê u t i c a d e M i l t o n T e r r y po p o d e r ia ser se r “am ile il e n a r ista is ta ” e “lit “l itee r a l” ao m e s m o t e m p o . Alguns descrevem o evangelicalismo arraigado na reforma cr iptu tura ra,, sola grat gr atia ia,, sola como possuidor das cinco solas , sola S crip fi f i d e , solus C h rist ri stus us e soli Deo Gloria. Aqui está um ótimo fundamento central a ser adicionado à confissão cristológica trinitariana trinitariana da igr igrej ejaa primitiva, con form e en con trado nos prinprincípios de N icé ia.12 ia.12 Se o evangelicali eva ngelicalismo smo nu n ca pe rde r sua forma enquanto vagueia por suas muitas subformas, permanecerá con ectad o às prioridades da igreja igreja ortod ox a h istórica istórica e aos aos seus seus pr p r in c íp io s , d a m e s m a f o r m a q u e a r e f o r m a , e t a m b é m às solas que poderão mantê-lo no curso em meio à sua capacidade de adaptar-se às forças sociológicas transformadoras. Agora chegamos a meados do século XX quando os evangélicos estavam em toda parte: luteranos, presbiterianos, episcopais, metodistas, batistas, pentecostais, carismáticos, dispensacionalistas e outros, todos contribuíram significativamente para o que fi
11Craig BLAISING, Dispensationalism: the search for definition, in: Dis D ispe pens nsati ation onal alism ism , Israe Isr aell a n d the th e church: chu rch: the search f o r d ef in itio it io n , (Grand Rapids, Mich.: Zodervan, 1992), esp. p. 16-20. 12M od er n Refo rmatio rm ation n 10, n.° 2 (2001): p. 33.
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cou conhecido como movimento evangélico, um agrupamento que também estava engajando o mundo de maneira que pudessem ser diferenciados do fundamentalismo. Muitos permaneceram em sua uass denom inações, enq ua nto ou tros seguiram seguiram caminhos separados para construir a partir da base suas instituições eclesiásticas. Praticamente, todos os grandes seminários evangélicos de hoje têm suas origens no período da metade do século XIX à metade do século XX. Surgiram numerosas organizações evangélicas, incluindo editoras, revistas como a Christianity Today e organizaçõe organizaçõess co m o a Associ Associação ação Na cional cion al de Evang E vangéli élicos cos,, na tentativa de serem canais dos acontecimentos, ainda sem estrutura formal, de um movimento evangélico. Billy Graham era reconhecidamente o símbolo do que o evangelicalismo defendia e acreditava. A ETS emergiu nesse mesmo contexto em 1949. De certa forma, o evangelicalismo estava em toda parte dentro da igreja e em lugar nenhum, tratando-se de estrutura formal. Ironicamente, quando esse segundo período decisivo de formação chegou ao fim, o evangelicalismo estabeleceu-se, ceu-se, mas não se firm an do em q uaisqu er instituições instituições formais que pudessem estruturalmente abrigá-lo. O que o uniu foi o comprometimento com o evangelho, a Bíblia e a verdade, o que manteve suas muitas partes diferentes costuradas livremente no Espírito, apesar de o evangelicalismo ter funcionado em vá vári rias as div divis isões ões denom inacion ais. O foco teológi teológico co ce ntral do evangelicalismo o manteve coeso, embora de forma livre, apesar de seu crescimento em várias subpartes.
0 Q U E FAF A Z 0 E V A N G E L ICI C A L ISI S M O H O J E : S U A S R A ÍZÍ Z E S FOF O R A D O F U N D A M E N T A LIL I S M O E S U A B A T A L H A C O M 0 M O D E R N ISI S M O N ã o tra tr a to a q u i d e ta lh a d a m e n te de o u tra tr a s u b tra tr a m a i m p o r ta n te da história do evangelicalismo: sua urgência em destacar-se do fundamentalismo no meio do século passado. Essa expressão de evangelicalismo procura conscientemente distinguir-se da sepa
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ração do fundamentalismo da sociedade, do mundo e até mesm o da igr igrej eja. a. Con seqüe ntem ente, o fundam entalism entalism o fragmentase em muitas direções na metade do século XX. Eis uma lição do que pode acontecer quando um desejo intransigente de estabelecer limites, se não for temperado com um sentido de perspectiva histórica. Quando começa, onde e quando vai parar? A não ser que os princípios centrais da teol teologi ogiaa perm aneçam como um a questão de prioridade, com todas as outras questões abertas para discussão, para que seja possível saber quais batalhas são prioritárias e quais são secundárias, a busca de limites apenas construirá muros que separam e dividem. Existe um perigo semelhante quando todos os tópicos estão abertos para o debate e são tolerados com ind iferença do utriná utr iná ria.13 ria.13 Assim , ning ué m mais sabe sabe com o d istingu ir as as verdades centrais da fé, que mantêm a igreja no curso dos debates mais internos. É nesse ponto que o trinitarianismo e os princípios da igreja primitiva assumem o papel instrutivo e crucial de nos lembrar dos elementos centrais e prioritários da fé. A igreja sempre considerou considerou a im po rtância de desssas dou trinas. trinas. Sem um grande fundamento teológico bem arraigado na história da igreja, remetendo-se à era primitiva, os fios livres, que de alguma forma mantêm o evangelicalismo unido, no curso se enfraquecerão e se quebrarão.
13E aqui que a recente declaração “Word made fresh” ( A palavra se fez fez nova) torna-se insuficiente. Ela Ela disse disse tud o em bom to m em nossos debates, alertando para não não cairmos no perigoso tom fundamentalista e divisor ou traçarmos limites demais, não oferece nenhuma ajuda im po p o r ta n t e p a r a d e te r m in a r a v e rd a d e e d isc is c e rn ir q uais ua is d eb a tes te s são p rio ri o riri tários de tal modo que a igreja deve lutar por sua alma teológica. Arrisca-se a sugerir que alguns debates teológicos são criados da mesma forma e que as inovações propostas são para isentá-los da crítica. Algumas vezes, a igreja igreja deve se pos icionar firme co ntra inovações que destróem o cará cará-ter único da revelação ou da doutrina de Deus e sua graça.
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A batalha com o m od ernism o nos séc sécul ulos os XIX e XX m arcou o evangelicalismo com uma valiosa paixão pela verdade em cada detalhe. O cristianismo, como verdade, precisava de uma defesa completamente desenvolvida, e ainda precisa. A Bíblia era (e precisa permanecer) a principal característica dessa apoiogética. A verdade foi defendida como parte de uma guerra de visões de mundo, pois a batalha não era somente intelectual, mas sim, ainda mais importante, espiritual. O sentido de vida ou morte impregnou esses debates, à medida que o princípio bíb b íb lic li c o lu tav ta v a p o r sua su a s o b rev re v ivê iv ê n cia ci a . Porém, ao adotarem uma análise da cultura e do mundo e suas diferenças dentro da igreja visível do século XIX e começo do século XX como uma batalha, os conservadores também adm itiram itiram um a anális análisee sem elhante das das disputas disputas m ais ais internas entre aqueles que eram claramente crentes e que mantinham o respeito pela Bíblia. A análise racional foi que o menor desvio da verdade nos levaria a uma inclinação perigosa de abandonar a Bíblia, a revelação e a verdade. A posição era compreensível na primeira metade do século XX, po p o is a s o b rev re v ivê iv ê n c ia d o conservadorismo teológico estava em jogo diante do liberalismo que aparentemente emergira numérica e administrativamente vitorioso (pelo menos por algum tempo) na maioria das denominações. Na mente da maioria que tinha consideração pe p e lo c r i s tia ti a n ism is m o , a igre ig reja ja visí vi síve vell to r n a r a - s e d e f e itu it u o s a . M a s Deus prometeu à igreja, bem antes de tudo isso acontecer: “Até qu e a glória glória nos nos co m plete ”. E a seu m od o m isterioso, isterioso, contudo soberano, ele agiu para preservar a igreja confiante e mantê-la viva, principalmente, graças em grande parte à obra fiel daqueles que formaram as primeiras gerações da ETS e de outras organizações como esta. A derrota, até certo ponto, seria bem possível, mas os tempos estavam em transformação. D eus ainda estava estava trabalhando . Ele Ele esta estava va trabalha nd o em todo o período desde a Reforma. E as raízes do evangelicalismo cres
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ceram e se estenderam para englobar uma herança formada po p o r m u ita it a s c o rre rr e n tes te s d ife if e r e n tes. te s.
A L IÇI Ç Ã O D E IXI X A D A P E L A H I S T Ó R I A D O E V A N G E L ICI C A L ISI S M O Há uma grande lição nessa história que proporciona ao evangelicalismo sua vibração e vitalidade. E o desejo de ser fiel a Deus na sua missão, caráter e mensagem e ao mesmo tempo existir surpreendentemente em diversas formas. Sua hesitação em ser centralizador e seu compromisso de concentrar-se em torno de um ponto principal o manteve verdadeiro e flexível o suficiente para adaptar-se a tempos de mudanças. N o in ício íc io d o sécu sé culo lo XXI, vemos que a teologia evangélica conservadora sobreviveu por causa de muitas pessoas que foram diligentes em permanecer fiéis à Bíblia, comprometidas com Cristo e preocupadas com o mundo, mesmo enquanto bu b u s c a v a m as refl re flex exõe õess d o u t r i n á r i a s e a in te g r id a d e e s p irit ir ituu a l. Em muitos casos, as instituições foram reconstruídas e agora se desenvolvem. Outras se recuperaram. Nossa recuperação foi tão forte que alcançou um nível em que o máximo que poderíamos temer era nosso desejo de buscar uma popularidade cultural e social, provavelmente em detrimento de nossa mensagem. Essa sobrevivência possivelmente foi difícil de visualizar na virada do século. Deus mudou os tempos e novamente tra ba b a lh o u p a r a m a n t e r sua su a p r o m e s s a “a té q u e a g lóri ló riaa n o s c o m ple p le te ” . A in d a e sta st a m o s ne ness ssaa jo r n a d a ; os risco ris coss p e r m a n e c e m , e também a promessa de Deus. O evangelicalismo também se tornou vibrante porque as gerações de crentes do século XX tentaram permanecer focadas ET S em atende r ao ao vast vasto m un do em que se se enc on trava m .14 A ETS
1,Para um estudo fascinante do impacto do evangelicalismo na história dos Estados Unidos e da perspectiva dos Grandes Despertamentos, v. a obra do economista e prêmio Nobel Robert William Fogel, The fou fou rth
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nasceu nesse contexto, e sua meta era contribuir para um evangelicalismo que ainda necessitava de um lugar para a reflexão e o engajamento teológicos. Paradoxalmente, quando a luta teológica estava mais acirrada, as fundações também foram estabelecidas por outro conjunto de evangélicos que se pr p r e o c u p a v a m c o m o m u n d o e c o m a u n ive iv e r s ida id a d e . E n t r e esses estão grupos como o InterVarsity Christian Fellowship, a Cruzada Estudantil para Cristo, o Young Life e o Navigators, sem mencionar várias organizações missionárias ao redor do mundo q ue atingiram quase todas as as nações nações do globo. Essas Essas organizações zações buscaram um alcance alcance missionário e agora estã estãoo colhe ndo muito fruto pelo mundo. A combinação teológico-missionária não é por acaso. Essa é uma lição para nós, visto que enfrentamos uma nova era de desafio. E a razão pela qual a teologia deve permanecer focada em Cristo, na transformação que ele traz pelo Espírito e no caráter único da graça e da humanidade que dela necessita. Entretanto, a teologia também deve ser missionária para sobreviver, e ainda manter os olhos fitos na fidelidade à verdade. Então, qual é a nossa posição hoje como movimento e no mundo? E o que analisaremos a seguir.
(Chicago: University of Chicago Press, 2000). Fogel argumenta que o evangelicalismo tem entendido os efeitos debilitantes da tecnologia sobre a cultura melhor que qualquer outro grupo, porque continua a valorizar as preocupações espirituais que a tecnologia tende a ignorar e que o processo tecnológico normalmente retira as vísceras da sociedade. (Por egalitarianismo, Fogel não quer referir-se à questão do gênero, como em nossas discussões teológicas, mas a uma série de questões sociais que pertencem de forma equalitária à sociedade, incluindo raça, classe social e oportunidade). Para obter mais comentários sobre este importante estudo de Fogel, v. o capítulo três.
p grea gr eatt a w a k e n in g a n d the th e f u t u r e o f ega e galit litar aria iani nism sm
QUAL É NOSSA POSIÇÃO HOJE? O e v a n g e l ici c a l i s m o n e c e s s i t a p r e s e r v a r d ife r e n t e s tip o s d e o r g a n iz a ç õ e s
oje, o evangelicalismo vibra com um conjunto de instituições e estruturas recém-construídas, das quais a ETS é o principal exemplo. O evangelicalismo, sendo uma força para a renovação na igreja, que eu definiria como pessoas comprometidas com Cristo, com o evangelho e com a primazia da Bíblia, está crescendo mundialmente, embora, provavelmente, não seja uma presença dominante. N ã o h á d ú v i d a s d e q u e t a m b é m t e m o s p o t e n c i a l p a r a a u mentar nossa influência. Entretanto, o caminho nem sem pr p r e foi fo i fáci fá cill e n ã o será se rá.. As v oz ozes es d e d e s e s p e r o a c im a d a c o n dição do evangelicalismo evangelicalismo c on tinu am a soar advertências. advertências. Essa Essass advertências não podem e não devem ser ignoradas, mas nem po p o d e m ser se r e x a g e r a d a m e n t e a f irm ir m a d a s . M a n t e r o e q u i l í b r i o na corda bamba nos remete à idéia de alguém com os braços abertos e movimentando-os de um lado para o outro, tentando equilibrar-se para não cair.
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O S T IPI P O S D I F E R E N T E S D E O R G A N I Z A Ç Õ E S EVE V A N G É L ICI C A S : ESE S P E C IFI F ICI C A M E N T E T R A D I C IOI O N A I S,S , M O D E R A D A S , T R A D I C IOI O N A I S INI N C L U S IVI V A S E A B E R T A S A avaliação de nosso estado atual conduz à minha proposta, que está baseada no objetivo que norteou a fundação de uma organização como a ETS, e assim tem sido por mais de meio século. século. M in h a tese tese é qu e ne m todas as instituiçõe s evangéli evangélicas cas são criadas para o mesmo objetivo. E essencial saber a que tipo de organização você pertence e em qual você está atuando. O evangelicalismo necessita de instituições confessionais para re pr p r e s e n ta r suas su as vá vári rias as s u b c o rre rr e n te s e d e lug lu g ares ar es m e n o s lim li m ita it a dos, onde essas subcorrentes possam encontrar-se e interagir. ef o i'm i' m a tion ti on Uma análise das edições passadas da M o d e m R efo [Reforma Moderna\ (março-abril e maio-junho de 2001) ilustra minha tese sobre a necessidade de instituições diversas no evangelicalismo. O que torna a M o d e r n R e fo rm a tio ti o n tão interessante é que ela foi criada por uma instituição confessional e reformista, a Alliance of Confessing Evangelicals. Esse grupo é comprometido com uma fé doutrinária e biblicamente fundada, baseada em uma rica tradição teológica. Entretanto, seus membros sentem a necessidade crucial do diálogo aberto e da bu b u s c a d a de defe fesa sa d a v e rd a d e . Eles El es e n te n d e m q u e e x iste is tem m ne nece cesssidades a ser acolhidas dentro do evangelicalismo, em que há a po p o s s ibil ib ilid id a d e d e o c o r r e r d isc is c ussõ us sões es p a c ien ie n tes te s p a ra clas cl assif sific icar ar as coisas. Essas instituições são locais onde ocorrem discussões e interações, ao passo que existem instituições onde as decisões são tomadas e os limites mais cuidadosamente estabelecidos. H á tam bé m épocas em q ue cada instituição, instituição, sej seja el ela confessi confessional onal ou menos limitada, deve posicionar-se com relação a questões difíceis e assumir um discurso mais duro. Entretanto, o processo de tomada de decisão e de fazer julgamentos teológicos pr p r e c isa is a ser se r m a is d e lib li b e r a tiv ti v o e p a c ie n te a n tes te s d e d e c id i r p e lo estabelecimento de direções. Por exemplo, Thomas Oden, que não é admirador da teologia aberta, contesta o uso de seus comentários críticos a respeito da abertura por algumas linhas re
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Re forrformistas tradicionais. Ele fala francamente na M o d e m Refo mation 10 dedicada ao tópico “Nosso débito para com a heresia: mapeando limites”.
Continuo comprometido com a teologia irenista e com a paz da igreja. Lamento que tenha causado um conflito que necessite de um diálogo paciente e de uma conversa cuidadosa. Essas conversas devem ocorrer com amor, da forma como tentei argumentar no artigo [em Christian Today, 9 de fevereiro de 1998; p. 46]: “Se os reformistas insistem em manter as fronteiras teiras da heresia heresia aberta, dev deve-se e-se op opor or a eles eles,, mas com a m or”. or ”. Isso não significa que “qualquer coisa passe”, mas que o debate sobre a presciência divina, assim como outras questões polêmicas, ocorra com civilidade, amor e empatia.1 !N.° 3 (maio-junho 2001): p. 42. No último artigo da Cristianity Today, Oden disse que “a fantasia de que Deus não conhece o nosso futuro é uma heresia que dever ser combatida com base bíblica (‘Desde o início início faço con he cido o fim, fim, desde temp os rem otos, o que ain da virá’; Is 46.10; v. tb. Jó 28; SI 90; Rm 8.29; Ef 1), existente na história da exegese de passagens importantes. Essa questão foi amplamente discutida por exegetas patrísticos desde o princípio, como em Contra Celso de Orígenes. Manter estes limites da fé não definidos é uma tentação demoníaca que os evangélicos dentro da linha principal aprenderam muito be b e m e tod to d o s sofr so free ra m q u e im a d u r a s d o lo ro sa s” . A fo rç a desses des ses c o m e n tá rios os torna mais importantes, apontando para o equilíbrio cuidadoso que devemos manter. Os limites são importantes de serem mantidos, mas também o diálogo justo e direto que tenta entender e avaliar. Ter tempo para avaliar e interagir é importante para fazer uma avaliação correta. Oden conclui seus comentários em Christianity Today com esta afirmação: ‘'Embora admito que há outras tarefas mais importantes do que expor a heresia, alerto; se não houver um sistema imune, que resista. em breve não haverá nada mais além da proliferação e infestação da heresia. Falo como alguém que já foi amante da heresia”. Essas são palavras sensatas de alguém que já passou pelos dois lados da rua teológica. O diálogo paciente e a conversa cuidadosa são pré-requisitos para a com pre p re e n s ã o e a vali va liaç açãã o prec pr ecis isa. a.
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A mesma preocupação aparece em uma edição mais recen A ío d e rn R e fo rm a tio ti o n sob te da Aío sob o tema: “Evangelical Evangelicalis ismo: mo: Q ue m é seu dono?”, em que Michael Horton compara o evangelicalismo com uma “aldeia com arena para debates” a fim de diferenciá-lo da igreja local. Ele diz: Nossas Noss as igrejas são esferas esferas de discipli disc iplina, na, mas o evangelica evan gelicalismo lismo é uma “aldeia com arena para debates”, onde as causas comuns são criadas e onde ocorrem as discussões. Isso nos libera para interagir e, se possível, buscar acordo e cooperação em tarefas comuns. Essa “aldeia” não tem poder de excomunhão, mas deve assegurar proteção aos coléricos calvinistas e luteranos, assim como aos bondosos arminianos, conforme são caracterizados.2 N a m e s m a e d içã iç ã o , h á u m a r tig ti g o d e L ew ewis is S m e de des, s, e scri sc rito to originariamente em 1980, que nos alerta sobre o perigo de confundir o evangelicalismo com a igreja. A principal argumentação de Smedes é que o evangelicalismo, sendo uma estrutura poderosa, com hierarquia, é provavelmente uma fantasia [...]. Essa é uma fantasia perigosa, perig osa, pois leva os evangélicos a repr re pres esen entátá-la la e isso significa signific a que eles ignoram a igreja real e investem sua energia somente na quase-igreja chamada evangelicalismo [...]. O povo evangélico precisa proteger-se contra o evangelicalismo e sua hierarquia. A teologia evangélica precisa libertar-se do jogo de poder criado por líderes partidários. A teologia evangélica deve ser a teologia da igreja e para a igreja.3 2The batdes over the label “evangelical”, M o d e m R efor ef or m atio at ion n 10, n.2 (março-abril de 2001): p. 20. 3Evang elicalism - a fantasy, fantasy, Ref R efor or m ed Jo u r n a l 30, n.° 2, 1980: p. 2-3, reimpresso na M o d e rn R ef or m a tio ti o n 10, n.° 3 (março-abril de 2001): p.
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Acredito que Smedes exagera em sua afirmação com relação à retórica. Contudo, considerando o cenário dos valiosos debates da década de 1980 sobre a infalibilidade em que ele defendia defendia um afastamento afastamento dess dessee tipo tipo de com prom etim ento com as Escrituras, há um tom de verdade no que ele afirma. Não há uma estrutura clara de responsabilidade dentro do evangelicalismo que permita que ele se manifeste como uma entidade de voz única, monolítica, claramente definida sociológica e religiosamente. Como todos sabemos do fundo do coração, o evangelicalismo em sua extensão e importância é um a entidade heterogênea heterogênea,, não im porta o qu an to estamos estamos vin vin-culados a rótulos. Mesmo aqueles que pertencem à ETS ou a outras organizações evangélicas importantes são meramente uma voz nessa aldeia muito maior e crescente. N a r e a lid li d a d e , a a lde ld e ia e s tá se t o r n a n d o u m a c o s m ó p o le à medida que se espalha pelo mundo. A ETS, sendo uma voz evangélica entre muitas outras, é uma instituição comprometida com o diálogo sobre a exegese, com a teologia e com a história teológica, baseada no comprometimento com a Bíblia. Entretanto, seja dentro da ETS ou em outra esquina qualquer da cidade evangélica, devemos ser cautelosos ao afirmar que po p o s s u ir u m a l e i tu r a d ife if e r e n te d a B íbli íb lia, a, m e s m o a leg le g a n d o sua su a abrangência como um todo, requer a desqualificação de ser evangélico simplesmente porque outros dentro do movimento a consideram incoerente dentro de suas bases doutrinárias. Retornarei posteriormente a esse assunto polêmico, pois há momentos em que é necessário remover ou censurar de forma séria, e isso precisa acontecer para o bem-estar do movimento como um todo. Contudo, minha principal preocupação é quando essa sanção torna-se necessária. Ela será aplicada deliberadamente ou somente às questões centrais mais óbvias em que uma grande parte da comunidade evangélica toma decisões com base no máximo de informações possível. Sendo
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uma comunidade teológica voltada à reflexão e comprometida com o crescimento espiritual pela autocompreensão por meio do Espírito, não devemos meramente reagir tão rapidamente para pôr correntes de opiniões em circulação na arena de debates. debates. D evem os ser cuidadosos a fim de refletirmos refletirmos o máximo possível nessas decisões. Ainda em outro artigo dessa mesma edição da M o d e m Re R e fo r m a tio ti o n , Shane Rosenthal fez distinção entre os círculos de nossa própria instituição confessional ou igreja e a praça pú p ú b lic li c a m ais ai s a b ra n g e n te . E m b o r a essa ess a d i s tin ti n ç ã o tra tr a g a à t o n a importantes questões eclesiásticas sobre a igreja visível e a invisível, manter essas áreas separadas nos ajudará a determinar que os limites podem funcionar de maneiras diferentes em um contexto especificamente tradicional e confessional (círculos) versus outro tradicional e aberto (praça pública). Meu argumento é que a ETS e muitas outras organizações evangélicas, como nossas editoras, são entidades destinadas principalmente a serem praças públicas para debates. A maioria das igrejas locais opera dentro de um círculo fechado, enquanto as denom inações e seminários, por autode finição, pod em estar estar em qualquer um dos dois lados, dependendo da base doutrinária que defendem. Cada instituição deve estar consciente do espaço que ocupa e por quê. Há mais de meio século, ao fazer sua afirmação doutrinária de maneira tão sucinta, limitando-a a uma declaração sobre a Bíblia, a ETS indicava que tipo de instituição seria. Na realidade, a declaração da ETS jam ja m a is foi fo i c h a mada de declaração doutrinária, mas sim de base doutrinária. Os fundadores também estavam conscientes de que essa base de associação e sociedade nunca foi projetada para ser uma declaração completa. Eles sabiam que tipo de organização estavam criando e qual a função que ela ela teria teria no evangelica evangelicali lismo. smo. O evangelicalismo precisa de algumas organizações que possam atuar atu ar em m eio à divisã divisãoo dos círculos fechados confessionais. confessionais.
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Defendo a tese de que a ETS e outras organizações evangélicas desse tipo são projetadas intencionalmente para ser instituições tuições p ara o de bate a berto. Volto a citar a missão da ETS pa p a ra exemplificar como certas organizações evangélicas devem funcionar, se correntes diversas do evangelicalismo tiverem qualquer chance de trabalhar juntas para realizar o chamado maior da igreja. Tal exemplo deve nos fornecer o contexto para ajuda r-nos a definir com o ess essas organizações organizações devem posicionarse à medida que o evangelicalismo movimenta-se em uma determinada direção. Essa distinção de estrutura também pode nos auxiliar auxiliar a discernir com o deveríamos p roce der ao fazer fazer disdiscursos mais duros em áreas doutrinárias polêmicas. As organizações abertas estão estrategicamente colocadas para terem diálogos abertos, ao passo que as organizações m ais “confe “confessionais” ssionais” po p o d e m c o n t r i b u i r o u s im p le s m e n te o b s e rva rv a r a s u a p r ó p r i a rere flexão e crescimento. Entretanto, antes de analisarmos como dialogar uma com a outra, precisamos contextualizar o evangelicalismo em termos globais.
S ITI T U A N D O 0 E V A N G E L ICI C A L ISI S M O N O CO C O N T E X TOT O G L O B A L : A O R D E M M I S SIS I O N Á R IAI A Vamos pensar globalmente em missões. Nos últimos 25 anos, o total de cristãos cresceu 60%, de 1,25 bilhão para 1,95 bilhão. A maior parte desse crescimento não ocorreu na América do Norte, mas sim na Ásia, na América Latina e na África. Entretanto, a porcentagem de cristãos em relação à população mundial permaneceu estagnada perto de 34%, enquanto a p o r c e n t a g e m d e m u ç u l m a n o s a u m e n t o u d e 1 5 , 9 % p a r a 19,6%. O número de muçulmanos dobrou desde 1970, de 564 milhões para 1,3 bilhão. A razão principal é a alta taxa de natalidade. Hoje, 58% dos 600 milhões de protestantes ao redor do mundo vivem na África e na Ásia. Isso deixa de fora 1,3 bilhão de cristãos que pertencem a outra tradição religiosa
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importante. Os evangélicos tiveram uma taxa anual de crescimento de 5%, de 125 milhões em 1970 para mais de 300 milhões. Mesmo com esse crescimento, os evangélicos representam cerca de 15,3% daqueles que se intitulam cristãos.4 Certamente que são apenas estimativas, mas são esclarecedoras. N ó s e v an angé géli lico coss s o m o s p a r t e d e u m a m i n o r i a c ris ri s tã g lob lo b a l e os evangélicos da América do Norte são parte de uma minoria ainda menor de evangélicos no mundo, visto que estes representam cerca de 5% da população mundial. Pensando em relação a missões, até 2025 haverá mais de 8,3 bilhões de pessoas no mundo. Esses bilhões necessitarão de missões transculturais para ouvir e entender o evangelho. A maioria vive na janela 10/40, localização geográfica onde os pr p r in c ip a is d esaf es afio ioss e s p irit ir ituu a is, is , ide id e o lóg ló g ico ic o s, soci so ciai ais, s, u r b a n o s e comunitários de missões são mais proeminentes. E também a área dos principais pontos de tensão do mundo. Essa, todavia, não é a única janela missionária. As discussões também envoivem a janela 4/14 das crianças, onde um terço da população mundial tem menos de 15 anos de idade. O outro fator é o crescimento da urbanização mundial. Mais pessoas vivem nas cidades, incluindo as megalópoles, do que fora delas. Existe ainda a janela a 40/70 da Europa, região que anteriormente formava a União Soviética e que precisa ser evangelizada novamente. Finalmente, há a janela 35/45 da Turquia, que é em sua maioria muçulmana. Existe uma estimativa de que 1,2 bilhão a 1,4 bilhão de pess pe ssoa oass n u n c a o u v ira ir a m o e v a n g e lho lh o e q u e m ais ai s d e 9 5 % de dessa ssass pess pe ssoa oass v ive iv e m n a jan ja n e la 1 0 /4 0 . Essa Es sa é a reg re g ião iã o o n d e vive viv e 8 5 % da população mais pobre e desprovida do mundo. E é tam-
,Estatísticas do site www.worldevangelical.org , notícias e comentários de Patrick Johnstone, diretor de pesquisa, WEC International.
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bé b é m o n d e v ive iv e m m ais ai s d e 9 5 % d o s m u ç u l m a n o s , h i n d u s e b u distas do mundo.5 N o f u tu r o , m u ito it o s d e n ó s p r e c isa is a r e m o s faze fa zerr u m t r a b a lh o maior com as religiões do mundo. Minha filha, que estudava em Wake Forest quando ocorreu o ataque de 11 de setembro, assistia a uma aula de religião em que se tentava enfatizar as raízes religiosas similares do judaísmo, islamismo e cristianismo, bem como diminuir a ênfase em suas diferenças. Esse é o p o n t o p a r a o n d e n o ssa ss a c u l t u r a q u e r c o n d u z ir a p r ó x im a g e rara ção. A recente tragédia do ataque ao World Trade Center e as contínuas tensões no Oriente Médio enfatizam a importância de entender as várias correntes presentes em cada religião do m un do . Poucos crist cristãos ãos sabem algo sobre o islamism islamism o, sem m encionar suas várias manifestações. O mesmo poderia ser dito, embora em menor grau, com relação ao conhecimento dos cristãos sobre o judaísmo. No que diz respeito às outras grandes religiões do mundo, a maioria dos cristãos, incluindo seminaristas, ignora o que as mantêm vivas. Ainda mais desafiador é o fato de que essas religiões mundiais são freqüentemente sincretizadas com as religiões folclóricas locais, lembrando-nos que o p rob lem a da influê ncia cu ltural local (globalização)6 (globalização)6 nas maiores tradições religiosas nunca está muito longe de nós. Esse relacionamento entre cultura e expressão religiosa é uma parte importante da iniciativa teológica, entretanto raro é o seminário ou pa uta teológi teológica ca que dedica m uito tem po a es essas quesquestões. O relacionamento entre cultura e religião não deve ser relegado à periferia do evangelicalismo, especialmente quan-
,Estatísticas do AD 2000 People CD distribuído pela WEH. 'David LVON utiliza o termo globalização para observar o aparente conflito entre a globalização e sua expressão local peculiar, que se forma em muitos tipos de subformas locais híbridas (Postmodernity [2. ed., M inneapolis: U niversity niversity of M inne sota Press, Press, 1999, p. 64]). 64]).
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do os países estão se tornando cada vez mais globalizados e o evangelicalismo está se expandido pelo mundo. Muitos evangélicos licos da pró xim a geração precisam atacar tais tais questões, questões, recolhe re colhendo ndo o que foi deixado para trás pelos pioneiros desta geração. Portanto, os estudantes de teologia precisam valorizar os as pectos pec tos globais das religiões e suas expressões locais. Q u a n d o esses estudantes se formarem, andarão profissionalmente neste mundo globalizado, quer na expressão peculiar de sua congregação local quer em manifestações de fé circunvizinhas. Tais realidades mostram a extrema importância da compreensão da contextualização por nossos estudantes. Eles devem ser estudantes de teologia de sua cultura específica e das culturas ao seu redor. Talv Talvez ez nada melhor me lhor ilustre ilustre o problem prob lemaa da leitura cuidadosa de nossa cultura do que o modo como Robert Fogel define o termo espiritual, tentando conferir-lhe um valor positivo a ser busca bu scado do p or nossa cu cultu ltura ra.. C o m o os ou outro tross livros citados cita dos no prim pr imei eiro ro capít ca pítulo ulo qu quee analisam ana lisam nossa noss a cu cultu ltura ra,, Fogel foca os valores relacionados à qualidade de vida. O estudo é valioso para pa ra u m a co comp mpre reen ensã sãoo do impa im pact ctoo cu cultu ltura rall de um a série de fenômenos no último século. Essas mudanças prolongaram a vida e o trabalho, assim como formataram as novas realidades econômicas, incluindo oportunidades sem precedentes para o uso uso cada vez vez maior ma ior do tempo tem po de lazer lazer e do trabalho voluntário, que contribui para o indivíduo e a sociedade. Fogel posiciona o quarto grande avivamento na década de 1960. Ele diz: A iniciativa de moldar essa nova pauta foi transmitida, em grande escala, para os discípulos do Quarto Grande Avivame va mento nto que focaram as questões de igualdade espiritual (não material). A proposta pode surpreender aqueles que se opõem à ideologia do direito religioso. Entretanto, é a substância da proposta, não a retórica, retórica, que é importa imp ortante. nte. A questão é se essas reformas contribuirão para uma maior igual
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dade na distribuição dos patrimônios espirituais que terão impacto tanto na busca pela auto-realização quanto pelo sucesso econômico no mercado. Embora Fogel reconheça que os valores espirituais afetam pro pr o fun fu n da dam m en ente te o m u n d o , ele relac re lacion ionaa as ques q uestõe tõess espiritu esp irituais ais às preocupações das pessoas comuns com a auto-realização e com o mercado. Quando estudei sua análise inicialmente, eu me perguntei se o evangelicalismo havia feito o mesmo compromisso. O evangelicalismo estabeleceu metas espirituais como meio para aquelas coisas que normalmente são vistas como a principal finalidade da vida, isto é, auto-realização e sucesso no mercado?? Ac do Acred redito ito que essas essas são priorida prio ridades des que Jesus desafiaria, desafiaria, concon forme indica sua orientação a respeito de dinheiro e bens materiais (v. esp. Lc 6.20-26; 8.14; 9.57-62; 12.13-34; 16.1-13; 19-31; 18.18-30; 19.1-10). Na realidade, conforme continuava em minha leitura, a análise de Fogel tornava-se mais com plexa do qu quee a qu ques estão tão an ante teri rior or sugere, pois ele co cont ntra rasta sta a busca busc a pela auto-r aut o-real ealiza ização ção e pelo sucesso no m erca er cado do co com m a “eterna acumulação de bens de consumo duráveis e a busca do praze pra zer” r” (p. 176), qu quee é par p araa m uito ui toss de nós o qu quee repre rep rese senta nta a auto-realização. Ele também faz distinção entre o reino sagrado (fé religiosa) e a “gama completa de produtos insignificantes necessários para lidar com o trauma emocional” que, ele reconhece, tem pouco a ver com o mercado (p. 178). O significado de “espiritual” para Fogel é mais abrangente do que normalmente o termo significa para os evangélicos ou religiosos, mostrando que a cultura pós-moderna está acrescentando significado ao termo espiritual, definindo-o com uma cobertura maior que no passado. Portanto, para Fogel, a auto-realização é a busca da virtude (não uma auto-realização egoísta). Ele
The four th great great awakening an d the the futu re o f egali egalita tari riani anism, sm, Chicago:
University of Chicago Press, 2000, p. 12-3.
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define sua formação com quinze elementos (p. 205-7): senso de propósito, visão de oportunidade, senso de trabalho e vida de relevância, forte ética familiar, senso de comunidade, capacidade de engajamento em grupos diversos, ética de benevolência, ética de trabalho, senso de disciplina, capacidade de foco e concentração no próprio esforço, capacidade de resistir ao amor ao hedo hedonismo nismo,, capacidade autodidata, autod idata, sede sede de conhecimento, valorização da qualidade e auto-estima. A definição de Fogel sobre o termo espiritual é surpreendentemente desprovida de elementos transcendentais, embora pudesse haver espaço para isso. O conteúdo espiritual é decididamente antropocêntrico e humanístico. O lugar do Espírito (com E maiúsculo) no empenho espiritual está se perdendo. Este é o ponto que o evangelicalismo está enfrentando ao dirigir-se a uma cultura que quer valores espirituais, porém, deseja buscar virtude em termos antropológicos desprovidos de discussão sobre o que é sagrado ou divino em qualquer sentido do termo, sem mencionar no que se refere ao Deus das Escrituras. Eis a razão principal pela qual os evangélicos não pod p odem em se afastar afasta r da m etana eta narr rrat ativ ivaa da Bíblia e dev devem em ser cada vez mais claros sobre seu conteúdo. O risco consiste em Deus ficar perdido em uma cultura que busca uma espiritualidade na qual seja possível fazer pouco ou nenhum esforço de reflexão ou de envolvimento com o Deus vivo. Algo assim os evangélicos não reconheceriam como espiritualidade. O potencial para pa ra con confus fusão ão sobre sob re esse esse tópic tóp icoo ao eng engaja ajarr nossa socieda soci edade de é imenso. O verdadeiro risco é o de que alguns evangélicos em nossas igrejas talvez tenham definições do termo espiritual que sejam estabelecidas tanto pela classificação de Fogel quanto pelas que questõe stõess levantada levan tadass pela presen pre sença ça do D eu euss vivo e de seu Espírito em nossa vida. Concluo esta seção lembrando que nenhum subgrupo é o evangeli evangelicali calismo, smo, m as apenas um a parte dele, dele, especialmente qu ando o evangelicalismo é visto histórica e globalmente. E ainda
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resta uma imensa missão para todos nós membros da igreja. Essa missão e a complexa composição da igreja dizem que temos muito à fazer, e temos apenas arranhado a superfície de como estar biblicamente comprometidos em relação as questões globais e locais que dominam a realidade atual.
A N A L ISI S A N D O U M E X EEMM P LOL O D E G R U P O A B E R T O : A E T S À L U Z D A O R D E N A N Ç A M I S S IOI O N Á R I A E D E S U A H I STS T Ó R IAI A E F U N Ç Ã O N O EVE V A N G E L ICI C A L ISI S M O O evangelicalismo é uma entidade tão complexa quanto a igreja visível e invisível. O evangelicalismo necessita de instituições que confessem determinada herança e história, as instituições fechadas. Necessita também de organizações que atravessem os limites de maneira que unam livremente os diversos tipos de círculos fechados e os mantenham compreensíveis. Nesta seção, mostro como foi fundada uma dessas organizações abertas, a ETS, e qual foi seu objetivo de criação. (Muito do que trato acerca da ETS po p o d e r ia ser se r a p lic li c a d o a o u tra tr a s o r g a n iza iz a ç õ e s abertas do evangelicalismo.) Necessitamos de várias organizações estratégicas como essa para manter as diversas correntes do evangelicalismo em contato umas com as outras em benefício da missão maior da igreja. A ETS não é o evangelicalismo. Entretanto, é um componente importante do movimento, parte de uma comunidade reflexiva da igreja que é especialmente comprometida com a Bíblia. Mas o serviço que a ETS tem prestado à igreja não é meramente ou mesmo estritamente acadêmico. Ele também existe para ser um exemplo para a igreja da maneira de envolver-se seriamente com a Bíblia, mesmo em disputas, com respeito não só ao que ela diz, mas também em como diz. Porém, seu propósito supera as questões de conteúdo e nuanças: coincide com o propósito da igreja de maneira geral, isto é, proporcionar a força necessária para alcançarmos
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o mundo necessitado, muito mais multiforme que o existente em 1949. Esse mundo chegou à nossa porta não somente p o r i n t e r m é d i o d o s m e io s d e t r a n s p o r t e e tro tr o c a s c re sc e n tes, te s, mas também pela mídia e por redes de culturas mundiais visíveis e complexas. O valor principal da ETS e de organizações semelhantes é a mistura nelas apresentada (e tais organizações necessitam melhorar em relação à sua mistura de sexo, etnias e nacionalidades). A ETS é um dos poucos lugares onde encontramos essa heterogeneidade de pessoas que se confraternizam e dialogam face face a face. face. Vemos aqu aquii a igrej igreja, a, não nã o só nossos subg rupos rup os pr p r o v in c ian ia n o s , tra tr a b a lh a n d o n o d iálo iá logg o e n o d e b a te sob so b re a Bí bli b liaa . C r e io q u e os f u n d a d o r e s d a ETS foram sábios ao ter a Bíblia como o ponto de reagrupamento e torná-la a parte centrai da base confessional. Há ainda uma questão importante a ser ser tratada: tratada: ao man terem-se co m prom etidos com a Bíblia Bíblia com o elemento central, a ETS especificamente e o evangelicalismo, de maneira geral, são bem-sucedidos além da Bíblia para envolverem a si mesmos e ao mundo com a mensagem que aponta para o único de onde procede a Palavra e para quem essa normalmente conduz? Alguns Alguns perguntarão: perguntarão: com o p odem os trabalhar trabalhar juntos qu ando não concordamos? Como podemos prosseguir, se não temos a mesma opinião sobre a verdade? Como podemos desafiar e envolver o mundo quando nossa visão da mensagem e de Deus são diferentes? Esses são questionamentos justos e relevantes. Podemos aprender uma lição muito importante com o pr p r o je to d a ETS, po p o is ele rev re v ela el a o q u e é a teologi teologiaa da un idade na diversidade. Vamos exemplificar com a história das grandes questões dentro da ETS pa p a r a v e rifi ri ficc a r c o m o i n s titu ti tu içõ iç õ e s a b e rta rt a s t r a t a m a diferença teológica. Um exame no boletim e no jornal da ETS (inaugurado em 1958) mostra que em suas cinco décadas de
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existência cinco grandes questões vieram à tona, praticamente uma por década. Essas questões são a ciência e a Bíblia, especialmente as origens (1959); a infalibilidade, sua definição e a hermenêutica que a apóia (1979); o papel da crítica histórica (1983); as mulheres e a Bíblia (1986); e a teologia aberta (2001). Em todos esses casos, exceto um, a ETS recontinuou a dialo dialogar gar e nem m esmo iniciou iniciou um m ovim ento para votar votar concontra seus membros. O caso em que um membro realmente saiu, ele o fez voluntariamente, após ter sido convidado a reconsiderar a decisão. Mas nunca se chegou ao voto final. Também em 1990 houve uma adição à ba b a se d o u t r i n á r i a d a ETS pa p a r a enfatizar a visã visãoo histórica e trinitaria na da n atureza divina. divina. Foi Foi algo que a maior parte da sociedade (80%) achou necessário e representou uma boa mudança. Mas o acréscimo desse tipo de declaração só pode ser feito com muita deliberação e cuidado para preservar a heterogeneidade da ETS. E sábia a exigência de 80% ou mais dos votos para obter aprovações como essa. Isso significa que nenhuma ação pode ser tomada sem que uma maioria esmagadora da sociedade decida ir nessa direção. Nas instituições abertas, é um meio prudente de estabelecer o que é central e o que pode ser considerado uma questão mais periférica. Alguns comentários dos discursos dos presidentes ou alguns resumos históricos sobre a ETS de 1959 a 1982 serão úteis. Eles nos falam muito da tensão entre a exploração teológica e o comprometimento com a verdade. Em 1959, indicando a tensão existente entre dois estudos teológicos criativos, a questão das origens e o perigo do erro, Warren Young escreveu o seguinte em seu discurso presidencial: Isso Isso não significa signif ica qu e nã o de vem os avaliar avaliar os os trabalho s uns dos ou tros. N a realidade, realidade, o opo sto é verdad eiro. N a verdade, si s ignifica nif ica que a ET ETS estará estará realizando realizando m elho r sua função q ua nd o os
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esforç esforços os dos d os outros forem avaliados avaliados em um a atmo sfera lím lím pida p o r m e i o d a p e s q u i s a te o ló g ic a . A o m e s m o t e m p o , s a b e m o s qu e todos com etem os erros, err os, m uitos [.. [.. .]. M as vam os nos esf esfororçar como irmãos em Cristo para julgar os esforços dos outros dentro do espírito de amor que nos motiva a realizar toda a obra de Jesus Cristo. Se na busca pela verdade errarmos, permitamos que outros nos apontem prontamente a natureza de nosso erro para q ue dessa dessa form a sejam sejam os levados lev ados uns pelos outros de volta para o centro de nossa fé evangélica. Se nos ajudarmos assim, conseguiremos fazer avanços reais na causa de C r i s t o e nã o n o s d e s v i a r em o s p a r a m u i t o l o n ge o u p o r m u i t o t e m p o d a q u e l e c e n t r o n o r m a t i v o q u e de v e s em p r e s e r n o s s a meta. Por outro lado, se os esforços honestos e sinceros para a v a n ço ç o s n a á re r e a a c a d êm ê m i c a fo f orr e m v is is to to s s o b u m a at a t m o s f era e r a n eegativa de suspeita, destruiremos nossa própria utilidade e a razão de sermos como sociedade.8
Considere os comentários de Stan Gundry em seu discurso pr p r e s i d e n c ia l d e 1 9 7 9 : A E T S d e v e s e r u m f ó ru m o n d e o s qu e e s t ão c o m p ro m e ti d o s com a infali infalibili bilidad dad e possam atacar os prob lem as de definição e hermenêutica. Nós (e nossos críticos) deveríamos nos lembrar de que nossa declaração (base doutrinai da ETS) jamais teve a i n t e n çã o d e s e r u m p r i n c í p i o qu e r e s u m is s e a d e qu a d a m e n t e o significado de ser cristão ou evangélico.9
John Wiseman, fazendo uma revisão da história da ETS em 1982, escreveu sobre o tamanho reduzido da base doutrinária:
8W h ith er evangelicalis evangelicalism?, m?, Bul B ul le tin ti n o f Evang Eva ngel elic ical al Theolo The ologica gicall Society Socie ty 2, 1959: p. 14. 9Evangelical theology: where should we be going?, ] E T S 22, 1979: p. 7.
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Ao assum irem ir em a visã visãoo de centralidade da B íblia íblia com o sua unica base do utrinária, pois pois esta afirm afirm a ser a palavra palavra de D eus infainfalível, os formadores da ETS não estavam insinuando que as outras doutrinas evangélicas não eram importantes. Ao contrário, foi considerado que essa breve declaração teológica permitiria obter uma liberdade teológica adequada para a associação de evangélicos evangélicos de diferentes característ caracter ísticas icas de no m ina cio na is.10 is.10
Por fim, cito o discurso de Alan Johnson, que trata do debate sobre o método histórico-crítico em 1982: E m n o s sa sa so s o c ie i e d a d e, e , hháá a q u e le le s q u e n os o s a l e r ta t a m c o r re r ett a m en ente contra o perigo da descrença expressa em nossos métodos e co n tra a caracterização caracterização gen érica e fácil fácil dem ais dos aspectos indesejáveis da modernidade [eu acrescentaria, também, da pósmodernidade], No entanto, somos ainda uma sociedade em q u e a q u el e s e n v o l v i d o s c o m o r e f i n am e n t o d a s m e t o d o l o g i a s críticas sob o exercício de uma autoridade bíblica infalível pod e m m o v e rr- se se s u a v em e m eenn t e e m ddii re r e ç ão ã o a u m a c o m p r e eenn sã s ã o m a is is p r o f u n d a d a s s a g r a d a s E s c r it u r a s e d e s u a c o m p l e t a a p l ic a ç ã o à nossa vida e à m issão da igreja em nossa e ra .11
Essa Essass cit citaçõe açõess levantam um a questão im po rtan te sobre a tensão entre a reflexão teológica fiel e a busca da verdade. Somente o comprometimento com a infalibilidade pode manter-nos dentro dos limites adequados? Afirmo que é possível haver, desde que o evangelicalismo tam bém m an ten ha seu foco foco no que é revel revelado ado pela pela Bíbl Bíbliia, um a concepção vibrante e trinitariana de Deus, que cuida de sua
1'1In tro d u c tio n , In d e x to the th e B ulle ul le tin g /Jo u rn al o f the E vangelical T heolog heologyy Soci So ciet et)1 )1. vols. 1-25, 1958-1982, p. 9. 1The historical-critical method: egyptian gold or pagan precipice?, J e t s 26, 1983: p. 15■
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criação e busca a humanidade perdida, conforme definido pela igreja primitiva. Essa fidelidade à verdade pode funcionar, mesmo se alguns membros ficarem indecisos às margens para explorar a funcionalidade da Bíblia inspirada. Essa exploração demanda permissão e análise. Se a ETS desejasse adotar um princípio mais completo, eu diria que não seria necessário redigir um novo, mas olhar para os princípios históricos da igreja primitiva. Este é um ponto em que o evangelicalismo pode encontrar questões que mereçam ser priorizadas como preocupações principais no diálogo do utriná rio. E aqui que a pessoa pessoa de Deus, o caráter único de Cristo e sua oferta pela graça, a necessidade premente da humanidade pela salvação que somente Cristo oferece, a composição da unidade da única e verdadeira igreja e a importância da fé como resposta são firmadas. Alguns poderiam contestar com razão que a bibliologia, o que eu já havia destacado, não é tratada ne ness sses es princípios. princípios. E ntretan to, m inh a respost respostaa ser seria ia que nesse período o comprometimento com a Bíblia era implícito e não explícito, pois os primeiros debates da igreja não eram sobre a Bíblia, mas sobre a definição cuidadosa de sua mensagem, gem , esp ecialm ente no qu e se se refere refere à na nature tureza za divin di vin a.12 a.12
12Para obras q ue m ostr am a visão visão an tiga d a Bíblia Bíblia e com o era o seu entendimento implícito, v. Geoffrey W. Bromiley, The Church doctrine of inspiration, in: R e v e la tio ti o n a n d th e B ib le , contemporary evangelical thoughts, Carl Henry, org. (Grand Rapids, Mich.: Baker, 1958), p. 205 17; Robert D. Preus, “A atitude da igreja perante a Bíblia: da igreja pr p r im itiv it iv a a L u te ro ” e J o h n H . G e r stn st n e r , “A a t i tu d e d a igre ig reja ja p e r a n te a in errâ rânc ncia ia d a B íb li a , Bíblia: Calvino e os teólogos de Westminster”, in: A iner N o r m a n L. G eisl ei sler er,, org. or g. (São (S ão P aulo au lo:: V ida id a , 2 0 0 3 ) , p. 4 2 3 - 9 6 ; e to d o o volume de Iner org.,, Joh n H ann ah (Chic (Chicag ago: o: M oody In erra ranc ncyy a n d the th e C hurc hu rch, h, org. Press, 1984). Para o período anterior à história da igreja, os artigos de Bromiley e Preus e o artigo de abertura de Hannah, editados nesse volume, são fundamentais. Bromiley fala sobre autores patrísticos analisando a inspiração e a autoridade da Bíblia como “auto-evidente” (p. 207).
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Armada com a sabedoria de nosso passado (a necessidade ranto da exploração teológica quanto da verdade), para a ETS a questão crítica é o que fazer agora para “fomentar o conhecimento bíblico conservador, provendo meios para a troca ver ba b a l e a e xp xpre ress ssãã o e s c rita ri ta d o p e n s a m e n to e d a p e s q u isa is a n o c a m po p o g eral er al da dass d isc is c ipli ip linn a s teo te o lóg ló g ica ic a s c e n tra tr a d a s n a B íblia íb lia?” ?” . M a is importante, como ela deveria proceder com o surgimento de uma questão relevante a cada década? Para o evangelicalismo, a questão é “como prosseguir quando tantos debates, alguns muito importantes, reagem com fúria contra nós?”. Em uma instituição aberta como a ETS, nossos precursores sabiamente escolheram uma declaração doutrinária curta. A ETS não é nem um seminário nem uma denominação. Onde mais po p o d e ria ri a m inte in tera ragg ir O s w a ld Allis, Alli s, R o g e r N ico ic o le, le , C a r l H e n ry, ry , Jo John Walvoord e outros da primeira geração? Onde mais eles poderiam ponderar sobre o modo de encorajar a igreja a realizar sua missão maior de forma intencionalmente reflexiva, mesmo em meio às suas diferenças? Eles se reuniram em torno de um com prometimento, p rometimento, a princípio amplo, com o propósito de envolver uma cultura maior: desenvolver uma nova ética social, uma apologética intelectualmente louvável, um corajoso avanço no evangelismo, novas instituições de educação e pesquisa e cooperação transdenominacional. Eles reconheceram uma unidade espiritual básica, firmada em seu comprometimento com a palavra e com sua história central, relembrando onde o verdadeiro inimigo se esconde (no m u nd o sedutor) se dutor) e qual era a missão missão rea reall (glorific (glorificar ar a D eus, clam and o o m áx áxim im o p or sua su a lide lideran rança ça).1 ).133 Eles Eles pr p r o p o s i ta d a m e n te m a n tiv ti v e r a m a ba base se d o u tri tr i n á r ia red re d u z ida id a , tal ta l
11M illa il lard rd E R I C K S O N , The new evangelical theology, Westwood, N.J.: Revell, 1968, p. 31-44. Ironicamente de novo, talvez o centro que conduza à renovação esteve presente por um bom tempo, uma vez que o seguramos firme e às ferramentas que nos foram dadas para o entendimento.
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vez em parte po porqu rqu e os debates debates teológi teológicos cos sempre estarão estarão em nosso nosso meio. Eles tinham consciência de que legislar tais crenças poderia transformar a ETS em uma grande organização legislativa, e sabemos bem como são essas organizações. Eles sabiam que a preocu paçã pa çãoo c o m os de deba bate tess inte in tern rnoo s p o d e ria ri a tra tr a n sfo sf o rm a r a ETS em uma instit instituição uição voltada voltada para si si mesm a de m od odoo tão intenso que poderia implodir, conforme as batalhas que o fundamentalismo nas décadas anteriores os ensinou. Portanto, esse tipo de organização aberta é o local certo para debater, para concordar e discordar, con tanto que todos concordem os que os argum entos esteja estejam m fundamentados em uma tentativa sincera de trabalhar com a fidelidade da Escritura. O evangelicalismo não deve temer organizações ções destina d estina das a ess essas as refle reflexões xões e discussões. discussões. Elas E las devem dev em valorizar o que são e o que não são destinadas a ser.
P O R Q U E 0 E V A N G E L ICI C A L ISI S M O N E C E S SIS I T A D A S O R G A N I Z A Ç Õ E S Q U E P R O M O V E M 0 D E BA B A T E A B E R TO T O C O M O A ETE T S A ETS é um local de diálogo dentro do evangelicalismo, e este necessita desesperadamente preservá-la. De maneira geral, o evangelicalismo precisa de diversas organizações desse tipo em seu meio, assim como necessita daquelas que, confessionalmente, representam os vários subgrupos que o compõem. A alternativa, ou seja, traçar limites mais definidos em todas as organizações evangélicas, é repleta de perigos. Se cada organização começar a servir de câmara de compensação doutrinária dentro do evangelicalismo, aonde vamos parar e onde conversaremos sobre as diferenças sem implodir? Creio que firmar limites detalhados em cada organização é uma rua sem saída que nos manterá ocupados com quais pontos diferimos umas das outras. O que perderíamos é precioso. As organizações evangélicas abertas têm a oportunidade de pr p r o d u z i r u m a o b r a b íbli íb licc a v e r d a d e ira ir a m e n te c o lab la b o r a d o r a . Essa Es sa obra deve envolver e desafiar nossa cultura multiforme, que
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está tentando rapidamente transformar a imagem do verdadeiro e todo-poderoso Deus em um ídolo impotente. Temos que assegurar que uma boa parte de nossa obra desafie as pessoas que estão fora de nossa comunidade e convide-as a ouvir a voz de Deus. Certamente essa preocupação por missões precisa ser reacendida novamente na ETS e no evangelicalismo de maneira geral. Mas alguns dirão que devemos guardar os portões da verdade diligentemente. Concordo. Isto faz parte de nosso propósito: discutir e deliberar sobre a mensagem da Bíblia e mantê-la como po p o n t o c e n tra tr a l d e foco fo co,, p a r a serv se rvir ir d e lim li m ite it e p a ra a ETS e de proteção para a Bíblia e para a teologia do evangelicalismo. Porém, se surgirem assuntos mais importantes a cada década, a ETS po p o derá dar-se ao luxo de ser repetidamente autoconsumida, conforme se discute, devendo-se traçar mais linhas de limites? Não estaria ela fracassando em desafiar uma cultura de diversidade religiosa que está claramente do lado de fora da fé? Quando realmente nos envolvemos internamente, necessitamos de discussões maduras que garantam tempo suficiente pa p a r a refl re flee tir ti r n a v e r d a d e b íbli íb licc a . As pe pess ssoa oass e m c a d a lad la d o de dessses debates acreditam, em geral apaixonadamente, que seu lado detém a verdade, a justiça e o modo divino, mas um pouco de humildade da parte de todos nós tornaria o diálogo melhor e po p o d e r ia c o n t r i b u i r p a ra u m t o m sau sa u dá dávv el. el . Entendo que, quando surge um assunto polêmico, o debate, te, em ge gera ral, l, consiste consiste em iden tificar tificar se se estamos em um a discusdiscussão interna de nuanças ou se estamos lidando com grandes intrusos e desvios externos. É por isso que apresentei no início deste livro a imagem da idéia sedutora, observando que as afirmações de uma idéia sedutora assumem muitas formas e tamanhos diferentes. Meu ponto de vista é que a incerteza a respeito do tipo de questão com que estamos lidando (interna ou externa) exige que tratemos nossos debates como uma comu
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nidade madura. A importância do problema exige uma ventilação completa de todos os lados, além de tempo para processar o debate por completo. Todos precisamos estar sensíveis a Deus e ao Espírito ao nos envolvermos em uma discussão cuidadosa e deliberada, a fim de determinarmos juntos se o debate é a respeito de desenvolvimento, da diferença ou da falha. O ponto central de tudo isso é a existência de algumas comunidades que definiram e priorizaram a essência da fé, portanto, todos os lados podem envolver-se em uma séria discussão face a face. Em outras palavras, as instituições evangélicas não devem ser todas criadas sob os mesmos padrões. Tipos diferentes de organizações dentro do evangelicalismo ajudarão a pre p rese serv rváá -lo -l o , p o r u m lad la d o , p e r m i t i n d o u m d iálo iá logg o s a u d á v e l e auto-reflexivo e, por outro, questionando a compreensão confessional da verdade. A combinação nos mantém responsáveis e também sensíveis às possíveis áreas obscuras no entendimento de qualquer pessoa ou subtradição.
Q U A L D IRI R E Ç Ã O D E V E M O S T O M A R ? O s e s t u d o s s o b r e J e s u s e o u tro s e x e m p lo s a o a v a n ç a r m o s r u m o a o im im p a c t o c u l t u r a l
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ntão, qual a direção que devemos tomar? Gostaria de usar vários exemplos diferentes para indicar onde estamos tendo êxito e onde estamos fracassando. Meu objetivo é simples: convocar minha geração e a próxima do evangelicalismo para envolver-se com as questões biblicamente, buscando a verdade de forma humilde e com mútuo respeito, a fim de instruir e avançar em direção à missão, bem como à edificação teológica. Um dos pontos principais que defendo é que o chamado de missões da igreja é imenso e, ao mesmo tempo um tema fundamental da Bíblia que encerra pelo menos dois dos quatro evangelhos (Mt 28.16-20; Lc 24.44-49). Esse tema central conduziu muitos grandes ministérios, como, por exemplo, o do apóstolo Paulo. Esse chamado deve contribuir para o objetivo das principais instituições do evangelicalismo, sejam fechadas ou abertas. Essas instituições devem se enxergar como um subgrupo da igreja entre muitos que compartilham o seu grande chamado.
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Para realizar a tarefa, os evangélicos devem gastar mais re flexões e energia para combinar, onde for possível, os recursos e habilidades do ministério a fim de se tornarem mais eficientes para levar o evangelho ao mundo. Entretanto, porque “os tempos estão mudando e rápido”, precisamos olhar de modo diferente as questões que temos em mãos, talvez descobrindo novos tópicos, categorias e meios de envolvimento em nosso mundo novo e mais globalizado. Como devemos proceder diante da tremenda necessidade e do simultâneo crescimento da po p o p u la ç ã o e e s tre tr e ita it a m e n to d o m u n d o p o r m e io da dass c o m u n i cações e dos meios de transportes?
U M E X EM E M P LOL O D E EN E N V O L V IMI M E N TO T O C U L TU T U R A L : O S E S TUT U D O S S O B R E JEJ E S U S Começo com minha especialidade: os estudos sobre Jesus. Ah, se a hermenêutica e o método erguessem suas mentes sempre pre p ress e n tes te s ao a n a lis li s a r m o s esse assu as sunn to! to ! N a ETS, como na maioria das comunidades evangélicas, h á dois paradigmas no que se refere aos estudos sobre Jesus. Esses pa p a ra d ig m a s d a ta m d o s p r im e iro ir o s d ias ia s d a ETS e causaram o ú n i c o afastamento público de um membro, envolvendo a extensa utilização ou não do método crítico-histórico nos estudos so bre b re Jesu Je suss e os e v a n g elh el h o s. Alguns estudiosos afirmam que existem diferentes pressu po p o siç si ç õ e s e n tre tr e os e v an angé géli lico coss e o m é t o d o c r ític ít ic o -h istó is tó r ico ic o . A diferença é tão grave em sua base que a adoção do método levaria, inevitavelmente, ao abandono da fidelidade bíblica ou, pe p e lo m e n o s , a c o r r o e r ia s e v e r a m e n te. te . E les le s a c r e d ita it a m q u e a qu q u eses tão do método é um conflito estritamente ideológico e traçam limites que honrem totalmente as palavras de Jesus e que promovam uma harmonia consistente. Eles rejeitam aqueles que vêem auten ticidad e histórica n aquelas passagens passagens em que se afi afirrma existir a “voz” de Jesus, embora ele não seja citado. O único cam inho pa ra engaja engajarr-se se na oposiçã oposiçãoo é ser ser com pletam ente c on
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trário ao seu método e adotar uma nova abordagem dos textos sobre Jesus. Afirma-se que esse método hermenêutico em particular é consistente com a Bíblia e amplamente, se não com ple p le t a m e n t e f e c h a d o p a r a o u tra tr a s o p ç õ e s a lém lé m d e n ã o o r to d o x o , conforme normalmente mencionado.1 Outros estudiosos afirmam que os evangélicos podem e devem engajar-se na oposição e em seu método. Eles argumentam que deveríamos procurar as inconsistências daquele método, normalmente resultado da síntese cultural, e expor
1Este debate é antigo, co nfo rm e m ostra a referência referência ao tópico de Alan Johnson neste discurso de 1982. Para uma visão menos envolvida com a críti crítica ca histórica, histórica, v. v. Ro be rt L. L. Thom as, Im pac t o f historical historical critici criticism sm on theology and apologetics, in: The Jesus crisis, Robert L. Thomas e F. David Farnell orgs., e seu Historical criticism and the evangelical: another view, J E T S 43 (2000): p. 97-111; Donald Green, Evangelicals and ipsissima vox, TheMaster’s Seminary Journ al (2001): p. 49-69. Para o uso cuidadoso de tais métodos, v. Grant Osborne, Historical cristicism and the evangelical, J E T S 42 (1999): p. 193-2 10 e Historical criticism: criticism: a br ief response to Ro be rt T ho m as ’s oth er view’, view’, J E T S 43 (2000): p. 113-7; Darell Bock, T he words o f Jesus in thegGosp els: live, live, jive jive or m emorex?, in: Jesus un d er fire fi re : m oder od erns ns Schola Sch olarshi rship p reinv rei nven ents ts a n d histo hi sto rical ric al Jesus, Jesus, Michael J. Wilkins e J. P. Moreland, orgs. (Grand Rapids, Mich.: Zondervan 1995), p. 7399; meu Stu dy ing the historic al Jesus·, a guide to sources and methods (Grand Rapids, Mich.: Baker, 2002) e minhas revisões de The Jesus Crisis, B ib Sac Sa c 1 5 7 (2000): p. 232-6 e o artigo de Greens em B ib Sac Sa c 158 (2001): p. 478-80. O debate que menciono envolve o uso e o não-uso de métodos críticos e da questão de ipsissima verba (palavras exatas de Jesus) conforme presentes nos evangelhos versus a possibilidade que em alguns locais temos o ipsissima vox (a voz de Jesus). Este também é um debate antigo. Aqueles que são a favor do uso do ipsissima vox foram ratificados po p o r P a u l F e in b e rg , " O s ig n ific if ic a d o d a in e r r â n c ia ” , in: in : A in e rr â n c ia da Bíb B íblia lia , de Norman L. Geisler, org. (São Paulo: Vida, 2003, p. 313-61), p. 3 0 1 . P ara ar a sabe sa berr c o m o a v ida id a de Jesu Je suss é tr a ta ta a p a r tir ti r d e sta st a pers pe rspp ecec tiva, v. Darrel Bock: Jesus Jes us acco ac cord rdin ing g to sc ript ri ptu u re : restoring the portrait trom the gospels (Grand Rapids, Mich.: Baker, 2002).
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esses padrões suspeitos quando seriamente afetados. Contudo, acreditam que, com um respeito saudável pela Bíblia, a utilização modificada desses padrões é possível e até mesmo valiosa na compreensão de como a Bíblia funciona e deveria ser lida. Essa abordagem nos impede de levar a Bíblia a fazer mais do que ela pretende. A honestidade intelectual também pode forçar-nos a reconhecer que essas críticas, às vezes, estavam certas. Além disso, por que os evangélicos deveriam ser os únicos a se colocarem na defensiva? Se, ao nos engajarmos na utilização cuidadosa da Bíblia, podemos argumentar a favor de Jesus e do ponto central de seus ensinamentos para a cultura mais ampla, então não deveríamos buscar essa linha de estudos e levantar questionamentos sobre os chamados resultados assegurados da crítica, usando a própria crítica para expor os pro ble b lem m a s d o s r e s u lta lt a d o s a p res re s e n tad ta d o s ? N o s s a tare ta re fa ne ness ssee se g u n d o modelo é analisar cuidadosamente as complexas questões históricas, exigir a verdade e apresentar e defender a Bíblia, utilizando todos os meios necessários para sustentar nossa tese. O resultado requer uma estratégia de duas pontas a fim de envolver os debates interno e externo com o fenômeno da Bí blia b lia,, s e m p r e n a l in h a d e f re n te. te . V ejo p r e c e d e n te p a r a esses do dois is nívei níveiss de interação interação na B íblia íblia qu an do leio leio Rom ano s 1 lado a lado com Atos Atos 1 7 . 0 prim prim eiro eiro é uma críti crítica ca fulminante fulminante à cu culltura pagã, pagã, m as qua nd o Paulo, Paulo, provocad o pela presença presença de ídoídolos, se dirige àquela cultura (Atos 17), ele não poderia ter tido mais trabalho para dirigir-se aos pagãos em um tom de convite, começando pelo contexto deles, usando as próprias palavras deles, mas expondo o que faltava naquela cultura. Precisamos de mais, e não menos, engajamentos como esse em nossa cultura indócil. A d if i f e re r e n ça ç a d e t o m n o s c o m e n t ár á riioo s de d e P aauulo l o e m R o m a no nos 1 e A t o s 1 7 é tão grande que críticos céticos não conseguem acre
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ditar que a mesma pessoa poderia ter dito essas duas coisas! M a s a d if i f e re r enn ç a e x põ p õ e u m a eess t ra ra té t é g i a de d e eenn g a j a m e n t o q u e s eenn s i b i l i z a o p ú b l i c o - al v o . O m o d o d e a n a l i s ar m o s i n t er n am e n t e a c u l t u ra r a nã n ãoo é n ec e ceess s a ri r i a m e n t e o t o m c o m o q u a l d e v em e m ooss n o s di d i r ig ig i r d i r e t am e n t e a e l a. a . E m o u t r as a s p ala a la v ra ra s, s, h á m o m e n t o s d e c o n f r on t a r a c u l t u r a e t a m b é m há o u t r o s q u a nd o s eu s i n s t i n t o s n o s co n d u z e m a u m a d i r e ç ão p o s i t i v a e m c o m p a r a ção com as alternativas dessa cultura, embora essa direção seja talvez insuficiente e possa usar os benefícios da compreensão e c o n h ec i m e n t o a d i c i o n ai s ad q u i r i d o s d a p e r s p ec t i v a d i v i n a d a Bíblia.
Observe o que esse tipo de engajamento aberto da cultura pe p e r m ite it e . E le p o s s ibil ib ilit itaa q u e os e va vann g élic él icoo s c o lo q u e m n a d e fen fe n siva aqueles que recebem a maior parte da atenção do público, como os membros do Seminário Jesus. Observe o que acontece quando nos deixamos levar somente pela primeira impressão; isso freqüentemente nos coloca na defensiva e focados em pe p e q u e n o s d e talh ta lhee s d a h i s t ó r ia d e Jesu Je sus, s, m u ita it a s ve veze zess n o s p o n tos mais tangenciais. Há momentos para essa defesa, mas tam bé b é m h á o u t r o s q u a n d o a m a i o r p a r t e d e n o ssa ss a a te n ç ã o de devv e estar voltada para outro lugar, para os elementos principais da história de Jesus. Será que queremos gastar a maior parte do tempo defendendo cada pequeno detalhe que os não conservadores geram? Ou ainda gastar toneladas de energia lutando uns com os outros por causa da solução de tais diferenças porque nós, conservadores, tratamos essas soluções de modo diferente? Ou desejamos aproveitar o tempo trabalhando juntos, no grande quadro de Jesus, em seu ministério e na forma pela qual a Bíblia, mesmo quando sua leitura é considerada “basicamente digna de confiança”, ainda conduz a Jesus, a resposta pa p a ra o m u n d o e m p e rdiç rd içãã o ? D e v e m o s ins in s isti is tirr c o m n o ssa ss a c u ltura para que aceite nossa visão da Bíblia antes de vir para Jesus? Ou podemos argumentar que ver o Jesus da Bíblia em
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seus detalhes mais básicos ajudará as pessoas em nossa cultura a reconsiderar sua visão de mundo mais ampla, que as leva às Escrituras em um plano inferior? Desejo manter as duas linhas de argumentação abertas. Millard Erickson, ao defender essa abordagem, usa a metáfora de levar o cavalo para beber água. N o c o n te x to a tua tu a l p ó s - m o d e r n o , o cava ca valo lo é a p esso es soaa p a ra q u e m estamos testemunhando. Ele diz: Isso significa que precisaremos atravessar a ponte até o local onde o cavalo se encontra, em vez de permanecer de pé do outro lado, tentando convencer o cavalo a vir até nós. Finalm en te, é claro, claro, devem os atravess atravessar ar a po nte com o caval ca valo, o, mas, a princípio, talvez isso não seja possível. Precisaremos entrar na perspectiva perspecti va da ou tra pesso pessoa, a, pensarm os de acordo com suas suas p r e s s u p o s i ç õ e s . 2
Erickson sugere que neste processo precisamos expor as inconsistências da abordagem não conservadora. É possível fazer isso com os críticos céticos e seu retrato do Jesus histórico, segundo o qual muito do que está escrito nos evangelhos (até 50% ) não tem nad a a ver com ele. Tem os alguns alguns textos textos problemáticos e questões internas significativas, mas o retrato de Jesus apresentado pelos não conservadores são mega-problemas. Os liberais podem levantar questões sobre detalhes como o censo de Quirino ou quantos cegos Jesus curou em determinado momento ou o número de testemunhas no sepulcro vazio. zio. E ntre tan to, gostaria gostaria que eles eles não perdessem de vist vistaa o fato fato de que Jesus realmente curou. E documentos não cristãos reconhecem isso quando chamam Jesus de mágico ou encantador. A evidência histórica que temos sobre Jesus não dá lugar à
2Postm odernizing the faith : evangelical
responses to the challenge of po p o s tm o d e r n ism is m , G ra n d R apid ap ids, s, M ich ic h .: Baker Ba ker,, 19 9 8, p. 155·
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opção que muitos críticos desejam ter para afirmar que nada acontecera. As expulsões de demônios e as curas realizadas por Jesus, o esforço de seus oponentes para explicar seu poder e a afirmação dos discípulos de que ele ressuscitou dos mortos necessitam de uma decisão sobre a fonte da obra de Jesus: a presença de Deus trabalhando por intermédio dele. Os sinais estão firmados no reino de Deus. Eles indicam que Jesus é muito mais mais que o sábio, sábio, o profeta ou o exem plo que m uitos do Seminário Jesus promovem para enquadrá-lo como uma grande figura religiosa entre muitas no panteão religioso. As duas abordagens têm seu valor. Tanto a que defende a Bíblia detalhadamente quanto a que analisa o paradigma existente no método, sem perder de vista todo o contexto. Mas necessitamos mais da segunda abordagem para envolvermos nossa cultura diversa e nos certificarmos de que missões, não nossa autopresunção no debate interno, sempre serão o principal elemento de nossa obra. E por isso que grupos evangélicos e editoras que patrocinam os estudos sobre Jesus precisam fornecer sua obra para a igreja a fim de que a reflexão interna permita ter diferentes opiniões. opiniões. De vem os ser m uito cuidadosos ao exclui excluirr alguém (sem (sem deixar de considerar a possibilidade de que a exclusão às vezes é neces necessá sári ria) a).. H á tam bé m a necessi necessidade dade de de um lugar ond e os os pas p asso soss e m fals fa lsoo p o s s a m ser se r d a d o s n o in ício íc io e a c o m u n i d a d e po p o ssa ss a tra tr a b a lh a r p a r a m o s trá tr á - lo s, sem se m u sar sa r i m e d ia t a m e n te a g u ilhotina. Quando enfatizamos continuamente os detalhes da verdade, corremos o risco de falarmos somente para nós mesmos sobre aquilo que julgamos importante e, assim, perdermos o chamado maior de Deus. O perigo do outro lado do espectro é tornar os ensinamentos bíblicos irrelevantes e recusar envoiver-se uns com os outros no que diz respeito à verdade. Mas ainda existe um terceiro perigo para a cultura em nossa mis
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são: o envolvimento na apologética quando outros jamais sentirão que sua visão de mundo está sob coação. Os que não têm fé sempre levantarão esses pontos do debate interno para nos afastar da mensagem maior que podemos afirmar juntos, em uma única voz. Sei que essa é uma estratégia de desvio. Eu costumava fazer isso quando não era crente, mudando o assun to p ara as pesso pessoas as que nu nc a o uviram falar falar de Jesus Jesus na África África ou na Ásia de modo que a discussão não ficasse focada em m im ou em m inh a necessi necessidade dade.. O esfo esforço rço obteve obteve êxito êxito até até que alguém que me falava de Jesus disse: “Não vamos para lá agora. Vamos nos concentrar no tema principal: como Deus está falando com você e como você o enxerga”. Minha opinião é que um evangelicalismo que transforma cada discordância em uma grande batalha corre o risco de gastar todas as suas energias internamente. Corremos o risco de ignorar aqueles a quem somos chamados para buscar. Perderem os nosso prop ósito e cam inho final final.. N ossa missão missão se se trans trans-form ará em corrigirmos un s aos aos outros em lugar de desafiarmos desafiarmos o mundo com a esperança da mensagem e o caráter do evangelho. Então, quando falamos a respeito dos estudos sobre Jesus, qual é o objetivo de missões? Que sugestões positivas existem pa p a r a o c a m i n h o q u e d e v e ría rí a m o s segu se guir? ir? Gostaria de destacar três exemplos nessa área. Prime iro, precisamos precisamos de m onog rafias individuais do mais alto padrão (existem muitos exemplos ultimamente). Conquistamos o tipo correto de reconhecimento internacional pela qualidade de nossa obra. Um artigo recente de Martin Hengel relaciona uma série de estudiosos evangélicos cujas obras estão sendo reconhecidas com o ím pares.3 N a lis lista ta,, há pess pessoa oass que
3Raising the bar, Christianity Today ; 22 de ou tub ro de 200 1, p. 76.
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pe p e r t e n c e m à ETS e ao IBR (Institute for Biblical Research) [Instituto de pesquisas bíblicas], outra organização evangélica de pe p e squ sq u isa is a f o r m a d a p o r e stu st u d ioso io so s d o A n tig ti g o e d o N o v o T esta es ta-mento que defendem a infalibilidade da Bíblia. Isso demonstra que nossa presença nos grandes debates está crescendo. Em segundo lugar, há um esforço genuíno de equipe. O grupo de estudos sobre Jesus do IBR é composto por especialistas da comunidade evangélica. Todo ano, já há vinte anos, eles B u lle ll e tin ti n f o r B ib lic li c a l Research Res earch um artigo téc pr p r o d u z e m p a ra o Bu nico de excelente excelente qua lidade sobre um dos vinte principais principais eventos na vida de Jesus. Esse esforço recebe apoio privado: evangélicos leigos de rara visão têm enxergado o grande potencial em apoiar os esforços desses estudiosos. Trata-se de um exemplo dos recursos dos estudiosos e das pessoas no mercado destinados a influenciar a discussão técnica e popular sobre Jesus. O exemplo tem potencial em várias áreas, incluindo o argumento de Hengel por um instituto evangélico onde pudessem ocorrer simpósios anuais. São necessários empreendimentos evangélicos no mercado e fundações missionárias para apoiar financeiramente os esforços que por definição seriam orientados para o debate aberto. O objetivo do projeto do IBR é tornar disponíveis ao máximo estudos atualizados sobre Jesus que envolvam completamente os métodos e discussões atuais e que afirmem a história fundamental dos eventos principais da sua vida. Finalmente, vários livros acadêmicos e populares serão lançados para discutir a ênfase principal da vida de Jesus. Essa obra será de natureza bem diferente da do Seminário Jesus. O grupo do IBR objetará, com base crítica histórica, qualquer tentativa de reduzir Jesus a um nível não messiânico e rejeitará a acusação de que ele não fez afirmações únicas sobre o seu relacionamento com Deus. Com bom planejamento e atenção cuidadosa ao clima teológico contemporâneo, os grupos de estudos da ETS ET S
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terão potencial semelhante. Todos esses esforços necessitam dar atenção à distribuição dos resultados de seu trabalho, não somente dentro da igreja, mas também externamente no mundo. Não obtivemos êxito em levar a mensagem por canais abrangentes da mídia. Em terceiro lugar, há esforços intencionais para alcançar nossa cultura por meio da mídia visual. A estrada aqui é de aces acesso so um po uc o m ais difí difícil cil.. Fo m os lentos em estabelecer estabelecer um a rede de contatos e em obter recursos financeiros que apoiassem os esforços empreendidos. Mas o potencial existe, basta que a comunidade evangélica agarre a oportunidade. O objetivo em tais esforços nem sempre é a conversão da atual comunidade de estudiosos. Nem ganhar aceitação acadêmica, como alguns de nossos críticos internos erroneamente afirm am . Se quiséssem os esse esse tipo de aceitação, a coisa coisa mais fácil a fazer seria negar a infalibilidade e o comprometimento sério com a Bíblia. Nosso alvo principal é a próxima geração de estudantes que está decidindo como discorrer sobre a Bíblia, fazer teologia e entender Jesus; aqueles que estão lendo os pontos de vista e observando os conjuntos de especiais de mídia, formando suas opiniões durante o processo. Em outras palavras, nosso objetivo é formatar o futuro do debate teológico. Permitam-me destacar nossos problemas atuais, falando a respeito de Jesus na mídia. Nos últimos anos, foram produzidos pelo menos três grandes vídeos sobre o Jesus histórico: o Jesu s a Cristo; Crist o; o especial de Peter especial da PBS intitulado D e Jesus Jennings chamado A busca bus ca p o r Jesu Je suss, que ganhou espaço em horário nobre, atingiu 15 milhões de espectadores e exigiu ba b a s ta n te d o s p a r tic ti c i p a n te s d o S e m in á r io Jesu Je sus; s; e u m espe es peci cial al p r o d u z i d o p o r J a m e s C h a r l e s w o r t h d e P r i n c e t o n p a r a o Discovery Channel e que, diferentemente dos outros dois es
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pe p e c iais ia is,, g a s to u p a r t e d o t e m p o d e f e n d e n d o m u i t o s a sp e c tos to s dos relatos relatos bíblicos bíblicos sobre Jesus.4 Houve duas respostas nos círculos evangélicos. Um programa de uma hora de duração com o dr. James Kennedy que foi ao ar em horário nobre em 85 estações do país. Visto p o r 13 m ilh il h õ e s d e t e l e s p e c t a d o r e s , esse es se e s p e c i a l e n v o lv e u po p o u c o s e v a n g é lic li c o s e spe sp e c iali ia list staa s n o s e s tu d o s s o b r e J e sus. su s. F oi pr p r i n c i p a l m e n t e i n f o r m a t iv o , u s a n d o o d r. K e n n e d y e o a to r Dean Jones para argumentar. Esse esforço enorme provávelmente custou alguns milhões de dólares. Outro esforço im p o r t a n t e foi fo i a p r o d u ç ã o d e J o h n A n k e r b e r g , q u e u t ili il i z o u 16 estudiosos de três continentes; todos eles especialistas em estudos sobre Jesus ou sobre o segundo templo judaico. Este foi foi ao ao ar várias várias ve veze zess na rede Insp iration C hristian em ho rário nobre de duas horas e continua a ser exibido periodicamente no programa de John Ankerberg em cinco episódios, também em uma rede de televisão evangélica. FFá um esforço para levantar 4,5 milhões de dólares, o custo para levá-lo ao ar em horário nobre em cerca de duzentos mercados pelo pa p a ís. ís . U t i l iz a n d o v á r ios io s m e m b r o s d a ETS e do IBR, a produção interage diretamente com o especial de Jennings. Após quase um ano, ainda não conseguimos angariar os fundos necessários. Que ironia termos uma indústria de entretenimento cristã de 3 bilhões de dólares anuais, grandemente apoiada p o r e v a n g é lic li c o s, m a s ser se r t ã o d ifíc if ícil il o b t e r d i n h e i r o p a r a a p re sentar e defender Jesus no contexto de mídia cultural mais
4Para obter uma avaliação sólida sobre Jesus e a mídia em nossa cultura até a época do especial de Jennings, v. Philip Jenkins, H id d e n gospels . how the search for Jesus lost its way (Oxford University Press, 2001), esp. p. 178-204. Este artigo escrito por um professor em Penn State é também uma análise competente das raízes do que está acontecendo culturalmente.
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visível visível.'.'’’ O que ess essa incapa cidade de investir investir no eng ajam ento cultural revela-nos sobre o posicionamento de nossa missão e nossas prioridades de gastos? Na realidade, quando o especial de Jennings foi ao ar pela primeira vez, a comunidade evangélica, com exceção dos batistas do sul dos EUA, estava totalmente despreparada para responder, nem qualquer rede evangélica estava pronta para reagir em tempo real, o que significa dias, não meses. Portanto, deixamos para responder tardiamente, e aos poucos, o que levará meses, ou mesmo anos. Essa Essass questões estendem -se além de qu alqu er sociedade acaacadêmica única, mas mostram quão os pontos da comunidade evangélica encontram-se desconectados no que se refere ao envolvimento cultural. N ã o ter te r ia sid si d o b o m , q u a n d o o espe es pecc ial ia l d e J e n n in g s foi fo i ao ar, que em questão de dias os presidentes dos maiores seminários evangélicos tivessem feito uma declaração pública que afirmasse que Jesus é estudado cuidadosamente por meio de pesquisas em suas instituições, mas que os resultados desses estudos são diferentes daqueles que o especial de Jennings apresentou? Seria possível o evangelicalismo tivesse uma voz única suficiente em relação à nossa compreensão sobre Jesus de modo que nossa posição fosse claramente manifesta e comprovada por uma obra cooperadora? Que lugar melhor para fazer essa defesa do que na ETS, n o IBR e em o utros centros de pesquisa evangél evangélic icos os e acadêmicos? Já passou o tempo quando um único especialista bastava para defender uma tese como essa. A bibliografia atual é complexa demais para ser deixada sob a responsabilidade de uma única pessoa.
,Podemos chamar a atenção da mídia com a manchete Jesus Rocks n a N e w sw ee k de 16 de julho de 2001, mas o que está sendo destacado? Quantas editoras, músicas e mídias se espelham em métodos do mundo. E não há drogas nem sexo em nossos concertos de rock, o que felizmente é um contraste marcante em relação a cultura contemporânea do rock.
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Estamos quase perdendo a batalha cultural. As editoras poderiam ajudar-nos assegurando que nossas redes de distribuição não se limitassem exclusivamente às lojas ou às redes de televisão crist cristãs, ãs, com o acontece nos EUA. Precisamos ser agressivos em termos de marketing para conseguirmos penetrar nas grandes redes de livraria, incluindo as da Internet, bem como em outras áreas além das seções de “inspiração cristã”. É necessário trabalharm os para p ara ganhar ganh ar acess acessoo à mídia míd ia loca locall e nacional, assim assim com o outras editoras e instituições religiosas e não religiosas fazem. Sei que estou indo além do escopo de uma obra acadêmica normal, mas o fato é que os especialistas nos quais a mídia se apóia deveriam em pa rte vir vir de nosso meio. Por que os evangélicos estão fracassando? Seria em parte porque estamos tão fragmentados, discutindo uns com os outros e fundando organizações com objetivos limitados de público e de distribuição? Seria porque falamos em uma linguagem técnica tão cheia de jargões internos, que ninguém consegue entender o que estamos dizendo? Será porque desistimos, afirmando que esse pr p r e c o n c e ito it o jam ja m a is n o s d e ixa ix a r ia p e n e tra tr a r? S erá er á q u e r e a lm e n te tentamos ou pagamos o preço por sentarmos à mesa de discussão cultural? Meu envolvimento em tais contextos me diz que é muito fácil reclamar da mídia quando não tivemos visão para nos envolvermos nesse nível. A situação está melhorando, porém, precisamos encorajar tais tentativas. Também fracassamos porque muitos evangélicos não valorizam suficientemente a mudança da cultura de palavras para a cultura de imagens. A geração que está por vir, que é mais sagaz no que se refere à imagem e à tecnologia do que a geração ção passada passada,, tem que trabalhar mais.6 N orm alm ente , não rere-
1'U m ex em plo de estudo en volven do nossa cu ltura conscien te da imagem em termos de filmes e das doutrinas sobre Deus é o de Robert K. Johnson, Reel spirituality: theology and film in dialogue, in: Eng E ng a gin gi n g culture (Grand Rapids, Mich.: Baker 2000).
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digimos com substância e com estilo que envolva esse público m aior.7 aior.7 H á livro livross que ca m inham em um a direçã direçãoo m ais ais orienorienJa bess e as obras tada a imagens, imagens, com o, po r exemplo, A oração d e Jabe de ficção cristã da série De D e ixa ix a d o s pa p a r a trás. Essas e muitas outras obras populares conseguiram quebrar a barreira secular que normalmente detém a distribuição mais ampla. Digo para aqueles que estão tentando, geralmente de maneiras inovadoras: “Prossigam”. Embora exista crítica a essas obras, e há questões importantes a serem levantadas sobre a tendência ao escapismo ou a simplificação exagerada, elas realmente conseguem fazer que as pessoas conversem sobre Deus de uma maneira que as obras mais densas não conseguem. Seria nossa culpa como autores? Tentamos escrever somente para um público, deixando as obras po p o p u la r e s p a ra os o u tro tr o s? S e rá q u e e scre sc revv e m o s e d e p o is lim li m ita it a mos nossa distribuição ao cenário interno? Será que, às vezes,
Uma exceção no debate sobre Jesus é a obra editada por Michael Jes us u n d e r f i r e . A obra popular conduzida Wilkins e J. F. Moreland, Jesus p o r n ã o - p r o F iss is s io n a is c o m o d e L ee S tr o b e l, E m defesa def esa d e C rist ri sto o , u m jo r n a lis li s ta e x -ate -a teuu inv in v e stig st igaa as p rova ro vass d a ex istê is tênn cia ci a d e C ris ri s to (São (Sã o Paulo Pa ulo:: Vida, 2001) e a obra de Jeffrey L. Sheler, Is the th e bibl bi blee true? tru e? H o w m o d e m debates debates an d discover discoveries ies affir m the ess essence ence o f the scriptures (New York: HapersSan Francisco, Zondervan, 1999). Louvo o esforço deles, mas os estudiosos e as pessoas que trabalham com obras populares precisam cooperar uns com os outros sobre como tratar estas questões. Os acadêmicos fariam bem em considerar como tornar a nós mesmos e nossa obra mais disponíveis para essas pessoas. Talvez os editores po p o ss a m n o s a j u d a r a e s ta b e le c e r u m a r e d e d e c o n t a to s m e l h o r ness ne sses es níveis. Um outro bom exemplo de intercâmbio foi a obra de Gary H. Habermas, The historical Jesus , ancient evidence for the life of Christ (Joplin, Mo.: College Press, 1996). Esta obra foi lançada por uma editora menos conhecida. Algumas vezes, boas obras evangélicas surgem em cenários desconhecidos, o que infelizmente limita sua distri bu b u iç ã o .
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usamos voca bulário e estil estilos os que im possibilitam o env olvim ento das pessoas comuns?8
O U T R O S E X EM E M P LOL O S D E P O S S ÍVÍ V E L C O L A B O R A Ç Ã O C O M 0 P R O P Ó S ITI T O D E E N V O L V E R A C U L TUT U R A Temos alguns exemplos de como as diferenças podem ser tratadas de modo que possa haver colaboração. Vamos analisar o dispensacionalismo-aliança como exem pio p io d e d isc is c u ssõ ss õ e s q u e a tra tr a v e ssa ss a m as tra tr a d içõ iç õ e s d e n t r o d o c a m p o evangélico. O primeiro grupo de estudo da ETS, iniciado em meados da década de 1980, foi o que tratava do estudo do dispensacionalismo. Ele mostrou o potencial do que poderia ser ser alcançado alcançado entre as tradições tradições evangél evangélic icas as com o e nvolvim ento sério em um diálogo face a face, em vez de escrever separadam ente a dist distânci ância. a. Essa Essa não era um a meta, mas um subp rodu to da discussão de áreas de interesse mútuo. Os encontros não removeram as diferenças, mas levaram a uma melhor compreensão e tom do nosso debate. Essa discussão chegou a ponto de um dispensacionalista fazer parte da diretoria da Reformed Alliance Alliance o f Con fessing fessing Evangel Evangelic ical als. s. O diálogo diálogo c on tinua entre os membros das duas correntes, incluindo convites para que os membros de uma tradição façam palestras na outra. A discussão diminuiu o nível de aspereza entre muitos dos mem bro b ro s da dass tra tr a d içõ iç õ e s , t o r n a n d o - o s livre liv ress p a r a tra tr a b a lh a r e m j u n to s em questões de interesse mútuo. A proliferação de grupos de estudo constituídos por pessoas de várias subtradições é um bo b o m sin si n a l p a r a a ETS e para o evangelicalismo, supondo que
sSou tão culpado disso como qualquer um, com um vasto comentario em dois volumes sobre Lucas. Entretanto, o comprometimento com um público mais popular foi refletido na tentativa e tempo adicionais ta ry também para escrever para pastores e leigos no N V IA p p lic a tio n C om m en tary e na \Ψ N ew Testa Testamen mentt Commentary Se Series.
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elas produzam obras que alcancem a comunidade teológica e eclesiástica de maneira geral. Vamos também considerar a recém-surgida área de formação espiritual. Nos últimos cinco anos, um grupo de acadêmicos evangélicos interessados em formação espiritual tem trabalhado para definir um conjunto de comprometimentos centralizados em torno de um conceito teológico essencial de espiritualidade. Por intermédio de uma organização emergente, agora conhecida como Fórum de Formação Espiritual, eles bu b u s c a m i n te g r a r a f o r m a ç ã o e s p irit ir ituu a l à p e s q u isa is a a c a d ê m ic a de seminários e faculdades cristãs. Esse grupo não está centralizado lizado em um a instituição; instituição; foi foi projetad o desde o início início para ser ser uma instituição aberta para envolver pessoas as mais diversas. Ao expandir essa visão inicial, o grupo afiliou-se recentemente a uma rede ainda maior de igrejas evangélicas e líderes leigos, a Summit on Discipleship. O que ocorre nos seminários reflete o que acontece nas igrejas e organizações pareclesiásticas. A iniciati iniciativa va foi liderada p or acadêmicos de vários vários sem inários inários preocupados em que os seminaristas não se sentissem perdidos ao envolver-se nessas questões. Houve duas conferências internacionais sobre formação es pir p irit ituu a l n o s ú ltim lt im o s três trê s an anoo s, a lém lé m d e u m a m e s a - re d o n d a reure unindo líderes de igrejas e acadêmicos. O diálogo entre diferentes tradições tem um foco central na Bíblia e na preocupação pastoral. As escolas, cujo papel é importante, representam uma série surpreendente desse espectro. Minha lista de escolas está em ordem alfabética, mas o lugar de destaque deve ser conferido à Regent College, por colocar a formação espiritual na base de seu programa acadêmico desde o início, bem antes de o fórum existir. Entre as escolas que agora se uniram a essa discussão estão Asbury, Bethel, Dallas, Fuller, Talbot, Trinity e Westminster, uma combinação interessante. Esse movimento está ocorrendo
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f o ra r a d a ET E T S , m a s m u i t o s d e se s e us u s m e m b r o s e s tã tã o a s s u m i n d o p a p é i s d e l i d e r a n ç a .
O próximo passo será um envolvimento ainda maior de outras parcelas da comunidade evangélica, incluindo igrejas, organizações pareclesiásticas e internacionais. Todas essas com pa p a r t i l h a m a m e s m a p r e o c u p a ç ã o c o m u m a e s p irit ir ituu a lid li d a d e bibi bl b l i c a m e n t e f u n d a m e n t a d a . O d e s e jo é d i s c u t i r a f o r m a ç ã o espiritual não somente de acordo com práticas úteis, mas tam bé b é m c o m o b ras ra s b íbli íb lica cass e teo te o lóg ló g ica ic a s sólid só lidas as q u e e s tim ti m u le m a igreja a confiar em Deus como seu formador de discípulos. A questão da formação e a adoração essencialmente a Deus são importantes dimensões de nosso chamado e unidade. Na comunidade, a pessoa estuda e vive a formação espiritual que Deus realiza internamente por intermédio do seu Espírito em Cristo. Aqui podemos modelar o que o evangelho produz. Contudo, há trabalho a ser feito. Como tratar da espiritualidade em um contexto evangélico diverso, em que tanto a espiritualidade quanto suas práticas admitem várias formas diferentes? Ou como proceder dessa maneira em um mundo pó p ó s - m o d e r n o o n d e m u ita it a s h istó is tórr ias ia s s o b re e s p irit ir ituu a lid li d a d e , inin elusive algumas que não têm nada a ver com o Deus judaicocristão, disputam atenção? Por que o estilo musical tornou-se um assunto que causa tanta divisão quando deveria unir? Todas essas questões são problemas meramente de gosto ou de cultura? cultura? O surgim ento dess dessaa divi divisão são em torn o da adoração revela quão superficial é a formação espiritual dentro de nossas comunidades. Como determinamos o que é e o que não é saudável no que se refere a essas expressões variadas? Essas e outras questões necessitam ser expostas, para nos ajudar a trans po p o r o q u e é u m a q u e s tão tã o p o lêm lê m ica ic a , e às ve vezes zes f u n d a m e n ta l , dentro da igreja. Em suma, como deixarmos claro o que é a espiritualidade bíblica em um mundo que se tornou espiritualmente mais sobrecarregado e aberto à discussão espiritual?
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Certamente há aqui maior necessidade de colaboração séria dentro do evangelicalismo. Retornando à ETS e a outros contextos acadêmicos evangélicos, há questões importantes a serem tratadas a respeito da definição do contexto espiritual de nossos debates e discussoes. As primeiras reuniões da ETS incluíam a adoração em conjunto. A ETS não faz mais isso, a não ser nos poucos cinco minutos de devocional antes das assembléias gerais. As duas tentativas feitas nos últimos anos para incluir a adoração de form a mais extensi extensiva va tiveram tiveram apenas resultados resultados m odestos. N ossa orientação acadêmica sugere que a adoração pode ocorrer em ou tro lugar, lugar, mas nos lem bra de que nossa unida de em Cristo é um ato comunitário central que pode reforçar nosso propósito, mesmo quando conversamos e debatemos juntos. Nosso estudo é, em última análise, para o seu serviço. Não honramos a Deus em resposta a essas oportunidades de adoração. Novamente, acredito que nossos precursores agiram corretamente ao incluir a adoração nas características da ETS. O IBR começou a fazer isso e convidará os líderes de adoração da igreja local a fim de ajudá-los quando se reunirem nos encontros nacionais aos domingos. Reconheço que a ETS não se reúne aos domingos, mas por que não enfatizar nosso comprometimento com o Senhor em momentos de comunhão verdadeira e de louvor durante uma noite a cada encontro anual? Não somos m eram ente ou m esmo essenci essencial almente mente acadêmic acadêmicos. os. Adorar juntos, ainda que por pouco tempo, afirma algo fundamental so br b r e n o ssa ss a i d e n tid ti d a d e . A a d o r a ç ã o é a lgo lg o p e r t i n e n t e a u m a ETS que busca a unidade na diversidade. N a r e a lid li d a d e , o m e s m o q u e s t i o n a m e n t o p o d e r i a ser se r feit fe itoo p a r a o e v a n g e lic li c a lis li s m o d e m a n e i r a g e ral. ra l. O c a s i o n a l m e n t e , ado rar jun tos atravessando atravessando as as linha linhass deno m inacionais n ão p ode ser uma coisa ruim. E como a troca de púlpito que algumas igrejas fazem para destacar que sua unidade em Cristo vai além
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de suas congregações locais. Tais eventos de vez em quando nas principais cidades seria uma poderosa declaração pública sobre o princípio do evangelicalismo de que o cristianismo não está restrito a qualquer denominação em particular. O que o evangelicalismo faz para mostrar a composição internacional ternacional de seu seu corpo? corpo? N ovam ente, um a respost respostaa curta: curta: pou co. A reunião anual da ETS em 2000 foi talvez o encontro mais internacional, quanto à participação, que ela já teve. O tema foi: “Israel: passado, presente e futuro”, um tópico de importância ainda maior à luz das tensões travadas no Oriente Médio em 2001 e 2002. Os palestrantes eram judeus e palestinos cristãos vindos de Israel. A troca de experiências foi quase um acordo mútuo. Entretanto, precisamos de uma perspectiva maior sobre como os crentes vivem a experiência cristã em outras partes do mundo. Um resultado dessa reunião foi a proposta para apoiar a viagem de alguns líderes cristãos de outros países, especialmente do terceiro mundo, para mantê-los em contato com o que está acontecendo na ETS e vicevice-ver versa. sa. A m eta inicial inicial m uito modesta é que pelo menos uma sessão plenária, ou pelo menos a principal, a cada ano seja cedida a uma figura internacional, isto é, de fora da América do Norte. Alguém que pudesse nos dar a noção exata do que está acontecendo no corpo de Cristo em outros luga ugare res. s. N ós nos debatemos po rque não aval avalia iamos mos com precisão a teologia praticada em outros países. Por exemplo, exemplo, um a ses sessão plenária em u m a reunião anual da ETS em 2000 gerou uma discussão franca sobre Israel e nossos irmãos palestinos. Os judeus e palestinos cristãos revezaram-se pa p a r a e x p lic li c ar sua su a visã vi sãoo sob so b re Isra Is rael el.. A p ó s essas reu re u n iõe iõ e s , o u v i alguns comentários sobre a discussão. A crítica era que a discussão foi muito política e sociológica, e não teológica o suficiente. Mas o ponto de justaposição que judeus e palestinos estavam mostrando era o quanto a cultura e o cenário afetam a
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leitura do chamado de Deus. Como falar sobre Israel hoje sem incluir política? Como ignorar a maneira como Israel, a nação mais incrédula, trata nossos irmãos e irmãs em Cristo palestinos, misturando-os à grande sociedade árabe muçulmana? Essas questões sobre como os cristãos vêem os crentes palestinos em Israel, e como se identificam com eles, são aplicáveis, não importa o modo como analisamos o futuro de Israel como nação. Se considerarmos a teologia somente para o futuro, mas ignorarmos o chamado étnico de Deus para os crentes e para as nações, fracassaremos em fazer teologia. Em cada época devemos ser sensíveis às pessoas perseguidas por causa de seu relacionamento com o Senhor. Podemos passar por cima do constante chamado da Bíblia para que seus santos busquem o amor e a justiça? Não é verdade que Deus disse a Israel para tratar o estrangeiro com justiça, pois o povo de Israel sabia o que era ser estrangeiro (Ex 22.21)? Se ignorarmos esses temas, nossa teologia é inocente e não tem nada a dizer àqueles que caíram na armadilha infernal humana que está sendo preparada há milênios. Sem Cristo e sem o abandono da mentalidade do dente por dente no Oriente Médio, a solução será frustrada na região. Se a reconciliação é um tema central da Bíblia, então como demonstramos essa qualidade divina na região do Oriente Médio, dividida étnica e religiosamente? As questões são difíceis; as respostas não são fáceis. Mas devem ser enfrentadas realisticamente conforme Deus nos ordena, até que ele venha. Eis outra área que mostra quanto necessitamos uns dos outros pa p a r a o b t e r u m a p e r s p e c tiv ti v a e q u ilib il ib r a d a d o s p r o b lem le m a s . Além disso, o tema sobre Israel foi importante para a ETS po p o r o u t r a razã ra zão: o: n o ssa ss a b u s c a p o r e n v o lv i m e n t o i n te r n a c io n a l e o tópico sobre sobre Israe Israell trouxera m , pela prim eira vez vez,, m uitos crentes judeus à nossa reunião. Para alguns, foi a primeira vez que tiveram a oportunidade de encontrar tantos crentes do meio ju d a ic o . P a ra os ju d e u s p res re s e n tes te s foi fo i u m a o p o r t u n i d a d e d e e n
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volverem-se em um diálogo transcultural sério sobre questões que eles vêm discutindo isolados culturalmente há muito tem po p o . Essa Es sa tro tr o c a n o s faz l e m b r a r q u e a ETS não deve ignorar o cham ado de D eus p ara ajudarm os os crentes crentes judeus messiâ messiâni nicos cos a serem reconhecidos como parte integrante da igreja. Tal discussão, transpondo os grupamentos internacionais e raciais, está de acordo com a missão fundamental de Deus para o mundo, pa p a ra a q u a l a ETS e o evangelicalismo devem contribuir. Uma reflexão bem-sucedida de uma série de relações de qualidade nessas áreas teria muito a dizer à nossa cultura, que não tem a menor idéia de como reconciliar grupos divergentes.
A N E C E SSS S IDI D A D E D E U M T R A B A L H O D E C O L A B O R A Ç Ã O Então, qual a direção que devemos tomar? Quer consideremos os estudos acadêmicos como aqueles sobre Jesus, o diálogo entre as tradições como, por exemplo, as discussões sobre aliança e dispensacionalismo, tópicos como a formação espiritual ou adoração, quer examinemos as questões relacionadas à composição internacional e étnica da igreja, uma coisa é clara: pa p a ra o e v a n g e lic li c a lism li sm o p o d e r a f irm ir m a r o seu se u c o m p r o m e t im e n to com o corpo, devemos trabalhar juntos nessas várias frentes como testemunhas do vínculo que Deus nos deu em Cristo. Jesus disse que o mundo saberia que somos seus discípulos se nos amássemos uns aos outros (Jo 13.35). Amar uns aos outros não significa acordos irracionais ou sentimentalismo de uns pa p a r a c o m os o u tro tr o s . N a rea re a lid li d a d e , sig si g n ific if icaa t e r m o s u m se n titi mento de respeito mútuo. As vezes, quer dizer compartilhar ju j u n to s o m in isté is térr i o . S erá er á q u e n o s so t e s t e m u n h o n ã o é c o m o deveria ser porque não conseguimos ir até onde deveríamos uns com os outros? Seria possível encontrarmos juntos um caminho, mantendo os olhos fitos em uma teologia que promova a unidade na diversidade em áreas essenciais da fé?
A B U S C A D A V E R D A D E EM Á R E A S P O L Ê M IC A S N A S I N S T ITI T U I Ç Õ E S A B E R T A S A O D E B A T E A q u e s t ã o a t u a l d a a b e r tut u r a e m u m contexto de unidade na diversidade
ssim, chegamos à questão altamente polêmica da abertura, abertura, tendo -a posicionada posicionada em em um contexto mais amplo para nossa reflexão.1Trata-se de assunto atualmente em alta dentro do evangelicalismo. Nada mexe tanto com nossas paixões do que a doutrina de Deus. Essa paixão é compreensível, compreensível, pois pois estamos estamos discu tindo o caráter caráter do D eus trino a quem amamos e que nos ama. Como ele age em sua criação, entre suas criaturas? O que a soberania divina realmente significa? No encontro anual da ETS e m 2 0 0 1 , essa foi uma daquelas grandes questões que surgem a cada dez anos. Utilizo como exemplo o processo com o qual estamos envolvidos, chamando a atenção para o fato de que esse processo reflexivo ainda 1As prin cipa is obras rec entes qu e dão sup orte à ab er tur a são são a de John Sanders, The God who risks , a theology of providence (Do wners Grove, 111.: Intervarsity Press, 1998), e a de Gregory A. Boyd, God o f the possible: a biblical introduction to the open view of God (Grand Rapids, Mich.: Baker, 2000).
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não está concluído para a ETS. Como procedemos enquanto instituição aberta diante de preocupações legítimas relativas à compreensão do nosso amado Deus Como buscamos um de ba b a te d e n t r o d e no noss ssaa soc so c ied ie d a d e o u d o ev evan ange gelic lical alis ism m o a resp re spei eito to de visões diferentes? Como determinamos quando essa diferença é uma questão prioritária central no que diz respeito à fé ou se envolve questões significativas, mas que não estão no eixo da fé? Uso outro exemplo da ETS po p o r q u e se t r a t a d e u m a e n tid ti d a d e aberta, constituída por vários subgrupos que têm diferenças doutrinárias em questões menos centrais.
A L G U M A S O R IEI E N T A Ç Õ E S E P R O C E D IMI M E N T O S Um teste dentro da ETS foi, e deve continuar a ser, como avaliar liar quan to a proposta est está biblicamente biblicamente funda m entada. O padrão não é se eu concordo com as conclusões ou o modelo. Se isso se tornar padrão, então a associação a essa instituição aberta se tornará uma questão política determinada pela maioria dos votos, e, portanto, não haverá variedade de pontos de vista pa p a r a sere se rem m d e b a tid ti d o s a b e r t a m e n te . Se o p a d r ã o p a r a p a r tic ti c i pa p a ç ã o se t o r n a r u m a m a io r ia q u e d e te r m i n a se u m a p o s içã iç ã o está correta ou não, o que nos impedirá de dizer que a infalibilidade ou mesmo a autoridade bíblica realmente está ligada a essa ou àquela conclusão específica? O diálogo abrangente e a troca de experiências nas instituições abertas devem ocorrer po p o r m e io d e a r g u m e n ta ç ã o e c o n t r a - a r g u m e n ta ç ã o . Outra orientação (observe que não utilizei a palavra pa p a d r ã o , po p o is os ju lg a m e n to s d a h istó is tó r ia n ã o são sã o n e c e s s a ria ri a m e n te infa in falí lí-veis) deveria ser a história da reflexão doutrinária nas questões que estão sendo analisadas. Debates passados similares podem ter muito a nos ensinar. A maioria de nós conhece a história dos debates. A história pode servir de proteção para evitar que sejamos arbitrários no que aceitamos ou rejeitamos.
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N o v a m e n te , a ETS dá uma orientação sábia, estabelecendo pr p r o c e d i m e n t o s a n te s q u e a a t u a l p o l ê m ic a s o b r e a a b e r t u r a viesse à tona. Esse é um detalhe importante, pois significa que ninguém pode reclamar que os procedimentos foram estabelecidos para tratar desse assunto polêmico em particular. Antes, a comunidade estabeleceu um caráter de reflexão interna ao excluir alguém da arena de debates da ETS. A expulsão na ETS foi propositada e sabiamente dificultada para evitar escolher tal caminho com facilidade. O artigo 4o, seção IV, exige que um comitê executivo seja o ponto inicial de referência para os membros cujas obras ou ensinamentos sejam considerados diferentes da base doutrinária da ETS. Eles são convocados para um a reu nião com a pesso pessoaa ou pessoas pessoas em que stão.2 Se o com itê executivo submeter o caso aos membros da ETS, então é feita uma votação no ano seguinte. É necessária uma maioria de dois terços dos presentes para realizar a votação de desligamento. Padrões ainda mais rígidos são aplicados no que se refere emendas na base doutrinária. Nesse caso, são necessários quatro quintos dos votos. Quando se atinge esse padrão, em outras palavras, quando a comunidade atua de acordo com um consenso público, acredito que é o momento apropriado de agir. Como em um júri, deve-se estabelecer limites quando a comunidade, em sua maior parte, manifesta-se em conjunto de forma unificada, mas não quando uma simples maioria ou plu p lu r a l id a d e se ex expr pres essa sa.. R e d u z ir u m m o v im e n t o tão tã o sério sé rio d e censura a uma simples votação de procedimento da maioria não é algo sensato, a longo prazo, para a saúde das instituições abertas.
:Deve-se observar que quando o comitê executivo reuniu-se em 2000 e colocou o tema da abertura para discussão na reunião anual de 2001, não se iniciou um procedimento de exclusão. Procurou-se envolver toda a sociedade em um diálogo sobre uma questão altamente polêmica.
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Em uma entidade tão heterogênea como o evangelicalismo, esse processo também proporciona tempo para debater e process cessar ar o debate. Isso Isso tem a van vantagem tagem de perm pe rm itir que a discu discussã ssãoo sobre a questão seja analisada profundamente, possibilitando que o debate alcance novos estágios de maturidade no processo de troca. O período de espera durante esse processo pode ser atormentador para aqueles que desejam determinação, que é atingida quando somos cuidadosos com a discussão em questão. Quando temos certeza de que o assunto será adequadamente coberto e analisado, é válida qualquer espera. Podem surgir informações fundamentais no processo de debate deliberativo, cond co nduzid uzid o de form a bíbli bíblica, ca, sistemática sistemática e histórica. histórica. Fó runs com o a ETS são pontos de encontro importantes para essas discussões, po p o is e n v o lve lv e m de defe fens nsor ores es q u a lifi li ficc a d o s d e vá vária riass pe pers rspp ectiv ec tivas as e m um processo projetado para ser deliberativo e público. Um processo que conscientemente leva vários anos é algo sábio. Que tal nos prendermos à análise de uma posição antes de chegar a ponto de decidir pela censura ou exclusão imediata? N o s s a q u e s tã o inic in icia iall d e v e ria ri a ser se r esta: es ta: a v isão is ão é b ib lic li c a m e n te fundamentada? Isso significa que os textos têm que ser analisados exegética e sistematicamente para verificar como se integram com outros textos que fazem parte do cânon. Mas há uma importante consideração hermenêutica que precisamos levar em conta. Sair de textos isolados para a integração bíblica em uma leitura sistemática é uma dedução que qualquer um po p o d e fazer. faz er. M u ito it o s d e b a tes te s e n tre tr e sist si stee m a s teo te o lóg ló g ico ic o s d e n tr o d o evangelicalismo relacionam-se, em grande parte, com o modo como tornamos esses movimentos mais sistemáticos. Em outras palavras, é necessário um trabalho cuidadoso para verificar se as passagens exegéticas estão alinhadas com o escopo dos textos em um tópico como esse. E possível conseguir ajuda empregando a teologia bíblica como um movimento intermediário entre a exegese e todo o sistema teológico. Um indício
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de que uma questão complexa específica está presente no cenário surge quando exegetas e adeptos da teologia sistemática começam a alinhar-se em lados diferentes da discussão. Há alguns elementos desse tipo de divisão no debate atual.
A N Á L ISI S E D A A B E R T U R A Vamos aplicar esse padrão ao debate atual sobre a abertura. O movimento de abertura tem uma posição séria sobre o envolvimento com o texto, pelo menos em alguns de seus estudos. E em um ponto eles parecem ter levado os membros da ETS a refletir em algumas questões importantes. O eixo da narrativa bíblica sobre a aliança e a ação de Deus não é resgatar sua criação para fazê-la relacionar-se novamente com ele? Seria possível existir uma relação entre a providência geral e a específica que não seja unidimensional ou monocronológica? Será que temos certeza de que separamos tudo isso? Entretanto, ao falarmos da abertura de Deus para arriscar uma reação de nossa parte, pergunto-me: será que essa questão tem sido levantada correta, bíblica e teologicamente? Deus realmente deixa o futuro em aberto como muitos dizem? Deus fala diretamente sobre o que finalmente acontecerá no futuro, e a Bíblia fala muito daquilo que ele de fato tem completo conhecimento. Qual a base que ele usa para falar do futuro? Parece que vários textos na parte final de Isaías, partes do livro de Daniel, as seções de conclusão do livro de Jó, algumas passagens de Salmos, Salmos, João 13 13— — 17 17,, Rom ano anoss 8 e Apocalipse, Apocalipse, enfim enfim , todos sugerem que Deus tem um projeto baseado em sua total presciência. Algumas coisas “devem ser”, conforme os textos indicam com o uso do termo grego dei. Nesse contexto básico, não creio que a explicação para a abertura seja convincente bastante para impedir-me de ouvir as questões levantadas. A abertura é uma visão que parte do pressuposto de que Deus determinou certos elementos-chave, conforme observado
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em muitos dos textos mencionados anteriormente (e argumenta-se para o homem que os pontos de vista sobre a abertura que não fazem essas distinções não têm lugar nesses debates). Os defensores da abertura argumentam que grande parte dos detalhes na vida é deixada em aberto. M as m uitos desse dessess textos textos tratam do completo envolvimento de Deus na criação, não dos detalhes específicos de seu plano, assim, tento ver onde eles se apóiam para fazer essa distinção. Ainda há questões que eu gostaria muito de discutir, não apenas de criticar e julgar. Mais importante, se quisermos tomar decisões com base em informações, precisamos de tempo pa p a r a se p a r a r os d e talh ta lh e s d o d e b a te p a r a a lca lc a n ç a r m o s u m a c o n clusão conjunta, mesmo se no final chegarmos a um ponto em que concordemos em discordar. Somente quando esse debate inicial chegar ao fim, estaremos em condições de avaliar se o desacordo é um assunto prioritário ou mais periférico. Se existiss tissee um a votação votação para excluir excluir um m em bro p or es esse ou o utro motivo polêmico, então cada um de nós deveria dar esse voto com responsabilidade. Só poderemos votar de forma responsável quando estivermos adequadamente preparados, conforme o mod o com o a comunidade tratou o assu assunt ntoo em seus encontros. Por causa dessas questões e contrapropostas e da necessidade de envolvimento e interação, o movimento de abertura deve ter tempo para envolver-se, para refletir e para responder à crítica. Creio que essa abordagem do diálogo teológico é fundamental para uma sociedade estruturada e direcionada para a unidade na diversidade em torno da Bíblia e do diálogo. O que quer que façamos, devemos ser deliberativos, conforme nosso ritmo, nos certificarmos de que somos justos e mesmo enxergarmos onde há algo que podemos aprender no debate e por meio deste. Mover-se rápido demais pode criar um curtocircuito no processo de aprendizagem para todos nós. O processo e o resultado são importantes.
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O U T R O E XEX E M P LOL O D E C O M O A N A L ISI S A R A Q U E S TÃT Ã O Outro exemplo de como isso pode funcionar é compartilhar o que fizemos no Dallas Theological Seminary ( D T S ) , que me dá a oportunidade de tratar de outro fenômeno que geralmente esconde sua face nada agradável em tal conflito. Tratase da circulação de rumores (que podem ocorrer tão rápido quanto à onisciência de Deus, mas não com a mesma precisão) são).. As As reuniões reuniões não foram preparadas porq ue alguém n o DTS era defensor da abertura, embora muitos tenham ouvido esse rumor. Nós nos encontramos porque acreditamos que as questões levantadas eram importantes e necessitavam de um estudo cuidadoso. Em 2000-2001, nos reunimos seis vezes em blo b locc o s d e n o v e n ta m in u t o s . O m o d e l o d o DTS pa p a r a essa ess a d isis cussão não é perfeito, e observarei em alguns pontos como ele po p o d e r ia ter te r sid si d o m e lh o r a d o . M i n h a o b serv se rvaa ç ã o n ã o é s o b re o modelo detalhado, mas sobre o caráter deliberativo do processo e a integridade da intenção de buscar a verdade. Após uma discussão geral em um workshop na faculdade em 2000, nossa divisão de estudos bíblicos (Antigo e Novo Testamentos e ex po p o s içã iç ã o d a B íbli íb lia) a) e s c o lhe lh e u t r a t a r de dess ssee a s s u n to d u r a n t e o a n o acadêmico de 2000-2001. No período de 2001-2002, pedimos à divisão teológica (teologia sistemática e histórica) que se unisse a nós .3 Teria sido sido m elh or se a tivéssemos tivéssemos incluíd inc luíd o desde o
3Os sistemáticos do DTS e Wheaton fizeram um bom trabalho, conforme mostra a crítica de Robert A. Pvne e Stephen R. Spencer, A critique of free will theism, parte um, Bib B ib Sac 138 (julho-setembro 2001): p. 259-86. A parte dois aparece na edição de outubro-dezembro: p. 387 405· O primeiro artigo foca as questões cristológicas levantadas pela abertura. Alguns teólogos desejam juntar alguns desses textos cristológicos e torná-los uma exceção como parte do plano divino vinculado a Cristo. Entretanto, a existência desse tipo de conhecimento por Deus levanta questões sobre o seu modelo. Se existirem exceções aqui, então por que a sua presença representa uma grande violação do relacionamento entre
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o início. Mas, tradicionalmente, nossa estrutura de divisão automaticamente realiza reuniões separadas. Nesse caso, conseguim os assim po rque rq ue o assunto exigi exigiaa e sabíamos q ue a discus discussão são tin h a que envolver exeget exegetas as e teólogos sistemáticos. N ossa atenção estava voltada para textos e métodos. Começamos discutindo como a analogia da fé trabalha quando dois grupos afirmam que há várias passagens de controle claras do seu lado. A divisão de estudos bíblicos começou suas reuniões em 2000-2001 discutindo os textos sobre a soberania e pancausalidade, para verificar se expressam uma idéia universal ou uma situação contextualizada específica. Por exemplo, podemos não concordar se Amós 3.1-8 está relacionado somente a um exemplo (i. e., contextualizado somente nesse exemplo par-
Deus e o homem? Poderia ser argumentado que se isso acontecer com os relacionamentos de Deus ao seu principal representante humano, então, certamente, se aplica aos outros relacionamentos, também sem violar o caráter da aliança de Deus para com a sua criação. O importante na critica de Pyne-Spencer é a idéia de que a vontade humana e as escolhas responsáveis não são incompatíveis com a presciência divina. O caso de Judas, por exemplo, discutido nas páginas 279-81, nos mostra isso. Tam bé b é m im p o r ta n te é a o u tr a q u e stã st ã o h e r m e n ê u tic ti c a de c o m o tr a ta r “dire “dir e tata mente”a leitura dos textos do Antigo Testamento baseados nas questões canônicas (p 281,282). Foi em torno desta questão também que as discussões divergentes sobre estudos bíblicos aconteceram no D T S . As diferenças entre a vontade moral de Deus e a soberania também devem ser analisadas com seriedade (p. 282-5). A caracterização da abertura da posi po siçã çãoo tra tr a d icio ic io n a l m o n o líti lí ticc a e u n id im e n s io n a l é u m a r g u m e n to h u m a no insignificante. A natureza do nosso debate deve melhorar ao nos certificarmos de que estamos sendo justos com os dois lados. Tais argumentos normalmente aparecem nos estágios iniciais de um debate, o que tam bé b é m é u m a o u tr a razã ra zãoo p o r q u e é nece ne cess ssár ário io te m p o p ara ar a sepa se para rarr as qu ques es-tões. Certificar-se de que consideramos o argumento do outro lado é importante e é também uma outra razão para continuarmos as discussões à medida que avançamos no entendimento e solução da questão.
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ticular) ou se proporciona uma declaração característica e universalmente aceita de como Deus sempre reage. Contudo, ao discutirmos Amós 3.1-8 como um exemplo particularmente útil, logo compreendemos que o modo como cada lado lia o texto estava, em grande parte, correlacionado à maneira pela qual cada lado compreendia e integrava a ênfase mais ampla na Bíblia. Há várias questões levantadas sobre os tipos de textos como o de Amós e os seus correspondentes no Novo Testam ento. O m odelo helenístico helenístico de pess pessoa oa divina divina é a única cortina de fundo a ser considerada para a compreensão da doutrina de Deus? E verdade que esse modelo é estático e não se encaixa com a compreensão bíblica ou judaica de Deus, que é mais dinâm ico e abert aberto? o? Será que u m a base base judaica de segundo tem pio p io (p. ex., ex. , a C o m u n i d a d e d o M a r M o r t o ) n o s a ju d a r ia a e n tender com o o judaísmo do N ovo Testamento via via D eus, o tem po e a presciência? Em outras palavras, será que alguns estudos culturais e históricos nos ajudariam a entender como os textos e doutrinas do Antigo Testamento eram compreendidos no pr p r im e ir o séc sé c u lo, lo , e s p e c ia lm e n te os p r in c i p a is tex te x to s p r e s e n tes te s no debate atual? Não conheço ninguém que tenha explorado esse caminho ao estudar tal tópico. As referências ao Antigo Testamento recaem sobre os dois lados do debate e de certa forma dão origem à questão. Os precedentes da abertura nesse material paralelo mostram que o Antigo Testamento estava sendo lido d a form a proposta? 4 O bserva m os a lacun lacun a na discussão atual e fizemos pressão, pois nosso objetivo não era resolver todos os problemas, mas abranger todos os lados do debate.
4Confesso suspeitar de que nesta cultura Deus não foi interpretado da maneira correta que a visão aberta sugere. Este estudo não resolveria o problema, mas significaria que deve existir uma idéia central para demonstrar que o entendimento do Novo Testamento é diferente aqui.
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Os textos seguintes referem-se ao “arrependimento”, à “mudan ça de opin ião” e a “ir “ira” a” de Deus. Estamos q ue uestiona stionand ndoo com o a antropopatia funciona. Como ela trabalha exatamente? A linguagem figurativa aqui, reconhecida como tal por todos, deve afirmar algo além da mera descrição de Deus quanto a uma analogia em relação aos sentimentos das pessoas. Há um consenso nesse ponto de que Deus revelou-se como o único que interage com suas criaturas sob o aspecto de relacionamento e pa p a c to, to , e n v o lve lv e n d o -as -a s n o c o n tex te x to e m q u e v ivem iv em e n o tem te m p o . Não N ão vo vouu en entr trar ar no de deba bate te teológi teo lógico co e filosófico qu quee está no centro da questão sobre Deus, tempo e espaço — um debate que poderia afetar o modo pelo qual as questões anteriores deveriam ser articuladas detalhadamente. Os exegetas expressaram-se ness nesses es termos tentan ten tando do explorar a linguagem dos textos textos.. Os teólogos, corretamente, têm um conjunto de questões adicionais levantadas sobre os conceitos relacionados a esse tópico. Nesse ponto do estudo, fica muito claro por que exegetas e sistemáticos têm que trabalhar juntos nesses assuntos. Agradeço a Robert Pyne ter interagido comigo a respeito da redação dessa discussão sobre a antropopatia, embora eu seja o único responsável pelo seu conteúdo. As diferenças sobre como tratamos, estruturamos e examinamos esses assuntos mostram a importância de trabalhar de modo interdisciplinar. Há também uma rica história de interpretações patrísticas e medievais nessa área que ainda não foram analisadas. Devo essa essa observação observação a Jeff Je ff Bingham, Bingh am, que trabalha traba lha com teologia hishistórica e especialmente patrística. Um estudioso reformado e bem be m co conh nhec ecido ido,, tam ta m bé bém m crítico crít ico da ab aber ertur tura, a, está m u ito it o consciente deste problema, mas não o desenvolve quanto seria possível em sua obra volumosa como um livro, em que o critica (consulte Bruce Ware, An evangelical reformulation of the doctrine of immutability of God, in: JE T S 29 [1986], p. 43146). Ware diz pouco, mas menciona esse artigo quando investiga mais profundamente o problema fundamental em G o d ’s
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lesser glory.
Faço alusão à doutrina da imutabilidade ou impassividade absoluta de Deus nesta nota e nestes parágrafos. A maior parte dos textos bíblicos descreve Deus envolvido com sua criação, a encarnação e o trabalho específico do Espírito, tudo apontando a necessidade de analisar cuidadosamente essas questões e avaliar seu histórico de discussão. Nossa discussão não alcançará o ponto de maturidade até que isso seja feito. Essa observação final reflete a interação que tive com Craig Blaising em relação a essas questões. Outra vez, a vantagem da discussão interdisciplinar é demonstrada. Eu me beneficie neficieii imensam ime nsamente ente de minh m inhaa interação interaç ão com ess esses sistemático sistemáticos, s, até mesmo quando procurei uma exegese satisfatória desses textos. As questões relacionadas à antropopatia permanecem. Será que existem na Bíblia, tratando-se de forma literária de apresentação, dois tipos tipos diferentes diferentes de textos sobre sobre o tem po de D eus, aqueles que descrevem as ações em linguagem vinculada à ex pe p e r iê n c ia h u m a n a t e m p o r a l e a q u e les le s q u e d e s c rev re v e m a tra tr a n s cendência de Deus e sua intransitabilidade eterna?’ Acredito que existe, e nossa divisão de estudos reconhece os dois tipos de textos nas Escrituras. Então, de que maneira relacionamos esses dois tipos de textos? Podemos falar com certeza e clareza
Ά 0 expressar-me em termos de dois tipos de texto, não sugiro que estas classes de textos são tão distintas ao ponto de ser irreconciliáveis. N e m e sto st o u te n ta n d o diz di z e r q u e esta es ta ta x o n o m ia lite li terr á r ia d ev e ria ri a ser se r m ais ai s retida. Antes, a observação é feita sob o ponto de vista da exegese de que essas categorias aparentemente presentes do texto tratam de forma diferente a discussão bíblica sobre Deus a partir de dois ângulos distintos. O relacionamento entre esses ângulos é a questão que exponho neste parágrafo, dizendo que essa, assim como as questões fdosóficas e teológicas que surgem precisam de maior atenção antes de entrar em uma discussão completa e madura que poderá causar o julgamento por parte de alguém no debate.
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sobre os textos transcendentais a partir de nossa perspectiva finit finita? a? A judaria fazer fazer um a distinção a respeit respeitoo do con he cim en to de Deus: o que ele sabe em sua presciência antes da criação e o que ele pode vir a experimentar (ou, talvez melhor, o que pode ser descrito como experiência) em relação à sua criação? E nessa última categoria que os principais textos sobre a abertura se encaixam e, portanto, podem ser lidos como afirmação de algo acima da mera antropopatia? Nenhum dos lados do atual de ba b a te t r a t o u c lara la ra o u c o m p l e ta m e n t e de dessa ssass a lte lt e rn a tiv ti v a s a d icio ic io-nais ou de outras combinações que essas distinções trazem à tona. Estaria Deus, em vez de estar aberto sobre as opções de futuro, usando a linguagem do relacionamento para destacar o seu envolvimento conosco e saber previamente com exatidão como esses relacionamentos continuarão, por causa do modo pelo qual sua criação foi feita e dele ser quem é? Poderiam esses textos estar expressando sentimentos análogos aos relacionamentos humanos, por exemplo, quando o cônjuge fica p r o f u n d a m e n t e d e s a p o n t a d o c o m a in f id e lid li d a d e d o p a rc e iro ir o ou quando os pais, sabendo da tendência de seu filho de rebelar-se, ainda sofrem por essa revolta em razão da quebra de relacionamento entre eles? Deveríamos considerar as reações de Deus e até mesmo suas “mudanças” fundamentadas no caráter divino que sabe quais serão nossas respostas, mas que ainda tem que comunicar a reação no tempo e no espaço para que toque não somente nossa mente, mas também nosso coração? Pois dizer que Deus “muda” por causa de nós e de nossas ações talvez signifique afirmar as dimensões de tempo e espaço de nosso limitado relacionamento com ele como seres humanos, além de enfatizar sua reação genuína conosco à parte de fazer quaisquer declarações sobre a extensão do conhecimento e da essência de Deus. Esses caminhos adicionais conduziram a divisão de estudos bíblicos a uma interação fértil, proporcionando muito a ser contemplado. Concluindo, essas alternati-
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vas precisam ser completamente exploradas exegética e historicamente para termos uma discussão madura. Será que o mistério tério resid residee na justaposi justaposição ção do c onh ecim ento de D eus e de seu relacionamento conosco, utilizando a linguagem do tempo e da aliança? Podemos nos contentar com nossas limitações para deixar as coisas ficarem no campo do mistério neste ponto da discussão. Seria possível que a Bíblia não nos fornecesse explicitamente as respostas para as questões que levantamos ou para aquelas que talvez não sejamos capazes de compreender, pois “vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho?” (ICo 1 3 . 1 2 ). Em seguida, voltamos hermeneuticamente e perguntamos como normalmente lidamos com dois conjuntos de textos aparentemente opostos. Será que um conjunto se posiciona acima do outro? Com base em quê? Em lógica, números absolutos, histórico das discussões teológicas ou outro meio qualquer? Quando começamos a procurar tipos diferentes de textos dentro de um conjunto para ajudar a resolver as tensões? A teologia histórica e sistemática pode nos ajudar por meio de seu conhecimento dos antigos debates e soluções da igreja? Quando é que as tensões nos levam ao limite do mistério divino ou daquilo que a Bíblia não nos revela diretamente? Nes N esse se p o n t o te r m in a m o s a d isc is c u ssã ss ã o d e n o sso ss o p r im e iro ir o a n o . Nos N ossa sass r e u n iõe iõ e s s e g u inte in tess a n a lis li s a r a m o u t r o c o n j u n t o d e tex te x tos to s ju j u s ta p o s to s (sal (s alva vaçã çãoo p e la fé e ju j u lg a m e n t o pe pela lass ob obra ras) s) a f im d e verificar se poderíamos aprender algo com o modo como esses temas foram tratados para ajudar-nos nessa mais nova discussão. Conseguir pegar o ângulo de um texto específico analisado parecia ser o ponto principal ao relacionar esses textos sobre fé e obras. Isso sugeria que algumas da diferenças que emergiram na discussão da abertura poderiam ser um modo útil de refletir no tratamento da questão. Para fazer uma investigação detalhada sobre a questão, ainda teríamos que passar por al-
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guns dos principais textos de comprovação cuja tradução e sentido são contestados (como SI 139.16). Acredito que estamos pro p ro sse ss e g u ind in d o m e to d o lo g ic a m e n te no noss aspe as pect ctos os text te xtuu ais ai s e teo te o lóló gicos, procedendo como uma comunidade de especialistas. A ETS e muitos outros grupos evangélicos têm a vantagem de ser serem em con stit stituídos uídos po r um a co m unidade ainda mais mais abrangente que o DTS, de modo que o potencial de envolvimento significativo é maior. Foram essas preocupações que motivaram o comitê executivo da ETS em 2000 a fazer da abertura um subtema principal de sua reunião anual em 2001. A meta era ter discussões saudáveis sobre a questão com o máximo de membros possível. Creio que esse é só o começo de um processo bom e necessário de diálogo, que pode ou não ir além disso. O motivo para a discussão do tema é dar orientação à comunidade da ETS sobre o que é ou não necessário, nada mais, nada menos. O evangelicalismo precisa de tempo para analisar os novos pontos de vista e resolver novos conflitos por meio de pro p roce cess sos so s d e lib li b e rati ra tivv o s . O u t r a ve vez, z, o p ro c e s s o e o r e s u lta lt a d o são importantes.
C O N S E LHL H O R E S U M I D O S O B R E E S S ESE S D E B A T ESE S Eis meu conselho básico sobre os principais debates doutrinários: vá com calma. A igreja existe há cerca de dois mil anos. Deus tem cuidado dela até aqui. Não podemos fazer um julgamento instantâneo. A discussão é contínua e somente agora está alcançando o estágio em que os principais pontos de polêmica estão surgindo. Precisamos dar tempo para que nossas comunidades, como um todo, assimilem a questão antes de qualquer coisa. Um editor disse-me recentemente que sua editora (não a IVP) tem cinco títulos a serem lançados nos próximos anos sobre esse tópico. A exposição de livros dos editores na reunião da ETS no final de 2001 mostrou vários livros novos a respeito de Deus e do tempo. Precisamos assimilá-los.
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Precisamos dar tempo ao debate interno, para buscar a verdade e o entendimento mútuo e, especialmente, analisar o tom das discussões. Um pequeno exemplo referente ao tom desse debate e de outros como esse surgiu de uma dissertação publicada na edição de 12 de junho de 2001 da revista Crist Cr istian ian ity Ibd ay.0' N a dissertação, Christopher Hall e John Sanders concluem um debate-diálogo sobre a abertura, realizado por e-mail e publicado em duas edições da revista. Apesar das diferenças de opiniões sobre o assunto, eles concordaram em seis pontos: 1) observar a importância de uma exegese bíblica sólida; 2) o modelo deve reconhecer e preservar o discernimento sobre o assunto que recebemos da comunidade cristã durante séculos; 3) não devemos temer a argumentação franca e cordial; 4) a comunidade evangélica deve trabalhar muito para resolver os debates teológicos em conjunto; 5) praticar a empatia intelectual com aqueles com quem discordamos (i. e., evitarmos a caricatura, sermos capazes de falar sobre a posição de oponentes de modo que eles possam ratificar); 6) e depois de procurar seguir firme, verdadeira e generosamente essas cinco etapas, com certeza é necessário tempo para aceitar ou rejeitar um modelo teológico. A posição que dizem que ocupamos no momento é onde acho que estamos: “O debate precisa continuar para que as questões questões po ssam ser ser escl esclare areci cidas das fu tura m en te”. A ind a é cedo cedo demais para agirmos de modo decisivo e completo. Após alguns anos de diálogo comunitário interno e genuíno, será o momento apropriado de a ETS fazer uma reflexão séria e concentrada sobre o tópico.
6W he re d o we go from here?, here?, Christianity Today, 11 de junho de 2001, p. 56. A edição de 21 de maio de 2001 continha parte deste diálogo.
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A polêmica sobre a Nova Versão Internacional da Bíblia tem u m a q u aall id i d a de d e s e m e l h a n te t e . O c o m i tê tê d e t ra r add u ç ããoo d a X \ 1 , c o m p o s t o e m s u a m a i o r p a r t e p o r t r a d i c i o n a l i s t a s , t e n t o u d e m o n s trar sensibil sensi bilidade idade com relação relação aos aos gêneros fem inino e m asculino em sua tradução. Contudo, a versão enfrentou fortes oposições, em alguns casos expressivas. Os que rejeitam essas traduções argumentam que a Palavra de Deus está sendo grandemente adulterada. Em alguns casos, as argumentações são de que as t r a d u çõ e s e s t ã o e r r a da s . E m ou t r o s , d e q u e r e s u l t a m e m u m a subversão su til das relações relações sobre gê nero ensinada s p ela Bíblia Bíblia.. T r a ta ta-- se s e d e u m a q u e stã s t ã o i m p o r t a n t e p o is i s e st s t am a m o s li li d a n d o c o m a Palavra de Deus. Entretanto, os dois lados erraram no modo c o m o a c o n d u z i r a m . C o m o s e m p r e o c o r r e e m de b a t e s c o m o esses o processo não foi fácil. Algumas das pessoas que protestaram o fizeram em aspecto de discurso que não desenvolveu ou refleti refletiuu a naturez a c om plexa da discuss discussão ão sob re a teoria da tratradução. Re firo-m firo-m e não àquel à queles es que fizer fizeram am questionam entos ju s t o s s o b r e a l g u m a s tr a d u ç õ e s , m a s a l g u n s d a m í d i a q u e n o ti ciaram esse debate e que descaradamente inflamaram a discuss ão ão e c r ia ia ram r a m um u m a m b i e n te t e d e ju ju l g am a m e n t o i n s ta ta n t â ne n eoo e m q u e o diálogo tornou-se difícil. Houve também uma intensa pressão p o l ít i c a p o r u m la d o p a r a c o n s e g u i r u m a c o r d o s o b r e os p a d r õ e s de interpretação que ainda não haviam sido trabalhados. Por outro lado, as pessoas que trabalhavam na tradução emitiram sua ver versã sãoo e op taram po r um acordo prévio, prévio, sem q ualquer tipo tipo de notificação prévia. Temos de admitir que fizeram isso, em p a r t e , p o r c a u s a d a m a n e i r a c o m o a o b r a i n ic ia l fo i t r a t a d a p e lo ou tro lado. lado. O process proce ssoo todo pe rdeu sua função e prod uziu um
Para questões sobre tradução e o que os tradutores enfrentam ao fazer tais julgamentos sobre passagens individuais,v. o artigo de Darell Bock: Do gender-sensitive translations distort scripture? not necessarily, n o site do DTS www.dts.edu . O artigo aborda alguns dos exemplos mais debatidos envolvendo a NVI.O artigo não endossa a versão, mas tenta po p o s ic io n a r a q u e s tão tã o , m e sm o p a ra q u e m n ã o sabe sa be greg gr ego. o.
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clima no qual as discussões entre os dois lados ficaram difíceis. Essa não é maneira de lidar com tais questões. Espero que as discu discuss ssões ões subseqü entes possam oco rrer em plano m ais eleva elevado. do.
N ã o e s to u t e n t a n d o reso re solv lver er o p r o b le m a d o d e b a te s o b re a abertura, mas, quanto mais trabalho essa questão, mais questionamentos tenho em relação a ela. As questões que levantei aqui sugerem que os teólogos defensores da abertura têm trabalho sobrando para mostrar que estão solidamente baseados na Bíblia. Entretanto, não é o momento de insistir na exclusão. Embora eu considere essa uma questão central, por tratar dos atributos fundamentais de Deus, reconheço os julgamentos que todos estamos fazendo a respeito do processo. A importância do tópico faz parte de meu argumento por um pr p r o c e sso ss o d e lib li b e rati ra tivv o . D e v e m o s rese re serv rvar ar u m t e m p o p a r a c o lolo car os debates sobre as doutrinas centrais no lugar certo. A m aior parte das disputas disputas dou trinárias trinárias da igre igreja ja prim itiva itiva levou levou décadas para ser ser resolvi resolvida. da. P recisamos recisamos to m ar o m áxim o de cuidado, mas os debates podem ajudar a todos nós a valorizar mais as doutrinas relacionadas à pessoa de Deus. Até agora, a discussão já aproximou um pouco mais a comunidade de uma compreensão da verdade, incluindo sua complexidade e mistério, mesmo que todos nós terminemos desembarcando em um lugar diferente.
CONCLUSÃO O
e v a n g e l i c a l i s m o d o u n i d a d e na diversidade e 0 c h a m a d o para missões além d e nossos debotes internos
oncluo relembrando nossas prioridades. Afinal de contas, uma abordagem teológica da unidade na diversidade para os debates entre os evangélicos deve nos ajudar a trabalhar bem lado a lado, mesmo que haja p o n t o s e m q u e c o n c o r d e m o s e m d i s c o r d a r . O N o v o T e s tata mento valoriza muito a verdade e a unidade (Jo 13.34,35; 17.1-26; At 2 0.28 -30; E f 4.1-6). É difíc difíciil saber com o solusolucionar tensões quando duas pessoas ou grupos se opõem. M inh a esperança é que refletir refletir nas nas questões relacionadas à abordagem da unidade na diversidade ajude a nos envolver com a verdade e a trabalhar para manter a unidade, onde for po p o s s íve ív e l. O perigo, embora sutil, de focarmos constantemente nossos debates internos é tão significativo quanto o risco potencial de mudarmos o curso da verdade, subentendido na necessidade de traçar limites. Esses debates importantes e necessários ex põ p õ e m o risco ris co d e n o s d esvi es viar ar de n o sso ss o s c a m in h o s m ais ai s bá bási sico coss e de nosso maior potencial como uma comunidade de crentes.
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Podemos nos tornar tão autocontemplativos sobre nosso estado de saúde teológico, que esqueceríamos a missão de alcançar o vasto mundo. Argumentei que valorizar a discussão entre instituições fechadas e abertas nos ajudará a entender como devemos funcionar e debater umas com as outras. Permitir a existênci existênciaa dos dois tipos de estrutu ras d en tro do evangeli evangelical calismo ismo po p o d e m a n t ê - lo c ria ri a tiv ti v o e res re s p o n sáv sá v e l. M inha esperanç esperançaa final final é que um a m aior parte de nossa nossa enerenergia seja direcionada para afirmar, atingir e melhorar nossos relacionamentos uns com os outros à medida que enfrentarm os juntos o m un do vasto vasto e perdido. Em um evange evangellicali calismo direcionado por propósitos, nosso estudo dever ser especialmente produtivo em responder às questões que nossa cultura distorcida e diversa apresenta, mesmo se houver alguma diversidade em nossas nossas respostas respostas.. N ossa cu ltura ltur a parece estar estar mais aberta para tratar de assuntos em um plano espiritual, então vamos avançar nas discussões, esclarecendo que o simples uso do term o espiritual não é automaticamente benéfico. Podemos e devemos nos dirigir à mesa de negociações e nos unir ao debate. Devemos envolver esta cultura pós-moderna, pois ela normalmente observa todas as formas de igualdade espiritual para as respostas às questões que a ciência e a tecnologia não podem resolver. Creio que nessa busca os evangélicos devem se aproximar mais, valorizando quanto temos em comum em face da tendência de julgarmos uns aos outros ao debatermos alguma questão. Para os evangélicos, especialmente aqueles que estão começando sua obra, digo que considerem o mundo perdido em seu trabalho de pesquisa. Dentro do evangelicalismo, vamos fazer o melhor, humildemente, para ouvir e interagir uns com os outros sobre a mensagem da Bíblia e para buscar a comunhão para a qual Cristo nos chamou e até mesmo orou para que tivéssemos (Jo 17). Efésios 4.1-6 pode ser um bom lem
CONCLUSÃO
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br b r e te d e o n d e se b a s e iam ia m b ib lic li c a m e n te n o ssa ss a u n i d a d e e o c e n tro de nossa fé: um só corpo, um só Espírito, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos. A abertura p ara D eus significa significa ser aberto ao seu seu Esp írito írito — aquele Espírito que habita em nós quando somos formados por ele e pe p e lo e n s in a m e n t o e n c o n tr a d o n a B íblia íb lia.. E m b o r a os m e m b r o s entre nós elaborem os detalhes dessa questão de forma diferente, a unidade espiritual e bíblica forma a base da ETS e de nossa comunidade evangélica. Ao afirmarmos esse ponto centrai, estamos nos posicionando de forma que possamos debater e dialogar proveitosamente. Não acredito que limites traçados e princ ípios escritos escritos sejam nossos pro pó sitos princip ais. Por dois milênios, a igreja tem tido princípios sólidos que podem guiar a maior parte do movimento evangélico. Em áreas recém-criadas, em que talvez sejam necessários novos limites, precisamos nos certificar de que a discussão seja deliberativa, assumindo um tom que permita discussões significativas. Sejamos mais vagarosos para traçar limites rígidos, a não ser que grande parte de nossa comunidade, depois de uma reflexão interna cuidadosa, acredite que a linha deva ser traçada. Faz Faz sentido sentid o para os estudiosos a questão estar à frente das publicações e dos debates. Os dois lados do debate devem ter oportunida tun idade de ampla am pla de apresentar aprese ntar os prós e os contras ao avaliar avaliarmos mos a situação. situação. Essa Essa condução conduç ão do debate por p or parte pa rte deles deles nos beneficia; fez parte da análise racional na reunião da ETS sobre a abertura, isto é, dar oportunidade para que os dois lados fossem ouvidos ouvidos.. Foi Foi o que aconteceu quand qu andoo permitiu-se perm itiu-se que cada lado se dirigisse ao outro. Esse procedimento dialogai é útil e uma das razões principais para que a ETS seja uma instituição aberta. aberta. Os oradores oradores do plenário e aquele aqueless que apresentaram tra balhos sobre tal tópico tóp ico ajud a judar aram am mui m uito to a ETS e o evangelicalismo. Eles merecem ser valorizados pelo que fizeram e farão por nós nessa discussão e em outras como essa. Entretanto, o trabalho
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individual deles não pode substituir a responsabilidade ética da ET ETS para enc orajar os os m em bro s a expor em prim eira m ão as questões em que for observado q ue há u m a séria séria divergência de de o p i n i õ es . N e m o p ad r ã o d e p r o c ed i m e n t o de o u v i r c a da l a d o deve ser s er m ud ad o qu an do a discus discussão são u ltrapassar ltrapassar a ET ETS e chegar à c o m u ni d a d e e v a n g él i c a . É f á ci l de m a i s f o r m u l a r j ul g a m e n t o s q u e n ã o p r o v êêm m o r i g i n aarr ia i a m e n t e d a fo f o n t e o u c o n h e c eerr a pep en as a s um u m l a do d o d o d eb e b a t ee..
Um evangelicalismo guiado pela unidade na diversidade concentrará suas principais forças e potencial além dos debates internos. Neste ponto encontram-se as implicações práticas expressas de modo que sejam reconhecidas. Como se fosse um apelo, faço vários convites. O convite que faço a minha geração e àqueles que nos precederam é encorajar a próxima geração a trabalhar em projetos que possam também alcançar a igreja como um todo e ajudá-la com a ordem bíblica de missões em nossa cultura diversa. Abrigá-los e dar-lhes permissão para que se dirijam às culturas que lhes são familiares de uma maneira diferente das nossas. Ao mesmo tempo, insistir com eles para que sejam res po p o n sáv sá v e is p e r a n te D e u s , seu se u E s p írit ír itoo e sua su a P alav al avra ra.. C a so eles assimilem as coisas de maneiras diferentes, que então as avaliem em sua essência, não de acordo com seu estilo próprio ou po p o r q u e são sã o d ife if e ren re n tes. te s. E p r ecis ec isoo t e n t a r n ã o c o n f u n d i r c o n te ú do com forma. Essas diferenças podem ser questões de cultura de gerações ou gosto pessoal. Convido a próxima geração de membros da ETS a ser fiel ao bu b u s c a r p ro jeto je toss q u e de desa safi fiem em m ais ai s o m u n d o p e rd ido id o , q u e estiest imulem mais uns aos outros e que se desafiem menos. Entretanto, não esqueça que nenhum período tem o monopólio da verdade ou do método. A história prova isso. Às vezes, ouvir as pala pa lavr vras as d e u m a ge gera raçã çãoo pa pass ssad ada, a, se n ã o de m ilên il ênio ioss atrás atr ás,, p r o duz uma compreensão produtiva dos problemas modernos.
CONCLUSÃO
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Cuidado para não sucumbir ao espírito do mundo que expressa dúvida excessiva sobre o encontro e o conhecimento da verdade. A Bíblia diz que Jesus é a verdade (Jo 14.6). Temos uma metanarrativa que está inseparavelmente vinculada a Jesus, e a obra associada a ele. Ao contar as histórias para nossa geração, somos chamados para apresentar e mesmo definir a história, embora o mundo pós-moderno odeie envolver-se com definições e reflexões conceituais e cognitivas. Existe uma doutrina que merece ser estudada, articulada, definida e passada adiante. No N o s ú ltim lt im o s de dezz an anoo s, a ETS nos impulsionou cada vez mais nessa direção, para o aprimoramento da sociedade como um todo. Contudo, ainda temos um longo caminho a percorrer. A ETS é uma sociedade espiritual e acadêmica de debates, diálogos, crescimento e estudos. Os membros buscam trabalhar em conjunto para dar uma resposta ou respostas às questões que estão em debate não só entre nós, mas também no mundo. Desejamos discutir essas coisas que o mundo não consegue enxergar, e que são importantes para Deus, em um nível mais visível. O que se aplica à ETS também se aplica ao evangelicalismo. Grupos de estudo que trabalham em conjunto são um dos grandes sucessos atuais da ETS. Esses grupos devem intencionalmente visar às publicações de conteúdo substancial com o objetivo de alcançar os perdidos ou ajudar aqueles que estão envolvidos nessa nessa missão. O s editores e ditores e os do no s de livrari livrarias as precisam nos ajudar, pois esse trabalho cuidadoso em geral não é economicamente viável, pelo menos o que está sendo atualmente vendido nas livrarias. Também devemos considerar o que pode ser feito visualmente na mídia para alcançar nossa cultura, especialmente com os tópicos acerca dos quais realmente chegamos a um acordo. Vamos nos esforçar para que nossa voz, em uníssono, seja ouvida em alto e bom som, mesmo que cada um de nós tenha que trilhar caminhos um pouco diferentes para chegar lá.
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Para finalizar, retorno à promessa: Deus cuidará de nós. Somos chamados para sermos fiéis ao noivo até que ele volte. N a B íb lia li a e n c o n t r a m o s a s a b e d o r i a d a v irg ir g e m p r u d e n t e ao bu b u s c a rm o s o ú n i c o q u e é o Logos. Em outras palavras, a sabedoria encontra-se nele e na busca do caminho e das prioridades que ele ele estabeleceu estabeleceu para nós (Pv 8.23; Jo 1.1-18; C l 2.1-3). Se não deixarmos o Logos Log os partir, nunca nos desviaremos do caminho. Se nos desviarmos, outros com certeza serão fiéis. Seja diligente para observar nosso comprometimento com a Bíblia; seja uma comunidade que aponte para a história centrai de Deus. Seja fiel a ele, ao que cremos, ao modo como cremos e a quem somos. Faça isso de forma que não desonre a Deus. Precisamos pedir, humildemente, que ele nos proteja daquelas idéias sedutoras que mascaram a sabedoria. Elas existiram em todas as épocas, por isso precisamos da orientação de Deus. Devemos ter fé para nos abraçarmos e nos mantermos fiéi fiéiss à m etan arrativa arra tiva de d e q ue Jesus, Jesus, a Palavra, Palavra, é revelado na PalaPalavra escrita, a história que sustenta o centro da Bíblia. A Bíblia não é o fim do nosso estudo, mas um meio, uma lente pela qual podemos apreender melhor o único que encarna a Palavra e a vontade de Deus. Este Logos torna possível o relacionam en to com D eus p or m eio de sua obra de sacr sacrif ifíc ício io e da provisão provisão do Espírito. Ele torna possível uma vida que é eterna não somente em duração, mas também em qualidade. Declaramos a verdade de qu e a vida (real (real e verd ade iram ente eterna) está está nele nele.. Essa é nossa missão. Quem não deseja saber onde a vida real e de qualidade pode ser encontrada? No N o s s a c o m u n i d a d e n e c e ssit ss itaa u sar sa r c o m o f o n te t u d o a q u ilo il o que ele nos forneceu. Devemos trabalhar até que chegue nossa hora ou até que o Senhor volte. Certamente, nossos debates e a multiplicidade de abordagens para cada problema sempre estarão entre nós. Mas o esclarecimento e um movimento melhor em direção à compreensão mútua são objetivos realistas.
CONCLUSÃO
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Vamos ter a certeza de que nos lembraremos do mundo e buscaremos caremos nossa miss missão ão m aior, aior, observando cuidado sam ente a m udança dos tempos que, contudo, permanecem iguais. Vamos debater de maneira justa e completa, com dignidade que reflita o respeito por nossos irmãos e irmãs no Senhor, até que venha em glória. Deus cumprirá sua promessa de nos fazer sua noiva por inteiro. Não podemos fazer isso por ele. O que Deus nos pede é fidelidade à sua verdade e de uns pa p a r a c o m os o u tro tr o s . E le n o s a p e rfe rf e iço iç o a rá u m d ia, ia , r e s p o n d e n d o a todas as perguntas e solucionando muitos de nossos debates. U m d i a , D e u s n o s t r a n s f o r m a r á , d i l u i n d o t o d o s n o s s os questionamentos em respostas eternas. Até lá, vamos permitir que nossa teologia seja direcionada por propósitos. Discutir a verdade com honestidade, imparcialidade e humildade. Acima de tudo, buscar ardentemente a missão que Jesus nos deu pa p a r a ser se r rea re a liz li z a d a p e lo s e u E s p írit ír itoo . A p r ó p r i a B íbli íb liaa r e s u m e o pr p r o p ó s i to d a a tiv ti v id a d e d e D e u s ne nest stee s term te rm o s : P o r q u e a g r aç a d e D e u s s e m a n i f e s t o u s a l v ad o r a a t o d o s o s h o m e n s . E l a n o s e n s i n a a r e n u n c i a r à im im p i ed e d a ddee e às às p a ix ix õ e s m u n d a n as e a v i v e r d e m a n ei r a s e n s at a , j u s t a e p i ed o s a n e s t a e r a p r e s eenn te te , eenn q u a n t o a g u a rrdd a m o s a be b enn d i t a e s ppee ra ra n ç a: a g lo lo riosa riosa m anifestação anifestação de nosso gran de D eus e Salvador Salvador,, Jesus Jesus C risri st o . E l e s e e n t r eegg ou o u p o r n ó s a f im i m d e n o s re r e m i r d e t od oda a m aldade e p u ri r i f ic ic a r ppaa r a si m e s m o u m p o v o p a r t ic i c u l a r m e n t e s eeuu,, d ed e d iicado à prática de boas obras. E isso que você deve ensinar, e x o r ta t a n d o - o s e r e p r e e n d e n d o - o s c o m t o d a a a u to t o r id id a d e . N i n guém o despreze (Tt 2.11-15).
Eis o chamado para a unidade na diversidade em meio às divergências teológicas.
I n d i c e onomástico
Alii, Oswald 77 Bartholomew, Craig 28 Berman, Morris 24 Bingham, Jeffrey 42 Blaising, Craig 52 Blanchard, Jonathan 60 Blount, Doug 25 Bock, D arrell arre ll 3, 4, 13, 83 Bork, Robert 24, 25 Boyd, Gregory Gr egory A. 103 Boyer, Paul 51 Bromiley, Ge Geoffrey offrey W. 76 Calvino, João 47, 48, 76 Chilton, David 51 Coles, Robert 24 Dayton, Donald 49 Edwards, Jonathan 48
Erasmo 47 Erickson, Millard 77, 86 Evans, C. Stephen 28 Farnell, Farne ll, F. D av avid id 83 Feinberg, Paul 83 Finney, Charles 49 Fogel Fogel,, R obe obert rt W illiam illiam 25, 56, 68, 69, 70 Francke, Hermann 48 Franke, Jo John hn R. R. 20 Gasset, Gasset, José José Ortega Orte ga y 24 Geisi Geisier er,, N orm or m an L. 76 Gergen, Kenneth 23 Gerstner, Gerstner, John Joh n H . 76 Graham, Billy 53 Green, Donald 28 Greene, Colin 28
Grenz Grenz,, Stan Stanlley 1 9 ,2 0 ,2 1 ,2 2 , 33, 35, 48 Gundry, Stan 74 Ha bermas, Haberm as, Gary R. 94 Hall, Christopher 117 Han nah, John 76 Hart, Trevos 24 Hengel, Martin 88 Henry, Carl 77 Himmelfarb, Gertrude 23 Hirsch, E. D. 28 Horton, Michael 62 Hunt, Dave 51 Jenkins, Philip 91 Johnson, Johnson, Alan Alan 7 5 ,83 Johnson, Paul 41 Joh nson, nso n, Rob Robert ert K. 93 Johnstone, Patrick 66 Kistemaker, Kistemaker, Sim on J. 45 Lints, Richard 28 Lutero, Martinho 47, 76 Lundin, Roger 30 Lyon, David 31, 67 McGrath, Alister 22, 27 Meyer, Mey er, Ben Be n F. 28 Mõller, Karl 28 M oreland ore land,, J. P. 83, 94 Mouw, Richard 17 M urphy, N ancey 25, 26, 27, 30 N e w m a n , C a rey re y C . 27 Nic N icoo le, le , R og oger er 77 No N o ll, ll , M a r k 50 O den, Tho m as C. 60, 61 Origenes 61
Osborne, Grant 83 Padgett, Padg ett, Alan Ala n 17 Percesepe, Gary 18 Plantinga, Alvin 27 Postman, Neil 23, 24 Preus, Ro bert A. 76 Pyne, R ob obert ert A. 34, 109, 110,
112 Rosenthal, Shane 64 Sand Sander ers, s, John 10 3,1 17 Schleiermacher, Friederick 49 Sheler, Jeffrey Jeffre y R. 94 Smedes, Lewis Lewis 62, 63 Spenc Spencer er,, Stephen R. 1 8 ,3 4 Spener, Spener, Philipp Jakob 48 Strobel, Lee 94 Terry, Milton 52 Th istleton, istleton, A ntho ny C. 28, 30 Thom Th om as, Ro Robert bert L. 83 Toulmin, Stephen 23 Van Hu Huyssteen, yssteen, J. W entzel 29 Vanhoozer, Kewin 28 Walthout, Clarence 30 Walyoord, Jo John hn 77 Ware, Bruce 112 W estphal, M erold 18 Whitefield, George 49 W ilkins, M ichael J. 83, 94 Williams, Roger 48 Wiseman, John 74 Wolterstorff, Nicholas 27 W right, N . T. 27, 28 Young, Warren 73
Sob re
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Categoria
livro
1 Teologi Teologiaa
Fim da execução
setembro dc 2004
outubro de 2004
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I iragem An o 6 8 9 10 0 9 0 8 0 7 0 6 0 5 04
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N o r m a li z a ç ã o d e te xto T.ÃMA T.ÃMA S1 i.\t1r\ Edi E di çã o d e tex to Jaír A. R lchia S o n i a A c jo u A m a d o r Rev R ev isão is ão d e p ro va s Ji-. Ji-.FF FFLRS LRSOX OX R on R K .L l.s R o
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Impren sa da Fé
Impresso no Brasil / P r i n t e d i n B r a z i l
Como os evangélicos devem lidar com os assuntos controversos? Quais métodos e princípios precisam guiar o debate teológico em meio a tantas bases doutrinárias e xistentes? xistentes? Ao mesmo tempo em que trata da história do evangelicalismo, essa obra desafiadora desafiadora reflete reflete sobre como os evangé licos devem resolver discussões discussões polêmicas e como sua abordagem teológica deve dedicar-se a essa questão em sua essência, método e tom.Também adverte para para a natureza desses debates em relação ao chamado maior da igreja para missões, alertando-nos sobre sobre a tendência de empregarmo s demasiada energia entre quatro paredes. paredes. Temas diversos como a crítica bíblica, a questão das mulheres, a globalização, a análise cultural e o teísmo aberto também são tratados nestas páginas esclarecedoras. A essas essas questões importantes foram acrescentados breves com entários sobre a recém-retomada polêmica a respeito da tradução da Bíblia, outro exemplo de como muitas pessoas se comportam de forma equivocada em tais embates. Darrell Bock não ape nas leva os leitores a refletir sobre o que os evangélicos discutem , mas tamb tamb ém os estimula a analisar assuntos assuntos teológicos, diálogos e verdades polêmicas em um m undo cada vez mais mais globalizado, no qual os evangélicos são minoria. Uma contribuição única para para que verdadeirame nte alcancemos unidade na diversidade. diversidade. é professor no Seminário Teológico de Dallas e trabalha na área de pesquisa do NovoTestamento.Também foi presidente da ETS (Evangelical Theological Society) [Sociedade Teológica Teológica Evangélica]. Darrell Bock
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